A posição do cavaleiro para as diversas modalidades do ponto de

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A posição do cavaleiro para as diversas modalidades do ponto de
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO
A POSIÇÃO DO CAVALEIRO PARA AS DIVERSAS MODALIDADES DO PONTO
DE VISTA DA FÍSICA
FILIPE RODRIGUES PINHEIRO - 1˚ Ten Cav
Rio de Janeiro
2010
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO
A POSIÇÃO DO CAVALEIRO PARA AS DIVERSAS MODALIDADES DO PONTO
DE VISTA DA FÍSICA
Monografia apresentada à Escola de Equitação
do Exército, como requisito parcial para a
obtenção do título de Pós-Graduação em
Equitação.
Orientador: Cap Cav Paulo Teixeira Junior.
FILIPE RODRIGUES PINHEIRO - 1˚ Ten Cav
Rio de Janeiro
2010
RESUMO
A posição do cavaleiro é um dos mais importantes fundamentos a ser aplicado quando
se monta um cavalo. A partir desse pressuposto, todas as demais ações do cavaleiro serão
otimizadas, e a transmissão de suas vontades ao animal, potencializadas. Embora as
modalidades de interesse do Exército Brasileiro (Adestramento, Salto, Pólo e Concurso
Completo de Equitação - CCE) sejam bastante diferentes entre si, há muitos pontos em
comum, em termos posturais. Enquanto isso, as peculiaridades de cada uma delas implicam
no cavaleiro um estilo diferenciado de montaria, dados os desafios que cada esporte traz ao
atleta. A Física, ciência que trata da observação dos fenômenos naturais, pode ser aplicada na
compreensão destes desafios, através da análise isolada dos vetores das forças, acelerações,
velocidades e atritos aos quais o cavaleiro e o cavalo estão submetidos ao praticar a equitação.
No Adestramento, temos as lições gerais que podem ser usadas em todas as demais
modalidades, desde o correto assento até o calçamento dos estribos, passando pela tomada das
rédeas e a direção do olhar. No Salto, há a necessidade de se posicionar visando a
transposição dos obstáculos, quando os centros de gravidade estarão sendo deslocados, e o
movimento não será apenas linear. No CCE, além dessas duas modalidades anteriormente
citadas, há ainda a fase do cross-country, onde os obstáculos em declive, aclive e a grande
velocidade da prova trarão ainda mais dificuldades. O Pólo, à mesma maneira, tem a
velocidade, o manuseio do taco e as variações de montada.
Ao serem analisados pela Física, as particularidades de cada modalidade irão
acrescentar ao desempenho psicomotor uma boa dose de pré-requisitos cognitivos que só
farão concatenar estas duas áreas em prol do sucesso do cavaleiro.
Palavras-chave: posição, cavaleiro, Física, modalidades.
ABSTRACT
The rider's position is one of the most important foundations to be applied when a
horse is been ridden. Starting from this purpose, all other rider's actions will be optimized, and
the transmition of his wishes to the animal, potentized. Though Brazilian Army's modalities of
interest (Dressage, Jumping, Polo and Eventing) be very unlike among each other, there are
many points in common, in posture therms. Meanwhile, the peculiarities of each one of them
implicates to the rider a different style of ridding, because of the challenges that each sport
gives to the athlete. Physics, science that matters of the observation of natural phenomenons,
can be applied on the comprehension of those challenges, beyond forces, accelerations, speeds
and frictions vectors' isolated analysis that both rider and horse are submited to, when
practicing equitation.
In Dressage, whe have the general lessons which can de applied to all other modalities,
from the correct sitting to putting on stirrups, passing by the reins grip and the looking
direction. In Jumping, there is the necessity of positioning seeking the transposition of
obstacles, when gravity centres will be dislocated, and the movement is not going to be linear,
only. In Eventing, besides those two modalities before mentioned, there is still the crosscountry phase, where obstacles in declivity, acclivity and the great speed of the test are going
to bring even more difficulties. Polo, as the same manner, has the speed, the mallet handle and
the variations of ridding.
Being analyzed by Physics, the particularities of each modality will add to
psychological-motor performance a good dose of cognitive pre-requirements that will only
concatenate those two areas in benefit of rider's success.
Key-words: position, rider, Physics, modalities.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO....................................................................................................
05
2
DESENVOLVIMENTO.......................................................................................
06
2.1
Generalidades.......................................................................................................
06
2.2
Grandezas Físicas.................................................................................................
06
2.3
Adestramento........................................................................................................
07
2.4
Salto.......................................................................................................................
14
2.5
Concurso Completo de Equitação.......................................................................
17
2.6
Pólo........................................................................................................................
19
3
CONCLUSÃO......................................................................................................
22
4
REFERÊNCIAS...................................................................................................
23
1 INTRODUÇÃO
Quando se fala em equitação, a imagem que talvez venha à mente de todos nós seja a
de um ser humano sobre um cavalo executando movimentos graciosos - seja saltando,
galopando, ou mesmo parados, numa posição que inspira a união harmoniosa entre ambos,
enfim, um conjunto.
E para se obter um conjunto capaz de parecer um só, agindo em harmonia e sob
controle, deve-se dar ao cavalo os sinais corretos para que ele compreenda aquilo que
queremos que faça. A isso dá-se o nome de ajudas, e dentre elas temos o peso do corpo, a ação
das mãos nas rédeas, a pressão das pernas, etc., as quais, sob um ponto de vista inspirado na
Física, nos mostrarão como a gravidade dos corpos, os atritos e forças interferem na
equitação.
