Fazer
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N.º 2 Faz bem à Saúde. LINHA MÉDIS Serviço permanente ao seu dispor Ioga Proposta Sintra anti-stress Grande Entrevista Conceição Telhado ABRIL/JUNHO 2011 Trimestral TANZÂNIA Nº2 ABRIL/JUNHO 2011 Trimestral ¤ 3.00 Uma viagem de sonho e uma recordação para a vida Rede Médis MÉDICO ASSISTENTE MÉDIS sumário EDITORIAL SUMÁRIO 4 NOTAS SOLTAS Notícias e espectáculos a não perder 8 GRANDE ENTREVISTA Dr.ª Conceição Telhado 13 SIGHTSEEING Sintra de Eça de Queirós e de hoje 16 MUNDO MÉDIS Hospital CUF Porto 20 MÉDICO ASSISTENTE MÉDIS Dr. Amílcar Aleixo 23 GOURMET Tasca do Celso em Vila Nova de Milfontes 24 GLOBETROTTER Um safari na Tanzânia 29 GOURMET Aguardente velha Magistra 30 MUNDO MÉDIS Linha Médis 34 HITECH A iPadmania está a alastrar 36 MUNDO MÉDIS Meeting days 38 MUNDO MÉDIS Making of da campanha Médis Junte-se à família Médis 40 MUNDO MÉDICO Estudos médicos à volta do Mundo 42 MUNDO MÉDIS Nas Termas de Monte Real, com a Rede Médis 44 TENDÊNCIAS MODA Propostas para ela e para ele 46 PRAZERES Jóias no feminino e no masculino 48 WEEKEND Por terras de Avis. 52 MUNDO MÉDIS O cartão Médis abre-lhe as portas do ioga 56 ON THE ROAD Mercedes CLS 58 ÚLTIMA PÁGINA Conheça o primeiro automóvel Luís Prazeres DIRECTOR DE SUBSCRIÇÃO E PRODUÇÃO MÉDIS CONCLUÍDO MAIS UM CICLO DE CINCO ANOS, PREPARAMO-NOS PARA ENFRENTAR O PRÓXIMO Cumprida na sua plenitude a estratégia delineada em 2005, ilustrada pela captura de 136 milhões de euros de prémios processados, a manutenção do montante de indemnizações dentro dos patamares previstos (taxa de sinistralidade de 70,5%) e um resultado líquido superior a 4 milhões de euros em 2011, ano em que a Médis celebra o seu 15.º aniversário, gostariamos de partilhar os períodos chave da sua evolução no Mercado de Seguros de Saúde em Portugal: 1996-2005 – Início da operação, com uma estratégia de crescimento e consolidação de liderança de mercado. Foi dada primazia à inovação e à qualidade no serviço ao Cliente, visando construir um novo paradigma no negócio do financiamento da Saúde em Portugal. 2006-2010 – Após a venda de 40% da sua carteira em 2005, a estratégia visou recuperar volumes, prémios e pessoas seguras, ajustar a estrutura da Companhia e capturar economias de escala, garantindo sempre níveis de excelência de serviço ao Cliente e níveis de rentabilidade adequados. Novos desafios surgem perante o actual contexto económico-financeiro e respectivo impacto no rendimento disponível das famílias e nas disponibilidades de crédito e financeiras das empresas, factores que são decisivos no desenvolvimento do negócio de commodities como são os seguros de saúde. Em paralelo, coexistem factores de crescimento de custos, como o envelhecimento da população e o incremento tecnológico. A estratégia sustentada da Médis pretende corresponder aos anseios dos seus stakeholders, sejam: Clientes, garantindo excelência de nível de serviço, produtos adaptados às suas necessidades e a preços adequados; Prestadores da Rede Médis, através de uma melhoria contínua na qualidade da rede e o contínuo crescimento do número de Clientes; Accionistas, oferecendo uma rentabilidade adequada; Canais de distribuição, através de um sistema de distribuição multicanal que garante a equidade entre os diversos interesses em presença; Colaboradores, com uma dinâmica vencedora e uma retribuição baseada no mérito e na contribuição de cada um. 2011 a 2015 - Deparamo-nos agora com um novo paradigma: ajustar o plano de negócio ao novo ambiente económico do Mercado de Seguros de Saúde e focar a acção no crescimento, com manutenção de níveis de rentabilidade adequados. Atingir estes objectivos implica oferecer um serviço de qualidade aos Clientes através da excelência das operações e do trabalho conjunto com todos os stakeholders. A Médis irá continuar a contribuir para o desenvolvimento dos Seguros de Saúde em Portugal, maximizando o acesso e inovando pela inclusão dos que não têm cobertura de seguro. Director: Gustavo Barreto. Direcção Editorial: Rui Faria ([email protected]). Textos: João Paulo Batalha, Paula Santos, Rui Faria e Cofina Media. Fotografia: Nuno Alexandre, Getty Images e Cofina Media. Direcção de Arte: Sofia Lucas. Design Gráfico: Maria Papoula. Paginação: Patrícia Santos. Pesquisa de Imagem: Diana Bastos. Copy-Desk: Carla Sacadura Cabral. Produção: Cofina Media. Pré-impressão: Graphexperts, Lda., Av. Infante Santo, 42 - A/B, 1350-179 Lisboa. Impressão: Lisgráfica S.A., Estrada Consigliéri Pedroso, 90, Casal de S.ª Leopoldina, 2745-553 Queluz de Baixo. Propriedade: Médis – Companhia Portuguesa de Seguros de Saúde, S.A., Av. José Malhoa, 27, 1070-157 Lisboa. ([email protected]) Linha Médis – Lisboa: 21 845 8888. Porto: 22 207 8888. Telemóvel: 91 935 8888 | 96 599 8888 | 93 522 8888. Redacção: Cofina Media, Av. João Crisóstomo, 72 – 1069-043 Lisboa. Tel. 21 330 94 00/ 21 330 77 09. www.cofinaconteudos.pt. Depósito Legal: 319892/10. Registo na ERC com o n.º 125985. Tiragem: 11.000 exemplares. Periodicidade: Trimestral. Médis - Companhia Portuguesa de Seguros de Saúde, S.A. Capital Social: 12.000.000 Euros. Contribuinte n.º 503 496 944. Sede Av. José Malhoa, 27 – 1070-157 Lisboa A MÉDIS NÃO SUBSCREVE, NECESSARIAMENTE, AS OPINIÕES VEICULADAS NESTA REVISTA. NOTAS soltas DISTURBED ARTE NAMBAN Sob o título As Encomendas Namban, o museu da Fundação Oriente apresenta, até ao dia 31 de Maio, um diversificado conjunto de peças que mostra o tipo de encomendas de arte namban que os portugueses fizeram no Japão desde a segunda metade do século XVI até cerca de 1640. OS ANOS DA PROLES WALL Em 1984, Paula Rego participou na exposição colectiva Nineteen Eighty-Four, preparada pela Camden Arts Center para assinalar a edição do livro homónimo de George Orwell, que, em 1948, tinha escrito 1984, uma utopia crítica do futuro. Os dez painéis que formam este trabalho estão expostos na Casa das Histórias Paula Rego até ao dia 19 de Junho. 4 ABRIL/JUNHO 2011 Fotografia: Getty Images. D.R. O Coliseu de Lisboa vai receber, no dia 20 de Junho, a visita dos Disturbed, uma das mais importantes bandas de metal da última década. Oriundos de Chicago, os Disturbed vêm apresentar o último álbum de originais, Asylum, que entrou directamente para o primeiro lugar do top de vendas nos Estados Unidos. Mappa Mundi A exposição que o Museu Colecção Berardo tem patente até ao dia 25 de Abril levanta a hipótese de a Cartografia ser um desafio para a criação artística contemporânea. Sob o nome Mappa Mundi, reúne obras de cerca de meia centena de artistas no Centro Cultural de Belém. Retratos de Man Ray O Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva tem patente a exposição de fotografias Retratos de Mulheres. Até 30 de Abril, podem ser vistos trabalhos de Man Ray (1890-1976), um fotógrafo que subverteu as técnicas tradicionais, bem como fotografias dos portugueses Jorge Martins e Julião Sarmento. A LENDA DE BOB MARLEY Os Groundation são uma das melhores bandas mundiais de reggae e os seus espectáculos ao vivo são marcantes. Nos dias 13 e 14 de Maio, sobem ao palco do Coliseu de Lisboa e do Teatro Sá da Bandeira, no Porto, com temas de Bob Marley, em espectáculos que serão um tributo ao músico jamaicano. Adriana Calcanhotto Adriana Calcanhotto é dona de uma voz bem conhecida e popular no nosso país, onde regressa para apresentar “o micróbio do samba”, o seu último álbum de originais, que inclui 12 canções, que serão a base dos espectáculos agendados para o Centro Cultural de Belém (6 e 7 de Maio) e para a Sala Suggia, na Casa da Música, no Porto. Lançado recentemente no mercado discográfico, “o micróbio do samba” é um trabalho que “tem muito do Rio de Janeiro, cidade que escolhi para viver, do Rio Grande do Sul de onde venho, e de Portugal, que me apaixona”, referiu a brasileira. A oitava edição do festival de cinema independente IndieLisboa decorre de 5 a 11 de Maio e volta a reunir o mais recente cinema do Mundo nas suas mais diversas vertentes, pelo que a Culturgest e o Cinema São Jorge, entre outros espaços, são ponto de encontro para os cinéfilos. INDIELISBOA Curling de Denis Coté ABRIL/JUNHO 2011 5 NOTAS soltas VOLVO OCEAN RACE Portugal vai integrar a maior regata à volta do Mundo. A Volvo Ocean Race tem partida agendada para o dia 9 de Setembro em Alicante e, durante nove meses, vai fazer escala na Cidade do Cabo, em Abu Dhabi, em Sanya (Japão), em Auckland, em Itajaí (Brasil) e em Miami, antes de chegar a Lisboa no dia 31 de Maio de 2012. Segue depois para Lorient (França) e termina em Galway (Irlanda). Os fascinantes desenhos que surgem nas montanhas do Peru apenas podem ser vistos do céu. A explicação para as 800 figuras traçadas entre 300 a.C. e 500 d.C. são as mais mirabolantes, mas um estudo recente indica que elas são um mapa de recursos hídricos do sub-solo, contrariando aqueles que teimam em vê-las como uma forma de contacto do extra-terrestres. AS LINHAS DE NAZCA A Torre de Pisa começou a ser construída em 1163. Chegou aos 55,8 metros de altura, mas o terreno não suportou as suas cerca de 14.700 toneladas e a sua inclinação foi aumentando com o passar dos séculos. Desde 1992 que o monumento tem vindo a ser intervencionado e os responsáveis anunciaram agora terem logrado reduzir a sua inclinação e sustê-lo. O quilograma emagreceu O quilograma padrão que está depositado no Serviço Internacional de Pesos e Medidas foi construído no século XIX numa liga de platina e irídio, sendo conservado em condições controladas e estáveis. No entanto, este padrão perdeu cinquenta microgramas e nenhum cientista é capaz de explicar como é que tal foi possível. 6 ABRIL/JUNHO 2011 Fotografia: Getty Images. D.R. TORRE DE PISA ESTÁ SEGURA TRIUNFO DO CHOCOLATE Um estudo do Hershey Centre of Health & Nutrition, publicado no Chemistry Central Journal, refere que o chocolate preto contém mais antióxidantes e polifenois benéficos do que a fruta. “O cacau deve ser considerado uma super fruta e os seus derivados podem ser tidos como super-alimentos”, referiu Debra Miller, uma das autoras do estudo. Hagia Sofia recuperada A basílica mandada construir pelo Imperador Constantino em 532 d.C. foi a imagem do império bizantino. Transformada em mesquita após a conquista de Constantinopla pelos otomanos (século XV). Em 1935 foi transformada num museu por Kemal Atatürk, o fundador da moderna Turquia. Nos últimos 17 anos tem estado a ser restaurada e os trabalhos foram concluídos no início do ano. NOVO SISTEMA SOLAR Graças ao telescópio espacial Kepler, cientistas da NASA identificaram um novo sistema solar a cerca de 2.000 anos luz da terra, onde seis planetas orbitam uma estrela semelhante ao sol. “Destes planetas, dois têm massas semelhantes às de Neptuno e de Urano, e os restantes têm características que não encontramos no nosso sistema solar”, afirmou o astrofísico Jonathan Fortney. es Ducati & Merced A italiana Ducati é uma das mais prestigiadas marcas de motos do Mundo. Envolvida no Mundial de Moto GP, irá contar, este ano, com o contributo do super campeão Valentino Rossi e estabeleceu um acordo de colaboração com a Mercedes, quebrando uma proximidade de anos com a Ferrari. ABRIL/JUNHO 2011 7 GRANDE entrevista O PROBLEMA DAS CESARIANAS SÃO OS PARTOS SUBSEQUENTES A Organização Mundial de Saúde alerta para os riscos das cesarianas. Contudo, a taxa de cesarianas mantém-se ou continua a crescer. Respeitar a evolução espontânea do trabalho de parto é uma das medidas que a médica obstetra Conceição Telhado propõe para alterar esta tendência U m primeiro parto por cesariana condiciona os part os subsequentes, razão da importância do tipo de parto no futuro obstétrico da mulher. Para começar, qual a definição de parto natural, confundido muitas vezes com parto de início espontâneo? O parto natural é um parto espontâneo que pode ser eutócico ou distócico. Pode ser realizado no domicílio ou numa maternidade ou hospital. É um parto sem intervenção medicamentosa ou monitorização cardiotocográfica. No domicílio, pode ser realizado por uma enfermeira especialista em obstetrícia. Em vários países da Europa, nomeadamente na Holanda, há grande incentivo a este tipo de parto, mas os condicionalismos organizativos e as realidades sanitárias são diferentes. O parto espontâneo pode ser realizado em meio hospitalar com a adequada vigilância materno-fetal e com ou sem recurso a analgesia. Na maternidade há maiores garantias de segurança e melhores resultados neonatais. Portugal pode orgulhar-se de ter um dos melhores resultados neonatais da Europa. Actualmente, há um grande número de partos induzidos, isto é, programados. Há razões clínicas, maternas e fetais que obrigam a estas actuações, mas há também induções por razões logísticas, sobretudo na clínica privada. Estas induções 8 ABRIL/JUNHO 2011 podem ser realizadas com sucesso, mantendo alta taxa de partos por via vaginal, se existirem condições, isto é, se o Índice de Bishop do colo do útero for favorável e a gravidez tiver uma idade gestacional superior a 38 semanas, preferencialmente 39 semanas. Estas condições não só asseguram o sucesso da indução, como não interferem na morbilidade neonatal por imaturidade pulmonar do recém-nascido. Em 2009, arrancou uma campanha no Dia Mundial de Saúde em def esa do part o espontâneo que pr etendia mobilizar a sociedade portuguesa par a debater o direito ao parto espontâneo (via vaginal) e contribuir para baixar a taxa de cesarianas. Quais as grandes razões que levam os médicos, e a si em particular, a aconselhar o parto espontâneo? Se não existirem condições para um parto por via vaginal, avaliadas pelo médico obstetra nas consultas de obstetrícia ou no serviço de urgência das maternidades, as quais obriguem a cesarianas electivas, não devemos propor um parto vaginal. As situações que têm indicação formal para a cesariana são: Causas fetais - RCIU (Restrição do Crescimento Intra-uterino), malformações fetais que contra indiquem um parto via vaginal, apresentações anómalas, como situação transversa, apresentação pélvica, alguns tipos de gravidez gemelar, etc. Causas placentares - placentas prévias totais ou parciais, vasa prévia. Causas maternas - médicas ou cirúrgicas. Todas estas situações obrigam a um parto hospitalar. Há também causas de cesariana na evolução do trabalho de parto, como suspeitas de sofrimento fetal, descolamento de placenta, prolapso do cordão, incompatibilidade feto-pélvica/distócias de progressão que surgem na evolução do trabalho de parto e como tal nos fazem temer o parto no domicílio. A rotura de bolsa de águas anteparto, sobretudo com condições desfavoráveis do colo do útero, também é causa de trabalho de parto arrastado com maior risco de corioamnionite e, consequentemente, aumento de morbilidade materno e fetal. Nestas situações o trabalho de parto deve ser em meio hospitalar. Em condições normais, devemos preferir o parto espontâneo, pois a possibilidade de parto bem sucedido é maior. Em situações de gravidez prolongada deve a vigilância materno fetal ser mais frequente e se necessário, proceder-se a indução do trabalho de parto. Além destes factores, há outros condicionalismos, como a idade da mulher. A idade do primeiro parto tem vindo a aumentar por razões pessoais ou profissio- GRANDE entrevista nais e a taxa de infertilidade também tem crescido, levando ao recurso a técnicas medicamente assistidas que condicionam as actuações obstétricas. Nos últimos tempos, a cesariana a pedido e os processos médico-legais têm influenciado as grávidas e os técnicos de saúde. E, no pós-parto, quais são as vantagens do parto espontâneo via vaginal? Actualmente, qualquer parto por via vaginal, seja espontâneo ou induzido em condições adequadas, tem uma boa recuperação. Os partos eutócicos, com ou sem episiorrafia, e alguns distócicos (com fórceps ou ventosas) têm normalmente uma boa recuperação com maior sucesso na relação mãe/recém-nascido. As cesarianas, com o tipo de anestesia epidural/sequencial utilizada, também permitem um contacto imediato com o recém-nascido, mas a recuperação é por vezes mais difícil, com resultados mais negativos nos cuidados ao recém-nascido e na amamentação. Outra vantagem do parto via vaginal é a possibilidade de a mulher ter uma nova gravidez a curto prazo, sem implicações no tipo de parto. Uma cesariana condiciona os partos subsequentes, obriga a um tempo 10 ABRIL/JUNHO 2011 maior de recuperação entre os partos e, sobretudo, é fundamental que o parto seja espontâneo/não induzido, para evitar o maior risco de rotura uterina, com evidente compromisso materno ou fetal. De qualquer forma, segundo a Organização Mundial de Saúde, as cesarianas, apesar dos avanços técnicos e da melhoria das técnicas obstétricas, continuam a ser mais arriscadas para a mãe e para o bebé. Que riscos são estes? Para o recém-nascido, o risco está principalmente na imaturidade pulmonar. Uma cesariana electiva, sem causa clínica, antes das 38 semanas, nas gravidezes normais, pode obrigar a internamento na unidade de cuidados intensivos neonatais, com aumento de custos. Para a mãe, há riscos infecciosos, hemorrágicos, tromboembólicos, anestésicos, mas, actualmente, com o tipo de anestesia, de profilaxia antibiótica e tromboembólica, e com as técnicas realizadas, estes