Ernâni Lopes - Ordem dos Economistas
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Ernâni Lopes - Ordem dos Economistas
ID: 33076377 09-12-2010 Tiragem: 25428 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 8,93 x 27,24 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Francisco Murteira Nabo Bastonário da Ordem dos Economistas Ernâni Lopes Com a eleição de Rui Leão Martinho para novo Bastonário da Ordem dos Economistas, deixarei obviamente de exercer essas funções, a partir do respectivo acto de posse, que ocorrerá a 3 de Janeiro próximo. É assim tempo de finalizar as crónicas que, nessa qualidade, há já algum tempo venho fazendo neste jornal. Seria injusto se não focasse esta minha última crónica como Bastonário sobre duas questões de natureza muito pessoal. Em primeiro lugar, felicitar o meu grande amigo e prestigiado economista Rui Leão Martinho pela sua eleição. A Ordem dos Economistas – como de resto todas as Ordens – enfrenta grandes desafios que, estou certo, o novo Bastonário irá enfrentar com sucesso, fazendo com que a Ordem continue a contribuir de forma aberta, como sempre o tem feito, para o debate das grandes questões que o País hoje enfrenta, a modernizar-se e a atrair cada vez mais os economistas da nova geração, como sei ser seu desejo. Em segundo lugar, quis o destino que o nosso colega Ernâni Lopes, eleito na mesma lista como primeira figura do Colégio da Especialidade de Economia Política, já não tomasse posse no próximo dia 3, dado o seu recente falecimento. Ligavam-me ao Professor Ernâni Lopes laços da maior admiração e amizade. Admiração por se tratar de um dos maiores economistas da nossa geração, uma daquelas pessoas que se afirmam imediatamente como uma referência para qualquer economista, pela sua inteligência, competência, dedicação à causa pública, humanismo e frontalidade na defesa dos seus ideais. Amizade, que se manifestava logo ao primeiro contacto, pela forma humilde mas profunda com que se assumia nas relações entre nós. Ligavam-me ao Ernâni Lopes laços da maior admiração, por se tratar de um dos maiores economistas da nossa geração, e de amizade, pela forma humilde mas profunda com que se assumia nas relações entre nós. A melhor forma de lhe prestar homenagem é contando duas pequenas histórias que vivemos juntos e que atestam a forma como vivia a amizade. A primeira passa-se em 1983/5 quando, ambos membros do governo do chamado bloco central, os então Ministro das Finanças e Secretário de Estado dos Transportes, em plena fase de negociação com o FMI de um impopular plano de austeridade, concretizaram uma profunda reestruturação do sector dos transportes, dizendo-me ele que, nas difíceis condições em que o país se encontrava, só aceitava o impacto financeiro da reestruturação proposta por ser eu a propor-lha. A segunda história passa-se numa das sessões anuais da SAER, da qual era Presidente, por volta de 2003/4, nas vésperas de tomar posse como meu sucessor na Presidência da Portugal Telecom. O Ernâni, ao ver-me sentado na sala, abriu a sessão, visivelmente emocionado, dizendo: eu sabia que tu virias à nossa sessão de hoje, porque nós somos assim, somos iguais, a nossa amizade está acima de todas as coisas. Que bom que seria haver mais pessoas como o Ernâni! ■