revista

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revista
REVISTA
Semestral | Novembro 2012
N.º
Curiosity já
aterrou em
Marte
4
Ficha Técnica
Editorial
Título: Revista Aeroespacial
Edição: 4
Periodicidade: Semestral
Data Lançamento: 30 de Novembro de 2012
Direcção Editorial: Samuel Franco
Equipa de redação: Ana Macedo, Diogo
Monteiro e Samuel Franco.
Edição gráfica: Samuel Franco
Colaboraram nesta edição: André Leite,
Joaquim Marques, Pedro Albuquerque, Nuno
Silva, João Pedro e João Paquim.
Propriedade: Secção Autónoma Aeronáutica
Aplicada (S3A); Pavilhão da AEIST, Instituto
Superior Técnico, Avenida Rovisco Pais 1049001 Lisboa, Portugal, email:
[email protected], site: http://s3a.ist.utl.pt
Impressão: Cópia Igual
Tiragem: 200
Distribuição gratuita.
E
a revista aeroespacial veio mesmo para
ficar! Cortes aqui, cortes ali, em tempos de crise
tudo vale para justificar alguma falta de apoio
que este núcleo da revista possa ter. Mas não é
isso que nos demove. Crise sempre existiu, e as
perspetivas de melhoras são uma miragem. Mas
isso acaba por nos dar forças acrescidas,
motivação adicional para tentarmos fazer
sempre mais e melhor, mesmo que com menos
recursos. Pode não ser nesta edição, nem mesmo
na próxima, mas no que depender de nós,
faremos de tudo para que este projeto venha a
ter um número de cópias suficiente para que
toda a comunidade aeroespacial consiga receber
a sua revista, para elevarmos o nome da nossa
escola e do nosso curso.
É um projeto elaborado por alunos de
aeroespacial, é verdade, mas o nosso objetivo é
também divulgar e dinamizar atividades em que
outros alunos do IST estejam envolvidos, uma
vez que não importa o curso em causa, mas sim a
motivação, o empenho e o esforço que cada um
coloca nos projetos a que se compromete.
Com o apoio:
MEAer e o IST
04
Estudar no estrangeiro – o
guia
MEAer e o Mundo
17
Sobrevoando o Passado:
Neil Armstrong
20
AeroBuzz
22
Desenvolvimento
Tecnológico: Curiosity
Rover
MEAer Extra Curricular
06
Actividades
extracurriculares – Por
onde começar?
08
Reportagem à Lupa: “FST
– Formula Student”
MEAer na 1ª Pessoa
11
A experiência de um
caloiro 2011/2012
13
Erasmus no Imperial
College, Londres,
Inglaterra
14
Entrevista Alumni
MEAer e Lazer
23
Cartoon e desafios
MEAer e o IST
04
o guia dos programas de mobilidade
Ninguém fica indiferente à palavra Erasmus, quer seja por relato de
experiências de colegas quer seja por ser um objetivo a atingir enquanto estudante.
Nesta 4ª edição da revista fomos até ao NMCI (Núcleo de Mobilidade e Cooperação
Internacional) e recolhemos algumas informações sobre os vários programas de
mobilidade. Fica a conhecer todas as possibilidades!
1
Data de candidatura
A data para concorreres a qualquer
programa de mobilidade é entre fevereiro e
março do ano letivo antecedente à
realização deste.
2
Requisitos
• Só poderás realizar um programa de
mobilidade a partir do 2º ciclo de estudos.
• máximo 15 ECTS em atraso (no acto da
candidatura)
• Média de curso > 13,5 valores
3
Programas de mobilidade
• Erasmus: O aluno realiza um ou dois semestres numa universidade de acolhimento dentro da
união europeia.
• Smile: O aluno realiza um ou dois semestres numa universidade de acolhimento da America
Latina (Chile, Panamá, Colombia, Argentina, México e Brasil)
• Brasil: O aluno realiza um ou dois semestres numa universidade de acolhimento no Brasil.
• Duplo Grau: O aluno realiza um ou dois anos do mestrado numa universidade de acolhimento;
NOTA: No caso de duplo grau, os requisitos de candidatura são diferentes. O aluno terá de ter o 1º ciclo completo (sem
nenhuma cadeira em atraso) e a média exigida geralmente é > 15 valores.
• Erasmus Mundus: O aluno realiza um ou dois anos do mestrado em uma ou duas universidades
de acolhimento, sendo concedido o grau de duplo diploma ou multiplo diploma respetivamente.
Mais
informações
em
http://ec.europa.eu/education/external-relationprogrammes/mundus_en.htm
MEAer e o IST
05
Nº de vagas
4
Nº vagas
País
Escola
02
Bélgica
HAUTE ECOLE DE LA PROVINCE DE LIEGE L.
01
Alemanha
TECHNISCHE UNIVERSITÄT DRESDEN
04
Alemanha
TECHNISCHE UNIVERSITÄT MÜNCHEN
02
Dinamarca
AALBORG UNIVERSITET
05
Espanha
UNIVERSIDAD POLITECNICA DE CATALUÑA-E.
01
Espanha
UNIVERSIDAD POLITECNICA DE MADRID- ETS.
02
Espanha
UNIVERSIDAD DE SEVILLA
02
França
ECOLE NATIONALE SUPERIEURE DE L'AER.
06
Holanda
TECHNISCHE UNIVERSITEIT DELFT
02
Itália
POLITECNICO DI TORINO
02
Itália
UNIVERSITÁ DEGLI STUDI DI PADOVA 'IL BO'
02
UK
IMPERIAL COLLEGE OF SCIENCE, TECHNOLO.
02
03
Bélgica
França
HAUTE
ECOLE ECOLE
NATIONALE
DE LASUPERIEURE
PROVINCE DE
DELIEGE
L'AER.L.
04
Holanda
TECHNISCHE UNIVERSITEIT DELFT
--
São Paulo
ESCOLA POLITECNINCA DA UNI. SÃO PAULO
Brasil
Ambos os programas funcionam entre um a dois semestres, e apesar
de não existir um número fixo de vagas, há sempre um limite de alunos
aceites a mobilidade. O aluno deverá consultar quais as universidades
com planos curriculares semelhantes e submeter a sua candidatura,
posteriormente avaliada pelo coordenador de curso.

