Cidade dos Homens

Transcrição

Cidade dos Homens
du 7 au 27 mai 2008
Cidade dos Homens
de Paulo Morelli
Dossier pédagogique
Réalisé par Dominique Stoenesco
Association Jangada
182, rue du Faubourg Saint-Denis - 75 010 Paris
Tel / Fax : 01 55 26 98 50
[email protected] www.jangada.org
Cidade dos Homens
de Paulo Morelli
Le film Cidade dos Homens est conseillé aux élèves de lycée (enseignement
général, professionnel ou technologique) ayant un bon niveau de compréhension, ainsi
qu’aux élèves de B.T.S. Ce film offre au professeur de portugais, tant sur les plans culturel
et social que sur le plan linguistique, la possibilité de réaliser des travaux oraux et écrits
sur les différents thèmes qu’il aborde : la vie dans la favela, la guerre des gangs, le narcotrafic, la violence, les familles détruites et le manque de repères, mais aussi l’amitié et la
solidarité.
Après un détour réussi par le petit écran, pendant quatre ans, avec la série télévisée
du même nom, les protagonistes de Cidade dos Homens s’offrent un retour sur grand écran.
En effet, la plupart d’entre eux avaient déjà joué dans le film bien connu La Cité de Dieu.
Presque tous les acteurs de ce film sont issus des favelas de Rio de Janeiro (Mangueira,
Vidigal, Rocinha) et ont pu dès leur plus jeune âge s’initier au théâtre ou à la chanson, dans
le cadre d’activités associatives ou sociales. Cidade dos Homens, tout comme La Cité de
Dieu, de Fernando Meirelles et Kátia Lund (sorti en France en 2003), ou encore Histoire d'un
jeune vagabond, titre original : Barra pesada (1977), de Reginaldo Faria, font partie de ces
grands films sociaux brésiliens qui abordent le thème de la favela à Rio.
Fiche technique
- Titre : Cidade dos Homens
- Sortie : 2007 / 35 mm / couleur / 110 min / fiction / vostf
- Mise en scène : Paulo Morelli
- Scénario : Paulo Morelli et Elena Soárez
- Production : 02 Filmes ; Co-production : Globo Filmes et Fox Film
- Producteurs : Andrea B. Ribeiro, Bel Berlinck, Fernando Meirelles et Paulo Morelli
- Musique : Antonio Pinto
- Photographie et caméra : Adriano Goldman
- Acteurs principaux : Darlan Cunha (Laranjinha) et Douglas Silva (Acerola)
Et aussi : Jonathan Haagensen (Madrugadão), Eduardo BR (Nefasto), Rodrigo dos Santos
(Heraldo), Camila Monteiro (Cristiane ou Cris), Naíma Silva (Camila), Luciano Vidigal (Fiel),
Pedro Henrique (Caju) et Vítor e Vinicius Oliveira (Clayton)
- Palmarès : Grand prix Cinema Brasil 2008
Le réalisateur
Paulo Morelli est né à São Paulo en 1956. En 1991 il crée,
avec Fernando Meirelles et Adriana Barata Ribeiro la société de
production 02 Filmes. Avec son court-métrage Lápide (1997) il
obtint plusieurs prix à La Havane, Los Angeles, Rio et São Paulo.
En 2003, il est le lauréat du Prix du jury populaire, au Festival de
Gramado (Brésil), avec son film O Preço da Paz (1999).
L’histoire
Acerola et Laranjinha, deux amis d’enfance qui vivent
dans la favela du Morro da Sinuca (Rio de Janeiro) fêtent
leurs 18 ans et découvrent les difficultés de la vie d’adulte :
tandis qu’Acerola doit élever son fils de deux ans, se faire à
sa paternité précoce et s’habituer à la vie de couple,
Laranjinha, qui tente de gagner sa vie en conduisant une
moto-taxi, décide de partir à la recherche de son propre
père et de découvrir son passé.
Mais la guerre des gangs explose dans la favela :
Madrugadão, chef d’un de ces gangs, perd le contrôle du
narco-trafic au profit de son rival Nefasto.
Ces événements et les découvertes que font Acerola
et Laranjinha au cours de leur quête mettent en péril leur
amitié.
Travaux ou exercices pouvant être réalisés avec les élèves
Avant la projection du film en classe, le professeur gagnera à suivre un plan général
de travail qui peut être le suivant :
- niveau visé et liens avec le programme ;
- possibilités de travailler en pluridisciplinarité ;
- objectifs (civilisation) et pré-requis (maîtrise de l’oral) ;
- choix et travail sur les séquences.
yyy Recherche et élaboration de dossiers sur Rio
Les élèves pourront faire des recherches en bibliothèque ou sur des sites web
brésiliens ou français et présenter des dossiers, en groupes ou individuellement. Cette
démarche nécessite auparavant que le professeur leur donne des indications et des
consignes précises afin d’éviter une « navigation » tous azimuts.
