Votorantim Metais Zinco Trabalho premiado
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Votorantim Metais Zinco Trabalho premiado
14 de maio de 2013 – Belo Horizonte (MG) Empresa: Votorantim Metais Zinco Trabalho premiado: Projeto de redução do consumo de ácido sulfúrico na produção de zinco Categoria: Processo Autor: Diogo Henrique de Carvalho Revista Minérios & Minerales [email protected] [email protected] www.revistaminerios.com.br Tel.: (11) 3788-5500 Projeto de redução do consumo de ácido sulfúrico na produção de zinco. Votorantim Metais Zinco – Unidade Três Marias I- Apresentação A Votorantim Metais foi criada em 1996, após uma reestruturação do modelo de gestão do grupo Votorantim, e hoje se consolidou como a segunda maior empresa brasileira de metais não-ferrosos, graças à sinergia operacional das diversas unidades de negócios. Com 18 unidades nas Américas e na Ásia e cerca de 10.000 funcionários, atualmente, conta com um portfólio que incluí majoritariamente alumínio, zinco e níquel. Sendo a maior fabricante de níquel eletrolítico da América Latina, líder brasileira na produção de alumínio primário e uma das cinco maiores produtoras mundiais de zinco. Com capacidade de produção de 730 mil toneladas anuais de Zinco. Por possuir um processo de produção totalmente integrado – a empresa opera minas desde 1956 -, a Votorantim Metais garante a oferta de produtos de qualidade, a preços competitivos, além de crescimento constante. Para aprimorar o padrão de qualidade reconhecido internacionalmente, a Votorantim Metais faz investimentos contínuos na ampliação de sua capacidade produtiva e no crescimento pessoal e profissional de seus colaboradores. Além disso, a preocupação com a sustentabilidade é uma constante na VM. Atualmente, a empresa gera cerca de 80% da energia elétrica consumida por suas unidades produtivas e aposta no desenvolvimento de tecnologias próprias, pesquisas minerais e na gestão ambiental responsável. A Votorantim prega a sustentabilidade para manter o dia a dia das operações. Para isso, são criadas estratégias operacionais que buscam estudos em novas tecnologias e práticas, que aperfeiçoem recursos e reduzam os impactos ambientais nos processos produtivos, gerando valor ao negócio. O mercado mundial do zinco é regulado pela Bolsa de Metais de Londres (LME ou “London Metal Exchange”), configurando-o como uma “commodity”. Neste tipo de mercado o produto não sofre diferenciação e o mercado é pulverizado, ficando sujeito a um cenário mundial de negociação. Paralelamente a este fator, os minérios disponíveis tornam-se cada vez mais complexos e com teores mais baixos, reduzindo a qualidade dos concentrados disponíveis e dos teores a serem tratados (Ciminelli, 2005). Como forma de manter e tornar o processo competitivo frente aos outros metais, as empresas produtoras de zinco buscam intensa e continuamente alternativas para a otimização de seus processos e a redução dos custos operacionais. As reservas mundiais de zinco, em metal contido, são estimadas em 482 milhões de toneladas. Apenas cinco países, Austrália, Canadá, Cazaquistão, China e Estados Unidos, respondem por mais de 70% do total. No Brasil as reservas mais expressivas estão concentradas no Estado de Minas Gerais (89%), principalmente nos municípios de Vazante e Paracatu. São 4.900 toneladas, correspondendo a 1% do total mundial. Nesses Sítios estão localizadas as minas de Vazante e Morro Agudo, respectivamente. Que juntamente com a unidade de Três Marias formam o sistema Três Marias, com capacidade de produção de 200.000 toneladas de zinco por ano. Sendo a única produtora de zinco brasileira, a sua eficiência operacional contribui com a competitividade do país associada a