riscos são ligeiros. O principal problema é o futuro obstétrico da mulher e os custos inerentes. Mais uma vez, realço a importância de um parto após uma cesariana obrigar a actuações precisas, respeitando protocolos internacionais, “Para o recém-nascido, o risco está principalmente na imaturidade pulmonar. Uma cesariana electiva, isto é, antes do trabalho de parto, sobretudo antes das 38 semanas, nas gravidezes normais, pode obrigar a internamento na unidade cuidados intensivos neonatais, com aumento de custos” para não aumentarmos os riscos maternos (com a possibilidade de roturas uterinas, placentas acretas e histerectomias intra ou pós-parto). Se a mulher tiver duas ou mais cesarianas, fica obrigada a cesarianas iterativas e a limitar o número de filhos subsequentes. As cesarianas repetidas têm maior dificuldade cirúrgica e, por vezes, maiores complicações, inclusive urinárias. Há, contudo, indicações formais para cesarianas. O importante é conhecer a história clínica e obstétrica da mulher e decidir, com bom-senso, qual o momento do parto, o tipo de parto e o local do mesmo. Há situações que obrigam, ou pela grande prematuridade ou por necessidade de recurso a cirurgia neonatal imediata, a um envio para uma maternidade com cuidados neo- excluem um parto por via vaginal? Como salientei, há condições em que um parto vaginal está completamente contraindicado. Em primeiro lugar, há causas maternas médicas como doenças cardíacas graves ou outras que impossibilitam esforço de trabalho de parto, infecções, herpes genital em actividade, condilomatoses vulvares extensas no momento do parto ou malformações uterinas. Como causas maternas cirúrgicas aponto as miomectomias anteriores, miomas prévios, cirúrgias do pavimento pélvico e das vias urinárias, mais de duas cesarianas anteriores, roturas uterinas prévias ou tumores do ovário concomitantes. Em segundo lugar há causas placentares como placentas prévias, totais ou parciais, vasa prévia, desco- vez mais, surgem as cesarianas a pedido, para evitar traumatismos do pavimento pélvico com subsequentes alterações da sexualidade e para prevenção de IUE (Incontinência Urinária de Esforço). O importante é uma vigilância anteparto adequada, com uma determinação do tempo de gravidez precisa. O controlo do crescimento fetal, da alimentação, o recurso à ginástica pré e pós-parto; aconselhamentos gerais e, sobretudo, uma avaliação correcta do risco, da previsão do parto e do local e da data do mesmo. natais diferenciados. Existem hospitais, públicos e privados, que recebem estas mães com segurança. Nestas condições, é sempre preferível que a grávida saiba qual o local adequado para o seu parto e que a equipa médica esteja avisada, para que os resultados sejam os desejáveis. lamentos de placenta, oligoâmnios grave. Depois, temos as causas fetais: malformaçoes fetais, tumores, grande prematuridade, RCIU, mal apresentações, gemelaridade, macrossomia fetal (superior a 4 ou 4,5 kg). Por fim, há que salientar as outras causas: idade (superior a 40 anos), nulíparas, história ou tratamentos de infertilidade. Para além de muitas outras causas possíveis, existem as cesarianas em trabalho de parto decorrentes de distócias mecânicas ou dinâmicas, induções negativas, suspeitas de sofrimento fetal, outras mal apresentações fetais (face, fronte, etc.). E, cada tra-indicações para um parto vaginal. É necessário falar com a grávida e esclarecer as vantagens e os inconvenientes de um parto no domicílio. No domicílio, não poderá ter um controlo fetal adequado, nem resolver emergências maternas ou fetais que possam surgir, alterando todo o prognóstico fetal, pondo em risco a vida de ambos. No hospital, em condições especiais, poderá ter também um parto natural, salvaguardando uma melhor vigilância materna e fetal, garantindo uma assistência médica e prevenindo complicações. A opção de analgesia é sempre realizada, De acordo com um relatório publicado em Janeiro deste ano na revista Lancet, “as cesarianas devem apenas ser realizadas quando há indicação médica a provar que é a melhor opção par a a mãe e par a a criança”. Que indicações são essas que Parto no hospital ou em casa? Como referi já, é preciso ser vigiada numa consulta de obstetrícia, pública ou privada, e serem avaliados os riscos e as con- ABRIL/JUNHO 2011 11 GRANDE entrevista CONCEIÇÃO TELHADO vação do recém-nascido em situações urgentes que obriguem a manobras de reanimação e de envio para uma unidade de cuidados intensivos neonatais. Toda esta equipa médica e de enfermagem é fundamental para os bons resultados de morbilidade e mortalidade fetal. Se a mulher quiser ter um parto espontâneo, deve ser vigiada até ao momento do parto. Esta vigilância implica grande atenção do obstetra na monitorização e mesmo na avaliação ecográfica, para controlo do bem-estar fetal, do líquido amniótico e do perfil biofísico do bebé. Quando a mulher entrar em trabalho de parto ou tiver rotura de bolsa de águas, deve dirigir-se ao hospital para ter “Com tanta informação disponível, nas consultas, nos media, na internet, as mulheres sabem mais, mas continuam a ter dúvidas, medos e alguns mitos que importa desmistificar para que o parto seja uma experiência única para o casal” 12 ABRIL/JUNHO 2011 o seu filho com segurança. Nas situações de gravidez prolongada, superior a 41 ou 42 semanas, deve ser encaminhada para uma maternidade para indução do trabalho de parto em condições de segurança. As mulheres estão, hoje, mais informadas sobre o parto? Creio que, com toda a informação disponível, nas consultas, nos media, na internet, sabem mais, mas continuam a ter dúvidas, medos e alguns mitos que importa desmistificar para que o parto seja uma experiência única para o casal. O pós-parto é o momento de maior ligação mãe/filho, sendo importante o apoio nos cuidados ao recém-nascido, o ensino adequado das vantagens da amamentação e cuidados perineais a ter. A enfermeira especialista em saúde materno e obstétrica tem um papel importante no apoio e aconselhamento à mãe e nos cuidados ao recém-nascido. Fotografia: Nuno Alexandre após consentimento esclarecido e, a assistência de um familiar durante o trabalho de parto, depende da instituição e da situação clínica. A analgesia intraparto é uma mais-valia do parto hospitalar, pois permite uma evolução tranquila do parto, sem dor nem ansiedade. Esta analgesia estende-se para o parto e o pós-parto, permitindo actos como partos instrumentados ou cirurgias, como episiorrafias, traquelorrafias ou mesmo dequitaduras manuais, em boas condições para a mãe. Outra vantagem do parto hospitalar é uma observação imediata do recém-nascido por um pediatra, que não só faz os cuidados imediatos do pós-parto, como pode ser a sal- Conceição Telhado é ginecologista-obstetra do Hospital CUF Descobertas, sendo directora do serviço de Ginecologia e Obstetrícia daquela unidade. Actualmente, faz parte da direcção do Colégio da Especialidade de Ginecologia/Obstetrícia da Ordem dos Médicos. sight SEEING SINTRA NÃO TEM IDADE A Vila de Sintra está tão perto de Lisboa que, por vezes, nos esquecemos das suas belezas. Contudo, hoje, como nos tempos de Eça de Queirós, continua a ser um refúgio onde vale sempre a pena voltar... Por Rui Faria ABRIL/JUNHO 2011 13 SIGHT seeing S intra não tem idade e continua a ser tão atraente como sempre foi. Se recuarmos ao final do século XIX, o período em que decorre a saga d’Os Maias, essa obra ímpar de Eça de Queirós, encontramos uma descrição da chegada de Carlos da Maia e do maestro Cruges à vila que prova que o tempo pode ter passado, mas há muitas coisas que não mudaram... «Chegavam às primeiras casas de Sintra, havia já verduras na estrada e batia-lhes no rosto o primeiro sopro forte a fresco da serra. E, a passo, o breque foi penetrando sob as árvores do Ramalhão. Com a paz das grandes sombras, envolvia-os pouco a pouco uma lenta e embaladora sussurração de ramagens e como o difuso e vago murmúrio de águas correntes. Os muros estavam cobertos de heras e de musgos: através da folhagem, faiscavam longas flechas de sol. Um ar subtil e aveludado circulava, rescendendo às verduras novas; aqui e além, nos ramos mais sombrios, pássaros chilreavam de leve; e naquele simples bocado de estrada, todo salpicado de manchas do sol, sentia-se já, sem se ver, a religiosa solenidade dos espessos arvoredos, a frescura distante das nascentes vivas, a tristeza que cai das penedias e o repouso fidalgo das quintas de Verão... Cruges respirava largamente, voluptuosamente. - A Lawrence onde é? Na serra? – perguntou ele, com a ideia repentina de ficar ali um mês naquele paraíso.» As palavras de Eça de Queirós não perderam actualidade. A grande diferença surge no facto de Sintra estar cercada por um emaranhado de auto-estradas, mas o Ramalhão e o Lawrence, onde Carlos da Maia pensava que iria encontrar Maria Eduarda, a sua paixão, também continuam a funcionar. Segundo reza a lenda, terá sido neste hotel localizado na Rua Consiglieri Pedroso e que reivindica ser o mais antigo da Península Ibérica, que Lord Byron terá escrito, no Verão de 1809, Childe Harold’s Pilgrimage, a famosa elegia ao Éden glorioso, que foi assumido como divisa de Sintra. Centro histórico Logo ao lado da estalagem está o Paço Real, cuja memória recua ao relato de Al-Bacr, o geógrafo árabe que o referia como residência dos alcaides mouros de Lisboa, antes de esta ser conquistada por D. Afonso Henriques, o que abriu as portas de Sintra ao conquistador. «O maciço e silencioso palácio, sem florões e sem torres, patriarcalmente assentado entre o casario da vila, com as suas belas janelas manuelinas que lhe fazem um nove semblante real, o vale aos pés, frondoso e fresco, e no alto das duas chaminés colossais, disformes, resumindo tudo, como se essa residência fosse toda ela uma cozinha talhada às proporções de uma gula de rei que cada dia come todo um reino.» As chaminés que impressionaram Eça de Queirós surgiram quando D. Manuel mandou construir as cozinhas, que ainda hoje são alimentadas pela água que chega Fotografia: Pedro Sampayo Ribeiro «SINTRA NÃO SÃO PEDRAS VELHAS, NEM COISAS GÓTICAS... SINTRA É ISTO, UMA POUCA 14 ABRIL/JUNHO 2011 da serra. A Sala dos Cisnes, a mais importante no reinado de D. João I, o quarto onde se diz que D. Sebastião dormiu antes da partida para o Norte de África, a Sala dos Brasões, que foi a Torre de Meca no tempo mourisco, e toda a rica azulejaria do período Manuelino justificam uma visita. Fora e dentro do palácio, magotes de turistas mais parecem formigas que se dispersam num vaivém contínuo, espalhando-se por ruas e vielas, subindo e descendo a encosta, onde descobrem facilmente que «Sintra não são pedras velhas, nem coisas góticas... Sintra é isto, uma pouca de água, um bocado de musgo... Isto é o Paraíso!», como afirmou Cruges. É certo que o bulício dos dias de hoje contrasta com a calma do século XIX, «na praça, por defronte das lojas vazias e silenciosas». No entanto, mesmo nesses tempos, os turistas já procuravam Sintra, sendo referidos por Eça os «dois rapazes ingleses, ambos de knicker-bokers, cachimbavam em silêncio», frente ao Lawrence, sob o olhar atento dos burriqueiros que alugavam os seus animais a quem queria subir a rampa de São Pedro no caminho do Palácio da Pena e do Castelo dos Mouros. Hoje, as caleches que estacionam no largo fronteiro ao paço são uma alternativa mais cómoda para quem segue o apelo da vista, seguindo o mesmo impulso. Passeio pela serra «De vez em quando aparecia um bocado da serra, com uma muralha de ameias correndo entre as penedias, ou via-se o castelo da Pena, solitário, lá no alto», refere Eça de Queirós. Esta visão em nada se alterou e o apelo para seguir serra acima permanece o mesmo de sempre. Das velhas muralhas mouriscas, a várzea mostra a sua beleza e o palácio multicor mandado erigir por D. Fernando II de Saxe-Coburgo-Gotha, casado com D.ª Maria II, é um edifício majestoso com uma vista privilegiada sobre a vila. Os jardins remetem-nos para um ambiente tropical, onde as brumas da evaporação das águas das nascentes e os lagos ajudam a criar um ambiente místico em locais onde a vegetação é tão densa que os raios do sol dificilmente conseguem tocar a terra. Bem no alto, num pico pedregoso que parece construído por mãos de gigantes, surge a Cruz Alta, o ponto mais alto da Serra de Sintra (529 metros), onde D. João III fez erigir um cruzeiro em 1522. Dali, a vista é magnífica, sobretudo quando, nos dias limpos, se consegue ver o mar. Tudo isto é Sintra, mas a vila ainda é muito mais e, quem ainda se lembra da leitura d’Os Maias, vai certamente recordar que Cruges passou o tempo todo a dizer que não poderia esquecer-se de comprar queijadas e regressou a Lisboa sem elas... Cometer o mesmo lapso é um sacrilégio, pelo que importa passar pela Piriquita, tanto que a antiga fábrica de queijadas de Constância Piriquita remonta à época de Eça de Queirós. Terá iniciado a produção das queijadas em 1862, embora actualmente rivalizem com os travesseiros servidos quentinhos... DE ÁGUA, UM BOCADO DE MUSGO... ISTO É O PARAÍSO!», EÇA DE QUEIRÓS, Os Maias ABRIL/JUNHO 2011 15 MUNDO médis HOSPITAL CUF PORTO O novo Hospital CUF Porto abriu as portas em Junho do ano passado e, para além da modernidade e da funcionalidade das instalações, aposta na prestação de cuidados de saúde de excelência como forma de diferenciação, admitiu-nos Pedro Lucena e Valle, administrador-delegado da unidade “A José de Mello Saúde já tinha uma presença em Lisboa e, naturalmente, o Porto, sendo a segunda cidade do país, fazia parte da nossa estratégia de desenvolvimento”, afirmou-nos Pedro Lucena e Valle, administrador-delegado do Hospital CUF Porto, ao mesmo tempo que admitiu que, desde início, a José de Mello Saúde teve o objectivo de criar na cidade “um grande hospital, que fosse uma referência na qualidade dos serviços prestados”. Foi assim que, em Junho do ano passado, surgiu esta moderna unidade que se assumiu desde logo pelos princípios estratégicos estabelecidos, como seja o facto de “estar ao nível, em termos de capacidade e de competência, dos hospitais que o grupo detém em Lisboa e, ao mesmo tempo, criar alguma diferenciação”, especialmente no campo da oferta na cidade do Porto, onde o novo hospital “é diferente em termos de organização”, como sublinhou Pedro 16 ABRIL/JUNHO 2011 Lucena e Valle. “Temos um corpo clínico próprio, temos um serviço de anestesia permanente, temos parteiras permanentes no serviço de Obstetrícia e Ginecologia, internistas permanentes e atendimento 24 horas por dia, quer para adultos, quer para crianças, o que faz a diferença deste hospital face ao que é habitualmente a oferta da medicina privada no Porto.” Este tipo de oferta surge “na linha do que são os nossos hospitais e do que é o nosso conceito e, ao mesmo tempo, permite-nos marcar a diferença, o que estamos a conseguir fazer face a outras ofertas que existem na cidade do Porto”, considerou Pedro Lucena e Valle. O mercado de saúde na cidade “tem uma grande oferta pública de muita qualidade”, admitiu o administrador-delegado do Hospital CUF Porto, que considera que parte da oferta privada já não tem essa mesma qualidade, porque são unidades na sua maioria muito antigas e, se algumas delas fizeram investimentos recentes, outras não”, pelo que a qualidade da prestação de cuidados de saúde na cidade do Porto “já não tem o mesmo nível de diferenciação em termos qualitativos que teve noutros tempos”. Foi neste quadro que surgiu a opção por uma oferta generalista no Hospital CUF Porto. “Porque entendemos que fazia sentido ter uma unidade com uma oferta diversificada e muito diferenciada, não apenas capaz de ter uma maternidade e todas as especialidades clínicas, mas também de abranger toda a população com todas as valências médicas.” SERVIÇOS DE EXCELÊNCIA Para assegurar serviços de excelência, é fundamental um excelente painel de recursos humanos e, numa altura em que, no nosso país, as lacunas de pessoal médico e de enfermagem fazem parte da ordem do dia, o Hospital CUF Porto não sentiu este tipo de dificuldades, algo que é comprovado pelos “duzentos postos de trabalho que já criámos, um número que poderá vir a atingir os quinhentos postos de trabalho na altura em que entrarmos numa velocidade de cruzeiro em termos de funcionamento”, afirmou Pedro Lucena e Valle. “Temos uma abordagem diferente face à nossa concorrência. Temos FICHA DO HOSPITAL Área: 47.000 m2 Número de quartos: 148 Salas de bloco: 8 Bloco de partos: 3 salas Unidade de Cuidados Intensivos: 12 camas Neonatologia: 10 Gabinetes de consulta: 62 Gabinetes de exames: 28 ABRIL/JUNHO 2011 17 Acordos com a Médis Para os hospitais privados, os seguros de saúde e alguns subsistemas de saúde “representam cerca de oitenta por cento da nossa actividade”, reconheceu Pedro Lucena e Valle, que admite que os clientes da Médis “representam cerca de vinte por cento” de todos quantos recorrem aos serviços de saúde do Hospital CUF Porto. “Temos uma relação com a ADMINISTRADORMédis desde a data -DELEGADO da sua formação e, HOSPITAL CUF PORTO tal como o nosso Hospital CUF Infante Santo deve ter sido o primeiro hospital privado a ter um acordo com a Médis, o mesmo vem acontecendo no Porto, onde, desde o início, estabelecemos esse