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Fundação Educacional de Divinópolis - FUNEDI
Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG
Mestrado em Educação, Cultura e Organizações Sociais
Estado cognitivo e funcional de idosos de uma Instituição de
Longa Permanência do município de Divinópolis-MG
Juliana Valério Gontijo
Divinópolis-MG
2010
Juliana Valério Gontijo
Estado cognitivo e funcional de idosos de uma Instituição de
Longa Permanência do município de Divinópolis-MG
Dissertação apresentada ao programa de Mestrado
em Educação, Cultura e Organizações Sociais da
Universidade Estadual de Minas Gerais, campus da
Fundação Educacional de Divinópolis como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre.
Área de concentração: Estudos Contemporâneos
Linha de pesquisa: Saúde Coletiva
Orientador: Prof. Dr. Daniel Silva Gontijo Penha
Co-orientador: Prof. Dr. Alysson Rodrigo Fonseca
Divinópolis-MG
2010
G641e
Gontijo, Juliana Valério
Estado cognitivo e funcional de idosos de uma Instituição de Longa
Permanência do município de Divinópolis-MG [manuscrito] / Juliana
Valério Gontijo. - 2010.
64 f., enc.
Orientador : Daniel Silva Gontijo Penha
Co-orientador : Alysson Rodrigo Fonseca
Dissertação (mestrado) - Universidade do Estado de Minas Gerais,
Fundação Educacional de Divinópolis.
Bibliografia: f. 53-58
1. Idoso. 2. Instituições-Longa Permanência. 3. Capacidade
Funcional. 5. Estado Mental. I. Penha, Daniel Silva Gontijo
II. Silva, Alysson Rodrigo Fonseca e. II. Universidade do Estado
de Minas Gerais. Fundação Educacional de Divinópolis. III. Título.
CDD: 305.26
AUTORIZAÇÃO PARA A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DA
DISSERTAÇÃO
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial
desta dissertação intitulada “Estado cognitivo e funcional de idosos de uma Instituição de
Longa Permanência do município de Divinópolis – MG” de autoria de Juliana Valério Gontijo
por processos de fotocopiadoras e eletrônicos. Igualmente, autorizo sua exposição integral nas
bibliotecas e no banco virtual de dissertações da FUNEDI/UEMG.
Juliana Valério Gontijo
Divinópolis, Junho de 2010
Dedico este trabalho a meu avô Vicente
Valério (in memórian). Homem caridoso,
religioso, de personalidade marcante e
docilidade extrema e saudosa para com
os netos. Graças a ele tive a oportunidade
de me “aventurar” no mundo da geriatria
e concluir esta obra.
AGRADECIMENTOS
À Deus, infinitamente, por me dar a oportunidade da vida e me oferecer os elementos
necessários para chegar até aqui: saúde, inteligência e capacidade.
À minha mãe, companheira de todos os momentos e grande incentivadora dos meus projetos
profissionais e pessoais. Obrigada pelas orações e carinho.
Ao meu pai agradeço sua garra e força de vontade na luta pela sua saúde. Isso me ajudou a ter
serenidade para concluir este trabalho.
Ao meu irmão Leonardo, pela paciência e compreensão nos momentos de invasão.
Ao meu amor Marcelo, que desde que entrou na minha vida tem sido meu companheiro e
presença especial e essencial.
Ao meu orientador Daniel, pela paciência, perseverança e dedicação para com este trabalho e
por me transmitir tão sábios ensinamentos que vão me acompanhar por toda vida profissional.
Ao meu co-orientador Alysson Rodrigo e a Professora Viviane Gontijo. Obrigada pelo apoio,
idéias e sensatez nos momentos cruciais.
À todos os professores do mestrado pelos ensinamentos, pelo incentivo a leitura e ao
raciocínio e pelas trocas de conhecimento tão valiosas e enriquecedoras.
À todos os idosos participantes da pesquisa por sua contribuição tão essencial, disponível e
gratuita.
À Irmã Marileide, diretora da instituição onde se deu a pesquisa. Obrigada pela confiança e
pela amizade.
À minha admirável amiga, a psicóloga Cláudia Melo. Você não só me incentivou muito a
iniciar este mestrado como me forneceu armas importantíssimas para a conclusão do mesmo,
como experiência, conhecimento e matéria prima.
À fisioterapeuta Solange Ribeiro que me deu a oportunidade de ser supervisora de estágio em
geriatria, no curso de fisioterapia da FUNEDI. Este acontecimento foi, sem dúvida, um dos
grandes incentivadores para que eu iniciasse e prosseguisse até o fim neste mestrado.
Aos colegas do mestrado, especialmente a Nilza e Juliana Henriques pelas trocas de
conhecimento, de experiência, pelo companheirismo e também pelos momentos alegres. Com
vocês tudo ficou mais fácil e motivador.
Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho e
acreditaram no meu sonho, o meu muito obrigada!
“Não importa se a estação do ano
muda... Se o século vira, se o milênio
é outro. Se a idade aumenta...
Conserva a vontade de viver, Não se
chega a parte alguma sem ela”.
Fernando Pessoa.
RESUMO
O envelhecimento pode ser considerado um processo dinâmico e progressivo, no qual
ocorrem modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, que podem levar
a perda da capacidade de adaptabilidade do indivíduo ao meio, resultando em aumento da
vulnerabilidade. A participação de idosos no total da população nacional e mundial vem
aumentando consideravelmente. Projeções mostram que esse segmento poderá ser
responsável por quase 15% da população brasileira no ano 2020. Em termos de saúde, o
aumento do número de idosos em uma população pode resultar em um maior número de
problemas de longa duração que, com freqüência, dependem de intervenções custosas
envolvendo tecnologia complexa. A manutenção do bem-estar físico e psicológico dos idosos
está muito ligada às atividades funcionais, as quais estão relacionadas à realização do autocuidado ou Atividades Básicas da Vida Diária (AVDs) tais como: arrumar-se, banhar-se,
vestir-se, usar o banheiro, alimentar-se e transferir-se de um lugar para o outro, que exigem a
integração dos recursos cognitivos, afetivos e das habilidades motoras. O estudo objetivou
avaliar e caracterizar a capacidade funcional e o estado cognitivo de idosos residentes em uma
Instituição de Longa Permanência do Município de Divinópolis-MG e verificar se existe
relação entre os fatores mencionados, bem como verificar a influência das variáveis sexo,
escolaridade e idade no estado funcional e no estado cognitivo dos sujeitos. Foram utilizados
três instrumentos: o Índice de Barthel, para avaliar a capacidade funcional dos idosos, o MiniExame do Estado Mental (MEEM), teste que avalia a função cognitiva, e um formulário de
dados pessoais. Para o tratamento estatístico foram empregados o coeficiente de correlação de
Pearson e o teste t de Student ou Mann-Whitney. A população avaliada consistiu de 67 idosos
com idade entre 62 e 102 anos, sendo 76,1% do sexo feminino e 23,9% do sexo masculino.
São alfabetizados 26,9%, contra 73,1% de analfabetos. Quanto ao estado mental, 55,2% dos
pesquisados não apresentaram déficit cognitivo e em relação à capacidade funcional 76,1%
dos idosos foram considerados independentes ou semi-dependentes para a realização das
AVDs. Houve correlação significativa entre o Índice de Barthel e o MEEM, ou seja, neste
estudo o estado funcional sofreu interferência do mental e vice-versa. Existe relação
estatística significativa entre escolaridade e estado mental e entre idade e estado mental e
funcional. O sexo dos pesquisados não influenciou nos resultados dos testes. Na análise de
regressão linear múltipla, para cada ano que a pessoa aumenta na idade, mantendo-se o
mesmo score do MEEM, a capacidade funcional tem uma redução de 1,10 unidades, assim
como o aumento no MEEM aumenta a capacidade funcional em 1,59 unidades.
Palavras-chave: Idoso. Instituições de Longa Permanência. Capacidade Funcional. Estado
Mental.
ABSTRACT
The aging is considered a dynamic and progressive process that morphological, functional and
psychological changes happen. This process can let the person to lose the ability of adaptation
to the places letting the person to a bigger vulnerability. The participation of elderly people in
the total earth population is growing considerably , researches show that these people would
be responsible for almost 15% of Brazilian population in 2020. In terms of healthy, the
growing number of elderly people in a population can mean a big number of long duration
problems that often demands expensive and complex treatments. The keeping of the physical
and psychological welfare for elderly people is related to the functional activities that are self
care activities like: taking a shower, dressing up, going to the toilet, eating and moving
themselves from a place to another. These activities require an integration of cognitive and
affective resources and motor abilities. The objective of this study is to evaluate and
characterize the function ability and the cognitive state for some elderly people that live in a
long stay institution in Divinópolis city, MG and verify if there is any relation between those
mentioned factors and verify the influence of the sex, school level and age in the functional
and cognitive state. For this research were applied three instruments: the Barthel index, to
evaluate the functional ability for these elderly people; the Mini Mental State Exam (MMSE),
to evaluate the cognitive function and some identification personal questions. As a statistic
treatment were applied the Pearson coefficient , the Student or Mann Whitney test ‘t’. The
evaluated population was composed by 67 people that were between 62 and 102 years old,
76,1% female and 23,9% male. 26,9% was liberate and 73,1% non liberate. According to the
mental state, 55,2% didn’t present any cognitive deficits and according to the functional
ability 76,1% was considered independents or semi-independent for the daily activities
(ADLs). There was a significant combination between the Barthel index and the Mini Mental
State Exam, that means that in the study the functional state interferes in the mental state and
vice-versa. There is a significant statistic relation between school level and mental state and
the age and mental and functional state. The sex of the population does not interfere in the
results. According to the linear multiple returns, for each more year keeping the same Mini
Mental State score the functional ability reduces 1,10 units, this way as the Mini Mental State
Exam grows it grows up 1,59units.
Key words: Elderly people. Long Stay Institution. Functional Ability. Mental State.
LISTA DE TABELAS
01 - Caracterização da amostra em relação ao MEEM........................................................
41
02 - Caracterização da amostra em relação ao Índice de Barthel........................................
42
03 - Correlação entre o MEEM e o Índice de Barthel (e idade)..........................................
43
04 - Correlação entre o Índice de Barthel e a idade e o MEEM e a idade...........................
45
05 - Relação entre o Índice de Barthel / MEEM e Sexo......................................................
