ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM

Transcrição

ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM
PORTUGUÊS - 1o ANO
MÓDULO 02
ADEQUAÇÃO DA
LINGUAGEM
e no meio
ambiente?
o minc vai
quebrar
o qualho!
Luscar
Como pode cair no enem
Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa Excelência para que seja conjurada uma
calamidade que está prestes a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-me,
senhor presidente, ao movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças, atraindoas para se transformarem em jogadoras de futebol, sem se levar em conta que a mulher não
poderá praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico das suas
funções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os jornais, no Rio
de Janeiro, já estão formados nada menos de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo
Horizonte também já estão se constituindo outros. E, neste crescendo, dentro de um ano, é
provável que em todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes femininos de futebol: ou
seja: 200 núcleos destroçados da saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais, ficarão
presas a uma mentalidade depressiva e propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes.
(Coluna Pênalti. Carta Capital. 28 abr. 2010.)
O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro, Jose Fuzeira, encaminhada, em
abril de 1940, ao então presidente da República Getúlio Vargas. As opções linguísticas de
Fuzeira mostram que seu texto foi elaborado em linguagem:
a) regional, adequada à troca de informações na situação apresentada;
b) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do futebol;
c) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão brasileiro comum;
d) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação de comunicação;
e) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu interlocutor.
Fixação
1) (ENEM)
Para o Mano Caetano
O que fazer do ouro de tolo
Quando um doce bardo brada a toda
brida,
Em velas pandas, suas esquisitas rimas?
Geografia de verdades, Guanabaras
postiças
Saudades banguelas, tropicais
preguiças?
A boca cheia de dentes
De um implacável sorriso
Morre a cada instante
Que devora a voz do morto, e com isso,
Ressuscita vampira, sem o menor aviso
[...]
E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo
Tipo pra rimar com ouro de tolo?
Oh, Narciso Peixe Ornamental!
Tease me, tease me outra vez 1
Ou em banto baiano
Ou em português de Portugal
De Natal
[...]
F
(
Tease me (caçoe de mim, importuneme).
1
(LOBÃO. Disponível em: http://vagalume.uol.com.br.
Acesso em: 14 ago. 2009 [adaptado].)
Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vários recursos da
língua portuguesa, a fim de conseguir efeitos
estéticos ou de sentido. Nessa letra, o autor
explora o extrato sonoro do idioma e o uso de
termos coloquiais na seguinte passagem:
a) “Quando um doce bardo brada a toda brida”
(v. 2)
b) “Em velas pandas, suas esquisitas rimas?”
(v. 3)
c) “Que devora a voz do morto” (v. 9)
d) “lobo-bolo//Tipo pra rimar com ouro de tolo?
2
(v. 11-12)
a
e) “Tease me, tease me outra vez” (v. 14)
Fixação
(ENEM) Texto para as questões 2 e 3.
-
r
(XAVIER, C. Quadrinho quadrado. Disponível em: http://www.
releituras.com.
Acesso em: 5 jul. 2009.)
2) Tendo em vista a segunda fala do personagem entre-vistado, constata-se que:
a) o entrevistado deseja convencer o jornalista
a não publicar um livro;
b) o principal objetivo do entrevistado é explicar
o significado da palavra motivação;
c) são utilizados diversos recursos da linguagem literária, tais como a metáfora e a
metonímia;
d) o entrevistado deseja informar de modo objetivo o jornalista sobre as etapas de produção
de um livro;
e) o principal objetivo do entrevistado é evidenciar seu sentimento com relação ao processo
de produção de um livro.
Fixação
F
3) Quanto às variantes linguísticas presentes no texto, a norma padrão da língua portuguesa4
é rigorosamente obedecida por meio:
a) do emprego do pronome demonstrativo “esse” em “Por que o senhor publicou esse livro?”;
b) do emprego do pronome pessoal oblíquo em “Meu filho, um escritor publica um livro para
parar de escrevê-lo!”;
c) do emprego do pronome possessivo “sua” em “Qual foi sua maior motivação?”;
d) do emprego do vocativo “Meu filho”, que confere à fala distanciamento do interlocutor;
e) da necessária repetição do conectivo no último quadrinho.
e
q
a
Fixação
4) (ENEM)
(XAVIER, C. Disponível em http://www.releituras.com.
Acesso em: 3 set. 2010.)
Considerando a relação entre os usos oral
e escrito da língua, tratada no texto, verifica-se
que a escrita:
a) modifica as ideias e intenções daqueles que
tiveram seus textos registrados por outros;
b) permite, com mais facilidade, a propagação
e a permanência de ideias ao longo do tempo;
c) figura como um modo comunicativo superior
ao da oralidade;
d) leva as pessoas a desacreditarem nos fatos
narrados por meio da oralidade;
e) tem seu surgimento concomitante ao da
oralidade.