mesmo acordo.” PEDRO LUCENA E VALLE um corpo de enfermagem próprio, o mesmo acontecendo com os técnicos.” Já no que diz respeito ao corpo clínico, “tendo em atenção o hospital que é, o grupo que somos e o projecto clínico que temos, tem sido possível reunir um grupo de médicos muito diferenciado, [médicos] que reconhecem neste projecto a diferenciação que os entusiasma para abraçarem a sua actividade”. Desta forma, o Hospital CUF Porto tem “um grupo de médicos que está a trabalhar em exclusividade connosco e um outro grupo que, não estando nessas condições, já manifestou a disponibilidade 18 ABRIL/JUNHO 2011 para vir a dedicar-se exclusivamente a esta unidade”. ATENDIMENTO PERMANENTE O serviço de atendimento permanente “é uma grande porta de entrada neste hospital, sendo uma área muito importante para os hospitais privados, já que as pessoas procuram esse serviço quer quando têm problemas urgentes, quer por uma questão de comodidade”. São esses doentes que, “em função do seu caso clínico, podem ficar internados, pelo que temos toda a estrutura montada para dar resposta, 24 horas por dia, a esse tipo de situações”. Este serviço é tanto mais importante quanto “acaba por ser como que uma cara do hospital”, admitiu o administrador-delegado daquela unidade, que se considera satisfeito com os resultados obtidos por um serviço “que deve estar a atingir os 150 atendimentos permanentes diários”. Um número importante, se atendermos ao facto que esta valência só começou em Setembro do ano passado. No caso das soluções programáveis no campo do ambulatório, como sejam “consultas, exames e até cirurgias, estas são combinadas de acordo com o corpo clínico, de acordo com a urgência do caso e até de acordo com a comodidade do próprio doente”. Simultaneamente, existem apostas estra tégicas em termos de desenvolvimento da oferta do Hospital CUF Porto. “Há áreas onde pensamos que poderemos marcar uma grande diferença – como é o caso da área materno-infantil, que, graças às infra-estruturas que aqui montámos, como seja a unidade de cuidados intensivos e intermédios neonatais, é a única em termos privados na cidade do Porto – e entendemos que temos a capacidade para fazer coisas diferentes nesta região.” Outra área muito importante para a nova unidade da José de Mello Saúde é a Oncologia. “Criámos o primeiro hospital de dia com consultas multidisciplinares. Temos, nesta unidade, em conjunto e em complemento com o Instituto CUF, uma oferta em termos oncológicos que é única ao nível dos privados na região norte, já que apenas em Lisboa há algo semelhante em termos de oferta, capaz de acompanhar o doente desde o diagnóstico ao tratamento em todas as situações e que vai culminar com os cuidados paliativos que estamos a montar agora.” Outra aposta passa pela área cardiotorácica, “onde, em termos epidemiológicos, tem havido um aumento de procura, talvez porque temos uma vida não muito saudável” e, por último, há “uma aposta forte no campo da Ortopedia”, referiu Pedro Lucena e Valle. Fotografia: Bruno Barbosa MUNDO médis OFERTA TOTAL E INTEGRADA “É uma unidade estruturada para dar resposta a todo o tipo de especialidades médicas”, afirmou-nos Vítor Correia da Silva, director clínico do Hospital CUF Porto “Esta unidade hospitalar vem trazer algo de novo à zona norte do país”, afirmou-nos Vítor Correia da Silva, o director clínico do Hospital CUF Porto. “É uma unidade estruturada para dar resposta a todo o tipo de especialidades médicas, ao mesmo tempo que procura ultrapassar as sua funções assistenciais para afirmar-se com um projecto clínico capaz de dar resposta a um ensino pré e pós-graduado”, acrescentou o clínico, que destaca “a parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e toda a idoneidade para formar jovens médicos”. Neste sentido, o hospital já começou a receber os primeiros alunos, “que começaram a frequentar algumas áreas do hospital”. Apesar da sua vocação transversal a todas as áreas da Medicina, no novo hospital, existem, naturalmente, “algumas áreas que começam a impor-se”, admitiu o clínico. “É natural que, numa fase de arranque, a velocidade não seja igual para todas as valências, e, neste momento, posso destacar a Pediatria, que começou desde logo com muita força e talvez seja uma das maiores do país, com cerca de 46 médicos pediatras, neonatologistas e todas as áreas complementares, o mesmo acontecendo com a área da Otorrinolaringologia, da qual também sou responsável, ou a área oncológica, onde já começámos a fazer cirurgias, ao mesmo tempo que foi criada uma unidade de cancro da mama que está a funcionar em simultâneo no hospital e no Instituto CUF.” Na definição da estratégia clínica, Vítor Correia da Silva assumiu “a estratégia do anterior director clínico, do qual herdei a pasta, dando continuidade à aposta em convidar médicos de referência para a direcção de todas as especialidades, pessoas com créditos firmados, capazes de desenvolver os seus próprios projectos”. No entanto, para além de um corpo clínico próprio, “que procura dar respostas ao atendimento permanente, à consulta e ao internamento”, o hospital está aberto a todos os médicos que, “por exemplo, queiram vir aqui operar”. O atendimento permanente tem, hoje, uma importância capital, pelo que o Hospital CUF Porto procura “dar uma resposta a todas as situações e, caso seja necessário, encaminhamos o doente para uma consulta de especialidade”. Durante a noite e aos fins-de-semana, “os doentes são atendidos pelos clínicos gerais e médicos de Medicina Interna que asseguram esse atendimento e que podem fazer a referenciação dos doentes para as especialidades, quando isso se torna necessário”. Em termos de serviços complementares de diagnóstico, “temos o laboratório a funcionar em pleno, o mesmo acontecendo com a imagiologia, já que este hospital é totalmente autónomo nessas áreas”. ABRIL/JUNHO 2011 19 MUNDO médis O que é ser Médico Assistente Médis? No universo da oferta dos cuidados de saúde, o Médico Assistente Médis é aquilo que eu definiria como um chefe de orquestra. É um excelente executante, mas, acima de tudo, é um organizador que potencia todo o sistema de modo a que o resultado seja a forma mais harmónica de sermos úteis àqueles que nos procuram. Podemos ter um excelente primeiro violino, um trompete magnífico, mas, se não tivermos um chefe de orquestra que coordene estas diferentes vertentes, não seremos suficientemente eficazes na ajuda às No universo dos cuidados de saúde, não é tudo igual e temos a responsabilidade, face às pessoas que nos procuram, os nossos doentes, de tratá-las, defendê-las e orientá-las no leque pouco homogéneo da oferta de cuidados de saúde. 20 ABRIL/JUNHO 2011 pessoas que nos procuram. Por isso, um Médico Assistente Médis tem de ser alguém suficientemente eclético para poder resolver grande parte dos problemas dos doentes e ser capaz, em caso de necessidade, de orientá-los para colegas de outras especialidades. É uma forma de garantir uma personalização dos cuidados de saúde? Com efeito. No universo dos cuidados de saúde, não é tudo igual e temos a responsabilidade, face às pessoas que nos procuram, os nossos doentes, de tratá-las, defendê-las e orientá-las no leque pouco homogéneo da oferta de cuidados de saúde. Pode falar-se de um verdadeiro contrato terapêutico, aquele que estabelecemos com os doentes, Este contrato tem presente e tem futuro, tem abordagem discreta (coisas pontuais) e abordagem de MÉDICO ASSISTENTE MÉDIS GARANTIA DE CUIDADOS DE SAÚDE PERSONALIZADOS Amílcar Aleixo é não só um dos médicos assistentes Médis, como um dos promotores deste projecto, que contribui para a personalização dos cuidados de saúde, assegurando uma relação de proximidade entre o médico e os seus doentes continuidade. O Médico Assistente Médis desenvolve uma medicina de proximidade, conhece os seus doentes, conhece os seus pares das outras especialidades e as diferentes instituições de saúde disponíveis, pelo que, sempre que for necessário referenciar alguém, este será um processo de avaliação rigoroso e personalizado. Poderemos dizer que o Médic o Assistente Médis é c omo um médico da família? Talvez seja mais correcto dizer que o Médico Assistente Médis é o alter-ego do tradicional médico de família, porque temos mais autonomia no exercício da nossa actividade. A interferência na relação médico/doente do terceiro pagador, no caso, a Médis, quase não se faz sentir, sendo este o maior elogio que posso fazer ao sistema do Médico Assistente Médis. Que tipo de médic os preenchem os requisitos para esta função específica? Penso que os generalistas e os internistas, fruto da sua actividade médica mais eclética, podem preencher com mais facilidade o perfil abrangente que se pretende para um Médico Assistente Médis. Tem havido enorme rigor no recrutamento dos novos médicos para a rede em todo o país, com uma apreciação curricular que dá especial atenção ao grau de especialista em Medicina Geral e Familiar e em Medicina Interna. Até que ponto é difícil contrariar o recurso aos serviços de urgência dos hospitais por part e de um gr ande números de portugueses, mesmo em casos que não o justificam? Esse é um problema antigo e até preocupa as autoridades de saúde no nosso país. Eu costumo dizer que esse recurso aos serviços de urgência é um sinal e um sintoma da disfunção do sistema e é tanto mais grave quanto menor é a resposta que o sistema dá às necessidades das pessoas. Por isso, são tão importantes os cuidados de saúde em que as pessoas tenham acesso fácil ao seu médico assistente, um acesso que nem sequer necessita de ser físico, bastando uma disponibilidade telefónica que encaminhe os doentes das formas mais diversas, retirando-lhe a ansiedade provocada por qualquer problema de saúde. Muitas vezes, um simples contacto telefónico deixa as pessoas suficientemente apaziguadas e orientadas de modo a resolverem os problemas de saúde que as atormentam. É certo que, por vezes, os serviços de urgência são a forma mais fácil – pela difícil acessibilidade a consultas –, mas, de acordo com as estatísticas, os criABRIL/JUNHO 2011 21 MUNDO médis disponível, sabedor e confiável, em alternativa a um modelo de fácil acesso, mas pouco estruturado, habitualmente conhecido como doctor shopping, que gera frequentemente dúvidas, inquietudes e angustias. É por isso que o modelo de eficácia, eficiência e qualidade veiculado pelo Médico Assistente Médis começa a ser reconhecido pelas pessoas. A utilização dos media para a divulgação de resultados junto do público em geral, dos opinion makers e dos decisores políticos e económicos poderá ser um contributo fundamental para a divulgação e a generalização do conceito do Médico Assistente Médis. Em face deste cenário, o que será necessário fazer para recriar a relação de proximidade e até de intimidade entre o doente e o seu médico? Esse fenómeno está a reaparecer. As pessoas começam a reconhecer como uma mais-valia a relação de confiança que se estabelece ao longo do tempo com o seu Médico Assistente Médis, que é acessível, Qual é o universo de doentes que recorre aos seus cuidados como Médico Assistente Médis? Uma das razões que me levaram a aceitar a função de Médico Assistente Médis foi o universo diversificado de pessoas a que este serviço me permitiu ter acesso. Recebo crianças, mulheres, homens, pessoas na idade activa e na reforma, uma enorme diversidade de utentes, o que é um desafio “A grande vantagem de uma pequena estrutura passa pela sua personalização. No meu consultório, as pessoas dever-se-ão sentir devidamente identificadas e bem acolhidas” 22 ABRIL/JUNHO 2011 pessoal. Se estivesse limitado a um universo mais restrito, a minha satisfação pessoal e profissional sofreria com essa limitação. Como é que, num consultório médico, se pode criar uma interacção com os doentes? A grande vantagem de uma pequena estrutura passa pela sua personalização. No meu consultório, as pessoas dever-se-ão sentir devidamente identificadas e bem acolhidas. O processo inicia-se com o reconhecimento e passa pelo ambiente agradável e tranquilo da sala de espera, um espaço que é usado como uma galeria de arte, com exposições temporárias de artistas plásticos consagrados, e partilhado com artistas médicos. A satisfação que demonstra tem paralelo junto da classe médica em geral? As ideias novas e o desconhecido levantam naturalmente algum receio, mas cada vez há mais colegas interessados em trabalhar enquadrados no conceito do Médico Assistente Médis. Também os colegas das outras especialidades sentem-se confortáveis com esta articulação, porque sabem que ela é sinal de garantia de boa referenciação e seguimento dos doentes comuns. Qual é a situação des te conceito a nível do país? Tem havido um grande esforço da Médis para alargar este conceito a todo o país sem excepção, tendo sido criada uma rede que optimiza e uniformiza o conceito e o serviço do Médico Assistente Médis. Fotografia: Nuno Alexandre térios de urgências clínicas não são preenchidos num elevado número de casos que recorre às urgências hospitalares, contribuindo, desse modo, para agravar a referida disfunção do sistema. Contudo, temos de reconhecer que este recurso aos serviços de urgência tem muito a ver com o tropismo que as pessoas têm relativamente às grandes superfícies – o que se aplica não só à saúde –, embora o Médico Assistente Médis seja uma resposta gourmet em relação àquela resposta tradicional, pouco personalizada, que são os cuidados de saúde nas grandes unidades hospitalares. gourmet RESTAURANTE N o meio do casario branco de Vila Nova de Milfontes, quem desce a Rua dos Aviadores em direcção à pequena fortaleza que D. João IV mandou erigir para defender a foz do Rio Mira, encontra, ao seu lado esquerdo, a Tasca do Celso. Ao chegar, pode pensar que vai ao engano porque encontra um restaurante acolhedor, de aspecto rústico mas cuidado no detalhe do mobiliário e na decoração, que foge ao kitsch habitual. De tasca, não tem nada. E, como se isso não fosse suficiente, o dono nem se chama Celso, embora José Ramos Cardoso seja assim Rua dos Aviadores chamado pelas gentes da vila 7645-225 Vila Nova porque o seu pai, natural de de Milfontes Milfontes, se chamava Celso. Tel. 283 996 753 / O restaurante é a concretização 96 817 57 26 de um sonho antigo do seu proprietário, que começa por ser um fantástico anfitrião, tanto para velhos clientes, como para quem chega pela primeira vez. Se esta qualidade é algo que cai bem e cativa, o grande sucesso da casa sai da sua cozinha, que muitos consideram uma das melhores que podemos encontrar na Costa Alentejana.O cardápio tem sempre novidades e, talvez por isso, não valha a pena ser impresso. Tem a forma de uma ardósia escrita a giz, que lembra os tempos de escola dos mais entradotes na idade. O serviço de mesa é rápi- TASCA DO CELSO NEM É TASCA, NEM É DO CELSO... do, diligente e prima pela simpatia. Os empregados, ou o patrão, estão prontos para aconselhar ou tirar dúvidas, já que o cliente fica sempre indeciso com a variedade da oferta quer a nível de entradas, de pratos e de vinhos, já que a Tasca do Celso conta com uma riquíssima garrafeira capaz de surpreender os mais exigentes. Entre as entradas, a linguiça com ovos mexidos, as saladinhas e os camarões ao alho estão entre as mais pedidas. As açordas são outra opção e o peixe é sempre fresco, variando de acordo com o que o mar deu na noite anterior. Aqueles que acham que “peixe não puxa carroça”, podem sempre optar por clássicos da casa, como o cabrito assado ou o bife de lombo à la plancha, servido numa tábua. A Tasca do Celso é uma referência para quem gosta de comer bem e se os aplausos de quem por lá passou não são unânimes, estão muito perto disso. Vale a pena fazer alguns quilómetros para almoçar ou jantar em Vila Nova de Milfontes. A satisfação está garantida... Por Rui Faria COMO IR Na A2, em direcção ao Algarve, saia nas portagens de Grândola. Siga em direcção a Sines e, nas rotundas, antes de chegar à vila, tome a direcção de Cercal do Alentejo. Aí, siga as placas para Vila Nova de Milfontes. Antes da ponte do Rio Mira, há um desvio à direita, para Vila Nova. Siga sempre em frente até encontrar o sinal de “sentido obrigatório” que o obriga a virar à direita. Passe a GNR, atravesse um cruzamento e, um pouco mais à frente, verá uma rotunda com uma árvore no centro. Contorne a rotunda e saia na terceira à direita, para a Rua dos Aviadores. ABRIL/JUNHO 2011 23 GLOBE trotter TANZÂNIA ÁFRICA MINHA... Há mais de vinte anos, o filme África Minha, de Sydney Pollack, com Meryl Streep e Robert Redford, despertou a paixão por África a todos quantos o viram. Hoje, a película é apenas uma memória de uma geração, mas o continente africano continua a cativar todos quantos o visitam... Por Rui Faria 24 ABRIL/JUNHO 2011 UMA QUESTÃO DE SORTE Um safari é como uma lotaria. O grande prémio é descobrir um leopardo, já que são animais furtivos, que sabem esconder-se no meio do mato na grande savana Á frica é um êxtase para os sentidos. A visão da pureza azul do céu que se cola no horizonte com o dourado da savana é sublimada pelo vermelho que toma conta do horizonte em cada pôr-do-sol. A terra tem um perfume quente que inebria todos os que a tocam e são embalados pelo cantar das aves ou o rugido