Todavia, para que as ajudas funcionem, é mister que a posição do cavaleiro esteja
correta, caso contrário essas ajudas serão mal-interpretadas pelo animal ou, em casos mais
graves, a posição pode estar tão errada que o próprio equilíbrio do cavalo pode ser
prejudicado. Isso resultará em reações, peripécias e desobediências por parte deste, que, se
estivesse sendo corretamente montado por seu cavaleiro, via de regra corresponderia às ajudas
e realizaria um trabalho coerente aos desejos daquele que o governa.
Nesse ínterim, temos que esse enigma, essa posição ideal a ser buscada por todos
aqueles que fazem da equitação, esportes - os quais se tornaram modalidades olímpicas desde
os Jogos Olímpicos de Estocolmo, Suécia, em 1912, muito embora em Paris, 1900, já tenham
sido disputadas competições de salto ao cronômetro em distância e em altura (PAALMAN,
1998), deve ser alvo de uma busca diária e incansável.
Não despretensiosamente, a posição do cavaleiro é a primeira habilidade a ser
desenvolvida naqueles que se propõem a montar, sendo alvo das primeiras lições aos
aprendizes-cavaleiros. Não à toa, por suposto, é o objeto de estudo na primeira fase do Curso
de Instrutor de Equitação da Escola de Equitação do Exército, que aborda, dentre outros
assuntos, o aprendizado das modalidades esportivas equestres Salto, Pólo, Concurso
Completo de Equitação e Adestramento, sendo que esta última se constitui na base para todas
as demais.
Ao consolidar-se o aprendizado de uma correta posição do cavaleiro, específica para
cada esporte, teremos uma compreensão melhor, à luz da ciência, daquela bela imagem
supracitada que temos para nós mesmos como sendo a definição de uma boa equitação.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Generalidades
A posição correta do cavaleiro é o primeiro passo para se alcançar um bom resultado
quando se pratica Adestramento, CCE, Salto e/ou Pólo. Todos estes são ou já foram esportes
olímpicos, sendo praticados cada vez mais no Brasil, tendo seu Exército um especial interesse
em seu aprimoramento. Isso se deve ao fato de ser cultivada, nesta instituição, a prática de tais
desportos com diversos objetivos, tais como: desenvolver atributos da área afetiva, manter as
tradições da cavalaria hipomóvel, representar a Força Armada e o país em competições
domésticas e internacionais, dentre outros.
Entretanto, os cavaleiros que participam como atletas em dois ou mais destes esportes
sabem muito bem que seu comportamento, suas atitudes, seus gestos e a aplicação de sua
força e comunicabilidade com o animal são, senão de modo, de intensidade muito diferente.
Há de se levar em consideração, para entendimento desta última assertiva, as exigências
regulamentares que interferem no resultado de uma competição, tais como o que e como é
avaliado o cavaleiro, o cavalo e/ou o conjunto.
Outrossim, temos que a posição do cavaleiro é o primeiro critério aperfeiçoado no
decorrer dos cursos ministrados neste Estabelecimento de Ensino, uma vez que, não estando
correta, tudo o mais será prejudicado e dificultado. Nada melhor, portanto, que analisar e
otimizar esta base do ato de bem-montar.
2.2 Grandezas Físicas
Grandeza é tudo aquilo que se pode medir, atribuir valores. Dentre as grandezas, temos
aquelas que são peculiares à Física, ciência que trata da observação dos fenômenos que
ocorrem na natureza.
Daquelas que são de interesse deste estudo, pode-se dividí-las em grandezas escalares
ou vetoriais; as primeiras são descritas por um valor seguido de uma unidade de medida, já as
últimas necessitam, além disso, de uma indicação de sua direção e de seu sentido, para que se
possa compreender sua atuação por completo. A essas representações gráficas dá-se o nome
de vetores (RAMALHO, 2005).
As grandezas de que tratará este trabalho são aquelas que influenciam no correto
posicionamento do cavaleiro sobre sua montada, quais sejam: a massa, o peso (relacionado a
esta já podemos citar o centro de gravidade, ponto no qual se foca a aplicação da força da
gravidade em todo o corpo), a força (há que se destacar em particular o atrito, componente
que surge em decorrência da aspericidade dos corpos), e a velocidade.
A representação gráfica de tais grandezas deve ser feita, portanto, indicando tudo
aquilo que simbolizam, ou seja, sua intensidade, direção, sentido e unidade de medida, tal
como a figura abaixo:
Figura 1: representações vetoriais. Disponível em http://www.mundoeducacao.com.br.
Acesso em 03 de agosto de 2010.
Quando, em uma expressão matemática, a grandeza se apresenta sem o símbolo de
vetor sobre sua incógnita (→), isso significa que está-se trabalhando com o módulo desta
grandeza (ou seja, desprezando-se sua orientação gráfica, tendo por base somente seu valor
numérico absoluto). Assim sendo, temos que:
→
|F|=F
2.3 Adestramento
É incerto o período exato em que o homem começou a domesticar e a utilizar cavalos
para fins de locomoção. Todavia, foi no século IV a.C. que o militar grego Xenofonte
escreveu a primeira obra conhecida sobre equitação, inaugurando, assim, o início dos
trabalhos acadêmicos sobre o que hoje se chama Adestramento (MORGAN, 2001).
Desde então, até os dias atuais, tem-se que a posição do cavaleiro sobre o animal é
essencial para que o conjunto desenvolva suas atividades com o máximo de aproveitamento,
do contrário a exigência muscular do animal será maior e desperdiçada, exigindo mais dos
músculos antagônicos àqueles que se está trabalhando (LICART, 1988).
