o canal da educação

Transcrição

o canal da educação
NO 3
1 MAIO
/JUNHO 200
3
31
MAIO/
2003
O CANAL DA EDUCAÇÃO
Ministério da Educação
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Caro Professor
Os estados de Amapá e Sergipe ainda não tinham sido
visitados por nossa rrevista.
evista. Chegou sua vez, e valeu a pena.
Não deixe de ler as experiências documentadas em Macapá e
acompanhar-nos
na vizinha cidade de Santana. E também de acompanhar
-nos
na cidade de Estância, ao sul de Aracaju, para conhecer uma
escola “de bem com a vida”.
Para estimular a rreflexão,
eflexão, rretomamos
etomamos nesta edição um
assunto que não se esgota: a violência. É o tema do Destaque
professora
Especial e também do artigo da pr
ofessora Rosely Sayão, que
propõe
diferente
sobre
pr
opõe um jeito difer
ente de pensar sobr
e isso.
entrevistado,
ministro
Buarque,
Nosso entr
evistado, o ministr
o Cristovam Buar
que, assume
orgulho
professor
ofessor,, fala da educação no
com or
gulho sua condição de pr
ofessor
projetos
entre
Brasil e de seus pr
ojetos no ministério – entr
e os quais, a
valorização da educação a distância.
Estudantes de Macapá em visita
ao Marco Zero.
ler,, estudar
estudar,, discutir
discutir...
proveito!
E tem muito mais, para ler
... Bom pr
oveito!
Elzira Arantes
Editora
Neste número
MINHA EXPERIÊNCIA
2
3
DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
6
CARTAS
EXPERIÊNCIAS
I – TV Escola no meio do mundo
II – Escola de bem com a vida
20
30
ARTIGO – Rosely Sayão
Violência: uma via de mão dupla
40
ENTREVISTA – Cristovam Buarque
O ministro professor
42
CURSO DE EXTENSÃO
Desafios em braile
45
E TEM MAIS
46
Maio/Junho 2003
História – Os brasileiros 6
Ciências – Os últimos grandes répteis 7
Escola / Educação – Uma TV cheia de histórias 8
Língua Portuguesa – Na ponta da língua 9
História – Rondon e os índios brasileiros 10
Ciências – O elo cósmico 12
Escola / Educação – O uso da TV Escola 13
ESPECIAL
Ética – Violência, comunidade e escola
ENSINO MÉDIO
Como Fazer? –
–
–
–
–
Acervo –
Nossa água de cada dia 16
Água, guerra e paz 16
Encarando o futuro 16
Os segredos da evolução 17
Em busca da realidade 17
Decifrando o mistério do câncer:
o mapa da doença 17
– Desvendando poderes ocultos:
o mapa da espécie humana 17
SALTO PARA O FUTURO
HISTÓRIA DE VIDA
O semeador de sonhos
CAPA: Foto de Iolanda Huzak
48
14
18
OUTRAS ATRAÇÕES 19
MINHA EXPERIÊNCIA
Mãos que Falam
Comentários, críticas, dúvidas, sugestões,
relatos de experiências, propostas de intercâmbio
com seus colegas... e muito mais!
Vídeo e capacitação
e os Desafios de Hoje nos proporcio-
No último semestre de 2001, a
coordenação pedagógica detectou
que os alunos de 5ª a 8ª série de
Educação de Jovens e Adultos
apresentavam dificuldade na disciplina de História.
Em reunião com a direção e a
coordenação, a professora apresentou os problemas que encontrava
para trabalhar os conteúdos da disciplina. Como sou graduada em História, combinamos uma capacitação
através das séries gravadas exibidas
pela TV Escola. Todos os dias assistíamos a um conteúdo, discutíamos e criávamos diversas metodologias de trabalho. Foram três semanas que muito contribuíram para
nosso trabalho.
No final de 2002 a professora
havia superado a dificuldade. Os alunos estão adorando as aulas de História; o problema foi solucionado graças à TV Escola, que apresenta os
conteúdos de forma clara e crítica.
nam, vamos encontrando subsídios
para as mudanças e passamos a ver
com outros olhos o que antes nos
amedrontava.
“Medo” é a palavra que talvez tenha distanciado muitos educadores
da aplicação da informática na escola. Hoje reconheço esse medo
como sendo natural, positivo, e até
mesmo saudável! Consegui acomodar meus pensamentos quando aceitei ser natural o fato de ficarmos inseguros frente a tecnologias que não
dominamos. Foi ótimo, pois descobri que isso não seria um impeditivo
para meu progresso profissional,
uma vez que o mais importante é a
vontade de aprender!
Maria Tereza Granja Aguiar
Azevedo
Diretora da Escola Estadual Silva Dourado
Arraias/TO
Vontade de aprender
Módulo Dois! Sinto imensa satisfação de ter chegado até aqui! Mais
uma etapa que me possibilitou uma
ampliação da visão de mundo, o
mundo de uma educadora frente
aos desafios que a tecnologia nos
apresenta!
Quando passamos por um processo de transformação, no caso, as
reflexões que o curso TV na Escola
Laudemira Soares dos Santos
Andradas/MG
Prevenção do câncer
Diante do aumento dos casos de
câncer de útero e mama em nossa
comunidade, resolvemos desenvolver
o projeto Previna-se Hoje para Sorrir
Amanhã, envolvendo toda a comunidade escolar. O projeto tem como objetivo conscientizar as mulheres por
meio de palestras, debates e discussões. Para tanto, a TV Escola contribui com riquíssimos programas, que
oferecem informações sobre a importância de todas se submeterem ao
exame preventivo.
Obtivemos excelentes resultados,
pois as participantes estão cuidando
melhor de sua saúde e ajudando a
esclarecer outras pessoas sobre a
importância da prevenção do câncer.
Marivalda Carvalho
Orientadora Educacional
Escola Beatriz Ferreira da Silva
Ji-Paraná/RO
Ferramenta de trabalho
Costumo dizer que a escola onde
trabalho teve duas fases: pré e pós a
introdução da TV Escola. Foi o recurso que nos faltava para enriquecer os
conteúdos e garantir a permanência
dos alunos em sala de aula.
Acho que todo profissional tem
que ter sua ferramenta de trabalho
e disso eu não abro mão. Professor
ganha pouco, mas atualmente pode
ter acesso à cultura e à modernidade, ficando em sintonia com as mudanças globais.
Creuza dos Santos Rocha
Professora-coordenadora da TV Escola
Escola Estadual Dom José Vicente Távora
Aracaju/SE
A serviço da comunidade
Somos dois professores e um
engenheiro aposentados, além de
duas psicólogas, que resolvemos
montar uma sala de aula improvisada. Atualmente contamos com 98
alunos, entre 14 e 63 anos de ida-
Consulte na internet
<http://www.colegioideal.com.br/projetos.asp>
Site do Curso e Colégio Ideal em Cascavel/PR, que divulga projetos sobre
qualidade de vida e preservação do meio ambiente.
Preocupados em melhorar a
comunicação entre surdos e ouvintes na escola e na sociedade em
geral, demos início ao projeto
Mãos que Falam. O primeiro passo foi incluir a linguagem Libras
(Língua Brasileira de Sinais) no
Projeto Político Pedagógico da escola, como disciplina. Logo começamos a implantá-la nas turmas da
pré-escola e no 1º ciclo do ensino
fundamental.
O objetivo principal é divulgar
a Libras como meio de comunicação e integração do aluno surdo no
ensino regular, permitindo que
esse conhecimento possa ser traduzido em práticas que promovam
e transformem em realidade o direito desses alunos. Além disso,
queremos conscientizar a sociedade sobre o reconhecimento da linguagem de sinais como a forma de
comunicação natural dos surdos,
que ajuda a valorizá-los e levá-los
a exercer seus direitos de cidadão.
Nossa instrutora, Elaine Polo
Fortunato (surda), repassa seus
conhecimentos para professores,
pais e comunidade
em geral, com a
coordenação de
uma professora e
o apoio da equipe
pedagógica da escola.
A integração
do aluno surdo em
nossa comunidade
escolar já é visível,
o que demonstra
estarmos no caminho certo para Pais e alunos aprendem Libras – Palmas/PR
uma verdadeira inclusão. Hoje, as próprias crianças do interessaram muito e identificaram
ensino regular repassam a suas fa- características da política e da somílias o que aprendem na escola, e ciedade local. Para fechar o projecomo se comunicar com o surdo.
to, planejaram organizar e encenar
uma antiga festa folclórica de oriEscola Municipal Profa. Senhorinha
Miranda Mendes
gem espanhola, que se tornou traEquipe pedagógica
dicional na cidade de Goiás.
Palmas/PR
A festa caracteriza-se por
uma procissão noturna encenaPreservando
da, na qual soldados romanos
o folclore regional
perseguem e prendem Jesus.
Graças aos estímulos constantes Todo o trajeto foi iluminado com
que recebo da TV Escola, elaborei tochas confeccionadas pelos aluum projeto de aprendizagem sobre nos que, caracterizados, realizaa história goiana. Os educandos se ram a encenação.
continua na próxima página
de, desde a alfabetização até o ensino fundamental e médio.
Ficamos encantados com o material da TV Escola emprestado por
um colega, e gostaríamos que nos
enviassem os cadernos e a revista
TV ESCOLA.
Nosso projeto voluntário conta
com a parceria da Igreja Católica
(que nos empresta o salão paroquial) e a ajuda de um empresário da
região. Os recursos são pequenos,
pois o município é carente e não podemos contar com mais auxílio.
Doamos três horas de trabalho diariamente, inclusive aos sábados, quando planejamos nossas aulas e trocamos informações e experiências. Nosso projeto está a serviço da comunidade, que avalia de perto os resultados.
Lúcia Alves da Costa
Professora de Estudos Sociais
Curvelo/MG
Essa iniciativa é um excelente
exemplo a ser imitado. Mas, infelizmente, não podemos atendêlos com o material solicitado, distribuído exclusivamente em escolas da rede pública que têm acesso à TV Escola.
A TV Escola não é um programa de tecnologia, mas sim de educação. Mas a tecnologia, ferramenta de apoio ao processo de ensino
e aprendizagem, é bem explorada
no curso TV na Escola e os Desafios de Hoje .
Informática
educativa
Recebemos também, e agradecemos, cartas e e-mails de:
Aparecida Rodrigues Afonso,
S. Paulo/SP
Paulo/SP; Clênio Branco
Bolson, Toledo/PR
Toledo/PR; Edinilson
Salateski, Guarapuava/PR
Guarapuava/PR;
Édison Santos Machado,
Brasília/DF
Brasília/DF; Escola Estadual Angelo Gosuen, Franca/SP
ca/SP; Euzemar Fátima L. Siqueira, Cuiabá/MT
Cuiabá/MT;
Francisco Valdeni A. dos Santos, Apuiarés/CE
Apuiarés/CE; Ilza
Viegas, Maricá/RJ
Maricá/RJ; Ivanete Nunes de Oliveira, Paulo Jacinto/AL
Jacinto/AL; Jocélia S. Batista de Souza, Duas
Estradas/PB
Estradas/PB; José Coelho da Silva, Belo Horizonte/MG
te/MG; Jorge Luiz R. de Lima, Nova Iguaçu/RJ
Iguaçu/RJ; Jurandir Silva dos Santos, Bom Lugar/MA
Lugar/MA; Maria José
Feitosa Calumbi, Piaçabuçu/AL
Piaçabuçu/AL; Nilton Manoel de
A. Teixeira, Ribeirão Preto/SP
Preto/SP; Raimunda Pereira
Brito, Tocantinópolis/TO
Tocantinópolis/TO; Raimundo Nonato Santos, Belém/PA
Belém/PA; René Bilico dos Santos, Alto Garças/MT
ças/MT; Rita Rosângela R. de Assis, Tarumirim/MG
Tarumirim/MG;
Silvana Alves B. Noronha, Heliodora/MG
Heliodora/MG.
Tenho observado que, na programação da TV Escola, se fala muito
em informática educativa e no professor pedagogo, mas só este aparece! Nas pessoas que são entrevistadas, sinto pouco domínio e pouca
vivência em relação à tecnologia.
Será que não está faltando o suporte técnico de alguém que tenha
formação em telecomunicação e
também em informática?
Maria do Carmo Silva
Belém/Pará
PS
continuação da página anterior
MINHA EXPERIÊNCIA
Os alunos pesquisaram e construíram tudo, das roupas às tochas,
em um trabalho interdisciplinar.
Além da história regional, tornouse necessário conhecer um pouco
da história da Espanha e recorrer
a conhecimentos de química, para
planejar e calcular a forma e a duração do fogo nas tochas.
Conhecida como Procissão do
Fogaréu, a apresentação mobilizou
a comunidade escolar e uma boa
parcela da população, além da imprensa, que registrou a beleza do
evento.
Clarice Alves de Araújo
Instituto Francisco de Assis
Itumbiara/GO
Monitoria na Escola
Buscando uma alternativa para
diversificar as aulas do estágio supervisionado do 4º ano do curso de
Magistério, resolvemos executar o
projeto Monitoria na Escola, uma
das metas do PDE. Optamos pelas aulas de reforço, excelente caminho para melhorar o rendimento dos alunos e sanar dúvidas.
O principal objetivo da monitoria
foi a assistência individual aos alunos, com o intuito de melhorar seu
desempenho. Cada estagiária encarregou-se de um a dois alunos e
o material para as aulas foi preparado pela professora de Estágio. As
estagiárias davam suas aulas ao ar
livre, sob as árvores, enquanto a professora-regente ministrava os mesmos conteúdos aos alunos que perPresidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Cristovam Buarque
Secretário-Executivo
Rubem Fonseca Filho
Secretário de Educação a Distância
João Carlos Teatini
Conselho Editorial Américo Tristão
Bernardes, Carmen Moreira de Castro Neves,
Cícero Silva Júnior, Jean Claude Frajmund,
João Carlos Teatini, José Roberto Neffa Sadek,
Luiz Gonçalves Motta, Márcia Serôa da Motta
Brandão, Maria José Feres, Murilo César
Ramos, Paulo Speller, Renata Maria Braga
Santos, Vera Franco de Carvalho
Coordenador editorial Cícero Silva Júnior
maneciam na sala de aula. As estagiárias elaboraram uma ficha de acompanhamento individual de cada aluno
e entregaram o relatório de todas as
atividades ao final de dois meses.
Uma das alunas-mestras teve a
idéia de aproveitar as fitas de vídeo
da TV Escola, que haviam sido gravadas em um outro projeto de estágio, no ano anterior. A maioria das
fitas utilizadas foram dos programas
“A turma da tabuada 1 e 2”, “PCN
na Escola/Língua Portuguesa” e
“Mão na forma”.
