Baixe o PDF "Casas de Farinha Tradicionais de - DoDesign-s
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Da esquerda para direita: 1. O Chef Alex Atala (SP) durante a visita ao stand 2. O parceiro Chef Cesar Santos (Recife) 3. Chef Joca Pontes (Recife) que apoia o projeto. Imagens feitas por Sebastião Ricardo no stand do Projeto Corredor da Farinha na Feira de Enogastronomia na Faculdade Mauricio de Nassau Recife agosto 2011 EDITORIAL Sempre que planejamos algo na vida, pretendemos que tudo saia conforme o esperado. Ao elaborarmos um projeto, também é assim! Debruçamo-nos em cima dos problemas e planejamos transformações. Vamos ao campo, enfrentamos os desafios, pesquisamos alternativas, buscamos parcerias, apostamos nos potenciais, plantamos sementes e criamos expectativas. Por vezes, os resultados nos surpreendem, por se apresentarem para além do que fora esperado. Foi assim com o Corredor da Farinha! Analisando desde a fase inicial (2007) até este momento de término de um ciclo (2011), damo-nos conta de como o projeto cresceu e do quanto crescemos junto com ele: nós que fazemos a SNE, e todas as mais de mil pessoas dos seis municípios contemplados com as ações do projeto. A história do Corredor da Farinha foi escrita por muitas mãos. Coordenadores, técnicos, agricultores e agricultoras, jovens, familiares, todos pensando, ajudando a planejar e a construir uma nova realidade. E o que se pode dizer é que o Corredor da Farinha vem mudando a realidade das comunidades rurais onde atua. Temos consciência da importância dos agricultores familiares, para que o Corredor da Farinha alcançasse os objetivos que foram traçados. Ensinamos e aprendemos muito. Trocamos não só informações, experiências, conhecimentos, aprendizagens, mas também geramos sinergia que movimentou todo o processo. Da manipueira que passou a ser utilizada como adubo orgânico, alimento para o gado, diminuindo a poluição dos rios e melhorando a produção e produtividade dos roçados; ao envolvimento de Chefs de Cozinha no processo de utilização da farinha de mandioca do Corredor, em seus restaurantes. Temos muitas histórias a contar! Esta última publicação da Revista do Projeto Corredor da Farinha tem este propósito: o de informar o que vivenciamos, registrar as conquistas e ser, inclusive a prova material de que projetos bem elaborados, bem geridos e desenvolvidos com respeito a todas as partes envolvidas, resultam em sucesso! Sucesso que apresentamos nas linhas e entrelinhas do que aqui escrevemos e que ilustramos. Outros estão nas nossas mentes e corações. Serão para sempre parte das nossas lembranças! Materializaram-se na qualidade de vida das pessoas e na melhoria ambiental dos municípios que, com o Corredor e a SNE, podem vislumbrar novos horizontes! Conselho Deliberativo da SNE www.sne.org.br Ensinando e aprendendo! Assim foi a nossa participação no projeto! “O projeto Corredor da Farinha trouxe uma nova visão de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) para a região das bacias hidrográficas do Tapacurá e Goitá. A equipe sabia que antes de ensinar qualquer coisa (levar conhecimento) a um agricultor, fazia-se necessário conhecer a realidade, saber o grau de conhecimento do agricultor, sobre os assuntos a serem abordados. E foi com esse respeito que pudemos ajudar nossos agricultores a se organizarem e a tornarem sua propriedade cada vez mais sustentável. O projeto Corredor da Farinha promoveu o enriquecimento do conhecimento, a melhoria da qualidade de vida e transformou o que não era valorizado, em fonte de renda para as famílias. Exemplo disso é a manipueira, antes jogada nos rios, sem nenhum tratamento, causando prejuízo ao meio ambiente e, hoje, tem sido usada como alimento para animais, adubo orgânico e defensivo agrícola. O modelo de ATER adotado pela equipe do Corredor da Farinha (atividades em grupos) proporcionou a aprendizagem dos próprios técnicos