My greetings to you. Selo comemorativo para Correios Japoneses
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My greetings to you. Selo comemorativo para Correios Japoneses
My greetings to you. Selo comemorativo para Correios Japoneses. 20 lugar concurso internacional All Black. Marca para pub de São Paulo Projeto SVA/School of Visual Arts (editorial/revistas) The Bicycle Lover. Projeto editorial. SVA, School of Visual Arts, NY, EUA AMAZÔNIA SUSTENTÁVEL: A EXPERIÊNCIA DO AMAPÁ: 1995/2002 JANETE CAPIBERIBE JOÃO ALBERTO CAPÇBERIBE ALAIN E FRANÇOISE RUELLAN ALAN CAVALCANTI DA CUNHA ÂNGELA MARIA PIMENTAO AGUILLAR ARRUDA NETO CHARLES ACHCAR CHELALA ELIANA LEITÃO DE PINHO ELSON MARTINS FABIO ABDALA IGNACY SACHS IN SITU (JÉRÉMIE BERNARD, PIERRE-YVES DOUGNAC, GÉRALDINE HOUOT, VALÉRIE RENAULT) MANOEL CABRAL DE CASTRO Casa Amarela Amazônia sustentável. Capa de livro. Editora Casa Amarela. Edição de Aniversário Ano XI Número 121 Abril 2007 R$ 8,90 o que é ser de esquerda? O ENSAIO DO MÊS É DO FOTÓGRAFO CHE GUEVARA estréias: Voss, Hermes e quadrinhos antigos como é a cabeça dos estudantes de jornalismo GUTO LACAZ ANA MIRANDA OTAVIANO HELENE LIGHIA MATSUSHIGUE MARILENE FELINTO GEORGES BOURDOUKAN RICARDO VESPUCCI PALMÉRIO DÓRIA JEFERSON MALAGUTI SOARES MARCOS ZIBORDI MYLTON SEVERIANO GLAUCO MATTOSO FREI BETTO FERRÉZ MARIA DOLORES JOSÉ ARBEX JR. CESAR CARDOSO HAMILTON OCTAVIO DE SOUZA GUILHERME SCALZILLI CHE GUEVARA ALESSANDRA SILVESTRI LEVY ANA LUIZA MOULATLET CAMILA GONÇALVES CAROLINA RUY JULIANA SASSI MARINA AMARAL MARCELO SALLES SPENSY PIMENTEL JOÃO DE BARROS THIAGO DOMENICI GILBERTO FELISBERTO VASCONCELLOS RENATO POMPEU JOÃO PEDRO STEDILE EMIR SADER NICODEMUS PESSOA GERSHON KNISPEL VENÍCIO A. DE LIMA CARLOS CASTELO FRANCO DE ROSA CLAUDIUS www.carosamigos.com.br capa_121.indd 1 4/9/07 1:04:12 PM Revista Caros Amigos. Comemoração dos 10 anos da revista. Novo projeto gráfico (2007). Editora Casa Amarela ano XI número 35 outubro 2007 R$ 8,90 ESPECIAL O CHE combatente e intelectual www.carosamigos.com.br CA_CHE_capaFINAL.indd 1 9/27/07 2:35:51 PM Revista Caros Amigos. Especial sobre Che Guevara. Editora Casa Amarela ano XI número 36 novembro 2007 R$ 8,90 ESPECIAL PÓS-HUMANO engenharia genética nanotecnologia h i p e rc o m p u t a ç ã o neurociência inteligência artificial biotecnologia cibercultura big bang de laboratório O DESCONCERTANTE MUNDO NOVO o homem vai virar robô e o robô vai virar homem? www.carosamigos.com.br CA_POSHUMANO_capa 4.indd 1 11/20/07 8:12:08 PM Revista Caros Amigos. Especial sobre ciência e tecnologia. Editora Casa Amarela ano XI número 34 setembro 2007 R$ 8,90 ESPECIAL Mudanças climáticas Novas fontes de energia Fixar carbono, um caminho As cidades do futuro Biocombustíveis x comida Os imprescindíveis povos da floresta Tecnologia e transformações sociais O pioneiro Lutzenberger AQUECIMENTO GLOBAL A BUSCA DE SOLUÇÕES www.carosamigos.com.br CA_MEIOAMBIENTE_capaFINAL.indd 1 9/14/07 4:21:43 PM Revista Caros Amigos. Especial sobre aquecimento global. Editora Casa Amarela Diário do Comércio (editorial/revistas) Acervo/ Clube Espéria No tempo em que o Norte era um balneário Diário do Comércio. Suplementos especiais. Associação Comercial Revista Domingo. Jornal do Brasil COSAC NAIFY APRESENTA Elementos do estilo O DESIGN EM CARTAZ tipográfico de Robert Bringhurst LOGO LOGO LOGO Elementos do estilo tipográfico. Cartaz para concurso. Editora Cosacnaify Folha de São Paulo (editorial/jornal) CADERNO TURISMO CADERNO TURISMO FOLHA EQUÍLIBRIO (VER SEQÜÊNCIA NO “CD”) FOLHA EQUÍLIBRIO (VER SEQÜÊNCIA NO “CD”) Caderno Turismo e suplemento Folha equilíbrio. Jornal Folha de S. Paulo ide C al hman de M irand a ali Ar nio to An b Lo ira ere P s rco Ma Adela Protocolos críticos Protocolos criticos Protocolos criticos Protocolos criticos s me o oG a óp atr C réa d An iel Douglas Pom peu Euardo de A raújo Teixeira edo e Azev Lucien jo a Araú Lucian Joana iro