Este esporte se constitui na base de todas as lides equestres, uma vez que, através de
sua prática, consegue-se “devolver ao cavalo a graça das atitudes e dos movimentos que ele
tinha, naturalmente, em liberdade” (DECARPENTRY, 2001). Assim sendo, percebemos que
estamos tratando das mais importantes bases do hipismo, o que dá um caráter clássico e
formal à sua prática.
Outrossim, temos no próprio regulamento da modalidade, se não a necessidade, a
obrigatoriedade de uma postura corporal adequada do cavaleiro. Não obstante, este item
também é avaliado no julgamento de uma prova, sendo importante na pontuação do conjunto,
valendo inclusive para um possível critério de desempate – o grau de conjunto, julgado ao
final de cada reprise. Observemos, então, o regulamento de Adestramento em seu artigo 418
(A posição e as ajudas do cavaleiro), a seguir transcrito:
Todos os movimentos devem ser obtidos com ajudas imperceptíveis e sem um
esforço aparente do cavaleiro. Ele deve estar bem equilibrado, elástico, sentado
fundo no centro da sela e ligado suavemente ao ritmo do cavalo com sua cintura e
quadris flexíveis, coxas e pernas fixas e bem descidas. Os calcanhares devem ser o
ponto mais baixo. A parte superior do corpo deve estar flexível e ereta, na vertical. O
contato deve ser independente do assento do cavaleiro. As mãos devem ser fixas,
baixas e próximas uma da outra, com o polegar como o ponto mais alto e uma linha
reta, passando pelo cotovelo flexível através da mão em direção à boca do cavalo.
Os cotovelos devem estar próximos do corpo. Todo esse critério permite ao
cavaleiro seguir os movimentos do cavalo suave e desembaraçadamente. A
eficiência das ajudas do cavaleiro determina o cumprimento preciso dos movimentos
exigidos nas reprises. Deverá haver sempre a impressão de uma harmoniosa
cooperação entre cavalo e cavaleiro. (CBH, 2009)
Isto posto, chegamos ao entendimento de que a posição do cavaleiro neste esporte se
faz um item intrínseco à sua própria execução, e não somente algo que se pode negligenciar e
tentar compensar com outra forma de se comunicar com o cavalo.
Esta modalidade não prevê em suas reprises a execução de saltos nem nada similar que
vá exigir do cavaleiro mover-se em sua sela, muito pelo contrário. Assim sendo, a fixidez é
um ponto sensível e deve ser buscada ao máximo, exceção feita às figuras onde é permitido o
trote elevado, se bem que a fixidez das panturrilhas ao corpo do animal deva ser mantida.
Por conseguinte, temos que a postura a ser almejada pelo praticante não deve ser algo
rígido, contraído ou mesmo inerte (DECARPENTRY,2001), muito pelo contrário: deve ser
elegante e solidária ao movimento do cavalo, evitando variações no centro de gravidade (uma
importante ajuda deriva disso – o peso do corpo) e acompanhando as sutis variações
esquelético-musculares do animal em seus diversos sub movimentos, por assim dizer. Desse
entendimento supõe-se a compreensão de que a cinética do cavalo como um todo não é
somente uma impulsão para a frente, mas também os movimentos de báscula de seu pescoço,
o flexionamento do dorso-rim (tanto lateral quanto longitudinal), as flutuações de todo seu
corpo nos tempos de suspensão de algumas andaduras, dentre outras.
Logo, as ajudas devem ser mantidas uniformes, apesar do movimento, exigindo do
cavaleiro um esforço não-aparente para tal (DECARPENTRY, 2001). Exceção é feita quando
deseja-se mudar a atitude do cavalo, como por exemplo, ampliar sua andadura. Para isso, há a
necessidade de comunicar-se com o equideo, suavizando a tensão das rédeas, aumentando a
pressão das pernas sobre seus flancos ou algo do gênero, mas nunca variando as demais
ajudas, caso contrário não saberá o que dele se espera.
A expressão “Ele [o cavaleiro] deve estar bem equilibrado (...)” (CBH, 2009), remete
à compreensão do que vem a ser equilíbrio, o que em Física pode ser facilmente explanado
valendo-se da Segunda Lei de Newton, ou Princípio Fundamental da Dinâmica, que nos diz :
F = m. a
(onde F signica a grandeza força, m a massa do corpo considerado e a uma aceleração a ele
dada).
Assim sendo, um corpo de massa m (um cavaleiro de 70 kg, por exemplo) só estará
em equilíbrio se não houver força alguma deslocando-o de sua posição. Para tal, a aceleração
que atua sobre sua massa deverá ser nula – o que vai anular a tal força que o desequilibraria,
já que força e aceleração são diretamente proporcionais na equação. O nome dado a esta
condição, em Física, é “equilíbrio estático” (RAMALHO, 2005). Matematicamente:
F = m. a ; m = 70 kg e a = 0 m/s² → F = 70 . 0 = 0 N.
Assim sendo, passamos ao entendimento de que o cavaleiro deve anular as forças que
agem sobre ele, a fim de manter seu equilíbrio estático, adquirindo, assim, sua fixidez e sua
postura elegante, lembrando que “todos os movimentos devem ser obtidos com ajudas
imperceptíveis e sem um esforço aparente do cavaleiro”(CBH, 2009), dando a “impressão de
uma harmoniosa cooperação entre cavalo e cavaleiro”(CBH, 2009). Para tanto, vejamos o
que seria anulação de forças: se F1 for uma força de intensidade x e direção igual e sentido
contrário ao de F2, de menor intensidade, então teríamos uma resultante a favor de F1. Isso
nada mais é que uma subtração vetorial, e para que as forças se anulem deve haver uma igual
intensidade, na mesma direção, mas em sentidos opostos (veja figura abaixo).