Para estas e mais informações deverás consultar com mais detalhe o site do NMCI (Núcleo
de Mobilidade e Cooperação Internacional). Poderás a qualquer momento deslocar-te ao NMCI
localizado no pavilhão central, junto à papelaria, e pedir todas as informações que necessites
sobre os vários programas.
http://nmci.ist.utl.pt/
MEAer Extra Curricular
06
Por onde começar?
Texto Samuel Franco Fotos (sites dos respetivos núcleos)
E porque o percurso académico vai muito mais além das cadeiras ao longo dos
cinco anos de curso, é igualmente importante complementar o nosso currículo com
outro tipo de valências que só se adquirem com novas experiências, trabalho de
equipa, motivação e empenho! Aqui fica apenas um ponto de partida por onde
poderás começar (ou continuar) o teu percurso.
• Núcleo: FST – Formula Student
• Objetivo(s): O Formula Student é um
núcleo criado no sentido de participar nas
competições universitárias mundiais de
engenharia, onde o objetivo é projetar,
construir e competir um veículo do tipo
formula
• Projetos/Atividades atuais: Construção
do mais recente protótipo FST 05e que irá
participar em 3 grandes competições em
2013.
• Links:
http://fst.ist.utl.pt/website
|
http://www.facebook.com/projectofst
• Núcleo: BEST Lisboa – Board of European Students of Technology Lisboa
• Objetivo(s): O BEST existe desde 1989 e é a maior rede de estudantes de tecnologia. O BEST
Lisboa pretende através das suas ações aproximar e melhorar as relações entre as suas três
entidades constituintes: alunos, empresas e universidades. Geralmente este estreitamento de
relações acontece por intermédio de educação complementar, apoio à carreira e envolvimento
educacional.
• Projetos/Atividades atuais: Best courses, Inside View – Engenheiro por um dia, Best Training
Days e outras ações de promoção.
• Links: http://www.facebook.com/bestlisboa
07
MEAer Extra Curricular
• Núcleo: S3A – Secção Autónoma de Aeronáutica Aplicada
• Objetivo(s): Fomentar o desenvolvimento de competências
técnicas e práticas no âmbito da construção e projeto aeronáutico,
servindo de aplicação e complemento aos conhecimentos teóricos
curriculares.
• Projetos/Atividades atuais: Workshop de aeromodelismo, Air
Cargo Challenge 2013, Balão de Arquitetura, Asas DEM, Lusitânia,
Revista Aeroespacial e outras formações.
• Links:
http://s3a.ist.utl.pt/
|
http://www.facebook.com/pages/S3A/243751345732169
• Núcleo: APAE – Associação Portuguesa de Aeronáutica e
Espaço
• Objetivo(s): Promover e divulgar atividades na área da
aeronáutica e do espaço, realizar projetos de engenharia e
representar os alunos de Engenharia Aeroespacial no
exterior.
• Projetos/Atividades atuais: Workshops de arduínos e
rockets, Semana Aeroespacial e reuniões anuais da
EUROAVIA.
• Links: http://www.apae.org.pt/home/
• Núcleo: Junitec – Júnior Empresas do Instituto Superior Técnico
• Objetivo(s): Desenvolver projetos inovadores na área de engenharia, dinamizar a partilha de
conhecimentos entre professores e alunos, participar em prémios e concursos que prestigiem a
Junitec e o IST, criar uma comunidade de jovens empreendedores que vejam a Junitec como um
passo intermédio à criação do seu próprio negócio bem como prestar serviços a empresas.
• Projetos/Atividades atuais: Impressora 3D, informatização de um bairro histórico, painéis
fotovoltaicos, reabilitação, automação e robótica, future waitress e bolsa de resíduos e serviços.
• Links: http://junitec.ist.utl.pt/ | http://www.facebook.com/JunitecIST
MEAer Extra Curricular
08
Reportagem À Lupa:
Nesta edição da revista aeroespacial fomos falar com o responsável do Projeto
FST Novabase (Formula Student), João Pedro, que lidera a equipa vencedora de
Classe 2 da FSUK 2012, a competição internacional de Formula Student, que se
realizou no circuito de F1 de Silverstone, em Inglaterra, no passado mês de julho.
R: João Pedro, muito obrigado por teres aceite o
nosso convite, e antes de mais parabéns pelo
grande resultado alcançado em Inglaterra este
verão. Comecemos então pelo fim: como foi esta
experiência
a
nível
internacional? Explica-nos em que consistiu
esta fase do concurso em
Inglaterra.
João
Pedro:
Esta
experiência internacional
foi, acima de tudo,
enriquecedora.
Na
competição
estivemos
com mais 123 equipas de
outros países e pudemos
não só competir com os
melhores, como
aprender e trocar ideias. No que toca a Classe 2, a
classe que nós vencemos com o projeto do novo
protótipo, o FST 05e, consistiu em 3 provas
estáticas: o Design Engineering, prova onde
explicamos todas as peças do carro e o raciocínio
que levou a conceção destas e do carro em si; o
Cost & Sustainability Event onde se avaliam os
custos da produção de mil unidades do protótipo
e a sua pegada ecológica e finalmente a
Business Plan Presentation, onde temos de criar
um plano de negócios para venda do protótipo e
apresentá-lo a possíveis investidores.
R: Foi a tua primeira experiência como líder de
um projeto desta envergadura? Como foi
organizar e coordenar este grupo de colegas?
João Pedro: Sim, esta foi e está a ser a minha
1ª experiência como
líder de uma equipa
desta envergadura. Penso
que é importante realçar
que, liderar este grupo de
pessoas e levar este
projeto a bom porto está
a ser o desafio mais
exigente e ousado que
alguma vez enfrentei
em toda a minha vida.
Todos os dias, aprendo
coisas novas, não só com
os meus colegas mas
também com os nossos Patrocinadores, com a
competição, com as outras equipas e com tudo o
que rodeia o projeto, até com a comunicação
social! Hoje em dia, todos nós na Equipa, sentimonos cada vez mais capazes de integrar um
mercado de trabalho global e com exigências
novas todos os dias.