46
06 - Relação entre o Índice de Barthel / MEEM e Escolaridade.........................................
47
07 - Análise de Regressão Linear Múltipla.......................................................................... 49
LISTA DE SIGLAS
AIVD – Atividade Instrumental da Vida Diária
AVD – Atividade Básica da Vida Diária
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ILP – Instituição de Longa Permanência
ILPIs – Instituição de Longa Permanência para Idosos
MEEM – Mini-Exame do Estado Mental
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO......................................................................................................13
2
2.1
2.2
OBJETIVOS...........................................................................................................16
Objetivo Geral.........................................................................................................16
Objetivos Específicos..............................................................................................16
3
HIPÓTESE..............................................................................................................16
4
4.1
4.2
4.3
4.4
REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................17
Envelhecimento populacional: uma visão contemporânea.....................................17
Envelhecimento e Estado Funcional.......................................................................20
Envelhecimento e Estado Cognitivo.......................................................................25
Envelhecimento e Institucionalização.....................................................................28
5
5.1
5.2
5.3
5.3.1
5.3.2
5.3.3
5.4
5.5
5.6
METODOLOGIA...................................................................................................33
Local e Sujeitos.......................................................................................................33
Coleta de dados.......................................................................................................34
Instrumentos............................................................................................................35
Índice de Barthel.....................................................................................................35
Mini-Mental – MEEM............................................................................................36
Formulário de dados pessoais.................................................................................37
Análise de regressão linear múltipla.......................................................................37
Análise estatística....................................................................................................37
Aspectos éticos........................................................................................................38
6
6.1
6.2
6.3
6.4
6.5
6.6
6.7
RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................39
Sexo, idade e escolaridade......................................................................................39
Estado Mental.........................................................................................................41
Estado Funcional.....................................................................................................42
Estado Mental X Funcional e Idade X Estado Mental e Funcional........................43
Sexo X Estado Mental e Funcional.........................................................................46
Escolaridade X Estado Mental e Funcional............................................................47
Análise de Regressão Linear Múltipla....................................................................49
7
CONCLUSÃO.........................................................................................................51
8
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................52
9
REFERÊNCIAS.......................................................................................................53
ANEXOS............................................................................................................................59
APÊNDICES.......................................................................................................................64
13
1 INTRODUÇÃO
O envelhecimento pode ser considerado um processo dinâmico e progressivo, no qual
ocorrem modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, que podem levar
a perda da capacidade de adaptabilidade do indivíduo ao meio, resultando em aumento da
vulnerabilidade e maior incidência de fatores patológicos que podem culminar em morte
(FREITAS et al., 2006).
Assim, o envelhecimento humano faz parte do ciclo biológico da vida e leva o
indivíduo a um processo contínuo e irreversível de desestruturação orgânica. Envolve herança
genética, fatores ambientais, o tempo de vida, o tipo de alimentação, ocupação e estilo de
vida. Além destes fatores, a conjuntura social na qual está inserido um indivíduo também
afeta sua vida e sua saúde (AVLUND et al., 2004).
A porcentagem de idosos no total da população nacional vem aumentando
consideravelmente, sendo que em 1940 representavam 4% do número de brasileiros, subindo
para 8% em 1996. Projeções mostram que esse segmento poderá ser responsável por quase
15% da população brasileira no ano de 2020. Isso se deve à alta fecundidade observada nos
anos 50 e 60 e à queda da mortalidade que beneficiou todos os grupos populacionais, aos
avanços científicos e tecnológicos, principalmente na área da saúde, e aos estudos e pesquisas
voltados aos aspectos do envelhecimento. Outro fator interessante a ser mencionado é que a
população “mais idosa”, ou seja, a de 80 anos ou mais, também está aumentando no Brasil, e
em ritmo acelerado. Esse tem sido o segmento populacional que mais cresce (CAMARANO;
KANSO; MELLO, 2004).
14
Em função desse crescimento, os idosos e os fatores relacionados a essa faixa etária
estão ganhando espaços cada vez maiores no cenário nacional e no mundo, especialmente a
partir da segunda metade do século XX (PRADO; SAYD, 2004).
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a terceira idade é considerada a partir de
sessenta anos. Este é um critério cronológico e é também adotado nos trabalhos científicos,
devido à dificuldade de definir a idade biológica (FREITAS et al., 2006). De acordo com
Engelhardt e colaboradores (1998) o aumento da expectativa de vida da população mundial
trouxe uma subdivisão do grupamento idoso em faixas etárias, às quais podem corresponder
características cognitivas e de comportamento próprias, sendo estas faixas etárias de 65 a 84
anos “idosos jovens” e com mais de 85 anos “idosos velhos”.
Segundo Converso e Lartelli (2007), grande parte dos idosos apresenta problemas de
saúde associados ao envelhecimento, tendo implicações importantes na sua vida, de sua
família e da sociedade. Mesmo diante dessa situação, os órgãos responsáveis pela assistência
social e de saúde no Brasil ainda não possuem uma estrutura de amparo adequada e uma
política consistente para solucionar esses problemas (GARRIDO; MENEZES, 2002).
Assim, dentre os problemas associados ao idoso, o comprometimento das atividades
funcionais ou habilidades motoras são relevantes, sobretudo por estarem sujeitas a influências
do processo de envelhecimento. Nesse sentido, as atividades funcionais são essenciais para a
manutenção do bem-estar físico e psicológico, bem como para a criação de um senso pessoal
de uma vida com significado. Tais atividades estão relacionadas à realização do auto-cuidado,
sendo chamadas Atividades de Vida Diária (AVDs), tais como: arrumar-se, banhar-se, vestirse, usar o banheiro, alimentar-se e transferir-se de um lugar para o outro. As atividades
funcionais também englobam as Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVDs), que são
atividades mais complexas, necessárias a vida em sociedade, tais como fazer compras,
preparar o alimento e cuidar do orçamento doméstico, como descrevem Rebellato e Morelli
15
(2004). As AVDs e as AIVDs exigem a integração dos recursos cognitivos, afetivos e das
habilidades motoras. A ausência de um ou mais destes recursos pode levar o indivíduo a um
estado de incapacidade funcional parcial ou total.
Nesse sentido, a manutenção da independência funcional é determinante para o idoso,
pois pode influenciar na não institucionalização, diminuição da incidência de doenças
crônico-degenerativas e, consequentemente, redução dos custos com a pessoa idosa, além de
bem-estar psicológico e social. Sendo assim, a conservação da cognição é um fator
determinante da qualidade de vida na terceira idade e da longevidade, havendo um consenso
entre os pesquisadores de que com o avançar da idade ocorre um declínio comum das funções
cognitivas, que pode surgir desde a meia idade, mas é mais comum após os setenta anos
(FREITAS et al., 2006).
Segundo Oliveira, Goretti e Pereira (2006), cognição é o termo empregado para
descrever a esfera do funcionamento mental em relação ao pensamento, raciocínio, memória,
sentidos e percepções. O envelhecimento é um dos diversos fatores que podem gerar declínio
cognitivo, associado a um desconforto pessoal, perda de autonomia e aumento de custos com
a pessoa idosa (FREITAS et al., 2006). A autonomia abrange liberdade de escolha, de ação e
autocontrole e está relacionada à habilidade do sujeito em ser dependente ou independente na
realização das atividades da vida diária (DIOGO, 1997).
Tendo em vista o crescente número de idosos, o aumento da expectativa de vida e a
importância de uma sobrevida autônoma e independente para o bem estar físico, mental e
social dos idosos e seus familiares torna-se importante o aprofundamento dos estudos e
pesquisas em áreas como a geriatria e a gerontologia, para obter soluções e, sobretudo, para o
entendimento de como as pessoas vivem os anos adicionais de vida ganhos com o aumento da
longevidade.
16
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O presente estudo tem por objetivo avaliar a capacidade funcional e o estado cognitivo
de idosos residentes em uma instituição de longa permanência (ILP) do município de
Divinópolis-MG e verificar se existe relação entre os fatores mencionados.
2.2 Objetivos Específicos
•
Verificar a prevalência e a faixa etária de ocorrência de incapacidade funcional e de
alterações cognitivas em idosos residentes na instituição de longa permanência;
•
Avaliar a influência das variáveis sexo, escolaridade e idade no estado funcional e no
estado cognitivo dos idosos residentes na instituição de longa permanência.
3 HIPÓTESE
A hipótese do presente trabalho é de que existe uma alta prevalência de incapacidade
funcional e alterações cognitivas entre os idosos residentes na instituição asilar pesquisada,
havendo uma correlação significativa entre esses fatores.
17
4 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Envelhecimento populacional: uma visão contemporânea
Uma das maiores conquistas da humanidade foi a ampliação do tempo de vida,
conseqüência, principalmente, de uma melhora dos parâmetros de saúde das populações.
Chegar à terceira idade hoje, que em outros tempos era privilégio de poucas pessoas, passou a
ser comum, até mesmo nos países mais pobres. Peculiar ao século XX, esse acontecimento se
transforma, no entanto, em um grande desafio para o século XXI, pois o aumento da
expectativa de vida, embora amplo e extensivo à toda população, não ocorreu de maneira
totalmente uniforme, beneficiando, sobretudo, as pessoas com melhores condições de vida e
as mulheres. O envelhecimento da população é um anseio de qualquer sociedade, mas não
basta por si só. Viver mais é importante desde que se consiga juntar qualidade aos anos
adicionais de vida (LIMA-COSTA; VERAS, 2003).
O envelhecimento populacional pode ser constatado através de alguns indicadores
como, por exemplo, a expectativa de vida, que é medida pelo número de anos que uma pessoa
possivelmente viverá em certa fase de sua existência, como ao nascer ou ao completar 60 anos
(VERAS, 1999).
A expectativa de vida de uma criança recém-nascida na Europa era de 45 anos no
início do século XX. Na virada do milênio, na Alemanha, passou para 72,7 anos para os
homens e para 79,2 anos para as mulheres. Assim, as mulheres de 60 anos, na Alemanha, têm
a expectativa de viverem mais 20 anos; um homem de 60 anos, 13 anos mais (LEHR, 1999).
A realidade brasileira, por sua vez, tem correspondido a estas estimativas. De acordo com
dados do IBGE (2002), considerando a continuidade das tendências verificadas para as taxas
18
de fecundidade e longevidade da população brasileira, as estimativas para os próximos 20
anos indicam que a população idosa poderá exceder 30 milhões de pessoas ao final deste
período, chegando a representar quase 13% da população.
