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PUBLICAÇÃO FINANCIADA COM RECURSOS DO BIRD E DO SALÁRIO-EDUCAÇÃO, ADMINISTRADOS PELO FNDE. APOIO: PNUD Nº 19 MAIO/JUNHO 2000 Professora Edna com alunos ciganos. PENEDO MUDA COM A TV ESCOLA Cidade Cidade alagoana alagoana abre abre escolas escolas àà comunidade, comunidade, usa usa Fundef Fundef ee melhora melhora seus seus índices. índices. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRET ARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SECRETARIA Leia na revista TV Escola de maio / junho Programação TV Escola transmite o Telecurso 2000 Nova atração para professores e alunos na TV Escola: o Telecurso 2000, todos os dias, das 6h25 às 6h55. Nº 19 MAIO / JUNHO 2000 Experiências RECEITA DE SUCESSO LEIA MAIS NA REVISTA TV ESCOLA, SEÇÃO, PÁG. 40 astando mais de 25% do orçamento municipal e aplicando recursos do Fundef, Penedo, em Alagoas, recuperou sua rede de ensino, com bons resultados. De 1996 a 1999, a repetência caiu de 44% para 17%. A evasão, de 30% para 5,6%. Os professores agora têm concurso, plano de carreira, avaliação e cursos de capacitação. Os salários aumentaram. Mais da metade da rede tem centros de convivência, equipados com a TV Escola e abertos à comunidade. A utilização da TV Escola nas aulas se intensificou. O programa Temas Transversais / Pluralidade Cultural , dos Parâmetros Curriculares Nacionais, motivou, por exemplo, uma atividade em que alunos de 7ª série recuperaram a história de Penedo, já chamada de Atenas do Baixo São Francisco. Verminose, da série Viva legal, contribuiu para a discussão de uma questão de saúde importante na região. Mães de alunos passaram a acompanhar e debater a programação de sábado da TV Escola – a Escola Aberta – por causa dos filhos. Eles chegavam em casa dizendo: “Mãinha, eu vi na televisão da escola.” G Rádio-Escola MEC apóia Alfabetização Solidária A Secretaria de Educação a Distância do MEC apóia o programa Alfabetização Solidária, do Comunidade Solidária. Está produzindo, para isso, onze programas de rádio, que atingirão 200 municípios do Norte e Nordeste. LEIA MAIS NA REVISTA TV ESCOLA, PÁG. 30 E tem mais Cem anos de Anísio No centenário de Anísio Teixeira (19001971), a TV ESCOLA relembra as principais idéias e o trabalho desse educador, um dos mais importantes e produtivos da história do País. LEIA MAIS NA REVISTA TV ESCOLA, PÁG. 38 Entrevista “ ” PUBLICAÇÃO FINANCIADA COM RECURSOS DO BIRD E DO SALÁRIO-EDUCAÇÃO, ADMINISTRADOS PELO FNDE. APOIO: PNUD OS NÚMEROS MOSTRAM QUE A SITUAÇÃO MELHOROU Maria Helena Guimarães, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Inep, faz um raio-X da situação do ensino brasileiro a partir de dados coletados pela instituição. Enisabel prepara bolo de macaxeira (mandioca) com seus alunos de Penedo: “Ajuda na Matemática e na Língua Portuguesa”. DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO PLURALIDADE CULTURAL ESCOLA / EDUCAÇÃO 21 de junho 9 de maio Série de programas sobre imigrantes de diversas origens, que escolheram o Brasil como sua terra de adoção. Série sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais aplicados ao dia-a-dia dos professores. FILOSOFIA LÍNGUA PORTUGUESA 5 e 6 de junho 22, 23 e 24 de maio A discussão da Filosofia e de sua importância na construção do pensamento humano. Programa da série Além-mar sobre afinidades e diferenças das culturas que utilizam a língua portuguesa. ESCOLHI VIVER AQUI E TEM MAIS: • JORNALISTA LIDERA VOLUNTÁRIOS CONTRA REPETÊNCIA E EVASÃO. LEIA RITUAL M. C. ESCHER CÉU E ÁGUA 29 e 6 de junho Curta-metragem com imagens do artista plástico holandês Escher, o poeta do impossível. as dicas de trabalho nos Destaques da programação da revista LÍNGUA PORTUGUESA ORTO E GRAFIA 11 de maio Série que trabalha com dificuldades ortográficas e modos de superá-las. OUTRAS ATRAÇÕES Seis cidades vistas a partir relatos de moradores ou visitantes ilustres. MEIO AMBIENTE Doze programas para estudos e atividades a propósito de 5 de junho, Dia do Meio Ambiente, com destaque para: • O grande rio • O homem que plantava árvores ÉTICA HISTÓRIA E MAIS: 17 de maio 25 de maio Seis episódios mostrando, entre outros aspectos, a violência do dia-a-dia e como é possível combatê-la. Três vídeos sobre a diversidade, o contraste e as numerosas imagens do Brasil. LITERATURA / GEOGRAFIA CIDADES SONHADAS, CIDADES REAIS 19 e 20 de junho DIREITOS HUMANOS LITERATURA • BRASILEIROS E PORTUGUESES FAZEM POESIA PELA INTERNET. GRAVE os programas MATEMÁTICA • BRAVA GENTE BRASILEIRA, ESPECIAL DA REVISTA TV ESCOLA. • ESCOLAS TÊM AGORA PCN COM ARTE. CONVÍVIO ESCOLAR O TEMPO DOS FILÓSOFOS TV ESCOLA: O ensino brasileiro está melhor? Maria Helena: Vários indicadores mostram que a situação melhorou. Por exemplo: em 1991, de cada 100 alunos que ingressavam no ensino fundamental, apenas 38 concluíam a 8ª série. Hoje, de cada 100 que ingressam, 65 concluem. TV ESCOLA: Não dá para andar mais rápido? Maria Helena: Em educação, tudo é a médio e longo prazo. Temos 36 milhões de alunos no ensino fundamental; uma população igual à da Argentina. LEIA MAIS NA REVISTA TV ESCOLA, PÁG. 32 LEIA MAIS NA REVISTA TV ESCOLA, PÁG. 22 POESIA 12 de junho Personalidades como o poeta Ferreira Gullar e o compositor Caetano Veloso falam sobre seu trabalho. A IDADE DO BRASIL • • • • • EDUCAÇÃO ESPECIAL O LUTADOR 8 de junho A luta de Gimp, aluno portador de necessidades especiais, que faz questão de freqüentar escolas comuns. E se forma na Universidade. Encontro marcado com a Arte Programado para morrer Zoom cósmico Estressanimal Aurora na Praça da Paz Celestial LEIA MAIS NA REVISTA TV ESCOLA, PÁG. 8 MATEMÁTICA TIK TAK TOK 6 de junho e 26, 27, 28 e 29 de junho Série de programas que propõem desafios matemáticos. Uma espécie de fliperama didático. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CARTA DO EDITOR Presidente da República Federativa do Brasil Fernando Henrique Cardoso Ministro da Educação Paulo Renato Souza Secretário-Executivo Luciano Oliva Patrício Secretário de Educação a Distância Pedro Paulo Poppovic PROGRAMA TV ESCOLA MUITO MELHOR Ministério da Educação Secretaria de Educação a Distância Conselho editorial Avelino Romero Simões Pereira Carmen Moreira de Castro Neves Cícero Silva Júnior Claudia Rosenberg Aratangy Iara Glória Areias Prado José Roberto Sadek Lilian Oswaldo Cruz Pedro Paulo Poppovic Rogério de Oliveira Soares Tania Maia Magalhães Castro Vera Lucia Atsuko Suguri Coordenador editorial Cícero Silva Júnior Edição ESTAÇÃO DAS MÍDIAS [email protected] Editor Claudio Pucci Produtora Márcia Maykot Repórter especial Rosangela Guerra Colaboradores Ana Lagôa, Doris Fleury, Elvira de Oliveira, Luci Ayala, Rachel Dantas, Rita Freire Fotógrafos Norberto Avelaneda, Washington Alves Ribeiro Projeto gráfico Elifas Andreato Edição de arte e produção gráfica Casa Paulistana de Comunicação Editoração Maria Aparecida Alves da Silva, Narjara Salomão Lara Teixeira, Thaís de Bruyn Ferraz Digitalização de imagens Paulo Ladeira Revisão Fábio Furtado Fotolito Spell Impressão Posigraf A REVISTA TV ESCOLA É UMA PUBLICAÇÃO BIMESTRAL DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC, COM APOIO DO PNUD — PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC caixa postal 9659 CEP 70001-970, Brasília, DF fax: (0_ _61) 410.9178 e-mail [email protected] [email protected] site: www.mec.gov.br/seed/tvescola TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 300 MIL EXEMPLARES N ão há receita única, absoluta, que sirva a todos, sem considerar a diversidade de males e paladares. Sem permitir que se mude a dosagem do remédio conforme a reação do paciente. Ou que se acrescente sal ou pimenta ao gosto de cada um. A melhor receita é múltipla, tem vários modos de preparar. Alguns ingredientes, no entanto, são básicos, como mostra Uma receita de sucesso, reportagem de Experiências desta edição. A cidade alagoana de Penedo, na fronteira com Sergipe, decidiu reconstruir o ensino em sua rede municipal. Usou para isso 26% de seu orçamento (1% acima do mínimo previsto pela Constituição) e recursos do Fundef. Aumentou o salário dos professores, abriu concurso, criou plano de carreira, curso de alfabetização para jovens e adultos e estimulou os leigos a completar sua formação. Nas escolas que têm kit da TV Escola, abriu centros de convivência, para professores e alunos, que já conhecem melhor sua história graças a trabalho com os Parâmetros Curriculares Nacionais, os PCN. E convidou a comunidade para participar. Em três anos, os índices de evasão e repetência despencaram, o número de matrículas aumentou. A receita está dando certo. “Longe de onde gostaríamos de estar, mas muito melhor do que estávamos”, diz o ministro Paulo Renato Souza ao avaliar a educação no País. “Alguns indicadores mostram que a situação melhorou”, confirma, na entrevista, Maria Helena Guimarães, presidente do Inep, que controla os principais mecanismos de avaliação do ensino. Como dizia o educador Anísio Teixeira (1900-1971), um dos grandes reformadores da educação no Brasil: “Tudo está a mudar e a se transformar.” Claudio Pucci Neste número Nº19 MAIO JUNHO 2000 5 8 CARTAS A professora Regina Loureiro, de São João do Meriti, RJ, conta como faz interdisciplinaridade, trabalhando com livros e vídeos. 22 EXPERIÊNCIAS Penedo, Alagoas, dá sua receita para aumentar o salário dos professores, reduzir a repetência e a evasão, e aumentar o número de matrículas. 3 8 HISTÓRIAS DA EDUCAÇÃO O trabalho do educador Anísio Teixeira (1900-1971), que ajudou a criar uma escola nova no Brasil. TEM MAIS 4 0 ERevista especial dos 500 anos, cadernos, livros, Telecurso 2000, próximas atrações da TV Escola. E tem mais. DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO 20 programas e séries, com muitas dicas para capacitação de professores e atividades em sala de aula. 21 30 RÁDIO ESCOLA Seed apóia Alfabetização Solidária com projeto experimental. ENSINO MÉDIO Novo recurso da TV Escola para apoiar os professores: fichas com comentários e sugestões de trabalho. FOTO DA CAPA: WASHINGTON ALVES 3 2 ENTREVISTA A presidente do Inep, Maria Helena Guimarães, apresenta números que mostram: a situação do ensino melhorou. 4 2 ÚLTIMA Jornalista lidera voluntários contra a repetência e a evasão. PÁGINA “Lu, estamos na revista!” A revista TV ESCOLA foi sempre esperada aqui no Instituto de Educação do Paraná. Mas nunca foi tão esperada como no início deste ano, em virtude da possibilidade de conter uma reportagem sobre o nosso trabalho. Normalmente as revistas chegam às minhas mãos ainda fechadas, no plástico, para que eu possa destiná-las, mas desta vez foi diferente. Quando voltei das férias, fui recebida pelos colegas com sorrisos, abraços e... lá estava a revista TV ESCOLA, escancarada, passando de mão em mão. “Lu, estamos na revista!” foi o que eu mais ouvi. Fiquei real e duplamente feliz. Primeiro porque me sinto orgulhosa de divulgar um trabalho ao qual me dedico há algum tempo, com afinco. E também porque ver nossa escola retratada na reportagem injetou novo ânimo e credibilidade às nossas ações. E, falando francamente, todo mundo leu a revista inteirinha (até aqueles professores que nunca tinham lido nenhum exemplar), e sabem o que eu ouvi desta vez? “Olha, essa revista é mesmo boa, tem assuntos interessantes.” Assim, cumpre-me dizer aos queridos editores, bem como à gentilíssima repórter Rosangela Guerra, um “muito obrigado” do fundo do coração. Não só por divulgarem nosso trabalho, mas por oferecerem subsídios para que ele possa ficar cada vez melhor. Estamos todos desafiados a mostrar outro trabalho de qualidade nesta revista. Aguardem! Aproveito a ocasião para solicitar o envio de mais duas coleções dos Cadernos da TV Escola e da Série de Estudos/Educação à distância, para que eu possa disponibilizá-los a todas as coordenações pedagógicas que me pediram (temos quase 3.000 alunos e cerca de 200 professores). Por conta da euforia de ver nossa escola na revista, os professores se tornaram mais interessados em outros materiais da TV Escola. Muito obrigada. Luciana de Luca Dalla Valle Coordenadora da TV Escola e Salto para o Futuro Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pilotto Curitiba, PR Também esperamos por mais experiências do Instituto de Educação do Paraná, Lu, para que possamos mostrá-las a seus colegas de todo o País. Sobre seu pedido: estamos enviando as publicações que ainda não estão esgotadas. Eu quero fazer intercâmbio Trabalho na pré-escola Soletrando, com uma sala de Maternal 1. Me formei em Magistério em 1997 e fiz curso adicional em Educação Infantil no ano passado. Este ano, estou acompanhando Salto para o Futuro e vi a série Parâmetros Curriculares Nacionais. Obtive conhecimentos sobre a TV ESCOLA e sobre a revista. Sendo assim, tenho grande interesse em recebê-la, para conhecer melhor este material novo e atual no âmbito da educação. Proponho-me a fazer intercâmbio com professores de Educação Infantil, principalmente de Maternal 1, que possuam idéias de atividades e materiais novos para fazer trocas nesse sentido. Priscilla Tisse Zacchi Pré-Escola Soletrando Curitiba, PR Você já foi cadastrada para receber a revista, Priscilla. Para quem quiser fazer intercâmbio com a professora, o endereço é: Rua Maria da Luz Laynes de Andrade, 24, Cotolengo, CEP 81220-280, Curitiba, PR. Obrigada, muito obrigada Não poderia deixar de escrever esta carta elogiando e parabenizando o trabalho da TV Escola, principalmente os programas Salto para o Futuro, a série Redescoberta do cinema nacional, os episódios de Meio Ambiente, Direitos Humanos e os clips de Além-mar. Essa programação tem enriquecido o meu trabalho e complementado minha formação acadêmica. Valorizo também a oportunidade que tive de assistir a palestras, principalmente na área de História e Educação. Tenho certeza de que, sendo uma professora do interior de São Paulo, jamais teria a oportunidade de conhecer tantas personalidades sem a TV Escola. Tenho hoje o orgulho de conhecer razoavelmente os Parâmetros Curriculares Nacionais do ensino fundamental e médio, pois já acumulei mais de 120 horas de gravações, numa videoteca respeitável. Coordenei em minha escola o projeto de Meio Ambiente, por isso comprei uma parabólica. Em casa, ficaria mais fácil acompanhar a programação e escolher os programas do meu interesse. Para o sucesso de meu trabalho, apliquei muitos exercícios sugeridos por essa programação e outros. Obrigada, muito obrigada. Sou professora de História da E. E. Prof. Dorothóveo Gaspar Vianna. Como tive um bom desempenho em concurso, vou mudar-me para a E. E. Dr. Francisco Gomes da Silva Prado, que é bem mais próxima de minha casa. Antonia Maria Pieve Escola Dorothóveo Gaspar Vianna Jacareí, SP É muito bom saber que a programação da TV Escola teve um efeito tão positivo em seu trabalho e crescimento profissional. Continue conosco. E parabéns pelo resultado no concurso. O professor não vai desaparecer Como num conto de ficção, os professores estão num poço sem fundo – sendo gradualmente diminuídos em tamanho. Esses mestres, ante o pavor das torvas ficções, se encontram diante dos meios de comunicação moderna, sendo focados num painel inequivocamente sacana, que os torna cada vez menores. Todas as luzes da ribalta foram usadas para diminuir a figura do professor. Mas não se desesperem. A figura quase inócua do mestre não vai desaparecer do cenário. Como previa o grande educador baiano Anísio Teixeira, seremos transformados em guias e estimuladores do estudante. Prescindir do professor amanhã? De forma alguma. A maioria dos dirigentes da educação ainda pensa como Guimarães Rosa: mestre não é aquele que sempre ensina, mas aquele que, de repente, aprende. Faremos mostra da TV Escola Nos dias 30 e 31 de outubro deste ano, realizaremos a Mostra TV Escola, já agendada com todas as unidades escolares de Senador Canedo. Benedita Pereira Lemes Senador Canedo, GO Como consigo os equipamentos? Em 1996, quando estudava numa escola estadual, na sede do município em que moro, ouvi falar pela primeira vez na TV Escola. Um kit desse material estava sendo enviado à minha comunidade, no interior. Mas, no fim, só chegou uma parabólica, um receptor e uma televisão. Em pouco tempo a televisão teve problema. Um funcionário da Secretaria Municipal de Educação levou-a para consertar e não devolveu mais. Hoje, sou diretor da Escola Municipal São Sebastião, na comunidade à qual me referi. Enfrentamos muitas dificuldades, por estarmos na zona rural e não termos nenhum curso de capacitação por parte da Secretaria Municipal de Educação. Lendo uma revista TV ESCOLA — edição especial de dezembro de 1997 — fiquei sabendo como obter o kit, mas não confio nos meios que me foram citados. Por esse motivo estou escrevendo diretamente à revista. Tenho certeza de que serei atendido. Edvaldo Nepomuceno Marcos Paulo da Costa Colégio Rui Barbosa Rialma, GO Escola São Sebastião, Vila Copatana, Jutaí, AM COMENTÁRIOS, CRÍTICAS, DÚVIDAS, SUGESTÕES, RELA TOS DE EXPERIÊNCIAS, RELAT PROPOST AS DE PROPOSTAS INTERCÂMBIO COM SEUS COLEGAS Procure a coordenadora estadual de educação a distância do Estado do Amazonas, professora Cecília Ferreira da Silva, na Secretaria Estadual de Educação, Av. Perimetral D, 1984, Japim II, CEP 69076-830, Manaus, AM. Tel. (0_ _ 92) 237. 5734. O que fizemos com o Salto Com o intuito de termos cada vez mais consistência no caminho a ser trilhado, e na busca incessante pela melhoria na qualidade de ensino, é de suma importância estarmos sempre bem informados. E a TV Escola, juntamente com essa maravilhosa revista, nos permite responder a qualquer dúvida. Estamos enviando em anexo uma pequena amostra de trabalhos realizaMINHA EXPERIÊNCIA Dez anos de interdisciplinaridade Sempre que leio a revista TV ESCOLA passo a conhecer novas experiências educacionais e vejo como ainda existem professores que acreditam num mundo melhor. Sou professora da rede estadual na Baixada Fluminense. Com o apoio da direção e de uma equipe formidável de professores e alunos, durante dez anos temos desenvolvido um trabalho de interdisciplinaridade — mesmo na época em que esta nomenclatura não era conhecida do professorado. O projeto por nós desenvolvido tem o nome de “Leu, escreveu, dançou...” Tudo começa após longa pes- ESCREVA SUA P ALA VRA PALA ALAVRA É IMPOR TANTE IMPORT POR CORREIO Caixa Postal 9659, CEP 70001-970, Brasília, DF POR FAX (0_ _61) 410.9178 POR E-MAIL [email protected] .br [email protected] dos nos telepostos das escolas Centro de Ensino Fundamental Luzia Maia e Escola Celso Mariz. São trabalhos baseados no Salto para o Futuro. O sucesso coletivo depende de cada esforço individual. Parabéns à família TV Escola. Arquecelina M. Sá Superintendente de Teleducação da 8 o Região de Ensino Catolé do Rocha, PB Parabéns, professora, pelos resultados de sua Superintendência. MBÉM SEU MANDE TA XPERIÊNCIA E RELATO DEUBLICAÇÃO. PARA P quisa dos professores, alunos e coordenação. Um tema é escolhido, fazemos a seleção de livros e vídeos existentes na biblioteca de nossa escola, e o assunto é explorado em cada disciplina por alunos divididos em grupos. Quando o tema já está amplamente dominado pelos alunos, o grupo apresenta seu trabalho em forma de vídeo, peça, dança, música ou seminário. Os melhores trabalhos são selecionados para a culminância (um dia de festa), quando montamos uma grande discoteca. Temos apresentações de bandas formadas pelos alunos e exposição de trabalhos, onde verdadeiros artistas plásticos mostram suas primeiras obras. Para finalizar apresentamos uma coreografia baseada no tema, com fi- Cresço a cada edição da revista Parabéns! Parabéns! Parabéns! Estou ansiosa para ver as novidades da próxima edição da revista TV ESCOLA, pois, cada vez que leio uma nova edição, cresço muito... Tenho até a impressão de que sou professora caloura. Pois na verdade a revista é o máximo! Vou enviando fotos que registram a última peça teatral apresentada aqui na escola, em novembro de 99. É impossível mandarmos fotos de todos os acontecimentos, não dispomos de Com o projeto “Leu, escreveu, dançou...”, a escola vira um grande cenário. gurinos confeccionados pelos alunos e professores. Toda a escola se transforma num grande cenário, elaborado e decorado pelos alunos. Há venda de ingressos, com renda revertida para a formatura da 8ª série. recursos e de materiais adequados, mas conto com o apoio de vocês, o que já é uma grande vitória. Maria do Socorro da Silva Costa Escola Estadual Profa. Oneide S. Tavares Marabá, PA Obrigado pelas fotos, os trabalhos e os elogios. ERRAMOS O programa Confidências do Rio das Mortes, transmitido no dia 7 de abril, é uma realização da Grifa Cinematográfica e não do Itaú Cultural, como publicamos na seção Destaques da programação da edição março/abril de 2000. É um trabalho árduo, que leva três meses; mas os seus frutos podem ser verificados pelo rendimento que nossos alunos obtiveram em avaliações da Cesgranrio e pela projeção que o projeto alcançou junto à imprensa. O grupo de dança formado para esse projeto também evoluiu e hoje apresenta-se em teatros e clubes, tendo inclusive representado o nosso município, com o apoio da prefeitura de São João de Meriti. O sonho que tivemos de ver o nosso aluno mais incentivado e com maior rendimento está amplamente realizado, e por isso gostaríamos de dividir nossa experiência com outros professores e alunos do Brasil. DÊ SEU NOME COMPLETO, NOME DA ESCOLA, ENDEREÇO, TELEFONE, SÉRIE E ÁREA DISCIPLINAR. SE NÃO ESTIVER DANDO AULA OU NÃO FOR PROFESSOR, INDIQUE FUNÇÃO E LOCAL DE TRABALHO, COM NOMES E ENDEREÇOS COMPLETOS TAMBÉM. Regina Loureiro Escola Estadual Jardim Meriti São João do Meriti, RJ , SE PREFERIR LIGUE PARA Cartas com telefone ou fax podem ter resposta mais rápida, SIL O FALA BRA independente de publicação na revista. 