R:
Agora
desmistificando
um
pouco
o Projeto FST Novabase, explica-nos em que
consiste este projeto, em quantos departamentos
se
divide
e
quantos
colaboradores
estão atualmente envolvidos.
09
MEAer Extra Curricular
João Pedro: A Equipa Formula Student do IST,
o Projeto FST Novabase, está dividida em
duas sub-equipas, uma técnica e uma de
marketing. Na equipa técnica existem 5 áreas:
Aerodinâmica
e
Refrigeração,
Chassis, Eletrónica e Propulsão, Suspensão e,
Transmissão e Travões. Neste momento a equipa
é composta por 24 pessoas, sendo que todos
somos alunos dos cursos de Engenharia
Mecânica,
Aeroespacial,
Eletrotecnia
e
Computadores e Informática.
R: A primeira fase da competição ocorreu agora
em julho de 2012. Mas há quanto tempo estão
vocês a preparar este modelo?
João Pedro: O FST 05e está a ser preparado há
cerca
de
um
ano.
Aproveitámos
o
ano transato para crescermos: aprendemos o que
é verdadeiramente trabalhar em equipa, e
também
crescemos
enquanto
futuros
engenheiros. Aprendemos muitas coisas novas, e
utilizamos o ano para testar vários materiais e
soluções ambiciosas, de forma a reduzir o risco
de testar estas soluções pela primeira vez no
carro final. Como exemplo, construímos o
primeiro chassis monocoque alguma vez feito em
Portugal, construímos engrenagens, testámos
diversos tipos de materiais, colas, entre muitas
outras coisas. Em resumo, foi um ano muito rico!
R: E desde o início deste projeto, quais foram os
principais obstáculos encontrados?
João Pedro: À partida os principais obstáculos
no nosso projeto e na minha modesta opinião,
em qualquer outro projeto são: ter o dinheiro, o
know-how e os recursos humanos necessários
para o levar a cabo. O know-how conseguiu-se
adquirir com uma incessante busca de
conhecimento, benchmarking de outras equipas e
troca e consolidação de ideias entre nós. Quanto
aos recursos humanos necessários, estou
completamente confiante na minha Equipa, pois
ao longo do ano formamos uma Equipa coesa,
onde todas as pessoas sabem o seu papel
e veem que o seu esforço não é em vão, pois
ganhamos a competição e vamos construir o carro
de competição português mais leve e tecnológico
de sempre. Em termos de dinheiro, é sempre um
problema, pois no nosso país devido à
conjuntura atual é extremamente difícil arranjar
empresas que queiram patrocinar projetos,
mesmo que sejam tão ambiciosos e interessantes
como o nosso é. Contudo, quero deixar aqui
também uma mensagem de esperança, pois não
ter dinheiro não é só um problema, é também
uma excelente oportunidade, para repensarmos o
que fazemos e sermos inovadores. Assim somos
obrigados a pensar noutras formas de
financiamento sejam estas diretas ou indiretas.
Deixo aqui, a título de exemplo, que 20 % do
nosso financiamento já provém de Patrocinadores
estrangeiros, os quais nós fomos “obrigados” a
arranjar
devido
à
conjuntura
económica
portuguesa,
e
nosso
grande objetivo de nos tornarmos numa equipa
de Classe Mundial.
R: E têm tido alguns apoios exteriores? E a nível
IST, têm tido apoio de professores?
João Pedro: Apesar da conjuntura atual da
economia portuguesa, nós temos lutado bastante
para manter os nossos Patrocinadores satisfeitos
e arranjar novos colaboradores para o
nosso projeto. Neste momento, contamos com
cerca de 60 Patrocinadores e sem eles nada disto
MEAer Extra Curricular
seria possível! No IST, contamos com a ajuda de
quem nos quer ajudar e ajudamos quem precisa
da nossa ajuda. É a nossa universidade e temos
muito orgulho nela!
R: Sei que neste momento o grupo FST está com
muito trabalho. Quais são os principais
objetivos
e
próximos
passos?
João Pedro: O nosso grande objetivo neste
momento é a construção do novo protótipo,
o
FST
05e.
Este pretende ser o carro de competição
português mais tecnológico de sempre e terá
como
principais
inovações:
um
chassis monocoque em fibra de carbono,
suspensão em fibra de carbono, jantes integrais
em fibra de carbono assim como um
diferencial eletrónico. No próximo ano, o FST 05e
irá participar em três competições, a FS Austria, a
FSE Germany e FS Spain, onde esperamos dar
luta às melhores equipas e com isso, dignificar o
nome do IST e dos nossos patrocinadores.
R: E para aqueles alunos interessados em
ingressar no Projeto FST Novabase, mas que não
sabem bem em que departamento nem por onde
começar, que conselho gostarias de deixar?
João Pedro: Em primeiro lugar, que não tenham
medo! Não se assustem pela complexidade
do projeto e do que é a conceção e construção de
um carro de raiz, pois na vida tudo se aprende,
desde que haja humildade e vontade para
aprender. Em segundo lugar, aconselho a
acompanharem
o
nosso
Facebook:
www.facebook.com/projectofst
e
website:
www.projectofst.com pois dentro de algumas
10
semanas, iremos fazer uma sessão de
recrutamento, onde terão a oportunidade de ficar
a conhecer o nosso projeto em mais detalhe e
poderão colocar todas as dúvidas que tenham
sobre o Projeto.
11
MEAer na 1ª Pessoa
A experiência de um
Texto João Paquim Fotos facebook.com (pag. caloiros 2011/2012)
Fui abordado pelo Samuel através do
facebook em relação a este artigo há umas
semanas, quando estava a regressar de férias.
Hesitei durante algum tempo se o haveria ou não
de escrever, mas depois concluí: “Porque não?”.
Sempre seria uma oportunidade de reviver e
refletir sobre o último ano, e simultaneamente
começar a preparar-me mentalmente para os
próximos que virão.
Assim, espero que este relato da minha
experiência enquanto caloiro de Aeroespacial
seja útil não só para os caloiros deste ano, mas
também para quaisquer futuros caloiros que por
sorte se deparem com esta edição da revista e
tenham paciência para ler as linhas que se
seguem.