Segundo Veras (1999), um conjunto de modificações sociais, revelados pela
urbanização das cidades – melhora nutricional e das condições de higiene pessoal, melhores
condições sanitárias, de trabalho, residenciais e ambientais – contribuíram para o
envelhecimento da sociedade humana.
A longevidade maior da espécie humana deriva do desenvolvimento socioeconômico e
científico e também de inversões nas taxas de mortalidade e natalidade. A redução da
mortalidade, em todas as faixas etárias, levou ao aumento da expectativa de vida ao nascer e,
a seguir, da expectativa de vida aos 60 anos (sobrevida). Esse processo teve como resultado o
aumento do número de pessoas idosas – situação conhecida como “transição demográfica”,
que veio acompanhada da “transição epidemiológica”, com maior incidência e prevalência de
condições e doenças crônicas e queda das enfermidades infecciosas (FRIES, 1980 &
KALACHE; VERAS; RAMOS, 1987).
Em termos de saúde, o aumento do número de idosos em uma população pode resultar
em um maior número de problemas de longa duração que, com freqüência, dependem de
intervenções custosas envolvendo tecnologia complexa para um cuidado adequado
(KALACHE; VERAS; RAMOS, 1987).
Costa (2003) também menciona que a expectativa de vida vem aumentando a cada
nova época, a vida humana é prolongada cada vez mais, as pessoas querem ganhar mais
tempo de vida, mas, por outro lado, ninguém quer “ficar velho”, pois o processo de
envelhecimento está ligado a mudanças negativas, como perda do vigor da juventude, da
beleza, da capacidade de trabalho, reprodução, da saúde física e mental e até da independência
19
para realizar as atividades básicas de sobrevivência. Além disso, o velho, do ponto de vista
cronológico, está mais perto da morte.
Paschoal (2005) relembra que o acréscimo da expectativa de vida está acontecendo em
todas as nações e que chegar a oitenta anos é uma realidade possível para muitas pessoas, mas
este fenômeno evoca alguns questionamentos. Em quais condições se dá essa sobrevivência?
Como manter a eficácia intelectual, física, social e emocional destes idosos até o fim da vida?
É possível diminuir a morbidade e viver com qualidade até a proximidade da morte, ou o
surgimento de enfermidades crônicas será um empecilho a um bom aproveitamento da vida?
Como fazer para que sobrevida e qualidade de vida andem juntas?
À medida que ficamos mais velhos ocorre uma inevitável redução de recursos físicos,
mentais e sociais, que levam a uma sensação de insegurança. A velhice parece deixar o
indivíduo impotente, desarmado, frágil e incapaz para tomar suas próprias decisões, para
enfrentar seus problemas, conduzir sua vida não apenas diante dos familiares, mas também da
sociedade como um todo. Desta forma, o ancião tem sido visto como uma pessoa
improdutiva, ultrapassada e pouco se tem feito para recuperar sua identidade e elevar sua
auto-estima. Além do mais, nem sempre é amparado pela própria família e, não raro, são
conduzidos a morar em asilos ou instituições, onde vivem isolados da sociedade, na solidão,
longe de parentes e amigos (DAVIM et al., 2004).
Neste sentido, a longevidade é uma conquista importante da humanidade, mas, ao ser
atingida, surgem desafios e dificuldades, tanto a nível individual, quanto coletivo. Mitos e
preconceitos ainda cercam a velhice. Para muitas pessoas o envelhecimento revela-se como
uma etapa negativa da vida, relacionado a doença, sofrimento e tristeza (GORDILHO;
QUEIROZ, 2002).
Viver muitos anos pode ter implicações importantes para a qualidade de vida, com
conseqüências em várias esferas da existência humana: mental, física, social e emocional.
20
Grande parte das pessoas quer viver mais e mais anos, mas o envelhecer tem trazido angústias
e decepções para muitos indivíduos, pelo menos em nosso país. Desta forma, o grande desafio
que a longevidade nos propõe é conseguir que os anos a mais tão almejados e possíveis sejam
cercados de significado, com uma sobrevida autônoma, independente, digna e com qualidade
(PASCHOAL, 2005).
Neste contexto, pesquisas e novas tecnologias na área da saúde tem buscado não
somente prolongar os anos de vida, mas evitar ou adiar ao máximo o aparecimento de
incapacidades, demência e perda de autonomia dos idosos (KAWAZAKI; DIOGO, 2005).
4.2 Envelhecimento e Estado Funcional
A capacidade funcional pode ser mensurada a partir das Atividades Básicas da Vida
Diária (AVDs) e das Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVDs). As AVDs são
atividades de cuidado pessoal e diário que o próprio indivíduo realiza em situações normais
tais como: comer, vestir-se, tomar banho, realizar transferência de posições e controle
esfincteriano. Já as AIVDs são atividades que possibilitam a pessoa a viver com
independência em sua residência: preparar refeições, realizar atividades domésticas, tomar
medicamentos, fazer compras no mercado, usar telefone, realizar atividades financeiras
(REBELATTO; MORELLI, 2004). Desta forma, o estado funcional é avaliado nestas duas
áreas: as Atividades Básicas da Vida Diária (AVD) e as Atividades Instrumentais da Vida
Diária (AIVD) (SILLIMAN et al., 2001).
Assim, independência funcional é a habilidade ou destreza para realizar tarefas
relacionadas à vida diária, ou seja, é a capacidade de viver sem depender de outrem. O
indivíduo é considerado independente funcionalmente quando ele tem a capacidade funcional,
ou seja, realiza suas atividades básicas por si só e, para que isso ocorra, é importante que as
21
funções motora e cognitiva estejam preservadas ou parcialmente preservadas (GUIMARÃES;
CUNHA, 2004).
Rebelatto e Morelli (2004) também descrevem a habilidade para conduzir as AVDs
como independência funcional e acrescentam que esta é uma capacidade que pode apresentar
déficits com o envelhecimento por várias razões: redução da força e resistência muscular,
alterações na capacidade sensorial e psicomotora,
mudanças na composição corporal,
rebaixamento cognitivo e, com este, um prejuízo no processamento de informações e acúmulo
de doenças crônicas.
Existem várias escalas para graduação da capacidade para executar as AVDs. A
utilização destes instrumentos de avaliação tem importantes implicações na qualidade de vida
dos idosos, já que possibilita ações preventivas, assistenciais e de reabilitação. Estas ações
favorecem um processo de envelhecimento mais saudável e uma tentativa de recuperação ou
conservação da capacidade funcional (ROSA et al., 2003). A Escala de Barthel (MAHONEY;
BARTHEL, 1965) é um exemplo de instrumento usado para avaliação das AVDs, que permite
uma graduação entre máxima dependência (0 pontos) e máxima independência (100 pontos)
(ARAÚJO et al., 2007).
Guimarães e Cunha (2004) também concordam que as avaliações funcionais são de
suma importância, pois são instrumentos que aferem várias funções do organismo do idoso,
identificam, descrevem e classificam suas capacidades e incapacidades funcionais,
contribuindo para uma melhor abordagem e intervenção terapêutica, principalmente quando
esta abordagem é feita por uma equipe interdisciplinar.
Carvalho Filho e Papaléo Netto (2006) também destacam a importância da avaliação
da capacidade funcional, pois esta pode fornecer dados acerca da evolução do quadro do
paciente, ou seja, de melhora ou piora do estado do idoso enfermo.
22
Guimarães e Cunha (2004) relatam que a idade é fator preponderante para progressivo
aumento de dificuldade na realização das atividades funcionais do dia a dia e, não raro,
procedem das modificações orgânicas do processo de envelhecimento, de doenças e
problemas ligados à terceira idade.
Na sexta década de vida ocorre um decréscimo severo de força muscular tanto nos
homens quanto nas mulheres, resultante da redução na massa muscular, processo chamado
sarcopenia. Esta perda de força e potência, resultantes da perda de massa muscular, pode
avançar para um patamar no qual um indivíduo idoso apresente dificuldade ou incapacidade
para realizar as atividades de vida diária, aumentando as chances de institucionalização deste
(FLECK; KRAEMER, 2006).
Freitas (2006) completa que a dinâmica do aparelho locomotor sofre significativas
alterações, com redução da amplitude articular, interferindo na marcha, caracterizada, então,
por passos mais lentos, curtos e arrastados. O movimento dos membros superiores também é
reduzido por estarem mais próximos ao corpo. O centro de gravidade do corpo se desloca para
frente e a base de sustentação se amplia a fim de oferecer maior equilíbrio. A visão normal
também pode sofrer modificações fisiológicas e mórbidas com o envelhecimento. Tais
alterações motoras e visuais podem dificultar a realização das AVDs e prejudicar a
independência do idoso.
Sendo assim, o avançar da idade pode trazer prejuízos na capacidade de realizar as
AVDs, levando o indivíduo a um estado de incapacidade funcional parcial ou total. Cerca de
5% dos indivíduos com 65 a 69 anos já apresentam dificuldade para tomar banho, e a partir
dos 85 anos esta porcentagem sobe para 30%. Cabe ressaltar que as perdas se fazem em uma
ordem esperada, das mais complexas para as mais simples, sendo perdido, por último, o ato de
alimentar-se (CARVALHO FILHO; PAPALÉO NETTO, 2006).
23
Karsch (2003) completa que cerca de 40% dos indivíduos com 65 anos ou mais
precisam de algum tipo de ajuda para realizar pelo menos uma tarefa como fazer compras,
cuidar das finanças, preparar refeições e limpar a casa. Uma parcela menor (10%) requer
auxílio para realizar tarefas básicas como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se,
sentar e levantar de cadeiras e camas.
Dessa forma, a incapacidade funcional geralmente relaciona-se a prejuízos no
desempenho sensório-motor, levando a disfunções ou necessidade completa de ajuda nas
Atividades Básicas da Vida Diária (DANTAS; OLIVEIRA, 2003). Os sistemas
musculoesquelético e nervoso adequadamente funcionais são a chave para a manutenção da
capacidade funcional, da independência e da boa qualidade de vida.