ibe Darc R Luisa Destr i Luz Pinheiro Rodrigo Alm eida Marlova Ase ff Samantha B raga Shirley de So uza Gomes Carreira Protocolos críticos mes de Mira nda ali Ar bo Go Lo Calhman reira s Pe arco oM toni An pa tró éa Ca dr An Adelaide Calhman de Miranda e outros Claudio Daniel Douglas Pompeu Euardo de Araújo Luciene Luciana Joana Darc Teixeira Azevedo Araújo Ribeiro Luisa Destri Rodrigo Almeida Luz Pinheiro Samantha Braga Protocolos críticos Marlova Aseff Shirley de Souza Gomes Carreira Refletir sobre a literatura brasileira contemporânea, principalmente a produção ficcional, poética e crítica escrita a partir de 1980, é a proposta de Protocolos Críticos. Espelho do momento de fragmentação e complexidade da literatura brasileira, os ensaios tratam dos temas e autores mais diversos. Nos 16 ensaios, divididos em produção e crítica, são analisadas aspectos das obras de Caio Fernando Abreu, Milton Hatoum, Hilda Hilst, Lourenço Mutarelli, Marcelino Freire, Luiz Ruffato, além da poesia e rap, blogs, o mercado da crítica literária, a relação entre literatura e imigração, prosa e poesia homoerótica, tradução, um mapeamento da poesia contemporânea etc. O processo de realização do livro também se insere neste momento de uma literatura brasileira revigorada. Protocolos Críticos é resultado Protocolos criticos Protocolos criticos Protocolos Protocolos críticos Protocolos criticos Protocolos criticos Protocolos criticos Protocolos críticos de um programa de valorização do trabalho da crítica literária, o Rumos Literatura 20072008, do Itaú Cultural, história que o leitor pode acompanhar nos textos Rumos Além dos Muros, da jornalista, ensaísta e professora Claudia Nina, e A Crítica Literária...no Laboratório, de Alckmar Luiz dos Santos, poeta, professor e consultor do programa juntamente com os críticos Leda Tenório da Motta, Heloisa Buarque de Holanda, Tânia Ramos, Luis Augusto Fischer, Jaime Guinzburg e Lourival Holanda. A defesa e a necessidade do trabalho literário gerou o programa Rumos Literatura. A bola agora está com o leitor, que pode avaliar o trabalho dos 16 críticos apresentados pelo livro. E, esperamos, muitos outros ensaios virão, em um processo de produção-avaliação que os 16 autores de Protocolos Críticos passam agora a dividir com o leitor. Adelaide Adelaide Calhman de Miranda e outros Claudio Dan ISBN 978-85-7321-294-5 9 788573 212945 Protocolos críticos. Capa de livro. Editora Iluminuras Refletir sobre a literatura brasileira contemporânea, principalmente a produção ficcional, poética e crítica escrita a partir de 1980, é a proposta de Protocolos Críticos. Espelho do momento de fragmentação e complexidade da literatura brasileira, os ensaios tratam dos temas e autores mais diversos. Nos 16 ensaios, divididos em produção e crítica, são analisadas aspectos das obras de Caio Fernando Abreu, Milton Hatoum, Hilda Hilst, Lourenço Mutarelli, Marcelino Freire, Luiz Ruffato, além da poesia e rap, blogs, o mercado da crítica literária, a relação entre literatura e imigração, prosa e poesia homoerótica, tradução, um mapeamento da poesia contemporânea etc. O processo de realização do livro também se insere neste momento de uma literatura brasileira revigorada. Protocolos Críticos é resultado > epifânica da arte Notas sobre o cinematógrafo Emilio Salgari os de Tigres mom pra cem coleção piratas da Malásia Uma Uma tempestade violenta cai sobre a Ilha de Mompracem, covil dos terríveis piratas que aterrorizam os mares orientais. No alto de um alto penhasco, apenas um homem ainda está acordado, à espera do navio que vai trazer notícias da mulher que aparece em seus sonhos, antes mesmo de conhecê-la. Trata-se de Sandokan, o Tigre da Malásia, o temido chefe daqueles bandidos, que não hesitam em atacar e saquear navios mercantes e naves de guerra fortemente armadas a uma simples ordem dele. Ao tomar conhecimento das notícias trazidas por seu mais fiel companheiro, o