esse produto. A principal tecnologia, atualmente existente para produção de zinco é o Processo de Ustulação-Lixiviação-Eletrólise (RLE), ou seja, “Roasting-Leaching-Electrolysis”, aplicada a concentrados de característica sulfetada, como a esfalerita. A unidade de Três Marias, portanto, tem um processo que utiliza aspectos dessa tecnologia com tecnologias para processar o concentrado silicatado, sendo única a processar os dois tipos de natureza no mundo, em um mesmo sítio. O processo RLE tem como subproduto a geração de ácido sulfúrico um dos principais insumos do processo produtivo, contudo o processo integrado tem necessidade de compra, por isso se torna estratégico o melhor aproveitamento do mesmo, e assim esse trabalho tem como intuito otimizar o seu uso na etapa de lixiviação ácida, processo da lixiviação de sulfetos. A Unidade utiliza o Índice de Desempenho Ambiental (IDA) para consolidar os aspectos ambientais, que são analisados periodicamente na busca de soluções. O método de disposição é definido seguindo os requisitos da legislação vigente e com a avaliação dos riscos envolvidos nesse processo. A unidade investe principalmente em projetos de reaproveitamento de água e reutilização de resíduos em novos processos, assim como em campanhas de educação ambiental e conscientização de funcionários para o consumo e geração consciente. Objetivo Redução do consumo de ácido sulfúrico na etapa de lixiviação ácida, identificada grande oportunidade segundo benchmark interno realizado com a unidade de Juiz de Fora em 2011. Inicialmente o consumo de 649 kilogramas por tonelada de ustulado poderia alcançar o patamar de 180 do benchmark, com meta do trabalho em 300, gerando um ganho aproximado de R$1,9MM. Responsável Técnico do Projeto Nome: Diogo Henrique de Carvalho Formação: Engenheira Química II- Enquadramento O Projeto de redução do consumo de ácido na produção de zinco eletrolítico melhor se enquadra na categoria de Processos. Uma vez que reduziremos consideravelmente a utilização desse insumo e por conseqüência melhorando os custos de transformações da unidade, resultado alcançado por meio de mudanças de processos, tanto físico, como de adequações de parâmetros. III- Descrição O ácido sulfúrico (H2SO4) é o insumo principal para lixiviação do zinco. Nesse caso estamos analisando a sua utilização no processo de lixiviação do concentrado sulfetado (esfalerita) após ustulado, que compreende as etapas de lixiviação neutra e lixiviação ácida. Nesta a utilização tem o intuito de gerar um meio altamente reativo, com alta temperatura e alta acidez livre, para conseguir lixiviar a ferrita de zinco (ZnO.Fe2O3), um complexo altamente estável proveniente do processo de ustulação. O cenário que antecede a implatanção/ operação do Projeto em relação ao consumo de ácido sulfúrico era o seguinte: Em média, nos quatro meses de observação antes do início de análise, período compreendido pelos meses de janeiro a abril do ano de 2011 o consumo relativo à massa de ustulado alimentada no circuito era de 649 kg por tonelada de ustulado, fazendo um benchmark interno com a unidade de Juiz de Fora, a prática lá era de 180 kg/t. A expectativa é de redução para 300 kg/t de ustulado o que traz apenas em economia de ácido ganho na ordem de R$ 1,9MM, validado pela controladoria, com os valores de precificação de ácido e dólar da época. O projeto é suportado pelas mela metodologia lean seis sigma. MEMÓRIA DE CÁLCULO VM-Zinco-TM Unidade: 29/04/11 Data: R$ GANHOS PREVISTOS INCREMENTO DE RECEITA = 1.893.216,00 MANTIDA A PRODUÇÃO ORÇADA PARA O ANO BASES PADRÃO: BASES COMPARATIVAS: 2011 Preço: US$ R$ 100,00 Produção anual : 192.400 Taxa do dolar: 1,64 Investimentos (equipamentos, máquinas, ampliação, etc) GANHOS RESULTANTES DO PROJETO: Ganho anualizado : ( 0,5- 0,44 ) x 192.400 x R$164 = R$ 1.893. 