1 0800.61.616 Visite o site da TV Escola na Internet: www.mec.gov.br/seed/tvescola DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO DICAS A M AT E M Á T I C A M.C. ESCHER – CÉU E ÁGUA Programa selecionado, na Grade da programação , para o ensino fundamental e médio Transmissão: 29 de junho (EF) e 6 de junho (EM, em Como fazer? ) Realização: National Film Board of Canada – NFBC, 1998 Direção: Gaile Thomas Duração: 3’23” Preto e branco Áreas conexas e tema transversal: Ar te, Língua Por tuguesa, Meio Ambiente Áreas de interdisciplinaridade no ensino médio: Ar te, Geografia Indicado para atividades com alunos de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental e também do ensino médio, e para capacitação de professores do ensino fundamental. RESUMO A nimação de uma composição de marrecos e peixes do trabalho Céu e água, do desenhista e gravurista holandês M.C. Escher. O programa desenvolve duas das principais características da obra do autor: a transformação de figuras e a repetição rítmica de um padrão. Mauritis Cornelius Escher (18981972) é também conhecido por seus paradoxos visuais, nos quais, contrariando as leis da Física, faz quedas d’água caírem num mesmo plano ou escadas descerem em plena subida. É, como já se disse dele, um poeta do impossível. O pai queria que fosse carpinteiro; chegou à faculdade de Arquitetura, mas não concluiu o curso. Não foi bom aluno de Matemática, como Einstein. É, apesar disso, referência permamente para estudos matemáticos – especialmente de Geometria. 8 animação pode contribuir para criar ou desenvolver uma percepção mais aguçada de questões da geometria, como transformações, composição e decomposição de figuras – estas habitualmente exploradas em atividades com ladrilhamentos e tangrans. Pode ser útil ainda para estimular observações sobre conjuntos. 1. Consulte as orientações didáticas para o terceiro e quarto ciclos (5ª e 6ª, 7ª e 8ª séries), do livro de Matemática dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN de 5ª a 8ª séries. Leia o item Espaço e forma. “As atividades que envolvem as transformações de uma figura no plano devem ser privilegiadas nesses ciclos, porque permitem o desenvolvimento de conceitos geométricos de forma significativa, além de obter um caráter mais dinâmico para este estudo”, dizem os PCN, que apresentam sugestões para você orientar seu trabalho. 2. Em atividades interdisciplinares de Arte e Matemática, de 5ª a 8ª séries, experimente incorporar M.C. Escher – Céu e água a seus recursos, seguindo estágios planejados de trabalho, como estes: • O programa – Veja a animação com seus alunos. Peça que eles comentem e anotem o que viram, perceberam, sem se deter em análises. • Observação do concreto – Proponha que observem o recobrimento de superfícies (pisos da escola, da calçada, dos ladrilhos da cozinha), verifiquem as formas utilizadas, a composição de figuras, e pensem em outras formas e composições possíveis. Quadrados, retângulos, triângulos, hexágonos? Com qual padrão? Peça que observem também as formas da natureza, como das pedras, animais ou dos favos de mel das abelhas que, por serem hexagonais, você sabe, ocupam o espaço do modo mais econômico possível. O que lembra a animação de Escher? Convém que a turma rabisque e faça anotações do que for observado e pensado. • Observação da arte – Os alunos devem obser var as formas utilizadas em vários desenhos: quadros de pintu- ra, tapeçarias, cerâmicas. A geometria está presente em toda arte ou artesanato. Mas nem sempre é consciente e explícita como no trabalho de Escher. Para tudo o que obser varem, os alunos devem imaginar formas diferentes das utilizadas. É mais difícil do que refletir sobre o desenho de uma calçada, embora este também possa ser artístico. Mas vale o esforço. Ajuda a compreender como são construídas obras de ar te e o que essa construção tem a ver com o recobrimento de super fícies. Se puder, convide algum pintor ou desenhista para uma prosa. Lembre-se de orientar a turma para registrar o que acontecer neste estágio também. • O programa outra vez – Veja de novo a animação de Escher com o grupo – A geometria nos desenhos de Escher. certamente com outros olhos. E peça que anotem o que observarem. • Exploração de princípios matemáticos – Orientados por você, os alunos investigam em grupo, trocando idéias, a presença de princípios e conceitos matemáticos que possam ser encontrados em tudo o que foi observado. Sugira que recorram às suas anotações e escolha um exemplo para analisar. Essa investigação deve compor um relatório, montado pela turma e comentado por você. • Criação – Os alunos agora fazem um texto (uma dissertação, um poema ou um diálogo imaginário com Escher) que resuma o que foi observado e aprendido nos estágios anteriores. Cada um lê seu texto para os colegas. Depois, faz um desenho, o mais espontâneo possível, para pendurar no mural. TVE SCOLA • Extensão – Conheça outros trabalhos de Escher, em livros ou em páginas da Internet, e divida suas descobertas com os alunos. Em português: www.geocities.com/SoHo/Coffeehouse/6847/escher.bra.html www.geocities.com/SoHo/Nook/ 2036/escher.htm www.geocities.com/SoHo/study/ 1128 3. No terceiro ciclo, a animação pode ser um pretexto para abrir uma conversa sobre as relações entre céu e água e equilíbrio ambiental, fazendo tranversalidade de Meio Ambiente com Arte e Matemática. 4. Se você já tem micro, use-o. A transformação é linguagem básica dos programas de computação gráfica. O computador, além disso, facilita o trabalho de crianças que tenham alguma limitação motora. ENSINO MÉDIO A animação pode ser um bom pretexto, no primeiro ano, para recordar conteúdos do ensino fundamental. Pode também apoiar o trabalho de desenvolvimento da competência, prevista pelos PCN, de utilizar a Matemática na interpretação e intervenção no real. Pode ainda ser desencadeador de atividade interdisciplinar das áreas de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, e Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Veja também: Correntes marítimas (da série Tik Tak Tok) e Uma fonte de inspiração (da série Por onde anda a Matemática), transmitidos para o ensino médio no dia 6 de junho, em Como fazer?, junto com M.C. Escher – Céu e água e comentários de professores para atividades interdisciplinares. Veja ainda, dia 26 maio, no Vendo e aprendendo, destinado ao ensino fundamental: Conhecer, explorar, partilhar o espaço (da série PCN / Matemática), e quatro da série Matemática na TV: Matemática e impressão, Matemática e tecelagem, Matemática e reflexão, Matemática e dobradura. Também para o ensino fundamental, dia 29: Esferas, Aritmética. Matrioska e Dimensões. TVE SCOLA A indicação dos programas leva em conta os objetivos dos níveis de ensino e os conteúdos curriculares de cada série. Mas a maioria dos vídeos pode ser utilizada em outras séries também, no todo ou em partes, com abordagens diferentes. Quem decide é o professor, de acordo com interesse e criatividade. MATEMÁTICA TIK TAK TOK Série selecionada, na Grade da programação , para o ensino fundamental e para o ensino médio. Transmissão: 26 a 29 de junho (EF), 6 de junho (EM, em Como fazer?) Realização: M5, França, 1997-1998 Direção: Paul Guetal Duração: 122 programas de 3’30” Colorido Áreas conexas e temas transversias no ensino fundamental: Ciências, Geografia, História, Ar te, Educação Física, Meio Ambiente, Saúde, Ética Outras áreas de interdisciplinaridade no ensino médio: Física, Biologia, Química, Geografia, História, Ar te, Língua Por tuguesa, Informática Indicado para atividades com alunos de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental e também do 1º e 2º anos do ensino médio. RESUMO D esenho animado com jogo matemático, envolvendo questões estudadas em quase todas as outras áreas temáticas ou temas tranversais. Por exemplo: em 30 segundos, uma pessoa gasta, pedalando, 4 calorias; em quanto tempo gasta 18.900 (episódio Calorias)? Ou: a cada 30 segundos, a humanidade pesca, desnecessariamente, 38 toneladas de peixes; em um ano, pesca 30 milhões de toneladas só para fazer (desnecessariamente) farinha de ração para animais; em quanto tempo pesca o restante de toneladas desnecessárias (episódio Pesca desnecessária)? É um game, uma espécie de fliperama didático. Um reloginho roda, tik, tak, tok, você tem 30 segundos para responder; encerrado seu tempo, o desenho dá a resposta. Entre a for- mulação das questões e as respostas, um narrador comenta alguns aspectos dos temas abordados. Uma frase musical marca o andamento da narrativa. Tudo acontece muito rápido, redobrando a dificuldade de responder às questões. DICAS Q uantas toneladas de peixe a humanidade pescou desnecessariamente, enquanto você leu o resumo acima? Quantas pescará até o fim destas dicas? Questões deste tipo podem não passar, aparentemente, de simples desafios matemáticos, exercícios algébricos e curiosidades – em um game , além do mais, não interativo. Mas, ao brincar com as grandezas numéricas, a série de desenhos pode ajudar a compreender melhor outras questões, como o desmatamento, a agressão ao meio ambiente, o derretimento das geleiras, o buraco na camada de ozônio, Animação de Tik tak tok. 9 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO o cuidado com a saúde ou até a economia, os meios de produção, o trabalho e o consumo. Desde que, claro, você entre em cena. 1. Veja os desenhos junto com seus alunos. Eles vão, naturalmente, se interessar pelos desafios. 2. Alguém tem calculadora? Entre na brincadeira e ajude-os a encontrar a solução para os problemas. Ao mesmo tempo, sem exagero, pontue alguns detalhes das imagens e informações do narrador – o traço das figuras, por exemplo, lembra algum outro desenho da TV ou dos quadrinhos? Como é essa música de fundo? Calorias não queimadas viram gordura? O que faz a geleira se mover? Por que tik, tak, tok; não é só tik, tak? 3. Depois de um, dois, três episódios (mais, vai cansar), no mesmo dia ou em outro, converse com os alunos sobre o que acharam dos desenhos e que dificuldades encontraram nas contas. Alguém ainda apanha, por exemplo, ao fazer regra de três simples, que resolve as questões dos episódios citados? Ou sofre ao transformar uma quantidade imensa de segundos em anos, meses, dias, horas e segundos? Outro tem menos habilidade para operar a calculadora? Não deixe de dar atenção a algum aluno portador de necessidade especial, se possível, com o apoio dos colegas. 4. Em seguida, talvez em várias aulas, vá puxando o fio da meada de cada desenho e desdobrando as questões de outras áreas temáticas. 5. Proponha que a turma (de 5ª a 6ª séries) invente outros jogos equivalentes ao apresentado, de preferência envolvendo questões do cotidiano. 6. Com os alunos do ensino médio (1º e 2º anos), use os desenhos para mostrar como é possível fazer interdisciplinaridade brincando; como de um game meio maluco se pode tirar muita coisa. 7. Proponha, ainda no ensino médio, que os alunos criem desafios para a turma do ensino fundamental, como se fossem seus monitores. 8. Aqui, como em qualquer atividade, faça os alunos falarem e escreverem, para desenvolver, o mais possível, oralidade e escrita. Impor tante: não importa que o texto seja de Ma- 10 temática, Biologia ou Meio Ambiente, os alunos devem ter a mesma dedicação e atenção que teriam em textos de Língua Por tuguesa. E seu grau de exigência deve ser o mesmo: lógica, boa organização das idéias, riqueza de vocabulário, domínio de sintaxe, correção or tográfica e uma boa dose de criatividade. Veja também: Uma fonte de inspiração (da série Por onde anda a Matemática), e M.C. Escher – Céu e água, transmitidos para o ensino médio no dia 6 de junho, em Como fazer?, junto com Tik Tak Tok e comentários de professores para atividades interdisciplinares de Matemática, Arte e Geografia. Veja ainda, dia 26 maio, no Vendo e aprendendo, destinado ao ensino fundamental: Conhecer, explorar, partilhar o espaço (da série PCN / Matemática), e mais quatro programas – Matemática e impressão, Matemática e tecelagem, Matemática e reflexão, Matemática e dobradura – da série Matemática na TV. PLURALIDADE CULTURAL ESCOLHI VIVER AQUI Série selecionada, na Grade da programação , para o ensino fundamental Transmissão: 21 de junho Realização: TV Escola. Apoio: TVE Brasil. Brasil, 2000 Direção: Paschoal Samora Duração: 6 programas de 5’ Colorido Áreas conexas: Geografia, História, Literatura Indicado para atividades com alunos de 5 ª a 8 ª séries do ensino fundamental e também do ensino médio. RESUMO D epoimentos de imigrantes que vieram para o Brasil e aqui ficaram, espontaneamente. O grego, por exemplo, casado com uma pernambucana e pai de duas me- Imigrante coreana. ninas, diz que o Brasil é colorido porque reúne povos de várias nacionalidades vivendo em harmonia. O ferreiro alemão, depois de 20 anos, continua impressionado com o clima ameno e com árvores que frutificam o ano todo. A moça japonesa se diz fisgada pela amizade leal, a liberdade e a originalidade dos brasileiros. DICAS A s entrevistas de Escolhi viver aqui ajudam a trabalhar o tema transversal Pluralidade Cultural, indicado pelos PCN a todos os ciclos do ensino fundamental. Podem ser ponto de partida para atividades interdisciplinares de História, Geografia e Literatura, ligadas à questão da imigração e da formação do povo brasileiro. Em História, da 5ª a 8ª série, use os programas para enriquecer as aulas sobre a imigração estrangeira no Brasil do final do Século 19 e primeiras décadas do Século 20. 1. Aproveite para analisar com os alunos as várias levas de imigrantes. De onde vieram, e em que regiões se fixaram? A quais atividades econômicas se dedicaram? Como foi sua integração na sociedade brasileira? Por que alguns descendentes ainda vivem em comunidades mais fechadas, às vésperas do Século 21? 2. Junto com a professora de Língua Portuguesa e Literatura, oriente a leitura de histórias que tratem da imigração, do choque cultural e das dificuldades de adaptação vividas pelos imigrantes. 3. Na 8ª série, chame atenção para o fato de que os programas trazem depoimentos de migrações espontâneas; mas que houve também movimentos migratórios forçados, ou exílios, TVE SCOLA de outros povos para o Brasil (imigração) ou de brasileiros para outros países (emigração). Encomende pesquisa sobre o tema. 4. Monte com a turma painéis de depoimentos de imigrantes sobre suas experiências. Chame familiares dos alunos ou outros moradores da comunidade que imigraram ou emigraram, ou que se lembrem de histórias contadas por pais e avós, para transmiti-las ao grupo. O QUE DIZEM OS PARÂMETROS A proposta dos PCN do ensino fundamental em relação ao tema transversal Ética insiste na idéia de que é papel primordial da escola construir e fortalecer uma ponte entre o dizer e o fazer. Isso significa que, para tornar legítimos aos olhos dos alunos valores e regras morais que afirmam a cidadania e a dignidade da pessoa, a escola precisa pra- ticá-los a cada momento. Além de transversalizar a Ética com todas as áreas do currículo, os valores éticos precisam ser percebidos pelos alunos na ação de todos os profissionais da escola. É imprescindível também que a escola seja um lugar onde os valores éticos sejam pensados e não meramente impostos. ENSINO MÉDIO Para os alunos do ensino médio, também, as entrevistas de Escolhi viver aqui têm elementos que podem desencadear discussões sobre diversidade cultural e enriquecer atividades interdisciplinares que envolvam a imigração. O tema pode ser estudado nas áreas de Ciências Humanas e suas Tecnologias, e Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Leia Brava gente brasileira – 500 anos de pluralidade cultural, número especial da revista TV ESCOLA, sobre a formação do povo brasileiro, editado a propósito dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. ÉTICA DIREITOS HUMANOS Série selecionada, na Grade da programação , para o ensino fundamental. Transmissão: 17 de maio Realização: TV Escola Direção: Eduardo Nunes, Geraldo Iglesias e Aimar Laback, 1998 Duração: 6 programas, total de 68’17” Colorido Áreas conexas e temas transversais: História, Geografia, Língua Por tuguesa, Orientação Sexual, Saúde Indicado para a capacitação de professores do ensino fundamental e médio, e para atividades com alunos de 5ª a 8ª séries e de todos os anos do ensino médio. TVE SCOLA RESUMO A s várias formas de violência que se multiplicam no dia-a-dia, na escola, em casa, no trabalho e na sociedade de um modo geral. São seis episódios produzidos pela TV Escola a propósito da comemoração, em 1999, dos 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos: Violência que rola; Idosos; Violência sexual; Armas! Tô fora!; Tá lá um corpo estendido no chão; e Miséria. Direitos Humanos revela o que muitos não gostam de ver nem saber, ou seja, que a violência tem muitas caras e está em toda parte. Ela aparece na humilhação do menor, do mais fraco ou do mais velho, no abuso de poder, no uso da força, na miséria das ruas. No primeiro episódio, Violência que rola, o narrador conclui: “Violência gera violência e agressão leva à agressão. Não existe pequena violência; toda ela é ruim e deve ser denunciada.” DICAS O Todos os programas podem ser usados como instrumentos de aperfeiçoamento e formação de professores. • Outro alerta importante: a violência sexual começa quase sempre aos poucos, com pequenos atos e palavras insinuadas. Na sala de aula, oriente alunos de qualquer idade a ficarem atentos a qualquer sinal de violência sexual, mesmo que pequena. • A professora pode ter ação decisiva para proteger uma aluna vítima de violência sexual na própria casa. Sua escola está atenta para esse problema, ou para os casos de agressões físicas? Os professores podem ser os únicos aliados nessas situações. Discuta esta questão com seus colegas, levando em conta os quatro passos indicados no programa de prevenção e denúncia apresentados pelo vídeo. objetivo é provocar discussões, sugerindo temas para pesquisa, de preferência em projetos interdisciplinares. E mais: orientar o debate, a incorporação de posturas éticas e a prática da cidadania. Cada episódio é complementado com O que fazer, que apresenta propostas de reflexão e de ação. Ao trabalhar com o programa Violência sexual, considere: • O estupro é uma violência freqüente em qualquer grupo social, e não só entre os pobres, como muita gente continua pensando. É um ótimo ponto de partida para debate. Direitos Humanos. 