livro a ser publicado

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livro a ser publicado
CONTEÚDO
Para pessoas e coletivos
PARTE 1. O QUE É O SER HUMANO?
1.1 Visão sobre o ser humano
1.1.1 Liberdade de sentir e pensar – liberdade limitada para agir
1.1.2 O outro é seu espelho interno
1.1.3 O que faço ao outro, faço comigo no meu interior.
1.1.4 Estou consciente, logo existo
1.1.5 O mal só pode ser reparado com o bem
1.1.6 Igualdade requer responsabilidade coletiva
1.2 As Riquezas humanas
1.3 Empecilhos humanos
1.4 Espiritualidade e energia vital
1.5 Desenvolvimento da personalidade
PARTE 2. MÉTODOS PARA O AUTO-CONHECIMENTO
2.1 Conceito sobre o ser humano
2.2 Dialogo de reforço
2.3 Acompanhamento
2.4 Terapia
2.5 Terapia de grupo e processo de grupo
2.6 A comunidade Terapêutica
PARTE 3. PARA SUA VIDA
3.1 Como você pode a conhecer a si mesmo
3.1.1 Autoconhecimento e autoconfiança
3.1.2 Seja consciente de suas emoções
3.1.3 Conheça a si mesmo através de outra pessoa
3.1.4 Com refletir sobre trauma?
3.1.5 Ser ou não ser? Dificuldade de se expressar
3.1.6 Como você foi educado?
3.1.7 Por que o amor é tão difícil?
3.2 Como lidar com às emoções
3.2.1 Você se considera como uma vítima de suas emoções?
3.2.2 Como lidar com as emoções negativas
3.2.3 “Bonzinho” demais
3.2.4 Como evitar ficar ofendido
3.3 Como lidar com o estresse
3.3.1 O ser humano é um todo
3.3.2 Estresse saudável e neurótico
3.3.3 Querer é se estressar
3.3.4 Os sintomas são sinais de alarme úteis
3.3.5 Processo de como lidar com o estresse
3.4 Como lidar com a dependência
3.4.1 Ninguém quer ser dependente
3.4.2 Compare as vantagens de dependência e não dependência
3.4.3 Processo individual
3.4.4 Autoconhecimento por meio de grupos de apoio mútuo
PARTE 4. PARA COLETIVOS
4.1 Paz no trabalho e motivação na escola
4.1.1 Qual é a finalidade da educação?
4.1.2 Educador - conheça a si mesmo
4.1.3 O que motiva o ser humano?
4.1.4 Como lidar com um aluno com dificuldades
4.1.5. Como lidar com uma classe agitada
4.1.6 Como trazer paz no trabalho
4.1.7 A caixa de ferramentas do professor
4.2 Como lidar com o bullying
4.2.1 Como prevenir e impedir o bullying
4.2.2 Lidando com o agressor e o intimidado
4.2.3 Como lidar com intrigas
4.2.4 Como impedir ações agressivas
4.3 Cooperação e alegria no trabalho
4.3.1 Como criar coesão no coletivo do trabalho
4.3.2 Liderança consciente
4.3.3 Resistência às mudanças
4.3.4 Lidando com os conflitos
Parte 5. SOCIEDADE SÃ - SERES HUMANOS SÃNS
Apêndice 1
Apêndice 2
Apêndice 3
Apêndice 4
Apêndice 5
Apêndice 6
Bibliografia
Pensamentos básicos do Método Conscientia
Riquezas humanas e empecilhos
Métodos de trabalho
Perguntas sobre o autoconhecimento
Perguntas sobre o ambiente psicossocial do trabalho
Responsabilidade coletiva e igualdade no organograma
PARA PESSOAS E COLETIVOS
Todo ser humano quer sentir amor e cooperação. Queremos curtir a vida.
Quando olhamos para o céu estrelado ou para o mar, reconhecemos o infinito e a
nossa própria insignificância. Perante a beleza da natureza sentimos a nossa
própria beleza interior. Nos sentimos importantes e únicos. Todos nós
apostamos no amor, porque sabemos que é nele que existe a felicidade.
Amar é o sentimento mais básico na vida. Amar é querer o bem e agir
conforme ele. Nossa meta é, sempre que possível, usar nossas habilidades, nosso
conhecimento e nossa experiência para o melhor do coletivo. Para que a vida
tenha um sentido precisamos de outras pessoas e do coletivo. A partir de outros
que aprendemos a nos conhecer. Somos, de modo saudável, interdependentes. O
indivíduo está bem quando o coletivo está bem. Um coletivo saudável é
caracterizado por solidariedade, igualdade e responsabilidade mútua. Esses são
pré-requisitos para a educação, o emprego e as atividades sociais serem
caracterizadas pela justiça. Um coletivo saudável tem um efeito positivo nos
indivíduos que o compõe.
Por que é então, tão difícil o amor e a felicidade? O bom que as pessoas às
vezes querem alcançar é destrutivo. Nem sempre agimos assim sabiamente, mas
ao invés criamos sofrimento e doenças. Até um certo ponto agimos de modo
egocêntrico, maldoso ou presunçosamente – ou seja, de modo destrutivo contra
nós mesmos, nossos companheiros e o ambiente ao nosso redor. Nenhum de nós
é completo.
Vivemos em uma comunidade global, onde a concorrência, a ganância, a
superficialidade, o egoísmo e a insensibilidade são valores fundamentais na vida
econômica. Isso tudo tem um forte impacto no ser humano, na família, escola,
trabalho, cultura e o ambiente. O mundo econômico nutre o mais doentio dentro
de todo indivíduo. A humanidade é, provavelmente, a única ameaça real para o
equilíbrio da natureza. Não é de se estranhar que ambos, humanidade e natureza
está protestando fortemente.
Um pré-requisito para o desenvolvimento pessoal e para criar habilidades
interpessoais é o desenvolvimento das capacidades psíquicas, físicas e sociais.
Um encontro com o outro aberto e respeitoso e portanto, consigo mesmo, é
importante, especialmente em atividades onde estamos sempre em contato com
outras pessoas (entre elas os professores, enfermeiros, assistentes sociais,
médicos, terapeutas, assessores de clientes ou supervisores). Uma visão clara
sobre o ser humano nos ajuda no encontro com as pessoas, independentemente
se estão felizes, prestativos, com medo ou agressivos.
Sócrates afirmou que a única coisa que ele sabe é que nada sabe. Ele
acreditava que todo ser humano está conectado com a verdade. A função do
filosofo é como a de parteira, ajudar que a verdade aparece dentro do ser
humano. O lema de Sócrates era: conheça-se a si mesmo!
O objetivo desse livro é refletir sobre o homem, o coletivo e a sociedade
sob duas perspectivas. A intenção é por um lado reforçar a consciência sobre as
riquezas humanas, e criar uma utopia sobre um coletivo baseado no amor e um
sistema social baseado no amor, em parte fazer com que o leitor se torne
consciente de suas inibições e do que está doente na sociedade. O ambiente
social afeta o indivíduo de maneira muito profundo, no modo dele de sentir e
pensar. Em um ambiente de desigualdade social, ninguém pode se sentir bem,
nem os mais desprezados e nem os mais privilegiados.
Na primeira parte do livro é fundamentada uma visão clara da
humanidade que serve como referência para todo raciocínio restante. Na
segunda parte são apresentadas as principais teorias de trabalho que são usadas
para fins práticos. Na terceira parte é tratado sob ângulo do indivíduo o seguinte
tema: autoconhecimento, o encontro com os sentimentos, educação infantil,
sexualidade, saúde e estresse. Na quarta parte o ângulo é o coletivo: ambiente de
trabalho, motivação, colaboração, bullying, bem estar no trabalho e liderança. Na
quinta parte é delineado uma utopia de uma sociedade saudável e seres
humanos saudáveis. O livro está organizado como um guia para que o leitor
possa escolher o tema de leitura que mais o interessa.
Conscientia é consciência
O livro aborda o chamado método conscientia. A palavra conscientia vem do
latim e quer dizer consciência.
A visão do homem nesse método é construído na maior parte por
pensamentos de Sócrates. Efeito parecido também é encontrado em Lao Zi ou
Konfucius e também na cristandade. O escritor russo Fjodor Dostojevskij, o
psicanalista alemão Erich Fromm e o psicanalista austríaco Viktor Frankl
também tiveram grande influência. Uma parte importante dos pontos de partida
vieram da Psicanalise Integral, onde a palavra “integral” vem da ambição de unir
as dimensões psíquica, física e social. Essa escola é fundada por um brasileiroaustríaco psicanalista chamado Norberto R. Keppe. Nesse contexto é aplicado o
método cognitivo.
O modelo de desenvolvimento da estrutura de cooperativismo foi de um
movimento brasileiro chamado Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra
(MST). O movimento tem em torno de um milhão e meio de integrantes, e está,
há em torno de trinta anos, usando a experiência participativa, ou seja a
democracia direta. Este é inspirado, dentre outros no pedagogo russo Anton
Makarenko, no pedagogo brasileiro Paulo Freire e na teologia da liberdade
praticada pela uma parte dos sacerdotes da Igreja Católica.
A abordagem apresentada no livro, tomei para mim no decorrer dos meus
trinta anos como terapeuta, supervisor, educador e ativista cívico. Neste livro
tento popularizar a terapia individual psicodinâmica, e provindo dela encontrar
uma forma de terapia coletiva e incluí-la em uma estrutura social saudável. A
proposta e as ideias do livro visam o melhor possível alvo. O desenvolvimento
metodológico não foi limitado por preocupações do que é possível praticamente
ou não.
Eu sou muito agradecido, especialmente pelos meus clientes, pela
inspiração e experiência que me deram. Agradeço meus amigos e colegas de
trabalho: Adalberto Floriano Greco Martins, Ademir Barqueiro, Airton Rubenich,
Birgit Lindström, Bo Johansson, Carita Glasgow, Claudia Pacheco, Dan
Koivulaakso, Elaine Rose, Elisabet Wichel, Emerson Giacomelli, Franscisco
Mayer, Helmi Stigell, Ingela Johansson, Janaína Stronzake, Johan Aura, João Pedro
Stedile, Kerstin Ranthe, Kristiina Alaja, Leif Bodin, Markku Simula, Magnus
Westerlund, Marja Kokkinen, Marli Zimermann de Moraes, Moacir Vilela, Pekka
Lallukka, Pedro Cristoffoli, Raimo Vainio, Riitta Wahlström, Salete Souza, Sandra
Nunes Rodrigues, Seppo Simula och Tom Johansson. E sou profundamente
agradecido ao meu antigo terapeuta e tutor Norberto Keppe, que despertou meu
interesse pela psicanálise, e meu pai Heimo Simula que sempre apoiou
alegremente meu trabalho. Com apoio e opiniões minhas filhas, Natasha e
Adriana também me ajudaram no processo de escrita. Um amoroso
agradecimentos por isso.
Os exemplos do livro são extraídos de situações reais e de grupos de
aconselhamento e terapia. Elas são redigidas de modo que ninguém pode ser
identificado. E por outro lado, quanto mais você ache que o texto esteja falando
de você, melhor é.
Espero que o livro seja benéfico também para você que se sente inseguro,
cansado e machucado. Ficamos fracos por tentar estarmos fortes e seguros, mas
é libertador aceitar a consciência de sua própria fraqueza: abre uma conexão
com a riqueza humana dentro de você.
O QUE É O SER HUMANO?
1.1 VISÃO SOBRE O HUMANO
O que é um ser humano? Como uma pessoa se torna aquilo que ela é? Por que
oprimimos o outro e por que os países entram em guerra? Como a saúde é
influenciada pela vontade? Porque a pessoa sofre mesmo que, aparentemente,
está tudo bem? Sobre essas questões os filósofos, teólogos, cientistas e pessoas
comuns tentam responder, cada um de sua própria perspectiva.
O ser humano quer o bem e age como acredita ser melhor. Mas quando está
desequilibrada e sente inveja, o mal vira bom e o bom vira mal. Quando um pai
fica rigoroso e bate em seu filho ele se sente inquieto e se arrepende depois.
Quando uma mãe importuna seus filhos, isso a entristece depois. Quando um
educador, bravo, reprime um educando, ele pode estar com boas intenções mas
arrepende-se de sua raiva. Quando falamos mal de outra pessoa pode-se sentir
que curtimos que ela tenha fraquezas mas não sentimos alegria. Quando se
consegue vingar uma injustiça, pode ser que sinta um prazer fugaz mas, ao
mesmo tempo, se sente mal.
Jean-Jacques Rousseau (filósofo francês, 1712-78) acreditava que a pessoa
nascia bem mas era corrompida pela sociedade. Há razão nisso, mas acredito que
todos nós nascemos, fisicamente e psicologicamente, incompletos. A sociedade
doente é talvez o fator mais importante para alguém ficar doente também.
Existem três níveis no ser humano: o psíquico, o físico e o social.
Nível psíquico: o ser humano age em sua figura psíquica, pensa (o
intelectual), sente (mente, percepção) e tem uma dimensão espiritual. Ela é
consciente de si e do que está ao seu redor e usa sua consciência ao agir. A
dimensão espiritual é a mais profunda, fora de sua profundidade são controladas
as emoções e em nível mais raso estão os pensamentos. O espiritual é chamado
também de plano metafísico (meta quer dizer o que está além).
Nível físico: o ser humano cresce, se mexe, trabalha, adoece, se recupera,
desenvolve a sexualidade e envelhece. O corpo vive e funciona. A psique e o
corpo tem uma ligação próxima: as atividades emocionais agem diretamente no
neurológico e no sistema endócrino, e portanto na saúde do corpo ou em sua
doença. A pessoa age sobre sua saúde promovendo-a ou machucando-a.
Nível social: até quando ainda somos um feto estamos em contato com o
ambiente ao nosso redor. No útero sentimos e vivemos os acontecimentos ao
redor e o humor da mãe. Nascemos e somos influenciados pelos nossos pais,
pelos próximos e com o tempo, cada vez mais, do ambiente. Todo esse tipo de
contato nos faz amadurecer ou reprimir como pessoas. Temos a inclinação para
imitar, de adquirir o tipo de comportamento que consideramos habitual.
Quando alguém está mal, isso é perceptível de diferentes modos, como por
sintomas psíquicos, dor física ou doenças, problemas de relacionamento
interpessoais ou avarias. São de vários tipos as razões para tais dificuldades e
têm link prováveis com as seguintes áreas: o contexto histórico, a herança
genética, o ambiente natural, a sociedade e a própria vontade.
A vontade é um fator importante como nela inclui a liberdade e portanto a
possibilidade de mudança, libertação. Pela própria vontade, as pessoas
controlam a atividade intelectual, a mental e emocional, e portanto seus
comportamentos e ações. Na vontade inclui a esperança de uma vida melhor,
mesmo quando as circunstâncias dela continuam inalteradas. A própria atitude
pode ser mudada. A atitude e a abordagem à vida são questões de atitude.
Epiketetos (filósofo grego, 55-136 a.C.) diz que mais importante que a própria
vontade é como você se relaciona com ela.
O ser humano é consciente de sua existência e do ambiente, caso contrário
faltaria sentido em sua vida. A dimensão espiritual está no nível subconsciente,
assim como no emocional e no nível intelectual.
A figura abaixo descreve uma pessoa e como diferentes conceitos e funções
se posicionam no quadro geral:
A figura pode nos ajudar a desenvolver as ideias básicas do homem, como
será apresentado a seguir. Um resumo das ideias básicas são encontradas no
Apêndice 1, onde os exemplos práticos podem ser aplicáveis sobre a comunidade
de trabalho ou no quadro familiar.
1.1.1 Liberdade de sentir e pensar – liberdade limitada para agir
A vontade é liberdade da pessoa de escolher suas abordagens à diversas
situações da vida. O ser humano é livre em suas escolhas espirituais e nas
atividades emocionais e intelectuais. Nesse sentido, ninguém pode controlá-lo.
Mas nós temos que limitar nossas ações: não podemos fazer qualquer coisa. Este
é o desafio constante da vida psíquica.
A pessoa é responsável pelas suas atitudes até o ponto que sua liberdade se
estende. Uma criança crescendo recebe constantemente mais liberdade, e assim
suas responsabilidades aumentam. Um chefe tem mais responsabilidades que
um subordinado, como ele ou ela tem maior liberdade de decisão. Os pais tem
responsabilidades sobre seus filhos na medida em que são capazes – possuem
liberdade – para controlar as atividades desses.
Responsabilidade é a liberdade de usar suas habilidades e conhecimentos
para qualquer coisa. Uma pessoa responsável usa suas possibilidade para o bem
comum. Responsabilidade pressupõe liberdade e liberdade trás
responsabilidade. Ambos têm o mesmo significado, as palavras só demonstram
lados diferentes da mesma coisa.
Se perguntarmos para os colegas de trabalho quem quer ter mais
responsabilidades, todos olham para baixo. Mas se perguntarmos quem quer ter
mais liberdade, levantam todos a mão. A pessoas associam a palavra
responsabilidade com ser forçado: dever e não dever. Tem uma conotação
negativa, enquanto a liberdade é entendida como o oposto de responsabilidade.
Para que os jovens aprendam a associar liberdade com responsabilidade e viceversa, seria necessário que desde a época escolar se usasse a palavra liberdade
quando se fala sobre responsabilidade.
Nosso comportamento e conduta é altamente baseado no exterior. O sistema
social, as leis e as estruturas de poder, colocam limites nas ações dos indivíduos.
O que você precisa fazer não se encaixa na sua esfera de liberdade e portanto
você também não é responsável por isso. No entanto você pode, até certo ponto,
escolher o caminho em que você faz o que deve fazer. Ser forçado à algo elimina a
liberdade e portanto a responsabilidade.
Durante o seu tempo no campo de concentração, Viktor Frankl viveu em um
sistema onde os guardas podiam decidir sobre tudo que alguém podia ou não
fazer. Porém ele ainda se sentia totalmente livre em relação aos seus
pensamentos e emoções. Exteriormente ele era um prisioneiro desprovido de
liberdade, mas internamente se sentia completamente livre. Ele tinha liberdade
para agir no plano espiritual, sentir, pensar e se relacionar com a situação à sua
maneira. A consciência da liberdade interna ajudou-o durante o longo tempo de
sofrimento difícil que passou.
É importante direcionar as atitudes da pessoa a partir de regras e leis que o
grupo define: não pode mentir, não pode bater no outro, não pode matar, precisa
manter suas promessas, tem que pagar impostos para fazer a manutenção dos
serviços sociais. Mas se tentarmos mandar em alguém, referente às suas funções
psíquicas, o resultado é, normalmente, o inverso do desejado. Se alguém, por
exemplo, lhe diz para não ficar bravo, então você realmente enraivece. Se você
precisa ficar feliz, a alegria some. O mesmo vale para o sono. Você não consegue
dormir quando pensa que realmente precisa adormecer. Você consegue se
apaixonar por comando?
Quando falamos para uma criança não chorar, o seu desejo se torna chorar
ainda mais. Se uma criança está com medo e escuta “não fique com medo
desnecessariamente”, isso é sentido de modo doloroso. Se dizemos “você não vê
o bom e rico na sua vida” para alguém que está depressivo, ele sente quem
ninguém o entende. Se você se cobra espontaneidade e auto confiança, você só se
torna mais oprimido. Ordens, exigências e proibições afetam negativamente no
sentir e pensar, criando uma reação de oposição e revolta.
Cada um de nós pode facilmente observar como a psique age sobre o corpo.
Quando estamos com medo ou raiva, as expressões faciais ficam tensas, a
respiração paralisa ou fica mais rápida, o coração começa a bater mais forte, os
músculos tencionam e as mãos começam a tremer. A felicidade é diretamente
aparente no rosto. Diz-se que as sobrancelhas falam. Quando você sente
ansiedade, o sistema nervoso simpático acelera e o parassimpático freia
simultaneamente. Cria um curto-circuito muito estressante.
Sentimentos que promovem a vida, como alegria e amor, equilibram as
atividades neurológicas, hormonais e imunológicas e contribuem assim para
saúde física. Um sono relaxante é um remédio eficiente para balancear as
funções fisiológicas do corpo.
Isto também se aplica no sentido inverso: o corpo afeta a atividade
emocional. Cansaço deixa uma pessoa facilmente irritada. Dor de dente não
inspira alegria, ao contrário, sentimentos negativos. Mas aqui também vale o
dito: não é a própria dor que conta, mas sim como encaramos, nos apegamos a
ela.
Parece óbvio que alegria, gratidão, curiosidade, modéstia e amor prolongam
a vida. Um agricultor de 100 anos foi entrevistado em um jornal. Na foto que
acompanhava o texto, estava ele, sentado em uma mula com no mínimo 100
descendentes no fundo. O repórter perguntou para o homem qual era o segredo
para vida longa, sua resposta foi: “Curiosidade”. O repórter continuou
perguntando o que um homem com essa idade, que já viveu tudo, ainda queria
da vida. O velho respondeu: “Recomeçar tudo de novo”.
Nós reagimos com base em nossa vontade. Se a vontade é boa, as reações são
de afirmação da vida. Se os sentimentos são negativos, as reações são
debilitantes ou agressivas. Quando eu receber reconhecimento por um trabalho
bem feito, eu posso sentir gratidão, mas também posso reagir com aversão se eu
considero agradecimentos como exigências. Minha reação é testemunha do que
acontece dentro de mim naquele momento. Se alguém fica encantado por mim e
demonstra isso, minha reação pode ser medo ou alegria. Se alguém tenta me
machucar, posso ser atingido ou ficar indignado, interessado e questionando
porque a pessoa está agindo de modo tão estranho.
A seguir esse pensamento é descrito de modo sucinto. Ao lado tem uma
metáfora e um símbolo representando a mente e a comunicação.
Pensamentos básicos sobre o ser humano
Temos liberdade de sentir e pensar, e
liberdade limitada de agir. Liberdade implica
em responsabilidade e responsabilidade requer
liberdade. Liberdade e responsabilidade são
sinônimos. Somos responsáveis pelo nosso
modo de sentir. O modo de sentir (alegria,
amor, medo, raiva...) influencia nossas
atividades fisiológicas.
Metáfora
Símbolo
Eu sou capitão
de meu
próprio barco.
As pessoas agem, portando, ativamente. Pela sua vontade ela lida com o bom
e com o mal que encontra.
É libertador se tornar consciente de suas responsabilidades. E libertador é
sentir-se livre. Uma pessoa que toma a posição de vítima ou mártir nega a sua
liberdade, ou seja, algo muito básico em si. Ela se fecha no mal que sente. A
atitude de se tornar vítima é algo pior que o próprio problema.
Quando lembramos e nos tornamos conscientes sobre isso, não reagimos
mais tão facilmente culpando e condenando os outros e a própria vida. Mesmo se
meu pai é exageradamente rigoroso, não reajo com atitude de vítima mas tento o
mais sabiamente possível me adaptar à situação. Eu não condeno meu pai e não
exijo que ele seja diferente. Tento, da melhor forma possível, evitar sofrimento
desnecessário. Não fico amargurado nem me concentrando no
descontentamento e o ódio. Sempre que possível tento ajudá-lo a se tornar
consciente sobre seu problema.
Essa teoria pode ser aplicada no ambiente de trabalho, em casa, na escola ou
em qualquer coletivo, e levantar as seguintes perguntas, por exemplo, para uma
discussão coletiva:
-
Quando você está feliz, é porque você decidiu ficar feliz?
Você fica magoado quando alguém tenta ofendê-lo? O que você
normalmente sente nesse caso?
Você se apaixona por alguém que está pedindo para você se
apaixonar por ele/ela? Como você reage?
O seu supervisor tem mais responsabilidade que você? Argumente.
Por que você acha que as pessoas gostam, normalmente, mais de
liberdade do que responsabilidade?
O que acontece no seu corpo quando você sente alegria, amor, medo
ou raiva? Descreva os efeitos de cada sentimento.
Como reage o seu corpo frente a fantasias sexuais?
1.1.2 Nós somos espelhos internos entre nos
Todos os fatores humanos existem dentro de nós. Carregamos amor,
coragem, honestidade, alegria, criatividade, senso de responsabilidade – todos
grandes recursos humanos. Uma vez que nenhum de nós é perfeito possuímos,
alguns mais outro menos, todas as falhas e inibições também. As inibições são
barreiras que restringem, negam e distorcem a riqueza do homem e também a
realidade. Inibições são as neuroses, doenças psíquicas, psicopatologias.
Isso quer dizer que as características humanas que vejo no outro têm dentro
de mim também: não do mesmo modo e de mesma medida, mas em alguma
forma e até certo ponto. Nenhum de nós é exatamente igual o outro em relação à
essas características. Mas ainda assim, o outro é um espelho para o nosso
interior. Quando olho para o outro, percebo, conscientizo-me, sobre algo que de
algum modo tenho dentro de mim também. Se sou fortemente atingido
emocionalmente por você, quer dizer que você é importante e desperta uma
importante introspecção em mim.
Alguém que particularmente me anima, irrita ou me deixa deprimido é
porque de alguma forma é meu espelho interior, porque nele vejo algo que me
faz reagir tão fortemente. Quando a sua felicidades aumenta a consciência sobre
a minha alegria, conseguindo responder positivamente, essa alegria é
transmitida. Se seu orgulho e seu ciúme despertam medo em mim, é porque eu
sinto que eles me fazem tomar consciência de orgulho e inveja em mim mesmo.
Posso também reagir negativamente frente a sua felicidade. Posso não
querer ver a sua felicidade porque não quero sentir alegria. Tento te evitar e falo
mal de ti. A sua felicidade demonstra para mim a minha atitude negativa em
relação à alegria. O espelho interno age assim por meio de opostos também. A
sua iniciativa e esforço despertam em mim sobre a minha própria inação, a
minha atitude negativa em ralação à oportunidades.
Pensamentos básicos sobre o ser humano
Tudo que vejo no outro, existe também em
mim de alguma maneira. Todo ser humano
tem todos os aspectos humanos. Sua alegria
desperta a consciência da alegria em mim. Ou
também, ao contrário, sua alegria desperta a
consciência da minha tristeza.
Metáfora
Símbolo
Nós somos
espelhos
internos entre
nós.
Essa ideia básica alivia consideravelmente a tensão de muitos. Conflitos e
problemas de relacionamento familiares e no ambiente de trabalho carregam
uma importante possibilidade de autoconhecimento. A razão para a angustia e
raiva se desfaz com essa percepção. O sábio não condena o outro ser humano,
porque ao fazê-lo estaria si condenando simultaneamente.
Mesmo uma pessoa intimidada pode, através dos valentões, se tornar
consciente de suas próprias atitudes. O intimidado geralmente dá poder
psicológico às palavras do agressor que visam ofender. Isso é feito de modo que
ele paralisa sua própria personalidade e procura a causa da violação em si,
embora o agressor possuir toda responsabilidade do ato.
A aceitação da consciência levantada através da identificação fortalece a
auto-estima, o que promove o desenvolvimento pessoal. Assegurar-se, em vez de
culpar os outros é uma prova de humildade. A sabedoria oriental afirma que "seu
pior inimigo é o seu melhor professor."
Em um coletivo pode-se refletir sobre o espelho interior com as seguintes
perguntas:
-
As pessoas são, em sua base, equivalentes? Se não, como elas são
desiguais?
As pessoas reagem de modo equivalente? Se não, de exemplos.
É possível que lhe falte alguma característica humana como amor,
honestidade, senso de julgamento, alegria, criatividade...? Se sim,
quais?
Você se considera ser perfeito, impecável, com relação à algum traço
humano? Se sim, com qual?
Você considera os seus pais seu espelho interno? Em relação à quais
fatores especialmente?
Você já encontrou alguém que lhe deixou tão agonizado, com medo ou
bravo que lhe deixou fora de si? Descreva essa pessoa.
1.1.3 O que faço ao outro, faço comigo no meu interior.
As reações e atos de um são consequências do que ocorre em seu interior.
Quem sente alegria demonstra isso externamente. Quem sente medo, encolhe
também o seu corpo externo. Alguém bravo age de modo agressivo. O que faz
bem ao outro sente-se quente e amado.
O comportamento e ações da pessoa expressam seus sentimentos e sua ação
espiritual. Sentir é uma atividade do nível emocional, assim como o pensar.
Quando ajo bem com relação ao outro é porque quero o bem, portanto ajo assim
internamente. Se violo o outro é porque quero o mal. Eu ajo negativamente no
nível espiritual, sinto ódio e inveja e tenho pensamentos negativos. Essa atitude
negativa atua principalmente em mim mesmo, e naturalmente me machuca.
Se alguém lhe olha para baixo, você pode responder "Eu acho que você
subestimar o valor de sua capacidade." Quando alguém faz isso é uma sintoma de
degradação de seus processos emocionais e pensamentos internos. Esta maneira
de se comportar é direcionada principalmente para si mesmo, como está no seu
interior. Quem olha para baixo no outro está demonstrando o sintoma de que ele
subestima o valor de sua capacidade. O que se faz com o outro, se faz consigo
mesmo no seu interior.
Crianças respondem espontaneamente quando alguém as diz, por exemplo,
que é bobo: “Você que é bobo”. Bobo é quem chama os outros de bobo. Dizem
que do que os corações estão cheios, as bocas falam. As palavras da bíblia são:
”Da fruta conhecemos a árvore”. Ações negativas e palavras amarguradas
indicam uma atitude emocional, intelectual e espiritual negativa e amargurada.
De acordo com Sócrates, a real tragédia humana ocorre quando se estraga a
alma. Quem tenta agir negativamente com o outro acaba se fazendo mais dano
do que à pessoa direcionada a machucar. Portanto, devemos ter mais compaixão
com aqueles que fazem mal do que com a vítima.
Pensamentos básicos sobre o ser humano
Aquilo que faço para o outro, faço dentro
de mim, comigo mesmo. O meu modo de
agir revela o meu modo de sentir. Quando
faço bem/mal para o outro, estou fazendo
bem/mal para mim mesmo.
Metáfora
Símbolo
Como me trato,
trato os outros.
Lao Zi descreve isso deste modo: “A alma não tem nenhum segredo que o
comportamento não revele”. O comportamento revela os movimentos da alma,
ou seja, as atividades psíquicas. No livro Fenomenologia do Espírito, Friedrich
Hegel (filósofo alemão 1770-1831) escreve:
O ser humano é totalmente dependente dos outros para poder
sentir a sua existencia. Por tanto se ele nega a outra pessoa, ele está
negando a si proprio. A tentiva de se tornar superior ao outro
fazendo o outro para seu escravo, é uma tentaiva em vao. Quando
ele est´s tentando escravizar o outro, essa acao vira contra ele
mesmo.
Adri: compare a inha traducao com o sueco:
Eftersom människan är helt beroende av andra för att kunna
uppleva sig själv, innebär ett förnekande av en annan människa
samtidigt ett förnekande av sig själv. Ambitionen att göra sig själv
till herre genom att göra en annan till slav under sig är dömd att
misslyckas. För det som en herre gör för att förslava, det vänds mot
honom själv.
A última frase poderia ser esclarecida assim: o que faço para subjulgar o
outro, faço dentro de mim comigo mesmo.
Podemos juntamente à esse pensamento refletir sobre:
-
Quando você está feliz, você já quis machucar outra pessoa?
Quando você está bem bravo você se sente feliz ao mesmo tempo?
Você acha que raiva é associado com medo? Se sim, de que modo?
Você fica feliz ao machucar o outro?
É sinal de coragem ou covardia quando o mais forte tenta ferir ou
bater no mais fraco? O que motiva a sua resposta?
O que você sente quando alguém ajuda um pequeno idoso?
1.1.4 Estou ciente, logo existo
É natural do ser humano pensar na ética de suas ações e propósitos, no
sentido da vida e o que acontece após a morte. Ele sente e age espiritualmente no
plano metafísico (meta é grego e quer dizer “depois”, “atrás” e neste contexto
algo fora do físico, ou seja, não físico, mas espiritual). Ele trata suas observações
e experiências na consciência de nível metafísico, nível do sentimento e
pensamento.
Consciência é o contato entre a realidade interna e externa. Nela inclui
observações do ponto de vista físico e metafísico. Basicamente, temos todos,
desde o nascimento, alguma forma de consciência de base, uma estrutura de
base, onde juntamos nosso conhecimento e experiências. Essa, forma uma
ligação com a verdade universal e a realidade.
A palavra “consciência” é usada para descrever o sentimento da pessoa em
relação às ações boas ou ruins na vida. O termo "moral" descreve os costumes e
os valores que estão vinculados ao lugar e tempo, ou seja, o ambiente cultural. O
termo “ética” pode ser considerado livre de tempo e lugar. Consciência ética se
refere à uma conexão universal com a verdade e, assim, constitui elementos
básicos da consciência.
Consciência ou sentido de ética envolve a ideia de que o ser humano veem a
diferença entre o bem e o mal. Então o que é bom e o que é mal? Na expressão
coloquial, o ponto de partida para boas ações é o amor, e o oposto de amor a
condição para ações negativas. Cada um entende afeto do seu modo. O conceito
está além do alcance das palavras e da razão, mas é algo natural no nível
espiritual e emocional.
Consciência envolve as seguintes características:
-
-
Uma conexão com a vida e o universo, que inclui consciência ética e
estética universal – com outras palavras, um sentimento em prol da
verdade, do bem e do belo, independentemente de lugar e tempo.
Consciência de si como indivíduo. Auto-consciência significa estar
consciente de si mesmo no universo, dos próprios recursos humanos
e inibições, seus hábitos e propósitos espirituais e emocionais e sobre
a sua própria história de vida.
Consciência humana inclui a capacidade de sentir as outras pessoas,
do mesmo modo como nos sentimos.
Consciência do ambiente físico e social, a natureza circundante e
como a sociedade funciona economicamente, politicamente e
socialmente.
A mente inconsciente ou subconsciente pode ser entendida como uma
repressão da consciência. Naturalmente ela não desaparece, mesmo que
tentemos evitá-la. Tentando afasta-la, ativamos ela de fato. Quando tentamos
esquecer alguma coisa acabamos ativando-a, e a consciência disso é trabalhada
no nível do pensamento. A repressão é muitas vezes uma luta constante (de fuga
ou ataque), e a pessoa em questão age também de modo destrutivo
sociavelmente (veja capítulo 1.5 Desenvolvimento da Personalidade).
A consciência é a percepção do sentido da realidade e envolve a atividade
psíquica em todos os níveis, espiritual (metafísico), emocional (intuição) e
percepção intelectual. Consciência emocional e consciência espiritual é,
provavelmente, mais importante que a consciência no nível intelectual. A maioria
das sensações nem chega a ser tratada no nível intelectual, na dimensão dos
pensamentos. A ação de sentir transfere uma percepção ao nível intelectual,
somente quando o sentimento considera isso necessário.
Animais e plantas, ou seja, todos seres vivos, tem alguma forma de
consciência. Como ela é constituída não sabemos. Não conseguimos nem definir a
nossa própria consciência.
Não é possível forçar a consciência. Se é exigido de você que esteja ciente de
algo cria-se uma resistência. Você experimenta exigências como uma violação e
ameaça. Lev Tolstoj (escritor russo 1828 – 1910) escreveu que consciência só
existe na liberdade. Aprovação da consciência pressupõe liberdade. A verdade, e
com ela a consciência, não vêm a tona através de reclamações e forçadamente. A
liberdade é responsabilidade e responsabilidade é amor. A consciência é
libertada somente no amor, e o amor pressupõe aceitação da consciência. As
palavras verdade, consciência, liberdade, responsabilidade e amor tem uma
conexão tão forte uma com a outra que é possível imaginar significarem a mesma
coisa sob perspectivas diferentes.
A consciência é o fator mais importante em nossa existência, sem ela a vida
não possui sentido. A pessoa que é consciente de si, sente que faz parte do
universo. Por isso podemos resumir: você é a sua consciência. Se você aceita a
sua consciência você se aceita. Mas, caso contrário, você tente negar sua
consciência você está se autorreprimindo.
Pensamentos básicos sobre o ser humano
Sou consciente, então existo. A consciência é o
fator mais essencial da existência. O ser humano
é a sua consciência. Sentir é uma parte essencial
de conscientização. Reprimir consciência implica
em reprimir o próprio ser.
Metáfora
Símbolo
A consciência
é a nossa
bussola.
O elemento espiritual da consciência (metafísica) leva à suposição que todo
material é derivado do imaterial, da energia metafísica. Isto significa que a nossa
prosperidade material é de fato necessária para que possamos funcionar, mas
em si não é o sentido da vida e, portanto, não é uma fonte de felicidade. Ela tem
apenas valor instrumental.
Sócrates disse que ninguém, conscientemente, realiza atos de maldade. Com
isso ele quis dizer que se a pessoa reconhece que vá realizar atos de má intenção,
ela não o faz. Se eu, por exemplo, no meio da fúria te bater, é sinal que eu neguei
a consciência. Quando estou planejando como me vingar do meu vizinho, tenho
de explicar a mim mesmo como ele merece uma boa lição e que tenho o direito
de vingar-me, pagando com a mesma moeda. Quando preparo um assalto ao
banco, o que me motiva é o fato de pensar que os ricos conseguiram o seu
dinheiro através de usura e da especulação e privando os outros de seu trabalho,
portanto tenho o direito de cuidar de uma parte do dinheiro. Para conseguir
fazer aquilo que é ruim preciso tentar reprimir minha consciência, ou seja, a mim
mesmo.
De verdade, as pessoas sempre procuram o bem. Ela o faz também quando
machuca o outro, usa o outro, comete crimes, faz guerra e destrói a natureza.
Uma pessoa que fuma procura o prazer, não está jamais querendo prejudicar a
sua saúde. Mesmo quando ela é má, acredita ser em prol do bem. Ela está
consciente do bem universal, portanto tem que tentar se explicar o propósito de
seus atos. Isso pode não ser feito no nível intelectual mas sim nas profundezas
dos sentimentos e do nível espiritual. Os humanos fazem mal, mas querem o
bem.
Por enquanto, a consciência é um conceito abstrato que é impossível de
definir ou medir. Cada um associa o conceito de um modo e lhe aplica seu
próprio conteúdo emocional e intuitivo. Pode-se discutir sobre a consciência com
a ajuda dessas perguntas:
-
Qual é a primeira coisa que você pensa quando escuta a palavra
consciência?
Como você se sentiria se alguém tentasse impedi-lo de tornar
consciente algo que de fato você já está ciente?
O que você sente quando vai à uma reunião importante?
Você executou uma tarefa de forma incorreta. Como você se sente se
seu erro for levantado perante todos seus colegas de trabalho?
Qual seria o sentido da sua vida se você perdesse a consciência
completamente?
O que você acha da ideia de que a consciência é livre do tempo e
espaço, e portanto imortal?
1.1.5 O mal só pode ser reparado com o bem
Não há necessidade de definirmos o que é estar de “bom humor” ou de “mal
humor”. O bom facilita a vida, e o mal previne e estraga o bem.
Como você reage se alguém quer lhe machucar? Você devolve com a mesma
moeda? Vingança gera um círculo vicioso ruim. Quando você fica com dor de
cabeça e irritado consigo mesmo, essa raiva afugenta a dor de cabeça? Ela
somente a piora.
Quando uma pequena criança machuca suas mãos e começa a chorar, vem o
pai correndo assoprar boas energias no local machucado, alisa e acaricia a mão,
fala bonito com a criança, transmite amor. Para todos nós essa é uma reação
natural. Mas assim não agimos com adultos ou conosco. Quando um colega de
trabalho me diz que está com dor de cabeça, eu deveria agir igual o pai com seu
filho machucado, falar compassivamente e perguntar se posso fazer uma
pequena massagem em sua cabeça. A criança acredita no espírito bom, na
energia positiva. Com nós adultos, a fé infantil desaparece no meio ao racional,
material e superficial. Somente com a idade avançada que nos tornamos livres e
voltamos a ter contato com nossa fé infantil.
Com medo e punições não se educa gente livre, independente e solidária.
Para isso precisamos de amor. É somente com amor que conseguimos ajudar o
agressor e a vítima, e isso inclui prevenir atos maldosos e mostrar ao agressor
como ele está se maltratando psicologicamente. Antes dele começar a agredir,
teve que se reprimir (reprimir sua consciência).
Do melhor modo possível deve-se prevenir atividades destrutivas, isso é ser
amoroso. Mas se respondermos à agressividade com mais agressividade, a
devastação só aumenta. O mal não pode ser reparado com mais mal. Excluir ou
prender não nos ajuda a tornarmos pessoas mais equilibradas. Com tal pode-se
certamente assustar crianças para que não façam o que for proibido. Mas ainda
assim é um ato de negar, censurar a consciência.
Pensamentos básicos sobre o ser humano
O mal pode ser curado somente com o bem.
O mal não pode ser curado por outro mal. O
amor é o sentimento básico da vida.
Metáfora
Símbolo
O mal pode ser
curado somente
pelo bem.
Se o amor é o sentimento básico da vida, a aprovação do amor é o mesmo
que a aprovação da vida, de si mesmo. Uma atividade emocional que tende
contra o amor é portanto negativa, obstrutiva e destrutiva. Isso significa que o
mal é causado por negar o bem. O mal não tem essência.
Segundo essa dialética o bem existe por si só, enquanto o mal é uma
consequência da negação do bem e, portanto só continua existindo enquanto a
negação continuar. A verdade existe por si só, já a mentira é a negação da
verdade. Assim que pararmos de negar a verdade, desaparece a mentira e a
verdade emerge.
É manifestação de vontade, quando alguém não nega sua consciência, ou
seja, a si mesmo? A liberdade de escolha envolve somente a liberdade de negar a
verdade, a consciência, a si mesmo e o contato com a realidade? Uma pessoa que
se aceita vive na realidade. Isso também pode ser visto como uma escolha? Ou
será que a escolha só entra em cena quando optamos por negar o bem? Portanto
aprovar o bem não é sinal de usar a vontade. Deste modo, o querer significa
negar a verdade. O “não querer” é um meio de viver na realidade. Se pensarmos
assim, a escolha sempre é uma escolha negativa, onde nos reduzimos e nos
aprisionamos. Querer o bem e agir amorosamente é o meio de se libertar da
vontade. Profundamente, o amor é uma aprovação incondicional, o que significa
não querermos nada, mas agirmos de acordo com a natureza e o amor.
O masoquista desfruta e sofre quando ele é humilhado e agredido, enquanto
o sadista desfruta e sofre quando outros são abusados. Intimidar uma outra
pessoa pode dar a sensação de prazer, porém não vem do afeto então não é
felicidade no sentido humano.
A cristandade diz “Faça aos outros como você gostaria que fizessem contigo”.
Konfucius expressa de um ponto de vista ligeiramente diferente: “Não faça aos
outros o que você não quer que fizessem contigo”.
Abaixo seguem alguma perguntas relacionadas ao tema:
-
Como você se sente quando está bravo e os seus amigos reagem com
raiva disso?
Você tem um sentimento de ter recebido amor demais? Isso é
possível? Descreva como.
Se você comete um erro e fica irritado consigo, a raiva lhe ajuda a
evoluir?
Se alguém é pego por alguma doença e reage com forte medo, ele
ajuda a curar?
-
Você quer que uma pessoa que age pelas regras comuns, enfrente
penalidades?
Poderiam essas penalidades serem meios para o desenvolvimento
humano? Você tem sugestões?
1.1.6 Igualdade implica em responsabilidade mútua
União, igualdade e justiça exige que todos tenham igual poder para
participar na tomada de decisões. Isso pode ser alcançado aplicando a
democracia direta para que todos tenham voz quando se trata de decisões
importantes. Dessa forma, temos todos o mesmo direito de influenciar
diretamente as atividades comuns, a definição dos princípios de funcionamento e
o planejamento das atividades.
Em uma família, os pais tem mais responsabilidades, ou seja, poder para
tomar decisões e portanto, mais liberdade que as crianças. Quanto mais velhas
ficam as crianças, mais participam na tomada de decisão conjunta da família, o
que faz parte de seu desenvolvimento para se tornarem cidadãos responsáveis.
Democracia direta significa que todos são envolvidos no processo de tomada
de decisões sobre questões importantes e na escolha do agente que vá lidar com
a execução das decisões. As ações conjuntas devem ser organizadas e, portanto,
precisamos de uma divisão hierárquica de trabalho. A democracia direta não
elimina o sistema de democracia representativa, mas altera as práticas
democráticas.
Como o maior poder no sistema capitalista é a atividade econômica, é de
grande importância a aplicação da democracia direta na definição dos princípios
e regras do sistema econômico. Querem, os trabalhadores, que os acionistas, que
nem trabalham na empresa em questão, tenham direito ao resultado do trabalho,
ou lucro? Será que as pessoas querem que os trabalhadores sejam responsáveis
pelo local de trabalho, ou seja, serem donos dele? É saudável que alguém possua
muito mais do que é capaz de usufruir? Como são justificadas as diferenças de
renda tão grandes? Quando alguém tem dinheiro além de suas necessidades, em
vez dele ganhar juros em cima desse, ele não deveria pagar imposto sobre o
dinheiro “parado”? Quando os cidadãos conseguirem responder essas perguntas,
torna-se possível construir um sistema econômico diferente.
Pensamentos básicos sobre o ser humano
Igualdade implica na responsabilidade coletiva. O
que requer democracia direta. Democracia direta
na economia e na política significa o poder do
povo.
Metáfora
Igualdade é
poder do povo.
Símbolo
Quando mais responsabilidade e liberdade, menos alienação, ou seja, povo
mais mentalmente independente. Solidariedade fortalece e o respeito à vida
aumenta. Igualdade e solidariedade mútua são construídos pela
responsabilidade partilhada, que é a base para um coletivo.
Em casa, na escola e no local de trabalho fomos educados segundo um
modelo contrário, que visa o sofrimento. Isso significa que nós trabalhamos de
uma maneira quase diametralmente oposta em relação ao modelo de igualdade e
responsabilidade compartilhada.
Para pensar:
-
Você quer participar na decisão de assuntos importantes que lhe
dizem respeito?
Qual sistema você acha que realmente tem maior poder, o político ou
o econômico? Explique.
No sistema econômico atual dinheiro gera mais dinheiro, incluindo
por taxas de juros e investimentos. O que você acha sobre isso?
Os funcionários muitas vezes desconhecem a forma como a empresa é
administrada. Você gostaria que houvesse uma mudança aí? Explique.
Um assalariado recebe um salário, mas não está envolvido na
distribuição dos lucros. Ele nem sequer tem o direito de decidir se ele
vai ser demitido ou não. O que você acha disso?
Você gostaria que a maioria das pessoas pudessem decidir sobre o
princípio de funcionamento do sistema econômico? Justifique o seu
raciocínio.
1.2. AS RIQUEZAS HUMANAS
Como já colocamos, todo ser humano possui todo tipo de riquezas humanas
e empecilhos, inibições. Se os descrevermos de modo mais objetivo possível é
mais fácil de nos tornarmos conscientes deles em nós e nos outros. O elemento
central do autoconhecimento é a consciência das riquezas humanas, dons,
talentos e boas ações.
Dentre as riquezas humanas está a percepção (visão, audição, tato, olfato e
paladar), a memória, intuição, conhecimento, amor, responsabilidade, coragem,
iniciativa, criatividade, entusiasmo, bom senso, senso estético, honestidade,
senso de justica, autodisciplina, talentos especiais de vários tipos, capacidade de
aprendizagem e habilidades físicas.
As riquezas humanas não dependem da idade da pessoa, origem étnica,
educação ou cultura. Elas existem dentro de todos nós de diferentes modos e
graus. Estar cientes delas é um dos pilares para saúde psíquica.
Quando uma pessoa está consciente de suas riquezas humanas ela as usa e
desenvolve-as. Quando ela decide usar seus talentos, ela se torna mais
consciente deles. Se não os usarmos, passamos a ter a sensação de que não
existem, o que faz com que a vida pareça sem sentido e triste. A seguir as
riquezas humanas são descritas com maiores detalhes.
PERCEPÇÃO
A fim de perceber a realidade circundante, temos os sentidos de ver, ouvir,
cheirar, saborear e sentir.
Sentir também é uma sensação. Eu sinto que a mesa é dura, o travesseiro
macio, que o toque de pele de outra pessoa é quente e que a brisa é fria. Também
posso sentir tristeza, alegria, raiva ou gratidão. O sentimento de alegria é
contagiante. Os seres humanos reagem a seus sentidos com alguma forma de
atividade emocional, como tristeza, alegria ou irritação.
Pode-se dizer que além dos sentidos e emoções, a percepção consiste
também em perceber os interesses, curiosidades e o desejo de compreender a
realidade. Nós podemos treinar e desenvolver nossas mentes de acordo com os
mesmos princípios que nós treinamos nossas outras habilidades, por exemplo,
parando deliberadamente para perceber o nosso modo de sentir e concentrandose em aprofundar a nossa percepção.
MEMÓRIA
Nós lembramos de coisas e situações passadas. A memória nos permite olhar
para trás no tempo. Ela inclui a oportunidade de ganhar experiências e aprender
delas. A memória pode ser intelectual, como por exemplo, conseguir lembrar do
número de telefone de um amigo. Também temos memória no nível emocional e
da ação. Isso quer dizer, por exemplo, quando aprendemos a andar de bicicleta
se torna automatico.
O grau de facilidade para lembrarmos de algo depende parcialmente do grau
de importância que damos para o fato. Se você não se interessa pelo texto que
está lendo, mal lembra dele depois. Mas caso contrário, você o considere
interessante e importante, mais facilmente lembra dele. Se na escola você tem
que estudar um tópico que não gosta, o faz lentamente. Mas se você ama, por
exemplo, português ou matemática, o aprendizado acontece com entusiasmo e
facilidade.
Nós temos uma tendência de esquecer das coisas com maior facilidade
quando envelhecemos. Principalmente perdemos a memória de curto prazo. O
presente perde o sentido, o passado e o futuro tomam lugares mais dominantes.
A memória se estende mais longe do passado e estende mais para o futuro.
Talvez seja algo natural, o futuro abre-se numa visão mais ampla, infinita,
metafísica (espiritual) e o agora começa a perder sua importancia.
INTUIÇÃO
A intuição é uma percepção que não é feita pelos sentidos. A palavra
“intuição” vem do latim intueor, onde in significa “interior” e tueor controle. A
intuição (consciência interna) tem grande influência quando se observa o mundo
externo. “Eu senti que as coisas tomariam esse caminho”. A intuição também é
chamada de sexto sentido.
Sobre a intuição dizemos que não sabemos que sabemos. A intuição fica
perto da consciência metafísica, nem sempre se mostra no nível do pensamento
(dimensão intelectual). A intuição é às vezes interpretada como inconsciente
consciente, mas aqui entendemos que ela é um aspecto da consciência.
A intuição poderia fazer parte da atividade de sentir ou da metafísica, como
está próxima à fronteira de ambas. Na cultura atual salientamos a importância do
conhecimento racional (ciência positivista), empobrecendo as capacidades
intuitivas humanas. A intuição é uma riqueza importante e que precisamos
respeitar e praticar.
AMOR
Aristóteles (cientista e filosofo grego, por volta de 384-322 a.C.) acreditava
que a alegria é o objetivo da vida, e alcançamos ela através do amor e de boas
ações.
Um recém-nascido precisa de amor mais que tudo. Toda criança tem direito
ao amor. Uma criança que não é amada sente grande injustiça. Ela sente isto
como uma grave injustiça e reage com a revolta. Essa revolta pode se aparecer
como um fechamento quase completo para os contatos, ou que ela faz de tudo
para ser aceito pelos outros ou ela age de forma destrutiva e agressiva. Mas não
são apenas recém-nascidos que tem necessidade e direito ao amor, todos nós, da
infância até o idoso.
Amor é condição para vida. Amor é o sentimento básico da vida. Ele pode ser
descrito pelas palavras afeto, aceitação, confiança, abertura (curiosidade),
alegria, contato físico e gratidão. Amor significa querer o bem e agir conforme
ele. Para uma criança, o amor dos pais é a maior fonte de alegria e conforto.
Quando uma criança se sente amada, ela sente que pode existir.
As pessoas querem viver, conviver, descobrir a realidade, usar suas
habilidades e serem conscientes de sua existência. Elas querem contato com o
outro, com o ambiente ao redor e com a natureza. O ser humano é um ser social
que precisa dos outros para não se tornar doente psicologicamente.
Amor significa responsabilidade e iniciativa. Amor é uma atividade boa
interna que se expressa como boas ações. Uma pessoa amorosa age em benefício
aos seus companheiros e ao ambiente. O amor é sempre construído com boas
intenções e, portanto, sempre ético. Somente no amor podemos viver a
liberdade.
Amor envolve modéstia e humildade, no amor aceitamos as coisas como são,
fazemos o possível para melhorar mas não exigimos o impossível. O amor não é
passivo: quando uma pessoa fica sabendo de uma injustiça, ela aceita a
consciência desta e começa a planejar o que precisa fazer para corrigir a
situação. A humildade é o amor.
Sabedoria é quando o ser humano une conhecimento e amor em suas ações.
Qualquer desenvolvimento cientifico e tecnológico deve ser usado
exclusivamente para a promoção da vida. Albert Einstein esteve, com razão,
muito preocupado em como iriam usar o resultado de suas descobertas sobre
física atômica; para construção de armas, bomba atômica ou para o
desenvolvimento de atividades pacíficas.
Assim como no caso de todas as outras riquezas humanas, é importante
treinar o amor. Podemos, por exemplo, nos forçar, mesmo que contra a vontade,
a fazer boas ações e ajudar pessoas desconhecidas, sem esperar qualquer tipo de
agradecimento. O amor é doar-se, ser generoso. As pessoas são felizes e
agradecidas ao poder dar. Elas sentem que estão recebendo quando dão.
Raiva, no nível saudável, é sinal de que você se importa, e se importar é uma
forma de querer o bem, portanto de amor. Raiva destrutiva é uma negação do
amor. Indiferença é não contar com as próprias habilidades mesmo que deveria e
é capaz de agir, ela vem da inveja e da censura da consciência. Mas nem isso
destrói o amor. Ódio e indiferença precisam do amor para existirem e no fundo
são sintomas do amor. Todos sentimentos são sintomas do amor, diretamente ou
por negação do amor.
Sigmund Freud disse que na hora da verdade, precisamos amar para não
ficarmos doentes.
A DIMENSÃO METAFÍSICA (ESPIRITUAL)
A palavra metafísica vem do grego e quer dizer “depois do físico”. A
metafísica é a dimensão não-material e é descrita também pelo termo
transcendental.
Como um ramo da ciência, a metafísica estuda a existência, qual é sua base e
da onde as coisas vem. Ela reflete sobre o espírito, as características da mente
humana, o sentido da vida e a existência de Deus. Aristóteles a chamou de
primeira filosofia. A metafísica visa o além dos sentidos para descobrir sobre a
verdade suprema.
Espiritualidade é um termo próximo à metafísica. Ela é relativo à
contemplação dos fenômenos para além do nível de material. As várias religiões
têm desenvolvido seus próprios pensamentos ou crenças estruturais e sua
cultura, seus costumes, rituais e linguagem que se relaciona com a metafísica. A
dimensão espiritual é a atividade mais profunda da vida psiquica.
Segundo Aristóteles, toda física vem de energia metafísica. Isso pode ser
interpretado de modo que tudo que podemos observar com nossos sentidos
externos existe em contrapartida, de alguma forma semelhante, no nível
metafísico. Será que o mundo físico tem uma base imaterial, o mundo físico como
um reflexo do mundo metafísico?
A humanidade sempre quis saber sobre a criação, a vida e o criador. Isso
demonstra uma forte necessidade de investigar questões metafísicas. Parece
como uma necessidade comum, universal, o que significa que a hipótese da
existência da dimensão espiritual é real. Mas é sempre uma questão de fé.
Se a dimensão metafísica existe, temos uma conexão com ela. A conexão
significa que funcionamos no plano metafísico, escolhemos e nos abrimos para
diferentes influências no plano espiritual. Precisamos ter de alguma forma
sentido metafísico. Lá estão eventuais habilidades telepáticas e outros talentos
que pertencem ao chamado mundo espiritual. Tais investigações são feitas pela
parapsicologia, sendo que na psicologia acadêmica, materialista, não são
consideradas reais.
Na minha juventude estive muito crítico em relação ao mundo
espiritual. Mas a experiência têm mudado minha crença. Moramos
na Suécia, Estocolmo, e um grande amigo nosso estava em perigo,
do outro lado do Oceano Atlântico. E uma manhã acordei e contei
para minha esposa que sonhei, esse amigo ter embarcado em um
avião e pousado no continente europeu. De noite recebemos um
telefonema que confirmou o sonho ser realidade. “Foi assim,
exatamente como você descreveu os eventos em seu sonho” disse a
minha esposa.
CORAGEM
Coragem é agir sem levar em conta o medo, a dor, o perigo ou a incerteza.
Coragem é defender seus pontos de vista e valores. Tudo novo é desconhecido, e
portanto, incerto, quem é corajoso toma iniciativas e experimenta suas
possibilidades. Ele não desiste mesmo falhando, ao contrário, tenta de novo.
Contratempos não o abalam. Coragem é não deixar-se intimidar.
O corajoso é sabiamente consciente de seu possível medo e o aceita, faz uma
avaliação da situação e age. Imprudência é negar a visão sobre os seus medos,
arriscando sua vida. É covardia subordinar-se às estruturas de poder e tornar-se
vítima delas ou deixar-se consciente das injustiças existentes, facilmente visíveis
pela quantidade de pobres e marginalizados. A coragem é buscar força coletiva
para trazer mudanças.
Pode-se treinar a coragem ao deixar-se sentir conscientemente seu medo,
compreendendo a sua liberdade e responsabilidade no seu modo de sentir. Por
não exigir de si mesmo destemor. Por sistematicamente expor-se a coisas que
você sabe que você tem medo, e sobre o qual sabemos que os riscos são de fato
pequenos.
CRIATIVIDADE
Fantasia, coragem e entusiasmo são fatores associados à criatividade.
Criatividade é criar algo novo, algo que ainda não existe. É libertar-se das
práticas e crenças existentes, desafiando o habitual.
Uma pessoa pode também usar a criatividade para neuroticamente fugir da
consciência sobre a realidade. Ela pode, dentro de si, criar doenças, traição,
catástrofes ou acreditar ser vítima de violência. Ela pode imaginar perdas,
façanhas, conquistas sexuais e prazer.
Podemos ajudar as crianças a desenvolver a criatividade incentivando-as a
experimentar, errar, estarem interessadas e animadas. Se nos prendermos aos
erros, matamos a criatividade. Ela é abertura e tolerância – ou seja, amor.
SENSO COMUM
Temos, todos nós, o senso de sentir e pensar o que é melhor, considerando a
totalidade. É o mesmo que senso comum, que sugere uma atitude pé no chão, que
respeite a natureza e se adapta às leis da natureza.
Senso comum é também demonstração de saúde psíquica e equilíbrio. Com a
mentalidade competitiva, consequência do sistema que vivemos, faz com que o
senso comum das pessoas, ou seja, a vontade de se importar com os outros e com
a natureza, se desmanche.
Por vezes, o conhecimento racional pode suprimir o senso comum. E muitas
vezes parece que a política e a vida econômica faltam totalmente no senso
comum. Foi a perseguição às bruxas na Idade Média ou a perseguição aos judeus
uma erupção com o senso comum? Foi bom senso escravizar os habitantes das
colônias? Será que a fé que se vive atualmente na ciência e na atividade
econômica respeita a natureza?
HONESTIDADE
Honestidade é estar consciente da verdade e defendê-la. Honestidade é
justiça e está ligada à esfera ética. Ética é uma filosofia moral que analisa os
fundamentos e a essência moral.
Moral é uma percepção do mundo associado ao tempo e espaço. Até 1950
usar mini saia era imoral nos países ocidentais e é ainda nos dias de hoje nos
países árabes. Na moralidade global a especulação e taxas de juros são
plenamente aceitos, enquanto é, por exemplo, proibido para um muçulmano se
enriquecer com juros.
Sócrates considerou que o ser humano é ligado à verdade e tem uma ligação
com ela em seu interior. Isto significa que eles têm um senso ético embutido, um
sentido ético. Têm uma ligação com a verdade universal sobre o bem e o mal.
Cada um de nós interpretamos a verdade com a distorção causada pelos nossos
empecilhos (neurose).
É importante que desde a infância fortalecemos e treinamos a honestidade. E
como as crianças seguem em grande medida o exemplo que os pais dão, o senso
de honestidade desses é um importante modelo para as crianças. Essa
mentalidade e modo de agir, por sua vez, é baseado por grande parte no sistema
social existente de valores e costumes, onde você segue facilmente o exemplo de
quem está no poder. A desonestidade dos governantes é transmitida aos seus
subordinados. Honestidade é trabalhar para alterar as leis injustas
especialmente na esfera econômica.
Maria von Ebner-Eschenbach (escritora austríaca, 1830-1916) deu esta
advertência: "Seja dono da sua vontade e servo na sua consciência." Viktor
Frankl interpretou a consciência em perspectiva transcendental, um canal para a
voz espiritual, uma ligação para o divino. Ludwig Wittgenstein (filósofo austrobritânico, 1889-1951) escreveu que a crença em Deus é a percepção de que a
vida possui um sentido.
SENSO DE BELEZA
O que é beleza? Refletir sobre a beleza é como contemplar a honestidade.
Pode-se falar de uma beleza moral - a experiência da beleza é, portanto,
vinculada a tempo e espaço. O que é beleza? O que é considerado bonito por
determinada cultura, depende do tempo e espaço. Algumas tribos indígenas
acham que é bonito ter lábios grandes como um pires.
Beleza é associado principalmente à arte. Uma pintura bonita, música
celestial, fotografias com alma e peças de teatro que despertam a consciência em
nível profundo, dão ao ser humano a experiência de beleza. Entretenimento e
arte estão relacionados. O que satisfaz as necessidades atuais do homem em
relação à beleza? Será que o padrão de beleza mudou?
De certo modo, beleza é uma questão de gosto. Alguns vêem a beleza da
natureza com admiração e outros pensam em como podem tirar lucro dela.
Nossas inibições podem fazer com que o que seja feio se torne bonito e o bonito
repulsivo, aterrorizante. Se a beleza é uma questão de gosto, a verdade também
é. É a harmonia o elemento básico para beleza? As casas, escolas, ruas e
subúrbios são bonitos, estéticos?