O projeto Monitoria na Escola foi
muito proveitoso. A professora da
classe dos alunos monitorados percebeu um grande progresso no rendimento de sua turma, principalmente em Matemática.
Jane Lúcia Rezende de Mello
Colégio Est. Argemiro Antônio de Araújo
Posse/GO
Para conhecer o
meio rural
Em parceria com a Secretaria
Municipal de Educação, estamos realizando nas escolas o Programa
Emater na Escola. Uma vez por semana, o técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
(Emater) atua em uma escola, orientando as crianças em diversos
assuntos referentes ao meio rural,
principalmente preservação do meio
ambiente. Para isso, utilizamos vários vídeos da programação da TV
Escola, sendo que o mais apreciado pelos alunos, é Uma árvore é
mais que uma simples árvore, da
série “Natureza sabe tudo” – seu
conteúdo é ótimo e de fácil entendimento para crianças de 8 a 80 anos.
Nosso muito obrigado à TV Escola pela ajuda que tem dado ao trabalho da Emater e das escolas do
município, na orientação ambientalista de nossos alunos.
Jadir Francisco dos Santos
Unidade Municipal da Emater/PR
Querência do Norte/PR
Nossas histórias
Aulas ao ar livre – Posse/GO
Edição ERA Editorial
E-mail: [email protected]
Editora executiva Elzira R. Arantes
Secretárias editoriais Lierka Felso, Noêmia R.
de Arantes Ramos • Repórter especial
Rosangela Guerra • Fotógrafos Iolanda Huzak,
Sérgio Falci, Paulo Pepe • Colaboradores
Cássio de Arantes Leite, Célia Maria Trazzi
Cassis, Luiz Carlos Pizarro Marin, Marise
Muniz, Rosely Sayão, Teresa Mello • Edição
de arte e produção gráfica Casa Paulistana de
Comunicação • Editor de arte Milton R. Alves
• Chefe de Arte Thaís Ferraz • Editoração
o
Edilson Pauliuk, Simone Zupardo Dias • Fotolit
Fotolito
e Impressão Gráfica Editora Brasil Ltda.
A revista TV ESCOLA é uma publicação bimestral
da Secretaria de Educação a Distância do MEC
Tiragem desta edição: 450 mil exemplares
Ao observar o desinteresse de
meus alunos pela leitura, resolvi tentar novas estratégias para motivá-los.
Com persistência e boa vontade, tentei várias abordagens – histórias gesticuladas, paragrafadas... –, a cada dia
uma experiência diferente. Finalmente, depois de muito ouvir e contar histórias, resolvemos criar as nossas!
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Secretaria de Educação a Distância
Esplanada dos Ministérios, Bloco L – sala 100
Brasília/DF 70047-900
Tel.: (61) 410-8592 Fax: (61) 410-9178
E-mail: [email protected]
[email protected]
Internet:<http://www.mec.gov.br/seed/tvescola>
Secretaria de Educação a Distância
Assim nasceu o projeto Nossas
Histórias. Cada aluno escreveu uma
história e montamos um pequeno livro. Em 2002 publicamos o segundo volume, pois o do ano anterior
fora um sucesso!
Os alunos passaram a ter outra visão sobre a leitura, pois agora também são autores e são lidos. O interesse pelo ato de ler é cada vez maior
e pretendo continuar com a experiência, que foi muito gratificante.
Maria Lúcia de Freitas Vítor
Colégio Carmela Dutra
Jaguaribe/CE
A descoberta da Química
Sou professora de Química no
ensino médio e venho desenvolvendo, com meus alunos, o projeto A
Descoberta da Química, baseado na
série Como se faz, da TV Escola.
Bimestralmente, os alunos realizam os mais fantásticos experimentos, nos quais podem desvendar os
mistérios das ligações químicas na
fabricação de vários produtos, tais
como água sanitária e sabão, além
de realizar e compreender um dos
processos mais importantes de separação de misturas – a destilação,
na preparação de bebidas.
Utilizando material alternativo e
improvisações criativas, o trabalho
vem despertando enorme curiosidade e grande interesse pela participação da maioria dos alunos.
Anália Carlos Vanderley Marinho
Colégio Estadual João Dias Sobrinho
Divinópolis do Tocantins/TO
Escreva
carta,
fax ou e-mail
TV Escola
Caixa Postal 9659
Brasília/DF 70001-970
Fax (61) 410-9178
E-mail
E-mail: [email protected]
A horta comunitária: mais um projeto da escola de Londrina/PR
Conscientizar para
não punir
No trato diário com alunos do ensino fundamental e da Educação de
Jovens e Adultos, verificamos a dificuldade de alguns em se relacionar
com os outros, em estabelecer um
vínculo com seu grupo social. Por
conta disso, armam-se de agressividade, para revidar atitudes que
nem sempre justificam essa posição.
Organizamos então um projeto
para introduzir nas discussões curriculares alguns itens diretamente relacionados à construção da cidadania. Uma cidadania participativa, e
construtiva, que leve o aluno a perceber a importância do autoconhecimento, do conhecimento do outro
e do respeito às diferenças. O projeto Ser Cidadão: Conscientizar para
Não Punir objetiva também mostrar
ao aluno o que é a política, quais
suas influências em nossa vida diária e no cenário nacional.
Ligue
para o
Fala Brasil
0800-616161 Ligação gratuita
Visite
a TV ESCOLA
na internet
<http://www.mec.gov.br/seed/tvescola>
O trabalho, realizado com o esforço integrado dos professores de
várias disciplinas, busca mostrar
ao aluno que a construção de seu
espaço de vivência, de sua comunidade e da própria escola, está
intimamente relacionada com suas
atitudes e decisões mais corriqueiras que, por mais banais que possam parecer, farão grande diferença no futuro.
Embora nossa escola esteja localizada em um dos bairros mais
complicados de Londrina, já podemos perceber os resultados de
nosso trabalho, na visão crítica de
nossos alunos, ao questionar sua
realidade. Um questionamento
que não parte de paradigmas vagos, mas de uma estrutura mental e perceptiva modificada no processo educacional.
Cesar Eduardo Pinheiro
Professor coordenador
Escola Est. Rina M. de Jesus Francovig
Londrina/PR
DEST
AQUES DA PROGRAMAÇÃO
DESTAQUES
HISTÓRIA
MAIO
7
DICA
Ao longo das discussões em torno dos conteúdos apresentados nos filmes, estimule os alunos a registrar as informações e periodicamente elaborar sínteses dos conhecimentos que considerarem mais significativos.
OS BRASILEIROS
Direção: Marcelo Gomes
Realização: Polo de Imagem,
Brasil, 2000
Série selecionada na grade
da programação do ensino
fundamental.
Indicada para atividades com
alunos de 7ª e 8ª séries e
também para o ensino médio
Áreas conexas: Ética;
Geografia; Língua Portuguesa;
Pluralidade Cultural
Duração: 2 episódios de 46’
RESUMO
A série trata da formação do povo brasileiro, analisando influências de indígenas, portugueses, negros africanos e imigrantes europeus e asiáticos. Destaca características culturais que se evidenciam atualmente na língua, na arte, na religião, na culinária, na arquitetura, e
em outras manifestações culturais. Também discute os
processos de miscigenação e as violências sofridas por
índios e negros ao longo da história.
ATIVIDADES
Objetivos
Desenvolver o interesse pelas realidades socioculturais do
lugar, da região, do país e do mundo; estabelecer inter-relações e comparar problemáticas atuais e de outros tempos.
Construir a identidade social e individual do aluno, para
que reconheça seu papel na sociedade e sua potencialidade
na transformação do meio em que vive.
Apreender o papel do indivíduo como sujeito e produto
histórico e compreender diferenças, respeitando as opiniões
dos outros e fundamentando as suas.
Analisar criticamente o processo de formação da população brasileira; problematizar sua constituição e a construção
da cidadania dos vários grupos sociais.
Planejamento
Ao assistir previamente os episódios, observe os intervalos que permitem a exibição de partes de cada episódio
sem que se perca a coerência do discurso de cada um.
O episódio Raízes trata de três sub-temas: povos indígenas,
colonos portugueses e negros africanos. O segundo episódio,
Fusões, começa abordando imigrantes alemães e italianos e
analisa influências de japoneses, árabes e judeus. Em seguida
explica a miscigenação ocorrida ao longo da história brasileira.
Por fim, apresenta alguns indicadores da fusão cultural na arte,
na religião, nas festas populares, na culinária e na música.
6
O perfil étnico da classe
Após a exibição do vídeo, proponha que cada aluno elabore uma pesquisa sobre suas origens, até três gerações
anteriores, ou seja, dos avós de seus pais. Peça à classe
que organize coletivamente uma relação das nacionalidades
presentes nas origens do grupo, com o número de representantes em cada uma. Com a ajuda do professor de Geografia, proponha que os alunos façam um mapa-múndi e marquem os locais de origem. Para finalizar, promova um debate sobre a miscigenação da população brasileira. Pode-se
discutir sobre teorias que pregam a superioridade racial, com
a colaboração do professor de Biologia.
Cultura popular
Quais são as principais festas populares realizadas na
cidade onde os alunos vivem? Qual a origem das comemorações profanas e religiosas? Será que são visíveis traços
da cultura indígena ou africana, ou a mistura deles com outras culturas? Solicite aos alunos que organizem um relatório sobre essas manifestações na cultura local, buscando
definir sua origem.
Com o apoio do professor de Arte, sugira a elaboração
de painéis reproduzindo passagens significativas dessas
manifestações populares, para exposição e apreciação da
comunidade. Essa atividade contribuirá para a ampliação da
consciência sobre o caráter mestiço da cultura brasileira.
Cidadania de índios e negros
Os episódios servem de ponto de partida para os alunos refletirem sobre as desigualdades sociais que atingem,
principalmente, os descendentes de povos indígenas e escravos africanos. Existem remanescentes desses povos na
região de sua escola? Tem sido feita alguma demarcação
de terras de índios e descendentes de quilombolas?
Procure articular a resposta a tais perguntas com a leitura de textos literários sobre o assunto e levar os estudantes
a exercitar sua capacidade de criação e argumentação elaborando textos dissertativos que analisem problemas de índios e negros no exercício de sua cidadania plena.
Interdisciplinaridade
Entre as diversas abordagens que podem ser planejadas
para um trabalho interdisciplinar, se destacam temas transversais relacionados à Pluralidade Cultural e à Ética. Uma sugestão é organizar uma mesa-redonda com a participação de
TV E SCOLA
vários professores e representantes de alunos, na qual todos
possam expor suas opiniões a respeito de aspectos polêmicos relacionados à formação do povo brasileiro. Por exemplo:
* Há relação entre o tipo de colonização do Brasil e a
exclusão social de milhões de pessoas atualmente? É justo
que isso ocorra?
* É possível afirmar que as manifestações culturais dos
vários povos que contribuíram para a formação do Brasil são
respeitadas e valorizadas em pé de igualdade?
* Qual é o papel da mídia no processo de divulgação das
diferentes tradições populares e da mistura com outras influências estrangeiras?
* Por que existem preconceitos quanto a origem e cor da
pele, se parece evidente que a população brasileira é resultado de um grande processo de miscigenação, que continua
ocorrendo?
Sobreviventes da catástrofe
CIÊNCIAS
MAIO
5
Observe!!!
No episódio Raízes, o narrador se refere ao prínciperegente D. João como D. João VI antes de ele ser coroado, fato que só ocorreu em 1816, após a morte de sua
mãe, a rainha D. Maria I, conhecida como “A louca”. Da
mesma forma, D. Pedro de Alcântara é chamado de
D. Pedro I antes da proclamação da independência.
OS ÚLTIMOS
GRANDES RÉPTEIS
Direção: Wendi Dark
Realização: BBC,
Grã-Bretanha, 2000
Veja na internet
Programa selecionado na
grade da programação do
ensino fundamental. Indicado
para atividades com alunos
da 5ª e da 6ª série do ensino
fundamental e também para
o ensino médio.
Áreas conexas: Geografia;
Meio Ambiente
Duração: 50’
<http://www.memorialdoimigrante.sp.gov.br/realizad/Indios.html>
Traz um relato sobre o índio no estado de São Paulo antes da
chegada dos europeus.
<http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/povoamento/tabelas/
imigracao_nacionalidade_84a33.htm>
Página de estatísticas sobre a imigração no Brasil.
Leia também
Senhores destas terras: os povos indígenas no Brasil – da colônia aos
nossos dias
Gilberto Azanha & Virgínia Marcos Valadão. 4. ed. São Paulo, Atual,
1991 (História em Documentos).
RESUMO
Esse documentário narra as conseqüências do impacto de um cometa gigante com a Terra, há 65 milhões
de anos. Todos os dinossauros sucumbiram, mas grandes predadores como o crocodilo conseguiram sobreviver. Foi por acaso, ou porque eles estavam mais adaptados às novas condições? O vídeo examina as características que permitiram a esses animais resistir à maior
catástrofe sofrida pelo planeta.
Os descobrimentos: origens da supremacia européia
Paulo Migliacci. 2. ed. São Paulo, Scipione, 1994 (História em Aberto).
ATIVIDADES
Ser negro no Brasil hoje
Ana Lúcia E. F. Valente. 13. ed. São Paulo, Moderna, 1994 (Coleção
Polêmica).
Veja também, da TV Escola
Da série A idade do Brasil, os episódios:
O caldeirão e O rosto.
A série Índios no Brasil.
E GRAVE
ESCOLHA os programas que ca.
te
lha
de e esco
s na video
Leia a gra ois, guarde as fita ferência
p
re
e
o
D
m
quer usar. talogá-las, use co TV Escola.
s da
a
Para ca
m
ra
g
ro
p
o Guia de
TV E SCOLA
5ª série – Os grandes eventos
•
•
•
•
Antes da exibição, faça um comentário geral de seu
conteúdo com os alunos, dizendo para prestarem atenção na seqüência cronológica dos grandes eventos
apresentados.
Exiba o filme uma vez, sem solicitar anotações e, quando terminar, peça para escreverem tudo o que lembrarem.
Volte a apresentar a fita e solicite agora que anotem o
que chamar mais sua atenção, para depois compararem com o que escreveram.
Discuta com a classe o resultado das observações.
Comente os resultados das comparações. É provável
que tenham sido atraídos por alguns momentos cruciais – o impacto do meteoro, a formação de grandes
7
incêndios e ondas oceânicas, a posterior obstrução
da luz solar e a diminuição da fotossíntese. Mostre
como isso resultou em falta de alimentos e grande
mortalidade de espécies animais.
