Método Comparativo, família e parentesco

Transcrição

Método Comparativo, família e parentesco
Revista ANTHROPOLÓGICAS, ano 9, volume 16(1): 87-108 (2005)
Método comparativo,
família e parentesco:
Algumas discussões e perspectivas1
Ellen Fensterseifer Woortmann2
Resumo
Este artigo tem como objetivo discutir algumas das principais perspectivas teóricas, modalidades, amplitudes e peculiaridades do método comparativo. Centra-se na análise de obras de Antropologia
clássica que tenham estudos de família e parentesco como base de
seus estudos.
Palavras-chave: método comparativo, comparação, família, parentesco.
1
Trabalho apresentado no GT “Família e Sociedade”, no XXIII Encontro Anual
da ANPOCS (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências
Sociais), Caxambu, outubro de 1998.
2
Professora e pesquisadora da UnB. Endereço: Universidade de Brasília, Departamento de Antropologia, ICS, 70.910-900 Brasília – DF. Tel.: (061) 3468-2723. Email: [email protected]
Revista ANTHROPOLÓGICAS, ano 9, vol. 16(1), 2005
Abstract
My purpose in this article is to discuss some of the main perspectives and modalities of the comparative method. It is centered on
classical texts concerning the study of family and kinship, basic for
the formation of anthropological theory.
Key words: comparative method, comparison, family, kinship.
Este artigo se propõe a analisar alguns aspectos da presença e significação do método comparativo no decorrer do processo de constituição da
Antropologia clássica. Nele se analisa o método comparativo em si no que
ele apresenta de constante – a sua natureza – a rigor, o que independe das
variações, portanto seu cerne, ilustrando-o com diferentes usos da noção
de família.
Portanto, nosso objetivo é discutir um método que “[...] procura reunir o que vulgarmente se separa ou distinguir o que vulgarmente se confunde” (Bourdieu 1975:29) e que “[...] não é suscetível de ser estudado
separadamente das investigações em que é empregado" (Comte apud
Bourdieu 1975: 11).
Dada a amplitude da discussão, não serão analisados os diversos tipos
de método comparativo, tais como o da Concordância ou Acordo e da
Diferença na terminologia de Scokpol (1979, 1980), a questão da comparabilidade de dados quantitativos, tal como aponta Schmidt e Schweitzer
(1990), ou a perspectiva empregada por Bateson (1967) quando analisa
Naven ou ainda o denominado “efeito Rashomon”, tomando-se a terminologia de Rhoades (1989), na qual um mesmo fato é analisado desde a
perspectiva dos diferentes atores. Tampouco serão analisadas em detalhes
as abrangências dos princípios em relação ao todo – princípio particular,
universal, segmentado, totalizante, etc.
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Na análise das obras serão tomadas algumas que consideramos mais
explícitas, mais expressivas, tanto no que se refere à posição do autor,
quanto à operacionalização do método. No caso de Radcliffe-Brown, por
exemplo, escolhemos O Método Comparativo em Antropologia Social (1978) na
primeira parte, porque julgamos ser o mais representativo do pensar
estrutural-funcionalista e African Systems of Kinship and Marriage para a análise
de sua concepção de família. O caso de Boas foge à regra porque fundamentalmente nos apoiamos em crítica sobre sua obra.
Ao centrarmos-nos numa obra, definimos de que método comparativo, de que autor e a que momento da carreira deste estamos nos referindo. Destarte, evita-se de conceber a obra de um autor como uma totalidade imutável e coerente.
Consideramos importante a análise do método comparativo porque
ele foi forjado pelo pensamento clássico desde Tylor, como um meio controlado de chegar às regularidades e generalizações do pensar. Na forma
um tanto radical de Cohen (1989), a “Antropologia es comparación, o no
es nada”.
Desvencilhado das amarras do senso comum, o método comparativo,
como veremos, não corresponde à comparação, que é inerente ao ser racional, porém não é construído teoricamente. Nesse sentido poderia se
perguntar: a comparação estaria para o pensamento selvagem como o
método comparativo estaria para o pensamento científico?
Tal como entendido pelos clássicos, o método comparativo constituiu
uma forma de sofisticação necessária a serviço da Ciência para entender o
chamado fenômeno humano.
***
A rigor não há o que se poderia definir como o método comparativo.
Quer dizer, ele não é, como mostra Scokpol (op. cit.), pensado, utilizado
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da mesma forma, nem configura o mesmo objeto. Tampouco está ligado a
alguma teoria ou hipótese específica. Ele compreende uma infinidade de
variações enquanto método e como método, de forma que se torna difícil
distinguir o que lhe é inerente, isto é, o que o constitui em essência, em
vista da multiplicidade de variações que ele apresenta.
