ATIVIDADE BIOLÓGICA DE Agaricus brasiliensis EM DIFERENTES
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ATIVIDADE BIOLÓGICA DE Agaricus brasiliensis EM DIFERENTES
MESTRADO EM BIOTECNOLOGIA APLICADA À AGRICULTURA ATIVIDADE BIOLÓGICA DE Agaricus brasiliensis EM DIFERENTES FASES DE MATURAÇÃO DO BASIDIOCARPO FRANCIELLY MOURÃO UMUARAMA 2008 FRANCIELLY MOURÃO ATIVIDADE BIOLÓGICA DE Agaricus... Reservado Biblioteca (30mm) MESTRADO EM BIOTECNOLOGIA APLICADA À AGRICULTURA ATIVIDADE BIOLÓGICA DE Agaricus brasiliensis EM DIFERENTES FASES DE MATURAÇÃO DO BASIDIOCARPO FRANCIELLY MOURÃO UMUARAMA 2008 UNIVERSIDADE PARANAENSE MESTRADO EM BIOTECNOLOGIA APLICADA À AGRICULTURA FRANCIELLY MOURÃO ATIVIDADE BIOLÓGICA DE Agaricus brasiliensis EM DIFERENTES FASES DE MATURAÇÃO DO BASIDIOCARPO Dissertação apresentada como parte das exigências para a obtenção do grau de mestre no Programa de Mestrado em Biotecnologia Aplicada à Agricultura da Universidade Paranaense – UNIPAR, sob orientação do Prof. Dr. Nelson Barros Colauto. UMUARAMA 2008 M929a Mourão, Francielly Atividade biológica de Agaricus brasiliensis em diferentes fases de maturação do basidiocarpo / Francielly Mourão. – Umuarama: Universidade Paranaense – UNIPAR, 2008. 73p.; Il. Orientador: Prof. Dr. Nelson Barros Colauto. Dissertação (Mestrado) – Universidade Biotecnologia Aplicada à Agricultura, 2008. Paranaense, 1. Agaricus blazei ss. Heinemann. 2. Antioxidante. 3. Antineoplásica. 4. Basidiocarpo. 5. Glucanas. I. Universidade Paranaense – UNIPAR. II. Título. (21 ed) CCD: 579.6 Elaborado pela Bibliotecária Inês Gemeli CRB – 9/966 Termo de aprovação FRANCIELLY MOURÃO ATIVIDADE BIOLÓGICA DE Agaricus brasiliensis EM DIFERENTES FASES DE MATURAÇÃO DO BASIDIOCARPO Dissertação aprovada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre no programa de Mestrado em Biotecnologia Aplicada à Agricultura da Universidade Paranaense, pela seguinte banca examinadora: ______________________________________ Prof. Dr. Nelson Barros Colauto (presidente) ______________________________________ Prof.a Dr.a Giani Andrea Linde Colauto (Titular interno) ______________________________________ Prof.a Dr.a Luzia Doretto Paccola-Meirelles (Titular externo) Umuarama, 25 de agosto de 2008. Aos meus pais Lúcia e Adelino. As minhas irmãs Huliana e Anniely. Pelo carinho, apoio e compreensão. Mas, principalmente, por estarem presentes em minha vida, como uma família da qual eu me orgulho de fazer parte! Amo muito vocês! AGRADECIMENTOS A Deus, por estar sempre ao meu lado e por permitir que esse sonho se realizasse; A todos que participaram, de alguma forma, da elaboração deste trabalho, em especial: Aos meus pais, por me proporcionarem a oportunidade de me dedicar aos estudos e também por sempre torcerem por minhas vitórias; Ao meu orientador, Prof. Dr. Nelson Barros Colauto pela orientação, pelos ensinamentos, dedicação, correções e pelas cobranças que me fizeram ser uma pesquisadora mais dedicada e esforçada; Aos professores Dr.a Giani Andrea Linde Colauto e MSc. Emerson Luiz Botelho Lourenço pelas conversas (científicas e descontraídas!), pelos ensinamentos e sugestões; As alunas de iniciação científica, Suzana Humeo e Tatiane Domingos, por aceitar fazer um trabalho em conjunto, pela dedicação, esforço, por estar sempre atenta aos nossos ensinamentos e pelas conversas amigas; A Huliana e Anniely, queridas irmãs pelas palavras amigas, sempre me incentivando e não me deixando desistir; Ao Arquimedes, meu namorado, pelo amor, companheirismo, pela disposição em me ajudar sempre que precisei, pelos ensinamentos, pelos abraços apertados e reconfortantes; pelas longas conversa de incentivo e por tentar entender e acompanhar meu raciocínio e minhas explicações; Às amigas Talita Mantovani, Keiko Nakamura, Liliana Manetti, Miria Bertelli grandes companheiras nos congressos, nos momentos alegres e também nos momentos de desespero! A Universidade Paranaense-UNIPAR por ceder espaço físico; A minha turma de mestrado, da qual sempre lembrarei com carinho de todos os momentos bons e momentos difíceis que passamos; "Creio que o triunfo é resultado de esforço inteligente, que não depende da sorte, de magia, de amigos, companheiros duvidosos ou de um chefe; creio que tirarei da vida exatamente o que nela colocar" (Gandhi). ATIVIDADE BIOLÓGICA DE Agaricus brasiliensis EM DIFERENTES FASES DE MATURAÇÃO DO BASIDIOCARPO RESUMO GERAL Agaricus brasiliensis Wasser et al. (Agaricus blazei ss. Heinemann), popularmente conhecido no Brasil como Cogumelo Medicinal, Cogumelo-do-sol, é um fungo de cultivo expressivo no país devido às suas propriedades medicinais, evidenciadas em diversos trabalhos científicos, que vem ganhando importância em outros países, principalmente para uso nutracêutico. Os nutracêuticos obtidos de cogumelos minimamente suplementos processados dietéticos. e São encapsulados utilizados podem ser principalmente consumidos devido ao como potencial terapêutico como imunomodulatório e anti-tumoral. As frutificações de A. brasiliensis são colhidas no Brasil principalmente no estágio imaturo, quando o píleo ainda está fechado, atendendo aos padrões morfológicos pré-estabelecidos e é nesse estágio que se obtém maior valor comercial para exportação. A atividade biológica desse cogumelo é dependente da composição química das frutificações que pode variar com a maturação, particularmente em relação ao conteúdo de β-D-glucanas que constituem a parede celular do fungo. No presente estudo, foram utilizadas frutificações de diferentes linhagens de A. brasiliensis colhidas em diferentes estágios de maturação – imaturas (basidiocarpo fechado), maduras (basidiocarpo aberto), a fim de avaliar a atividade antioxidante, atividade sobre a migração celular em processo inflamatório e atividade antineoplásica. Para a avaliação da atividade antioxidante foram utilizadas dez linhagens de A. brasiliensis em duas fases de maturação do basidiocarpo (aberto e fechado). Foram estudadas condições de extração de solventes (DMSO (dimetilsufóxido), etanol, metanol ou água), temperatura (15, 30, 45 ou 60 °C) e tempo (15, 30, 45 ou 60 min). A atividade seqüestradora de radicais foi calculada pela percentagem da descoloração do 1,1difenil-2-picrilhidrazil (DPPH). Para cada 0,1 ml de extrato bruto foi adicionado 2,9 ml de solução metanólica de DPPH (60 µM), preparado no momento do uso. A leitura foi realizada após 30 min. A absorvância foi medida a 515 nm usando espectrofotômetro. As diferenças entre as médias foram avaliadas pelo teste de Tukey (p≤0,05). Para a avaliação da atividade de A. brasiliensis sobre a migração celular em processo inflamatório foi utilizado ratos Wistar macho, de maneira que a indução da resposta inflamatória foi induzida através da formação de bolsa de ar no dorso dos animais adicionados de solução aquosa de carragenina (2%), foram realizados coletas do sangue exsudato em diferentes etapas do experimento (antes do tratamento, 8 dias após o tratamento, 18 dias de tratamento 6 h após a indução da resposta inflamatória), sendo determinados a contagem total em câmara de Newbauer e diferencial das células através de extensões sanguíneas coradas pelo método clássico de coloração de May Grunwald-Giemsa. Para a avaliação da atividade antineplásica de A. brasiliensis foram utilizados camundongos fêmeas as quais foram inoculados com células de Sarcoma 180 no tecido subcutâneo dos animais, após sete dias da inoculação os animais foram tratados com extratos de A. brasiliensis. Após 30 dias do início dos experimentos os animais sofreram eutanásia através de administração de excesso de anestésico, onde foram retirados o baço e a massa tumoral a fim de serem medidos e calculados. O tumor foi medido por régua milimetrada e seu volume calculado. A inibição foi calculada considerando o volume do tumor do grupo Controle como 100%. Os resultados obtidos neste trabalho demonstram que o cogumelo A. brasiliensis em diferentes linhagens e estágios de maturação são uma fonte natural de antioxidantes, sendo a linhagem ABL99/29A, basidiocarpo fechado, aquela que apresentou maior atividade antioxidante. Os basidiocarpos fechados apresentaram atividade antioxidante, em média, 24% ± 2% maior quando comparados aos basidiocarpos abertos. Nossos resultados demonstraram que o extrato aquoso obtido de A. brasiliensis ABL99/25 apresentou atividade inibitória sobre a infiltração de leucócitos para o foco da lesão. Esta inibição foi mais acentuada quando foram utilizados basidiocarpos fechados. Foi constatado efeito antineoplásico do extrato aquoso de A. brasiliensis, porém não foi observada diferença significativa em função do estágio de crescimento do basidiocarpo para a linhagem ABL97/11 de Agaricus brasiliensis, sendo a atividade antineoplásica média dos basidiocarpos de 89,22%. Palavras chave: Antioxidante, antineoplásica, basidiocarpo, glucanas. BIOLOGICAL ACTIVITY OF Agaricus brasiliensis ON DIFFERENT BASIDIOCARP MATURATION STAGES ABSTRACT Agaricus brasiliensis Wasser et al. (Agaricus blazei ss. Heinemann), popularly known in Brazil as Medicinal Mushroom, Sun Mushroom, is a fungus cultivated because of its medicinal properties, highlighted in several scientific papers, and are gaining importance in several countries, mainly because of its functional use. The mushrooms are minimally processed and encapsulated to be consumed as dietary supplements. They are used mainly due to the potential therapeutic as immunomodulatory and antitumor activity. The fructifications of A. brasiliensis are collected in Brazil mainly in the immature stage, when the pileus is still closed, to attend commercial standard patterns. The biological activity of the mushroom is dependent on the chemical composition of fructifications, particularly in relation to the content of β-D-glucan which are the cell wall of the fungus. In this study, it was used basidiocarps of different collected stages of maturity – immature basidiocarp (closed pileus), mature basidiocarp (opened pileus) from different strains of A. brasiliensis to evaluate the antioxidant activity (ABL99/26, ABL99/28, ABL99/29 and ABL99/26 and ABL99/29A closed basidiocarp, ABL99/28, ABL99/29, ABL99/30 and 99/29A opened basidiocarp), cell migration in acute inflammatory process activity (ABL99/25, opened and closed basidiocarp), induced by agent phlogistic, and antineoplastic activity (ABL97/11, opened