com os atores principais do processo, que são os agricultores. Como profissional, ajudamos a construir conhecimento. Particularmente, também aprendi com essa equipe, que sempre se preocupou em melhorar a produção e a produtividade, sem esquecer que era necessário encontrar novos pontos de venda, para que o produtor não fosse desmotivado pelo fato de não ter onde vender. Antes de iniciarmos a terceira versão do projeto, a Sociedade Nordestina de Ecologia preocupou-se em integrar todos os profissionais que iriam desenvolver as atividades diretamente nas comunidades, para participar de uma capacitação sobre Metodologias Participativas (Comitê de Investigação Agrícola Local - Copal), ministrado por especialistas do Centro Internacional de Agricultura Tropical. A participação em capacitações, eventos e o convívio com agricultores e a equipe me tornou um profissional com olhar mais clínico para entender e buscar soluções para as problemáticas das comunidades onde estiver atuando”. Adilson Barboza Técnico Agrícola do Corredor da Farinha “Todo projeto de cunho socioambiental tem como objetivo-fim elevar suas metas em ações perenes e autosustentáveis. Se possível for, constituir-se em política pública. Após três fases de financiamento por parte da Petrobras, no âmbito do Programa Desenvolvimento com Cidadania, pode-se afirmar que o projeto Corredor da Farinha se aproxima efetivamente desse objetivo maior. Contudo, cabe destacar que o desafio de agricultores familiares e suas organizações alçarem, em especial os que estão inseridos na cadeia produtiva da mandioca da região, o patamar de autosuficiência plena, ainda perdurará no tempo e espaço sob várias dimensões. São questões culturais, intergeracionais, conjecturais e estruturais que precisam ser afrontadas de maneira integrada e com visão sistêmica de longo prazo. Objetivamente, no que concerne ao escopo de atuação da SNE, o processo pedagógico e integral de assessoria técnica desenvolvido junto às famílias envolvidas no Corredor da Farinha, consolida-se num referencial metodológico exemplar para se abordar assertivamente o desafio posto. Esse é e será o maior legado do projeto ao desenvolvimento rural sustentável.” Carlos André Cavalcanti Conselheiro da SNE e agrônomo do Projeto “Os agricultores têm recebido orientações sistemáticas para a proteção das nascentes e áreas de preservação permanente (APP). As nascentes dos Assentamentos Divina Graça, Caricé e Serra Grande foram identificadas, georeferenciadas e estão sendo protegidas. Essas nascentes dão origem ao rio Natuba, que por sua vez deságua no rio Tapacurá e abastece mais de 1,5 milhão de cidadãos na Região Metropolitana do Recife. Eis mais um resultado positivo do projeto!” Ticiano Lapenda Gerente do Projeto Na terceira edição do Projeto Corredor da Farinha minha função foi apoiar a comercialização tanto da farinha de mandioca como de hortifrutigranjeiros. Conseguimos ótimos contatos e a comercialização atualmente ocorre tanto na região metropolitana do Recife como para o estado de São Paulo. Conquistamos o mercado local dos Chefs de cozinha que agora abraçam o projeto e jogam luz no trabalho dos agricultores, divulgando o Projeto em vários eventos da gastronomia nacional. Silvia Sabadell Assessora de comercialização Era uma vez... na zona da mata de Pernambuco, agricultores e agricultoras que preservavam suas tradições e aceitaram o desafio de aprender novas práticas que os deixariam mais fortalecidos sem se desfazerem de suas raízes. Apesar da mandioca e da farinha serem fonte de renda e alimento essencial na mesa para milhares de pessoas, muitos problemas do processo produtivo não haviam sido resolvidos, como: a manipueira (líquido resultante da prensagem da mandioca para produção da farinha) que era lançada no solo ou despejada diretamente nos rios, as queimadas, o uso intensivo de adubos e agrotóxicos, que agrediam o solo e a água. Além