Estudar o método comparativo implicaria numa revisão completa das
obras de Antropologia. Se se o entende no sentido mais amplo, não
existe outro método à não ser este... [Ele] constitui, sem dúvida
alguma, uma das ‘démarches’ essenciais de todas as ciências e um dos
processos elementares do pensamento humano. (Evans-Pritchard
1971:7)
O método comparativo começa a ser utilizado pela Antropologia
desde os seus primórdios, a ponto de Wissler, citado por Ackerknecht (in
Wallis 1954:123) considerar a própria Antropologia como “o ponto de
vista comparativo”.
O uso do método, enquanto método pensado para a Antropologia,
foi introduzido, via Antropologia Física, Arqueologia e Lingüística, setores
do conhecimento no qual, aliás, nunca deixou de ser fundamental (id.:
117). Ackerknecht ainda ressalta que, nesse sentido, foram influências importantes nesse período “formativo” da Antropologia as “[...] certas filosofias ou questões práticas em voga, [tais como] escravidão ou emancipação
nacional ou tendências como a frenologia de Gall e a física social de Quetelet” (in Wallis, op. cit.).
No século XIX, a separação da Antropologia Física da Cultural não
significou o abandono do método por esta última. Pelo contrário, o
método comparativo foi usado simultaneamente pelos evolucionistas e
pelos que se opunham a eles; paradoxalmente, ambos para afirmar suas
respectivas posições. Nesse momento a preocupação era de crítica à teoria
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e ao objeto da teoria. O método ainda não era questionado.
Uma significativa contribuição ao desenvolvimento do pensar o
método comparativo foi prestada por McLennan, especialmente na sua
obra Primitive Marriage (1865). Nela o autor apresenta o primeiro estudo
sistemático comparativo das instituições das sociedades primitivas. Ao
tomar exemplos os mais variados e sua definição do geral e do particular
como forma de definir conceitos classificatórios, McLennan torna-se o defensor de uma das abordagens mais fecundas do método comparativo: a
dos trabalhos qualitativos.
Quase no mesmo período encontramos os precursores do trabalho de
Murdock, Jack Goody e outros: Herbert Spencer com suas tabelas e seu
esforço de alcançar o maior número possível de amostras possíveis.
O primeiro quartel do século XX assistiu ao surgimento de duas
‘árvores filogenéticas’ de pensamento antropológico. Paradoxalmente, a
que foi desenvolvida no novo mundo, mantinha-se ligada ao passado. Foi
defendida por Boas e seus seguidores, que propugnavam uma “morfologia
cultural fundada nos estudos comparativos das formas similares nas diferentes partes do mundo” (ibid.: 123).
Os identificados com a segunda “árvore”, ao romperem total e completamente com o passado renegaram também o método. Malinowski,
então em diálogo com Freud, torna-se um dos expoentes dessa nova tendência da Antropologia do velho mundo. Ao romper com o método e se
dedicar ao estudo de unidades isoladas, Wallis afirma que Malinowski desprezou “[...] uma grande vantagem do método comparativo, que é o de
que, num campo onde as experiências controladas são impossíveis, ele
provê ao menos algum tipo de controle” (id.:124-125). Ao opor a experiência controlada de laboratório à experiência controlada, construída do
método, está implícita a preocupação dos clássicos no que diz respeito à
diferenciação entre Ciências Humanas e Ciências Exatas, assim de afirmar
a Antropologia como ciência.
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Aliás, é interessante que se nesse período as Ciências Exatas forneceram o referencial positivo que levou à constituição das diferentes áreas das
Humanas, que por sua vez levou a uma posterior crítica e abandono desse
posicionamento cientificista, hoje se assiste um retorno desse referencial,
porém em sentido inverso. Esse referencial torna-se negativo na medida
em que os parâmetros das Ciências Exatas passam a se tornar parâmetros
gerais aos quais as Ciências Humanas devem realizar o esforço de se
adaptar.
Leach (1975:168), ainda numa perspectiva cientificista ma non tropo,
afirma que o método comparativo, apesar de ser utilizado por ambas as
ciências, possui unidades e objetos diferentes. E mais, que “o objeto da
Antropologia é investido de vontade própria e não pode ser submetido a
experiências que sejam replicáveis”.
Destarte, a única possibilidade de chegar à generalização de alguma
maneira controlada, é via o método comparativo.