and closed basidiocarp). The data obtained in this work shows that the mushroom of A. brasiliensis strains, on different stages of maturation, can be included as a natural source of antioxidant food, being the strain ABL99/29A, closed basidiocarp, the strain with the highest antioxidant activity. Closed basidiocarps have an average of 24% ± 2% higher antioxidant activity when compared to opened basidiocarps. It was observed antitumor effect of aqueous extract of A. brasiliensis, but no significant difference was observed according to the maturation stage of the basidiocarp for the strain ABL97/11 of Agaricus brasiliensis, and the basidiocarp average antineoplastic activities were of 89.22%. Our results showed that the aqueous extract obtained from A. brasiliensis (ABL99/25) presented important inhibitory activity on the infiltration of leukocytes to the outbreak of the injury, and the mushroom with closed basidiocarp showed more activity that the opened basidiocarp. Key words: Antioxidant, antineoplastic, basidiocarpo, glucans. LISTA DE TABELAS Capítulo 1 LISTA DE TABELAS TABELA 1- Efeito das variáveis de extração sobre a atividade antioxidante 23 do basidiocarpo fechado de Agaricus brasiliensis Capítulo 2 TABELA 1- Efeito do tratamento com extrato de basidiocarpos aberto e 45 fechado de A. brasiliensis sobre o perfil leucocitário antes do estímulo inflamatório TABELA 2- Análise diferencial dos leucócitos demonstrando o efeito do 47 tratamento com A. brasiliensis sobre o perfil dos polimorfonucleares antes e após estímulo inflamatório com carragenina em ratos. Capítulo 3 LISTA DE TABELAS TABELA 1- Avaliação do desenvolvimento de neoplasia em camundongos 61 Swiss inoculados com células de sarcoma 180 tratados extrato aquoso de basidiocarpo de Agaricus brasiliensis Fechado ou Aberto LISTA DE FIGURAS Capítulo 1 FIGURA 1: Atividade antioxidante de A. brasiliensis em diferentes fases de 27 maturação do basidiocarpo Capítulo 2 FIGURA 1: Esquema do protocolo de indução e acompanhamento da resposta inflamatória em ratos. 42 FIGURA 2: Efeitos do tratamento com extrato de basidicarpos aberto e 46 fechado de A. brasiliensis sobre o perfil leucocitário total. FIGURA 3: Efeitos dos tratamentos com extratos de A. brasiliensis sobre a 49 mobilização de leucócitos para o tecido subcutâneo inflamado (modelo da bolsa de ar). LISTA DE ABREVIAÇÕES µ micro β beta α alfa µM micromolar g/m2 grama por metro quadrado °C graus Celsius g grama g força centrífuga relativa h hora min minutos ml mililitros kg kilograma mm3 milímetro cúbico mm milímetro π pi SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO GERAL 1. Atividade antioxidante de dois estágios de maturação do basidiocarpo de Agaricus brasiliensis 17 19 2. Atividade de Agaricus brasiliensis na migração celular em processo 38 inflamatório 3. Atividade antineoplásica de Agaricus brasiliensis em diferentes fases de 57 maturação do basidiocarpo CONCLUSÕES GERAIS 71 REFERÊNCIAS GERAIS 72 APÊNDICE(S) 73 17 1. INTRODUÇÃO GERAL Os representantes do gênero Agaricus pertencem à ordem Agaricales, a qual é conhecida pela grande variedade na morfologia dos indivíduos e por reunir os cogumelos propriamente ditos. Os termos cogumelo, basidioma e basidiocarpo são sinônimos e referem-se à estrutura de reprodução dos indivíduos desse grupo (corpo de frutificação) (LOPES, 1999). Agaricus brasiliensis Wasser et al. (A. blazei Murrill ss. Heinemann) (WASSER et al., 2002), A. subrufescens Peck segundo Kerrigan (2005), é um Basidiomiceto coloquialmente denominado cogumelo-do-sol, cogumelo piedade, “kawahiratake”, “himematsutake”, champignon do Brasil entre outros. O Brasil tem se destacado no cultivo de A. brasiliensis, devido às condições climáticas favoráveis, sendo mais cultivado nos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Outros países produtores são China, Japão e Coréia (EIRA, 2003). A. brasiliensis tem sido empregado na dieta, principalmente em pratos japoneses, chineses e até mesmo nos países ocidentais devido à sua forte fragrância adocicada e por sua excelente textura. Também tem sido utilizado em forma de chá, no combate ao estresse físico e emocional, estimulante do sistema imunológico, melhora da qualidade de vida de diabéticos, redução de colesterol, combate às doenças como úlcera gástrica, osteoporose, além de apresentar um possível efeito anticarcinogênico e antimutagênico (BELLINI et al., 2003; MENOLI et al., 2001). Podemos caracterizar dois estágios importantes no crescimento de basidiocarpos de fungos que possuem véu, antes e após o rompimento do véu. Este é o momento que ocorrem as principais mudanças bioquímicas no basidiocarpo. Antes de romper o véu o basidiocarpo é imaturo e os esporos estão em fase de desenvolvimento, caracterizado como “cogumelo fechado”. Após o rompimento do véu o basidiocarpo atinge a maturidade e em seguida inicia o estágio de senescência, sendo os esporos dispersos. Portanto, após o rompimento do véu inicia-se o processo de maturação dos esporos (CAMELINI et al., 2005). 18 As frutificações de A. brasiliensis são colhidas no Brasil principalmente no estágio imaturo, quando o píleo ainda está fechado, atendendo a padrões morfológicos comerciais pré-estabelecidos. No entanto, essas frutificações imaturas ainda não atingiram máxima eficiência da biomassa fúngica, mas é nesse estágio que se obtém maior valor comercial para exportação. Cada estágio de crescimento do basidiocarpo apresenta diferenças bioquímicas em relação à fase de maturação dos esporos e de senescência do basidiocarpo. Basidiocarpos em diferentes estágios de crescimento da linhagem UFSC 51 de A. brasiliensis apresentaram aumento da concentração de proteínas e de β-D-glucanas, consideradas responsáveis pelo efeito biológico (CAMELINI et al., 2005). As β-Dglucanas são constituintes naturais da parede celular de bactérias, fungos e plantas, diferindo entre si pelo tipo de ligações e ramificações, características que lhes conferem estruturas específicas e ações biológicas distintas, sendo, portanto, a característica estrutural um fator fundamental para a ação das β-D-glucanas (BETA GLUCAN RESEARCH, 2003; JONG, 2002). Algumas propriedades e atividades biológicas de A. brasiliensis foram avaliadas através de bioensaios in vivo e ensaios in vitro visando levantar informações que dêem suporte à utilização do referido cogumelo na medicina popular. Esta dissertação de mestrado é composta de três partes que foram executadas de forma seqüencial. Primeiramente para avaliar a atividade antioxidante utilizou-se o método espectrofotométrico de inibição do radical livre de 1,1-difenil-2-picrilhidrazil (DPPH) (MOLYNEUX, 2004). Todos os dados referentes a estas avaliações são descritos no capítulo 1. No segundo capítulo são apresentados os resultados sobre a atividade de Agaricus brasiliensis na migração celular em processo inflamatório. No terceiro capítulo são apresentados os resultados sobre a atividade antineoplásica de A. brasiliensis em diferentes fases de maturação do basidiocarpo. O artigo resultante deste experimento foi recentemente submetido à revista Brazilian Journal of Microbiology para publicação e encontra-se escrito segundo as normas deste importante periódico internacional. 19 CAPÍTULO 1 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE EM DOIS ESTÁGIOS DE MATURAÇÃO DO BASIDIOCARPO Agaricus brasiliensis RESUMO Os radicais livres são compostos químicos oxidantes que aceleram o envelhecimento celular e estão envolvidos com o aparecimento de doenças degenerativas como o câncer, as cardiopatias e a depressão do sistema imunológico. Os antioxidantes são substâncias que podem retardar estes processos oxidativos. O Agaricus brasiliensis é um cogumelo funcional que tem despertado a atenção da comunidade científica devido as suas características terapêuticas. A determinação da atividade antioxidante do Agaricus brasiliensis é importante para verificar seu potencial de uso como fonte de antioxidante na alimentação humana e animal. Fatores genéticos e fases de maturação do basidiocarpo podem afetar diretamente a quantidade de antioxidantes produzidos, basidiocarpo imaturos, sem rompimento do véu, tem sido comercialmente utilizados para uso humano. O objetivo deste trabalho foi otimizar as condições de extração dos princípios ativos antioxidantes de A. brasiliensis em dois estágios de maturação do basidiocarpo. Foram estudados para a extração os solventes (DMSO (dimetilsufóxido), etanol, metanol ou água), temperatura (15, 30, 45 ou 60 °C) e tempo (15, 30, 45 ou 60 min) em 10 linhagens de A. brasiliensis. A atividade seqüestradora de radicais livres foi calculada pela percentagem da descoloração do DPPH. Concluiu-se que a melhor condição para extração dos princípios ativos antioxidantes pelo método DPPH é o metanol, 60 min, a 60 °C. Linhagens com basidiocarpo fechado possuem maior atividade antioxidante. Os basidiocarpos fechados apresentaram em média uma atividade antioxidante 24% ± 2% maior que a atividade antioxidante dos basidiocarpos abertos. Palavras-Chave: Absorvância, Atividade biológica, Basidiomiceto, Agaricus blazei. 20 ABSTRACT Free radicals are chemical compounds oxidants that accelerate the aging cell and are involved with the onset of degenerative diseases such as cancer, heart disease and depression of the immune system. Antioxidants are substances that can slow these processes oxidative. The Agaricus mushroom brasiliensis is a way that has attracted the attention of the scientific community because their characteristics therapies. The determination of the antioxidant activity of Agaricus brasiliensis is important to ascertain their potential for use as a source of antioxidant in food and feed. Variations between lines and stages of maturation of the basidiocarp may directly affect the amount of antioxidant produced and is the main commercial consumption in the immature stage of basidiocarp with the veil not broken. The objective of this study was to determine the conditions for the extraction of active ingredients antioxidant in two stages of maturation of the basidiocarp of Agaricus brasiliensis. We used nine strains of A. brasiliensis in two stages of maturation of the basidiocarp (open and closed). We studied conditions of the solvent extraction (DMSO, ethanol, methanol or water), temperature (15, 30, 45 or 60 C) and time (15, 30, 45 or 60 min). The activity of radical scavengin was calculated by the percentage of discoloration of DPPH. It was concluded that the best condition to extract the active ingredients antioxidants by DPPH method is the methanol, 60 min, 60 ° C. Linhagens with basidiocarp have closed higher antioxidant activity. The basidiocarps on average had closed an antioxidant activity 24% ± 2% higher than the antioxidant activity of basidiocarps open. Keywords: Absorvância, biological activity, Basidiomycets, Agaricus blazei. 