disso, os problemas existentes no cultivo, como a podridão da raiz da mandioca, e a ausência de assistência técnica e extensão rural, deixavam os agricultores desamparados. Por sua vez, os jovens não tinham como projeto de vida trabalhar nas propriedades onde moravam. Como é possível transformar realidades? O amor que os agricultores tem pela terra e sua sabedoria nata sobre os ciclos da vida ajudaram na implantação de novos hábitos e tecnologias. Hoje, a manipueira é armazenada em tanques de contenção, serve como adubo orgânico para as lavouras e alimento para as criações de gado. O pesadelo do agricultor, que plantava a mandioca, temendo a podridão da raiz, vem se desfazendo e sendo controlada. A diversificação de culturas e as práticas agroecológicas foram adotadas pelos agricultores que, agora, plantam feijão, milho, inhame, hortaliças, fruteiras além da mandioca. Assim, garantem a segurança alimentar, além de preservar o meio ambiente e assegurar uma melhor renda e qualidade de vida para todos. “Meu sítio é minha empresa” - Dona Maria da Massa, agricultora de Feira Nova Seguindo esta lógica da agricultora, o Corredor da Farinha vem estimulando o empreendedorismo rural, por meio de capacitações sobre gestão de negócios, planejamento da propriedade, comercialização e boas práticas de produção. Além disso, o projeto vem favorecendo ações de apoio à comercialização dos agricultores. Os produtos já são vendidos em restaurantes, lojas e feiras agroecológicas. A empresa Comadre Fulozinha, que faz entregas de produtos orgânicos na região da Grande Recife, através de uma loja virtual, é uma das parceira do projeto. E tem mais: Chefs de Recife e São Paulo estão visitando as comunidades e se tornando parceiros e divulgadores dos encantos gastronômicos da farinha artesanal e dos produtos da agricultura familiar orgânica. E o que dizer dos jovens do campo? Mãos calejadas, pele queimada pelo sol. Jovens que estão começando a acreditar que podem e devem cuidar e produzir na terra onde se criaram. Sabe-se que há muito o que se fazer para mudar a realidade do agricultor familiar. O desafio não pode ser feito isoladamente. É preciso trabalhar integradamente. A SNE motivou e incentivou mais de mil pessoas, com as quais trabalhou no decorrer dos quatro anos do Corredor da Farinha. Os agricultores acreditaram na proposta e estão participando ativamente no processo. Pode-se dizer que, para enfrentar a mudança, foi construído um caminho de várias vias, numa relação de respeito, harmonia e confiança. A equipe da SNE está feliz, porque se nutriu de sonhos e de realizações. Plantou e regou sementes (ideias), esperando obter florestas (projetos de vida). Esta é a nossa missão institucional. É a nossa contribuição para um mundo melhor, mais equilibrado e mais ecológico. É assim que entendemos e trabalhamos a tão vistosa e pronunciada palavra – sustentabilidade. Equipe do Projeto Corredor da Farinha “O projeto Corredor da Farinha trouxe desenvolvimento econômico a nossa comunidade, além de conhecimentos e experiência para lidarmos com novas tecnologias para o plantio agrícola. No começo das atividades, agregamos vontade e esperança e recebemos do senhor Ticiano Lapenda, gerente do projeto, com os seus técnicos, Adilson e João Vicente, todo o conhecimento necessário para viabilizarmos as estruturas e as atividades do projeto. Não podemos deixar de registrar a recuperação de quatro nascentes e o reflorestamento com 20 mil mudas de plantas nativas na Área de Preservação Permanente. Todos os benefícios adquiridos nos chegaram por meio da SNE, que se revela todos os anos, superando as nossas expectativas, para os benefícios do homem do campo. Esperamos disseminar esta aprendizagem para todos os que se interessam pelo desenvolvimento do homem do campo e da terra.” Zé de Jardim Presidente da Associação do Engenho Jardim, Moreno “Participei como coordenador do Corredor da