O
meu
interesse
pela
Engenharia
Aeroespacial surgiu há bastante tempo. Ao longo
da minha infância, várias vezes me perguntaram
“O que queres ser quando fores grande?”.
Naturalmente, a resposta ia-se alterando
consoante o alvo do meu interesse na altura. Mas
entre as várias que fui dando ao longo do tempo,
uma de que me lembro bastante bem foi
“Engenheiro de aviões de papel”! Estava numa
fase (de várias) em que o meu principal interesse
era o Origami, e em particular os aviões de papel.
Maravilhava-me a ideia de que
uma folha de papel, quando dobrada meia dúzia
de vezes, se tornava num pequeno planador, em
tudo semelhante aos aviões que via a passar no
céu.
A decisão de ingressar no curso tomei-a na
semana anterior ao fim do prazo de entrega da
candidatura. Há bastante tempo que tinha
decidido que queria ir para uma Engenharia no
Técnico, mas passei grande parte dos meses
anteriores à candidatura a investigar os planos
curriculares dos vários cursos, a ler e a perguntar
coisas no fórum do exames.org e no aeroforum,
até que finalmente tomei a decisão.
A nível de ambiente, gostei do IST logo desde
início. Já conhecia algumas das instalações e
pessoas devido ao contato que fui tendo com o
Técnico ao longo da vida
Tive uma ótima experiência enquanto caloiro.
Logo no dia das inscrições fiquei com boa
impressão do pessoal do curso, tanto dos caloiros
como do pessoal mais velho. Tentei participar o
máximo possível nas praxes e nas festas durante a
primeira semana, e achei que foi uma experiência
não só bastante divertida como extremamente
útil. Algumas das atividades eram pedagógicas só
por si, ajudando a conhecer os vários pavilhões do
técnico e inclusive alguns dos focos turísticos de
Lisboa. Mas também as
MEAer na 1ª Pessoa
12
aaaa
conversas mais informais com os veteranos e os
conselhos que nos iam dando se revelaram úteis
e acertados.
Estou a gostar bastante do curso, tem
correspondido às minhas expetativas tanto no
que toca a conteúdos leccionados como a nível de
dificuldade. A adaptação ao ritmo da
universidade não me custou muito, pareceu-me
uma continuação lógica do secundário e o facto
de me interessar bastante por alguns dos
assuntos também ajudou. As cadeiras que me
deram mais trabalho no 1o semestre foram
Programação e Desenho e Modelação Geométrica
I, devido a terem fortes componentes práticas e
projetos finais. Em termos de carga de trabalho, o
2o semestre pareceu-me substancialmente mais
leve, tanto que aproveitei para fazer uma cadeira
a mais, Probabilidade e Estatística e mantive o
meu desempenho.
Penso que seja pertinente referir alguns
recursos que me ajudaram bastante nalgumas
cadeiras. Várias universidades têm disponíveis
conteúdos online que podem ser bastante úteis.
No iTunes U podem encontrar uma enorme
coleção de vídeos de aulas e palestras. Também
no site de cada universidade podem encontrar
outras coisas. Por exemplo, no site do MIT,
ocw.mit.edu, disponibilizam coletâneas de
exercícios, vídeos de aulas práticas, aplicações
para explorar e demonstrar certos conceitos, etc.
E, por último, aproveitem aquilo que o
próprio Técnico vos disponibiliza, tanto a nível de
recursos mais orientados para o estudo, como
sejam as várias salas de estudo, salas de
computadores, bibliotecas, licenças de software,
horários de dúvidas; como a nível de eventos mais
sociais, como o arraial, os churrascos dos vários
cursos, festas várias, etc., que ajudam a quebrar a
monotonia e aliviar o stress da vida estudantil.
13
MEAer na 1ª Pessoa
Erasmus no Imperial College,
Texto André Leite Foto http://www.home-london.net/londons-calling
Desde de que comecei o curso de
Aeroespacial, um dos objetivos que sempre tive
em mente passava pela realização de pelo menos
um semestre fora de Portugal. Assim, durante o
terceiro ano, candidatei-me para ERASMUS. O
local escolhido foi Londres, Reino Unido, e a
faculdade o Imperial College of Science,
Technology and Medicine. O ERASMUS teve a
duração de seis meses e iniciei-o em setembro de
2011.
Posso desde já começar por afirmar que é,
sem dúvida, uma experiência incrível e que fica
marcada nas nossas vidas. Por isso, sem dúvida
que aconselho a quem tenha motivação e
possibilidades e queira viver diferentes
experiências.
Relativamente ao trabalho que desenvolvi em
Londres foi completamente diferente daquilo a
que estava habituado no IST dado que estive
envolvido num projeto. E, apesar de ter alguma
falta de conhecimento por ter ido no início do
quarto ano, faltando-me por isso algumas
cadeiras importantes do curso, foi possível
desenvolver um trabalho de qualidade. Devo
dizer que o trabalho que tive não foi pouco!
Os projetos que os alunos de ERASMUS do IST no
Imperial têm desenvolvido, fazem parte, na
maioria dos casos, de um projeto maior de
doutoramento. Assim, quando chegas escolhes
um dos projetos disponíveis dentro de áreas que
estejam
a
ser
investigadas
e
trabalhas diretamente com um ou mais alunos de
doutoramento. É também nomeado um
orientador que, falando por mim, me deu um
apoio impressionante ao longo da minha estadia.
Sendo que, habitualmente se trabalha com
alunos de doutoramento, acabamos por conhecer
e conviver maioritariamente com pessoas
ligeiramente mais velhas. No entanto, posso dizer
que as pessoas eram na sua maioria muito
simpáticas e de várias nacionalidades, ingleses,
portugueses, espanhóis, italianos, alemães,
polacos, tailandeses. Obviamente que os
portugueses tiveram um papel preponderante na
minha adaptação.