21 INTRODUÇÃO Os radicais livres são espécies químicas que possuem um elétron desemparelhado no último orbital, gerando um processo oxidativo. Neste estado, o radical livre é extremamente instável podendo reagir com estruturas celulares, afetando o funcionamento do metabolismo celular (ABDALLA, 2002; BIANCHI; ANTUNES, 1999). Os radicais livres aceleram o envelhecimento celular e estão envolvidos com o aparecimento de doenças degenerativas como o câncer, as cardiopatias e a depressão do sistema imunológico. Os antioxidantes são substâncias que podem retardar estes processos oxidativos, pois reagem com os radicais livres inibindo a etapa de propagação da reação de oxidação (BARREIROS et al., 2006, TAKAHASHI et al., 1978; WITSCHI; LOCK, 1978). Tais agentes antioxidantes tornam-se cada vez mais necessários na prevenção de doenças, uma vez que têm se ampliado as condições ambientais que ocasionam maior exposição das pessoas aos efeitos deletérios dos agentes oxidantes. Antioxidantes sintéticos como hidroxibutilanisol (BHA) e o butilhidroxitolueno (BHT) são normalmente utilizados nas indústrias de óleos e derivados lipídicos. Entretanto, estes compostos podem apresentar efeitos nocivos à saúde como hemorragias diversas e mudanças bioquímicas, podendo atuar inclusive como agente promotor de desenvolvimento de adenoma (TAKAHASHI et al., 1978; WITSCHI e LOCK, 1978). Desta forma, nos últimos anos ocorreu uma busca por substâncias naturais que tenham a mesma função e eficiência dos antioxidantes sintéticos (MILLAUSKAS et al., 2003; PASSOTTO et al., 1998). O Agaricus brasiliensis Wasser et al. (A. blazei Murrill ss. Heinemann), considerado A. subrufescens por Kerrigan (2005), é um cogumelo funcional que tem despertado a atenção da comunidade científica. A funcionalidade deste cogumelo tem sido atribuída, principalmente, as β-D-glucanas, que possuem atividade antitumoral (TAKASHI et al., 1990), estimulam o sistema imunológico (LIU et al., 2007; NAKAJIMA et al., 2002) e têm propriedade antidiabética (KIM et al., 2005), antinfecciosa (BERNARDSHAW et al., 2005), anticarcinogênica (ITO et al., 1997; KIMURA et al., 2004; MIZUNO et al., 1990ab; OSHIMAN et al., 2002), 22 antimutagênica (AHN et al., 2004; DELMANTO et al., 2001; MENOLI et al., 2001; SOUZA-PACCOLA et al., 2004), antimetastática (KIMURA, 2004) e antioxidante (KER et al., 2005). Outros compostos presentes no A. brasiliensis podem atuar de forma isolada ou sinérgica com as β-D-glucanas, sendo os principais compostos proteínas (CHO et al., 2004), ergosterol (HIROTANI et al., 2000ab; 2002ab; 2005; CAMELINI et al., 2005) e lipídeos (CAMELINI et al., 2005). As proteínas demonstraram atividade regulatória sobre células e ativação de macrófagos e linfócitos (HO et al., 2004). O ergosterol faz parte da fração lipídica e está presente na membrana celular de diversos fungos, com ação antiangiogênica, além de precursor de ergocalciferol (Vitamina D), sendo possíveis que estes compostos atuem também como agentes antioxidantes (TAKAKU et al., 2001). A determinação da atividade antioxidante do Agaricus brasiliensis é relevante para verificar seu potencial como alimento funcional, tanto para a alimentação humana como animal. Entretanto podem ocorrer variações na atividade antioxidante em função da linhagem e fases de maturação do basidiocarpo, já que os estágios de maturação caracterizam-se por mudanças bioquímicas no basidiocarpo, principalmente pela formação dos esporos. Em geral, basidiocarpos de A. brasiliensis em diferentes estágios de crescimento apresentam variação na concentração de proteínas e de β-D-glucanas, consideradas importantes na atividade biológica (CAMELINI et al., 2005). Camelini et al. (2005) descreveram o aumento das (1-3)-β-D-glucanas em frutificações maduras e que as (1-6)-β-D-glucana não sofrem alterações de suas quantidades. É importante enfatizar que a cadeia linear (1-6)-β-D-glucana extraído de Penicillium isladicum não apresentou bioatividade, como, descrito por Ohno et al. (1986). No entanto, as ramificações (1-3)-β-D-glucanas são estruturalmente importantes e responsáveis pelo aumento da atividade imunomodulatória destes polissacarídeos (DONG et al., 2002). Além da possível variação da atividade biológica em função do estágio de maturação, o mercado consumidor é exigente quanto aos padrões morfológicos da frutificação, particularmente o estágio de maturação das frutificações, valorizando frutificações com píleos fechados, ou seja, frutificações ainda 23 imaturas por serem menos frágeis e pela sua maior rigidez; características que facilitam manter sua estrutura morfológica até o consumidor. Assim para ampliar o conhecimento desta área e dar suporte ao uso de alimentos funcionais e comerciais, o objetivo deste trabalho foi determinar as condições de extração dos princípios ativos antioxidante em dois estágios de maturação do basidiocarpo do Agaricus brasiliensis e verificar a atividade antioxidante de linhagens de A. brasiliensis em dois estágios de maturação do basidiocarpo (aberto e fechado). MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi executado no Laboratório de Biologia Molecular da Universidade Paranaense – Campus Sede Umuarama-PR. Primeiramente foi realizado a padronização da extração dos princípios ativos antioxidantes do A. brasiliensis. Para tanto foi utilizado a linhagem ABL99/30, basidiocarpo fechado. Para avaliação da atividade antioxidante do A. brasiliensis em diferentes fases de desenvolvimento do basidiocarpo foram utilizados as linhagens ABL99/26, ABL99/28, ABL99/29, ABL99/29A e ABL99/30 com basidiocarpo com o véu rompido (aberto) e antes do rompimento do véu (fechado), codificado como 26A, 28A, 29A, 29AA e 30A (basidiocarpo aberto) e 26F, 28F, 29F, 29AF, 30F (basidiocarpo fechado). Todas as linhagens foram provenientes do Departamento de Produção Vegetal, Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, BotucatuSP. Os corpos de frutificação foram produzidos pelo método de compostagem (BRAGA et al., 1998), colhidos, lavados, desidratados em estufa com circulação de ar a 60 oC, moídos em moinho de facas e armazenado a -70 ◦C. Padronização do preparo do extrato do basidiocarpo moído Após desidratação e moagem do basidiocarpo fechado, da linhagem ABL99/30, 1 g foi homogeneizado com 5 mL de diferentes solventes (metanol, etanol, dimetilsulfóxido (DMSO) e água) e mantido em diversos tempos (15, 30, 45 e 60 min) e temperaturas (15, 30, 45 e 60 °C). Neste trabalho foi padronizada temperatura máxima de 60 ºC, pois mostrou-se mais adequada por estar abaixo do ponto de ebulição do metanol (65 ºC). Após a extração, a mistura foi resfriada 24 imediatamente em banho de gelo por 15 min e centrifugada a 4410 g por 5 min a 5 °C. O sobrenadante foi considerado extrato bruto e utilizado na avaliação da atividade antioxidante pelo método de 1,1-difenil-2-picrilhidrazil (DPPH) (SHIMADA et al., 1992). Após a padronização da metodologia foi avaliada a atividade antioxidante do basidiocarpo em duas fases de desenvolvimento do basidiocarpo (aberto e fechado). Os extratos foram preparados de acordo com o melhor resultado obtido na padronização da extração. Avaliação da atividade antioxidante O método de DPPH foi adaptado para a medida da capacidade seqüestradora de radicais livres para todas as linhagens do fungo com basidiocarpo aberto e fechado. Para cada 0,1 ml de extrato bruto foi adicionado 2,9 ml de solução metanólica de DPPH (60 µM), preparado no momento do uso (MENSOR et al., 2001). A leitura foi realizada após 30 min. A absorvância foi medida a 515 nm usando espectrofotômetro (FEMTO 700 plus). Todos os testes foram realizados em triplicata, sendo um controle preparado somente com solvente. As diferenças entre as médias foram avaliadas pelo teste de Tukey (p≤0,05). A atividade seqüestradora de radicais foi calculada pela percentagem da descoloração do DPPH usando a equação: %= [(ADPPH _ Aamostra)/ADPPH] x 100 (BARROS et al., 2008). A inibição de radicais DPPH (Shimada et al., 1992) é um dos métodos mais utilizados para determinação da atividade antioxidante. Este método é prático, rápido e estável (MOLYNEUX, 2004), sendo muito utilizado para avaliar a capacidade seqüestradora de radicais livres de produtos naturais (DUARTE-ALMEIDA et al., 2006). 25 RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1: Efeito das variáveis de extração sobre a atividade antioxidante do basidiocarpo fechado de Agaricus brasiliensis. Letras diferentes indicam diferenças significativas (p≤0,05). Solvente Tempo Temperatura % Atividade Desvio- Estatística (1:5) (minutos) (oC) antioxidante padrão DMSO 60 60 -34,98 16,51 b Etanol 60 60 30,61 16,94 a Metanol 60 60 31,53 2,26 a Água 60 60 -12,69 2,63 c Metanol 60 15 15,27 6,67 C Metanol 60 30 22,28 10,45 CB Metanol 60 45 28,22 5,36 B Metanol 60 60 35,93 3,23 A Metanol 15 60 80,56 5,81 µ Metanol 30 60 82,38 3,68 β Metanol 45 60 87,52 3,87 α Metanol 60 60 82,77 2,51 α 26 Dentre os solventes de extração testados o metanol foi o que apresentou o melhor resultado (p≤0,05) (Tab. 1). Observa-se ainda que o metanol expressou maior versatibilidade na extração dos princípios ativos antioxidantes de A. brasiliensis, uma vez que os valores obtidos foram mais homogêneos quando comparados com os demais solventes utilizados neste experimento (Tab. 1). Este comportamento para o metanol pode estar associado à maior solubilidade em água e a alta afinidade por lipídeos (BADOLATO; DURAN, 2000). Os lipídeos por sua vez estão intimamente ligados as β-D-glucanas dos fungos, sendo glicoproteínas da membrana que apresentam diversas atividades biológicas (BROWN; GORDON, 2001; BETA GLUCAN RESEARCH, 2003). Shibata e Demiate (2003) relatam uma expressiva fração de apolares, dentre elas os lipídeos, no basidiocarpo de A. brasiliensis. Outro composto presente na membrana plasmática é o ergosterol que possui atividade