português Yanez, Sandokan escolhe homens ousados e corajosos, arma dois prahos, os rápidos veleiros malaios que ele e Yanez adaptaram para que pudessem enfrentar em pé de igualdade a maior parte das embarcações, e parte em busca da mulher amada, não sem antes atacar um junco carregado de mercadorias, cujo comandante desavisado e sua tripulação são poupados, e até Robert Bresson Emilio Salgari os de Tigres mom pra cem mom pra cem Robert Bresson cinematográfica e tornou-se uma bíblia das especificidades dessa linguagem misteriosa que é a chamada sétima arte. Bresson influenciou várias gerações de realizadores, de Jean-Luc Godard a Lars Von Trier. Muitos mandamentos do Dogma 95, criado pelo cineasta dinamarquês, foram extraídos de Notas sobre o cinematógrafo. Para Godard, que o homenageou em um de seus filmes mais recentes, Elogio ao amor, “Bresson é o cinema francês, como Dostoievski é o romance russo, e Mozart a música alemã”. “Construa seu filme sobre o branco, sobre o silêncio e sobre a imobilidade”, é um dos ensinamentos de Bresson que podem ser ouvidos no filme de Godard. os Tigres de tremer comandantes e tripulações dos barcos e navios obrigados a navegar pelos mares de Bornéu. Um príncipe oriental, despojado de seu trono, obrigado a assistir ao extermínio de sua família, acaba se transformando no Tigre da Malásia, um dos mais temidos piratas do oriente. Perseguindo implacavelmente os navios ingleses, acumula tesouros inimagináveis em sua ilha, Mompracem. Com seu fiel companheiro, o português Yanez, e seus leais filhotes, Sandokan se lança em aventuras perigosas, combates sanguinários e saques consideráveis, até o momento em que ouve falar de Marianna, a Pérola de Labuan.Perdidamente apaixonado, o Tigre de Mompracem esquece a prudência, o ódio à raça branca, o sentimento de vingança que o movia até então e parte para a conquista da mulher amada, correndo riscos inimagináveis, enfrentando exércitos de homens, animais selvagens e a fúria dos elementos da natureza. Suas histórias proporcionam ao leitor um reencontro com as aventuras de capa e espada que vêm deleitando gerações de admiradores em vários países. os tigres de mompracem S Sandokan. Basta esse nome para fazer Emilio Salgari vida. Jean-Luc Godard Notas sobre o cinematógrafo é uma preciosa coletânea de frases que o cineasta francês Robert Bresson foi fazendo ao longo das décadas em que se dedicou à produção de filmes seminais como Pickpocket, Um condenado à morte escapou e A grande testemunha. Bresson pensava a imagem como pintura e o som, como uma partitura musical de ruídos, sempre com o máximo de rigor, com o firme propósito de vislumbrar instantes de eternidade nas ações mais prosaicas do cotidiano. Cinema, para Bresson, era sinônimo de revelação: uma espécie de decalque de um “real” que se manifesta se velando, nos religando à manifestação divina da própria vida. Era com essa convicção que Bresson, católico jansenista, preparava cuidadosamente os seus filmes, criando “leis de ferro” para o próprio processo de criação. Notas sobre o cinematógrafo é todo pontuado por essa visão > Notas sobre o cinematógrafo mesmo recompensados, após o bem sucedido saque dos piratas. Infelizmente a incursão de Sandokan à ilha de Labuan acaba sendo um completo desastre. Seus dois navios são destroçados pelo cruzador inglês que estava ancorado nas proximidades da ilha. Seus homens são mortos. Ele mesmo, até então invencível, é atingido por um tiro de pistola no peito um pouco antes de cair no mar. Fazendo um esforço sobrehumano, lutando contra a febre que o faz delirar, superando o enfraquecimento causado pela enorme perda de sangue, Sandokan consegue nadar até a ilha e acaba perdendo os sentidos nas proximidades de um palacete, para dentro do qual é levado e tratado por ninguém menos que Marianne, a jovem com quem sonha há tempos. O amor que sente por ela vai levar o pirata a desafiar perigos de todo