Perlini, Leite e Furini (2007), em uma pesquisa sobre motivos apontados por
familiares para a institucionalização de um parente idoso, descrevem a incapacidade funcional
como um destes motivos. Justificam que a pessoa idosa, com idade avançada, não possui
condições de viver só no espaço domiciliar, já que passa a apresentar dificuldades para
realizar as AVD. Incapaz de gerenciar sua própria residência passa, então, a depender
exclusivamente dos familiares ou de terceiros para suas atividades de rotina, os quais, muitas
vezes, não têm condições físicas, financeiras ou emocionais de cuidar deste idoso.
Segundo Barbosa et al. (2005) é importante compreender a situação funcional dos
idosos institucionalizados por se tratarem de um grupo com características próprias. Assim,
torna-se mais fácil entender os motivos que levam ao declínio funcional deste grupo,
buscando medidas e intervenções peculiares a este, pois o tipo de apoio necessário, as
demandas de serviços e as despesas decorrentes das incapacidades são específicos a cada
grupo.
Ainda em relação à habilidade funcional, Tinetti e Ginter (1988) concluíram, em seus
estudos, que a habilidade funcional depende não somente da força muscular, mas da
24
integração harmônica e perfeita das funções sensoriais e motoras que, com o envelhecimento,
já se encontram alteradas. As alterações funcionais são ainda, freqüentemente, conseqüências
de doenças e/ou problemas comuns aos idosos, sendo os quadros demenciais apontados como
principais contribuintes para o desenvolvimento de dependência funcional (MARRA et al.,
2007).
A capacidade funcional, ou seja, a capacidade de executar as tarefas do dia-a-dia por
seus próprios meios, surge como um novo conceito, um novo paradigma de saúde para a
população de idosos. Envelhecer, mantendo-se em total funcionalidade, não indica problemas
para o indivíduo, familiares e sociedade. Envelhecimento saudável, neste novo olhar, passa a
ser resultado da interação entre saúde física e mental, independência na vida diária, relações
sociais, convívio familiar e estabilidade financeira. Viver com qualidade na velhice seria o
resultado do equilíbrio entre as várias dimensões da capacidade funcional (RAMOS, 2005).
As doenças crônicas também podem afetar a capacidade funcional dos idosos (ROSA
et al., 2003). Alves et al. (2007) demonstraram que a presença de hipertensão arterial aumenta
em 39% a chance de o idoso ser dependente nas AIVDs; a doença cardíaca aumenta em 82%,
a artropatia em 59% e a doença pulmonar em 50%. Para a dependência nas AIVDs e AVDs, a
chance mais do que dobrou para a presença de cada uma dessas doenças crônicas.
Ramos (2003) enfatiza que um idoso com histórico de várias doenças crônicas pode
ser considerado saudável se comparado com um outro com as mesmas enfermidades, porém
descontroladas, não tratado adequadamente, com seqüelas e incapacidades agregadas. Desta
forma, é a disposição e capacidade para executar as atividades e não as doenças propriamente
ditas que devem ser levadas em conta.
Segundo Freitas (2006), do ponto de vista da Saúde Pública, o conceito de capacidade
funcional é o mais adequado para se estruturar uma política de atenção à saúde do idoso.
Sendo assim, as ações em todos os níveis de atenção à saúde do idoso devem ter como
25
objetivo maior manter ou recuperar a capacidade funcional do indivíduo, sua autonomia e
independência física e mental pelo maior tempo possível. Tudo isso vai além de diagnósticos
e tratamento de enfermidades determinadas. Assim, a Capacidade Funcional assume
importância fundamental quando se pensa na criação de novos projetos de cuidados para a
saúde do idoso baseados na qualidade de vida.
4.3 Envelhecimento e Estado Cognitivo
A cognição é um termo que pode ser usado para definir a função intelectual em suas
várias dimensões: memória, atenção, abstração, julgamento, locução, orientação, desempenho
e gnosia (capacidade de distinção de objetos e seres) (RAMOS, 2005).
Ainda sobre a cognição, Freitas et al. (2006) dizem que a mesma refere-se à
capacidade do indivíduo de receber e empregar informações com o objetivo de se relacionar
com o meio. Para que isso ocorra o indivíduo tem que ter a habilidade para processar a
informação, ou seja, captá-la, organizá-la, assimilá-la e relacioná-la a informações antigas. O
indivíduo em bom estado cognitivo é capaz de aplicar o que foi aprendido a diversas
situações. Uma disfunção cognitiva pode trazer prejuízos na capacidade funcional em um
amplo aspecto da vida do indivíduo, no pessoal, no social, no lazer, no trabalho e nas suas
atividades da vida diária.
Veras (1999) enfatiza que um indivíduo idoso em bom estado cognitivo é capaz de se
manter autônomo, seguindo o curso de sua vida consciente de sua identidade e interagindo
com o mundo, fazendo opções adequadas as suas necessidades. Ou seja, continua sendo autor
de sua história, dando sentido à sua existência.
Segundo Néri (2004), o cérebro dos indivíduos sofre mudanças morfofuncionais e
bioquímicas no decorrer dos anos, mudanças estas que levam até mesmo a redução do volume
26
e peso do cérebro (hipotrofia), resultado da redução da substância branca e grande perda
neuronal.
A hipertensão arterial não tratada adequadamente também é um fator que pode afetar o
estado cognitivo dos indivíduos, levando ao declínio da memória e da inteligência, pois
compromete o aporte de oxigênio para o cérebro provocando lesões (VERAS et al., 1999).
As modificações decorrentes do envelhecimento cerebral podem ocasionar alterações
do estado cognitivo, causando até mesmo demência (RAMOS, 2005).
As demências são síndromes adquiridas, cujos sinais são alterações da linguagem,
memória, cognição, personalidade e capacidade de julgamento, com ausência de um
comprometimento agudo do estado de consciência, mas capaz de interferir nas atividades
sociais e rotineiras do indivíduo (CARVALHO FILHO; PAPALÉO NETTO, 2006).
As demências podem ser classificadas em duas categorias de acordo com a etiologia:
degenerativas e não-degenerativas. As demências não-degenerativas geralmente decorrem de
acidentes vasculares, processos infecciosos, traumatismos, deficiências nutricionais,
contaminações tóxicas e tumores. Os processos demenciais degenerativos, por sua vez, podem
ter uma origem predominantemente cortical, como a doença de Alzheimer, ou subcortical,
como a doença de Parkinson (ALLEGRI et al., 2001).
De acordo com Guimarães e Cunha (2004) as demências não são raras após os 70 anos
e podem acometer até 1/3 das pessoas com mais de 80 anos, indicando que a prevalência
tende a aumentar com a idade. Segundo os mesmos autores, alguns casos merecem atenção
especial, com maior possibilidade de apresentarem quadros demenciais: maiores de 75 anos,
idosos que tenham passado por modificações em sua rotina, indivíduos com histórico de
delirium, depressão, diabetes, doença de Parkinson e idosos hospitalizados.
Idosos com quadro de demência apresentam alto risco de serem institucionalizados e
isso se deve ao progressivo aumento de dependência física e mental e à necessidade de
27
cuidados profissionais. São pessoas que exigem avaliações periódicas de equipe
multidisciplinar quanto à prevenção e ao tratamento de infecções, distúrbios do
comportamento, desnutrição, imobilidade e incontinência urinária, com o objetivo de
proporcionar melhor qualidade de vida a estes pacientes (GORZONI; PIRES, 2006).
Prado et al. (2008) enfatizam que apesar da incidência das demências ser mais
pronunciada em indivíduos idosos, isto não quer dizer que os humanos estão pré-dispostos a
apresentar quadros de demência ao envelhecer. Na maioria dos casos, o envelhecimento não é
acompanhado por alterações cognitivas e os indivíduos envelhecem sem comprometimentos
cognitivos dignos de tratamento. Mas em uma minoria, 30-40% da população acima de 85
anos, é comum que elas se manifestem, devido a uma série de razões, dentre as quais estão a
diminuição do número de neurônios e de sinapses, que ocorrem ao longo dos anos.
O prejuízo em umas das funções cognitivas já é suficiente para comprometer a
qualidade de vida. A memória é uma das mais importantes funções cognitivas do ser humano.
Através dela temos a capacidade de deter as informações sobre quem somos e os
conhecimentos sobre mundo a nossa volta. Sem a memória, começaríamos todos os dias, ou a
cada momento, uma vida nova, sem nos valer das experiências passadas, que ficariam no
esquecimento. Essa angústia faz parte da realidade de muitas pessoas que convivem com as
doenças que afetam a memória, dentre elas, a demência (FREITAS et al., 2006).
Caramelli e Barbosa (2002) mencionam que o diagnóstico de demência depende de
avaliação prática do funcionamento cognitivo e do desempenho em atividades de vida diária.
A avaliação cognitiva pode ser feita com testes de rastreio, como o Mini-Exame do Estado
Mental ou Mini-Mental (FOLSTEIN; FOLSTEIN; MCHUGH, 1975), devendo ser
complementada por testes que avaliam diferentes componentes do funcionamento cognitivo.
Com este objetivo podem ser empregados testes sucintos, de fácil e rápida aplicação pelo
28
clínico, como os de memória (evocação tardia de listas de palavras ou de imagens), os de
fluência verbal (número de objetos em um minuto) e o desenho do relógio.
4.4 Envelhecimento e Institucionalização
Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) são estabelecimentos
governamentais ou não-governamentais, que prestam atendimento aos idosos sem condições
familiares e/ou financeiras para a sua permanência na sociedade de origem, os quais podem
permanecer nestes locais por período de tempo indeterminado, mediante pagamento ou não.
São também chamadas casas de repouso, asilos e clínicas geriátricas (FREITAS et al., 2006).
De acordo com o Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003), as instituições que abrigam
idosos são obrigadas a manter padrões de habitação compatíveis com as necessidades deles,
bem como provê-los com alimentação regular e higiene, indispensáveis às normas sanitárias e
com estas condizentes, sob as penas da lei.
Conforme Cortelletti, Casara e Herédia (2004), o primeiro tipo conhecido de
instituição para idosos foi o asilo, que fornecia basicamente a alimentação e a habitação aos
idosos. Seus criadores eram pessoas, em sua maioria, religiosas. Os recursos eram fornecidos
pela sociedade, mas esta não conhecia a realidade dos internos. Atualmente, muitas
instituições têm passado por modificações importantes, começando a se organizar por
equipes, nas quais profissionais de diferentes áreas interagem de forma interdisciplinar, tais
como médicos, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas
ocupacionais, entre outros. Porém, essas mudanças têm sido muito lentas, enquanto casas
clandestinas, totalmente despreparadas para atender as necessidades dos velhos, continuam
surgindo.