antiangiogênica e antitumoral (NYLUND; WALLANDER, 1992; WANG et al., 1995), sendo, desta forma, uma importante região para a presença de princípios ativos. Estas estruturas possuem áreas polares para interação com a água e regiões apolares para a interação com os lipídeos de membrana. Assim em função da polaridade dos solventes utilizados é possível extrair diferentes compostos ativos. Devido a maior atividade antioxidante do extrato metanólico (p≤0,05) é possível que a fração de apolares tenha importante ação antioxidante, outra hipótese seria a maior extração das β-glucanas por interagirem com os lipídeos. Entre as temperaturas de extração estudadas (15, 30, 45 ou 60 °C), a temperatura de 60 °C foi a que extraiu maior quantidade de compostos ativos (p≤0,05) de Agaricus brasiliensis (Tab. 1). Este comportamento pode estar relacionado com a vibração molecular das estruturas químicas responsáveis pela atividade antioxidante do fungo. Sabe-se que o aumento da temperatura provoca o aumento da vibração molecular e consequentemente dos choques entre o solvente e os solutos, resultando em aumento da extração dos princípios ativos. Sabe-se também que a temperatura pode ter efeito sinérgico na extração de compostos ativos, pois pode potencializar sua extração pelo aumento da vibração molecular, aumentando as passagens dos compostos ativos para o solvente e velocidade das reações. Entretanto quando muito elevada pode promover a 27 quebra das ligações das moléculas devido ao excesso de vibração molecular refletindo em redução de sua atividade (DELMANTO et al., 2001). Neste trabalho observamos que o aumento da vibração molecular é positivo para a extração dos princípios ativos do cogumelo e que os biocompostos apresentaram resistência vibracional para esta temperatura. A escolha da temperatura de extração dos princípios ativos para este trabalho foi em função da temperatura de evaporação do solvente e da relação entre o aumento do número de choques e da ineficiência da energia liberada em cada choque para a quebra das moléculas. Temperaturas mais elevadas (70, 80 e 90 °C) mostraram-se ineficientes, pois ultrapassaram o ponto de ebulição do solvente metanol (65 °C), provocando assim o desajuste da concentração do extrato, desta forma padronizou-se temperatura máxima de 60 °C (dados não apresentados). Entre os tempos de extração avaliados 60 min foi o que apresentou os maiores resultados (p≤0,05) (Tab. 1). Observa-se ainda que os tempos de extração menores evidenciam uma extração heterogênea enquanto os tempos de 60 min promovem valores de atividade antioxidante mais homogêneos (Tab. 1). Este comportamento pode estar associado ao tempo prolongado de ação do solvente sobre membrana do fungo, promovendo além da maior extração do princípio ativo maior homogeneidade de extração. Aparentemente, ocorrem alterações ao nível de parede ou membrana celular que possibilitam, após certo tempo, a liberação do princípio ativo. Atividade antioxidante de A. brasiliensis em diferentes fases de desenvolvimento do basidiocarpo. A atividade antioxidante do A. brasiliensis variou entre as linhagens do cogumelo e entre as diferentes fases de desenvolvimento do basidiocarpo (Fig. 1). Apesar de haver variabilidade da atividade, todas as linhagens de A. brasiliensis testadas apresentaram atividade antioxidante. As linhagens com maiores atividades foram a 26F e 29AF para o cogumelo fechado e a 29AA para o cogumelo aberto. A bioatividade dos cogumelos pode ser afetada em função de algumas variáveis como, substrato, temperatura, luminosidade, variações de pH, microrganismos presentes em diferentes habitats. Estas variáveis podem interagir 28 e/ou modificar aspectos físico-químicos do cogumelo que irá refletir na variação de seus produtos metabólicos (SILVA et al., 2004). Nossos resultados demonstraram diferença da atividade antioxidante entre as linhagens, apesar de Colauto et al. (2002) relatarem baixa variabilidade genética para estas mesmas linhagens. É provável que este comportamento seja reflexo de alterações decorridas por variações ambientais do local de cultivo original, devido ao baixo controle ambiental de cultivo, principalmente quando o método de cultivo é no solo ao ar livre, conferindo, dessa forma, características variáveis sobre sua bioatividade. Entre as fases de desenvolvimento avaliadas os cogumelos com basidiocarpo fechado apresentaram melhores resultados (p≤0,05). O grupo composto por cogumelos fechados apresentou em média uma atividade antioxidante 24% ± 2% maior que a atividade média do grupo composto por cogumelos abertos. Bellini et al. (2003) relataram que a redução dos danos cromossômicos com extrato de A. blazei na fase jovem de desenvolvimento foi maior que na fase esporulada. Dentre as substâncias ativas dos fungos as glicoproteínas, principalmente as β-D-glucanas, são os principais responsáveis pela atividade biológica (BETA GLUCAN RESEARCH, 2003; JONG, 2002). As βD-glucanas são constituintes naturais da parede celular diferindo entre si pelo tipo de ligações e ramificações, características que lhes conferem estruturas específicas e ações biológicas distintas, sendo, portanto, a característica estrutural um fator fundamental para sua ação (BETA GLUCAN RESEARCH, 2003; JONG, 2002). É importante ressaltar que existem relatos demonstrando maior potencial para bioatividade nas β-D-glucanas que dispõem de ramificações na cadeia principal e elevada massa molecular (CHIARA et al.,1970; MIZUNO, 1999; SAITÔ et al., 1977). O grau dessas ramificações também pode ser um modulador da bioatividade como demonstrado para Sacharomyces cereviseae que aumentou a atividade das células do sistema imunológico proporcionalmente ao aumento no grau de ramificações (CLEARY; GRAHAM; HUSBAND, 1999). Minato et al. (2001) verificaram nas espécies medicinais de cogumelos como Lentinula edodes e Grifola frondosa que as concentrações de β-D-glucanas aumentaram durante a maturação das frutificações, seguida de diminuição ao 29 final da maturação. Também para A. brasiliensis foi demonstrado um aumento no rendimento das β-Dglucanas durante a maturação das frutificações (CAMELINI et al., 2005). No estágio maduro houve aumento de (1-3) –β-D-glucana e diminuição nos cogumelos com basidiocarpo fechado. Segundo Dong et al. (2002) e Mizuno et al. (1990a), o principal efeito terapêutico do A. blazei está relacionado aos polissacarídeos, principalmente (1→6)-(1→3)-β-D-glucanas. Entretanto, Kawagishi et al. (1989) e Mizuno et al. (1990b), demonstraram que o polissacarídeo solúvel na fração alcalina com maior atividade é o composto (1→6)-β-D-glucana-proteína. No entanto, Ohno et al. (2001) demonstraram que o polissacarídeo responsável pela atividade anti-tumoral possuiu cadeia principal (1→6)-β-D-glucana com ramificações (1→3)-β-D-glucanas. Nossos resultados relatam que cogumelos com basidiocarpos fechados apresentaram melhor atividade antioxidante comparado com os cogumelos com basidiocarpo aberto. Esse dado sugere que a bioatividade das β-D-glucanas isoladas (somente ramificações) é menor que no seu estado bruto (cadeia principal com suas ramificações). Sugere-se ainda a ação de outros compostos (vitaminas, ergosterol, lipídeos) que somados as β-D-glucanas atuam sinergicamente potencializando sua bioatividade. No caso de A. blazei, foi demonstrada a atividade anti-angiogênica nas frações lipídicas contendo ergosterol, administradas por via oral resultando na redução do crescimento (volume) de tumores em camundongos portadores do tumor Sarcoma-180 Takaku et al. (2001). 30 % Atividade antioxidante 0,6 cb 0,5 0,4 b b b 26A 30F ac ac ac a a 29AA 28F 29F 26F 29AF c 0,3 0,2 0,1 0 29A 28A 30A Figura 1: Atividade antioxidante de A. brasiliensis em diferentes fases de maturação do basidiocarpo (metanol, 60 min, 60 °C). Letras diferentes indicam diferenças significativas (p≤0,05) pelo teste de Tukey. CONCLUSÃO Os dados obtidos neste trabalho demonstram que o A. brasiliensis é uma fonte natural de antioxidantes. Para extração dos compostos antioxidantes o metanol possui a melhor capacidade de extração dos princípios ativos antioxidantes do basidiocarpo desidratado moído de A. brasiliensis a temperatura de 60 °C por 60 min, as linhagens de A. brasiliensis ABL99/26 e ABL99/29A com basidiocarpo fechado e ABL29A com basidiocarpo aberto tiveram maiores atividade antioxidante, basidiocarpos fechados possuem em média 24% ± 2% atividade antioxidante maior que os abertos. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Universidade Paranaense, Fundação Araucária e CNPq pelo apoio financeiro. 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDALLA, D. S. P. Estresse oxidativo e alimentação. In:___. Nutrição: fundamentos e aspectos atuais. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2002. p. 179-199. BRAGA, G. C.; EIRA, A. F.; CELSO, P. G.; COLAUTO, N. B. Manual do cultivo de Agaricus blazei Murril “Cogumelo-do-sol”. Botucatu: FEPAF, 1998. 44 p. AHN, W. S.; KIM, D. J.; CHAE, G. T.; LEE, J. M.; BAES, S. M.; SINS, J. I.; KIM, Y. W.; NAMKOONG, S. E.; LEE, I. P. Natural killer cell activity and quality of life were improved by consumption of a mushroom extract, Agaricus blazei Murril Kyowa, in gynecological cancer patients undergoing chemotherapy. International Jornal of Gynecological Cancer, v. 14, n. 4, p. 589-594, 2004. BADOLATO, E., S., G.; DURAN, M. C. Risco de intoxicação por metanol pela ingestão de bebidas alcoólicas. Revista de Psiquiatria Clínica índice, v. 27, n. 2, 2000. BARREIROS, A. L. B. 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O extrato foi preparado utilizando 25 g do cogumelo em pó misturado em 500 mL de água destilada mantido em banho-maria a 60ºC por 60 min. Os animais foram divididos em cinco grupos: grupo controle tratados com salina, dois grupos tratados na dose de 55 mg/kg e 110 mg/kg de extrato do cogumelo aberto ou fechado com 11 animais em cada grupo. O tratamento ocorreu por 18 dias. Após o 8° dia de tratamento foi realizada a formação da bolsa de ar no tecido subcutâneo dos animais, decorridos 10 dias foi injetado agente flogístico na bolsa de ar. Para a avaliação da migração celular nos diferentes momentos do experimento a coleta de sangue foi realizada antes do tratamento, no 8°, e 18° dias. A coleta do exsudato da bolsa de ar previamente formada, também foi realizada ao final do experimento. Os animais tratados com os extratos de A. brasiliensis, nas diferentes doses e fases de maturação do basidiocarpo, não alteraram o número de leucócitos no sangue periférico após o estímulo com carragenina (2%). Entretanto o extrato inibiu (p≤0,05) a migração celular para o foco da lesão nas doses de 55 e 110 mg/kg para o basidiocarpo fechado e 110 mg/kg para basidiocarpo aberto, comprovando maior atividade do basidiocarpo fechado. Estes resultados indicam que o A. brasiliensis apresenta importante atividade inibitória sobre a infiltração de leucócitos para o foco da 39 lesão, sugerindo uma possível atividade moduladora da resposta antiinflamatória no modelo utilizado. Palavras-chave: A. blazei, basidiomiceto, células sanguíneas, atividade biológica. 