11 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO ENSINO MÉDIO Miséria, Armas, tô fora e Tá lá um corpo estendido no chão podem integrar atividades interdisciplinares orientadas pela disciplina de Sociologia: 1. Assista com os alunos ao episódio Miséria, por exemplo, parando para comentar cada um de seus quadros. Fotografias e depoimentos compõem um olhar sociológico sobre a rua e seus moradores. 2. Abra discussão na classe sobre causas que levam alguém a morar na rua. Indague sobre as razões da presença de tanta gente nessa situação. 3. O narrador conclui: a pobreza está diretamente ligada à falta de instrução. Discuta isso com os alunos. Esta é a única ou a principal razão da pobreza? 4. Peça à turma que monte textos analíticos sobre o conjunto dos quadros assistidos. Na seqüência, pelo menos um deles pode ser trabalhado em forma literária, como conto, crônica ou poesia. 5. Com os alunos mobilizados para o tema da miséria, ajude-os a montar questionários para entrevistar moradores da rua e recuperar suas histórias. 6. Os alunos e a escola podem fazer alguma coisa para diminuir a pobreza na comunidade? Leia o caderno Direitos Humanos, novo título da coleção Cadernos da TV Escola. Veja também as séries Direitos da criança e Direitos do Coração, já transmitidas pela TV Escola. Consulte a videoteca de sua escola e o Guia de programas da TV Escola 1996-1999 Navegue até a Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da USP: www.direitoshumanos.usp.br Navegue também até a página da Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça: www.mj.gov.br/sndh LITERATURA POESIA Programa selecionado, na Grade da programação , para o ensino fundamental Transmissão: 12 de junho Realização: TV Imaginária, 1999 Direção: Marcos de Araújo Ribeiro Duração: 26’58" Colorido Áreas conexas: Língua Por tuguesa, Ar te Indicado para capacitação de professores do ensino fundamental e para atividades com alunos do ensino médio. RESUMO C onversas literárias de poetas, romancistas e músicos. Da série Revista Literária, o programa reúne, entre outros, o poeta maranhense Ferreira Gullar, o compositor baiano Caetano Veloso e o escritor gaúcho Moacyr Scliar. Poesia discute os desafios, armadilhas e a paixão da criação poética. E abre espaço para a polêmica em torno do casamento música-poesia, com a cantora Adriana Calcanhoto apresentando Escapulário – poema de Oswald de Andrade musicado por Caetano Veloso. DICAS A tual e pluralista, o programa pode ser muito útil na capacitação de professores do ensino funda- As escolas estão recebendo o caderno Direitos Humanos, da coleção Cadernos da TV Escola, editada pela Secretaria de Educação a Distância do MEC. A publicação complementa as questões abordadas pelos seis programas da série Direitos Humanos. O caderno possui quatro anexos: Declaração Universal dos Direitos Humanos, Os direitos humanos na Constituição de1988, Os direitos humanos no Estatuto da Criança e do Adolescente, Declaração de Princípios sobre a Tolerância. 12 mental, pois ajuda a retomar, com novos pontos de vista, discussões de temas polêmicos da literatura – particularmente, a poesia contemporânea. Nas aulas com alunos do ensino médio, pode ajudar a compor um projeto interdisciplinar que reúna Literatura, Língua Portuguesa e Arte. Veja o programa antes de apresentálo ao grupo de professores ou alunos. Planeje o que vai fazer. Que tal começar por duas questões lançadas por Ferreira Gullar? • Ele diz que para escrever precisa estar num estado psicológico intenso. É assim que as palavras que estão dentro dele se associam: “O poema é o lugar onde essas palavras são transfiguradas.” Como o grupo entende esta afirmação? • Influenciado, no início, pelo parnasianismo, Gullar diz que rompeu com a forma, métrica e rima em sua obra Poema sujo. Com isso, entrou em choque com a Geração de 45. Mas, segundo ele, não havia outro jeito, pois “só naquele momento eu estava fazendo a minha Semana de 22”. O que ele quer dizer com esta obser vação? O que propunham os escritores da Geração de 45 e no que se diferenciavam dos modernistas da Semana de 22? Com o grupo envolvido por essas questões, proponha outras atividades: • Pesquisar os princípios do parnasianismo, seus principais expoentes no Brasil e colher exemplos de textos para ler para os colegas; fazer o mesmo com o modernismo da Semana de 22. • Escrever, transformando poemas parnasianos em modernistas e vice-versa. Além de ajudar a perceber a constr ução dos poemas em cada gênero, essa atividade dá mais versatilidade e criatividade à escrita de cada um. • Organizar um festival de poesia. Veja também os outros programas de literatura do dia 12 de junho: Conto, Romance (da mesma série, Revista Literária), Waly Salomão e Fernando Gabeira (da série Encontro marcado com a Arte). Veja ainda: Ferreira Gullar, Moacyr Scliar, da série Encontro marcado com a Arte, e Duas águas (vida e obra de João Cabral de Melo Neto), já transmitidos pela TV Escola – o último em 24 de março deste ano. TVE SCOLA LITERATURA CIDADES SONHADAS, CIDADES REAIS Série selecionada, na Grade da programação , para o ensino fundamental Transmissão: 19 e 20 de junho Realização: La Cinquième. França, 1996 Direção: Jacques Bastide Duração: 6 programas de cerca de 26’ Colorido Áreas conexas: História, Pluralidade Cultural, Ar te, Língua Por tuguesa Indicada para atividades com alunos de 7ª e 8ª séries do ensino fundamental e também para o ensino médio. RESUMO D ocumentários sobre cidades, suas paisagens, histórias e culturas. Viena, Veneza, Jerusalém, Havana, Paris e Alexandria. As seis são apresentadas a partir de textos de romances, contos, crônicas, poemas e cartas em que já foram descritas. Em Jerusalém, por exemplo, são lembrados os poemas amorosos do Cântico dos Cânticos do rei Salomão; em Viena, capital da Áustria, escritos do psicanalista Sigmund Freud (1856-1939) e do escritor Stephan Zweig (18811942). 3. Consulte com os alunos livros didáticos, romances, enciclopédias, guias, jornais e revistas, programas da TV Escola ou a Internet, para que conheçam melhor a cidade. E peça que montem um pequeno per fil, com dados geográficos, econômicos, culturais e os principais fatos históricos. Que cidade é essa? 4. Feito isso, eles devem comparar o per fil com as narrativas. São muito contrastantes? No que se parecem? 5. Com essa comparação, o grupo verifica como um registro literário pode, muitas vezes, dar uma visão da cidade, impossível de se obter apenas com dados objetivos ou considerados como tal. Ou: como a literatura complementa e enriquece o per fil objetivo, com dados de uma dimensão inventiva, fantasiosa, mítica, metafórica – literária, enfim, e nem por isso irreal. Essa dimensão já está muitas vezes incorporada ao imaginário coletivo, por causa dos escritores ou independente deles. Toda cidade é o que ela é (cidade real) mais o que dela se pensa, sente, lembra, imagina (cidade sonhada). 6. Que tal seguir os mesmos passos para estudar cidades brasileiras, como Salvador, Brasília, Ouro Preto, Rio de Janeiro ou São Paulo, verificando como são reais, como são sonhadas pelas pessoas, e como é a literatura que as narra ou na qual estão presentes? Como é o Rio de Janeiro de Machado de Assis, a cidade de Salvador de Jorge Amado ou a Curitiba de Dalton Trevisan? Veja também as séries Paisagens brasileiras, Paisagens do Mundo, Adoro minha ci- DICAS U se as narrativas como desencadeadoras de um estudo sobre cidades e literatura. Veja os programas antes de passá-los para a turma e planeje o que fará. Sugestões: 1. Assista a um dos vídeos com o grupo e proponha que contem, verbalmente ou por escrito, o que as narrativas literárias dizem da cidade apresentada, o que destacam. Que cidade é essa? 2. Localize a cidade no mapa ou globo. TVE SCOLA MELHOR APROVEITE RAMAS OS PROG ramação e da prog Leia a Grad s s gravaçõe e planeje a ê c vo e u q dos vídeos quer usar. dade e Um encontro marcado com a Arte. Consulte o Guia de programas da TV Escola 1996-1999 e acompanhe as grades da programação. Leia o livro Cidades Invisíveis, de Italo Calvino (Comapanhia das Letras). EDUCAÇÃO ESPECIAL O LUT ADOR LUTADOR Programa selecionado, na Grade da programação , para o ensino fundamental Transmissão: 8 de junho Realização: Tapestr y. EUA, 1999 Direção: William Whiteford Duração: 49’21" Colorido Áreas conexas: Ética Indicado para capacitação de professores e atividades com alunos de todas as séries do ensino fundamental e também do ensino médio. RESUMO H istória de Gimp, portador de necessidades especiais. Recusa-se a estudar em escola para alunos especiais e enfrenta o desafio de freqüentar escolas regulares. Consegue chegar à universidade e se formar. O lutador é um documentário realizado pelo próprio Gimp, com registros feitos desde sua infância. Foi indicado para o Oscar de documentário de curta-metragem. DICAS É Cidades sonhadas, cidades reais. uma história de inclusão. Pode contribuir muito com o trabalho de escolas que já tenham ou venham a ter alunos portadores de necessidades es- 13 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO a Se quiser ajuda, procure a ou ão aç uc Ed Secretaria de ão aç uc Ed de Secretaria Especial do MEC: tel: (0_ _61) 410-8651, e-mail: fax (0_ _61) 410-9265, r se es p@ se es p.m ec .go v.b ra, eg int Re a m co Fale também s ita mu tem e USP, qu ias informações e experiênc ra pa sil Bra o de todo você conhecer: tel: (0_ _11) 818-4155, ail: (0_ _11) 211-3942, e-m p.br .us ae ec i.c ac reintegra@s peciais. Ajuda a romper preconceitos. Facilita o empenho de acolher, respeitar e conviver com esses alunos, estimulando-os a participar do processo de aprendizagem junto com seus colegas. Algumas dicas: • O principal objetivo, de início, deve ser o de sensibilizar toda a comunidade escolar. A inclusão de alunos com necessidades especiais (prevista em lei) não é tarefa só do professor. • Grave este e outros programas de Educação Especial, como Músicos especiais e Linguagem silenciosa (10 de maio). Veja as Grades da programação. Consulte o Guia de programas 19961999 e a videoteca da escola. Vocês tem gravadas as séries Deficiência mental e Deficiência física, produzidas pela TV Escola? Escolha o que mais lhe interessar. • Planeje a exibição de vários programas, um por semana, durante determinado período. É bom que a maioria das sessões seja coletiva (professores, alunos, diretores, coordenadores e outros funcionários) e algumas, exclusivas (professores e coordenador). • Promova conversas sobre cada programa, no mesmo dia da exibição ou no seguinte. É bom, às vezes, “amanhecer” sentimentos e idéias. E ouça o que cada um tem a dizer e a propor, para trabalhar pela inclusão. Quem já vive isso em sua sala e encontrou nos vídeos idéias para aplicar? Como todo 14 o grupo pode ajudar, pelo menos com sugestões? • Lembre-se que a primeira coisa a ser feita é reconhecer que o preconceito que existe, é humano, não é vergonhoso, só precisa ser superado. Manifesta-se, no mínimo, como incômodo. • Ajuda muito considerar, desde o início, pessoas com necessidades especiais apenas como diferentes. Você tem, portanto, pela frente uma questão de diversidade, como outras presentes na escola – ainda que possa ser mais difícil de se lidar. • Considere que alunos sem necessidades especiais tem às vezes tanta dificuldade quanto alunos com necessidades especiais para entender certos conceitos e desenvolver algumas atividades. E que algumas técnicas e métodos podem beneficiar todos. • Não se consegue fazer o melhor nesse trabalho em pouco tempo. Tenha a perspectiva de avançar a cada dia. • Tenha a maior atenção com essa tarefa, mas cuide para não torná-la artificial. As crianças, note, tendem a encarar a questão com maior naturalidade. Aprenda com elas. HISTÓRIA A IDADE DO BRASIL Série selecionada, na Grade da programação , para o ensino fundamental Transmissão: 25 de maio Realização: TV Escola / Unicef. Apoio: TVE Brasil. Brasil, 1999 Direção: Renato Barbieri Duração: 3 programas, total de 42' Colorido Áreas conexas: Geografia, Ar te, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Ética, Língua Por tuguesa, Literatura Indicada para atividades com alunos da 3ª à 8ª série do ensino fundamental. RESUMO R etrato do Brasil em três documentários curtos: O caldeirão, sobre a diversidade étnica e cultural do País; A casa, sobre suas dimensões, contrastes físicos e sociais; e O rosto, sobre sua imagem. DICAS É uma boa oportunidade para deflagrar, integrar ou complementar atividades a propósito do Descobrimento e dos 500 anos do Brasil. Não só para conhecer melhor o passado, mas também para redescobrir o País no presente: o espaço geográfico, as riquezas naturais, o povo, as desigualdades sociais, as diferentes culturas, a identidade nacional, a inserção no mundo globalizado e suas conseqüencias. Lembre-se, ao falar em Descobrimento, de conversar com os alunos sobre o significado desse termo. Ele pode sugerir que as terras que viriam a ser o Brasil não eram habitadas. Ou que eram terras de ninguém e não das populações genericamente chamadas de índios – catequizadas, escravizadas ou dizimadas pelos colonizadores. Fale ainda sobre a questão dos diferentes pontos de vista a respeito de qualquer fato histórico. O Descobrimento não foi, para os índios, uma invasão? Veja os programas antes de exibi-los. E planeje o trabalho. As possibilidades de estudo e atividades com os alunos (e também com os professores) são quase inesgotáveis. Aqui apresentamos uma, em que os alunos (re)descobrem, primeiro, a si mesmos, em seu lugar. A perspectiva é interdisciplinar, com conexões entre História e Geografia. O trabalho tem três etapas, de acordo com a ordem de transmissão dos programas – alterável, claro, conforme sua intenção. Exiba um programa de cada vez, fazendo as paradas necessárias para pontuar alguns detalhes. O caldeirão 1. Depois da exibição do programa, peça aos alunos para observarem o que há de diversidade cultural na escola, considerando, entre outros aspectos: TVE SCOLA ascendência (indígena, africana, européia etc. ou uma composição de ascendências), religião e práticas religiosas (catolicismo, protestantismo, judaísmo, xintoísmo, candomblé); festas comemorativas, rituais, danças, hábitos alimentares, preferências musicais. 2. Ao fazer isso, os alunos estarão, inevitavelmente, falando de suas famílias. Proponha que aprofundem essa primeira obser vação, ouvindo seus familiares. Estimule-os a ir o mais longe possível no tempo. E peça que anotem as informações obtidas num bloco ou caderno, como faz um repórter. 3. Proponha que cada um produza um texto com base no que pesquisou. Pode ser em forma de dissertação, conto ou poema. Além de registro da pesquisa, é um bom exercício de escrita. Esse trabalho ajuda cada aluno a (re)conhecer melhor, valorizar e respeitar sua identidade e a dos outros. Pode ser estendido aos moradores do bairro, da cidade e à população brasileira. A casa 1. Depois da exibição do programa, retome com o grupo a discussão sobre as casas de cada um e os cuidados necessários à sua limpeza e organização. Faça o mesmo em relação à escola. Observe com os alunos os diferentes espaços – a sala de aula, o pátio, jardins, entrada, rua. Quais os serviços fundamentais à sua manutenção pelos funcionários incumbidos de fazê-los? Como cada um pode ajudar a manter em ordem os espaços que são de todos? Isso, também, é uma questão de meio ambiente. Observações e sugestões podem ser formalizadas em cartazes afixados na sala de aula. OGRAMAS GRAVE OS PR na videoteca as e guarde as fit o. sterior utilizaçã po ra pa la co mo da es co ar us r, você pode Para cataloga as da m ra og pr de ia referência o Gu s e or ganiza mai TV Escola, qu s do iti sm an tr de 2 mil vídeos 98. de 1996 a 19 o A TV Escola nã as fit i bu distri TVE SCOLA pessoas, grupos sociais, etnias ou povos. Peça que dêem exemplos e analisem os motivos. EXTENSÃO A idade do Brasil. 2. Amplie essa discussão, do particular para o geral – para a cidade, a região, o Estado, o País, o mundo. 3. Peça a seguir que eles observem a arquitetura de suas casas, de seu bairro e de sua cidade, ilustrando essa observação com imagens já disponíveis (jornais, revistas, álbuns de família) ou que possam produzir (desenhos, fotos ou vídeos). O que é mais típico em cada construção? Há algum estilo definido? Qual a história das construções? Por que são de um jeito ou de outro, em função de fatores geográficos, ambientais e outros? No que diferem ou se parecem com as construções de outras regiões do País? O rosto 1. Depois da exibição do programa, adotando procedimento semelhante ao das outras etapas, peça aos alunos que tragam fotos suas e de seus familiares, mostrem para toda a turma e conversem. 2. Lance estas questões para eles analisarem: O que há de peculiar, marcante, diferente nas imagens de cada um? O que há de semelhante ou igual? Há uma identidade? 3. Proponha uma pesquisa de imagens de brasileiros, em revistas, livros, programas da TV Escola ou, se tiver computador, na Internet. 4. De novo: O que é diferente e comum? Há uma identidade? Certamente não, já que identidade não é feita só de imagens, de rostos. Que outros aspectos compõem a identidade de um grupo de pessoas, de uma comunidade, de um povo? Como é possível falar-se em identidade nacional? 5. Não se esqueça de lembrar seus alunos que se tem, muitas vezes, imagens pré-concebidas, preconceituosas, estigmatizantes, discriminatórias de Dependendo dos objetivos e conteúdos de sua série, faça um trabalho de Literatura e Língua Por tuguesa, com pesquisa sobre imagens de brasileiros na visão de Machado de Assis, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Rubem Fonseca e Luís Fernando Veríssimo ou outros autores. E ponha a turma para escrever sobre um brasileiro abstrato que reunisse em si todos os brasileiros. Como seria a imagem desse brasileiro em desenho? Leia também: Brava gente brasileira – 500 anos de pluralidade cultural, número especial da revista TV ESCOLA sobre a formação do povo brasileiro, editado a propósito dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. Leia ainda o caderno Índios no Brasil (em três volumes), da coleção Cadernos da TV Escola, distribuídos a todas as escolas que recebem a revista TV ESCOLA. Veja também as séries Além-mar (22, 23, 24 de junho) e Escolhi viver aqui (21 de junho), e as séries 500 anos: Um novo mundo na TV e 500 anos: Brasil colônia na TV, já transmitidas pela TV Escola. ESCOLA / EDUCAÇÃO CONVÍVIO ESCOLAR Série selecionada, na Grade da programação , para o ensino fundamental Transmissão: 9 de maio Realização: TV Escola. Brasil, 2000 Direção: Carlos Nascimbeni Duração: 6 programas de cerca de 11' Colorido Áreas conexas: Pluralidade Cultural, Ética Indicada para capacitação de professores. 