La projection de Cidade dos Homens est une bonne occasion pour découvrir (ou
approfondir) certains aspects de la société brésilienne :
- la ville de Rio de Janeiro et ses environs (utiliser un plan de la ville – voir le site
http://maps.google.fr) et situer les principaux lieux de l’action du film ;
- aperçu historique de Rio et de son peuplement (les Indiens, la tentative
d’installation des Français, l’arrivée des Portugais et la colonisation), l’esclavage ;
- l’urbanisme de la ville, l’éducation, les inégalités sociales.
yyy Travail oral
Lors du travail oral, l’enseignant cherchera surtout à vérifier chez l’élève son niveau
de compréhension des événements racontés dans le film et aussi sa capacité à s’exprimer
sur des problèmes liés au film. Dans Cidade dos Homens le vocabulaire argotique (a gíria)
des favelas de Rio prédomine. Il pourra aussi revoir l’emploi de ”você” et de “tu” au Brésil en
général, et dans la favela en particulier.
L’étude de la bande annonce du film permet également de réaliser un travail sur le
discours continu : titre du film, description et analyse des symboles, description des
personnages et liens entre eux, le sujet du film. Si l’enseignant choisit de travailler sur de
courtes séquences du film, il pourra provoquer des échanges d’informations entre des
groupes d’élèves sous forme de questions-réponses. Puis, quelques élèves pourront
récapituler oralement tout ce qu’ils ont appris sur ces séquences.
yyy Travail écrit
Le travail écrit pourra porter sur la civilisation et sur les personnages du film et il
pourra consister en un devoir à la maison. Ci-dessous, voici quelques propositions de
questions à traiter :
- Identifica brevemente cada um desses personagens : Laranjinha e Acerola.
- Como foi que Laranjinha conseguiu encontrar seu pai?
- Quais são os principais episódios do filme?
- Que visão o filme nos dá da favela e que cenas te impressionaram mais? Porquê?
-
Analisa brevemente as relações entre Acerola e Laranjinha.
Resume, em 8 ou 10 linhas, o filme Cidade dos Homens
Autre exercice possible, à faire en classe ou à la maison : traduire une partie des
interviews ci-dessous. Par ailleurs, ces interviews permettront au professeur d’enrichir sa
phase de préparation de la projection et pourront lui suggérer des idées pour le travail oral
et écrit sur les thèmes abordés dans le film, sur les personnages ou sur les acteurs.
Entrevista com Darlan Cunha (Laranjinha) e Douglas Silva (Acerola)
De onde vocês partiram para a criação dos personagens?
Douglas: Eles gostaram da maneira como a gente fazia. Davam a situação e a gente criava em cima,
davam a idéia do que seria a cena e a gente ia criando, colocando as características dos personagens.
Darlan: Eles abriram espaço pra gente dar mais realidade às cenas, até na direção. A gente contou
muita história, desde as oficinas, em todo o processo, todo mundo tinha história para contar, coisas
da comunidade. Isso tudo foi juntado na série e no filme. A gente falava: isso não funciona assim,
essa frase não se diz assim.
No filme, nenhum dos dois personagens conhece o pai. Na vida real, o mesmo aconteceu
com vocês. Como foi falar disso?
Darlan: Nas comunidades isso é muito comum, geralmente as pessoas têm filhos muito cedo e os
pais não querem assumir a responsabilidade, essa é a nossa história também. Para gente é bem
comum, mas eu sempre senti falta, sempre quis ter pai. E no filme isso foi difícil, mexeu muito comigo
porque no começo das filmagens eu não sabia do paradeiro do meu pai, depois eu descobri que ele
tinha morrido.
Douglas: Quando eu era mais novo não entendia muito essa coisa, mas agora penso: não tenho pai,
mas não é o final do mundo, tem muita gente que tem pai e mãe e perde os dois de repente num
acidente. Então botei na minha vida: vamos pensar que meu pai morreu, é isso e acabou. Então é
normal, soube lidar com isso. Agora, cuidar do Clayton para mim foi super normal, porque sempre
cuidei dos meus irmãos. Minha mãe jogou essa responsabilidade para mim, sou o segundo mais
velho, ela teve cinco filhos, então sempre tive que ajudar a cuidar dos mais novos.
Para vocês, qual é a importância de contar essas histórias?