40 ABSTRACT A. brasiliensis mushroom is a native Brazil, popularly known as mushroom-of-Sun. This fungus has been widely consumed in different parts of the world, due to its therapeutic properties. Among the activities already reported the ownership antiinflammatory lacks scientific proof, to support use of this mushroom in promoting health. Accordingly, the present study assessed the effect of aqueous extract of A. brasiliensis, collected at different stages of maturity (open and closed), in cell migration during inflammatory processes in mice. It was used to line ABL99/25, with basidiocarp opened. The treatement was prepared using 25 grams of mushroom powder mixed in 500 ml of distilled water held in water bath at 60 º C for 60 min. The animals were divided into five groups: control group treated with saline, two groups treated at a dose of 55 mg / kg of extract open or closed and two groups treated with 110 mg / kg of extract open or closed with 11 animals in each group. The treatment was for 18 days. After the 8 th day of treatment was carried out the formation of exchange of air in the subcutaneous tissue of animals, within 10 days was injected phlogistic agent in exchange of air. For the evaluation of cell migration in the various moments of the trial the collection of blood was performed before treatment, in 8, and 18 days, the collection of exudation was also held at the end of the experiment. The animals treated with the extracts of A. brasiliensis, in doses and different stages of maturation of the basidiocarp, did not alter the number of leukocytes in peripheral blood after stimulation with carrageenan (2%). However the extract inhibited (p≤0.05) cell migration to the outbreak of the injury at doses of 55 and 110 mg/kg for basidiocarp closed and 110 mg/kg for basidiocarp open, showing increased activity of basidiocarp closed. These results indicate that A. brasiliensis presents important inhibitory activity on the infiltration of leukocytes to the outbreak of the injury, suggesting a possible modulation response antiinflammatory activity in the model used. Keywords: basidiomycets, leukocytes, antiinflammatory activity, exudation. 41 INTRODUÇÃO A inflamação é um processo de defesa do organismo contra uma lesão tecidual, causada por agentes físicos, químicos, ou biológicos. Neste processo, células imunologicamente competentes migram para o local agredido para destruir o agente invasor e remover substâncias irritantes. Apesar de necessário, este processo de defesa pode ocasionar uma resposta excessiva, que pode causar lesão tecidual progressiva (ZANINI; OGA,1994). Em tais casos, fármacos antiinflamatórios ou imunossupressores podem ser necessários para modular o processo antiinflamatório, diminuindo ou até mesmo inibindo a migração celular para o local agredido. No entanto, tais fármacos exibem efeitos colaterais indesejáveis como reações cutâneas, distúrbios renais, hepáticos e gastrointestinais (RANG et al., 2007). Dentro deste contexto, a população tem grande interesse pelo uso de substâncias naturais que possuem efeitos biológicos e que ofereceram menores efeitos colaterais. Dessa maneira o interesse por produtos naturais com propriedades medicinais vem aumentando ao longo dos anos, e muitos destes produtos têm sido frequentemente utilizados na dieta alimentar, particularmente os cogumelos, incluindo o Agaricus blazei Murrill (LOHAMN et al., 2001). O Agaricus brasiliensis Wasser et al. (=A. blazei Murrill ss. Heinemann) (WASSER et al., 2002), considerado A. subrufescens Peck por Kerrigan (2005) é um Basidiomiceto, freqüentemente utilizado como alimento ou na forma de chás, que tem sido alvo de vários estudos em relação a sua atividade antitumoral (BRAGA et al., 1998; KAWAGISHI et al., 1990; MIZUNO et al., 1990), imunomoduladora (NAKAJIMA et al., 2002; AHN et al., 2004), antidiabética (KIM et al., 2005), antiinfecciosa (BERNARDSHAW et al., 2005), anticarcinogênica (ITOH et al., 1997; KIMURA et al., 2004; MIZUNO et al., 1990; OSHIMAN et al., 2002), antimutagênica (AHN et al., 2004; MENOLI et al., 2001; SOUZA-PACCOLA et al., 2004), antimetastática (KIMURA, 2004) e antioxidante (KER et al., 2005). Entre os constituintes químicos presentes no A. brasiliensis destacam-se os polissacarídeos e as glicoproteínas, ambos presentes principalmente na parede celular (ASPINALL, 1982). O desenvolvimento do corpo frutífero do A. 42 brasiliensis pode influenciar na composição química e estrutura de seus polissacarídeos. De maneira geral, a maior parte dos polissacarídeos presentes são β-D-(1-6) glucanas; já a quantidade de glucanas β-D-(1-3) é pequena em corpos frutíferos imaturos (basidiocarpo fechado) e aumenta durante sua maturação (basidiocarpo aberto) (CAMELINI et al., 2005). A partir do extrato do corpo frutífero verificou-se também a presença de cadeias β-D-(1-4) nos polissacarídeos (KAWAGISHI et al., 1990; MIZUNO et al., 1990 a,b; MIZUNO et al., 1995; ITO et al., 1997; MIZUNO et al., 1999a,b; GONZAGA et al., 2005). As βD-(1-3) glucanas são relatadas como importantes na atividade biológica do A. brasiliensis (DONG et al., 2002), desta forma a fase de desenvolvimento do basidiocarpo pode afetar a atividade biológica do cogumelo, já que basidiocarpos abertos possuem maior quantidade de β-D-(1-3) glucanas. Por outro lado, basidiocarpos fechados são mais valorizados no mercado devido a facilidade de manuseio e os supostos potencializadores da atividade biológica (CAMELINI et al., 2005; BELLINI et al., 2003). Segundo Ereno (2004) as propriedades farmacológicas do A. brasiliensis ainda estão sendo estudadas para a comprovação dos relatos populares sobre os benefícios proporcionados pela utilização deste cogumelo. Assim, apesar da quantidade de informações presentes na literatura, não foram encontrados relatos sobre a atividade do A. brasiliensis na modulação da resposta inflamatória sobre a migração celular, e nem sobre o efeito da fase de desenvolvimento do basidiocarpo sobre esta atividade. A atividade modulatória de produtos naturais é comumente realizada através da utilização da carragenina, um polissacarídeo polissulfatado, cujo efeito fisiológico inclui a indução de um processo inflamatório (HAMBLETON et al., 1989; SATO, et al., 1980; SEDGWICH et al., 1986). Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar em ratos, o efeito do tratamento com extrato aquoso de A. brasiliensis, com basidiocarpo aberto e fechado, sobre a migração celular ocorrida em processos inflamatórios induzido por carragenina. 43 MATERIAIS E MÉTODOS Preparação do extrato aquoso de A. brasiliensis A. brasiliensis, linhagem ABL99/25, com basidiocarpo aberto e fechado foi obtido da Micoteca do Laboratório de Biologia Molecular da Universidade Paranaense – Campus Sede – Umuarama – PR. O corpo de frutificação do A. brasiliensis por compostagem foi previamente desidratado em estufa com circulação de ar a 60 oC, moído em moinho de facas e armazenado a -70 oC. O extrato foi preparado pela mistura do pó desidratado de A. brasiliensis (25 g à água destilada (500 mL) e mantido em banho-maria a 60 ºC por 60 min (BARBISAN, 2002). Em seguida, a mistura foi filtrada (papel filtro Qualy, 80 g/m2, espessura 205 µm, porosidade 14 µm) e armazenado em alíquotas de 10 mL em freezer a -70 °C. Tratamento dos ratos com o extrato aquoso de A. brasiliensis Foram utilizados ratos Wistar machos com quatro meses de idade, com massa média de 207 g ± 20 g, provenientes do Biotério da Universidade Paranaense – UNIPAR – Umuarama -PR. Os animais foram adaptados ao local do experimento por sete dias, e mantidos em caixas plásticas convencionais a 22 °C ± 2 °C, no biotério setorial do Laboratório de Farmacologia, com ciclo de 12 h claro/escuro e com livre acesso à ração e água. Os animais foram divididos em cinco grupos de 11 animais: grupo controle (Ctl), tratado com solução salina 0,9% e os grupos experimentais A55, F55, A110 e F110 tratados na dose de 55 e 110 mg/kg de extrato aberto ou fechado, respectivamente. Durante 18 dias foi administrado diariamente por gavagem 1 mL dos extratos ou da solução salina. A massa corpórea dos animais foi registrada antes e após os tratamentos, conforme Fig. 1. 44 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 -Início dos - Indução da bolsa - Reforço - Aplicação do tratamentos de ar (20 mL) da bolsa de agente ar (20 mL) flogístico - Coleta de sangue Coleta de sangue e exsudato Figura 1. Esquema do protocolo de indução e acompanhamento da resposta inflamatória em ratos. Resposta inflamatória no tecido subcutâneo A resposta inflamatória no tecido subcutâneo foi desenvolvida conforme descrito por Edward et al. (1981). No 8º dia de tratamento foram injetados 20 mL de ar estéril no tecido subcutâneo do dorso depilado dos animais, formando uma bolsa de ar para indução do processo inflamatório. No 15º dia, a bolsa de ar foi reforçada com a injeção de mais 20 mL de ar estéril. A indução da migração celular foi realizada no 18º de tratamento. Para tanto nos animais, previamente anestesiados com Tiopental 50 mg/kg, foi injetado na bolsa de ar 1,0 mL de solução aquosa de carragenina 2%. Após seis horas, os animais foram novamente anestesiados e sacrificados por dose letal de Tiopental (150 mg/kg). A bolsa de ar foi aberta com auxílio de bisturi e o exsudato foi lavado com 5 mL de tampão fosfato-salina (PBS) pH 7,2 (NaCl = 137 mmol, KCl = 2,7 mmol e tampão fosfato = 10 mmol) e recolhido com auxílio de pipeta Pasteur. O exsudato foi centrifugado a 177 g por 10 min, sendo o sobrenadante desprezado. O precipitado foi ressuspenso em 1,0 mL de PBS e realizada a contagem total de leucócitos. 