BARBO, BARBO-DO-NORTE (Barbus bocagei)
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BARBO, BARBO-DO-NORTE (Barbus bocagei)
Disciplina de Limnologia e Recursos Dulciaquícolas - ESACB TRUTA-DE-RIO, TRUTA-FÁRIO (Salmo trutta fario) Origem e distribuição Espécie indígena da Europa. Em Portugal encontra-se nos rios do Norte e Centro e, mais a sul, no troço superior do rio Zêzere e no rio Sever. Possui uma forma migradora anádroma - a truta marisca (Salmo trutta trutta) (bacias hidrográficas a Norte do rio Douro). Características Cabeça e olhos grandes. Mandíbulas com dentes agudos e fortes. Coloração muito variável com a idade e o habitat. Geralmente dorso castanho a cinzento esverdeado, flancos esverdeados ou amarelos e ventre esbranquiçado ou amarelado. Corpo salpicado de manchas negras e vermelhas. Barbatana adiposa alaranjada na extremidade. Adultos podem atingir 40 cm. Maturidade sexual 2-3 anos. Longevidade máxima 6-7 anos. Habitat Peixe sedentário com habitat bem definido (territorial), prefere as correntes rápidas de montanha, águas bem oxigenadas (>9 mg O2/l), límpidas e frescas (< 20ºC). Espécie muito sensível à poluição e à elevação da temperatura. Alimentação Espécie muito voraz, alimenta-se principalmente de invertebrados, larvas de insectos aquáticos, pequenos peixes e insectos de origem terrestre que caem à água. Reprodução Desova entre Novembro e Fevereiro, fundos pedregosos, em águas pouco profundas, frias e bem oxigenadas. Migra para montante em busca de zonas de postura. Deposita os ovos em cavidades feitas pela fêmea no leito dos rios. Depois de fertilizados, a fêmea cobre os ovos com areia e cascalho. Defeso 1 de Agosto ao último dia de Fevereiro. Em certos rios e albufeiras o período de defeso é diferente (pode começar em 1 de Setembro). Comprimento mínimo Para a truta-fário o comprimento mínimo 19 cm. Para a truta-marisca o comprimento mínimo é de 30 cm. 1 Disciplina de Limnologia e Recursos Dulciaquícolas - ESACB Os alevins apresentam um largo saco designado por vesícula vitelina, constituído por substâncias de reserva, já que nos primeiros tempos de vida o indivíduo é incapaz de utilizar a alimentação exterior. A vesícula vitelina é gradualmente absorvida e só então é que a truta procura a sua própria alimentação, extremamente variável com a idade. 2 Disciplina de Limnologia e Recursos Dulciaquícolas - ESACB BARBO, BARBO-DO-NORTE (Barbus bocagei) Origem e distribuição Espécie autóctone da Península Ibérica. Em Portugal é muito comum, encontrando-se em todas as bacias hidrográficas, à excepção das do Mira, Guadiana e ribeiras do Algarve. Existem quatro espécies de barbo: o cumba, o barbo-de cabeça-pequena, o barbo-do-sul e o barbo de Steindachner, endémicas da Península Ibérica, e que se distribuem pelas bacias hidrográficas do Tejo, Mira, Guadiana e ribeiras do Algarve. Características Corpo alongado, comprimido lateralmente, focinho pontiagudo. Boca inferior com lábios grossos, com dois pares de barbilhos. O último raio simples da barbatana dorsal é ossificado e denticulado. Dorso castanho-oliváceo; flancos e ventre claro. Os juvenis com manchas escuras no corpo. Podem medir mais de 0,5 metros (1,2 m e 12 kg). Longevidade 11 anos nas fêmeas e 7 anos nos machos. Habitat Espécie de fundo, vive no sector médio dos rios, de correntes moderadas e de águas não muito frias, a chamada "zona do barbo". Refugia-se junto às margens, nas pedras e vegetação. Alimentação Espécie omnívora, alimenta-se de detritos, restos de plantas, moluscos, crustáceos e insectos. Ocasionalmente alimenta-se de pequenos peixes. Reprodução Desova na Primavera, em zonas de fundos pedregosos