O senso de beleza, estética é um potenciador tão importante na qualidade de
vida que deveria ser parte fundamental do desenvolvimento infantil e adulto. É
uma experiência de beleza cantar no coro, tocar numa orquestra, atuar numa
peça de teatro ou ver uma, ler um livro bonito, contemplar a harmonia da
natureza ou fazer um trabalho significativo. Quando fazemos isso sentimos que
estamos a caminho de nos livrar de nossos empecilhos (nosso ego) e unir-se com
o universo.
AUTODISCIPLINA
Autodisciplina é dito quando uma pessoa é consciente de seus impulsos
emocionais, como raiva, paixão ou intenções destrutivas, por exemplo, ciúmes,
mas ainda assim age contra eles.
Uma enfermeira, um médico ou comerciante desenvolvem a autodisciplina
quando ficam conscientes ao estarem irritados com um paciente ou um cliente
mas agem com respeito e posteriormente refletem sobre seus sentimentos com
uma sensação de liberdade e responsabilidade pelo próprio modo de sentir no
momento.
Um pai fica bravo com sua filha, tem o impulso de esbofeteá-la e repreendêla. Ele aceita consciência de seu impulso e para, mesmo que contra a vontade, vai
embora e volta depois de algumas horas para falar com sua filha em um estado
de espírito equilibrado, espírito de amor. Ao contar sobre suas próprias
dificuldades ele educa a criança para aceitar a consciência de eventuais erros.
Isso também é chamado de autocontrole.
Autodisciplina é necessário quando você tem um trabalho longo e
desagradável à sua frente mas por força maior você lida com ele. Você inventa
qualquer desculpa para adiar o assunto. Até que você decide se recompor e
relutantemente iniciar o trabalho. Normalmente começa até a achar interessante
depois de um tempo.
Concentração implica em autodisciplina. É o senso de concentração e
atenção em uma coisa por vez, mesmo que o pensamento queira vagar aqui e
acolá. Como isso funciona em uma sala de aula, por exemplo, onde alguns alunos
fazem desordem e barulho? Concentra, o professor, a sua atenção neles ou nos
alunos que querem aprender algo? Como você se sente quando alguém em uma
reunião reage contra com comentários negativos? Isso rouba a sua atenção ou
você continua concentrado no que é importante?
Quando você sente que precisa emagrecer é a autodisciplina que lhe faz
comer durante um tempo dois terços do que você normalmente comeria. Depois
você se acostuma a parar de comer quando está meio satisfeito e não ceder à
gula.
A palavra disciplina desperta normalmente associações negativas, e muitas
vezes disciplina é um pretexto para reprimir a alegria, criatividade e o amor.
Autodisciplina saudável pode ser descrito como respeito por si mesmo e outros,
como o amor.
TALENTO ESPECIAL
Uma capacidade inata forte é chamada de talento. Um talento é como um
presente da natureza. Talento em matemática, musicalidade, talento social,
lógico, talento para aprender novas línguas, espontaneidade, agilidade e
espiritualidade são exemplos de diferentes talentos.
Genialidade dentro de algum tema é um talento. Até que ponto é aprendida
ou inata? Dizem que todos podem aprender a cantar. É o talento e a genialidade
um resultado de grande interesse e treinamento?
Quanto mais você ajuda uma outra pessoa a se tornar consciente de suas
riquezas humanas, melhor você se sente, já que assim você aceita as suas
próprias riquezas, seus talentos.
CAPACIDADE FÍSICA
Aprender a usar as mãos, caminhar, andar de bicicleta e nadar são grandes
experiências de alegrias para uma criança. Que o meu corpo funciona de forma
confiável é uma condição para eu usar minhas outras habilidades. Meu corpo é
minha ferramenta durante talvez 100 anos. É como o cavalo para o cavaleiro: é
importante cuidar dele, respeitá-lo e amá-lo.
Pode-se considerar a beleza física como uma capacidade ou um presente –
ou ambos? Beleza física é como uma herança, pode ser usado para alegria
comum e para o bem coletivo ou em busca de vantagens pessoais.
É importante treinar e desenvolver continuamente o físico, bem como todos
os talentos psicológico.
TODAS AS RIQUEZAS EXISTEM DENTRO DE TODOS NÓS
Algumas das riquezas humanas citadas acima podem ser classificadas como
virtudes também. Dentre outras, o amor, coragem, honestidade, senso comum e
alegria são ao mesmo tempo típicas virtudes. Na Grécia antiga havia o costume
de chamar a sabedoria prática, coragem, justiça e moderação de virtudes.
Acreditar que todos nós temos as riquezas humanas é acreditar em si mesmo
como humano. É encontrar e aceitar-se, o que é também o que várias formas de
terapia buscam, cada uma com seus métodos. Curar de uma doença sempre
acontece com ajuda da saúde. Quando o corpo adoece, ele mesmo, a natureza
tentam curar a doença.
William Arthur Ward (escritor americano, 1921 – 94) disse: “Quando
tentamos descobrir as melhores qualidade em outra pessoa, estamos justamente
descobrindo o que nós mesmos temos de melhor”. Podemos conscientemente
desenvolver o hábito de observar alguma riqueza humana no outro em nossas
relações cotidianas, em casa, com nossos amigos e colegas, no caixa da loja ou
com pessoas que encontramos na fila. Desse modo fortalecemos a consciência de
nossas riquezas humanas. Isso nunca machuca, só traz coisas boas.
Para pensar:
-
Quando foi a ultima vez que falaram sobre suas qualidades e riquezas
humanas? O que essa pessoa falou?
-
Pense sobre como uma certa pessoa que você admira, usa as suas
riquezas humanas
Quais as três riquezas humanas que você encontra mais facilmente
em si?
Quais as três riquezas humanas que você encontra com mais
dificuldade em si?
1.3 EMPECILHOS HUMANOS
Dostojevskij escreveu que os motivos pelos quais as pessoas agem são muito
mais do que podemos imaginar: “As pessoas tem a capacidade de abrigar os mais
altos ideais e as menores intenções.”
Os empecilhos são as intenções negativas do ser humano. Estas incluem a
forma de manter a atividade emocional negativa, como a ansiedade ou a
amargura, a atitude de censura, ou seja, a negação da consciência, pretensões
graves e sem limites (idealização, perfeccionismo e megalomania), inveja e
egoísmo. Os empecilhos são neuróticos, psicopatológicos. Eles expressam
atitudes negativas, o que significa que eles estão associados com a escolha e,
portanto, também com liberdade e responsabilidade. A escolha não é o resultado
de uma discussão intelectual, mas ocorre mais profundamente, no nível
espiritual e emocional. A seguir descrevo esses conceitos com mais detalhes.
ATIVIDADE EMOCIONAL NEGATIVA
Uma pessoa pode desenvolver um hábito crônico de cultivar a ansiedade, o
sentimento de culpa, o medo e o ódio. Com base nesse sentimento ela cria
percepções negativas e as usa para, por assim dizer, justificar seu
comportamento emocional. Ela pode ser tão dependente de seu hábito que não
pode desfrutar do descanso e da paz, mas continua a se preocupar e em sua
mente conjurar ameaças e catástrofes, mesmo quando ela vai dormir. Ela se
coloca em uma condição de estresse desnecessários e viver com uma constante
sensação de ansiedade, descontentamento, medo, ódio, ou vergonha. Pode
tornar-se um hábito tão arraigado que se torna uma parte de sua personalidade.
Alguém pode ter o hábito de fazer os problemas maiores do que são. Talvez
ele justifica para si mesmo, dizendo que está se preparando para o pior para não
ter de sofrer tanto se a coisa for mal. Desta forma ele vive em sofrimento por um
desastre que pode não existir na realidade. Ele escolheu o sofrimento.
Se uma criança vive em um clima de fortes emoções negativas, é
compreensível que é mais fácil ela desenvolver sentimentos negativos que dão
origem ao pensamento negativo.
ATITUDE DE CENSURA
Censurar significa trabalhar contra a consciência. Supomos que eu cometa
um erro e não quer que ninguém note. Eu tento escondê-lo, para que ele deixe de
existir. Mas o erro não é possível eliminar, ele foi feito. Quando eu tento esconder
o meu erro, o que realmente estou tentando é esconder a consciência dele. O
objeto da censura não é o erro, sim a consciência.
Um trabalhador que assumi uma tarefa da qual ele é incapaz de executar
sente-se oprimido e têm medo de contar ao seu supervisor. Talvez ele esteja com
medo de que o supervisor vai se decepcionar e tenta garantir que o problema
não seja descoberto. Mas basicamente, ele quer evitar a consciência de sua
incapacidade. Se ele aceitar a consciência de sua falta de habilidade, ele iria falar
abertamente com seu supervisor sobre a sua falta de recursos ou conhecimento.
Quando uma pessoa sofre de dependência química, ela está ciente de seu
problema. Mas ela pode criar explicações tão credíveis para si e para os mais
próximos à ela que faz com que todos (e ela mesma) acreditem estar realmente
tudo bem. Ela está consciente, mas faz de tudo para negar a consciência.
O objeto da censura é a consciência. Quando se diz que uma pessoa nega seu
ódio significa que ela está tentando reprimir a consciência dele. Mas não
consegue que o ódio desapareça, em vez disso, ele cresce e se torna crônico.
Quando não queremos sentir a dor e não estar ciente dela, ela acaba se tornando
dor crônica. Quando um ditador quer sufocar a oposição, ele tenta impedir a
consciência da existência de opiniões divergentes, mas a censura da consciência
leva, mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente a perda do poder.
A atitudes de censura é conectada a uma noção irracional: o que você não
está ciente, não existe. E vice-versa, quando eu começar a tomar consciência de
qualquer coisa, ela começa a existir. Na terapia, pode acontecer que, quando o
paciente em um nível mais profundo se torna consciente de suas dificuldades, ele
acredita elas serem causados pela própria terapia.
Faça o seguinte teste. Olhe pela janela. Escolha um objeto bastante central na
paisagem, como uma janela na casa em frente. Então, você decide que você não
pode ver aquela janela, mas continua a ver a paisagem em cerca de dez minutos.
Em breve, você vai notar que a mesma coisa que você não podia ver está no
centro das atenções o tempo todo, e que você se sente desconfortável. O que você
não quer estar consciente é ativado em você.
Trata-se de um conflito interno: você está ciente de alguma coisa, trabalha
contra essa consciência e a ativa ao mesmo tempo. Você faz exatamente o que
você não quer fazer. Ela estimula a sua necessidade de censurar, iniciando um
ciclo vicioso. Como no ser humano sua essência básica é a sua consciência, ele se
reprime quando tenta reprimir ela. Se isso for feito com muita força, a reação é
ficar paralisado ou tornar-se furioso.
Quando alguém te machuca, você pode tornar-se tão ansioso que você
paralisa, não diz nada e não faz nada. Ou talvez você fique tão furioso que tenta
devolver em dobrar, e se isso não for possível ataca qualquer pessoa de fora. Em
ambos os casos, você não quer se tornar consciente da maldade de seu
companheiro. Mas se você aceitar a consciência de sua maldade, você olha para
ele e pense em algum jeito de como você poderia ajudá-lo. Você está em
equilíbrio e não há nada do que você tenha que se defender, você não fez
qualquer dano significativo.
Quando uma pessoa fica paralisada , isso significa que ela censurou sua
consciência e paralisou, assim, a sua capacidade de observar e avaliar, sua
coragem e criatividade, ou seja, ela mesma. Costuma-se dizer que você fica fora
de si.
Um educador pode sentir-se muito ansioso quando tem de entrar em uma
classe onde há educandos arrogantes e zombeteiros. Ele espera ardentemente
que eles não sejam assim, e, portanto, não aceita a consciência da arrogância
deles. Ele tem um conflito interno: o mundo que ele quer é diferente da realidade
que ele está ciente. Há um conflito entre o desejo do educador e suas
observações da realidade. O educador está consciente , mas lutando contra. Isso
é facilmente julgado, erroneamente, como o comportamento dos educandos ser
resultado de sua incapacidade. Essa interpretação parece injusta, o que
realmente é. A frustração dele cresce, ele torna-se cansado e sente-se fraco,
fazendo com que a sua necessidade de se defender se torne maior. O resultado é
um círculo vicioso. Se o educador não tivesse censurado a consciência da
arrogância dos educandos, ele estaria interessado no fenômeno, e ficaria feliz em
pensar nele, examiná-lo em seus alunos, e, possivelmente, também em si mesmo.
Ele iria tentar desenvolver a sua abordagem e seus métodos de trabalho, a fim de
ajudá-los a tomar consciência da sua atitude zombeteira.
O propósito da censura é ignorar a consciência. Ela é percebida como um
perigo e uma ameaça, levando a uma chamada reação de defesa, uma fuga ou um
ataque à consciência. O termo reação de defesa é estranho neste contexto, em
que se trata de negar a si mesmo. Ela está associada a estados emocionais como
dureza, rigidez e indiferença.
Sentimentos associados com a atitude - ou reação - de censura é a ansiedade,
medo, decepção, depressão, paralisia e/ou nervosismo, raiva, ódio, agressão.
Frequentes métodos de censura são, por exemplo:
-
Defender ações erradas e dar explicações desnecessárias
Acusar e culpar, julgar e classificar o outro ou a si mesmo
Moralizar e nutrir sentimentos de vergonha
Ver-se como uma vítima (atitude de mártir)
Afugentar-se nas emoções (ansiedade, depressão, sedentarismo, ódio,
rancor...)
Preocupar-se, remoer o passado infinitamente
Abusar de alimentos, medicamentos, drogas, etc
Fugir da realidade, se apegando à objetos, fantasias, trabalho, poder...
Adoecer: dor de cabeça, indigestão, gripes, erupções cutâneas e
outras doenças psicossomáticas
Implicações gerais ao negar a consciência é a incapacidade de lidar de forma
construtiva com o problema, um comportamento cauteloso, inibido ou agressivo,
estresse excessivo e prolongado, dificuldades nas relações interpessoais, senso
de agir prejudicado e doenças.
Projeção é uma forma de censura em que uma pessoa transfere suas
próprias intenções, sentimentos e crenças negativas para outras pessoas ou na
vida em geral. Ela age de modo crítico e destrutivo, mas sente que os outros têm
intenções hostis. Ela interpreta situações e outras pessoas através de sua própria
atitude negativa. Por isso ela vive com sensação de perigo e ameaça. Se a
projeção é contínua é chamada de paranoia ou delírio de perseguição.
Temos o costume de projetar nossos valores e atitudes nos seres divinos das
religiões, frequentemente expressando culpa e rejeição. Se temos uma atitude
fanática projetamos de uma forma fanática.
Será que a metáfora bíblica em que Deus proibiu Adão e Eva a comer as
maçãs da árvore do conhecimento o seguinte significado? Que pegaram a maça
para comer, isso simboliza a escolha de negar a consciência. Desta forma o
pecado original, que é a primeira escolha incorreta, é uma negação da
consciência, portanto, censura. Isso significaria que todos os outros pecados
também pressupõe, antes de tudo a negação da consciência. É coerente com a
ideia de Sócrates de que os seres humanos não fazem o que é mau se aceitam a
consciência de suas más intenções.
IDEALIZAÇÃO, MEGALOMANIA PERFECCIONISMO
A idealização é embelezar, superestimar e se recusar reconhecer falhas e
problemas. Uma pessoa imagina que ela ou outra pessoa tenham talentos que
eles não têm. Ela tem expectativas altamente irrealistas. Ela coloca exigências
exageradas sobre si mesmos e nos outros. Isso faz com que viva em constante
frustração e estrese. A idealização assume que ela censurar a realidade. Para
manter as fantasias sobre si mesma e os outros, ela deve negar sua consciência.
Quando estou profundamente apaixonado, eu vejo o objeto do meu amor tão
perfeito e não encontro qualquer falha nele. Um parceiro perfeito significa
felicidade completa. Eu sinto que só ele pode me fazer completamente feliz. A
felicidade de minha vida depende se eu posso tê-lo. Nessa disposição estou longe
da realidade. Sigmund Freud descreveu este estado como uma mini psicose e
concluiu que uma pessoa apaixonada deve estar em licença médica. Ele não é
capaz de fazer avaliações equilibradas do seu trabalho, também.
As crianças muitas vezes idealizam seus pais e mais tarde, possivelmente,
seu professor ou supervisor. Quando ele ou ela é forçado a aceitar que a
realidade não atende às expectativas, pode resultar em decepção e um
comportamento muito agressivo ou auto- destrutivo.
Idealização também faz tornar-se decepcionado com a mesma coisa várias
vezes. Você sente que o seu colega de trabalho tem um certo problema. Ele, por
exemplo, nunca chega ao trabalho em tempo e deixar algumas de suas tarefas
para você realizar. Você fica com raiva e desapontado todos os dias que isso se
repete. Você se decepciona, como se fosse um fenômeno novo. Parece que se
você se recusa a lembrar os problemas de seu colega e você age como se você
não tem experiência prévia no assunto. Mude a maneira como você age!
Verifique que sua memória funciona na próxima vez que você vai trabalhar. Você
espera que ele venha, e como o usual, atrasado. Você fica feliz porque a sua
memória funciona. Quando você está feliz , você está equilibrado e transparente.
Você diz reto e respeitoso para seu colega de trabalho que ele está atrasado e
deixou trabalho incompleto. Você levar o assunto de forma construtiva, sem se
sentir desconfortável, enfrenta o possível problema e indignação dele e aceita-os.
Nas famílias há muitas vezes uma condição crônica de decepção, onde se luta
arduamente para manter expectativas. Acontece que uma mãe a cada dia se
decepciona quando seu marido (ou filhos) joga suas coisas desordenadas no
chão do corredor quando chegam em casa. Ela se opõe realmente à sua memória
com expectativas, e começa sua reclamação ranzinza persistente da qual todo
mundo odeia, e que resulta em resistência. Agora, ela decide testar sua memória.
Ela espera até que o marido chega em casa e o segui vendo como ele mais uma
vez descuidada joga tudo ao seu redor. Ela fica feliz em ver que sua memória
funciona. Alegremente, com amor e calorosamente ela recebe o homem . Ele fica
surpreso com a mudança de comportamento de sua esposa e que ela não esta
resmungando como sempre. Ele sente alívio e alegria e pensa consigo mesmo
que, desde que a esposa mudou ele vai a partir de agora começar a colocar as
coisas em seus devidos lugares. Você mesmo mudar de atitude é a melhor
maneira de provocar os outros a mudarem.
Uma pessoa pode se idealizar ou idealizar outros, como seus pais, um
professor, políticos e figuras públicas. Ela pode idealizar autoridades, um sistema
social e as estruturas de poder. Se tivermos em mente que o que você faz para o
outro, você faz interiormente a si mesmo, pode-se concluir que a idealização dos
outros é um sinal de que ela idealiza-se, apesar do sintoma ser de inferioridade.
Uma pessoa perfeccionista quer que tudo seja perfeito de acordo com seu
gosto e desejo. Ela se vê como (quase) perfeita, mas ao mesmo tempo está
consciente de suas defeitos e, portanto, entra numa luta interna contra a sua
consciência.
Ela quer que seus companheiros ao redor e o meio ambiente sejam perfeitos
também, e exigir perfeição de todos. A casa é perfeita, sem poeira e sem bagunça,
seu traje é impecável. Ela carrega uma máscara sólida. Ela se esforça para ser
alguém que ela não é, e, assim, restringe-se, faz de si menos do que ela realmente
é.
Ela se estresa muito, e para ela muitas vezes dizem "não exija tanto de si
mesma." Não poder ter exigências sobre si é levado como mais uma exigência e
isso a deixa ainda mais irritada. Ela está consciente de sua falha, mas não aceita a
consciência dela.
Quando tal atitude é muito forte em alguém é preciso usar uma terapia
paradoxal e exortá-la a exigir ainda mais de si. Quando ela está deliberadamente
tentando aumentar os seus níveis de exigência, ela se torna mais claramente
consciente disso.
Delírios de grandeza, megalomania faz uma pessoa pensar que ela sabe
tudo e sabe tudo melhor do que todos. Cria demandas e expectativas ilimitadas.
Ela quer o poder, porque ela acredita que só ela pode fazer a vida e o mundo
funcionarem corretamente .
Ela trabalha sem saber de suas limitações naturais, não descansa, e não
reserva tempo para o lazer e relaxamento. Ela se recusa a sentir fadiga e também
exclui outros sintomas do corpo e psique. Ela sente cansaço, mas foge da
consciência dele indo para a academia.
Ambas essas configurações, perfeccionismo e megalomania, incluem a falta
de limites. É por isso que é tão difícil dizer não. Dizer não significa aceitar as suas
próprias limitações.
Uma pessoa com uma atitude sem limites sente-se culpada por coisas que ela
não tem qualquer responsabilidade, que, de fato, não tem como influenciar. Isto
pode ser já observado em uma criança pequena que sente que é responsável pelo
alcoolismo de seu pai e faz de tudo para ele não beber. A criança tenta agradar o
máximo possível para que seu pai não tenha razão para beber.
É possível que as mulheres mais frequentemente sofrem de perfeccionismo e
os homens mais de megalomania. Ambas as atitudes demonstram uma atitude
narcisista egocêntrica. Tal pessoa sente que ela está no centro das atenções e é
extremamente importante e insubstituível. A figura abaixo resume isso.
Perfeccionistas
Megalomania, mania de grandeza

Acreditam serem perfeitos

Não podem errar

Não possuem falhas

Exigências/expectativas
rigorosas e ilimitadas

Necessidade excessiva de
controle
 Centro das atenções
 Acreditam que podem e sabem
tudo
 Acreditam serem melhores que os
outros
 Só ele sabe fazer as coisas e
ninguém mais
 Tenta assumir o controle e o
poder
 Atitudes sem limite
 Centro de tudo
Egocentrismo, narcisismo
Egocentrismo, narcisismo






Quer fazer tudo; ”gás”



Tem medo de errar; ”breque”


Impaciência, tensão, conflito,
sensacao de impotencia, estresse, fadiga
Essas atitudes são gatilhos de estresse significativos. Uma pessoa que requer
o impossível tem uma constante sensação de inadequação. Ela luta contra a sua
consciência e torna-se cansada. Ela também pode gerar estrese nas pessoas em
seu círculo íntimo e ser um conjugue ou colega de trabalho pesado e estressante.
Da história recente da Europa, podemos selecionar Stalin, Hitler, Mussolini,
Franco e Salazar, que com sua megalomania e desejo de poder causaram nas
pessoas extermínio e sofrimento em grande escala . Como é possível conseguir
que um povo se junte em uma guerra de agressão ou forme um reinado de terror
em nível nacional? As pessoas se acostumaram a seguir um líder em casa, na
escola e no local de trabalho, e de viver alienadas, que é se auto reprimir. Sem
perceber as pessoas desenvolvem uma atitude de dependente. Especialmente
em uma situação incerta, ela precisa de um líder forte ou guru para contar com e
focar sua dependência . Em tal situação alguém que é ganancioso e
megalomaníaco sobe no poder. Essa pessoa pode de forma relativamente fácil
transmitir sua doença para seus subordinados mais próximos. Estes permitem
contaminar os próximos abaixo na hierarquia de poder, até que suficientemente
grande parte das pessoas hipnotizadas participam. Há também aqueles que se
juntam apenas por medo de ir contra a corrente.
No perfeccionismo e megalomania está sempre incluído também os seus
opostos. Quando alguém, totalmente justificado, sente que, afinal, não é perfeito
ou que não sabe tudo, ele torna-se deprimido e sente inferioridade em relação ao
que imagina, espera e exige de si mesmo. Criando incertezas, timidez e medos.
Desacreditar a si mesmo é muitas vezes modéstia artificial. Ao desvalorizar a
si mesmo a pessoa está tentando impedir a consciência de suas fantasias
grandeza.
Norberto Keppe usar o termo teomania, o que significa tentar ser maior do
que Deus. Teo é grego e significa Deus. Perguntei a um pastor luterano o que é
um pecado original. Ele descreveu como o desejo do ser humano de ignorar
Deus. Quando na psicose, pode-se dizer, o sujeito cruzou a linha em sua busca
para elevar-se acima da divindade. Martti Siirala (psiquiatra finlandês,
psicanalista, 1922-2008) concluiu que quanto mais você sobe na pirâmide do
poder, mais doentes são as pessoas que você encontra.
A revista Superintressante (Fevereiro de 2013) citou um estudo realizado
pela Universidade de Oxford, que mostrou que dentre as diferentes profissões
era a de CEOs com proporcionalmente maior percentagem de psicopatas (um
psicopata é uma pessoa calculista e fria que parece não ter consciência, mas são
muito hábeis em manipular pessoas). Na mesma revista tinha um estudo
holandês que descobriu que quanto mais rico um pai é, menos tempo ele passa
com seus filhos.
Desejo de poder é um sintoma de uma doença mental. Aqueles que se
importam tanto com ganhar o poder, geralmente atingem uma posição de poder.
Quanto mais a pessoa busca o poder, mais ela acredita ser melhor que os outros .
O desejo de poder assume e nutre megalomania.
INVEJA E DESTRUTIVIDADE
Geralmente, percebemos a palavra inveja como uma condição negativa
experimentada em relação à soberania ou o sucesso de outra pessoa. O
sentimentos gerado é a incerteza, a ansiedade, inferioridade, malícia ou ódio e
raiva.
A inveja é frequentemente associada ao desejo de obter o bem que os outros
têm. Mas se considerarmos a ideia básica "o que eu faço para os outros, eu faço
para mim mesmo", você não quer -se bem, se você não quiser bem para os
outros.
Se o caso for uma situação em que eu ao ver algo de bom em uma pessoa
fique inspirado para agir e conseguir a mesma coisa para mim, então não é
inveja. Eu não tinha nada contra a outra pessoa ter o bom. A inveja é atitude
destrutiva, com base na malícia.
O termo em sueco descreve inveja como natureza, de modo apropriado. Isso
significa que um homem não se permitir o que é bom , mas seleciona problemas
e sofrimento. Em português o termo inveja tem o “in” que significa não e “veja”,
ver. Portanto, a pessoa vê as coisas que ela não quer ver. Ela está consciente de
algo bom, alegre ou bonito, mas não têm consciência sobre o assunto e, portanto,
tenta destruí-lo. Ela vê o bem como uma injustiça e tenta impedi-lo. Também em
latim a palavra é invidia, não ver. A palavra em inglês, envy tem o mesmo
significado, en-vy portanto, não ver.
Inveja é dito ser mais forte em relação a pessoas próximas a seu próprio
nível de sucesso. As classes oprimidas da sociedade sentem ódio e inveja à classe
imediatamente acima e não ao grupo que tem maior poder. Alternativamente a
inveja é dirigida contra o grupo mais próximo abaixo de si, uma vez que aumenta
a consciência de sua própria posição subjugada. Na hierarquia do trabalho, o foco
é muitas vezes sobre os grupos ocupacionais mais próximos de si. O velho ditado
"ninguém é profeta em sua própria terra", descreve isso.
Inveja significa negar o bem e, portanto, também uma atitude de cabeça para
baixo (invertida), onde o bom sente como mal e mal sente como bem. O apóstolo
Paulo acreditava que o problema do ser humano é que ele não faz o bem que ele
quer, mas o mal que não quer. É como se fosse um pecado aproveitar a vida. O
sofrimento e a dor são bonito. Honestidade é ser ingênuo, ou seja, idiota, e
astúcia é admirável. Trabalhar é degradante, quem é esperto não precisa disso.
Todas as formas de competição são eficazes, a solidariedade é difusa. A ganância
é boa, a generosidade significa fraqueza.
Aqui a inveja não é ver algo de bom nos outros e querer a mesma coisa para
si mesmo. Tentar alcançar algo bom não é errado, mesmo se você tiver
inspiração em outro ser humano . A inveja é estar ciente da capacidade e sorte de
outra pessoa, mas reagir tentando dificultar e destruí-la, e sentir uma espécie de
prazer doentio se for bem sucedido. Prazer em machucar, destruir é um sintoma
de inveja: é prazer pela incapacidade do outro. Você é tão atraente, mas hoje,
para minha felicidade, você está cheio de espinhas. Se sentir de alguma forma
bem quando o vizinho perde o trabalho - agora eu vou ter que ir confortá-la.
Um aluno que interrompe as aulas sofre de inveja, porque o aprendizado
traz desenvolvimento e sucesso. Ele não quer reconhecer, portanto, estar
consciente de sua própria riqueza humana e oportunidades, e ao mesmo tempo
ele tenta transferir sua atitude negativa sobre os outros.
Os pais ou os professores tentam, às vezes, controlar as crianças, não tanto
por amor comi pelo desejo de limitar a abertura delas, a beleza, alegria e a
atitude sem preocupações e de confiança na vida. Com base na inveja é associada
a despreocupação das crianças à irresponsabilidade e fantasia, enquanto
melancolia e preocupação é visto como atitudes a favor da vida. Não é de
estranhar que os adolescentes que se aproximam de idade adulta gostariam de
pressionar o freio.
A inveja é uma atitude perante a vida que afeta tanto o mundo exterior
quanto o interior, suas próprias capacidades e oportunidades.
Quando eu, em algum momento estava palestrando sobre inveja, alguém
reagiu respondendo que ele não sofre certamente de inveja. Eu costumo
antecipar essa reação, perguntando se há alguém na congregação que nunca
sentiu inveja . Ninguém levanta a mão.
Quando a inveja é muito forte, psicótica, pode, um ser humano, agir
incompreensivelmente destrutivo. Por exemplo, um homem que percebe a
beleza e a vida de uma mulher, acaba atacando-a, estuprando e matando-a
brutalmente. Ele destrói exatamente o que ele quer e deseja. A beleza da mulher
sente nele com um toque profundo, uma consciência do amor. É como se a
mulher penetrasse na camada patológico do homem e provocasse forte sua
atitude de inveja. Para suprimir sua consciência ele reage com fúria imprudente.
Ele destrói a mulher porque ela evoca uma forte consciência contraditória nele:
por um lado, a consciência da beleza e do amor, do outro lado da inveja e
censura.
Inveja presente em relacionamentos íntimos é chamada de ciúmes. Em seu
livro, Sócrates e a arte de Viver , descreve, JC Ismael, esse fenômeno da seguinte
forma:
A coisa mais importante é lutar contra a sua inveja (e estar ciente disso),
especialmente quando o status intelectual, social ou econômica da outra
parte é melhor do que o seu, porque a inveja é como um veneno que destrói
também as relações mais fortes. É algo misterioso que sempre quer destruir
relacionamentos amorosos - e que amantes sempre incansavelmente devem
frustrar. Inveja faz um amante ficar com sentimento de alegria sobre a
infelicidade e insatisfação do seu parceiro sobre o sucesso: um veneno
inexplicável que ocorre nas profundezas da alma, por trás das costas de
Deus.
O ciúmes é inveja, e se ele é levado a suas consequências extremas pode ser
dramático e destrutivo.
Demócrito (filósofo grego, por volta de 460-370 aC.) descreveu a felicidade
como um estado em que não se lamenta sobre o que está faltando, mas se felicita
com o presente. A alegria do ciumento é um gozo da felicidade em ruínas do
outro.
A inveja é o motor para o seguinte curso comum de ação:
-
Fofoca, falar pelas costas do outro
Alegria pela dor do outro, ironia e difamação
Atitude negativa, constante insatisfação ou reclamação
Passividade, preguiça, indiferença
Ciúmes, possessividade
Constante desconsideração de novas ideias e oportunidades
Aumentar o problema e as dificuldades
Dificuldade para escolher e tomar decisões
Obstrução e sabotagem de coletivos
Panelinhas insalubres, alianças
Postura permanentemente crítica e prejudicial
Inferioridade, depressão
Desejo de poder, de controle
Destrutividade, agressividade
A pessoa ciumenta reage negativamente a novos desenvolvimentos e
oportunidades. Ela aumenta os problemas e preocupações , mas não age de
maneira prática para remediar a situação . Ela se concentra nas dificuldades e
rejeita assim o bem. Ele sente uma satisfação doente com a sua própria e as
falhas dos outros.
Quanto mais forte as atitudes de perfeccionismo e inveja que são
simultaneamente na pessoa, maior o estresse interno. Ela faz questão do
perfeito, ideal, mas na sua inveja não permiti o bem. Criando um forte conflito
interno. Impedindo que faça escolhas e decisões e deixando-a com ansiedade e
medo constante. Ela está consciente de que impedirá tudo que é bom, mesmo
que ela, simultaneamente, exige perfeição. Ela sente estresse muito forte.
Imperceptivelmente o pequeno mal cresce. Podemos nos acostumar com o
mal para não sentir mais dor. Assim, a moralidade se adapta e o mal se torna
aceitável, mesmo que ele ainda é eticamente errado.
Assim escreveu uma mulher de 60 anos de idade, depois de ler um
texto sobre esse círculo vicioso: "Eu reconheço meu próprio
comportamento aí. No meu caso, ele evoluiu assim ( na infância ):
"Eu tinha sido impertinente, eu não vim em casa a tempo, eu tinha
roubado biscoitos, o que está errado. Minha mãe me culpa, pune mas nunca me bateu. A pena é uma punição mental, eu perco algo
de bom, que me foi prometido, ou eu tenho que sentar-me sozinha
e pensar sobre a minha maldade. Eu sinto culpa, que me preenche
completamente. Não há nada além do mal dentro de mim.
Mamãe me chama para pedir perdão e que eu prometa nunca
mais fazer igual, para que eu de agora em diante seja sempre gentil.
Peço perdão, sabendo que eu, no futuro, vou cometer o mesmo
erro novamente. Eu sou um verdadeiro monstro que no momento
de pedir perdão, que considero quase um rito sagrado, minto.
Parece que eu fui dividida em dois. Metade de mim quer ser
agradável e ajudar minha mãe, e a outra metade no pode e nem
quer, porque o que é impertinente e proibido geralmente é muito
mais divertido do que o gentil.
Em algumas situações, eu também sinto que a mamãe está sendo
injusta. Ela me acusa de algo que eu não fiz, e não posso provar a
minha inocência. Ou então ela me nega algo que "todas as outras
crianças" podem fazer. Ela não me entende e, portanto, não me
deseja nada de bom.
O resultado de tudo isso é um sentimento de que eu não deveria
existir. Eu sou um fracasso, acho eu tanto quanto minha mãe. Estou
absolutamente convencido de que minha mãe queria o melhor
para seus filho. Ela era uma boa pessoa. "
Esta mulher descreve sua luta ético rigorosa. Ela não aceita a
conscientização da conduta injusta de sua mãe e subjuga a si
mesmo. Ela culpa a mãe por isto e o círculo vicioso se fecha cada
vez mais. Ela submete -se tão severamente que ele sente como se
não existisse.
Quando visitei a área de residência dos trabalhadores sem-terra no
Brasil, me recordei de minha própria inveja. No pátio da casa de
Pedro havia um grande e novo SUV que já havia ouvido falar. Senti
um espinho de inveja no meu peito. Eu não quero e nem preciso de
qualquer carro, pensei, e me perguntei por que, então, senti como
um espinho. Mais tarde, voltei a pensar nisso e percebi que não era
o carro que era o objeto da minha inveja, mas a maneira de Pedro
de se atrever a desviar dos padrões da comunidade e dar a si
mesmo o direito de algo que ele gostava muito.
EGOCENTRISMO
O egocentrismo é o foco da pessoa sobre si mesmo. Ela observa -se muito, ou
admirando ou criticando negativamente. Ela tem dificuldade de se libertar da
auto-observação, para ver a realidade e se preocupar com os outros. Isso se
manifesta na forma de egoísmo, egocentrismo, seu ego é o centro do mundo. Ela
acredita que todo mundo está interessado nela e olhando para ela com
admiração ou condenação.
Todos os empecilhos implicam em auto-absorção. Na atividade emocional
negativa dirigimos a atenção para si e para suas próprias crenças sobre o que os
outros pensam sobre nós. Negando a consciência, censurando, assumimos que,
em nossa auto-absorção perdemos o contato com a realidade. Idealizamos a nós
mesmos é se concentrar em si mesmo. Inveja também, ou seja, evitar o prazer e
desenvolvimento de outra pessoa, é egocentrismo.
Em sua auto-absorção a pessoa limita a realidade para si mesma. Ela cativa a
si. Isso ela experimenta com ansiedade e dá origem a medos, fobias, neurose
obsessiva e estresse e doenças em geral. Quando uma pessoa se relaciona
amorosamente ela se dirige para fora, buscando oportunidades para agir para o
bem comum. Ela aceita a si mesmo e, portanto, outros.
ESTEJA CIENTE DE SEUS EMPECILHOS
A maneira de descrever a psicopatologia através dos empecilhos pertence à
Psicanálise Integral, desenvolvida por Norberto Keppe. De certo modo, esta
abordagem não é tão diferente da maneira de Evagrius Ponticus (monge cristão
egípcio, por volta de 346-399) interpretar a essência do pecado por oito termos:
insaciabilidade, imoralidade, ganância, melancolia, apatia, raiva, vaidade e
orgulho. Imoralidade podemos desconsiderar como estava ligada ao moralismo
no tempo de Evagrius.
Para efeitos de comparação podemos mencionar que a psiquiatria, em
termos de doenças psíquicas, usa distúrbio de ansiedade, distúrbio de pânico,
agorafobia, neurose obsessiva, distúrbio de stress pós-traumático, depressão,
distúrbio bipolar, esquizofrenia, síndrome despersonalização, demência, ADHD e
assim por diante. A psiquiatria tenta descrever os sintomas e determinar o
diagnóstico, enquanto que com os empecilhos queremos descrever as intenções
do sujeito, preferências e atitudes como causas para os sintomas. Além disso, é
claro que, por exemplo, a injustiça das estruturas sociais e as injustiças na
infância são de grande importância quando ocorrem doenças.
Os seres humanos podem ser descritos por dois círculos concêntricos????. A
borda do círculo exterior é a casca, a máscara social onde queremos mostrar
como é bom, bonito e forte. Abaixo da máscara é a camadas dos empecilhos, das
intenções destrutivas e os hábitos neuroticos da atividade emocional.
E abaixo deste circulo externo há o cerne, a essência do ser humano, onde se
situa a equilíbrio, a consciencia e o amor. Na sua essência o ser humano tem o
canal ou o contato com a beleza e bondade e verdade universal, a energia da
vida, e conforme a religião de cada, um o contao com Criador, Deus, Jahve, Alá..., o
contato com a consciência universal.
Quando dizemos que uma pessoa está se procurando, então ela está busca o
contato com seu interior. Como ela vai fazer isso? Há pelo menos duas
possibilidades: ou por contato direto e imediato com a sua essência real ou por
tornar-se consciente de sua casca, seus empecilhos e, portanto, em certa medida,
se livrar deles. Um contato imediato pode ser, até certo ponto, feito quando se
fortalece a consciência das riquezas humanas. Os empecilhos se tornam
consciente através da humildade, aceitar que você tem todos os tipos de falhas.
Uma pessoa se sente bem quando ela age carinhosamente. Ela se sente mal
quando ela age de uma forma negativa. Apenas o comportamento ético faz sentir
bem.
Com base nisso, o caroço para o conhecimento humano e o autoconhecimento está na consciência das riquezas humanas. Avaliações e
classificações de vários tipos são prejudiciais. Não se deve comparar ou avaliar a
capacidade das pessoas e habilidade, porque tem um efeito desanimador,
justamente, em quem mais está precisando de ajuda, e deixa o bem sucedido
mais orgulhoso
Para considerar:
- O que você sente quando você sabe que vai ser exposto à crítica?
- Como trabalham contra as riquezas humanas, sua mãe e / ou pai, de si mesmos?
- Selecione os dois empecilhos mais fáceis de ver em si mesmo.
- Selecione os dois empecilhos que você tem a maior dificuldade de ver em si
mesmo.
1.4 ESPIRITUALIDADE E ENERGIA DE VIDA
DE VOLTA À ESPIRITUALIDADE
O amor, a espiritualidade, o bem e o mal se manifesta em nossa linguagem
cotidiana. Mas eles não podem ser definidos ou medidos. Eles aumentar a
consciência da fé. No final das contas, eles também são baseados na ciência
sempre em suposições, como aquilo que em matemática chamamos de axiomas.
A crença fanática, por exemplo, no materialismo científico, se assemelha a uma
religiosidade fanática, o fundamentalismo. Não sabemos nada, nós só achamos,
como Federico Fellini (cineasta italiano 1920-1993) colocou.
Quando Sócrates foi condenado à morte, ele esperou em sua cela para
sentença ser comprida. Seus amigos tinham arranjado uma oportunidade de fuga
para ele, mas quando sugeriram a ele essa chance, ele respondeu que não havia
nenhuma razão para fugir. Ele descreveu duas opções. Ou ele iria morrer e
afundar em um sono profundo e tranquilo a partir do qual ele nunca iria acordar,
ou sua mente se libertaria e entraria em um novo estado, com certeza muito mais
justo e feliz do que o que ele viveu. Ele não tinha medo de nada. Sócrates ensinou
as pessoas a serem amigas da morte e estarem prontas para morrer a qualquer
momento.
A atividade espiritual consciente é tão insignificante em nossas rotinas
diárias que quase se tornou inválida.
Crianças experimentam fenômenos espirituais como elfos, Papai Noel, anjos
e duendes como algo natural. Quando elas se tornam maiores, ensinamos, nós
adultos, que dominem tais ilusões. Quando uma pessoa fica mais velha e mais
conscientes de como limitado e injusto o mundo material é, ela, muitas vezes,
retorna a ter crença no espiritual. A humanidade ao longo de sua história, mal
teria refletido sobre a espiritualidade se fosse apenas uma quimera.
Aristóteles ponderou sobe a origem de tudo. Sua tese era de que tudo
realmente é energia e, de fato, energia metafísica. Todo material vem da energia
imaterial. Da onde, então, vem toda energia metafísica? Aristóteles descreveu ela
como "o primeiro motor". Como, então, é este primeiro motor constituído? Ele
descreveu sua essência como atividade pura. Por isso ele quis dizer uma
atividade incrivelmente intensa na beleza, bondade e verdade, ou seja, no amor.
Se esta ideia é associada com o judaísmo, o cristianismo ou islamismo, nos quais
o homem é visto na imagem do Senhor, Deus ou Alá, consiste a essência humana
de atividade pura. Conclui-se, então, que o ser humano é ele mesmo, desde que
aja carinhosamente . Quando ele nutre ódio, medo e amargura ele nega a si
mesmo.
Viktor Frankl descreveu as religiões como línguas diferentes das quais as
pessoas usam para falar e se comunicar com o Superior. Não há nenhuma razão
em tentar provar que uma religião é mais perto da verdade do que qualquer
outra. É como afirmar que o russo é uma língua melhor do que o chinês. A
espiritualidade inclui conceitos como Deus, anjos e diabo, que não podem ser
compreendidos pela mente - é uma questão de fé.
Os físicos quânticos K.V. Laurikainen (1916-1997) e Wolfgang Pauli
(austríaco, 1900-1958) tentaram, como muitos outros cientistas, descrevem a
realidade como uma ininterrupção da física e metafisica. Quando John Wheeler
(pesquisador norte-americano em física teórica, 1911-2008) e Eugene Wigner
(físico e matemático húngaro, 1902-1995), que ganhou o Prêmio Nobel em 1963,
envolvidos na investigação de física quântica, descobriram que o observadore, na
verdade, forma e até mesmo criar o objeto observado. Existência quântica
assume contato com a consciência humana. O observador e o objeto formam um
todo, fora da dimensão do tempo. A consciência molda a realidade em que
vivemos. Isto significa que a consciência é a fonte de tudo. Sem a consciência
nada existiria.
A mesma coisa pondera Lev Tolstoy em seu romance Anna Karenina. Onde
Sergey Ivanovich e um professor de Kharkov discutem a existência do pontos de
partida. O primeiro coloca o seguinte: "Deve significar que, se os meus sentidos
[minha consciência] são aniquilados quando eu morrer, nada mais existe." Ele,
certamente, não disse que com sua morte tudo deixaria de existir, mas sim a
consciência geral (consciência universal).
Wheeler , Wigner e Tolstoi fizeram todos, a partir de seus diferentes pontos
de partida, interpretações de que se toda a consciência desaparece também
deixaria o universo de existir. A condição de toda a existência é, então, a
conscientização. Anteriormente, nós viemos com a idéia básica de que o homem
é a sua consciência. Wigner e Tolstoy confirmar essa hipótese, porque,
basicamente, tudo é consciência.
Muitos anos atrás, eu perguntei ao meu pai o que ele acha que acontece
quando morremos. Sua visão era de que as nossas almas se unem com uma
espécie de almas em massa comum. Eu me lembro que eu me senti
deprimido com essa idéia, porque naquela época eu esperava que
pudéssemos continuar a existir como indivíduos. Em sua forma simples a
idéia do meu pai confirma o raciocínio de Wigner e Tolstoy.
Cada cultura tem seus símbolos, seja o totem indiano ou no cristianismo,
Jesus na cruz. Os símbolos são tentativas aproximadas para descrever uma
essência metafísica que não pode ser descrita.
Organizações, sinagogas e igrejas cristãs e judaicas são estruturas de poder
mais antigas existentes nos países ocidentais. Não é à toa que, muitas vezes,
percebemos elas como símbolos conservadores de estagnação, e um fenômeno
alienígena no mundo de hoje. A organização é uma estrutura exterior onde a
crença é tema. As organizações têm uma tendência a alterar os propósitos
originais de modo que a sua própria sobrevivência seja mais importante que a
sua missão. Se considerarmos a espiritualidade como essa cultura e as estruturas
formadas em torno da organização, há risco do bebê benzido ser jogado para
fora junto com a água do banho.
Dostoiévski escreveu que a maior vitória do diabo sobre a humanidade foi
quando a humanidade negou sua existência. Dostoiévski não quis dizer, é claro,
sobre o chifrudo com cauda ser a encarnação do mal, mas sim energia espiritual
negativa.
A VIDA É ENERGIA
Será que a energia vital vem do alimento que comemos, do pão, da batata e
manteiga? Através da fotossíntese as plantas recebem energia do sol. Eles são
antenas solares. O ser humano funciona de uma maneira semelhante, embora
não com a fotossíntese. Os seres humanos podem ser descritos como antenas
móveis de energia vital. A vida é energia, fundamentalmente energia metafísica,
que os seres humanos recebem.
As plantas estão enraizadas na terra e eles não podem se deslocar de um
lugar para outro. A planta tiram minerais e água do solo, mas para a antena física
do ser humano funcionar ele precisa comer a comida que ele prepara. A planta
percebe a luz e se estende em direção a ela. Quando o ser humano se abre à
consciência, ele torna uma antena de alimentação ligada. O que importa é a
forma como ele se relaciona com a consciência. Quando uma pessoa carrega uma
consciência importante, que ela nega, ela trabalha contra si mesma e se cansa. Ao
mesmo tempo ela fecha sua antena de energia. Quando ela abre à consciência
também liga a antena de energia. Esta hipótese está de acordo com o nosso
pensamento básico: o homem é a sua consciência.
Para uma criança que nasce, a vida deve ser uma abertura contínua. Mas
assim não fica. Em vez disso, começamos a adapta-la para as estruturas de poder,
primeiro em casa, então no jardim de infância, na escola, nos estudos
profissionais e no local de trabalho. Fazemos dela um dos cidadãos obediente
que não questiona as estruturas de poder da sociedade. Uma planta procurar sair
da sombra para a luz. E o ser humano, procura ficar longe das exigências injustas
e restrições, à caminho da liberdade?
Em caso de acidentes ou doenças, as pessoas têm, por vezes fortes
experiências de vida após a morte. Quando criança, eu estava envolvido no
seguinte incidente:
Eu tinha em torno de 12 anos de idade e estava lavando a roupa suja da
família. Com uma mão eu toquei a máquina de lavar roupa e com a segunda
abri a torneira. Mas a máquina me usou como um fio terra e eu podia sentir a
eletricidade passando de um lado para o outro, através de todo corpo. As
mãos estavam como coladas nos lugares e eu não podia separar -me. Eu
sabia que estava perto da morte. Uma série de belas memórias do passado
correram pela minha memória, era como se tivesse vendo um filme que
respirava beleza. Senti-me bem.
Em seguida, o filme acabou e eu me vi em um túnel escuro. Fui em frente,
sentido a abertura brilhante que dava sentimento de segurança e era
atraente. Aproximei-me da clareza. Então tudo de repente ficou escuro.
Depois de um tempo eu me encontrei deitado todo molhado no chão do
banheiro. Da torneira estava correndo água. Aparentemente, tinha meus
músculos relaxado no momento da morte, para que eu caísse pelo meu
próprio peso. Isso fez minhas mãos soltarem da máquina de lavar e da
torneira. Minha irmã, que estava no quarto ao lado, disse que tinha ouvido
algum tipo de uivo. Eu senti que eu tinha ressuscitado dos mortos. Foi uma
bela experiência e ele fez que eu me interessasse pela espiritualidade.
Espiritualidade significa segurança e uma perspectiva ampla. Não estamos
sozinhos, mas fazemos parte de um todo maior, embora incompreensível. A
beleza da natureza é um testemunho de que um poder maior ou energia, Deus ou
Alá, seja como for que chamamos , que faz com que tudo isso existisse, é amor
justo e puro. Nós não precisamos saber. Sentimento e fé são profundamente
interligados com o universo, o significado e origem.
Emmanuel Swedenborg (filósofo sueco religioso e místico, 1688-1772)
escreveu que o amor e a sabedoria não valem nada se não forem colocados em
uso. Eles são apenas fantasias e não se tornam reais se não forem usados.
1.5 DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE
Pela personalidade percebemos como o indivíduo relaciona-se, sua maneira
de viver e agir em diferentes situações. Ela descreve sua maneira de se relacionar
com a vida, como responde de forma rotineira e como age em diferentes
circunstâncias. Isso inclui suas intenções, sua motivação, sua maneira de agir
espiritualmente e emocionalmente, e os seus valores. Assim se descreve a
personalidade de uma forma geral, como uma pessoa habitualmente usa a sua
vontade.
O nosso ambiente de vida, ou seja, o clima e a natureza ao redor, exuberante
ou estéril, nos afeta. O calor facilita a comunicação aberta, o frio faz com que as
pessoas se tencionem e se fechem. A sociedade em que vivemos, sua história e
cultura, suas estruturas e valores, moldam nossos pais. É muito importante como
os nossos mais próximos funcionam emocionalmente e como eles se relacionam
com a vida. Crianças imitam. Independente, se nós, como filhos, sofremos uma
grande quantidade de calor e de aceitação ou de privação emocional e
agressividade, temos sempre uma tendência de imitá-los em nós mesmos.
SOCIEDADE
Karl Marx (filósofo social e teórico social nascido na Prússia, 1818-1883)
acreditava que a estrutura psíquica humana é formada, principalmente, através
das estruturas de produção. O trabalho é uma parte central da vida, muitas vezes
até mesmo a mais significativa. O sistema social é organizado de modo que forma
a base para a atividade econômica e, portanto, para o trabalho. Esta estrutura e
seus valores contribuir muito para moldar a ação psíquica humana.
Fatores-chave para o sistema econômico atual é a exploração, concorrência,
ganância, o consumo, a alienação da realidade e superficialidade. Estes valores
determinam a atmosfera no local de trabalho e a atividade da comunidade. Eles
têm quase imperceptivelmente infiltrado-se na escola, saúde e trabalho social.
Nascemos diretamente neste sistema de lavagem cerebral em massa que nunca
na história da humanidade foi tão eficaz e de forma tão unilateral até hoje .
Provavelmente, o feudalismo, a monarquia e o colonialismo não foram uma
alternativa melhor do que o capitalismo. Nem era a ditadura do governo
comunista, que foi aplicado na União Soviética, onde o poder econômico e
político eram unidos em uma única potência.
HERANÇA GENÉTICA
É impossível dizer em que medida o genoma afeta a personalidade. A depressão
pode ser herdada, mas o problema pode estar no genoma, ou ser devido a uma
criança aprender o modelo mental dos pais.
O genoma, o ponto de partida genético, é dinâmico, como tudo na natureza.
Ele está em constante mudança, o que significa que você pode influenciá-lo.
Um artigo há alguns anos, fazia parte do Helsingin Sanomat (jornal
finlandês) foi intitulado "O bom cuidado altera o material genético." No texto é
colocado que o cuidado feito com amor pode melhorar a herança genética. Tudo
é, basicamente, energia metafísica, ou seja, a atividade contínua.
" MOCHILA "
Quanto mais jovem a criança é, mais aberta é para impressões. O que você vê
mais a sua volta, é mais naturalmente absorvido. Se houver uma grande
quantidade de afeto, alegria e gratidão no ambiente da criança, é mais fácil ela
desenvolver esses sentimentos em si mesma. Se você acaricia e alogia a criança,
ela aprende a acreditar que é aceita e gostada fisicamente também. A criança vê
isso com clareza e quando ele fica mais velha e começa a se interessar
sexualmente por outros, não tem inibições e dificuldades em se comunicar
emocionalmente e fisicamente.
Se a criança é tratada de forma depreciativa e agressiva, ele pode se
acostumar com isso, considerá-lo normal e imitá-lo em suas próprias ações. Se
uma criança não foi tratada com ternura, é possível que ele vai experimentar o
contacto sexual como assustador. A sexualidade de tal pessoa se fecha em vez de
abrir.
Se fala metaforicamente sobre a mochila, a história de vida. Se desde o início
ganharmos muito amor em nossa mochila sentimos a vida certamente mais fácil
tanto na prosperidade como na adversidade. Se existe, desde o início, medo e
ódio, a pessoa se sente mal e age em conformidade. Mas em relação ao uso da
vontade, ainda somos diferentes. Alguns se encontram com condições difíceis e
trágicos acontecimentos de uma forma mais transparente, ao aceitar a
consciência, enquanto outros permanecem lá para o resto de sua vida, porque
censuram a consciência da injustiça que sofreu.
Em resumo, pode-se ilustrar a evolução humana com o seguinte esquema
simplificado:
Em resumo, o ser humano tem um pano de fundo histórico social, genético e
a vontade. A partir daí que ele escolhe uma abordagem que distorce a realidade
mais ou menos. Se ele aceita o seu verdadeiro eu (consciência) age e vive
saudável e feliz.
Se ele nega a realidade e age negativamente no nível psíquico, traz doenças
psíquicas e físicas para si. Ele se sente mal e reage de diferente formas
problemáticas. Ele está consciente de suas possibilidades (sua riqueza humana ),
problemas e empecilhos, mas nega essa consciência.
Um sintoma da abnegação é o sentimento de não existir. O ser humano não
quer estar consciente desse sintoma, então encontra uma maneira de escapar
também dessa consciência. Essas maneiras de frustrar a consciência pode ser
descrita brevemente de três maneiras. Em primeiro lugar, uma pessoa pode
fazer o seu melhor para que outros veem graças e louvor ao saber que ela existe.
Em segundo lugar, ela pode fazer um esforço para ser gentil e para ser aceito ou
para alcançar o sucesso e ser admirado. A terceira opção é agir de forma
agressiva ou depressiva nas profundezas de sua rebelião interior. (Veja capítulo
3.1.4 Com refletir sobre trauma?) .
Quando pensamos no ser humano como consciente e responsável, em sua
liberdade interior, como ator na vida, podemos discernir uma oportunidade de
nos libertar do passado.
2. MÉTODOS PARA CONHECER O SER HUMANO O AUTOCONHECIMENTO
2.1 CONCEITO SOBRE O SER HUMANO
O método Conscientia tem sua eficácia em grande parte baseada em sua visão da
humanidade, que serve como referência. Se você tiver sucesso em levar as pessoas a
abraçar as idéias básicas sobre os seres humanos não é necessário muito mais. A
estrutura tem duas partes: as idéias básicas sobre os seres humanos (Anexo 1) e riqueza e
empecilhos humanos (Anexo 2).
Quando o método é colocado em uso, pode-se primeiro concentrar-se na visão sobre
o ser humano, discutindo o conteúdo dos anexos 1 e 2. Pode-se pensar nele em coletivos
ou por conta própria. O consenso não é necessário, você pode ter diferentes opiniões e
pensamentos são modificados de acordo com o gosto e preferência. Você também pode
criar versões artísticas de vários tipos, tais como imagens, poemas, teatro ou música. As
idéias básicas podem ser utilizadas como tema para desenhar cartazes ou historias de
quadrinhos ou outras apresentacoes artisticas.
Quando você abrir o quadro de referência para a discussão em coletivos, você não
precisa ser capaz de responder às perguntas dos outros. Não crie, portanto, nenhuma
expectativa ou exigência de que você deva ter respostas. Copie e use o texto que você
selecionar ou faça um novo material produzido por você que você queira discutir. Para as
perguntas, você pode responder com perguntas ou enviá-los de volta para o autor delas
ou ao coletivo, para considerarem-nas.
Apresentei o método de referência para dezenas de comunidades de trabalho e
escolas, entre algumas horas e alguns dias, muitas vezes justamente quando o coletivo
estava com falta de motivação ou em crise de cooperação. Quando consciência é trazida
através das idéias básicas dissolve-se a tensão, e você é inspirado a abertura e iniciativas
que são fortalecidas pelas experiências.
No youtube há um curta-metragem sobre a forma como o quadro poderia ser
aplicada. É chamado Mudança na escola – educando, educador e Sócrates . Supõese que serva como base para a discussão e reflexão.
2.2 DIALOGO DE REFORÇO
O propósito do diálogo de reforço é, principalmente, aumentar a
conscientização das riquezas humanas, das habilidades, talentos e dons. Quando
uma pessoa está consciente de sua verdadeira natureza , seu interior, é natural
para ela promovê-lo e usá-lo. Se, ao contrário, ela não usa suas riquezas ela perde
eventualmente a ligação com elas, afastando-se delas e de seu verdadeiro eu.
Sabemos por experiência quão difícil é dar e receber críticas, especialmente
quando se trata de um problema sério. Isso faz com que nós geralmente
esperamos tempo demais antes de expressarmos ela. Quanto mais o tempo
passa, mais nos irrita o problema e nosso descontentamento cresce, o que
significa que a nossa atividade emocional fica negativa. Isto faz o reforço,
facilmente, tornar-se excessivo e conter energia negativa. O receptor se sente,
com razão, injustiçado.
O propósito do reforço é principalmente aumentar a consciência das
riquezas humanas (percepção, alegria, amor, criatividade, julgamento, coragem,
auto-disciplina ), mas se inevitável, a consciência de empecilhos, formas
negativas de agir e de se comportar. Um erro pode ser corrigido se formos,
simultaneamente, conscientes do que é bom. Se focamos fortemente no erro ele
torna dominante em nossas mentes.
A seguir mostramos o diálogo de reforço em cinco etapas. Destas, as três
primeiras são mais importantes:
1. CUIDE DE SEU PRÓPRIO ESTADO EMOCIONAL
Você se sente ansioso, com medo, frustrado ou com ódio frente a pessoa que lhe
da o diálogo do reforço que você tem dificuldade de aceitá-lo? Pare para sentir o
seu interior e tornar-se consciente de sua atividade emocional. Você, e somente
você, é responsável por sua atividade emocional.
Pense sobre as razões das suas emoções negativas (ver 3.2.1): por exemplo,
as suas expectativas irrealistas, sua impaciência, sua propensão para condenar,
suas possíveis formas de ampliar os problemas ou a sua vontade de ser capaz de
mudar essa pessoa. Talvez as ações dela despertam via espelhamento uma
consciência em você que você não suporta.
Tente aceitar seus sentimentos, não se culpe por eles. Adote uma atitude
onde você sinceramente sinta que esteja desejando o melhor do diálogo de
reforço. Encontre ele com atitude de aceitação e presença respeitosa.
2. OBSERVE O ESTADO EMOCIONAL DA PESSOA E OUTROS EVENTUAIS
SINTOMAS.
Se a pessoa que for receber o diálogo de reforço se sentir mal, ansiosa, com
raiva, mágoa ou cansada, você vai falar de modo respeitoso sobre seus
sentimentos ou sintomas, de modo que ele possa sentir que você a aceita como
ela é.
Ouça ela com atenção. Faça perguntas para levá-lo a descrever seus sintomas
emocionais e físicos. Evite perguntar “por que?”, como leva a atenção para
fatores externos. Concentre-se totalmente em perceber a atividade emocional
dela, de modo que ela se torna consciente e aceite-a, para assim ser capaz de
respeitar a si mesmo e você.
Uma emoção ou um sintoma físico é um sinal de alarme. Que o sistema de
alarme funciona é uma coisa boa. Quando uma pessoa se sente aceita, ou seja,
visto sem críticas e demandas, ela geralmente se conecta com o seu equilíbrio
interior.
3 AUMENTE A CONSCIENTIZAÇÃO DAS RIQUEZAS HUMANAS NO OUTRO.
Fale sobre as riquezas humanas no outro: percepção, interesse, senso de
memória, intuição, amor, responsabilidade, humildade, felicidade, gratidão,
espiritualidade, coragem, iniciativa, perseverança, criatividade, entusiasmo, bom
senso, honestidade, senso de beleza, autodisciplina, talentos especiais, senso de
adquirir conhecimento, talento, senso físico e assim por diante . Levante o bem
que ele realizou e o que ele aprendeu.
Repita isso várias vezes em diferentes contextos, de modo que ele possa ter
certeza que você lhe deseja boa sorte e que você, principalmente, vê certas
riquezas humanas nele.
Evite falar para que ele use suas habilidades. Não diga: “Com certeza você
consegue fazer isso”. Não dê conselhos. Todos tais são percebido como
cobranças, e a reação a elas é geralmente a resistência.
Normalmente, você não precisa de outra ação, porque isso em si é suficiente
para confirmar a consciência da riqueza humana.
Alguns exemplos de como fornecer diálogo de reforço:
Tenho notado que você está com iniciativa, coragem e criatividade. Você tem
experiência e conhecimento importante.
Eu sinto que você tem espontaneidade e uma dotação social. Você segue com
cuidado como as situações se desenrolam e as reações das pessoas, e registra
com interesse o que os outros estão fazendo.
Eu vi coragem, curiosidade e solidariedade em você. Eu vi a sua capacidade
de aprender rapidamente coisas novas, seu senso criativo para desenvolver
novas perspectivas e idéias.