territorial de um leão que se faz ouvir a quilómetros de distância nas noites cálidas, onde uma refeição à beira de uma fogueira tem outro sabor. São estes prazeres que só um safari é capaz de oferecer e a Tanzânia é uma terra que se abre a este tipo de experiência, sendo apontada como um dos mais belos países da África oriental e um dos mais ricos em termos de fauna selvagem. Arusha é a grande porta de entrada. A cidade é tão fervilhante e confusa como todas as grandes zonas urbanas de África. O bulício contrasta com alguns oásis de tranquilidade que convidam à contemplação do imponente Kilimanjaro, “uma montanha coberta de neve, a 6 mil metros de altitude, e que se diz ser a montanha mais alta da África, e cujo pico ocidental se chama Ngàge Ngài, a “casa de Deus”, escreveu Ernest Hemingway (em As Neves do Kilimanjaro). O glaciar que cobre o pico está cada vez mais reduzido pelo Aquecimento Global do planeta e, se continuar a escalada por todos quantos assumem este trekking que dura cinco dias, a nossa rota aponta a direcção das grandes savanas vibrantes de vida selvagem onde surgem quinze parques nacionais, para já não falar de diversas reservas privadas. No Parque Nacional de Tarangire, os majestosos imbondeiros (ou boabab, como lhes chamam por ali) são a grande atracção. As manadas de zebras asseguram tanta agitação como os mais diversos tipos de gazelas tímidas e irrequietas e um ou outro elefante causa surpresa quando ataca os ramos das árvores para se alimentar. A GRANDE FALHA DO RIFT Mais a norte, o Parque Nacional de Manyara tem outras surpresas para além da vida selvagem. Está situado ao longo da falha do Rift, essa grande cicatriz tectónica que se formou há 35 milhões de anos, numa altura em que o planeta ainda ganhava forma. É um dos mais espectaculares fenómenos geológicos da Terra. Tem início na Turquia, atravessa o Mar Morto, abre o Mar Vermelho e cruza África até ao Oceano Pacífico. Numa das depressões do Rift, surge o lago que dá o seu nome ao parque onde os leões têm a particularidade única de serem capazes de subir aos ramos das acácias para fugir das inclemências do sol. Foi por aqui que andou a expedição de David Livingstone, que, em 1866, partiu ABRIL/JUNHO 2011 25 GLOBE trotter à descoberta da nascente do Rio Nilo, que julgava estar nos lagos Tanganica (actual Congo) e Niassa (Tanzânia). Depois de cinco anos sem se saber do seu paradeiro, foi descoberto pelo jornalista americano Henry Morton Stanley nas margens do Tanganica, num encontro que ficou para sempre marcado pela célebre frase “Dr. Livingstone, I presume...” Tendo-se recusado acompanhar o americano, o inglês prosseguiu a sua expedição, acabando por morrer em 1873, um ano antes de John Hanning Speke provar que a longa caminhada do Nilo tinha origem no Lago Vitória, na fronteira norte da Tanzânia. BERÇO DA HUMANIDADE Sabora Tented Camp recria as tendas que nos remetem para o tempo das grandes expedições do século XIX Bem a norte do Lago Manyara, quando o capim dá lugar à floresta, e antes da imensa planície do Serengeti, surge a cratera de Ngorongoro, Património da Humanidade e Reserva da Biosfera. Nos seus 326 quilómetros quadrados, ainda sobrevive o único grupo de rinocerontes negros conhecido. Não muito longe do antigo vulcão que, hoje, é um oásis de vida selvagem, surgem as gargantas de Olduvai, um dos mais famosos locais paleontológicos do Mundo. Ali foram descobertos fósseis de um hominídeo da família dos Australopitecos com 1,75 milhões de anos. Alguns anos depois, em Laétoli (a 26 ABRIL/JUNHO 2011 cerca de 45 km de distância), foram identificadas pegadas que provam que o homem começou a caminhar em posição erecta muito antes do que se pensava no final da década de 50. Mantendo a rota do norte, surge “a planície sem fim”, o significado da palavra siringit na língua dos masai, um povo de pastores nómadas, vestidos com garridas túnicas vermelhas, que cruza a savana com rebanhos de vacas e cabras, fechados nas suas tradições milenares. Os masai partilham o Serengeti com 25 espécies de grandes carnívoros, quarenta herbívoros e mais de quinhentas variedades de aves. Mas o que todos querem ver no seu habitat natural são os chamados “big-five”, ou seja, o leão, o leopardo, o elefante, o rinoceronte e o búfalo. No entanto, salvo os búfalos, que vagueiam em grandes manadas que lhes garantem a protecção face aos predadores, os restantes são furtivos ou solitários, pelo que é necessária alguma sorte ou o talento dos guias para poderem ser vistos. Não tendo a “cotação” de um “big-five”, talvez o mais espectacular dos felinos e certamente o que melhor sabe esconder-se é a chita, que é mais comum na zona sul do Serengeti, embora também surja no Parque de Tarangire. O período das chuvas vai de Abril a Junho, a pior altura para uma visita à Tanzânia. Depois, quando o sol vence as nuvens e começa a aquecer a planície, fazendo evaporar os lagos que matam a sede aos animais, os gnus do Serengeti começam a ficar inquietos e juntam-se em grupos cada vez maiores antes de darem início à sua grande migração. Quando isso acontece, dezenas de milhares de animais partem guiados pelo seu instinto na direcção das planícies verdes que, há séculos, os acolhem e a terra treme sob os seus cascos. LOCAIS EXCLUSIVOS Na Tanzânia, todos os parques nacionais contam com lodges acolhedores. A princi- GRANDE MIGRAÇÃO Quando a savana começa a secar, os gnus (ao lado) dão início à sua grande viagem anual. A aparente calma dos hipopotamos (à esquerda) esconde a sua ferocidade No Lago Manyara, os leões têm a particularidade única de serem capazes de subir aos ramos das acácias para fugir das inclemências do sol SABORA TENTED CAMP Mesmo quem nunca imaginou dormir numa tenda, encontra o requinte que muitos hotéis de cinco estrelas não oferecem pal dificuldade está na escolha. Em www.hotelsandlodges-tanzania.com encontra opções para conhecer o Lago Manyara, o Ngorongoro e o Serengeti (Lobo e Seronera Wildlife Lodges), mas, para quem procura a exclusividade e pode pagá-la, há opções à medida dos seus desejos. Bem a norte do Serengeti, surge a Singita Grumeti Reserves (www.singita.com), uma reserva privada com três lodges que abarcam uma área que num passado ainda recente, era um feudo de caçadores furtivos, verdadeiros predadores da vida selvagem. Tudo se alterou quando esta propriedade de 138 mil hectares foi adquirida por Paul Tudor Jone II, um multimilionário norte- americano que entregou a gestão da reserva à Singita, que, durante anos, avolumou experiência na África do Sul. A recuperação do território começou com a educação da população no sentido de desenvolver uma agricultura sustentável e, ao mesmo tempo, proteger a vida selvagem. O programa tem sido acompanhado com a reintrodução de várias espécies, algumas das quais extintas pela caça indiscriminada. Os três lodges desta reserva são radicalmente diferentes, mas todos contam com decorações elaboradas e cativantes, dando resposta a todos os tipos de gostos e às exigências de uma clientela habituada a desfrutar do melhor que a vida pode oferecer, seja em termos de conforto, seja ao nível da alimentação, assegurada por chefs experientes, para não falar numa massagem após um dia no mato aos saltos no interior de um “jipão”. Sobranceiro ao Rio Grumeti, surge o Faru Faru Lodge, que adopta a temática de um acampamento de botânicos de outras eras. As nove suites são revestidas a bambu, madeira e lona, criando um ambiente acolhedor com vista para a savana, que surge atrás do vidro de cada ABRIL/JUNHO 2011 27 GLOBE trotter COMO IR Não há voos directos de Portugal para a Tanzânia, mas a KLM voa para o Kilimanjaro com escala em Amesterdão e Nairobi. Tarifas de ida e volta com partida de Lisboa desde 1.400 euros (sem taxas). As Viagens Abreu têm um programa de nove dias que inclui os Parques Nacionais de Serengeti, Ngorongoro e Lago Manyara, com preços a partir de 2.714 euros por pessoa. NÃO ESQUECER: Seguro de Viagem da Ocidental Seguros Sasakwa Lodge Faru Faru Lodge faltam os sofás gordos, os móveis vitorianos, as lareiras, a biblioteca ou o salão de jogos, para já não falar num centro hípico, capaz de proporcionar um safari equestre até aos outros lodges. A urbanidade obriga ao código smart casual, obrigatório para os jantares. Onde ficar Lago Manyara, Ngorongoro e Serengeti Lobo e Seronera Wildlife Lodges (www.hotelsandlodges-tanzania.com) Singita Grumeti Reserves A ausência de qualquer traço de poluição permite descobrir constelações que nem sabíamos que existiam... Sabora Tented Camp 28 ABRIL/JUNHO 2011 Sabora Tented Camp, Faru Faru e Sasakwa (www.singita.com) Fotografia: Getty Images. suite. Uma sala ao ar livre está virada para uma das duas piscinas do lodge, que conta com uma praia fluvial. Outra opção é o Sabora Tented Camp, onde são recriadas tendas que nos remetem para o tempo das grandes expedições que cruzaram o continente no século XIX. O ambiente é tão nostálgico como requintado e cuidado ao mais ínfimo detalhe, como um jantar ao luar no meio do nada, com o luxo da mesa de um palácio. Quando chega a hora de dormir, o aconchego da cama é o mesmo que podemos ter num hotel com tantas estrelas como as que brilham no céu, onde a ausência de qualquer traço de poluição permite descobrir constelações que nem sabíamos que existiam... Para aqueles para quem não há nada como as sólidas paredes de uma casa, o Sasakwa Lodge é o mais urbano da reserva. É uma verdadeira mansão, onde não gourmet VINHOS TUDO COMEÇOU NUMA CONVERSA Há pequenas conversas que dão origem a grandes ideias. Foi o que aconteceu quando José Roquette e Carlos de Melo Ribeiro discutiram a possibilidade de criarem uma aguardente vínica. O resultado tardou, mas já está à vista. Chama-se Magistra... Por Rui Faria J osé Roquette é o grande responsável pela Herdade do Esporão e Carlos de Melo Ribeiro, um reputado gestor que, para além de presidir ao Grupo Siemens em Portugal, apostou no desenvolvimento da sua Quinta do Rol, localizada na região da Lourinhã. Eles são os protagonistas da história do Magistra, que nasceu da comunhão do interesse de ambos na criação de uma aguardente vínica de excelência. Roquette dispunha dos meios e da experiência da Herdade do Esporão e Melo Ribeiro contava com o terroir da Lourinhã, uma das três regiões do Mundo que ostenta a denominação de origem controlada (D.O.C.) exclusiva para este tipo de destilados. A terceira personagem desta história, e talvez a sua figura principal, é o enólogo David Baverstock, autor dos grandes vinhos do Esporão. Envolvido no processo, avançou com base nas uvas das castas recomendadas pela Comissão Vitivinícola Regional da Lourinhã, como sejam a Tália (Uniblanc), Malvasia, Fernão Pires, Boal e Alicante Branco, provenientes de vinhas velhas da Quinta do Rol. Os métodos de vinificação e de fermentação seguiram os processos tradicionais da região e, depois da decantação e da trasfega, seguiu-se a destilação em coluna contínua. As aguardentes foram envelhecidas em barris de carvalhos francês e português durante dez anos e David Baverstock seleccionou as melhores das produções de 1989, 1990, 1995 e 1996 para produzir um lote de 2.500 litros, que permaneceu em balseiro de madeira até 2008. É esta aguardente vínica que chegou agora ao mercado com um preço recomendado de 140 euros. D.O.C. LOURINHÃ À SEMELHANÇA DE COGNAC E ARMAGNAC A área geográfica correspondente à produção de aguardente com direito a Denominação de Origem “Lourinhã” foi criada em 1992, embora a tradição da produção de aguardentes seja muito antiga na região, que chegou mesmo a ser uma importante fornecedora dos produtores de vinho do Porto antes de estes terem encontrado alternativas com melhores preços noutras zonas. Esta região é a única reconhecida com a denominação D.O.C. para a produção de aguardentes vínicas, a exemplo do que acontece com as francesas de Cognac e Armagnac. Abrange os concelhos de Lourinhã (freguesias de Lourinhã, Atalaia, Ribamar, Santa Bárbara, Vimeiro, Marteleira, Miragaia, Moita dos Ferreiros, Reguengo Grande, Moledo e São Bartolomeu), Peniche (freguesias de Atouguia da Baleia e Serra d’El-Rei), Óbidos (freguesia de Olho Marinho), Bombarral (freguesia de Vale Covo) e Torres Vedras (freguesia de Campelos). ABRIL/JUNHO 2011 29 MUNDO médis LINHA MÉDIS 24 horas por dia, 365 dias por ano, a Linha Médis está sempre a postos para encaminhar os clientes, tirar dúvidas e resolver quaisquer situações – desde uma simples febre às mais sérias emergências Por João Paulo Batalha P ara muitos clientes Médis, é o primeiro passo a dar em caso de doença ou acidente. A Linha Médis é um ponto de acesso privilegiado aos cuidados da rede, seja para garantir pré-autorizações para procedimentos médicos, marcar consultas ou simplesmente para pedir um conselho. “É uma linha telefónica de aconselhamento e encaminhamento de cuidados de saúde”, explica a enfermeira Sandra Costa, responsável pelo serviço, disponível 24 horas por dia, 365 dias por ano para todos os clientes da Médis em todo o país. Composta exclusivamente por enfermeiros com formação especializada em triagem telefónica, a linha existe desde o início da Médis e tem sido um auxiliar pre30 ABRIL/JUNHO 2011 cioso para os clientes. Ao serviço de atendimento clínico, criado logo em 1996, juntou-se, entretanto, uma componente administrativa, onde os clientes podem tratar de assuntos de gestão corrente com a seguradora. Só na componente clínica trabalham, na Linha Médis 33 enfermeiros especializados, enquadrados por três supervisores, mais a coordenadora do serviço. É por esta equipa que passam as solicitações dos clientes Médis, de todos os canais de distribuição. Em média, são atendidas perto de cinco mil chamadas por mês, abarcando todo o género de problemas e situações de saúde. Em 30 a 40 por cento dos casos, a intervenção dos enfermeiros da linha é suficiente para resolver as questões dos clientes, sem necessidade de eles saírem “No fundo é permitir que todos os clientes Médis consigam ter acesso a cuidados de saúde diferenciados em qualquer sítio do país.” Sandra Costa PRONTOS A AJUDAR A Linha Médis não é uma linha de emergência, mas a verdade é que nunca se sabe o que cada chamada trará – até porque, às vezes, os doentes desvalorizam sintomas que podem ser graves. Rosário Feliciano, uma das supervisoras da linha, lembra o caso de um senhor que telefonou queixando-se de náuseas. À medida que o foram questionando, os enfermeiros aperceberam-se de que o cliente estava a sofrer um enfarte. “Nestes casos, todos os segundos contam”, explica Rosário Feliciano. Os meios de emergência foram imediatamente accionados e, felizmente, tudo acabou bem. Manuela Silva, outra das supervisoras da linha, recorda outro caso dramático, quando uns pais, em pânico, ligaram a pedir ajuda para o seu bebé, que estava engasgado. Enquanto um dos pais chamava uma ambulância, a enfermeira dava instruções ao outro para fazer a reanimação – não havia tempo para esperar pelos meios de socorro. “E conseguiu-se reanimar a criança pelo telefone”, recorda. Nem todos os casos são urgentes, mas chamadas de pais preocupados não faltam. “Às vezes, dizem-nos: ‘Tenho aqui o bebé, vim agora da maternidade, mas o bebé não vem com livro de instruções!’”, diz, Rosário Feliciano, a rir. Aqui, as enfermeiras da Médis partilham não só o seu conhecimento clínico, mas também a sua experiência como mães. “Os clientes acabam por sentir que há uma grande entrega da nossa parte”, diz Carla Silva, enfermeira com muitos anos de experiência na Linha Médis. “A parte mais bonita da enfermagem é cuidar do outro em termos relacionais, é relacionarmo-nos directamente com ele”, corrobora Manuela Silva. “Aqui, é a isso que damos valor. Conseguimos desenvolver essa área da enfermagem.” de casa, poupando-lhes os custos e os aborrecimentos de terem de sair à procura de um médico ou recorrerem desnecessariamente a um serviço de urgência. O segredo da eficiência do serviço está na formação e na dedicação dos enfermeiros. São profissionais com formação especializada em atendimento telefónico, suportados por uma poderosa ferramenta informática que os ajuda a encaminhar as situações da melhor maneira (ver caixa). Mas o melhor é que são profissionais que, como diz Sandra Costa, nunca “perdem a mão”. “Estas pessoas não estão exclusivamente na Médis”, conta a responsável pela linha. “Portanto, são pessoas que não perderam o contacto com a prestação de cuidados com o cliente à frente. E isto é uma riqueza para a própria triagem”, explica. “Se estas pessoas nunca perdem a mão – porque estão a trabalhar nos hospitais, nos centros de saúde pelo país fora –, trazem esse conhecimento para aqui, o que faz com que o serviço se torne ainda mais fiável e eficaz.” O VALOR DA PROXIMIDADE É importante ter profissionais com experiência prática no terreno. A sensibilidade no atendimento dos clientes é fundamental, porque cada caso é um caso e é importante saber comunicar com quem está do outro lado da linha. “Todos os dados são importantes”, diz Sandra Costa. “Desde a sintomatologia que o cliente apresenta a todo o contexto da situação, que pode ser desde o sítio onde a pessoa está até às condicionantes sociais, que são determinantes para o encaminhamento.” É que, lembra a responsável, “a