e arenosos de águas pouco profundas e bem oxigenadas. Fazem pequenas migrações para a desova (águas límpidas e oxigenadas). Na época de reprodução os machos apresentam umas pontuações brancas à volta do focinho - tubérculos nupciais. Fêmeas reproduzem-se primeira vez aos 6-7 anos (18 cm). Machos reproduzem-se primeira vez aos 2-3 anos (7 cm). Defeso 15 de Março a 31 de Maio. Abertura para pesca desportiva antecipada - 16 de Maio, quer seja exercida individualmente ou em competição, sendo nesta última imposta a obrigatoriedade do uso da manga. Comprimento mínimo 20 cm 3 Disciplina de Limnologia e Recursos Dulciaquícolas - ESACB 4 Disciplina de Limnologia e Recursos Dulciaquícolas - ESACB BOGA (Chondrostoma polylepis) Origem e distribuição Espécie endémica da Península Ibérica, ocorre principalmente nas bacias hidrográficas do norte e centro do país. Distribuição limitada a sul pela bacia hidrográfica do Sado. Estão referenciadas em Portugal mais três espécies: a boga-portuguesa, a boga-de-boca-arqueada e a boga-do-Guadiana, sendo a primeira endémica de Portugal e as outras duas da Península Ibérica. Características Corpo fusiforme e alongado, com focinho proeminente. Boca inferior e sem barbilhos. Lábio inferior com uma placa de bordo cortante. Barbatanas avermelhadas. Longevidade máxima fêmeas 10 anos, machos 8 anos. Habitat Vive preferencialmente em locais de água corrente. Muito sensível à poluição. Alimentação Alimenta-se principalmente de material vegetal. Também invertebrados, sobretudo moluscos e larvas de insectos. Reprodução No início da Primavera efectua migrações para desovar a montante, em locais de água corrente, oxigenada, com pouca profundidade e de fundos de areia e cascalho. Primeira reprodução entre 3 e 4 anos. Defeso 15 de Março a 31 de Maio. Abertura para pesca desportiva antecipada - 16 de Maio, quer seja exercida individualmente ou em competição, sendo nesta última imposta a obrigatoriedade do uso da manga. Comprimento mínimo 10 cm 5 Disciplina de Limnologia e Recursos Dulciaquícolas - ESACB ESCALO(Leuciscus sp.) Origem e distribuição Em Portugal estão referenciadas duas espécies: o escalo do Norte (Leuciscus carolitertii), que se encontra nas bacias hidrográficas a norte da bacia do Mondego, e o escalo do Sul, nas bacias do Tejo, Sado, Mira, Guadiana e ribeiras do Algarve. Características São peixes de dimensões médias, de corpo alongado e comprimido nos flancos. Cabeça grande, focinho cónico, boca relativamente pequena. O maxilar superior cobre ligeiramente o maxilar inferior. Os opérculos apresentam estrias muito finas. A coloração do dorso é acinzentada-acastanhada ou acastanhadaesverdeada, com reflexos azulados ou pratedos. Os flancos apresentam frequentemente uma banda preta. Cada escama tem uma mancha negra. Podem atingir cerca de 20 cm. Habitat Podem viver em locais muito variados, desde os rios de montanha até aos rios de planície. Alimentação Alimentam-se de larvas aquáticas de insectos, crustáceos, moluscos, insectos de origem terrestre e pequenos peixes. Reprodução Reproduz-se na Primavera, desovando em locais de corrente fraca, entre as pedras e a vegetação submersa. Defeso Não tem. Comprimento mínimo 10 cm Leuciscus carolitertii (Escalo-do-Norte), 6 Disciplina de Limnologia e Recursos Dulciaquícolas - ESACB SÁVEL (Alosa alosa) Origem e distribuição Espécie marinha anádroma. Em Portugal está referenciada nos rios Minho, Lima, Douro, Mondego, Zêzere, Sado e Guadiana. Nas albufeiras de Castelo de Bode e Carrapatelo existem populações que ficaram retidas pela construção das respectivas barragens. Estas populações alimentam-se e crescem em águas