Cria-se então um paradoxo a partir da afirmação de Ackerknecht
(ibid.:118) “de que a enorme coleção de dados etnográficos coletados
(isolada e separadamente) ... só fazem sentido em vista de um eventual uso
comparativo desse material”. Assim, paradoxalmente, o trabalho dos funcionalistas, opositores ao uso do método comparativo, só terá sentido se
incorporado a outros trabalhos através do uso do método ao qual ele eles
próprios se opuseram!
Portanto, mesmo que uma obra não tenha sido pensada para ser submetida ao método comparativo, seus dados poderão ser retomados, e, na
medida do possível, incorporados ao lado de outros ao método comparativo, caso ela tenha sido construída teoricamente.
O século XX assistiu à elevação do nível de abstração do método
ligado ao desenvolvimento do pensar a teoria antropológica. Com a noção
de totalidade, Mauss e Durkheim abrem, por exemplo, uma nova dimensão quanto ao uso do método e ao seu objeto. Essa noção é alçada à
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abstração assim como relações e relações entre relações, e não mais elementos são a ele submetidos.
A partir da cisão teórica Boas/Malinowski, o método comparativo foi
utilizado por alguns, das mais diferentes maneiras, como Radcliffe-Brown,
Murdock, etc. e rejeitado por outros, como Evans-Pritchard, ou ainda
usado num momento e abandonado posteriormente, como Leach, Geertz,
etc. Nesse ínterim, houve momentos em que ele caiu em desuso quase
completo.
Uma perspectiva interessante, e mais recente, é apresentada por Cardoso de Oliveira (2000), quando propõe que há modalidades de comparação que não partem do núcleo de oposições estruturais ou estruturantes.
Elas partem de comparações que não estão destinadas a qualquer modo de
generalização, e tampouco estão em busca de “leis sociais” ou regularidades que levem o pesquisador à busca por formulações abstratas. Da
mesma forma, o autor aponta que as pesquisas comparativas não devem se
circunscrever à análise de sistemas simbólicos, mas a “compreensão de
sentido”. Partindo de uma perspectiva iluminada pela hermenêutica, ele
propõe que se busque uma “comparação elucidativa” (ibid.:40) que compara life-worlds, isto é, ‘mundos de vida’, ou, em outros termos, visões de
mundo.
O que é importante em tudo isso, é o fato do método ter acompanhado o pensar antropológico em todo curso de sua história e de ser
responsável por grande parte do pensar de sua produção, quer sendo utilizado em si, quer como alvo da crítica de seus opositores. Na medida em
que ele é combatido através da produção, ainda assim, por oposição, o
método comparativo ainda está estimulando a geração de Antropologia.
***
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Nessa parte, a título de exercício lógico, o próprio método comparativo foi tomado como objeto da análise.
Ao tomarmos o método comparativo como objeto observa-se que à
afirmação de Evans-Pritchard de que “[...] a comparação constitui [...] um
dos processos elementares do pensamento humano” (1971:7), pode ser
acrescentada outra, se abstraída em parte de seu contexto, de Leach: “[...]
nem todos os seres humanos pensam igual, mas não necessitam pensar
todos de forma distinta” (1975:171).
Alguns aspectos merecem ser explorados nas duas citações. EvansPritchard concebe a comparação como parte integrante do pensar humano, do senso comum, sendo, portanto, processo elementar.
O pensar, ao lançar mão da comparação, não supõe a explicitação
consciente de seus passos. Nessa perspectiva, portanto, a comparação,
enquanto processo elementar não construído, não pode ser confundido
com o método comparativo. Diferentemente da comparação, o método
comparativo supõe a comparação, porém essa é uma comparação construída, consciente, parte integrante de um procedimento controlado – na
acepção dos clássicos – científico.
A segunda citação, a de Leach, ao remeter à diversidade do pensar,
por extensão, à diversidade do pensar por comparação, remete também ao
geral e ao particular; ao geral, como parte da estrutura do pensar do
Homem e ao particular, porque se expressa das formas as mais diversas.
Aliás, a amplitude maior da comparação constitui fundamento de várias
teorias como da comunicação ou para as análises simbólicas, estruturalistas, etc. Estas formas do saber supõem o método comparativo. Contudo, ele nem sempre é operacionalizado ou tornado explícito.
Isto posto, pergunta-se, o que vem a ser o método comparativo?
Geralmente ele é concebido como a “comparação de semelhanças e diferenças entre grupos, sociedades ou partes delas entre si”. Desdobrando a
noção em partes, observa-se que a comparação aqui é considerada como
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sinônimo de método comparativo. A nosso ver, comparação constitui, um
momento do método, mas não é o todo – e é óbvio que a parte não pode
abarcar o todo.
A segunda parte se refere ao objeto - suas diferenças e semelhanças,
porém, a rigor, não definem o objeto em si a ser submetido ao método.