15 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO R RESUMO eflexão sobre a escola, seu papel, organização e desafios, analisados de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, os PCN. É um convite aos professores para conhecer, discutir e interpretar os conteúdos dos PCN, apropriando-se deles ao refletir sobre a prática que desenvolvem. “Os Parâmetros Curriculares Nacionais, referenciais para a renovação e reelaboração da proposta curricular, reforçam a impor tância de que cada escola formule seu projeto educacional, compar tilhado por toda a equipe, para que a melhoria da qualidade da educação resulte da co-responsabilidade entre todos os educadores. A forma mais eficaz de elaboração e desenvolvimento de projetos educacionais envolve o debate em grupo e no local de trabalho.” (Apresentação aos PCN, pág. 9.) A proposta de utilização dos seis programas aqui apresentada prevê a realização de reuniões de professores durante um semestre. PRIMEIRA REUNIÃO Programa 1 Toda criança na escola Programa 2 Direitos e responsabilidades À luz da História da Educação, são analisadas discriminações sociais causadoras da exclusão de crianças da escola, da Idade Média até hoje. A partir disso são discutidos temas como a elitização do ensino, o trabalho infantil, os sistemas de avaliação, os diferentes níveis de qualidade na educação para ricos e pobres, homens e mulheres, além das discriminações de idade e capacidade. DICAS A pós a exibição dos vídeos, a coordenação poderá relacionar no quadro negro algumas questões a serem discutidas: 1. Para que serve a escola? (Considerar as funções de formação do sujeito crítico e de construção da cidadania.) 2. Se a educação é direito inalienável de todos, por que ainda há crian- 16 ças, adolescentes e adultos sem garantia de acesso à escola? 3. O que cada um de nós pode fazer para favorecer a inclusão de maior número de alunos da comunidade em nossa escola, considerando que a luta pelas crianças que estão fora da escola é compromisso de todos os que estão dentro dela? 4. Discutir o sistema de avaliação da escola, reconstruindo critérios mais adequados à realidade dos alunos e considerando a questão: Que perfil de aluno queremos ter? SEGUNDA REUNIÃO Programa 3 A organização do espaço e do tempo na escola Programa 4 A violência na escola A estrutura inadequada das escolas traz à tona questões como: Quem organizou a escola dessa maneira? Por que a divisão de alunos é feita por faixa etária? Por que a divisão de matérias é estanque, sem que se estabeleça relação de uma com a outra? Por que as regras e normas são tão rígidas e defasadas? Por que a seriação? E a violência? Crianças que discriminam outras crianças ou professores que ameaçam alunos de diversas formas atuam como modelos de ensino e aprendizagem da violência. DICAS A coordenação poderá, num primeiro momento, discutir com o grupo a organização da escola em relação às regras e normas que já estão ultrapassadas; às que estão inadequadas; e às que precisam ser confirmadas. Vale fazer um registro destas últimas em um cartaz, para que possam ser revistas (confirmadas ou transformadas) a qualquer momento. Na seqüência, exibir os vídeos, fazendo algumas paradas para observações. Podem surgir questões que se tornem pautas futuras de reuniões de professores ou de pais. Após a exibição, focar a relação dos professores com os alunos a partir da pergunta: Existem professores sem alunos e/ou existem alunos sem professores? Convívio escolar. Só existimos e nos construímos na relação com os outros. A construção de papéis é um desafio constante às nossas vidas pessoais e profissionais. Para desenvolvê-los, não existem receitas. Fechar a reunião sem afirmações, mas com indagações: Como serão meus alunos no futuro? O que vão levar de mim e da minha relação com eles, quando saírem da escola? E no presente, o que eles têm levado a cada dia? TERCEIRA REUNIÃO Programa 5 O vínculo Programa 6 Pais: inimigos ou aliados? O que seria uma escola ideal? O que expressam nossos alunos? O que nós expressamos a eles? Como construir, através do trabalho, um vínculo afetivo com eles? E os pais? São inimigos ou aliados? DICAS A pós a exibição dos vídeos, a reunião pode ser assim estruturada: 1. Propor a discussão: como cada um está construindo o vínculo afetivo com seus alunos durante as aulas? 2. Fazer um levantamento com eles sobre os obstáculos que emperram essa construção, e que esforços estão sendo feitos no sentido de uma proximidade maior com os alunos. 3. Analisar: qual o papel das demais instâncias da escola? 4. Todos os professores devem ser estimulados a se colocar, para que tomem consciência da necessidade de construção do vínculo com cada um de TVE SCOLA seus alunos e, ao mesmo tempo, possibilitem à coordenação uma visão melhor da dinâmica professores-alunos. 5. Discutir, também, a questão da relação com os pais, e como está se desenvolvendo este vínculo com a escola. 6. A coordenação deverá ressaltar a necessidade de participação dos pais na escola, como primeiros educadores dos alunos. É o momento de planejar com o grupo de professores atividades que provoquem essa integração. Para encerrar, propor uma avaliação de todo o trabalho. Pode-se então pedir que respondam em uma frase a questão: Como construir o processo de ensino e aprendizagem, de tal forma que os alunos sejam desafiados ao compromisso (e prazer) da participação cotidiana nesta construção? L Í N G UA P O R T U G U E S A ORTO E GRAFIA RESUMO C Grafia. DICAS V ale a pena usar os programas em qualquer série do ensino fundamental, seja para trabalhar dificuldades específicas dos alunos detectadas pelo professor, seja para pesquisar a grafia de palavras pouco ou ainda não conhecidas. Para enriquecer o trabalho, o professor poderá propor também, conforme a série e o nível de conhecimentos dos alunos, atividades como jogos de memória em papel cartão, com palavras ou frases que deixem espaço para preencher, usando palavras específicas; produção de textos ou poemas em que o uso de determinadas palavras seja imprescindível; pesquisas em dicionários; criação de um glossário da classe em cartolina, para fixar na parede; pesquisa das raízes greco-latinas das palavras etc. Série selecionada, na Grade da programação , para o ensino fundamental Transmissão: 11 de maio Realização: : Moving Imagem e Editora. Brasil, 1999 Direção: Andrea Pasquini Duração: 20 programas de cerca de 3' Colorido Áreas conexas: Literatura Indicada para atividades com alunos do ensino fundamental. RESUMO A lgumas das dificuldades mais comuns em or tografia e como superá-las. A série é apresentada por um casal de bonecos – Orto e Grafia – que propõe atividades para acabar com as dúvidas a respeito do uso de ss, c ou ç, do lh e do li, do x, z e s ou do l e u. São abordadas também, entre outras, questões de acentuação, hífen e trema. TVE SCOLA L Í N G UA P O R T U G U E S A RITUAL Programa selecionado, na Grade da programação , para o ensino fundamental Transmissão: 23 de maio Realização: Múltipla / TVE / TV Escola. Brasil, 1998 Direção: Belisário Franca Duração: 52' Colorido Áreas conexas: História, Geografia, Pluralidade Cultural, Literatura, Ar te Indicado para atividades com alunos do ensino fundamental e também do ensino médio. ulturas da África, Europa, China, Índia e Brasil se aproximam por rituais religiosos mais ou menos comuns. Podem sobreviver independentemente, por tanto, dos ter ritórios que ocupam. São culturas que se misturam como as águas dos mares, embora não se diluam, como o óleo na água. Ritual é da série Além-mar, com mais quatro programas, apresentados nos dias 22, 23 e 24 de maio. A série trabalha a identidade dos povos de Língua Portuguesa. O mar é usado como uma estrada imensa de águas que demarca, simultaneamente, distâncias e aproximações culturais. DICAS T rabalhe de acordo com o nível de ensino, os objetivos e conteúdos de cada um, e o nível cognitivo de seus alunos. Exiba os vídeos e considere: • Rituais formam, com língua, comunicação e identidade (tema de outros programas da série) um todo inseparável. Características étnicas, jeitos, gestos, podem ser logo identificados como de uma única, embora multifacetada, cultura. Mas, percebido isso, o que mais chama a atenção, em geral, é a língua, o sotaque, as palavras diferentes, especialmente de africanos e por tugueses. Comece por aí. • Os alunos vão se surpreender e se intrigar. Farão comentários durante a exibição dos programas. Deixe-os à vontade. Dependendo da origem ou do interesse da turma, a atenção maior pode se fixar nas línguas dos africanos. “Olha, é igual, mas tem uma coisa diferente”, dirão os alunos ao ouvir a palavra de angolanos ou moçambicanos. • Peça que eles listem em uma tabela no quadro negro (ou no computador) as palavras que acharem mais exóticas. E que façam obser vações sobre as expressões e sotaques, alguns claramente lusitanos; outros, africanos, com clara influência no português dos brasileiros. O dicionário pode ajudar. 17 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO OUTRAS ATRAÇÕES 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente. A TV Escola programou a transmissão de 12 vídeos – dois aqui destacados –, para você aproveitar em suas atividades com os alunos. MEIO AMBIENTE O HOMEM AVA QUE PLANT PLANTA ÁR VORES ÁRVORES Transmissão: 8 de maio Áreas conexas: Geografia, História, Ciências, Ética, Arte, Língua Portuguesa Este desenho de 30’02’’ conta a história de um pastor de ovelhas – homem solitário, que decide recuperar sozinho um vale abandonado, onde só crescem arbustos e ervas daninhas. A história baseia-se em fato real acontecido numa região da Provença próxima aos Alpes Franceses, a 1.300 metros de altitude. O pastor vence seu desafio plantando sementes de árvores. Indicado para atividades com alunos de ensino fundamental. DICAS O homem que plantava árvores é uma boa oportunidade de sensibilizar os alunos, para incorporar atitudes de respeito e cuidado com o ambiente. Na 8ª série, você pode orientar um trabalho interdisciplinar com conteúdos de Geografia, Ciências e História, fazendo transversalidade com Meio Ambiente – um dos temas propostos pelos PCN. Depois de ver o programa, você pode orientar os alunos a obter dados sobre a região onde viveu o pastor; estudar o poder regenerador da vegetação no solo; analisar casos nos quais a falta de cobertura verde provocou enchentes, desabamentos de terrenos e erosões; e coroar o trabalho com uma ação prática, como uma campanha de plantio de árvores frutíferas no bairro. 18 O grande rio : um alerta contra a poluição. O GRANDE RIO Transmissão: 8 de maio Áreas conexas: História, Geografia, Ciências, Arte, Ética, Língua Portuguesa Animação de 24’01", que alerta para o risco de morte por poluição do Rio São Lourenço, no Canadá. O programa usa efeitos de luz e sombra, e desenhos hachureados, para contar a história do rio e da ameaça que paira sobre ele. Indicado para atividades com alunos de 7ª e 8ª séries do ensino fundamental, e também de 1º e 2º anos do ensino médio. Veja e grave também Maravilhas do mar (8 de maio) e Vendo e aprendendo (12 de maio), com 9 programas: Recursos tecnológicos: uma conquista humana, Reciclar, Vira volta, Vira plástico, Pipsqueak preserva as árvores, Pipsqueak e a poluição, Pipsqueak e as coisas velhas, Pipsqueak recicla e Lixo é luxo. Veja ainda outros programas já transmitidos anteriormente. Consulte, para isso, a videoteca de sua escola e o Guia de programas da TV Escola 19961999. DICAS O programa pode desencadear ou enriquecer debates sobre Meio Ambiente, especialmente nas últimas séries do ensino fundamental e nos dois primeiros anos do ensino médio. É um bom pretexto para o professor desenvolver atividades interdisciplinares, adequando-as às séries com as quais estiver trabalhando. Lembre-se, no ensino fundamental, de trabalhar o Meio Ambiente como tema transversal, fazendo conexões com as outras áreas. Por exemplo: relacione o crescimento das cidades e o desenvolvimento industrial, estudados em Geografia, com a questão ambiental. Encontro marcado com Waly Salomão. TVE SCOLA L Í N G UA P O R T U G U E S A ENCONTRO MARCADO COM A ARTE Transmissão: 11 de maio e 12 de junho Áreas conexas: Literatura, Arte, História Série de entrevistas com artistas contemporâneos, que falam sobre seu trabalho. DICAS Aproveite os programas de Waly Salomão, Ariano Suassuna e Fernando Gabeira, transmitidos em maio e junho, para estudo e atividades de Língua Portuguesa. Os diferentes gêneros literários, dos quais os três são exemplos, podem ajudar a sensibilizar os alunos e estimular trabalhos de desenvolvimento da escrita nos dois últimos ciclos (5ª a 8ª séries) do ensino fundamental. O programa de Suassuna pode ainda motivar teatralizações, com temas escolhidos pelos alunos. O de Gabeira pode ajudar a localizar alguns acontecimentos da história recente do País. Veja e grave também Poesia (12 de junho), a série Cidades sonhadas, cidades reais (19 e 20 de junho), Ritual (23 de maio), Orto e Grafia (11 de maio). Veja ainda outros programas de Encontro marcado com a Arte e de Língua Portuguesa já transmitidos anteriormente. Consulte, para isso, a videoteca de sua escola e o Guia de programas da TV Escola 1996-1999. Veja e grave ainda: O QUE É Série de 6 documentários de 4 minutos cada. Sem narração os programas mostram, nos mínimos detalhes e a partir de ângulos pouco convencionais, Um jardim, Uma cerca, Uma porta, Uma janela, Um riacho e Uma parede. Indicada para desenvolvimento de textos, a série pode ser, ao mesmo tempo, um ótimo exercício para a educação do olhar e da imaginação. Programa dirigido especialmente à 5ª e a 6ª série do ensino fundamental. Transmissão: 11 de maio. TVE SCOLA PROGRAMADO PARA MORRER Programa de 56’55" que explora a morfologia e fisiologia das células, comparando-as a situações da vida cotidiana. Indicado para atividades com alunos do ensino médio. Transmissão: 12 de maio. ZOOM CÓSMICO A partir de uma só imagem, este documentário de 7’58" utiliza o recurso do zoom da câmera fotográfica para passear entre o infinitamente grande e o infinitamente pequeno. Permite trabalhar conteúdos não só de Ciências, como de Filosofia, Arte e Matemática – falando das formas e do conceito de infinito. Selecionado para o ensino fundamental. Transmissão: 13 de junho. ESTRESSANIMAL Animação de 6’18", em ritmo bem acelerado, sugerindo os movimentos repetitivos da robotização. O cenário é um enorme galinheiro, onde imagens de uma galinha-padrão induzem as outras galinhas a comer, pôr ovos etc. A carga de estresse à qual as galinhas são submetidas pode estimular reflexões sobre os limites da automação no cotidiano, desencadeando um debate transversal de Ciências e Ética, no ensino fundamental. Transmissão: 13 de junho. AURORA NA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL Um chinês, ex-integrante do Exército de Libertação do Povo, auto-exilado nos Estados Unidos, reflete sobre o regime comunista e sua militância. Indicado para o último ciclo do ensino fundamental, em estudos e atividades transversais de Pluralidade Cultural, História, Arte e Ética. Duração: 29’25”. Transmissão: 4 de maio. • Acompanhe então os rituais, em que as palavras são em geral escassas, e procure entender com a turma o que celebram esses povos e no que essa celebração se assemelha às conhecidas no Brasil. • Lembre quais povos da África vieram para o Brasil, de onde, quando, em que condições e onde se fixaram. • Estimulada, a turma pode ir aos livros, aos vídeos da TV Escola e, se você tiver computador, à Internet. Pode colher muitas informações históricas e geográficas, fazendo transversalidade com Pluralidade Cultural. • Volte então aos rituais, em que mitos e religiosidade se expressam mais fortemente. O que celebram os povos de língua portuguesa? Como todos os povos do mundo (com algumas variações), celebram o nascimento, a passagem para a vida adulta, o casamento, o nascimento do filhos, a boa colheita, a invocação dos deuses por saúde, proteção, força, chuva. • Mas o que há de específico nos rituais dos povos em estudo? É instigante o jogo de pluralidade e identificação. E uma boa oportunidade para relembrar a diversidade brasileira, formadora da identidade nacional. • Faça a turma escrever sobre tudo isso, pesquisar autores da literatura brasileira em que essas questões estão presentes e desenhar, pesquisando também o que já foi feito por grandes pintores. Veja também: a série Idade do Brasil (25 de maio). Leia também: Brava gente brasileira – 500 anos de pluralidade cultural, um número especial da revista TV ESCOLA, sobre a formação do povo brasileiro, editado a propósito dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. Mao Tsé-Tung. 19 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO FILOSOFIA HISTÓRIA DA FILOSOFIA Programa selecionado, na Grade da programação , para o ensino fundamental Transmissão: 5 de junho Realização: CNDP. França, 1995 Direção: Jean Flechet Duração: 29’16” Preto e branco Áreas conexas: Ética, Literatura, Língua Por tuguesa Indicado para capacitação de professores do ensino fundamental e também do ensino médio. RESUMO C onversa sobre a história da Filosofia, suas principais idéias, escolas e contribuições. O programa faz parte da série O tempo dos filósofos, transmitida em dois dias (5 e 6 junho). Você poderá gravar e ver também Filosofia e Psicologia , Atualidade da moral kantiana, Filosofia e verdade e Investigador do nosso tempo. Em cada programa, uma conversa de filósofos franceses, entre eles, Michel Foucault e Raymond Aron. Em História da Filosofia, a prosa é de Jean Hyppolite com Alan Badiou. F DICAS ilosofia é área temática dos PCN do ensino médio, agrupada com História, Geografia, Sociologia, Antropologia e Política, na área maior de Ciências Humanas e suas Tecnologias. Está, no entanto, selecionada na Grade da programação , para o ensino fundamental. O objetivo é oferecer, a professores que nunca tiveram essa experiência, um contato com idéias e reflexões muitas vezes distantes de suas preocupações, mas presentes de algum modo em sua área de atuação. 20 Aos que já conhecem Filosofia, este programa e os demais da série podem ser uma oportunidade de retomar certas questões e discussões. Nos dois casos, os programas de Filosofia são uma oportunidade de aperfeiçoamento e podem ser explorados de vários modos, como: 1. Ver o programa em uma reunião de professores, primeiro para se familiarizar com os conceitos e a linguagem, nem sempre fácil, usada pelos filósofos. 2. Conversar sobre o que foi visto, discutir e esclarecer questões de maior interesse. O que, dessa conversa, pode ser aplicado à educação e ao trabalho da escola? Como educação e escola podem ser pensadas de acordo com os conceitos dos filósofos? 3. Ver o programa outra vez, estimulando uma discussão sobre a postura filosófica na escola e seu significado na construção do projeto pedagógico. 4. Pode-se redigir uma carta de princípios norteadores da ação pedagógica dos professores. 