Avaliação dos efeitos do clodronato na
Transcrição
Avaliação dos efeitos do clodronato na
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ODONTOLOGIA CENTRO DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL PROF. JOSÉ ÉDIMO SOARES MARTINS AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO CLODRONATO NA MOVIMENTAÇÃO DENTÁRIA E REABSORÇÃO RADICULAR EM RATTUS NORVEGICUS Ana Maria Telles Pinheiro C.D. Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial. Salvador, 2006 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ODONTOLOGIA CENTRO DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL PROF. JOSÉ ÉDIMO SOARES MARTINS AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO CLODRONATO NA MOVIMENTAÇÃO DENTÁRIA E REABSORÇÃO RADICULAR EM RATTUS NORVEGICUS Ana Maria Telles Pinheiro C.D. ORIENTADOR: PROF. DR. MICKELSON RIO LIMA DE OLIVEIRA COSTA CO-ORIENTADOR: PROF. DR. MARCOS ANDRÉ VANNIER DOS SANTOS Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial. Salvador, 2006 P654 Pinheiro, Ana Maria Telles Avaliação dos efeitos do clodronato na movimentação dentária e reabsorção radicular em Rattus norvegicus / Ana Maria Telles Pinheiro – Salvador, 2006. 93 f. Orientador: Prof. Dr. Mickelson Rio Lima de Oliveira Costa Co-Orientador: Prof..Dr. Marco André Vannier dos Santos Dissertação (especialização em ortodontia) – Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Odontologia. 2006 1. Clodronato. 2. Reabsorção radicular. 3. Movimentação dentária. I. Costa, Mickelson Rio Lima de Oliveira (Orientador). II. Santos, Marco André Vannier dos. III. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Odontologia. IV. Título CDU:616.314-089.23 A meu marido, André Pinheiro, ponto de equilíbrio e co-responsável pelas grandes conquistas da minha vida... Dedico. AGRADECIMENTO ESPECIAL A meus pais, Mariângela e Justino Telles, “os fazedores de sonhos” da minha vida; e a meu filho, Victor, que, antes mesmo de nascer, já participou desta conquista... AGRADECIMENTOS A Deus, que sempre abençoa todos os meus projetos, Aos meus irmãos, Fernando e Luciana e cunhados-irmãos, Cláudia e Bruno, por participarem de todos os meus grandes momentos, Aos meus sobrinhos, Fernando e Bernardo, por serem sinônimo de ternura, alegria e pureza para quem quer que os conheça, À tia Vanda e tio Miguel por terem servido de meio para que Deus colocasse André na minha vida, Ao meu orientador, Prof. Dr. Mickelson Costa, pela paciência, dedicação e, acima de tudo, por ter, verdadeiramente, me guiado dentro de um mundo até então para mim desconhecido, o do trabalho experimental, de forma tão tranqüila, À Prof. Myrela Galvão por ter colaborado de forma tão desapegada para a execução deste projeto, tornando os momentos experimentais mais prazerosos, Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Marcos André Vannier dos Santos, pelo exemplo de simplicidade e pela total disponibilidade que sempre demonstrou ter para com o nosso trabalho, abrindo as portas da FIOCRUZ-Ba e viabilizando toda a nossa pesquisa, A Diego, grande amigo que conheci nesta fase da minha vida, cuja ajuda foi inestimável durante todas as etapas deste trabalho e que vai ficar para mim como um dos grandes “saldos positivos”, À toda a equipe da FIOCRUZ-Ba, em especial à Srª. Cristina dos Santos Vasconcelos, técnica do Departamento de Anatomia Patológica da FIOCRUZ-Ba, por ter simplificado, por muitas vezes, o nosso trabalho, À Srª. Maria de Lourdes, técnica em histopatologia da UFBA, por ter dado mais celeridade na fase final de processamento histológico do material coletado, À Profª. Drª. Luciana Ramalho, pela paciência e pelo carinho que sempre teve comigo e pelo exemplo de seriedade que dá em tudo o que faz, À Profª. Drª. Cristina Cangussu que nos faz entrar no turbilhão de idéias matemáticas da estatística de maneira segura e consciente, Aos meus professores do curso de especialização em Ortodontia da Universidade Federal da Bahia: Profª. Drª. Telma Martins de Araújo; Prof. Rogério Ferreira; Prof. Fernando Habib; Prof. Dr. Marcos Alan Vieira Bittencourt; Profª. Fernanda Catharino; Prof. Márcio Sobral; Profª. Mayra Seixas; Profª. Myrela Galvão; Prof. Marcelo Castelucci; Prof. Rivail Brandão; Profª. Luciana Gomes; Prof. Roberto Costa Pinto e Prof. Dr. Mickelson Costa, por terem me introduzido no fascinante caminho desta especialidade, Aos meus colegas de turma: Daniel Bill; Indira Maia; Inêssa Barbosa; Mônica Corbacho e Valmir Dall´orto e aos contemporâneos da segunda turma (Aline Cruz; Aline Freitas; Gustavo Maciel; Lívia Marianetti; Paloma Nunes e Ricardo Lavenere) e da quarta (Adriana Libório; Débora Rosseti; Érica Guanaes; Cristiane Becker; Mauro Henrique; Thiago Vinhas), pelos dois anos de convivência intensa, pontilhados de momentos especialmente inesquecíveis, À D. Lúcia, André, Damião e D. Ginalva por dividirem os momentos “estressantes” com nós, alunos, Ao Dr. Joélio Ribeiro que, com o simples exemplo, me fez ver as grandes realizações profissionais que a Ortodontia poderia me trazer, Aos amigos: Adriana Sicupira, Alexandre Moreira, Cláudia Embiruçu, Eduardo Batalha, Emerson da Silva, Eugênio Arcadinos Leite, Fernanda Muitinho, Flávia Cabral, Ianderlei Souza, Luiz Gustavo Cavalcanti Bastos, Priscila Pinheiro Lima da Silva, Vagner Mendes, por terem sempre acreditado em mim e no meu potencial. À Semp Toshiba, pela inestimável ajuda ao Centro de Ortodontia e Ortopedia Facial Professor José Édimo Soares Martins. A todos que, de alguma maneira, contribuíram para a realização deste trabalho. RESUMO O presente trabalho buscou avaliar a efetividade e o mecanismo de ação do clodronato na diminuição da reabsorção radicular e sua influência na taxa de movimentação dentária induzida ortodonticamente. Portanto, seu objetivo foi testar a hipótese desse medicamento inibir de maneira seletiva tal processo, com pouca ou nenhuma influência nesse movimento. Dezoito ratos foram distribuídos em três grupos: CONTROLE, com 6 animais; GRUPO I, com 5 animais (clodronato administrado nos dias 0, 2, 4 e 6); GRUPO II, com 7 animais (clodronato administrado no 5º dia). Todos foram submetidos à movimentação dentária ortodôntica e sacrificados no sétimo dia do experimento, quando as peças foram removidas, fixadas, descalcificadas, incluídas em parafina e coradas em hematoxilina e eosina para análise em microscopia de luz. Comparando-se as taxas de movimentação foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os grupos CONTROLE e I, o que não ocorreu entre o CONTROLE e o GRUPO II. Durante a análise histológica semi-quantitativa o GRUPO CONTROLE apresentou concentração de osteoclastos bem mais expressiva que o GRUPO II (83% e 43%, respectivamente, para o grau moderadointenso). A reabsorção óssea nesses dois grupos, por sua vez, não apresentou diferenças marcantes (50% e 57%, respectivamente, para o grau moderado-intenso), enquanto que a reabsorção radicular foi maior no GRUPO CONTROLE do que nos grupos I e II (respectivamente 67%, 20% e 57% para o grau moderado-intenso). A associação dos achados histológicos à taxa de movimentação dentária sugere que o uso do clodronato no quinto dia do experimento pode diminuir a reabsorção radicular com pouca influência na movimentação dentária induzida ortodonticamente. ABSTRACT This experimental study was motivated and performed in order to better elucidate the mechanisms underlying on the action of clodronate on root resorption. We tested the hypothesis that this compound may selectively inhibits root resorption without significant influence on tooth movement. Sample consisted of three experimental groups of 18 rats, CONTROL (n=6), GROUP I (n=5, clodronate administered subcutaneously in days 0, 2, 4 and 6) and GROUP II (n=7, clodronate administered subcutaneously in days 5). First upper molars were moved using ni-ti closed coil spring for 7 days. The animals were sacrificed and the tissue fragments of the moved teeth and adjacent alveolar region were fixed, decalcified, included in paraffin and HE stained for light microscopy. Taken together the results suggest that subcutaneous injection of clodronate in the fifth day of tooth movement in rats may decrease root resorption without significant influence on tooth movement rate. LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS % Percentagem P-C-P Ponte de dois átomos de fosfato ligados a um de Carbono ATP Adenosina trifosfato FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz TM Trade mark (marca registrada) g Grama mo Movimento ortodôntico S Sacrifício C Aplicação de clodronato N Número de animais por grupo mL Mililitro Kg Kilograma NiTi Níquel-titânio ® Marca registrada 1º M Primeiro molar nº Número ” Polegadas mg Miligrama M Molaridade EDTA EthyleneDiamineTetrAcetic acid (Ácido etilenodiaminotetra-acético) µm Micrômetro HE Hematoxilina e Eosina ANOVA Análise de Variância p p valor < Menor mm Milímetro = Igual pH Pondus hidrogenii (nível de acidez) F Furca LP Ligamento periodontal RO Reabsorção óssea NO Neoformação óssea D Superfície mesial da raiz distal LRRA Lacuna de reabsorção radicular ativa UFBA Universidade Federal da Bahia LISTA DE FIGURAS Página Figura 1 Pesagem do animal 29 Figura 2 Adaptação cervical do conjunto amarrilho-mola de NiTi ao primeiro molar superior esquerdo: a. fio de amarrilho metálico 0.08” (Dental Morelli) sendo introduzido na região entre 1º e 2ºmolares superiores esquerdos com o auxílio de uma pinça Mathiew; b. fio de amarrilho após passar pelo ponto de contato; c. fio de amarrilho envolvendo o 1ºM com a respectiva mola de Níquel-Titânio; c. amarração do conjunto mola-fio de amarrilho com o auxílio da Mathiew à cervical do 1ºM. 31 Figura 3. a e b. confecção do orifício entre os incisivos superiores com broca esférica nº2 (KG Sorensen). 31 Figura 4. a. Animal posicionado em dispositivo de acrílico ligeiramente inclinado, em decúbito dorsal, com a cabeça perpendicular ao solo; b. peso de chumbo de 45g preso ao amarrilho fixado à extremidade anterior da mola de NiTi, distendendo-a, produzindo força equivalente. 32 Figura 5. a. Fotopolimerização da resina na região anterior; b. desgaste dos incisivos inferiores com fresa do tipo roda (KG Sorensen) e c. aparelho montado. Figura 6. OSTAC – Solução injetável. 33 34 Figura 7. a. Avaliação da distância entre a face mesial do primeiro molar superior esquerdo e um orifício criado na vestibular dos incisivos superiores, utilizando paquímetro de precisão (Beerendonk Caliper 78532 - AESCULAP); b. espaço criado na distal do primeiro molar pelo deslocamento mesial deste durante uma semana de aplicação de força (seta). Figura 8. Osso maxilar osteotomizado. 35 35 LISTA DE QUADROS Página Quadro 1 Identificação dos grupos: mo (movimento ortodôntico), S (sacrifício); C (aplicação de clodronato) e N (número de animais por grupo). 30 Quadro 2 Representação esquemática dos referenciais numéricos utilizados. Quadro 3 Representação da tabela utilizada para registro dos dados 36 37 SUMÁRIO Página 1 INTRODUÇÃO 16 2 PROPOSIÇÃO 27 3 ABORDAGEM EXPERIMENTAL 28 4 DESENVOLVIMENTO SEQUENCIAL DA PESQUISA 38 4.1 ARTIGO 1 38 4.1 ARTIGO 2 66 5 CONCLUSÃO 83 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 84 7 ANEXO 93 16 1 INTRODUÇÃO O cemento radicular é um tecido conjuntivo mineralizado e avascular que recobre as raízes anatômicas dos dentes, composto por 45-50% de substância inorgânica e 50-55% de matéria orgânica e água. A porção inorgânica é composta basicamente por hidroxiapatita e a orgânica é constituída por colágeno tipo I e proteoglicanas. Suas células, cementoblastos e cementócitos, são similares aos osteoblastos e osteócitos, respectivamente, e sua nutrição se dá por meio de difusão, através do ligamento periodontal. Sua principal função é inserir as fibras deste ligamento à superfície radicular e vedar os túbulos dentinários (LINDHE & KARRING, 1997; CATE, 1998; KATCHBURIAN & ARANA, 1999) Este tecido pode ser dividido em: primário ou acelular, formado durante o processo de desenvolvimento radicular e irrupção dentária; e secundário ou celular, formado após o dente ter irrompido e em resposta às demandas funcionais. Este último apresenta uma composição muito semelhante a do tecido ósseo, todavia não possui vasos sanguíneos, linfáticos e inervação (LINDHE & KARRING, 1997; CATE, 1998). É passível de reabsorção e neoformação numa intensidade muito menor que a do osso (KATCHBURIAN & ARANA, 1999), além 17 de se depositar continuamente ao longo da vida, o que constituem aspectos clínicos importantes (LINDHE & KARRING, 1997). A resistência aumentada do cemento à reabsorção em relação ao osso torna viável o movimento dentário ortodôntico. Entretanto, mesmo quando as radiografias não revelam alterações visíveis na superfície radicular, acredita-se que a maioria dos dentes movidos ortodonticamente sofra uma reabsorção radicular, seguida de reparo. Na área reabsorvida, observam-se lacunas criadas por odontoclastos, rapidamente reparadas, ainda que de maneira incompleta, pela formação de novo cemento capaz de reinserir as fibras do ligamento periodontal e promover o restabelecimento dos demais tecidos (CATE, 1998; GU et al., 1999). Durante o tratamento ortodôntico, a compressão dos vasos sanguíneos, à medida que a pressão no ligamento periodontal aumenta, provoca obliteração dos mesmos e necrose estéril de áreas deste tecido, conhecidas como zonas de hialinização. Esta alteração tecidual impede a movimentação dentária até que tanto o tecido necrótico quanto o osso adjacente sejam removidos pelos osteoclastos (RODY Jr. et al., 2001; PROFFIT & FIELDS Jr., 2002). Logo, a compressão do ligamento periodontal constitui um