tipo, a arriscar sua ilha, seus tesouros, seus barcos, seus homens e a sua própria vida. “Bresson é o cinema francês, como Dostoievski é o romance russo, e Mozart a música alemã.” Robert Bresson Cinema por subtração, sempre movido por um minimalismo desesperado em busca da essência dos sons e das imagens em movimento. A ação nos filmes de Bresson se desenrola com muita freqüência nas bordas do quadro ou fora dele, numa tentativa de fazer com que cada espectador confeccione a narrativa na própria mente, levando assim ao paroxismo as possibilidades sugestivas da linguagem cinematográfica. Como escreve Le Clézio no prefácio deste livro, as frases de Bresson são “cicatrizes, marcas de sofrimento, jóias preciosas (...) que brilham como estrelas, nos mostrando o árduo e simples caminho rumo à perfeição”. os Tigres de mom pra cem Robert Bresson e Os tigres de Mompracem. Capas de livro. Editora Iluminuras Produto: JT - SPVARIEDADES - 6 - 16/02/04 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% 1C 100% Produto: JT - SPVARIEDADES - 6 - 16/02/04 6C %HermesFileInfo:6-C:20040216: SÃO PAULO, SEGUNDA-FEIRA, 16 DE FEVEREIRO DE 2004 PB 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 1C - 100% COR Composite Produto: JT - SPVARIEDADES - 6 - 16/02/04 1C - Composite Composite Produto: JT - SPVARIEDADES - 6 - 16/02/04 1C - Composite JORNAL DA TARDE SÃO PAULO, SEGUNDA-FEIRA, 16 DE FEVEREIRO DE 2004 JORNAL DA TARDE “ Foi trocando em miúdos que à conclusão cheguei: nada acontece de novo daquilo que desejei... Eu sou de humilde contato, tímido, nem sou loquaz. Tenho espontâneo relato do meu ego e o que me apraz. Sou como sou não pedi a vida e não me fiz. Byron disse: estou aqui, estou comigo, sou feliz!”, TRECHO DA LETRA INÉDITA ‘EXISTÊNCIA’, ASSINADA POR ADONIRAN BARBOSA EM 1963 NA PÁGINA DO JORNAL DA TARDE DE 22 DE JUNHO DE 1966, LETRA INÉDITA ATÉ HOJE, PUBLICADA COM EXCLUSIVIDADE BARES DA VIDA LETRA: Adoniran Barbosa MÚSICA: Maestro Portinho, 1979 AMO SÃO PAULO LETRA: Adoniran Barbosa 1964 E descortinou-se Pindorama Com suas paisagens deslumbrantes A seiva, a mata que se inflama Ardente terra de gigantes O índio assustado vendo o invasor João Ramalho em sua labuta Ouvindo ao longo o som do tambor Ecoando pela selva bruta Martin Afonso subindo a serra A fera indomada submissa Maravilhoso belo se encerra Nóbrega, Anchieta e a primeira missa Os jesuítas e as missões Os aventureiros bandeirantes Entradas, fronteiras e os sertões Histórias de sagas triunfantes O Ipiranga da Independência O céu tão puro de lindo azul O marco-zero, a Sé, a plangência A zona norte e a zona sul A zona oeste, leste e centro Os jardins, a cidade e o mundo Se unificaram num momento Ibirapuera, Pedro II O Manél da antiga padaria Leva a freguesia em sua manha Outras raças, a grande euforia E o ferro velho veio da Espanha Barraco de pau, teto de zinco O imigrante que eu chamo de irmão O árabe da Rua 25 O Corinthians do meu coração O nôno italiano da cantina Ravioli e inhoque de verdade Canzonetas ao longe em surdina Sushi japonês da liberdade O conhaque, a loira gelada Garoto homem, homem menino Futebol de rua, uma pelada Com os judeus da José Paulino As garotas dos shoppings, que coisinha! E o macarrão da mamma, al dente O pau-de-sebo, a amarelinha Do Bixiga à Rua do Oriente O bom baiano da feira livre O estudante que é toda sapeca Em toda parte eu já estive Menininha levada da breca Do bacalhau, paella e virado Feijoada, quibe, pizza e pastel Trabalhadorque voltacansado Pé-de-moleque e um pão-de-mel São Paulo atingiu o infinito O hino do amor aqui se entoa Tudo é sereno, em paz e bonito Na simplicidade que o coroa Fina garoa que é bem paulista Que seja eterna, desejo e quero Tem no seu filho alma de artista Juro e afirmo que sou sincero Minha bandeira das treze listras’ Vivo como quem vive no céu Aqui se luta, vence e conquistas Amo São Paulo, que é nosso e meu Quanta dor de cotovelo Eu