5. O grupo deve responder a algumas indagações: Para que educar? Que seres humanos queremos formar? Que realidade é esta que estamos vivendo? Que valores estamos construindo com nossos alunos? De que forma nossos alunos estão participando da construção de seu próprio processo de aprendizagem? Temos garantido direitos iguais a todos os alunos, embora reconheçamos que Conversas filosóficas. cada um é diferente do outro? Temos tratado diferentemente alunos que são mais lentos na aprendizagem de nossa matéria? O que temos feito, como modelos que somos, para desenvolver com nossos alunos atitudes de respeito e justiça? Temos sido respeitosos e justos? Temos dialogado com eles, ouvindo-os atentamente? 6. Ao se indagarem sobre suas práticas, os professores terão dado um passo importante para transformá-las. Veja, em breve, na TV Escola, O abecedário de Gilles Deleuze, série de oito programas criados e apresentados por Deleuze, um dos mais importantes filósofos do Século 20, morto em 1995. Antes de gravar essa série, em que fala de si e de seu trabalho, o pensador sempre se recusara a aparecer na TV. Veja ainda a série Clac / Filosofia, Curso Livre de Atualização de Conhecimentos, em 15 programas, já transmitidos pela TV Escola. Consulte sua videoteca e o Guia de Programas da TV Escola 1996-1999. PRÓXIMAS ATRAÇÕES MAIS PROGRAMAS COM PARÂMETROS A TV Escola está concluindo a produção de 54 programas da série PCN na escola: 18 de Matemática, 18 de Língua Portuguesa, 6 de Ciências, 6 de Educação Física e 6 de Convívio Escolar. A Matemática será tema também de uma série do Salto para o Futuro. Todos esses programas devem ir ao ar no segundo semestre. E TEM MAIS: • Ainda em 2000, a TV Escola transmite 4 programas de Matemática Interativa (Matemática e Computação) e 10 de Educação Indígena e outros de Educação Especial. • A TV Escola está incorporando à sua programação 30 filmes de uma série de Ciências da Enciclopédia Britânica. NOVOS HORÁRIOS • Escola Aberta passou a ser exibida também aos domingos. • Aos sábados e domingos, a programação é trasmitida da 14h às 22h e não mais em quatro horários. • Aos sábados, tem reprise de Como fazer? para o ensino médio, às 11h, 12h e 13h. TVE SCOLA ENSINO MÉDIO APOSTE nesta ficha V ocê é professor do ensino médio e acompanha os programas Como Fazer? e Acervo, transmitidos pela TV Escola? Agora tem mais um recurso pedagógico à sua disposição. São fichas, como as reproduzidas nesta página, nas quais você encontra sugestões para explorar os temas da programação. Essas fichas complementam, ampliam e sistematizam as sugestões dadas pelos professores especialistas nas transmissões de Como Fazer? e Acervo. Ainda neste semestre, cada escola de ensino médio começará a receber cinco fichas, elaboradas pela Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Você grava os programas, assiste aos vídeos e aos comentários, e depois pode seguir as sugestões das fichas. Ou, a partir delas, criar suas próprias idéias. As fichas também podem ser encontradas na página do MEC na Internet: www.mec.gov.br/nivemod/ensmed/ comofaz.shtm Boa aula! TVE SCOLA 21 Uma receita de SUCESSO Penedo, na fronteira de Alagoas com Sergipe, aproveitou os recursos do Fundef, aumentou o salário dos professores e montou um novo plano de ação, no qual a TV Escola tem papel importante. Três anos depois, canta vitória: os índices de repetência e evasão caíram, as matrículas aumentaram. Reportagem: Rosangela Guerra Fotos: Washington Alves Nas 34 escolas da rede que têm o kit de equipaá pouco mais de três anos, a maioria dos mentos, foram criados Centros de Convivência Sóprofessores de Penedo recebia menos que cio-Cultural, onde os professores e alunos assistem um salário mínimo. Alguns ainda eram leiaos vídeos, em estudos de capacitação ou atividagos. Das crianças matriculadas na 1ª série des com os alunos. do ensino fundamental, 64,71% eram reproSão salas de TV com funções ampliadas. Aos vadas ou desistiam. Muitas ficavam anos na sábados, por exemplo, transformam-se em animaescola sem aprender a ler e escrever. Não dava para dos pontos de encontro de pais, que assistem à aceitar tudo isso numa cidade cheia de tradição culEscola Aberta programação especial da TV Escotural, chamada até de Atenas do Baixo São Francisla e discutem temas de inteco, diz o secretário municipal de resse da comunidade. Educação, Samuel Mendonça. Cada centro tem um coordePenedo montou um novo planador, que recebe gratificação no de ação, aproveitou a chegade R$ 100,00 mensais da Secreda dos recursos do Fundef e entaria Municipal de Educação, frentou o desafio de reconstruir para organizar a videoteca, proseu ensino, com professores conmover sessões de vídeo para a cursados, plano de carreira e cacomunidade, planejar a capacipacitação continuada. Em poutação dos professores e as auco tempo, os indicadores comelas de vídeo com os alunos, çaram a mudar (ver Os números conta Anabel Vicente dos Sanda mudança). tos, coordenadora da TV EscoA TV Escola é um dos elela de Penedo. mentos centrais nesse processo. Penedo, cidade dos sobrados. H 22 TVE SCOLA Enisabel faz bolo de macaxeira com os alunos: “boa pedida para trabalhar unidades de medida, frações, ortografia e redação de vários tipos de texto”. Ao lado, turma da 7ª série da Escola Freitas Cavalcante encena a história de Penedo. TVE SCOLA 23 Uma receita de SUCESSO tiona Lucineide. Todos são cidadãos e têm direitos iguais na democracia, palpita Davidson Alves, 15 anos. Um tem que respeitar o outro, arremata Adriana Pacheco Santos, também de 15 anos. Quer dizer, então, que não pode haver preconceito, observa a professora. Os alunos enveredam pelos preconceitos e identificam os que estão relacionados com etnias, religiões e sexo, por exemplo. Lembram que os nordestinos são vítimas de preconceito no Sudeste e descobrem até que os apelidos usados na sala de aula podem esconder, por trás da simples brincadeira, a intolerância e o desrespeito com o colega. HISTÓRIA AO VIVO Do centro de convivência da Escola Municipal Freitas Cavalcante saiu a idéia de teatralizar a história de Penedo com alunos da 7ª série, que viram o programa Pluralidade Cultural, da série PCN / Temas Transversais. As mães ajudam a vestir as fantasias. A professora de Geografia Lucineide Lóz tira fotos com sua câmera e chama um de seus alunos para registrar em vídeo os melhores momentos do trabalho. A narradora Josiane Santos, 15 anos, começa: Os índios caetés foram os primeiros habitantes da região. Índios, franceses, holandeses, portugueses e africanos entram e saem de cena para contar a história de Penedo. Os franceses vinham para piratear o pau-brasil; os holandeses, comandados por Maurício de Nassau, construíram em Penedo o Forte da Rocheira. Acabaram sendo expulsos pelos portugueses... Eu não sabia que tantos povos se interessaram pela minha cidade, diz Bruno dos Santos, 12 anos. Como as Secretarias de Educação e de Turismo do município trabalham de forma integrada, os alunos tiveram uma aula em pleno centro histórico da cidade, que é tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Aprender a história ao vivo, andando pelas ruas de Penedo, é muito mais interessante, comenta Fabrício Batista, aluno da 7ª série. A pluralidade cultural do Brasil é uma de nossas riquezas. O que isso tem a ver com cidadania e com democracia?, ques- 24 ALUNO CUIDA DO VÍDEO Comunidade presente no resgate da história da cidade. Lucineide não economiza gestos de afeto. Circula pra lá e pra cá entre as carteiras, colocando a mão ora no queixo de um, ora na cabeça de outro. Entre colegas professores, se refere aos alunos como os meus. Em troca, é paparicada pelos adolescentes, que estão sempre prontos para cooperar. Qualquer coisa que ela precise, eu ajudo, diz João Paulo de Oliveira da Silva, 17 anos, aluno da 8ª série. Ele cuida da aparelhagem nas aulas de vídeo e filma os melhores momentos dos trabalhos feitos na escola. Lucineide confessa que ainda não teve paciência para aprender a fazer isso. E não se acanha em pedir ajuda aos alunos. Sabe que, de um modo ou de outro, favorece atitudes de cooperação e permite que João Paulo se familiarize com as novas tecnologias. Mas neste ano ele conclui o ensino fundamental... Agora não tem mais jeito, vou ter que aprender, diz a professora, bemhumorada. TVE SCOLA Uma receita de SUCESSO AULAS DE SAÚDE A turma da 4ª série da Escola Municipal José Vicente Oliveira, do bairro Santa Izabel, vai ao centro de convivência para ver o programa Verminose, da série Viva legal. Aqui, como em vários outros centros de convivência, a Secretaria Municipal de Educação mandou instalar alto-falantes na aparelhagem da TV Escola, para melhorar a qualidade da exibição. A coordenadora do centro, Sandra Alves, lembra aos alunos de que é preciso lavar o alface e o coentro colhidos no quintal, e que andar descalço pelas ruas do bairro pode ser prejudicial à saúde. Ela estimula as crianças a ensinar em casa o que acabaram de aprender. Aprenderam mesmo o que o vídeo mostrou? O professor Eduardo Magalhães, da Universidade Federal de Alagoas e consultor em Penedo (leia entrevista), assume a classe e pergunta: Será que vocês se lembram do nome daquele verme grande que fica na barriga das pessoas? É sagitário, responde prontamente um aluno. A confusão entre o signo do zoodíaco e a solitária (nome do parasita intestinal Taenia solium) provoca risos. A pedido do professor, as crianças vão ao quadro para desenhar o parasita no tamanho real. Depois, se surpreendem: como um verme tão grande pode se alojar na barriga das pessoas? PAPEL FAMILIAR Essas crianças são filhos de lavradores e cortadores de cana, que pouco estudaram. São meninos e meninas que suprem a necessidade de leitura e escrita da família: lêem a Bíblia e livros de histórias, fazem as listas de compras para as mães e escrevem cartas para amigos e parentes que estão longe. A escola para elas é muito mais do que um lugar para aprender a ler e escrever. É onde brincam, fazem amigos e assistem ao Rei Leão, O Máscara, Titanic e tantos outros filmes de sucesso entre a meninada. TVE SCOLA João Paulo grava os melhores momentos das atividades de sua turma. A ESCOLA É DE TODOS A turma da 4ª série da Escola José Vicente Oliveira conta, orgulhosa, que o centro de convivência é cedido nos finais de semana para as reuniões do grupo de jovens da Igreja Católica, para os cultos da Igreja Evangélica e para as reuniões da comunidade. Ué, a escola não é só dos alunos! É de todos!, diz com naturalidade Vanilson Marcos dos Santos, 12 anos, como se isso fosse óbvio para todo mundo. Para a diretora Verônica Araújo, a aproximação entre escola e comunidade é um aprendizado difícil, mas que vale a pena. Em outros tempos, a escola já teve seu portão arrombado. Hoje, pode até deixar cartazes na parede da varanda externa, que eles não são arrancados. Logo na entrada, os pais plantaram um jardim. Nos fins de semana, eles ficam com a chave para cuidar das plantas. “OS PROFESSORES ESTÃO MOTIVADOS” “A repetência é um desperdício. Quando há um índice elevado de repetência, muito dinheiro vai para o ralo. O baixo desempenho dos alunos está relacionado com a falta de capacitação do professor. Em Penedo, há palestras e cursos que utilizam os vídeos da TV Escola, e transporte gratuito para os professores que fazem magistério e faculdade, em Penedo ou em outras cidades. Estamos fazendo parcerias com faculdades para que o professor tenha ajuda de custo para estudar. O plano de carreira do magistério, aprovado em 1998, é um incentivo à capacitação, já que garante salários melhores para os que estudam mais. “Os professores penedenses estão motivados. Em várias escolas há experiências interessantes, como na Escola Douglas Apprato Tenório, onde o professor de História Lenisval Miranda tem levado os alunos para assistir a sessões na Câmara dos Vereadores “Em Penedo, perdemos o medo da avaliação. Professores, supervisores e diretores são avaliados através de relatórios mensais. O diretor e os supervisores avaliam os professores, levando em conta seu relacionamento com os alunos e a comunidade, o planejamento e a assiduidade, por exemplo. Os supervisores e o diretor avaliam-se mutuamente. No final do ano passado, todos foram avaliados: do vigia ao secretário. A função da avaliação é detectar os problemas que devem ser trabalhados.” Samuel Mendonça Secretário de Educação de Penedo 25 Uma receita de SUCESSO COMUNIDADE VÊ ESCOLA ABERTA Sábado à tarde. A casa arrumada, a louça do almoço lavada, um grupo de mães vai ao centro de convivência da Escola Municipal Douglas Apprato Tenório, para assistir e discutir as atrações de Escola Aberta programação especial da TV Escola dirigida à escola e à comunidade. Pixote, Dona Flor e seus dois maridos, O pagador de promessas, Central do Brasil... já vimos vários filmes nacionais aqui, conta Maria Aparecida Farias, mãe de dois alunos, referindo-se ao ciclo de filmes A redescoberta do cinema nacional, do Ministério da Cultura, transmitido recentemente pela TV Escola. São sessões animadas. As professoras e coordenadoras do centro, Maria Aparecida Santos e Bernadete Silva, puxam conversa sobre temas variados que a programação levanta. Pode ser violência, machismo, sexualidade, alcoolismo, desem- CAÇADOR DE ESPERANÇA Pelo jeito de conversar com alunos e professores, dá para ver que Eduardo Magalhães é do ramo. Aos 57 anos, este professor da Universidade Federal de Alagoas e consultor de Educação em Penedo é capaz de comentar os vídeos da série Viva legal em uma classe de 4ª série; discutir sexualidade com os adolescentes da 7ª série que assistiram a Uma vezinha só; e articular trabalhos com os professores de Penedo. Tudo com o entusiasmo de quem está no início de carreira. No seu cartão, logo depois do nome, vem a “profissão”: caçador de esperança. Desde quando você tem essa profissão? Desde que me entendo por gente. Saí do Brasil na época da ditadura e só voltei com a anistia. Sou o último dos eclé- 26 prego, analfabetismo, fé. Ou qualquer outro assunto que faz parte da vida, resume a comerciante Leonilda da Silva. As mães começaram a freqüentar o centro por causa dos filhos, que chegavam em casa cheios de novidade, dizendo: Mãinha, eu vi na televisão da escola. As sessões ficam cada dia mais animadas. Já teve até pipoca com refrigerante. As mães cerca de 15, dependendo do sábado querem agora que os pais também façam parte da platéia de Escola Aberta. TV APROXIMA MORADORES Jacira da Silva, 55 anos, é a presença mais querida no centro de convivência da Escola Douglas Apprato Tenório. Mãe de seis professores, não teve oportunidade de estudar. Quando aprendi a escrever o nome, meu pai disse: Agora já chega. Aos 8 anos fui trabalhar na roça e nunca mais parei. Ela ficou viúva com os filhos ainda pequenos, mas fez questão de que nenhum deles parasse de estudar. Agora, luta para que os 12 netos tenham a mesma chance. Para Jacira, a TV aproxima os moradores do bairro Santo Antônio, onde vivem famílias de pescadores, cortadores de Magalhães: os centros de convivência atraem a comunidade. ticos: um professor de Línguas com doutorado em Ciências Políticas, que não perde a esperança no País. O que o levou a aceitar o desafio de ser consultor de educação em Penedo? Penedo tem uma tradição cultural afortunada. Sua educação pública já foi um modelo para Alagoas. Em 1997, quando começamos a reforma na educação, havia um clima tenso entre os professores penedenses. Muitos ganhavam menos que o salário mínimo. Apesar disso, havia o desejo de crescer e de tentar o novo. Percebi também que teria apoio integral da administração municipal. A decisão política de enfrentar uma reforma de ensino é a chave. E por que centrar a reforma educacional na utilização da TV e do vídeo? As televisões públicas, instaladas em comunidades pobres, são comuns no Nordeste e atraem muita gente. O homem, a dona de casa e a criança do mundo moderno são movidos a televisão, estímulos visuais e atividades interativas. Os centros de convivência sócio-culturais, equipados com TV e vídeo, são freqüentados por alunos e professores, e atraem a comunidade para a escola. O que dá alegria a um caçador de esperança? É ver as ruas de Penedo à noite, cheias de estudantes. É entrar numa sala de aula e ver que já não existe tanta diferença de idade entre os alunos, e que todos estão aprendendo a ler. TVE SCOLA Uma receita de SUCESSO BEM-VINDOS, CIGANOS “As crianças ciganas entram e saem da escola porque acompanham os pais nas viagens. A escola não pode fechar a porta para outras culturas”, diz a Marili Silva, diretora do Grupo Escolar Municipal Vereador Manoel Soares Melo. E, de fato, os filhos de ciganos (foto) às vezes passam alguns meses na escola, e depois saem porque os pais vão viajar. Quando voltam, o Grupo os acolhe e programa aulas de reforço. A coordenadora do centro de convivência, Edna Ramos, está preparando um trabalho na escola sobre a vida dos ciganos, já que há muitos anos eles armam barracas e constroem casas no bairro. A professora Enisabel, entre Alagoas e Sergipe. cana, vendedores e trabalhadores do serviço de limpeza urbana. Bem-humorada e sem inibição, ela participa das discussões na Escola Aberta. Acha que os filmes exibidos não devem mostrar cenas de sexo e pessoas bebendo, para não dar mau exemplo às crianças. Pais de alunos vêem a TV E SCOLA na Escola Douglas Apprato Tenório. Para Enisabel, o professor tem que estar sempre preocupado com sua capacitação. Para o trabalho com os alunos, ela dá uma dica a seus colegas: Convidem os alunos para fazer um bolo de macaxeira (mandioca) na escola. Enisabel garante que essa é uma boa pedida para quem quer trabalhar unidades de medida, frações, ortografia e redação de vários tipos de texto (descrição subjetiva e objetiva, por exemplo). Serve ainda para discutir a participação masculina nos afazeres domésticos e os relacionamentos no trabalho de equipe. RECEITA DE PROFESSORA O mundo está mudando rapidamente, e o professor não pode ficar parado, com medo de experiências pedagógicas inovadoras, diz a professora Enisabel da Silva, que trabalha todo dia em dois Estados. De manhã, em Alagoas; à tarde, em Sergipe os dois separados pelo Rio São Francisco. Ela faz a travessia em 15 minutos de lancha. Na Escola Douglas Apprato Tenório, de Penedo, Alagoas, ela participa da capacitação dos professores, feita por meio da TV Escola. A gente fica com muitas idéias para trabalhar e trocamos experiências. TVE SCOLA 27 Uma receita de SUCESSO OUTROS DADOS OS NÚMEROS DA MUDANÇA Resultados obtidos em três anos pelo plano de ação de Penedo, AL, nas 61 escolas da rede municipal. 