fator de risco diferenciado para o movimento dentário (KING et al., 1998) e está intimamente associada com a indução osteoclástica (YOKOYA et al., 1997). Esta última, por sua vez, ocorre inicialmente nos canais vasculares do osso alveolar e no ligamento periodontal, no lado de pressão (YOKOYA et al., 1997). Os odontoclastos aparentam compartilhar características semelhantes com os osteoclastos no que diz respeito à estrutura celular (formação das bordas em escova e complexo de Golgi bem desenvolvido vizinho ao núcleo), assim como à função celular (reabsorção das matrizes mineralizadas). Todavia, diferente dos 18 osteoclastos que podem ser comumente observados no osso, os odontoclastos apresentam-se de forma temporária e restrita aos locais onde está ocorrendo reabsorção radicular. Portanto, os primeiros seriam regulados por hormônios sistêmicos e fatores locais, enquanto que os segundos seriam controlados basicamente por fatores locais e estresse mecânico (WATANABE et al., 2000). A transferência de forças ortodônticas para os tecidos periodontais envolve mecanismos biológicos que resultarão em reabsorção óssea e radicular. Apesar da relação entre esta degradação e a força não estar clara, tem sido demonstrado que fatores sistêmicos podem regular tal atividade (SAITO et al., 1991; ALHASHIMI et al., 2001). Há estudos que relacionam o início da reabsorção radicular às áreas adjacentes à zona de tecido hialinizado, ocorrendo em casos de compressões maiores e mais duradouras (REITAN, 1974; BRUDVIK & RYGH, 1993; ADACHI et al., 1994; CATE, 1998; GU et al., 1999; BREZNIAK & WASSERSTEIN, 2002), podendo ser evidenciada ainda nos casos em que uma reativação seja realizada durante o pico da expansão do número de osteoclastos, ou seja, no quarto dia após a ativação inicial (GU et al., 1999). Desta forma, pequenas lacunas de reabsorção, algumas das quais envolvendo dentina, podem ser observadas após quatro dias de movimentação dentária experimental em ratos (BRUDVIK & RYGH, 1993). Num estudo desenvolvido por Rody Jr. e colaboradores, em 2001, a cinética osteoclástica foi observada, tendo sido constatado que o número de osteoclastos no dia 3 encontra-se significativamente maior no osso alveolar e no ligamento periodontal. Por outro lado, na superfície radicular esse pico ocorre no dia 7, evidenciando que tais células chegam nessas diferentes regiões em momentos distintos (RODY Jr. et al., 2001). 19 Os dados conseguidos a partir de uma ativação simples de aparelhos ortodônticos montados em ratos sugerem que o período entre o estímulo e o aumento detectável na população de osteoclastos é de aproximadamente três dias, sendo este o intervalo mínimo para que a remodelação óssea alveolar apareça nesses animais (um e quatro dias após a ativação inicial) (BARON et al., 1986; KING et al., 1998; GU et al., 1999). Foi constatado ainda que o número e o tamanho destas células, além do perímetro da erosão atingem o seu pico no quinto dia de movimentação dentária ortodôntica experimental, sendo a superfície mesial radicular (lado de pressão) a mais atingida (KING et al., 1991). Num estudo desenvolvido por Noxon e colaboradores, em 2001, com 96 ratos submetidos à movimentação ortodôntica durante sete dias, os autores observaram que as maiores porcentagens de apoptose encontravam-se entre os dias 5 e 7, o que coincide com o período em que o número de osteoclastos está voltando para o seu normal. Este processo, por sua vez, foi detectado de forma percentualmente mais significativa na superfície óssea e no ligamento periodontal. (NOXON et al., 2001). Os osteoclastos são células multinucleadas que produzem um ambiente extracelular ácido, promovendo, por conseguinte, a solubilização dos minerais ósseos. Portanto, o requisito básico para que o movimento dentário ortodôntico ocorra é a chegada destas células aos sítios de compressão, promovendo a remodelação óssea (NOXON et al., 2001). Esse turnover ósseo na região alveolar interdental é caracterizado por períodos de reabsorção ativa e formação, ocorrendo tanto nos sítios de pressão como nos de tensão, sendo controlado pela quantidade de osso perdido ou formado de cada lado (KING et al., 1991). 20 A condição do tecido cementóide e a sua interação com as células da membrana periodontal adjacente são de extrema importância para a reabsorção radicular ortodonticamente induzida (BRUDVIK & RYGH, 1993). A remoção do tecido hialinizado juntamente com cementóide, fibras colágenas e osteóide ocorre antes e durante o restabelecimento do ligamento periodontal. Com isto, algumas áreas da superfície radicular tornam-se menos protegidas e, portanto, mais susceptíveis à reabsorção radicular. Tais áreas são prontamente atacadas por odontoclastos ou osteoclastos, posto que podem ser consideradas células da mesma linhagem, apresentando morfologia e propriedades similares. Uma vez criadas as lacunas de reabsorção, o cemento é removido da sua superfície de maneira gradativa (RYGH, 1977; BREZNIAK & WASSERSTEIN, 2002). A reabsorção óssea é um processo complexo que envolve outros fatores, tais como: capacidade de reabsorção óssea individual dos osteoclastos; sua adesão à superfície óssea; o transporte de íons de hidrogênio; e a secreção enzimática. Aspectos não relacionados aos osteoclastos também podem desempenhar papéis, incluindo mobilidade dentária aumentada e redução da resistência secundária ao movimento dentário ortodôntico; o aumento da vascularização do ligamento periodontal; e a redução na densidade óssea (GU et al., 1999). Por muitos anos, ortodontistas e biólogos vêm tentando entender melhor este processo para otimizar o tratamento ortodôntico. A solução seria prevenir tanto a formação de tecido hialinizado, como acelerar a sua remoção pelos osteoclastos. Tal solução é difícil de ser alcançada na clínica por requerer pressões muito baixas (abaixo do nível em que ocorre colapso das arteríolas), além de um controle preciso dos sítios de compressão (RODY Jr. et al., 2001; KAMENYAMA et al., 2003). 21 Considerando que a reabsorção e o encurtamento radiculares são conseqüências indesejáveis do tratamento ortodôntico, estudos têm sido desenvolvidos ao longo dos anos com o objetivo de diminuir a reabsorção radicular sem comprometer a movimentação dentária. Os bisfosfonados apresentam-se como uma alternativa provável para o controle dessa reabsorção, uma vez que funcionam como bloqueadores ou inibidores da ação dos osteoclastos (IGARASHI et al., 1994; LIU et al., 2004). Após a descoberta de que podem controlar de maneira eficiente a formação e dissolução de fosfato de cálcio in vitro, assim como a mineralização e a reabsorção óssea in vivo, os bisfosfonados foram desenvolvidos e usados no tratamento de desordens ósseas como a doença de Paget, a hipercalcemia maligna e a osteoporose (RODAN & FLEISCH, 1996; BUKOWSKI et al., 2005). Cada bisfosfonado deve ser considerado um complexo isolado, cujas estruturas os tornam específicos para o tecido ósseo ou outros tecidos mineralizados (SHINODA et al., 1983). Estes compostos são análogos dos pirofosfatos, nos quais a ponte de oxigênio foi deslocada por um carbono com várias cadeias laterais (P-C-P) (SATO et al., 1991; KIM et al., 1999; RODAN & FLEISCH, 1996; ITO et al., 2001; BUKOWSKI et al., 2005). Ambos ligam-se fortemente à hidroxiapatita, o que explica sua ação farmacológica específica nos tecidos mineralizados, em especial nos ossos (ADACHI et al., 1994; RODAN & FLEISCH, 1996; IGARASHI et al., 1996; FLEISCH, 1998; KIM et al., 1999; RUSSEL & ROGERS, 1999). De fato, eles se depositam preferencialmente em locais de reabsorção osteolcástica ativa, sendo liberados quando o osso sobre o qual ele se encontra depositado é novamente reabsorvido, inibindo tal processo (RODAN & FLEISCH, 1996; MURAD et al., 1997; BREZNIAK & 22 WASSERSTEIN, 2002; BUKOWSKI et al., 2005; LEU et al., 2005). Essa inibição levaria a um aumento na maturação óssea, o que traria como conseguinte uma maior resistência à reabsorção daquele osso mais mineralizado (GRIER & WISE, 1998). O grupo P-C-P, uma estrutura comum dos bisfosfonados, é resistente à hidrólise enzimática, o que explica porque os bisfosfonados não são metabolizados no corpo, sendo excretados de forma inalterada pelos rins, em parte por um processo de secreção tubular ativa. Apresentam baixa absorção no intestino, o que pode ser atribuído ao tamanho e carga do grupo atuando como agentes limitantes da sua penetração na membrana celular. A concentração destes compostos será maior para o osso medular e menor para o osso cortical (ADACHI et al., 1994; RODAN & FLEISCH, 1996; FLEISCH, 1998; RUSSEL & ROGERS, 1999). Deve-se considerar ainda que sua meia-vida óssea situa-se entre três meses e um ano (KOIVUKANGAS et al., 2001). Cada grupo de bisfosfonado apresenta suas próprias características químicas, físico-químicas e biológicas (IGARASHI et al., 1994; RODAN & FLEISCH, 1996; FLEISCH, 1998; ITO et al., 2001; HORIE et al., 2003), sendo elas dosedependentes (HUGHES, et al., 1995; BREZNIAK & WASSERSTEIN, 2002; LIU et al., 2004). Os mecanismos de ação destes fármacos podem ser considerados em três níveis: tecidual, celular, e molecular. Em nível tecidual, a ação de todos os bisfosfonados aparenta ser semelhante: redução da renovação óssea (RODAN & FLEISCH, 1996; FLEISCH, 1998). Em nível celular, os osteoclastos constituem o alvo dos bisfosfonados. Estas células podem ter sua ação reduzida através: da inibição do seu 23 recrutamento para a superfície óssea; da inibição da sua atividade na superfície óssea; ou da diminuição do seu ciclo celular, uma vez que, após desligarem-se da superfície óssea, tais osteoclastos sofreriam um processo de apoptose (ADACHI et al.,1994; RODAN & FLEISCH, 1996; MURAD et al., 1997; RUSSEL & ROGERS, 1999; ITO et al., 1999; ITO et al., 2001). Uma vez que os odontoclastos apresentam características semelhantes aos osteoclastos, estudos revelam que também estes últimos sofrem apoptose após a administração de bisfosfonado, apresentando alterações citológicas, incluindo atividade reabsortiva reduzida (IGARASHI et al., 1994; WATANABE et al., 2000). Em nível molecular, a cadeia de eventos que leva à inativação osteoclástica ou à sua formação diminuída, decorrente da exposição direta ou indireta a determinado bisfosfonado ainda não foi completamente elucidada. As possibilidades incluem tanto a sua ação direta num receptor da superfície celular e/ou a sua fagocitose pelo osteoclasto no interior do qual ele interage com uma enzima ou outra molécula afetando o metabolismo celular (RODAN & FLEISCH, 1996). O mecanismo através do qual o bisfosfonado penetra no osteoclasto pode ser tanto a difusão passiva como durante a reabsorção, graças às características endocíticas destas células (SAHNI et al., 1993, IGARASHI et al., 1996). Estes processos são creditados às suas bordas em escova, apesar de alguns autores sugerirem a existência de uma outra via de captação destes compostos (ITO et al., 2001). Os efeitos positivos de tais compostos podem ser aplicados à clínica ortodôntica, o que justifica um número cada vez maior de pesquisas nessa área. 24 A exemplo disso, um estudo feito com administração tópica e sistêmica de bisfosfonados em ratos mostrou que tanto a movimentação ortodôntica dentária como a recidiva podem ser evitadas. Isto sugere que tais substâncias podem ser úteis no reforço de ancoragem ou contenção durante o tratamento ortodôntico (IGARASHI et al., 1994; KIM et al., 1999; LIU et al., 2004). Além disso, a administração local de bisfosfonado causa a redução tanto no número de lacunas de reabsorção quanto no de odontoclastos durante a movimentação ortodôntica (IGARASHI et al., 1994). Acredita-se que o período de maior concentração de osteoclastos na superfície radicular não coincide com o de máxima atividade destas células na superfície óssea e, conseqüentemente, com o de movimentação ortodôntica mais intensa. De fato, este pico de concentração de osteoclastos na raiz ocorre posteriormente (IGARASHI et al., 1996; RODY Jr et al., 2001; NOXON et al., 2001). Tal consideração pode viabilizar a utilização de bisfosfonados para diminuir o risco de reabsorção radicular sem comprometer a taxa de movimentação dentária. Estudos sobre a relação existente entre a estrutura e a atividade dos bisfosfonados indicam que a sua potência e o seu mecanismo de ação variam de acordo com a cadeia lateral ligada ao átomo de carbono na molécula de P-C-P. Baseado na diferença da estrutura desta cadeia lateral, eles podem ser divididos em duas classes: os que contêm uma molécula de Nitrogênio e os que não a contêm. Essas duas classes de medicamento também diferem no seu mecanismo de ação molecular. Investigações recentes revelaram que aqueles bisfosfonados que apresentam um átomo de Nitrogênio na cadeia lateral, tais como o alendronato, são mais potentes do que os que não o apresentam, inibindo a reabsorção por bloquear 25 a penetração de proteínas nos osteoclastos (DUNFORD et al., 2001; FRITH & ROGERS, 2003; LIU et al., 2004; BUKOWSKI et al., 2005). Os bisfosfonados que não contêm o átomo de Nitrogênio podem ser incorporados a análogos do ATP e atuar inibindo a síntese de proteínas e induzindo a apoptose nos osteoclastos (FRITH & ROGERS, 2003; BUKOWSKI et al., 2005). O clodronato, por sua vez, encontra-se no grupo dos bisfosfonados que não apresentam o átomo de Nitrogênio (LIU et al., 2004). Ao invés disso, contém dois átomos de Cloro na cadeia lateral, apresentando propriedades físico-químicas semelhantes às dos demais, inibindo, portanto, a função osteoclástica (PLOSKER & GOA, 1994; FRITH & ROGERS, 2003; LIU et al., 2004). Somada a atividade anti-reabsortiva, tem sido relatada a associação deste tipo de bisfosfonado com uma função antiinflamatória (LIU et al., 2004). Uma vez que as citocinas e os mediadores do processo inflamatório desempenham importante papel na resposta biológica à simulação mecânica ortodôntica, incluindo reações adversas como dor (NGAN et al., 1994) e reabsorção radicular (BRUDVIK & RYGH, 1994), o clodronato pode ser considerado em estudos que envolvam o controle da movimentação ortodôntica (LIU et al., 2004). O clodronato é um bisfosfonado de segunda geração de potência baixa quando comparado com as drogas mais recentes, mas tem sido bem estudado e já se encontra comercialmente disponível (KAASTAD et al., 1997; LIU et al., 2004). Uma característica importante associada ao clodronato é que sua atividade anti-reabsortiva não prejudica a mineralização óssea e, além disso, ele tem sido associado à prevenção de perda óssea decorrente de imobilização em pacientes paraplégicos (KAASTAD et al., 1997). 