Falando acerca da vida social em Londres
acho que não é preciso dizer muita coisa. Londres
é Londres e é provavelmente uma das cidades
mais emblemáticas da Europa e na qual há
sempre algo para se fazer. As pessoas têm como
tradição de pelo menos uma vez por semana, à
sexta-feira, juntarem-se com os colegas de
trabalho nos pubs para conviver. Com os
estudantes acontece exatamente o mesmo. Faz
parte da tradição. Normalmente as sextas-feiras
começavam por volta das 18/19 horas num dos
pubs à volta do Imperial. O resto da noite
pertencia ao destino. Discotecas ou programas
alternativos não faltam. Uma das coisas
mais espetaculares era que uma vez por mês (por
vezes mais), alguns dos mais emblemáticos
museus
da
cidade, BritishMuseum, Science Museum ou
Victoria & Albert, abriam portas à noite (penso
que das 22h às 2h) e passavam a funcionar como
um bar. Eram servidas bebidas, havia música e até
pistas de dança!
O custo de vida não é propriamente baixo.
Londres é uma cidade cara, e como tal, não é fácil
gastar-se menos de 600£ por mês. Penso que com
700/800£ por mês é possível ter-se uma
qualidade de vida razoável. Na realidade, estes
valores dependem muito do alojamento que se
arranjar. O alojamento, bem como os transportes,
podem ser realmente caros.
Em suma, resta-me mais uma vez dizer que é,
sem dúvida, uma experiência inesquecível tendo
ficado obviamente muitas coisas por dizer.
Certamente que aconselho a quem tenha essa
possibilidade.
A título de curiosidade (talvez um pouco
macabra mas que me surpreendeu), numa das
minhas primeiras idas ao Imperial, quis eu visitar
a torre Queen’s Tower e perguntei ao meu
orientador se era possível. Ele respondeu-me que,
na realidade, a torre, em tempos estava aberta aos
alunos mas que tinha sido fechada já há alguns
anos devido aos suicídios que alguns alunos
cometeram.
MEAer na 1ª Pessoa
14
de um aero 1996
Texto Nuno Silva Fotos Nuno Silva
Entrevistámos o Alumni Nuno Silva que nos contou um pouco do seu motivante
percurso após ter terminado os seus estudos no IST. Aqui fica a entrevista na
íntegra.
R: Nuno, o que destacas dos tempos de estudante
de
Engenharia
Aeroespacial
no
IST?
Nuno: A exigência, os desafios, a camaradagem, o
bom ambiente da turma que ainda hoje existe, a
competitividade saudável, o autoritarismo
desnecessário
de
alguns
departamentos
associado a alguma impunidade, e... o
antigo CIIST nas caves do pavilhão central.
R: Como resumes a tua primeira experiência
profissional logo após teres terminado o curso?
Nuno: Considero a primeira experiência
profissional
o
meu
estágio
na Astrium Space Transportation (na altura
chamada EADS Launch Vehicles) em França nos
arredores de Paris. Aliás, considero que todos
deveriam fazer um estágio antes de terminar a
universidade, mas isso é um outro ponto. Essa
experiência confirmou que o mais importante é
saber pensar. Qualquer cargo apenas utilizará
uma (pequena) parte do que se aprendeu, mas a
um nível mais profundo. Penso que a forma como
a parte inicial dos cursos no IST estão
estruturados é importante para “saber pensar”. O
resto são especializações e essas ajudaram a ser
mais eficiente, sobretudo na fase inicial, mas não
seria impossível com outras especializações.
Concluindo, esse estágio na ferramenta de
análise pós-voo do Ariane 5 foi um sucesso.
R: E desde então, continuas no mesmo posto ou
mudaste de empresa/cargo?
Nuno: Depois do estágio em 2001, fui convidado
a candidatar-me a um lugar na mesma empresa
para
o
GNC
(Guidance, Navigation and Control) do ATV
(Automated Transfer Vehicle) – curiosamente
sou de aeronaves, teoricamente a especialização
“errada”... Apesar de durante mais de 6 anos ter
continuado nesse cargo, o cargo evolui. Depois da
fase de conceção e implementação preliminar
dos algoritmos de voo, fiz e testei o código de voo
desses algoritmos, a que se seguiu a validação em
simuladores numéricos, com o computador de
bordo e finalmente com todo o hardware e
software de voo. Na fase final do projeto contribuí
para as operações no centro de controlo. Depois
do sucesso do ATV (provavelmente o “satélite”
mais complexo alguma vez produzido –
claramente na Europa, pelo menos), mudei de
país e de empresa dentro da Astrium. Em 2008
integrei a Astrium Satellites no Reino Unido nos
arredores de Londres. O cargo é o de responsável
da
mobilidade
do
Rover
europeu
(projeto ExoMars) – GNC mais o sistema de
locomoção.
Devido
aos
problemas
de
financiamento de ExoMars e à minha vontade de
aprender algo diferente, em 2011 tive uma
passagem pelo projeto Solar Orbiter como
responsável da FDIR (Failure Detection, Isolation
and Recovery). Fiz o design preliminar desse
sistema até à PDR. Como ExoMars é o projeto que
desejo fazer, depois dessa passagem por
Solar Orbiter, como a situação financeira
permitiu ExoMars de recomeçar, eu voltei.
Juntamente com esses cargos “principais”, sou
também responsável pelo grupo Astrium de
giroscópios no Reino
MEAer na 1ª Pessoa
15
Unido e em colaboração
responsáveis noutros países.
com os
outros
R: Fala-nos um pouco do trabalho que
desenvolves atualmente.
Nuno: Trabalho em equipa e é impossível de
fazer este tipo de trabalho individualmente. Há
demasiados problemas e demasiado complexos
para uma só pessoa, temos que os distribuir,
confiar nos nossos colegas e ser responsáveis,
nós próprios. Desde que sou responsável do GNC,
o meu trabalho é menos “cálculo” e mais
discussão. Não confundir com trabalho menos
técnico, porque não é esse o caso, é apenas
técnico a um nível diferente. Tenho que decidir
a arquitetura do sistema, quais são os sensores e
os atuadores, supervisionar o desenvolvimento
dos algoritmos para eles serem o mais simples
possível
e
compatíveis
dos
constrangimentos tempo-real e computador de
bordo, etc. Mas juntamente com isso tenho de
gerir os custos, as datas, fazer a interface com o
cliente (ESA) e o chefe de projeto, trabalhar com
os colegas ao meu nível para assegurar que
mecanicamente, eletricamente, etc., tudo é
compatível.