216 R$ R$ / ano: 1.893.216,00 US$ / ano: R$ 1.152.676,35 BASES UTIIZADAS: Base Orçado 2011 : 0,5t ácido / t Catodo Meta projeto : 0,44 t ácido / tCatado Produção Anual de Catodo : 192,4 Kt/ano Preço Ácido ( Base 2011) : US$ 100 / t Média de consumo de ácido/ t de ustulado : 649 kg/ t Benchmark de específico de ácido/ t de ustulado : 300 kg/ t Vazão de ustulado (t/h) : 4 Memória de cálculo quantidade reduzida : Memória de cálculo consumo específico reduzido (649-300)/1000 x (4 tx 24 horas ) x 30 dias x 12 meses = 12.061,44 t ano 12.061,44 / 192.400 t Catodo = 0,06 Hoje t/t Catodo : 0,50 - 0,063 ( redução ) = Meta = 0,44 t/tCatodo Ganho esperado R$ 1.893.216,00 Investimentos (R$): ( a Definir ) Investimentos (US$): 0 MEMÓRIA DE CÁLCULO: Não considerado investimento , em função de ser a preliminar o estudo , sabe-se da necessidade de mudanças estruturais na operação , porém ainda sem previsão financeira VALIDAÇÃO: Patrocinador: Antônio Carlos dos Santos Controladoria Local: Simone Borges Sistema Gestão: Controladoria VM: Figura 1 – Validação de ganhos do projeto pela controladoria da unidade. IV- Resultados Técnicos Iniciou-se o trabalho com a utilização da ferramenta SIPOC, na qual se analisa os fornecedores e entradas do processo, assim como as saídas e clientes, com isso obteve-se um conhecimento macro do processo. Em seguida um mapa de processo foi construído para levantar todas as variáveis controladas que represente um impacto no indicador, nesse ponto começou a serem tomadas ações de engajamento da operação e melhoria da estabilidade operacional, como por exemplo a implementação de válvulas automáticas para controle das vazões de ácido e solução ácida recuperada do processo. Como a meta e a oportunidade foram baseadas em um benchmark interno da própria Votorantim Metais Zinco, uma visita benchmark a unidade de Juiz de Fora (MG) foi realizada. Nessa visita foram vislumbradas diversas oportunidades de processo e constatada a diferença processual entre as duas unidades, como pode ser observado na Figura 2. Basicamente a planta de Três Marias opera com apenas uma lixiviação ácida enquanto que no benchmark há o processo de préneutralização além de três etapas de lixiviação ácida com reciclo de ácido em contracorrente. Figura 2 – Fluxograma comparativo das unidades de Juiz de Fora e Três Marias. O próximo passo foi a construção de um diagrama de Ishikawa, também conhecido como espinha de peixe, para levantar todas as possíveis causas e então priorizadas, para finalmente dispô-las em uma matriz causa x efeito: ALTO Baixo reciclo de ácido Baixo rendimento da lixiviação neutra Descontrole da acidez Concentração de ferro na neutra Descontrole da vazão de alimentação BAIXO Causa Eficiência do Moinho Teor de Ferro no Ustulado BAIXO ALTO Efeito Figura 3 – Diagrama CAUSA x EFEITO Com as principais causas priorizadas, as com efeitos mais impactante no processo foram selecionadas, para em seguida comprovar as influências dessas variáveis de forma estatística e iniciar os testes em escala de bancada onde o objetivo de simular a viabilidade das modificações. Para comprovar a influência do rendimento da neutra, foi realizada uma correlação simples com a utilização do software estatístico Minitab®, como pode ser visualizado na Figura 4. Portanto chegamos à conclusão que o rendimento da neutra é uma variável de processo importante que explica 26% do nosso problema. Figura 4 – Correlação entre o rendimento da neutra com o consumo de ácido. Para aumentá-lo duas idéias foram testadas em bancada, a primeira visa aumentar o tempo de residência, pois uma das soluções