45 Os experimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Experimentação Animal (CEPEEA) da Universidade Paranaense – Umuarama – PR. Análises de sangue e exsudato Para avaliar a resposta do tratamento com os extratos de A. brasiliensis sobre a migração celular foi realizado a contagem do número de leucócitos totais presentes no sangue circulante antes e após o tratamento com extratos de A. brasiliensis (antes da formação da bolsa de ar). Da mesma forma, com a intenção de avaliar se, sob estímulo inflamatório (injeção de solução aquosa de Carragenina 2%), o tratamento experimental interferiria com a capacidade de mobilização das células brancas, dos compartimentos de reserva para a circulação, foi determinado o número de leucócitos totais presentes no sangue circulante no 18° dia de tratamento 6 h após a injeção do agente flogístico (carragenina 2%) na bolsa de ar previamente formada. A coleta de sangue foi realizada do plexo orbital, local mais acessível para coleta em roedores, com auxílio de capilares de vidro embebidos em EDTA (10%), para tanto os animais foram anestesiados com Tiopental (50 mg/kg). A contagem de leucócitos totais foi realizada em câmara de Neubauer, utilizando-se líquido de Turk 1:20 (LIMA et al., 1997). Para avaliar o tipo celular predominante no sangue periférico, após a indução do estímulo inflamatório no 18° dia de tratamento 6 h após a injeção do agente flogístico (carragenina 2%), foi realizada a contagem diferencial das células do sangue circulante. O número diferencial de leucócitos foi determinado com a preparação de extensões sangüíneas preparadas após a coleta do sangue e coradas pelo método clássico de coloração de May Grunwald-Giemsa (ROSENFELD, 1947). Análise estatística Os resultados foram expressos como a média ± e.p.m. (erro padrão da média). A significância estatística foi determinada através do teste “t” de Student e foram considerados estatisticamente significantes valores de p≤0,05. Os gráficos 46 foram elaborados com o programa Prisma for Windows versão 4.0 (GraphPad Software, San Diego, CAN, USA). RESULTADOS E DISCUSSÃO O período de tratamento adotado no presente estudo foi determinado com base na cinética da produção e maturação para a série granulocítica, pois neste estudo foi enfocada a capacidade da migração celular após o tratamento com A. brasiliensis em diferentes fases de maturação do basidiocarpo onde os polimorfonucleares são participantes do processo. Os granulócitos humanos são produzidos na medula óssea e passam por diferentes etapas de maturação que se prolongam por cerca de 14 dias. A partir de então, já maduros, os polimorfonucleares são mobilizados para o sangue periférico. Nesta localização circulam por 6 a 7 h, e migram, subseqüentemente, para tecidos adjacentes, onde permanecem por aproximadamente dois dias e em seguida, são fagocitados por células competentes no interstício (macrófagos e células dendríticas) (RYAN, 2001a,b). Os animais dos diferentes grupos experimentais não mostraram variações significativas na medida da massa corporal após 18 dias de tratamento (dados não apresentados). É importante considerar que os tratamentos não provocaram danos aparentes aos animais, uma vez que não foram verificados prejuízos no ganho de massa corporal e/ou alterações comportamentais. A realização do leucograma mostrou que o número total de leucócitos entre o início dos experimentos e no 8º dia de tratamento não apresentou variações significativas (Tabela 1). Este dado é positivo, pois, demonstra que o extrato aquoso de A. brasiliensis não provoca alterações na produção nem na migração de células sanguíneas. Apesar de haver aumento do valor médio dos leucócitos, não houve diferença significativa. Este pequeno aumento ocorreu devido à variabilidade do número de leucócitos totais que são diferentes de um animal para outro. 47 Tabela. 1 - Efeito do tratamento com extrato de basidiocarpos aberto e fechado de A. brasiliensis sobre o perfil leucocitário antes do estímulo inflamatório. (n=11) Tratamento Número células (mm3) Ctl(AT) Controle no dia zero, antes do início do tratamento Ctl(DT) Controle após 8 dias de tratamento com solução 5475 ± 1131 6850 ± 887,6 NS salina A55 Após 8 dias de tratamento com extrato de 7357 ± 1153 NS basidiocarpo aberto (55 mg/kg) A110 Após 8 dias de tratamento com extrato de 8036 ± 1202 NS basidiocarpo aberto (110 mg/kg) F55 Após 8 dias de tratamento com extrato de 7421 ± 1105 NS basidiocarpo fechado (55 mg/kg) F110 Após 8 dias de tratamento com extrato de 8264 ± 1352 NS basidiocarpo fechado (110 mg/kg) Legenda: NS= Não significativo em relação ao Ctl(AT) Controle antes do tratamento; Ctl(DP) Controle depois do tratamento. Na Figura 2 são apresentados os resultados dos leucócitos circulantes antes e após o estímulo inflamatório. Pode-se observar que os animais tratados com os extratos de A. brasiliensis, nas diferentes doses e fases de maturação do basidiocarpo, não alteraram o número de leucócitos no sangue periférico após o estímulo com carragenina (2%), quando comparados aos valores basais (sem estímulo). Entretanto, o grupo controle tratado apenas com solução salina, apresentou um aumento significativo de leucócitos em decorrência da resposta inflamatória induzida pela carragenina. Vale ressaltar que o incremento no 48 número de leucócitos circulantes, predominantemente de polimorfonucleares (PMN), é evento característico em respostas inflamatórias agudas induzidas por diferentes agentes flogísticos (SASSON et al., 1998; ORDENEZ et al., 2000). Apesar de haver uma tendência no aumento dos leucócitos circulantes (Figura 2) não houve diferença significativa. Mais uma vez, esse pequeno aumento é decorrente da variabilidade do número total de leucócitos que são diferentes entre os animais. Este dado ressalta o efeito benéfico da utilização do cogumelo A. brasiliensis em processos inflamatórios, uma vez que a resposta celular exacerbada pode provocar prejuízos severos e irreversíveis ao indivíduo (ZANINI; OGA,1994). Dia 0 – Antes do estímulo inflamatório 12500 * 10000 7500 5000 2500 0 11 F 55 F 0 11 A 55 A (A EI C tl S al in a tl (A C ) 0 T) Leucócitos totais (mm3) Dia 18 - Após o estímulo inflamatório Figura. 2 - Efeitos do tratamento com extrato de basidicarpos aberto e fechado de A. brasiliensis sobre o perfil leucocitário total. *Diferença significativa pelo teste t de Student. Ctl(AT)= Controle antes do tratamento; Ctl(AEI)= Controle tratado com salina após o estímulo inflamatório. A Tabela 2 apresenta os resultados da análise diferencial dos leucócitos antes e após o estímulo inflamatório. A análise diferencial de leucócitos mostrou que, após a indução da resposta inflamatória houve aumento de leucócitos segmentados no sangue periférico, tanto no grupo controle quanto nos grupos 49 experimentais (Tabela 2). Esse resultado reflete a maior mobilização de leucócitos segmentados nas fases finais de maturação na medula óssea. Interessantemente não foi verificado comprometimento na produção dessas células, pois em nenhum momento foi visualizada a presença de células imaturas (bastonetes, blastos). Este dado demonstra que o aumento de leucócitos segmentados observado em ambos os grupos (tratados e não tratados) foi em decorrência da resposta inflamatória aguda induzida pela carragenina, evento característico. E que os extratos de A. brasiliensis não exercem interferência na produção e maturação dessas células na medula óssea. Da mesma forma, não foram observadas variações significativas no número de células mononucleares após 18 dias de tratamento (dados não mostrados), pois, o mecanismo de defesa mediado pelas células mononucleares é evento tardio presentes em processos inflamatório crônico, diferente do protocolo utilizado nesse experimento (AL-SARIREH; EREMIN, 2000). Tabela 2. Análise diferencial dos leucócitos demonstrando o efeito do tratamento com A. brasiliensis sobre o perfil dos polimorfonucleares antes e após estímulo inflamatório com carragenina em ratos. POLIMORFONUCLEARES Tratamento Número células (mm3) Ctl(AT) Controle no dia zero, antes do início do tratamento Ctl(AEI) Controle ao final do experimento com solução salina, 1876 ± 344 3326 ± 660* após o estímulo inflamatório A55 Final do experimento com extrato de basidiocarpo 2871 ± 387* aberto (55 mg/kg) A110 Final do experimento com extrato de basidiocarpo aberto (110 mg/kg) 3513 ±497** 50 F55 F110 Final do experimento com extrato de basidiocarpo 4251 ± fechado (55 mg/kg) 393*** Final do experimento com extrato de basidiocarpo 4112 ± 576** fechado (110 mg/kg) Legenda: Ctl(AT) Controle antes do tratamento; Ctl(AEI)=Controle após estímulo inflamatório. Os dados apresentados na Figura 3 mostram a variação do influxo leucocitário para o tecido subcutâneo inflamado em animais tratados com o extrato aquoso de A. brasiliensis nas diferentes doses e estágio de desenvolvimento do basidiocarpo em relação ao controle. Pode-se observar que em relação ao grupo controle, os animais tratados com extrato de A. brasiliensis apresentaram redução (p≤0,05) na migração celular, enquanto que os grupos tratados com extrato com basidiocarpo aberto na dose de 55 mg/Kg não apresentaram redução. Os valores obtidos demonstraram que o tratamento com A. brasiliensis alterou a capacidade de migração de leucócitos para o foco da lesão, uma vez que o número total de células foi menor (p≤0,05) nos animais tratados com os extratos de A. brasiliensis em relação aos animais controle (tratados com salina). Esse dado reforça mais uma vez a importância da utilização do A. brasiliensis nos processos inflamatórios, pois além de atenuar a migração leucocitária dos compartimentos de reserva para o espaço vascular (corrente circulatória) os extratos de A. brasiliensis também demonstraram capacidade inibitória sobre a migração celular para o local da lesão, não permitindo que a resposta celular exacerbada ofereça prejuízos ao indivíduo. Os constituintes químicos majoritários do A. brasiliensis (glucanas) podem ser diferentes segundo a fase de maturação do cogumelo, refletindo assim em sua atividade biológica. Sugere-se que o princípio ativo responsável pela inibição da mobilização celular do A. brasiliensis encontra-se em maior quantidade nas fases imaturas do cogumelo (basidiocarpo fechado). Fato que justifica a razão do 51 extrato com basidiocarpo aberto em sua menor