4. FALAR COMO O OUTRO SE OPÕE AO BOM.
Fale sobre seu hábito de evitar as riquezas humanas. Lembre-se que o que uma
pessoa faz para o outro, ela faz interiormente contra si mesmo. Descrição:
-
Seu hábito de desenvolver e manter estados emocionais negativos
Sua atitude de se opor a consciência, a censura que ele recorre para
evitar contacto com seus talentos.
Seu eventual autoritarismo: demandas ilimitadas e rigorosas sobre si
mesmos e outros, autocrítica excessiva, pensamentos que depreciem
ou enfatizem a si mesmo e outros.
Crenças irrealistas
Atitudes e condutas negativas em relação as próprias riquezas
(inveja)
Não assuma e não espere que ele vá aceitar o que você diz. Diga o que você vai
dizer abertamente e respeitosamente. Não está em seu poder controlar a reação
dele e você não é responsável por ele. Respeite sua reação emocional. Dessa
forma, você não dá o poder a sua possível raiva ou sentimento de ter sido ferido.
Exemplos da etapa 4:
Às vezes eu sinto que você defina padrões tão altos que bloqueiam a sua
capacidade e seu conhecimento, é como se você não se permitisse cometer
qualquer erro.
Eu acho que às vezes você se concentra tão fortemente em seus possíveis
pontos fracos que você perde contato com seus verdadeiros talentos.
Agora parece que você não se dá o direito de estar ciente de suas
habilidades. Como se elas estivessem, de alguma forma, proibidas para você.
5. SE HOUVER NECESSIDADE, DESCREVA OS EFEITOS PREJUDICIAIS DA
ATIVIDADE NEGATIVA, DO PONTO DE VISTA DO OUTRO, A MANEIRA COMO ELE
PROIBI SEUS TALENTOS E SUA ALEGRIA DE VIVER.
Não fale sobre o dano que ele causa nos outros. Isso facilmente leva a uma
rejeição da consciência, a censura. Se a pessoa que recebe o dialogo de reforço
sentir como exigência, ainda que imaginário, aceitar o que você diz, ela reage
muitas vezes exatamente no oposto. Quanto menos você esperar, maior a chance
de que ele realmente te escuta .
É preciso muita humildade para aceitar a consciência de suas próprias
fraquezas e atitudes negativas. Tal é incomum, especialmente frente a frente com
outro ser humano. Ninguém quer perder a face em público, principalmente na
presença de uma outra pessoa. Na maioria das vezes, as pessoas pensam muito
mais no assunto depois, por si mesmos, mais do que imaginamos. À noite na
cama, a pessoa pensa no que ela não queria pensar durante o dia. Durante o
sono, ela lida com essa consciência da qual ela se recusou a lidar acordada. De
acordo com Freud, os sonhos são a estrada real para a consciência.
Como todas as pessoas possuem todas as riquezas humanas podemos,
paradoxalmente, reforçar a consciência da coisa que você sente que o outro tem
mais dificuldade. Se o seu colega de trabalho, por exemplo, costuma muitas vezes
mentir, você pode dizer que você percebe a honestidade dele. Se seu aluno é
muito preguiçoso você diz que percebe a iniciativa e interesse nela. Se você acha
que seu irmão é mau, você pode dizer que você sabe que ele tem boas intenções.
Onde a escassez é maior há mais necessidade de reforçar a consciência.
É importante que você encaminhe suas observações de forma respeitosa e
aceite que o sujeito do seu comentário, possivelmente, vá olhar para baixo em
você e pode até percebê-lo como irônico.
Um professor me disse que tinha aplicado o método de diálogo de
reforço com o pior aluno da escola, um menino de aproximadamente 16 anos
de idade que se comportava de forma agressiva. Os outros estudantes e um
grande número de membros da equipe tinham medo dele e o evitavam. O
professor encontrou o menino três vezes durante breves momentos a dois, e
mencionava apenas suas habilidades, conhecimentos e o bem que ele fez. Ele
não mencionou nada sobre os problemas.
A segunda vez o menino respondeu chorando, falando sobre sua tristeza,
sua incerteza, mas também de seu amor e gratidão. Ele disse que sentiu,
finalmente, que alguém viu um ser humano em si e não apenas os problemas
e reprovações. O professor trouxe o verdadeiramente humano nele. A
agressão do rapaz e comportamento disruptivo era uma forma de tentar
descartar a consciência do seu medo e decepção sobre a vida. As dificuldades
ainda não eliminaram a sua responsabilidade por seu comportamento.
Todos são responsáveis por suas ações, mas ninguém é ajudado ao ser
condenado e ninguém tem o direito de condenar o outro.
O diálogo de reforço tem, portanto, um efeito paradoxal, quando se fortalece
a consciência de uma pessoa exatamente onde ela precisa, normalmente na área
onde ela tem mais dificuldade. Você pode trazer a tona a riqueza de uma pessoa
falando diretamente sobre ela, ou você deve começar por falar sobre seus
problemas? Todas as situações são diferentes e únicos.
O ideal seria se o sujeito do diálogo pudesse também lhe dar um feedback.
Às vezes, o sujeito do diálogo de reforço toma uma atitude de censura tão
forte que é quase impossível falar sobre ele. Nesse caso pode ser o melhor que
você diga sobre si mesmo e sobre suas dificuldades, sem em momento algum
referir-se a ele. Você descreve o seu talento para ele e como você, por se
preocupar, por ser muito exigente ou por podar as suas oportunidades e
riquezas, previne-se de usá-los. Deixe ele tirar conclusões sobre si mesmo. Você
oferece -lhe um espelho interno.
DIÁLOGO DE DESENVOLVIMENTO
O princípio do diálogo de reforço também pode ser utilizados no local de
trabalho, durante as discussões entre um supervisor e um empregado. A seguinte
série de perguntas pode ser usada como uma base para as discussões. A primeira
parte trata sobre os resultados do trabalho, a segunda parte fala sobre a situação
de trabalho e de cooperação e a terceira contém uma reflexão para reforçar a
consciência das riquezas humanas.
1 . Sobre planejamento e resultados do seu trabalho
1.1 Que metas foram acordadas no período anterior ?
1.2 Como você acha que você conseguiu atingir o seu objetivo ?
1.3 O que ajudou e o que dificultou a alcançar os objetivos?
1.4 Quais são os objetivos e o plano de trabalho para o próximo período?
2. A condição e situação de trabalho
2.1 Você consegue organizar o seu trabalho de um jeito bom? Se não, o que impede?
2.2 Sua carga de trabalho é razoável?
2.3 Como você usa o seu tempo? O que leva a maior parte do seu tempo?
2.4 A que você precisa de mais apoio?
2.5 Como funciona o relacionamento e a cooperação com os outros?
2.6 Você está recebendo estímulo suficiente? Se não, o que você sugere?
2.7 Você tem suficiente paz de trabalho? Se não descreva o que você deseja.
2.8 Descreva o quão bem você acha que no seu local de trabalho é aplicada a justiça
e a igualdade.
3. O seu desenvolvimento pessoal
3.1 Como está a sua motivação e satisfação no trabalho?
3.2 Você sente ansiedade, medo, insatisfação, frustração, amargura, raiva? (Tome
seu tempo para captar conscientemente o que está sentindo.)
3.3 Você se sente pressionado, estressado, com impotência?
3.4 Você sente que está cansado e não consegue dormir?
3.5 Você tem dificuldade de concentração?
3.6 Quais os sintomas que você está percebendo no seu corpo? (Procure parar para
sentir possíveis sintomas com interesse e aceitação.)
3.4 Quais das suas qualidades pessoais que os outros comentam mais?
3.5 Quais são as suas riquezas humanas mais fortes de acordo com si mesmo? (Veja
a lista das riquezas humanas do anexo 1.)
3.6 Quais são os seus dois maiores empecilhos? (Veja a lista dos empecilhos do anexo
2.)
3.7 Você recebe reforço suficiente sobre suas riquezas humanas? Se não, o que você
sugere?
4. Quais eventuais comentários e sugestões você quer expressar?
...
O diálogo de desenvolvimento é aplicado conforme necessário. Além disso,
lá, a democracia é um bom princípio. Ambas as partes podem expressar suas
opiniões sobre o outro.
Tomamos um exemplo hipotético de necessidade de poder e controle que
muitas vezes envolve também o ciúme e a territorialidade. O fenômeno pode ser
visto como evocado pela inveja. O seu capataz sedento de poder quer controlar
tudo. Isso significa que ele não gosta que alguém é feliz, toma iniciativas e tenta
coisas novas. Ele quer controlar as riquezas humanas que existem em seus
subordinados. Ele sofre de inveja e, portanto, quer controlar a oportunidades
para crescer de outras pessoas. Pode estar associada com a dificuldades para
delegar e informar. Dessa forma, ele pode dificultar o desenvolvimento.
Responda seu capataz com diálogo de reforço:
Esteja ciente de sua atividade emocional, exiba sua possível frustração e seu
descontentamento, de modo que você possa sentir que você quer o outro bem.
Partimos do princípio que o seu supervisor está no estado emocional
normal, o que significa que você não tem que parar para encontrar uma emoção
ou quaisquer outros sintomas.
Levante os talentos dele, conhecimentos e o bem que ele faz, de uma forma
clara e credível, para que ele confie em você. Faça isso várias vezes em diferentes
situações, para que ele realmente começe a acreditar que você vê realmente
alguma coisa boa nele e que lhe deseja bem. Se necessário, você pode continuar a
responder até a Etapa 4.
Diga, por exemplo, que ele controla e limita as suas riquezas humanas. Você
pode também comentar " eu acho que você já poderia ter sido supervisor do seu
supervisor, se você não tivesse controlado as suas ações e utilização de seus
talentos tão de perto". Se ele não entender o que você quer dizer, você tem que
decidir se vale a pena esclarecer, ou se você deve apenas dizer que nem você
entendeu muito bem o que disse. Deixe-o para pensar sobre isso por si mesmo.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE O ELOGIO E O DIÁLOGO DE REFORÇO?
Com elogios desejamos geralmente incentivar o outro e aumentar a sua
autoestima. Elogiamos uma pessoa e que ela fez. O propósito do diálogo de
reforço é principalmente melhorar a consciência das riquezas humanas.
O elogio é associado a certos riscos:
-
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Se uma criança é frequentemente elogiado por sua habilidade,
experiência que talvez ela deva ser ainda melhor e fazer mais esforço para
isso. Podendo causar ansiedade de desempenho. Executar e competir vira
o foco principal. Falar sempre do sucesso pode levar a pressão contínua.
Isso pode fazer com que uma pessoa exija constantemente mais e mais de
si mesmo. O resultado pode ser uma doença grave.
Uma forte necessidade de ser elogiado pode surgir a partir de uma
necessidade de ser aceito e, assim, obter confirmação de sua existência. O
elogio fortalece a sensação momentânea de existir. Ele funciona um pouco
-
-
-
da mesma maneira que a agradável pequena intoxicação de álcool.
Algumas pessoas podem desenvolver um vício. Uma pessoa colocou o
assunto desta forma: "Quando eu vou bem em qualquer disciplina escolar,
recebo elogios, sem eles eu não teria sido nada. Quando não me falavam
que eu era bom, eu sentia que era ruim. E ser ruim significa ser um ser
humano sem valores.”
Elogios facilmente levam a comparações. Quem recebe mais elogios é o
melhor. Aqueles que não recebem elogios se sentem mal. Desta forma,
nutrimos a mentalidade competitiva e não a cooperação e solidariedade.
Quem elogia se dá o direito de avaliar um outro ser humano, o que pode
ser humilhante para a pessoa que recebe o louvor. Quem elogia sentir
uma espécie de superioridade: ele mesmo tem de ser o centro das
atenções e mostrar sua excelência. De certa forma ele elogia a si mesmo.
O elogio é muitas vezes superficial, rápido e sem sentimento. Pode ser um
jeito aprendido, artificial, que o elogiador tem. Portanto, o louvor muitas
vezes é generalizado e exagerado. Se assim for, o elogio é superficial e não
credível, sendo facilmente experimentado como desonesto e degradante.
Louvor nutre megalomania, perfeccionismo e egocentrismo. Um velho
provérbio diz que o próprio louvor cheira mal. Pode-se imaginar que isto
também se aplica para o louvor aos outros?
Imaginamos que a sua filha lhe surpreenda fazendo a limpeza dos armários da
cozinha. Você talvez a elogia: "Como você é diligente e amável". A alternativa é
você fortalecer a consciência do bem: "Vejo iniciativa e amor em você". Talvez
seja bom evitar dizer qualquer coisa em forma de "você é", como isso é
estigmatizante. Em vez disso, pode-se dizer que você tem bom senso de
observação, usa sua iniciativa, sua coragem, mostrando isso em suas ações, e
assim por diante.
O louvor é muitas vezes banal, rege o comportamento e cria uma máscara
social. O diálogo de reforço leva a consciência das riquezas humanas e propósito
dele é uma aceitação profunda do ser humano.
Aqui está uma lista de algumas coisas que são boas para lembrar quando se
aplica o método:
UMA PEQUENA LISTA:
Esforce-se não para ter controle, mas sim contato.
Não questione o porquê. Isso reduz o senso de responsabilidade e leva a
explicações.
Não elogie, não carimbe. Não diga : "Você é ... " . Fale sobre as riquezas
humanas e a atividade que é boa.
Permita que o outro não aceite a sua resposta. Faça o diálogo de reforço
abertamente e respeite quaisquer reações emocionais, pode ser raiva ou mágoa.
Evite orientar as pessoas a pedirem perdão uns aos outros. Um "desculpas"
sem intenção nutri falsidade. Respeite a liberdade e a iniciativa do outro.
Não venha com desculpas quando você cometeu erros, mas diga
francamente: "Aqui eu cometi um erro. Eu cometi um erro de cálculo ou minha
intenção não era simplesmente boa. "
Trate as partes de um conflito separadamente. Tente não ficar tentando a
reconciliação sem antes fazer ambas as partes mostrarem como elas lidam com
si mesmas.
Cuidado ao exigir justiça, mesmo que você esteja trabalhando pela justiça. A
nossa sociedade é estruturalmente injusta e nós com ela.
Adote uma atitude humilde, assim você não exige soluções rápidas para
problemas difíceis.
Crie uma visão utópica ideal, mas de pequenos passos.
2.3 ACOMPANHAMENTO
O método de acompanhamento pode ser usado quando o grupo de trabalho
ou outro coletivo quer desenvolver ou discutir um tema importante. Esse
método é apropriado para um coletivo com, por exemplo, a necessidade de
desenvolver a forma como ele funciona e a capacidade de colaborar, planejar
como implementar mudanças, tratar um problema grave ou um conflito, lidar
com o estresse ou coletivamente ajudar um membro do coletivo.
No coletivo tem muitas vezes aquelas pessoas chamadas difíceis ou
impossíveis e que são difíceis e desagradáveis de se relacionar. Elas ficam, por
exemplo, facilmente irritadas, culpando os outros ou fica ferida por pequenas
críticas. Podem impedir sistematicamente a cooperação e só colocar dificuldades.
Elas podem ter postura ameaçadora e agressiva, o que assusta os outros.
Ninguém encontra-as sem se sentir ansioso e nervoso. O processo de
acompanhamento ajuda o coletivo a planejar acordos conjuntos para atender e
prevenir atividades negativas e ajudar os membros que funcionam
destrutivamente.
1. SELEÇÃO DE META OU VISÃO
Se escolhe uma meta atual, problema ou tema que assumi a forma de um desafio
ou uma visão. A meta é descrita brevemente.
2. REFLEXÕES SOBRE A VISÃO DO SER HUMANO
Pegamos o quadro de referência do ser humano do método conscientia, que
contém as idéias básicas e riqueza humana e empecilhos (Parte 1, Anexo 1 e 2). O
grupo discute e aumenta a consciência sobre eles. Os participantes não precisam
estar unânime ou entender tudo. É suficiente discutir em conjunto.
Normalmente, se escolhe alguém que garante que o raciocínio siga.
A reflexão sobre o ser humano fornece uma base suficiente para a
implementação das próximas fases.
3. ACEITAR E FICAR CONSCIENTE DOS SENTIMENTOS
O estado emocional da pessoa, seja de alegria, interesse, gratidão, tristeza, medo
ou ódio, controla suas reações e ações. Aceitar os sentimentos sem críticas e
expectativas é um pré-requisito para o tema (a visão) poder ser tratada de forma
construtiva. Isso também se aplica quando alguém tem um sentido neurótico
(como o medo, o ódio, a culpa), que a situação não lhe dá o motivo real.
Alguém ansioso, irritado ou deprimido geralmente não tem contato aberto
com seus conhecimentos e habilidades, como o senso de percepção, julgamento,
criatividade, iniciativa e coragem. Ele está louca e funciona, portanto,
desequilibrado, destrutivamente.
O que leva a discussão pergunta o que emoções geralmente esse tema evoca
nos presentes. Esses dizem, o mais aberto possível, sobre seus sentimentos.
Evitamos, sistematicamente, tratar as possíveis causas das emoções. Se alguém
se sentir infeliz, ansioso e machucado por seus colegas, paramos apenas para
afirmar a emoção e tomamos tempo para ficarmos conscientes do sentimento. A
emoção não precisa ser explicada ou justificada, isso só tira a atenção para longe
da tarefa de sensibilizar a atividade emocional.
Todo mundo é livre para sentir. É suficiente que a pessoa aceite a
consciência do seu funcionamento interno. Isso lhe dá um melhor contato com
seu equilíbrio interior. O mais difícil é conseguir que a pessoa pare e fale sobre
seus sentimentos e assuma a responsabilidade por eles.
A responsabilidade inclui a liberdade e, portanto, também é capaz de alterar
conscientemente sua atividade emocional.
4. DESCREVER A SITUAÇÃO ATUAL ATRAVÉS DO COMPORTAMENTO HUMANO
A situação atual é descrita primeiramente em um nível geral, e , em seguida, fezse uma lista de condutas frequentemente problemáticas dos integrantes. A lista
não precisa ser exaustiva, é o suficiente se tiver as mais importantes praticas
problemáticas. Nós descobrimos o pico do iceberg.
Desta forma, tiramos a atenção das pessoas e nos concentramos em
descrever os métodos de ação, sem apontar ninguém. Ninguém precisa ficar
nervoso e pensar que agora eles começam a falar sobre mim. Isto faz com que
seja mais fácil de participar, especialmente para os membros do grupo mais
problemáticos. Não nos concentramos nos chamados bodes expiatórios, e sim
discutimos em um plano impessoal as infracções dos membros do grupo que
estão causando um problema e que não promovem um tratamento construtivo.
Por exemplo, se em um grupo de trabalho tem uma pessoa sempre tensa e os
outros não o ajudam, pode ser que a práticas problemática seja de um habito de
se concentrar a atencao nos problemas, de aumentar as dificuldades, de brecar a
criatividade e de alimentar insegurança e medo, esperar que alguém outro lide
com o problema, manter a frustração e falar mal atraz das costa do outro.
5. DESCRIÇÃO DA META E DOS COMPORTAMENTOS QUE LEVAM A ELA
A meta, a visão, é descrita em termos gerais. Em seguida, descreve-se o curso
ideal de ação pelo qual a visão é realizada . A visão é descrita pelos participantes
da ação. Isso a torna concreta.
Se usar novamente o exemplo anterior, a ação associada com a visão é em
grande parte o oposto em comparação com a presente situação: nos
concentramos nas oportunidades, em aprender a viver com dificuldades,
inspiramos a criatividade e coragem, ser o primeiro a tomar a iniciativa, falar
sobre as riquezas humanas, e assim por diante.
6 . COMPARAÇÃO ENTRE OS BENEFÍCIOS DA AÇÃO ATUAL E DA DESEJADA
Os seres humanos estão sempre procurando o bem, que pode se mostrar ser mal.
O mal será " bom" através dos empecilhos (comportamento neurótico ). Quando
Pedro negligencia suas oportunidades, ele não se machucou, só achou que seria
mais fácil assim. Quando Luisa usa álcool ou drogas, não o faz para se machucar,
mas para se sentir alegre e confiante. Quando Maria resisti, convence-se que está
fazendo algo importante.
O curso atual de ação é usado pelas pessoas porque acham que dá-lhes
benefícios, prazer. O ponto de partida para motivar a mudança é tomar
consciência da utilidade das práticas operacionais atuais e compará-las com o
benefício das praticas que a meta, visão proporcionariam. Isso é motivação
utilizando os fatores positivos.
O que pode ter de benefício quando Maria resiste e os demais agem
negativamente? Quais foram os benefícios da implementação da meta de ação no
grupo? Estes efeitos benéficos são comparados no grupo e cada membro decide
por si mesmo como ele quer mudar o seu próprio curso de ação.
Karen quer perder peso e é de sua intenção comparar o prazer e a alegria
que ela tem ao comer como atualmente com o bom que os novos hábitos
alimentares de sua meta podem lhe dar. Se o bom de sua dieta atual é maior do
que o da meta, não há razão para mudar.
Motivar com consequências negativas não tem bom resultado. Um fumante
sabe muito bem que a nicotina faz mal à saúde. No entanto, ainda é difícil para
ele motivar-se para mudar o seu hábito. Por isso ele deve pensar sobre sua
alegria, prazer, e em todas as coisas boas que fumar dão e comparar este bom
com o bom que se seguiria se ele parasse de fumar. Ele não precisa ser fácil de
desenvolver uma nova maneira de fazer compras . É uma posição onde você tem
a oportunidade de desenvolver e aumentar a auto -disciplina e autorrespeito.
7 . PLANO PARA O TREINO DE AÇÃO QUE SEGUE A VISÃO, META
Se a visão for realmente selecionada como sendo uma opção melhor, emite-se
um plano para treinar a ação que é consistente com a visão. A ideia é que,
eventualmente, se torne rotina. O plano de ação pode incluir exercícios
individuais e conjuntos. Periodicamente acompanha-se os progressos realizados.
O objetivo é constantemente desenvolvê-lo.
Na prática , o processo de forma espontânea , de modo que o chamado bode
expiatório estavam agindo fica em segundo plano e que o maior e mais
construtiva a atenção é dirigida a forma como o outro atende bode expiatório
estavam agindo . A solução é alcançada , portanto, não alterando os bodes
expiatórios , mas alterando a ação do grupo em termos de os bodes expiatórios .
Aplicou-se o método de orientação em uma família com dois filhos com
um pouco mais de vinte anos, Pedro e Caio. Primeiro, definimos o
desafio, que era como o filho mais velho, Caio, devia ser tratado. Em
seguida, considerou-se em conjunto a visão sobre o ser humano e de
como a atividade psíquica, isto é, as espirituais e emocionais, sempre
constituem a base da conduta. Para ter uma perspectiva e uma base de
ação da situação discutimos as ideias básicas e sobre as riquezas
humanas e empecilhos (neuroses).
O terceiro passo foi a tomar consciência dos sentimentos que Caio
desperta em seus pais e em Pedro. A discussão não fluiu
imediatamente porque os pais se focaram exclusivamente em Caio. Por
fim, eles começaram a falar sobre seus sentimentos e usaram as
palavras "frustração", "ansiedade ", "preocupação constante" e "medo"
e, claro, "um forte desejo de ajudar o menino" e "amor". Depois de um
tempo, mencionaram também os sentimentos de vergonha e culpa. Nos
mantemos na conscientização sobre os sentimentos. Tento deixar os
sentimentos existirem, não precisando ser explicados. Quando os pais
me disseram que tinham medo de que Caio não iria sobreviver na
competição feroz que prevalece na indústria que ele escolheu (ele está
estudando administração de empresas), eu tento levar a atenção para o
próprio medo, a experiência do medo, e levá-los a aceitá-lo .
Depois descrevemos as condutas problemáticas comuns das pessoas
envolvidas na situação. Começamos com Caio. Os pais descreveram sua
maneira de ser: o filho vive à noite e dorme durante o dia,
desperdiçando seu tempo desnecessariamente, sabotando suas
chances, adia as coisas que devem ser feitas para que elas então se
tornem estressantes, come de forma irregular, deixe o caos reinar em
seu quarto, bebe demais, não tolera qualquer crítica, nem mesmo sob a
forma de conselho. Ele rapidamente se torna irritado e acusa sempre
os outros por seus problemas.
Pergunto-lhes como eles veem a sua própria abordagem
problemática nesta situação. Surgiu então que eles acabam cuidando
dos assuntos do filho e fazem de tudo para evitar o conflito e o
sentimento de culpa. Dão-lhe também muito fácil dinheiro, brigam e se
preocupam muito.
Antes de irmos para a próxima etapa, paramos para que ainda, com
uma certa distância, refletirmos sobre a situação. A mãe tem uma
posição de liderança em uma empresa internacional. O pai é um
empresário. Ambos trabalham no mundo dos negócios, o que significa
que eles abraçaram forte os valores do mundo financeiro. Nós
ponderamos isso e passamos a refletir sobre os valores fundamentais
da vida. É o sucesso e a segurança primordial, é preciso sucesso social
para ser feliz? Pode alguém que é mais pobre ser mais feliz do que
aquele que vive no mundo da competitividade e prestação? Com isso
quero demonstrar que a pressão sobre Caio, para ser bem sucedido vai
contra a sua vontade e das pessoas comuns, ou que ela é questionável.
Nós nos perguntamos se as expectativas ansiosas dos pais
contribuíram para Caio, muitas vezes, responder sabotando suas
oportunidades.
Caio foi cedo carimbado como uma criança difícil. Como isso afetou as
suas escolhas? Se alguém é visto como a ovelha negra geralmente leva
a um círculo vicioso. As esperanças de sucesso dos pais provoca uma
reação: o filho não quer ser bem sucedido. O que os pais veem como
sucesso pode ser sentido como sofrimento. Caio pode ser feliz em uma
situação de vida mais humana e mais perto da natureza. Os pais têm
tomado o caminho errado com ele?
Como quinto passo consideramos quais seriam as práticas de
operação ideais. Os pais descreveram a forma como eles queriam
educar Caio: deixar de fazer suas tarefas. Aceitar que pode haver
conflitos, insatisfação e culpa. Dar dinheiro como o cartão de crédito
faz com que seja muito mais difícil de seguir o saldo (receitas e
despesas). A maneira ideal para os pais agirem quando eles ficam com
raiva seria retirar-se da situação, aceitar a responsabilidade por sua
própria reação emocional e evitar disputas. Eles podem dar-lhe duas
horas por dia para se preocupar, por exemplo, entre as 18:00 e 20:00.
Em seguida, consideramos a dificuldade dos pais em aplicar este
plano. Primeiro, discutimos basicamente sobre as riquezas humanas de
ambos e, em seguida, a maneira deles de excluir sues potenciais,
complicar as situações e criar crenças negativas. Ao mesmo tempo
consideramos a ideia básica: tudo o que vejo no outro também está em
mim. Caio funciona como um espelho interno para seus pais.
O sexto passo, motivar para mudar a sua própria conduta, foi
relativamente fácil. As vantagens da situação atual foi avaliada como
pequena. Permitindo que os hábitos reconhecidamente neuróticos
continuassem, e que sentissem o estado habitual como seguro. Toda
mudança exigiu esforço, e não tinham muito tempo para isso. Os pais
sentiram que, em vista do desenvolvimento e da felicidade de Caio,
seria de grande vantagem se eles mudassem a forma como agiam. Isso
poderia levar à Caio escolher estudos e um emprego que ele realmente
gostasse e onde ele seria mais capaz de usar seus dons inatos. Ele
ficaria interessado e inspirado para usar seus talentos. Ele iria começar
a cuidar do seu corpo, comer e dormir de maneira mais saudável.
O sétimo passo foi desenvolver um plano de ação prático. Nós
concordamos que os pais voltariam em poucas semanas. Era claro que
eles sentiram aliviados e liberados ao mesmo tempo. Nós chegamos à
importante conclusão de que o problema original não era o maior
problema, mas que o dano feito foi porque eles se comportaram de
forma inadequada frente a situação, ou seja, com insatisfação,
frustração e forte desaprovação.
Finalmente, concordamos que os pais, em detalhes, diriam a Caio
sobre a discussão que tinha trazido e sobre as novas práticas que agora
eles treinariam.
Implementamos estas etapas durante uma única conversa, que teve
pouco mais de três horas. Ambos os pais tinham conhecimento e
experiência anterior do método, o que nos permitiu avançar
rapidamente.
2.4 TERAPIA
O objetivo da terapia é que o cliente tenha maior autoconsciência e, portanto,
uma atitude maior de aceitar a si mesmo, os outros e a vida em geral . A intenção
é que ele fique mais consciente das riquezas humanas de si mesmo, confie nelas e
conscientemente pratique em usá-las . Ao mesmo tempo, ele é orientado a tomar
consciência do seu passado e sobre os valores da sociedade, esses são aspectos
importantes que fizeram parte para moldar a sua personalidade. Um lugar
particularmente importante, desde a fase fetal e a primeira infância, está
naturalmente em contato com os pais e as pessoas ao redor. É essa a base sobre a
qual todos nós construímos nosso meio de abordar e agir, cada um com sua
própria maneira original. Em nosso desenvolvimento está sempre incluído o
mistério que a vontade é.
No auto- conhecimento inclui, principalmente no nível emocional e
espiritual, uma consciência de como as atividades emocionais funcionam, o que
valorizamos e quais as intenções que você tem. A terapia leva para que o cliente
tenha um maior contato e uma crença mais forte em suas habilidades humanas, e
seja mais conscientes de seus empecilhos.
O método Conscientia pode ser aplicado da mesma maneira como a
psicanálise Freudiana. Durante a sessão, o cliente levanta algo que ele vê como
um grande problema ou um fato interessante relacionado com a necessidade de
compreender a si mesmo, suas dificuldades e reações emocionais problemáticas
melhor. O cliente descreve situações de sua vida de forma tão aberta e
honestamente possível. O espírito na sessão é tolerante e de aceitação.
Quando um cliente descreve algo que está associado a sentimentos fortes
paramos para tomar consciência da atividade emocional, do sentimento.
Pedimos a ele para descrever o que sente dessa alegria, tristeza, calor, angústia,
amor, ódio ou qualquer outra emoção. Como você pode descrever o sentimento?
Quão forte é? Você o sente no seu corpo, em que parte do corpo? É importante
estar consciente de seus sentimentos e a forma de funcionamento no nível
emocional.
A partir dai você pode pedir ao cliente para descrever a maneira pela qual
ele se viu reagindo ao seu próprio sentimento. Relacionar-se, por exemplo,
negativamente a ansiedade ou medo, ela tem medo de seu medo? Ele reage com
vergonha frente ao amor? Ele sente culpa e vergonha frente ao ódio ? Nós
pensamos sobre se o cliente ve que não consegue deixar sentir o sentimento, sem
autocrítica, censura e culpa. A intenção é ajudar o cliente a tomar conhecimento
de qualquer atitude negativa frente seus sentimentos e, finalmente, levá-lo a
aceitar e respeitar os seus sentimentos e sensações, sem críticas e demandas
para mudá-los.
Ao refletir e aceitar conscientemente sua atividade emocional é
proporcionada uma sensação de liberdade e responsabilidade. Deixamos de nos
sentir como vítimas de nossos sentimentos, e aprendemos a sentir
responsabilidade por nossas reações emocionais. A causa do medo não é, por
exemplo, o escuro ou o som estranho por trás da porta. Ao invés, procuramos as
causas do medo no ambiente ou na nossa imaginação. Na verdade, as chamadas
razões são pretextos para justificar o medo.
As pessoas tem geralmente muita dificuldade de descrever, por exemplo, os
seus medos, e, muitas vezes, começam por descrever a situação e os fatores
externos. É uma sensação tão estranha descrever suas emoções que parece que a
maioria sofre de alexitymia , o que significa, grande dificuldade de identificar,
descrever e tornar-se consciente dos sentimentos. Tanto quanto eu sei, não é a
norma e não está incluído na cultura em qualquer lugar do mundo aceitar e
respeitar os sentimentos. É paradoxal, pois é precisamente com as suas emoções
que os seres humanos querem ser vistos e aceitos.
Considera-se a causa irracional do medo, como ajuda da técnica de
associação. Quando um cliente fala sobre seu medo de voar, pedimos que
espontaneamente descreva o que inclui no voar. Ele responde, talvez, que
significa desenvolvimento e liberdade de movimento. Então podemos continuar
perguntando o que um avião faz ele pensar. Ele diz que não pode controlar o
avião, que depende dos outros. A interpretação pode ser que em um avião ele
teme a consciência do quanto ele com o seu comportamento de controle
restringe a sua liberdade e seu desenvolvimento na vida.
A interpretação é baseada no geral sobre os fatores externos, como as
pessoas, objetos, paisagens e eventos têm um conteúdo mental. Fatores externos
elevam a consciência do mundo interior. Fala-se sobre interiorização: via um
fator externo a pessoa torna-se mais consciente do seu interior. Sua alegria
levanta a minha consciência da alegria ou o irritação, ou seja, atitude de negação
do prazer, dentro de mim. O ruído do trovão revela-me o meu próprio trovão
interior, que é a minha severidade e agressividade, que eu tenho medo de ter
consciência. Palavras pejorativas de outros aumentam a consciência da minha
maneira de me menosprezar. Desse modo reajo com forte medo e raiva,
paralisando a minha consciência e capacitação.
Na análise freudiana é usado o termo transferência. Sem saber, a pessoa
dirige uma emoção que tem contra o seu pai para uma outra pessoa importante,
como um professor, supervisor ou terapeuta. O pai representa autoridade e se
ela teve medo dele, pode levar a um medo neurótico à figuras de autoridade, tais
como o caixa do banco, assistentes sociais, polícia, padres, professores,
supervisores ou políticos. O cliente pode, por assim dizer, ver a pessoa de seu pai
no supervisor e responder adequadamente, mesmo que o gerente é alguém
completamente diferente. Isso explica também, em parte, por que as pessoas
procuram cópias de seus pais para cônjuges. Com essa pessoa, você pode
continuar a seguir o esquema da relação parental.
A transferência é uma forma de projeção. Quando o bebê Victor imita o tom
autoritário de seu pai, sente um endurecimento interno. Via uma pessoa que é
importante para ele, por exemplo, sua esposa Luisa, ele é agora, como um adulto,
consciente de sua rigidez. Luisa sensibiliza a consciência da rigidez nele. Isso ele
não quer então projeta essa conscientização sobre Luisa. Victor culpa Lisa por
ser rigoroso, precisamente porque ela, como uma pessoa importante, levanta
essa consciência nele.
Freud escreveu que os sonhos são o caminho mais próximo para a
consciência. Quando você dorme descansa os sentidos que são direcionados para
o mundo externo, a pessoa vira-se para dentro. A atividade mental é alta, os
olhos movimentam-se debaixo das pálpebras. Agora não é impedida a atividade
da consciência pelo mundo físico e racional, o contato com o nível espiritual
(metafísica) é mais livre. Uma pessoa não descansa apenas quando dorme,
também recupera energia. Ela está aberta para receber a energia vital como a
censura é menos ativa durante o sono. Neste estado consciência se mostra
também sob a forma de sonhos.
Uma mulher de meia idade contou sobre um sonho: “Eu encontrei um
amigo que é importante para mim. Nos abraçamos longamente e
calorosamente. Tinha algo de especialmente quente no nosso encontro.
Era uma sensação maravilhosa. Era amor na sua forma mais crua, amor
incondicional. A sensação era celestial até que o sonho acabou.” Eu
interpreto o sonho dizendo que ela, nele, ficou consciente sobre um
grande amor interno que tem nela mesma, um amor, alegria superior. O
sonho foi um contato com a sua essência real.
Por isso, são os sonhos, importantes ferramentas na terapia. O elemento
central no sonho, pessoas, animais, assuntos, ambientes ou acontecimentos,
descrevem o mundo interno do sonhador. Uma casa grande e bonita significa
contato com a casa interna, com a beleza e o espaço dentro de si. O demônio do
sonho pode significar a consciência do medo, amargura e ligação com energias
negativas.
Durante uma palestra, um dos participantes contou um sonho curto:
“Alguém me disse que ia me contar sobre algo que o assustava mais de
tudo. Depois ele pegou um espelho e o segurou na minha frente.”
A eventual fé religiosa do cliente é respeitada. Se ele fala sobre demônios ou
anjos, a interpretação deve seguir sua linguagem. É importante valorizar
observações metafísicas e a consciência e não podemos subestimar o significado
deles e nem sufocá-los.
Normalmente se vai uma vez por semana ou de quinze em quinze dias na
terapia. Ás vezes, se necessário, pode-se ir duas ou até três vezes por semana. A
terapia acaba quando o paciente acha que o objetivo foi suficientemente
alcançado ou quando ele acha que a energia e o valor dos recursos que coloca na
terapia não correspondem mais. Sobre o processo de terapia podemos falar o
mesmo que quando queremos criar um condicionamento físico maior. É sempre
difícil se desenvolver psiquicamente e fisicamente, cada um de seu jeito. Prontos,
nunca ficamos.
Se o cliente quer tratar de algum assunto específico, como medo de voar,
teimosia, medo de palco, alguma fobia ou dificuldade sexual, podemos junto a ele
criar um plano de programa da terapia em ciam de, por exemplo, seis sessões.
A consciência é o elemento mais importante na existência do ser humano.
Quanto mais trabalhamos para abrir ou aumentar a consciência, mais fazemos
parte do todo.
2.5 TERAPIA DE GRUPO E PROCESSO DE GRUPO
O objetivo da terapia em grupo é o mesmo da terapia individual, o
autoconhecimento. Que um grupo de companheiros também esteja junto deixa a
situação eficaz. A consciência coletiva desperta, transmite e afeta. Terapia em
grupo é feita paralelamente à individual.
O grupo se encontra regularmente por um a uma hora e meia, uma ou duas
vezes por semana, em um ambiente tranquilo, liderado por um terapeuta. O
grupo funciona na mesma lógica que do diálogo de reforço, e no começo da
sessão recordamos sobre as riquezas humanas.
Um encontro pode começar com a tentativa de todos ficarem conscientes de
seu estado emocional. Se necessário, discutimos como se sentem justamente
agora. Depois alguém pede que seja o assunto da discussão ou sugere alguém
para tomar esse lugar.
O que está como o objeto pode contar o que está lhe pesando, descrever seus
problemas e suas possibilidades. Normalmente essa pessoa levanta o que sente
ser o mais difícil. Os outros escutam e fazem perguntas que abram a percepção. O
terapeuta ou o líder fica atento para que não haja críticas ou que disponham o
objeto. O grupo se concentra para escutar e para cada um deles se
conscientizarem o máximo possível deles, sobre o que a pessoa está contanto
sobre si.
O grupo pensa em quais os sentimentos que essa pessoa vive na situação que
ela está descrevendo e o que ela pensa no momento. Ela recebe ajuda para
aceitar suas emoções sem críticas ou exigências. O grupo coloca a riqueza
humana que se tornou consciente sobre essa pessoa, e discutimos ela. Através do
foco na conscientização sobre as riquezas humanas evitamos louvor,
comparações e condenações.
Por ultimo, descreve o grupo, eventuais empecilhos, de modos diferentes,
que essa pessoa objeto tem. Se discute, por exemplo, como ela luta contra a sua
consciência e portanto contra si mesma, subestima o valor de suas habilidades e
possibilidades, espera e exige irrealisticamente muito, mantém uma energia
negativa – e atividade emocional e se concentra nela mesma. O grupo pode
discutir qual sofrimento isso causa nela.
O grupo pode propor meios práticos para minimizar ou solucionar o
problema. Discutimos esses. Enfim reafirmamos a consciência do bem. Se o
terapeuta ou o líder considerar importante, pensando ainda em como os
participantes vivenciaram a situação. Durante uma sessão conseguimos falar
sobre uma ou duas pessoas.
Essa abordagem pode ser usada também quando não se trata de uma
situação terapêutica. Nesse caso falamos de processo grupal ao invés de terapia
em grupo. Uma família ou um coletivo de trabalhadores pode se reunir para
ajudarem uns aos outros a se enxergarem com outro olhar. O grupo escolhe um
líder cuja tarefa é garantir que o quadro sirva como base para discussão e que se
evite qualquer acusações, críticas ou expectativas. Durante um processo de
grupo as coisas não são tão concluídas como na terapia de grupo, e ele não
pressupõe terapia individual. Nele são usados diferentes partes do método
conscientia, como referência, para encarar os sentimentos e o diálogo de reforço.
Se o grupo for grande e a meta é que todos sejam o objeto, pode-se controlar
a estrutura da sessão, para ficar mais sistemática. Se assim for desejado, pode
cada um ser o objeto por sua vez. Primeiro qualquer um pode ser o objeto, e o
que está à sua esquerda será o próximo objeto e assim por diante até o grupo
inteiro ter sido. Os três primeiros que se dá a palavra são os três primeiros à
direita da pessoa que é o objeto. Assim fazemos para que todos tenham a
possibilidade de falar algo. Depois deles, pode-se dar a palavra para quem
desejar. Se o grupo for grande, o processo pode exigir muitas sessões. Eu já fui o
líder de um processo que durou dois dias porque o grupo era tão grande – por
volta de 60 pessoas.
Uma maneira que pode ser usada se o grupo for grande, é, toda vez que for
colocado um novo objeto, dividir o restante do grupo em trios que devem
discutir uma resposta comum dentro de 10 minutos.
Na presença de um grupo é normal retrucarmos um ao outro ou fazemos
uma crítica nervosa. Ou ainda não falamos ela mesmo que estamos pensando
nela constantemente. Durante o processo, paramos para respeitosamente
levantarmos o clima emocional do grupo e principalmente nos focarmos nas
riquezas humanas, na crença de que a partir delas é o melhor jeito de nos
ajudarmos.
2.6 A COMUNIDADE TERAPÊUTICA (OU COLETIVO
TERAPEUTICO???)
O ser humano vive constantemente em uma comunidade social, se é o caso
de uma família, amigos, um local de trabalho, escola, movimento social, igreja,
aldeia, país, ou a nossa comunidade global. Eventuais injustiças e o uso de
valores desumanos na comunidade deixa os membros doentes. A finalidade de
uma comunidade terapêutica é oferecer um outro ponto de vista, uma estrutura
social que é tão justa, igual e amorosa quanto possível.
A estrutura comunitária deve, em todos as atividades aumentar a riqueza
humana e incentivar o seu uso. Isto significa que o uso de poder deve ser
horizontal, ou seja, tão igualmente possível, o que consiste essencialmente em
princípios de democracia direta. Isso também significa o amor e o
comportamento ético são os princípios orientadores de toda a atividade
econômica e social, e que, com base neles são criados os princípios necessários e
os acordos mútuos.
A comunidade terapêutica é uma sociedade em miniatura. A sua atividade
pode ser descrita dentre seguintes áreas:
Psíquico. Em todas as atividades diárias se incluí o conhecimento da
natureza humana e os elementos que ajudam na autoconsciência. Na
comunidade é aplicado o diálogo de reforço, acompanhamento e processo de
grupo.
Social. As atividades na comunidade são construídas diretamente no espírito
democrático. Todos participam diretamente na tomada de decisões
importantes, no planejamento e organização das funções internas, tais como
saúde, segurança, higiene, informações e tarefas administrativas.
Política. Encoraja-se a discutir as estruturas e instituições sociais
prevalecentes, aberto a críticas e a novas soluções para o desenvolvimento.
Trabalho. O trabalho é visto como um importante meio de desenvolver e
implementar as riquezas humanas. Todos são envolvidos no trabalho
produtivo e os frutos dele são divididos democraticamente.
Informação. Se refleti, julga e questiona as bases que as várias disciplinas
são baseadas. Se tenta desenvolver uma abordagem multidisciplinar para
entender e compreender a realidade.
Artes. Literatura, música, teatro e todas as artes são considerados elementos
importantes nas atividades diárias.
Diversidade. Promove-se a tolerância e o respeito pela diversidade das
formas de vida, seja em gênero, cultura, fé, raça, sexualidade ...
Corpo. Ginástica, atletismo , alimentação saudável, descanso e terapias
corporais naturais consistentes são várias maneiras de promover o bemestar do corpo.
Natureza. Promove-se o respeito pelo equilíbrio da natureza, buscando
soluções ecológicas para a produção agrícola e industrial e participa-se de
movimentos sociais que respeitam a natureza.
Na década de 1920, Anton Makarenko conseguiu em condições muito
precárias e difíceis na União Soviética desenvolver comunidades terapêuticas
para jovens sem-teto, alguns deles com antecedentes criminais. A mais famosa
das comunidades foi a Colônia Gorki. Quem inspirou Makarenko foi Maxim Gorki
(escritor russo, 1868-1936). Como com Gorki, Makarenko caiu na mão de Stalin,
que suspeitou deles ideias anti- soviéticas.
Makarenko aplicou a democracia, responsabilidade compartilhada e
acreditou no potencial humano e em possibilidades. Ele empacava frente a
problemas, não se prendeu no passado criminal de muitos dos jovens e também
não estava interessado em diagnósticos e registros do passado. Ele queria
começar com um pano limpo e acreditava na sanidade interior do homem. As
pessoas precisam e atividade metódicas, saudáveis para preservarem o
equilíbrio mental.
O internato do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) segue em
grande parte os princípios de Makarenko. Lá há mais de dez anos seguem o
método conscientia sobre a visão da humanidade e usam as ferramentas para
promover o desenvolvimento humano e habilidades interpessoais. Tudo
começou em 1999, na COPAVI, cooperativa agrícola no estado do Paraná, e se
espalhou para as comunidades de trabalho sem terra, áreas de assentamento,
escolas e internatos em diferentes partes do Brasil. Apesar do verdadeiro
propósito dessas comunidades não é terapêutico, a integração do método
conscientia nas operações diárias deu a eles um elemento terapêutico.
Atualmente, planejamos estabelecer um Instituto Makarenko no estado do
Rio Grande do Sul. É uma ideia de uma escola que opera sobre os princípios
apresentados neste capítulo. O grupo-alvo são ativistas dentro do movimento
dos Sem-Terra que passam por algum tipo de crise ou têm interesse ou
necessidade de auto- conhecimento. Eles podem, por exemplo, ter problemas
com álcool ou drogas. Alguém pode sofrer de estresse, depressão ou é agressivo.
Alguém talvez seja jovem se rebelando contra sua família ou contra tudo em suas
vidas. Um outro pode ser um estrangeiro que simplesmente quer participar de
uma comunidade terapêutica e simpatiza com os sem-terra, a sua situação e
objetivo, pode ser democratizar o uso da terra, promover a produção agrícola
orgânica e aumentar a solidariedade na sociedade.
Pretende-se também que o instituto vá servir como uma unidade de
desenvolvimento e treinamento do método conscientia, e transmita experiências
e conhecimentos entre os sem-terra e outros movimentos cívicos semelhantes no
Brasil. Tais movimentos incluem o movimento dos pequenos agricultores, o
movimento de desempregados, dos operários e sindicatos, movimentos para as
vítimas das usinas hidrelétricas, de mineração, dos sem-teto, dos povos
indígenas e os movimentos e as organizações de apoio ao Movimento dos Sem
Terra no exterior.
3. PARA SUA VIDA
3.1 COMO VOCÊ PODE A CONHECER A SI MESMO
3.1.1 Autoconhecimento e autoconfiança
A autoconhecimento significa que uma pessoa conhece a si mesma em
termos psíquicos e em termos de suas habilidades físicas. Ela é, em certo sentido,
consciente de suas intenções, sua maneira de sentir e os seus valores. Ela está
consciente de suas riquezas humanas e está aberta para descobrir os seus
empecilhos.
A autoconfiança é aceitar a si mesmo, ser capaz de confiar em sua própria
maneira de agir. Se a pessoa sentir que não pode confiar em si mesma, ela se
sente insegura, com angustia, medo ou raiva.
Quando você confia em si mesmo, você pode agir espontaneamente, como
uma criança pequena, você não precisa se preocupar com suas reações. Você não
precisa observar suas próprias ações. Espontaneidade é agir para fora de seu
interior, e não ter que se controlar, ou pensar sobre o que os outros pensam ou
esperam. Tal pessoa se sente livre, ela é ela mesma e não tenta ser outra coisa.
Se você confia em si mesmo como ser humano, não precisa de meios
artificiais para aumentar a auto-estima. Um dos meios mais comuns de esconder
a própria insegurança, é menosprezar os outros, concentrando-se em falar sobre
as deficiências desses. Outro método comum é tentar ganhar o poder e símbolos
de poder, comprar roupas de grife, carros grandes, lançar-se á conquistas sexuais
e assim por diante. Álcool e drogas também podem dar uma sensação de
autoconfiança. Com a bebida você se sente como um dos mais admirados,
poderoso do mundo.
Uma criança que sabe que é amada por seus pais se desenvolve com mais
facilidade como uma pessoa que se aceita e aceita os outros. Se a criança se sente
subjugado, órfão ou ferido ou se sente que os pais fazem exigências descabidas
sobre ela desde pequena, começa logo se sentir inseguro. Pode desenvolver um
hábito de sentir revolta, medo ou ódio. Se a criança reage à situação tentando
evitar a consciência que ela tem sobre as injustiças, ela nega-se ao mesmo tempo.
Isso leva a um círculo vicioso. A criança luta contra si mesma, causando uma
sensação que a sua existência é ainda mais incerta do que antes. É como se a
criança tivesse se perdido e, por tanto, ela sente uma grande necessidade de
encontrar a si mesmo.
Insegurança e timidez é causada muitas vezes porque a pessoa quer
acreditar que é algo que não é. Ela acredita ser mais bonita, mais capaz, mais
forte e mais bem-intencionada do que realmente é. A tímida se acha como se
fosse o centro das atenções e críticas de todos. Ela projeta sua própria atitude
crítica e exigente nos outros. Assim sendo, é impossível confiar em si mesmo.
Baixa auto-estima é um sintoma útil. Podemos dizer que o sistema de
alarme funciona, o que é bom. Quando se aceita a consciência de sua ansiedade
pode-se pensar sobre sua maneira de se relacionar com a vida e consigo mesmo,
em vez de colocar a culpa em algum fator externo, como a pobreza, a cor da pele,
um nariz grande, excesso de peso ou magreza.
Estamos cegos em relação a nós mesmos, nós nos vemos através de nossas
próprias lentes. Precisamos da interação com outras pessoas e ajuda de outras
pessoas para conhecer a nós mesmos, não apenas como imaginamos que somos,
mas como os outros nos vêem. Isso dá oportunidade de tornar-se consciente das
riquezas humanas e também dos empecilhos, é uma libertação
Se me conheço, posso confiar em mim mesma. Se sou desconhecido para
mim, não consigo lidar comigo mesmo. Autoconhecimento é a premissa da
autoconfiança, eles têm quase o mesmo significado. A confiança é humildade e
amor.
3.1.2 Seja consciente de suas emoções
O que você sente? Você sente alegria, gratidão, ansiedade, tristeza ou irritação?
Principalmente se o seu sentimento é forte, o seu sentir é uma gestão central da
sua vida. Seu modo de sentir afeta a sua percepção da realidade que o rodeia.
Quando você sente alegria, você vê alegria em tudo e você quer que todos saibam
e participem de sua alegria. Quando você está apaixonado é o sentimento mais
importante para você. Se a sua dor é grande, você vê muita tristeza no mundo. Se
sua raiva é forte, você não vê nenhuma possibilidade de alegria.
Somos livres para sentirmos exatamente o que sentimos. Ninguém pode
controlar a atividade emocional de outra pessoa, nem mesmo uma mãe, uma
esposa, ou um capataz. Nem eu mesmo posso me obrigar sentir, por exemplo,
alegria, amor ou ódio.
Cada um de nós quer ser aceito justo no nosso modo de sentir. Para as pessoas,
seus sentimentos são tão importantes que, se não forem aceitas com justamente
estes sentimentos que elas tem, elas não vão se sentir aceitas, mas sim rejeitadas.
Se uma criança, por exemplo, sente que sua raiva não é aceita, ela sente então
que a raiva é proibida. O que for proibido não poderia existir. Por tanto a
“solução” é esconder, reprimir a consciência da raiva. Ao mesmo tempo a criança
esconde uma parte de si mesma. Quando você sente que outros não respeitam o
seu sentimento, você sente que você não é respeitado como pessoa.
A infância e adolescência incluem uma alegria e liberdade encantadora e leveza.
A leveza do coração é não criar preocupações desnecessárias, preferindo confiar
na vida. Há algo muito libertador e bonito nisto. Você sente esta alegria? Ou você
tomou, sem perceber, o hábito de preocupar-se, como normalmente acontece
com nós, adultos?
A importância das emoções é evidente em nossa conversa diária. Você conhece
uma pessoa que você nunca viu e inicia uma conversa com ela e vê que vocês tem
muitos interesses em comum. Primeiramente vocês discutem euforicamente.
Vocês se fazem perguntas um ao outro e compartilham informações. Você
começa a sentir uma amizade com ele. Uma ou duas horas se vão em boa
companhia. Em seguida, a conversa começa a acabar. Você talvez o encontre
novamente no dia seguinte, mas você não sente interesse mais. Há limites na
área de interesses pelas coisas. Se você não começar a falar mais pessoal e em
profundidade, no plano emocional, o contato vai morrer. O interesse e o
sentimento de início de amizade começam a desaparecer.
Think positive (pensar positivo) foi a mensagem ao povo do pastor americano
Norman Vincent Peale (1898-1993). Tornou-se quase uma regra generalizada de
vida. Baseia-se na crença de que os pensamentos controlam as emoções, o que
talvez seja parcialmente verdadeiro. Uma boa atividade intelectual atrai uma
atividade emocional correspondente. Mas a chamada para pensar positivo risca
tornar-se uma máscara com um sorriso artificial.
A relação entre emoções e pensamentos é primeiramente que os sentimentos
geram o modo de pensar. Os seres humanos sentem e na base das emoções que
eles pensam. Se ela paira em um medo vivo, embora nenhum perigo real existe,
ela procura explicações para seu medo e cria ameaças. Se ela é infeliz, ela
procura qualquer coisa negativa para se prender. Se ela é alegre, encontra
alegrias também em situações embaraçosas. Pode-se alterar uma atividade
emocional negativa quando se está consciente disso e decide agir contrário a ela,
por exemplo, pensar em algo belo e fazer o bem mesmo contra seu sentimento.
O poder do pensamento é abstrato se não for associado a um sentimento. A
forca vem de sentir e de ate um plano mais profundo, o metafísico. Por isso a
sociedade do poder, tenta controlar o povo e aliená-lo e fazê-lo superficial,
tornando-o mais fácil de manipular. Assim tem sido ao longo da história - "pão e
circo" é um antigo princípio do Império Romano, que ainda se aplica. Só quando
o povo ama a verdade e a justiça, é que ele reage para levantar com força. O amor
faz com que os canais para a energia da vida se abram. Esperemos que as
recentes revoltas populares e manifestações (Indignados, Occupy Wall Street)
sejam exemplo disso.
A ciência não lida com emoções. Elas não podem ser medidas, elas não são
compatíveis com os parâmetros científicos. Isto significa que a filosofia da
ciência, com sua racionalidade e superficialidade inadvertidamente apóia os
sistemas de poder existentes, e impede o desenvolvimento da sociedade no
sentido humano profundo.
SE TORNAR CONSCIENTE DOS SENTIMENTOS
O modo de sentir da pessoa é geralmente uma rotina, e raramente paramos
para realmente tornarmos conscientes desta rotina. Como cada um vê a si
mesmo através de seus próprios sentimentos (olho interno), é impossível obter,
uma opinião objetiva sobre si mesmo. Por isso, precisamos da ajuda de outras
pessoas.
Como os pais e familiares são tão importantes e queridos para as crianças, elas
tendem naturalmente a imitá-los nas suas maneiras de sentir e agir. Se a sua
mãe, por exemplo, está feliz e aberta para, você desenvolve talvez uma atitude
parecida perante a vida. Se o seu pai é enérgico e corajoso isso torna-se modelo
para você. Mas se ele é autoritário e crítico, você desenvolve, possivelmente, uma
atitude exigente. As expressões das atividades emocionais de seus entes
queridos vão passar para você, dependendo de como você confrontá-los. Elas
moldam o desenvolvimento da sua personalidade.
Se você escolher a bebida alcoólica ou as pílulas para não sentir o que você
sente, então você também começou a negar quimicamente seus sentimentos
(você mesmo). No curto prazo, você pode sentir alívio, até mesmo alegria e
prazer. A longo prazo a sua situação deteriora.
Pergunte a sua família e amigos qual sentimento que geralmente percebem em
você. Você não precisa se defender ou explicar seus sentimentos. Olhe também
às vezes no espelho para estudar suas expressões faciais. Desta forma, você pode
se tornar mais consciente de sua gratidão, alegria, ansiedade, tensão, tristeza,
culpa ou raiva. Não se critique. Seja curioso sobre o que você vê.
Determine um tempo apropriado para fazer uma pausa nas suas rotinas, e volte
sua atenção para dentro de si. Respire profundamente e conscientemente, relaxe
o corpo como puder. Concentre-se em sentir o seu estado emocional. Mesmo que
sinta medo, tristeza ou dor, fique um tempo possível apenas com este
sentimento. Talvez até você sentir uma espécie de libertação. Você pode fazer
disso um hábito e repetir, por exemplo, uma vez por dia, mesmo por semana.
Respeitar as própria emoções e as dos outros significa aceitar e estar
abertamente consciente delas.
3.1.3 Conheça a si mesmo através de outra pessoa
Uma ferramenta importante para o autoconhecimento é a identificação.
Costuma-se dizer que o que o pressiona ou o irrita fortemente nos outros diz
algo sobre você mesmo. Uma pessoa vê as coisas nos outros que ela não quer ver.
Ela vê isso como um perigo ou uma ameaça e não quer estar consciente disso. O
comportamento de outra pessoa pode trazer percepções sobre seus próprios
problemas e deficiências, ou, também por outro lado, sobre a alegria e
criatividade em si mesmo.
Isto é chamado de identificação. Em termos mais simples, é uma tomada de
consciência de aspecto psicológico que o outro desperta. A identificação pode se
tratar da similaridade ou também de uma conduta oposta. Sua alegria desperta a
consciência da alegria em mim. Mas sua alegria pode também provocar a
percepção da minha tristeza. Sua modéstia pode despertar a consciência da
minha humildade ou, ao contrario, da minha arrogância. A sua coragem pode
despertar a consciência da coragem em mim, mas também pode ter uma
importância em eu perceber como eu alimento o medo no meu modo de sentir. A
similaridade não significa que seja de mesmo modo ou de mesmo grau, mas
simplesmente que haja uma certa semelhança.
Quem é zangado não quer estar ciente da ira de outras pessoas, porque iria
torná-lo consciente de sua própria raiva. Uma pessoa vaidosa ou com fome de
poder entra facilmente em conflito com um semelhante. Uma pessoa descontente
se sente ainda mais irritado quando acompanhada por um outro resmungão.
Aquele que é tímido torna-se consciente de sua incerteza através de uma outra
pessoa tímida. A tímida não quer ter consciência da sua insegurança e reage com
mais insegurança ao tentar a negar a consciência da sua timidez.
Uma pessoa preguiçosa se torna consciente de sua passividade através de uma
pessoa ativa e empreendedora. Um que se debruça sobre problemas descobre
seu ciúme inato sobre a alegria de outro. Uma pessoa rígida se torna consciente
de sua atitude de censura através de um outro que se comporta de forma
espontânea. Uma pessoa orgulhosa experimenta uma pessoa humilde como
irritante. Uma pessoa gananciosa pode estar percebendo a sua maneira de
desperdiçar suas riquezas através de maneira acanhada da outra de usar as
próprias riquezas. Uma pessoa neuroticamente boazinha vê sua intolerância
através de braveza de uma outra pessoa.
Emoções comuns de estresse, como ansiedade, medo, nervosismo e raiva é
muitas vezes precisamente a rejeição de uma consciência provocada pela
identificação. Os seres humanos aprendem a conhecer a si mesmos na interação
com os outros. Um contato com o outro é um contato com o próprio interior.
Quanto mais importante e mais intimamente relacionado com outra pessoa você
é, mais forte ela despertada a consciência de si mesmo.
Uma criança cujo pai é um alcoólatra decide nunca se tornar como seu pai, e,
portanto, não bebe nem uma gota. Duras exigências e rigidez é muitas vezes o
problema central de uma pessoa que busca alivio na bebida alcoólica. A decisão
dura da criança sugere o mesmo problema. Não dizem que a maçã não cai longe
da árvore?
Quando uma criança vê seus pais, ela vê a si mesma. Provavelmente a criança ao
nascer espera que a vida e o mundo sejam bons, de amor. Por isso, ela tem
dificuldade de aceitar a consciência da rejeição e injustiça de seus pais. A vida é
feita para ser boa, mas a nossa sociedade não é boa, ela é cheia de competição,
lutas de poder, injustiças e alienação. A criança tende a idealizar tudo, só apos
amargas experiências que ela começa perceber como os pais e a sociedade
funcionam. Ela fica decepcionada e se rebela contra seus pais, talvez ele os odeia
e toda a sociedade. Ela pode acabando a lutar contra a consciência das injustiças,
e por tanto, contra si mesmo. Ele é injusto consigo mesmo. Fazendo com que o
sentido da injustiça e da necessidade de rebelião cresça.
Quando você encontrar esse jovem, é importante lembrar o seu sentimento de
decepção e raiva, respeitá-los, conversar e fazer perguntas sobre o seus
sentimentos, seu modo de sentir, não para encontrar as causas, mas para ele
tornar-se consciente da própria atividade emocional. Quando ele sente que seu
senso de rebelião é aceito, ele se sente ouvido e visto.
No apêndice 4 Perguntas sobre autoconhecimento tem perguntas que você
pode usar para tornar-se mais consciente de si mesmo, do seu modo de agir e
suas atitudes.
(ADRIANA: AKI TENHO QUE VER SE MANTER O ANEXO 4 OU TRAZER AS
PEGUNTAS DELE AQUI MESMO, ISSO IMPLICA NAS REFERENCIAS AO ANEXO 4
NO TEXTO EM SEGUIR.)
Um homem de 40 anos de idade conta em análise sobre o seu superior,
que é uma mulher de 50 anos. O homem trabalha em uma unidade
psiquiátrica de um hospital, onde a mulher é a enfermeira-chefe. O homem é
muito nervoso e ansioso.