que passam pelo processo já entra com pH muito próximo do pH ideal de saída, portanto a idéia era entrar com esse fluxo no terceiro tanque, e fazer apenas o material ácido passar por esses dois pontos, assim nesse contexto o fluxo de material nos dois primeiros tanques reduziria à metade elevando o tempo de residência nesses tanques de 30 minutos para uma hora. Fazendo esse teste em nível de bancada, fizemos quatro testes. O teste 1 foi fazer o procedimento normal, no teste 2 entramos com o material inerte após 30 minutos, no teste 3 entramos com o material inerte após 45 minutos e no teste 4 entramos após uma hora. Porém a elevação nos valores de Ge foi significativa, como aponta a tabela 1, além do mais, o risco de contaminação com Fe+2 não foi conseguido simular em bancada. Portanto adiamos essa idéia e não priorizamos no primeiro momento. Tabela 1 – Resultados do teste piloto na lixiviação neutra. A segunda idéia surgiu quando houve a necessidade de elevação da quantidade de ustulado a se consumir, devida a escassez da outra matéria prima, o concentrado silicatado. O teste foi baseado na possibilidade de se pré-lixiviar a maior parte do material no primeiro tanque usando excesso de ácido, recuperado do processo, e usar a balança reserva, no segundo tanque para acertar a acidez proveniente dos demais processos. O resultado foi muito bom aumentou para 84% o rendimento (tabela 2) enquanto que o alcançado na área é entorno de 70 a 75% em média, aliado ao fato de nesse ponto não haver risco de contaminação. Porém as ações foram de alto esforço e priorizadas num segundo momento. Tabela 2 – Teste de pré-lixiviação do ustulado na lixiviação neutra. Outra causa de alta complexidade é a questão de diferentemente de Juiz de Fora, nós não recirculamos o nosso ácido no processo, com isso foi vislumbrada a oportunidade de inserirmos a etapa que no benchmark é chamada de préneutralização, consiste em uma lavagem ácida do underflow do material da lixiviação neutra (Ácida I), que ainda tem bastante óxido de zinco em sua composição, com solução ácida recuperada das eletrólises (SAT), e como o óxido de zinco é facilmente lixiviado, não são necessárias as condições extremas da etapa de lixiviação ácida (Ácida II), com isso economizando ácido e elevando o rendimento de lixiviação. Para confirmar essa hipótese um teste em escada de bancada foi realizado. O resultado do teste foi satisfatório mostrando uma elevação do Análise na solução Over Zn (g/l) H+ (g/l) Fe (g/l) Ácida I 147,0 4,9 13,44 Ácida II 151,8 24,5 37,88 Ácida normal 81,50 na Tabela rendimento em bancada de162,8 98,5% para 99,3%, 22,7 como pode ser observado 3. Análise no sólido Under neutro Ácida I Ácida II Ácida normal Zn (%) Pb (%) Fe (%) Ag (%) Rendimento 28,97 14,41 3,59 6,62 2,65 6,03 12,81 10,33 18,91 27,61 8,91 15,91 0,0434 0,0358 99,35 % 98,51 % Tabela 3 – Resultados dos testes de bancada para a lavagem ácida. Para concentração de ferro na etapa de lixiviação neutra, foi vislumbrada a oportunidade de redução da faixa de trabalho, que era de 1,2 até 2,0 g/L, porém esse elemento tem a função de fazer a primeira purificação da solução no processo, envolvendo principalmente três elementos germânio (Ge), arsênio (As) e antimônio (Sb), e uma redução significaria riscos de contaminação do processo, para tanto foi simulado em bancada essas mudanças. No teste foi testado em duplicata a redução da concentração de 1,0 g/L(testes 2 e 3) e uma vez a oportunidade de se reduzir para 0,66 g/L(teste 1), o que implicaria eliminar o retorno de material da lixiviação ácida na lixiviação neutra, que é um reciclo de solução e pelos conceitos da metodologia lean devemos enxugar ao máximo o retrabalho. Assim sendo foram simulados 