concentração (55 mg/kg) não 15000 10000 * * 5000 * 0 11 F 55 F 0 11 A C tl (s A 55 0 al in a) Células exsudato (mm3) provocar inibição da migração celular após indução da resposta inflamatória. Figura 3 - Efeitos dos tratamentos com extratos de A. brasiliensis sobre a mobilização de leucócitos para o tecido subcutâneo inflamado (modelo da bolsa de ar). *Diferença significativa pelo teste t de Student. O tratamento com A. brasiliensis acarretou uma diminuição significativa da migração dos leucócitos para o exsudato em relação ao controle (salina), assim, os resultados obtidos neste estudo sugerem uma atividade moduladora na resposta inflamatória por atenuar a migração celular para o foco da lesão, entretanto, a afirmativa de uma cabal resposta antiinflamatória não pode ser confirmada com exatidão, pois outros eventos presentes nos processos inflamatórios (dor, formação de secreção, edema) necessitariam ser avaliados para comprovar tal atividade. Neste sentido, a participação de moléculas de adesão no efeito observado pode ser postulada, pois drogas antiinflamatórias clássicas (glicocorticóides) reduzem a migração celular para o foco da inflamação interferindo com a externalização ou a expressão destas moléculas (VINEGAR et al., 1979). Da mesma forma, um provável efeito inibitório sobre a vasodilatação mediada por prostaglandinas poderia contribuir para este efeito, pois os extratos 52 empregados neste estudo apresentaram uma atividade de maneira similar à observada por Vigil et al. (2008) com a utilização da indometacina, um clássico inibidor da síntese de prostaglandinas. Pesquisas adicionais se mostram necessárias para o melhor entendimento dos processos envolvidos na resposta inflamatória em ratos tratados com extratos de A. brasiliensis. Estudos que envolvam diferentes etapas do tratamento, além dos mediadores inflamatórios envolvidos na mobilização e resposta celular observada seriam importantes para o esclarecimento do papel dos compostos presentes no extrato aquoso de A. brasiliensis. Desta forma, o entendimento dos mecanismos envolvidos na resposta imunológica de animais tratados com extrato aquoso de A. brasiliensis se mostra de grande importância e indispensável para a garantia da eficácia e segurança do uso do cogumelo na terapêutica. CONCLUSÃO O presente trabalho sugere que o extrato aquoso obtido de A. brasiliensis apresenta um ou mais constituintes químicos capazes de modular significamente a resposta inflamatória inibindo o influxo de leucócitos para o sítio da lesão, sem mostrar sinais agudos e subcrônicos de toxicidade. A inibição da migração celular para o foco da lesão foi diferente em fase da maturação do basidiocarpo, sendo que a fase imatura apresentou melhores resultados. Assim, estudos posteriores podem confirmar a atividade aqui relatada possibilitando o uso seguro e eficaz deste cogumelo no tratamento de processos inflamatórios, evidenciando, inclusive os mecanismos moleculares envolvidos nesta resposta. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Universidade Paranaense, Fundação Araucária e CNPq pelo apoio financeiro. 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AHN, W. S.; KIM, D. J.; CHAE, G. T.; LEE, J. M.; BAES, S. M.; SINS, J. I.; KIM, Y. W.; NAMKOONG, S. E.; LEE, I. P. Natural killer cell activity and quality of life were improved by consumption of a mushroom extract, Agaricus blazei Murril Kyowa, in gynecological cancer patients undergoing chemotherapy. International jornal of Gynecological Cancer, v. 14, n. 4, p. 589-594, 2004. AL-SARIREH, B. & EREMIN, O. Tumor-associated macrophages (TAMs): Disordered function, immune suppression and progressive tumor growth. Journal of the RoyalCollege of Surgeons of Edinburg, v. 45, n. 1, p. 1-16, Feb. 2000. ASPINALL, G. O. General introduction In: The polysaccharides. New York: Academic Press, Inc., 1982. v. 1. p. 1-18. BARBISAN, L.F.; MIYAMTO, M.; SCOLASTICI, C.; SALVADORI, D. M. F.; RIBEIRO, R. L. R.; EIRA, A. F.; CAMARGO, J. L. V. 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Após sete dias da implantação das células tumorais, os camundongos foram tratados via oral, diariamente, no grupo um, com solução salina 0,18% (controle), no grupo dois, com extrato de basidiocarpo com píleo fechado e no grupo três, com extrato de basidiocarpo com píleo aberto. Após 30 dias do início do tratamento os animais sofreram eutanásia, sendo o baço utilizado para determinação do índice esplênico e o tamanho da massa tumoral mensurada. Concluiu-se que não há diferença significativa de inibição do crescimento tumoral em função da maturação do basidiocarpo para a linhagem de Agaricus brasiliensis, sendo a atividade antineoplásica média in vivo dos basidiocarpos de 89,22%. Palavras chave: corpo de frutificação, princípio ativo, antitumor, extrato fúngico. 58 ABSTRACT The fungus Agaricus brasiliensis is a Basidiomycete studied because of its immunomodulation and/or antitumor substances. The objective of this research was to verify the antineoplasic activity in vivo of Agaricus brasiliensis in different basidiocarp maturation phases on mice implanted with Sarcoma 180 cells. Sarcoma cells were implanted in Swiss mice and after seven days mice were divided in three groups. Control group was treated with saline solution, a second group was treated with opened basidiocarp extract solution and a third group was treated with closed basidiocarp extract solution. After 30 days of being daily orally treated with these three solutions all animals suffered euthanasia. It was determined the esplenic rate of the spleen and measured the volume of the tumor size. It was concluded that there is no significant differences of the tumor growth inhibition in function of the different basidiocarp maturation phases for the Agaricus brasiliensis strain, being the in vivo basidiocarp antineoplasic activity average of 89.22%. Key words: Agaricus blazei, basidiome, active principle, antitumor, fungus extract. 59 INTRODUÇÃO Agaricus brasiliensis Wasser et al. (A. blazei Murrill ss. Heinemann) (25), que é A. subrufescens Peck segundo (10), é um Basidiomiceto que tem sido alvo de vários estudos em relação às suas substâncias antitumorais (2, 9, 16). Estudos demonstraram que a utilização do extrato aquoso do basidiocarpo de Agaricus blazei promoveu a indução da produção de células citotóxicas específicas, como linfócitos T e natural killer, bem como interferon-gama, com conseqüente inibição do crescimento do tumor em roedores (22, 27). Menoli et al. (14) relataram a redução da freqüência micronuclear na presença do extrato aquoso do A. blazei e Rodrigues et al. (21) relataram a ação bioantimutagênica do fungo, sugerindo uma ação sobre um ou mais sistemas de reparo de danos do DNA. Liu et al. (12) realizaram estudo sobre a atividade imunoestimulatória de extrato do corpo de frutificação de A. brasiliensis em voluntários humanos e verificaram ação estimulatória sobre o sistema imunológico nos pacientes, o que evidencia que os modelos de atividade antineoplásica utilizados em roedores são adequados para este fungo. A capacidade antineoplásica do A. brasiliensis, para o modelo de células tumorais de Sarcoma 180, tem sido relatada como proveniente tanto do micélio (16), quanto do basidiocarpo (18). Entretanto é natural haver variações entre linhagens da mesma espécie de fungo e entre diferentes fases de crescimento do basidiocarpo de uma mesma linhagem. Cada estágio de crescimento do basidiocarpo apresenta diferenças bioquímicas, sendo que basidiocarpos de diferentes linhagens de A. brasiliensis, em diferentes estágios de crescimento apresentaram modificações da concentração de proteínas e de β-D-glucanas, consideradas as responsáveis pelo efeito antineoplásico (4). Durante as fases de maturação do basidiocarpo de fungos, com ausência de véu universal e presença de véu interno, podemos verificar duas fases distintas e importantes: 60 antes e após o rompimento do véu interno. Este é o momento que ocorrem as principais mudanças bioquímicas no basidiocarpo. Antes de romper o véu interno o basidiocarpo está imaturo, com esporos em fase de formação, sendo o basidiocarpo caracterizado como “cogumelo fechado”. Após o rompimento do véu interno o basidiocarpo está maduro, com esporos formados e prontos para serem dispersos, iniciando a senescência do corpo de frutificação (4, 15). Comercialmente os basidiocarpos desidratados são colhidos antes do rompimento do véu (cogumelo fechado) devido principalmente às características sensoriais e a maior firmeza do basidiocarpo que facilita a colheita e reduz fragmentação durante o processamento (2). Além disto, basidiocarpos colhidos antes do rompimento do véu têm um visual mais agradável para o consumidor devido a sua coloração mais clara, pois os esporos do A. brasiliensis têm uma coloração escura dando aparência de sujo ao basidiocarpo. No entanto Camelini et al. (4) e Firenzuoli et al. (7) sugerem que cogumelos com basidiocarpo aberto possuem uma melhor atividade biológica por possuírem maior concentração e diversidade de glucanas e proteínas. Enquanto que os princípios ativos de alguns Basidiomicetos são extraídos de micélio ou basidiocarpos imaturos, como o Lentinula edodes (8), Pleurotus ostreatus (1) e o Agaricus blazei (4), outros como o Ganoderma lucidum são extraídos principalmente de esporos onde há maior concentração do princípio ativo (13). Pinheiro et al. (20) avaliaram a quimioprevenção de basidiocarpos moídos de A. blazei, com píleo aberto e fechado, em células de fígado de ratos e relataram que a atividade quimiopreventiva estava relacionada à linhagem e ao estágio de crescimento do basidiocarpo. Entretanto, não há relatos conclusivos sobre a eficiência antineoplásica de basidiocarpos de A. brasiliensis, em diferentes fases de maturação, sobre o sarcoma 180. 