O vídeo associa animações gráficas, mistura de imagens
e situações reais. Aproveite esses recursos para propor uma
brincadeira, como uma caça ao tesouro, com um desafio para
que os alunos encontrem determinadas passagens. Só para
citar, existem dragões de Komodo (Varanus sp) misturados
na mesma imagem com braquiossauros ou talvez diplodocos e, em outra passagem, crocodilos nadando em um mundo em chamas. É digno de nota o mussaranho passando no
pé do elefante.
Veja na internet
<http://geocities.yahoo.com.br/dinossbr/notempodosdinossauros.htm>
Apresenta os episódios do documentário No tempo dos
dinossauros, da BBC.
Veja também, da TV Escola
Como os dinossauros aprenderam a voar
Crocodilos pré-históricos, da série O mundo dos dinossauros
O primeiro fim do mundo
ESCOLA / EDUCAÇÃO
TEMA PARA DEBATE. Como se sabe de tudo isso? Essa questão abre caminho para uma interessante discussão a respeito do trabalho dos paleontólogos e arqueólogos, tema que
desperta muita curiosidade. O filme Parque dos dinossauros, de Steven Spielberg, mostra um pouco dessa atividade;
se possível, vale a pena exibi-lo para alimentar o debate.
Para complementar, explique o papel do DNA e seu uso para
determinar parentesco entre espécies e até para avaliar a
data em que as espécies se formaram.
6ª série – A questão evolutiva
DEST
AQUES DA PROGRAMAÇÃO
DESTAQUES
Com abordagem similar à adotada na 5ª série, aqui vale
a pena explorar a questão evolutiva – adaptações de seres
vivos e sua sobrevivência – relacionando com a seleção
natural. Realce que o mais importante para as espécies não
é ser forte (a lei do mais forte nunca foi apontada por Charles Darwin), mas sim garantir a sobrevivência e deixar descendentes.
Proponha aos alunos que façam uma lista das adaptações mencionadas no vídeo como vantagens evolutivas –
por exemplo, casca grossa, ovo com casca e pequeno tamanho para se esconder sob a terra.
Atenção!
Discuta com os alunos a linguagem finalista utilizada pelo
narrador, afastando o conceito de que os animais “decidem” sofrer modificações para superar seus obstáculos.
Explique que as mudanças (mutações) ocorrem ao acaso, e que muitas delas podem até ser prejudiciais.
Compare com a classe o processo evolutivo de répteis,
aves e mamíferos. Existe uma tendência a achar que as aves
evoluíram dos répteis e os mamíferos das aves, ou ainda
que aves e répteis não têm parentesco e que os mamíferos
evoluíram dos répteis. Muitos autores consideram as aves
um subgrupo dos répteis. Para que os alunos compreendam
melhor o processo, dê as idades prováveis do aparecimento
de cada um desses grupos e peça para proporem hipóteses
referentes a sua filogenia.
Por último, discuta as características de homotermia
e heterotermia, mostrando como a regulação da temperatura corpórea representou uma vantagem para os mamíferos.
8
MAIO
8
UMA TV CHEIA
DE HISTÓRIAS
Direção: Ana Cal
Realização: TV Escola/MEC,
Brasil, 2002
Série selecionada na grade
da programação do ensino
fundamental. Indicada para
professores e alunos.
Áreas conexas: Geografia;
História; Pluralidade Cultural
Duração: Catalão, GO (12’26”)
Vilhena, RO (18’47”)
Marmeleiro, PR (18’47”)
RESUMO
A série aborda o uso do vídeo como recurso didático-pedagógico. Em escolas públicas de três regiões
– Goiás (Centro-Oeste), Rondônia (Norte) e Paraná
(Sul), diretores e professores avaliam as principais
transformações ocorridas em seu ambiente escolar
com o uso da TV Escola. Os vídeos ajudaram a incrementar as aulas, inspiraram a realização de valiosos
projetos, integrando escola e comunidade, e contribuíram para valorizar as tradições locais. Os depoimentos evidenciam como o uso sistemático desse recurso didático no cotidiano escolar ajudou a construir uma
nova escola pública: aberta a mudanças, criativa e
mais autônoma.
ATIVIDADES
O documentário proporciona a diretores e coordenadores pedagógicos uma variedade de subsídios para discutir com a equipe escolar a importância do uso da tevê e
do vídeo na educação. A análise e a discussão dos depoimentos podem contribuir para sensibilizar professores que
não estão habituados a utilizar esse valioso instrumento
de ensino e aprendizagem. Embora dirigidos aos educadores, os programas se prestam também a atividades com
os alunos.
TV E SCOLA
Leia também
Objetivos
•
•
•
•
•
Sensibilizar e estimular os educadores para o uso do
vídeo em sua prática escolar.
Identificar a tevê e o vídeo como instrumentos de ensino e aprendizagem.
Chamar a atenção para o potencial transformador de
práticas, processos e relações escolares a partir do
incremento dos recursos didáticos.
Analisar as inúmeras repercussões do uso desse importante recurso pedagógico no interior da sala de
aula e da escola.
Refletir sobre a importância da linguagem visual para
as crianças e os jovens de hoje.
Televisão, escola e juventude
Denise Cogo & Pedro Gilberto Gomes. Porto Alegre, Mediação, 2001.
TV e escola: discursos em confronto
Glaucia Guimarães. São Paulo, Cortez, 2000.
LÍNGUA PORTUGUESA
MAIO
13
Direção: Messina Neto
Realização: TV Escola/MEC,
Brasil, 2002
Trabalho com os professores
Antes da exibição, promova uma discussão para os educadores contarem suas experiências com materiais audiovisuais. Têm equipamento de vídeo em casa? Têm acesso a
boas fitas? Gostam de assistir vídeos? Sentem que aprendem quando assistem um documentário bem feito? Costumam assistir televisão com freqüência? Sentem-se satisfeitos com a programação oferecida pelos canais comerciais?
Proponha ainda que analisem a relação de seus alunos
com a linguagem audiovisual, partindo das mesmas questões. Ao refletir sobre a posição dos estudantes, os educadores talvez encontrem pontos de convergência com suas
próprias opiniões. É provável que reconheçam a importância
das novas tecnologias como recurso, apesar de eventuais
limitações materiais (por exemplo, não terem equipamento
em casa, ou acesso a bons programas).
Exiba a seguir os documentários, fazendo pausas para
discutir pontos de interesse, fazer comparações com a própria realidade ou identificar contribuições do uso do vídeo
em sala de aula. Para encerrar, procure fazer com que todos
os professores (polivalentes e especialistas) se manifestem
a respeito da natureza de seu objeto de ensino (ensino de
Arte, de Matemática ou outro) e os possíveis ganhos pedagógicos do uso sistemático de vídeos.
NA PONTA DA LÍNGUA
Série selecionada na grade da
programação do ensino
fundamental. Indicada para
atividades com alunos da 5ª à
8ª série do ensino fundamental
e também para o ensino médio.
Áreas conexas: Escola /
Educação
Duração: 6 episódios de 20’
RESUMO
Em uma escola preocupada com as ocorrências sociais
à sua volta, os alunos se organizam para procurar resolver os problemas e também para garantir um espaço saudável, que favoreça a sociabilidade e a expressão artística. Nessas atividades, eles se deparam com incertezas
quanto a concordância entre termos e palavras, ortografia, emprego de verbos especiais e outras questões. Com
uma apresentação dinâmica e estimulante, a série evidencia a necessidade do uso adequado da linguagem.
ATIVIDADES
Objetivos
Trabalho com os alunos
•
•
•
•
•
Selecione com antecedência um programa que aborde conteúdos relacionados a seu objeto de ensino e
planeje sua utilização em uma aula.
Trabalhe o conteúdo do programa escolhido, estimulando a participação de toda a classe.
Procure mostrar como o mesmo vídeo pode servir a
diferentes leituras.
Para encerrar a aula, peça para os alunos avaliarem
a pertinência do uso do vídeo. Gostaram da experiência? O vídeo foi útil para a aprendizagem? O que acharam mais importante?
Em outra aula, exiba um ou vários episódios de Uma
TV cheia de histórias e peça para a turma avaliar os
depoimentos. Discuta as sugestões apresentadas,
ressaltando a perspectiva de adotar algumas dessas
idéias em trabalhos futuros.
TV E SCOLA
•
•
•
•
Exercitar a flexibilidade lingüística, adequando o emprego da norma culta às situações em que seu uso
se faz necessário e justificado.
Quebrar preconceitos que se formaram em torno do
emprego das variantes lingüísticas manifestadas por
grupos regional ou socialmente identificados.
Desenvolver a escrita e a oralidade, objetivando práticas de cidadania.
Dar oportunidade à expressão artística em sua manifestação poético-literária.
Aquecimento
Exiba o vídeo, fazendo pausas para discutir com a classe
os seguintes pontos:
• Após a interpretação do rap, um dos personagens afirma que houve “licença poética” na elaboração da le-
9
•
•
tra. Diga para tentarem descobrir, pelo contexto da
conversa, o que vem a ser “licença poética”.
A professora Alice, uma das personagens da série,
fala sobre verbos impessoais. Desafie a classe a descobrir, pelo contexto, o que é um “verbo impessoal”.
Os personagens elaboram cartazes que contêm erros ortográficos. Peça para os alunos indicarem pelo
menos três desses erros.
Colocação pronominal –
Análise e compreensão textual
Deixe os alunos debaterem livremente as questões propostas. Após exporem suas hipóteses a respeito do significado da expressão “licença poética” e do conceito “verbo
impessoal”, proponha uma pesquisa em obras de referência
(dicionários e gramáticas), com as seguintes recomendações:
• Procurar o verbete “licença” no dicionário Houaiss, ou
no Aurélio, buscando dentro da definição a expressão
“licença poética”. Leve os alunos a perceber que esses manuais se preocupam com os desdobramentos
dos conceitos arrolados, bem como com sua origem
e com as localidades de ocorrência.
• Consultar gramáticas que possuam um capítulo sobre versificação; confrontar mais de uma gramática,
procurando além da explicação sobre “licença poética”, alguns exemplos clássicos de tal procedimento.
Depois disso, divida a turma em grupos e peça para selecionarem, ou sugira a eles, exemplos de músicas populares
para observar casos especiais de concordância ou de colocação pronominal. (Sugerimos raps como os do grupo Racionais e canções de Adoniran Barbosa). Os grupos deverão
apresentar para a classe a análise que fizeram, com a interpretação dos motivos que justificam o emprego.
DEST
AQUES DA PROGRAMAÇÃO
DESTAQUES
Concordância e ortografia
O vídeo deixa claro que é preciso conhecer o gênero das
palavras para saber quando empregar o artigo “a” ou “o” (o
dó, o telefonema, o guaraná...). Solicite que consultem no dicionário o gênero dos seguintes verbetes: “cal”, “ênfase”, “alface”, “champanhe”. Feito isto, sugira que construam frases
com essas palavras, empregando a concordância adequada.
Organize a sala em grupos de no máximo três alunos e
proponha que construam poemas semelhantes aos decla-
mados pelos personagens do vídeo, selecionando temas
voltados para o exercício da cidadania (anti-tabagismo, reciclagem do lixo, anti-preconceito).
Oriente para que cada turma utilize em seus poemas um
determinados grupo de fonemas que tenham o mesmo som,
porém grafia diferente: 1) s, z, x; 2) j, g; 3) x, ch; 4) s, ç, sc,
ss, xc. Convém que procurem no dicionário, palavras que se
encaixem nessas ocorrências, e selecionem as que possam
compor o campo semântico de seu poema.
Prepare uma apresentação coletiva da produção dos alunos (na hora do intervalo, por exemplo), como contribuição
para a conscientização de todos a respeito dos problemas
sociais utilizados como tema.
HISTÓRIA
JUNHO
3
RONDON E OS ÍNDIOS
BRASILEIROS
Direção: Marco Altberg
Realização: TVE, Brasil, 2002
Duração: 55’51”
Programa selecionado na
grade da programação do
ensino fundamental.
Indicado para atividades com
alunos de 7ª e 8ª séries do
ensino fundamental e
também para o ensino médio.
Áreas conexas: Filosofia;
Geografia
RESUMO
O documentário, apresentado pelo líder indígena
Marcos Terena, enfoca a vida e a obra do Marechal
Cândido Mariano da Silva Rondon: o pensamento positivista, as expedições ao interior e a defesa dos direitos
indígenas. Dividido em três partes, mostra depoimentos sobre a obra de Rondon, com participações do sertanista e indigenista Orlando Villas Bôas, do antropólogo Darcy Ribeiro e da neta de Rondon, Elizabeth Amarante Rondon, que dá continuidade ao trabalho do avô
em Mato Grosso.
ATIVIDADES
Objetivos
•
•
•
•
Placa com erro ortográfico
10
Comparar a abordagem da questão indígena na Constituição do Império e na da República.
Relacionar a política indigenista à ocupação territorial, destacando interesses político-econômicos.
Comparar os processos de expansão e ocupação territorial do oeste norte-americano com o processo de
interiorização promovido pelo governo brasileiro.
Contextualizar e discutir o pensamento de Rondon, no
que concerne aos povos indígenas, no debate entre
as teorias evolucionistas do século 19 e o positivismo.
TV E SCOLA
Trabalho de sensibilização
Exponha a problemática que envolve a relação entre os
povos indígenas e a sociedade e identifique os esquemas
prévios dos alunos acerca desse tema. Procure integrar essa
problemática no contexto mais geral da História do Brasil,
discutindo duas idéias básicas:
◗
não houve “descobrimento” do Brasil, porque o território já era habitado por populações indígenas;
◗
não existe um “índio genérico” – é necessário, portanto, enfatizar a diversidade cultural das populações
indígenas.
Providencie uma breve biografia do Marechal Rondon,
ou oriente os alunos para fazerem a pesquisa.
Exiba o documentário, fazendo pausas estratégicas para
facilitar o registro das informações. Ao terminar, sugira aos
alunos que façam um quadro-resumo a partir de suas anotações.
História
Após a exibição do vídeo, analise o processo histórico
que suscitou a idéia da proteção dos povos indígenas pelo
Estado brasileiro. Lembre que já se discutia, no início do século 20, se essa proteção devia ser religiosa ou laica.
Organize a turma em grupos e oriente uma pesquisa a
respeito da forma pela qual a sociedade não-índia procurou regulamentar os direitos indígenas – nas Constituições
de 1824, 1889, 1934, 1937, 1967, 1969 e 1988. Oriente a
comparação das informações colhidas pelos alunos, destacando as semelhanças e diferenças entre essas legislações. Para finalizar, peça para pesquisarem situações de
conflito entre os povos indígenas e a sociedade não-índia,
analisando a implementação dos direitos indígenas na
atualidade.