26 Estudos mostram que a administração de clodronato por períodos longos em dosagem terapêutica apresenta alguns efeitos benéficos e nenhum efeito colateral sobre o desenvolvimento ósseo normal (KOIVUKANGAS et al., 2001). Num estudo desenvolvido por LIU e colaboradores, em 2004, constatou-se que a administração local do clodronato não causa qualquer tipo de reação inflamatória significativa no local da aplicação ou efeito colateral sistêmico, tais como perda de apetite ou alteração no peso dos animais. Além disso, os autores concluíram que essa droga inibe a movimentação dentária induzida pelo estresse ortodôntico (HAYASHI et al., 2002; LIU et al., 2004). A necessidade de maiores esclarecimentos acerca da efetividade e do mecanismo através do qual o clodronato diminui a reabsorção radicular motivou a realização desse estudo experimental, cujo objetivo é testar a hipótese do clodronato inibir de maneira seletiva tal processo, com pouca ou nenhuma influência na taxa de movimentação dentária induzida ortodonticamente. 27 2 PROPOSIÇÃO Após o exposto, o autor se propõe a: 1. Avaliar a ação de dois regimes de aplicação do clodronato no periodonto de inserção de ratos (Rattus norvegicus) durante uma semana de movimentação dentária ortodôntica; 2. Comparar as taxas de movimentação dentária nesta mesma condição experimental; 3. Testar a viabilidade do uso deste medicamento para diminuição da reabsorção radicular induzida ortodonticamente. 28 3 ABORDAGEM EXPERIMENTAL Esta pesquisa consistiu na utilização de Rattus norvegicus, tendo seguido as normas de conduta de experimentação animal do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ-Ba) e foi realizada de acordo com as Normas para a Prática Didático-Científica da Vivissecção de Animais, recomendadas pela Lei 6638 de 08 de maio de 1979 (Anexo). 3.1 CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS Os animais foram fornecidos e mantidos no biotério do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ-Ba), em temperatura ambiente e com iluminação dia e noite, alimentados com ração Purina LabinaTM e água ad libitum e pesados quando da montagem do aparelho e no dia da sua morte, com o objetivo de se observar quaisquer alterações de peso relacionadas à alimentação e/ou às condições experimentais (Figura 1). 29 Figura 1. Pesagem do animal 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA Foram utilizados dezoito ratos (Rattus norvegicus), machos, com aproximadamente 300g e dois meses de vida. De acordo com a proposição deste trabalho, os animais foram aleatoriamente distribuídos em três grupos: CONTROLE, com seis animais submetidos à movimentação dentária ortodôntica; GRUPO I, com cinco animais tratados com administração do clodronato por via subctânea nos dias 0, 2, 4 e 6 do experimento e submetidos à movimentação dentária ortodôntica; e GRUPO II, com sete animais tratados com administração de clodronato por via subcutânea no dia 5 e submetidos à movimentação dentária ortodôntica. Todos foram mortos no dia 7 do experimento (Quadro 1). Os animais foram alimentados diariamente, acompanhados in loco e a serragem das gaiolas trocada a cada 48 horas. Estas foram identificadas com o nome do pesquisador, data da montagem do aparelho e da morte e grupo experimental. 30 Grupo / Dia CONTROLE GRUPO I GRUPO II 0 1 2 3 4 5 6 7 N mo mo mo mo mo mo mo S 06 C mo mo C mo mo C mo mo C mo S 05 mo mo mo mo mo C mo mo S 07 Quadro 1.Identificação dos grupos a serem estudados. mo (movimento ortodôntico), S (sacrifício); C (aplicação de clodronato) e N (número de animais por grupo). 3.3 MANIPULAÇÃO DA AMOSTRA 3.3.1 Anestesia Todos os procedimentos foram realizados sob anestesia geral, obtida pela associação de 1,33 mL/kg de cloridrato de quetamina e 0,67 mL/kg de xilazina por via subcutânea. 3.3.2 Montagem do Aparelho Maxila – O aparelho consistiu na utilização de fio de aço inoxidável de 0.08” (fio de amarrilho) da marca Dental Morelli para adaptação cervical do primeiro molar superior esquerdo. A este amarrilho foi adaptada uma mola fechada de níquel-titânio (NiTi) da TP Orthodontics®, presa na sua extremidade anterior a fio de amarrilho de mesmo calibre e marca (Figura 2). Este, por sua vez, foi introduzido em orifício criado entre os incisivos superiores, no terço cervical, com broca esférica nº2 (KG Sorensen), montada em peça reta (Kavo) adaptada a um motor elétrico BLM 600 (Driller) (Figura 3). 31 a b c d Figura 2. Adaptação cervical do conjunto amarrilho-mola de NiTi ao primeiro molar superior esquerdo: a. fio de amarrilho metálico 0.08” (Dental Morelli) sendo introduzido na região entre 1º e 2ºmolares superiores esquerdos com o auxílio de uma pinça Mathiew; b. fio de amarrilho após passar pelo ponto de contato; c. fio de amarrilho envolvendo o 1ºM com a respectiva mola de NiTi; d. amarração do conjunto mola-fio de amarrilho com o auxílio da Mathiew à cervical do 1ºM. a b Figura 3. a e b. Confecção do orifício entre os incisivos superiores com broca esférica nº2 (KG Sorensen). A força desenvolvida pela mola foi de 45g. Para proceder à ativação do aparelho, os animais foram posicionados num dispositivo de acrílico ligeiramente 32 inclinado, em decúbito dorsal, com a cabeça perpendicular ao solo. Foi preso ao amarrilho fixado à extremidade anterior da mola de NiTi um peso de chumbo de 45g que ficou suspenso, criando uma distensão na mola produzindo força equivalente (Figura 4a e b). O amarrilho envolveu os incisivos e foi fixado à sua superfície vestibular, previamente atacada com ácido fosfórico a 37% (Vigodent), sendo coberto por resina composta fotopolimerizável (Vigodent), removendo-se o excesso de fio de amarrilho com alicate de corte específico (Unitek- 3M) (Figura 5a e c). a b Figura 4. a. Animal posicionado em dispositivo de acrílico ligeiramente inclinado, em decúbito dorsal, com a cabeça perpendicular ao solo; b. peso de chumbo de 45g preso ao amarrilho fixado à extremidade anterior da mola de NiTi, distendendo-a, produzindo força equivalente. O movimento dentário ortodôntico ocorreu durante sete dias, ao término dos b quais os ratos foram mortos. Mandíbula – Os procedimentos na mandíbula limitaram-se à extração do primeiro molar esquerdo, realizada com o auxílio de pinça mosquito (Quinelato); e ao desgaste dos incisivos para evitar danos o aparelho, realizado com fresa do tipo 33 roda (KG Sorensen), montada em peça reta (Kavo) adaptada a um motor elétrico BLM 600 (Driller) (Figura 5b). a b c Figura 5. a. Fotopolimerização da resina na região anterior; b. desgaste dos incisivos inferiores com fresa do tipo roda (KG Sorensen)e c. aparelho montado. 3.3.3 Administração do Clodronato O clodronato utilizado foi o Ostac® (sal sódico do ácido clodrônico) em solução injetável (Figura 6). Sua administração ocorreu por via subcutânea numa concentração de 10 mg/Kg. A solução de clodronato foi preparada diluindo-o em água destilada, até alcançar uma concentração de 2x10-3M, sendo o seu pH ajustado a 7,4. 34 Figura 6. OSTAC – Solução injetável. Os animais do Grupo I receberam a medicação nos dias 0, 2, 4 e 6 em dose única e horário pré-estabelecido; e os animais do Grupo II receberam o bisfosfonado em dose única no quinto dia, também em horário pré-estabelecido. 3.3.4 Avaliação da quantidade de movimento dentário A avaliação clínica da movimentação dentária consistiu na realização de medidas iniciais e finais do período experimental, feitas duas vezes por um mesmo examinador, previamente calibrado, com o auxílio de paquímetro de precisão (Beerendonk Caliper 78532 - AESCULAP). Foram utilizadas como referências a face mesial do primeiro molar superior esquerdo e um orifício criado na resina localizada na face vestibular dos incisivos superiores. Considerou-se como taxa de movimentação dentária a diferença entre as medidas iniciais e finais (Figura 7). 35 a b Figura 7. a. Avaliação da distância entre a face mesial do primeiro molar superior esquerdo e um orifício criado na vestibular dos incisivos superiores, utilizando paquímetro de precisão (Beerendonk Caliper 78532 - AESCULAP); b. espaço criado na distal do primeiro molar pelo deslocamento mesial deste durante uma semana de aplicação de força (seta). 3.4 PROCESSAMENTO HISTOLÓGICO Após a morte dos animais, os ossos maxilares foram dissecados e osteotomizados para a obtenção de secções teciduais das regiões mesial e distal aos primeiros molares superiores, englobando estruturas periodontais e dentárias (Figura 8). Figura 8. Osso maxilar osteotomizado. A fixação das peças foi feita com solução contendo paraformaldeído a 4%, Glutaraldeído a 2,5%, tamponada com Cacodilato 0,1M. Subseqüentemente, foram 36 descalcificadas por quatro semanas em solução contendo 10g de EDTA para 50mL de Cacodilato de 0,2M. As peças descalcificadas foram reduzidas em suas porções mesial e distal, de modo a preservar a região de implantação dos molares, e incluídas em parafina. Secções sagitais seriadas de 3µm, processadas para coloração de rotina (hematoxilina e eosina – HE), foram usadas para observações em microscópio de luz (Olympus BX51). 3.5 COLETA DE DADOS E ANÁLISE DAS LÂMINAS Utilizando-se microscopia de luz em aumentos variados, um único examinador, previamente calibrado, realizou uma análise descritiva e semiquantitativa, considerando a presença ou ausência dos seguintes aspectos representativos do processo de movimentação ortodôntica: reabsorção radicular, reabsorção óssea e concentração de osteoclastos. Para tanto, foram avaliadas as áreas de compressão e tração do ligamento periodontal na região de furca no terço cervical (superfície mesial da raiz distal e distal da raiz mesial, respectivamente). A padronização da análise semi-quantitativa foi obtida pela determinação de referenciais numéricos de correlação abaixo especificados (Quadro 2). 0 – Ausente 1- Leve 2 - Moderado 3 – Intenso Quadro 2. Representação esquemática dos referenciais numéricos utilizados. No instante da coleta, os dados foram registrados em tabelas com as informações esquematizadas como apresentado (Quadro 3). 37 Reabsorção Radicular Reabsorção Óssea Concentração de Osteoclastos Quadro 3. Representação da tabela utilizada para registro dos dados Quando da análise, os dados coletados foram organizados e as lâminas fotografadas por meio de sistema fotográfico digital Sansung acoplado ao microscópio (Olympus BX51). Os resultados obtidos foram analisados no software GraphPad Prism® versão 4.0, sendo que as diferenças entre as médias foram avaliadas pelo teste de análise de variância (ANOVA), tendo-se adotado como estatisticamente significantes valores de p menores que 0,05 (p<0,05). 38 4 DESENVOLVIMENTO SEQUENCIAL DA PESQUISA 4.1 ARTIGO 1 (a ser submetido para publicação no periódico The Angle Orthodontist) Avaliação dos Efeitos do Clodronato na Movimentação Dentária e Reabsorção Radicular em Rattus norvegicus Telles-Pinheiro, A. M.; Vannier-Santos, M. A.; Oliveira-Costa, M. R. L. Resumo Objetivo: Avaliar os efeitos induzidos pela aplicação de clodronato na fase intermediária (5º dia) do ciclo de remodelação alveolar em ratos submetidos à movimentação dentária induzida ortodonticamente. Materiais e Métodos: Dezoito ratos foram distribuídos em três grupos: CONTROLE, com 6 animais; GRUPO I, com 5 animais (clodronato administrado nos dias 0, 2, 4 e 6); GRUPO II, com 7 animais (clodronato administrado no 5º dia). Todos foram submetidos à movimentação dentária ortodôntica e mortos no sétimo dia do experimento. A taxa de movimentação foi calculada e foram avaliados 39 histologicamente os seguintes aspectos: reabsorção radicular, reabsorção óssea e concentração de osteoclastos. Resultados: Comparando-se as taxas de movimentação foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os grupos CONTROLE e I, o que não ocorreu entre o CONTROLE e o GRUPO II. Durante a análise histológica semi-quantitativa o GRUPO CONTROLE apresentou concentração de osteoclastos superior em relação ao GRUPO II (83% e 43%, respectivamente, para o grau moderado-intenso). A reabsorção óssea nesses dois grupos, por sua vez, não apresentou diferenças marcantes (50% e 57%, respectivamente, para o grau moderado-intenso), enquanto que a reabsorção radicular foi maior no GRUPO CONTROLE do que nos grupos I e II (respectivamente 67%, 20% e 57% para o grau moderado-intenso). Conclusões: A associação dos achados histológicos à taxa de movimentação dentária sugere que o uso do clodronato no quinto dia do experimento pode diminuir a reabsorção radicular com pouca influência na movimentação dentária induzida ortodonticamente. PALAVRAS-CHAVE: Clodronato; Reabsorção radicular; Movimentação dentária ortodôntica. 