Farinha, nas duas primeiras edições do projeto. Nesse período, observei muitos avanços. Dentre eles posso citar: o fim do despejo da manipueira no rio que corre em Pombos; aumento de quase 100% na área cultivada com mandioca em toda área de atuação do projeto; envolvimento de jovens, filhos de agricultores, como construtores do desenvolvimento; envolvimento de diversos atores locais e até internacionais, ampliando a discussão do foco produtivo e ambiental, para questões de gênero, geração e tantos outros; construção coletiva de várias visões de futuro, tornando o projeto de fato, participativo e real e, assim, destaco o Fundo de Apoio, que tenho a certeza que mudou a vida de muitos companheiros e companheiras no campo. Mudou também o foco de visão de toda a equipe técnica do projeto, inclusive o meu. Todos aprenderam a aprender.” Alex Pimentel Primeiro coordenador do projeto Corredor da Farinha “O Corredor da Farinha representou para as comunidades oportunidades de melhoria da renda familiar, o planejamento e melhoria da produção. O requisito principal foi a orientação de se trabalhar corretamente o solo.” João Vicente Técnico do projeto e agricultor “Moro aqui já faz 14 anos. Mas nunca tive essa orientação que tenho com o projeto Corredor da Farinha. É uma equipe muito boa, muito experiente, que trouxe muitas novidades para nós.Toda semana os técnicos estão aqui, orientando, incentivando. A equipe do Corredor da Farinha está de parabéns pelo trabalho que estão fazendo. Se dependesse de mim, o projeto continuava ajudando o povo.” Irmão Benedito Agricultor do Assentamento Serra Grande, Vitória do Santo Antão “A SNE, com o projeto Corredor da Farinha, nos deu muita força! Implantamos o Copal. Nós nos sentimos valorizados! Nossos produtos, hoje, são muito mais conhecidos. Chefs de cozinha e de restaurantes vieram conhecer nossos produtos. Até espanhóis passaram por aqui, para nos conhecer! Conhecer nossa agricultura orgânica. Tudo isto é muito importante para nós! O site da Comadre Fulozinha, a Petrobras junto com a SNE nos ajudando! É bom demais! Eu queria que este projeto não acabasse!” Dona Raminha Agricultora da Comunidade Palmeiras, Chã Grande This publication is a partnership between Sociedade Nordestina de Ecologia - SNE and DoDesign-s, who had the pleasure of contributing with photographic documentation of the “Flour Corridor Project”. Photos Anna Paula Diniz image bank DoDesign-s © 2011 DoDesign-s works since 2003 for projects related to the traditional communities, organic farming, fair trade and coffee throughout Brazil’s territory. Visit our website www.dodesign-s.com.br/english/ Esta publicação é uma parceria da Sociedade Nordestina de Ecologia - SNE junto à DoDesign-s,que teve o prazer de contribuir com a documentação fotográfica do Projeto Corredor da Farinha. Sociedade Nordestina de Ecologia - SNE - Av. Visconde de Suassuna, nº 923, sl 503, Boa Vista – Recife, PE CEP: 50050-540 Fone/fax: (81) + 55 3231-5242. E-mail: [email protected] - site: www.sne.org.br Conselho Deliberativo: Ana Gama, Boisbaudran Imperiano, Carlos André Cavalcanti, Elisabete Braga, Jaime Cabral (suplente), Marcelo Mesel, Maria de Pompéia Coêlho (Vice presidente), Ricardo Braga, Sidney Domingues, Tânia Barza (Presidente), Tereza Brandão (Suplente) e Vanice Selva. Diretoria Executiva: Aristófanes Leonardo Schuler. Equipe Técnica do Projeto: Adilson Barbosa (Técnico agrícola), Carlos André Cavalcanti (Agrônomo), João Vicente (Técnico agrícola), Leandro Carvalho (Técnico agrícola), Sílvia Sabadell (Assessora de comercialização) e Ticiano Lapenda (Gerente). Conselho editorial: Carlos André Cavalcanti, Ticiano Lapenda e Aristófanes Schuler. Redação: Carlos André Cavalcanti e Ticiano Lapenda. Jornalista responsável: Franci Palhano. Revisão: Aristófanes Schuler e Sílvia Sabadell. Fotos: Anna Paula Diniz (DoDesign-s) . Projeto gráfico e diagramação: www.dodesign-s.com.br