No
passado
trabalhei
muito
com MatLab/Simulink, C/C++, Fortran, cvs, e Ada
(entre outros). Agora utilizo os mesmos (ou
equivalente) mas em muito menor dose. Além de
aplicações como Primavera para o planeamento
e DOORS para exigências, há várias aplicações
para variadíssimas coisas. Evidentemente, Office
e associados faz parte da rotina. Geralmente
trabalhamos em PCs “normais”, mas quando o
teste do SW de voo chega às fases mais
avançados, utilizamos o computador de bordo.
No ATV o processador era um ERC32, para
o Rover é um dual-core Leon2: qualquer um
menos potente que qualquer telemóvel atual...
No Rover também temos “breadboards”,
i.e., Rovers que conduzimos com vários objetivos:
desenvolver e testar os algoritmos, caracterizar a
dinâmica do veículo, etc. Estes testes
são efetuados num terreno que tenta “simular” o
ambiente dinâmico e visual de Marte.
Evidentemente desenvolvemos e utilizamos de
forma extensiva simuladores. A escolha da
linguagem para os simuladores depende
dos projetos e da reutilização que se possa fazer.
Mas geralmente são em C/C++ ,MatLab/Simulink,
ou Fortran.
R: Agora já no mercado de trabalho e olhando
para o teu percurso académico, quão importante
foram os ensinamentos que adquiriste enquanto
estudante
de
Aeroespacial
no
IST?
Nuno: De facto, o importante é saber pensar.
Enquanto estudante de Aeroespacial no IST,
aprendi a resolver problemas, a ser metódico e
pragmático. Considero as Análises Matemáticas,
as
Aerodinâmicas
ou
outras
unidades
curriculares, aplicações dessa capacidade de
resolver problemas. Depois, ser conhecedor na
área em que se trabalha, é evidentemente uma
grande vantagem, mas provavelmente não a
essencial. Creio que o IST tem uma fraca ligação
ao tecido industrial/empresarial, mas é um
defeito genérico em Portugal. Em França, onde
acabei o curso, a ligação é muito mais forte e
saudável: as “faculdades de engenharia” obrigam
os alunos a pelo menos 4 meses de estágio no
final com classificação; a indústria está
extremamente interessada em ter estagiários,
porque é a melhor forma de empregar alguém conhecimento muito superior ao que se pode ter
em entrevistas. De facto é trabalho qualificado
barato, mas é remunerado!
Confesso que um dos meus defeitos foram
as atividades extra-curriculares enquanto no IST praticamente inexistentes . No entanto, antes e
depois do IST, retomei e são uma parte
fundamental da minha saúde mental. Recomendo
imenso praticar desporto - sou um grande adepto
de andebol. Depois, longas viagens ao “fim do
mundo”, backpacking, teatro, música e
MEAer na 1ª Pessoa
e cinema são um complemento essencial.
R: Que conselhos darias aos atuais estudantes de
engenharia aeroespacial para se prepararem
para o mercado de trabalho e terem uma carreira
de sucesso?
Nuno: Fazer pelo menos 1 estágio profissional de
pelo menos 4 meses (considero 6 meses mais
interessante), numa empresa da área em que
desejam trabalhar. Na pior das hipóteses
aprendem que não é isso que querem fazer, mas
isso já é uma conclusão extremamente
importante! Na melhor das hipóteses, tudo corre
bem
e
são
convidados
a
ficar.
Interpretar o IST como um “jogo”: as unidades
curriculares são problemas para resolver e
servem para treinar a nossa mente. Têm a
vantagem de serem “jogos” que gostamos porque
é nesta área que queremos trabalhar.
Evidentemente o objetivo é ganhar o jogo o mais
rápido possível! Compreender que se está
sempre a aprender. O IST é apenas uma etapa
dessa formação, não marca nem o início, nem o
final.
Não pensar (em excesso) porque se fez opção
A ou opção B, estamos condenados a essa área. É
por vezes bastante interessante
16
ter pessoas de outra formação, porque olham
para os problemas de forma diferente, o que
ajuda à sua resolução. Depois de várias décadas
na mesma área começa a ser mais difícil, mas
mesmo assim não impossível. À saída da
universidade é (sempre) muito cedo para
estarmos “condenados” a alguma coisa!
Complementar com algumas atividades extracurriculares. Não é preciso ser doido e exagerar,
mas é preciso outra vida para além do IST.
Aprender/Saber fazer entrevistas. Não ter
complexos, sejam eles de inferioridade ou de
superioridade. Saber valorizar-se sem faltar à
verdade: as empresas gostam de perceber a
experiência das pessoas, sejam elas em ambiente
profissional ou projetos académicos. É preciso
perceber que não somos apenas nós que nos
estamos a tentar vender, mas as empresas
também têm de se vender. É normal
e expectável querer saber mais sobre a empresa e
as condições de trabalho, não tenham vergonha
de
perguntar.
Apostar
num
percurso
académico/profissional
em
que
realmente acreditem.
MEAer e o Mundo
17
Sobrevoando o Passado:
O passado dia 25 de agosto de 2012 foi dia de
luto para o mundo da Ciência. Neil Armstrong,
cujo pé esquerdo foi o 1º a marcar o chão lunar, a
20 de julho de 1969, tinha 82 anos quando
faleceu, por complicações resultantes de uma
cirurgia cardiovascular.
Neil Alden Armstrong nasceu a 5
de agosto de 1930, em Ohio, Estados Unidos da
América, estado em que morou, tendo-se
estabelecido em cidades diferentes ao longo da
infância. Aos 5 anos voou pela primeira vez no
Ford Trimotor do pai e aos 15 tinha já garantido
um Certificado de Voo, tendo obtido o brevet um
ano mais tarde. Enquanto jovem, as aventuras de
Neil passavam-se no Escotismo, que o terá
marcado bastante, não teria ele levado consigo o
símbolo universal do Escotismo, a Flor-de-Lis,
para a Lua. Teve filhos apenas do primeiro
casamento, um dos quais faleceu aos 3 anos de
idade devido à sua debilidade resultante de um
tumor.