bebi na minha vida Spadoni, Parreirinha Ponto Chic, Avenida... Outros bares do Ipiranga Eram a Consolação “So mai zum” e era a conta Pra minha desilusão A noite ainda é criança Diz o garção, o barman No copo que é companheiro Deixa a saudade de alguém Se reparar no relógio Os ponteiros vão correndo Os olhos estão piscando E o dia amanhecendo Fico de pé, pago a conta Bocejo, cigarro, dor... Não quero saber de novo De ter de viver o amor Saio. Entro noutro bar Antes que o corpo se deite E para me despertar Rosquinha e café com leite DEBAIXO DA PONTE GRAFITEIRO PASSOU... Tem contrabando, fumaça Fogueirinha, carrapato Panela velha, carôço Sola usada de sapato Vidros, plásticos, estopa Jornal velho, cacarecos Cavalinho, bola, trem Urso rasgado, bonecos Já não chega o trombadinha Quer na rua ou na esquina Com a mancha malandrinha E com fala doce e fina: “Olha o berro, passe a grana!” Meu dinheiro da semana Passou... Como deve passar o que passou? Só sei que deve passar Refrão É, o que é que eu vi Debaixo da ponte O que é que eu vi Quer que eu conte? Já não chega a condução Que sempre deixa na mão O drogado de maconha Êta cara sem vergonha No metrô, bus ou no trem Ou de pé, e agora quem? LETRA: Adoniran Barbosa MÚSICA: Sidney Moraes Tem bóia fria, sem terra Gente que veio do norte Batente que não deu certo Agora espera a sorte Quatro estacas, um telhado Táboa é casa e assento Lá na ponte sol e céu Debaixo frio e vento LETRA: Adoniran Barbosa 1976 Vem agora o grafiteiro Emporcalhando a cidade A casa, o prédio inteiro Na maior sujicidade Grafita de baixo ao alto Tudo na vida é assalto! E tem criança com sede Sem futuro, sem escola Ladrão mistura com fome Criança pedindo esmola Quem devia ver aquilo Dá risada, que beleza De avião tá bom, tá bem Lá no fundão, que tristeza LETRA: Adoniran Barbosa 1979 O mistério de Adoniran Barbosa Juvenal Fernandes, editor e amigo do compositor, abre com exclusividade ao JT letras que revelam uma face desconhecida do autor de Trem das Onze. A polêmica história e os textos inéditos estão aqui e na página 6C Como a onda sobre o mar Como a ave sobre o ar O rio das pedras lisas As árvores sentindo as brisas O vento pelas folhagens As flores e as aragens... Arquivo pessoal / Juvenal Fernandes A pasta de plástico esquecida no fundo da gaveta de um velho armário no número 1.700 da Avenida Rebouças guarda um Adoniran Barbosa que assusta sua própria família. Folhas com letras inéditas atribuídas ao popular autor de ‘Trem das Onze’ revelam um senhor culto de fala rebuscada, um religioso de fé cega em Jesus Cristo, um pensador lírico e introspectivo que cita sério o poeta inglês Lord Byron, o bandeirante João Ramalho e os padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. Um homem que faz versos como “os jesuítas e as missões / os aventureiros bandeirantes / entradas, fronteiras e os sertões / histórias de sagas triunfantes.” As faces ocultas de Adoniran Barbosa estão na pasta do senhor Juvenal Fernandes, um antigo amigo do sambista, ex-sócio da editora Fermata e atual sócio da editora e gravadora Arlequim. A soma do material é espantosa. Segundo o empresário, seu arquivo reúne perto de 100 letras, 95% delas intocadas até hoje. Se Adoniran Barbosa tem 124 composições registradas, o mundo só conheceria então um pouco mais da metade de sua produção. As criações teriam sido entregues a Juvenal Fernandes pelas mãos do próprio Adoniran Barbosa quando eram amigos. “Ele chegava ao meu escritório na editora com suas anotações feitas em qualquer papel que achava pela frente e dizia: ‘Guarda aí com você Juvenal, um dia a gente mexe nisso’.” Quase ninguém havia visto o material até que, em 1989, Juvenal Fernandes foi ao Rio de Janeiro bater na porta da senhora Maria Helena Rubinato, filha e herdeira única de Adoniran que sempre viveu à distância do pai. “Fui criada por uma irmã de Adoniran. Não vivi no meio artístico.” O homem que Maria