Geografia
Discuta com a classe a questão da subordinação da política indigenista a interesses político-econômicos. Divida a
sala em grupos e oriente um estudo comparativo entre o
processo de expansão e ocupação territorial do oeste norteamericano e o processo de interiorização promovido pelo
governo brasileiro, sobretudo no século 20, com a organização da “marcha para o oeste”. Enfatize as conseqüências
engendradas por tal expansão.
Rondon entre os índios
ENCERRAMENTO E AVALIAÇÃO
O professor de História poderá promover um debate sobre
a proteção aos interesses dos povos indígenas: é função do
Estado ou deve ser entregue a organizações não-governamentais? Os estudantes, divididos em grupos, devem pesquisar em
jornais, revistas ou na internet, matérias e artigos que façam
referência ao modo pelo qual a questão indígena é tratada por
essas duas esferas. A atividade poderá ser realizada em casa
e servirá de apoio para a elaboração de um mural informativo.
É importante planejar avaliações contínuas do trabalho e
incentivar também os alunos a elaborar uma auto-avaliação.
Veja na internet
<http://www.e-biografias.net/biografias/marechal_rondon.shtml>
Apresenta uma breve biografia do Marechal Rondon.
<http://www.paulomarek.hpg.ig.com.br/rondon.htm>
Artigo sobre a influência positivista no pensamento do Marechal Rondon.
<http://www.estadao.com.br/villasboas/>
Reúne informações sobre a atuação dos irmãos Villas Bôas, e sobre
a política indigenista.
<http://www.jaraguadosul.com.br/etnias/xokleng.htm>
Esse site faz referência à polêmica que envolveu Rondon e Herman
von Ihering por ocasião da criação do SPI.
Leia também
História dos índios no Brasil
Manuela Carneiro da Cunha (org.). São Paulo, Companhia das
Letras/Secretaria Municipal de Cultura/Fapesp, 1992.
Os direitos do índio: ensaios e documentos
Manuela Carneiro da Cunha. São Paulo, Brasiliense, 1987.
A marcha para o oeste: a epopéia da expedição Roncador-Xingu
Cláudio Villas Bôas & Orlando Villas Bôas. 5. ed. São Paulo, Globo, 1994.
Rondon conta sua vida
Filosofia
Discuta o modo pelo qual as teorias evolucionistas e o
positivismo concebiam os povos indígenas. Essa discussão
é importante para situar o pensamento de Rondon. Analise
algumas concepções evolucionistas que, orientadas pelo
darwinismo social, reforçavam uma visão negativa e preconceituosa do indígena. A análise do positivismo contribui para
identificar premissas fundamentais do pensamento de Rondon.
Com isso, se recupera o conteúdo filosófico essencial da polêmica que envolve a posição de Rondon e a do diretor do Museu
Paulista, Herman von Ihering, no início do século 20, por ocasião da criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI).
TV E SCOLA
Esther de Viveiros. Rio de Janeiro, Livraria São José, 1958.
O espetáculo das raças: cientistas, instituições e a questão racial no
Brasil 1870-1930
Lilia Moritz Schwarcz. São Paulo, Companhia das Letras, 1993.
ALUNOS
S
O
M
O
vam
HE C
seção le de
TRABAL
s nesta
s
a
rriculare
.
resentad
ades ap e conteúdos cu ental ou médio
id
v
ti
a
s
s
m
A
o
a
s
v
d
a
ti
n
tr
je
u
fu
b
o
ao
ino
em contas séries do ens ídeos se presta
.
v
a
s
d
s
a
a
o
d
d
in
a
ri
a
s va
determ nto, a maiori
situaçõe
No enta bordagens, em
a
11
CIÊNCIAS
MAIO
5
O ELO CÓSMICO
Direção: Catherine Fol
Realização: NFBC, Canadá,
2000
Programa selecionado na
grade da programação do
ensino fundamental. Indicado
para atividades com alunos
da 6ª à 8ª série do ensino
fundamental e também para
o ensino médio.
Áreas conexas: Filosofia;
Geografia
Duração: 51’45”
RESUMO
Este programa aborda as hipóteses de origem da vida
na Terra, com ênfase na visão evolucionista. Discute desde a formação de moléculas orgânicas no planeta até a
possibilidade de existência de sistemas solares em nossa
galáxia ou em outras. Enfoca a formação de coacervados
(origem do sistema de membranas), as três linhagens de
células (nucleadas, anucleadas e arqueobactérias) e as
linhas do desenvolvimento evolucionista, segundo Darwin.
O programa pode ser utilizado no início das discussões sobre a origem dos seres vivos, sua diversificação
horizontal e vertical e as influências dos fatores evolutivos
sobre essa diversidade.
Objetivos
DEST
AQUES DA PROGRAMAÇÃO
DESTAQUES
Discussão
É grande a massa de informações trabalhadas nessa atividade, e por isso os alunos precisam estar com o espírito
crítico aguçado, para interpretar e julgar as diversas teorias
defendidas pelos cientistas. Levante questões para discussão:
• Por que se procura, em outros planetas ou satélites,
a explicação para o surgimento da vida aqui na Terra,
se nesses astros não há vida semelhante à nossa?
• Por que a experiência de Stanley Miller é importante
para o estudo da origem da vida?
• Por que a ciência acha que há somente três linhagens de células responsáveis pelo surgimento da diversidade de seres vivos em nosso planeta?
• De que maneiras essa diversidade poderia ter surgido?
• De quais fatores a evolução dos seres vivos é dependente? Esclareça como atua cada um desses fatores
na sobrevivência e na manutenção dos seres vivos.
Conclusão
ATIVIDADES
•
•
•
•
Grupo 1: alunos que recolheram argumentos sobre a hipótese criacionista (visão religiosa da origem da vida) terão como incumbência defender essa hipótese.
Grupo 2: alunos que recolheram argumentos sobre a
hipótese evolucionista (visão científica da origem da vida)
defenderão essa hipótese.
Grupo 3: irá atuar como júri, para julgar as duas hipóteses. A equipe de julgadores poderá ser escolhida pela
classe ou pelo próprio professor.
Estabeleça um prazo para o julgamento (uma aula). Tenham ou não chegado a um veredicto (provavelmente não
chegarão), encerre o julgamento e prepare a turma para assistir ao vídeo.
Levantar hipóteses a respeito da origem dos seres vivos.
Julgar as hipóteses a respeito da origem da vida na Terra.
Descrever as hipóteses para as causas da evolução.
Questionar as informações trazidas pelo vídeo, com
base nos conhecimentos já adquiridos.
Após o esclarecimento dessas questões, retome os resultados do julgamento e procure mostrar aos alunos a incerteza que temos em relação às três perguntas básicas de
nossa existência: de onde viemos, para que viemos e para
onde vamos. Mostre, ainda, que a ciência não explica tudo,
que está em constante transformação e construção, e que a
tecnologia hoje disponível também não se mostra precisa
para justificar eventos ocorridos há prováveis 15 bilhões de
anos, desde o surgimento do universo.
Trabalho em grupos
Reserve pelo menos três aulas para apresentar o vídeo
e realizar os trabalhos.
PREPARAÇÃO. Antes da exibição, divida a classe em dois grupos
e atribua uma tarefa a cada um. Encomende ao primeiro uma
pesquisa entre pessoas religiosas (seja qual for o credo), para se
informar das diferentes posições em relação à origem dos seres
vivos, incluindo o ser humano. Peça para o outro grupo levantar
argumentos sobre o mesmo tema em livros de ciências e/ou
biologia, artigos de jornais ou revistas de informação científica.
ARGUMENTAÇÃO. Após a pesquisa, organize a classe em três
grupos, que irão fazer um julgamento dos argumentos recolhidos, levando em conta os seguintes critérios:
12
Observatoire de Haute Provence
TV E SCOLA
Interdisciplinaridade
Em Geografia pode-se estudar a composição do sistema
solar – estrelas, planetas e satélites naturais. O documentário também se presta à discussão, do ponto de vista da Filosofia, da posição relativa da espécie humana no Universo e
das teorias sobre a origem da vida na Terra: a sopa primordial e a panspermia.
Veja na internet
<http://www.observatorio.ufmg.br/pas37.htm>
<http://geocities.yahoo.com.br/renalmeida/panspermia.html>
Sites que tratam do tema panspermia.
RADE
LEIA A G
uer usar.
as que q férias.
m
ra
g
ro
a os p
de de
E escolh e também a gra
h
n
a
p
Acom
ATIVIDADES
Vale a pena exibir a série a todos os envolvidos na vida
escolar: professores, alunos, funcionários e, se possível,
comunidade. A simples apresentação contribui para que os
educadores se familiarizem com esse valioso recurso e possam aproveitar ao máximo as possibilidades pedagógicas
da TV Escola.
Leia também
Trabalho com a equipe escolar
Evolução das espécies. O pensamento científico, religioso e filosófico
Samuel Murgel Branco. São Paulo, Moderna, 1994.
A história geológica da vida
Lee McAlester. São Paulo, Edgard Blücher/Edusp, 1969.
A evolução dos seres vivos
Gilberto Martho. São Paulo, Scipione, 1992.
A vida na Terra
David Attenborough. São Paulo, Martins Fontes, 1990.
Veja também, da TV Escola
O que é a vida?
Exiba todos os programas da série, promovendo pausas quando for necessário para os educadores fazerem
anotações. Realize a seguir um debate, estimulando os
professores a colocarem questões em relação ao conteúdo apresentado, discutindo as novas possibilidades abertas por essa tecnologia para o desenvolvimento do trabalho em classe.
Planeje reuniões subseqüentes para discutir cada um
dos episódios, ou conjuntos que abordem temas complementares.
Atenção!
ESCOLA / EDUCAÇÃO
MAIO
8
O USO DA TV ESCOLA
Direção: Messina Neto
Realização: TV Escola/MEC,
Brasil, 2002
Série selecionada na grade
da programação do ensino
fundamental.
Indicada para toda a equipe
escolar e para os alunos.
RESUMO
Os sete episódios dessa série, cada um com cerca de
6 minutos, explicam o funcionamento da TV Escola e a
melhor forma de utilizá-la como ferramenta no processo
de ensino e aprendizagem. Em linguagem clara, e com
muitos recursos visuais, apresentam os objetivos do programa, a utilização dos equipamentos, a programação do
canal da educação e maneiras de usar os programas transmitidos, tanto em sala de aula quanto na capacitação dos
professores e na integração da comunidade.
TV E SCOLA
No episódio que aborda o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério (Fundef), vale a pena examinar com atenção
as maneiras de obter e utilizar os recursos oferecidos para
implementar e manter a TV Escola nas escolas públicas.
Trabalho com os alunos
Os vídeos podem se converter num excelente estímulo para que os estudantes participem da tarefa pedagógica. Ao permitir que eles compreendam como funciona o programa TV Escola, é possível despertar seu interesse, por exemplo, por participar da organização e da
manutenção da videoteca, bem como da gravação dos
programas.
O episódio Recepção da TV Escola pode ser utilizado
pelo professor de Ciências para falar sobre as diferenças
entre a transmissão digital e a analógica e discutir algumas
características das radiações eletromagnéticas.
CONSULTORIA
As sugestões de trabalho apresentadas nos textos desta
seção foram elaboradas com a consultoria dos professores
Miguel Castilho Junior, Marcos Engelstein (Ciências);
Teresa Cristina Rego (Escola / Educação); Denise Trento R.
Souza (Ética); Lúcia P.S. Villas Bôas, Álvaro Giansanti
(História); Lilian Garcia (Língua Portuguesa).
13
ESPECIAL
ÉTICA
MAIO
21
VIOLÊNCIA,
COMUNIDADE
E ESCOLA
Direção: Adriana Mesquita
Realização: TV Escola,
Brasil, 2002
Duração: 30’
Programa selecionado na
grade da programação do
ensino fundamental.
Indicado para atividades com
alunos da 5ª à 8ª série do
ensino fundamental e também
para o ensino médio.
Áreas conexas: Arte;
Educação Física; Escola /
Educação; Filosofia; Geografia;
História; Psicologia
AQUES DA PROGRAMAÇÃO
DESTAQUES
DEST
RESUMO
O documentário aborda o tema “violência” nos grandes centros urbanos, relacionando suas causas com a
ausência ou ineficiência de políticas públicas e com a
exclusão social. Foi produzido com base em entrevistas
com diretores, professores, pais e alunos de três regiões da Grande São Paulo com altos índices de criminalidade. Relata experiências bem-sucedidas, em escolas que construíram formas coletivas de enfrentar a violência local. Mostra como os jovens fazem parte do grupo que mais tem sofrido as conseqüências dessa situação, como vítimas e como agentes de atos violentos.
Destaca a importância da Gestão Democrática Escolar
– estratégia utilizada pela direção dos três estabelecimentos de ensino.
ATIVIDADES
Objetivos gerais
•
•
•
•
14
14
Abordar criticamente o tema da violência, relacionando-o com os direitos humanos, os direitos da
criança e do adolescente e a temática de cidadania
e ética.
Criar espaços de discussão no interior da escola
para tratar do problema da violência, buscando formas coletivas de encaminhar a questão.
Chamar a atenção para o potencial transformador
das práticas, dos processos e das relações escolares subjacente a formas de gestão democráticas.
Refletir sobre outras manifestações de violência –
menos evidentes, mas igualmente nocivas – nas relações interpessoais na escola.
Quadra de esportes em Heliópolis
Interdisciplinaridade
A atualidade, a importância e a complexidade do tema
sugerem o desenvolvimento de trabalhos ou projetos interdisciplinares analíticos. O estudo deve explicitar as raízes sociais, econômicas e culturais da violência em suas manifestações, desde as mais comumente reconhecidas – crimes
contra a pessoa, contra a propriedade privada e o patrimônio público – até outras formas mais sutis que igualmente
violentam os direitos básicos da pessoa humana, como humilhações e discriminações sofridas e praticadas nas relações entre professores e alunos.
Trabalho com a equipe escolar
Diretores e coordenadores encontram no documentário
ricos subsídios para discutir o tema com a equipe escolar.