A vida de Armstrong esteve desde sempre
direcionada para o mundo aeronáutico, afinal o
que realmente o fascinava. Desde os tempos de
estudante que se via como um designer de
aeronaves. Tinha sido aceite no MIT –
Massachusetts Institute of Technology, mas
acabou por ficar a estudar em Indiana, onde se
licenciou em Engenharia Aeronáutica e mais
tarde na Califórnia, obtendo o grau de Mestre em
Engenharia Aeroespacial.
Começou por trabalhar na Marinha dos EUA,
como piloto de caças, marcando presença na
Guerra da Coreia (1950-1953), em mais de 78
missões, tendo recebido a Medalha do Ar após as
primeiras 20, a Estrela de Ouro e por fim a
Medalha de Serviço Coreano. Chegou a
Washington D.C. em 1955, quando NASA era
NACA..(National Advisory Committee for Aerona
utics), passando a servir como engenheiro e
piloto de testes na atual Glenn Research Center e
obteve o estatuto de astronauta após 7 anos.
Enquanto empregado na NASA, pilotou mais
de 200 modelos de aeronave, que incluíam o avião
a jato Bell X-1B, foguetões, helicópteros e
planadores Paresev, e comandou voos de teste de
alta velocidade, como é exemplo o ensaio da
aeronave North American X-15. E para um Eng.
Aeroespacial digno desse título, não podia haver
voos sem haver alguns (muitos) incidentes, como
aconteceu, e.g., em voos experimentais de
Aterragem
de
Emergência
a
bordo
dos LockheedT-33 T-bird ou F-104 Starfighter.
Entre as muitas condecorações recebidas,
contam-se a Medalha Presidencial da Liberdade e
a Medalha de Honra Espacial do Congresso, que
recebeu do presidente dos EUA em 1978. Foi mais
tarde condecorado como Membro de Honra
da AIAA.
Várias foram as pessoas que se cruzaram com
Armstrong ao longo da sua vida, e todas elas
partilham do mesmo sentimento comum: ele era
uma pessoa humilde, levando sempre uma vida
discreta, e com uma dedicação enorme pelo seu
trabalho, de que tanto gostava.
MEAer e o Mundo
Terminada com sucesso a missão Apollo 11,
Armstrong tornou-se o responsável pela
coordenação e gestão dos projetos de
investigação e tecnologia da NASA relacionados
com aeronáutica, e um ano depois deixou a
empresa
norte-americana
para
ensinar
Engenharia Aeroespacial na Universidade
de Cincinnati, Ohio, até 1979, ano em que se
reformou. Posteriormente, Armstrong foi
também
chairman
da
empresa Computing Technologies for Aviation,
Inc.
Programa espacial Norte-Americano –
Como mais-valia para o mundo da Ciência e da
Indústria nos mais variados setores, o programa
Apollo da NASA quebrou algumas barreiras na
Tecnologia em consequência do conhecido
conflito entre os Estados Unidos e a União
Soviética, a Guerra Fria.
18
oportunidade para novo impulso e a Apollo 11
permaneceu numa órbita de transferência, onde
correram as manobras com o módulo de comando
Columbia e os últimos testes no módulo
lunar Eagle. Três dias depois, as manobras de
inserção da nave e os seus
componentes em órbitas lunares proporcionaram
as condições para que após a visita à Lua os dois
módulos pudessem reencontrar-se.
A bordo da nave Apollo iam Armstrong ao
comando,
Edwin
“Buzz”
Aldrin
e
Michael Collins. Este permaneceu em órbita a
bordo do Columbia durante as 21 horas e 36
minutos que Armstrong e Aldrin estiveram a
passear
pela
Lua.
Apesar de saberem que tinham o regresso à
Terra 90% assegurado, as probabilidades de
pousar o Eagle em solo lunar calculavam-se como
sendo apenas de 50%.
Segundo Armstrong, “a
Gemini 8 – foi uma das
“A conquista mais importante da
conquista mais importante
missões de sucesso de
missão
Apollo
foi
demonstrar
que
a
da missão Apollo foi
Armstrong:
o
que
a
projeto Gemini consistia humanidade não estará presa a este demonstrar
humanidade não estará
na realização de testes
planeta para sempre, que até os
presa a este planeta para
com
o
fim
de
sonhos vão mais além disto e as
sempre, que até os sonhos
proporcionar
as
oportunidades
são
ilimitadas.”
vão mais além disto e as
condições
para
o
oportunidades são
projeto Apollo. A vez de
Armstrong entrar em cena chegou dia 16
ilimitadas.”
de março de 1966, com o primeiro Rendezvous: o
A equipa, também formada pelas pessoas na
acoplamento entre dois veículos tripulados no
base de Houston, foi a 1ª a pousar um veículo na
espaço.
Lua e Neil Armstrong tornou-se o 1º homem a
Apollo 11 – um mês antes, a NASA decidiu que
pisar a Lua, o que o tornou tão famoso como o 1º
estava na altura. O objetivo delineado por John F.
homem no espaço, Yuri Gagarin. Este foi, afinal,
Kennedy para o projeto em 1961 era aterrar um
“Um pequeno passo para o homem, um salto
veículo tripulado em solo lunar e regressar à
gigante para a humanidade”.
Terra. Assim foi, após 3 missões de aproximação
A verdade é que atualmente ir à Lua já não é
consideradas bem-sucedidas. Armstrong foi
um bicho de sete cabeças. Apesar de na altura se
escolhido para liderar esta viagem, que durou 8
poder pensar que os conhecimentos não eram
dias, 15 horas, 18 minutos e 30 segundos, por ser
suficientes para uma missão deste nível, os
considerado o único capaz de comandar uma
primeiros minutos do passeio foram filmados. Se
viagem com aquele grau de dificuldade. Quem
esse passeio tivesse sido num dos estúdios de
sairia do módulo lunar uma vez aterrados na Lua
Hollywood o resultado teria sido um filme
não tinha sido planeado.
extremamente bem feito, pouco provável para a
A 16 de julho aconteceu a fase mais
época! Isto devido ao fato de se saber que as
barulhenta: o Saturn V AS-506 foi lançado,
pessoas leigas sabiam perfeitamente que na Lua
colocando a naveApollo numa órbita LEO. Uma
não há atmosfera que se preze e a força da
revolução e meia depois, houve janela de
gravidade é muito mais fraca que na Terra.