Figura
2:
subtração
vetorial.
Disponível
em
www.tudook.com.br. Acesso em 03 de agosto de
2010.
Supondo-se ser F1 a força gerada pela impulsão da andadura do cavalo para cima e F2
a reação do cavaleiro a ela (tentando sentar-se fundo à sela ao invés de absorver o movimento
com o movimento dos quadris), a resultante sempre maior dessa “briga” faria com que este
último seja atirado para cima, quicando sobre sua montada sempre que esta força de direção
vertical que vem no sentido de baixo para cima se fizer atuante. Numa andadura como o trote
alongado, o cavaleiro que incorrer nesse erro passará por verdadeiro suplício. A situação ideal
é aquela na qual F1 é anulada por F2 (força resultante igual a zero), o que pode ser obtido se
respeitada a passagem do já citado artigo 418 do regulamento, que nos diz que o cavaleiro
deve estar “elástico e (...) ligado suavemente ao ritmo do cavalo com sua cintura e quadris
flexíveis”(CBH, 2009).
E por qual razão deve o cavaleiro estar “(...) sentado fundo no centro da sela (...)”,
devendo “os calcanhares (...) serem o ponto mais baixo” e “a parte superior do corpo deve
estar flexível e ereta, na vertical”(CBH, 2009)? Tudo isso deriva da necessidade de se buscar
o já comentado equilíbrio através da comunhão entre o centro de gravidade do cavalo com o
do cavaleiro em uma só linha perpendicular ao solo.
O primeiro passo para se obter este fino ajuste vai depender de uma correta
encilhagem, pois de nada adianta uma busca incessante por postura adequada se a sela está
muito recuada, avançada ou mesmo com sua ajustagem frouxa. Todos estes desleixos trarão
não só desconforto como também uma dificuldade extra para se buscar essa consonância tão
importante entre os centros. Vejamos a figura abaixo:
Figura 3: centro de gravidade do cavalo. Disponível em
http://equitacaoespecial.blogspot.com. Acesso em 03
de agosto de 2010.
Nela vemos, no cavalo, em que local de seu corpanzil a gravidade atua como se fosse
tão somente em um ponto. Obviamente, ela atua em toda a massa do animal, mas o equilíbrio
está intimamente ligado a este ponto médio, em torno do qual o restante da massa está
simetricamente distribuída. Vale ressaltar que a gravidade se trata de uma aceleração advinda
do centro (de gravidade!) do planeta Terra, a qual multiplicada pela massa dos corpos nos
fornece seus pesos (portanto, força peso). Assim sendo, temos que são incorretas as
expressões “força da gravidade” e “essa égua pesa 500 kg”.
Analisemos, agora, o centro de gravidade humano. Este ponto é a intersecção de três
eixos de simetria que passam por nossos corpos, quais sejam: horizontal (a), vertical (b) e
transversal (c). Logo, temos o nosso centro aproximadamente na região da segunda vértebra
sacral, devendo as forças que tentam nos tirar da sela ser combatidas com movimentos de
quadris e cintura, movendo, assim, o centro de gravidade de nossos corpos – e por
conseqüência todo o nosso peso.
Figura 4: centro de gravidade do ser humano.
Disponível
em
www.omundodacorrida.com.
Acesso em 04 de agosto de 2010.
Há de se levar em consideração que mulheres grávidas e obesos têm centros de
gravidade um tanto diferenciados do mostrado na figura abaixo, sendo o deles um pouco mais
para a frente de seus corpos. Entretanto, a postura, quando montados, é praticamente a
mesma. Visto, então, onde se localizam estes pontos-chave do equilíbrio de cada um, vejamos
o conjunto como se comporta:
Figura 5: os centros de gravidade do conjunto. Disponível em:
http://www.equisport.pt. Acesso em 05 de agosto de 2010.
Note que o conjunto mais à esquerda tem seu cavaleiro com o busto inclinado para a
frente, além de não estar com suas “(...) coxas e pernas fixas e bem descidas” (CBH, 2009).
Tudo isso resultou no deslocamento de seu centro de gravidade da posição que seria a correta
(figura mais à direita), onde estão ambos colimados a uma reta perpendicular ao plano
terrestre, exatamente na direção onde sofrem influência mútua da aceleração da gravidade.
Permanecendo na posição correta, o cavaleiro faz com que o centro de gravidade do
conjunto seja muito próximo daquele natural ao cavalo em liberdade. Isso acarreta em menor
esforço para o animal se movimentar, desembaraço para empregar sua musculatura e seu
esqueleto, sem precisar se preocupar em compensar com outros grupos musculares o peso mal
distribuído de um mal ginete que o atrapalha.
Evidentemente, em muito facilita a coordenação de seu peso o cavaleiro estando
sentado. Entretanto, o peso das pernas deve ser muito bem distribuído e ser um auxílio no
equilíbrio, não um empecilho. Para tanto, fora a obviedade de se ajustar os loros em tamanhos
iguais nos dois lados, há que se ter uma especial atenção para o seu comprimento. No
Adestramento, as pernas do cavaleiro devem ter a maior área de contato possível com os
flancos do cavalo, a fim de dar maior fixidez e possibilidades de emprego da ajuda natural de
ação de pernas.