29
Davim et al. (2004), em seu estudo com idosos institucionalizados da cidade de
Natal/RN, destacam que os grupos pesquisados em três instituições possuem características
socioeconômicas e de saúde semelhantes às encontradas na maioria dos estudos com os quais
tiveram contato sobre idosos residentes em asilos, em que as mais acentuadas são
relacionadas ao baixo poder aquisitivo, conflitos na família, atividades de lazer limitadas e/ou
ausentes nas instituições, precárias condições de saúde, limitado atendimento médico e de
enfermagem, com inexistência de planos privados de saúde.
O aumento do número de idosos, somado as modificações na composição da família e
aos padrões de rotina da sociedade, onde há, cada vez mais, a inclusão do maior número
possível de integrantes da família no mercado de trabalho, principalmente da mulher, cria uma
situação onde a família não tem capacidade para cuidar do idoso, tornando-se este, um entrave
à autonomia dos familiares. Esta conjuntura problemática expõe o ancião ao risco de ser
institucionalizado (PERLINI; LEITE; FURINI, 2007).
De acordo com Debert (1999), a procura de vagas nos asilos é crescente, e razões
sociológicas são apontadas pelos funcionários especializados para explicar essa demanda
aumentada, como a urbanização, a família nuclear e a entrada das mulheres no mercado de
trabalho, com a conseqüente impossibilidade de se dedicarem aos velhos.
Ao questionar idosos residentes em Instituições de Longa Permanência (ILPI) sobre o
motivo de terem ido morar no asilo, Herédia et al. (2004) encontraram que a maioria das
respostas
está
diretamente
relacionada
à
perda
da
autonomia/independência
e,
consequentemente, à incapacidade de tomar decisões e, portanto, de administrar a vida.
Constataram, então, que a idade não é fator determinante isoladamente para o asilamento, mas
está aliada as condições de saúde, considerando a capacidade funcional ligada ao declínio da
autonomia e da independência.
30
Segundo Beauvoir (1990), o asilo é o único recurso dos velhos quando não podem
mais se sustentar física e economicamente e não tem quem o faça por eles. São locais, em sua
maioria, com regulamentos rigorosos, com rotinas rígidas e comuns a todos. Levanta-se cedo,
deita-se cedo, alimenta-se sempre nos mesmos horários e o banho é supervisionado. Muitas
vezes o idoso não tem autonomia nem de escolher o que quer vestir. É separado de seu
passado, de seu ambiente, perdendo sua personalidade e liberdade de tomar decisões. As
visitas têm horários de chegada e saída e, para a maioria dos internos, as saídas não são livres.
Geralmente são agrupados com pessoas que nunca viram antes e sem que nenhuma vida
social seja organizada para eles. Sua suscetibilidade, suas reivindicações e paranóias geram
conflitos freqüentes, que levam ao isolamento social do idoso dentro da própria instituição.
Em alguns asilos os casais chegam a ser separados e as mulheres e os homens são colocados
em alas diferenciadas. Em instituições dirigidas por entidades religiosas, o namoro geralmente
não é permitido, suprimindo mais uma forma de entrosamento e diminuição da solidão. Em
casos raros o asilamento é uma experiência satisfatória para o idoso por poder se sentir menos
isolado ou em casos em que o mesmo padecia de agressões de qualquer espécie em sua
residência anterior.
Pavan, Meneghel e Junges (2008) completam que as instituições asilares dificilmente
sugerem medidas para incentivar a independência e autonomia dos moradores. Eles vivem, na
maioria das vezes, com possibilidades limitadas de vida social, afetiva e sexual. O poder
disciplinar aplicado nas instituições organiza os indivíduos no espaço e no tempo, dando uma
idéia de enclausuramento. As “regras da casa” especificam uma ríspida e imutável rotina
diária e os idosos perdem o direito de expressar sua subjetividade e seus desejos. No asilo, o
tão sonhado tempo livre se torna tempo vazio, tempo de espera da morte.
Tomasini e Alves (2007) destacam que um dos princípios básicos que sustentam uma
instituição total é a anulação das regras do indivíduo e inserção das regras da instituição. Isso
31
ocorre em maior ou menor grau dependendo da natureza da instituição, mas o resultado é
sempre nocivo para a preservação da individualidade e da autodeterminação dos idosos
residentes.
Assim, uma das principais conseqüências do asilamento é o fato do idoso não mais
saber o que fazer de seus dias. A instituição estabelece restrições e bloqueia a autonomia.
Grande parte dos idosos tem fraco nível intelectual, lêem pouco e não ouvem rádio. A
televisão cansa-lhes a vista. Raramente os asilos oferecem opções de ocupação para os velhos,
até mesmo porque é difícil encontrar ocupações que agradem a todos ou lhes desperte
interesse. A desocupação da mente e do corpo torna o idoso inativo. Do ponto de vista mental,
a ociosidade leva a uma redução das funções intelectuais, acelerando o processo de déficit
cognitivo. A inatividade física acarreta redução da mobilidade, flexibilidade e força muscular.
A associação destes dois prejuízos, mental e físico, acarreta redução da funcionalidade e da
autonomia do idoso, que logo poderá passar a situação de dependente para realizar suas
atividades básicas da vida diária. A partir daí ele não consegue mais sobreviver sem o amparo
de terceiros (NÉRI, 1993).
Os idosos, quando passam a residir nos asilos, começam a apresentar entraves
intelectuais e físicos que se tornam evidentes na realização das atividades da vida diária,
agravados pela desocupação, o desânimo físico e o desinteresse, que contribuem ainda mais
para estas limitações, levando muitas vezes à invalidez, ao abatimento moral e perda
progressiva de autonomia (PAPALÉO NETTO, 1996).
As políticas públicas têm se preocupado com os prejuízos que a institucionalização
pode acarretar aos idosos e procuram, cada vez mais, estimular a permanência dessas pessoas
junto à família, o que, sem dúvida, corresponde à melhor alternativa de moradia quando se
busca manter uma vida saudável, ativa e independente na terceira idade. Essa atitude está
evidente no Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003). Porém, medidas que visem incentivar essa
32
condição não extinguem a necessidade da existência de instituições capazes de abrigar
aqueles idosos que não tem condições de continuar em seus lares de origem (TOMASINI;
ALVES, 2007).
Freitas (2006) ainda completa que, tomando por base as projeções estatísticas quanto
ao envelhecimento e aumento da longevidade da população brasileira, a demanda por
instituições para idosos só tende a aumentar nas próximas décadas.
33
5 METODOLOGIA
5.1 Local e Sujeitos
A pesquisa foi realizada em uma Instituição de Longa Permanência (ILPI), localizada
no município de Divinópolis-MG. A instituição é uma entidade filantrópica vinculada a
Sociedade São Vicente de Paulo que abriga idosos carentes e algumas poucas pessoas com
idade inferior a 60 anos. O número de internos atualmente é de 108 residentes, sendo 40
homens e 68 mulheres (dados coletados em abril 2009), mas este número sofre alterações
constantes devido a falecimento, saída e entrada de internos. Dados fornecidos pela secretária
da instituição, através de consulta aos prontuários dos residentes.
A entidade conta hoje com um quadro de 36 funcionários no total, sendo um médico,
um enfermeiro, quatro técnicos em enfermagem, um fisioterapeuta, um assistente social e uma
secretária. Os demais contratados realizam os cuidados básicos aos internos (higiene e
alimentação). Existem ainda pessoas que eventualmente prestam serviços voluntários, como
dentista, manicura, cabeleireira, fazedeiras de fraldas, etc. Uma faculdade da região oferece
estagiários de fisioterapia e psicologia para atendimento aos residentes e funcionários. Duas
freiras da Sociedade das Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Coração residem na instituição
prestando serviços de cuidado aos internos, orientação espiritual, e dirigindo a equipe de
funcionários.
Uma das Freiras é a diretora geral da Instituição. Integrantes da Ordem dos Vicentinos
completam a equipe da diretoria, tendo um presidente, vice-presidente e tesoureiro. A
entidade possui um amplo espaço físico, que comporta duas enfermarias (uma feminina com
25 leitos e uma masculina com 12 leitos) ala masculina com 11 casas e a ala feminina com 20
34
casas, cozinha, refeitório, lavanderia, rouparia feminina e masculina, sanitários feminino e
masculino adaptados para idosos, sala de fisioterapia, salão de eventos, sala de confecção de
fraldas geriátricas, capela, salão de beleza, um espaço destinado a velório, sala do dentista,
sala da assistente social, sala da diretoria e secretaria. As visitas aos internos podem ser
diárias, no horário de 12h00minHs as 16h00min.
Os critérios de inclusão na presente pesquisa foram: ser residente da instituição e ter
no mínimo 60 anos de idade. Foram excluídos da pesquisa aqueles que não tinham 60 anos
completos na ocasião da coleta de dados, os indivíduos que se recusaram em participar dos
testes ou se negaram assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 3)
quando capaz de fazê-lo, idosos com cegueira total, surdez e mudez. Seguindo estes critérios,
67 indivíduos foram classificados como aptos para esta pesquisa.
5.2 Coleta de dados
Os dados foram coletados através de perguntas dirigidas aos sujeitos da pesquisa,
sendo que, para isso, os idosos foram contatados pela própria pesquisadora dentro da
instituição, e ao concordarem em participar da pesquisa e assinar o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) foram, então, submetidos aos testes.
Cada teste levou em torno de dez minutos para ser aplicado, conforme condições
físicas e/ou psíquicas do sujeito de pesquisa. Os dois testes foram aplicados sequencialmente
a cada indivíduo.
35
5.3 Instrumentos
Os instrumentos utilizados no estudo foram o Índice de Barthel (MAHONEY;
BARTHEL, 1965) (Anexo 1), o Mini-Exame do Estado Mental (FOLSTEIN; FOLSTEIN;
MCHUGH, 1975) (Anexo 2) e um Formulário de dados pessoais (Apêndice 1). As
informações básicas sobre dois testes e o formulário constam a seguir.