19
Portanto, o que é certo é que o governo
Norte-Americano investiu tudo quanto pode para
concretizar este objetivo antes do fim dos anos
70 e conseguiu-o, ultrapassando a rival União
Soviética na conquista espacial. Os louros são
todos para Armstrong e a sua equipa.
E por falar em louros, com a fama vieram
interesses
pouco
ortodoxos.
Entre
as
experiências contam-se episódios como o
barbeiro de longa data de Armstrong que
resolveu vender por 3.000 dólares americanos os
cabelos cortados do astronauta, no website de
vendas E-bay, onde se encontravam artigos por
ele autografados à venda por consideráveis
quantias sem o seu consentimento. Aquando do
trabalho de recolha de rochas na Lua, mal sabia o
astronauta que da Terra o observava quem um
dia havia de ter ideias deste tipo. Mais tarde
chegou o interesse da empresa cinematográfica:
o
filme
de
animação
“Quantumt: A Cassini Space Odyssey” (2010)
conta, entre vozes de atores conhecidos, com a de
Armstrong no papel de Dr. Jack Morrow. Também
Alex Malley, CEO da empresa CPA Austrália,
conseguiu uma entrevista exclusiva com
Armstrong, onde este falou das experiências ao
longo da sua carreira, do Projeto Apollo e da
NASA. Nesta entrevista, que pode ser vista
na webpage da CPA, consegue-se ter
uma perceção acerca de Armstrong: o modo
como lidava com as situações e como as recordou
revelam uma segurança e determinação
inspiradoras para um
MEAer e o Mundo
público jovem. Disse também a certa altura que
continuava a sentir necessidade de dar o seu
testemunho à comunidade científica, através de
palestras.
Muitos se perguntam se o corpo de
Armstrong não devia ter ficado sepultado na Lua.
Era certo que, dado não existir qualquer forma de
vida nas redondezas, o corpo havia de durar
provavelmente o tempo que resta ao Sistema
Solar. Não. As cinzas foram lançadas no Oceano
Atlântico. Ou terá sido desejo do astronauta, ou a
missão de levar a urna cinerária para o espaço
tinha um custo desnecessário. Armstrong terá
pensado nisso: podia ser pedir demasiado que o
levassem para o Mar da Tranquilidade, mas não
aceitava outra hipótese, tinha que acabar no mar
de
qualquer
forma!
Acerca da missão Apollo 11, Buzz diz que ele
e Armstrong se lançaram nesta viagem como,
mais do que colegas, bons amigos. Revela também
que: “Apesar de estarmos mais longe da Terra do
que alguma vez algum ser humano esteve, não
estávamos sozinhos. O mundo inteiro veio
virtualmente connosco naquela viagem histórica”.
Acabo, talvez, com uma curiosidade: a
pequena cratera de alunagem do módulo Eagle foi
batizada com o seu nome, e existe ainda
um asteróide de nome 6469 Armstrong, a juntar
às muitas homenagens que lhe foram feitas.
MEAer e o Mundo
20
Legacy 500
21
MEAer e o Mundo
FAL – Final Assembly Line
MEAer e o Mundo
22
Desenvolvimento Tecnológico:
"Touchdown confirmed. We are safe on Mars.
Time to see where our Curiosity will take us."
Foram estas as palavras proferidas na sala de
controlo do laboratório de Propulsão a Jato da
NASA, quando no passado dia 6 de agosto de
2012 o robô Curiosity aterrou com sucesso em
solo marciano. Esta notícia foi recebida com
grande entusiamo por todos os envolvidos na
missão, revelando a importância científica deste
feito que irá permitir ao mundo desvendar
muitos dos segredos sobre este planeta vizinho.
A missão está planeada para decorrer durante os
próximos dois anos, mas a Curiosity já anda a
fazer as maravilhas do mundo partilhando
imagens de alta resolução e efetuando as suas
primeiras pesquisas.
Este robô, cuja missão está avaliada em cerca
de 2,5 mil milhões de doláres, trata-se de um
autêntico laboratório equipado com alguns
instrumentos da mais avançada tecnologia, entre
eles um braço mecânico que irá permitir fazer
recolha de amostras do solo de Marte. Outros
instrumentos presentes são camâras de alta
resolução, num total de 17, um microscópio,
um espectómetro de Raio-X e ainda dois
equipamentos de analise química, orgânica e
mineral das amostras recolhidas pelo braço
mecânico. Todos estes equipamentos irão ter um
papel
fundamental
na
concretização
dos objetivos definidos para a missão, que
incluem: verificar a existência de vida
microbiológica neste planeta, averiguar a
presença e influência da água ao longo da sua
evolução, investigar o clima e geologia Marciana e
ainda a habitabilidade deste planeta com fim a
futuras missões tripuladas.
Poucas
semanas
antes
do
primeiro contato da Curiosity com a Terra, já em
solo marciano, esta missão ganhou especial
notoriedade devido a um filme divulgado pela
NASA nas redes sociais, intitulado “seven minutes
of terror”. Neste filme eram explicados
e retratados um dos momentos mais desafiantes
de toda a viagem: a aterragem. Trata-se de uma
manobra nunca antes tentada e que foi preparada
ao mais ínfimo pormenor, para que numa
sequência de passos perfeitamente sincronizados
fosse possível colocar o robô em solo. Para além
da aterragem ter sido feita num local totalmente
desconhecido, a cratera de Gale.
Depois de várias antesucessoras que
chegaram
a
Marte
com
sucesso,
a Curiosity promete agora dar resposta a algumas
questões sobre o Planeta Vermelho que intrigam a
comunidade científica há várias décadas. Mais
uma missão que tem tudo para ser um sucesso e
que reforça o estatuto que se atribui à NASA,
como agência líder na exploração espacial.
23
MEAer e Lazer
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