Fixação
F
5) (ENEM) No Brasil colonial, os portugueses procuravam ocupar e explorar os territórios desco-6
bertos, nos quais viviam índios, que eles queriam cristianizar e usar como força de trabalho. Os
missionários aprendiam os idiomas dos nativos para catequizá-los nas suas próprias línguas.
Ao longo do tempo, as línguas se influenciaram. O resultado desse processo foi a formação
de uma língua geral, desdobrada em duas variedades: o abanheenga, ao sul, e o nheengatu,
ao norte. Quase todos se comunicavam na língua geral, sendo poucos aqueles que falavam
apenas o português.
De acordo com o texto, a língua geral formou-se e consolidou-se no contexto histórico do
Brasil Colônia. Portanto, a formação desse idioma e suas variedades foi condicionada:
a) pelo interesse dos indígenas em aprender a religião dos portugueses;
b) pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber linguístico dos índios;
c) pela percepção dos indígenas de que as suas línguas precisavam aperfeiçoar-se;
d) pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender uma nova língua com os portugueses;
e) pela distribuição espacial das línguas indígenas, que era anterior à chegada dos portugueses.
Fixação
6) (ENEM)
(Disponível em: http: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-
portuguesa/coletaneas/calvin-seus-amigos-428892.shtml.
Acesso em: 27 abr. 2010.)
Calvin apresenta a Haroldo (seu tigre de
estimação) sua escultura na neve, fazendo
uso de uma linguagem especializada. Os
quadrinhos rompem com a expectativa do
leitor, porque:
a) Calvin, na sua última fala, emprega um
registro formal e adequado para a expressão
de uma criança;
b) Haroldo, no último quadrinho, apropria-se
do registro linguístico usado por Calvin na
apresentação de sua obra de arte;
c) Calvin emprega um registro de linguagem
incompatível com a linguagem de quadrinhos;
d) Calvin, no último quadrinho, utiliza um registro linguístico informal;
e) Haroldo não compreende o que Calvin lhe
explica, em razão do registro formal utilizado
por este último.
Proposto
Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o
padrão formal da Língua Portuguesa, saber adequar o uso da
linguagem ao contexto discursivo. Para exemplificar este fato,
seu professor de Língua Portuguesa convida-o a ler o texto Aí,
Galera, de Luís Fernando Veríssimo. No texto, o autor brinca
com situações de discurso oral que fogem à expectativa do
ouvinte.
Aí, galera
Jogadores de futebol podem ser vítimas de
estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um
jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto,
por que não?
- Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
- Minha saudação aos aficcionados do clube e aos
demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos
seus lares.
- Como é?
- Aí, galera.
- Quais são as instruções do técnico?
- Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de
contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de
preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado
o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com
parcimônia de meios e extrema objetividade, valendonos da desestruturação momentânea do sistema oposto,
surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
- Ahn?
- É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem
calça.
- Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
- Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo
banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à
qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
- Pode.
- Uma saudação para a minha progenitora.
- Como é?
- Alô, mamãe!
- Estou vendo que você é um, um...
- Um jogador que confunde o entrevistador, pois não
corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser
algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota
a estereotipação?
- Estereoquê?
- Um chato?
- Isso.
(Correio Braziliense, 13/05/1998)
1) (ENEM) O texto mostra uma situação em que a linguagem
usada é inadequada ao contexto. Considerando as diferenças entre a língua oral e língua escrita, assinale a opção que
representa também uma forma INADEQUADA da linguagem
usada ao contexto:
a) “o carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” – um
pedestre que assistiu ao acidente comenta com o outro que
vai passando.
b) “E aí, ô meu! Como vai essa força? “ – um jovem que fala
para um amigo.
c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação” – alguém comenta em uma reunião de trabalho.
d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretária Executiva desta conceituada empresa” – alguém que escreve uma carta candidatando-se a um emprego.
e) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm que ser,
a gente corre risco de termos, num futuro próximo, muito pouca
comida nos lares brasileiros” – um professor universitário em
um congresso internacional.
Proposto
2) O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à expectativa do público. São elas:
a) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início da entrevista, e a saudação final dirigida
à sua mãe;
b) a linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação da entrevista, e um jogador
que fala, com desenvoltura, de modo muito rebuscado;
c) o uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador, e da expressão “progenitora”, por
parte do jogador;
d) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra “estereotipação”, e a fala do
jogador em “é pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça”;
e) O fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e o jogador entrevistado
-não corresponder ao estereótipo.
-
.
Proposto
Preconceito e Exclusão
Os preconceitos linguísticos no discurso de quem vê nos
estrangeirismos uma ameaça têm aspectos comuns a todo
tipo de posição purista, mas têm também matizes próprios.
Tomando a escrita como essência da linguagem, e tendo
diante de si o português, língua de cultura que dispõe hoje
de uma norma escrita desenvolvida ao longo de vários
séculos, [o purista] quer acreditar que os empréstimos de
hoje são mais volumosos ou mais poderosos do que em
outros tempos, em que a língua teria sido mais pura. (...)