Neste estudo, avaliou-se apenas as AVDs (atividades básicas da vida diária), pois os
sujeitos da pesquisa são idosos residentes em asilos e a institucionalização não proporciona
grandes possibilidades de realização de AIVDs (atividades instrumentais da vida diária) como
fazer compras, realizar atividades financeiras, entre muitas outras, que ficam a cargo dos
próprios funcionários da instituição.
5.3.1 Índice de Barthel
O Índice de Barthel (MAHONEY; BARTHEL, 1965) é um instrumento usado para
avaliar o status funcional dos idosos. Foi desenvolvido para avaliar o potencial funcional e os
resultados do tratamento de reabilitação dos pacientes que sofreram acidente vascular
cerebral. Assim, mede o grau de assistência exigido em nove atividades de cuidados pessoais
de vida diária como alimentação, transferência, toalete pessoal, uso do banheiro, vestir e
despir-se, subir e descer escadas e controle esfincteriano. Nesse teste são atribuídos pesos
específicos para cada atividade proposta, sendo o escore correspondente à soma de todos os
pontos obtidos. Em sua versão original, a pontuação da escala varia de 0 a 100, com intervalos
de cinco pontos. Portanto, quanto mais próximo de 100 pontos for o escore alcançado pelo
indivíduo no teste, melhor seu estado funcional, ou seja, maiores as chances deste indivíduo
ser independente para AVDs (ARAÚJO et al., 2007). Pontuações inferiores a 50 indicam que
36
o indivíduo é dependente em atividades de vida diária (GUIMARÃES; CUNHA 2004). As
informações para este instrumento foram obtidas por questionamento aos idosos ou
observação da rotina de AVDs destes.
5.3.2 Mini-Mental – MEEM
O Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) ou Mini-Mental (Anexo 2) avalia a
função cognitiva . O MEEM foi desenvolvido por Folstein, Folstein e McHugh (1975) e é
certamente o teste mais empregado para avaliação de mudança do estado cognitivo e auxílio
do diagnóstico de possível demência. Trata-se de um teste de rápida e fácil aplicação que
avalia, por meio de perguntas e comandos simples, a orientação temporoespacial, memória,
cálculo, linguagem e habilidades construtivas. As pontuações variam de zero a trinta pontos e
quanto maior o valor melhor o desempenho do avaliado. É importante lembrar que o
desempenho no MEEM é influenciado pela escolaridade, por isso usa-se notas de corte
diferenciadas conforme o nível educacional, como descrevem Freitas et al. (2006). Este
instrumento foi aplicado pela pesquisadora aos idosos seguindo as regras propostas pelo
idealizador do teste.
Os escores do Mini-Mental, para uma pontuação de no máximo 30, são: menor que 24
pontos para indivíduo com escolaridade de nível superior é indicativo de possível demência;
menor que 18 pontos para indivíduo com escolaridade ginasial é indicativo de possível
demência e menor que 14 pontos para indivíduo analfabeto é indicativo de possível demência.
37
5.3.3 Formulário de dados pessoais
Utilizou-se também um Formulário de dados pessoais (Apêndice 1) composto por
questões de identificação do idoso (idade, sexo, estado civil, escolaridade, data de entrada na
instituição), preenchido por meio da consulta aos prontuários dos internos. O nome dos
internos não constou na pesquisa, sendo estes identificados através de números (01 a 67).
5.4 Análise de regressão linear múltipla
Foi feita uma análise de regressão linear, a qual estuda as relações entre duas
variáveis:
“X”,
considerada
independente,
e
“Y”,
considerada
dependente.
Este
relacionamento é representado por uma equação. Na regressão linear múltipla testa-se a
relação entre uma variável dependente e mais de uma variável independente (LANDIM,
2002).
Foi utilizado, neste estudo, como variável dependente a capacidade funcional, e como
variáveis independentes, o escore do MEEM e a idade.
5.5 Análise Estatística
A caracterização da amostra foi realizada através de tabelas de frequência simples e
medidas descritivas (média e desvio padrão) para variáveis quantitativas.
Avaliou-se a existência de correlação entre idade, MEEM e Barthel através do
coeficiente de correlação de Pearson. Também se comparou MEEM e Barthel entre sexo,
escolaridade e faixa etária através do teste t de Student no caso de dados com distribuição
38
Normal ou Mann-Whitney quando essa distribuição não foi observada. Valor-p menor ou
igual a 0,05 são indicativos de significância estatística.
A análise estatística foi realizada no software SPSS 13.0 for Windows.
5.6 Aspectos Éticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Funedi (Parecer N°
39/2009 de 05/05/2009) (Anexo 4).
O próprio idoso participante da pesquisa assinou o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Anexo 3) ou, quando necessário, o representante legal da instituição.
Não houve identificação pessoal e as informações fornecidas foram tratadas de modo
sigiloso. Os resultados obtidos no trabalho serão encaminhados à diretoria e corpo técnico da
instituição em formato de artigo científico.
39
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 Sexo, idade e escolaridade
Dos 67 indivíduos analisados, 51 eram mulheres (76,1%) e 16 eram homens (23,9%).
Estes resultados assemelham-se aos encontrados por Herédia et al. (2004), em um estudo
sobre a realidade do idoso institucionalizado, na qual as mulheres representavam 64,9% dos
asilados e os homens 35,1%. Estes autores relatam que a feminização da velhice é um
fenômeno mundial, sendo várias as suposições para a explicação deste fato, como o
acompanhamento ginecológico mais intenso, maior preocupação e cuidado em relação a
doenças e prevenção destas, estilo de vida e padrões de comportamento mais saudáveis e
seguros por parte das mulheres. As mulheres também contam com o efeito protetor dos
estrógenos até a época do climatério, sendo assim, nelas a doença arterial coronária manifestase, em média, dez anos mais tarde em relação aos homens (LIMA, NUSSBACHER, 1996).
Davim et al. (2004), em um estudo com idosos de instituições asilares de Natal/RN,
também encontraram resultados similares em que 58% dos internos de duas instituições eram
do sexo feminino.
Camarano (2002) descreve que em 1996 dos 12,4 milhões de idosos brasileiros, 54,4%
eram do sexo feminino. Isso se deve à sua mais elevada taxa de crescimento relativamente à
do segmento masculino.
Segundo dados do IBGE (2002) é bem maior o número de mulheres no Brasil. Em
1991, as mulheres correspondiam a 54% da população de idosos, passando para 55,1% em
2000. Isto significa que para cada 100 mulheres idosas havia 81,6 homens idosos, relação que,
em 1991, era de 100 para 85,2. Tal diferença é explicada pelos diferenciais de expectativa de
40
vida entre os sexos, fenômeno mundial, mas que é bastante intenso no Brasil, lembrando que,
em média, as mulheres vivem oito anos mais que os homens.
Em relação à idade, esta variou entre 62 e 102 anos, com média de idade 77,4 anos
(DP= ± 9,53). Predominaram os indivíduos na faixa etária de 60 a 84 anos, sendo 74,6%, ou
50 idosos. Os indivíduos com 85 anos ou mais representaram 25,4% da amostra.
Em seu trabalho de rastreamento cognitivo em idosos institucionalizados, Engelhardt
et al. (1998) encontraram, num total de 292 idosos, 185 na faixa etária de 65 a 84 anos e 107
idosos na faixa de 85 a 108 anos, ou seja, a maioria de idosos mais jovens.
Guedes e Silveira (2004), em seu estudo sobre a capacidade funcional de idosos
institucionalizados da cidade de Passo Fundo, encontraram uma média de idade de 74,17
anos, variando de 50 a 103 anos. Canonici et al. (2008), ao estudarem a capacidade funcional
de idosos esquizofrênicos institucionalizados, também encontraram uma média de idade bem
parecida, de 74,36 anos.
Em relação à escolaridade, dos 67 idosos pesquisados, apenas 26,9% eram
alfabetizados, ou 18 indivíduos, o que demonstra o alto nível de analfabetismo entre os
internos.
Davim et al. (2004) também encontraram alto índice de analfabetismo entre os idosos
asilados de Natal/RN, onde, de três instituições pesquisadas, 46% do total dos idosos asilados
não eram alfabetizados.
No estudo de Herédia et al. (2004) sobre a realidade do idoso institucionalizado no
Brasil constatou-se também baixo nível de escolaridade, com 30,1% de analfabetos e 50,6%
com baixa escolaridade ou primário incompleto. No estudo de Converso e Lartelli (2007) com
idosos de três ILPIs da cidade Presidente Prudente encontrou-se, dentre 115 sujeitos
pesquisados, um percentual de 50,43% de analfabetismo.
41
Segundo dados do IBGE (2002), nas décadas de 1930 até, pelo menos, os anos de
1950, o ensino fundamental ainda era restrito a segmentos sociais específicos. Nesse sentido,
o baixo saldo da escolaridade média dessa população atualmente é um reflexo desse acesso
desigual. Na última década houve aumento significativo neste indicador – a proporção de
idosos alfabetizados passou de 55,8%, em 1991, para 64,8%, em 2000, representando um
crescimento de 16,1%. Apesar desse avanço, em 2000, o contingente de idosos analfabetos
ainda era bem significativo, representando cerca de 5,1 milhões de pessoas.
6.2 Estado Mental
Em relação ao estado mental encontramos 55,2% de idosos sem déficit cognitivo e
44,8% que apresentavam alguma alteração na capacidade cognitiva, de acordo com o MEEM
(FOLSTEIN; FOLSTEIN; MCHUGH, 1975) (Tabela 4). A média para o escore deste
instrumento foi de 14,24 pontos, valor este bem próximo ao ponto de corte para o diagnóstico
de possível demência para pessoas analfabetas, que é abaixo de 14 pontos.
TABELA 1
Caracterização da amostra em relação ao MEEM (2009)
MEEM
Frequência Percentual
Sem déficit cognitivo
37
55,2
Com déficit cognitivo
30
44,8
Total
67
100,0
Média MEEM: 14,24
Já no estudo Engelhardt et al. (1998) sobre rastreamento cognitivo em idosos
institucionalizados, num total de 292 idosos, 153 tinham comprometimento cognitivo, ou
52,4% da amostra.
42
Converso e Lartelli (2007), em seu estudo com idosos institucionalizados da cidade de
Presidente Prudente, no qual também utilizaram como instrumento o MEEM, encontraram
prevalência alta de indivíduos com déficit cognitivo, 76,72%.