3 processos, primeiramente replicamos os parâmetros da lixiviação neutra e obtivemos o perfil de impurezas na saída, apresentado na figura 5. Sendo notado nessa etapa pouca influencia nos parâmetros de saída para os elementos Ge e Sb, porém um impacto grande da maior redução do ferro (teste1) no As. 1800 Impurezas no over neutro 1600 1400 1200 p p b 1000 Over Neutro 1 800 Over Neutro 2 600 Over Neutro 3 400 200 0 As Sb Figura 5: Impurezas na saída da lixiviação neutra. Ge As reações que garantem a retirada de impurezas associadas a As e Sb são apresentadas pelas equações 1 e 2: 4 Fe(OH)3 + H3AsO4 → Fe4O6(OH)5As + 5 H2O (Equação 1) 4 Fe(OH)3 + HSbO2 → Fe4O5(OH)5Sb + 4 H2O (Equação 2) Como o mecanismo em ambos os caso é por reação química foi analisado em quais formas poderia estar o Arsênio na condição de trabalho de pH 4,5. E como se pode notar no diagrama de Pourbaix (Takeno 2005), Figura 6, Ele se encontra solúvel tanto na forma trivalente quanto na forma pentavalente, porém apenas está participa da reação como se pode comprovar na equação 1. Portanto formulamos a hipótese de o Fe em concentrações mais elevadas favorecer a reação de oxidação do As reduzindo-o para forma Fe+2, a equação referente a reação seria a equação 3. Figura 6: Diagrama de pourbaix do As, realçada a região de pH 4,5. 2 Fe3+ + As3+ → 2 Fe2+ + As5+ (Equação 3) Visto que o arsênio na forma trivalente é um catalisador no processo seguinte, a purificação, continuamos analisando as duas próximas etapas, a de purificação e finalmente a de eletrólise. Na purificação, os resultados de saída para As, Ge e Sb, foram todos abaixo dos limites de especificação de impurezas na eletrólise do processo para solução neutra concentrada (SNC), que é de 5 ppb para o Ge e 10 ppb para os outros dois, porém no caso da redução maior obtivemos um valor dois ppb acima para o Ge, mostrado na figura 7. Finalizando, cada solução gerada em purificação foi alimentada em bancada em uma célula de eletrólise em triplicata. Os resultados foram todos positivos, mostrando um aumento da eficiência de corrente comparada com uma amostra industrial do dia, denominada de branco, visualizado no diagrama de boxplot da figura 8. 9 Impurezas na SNC 8 7 6 p p b 5 SNC1 4 SNC2 SNC3 3 2 1 0 As Sb Ge Figura 7: Resultado de análise das impurezas na saída da purificação Figura 8: Resultado para eficiência de corrente em eletrólise Portanto os testes foram validados em reunião de processos da unidade para teste assistido em escala industrial. Para as outras duas causas priorizadas, a saída foi à utilização de automatismo. Desenvolvimento do trabalho Uma vez levantadas as principais causas a atuação iniciou com os pontos de descontrole de processo. Em especial o descontrole de dosagem de ácido, que se devia principalmente para o fato de ser feito manualmente, para tanto foram instaladas válvulas automáticas e controles simples para o comando ser feito via sala de controle. O resultado foi bom gerando um primeiro deslocamento da média para valores próximos de 470 kg/t de ustulado (figura 12). Outra tentativa foi a utilização de um densímetro, realocado da própria fábrica, na linha de underflow do espessador da lixiviação neutra, ou seja, a alimentação do processo de lixiviação ácida, o intuito era gerar uma malha de controle que controlaria a concentração de sólidos, variando a vazão de entrada, assim como a vazão de ácido na etapa. Porém o instrumento utilizado não foi efetivo na medição, pelo fato do material ser muito denso, aglomerou no corpo do aparelho nas três tentativas de colocarmos para operar, nesses dois momentos foi importante o envolvimento de uma equipe multidisciplinar de operação e manutenção, em especial a parte de