A terceira parte da noção apresenta as unidades a serem comparadas
numa aproximação murdockiana porque as identifica a partir de critérios
onde não cabem outras unidades evidentemente construídas, tais como
estruturas, relações etc.
Portanto, a noção apresentada não se refere ao método, tampouco
abrange a própria comparação como um todo.
O método comparativo pode ser concebido, na abordagem clássica,
como um meio de aproximação do real; uma criação arbitrária, prévia e
controlada do pensar e pelo pensar. Para organizar esse pensar e torná-lo
um procedimento científico, os clássicos propõem que é imprescindível
que se estabeleça uma ruptura com o senso comum. Essa ruptura se consagra através da sujeição a um “contrato” pelo qual previamente se estabelece um “modus operandi”, uma “trajetória do pensar” que inclui vários
momentos, que arbitrariamente, para nossos fins, foram separados entre si
e destacados. São arbitrários, porém não aleatórios.
Temos que reconhecer que esses momentos resultam de corte nosso.
Evidentemente eles formam uma totalidade integrada; inclusive muitas
vezes esses momentos estão superpostos, isto é, ocorrem simultaneamente
ou então, dada a multiplicidade das variações do método, podem seguir
um ordenamento diferente, ou então ainda, não apresentar explícitos,
todos os momentos.
O primeiro momento caracteriza a seleção-separação das unidades de
observação. De uma ampla gama de fenômenos (sociedades, grupos em si,
grupos dentro de grupos, como família, por exemplo) selecionam-se os
que mais se adequam. Os critérios que orientam essa seleção variam. É
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uma seleção-separação arbitrária e consciente que opera no sentido de
minimizar os esforços e maximizar os objetivos e resultados do trabalho.
Imbricada na seleção-separação do que será comparado do que será
desprezado, já existe uma orientação explícita ditada por princípios e teorias.
Lévi-Strauss, na introdução à obra de Marcel Mauss mostra do próprio Mauss que, no Ensaio sobre a Dádiva, ele fixou sua “atenção sobre
sociedades” que representam verdadeiramente uns “[...] máximos”, uns excessos, que permitem ver melhor os fatos do que sociedades em que, não
menos essenciais, eles, contudo, permanecem pequenos e involuídos”
(1974:27). Mauss ainda confessa que “[...] escolhemos os lugares nos quais,
graças aos documentos e ao trabalho filológico tínhamos acesso à consciência das próprias sociedades, pois se trata aqui de termos e de noções,
o que restringia ainda mais o campo de nossas comparações” (id.:43).
Portanto, o que Mauss procurou através do que ele denominou “comparação precisa”, foi “[...] estudar o tema apenas em áreas determinadas e
escolhidas” (ibid.:43), isto é, onde os fenômenos estão melhor e mais facilmente visíveis e explicáveis pela teoria da reciprocidade. Kula, o Potlatch,
etc., representam, assim, manifestações acerbadas, fatos sociais totais selecionados e separados dentre muitos outros que não o foram, como o
Natal, por exemplo. É interessante aliás, que Mauss foi criticado como
ingênuo por considerar o Natal ainda dentro da teoria da reciprocidade.
Retomando Lévi-Strauss, agora em seu Olhar Distanciado (1986) que ao
discutir o conceito de família compara unidades auto-identificadas, as mais
expressivas: a mesnie da área rural eslava, em que a noiva ao viver sua noite
de núpcias com o pai do noivo, ao invés deste último, simbolicamente é
incorporada á unidade familiar maior e não se destacando a unidade
marido-mulher. A partir dessa experiência a gravidez que pode advir gera
um primogênito estruturalmente da família no seu sentido mais extenso,
visto que é fruto da relação da mãe com pater-familias ou com o filho deste.
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A outra unidade por ele comparada é a discutível unidade familiar
naiar, unidade essa encontrada no máximo oposto.
Outro aspecto que merece ser destacado se refere aos critérios que
orientam a seleção-separação das unidades de separação. Exige-se um controle absoluto no sentido de aplicar os mesmos critérios a todas as unidades. Exige-se enfim, a uniformidade dos critérios. É a crítica que Leach
(Llobera 1975: 175) e outros fazem a Murdock quando este mostra que
“[...] as unidades básicas de comparação, que são descritas de diversas
formas como tribos, povos, culturas ou sociedades são tratadas como se
estivessem naturalmente deslindadas e autodiscriminadas”.
Destaca-se ainda que os limites do que será selecionado/separado não
estão estabelecidos pelos mesmos critérios.