6.3 Estado Funcional
Verificou-se que, ao aplicar o Índice de Barthel (MAHONEY; BARTHEL, 1965),
teste que verifica a Capacidade Funcional para realizar AVDs, 16 sujeitos foram considerados
totalmente dependentes, o que corresponde a 23,9% da amostra, e 51 independentes ou semidependentes, ou 76,1% do total (Tabela 5). O escore médio do Índice de Barthel foi de 73,36
pontos, confirmando a boa pontuação destes idosos.
TABELA 2
Caracterização da amostra em relação ao Índice de Barthel (2009)
Índice de Barthel
Frequência Percentual
Dependentes
16
23,9
Independentes/Semi-dependentes
51
76,1
Total
67
100,0
Média BARTHEL: 73,36
Guedes e Silveira (2004), ao aplicarem o Índice de Barthel em idosos
institucionalizados da cidade de Passo Fundo, também encontraram a prevalência de sujeitos
considerados independentes, correspondendo a 59,63% da amostra.
Isso nos leva a refletir sobre quais são os outros motivos que poderiam estar levando a
institucionalização destes idosos, já que muitos autores afirmam que a incapacidade funcional
e as alterações do estado mental são dos fatores mais importantes para o asilamento.
43
Já Araújo e Ceolim (2007), ao avaliarem o grau de independência de 187 idosos
residentes em três ILPIs, encontraram predomínio dos idosos dependentes para AVDs, num
total de 63% dos idosos da amostra.
Um ponto que merece destaque é a necessidade, dentro das Instituições de Longa
Permanência, de uma equipe multidisciplinar com profissionais conhecedores do processo de
envelhecimento que tenham condições de determinar ações que possam atender integralmente
as necessidades dos idosos asilados e oferecer-lhes um cuidado ampliado. Os idosos da
instituição em questão dispõem de uma equipe multidisciplinar que desempenha um
importante papel na detecção, prevenção e tratamento de incapacidades dos internos. Destacase a importância do fisioterapeuta, profissional que pode atuar diretamente no processo de
manutenção e recuperação da capacidade funcional.
6.4 Estado Mental X Funcional e Idade X Estado Mental e Funcional
Ao se analisar a influência do estado mental sobre o estado funcional e vice-versa
verificou-se que houve correlação significativa (valor-p < 0,05) entre o Índice de Barthel e o
MEEM (Tabela 6), ou seja, o estado funcional sofre interferência do estado mental e viceversa.
TABELA 3
Correlação entre o MEEM e o Índice de Barthel (e idade) (2009)
Índice Barthel
MEEM
Idade
-0,483 (0,000) -0,347 (0,004)
Barthel
0,543 (0,000)
Esse resultado assemelha-se ao da pesquisa de Converso e Lartelli (2007) com 115
idosos institucionalizados da cidade de Presidente Prudente, em que os autores aplicaram os
44
mesmos instrumentos, Índice de Barthel e MEEM e encontraram uma correlação de grau
moderado.
Rosa et al. (2003), em um estudo sobre os fatores determinantes da capacidade
funcional, com uma amostra de 1362 idosos do município de São Paulo, destaca as chances
maiores que seis vezes para a ocorrência de dependência nos idosos que foram considerados
como casos de alteração cognitiva, no rastreamento de saúde mental.
Marra et al. (2007), ao avaliarem a capacidade funcional de 90 idosos com diferentes
níveis de demência, atendidos no Centro de Referência do Idoso-MG, relatam que, de acordo
com os resultados deste estudo, quanto mais elevado o nível de gravidade de alterações
cognitivas, pior o desempenho dos idosos nos questionários de AVDs.
Castro e Guerra (2008), ao analisarem o impacto do desempenho cognitivo na
capacidade funcional de idosos do nordeste brasileiro, encontraram que os escores do MEEM
eram menores em idosos que tinham dificuldade em realizar AVDs, demonstrando que quanto
menor o desempenho cognitivo, maior a incapacidade funcional.
Torres et al. (1998) avaliaram a influência da demência sobre a capacidade funcional
de uma população de pessoas com mais de 74 anos que viviam em suas casas ou em
instituições do distrito de Kungsholmen, Estocolmo, durante um período de três anos e
concluíram que 14% dos que estavam inicialmente independentes e sobreviveram aos três
anos de pesquisa, tinham se tornado dependentes e que a demência era o principal
contribuinte para este fenômeno.
Hiroko et al. (2005) estudaram os efeitos do comprometimento cognitivo na
deficiência para realizar AVDs e AIVDs específicas em uma população de idosos, em Azuchi,
no Japão. Concluíram que pessoas com déficit cognitivo são heterogêneas e a gravidade do
transtorno terá um impacto diferente sobre cada indivíduo e na habilidade deste em realizar
AVDs e AIVDs específicas. Aqueles com leve e grave comprometimento cognitivo tinham
45
um risco significativamente maior de serem deficientes funcionais, quando comparados com
sujeitos com a cognição intacta.
Vale mencionar que a instituição pesquisada oferece um amplo espaço físico, o que
estimula os internos a caminharem, ajudando a reduzir o sedentarismo e a inatividade física,
tão comum na maioria dos asilos. O vasto e agradável espaço também contribui para a
socialização dos internos entre si, pois os estimulam a saírem mais de seus quartos,
importante item para saúde mental. Assim, a influência do bom ambiente físico pode estar
cooperando para retardar o aparecimento e progressão de incapacidades funcionais e déficits
cognitivos.
Houve correlação significativa (valor p<0,05) também entre a idade e o Índice de
Barthel e a idade e o MEEM (Tabelas 3 e 4), ou seja, a idade é uma variável que influencia na
capacidade funcional e no estado mental e as chances de desenvolver déficits cognitivos e/ou
funcionais aumentam com a progressão da idade nos idosos.
TABELA 4
Correlação entre o Índice de Barthel e a idade e o MEEM e a idade. Os valores 80,8 e 51,5
são as médias do teste de Barthel. Os valores 15,9 e 9,3 são as médias do MEEM (2009).
TESTE
Barthel
MEEM
IDADE
60 A 84 ANOS
85 ANOS OU MAIS
Valor-p
80,8
51,5
0,000 *
15,9
9,3
0,004 +
(*) Teste de Mann-Whitney (+) Teste t de Student
Costa, Barreto e Giatti (2003), ao estudarem as condições de saúde da população idosa
brasileira, numa amostra de 28.943, constataram que 85% dos participantes do estudo, com 60
anos ou mais de idade narraram não ter dificuldades para alimentar-se, banhar-se ou usar o
toalete. As prevalências de incapacidade para realizar as atividades aumentaram com a idade
em ambos os sexos. Nos estudos de Guedes e Silveira (2004), ao analisarem a capacidade
46
funcional de institucionalizados da cidade de Passo Fundo, constataram que de vinte idosos
acima de 85 anos, 50% eram dependentes.
Converso e Lartelli (2007) não encontraram a mesma equivalência em sua pesquisa
com idosos institucionalizados: a idade não influenciou no MEEM. Tal fato pode ser atribuído
ao maior número de idosos alfabetizados residentes nas instituições onde estes autores
realizaram sua pesquisa, totalizando 49,56% da amostra. Ao contrário do presente estudo,
onde apenas 26,9% da amostra era composta por pessoas alfabetizadas. Porém, Laks et al.
(2003), ao aplicarem o MEEM em idosos da comunidade de Santo Antônio de Pádua,
encontraram que os scores do MEEM diferiram entre os idosos jovens (60-84 anos) e os
idosos velhos (acima 84 anos), sendo respectivamente 19,91 ± 5,35 e 16,90 ± 4,96.
6.5 Sexo X Estado Mental e Funcional
Quando analisamos a influência da variável sexo nos instrumentos Índice de Barthel e
MMEM, notamos que não houve correlação significativa (p>0,05), ou seja, o estado mental e
funcional não foi estatisticamente diferente entre homens e mulheres (Tabela 8). Nos estudos
de Converso e Lartelli (2007) e Rosa et al. (2003) os resultados foram similares aos desta
pesquisa.
TABELA 5
Relação entre o Índice de Barthel / MEEM e Sexo. Os valores 72,5 e 76,3 são as médias do
teste de Barthel. Os valores 14,6 e 13 são as médias do MEEM (2009).
SEXO
TESTE
Feminino
Masculino
Valor-p
Barthel
72,5
76,3
0,262 *
MEEM
14,6
13,0
0,503 +
(*) Teste de Mann-Whitney (+) Teste t de Student
47
Santos et al. (2007), ao estudarem os fatores associados com a incapacidade funcional
em idosos do município de Guatambu, encontraram uma maior prevalência de algum tipo de
incapacidade funcional em pessoas mais velhas do sexo feminino. Os mesmos autores
atribuem esta associação provavelmente ao fato de as mulheres possuírem maior expectativa
de vida e, consequentemente, maior risco de desenvolverem doenças crônicas incapacitantes.
6.6 Escolaridade X Estado Mental e Funcional
Quanto a escolaridade encontramos que existe uma relação com o instrumento
MEEM, mas não com o índice de Barthel (p>0,05), como pode ser visto na Tabela 9, ou seja,
o estado mental sofreu influência da escolaridade dos indivíduos neste estudo, ao contrário do
estado funcional.
TABELA 6
Relação entre o Índice de Barthel/MEEM e Escolaridade. Os valores 71,8 e 77,5 são as
médias do teste de Barthel e os valores 12,9 e 17,8 são as médias do MEEM (2009).
ESCOLARIDADE
TESTE
Barthel
MEEM
Analfabeto
Alfabetizado
Valor-p
71,8
77,5
0,086 *
12,9
17,8
0,022 *
(*) Teste de Mann-Whitney (+) Teste t de Student
Porém, Santos et al. (2007) encontraram, em sua pesquisa com idosos, que a
prevalência de algum tipo de incapacidade funcional foi cerca de duas vezes maior nas
pessoas analfabetas. Nos estudos de Rosa et al. (2003), os idosos com nível mais baixo de
escolarização ou analfabetos, apresentaram chance cerca de cinco vezes maior de apresentar
dependência moderada ou grave.
O aprendizado, o conhecimento, o estudo podem ajudar as pessoas a ampliarem suas
capacidades e segurança para se adequarem e vivenciar um processo de envelhecimento
48
saudável. Idosos com melhores condições financeiras e culturais, na maioria das vezes,
possuem melhor acesso à prevenção, tratamento e reabilitação.