61 Desta forma, devido à importância funcional deste fungo e a ausência de trabalhos comparando a atividade biológica in vivo do fungo em diferentes fases de maturação do basidiocarpo para o sarcoma 180, o objetivo deste trabalho foi verificar a atividade antineoplásica de Agaricus brasiliensis em diferentes estágios de maturação do basidiocarpo em camundongos implantados com células de sarcoma 180. MATERIAIS E MÉTODOS O cogumelo utilizado para o experimento foi o Agaricus brasiliensis (Agaricus blazei ABL97/11) do Laboratório de Biologia Molecular da Universidade Paranaense. O cogumelo foi colhido em diferentes fases de crescimento do basidiocarpo: antes de romper o véu interno (cogumelo fechado) e após rompimento do véu interno (cogumelo aberto). Os cogumelos foram lavados com água corrente com auxílio de esponja e desidratados em estufa com circulação de ar a 65 oC. Em seguida o cogumelo foi moído em moinho de facas, ensacado em plástico duplo de polipropileno, fechado com termoseladora e mantido em freezer a -70 °C. Uma mistura de cogumelo moído com água ultra-pura na proporção de 1 : 10 foi mantida em frasco de vidro com tampa de rosca fechada, imerso à 90 °C, durante 12 h. Após este período a solução foi filtrada em papel filtro de gramatura 80 g/m2, espessura 205 µm, porosidade 14 µm da marca Qualy. A solução filtrada foi armazenada em alíquotas diárias em geladeira (4 °C). As células de sarcoma murino, linhagem TG180, foram obtidas do peritôneo de camundongos previamente inoculados, mantidos por dez dias, conforme Desmonts e Remington (5). A concentração de células foi determinada por contagem em câmara de Newbauer, sendo ajustada para 106 ml-1com solução salina isotônica (NaCl 0,18%). 62 Camundongos Swiss, fêmeas, com 21 dias de idade e 25 g ± 5 g, oriundas do biotério da UNIPAR – Campus Umuarama, foram inoculadas por via subcutânea, no dorso, com 106 ml-1células de sarcoma 180. Os roedores foram mantidos em caixas plásticas convencionais, em sala com controle de temperatura de 24 oC ± 2 oC, sob regime alternado de 12 h de luz e 12 h de escuro. Após sete dias os roedores foram divididos em três grupos: o grupo “Controle” com oito camundongos que receberam solução de NaCl 0,18%; grupo “Fechado” com oito camundongos que receberam solução do extrato do cogumelo “fechado” e o grupo “Aberto” com oito camundongos que receberam solução do extrato do cogumelo aberto. As soluções foram retiradas diariamente da geladeira e permaneceram em temperatura ambiente (cerca de 26 °C) por 30 minutos antes do uso. Diariamente administrou-se oralmente 0,1 mL de cada solução por camundongo diariamente. Após 30 dias do início do tratamento os animais sofreram eutanásia pela administração de excesso de anestésico em câmara saturada de vapor de éter, sendo o baço (para determinação do índice esplênico) e a massa tumoral retirados e mensurados. O volume do tumor foi medido por régua milimetrada e calculado considerando seu diâmetro mínimo (a) e o máximo (b) (volume do tumor = 4/3 π (a2 b)/2). A inibição foi calculada considerando o volume do tumor do grupo Controle como 100% (11). O índice esplênico foi calculado considerando a massa do baço pela massa corporal dos animais. Os grupos foram testados entre si pela Análise de Variância e a diferença entre as médias determinada pelo Teste de Tukey, considerando um nível de significância de 0,05. Os experimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Experimentação Animal (CEEPA) da Universidade Paranaense em reunião realizada em 07/06/2004. 63 RESULTADOS E DISCUSSÃO Um camundongo do grupo Fechado e dois do grupo Aberto não apresentaram formação de massa tumoral subcutânea, sendo os dados destes animais desconsiderados na verificação de inibição de crescimento tumoral. Os resultados do índice esplênico, massa, largura, comprimento e volume tumoral são apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Avaliação do desenvolvimento de neoplasia em camundongos Swiss inoculados com células de sarcoma 180, tratados via oral com solução salina 0,18% (Controle) ou extrato de basidiocarpo de Agaricus brasiliensis Fechado ou Aberto (n= 8). Medidas do tumor Controle Fechado Aberto Índice esplênico 0,0134a ± 0,0033 0,0064a ± 0,0004 0,0108a ± 0,0014 Massa (g) 3,0400a ± 1,1492 0,2180b ± 0,0557 0,9333b ± 0,4228 Largura (mm) 1,4400a ± 0,2298 0,7200b ± 0,0567 0,7017b ± 0,0744 Comprimento (mm) 2,3286a ± 0,3519 1,1040b ± 0,0793 1,3667ab ± 0,2297 13,9248a ± 5,0425 1,2804b ± 0,2953 1,7213b ± 0,7219 Volume (mm3) *Valores de médias seguidos de letras diferentes indicam diferenças significativas do teste de Tukey (p ≤ 0,05) entre os grupos na horizontal. 64 Não houve diferença significativa do índice esplênico entre os grupos experimentais (Tabela 1). Isto sugere que o baço não teve participação na atividade antineoplásica. O baço é o maior órgão linfóide do organismo e principal local de resposta imune a antígenos presentes no sangue. Este órgão apresenta grandes quantidades de linhagens mono-macrofágicas, envolvidas na endocitose e degradação de moléculas estranhas, quando ocorre aumento de sua atividade (28). O volume tumoral nos grupos Fechado e Aberto, tratados com extratos de A. brasiliensis, foi significativamente (p ≤ 0,05) menor que o grupo Controle, porém não houve diferença significativa entre os grupos Aberto e Fechado (Tabela 1). O grau de inibição do crescimento tumoral em comparação ao grupo Controle foi de 90,80% no grupo Fechado e de 87,64% no grupo Aberto, com média entre estes dois grupos de 89,22%. Isto evidencia que a opção comercial de colheita de cogumelos mais jovens (fechado) é indiferente em relação à eficiência do princípio ativo, prevalecendo outras vantagens comercias relacionados às características sensoriais e de processamento. Outro aspecto relevante é que se não há diferença entre cogumelo aberto e fechado, isto sugere que a maior concentração dos princípios ativos não se encontram nos esporos, como ocorre com o Ganoderma lucidum (13). Isto sugere que outros estudos sobre a produção de micélio, por meio líquido, seja avaliada para a produção de princípios ativos, ao invés de basidiocarpos. Camelini et al. (4) e Firenzuoli et al. (7) relatam diferenças nas quantidades de glucanas e proteínas de A. brasiliensis, conforme o estágio de crescimento do basidiocarpo (Aberto ou Fechado), sugerindo que cogumelos com píleo aberto teriam maiores quantidades de princípio ativo e, provavelmente, maior atividade antineoplásica. Entretanto, segundo nossos resultados as diferenças de maturação do basidiocarpo não 65 foram suficientes para afetar in vivo a atividade antineoplásica do fungo (Tabela 1). Isto sugere que a beta-glucana, mesmo em maior quantidade em basidiocarpos abertos (4), não seja a principal responsável pela atividade biológica do fungo. É possível que outros fatores possam desempenhar papel concomitante quer ajudando ou interferindo as substâncias responsáveis pela atividade antitumor de A. brasiliensis. Zang et al. (26) relatam que a presença de proteína ou de manose implica em maior ação imunomoduladora contra neoplasias de sarcoma 180. Mizuno et al. (17), Wang et al. (24) e Eo et al. (6) relatam que diversos compostos biologicamente ativos de fungos como polissacarídeos, glicoproteínas e glicopeptídeos atuam sinergicamente na atividade imunomoduladora. Ainda Walton et al. (23) relatam que basidiocarpos do gênero Agaricus apresentam a substância Agaritine, com potencial ação cancerígena quando extraída por infusão a frio, porém sem relatos desta substância no micélio vegetativo. Camelini et al. (4) relatam que há maior quantidade e diversidade estrutural de glucanas quando o basidicarpo esta aberto, sendo que a estrutura química das glucanas fúngicas esta relacionada à atividade biológica no sistema imune (3, 19), sugerindo que cogumelos abertos seriam mais indicados para encontrar glucanas com maior atividade antineoplásica. Entretanto, segundo Mizuno et al. (16) a atividade antitumor esta relacionada a maior quantidade de glucanas solúveis em água, sendo que este aspecto não esta necessariamente relacionado a uma determinada fase de maturação do basidiocarpo. Conforme nossos resultados não foi possível confirmar uma melhor atividade antineoplásica in vivo em função da maior maturidade do basiodiocarpo para o tumor estudado (Tabela 1). Aparentemente há uma tendência contrária de diminuição da atividade antineoplásica em basidiocarpos abertos, diferentemente do que sugere Camelini et al. (4) e Firenzuoli et al. (7). Desta forma, sugere-se que novos estudos sejam realizados 66 para verificar a associação entre a atividade biológica in vivo e a quantidada de betaglucana, proteína e outras substâncias como triterpenos, em diferentes estágios de maturação do basidiocarpo e diferentes linhagens de A. brasiliensis, ampliando os estudos nesta área. Em conclusão, nossos resultados sugerem que não existem diferenças significativas de inibição do crescimento tumoral, em função das diferentes fases de maturação do basidiocarpo para a linhagem ABL97/11 de Agaricus brasiliensis, sendo a atividade antineoplásica média in vivo dos basidiocarpos de 89,22%. Estes resultados contribuirão para o desenvolvimento de novas pesquisas sobre a atividade biológica de linhagens de Agaricus brasiliensis. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Universidade Paranaense, Fundação Araucária e CNPq pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Alarcón, J.N.; Águila, S.; Avila-Arancibia, P.; Fuentes, O.; Zamorano-Ponce, E.; Hernández, M. Production and purification of statins from Pleurotus ostreatus (Basidiomycetes) strains. Z. Naturforsch, 58: 62-64, 2003. 2. Braga, G.C.; Eira, A.F.; Celso, P.G.; Colauto, N.B. Manual do cultivo de Agaricus blazei Murril “Cogumelo-do-sol”, FEPAF, Botucatu, 1998. 67 3. Brown, G.; Gordon, S. 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Extrato do cogumelo com basidiocarpo fechado de A. brasiliensis mostrou maior capacidade de inibição da migração celular para o foco da lesão. Não houve diferença significativa para a inibição do crescimento tumoral em função do estágio de crescimento do basidiocarpo para a linhagem ABL97/11. A atividade antineoplásica média in vivo dos basidiocarpos foram de 89,22%. 72 REFERÊNCIAS GERAIS BELLINI, M. F.; GIACOMINI, N.L.; EIRA, A.F.; RIBEIRO, L.R.; MATOVANI, M.S. Anticlastogenic effect of aqueous extracts of Agaricus blazei on CHO-kl cells, studying different developmental phases of the mushroom. Toxicology in Vitro, v. 17, n. 4, p. 465-469, 2003. COLAUTO, N. C.; DIAS, E. S.; GIMENES, M. A.; EIRA, A. A. Genetic characterization of isolates of the basidiomycete Agaricus blazei by RAPD. Brazilian Journal of Microbiology, São Paulo, v. 33, n. 2, p. 131-133, Apr./June 2002. LOPES, S. Bio. São Paulo: Editora Saraiva, 1999. MENOLI, R. C. R. N.; MANTOVANI, M. S.; RIBEIRO, L. 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