facilidade de acesso aos cuidados de saúde não é igual no país inteiro”. Uma pessoa que esteja sozinha em casa, numa região isolada do interior, por exemplo, precisa de um acompanhamento diferente de alguém que vive com a família numa grande cidade. Mesmo que os sintomas sejam os mesmos. “Esta é a grande mais-valia desta linha”, afirma Sandra Costa. “No fundo, é permitir que todos os clientes Médis que tenham este seguro de saúde consigam ter acesso a cuidados de saúde diferenciados em qualquer sítio do país a qualquer hora do dia, porque a linha funciona ininterruptamente. Qualquer situação que a pessoa tenha, em qualquer circunstância, pode ligar-nos.” E é isso que as pessoas fazem. Nos seus quinze anos de existência, a Linha Médis ganhou um conjunto de utentes regulares, pessoas que se habituaram a contar com o conselho experiente e informado dos profissionais, não só em casos de Linha MÉDIS em números 15 anos 5000 é a idade da Linha Médis, criada em Janeiro de 1996 é a média de chamadas atendida mensalmente 24 horas por dia 30% a 40% 365 dias por ano é o horário em que está disponível a Linha Médis 33 enfermeiros 3 supervisoras 1 coordenadora asseguram o atendimento aos clientes Médis é a percentagem de chamadas que se resolve com os conselhos dos enfermeiros da Linha Médis, sem necessidade de o cliente sair de casa para procurar outros cuidados médicos, nomeadamente nas urgências hospitalares Telefones: 21 845 88 88 22 207 88 88 91 935 8888 93 522 8888 96 599 8888 são os números de atendimento permanente que são disponibilizados para todos os clientes da Médis ABRIL/JUNHO 2011 31 MUNDO médis “Não conhecemos as pessoas pessoalmente, mas é como se as conhecêssemos, porque conhecemos bem os casos”, diz Sandra Costa (à esquerda). “Temos uma grande preocupação em ajudar a resolver a situação e que o cliente fique satisfeito” doença ou de aflição, mas também para pedir ajuda em situações do dia-a-dia. “As pessoas têm, com os enfermeiros da linha uma relação muito próxima e de grande cumplicidade”, assinala a coordenadora do serviço. “Ligam, confiam. Há uma relação de confiança muito grande.” De tal modo, acrescenta Sandra Costa, que “nós recebemos, felizmente, muitos elogios. Passadas as situações, as pessoas acabam por telefonar nos a agradecer a ajuda”. A proximidade do atendimento é mesmo um dos pontos mais valorizados pelos clientes. “Nós não conhecemos as pessoas pessoalmente, mas é como se as conhecêssemos, porque conhecemos bem os casos”, diz Sandra Costa. “Temos uma preocupação muito grande em que a situação do cliente fique resolvida e ele fique satisfeito com aquilo que lhe oferecemos.” Uma preocupação que vai ao ponto de serem os próprios enfermeiros a Enfermeiro “à distância” Seguir os melhores protocolos de triagem é essencial para um serviço de qualidade. Isso faz-se não só com pessoal formado, mas também com o apoio de um sistema, informático à altura. “Qualquer enfermeiro estará habilitado, pela sua formação de base, a fazer um encaminhamento”, explica Sandra Costa, a responsável pela Linha Médis. “Mas nós pretendemos que esse encaminhamento não seja baseado exclusivamente no conhecimento e na opinião de cada enfermeiro. Portanto, há aqui uma base científica que sustenta este encaminhamento, que é esta aplicação informática.” Ao atender uma chamada, o enfermeiro vai introduzindo a informação do doente no computador, e usa essa informação para ajudar na avaliação da situação. A aplicação tem ferramentas específicas para cada tipo de doente: adultos, crianças, mulheres (para questões relacionadas com partos, ginecologia, etc.), geriatria (para doentes acima dos 65 anos) e questões de saúde mental. À medida que o cliente expõe a situação, o sistema ajuda o enfermeiro a encaminhar o assunto, sugerindo inclusivamente fórmulas de fazer perguntas ou explicar situações clínicas numa linguagem corrente, que o doente consiga facilmente perceber. O computador, claro, nunca substituirá o conhecimento e a capacidade clínica de um enfermeiro especialmente formado, mas esta ferramenta ajuda a uniformizar os níveis de serviço e a tornar melhor o atendimento. Como sintetiza Sandra Costa, “tentamos sempre conduzir o cliente para o melhor encaminhamento possível”. Os níveis de satisfação dos utentes da linha indicam, felizmente, que se está no bom caminho. 32 ABRIL/JUNHO 2011 tomar a iniciativa do contacto. O protocolo seguido estabelece que, em todos os casos envolvendo crianças, sempre que um cliente é aconselhado a ficar em casa ou quando há uma situação de emergência, os clientes recebam uma chamada de acompanhamento algum tempo depois da chamada inicial. É uma forma de os enfermeiros garantirem que está tudo bem e saberem se os conselhos dados na chamada inicial estão a resultar ou se é preciso tomar outras medidas. “No fundo, estamos a acompanhar o processo para que a pessoa consiga viver esse episódio de saúde com a máxima tranquilidade. E, quando o episódio passa, a pessoa consciencializa-se de que foi bem acompanhada. Esse acompanhamento é extraordinariamente valorizado pelos clientes”, conta. “Depois, fazemos também controlos de qualidade em todas as idas ao domicílio e em todas as consultas com médicos assistentes que marcamos.” É uma forma de garantir que o cliente nunca se sente sozinho. Fotografia: Nuno Alexandre NA LINHA DA FRENTE Nos milhares de chamadas recebidas todos os meses, há todo o tipo de situações. As épocas de gripe são geralmente “hora de ponta” na Linha Médis, sobretudo quando há crianças envolvidas. Os pais, especialmente quando têm o primeiro filho, levam muito a sério qualquer problema de saúde e recorrem frequentemente à linha. Cabe aos profissionais aconselhar e, muitas vezes, acalmar pais ansiosos. Épocas como o Natal também costumam corresponder a picos de chamadas. No Verão, há também um aumento da procura, não só provocado pelas doenças sazonais da época estival, mas também pelo facto de muitas famílias, deslocadas em férias, estarem longe do seu médico assistente e não saberem a quem recorrer. Também para isso servem os conselhos e a informação da Linha Médis. Para quem faz o atendimento, o segredo é saber escutar quem está do outro lado da linha. “Aquilo que se aprende muito é a capacidade de ouvir, porque temos de estar muito atentos àquilo que o outro lado nos está a dizer”, diz Carla Silva, uma das enfermeiras supervisoras, na Linha Médis desde 1997. Mesmo ao telefone, as distâncias esbatem-se. “O contacto acaba por ser directo”, assegura Rosário Feliciano, outra das supervisoras. SUPERVISORAS A coordenação é um trabalho fundamental no dia-a-dia da Linha Médis “Cada chamada é diferente e há determinadas chamadas, todos os dias, em que nós sentimos que verdadeiramente estamos a ajudar aquela pessoa que precisa de nós.” De resto, reforça Carla Silva, “muitas vezes, ao telefone, as pessoas dizem muito mais do que diriam se estivéssemos num hospital. São muito mais abertas em relação a coisas que, em pessoa, nunca diriam”. O resultado é não só uma maior facilidade no acesso a cuidados de saúde, mas um nível de conforto incomparável para os clientes Médis. A prova está afixada no espaço de trabalho dos colaboradores da linha, no complexo da Médis, no Taguspark, em Oeiras. Num placard com várias informações úteis, estão também afixadas mensagens de agradecimento de vários clientes, saudando a ajuda dada nos mais diversos tipos de situações. “Há clientes que nos ligam para desejar Bom Natal”, aponta Sandra Costa com orgulho. “Os que usam recorrentemente e gostam do serviço reconhecem-lhe mais valor.” SATISFAÇÃO NA PRIMEIRA PESSOA AJUDA PRECIOSA “Os meus sintomas começaram a um sábado. A febre baixa deixou-me debilitada e, após dois dias, fiquei impossibilitada de deslocar-me. Segunda-feira, com a febre mais elevada, recorri à Linha Médis, da qual já me tornei numa cliente habitual, porque tenho um filho com três anos de idade. Fui mais uma vez atendida com todo o profissionalismo e, dada a situação, foi accionado o serviço ao domicílio que ocorreu em menos de uma hora, e fui medicada. Passados três dias, regressei ao trabalho, mas a febre continuava muito baixa e tinha sintomas de cansaço. Voltei a entrar em contacto com a Linha Médis e fui questionada acerca do meu estado de saúde, quando me alertaram para o facto de poder ser pneumonia. E não é que era mesmo? Fui a uma consulta de urgência devido ao acompanhamento exemplar que foi dado, sendo novamente medicada. Agora, tenho o meu pulmão de volta. O meu muito obrigada”. ANA SOFIA CHORO DE UMA CRIANÇA “Passava da uma da manhã quando acordei com o choro do meu filho de um ano e meio. Tinha acabado de cair da cama e chorava compulsivamente. Eu e o meu marido de imediato tentámos acalmá-lo quando verificámos que estava a formar-se um grande hematoma na testa, o que, naturalmente, nos provocou ansiedade, receando algo mais grave. O meu marido começou a vestir-se para sairmos para as urgências quando, entretanto, me lembrei de ligar para a Linha Médis. Atenderam de imediato e, de forma muito profissional, com serenidade e segurança, indicaram-me os cuidados básicos imediatos, como pôr gelo e verificar sintomas. Após algumas perguntas e respostas estávamos os três mais calmos e menos assustados… Seguimos as sugestões da enfermeira e monitorizámos o comportamento do meu filho, que acabou por adormecer. Na manhã seguinte acordou bem disposto, o hematoma estava bastante menor, o susto tinha passado. Entretanto, tocou o telefone e era a Linha Médis a questionar como estava o André. Fiquei impressionado… Tinham sido impecáveis no atendimento e no auxílio e agora, também no seguimento da situação. Não há palavras.” FILIPA FERNANDES ABRIL/JUNHO 2011 33 HIGH tech Alastra a iPadmania iPAD 2 Os tablets estão na ordem do dia e a iPadmania tem tudo para tornar se numa verdadeira epidemia com a apresentação da segunda geração do iPad, que está a chegar ao mercado nacional D esde o lançamento do iPad, a Apple vendeu cerca de 15 milhões de unidades, sendo considerado por Steve Jobs, o patrão da empresa, o produto de consumo com maior sucesso jamais lançado, tanto mais que gerou números tão impressionantes como a venda de 100 milhões de livros através da iBook Store. Para manter esta dinâmica e antecipar a reacção da concorrência, surgiu o iPad 2, apresentado nos Estados Unidos no passado dia 2 de Março. Na altura, Steve Jobs citou um clássico do rock & roll, afirmando que 2011 será “the year of the copycat”, o 34 ABRIL/JUNHO 2011 que não deverá estar muito longe da realidade, não só pelo interesse que o lançamento provocou a nível global, mas também pelo crescimento da oferta por parte dos mais diversos fabricantes (ver caixa), que estão a tentar colar-se a esta fórmula de sucesso criada pela Apple. Como já se tornou numa imagem de marca da empresa de Steve Jobs, o design volta a ser uma grande aposta. Face aos modelos da primeira geração, é 33% mais fino e 15% mais leve (590 gramas). Ao nível da forma, é curioso notar que, enquanto o iPhone 4 ficou mais quadrado, o iPad 2 surge mais arredondado, lembrando um grande iPhone 3G. O display não sofreu alterações, mas passa a contar com uma cobertura (disponível em várias cores) magnética, que tanto garante a protecção, como pode ser articulada e servir como apoio para permitir a base necessária à inclinação do tablet por forma a oferecer uma posição de trabalho mais cómoda. O novo iPad conta com duas câmaras (frente e verso) que permitem fazer fotos em modo retrato ou paisagem, trabalhálas com o Photobooth, gravar vídeos e sobretudo efectuar videochamadas com o Facetime. Mas as novidades não se ficam por aqui, já que o iPad 2 estreia o novo browser Safari iOs 4.3, que garante uma maior rapidez de processamento. Diz quem já experimentou o iPad 2 nos Estados Unidos que tudo isto é verdade, mas que as diferenças só são verdadeiramente apreciadas com a utilização de aplicações de vídeo e áudio, como o iMovie e o GarageBand, onde o utilizador pode fazer “mixagem” de áudio com até oito faixas simultâneas, para além de contar com o Touch Instruments, que inclui bateria, teclado e sintetizadores que o utilizador pode tocar ou, caso não saiba, que lhe permite recorrer ao Smart Instruments, que facilita a criação de melodias com versões simplificadas de guitarras, bateria e teclados. O iPad 2 pode ser ligado a monitores e ecrãs de televisão através de um cabo HDMI para apresentações que podem incluir páginas da web, jogos e vídeos. No entanto, continua a não haver qualquer porta USB. Graças à introdução do novo chip A5, a Apple pode reivindicar uma autonomia da ordem das dez horas, tempo mais do que suficiente para uma viagem intercontinental de avião. OUTRAS OPÇÕES NO MERCADO PROPOSTAS O Samsung (à direita) conta com o sistema Android como o Toshiba (em baixo). O RIM (em cima) e o Dell Stream (na base da página) são outras alternativas. O GALAXY TAB, da Samsung, foi o primeiro tablet das marcas consideradas “grandes” a chegar a Portugal. Com 380 gramas, é suportado na versão 2.2 do sistema operativo Android, da Google, e está disponível na versão de 16 GB e 32 GB. O ecrã touch tem sete polegadas com uma resolução de 1024 x 600, e integra câmara traseira e frontal, GPS e uma memória externa de 32 GB. A TOSHIBA também aposta no sistema operativo Android (2.2), com conectividade wi-fi e com uma capacidade de armazenamento de 16 GB – pelo menos enquanto a versão 3G não é disponibilizada, o que deverá acontecer em parceria com os operadores móveis no início do próximo ano, já com a nova versão do Android 3.0. O ecrã táctil, de 10,1 polegadas, tem uma resolução de 1024 x 600 píxeis. Mede 25,7 centímetros de comprimento e 1,4 centímetros de espessura. Entre as restantes características, referência para o processador Nvidia Tegra 2, para a câmara de 1,3 megapíxeis, para a possibilidade de realizar videoconferência e para a ligação HDMI e bluetooth. A bateria tem autonomia para cerca de sete horas. A DELL propõe o Streak (16 GB), mas num formato mais reduzido. O ecrã multitouch é de cinco polegadas, com uma resolução de 480 x 800 píxeis. O sistema operativo passou pela plataforma da Google, mas a versão utilizada é a 1.6. A câmara traseira e frontal tem uma resolução de cinco megapíxeis. A Dell oferece ainda o Inspiron Duo, um tablet de dez polegadas que pode “transformar-se” num portátil. Vem acompanhado de uma base – onde é possível apoiá-lo – que pode ser “desdobrada”, revelando um teclado QWERTY e um encaixe para o tablet. Mais novidades Aguarda-se também a chegada do PlayBook, a proposta da RIM, que conta com um ecrã LCD WSVGA (resolução 1024 x 600) de sete polegadas e que apresenta, entre as funcionalidades próprias do sistema operativo BlackBerry Tablet OS, a possibilidade de ser usado como uma extensão do ecrã dos telefones BlackBerry. O processador é ARM Cortex-A9. A ACER antecipou o lançamento de três modelos, que variam entre as sete polegadas e as dez polegadas. O primeiro terá o sistema Windows 7 e combina ecrã touch com um teclado físico, que pode ser ligado ao computador, ou seja, pode transformar-se num notebook. Tem quinze milímetros de espessura e menos de um quilo de peso, integra processadores AMD e oferece duas câmaras de 1,3 megapíxeis, com suporte para videochamadas e videoconferência. Conta com ligações wi-fi e 3G. Os outros dois modelos, com sete e um outro de dez polegadas, funcionarão com o Android, da Google, e serão lançados em Abril. Ambos têm conectividade wi-fi e 3G e 13,3 milímetros de espessura; o Acer Android de 10,1 polegadas tem um processador dual core a 1 GHz, ligação HDMI com suporte para 1080 p e um sistema multitoque com dez pontos e um giroscópio. O Android de sete polegadas integra um Qualcomm de dois núcleos a 1,2 GHz e o mesmo suporte para Flash 10.1. ABRIL/JUNHO 2011 35 MUNDO médis A SAÚDE EM TEMPO DE CRISE Discutir os desafios do mercado de seguros de saúde foi o objectivo de duas sessões de trabalho que reuniram técnicos, gestores e prestadores de cuidados. Foram os Meeting Days, onde a Médis marcou uma presença activa. Por João Paulo Batalha F oram dois dias dedicados ao debate sobre os seguros de saúde em Portugal. Os Meeting Days, organizados pela APEG, a Associação Portuguesa de Engenharia e Gestão da Saúde, foram sessões de trabalho que colocaram em cima da mesa temas como a inovação tecnológica, os protocolos médicos e a gestão do risco, sobretudo em patologias pesadas. Ao longo de duas manhãs de trabalho, médicos, gestores e outros profissionais discutiram alguns dos principais desafios do mercado. Para o último dia de trabalhos, no final de Janeiro passado, ficaram as grandes questões da evolução futura do mercado de seguros de saúde em Portugal e da relação dos seguradores com os consumidores. A abertura dos trabalhos, que decorreram no Hospital da Luz, em Lisboa, foi feita pela presidente da comissão executiva da 36 ABRIL/JUNHO 2011 Espírito Santo Saúde, Isabel Vaz, que enquadrou o tema para criticar a falta de um standard de financiamento do sistema de saúde em Portugal. O resultado, apontou Isabel Vaz, é um sistema marcado pela ausência de coordenação e clareza, com problemas associados de ineficiência e falta de controlo, onde não há responsabilização nem se estimula a cooperação entre os