40 INTRODUÇÃO Inúmeros estudos vêm sendo desenvolvidos ao longo dos anos com o objetivo de se descobrir recursos através dos quais se consiga diminuir o risco de reabsorção radicular durante o tratamento ortodôntico. Após a descoberta da eficácia dos bisfosfonados na formação e dissolução de fosfato de cálcio in vitro, bem como na mineralização e reabsorção óssea in vivo, estes passaram a ser utilizados no tratamento de desordens ósseas tais como a Doença de Paget, a hipercalcemia maligna, a displasia fibrosa, e a osteoporose 1-5 e, por ligarem-se de maneira eficiente à hidroxiapatita, têm sido associados a uma provável interferência na reabsorção óssea e radicular. O mecanismo de ação desses agentes ainda não foi completamente esclarecido e cada grupo de bisfosfonado apresenta suas próprias características químicas, físico-químicas e biológicas 1, 3, 5, 6, 7, sendo elas dose-dependentes 8 - 11. O clodronato encontra-se no grupo dos bisfosfonados que contém dois átomos de Cloro na cadeia lateral, apresentando propriedades físico-químicas semelhantes às dos demais, inibindo, portanto, a função osteoclástica 11 - 14. Os efeitos positivos de tais compostos podem ser aplicados à clínica ortodôntica, o que justifica um número cada vez maior de pesquisas nessa área. A exemplo disso, um estudo feito com administração tópica e sistêmica de bisfosfonados em ratos mostrou que tanto a movimentação ortodôntica como a recidiva podem ser evitadas. Isto torna tais substâncias úteis no reforço de ancoragem ou contenção durante o tratamento ortodôntico 4, 6, 11 . Além disso, a administração local de bisfosfonado causa a redução tanto no número de lacunas de reabsorção quanto no de odontoclastos durante a movimentação ortodôntica 6. 41 Os dados conseguidos a partir de uma ativação simples de aparelhos ortodônticos montados em ratos sugerem que o período entre o estímulo e o aumento detectável na população de osteoclastos é de aproximadamente três dias, sendo este o intervalo mínimo para que a remodelação óssea alveolar apareça nesses animais (um e quatro dias após a ativação inicial) 15 - 17 . Por sua vez, o número e o tamanho dessas células, além do perímetro da erosão atingem o seu pico no quinto dia de movimentação dentária ortodôntica experimental, sendo a superfície mesial radicular (lado de pressão) a mais atingida 18. Acredita-se que o período de maior concentração de osteoclastos na superfície radicular não coincida com o de máxima atividade dessas células na superfície óssea e, conseqüentemente, com o de movimentação ortodôntica mais intensa. De fato, num estudo desenvolvido por Rody Jr. e colaboradores, em 2001, a cinética osteoclástica foi observada, tendo sido constatado que o número de osteoclastos no dia 3 encontra-se significativamente maior no osso alveolar e no ligamento periodontal. Por outro lado, na superfície radicular esse pico ocorre no dia 7, evidenciando que tais células chegam nessas diferentes regiões em momentos distintos19 - 21. O objetivo desta pesquisa é avaliar os efeitos induzidos pela aplicação de clodronato na fase intermediária (5º dia) do ciclo de remodelação alveolar em ratos submetidos à movimentação dentária induzida ortodonticamente. 42 MATERIAIS E MÉTODOS Esta pesquisa consistiu num estudo experimental com Rattus Norvegicus, tendo seguido as normas de conduta de experimentação animal do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ-Ba) e as Normas para a Prática Didático-Científica da Vivissecção de Animais, recomendadas pela Lei 6638 de 08 de maio de 1979. Os animais foram fornecidos e mantidos no biotério da FIOCRUZ-Ba, em temperatura ambiente, com iluminação dia e noite, alimentados com ração Purina LabinaTM e água ad libitum e pesados quando da montagem do aparelho e no dia da morte, com o objetivo de se observar quaisquer alterações de peso relacionadas à alimentação e/ou às condições experimentais Dezoito ratos (Rattus norvegicus), machos, com aproximadamente 300g e dois meses de vida foram distribuídos, aleatoriamente, em três grupos: CONTROLE, com seis animais; GRUPO I, com cinco animais tratados com administração do clodronato por via subctânea nos dias 0, 2, 4 e 6 do experimento; e GRUPO II, com sete animais tratados com administração em dose única de clodronato por via subcutânea no dia 5. Todos os animais foram submetidos à movimentação dentária ortodôntica e mortos no dia 7 do experimento. Os procedimentos foram realizados sob anestesia geral, obtida pela associação de 1,33 mL/kg de cloridrato de quetamina e 0,67 mL/kg de xilazina por via subcutânea. O aparelho consistiu na utilização de fio de aço inoxidável de 0.08” (fio de amarrilho) da marca Dental Morelli para laçar o primeiro molar superior esquerdo . A esse amarrilho foi adaptada uma mola fechada de níquel-titânio (NiTi) da TP 43 Orthodontics®, presa na sua extremidade anterior a fio de amarrilho de mesmo calibre e marca. Esse, por sua vez, foi introduzido em orifício criado entre os incisivos superiores, no terço cervical, com broca esférica nº2 (KG Sorensen), montada em peça reta (Kavo) adaptada a um motor elétrico BLM 600 (Driller). A força liberada pela mola foi de 45g. Para proceder à ativação do aparelho, os animais foram posicionados num dispositivo de acrílico ligeiramente inclinado, em decúbito dorsal, com a cabeça perpendicular ao solo. Foi preso ao amarrilho fixado à extremidade anterior da mola de NiTi um peso de chumbo de 45g que ficou suspenso, criando uma distensão na mola produzindo força equivalente. O amarrilho envolveu os incisivos e foi fixado à sua superfície vestibular, previamente atacada com ácido fosfórico a 37% (Vigodent), sendo coberto por resina composta fotopolimerizável (Vigodent), removendo-se o excesso de fio de amarrilho com alicate de corte específico (Unitek- 3M) (Figura 1a). Os procedimentos na mandíbula limitaram-se à extração do primeiro molar esquerdo e ao desgaste dos incisivos para evitar danos ao aparelho. O clodronato utilizado foi o Ostac® (sal sódico do ácido clodrônico) em solução injetável. Sua administração ocorreu por via subcutânea numa concentração de 10 mg/Kg. A solução de clodronato foi preparada diluindo-o em água destilada, até alcançar uma concentração de 2x10-3M, sendo o seu pH ajustado a 7,4. Os animais do GRUPO I receberam a medicação nos dias 0, 2, 4 e 6 em dose única e horário pré-estabelecido; e os animais do GRUPO II receberam o bisfosfonado em dose única no dia 5, também em horário pré-estabelecido. O movimento dentário ortodôntico ocorreu durante sete dias, ao término dos quais os ratos foram mortos. 44 A avaliação clínica da movimentação dentária consistiu na realização de medidas iniciais e finais do período experimental, com o auxílio de paquímetro de precisão (Beerendonk Caliper 78532 - AESCULAP). Foram utilizadas como referências a face mesial do primeiro molar superior esquerdo e um orifício criado na resina localizada na face vestibular dos incisivos superiores. Considerou-se como taxa de movimentação dentária a diferença entre as medidas iniciais e finais (Figura 1b e c). Esses dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA). Após a morte dos animais, os ossos maxilares foram dissecados e osteotomizados para a obtenção de secções teciduais das regiões mesial e distal aos primeiros molares superiores, contendo estruturas periodontais e dentárias. A fixação das peças foi feita com solução contendo paraformaldeído a 4%, glutaraldeído a 2,5%, tamponada com cacodilato 0,1M. Subseqüentemente, foram descalcificadas por quatro semanas em solução contendo 10g de EDTA para 50ml de cacodilato de 0,2M. As peças descalcificadas foram reduzidas em suas porções mesial e distal, de modo a preservar a região de implantação dos molares, e incluídas em parafina. Secções sagitais seriadas de 3µm, processadas, coradas com hematoxilina e eosina (HE), foram usadas para observações em microscópio de luz (Olympus BX51). Foram realizadas análises descritiva e semi-quantitativa, considerando-se os seguintes aspectos: reabsorção radicular, reabsorção óssea e concentração de osteoclastos. Para tanto, foram avaliadas as áreas de compressão do ligamento periodontal na região de furca, no terço cervical (superfície mesial da raiz distal). Os resultados obtidos foram analisados no software GraphPad Prism® versão 4.0, sendo que as diferenças entre as médias foram avaliadas pelo teste de análise 45 de variância (ANOVA). Foram considerados estatisticamente significantes valores de p menores que 0,05 (p<0,05). 46 RESULTADOS - Movimentação Dentária Pelo teste de Kolomorov-Smirnov, constatou-se distribuição normal da taxa de movimentação entre os três grupos, com p valor igual a 0,05. A média de movimentação dentária para o GRUPO CONTROLE foi de 1,1mm; para o GRUPO I, 0,5mm e para o GRUPO II, 0,9mm. A análise de variância (ANOVA) indicou diferença estatisticamente significante entre o GRUPO CONTROLE e o GRUPO I, o que não foi detectado entre o GRUPO II e o GRUPO CONTROLE (Gráfico 1), com p < 0,001. - Reabsorção Óssea A reabsorção óssea encontrou-se em grau moderado-intenso em 50% dos espécimes para o GRUPO CONTROLE e 57% para o GRUPO II (Figura 2). Essa diferença, todavia, não foi considerada estatisticamente significante. Cem por cento das peças avaliadas do GRUPO I apresentaram reabsorção óssea em grau ausente-leve. Quando esses dados são comparados com os dos outros dois grupos, percebe-se significância estatística (p=0,046) (Figura 3; Gráfico 2). - Reabsorção Radicular No grupo CONTROLE observou-se 33% da amostra apresentando reabsorção radicular em grau ausente-leve, enquanto que 67% apresentaram esse mesmo aspecto variando de moderado a intenso (Gráfico 3). A maioria dessas lacunas eram ativas, contendo osteoclastos no seu interior (Figura 4). 47 No GRUPO II o padrão de reabsorção radicular foi mais suave, com 43% apresentando-o em grau ausente-leve (Figura 6b) e 57%, moderado-intenso (Gráfico 3). Uma diferença marcante foi que a maior parte dessas lacunas apresentaram-se inativas, com ausência de células multinucleadas no seu interior e, muitas dessas lesões, em franca regeneração (Figura 5). No GRUPO I 80% dos animais exibiram esse aspecto de forma ausente-leve, enquanto os outros 20%, moderado-intenso (Figura 6a). - Concentração de Osteoclastos A concentração de osteoclastos, dentro de um padrão moderado-intenso, no GRUPO CONTROLE foi de 83% (Figura 2a). O GRUPO II, por sua vez, apresentou esse mesmo padrão em 43% (Figura 2b) e no GRUPO I 100% dos espécimes exibiu essa taxa em grau ausente-leve (Figura 7; Gráfico 4). Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos I e CONTROLE. 48 DISCUSSÃO A montagem do aparelho utilizada trouxe como vantagem a liberação de força durante um intervalo de tempo suficientemente longo para induzir a reabsorção radicular de forma constante, além de ser bem tolerada pelos animais, o que está de acordo com os achados de Brudvik & Rygh, em 1993. Essa foi padronizada em 45g, sendo capaz de estimular a movimentação ortodôntica, além de induzir a diferenciação de um grande número de osteoclastos 16, 21 - 23. Foram utilizadas, como recurso para ativação do aparelho, molas de níqueltitânio. Dessa forma, buscou-se eliminar os efeitos do tempo, temperatura, pH salivar, absorção de água e da deformação permanente sofridos pelos recursos elastoméricos 24. Apesar de alguns autores defenderem a idéia de que os estudos que descrevem as características e a resposta biológica durante a fase linear do movimento dentário ortodôntico devam apresentar um período experimental de pelo menos duas semanas 25 , o presente trabalho levou em consideração que a fase de recrutamento dos osteoclastos normalmente coincide com o primeiro dia após a ativação inicial do aparelho no rato, enquanto que o pico do aumento no seu número ocorre quatro dias após a ativação inicial 16, 17 . Acredita-se ainda que o aumento na concentração dessas células se dá de maneira diferenciada para o osso alveolar e para a superfície radicular. Rody Jr. e colaboradores, em 2001, constataram que o número de osteoclastos no dia 3 encontra-se significativamente maior no osso alveolar e no ligamento periodontal. Por outro lado, na superfície radicular esse pico ocorre no dia 7, evidenciando que tais células chegam nessas diferentes regiões em momentos distintos 20 . Dessa forma, os animais foram sacrificados no sétimo dia do 49 experimento, o que está de acordo com metodologias desenvolvidas também em outros trabalhos 18, 20, 21, 23. A mecânica ortodôntica utilizada produz um deslocamento dentário inicial de inclinação mesial, cujo centro de resistência localiza-se próximo ao ápice radicular, criando áreas de tensão e compressão bem características. Por essa razão, foi escolhido para ser avaliado o terço cervical da superfície mesial da raiz distal na região de furca (área de compressão), concordando com relatos encontrados na literatura 18, 22, 23 . Tais regiões são claramente de maior risco para a reabsorção radicular do que as de tensão, por apresentarem indução osteoclástica associada à existência de força compressiva no ligamento periodontal 17, 18, 23, 26. Tem sido observado que o osso alveolar adjacente a áreas de hialinização tecidual não é reabsorvido na fase inicial da movimentação dentária 26 . Tais regiões são comumente observadas no terceiro ou quarto dia de experimento, normalmente nas superfícies mesiais das raízes, podendo estar relacionadas com reabsorções radiculares 22 . Nesse estudo, poucas áreas de tecido hialinizado puderam ser detectadas. Esse baixo índice pode estar associado ao fato dos animais terem sido sacrificados no sétimo dia do experimento, o