Além disso, dada a ambição de Murdock de abranger uma amostra
mundial, há outros problemas nos seus critérios de limite a serem apontados. O primeiro, como mostra Shapera (1953:357), refere-se ao uso simultâneo de categorias políticas e sociais. A essa crítica se lhe acrescenta outra:
a de substituir a amostragem quantitativa por outra qualitativa nas áreas
onde as fontes são insuficientes ou então, pelo contrário, as fontes são
ricas para alguns grupos e duvidosos para outros grupos das imediações.
Na sua crítica, Shapera ainda deixa claro que o que Murdock considera
como “fontes insuficientes” que justificam a alteração dos critérios, são, de
fato, insuficiência de fontes em inglês. Shapera critica o autor por não ter
recorrido ao vasto material disponível para essas áreas e grupos, em outras
línguas, especialmente o francês, alemão e holandês. Mutatis mutandis, o seu
método foi comprometido por sua limitada percepção neo-imperialista do
século XX, que não levou em conta as fontes expressas nas línguas que
expressaram o imperialismo de ontem.
Nesse sentido é interessante contrapor o uso de fontes de Mauss e
Murdock. Enquanto o primeiro, num rápido levantamento, se utiliza de
bibliografia em variadas línguas, tais como, francês, inglês, alemão, latim,
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italiano e dinamarquês, Murdock fica autolimitado ao inglês.
O segundo momento do pensar do método comparativo é o da definição e construção das unidades e do objeto.
Não resta a menor dúvida que, ao se realizar a seleção/separação das
unidades a serem comparadas já, concomitantemente, se está construindo
as mesmas, mas por oposição. Ao tomar ou rejeitar unidades, está-se construindo o que será comparado e onde se dará a comparação, isto é, operando com o método comparativo.
As unidades da comparação são aqui entendidas como o “locus” ou o
espaço, em seu sentido amplo, onde acontecem, onde são observáveis os
fenômenos a serem comparados ou, de outra maneira, onde se dá o que
será comparado.
Restringindo o conceito unidade de observação ao que foi trabalhado
pelo método, e não à extensão da projeção feita à partir do que foi comparado, decorrente da teoria ou hipótese que o informou, veremos que a
unidade enquanto totalidade pensada, construída, supõe abrangências
muito diversas. Retomando o exemplo de Murdock, ao tomar o maior
número de amostras, 250 diferentes sociedades, ele tenta se aproximar à
totalidade dos grupos humanos, à totalidade das amostras, das suas unidades comparadas.
No extremo oposto encontramos Leach que analisa apenas uma
sociedade, definida por critérios políticos e referendada por elementos lingüísticos, geográficos, etc. Ele define os Kachin pelo fato de eles constituírem uma sociedade organizada por uma série de princípios, relações e
relações entre relações que lhe são particulares (1977:3). Os limites da sua
unidade não são estabelecidos de “fora para dentro” como fez Murdock.
Aliás, talvez aí resida aí uma das principais razões que explica grande parte
das críticas que lhe são feitas. Leach pelo contrário, busca os limites da sua
unidade “de dentro para fora”: a unidade se estende até onde prevalece a
série de relações e princípios que lhe são particulares. Portanto é a própria
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unidade que “estabelece seus limites”, ela de certa forma se “autodefine”,
ou melhor, provê o necessário para que o autor o faça.
Radcliffe-Brown constitui, a nosso ver, um intermediário entre ambos
os extremos visto que toma algumas unidades estruturadas em metades
exogâmicas3.
Estabelecidos os limites e definidas as unidades de observação, restanos acompanhar a construção do objeto que será submetido ao método
comparativo.
A problemática da construção do objeto do método comparativo está
intimamente ligada à problemática do objeto das Ciências Sociais em relação às Ciências Naturais como mostra Bourdieu (1975:63).
O fato da maioria dos expoentes das Ciências Sociais terem tido formação na área das Biológicas ou Exatas4 colaborou para que o objeto da
Antropologia fosse concebido “as if” o das Ciências Naturais. Somente
com o Estruturalismo se dá o divórcio e a Antropologia assume totalmente a “guarda” de seu objeto.
No modelo científico clássico, as unidades de descrição são tomadas
3
Pode-se definir no mínimo como peculiar o caso do Japão em que, como mostra
Beillevaire (sem data), a unidade iê seido, isto é, o sistema doméstico amplo, tradicional, constituiu a unidade de parentesco mais importante. O autor aponta que até
o período da restauração/ ocidentalização Meiji (1868), não existia a noção de
kazoku, família nuclear, isto é, unidade social criada a partir do casamento e composta pelo casal e seus filhos, tal como conhecida no Ocidente. O autor mostra que
a palavra kazoku, que hoje designa família em japonês, foi criada nesse período,
composta pela justaposição dos caracteres casa - no sentido de maison – à qual foi
agregada a de parenté, que inclui filiação e aliança. Nesse quadro sócio-histórico,
como construir uma unidade para uso no método comparativo, a partir de uma
categoria que foi formulada inicialmente por estrangeiros para fins de uso na nova
legislação civil que estava sendo criada, e que hoje foi re-configurada num contexto
de globalização?