execução mecânica e de automação. Num segundo momento o foco se tornou para a redução da concentração de ferro no primeiro tanque da lixiviação neutra, vislumbrado a oportunidade com o teste em bancada propusemos a redução de 0,8 a 1,5 g/L (figura 9) e reduzimos de forma acompanhada os patamares em degraus de 0,1 g/L até testarmos cada faixa, o resultado foi eficiente e nos propiciou uma evolução no KPI para o patamar de 370 kg/t (figura 12), aqui a equipe de processos foi fundamentalmente necessária. Figura 9: Carta de controle da concentração de ferro na lixiviação neutra. Contudo esses patamares não foram suficientes para entregarmos o projeto que tinha desde o início uma meta arrojada, com desafios nunca antes atingidos nem mesmo pontualmente. Os próximos patamares dependeriam de modificações estruturais, que em um contexto de redução de custos devido à desvalorização da “commodity” não foi viabilizada. Porém uma nova oportunidade surgiu, devido a problemas na mina de vazante com previsão de redução de massa de concentrado, fez-se necessário a elevação da carga de ustulado no processo e foi esbarrado um limite de 8 t/h de alimentação que em patamares maiores que esse impactou uma perda de 3% de rendimento no circuito de lixiviação de sulfeto. Além disso, a menor produção impactou também todo o custo fixo da unidade. Com isso nesse novo cenário, as modificações necessárias no circuito não só se fizeram atrativas como necessárias para desengargalar o circuito de sulfeto. Assim sendo iniciou-se o projeto de lavagem ácida, que nesse contexto de sobrevivência foi realizado todo internamente, com apoio das áreas manutenção, processo, projetos e operação. E com alto envolvimento desde concepção do croqui até a entrega para operação mobilizou 14 pessoas trabalhando diretamente na mudança e foi realizado em três semanas, além de envolver 20 pessoas operacionais e de processos para acompanhamento do inicio de operação 24 horas durante duas semanas. O projeto contou com a volta de um espessador desativado e a mudança do fluxo de forma a aproveitar os tanques existentes e dividir dois para a lavagem ácida, batizada de ácida I, para em seguida o material ser espessado e então seguir o underflow, com as ferritas de zinco para a lixiviação ácida forte com alta temperatura e ácido em excesso (ácida II) usando mais quatro tanques, como pode ser percebido na figura 10. Entrando em operação esse processo possibilitou o aumento da produção, protegendo a produção mensal da fábrica em 2.750 toneladas, com o rendimento alcançando o patamar de 98,5% e o patamar de consumo específico de ácido de 320 kg/t (figura 12). Lay out área Situação Proposta Situação Atual 46 4” 46 Over des ativada S001 47 24 S026 S040 Under Under S001 Under S040 desativada Charuto 35 Solução de ataque Charuto Filtração de Zn 43 34 35 34 4” Filtração de Zn 5 Pré lixiviar óxido Raquete 10” 33 23 33 3” P46 e P47 DESATIVAR 22 32 21 31 30 40 20 32 31 30 21 20 Lixiviar ferritas Calha Tubo Ácida II Ácida I Novo Desativar Figura 10: Demonstrativo das mudanças necessárias para a lavagem ácida. O principal motivo de não se alcançar a meta foi a necessidade de se adicionar ácido sulfúrico concentrado no processo da ácida I, devido às altas vazões obtidas com o ácido recirculado. Para resolver esse problema foi vislumbrado o próximo passo, aumento do rendimento da lixiviação neutra através da pré-lixiviação de cerca de 60 - 70% do ustulado no primeiro tanque do processo. E com isso o processo de fato começa no segundo tanque com as mesmas características do processo original, sendo assim não havendo riscos relacionados a impurezas. Implantado esse processo o rendimento da etapa subiu de cerca de 74% para 77% em