Os depoimentos apresentados contribuem para levantar um
debate, cada vez mais urgente, sobre o papel da escola na
construção da cidadania e sobre as práticas de gestão escolar. A questão é complexa e implica mudanças em diversos
níveis, na prática diária e nas relações interpessoais. Os depoimentos dos diretores evidenciam seu papel central nesse
processo. Nas experiências relatadas ressalta uma proposta
comum: a construção de formas de gestão mais democráticas, com a responsabilidade compartilhada por educadores,
membros da comunidade e alunos, é primordial para evitar
várias manifestações de violência na escola e da escola, e
para lidar com elas.
Ao exibir o vídeo para a equipe escolar, vale a pena chamar a atenção para as estratégias de enfrentamento da violência, em cada caso. Selecione momentos adequados para
fazer pausas na fita e levantar o debate a respeito do trabalho desenvolvido e de suas inevitáveis dificuldades.
A partir da análise e da discussão do vídeo, podem ser
planejados, coletivamente, programas e projetos que contribuam para enfrentar os problemas daquela comunidade. Esse
trabalho depende da realidade de cada escola, tanto quanto
das relações estabelecidas com o bairro e entre os diversos
agentes escolares.
TV E SCOLA
Para saber mais
SOBRE DEMOCRACIA NA ESCOLA. Há escolas no Brasil
e no exterior que utilizam “assembléias de classe”, com o
propósito de favorecer o diálogo entre professores e alunos
sobre os conteúdos que julgarem pertinentes, visando melhorar a convivência e a qualidade do trabalho escolar.
J. M. Puig (2002, p. 118) apresenta algumas sugestões
para realizar uma assembléia:
• Destine uma parte do tempo de sala de aula para a
assembléia. A periodicidade é importante para estabelecer uma rotina.
• Organize o espaço físico (carteiras em círculo, por
exemplo) para favorecer o diálogo e sinalizar a importância da cooperação.
• Modifique, de certo modo, os papéis de aluno e professor, favorecendo uma participação mais igualitária, embora saibamos que não será idêntica nem terão, professor e aluno, a mesma responsabilidade.
• Use o tempo da assembléia para conversar coletivamente sobre a dinâmica da classe ou sobre algum
tema trazido pelos alunos, que considere do interesse para a turma.
• Dialogue com vista ao entendimento, a organização do
trabalho e a solução dos conflitos que possam surgir.
Trabalho com os alunos
SOBRE VIOLÊNCIA E ESCOLA . Apesar da visibilidade
do tema “violência” e do grande interesse que ele desperta, ainda está nos primeiros passos o estudo sistemático do assunto, e de sua interface com a escola.
Por isso, vale a pena consultar um número especial
da revista Educação e Pesquisa , publicada pela Faculdade de Educação da USP (São Paulo, v. 27, nº 1,
jan/jun 2001), que apresenta cinco artigos sobre o
tema. Um deles faz um balanço da pesquisa sobre as
relações entre violência e escola no Brasil, após 1980;
outro é um artigo sobre a violência na escola francesa; os outros três são relatos de pesquisa. Para obter
a revista:
Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo
Av. da Universidade, 308 – São Paulo/SP
CEP 05508-900
Tel.: (11) 3091-3525 Fax: (11) 3091-3148
E-mail: [email protected]
Consulte a versão eletrônica da revista no site:
<http://www.scielo.br/scielo>, em Scientific Eletronic
Library Online
Veja na internet
OBJETIVOS CENTRAIS
<http://www.soudapaz.org>
•
<http://www.soudapaz.org/projetos/observatorio/lupa/home.html>
•
•
Ampliar a visão sobre o que são ações violentas, incluindo desrespeito ao outro, intolerância e discriminação (baseada em diferenças de classe social, religião, raça, opção sexual, e outras).
Relacionar a violência vivida no bairro, em casa, e na
escola com os direitos humanos, a ética e a cidadania.
Criar ou fortalecer situações que ampliem a participação dos alunos no ambiente escolar, com base em
projetos que trabalhem atitudes e valores tais como
tolerância, respeito mútuo, cooperação e sentimento
de justiça e diálogo.
DESENVOLVIMENTO
Tempo mínimo para a atividade: 1 hora e 30 minutos.
Antes da exibição, avalie a opinião dos alunos sobre o
assunto; para isso, proponha que discutam, em grupos, as
questões:
• Quais manifestações de violência vocês conhecem –
no bairro, em casa, na escola, na sala de aula etc.?
• Quais são as causas dessa violência?
Socialize o debate e vá anotando em um painel, na lousa, as principais conclusões. Exiba o vídeo a seguir e, no
final, promova um debate com a classe, comparando o conteúdo do vídeo com os itens anotados na lousa.
Para finalizar a atividade, sugira que todos reflitam sobre a realidade que vivem na sala de aula e na escola com
o objetivo de buscar sugestões conjuntas para melhorar sua
convivência e conseqüentemente a qualidade do trabalho
pedagógico.
TV E SCOLA
Site do Instituto Sou da Paz, que tem como missão contribuir para a
efetivação no Brasil de políticas públicas de segurança e prevenção
da violência. A página Lupa traz um levantamento cuidadoso da
situação em quatro bairros de São Paulo.
Leia também
Sobre democracia e escola
A construção de escolas democráticas: histórias sobre
complexidade, mudanças e resistências
U. F. Araújo. São Paulo, Moderna, 2002.
Democracia e participação escolar: proposta de atividades.
J. M Puig. São Paulo, Moderna, 2002.
Sobre direitos humanos e escola
Os direitos humanos na sala de aula: a ética como tema transversal
U. F. Araújo & J. G. Aquino. São Paulo, Moderna, 2001.
Veja também, da TV Escola
Psicologia social: motivos que levam à violência
A violência no dia-a-dia, da série Saúde na Escola
Denise Trento R. Souza
Professora da Faculdade de Educação
da Universidade de São Paulo – São Paulo/SP.
15
Ensino Médio
Os programas produzidos especialmente para o Ensino Médio, com comentários de especialistas,
são uma valiosa ferramenta para o trabalho do professor e para sua formação continuada.
As séries Como Fazer? e Acervo também oferecem material de apoio na internet, no endereço:
<http://www.mec.gov.br/semtec/programa.shtm>
COMO FAZER?
JUNHO
9
NOSSA ÁGUA DE
CADA DIA
Direção: Peter Swanson
Realização: Swynk, Holanda,
2000
Programa produzido para a
grade da programação e
comentado por
professores de
BIOLOGIA
QUÍMICA
GEOGRAFIA
DEST
AQUES DA PROGRAMAÇÃO
DESTAQUES
Este vídeo aborda a importância da água e fornece dados sobre seu consumo. Mostra como os cerca de 6 bilhões de seres humanos que hoje habitam o mundo (para
não mencionar as demais espécies), embora tenham necessidades físicas semelhantes, dispõem de condições de
uso de água altamente desiguais. Em algumas regiões,
como na Namíbia, país da África, a oferta mal chega a
4 litros diários por pessoa, enquanto em outras, como no
Arizona, nos Estados Unidos, o consumo atinge a espantosa média de 425 litros diários por pessoa. Essa constatação exige a busca de métodos mais racionais de uso da
água, e deixa claro que as soluções passam tanto pelo
âmbito individual quanto pelo coletivo.
10
ÁGUA, GUERRA E PAZ
Direção: Peter Swanson
Realização: Swynk, Holanda,
2000
Programa produzido para a
grade da programação e
comentado por
professores de
HISTÓRIA
GEOGRAFIA
LÍNGUA INGLESA
Duração: 24’45"
O vídeo trata do papel da água nas crises mundiais.
Três relatos de disputas envolvendo diversas nações, no
Oriente Médio e na África, mostram como o uso unilateral
da água e a escassez de recursos hídricos podem gerar
conflitos. Personalidades internacionais – como Jimmy Car-
16
JUNHO
JUNHO
11
Duração: 24’45"
JUNHO
ter, ex-presidente dos Estados Unidos, o ex-premiê russo
Mikhail Gorbatchov e o Dalai-lama – destacam a importância de buscar formas pacíficas de partilhar esse recurso
sem comprometer o ciclo hidrológico das regiões. O vídeo
pode ser utilizado ainda para mostrar como as permanentes disputas envolvendo o uso e o controle da água afetam
até mesmo um país rico do ponto de vista hidrológico –
como o Brasil, por exemplo, em questões sobre a viabilidade de represar ou desviar cursos fluviais, polêmicas no caso
do rio São Francisco.
ENCARANDO O
FUTURO
Direção: Peter Swanson
Realização: Swynk, Holanda,
2000
Programa produzido para a
grade da programação e
comentado por
professores de
BIOLOGIA
QUÍMICA
GEOGRAFIA
Duração: 24’45"
Neste programa vemos que o volume de água das chuvas se mantém constante ao longo dos anos, enquanto aumenta a população e, em conseqüência, o consumo de água.
O que pode ser feito sobre o risco de a espécie humana vir a
esgotar os recursos hídricos do planeta? Esse programa
aborda a necessidade de buscar um padrão global de gerenciamento da água e apresenta alguns projetos de racionamento e reciclagem que já estão em prática. Examina também inovações tecnológicas, como a osmose inversa, para
aproveitamento da água do mar, e a tecnologia Driwater –
processo que permite armazenar água em gel, para utilização na agricultura.
DICA
Estes três programas da série “Água, a gota da vida” oferecem a possibilidade de um trabalho em seqüência, a
ser disparado com o primeiro vídeo para alertar os estudantes sobre os problemas do consumo individual e coletivo. Como são nossas contas de água? Há excessos? É
possível reduzir o desperdício? Num segundo momento,
podem-se examinar questões históricas envolvendo a exploração dos recursos hídricos e, por fim, pesquisar as
propostas de reaproveitamento da água.
TV E SCOLA
OS SEGREDOS DA
26 EVOLUÇÃO
JUNHO
MAIO
Direção: Annamária Tálas
Realização: Gabriel Film /
London Television Service,
Grã-Bretanha, 2001
2
Programa produzido para a
grade da programação e
comentado por
professores de
EM BUSCA DA
REALIDADE
Direção: Andrew Law
Realização: BBC Open
University, Grã-Bretanha,
1999
BIOLOGIA
QUÍMICA
LÍNGUA PORTUGUESA
Duração: 28’22"
Programa produzido para a
grade da programação e
comentado por
professores de
FÍSICA
FILOSOFIA
HISTÓRIA
Duração: 29’02"
O programa focaliza a vida e o pensamento do evolucionista inglês William Hamilton, um dos grandes estudiosos da
biologia de populações e do comportamento e teórico pioneiro da seleção de parentesco. Como o comportamento
suicida das abelhas pode se desenvolver num mundo moldado pela seleção natural? Ele resolve esse paradoxo examinando a natureza sob uma perspectiva genética. O programa aborda ainda a polêmica com o ambientalista inglês
James Lovelock, criador da hipótese Gaia, segundo a qual a
Terra é auto-reguladora – a vida e o planeta são um sistema
único. Para testar a hipótese de Lovelock, Hamilton examina
as algas marinhas e as nuvens que se formam sobre o mar.
O tema do programa é a mecânica quântica, a mais
revolucionária teoria da Física do século 20, com a qual o
dinamarquês Niels Bohr explicou a estrutura do átomo. Mas
muitos, como o alemão Albert Einstein, não aceitavam as
hipóteses quânticas. A partir da amistosa polêmica entre
os dois estudiosos, o vídeo contrapõe concepções distintas e antagônicas. O programa aborda os paradoxos da
incerteza quântica e a experiência mental EPR, com a qual
Einstein tentava demonstrar a impossibilidade de uma natureza aleatória. O vídeo permite introduzir conceitos da
Física moderna, sob o ângulo da Filosofia e da história
das ciências.
ACERVO
MAIO
2
DECIFRANDO O
MISTÉRIO DO
CÂNCER: O MAPA
DA DOENÇA
Direção: Kenji Kikue
Realização: Tele Images,
França, 1999
Duração: 49’56"
Programa produzido para
a grade da programação e
comentado por
professores de
BIOLOGIA
QUÍMICA
FILOSOFIA
DESVENDANDO
23 PODERES OCULTOS:
O MAPA DA ESPÉCIE
HUMANA
MAIO
Direção: Kenji Kikue
Realização: Tele Images,
França, 1999
Programa produzido para
a grade da programação
e comentado por
professores de
QUÍMICA
PSICOLOGIA
MATEMÁTICA
Duração: 50’26"
O programa examina o mecanismo genético que torna
O programa aborda semelhanças e diferenças de comporas células suscetíveis a doenças. Com recursos sonoros e
tamento apresentadas por gêmeos idênticos para analisar tevisuais, mostra importantes fases do processo de investigamas como personalidade, o cérebro e os neurotransmissores.
ção científica no microcosmo do DNA.
Penetrando as redes neurais, o vídeo
DICA
Indo além da abordagem da doença,
mostra como a transmissão de impulsos
A relação entre fatores ambientais e altedestaca que nem todas as mutações
nas sinapses varia de um indivíduo para
rações genéticas fica evidente nestes dois
genéticas passam de pai para filho. E
outro, sendo definida pela carga genétiprogramas da série “O genoma humano”.
que uma característica ambiental,
ca de cada neurônio e interferindo sobre
O assunto dá margem a reflexões e pescomo maior ou menor insolação, teria
os diferentes tipos de personalidade.
quisas em diversas áreas, entre as quais
sido a causa de transformações genéMostra ainda como esse mecanismo
Geografia e Ética.
ticas decisivas na história da evolução.
também atua nos demais mamíferos.
TV E SCOLA
17
Salto para o Futuro
Salto para o Futuro é mais do que um programa de televisão. É um espaço de formação
continuada de professores e de estudantes de Magistério. Abordando temas relacionados
às práticas pedagógicas, estes programas se destinam ao diálogo com professores de todo
o país, que se reúnem em telessalas nos diferentes estados, têm acesso a material
impresso e participam por meio de questionamentos durante o programa. Os programas
são transmitidos ao vivo, diariamente, das 19 às 20 horas e reprisados em outros horários.