Helena define hoje como “educado, acima de qualquer suspeita” entrou em seu apartamento com uma relação de 41 músicas inéditas. Sem ver as letras, Maria Helena assinou um contrato a pedido do senhor Juvenal Fernandes e deu a ele poderes para lançar as músicas. O peito de Adoniran começa a virar ‘tauba de tiro ao álvaro’ quando a história salta para 2004, festa dos 450 anos de São Paulo. Juvenal Fernandes conversa com o amigo José Chagas Reli, na Arlequim, e decide bancar um projeto para o aniversário da cidade: convidar renomados Passou... O ódio que ficou de alguém De estar só, sem ninguém Passou ontem, passa hoje Também amanhã vai passar... O sonho mau acordou A dor doída estancou A criança engatinhou O velho manquetolou O jovem fez, não pensou A moça idealizou Menino brincar, brincou Tudo no fim já passou... UMA VIDA LETRA: Adoniran Barbosa 1977 E tem a moça esperando E a senhora rezando Um rato passa assustado A paciência roendo Se há mais de uma vida Esta já me basta Chega de ter Que viver outra vez Não foi demais O que o mundo me deu? Por que viver tudo outra vez? Tive sobra de mágoas Acreditei, será melhor Mas, bicho, entrei bem Quem podia dar um jeito Prometeu e foi eleito Esqueceu, votamos mal Tamos ferrados, bem feito! Melancolia e angústia inspiram um outro Adoniran As dez letras desta página foram retiradas do arquivo de Juvenal Fernandes, todas assinadas por Adoniran Barbosa. Algumas chegaram a ser musicadas depois de sua morte, mas nenhuma foi gravada. Muitas seguem seu conhecido estilo cronista das ruas, como ‘Grafiteiro’ e ‘O Metrô’. Mas um outro compositor, triste e espiritualizado, aparece em criações como ‘Uma Vida’ e ‘Passou...’ PRONTO SOCORRO LETRA: Adoniran Barbosa, 1974 MÚSICA: Jorge Costa, 1984 Fui internado no hospital: Pronto Socorro Pois meu estado de saúde eram bem mau Da ambulância para a maca num segundo E os corredores claros que não tinham fim... Depois da maca para a mesa. Homens de branco me carregaram, me largaram, fiquei só... As enfermeiras a espiar só tinham olhos E as injeções começaram a me picar, A luz, o teto, tudo em volta foi sumindo Só acordei quando o anestésico passou Meu quarto cinza parecia uma avenida Gente pra cá, gente pra lá, o caos total Um com o soro, outro o analgésico e outro olhava Nemnozoológico animalraro se viu... Depois a junta médica resolvia Sem solução o meu caso concluiu Quadro final: ou largar dessa mulher Ou transplantar logo outro coração RECEITA DE PIZZA DUVIDO QUE ISSO... O pitzaiolo de branco Amassa a massa e a farinha Soco, murro e bofetada Na coitada da bolinha Ela descansa esticada Antes do forno de lenha Na maca - pá de madeira E depois de preparada Segue dura para a fogueira Creio que o tempo parou Quando ela foi embora Mas a tristeza ficou Companheira e agora chora De aliche ou calabresa Ou do que você quiser Mutzarela, vinho tinto Companhia de mulher Você deixou a saudade Nem sequer restaram traços De que um dia de verdade Voltaria pr’os meus braços LETRA: Adoniran Barbosa MÚSICA: Jorge Costa, 1977 “Mais uns chopes, companheiro, Com colarinho e gravata” O cantor napolitano Com piano e serenata A receita que eu sugiro Para o que der e vier É sentar numa cantina E da vida se esquecer E coisa melhor do mundo Aceite o meu convite Traga muito apetite E vontade de beber LETRA: Adoniran Barbosa 1971 Ao lado, foto dada a Juvenal Fernandes (abaixo) pelo compositor: “Ao meu amigo Juvenal um ‘Duvido que Isso’, do Adoniran” Duvido que isso seja A questão já resolvida Quem ficou, espera e almeja Melhores dias de vida O METRÔ LETRA: Adoniran Barbosa 1980 Um dia a casa cai É o que diz o ditado Igual minhoca que vai O metrô segue deitado Depois, já livre ele sai E chega ao resultado Metrô é muito bacana Como se diz: é legal! Leva milhões por semana Do princípio até o final Chega à Vila Mariana Bijetivo principal! Não tem nada de reboque, ônibus, bonde, automóvel. Jabaquara ficou perto O