Ele descreve a mulher como uma bruxa má e agressiva. Ele diz que se a
mulher está no mesmo turno de trabalho, a chegar lá é como entrar no
inferno, mas quando ela não está lá o local de trabalho é como um paraíso.
Ele diz que não consegue dormir na noite anterior, se ele sabe que eles
estarão no mesmo turno. Ele se vira na cama, sua e tem medo e ódio por
novamente ser forçado a encontrar com ela. Ele diz que não tem sido capaz
de dormir adequadamente por um longo tempo, e que ele está à beira do
esgotamento. Sua única saída é mudar de emprego.
No início da sessão de terapia o homem falou sobre os seus sentimentos,
sua raiva e seus medos. Nesse momento ele sente que ele foi aceito e que
seus sentimentos são respeitados. Ele sente que foi visto sem críticas e
demandas. Ele se desabafou, tornando-se mais equilibrado e se acalma.
Pergunto-lhe agora o que ele vê nessa mulher. Ele responde: "A censura e
inferioridade. Ela não acredita em si mesma e se esconde atrás de sua
agressividade. Basicamente, ela sofre de baixa auto-estima." O que ele
contou sobre ela, pode ser dito sobre qualquer um de nós, é verdade em
algum grau em todos nós. Agora, ficando mais equilibrada, ele não está
falando de uma bruxa malvada.
Pergunto-lhe o que ele pensa que a mulher vê nele. Ele responde: "O que
ela vê em mim? Eu acho que me acha distante. Ela pode pensar que eu sofro
de delírios de grandeza, que eu não fique firme em seus próprios pés, mas
que eu sou vulnerável às agressões dos outros. Ela não gosta que eu não sou
direto e aberto, mas obsequioso e fraco".
A mulher, obviamente, não tem dito nada parecido para ele, então
podemos interpretar o homem da seguinte forma: "O que você acha que ela
vê em você são os seus próprios pensamentos sobre si mesmo, que você se
torna consciente na presença dela. Você teme e odeia essa percepção. Por
isso é tão difícil para você ter contato com ela." Um chefe é uma pessoa
importante e, portanto, desperta muita consciência importante entre seus
subordinados.
Depois de um tempo, eu continuo com a interpretação: "De fato, o que você
está contando sobre ela é basicamente o mesmo que você disse sobre si
mesmo. Através dela você se torna consciente de sua insegurança, seu senso
de inferioridade e de suas tentativas de encobrir a consciência disso. Você
diz que odeia essa consciência, então você odeia essa mulher."
Neste exemplo, o homem através da identificação fica consciente de si. Na
primeira instancia ele desaprova tal interpretação, mas ainda vê suficiente a
sua importância para continuar com a terapia. Ele fez terapia uma vez por
semana e depois de cerca de dois meses passou sua necessidade de lidar com
a enfermeira-chefe. Seu estresse e necessidade de mudar de emprego
desapareceram.
Quando alguém desperta uma consciência importante que você não quer ter,
você sente esta pessoa como uma grande ameaça. Você não quer ter nada a ver
com ele, a química pessoal não funciona, você está completamente bloqueado.
Você trancou sua consciência, você mesmo.
Uma mulher de cerca de 50 anos trabalhando em serviços sociais me
disse que ela está participando de um projeto liderado por uma mulher
muito jovem que faz ela sentir raiva e desperta seu espírito competitivo.
Peço-lhe para descrever seus sentimentos, e ela descreve seu medo,
frustração, raiva e stress. Procuro levá-la a aceitar seus sentimentos.
Depois, peço-lhe para descrever o que a irrita tanto na jovem. Ela
responde imediatamente: "Ela não escuta ou nem aceita as opiniões dos
outros. Ela sempre quer controlar tudo." São estes os problemas que ela
mesma tem, e ela teme e odeia estar consciente deles.
O exemplo a seguir demonstra a identificação em uma situação escolar:
Uma amiga minha que está estudando em uma faculdade de formação de
professores me contou num dia que começou a praticar. Ela me descreveu
sobre cinco garotos muito arrogantes no fundo da classe. Eles olham para
baixo dela e não prestam atenção do que ela diz. Ela estava tão
desapontada e deprimida que duvidava haver alguma razão para
completar os estudos já que o trabalho era muito difícil.
Eu perguntei a ela o que ela sente. Ela descreveu como ela detesta tal
comportamento arrogante. Ela não queria ver esses meninos. Eu disse:
"Então, o seu modo e o dos meninos que você descreve, são de certo modo
parecidos, você olha para baixo sobre eles, os condena e despreza." Ela
ficou em silêncio e eu deixei-a a pensar sobre isso. Ela tornou-se uma
professora e mais tarde começou a usar a compreensão sobre a
identificação para ajudar os alunos a desenvolver as suas relações
interpessoais.
Provavelmente esses meninos se identificaram com sua professora,
viram-se através dela, mas rejeitaram fortemente a consciência e se
comportaram assim, hostil em relação a ela. A identificação é
frequentemente mútua. Então, pode acontecer que a química pessoal não
funcione - as posições são totalmente bloqueadas, como dizem.
Uma pessoa que age destrutivamente é, por razões práticas, incômoda para os
outros e, especialmente, para si mesmo. As pessoas normalmente reagem
evitando contato desnecessário com tal pessoa. Uma pessoa agressiva transmite
um campo de energia negativa.
Na verdade, a identificação, foi um fator que desempenhou um papel
importante quando me procurei à psicanálise. Foi assim:
Na década de 1970, eu trabalhava como responsável pela
organização e métodos na Valmet Industria e Comercio de
Tratores, em São Paulo. Pediram-me para assumir o cargo de
Gerente Geral de Compras, um campo que era totalmente
desconhecido para mim. Eu experimentei imediatamente grande
dificuldade de agir em uma situação onde todos os meus
subordinados sabiam muito mais do que eu. Na verdade, eu não
sabia nada sobre a área.
Além disso, notei logo que o gerente de vendas do nosso
principal fornecedor era um grande problema para mim. Ele
vendia motores para os tratores que nós montávamos. Eu era
muito reprimido, com medo e raiva em sua presença. Eu senti que
ele era arrogante e queria se aproveitar da minha ignorância. Eu
era incapaz de decidir sobre os preços e as entregas dos motores.
Isso fez com que as entregas de motores tornassem mais escassas
e chegou perto da produção de tratores cessar.
Eu estava muito ansioso e isso me motivou a procurar ajuda. Eu
pensei que a psicanálise seria a abordagem mais profunda, mas a
visão freudiana do ser humano nunca me atraiu. Um dia eu visitei
uma livraria no meu caminho para casa. Aconteceu de eu tomar o
livro Psicanálise Integral na minha mão e o comprei. Eu li isso
imediatamente e senti forte simpatia, porque lá o ser humano era
interpretado não como uma vítima de suas circunstâncias e seu
passado, mas equipado com liberdade e responsabilidade. No livro
havia um endereço, eu fui para a recepção e concordei em iniciar
terapia.
Assim que eu me coloquei no divã, comecei a descrever o gerente
de vendas. Meu analista me perguntou para o que eu o associava
com. Eu respondi que ele é uma pessoa muito arrogante que tenta
se aproveitar de mim. Meu analista me disse para olhar para mim
mesmo e ver o que eu disse do gerente de vendas em mim. Fiquei
muito irritado que ele teve a coragem de me comparar com uma
pessoa tão rude. Cheguei perto de interromper a terapia desde o
início. Mas a minha necessidade era tão grande que eu me
humilhei e continuei. Aos poucos, comecei a pensar sobre isso e
percebi que ele e eu realmente tinha algumas características
comuns - muito mais do que eu poderia ter imaginado. Em seguida,
abriu a porta para a minha consciência, e como resultado, também
os portões da fábrica. Os motores vieram no último momento.
Rapidamente nos tornamos bons amigos.
15 anos depois, quando eu já tinha me resignado da Valmet,
encontrei por acaso com ele. Ele me convidou para jantar em casa
e nós concordamos em uma data. Ele enviou o seu motorista para
me buscar. Comemos junto com sua família e nos lembramos dos
velhos tempos. Eu lhe disse que trabalho em cooperativas de
trabalho, escolas e outros coletivos em assentamentos do
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). O MST é um
movimento social do Brasil bem conhecido e normalmente
caluniado pela mídia. O movimento luta pela reforma agrária e
pelos direitos dos excluídos. Contei sobre o que fazia no
movimento. Ele olhou para mim e disse: "Pertti, estou com inveja
de você." Surpreso, perguntei o que ele queria dizer com isso.
"Você teve a coragem de sair de tudo isto. Eu não tenho isso."
Enquanto isso, ele apontava para a sua casa, sua piscina e o seu
jardim.
As pessoas que trabalham na área da saúde às vezes experimentam agressões
por parte de pacientes e seus parentes. O filho de uma velha mãe pode exigir
quase o impossível, acusar e culpar a enfermeira sempre que eles se encontram.
A enfermeira cuida da mãe, o que desperta a consciência do amor. O filho tornase, assim, consciente de sua atitude contrária, sua indiferença. Ele não suporta
esta percepção e vê a enfermeira como um inimigo. Pode até ser o caso de que,
quando um parente próximo do doente é particularmente agressivo, é sinal de
que a enfermeira fez um excelente trabalho.
É claro que a identificação também torna as pessoas conscientes das
tendências e atitudes positivas. Por exemplo, a felicidade de outra pessoa nos
torna conscientes de nossa própria capacidade de sentir felicidade, despertados
disto, reagimos com mais alegria. A paixão se baseia na identificação de
felicidade e amor pelo outro. O outro pode despertar tanta sensação de felicidade
com sua “perfeição”, que não existe outra pessoa igual. Se depois conhecendo o
outro, perde a paixão, é que a paixão era baseada mais na projeção de que na
identificação. Nós projetamos no outro aspectos e qualidades que o outro não
tem tanto assim, como, por exemplo, pureza da alma, justiça, forca, carinho e
beleza. Por isso o relacionamento pratico se torna muitas vezes complicado com
muitas decepções e brigas.
3.1.4 Com refletir sobre trauma?
Vamos considerar três situações bastante comuns. O primeiro caso é sobre
Charlie, que é uma criança cujo pai bebe e agride a mãe. Como se diz, o pai
trocou a família pela garrafa. No segundo caso, os pais de Lena são tão
interessados em seu trabalho e no seu sucesso, que eles nunca têm tempo para
estar em casa com Lena. O terceiro caso é sobre Anna, que foi brutalmente
estuprada.
Ninguém quer passar por algo assim.
Quando alguém é atingido por algo muito mal ela normalmente reage,
tentando ignorar a consciência disso. Ela imaginava que o problema não existe,
se ela negar a consciência dele. A rejeição da consciência torna-se um estilo de
vida destrutivo que, às vezes, por incrível que pareça, é chamado de estratégia de
sobrevivência, mesmo que explicitamente só torna o problema maior.
Anna se esforça para esquecer o estupro. Na verdade, ela tenta evitar
ativamente a lembrança do evento, mas a memória é uma parte de sua
consciência. Como os seres humanos são, em grande parte sua consciência
significa que Anna suprime a si mesma. Além disso funciona, o esforço para
esquecer (evitar lembrar), na direção oposta, ele ativa a memória e, assim, a
experiência. Anna ativa a sensação do estupro e o revive novamente dentro de si.
O tal mecanismo de defesa como é conhecido, de fato, é um mecanismo de
repressão da consciência. A rejeição da consciência é uma armadilha, a
armadilha mais perigosa de todas, porque ameaça o ser fundamentalmente
humano. O trauma não é causada pelo evento traumático, mas da maneira como
se relaciona com o incidente.
Charlie faz de tudo para evitar ver o seu pai beber. Ele tenta agir para que o
pai não beba. Ele pode ir tão longe que se vê como culpado da bebedeira de seu
pai. Desesperado, ele tenta ser tão gentil que o pai não tenha qualquer razão para
beber. Ele culpa a si mesmo. Ele tenta esconder o alcoolismo de seu pai para os
vizinhos, parentes e colegas de escola. Na verdade, ele luta principalmente para
rejeitar a sua consciência sobre o assunto, como para sentir que o problema não
existe. O pai morre, mas Charlie desenvolveu o hábito de rejeitar a consciência.
Ele rejeita e nega a si mesmo. Fazendo com que ele sinta crônica e severa
ansiedade, medo e amargura. Estes sentimentos são manifestados em seus
relacionamentos e comportamentos.
Lena não quer acreditar que seus pais dão a seu trabalho e suas atividades
mais importância do que o seu lazer. Eles estão raramente em casa com ela. Os
pais cuidam das necessidades físicas e materiais de Lena da melhor maneira, ela
tem babá e tudo o que ela pode precisar e desejar, a não ser o tempo da mãe e do
pai e a companhia deles. Quando os pais estão em casa, o interesse deles em Lena
é técnico. Eles perguntam como ela esta na escola, você leu sua lição de casa, tem
algo que você precisa. As perguntas são relativas ao desempenho - focalizam a
atenção no sucesso, e não sobre a pessoa, Lena.
Lena sofre de falta de amor e sente-se abandonada, ela não é digna da
atenção dos seus pais. Ela não tem dignidade em si, mas são atribuídos algum
tipo de substituto valor quando ela executa. Aos poucos Lena começa a ter
sintomas mais fortes e ela chama por ajuda de uma forma desesperada e
geralmente destrutiva. Ela bate as portas, cortar-se, procura má companhia. Os
pais reagem com espanto e decepção e tentam encontrar meios para acalmar
Lena. Eles não param para ouvir e sentir, e eles estão, talvez, com raiva. Muitas
vezes, recorrem a antidepressivos, quando na verdade são os pais que precisam
de cuidados, autoconhecimento. Nesta situação Lena também atua com sua
própria vontade, e seu problema é que ela não aceita a consciência do medo dos
pais de conhecê-la como ela é.
A maneira de Kalle, Lena e Anna tentar resolver os seus problemas é uma
armadilha. Não se pode culpá-los por isso ou até mesmo esperar outra coisa. Eles
têm de sua própria maneira tentado fazer o seu melhor para evitar o sofrimento.
Se eles se tornarem conscientes disso, eles podem sair da armadilha e, pelo
menos, aliviar-se parcialmente.
Depois de uma guerra, os soldados sofrem de stress pós-traumático, cada um
à sua maneira: eles experimentam ansiedade, medo, autocensura, depressão,
angústia e agressão. Perguntas sobre a guerra ampliam os sintomas relacionados
com a culpa. Cada um busca ajuda de sua própria maneira. Alguns contemplam
as suas experiências com a leitura de guerra, alguns lembrando delas junto com
outros, alguns fechando-se e outros com medicamentos. É certamente difícil
aceitar a consciência da insanidade do sistema de poder de que a guerra levanta,
e como ela também faz as pessoas agir com crueldade e matar uns aos outros.
Essa armadilha, a rejeição da consciência, ou seja, o trauma pode ser
estudado passo a passo:
1. Quando Maja experimenta algo muito difícil, como a agressão do pai,
a atitude de desprezo da mãe, a violência sexual ou o assédio moral,
ela pode reagir severamente condenando aqueles que agiram errado
e negando fortemente a consciência da questão. Ela não quer
acreditar que é verdade. Quando ela tenta negar a consciência e luta
para esquecer a injustiça, o resultado é exatamente o oposto. A
rejeição ativa a consciência e, assim, também a experiência
angustiante. Maja sofrer constantemente.
2. Porque a consciência é o elemento mais central na existência humana
Maja nega parte de si mesma quando ela nega sua consciência. Isso
leva a um sentimento de quebrada, abandonada, isolada ou
humilhada. É a negação da consciência que traumatiza-a e torna-a
neurótica.
3. Isso faz com que o sentimento de injustiça cresça e ela reage com
censura crônica. Ela mantém o medo, a amargura e ódio no poder.
Com o tempo, isso leva a doença física e mental, ao esgotamento.
4. Como Maja nega uma parte de si mesma ela sente que os outros
querem machucá-la. Ela muitas vezes experimenta o que as pessoas
dizem profundamente doloroso, como punhaladas no peito. Mesmo a
crítica construtiva sente humilhante. Quando ela nega a si mesma
interpreta tudo negativamente e sente que os outros querem
machucá-la (paranoia).
5. Ela se sente arrasada e sente que não tem o direito de existir. É o
motivo de sua grande necessidade de via outros conseguir
confirmação de sua existência.
Os seres humanos têm vários meios para alcançar reações emocionais de
confirmação do sentimento de existência, pelo outro. Frequentemente tais meios
são:
Aceitar e admirar outros. Maria luta para ser gentil, sempre aceita, admirada e
bem sucedida. Ela fará de tudo para não ser abandonada ou submeter
infelicidade aos outros. Ela nunca diz não para não ser abandonada. Pedro no
entanto, faz todos os esforços para obter poder, dinheiro e um bom carro, uma
hipoteca grande e, portanto, a admiração dos outros. A sensação de poder é um
substituto desesperado do amor.
Constante atenção dos outros. Pedro fará qualquer coisa para ser o centro das
atenções, tanto em termos de bem e mal. Na escola, ele interfere
sistematicamente o ensino de modo que a atenção de todos está atraída por ele.
Quando ele, como um adulto, participando de reuniões no trabalho, se coloca
sempre negativamente frente os objetivos da maioria. Ele resiste e chama a
atenção. Outros tornam-se desanimados, frustrados e irritados com seu
comportamento e, portanto, incapazes de realmente ajudá-lo. Ele recebe poder e
atenção. Agora ele sente que existe.
Pena e culpa de outras pessoas. Lena tenta evocar sentimentos de piedade de
seus companheiros por infinitamente descrever suas dificuldades e doenças. Ela
quer fazer os outros sentirem compaixão, e no melhor dos casos, sentirem culpa,
por causa de sua situação de vida difícil. Ela se apega especialmente naqueles
que têm dificuldade em ver a sua atitude de vítima e, portanto, tornam-se presos.
Frustrados fingem que ouvem infinitamente, mas eles estão com raiva de si
mesmos, porque eles foram sábios. Na verdade, eles não querem escutar e não
ouvem, apenas esperam Lena parar de falar. Lena sente a irritação e piedade
deles. Ela é vista, ela existe. O que ela realmente precisa é de amor, honestidade e
consciência.
O medo, ódio ou desprezo dos outros. Pedro se comportam de forma muito
agressiva, de modo que todo mundo fica com medo quando ele vem. Ele
experimenta o medo dos outros como uma confirmação de sua existência. Ou ele
faz algo tão desagradável para os outros ficarem com raiva. A raiva dos outros
fortalece seu senso de existência, ele é visto. Ou ainda, ele age de uma forma
desagradável, usando linguagem chula e cheira mau, assim os outros reagem
com desgosto. O desgosto de outras pessoas é uma confirmação de que Pedro
existe.
Os seres humanos querem existir e serem aceitos, e isso é, naturalmente, seu
direito fundamental. Ele anseia por contato com si mesmo, com o amor e sua
essência metafísica, a fonte e o sentido da vida. A rejeição da consciência leva a
escolha do agente neurótico.
Hjalmar Söderberg (escritor sueco, 1869-1941) escreveu em seu livro Doutor
Glas: Nada diminui e puxa para baixo uma pessoa como a consciência de não ser
amado. Queremos ser amados, na sua falta, então admirados, se assim não, então
temidos, na sua falta, portanto, odiados e desprezados. Queremos inspirar algum
tipo de sentimento no outro. A alma estremece no vazio e quer o contato, a
qualquer custo.
Nós, pessoas comuns, muitas vezes reagimos com o mal no mal. É raro reagir
com sabedoria sobre as coisas que são do mal, com o bem. Só o amor pode curar.
Talvez seja justamente a rejeição da consciência que traz o maior sofrimento
humano.
VOCÊ TEME OU ODEIA OS SEUS PAIS?
Se você sente que tem um relacionamento problemático com seus pais, você
pode pensar sobre isso, seguindo os passos abaixo:
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Esteja consciente do medo, vergonha, amargura ou raiva que você sente.
Concentre-se conscientemente a experimentar estes sentimentos. Tente
aceitá-los. Você provavelmente os viveu como proibidos, o que significa
que você se esforçou para rejeitar a consciência deles. Prove a força e
caráter deles, sinta onde no corpo estão. Fique curioso sobre eles. Evite
culpa, críticas e demandas.
Reveja o seu modo crítico, a maneira que você julgar sua mãe ou pai e a si
mesmo. Pense se a pessoa tem o direito de julgar alguém, ou a si mesmo?
Você tem tentado mudar a sua mãe ou pai? Você provavelmente já se
sentiu desanimado e deprimido, porque não ter o poder e a capacidade de
alterá-los. Dizem que nem mesmo Deus pode mudar as pessoas. Mas
dentro de você, por anos, você lutou para fazê-lo. Não é de estranhar que
se sinta completamente esgotado e impotente. Você está ciente de que
não aceitou a consciência do seu pai ou da mãe de tal forma que ele/ela é?
Você se sente como uma vítima? Esse sentimento está sempre associada a
situações como esta, você é uma vítima da injustiça. Você experiência que
você não tinha outra opção senão a de agir como agiu? Você tentou mudar
a sua mãe ou pai. Você experimentou isto como a única alternativa. Esta é
uma armadilha, um círculo vicioso que você caiu. Não se culpe. Quando
você tentou mudar ela negou a consciência dela e, portanto, a si mesmo. É
claro que você sentiu desespero, amargura e impotência. Pare e sinta
essas emoções em si, faça isso com interesse, com a curiosidade de um
cientista.
As crianças tendem a imitar os pais. Você está ciente de que você está, no
sentido psíquico, imitando a atitude negativa para com as emoções de sua
mãe ou a intolerância do seu pai? Claro que, em diferentes formas e graus
do que ela/ele, vocês são pessoas diferentes. Isso você provavelmente
nunca pensou como uma criança, e ninguém poderia ter o ajudado. Você
pode considerar que uma parte de sua luta era dirigida contra a
consciência que o seu pai ou mãe despertou em você (veja o capítulo
anterior sobre a projeção).
Será que você renunciaria conscientemente a sua atitude de julgamento?
Ninguém tem o direito de julgar o outro. Você não precisa perdoar. Não
tente perdoar, não é mesmo seu assunto. É suficiente que você pare com
seu hábito de julgar. Isto irá libertar a sua consciência o que faz você
também ser livre como ser humano.
A personalidade está mudando constantemente. A melhor mudança em alguém é
quando ela se abre. Quando a consciência abre, abre o próprio ser humano. Isto
também se aplica à sociedade: quando as pessoas abram os olhos e tomam
consciência da doença no coletivo, daí, a patologia do poder perde sua força.
Enquanto isso cresce o interesse, a fé, a coragem e a capacidade de agir no
sentido de construir uma sociedade igualitária e inclusiva.
Uma cliente, uma mulher de aproximadamente 70 anos de idade chamada
Margret, tem ido há tempo em terapia para lidar com a sua infância muito
difícil. Sua família era extremamente pobre. Conseguir comida para dez
crianças era uma luta diária. Sua mãe estava sempre estressada e
apressada, as crianças estavam sempre no caminho. Margret estava entre
os mais jovens, a mãe queria que ela nunca tivesse nascido. Ela sentia que
a mãe não gostava especialmente dela. A mãe era sempre exigente, crítica
e briguenta. Ela sentia que a mãe não colocava valor nela, ela não tinha o
direito de ter opiniões, vontade própria, ou de sentir alegria. Ela tem sido
amarga sobre isto toda a vida. Durante uma sessão, ela descreve a
situação assim:
"Agora eu me sinto um pouco mais leve. Eu pensei que minha infância
foi como foi, a mãe pode ter feito o seu melhor e que não podia fazer nada
sobre a situação." Eu digo: "Então você passou da maneira que você
julgava a sua mãe", ela responde: "Isso mesmo, eu posso sentir tristeza
sobre o que foi, mas julgar não ajuda ...". Eu confirmei isso dizendo que
por julgar nos ligamos a injustiça. Ela observa: "Nos fazemos um
prisioneiro. Anteriormente, eu sempre pensei que, se eu aceitar a mãe,
isso significa que aceitaria suas ações. Eu realmente misturei essas coisas.
Fiquei muito triste e deprimida, porque eu sempre me senti vulnerável a
acusações."
Eu peço-lhe: "Descreva o que você sentiu então." "Que eu não era amada,
não era gostada, que estava abandonada." Ela descreve o que ela
experimentou que os outros sentiam, por isso peço-a novamente para
descrever explicitamente o seu próprio sentimento. Então, ela continua:
"Tudo o que eu fazia era errado ..." Ela tem dificuldade de parar e falar
sobre seus próprios sentimentos. Ela só fala de como os outros a
tratavam. Pergunto novamente o que sentia. "Eu fiquei muito, muito triste
que ninguém me entendia. Eu estava abandonada. "Eu peço de novo para
descrever seus sentimentos. "Sozinha, eu não era amada."
Ela tem, como é habitual, a dificuldade ou, talvez, uma relutância para
identificar a sua atividade emocional. Ela se vê tão forte como uma vítima.
Eu pergunto: "Você disse que sentia tristeza? Será que você
possivelmente tenha sentido medo, rancor, ódio e culpa?" "Exatamente
assim eu sentia, e, além disso, sempre descontentamento." Minha
interpretação: “Você tinha um forte atividade emocional que fez você se
sentir culpa mas sua mãe nem estava nem perto".
Ela responde: "Era assim mesmo...Eu tinha tanto medo de sentir alegria,
pensando que seria imediatamente levada para longe de mim. Eu não
ousava sentir alegria." Eu esclareço isso para ela: "Você não se permitiu
ser feliz. Você proibiu alegria por prevenção. E ao mesmo tempo culpou a
sua mãe.... "Mamãe quase nunca era feliz, e eu levei isto como modelo para
a minha vida... Eu queria vingar-me dela, dar o troco, eu queria ter algum
tipo de poder. Eu não queria me sentir derrotada," Aqui eu continuo:".
Você diz que acabou se tornando uma luta de poder onde você tirou a
mesma arma que você sentiu que sua mãe usou. Você infectou-se com a
doença de sua mãe." "Assim mesmo, foi uma luta constante pelo poder."
O filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard (1813-1855) disse uma vez: "Se eu
quero ajudar outro ser humano, eu preciso primeiro tornar-me consciente do
que ela entende. Se eu não fazê-lo, mas ainda tentar ajudá-la, significa que estou
tentando mostrar-me melhor do que ela. "
3.1.5 Ser ou não ser? Dificuldade de se expressar
É bastante comum que tenhamos dificuldade de nos expressar,
especialmente em grupo. Nos sentimos facilmente vulneráveis a críticas e com
medo de ser ridicularizado. Nos sentimos inibido e não expressamos nosso
conhecimento, nossas esperanças e talentos. Qual é o fator interno que nos faz
isso? Abaixo estão alguns pressupostos comuns sobre a dificuldade de se
expressar.
Estou consciente das minhas dificuldades de me expressar e me criticar por
isso. Talvez eu senta uma forte necessidade de ser capaz de dizer o que eu sei e
acredito. Eu sinto que as demandas vêm de outros, não de mim mesmo. Sinto-me
maltratado e reajo com resistência. Eu não percebo que o meu problema é o meu
próprio rigor e minha obrigação de ser capaz de resolver o problema.
Minha insegurança e meu medo são muito desagradáveis. Eu não quero sentir
assim e, portanto, eu tento rejeitar a consciência destes sentimentos, como se
isso pudesse me salvar da situação. Desta forma trabalho contra mim mesmo (a
minha consciência) e fecho-me na minha concha.
Eu sinto que os outros me subestimam, embora seja, na verdade, a minha
própria atitude e minha maneira de olhar para mim mesmo. Eu culpo os outros
em vez de ver o meu medo como um sintoma útil, um sinal de alerta e olhar para
dentro de mim.
Talvez eu tenho desde a infância desenvolvido uma postura de censura crônica.
Tento constantemente rejeitar qualquer consciência importante (como o uso de
álcool do meu pai, a submissão de minha mãe, alguma experiência muito
desagradável). Quando eu tomo posição censura rejeito a consciência de tudo,
então de mim mesmo. Faz-me sentir que minhas percepções, minhas opiniões e
minha vontade é de alguma forma proibido e, portanto, perigoso de se expressar.
Pode ser que eu tenha uma forte tendência a me idealizar. Eu não devo
cometer erros, seria um desastre. Meu perfeccionismo é uma atitude egoísta. Eu
me vejo como uma pessoa muito importante, é como se o mundo estivesse
girando em torno de mim, eu sou o centro das atenções. Eu tenho medo de me
abrir.
Minha dificuldade consiste em certa medida, da inveja, que está em todos nós.
Inveja é explicado sob o termo invidere: eu não quero estar consciente de tudo
que é bom e belo, todas as oportunidades que existem em mim e na vida. Se eu
fosse expressar minhas opiniões e conhecimento isso tudo apareceria, seu valor
seria visível e eu poderia desenvolvê-las em conjunto com outras pessoas. A
inveja faz com que seja proibido e perigoso usar minhas habilidades. Concentrome em não me diferenciar dos outros. Eu penso muito sobre o que os outros
pensam sobre mim. Eu uso os outros como pretexto para limitar a minha
capacidade de agir.
Se você tem dificuldade de se expressar, tente aceitar isso conscientemente. É
uma forma de timidez, que tem um certo charme. Pode ser visto como modéstia,
o que é bonito. Pense em todas as opções acima para você mesmo. Quanto mais
você se tornar consciente delas, mais forte você se sente a possibilidade de se
tornar livre e é mais fácil para você fazer aparecer as suas riquezas humanas.
O diretor de uma escola secundária popular sueca me disse que todos os
professores são controlados pelo medo. Eu perguntei o que ele queria dizer.
Ele respondeu que todo mundo tem medo de fazer papel de bobo. Em tal
estado emocional, é certamente difícil ter contato com os alunos e ensinar. O
trabalho deve realmente ser pesado. Este foi um dica útil, considerando que
a palestra estava prestes a começar. No começo era importante falar sobre o
medo e trabalhar uma posição em que se aceita o medo. Quando você pode
ter medo, ela perde seu poder. Você realmente não precisa tratar a causa do
medo, o medo é de fato neurótico, também neste caso.
3.1.6 Como você foi educado?
Normalmente, somos educados para ser obedientes e bondosos, como as
chamadas boas pessoas e os bons cidadãos. Nos ensinam a se comportar e agir
de acordo com as expectativas externas e exigências. O propósito da educação
não é, então, para fortalecer as riquezas humanas, o que significaria que
poderíamos agir espontaneamente de dentro para fora.
Somos ensinados a pensar sobre o que os outros pensam sobre nós, em vez de
deixar a nossa atividade emocional controlar praticamente livremente nossas
ações. Reformulamos a criança em certa forma, em vez de ajudá-la a se abrir.
Na educação dos filhos se aplica os mesmos princípios que em todas as outras
relações humanas. Os princípios fundamentais são:
- Respeitar, ouvir e estar interessado
- Fortalecer a consciência das riquezas humanas
- Com responsabilidade coletiva, evitar o comportamento destrutivo, e
guiar para atividades positivas
- Com um espírito de respeito aceitar a criança e estar ciente de quaisquer
intenções negativas
Um líder humano se relaciona exatamente assim com seus subordinados.
O melhor exemplo é o professor. Se a mãe xinga, a criança aprende também a
xingar. É o pai irritável seu filho aprende a ser também. Se uma mãe lida com
suas próprias dificuldade e as da criança com tolerância e abertura, seu filho
aprende que não precisa ter vergonha de fraquezas e erros. Se um pai é
inspirado por seu trabalho, a sua filha também pode experimentar o trabalho
como uma fonte de alegria.
Criar os filhos pode ser comparado com o treinamento de cavalos. Um bom
treinador dá atenção a que tipo de indivíduo esta em questão e adapta seus
programas de treinamento, tanto quanto possível, ao temperamento do cavalo,
selvagem, tímido, feliz ou humilde, e de acordo com o que já sabe. Um bom
treinador entende que a formação tem lugar nas instalações do cavalo. Isto
também vale na educação infantil e de adultos.
Junto com seus pais, a criança tem seu primeiro conhecimento das relações
humanas. As personalidades do pai e da mãe e é a sua primeira experiência. Eles
estão associados a grande amor e segurança ou com rejeição e incerteza. Essa
lição é geralmente reproduzida nas suas relações humanas posteriores, o que é
chamado de transferência.
Há um ditado que diz que a maçã não cai longe da árvore. Sem perceber a
criança imita a atitude dos pais para a vida e os hábitos, especialmente se ele ou
ela os condena, como a sua gravidade e indiferença. A condenação é um sintoma
de suprimir sua consciência, isto é, a si mesmo. Assim a criança faz consigo
mesmo o que mais odeia em seus pais.
MÃE E PAI TEM TEMPO?
Os pais podem estar tão interessados em seu trabalho que nunca estão em casa.
Brinquedos, entretenimento e babás estão disponíveis, mas não a mãe ou a
presença do pai. A criança interpreta tal situação com bastante precisão: os pais
sentem que seu trabalho é muito mais importante do que eu. A criança está em
quarto na ordem de prioridade, depois do trabalho, festas e amigos. É um sinal
de que a criança não é amada. Não importa quantas vezes os pais repitam: "Eu te
amo." A criança responde com rebeldia e protesto. No pior dos casos, a relação
com os pais se torna hostil, e, assim que a criança pode se muda de casa e
procurando o amor em outro lugar.
Se você, como mãe ou pai ficar ciente disso você deve mudar o seu curso de
ação e planos para que você tenha mais tempo para estar com seus filhos.
Comece do zero e ofereça o seu tempo para criança, e faça sem reservas. Não
espere que ele imediatamente queira se envolver com você. Ele pode querer se
vingar um pouco de você, rejeitando-o e testando se você está sério. Pode-se
confiar em você, ou ele vai ser decepcionado novamente. Fique à sua disposição,
não faça nada além de esperar. Não leia nem o jornal. Basta estar presente, três
horas por dia. Em poucos dias, ele se atreve provavelmente a acredita em sua
oferta. O melhor é se vocês possam fazer algo útil em conjunto. Isso faz a criança
se sentir valorizada.
CUIDADOS NEUROTICOS
Às vezes, os pais tentam proteger suas crianças de todo o mal. Em tal
comportamento esta incluído uma necessidade de controle neurótica que em
grande parte é baseada na inveja: não deixar a criança experimentar e
desenvolver suas habilidades, ao contrário, veem em tudo um motivo para
proibir e controlar. Tal mãe ou pai funcionam da mesma forma em posições de
liderança no trabalho. Impedem o desenvolvimento de seus subordinados,
tentando controlar tudo. Os trabalhadores ficam frustrados e nervosos, o que os
torna tão fora de si que não podem fazer nada para ajudar o chefe, e pensam
mais sobre si mesmos. O líder e os pais precisam de ajuda para se tomarem
consciência de como restringem e controlam o uso de suas habilidades e
oportunidades, e seu desenvolvimento.
Um comportamento superprotetor está associada a censura. Os pais fazem de
tudo para que nada de mal alcance a consciência, proporcionando, assim, a
nutrição do mal em si mesmos e nos outros.
Na escola, acontece que os pais defendem o comportamento destrutivo de seus
filhos até o fim e culpam o professor, embora todos saibam como os filhos são
problemáticos. Os pais têm uma necessidade histérica de defender o filho, mas
seu verdadeiro objetivo é evitar a consciência das questões familiares. Frente ao
professor tentam explicar os problemas da criança, mas em casa ela é criticada e
repreendida. A rejeição da consciência é uma atitude da família com a vida. O que
pode aumentar a conscientização sobre os problemas da família são vistos como
uma ameaça que eles veementemente veem como ataque. Alvos comuns são
justamente professores, assistentes sociais, enfermeiros e agentes de polícia.
A educação é sempre algo muito profundo, basicamente uma educação
espiritual. Isto pode ser visto no exemplo a seguir, onde uma mulher adulta,
assistente social, fala sobre suas dificuldades em sentir os seus próprios
sentimentos em relação aos membros da sua família.
A mulher começa a sessão: "Estou tão longe de meus sentimentos. Mas eu sei
que o melhor é falar sobre exatamente o que você menos quer falar. Minha irmã,
Liisa, é muito desdém com a minha filha Pirjo. Eu estou com raiva dela por isso.
Tudo começou quando Pirjo esqueceu o aniversário de Liisa e Liisa reagiu
castigando-a. Isso me deixa muito triste, pensa que minha própria irmã sempre
faz isso. E Pirjo também reagiu com emoções muito fortes.
Eu pergunto: "O que você sente em relação a sua irmã Liisa?" Ela responde:
"Ódio, quero evitá-la. Sinto-me magoado, eu sinto muito." Eu reafirmo isto
repetindo: "Você diz que sente ódio e tristeza. Você sente que respeita esses
sentimentos em si mesma?" "Hm, sim, eu realmente faço isso." “Esses
sentimentos ajudam você a controlar a situação?" Nisto ela responde: "Eu não sei
realmente, sinto-me insegura. Mas eu não me fechar é ainda melhor do que como
eu era antes, quando eu reagia querendo agradar."
Eu disse: "No passado, você reagiu negando qualquer consciência da ira de sua
irmã. Você tentou fingir que não via a raiva dela, e você fez de tudo para que ela
não ficasse com raiva." "Foi assim mesmo..." Eu continuei:" Você, então, fez tudo
o que podia para ela ser agradável." "Sim!" "Você se sentiu assim, responsável
pela atividade emocional dela" Ela responde: "Está certo, eu tenho de alguma
forma, este pensamento, inconsciente."
"Isso é algo que você pode se lembrar da infância?" "Sim, todo mundo tinha
medo de que alguém iria ficar com raiva, principalmente em relação ao pai. A
raiva e o descontentamento era um grande tabu. Todos reagiam sendo gentis.
Mamãe tinha muito medo que Liisa iria ficar com raiva. E eu me comporto da
mesma forma, no caso do meu marido e de Pirjo."
"Você sente que é responsável pela atividade emocional deles, o que significa
que você exige deles que eles não devem ficar irritados. Você sente que você
deve ser capaz de impedir isto. Dessa forma, você está negando a consciência da
raiva e subjuga a si mesmo. Você disse que se sente bloqueada. E ao mesmo
tempo dá poder a raiva e nutri a raiva neles. Você sabe que as pessoas com raiva
estressam mais, são mais doentes e morrem mais cedo." “É isso aí, eu sei disso."
“Agora é importante que não se culpe por isto. Você aprende um modelo de
família de seus pais e sem você perceber, transferi-o para seus próprios filhos." "
Exatamente! Isso é exatamente o que está acontecendo, só que..." Eu sugiro que
ela deveria falar abertamente sobre este modelo com Pirjo e então, se ela acha
que é possível, também com sua irmã Liisa. A idéia é que, quando você revela e
aceita a abordagem educativa da família, liberta a consciência dela, e então você
pode começar a libertar-se deste estilo neurótico e irritante de controlar os
sentimentos dos outros.
OPRIMIMOS AS CRIANÇAS
Ao estudar o planejamento urbano e da comunidade em diferentes partes do
mundo temos a sensação de que há realmente falta de espaço para atividades
infantis e atividades de lazer. As escolas existem, mas elas servem a propósitos
de negócios. Os jovens se reúnem em torno de centros comerciais e se
congregam onde se encontram. Eu não vi nenhum centro de atividade, com
atividades que realmente interessam crianças e adolescentes. A ociosidade não é
bom para a saúde psíquica de qualquer pessoa. No Brasil, dizemos que uma
cabeça vazia é a oficina do diabo.
Em seu livro Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire descreve como o povo
oprimido se tornar opressor. Quando uma pessoa é explorada e escravizada no
trabalho, ela descobre o modelo e aplica-o também em seu marido e seus filhos.
Ela se torna tão acostumada a submeter-se e reprimir que ela não pode viver de
outra maneira. Ela tem de sempre encontrar alguém para olhar para baixo, e
alguém para admirar. Ela olha com admiração para seus opressores, e com
desdém para aqueles que são mais fracos do que ela. Seus filhos talvez aprendam
o mesmo modelo, de submeter-se e oprimem. É fácil tirar vantagem de pessoas
como soldados, burocratas, trabalhadores e consumidores.
O autor colombiano, com prêmio Nobel, Gabriel García Márquez sugeriu que
estabeleceria uma organização internacional de bem-estar infantil dedicada a
defender e proteger as crianças de serem abusadas por seus pais. A idéia é muito
interessante, ele quer proteger as crianças do mundo contra todas as formas de
repressão. Ele está certamente ciente dessa necessidade em si mesmo, ou seja, a
necessidade de proteger o seu filho dentro dos valores e estruturas opressivas
mundo adulto.
CRIANÇAS QUE SÃO DO CONTRA
A atividade emocional negativa muitas vezes se desenvolve em uma idade
precoce, quando a criança percebe que ela chama a atenção de seus pais quando
chora, é ofendida ou irritada. Os pais se voltam à criança geralmente com
irritação e proibições, mas acima disso é a atenção. A criança também
experimenta a atenção negativa como uma espécie de substituto para o amor, e o
amor é de fato necessário.
A criança aprende também que pode irritar os pais por não cooperar. Isso
nutre o sentimento de grandeza da criança e lhe dá uma sensação de poder. Os
pais não sentem o choro do bebê como um sinal de alarme útil, Mas agem para
acabar com ele. Quando a criança sente que é proibido fazer birra, torna-se uma
força ainda mais atraente.
Quando a criança começa a escola continua a mesma rotina. Ele cria
perturbação, causando brigas. Aqui, o filho ganha atenção do professor e dos
outros. Ela experimenta, absolutamente certo, que recebe poder, substituto do
amor, o que reforça o seu sentimento de ser. Então esta criança torna-se um
adulto. Ele trabalha e funciona de acordo com o mesmo padrão, mas um pouco
mais escondido. Durante as reuniões complica na tomada de decisão, buscando
os lados negativos de tudo, está insatisfeito ou com raiva, e facilmente ferido.
Dessa forma, ele está no centro das atenções, enquanto todos os outros estão
desanimados e frustrados. Ele gosta da sensação de poder, mesmo que ele no
fundo esteja sofrendo.
A mãe, pai, professor ou supervisor sábio se mantém cuidadoso e respeitoso às
lágrimas, brigas ou aos sentimentos feridos. Ela ou ele não diminuem os
sentimentos dos outros. Ele tenta ajudar a criança ou o colega de trabalho para
parar e sentir a sua emoção. Ele concentra-se em falar sobre isso e salva a
consideração prática do eventual problema para a fase seguinte. Mas se o
problema é óbvio e é possível corrigi-lo, ele tenta naturalmente fazê-lo
imediatamente.
EXIGÊNCIAS LEVAM À RESISTÊNCIA
Exigências razoáveis para a realização de algo significativo motivam para a ação,
quando você vê elas como desafios e metas. Para os seres humanos, significa uma
oportunidade de desenvolver e utilizar as suas habilidades e experiências. Se a
exigência é associada a coerção ou se ela é percebida como uma restrição, as
pessoas reage com resistência. A exigência dá origem a uma reação emocional
negativa que acaba com a alegria.
Se eu experimentar como um exigência ser gentil, alegre, competente ou
espontâneo, o efeito é o oposto. Exteriormente, eu tento aparentar esse papel, e
eu posso realmente acertar, tanto que esse papel se torna rotina. Mas
interiormente, eu ainda estou infeliz, insegura e rebelde. Pode ser que os outros
não percebam isso, e eu não gostaria de estar ciente disso. As demandas
aumentam minha introspecção neurótica e auto-absorção e evitam o meu
desenvolvimento como pessoa.
Quando os outros fazem exigências de mim, depende de como eu reajo. Se eu
tenho o hábito de estabelecer requisitos rigorosos para mim (e, portanto,
também nos outros), eu interpreto tudo que se possa imaginar, como demandas,
pode muito bem ser a pergunta da esposa "você me ama", o pedido do capataz de
um relatório ou um comentário de um amigo: "Você deveria relaxar." A rigidez é
frequentemente associada com perfeccionismo, um egocentrismo quase
ilimitado. Eu experimento tudo como uma obrigação, e, justamente, reclamações
diretamente para mim. Eu sinto que tenho a responsabilidade por tudo e que eu
sou culpado de tudo. Até mesmo uma criança pode se sentir responsável pelo
alcoolismo de seu pai.
Na sociedade competitiva percebida situações sociais como uma competição.
A vida parece uma batalha constante para um lugar, você tem que ser melhor do
que os outros, como se isso não fosse o suficiente para ser humano. Ele leva
facilmente a bastante comum, tarefas mundanas parecem pesadas exigências.
Tarefas cotidianas, como para atender a sua lição de casa, lavar-se, sair da cama,
escovar os dentes e ir ao trabalho se sente forçado. Tudo se torna conquista. A
vida parece sem graça e você acontecer em um círculo vicioso. Você fica cansado,
frustrado e doente. A alegria está desaparecido desde o dia a dia.
Costuma-se dizer que se deve fazer exigências sobre a criança e estabelecer
limites. Se pelo que se destina a inspirar por isso é bom. Mas os limites são
experientes, apesar de tudo o que a privação da liberdade e limitação de
responsabilidade. Parece injusto. Por outro lado, é necessário evitar que a
conduta destrutiva. A distinção deve ser aplicado a atividade maliciosa, não o
homem. Quando eles dizem "não bater" a uma criança, a criança está
experimentando a luz como uma proibição dirigida contra a sua pessoa. Se, no
entanto, diz que é proibido de bater, é a atenção para a batida e não sobre a
criança como uma pessoa. Muitas vezes, estabelecem limites, num espírito de
inveja, você quer evitar exuberância, criatividade e espontaneidade.
Eu não usaria o termo para definir limites. Eu iria substituí-lo por obstrução de
atividades destrutivas.
Em rigor, respondemos sempre com a resistência, rebelião. Podemos tentar
esconder a rebelião, comportando-se modestamente, porque temos medo de
autoridade, de reação, possivelmente com raiva. É um atentado contra o nosso
comportamento dócil eliminar completamente ou ocultar o problema. Isso leva a
submissão amargo, refletido, por exemplo, na depressão ou outra ação agressiva,
como cortar-se, arrancando os cabelos, vestir-se acentuado em preto,
transtornos alimentares e glorificar a violência.
3.1.7 Por que o amor é tão difícil?
Como é difícil conciliar o amor espiritual profundo com o prazer sexual. É como
se eles seguissem caminhos diferentes e para muitos de nós, eles nunca chegam
perto um do outro. No Capítulo 1.4 Espiritualidade e energia vital nos
perguntamos como o amor, a consciência, espiritualidade, sexualidade e morte
caminham juntas.
Por que é tão difícil amar? No Ocidente, enfatizamos o romântico na escolha de
acasalamento. Se eu me apaixonar por você, então eu te amo. Eu quero você para
mim, e só para mim. Só você pode me fazer feliz. Claro que eu também tento lhe
fazer feliz. Mas é egoísta tentar a posse de uma outra pessoa. Se eu realmente
quero muito você, então eu quero que você seja aquele que satisfaz as minhas
necessidades com precisão. Disso cresce uma necessidade e uma demanda para
transformá-lo e levá-lo a responder a minha vontade e meu gosto. No pior dos
casos esta necessidades e exigência cresce de modo que eu quero subjugar-lo, se
assim, pela força. Se você não agir como eu espero e exijo, eu fico tão
desapontado e furioso que levo à violência.
O amor é um contato profundo com o nosso própria interior, com a natureza
básica do ser humano. Um contato com a realidade, e, portanto, também com o
saudável. No amor a riqueza humana é liberada. Esse contato com o interior
exige ir através da máscara social e passar de todas as inibições. Quando você
atravessa e penetra as inibições, a consciência delas é despertada. Se a máscara é
forte e as inibições poderosas esta penetração é um fenômeno ou processo
violento. Em particular, atinge quem não está acostumado a amar.
Dois amigos, Allan e Marco, discutem suas relações com as mulheres.
Allan conta uma história que é comum: "Se a mulher é bonita eu fico com
medo. Não me atrevo pensar em mulheres bonitas, e também não o faço.
Gosto de quem é feio e estranho" Marco pergunta o que é que Allan tem
medo delas, e Allan responde: "de ser deixado. Prefiro a indiferença que a
incerteza. A auto-estima cai. Faz com que o coração bata" Marco é
homossexual e responde: "Quando conheço uma mulher atraente,
despretensiosa e alegre, eu penso que eu não me atrevo a me apaixonar
por uma mulher, seria bom demais".
Allan tem medo de ser abandonado. Ele teme, portanto, a consciência de
ser abandonado. Se uma criança não é tratada com ternura ela se sente
abandonada. Possivelmente Allan já muito pequeno se sentiu
abandonado. Agora, ele desenvolveu em si mesmo o hábito de abandonar,
e isso por duas razões. Primeiro, ele simplesmente imita seus pais. Em
segundo lugar, ele pode não aprovar a pobreza emocional dos pais, mas
tenta evitar essa percepção. Ele rejeita a sua consciência e, portanto, a si
mesmo: ele renuncia a si mesmo e se abandona. Uma mulher atraente é
algo importante para ele, e ele se torna consciente de sua tendência a
abandonar a si mesmo. Ele tem medo dessa consciência - e da mulher.
Um jovem fala sobre sua incapacidade de enfrentar situações em que ele se torna
o objeto de atenção e de avanços positivos dos outros:
"Agora eu me sinto bem, e ouso começar a desfrutar da vida, da vida
noturna ... Eu saio e me diverto com outras pessoas. Quando estou feliz as
pessoas flertam comigo. É divertido, eu gosto. Eu costumava ser tímido,
mas agora eu posso sorrir para eles. Mas torna-se problemático se alguém
se apaixona por mim. Eu não quero desagradar ninguém. Quando eu
consigo o amor de alguém, eu me fecho e me retraio. Eu sou naturalmente
educado e tento lidar com o assunto bem. Mas mesmo quando eu sei que
não vai dar em nada, eu não consigo, ou tenho medo, de dizer o que sinto,
quando alguém está apaixonado por mim. Seria bom para ser capaz de ser
feliz com outras pessoas sem ter medo de que alguém ficará sexualmente
interessado. Agora que eu comecei a gostar de me divertir. É novidade
para mim que não se deve ser muito aberto."
Eu pergunto: "Qual é o seu sentimento quando alguém gosta de você, se
apaixona por você?" Ele responde: "Medo de que seja algo proibido. Eu
não entendo direito, fico um pouco confuso. E então eu fico com peso na
consciência por isso. Há o que é bom com isso também, mas aquele
medo..."
Eu noto: "Você diz que sente medo quando alguém se aproxima e
mostra interesse em você. Tal aproximação é, portanto, um perigo", ele
responde: "Isso mesmo, é um perigo." Eu continuo: "É importante que
você se permita ter medo, que você não tente se livrar dele." ele responde:
"Sim, mas ainda assim... Eu também notei isso antes. Estou sempre
ansioso e tenho que esfriar os meus sentimentos. Eu tenho sempre fugido,
uma vez que tenha aproximação sexual."
"É bom que você está falando sobre isso. Isso significa que você está
prestes a aceitar a consciência deste problema. Tente aceitar essa
dificuldade que você tem. Agora é uma parte de você, e pode ser." Ele
continua: "Quando eu encontro com pessoas irritadas, é de alguma forma
mais fácil. Mas este é um outro tipo de dilema. Está em terra sensível. É
mais pessoal. Eu não quero dar a alguém um sentimento ruim."
"O sexo é um tabu forte, uma área proibida, embora geralmente
falarmos muito sobre isso. Está freqüentemente associada com grande
vergonha" Ele responde: "Sim, com vergonha. Seria tão bom se desse
apenas para se divertir, sem qualquer interesse sexual. De certa forma,
sou pega por ele, mas meu senso de responsabilidade sinaliza para eu
responder. Eu perco o controle e começo a ficar ansioso.
"Conte-me sobre esse sentimento de ansiedade." "Eu não quero
desapontar ninguém, mas eu sinto que tenho a responsabilidade de agir."
Eu respondo: "A responsabilidade é liberdade, e você não sente liberdade.
Isso significa que você sente requisitos, faz exigências sobre si mesmo."
"Exatamente, é assim que sinto."
Minha interpretação: "A possibilidade do encontro levar a uma relação
sexual aumentam os altos padrões que você tem de si mesmo, resultando
em medo" "Sim, existe esse medo. Ele não é natural ... faz-me de certo
modo confuso." Eu continuei: "É exatamente as suas expectativas e
necessidades que alimentam ele, é fazer você se sentir não natural e
experimentar a situação difícil." "Sim, certo." "Mas por estar ciente disso
que você tem a capacidade de sair desta armadilha de medo e vergonha.
Daí, você pode se abrir e desfrutar também da beleza e alegria da
sexualidade."
Um pai conta sobre sua filha adotiva, Telma, e descreve a forte reação e
dificuldade que ela tem de aceitar a sexualidade:
O pai conta para Telma que seu professor disse ter uma relação de amor e
ódio com ela. Telma reage com raiva gritando: "Que porra ele diz isso!" O
professor se preocupa com seu aluno e quer que ele se sinta bem. Mas
Telma é muitas vezes infeliz e agressiva. Apesar do fato de que o
professor está consciente disso ele ainda se decepciona quando percebe
isso.
O professor que tanto que Telma seja feliz. Mas uma decepção após a
outra leva à raiva e às vezes ao ódio. É fácil para o professor amar Telma
porque ela no fundo é uma criança absolutamente natural, aberta e direta,
despretensiosa e exuberante feliz. A ira do professor é uma expressão do
seu amor, que ele se preocupa muito com ela. Quando Telma ouve ela
reage com raiva, portanto, ela também se preocupa. Mas ela tem medo de
estar consciente do amor em si e vivê-o como um perigo. Por isso ela
reage com raiva quando descobre que o professor a ama.
Na Índia, onde a grande maioria dos casamentos são aqueles que os pais
arranjam para os seus filhos, fizeram um comparação depois de cinco anos, entre
aqueles que estavam com o amor em casamentos arranjados e aqueles com o
chamado casamento por amor. O inquérito revelou que, neste ponto o amor é
maior em casamentos arranjados do que em casamentos de amor. Um casamento
arranjado acontece por premissas práticas, enquanto um casamento de amor é
baseada no amor romântico. Se esse é o ponto de partida para a vida conjunta, é
mais provável que as partes irão se decepcionar.
SEXUALIDADE - SORTE OU AZAR?
Sexualidade geralmente envolve contato físico entre duas pessoas, e está
associada ao amor romântico. Eu percebo-o como atraente, eu sonho com você.
Sinto-me com vontade de estar perto de você, te acariciar e ser acariciado por
você. Meu desejo por você cresce e eu quero ter contato físico, sexual com você.
Quando pessoas que se amam estão juntos sexualmente, eles experimentam
talvez os maiores prazeres e felicidade de sua vida. Eles querem se unir
fisicamente e mentalmente, ou seja, completamente. A ligação psíquica ocorre no
nível espiritual e emocional, e ganha, claramente, ajuda da força física fundido
com o parceiro na relação sexual. O orgasmo dá um gozo forte que junto ao amor
significa felicidade. O casal amoroso se sente como no paraíso, em perfeita
felicidade. É como se fundir com seu parceiro, de modo que nos tornamos um só
com ele(a). Em um ato puro, é como se a pessoa perdesse seu self (ego), se torna
“um” com seu parceiro. Ao mesmo tempo que perde o eu na fusão, é elevado ao
todo. Todos os limites usuais que experimentamos desaparecem. O todo é
basicamente energia metafísica, espiritualidade. Um ato sexual puro é
essencialmente espiritual. Uma pessoa nunca chega a um tal estado de puro
amor, mas ela chega perto o suficiente para estar ciente dele.
Um dos objetivos centrais do ato sexual é a manutenção da vida. Ele cria a base
para uma nova vida e ao mesmo tempo, na forma mais pura, a morte instantânea
do eu. Na verdade, a morte e o ato puro de sexo se assemelham. Quando
morremos, nosso corpo para de funcionar e nossa alma, que podemos chamar de
consciência, se livra das limitações do corpo. É esta consciência liberada também
livre de nosso ego? Aqui entendemos o ego como a parte patológica do
psiquismo. A morte significaria uma libertação tanto do material quando das
inibições. Lá é combinada a consciência de um modo semelhante como em um
ato sexual puro. A morte é como uma relação perfeita com o universo. Um ato
sexual puro, que nenhum ser humano pode experimentar totalmente, também é,
em essência, principalmente espiritual, e até lá o indivíduo se funde com o
universo.
As formas mais comuns de sexualidade é hetero-, bi-, homo e transexualidade.
A sexualidade também pode ser descrita a partir de outros ângulos, tais como o
sadomasoquismo, onde a adição e a experiência de dor e humilhação é associada
ao prazer sexual, independente se é questão de uma relação heterossexual ou
homossexual. Coçar-se, cortar-se, tomar um banho quente ou estrangular a si
mesmo pode dar prazer sexual, mesmo que não estão associados com a relação
sexual.
A atividade sexual é uma atividade humana como as outras atividades
necessárias, como comer, dormir, socializar, ser feliz ou trabalhar. Se você não
quer oprimir ou abusar da outra parte, mas ambos são companheiros por livre
vontade, então ninguém deveria se intrometer no assunto.
Nenhum de nós decide se tornar heterossexual, homossexual, necrófilo ou
pedófilo. Existem várias hipóteses sobre por que os seres humanos desenvolvem
vários tipos de preferência sexual ou gosto. Às vezes falam sobre o genoma, às
vezes sobre a influência dos pais. Não foi encontrara nenhuma conclusão clara.
Os pesquisadores geralmente tentam explicar o assunto como um fenômeno
ligado à sua própria área de especialização (como sociologia, psicologia, biologia,
medicina).
Especialmente entre os adolescentes é aparente os pré-juízos humanos e
necessidade neurótica de demonstrar que se está adaptado às normas. Se quiser
machucar um menino é o chamando de e uma menina de prostituta.
Eu estava ensinando 40 jovens em um colégio internato. Um menino
soltou uma par de vezes comentários críticos sobre os homossexuais.
Quando ele, pela terceira vez, levantou o assunto, eu interrompi a aula,
olhei respeitosamente para o menino e disse: "Você fala muito sobre esses
homossexuais ... Eu tenho para mim, que, onde o coração está cheio, a
boca fala."
Ficou em total silêncio a sala de aula e vi muitos rostos aliviados. O
garoto ficou sentado em sua cadeira e não disse nada. A lição continuou.
Durante a próxima pausa o menino veio até mim e perguntou sobre tudo
o que surgiu durante a aula. Ele perguntou se podia ajudar de alguma
forma com as modalidades práticas. Ele se tornou meu amigo naquele dia.
Foi surpreendente a facilidade com que ele parecia aceitar a consciência.
Aquela pessoa que chama a outra de prostituta associa o ato sexual com compra
e venda. É esse um sinal da dificuldade da pessoa de sentir a comunhão amorosa
com outro ser humano? Ele tem medo de ser impotente em um ato sexual com
base no amor?
No caso de interferência na atividade sexual valem quase os mesmos
princípios que em outras áreas da atividade humana. Se você a qualquer preço
quer adormecer, então foge seu sono, buscando o sucesso sexual a pessoa
também estão fugindo dele. Se aceitamos a insônia ou incapacidade sexual, então
pode não ser um problema. Quando a sexualidade é associado com um tabu
começa-se facilmente a idealizá-la em sua imaginação. Isso faz com que o lado
prático fique problemático. Auto-observação leva ao fracasso. Um foco sobre o
desempenho não só mata a alegria do trabalho ou estudo, mas também as
alegrias do prazer sexual.
Uma amiga minha de 20 anos, uma jovem mulher chamada Débora, me
contou que tem muita dificuldade para construir, uma relação próxima
de longa duração. Quando ela conhece uma pessoa que lhe interessa, ela
geralmente responde fazendo charme. Se o objeto realmente acaba se
interessando por ela, ela para e esfriar seus sentimentos. Especialmente
se ele faz de tudo para mostrar o quanto gosta dela, depois Débora perde
todo o interesse. O objeto do seu prazer se torna quase repulsivo para ela.
Ela vive para encantar e sente, talvez, deste modo que ela existe. Ela tem
medo de proximidade de si mesmo e aos outros.
Um problema comum em uma relação sexual é que se espera a ereção e o
orgasmo. Uma expectativa forte se transforma em uma obrigação e, portanto,
uma barreira.
Uma mulher de 30 anos de idade, diz que está muito frustrada e com raiva
de si mesma, porque não consegue viver em um relacionamento. Ela tem
uma forte necessidade de proximidade física, de um amante. A ansiedade
cresce de modo que ela não consegue dormir. Ela se lembra de seus
relacionamentos passados e como eram estressantes e destrutivos.
Frustrada, ela pensa sobre a sua necessidade de proximidade física. Eu
peço-lhe para mencionar alguma palavra espontaneamente que ela
associa a proximidade física. Ela responde: "Ternura, se preocupar, o
calor, a segurança."
Minha interpretação: "Suas expectativas, ou seja, a sua exigência de se
sentir ternura, carinho e conforto faz com que você, em seu interior, se
aliene ainda mais desses sentimentos." Ela observa que é como um ciclo
vicioso, uma tragédia de auto-alimentação que ela auto-dirige. Eu noto:
"Sua ansiedade e frustração são um sinal benéfico de que você com sua
atitude exigente abandona a si mesmo e aos outros. Você está ciente de
que esta é a tragédia de sua vida. Ao mesmo tempo, você está ciente do
carinho e ternura que existe em você mesmo.
Em nossa cultura, a sexualidade de uma certa maneira é um tabu, quase uma
coisa proibida. O sexo é associado com vergonha. Você geralmente não fala sobre
suas preferências sexuais e hábitos, como, por exemplo, faz sobre decoração,
culinária e atividades de lazer. Tudo que é proibido é particularmente
interessante, precisamente aí a atenção é dirigida. Nos países católicos, os padres
não podem se casar. Eles são forçados a viver em celibato. O espírito de censura
torna a sexualidade um problema, quer sob a forma de sexualidade reprimida,
covardia, ou qualquer outra atividade que causa sofrimento. É, provavelmente,
mais fácil para alguém que foi cuidado com afeto físico como criança ter um
contato próximo e de confiança com outra pessoa.