doces, reproduzindo-se nos tributários. Características Corpo de forma alongada e comprimido lateralmente, coberto de escamas grandes e pouco aderentes. Dorso de coloração azulada e flancos prateados. Habitat No mar, o sável vive em locais de grande profundidade e, ao atingir a fase adulta, migra em direcção ao rio onde nasceu. Alimentação Em águas marinhas alimentam-se de crustáceos e peixes. Durante o período de migração os reprodutores não se alimentam. Em águas salobras ingerem principalmente crustáceos. Os juvenis alimentam-se principalmente de larvas de insectos e crustáceos. Reprodução A maturação das gónadas verifica-se durante o período de migração. Desova nas águas doces, durante os meses de Abril a Julho, em locais de fundos pedregosos, com zonas mais profundas a montante e uma zona de corrente mais forte e menor profundidade a jusante. A desova ocorre à noite, e tem a particularidade de ser muito ruidosa e de provocar uma série de remoinhos na água, resultantes do rodopiar da fêmea seguida por um ou mais machos. A maioria dos reprodutores morre, embora alguns regressem ao mar. Após a eclosão os alevins iniciam a migração em direcção ao mar. Defeso 15 de Junho a 31 de Janeiro. Comprimento mínimo 35 cm. 7 Disciplina de Limnologia e Recursos Dulciaquícolas - ESACB ENGUIA (Anguilla anguilla) Origem e Espécie marinha catádroma. distribuição A vida da enguia começa no mar dos Sargaços (Este das Bermudas e das Bahamas) onde se reproduz. Tem dois períodos de vida distintos, um no mar e outro nas águas doces ou interiores. Em Portugal, a entrada nos estuários parece verificar-se ao longo de todo o ano, existindo praticamente em todas as águas interiores. Nos poços encontram-se exemplares de grandes dimensões. Características Corpo alongado de forma cilíndrica, coberto de escamas muito pequenas. Barbatana dorsal unida à barbatana caudal e anal, formando uma estreita faixa que envolve a metade posterior do corpo. Barbatanas peitorais são curtas. Fendas branquiais, estreitas e verticais. Boca terminal, sendo a mandíbula ligeiramente proeminente. Os dentes são pequenos, dispostos em várias filas nas maxilas e palato. Habitat Habita preferencialmente em locais de águas bem oxigenadas e pouco frias, com fundos de areia, lodosos ou densa vegetação submersa. Durante o dia permanecem em abrigos enterradas no sedimento ou debaixo de rochas ou raízes de árvores, onde estão protegidas da luminosidade e dos predadores. Tornam-se activas ao entardecer. Alimentação Espécie omnívora, alimenta-se principalmente de crustáceos, larvas de insectos, anelídeos (macroinvertabrados), peixes (principalmente forma larvar) e algas. Reprodução Reproduz-se no mar dos Sargaços de Fevereiro a Julho. A desova ocorre em profundidade e é pouco conhecida. Após a eclosão as larvas (LEPTOCÉFALOS) iniciam a migração em direcção ao continente europeu, a qual dura de um a três anos. Ao atingirem a placa continental passam à fase de ENGUIA DE VIDRO, apresentando o corpo transparente com pigmentação apenas no crânio e ponta da cauda. Entram nos estuários dos rios. A alteração da pigmentação continua com o crescimento e a progressão nas águas doces (ENGUIA AMARELA), onde permanecem até atingirem a FASE PRATEADA, altura em que começam a migração em direcção ao mar. Defeso Não tem Comprimento 20 cm. mínimo 8 Disciplina de Limnologia e Recursos Dulciaquícolas - ESACB Metamorfoses: FASE LEPOTCÉFALO – fase seguinte ao nascimento, forma de folha de oliveira (lanceolada). Nesta fase e durante 2-3 anos, migram até ao Norte do Oceano Atlântico arrastados pelas correntes do Mar dos Sargaços e depois descem até ao Sul da Europa e Norte de África; FASE