Darlan: Ajuda a ver mais a necessidade das pessoas que vivem na favela, o dia-a-dia dessas
pessoas, a realidade das favelas. Essa era a primeira idéia do filme, não contar apenas a realidade do
tráfico, das pessoas envolvidas no crime, mas mostrar o cotidiano, porque na favela 90% das pessoas
não estão envolvidas com o crime e acabam pagando o pato disso também. Favelado acaba sendo
tratado tudo igual.
Douglas: Muda também o ponto de vista das pessoas. Desde Cidade de Deus, foi mudando o jeito de
pensar. Tem mais gente negra hoje usando black, assumindo a sua identidade. Antes negão era visto
como ladrão. A sociedade generalizava.
As pessoas se sentem representadas por esses personagens?
Douglas: Com certeza. Cidade de Deus foi o primeiro programa a retratar o que passa na favela e as
pessoas ficam felizes em se ver retratadas ali. Nas comunidades colocavam a TV para fora, todo
mundo saía mais tarde, era tipo Copa do Mundo.
Darlan: E não é só na favela. O namorado da minha sogra, que é personal, tinha várias aulas
desmarcadas na hora da série. Ela atingia várias classes sociais.
Entrevista com Jonathan Haagensen (Madrugadão)
Como surgiu o Madrugadão, seu personagem em CDH? O que ele representa e onde se
inspirou para criá-lo?
Madrugadão é um personagem que fala de uma parte excluída, decadente da sociedade. Ele
representa o descaso social, essa falência bem sucedida que é a estrutura do tráfico. Eu acho que o
que diferencia o traficante de qualquer outro profissional é apenas a arma na mão. Se você for ver, os
políticos, os caras que fabricam tanques de guerra, estão matando também. Vejo o Madrugadão como
um comerciante, um negociador, um profissional. É um cara que vivia abandonado e acabou virando
aquilo. É a única coisa que restou para ele, e ele sabe que, estando nesse universo, é difícil durar
muito tempo. Ele tem seu exército, e tem aqueles que querem roubar seu lugar. A importância do
Madrugadão, para mim, é mostrar como a sociedade está se deteriorando com a desestruturação
familiar. Não é muito difícil ser o Madrugadão. Para me inspirar, assisti a filmes como O Senhor das
Armas, com Nicolas Cage. Mas vivendo na comunidade, a gente conhece essas histórias, convive,
sabe como funciona. É tudo real.
Em Cidade dos Homens, o tráfico é pano de fundo. Você acha importante mostrar que o
morro não é só o tráfico?
Acontecem muitas e muitas coisas boas no morro, mas a mídia adora o tráfico, só vende isso. Se você
acordar às 5h da manhã e ficar até às 7h no morro, vai ver a quantidade de gente saindo para
trabalhar na casa de madame, nas empresas de ônibus, nos restaurantes. 0,1% da comunidade está
envolvida no tráfico. O resto é trabalhador. Eu tenho vontade de fazer uma revolução. Numa
segunda-feira, falar: hoje ninguém sai daqui. A sociedade pára. Vai ser um prejuízo danado, uma
loucura! Fora desse universo que o Madrugadão representa, tudo é muito sério e legal no morro. O
povo de lá não quer ter um Audi. Quer comer bem, ficar em casa, viajar às vezes, trabalhar e viver no
morro. Ninguém quer sair do morro. Eu moro no Vidigal, o pico com a melhor qualidade de vida desse
planeta. O cartão postal do Rio de Janeiro. Não quero sair de lá.
Entrevista com Rodrigo dos Santos (Heraldo)
O que o personagem do Heraldo representa?
O Heraldo é uma figura muito rica de significados. Ele representa a origem de muitas pessoas do
Brasil e do mundo, assolado pela miséria, pelo desemprego, pela falta de perspectiva, pela falta de
visibilidade. Ele é a raiz e o fruto disso tudo. É o cara que não deu certo nem como pai nem como
cidadão. Preto, pobre, ex-detento em liberdade condicional. Traz com ele o mistério do crime que
cometeu, a perda da juventude, que passou atrás das grades, a falta de esperança em relação ao seu
futuro como cidadão. Como pai, ainda tenta resgatar aquele laço com o filho. E é um fracasso. Para
compor o Heraldo, me inspirei num cara com quem eu cruzava todo dia na rua, e que tinha uma
expressão pesada, de derrota. O Heraldo tem o que dizer ao público. A relação dele com filho faz
pensar em muita coisa.