Os calcanhares, para tanto, devem estar voltados para baixo (facilitando o equilíbrio e
suportando o peso das pernas). No corte transversal abaixo, vemos as forças F e F' atuando,
sendo elas a força peso de cada uma das pernas do cavaleiro. Do assento para cima, o peso do
corpo (força M) é distribuído pelos ossos da bacia e do cóccix em contato com a sela. Já as
forças F” e F ''' são a ação das pernas sobre os flancos do cavalo. Elas podem ser em locais
diferentes (perna isolada) e em intensidades diferentes (partidas ao galope), dependendo
daquilo que se deseja que o cavalo execute.
Figura 6: as forças atuantes nas pernas do cavaleiro.
Fonte: o autor.
Ainda tratando sobre fixidez, temos que é comum a prática de se umedecer a sela antes
de se apresentar em uma reprise de Adestramento. Isso se deve ao fato de aumentar o
coeficiente de atrito, componente da força de atrito que impede o cavaleiro de escorregar
sobre sua sela, o que o faria sofrer penalizações em sua participação em uma prova. A força de
atrito é uma componente da força de contato, que atua sempre que dois corpos entram em
choque, vindo a derivar da rugosidade dos materiais (RAMALHO, 2005).
Assim sendo, temos que:
Fat = Fn . ʯ
(onde Fat é a força de atrito, Fn é a força normal - idêntica ao peso do objeto, quando em um
plano vertical, e ʯ é o coeficiente de atrito - grandeza adimensional que determina o grau de
fixidez entre os materiais).
Isto posto, se um cavaleiro que pesa 700 N estiver usando um culote que tem por
coeficiente de atrito (ʯ) com o couro da sela um valor igual a, por exemplo, 0,5, a força de
atrito que ele exercerá contra a sua montada será de 350 N. Ao molhar o couro da sela, este
coeficiente (ʯ' ) poderá mudar para, digamos, 0,7, e então a nova Fat será igual a 490 N. Mais
recurso terá, então, o cavaleiro para não escorregar, pois no caso de qualquer força que haja
contra si maior que 350 N o faria escorregar estando a sela seca, ao passo que estando
umedecida esta força teria de ser maior que 490 N.
Há que se salientar que estas são suposições grosseiras, onde não é levado em
consideração o atrito do culote com a pele do cavaleiro, nem tampouco as resultantes dos
vetores das diversas forças em direções múltiplas que podem atuar no cavaleiro durante sua
apresentação. Todavia, é fato que o couro da sela umedecido aumenta o coeficiente de atrito
com o pano do culote que o cavaleiro estiver vestindo ao montar.
Passando agora à posição que deve ter o cavaleiro com suas mãos e braços (tal qual a
figura a seguir), entendamos que as rédeas são uma extensão dos braços, utilizadas como
veículo para se transmitir aquilo que se deseja comunicar ao cavalo através de sua
embocadura. Para tanto, é mister não oscilar com as rédeas, o que pode interferir na sensível
boca do equideo (LICART, 1988), bem como ajustar os martingais ou gamarras de modo a
não dividir os esforços que agem nas rédeas. Observemos a caricatura a seguir, que traduz
como deve ser a ação das rédeas por parte do cavaleiro:
Figura 7: as rédeas enquanto extensão dos braços. Fonte: o autor.
Para que entendamos a figura acima, onde T é uma força de tensão, segue sua
definição: “tensão é uma reação à força aplicada sobre uma corda esticada (ou objeto
similar) sobre os objetos que a esticam. A direção da força de tensão é paralela à corda,
longe do objeto, exercendo seu alongamento” (RAMALHO, 2005). Assim sendo, temos que a
força que o cavaleiro aplica para esticar as rédeas e/ou puxar a embocadura para trás (a fim de
realizar um alto ou algo similar) tem como reação a dita tensão das rédeas ( T ). Esta deve ser
constante, para que o animal não se confunda com aquilo que lhe está sendo exigido, nem
tampouco seja agredida sua já sensível boca. Note que o sentido de T é do cavaleiro para a
embocadura.
Finalmente, temos que o olhar de quem monta deve estar sempre voltado para frente, a
fim de não fazer com que a cabeça penda para baixo, interferindo no já comentado equilíbrio,
bem como transmitir confiança e altivez para quem admira ou mesmo avalia sua equitação,
mesmo porque “deverá haver sempre a impressão de uma harmoniosa cooperação entre
cavalo e cavaleiro” (CBH, 2009).
2.4 Salto
Esta modalidade difere da anterior, dentre outros pontos, da não-obrigatoriedade de
uma postura padronizada por parte do cavaleiro enquanto na condução de seu animal durante
uma prova, uma vez que “o vencedor da competição é o concorrente que incorrer no menor
número total de penalidades, e que terminar o percurso no menor tempo ou alcançar o maior
número de pontos, dependendo do tipo da competição”(CBH, 2010).
Entretanto, para se alcançar estes objetivos, há que se contar com a preciosa ajuda do
Adestramento, uma vez que divergir de sua doutrina fada o concorrente a governar seu animal
de uma maneira que pode muito facilmente atrapalhá-lo na busca dos objetivos. Todavia,
foquemo-nos na posição do cavaleiro durante a atividade principal desenvolvida por esta
modalidade, qual seja: o salto de obstáculos. Outrossim, nem só de saltar carece o cavalo
desta modalidade, mas também de diversos exercícios de flexionamento derivados tãosomente do Adestramento.