Ao tomar-se a norma escrita, é fácil esquecer que quase
tudo que hoje ali está foi inicialmente estrangeiro. Por outro
lado, é fácil ver nos empréstimos novos, com escrita ainda
não padronizada, algo que ainda não é nosso. Com um
pouco menos de preconceito, é só esperar para que esses
elementos se sedimentem na língua, caso permaneçam,
e que sejam padronizados na escrita, como a panqueca.
Afinal, nem tudo termina em pizza!
Na visão alarmista de que os estrangeirismos
representam um ataque à língua, está pressuposta
a noção de que existiria uma língua pura, nossa,
isenta de contaminação estrangeira. Não há. Pressuposta
também está a crença de que os empréstimos poderiam
manter intacto o seu caráter estrangeiro, de modo que
somente quem conhecesse a língua original poderia
compreendê-los. Conforme esse raciocínio, o estrangeirismo
ameaça a unidade nacional porque emperra a compreensão
de quem não conhece a língua estrangeira. (...)
O raciocínio é o de que o cidadão que usa estrangeirismos
– ao convidar para uma happy hour, por exemplo – estaria
excluindo quem não entende inglês, sendo que aqueles
que não tiveram a oportunidade de aprender inglês, como
a vastíssima maioria da população brasileira, estariam
assim excluídos do convite. Expandindo o processo, por
consequência, para outras tantas situações de maior
consequência, o uso de estrangeirismos seria um meio
linguístico de exclusão social. A instituição financeira banco
que oferece home banking estaria excluindo quem não sabe
inglês, e a loja que ofere-ce seus produtos numa sale com
25% off estaria fazendo o mesmo.
O equívoco desse raciocínio linguisticamente
preconceituoso não está em dizer que esse pode ser um
processo de exclusão. O equívoco está em não ver que
usamos a linguagem, com ou sem estrangeirismos, o tempo
todo, para demarcarmos quem é de dentro ou de fora do nosso
círculo de interlocução, de dentro ou de fora dos grupos sociais
aos quais queremos nos associar ou dos quais queremos
nos diferenciar. (...)
(GARCEZ, Pedro M. e ZILLES, Ana Maria S. In: FARACO, Carlos Alberto [org.].
Estrangeirismos - guerras em torno da língua. SP: Parábola, 2001.)
3) (UERJ) Pode-se afirmar que o objetivo do texto é defender
uma opinião, a partir do estabelecimento de uma polêmica
com os que defendem outro ponto de vista.
Esta polêmica constrói-se, nesse texto, pelo seguinte modo
de organização interna:
a) as duas posições são apresentadas por um único enunciador;
b) os argumentos enunciados contrapõem os usos oral e
escrito da língua;
c) as opiniões de cada lado são referendadas por testemunhos
autorizados;
d) os defensores de cada posição alternam-se na defesa de
seu ponto de vista.
Proposto
4) (UERJ) Na construção do texto, os autores utilizam alguns recursos de linguagem para se
distanciar da posição que eles combatem.
Um desses recursos está assinalado e caracterizado em:
a) “os empréstimos de hoje são mais volumosos ou mais poderosos do que em outros tempos,” (l.
8-10) – comparação;
b) “Na visão alarmista de que os estrangeirismos representam um ataque à língua,” (l. 22-23)
– adjetivação;
c) “ao convidar para uma happy hour, por exemplo – estaria excluindo quem não entende
inglês,” (l. 34-35) – citação de exemplo;
d) “não tiveram a oportunidade de aprender inglês, como a vastíssima maioria da população
brasileira,” (l. 36-38) – emprego de superlativo.
-
s
Proposto
5) (UERJ) O equívoco desse raciocínio linguisticamente preconceituoso não está em dizer que
esse pode ser um processo de exclusão. (l. 46-48)
O fragmento acima inicia, no último parágrafo, uma estratégia que busca demonstrar uma
falha no raciocínio criticado pelos autores.
Essa falha pode ser definida como:
a) observação incompleta dos fatos;
b) apresentação de falso testemunho;
c) construção inadequada de silogismo;
d) ausência de exemplificação suficiente.
Proposto
6) (UERJ) ...é só esperar para que esses elementos se sedimentem na língua, caso permaneçam, e que sejam padronizados na escrita, como a panqueca. Afinal, nem tudo termina em
pizza! (l. 17-21)
No contexto do segundo parágrafo, o trecho acima desempenha a função de:
a) reafirmar a certeza já apresentada de que as questões da linguagem devem ser tratadas
com a devida objetividade;
b) exemplificar o comentário contido nas frases anteriores ao mesmo tempo em que ironiza a
preocupação dos puristas;
c) registrar estrangeirismos cuja grafia comprova que há necessidade de adaptação de novos
termos às convenções do português;
d) demonstrar o argumento central de que não podemos abrir mão dos estrangeirismos e frases
feitas na comunicação corrente.

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