4
Stocking (1974) mostra em sua crítica, que Boas manteve a preocupação biológica propriamente dita até a maturidade, o que muito influiu na sua produção
como um todo. Da mesma forma Leach, a rigor, nunca renegou suas raízes nas
Ciências Exatas.
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como linguagem universal neutra e unanimemente aceita. O objeto é suposto como “modelo da realidade”. O problema é que a abordagem do
homem não constitui uma linguagem neutra ou unânime. Pelo contrário, o
homem emite juízos, conceitos sobre si e sobre os outros, é um objeto
para fins do pensar, mas não se pensa como tal individualmente, porque
tem vontade própria e fala. Por isso, como mostra Leach (op. cit.:168), ele
é concebido pela Antropologia de forma diferente da História, em sua percepção tradicional – se uma o aborda enquanto agente e condutor de sua
vontade, a outra o toma enquanto participante dos fatos sociais sem que,
contudo, possa, individualmente alterá-las de forma significativa. Assim,
apesar dos fatos sociais serem replicados equivalendo, portanto, às experiências de laboratório das Ciências Naturais, elas são de natureza diferente, integrando parte do que o estruturalismo de Lévi-Strauss definiu
como “sistema de comunicação”.
Destarte, coerente com a vertente clássica, o objeto deve, ao se
constituir em produto do pensar do próprio objeto, necessariamente, ser
submetido ao artifício lógico da ruptura. Ele é concebido a partir de uma
construção consciente que procura se aproximar do real ou não, e ligado
ao nível de abstração em que opera.
O objeto, enquanto criação arbitrária e consciente da mente do pesquisador, é gerado inicialmente por oposição e corte, rompendo com: 1º
os conceitos do senso comum; 2º os cortes empiricamente construídos, os
consuetudinários; 3º os conceitos afins das demais áreas. Assim, a preocupação manteve-se em ‘despir’ o fenômeno a ser analisado, para então ser
pensado enquanto objeto em si e para si, assumindo-se uma orientação
teórica. A mente agora o captura não mais como fenômeno, mas como
objeto, decodificado em conceito. A construção do objeto do método
comparativo se dá de forma similar.
A dificuldade surge quando o objeto não é construído pelo autor para
ser operacionalizável pelo método.
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Retomando a crítica a Murdock (1975), percebe-se que ele opera com
fenômenos e tipologias forjadas pela realidade. Ou de outra maneira, ele
analisa as relações de parentesco, por exemplo, como “coisas”, isto é, enquanto “coisas” que independem se pensadas ou não pelo pesquisador
para existirem. Além disso, não foram elaboradas no plano das idéias.
Nessa perspectiva, e retomando o exemplo anterior, encontram-se
dificuldades conceituais mais complexas: como incluir numa comparação
sobre família, por exemplo, o universo japonês anterior ao período Meiji,
se antes sequer existia a noção ou uma palavra que expressasse a unidade
família nuclear? De outra forma, se no iê tradicional, a unidade familiar,
marido-mulher e filhos não era concebida de forma distinta, poderia se
afirmar que foi a ‘ocidentalização’ do Japão que tornou a família japonesa
comparável?
Na medida em que os fenômenos estão na realidade, eles constituem
individualidades; são específicos, únicos, elementos de sociedades em
grupos, etc., que como tais também são individualidades; logo, não podem
ser eleitos como objetos do método comparativo.
O método comparativo, nesse sentido, não pode operar com “indivíduos”, porque são indivíduos, incomparáveis, únicos. O método opera,
isto sim, com ‘pessoas’, quer dizer, indivíduos aos quais se subtraiu a importância da individualidade, substituindo-a por outra forma de pensar o
ser humano, a pessoa, objeto abstrato.
Enfim, o que se percebe então é que a crítica que Goodenough (1970)
faz a Murdock de que a presença dos mesmos elementos, tipologias não
significa que contenham o mesmo conteúdo nos diferentes grupos analisados, na realidade atinge a questão apenas na superfície. A crítica maior que
a ele pode ser feita em outro plano de análise é de que ele comparou
elementos, nesse sentido, ‘indivíduos’, e não ‘pessoas’, isto é, abstrações.