VARAL DE TEXTOS
MAIO
Apresenta projetos didáticos que envolvem leitura e produção de textos – poemas,
notícias, contos, fábulas, textos teatrais, biografias e cartas. Também comenta o trabalho de Língua Portuguesa a partir de uma
tipologia textual variada; a função social dos textos; os diferentes espaços de leitura e a produção de textos na escola. REPRISE
2
EDUCAÇÃO ALGÉBRICA E RESOLUÇÃO DE
PROBLEMAS
Coloca em discussão o enMAIO
MAIO
sino da Matemática, levantando questões suscitadas pelo
ensino da Álgebra. Enfoca ainda a relação entre a Aritmética, a Álgebra e a Geometria e as atividades específicas
para o desenvolvimento do pensamento algébrico. INÉDITO
DEST
AQUES DA PROGRAMAÇÃO
DESTAQUES
5
a
9
ca. Em cinco programas, enfoca os seguintes temas: o museu de ciências como espaço de formação continuada para
o professor; o museu ligando escola e comunidade à pesquisa; o museu itinerante; o museu onde não há museu; e o
museu e o professor. INÉDITO
LER E ESCREVER: COMPROMISSO
DA ESCOLA
MAIO
MAIO
Focaliza o ensino da leitura e
da escrita como tarefa da escola e
como desafio para todas as áreas
do conhecimento. Não se dirige
apenas aos professores de Língua Portuguesa, mas também
aos de Geografia, Matemática, História, Educação Física, Língua Estrangeira e Arte, que devem assumir seu papel de mediadores da leitura e da escrita. REPRISE
26 a
CARTOGRAFIA NA ESCOLA
Apresentando relatos de expeJUNHO
JUNHO
riência, a série explora fundamentos de atividades com mapas,
atlas, imagens de satélite e outros
recursos da cartografia em sala
de aula. Discute questões como: relação entre o desenho do
espaço e os conceitos cartográficos; linguagem cartográfica; cartografia indígena e ensino com mapas; produção de
atlas municipais e gerais; uso de tecnologias modernas (imagens de satélite e fotografias aéreas). INÉDITO
2
LETRAMENTO E LEITURA DA LITERATURA
Procura discutir com os proMAIO
MAIO
fessores o trabalho com a leitura e a escrita na perspectiva do
letramento, fazendo um contraponto com as práticas leitoras
tradicionais – muitas vezes mecanizadas e distanciadas
do universo social. Também põe em debate perspectivas
metodológicas para a prática alfabetizadora e para o trabalho com a linguagem literária na escola. INÉDITO
12 a
16
CIÊNCIA E VIDA COTIDIANA: PARCERIA
ESCOLA E MUSEU
O objetivo desta série é trazer a ciência para o cotidiano da
escola e contribuir para a construção de uma cultura científi-
18
MAIO
19 a
MAIO
23
30
a
6
PROCESSOS EDUCACIONAIS
O objetivo da série é discutir o
JUNHO
JUNHO
sentido e o significado da educação na sociedade contemporânea.
Qual é a responsabilidade da família e da escola na educação de
crianças e jovens? Qual é o impacto da escola pública sobre
o desenvolvimento da sociedade brasileira? O que torna os
processos educacionais escolares diferentes daqueles do cotidiano social? INÉDITO
9
a
13
TV E SCOLA
Outras Atrações
Duração de todos os programas: 1 hora
Estes são alguns dos programas que você
não pode deixar de assistir e gravar.
Consulte a grade da programação e verá que muitos
outros também despertarão seu interesse.
MEIO AMBIENTE
MAIO
EXPEDIÇÃO ÀS GELEIRAS
DO UZBEQUISTÃO
AVALIAÇÃO E APRENDIZAGENS
SIGNIFICATIVAS
JUNHO
Promove o debate em torno
JUNHO
da avaliação do ensino e da
aprendizagem no contexto das
aprendizagens significativas, em
JUNHO
situações de ressignificação do
processo de ensino/aprendizagem, nas diversas áreas do conhecimento.
Tal abordagem implica considerar os percursos de aprendizagem relacionados à história de vida dos alunos. INÉDITO
16 a
e
18
20
DEBATES: TELEVISÃO E EDUCAÇÃO
A série aborda as relações
JUNHO
JUNHO
entre a televisão e a escola, discutindo temas como: a tevê na
vida das pessoas; as novas
configurações entre o público e
o privado; a linguagem da televisão; a interface entre educação e comunicação; e gêneros de programas e público. INÉDITO
23 a
27
ESPAÇOS DE INCLUSÃO
Debate a inclusão dos porJULHO
JUNHO
tadores de necessidades educativas especiais nos diversos
espaços sociais e a situação da inclusão
na escola, com enfoque nos dois primeiros ciclos do Ensino Fundamental.
Discute a prática em sala de aula,
a postura do educador e o currículo escolar. Fala dos vários tipos de deficiências: visual, auditiva, mental e física. R EPRISE
30 a
TV E SCOLA
4
12
Um grupo de pesquisa se desloca para as
geleiras do Uzbequistão para verificar as variações ocorridas nas camadas de gelo eterno sobre as montanhas. Situado no centro-oeste
da Ásia, esse país tem visto seus
recursos hídricos serem reduzidos devido à irrigação agrícola. O
documentário mostra o trabalho
dos cientistas para medir a profundidade do gelo, índices pluviométricos e uma série de grandezas meteorológicas, a fim de observar eventuais efeitos negativos
do aquecimento global. O filme dá
ensejo a trabalhos interdisciplinares envolvendo as áreas de Ciências e Geografia, que culmine
com a construção de uma miniestação meteorológica.
SAÚDE
VIVA LEGAL 2
MAIO
26
MAIO
27
Com linguagem direta e objetiva,
os 16 programas dessa série se
destinam a explorar diversos aspectos referentes à saúde e ao meio ambiente, tendo em
vista o objetivo de utilizar a informação como meio de viver
“legal”. Os episódios abordam desde a importância do iodo
para o ser humano (razão de sua presença obrigatória no
sal de cozinha) até questões sobre os hospitais-dia e o parto humanizado, entre outros assuntos. O enorme leque da
série permite o planejamento de trabalhos, interdisciplinares ou não, de alcance em toda a comunidade.
FILOSOFIA
EMMANUEL LEVINAS 1 E 2
e
JUNHO
16
O estudo de Emmanuel Levinas parte do mandamento bíblico: “Não matarás”, e disserta sobre a existência da relação de sentidos com a morte e o direito individual de existência. Para entender melhor o pensamento do filósofo judeu, é preciso conhecer a história de sua
vida. A influência da cultura russa em sua formação intelectual e como isso o levou à Filosofia. Com a ascensão do nazismo, Levinas foi convocado pelo exército francês. Nessa ocasião teve a oportunidade de ler Hegel e Proust, o que o fez
refletir sobre suas aspirações filosóficas. A reflexão sobre a
justiça, chegando ao conhecimento do sentido de liberdade.
19
EXPERIÊNCIAS
TV ESCOLA
No extremo norte do Brasil, o
estado do Amapá é exemplo de
preservação da natureza e de
trabalhos educativos sérios.
Confira o que seus professores
e alunos nos ensinam.
Reportagem:
Fotos:
Rosangela Guerra
Iolanda Huzak
Teste seus conhecimentos: Qual é o estado brasileiro que faz fronteira com a
União Européia? E qual é a capital brasileira que se situa nos dois hemisférios, norte
e sul? Resposta para as duas perguntas:
estado do Amapá e sua capital, Macapá. O
estado faz divisa com a Guiana Francesa
(Departamento Francês que integra a União
Européia); e a cidade é atravessada pelo
equador, linha imaginária que separa a
Terra em dois hemisférios: norte e sul.
A parabólica da TV Escola desponta aqui
e ali nas escolas públicas de Macapá, cidade de ruas largas e poucos prédios. Quando chegou, em meados de 1996, o canal
da educação seguiu o mesmo caminho de
sucesso que já era percorrido pelo Salto
para o Futuro e estreitou cada vez mais o
vínculo da escola com a comunidade.
“Quer dizer que chegou a nossa vez de
mostrar o trabalho que fazemos aqui?”,
comentam com entusiasmo os professores.
Não é de hoje que eles utilizam a programação, e têm muito para mostrar. Contam
com o apoio e o incentivo da Secretaria de
Estado da Educação, que garante uma verba anual para a manutenção dos equipamentos em cada escola e mantém professores em regime de 40 horas semanais de-
20
TV E SCOLA
NO MEIO
DO MUNDO
Alunos da 7ª série da escola
Marechal Castelo Branco, em
Macapá, em visita ao Marco Zero.
O obelisco marca o ponto
exato por onde passa a
linha do equador.
dicados exclusivamente à TV Escola. Em
todas as escolas estaduais dos dezesseis municípios do estado a TV Escola é parte do
projeto político-pedagógico.
ENCONTRO NO MARCO ZERO
Na Escola Estadual Marechal Castelo
Branco, em Macapá, estabeleceu-se um
compromisso para a maior utilização possível da TV Escola. Os professores fazem
seu planejamento e reservam o vídeo com
antecedência; se ocorrer alguma mudança de planos, não podem deixar de avisar
à videoteca, pois é bem provável que algum colega esteja à espera da mesma fita.
A professora de Geografia, Carmita Sousa Siqueira, exibiu para a 7ª série o vídeo
O sistema solar e, para complementar, continuou a aula em um ponto turístico peculiar de Macapá: o Marco Zero. Este é o
nome de uma bela construção, inaugurada em 2000, para assinalar a passagem da
linha do equador. Um esguio obelisco, com
um círculo vazado bem no alto, é foco das
atenções, particularmente nos dias 21 ou
22 de março e 22 ou 23 de setembro, quando ocorrem os equinócios. Turistas e moradores acorrem ao monumento, todos
querem ver o Sol passar de um hemisfério
TV E SCOLA
21
para outro. Na ocasião, muitas escolas apresentam danças e as festas se multiplicam.
No Marco Zero, fica fácil para os alunos
entenderem o conceito: equinócio (do latim, aequinoctium, que significa igualdade
do dia e da noite) é o período no qual o dia
e a noite têm a mesma duração, quando o
Sol, em seu movimento aparente, corta o
equador celeste, de maneira que os raios
solares incidem diretamente sobre a linha
imaginária. Quando isso acontece, o sol atravessa a janela do alto do obelisco.
“Nossa escola fica no hemisfério norte”,
comenta Ana Luiza do Rêgo Gomes, 13
anos. É fato, mas há outras escolas em
Macapá que se situam no hemisfério sul,
um luxo bem singular. De lá mesmo os
alunos mostram para as repórteres o Zerão, estádio de futebol de Macapá. Lá, a
localização da cidade cria uma situação
mais que especial. O estádio foi projetado
de maneira que a linha do meio-de-campo
coincide com a do equador: assim, quando os dois times se enfrentam, cada um
fica em um hemisfério. Ipiranga e Independente, os grandes rivais amapaenses,
já estão acostumados com isso.
EXPERIÊNCIAS
ESTE É O NOSSO AMAZONAS
O Amazonas é um mar de água doce
que banha Macapá. No final da tarde, com
a maré alta, as águas agitadas batem no
contraforte e respingam nas pessoas que
caminham pela orla. Os amapaenses se
orgulham: “Este é o nosso Amazonas”. Afinal, eles têm em casa um dos maiores rios
do mundo.
Para quem vive num lugar como esse,
é difícil imaginar a escassez de água que
ameaça o planeta. Pensando nisso, o professor de Biologia da Castelo Branco, Marcelo Luiz Pereira, desenvolveu um projeto com seus alunos do 1º ano do ensino
médio. Exibiu o vídeo Água, da série “Crônicas da Terra”, que ajudou a esquentar
uma discussão sobre o futuro. “No planeta, 97% da água é salgada”, ensina o professor. Na conversa, os próprios alunos
constatam que é preciso cuidar da água
doce e apontam problemas: lixo jogado
nas regiões de alagados, desmatamento
nas margens dos rios e desperdício de
água no dia-a-dia, como torneiras pingando, banhos demorados…
22
Na estação de
tratamento da
Companhia de Água e
Esgoto, a 500 metros
da margem do rio
Amazonas, alunos da
1ª série do ensino
médio aprendem com
José Guevara, gerente
de qualidade, como
funcionam os
processos que tornam
a água potável.
Antes de abastecer Macapá, as águas do
rio Amazonas passam pela estação de tratamento da Caesa (Companhia de Água e
Esgoto do Estado do Amapá). Prosseguindo a aula, o professor Marcelo levou sua
turma do 1º ano para visitar as instalações
da estação e acompanhar as fases do tratamento. Diariamente, 79,8 milhões de litros
de água são captados por meio de duas
bombas, a 500 metros da margem do rio
Amazonas. A cada passo do tratamento, a
água perde partículas de sujeira por métodos químicos, é filtrada e passa por processos de cloração e fluoretação.
“Vocês sabiam que em alguns países
árabes quatro tambores de petróleo são trocados por um de água?”, pergunta José
Guevara, gerente de qualidade da Caesa e
guia do grupo de alunos. Ele fala sobre a
importância da conscientização de todos
para que o planeta não sofra com a falta
de água. E aproveita para dar uma boa
notícia: está sendo desenvolvida na Caesa,
em parceria com o governo da França, um
projeto-piloto de uma nova tecnologia para
a produção de água potável. “O gasto de
energia elétrica é menor, e em vez de pro-
TV E SCOLA
dutos químicos estão sendo usadas bactérias”, conta.
Da estação de tratamento o grupo vai
para o trapiche Elieser Levy, para onde o
transporte é feito em um bondinho que
desliza sobre trilhos, em uma passarela de
350 metros sobre o rio Amazonas. Chegase assim a uma varanda sobre as águas,
ponto ideal para admirar o rio que tem o
maior volume de água do mundo. “Olha a
pedra do Guindaste”, mostra Kelson Patrick Lopes Sá, 16 anos. Sobre a pedra, envolta em lendas, está uma imagem de São
José, padroeiro da cidade – segundo a crença local, se as águas cobrirem os pés do
santo, Macapá desaparecerá para sempre.
O trapiche é o ponto preferido de reunião
dos jovens, que são maioria na cidade –
pelo IBGE, 69,3% dos habitantes de Macapá têm até 30 anos.
PLANEJAMENTO E PRÁTICA
Quem entra na Escola Estadual Augusto Antunes, em Santana, a 23 quilômetros
de Macapá, se surpreende inicialmente com
a beleza dos jardins. Mas lá dentro é visível a presença da tecnologia: alunos e pro-
TV E SCOLA
A passarela avança
350 metros sobre o rio
Amazonas para
chegar ao trapiche
Elieser Levy,
ponto de encontro dos
jovens da capital.
fessores têm à sua disposição o laboratório de informática montado pelo ProInfo/
MEC, três telões, cinco televisões e cinco
vídeos. Com exceção dos equipamentos da
TV Escola, doados pelo MEC, tudo o mais
foi comprado com dinheiro arrecadado em
gincanas e outras pequenas promoções.
Além disso, houve uma complementação
de verba concedida pela Secretaria de Estado da Educação, que reconheceu a importância do trabalho realizado ali.
A escola, famosa por sediar o teleposto
do Salto para o Futuro/TV Escola, há muitos anos, é uma referência no uso de novas tecnologias em todo o estado. Os cursistas do Salto são incentivados a se tornar
multiplicadores, divulgando propostas educacionais inovadoras.