Assim sendo, temos que o posicionamento do cavaleiro para este esporte deve levar
em consideração situações críticas, nas quais deve-se sair da sela a fim de acompanhar o
emprego do pescoço do cavalo durante o salto do obstáculo e retornar rapidamente, para o
próximo. Observe:
Figura 8: as variações da montada durante o salto de um obstáculo.
Essa rápida e drástica mudança do posicionamento do cavaleiro exige certos
preparativos, tais como loros um tanto quanto curtos, sela de abas arrendondadas e borrainas
salientes e cepilho baixo, dentre outros. Fora a encilhagem, o cavaleiro deve estar apto a
realizar este movimento de acompanhamento do salto que em muito afeta seu equilíbrio.
Na primeira fase do salto, a batida, cavalo e cavaleiro iniciam a verticalização do
movimento, quando o cavalo irá empregar seu pescoço a fim de vencer a altura e/ou a largura,
momento no qual o cavaleiro deve manter as rédeas na mesma tensão, e ao mesmo tempo
deslocar seu centro de gravidade para frente facilitando a ascensão de seu animal (na figura a
seguir, vemos os centros de equilíbrio de homem e equídeo representados por bolas brancas).
Figura 9: os centros de gravidade na batida do salto.
Disponível
em:
http://cavalosparaensino.blogspot.com. Acesso
em 06 de agosto de 2010.
A próxima fase do salto, cuja perfeição está diretamente relacionada à tomada da
posição para a primeira fase, consiste num rápido momento de inércia do cavaleiro sobre sua
montada. Entretanto, pequenas indicações podem ser feitas ao animal, como em qual mão ele
deve retomar o galope após a recepção e em qual a direção, mas sem causar nenhum
desequilíbrio a ambos. Isso se torna vital em obstáculos compostos, nos quais a posição
elementar do homem a cavalo deve ser retomada em um curtíssimo intervalo de tempo, a fim
de não atrapalhar o animal na preparação para o próximo salto – que pode vir a ser realizado
em apenas um lance de galope após a recepção da barreira anterior.
No planar, então, temos o deslocamento dos centros de gravidade devido ao emprego
do pescoço por parte do cavalo e o avanço do busto pelo cavaleiro, a fim de ceder as rédeas
(ainda que mantendo sua tensão) a esse movimento do animal. Isso tudo ocorre, idealmente,
sem a perda da fixidez das panturrilhas do cavaleiro às abas da sela, o que o manterá sobre sua
montada após a recepção. Observemos que, novamente, os centros de gravidade (ainda que
tenham mudado devido ao emprego do pescoço do cavalo e pelo gesto de salto do cavaleiro)
continuam alinhados, e é isso que garantirá a base para uma boa recepção.
Figura 10: os centros de gravidade do conjunto durante o planar
do salto. Disponível em http://esporte.hsw.uol.com.br.
Acesso em 08 de agosto de 2010.
A mesma ideia se repete na última fase do salto, a recepção. Ela é considerada a mais
crítica do movimento de salto como um todo, já que oferece grande perigo de queda para
ambos do conjunto. Todavia, se obedecidos os princípios anteriormente descritos, novamente
a gravidade exercerá sua influência sem prejuízo aos atletas.
Passada esta fase do salto, compete ao cavaleiro ajustar o posicionamento e as atitudes
do cavalo se necessário for, além de si mesmo, para buscar as mesma qualidades para o
próximo obstáculo que deverão ultrapassar.
2.5 Concurso Completo de Equitação (CCE)
O CCE é uma modalidade esportiva complexa, que engloba as duas outras citadas
anteriormente, mais a prova de cross-country. Assim sendo, esta dissertação se aterá nesta
fase específica de sua execução, uma vez que suas exigências obrigam o cavaleiro a
posicionar-se sobre o dorso de seu animal de maneiras diferenciadas às do Adestramento e do
Salto, muito embora durante os saltos dos obstáculos naturais a técnica empregada seja
idêntica à deste último. As exceções a isso podem ser encontradas em obstáculos com
variações de aclive e declive, bem como degraus e banquetas. Estes, portanto, serão os itens
abordados no tocante ao CCE. Senão, vejamos:
Figura 11: descida de uma negativa na prova de crosscountry.
Disponível
em
www.porforadaspistas.com.br. Acesso em 09 de
agosto de 2010.
É peculiar, nas provas de cross-country, a presença de obstáculos denominados
“negativas”, que nada mais são que degraus em descida, que exigem de cavalo e cavaleiro
uma técnica apurada. Todavia, a posição ideal do cavaleiro ao se deparar com este tipo de
obstáculo é idêntica àquela da terceira fase do salto de obstáculos verticais: a fase da
recepção. Assim sendo, o ultrapassagem de negativas deve ser encarada como um salto
comum onde não há batida nem tampouco planar: tudo se resume à recepção.
Obviamente, o grau de dificuldade pode variar conforme a altura dessa negativa, que
pode ir desde um simples declive até um talude de quase dois metros de altura. Isso vai exigir
mais esforço para atrasar o busto mantendo as rédeas tensionadas e as pernas dando fixidez. A
fim de se garantir que não haja uma queda do cavaleiro (e consequente eliminação em uma
prova), o mesmo pode se valer de alguns recursos que divergem da equitação clássica, como,
por exemplo: deixar as rédeas escorregarem pelos dedos, para não agredir a boca de seu
animal em um salto desengonçado; sentar-se utilizando a patilha da sela como limitador de
seu recuo de assento durante o esforço; olhar para cima, a fim de criar uma reação em cadeia
por toda sua coluna, evitando jogar o busto para frente – o que seria desastroso; fixar-se à sela
empregando, além das panturrilhas, os joelhos – contando assim com o auxílio de mais um
grupo muscular (o dos adutores) e, principalmente, esticar as pernas para a frente. Este último
subterfúgio vai garantir que haja uma subtração vetorial de forças sem resultantes, onde a
inércia do corpo do cavaleiro em queda seja anulada pela resistência oferecida pelos pés
calçados nos estribos na mesma direção, em sentido contrário.