1996 1999 Salário mais baixo pago aos professores R$ 42,00 R$ 200,00 Professores leigos em sala de aula 102 0 Repetência nas primeiras quatro séries 44,17% 16% Evasão nas primeiras quatro séries 30,63% 5,6% 3.300 9.300 680 1.516 Alunos em curso de alfabetização de jovens e adultos 0 930 Escolas com TV e vídeo (todas com kit da TV Escola) 0 34 Total de matrículas nas oito séries Alunos na pré-escola FONTE: Secretaria Municipal de Educação de Penedo “O FUNDEF TROUXE AUTONOMIA” “No Brasil ainda há o conceito de que educação não dá voto. E como os políticos são movidos a voto, deixam a educação em segundo plano. Mas isso está mudando. A sociedade está exigindo um comprometimento maior dos políticos. E o governo federal, com a criação do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), marcou o ponto de partida para a valorização do magistério e do ensino fundamental. “O Fundef deu a autonomia financeira que o município precisa para estabelecer seu próprio plano educacional, através da transferência automática de recursos do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e do FPE (Fundo de Participação dos Estados) para as secretarias municipais de Educação, controladas por comissões municipais de educação. “A melhoria das condições oferecidas ao professor através do Fundef tem levado muitas crianças para a escola. O Fundef é importantíssimo para o Nordeste.” Alexandre Toledo Prefeito de Penedo 28 Escolas municipais: 61 (do pré à 8ª série do ensino fundamental) Escolas estaduais: 38 (ensino fundamental e médio) Escolas particulares: 11 (ensino fundamental e médio) Professores: 420 Professores que concluíram o Magistério, de 1996 a 1999: 260 Professores da rede municipal cursando faculdade: 60 Alunos com transporte das redes estadual e municipal: 1600 Ensino superior: Faculdade de Formação de Professores (particular) O PLANO DE AÇÃO Gastando cerca de 26% do orçamento municipal com educação (a Constituição federal prevê pelo menos 25%) e aplicando os recursos do Fundef, Penedo colocou em prática seu plano de ação para mudar seus índices educacionais. Doze medidas foram adotadas: 1 Aumento de salário dos professores; 2 Concurso público para professor; 2 Aprovação do plano de cargos e salários do ensino municipal; 3 Estímulo aos professores, para que eles fizessem o Magistério e/ou curso superior; 4 Curso de alfabetização para jovens e adultos (a taxa de analfabetismo é ainda de 22%); 5 Transporte escolar gratuito para alunos e professores; 6 Criação dos centros de convivência sócio-cultural, equipados com a TV Escola; 7 Luta contra a evasão os professores vão à procura de crianças que estão fora da escola; 8 Luta contra a repetência: aula de reforço para os alunos com baixo desempenho; 9 Ação integrada entre as secretarias municipais de Educação, Ação Social e Turismo; 1 0 Investimento na pré-escola; 1 2 Avaliação de todos os que trabalham na escola. TVE SCOLA Uma receita de SUCESSO QUE LUGAR É ESSE ÀS MARGENS DO VELHO CHICO A cidade de Penedo, Alagoas, está situada à margem esquerda do Rio São Francisco, que divide Alagoas e Sergipe. Fica a 186 km de Maceió e a 135 km de Aracaju. Quem vai a Penedo por Aracaju atravessa o rio em 15 minutos de balsa. Segundo o IBGE, a população da cidade é de 54.390 habitantes. Localizada na região do baixo São Francisco, fica a 70 quilômetros da foz do Velho Chico – como o escritor Guimarães Rosa chamava o rio. CIDADE DOS SOBRADOS O belo casario colonial, igrejas barrocas e as construções dos Séculos 17 e 18 dão a Penedo um certo ar aristocrático. Em 1995, o conjunto histórico e paisagístico da cidade foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. No passado, a cidade foi um porto fluvial movimentado. As luxuosas construções em estilos arquitetônicos de diferentes épocas refletem a riqueza que circulou na região até a década de 1960. Chamada por Gilberto Freyre de “Cidade dos Sobrados”, Penedo é também terra de santeiros (artesãos fabricantes de santos). A tradição começou no Século 17, com a chegada dos franciscanos à região. Foram eles que ensinaram o ofício aos santeiros. como estratégia para evitar o contrabando de pau-brasil feito pelos franceses. De 1637 a 1645, Penedo foi ocupada pelos holandeses comandados por Maurício de Nassau, que construiu o Forte da Rocheira. Em 1859, a cidade recebeu a visita de D. Pedro II. BOM JESUS DOS NAVEGANTES No segundo domingo de janeiro, Penedo comemora a festa de Bom Jesus dos Navegantes, com uma procissão de milhares de pessoas. Eles vão em procissão, pelo rio e por terra, cantando, rezando e soltando fogos. É a maior festa religiosa da região. Neste ano, o público estimado foi de 12 mil pessoas. Penedo, patrimônio histórico às margens do Rio São Francisco. TERRA DE ILUSTRES O filho mais ilustre desta cidade foi Francisco Inácio de Carvalho Moreira, o Barão de Penedo (1815-1906). Diplomata do Império, ele ajudou a vencer uma batalha diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos, que ambicionavam o direito à navegação no Rio Amazonas. Nasceu aqui também o escritor Elysio de Carvalho (18801925), autor de inúmeros ensaios sobre cultura e literatura brasileira e tradutor do escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900), autor de O retrato de Dorian Gray. SEM CINEMA Nos anos 1970 era realizado em Penedo um festival nacional de cinema. O evento atraía público de todo o País. Hoje não tem mais festival. Nem cinema (além do oferecido pelos centros de convivência das escolas): as duas salas da cidade estão fechadas. QUASE 500 ANOS Em 1501, Américo Vespúcio esteve na região e registrou a existência do Rio São Francisco, chamado de Opara pelos índios caetés. “Penedo foi o primeiro arraial que as águas do Rio São Francisco banharam”, escreveu Barbosa Lima Sobrinho sobre a cidade. O povoamento da região começou por volta de 1540, TVE SCOLA 29 RÁDIO ESCOLA Seed apóia ALFABETIZAÇÃO SOLIDÁRIA programa Alfabetização Solidária, da Comunidade Solidária, acaba de receber mais um reforço: o Rádio Escola, planejado pela Secretaria de Educação a Distância Seed, do Ministério da Educação. A Seed está produzindo um módulo de 11 programas, para serem gravados em fitas-cassete, destinados à contribuir na capacitação dos alfabetizadores. Esses programas serão distribuídos, até o final do primeiro semestre deste ano, em 200 municípios do Norte e Nordeste, onde a Alfabetização Solidária está preparando e acompanhando o trabalho de seus professores, em parceria com universidades públicas e privadas. O Rádio Escola é uma experiência da Seed, que faz educação a distância por meio da TV Escola, dos computadores do Programa Nacional de Informática na Edu- Fotos: Paulo Pepe Com uma nova experiência, a Secretaria de Educação a Distância Seed participa do trabalho de capacitação de alfabetizadores no Norte e Nordeste. O 30 cação ProInfo e de uma composição de vídeos, material impresso e aulas presenciais do Programa de Formação de Professores em Exercício. O rádio é um outro meio, de grande amplitude e considerado muito apropriado para ações mais localizadas, como a do Alfabetização Solidária. Daí o interesse em desenvolver esse projeto. Fizemos consultas e reuniões com diversas secretarias do MEC, para ver por onde poderíamos começar. Resolvemos então associar a iniciativa a alguma ação já em curso, priorizando a educação de jovens e adultos, diz Ana Valeska, coordenadora do projeto. O Programa Alfabetização Solidária reúne as duas características. Os 11 programas do primeiro módulo seguem os eixos temáticos do livro Viver e aprender, um guia do educador produzido pela Secretaria de Educação Fundamental SEF, do MEC, para cursos de alfabetizadores. E complementam o material já utilizado no curso. Não é a primeira vez que o MEC trabalha em parceria com a Comunidade Solidária. O Ministério apóia, desde o início, os programas Alfabetização Solidária (1997) e Universidade Solidária (1996), com recursos que incluem material didático de apoio e bibliotecas. DIVERSIDADE CULTURAL Zé Francisco, líder comunitário de Monte Santo, BA, município beneficiado pela Comunidade Solidária: “O rádio é o telefone do sertão.” A experiência acumulada de quem trabalha na área demonstra que funcionam melhor os programas educativos produzidos em sintonia com o modo de vida do público, seguindo as experiências das organizações populares, diz a Seed em texto sobre o Rádio Escola. Além disso, o Alfabetização Solidária sempre se orientou pelo respeito à diversidade cultural das regiões onde atua. Por isso a Seed pesquisou cuidadosamente a linguagem e o tipo de programa mais adequado aos cursos de alfabetizadores do Norte e Nordeste. Nesta fase de pesquisa, foram produzidos alguns programas-piloto para testar a receptividade do público-alvo a maioria, de baixa escolaridade, em média, até a 8ª série do ensino fundamental. Poucos têm ensino médio, raros são os universitários. TVE SCOLA TEMAS EXPLORADOS EM 11 PROGRAMAS Os programas da Seed devem explorar estes temas, definidos com a coordenação do Alfabetização Solidária: • Literatura Brasileira e Língua Portuguesa (poesia, obras e autores consagrados); • Matemática (as principais operações e seus significados na economia popular); • História (os 500 anos do Descobrimento do Brasil); • Ciências Sociais (o ser humano, a saúde e o meio ambiente); • Ética e Cidadania (Declaração dos Direitos Humanos, cidadania e participação); • Pluralidade Cultural (etnia, folclore, lendas e contos). Aulas do programa Alfabetização Solidária, dirigido aos municípios com maior índice de analfabetismo. TVE SCOLA Numa das primeiras experiências, foi convidado um dos alunos do Alfabetização em Salitre, sul do Ceará: o Zé do Nada, do sítio de Coqueiro, que trabalha com panelas de alumínio, placas de carro e ainda cuida sozinho de três filhos, desde que se separou da mulher. Quando pode, faz poesia, falando de sua vida e suas desventuras. Zé do Nada foi chamado para mostrar seu trabalho e dar entrevista, ao lado de um repentista. O resultado foi apresentado a grupos de alfabetizadores do Piauí e agradou bastante. Os professores acharam que era um bom jeito de introduzir poesia na educação. Esse programa falou mais a língua do nordestino, os ritmos, as rimas, são coisas aqui da nossa terra, disse uma professora. A maioria achou o programa até melhor do que outro que foi testado, com poesias de Vinícius de Morais, Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar. Pesquisas como essa indicaram o formato considerado ideal para os onze programas iniciais: uma mescla da linguagem simples de revista, com entrevistas e conversas, que exploram conteúdos das áreas temáticas da educação formal. Além de reforçar o trabalho de capacitação dos alfabetizadores, como apoio aos cursos presenciais, os programas da Seed devem levar aos professores sugestões práticas de atividades em sala de aula. 31 ENTREVISTA: MARIA HELENA GUIMARÃES Ensino passa na prova dos NÚMEROS Vários indicadores mostram que a situação melhorou, diz Maria Helena Guimarães, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Inep, que coordena os principais mecanismos de avaliação do sistema de ensino. P elo Brasil afora, existem milhares de pais que acham melhor o filho repetir de ano porque está fraco em alguma área. É comum também o professor bater o olho num aluno, achar que não vai dar certo e ele ser reprovado no final do ano. Para Maria Helena Guimarães, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – Inep, isso caracteriza uma cultura da repetência, principal responsável pela enorme distorção idade/série verificada no ensino brasileiro. E quanto 32 maior a distorção, maior a probabilidade de o aluno ser reprovado novamente, diz Maria Helena, citando o resultado de outra avaliação. Pesquisa e avaliação de resultados são especialidades dessa paulista de Presidente Prudente, criada na cidade de São Paulo, e que começou seus estudos universitários na Universidade de Campinas – Unicamp, em 1977, aos 31 anos, já mãe de três filhos. Com graduação em Ciências Sociais e mestrado e doutorado em Ciências Políticas, Maria Helena foi diretora adjunta do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas – Nepp, da Unicamp, e secretária de Educação de Campinas, de onde saiu em 1995 para integrar a equipe do ministro da Educação, Paulo Renato Souza. O Inep coordena os principais instrumentos de avaliação do sistema educacional. Maria Helena dispõe, portanto, de muitos dados para fundamentar o que diz, como neste diagnóstico do ensino no Brasil, feito em entrevista aos jornalistas Ana Lagôa, do caderno de “Educação, Trabalho e Empregos” do Jornal do Brasil ; Luci Ayala, do Klick Educação (portal de educação na Internet); e Claudio Pucci, editor da revista TV ESCOLA. TVE SCOLA Luci Ayala: Existem dados confiáveis sobre a educação brasileira? M a r i a H e l e n a G u i m a r ã e s : Graças ao Censo Escolar, hoje podemos contar com indicadores fundamentais: reprovação, aprovação, número médio de alunos por turma, qualificação dos professores, número de turnos escolares, proporção de matrícula nos cursos noturnos, idade dos alunos, distorção idade/série. Essas informações não existiam antes. Hoje, os Estados e municípios apóiam-se nos dados do Censo Escolar para fazer seu planejamento anual. Fotos: Norberto Avelaneda Ana Lagôa: Como o Censo é feito? nome do professor etc., estão disponíveis em cada Estado. Se o professor não tiver acesso à Internet, pode solicitar informações sobre o Censo ao Centro de Informações do Inep. Pode também obter dados sobre a escola onde atua e seu município. Desde 1998, toda escola com mais de 100 alunos recebe um boletim com seus resultados: alunos matriculados por turno, os professores e sua qualificação, a taxa de promoção e a de reprovação do ano anterior por série, a distorção idade/série e a posição da escola em relação ao seu município, ao Estado e ao Brasil. pela tradicional prática do clientelismo. Hoje é pelo número de alunos na rede de ensino. Luci: A imprensa tem noticiado que alguns municípios falsificam os dados para ganhar mais verbas do Fundef. M a r i a H e l e n a : Para controlar esse tipo de coisa temos uma pesquisa por amostragem de controle de qualidade do Censo – a última foi feita em 2000 municípios, nas 27 unidades da Federação, com escolas de diferentes tipos. Checamos a consistência dos dados do município. Por exemplo: se a proporção de matrículas de ensino fundamental de 7 a 14 anos não bate com o total da população do município nessa faixa, o município é visitado e passa por uma auditoria. M a r i a H e l e n a : As 27 secretarias estaduais de Educação foram informatizadas, e já estamos iniciando os módulos regionais informatizados. AjudaAna: O que esses damos a montar a infrados informam sobre a estrutura e a treinar qualidade do ensino? as equipes de planejaM a r i a H e l e n a : Analimento e avaliação nos Estados. Temos uma sando o fluxo dos intranet, uma rede alunos no sistema, o computadorizada, lipesquisador Sérgio gando todas as secreCosta Ribeiro e sua tarias estaduais. Uma equipe concluíram vez por ano, os quesque o grande protionários do Censo “Graças ao Censo Escolar, contamos com indicadores fundamentais.” blema do ensino não Escolar vão direto era a evasão escopara as escolas. Elas preenchem o for- Claudio: Vocês têm informações sobre l a r , m a s s i m a r e p e t ê n c i a . I s s o e m mulário e mandam para os municípios, o uso desses dados nas escolas? 1989, no governo Sarney. Na época, que por sua vez mandam para os Estao MEC pagou a pesquisa, mas não dos. Cada Estado processa seus da- M a r i a H e l e n a : No ano passado, mui- q u i s d i v u l g a r s e u s r e s u l t a d o s . D e dos e os resultados são enviados ao t a s e s c o l a s u t i l i z a r a m e s s e b o l e t i m p o i s , o g o v e r n o C o l l o r t a m b é m n ã o Inep. Atualmente, os dados são coleta- n o s e u p l a n e j a m e n t o p e d a g ó g i c o . q u i s . E n f r e n t a r a q u e s t ã o d a r e p e dos e divulgados no mesmo ano. Só Queremos quantificar esse uso. Jun- t ê n c i a e x i g i r i a u m a p o l í t i c a e d u c a c i existem três países no mundo que t o c o m o q u e s t i o n á r i o d o C e n s o E s - onal que eles não tinham. O primeiro conseguem fazer isso: França, Estados c o l a r , e s t a m o s m a n d a n d o u m a m a l a g o v e r n o q u e e n f r e n t o u a q u e s t ã o d a Unidos e Brasil. p o s t a l p a r a o d i r e t o r d a e s c o l a r e s - repetência foi o atual. ponder se o boletim está sendo usaClaudio Pucci: Como o professor pode do, se é divulgado para a comunida- Claudio: Por que tanta repetência? ter acesso a esses dados? de, para os pais dos alunos. O Cens o d á a s b a s e s p a r a a d i s t r i b u i ç ã o M a r i a H e l e n a : Entre outros motivos, M a r i a H e l e n a : O s d a d o s g e r a i s e s - d o s r e c u r s o s d o M E C – R $ 1 5 b i - porque existe uma cultura da repetênt ã o n a I n t e r n e t , n o s i t e d o I n e p l h õ e s d o F u n d e f e R $ 3 b i l h õ e s d o cia. É uma cultura muito disseminada. ( w w w . i n e p . g o v . b r ) . O s d a d o s m a i s F N D E . A t é h á b e m p o u c o t e m p o , o Existem milhares de pais que, em alc o m p l e t o s , e s c o l a p o r e s c o l a , c o m dinheiro da educação era distribuído gum momento, acharam melhor o filho TVE SCOLA 33 ENTREVISTA FUNÇÃO ESTRATÉGICA Criado em 1937 por Gustavo Capanema, ministro da Educação do Estado Novo, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – Inep representou um passo importante na construção de um sistema nacional de ensino público. No entanto, a idéia de ter um órgão de pesquisa e informações educacionais que contribuísse para a formulação de políticas para a Educação remonta ao início da década de 1930. De 1952 a 1964, foi dirigido por Anísio Teixeira (leia reportagem Um mestre do progresso, nas páginas 38 e 39). No regime militar, passou por um longo processo de perda de prestígio, chegando ao final dos anos 1980 praticamente sem orçamento e sem funções claramente definidas. Formalmente extinto no governo Collor, foi mantido nominalmente pela comunidade acadêmica, com apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, da Academia Brasileira de Ciências e de outras entidades afins. Em 1994, no governo de Fernando Henrique Cardoso, o Ministério da Educação define uma política em que a informação e a avaliação educacionais são consideradas estratégicas. O Inep é recuperado e totalmente reestruturado, sob a direção de Maria Helena Guimarães. De lá para cá, o instituto participou intensamente do processo de implantação da TV Escola, reestruturou o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e o Censo Escolar – os dados mais recentes disponíveis no Ministério eram de 1989 –, e criou e implantou o Enem e o Provão, exames nacionais que avaliam, respectivamente, o ensino médio e o superior. O Inep também dá apoio técnico a países vizinhos, como Argentina, Colômbia e Peru, e a vários países africanos de língua portuguesa, sendo reconhecido internacionalmente pelo padrão de excelência de suas pesquisas. 