O coordenador do teleposto, Raimundo de Mendonça Gerônimo, comenta o
sucesso da série Visitas, passeios e excursões, que promoveu um interesse crescente
Enfim, o Amapá na revista
Tudo o que ela sempre quis foi ver o Amapá aqui, na revista. Teresa
Cristina Souza, gerente de tecnologia educacional da Secretaria de Educação do Amapá, adotou a TV Escola desde seu início. Ao participar
da elaboração do Plano de Ação da
Educação a Distância no estado, em
2000, mobilizou as escolas para que
incluíssem a TV Escola em seu projeto político-pedagógico. Determinada, lutou para que os professores da TV Escola recebessem o mesmo salário dos que estão em sala
de aula e para garantir a verba de
manutenção dos equipamentos.
23
pelas aulas fora do espaço da escola. Os
professores se animam a pedir orientação
para planejar suas atividades, e Raimundo dá várias dicas. Por exemplo: o professor deve conhecer o local antes dos
alunos e anotar tudo o que pode ser explorado de forma interdisciplinar. É importante envolver o maior número possível de pessoas da escola, despertar o interesse e torcer para que o planejamento
dê certo. E se não der? Raimundo responde: neste caso, entra em cena a habilidade do professor para fazer adaptações; por
isso mesmo, o planejamento deve ser flexível. Com a experiência de quem já lecionou em áreas de plantação de açaí, casas
de farinha, escolas ribeirinhas e cais do
porto, ele aconselha terminar as
aulas com atividades de lazer, para
unir e motivar o grupo.
SACACA: MUSEU DE CIÊNCIA E TRADIÇÃO
Uma das orientadoras do teleposto da
Escola Estadual Augusto Antunes, a professora Lourdes Estevam levou uma turma de cursistas do Salto para conhecer o
Museu Sacaca do Desenvolvimento Sustentável. De conceito inovador, o museu
“a céu aberto”, inaugurado em abril de
2002, alia o conhecimento científico ao
popular. Isso fica evidente até no nome,
que homenageia Sacaca, apelido de Raimundo dos Santos Souza (1926-1999), macapaense que curava as pessoas com “garrafadas” e ungüentos feitos com plantas
da floresta.
Os guias do museu, alunos da rede
pública que recebem bolsas de
estudo da Secretaria de Estado
da Educação, mostraram os
principais pontos do Sacaca ao
EXPERIÊNCIAS
Videotecas que
são um luxo
Estantes construídas com a boa madeira da terra, fitas organizadas, livros que
registram o acervo e os empréstimos, com
aquela letra bonita que só os professores
têm, são assim as videotecas visitadas pela
reportagem da revista TV ESCOLA em Macapá e Santana.
“Para chegar a ter a estrutura
de hoje lutamos muito”, conta Raimundo de Mendonça Gerônimo, da escola Augusto Antunes, em Santana. A videoteca começou numa sala apertada com cadeiras quebradas.
O sucesso do Salto contribuiu
para que a TV Escola fosse
olhada com bons olhos pelos
professores. Raimundo e sua
equipe foram à luta para conseguir uma sala maior e mais equipamentos.
A videoteca da escola Professora Elizabeth Picanço Esteves, em Santana, hoje com 935 fitas,
cresceu sob a orientação da professora Eliana Silva dos Santos. Muito antes do lançamento do Guia
de programas da TV Escola, ela já fazia a sinopse
dos vídeos para incentivar os professores a trabalhar com a televisão. Agora, dezoito professores já
24
Exemplos de
persistência e
dedicação às
videotecas de suas
escolas: Raimundo
(acima) e Eliana (no
alto), em Santana;
Francisca, Josefina e
Vasty, em Macapá.
fizeram o curso TV na Escola e os desafios de hoje, e o interesse se espalhou ainda mais.
Na escola Castelo Branco, em Macapá, a videoteca com grandes estantes de
madeira ganhou um espaço anexo para a
exibição de vídeos. “Quando assumi a coordenação da videoteca, muitos achavam
que minha função era só tomar conta dos
equipamentos para que não fossem roubados”, lembra Francisca Góes da Silva. Junto com
as outras videotecárias, Josefina Almeida e Vasty
Leite, Francisca se dedicou a conscientizar o professorado para desenvolver projetos com a programação. Hoje a videoteca é conhecida como uma
porta que nunca se fecha na escola. O motivo é a
grande procura por vídeos pelos professores dos
três turnos.
TV E SCOLA
No museu Sacaca, em Macapá, cursistas do Salto
passeiam por trilhas e pontes, conhecem o “regatão”
e o viveiro de plantas medicinais.
TV E SCOLA
25
Na escola Professora
Elizabeth Picanço
Esteves, em Santana,
os alunos de Arte
criaram mosaicos
com motivos da
cultura local...
daços de rede no interior das bolas feitas
com o látex da borracha, para aumentar
o volume.
Os tempos mudaram. Se antes os castanheiros do sul do estado trocavam vários
litros de castanha por uma lata de leite em
pó, hoje eles compram os produtos de que
necessitam. Organizados em cooperativas,
os castanheiros e os outros moradores da
floresta experimentam uma nova relação
de trabalho, graças ao Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá
(PDSA), implantado em 1995.
Augusto Oliveira, presidente do museu,
comenta que a instituição traduz bem o conceito de desenvolvimento sustentável. Tudo
ali é concebido para os visitantes perceberem que é preciso harmonizar o social e o
ambiental no aproveitamento dos recursos
naturais. Nesse sentido, o conhecimento de
índios, negros e caboclos em relação à natureza deve ser reconhecido, valorizado e
absorvido pela pesquisa científica.
Ao fim da visita, os cursistas do Salto
refletiram sobre seu compromisso
de multiplicar o aprendizado e
já planejavam levar seus alunos
para conhecer o museu.
EXPERIÊNCIAS
grupo – alunos do magistério, professores e orientadores educacionais. A história, a cultura e as belezas naturais do
Amapá estão ali representadas num projeto museológico ousado e atraente. Basta
seguir as trilhas e pontes, em meio à vegetação amazônica, para chegar, por
exemplo, ao viveiro de plantas medicinais com uma escultura de Sacaca, a uma
casa típica dos castanheiros, a uma moradia dos ribeirinhos, ou à maloca dos
índios Waiãpi.
O que mais fascinou o grupo foi entrar na réplica de uma embarcação do
início do século, um “regatão”. A guia
do museu, Fernanda da Silva, de 19 anos,
explica que antigamente esse barco entrava em rios e igarapés levando fumo
de rolo, alimentos, tecidos, perfumes e
calçados, que eram vendidos ou trocados por farinha, borracha e castanha fornecidos pelos moradores da floresta. Essas transações eram expressas em um dito
popular: “Diabo compra, diabo vende”–
pois com freqüência, enquanto os donos
de regatões alteravam os pesos da balança para enganar os fregueses, alguns seringueiros misturavam pe-
26
TV E SCOLA
NOVOS ARTISTAS
Tudo começou com vídeos da TV Escola. Sônia Malheiros, professora de Arte
da Escola Estadual Professora Elizabeth
Picanço Esteves, em Santana, trabalhou
com os programas da série de História
“A tradição ocidental” com alunos dos ensinos fundamental e médio. Em 40 programas, a série documenta a história do
Ocidente, desde seus primórdios, sob os
pontos de vista social, político, econômico e cultural. A professora conseguiu
despertar a curiosidade, o interesse e a
reflexão dos alunos, e assim começou a
criação de trabalhos de arte. A exposição realizada com as produções dos alunos do ensino fundamental e do médio
impressionou pela qualidade e atraiu a
atenção da comunidade.
Os alunos exploraram técnicas variadas, conheceram diferentes manifestações
artísticas, estudaram história da arte e estabeleceram relações com o patrimônio
cultural brasileiro. Mosaicos, papel machê,
aquarela, cerâmica, desenhos… Com tintas à base de pigmentos naturais (beterraba, café, tijolo), uma turma recriou pinturas rupestres. A civilização egípcia inspirou alguns estudantes do ensino médio
para uma releitura dos hieróglifos e para
TV E SCOLA
... e se inspiraram
na mitologia grega
para fazer máscaras
e esculturas em
papel machê.
a análise da arte dos povos indígenas. Os deuses gregos mexeram
com o imaginário dos
jovens, que criaram
máscaras e pequenas
esculturas de papel machê. Outros descobriram a arte do mosaico
no Império Bizantino e
se empenharam em
produzir sua própria
arte: com papel colorido e com vidro reproduziram, em mosaicos,
cenas do Rio Amazonas,
a imagem de São José,
padroeiro de Macapá, o
mapa do Amapá…
O teatro também teve
vez. Os alunos da professora Sônia encenaram lendas locais, como a da Loura da Fábrica de Arroz.
Trata-se da história de uma
moça assassinada cujo fantasma persegue os
moradores da cidade. Sucesso garantido: no
pátio da escola, a platéia aplaude, ri e grita de
medo. A dança entra em cena, ao som de
ritmos locais – que refletem influências caribenhas e colombianas. A própria professora
entra na dança, dando exemplo da importância da espontaneidade e da desinibição no
processo criativo.
Os alunos se animam ao comentar as
aulas dessa professora apaixonada pelo ofício, dizendo que com ela aprendem de
tudo – Arte, História, Geografia… “Cada
aula é uma surpresa. Muitas vezes ela chega com uma mala cheia de livros e fotografias de obras de arte que viu numa viagem à Europa”, conta Richard Furtado de
Souza, 16 anos.
Escola Estadual Marechal Castelo Branco
Avenida Clodóvio Coelho, 145 – Bairro do Trem
Macapá/AP – 68902–050
Tel.: (96) 212-5253
Escola Estadual Augusto Antunes
Rua Comandante Salvador Diniz, 1.636 –
Bairro Nova Brasília
Santana/AP – 68925-000
Tel.: (96) 281-5654
Escola Estadual Professora Elizabeth Picanço Esteves
Av. das Nações, 678 – Bairro Hospitalidade
Santana /AP 68925-000
Tel.: (96) 281-3004
27
QUE LUGAR É ESSE
DISPUTA PELA TERRA
A área que hoje pertence ao estado do
Amapá (142.815 quilômetros quadrados)
foi objeto de muita disputa, desde o início da colonização. Eram permanentes as
incursões de ingleses, holandeses e franceses – estes, que se instalaram na atual
Guiana Francesa, foram os mais persistentes. Somente em 1900, graças a negociações feitas pelo barão do Rio Branco,
a região foi de fato incorporada ao estado
do Pará, com o nome de Araguari. A partir de 1943 foi constituído o Território Federal do Amapá, que em 1988 ganhou
status de estado. Segundo o IBGE, a população é de 477.032 habitantes.
EXPERIÊNCIAS
NO EXTREMO NORTE DO BRASIL
O rio Oiapoque é o limite que separa
o Amapá, ao norte, do Suriname e da
Guiana Francesa. O estuário do rio Amazonas banha as terras a leste, com suas
inúmeras ilhas, até desaguar no oceano
Atlântico; e o rio Jari delineia a fronteira
com o Pará. Apenas 1% da
área desse estado cercado
pelas águas foi desmatada,
e a biodiversidade se mantém praticamente intacta. O
Programa de Desenvolvimento Sustentado do Amapá (PDSA), reconhecido no
exterior, foi inspirado na
Agenda 21, documento elaborado durante a Conferência Eco-92 (2a Conferência
das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento), realizada no Rio de Janeiro, em 1992.
Ao som de tambor feito
com couro de cobra,
Maria Umbelina, Maria
da Silva e Josefa
mostram os passos do
marabaixo, dança que
mistura o sagrado e o
profano. Abaixo, a
Fortaleza de São José,
construída em 1771.
sideram que o nome “marabaixo” tem a
ver com a vinda de negros da África para
o Brasil – mar abaixo.
AS PARTEIRAS DA SAÚDE
O Amapá apresenta o menor índice de
cesarianas do país. Há no estado cerca de
600 parteiras, cujo trabalho é reconhecido
pelo governo. Elas são consideradas agentes
comunitárias de saúde e recebem capacitação para orientar as mães sobre prevenção
de aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, sobre amamentação e vacinação dos bebês.
SÃO JOSÉ DO MACAPÁ
O povoado que originou a capital surgiu no século 17, na luta
dos portugueses para expulsar
os ingleses. Em 1771 foi cons-
MARABAIXO
Misturando o sagrado e o profano,
esse ritual de origem africana homenageia o Divino Espírito Santo e a Santíssima Trindade. Com galho de murta na orelha, saia florida, colares e bata branca, as
mulheres dançam ao som de tambores
feitos com couro de cobra. Alguns con-
28
TV E SCOLA
truída a fortaleza São José do
Macapá, sobre um fortim anterior, e promovida a vinda
de colonos açorianos e marroquinos para ocupar o território e afastar os invasores.
A fortaleza é hoje uma das
mais belas construções do
gênero no país. Tem a forma de uma estrela, com quatro baluartes nos vértices de
um quadrado.
NA LINHA DO EQUADOR
A posição de Macapá,
sobre a linha do equador,
é partilhada pelas cidades
de Pontianak na Indonésia, Coquilhaville no Congo, Entebes em Uganda e
Quito, no Equador. Segundo o IBGE, a área de Macapá é de 6.407 quilômetros quadrados e a população é de 283.308 de habitantes.
CAMARÃO NO BAFO
O camarão pescado no rio Amazonas é
cozido no vapor e servido com sal e limão
nos muitos bares e restaurantes da orla de
Macapá. Outro prato regional é a mujica
(ou mojica), uma espécie de caldo feito
com camarão e farinha de mandioca.
Em outros tempos,
o porto de Santana
serviu à exportação
de manganês.
O camarão pescado no
rio e cozido no vapor
é um dos pratos típicos.
PORTO PARA O MANGANÊS
O município de Santana fica na margem
esquerda do rio Amazonas, a 23 quilôme-
TV E SCOLA
A partir do rio, um trecho
da paisagem da cidade.
tros de Macapá. Segundo o IBGE, ali vivem 80.439 habitantes, em uma área de
1.599 quilômetros quadrados. O porto foi
construído no final da
década de 50, para escoar o manganês extraído na Serra do Navio.
Com o fim da exploração, foram-se as empresas exportadoras e
ficaram muitos migrantes, principalmente do
Pará e do Maranhão.
Tal como Macapá, Santana também é uma
área de livre comércio.
29
EXPERIÊNCIAS
ESCOLA
Enquanto estudam e
aprendem, os alunos da
escola Walter Franco, em
Estância, Sergipe, se
divertem e se preparam para
a vida cidadã.