O Princípio da Inércia, ou 1ª Lei de Newton, nos diz que “todo corpo que esteja em
movimento ou repouso tende a manter seu estado original” (RAMALHO, 2005). Isso se
aplica, em nosso caso, ao vermos que o cavaleiro, em plena queda gerada pela ação da
gravidade somada à inércia de seu galope antes de abordar o obstáculo, tende a continuar
nesse movimento para a frente e para baixo, caso não interfira nessa soma vetorial que
conspira para sua queda.
Figura 12: soma vetorial de forças que agem sobre o conjunto numa negativa. Fonte: o autor.
Nesta figura, nota-se claramente a força peso ( r' ) somada à força originária do
esforço do cavalo para vencer o obstáculo ( r ), resultando na força R, de direção idêntica à
das pernas do cavaleiro (deslocadas para a frente, não mais na altura da cilha, como usual),
em sentido contrário àquele da força que os pés exercerão sobre os estribos no momento da
recepção deste salto (que chamaremos de R' ). Isso vai fazer com que a subtração R - R' não
tenha quaisquer resultantes que possam tirar o cavaleiro de sua sela, fazendo-o vencer este
obstáculo. A mesma técnica deve ser empregada nos galopes em declives acentuados,
guardadas as proporções.
Os obstáculos em aclive, ou seja, degraus em subida, banquetas, “pianos” e similares,
devem ser transpostos como obstáculos verticais comuns, tendo o cuidado de se voltar à
posição original antes que o usual, haja vista que o planar demora menor tempo para se
consolidar, vindo a recepção a se concretizar antes do que seria em um salto no plano.
Já o galope de uma prova de cross-country é realizado de maneira diversa das outras
etapas de um CCE. A fim de otimizar a velocidade, importante fator na busca de um bom
resultado nesta prova, o cavaleiro deve livrar o dorso-rim do cavalo, adotando a posição de
suspensão flexível. Para tanto, os loros devem ser curtos o suficiente a ponto de permitir a
manutenção desta posição durante todo o traçado da prova, comumente chamada de “galope
esporte”, como podemos observar na figura abaixo:
A
B
Figura 13: o galope esporte e os centros de gravidade. Fonte: o autor.
Ademais, o centro de gravidade do cavaleiro (A), passa a desequilibrar
propositadamente o cavalo para a frente, o qual tem o seu centro (B), mais para trás. Assim
sendo, e estando num galope franco, a tendência do animal será a de se adiantar sempre à
frente, a fim de compensar este leve desequilíbrio.
2.6 Pólo
O Pólo se afasta um tanto do hipismo clássico, sendo objeto deste estudo por suas
peculiaridades na condução dos animais em uma partida onde se usa uma só das mãos às
rédeas, tendo à outra o manuseio do taco.
A velocidade do jogo, aliada à marcação forte dos adversários e às regras rígidas de
posicionamento fazem desta modalidade uma exceção a muito do que foi comentado a
respeito das demais. Há grandes variações da posição do cavaleiro, principalmente no tocante
ao momento das tacadas e das esbarradas (paradas bruscas para mudança de direção e/ou
cessão de passagem a outros cavalos).
Nesse ínterim, temos que o cavalo de pólo deve ser muito bem equilibrado. Mas o que
diferencia um cavalo equilibrado de um outro, desequilibrado? Nos mamíferos terrestres, esta
condição deriva de uma interpretação do cerebelo àquilo que lhe é transmitido pelos olhos,
pelo sistema vestibular do ouvido interno e por proprioceptores presentes nos músculos e
articulações (PAALMAN, 1998). Quando há qualquer força externa atuante em seu corpo que
possa fazer o animal cair, através do esforço contrário ele irá anular esta força e permanecer
de pé. Assim sendo, o cavalo de pólo deve ser trabalhado com foco especial nesta habilidade,
pois é muito exigido nesse quesito durante os jogos. Observemos abaixo:
1
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3
4
5
Figura 14: as variações da montada num jogo de pólo. Disponível em :
Acesso em 10 de agosto de 2010.
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www.shutterstock.com.
Na silhueta de número 1, vemos o conjunto fazendo uma curva à mão esquerda. Haja
vista que há a obrigatoriedade de se empunhar as rédeas com a mão esquerda, há sempre uma
descompensação na tensão T das rédeas (veja capítulo 2.3) do lado direito, que pode ser
amenizada conforme a habilidade do cavaleiro. Essa limitação advém do Regulamento de
Pólo 2010, da Confederação Brasileira de Pólo, que em seu Artigo 001, Inciso II, consta que
“nenhum jogador poderá utilizar o taco com a mão esquerda”.
Na silhueta de número 2, vemos o chamado “alto do swing” fase do movimento de
taqueio em que o jogador empunha seu taco acima da cabeça. Nesse momento, o jogador vai
perder contato com seu assento, apoiando-se tão somente com um joelho na sela e com um
dos pés no estribo (o lado e o sentido do taqueio irão determinar se o lado esquerdo ou o
direito será sobrecarregado), fazendo com que o peso do cavaleiro seja distribuído nestas duas
regiões. Nesse momento crítico do equilíbrio do cavaleiro, o cavalo deverá saber compensar,
muitas vezes a galope, essa mudança de centro de gravidade.