Entrevista com Fernando Meirelles, produção
“O romance Cidade de Deus, do Paulo Lins, me jogou dentro de uma realidade que eu praticamente
desconhecia, e me desconcertou tanto que decidi ir além do livro, adaptando-o para o filme. Na
preparação deste projeto nasceu, meio ao acaso, Cidade dos Homens. A dupla de garotos que se
metia em problemas com o tráfico sem querer nasceu numa improvisação na oficina de cinema que
fizemos em 2001 para encontrar o elenco de Cidade de Deus. Quem inventou a trama inicial, que,
desenvolvida, acabou virando Palace 2, foi o Guti Fraga, diretor do grupo Nós do Morro. A partir
daquela improvisação, o roteirista Braulio Mantovani desenvolveu os personagens. Nos anos
seguintes, a dupla foi passando na mão de vários autores até virarem o que vemos neste longa.
Cidade de Deus conta a história da formação do tráfico organizado nos morros cariocas. Os traficantes
são o tema do filme, como pano de fundo vemos as comunidades aprendendo a lidar com esta nova
"ordem". Cidade dos Homens pode-se dizer que seja o outro lado desta história. É uma história sobre
um aspecto da vida numa comunidade do Rio, no caso a questão da paternidade ou das famílias
desorganizadas, e o tráfico é que faz o pano de fundo. A série somou muitos acertos, eu acho. Não só
a novidade do tema, mas também o carisma e o talento dos protagonistas. O fato de ter sido
produzida como cinema e rodada em película deu uma cara distinta ao programa dentro da grade da
Globo. Isso pegou bem. A série tem também um acabamento muito bom, artesanal, e finalmente os
textos me parecem muito bem cuidados. Cada episódio era muito diferente do outro, isso também
pode ter ajudado. Em outras palavras, conseguimos juntar uma equipe muito talentosa em todas as
posições. Deu certo. O filme fecha, de certa forma, a história dos dois amigos. É muito mais
emocional que os episódios da TV e o tratamento formal é melhor. É cinema de qualidade, estamos
acreditando muito numa boa carreira de crítica e público no Brasil e fora. Vamos torcer.”
Entrevista com Rafael Ronconi, direção de arte
“Quando se filma no morro, tudo é muito mais trabalhoso e demorado que o normal. São muitas
dificuldades: os acessos, as escadas, encaixar as necessidades do filme e as das pessoas que moram
e trabalham lá. Nas locações, procuramos intervir para trazer aos cenários as características e a
dramaticidade que a história pedia. Mas algumas já tinham um aspecto impecável, como o conjunto
habitacional onde morava Hheraldo. Nesse caso, preferimos fazer com que as cenas se adaptassem
ao espaço. Um desafio foi filmar em vários morros diferentes para construir o Morro da Sinuca. Acho
que montamos bem esse Frankenstein. Embora as comunidades pareçam iguais, cada uma tem uma
peculiaridade, uma situação geográfica, um tamanho, um grau de desenvolvimento. Tínhamos de
tomar muito cuidado para fazer as imagens do Vidigal colarem nas do Chapéu Mangueira, Chapéu
com Coroado, e todas com Turano e Babilônia.
A entrada do Chapéu Mangueira tinha que ficar equivalente à entrada de um morro bem maior,
porque nosso morro fictício pretendia ter o tamanho e a posição geográfica do Vidigal. Criamos os
comércios, o moto-táxi, a farmácia, o restaurante, o borracheiro, a quadra da escola de samba, o
lava-a-jato, a feira livre, enfim, um aglomerado de pequenos cenários que formavam a entrada
principal da Sinuca. As sequências que se passavam ali eram complicadas, mas talvez a mais
trabalhosa tenha sido a do incêndio na casa do Laranjinha. Na pósprodução, reformamos a casa
inteira. Foi uma obra e tanto. O grande prazer desse trabalho foi encerrar um ciclo. Durante meia
década, fizemos um retrato e um documento do cotidiano dessas comunidades que se multiplicam e
impõem à cidade do Rio de Janeiro sua cultura, seu jeito, suas peculiaridades e suas necessidades.
Foi muito prazeroso trabalhar anoscom uma equipe tão disciplinada e integrada, trabalhar com a O2,
fazer parte desse projeto vitorioso do início ao fim.”
Entrevista com Paulo Morelli, diretor
Como você define a trama do filme?