sistemas público e privado. A presidente da Espírito Santo Saúde lembrou que mais de 20 por cento da população portuguesa já tem seguro de saúde, o que significa que paga duas vezes pelos cuidados de que usufrui, uma através dos impostos para financiar o Serviço Nacional de Saúde e outra através do seguro para garantir o acesso aos cuidados de que necessita em unidades privadas. Este sistema de dupla cobertura (através do sistema público e, simultaneamente, dos prestadores pri- vados) não é sustentável, aponta Isabel Vaz. O ideal seria um sistema em que o Estado financiasse 60 a 65 por cento dos serviços, partilhando com os privados o fardo da prestação e do financiamento dos cuidados. Fotografia: Nuno Alexandre “O MERCADO VAI CONTINUAR A CRESCER” Lançado o tema, passou-se a palavra ao painel onde estiveram presentes os principais seguradores e prestadores privados em Portugal. Num ano de crise, há muitos desafios pela frente, sobretudo num mercado em que, segundo o consenso dos convidados, a concorrência se faz demasiado pelo vector preço, mesmo quando isso implica subtarifar alguns dos riscos segurados. “É preciso que as seguradoras se adaptem às condições do mercado”, argumentou Luís Prazeres, da Médis, durante a sua intervenção. Lembrando que a Médis está no mercado desde 1996 e soube sempre adaptar-se, Luís Prazeres traçou um cenário positivo. “Pensamos que os seguros de saúde vão continuar a crescer”, disse, notando que o sector da saúde responde já por cerca de dez por cento do PIB. O desafio para o futuro é criar um sistema que envolva, de forma integrada, clientes, seguradores, prestadores e regulador. “Temos de inovar pela inclusão”, apontou Luís Prazeres, reforçando a necessidade de alargar o mercado e captar os oito milhões de pessoas em Portugal ainda não têm seguros de saúde. Esse alargamento do mercado é fundamental para “É preciso que as seguradoras se adaptem às condições do mercado”, argumentou Luís Prazeres, da Médis, durante a sua intervenção, lembrando que a Médis está no mercado desde 1996 e soube sempre adaptar-se financiar a inovação tecnológica e assegurar as rentabilidades mínimas para a sustentabilidade do sector. Quanto à concorrência, ela continua a ter o seu lugar. “Podemos continuar a competir”, assegurou Luís Prazeres, mesmo numa situação recessiva. De resto, se for posta em prática uma política de alargamento do mercado, não há razão para duvidar da solidez do sistema. “Eu acho que o mercado vai continuar a crescer”, antecipou o responsável da Médis, prevendo crescimentos anuais entre os dois e os cinco por cento durante os próximos cinco anos. “AMBOS PODEMOS FAZER BEM” A relação dos seguradores com os seus clientes foi outro dos temas em cima da mesa nestes Meeting Days. Pedro Seixas Vale, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores, fez o ponto da situação e traçou a evolução do sistema desde meados dos anos 90, quando, lembrou, “a Médis foi pioneira na criação de um sistema de saúde com uma visão de longo prazo”. Queixando-se da falta de sistemas de informação eficazes para medir com maior rigor os riscos das operações de seguros, Pedro Seixas Vale explorou a evolução demográfica que está a criar sérios desafios para o sistema de saúde – público e privado. Mais uma vez, ficou a ideia de que o importante é apostar na complementaridade. “O monopólio do vício e da virtude não está no sector público ou no privado”, argumentou Pedro Seixas Vale. “Ambos podemos fazer bem.” A complementaridade é vital também para assegurar a sustentabilidade do próprio sistema público. “Não gostaria de ver um Serviço Nacional de Saúde que fosse apenas para os pobres e os idosos”, apontou. Também presente na sessão, Carla Oliveira, da DECO, apontou algumas críticas às limitações dos seguros de saúde a operar no mercado português, numa intervenção que gerou animado debate na sala. Presentes no painel, Pedro Correia e Filipe Clemente transmitiram a visão da Médis. “O que estamos a fazer é uma gestão clara do risco”, explicou Pedro Correia, lembrando que, em Portugal, falta informação suficiente para que seja possível aos prestadores avaliarem da melhor forma o risco de cada operação. Em todo o caso, acrescentou Filipe Clemente, “nós, na Médis, não anulamos nenhuma apólice por sinistralidade”, nem se fecha a porta a clientes com idades mais associadas a factores de risco – críticas apontadas a muitos seguradores. O consenso é que a evolução do mercado vai prosseguir a bom ritmo, colocando novos desafios aos operadores no mercado, mas também criando novas soluções, mais inovadoras, ao dispor dos consumidores. São boas notícias para um negócio cada vez mais importante para a nossa saúde. ABRIL/JUNHO 2011 37 MUNDO médis Na 44.ª semana de 2010, o anúncio Médis atingiu 30pp de recordação total declarada O SEGREDO DA MÉDIS “Médis faz bem à Saúde” é o segredo revelado no anúncio protagonizado por Fátima Lopes e que envolveu vários colaboradores do grupo. Foi uma experiência aliciante para todos os participantes, como testemunhámos durante a filmagem... 38 ABRIL/JUNHO 2011 O filme publicitário da Médis é conhecido de todos os portugueses. Fátima Lopes, uma cara bem popular dos ecrãs da televisão, é a grande protagonista. “Este anúncio lembra às pessoas o trabalho de confiança que a Médis tem feito ao longo dos anos e o facto de ter um plano de saúde muito vasto, que permite dar uma resposta adequada e cada vez mais abrangente às necessidades dos portugueses em matéria de saúde”, admitiu Fátima Lopes, durante as filmagens. Esta mensagem de confiança surge ao longo do filme, que percorre vários cenários onde a Médis está sempre presente. “Fazer um filme que tivesse uma ligação em todas as cenas, como se fosse um único plano sem cortes, foi um projecto muito aliciante que a agência Sumo me lançou”, admitiu o realizador João Nuno. “É uma sequência quase intimista, onde Fátima Lopes diz ao espectador que vai revelar o segredo da Médis e esse segredo vai sendo revelado ao longo do anúncio, tendo uma pequena surpresa no final”, recordou Carlos Abreu, director criativo da agência de publicidade Sumo. O resultado, que todos os portugueses já tiveram ocasião de ver na televisão, satisfez Gustavo Barreto, o director de marketing da Médis, que admitiu que “o anúncio me emocionou desde o princípio e espero que também possa emocionar todos os clientes, os distribuidores e, logicamente, os colaboradores que estiveram aqui a viver a sua experiência”. DA VIDA REAL À TV Um dos aspectos mais curiosos da produção deste anúncio da Médis foi a participação de vários colaboradores do grupo nas filmagens, onde trabalhadores – que, na vida real, estão ligados à seguradora – desempenharam papéis que geralmente são protagonizados por figurantes. Tudo começou com um desafio interno e passou pelo casting, onde foram escolhidos os participantes que integraram a filmagem do anúncio. A adesão foi muito grande, tanto mais que se tratava de uma experiência diferente, e as expectativas não foram defraudadas. “Sentimo-nos muito mais apegados ao nosso trabalho e à Médis, fazendo parte de A Médis fechou o ano de 2010 com mais de 450.000 pessoas seguras tudo isto”, admitiu Filipa Lopes, colaboradora da empresa. “O casting foi muito engraçado, o mesmo acontecendo com as peripécias das filmagens”, referiu por sua vez Marta Valadas. Para grande parte dos participantes, foi uma verdadeira surpresa. “Quando estamos a ver televisão, não temos a noção de tudo o que tem de se fazer”, admitiu Ana Abreu, da Médis. “O anúncio tem apenas trinta segundos, mas há uma grande quantidade de pessoas envolvidas e cada cena demora muito tempo a filmar, pelo que foi uma experiência muito enriquecedora”, acrescentou. Silvino Pereira, outro colaborador presente, admitiu o seu entusiasmo com esta experiência, considerando que “poder participar em algo que permite comunicar aos nossos clientes o que podemos oferecerlhes foi extremamente gratificante”. “Conhecer a Fátima Lopes e poder conviver um bocadinho com ela” foi um ponto destacado por Paula Ventura, para quem este dia de filmagens, com as repetições de cenas, “foi um dia diferente”, que todos os participantes vão certamente recordar, pelo menos, cada vez que o anúncio for emitido na televisão. A campanha Médis teve uma nova vaga nos dois primeiros meses de 2011, em que se conseguiu atingir e ultrapassar o objectivo de 7.000 novas pessoas seguras ABRIL/JUNHO 2011 39 MUNDO médis A equipa liderada por Christina Gurnett analisou o historial genético de uma família que manifestou casos de sonambulismo durante quatro gerações, tendo afectado nove indivíduos num universo de 22. HISTORIAL DE UMA FAMÍLIA SONAMBULISMO ALTERAÇÃO GENÉTICA HEREDITÁRIA Um estudo publicado no Neurology Journal aponta uma alteração genética na região do cromossoma 20 como responsável pelo sonambulismo, afirmando igualmente a hereditariedade desta perturbação do sono O estudo publicado no Neurology Journal (www.neurology.org) pode abrir portas para novos fármacos capazes de combater este distúrbio do sono. Segundo os investigadores da Washington University School of Medicine, nos Estados Unidos, a explicação está no ADN, o que indica a hereditariedade do sonambulismo. A origem encontrase numa alteração genética na região do cromossoma 20 que é responsável pelo comportamento durante o sono. Quem sofre desta alteração do sono é capaz de qualquer coisa, mas não se che40 ABRIL/JUNHO 2011 gam aos extremos fantasiosos muitas vezes aproveitados pela indústria cinematográfica, já que, na maioria dos casos, se manifestam apenas em comportamentos não comprometedores, como despir-se ou pura e simplesmente levantar-se da cama. “Saber mais sobre as causas desta alteração do sono poderá ajudar-nos a encontrar a cura para esta perturbação que afecta geralmente a fase mais profunda do sono, isto é, nas primeiras duas horas após adormecermos”, como referiu Christina Gurnett ([email protected]), coordenadora deste estudo. A equipa liderada por Christina Gurnett analisou o historial genético de uma família que manifestou casos de sonambulismo durante quatro gerações, tendo afectado nove indivíduos num universo de 22. O estudo investigou profundamente o ADN da família de Hannah, uma adolescente de doze anos que estava a viver uma fase particularmente grave: saía de casa todas as noites de uma forma totalmente inconsciente. Utilizando amostras de saliva, os investigadores conseguiram identificar uma alteração genética, localizando-a na região do cromossoma 20. O estudo refere ainda que o portador desta alteração genética tem cerca de 50% de hipóteses de transmiti-la aos filhos. Os genes envolvidos necessitam agora de ser identificados, havendo 28 sob observação, mas os investigadores estão seguros de que a base genética do sonambulismo se encontra no segmento do cromossoma 20 e estão convencidos de que esteja envolvido um gene já referenciado – a adenosina deaminase – por estar ligado ao sono. Apesar disto, “não sabemos ainda qual dos genes presentes nesta região do cromossoma 20 é o verdadeiro responsável pelo sonambulismo”, afirmou Christina Gurnett, que espera que “descobri-lo possa ajudar a identificar e a tratar esta alteração do sono”. LINK PARA CONSULTA DO ESTUDO http://www.neurology.org/content/76/1/49 Um estudo da Oxford University, publicado no prestigiado jornal médico The Lancet, refere que uma dose diária (75 mg) de aspirina, tomada ao longo de cinco anos, pode reduzir em 30 por cento os riscos de morte provocados pelos tumores mais comuns como os pulmonares e no pâncreas ASPIRINA AJUDA A PREVENIR O CANCRO U m grupo de investigadores da Oxford University começou por estudar os efeitos da aspirina em doentes com problemas cardiovasculares e acabou por concluir que pequenas doses deste fármaco com base no ácido acetilsalicílico, utilizado habitualmente na prevenção cardiovascular, reduziam em um quarto os riscos de cancro no cólon, ao mesmo tempo que minoravam em um terço a sua gravidade. O estudo prosseguiu, tendo sido agora publicadas as sua conclusões no Lancet Journal (www.lancet.com). De acordo com os resultados obtidos, os investigadores afirmam que a aspirina tem uma acção anti-cancro em todas as pessoas com mais de 40 anos de idade. Este trabalho explica ainda que 75 miligramas diárias deste fármaco podem reduzir entre 20 e 35 por cento os casos de morte provocados por diversas neoplasias, entre as quais a do esófago, pulmões, alto estômago, pâncreas e cérebro. Os investigadores defendem que a dose é precisa, não devendo haver alterações de acordo com o sexo, nem reforçada para os fumadores, embora possa variar de acordo com a idade, sobre- tudo nas pessoas com mais de 65 anos. O estudo conclui ainda que a aspirina deve ser tomada ao longo de cinco anos e os investigadores alertam para os efeitos anticoagulantes do sangue, provocados pelo fármaco, o que exige que a sua utilização de forma contínua seja acompanhada por um especialista. “Quanto aos efeitos secundários”, referiu Peter Rothwell, o coordenador da investigação, “o risco de hemorragia interna é de cerca de um caso em mil na população cancro nos indivíduos que tomaram uma dose diária de 75 miligramas de aspirina, um valor que subiu para 34 por cento nas pessoas que tomaram o fármaco ao longo de cinco anos. O tratamento experimental teve uma duração que variou entre os quatro e os oito anos, mas a monitorização a longo termo de 12.500 pacientes demonstrou que os efeitos positivos são crescentes ao longo do tempo e que num arco de 20 anos os LINKS PARA CONSULTA DO ESTUDO Lancet Journal http://www.lancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(10)62110-1/fulltext em geral e a aspirina pode aumentar este risco, mas o perigo de uma hemorragia grave é muito baixo na meia idade, embora cresça bastante a partir dos 75 anos”. A investigação foi feita com base em estudos clínicos que envolveram 25.570 pacientes, tendo sido iniciada para estudar os efeitos cardiovasculares da aspirina, mas acabou por permitir concluir que reduziu em 25 por cento a incidência de riscos de cancro intestinal são reduzidos em 40 por cento, o pulmonar em 30 por cento, o da próstata em 10 por cento e o do esófago em 60 por cento. Apesar destas conclusões, Peter Rothwel considera que “não faz sentido que toda a gente comece a tomar aspirina imediatamente, mas demonstram claramente novos benefícios que nunca tinham sido revelados anteriormente”. ABRIL/JUNHO 2011 41 MUNDO médis TERMAS DE MONTE REAL M onte Real está à vista da autoestrada Lisboa-Porto. Vizinha de Leiria, próxima de Fátima e não muito longe de São Pedro de Moel e da Nazaré, BEM-ESTAR é uma excelente opção para um fim-dePara além do moderno semana bem passado. Hoje, falar da vila é balneário termal (em imediatamente associado à base onde estão cima), os espaços verdes sedeados os caças F16 da Força Aérea, mas convidam ao passeio a região tem orgulho na sua história, que remonta aos tempos em que era denominada Reguengo de Ulmar, e o seu velho castelo, sobranceiro ao Rio Lis, foi habitado por D. Dinis e pela Rainha Santa Isabel, num período em que o monarca ordenou que se fizessem “abertas” no Paul de Ulmar, a fim de A Rede de Saúde & Bem-estar receberem terras reúne um conjunto de ofertas aos para que todos os clientes Médis que importa conhecer que estivessem melhor. No caso das Termas de dispostos pudesMonte Real, oferece 15% de sem lavrar durante desconto nos tratamentos termais, dez anos medianexcepto nas consultas médicas te o pagamento, à e na taxa de inscrição. Basta coroa, de um quarapresentar o seu cartão Médis. to de “todo o fruto que Deos hi der”. Descontos Médis 42 ABRIL/JUNHO 2011 O TERMALISMO O termalismo também faz parte da história de Monte Real, tendo ganho popularidade desde o início do século XX, embora haja quem defenda que a tradição remonta ao período romano e ao facto de a Rainha Santa Isabel ter recorrido áquelas águas. A tradição do passado é uma nova aposta de futuro e, nos últimos dois anos, todo o complexo sofreu uma profunda remodelação. O velho Palace Hotel foi recuperado, nasceu um moderno e funcional spa e o complexo termal foi profundamente renovado. Estes três vectores surgem como uma oferta integrada, ocupando um espaço de 24 hectares, onde surgem dois campos de ténis, um minigolfe, uma piscina exterior, um lago artificial, uma capela privativa, ginásio e três quilómetros sinalizados para caminhadas e passeios. Quase que se pode falar nas novas Termas de Monte Real. É certo que os edifícios mais antigos são facilmente reconhecidos, mas os interiores asseguram a modernidade e a funcionalidade, bem patente nos seus novos gabinetes, nova tecnologia (inclusive, adaptada às crianças) e um COMO IR Na A1 ou na A8, sair em Leiria e seguir as indicações de Monte Real, seguindo na EN 109 (estrada da Figueira da Foz) até Várzeas, onde surge a indicação Monte Real. Coordenadas de GPS: Lat. +39° 51’ 5.15’’; lon. -8° 52’ 1.87’’ Morada: Rua de Leiria, 2426-909 Monte Real, tel. 244 619 020, e-mail [email protected] Onde ficar As Termas de Monte Real são uma excelente opção para todos quantos procuram os benefícios das suas águas ou necessitam de relaxar. O cartão Médis dá-lhe descontos que pode aproveitar... melhor aproveitamento das instalações para disponibilizar, ao longo de todo o ano, mais de 130 mil tratamentos. A composição destas águas, ricas em sais minerais como o cálcio, o enxofre ou o magnésio, é indicada para afecções do aparelho digestivo (intestinos, vesícula biliar, entre outras), afecções reumáticas e músculo-esqueléticas (artrites, artroses, descalcificação, doenças dos ossos e articulações, reumatismo) e algumas afecções respiratórias (sinusites, rinites, rinites alérgicas, faringites, faringo-laringites). A sua aplicação vai da ingestão à hidroterapia, passando pela ventiloterapia ou electroterapia. No entanto, há uma regra que ninguém pode ultrapassar: qualquer tratamento – nem que seja a “simples” ingestão da água termal – só pode ser realizado mediante consulta médica... Para além disso, as termas e toda a sua envolvência são capazes de garantir o descanso e a calma que sabe bem, quando sentimos necessidade de fugir ao bulício urbano, procurando os momentos de relax que são a melhor cura para o stress. PALACE HOTEL MONTE REAL, TERMAS & SPA Rua de Leiria, 2426-909 Monte Real, tel. 244 618 900/244 519 020 www.termasdemontereal.pt O complexo termal foi profundamente remodelado e prima pela modernidade e funcionalidade ABRIL/JUNHO 2011 43 MODA tendências CAMISOLA em algodão e viscose, American Vintage, ¤ 45. CARTEIRA em pele, Gérard Darel, preço sob consulta. PULSEIRA em pele, Swatch, ¤ 21. BRINCOS em metal e pedras, Pandora, preço sob consulta. COLORAMA Uma aposta segura para a próxima estação. O Verão vive-se com atitude e muita cor! Por Diana Bastos CLUTCH em pele, ¤ 79.90, Zilian. VESTIDO em seda, Haslton Heritage, em Net-a-porter.com, ¤ 501 ÓCULOS de sol em massa, Louis Vuitton, ¤ 390. SANDÁLIAS em pele, Barbara Bui, no Espace Cannelle, preço sob consulta. 