Já na terceira silhueta, vemos a fase do acompanhamento de uma tacada já realizada –
tacada por baixo do pescoço do cavalo, em que o animal mais uma vez é exigido em sua
capacidade de manter-se de pé. A quarta silhueta representa aquilo que já foi comentado no
capítulo anterior: o chamado galope esporte, em que o cavaleiro assume a posição de
suspensão flexível a fim de facilitar para o cavalo a tomada de um galope mais veloz.
A quinta silhueta, por sua vez, representa uma situação comum ao longo de uma
partida: um jogador galopa com seu taco baixo, a fim de tirar o efeito de uma bola
desgovernada antes de taqueá-la ou mesmo marcar o taco de um adversário. De qualquer
forma, essa forma de se conduzir o taco gera desgaste físico desnecessário ao jogador, uma
vez que o centro de gravidade do taco está mais próximo de seu charuto, demandando esforço
da musculatura do antebraço para sustentá-lo dessa maneira, devendo, assim, ser evitada.
Quando não se visualiza oportunidade de emprego imediato do taco, este deve ser conduzido
como na silhueta 4.
Finalmente, temos que a silhueta de número 6 nos mostra uma jogada popularmente
chamada de “vassourinha”, na qual é dada uma meia-tacada, ou seja, não é feito o swing
completo. Para tal manobra, o jogador deve permanecer um bom tempo com seu busto – logo,
seu centro de gravidade – baixos, a fim de alcançar a bola com seu taco. Isto posto, o cavalo
não poderá reagir pondo sua cabeça para baixo; do contrário, poderia acarretar numa perigosa
queda. Este motivo leva a boa parte dos jogadores a utilizar embocaduras de efeito levantador
da cabeça do cavalo (bridões ascensores), ainda que em conjunto, muitas vezes, com
acessórios de efeito abaixador (freios, rédeas alemãs) e sempre com uma gamarra muito bem
regulada que limite o movimento do pescoço do animal para cima. Em suma, o jogador de
pólo deve ter diversos mecanismos para não permitir que o cavalo se constitua em elemento
surpresa, agindo de forma a causar danos físicos a seu cavaleiro durante momentos
vulneráveis ao mesmo, tais quais estes expostos na figura acima, em que o taqueio e a visão
de jogo se constituem na principal preocupação.
3 CONCLUSÃO
Este trabalho irá permitir aos futuros instrutores de equitação dispor de uma fonte de
consulta que poderá embasar cientificamente aquilo que já é do conhecimento empírico dos
praticantes dos esportes equestres: a importância de uma boa posição a cavalo para se obter
bons resultados. Isto posto, solidificando tal assertiva, as verdades que são fruto de
experiências práticas só fazem perpetuar-se quando expostas de maneira racional,
comprovada através de interpretações que se utilizam de áreas do conhecimento estabelecidas,
tais como a Física.
Portanto, pudemos observar as já renomadas técnicas, empirismos e regulamentos das
diversas modalidades equestres que são inerentes e muitas vezes endêmicas aos esportes
comentados. Seja na formalidade do Adestramento, seja na velocidade do Pólo ou na explosão
do Salto, é inegável a presença dos fundamentos da Física nas ações e reações do cavaleiro
ante as dificuldades e desafios que se lhe apresentam. No CCE, haja vista a grande gama de
variações de estilo de montada que ocorre, é mister que o cavaleiro seja não só experiente,
mas também apto a lançar mão de todos os artifícios empregados pelas outras três
modalidades supracitadas.
Temos, então, que o praticante de equitação deve compreender como ocorre a soma e a
subtração dos vetores, quais são e onde atuam as forças que nele agem, como pode-se alterar
o equilíbrio de seu animal e quando isso será benéfico ou maléfico ao bem comum, em que
situações sua inércia deve ser estática ou dinâmica, dentre muitas outras aplicações. Por
conseguinte, nada melhor para este atleta que, além de praticar e treinar sua modalidade,
estude Física, para que possa dispor de uma base teórica que, colocada em prática,
economizará esforços e o salvará de um sem-número de dissabores aos quais quem monta está
sujeito.
Isto posto, concluímos que a posição do cavaleiro para as diversas modalidades focase na habilidade de se alinhar centros de gravidade, bem como anular as forças indesejadas
com outras forças em mesma direção e sentido contrário, além de dosar as ajudas tendo em
mente a tensão aplicada às rédeas, a direção dos vetores da ação de mãos, pernas e peso do
corpo e o valioso auxílio do atrito, grande aliado na busca da tão necessária fixidez.
REFERÊNCIAS
LICART, C. A arte da equitação. Editora Papirus. Campinas: 1988.
RAMALHO, F.; FERRARO, N. G.; SOARES, P. A. Os Fundamentos da Física, volume 1.
9ª Ed. Moderna. São Paulo: 2005.
DECARPENTRY. Academic Equitation. Trafalgar Square Publishing. Vermont, EUA: 2001.
Confederação Brasileira de Pólo. Regulamento de Pólo 2010. São Paulo: 2010.
XENOFONTE; tradução: MORGAN, Morris H. The Art of Horsemanship. Dah Hua
Printing Press Co. Hong Kong: 2001.
PAALMAN, Anthony. Training Showjumpers. Hardcover. Londres, RU: 1998.
CBH. Regulamento de adestramento com modificações. Rio de Janeiro: 2009.
____. Regulamento de salto. Rio de Janeiro: 2010.