que pode sugerir que uma eliminação prévia do tecido necrótico já tenha ocorrido, deixando como seqüelas áreas de reabsorção radicular, caracterizadas como pequenas lacunas ou cavidades no cemento, algumas atingindo a junção cemento-dentinária 9, 10, 27. A remoção do tecido hialinizado ocorre antes e durante o restabelecimento do ligamento periodontal. Dessa forma, algumas áreas da superfície radicular tornamse menos protegidas e, portanto, mais susceptíveis à reabsorção, sendo prontamente atacadas por osteoclastos. Uma vez criadas as lacunas de reabsorção, o cemento é removido da sua superfície de maneira gradativa 9, 10, 27. Com isso, após 50 movimentação induzida, além de ter sido detectada redução significativa na altura da crista alveolar na região de furca e alargamento da membrana periodontal na periferia dos sítios de compressão, também foram observadas lacunas de reabsorção radicular ativas nos três grupos 22. Analisando os dados obtidos a partir do GRUPO CONTROLE, observa-se um quadro histológico previsível, com uma concentração de osteoclastos variando, principalmente, de moderada a intensa, compatível com a estimulação ortodôntica desenvolvida 15 - 18, 21, 23, 26. No GRUPO I foi detectada uma concentração de 100% da reabsorção óssea dentro de um padrão ausente-leve, o que condiz com a concentração reduzida do número de osteoclastos presentes (100% - ausente-leve). Pela mesma razão, as lacunas de reabsorção radicular ativas não foram observadas ou encontraram-se de forma leve na maioria dos animais avaliados desse grupo (80%), o que está de acordo com a literatura quando afirma que a administração de bisfosfonado causa a redução tanto no número de lacunas de reabsorção quanto no de osteoclastos durante a movimentação ortodôntica 6. Sendo assim, a taxa de movimentação dentária para esse grupo mostra que a administração do clodronato influenciou tal aspecto, vez que diminuiu de forma estatisticamente significativa quando comparada com o GRUPO CONTROLE, o que concorda com a literatura quando sugere que tais substâncias podem ser úteis no reforço de ancoragem ou contenção durante o tratamento ortodôntico4, 6, 11. Para o GRUPO II, a administração do clodronato ocorreu no quinto dia de movimentação ortodôntica, uma vez que existem estudos que afirmam que do primeiro ao sétimo dia após a aplicação de uma força ortodôntica, a concentração de pré-osteoclastos e osteoclastos aumenta no lado de pressão do ligamento 51 periodontal, havendo um pico no quarto ou quinto dia na superfície alveolar e um decréscimo a partir do sétimo15 - 18, 20, 21, 23, 26. Por outro lado, no sétimo dia estaria ocorrendo um aumento no número de osteoclastos na superfície radicular20. Com a metodologia aplicada a esse grupo, buscou-se atingir uma concentração máxima do bisfosfonado coincidente ao momento de maior atividade osteoclástica na superfície radicular. Há autores, entretanto, que indicam que, na circunferência do ligamento periodontal necrótico, a reabsorção radicular ocorre após 2 a 3 dias em ratos 22. O GRUPO II apresentou uma concentração de osteoclastos predominantemente dentro de um padrão ausente-leve (57%), especialmente na superfície radicular. Dessa forma, as lacunas de reabsorção radicular apresentaramse com menor freqüência, dimensão e atividade osteoclástica quando comparadas ao GRUPO CONTROLE sem, entretanto, influenciar significativamente a taxa de movimentação dentária. Tal fato deve-se, provavelmente, à atuação do clodronato nas fases iniciais do ciclo de remodelação no rato, coincidindo com o pico de osteoclastos na superfície radicular. Esses resultados são importantes quando confrontados com relatos prévios da utilização clínica dos bisfosfonados em Ortodontia para inibir a reabsorção óssea 1, 9, 10, 28, 29, podendo ser úteis no reforço de ancoragem ou contenção durante o tratamento ortodôntico 6, 11 . Tais propriedades precisam ser entendidas sempre como dependentes da dose e do período do ciclo de remodelação em que a droga é administrada8 - 11. A dose diária subcutânea relativamente alta de 10 mg/Kg do clodronato vem sendo usada em diversos estudos desenvolvidos em ratos e tem mostrado aumentar a densidade óssea desses animais 30 . Tal fato fundamentou a dosagem utilizada no presente trabalho, assim como o tempo de aplicação da droga baseou-se na cinética osteoclástica que vem sendo estudada ao longo dos anos, demonstrando que, 52 dependendo do período em que a droga é administrada, a população de osteocalstos vai estar mais concentrada na superfície alveolar ou radicular20. O fato de que no GRUPO II houve uma diminuição no número de osteoclastos e estes estariam tendendo a concentrar a sua ação na reabsorção óssea pode sustentar a hipótese de que o pico da concentração dessas células na raiz ocorre posteriormente, ou sugerir que cementoclastos e osteoclastos podem apresentar meias-vidas diferentes 19- 21. Quando os três grupos são comparados em relação à taxa de movimentação dentária, observa-se que não houve diferenças estatisticamente significante entre os grupos CONTROLE e II, podendo-se inferir que, apesar do clodronato ter sido administrado, a movimentação ortodôntica não foi alterada. Entre os grupos CONTROLE e I, por sua vez, foi detectada uma diminuição desse mesmo aspecto com significância estatística. Duas considerações podem ser feitas acerca desses achados: a primeira é a de que o clodronato estaria interferindo na cinética osteoclástica, vez que, sendo administrado no quinto dia, conseguiria inibir o aumento da concentração dessas células na superfície radicular, já tendo esse mesmo pico ocorrido na superfície óssea e, portanto, possibilitando a movimentação dentária ortodonticamente induzida, ao contrário do que foi observado no GRUPO I. Nesse, a administração do medicamento nos dias indicados pode ter atuado numa fase inicial da movimentação dentária, quando a concentração de osteoclastos é alta na superfície alveolar, impedindo a reabsorção nessa região e, por conseguinte, o deslocamento do dente. Outra consideração a ser feita é se essa interferência ocorreu em virtude da dosagem do medicamento ter sido diferenciada. Para esclarecer eventuais dúvidas outros estudos devem ser realizados, com variações nas dosagens, em períodos diferentes. 53 Qualquer correlação a ser feita com o movimento ortodôntico em humanos, deve considerar que neles a fase em que o osso é reabsorvido no ciclo de remodelação dura aproximadamente um mês, enquanto que o mesmo período aparenta finalizar em aproximadamente uma semana em estudos realizados em ratos17. Um dos maiores interesses relacionados a esse tipo de experimento consiste em quanto tais achados podem ser extrapolados para o ser humano. Uma vez que a maioria dos estudos com experimentação animal vem sendo realizada em ratos, as diferenças morfológicas e fisiológicas entre esses animais e o osso alveolar e o ligamento periodontal humanos devem ser consideradas. De modo particular, o desenvolvimento tecidual durante a formação radicular e as mudanças decorrentes da ativação ortodôntica aparentam ser mais rápidas nos ratos do que nos seres humanos, apesar dos seus principais mecanismos serem muito semelhantes17. É sabido que um número cada vez maior de pacientes que procura o consultório odontológico para realizar tratamento ortodôntico pode fazer uso dos bisfosfonados para controle de desordens ósseas, o que torna imprescindível o entendimento dos mecanismos de ação desses medicamentos e sua possível interferência na mecânica ortodôntica. Esse estudo introduz importantes considerações quanto às possibilidades do uso dessa classe de medicamentos para o controle clínico da reabsorção radicular. Entretanto, experimentos mais específicos devem ser realizados para confirmação desses achados e determinação de dosagens e métodos de administração efetivos. 54 CONCLUSÃO A administração do clodronato no quinto dia não trouxe alterações significantes para a taxa de movimentação dentária; A aplicação do clodronato diminuiu sensivelmente as reações histológicas do periodonto de inserção de ratos (Rattus norvegicus), entretanto, quando aplicado no quinto dia do ciclo de remodelação óssea o aspecto mais influenciado dentre os estudados foi a reabsorção radicular; A associação dos achados histológicos à taxa de movimentação dentária sugere que o uso do clodronato no quinto dia do experimento pode diminuir a reabsorção radicular com pouca influência na movimentação dentária induzida ortodonticamente. 55 AGRADECIMENTOS A André Luiz Andrade Pinheiro, Myrela Galvão Cardoso Costa, Diego Menezes, pela colaboração durante toda a fase de execução do trabalho; a Luciana Ramalho, pelo auxílio na avaliação histológica de todo o material coletado; a Cristina Cangussu, pela ajuda inestimável na estatística do estudo e a Cristina dos Santos Vasconcelos, pelo empenho que dedicou no processamento das lâminas. REFERÊNCIAS 1. Rodan G.A., Fleisch H.A. Bisphosphonates: mechanisms of action. J Clin Invest. 1996; 97:2692-2696. 2. Grier R.L., Wise G.E. Inhibition of tooth eruption in the Rat by a bisphosphonate. J Dent Res 1997; 77:8-15. 3. Fleisch H. Bisphosphonates: mechanisms of action. Endocrine Reviews. 1998; 19:80-100. 4. Kim T., Yoshida Y., Yokoya K., Sasaki T. An ultraestructural study of the effects of bisphosphonates administration on osteoclastic bone resorption during relapse of experimentally moved rat molars. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999; 115:645-653. 5. Ito M., Amizuka N., Nakajima, T., Osawa H. Bisphosphonate acts on osteoclasts indedendent of ruffled borders in osteosclerotic (oc/oc) mice. Bone. 2001; 28:609-616. 6. Igarashi K., Mitani H., Adachi H., Shinoda H. Anchorage and retentive effect of a bisphosphonate (AHBuBP) on tooth movements in rats. Am. J Orthod Dentofacial Orthop. 1994; 106:279-289. 56 7. Horie D., Takahashi M., Aoki K.; Ohya K. Clodronate stimulates bone formation as well as inhibits bone resorption and increases bone mineral density in rats fed a low-calcium diet. J Med Dent Sci. 2003; 50:121-132. 8. Hughes, D.E.; Wright, K.R.; Uy, H.L.; Sasaky, A.; Yoneda, T.; Roodman, G.D.; Mundy, G.R.; Boyce, B.F. Bisphosphonates promote apoptosis in murini osteoclasts in vitro and in vivo. Journal of Bone and Mineral Research. 1995; 10:1478-1487. 9. Brezniak N., Wasserstein A. Orthodontically induced inflammatory root resorption. Part I: the basic science aspects. Angle Orthodont. 2002; 72:175179. 10. Brezniak N., Wasserstein A. Orthodontically induced inflamatory root resorption. Part II: the clinical aspects. Angle Orthod. 2002; 72:180-184. 11. Liu, L.; Iharashi, K.; Haruyama, N.; Saeky, S. Shinoda, H.; Mitani, H. Effects of local administration of clodronate on orthodonyic tooth movement and root resorption in rats. European Journal of Orthodontics. 2004; 26:469-473. 12. Plosker G.L., Goa K.L. Clodronate – a review of its pharmacological and therapeutic efficacy in resorptive bone disease. Drugs. 1994; 47:945-982. 13. Ito, M.; Amizuka, N.; Nakajima, T.; Ozawa, W. Ultrastructural and cytochemical studies on cell death of osteoclasts induced by bisphosphonate treatment. Bone. 1999; 25:447-452. 14. Frith, J.C.; Rogers, M.J. Antagonistic effects of different classes of bisphosphonates in osteoclasts and macrophages in vitro. J Bone Miner Res. 2003; 18: 204-212. 57 15. Baron, R.; Nefussi, J.R.; Vignery, A. Kinetic and cytochemical identification of osteoclast precursors and there differentiation into multinucleated osteoclasts. Am J Pathol. 1986; 122:363-378. 16. King, G.S.; Archer, L.; Zhou, D. Later orthodontic appliance reativation stimulates immediate appearance of osteoclasts and linear tooth movement. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1998; 114:692-697. 17. Gu, G.; Lemery, S.A.; King, G.J. Effect of appliance reactivation after decay of initial activation on osteoclasts, tooth movement, and root resorption. The Angle Orthodontist. 1999; 69:515-521. 18. King, G.J.; Keeling, S.D.; McCoy, E.A.; Ward, T.H. Measuring dental drift and orthodontic tooth movement in response to various initial forces in adult rats. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1991; 99:456-465. 19. Igarashi K., Adachi H., Mitani H., Shinoda, H. Inhibitory effect of the topical administration of a bisphosphonate (Risedronate) on roots resorption incident to orthodontic tooth movement in rats. J Dent Res. 1996; 75:1644-1649. 20. Rody Jr W.J., King G.J., GU G. Osteoclast recruitment to sites of compression in orthodontic tooth movement. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2001; 120:477-489. 21. Noxon, J.S.; King, G.J.; Gu, G.; Huang, G. Osteoclastic clearance from periodontal tissues during orthodontic tooth movement. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2001; 120:466-476. 22. Brudvik, P.; Rygh, P. The initial phase of orthodontic root resorption incident to local compression of the periodontal ligament. European Journal of Orthodontics. 1993; 15:249-263. 58 23. King, G.J.; Keeling, S.D.; Wronski, T.J. Histomorphometric study of alveolar bone turnover in orthodontic tooth movement. Bone. 1991; 12:401-409. 24. Ren Y., Maltha J.C., Van´t Hof, M.A., Kuijpers-Jagtman A.M. Age effect on orthodontic tooth movement in rats. J Dent Res. 2003; 82:38-42. 25. Ren, Y.; Maltha, J.C.; Kuijpers-Jagtman, A.M. The rat as a model for orthodontic tooth movement – a critical review and a proposed solution. European Journal of Orthodontics. 2004; 26:483-490. 26. Yokoya, K.; Sasaky, T.; Shibasaky, Y. Distributional changes of osteoclasts and pre-osteclastic cells in periodontal tissues during experimental tooth movement as revealed by quantitative immunohistochemistry of H+-ATPase. J Dent Res. 1997; 76:580-587. 