Se tivesse que definir o filme em uma única linha, diria que é a história do nascimento de um pai. É o
Acerola assumindo a paternidade e o Laranjinha se libertando da figura do pai oculto. Ele descobre
quem é esse pai, se decepciona e se liberta. Mas, na verdade, o filme tem três temas que se
interrelacionam. Além da paternidade, tem a maturidade dos dois. O filme é pontuado pelos dois
aniversários: no primeiro dia, o Acerola faz 18 anos. No último, é o Laranjinha. E oterceiro tema é a
amizade, a grande amizade que eles têm nesses anos todos e que vai ser colocada em xeque. Eles
vão brigar, vão se separar, vão assumir lados opostos numa guerra do morro. A guerra do tráfico é o
pano defundo.
Como foi entrar no mundo da favela para filmar?
O grande desafio de fazer um filme, para mim, é mergulhar numa realidade que você não conhece.
Nos últimos quatro anos, não fiz nenhuma filmagem que não fosse em favela: foram três de Cidade
dos Homens, a série, e um de longa. Conhecer aquela realidade foi muito estimulante. Foi bárbaro. E
eu branquelo desse jeito, neto de russo... Você tem de buscar o respeito deles, porque a primeira
impressão é: “Pô, quem é esse branquelo que vem aqui, de cabelo branco? O que ele entende de
favela?” Não entendo nada mesmo, mas entendo de ser humano, de relações. E vamos conversando,
vendo o espaço para a realidade deles aparecer. E é uma conquista ter respeito e poder trabalhar
com eles de igual pra igual.
Duas Cidades : Cidade de Deus e Cidade dos Homens ?
Ligados pela mesma origem, os filmes Cidade de Deus e Cidade dos Homens se completam. Para
Fernando Meirelles, as duas Cidades contam partes diferentes da mesma história. “Cidade de Deus
narra a formação do tráfico organizado nos morros cariocas. Os traficantes são o tema do filme, e,
como pano de fundo, vemos as comunidades aprendendo a lidar com a nova ordem. Cidade dos
Homens é o outro lado. O filme trata de um aspecto da vida de uma comunidade do Rio, a questão
das famílias desorganizadas, e o tráfico é que faz o pano de fundo.”
Entre os atores, a idéia de dar visibilidade ao cotidiano da favela é um motivo a mais de entusiasmo
pelo projeto Cidade dos Homens, filme e série. “Na favela, 90% das pessoas não estão envolvidas
com o crime, mas pagam o pato também. Favelado acaba sendo tratado tudo igual”, diz Darlan.
“Acontecem muitas coisas boas no morro, mas a mídia só vende o tráfico”, completa Jonathan
Haagensen, o Madrugadão. “Fora desse universo que o Madrugadão representa, tudo lá é muito sério
e legal.”
Favelas
Plus de 10% de la population carioca vit dans des bidonvilles, appelés favelas au Brésil. Les
favelas poussent à un rythme soutenu. Leur habitat, adapté aux pentes escarpées des
collines, est un amalgame de matériaux de fortune récupérés sur les dépôts d'ordures. Leur
apparence chaotique cache pourtant une organisation précise et très hiérarchisée de
l'espace, des règles et des usages.
Ville dans la ville, la favela fait peur à qui ne l'habite pas. Ces bidonvilles regroupent la
population la plus pauvre composée majoritairement de nouveaux arrivants, de familles
sans-travail ou encore des marginaux. Des 680 favelas de Rio, Dona Marta, Ladeira dos
Tabajaras, Santa Marta, Mangueira, Morro do Borel, Cidade de Deus, Vidigal, Rocinha et bien
sur Bento Ribeiro sont les plus connues. Ils sont le point de chute de tous ceux qui n'ont pas
accès aux logements sociaux.
Souvent concentrés sur des collines pentues, ils sont faits de constructions en matériaux
légers qui se soutiennent les unes aux autres, et que la population élève au fur et à mesure
des besoins. Cette situation engendre de nombreux accidents, la plupart faisant suite à de
fortes précipitations qui minent les fondations et font glisser des blocs entiers de maisons.
Les favelas sont aussi le théâtre de violences, souvent dues au trafic de drogue et à des
guerres de gangs.
Cependant les situations entre favelas sont très inégales et depuis quelques années, la
municipalité effectue un travail important de « viabilisation », en construisant « en dur », en
apportant l'eau, l'électricité et le téléphone.
Brève bibliographie
-
Cidade de Deus, de Paulo Lins, éd. Companhia das Letras,
São Paulo, 2002, 403 p.
O Ano em que Zumbi tomou o Rio, de José Eduardo
Agualusa, éd. Dom Quixote, Porto, 2002, 283 p.
Meu querido canibal, de Antonio Torres, éd. Record, Rio de
Janeiro, 2000, 188 p.
Site du film Cidade dos Homens :
www.cidadedoshomens.com.br
Les séances jeune public sont réalisées avec le soutien de
&

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