Mesmo se uma pessoa tem dificuldade de sentir carinho e amor ela pode
aprender a técnica de uma vida sexual ativa. Ele tem facilidade de conseguir uma
mulher, como dizem. Ele constantemente muda de parceiras. Possivelmente ele
se casa, mas continua a explorar novos relacionamentos, afinal, ele não está
satisfeito com ninguém, nem com ele mesmo. O que ele ganha perde quase
imediatamente o seu valor. Ele sofre de inveja no sentido que tem o termo inVedi: ele não vê valor na riqueza da sua realidade, não na sua esposa, nem
mesmo em sua nova conquista, mais do que fugaz. Ele sente a necessidade de
buscar algo novo. As mulheres aprendem a ver os problemas do homem e
ameaçam-o de vez em quando com um divórcio para que ele não se sinta
confiante na sua conquista.
Pode-se obter prazer do sexo, drogas, poder, ao ser admirado, até mesmo por
torturar outro ser humano, mas certamente não é uma fonte de felicidade. O
prazer é fugaz e, portanto, nada como a felicidade e o amor.
SOLIDÃO
Com a prosperidade econômica das pessoas aumentou, a solidão se tornou cada
vez mais comum. O sistema econômico nutre um ideal onde a casa própria e
carro e qualquer tipo de vida privada é o pré-requisito para a felicidade. Fornece
simultaneamente alimento ao egocentrismo que faz as relações humanas cada
vez mais difíceis.
Um arquiteto, um homem com cerca de 50 anos, chega a terapia e começa a
queixar-se de sua solidão. Ele descreve o quanto ele sofre com isso. Ele diz que é
o seu maior problema e se sente como uma vítima dele. Ele fala por muito tempo.
Eu pergunto se ele tem família. Depois de uma ligeira hesitação, ele começa a
contar. "Eu tenho uma esposa, três filhos e uma amante. Sou sócio de uma firma
de arquitetura com cinco pessoas..." Ele realmente não tem falta de contatos
sociais e formais próximos, mas no meio de tudo isso, ele se sente sozinho,
isolado dos outros.
Ele é separado de si mesmo e do seu interior, ele executa sua vida. Ele sofre de
vida emocional limitada, que ele restringe. Na verdade, ele tem medo de entrar
em contato com seus sentimentos, consigo mesmo e, portanto, com a realidade.
Até que ponto sua infância ou herança genética contribuiu para isso é impossível
dizer. Qual proporção tem sua própria abordagem à vida? Quanto mais ele se
conscientiza de seu problema, de sua própria atitude, com mais liberdade ele
começa a experimentar contato com seu interior e, portanto, com seus próximos
e o todo.
A solidão pode levar a uma dependência de relações humanas, onde se sente
uma necessidade imperiosa de estar constantemente com alguém para evitar ter
que estar ciente de sua solidão. Os seres humanos temem a consciência de que
abandonou a si mesmo.
Se você sente solidão, aceite-a e esteja ciente dela. Sinta os sentimentos
associados a ela, embora possa ser relacionada com tristeza, medo, desespero,
vergonha ou inferioridade. Considere o seu sentimento como sua atividade
emocional. Não se culpe e não tente encontrar uma solução. Pense em seus pais e
seu relacionamento. Você encontra algo neles que você pode reconhecer em si
mesmo? Fortaleça a consciência das riquezas humanas de modo que você lide
com curiosidade e com auto-respeito à consciência de suas inibições.
A solidão é uma questão de vontade ou atitude de vida? Como é possível que
Nelson Mandela, que passou muitos anos na solitária pode preservar o equilíbrio
mental?
Em um relacionamento a dois, é importante que você fale abertamente sobre a
vontade sexual, os desejos sexuais e quaisquer limitações, assim como fazemos
com outras coisas quando se trata de gosto. É bom que as crianças comecem a
ouvir essa comunicação entre os pais, como uma coisa natural. Desta forma,
evitamos superestimar a sexualidade como pré-requisito para a felicidade, e
então torna-se muito mais agradável. O amor é fazer o bem.
3.2 COMO LIDAR COM ÀS EMOÇÕES
3.2.1 Você se considera como uma vítima de suas emoções?
Irritação, medo ou raiva não caracterizam uma pessoa como boa. Ela não é
autorizado a ter emoções negativas, elas devem ser escondidas, o que significa
que ela rejeita a consciência. Quando se diz que uma pessoa nega a sua ira,
dizemos que ela está realmente tentando negar a consciência da sua ira. Mas a
raiva não vai desaparecer por negar a consciência dela, mas faz ela crescer.
Nossa cultura é do desempenho e centrada na competição além de muito
superficial. Emoções são praticamente tabu. As emoções não tem importância,
nem em casa, na escola e no trabalho, e você não pode encontrá-las. Raiva,
tristeza e desespero são curados com álcool ou medicamentos que entorpecem
os sentimentos. As emoções são cuidadas sufocando-as, de facto, ao eliminar a
consciência delas. Isso é suprimir o ser humano.
Também bons sentimentos são surpreendentemente proibidos. Se eu estou
apaixonado por você, pode ser que eu tenha vergonha e medo de que meus
sentimentos serão revelados. Como se fosse algo vergonhoso eu gostar de você.
Ainda que eu tome coragem e diga que gosto de você, você, talvez, responda que
não está interessado em mim. Por isso eu reajo como se humilhado, como se você
tivesse me machucado. Parece vergonhoso para mim que você não gosta de mim
do jeito que eu queria. Minha vergonha é neurótica. Eu não tentei te machucar,
mas ao invés disso eu disse algo muito positivo para você.
No trabalho, devemos agora alcançar resultados de modo mais visível e
mensurável do que antes. Os problemas devem ser resolvidos imediatamente. As
constantes exigências de resultados impedem a possibilidade para o trabalhador
de sentir o que está fazendo. Presterandet ger inte möjlighet att känna efter. A
alegria da aprendizagem e trabalho desaparece e é substituído por demandas e
pressões. É alienante e nos faz separar dos valores humanos e do amor. É como
uma roda gigante. Um círculo vicioso, que com o tempo pode resultar em
estresse grave e doença.
ATITUDE DE VÍTIMA
Uma pessoa saudável tem medo em uma situação perigosa. A perda provoca dor
e por um acaso você se sente feliz. Mas como uma pessoa reage a uma perda ou
um momento de sorte depende de sua maneira de se relacionar. Pode-se
também, em um momento de sorte, reagir com resistência e em momento de
falha com uma satisfação que é escondida até para si mesmo.
É comum sentir-se como se os sentimentos surgiram a partir de uma caixa
preta dentro de nós e de fatores externos, como se as emoções governassem as
pessoas independentemente de sua vontade. Alguns se sentem como uma vítima
de sua depressão, do medo ou da paixão. Mas, basicamente, sua atitude controla
seu jeito e os fins de desenvolvimento dos hábitos espirituais e emocionais e,
consequentemente, suas reações, comportamentos e ações.
Estamos tão acostumados a nos sentir como uma vítima de nossas emoções
que a palavra "responsabilidade emocional" parece quase incompreensível.
As pessoas tem sempre a ver com a injustiça e outras circunstâncias
estressantes. A questão é como o indivíduo encara as dificuldades e manuseia as
experiências dolorosas. Aceitando a consciência do seu problema, ele ajusta-se a
que não pode imediatamente influenciar e tentar a longo prazo arrumar a
injustiça, mas sem exigir resultado? Ou será que ele reage com atitude de stress,
fugindo ou lutando contra?
Atitude de vitima ou papel de mártir é como uma prisão interna. Quando o
homem bloqueia sua liberdade liga-se aos seus problemas. Geralmente causa
mais sofrimento do que o problema em si. Alguém que tenha tomado uma
atitude de sacrifício torna-se impotente, sem perceber. Ela culpa outras pessoas
ou circunstâncias. Ela nega a consciência de sua liberdade e reprime seus
poderes de observação e julgamento. Ela perde o contato com a sua criatividade
e iniciativa. Isso faz com que ela simplesmente não veja outra alternativa senão
sentir profundo desespero.
Se o seu cônjuge é violento você sofre com isso. Você pode ter medo de reagir,
porque sente que poderia tornar a situação ainda mais perigosa. Você faz o seu
melhor para agir de forma que ele não se comporte violentamente. Você,
portanto, faz o seu melhor para agressividade dele não surgir. Você experimenta
isso como a única opção e mantém-se cada vez mais na defensiva, se faz invisível
para, por todos casos, não causar agressão. Você se sente impotente e sem
esperança. O círculo está fechado, você tomou uma atitude sacrificial. Não julgue
a si mesmo se você está ciente disso. Sua atitude sacrificial desenvolveu
principalmente porque você não aceitou a consciência da violência do seu
marido. Assim você instalou, sem perceber, um pacto com a propensão para a
violência dele.
Um cliente descreveu sua difícil relação com sua irmã e disse em análise:
"Agora estou ciente de que meu relacionamento com a minha irmã é ao
mesmo tempo agressivo e depressivo. Eu tomo a grosseria dela para mim
mesma, sou ferida por suas palavras, sinto como punhadas no peito e eu
me fecho em mim mesma. Assim, eu sempre fiz! "
A consciência da atitude de vítima fornece a possibilidade de acabar com ela e
libertar-se da sensação de desesperança. Este sentimento de desesperança é na
verdade um sinal de que você espera e exigir mais do que o que você pode
alcançar - e você não tem poder de mudar ou controlar o seu cônjuge. Quando
você resolve a sua atitude vítima você entra em contato com a sua capacidade de
avaliar melhor a situação, você pode pedir ideias a outros e encontrar nova
maneira de lidar com a situação.
QUANDO UM SENTIMENTO SE TORNA UM HÁBITO
Atividade emocional pode ser comparada com o ciclismo - é uma atividade tão
comum que você normalmente não refleti sobre ela. Os seres humanos
vivenciam suas reações emocionais como involuntárias, independentes de sua
vontade. O medo pode se tornar um hábito quando se vive em uma situação de
perigo prolongado. Uma família autoritária ou um sistema autocrático social
mantém os membros com medo. As pessoas aprendem a estar constantemente
com medo e tornam-se paranoicos. Embora o perigo tenha passado, todos estão
na ponta dos dedos esperando a próxima acusação ou punição. Quando o sistema
colapsa, pode demorar várias gerações antes de conseguir libertar-se da
mentalidade de medo.
O medo não precisa de perigo. É suficiente criar uma imagem na fantasia de
uma situação perigosa. Você vive o que imagina. O medo pode ser um hábito
emocional tão forte que as pessoas reagem a tudo com medo. Elas podem sentir
a tentação de procurar situações e relações pessoais perigosas, onde ela pode
sentir seu medo arraigado. A raiva, o descontentamento e ansiedade se tornam
um hábito, um vício e uma parte de sua personalidade.
Uma cliente diz que ela tem medo de que alguém vá entrar em sua casa
pela escadaria. Como ela está sempre com medo ela tem dificuldade de se
acalmar e dormir à noite. Eu pergunto como esse medo, o medo da
expressão, sente. Ela dificuldade de descrever, mas para por um momento
para sentir o medo. Eu digo: "É comum sentir medo quando é justifica
pelo medo ao fim da vida." Ela responde imediatamente: "Agora sinto
como se não poderia ter medo." Quando ela reconhece seus medos
aumenta a consciência de sua reivindicação para não ter medo. Eu
continuei: "Se você mudar de casa, você vai encontrar outro pretexto para
dentro de você manter o seu sentimento de medo quando você for para a
cama. Você é viciado em ter medo precisamente porque o medo é algo
proibido para você. "
Ela continua perguntando se é ruim ter medo do medo. Mais cedo, ela
disse-me que, quando criança, estava com muito medo da agressividade
de seu pai quando este estava bêbado. Ela temia e odiava-o quando estava
bêbado. Mas ela o amava como pessoa. Sentia-se como "a garota do
papai".
É uma situação difícil em que o amor, o medo e o ódio se misturam. Eles
formam um todo compacto. O ódio e o medo são experimentados como
emoções proibidas, fazendo o amor se tornar proibido. Ao fazer tudo o
possível para rejeitar a consciência do seu medo e ódio tentando sair da
angústia. O fato de ela temer o medo se torna uma armadilha. Ela se torna
viciada ao medo, e ela mantém seu medo vivo por buscar causas no
ambiente, em sua imaginação, que sejam pretextos de sentir medo.
Como crianças somos felizes e despreocupados. Mas logo descobrimos que tudo
requer cuidado. Se cuidado é amor ninguém sofre disso. Mas se o cuidado prático
se transforma em ansiedade, é uma forma de limitar a alegria da vida. Tal
preocupação com base na inveja pode se tornar um hábito, e, assim, a pessoa fica
à procura de uma causa de preocupação em tudo. Ela interpreta o mundo
externo à procura de razões para a sua preocupação, da qual se tornou
dependente. Tudo leva a problemas e requisitos de desempenho: eu preciso
levar as crianças para a escola na hora certa, como vou conseguir que o dinheiro
dure, vou perder meu emprego, e a roupa que deve ser lavada, está na hora de
fazer sexo de novo, eu vou ser capaz dormir... Quando uma pessoa é preocupada
encontra razões suficientes para se sentir assim.
Preocupação e ansiedade são bons quando há problemas reais e nos faz reagir
planejando com medidas práticas e agir de acordo com as necessidades e
oportunidades.
Um pai contou sobre os problemas de seu filho. O garoto se recusa a ir
para a escola. O pai descreveu como ele está preocupado. Pedi-lhe para
descrever seu sentimento ansioso e me dizer como ele se sente. Ele
respondeu, continuando a descrever os problemas do menino. Pedi-lhe
novamente para parar e descrever o seu sentimento de inquietação. Estas
palavras foram repetidas algumas vezes. Ele tinha grande dificuldade de
parar para sentir e descrever o seu sentimento.
Depois de um tempo parecia que ele, de alguma forma, parou e pensou
sobre suas preocupações, e então eu continuei a perguntar qual o impacto
que a preocupação tem. Ele imediatamente respondeu: "Eu me sinto mal
com isso." Eu perguntei se isso ajuda o menino, ele respondeu
espontaneamente que com segurança não. Eu disse: "Sua preocupação é
uma atividade emocional destrutiva, impede seu sendo de observação,
seu julgamento e criatividade. Ela dá origem a um estado de energia
negativa e, assim, também afeta negativamente a seu filho ". Nisso, ele
reagiu com alívio.
De acordo com uma pesquisa nos EUA (Aftonbladet 20/02/1991) um quinto dos
americanos nunca estão com raiva. Os pesquisadores concluíram então que estão
cronicamente com raiva. Neles, a agressão é uma atividade interna constante. O
artigo dizia que há cinco vezes mais probabilidade de uma pessoa que muitas
vezes está insatisfeita ou com raiva morrer antes dos 50 anos do que aquele que
tem uma visão positiva da vida.
SENTIMENTO E EMOÇÃO
Muitas vezes falamos de sentimento e emoção, como se fossem sinônimos. No
entanto, dizem sobre alguém que é muito emocional, que se foca principalmente
a emoções negativas, como ansiedade, choro, mal humor, raiva ou euforia. Neste
livro, eu defino as palavras sentimento e emoção como opostos.
Sentimento (quer ser consciente de)
Emoção (não quer ser consciente
de)
Amor
Felicidade
Gratidãp
Entusiasmo
Curiosidade
Confiança
ansiedade, medo
indiferença, depressão
euforia
paixão cega
irritação, ódio
arrogância, agressividade
Estes sentimentos são sinais de
aceitação da consciencia sobre a
realidade. A pessoa funciona
equilibradamente, com um nível
adaptado de estress ideal.
Em uma situação de risco é necessário
o medo e a raiva. Mas se não
corresponder ao que a situação exige,
significa que é uma rejeição da
consciência (percepção).
Sentir é estar ciente, enquanto um a emoção é um sinal de que os seres humanos
reagem contra seus sentidos e sua consciência. Sentir é estar consciente, uma
emoção é um sintoma de rejeição da consciência.
Ficar com raiva não é sempre uma atividade emocional neurótica, uma
emoção, mas pode ser um sinal de paixão. Alguém pode reagir tornando-se
irritado quando experimenta a injustiça ou perigo. Em casos de emergência, o
medo e o ódio são emoções saudáveis. Mas se a raiva continua mesmo que o
estresse que a causou tenha passado, ela se torne um obstáculo e uma fonte de
sofrimento. Então é uma questão de emoção, a raiva vem de censura e inveja.
IMPOTÊNCIA E DESÂNIMO
Impotência e desânimo é um sinal de querer mudar essas coisas em suas vidas
que não podem ser mudadas. Se tem um forte desejo e exige de si mesmo a
capacidade de impor sua vontade, mas simplesmente não tem essa capacidade.
Nós imaginamos que nosso colega não faz seu trabalho corretamente e somos
forçados a fazer parte de seu trabalho. Você se sente frustrado quando percebe
que ele mais uma vez deixou o trabalho inacabado. Ainda assim você espera
todos os dias que ele vá fazer o trabalho corretamente. Em sua imaginação, você
tenta mudar a realidade, ele. Isso faz você sofrer todos os dias de frustração. Em
vez de seguir esse padrão, você poderia tentar ajudar o seu colega de trabalho
para ele tornar-se consciente de sua riqueza e conhecimento humano, e depois,
eventualmente, ser capaz de mostrar-lhe como age contra si mesmo (Capítulo 2.2
resposta de confirmação).
Se você se sente impotente, você deve parar e tornar-se consciente de que você
quer ter mais poder do que você tem. Reflita sobre se deseja controlar os outros
ou a si mesmo. Se é assim, você deve preparar-se porque os outros tem
exatamente a mesma vontade, querem tentar controlar você. Controlar quer
dizer, basicamente, evitar sentimentos ou comportamentos indesejáveis e tentar
controlar os sentimentos e ações dos outros. Quando o controle é mútuos, evoca
em ambos os partidos a consciência disso no outro. Ambos olham-se no espelho
que o outro oferece e se identificam com aquilo que vêem. Mas, geralmente
nenhuma das partes ficam ciente disso, mas reagem em vez com medo e raiva e
tentam destruir o espelho suprimindo a contraparte.
Isso acontece muitas vezes em relacionamentos íntimos, em relação aos seus
próprios filhos ou esposa/marido. Os seres humanos têm um desejo tão forte de
ajudar quem amam a agir bem, que se torna uma grande dívida. Eu não quero
que minha filha seja assim passiva e preguiçosa, tenho vergonha disso e me sinto
muito irritado. Desejo-lhe bem e faço de tudo para levá-la a aproveitar as
oportunidades. Comigo, ela vê o descontentamento e as exigências, a energia
negativa, o que automaticamente faz com que ela queira trabalhar contra mim.
Falta de poder é também um sinal de que a minha filha e eu estamos em pé de
guerra, uns com os outros. Estou ciente que não tenho o poder ou a capacidade
de muda-la o suficiente, mas eu não aceito a consciência e, portanto, também luto
contra mim mesmo. Sua passividade ganha vantagem sobre mim, porque eu não
queria tornar-me consciente deste traço nela. Eu não consigo lidar com ela de
maneira sensata e ajo, em vez, destrutivamente.
A fraqueza é um sintoma útil. Na sua forma mais simples, diz que estou muito
cansado e preciso descansar adequadamente. Ele também pode ser um sintoma
de que estou lutando contra moinhos de vento (consciência), como Don Quixote.
O sentimento de desespero é sempre um sintoma de que eu quero, ou na verdade
exijo, o impossível. Com uma atitude humilde, eu entro em contato com a
realidade e, portanto, também com a minha capacidade.
NÓS NÃO RESPEITAMOS OS SENTIMENTOS UNS DOS OUTROS
Às vezes ouço as pessoas dizerem que os suecos têm medo do conflito e
queremos que todos sejam da mesma opinião. Desacordo significa conflito: leva
muitas vezes a emoções negativas, que não são autorizadas a ter. Qualquer um
pode experimentar uma opinião diferente como um insulto, e isso não pode
acontecer. Não se atrevem a falar sua opinião porque alguém pode ficar
ofendido. As emoções negativas são feias ou apenas outra forma proibida e elas
quebram a imagem de harmonia e bem-estar. Em sua atividade emocional um é
visto como vítima para os outros.
Desta forma, alimentamos a idéia de que uma pessoa é culpada de ferir o outro
e, portanto, responsável pela atividade emocional que a outra pessoa tem. É um
pensamento estranho, mas as pessoas desde a infância são ensinadas a pensar
assim. Incentiva a paranóia mútua e projeção (ver os outros como inimigos,
apesar de que é você que se machucou).
Desde há quase 20 anos, eu tenho uma família amiga em Uppsala. Eles
tem uma filha chamada Anna e um filho chamado Per. A filha tem agora
cerca de 20 anos de idade. Na adolescencia ela sofria de anorexia, automutilação, depressão e isolamento. Mas ainda assim terminou a escola e
agora tem um local de trabalho.
Quando os visitei, tenho observado a situação do lado e longamente me
perguntado sobre o que isso é realmente. Os pais de Anna são pessoas
felizes e ativos, eles amam seus filhos muito e não parece ter quaisquer
problemas particulares. O pai tem um emprego que fez com que ele
estava em casa muito e conseguiu cuidar das crianças com grande calor.
Onde está o problema ou o é apenas as próprias dificuldades
psicológicas de Anna e suas inibições, incluindo sua censura,
perfeccionismo, inveja e egocentrismo? Quando eu, mais uma vez, estava
jantando com eles, eu pensei que vim a uma hipótese interessante.
O pai ama seus filhos muito, como os pais costumam fazer. Mas ele
passa por algum limite. Quando a filha, por exemplo, está triste ou infeliz,
ele faz de tudo para fazê-la feliz. O pai não permite que ela realmente
também tenha dias piores. Ele ama sua filha e deseja-lhe bem. Ele quer
que ela se sinta bem. Mas é como se ele não respeitasse o direito de Anna
de sentir ansiedade e raiva. Ele se torna ansioso e age imediatamente
quando percebe isso.
A filha vê em seu pai amor. Ao mesmo tempo ela sente que o pai não a
deixa sentir o que sente. Ela tem uma atitude severa e exigente, mas sente
que é dele (projeção), e ela começa a pensar que é o pai que exige dela
sempre se sentir bem. Ela projeta ele negando-lhe o direito de se sentir
deprimida, nervosa, irritada ou inquieta.
A filha sente isso mau, injusto, intrusivo e até mesmo ofensivo. Anna
começa a se irritar e sentir nojo desta característica no seu pai. O
ambiente é cada vez mais tensa na família. A família não entende, na
melhor boa vontade, o que está acontecendo. Anna briga muitas vezes e,
de repente, fica agressiva, reclusa e deprimida. Às vezes, ela é a própria de
costume. Ela sente amor e ódio quando ela encontra seu pai.
Os sentimentos tem grande importância para os seres humanos. Neles
são elementos centrais da existência. Uma pessoa que está com raiva ou
deprimida têm uma forte necessidade de ser vista, ou seja, ser aceita
exatamente nos termos que ela sente. Anna faz a interpretação de que ela
não pode sentir que ela sente. Ela sente que não é aceita e que ela não
pode existir. Isto leva a um círculo vicioso, e os sintomas de Anna pioram.
Finalmente, ela se muda de casa para outra cidade e começa ao menos
aparentemente a calmar-se quando consegue distância.
Eu ponderei comigo mesmo sobre a hipótese. Por acaso, eu tinha um
compromisso com Anna no dia seguinte. Quando nos encontramos e
tinhamos discutido os assuntos, eu perguntei a ela se poderia apresentarlhe minha hipótese. Ela ficou imediatamente interessada e eu comecei a
falar sobre meus pensamentos. Anna ouviu atentamente, com lágrimas
fluindo e tremendo o corpo. Ela chorou e eu disse que é bom que ela dá a
si mesmo permissão para chorar e sentir a sua dor. Depois de um tempo
ela estava claramente aliviada e libertada. Nós conversamos mais um
pouco. Antes de nos separarmos, pensamos como poderíamos ajudar o
pai a tomar consciência da questão, sem se culpar.
Nós não respeitamos a liberdade do outro se sentir, mas queremos controlar os
sentimentos dos outros, especialmente quando é alguém importante para nós.
Isso da espaço para sofrimento desnecessário. Aqui também, a consciência é
libertadora.
Um dos meus clientes tem pensado sobre isso por algumas sessões.
Quando ele veio novamente na análise um dia ele me disse o seguinte:
"Minha filha está atualmente no exterior e quando ela chegar em casa, eu
vou dizer a ela que agora pode ser livremente irritada ou mostrar sua
insatisfação. Eu finalmente percebi que é liberdade sua e não algo que eu
sou responsável. A partir de agora vou tentar respeitar seus sentimentos
e aceitá-los.
Na vez seguinte ele me disse que tinha feito exatamente como ele
planejou. Ele disse que sua filha primeiramente ficou um pouco surpresa,
mas parecia entender o que estava acontecendo. Ela tinha o hábito de
ameaçar virar as costas para ele e ser agressiva se não conseguisse o que
queria. Ele me disse que se sentia estranho que foi tão fácil. A filha acabou
quase que imediatamente com suas tentativas de manipular através de
seus sentimentos. O cliente continuou: "No caso de grandes conflitos,
discutimos o assunto e notamos que não chegamos a um consenso, mas
que não precisamos fazer isso. O principal é que sabemos como se sente a
situação e o que pensamos sobre isso. Temos, finalmente, aprendido a
respeitar a atividade emocional do outro, e tem simplificado bastante
nossas vidas juntos."
Ir além dos limites em sua preocupação com os sentimentos dos outros resulta
em uma situação onde você, como se assumisse a responsabilidade pela a vida
emocional de outra pessoa. Mas não é questão de responsabilidade, pois
responsabilidade é liberdade e, em tal situação, não se tem liberdade. Assumir a
responsabilidade, aqui, envolve de fato, exigir. Responsabilidades e exigências são
opostos.
Se eu tentar controlar suas emoções, você tem o poder sobre mim. Você
ameaça com insatisfação, raiva ou mal humor, é claro, não em palavras, mas em
sua atividade emocional. Eu faço todos meios para você não ficar ofendido ou
magoado. Você ganha o poder de me controlar.
Isso é manipular as emoções. Uma mãe ameaça seu filho: "Se você não
obedecer mamãe fica triste." Então, nós já aprendemos desde pequenos a usar
emoções como controle. Aquele que manipula com as emoções, quem está
ameaçando os outros com ser ferido, irritado, deprimido ou com ódio, estão
entre aqueles podem ser manipulados. Ele sofre, de fato, com o seu hábito. Ele
ensina os outros a serem desonestos. Fica uma atmosfera onde as pessoas se
controlam para não ofender ou irritar outros acidentalmente. A alegria e a
espontaneidade da interação desaparece.
Em sua atividade mental e emocional é o homem livre. Se tentarem limitar essa
liberdade, indiretamente ou com qual finalidade que for, é visto como injusto.
Portanto, é importante respeitar o aborrecimento, ansiedade, raiva ou o amor
sem cabeça e euforia do outro. O mesmo se aplica a si mesmo.
Quando você aceita os meus sentimentos, eu sinto que você me respeita e, em
seguida, também é mais fácil para mim respeitá-lo.
3.2.2 Como lidar com as emoções negativas
A importância das emoções das reações e comportamentos humanos é muito
maior do que dos pensamentos. Os pensamentos são reflexos de sentimentos
dentro da área do intelecto. Mas, é claro, também podemos trabalhar na direção
oposta. Podemos estar conscientes da nossa raiva, sentir-nos responsáveis por
isso e agir com sabedoria, apesar de estarmos com raiva.
Eu me sinto bem quando eu sinto o calor, humildade e gratidão. Eu me sinto
mal quando sinto angústia neurótica ou amargura. O que eu "faço" em meus
sentimentos, é o que sinto.
Entre outras coisas, nas escolas poderiam treinar sistematicamente para nos
tornarmos conscientes de nossas emoções, como, por exemplo, quando os alunos
chegam na sala de aula de manhã, eles sublinhassem na tabela abaixo a área que
melhor descreve seu estado emocional:
Forte
Moderado
Um pouco
Insignificante
Alegria
Curiosidade
Preocupação
Raiva
Por um tempo, a tabela pode ser usada com semanas de intervalo. Você vê, onde
a maioria assinalou, tornando mais fácil discutir qual sentimento geral de grupo
no momento. Quando o professor usa o tempo com isso, ele mostra que valoriza
a atividade emocional e não o culpar ou criticar. As crianças aprendem a se
tornar consciente de suas emoções e aceitar a responsabilidade por elas. É bom
para variar, por vezes trocar a lista das emoções da tabela.
Também em coletivos de trabalho, os adultos precisam de ferramentas para
tornarem-se conscientes das emoções. Ao destacar a alegria, entusiasmo e
gratidão para que todos possam vê-los, fortalece a consciência dos mesmos. E
quando a insatisfação, alienação e raiva podem surgir remove seus efeitos
negativos, e você pode estar ciente dos problemas práticos associados a eles e
tratá-los abertamente.
Quando você está preocupado, você deve parar e conscientemente ouvir as
suas preocupações. Quando você tem medo, você deve tomar tempo e sentir o
seu medo. Sinta quão grande é o seu medo, onde está e como ele sente. Não se
pergunte por que está com medo. Fique consciente e enfrente o medo em você.
Quando você experimenta tristeza, você deve se abrir para a dor, senti-la. Isso
não significa que você deve fomentar a tristeza, mas que você identifica
precisamente a tristeza que você sente em sua mente.
Quando você sentir insegurança e timidez, permita-se experimentar esses
sentimentos. Não tente se livrar deles, mas sinta-os. São sintomas úteis, sinais de
alarme. Não tente ser forte e confiante. Aceite a conscientização de suas
inseguranças.
Se o problema não for tratado na fase inicial, uma pequena insatisfação cresce
e vira irritação e mais tarde se transforma em amargura e talvez finalmente em
ira. Por trás do silêncio, bondade interpretada ou amargura, uma pessoa pode
desenvolver uma atitude negativa crônica e uma mentalidade de vítima que terá
dificuldade de se conscientizar como sua própria, e, assim, se livrar de.
Não é proibido odiar mas você não deve dar vazão ao sentimento de ódio
batendo, destruindo ou agindo destrutivamente de qualquer modo. Entre o
sentimento e a ação está a consciência e o senso de auto-disciplina. Ao aceitar a
consciência de sua raiva, você pode reduzir o seu desejo impulsivo de bater.
Quando você se torna consciente de sua irritação, você deve decidir agir com
bondade e respeito. Quebrando sua atividade emocional negativa. Quando você
se torna consciente de que está desanimado e aceitar isso você pode começar a
fazer algo para os outros, e sua depressão desaparecerá.
Uma vez que você, contra sua vontade, começar a agir de uma forma de
afirmação da vida, você é guiado em uma atividade emocional positiva e,
finalmente, abre sua atividade espiritual para a energia da vida.
Em uma situação de terapia uma mãe conta o quão difícil é tornar-se
consciente e respeitar os sentimentos. Ela tem duas filhas de 20 e 12 anos,
Helena e Rosita. A mais nova delas é autista. Helena liga para sua mãe e
pede para buscá-la de carro na cidade vizinha. A mãe fica irritada, porque
ela acha que Helena poderia muito bem pegar o ônibus. Mas ela decide ir,
pois tem sido difícil de se conectar com Helena e ela acha que pode
conseguir isso durante a viagem de carro.
Eles conversam durante a viagem e Helena diz: "Você está sempre com
aquela retardada." A mãe conta que não consegue dizer uma palavra e que
a mesma coisa se repete com bastante frequência. Eu pergunto a ela o que
ela sente em tal situação. Ela experimenta, sem dúvida, a pergunta como
constrangedora e não a responde, mas continua contando mais detalhes
sobre o evento. Depois de um tempo eu ofereço-lhe algumas opções:
"Você sente indignação, decepção, ansiedade ou raiva?" Primeiro, ela quer
recusar, mas hesita e depois de pensar por um momento que ela começa a
se lembrar. Ela reconhece precisamente esses sentimentos em si mesma.
Pergunto-lhe se aceita a ansiedade e raiva em si. Ela fica mais uma vez
envergonhada e diz que ela não pode fazer nada sobre seus sentimentos.
Se ela não aceita a raiva em si mesma, isso não leva que não aceite a ira
dos outros também, pergunto-lhe. Ela responde afirmativamente. Eu digo:
"Você reage com medo e raiva da insatisfação de Helena, por que você
sabe que ela não deve ser autorizada a existir. Isso faz com que você
rejeite a consciência de sua raiva, e, assim, submeta-se. E quando você
está submetida, você não consegue falar com Helena. Ela está consciente
deste movimento em você e aprendeu a ganhar poder sobre você pela sua
raiva e ameaçando abandoná-la. "
Ela pensa sobre isso e então eu sugiro: "Você poderia dizer a Helena que
ela fere a si mesma com essa raiva." A mãe responde: "Então ela iria
realmente ficar com raiva." "É importante deixá-la ficar com raiva para
que ela aprenda que não tem poder por não cooperar. É provável que ela
usa este método com outras pessoas, o que será problemático para ela,
por exemplo, na vida profissional e em um relacionamento." Eu sugiro:"
Tente conscientemente praticar a aceitar a raiva. Diga tudo isso a ela, para
que ela também saiba que você pretende começar a treinar para aceitar e
respeitar a raiva e sentimentos de abandono."
É impossível forçar um outro (ou a si mesmo) sentir ou não sentir de alguma
forma particular. Quando proíbe-se alguém que está bravo a ter raiva, ele se
torna ainda mais furioso. Tentar ajudar uma pessoa que está deprimida por
descrever tudo de bom em sua vida, é experimentado por ela, como doloroso.
Requisitos, críticas, proibições e explicações lógicas não ajudam quando o caso é
emoções. Faz geralmente o efeito oposto. Para emoções serem processadas,
devem ser autorizadas a existir.
Mesmo em situação de terapia, é difícil conseguir que um cliente realmente
descreva seus sentimentos. Quando se pergunta como o medo sente ou como a
pessoa reconhece o seu nervosismo, as respostas são muitas vezes descrições de
como e por que, ou seja, todos os possíveis fatores externos. Um cliente pode
ficar irritado. É tão comum que as pessoas não queiram ser conscientes de sua
liberdade e responsabilidade. Assim é, tanto na terapia como na vida cotidiana.
Uma cliente de cerca de 50 anos de idade, Carla, descreve uma epifania. Ela
encontrou sua neta Ana, que chorava e estava com raiva por que não conseguiu
sua vontade sobre algo. Carla disse-me que desta vez ela se lembrou que você
pode sentir raiva, e essa raiva não é proibida. Ela experimentou a percepção com
alívio e descreveu a sensação: "Quando estou com raiva ela é minha, é coisa
minha. Eu não posso culpar os outros por isso. Eu não tentei acalmar Anna e isso
fez sua raiva passar logo. Minha reação normal é que não podemos ficar com
raiva. A raiva é feia, devemos estar felizes e amáveis."
Ela continua: "Quando meu marido me diz que eu não posso ficar com raiva, eu
fico ainda mais furiosa. É lamentável que não podemos ficar bravos." Eu
interpreto: "Sentir que é proibido ter com raiva, da a sensação de injustiça, de
insulto. É certamente errado, pois somos livres para sentir. É injusto, também
quando você é quem se nega a liberdade de sentir raiva. Você sente como uma
injustiça, o que é de fato. E até nisso você reage com raiva." Ela pensa sobre o que
eu disse e suspira com alívio. Em um momento, eu continuo: "E, por outro lado,
se você tenta controlar os sentimentos do seu marido, significa que você está
tentando restringir a liberdade e responsabilidade dele. Seria certamente
ofensivo para ele, e provavelmente reagiria com rebeldia."
IRA SAUDÁVEL E DOENTIA
Você fica, naturalmente, com medo e com raiva se alguém ataca você na rua.
Medo e raiva são emoções saudáveis. Em uma situação de perigo, é importante
que você esteja ciente da ameaça - é precisamente através da reação com
sentimentos de medo ou raiva que informa seu corpo quando você precisa usar
rapidamente sua força, energia. Sentimentos de stress, medo e raiva, dão origem
a reações de stress. Seu sistema neurológico direciona seu sistema hormonal
para produzir os hormônios do stress, o que rapidamente lhe dá força. Tal defesa
é saudável, quando seu medo e raiva são proporcionais à ameaça real.
Se o medo ou a raiva está em dimensão maior ou menor, é um sinal de atitude
neurótica, que é sempre caracterizada pela negação da consciência, pela censura
e muitas vezes pela inveja. No nível espiritual, pode ser descrita como uma
abertura para as energias metafísicas negativas. O campo de energia de uma
pessoa com raiva é negativo. Ele irradia e estar perto desse alguém não nos faz
sentir bem.
Se um professor entra em sala de aula e percebe que há um caos geral e
estudantes lutam podendo ferir um ao outro, ele bate o punho na mesa e grita:
"Agora vocês param de brigar". Raiva envolve força, e isso que precisamos em
uma emergência. A raiva é um sinal de que o professor reage fortemente e se
preocupa se as crianças estão bem. Se importar é amor.
EMOÇÕES NEGATIVAS CONTAGIAM
É difícil enfrentar o medo e raiva, sem nos tornar aflitos. Quando a secretária do
centro de saúde recebe pela décima vez telefonema de um paciente frustrado e
irritado, ela começa ficar sem paciência. Ela não aguenta mais tomar todas essas
acusações, exigências e ameaças. Mas, no seu trabalho, é um fato que pacientes e
familiares estão muitas vezes ansiosos e, portanto, se comportam, alguns deles,
de forma mais agressiva que o habitual. Quem, em um trabalho como esse,
espera evitar atender pessoas com raiva, certamente se decepcionará. É
importante aceitar e estar cientes da ira do paciente ou cliente. Vivenciar que
aceitam o seu desespero, medo e angústia e sua forma de expressão agressiva,
contagia essa aceitação. Ela reage a respeitar-se e, assim, também a secretária na
frente dela. O paciente está sendo visto e ela sente que tem valor humano.
Respeito não significa, por exemplo, dar privilégios a pacientes, como ir à
frente dos outros na fila, ou algo semelhante. Ele é tratado como qualquer outro.
Mas ele pode sentir ira, e não é criticado por sentir-se assim ou pressionado por
isso. A raiva também pode ser uma das causas de sua doença física.
No entanto, se nós tentamos agir para que outro não fique com raiva, tentando
evitar todas as coisas que poderiam fazê-lo com raiva ou mágoa damos poder a
sua ira. Ele saberá disso e usará ela para conseguir o que quer. Nutre sua
agressividade. Se evitarmos a consciência de sua agressividade, atiçamos a na
realidade e o machucamos.
Às vezes perguntamos se é bom mostrar a raiva. Simplesmente incentivamos
as pessoas a falar sobre sua raiva e seu sentimento de ser ferido. Entre amigos, às
vezes é viável, mas é sábio para um médico que está irritado com seu paciente
começar a descrever os seus sentimentos? É certo o professor gritar com um
aluno que teve raiva de? A sua mulher acha que você grita com ela? Será você se
sente bem quando seu supervisor xinga você com raiva? Não há necessidade de
mostrar seus sentimentos negativos para outra pessoa, é suficiente que você
esteja ciente deles e que sinta que é responsável por eles e ainda os trate como
seu próprio problema.
A pior alternativa é que você trai a si mesmo, tentando parecer calmo, para
provar a si mesmo que você não sente raiva. Você sente raiva, mas você reprimir
severamente sua consciência disso. O grau de severidade dobrou em você, e com
isso também a sua pressão interna aumenta. É muito estressante. É melhor ser
um pouco irritado do que trair a si mesmo. Portanto, é necessário ser generoso
em termos de tolerar o outro e olhar entre os dedos o mau humor passageiro
deles.
CONSELHOS DE COMO ENCARAR EMOÇÕES NEGATIVAS
Tente observar abertamente e interessado e estar consciente de ansiedade,
medo, insatisfação, amargura, depressão ou raiva. Se relacione aceitando e de
modo respeitoso com esses sentimentos.
Emoções são transmitidas facilmente, o descontentamento se espalho, ao riso
você reage com alegria e o medo torna-se com o tempo um medo coletivo. Tente
evitar conscientemente a armadilha de reagir ao medo com medo ou raiva com
raiva. Se possível, dê a si algum tempo, por exemplo, conte até dez ou
conscientemente respire profundamente algumas vezes para não entrar na
armadilha da energia negativa.
Pense se nesta situação há algo pratico que possa se corrigido para aliviar a
pressão. Pergunte o que o outro espera que você faça. Não entre na disputa. É
uma armadilha. Gerencie a questão prática de uma forma clara e transparente.
Evite a pergunta: "Por que você está com raiva?" Ela contém dois fatores de
risco. Em primeiro lugar, ela é interpretada de modo que não podemos ter raiva.
Ela fornece a pressão para censurar a consciência da raiva. Em segundo lugar,
direciona a atenção para as questões externas: qual é a razão para que você
esteja tão irritado? A pergunta "por que" reforça a noção de que uma emoção
neurótico tem uma base racional. Isso reforça a atitude de vítima da pessoa e não
considera sua própria responsabilidade por sua atividade emocional.
Não solicite de si mesmo a capacidade de acalmar a raiva de outra pessoa, se o
apaziguamento de pessoas com raiva não faça parte de seu trabalho. Aceite a
raiva, é o funcionamento dessa pessoa perante a vida. Concentre-se em cuidar da
parte prática. Uma grande parte das pessoas está constantemente irritada.
Se alguém tentar prejudicá-lo, lembre-se que você tem liberdade de reagir e
você é responsável por sua reação. Se alguém tentar culpá-lo, esteja ciente disso.
Evite tomar atitude defensiva e concentrar a atenção sobre o comportamento da
pessoa. Talvez você possa dizer: "Eu estou sentindo que você está se culpando."
Se você nessa situação se sente como uma vítima sem esperança, significa que
você tem uma atitude vítima. Você deu poder a grosseria de outra pessoa. Ao
tornar-se consciente disso, você pode neutralizar o poder que deu.
Se possível, tente encontrar as emoções abertamente e respeitosamente, ao
falar sobre elas. Para quem está com raiva, você pode talvez dizer: "Eu acho que
você parece infeliz e frustrado. É verdade?" Ele talvez responda: "É você quem
está com raiva." Nisso, você pode responder: "Eu só tive esse sentimento." Não
há necessidade de entrar em alguma explicação. Deixe ele deliberadamente
sozinho. Uma pessoa não quer perder a cara frente ao outro. Mas quando você
vai para a cama muitas vezes pensa sobre o que ouviu durante o dia. Também
nos sonhos as pessoas tratam a consciência que elas acordadas se recusaram a
lidar.
Ao falar com respeito sobre as emoções de outra pessoa, você indica que não
tem expectativa sobre elas e que você não censura-as. Essa atitude talvez
contagia o outro. Evite dizer: "Você é ..." É estigmatizante. Fale sobre coisas que o
outro tem ou como ele age. Como a raiva é vivida como proibida, você pode
evitar o uso dessa palavra e, em vez falar de insatisfação, frustração e stress. Elas
têm mais ou menos o mesmo significado, mas são mais fáceis de ouvi-las
pronunciadas.
Não presuma que a outra parte aceite a sua pergunta ou o que você diz. Se você
esperar ou tomar como certo que vão aceitar o que você diz, você é exigente e
cria uma barreira para entrar em contato. Sempre seja respeitoso. Avaliar a
situação a partir de uma perspectiva mais ampla. Qual importância tem esta
coisa para a vida? Você vai se lembrar da coisa toda em um ano? Se não, não
adianta pensar nisso. Abstendo-se de uma atitude de julgamento, você libertar-se
de uma pressão desnecessária. O amor é uma energia mais forte do que todas as
emoções negativas.
VOCÊ SENTE CULPA E VERGONHA?
Um senso de culpa saudável mostra que alguém está consciente de ter agido
errado. O comportamento pode, por exemplo, ter sido com falsidade, busca a
perfeição ou a inveja. Culpa e vergonha são, portanto, sintomas saudáveis. Eles
são sinais de que o sistema de alarme está funcionando. Ao permitir a culpa e
refletir sobre a situação, pode-se tornar consciente de onde foi feito o erro, nos
seus fins e nos sentimentos. É importante sentir e perceber a sua culpa e não
fugir dela. É uma prova de senso ético.
Culpa neurótica é o resultado de alguém que se condena e se culpa. É uma
atividade emocional negativa que causa ansiedade desnecessária e pressão, até
mesmo a pressão no peito e no coração. Culpa excessiva sempre se sente injusto.
Uma pessoa não pode aceitá-lo, e você reage a se rebelar ou tornar-se deprimido.
O sentimento de culpa é um sinal de que o homem percebe seu erro, mas não
aceita a consciência dele, mas luta contra a consciência dele ao culpar a si
mesmo. Culpa, condenação e moralização são práticas de censura.
Um cliente conta que vivenciou muita culpa em sua vida, desde pequeno.
Peço-lhe para descrever como sente essa culpa. “Eu não posso sentir
culpa porque se não fico preso nela.” Ele está preso no sentimento de
culpa justamente porque nunca se permitiu sentir a culpa que sente. Se
ele se permitisse sentir e ficar consciente de sua culpa e sua atitude de se
culpar ele poderia se libertar de ambos.
Acredito que a maior parte da população humano é constituída de culpa
neurótica de si mesmo e que apenas uma pequena parte é de culpa saudável.
Alguém que se culpa também acusa outras pessoas e a vida, e vice-versa, é
claro. O que você faz no interior contra si mesma faz na relação com os outros.
Diz-se que um psicopata não sente culpa. Muitas vezes ele usa suas habilidades
sociais, sua inteligência, criatividade e capacidade de manipular as emoções,
extraordinariamente hábil, e consegue quase indefinidamente enganar seus
semelhantes, e talvez a si mesmo. Ele tem consciência que também contém um
sentido ético, mas está tão acostumado a negar a consciência da sua culpa que
parece que ela não a possui.
Na área da saúde, muitas vezes acontece que um cuidador ao perceber que um
paciente tem sentimentos de culpa, reage, tentando eliminar a culpa com
explicações racionais. Ele tenta fazer com que o paciente acredite que ele não
causou sua doença. Seria melhor ajudar o paciente a se tornar consciente de sua
culpa, a aceitar seus sentimentos e, assim, perceber que ele condena a si mesmo.
Então ele abertamente contempla sua própria atividade mental e seu modo de
vida que ajudou ele a ficar doente. Não custa nada refletir sobre si mesmo se
você fizer isso com boas intenções. Liberdade e auto respeito só existem na
verdade.
Uma médica fala sobre sua bondade excessiva e seu constante senso
torturante de culpa: "Toda a minha vida a generosidade tem sido uma
camisa de força para mim. Eu sou boazinha com minha mãe, meu irmão e
meus filhos. Também no trabalho eu sempre ouço o que os outros
precisam e dou tudo de mim. Para mim, não é suficiente um louvor
comum por minha capacidade e habilidade. Eu preciso ouvir o que fiz e
por que foi tão bom. Caso contrário, eu não acredito que seja verdade. Eu
quero que todos sejam felizes comigo e que eu faça apenas boas decisões.
Até o meu chefe disse que não daria conta sem mim. "
Eu pergunto-lhe como esta bondade sente, e depois de um momento de
hesitação, ela responde: "Há algo doloroso sobre isso, uma sensação
permanente de culpa." Confirmo a observação ao notar que ela está
constantemente se sentindo culpado. Ela admite-o imediatamente.
Noto: "Você não escapou da sua culpa, mesmo que tentou." Ela admite e
fica em silêncio por um momento. Então, peço-lhe para descrever o
sentimento de culpa. "É difícil, eu sinto tristeza e amargura. Quando meu
irmão se suicidou meus pais disseram que a culpa foi minha, por eu não
cuidar dele. Ao mesmo tempo, eu tive meu primeiro filho e fiquei
extremamente feliz quando isso ocorreu."
Estou continuo com a sensação: "Como você sente a consciência
pesada?" "É doloroso, é como uma prisão, dor, angústia..." "Você está
tentando se livrar dele, por que é uma prisão para você? Faça uma pausa,
sinta e tome consciência da sua culpa." “ Ela existe constantemente, junto
com minha mãe, meu irmão e quando estou sozinha." Eu interpreto: "Você
é uma prisioneira aí e tenta constantemente rejeitar a consciência de sua
culpa. Este esforço contínuo controla o tempo todo a sua atividade
mental." Ela suspira e continua: "Sim, eu estava tão feliz quando recebi o
meu filho. Enquanto isso, eu tenho uma consciência de culpa. Eu não
posso sentir felicidade." "Alegria significaria que você traiu seu
sentimento de culpa." "Toda a minha vida ... Que alguém ficaria triste por
causa de mim, sinto como uma catástrofe." Na verdade, ela quer dizer que
sente um medo catastrófico de estar ciente da dor que a culpa provoca.
Eu continuo: "Você sente uma imensa alegria, que é amor, e ao mesmo
tempo uma enorme dívida. O amor, a felicidade e a culpa derreteram
juntos em uma única experiência em você. Você fez de tudo para ser
agradável e aceita por todos para evitar ter que estar ciente de sua culpa.
Seus pais culparam você de forma completamente injusta. Você não viu e
não se tornou consciente da atitude de culpa dos seus pais, e, portanto,
começou uma espiral de culpa em si mesma. . Para você se tornou algo
proibido a felicidade", ela responde: "Sim, foi assim mesmo..."
Ela sofre de um pesado sentimento de culpa porque seus pais culparama pelo suicídio de seu irmão. A saída desesperada e destrutiva dos pais foi
de censurar a culpa deles, culpando sua própria filha. Eles devem ter tido
uma forte atitude de culpa, mesmo antes de seu filho se suicidar.
PERDOAR OU PARAR DE JULGAR?
Nós temos nem o direito nem o poder de julgar outro ser humano, nem a nós
mesmos. A nossa liberdade e nossa responsabilidade (nosso dever) nos permite
tentar respeitar e fazer o bem uns aos outros, e, portanto, também a nós
mesmos. Além disso, a Bíblia dá o conselho: "Não julgueis para que não sejais
julgados."
Se não temos o direito de julgar, também, no significado mais profundo, não
temos o direito de perdoar. Ao perdoar, eu não quero dizer agora o hábito de
pedir desculpas educadamente quando, por exemplo, acidentalmente empurro
alguém.
Seu vizinho fez algo muito ruim para você. Já faz algum tempo, mas você ainda
está amargurado, assustado e com raiva. Você julga-o, ou seja, censura a
consciência do que aconteceu. Quando você assume o papel de juiz você se
suprime.
Você não precisa perdoar, é o suficiente que você pare de julgar. Quando você
aceita a consciência de que seu vizinho agiu assim errado como fez, você libertase da sua raiva e consegue, de uma forma equilibrada, começar a pensar sobre o
que poderia ser feito para corrigi-lo.
Muitas vezes eu vejo como as crianças são instruídas a pedir uns aos outros
pelo perdão e talvez até mesmo se abraçam no final da discussão. Com boas
intenções se educa então os filhos a falsidade e a vestir uma máscara social. É
suficiente para ajudar as duas partes na controvérsia que cada um fique
consciente de como lidou com si mesmos nesta situação. Ferir o outro é um sinal
da própria ferida nos sentimentos.
3.2.3 “Bonzinho” demais
Ser bonzinho demais é neurótico. Não é amor, mas algum tipo de máscara. A
pessoa tenta agradar e negar as suas próprias opiniões, as suas esperanças e sua
capacidade de agir. Ela não respeita a si mesmo e, portanto, também não o outro.
Ela não age de forma aberta e honesta.
Uma cliente conta: "É estranho que eu sempre reajo tão humildemente.
Me irrita e me espanta." Eu me pergunto como essa bondade excessiva
sente, e ela responde: "Eu me sinto falsa, ossificada. Quando meu exmarido liga eu reajo, contra a minha vontade, insinuante. Quando ele
sugere algo que eu não gosto, eu respondo elogiando sua ideia. Acho que
eu sou muito estranha." Peço-lhe para descrever ainda mais a sensação.
Ela responde: "É muito desconfortável, nojento. Eu imediatamente penso
em como resolver isso. Eu quero ser um ser humano decente para ele."
Peço-lhe para descrever o homem com poucas palavras. "Ele está
magoado, ferido, incapaz, fraco, uma vítima... Mas, ao mesmo tempo, ele é
extremamente gentil, ele quer bem, ele tem medo da vida, ele não pode
viver." Minha interpretação: "E tudo isso, você tem muita dificuldade de
ver nele. Você experimenta a consciência da vulnerabilidade, fraqueza e
da vida como um grande perigo. E você faz qualquer coisa para não ver
isso em seu ex-marido, e portanto, em si mesma." Ela reflete e responde:
“É assim mesmo..."
No final da sessão, eu confirmo a consciência das riquezas humanas:
"pelo seu ex-marido, você fica consciente, especialmente, da honestidade,
coragem e vida nele e em si mesma."
Se eu sofro de bondade excessiva, isso inclui muitas vezes a exigência de que
ninguém pode ser infeliz comigo. Eu sinto uma forte pressão para que todos o
tempo todo me aceitem. Esta exigência é dirigida a mim, mas também para
outras pessoas, e causa uma reação nelas: elas se afastam a fim de proteger-se
contra as minhas energias negativas.
Atrás da bondade neurótica tem muitas vezes um medo de ser criticado e
abandonado. Tenho medo de que os outros não vão me aceitar, que ficarei
separado dos outros e deixado de fora. Este medo existe porque tenho medo de
tornar-me consciente de que eu me critico, abandonando-me e, assim, me
isolando e abandonando os outros.
Bondade excessiva é também não ser capaz de dizer não quando você quer ou
deveria. Dizer não é permitir uma proibição, que é obviamente necessário na
vida. Quando se diz não, se reconhece os próprios limites: eu não aguento, não
posso. Exigências de perfeição e uma atitude de falta de limites (megalomania)
impede a pessoa de ver melhor sua capacidade e recursos com suas limitações.
Se você tem expectativas graves e intermináveis sobre si mesmo, tem também
exigências infinitas do outro.
A dificuldade em dizer não pode também ser resultado de que dizendo não
toma-se consciência de uma tendência dentro de si de dizer não a tudo que
significa felicidade, sucesso, relaxamento ou prazer. Quando você diz não, revela
a atitude negativa para com o bem (inveja).
Seres humanos como nós percebemos isso. Eles sentem que é um
comportamento desagradável e desonesto e tentam manter distância. Eles não
querem que a auto-negação vá passar para eles. E já que todos, de alguma forma,
sofrem de auto-negação, aumenta a consciência sobre este problema em si.
Ninguém quer despertar tal consciência. Devido a identificação, ao espelho
interior, irrita, portanto, este tipo de comportamento, os outros.
Uma mulher de 73 anos de idade, vem para a análise conta primeiro sobre
suas muitas doenças físicas. Ela esteve em licença médica a maior parte
de sua vida. Ela diz que seus músculos das costas tornaram-se tão ruins
que são como discos de aço que não podem dobrar. Então ela continua
espontaneamente: "Toda a minha vida fui tão gentil. Todos me elogiam
por ser tão gentil. Mas não há algo aí que me irrita muito."
Eu pergunto a ela o que ela associa com bondade saudável. Ela
responde imediatamente: “Fazer algo bom e ser feliz com isso." Eu
continuo a perguntar o que ela associa com bondade neurótica. Ela diz:
"Ter de fazer algo bom e ser amargo para isso." Eu deixo-lhe tempo para
ouvir em silêncio suas próprias palavras, que revelam diretamente seu
interior. Ela tem raiva, tristeza quando faz bem.
Depois de um tempo ela bufa, "Toda a minha vida eu tenho vivido no
medo." Eu peço a ela para me dizer sobre esse medo. Ela responde
imediatamente: "É uma coisa má. Quando você está com medo você não
consegue fazer nada de bom." Pode ser interpretado que em toda sua vida
ela tem feito um esforço para evitar a consciência de sua grosseria. Ela faz
tudo para que ninguém reaga negativamente com ela, porque iria expor
sua auto-consciência de sua própria negatividade, o mal nela. Ela tem
feito muito esforço e tensionado-se mentalmente e, portanto, fisicamente
também. Não é à toa que ela ficou doente a maior parte de sua vida (mas
isso provavelmente não é a única razão para a sua doença).
Quais são, então, as formas que o mal se pega nela? É o costume, ela se
debruça sobre os problemas e preocupações, exagerando as possíveis
ameaças e conjurando desastres. Ela recorda como um e outro feriram
ela. Ela perpetua ansiedade, tensão e raiva. Assim, negligenciando a ela o
direito e a responsabilidade de sentir alegria, descontração e gratidão.
A palavra bonzinho é problemática. Hoje em dia, quase ninguém quer ser
chamado de bonzinho. Bondade é associado fortemente com suprimir-se. Se com
bondade, quer dizer comportamentos amorosos, é, naturalmente, muito bom,
mas se é ligado à vontade de ser aceito, é problemático. Eu nunca chamaria outra
pessoa de boazinha, ao invés eu diria, por exemplo, que ela é amigável, humilhe e
amorosa.
Uma enfermeira de 30 anos de idade conta que seu namorado é tão bravo
muitas vezes, que ela não consegue se defender. Depois ela diz: “Como eu
poderia me defender?” Eu interpreto isso: “Ou você quer dizer: como eu
poderia querer me defender?” Ela pena durante um tempo e continua:
“Meu namorado me disse que eu estava literalmente implorando para que
ele pisasse em mim. Eu fiquei furiosa." "Você ficou furiosa com a
consciência de que você se deixa ser pisada. Então você tem o hábito de
pisar em si mesma." (Mesmo assim, ninguém tem o direito de oprimir
outro ser humano.)
MUITA RESPONSABILIDADE
Fala-se que as pessoas tomam muitas responsabilidades. Se assim for, significa
que tomam muita liberdade. Responsabilidade implica liberdade e liberdade dá
responsabilidade. A frase é uma contradição.
É bastante comum que, por exemplo, o filho de um alcoólatra tome grande
responsabilidade pela família. A criança aprende muito cedo a cuidar de seus
irmãos mais novos, cozinhar e limpar. A criança pode ainda ver-se como
responsável pelo fato do pai (ou mãe) beber. Ela faz de tudo para evitar a
consciência do alcoolismo de seu pai.
Não é errado que a criança cuide de seus irmãos mais novos. Ela quer que os
irmãos tenham uma vida boa. É um ato de amor. Mas dentro dela, a criança não
sente, nem amor nem gratidão.
O filho de um alcoólatra não sente realmente nenhuma liberdade. Eles sentem
exigências dolorosamente forçada de cuidar da família. O que a criança tem que
fazer não incluí sua liberdade, não é sua responsabilidade. Na melhor das
hipóteses, a criança faz o que deve fazer e aceita a consciência de que não é o seu
trabalho, mas continua fazendo para evitar as más consequências que teria se
deixasse de agir. Se a criança age realmente baseada em uma avaliação calma da
situação, impede o medo, amargura e ódio.
Viktor Frankl, que passou vários anos em um campo de concentração aceitou a
consciência de sua condição de prisioneiro. Ele não esperava por justiça porque
percebeu que essas expectativas eram completamente loucas. Ele não teve de
lutar contra a sua consciência, isto é, contra ele mesmo. Ele se adaptou ao que ele
tem de se adaptar. Ele sobreviveu tanto física como mentalmente.
Muitas vezes a palavra "responsabilidade" é indevidamente associada a
obrigação. Obrigação significa poder de restringir a liberdade, a
responsabilidade. A responsabilidade reside, de fato, em quem tem o direito de
exigir e forçar. A responsabilidade inclui a vontade de agir. É natural que você
perceba sua oportunidade, se você vê a necessidade de agir, e você tem os
recursos necessários. Depende de você mesmo se você usa sua liberdade e age,
ou se você nega sua liberdade.
Vamos voltar para a situação com o pai bêbado. A criança faz o possível para
esconder a consciência das questões da família, e é precisamente isto, a
armadilha. Ela faz tudo para que ninguém veja a verdade. A criança se esforça
muito para evitar a consciência que a garrafa é mais importante do que a família
para o pai. É um sinal de que a criança tem uma forte atitude de censura e falta
de limites (perfeccionismo, megalomania). Também pode ser associada com a
inveja, a criança exagera suas dificuldades, vivê-as como maiores do que
realmente são, o que prejudica a sua capacidade de ver formas alternativas de se
relacionar e de agir. A criança quer e exige de si mesma evitar que o pai beba.
Quando a criança nega sua consciência proíbe o contato com sua liberdade e
suas habilidades: observação, criatividade, julgamento, iniciativa e coragem. A
criança se sente impotente, e neste estado, o é realmente. Enquanto isso, a
criança se sente como uma vítima das circunstâncias: ela não percebe que se fez
prisioneira nesta situação. Daí desenvolve uma estratégia para enfrentar a vida, e
a vida será suprimir a própria consciência, a si mesmo.
Como um elemento psíquico do alcoolismo está muitas vezes envolvido um
toque de perfeccionismo maníaco e megalomania. O álcool muitas vezes faz um
homem mais livre, mais megalomaníaco e egocêntrico, alivia a auto-disciplina e
provoca desequilíbrio mental. Talvez a criança de alguma forma vê isto no pai, o
que pode torná-lo consciente de sua própria tendência para exigir capacidade
irrealista de si mesmo. A criança cruza a linha e faz exigências exageradas de si
mesma. É comum, nesses casos, falar de assumir a responsabilidade, quando na
verdade a intenção é fazer exigências.
Que você sente que tem tomado "responsabilidade" em demasia é um sinal
importante, um sinal de alarme útil. Então você fez exigências exageradas sobre
si mesmo e sobre os outros. Pode ser que os outros se aproveitem desse hábito
em você: seu marido pode esperar que você tome conta de tudo, o seu supervisor
pode constantemente derramar trabalho extra em você, e assim por diante.
Um cliente me contou sobre sua atitude de falta de limites. Queixava-se de
sua incapacidade de encontrar seus limites e descreveu como ele
estressa-se à exaustão. Mas assim que ele começa a se sentir um pouco
melhor e sentir-se em contato com a energia da vida, ele começa com
entusiasmo a planejar coisas novas para fazer. Ele descreveu o seu desejo
intenso. O querer é o acelerador do stress. O problema não é, na verdade,
encontrar os limites, sim aceitar a consciência da onipotência do
acelerador.