27. Rygh P. Orthodontic root resorption studied by electron microscopy. Angle Orthodont. 1977; 47:1-16. 28. Murad, A.M.; Andrade Filho, A.C.C.; Santos, M.; Delgado, G.; Moura, C.E.; Hungria, V.; Marques, E.; Chiattone, C.S.. et al. Multicentric clinical trial on the use of disodium clodronate by intravenous infusion at fifteen days intervals in patients with bone osteolysis. South-American Journal of Cancer. 1997; 1:13. 29. Bukowsky, J.F.; Dascher, C.C.; Das, H. Alternative bisphosphonate targets and mechanisms of action. Biochemical and Biophysical Research Comunications. 2005; 328:746-50. 30. Kaastad, T. S.; Reikerãs, O.; Madsen, J.E.; Narum, S.; Strømme, J. H.; Obrant, K.J.; Nordsletten, L. Effects of Clodronate on Cortical and Trabecular 59 Bone in Ovariectomized Rats on a Low Calcium Diet. Calcif Tissue Int. 1997; 61:158-64. LEGENDAS DAS FIGURAS E DOS GRÁFICOS Figura 1. a. Aparelho montado; b. Avaliação da distância entre as cavidades de referência utilizando paquímetro; c. Espaço criado na distal do primeiro molar pelo deslocamento mesial deste durante uma semana de aplicação de força (seta). Figura 2. a. Reabsorção óssea em grau moderado-intenso observada em amostras do GRUPO CONTROLE; b. Lacunas de reabsorção contendo osteoclastos no seu interior (setas). Ligamento periodontal (LP); cemento radicular (CR); osso alveolar (OA); dentina (D). Aumento de 400x. H. E. Figura 3. Área de pressão na região de furca. Comparação entre o padrão de reabsorção óssea nos grupos I (a) e II (b). Lacunas de reabsorção óssea (setas). Aumento de 200x. H.E. Figura 4. Lacunas de reabsorção radicular ativas (setas) em amostras do GRUPO CONTROLE. Aumento de 1000x. H. E. Figura 5. Lacunas de reabsorção radicular inativas em amostras do GRUPO II. Áreas de reparo (setas). Aumento de 1000x. H. E. Figura 6. Integridade radicular em amostras dos grupos I (a) e II (b). pode-se observar ausência de reabsorção radicular mesmo na periferia de área de hialinização (setas). Aumento de 400x. H. E. Figura 7. a. Concentração de osteoclastos em grau ausente-leve em amostras do GRUPO I. Aumento de 200x. H. E. b. Baixa concentração de osteoclastos próximo a 60 área de hialinização no GRUPO I. Lacunas de reabsorção óssea (setas); área de hialinização (H). Aumento de 1000x. H. E. Gráfico 1. Comparação entre as taxas de movimentação dos três grupos, tendo como teste estatístico o ANOVA (**p = 0,000) **p= p valor. Gráfico 2. Proporção de lacunas de reabsorção óssea ausentes-leves e moderadasintensas nos grupos estudados. Houve diferença estatisticamente significante do GRUPO I em relação aos grupos CONTROLE e II (p=0,046). Gráfico 3. Proporção de lacunas de reabsorção radicular nas intensidades ausenteleve e moderada-intensa nos grupos estudados. Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos (p=0,253). Gráfico 4. Proporção da concentração de osteoclastos nas intensidades ausenteleve e moderada-intensa nos grupos estudados. Houve diferença estatisticamente significante do GRUPO I em relação aos grupos CONTROLE e II (p=0,008). 61 FIGURAS b a Figura 1 c 62 OA LP OA OA LP D D a CR b Figura 2 D D CR CR LP LP OA OA a b Figura 3 LP LP CR D CR a Figura 4 D b 63 LP LP CR CR D D a b Figura 5 D CR D CR LP LP OA OA a b Figura 6 H OA CR CR LP D a Figura 7 OA b D LP 64 GRÁFICOS Taxa de Movimentação Dentária (mm) 1,6 1,4 1,2 1,12 0,9 1 0,8 0,6 0,47 0,4 0,2 0 Controle Grupo I Grupo II Gráfico 1 * *p < 0,001 Reabsorção Óssea 8 7 6 5 4 3 2 1 57% 50% 100% 43% 50% 0 Controle Grupo I Ausente-Leve Moderado-Intenso Gráfico 2 GrupoII p=0,046 65 Reabsorção Radicular 8 7 6 57% 5 20% 67% 4 3 80% 2 1 43% 33% 0 Controle Grupo I Ausente-Leve Moderado-Intenso Grupo II p=0,253 Gráfico 3 Concentração de Osteoclastos 8 7 6 43% 5 4 3 2 1 0 83% 100% 57% 17% Controle Grupo I Ausente-Leve Moderado-Intenso Gráfico 4 Grupo II p=0,008 66 4.2 ARTIGO 2 (a ser submetido para publicação no periódico Dental Press) Mecanismos da Ação dos Bisfosfonados (Clodronato) e sua Influência na Clínica Ortodôntica Telles-Pinheiro, A. M.; Vannier-Santos, M.; A. Oliveira-Costa, M. R. L. Resumo O objetivo deste trabalho é fazer uma breve revisão de literatura acerca das alterações metabólicas decorrentes da administração dos bisfosfonados, particularmente do clodronato, uma vez que, sendo a hidroxiapatita o seu principal alvo, tanto o tecido ósseo quanto o dentário podem sofrer modificações. Desta forma, é interessante que o ortodontista conheça o tema, afim de que possa antever possíveis implicações durante o tratamento ortodôntico de pacientes que fazem uso crônico deste medicamento, assim como conhecer os benefícios que, futuramente, poderão ser aplicados à clínica ortodôntica. PALAVRAS-CHAVE: Bisfosfonados; Clodronato; Mineralização óssea; Osteoporose; Doença de Paget. INTRODUÇÃO A reabsorção óssea é uma importante função celular para o desenvolvimento e a fisiologia do esqueleto. A fisiopatologia de muitas desordens ósseas inclui tanto o aumento (como a exemplo da osteoporose, metástases ósseas e a doença de Paget) quanto a diminuição (variadas síndromes da osteoporose) do grau de reabsorção óssea. Portanto, existe uma necessidade genuína de regular, 67 especialmente inibir, este processo em muitas dessas doenças, o que pode ocorrer de várias formas: diminuição no número de osteoclastos formados; inibição do seu mecanismo de ação; ou indução da morte celular prematura. Esses aspectos, além de serem regulados por mediadores fisiológicos, vêm sendo utilizados na terapêutica clínica medicamentosa e em abordagens experimentais para inibir a reabsorção óssea 1. 68 BISFOSFONADOS Os bisfosfonados foram primeiramente sintetizados na Alemanha, em 1865, tendo sido o Etidronato o primeiro a ser utilizado para tratamento em humanos, há aproximadamente cem anos 2. Após a descoberta de que podem controlar de maneira eficiente a formação e dissolução de fosfato de cálcio in vitro, assim como a mineralização e a reabsorção óssea in vivo, os bisfosfonados foram desenvolvidos e usados no tratamento de desordens ósseas como a doença de Paget, a hipercalcemia maligna e a osteoporose 3, 4 . Cada bisfosfonado deve ser considerado um complexo isolado, cujas estruturas os tornam específicos para o tecido ósseo ou outros tecidos mineralizados 5. Estes compostos são análogos dos pirofosfatos nos quais a ponte de oxigênio foi deslocada por um carbono com várias cadeias laterais (P-C-P) 3, 4, 6-8 . Ambos ligam-se fortemente à hidroxiapatita, o que explica sua ação farmacológica específica nos tecidos mineralizados, em especial nos ossos 2, 3, 7, 9-11 . De fato, eles se depositam preferencialmente em locais de reabsorção osteolcástica ativa, sendo liberados quando o osso sobre o qual ele se encontra depositado é novamente reabsorvido, inibindo tal processo 3, 4, 12 . Todavia, o tratamento de osteoclastos, monócitos e células tumorais com bisfosfonados, levou à morte celular, indicando que a reabsorção óssea não é essencial para que a droga penetre nas células 4. Da mesma forma, há estudos que demonstram que a hidroxiapatita não é essencial para que tais compostos sejam ativados, apesar de não excluírem a possibilidade de a sua incorporação nessa matriz contribuir para a sua eficácia in vivo 13. 69 O grupo P-C-P é resistente à hidrólise enzimática, o que explica porque os bisfosfonados não são metabolizados no corpo, sendo excretados de forma inalterada pelos rins, em parte por um processo de secreção tubular ativa. Apresentam baixa absorção no intestino, o que pode ser atribuído ao tamanho e carga do grupo atuando como agentes limitantes da sua penetração na membrana celular. A concentração destes compostos será maior para o osso medular e menor para o osso cortical 2, 3, 9, 11 . Deve-se considerar ainda que sua meia-vida óssea é longa, situando-se entre três meses e um ano 14. A ação farmacológica dos bisfosfonados para uso clínico é inibir a reabsorção óssea 3, 4, 15-17 . Essa inibição levaria a um aumento na maturação óssea, o que traria como conseguinte maior resistência à reabsorção daquele osso mais mineralizado 18 . Entretanto, há estudos que sugerem a possibilidade de formação óssea quando a droga é administrada em doses mais baixas do que aquelas necessárias para prevenir a reabsorção. Isto pode ser atribuído ao efeito positivo no processo de diferenciação dos osteoblastos 19 . Neste sentido, há autores que defendem a idéia de que, apesar de serem os bisfosfonados considerados ávidos por osteoclastos, apresentam efeitos evidentes sobre os osteoblastos e osteócitos. Existe ainda ação sobre a angiogênese; apoptose; secreção de citocinas e adesão celular; e sistema imunológico 4. O mecanismo de ação desses agentes ainda não foi completamente esclarecido e cada grupo de bisfosfonado apresenta suas próprias características químicas, físico-químicas e biológicas 17, 21 2, 3, 8, 19, 20 , sendo elas dose-dependentes 13, 16, . Os mecanismos de ação dos bisfosfonados podem ser considerados em três níveis: tecidual, celular, e molecular 2, 3. 70 Em nível tecidual, a ação de todos os bisfosfonados aparenta ser semelhante: redução do turnover ósseo. Isso é evidenciado pela diminuição tanto da reabsorção quanto da formação óssea. A reabsorção é difícil de ser medida quantitativamente através de métodos morfológicos, todavia, os bisfosfonados diminuem os seus parâmetros, tais como a extensão da área de reabsorção ativa e a profundidade da erosão medida a partir da superfície óssea. A esta reabsorção diminuída, soma-se uma formação também reduzida. Já que não existe evidência de redução da atividade osteoblástica nos sítios individuais de mineralização, conclui-se que a redução na formação óssea total é conseqüência de reabsorção diminuída, o que implica em menor remodelação 2, 3. Em nível celular, os osteoclastos constituem o alvo dos bisfosfonados. Estas células podem ter sua ação reduzida através: da inibição do seu recrutamento para a superfície óssea; da inibição da sua atividade na superfície óssea; da diminuição do seu ciclo celular, vez que, após desligarem-se da superfície óssea, tais osteoclastos sofreriam um processo de apoptose; e existe ainda a teoria de que haveria alteração óssea ou do mineral ósseo, reduzindo o grau de sua dissolução, o que não pôde ser sustentado 3, 8, 9, 11, 15, . Há autores que afirmam que os bisfosfonados podem atuar ainda sobre outras células envolvidas na renovação óssea, como os osteoblastos e macrófagos. Estes apresentam a sua atividade e proliferação inibidas in vitro. Segundo tais autores, parte da atividade antireabsortiva dos bisfosfonados sobre os osteoclastos seria osteoblasto-dependente 10, 22 4, . Outros autores sugerem que os osteoclastos seriam mais sensíveis a esses compostos do que os macrófagos 13. Num estudo realizado por Hughes e colaboradores, ficou constatado que, quando os osteoclastos foram expostos a três tipos de bisfosfonados (risedronato, 71 pamidronato e clodronato), sofreram apoptose in vitro, o que foi confirmado in vivo. Estes resultados sugerem que estes compostos podem causar redução no número de osteoclastos pela indução de apoptose osteoclástica, sendo este o seu principal mecanismo de ação in vivo 13. Uma vez que os odontoclastos apresentam características semelhantes aos osteoclastos, estudos revelam que também estes últimos sofrem apoptose após a administração de bisfosfonado, apresentando alterações citológicas, incluindo atividade reabsortiva reduzida 20, 23. Em nível molecular, a cadeia de eventos que leva à inativação osteoclástica ou à sua formação diminuída, decorrente da exposição direta ou indireta a determinado bisfosfonado ainda não foi completamente elucidada. As possibilidades incluem tanto a sua ação direta num receptor da superfície celular e/ou a sua fagocitose pelo osteoclasto no interior do qual ele interage com uma enzima ou outra molécula afetando o metabolismo celular 3 . O mecanismo através do qual o bisfosfonado penetra no osteoclasto pode ser tanto a difusão passiva como durante a reabsorção, graças às características endocíticas destas células 10, 22 . Estes processos são creditados às suas bordas em escova, apesar de alguns autores sugerirem a existência de outra via de captação destes compostos 8. Após a administração dos bisfosfonatos, o número de osteoclastos diminuiu significativamente num estudo desenvolvido por Ito e colaboradores. Inicialmente, estas células tornaram-se desprovidas das bordas em escova e destacaram-se da superfície óssea. Nelas o aparelho de Golgi encontrava-se degradado ou disperso no citoplasma. Logo em seguida, os osteoclastos passaram a apresentar características típicas de apoptose, com núcleos picnóticos, mostrando condensação e marginação de heterocromatina e fragmentação de DNA. Numa fase 72 tardia da apoptose, pôde ser observado o aumento e fusão nucleares e sua subseqüente destruição, levando ao extravasamento dos componentes nucleares no citoplasma. Em determinadas áreas também foi detectada a presença de osteoclastos apoptóticos migrando para ou presentes nos capilares. Logo, a maioria destas células é eliminada pelos macrófagos, mas algumas ainda escapam para a corrente sanguínea 24. Os efeitos positivos de tais compostos podem ser aplicados à clínica ortodôntica, o que justifica um número cada vez maior de pesquisas nessa área. A exemplo disso, um estudo feito com administração tópica e sistêmica de bisfosfonados em ratos mostrou que tanto a movimentação ortodôntica dentária como a recidiva podem ser evitadas. Isto torna tais substâncias úteis no reforço de ancoragem ou contenção