ENGUIA DE VIDRO (Angula, Meixão, Loura) – tem a forma cilíndrica, são transparentes, medem 67 cm e pesam 0,250 a 0,350 g. Este estádio corresponde a 2-3 anos do seu desenvolvimento. Nesta altura entram em grandes quantidades nos estuários dos nossos rios desde o Minho ao Guadiana, de Outubro a Maio. As fêmeas viajam rio acima enquanto os machos permanecem nos estuários; FASE ENGUIA AMARELA – tem agora 10-12 cm de comprimento, estão pigmentadas e adquirem um aspecto opaco. FASE ENGUIA PRATEADA – a tonalidade varia com o meio onde se encontra mas são normalmente prateadas. Têm elevado teor em gordura para suportarem o longo percurso até à zona de desova. Nas águas interiores, as fêmeas vivem até aos 6-13 anos (60 cm) e os machos 4-9 anos (40 cm). A maior parte morre após a desova. 9 Disciplina de Limnologia e Recursos Dulciaquícolas - ESACB LAMPREIA DO MAR (Petromyzon marinus) Origem e distribuição Espécie parasitária e anádroma Encontra-se nos rios Guadiana, Tejo, Mondego, Douro, Cávado, Lima e Minho. Espécie cada vez mais rara. O número tem vindo a diminuir. Em Portugal, se as condições ambientais o permitirem, a migração das lampreias tem geralmente início a partir de Dezembro – Janeiro. Estão referenciadas mais duas espécies a lampreia-de-rio e a lampreia-pequena, sendo esta última não parasitária e sedentária. Características Corpo anguiliforme, de pele nua, sem barbatanas pares. As barbatanas dorsais são triangulares, estando a segunda praticamente na continuidade da barbatana caudal. Tem 7 fendas branquiais de cada lado, localizadas posteriormente aos olhos. Boca em forma de funil, com vários conjuntos de placas odontóides agudas. Pode atingir 1 m. Habitat Zona média e alta dos rios de pouca profundidade, corrente forte, fundos pedregosos e de gravilha, fundamentais para a construção dos ninhos. Vive na vasa do fundo dos rios cerca de 4 anos. Com 9-15 cm migra para o mar onde permanece 1-4 anos. Alimentação Durante a fase de vida que ocorre em águas marinhas, tem comportamento parasítico, alimenta-se do sangue de outras espécies piscícolas marinhas. Durante a fase de vida larvar alimenta-se de microalgas, de microvertebrados e de detritos no fundo dos rios. Quando migra para reprodução o aparelho digestivo degenera (não há ingestão de alimentos) Reprodução Desovam somente em água doce a uma grande distância dos estuários. Os adultos agrupam-se nos estuários. Quando as condições ambientais são favoráveis (Dezembro a Janeiro) iniciam a sua migração para montante, para a desova (Março-Junho). Geralmente os primeiros a atingirem estes locais são os machos, que iniciam a construção do ninho, atraindo depois a fêmea que ajuda a acabálo. O macho, durante esta fase, tem comportamento territorial, demarcando e defendendo a área de desova. 10 Disciplina de Limnologia e Recursos Dulciaquícolas - ESACB Depois de desovarem, os progenitores morrem. Os ovos fertilizados são transportados pela corrente para jusante dos ninhos e alojam-se nos interstícios das partículas mais finas do substrato. As larvas - ammocoetes - vivem em águas continentais durante um período de 5 a 8 anos e a sua deslocação para jusante faz-se de forma geralmente passiva. Defeso 15 de Junho a 15 de Janeiro. Comprimento mínimo 35 cm. Boca em forma de funil, com vários conjuntos de placas odontóides agudas. Alimenta-se do sangue de outras espécies piscícolas marinhas. Lampreia do Rio (Lampetra fluvitalis) Alguns autores põem em causa a sua actual presença na Península Ibérica. Armadura bucal mais pequena e menor número de dentes. Habitat, reprodução e desenvolvimento idêntico à anterior. Raramente ultrapassa os 40 cm. 11