44 ABRIL/JUNHO 2011 CARTEIRA em pele e sarja, Lacoste, ¤ 61. CALÇAS em ganga, Lee, ¤ 80. GRAVATA em seda, Decenio, ¤ 40. MASSA CINZENTA Em diferentes tons e texturas, o cinza declina-se infinitamente e veio para ficar. BLAZER em algodão, Lacoste, ¤ 348. LENÇO, Louis Vuitton, ¤ 330. O PRS 516 é um cronógrafo automático. Uma lenda do timekeeping, Tissot, ¤ 375. ÓCULOS DE SOL em massa, Louis Vuitton, ¤ 335. CASACO em malha de lã e algodão, Frenchurch BOTÕES DE PUNHO, Decenio, ¤ 41. SAPATOS em pele, Geox, preço sob consulta. ABRIL/JUNHO 2011 45 PRAZERES ela & ele 1.PANDORA Colar e pendente em ouro amarelo com melanita, Pandora. Preço: ¤ 575. 2.BULGARI 2 4 Colar e pendente gravado em ouro amarelo, Bulgari. Preço: ¤ 1.400. 3.TOUS Colar e pendente em ouro amarelo com diamante, edição especial Manolo Blahnik para Tous. Preço: ¤ 1.290. 4.PANDORA 3 1 Colar de pérolas com pendente em prata com marcassitas, Pandora. Preço: ¤ 168. IMAGEM & No feminino, as jóias são, na maior parte dos casos, acessórios de moda, sejam elas simples e discretas ou ostensivas na sua forma e no seu volume... TIFFANY Pulseira, escravas e anéis em ouro amarelo de 18 quilates. Todas as peças são produzidas pela Tiffany 1837, fazendo parte de uma colecção que nos remete para a data da fundação da prestigiada joalharia Tiffany & Co., cuja história está associada a nomes tão famosos como o de Audrey Hepburn. Preços: € 9.860, € 4.115 e € 890, respectivamente. 46 ABRIL/JUNHO 2011 MONTBLANC A Montblanc dedicou a edição limitada Escritores a Mark Twain, como homenagem ao centenário da morte de um dos maiores romancistas de sempre. Trata-se de uma edição especial inspirada nas obras do autor norte-americano e nas suas raízes, sendo recordada a imagem dos barcos a vapor. Preço do conjunto lapiseira, esferográfica e caneta: € 1.970. ESCRITA No masculino, o conceito de jóia é muito diferente. Para uma grande parte dos homens, uma caneta pode ser um tesouro raro e muito valioso 1. DUPONT Défi é o nome da nova colecção de canetas Dupont. O design inovador, a estrutura de metal com acabamento em paládio e o corpo em fibra de carbono fazem a diferença e marcam a exclusividade. Preço: ¤ 315. 1 2 3 4 2. PORSCHE DESIGN Para assinalar o início da parceria com a Pelikan, a Porsche Design apresenta o sofisticado instrumento de escrita P’3105 Pure Titanium. Trata-se de uma edição limitada a apenas 200 unidades. Preço: ¤ 2.500. 3. PARKER A Parker Premier Black Edition vinca a sensação única do preto graças ao perfeito revestimento cerâmico e à sua textura moderna. Disponível em tinta permanente, rollerball e esferográfica. Preço: ¤ 340. 4. CARAN D’ACHE A Caran d’Ache presta homenagem à arte antiga da caligrafia árabe ao lançar a simbólica edição limitada Kufi Art, revestida a ouro e desenvolvida em colaboração com o designer malaio Shukor Yahya. Preço: ¤ 2.200. ABRIL/JUNHO 2011 47 WEEK end TERRAS DE CALMA O Alto Alentejo é muito mais do que vilas bancas e a paisagem do montado. Também é a calma que ajuda a retemperar forças NAMOROS ALENTEJANOS 48 ABRIL/JUNHO 2011 A Primavera é uma altura excelente para regressar ao Alentejo. O verde ainda domina a paisagem do montado e a temperatura é agradável para quem gosta de passear, descansar ou até namorar... Por Rui Faria tendo em D. Nun’Álvares Pereira o seu mestre mais destacado. Os tempos longínquos da memória histórica contrastam com a proximidade geográfica de Lisboa. Avis está a cerca de duas horas da capital e vive na calma que se espelha nas águas sossegadas da albufeira da Barragem do Maranhão. É um refúgio para todos quantos procuram fugir da agitação do dia-a-dia, saboreando a tradição da culinária, os cheiros das ervas do montado e toda a paz que faz bem ao espírito. No meio das árvores que procuram esconder o leito da barragem, surgiu a Herdade da Cortesia, uma unidade hoteleira que faz gala do arrojo arquitectónico traçado por Klaus Gruner, vincando a diferença relativamente a qualquer outro empreendimento rural do nosso país. O edifício central, revestido a madeira, é marcado pelas suas linhas angulosas e modernistas, estendendo-se em três braços onde surgem os seus trinta quartos, amplos e confortáveis. A escolha do local para a construção deste empreendimento tem tudo a ver com as águas da albufeira e com as ligações que os seus proprietários têm com a prática do remo. Alguns integraram equipas olímpicas da modalidade, o que é recordado na Fotografia: Pedro Sampayo Ribeiro. A s terras do além Tejo são muito mais variadas do que o estereótipo da planície do montado, salpicada de sobreiros, azinheiras e, cada vez mais, oliveiras. As grandes planícies do sul, que se estendem na direcção das serranias que fazem a fronteira com o Algarve, contrastam com o terreno acidentado que surge mais a norte, naquilo que é chamado o Alto Alentejo. Seja como for, as pequenas vilas e aldeias que encontramos são sempre locais de calma e silêncio, onde o casario branco de cal cria sombras nas ruas estreitas que nos recordam os tempos remotos em que os árabes ocuparam o nosso país. Avis é uma vila do Alto Alentejo cujo nome nos remete imediatamente para as memórias históricas da Idade Média e para a ordem militar que, de certo modo, assumiu o papel dos cavaleiros templários, AVIS A vila histórica surge sobranceira à albufeira da barragem do Maranhão Passear sem destino nas suas ruelas empinadas e de traça medieval poderá recordar as memórias de Avis na época medieval decoração de certos espaços interiores, nomeadamente no acesso ao agradável bar, onde a ampla superfície vidrada, que garante toda a luminosidade, é também uma montra para a paisagem relaxante. Este bar é o local que convida a desfiar as conversas e, ao mesmo tempo, um espaço onde apetece deixar o tempo passar livremente, ao ritmo da leitura das páginas de um livro. É certo que, em alguns períodos do ano, a Herdade da Cortesia se torna num local cosmopolita, onde se falam as mais diversas línguas, já que este refúgio granjeou fama internacional entre os maiores nomes do remo, que elegeram a Barragem do Maranhão como local de treino para as grandes competições internacionais. Também os hóspedes podem aventurar-se na descoberta deste desporto, já que é possível alugar os mais diversos tipos de barcos para desfrutar dos prazeres de um passeio nas águas calmas... Contudo, as actividades de lazer não se ficam por aqui uma vez que há propostas para quem aprecia um bom passeio de bicicleta, uma caminhada ou até percursos equestres, visto que o hotel mantém em actividade o centro hípico que era anterior à sua criação. ABRIL/JUNHO 2011 49 WEEK end ALTER DO CHÃO Visitar a Coudelaria Real é uma experiência interessante MORA O fluviário é um grande atractivo para todas as idades A NÃO PERDER Coudelaria de Alter do Chão Tapada do Arneiro, Alter do Chão, tel. 245 610 060, www.alterreal.pt É difícil resistir à elegância do cavalo lusitano. A coudelaria é um espaço multifuncional, onde se faz a criação, a selecção, o estudo e o treino – nas vertentes de toureio, ensino, concurso de equitação, obstáculos ou atrelagem – deste cavalo. Visitas de terça a sexta-feira, às 10h, 11h30, 14h e 15h30, e, aos sábados e domingos, às 11h e às 15h. Fluviário de Mora Parque Ecológico do Gameiro, Cabeção, tel. 266 448 130, www.fluviariomora.pt Aberto todos os dias do ano, este fluviário não só colocou Mora no mapa – ou, mais precisamente, a aldeia do Cabeção –, como constitui uma agradável surpresa para miúdos e graúdos. O chef Gustavo Martins criou um menu com base na tradição regional, embora assuma os riscos de combinações mais inusitadas, como é caso da utilização do bom azeite da região para a elaboração de uma sobremesa única que vale a pena experimentar. POR TERRAS DE AVIS Quem procure mais do que os momentos de ócio que permitem deixar passar o tempo sem pressas, mas que também não pretenda aventurar-se no remo, pode sempre partir à descoberta da região envolvente. Avis está logo ali ao lado e quem passear sem destino nas suas ruelas empinadas e de traça medieval poderá recordar as memórias de uma terra que esteve na origem da ordem militar que garantiu o trono do Rei D. João I, embora a pacatez do casario actual não tenha guardado vestígios desse seu passado guerreiro. Na vila, têm surgido alguns restaurantes que justificam uma visita, como é o caso da “Tasca do Moutinho”. A norte de Avis, o Crato e Alter do Chão não ficam longe e qualquer um destes destinos tem as suas curiosidades. O Crato foi uma vila muito importante no período do Renascimento. Foi ali que se casaram D. Manuel I e, mais tarde, D. João III, mas, séculos volvidos, a invasão espanhola que ocorreu em 1662 foi marcada pelo saque e pelo fogo que apagou os sinais do prestígio de até então, que nem sequer é bem testemunhado na igreja matriz, onde a principal riqueza são os painéis de azulejo do século XVIII. A vila está rodeada pelas bucólicas ribeiras da Seda e do Chocanal, sendo curiosa a história das ruínas do velho castelo conhecido como Castelo da Azinheira, que, apesar de ser um monumento classificado, foi inexplicavelmente caiado, pas- GRANDE RESTAURANTE Mesmo quem se desloca para a Herdade da Cortesia em busca do dolce far niente vai sentir o apelo da boa comida e não é preciso sair do hotel para desfrutar de todos os prazeres que a gastronomia pode oferecer. O chef Gustavo Martins é o responsável pelo restaurante, onde tudo foi pensado ao pormenor para garantir a satisfação do cliente. A decoração alinha pelo registo contemporâneo do resto do hotel, 50 ABRIL/JUNHO 2011 ao mesmo tempo que adopta apontamentos que nos fazem recordar imediatamente a prática do remo. As amplas janelas garantem as boas vistas e a colocação das mesas permite a alguns privilegiados terem direito a vislumbrar detalhes únicos da paisagem tão característicos como um ninho de cucos, que rapidamente se tornou numa das atracções preferidas de quem escolheu este “abrigo” para descansar ou para quem está apenas de passagem. Fotografia: Pedro Sampayo Ribeiro Os estábulos onde se encontram os principais garanhões, podem ser vistos na Coudelaria de Alter ONDE FICAR HERDADE DA CORTESIA 7480-102 Avis, tel. 242 412 050, Reservas através de www.atmospherehotels.pt Onde comer HERDADE DA CORTESIA A tradição do bem receber num ambiente moderno e funcional que responde às necessidades de quem gosta de desfrutar os tempos livres sando a ser referido de forma jocosa pela população como “castelo branco”. Alter do Chão é uma terra bem mais antiga, remonta ao tempo dos romanos quando era conhecida como Elteri (204 a. C.). Os seus habitantes terão desagradado ao imperador Adriano e as referências a esta povoação desapareceram até ao século XIII. Hoje, o castelo mandado construir por D. Pedro I é a grande atracção da vila e vale a pena partir à descoberta das ruas mais a norte, onde surgem belas casas barrocas com as suas faixas amarelas tão típicas do Alentejo. COUDELARIA DE ALTER Nos arredores, surge a coudelaria de Alter fundada em 1748, ainda no reinado de D. João V, para a criação dos cavalos de raça lusitana. No entanto, seria D. José I o grande impulsionador desta coudelaria, que tinha como objectivo a criação de cavalos portugueses de grande qualidade. Para isso, importou as éguas andaluzas que estão na origem dos graciosos Alter Real, animais baios puros castanhos, enquanto que a maior parte dos cavalos lusitanos são cinzentos. A dedicação do rei aos seus cavalos pode ser recordada na estátua que surge na Praça do Comércio, em Lisboa, onde D. José I monta o seu Alter Real preferido, que tinha o nome de Gentil. A coudelaria prosperou até às invasões napoleónicas, quando os roubos e a reprodução indiscriminada fizeram desaparecer as suas principais características. Esta situação só veio a ser alterada nos tempos da República, quando voltou a haver uma preocupação com o apuro genético dos animais, que, hoje, são reconhecidos a nível internacional. Actualmente, esta propriedade do Estado estende-se por trezentos hectares, onde surgem manadas de éguas e garranos. Os armazéns, onde estão guardados os antigos trens e carruagens, e também os estábulos, onde se encontram os principais garanhões, podem ser vistos por todos quantos se desloquem à coudelaria, onde os tratadores dos animais são também guias interessados e apreciadores de uma boa conversa. Conhecem a História e as pequenas histórias de um espaço interessante para todos os visitantes, especialmente para os mais novos, que se deixam entusiasmar e nunca ficam indiferentes ao porte altivo dos cavalos. FLUVIÁRIO DE MORA Quem sair de Avis rumo a sul, pode seguir na direcção de Mora e, na povoação de Cabeção, vai encontrar o fluviário, onde se recria a vida de um rio desde a nascente até à foz, mostrando, para além dos peixes, batráquios e répteis que o habitam. Não deixa de ser curioso que, tal como acontece no Oceanário de Lisboa, o Fluviário de Mora também exiba um irrequieto casal de lontras que faz as delícias da pequenada. Acrescente-se que estas não são a Amália RESTAURANTE 180 Herdade da Cortesia, Avis, tel. 242 412 050. Com uma excelente vista sobre a herdade e a planície, propõe pratos com base na cozinha regional na interpretação Gustavo Martins. TASCA DO MOUTINHO Rua do Comércio, Avis, tel. 242 412 954. É um local bem conhecido no Alto Alentejo. Apresenta bons pratos de caça, sobretudo aos fins-de-semana. Entre os mais pedidos, destaque para o arroz de lebre ou o galo de cabidela. A PALMEIRA Rua 25 de Abril, 46, Cabeção, 18, tel. 266 447 182. Na aldeia do Cabeção, junto a Mora, este restaurante familiar pratica uma cozinha alentejana esmerada, com pratos e doces feitos no capricho e que já lhe renderam vários prémios. COMO IR De Lisboa, seguir o IP1 até à saída 4 e tomar a direcção de Arraiolos na N4. Perto de Arraiolos, seguir a N370 até Avis. Do norte, seguir pela A23/IP6 até Abrantes e, no Rossio ao Sul do Tejo, tomar a N2 para Ponte de Sor. Depois de atravessar a vila, seguir a N244 e N370, seguindo as indicações de Avis. e o Eusébio, mas sim a Mariza e o Ronaldo... A aldeia de Cabeção é uma terra que cultiva a tradição da comida alentejana em restaurantes simples e familiares, como o restaurante A Palmeira, na Rua 25 de Abril, onde a aparência humilde nada tem a ver com os esmero da cozinha ou da doçaria tradicionais. ABRIL/JUNHO 2011 51 MUNDO médis NAMASTE SAÚDE AO PODER DO IOGA Cão invertido, lótus, cobra, guerreiro, saudação ao sol. Enquanto o corpo descobre novas formas, o espírito recebe uma energia de harmonia. O segredo chama-se ioga. A origem do ioga reporta directamente a escrituras hindus, enquanto filosofia de vida holística que procura o equilíbrio de corpo, mente e espírito. Já a sua prática, talvez uma das maiores exportações da cultura indiana, julga-se ter cerca de cinco mil anos, embora só no último século tenha alcançado maior popularidade no Ocidente. Ainda assim, e considerando a consistência com que tem encontrado o seu lugar em ginásios, estúdios, spas ou espaços de terapias complementares, dificilmente pode ser chamado de tendência passageira. O ioga assenta numa combinação de exercícios, posturas corporais (ásanas) meditação (samádhi) e respiração (pránáyáma). É uma filosofia corporal destinada a acalmar o estado emocional e cognitivo, a criar harmonia e a promover o desenvolvimento do ser humano. Cada praticante é convidado a levar a filosofia do ioga para fora da aula: manter o pensamento positivo, fazer uma alimentação equilibrada (tendencialmente vegetariana), eliminar