que a mim muito comove São Judas que me abençõe Vou da Sé até meu love JÚLIO MARIA Nova biografia não fala das letras secretas Adoniran – Uma Biografia chega às lojas como a obra mais completa publicada sobre a vida de João Rubinato, conhecido Adoniran Barbosa. Seu autor é o jornalista Celso de Campos Jr., um jovem com invejável disposição para iluminar a história de seu biografado. Foram três anos de pesquisa, 80 entrevistados, arquivos revirados e, ao final, um tijolo com 606 páginas e fotos inéditas que destrincham em miúdos a vida do poeta do Bexiga. Sobre as cem músicas secretas atribuídas a ele por Juvenal Fernandes, há apenas uma menção. À página 528, o escritor cita: “Em uma duradoura convivência, Adoniran deixou com ele (Juvenal Fernandes) diversas letras manuscritas que Juvenal, aos poucos, começou a distribuir para serem musicadas...” Celso de Campos soube da existência de algumas letras. Ao tomar conhecimento da polêmica que as envolvia, preferiu deixá-las de fora. “O senhor Juvenal me mostrou algumas letras mas não cheguei a pegá-las. Sei que Juvenal realmente conviveu com Adoniran e que eram muito amigos. A quantidade das inéditas me impressiona, isso é quase o mesmo número de músicas registradas por ele em vida. Mas acredito que muita mos versos: “Quando cheguei já vi que estava tudo no chão / chorei feito bobo, senti um calor na oreia / peguei um tijolo e um pedaço de teia / prá guardar de recordação.” O texto só existe na página guardada nos arquivos do jornal. Se Adoniran se interessaria por bandeirantes e jesuítas? Segundo ele mesmo, sim. Aos que o conheciam, improvável. Sua fase de experiências cinematográficas inclui as filmagens de ‘O Sertanejo’. Adoniran Barbosa interpretaria Antônio Conselheiro e, para tal missão, deveria ler o sisudo ‘Os Sertões’, de Euclides da Cunha. O filme não vingou porque sua produtora faliu. Já a leitura, diria o autor, fora um sucesso. Questionado se havia chegado à última página, respondeu que sim e disse o que havia achado: “meio cacete”. O homem que teria escrito uma versão para o ‘Pai Nosso’ seria devoto suficiente para isso? Ninguém sabe. Adoniran Barbosa não era de conversa com estranhos. Fechado em si, pode ter escrito coisas que o mundo duvida. Mas o ideal para fechar o assunto seria mesmo seguir a dica dada ao repórter pelo biógrafo Celso de Campos Jr: “Você não tem contato com ninguém lá no céu?” Sérgio Castro/AE Reprodução Na foto rara encontrada pelo biógrafo, Adoniran interpreta Antônio Conselheiro para o cinema coisa ali seja mesmo de Adoniran.” Aos leitores da biografia, os traços ocultos de Adoniran Barbosa sugeridos pelas composições ora se comprovam, ora se contradizem. Se é estranho Adoniran Barbosa ter confiado suas criações a um amigo? Não, se considerado que o compositor não tinha tanto apego a seus rascunhos. Um deles foi entregue a um repórter do Jornal da Tarde no dia 21 de junho de 1966. ‘Pincharam a Estação no Chão’ foi uma composição exclusiva para o repórter, inspirada na demolição da estação de trem do Jaçanã. Assim ficaram seus últi- Três anos de pesquisas e 80 entrevistas usadas para dar forma à maior biografia publicada sobre o sambista. Sobre as inéditas atribuídas a ele, há apenas uma menção compositores para musicarem as letras e participarem de um disco com as canções inéditas. “Estamos fazendo os convites para o disco sair este ano”, diz Chagas. Cesar Camargo Mariano foi convidado por e-mail e respondeu com interesse. O compositor Caetano Zammataro ficará responsável por 13 letras. Izaías do Bandolim deve ser convocado em breve. Um juiz cantor e compositor, Flávio Monteiro de Barros, fará músicas para outras três. O mesmo material que tem poder para reescrever episódios inteiros da música brasileira ao traçar um Adoniran Barbosa muitas vezes distante do cronista das ruas que cantava em português errado reserva pólvora para provocar uma cratera no meio artístico. Sérgio