Quanto a relação entre a escolaridade e o estado cognitivo, Laks et al. (2003)
encontraram que o MEEM dos analfabetos foi de 17,08 ± 4,42 e dos alfabetizados 22,34 ±
4,94, o que demonstra a melhor performance dos escolarizados e consequentemente melhor
estado mental. Oliveira, Goretti e Pereira (2006) também encontraram esta correlação em seu
estudo, em que analisaram o desempenho de idosos institucionalizados com alterações
cognitivas em atividades de vida diária, cujos resultados no MEEM foram 9,25 para
analfabetos, 13 para idosos com 1 a 7 anos de escolaridade e 15 para aqueles com 8 ou mais
anos de escolaridade.
Castro e Guerra (2008), segundo o nível de escolaridade, observaram uma pontuação
média de 18 pontos no MEEM para os sujeitos analfabetos e 22 pontos para aqueles com
algum nível de escolaridade.
O baixo grau de escolaridade dos pesquisados, juntamente a outras alterações
características do envelhecimento, como a diminuição da acuidade visual e auditiva, sugere
que se leve em conta estes fatores quando na elaboração de atividades educativas, de lazer e
de ocupação. Tais fatores interferem na aprendizagem dos mesmos, dificultando ou até
impedindo a realização de determinadas atividades. Além disso, a linguagem usada com esses
idosos deve ser a mais acessível possível para que eles consigam assimilar o significado das
informações passadas com sucesso.
49
6.7 Análise de Regressão Linear Múltipla
A tabela 7 apresenta as variáveis independentes, seus coeficientes β, intervalo de
confiança de β e valores de p obtidos do modelo de análise de regressão linear múltipla em
relação à variável dependente “capacidade funcional”, em idosos residentes em uma ILPI de
Divinópolis.
O modelo de equação de regressão para esta população foi Capacidade funcional = X0
+ EMM + idade, onde os valores encontrados foram: Capacidade funcional = 136,0 + 1,59 –
1,10. De acordo com este modelo, para cada ano que a pessoa fica mais velha, mantendo-se o
mesmo score do MEEM, a capacidade funcional tem uma redução de 1,10 no escore do índice
de Barthel e do mesmo modo, mantendo-se a idade constante, para cada ponto que aumenta
no MEEM, há um acréscimo 1,59 unidades no escore da capacidade funcional. Isto quer dizer
que o avanço da idade e o estado cognitivo influenciam na capacidade funcional e este
modelo explica 37,5% da variação da capacidade funcional desta população.
TABELA 7
Variáveis independentes, seus coeficientes β, intervalo de confiança de β e valores de p
obtidos do modelo de análise de regressão linear múltipla em relação à variável dependente
“capacidade funcional”, em idosos residentes em uma ILPI de Divinópolis.
Termo
β
P
IC 95% β [mín./máx.]
Intercepto
136,060
0,000
[78,000/194,121]
Score MEEM
1,599
0,000
[0,822/2,375]
Idade
-1,105
0,002
[-1,790/-420]
Maciel e Guerra (2007) encontraram, em uma análise de regressão, que ao se
considerar a idade como variável contínua, a cada ano que passa, aumenta em uma vez a
50
chance de o idoso se apresentar como dependente. Ou seja, o avanço da idade influencia na
capacidade de realização das AVDs.
51
7 CONCLUSÃO
O presente estudo mostrou que a população de idosos residentes na entidade avaliada
caracteriza-se com idade média de cerca de 77 anos, sem alfabetização e com predominância
do sexo feminino. Quanto ao estado mental e funcional houve uma taxa maior de idosos
apresentando possível demência do que de idosos com dependência total para AVDs. A
variável sexo não teve influência sobre o Índice de Barthel e o MEEM. A idade influenciou na
capacidade funcional e no estado mental, ou seja, as chances de desenvolver déficits
cognitivos e/ou funcionais aumentam com a progressão da idade nos idosos. Encontramos
também uma relação de dependência do MEEM com a escolaridade dos idosos.
Também foi possível notar que na ILPI a taxa de incapacidade funcional não foi tão
elevada como se previa em nossa hipótese, assim como os índices de alterações cognitivas
foram moderados.
52
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Numa sociedade em que a população idosa aumenta rapidamente e, com isso, a
demanda por vagas nas ILPIS, a avaliação do grau de independência e do estado mental deste
grupo populacional é de suma importância, principalmente para o planejamento dos cuidados
específicos. Portanto, novos estudos são necessários para aprofundar os conhecimentos sobre
o processo de envelhecimento, grau de independência e estado mental, incluindo estudos para
maior compreensão das causas de institucionalização dos anciãos.
53
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59
ANEXOS
Anexo 1
ÍNDICE DE BARTHEL PARA AVDs (MAHONEY FI, BARTHEL DW, 1965)
Atividades
Intestino
Bexiga
Cuidados pessoais
Uso do Toalete
Itens
Incontinente (ou necessita de enema)
Acidente ocasional
Continente
Incontinente, ou caracterizado por ser incapaz
de usar o banheiro sozinho
Acidente ocasional (no máximo uma vez por 24 horas)
Continente
Necessita de auxílio para realizar os cuidados pessoais
Independente face/cabelo/dentes/barba (instrumentos minuciados)
Dependente
Necessita de algum auxílio, mas realiza algumas atividades sozinho
Independente (vestir-se, enxugar-se)
Alimentar-se
Incapaz
Necessita de auxílio para cortar alimentos, passar manteiga etc.
Independente
Transferir-se
Incapaz, não apresenta balanço para sentar-se
(da cama p/ a cadeira Auxílio maior (uma ou duas pessoas, auxílio físico),
e vice-versa
consegue sentar-se
Auxílio menor (verbal ou físico)
Independente
Mobilidade
Imóvel
Independencia com cadeira de rodas, incluindo os cantos
Caminha com auxílio de uma pessoa (verbal ou físico)
Independente (mas pode ser utilizado qualquer tipo de auxílio;
por exemplo: bengalas)
Vestir-se
Dependente
Necessita de auxílio, mas pode vestir-se quase sem auxílio
Independente (incluindo botões, zíper, cadarço etc)
Uso de escadas
Incapaz
Necessita de auxílio (verbal, físico, levando auxílio)
Independente
Banho
Dependente
Independente (ou no chuveiro)
Pontos
0
1
2
0
1
2
0
1
0
1
2
0
1
2
0
1
2
3
0
1
2
3
0
1
2
0
1
2
0
1
60
Anexo 2
-------------------Mini-mental1-------------------(Folstein, Folstein & McHugh, 1975)
Paciente: ________________________________________________
Data de avaliação: __________ Avaliador: ______________________
Orientação
1) Dia da Semana (1 ponto)
2) Dia do Mês (1 ponto)
3) Mês (1 ponto)
4) Ano (1 ponto)
5) Hora aproximada (1 ponto)
6) Local específico (andar ou setor) (1 ponto)
7) Instituição (residência, hospital, clínica) (1 ponto)
8) Bairro ou rua próxima (1 ponto)
9) Cidade (1 ponto)
10)Estado (1 ponto)
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
Memória Imediata
Fale três palavras não relacionadas. Posteriormente pergunte ao paciente pelas
3 palavras. Dê 1 ponto para cada resposta correta.
(
)
Depois repita as palavras e certifique-se de que o paciente as aprendeu, pois
mais adiante você irá perguntá-las novamente.
Atenção e Cálculo
(100-7) sucessivos, 5 vezes sucessivamente (93,86,79,72,65)
(1 ponto para cada cálculo correto)
(
)
(
)
Evocação
Pergunte pelas três palavras ditas anteriormente
(1 ponto por palavra)
Linguagem
1) Nomear um relógio e uma caneta (2 pontos)
(
)
2) Repetir “nem aqui, nem ali, nem lá” (1 ponto)
(
)
3) Comando:”pegue este papel com a mão direita, dobre ao meio e coloque no
chão
(3 pontos)
( )
4) Ler e obedecer:”feche os olhos” (1 ponto)
(
)
5) Escrever uma frase (1 ponto)
(
)
6) Copiar um desenho (1 ponto)
(
)
1
61
ESCREVA UMA FRASE
COPIE O DESENHO
Escore: ( / 30)
INTERPRETAÇÃO DO MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MMSE)
Pontuação
Escolaridade
< 24
Altamente escolarizado
< 18
Ginásio
< 14
Analfabeto
Diagnóstico
Possível demência
Possível demência
Possível demência
62
Anexo 3
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(Em duas vias, sendo uma para o sujeito da pesquisa)
Eu,_______________________________________________________________________,
do sexo__________________________________,de_________anos de idade, residente
à_________________________________________________________________________,
declaro ter sido informado e estar devidamente esclarecido sobre os objetivos e intenções
deste estudo, sobre as técnicas (procedimentos) a que estarei sendo submetido, sobre os
riscos e desconfortos que poderão ocorrer. Recebi garantias de total sigilo e de obter
esclarecimentos sempre que o desejar. Sei que tenho direito a tratamento hospitalar (ou outro)
se necessário. Sei que minha participação está isenta de despesas. Concordo em participar
voluntariamente deste estudo e sei que posso retirar meu consentimento a qualquer momento,
sem nenhum prejuízo ou perda de qualquer benefício ( caso o sujeito de pesquisa esteja
matriculado na Instituição onde a pesquisa está sendo realizada).
_________________________________________________________________________
Assinatura do sujeito de pesquisa
______/______/_______
__________________________________________________________________________
Assinatura da testemunha
______/______/______
Pesquisador responsável
Eu,_______________________________________________________________________,
responsável pelo projeto ______________________________________________________
declaro que obtive espontaneamente o consentimento deste sujeito de pesquisa (ou do seu
representante legal) para realizar este estudo.
Assinatura___________________________________________
_______/______/_____
63
Anexo 4
64
APÊNDICES
Apêndice 1
F o r mu l á r i o d e d a d o s p e s s o a i s
1 – N ú me r o :
2 – Idade:
3 – Sexo:
4 – Estado civil:
5 – Escolaridade:
Analfabeto (
)
1° grau: completo (
2° grau: completo (
3° grau: completo (
)
)
)
6 – Data de entrada na Instituição:
i n c o mp l e t o (
i n c o mp l e t o (
i n c o mp l e t o (
)
)
)

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