o consumo de álcool ou tabaco. Apesar de existirem campeonatos de ioga na Índia, os escritos iniciais rejei52 ABRIL/JUNHO 2011 tam a competição (ver caixa Ioga nos Jogos Olímpicos) e medem o verdadeiro progresso de um praticante pelo grau de consciência, harmonia e domínio do diálogo corpo/mente. A saúde e um corpo mais ágil e tonificado são (agradáveis) efeitos secundários. Entre movimentos simples e posturas mais exigentes, existem cerca de oitenta ásanas que podem executar-se em pé, sentado, ajoelhado ou deitado no chão. Pensa-se que estes sejam apenas uma pequena parte de todos os ásanas conhecidos (que alguns números apontam para 840 mil!). SEM CONTRA-INDICAÇÕES O treino é exigente, implica esforço físico e disponibilidade mental, mas a prática permite que cada um, independentemente da condição física, evolua, respeitando as capacidades e os limites do corpo. Certo é que, independentemente do nível de ioga, o corpo fica a ganhar em termos de flexibilidade, equilíbrio, coordenação, força e postura. Os ásanas promovem o alongamento e a elasticidade dos músculos e tendões, ajudando a libertar o ácido láctico acumulado responsável por rigidez, tensão, dor e cansaço. São efeitos que beneficiam não IOGA NOS JOGOS OLÍMPICOS De um lado, os que defendem que o ioga é uma prova de resistência, força, concentração e grande destreza física – todos os ingredientes de um desporto olímpico. Do outro, os que acreditam que competição e ioga são termos contraditórios e que a prática deve ser reservada a locais próprios, os áshrama. O reconhecimento do ioga como modalidade olímpica é um tema controverso que opõe os praticantes mais tradicionalistas a escolas mais tolerantes. Desfecho marcado para 2012: será em Londres que os primeiros yogis vão subir ao pódio? TIPOS DE IOGA SWÁSTHYA só os músculos, mas também os tecidos moles do corpo e que não demoram muito a evidenciar-se. Um estudo registou uma melhoria de flexibilidade em cerca de 35% após oito semanas de ioga, com destaque para a zona do tronco e dos ombros. O acréscimo de flexibilidade verifica-se também na amplitude de movimento das articulações. A força e a tonicidade muscular são outros dos benefícios evidentes da pratica do ioga, quer dos estilos mais vigorosos, como ashtanga e power yoga, quer dos que se centram mais no alinhamento do que no movimento. Algumas das posturas em pé são excelentes exercícios de fortalecimento dos músculos abdominais mais profundos, dos quadricípites e isquiotibiais. É este trabalho muscular que vai conferir melhor postura e suporte da coluna. Técnicas respiratórias profundas e relaxantes ajudam a desenvolver a função pulmonar e a capacidade aeróbia. Os benefícios são variados e resultam de um treino simultaneamente vigoroso e relaxante. No ioga, uma das maiores conquistas é aprender a relaxar em tensão. BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE Com a prática correcta das técnicas respiratórias e das posturas, fazer ioga estimula o sistema nervoso, torna os músculos e as articulações flexíveis e promove o relaxamento do corpo e da mente. A combinação dos exercícios e da respiração promove também o abastecimento de oxigénio e de sangue, que contribuem para uma boa circulação. Apesar de todas as alegações, o ioga só recentemente começou a acumular evidência científica dos seus efeitos na saúde. Os resultados foram de tal forma prometedores que, do laboratório para a prática clínica, demorou pouco para que a Base do método DeRose, é uma modalidade extremamente técnica, conhecida pela execução das ásanas de forma fluida, quase como coreografias. ASHTANGA Estilo exigente e atlético, marcado pela sincronização da respiração com séries de posturas progressivas e contínuas, e a produção de intenso calor, num processo que pretende ser de purificação. IYENGAR Estilo que prolonga a duração dos ásanas e que recorre a equipamentos (almofadas, cobertores, cordas) para facilitar a prática a pessoas com maiores dificuldades de movimento, como idosos ou doentes. KUNDALINI Prática vocacionada para o “acordar” da energia na base da coluna. Para além dos ásanas, o kundalini envolve cantos, meditação e um grande enfoque na respiração. HATHA Menos exigente, é uma técnica de ioga indicada para qualquer faixa etária. Difere dos outros tipos de ioga porque se desenvolve de forma suave, não havendo lugar à acumulação de ácido láctico. ABRIL/JUNHO 2011 53 MUNDO médis modalidade adquirisse estatuto de terapia Angeles, o Centro de Prevenção e que previne ou ajuda a tratar doenças. Reabilitação Cardíaca oferece ioga e Em Novembro de 2010, um estudo publica- outras terapias com resultados positivos do na revista Pain revelou os efeitos positi- comprovados ao nível da pressão arterial, vos do ioga em doentes com fibromialgia. da função cardiovascular e dos níveis de Duas horas semacolesterol. As pránais mostraram ticas muito devem reduzir sintomas a Dean Ornish, como dor, fadiga e médico norte-amerigidez em cerca de ricano que se de30% dos indivíduos. dicou ao estudo Os cientistas acredida importância do tam que o efeito se estilo de vida no A Médis tem um acordo com deve à alteração controlo da doena Associação Lusa do Yoga (Av. 5 das respostas do ça da artéria corode Outubro, 70, Gal. Esq., em Lisboa) sistema nervoso nária. Ornish, que no âmbito da Rede de Bem-estar. central aos sinais de integrou a lista A associação conta actualmente dor. Os mesmo Time 100 na área com trinta centros de ioga a nível resultados já tinham da Medicina Intenacional. O cliente Médis usufrui sido obtidos em grada e foi eleito de um desconto de vinte euros 2007 e, mais recenuma das cinquenta na taxa de inscrição e a baixa de dois temente, com a prápessoas mais influescalões na mensalidade. tica de tai chi (ver entes da sua geraAproveite mais esta vantagem caixa). ção pela Life Mado seu cartão Médis... gazine, é um dos IOGA… PELO autores do estudo que, em 1990, SEU CORAÇÃO Em vários hospitais dos Estados Unidos, o estabeleceu a relação entre a prática de ioga faz parte do processo de recupera- ioga e de uma dieta vegetariana na ção de doentes cardíacos. Como no New regressão da aterosclerose coronária. Do York Presbyterian, onde, após qualquer estudo, nasceu um programa pioneiro operação ao coração, os doentes rece- que oferece uma alternativa à cirurgia bem massagens e aulas de ioga. No para doentes coronários e no qual o ioga Centro Médico Cedars Sinai, em Los é um componente principal. Vantagens do Cartão Médis Ioga para… INSÓNIAS As terapias holísticas têm apresentado bons resultados no tratamento da insónia. Acupressão, tai chi e meditação são alguns dos programas mais referenciados em investigações recentes. No caso do ioga, em diversos indicadores da qualidade do sono (mais tempo e maior eficiência de sono, menor número de interrupções) na população geral e particularmente nos idosos. ALIVIAR A ASMA A prática de alguns exercícios de respiração (pránáyáma) por pacientes com asma brônquica conduziu a melhorias significativas de sintomas em apenas doze semanas, conclui um estudo apresentado em 2009 no International Journal of Yoga. Uma rotina continuada de ioga ajuda a aliviar e a controlar os sintomas de asma. COMBATER A INFERTILIDADE Em Março, a Associação Nacional de Infertilidade norte-americana promove um seminário on-line gratuito sobre o tema “Ioga e Infertilidade”. O tópico está a ser alvo de intensa investigação, embora nenhum estudo tenha comprovado o efeito directo da prática do ioga no aumento da fertilidade. Os resultados positivos podem dever-se ao poder de relaxamento e ao controlo da ansiedade. MELHORAR A VIDA SEXUAL Marjarasana, trikonasana e pavanmukatasana são algumas dos ásanas identificados pelo Journal of Sexual Medicine como potenciadores de uma melhor sexualidade. No estudo, a prática do ioga conduziu ao aumento do desejo e a uma maior satisfação no orgasmo. Alguns dos exercícios intervêm no fortalecimento do músculo pélvico e no aumento do afluxo de sangue aos genitais. O ioga do riso propõe sessões de riso em grupo conjugadas com exercícios de ioga. O que começou na Índia em 1995 evoluiu para uma técnica apurada, desenvolvida por Madan Kataria, com base em trabalhos científicos sobre os benefícios do riso no corpo e na mente. Até no ioga mais “simples”, os praticantes podem contar com a libertação da endorfina e com o aumento da produção de neurotransmissores para combater episódios de depressão e melhorar o humor. 54 ABRIL/JUNHO 2011 Fotografia: Getty Images ULTRAPASSAR A DEPRESSÃO UMA SOLUÇÃO CHAMADA TAI CHI Começou por ser uma arte marcial com berço na China. A pouco e pouco, foi entrando nos ginásios do Ocidente e passou a constar no calendário de modalidades desportivas. Os técnicos de saúde, por sua vez, insistiram em testá-la no laboratório e, hoje em dia, já faz parte da receita prescrita por muitos médicos e fisioterapeutas. O tai chi chuan, geralmente abreviado como tai chi, consiste na execução de movimentos lentos e graciosos, que acompanham uma respiração profunda e ritmada. Entre os benefícios de saúde associados a esta técnica mind & body (com benefícios para o corpo e mente), os estudos científicos destacam o alívio da dor. Na investigação publicada na conceituada Arthritis Care & Research, a revista da associação norte-americana de Reumatologia, os especialistas contam como as duas sessões por semana de sessenta minutos cada uma, durante doze semanas, reduziram a dor dos pacientes com osteoartrite. São necessários mais testes para confirmar os reais efeitos do tai chi na saúde, mas os que já existem garantem que a técnica que começou por ser de autodefesa é, hoje, essencialmente de saúde, útil no combate à ansiedade e à depressão, aumenta a agilidade e a energia, melhora a qualidade do sono, promove a auto-estima e o bem-estar. A prevenção de quedas, especialmente na meia-idade, está no topo dos benefícios da prática de tai chi. E, em 2008, uma revisão de trabalhos publicados veio acrescentar mais uma boa notícia ao pacote: esta modalidade pode ajudar a baixar a pressão arterial. ABRIL/JUNHO 2011 55 ON THE road Mercedes CLS ACREDITA NA PERFEIÇÃO? É tão difícil acreditar na existência de um automóvel perfeito como apontar defeitos à nova geração do Mercedes CLS... Por Rui Faria A Mercedes (re)inventou os coupés de quatro portas com a primeira geração do CLS, que rapidamente se afirmou como um best-seller. Depois de 170 mil unidades vendidas, a marca de Estugarda lançou a segunda geração, dividindo as opiniões. Há quem já sinta saudadas das linhas fluidas do “velho” CLS e quem aplauda o aspecto dinâmico do novo modelo. Gostos não se discutem... Seja como for, a nova carroçaria, com quase cinco metros de comprimento e 1,88 metros de largura, mantém as suas quatro portas e a imagem coupé. O design frontal é mais agressivo do que a traseira e os grupos ópticos asseguram o aspecto futurista, vincado por 71 LED. Apesar de partilhar a plataforma com os modelos da Classe E, o habitáculo tem uma personalidade assumida pelo desenho do tablier, do painel de instrumentos e da consola central, encimada pelo ecrã a cores, para já não falar na qualidade geral de construção e dos acabamentos, onde se destaca o cuidadoso pesponto dos estofos em couro, naturalmente opcionais, e os elementos em alumínio que marcam o carácter desportivo. O CLS está mais próximo do Classe S do que do Classe E. tenha o apelo do preço (à volta dos 70 mil euros). No entanto, quem procura a imagem e o estilo de um coupé, não deve abrir mão da qualidade dos motores de seis cilindros, o mesmo é dizer dos 350 CDI ou GDI. No nosso país, o 350 CDI de 265 cv é cerca de 1.200 euros mais caro do que o 350 CGI com 306 cv. A opção diesel pode ser mais razoável, mas a gasolina é, naturalmente, muito mais apetecível em termos emocionais. O CLS 350 GDI é capaz de garantir todo o prazer da condução, denotando uma agilidade capaz de surpreender quem olhe para os seus 1.815 kg, embora deva ficar claro que não estamos face a um desportivo puro e duro. O conforto é inquestionável e, ao volante, parece que estamos num tapete voador. A dinâmica melhorou face à da geração anterior, o que atesta a validade do desenvolvimento feito ao nível do chassis, bem patente no desempenho da suspensão, sublimada nas versões com a opção pneumática ou com o pack desportivo (opcional), que reduz a altura ao solo. Mesmo os mais críticos da tradicional grande assistência das direcções da Mercedes, quando comparadas com o clássico sistema de pinhão e cremalheira, têm de render-se à eficácia do sistema electromecânico desenvolvido para o CLS, que garante toda a sensibilidade ao condutor mais agressivo, ao mesmo tempo que assegura a rapidez necessária para quem gosta de desfrutar dos prazeres da condução. Esses também vão apreciar Quem procura a imagem e o estilo de um coupé não deve abrir mão da qualidade de um motor de seis cilindros OS SEIS CILINDROS Na fase de lançamento, o CLS surgiu em Portugal com motores de seis cilindros a gasolina (350 CGI) e diesel (CDI), embora o 250 CDI, com o seu motor turbodiesel de 204 cv de potência, 56 ABRIL/JUNHO 2011 o correcto escalonamento da caixa automática de sete velocidades, que tira todo o partido da potência disponível a baixa rotação e vinca a elasticidade do motor de seis cilindros quando este é solicitado no pára/arranca da cidade ou nas acelerações mais violentas exigidas por uma ultrapassagem em estrada. EQUIPAMENTO COMPLETO Face aos modelos da geração anterior, a oferta de equipamento de série evoluiu bastante. Os faróis biXénon, com função direccional e comutação automática em caso de cruzamento com outro veículo, são excelentes e o assistente activo de faixa de rodagem é capaz de recolocar o CLS na sua via em caso de distracção do condutor, sendo um auxiliar muito importante, tanto mais que é capaz de identificar quando a mudança de faixa é propositada ou é motivada por falta de concentração. Estes são apenas dois exemplos de uma verdadeira panóplia de auxiliares electrónicos de condução e opcionais que a Mercedes propõe aos clientes do CLS. Todos são úteis e tão apetecíveis como o sistema de parqueamento automático, capaz de identificar um espaço (cerca de 6,3 metros) e arrumar o veículo sem a intervenção do condutor. No entanto, e tal como no menu de um bom restaurante, as tentações custam dinheiro. Por isso, o grande defeito que encontramos no novo CLS será a sua tentadora lista de opcionais... MERCEDES CLS 350 CGI MOTOR A GASOLINA Tipo Cilindrada (cc) Potência máxima (cv/rpm) Binário máximo (Nm/rpm) 6 cilindros em V, longitudinal, dianteiro 3498 306/6500 370/3500-5250 PERFORMANCES Velocidade máxima (km/h) 0 a 100 km/h (s) Consumo (l/100 km) Urbano/Extra-urbano/Combinado Emissões de C02 (g/km) 250 (limitado) 6,1 9,5/5,6/7,0 164 DIMENSÕES Comprimento/Largura/Altura (mm) Entre-eixos (mm) Vias frente/trás (mm) Pneus frente Pneus traseiros Peso (kg) Capacidade do depósito (l) Capacidade da bagageira (l) PREÇO (¤) 4996/1881/1406 2874 1596/1624 255/35 ZR 19 285/30 ZR19 1735 59 520 desde 84.100 euros ABRIL/JUNHO 2011 57 ÚLTIMA página O AUTOMÓVEL TEM 125 ANOS O registo da primeira patente de um automóvel foi feito por Karl Benz no Serviço Imperial de Patentes de Berlim em 29 de Janeiro de 1886, o que equivale a dizer que o automóvel está a celebrar 125 anos. É certo que há quem reivindique a paternidade da invenção de um veículo capaz de mover-se por si próprio para Leonardo da Vinci (15 de Abril de 1452 - 2 de Maio de 1519), recordando os seus esboços de um carro de madeira animado pelo movimento de molas; ou quem recorde textos japoneses de 1678 que referem um veículo produzido por um jesuíta belga animado por uma eolípila (cuja origem remonta à Antiguidade Clássica, atribuída a Herão de Alexandria), onde uma bola oca de metal adquire o movimento de rotação quando se enche de água e esta, aquecida, começa a vaporizar-se, fazendo-o deslocar - este veículo terá feito as delícias do Imperador Hang-Hi. 58 ABRIL/JUNHO 2011 Também há quem aponte a origem do automóvel ao Fardier movido a vapor que o engenheiro francês Cugnot realizou em 1769. Esta máquina foi destruída num acidente contra um muro nas vésperas da Revolução Francesa, que levou o autor do projecto ao exílio, adiando a sua evolução. Seja como for, a ideia dos veículos a vapor foi retomada no início do século XIX, em França e em Inglaterra, mas a invenção do motor a gás de Lenoir (1806) e as descobertas ao nível dos motores de combustão interna e do ciclo a quatro tempos apresentadas pelo alemão Otto (1886) ditaram o fim das “chaleiras” a vapor. Viveu-se então um período fértil em inventores e inventos, o registo de patentes sucedia-se, mas é difícil apontar com exactidão o primeiro automóvel. Os franceses reivindicam este feito para Delamarre-Debuteville (1883), enquanto os austríacos contrapõem Siegfried Marcus e os dinamarqueses argumentam com o seu Hammel. Contudo, ninguém é capaz de apresentar um documento como a patente registada por Karl Benz (à direita). Por isso, hoje, a criação do alemão é, historicamente, o primeiro automóvel. Parabéns pelos seus 125 anos. RF EM CON TACTO CO M O SEU T EMPO * Ligue-se em www.tissot.ch TISSOT PRS 516 CRONÓGRAFO a escolha de Tony Parker - basquetebolista profissional IN TOUCH WITH YOUR TIME *