Rubinato, sobrinho de Adoniran, e Antonio Gomes Neto, o Toninho, fundador do Demônios da Garoa, não acreditam que a pessoa que escreveu os versos secretos seja mesmo Adoniran Barbosa. Maria Helena Rubinato, a filha, estranha algumas letras. O pesquisador Airton Mugnaini Jr., autor do livro ‘Adoniran: Dá Licença de Contar”, acha possível que as autorias sejam do sambista. Celso de Campos Jr., biógrafo do autor, estranha a quantidade das canções, mas acredita que muitas sejam mesmo do compositor. Um Adoniran muito diferente Músicos que tiveram acesso às obras obscuras não têm dúvidas de que elas são de Adoniran Barbosa. Tom Zé conta ter recebido de Juvenal Fernandes garranchos escritos pelas mãos do sambista. “Era um rascunho. Quis imaginar o que o Adoniran queria com aqueles versos e os completei.” A música ‘Tangolomango’, uma das raras gravações saídas da pasta de Juvenal, está no disco ‘Com Defeito de Fabricação’, lançado em 1999. Nos créditos, a autoria: “Adoniran Barbosa e Tom Zé”. O paulista Passoca fez em 2000 um álbum de tiragem mínima chamado ‘Passoca Canta Inéditas de Adoniran’, com 13 músicas secretas. O compositor nunca questionou a autenticidade das letras. “Aquilo tudo tem as mãos do Adoniran. O cara está ali.” O fato é que o Adoniran Barbosa autor de ‘Amo São Paulo’, uma emotiva e extensa declaração de amor à cidade feita há exatos 40 anos, aparece com estilo bem diferente daquele que canta “eu sou a lâmpida e as muié é as mariposa.” Ninguém nunca esperou que criaria versos como: “E descortinou-se Pindorama / com suas paisagens deslumbrantes / a seiva, a mata que se inflama / ardente terra de gigantes...” Seu lado cristão teria vindo à tona em abril de 1980, dois anos antes de sua morte. ‘Pai Nosso’, uma versão em prosa para a oração católica, será musicada para o disco pelo compositor Caetano Zammataro. Uma hipótese é a de que, a esta altura, o artista andava espiritualmente sensível com a possibilidade de estar em seus últimos dias: “Minha Oração é o Pai Nosso / Que estais no céu para sempre / Que seja santificado / o Seu nome, Senhor Deus ...”. O Adoniran Barbosa autor de ‘Existência’, uma inspiração assinada em abril de 1963, fez um verso que revela conhecimento da obra do poeta romântico inglês Lord Byron. “Sou como sou / Não pedi a vida e não me fiz / Byron disse: estou aqui, estou comigo / sou feliz.” Segundo Sérgio Rubinato, seu tio, quando lia, preferia os cadernos de esportes e as crônicas policiais. Airton Mugnaini Jr., biógrafo do sambista, não questiona a autenticidade dos versos. “Adoniran Barbosa ia anotando suas idéias em guardanapos e guardando onde desse. Esse material ia para mãos de terceiros.” Sobre o estilo das escritas no material de Juvenal Fernandes, opina: “Os compositores têm direito a fazer coisas assim. São brincadeiras, experiências. Nem tudo deveria ser para virar música. Mas acredito que, de qualquer forma, seja uma obra menor com relação ao que ficou conhecido.” Juvenal Fernandes, em meio à fogueira, toca o projeto do disco de inéditas para sair o quanto antes e se defende: “Minha vontade é de rasgar estes papéis quando dizem que não são de Adoniran Barbosa. Não faço isso porque a história iria perder muito. Se não foi o Adoniran quem escreveu isso quem foi? O bispo? O papa?” 7 8 9 10 11 12 Caderno SpVariedades. Novo projeto (2002). Jornal da Tarde/Grupo Estado ESPECIAIS) 5 (DEPOIS (DEPOIS DO PROJETO/ (DEPOIS DO PROJET DO PROJETO/ ESPECIAIS) ESPECIAIS) ESPECIAIS) COPA 2002 (VER SEQÜÊNCIA NO “CD”) COPA 2002 COPA 2002 (VER SEQÜÊNCIA NO “CD”) (VER SEQÜÊNCIA NO “CD”) COPA 2002 (VER SEQÜÊNCIA NO “CD”) OUTROS OUTROS OUTROS ELEIÇÕES PARA PRESIDENTE/ 2002 ELEIÇÕES PARA PRESIDENTE/ 2002 ELEIÇÕES PARA PRESIDENTE/ 2002 ELEIÇÕES PARA PRESIDENTE/ 2002 CARNAVAL 2004 CARNAVAL 2004 Cadernos especiais. Novo projeto (2002). Jornal da Tarde/Grupo Estado CARNAVAL 2004 OUTRO Sevilha. Fotografia de Michaella Pivetti