média (Figura 11) e possibilitou a retirada do ácido concentrado da lixiviação ácida I, e com isso alcançamos um valor médio no período final de 173 kg/t (Figura12) com valor recorde de 130 kg/t. Figura 11:Carta de controle do rendimento da lixiviação neutra. Figura 12: Evolução do KPI ao longo do período. V- Dificuldades para Implementação A evolução do projeto como um todo foi demorada e necessitou de muita negociação uma vez que houveram três mudanças significativas no processo, com realização de teste em escala de bancada, e diversos recursos que demandaram investimentos foram contemplados, como por exemplo a inserção de instrumentos de controle de vazão e uma mudança física complexa da área. Além do mais em todas as mudanças foram necessários esforços em estabilização e controle para domínio dos novos parâmetros. Um imprevisto no meio do projeto, com a ruptura da esteira de um filtro, nos impactou por cerca de dois meses. VI- Análise de transferência para outras indústrias As soluções geradas nesse trabalho podem ser aplicadas em quaisquer empresas que tenha como foco a economia de ácido, já que muitas das ações tomadas foram simples e abrangentes. Porém se aplica com mais abrangência a indústria do zinco, em especial plantas que utilizem o processo RLE, que podem utilizar de alguns dos conceitos e idéias. VII- Conclusão Um novo patamar de consumo de ácido sulfúrico foi atingido com esse projeto, com meta ousada e nunca antes atingida de redução de mais de 50% o patamar médio alcançado inicialmente foi alcançado ao final cerca de 75% de redução, gerando um ganho nas premissas iniciais calculadas de cerca de R$ 3MM, com diversas mudanças de processos e quebras de paradigmas, algo que jamais seria alcançado sem um envolvimento forte de toda uma equipe multidisciplinar. Que além de alcançar um resultado se desenvolveu e aprendeu durante a empreitada, possibilitando também a formação de pessoas. Além do mais possibilitou a flexibilização da planta metalúrgica, que em um cenário com os concentrados se tornando cada dia mais complexos esse é quase um ponto de sobrevivência. E conseguir trabalhar com maiores volumes de concentrados sulfetados, que dispõe de maiores ofertas por meio de concentrados importados é um fator estratégico, pois protege a Votorantim quanto à perda de participação no mercado interno. Que nesse cenário atual foi da ordem de 2.750 toneladas mensais, cerca de 16% da capacidade produtiva da planta. VIII- Bibliografia Ciminelli, V.S.T.(2005). Tendências Tecnológicas em Hidrometalurgia. Revista Brasil Mineral, 256, novembro, pp. 80-92. Feijó, F.D. (2007). Redução das perdas de zinco associadas aos processos de purificação do licor por cementação de tratamento dos resíduos gerados da Votorantim Metais. Dissertação de Mestrado, Engenharia Metalurgia e de Minas, UFMG. Martins, L (2011). Produção de concentrado de zinco a partir de minério silicatado com redução no teor de carbonatos, Tese de Doutorado, Engenharia Metalurgia e de Minas, UFMG. Souza, A.D. (2001). Processo de integração dos tratamentos de concentrados ou minérios de zinco e ustulados de zinco sulfetado, patente PI 0106186-0. Souza, A.D. (2005). Processo integrado: biolixiviação e lixiviação química na indústria do zinco. Dissertação de Mestrado, Engenharia de Minas e Metalurgia, Redemat/UFOP. Takeno, N. (2005). Atlas of pH-EH diagrams, Open File Report No. 419, Geological Survey of Japan (GSJ). Conheça o autor do projeto Diogo Henrique de Carvalho – Formado em engenharia química na UFMG e atualmente cursando pós-graduação em Gestão de Negócios na Fundação Don Cabral. Na Votorantim Metais atua como engenheiro pleno no campo da hidrometalurgia na unidade industrial de Três Marias.