durante o tratamento ortodôntico20, 21 . Além disso, a administração local de bisfosfonado causa a redução tanto no número de lacunas de reabsorção quanto no de odontoclastos durante a movimentação ortodôntica20. Kim e colaboradores desenvolveram um estudo onde constataram que uma única administração sistêmica de bisfosfonado diminui a quantidade de recidiva inicial em molares de ratos movimentados experimentalmente, o que estaria associado a diminuição no número de osteoclastos no ligamento periodontal, assim como às mudanças estruturais detectadas nessas células, tais como o desaparecimento das bordas em escova e da polaridade citoplasmática7. Alguns bisfosfonados podem, movimentação dentária20. ainda, inibir a reabsorção radicular decorrente da 73 CLODRONATO Estudos sobre a relação existente entre a estrutura e a atividade dos bisfosfonados indicam que a sua potência e o seu mecanismo de ação variam de acordo com a cadeia lateral ligada ao átomo de carbono na molécula de P-C-P, estrutura comum dos bisfosfonados. Baseado na diferença da estrutura desta cadeia lateral, eles podem ser divididos em duas classes: os que contêm uma molécula de Nitrogênio e os que não a contêm. Essas duas classes de medicamento também diferem no seu mecanismo de ação molecular. Investigações recentes revelaram que aqueles bisfosfonados que apresentam um átomo de Nitrogênio na cadeia lateral, tais como o Alendronato, são mais potentes do que os que não o apresentam, inibindo a reabsorção por bloquear a penetração de proteínas nos osteoclastos 4, 21, 25, 26. Aqueles bisfosfonados que não contêm o átomo de Nitrogênio podem ser incorporados a análogos do ATP e atuar inibindo a síntese de proteínas e induzindo a apoptose nos osteoclastos 4, 26. A maioria dos bisfosfonados clinicamente testados apresenta afinidades semelhantes em relação ao tecido ósseo do ser humano. Uma afinidade reduzida, é traduzida em baixa potência o que implicaria em dosagens maiores para aumentar a sua eficácia, à exemplo do que é observado com o clodronato 12. O clodronato, por sua vez, encontra-se no grupo dos bisfosfonados que não apresentam aquele átomo de Nitrogênio 21 . Ao invés disso, contém dois átomos de Cloro na cadeia lateral. Além da sua grande semelhança estrutural com o Pirofosfato, este bisfosfonado é conhecido por apresentar propriedades físicoquímicas semelhantes às dos demais, inibindo, portanto, a função osteoclástica sendo incorporado metabolicamente a um análogo do ATP não-hidrolisável, 74 resultando na apoptose osteoclástica (principal mecanismo de ação para inibir a reabsorção óssea por este composto) 21, 26, 27. O tratamento combinado do clodronato com o alendronato pode aumentar o efeito antireabsortivo de baixa concentração de um bisfosfonado que apresente o átomo de Nitrogênio. Ao mesmo tempo, o clodronato pode também antagonizar alguns dos efeitos e das funções moleculares atribuídas a concentrações mais altas destes mesmos compostos 26. Somada a atividade anti-reabsortiva, tem sido relatada a associação deste tipo de bisfosfonado com função antiinflamatória 21 . Já que as citocinas e os mediadores do processo inflamatório desempenham importante papel na resposta biológica à simulação mecânica ortodôntica, incluindo reações adversas como dor 28 e reabsorção radicular 29, o clodronato deveria ser o bisfosfonado mais indicado para o controle da movimentação ortodôntica 21. O clodronato é um bisfosfonado de segunda geração de potência baixa quando comparado com as drogas mais recentes, mas tem sido bem estudado e já se encontra comercialmente disponível. As doses recomendadas para seres humanos são baixas quando comparadas com as utilizadas nas experimentações animais, onde se costuma observar o efeito dose-dependente do medicamento, assim como ocorre para outros bisfosfonados 21, 30 . A dose diária subcutânea relativamente alta de 10 mg/Kg do clodronato tem sido usada em diversos estudos desenvolvidos em ratos e tem mostrado aumentar a densidade óssea desses animais 30. A via de administração mais utilizada para o clodronato é a intravenosa, vez que essa droga apresenta pobre absorção no trato gastrointestinal, com proporção de 1 a 2 % da dose oral 31. 75 Uma característica importante associada ao clodronato é que sua atividade anti-reabsortiva não prejudica a mineralização óssea e, além disso, ele tem sido associado à prevenção de perda óssea decorrente de imobilização em pacientes paraplégicos 30; e decorrente de extração de molares superiores em ratos 32. Estudos mostram que a administração de clodronato por períodos longos em dosagem terapêutica apresenta alguns efeitos benéficos sobre o desenvolvimento ósseo, o que o torna um medicamento seguro para a osteoporose 14. 76 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Desde a descoberta dos seus efeitos sobre os tecidos biológicos em 1968, muito progresso tem sido conseguido para se compreender melhor os mecanismos de ação dos bisfosfonados. Enquanto os efeitos sobre a mineralização aparentam ser físico-químicos através da inibição do crescimento dos cristais, os referentes à sua reabsorção são celulares. Todavia, os mecanismos moleculares que levam à inibição desta reabsorção ainda precisam ser esclarecidos. Existe um consenso de que o efeito final é sobre os osteoclastos, mas não se sabe o quanto desse efeito se dá por inibição da sua atividade e o quanto ocorre devido à diminuição no seu número 2, 11, 24. As aplicações clínicas atuais dos bisfosfonados são a doença de Paget, a osteoporose, e osteólises associadas às neoplasias. Pode-se citar ainda a utilização deste fármaco para a diminuição da reabsorção óssea para casos de: atrofia de Sudeck; displasia fibrosa; para evitar perda de implantes ósseos; reabsorção alveolar e perda óssea associada à doença periodontal 2, 4, 11, 21, 25,26. Estudos experimentais, por sua vez, particularizam a utilização de bisfosfonados para otimizar o tratamento ortodôntico. Neste, a reabsorção óssea mecanicamente induzida é uma etapa importante para que a movimentação dentária ocorra e, por essa razão, deve ser o principal alvo para que a intervenção farmacológica assegure os resultados conseguidos. Caso uma movimentação dentária indesejável possa ser prevenida com bloqueadores da reabsorção óssea, o tratamento ficaria menos complexo e mais seguro. Dentro desse contexto, o clodronato se apresenta, em determinadas concentrações, como um potente inibidor 77 do movimento dentário ortodôntico quando administrado localmente. Esta resposta é comparável à de outros tipos de bisfosfonados 9, 20, 21. A atividade anti-reabsortiva e antiinflamatória do clodronato e, por conseguinte, sua ação indireta na resposta biológica à simulação da mecânica ortodôntica, incluindo reações adversas como dor 21, 28 e reabsorção radicular 29 , sugerem que este deveria ser o bisfosfonado mais indicado para o controle da movimentação ortodôntica 21. O conhecimento aprofundado deste tema por parte do Ortodontista é de extrema importância, vez que, com o aumento do número de adultos que buscam esta especialidade, a tendência de tratar pacientes que fazem uso crônico deste fármaco e, por conseguinte, apresentam o metabolismo ósseo alterado, é aumentar. Além disso, a Ortodontia, como especialidade que acompanha os avanços conseguidos também no campo da Farmacologia, tem intensificado os estudos nessa área, para, num futuro próximo, trazer os benefícios dos bisfosfonados para a realidade clínica. 78 AGRADECIMENTOS Dr. André Luiz Andrade Pinheiro, Drª. Myrela Galvão Cardoso Costa, Dr. Diego Menezes, pela colaboração durante toda a fase de execução do trabalho; Drª. Luciana Ramalho, Drª. Cristina Cangussu e Srª. Cristina, por estarem sempre disponíveis para nos ajudar no que fosse preciso. REFERÊNCIAS 1. Väänänen,K. Mechanism of osteoclast mediated bone resorption – rationale for the design of new therapeutics. Advanced Drug Delivery Reviews. 2005; 57: 959-971. 2. Fleisch H. Bisphosphonates: mechanisms of action. Endocrine Reviews. 1998; 19:80-100. 3. Rodan G.A., Fleisch H.A. Bisphosphonates: mechanisms of action. J Clin Invest. 1996; 97:2692-2696. 4. Bukowsky, J.F.; Dascher, C.C.; Das, H. Alternative bisphosphonate targets and mechanisms of action. Biochemical and Biophysical Research Comunications. 2005; 328:746-750. 5. Shinoda, H. et al. Structure-activity relationships of various bisphosphonates. Calcif Tissue Int. 1983; 35:87-99. 6. Sato, M. et al. Bisphphonate action – Alendronate localization in rat bone and effects on osteoclast ultrastructure. J Clin Invest. 1991; 88:2095-2105. 79 7. Kim T., Yoshida Y., Yokoya K., Sasaki T. An ultraestructural study of the effects of bisphosphonates administration on osteoclastic bone resorption during relapse of experimentally moved rat molars. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999; 115:645-653. 8. Ito M., Amizuka N., Nakajima, T., Osawa H. Bisphosphonate acts on osteoclasts indedendent of ruffled borders in osteosclerotic (oc/oc) mice. Bone. 2001; 28:609-616. 9. Adachi, H.; Igarashi, K.; Mitani, H.; Shinoda, H. Effects of topical administration of a bisphosphonate (Risedronate) on orthodontic tooth movement in rats. J Dent Res. 1994; 73:1478-1484. 10. Igarashi K., Adachi H., Mitani H., Shinoda, H. Inhibitory effect of the topical administration of a bisphosphonate (Risedronate) on roots resorption incident to orthodontic tooth movement in rats. J Dent Res. 1996; 75:1644-1649. 11. Russel, R.G.G.; Rogers, M.J.; Bisphosphonates: from the laboratory to the clinic and back again. Bone. 1999; 25:97-106. 12. Leu, C., Luegmayr, E., Feedman, L. P., Rodan, G.A., Reszka, A. A. Relative binding affinities of bisphosphonates for human bone and relationship to antiresorptive efficacy. Avaiable at: www.elsevier.com/locate/bone. Accessed December 08, 2005. 13. Hughes, D.E.; Wright, K.R.; Uy, H.L.; Sasaky, A.; Yoneda, T.; Roodman, G.D.; Mundy, G.R.; Boyce, B.F. Bisphosphonates promote apoptosis in murini osteoclasts in vitro and in vivo. Journal of Bone and Mineral Research. 1995; 10:1478-1487. 80 14. Koivukangas, A.; Tuukkanen, J.; Hannuniemi, R.; Jämsa, R.; Kippo, K.; Jalovaara, P. Effects of long-term administration of Clodronate on growing rat bone. Calcif Tissue Int. 2001; 69:350-355. 15. Murad, A.M.; Andrade Filho, A.C.C.; Santos, M.; Delgado, G.; Moura, C.E.; Hungria, V.; Marques, E.; Chiattone, C.S.. et al. Multicentric clinical trial on the use of disodium clodronate by intravenous infusion at fifteen days intervals in patients with bone osteolysis. South-American Journal of Cancer. 1997; 1:13. 16. Brezniak N., Wasserstein A. Orthodontically induced inflammatory root resorption. Part I: the basic science aspects. Angle Orthodont. 2002; 72:175179. 17. Brezniak N., Wasserstein A. Orthodontically induced inflamatory root resorption. Part II: the clinical aspects. Angle Orthod. 2002; 72:180-184. 18. Grier R.L., Wise G.E. Inhibition of tooth eruption in the Rat by a bisphosphonate. J Dent Res 1997; 77:8-15. 19. Horie D., Takahashi M., Aoki K.; Ohya K. Clodronate stimulates bone formation as well as inhibits bone resorption and increases bone mineral density in rats fed a low-calcium diet. J Med Dent Sci. 2003; 50:121-132. 20. Igarashi K., Mitani H., Adachi H., Shinoda H. Anchorage and retentive effect of a bisphosphonate (AHBuBP) on tooth movements in rats. Am. J Orthod Dentofacial Orthop. 1994; 106:279-289. 21. Liu, L.; Iharashi, K.; Haruyama, N.; Saeky, S. Shinoda, H.; Mitani, H. Effects of local administration of clodronate on orthodonyic tooth movement and root resorption in rats. European Journal of Orthodontics. 2004; 26:469-473. 81 22. Sahni, M.; Guenther, H.L.; Fleisch, H.; Collin, P.; Martin, T.J. Bisphosphonates act on rat bone resorption through the mediation of osteoblasts. J Clin Invest. 1993; 91:2004-2011. 23. Watanabe, J.; Amizuka, N.; Noda, T.; Ozawa, H. Cytochemical and examination of apoptotic odontoclasts induced by bisphosphonate administration. Cell Tissue Res. 2000; 301:375-387. 24. Ito, M.; Amizuka, N.; Nakajima, T.; Ozawa, W. Ultrastructural and cytochemical studies on cell death of osteoclasts induced by bisphosphonate treatment. Bone. 1999; 25:447-452. 25. Dunford, J.E.; Thompson, K.; Coxon, F.P.; Luckman, S.P.; Hahn, F.M.; Poulter, C.D.; Ebetino, F.H.; Rogers, M.J. Structure-Activity relationships for inhibition of Farnesyl diphosphate synthase in vitro and inhibition of bone resorption in vivo by nitrogen-containing bisphosphonates. The Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics. 2001; 296: 235-242. 26. Frith, J.; Rogers, M. J. Antagonistic effects of different classes of bisphophonates in osteoclsats and macrophages in vitro. J Bone Miner Res. 2003; 18: 204-212. 27. Plosker G.L., Goa K.L. Clodronate – a review of its pharmacological and therapeutic efficacy in resorptive bone disease. Drugs. 1994; 47:945-982. 28. Ngan, P.; Wilson, S.; Shanfeld, J.; Amini, H. The effect of Ibuprofen on the level of discomfort in patients undergoing orthodontic treatment. Am J Orthod DentoFac Orthop. 1994; 106:88-95. 82 29. Brudvik, P.; Rygh, P. Multi-nucleated cells remove the main hyalinized tissue and start resorption of adjacent root surfaces. European Journal of Orthodontics. 1994; 16:265-273. 30. Kaastad, T. S.; Reikerås, O.; Madsen, J.E.; Narun, S.; Strømme, J. H.; Obrant, K.J.; Nordsletten, L. Effects of Clodronate on cortical and trabecular bone in ovariectomized rats on a low calcium diet. Calcif Tissue Int. 1997; 61:158-164. 31. Hyvönen, P.M.; Hanhijärvi, H.; Ahosilta, K. The effect of Clodronate (Dichloromethylene Diphosphonate) on the mineral concentration of dental enamel and bone of the miniature swine. Acta Pharmacol et Toxicol. 