De certa forma, Boas incorre no mesmo erro pela sua Gründlichkeit,
sua excessiva dedicação aos detalhes empíricos, sua vocação etnográfica
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positivista que encobriram ou postergaram ad infinitum a construção dos
dados para que se tornassem operacionalizáveis pelo método comparativo.
Sem dúvida essa foi sua preocupação, uma opção consciente que se liga ao
fato de Boas se propor a construir verdades, eliminando primeiramente os
problemas específicos (Stocking 1974:186). E acabou enredado nelas ou
retido neles.
Assim, o que se aponta, é que a construção tanto da unidade quanto
do objeto supõe fundamentalmente sua ‘homogeneização’5 mutatis mutandis:
as vias de linguagem abstrata comum. Ela se dá, não ao nível do fenômeno, do real, mas ao nível do pensar. Por isso a homogeneização é
inerente ao método. Ela atua, retomando a expressão de Leach, “as if” as
unidades e objetos tivessem a mesma amplitude em relação ao todo, a
mesma magnitude e fossem coetâneos.
A ‘homogeneização’, contudo, nem sempre está evidente, especialmente no que diz respeito à amplitude da explicação ou intensidade da
presença, como se percebe em Mauss, na diferença entre o Kula e o Natal.
Vale ressaltar, contudo, que a construção do objeto ‘homogeneizado’
não supõe pensar a construção homogeneizadamente. Tomando apenas
alguns exemplos significativos, observam-se objetos muito diferentes. Radcliffe-Brown (1978) deixa claro, por exemplo, que seu objeto são as relações entre os elementos e não os elementos em si. Propõe que, enquanto
os elementos variam, as relações e os princípios explicativos das relações
são generalizáveis. Além disso, Radcliffe-Brown, tal como Leach compara
estruturas da sociedade.
A Antropologia interpretativa de Clifford Geertz (1986) merece uma
aproximação mais detalhada, pela forma como opera e como o objeto é
construído. Em seu Islam Observed, Geertz estabelece uma macro-unidade –
5
Homogeneização foi colocada entre aspas por falta de termo que expressasse
melhor a idéia.
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o desenvolvimento da religião islâmica. A partir daí seu objeto é constituído por “duas civilizações” contrastantes: a Indonésia e o Marrocos que
são comparadas entre si. O destaque está no fato de ele construir o objeto
à partir de elementos definidos pelos próprios agentes sociais, a biografia
representativa, por exemplo, que é fundamentalmente uma escolha do
coletivo, e não dele, Geertz. Identifica-se nesse caso, um esforço evidente,
sua marca teórica, no sentido de buscar a percepção do outro, de penetrar
na ótica do outro ou de, nos seus termos, “olhar por sobre o ombro dele”.
Se o esforço de Geertz segue na direção da profundidade horizontalizada da percepção do outro, na linha da descrição densa, Silvia J. Yanisako,
em seu Transforming the Past (1985) busca o método comparativo de uma
forma original: a fim de atingir a profundidade verticalizada, a autora compara os padrões demográficos, as percepções acerca da concepção de família, matrimônio e papéis sexuais das diferentes gerações de nipo-americanos. Nesse caso, ela parte de um mesmo espaço e introduz um recorte
generacional, até certo ponto compartimentalizado ao plano do modelo
dos agentes sociais, que separam isseis, de nisseis etc. e ‘horizontaliza’ o que
no tempo é verticalizado. Essa compartimentalização no plano do modelo
de autopercepção dos emigrantes nipônicos e seus descendentes é que
possibilita assumir o uso do método comparativo.
O terceiro momento do método comparativo é o da comparação propriamente dita. Como vimos antes, a comparação, senso comum, é percebida como uma totalidade não plenamente consciente. O método comparativo, em contrapartida, como operação do pensar consciente, configura
uma trajetória a qual se afasta das semelhanças em termos do fenômeno; é
um momento do processo no qual se dá a comparação do que foi construído. Radicalizando, o que Murdock (1975) produziu é resultante de
uma comparação e não do uso do método comparativo.
A comparação, além disso, supõe como que uma “imobilização”, isto
é, operar como se – novamente “as if” – as unidades e o objeto fossem
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equilibradas e estáticas. É o pensar por aproximação, oposição. É submeter o pensado o construído à mesma matriz. Supõe ainda, o estabelecimento de pontos de encontro entre unidades, via objeto.
Comparar de certa forma remete a parar, quer dizer deter o continuum do pensar, como que num “corte transversal”, introduzindo uma
nova apreensão, dimensão do objeto. Estabelece-se destarte, as vias de
comunicação, de sintonia entre ‘pessoas’, pensares construídos.