34 repetir de ano porque “estava fraco” em alguma matéria. Na sala de aula, o professor é soberano. Sei que os alunos não são anjos, mas as pesquisas demonstram que um dos fatores que mais contribuem para a repetência é a atitude do professor diante dos alunos. Além disso, nossa cultura social é muito discriminatória. As crianças mais pobres, moradores em favelas, de famílias menos estruturadas, já chegam à escola em desvantagem. No primeiro dia de aula, muito professor bate o olho e fala: “Aquele ali não vai dar certo...” Claudio: O aluno reprovado pode perder a auto-estima. M a r i a H e l e n a : E a probabilidade de voltar a ser reprovado é muito maior. Reprovar um aluno e mantê-lo na mesma classe, com o mesmo professor, o mesmo livro didático, é levá-lo a nova reprovação. A repetência é responsável pela grande distorção idade/série existente na educação brasileira. E o Saeb (veja o box Instrumentos de avaliação) mostra que, quanto maior essa distorção, pior é o rendimento do aluno. É um círculo vicioso: a taxa média de repetência na primeira série do ensino fundamental é de 39,8% no Brasil, e hoje há mais 8,5 milhões de alunos com idade superior a 15 anos no ensino fundamental. Claudio: Mas por que o professor age assim? Ele acha que isso é ser bom professor? M a r i a H e l e n a : Alfabetizar uma criança é muito mais difícil do que orientar uma tese de doutorado. Muitos professores não estão preparados para essa tarefa. Em geral, os encarregados da alfabetização têm apenas o nível médio e são os mais novos da escola, os menos experientes. No entanto, essa deveria ser uma tarefa dos mais experientes e capacitados. A escola deveria ter um projeto pedagógico que tratasse o processo de alfabetização como um ciclo de aprendizagem. O objetivo seria, ao final desse ciclo, conse- guir que a maior parte das crianças daquela faixa etária atingisse determinados patamares. O ciclo inicial de aprendizagem deve englobar pelo menos as séries iniciais da alfabetização da criança, talvez as quatro primeiras séries. É muito difícil medir a evolução de uma criança na metade da primeira série. Luci: Como os instrumentos de avaliação podem ajudar a mudar essa realidade? M a r i a H e l e n a : Quando o Censo começou a mostrar a distorção idade/ série e as taxas de reprovação, e, ao mesmo tempo, o Saeb demonstrava que o aluno mais velho do que o recomendado para a série tinha um rendimento pior, imediatamente iniciou-se ALFABETIZAR UMA CRIANÇA É MUITO MAIS DIFÍCIL DO QUE ORIENTAR UMA TESE DE DOUTORADO “ ” no Brasil um grande movimento para reduzir a distorção idade/série, instituindo-se as classes de aceleração. Claudio: A senhora é favorável à promoção automática? Maria Helena: Não. Eu defendo a progressão continuada, a idéia de ciclos de aprendizagem em que o aluno é avaliado ao longo do processo. A escola tem de ter a clareza pedagógica sobre os conteúdos daquele ciclo de TVE SCOLA aprendizagem, e sobre as competências e habilidades que o aluno deve desenvolver durante o ciclo. A escola tem, também, de oferecer aos alunos a chance de recuperar conteúdos ao longo do ano e criar classes de aceleração para quem estiver atrasado na relação idade/série. Os alunos que vão mal têm de ter acesso a um reforço paralelo às aulas comuns – como ocorre nas escolas particulares. Os professores devem ter condições de trabalho e remuneração adequadas para dar o reforço fora do horário de sala de aula. Devemos avaliar, também, a possibilidade de o aluno ser promovido com dependência de uma matéria. Ana: Qual a dimensão da distorção idade/série? M a r i a H e l e n a : Atualmente, temos 16 milhões de alunos no ensino fundamental com dois anos ou mais de atraso com relação ao indicado para sua faixa etária, e 1,2 milhão de alunos em classes de aceleração. Luci: Como funcionam as classes de aceleração? Maria Helena: As classes de aceleração já estão implantadas em vários Estados, como São Paulo, Maranhão, Bahia, Pernambuco, Goiás, Espírito Santo e Paraná. Podem ter no máximo 15 alunos, o professor é treinado para essa atividade, tem uma remuneração adequada e conta com materiais pedagógicos específicos. O aluno que não consegue acompanhar o ritmo da classe é atendido pelo professor fora da sala de aula. Os resultados, avaliados pela Fundação Carlos Chagas, mostram que o desempenho dos alunos é basicamente o mesmo dos que estão no curso regular. das secretarias de Educação – embora haja uma tendência de ampliar a autonomia da escola e o estímulo para que cada uma construa seu projeto pedagógico de acordo com as características da sua equipe e da comunidade. O Fundef vem reforçando essa tendência, ao promover um aumento de salários real, nos municípios em que os professores ganhavam muito pouco. Claudio: O ministro considera o Fundef o melhor programa de sua gestão. M a r i a H e l e n a : Acho que o Fundef representa a política mais importante implantada no sistema educacional brasileiro desde a década de 1930, quando começou o sistema público de ensino com a escola primária gratuita. Com o Fundef, a matrícula cresceu. Em 1994, tínhamos 89% das crianças de 7 a 14 no ensino fundamental; hoje são 96%. Mais alunos concluem o ensino fundamental e ingressam no ensino médio, que passou dos 3,5 milhões de alunos em 1994 para os atuais 7 milhões. Em 1994, apenas 16% dos alunos do ensino médio tinham de 15 a 17 anos – a faixa etária correta. Hoje são 32% nessa faixa etária. Claudio: É a isso que o ministro se refere quando diz que a situação do ensino está “longe de onde gostaríamos de estar, mas muito melhor do que estávamos”? Maria Helena: Vários indicadores mostram que a situação melhorou. Em 1994, os alunos levavam, em média, 12 anos para concluir as oito séries. Hoje, a média é de 10 anos. Em 1991, de cada 100 alunos que ingressavam no ensino fundamental, apenas 38 concluíam a 8ª série. Hoje, de cada 100 que ingressam, 65 concluem. A repetência na primeira série do ensino fundamental, que é o grande gargalo da educação brasileira, passou de 52% em 1994, para os atuais 39,8%. Ainda é muito alta, mas é um avanço. A maioria termina a 8ª série acima da idade; outros param. A taxa média de repetência em todo o ensino fundamental, que era de 33%, caiu para 28%. O número de formandos na 8ª série cresceu mais de 50%. Os formandos do ensino médio, que eram 660 mil alunos em 1991, hoje são 1,5 milhão. Por fim, a taxa de distorção idade/série, que era de 62% em 1994, está em 48%. Luci: A escola é que decide se implanta as classes de aceleração? E de onde vêm os recursos para o pagamento dos professores? M a r i a H e l e n a : Nesse ponto, as escolas dependem das diretrizes políticas TVE SCOLA “A repetência na 1ª série do ensino fundamental caiu de 52% para 39,8%.” 35 Luci: Como diminuir essa diferença entre escolas melhores e piores? As escolas não deveriam ter um currículo único? “O Fundef promove aumento real de salários nos municípios em que os professores ganhavam muito pouco.” Claudio: A mudança nos índices é expressiva. Mas não dá para andar mais rápido? ENTREVISTA Maria Helena: Em educação, tudo é a médio e longo prazo. Temos 36 milhões de alunos no ensino fundamental, um contingente igual à população da Argentina. O País é muito grande, com grandes diferenças regionais. Enquanto em alguns Estados do Sul e Sudeste nós já tínhamos o ciclo básico antes de 1994 – como em São Paulo –, no Nordeste, o desafio foi extinguir as classes de alfabetização e garantir o direito constitucional de ingresso do aluno na primeira série do ensino fundamental, ao final da préescola. Os Estados do Nordeste tiveram os piores desempenhos no Saeb / 95, mas também foram os que mais melhoraram nesses últimos cinco anos. Os que tiveram melhor desempenho em 1995 mantiveram-se no mesmo patamar. Luci: Todo ano as famílias precisam enfrentar filas para matricular seus filhos na escola pública. Por que não se resolve esse problema? Maria Helena: Não há falta de escola. As classes médias começaram a trocar a escola particular pela pública e 36 todos querem colocar os filhos nas melhores escolas, com boas equipes de professores, próximas de suas casas. O resultado são as filas. Essa é uma questão local, não há como o MEC entrar nisso. SÓ TEREMOS PROFESSORES MELHORES QUANDO INSTITUIRMOS A PROMOÇÃO POR MÉRITO E NÃO POR TEMPO DE SERVIÇO “ Maria Helena: As provas do Saeb mostram que o currículo proposto não é o currículo efetivamente realizado. Os professores que respondem aos questionários do Saeb dizem que não conseguem cumprir nem 70% do currículo proposto para aquele ano. Em média, os alunos ficam 4 horas diárias na escola, o que significa, descontando os intervalos, 3h15min por dia, em um ano letivo de 207 dias. É pouco tempo. A falta de equipes estáveis nas escolas dificulta a consolidação das estratégias e recursos pedagógicos. A forma como as carreiras de professores estão organizadas no Brasil não cria equipes estáveis. Ana: E o que está sendo pensado em termos de carreira para o professor? M a r i a H e l e n a : Só teremos professores melhores quando instituirmos a promoção por mérito e não por tempo de serviço. O desempenho do professor precisa ser avaliado. O bom professor tem de ser estimulado e recompensado em sua carreira. Cabe ao Conselho Nacional de Educação e ao MEC definir os grandes referenciais para a avaliação dos professores, e aos Estados cabe estabelecer critérios e método para essa avaliação. Luci: O PCN em Ação é o eixo central da proposta de formação de professores do MEC? Maria Helena: O MEC ainda tem muita coisa a fazer nesta área. Ainda estamos engatinhando. Já foi aprovada a criação dos Institutos Superiores de Educação (curso normal nível superior), mas ainda não temos as diretrizes curriculares para essas instituições. No caso da formação continuada, é fundamental articular o PCN em Ação com a TV Escola. Se isso ocorrer teremos uma TVE SCOLA reformulação curricular nacional, o que é muito necessária. Temos atualmente 700 mil professores nas redes públicas, lecionando nas primeiras séries do ensino fundamental. Pela LDB, eles deverão ter nível superior até 2007. Está mais do que na hora de oferecermos uma proposta concreta e substantiva de formação de professores em serviço. Ana: Por que que as faculdades de Pedagogia não foram aproveitadas como base para os Institutos Superiores de Educação? M a r i a H e l e n a : Elas podem ser aproveitadas, desde que se habilitem para isso. Uma Faculdade de Pedagogia deve estar centrada nas diferentes abordagens pedagógicas do processo de aprendizagem. Pretender que ela forme o professor polivalente, regente de classe de primeira a quarta série, está errado. Claudio: E como a senhora avalia os mecanismos de educação à distância, como a TV Escola e o ProInfo? Maria Helena: Acho a TV Escola de enorme utilidade, principalmente para os municípios pequenos e para as regiões mais pobres. Seu impacto é muito grande. O material da TV Escola é de excelente qualidade. Muitas escolas, porém, enfrentam dificuldades para acompanhar a programação: ou porque só têm uma “ televisão na escola – o ideal seria uma por sala de aula –, ou porque não têm uma videoteca organizada, não há quem grave a programação. A recepção da TV Escola é mais organizada exatamente nos municípios mais pobres, mais carentes, onde não há nada além do livro didático, do quadro-negro, da lousa e do giz. Falta avaliar como os professores estão efetivamente utilizando esse recurso e como os alunos estão aprendendo, se os conteúdos são adequados, se é preciso fazer algum ajuste. Claudio: Há quem diga que a televisão é menos eficaz que o computador, como recurso pedagógico. O que a senhora acha? Maria Helena: Acho que existe um conjunto de tecnologias disponíveis na escola, das quais os professores devem saber tirar partido. Com a Internet, a tendência é o computador tornar-se progressivamente a peça central. Mas isso não exclui outros recursos. A televisão é importante como auxílio ao professor e oferece excelentes subsídios para produzir boas aulas. Ele também tem de ter acesso a jornal, revistas... Precisa ter tempo, fora do horário de sala de aula, para assistir à programação, gravar o que acha essencial, selecionar o que pode utilizar em suas diferentes turmas e depois preparar a aula. OS PROFESSORES DEVEM TIRAR PARTIDO DAS TECNOLOGIAS DISPONÍVEIS NA ESCOLA TVE SCOLA MEIOS DE AVALIAÇÃO O Inep centraliza e coordena os principais mecanismos de avaliação da Educação brasileira: Censo Escolar – Levantamento feito anualmente em 250 mil escolas da rede pública e particular, distribuídas por 5.500 municípios, abrangendo cerca de 47 milhões de alunos. Um questionáriopadrão é respondido pelas escolas, com informações sobre matrícula e rendimento dos alunos, turnos, turmas, séries e períodos, condições físicas das escolas e de seus equipamentos e os profissionais envolvidos. O Censo Escolar, mais o Censo do Ensino Superior e o Censo Sobre o Financiamento da Educação, também coordenados pelo Inep, constituem o Censo Educacional Brasileiro. Os dados obtidos servem de base para o planejamento e gestão da Educação. Saeb – O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica é realizado a cada dois anos, por amostragem. As provas envolvem cerca de 700 municípios, 3 mil escolas públicas e privadas, 25 mil professores, 3 mil diretores e cerca de 220 mil alunos da 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e 3ª série do ensino médio, nas disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências e, a partir de 1999, História e Geografia. Enem – O Exame Nacional do Ensino Médio é uma prova de conhecimentos da qual participam apenas os interessados, mediante inscrição prévia. Muitas universidades brasileiras já aceitam as notas do Enem como parte do processo de seleção de candidatos, ao lado do vestibular. Provão – O Exame Nacional de Cursos, ou Provão, como ficou conhecido, é realizado anualmente entre os estudantes que estão concluindo os cursos de graduação, e é obrigatório para a obtenção do registro do diploma. Seu objetivo, porém, é avaliar o desempenho dos cursos universitários e não os estudantes. Começou a ser implantado em 1996, em apenas três cursos (Administração, Direito e Engenharia Civil) e vem, gradativamente, estendendo-se aos demais. No ano 2000, 18 cursos de graduação serão avaliados. 37 HISTÓRIAS DA EDUCAÇÃO Um mestre do progresso Ele propunha uma escola para todos, em que os alunos fossem ativos e tivessem liberdade de pensar por si. Anísio Teixeira (1900-1971) ajudou a mudar o ensino brasileiro. or pouco é padre. Hesita entre a Companhia de Jesus e a Faculdade de Direito. Advogado, é surpreendido por convite do governador da Bahia, Francisco Calmon, para ser inspetor geral de ensino. Começa o trabalho de um dos mais importantes, atuantes e produtivos educadores do País, ainda hoje uma referência para a democratização e a melhoria da qualidade do ensino. Nascido em 12 de julho de 1900, em Caetité, sertão baiano, Anísio Spínola Teixeira ajuda a mudar a educação brasileira a partir dos anos 1930, contribuindo com a formação de um sistema nacional de ensino, numa época em que a educação é extremamente fragmentada, não há redes, só escolas avulsas. O momento é de grandes transformações. É intenso o processo de industrialização e grande o entusiasmo pela Ciência, que conquistara consideráveis avanços a partir do fim do Século 19. Busca-se uma vida, um homem e uma nova escola. Anísio é um dos artífices dessa procura no Brasil. Ao aceitar a função de inspetor geral de ensino na Bahia, dedica-se ao conhecimen- to da educação e das experiências de outros países. Nos EUA, conhece, no fim dos anos 1920, John Dewey (1859-1952), teórico da escola ativa e progressista, do learning by doing (aprender fazendo). É de Dewey a maior influência nas propostas de Anísio. Em 1930, quando é criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, Anísio publica o artigo Por que a Escola Nova uma súmula de suas reflexões sobre as idéias predominantes na vanguarda da educação: 38 Fotos de arquivo P Anísio: “O mestre deve dar oportunidade ao aluno para pensar e julgar por si.” Progresso: Tudo está a mudar e a se transformar. Não há alvo fixo. A experimentação científica é um método de progresso literalmente ilimitado. Tendências da época: nova atitude espiritual (segurança, otimismo e coragem diante da vida), o industrialismo (com nova visão do homem, também filho da Ciência e de sua aplicação à vida) e a democracia (cada indivíduo conta como uma pessoa). Unidade planetária: A indústria está integrando o mundo inteiro em um todo interdependente. A idéia e o pensamento hoje são propriedades comuns de todo o homem. O vapor, o trem, o automóvel e o aeroplano, como o telégrafo, o telefone e o rádio, põem todo o mundo em comunicação material e espiritual. O que é a escola nova? Uma escola de vida e experiência, para que sejam possíveis as verdadeiras condições do ato de aprender; uma escola onde os alunos são ativos. TVE SCOLA SOUS-VENIR DE CLASSE ANA LAGÔA No mestrado da UFRJ, em 1997, as aulas sobre os Pioneiros, a Escola Nova e a obra de Anísio Teixeira me fizeram recordar de minha formação nas escolas públicas de São Paulo, nos anos 50 e 60. Foi então que percebi o quanto eu – neta de operários imigrantes do começo do Século – devia àquele homem. O esforço de meus pais, por uma educação libertadora do destino de classe, não teria frutificado sem as idéias de Anísio e de todos os que trabalharam para que filhos de operários pudessem ter uma escola de qualidade. Mesmo que a intenção dos Pioneiros fosse gerar eficientes trabalhadores para o tal Brasil do futuro. Afinal, depois de formados, soubemos e pudemos ir além. Ao final do curso na UFRJ, produzi um texto que chamei de Sous-venir de classe – memórias, lembranças, da classe-turma-sala de aula e da classe-proletariado, numa brincadeira com a palavra francesa souvenir (lembrança) e os dois termos que a compõem, sous (de baixo) e venir (vir). Eu amava o Grupo Escolar Frontino Guimarães e o Colégio Estadual Dr. Octávio Mendes – frutos da Escola Nova. Com seus pátios esportivos; sua piscina; a sopa de canjica quentinha; o teatro, onde começamos encenando Carlos Gomes e terminamos alternando assembléias com aulas de dramaturgia brechtiana; os laboratórios onde dissecamos ratos; as grandes exposições de arte, o jornal, os bailes... A presença dos símbolos nacionais nessa educação ao mesmo tempo libertadora e disciplinadora chocou meus colegas de mestrado, que haviam crescido com vergonha da bandeira brasileira. Encenar Carlos Gomes aos 12 anos pareceu-lhes “delírio nacionalista populista autoritário”. Mas eu e meus colegas jamais teríamos ouvido Carlos Gomes ou cantado, enobrecidos, no coral do colégio, com dona Vitória ao piano. Jamais teríamos sido o que somos. Jamais teríamos chegado ao campus da Universidade e forçado seus portões elitistas em 1968, não fosse o sonho de educação de Anísio Teixeira. ANA LAGÔA é mestre em Educação pela UFRJ, coordenadora do caderno de “Educação, Trabalho e Empregos” do Jornal do Brasil e colaboradora da revista TV ESCOLA. O que a escola deve ensinar: A nova escola precisa dar à criança não somente um mundo de informações (...), como ainda lhe cabe o dever de aparelhá-la para ter uma atitude crítica de inteligência. Autonomia: Não basta que os alunos sejam ativos. É necessário que eles escolham as suas atividades. Liberdade: O mestre deve confiar no aluno. Perca ele para sempre a idéia de que lhe cabe qualquer soberania sobre o pensamento do seu discípulo. Dê-lhe oportunidade Na juventude (acima) e na maturidade (abaixo) ao lado do para pensar e julgar por si. Dois anos depois, em 1932, é lançado no Rio o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo e assinado por Anísio e mais 24 educadores. O documento defende, entre outros pontos, a educação pública, gratuita, obrigatória e leiga, sem qualquer segregação, e a articulação de todos os níveis de ensino. Anísio é diretor de Instrução Pública do Distrito Federal (1931-1935) e reforma TVE SCOLA a educação na Capital do País. Cria uma rede municipal, com uma série de inovações, e a Universidade do Distrito Federal, embrião da Universidade de Brasília UnB, também idealizada por ele. Durante o Estado Novo (1939-1945), volta à Bahia e se dedica ao comércio de minérios. Em 1947 é convidado pelo governador Otávio Mangabeira para dirigir a Secretaria de Educação e Saúde. Muda o ensino no Estado e cria, em 1950, a escola-parque modelo de educação de tempo integral que inspira os Cieps de Darcy Ribeiro. No MEC, dirige a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Capes (1951-1964) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Inep (1952-1964). Em 1964, o golpe militar fecha a UnB que ele criara e da qual se tornara reitor em 1963. Afastado, Anísio dá aulas, por dois anos, em universidades americanas. amigo Monteiro Lobato. No dia 11 de março de 1971, morre no Rio em circunstâncias misteriosas. Acabara de ser indicado à Academia Brasileira de Letras e saíra de casa para visitar o filólogo e dicionarista Aurélio Buarque de Holanda. Seu corpo é encontrado no poço do elevador do prédio de Aurélio. É um suposto acidente. Para saber mais: Anísio Teixeira deixou extensa obra. Por muitos anos seus livros e artigos não foram reeditados. Agora, os textos estão na Internet. Experimente: POR QUE ESCOLA NOVA, Boletim da Associação Baiana de Educação (1930) EDUCAÇÃO NÃO É PRIVILÉGIO (UFRJ, 1994) www.prossiga.br/anisioteixeira 39 ++++++++++++++++++++++ ○ 40 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Agora em junho sai o edital para inscrição no 4 o Paped – Programa de Apoio à Pesquisa em Educação à Distância da Seed, destinado a pesquisadores que estejam matriculados em cursos de mestrado ou doutorado, com projeto na área de educação a distância já aprovado por banca. O objetivo é dar auxílio financeiro aos pesquisadores na fase final de suas teses. Desde que foi lançado, em 1997, o Paped vem atraindo maior interesse a cada ano. O número de projetos aumentou de 23, no primeiro ano, para 78, em 1999. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ “ANDANDO POR ESSE BRASIL...” A Escola de Ensino Médio Prof. Annes Dias desfila com faixa da TV Escola em Cruz Alta, RS. Em visita à cidade, o educador Moacir Gadotti encantou-se com a manifestação e mandou esta foto com o recado: “Andando por esse Brasil, ouço falar bem e também falo bem da TV Escola.” Gadotti é diretor do Instituto Paulo Freire e autor, entre outras obras, de Construindo a Escola Cidadã. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Matemática para o ensino médio, de 8 de maio a 26 de junho; Língua Portuguesa para o ensino fundamental, de 27 de junho a 28 de agosto. Segue, na TV Escola, a programação do Telecurso 2000, de 2ª a 6ª, das 6h25 às 6h55. A transmissão, iniciada em 9 de março, é resultado de acordo do MEC com a Fundação Roberto Marinho, que produz o Telecurso. Por outro acordo, a TV Escola pode transmitir às escolas os programas de Indústria cultural e Mestres do ofício, produzidos pelo Sebrae. Um terceiro acordo permite à Radiobrás exibir produções da TV Escola. LEIA Os novos Cadernos da TV Escola: Direitos Humanos (1 vol.), Índios do Brasil (3 vol.), A idade do Brasil (2 vol.), Português (2 vol.), Múltiplas inteligências na prática escolar (1 vol.) e Manual de recepção da TV Escola (1 vol.). Os novos livros da Série de Estudos: 2 anos da TV Escola – Seminário Internacional, 1998 (1 vol.), Ensino fundamental (2 vol.), Educação especial: tendências atuais (1 vol.), Educação de jovens e adultos (1 vol.), Mediatamente! – Televisão, Cultura e Educação (1 vol.). ○ A formação do povo brasileiro é o principal tema de Brava gente brasileira – 500 anos de pluralidade cultural, um número especial da revista TV E SCOLA , de abril de 2000, editado a propósito dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. A publicação apresenta painéis históricos e perfis de professores descendentes de alguns povos que formaram ou influíram nas principais características étnicas, lingüísticas e culturais do povo brasileiro. Boa de se ler e explorar, em capacitação ou atividades interdisciplinares de sala de aula, no ensino fundamental e no médio. Brava gente brasileira é distribuída pela Secretaria de Educação a Distância do MEC a todas as escolas que recebem a revista TV E SCOLA . QUARTO ANO ○ EDIÇÃO ESPECIAL PAPED CHEGA AO ○ ○ ○ ○ ○ ○ TELECURSO 2000 NA TV ESCOLA TVE SCOLA ++++++++++++++++++++++ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Poema virtual ○ O ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ trabalho em computadores, que recebeu novo impulso com o Programa Nacional de Informática na Educação – ProInfo, atinge resultados às vezes inesperados. Aproveitando a lembrança dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, alunos da Escola Esmeralda Freire, de Carapic u í b a , S P, o r i e n t a d o s p e l o professor Vanderlei de Souza, enfrentaram o desafio de criar um poema virtual, coletivo. Parceiros: alunos da Escola Básica 2/3, da cidade de Castelo Branco, Portugal, o r i e n t a d o s p e l a p ro f e s s o r a Margarida Ribeiro. Os brasileiros escreveram o primeiro verso; os portugueses, o segundo, até comporem todo o poema. Um trecho: PCN COM ARTE A Secretaria de Educação Fundamental – SEF está capacitando professores na área de Arte, com base nos PCN. É o PCN com Arte, programa de formação em linguagens artísticas (teatro, música, dança ou artes visuais). A SEF também forma multiplicadores, numa estrutura de capacitação em rede. No segundo semestre de 1999, a SEF esteve em Salvador, Aracaju e Belém. Em Salvador, os professores capacitados participaram, com destaque, de espetáculo do Mercado Cultural Latino-Americano, fórum de produtores culturais da América Latina. ○ ○ Internet ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ TVE SCOLA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ O Instituto Ayrton Senna, em parceria com a Microsoft do Brasil e a Gateway, promove o concurso Sua Escola a 2000 por Hora, que premia com computadores escolas públicas que apresentarem os melhores projetos de informática. Vinte escolas, em cinco Estados, já foram beneficiadas pela iniciativa. No segundo semestre, o concurso deve ser estendido a outros dez Estados. Mais informações no Instituto Ayrton Senna, tel. (0_ _11) 6950-0440, fax 6950-0550, e-mail [email protected] ○ ○ CONCURSO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ É alimentada por muitas fontes / A água das fontes forma riachos / que têm a foz num vasto oceano / onde navegamos. (...) passando a explorar / Grãos de sabedoria / que se semeiam / Árvore com frutos / que se colhem. / Linha de caminho de ferro que se viaja sem fim. / Génio sábio. / Asas a jacto. (...) Rio que corre entre o Brasil e Portugal. 41 AÇÃO complementar Jornalista lidera voluntários na luta contra a repetência e a evasão. PREOCUPAÇÃO COM OS PAIS Os voluntários têm também uma preocupação especial com os pais dos alunos. “O pai que estiver num registro muito diferente do filho pode supervalorizar ou desprezar o conhecimento dele. As duas coisas são ruins”, diz Demóstenes. “É ruim tanto a mãe que acha que o filho vai sustentar a família trabalhando com computadores, como aquela que diz que isso é bobagem, coisa de rico.” E “ NÃO QUEREMOS SUBSTITUIR A ESCOLA, NEM A FAMÍLIA. SÓ QUEREMOS AJUDÁ-LAS. Foto: Washington Alves le não é professor. Muitas crianças e jovens, no entanto, devem sua escolaridade ao trabalho deste homem, que participa ativamente da luta contra a evasão e a repetência nas escolas públicas de Minas Gerais. Começou em 1994, liderando voluntários no Pacto de Minas pela Educação. Hoje, o jornalista Demóstenes Romano, 59 anos, atua no Projeto para os Cidadãos do Século 21, com a mesma intenção básica do Pacto: zerar os índices de repetência e evasão. O Pacto é um programa da Secretaria de Educação do Estado, em parceria com a Unicef e outras instituições. Já atingiu seu objetivo em 20 municípios do interior mineiro, graças ao empenho de equipes de voluntários. Cada grupo fica responsável por uma área da cidade. Vai de porta em porta, apurando casos de crianças fora da escola ou em risco de repetência. Depois, providencia matrículas, compra material e dá aulas de reforço, tudo de graça e em qualquer espaço disponível. O Projeto para os Cidadãos do Século 21, dirigido por Demóstenes, é uma ONG (organização não-governamental) que atua também com o apoio da Unicef e a participação de voluntários. Mas tem algumas características diferentes, como aulas de Informática, Inglês, Espanhol, Cultura Latino-Americana, Cidadania e Ecologia Humana, incluídas no plano de trabalho com o intuito de preparar as crianças para o mundo fora da escola. Os voluntários não descuidam, porém, das aulas de reforço. Cada vez que a criança deixa, por exemplo, de fazer a lição de casa, sua autoestima e seu vínculo com a escola diminuem um pouco, diz Demóstenes. Em casa, dificilmente ela vai encontrar alguém para ajudá-la, os pais precisam trabalhar. E não há um só livro, uma revista para pesquisar. “O número de meninos de rua é uma insignificância, comparado com o número de crianças abandonadas em sua própria casa”, diz o jornalista, que está atendendo 130 crianças, em um terreno cedido pela Igreja, no bairro do Horto, de Belo Horizonte. ” O projeto procura, por isso, atrair as famílias para acompanhar de perto a experiência dos filhos. Quer ainda promover a “revitalização social” da comunidade e valorizar a questão da cidadania. Desde o fim de 1999, começou a ensinar aos adultos atividades que sejam geradoras de renda, como culinária, tapeçaria etc. “A palavra-chave do nosso trabalho é complementaridade”, resume Demóstenes. “Não queremos substituir nem a escola, nem a família. Só queremos ajudá-las. O que não dá é para ficar de braços cruzados, esperando que o governo faça tudo.” Sobre o voluntariado, Demóstenes diz: “Não é mãode-obra barata. É um estado de espírito.” Quem quiser participar ou conhecer melhor o trabalho do Projeto para os Cidadãos do Século 21 deve ligar para o telefone (0_ _31) 481.1188 ou mandar e-mail para [email protected] Nome: Demóstenes Romano Idade: 59 anos Profissão: jornalista Local de trabalho: Projeto para os Cidadãos do Século 21 Cidade: Belo Horizonte, MG Atividade preferida: mobilização social COMO USAR A TV ESCOLA Como cuidar do videocassete ATUALIZE SUAS INFORMAÇÕES SOBRE A TV ESCOLA O que é a TV Escola • É um programa da Secretaria de Educação a Distância do MEC para a melhoria da qualidade do ensino público. Com este objetivo, transmite programação às escolas de ensino fundamental e médio, dirigida à capacitação e aperfeiçoamento do professor, e também ao seu trabalho em sala de aula. • Transmitida a todo o País, a programação é captada por antena parabólica. Os programas (inclusive os do Salto para o futuro, transmitidos ao vivo) devem ser gravados em fitas de videocassete para utilização pelo professor. • Os equipamentos para captação e gravação compõem o kit tecnológico, adquirido pela escola, por intermédio da Secretaria de Educação do Estado ou pelo município, com recursos do salário-educação administrados pelo FNDE/MEC. Como obter o kit • As escolas das redes estaduais devem dirigir-se às secretarias de educação, e as escolas das redes municipais à prefeitura, para solicitar sua inclusão no projeto de aquisição do kit, a ser encaminhado ao FNDE. • Tem direito ao kit toda escola pública servida por energia elétrica, com mais de cem alunos no ensino fundamental (de acordo com o Censo Escolar do ano anterior à solicitação) e que ainda não tenha sido contemplada. • A Secretaria de Educação Média e Tecnológica – Semtec está realizando estudos para equipar as escolas de ensino médio. O que compõe o kit Antena parabólica • Vazada, do tipo Focal Point, com 2,85 m de diâmetro, no mínimo (esta medida pode variar conforme a localização da escola). • A antena deve ter LNB (Low Noise Block Down Converter) de 25º Kelvin, no máximo, e ganho de 38,3 ± 0.3 dBi em 4.0 Ghz. • Acompanha a antena receptor de satélite manual, com filtro de 18 MHz. Televisor • Em cores, bivolt (110V e 220V), com controle remoto, tela de no mínimo 20 polegadas e suporte de parede para televisor, videocassete e receptor. Videocassete • 4 cabeças, bivolt, com controle remoto, sistema NTSC/PALM. Estabilizador de voltagem • 2 KVA, no mínimo. Fitas • VHS, de 120 minutos. Como montar o kit • A instalação dos equipamentos deve ser feita por técnico autorizado pelo fornecedor. Um mau posicionamento da antena, por exemplo, pode comprometer a qualidade do sinal recebido do satélite. • É necessário verificar se todos os equipamentos têm manuais de uso e conferir prazos de garantia. • Desligue o vídeo da tomada sempre que estiver chovendo muito forte ou em caso de corte de energia. Descargas elétricas provocadas por raios ou o retorno da energia podem queimar o equipamento. • Evite avançar (FF) ou voltar (REW) com a imagem na tela. O excesso de atrito entre a cabeça do videocassete e a fita causa estragos. Pare (STOP) antes de adiantar ou voltar a fita. • Evite congelar a imagem (PAUSE) por muito tempo. Isso também produz atrito entre a fita e a cabeça de gravação. • Chuviscos na imagem podem indicar que o cabeçote de gravação está gasto, sujo, ou o vídeo danificado. Podem indicar também falta de ajuste do vídeo. Neste caso, acione o botão TRACKING. Como cuidar das fitas • Guarde-as na posição vertical, em local protegido de sol, umidade e poeira, distante de campos magnetizados, como motores ou transformadores. • Rever as fitas periodicamente ajuda a evitar fungos. • Rebobine (volte ao início) a fita toda após usá-la. Como sintonizar a TV Escola • Antes de ligar a televisão e o vídeo, verifique se estão na voltagem certa. • O receptor do satélite deve ser colocado em polarização horizontal. • Alguns receptores têm ajuste com o número do transponder (canal do satélite). Nos modelos com opções de 1 a 24, deve ser escolhido o nº 3. • Em outros receptores a sintonia é feita pela freqüência de recepção direta do satélite, de 3.700 a 4.200 MHz. Devese escolher 3.770 MHz. • Outra possibilidade de sintonia é a freqüência intermediária em receptores digitais. Deve-se escolher 1.380 MHz. • No vídeo, é sintonizado o canal 3 ou 4, ou o que estiver livre na sua cidade. Problemas de recepção • Confirmar se os equipamentos estão de acordo com as especificações indicadas por este manual. • Se houver problemas na recepção, deve-se insistir com o técnico autorizado para que verifique o posicionamento da antena e a sintonia correta do receptor e dos outros aparelhos do kit. • Persistindo a má recepção do sinal, deve-se pedir orientação ao coordenador da TV Escola na Secretaria de Educação do Estado, ou ligar para o Programa Fala Brasil: 0800-61.6161. Como conhecer a programação • Os programas da TV Escola de cada mês estão em um cartaz com a Grade da programação, distribuído às escolas – dois cartazes por bimestre, referentes a dois meses de programação. • Os cartazes devem ser afixados em local de fácil acesso a todos os professores e alunos. • As Grades são reproduzidas em encarte solto na revista TV ESCOLA e estão também disponíveis no site da TV Escola na Internet: www.mec.gov.br/seed/tvescola. • A programação de reprise está na Grade de férias, distribuída às escolas em cartaz especial. Como é organizada a programação • Os programas da TV Escola são transmitidos em quatro faixas: Ensino fundamental, Ensino médio e Salto para o futuro, de segunda a sexta-feira; e Escola aberta, aos sábados. CONTINUA NA PÁGINA 43 COMO USAR A TV ESCOLA • A programação dirigida ao ensino fundamental é organizada em áreas temáticas ou programas (Vendo e aprendendo) sobre determinado tema. • A programação dirigida ao ensino médio é organizada em programas que integram mais de uma área temática, favorecendo a interdisciplinaridade (Como fazer?), ou programas com debates e documentários (Ensino legal e Acervo). • Entre Ensino fundamental e Ensino médio, a TV Escola transmite Salto para o futuro, com programas ao vivo sobre temas dos dois níveis de ensino, produzidos especialmente para professores e dirigentes das escolas. • Escola aberta, com transmissão aos sábados, tem programação especial para a escola e a comunidade. • A Grade da programação está organizada por dia de transmissão, horário, faixa, área temática e programas; resume a programação de cada dia e dá os tempos de duração dos programas. Quando gravar • A programação da TV Escola é transmitida de segunda a sexta-feira. Para facilitar as gravações, é repetida em quatro horários para o ensino fundamental, três para o ensino médio, três para o Salto para o futuro. Aos sábados, Escola aberta tem transmissão em quatro horários. • Para conhecer todos os horários, consulte a Grade da programação. • Nas férias, é reprisada a programação do semestre anterior: a cada horário de transmissão corresponde um dia da programação. • Se você perdeu um programa transmitido durante o ano letivo, procure-o na Grade de férias. Como gravar os programas • No horário escolhido, ligue os equipamentos; sintonize TV e vídeo. • Coloque a fita no início e o contador (COUNTER) no zero. • Aperte REC e PLAY ao mesmo tempo. Esse procedimento vale para a maioria dos equipamentos. • Para programar a gravação, consulte o manual de uso do vídeo. Como organizar o uso das fitas • Volte a fita ao início e zere o contador. • Assista desde o começo, anotando em que número do contador começa cada programa gravado. • No início de cada programa há uma claquete com dados para catalogação. • Faça uma etiqueta e cole na lombada da fita, para sua identificação. • Faça fichas por assunto, tema, número da fita ou do modo mais útil para organizar a videoteca. Evite organizar apenas por data de gravação. •A classificação adotada pela Grade da programação e pelo Guia de programas é uma referência possível para a organização da videoteca (ver Como consultar os programas). Como usar os programas • Os programas da TV Escola podem ser usados – a critério do professor, orientador, coordenador ou diretor – como recurso para capacitação e aperfeiçoamento, como instrumento de apoio às aulas e em atividades de recuperação e aceleração de estudos. DIRETORA: NÃO FIQUE SEM A TV ESCOLA. FAÇA SEGURO DOS EQUIPAMENTOS. Como consultar os programas • A TV Escola tem um Guia de programas, já em segunda edição, que está sendo distribuído às escolas, para facilitar a consulta e o uso dos programas transmitidos e gravados. • O Guia é também uma referência para as escolas organizarem suas videotecas (ver Como organizar o uso das fitas) • O novo Guia contém programas transmitidos de 1996 a 1999, resumidos e organizados em 15 áreas temáticas. ATENÇÃO: O MEC NÃO DISTRIBUI FITAS Como aprofundar os temas tratados • Algumas séries de programas produzidas pela TV Escola são acompanhadas pelos Cadernos da TV Escola, que complementam e aprofundam os temas tratados nas séries. Como acompanhar o trabalho de outros professores • A revista TV ESCOLA publica reportagens sobre experiências de professores com a TV Escola, dá sugestões de atividades para o trabalho com os programas e trata de outros assuntos de interesse do professor. • A revista acompanha e registra também o trabalho de professores que participam do Programa Nacional de Informática na Educação – ProInfo, do Programa de Formação de Professores em Exercício – Proformação, ou que estão envolvidos na Reforma do Ensino Médio. • A Secretaria de Educação a Distância – Seed distribui a revista TV ESCOLA a todas as escolas participantes do Programa TV Escola; cada escola recebe de 2 a 12 exemplares, proporcionalmente ao número de alunos. • É muito importante que a revista circule entre todos os professores. • Escolas que não estiverem recebendo a revista devem pedir cadastramento à Seed, por carta, fax ou e-mail (ver endereços em Como se manifestar e tirar dúvidas) • A cada dois meses, as escolas recebem, junto com as grades da programação, um cartaz de divulgação que resume a revista do bimestre e deve ser afixado em local bem visível para todos os professores. Como ampliar o conhecimento de alguns assuntos • Os livros da Série de estudos / Educação a distância completam a linha editorial de apoio dos programas desenvolvidos pela Secretaria de Educação a Distância do MEC, com textos de estudos na área da educação a distância e novas tecnologias para a educação. COMO COMO SE SE MANIFESTAR MANIFESTAR EE TIRAR TIRAR DÚVIDAS DÚVIDAS Escreva para a TV Escola Ministério da Educação / Secretaria de Educação a Distância caixa postal 9659 – CEP 70001-970, Brasília, DF fax: (0xx61) 410.9178 e-mail: [email protected] site: www.mec.gov.br/seed/tvescola Ou ligue para o Programa Fala Brasil: 0800.61.6161 (ligação gratui ta)
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