1986; 59:129-134. 32. Olson, H. M.; Hagen, A. Inhibition of post-extraction alveolar ridge resorption in rats by Dichloromethane Diphosphonate. Journal of Periodontal Research. 1982; 17:669-674. 83 5 CONCLUSÃO Após o exposto, conclui-se: 1. A aplicação do clodronato diminuiu sensivelmente as reações histológicas do periodonto de inserção de ratos (Rattus norvegicus), entretanto, quando aplicado no quinto dia do ciclo de remodelação óssea a influência foi maior sobre a reabsorção radicular; 2. A administração do clodronato no quinto dia não trouxe alterações significantes para a taxa de movimentação dentária; 3. A associação dos achados histológicos à taxa de movimentação dentária sugere que o uso do clodronato no quinto dia do experimento pode diminuir a reabsorção radicular com pouca influência na movimentação dentária induzida ortodonticamente. 84 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADACHI, H.; IGARASHI, K.; MITANI, H.; SHINODA, H. Effects of Topical Administration of a Bisphosphonate (Risedronate) on Orthodontic Tooth Movement in Rats. J Dent Res. v.73, p.1478-1484, 1994. ALHASHIMI, N.; FRITHIOF, L.;BRUDVIK, P.; BAKHIET, M. Orthodontic Tooth Movement and de Novo Synthesis of Proinflammatory Cytokines. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 119, p. 307-12, 2001. BARON, R.; NEFUSSI, J.R.; VIGNERY, A. Kinetic and Cytochemical Identification of Osteoclast Precursors and There Differentiation Into Multinucleated Osteoclasts. Am J Pathol. v.122, p.363-78, 1986. BREZNIAK, N.; WASSERSTEIN, A. Orthodontically Induced Inflamatory Root Resorption. Part II: The Clinical Aspects. Angle Orthod. v.72, p. 180-184, 2002. BREZNIAK, N.; WASSERSTEIN, A. Orthodontically Induced Inflammatory Root Resorption. Part I: The Basic Science Aspects. Angle Orthodont. v.72, p.175179, 2002. 85 BRUDVIK, P.; RYGH, P. Multi-nucleated Cells Remove the Main Hyalinized Tissue and Start Resorption of Adjacent Root Surfaces. European Journal of Orthodontics. v. 16, p. 265-273, 1994. BRUDVIK, P.; RYGH, P. The Initial Phase of Orthodontic Root Resorption Incident to Local Compression of the Periodontal Ligament. European Journal of Orthodontics. v.15, p.249-263, 1993. BUKOWSKY, J.F.; DASCHER, C.C.; DAS, H. Alternative Bisphosphonate Targets and Mechanisms of Action. Biochemical and Biophysical Research Comunications. v.328, p.746-50, 2005. CATE, A.R.T. Periodonto. In: CATE, A.R.T. Histologia Bucal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. Cap. 13, p.238-71. DUNFORD, J.E.; THOMPSON, K.; COXON, F.P.; LUCKMAN, S.P.; HAHN, F.M.; POULTER, C.D.; EBETINO, F.H.; ROGERS, M.J. Structure-Activity Relationships for Inhibition of Farnesyl Diphosphate Synthase in Vitro and Inhibition of Bone Resorption in Vivo by Nitrogen-Containing Bisphosphonates. The Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics. v. 296, n.2, p. 235-42, 2001. FLEISCH, H. Bisphosphonates: Mechanisms of Action. Endocrine Reviews. v.19, p.80-100, 1998. FRITH, J.; ROGERS, M. J. Antagonistic Effects of Different Classes of Bisphophonates in Osteoclsats and Macrophages in Vitro. J Bone Miner Res. v. 18, p.204-12, 2003. 86 FRITH, J.C.; ROGERS, M.J. Antagonistic Effects of Different Classes of Bisphosphonates in Osteoclasts and Macrophages In Vitro. J Bone Miner Res. v.18; p.204-12. 2003. GRIER IV, R.L.; WISE, G.E. Inhibition of Tooth Eruption in the Rat by a Bisphosphonate. J Dent Res. v.77, p.8-15, 1997. GU, G.; LEMERY, S.A.; KING, G.J. Effect of Appliance Reactivation after Decay of Initial Activation on Osteoclasts, Tooth Movement, and Root Resorption. The Angle Orthodontist. v.69, n.6, p.515-21, 1999. HAYASHI, K.; IGARASHI, K.; MIYOSHI, K.; SHINODA, H.; MITANI, H. Involvement of Nitric Oxide in Orthodontic Tooth Movement in Rats. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v.122, n. 3, p.306-9, 2002. HORIE, D.; TAKAHASHI, M.; AOKI, K.; OHYA, K. Clodronate Stimulates Bone Formation as well as Inhibits Bone Resorption and Increases Bone Mineral Density in Rats Fed a Low-Calcium Diet. J Med Dent Sci. v,50, p.121-132, 2003. HUGHES, D.E.; WRIGHT, K.R.; UY, H.L.; SASAKY, A.; YONEDA, T.; ROODMAN, G.D.; MUNDY, G.R.; BOYCE, B.F. Bisphosphonates Promote Apoptosis in Murini Osteoclasts In Vitro and In Vivo. Journal of Bone and Mineral Research. v.10, n.10, p.1478-87, 1995. HYVÖNEN, P.M.; HANHIJÄRVI, H.; AHOSILTA, K. The Effect of Clodronate (Dichloromethylene Diphosphonate) on the Mineral Concentration of Dental Enamel and Bone of the Miniature Swine. Acta Pharmacol et Toxicol. v.59, p.129-34, 1986. 87 IGARASHI, K.; ADACHI, H.; MITANI, H.; SHINODA, H. Inhibitory Effect of the Topical Administration of a Bisphosphonate (Risedronate) on Roots Resorption Incident to Orthodontic Tooth Movement in Rats. J Dent Res. v.75, p.1644-1649, 1996. IGARASHI, K.; MITANI, H.; ADACHI, H.; SHINODA, H. Anchorage and Retentive Effect of a Bisphosphonate (AHBuBP) on Tooth Movements in Rats. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v.106, p.279-289, 1994. ITO, M.; AMIZUKA, N.; NAKAJIMA, T.; OSAWA, H. Bisphosphonate Acts on Osteoclasts Indedendent of Ruffled Borders in Osteosclerotic (oc/oc) Mice. Bone. v.28, p.609-616, 2001. ITO, M.; AMIZUKA, N.; NAKAJIMA, T.; OSAWA, H. Ultrastructural and Cytochemical Studies on Cell Death of Osteoclasts Induced by Bisphosphonate Treatment. Bone. v. 25, p. 447-452, 1999. ITO, M.; AMIZUKA, N.; NAKAJIMA, T.; OZAWA, W. Ultrastructural and Cytochemical Studies on Cell Death of Osteoclasts Induced by Bisphosphonate Treatment. Bone. v.25, n.4, p.447-52, 1999. KAASTAD, T. S.; REIKERǺS, O.; MADSEN, J.E.; NARUM, S.; STRØMME, J. H.; OBRANT, K.J.; NORDSLETTEN, L. Effects of Clodronate on Cortical and Trabecular Bone in Ovariectomized Rats on a Low Calcium Diet. Calcif Tissue Int. v.61, p.158-64, 1997. KAMEYAMA, T.; MATSUMOTO, Y.; WARITA, H.; SOMA, K. Inactivated Periods of Constant Orthodontic Forces Related to Desirable Tooth Movement in Rats. J O. p.31-37, 2003. 88 KATCHBURIAN, E; ARANA, V. Periodonto. In: KATCHBURIAN, E; ARANA, V. Histologia e Embriologia Oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. Cap. 9, p.281-334. KIM, T; YOSHIDA, Y.; YOKOYA, K; SASAKI, T. An ultraestructural study of the effects of bisphosphonates administration on osteoclastic bone resorption during relapse of experimentally moved rat molars. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 115, p.645-653, 1999. KING, G.J.; KEELING, S.D.; McCOY, E.A.; WARD, T.H. Measuring Dental Drift and Orthodontic Tooth Movement in Response to Various Initial Forces in Adult Rats. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v.99, n.5, p.456-65, 1991. KING, G.J.; KEELING, S.D.; WRONSKI, T.J. Histomorphometric Study of Alveolar Bone Turnover in Orthodontic Tooth Movement. Bone. v.12, p.401-9, 1991. KING, G.S.; ARCHER, L.; ZHOU, D. Later Orthodontic Appliance Reativation Stimulates Immediate Appearance of Osteoclasts and Linear Tooth Movement. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v.114, p.692-7, 1998. KOIVUKANGAS, A.; TUUKKANEN, J.; HANNUNIEMI, R.; JÄMSA, R.; KIPPO, K.; JALOVAARA, P. Effects of Long-Term Administration of Clodronate on Growing Rat Bone. Calcif Tissue Int. v. 69, p.350-5, 2001. LEU, C.; LUEGMAYR, E.; FEEDMAN, L. P.; RODAN, G.A.; RESZKA, A. A. Relative Binding Affinities of Bisphosphonates for Human Bone and Relationship to Antiresorptive Efficacy. Disponível na página: www.elsevier.com/locate/bone. Acessada em 08 de Dezembro, 2005. 89 LINDHE, J.; KARRING, T. Anatomia do Periodonto. In: LINDHE, J. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. Cap. 1, p.3-42. LIU, L.; IGARASHI, K.; HARUYAMA, N.; SAEKY, S. SHINODA, H.; MITANI, H. Effects of Local Administration of Clodronate on Orthodonyic Tooth Movement and Root Resorption in Rats. European Journal of Orthodontics. v.26, n.5, p.469-73, 2004. MURAD, A.M.; ANDRADE FILHO, A.C.C.; SANTOS, M.; DELGADO, G.; MOURA, C.E.; HUNGRIA, V.; MARQUES, E.; CHIATTONE, C.S.. Multicentric Clinical Trial on the Use of Disodium Clodronate by Intravenous Infusion at Fifteen Days Intervals in Patients with Bone Osteolysis. South-American Journal of Cancer. v.1, 1997. NGAN, P.; WILSON, S.; SHANFELD, J.; AMINI, H. The Effect of Ibuprofen on the Level of Discomfort in Patients Undergoing Orthodontic Treatment. Am J Orthod DentoFac Orthop. v. 106, p. 88-95, 1994. NOXON, J.S.; KING, G.J.; GU, G.; HUANG, G. Osteoclastic Clearance from Periodontal Tissues During Orthodontic Tooth Movement. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v.120, p.466-76, 2001. OLSON, H. M.; HAGEN, A. Inhibition of Post-Exraction Alveolar Ridge Resorption in Rats by Dichloromethane Diphosphonate. Journal of Periodontal Research. v.17, p.669-74, 1982. 90 PLOSKER, G.L.; GOA, K.L. Clodronate – A Review of its Pharmacological and Therapeutic Efficacy in Resorptive Bone Disease. Drugs. v. 47, n. 6, p. 945-982, 1994 PROFFIT, W.R.; FIELDS Jr, H.W. As bases biológicas da terapia ortodôntica. In: PROFFIT, W.R.; FIELDS Jr, H.W. Ortodontia Contemporânea. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. Cap. 09, p.280-306. REITAN, K. Inicial tissue behavior during apical root resorption. Angle Orthodont. v. 80, p. 68-82, 1974. REN, Y.; MALTHA, J.C.; KUIJPERS-JAGTMAN, A.M. The Rat as a Model for Orthodontic Tooth Movement – a Critical Review and a Proposed Solution. European Journal of Orthodontics. v.26, n.5, p.483-90, 2004. REN, Y.; MALTHA, J.C.; VAN´T HOF, M.A.; KUIJPERS-JAGTMAN, A.M. Age Effect on Orthodontic Tooth Movement in Rats. J Dent Res. v.82, n.1, p 38-42, 2003. RODAN, G.A.; FLEISCH, H.A. Bisphosphonates: Mechanisms of Action. J Clin Invest. v. 97, p.2692-6, 1996. RODY Jr, W.J.; KING, G.J.; GU, G. Osteoclast recruitment to sites of compression in orthodontic tooth movement. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v.120, p.477-489, 2001. RUSSEL, R.G.G.; ROGERS, M.J.; Bisphosphonates: From the Laboratory to the Clinic and Back Again. Bone. v.25, p.97-106, 1999. 91 RYGH, P. Orthodontic Root Resorption Studied by Electron Microscopy. Angle Orthodont. v.47, p.1-16, 1977. SAHNI, M.; GUENTHER, H.L.; FLEISCH, H.; COLLIN, P.; MARTIN, T.J. Bisphosphonates Act on Rat Bone Resorption through the Mediation of Osteoblasts. J Clin Invest. v.91, p.2004-2011, 1993. SAITO, M.; SAITO, S.; NGAN, P. W.; SHANFELD, J.; DAVIDOVITCH, Z. Interleukin 1 beta and prostaglandin E are involved in the response of periodontal cells to mechanical stress in vivo and in vitro. Am J Orthod Dentofac Orthop. v. 99, p. 226-240, 1991. SATO, M. et al. Bisphphonate Action – Alendronate Localization in Rat Bone and Effects on Osteoclast Ultrastructure. J Clin Invest. v.88, p.2095-2105, 1991. SHINODA, H. et al. Structure-Activity Relationships of Various Bisphosphonates. Calcif Tissue Int. v. 35, p. 87-99, 1983. VÄÄNÄNEN,K. Mechanism of Osteoclast Mediated Bone Resorption – Rationale for the Design of New Therapeutics. Advanced Drug Delivery Reviews. v.57, p.959-71, 2005. WATANABE, J.; AMIZUKA, N.; NODA, T.; OZAWA, H. Cytochemical and Examination of Apoptotic Odontoclasts Induced by Bisphosphonate Administration. Cell Tissue Res. v. 301, p. 375-87, 2000. YOKOYA, K.; SASAKY, T.; SHIBASAKY, Y. Distributional Changes of Osteoclasts and Pre-osteclastic Cells in Periodontal Tissues during Experimental 92 Tooth Movement as Revealed by Quantitative Immunohistochemistry of H+ATPase. J Dent Res. v.76, n.1, p.580-87, 1997. 93 7 ANEXO Normas para a prática Didático-Científica da Vivissecção em animais Art. 01. Fica permitida, em todo território nacional, a vivissecção em animais, nos termos desta lei. Art. 02. Os biotérios e os centros de experiências e demonstrações com animais vivos deverão ser registrados em órgão competente e por ele autorizado a funcionar. Art. 03. A vivissecção não será permitida: I – sem o emprego de anestesia; II – em centros de pesquisas e estudos não registrados em órgão competente; III – sem supervisão de técnico especializado; IV – com animais que não tenham permanecido mais de 15 dias em biotério legalmente autorizado; V – em estabelecimento de ensino de 1o e 2o graus e em quaisquer locais freqüentados por menores de idade; Art. 04. O animal só poderá ser submetido às intervenções recomendadas nos protocolos das experiências que constituem a pesquisa ou os programas de aprendizagem cirúrgica, quando durante ou após a vivissecção, receber cuidados especiais. Parágrafo 1 – Quando houver indicação, o animal poderá ser sacrificado sob estrita obediência às prescrições científicas. Parágrafo 2 – Caso não sejam sacrificados, os animais utilizados em experiência ou demonstrações somente poderão sair do biotério 30 (trinta) dias após a intervenção, desde que destinados à pessoas ou entidades idôneas que por eles queiram responsabilizar-se. Art. 05. Os infratores desta lei estarão sujeitos: I – às penalidades cominadas no artigo 64, caput, do Decreto-lei 3.688 de 03/10/1941, no caso de ser a primeira infração; II – à interdição e cancelamento do registro do biotério ou do centro de pesquisa, no caso de reincidência; Art. 06. O Poder Executivo, no prazo de 90 (noventa) dias, regulamentará a presente Lei, especificando: 94 I – o órgão competente para o registro e a expedição de autorização dos biotérios e centros de experiências e demonstrações com animais vivos; II – as condições gerais exigíveis para o registro e o funcionamento dos biotérios; III – o órgão e autoridades competentes para fiscalização dos biotérios e centros mencionados no inciso I. Art. 07. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 08. Revogam-se as disposições em contrário.