Do pensar dessa forma emergem pontos de confrontação que se traduzem em momentos de reflexão sobre o objeto. É o meio pelo qual o
pensar antropológico substitui a experimentação. Eleva, além disso, a
observação,o real a um nível de abstração pelo qual atinge, via de regra, as
regularidades e a generalização.
O último aspecto a ser desenvolvido em nossa análise é o da relação
entre método comparativo e a teoria, isto é, a relação entre o método, sua
amplitude explicativa e a amplitude do todo.
Vale ressaltar que, a rigor, a problemática teórica determina o método.
Uma das grandes dificuldades no uso do método comparativo está na
sua adequação à amplitude explicativa, isto é, à projeção do comparado.
Boas (op. cit.), por exemplo, ao se propor a analisar várias sociedades a fim
de encontrar os pontos em comum e a partir deles reconstruir as origens
comuns ou não, desenvolveu uma proposição, uma hipótese demasiado
ampla em relação aos elementos. Enquanto a sua proposição é de largo
alcance, a operacionalização dos elementos, em sendo perceptíveis como
elementos permaneceram ao nível da comparação, isto é, não foram
construídos para que fossem por ele, ou por outros posteriormente
submetidos ao método.
Tomando Mauss e Leach por outro lado, temos dois exemplos de
adequação entre as suas modalidades de construção do método, a amplitude do todo e da explicação. Eles paradoxalmente, no entanto, se opõem:
enquanto o todo de Mauss é o fato social total, portanto é restrito, o todo
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de Leach é a estrutura ampla. Em contrapartida, a amplitude explicativa de
Mauss é ampla abrange o fenômeno humano e a de Leach restrita. Já
Radcliffe-Brown opera em contraste, com o equilíbrio: o método com
princípios amplos comparando estruturas para chegar à generalização.
De outro modo, em muitos autores o método comparativo é um
meio para chegar ao modelo, como Radcliffe-Brown e Leach que comparam estruturas de sociedades para, através da análise, chegar ao modelo.
Diferentemente Lévi-Strauss parte de modelos para posteriormente passar
para a análise. Portanto, o que se constata é que o método comparativo
estabeleceu a relação entre o objeto e o real ou o modelo. Ele não vem a
ser uma simples técnica porque exige um pensar sobre o agir e em seguida
um pensar sobre o como agir, isto é, como construir.
A partir daí cabe a pergunta: submete-se ao método comparativo o
modelo ou a prática dos grupos? No livro de K. Woortmann, A Família das
Mulheres, por exemplo, o autor aponta em seus estudos sobre Alagados,
que na periferia pobre de Salvador prevalece o ideal de família patriarcal,
centrada na figura do pai-provedor e da mãe dona-de-casa. Esse modelo,
que se realiza na classe média urbana, nos Alagados coexiste, paradoxalmente, com práticas matricentradas, em que prevalece a relação mãe-filhoirmão da mãe.
Já em nossa experiência de uso do método comparativo, opõe-se a
família teuto-brasileira à do sitiante nordestino. A primeira é organizada
em torno da Stammhaus, na qual a família nuclear se encontra subordinada
à família extensa virilocal. Em termos espaciais está concentrada verticalmente num só local, tem em cada geração um Bezitzer casado, isto é, um
ocupante gerenciador, que não se confunde com o Eigentum, quer dizer
com a propriedade – e remete à traditio – à família no sentido extenso.
Em contrapartida no sertão nordestino cada família nuclear corresponde a um sítio, família esta subordinada, numa primeira instância, ao pai
de família em sentido mais amplo, e ao grupo corporado como um todo
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em segunda instância, visto que, casando de acordo com o grupo, este dará
acesso ao novo casal ao Sítio, território da família.
Concluindo, o método comparativo “és una forma de erudición”, nos termos de Little et al. (op. cit.) e mais especificamente, uma forma controlada
de questionamento e de aproximação organizada. É antes de tudo um
meio de organizar o pensar sobre o real, diriam os clássicos, num proceder
controlado, científico. Já a neutralidade do proceder científico, enquanto
tal é inatingível, utópica, porque todo pensar nunca é destituído de valores
ou vínculos ideológicos. Com isso, a neutralidade nas Ciências Sociais,
como propõe Bourdieu (1975) deve ser buscada pelo caminho inverso: ao
invés de tentar negar ou subtrair essas interferências, deve-se assumi-las e
explicitá-las em toda sua potencialidade. E paradoxalmente, com isso o
método assume procedimentos científicos, visto que deixa de ser um
instrumental de uso mecânico, atrelado ao senso comum, para se tornar
um meio de controlar o pensar e pensar o controlar.
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Recebido em outubro de 2005
Aprovado para publicação em dezembro de 2005
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