Uma professora de meia-idade descreve como a vida inteira tomou muitas
responsabilidades. Mesmo quando criança, ela era responsável pela sua
mãe, que estava deprimida, então, pelo seu irmão que se juntou a uma
seita religiosa fanática, então pela saúde mental de sua sobrinha e por
último pela sua própria indiferença aos homens referente os assuntos
econômicos.
Ela conta que tem tanta raiva de seu marido, que está sempre
desperdiçando. É ela que tem de resolver todos os problemas que isso
acarreta. Ela reclama e diz que não aguenta mais. Pensamos em o que é
responsabilidade, e ela concorda comigo que é sinónimo de liberdade. Eu
pergunto: "Você diz que toma muita responsabilidade, você se sente
livre?" Ela responde que não, é claro. Interpreto: "Você não assumi
responsabilidade, porque você não sente liberdade nem amor. Você disse
que sente raiva. Por conseguinte, a palavra responsabilidade significa
exigências. Você coloca demandas ilimitadas em si mesma para controlar
a depressão de sua mãe, o fanatismo de seu irmão e agora a extravagância
do seu marido. Ao mesmo tempo, defini exigências rigorosas sobre eles e
dita como devem se comportar. Exigências são o oposto de
responsabilidade. Você também negar-lhes a liberdade." Ela reflete e diz:
"Às vezes eu tenho essa percepção."
Colocar demandas ilimitadas pode tornar-se uma mania de ação destrutiva.
Controle sente como a única maneira de sair de uma situação difícil. Quaisquer
problemas importantes que sejam, os pais conseguem lidar com atitude de
limitar a criança. Os pais são tão importantes que os seus problemas são quase
como de seus próprios filhos. Censurar algo importante é decisivamente um
obstáculo para a existência.
Uma atitude de exigências e uma tendência de controle faz a pessoa
dependente. Ela experimenta permissividade como algo estranho e
perigoso. Está em sua rotina interna, a atitude exigente, que faz ela sentir
que existe. Um cliente colocou desta forma: "Por exigências, eu sinto que
eu estou. Sem elas eu não existo." Ela sente que as exigências dão-lhe a
sensação de estar. Na verdade, ela agora começa a perceber que, com sua
atitude exigente ao longo de sua vida, negou a sua existência. Ela sente
que esta atitude é a sua salvação, quando na verdade é uma armadilha.
3.2.4 Como evitar ficar ofendido
Todos nós geralmente nos ferimos quando alguém quer nos machucar. A coisa
entristece-nos quando pensamos sobre ela depois. Estamos particularmente
decepcionado com nós mesmos, que mais uma vez tomamos para nós essa dor,
apesar de estarmos bem conscientes que foi quem tentou ferir que agiu de forma
tola. Tentamos nos preparar para não nos machucar na próxima vez, mas não é
fácil. Tomamos para nós, mesmo que algo em nós sinalize de que isso é errado.
Vamos primeiro considerar o seguinte pensamento:
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Carlos quero magoar Lena. Quem está fazendo errado? O erro é de Carlos.
Nós nunca, em qualquer situação, temos o direito de ferir outro ser
humano. (Embora Lena anteriormente tentou ferir Carlos, ele não tem o
direito de ferir Lena.)
Lena se machuca. De quem é a culpa? De Lena. Carlos não tem o poder de
controlar e gerenciar a atividade emocional de Lena. Um controle remoto
que você possa controlar os sentimentos dos outros ainda não foi
inventado.
É sábio para se sentir magoado? Não, na verdade não é sábio dar poder as
palavras estúpidas de Carlos. Quando Lena se machuca ela recebem as
palavras desagradáveis de Carlos, fazendo-se mal com elas.
Quando Carlos quero magoar Lena, ele abriga sentimentos negativos, ou
seja, a raiva, a censura e inveja. Ele, então, faz-se mal. Por isso ele se sente
mal e já se pune antes que ele pronuncia as palavras que magoam. O que
Carlos está fazendo a Lena, ele faz especialmente contra si mesmo em seu
interior. Carlos pode sentir algum tipo de prazer relacionado com inveja
de atormentar o outro, mas isso não o faz feliz.
Quando Lena se torna consciente disto, ela poderia responder
respeitosamente: "Carlos, acho que de alguma forma subestima o seu
conhecimento e sua capacidade. Você está machucando a si mesmo."
E mesmo que Carlos, novamente responda depreciativamente, Lena não
precisa reagir de qualquer forma. Ela já levantou a consciência essencial
para Carlos. Lena não espera nada dele, aceita sua eventual indignação.
Lena entende que Carlos dificilmente aceitará a consciência
imediatamente, mas o oposto. Mas pode acontecer que depois ele pense
por si mesmo sobre o assunto, talvez nos sonhos.
Carlos é agora, pelo menos, consciente de que Lena não toma, não da
poder para sua grosseria e energias negativas. É frustrante, considerando
suas intenções.
Em resumo, Lena lembra que o que um faz ao outro, ele faz interiormente contra
si mesmo. Lena reage com vigor por essa percepção e não absorve, mas tenta
ajudar Carlos a tomar consciência: "Carlos, agora eu acho que você de alguma
forma está desvalorizando-se."
Ninguém tem o direito de ferir outro ser humano (e não a si mesmo). E
ninguém tem razão para aceitar palavras pejorativas de outro. Mas realmente
não é fácil agir de acordo com esse fato. Com o modelo da sociedade e nossos
pais, aprendemos, já pequenos, a responder nos machucando a um insulto e
responder o mal com mal, com vingança.
Você pode treinar-se para não ser tão facilmente ofendido como costume
seguindo tal reflexão:
1. NÃO EXIGA DE SI NÃO SE MACHUCAR
Quando uma pessoa se machuca, ela geralmente fica decepcionado consigo
mesma por isso. Ela fica com raiva de si mesma, porque ela é consciente de seu
erro: "Mais uma vez, tomei para mim, que bobagem." Isso significa que ela exige
de si mesma não se machucar.
Admita para si mesmo que você se sente ofendido quando alguém quer
machucá-lo. Lembre-se de exemplos de seus dias de escola na infância, sua vida
de trabalho e em outros contextos, para obter uma imagem clara de sua maneira
de se machucar.
A expectativa ou exigência de não se machucar é tal que o impede de aceitar a
consciência de que você está ferido. Você rejeita a consciência de que você está
ferido e, portanto, suprime-se. Você age contra você mesmo, o que leva a um
sentimento de fracasso e desesperança. Portanto, é importante que você aceite
que se machucou. Você pode, por exemplo, treinar-se essa aceitação de modo
que na próxima vez, quando alguém quer machucá-lo, tente conscientemente
sentir mais dor do que o habitual. Quando você se permite ser ferido, você não
vai sofrer!
2 PENSE EM QUEM É RESPONSÁVEL POR SEUS SENTIMENTOS
Quem é responsável por sua vida emocional? Alguém pode controlar suas
reações emocionais? É possível você controlar os sentimentos de outra pessoa?
Ninguém tem o poder de controlar o que você sente ou não sente. Ninguém
pode controlar como você reage emocionalmente a uma alegria ou um insulto.
Você tem liberdade e, portanto, responsabilidade por suas funções internas.
Portanto, você também tem a liberdade e a responsabilidade de tratar a maldade
do outro apenas como malícia dele mesmo.
“Tomar para si" significa escutar as palavras malévolas do outro, refletir sobre
elas e tomá-las para fazer-se triste, criticar e condenar a si mesmo. Mas quando
você ouve outra pessoa dizer algo desagradável, você pode, em vez, aceitar a
consciência das intenções negativas dela e ajudá-la, dizendo: "Essas palavras
mostram que você se sente triste."
Nós nos relacionamos e reagimos à nossa própria maneira, quando alguém nos
fere. Se eu tendo a culpar, denegrir a mim mesmo, eu dou muito poder para as
palavras pejorativas. Se me aceito como pessoa, os comentários depreciativos de
outra pessoa não me prendem. Como, a alegria de outro abre conexão para a
consciência da minha própria alegria, abre a conexão de malícia e consciência de
minha própria atitude negativa no outro.
3 AINDA UMA ARMADILHA
Se você dá poder a malícia de alguém, você entra em uma espécie de aliança com
ele. Quando alguém quer humilhá-lo levanta a consciência de sua própria
possível maneira crítica, exigente e auto-degradante atividade emocional. O
comportamento negativo de outra pessoa revela a você a consciência de suas
próprias formas negativas de relacionar-se a si mesmo. Normalmente, as pessoas
não aceitam essa consciência sem reagir com rejeição e tentar suprimir ela, ou
seja, suprimir eles mesmos.
Quem machuca é um espelho interior dos feridos e o mesmo vale no sentido
inverso, o ferido é um espelho interno para aqueles que ofendem. Nenhum deles
quer ser consciente de si mesmo, mas ficam provocados pela presença um do
outro e reagem em conformidade. Um de forma mais agressiva e o outro
depressiva, disfarçado.
Podemos comparar isto com jogar bola. Vamos dizer que a bola é muito suja,
desagradável. Quando alguém joga a bola para você e você aceita a consciência
de que a bola é suja, você olha cuidadosamente para saber como ela voa e
deliberadamente evitar tomá-la. Mas se você não quer ver a sujeira, você agarra a
bola. A forma como você reage, é, basicamente, sua escolha.
A coisa mais importante é finalmente lembrar que não é proibido se sentir
magoado. Não há nenhuma lei ou regra geral que proíbe isso. Aceite que você se
machucou e que vai se machucar no futuro. Um costume tão antigo, espiritual e
emocional não pode de qualquer forma mudar.
Uma mãe fala sobre seu filho, Renato, que tem problemas mentais. Na
escola tem um menino chamado Carlos que o chama de gay e idiota.
Renato fica tão chateada e irritada que seu rosto se torna muito rígido
com raiva. Também por isso ele é provocado. A mãe está preocupada
porque a escolaridade do seu filho está ameaçada. Ela pergunta o que
deve fazer. Eu sugiro duas coisas.
"Em primeiro lugar, escreva uma carta para a escola, onde você diz que
está preocupado que posse acontecer de Renato ser tão irritado que ele
perde a paciência e recorre à violência quando eles o chamam por
apelido. Peça para escola ajuda e conselhos sobre como você como mãe
deve proceder. Não critique a escola e não estabeleça exigências para os
responsáveis, que muitas vezes experimentam críticas e demandas como
um ataque a si mesmos e, portanto, reagem com atitude defensiva. Isso
pode ficar tão ruim, que eles fazem de Renato um bode expiatório. Em
segundo lugar, você pode com todo respeito entrar em contato com Carlos
e dizer que Renato pode reagir com violência se ele for provocado, e que
você está preocupado que Carlos vá se machucar. Não culpe, não ameaça e
não faça exigências, basta abrir o seu caso." A mãe achou que essas duas
idéias eram boas.
Em seguida, sugiro que ela deveria falar com Renato sobre a seguinte
idéia: nós temos a liberdade de sentir e pensar, mas limitada liberdade de
agir. Liberdade vem com responsabilidade. Isso, para que Renato fique
consciente de sua liberdade e responsabilidade sobre a própria atividade
emocional, e que ele reage à sua própria maneira sobre a estupidez de
outra pessoa. É sempre tolo denegrir outra pessoa, mas que temos o
hábito normal de tomar para nós a grosseria do outro. Esse hábito é
muitas vezes tão antigo e arraigado que não percebemos como uma
maneira livre e de responsabilidade própria de agir, mas como uma
automação interna.
Sugiro também que a mãe deve conversar com Renato sobre a idéia de
que o que você faz para os outros faz contra si mesmo. Quando ajudamos
outra pessoa sentimos emoções calorosas, pensamos em forma de
afirmação da vida e, portanto, fazemo-nos bom. Ferindo um outro,
sentimos raiva e inveja, pensamos negativamente e nos machucamos.
Ficamos imaginando juntos como uma compreensão profunda (não tão
facilmente atingida) dessa idéia poderia levar Renato a dizer para Carlos:
"Parece como se você tivesse sentimentos negativos e pensamentos
depreciativos que te fazem mal. É isso que você demonstra de si mesmo."
Embora ele não vá dizê-lo, é, o próprio exercício de pensar a idéia,
benéfico.
Então eu pergunto à mãe se Renato têm frequentemente pensamentos e
sentimentos negativos e auto-degradantes. Ela responde que isso
acontece muitas vezes e é muito pronunciado. Digo que isso
provavelmente significa que Renato não aceita-se, e se vê errado,
concentrando-se tão fortemente em suas falhas que permanece
inconsciente de sua riqueza humana. Este sentido negativo é basicamente
espiritual, levando a pensamentos e sentimentos de minimização. Quando
alguém agora diz algo doloroso para Renato provoca essa negatividade
nele. Provocação incluem que a atitude ofensiva da outra pessoa levanta a
consciência de seu próprio hábito de se ferir. Renato reage, rejeitando
essa consciência (como todos nós costumamos fazer), e em seguida,
suprime também ele mesmo dessa forma. Sugiro que a mãe deve falar
devagar e cuidadosamente com Renato sobre isso.
Um cliente pensionista reflete sobre a seguinte situação relacionada ao seu modo
de se magoar:
"Eu visitei um médico para obter uma nova receita para medicação de
dormir. Ele me deu um valor de apenas 100 peças, sendo que no passado
eu tenha de 200, assim como se ele não confiasse em mim e que se eu
fosse algum tipo de viciada em remédios. Me magoou. Eu fiquei com tanta
raiva que me senti mal em casa. Eu não poderia dizer nada ao médico. Foi
difícil porque eu estava tão terrivelmente irritada. Isso me fez sentir mal.
Às vezes, esse médico é negligente e escreve qualquer coisa, mas às vezes,
ele é rígido e mantém o controle. Eu não conseguia dormir nada, porque
eu estava com tanta raiva."
Peço-lhe para descrever a sua ira, e ela diz: "Foi talvez a raiva reprimida
que eu, quando no estado de depressão geralmente volto contra mim.
Tenho dificuldade de me defender, falar não quando precisa. Mal posso
ficar sozinha.(= Jag har nämligen svårt att stå på mig ?) " Peço-lhe para
descrever o sentimento da própria raiva. "Foi difícil, eu queria me livrar
dela. Eu me senti muito mal. Eu não estava em equilíbrio."
Eu continuo: "Descreva o seu senso de se sentir mal em si mesmo, a
sensação de que você não estava em equilíbrio." "Foi tão difícil e doloroso.
Mas foi bom que a raiva saiu. Ela está reprimida em mim." Eu pergunto:
"Ou você quer dizer que você sente raiva quase constante, um hábito de
reagir com raiva?" Ela pensa: "Do que isso depende?” Eu foco no objeto de
nosso raciocínio: "Devemos esquecer o que te fez ficar com raiva. Pare e
tente identificar essa raiva dentro de você. Descreva a própria raiva." Ele
continua: "É o que acontece quando as coisas não saem como eu quis."
"Você ainda se mantem na pergunta ‘por que’. Você me disse que você
começa a se sentir muito mal com esse sentimento, é, portanto, algo mal."
"É horrível, sou alguém assim tão bravo?"
Eu continuo o argumento: "Você disse que se magoou." Ela fica alegre e
responde: "Sim, realmente.” “Então, vamos supor que o médico te magoa
de propósito. Foi inteligente de você se magoar?" "Não, assim só nos
fazemos nós mesmos mal." "Mesmo que o médico queria te machucar de
propósito, não tinha nenhum ponto você se machucar, quer dizer, se ferir
com palavras estúpidas de outra pessoa." "É isso mesmo, em princípio,
não há nenhuma razão para ferir a si mesmo."
Eu confirmo: "Você está ciente de que não é aconselhável usar palavras
estúpidas de outras pessoas para se machucar." "Isso eu provavelmente
fiz muitas vezes. Mas eu me pergunto se o médico ficou ferido quando eu
chamei ele de tu em vez de senhor. " Eu pergunto: "Se ele ficou ferido, foi
sua culpa?" "Não, não foi." Eu continuei: "Se alguém se senti ofendido
quando está sendo chamado de tu, a responsabilidade disto é da propria
pessoa. Mesmo se você quisesse ofender ele, você não tem um controle
remoto para controlar os sentimentos dele.” Ela dava uma risada e fica
refletindo sobre isto.
Depois de um tempo, eu continuo: "Existe pessoas que tentam ofender
os outros, e pessoas que tentam não ferir os outros." Ela fica feliz: "Eu
tento não machucar os outros.” Eu continuo: “Mas, se pensarmos sobre
isso , não é ambos os lados neuróticos? Não é sensato tentar ferir ou
tentar não ferir. Não é o suficiente tentar ser sempre amável? Dessa
forma, não precisamos tentar não ferir o outro." "Assim é, realmente."
"E se você tenta não ferir o outro, você carrega em sua mente a intenção
de fazê-lo. Normalmente, uma pessoa que facilmente se magoa faz todo o
possível para não magoar os outros. Mas o que alguém faz em si mesmo,
em sua mente, o faz para os outros. Você ofende facilmente a si mesmo e,
em seguida, você o faz também com os outros, mas você tenta de todas as
formas esconder essa consciência e, portanto, você se mostra de uma
forma ossificada e insinuante. Esse problema você descreveu da última
vez." "É assim que é. Mas eu sou assim? Eu não quero ser." "Você não
precisa agir assim. Você aceitando a sua dificuldade e consciência dela,
você pode gradualmente libertar-se dela. Que agora você está lidando
com este assunto é uma expressão forte de honestidade e amor em você.
É a sua essência como ser humano."
3.3 COMO LIDAR COM O ESTRESSE
3.3.1 O ser humano é um todo
Quando uma pessoa fica doente vemos ela normalmente como uma vítima de
seus sintomas. Muito raramente consideramos olhar mais de perto como o
paciente com a sua atividade mental têm ajudado a ficar doente. Pode-se falar em
tabagismo, consumo excessivo de álcool, falta de exercício, má alimentação,
estresse no trabalho ou herança. Mas como a ansiedade, introversão, vergonha,
amargura ou agressão provoca doença física fala-se raramente.
Somos, um todo mental, social e físico. Todos os fatores afetam uns aos outros
intensamente. Cuidados de saúde, que se concentram apenas na parte orgânica
(somática) do ser, representam um grande risco de uso excessivo de
medicamentos e cirurgia, onde você quer eliminar os sintomas. A causa da
doença pode ser em grande parte relacionada a situação sociais da pessoa,
injustiças, e em sua forma de reagir mentalmente com a situação e a vida em
geral.
Nós todos sabemos que as emoções afetam o corpo. Pacientes cardíacos são
instados a evitar tornarem-se irritados ou chateados. Da mesma forma que
também alertam aqueles que têm pressão arterial alta. Eu li um estudo médico
que descobriu que 25% daqueles que são prescritos medicamentos para pressão
arterial o são de forma errada. Quando a pressão arterial é medida no médico, o
paciente sente tensão, o que aumenta a pressão arterial. O artigo recomenda
fazer a medição da pressão arterial em casa.
Todo mundo sabe que efeitos físicos imediatos o medo tem. Ele é expresso em
seu rosto, as mãos tremem, e o estômago revira. A raiva afeta todo o corpo, os
músculos tencionam, a respiração torna-se mais rápida e o coração bate forte.
Um pode se estressar tanto que fica doente, enquanto o do lado faz o mesmo
trabalho e não sente estresse nenhum. Um médico experiente, que trabalha em
um centro de saúde me disse que a maioria dos visitantes nem precisam
realmente de um médico, mas explicitamente cuidados psicossociais.
Por que não levar em conta quaisquer fatores psicológicos, quando as pessoas
ficam doentes, como parte integrante dos cuidados da saúde? Uma razão
provável para isso é que você não quer culpar o paciente. Um paciente sente-se
frequentemente culpado de sua doença e, portanto, se sente desconfortável.
Culpar e julgar não ajuda ninguém, claro, isso é rejeitar a consciência e ampliar
os problemas. É importante aceitar e estar ciente da culpa, como de toda
atividade emocional, como é um sinal de alarme. Se aceitamos a culpa, torna-se
possível considerar qualquer fator mental relacionado com a doença ou se o
sentimento de culpa é apenas uma culpa neurótica por si só.
Se fatores psicológicos fossem levados em conta, as pessoas começariam a
pensar em si e como trabalhar suas emoções, eles sentiriam sua liberdade e
responsabilidade pela sua saúde. É muito raro. Muitas vezes, é vivido como um
pensamento de indução de culpa. O presidente da Associação Médica finlandesa,
Heikki Palve, diz que o problema é como fazer o indivíduo assumir a
responsabilidade por sua saúde.
Outra razão pode ser que uma grande parte da necessidade atual de cuidados
médicos, provavelmente desapareceria se as pessoas cuidassem de sua vida
emocional, e desenvolvessem um sistema social que é compatível com os valores
humanos.
Psicosomática é um ramo da ciência que investiga como a psique afeta o corpo.
No latim soma significa corpo. O stress é um dos mecanismos de defesa do
organismo, e é ativado quando o homem toma consciência de perigo ou ameaça.
Mas nos estressamos também quando não há nenhum perigo. Fazemos isso ao
ponto que medo e excitação é um prazer que nós pagamos por. Nós vamos ao
cinema para vivermos na violência de um filme de suspense, mas apreciamos o
stress na segurança.
Quando estamos apaixonados, nos preocupamos ao ir ao encontro do objeto de
nossas afeições, em vez de simplesmente ficarmos felizes e contentes.
O estresse provoca alterações no organismo, o coração bate, os pelos levantam,
a respiração torna-se mais rápida ou paralisada, os músculos apertam, as mãos
tremem e suam, você tem que correr para o banheiro...
Medicina placebo é um exemplo de como a mente afeta as funções do
organismo. O paciente acredita que está tomando medicação, mas, na verdade, é
uma preparação de controle ineficaz. Normalmente grande parte dos pacientes
do grupo placebo diz que os sintomas sumiram durante o período experimental.
Certamente alguns efeitos de todas as terapias psicossomáticas tem, nesse
sentido, efeito placebo. Quando ficamos doentes, muitas vezes tentamos
primeiro sarar em casa, mas se não nos tornarmos saudáveis, cansamos e
decidimos fazer uma consulta com um médico. Mas um dia antes da visita ao
médico nos recuperamos. Quando uma pessoa aceita que precisa de ajuda, ela se
acomoda e deixa de lutar contra a doença. Se tomarmos uma conduta de
aceitação da doença humildemente, ajuda na recuperação. Alivia a exigência de
ficar saudável, o estresse diminui e a funções do organismo é equilibrada. Mas se
for tomada a atitude de desespero, é um sinal de uma atitude estressante e
negativa, uma atitude de vítima. As pessoas se curam mais fácil se não lutarem
contra os sintomas, mas aceita-os e a consciência deles, agindo de maneis que
achar mais sábio. De modo geral, procurar ajuda é agir com humildade e, assim,
carinhosamente.
O filósofo francês Voltaire (cujo verdadeiro nome era François-Marie Arouet,
1694-1778) escreveu: "A prática da medicina é divertir o paciente enquanto a
natureza cura a doença." Roberto Giraldo, um médico colombiano que se
especializou em doenças auto-imunes, descreveu sua missão médica como um
esforço para fortalecer o saudável para que ele seja capaz de curar os doentes.
A doença é um sintoma. Não custa nada pensar sobre suas próprias atitudes e
hábitos emocionais que podem ajudá-lo a sentir-se mal e ficar doente. Somos
seres psicossomáticos. Funcionamos em nível físico e metafísico, onde a
metafísica é a base da física. O ponto de partida da saúde física é, portanto, o
equilíbrio metafísico. Os sintomas são sinais de alarme, e é importante aceitá-los
e senti-los. Também é importante considerar do que eles dependem. Isso não
significa que você também não pode ou deve cuidar da doença clinicamente.
3.3.2 Estresse saudável e neurótico
Normalmente, você fica consciente do seu estresse com esses tipos de situação:
- Você tem muita coisa para fazer
- Sua mãe, professor ou o chefe, culpam você
- Alguém age intimidando-o
- Seu filho enrola para se vestir na pressa, de manhã
- Alguém dirige devagar na sua frente e você não consegue ultrapassá-lo ou
quando você escolhe uma fila do caixa e as outras avançam mais
rapidamente
Em uma situação que de alguma forma sente ameaçadora começa com um
sentimento de ansiedade, medo ou raiva. O sentimento de estresse controla os
processos fisiológicos através do sistema neurológico.
Os níveis de estresse aumentam quando você tem que trabalhar de forma
muito eficaz ou quando é ameaçado. Cada situação na vida, seja ela de sair da
cama de manhã, escrever um teste, tomar um vôo ou se deitar para descansar,
está associada a uma necessidade particular de fazer algum esforço. Pode-se
falar de um nível ideal de stress. Se alguém se esforçar demais ou muito pouco
ela funciona desequilibradamente e seu desempenho é prejudicado.
As pessoas podem se relacionar equilibradamente ou de modo neurótico a
um fator estressante. Quando a definição não corresponde à necessidade real,
ela reage com menor ou maior tamanho de estresse. É um estresse doente, um
sintoma de desequilíbrio mental.
Um dos primeiros pesquisadores do estresse, Hans Selye (médico húngarocanadense, 1907-1982), usou o termo estresse para descrever a exaustão física.
Ele desenvolveu a teoria da síndrome geral de adaptação e as doenças
relacionadas. Se a reação de adaptação de um indivíduo é muito forte ou muito
fraca, leva a doenças de vários tipos. A síndrome de adaptação geral é ativada
quando uma pessoa sente que está em perigo.
Na primeira fase do stress começa a chamada reação de alarme, é quando o
sistema nervoso simpático é ativado pela ansiedade, medo ou raiva, para
fortalecer a capacidade de se defender contra o perigo que se aproxima. A
medula adrenal começa a secretar adrenalina e noradrenalina. A função da
adrenalina é despertar as forças reservas do organismo para uma resposta
rápida e eficaz - lutar ou fugir. O coração bate mais rápido, o baço contrai para a
soltar glóbulos vermelhos no sangue, o fígado libera o açúcar armazenado nos
músculos, a respiração torna-se mais violenta, a circulação sanguínea se
concentra nos músculos e no cérebro, as pupilas se dilatam e sentidos ficam
aguçados.
Se a situação de perigo é prolongada organismo começa a se preparar para a
fase de defesa.
O centro de atividade do organismo é movido da medula adrenal para o córtex
supra-renal e para glândula pituitária. O hormônio mais importante nesta fase é
ACTH. Agora as atividades hormonais não são mais só boas para a resistência do
organismo, elas interferem também na secreção da tireóide-, sexo- e hormônios
de crescimento e causa úlceras no estômago e intestinos.
Se o stress continua organismo passa para a terceira fase, a fase de exaustão,
quando o corpo torna-se suscetível a todo tipo de doenças, dores musculares,
inflamações, distúrbios hormonais e homeostáticos e doenças auto-imunes, tais
como câncer, diabetes e reumatismo.
Como a pessoa contribui para ela própria ficar doente? Se ela come pouco
saudável, move-se um pouco, fuma, bebe álcool, drogas, descansa muito pouco
(ou muito) ou não aproveita a vida, então ela vive em uma forma que poderia
deixá-la doente. Outro fator é estar constantemente preocupado, triste ou com
raiva. Tais padrões de comportamento prejudicam a saúde.
Estar doente é muitas vezes um processo longo, com muitos fatores
trabalhando juntos. Pode começar com um pequeno problema de não querer
estar consciente. Não ouve o sinal de alarme do organismo ou da psique, adoece,
cuida de sua doença, principalmente eliminando os sintomas, fica bem, até que
os sintomas após um tempo retornam ou procuram um novo lugar no corpo ou
na psique. A causa dos sintomas não são tratados, e com o tempo o problema
cresce e tornar-se cada vez mais difícil. O diagrama na próxima página descreve
isso.
Hipócrates (cerca de 460-370 a.C.), que ainda é considerado como o pai da
medicina ocidental, acredita que saúde é a harmonia interior do homem e a
harmonia entre ela e a natureza. Ser saudável significa estar consciente do seu
desequilíbrio e tentar viver de acordo com as leis da natureza.
Todas as pessoas ficam estressadas por um ambiente social onde a competição,
a ganância, o egoísmo e exigências estão em constante crescimento. Isso leva as
pessoas a adoecerem, mesmo que o bem-estar material possa crescer. Seria
suficiente se todos se sentissem responsáveis pelo bem-estar do outro e se
solidariedade fosse um objetivo comum da sociedade.
Fatores que nos fazem doente
- Deficiências genéticas
- As toxinas ambientais
- Má alimentação
- A inatividade física
- A injustiça no sistema social e no coletivo
- Desequilíbrio das pessoas próximas
- Campos de energia negativa
- Desequilíbrio mental; atividade espiritual e emocional negativa

Sintomas emocionais
- Ansiedade, incerteza
- Depressão
- Medo, fobia
- Ressentimento, culpa, atitude de vítima
- Raiva, ódio

Sintomas Comportamentais
- Solidão, o isolamento
- Transtornos alimentares
- Atividade em excesso/passividade
- Dependência
- Destrutividade e auto-destrutividade

Doença
- Mental
- social
- Física
Uma reação baixa, é quando se reage com uma atitude evasiva, não querer
tornar-se consciente do perigo ou dificuldade, não se permitindo tomar
consciência da própria capacidade de resolver o problema, negar a capacidade
de agir, torna-se excessivamente ansioso e com medo. A reação saudável é reagir
com o estresse praticamente ideal, aguçar os sentidos, esforçar-se de acordo com
as necessidades e recursos, estar atento e se adaptar à realidade. Uma reação
exagerada é quando se espera ou exige algo nada razoável de si mesmo ou dos
outros, querer o perfeito, ter exigências ilimitadas ou criar fortes ameaças,
desastres, consome enorme quantidade de energia e te deixa acabado.
Como se relacionar com excesso de trabalho e com constantes exigência do
outro? Ou quando, periodicamente acontece mudanças na organização e no
método de trabalho? O maior perigo é a atitude de vítima. Quando uma pessoa
reage fortemente negativa sobre seus problemas é porque não quer estar
consciente deles. Em vez disso, ela luta contra sua consciência, contra si mesma.
Ela não tenta se ajustar, mas exigi realizar o seu trabalho tão bom quanto antes.
Ela não leva em conta a falta de recursos e não adapta seu comportamento a eles.
O trabalho se torna algo que ela se força a fazer. Tudo tem a sensação de
prestar serviços: mesmo as tarefas domésticas e na pior das hipóteses até
quando vai se deitar. Dormir pode se tornar uma exigência, uma prestação. Ela
reclama e critica e deixa crescer o descontentamento, talvez a amargura. Ela
culpa seu local de trabalho e também cria um sentimento de culpa dentro de si
mesma. Ela exige soluções e se sente impotente. Ela fica entediada e se sente
fraca. Ela permite que a sua atitude de defesa e ataque cresça e projeta o perigo
na situação de trabalho. Ela não ouve o alarme do corpo e da mente, mas suprimi
a consciência de seus sintomas. Ela se estressa destrutivamente. Ela adoece e fica
esgotada (burn-out).
Uma vez que você já se cansou bastante, é difícil de recuperar-se. É
atravessada a linha entre o real e o irreal, como na psicose. É importante aceitar
a consciência dos sintomas, para mudar sua abordagem e agir de modo prático
para evitar um colapso.
A outra opção é aceitar a consciência da falta de recursos e planejar seu
trabalho em conformidade. Ela ainda faz o seu melhor, como no passado, mas
percebe que não se faz uma hora de trabalho em meia hora. Ela faz uma
estimativa de suas funções e coloca-os em ordem de prioridade. As tarefas
pequenas ela deixa para fazer depois, o resto faz com mais rapidez, o que afeta a
qualidade. Ela está ciente de que isso trará problemas no futuro. Por isso ela
talvez resolve escrever um relatório detalhado sobre a sua situação, em que ela
descreve seu trabalho e quais as possíveis consequências que a escassez de
recursos terá. Ela envia o relatório ao seu superior. Ela não se queixa, criticar ou
exigir nada nele. No final do relatório, ela pergunta se o chefe tem conselhos ou
ajuda a oferecer. Ela não espera por uma resposta, a intenção principal é passar a
responsabilidade para cima na organização.
Se o estresse é forte e dura muito tempo, é claro que prejudica a saúde. O
estresse é mentalmente, fisicamente e energeticamente exigente. Uma pessoa
cansada age nervosa, na auto-defesa, destrutiva. O processos fisiológicos do
organismo no sistema neurológico, hormonal e imunológico sofre e é ferido, até
mesmo ao ponto que o organismo começa a trabalhar contra si mesmo.
3.3.3 Querer é se estressar
Se a palavra estresse é interpretada de modo que significa qualquer esforço,
descansar é o oposto do estresse. A vontade de agir, sobreviver, os esforços para
mudar a situação, o desejo de simplesmente fazer algo, dão luz a uma
necessidade de esforço. Se você quer muito faz muito esforço. A vida é energia,
mudança, adaptação, tensão - estresse. Nas situações que você enfrenta, você usa
sua força de seu próprio jeito, com a sua vontade. Você se estressa portanto,
tanto quanto você quer, independente se for sobre a carga de trabalho, morte ou
prestes a ir para a cama. A vontade é o acelerador do homem.
A resistência também é uma vontade. Se o trabalho e responsabilidade são
associados a algo negativo, a exigências e restrições, aumenta a resistência. As
pessoas sempre reagem negativamente a coerção. Ela não quer agir, mas tem
que, o que dá origem a um conflito interno. O consumo de energia aumenta:
usam a energia para a resistência, em seguida, para superá-la e, finalmente, para
cumprir a missão.
O entusiasmo libera energia, ele abre os canais de energia. Esta energia é a
energia da vida metafísica, não como as produzidos pela nutrição. A resistência
no entanto, entope o fluxo de energia, o que faz você rapidamente se cansar.
Rejeição da consciência é talvez a forma mais comum de resistir, a entupir o
canal de energia. Uma abordagem aberta em termos de conscientização significa
canais de energia abertos. Usar o desejo é escolher constantemente, é evidente a
partir dos valores que a pessoa cria e desenvolve individualmente e nas sua
atitudes espirituais e emocionais.
Nós reagimos de forma diferente ao estresse. A quantidade de estresse
depende da situação que nos encontramos e da maneira como o conduzimos.
Como não existe um único ser humano perfeito, nossa atitude nunca é muito
equilibrada. Isso significa que estamos sempre em certa medida criando estresse
desnecessário com nossas inibições, incluindo a censura, a idealização, buscando
a perfeição, inveja e ilusões. Uma pessoa pode ter o hábito de criar e manter um
nível razoavelmente alto de estresse sem motivo real e torna-se, portanto,
dependente psiquicamente e fisicamente dele.
Não é difícil se sentir estressado em um local de trabalho com os seguintes
problemas:
-
Trabalho demais, poucos recursos, mudanças constantes
Uma atmosfera psicossocial de culpa e condenação, mentalidade de
vítima
Organização obscura, fraca gestão
A falta de resposta positiva
Não poder participar da tomada de decisões importantes
Não ter direito aos frutos de seu trabalho
Fofoca, ciúmes, disputas de poder
Química pessoal pobre
Salários baixos
A ameaça de desemprego, a mentalidade competitiva
O trabalho sem significado
A quantidade de estresse é determinada pela forma como você se relaciona com
esses problemas e quão forte é sua vontade.
Gerenciamento do estresse neurótico é baseado principalmente em autoconhecimento. É importante identificar os sintomas que sentimos em nós
mesmos, tais como fadiga, frustração, insatisfação, sufocante bondade, raiva e
amargura. Na medida em que a sua atividade emocional não é útil quando o
problema for tratado, ela é neurótica e prejudicial.
Um cliente que estava muito estressado ficou aliviado quando ouviu a
seguinte interpretação: “Você se esforça o tempo todo para ser alguém
que não é. Quem você realmente é, é muito melhor que quem tenta ser.“
ESTÍMULOS EXTERNOS E RESPOSTAS PARA ELES
Quando uma pessoa percebe e descobre, por exemplo, oportunidades, desafios e
ameaças, sua reação vai da ação interna para a atividade mental espiritual,
emocional e até mesmo intelectual. Ela relaciona-se com a observação por
permitir ou negar a consciência. Isso depende de suas reações no nível fisiológico
e social.
ACCEACEITAR A CONSCIÊNCIA
NEGAR A CONSCIÊNCIA
+ interesse, entusiasmo, preocupação
moderada, assustado ou irritado
+ usa habilidades de observação,
julgamento e criatividade
+ trata as oportunidades ou problemas
de forma equilibrada
REAÇÃO E AÇÃO
+ ação construtiva centrada na
colaboração
RESPOSTA FISIOLÓGICA
+ equilíbrio neurológica, hormonal e
imunológico
- negativo, evasivo
- ansiedade excessiva, medo ou raiva
- exige capacidade de observação,
julgamento e criatividade
- não quer tratar do problema ou da
oportunidade
REAÇÃO E AÇÃO
- age de uma forma que impede e
destrói realizações e cooperações
RESPOSTA FISIOLÓGICA
- estresse excessivo, tensão muscular,
doença
ATITUDES DE ESTRESSE
As atitudes de estresse dão diferentes sintomas nas pessoas chamadas fraca e
nas fortes. O esquema de ambos lados demonstra isso.
ATITUDE DE ESTRESSE
Censura ( negação da
consciência)
Perfeccionismo
(excessivamente
consciencioso, exigente,
crítico
Uma pessoa “forte”
exagera, se vê como
importante
Nervoso, bravo
Desapontado, agressivo,
insuficiente
Uma pessoa “fraca” se
subestima e se nega
Ansioso, com medo,
nervoso
Desapontado, com medo,
bravo, desesperado,
querendo agradar
Megalomania (exigências
ilimitadas)
Idealização
(eufemisticamente)
Vontade de competir, na
velocidade máxima,
insuficiente
Agressividades, vontade
de competir,
destrutividade, paranóia
Desapontado, bravo,
agressivo
Projeção (ver suas
próprias falhas no outro)
Agressivo, invasivo,
paranóico
Inveja (atitude negativa, a
ganância, a insatisfação)
Sem poder, com medo,
bravo, desapontado
Destrutividade e autonegação escondida,
paranóia
Desapontado, raiva
escondida, com medo,
querendo agradar
Com medo, atitude de
vítima, de defesa,
paranóia,
3.3.4 Os sintomas são sinais de alarme úteis
Sintomas de estresse são sinais de alerta. Um sintoma é sinal de que o seu
sistema de alarme funciona, e isso é bom. Seja grato por isso. Sintomas lhe dão
informações valiosas e úteis. Quanto mais cedo você prestar atenção aos seus
sintomas de estresse, melhor. Sinta-se e esteja ciente de seus sintomas com
interesse e respeito. Influencie os estressores externos e tente se tornar
consciente de sua atitude de estresse.
Abaixo está uma lista de sintomas físicos e psiquicos comuns.
PSIQUICOS
Ansiedade, Medo
Tensões
Irritação
Nervosismo
Amargura
Apatia
Dificuldade De Concentração
Introversão
Baixa Auto-Estima
Medo De Perder O Controle
Desolação
Isolamento
Transtornos Alimentares
Diminuição Do Desejo Sexual
Depressão
Fobias
Doenças Mentais
Burnout
FÍSICOS
Balança A Perna
Estala Os Dedos
Palpitações
Hiperventilação
Problemas De Pele
Resfriados
Infecções
Pescoço Tenso, Músculos Tensos
Distúrbios Menstruais
Dor No Peito
Hipertensão
Azia, Úlceras
Dor Nas Costas
Metabolismo Perturbado
Anormalidades Na Produção Hormonal
Enfarto Do Miocárdio
Aterosclerose
Doenças Auto-Imunes (Câncer,
Doenças Reumáticas, Diabetes)
Examine seus sintomas e elimine suas causas no sentido tanto exterior como
interior: faça o possível para reduzir os estressores externos e esteja consciente
de sua atitude de estresse.
A consciência de como funcionamos internamente são equilibrantes e curam. O
aumento da auto-consciência reforça a sua fé na vida e seu equilíbrio mental
melhora. Desta forma, você irá desenvolver seu senso de encarar as pressões
reais e de prevenir e se livrar do estresse doente. Ao mesmo tempo, você sente
que o contato com suas habilidades de observação, criatividade e energia foram
reforçadas. Você talvez também começa a participar de trabalhos a longo prazo
que fazem o seu coletivo mais justo e protege a natureza. Isso ajuda você a livrarse do egocentrismo e abrir os canais de energia.
3.3.5 Processo de como lidar com o estresse
PARA COMEÇAR
Pare. Tome tempo, faça uma pausa ou tome um período vago. Tente desenvolver
tolerância para reconhecer os sintomas. Sinta-os e fique consciente de seus
sintomas, sem tentar se livrar deles. Respeite-os e se dirija com humildade para
eles.
Pense e analise quais os fatores externos que têm aumentado o seu stress, e em
que grau. Faça uma pequena lista deles, em ordem de importância. É suficiente
mostrar só o pico do iceberg. Tente deixar de lado suas demandas por soluções
rápidas.
Use seu bom senso e criatividade para elaboração de um plano de medidas
práticas que possam aliviar ou eventualmente solucionar o problema. Tente
adaptar-se conscientemente a aquilo que você não pode influenciar.
Fale sobre seus problemas com seus amigos. Procure ajuda, se necessário.
Programe um tempo para descanso, prazer e alegria.
PRESTE ATENÇÃO NO CORPO
Respeite seu corpo, pelo menos tanto quanto o um bom cavaleiro cuida de seu
cavalo. Coma saudável. Evite o tabaco, álcool, medicamentos e drogas. Descanse
o suficiente. Faça exercício regularmente.
NO TRABALHO
Avalie suas oportunidades de negócios relacionando-as com suas limitações.
Planeje metas realistas. Desenvolva sempre seus métodos de trabalho. Planeje
com sabedoria o seu dia. Mude rotinas diárias de forma sistemática. Não deixe
coisas por fazer se você pode fazê-los de imediato, mesmo que de modo um
pouco negligente.
NO TEMPO LIVRE
Gaste tempo com seus entes queridos e amigos. Reserve tempo para atividades
agradáveis, desenvolva seus interesses. Participe em diversos eventos culturais
(música, literatura, arte, ciência, espiritualidade ...) e aprecie a beleza da natureza
onde quer que você esteja.
Participe no desenvolvimento da comunidade e da sociedade. Participe de
atividades de ONGs, que vão ajudá-lo a ampliar seus horizontes e a se concentrar
no exterior.
FIQUE CONSCIENTE E CUIDE DE SEU INTERIOR
Tente permitir a si mesmo estar consciente de seus vários sintomas emocionais
(como ansiedade, medo, raiva, tristeza, desespero, culpa).
Tente desmantelar o poder que você tem dado aos problemas. Desenvolva a
sua tolerância.
Esteja consciente das coisas que podem causar estresse prejudicial em você.
Considere as seguintes atitudes possíveis (inibições) sobre você:
-
Impaciência, intolerância
Atitude excessivamente crítica e exigente
Idealização de si mesmo e dos outros
Resistência à consciência levantada por meio de identificação: quando
você em uma situação ou por meio de outra pessoa recebe uma
consciência sobre si mesmo que você não quer (espelhamento mental)
Reação negativa às oportunidades ou qualquer coisa que é boa, por
exemplo, a alegria e sucesso do outro (Inveja)
A maneira de constantemente olhar criticamente para si mesmo, de forma
injusta a se culpar ou por manter um sentimento injusto de vergonha
A maneira de se sentir responsável por tudo, a tendência para assumir
todo o trabalho, a maneira de controlar tudo (atitude exigente, autoidealização)
A forma de alimentar emoções negativas e criar crenças baseadas nelas,
como doenças, acidentes e desastres (inveja).
Se você aceita a consciência dessas atitudes e hábitos mentais e assume a
responsabilidade por eles, o ajuda a agir de uma forma mais equilibrada e a se
direcionar para fora. Você se sente aberto e o fluxo de energia em seu trabalho
melhora. Desenvolva o hábito conscientemente de observar e avaliar a riqueza
da vida. Treine planejadamente tais atos que despertam os sentimentos de
generosidade, humildade, curiosidade e gratidão em você.
COMO GERENCIAR UMA ATMOSFERA TENSA E NEGATIVA NO COLETIVO DE
TRABALHO
Faça em um papel um plano de negócios o mais claro possível. Se possível, leve
os seus colegas em conta. O plano pode, por exemplo, ser parecido com este:
1. Ajude a si mesmo. Observe e identifique seus próprios estados emocionais,
tais como frustração, insatisfação, desespero, amargura.
Se você perceber que seu estado emocional é negativo, pense nisso: Você está
tentando mudar a situação mais rápido do que é possível (impaciência)? Você
idealiza, você espera que, por exemplo, seu colega de trabalho faça o trabalho
dele corretamente, mesmo que você sabe que não costuma fazer isso? É possível
que essa situação aumenta a consciência de suas próprias dificuldades?
Tente não exigir uma solução.
2. Trate do problema. Recolha informação concretas, escreva uma lista.
Coloque as coisas em ordem de importância. Desenvolva e planeje propostas
para facilitar a situação. Apresente informações e sugestões para o seu
supervisor ou colega de trabalho.
3 Ajude o grupo de trabalho a lidar com o problema. Planeje uma série de
reuniões (discussão, formação), que explore o problema, mas evite exigir uma
solução.
Cada membro do grupo pode falar abertamente sobre seus sentimentos e, em
seguida, descrever a sua percepção do problema. O debate centra-se sobre as
práticas operacionais e não em indivíduos.
Desenvolva e planeje juntos propostas concretas de melhorias e possíveis
sugestões. Comece com medidas simples e práticas. Todas as situações são
oportunidades interessantes para aprender sobre a forma como as pessoas
agem.
Quando há uma atmosfera estressante no coletivo pode usar o tutorial
(capítulo 2.3).
3.4 COMO LIDAR COM A DEPENDÊNCIA
3.4.1 Ninguém quer ser dependente
Dependência significa que se desenvolveu o hábito de usar uma substância, uma
situação ou atividade em busca por algo bom, mas com consequências danosas. O
hábito torna-se uma necessidade que você não pode controlar. A dependência
pode ser psicológica ou física, muitas vezes ambos. Pode ser o alcoolismo ou a
dependência de drogas e medicamentos. Os jogos de computador e outros jogos
como roleta, jogos de cartas e bingo podem causar dependência. Também é
comum com o sexo e relacionamentos dependentes ou co-dependentes, bem
como várias dependências emocionais, como ansiedade, medo, tristeza ou raiva.
Comer demais ou passar fome pode se transformar em um hábito crônico que
destrói a saúde. Workaholism (dependência do trabalho) é como as outras
manias, um vício.
Como qualquer outro tipo de problema a dependência tem muitos fatores. Uma
pessoa expressar suas dificuldades de várias maneiras, inclusive através de
doenças físicas e doenças mentais, além de dificuldades sociais. As causas do
problema muitas vezes é do seguinte tipo:
-
A pessoa teve dificuldades sociais e afetivas especiais na infância. Como
criança, tem experimentado intolerância, agressão, abuso sexual, rejeição
ou indiferença.
A pessoa tem uma fraqueza genética. Ela pode ter herdado problemas
tanto de natureza física e mental.
A injustiça na sociedade alimenta o sofrimento humano. A vida econômica
é baseada na ganância, no individualismo, na competição, visão de curto
prazo e na exploração. Isso faz os hábitos espirituais (metafísicos) e
emocionais das pessoas e seus valores ficarem doentes.
-
Os elementos da substância ou a atividade que provoca dependência
fisiológica (drogas psicotrópicas, nicotina, cocaína, estresse ...).
Cada pessoa tem sua própria maneira de encarar as oportunidades e dificuldades
da vida. A vontade, a liberdade e a responsabilidade associada à atitude perante
a vida pode ajudar a desenvolver um vício, mas também a capacidade de se
libertar do vício.
Um vício é apenas uma variante das formas humanas de expressar os seus
problemas. Muitas vezes, também é uma tentativa de se livrar dele. Quando um
alcoólatra acorda de manhã e sente forte ansiedade e vergonha, ele tenta se
curar com o álcool.
Este texto é dirigido a pessoas que sofrem de dependência e para aqueles que
tentam ajudá-los, como seus parentes ou amigos, e profissionais na prevenção e
tratamento.
AME-ME QUANDO UE MENOS MERECER
O planejamento da abordagem para tratar a dependência, apresentado aqui, foi
acompanhado por um grupo de pessoas do Movimento De Trabalhadores SemTerra, os setores do MST de saúde e educação, e ativistas que sofrem de vício. No
fundo é também a minha experiência como supervisor, entre outros com a
equipe na cidade Kalmar, da área de abuso de substâncias, com assistentes
sociais do centro de metadona em um hospital de Nova York, com a equipe em
um jardim de infância no Harlem, onde a equipe teve um problema com drogas e
a terapia individual com clientes que sofrem de dependência ou co-dependência.
O método se concentra nos seguintes fatores:
-
-
Auto-conhecimento: conhecer a si mesmo, suas atitudes, intenções e a
forma como elas se relacionam com a riqueza humana
O conhecimento da natureza humana: conhecer seus parentes, o pai e a
mãe, como eles são, aceitando a consciência de sua base (o conteúdo da
mochila), esteja ciente de que tem a maior influência sobre sua própria
vida e não julgue ninguém
A consciência dos valores doentes da sociedade e da estrutura injusta
Acredite e tenha fé no bom em você e nos outros, acredite na beleza da
vida e da justiça universal no plano metafísico.
O meu trabalho nas escolas e assentamentos do MST inclue encontrar os jovens
durante uma sessão de terapia. Eles costumam contar suas experiências
devastadoras, como desde tenra idade foram tratados com indiferença, com
agressão, humilhação física e mental, violência e exploração sexual. Muitas vezes,
eles tentam reprimir a consciência disso fazendo seus problemas e sofrimento
crônicos.
Leonardo de 17 anos fala sobre seu pai. "Meu pai é alcoólatra, ele bateu na
mãe o tempo todo. Ele fez meu irmão sair de casa. No ano passado minha
mãe morreu. Ela me amava, o pai não se importa comigo, ele nunca me
deu nenhum conselho e nem me ensinou ética. Ele me bateu e a
autoridade de proteção à criança interveio e colocou-me com meu tio.
Sinto falta da minha mãe muito, ela me dava conselhos e carinho, me sinto
triste e com saudade. "
Pergunto-lhe o que ele sente por seu pai. "Meu pai me batia, eu passava
fome e não tinha roupa para ir à escola. Papai sempre bebia no bar, às
vezes, ele se deitava no chão ... raiva ... mas seria bom perdoar. Ele é meu
pai, o único que eu tenho. Eu deveria cuidar dele quando ele ficar velho ...
Meu avô era alcoólatra. Papai cuidou de sua família quando ele tinha 12
anos. Como 14 anos de idade, perdeu sua mãe..."
"Quando eu tinha seis anos de idade, eu fui estuprada. Eu não ousei
contar para ninguém. O estuprador era um amigo da família, cerca de 20
anos então." Peço-lhe para descrever seus sentimentos. Ela reage e diz:
"Eu não quero pensar sobre isso, fico muito irritada e quer vingança ...
Agora ele é vereador. Quando minha mãe morreu, eu tentei me matar, eu
tentei me livrar da dor de minhas emoções, me isolar do mundo. A única
maneira era me matar... " Eu peçp-lhe para continuar. "Foi estúpido. Mais
tarde, eu me perguntava por que eu faria suicídio. Foi um impulso... Aqui
no colégio todos dizem que eu não posso ficar parada, o tempo todo eu
tenho que fazer alguma coisa.”
Aderbal de 15 anos diz que seu pai é um alcoólatra e sempre fuma.
"Quando o pai não bebe, ele é o melhor homem. Mamãe é boa, ela ajuda ...
Incerteza, medo, alguém diz coisas estúpidas na minha cabeça, eles são
muitos e eles estão gritando, é insuportável. "Eu pergunto sobre seus
sentimentos. "Raiva...eu me corto, eu não posso fazer nada sobre isso, o
desespero e a raiva, tenho vontade de chorar...Quando me corto, sinto
alívio. A raiva desaparece. A dor é agradável, toda vez eu quero me cortar
mais. Tenho a mesma sensação de quando eu estou bêbado, mas ainda
melhor." Eu pergunto de que maneira. "Bebedice passa, mas isto vai durar
mais tempo, o prazer ..."
Peço-o a continuar a descrição. "É uma sensação boa, me sentia bem, isso
não acontece mais. Quando me corto sinto que as pessoas se afastam de
mim." Eu pergunto-lhe: "Será que as pessoas se distanciam de você ou é
você que está se distanciando deles e principalmente de si?" Ele responde:
"boa pergunta, isso não me veio à mente...a minha namorada Carla, ela
também tem 15 anos, é muito insegura de nosso relacionamento. Ela
sempre diz que eu estou perdendo meu tempo e minha juventude com
ela. Ela quer dizer que acha que eu não gosto o suficiente dela. Eu gosto
tanto dela que estou sempre com medo de perdê-la."
Eu tinha conhecido Carla recentemente. Além disso, ela me disse que
seu pai era alcoólatra e descreveu sua infância difícil. Carla pensa o tempo
todo em seu sentimento de culpa. Peço-lhe para descrever o sentimento.
Ela hesita e depois de um tempo ela diz: "Eu fui estuprada três vezes. Se
alguém é estuprada três vezes, deve ser culpa dela também. Não é
possível outra coisa, eu devo ter provocado esses homens..." Eu levo-a à
consciência de que o estupro é sempre e completamente só culpa do
estuprador, nunca da vítima. Ninguém tem o direito de, em qualquer
situação, estuprar ou prejudicar outra pessoa. Ela continua e diz que
todos os outros sofrimentos, o pai que bebe, as agressões, dão para
compreender mas parece impossível compreender um estupro. "Como
homem adulto molestar uma criança?"
Ao mover-se ao redor do mundo você vê crianças de rua que precisam de comida
e casa. Nas mesmas ruas que andam as pessoas economicamente sucedidas.
Muitas vezes se sente como se nós, os mais afortunado, congelamos nossos
sentimentos. Nós não temos a consciência do que vemos e temos medo de
enfrentar as pessoas pobres. Isso aumenta a consciência em nós da injustiça crua
da sociedade em que vivemos? Pode, como turista estrangeiro, olhar isso e se
enganar dizendo que o assunto não nos diz respeito?
Mesmo na escola os jovens aprendem a concorrência feroz no estudo e no
trabalho. O poder econômico é baseado em quando dinheiro (capital) se tem. O
objetivo é competir para ver quem consegue maximizar os lucros. As empresas
buscam uma organização global e uma medida de produção tão em massa
quanto possível, uma produção e consumo cada vez maior, onde os recursos
naturais e a mão de obra (humana) são apenas fatores de custo. É preocupante,
assustador e frustrante, especialmente para um jovem que ainda não se adaptou
a isso. Isso nos faz sentir alienação em relação à vida e a nós mesmos. Uma
pessoa tem muita dificuldade de entender isso em seu interior. Alguns se
ajustam e se adaptam ao sistema, outros manifestantes fogem e se opõe a tal
visão. Álcool e drogas fornecem alguma forma de alívio momentâneo, e lá se é
atraídos para o círculo vicioso. Sistemas de poder leva as pessoas à alienação e
dependência.
Uma pessoa que é dependente, mesmo que for dependente de seu salário, da
probabilidade de pagar o empréstimo bancário ou da aprovação dos outros, do
sucesso escolar ou de suas rotinas diárias, vive alienada da vida, as suas emoções
e em si mesma. Seu contato com o interior está bloqueado e, portanto, também
com o seu sentido ético e a coragem. Então, ela não é uma ameaça evidente para
quem está no poder e para as estruturas de poder e ela é facilmente manipulável
e explorável.
Nos Estados Unidos e na Finlândia tentaram, com pouco sucesso, implementar
uma proibição da venda e uso de álcool. Eu acredito que hoje estamos
cometendo o mesmo erro, mas agora em termos de substâncias entorpecentes. A
proibição é necessária para evitar atividades destrutivas, mas a proibição
restringe a liberdade e responsabilidade, ou seja, a consciência.
Ninguém quer ser dependente, ser um prisioneiro do significado interior.
Aqueles que trabalham com adictos no Brasil tentam lembrar-se do que uma
pessoa que é dependente necessita: Ame-me quando eu menos merecer. Um
finlandês que conseguiu se livrar de um forte vício quis continuar a sentença:
"Porque sozinho, ainda não o consigo fazer."
3.4.2 Compare as vantagens de dependência e não dependência
As drogas são como medicamentos com efeitos fortes e positivos. O álcool ou
antidepressivos - o que é preferível? Maconha ou pílulas sedativas? Drogas e
medicamentos psicotrópicos alteram o corpo, a química do cérebro e a atividade
da consciência.
Dependência surge, de facto, a partir da busca por algo bom. Ele não quer fazer
conscientemente mal a si mesmo (ou aos outros). Quando uma pessoa se torna
consciente de suas intenções negativas, ela não as executa. Álcool e drogas são
usados explicitamente para conseguir algo bom, significativo. O mesmo se aplica
para todas as dependências. Este poço pode ser descrito assim:
-
Senso de liberdade, alegria e euforia, prazer, felicidade quase sem limites
Alívio da timidez, insegurança, medo, ansiedade
Tudo parece possível
Mais coragem e sucesso sexual
Sensação de que todo mundo gosta de mim, todo mundo me admira, estou
muito procurado, um sentido de existência, sentimento de grandeza
Alívio da sensação de vazio e falta de sentido
É como se as dificuldades e problemas perdessem sua importância, a
sensação de que tudo está bem
O sentimento de solidão, tristeza, depressão e amargura é aliviado
O fascínio pelo fruto proibido e sentimento de ousadia
Da amigos e companhia
Tudo que inclui isso fornece significativo benefício, gozo e prazer. Às vezes nos
sentimos no paraíso. Todo esse bom as pessoas querem naturalmente ter.
Dependências de vários tipos envolvem a tentativa de alcançar o bom.
Um ser humano é consciente de seus problemas. Ele pode certamente
conseguir reprimir a sua consciência do problema na medida em que os outros
não sabem que ela está em luta interna. Porém, ele se critica constantemente e
sempre tenta parar. Ele culpa e condena a si mesmo. Se defende, explica e diz a si
mesmo e a todos tudo. Pode convincentemente provar que o preto é branco e o
branco é preto. Mas ele também se sente mal (e realmente é). Contra essa
sensação ele precisa de remédio, ou seja, álcool, nicotina, doces, se cortar, jogar,
levantar-se no trabalho, agredir... É um círculo vicioso, onde ele tenta tratar-se
com o que deu origem à dependência.
Normalmente não tentamos de fato entender um alcoólatra, uma anoréxica,
um heroinista ou um viciado no trabalho. Desejamos-lhe bem, às vezes tentamos
falar com eles, damos conselhos, às vezes o culpamos, exigindo-lhe para parar,
ameaçando consequências ou a repreendê-lo. Em nossos pensamentos culpamos
e julgamos muitas vezes, embora não tentamos mostrá-lo. Se você realmente
quer ajudar uma pessoa que sofre de um vício, ajude-o a tornar-se consciente do
bem que ele procura e recebe.
Só então você pode seguir em frente e pensar sobre o possível bem que a
libertação da dependência poderia trazer. Por exemplo:
- Ser livre para desfrutar de outros prazeres da vida
- Prazer que você recebe por ter saúde mental e física, auto-respeito e,
portanto, respeito pelos outros
- A segurança e a alegria de ter contato com a família e os parentes
- A felicidade de ser capaz de desfrutar a alegria dos companheiros
- O sentimento de coragem, iniciativa e determinação
- Conhecer a sua curiosidade pelo estudo
- Conhecer o seu poder trabalhando e recebendo uma situação financeira
segura
- Liberdade de riscos legais, judiciais
-
Para as mulheres grávidas, a possibilidade de dar à luz a um bebê
saudável
O uso de substâncias entorpecentes ou um comportamento vicioso pode ir tão
longe a ponto de tornar-lhe totalmente um escravo dele. O próprio corpo, saúde
e relações humanas não significam nada. Libertar-se da dependência significa
mudar seus hábitos, o que requer uma forte motivação. Com ameaças geralmente
não é alcançada motivação suficiente, nesse caso o problemas de dependência
nem teria ocorrido. As vantagens de ser livre do vício não é tanto em ser capaz
de evitar as consequências ruins, por exemplo. náuseas após a intoxicação, mas, a
desfrutar de algo a mais, de fato, maior do que as causas de intoxicação.
As pessoas podem ser motivados a mudar seu comportamento quando ela está
comparando duas coisas boas: o bem que dá a dependência em relação aos bem
que experimenta na vida sem o vício. As pessoas procuram o bem, mas por causa
de empecilhos e da sociedade doente, ela escolhe uma direção destrutiva para
alcançá-lo.
Uma filha de uma família que eu conheço, de 14 anos, usou as chamadas
drogas leves em um par de anos. Após a escola, ela usava um bom tempo
para ficar chapada juntamente com seus amigos. Seus pais tentaram de
todas as maneiras convencê-la a parar. A menina mentiu rotineiramente e
enganou seus pais sem pestanejar. Uma vez que ela e seus amigos foram
presos e levados para a delegacia, onde os mantiveram por algumas
horas. A intenção da polícia era assustá-los e fazê-los pensar sobre o seu
vício em drogas. Promessas foram feitas, mas nada mudou.
Então ela simplesmente parou o uso das drogas. Alguns anos mais
tarde, eu perguntei a ela o que a fez parar. Ela respondeu que estava era
tranquilo e agradável ficar alta, juntamente com seus amigos, mas, ao
mesmo tempo, ela começou a pensar em como isso a impediu de
participar em outros tipos de atividades divertidas e interessantes na
vida, como conhecer novas pessoas e participar de várias atividades,
como esportes , dança e eventos culturais. Por fim, perguntei sobre as
proibições dos pais e suas ameaças, se tiveram qualquer efeito. Ela
respondeu: "Não, nenhum, nem a visita na delegacia de polícia."
Quando julgamos, punimos e moralizamos, censuramos a consciência:
suprimimos a pessoa. Alguém que visivelmente sofre de um vício desperta em
nós a consciência da nossa própria alienação, dependência e como a sociedade
nos aliena. Temos medo dessa consciência? Será que aprendemos os
procedimentos cotidianos tão completamente que uma mudança parece
perigosa? Nós todos sofremos de que fizemos a nós mesmos tão dependente das
estruturas doentes da sociedade, que as vemos como normais. Defendemos estas
estruturas da mesma forma como um alcoólatra ou viciado em trabalho defende
seu vício.
Imagine uma pessoa que usa uma grande quantidade de álcool, mas que não é
alcoólatra. O fígado tornou-se desgastado ao longo dos anos e a ressaca mais
dolorosas, e ela teme que a ressaca moral e física do dia seguinte tanto que ela
freia o seu consumo de álcool. Não seria, também, melhor nesta situação parar
para pensar sobre o bem que dá de beber e compará-lo com o bem que a
abstinência total ou beber moderadamente pode dar, e pensar nas
oportunidades de aproveitar a vida no dia seguinte?
3.4.3 Processo individual
O processo de tratamento individual descrito abaixo é baseado em uma aplicação
de referência do método conscientia. Pode-se fazer essas reflexões para si
mesmo, mas o melhor é que você possa fazer isso com uma pessoa que se coloca
aberta para o seu problema.
1. PERMITA O PROBLEMA, ACEITE A CONSCIÊNCIA DA SUA DEPENDÊNCIA
- Se você sente que seus mais próximos fazem sugestões e identificam um
vício em você, se interesse emocionante no momento. Seja curioso e faça
perguntas sobre as suas observações e percepções. Se você está ciente de
seu vício, pare e sinta. Evite deliberadamente culpar e julgar a si mesmo.
- Pause e sinta, você sente ansiedade, vergonha, tristeza ou amargura? Tire
um tempo para aceitar a consciência de seus hábitos emocionais.
- Se possível, peça aos seus amigos para aplicar o diálogo de reforço em
você (capítulo 2.2).
2. ESTEJA CONSCIENTE DO SEU PASSADO
- Conte a história de sua vida como um todo, começando com o mais antigo
que se lembrar. Também descreva o que estava acontecendo no mundo e
em casa. Descreva seus pais ou entes queridos, e como encaravam a
felicidade e tristezas da vida.
- Faça uma avaliação pessoal do bem que você tem feito na vida. Lembre-se
daqueles que você ajudou. Descreva como você ajudou, e como eles
reagiram a sua ajuda.
- Anote no papel os sintomas que normalmente têm (ansiedade,
sentimento de insegurança, culpa, vergonha, ressentimento, medo,
tristeza, raiva...) e os sintomas físicos (ternura, fadiga, tremores, tosse, dor
de estômago, dor nas costas, doença do coração, eczema, acidente
vascular cerebral ...). Prove-os, tente aceitá-los e a consciência deles. Eles
são sinais de alarme úteis e um sinal do saudável em você.
- Conte tudo sobre o seu passado e os seus sintomas para as pessoas que
você sente que confia, seus amigos mais próximos, um estranho que você
encontrou na hora certa, ou para um terapeuta. Fale sobre o que sente
mais difícil de falar.
3. ESTEJA CONSCIENTE DOS MOTIVOS DO SEU VÍCIO
- Reflita e esteja consciente de suas riquezas humanas e empecilhos e
reflita sobre a lógica da visão humana (parte 1 e Anexo 1). Você sente que
é livre para sentir o que você sente?
- Pense em como e até que ponto você tem dedicado-se os valores da
sociedade doente e como você se tornou uma engrenagem na máquina do
sistema (parte 5).
-
Considere se você durante a sua vida pode ter abraçado atitudes
problemáticas de sua mãe, pai ou outros parentes.
Vá para trás e reflita sobre o ponto 3.3.2. Compare os benefícios.
Se você está realmente motivado para mudar a maneira de viver e
trabalhar, passar para a próxima fase, se não inicie novamente o processo.
4. PLANEJE COMO VOCÊ MUDARÁ O SEUS VALORES E COSTUMES
- Reflita sobre os valores ideais, humanos e espirituais em si mesmo e como
eles se mostram nos outros e na comunidade.
- Planeje como você, passo a passo, muda o comportamento que está
associado ao seu vício, ou tome uma decisão radical de uma mudança
imediata e incondicional. Evite tomar decisões duras. Exigências rigorosas
dificultam a execução de uma decisão.
- Motive-se para fazer a mudança, indo várias vezes de volta para 3.4.2.
Compare os benefícios.
5. PRATIQUE O PLANO DE MUDANÇA
- Explore e contemple a vida, o homem, o amor e os valores universais.
Comece a praticar o seu plano em suas tarefas diárias.
- Ajude os outros com problemas semelhantes. Pratique em grupo para
ajudar os outros a ajudar a si mesmo fora de seu egocentrismo.
- Participe no trabalho de desenvolvimento social, ou em movimentos
sociais de proteção ambiental, ou funde um movimento como esses, ainda
que pequeno. Isso irá ajudá-lo a ampliar sua perspectiva e liberta-lo para
sentir o sentido mais profundo da vida.
- Considere a noite como o dia passou, mas evite todo o tempo se
concentrar em si mesmo. Se você tiver recaídas não julgue e censure, mas
conscientemente de um passo atrás no processo. Faça um plano novo. É o
suficiente você segui-lo um dia de cada vez. Lembre-se que uma atitude
exigente impede a libertação. A modéstia é o amor.
6. AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO
- Faça, de tempos em tempos, uma avaliação geral do seu progresso, se
possível juntamente com outra pessoa.
- O processo pode ser continuado durante toda a vida.
O auto-conhecimento, o conhecimento da natureza humana e a participação
igualitária nas atividades do coletivo e da sociedade previnem e tratam a
dependência.
Uma cliente descreve seu irmão, que é alcoólatra. Ela diz que a louça de
seu irmão acumula em uma grande montanha, que uma pequena
atividade mundana pode se tornar algo grande. As tarefas diárias se
transformam em requisitos rigorosos, que ele reage com resistência. Este
conflito interno é um impedimento da sua capacidade de agir e consome
suas forças. Também dá origem a um sentimento de culpa que ela não
quer sentir.
O irmão usa o álcool como uma medicação pode aliviar a vergonha e dar
prazer. Isso funcionou algumas décadas atrás, quando o álcool o fazia se
sentir quase feliz. Agora não o ajuda mais, mas a memória da bela
sensação que o álcool deu no início ainda vive forte. Esse sentimento de
felicidade o irmão que reatar. Ele foi atraído pela possibilidade de que vai
ter sucesso desta vez. Tem de acontecer, uma vez que o fez anteriormente.
Com isso continua suas tentativas para alcançar artificialmente o bemestar e ele se torna cada vez mais frustrado. Enquanto cresce a
necessidade de medicamentos, álcool e o fecha círculo vicioso se fecha.
A irmã diz que o irmão se reduz a um nada. Anteriormente, o álcool lhe
deu um forte senso de existência, mas agora funciona de maneira oposta.
Mas a lembrança da sensação agradável é forte, forçando-o a tentar tê-la
novamente.
A irmã conta quantas vezes tentou fazer com que seu irmão entendesse
que ele está destruindo sua vida com a bebida. Sugiro que na próxima vez
que ela for capaz de falar com o seu irmão tente falar sobre os bons
efeitos do álcool, como ele ajuda e torna mais fácil sentir auto-confiança e
entusiasmo. Ela deve pedir a seu irmão para explicar em detalhes
exatamente todo o bem que beber deu e ainda dá. Se o irmão levantar
qualquer ponto negativo, ela vai pedir-lhe para voltar e se concentrar em
descrever os pontos positivos. As conseqüências negativas do consumo de
álcool, ele é bastante familiarizado com. Ele acusa e condena a si mesmo.
Ele censura a sua consciência e, assim, reduz-se. Faz-o incapaz de avaliar
as suas opções.
3.4.4 Autoconhecimento por meio de grupos de apoio mútuo
Um grupo de apoio para pessoas que sofrem de dependência é uma ótima
maneira de auto-conhecimento e conhecimento do coletivo. O grupo também
pode ter membros que são co-dependentes, ou outras partes interessadas. Um
grupo heterogêneo tem uma perspectiva mais ampla e uma base mais ampla.
Participe de algum grupo que já funciona ou tome iniciativa e comece um novo
grupo para algumas pessoas. Concordem sobre a finalidade do grupo, a
cooperação e um calendário adequado. As sessões podem ser, por exemplo cerca
de duas horas e o conteúdo pode ser planejado de modo a que os passos
seguintes são incluídos:
1. A reunião começa. Os participantes decidem sobre as modalidades
práticas. Em seguida, alguém reflete rapidamente sobre uma parte
selecionada das referências do método conscientia (idéias básicas sobre
os seres humanos, as riquezas humanas e empecilhos). Pode também
assumir a forma de um poema, um pequeno teatro, desenhos ou alguma
alternativa similar, sob a forma de meditação ou um ritual que evoca
reflexão, espiritualidade, dependendo de como o grupo quer. O grupo faz
uma breve discussão sobre o tema.
2. De acordo com o programa planejado conjuntamente um dos membros do
grupo fala o tema do dia. Ele reflete sobre e discuti-os, talvez em meia
hora. Temas que você pode ter, por exemplo:
- O que é o ser humano? Qual é o sentido da vida?
-
O que é responsabilidade e liberdade de sentimentos e ações?
Como você reage à ansiedade, vergonha e culpa?
Por que e como as estruturas de poder levam o homem ao vício?
Como podem os membros do grupo fortalecer as riquezas
humanas?
Qual é a maior satisfação ou benefício que recebi de dependência?
Somos vítimas de nossas emoções?
Por que é tão difícil amar?
Você já sentiu profunda injustiça? Como você se relaciona com ela?
Como a inveja afeta os valores da vida?
O que te faz reverenciar outra pessoa?
Como você se torna consciente da censura, inveja, perfeccionismo
e a megalomania em seus pais e entes queridos? Você se vê no
espelho?
Como diferencia o prazer e felicidade um do outro?
Quando você sente felicidade?
Existe espiritualidade? O que é espiritualidade?
Qual é a estrutura social ideal? Como isso afetaria a vida mental
humana?
Não se busca uma unidade quando o tema do dia é discutido. A intenção é
simplesmente apresentar as várias emoções e opiniões, ouvir os outros e
explorar as coisas juntos.
3. Na parte de sobre o auto-conhecimento, os membros do grupo refletem
sobre o seu estado emocional, param e falam como se sentem. Se evita
falar sobre possíveis "razões" para seus sentimentos, mas sim sobre o
sentimento real. Então alguém pede para ser o sujeito em questão ou a
qualquer outra pessoa para ser.
Essa pessoa diz primeiro sobre si mesmo, seus antecedentes e sua
situação de vida. Ela descreve seus sentimentos e percepções, e as suas
eventuais observações espirituais. Ela pode descrever em que estado
energético que ela parece estar. Ela pode, por exemplo, dizer o que fez no
passado recente e o que ela experimentou com diferentes pessoas. Ela
descreve o bem que a dependência da a ela.
O outro faz perguntas para aprofundar a compreensão e a consciência
do que surgiu. O grupo deliberadamente evita qualquer crítica, conselho e
sugestão para uma solução. Um dos participantes em suas próprias
palavras repete o que a pessoa acabou de dizer, e refletir sobre
semelhanças em si mesmo.
Os outros membros do grupo podem continuar falando sobre seus
sentimentos e experiências.
O objetivo principal da parte auto-consciência é desenvolver tolerância
quando se trata da consciência de sentimentos e emoções, e aumentar a
consciência das riquezas humanas (Capítulo 2.2 Diálogo de Reforço). A
partir deste ponto de partida, é quase por si só, tornar-se consciente dos
empecilhos.
Os participantes discutem os benefícios e alegrias da dependência e sua
alternativa, a independência. Se a motivação pela independência cresce
forte levantam juntos idéias sobre como os processos podem ser
alterados. As ideias, a pessoa que era o assunto, pode mais tarde
transformar em um plano prático.
4. Finalmente quem liderou o encontro faz uma conclusão do que foi
levantado. O encontro pode terminar com qualquer contemplação
emotiva, filosófica ou espiritual, ou cerimônia de saudação.
O conteúdo das sessões podem ser desenvolvidas no sentido do processo do
grupo, como descrito no capítulo 2.5.
O próximos do adicto, por exemplo, membros da família, amigos, colegas,
professores e supervisores têm uma posição importante na ajuda. Tome a
iniciativa, se você é capaz de fazê-lo, e não espere por alguém para fazê-lo. Se não
fazer nada, você vai se arrepender disso mais do que com qualquer fracasso. A
falha só é possível se você precisar que a tentativa seja bem sucedida. Tente,
portanto, não ter sucesso, mas aja tão sabiamente quanto puder.
Quando uma pessoa está sofrendo de um grave vício, ela precisa de outras
pessoas e da ajuda do coletivo para ser dirigida em uma atividade significativa e
intensa, em uma estrutura social justa. A forma de tratamento pode, por
exemplo, incluir uma comunidade terapêutica, cujo corpo é composto de
diversas atividades diárias de uma organização inclusiva (Capítulo 2.6 A
comunidade terapêutica).
As pessoas querem o bem, mas no vício procuram-o de forma prejudicial. Por
isso, um dos objetivos importantes do tratamento é aprender a fazer o que não
queremos. Dessa forma, você pode esmagar o poder dado à dependência, as
energias negativas e desenvolver novas maneiras de alcançar a verdadeira
felicidade e significado na vida.
Eu estava em uma viagem de férias com a minha filha em uma pequena
cidade brasileira chamada Barrerinhas. Na rua, encontramos um homem
que parecia simpático, e perguntei-lhe onde eu poderia emprestar um par
de bicicletas. Ele levou a mim e minha filha para sua casa e ofereceu suas
próprias bicicletas. Começamos a conversar e ele me disse que tinha sido
por muito tempo alcoólatra, ficado na sarjeta e perdido sua família e seu
trabalho. Um dia, enquanto passava na igreja, onde as portas estavam
abertas e tendo uma missa, ele viu sua filha de dez anos no altar, rezando
para os anjos ajudarem o pai a parar de beber. Isso tocou suas emoções
tão fortemente e balançou a consciência tão profundamente que ele
decidiu parar de beber. Ele manteve sua decisão.
PARTE 4
PARA COLETIVOS
4.1 PAZ NO TRABALHO E MOTIVAÇÃO NA ESCOLA
4.1.1 Qual é a finalidade da escola?
Refletimos suficiente o propósito da escola e sua missão de educar as crianças e
desenvolver a justiça em nossa sociedade? Será que é realmente clara a visão, a
estratégia da escola e as formas de trabalho para melhorar o bem-estar humano?
São os objetivos da escola psicossociais ou se focam em na necessidade dos
negócios de trabalhadores e consumidores?
Nosso sistema de ensino atual surgiu no início de 1800 na Prússia, onde o
filósofo Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) desenvolveu a idéia de um sistema
público de ensino. A necessidade e o objetivo era elevar o nível de conhecimento
da população, para que funcionassem melhor, tanto na guerra quanto nos
negócios. As crianças devem aprender o que lhes é oferecido, na forma como está
previsto. Devem aprender a pensar o que devem e o que não pensar. O sistema
escolar foi concebido para gerir e controlar os pensamentos da criança. Elas são
criadas para serem soldados e trabalhadores.
Na Finlândia, as primeiras escolas foram fundadas na década de 1850 pelos
proprietários das mansões e fabricantes. Foi particularmente a indústria que
precisava de trabalhadores alfabetizados. Em seguida, as escolas primárias
foram substituídas pelo ensino fundamental nos anos 1972-1977. O objetivo da
escola era apoiar o desenvolvimento dos educandos em membros eticamente
responsáveis da sociedade e dar-lhes o conhecimento e as habilidades que eles
precisassem na vida. O treinamento iria promover a formação e a igualdade na
sociedade.
O advogado brasileiro Marco Guerra disse em entrevista a um jornal (Tribuna
do Norte, 31/03/2013): "O propósito da educação, ou é libertar ou domesticar. O
sistema escolar não é neutro." Domar é educar o filho em um recurso obediente
para o mercado de trabalho, que se adapte à estrutura de poder.
O sistema de ensino, institutos de educação geral e a formação de profissionais,
sempre foram usados para apoiar os valores e os objetivos do sistema de poder,
independente se for a ditadura militar, o colonialismo, o capitalismo ou o
comunismo.
Em escolas regulares não são questionadas as estruturas sociais, exceto
qualquer professor único em casos excepcionais. O material didático não contém
nenhuma análise crítica real da sociedade, apesar da injustiça óbvia. As crianças
não são incentivadas a participar do trabalho democrático, embora nos discursos
festivos constantemente lembram a importância da democracia.
Na Finlândia, estão orgulhosos que o nível de escolaridade de acordo com a
pesquisa internacional (PISA, o Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes) constatou estar entre os mais altos, até mesmo o melhor. Se
revisamos os resultados à luz destas considerações, não se parece mais tão bem.
Um dos fatores importantes para esse sucesso é que as escolas da Finlândia
ainda não são privatizados (apenas uma pequena percentagem de escolas são).
Uma vez que as escolas estão sujeitas ao interesse e especulação, cresce a
desigualdade entre as pessoas. A maioria das escolas públicas são negligenciadas
embora a maioria estude nelas. As famílias ricas mandam seus filhos para escolas
privadas caras onde são canalizados os melhores recursos. Na Finlândia, o rico
também se preocupa muito com o nível de escola pública, como também seus
filhos a usam.
Na Finlândia, os professores têm um longo tempo de formação e são
valorizados na comunidade. Historicamente, eles foram o grupo profissional
ativador de consciência nas pessoas, talvez mais contribuinte para a Finlândia
tornar-se independente do czar russo.
Em São Paulo foi realizada em maio de 2013, um seminário internacional que
contou o sucesso da escola finlandesa. O primeiro orador, Jaana Palojärvi do
Ministério da Educação disse que as meninas são muito melhores do que os
meninos. "As meninas conseguem!", ela disse enfaticamente. A escola realmente
não é projetada para meninos. Ainda, é bastante comum para as meninas já em
casa serem ensinadas a se tornarem obediente e comportadas. Os meninos
podem ser mais livres e naturais, e eles também têm uma maior compreensão de
sua agressividade. Isso reforça a noção de que a escola, principalmente, quer
fazer as crianças agradáveis e personalizáveis.
Mas a Finlândia tem posição inferior na satisfação com a escola, posição 65 dos
67 países participantes. Crianças e jovens não gostam da escola. A acham ruim.
Para mim, este é o fator mais importante. Outros aspectos que são medidos no
PISA é o conhecimento duro e racional da habilidade de resolver problemas.
É notório que os seis países que vêm antes Finlândia são tipicamente países
autoritários com regras quase ditatoriais. Isto poderia significar que a Finlândia
é uma sociedade autoritária, o que pode ter se originado no colonialismo sueco
por 700 anos e depois russo por 100 anos realizados na Finlândia, até 1917.
A Finlândia ser tão próxima de países autoritários no sistema escolar e da
satisfação escolar ser tão baixa deveria fazer o povo finlandês muito indignado, e
levar a uma direção e prioridades diferentes das escolas.
Queremos mudar o caráter da escola? Aceitarmos conscientemente que os
valores da vida econômica infectou as escolas e que as crianças são educadas
para executar e competir uns com os outros para se tornarem trabalhadores
assalariados, equipados com o conhecimento e comportamento para atender às
necessidades sociais?
Ou queremos que os jovens pensem eticamente, sintam vergonha e raiva
quando outra pessoa é tratada de forma injusta e reajam contra injustiças?
Queremos que os jovens desenvolvam a sociedade de modo que as suas leis,
instituições e princípios de funcionamento econômico garantam a solidariedade,
a igualdade e a responsabilidade compartilhada? Solidariedade significa
reconhecer que eu posso ser feliz só se você for também.
É claro que nós queremos construir um mundo melhor, um sistema social mais
justo, garantindo a todos uma oportunidade de experimentar a felicidade.
Precisamos de uma escola que ajude na prática as crianças a crescerem no amor.
Uma escola que atua como um catalisador, com o objectivo de ajudar a mudar a
sociedade e, em especial, os princípios das atividades econômicas.
Ciloni Zang, que é professora em uma aldeia indígena no sul do Brasil, descreve
como os professores precisam se adaptar à cultura dos alunos. A criança não
entendo porque deve ser promovida para a série seguinte. Elas são apenas
tremendamente interessadas em saber como a realidade funciona. Sempre
querem obter mais conhecimento. Se irritadamente os repreendemos,
abismados dizem: "Você está com raiva, eu não quero você aqui." Eles vêem isso
como auto-evidente e que devem ser envolvidos na tomada de decisões que lhes
dizem respeito.
O objetivo deste capítulo é descrever como as escolas e os professores podem
atuar tanto para desenvolver a solidariedade e a igualdade nos alunos e
promover a motivação e satisfação na aprendizagem e no trabalho. O modelo
tem duas vertentes:
-
-
Reforçar a consciência da riqueza humana do educando. Levantar os
aspectos saudáveis deles, ajudando-os a aceitar a consciência de seus
empecilhos. Ensinar como se desenvolver nas relações humanas e de
cooperação. Deixar a consciência de si e o conhecimento da natureza
humana crescer.
Certificar-se de que a igualdade é a base da responsabilidade
compartilhada, para que todos sejam envolvidos diretamente na tomada
de decisões sobre assuntos importantes. Todos são co-responsáveis pela
paz de trabalho e pelo planejamento e implementação de atividades. O
objetivo é os jovens, depois de concluir a escola, vejam a participação
direta como uma questão de óbvia, e exijam o direito de tal, tanto no
trabalho como na política.
A educação não pode ser moldar a criança a favor das demandas da vida e do
sistema de poder econômico. O propósito da educação é muito maior: inspirar as
crianças a crescerem como pessoas humanas, éticas e amorosas. O propósito da
educação é ajudar a criança a entrar em contato com a beleza da vida.
Na vida comum, estamos presos com uma corda na na garganta, contínua
limitação de tempo, demanda por soluções rápidas e relações humanas
superficiais, exigências de desempenho e constante competição. Os valores
desumanos de vida econômica tem uma forte influência. Alunos e professores se
sentem frustrados e mal.
Costumamos falar sobre o quanto é importante estabelecer limites e dizer não.
Nunca se deve dizer não a alguém, mas é importante impedir e prevenir
atividades destrutivas. Nunca se deve oprimir uma criança (ou adulto), mas
ajudá-la a se abrir para o humanismo.
Esteja interessado nos sentimentos da criança ou do jovem, fale e questione
sempre respeitosamente eles. Eles são um fator-chave na sua existência. Quando
você levar em conta e aceita-os ela sente que existe, que é vista e amada. Aceitar
os sentimentos, obviamente, não significa que não se deve impedir uma pessoa
de agir agressivamente.
Uma atmosfera de camaradagem e inspiradora na escola é o sonho de todos os
professores e alunos. É, também, o que se busca em todos os locais de trabalho.
Um grupo de pessoas da escola da Finlândia, Brasil e Suécia estiveram
envolvidos no desenvolvimento das idéias deste capítulo. Desde 2005, a Escola
Estadual Nova Sociedade do Rio Grande do Sul, serviu como uma escola-piloto.
Depois, centenas de professores se juntaram ao método de treinamento e o
praticam em suas escolas, cada uma à sua maneira.
A intenção foi desenvolver um método que pode ser aplicado a um nível de
classe ou série, ou em toda a escola, e que pode ser implantado de forma
incremental. Faz, educadores, outros funcionários e educandos a participarem na
tomada de decisões na escola, o que dá um sentido de responsabilidade real e
promove a iniciativa. As operações da escola sentem significantes. O
conhecimento da natureza humana ajuda a conhecer e respeitar os outros e seus
sentimentos, reações e ações.
A escola é o local de trabalho da criança. Na verdade, todo local de trabalho
deveria ser uma fonte inspiradora de alegria e união, um coletivo para o
desenvolvimento das riquezas humanas de cada um.
Neste capítulo, concentramo-nos na comunidade escolar, mas os princípios
são úteis em qualquer outro local de trabalho.
4.1.2 Educador - conheça a si mesmo
Na escola se vive muito estresse e frustração. Necessita muito tempo e energia
para manter paz e bom estado de funcionamento. Não é fácil para atender a
insatisfação e raiva dos estudantes, evitar danos e proporcionar aos alunos um
feedback quando se comportam indiferentes, arrogantes e agressivos. Às vezes
experimentamos uma completa falta de estrutura e de cooperação da escola, e a
atmosfera psico-social escolar pode ser muito instável.
Como seres humanos, os educadores são, é claro, diferentes e eles se voltaram
para a profissão por razões variadas. Um professor aposentado de história, uma
lenda viva em sua cidade natal, me contou sobre a forma como trabalhava:
“Deixei claro desde o início como se comportar na minha classe, o chapéu
e o casaco pendurados, nada de goma de mascar e celulares, as meninas
entram primeiro na classe, nada de palavrões... Eu tinha a vantagem de
ensinar os alunos do ensino médio, e mesmo antes de eles chegarem à
minha classe sabiam do jeito que eu trabalhava. No começo, eu era rígido,
não sorria desnecessariamente. Quando os alunos começavam a aprender
e se acostumar com as minhas regras eu começava a ceder. Minha missão
era agir com respeito, justiça e igualdade. Eu gostava do meu trabalho e
amava meus educandos."
Os jovens, como os adultos, gostam de uma situação social clara com
procedimentos definidos.
EXIGÊNCIA PARA SOLUÇÕES RÁPIDAS É UMA ARMADILHA
Preocupação, indiferença ou agressão no estudante demonstram sobre sua
atividade emocional. Dirigir-se aos sentimentos, sem críticas e demandas, com
respeito, é fundamental para que os educadores se conectem com os alunos e,
assim, sejam capazes de levantar as riquezas humanas deles. Quando você se
concentra nas habilidades do educando, você se concentra em suas próprias
habilidades.
Um educando que age destrutivamente é difícil para si mesmo e para os
outros. Se trata dos empecilhos humanos. Se exigimos soluções rápidas, os
problemas se tornam crônicos. Pare e tome tempo para entrar em contato com
você mesmo. Evite se envergonhar ou se culpar por sua incapacidade de lidar
com os desafios. Evite criar expectativas e tomar reclamações para si, eles
significam censura que levam a sentimentos de frustração, desesperança e
fracasso. Suprimem sua capacidade. Pare, não tente resolver problemas sem
primeiro aprender a viver com eles para que você possa relacionar-se
abertamente e amorosamente exatamente com seus educandos mais difíceis.
A FRUSTRAÇÃO É UM SINAL DE ALARME ÚTIL
Você se sente frustrado? Faça uma pausa e sinta a sua decepção, sua amargura e
sua eventual culpa. Você tem maiores expectativas de sua capacidade e suas
oportunidades do que o que é realista. Você pode não querer se tornar ciente do
enorme desafio que a sua classe é.
Pode ser que você via seus alunos torna-se consciente de algo importante.
Você vê uma atitude negativa e arrogante em si mesmo através deles? Você julgaos ou concentra-se nos elementos de distração deles? Você talvez não para e vê a
pessoa real neles, talvez você não tem contato com sua própria riqueza interior?
Quando você olha para a classe com insatisfação, você pode ter certeza de que
ela passa para os alunos.
A primeira coisa a fazer é aceitar e respeitar os sintomas. Eles são alarmes
saudáveis e importantes! Ouça o sinal de alarme, independente é de fadiga, dor
de cabeça, ansiedade, tensão, sintomas abdominais ou eczema. Pare e se
concentre em deixar os sintomas existirem e pare para conhecê-los
conscientemente.
Na sala dos educadores, por vezes, falam mal dos educandos e concorrem
quase em quem tem o caso mais difícil. Muitas vezes ele já está em casa rotulado
como uma criança problema, e não raramente esse carimbo é ampliado na
escola. A missão da escola é eliminar os estigmas e levantar a verdadeira
natureza humana na criança.
Quando os educadores são treinados no conhecimento da natureza humana e
da responsabilidade compartilhada, por vezes, encontram resistência. Alguns
podem dizer que um educador não é um terapeuta. Isso mesmo, os educadores
não têm muito treinamento em como encontrar as pessoas, e ainda o seu
trabalho consiste no mais alto grau da educação, além da tarefa de transmitir
conhecimento. Eu ainda acredito que um educador ainda é uma espécie de
terapeuta educacional, quer ela queira ou não. Da mesma forma como cada pai e
mãe é um terapeuta para seus filhos - geralmente com suas próprias
experiências como educação.
PAIS FURIOSOS
Às vezes os pais agem de modo muito agressivo com alguma criança, exigem o
impossível, reclamam do professor e da escola e ameaçam apresentar uma
queixa formal. Apesar de tentativas não se consegue conversar com eles. Abaixo
está um breve resumo de como você pode fazer se acontecer tal situação.
Encontre os pais com respeito e fique aberto e interessado nos sentimentos
deles. Se você não tem expectativas ou comentários críticos sobre a raiva, a
agressividade não tem poder psíquico sobre você. Ouça, portanto, esteja
presente. Você pode repetir o que eles dizem, para que eles ouçam suas próprias
palavras através de você. Dessa forma, eles ouvem, de certa forma, a si mesmos, e
percebem que você realmente está ouvindo e registrando. Você não precisa de
modo algum concordar com a maneira de ver deles.
Você pode perguntar: "Como você sente isso?", Ou "Você acha que foi mal
interpretado?" Se possível, peça-lhes para descrever seus sentimentos. Quando
uma pessoa sente que é aceita e respeitada em seus sentimentos, é mais fácil
para ela respeitar a si mesma, e assim outros.
Não entre na defensiva. O outro percebe como um ataque, e reforça a noção de
que você tem algo para defender. Descreva a situação de forma aberta, como se
fosse um fenômeno normal. Exponha as informações que você tem sobre o
assunto, mas não faça-o de forma defensiva ou crítica.
Você pode manter um simples diário de eventos significativos e pensar sobre
eles com seus colegas. Cuide de si mesmo para que você não se culpe ou exija o
impossível. Respeite a si mesmo para que os outros o façam também.
4.1.3 O que motiva o ser humano?
A motivação é uma espécie de energia psíquica, como uma chama interna que faz
uma pessoa agir e se esforçar. Motivação significa simplesmente vontade.
Quando você pode fazer o que quer não senti resistência alguma. Quando
queremos motivar alguém procuramos influenciar a vontade desse. Motivar
pode ser uma espécie de lavagem cerebral. Em uma criança vemos a forte
vontade de aprender, ser ativo, observar e descobrir o que a realidade é e como
funciona. Uma criança é naturalmente livre, alegre, direta e com confiança. A
criança joga, ou seja, faz seu trabalho, se desenvolve e aproveitar a vida.
O melhor ambiente para o crescimento e desenvolvimento das crianças, assim
como dos adultos, é a transparência e a participação em um coletivo onde você
pode participar, escolher e decidir. A criança sente que é respeitada e respeitam
suas emoções. As riquezas humanas da criança são valorizadas e recebem ajuda
ativa a tomar consciência delas. Elas sentem que não são punidas por erros,
esses podem acontecer.
Se uma classe quer se concentrar no aprendizado ou em quaisquer operações
conjuntas é claro que a paz de trabalho surge por si só. Se a classe não se justifica
desaparece esta paz.
Motivação ou vontade é um mistério, pois envolvem liberdade e a
responsabilidade. As pessoas não querem só o bem, ou, mais especificamente,
elas querem o bem, mas por causa dos empecilhos (por ex. costume emocional
negativo, censura, inveja...) pode o mal ser sentindo como bem e o bem parecer
mal.
Um educador demonstra apreço e interesse de seus educandos quando fala
com eles sobre seus sonhos, sobre a natureza, a sociedade e sobre a forma como
eles querem desenvolver e usar suas habilidades.
Junto com os alunos mais velhos, você pode, por exemplo, considerar as
seguintes questões:
A vontade e as emoções:
- Qual é o seu maior sonho para o futuro?
- O que você sente agora?
- É importante para você ser aceito pelos outros?
- Você quer se sentir que é melhor que os outros?
- Você pensa mais sobre como evitar ser miserável do que sobre a forma de
alcançar a felicidade?
Auto-conhecimento e auto-confiança:
- Que valores são importantes para você?
- Você se sente depende dos outros? Se sim, de que maneira?
- Você se sente rebelde? Se sim, de que maneira? Como você vai realizar a
sua rebelião?
- Que fatores psicológicos em você lembram às de seu pai e sua mãe?
- Você já adquiriu alguns dos valores da nossa sociedade? Dê um exemplo.
A morte e o sentido da vida:
- O que significa ser feliz?
- Você quer participar das decisões importantes que afetam você? Se sim,
de exemplos de coisas importantes que você gostaria de poder decidir.
- Você pensa sobre a morte? Se sim, como é a sensação de pensar nela?
- O que é o sentido último da vida para você?
- Você acha que as atividades diárias, como o trabalho dos adultos, deve
estar relacionado com o sentido da vida? Justifique sua resposta. Discutir
o assunto.
Amor e sexualidade:
- O que significa a palavra amor para você?
- De que modo está ligado o amor e a sexualidade?
- Como pode o amor e a sexualidade significar coisas diferentes?
- Quais os aspectos de um relacionamento a dois e doo desejo sexual você
quer obter mais informações e discutir sobre?
A tarefa da escola para motivar os educandos é muito contraditória. Os
educadores querem que os educandos sejam gentis, que se concentrem em suas
tarefas e mantenham-se concentrados no ensino. Anteriormente, refletimos
sobre o propósito da escola, que contém uma jornada invisível para adaptar os
jovens a competir como trabalhadores assalariados no mercado de trabalho. É
compreensível e respeitável que um jovem não queira uma coisa dessas. Ele
pode não refletir sobre isso no nível intelectual, mas no plano emocional está
ciente de que é empurrado para um túnel. Quanto mais aberto o educador falar
sobre isso, o mais fácil é para os educandos aceitarem a consciência da estrutura
do mundo de finanças e negócios, e, no longo prazo, tentar mudá-los.
O educador é um líder de equipe. O líder transmite seu sentimento para o
outro, pode ser o medo de fazer errado, exigência de acertar, desgosto ou alegria,
curiosidade, entusiasmo, respeito e amor.
A motivação é morta se o educando fica para trás e começa a sentir que não
pode. Ele começa a fugir do assunto e, talvez, a odiar o professor. Em seu livro, A
Matemática como uma linguagem (2000) Marit Johnsen Høines descreve a
cooperação entre educador e educando: "Sentir e demonstrar respeito pelo
conhecimento do aluno é uma boa base para a cooperação."
Por um tempo minha filha costumava reclamar vigorosamente sobre
professor de física, quando chegava em casa da escola. Ela disse que não
entendia nada de física. Não era típico dela. Preguiçoso como eu era, pedi
que procurasse um professor particular.
Quando parecia que não nada mudaria do assunto, sugeri que
sentássemos juntos para ver o livro de física. Ela concordou. Nós fomos
através do livro e localizei as áreas que ela entendia. A partir daí,
começamos a mover-se gradualmente para a frente. Isso aconteceu por
torno de quatro noites. Surpreendentemente rápido, tudo mudou, ela veio
da escola e me disse o quanto amava o professor de física e a própria
física. Eu não podia acreditar meus ouvidos. Mudanças não ocorrem, é
claro, sempre tão fácil, mas este exemplo ressaltou para mim a
importância de encontrar que sentimos que conseguimos, para, a partir
daí, prosseguir moderadamente.
Talvez uma das formas mais eficazes de suprimir os alunos e a motivação é ser
crítico e insatisfeito. Evitar o fracasso é o principal problema do ensino. Deste
modo o negativo toma poder, e torna o aprendizado muito difícil.
Para que alguém fique interessado na realidade, no conhecimento e nas
habilidades para que com entusiasmo e abertura investigue tudo o que vê,
devemos sentir amor e gratidão pela vida. Para aqueles que desde a infância
tenham muito amor é, provavelmente, mais fácil sentir e agir dessa forma. No
entanto, se houver falta de amor, tem ainda mais motivos para oferecer amor na
escola e no trabalho.
O que mais facilmente evoca e inspira a motivação é um processo aberto,
humano de auto-conhecimento, combinado com uma ambiente em que há
igualdade e união. Todo mundo sabe por experiência própria que se aprende
mais quando você ama o assunto. A visão do educador pode ser de despertar o
espírito de solidariedade da classe, para que os que podem mais possam ajudar
os com mais dificuldade.
(Mais sobre motivação no capítulo 2.3 Acompanhamento)
4.1.4 Como lidar com um aluno com dificuldades
Não é fácil no trabalho lidar com alunos (ou colegas, pacientes, clientes,
superiores e membros da família) que agem de uma maneira difícil e destrutiva.
A indiferença, a atitude negativa, provocação, assédio, assédio moral,
constantemente chamando a atenção e a agressividade são desafios difíceis. É
necessário transparência, amor e perseverança.
Diagnósticos, como a palavra "aluno problema", são estigmatizantes. Eles
legitimam a identidade descrita e chama atenção ao problema, independente de
ser sobre o TDAH, depressão ou dificuldade de concentração. O risco de um
diagnóstico é que ele tende a alimentar-se. Ele muda o sistema do ambiente e
coloca obstáculos para oportunidades de desenvolvimento.
Quando uma criança se comporta de forma destrutiva, os pais colocam a culpa
neles próprios e têm vergonha do comportamento. Quando a criança recebe um
diagnóstico, podem enxergar que o problema é de natureza médica e não devido
a eles como pais. Pode fazê-los sentir menos culpa, o que é bom para aliviar a
culpa que sentem. Pais amorosos também podem ter filhos que se comportam
de forma agressiva. Toda pessoa tem liberdade, e é por isso que cada um de nós
somos um mistério.
Eu estava em uma viagem de treinamento no sul do Brasil, nos arredores
da megacidade de Porto Alegre. Eu vim para a escola de manhã. Na sala
dos professores, eu encontrei o diretor, o vice-diretor e um pedagogo
especial e juntos iriamos planejar o programa do dia. A porta estava
aberta para o corredor, onde as crianças corriam, gritando alegremente.
Um menino de cerca de oito anos parou na porta. Ele olhou fixamente
para nós por um tempo, então ele correu até mim, me pegou pela cintura
e me abraçou forte. Eu fiquei um pouco surpreso, e nossa conversa parou.
Eu senti que era melhor deixar o menino ficar lá o tempo que ele queria.
Depois de um tempo ele soltou e olhou para mim longamente e, em
seguida, saiu correndo. Eu senti ternura e gratidão, e pensei então que era
uma criança simpática que recebe um estranho tão calorosamente.
Durante o dia eu encontrei o menino no corredor algumas vezes e
paramos. Eu disse algo gentil com ele, mas ele simplesmente não disse
nada. Na parte da tarde as crianças foram para casa e nos encontramos
sem querer novamente. Ele me abraçou e eu disse que eu iria sentir
saudades dele.
Eu continuei o treinando com os professores. No final do dia, nós
falamos sobre como tinhamos progredido com o funcionamento do
método. Finalmente, perguntei quem era o menino. Um dos professores
bufou: "Ah sim, o Lucas, ele é um verdadeiro monstro. Sua professora
tentou fazer de tudo para se livrar dele." Um outro professor continuou:
"Ele é completamente impossível, ele ataca qualquer um, quantos for. Ele
provoca todos e é extremamente agressivo. Ontem, eu tive que impedir
fisicamente a classe de linchar ele."
Ouvi com interesse e perguntei como é para o menino em sua casa. Um
dos professores disse: "Ele vive na periferia da cidade, em um casebre
sem amenidades. As necessidades se faz ao ar livre e não existe nem
pouco de higiene. Alimento só tem ao acaso. A mãe é uma prostituta e
recebe os clientes em casa. Ninguém sabe nada sobre seu pai." Eu senti
tristeza e indignação, e disse: "Esse menino precisa de disciplina e limites,
ou do amor?" Os professores responderam: "Amor! Certamente
entendemos isso, mas muitas vezes não há apenas tempo para o amor. A
falta de amor é curada por disciplina. Para problemas difíceis, queremos
soluções imediatas, e o problema só cresce."
Perguntei ainda: "Não seria mais importante trazer a verdadeira
natureza deste menino, a sua humanidade, em vez de se concentrar em
sua agressividade?" Eu, obviamente, recebi uma resposta afirmativa. À
noite, eu saí da escola e continuei a viajem. Eu tinha lágrimas em meus
olhos e senti uma enorme gratidão e alegria profunda que tive contacto
com esta pequena pessoa. Eu senti que valeu a pena ter vindo. Ao mesmo
tempo, senti forte indignação e uma grande necessidade de fazer alguma
coisa.
DISCUTIR O CONCEITO DE HUMANO COM OS ESTUDANTES
Comece por introduzir brevemente o método conscientia e os pensamentos
básicos sobre a humanidade (Capítulo 1). Discuta-os com os educandos. Eles
servem como referência para usar ao refletir sobre o ser humano e a cooperação.
Durante a discussão, evite responder às perguntas. Tente, em vez, responder
às perguntas com novas perguntas. Use como ajuda o diálogo socrático em que
sua tarefa é desenvolver o conhecimentos e as habilidades a partir do interior
dos participantes. Utilize as perguntas no final do capítulo 1.1 Visão sobre o ser
humano e a lista de perguntas na seção anterior 4.1.3 O que motiva o ser humano?
Diga que a sua intenção é atender a classe com respeito, independente dos
sentimentos de cada um, seja de alegria, entusiasmo, insatisfação, tristeza ou
raiva. Você quer fazer contato com eles para poder ter contato consigo mesmo.
Você não busca o controle mas o contato. Você vai enfrentar os conflitos e brigas
sem tentar julgar ninguém ou buscar bodes expiatórios. Em vez disso, você quer
discutir com as partes individualmente, ouvi-los e refletir juntos sobre como
lidam consigo mesmos.
Você diz que confia que eles, todos nós, são equipados com todas as riquezas
humanas e seu trabalho é trazê-los a tona e desenvolvê-los. Peça aos alunos que
com imagens, texto ou dramatização descrevam as riquezas e empecilhos
humanos e as dinâmicas internas do homem.
Confirme as suas metas de longo prazo de alcançar um ambiente equitativo e
inclusivo no coletivo de classe. Você quer evitar conscientemente a comparação e
competição entre eles. Diga que as credenciais que você der só o faz pelas regras
e regulamentos que o forçam a isso.
APLIQUE O DIÁLOGO DE REFORÇO
Tomamos como exemplo um caso em que um educando não consegue se
concentrar no ensino e perturba os outros. Sua ansiedade o impede de avançar
na escola e ele fica para trás dos outros. Ela sente-se pior do que os outros e foge
da consciência disso através de atos disruptivos e agressivos. Aplique o Diálogo
de Reforço (Capítulo 2.2):
1. Se você está ansioso, frustrado ou com raiva, você deve parar e sentir o
seu sentimento. É um sintoma, um sinal de alarme. Seus sentimentos são
sua atividade interna. Pense sobre o que pode estar causando os
sintomas, talvez suas próprias expectativas irrealistas ou sua tendência
de julgar. Talvez você esteja desapontado que ele deixou de fazer a lição
de casa e interfere o seu ensino, embora você saiba muito bem que é
sempre assim. Você consegue se identificar com este estudante? Talvez
ele se concentra em agir negativamente justamente quando você se foca
nos comportamentos negativos em sala de aula.
2. Observe o estado emocional do estudante ou quaisquer sintomas. Se ele
está ansioso, irritado ou cansado, tente perguntar e falar sobre o sintoma
de uma forma aberta. Entre os dois, você pode dizer: "Acho que você sente
frustração. É verdade?" Se o sinal de alarme não for suficientemente
aceito, é prematuro tratar a causa do sintoma. O que está por trás do
sintoma provavelmente vai emergir. Evite sistematicamente perguntar
"porquê".
3. Reforce a conscientização do educando sobre as riquezas humanas nele.
Vá anteriormente, através da lista do anexo 2 e selecione as riquezas que
você achar que caibam. Descreva as qualidades do educando, sua
capacidade e o bem que ele faz. A riqueza que ele usa menos, precisa vir a
frente. Se ele, por exemplo, tem dificuldade de concentração, você diz que
vê o senso de concentração nele e fale sobre isso, sem colocar condições.
Faça-o em diferentes situações, para que ele realmente veja que você
enxerga particularmente o que é bom dele. Tente levantar a pessoa do
comportamento problema. Fale curto e reto. Considere se há razões para
ir à próxima fase. Normalmente, não há.
4. Descreva como ele faz quando rejeita suas riquezas humanas.
Possivelmente se encaixa essa idéia no contexto: "Você tem senso de
concentração, mas às vezes sinto que você se concentra em muitas coisas
ao mesmo tempo." Para um estudante que despreza tudo você pode dizer:
"Você tem um grande conhecimento e habilidade, mas você subestima-os,
às vezes, ao ponto que você reduzir o valor deles. Talvez você até mesmo
nega-lhe o direito de estar ciente deles e de usá-los" Ou: "Você exige o
perfeito de si mesmo. Isso impede o contato com o seu conhecimento e
sua capacidade." Que você expressa seus pensamentos de uma maneira
incomum pode despertar o interesse dos educandos em sua mensagem.
Outro exemplo: um aluno (ou colega) está muitas vezes cansado ou passivo. Ao
tentar levantar seu interesse no assunto, ele responde que nada poderia
interessá-lo menos. Comece, por exemplo, com a atitude exigente.
1. Em primeiro lugar, descubra o que você sente. Esteja ciente de sua
atividade emocional, se você sente insatisfação ou aborrecimento
indevido. Aceite os sentimentos e seja capaz de enfrentá-los abertamente
e com interesse. Você não quer, conscientemente, estar irritado. Livrar-se
de seus sentimentos negativos. Assim você notará que quer ajudar o
educando, em vez de mudá-lo.
2. O educando está quase deitada sobre a mesa com olhar indiferente. Esteja
presente. Diga-lhe sobre sua fadiga. Ele responde, talvez, que é óbvio
como tudo é tão chato. Esteja interessado em seus sintomas e peça-lhe
para descrever como sente a fadiga. Repita partes do que ele diz, para que
saiba que você realmente escutou com atitude de aceitação. Respeite
também que ele talvez não queira falar sobre seus sintomas.
3. Reforce a consciência das riquezas humanas dele. Conte-lhe algo sobre
suas riquezas humanas e talentos que você sente ser verdadeiro. Você
talvez, com antecedência, já pensou no que poderia dizer. Retome o
assunto em uma semana e repita os três primeiros passos neste processo,
conforme necessário. Quando você sente que ele confia que você acima de
tudo, vê as coisas que são boas nele, você pode, se necessário, seguir em
frente.
4. Descreva a ele como ele faz para expressar suas habilidades. "Tenho
observado os teus talentos. Ao mesmo tempo, parece que você exige
muito de si mesmo, ficando cansado de suas necessidades e sua auto-
crítica. Sua atitude exigente cria uma resistência em você. Você critica a si
mesmo, porque você não faz uma coisa nem a outra. Esta atividade
negativa sente muito chata e cansativa."
Um estudante age de modo arrogante e agressivo, como se estivesse acima de
todas as regras e boas maneiras. Ele não obedece, fuma apesar da proibição, usa
palavras feias e desdenhosos sobre os outros, xingando e reage ameaçando. Você
pode dizer, por exemplo: "Parece que você tem uma tendência a desprezar suas
habilidades."
Um terceiro educando é muito quieto e retraído, não tem amigos. Ele se veste
de preto, parece deprimido, se corta e não come saudável. Ele parece muito
negativo e ter pensamentos suicidas. Comece a conhecer seus sentimentos.
Planeje ou agarre uma oportunidade, para por um momento se concentrar
somente nele. Converse e pergunte sobre seus sentimentos. Não suponha que ele
fale sobre eles. Esteja presente, sem críticas e expectativas. Quando ele começa a
confiar que você o aceita, ele possivelmente vai se abrir. Use tempo suficiente
para se focar na consciência dos sentimentos, para que ele saiba que você o
aceita como é, com seus sentimentos. Em seguida, confirme a consciência das
riquezas humanas dele.
COMPORTAMENTO AGRESSIVO
Quando você for parar um estudante de agir de modo negativo ou destrutivo,
impeça-o de fazer isso, mas respeite-o como pessoa. Quando se previne
comportamento agressivo, é melhor fazê-lo de modo solidário, consulte o
capítulo 4.1.6 Como trazer paz no trabalho. No caso de bullying, consulte o
capítulo 4.2 Como lidar com o bullying.
4.1.5. Como lidar com uma classe agitada
Eu estava no lançamento do livro da professora Maarit Korhonen Koulun vika?
(Culpa da escola?) (Into, 2012). Lá, ela disse que 70% de uma aula não é usada
para o ensino. Lembro-me como um gerente de fábrica, em 1970, disse que mais
da metade do tempo é usado para problemas pessoais e menos da metade para
desenvolvimento e gestão de produção. Escolas e fábricas têm o mesmo
problema, e são similares.
O que fazer quando há caos na classe, quando os alunos estão fazendo barulho,
se divertindo juntos, ou discutindo, e quando ninguém percebe o professor ao
entrar na sala de aula? É uma pergunta difícil, porque geralmente queremos uma
solução que funcione imediatamente. Com a abordagem a seguir pode-se tentar
lidar com esta situação:
RESPEITO
Ande respeitosamente pela classe, não diga nada. Observe o comportamento dos
educandos, para que eles começam a notar isso. Aos poucos, o seu respeito por
eles passa para eles. Então, eles podem começar a respeitar a si mesmos, e assim
você. Use quanto tempo a situação exigir, pode demorar 10 minutos. Não entre
em qualquer disputa de poder, pois é precisamente isso que os alunos mais
vocais querem.
INTERESSE
Quando você entra na classe você preparou uma questão interessante e
surpreendente que você pergunta a um estudante na primeira fila, como se não
houvesse outras pessoas na sala. Não dê nenhuma atenção aos outros. Inicie uma
discussão com o educando. Quando os outros vêem que vocês estão em uma
conversa interessante eles podem também querer participar. Assim, cresce o
grupo de discussão e, no final, talvez, quase todos participam. Não deixe surgir
qualquer situação de conflito. Prepare-se para usar bastante tempo e pensar com
antecedência sobre a pergunta que você irá usar para começar.
OBJETIVOS
Pergunte à classe no início do semestre, quem quer ter resultado bom para
avançar para a próxima série. Em seguida, pergunte quem não quer avançar.
Mostre o mesmo respeito para todos que responderem. Não critique ou
menospreze de forma alguma aqueles que não desejam prosseguir. Para saber
qual a vontade que prevalece na classe, você precisa abertamente saber quais os
objetivos dos alunos em relação à escola.
Se necessário, você também pode perguntar quem não quer paz e quem quer.
Divida a classe em três grupos:
1. Os que querem paz no trabalho
2. Os que não querem paz no trabalho
3. Os que não tem opinião
Coloque um grupo 1 perto de você no meio da sala de aula e coloque os outros
espalhados ao redor. Dê atenção e energia para o grupo 1, de modo que
experimentem ser o foco de seu interesse. As ações do grupo podem atrair
estudantes da periferia para o ensino.
DEMOCRACIA
Crie um espírito democrático e de cultura de negócios na sala de aula. Controle a
situação para que você mais e mais pergunte a opinião e sugestões dos
educandos. Ensine-os que democracia direta é quando a maioria tem o poder, ao
contrário da situação da ditadura da minoria. Mas planeje juntos maneiras
diferentes para a classe responder e agir quando alguém viola as regras
acordadas. Leia o próximo capítulo.
4.1.6 Como trazer paz no trabalho
União e motivação dos profissionais da escola e educandos é promovido através
da participação democrática na tomada de decisões. Nos casos importantes que a
escola tem autonomia para decidir, deve-se dar informação a todos e debater
com todos, para que todos possam então votar com sua opinião. Isso cria um
sentimento de igualdade real e responsabilidade compartilhada.
A democracia direta não exclui a democracia representativa, mas limita
decisivamente a sua importância. Se seleciona representantes tanto para realizar
as grandes decisões, como decidir sobre pequenas coisas. Por tentativa e erro se
encontra o equilíbrio entre a democracia direta e a representativa.
Introduzir a democracia direta e integrá-la com o sistema da democracia
representativa leva tempo. É um processo infinito, incremental e dinâmico, onde
você precisa constantemente criar novas rotinas para o sistema não solidificar. O
processo é sempre muito instrutivo para todos e necessário para então tornar-se
um modelo para a mudança social.
A maioria das metas e princípios ditados em todos os países vem do Ministério
da Educação e pela legislação do país da escola. Algumas perguntas podem, ainda
assim, se referirem à decisão democrática. A seguir tem uma descrição de um
modelo de longo prazo de democracia. Em qual medida os educadores ou a
escola podem aplicá-lo em suas rotinas depende da motivação e oportunidade. A
democratização é um investimento que permite melhorar muito rapidamente a
colaboração, ambiente de trabalho e motivação para, que em pouco tempo
supera o tempo usado no começo.
A democracia direta é implementada através de uma votação direta sobre as
decisões a serem tomadas, todos participando com um voto. Hoje em dia a
tecnologia facilita a participação de todos.
Um modelo específico de democracia tem sido desenvolvido e aplicado
durante 30 anos no MST. A democracia é aplicada pelos núcleos de base, onde
todos participam e onde as discussões e tomadas de decisão começam.
No organograma da escola a menor unidade de democracia é o núcleo de base.
Há dois tipos deles: núcleo dos estudantes e núcleo dos funcionários. Os nuleos
são compostos por cerca de 10 pessoas. Se existem, por exemplo, 24 educandos
na turma, se formam dois núcleos. Na mesmo princípio se divide os funcionários.
Os assuntos que vão decidir sobre são primeiro tratados nos núcleos. Cada
núcleo monta uma proposta separadamente, que através de dois representantes
dos núcleos levam para o nível da turma. A turma é composta, por exemplo, por
três núcleos se a classe tem mais ou menos 30 educandos. Os representantes dos
núcleos discutem na coordenação da turma as decisoes dos núcleos e chegando
num concenso, as recomendações são transferidas para ao conselho de gestão
democrática, que analisa as propostas e faz a concepção de uma decisão. O
conselho executivo da escola analisa as propostas e faz as correções necessárias.
A partir daí, a decisão vai para o presidente do Conselho Executivo.
Os núcleos podem se reunir, por exemplo, uma vez por semana, as turmas uma
vez por mês e o conselho de gestão democrática uma vez por semana. O fórum
maximo de de democracia é a Assembléia Geral Democrática. Ela se reune quatro
vezes por ano, no início e no final do semestre, e sempre quando há uma
necessidade de lidar com qualquer decisão importante.
PERGUNTAS PARA DETERMINAR A DEMOCRATICAMENTE
No início o grupo de decisão da escola define os assuntos a serem incluídos na
tomada de decisão democrática. Enquanto a consciência dos participantes
desenvolve e estabiliza a democracia, este grupo vai deixando grupo mais e mais
a tomada de decisão da escola no processo democrático. Abaixo está uma lista de
alguns problemas comuns que você pode ser capaz de decidir
democraticamente.
Nível dos núcleos de classe e de funcionários
Questões práticas: ordem de sentar, regulamentos, normas internas de classe,
princípios de como novos alunos são recebidos, cooperação com outros grupos,
decoração, limpeza comum, questões relacionadas ao bem-estar dos educandos,
ativos monetários do grupo para atividades comuns, igualdade e direitos humanos.
Questões pedagógicas: planejamento do curso, planejamento de conteúdo, temas
para projetos, colaboração entre as matérias, trabalho em grupo, métodos de
relatório, método de educação, método de lição, métodos de avaliação, amostras
colocadas no calendário, visitas, convites.
Nível de ano
Questões práticas: regras comuns, dias temáticos, festas, diálogo de desempenho,
dias de esporte.
Questões pedagógicas: plano de negócios, temas, utilização dos recursos
recebidos, materiais pedagógicos, como o espaço de trabalho é organizado,
recursos técnicos, de formação, de estudo, talento, qualidade do trabalho, métodos
de avaliação.
Nível da escola
Questões práticas: a preparação de orçamentos, planos de negócios, marketing,
recursos humanos, contatos com a comunidade local, câmaras e política, regras,
regras de organização, tratamento de convidados e pais, ambiente escolar.
Questões pedagógicas: currículo, desenvolvimento da escola, estratégias e planos
para a prevenção do bullying e aconselhamento de crise.
CONTRATO ESCOLAR
Os princípios, as regras de educação, as metas, os planos de negócio da escola ou
do coletivo da classe são preparado em cooperação, o que significa que todo
estão envolvidos na melhor forma possível. A Escola Nova Sociedade criou um
contrato de escola, que cada membro da equipe e todos os educandos assinam.
Ele contém regras de educação e penalidades:
Contrato escola
1. Respeite os outros e assim a você mesmo.
2. É proibido usar palavrões e termos degradantes.
3. Venha na hora certa para a aula.
4. Durante o período escolar, mantenha-se no território escolar.
5. Avise com antecedência ausências.
6. Traga o material necessário para a aula: livros, canetas, lápis, etc.
7. Faça suas lições.
8. Mantenha sua redondeza bonita e organizada.
9. Celulares desligados.
10. Contate os funcionários se achar que algo está quebrado.
Algumas coisas estão sujeitos às leis do país, como por exemplo:
1.
2.
3.
4.
Todas as formas de abuso físico são proibidas.
É proibido roubar.
É proibido trazer álcool, drogas ou armas para a escola.
A propriedade da escola não deve ser danificada.
Quando alguém quebra as regras estabelece-se a penalidade com base na idéia de
que não deve ser punitiva, mas exercitar a agir de uma forma positiva e aumentar
a auto-consciência:
-
Repare se possível o que você quebrou ou substitua-o de outra forma.
Tenha um diálogo de desempenho com um educador ou outro membro da
equipe escolar.
Pratique ações positivas, tais como:
- Ajude um outro estudante em qualquer assunto que você tem um
melhor conhecimento.
- Participe do ensinamento de outro educando e entenda a situação. Diga
conclusivamente como você acha que ele pode ser capaz de se beneficiar
mais da instrução e como os educadores podem ensinar melhor (para
atuar como um consultor de apoio do ensino).
- Ajude o pessoal da escola com a limpeza, arranjos e outras atividades
práticas.
- Planeje e implemente uma reorganização do embelezamento da sala de
aula ou outro espaço.
- Faça uma contribuição social, ajudando, por exemplo, uma pessoa
idosa, uma pessoa doente ou uma criança na comunidade local, de
acordo com um planejamento.
Quando um aluno age de modo criminal ou de outra maneira muito destrutiva, se
segue as diretrizes do Ministério da Educação e das leis do país.
Data e assinatura
...
O coletivo também pode concordar com uma recompensa comum. Quando um
grupo se apresentou em linha com as metas, pode escolher uma recompensa;
organizar uma excursão feliz e interessante, um evento esportivo ou uma festa,
ver e discutir um filme escolhido em conjunto, ou ouvir e discutir uma música
selecionada em conjunto.
A democracia garante que a maioria tem o poder, o que age como uma força
positiva e importante para paz no trabalho e cooperação. Na sala de aula, os
alunos podem, eventualmente, assumir a responsabilidade pela paz de trabalho.
Dois estudantes de cada vez são responsáveis para que a democracia seja
mantida e reagem se alguém se comportar de modo interruptivo em sala de aula.
Se necessário, pedem a maioria para reagirem e mostrarem sua vontade de
restaurar a paz de trabalho. O papel do professor é educar e gerar interesse.
Uma classe ou local de trabalho pode usar o acompanhamento através da
motivação positiva (Capítulo 2.3) para desenvolver ações dos participantes em
situações difíceis.
UM INVESTIMENTO CONTÍNUO
Os esforços para democratizar o coletivo e fomentar o conhecimento da natureza
humana é um investimento na humanidade. Não é algo que você consegue rápido
e simples, porque ao mesmo tempo você tem que deixar de lado seu sentimento
e pensamento habitual e mudar os princípios de suas ações. Se for tomar o
método conscientia em prática, é necessária uma decisão, depois tempo e treino.
A experiência mostra, porém, que os resultados não demoram muito tempo para
virem: a clareza de trabalho melhora, mais motivação e aumento da
responsabilidade partilhada. Se gasta muito menos energia para manter a ordem.
O resultado é uma melhor afinidade e maior satisfação no trabalho.
4.1.7 A caixa de ferramentas do professor
Tomar o método conscientia em uso envolve aprender e praticar coisas novas.
Por isso é necessário que a mudança ocorre passo a passo e que se escolha as
ferramentas mais interessantes do método. Ele pode ser descrito como uma
caixa de ferramentas, onde as seguintes facilidades estão disponíveis:
-
Uma visão da humanidade e pensamentos básicos do ser humano
Riquezas humanas e empecilhos
Respeito pelos sentimentos
Auto-conhecimento através da identificação
Diálogo de reforço e análises de desempenho
Igualdade e responsabilidade compartilhada - democracia direta
Orientação através motivação positiva
O educador pode escolher qual parte do método que ele quer começar a usar.
Mas as idéias básicas do ser humano é o ponto de partida e deve, portanto, ser
incluída no início. A experiência tem mostrado que quanto mais a consciência,
trazida pelas idéias básicas, são reforçadas no pessoal e nos educandos, menos se
precisa de outros métodos. Há razões para tomar a lógica do plano anual da
escola e incluí-los no processo de ensino e em atividades comuns, para que,
assim, constantemente sensibilizar a consciência.
4.2 COMO LIDAR COM O BULLYING
4.2.1 Como prevenir e impedir o bullying
POR QUE ALGUÉM FAZ BULLYING?
Bullying é a tentativa repetida de ferir, derrotar ou prejudicar outra pessoa, física
ou mentalmente. Ele envolve valores sociais e empecilhos do indivíduo, entre
outros.
Valores sociais é, provavelmente, o maior fator. Vivemos em um sistema
baseado na competição, no egoísmo e na indiferença ao sofrimento humano.
Estes valores negativos influenciam fortemente o desenvolvimento de crianças e
adultos, de uma geração para outra.
Neste sentido orienta-nos o entretenimento (programas de TV, filmes, jogos ...)
que faz da humilhação e violência passatempo, alimentando, assim, esse tipo de
valores e hábitos.
A nossa forma de organizar o trabalho por meio da relação de empregador e
empregado é alienante e injusto. As grandes potências continuam a atacar países,
onde têm os seus interesses econômicos e políticos, com desculpas mentirosas. O
colonialismo continua através de corporações transnacionais. Toda essa injustiça
e ofensa afeta os valores e a vida emocional das pessoas em geral.
Atitude de censura é revelada quando o agressor se identifica com seu objeto.
Ele está consciente da incerteza do outro e identifica-se com ele (espelhamento
psíquico). Ele odeia a consciência de sua incerteza e reage agressivamente aos
que a levatam.
Entre meninos, é comum chamar um ao outro gay, o que mostra um grande
interesse exatamente pela homossexualidade (o que você sente e pensa sobre, é
o que fala).
Identificação também pode existir através de um fator contrário. Se alguém se
concentra no estudo e trabalho, isso pode trazer uma percepção de como você
mesmo se impede de usar suas habilidades e oportunidades. Responde atacando
o trabalhador.
A necessidade de ser visto significa que o valentão busca desesperadamente
a confirmação de sua existência, atacando os outros, a fim de chamar a atenção
de todos. Isso depende de seus problemas psíquicos. Ele sofre com a necessidade
de obter a confirmação da sua existência e procura adquiri-la através da
violência e com a ajuda de seu status social.
Basicamente, é uma necessidade de amor. Ele tem uma grande necessidade de
status e sensação de poder para sentir que existe. O que ele realmente sente é
futilidade, insegurança e amargura. É só o amor que cura a falta de amor.
(Capítulo 1.5 Desenvolvimento Da Personalidade).
Inveja, que se manifesta em grosseria. Inveja significa não ver. Quando uma
pessoa está consciente de algo bom e bonito, alegria e oportunidade, ela reage
querendo evitar isso. Quando ela quer impedir o desenvolvimento e felicidade de
outra pessoa, ela se relaciona de forma negativa com seu próprio potencial.
Meninos (meninas) que não suportam a consciência da beleza das meninas
(meninos) dá-lhes epítetos depreciativos. Também se inveja quem de alguma
forma se diferencia da massa, a pessoa se torna consciente de sua própria
incerteza e, portanto, fere o outro.
Os colaboradores de intimidação têm problemas semelhantes com o valentão,
ou eles o são, porque têm medo de, caso contrário, serem submetidos ao assédio
moral. A passividade é participar. Ela dá poder para destrutividade do outro.
Por causa de inveja ou identificação pode também um educador (ou uma mãe,
pai, irmão, chefe...) agir de forma depreciativa e de desprezo com um educando
(ou filho, irmãos, empregado...). A alegria, espontaneidade, beleza e vivacidade
de um jovem desperta inveja em adultos. Os pais dos jovens ficam irritados com
tudo e reagem com injustiça, ação disciplinar.
Também pode acontecer que um supervisor ou educador se torne consciente
de sua própria atitude autoritária por um subordinado ou um estudante, e tenta
suprimir a consciência de si mesmo oprimindo. Isto é especialmente difícil para a
pessoa que está sendo intimidado, porque o chefe ou o educador tem poder
formal sobre ele. Portanto, é importante que o coletivo aja em solidariedade para
prevenir o bullying e, portanto, possa refletir sobre os fatores por trás do
bullying.
Nem sempre é fácil reconhecer o bullying como muitas vezes é um fenômeno
cuidadosamente escondido. A agressão é difundida e difícil de detectar, mas não
menos doloroso por isso.
Acontece também que uma pessoa sente que é tema da malícia sistemática,
mesmo que não o seja de fato. Um chefe pode ficar nervoso e, portanto, incapaz
de fazer qualquer comentário crítico que pensa em fazer. Ele evita contato com o
subalterno e sua incapacidade o faz se comportar de modo repelente. O
subalterno pode sentir isso como desrespeito e uso sistemático de poder. Mesmo
entre amigos, é bastante comum ficar ferido pelas palavras do outro, embora não
tenham a intenção de ser depreciativas. Este fenômeno é chamado de projeção;
seus próprios hábitos emocionais negativos transferidos e percebida no outro.
Bullying pode ser prevenido e obstruído de duas maneiras:
- O coletivo se organiza de forma que o comportamento destrutivo é
impedido por responsabilidade conjunta
- Por aumento do auto-conhecimento e conhecimento humano
COMO PREVENIR BULLYING USANDO RESPONSABILIDADE COLETIVA
Na escola, é impossível para a administração da escola ou pessoal observar tudo
o que acontece. Assim como a polícia não tem os recursos para intervir em tudo
possível de ilegal na comunidade.
A maioria das pessoas discordam com bullying e estão prontos para fazer
qualquer coisa que impeça ele. A maioria quer justiça e igualdade, tanto na
estrutura social como no tratamento de assuntos individuais. Uma estrutura
social que promove a solidariedade mútua e responsabilidade compartilhada é a
base para prevenir e impedir ações destrutivas. Isto pressupõe igualdade e,
portanto, democracia direta, como descrito na seção acima 4.1.6 Como trazer paz
no trabalho.
Quando um aluno durante um recreio tenta bater em outro, o primeiro a ver
grita por ajuda, junta outros e evitam a agressão. Se alguém se comporta mal em
sala de aula, um toma iniciativa pede por paz no ambiente. Se não conseguir
silencio, convoca aqueles que querem paz também para, por exemplo,
levantarem-se.
Em um coletivo que pratica a democracia direta, você sente fortemente que
não é só do professor (da polícia, supervisor...) a responsabilidade de prevenir e
lidar com o bullying ou qualquer outra atividade destrutiva que seja. É
responsabilidade para fazê-lo é de todos.
Na verdade, somos guiados em todos os momentos para a direção oposta. A
polícia pede ao público não reagir para evitar expor-se ao risco. Quando você vê
agressividade, cuide primeiramente e acima de tudo de si mesmo. Esta filosofia
egocêntrica pertence aos valores da estrutura econômica. Em todos lugares há
agora guardas privados, que antigamente não existiam. Segurança é um negócio
de grande lucro, então pessoas comuns não devem incomodar com indignação,
com iniciativas e ações.
Quando eu ia ensinar um grupo de 60 jovens em uma escola onde eles
introduziram a democracia direta, percebi, para minha surpresa, que eu
não precisaria me preocupar com a paz de trabalho.
Quando alguém na classe perturbava a concentração de uma forma
clara, o estudante que era o coordenador levantava a mão. Se isso não
ajudava, ele se levantava e pedia silêncio para a concentração. Se isso não
fosse suficiente, ele pedia para quem queria concentração se levantar. Se
alguém tinha dificuldades especiais para se controlar, levavam o assunto
para reunião da equipe de estudantes. Se isso também não ajudava
levavam o assunto para o grupo de bem-estar dos alunos.
COMO PREVENIR BULLYING USANDO CONHECIMENTO HUMANO
Auto-conhecimento e conhecimento humano são elementos essenciais quando se
trata da prevenção de bullying. Dentro do coletivo são levadas discussão sobre o
ser humano e suas relações com os outros, de acordo com a percepção humana,
Parte 1. Isso impede a tendência comum de primeiramente julgar e punir. O mal
não cura outro mal, leva normalmente apenas o problema para o oculto, que, de
outras formas, torna-se crônico. A história humana é uma evidência pura de que
a opressão não ajuda.
O comportamento é sempre um resultado do funcionamento interno. Quem é
feliz demonstra sua felicidade nos comportamentos. A raiva se manifesta em
comportamento autoritário e humilhante. A atividade emocional controla nossos
pensamentos e ações. Quando se fere outro ser humano, é sinal de medo, raiva
ou inveja. Com uma atividade emocional negativa, a pessoa se faz ela própria
mal, e sente-se mal por isso. Aquele que faz o bem para os outros sente o amor, é
aberto a boas energias e é bom contra si mesmo. O valentão então se machucou
primeiramente em seu interior. Portanto, ele também ataca os outros.
A compreensão do ser humano muda totalmente a abordagem usual de
resolver a ação destrutiva. Respeitando as emoções conscientemente, aumentase a consciência das riquezas humanas na pessoa e possivelmente ilustra como
está atacando a si mesmo. Isso é feito com o Diálogo de Reforço (Capítulo 2.2).
Quando o coletivo entende razoavelmente e percebe que o que você vê no
outro está você mesmo de alguma forma, há uma grande mudança. Começa-se a
compreender melhor a própria insegurança, medo, irritação e raiva. Não se julga
tão facilmente, mas reage com curiosidade.
Por um lado, a minha agressividade aumenta a conscientização sobre a sua
auto-destruição. Essa consciência você não quer ter, você costuma reagir
querendo suprimi-la e, assim, a si mesmo. Por outro lado, o seu comportamento
auto-destrutivo que se manifesta como culpa oculta e emoções e pensamentos
reprimidos, aumentam a consciência da minha agressividade e das minhas
atividades internas de negação. Então você é o meu espelho que eu quero
oprimir, quebrar. Este tipo de conflito é perdido agora com o entendimento do
espelhamento interno.
Quando você perceber que o que você faz com os outros, você faz com você
mesmo interiormente, a atitude muda completamente. Vê-se o ofensor como
vítima. Assim que você eventualmente entender isso, vai parar de atacar a si
mesmo e aos outros.
Aplicando responsabilidade coletiva, a vítima não precisa se defender. Se, por
exemplo, Vitor quer magoar Leia e eu noto, respondo dizendo: "Vitor, parece que
você está subestimando suas capacidades." Por perto Pedro também observou
isso e disse algo no mesmo estilo: "Eu também acho que parece que você viola a
si mesmo. "Talvez uma terceira pessoa reage da mesma forma. A pessoa que
sofreu violação em si não precisa responder, os camaradas o fazem em seu lugar.
Quando a pessoa desperta e mantém o conhecimento básico sobre o ser
humano ativo, reduz o desejo de interromper, provocar e fazer bullying
rapidamente. Todo mundo aprende a se relacionar mais equilibradamente com
ações destrutivas. Elas não conseguem poder sobre as pessoas então.
Se você sofre assédio sexual no local de trabalho sem que ninguém veja, você
pode, por exemplo, levar o assunto na próxima reunião semanal, mas sem
identificar quem. Talvez você não tenha nenhuma prova então não pode
mencionar o nome de alguém. Mas por falar abertamente sobre isso mostra que
você não precisa esconder o assunto e que você não está em conluio com o
agressor. Se alguém lhe pergunta quem é, você responde que você não pode
dizer isso, como você não tem nenhuma prova, e fica, então, palavra contra
palavra. Você não quer julgamento e punição. Como o assunto tornou-se
conhecido, você confia que vá aumentar a consciência necessária também do
sujeito suspeito. É provavelmente a melhor maneira de obter o apoio dos seus
colegas.
GRANDE ÊNFASE NO BULLYING É UM MAU NEGÓCIO
Constantemente falam e escrevem sobre o assédio moral no local de trabalho,
nas escolas e o valentão desfruta de estar no centro das atenções, que tem poder.
O jornal sueco, Dagbladet (24.10.2012) escreve que o bullying nas escolas
aumentou em 104 % durante o período de 2008-2011, apesar de todos os
programas anti-bullying e a chamada tolerância zero. O Ministeriao de Educacao
em seu site abriu a oportunidade de delatar os valentões. Parte do crescimento
provavelmente pode ser relacionado com essa abertura, já que facilita a
acusação, diminui os limites de indicar alguém cada vez menos, podendo mais
situações serem interpretadas como bullying. Será que o assédio realmente
aumentou? Possivelmente, porque o clima social tornou-se mais difícil e mais
cruel.
Ao lidar com o bullying de uma forma rigorosa e severa cresce o problema.
Rigor provoca rigor e agressividade é sempre rigor. Isto leva a uma espiral
negativo. O valentão fica provocado quando se condena o bullying.
Além disso, a tolerância zero é uma meta irrealista, que faz perder diretamente
a credibilidade. Quando é proibido, o resultado muitas vezes é o oposto, um fruto
proibido tem um gosto extra bom.
ATITUDE DE VÍTIMA AUMENTA O BULLYING
Geralmente não é tão fácil lidar com ao modo de agir da pessoa que sofreu
bullying, diante da malícia que sofreu. Ela, por si própria, sente, muitas vezes,
forte vergonha e culpa. Quando ela culpa o agressor, ela age com culpa em seus
sentimentos, o que significa que ela se sente culpada. Isso significa que muitas
vezes sente que está sendo acusada, enquanto o agressor se defendeu.
Para refletir abertamente sobre culpa e vergonha, sem (auto-)crítica, é
necessário tomar consciência desses fenômenos. Uma parte do sentimento de
culpa é saudável, mas a maior parte é auto-julgamento e, portanto, é injusto.
Nós alimentamos facilmente a mentalidade de vítima do intimidado na
tentativa de protegê-lo (e a nós mesmos) de sentimentos de culpa e vergonha.
Desta forma, nós escondemos a consciência da vítima de agir destrutivamente
em termos de si mesmo. Esta abnegação ganha mais peso se o intimidado não
deseja tornar-se consciente da maldade das pessoas (do valentão, de si
mesmo...), mas reage com censura, como é de costume com a gente. Isso ativa a
maldade nos sentimentos e pensamentos, e a vítima pode se sentir intimidada
sempre. Até mesmo se o colega de trabalho não cumprimentou bom dia pode ser
percebido como uma violação.
A manchete de um jornal sueco (“Dagens Nyheter”, 17/02/2008) era assim: "O
primeiro ofendido vence." O primeiro que acusar outro de bullying, de acordo
com o artigo, ganha o julgamento, independentemente se o julgamento for de um
diretor de escola, um professor, um empregador ou um juiz. Isso significa que eu
devo correr para acusá-lo de assédio moral, antes que você possa me culpar.
Caso contrário, eu acabo em desvantagem quando o caso avança no processo
legal em seus vários estágios. É urgente acusar outra pessoa porque eu fui
injustiçado. O autor do artigo Maciej Zaremba discute o caso de um professor em
uma escola de formação de professores que deu um conselho a um estudante:
continuar a trabalhar com a linguagem. Isso foi interpretado pelo aluno como um
insulto e ela fez uma declaração formal. O caso avançou para o Provedor de
Justiça.
Se você tenta me ofender, a culpa é sua. Mas você ser condenado porque fui
injustiçado reforça a noção de que você é responsável e tem o controle sobre a
minha atividade emocional. Eu me vejo como uma vítima das minhas emoções e,
portanto, sua vítima. É claro que isto nutre o bullying e amplia o campo de
trabalho dos advogados. Assim começa a paranóia geral e a tendência de projetar
aumenta.
O desejo de fazer justiça a uma posição pode se tornar uma obsessão. Uma
pessoa foi maltratada e procura compulsivamente justiça. Para ela, todo o resto é
de importância secundária, e a justiça torna-se uma espiral de auto-alimentação.
É um sintoma de que ela identificou-se fortemente exatamente com o valentão.
Nesta situação, ela toma consciência muito importante de si, mas reage
fortemente à rejeitá-la. Ela condena o valentão fortemente. O medo de tornar-se
consciente de si é enorme. Portanto, é necessário provar a sua inocência através
de todo custo mostrar que outra pessoa é culpada.
4.2.2 Lidando com o agressor e o intimidado
O VALENTÃO DEGRADA A SI MESMO E PRECISA DE AJUDA
Ninguém pode sentir verdadeira felicidade ao machucar. Alguém pode sentir um
prazer perverso do sofrimento do outro, mas não tem nada a ver com felicidade.
Quem bate, é geralmente fisicamente mais forte. Atacar alguém mais fraco não
requer coragem. Agressão é na verdade um sintoma de incerteza e fraqueza. O
valentão tenta aparecer forte e confiante e obter cúmplices para o seu lado.
Fui para a escola secundária em Lahti, na Finlândia, e era o menor da
classe. Um dos meus colegas de classe era grande e forte, e ele e seus
amigos costumavam intimidar a mim e outros com comentários
humilhantes ou ameaças físicas. Eu tentava evitar de todo jeito eles.
Ninguém jamais me defendeu.
Uma vez fizemos uma visita de estudo a uma fábrica de laticínios na
cidade. Ali, toda a classe se espremeu em um grande elevador de carga.
Nós apertamos o botão para subir o elevador, mas em vez, caiu metade de
um andar para baixo e lá ficou. O valentão estava no meu campo de visão,
e vi seu rosto congelou de medo. Fiquei maravilhado e pensei: menino
infeliz que faz cara de durão. Depois disso, ele não tinha mais poder
psicológico sobre mim. Ele parou para me intimidar.
Um valentão precisa da ajuda de seu grupo para estar ciente de como viola
principalmente a si mesmo. Se você tem uma relação importante com ele, se, por
exemplo, você é um parente, supervisor, professor, colega ou amigo, aplique o
método com o Diálogo de Reforço (Capítulo 2.2). Fique primeiro ciente de seus
próprios sentimentos, de modo que você possa encontrá-lo, sem julgamento e
com respeito por ele como pessoa. Conheça os seus sentimentos de forma aberta
e tão completamente quanto possível. Descreva as suas riquezas humanas.
Descreva, se necessário, como ele humilha a si mesmo.
COMO SE APOIA UM INTIMIDADO?
O ponto é que todo o coletivo apoie o intimidado. O grupo evita a agressão e
mostra solidariedade à vítima.
Se o grupo de apoio do agressor é grande, a pressão contra o intimidado
também fica grande. Isso reduz ainda mais a capacidade da vítima de manter o
equilíbrio da situação. As pessoas geralmente reagem com mal contra mal, ao ser
ferido, odeia, vinga e condena. Portanto, é importante que o coletivo aja
imediatamente pelo intimidado.
O que sofre o assédio é, talvez, fechado, quieto e inseguro ou, eventualmente,
tem alguma propriedade especial (por exemplo, origem étnica diferente, lesão
física, obesidade ou gagueira). Ele também pode ser extraordinariamente
criativo, ativo e empreendedor, tornando sua atitude provocadora de inveja nos
outros.
Uma pessoa que muitas vezes é intimidada se instala em um determinado
papel. Se você tem uma atitude vítima, é particularmente difícil enfrentar a
agressão. A atitude de vítimas faz você paralisar-se e sentir-se sem esperança.
Você vai fechar-se, isto é, limitar suas habilidades de observação e seu
julgamento, sua criatividade e sua coragem. Você sente que não têm opções ou
saída (capítulo 3.2.1 Você se considera como uma vítima de suas emoções?). Sua
atitude atrai outros para intimidar você. Mesmo se for assim, nunca é sua culpa
que você é intimidado. Ninguém tem o menor direito de intimidar alguém. Suas
opções, ou seja, sua liberdade, pode ser limitada pela forma como você trata a
maldade humana do outro (capítulo 3.2.4 Como evitar ficar ofendido).
Se você costuma ter sentimentos e pensamentos negativos sobre suas
habilidades e suas oportunidades, se você frequentemente está descontente com
sua aparência ou com você por inteiro, você toma para si a atitude
condescendente de outras pessoas. Assim, pode haver um pacto doloroso entre
você e o valentão. Você tem muita dificuldade de falar sobre o bullying, porque
você está com medo de que a consciência de sua própria atitude negativa consigo
mesmo seja revelada (para si mesmo). Se você, com isso, provocaria o bullying,
não justifica de qualquer maneira, o bullying.
A atitude de vítima forte, que de um intimidado pode surgir a partir de
experiências negativas, está sempre associada a uma forte culpa da outra parte.
Quando a vítima culpa o agressor, ela tenta reprimir a consciência de sua própria
culpa. O valentão e o intimidado têm uma característica comum - muita
dificuldade de se ver, ver seu próprio interior. Para evitar a sensação de se sentir
inferior uma pessoa viola outra mais profundamente, o que leva a uma espiral.
Para quebrar a espiral deve-se primeiro concordar em aceitar a consciência de
suas emoções, por exemplo, suas inseguranças, seus medos, seu ódio e sua
vergonha (veja o capítulo 3.1.2 Seja consciente de suas emoções). O seguinte
passo é aceitar a consciência de como funciona dentro de si mesmo, e lembrar-se
que tudo o que eu procuro em outro ser humano, de alguma forma e em certa
medida também está presente em mim.
Se uma pessoa intimidada tem muita dificuldade de falar sobre seus
problemas, ela precisa de ajuda. Quem é cruel e fere outros têm total
responsabilidade por suas ações. Não há necessidade de se culpar ou sentir
vergonha de ser intimidado. Ninguém deve dar poder às palavras estúpidas do
agressor que se destinam a doer.
Quando uma pessoa intimidada cria muita ameaça de bullying é como se ela
estivesse vivendo nele. Os seres humanos vivem o que fantasiam. Desta forma, o
bullying causa um monte de sofrimento desnecessário, que pode levar a
desenvolver um hábito e um vício de medo e repressão.
Aqui segue um resumo dos passos no processo de sustentar uma pessoa
intimidada:
-
-
A importância da democracia direta na consolidação de tomada de
decisão para a criação de um espírito de solidariedade e responsabilidade
coletiva. Entra em acordo de métodos comuns para evitar o bullying e
juntos apoiar o intimidado.
Respeita as emoções da vítima (medo, vergonha, culpa, desespero, raiva e
amargura...). A intenção é ajudá-la a tornar-se consciente da maneira
como age emocionalmente. Ela se culpa? Subestimar-se e olha
negativamente para si mesma como pessoa? Exige o absurdo de si e dos
outros? Ela da, talvez, poder a grosseria do outro e está em conluio com o
agressor sem perceber?
-
Usando diálogo de reforço (Capítulo 2.2) reforça a consciência de riquezas
humanas dela.
Se segue os passos enquanto for necessário e capaz de fazê-lo. A exigência de
mudanças impede a consciência e torna mais difícil romper com a velha rotina.
4.2.3 Como lidar com intrigas
Maledicência, calúnia, essencialmente devido ao ciúme, a inveja; concentrar-se
no negativo, em vez de se concentrar nas riquezas humanas e as oportunidades
de ação. Assim como se falhas, deficiências e problemas, fossem o principal e
mais interessante na vida. Quando nos ligamos nos erros de outro, as próprias
fraquezas, muitas vezes, ficam ofuscadas. Desta mesma forma calúnia é, ao
mesmo tempo, censura.
Experimentar uma fofoca como proibida dá-lhe mais poder. Se no seu local de
trabalho deixam muito tempo passar fazendo calúnia dos outros, pergunte aos
seus colegas se é proibido falar mal dos outros. Pode acontecer que você não
obtenha qualquer resposta. Então você diz: "É claro que não é proibido. Podemos
deixar isso claro e escrever uma placa na parede: “Aqui é proibido falar mal atrás
das costas – mas não por isso seja recomendável”. Desta forma, a fofoca perde o
gosto de fruto proibido.
O hábito de falar mal das pessoas que não estão presentes pode tornar-se uma
cultura no coletivo. Não é fácil de tratar e desmantelar. A ansiedade, medo e
frustração que os membros sentem, o impede de levantar o assunto.
Vamos considerar uma situação em que você entra em uma sala e ouvir colegas
falarem sobre Maria, que não está no lugar. Você pode resolutamente começar a
falar de outra coisa, mudar a conversa intencionalmente. Diga, por exemplo:
"Que dia lindo e claro que está hoje." Levante algo que é bom em geral. Talvez já
isso levante a percepção de sus companheiros de que eles agem de uma forma
negativa.
Ou diga o seguinte: "Ontem eu acompanhei Maria, e vi a forma como ela
cuidava de um paciente. O paciente estava muito satisfeito com a ajuda que
recebeu." Você fala de algo bom que Maria fez, mas não a defende de nenhum
jeito. A reação de defesa é muitas vezes percebida como uma confirmação de que
as acusações são justificadas, e fortalece o conflito desnecessariamente.
Você também pode esperar um pouco e ouvir o que estão falando. Então você
diz: "Agora, nós conversamos por meia hora sobre os problemas da Maria, então
agora é a hora de pensar em como podemos ajudá-la com suas dificuldades. Eu
tenho caneta e papel à mão e podemos anotar as propostas." Provavelmente os
outros não entrarão na discussão, mas isso aumenta a consciência e abre canais
de energia positiva.
Talvez você ouve os outros falarem mal de Maria e então diz: "Agora eu vou
sair para que vocês possam começar a falar sobre mim"
Isto pode parecer fácil, mas as pessoas são ainda frequentemente ansiosas e
inseguras e raramente lidam com essa tarefa. Não tente ser forte e confiante.
Sócrates diz que aqueles que tenta fazer-se forte e seguro no lugar está ficando
fraco e incerto. Aceite suas inseguranças e você pode decidir não embarcar neste
tipo de reflexão com o grupo. As pessoas tem medo de especialmente perder a
face na frente dos outros. Nos relacionamos geralmente com crítica e desprezo à
tudo o que poderia ser interpretado como uma crítica. O ambiente enrijece
desnecessariamente.
Pense sobre a situação depois em paz e sossego. Talvez seja alguém no grupo
que muitas vezes começa com a calúnia. Ela se concentra nos problemas das
pessoas e deficiências, não para ajudá-las, mas para empurrá-las para baixo. A
mesma coisa ela faz consigo mesmo em seu interior. Ela pensa mal dos outros, o
que é um resultado de que ela pensa mal de si mesma. Planeje um tempo em que
você possa dizer a ela, à dois: "Tenho observado que você está fazendo um
trabalho importante e que você usa o seu discernimento, criatividade e iniciativa
no mesmo. Mas às vezes parece que você está subestimando suas capacidades.
Você está à procura de erros e se concentrar tanto neles que é injusto." Não há
necessidade de se preocupar se ela aceita isso ou não. Você vai deixá-la pensar
sobre isso por si mesma. Provavelmente ela reaja de modo repelente ou mesmo
zombando.
Se a situação é tal que falam sobre você, e você entra na sala de descanso onde
os caluniadores estão, você pode dizer: "Você pode imaginar, eu ouvi rumores de
pessoas dizendo isso e aquilo (descrever o que o difamado por você) de mim.
Devemos ouvir tudo. Mas agora vamos tomar um café..." Você vai deixar a
questão em aberto, sem culpar e nem criticar. Você só expõe o assunto de modo
claro e aberto, o que mostra que você não da poder. Você não tem necessidade de
defender-se ou vir com explicações.
É importante lidar com a calúnia, pois facilmente se torna um hábito. Ela
devora o tempo. Isso dificulta a cooperação e prejudica o trabalho de motivação.
Pode fazer o conflito e paranóia crescer. Todo mundo se sente mal por
difamação.
4.2.4 Como impedir ações agressivas
Atividade destrutiva é impedida o mais eficiente com a ajuda de
responsabilidade coletiva. Leia o capítulo 4.1.6 Como trazer paz no trabalho.
Abaixo estão algumas reflexões gerais.
Lide com o assunto em um estágio inicial e faça-o de uma forma clara, antes
que o comportamento destrutivo se torne um hábito. Em caso de emergência,
você deve se concentrar apenas na prevenção de comportamento agressivo, e
não sobre a sua pessoa. Se, por exemplo, Carlos bater em Pedro, tome a mão de
Carlos e impeça-o de bater. Diga claramente que é proibido bater. Evite uma
proibição pessoal: "Você não pode bater", ou "não bata". Uma proibição
impessoal parece mais justa. Não culpe, se concentre apenas na prevenção da
batida. Se necessário, levante o problema mais tarde.
Diga "não" com energia positiva, com respeito. Você faz bem quando impede
alguém de ferir. Isso é ser amoroso. Em caso de emergência, você pode usar
conscientemente a sua raiva como recurso de poder.
Se você sentir a ameaça do outro como perigosa, você deve agir extra
respeitosamente (equilibrada) para não provocá-lo. Uma pessoa agressiva
acredita ser mais importante de todos, na psicose, ainda mais importante do que
Deus. Responda a ela com respeito. Uma pessoa que está em estado de agressão,
têm uma forte necessidade de ser vista. Portanto, uma atitude respeitosa, formal
é muito apropriada em tal situação. É sábio para qualquer um.
Peça ajuda à comunidade à tempo. Aja à longo prazo. Mude o seu curso de ação
de uma forma criativa. Aja de forma que se desvia do normal - pode provocar
mudanças no outro.
Se necessidades mantenha algum tipo de diário. Descreva o que aconteceu, o
que ela disse, o que você disse e como você acha que deveria ter respondido.
Reuna informações concretas e pense sobre isso com outros. Planeje e escreva
com antecedência o que você pretende dizer. Dessa forma, você pode articular
sua mensagem para que seja clara e você evita provocação desnecessária.
Em vez de reclamar e culpar, peça-lhe para vir com idéias e sugestões que
podem ajudar a situação. Atue no espírito de cooperação, mesmo se o outro não
quiser.
No caso dos chamados casos perdidos, talvez seja melhor neutralizar seu
poder e torná-lo o menor possível. Diga apenas o que você precisa e faça-o de
forma muito formal. Pense em como você poderia ajudá-lo.
Eu estava em uma missão de treinamento no internato escolar de
agricultura orgânica no Instituto Educar. Foi-me dito que no grupo tinha
garoto grande de 17 anos que era agressivo com os outros.
Comecei a ensinar e em momento oportuno, perguntei aos educandos:
"É um sinal de coragem que alguém maior ameaça outro menor?" Eles
responderam: "Não". Perguntei: "É sinal do que?" "Covardia, fraqueza!" Eu
continuei: "É sinal de coragem quando várias batem em uma pessoa?"
"Não, isso é covardia!" Eu deixei o grupo pensar por um momento sobre a
resposta. Eu senti que a classe pensou sobre o assunto com sensação de
libertação.
Houve uma pausa, e os estudantes saíram. O rapaz em questão veio
ameaçadoramente para mim e emplumado provocantemente. De uma
forma respeitosa, eu lhe disse algo casual e ele saiu. Na parte da tarde ele
voltou para mim durante uma pausa, agora com uma atitude
completamente diferente, com respeito. Ele disse que tinha dado muita
atenção ao que eu disse. Ele disse que tinha recebido a mensagem e
pensou em mudar seu comportamento.
4.3 COOPERAÇÃO E ALEGRIA NO TRABALHO
4.3.1 Como criar coesão no coletivo do trabalho
As noções básicas de motivação e paz no ambiente de trabalho foram tratadas no
capítulo 4.1 Paz no trabalho e motivação na escola. Lá, o foco era sobre o sistema
escolar, mas os princípios são os mesmos, no trabalho ou no coletivo humano a
qualquer momento.
Quando uma pessoa faz seu trabalho com prazer e interesse, ela está
espontaneamente motivada a usar suas habilidades e oportunidades. Não há
resistência interna e descontentamento que esgota com a energia. Para ser capaz
de sentir felicidade em seu trabalho, a pessoa precisa realizar uma experiência
que seja importante do ponto de vista humano. O trabalho deve ter um propósito
de afirmação da vida, para ser significativo, para que ele inspire o
desenvolvimento e a utilização dos recursos humanos. A organização do trabalho
deve ser justa, o mais possível, e fazer os trabalhadores envolvidos na tomada de
decisões. As pessoas querem influenciar no que estão trabalhando e como
trabalham.
Cooperação significa que um grupo de pessoas agem para atingir as metas
acordadas e tentar ajudar uns aos outros. As perspectivas de uma boa relação de
trabalho são:
-
-
-
-
-
-
O coletivo de trabalho é organizado de modo a incentivar a participação,
igualdade e solidariedade. No processo de tomada de decisão é aplicada
tanto quanto possível, os princípios de democracia direta. Todos
envolvidos tem sua voz quando decisões importantes são tomadas.
Questões importantes incluem: princípios internos do grupo, valores,
plano de negócios a longo prazo, planejamento estratégico, planejamento
orçamentário e escolha das pessoas responsáveis. Todo mundo tem poder
igual, portanto, liberdade e responsabilidade. Isso cria um senso de
responsabilidade verdadeiramente compartilhada.
Se desenvolve e pratica conscientemente uma cultura que inclui diálogos
de reforço (Capítulo 2.2). O objetivo é aumentar e manter a consciência
das riquezas humanas nos encontros diários. Os problemas são vistos
como sintomas positivos, ou seja, oportunidades para desenvolver. Não se
puni por erros e equívocos, ao invés disso eles são vistos como
oportunidades para aprender alguma coisa.
Os membros do grupo tentam expandir sua consciência do ser humano e
de si, o que significa que todos estejam cientes das idéias básicas sobre o
desenvolvimento humano e relacionamentos (parte 1, O que é o ser
humano?).
Se o caso é de uma empresa que produz resultados financeiros, planejem
juntos critérios para que uma parte dos lucros sejam reinvestidos para
crescer o negócio, e como uma outra parte é dividida entre todos. Então
você atinge uma sensação de uma tomada de decisão transparente com o
máximo de justiça.
Todo mundo entende que a cooperação começa consigo mesmo. Eu, e
somente eu, tenho responsabilidade pela minha atitude cooperativa. Eu
não dependo se os outros querem trabalhar comigo. Eles têm a sua
própria responsabilidade, que é a sua liberdade de escolher sua atitude.
Se eu esperar ou exigir uma boa atitude cooperativa deles, crio conflitos e
problemas desnecessários.
Uma boa cooperação também é baseada em uma comunicação aberta, o
que não é limitada por medo de reações emocionais. Se alguém fica com
raiva ou mágoa, é de seu direito e seu modo de funcionamento. Essas
coisas acontecem, e é importante aceitar isso.
Normalmente, não é possível decidir democraticamente sobre tudo, porque
alguns dos objetivos, princípios de funcionamento e limitações são ditadas de
fora da organização. Sobre certas coisas ainda se pode decidir
democraticamente. À medida que a organização democrática se estabiliza, um
número crescente de casos são transferidos para responsabilidade comum.
A tolerância é um dos pilares da cooperação. No nível pessoal, há e sempre vai
haver conflitos. As pessoas têm diferentes hábitos, valores e práticas, e todos têm
seus próprios interesses de poder, problemas pessoais e empecilhos, o que torna
a vida e os relacionamentos complicados e interessantes.
4.3.2 Liderança consciente
Os seres humanos têm um desejo inato de compreender a realidade, assimilar o
conhecimento, criar coisas novas e interagir com os outros. Liderança consciente
é motivar, liderar, acompanhar e ajudar as pessoas em uma atividade que seja
compreensível por todos. Isso inclui a meta de todos de conhecer o coletivo, a
indústria e os princípios operacionais de seu colega de trabalho. Ferramentas
importantes para o líder, são as ideias básicas sobre o ser humano (parte 1) e
confirmar as riquezas humanas de seus subordinados.
As pessoas não são simplesmente uma criatura racional, que só quer o bem.
Ela abriga o ciúme (destruição), o medo neurótico, ódio e delírios de si e dos
outros. O líder deve diariamente confrontar e lidar com a ambivalência humana
de si e dos outros.
O comportamento e ações problemáticas são devido intenções negativas do ser
humano e suas funções mentais e emocionais problemáticas. Levantá-los para o
tratamento geralmente é percebido como uma ameaça e como pessoal, mas
ainda assim é precisamente esses problemas que uma grande parte da
dificuldade são devido. Do comportamento humano mostra como ele usa sua
vontade:
-
Vontade de cooperar - destrutividade
Desejo de inspirar - suprimir-se e a outros
Criatividade - rigidez
Iniciativa - passividade
Coragem – covardia
Mente ética - conspirações
Prazer - desprazer
Abertura – introversão
A ferramenta do líder é: diálogo de reforço (2.2), acompanhamento (2,3), terapia
de grupo e processo de grupo (2,5) e como trazer paz no trabalho (4.1.6).
Se segue em intervalos apropriados como o espírito psicossocial do coletivo de
trabalho se desenvolve, por exemplo, utilizando o Apêndice 4 Perguntas sobre o
autoconhecimento. Com base nas necessidades, como mostra o “follow-up”
(acompanhamento), se desenvolve um plano de como a empresa irá desenvolver.
Um coletivo democrático é uma força natural, positiva direcionada à motivação
e cooperação.
4.3.3 Resistência às mudanças
Para o local de trabalho evoluir e adaptar-se à evolução de circunstâncias
externas, é obrigado fazer constantes mudanças no trabalho. A própria vida é
uma mudança constante, uma energia metafísica. Um coletivo que não muda
constantemente, solidifica ...(och förfaller). O objetivo do desenvolvimento é de
resolver problemas, melhorar a qualidade do negócio e permitir que ele cresça,
inspirar a criatividade e motivar as pessoas.
Se a intenção da mudança é o de maximizar os lucros, sem considerar as
pessoas e a natureza, não é ético e deve ser vigorosamente combatido.
Se a mudança é significativa visando o quadro geral, o primeiro passo é,
quando se deparar com a resistência à mudança, aceitar que sempre haverá
resistência. Isso pode-se supor quando se reflete e se tornar consciente da
resistência pela mudança de fatores psicossociais:
-
-
-
-
As pessoas vivem velhas rotinas como confortáveis. Elas não querem se
tornar conscientes de seu potencial a ser desenvolvido, ou da necessidade
de novos conhecimentos e habilidades. Se escolhe uma conveniência
aparente, uma estagnação.
Quando há mudanças na organização, se tem medo de perder o poder e
tornar-se menos importante. Toda mudança é percebida como uma
ameaça.
Tudo que é novo aumenta a consciência da situação atual e, portanto,
fornece visão clara sobre o esforço de todos. É comum que isso seja vivido
como ameaça.
Não se quer, simplesmente, que a situação melhore, o que geralmente está
ligado a atitude de inveja. Isso significa que você não quer realizar o seu
potencial e, em vez se apega às dificuldades, aumenta os problemas e dá
poder para tudo negativo. Se têm uma atitude de inveja, tenta sabotar
sistematicamente o potencial para desenvolvimento.
Combater os objetivos comuns pode te tornar facilmente a atenção dos
outros e se tornar o foco durante a reunião. Isso fornece, como um
reconhecimento de existência. Por isso uma atitude negativa e
insatisfação constante parece tão atraente.
Se o chefe sugere alguma coisa, algumas pessoas reagem prontamente
com resistência. É um hábito que tomou já como criança, em relação com
seus pais. Eles são os primeiros supervisores da pessoa. Em seguida, o
professor, supervisor e, possivelmente, um cônjuge. Em relação a um
chefe, as pessoas funcionam muitas vezes de acordo com o primeiro
modelo que aprenderam.
Como você pode então lidar com a resistência à mudança? Uma maneira é deixar
que o grupo de trabalho compreenda que a resistência à mudança não é proibido
(embora não recomendado). Existe em algum grau em todos nós. Deve-se falar
disso. Não se faz isso com alvo de críticas ou exigências.
Outra maneira é diante da mudança discutir como percebem a situação e as
reações emocionais que ela evoca, como ansiedade, medo, raiva, curiosidade ou
entusiasmo. O grupo discute o que cada um sente. Você se torna consciente dos
sentimentos, aceita-os e não precisa mudá-los.
Uma vez que a resistência irracional à mudança é altamente dependente dos
empecilhos das pessoas (atitudes neuróticas), é importante tomar consciência
deles (Capítulo 1.3 Empecilhos humanos). Pode-se aplicar o acompanhamento
(2.3) no grupo de trabalho. No nível individual usa-se o diálogo de reforço (2.2).
Se necessário, as práticas de reuniões e outras práticas costumeiras são
formalizadas. Se identifica o quão longe uma colocação durante uma reunião
pode ser. Se tenta evitar perder tempo permanecendo em problemas e, assim, se
planeja a agenda das reuniões, para que pelo menos dois terços do tempo seja
usado para desenvolver propostas e planos de negócios. As decisões são
tomadas, se necessário procedendo a uma votação e a maioria decide. A
insatisfação é permitida, mas não têm poder.
4.3.4 Lidando com os conflitos
Um conflito surge quando as pessoas pensam de maneira diferente sobre algo ou
quando têm objetivos conflitantes. Um exemplo de um conflito estrutural é o
desejo do empregador de pagar um salário mais baixo possível e a meta do
empregado de um salário mais alto possível. Um conflito emocional comum
ocorre quando uma das partes em um par amoroso espera ser tão amado como
ele ama o outro.
O conflito é uma ameaça ou uma oportunidade para você? Pense sobre suas
reações em uma situação de conflito. Como você experiencia um conflito? Você
sente como uma oportunidade para se familiarizar com o ponto de vista dos
outros, a rever os seus conhecimentos e conhecer outra pessoa melhor? Ou você
percebe-o como uma ameaça que desperta ansiedade e raiva, em seguida, uma
reação de estresse, que impede seu senso de observação, seu julgamento e sua
criatividade?
Pessoas autoritárias, muitas vezes têm fortes reações emocionais junto à
conflitos. É uma expressão de perfeccionismo e megalomania.
Um conflito não é apenas prejudicial. Ele quebra a rotina e te desafia a adaptarse a novas idéias e abordagens. Ele põe em movimento as energias escondidas na
organização e rompe a estagnação. Ele revela os problemas secretos, ajuda a
fazer observações e estimula a criatividade.
Aqui está um processo de como você pode lidar com um conflito:
1. Esteja ciente de seu estado emocional. Você sente medo, irritação ou
raiva, tão forte que pode ser prejudicial? Pare e senta seus sentimentos e
pense sobre sua responsabilidade por suas emoções (Capítulo 1.1.1
Liberdade de pensar e sentir - limitada liberdade de agir). Ao observar a
sua fuga ou atitude de luta, você pode reduzir sua carga emocional e,
assim, obter um contato com a realidade que sente mais seguro.
2. Esteja interessado nos sentimentos do outro, tente aceitá-los e fale
aceitando-os, para que ele também tenha mais facilidade de aceitar a
3.
4.
5.
6.
7.
consciência deles. Deixe- aliviar seu coração. (Veja a seção 3.2 Como lidar
com as emoções). Deixe-o expressar suas opiniões sem interrompe-lo.
Ouça concentrado. Evite entrar em uma disputa ou briga. Pergunte para
saber mais. Ponha-se na situação dele. Tente encontrar o ponto mais
problemático. Explique claramente o que você entendeu do que ele disse.
Examine o problema de forma prática (fatos, exemplos, o prejuízo
concreto que o conflito levanta...) e divida o pessoal deste conflito.
Forneça uma estimativa das implicações práticas. Mostre como o
problema afeta o trabalho (efeitos de custos, atrasos, problemas de
qualidade, falta de condições de trabalho, baixa motivação, estresse...).
Use seu senso de humor se for sábio. Com humor pode-se despertar
criatividade. Ele alivia a tensão e stress, contribui para o desenvolvimento
positivo e faz também uma pessoa que não quer ouvir, prestar atenção.
Humor respeitoso pode dissolver a raiva.
Guie o encontro tentando achar benefícios em comum e demonstre-os.
Desenvolva propostas alternativas. Encoraja o outro a fazer sugestões.
Concentre-se nos possíveis benefícios e resultados, evite pensar no lado
negativo da alternativa. Tente estabelecer princípios de imparcialidade
para avaliar os benefícios das diferentes alternativas.
Lembre sobre regras e práticas que podem reduzir o conflito. Analise-os
em critérios imparciais (casos anteriores semelhantes, visão científica,
fatores de custo, legalidade, reciprocidade, etc).
Provoque, se necessário, uma clara contradição. Se o procedimento acima
descrito não produzir resultados, pode ser apropriado fazer umas
alternativa oposta. Sugira que o outro deva agora pedir ajuda de uma
terceira pessoa para lidar com o problema. Leve o assunto ao coletivo e
peça a todos para aconselharem sobre como você deve proceder. Se
necessário, deixe o grupo sugerir que a tarefa de gerir o conflito agora
seja dado a um mediador imparcial.
Muitas vezes eu tenho lidado com crises em organizações democráticas em
situações em que o grupo foi dividido com rígidas atitudes de conflito. Nesse
caso, o grupo muitas vezes sofre de descontentamento geral, desconfiança, fraca
motivação e fé débil no futuro. Normalmente, discutimos sobre a visão do ser
humano (Parte 1 e Capítulo 2.2) em um ou dois dias, quando o interesse também
é o auto-conhecimento, que é um tratamento muito eficaz em situações de crise.
Muitas vezes não precisa de outra coisa a não ser repetir a mesma coisa, alguns
meses depois.
Mas se isso não ajudar o suficiente, você pode continuar:
-
Tente controlar a situação para que as partes concordem que há um
conflito. Eles devem aprender a conviver com o problema, interromper a
necessidade de resolver o conflito.
Primeiro veja o ponto de vista de cada um em conversas individuais.
Familiarize-se com os pontos de vista e observe os estados emocionais.
Fale sobre eles de uma forma respeitosa. Não julgue e não tome partido
de ninguém.
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Tente que todas as partes (separadamente) entrem em seu interior para
se tornarem conscientes de suas respostas emocionais e sua possível
raciocínio falho.
Se isso não der resultado necessário, assuma o papel de mediação formal
ou solicite a nomeação de tal.
Organize uma reunião formal entre as partes, se você achar que pode ser
útil. Defina metas para a reunião e faça um plano de ação. Por exemplo,
assim: primeiro todos apresentam a sua versão da história; então dizem o
que sentem; em seguida, apresente todos os seus desejos e, finalmente, os
partidos veem com propostas sobre como a situação pode ser melhorada
ou que forma podem tentar resolver o problema. Pode-se determinar o
tempo que cada fala pode ter. Não é necessário ter um diálogo, mas se
permite que, cada uma das partes se expressam de forma sistemática.
Dependendo da situação, tente levar as partes a um acordo sobre
questões práticas e regras a serem seguidas. Não critique e não tome
partido, seja a favor ou contra alguém. Lide apenas da parte formal da
reunião para facilitar o encontro.
Avalie os resultados e planeje as ações a seguir. Às vezes é necessário
contratar um tutor de fora, que pode quebrar a tensão entre as partes.
Pode-se também aplicar a orientação método através do Acompanhamento
(Capítulo 2.3), para desenvolver a capacidade do grupo para cooperar e prevenir
e lidar com conflitos.
Há conflitos que não podem ser resolvidos. Então, o objetivo é ajudar as partes
a desenvolver uma interação que é tão pouco prejudicial possível, aprender a
aceitar o conflito e viver com ele. Conflito nos ajuda a desenvolver tolerância, a
convivência com os outros e amadurecer como pessoas.
PARTE 5
SOCIEDADE SÃ - SERES HUMANOS SÃNS
Em uma estrutura social justa e igualitária as pessoas crescem e se desenvolvem
na tolerância e solidariedade. Oligarquias e injustiças, no entanto, faz as pessoas
sofrerem de alienação, medo, ressentimento, paranóia, e são oprimidas. Tudo
isso alimenta a futilidade, crime e doença mental.
A estrutura social é baseada na colaboração entre o sistema político e o
econômico. O objetivo do sistema político é criar estruturas para negócios e
controlar suas atividades para o bem das pessoas. Mas, entretanto, o poder
financeiro e econômico conseguiram colocar a política abaixo de si.
Nos perguntamos por que a insatisfação com o atual sistema é tão forte no
Brasil; aqui, onde nas últimas três décadas tivemos a democracia representativa
introduzida, o desenvolvimento econômico tem sido bastante estável e os
benefícios sociais e de segurança tem aumentado significativamente. Ao mesmo
tempo, as pessoas tem visto na prática que os presidentes do Partido dos
Trabalhadores são sempre forçados a decepcionar amargamente as pessoas
assim que chegam ao poder. Como o sistema político está escravizado sob o
poder do sistema financeiro, ele não consegue trazer mudanças estruturais,
apesar da vontade política ser forte. Tal é a situação no Brasil e provavelmente
no mundo.
A vida econômica não segue a democracia mas ao princípio: "Quanto mais você
possui, maior é o número de votos disponíveis para você." A estrutura econômica
atual é baseada em valores desumanos: competição, ganância, alienação e
indiferença para com o sofrimento humano. Isto significa que o humano, que é,
acima de tudo, amor, é oprimido e o equilíbrio da natureza é destruído.
O trabalho é organizado pela oposição entre dois grupos, empregadores e
empregados. O empregador tenta obter a maior parte possível dos rendimentos
do trabalho para si mesmo enquanto o objetivo do trabalhador é ganhar o mais
alto salário possível. Isso cria um conflito crônico, estrutural no sistema, que leva
à insegurança, alienação, subjugação e diminui a motivação. Um assalariado não
têm direito de participar na tomada de decisões importantes, e não tem direito
aos lucros que seu trabalho produz.
A estrutura de poder reprime as pessoas. Os pais também reprimem seus
filhos desde que são pequenos, com rejeição e reações emocionais negativas.
Como Paulo Freire colocou, "os oprimidos se tornam opressores." Os oprimidos
não são uma ameaça para quem está no poder, pelo contrário, eles são cidadãos
obedientes, apesar do sentimento de injustiça atual.
Na verdade, os governantes também são vítimas do sistema. O sistema faz com
que todos fiquem oprimidos. Quem reprime os outros, se reprime em seu
interior. Não é surpreendente que aqueles no poder temem o povo. Eles sofrem
de paranóia, suspeitam que as amizades são baseadas no fato de que os outros
querem ter parte de seu poder. Eles sofrem de ganância e superficialidade. Eles
precisam constantemente fazer um esforço para manter e aumentar seu poder.
Parece que todas as estruturas de poder são como um círculo vicioso para todos.
Portanto, o poder deve ser distribuído tão igualmente quanto possível para
evitar isso.
Os problemas do sistema atual tem crescido muito rapidamente nas últimas
décadas. A mentalidade de competição cada vez mais acelerado também se
espalhou no setor público, aumenta constantemente as exigências, intensifica a
exploração dos trabalhadores e dos recursos naturais e fomenta o egocentrismo
e contradições. Isso faz o trabalho frustrante e desumano. Uma grande parte das
pessoas do mundo estão com fome e desprivilegiados. Os avanços da tecnologia
poderiam permitir uma tendência oposta.
Para se libertar precisa primeiro tomar consciência do opressor dentro de sua
própria psique e participar simultaneamente de atividades que contribuam para
a análise e desenvolvimento de estruturas de poder da comunidade.
O EQUILÍBRIO DA NATUREZA É PERTURBADO
O capitalismo vê um aumento na produção e consumo como única finalidade
óbvia. Ao mesmo tempo, isso leva inevitavelmente que o equilíbrio da natureza
seja perturbado. Já cruzamos a fronteira, a ponto de um desastre que nos espera
no futuro? Pode-se comparar a situação com o termo boarderline, o qual é
utilizado em psiquiatria. Uma pessoa na psicose vai além da fronteira da
realidade e vai para o lado surreal, com enorme sofrimento como resultado. A
recuperação do paciente é um processo incerto, difícil e doloroso, que ocorre
apenas em parte.
Pode-se imaginar que pelo menos metade dos produtos que produzimos são
desnecessários e, em grande parte prejudiciais. O sistema econômico está nos
guiando em direção a possessividade e superficialidade incrível. A vida se torna
sem sentido, em constante fuga e prestação.
Nós usamos os combustíveis fósseis, talvez em grande parte em vão. As plantas
de cidades urbanas são feitas em vista da crescente motorização, não
considerando o humano. A Finlândia importa do Brasil a celulose e exporta papel
para o Brasil. Da China, onde o salário mínimo é de cerca de 200 euros por mês,
se muda as fábricas para Bangladesh e Camboja, onde o salário mínimo é cerca
de 50 euros por mês e os trabalhadores ainda mais desorganizados. Distância
não significa nada.
Estes desenvolvimentos afetam a equalização das diferenças salariais entre os
países, e como entre a Suécia e a Finlândia após a Segunda Guerra Mundial e para
o Japão em relação aos Estados Unidos e Europa Ocidental. Os salários dos
trabalhadores e o custo de vida nos países ricos se aproximam lentamente o
nível do terceiro mundo e vice-versa. Uma certa forma de desenvolvimento
econômico para maior igualdade tem lugar entre os países. Enquanto isso, a
diferença aumenta entre ricos e pobres dentro dos países.
Nós somos diferentes. Quando uma pessoa anda na floresta, ela admira as
árvores e os arbustos de frutos, pensa em como as formigas trabalham em
conjunto, ouve os pássaros, sente os cheiros, a sensação de paz e gratidão.
Quando outra pessoa entra na floresta, ela olha em volta, pensa em onde ela deve
ir e o que deve fazer. Uma terceira pessoa faz uma estimativa instantânea de
quanto dinheiro a floresta pode oferecer, e de que maneira.
ABORDAGENS PARA MUDAR A SITUAÇÃO
A democracia representativa é um grande passo em direção à libertação humana
dos reis, nobreza e ditaduras oligárquicas. Winston Churchill disse que a
democracia é a pior forma de governo se excluirmos todos as outras que já foram
julgadas.
Um estado de bem-estar de acordo com o modelo sueco, como o Partido Social
Democrata trabalhou até a década de 1980, representa uma transferência de
renda dos ricos para os pobres através dos impostos. Uma das tarefas centrais do
sistema fiscal é reparar as injustiças do sistema econômico. A tributação ainda é
estranha, aleatória, e exige uma enorme burocracia. A tributação é como uma
aspirina; ela remove ou retém o sintoma, mas não tem efeito sobre a causa da
dor, ou seja, o doente no princípio do sistema econômico, leis e estruturas. Isso
torna o problema pior e crônico.
Na União Soviética e em Cuba o poder se concentrou ainda mais do que nos
países capitalistas, onde o poder econômico e político, pelo menos formalmente
são separados. Em vez de concentração de poder é necessário um poder
organizado tão horizontalmente quanto possível. Hélder Câmara (arcebispo
brasileiro 1909-1999) declarou: "Quando eu dou pão para um pobre dizem que
eu sou uma boa pessoa. Quando pergunto por que ele não tem comida, eles me
chamam de comunista."
Mahatma Gandhi (político indiano, 1869-1948) lutou contra o poder colonial
britânico e co-fundou a Índia independente. Ele falou de uma revolução pacífica.
De acordo com Thomas Wallgren (filósofo, nascido em 1958), que escreveu
sobre Gandhi, pensou que "o caminho para nós mesmos é o caminho a verdade e
a verdade é absoluta, embora a nossa compreensão dela seja sempre incompleta.
Como a estrada pra nós é através de servir os outros, o caminho para a verdade
absoluta é através da luta social. "(Ydin, 2012).
Revoluções realizadas com a violência geralmente levam a oligarquias, ou seja,
a nova violência. Por isso, a alteração das estruturas do coletivo é implementado
pacificamente, passo a passo com a força e pressão do povo.
Tommi Nieminen escreve (Helsingin Sanomat, 09.12.2011): "Os bilhões de
pessoas que vivem com fome no início dos anos 2010s, é algo incompreensível
dos dias de hoje, que os historiados do 2100-século estarão pesquisando com
grande maravilha..." Albert Einstein ponderou sobre mesma coisa: "as pessoas
futuras não vão compreender que alguém assim viveu em nosso planeta." Vamos
esperar que eles estão certos.
No romance Os Irmãos Karamazov, Dostoiévski descreve a nossa
responsabilidade global: "Todo mundo tem culpa diante de todos e por tudo."
Somos responsáveis pelo bem-estar da humanidade, incluindo a liberdade, a
solidariedade e a igualdade. Não é ético perseguir seus próprios interesses, em
detrimento daqueles que estão em pior situação. Os criminosos, aqueles que
sofrem de dependência química, os doentes, os marginalizados e os famintos
devem inevitavelmente sofrer no lugar dos outros e, assim, ajudar os mais
afortunados para se humilharem, e que se vejam no espelho dos desfortunados,
mesmo que contra sua vontade."
DEMOCRACIA DIRETA
A democracia representativa tem funcionado como uma fase inicial libertadora,
mas já não corresponde ao nível de consciência social anseios das pessoas. É
muito frustrante votar nas eleições sendo que se percebe que o voto não tem
quase nenhuma importância, os políticos anti-capitalistas não conseguem mudar
o sistema apesar de serem votados para tomar o poder com essa promessa. As
pessoas não participam na política, parece sem sentido, porque sabem que não
tem praticamente poder algum com a democracia representativa. As pessoas têm
sido alienados do conhecimento político, social e econômico quase
completamente.
A democracia representativa tem o seu curso. A seguir é uma forma de
democracia, onde o povo participa diretamente na tomada de decisão na
sociedade, sem a influência de representantes e seu lobbying, uma vez que estes
estão sujeitos. A democracia direta não elimina o sistema de democracia
representativa. As decisões importantes, os princípios de funcionamento do
sistema político e econômico e planejamento de longo prazo são desenvolvidos a
partir de voto popular direto, mas a implementação é delegada a representantes
eleitos. A base da democracia é direta em vez de representativa.
Como o mundo funciona como um todo, também há casos importantes em
nível mundial a serem cobertos por uma democracia direta global.
Erich Fromm escreveu que é preciso descentralizar as autoridades tanto do
trabalho e do Estado e fornecê-los com proporções humanas. Se exige que no
setor econômico, qualquer pessoa que trabalhe em uma empresa forme uma
administração conjunta, para que seja possível sua participação ativa e
responsável. A utilização de pessoas deve parar e a economia deve começar a
fazer desenvolvimento humano. O capital vai servir para o trabalho, as coisas
devem servir a vida.
As casas, locais de trabalho, serviços públicos, escolas e outras instituições
organizadas promovem a interação entre as pessoas. Se desenvolve as
comunidades locais, tanto quanto possível para auto-gestão, o que significa que a
necessidade de transporte é radicalmente reduzida. Transporte de mercadorias
é revestido com alto imposto internacional.
A democracia direta na política e na economia é, claro, uma utopia nos dias de
hoje. As pessoas não têm conhecimento sobre coisas importantes, e não querem
ter e muito menos ter que decidir sobre elas. Nós, na verdade, fomos
profundamente alienados. Nós não temos idéia do que é importante. Para
introduzir a democracia direta é um processo longo, mas o mais importante não
é alcançar a meta, o que conta é o caminho que vamos.
Em primeiro lugar, iríamos em um referendo direto decidir sobre algumas
perguntas grandes e simples:
- Você quer que uma declaração de guerra seja dada apenas com base em
um referendo?
- Você acha que deve haver igualdade entre as pessoas?
- Você apoia o princípio do sistema atual, onde dinheiro faz dinheiro, então,
que uma pessoa se torna rica em interesse e especulação?
- Você gostaria de participar e decidir sobre a forma do retorno de seu
trabalho, ou seja, como o lucro é distribuído?
- Você quer que a educação e os cuidados de saúde sejam negócios
públicos?
- Você quer participar e decidir sobre os grandes investimentos apoiados
pelo Estado?
- Você quer acabar com os paraísos fiscais?
- Você quer que a comunidade empresarial respeitem a natureza muito
mais?
- Você quer usinas nuclear construídas perto de onde você mora?
Os pobres vivem nas proximidades. Quando os vizinhos ouvem como um homem
bate na mulher chorando eles costumam reagir com ansiedade e medo, mas sem
fazer nada. Mas se eles concordaram em um articulação solidária de interferir
em situações assim, o primeiro que percebe o que acontece, chama os outros, e
todos se reuniram ao redor da casa para bater tampas de panela. Assim a
comunidade notifica que não aceita violência. Uma abordagem mais coesivo tem
um forte efeito preventivo. Este é um exemplo de democracia direta em pequena
escala na África do Sul.
Se quisermos, podemos facilmente desenvolver um sistema assim social e
econômico, onde, por exemplo, tardes de quarta-feira são dedicadas para tratar
de vários assuntos e votar neles. Quando todos participam diretamente, sente
como verdadeira igualdade e solidariedade.
OUTRO ISM
Capitalismo é substituído por outro ismo que pode ser chamado de direta
democrática ou de forma abreviada "dideism". Nela todos participam
diretamente no exercício do poder, regional e global.
O trabalho não é subordinado ao dinheiro, mas deve ser significativo, deve ser
uma fonte de desenvolvimento humano, satisfação e alegria. Deve promover a
igualdade e responsabilidade partilhada. O trabalho assalariado é liquidado.
Verdadeiros proprietários de uma empresa são os funcionários. Os retornos
econômicos são alocados em proporção ao trabalho que cada um fez. Lucro
sobre o capital já não é usado como critério de alocação. As taxas de juros são
negativas, o que significa que, se alguém tem dinheiro que ele não precisa, ele
deve pagar impostos sobre este.
Empresas se assemelham a cooperativas de trabalho de hoje. Elas aparecem no
mercado livre, e seguem o princípio da oferta e procura. Em vez do modelo de
negócio capitalista, desenvolve um modelo de negócio cooperativo.
Uma vez que as crianças são o nosso maior presente, os mais importante para
o futuro, o trabalho com elas deve ser estimado como o mais importante.
Educadores de infância, professores e outros funcionários que trabalham com
crianças, devem ter a maior renda na comunidade. A sua remuneração deve
servir como um teto de renda geral. Caso contrário, é pura hipocrisia falar sobre
os filhos como a coisa mais importante que temos.
No local de trabalho (incluindo escolas) se desenvolve sistematicamente
conhecimento humano e auto-conhecimento. Abandonamos o dogma do
crescimento constante da produção e do consumo. Ao mesmo tempo promove
toda a atividade que ajuda o desenvolvimento humano nas atividades culturais,
sociais e espirituais, esportivas e tempo feliz juntos.
Esses pensamentos são utopias e descrevem uma possível visão de um
coletivo, provavelmente melhor e diferente. Deveria pertencer a tarefa dos
partidos políticos criar visões da sociedade ideal e planejar seus programas de
acordo com elas e não apenas se preocupar com defesa e benefício de seus
grupos de interesse.
Em uma parede na escola Instituto Educar está escrito: "Um sonho comum é o
início de uma nova realidade."
A PESSOA E O SENTIDO DA VIDA
Os seres humanos são extremamente pequenos em relação ao universo mas
extremamente importante do seu ponto de vista. O sentido da vida é viver bem
ou é algo maior, ou seja, uma conexão com o universo? Quanto mais você deixar
o seu amor estender, mais você está na realidade. Assim você também tem
conexão mais profunda com seu interior e, portanto, com o todo em você.
Quando sua vida acaba aqui na terra é natural e claro que você vá livrar-se de sua
âncora física e passar para uma condição puramente metafísica; em seu ser mais
íntimo, você já está lá.
Uma sociedade saudável, pessoas saudáveis e felizes. Quando a igualdade, a
solidariedade, responsabilidade e amor compartilhado são valores fundamentais
da estrutura do coletivo, é mais fácil para nós nos conectar com a nossa riquezas
humanas e fazer parte da beleza da natureza. Aí o amor não é mais difícil.