Reportagem:
Fotos:
Rosangela Guerra
Sérgio Falci
Aulas à sombra de mangueiras e jaqueiras, passeios de bicicleta, uma nova camiseta de uniforme, rock no pátio, vídeos e
programas de rádio. “Nossa escola tem tudo
isso e é muito divertida”, diz Priscila Lidiane da Silva, 18 anos, aluna do 3º ano do
Ensino Médio da Escola Estadual Senador
Walter Franco em Estância, Sergipe.
Cheia de atrativos para crianças e jovens,
a escola Walter Franco tem 1.520 alunos,
do 3º ano do Ensino Fundamental ao 3º
do Ensino Médio, e sua qualidade a tornou famosa na cidade. Só no ano passado
faturou dois prêmios. Ganhou o quarto
lugar, em nível estadual, do prêmio “Gestão Escolar”, iniciativa conjunta do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de
Educação (Consed) com a União Nacional
dos Dirigentes Municipais de Educação
(Undime), a Unesco e a Fundação Roberto Marinho. E também recebeu o prêmio
“De Escola para Escola”, concedido pela
Secretaria de Educação Média e Tecnológica (Semtec/MEC), pela criação da Rádio
WF (Walter Franco).
Aos sábados, os professores costumam
se reunir para discutir novos projetos interdisciplinares, recorrendo sempre ao acervo
da TV Escola. Nos corredores, o registro dos
inúmeros trabalhos desenvolvidos é moti-
30
DE BEM
O grupo de ciclistas,
da turma da professora
Edileusa, visita o Porto
D’Areia, às margens do
rio Piauí.
vo de orgulho para os alunos, protagonistas de muitas ações. Nas fotos exibidas nos
painéis, eles aparecem, por exemplo, na feira
e no supermercado, fazendo pesquisas sobre alimentos transgênicos, ou no laboratório, preparando produtos de higiene.
“Aqui na escola todos reivindicam”, diz
a diretora Maria Angélica Santos Costa. Os
professores querem condições para desenvolver os projetos, os alunos são críticos e é
TV E SCOLA
COM A VIDA
por isso, segundo Angélica, que o trabalho cresce. “Já conseguimos muitas coisas,
mas faltam outras. Uma delas é investir mais
no relacionamento com a comunidade”, reconhece a diretora. Professores e alunos
se preparam agora para uma grande feira
na rua da escola, onde tanto a comunidade como os alunos vão mostrar e vender o
que sabem fazer. “Com o vídeo Sementes,
palitos, latas e infláveis”, conta a professo-
TV E SCOLA
ra Luciana Alves de Jesus, “eles aprenderam a fazer porta-lápis, caixinhas, quadros,
porta-retratos.” E já fazem planos para gastar o dinheiro que será arrecadado na feira:
investir em computadores para a escola.
RÁDIO NO RECREIO
A Rádio WF, transmitida apenas no interior da escola, entra no ar na hora do
recreio. No estúdio, Priscila Lidiane da Sil-
31
EXPERIÊNCIAS
va, 18 anos, aluna do Ensino Médio, segura o microfone e solta o verbo: “Alô,
galera.Vamos estimular nossos professores
a trabalhar com poesia em sala de aula…”.
Michele Costa, 15 anos, também do Ensino Médio, entrevista os colegas no pátio:
“O que é preciso para melhorar nossa cidade?”. As opiniões variam: segurança,
poluição, saúde… Para encerrar, a repórter da Rádio WF anuncia que autoridades
municipais responderão a perguntas dos
alunos nos próximos programas.
A Rádio WF nasceu de uma idéia da
professora de Arte, Andréia Oliveira San-
As bicicletas
descansam, em uma
pausa para o grupo
discutir o que está
aprendendo nas
andanças pela cidade.
tos, que explica: “Eu procurava
uma forma de criar um elo entre
os diversos projetos desenvolvidos e queria também mobilizar a
escola através da comunicação”.
Para levar adiante o projeto, ela
foi de sala em sala, recolhendo
pequenas doações e pedindo o
empréstimo de equipamentos,
como microfones e caixas de
som, por exemplo.
A idéia da criação da rádio
caiu no agrado geral. Pouco a
pouco o que parecia ser um sonho foi se tornando realidade. O
radialista e ex-aluno da escola,
Edvaldo Batista Santos, se prontificou a trabalhar como voluntário. A salinha ao lado da videoteca foi transformada em estúdio.
Em 2001, a rádio começou a funcionar precariamente, mas não
faltou quem valorizasse a iniciativa. No ano passado, os 5 mil reais recebidos como prêmio no concurso “De Escola
para a Escola”, promovido pela Semtec/
MEC, foi uma espécie de injeção de ânimo. Tornou possível investir em equipamentos, contribuindo para que o projeto
decolasse.
Além das músicas preferidas pelos jovens, a programação inclui comentários
sobre vídeos da TV Escola (especialmente
aqueles sobre Ética), divulgação de projetos pedagógicos e reportagens. Para as
últimas eleições presidenciais foi feita
uma programação especial. Os eleitores
Rádio WF em ação. À
esquerda, o voluntário
Edvaldo Batista Santos
no estúdio. Acima, Michele
Costa entrevista colegas.
32
TV E SCOLA
que foram à escola para votar ouviram
um programa sobre a história das eleições no Brasil, com vinhetas sobre a
importância do voto.
O sonho de professores e alunos é que
a WF se torne uma rádio comunitária, que
possa ser ouvida fora do espaço da escola.
ESTUDO E PRAZER
“Tomar uma fresca” é uma expressão
comum em Estância, onde a temperatura é
elevada durante boa parte do ano. Por que
se limitar à sala de aula, se lá fora há a
sombra de árvores frondosas? A professora Edileusa do Nascimento com freqüência dá suas aulas de Sociedade e Cultura
ao ar livre. Os alunos carregam cadeiras
da sala de aula e vão se sentar em roda ao
pé da jaqueira, na parte de trás da escola –
um verdadeiro quintal com palmeiras, coqueiros e árvores frutíferas do Nordeste.
“O que é liberdade para vocês?”, pergunta
a professora Leleu, como é chamada. Desinibidos, os alunos da 7ª série filosofam
sobre o tema “liberdade” e entram depois
na discussão sobre sistemas de governo.
Pouco antes de terminar a aula, uma boa
notícia: “Amanhã vamos fazer um passeio
ciclístico pela cidade”, avisa Leleu.
TV E SCOLA
Aulas ao ar livre.
A professora Leleu
discute temas de
Sociedade e Cultura
à sombra da jaqueira.
A professora de
Religião, por sua vez,
reúne seus alunos
sob um frondoso
flamboyant.
No dia seguinte, antes mesmo de tocar
o sinal para o início das aulas, os alunos
estão a postos, no portão da escola – cada
um com sua bicicleta, garrafinha de água e
protetor solar. Óculos da moda, bonés,
chapéus e mochilas coloridas compõem o
visual jovem dessa turma que pedala pelas
ruas de Estância. Alegrando a cidade, a cada
curva gritam “Uh-uh!!!”, atraindo a atenção
dos moradores.
Depois de uma parada no centro histórico, para observar os casarões azulejados,
33
que marcam a influência portuguesa, o
cortejo de ciclistas segue em frente, rumo
ao Porto d’Areia, às margens do rio Piauí.
Em meados do século 18, por ali se escoava a produção dos engenhos de açúcar e a
farinha de mandioca que seguiam para
Bahia e Pernambuco. Estância cresceu
como um dos maiores centros açucareiros
do sul de Sergipe.
Sentados na grama, às margens do rio
Piauí, os alunos ouvem, atentos, a história
da cidade contada pela professora. Observam o rio, percebem que a mata ciliar está
escassa e se dão conta de que hoje o assoreamento impossibilita a chegada de qualquer navio.
Além dos passeios ciclísticos, Leleu
costuma organizar viagens para conhecer cidades históricas sergipanas, como
Laranjeiras e São Cristóvão. Para despertar o interesse sobre a cultura regional,
ela trabalha com vídeos sobre Pluralidade Cultural – por exemplo, Ciclo natalino e Carnaval: maracatus e caboclinhos. E orienta entrevistas com antigos moradores, para pesquisar as tradi-
EXPERIÊNCIAS
ARTE E TRADIÇÃO
A professora de Arte, Andréia Oliveira
Santos, cresceu em Estância ouvindo o canto das lavadeiras que trabalhavam à beira
do Piauitinga, principal afluente do rio
Piauí. Para os moradores, o rio era lugar
de trabalho, de lazer e também de higiene
pessoal. Havia “bacias” de homens, de
mulheres e também de crianças. As bacias
eram os locais do rio onde as pessoas tomavam banho.
Com o tempo, tudo mudou. Poluído
principalmente pelas fábricas de suco de
laranja instaladas na cidade, o Piauitinga
já não é tão belo. Em época de produção
mais intensa de suco, um forte cheiro de
laranja exala das águas. Peixes e camarões, que não resistem aos dejetos das
fábricas, passam boiando rio abaixo. Hoje,
“Alô, galera”
galera”. O som da
rádio WF se espalha
pelo pátio da escola,
durante o recreio.
Flagrantes
da escola
Antena digital
digital. A diretora Maria Angélica Santos Costa recebe da Secretaria
de Educação a Distância (Seed/MEC) a
antena parabólica
digital, que vai melhorar a recepção do
sinal da TV Escola.
34
ções locais, como o Reisado, a Chegança e a Batucada. O resultado desse trabalho foi mostrado no Festival de Cultura e Arte – realização da escola Walter
Franco, que já faz parte do calendário
de eventos da cidade.
Rock no pátio
pátio. Nos finais de semana, a banda Épicus, formada por alunos e ex-alunos, ensaia rock no pátio.
TV E SCOLA
bem poucas lavadeiras dão o ar de sua
graça, trabalhando e cantando pelas manhãs – mas ainda cantam, tal como cantavam suas mães e avós.
Andréia propôs aos alunos ouvir as histórias contadas pelas lavadeiras do Piauitinga e gravar as cantigas de beira-rio. “A
nossa idéia é fazer um CD”, diz a professora, idealizadora de vários projetos desen-
Alunos exibem
máscaras de papel
machê feitas por eles,
recriando a tradição do
Carnaval da cidade.
volvidos na escola. Ela conta que usa o
acervo da TV Escola para sua própria capacitação e que os alunos assistem não
apenas aos vídeos de Arte, mas também
aos de Pluralidade Cultural, Ética e Meio
Ambiente, entre outros.
As tradições culturais da cidade são a
referência para muitos trabalhos de Arte.
Por exemplo: os alunos recriaram, com
papel machê, as máscaras usadas no carnaval de Estância. Andréia realizou também um projeto sobre a rua Capitão Salomão, uma das mais tradicionais da cidade.
A turma do 2º ano do Ensino Médio do
noturno pesquisou fotos antigas da rua,
analisando as modificações ao longo tempo. Além dos casarões com azulejos portugueses, ficavam nessa rua a primeira biblioteca da cidade, o Clube Republicano,
e o Cinema São João. “Hoje não temos cinema na cidade”, lamenta a aluna Maria
Guadalupe de Jesus, 33 anos.
A partir das fotografias, os alunos reconstituíram a rua Capitão Salomão do século 19, e construíram uma maquete. Com
criatividade, foram encontrando soluções
Ler com prazer
prazer.. O
incentivo à leitura faz
parte do cotidiano da
escola, desde as
primeiras séries.
Teatrinho para TV Escola
Escola. A professora responsável
pela TV Escola, Maria Letícia de Jesus, recorre ao teatro de fantoches para divulgar os vídeos do acervo da
videoteca.
V oluntários ecológicos
gicos. Eles cuidam
dos jardins da escola e conferem a coleta seletiva do lixo,
aplicando o que
aprenderam com vídeos da TV Escola (O
lixo é luxo, série Educação Ambiental, entre outros).
TV E SCOLA
35
inovadoras para cada etapa do trabalho.
Por exemplo, para reproduzir os azulejos
portugueses, fizeram fotos dos casarões da
Capitão Salomão, e escanearam e imprimiram as imagens em tamanho adequado
para revestir os sobrados da maquete.
“Para falar a verdade eu não valorizava
nosso patrimônio histórico. As aulas de Arte
mudaram meu olhar”, diz a aluna Geovânia Pereira, 31 anos. Mas a alegria da turma foi ver a reação das pessoas mais velhas da cidade diante da maquete exposta
O estudo da rua Capitão
Salomão, uma das mais
tradicionais da cidade,
rendeu muitos trabalhos.
A maquete reproduz até
os azulejos das
fachadas.
Alunos entrevistam as
lavadeiras do rio
Piauitinga e gravam suas
histórias e cantigas: “a
idéia é fazer um CD”.
na Feira de Arte e Cultura
da escola. “Foi como se eles
tivessem entrado no túnel do
tempo”, diz Andréia. Os antigos moradores começaram
a contar histórias da rua Capitão Salomão. Muitos se
lembravam das sessões de
cinema que, quase sempre,
começavam atrasadas porque era preciso esperar a
chegada dos rolos de filme,
que vinham de Salvador.
Orgulhosos, os estudantes
doaram a maquete para o
Memorial de Estância, onde
a obra poderá ser admirada
por moradores e turistas.
ALUNOS EMPREENDEDORES
EXPERIÊNCIAS
Os alunos do 1º ano do
Ensino Médio noturno se interessaram por realizar uma
atividade prática que abrisse
caminho para um projeto de
geração de renda. A professora de Matemática, Bernadete de Oliveira Santos, investiu
na idéia: propôs que fizessem
materiais de limpeza, como
detergente, desinfetante, água
sanitária e amaciante de roupas. Depois de calcular custos e benefícios, os alunos
procuraram a direção da escola para solicitar a compra
dos materiais necessários para
o empreendimento. Enquanto nas aulas de Matemática faziam cálculos e construíam
tabelas e gráficos, planejando
36
TV E SCOLA
a produção, nas aulas de Química da professora Márcia Beatriz Reis estudaram as reações químicas envolvidas na preparação de
produtos de limpeza. As garrafas pet recolhidas no lixo da escola foram sendo reservadas para acondicionar os produtos.
Mas que nome dariam à marca? Chegou a vez de a professora de Língua Portuguesa, Jairlene Dias, intervir. Ela apostou na criatividade da turma: sugeriu que
escolhessem um nome, uma marca, além
de produzir pequenos textos para o rótulo e slogans para a publicidade. Os
produtos ganharam a marca WF, e logo
acharam um comprador certo: a própria
escola. “Estamos fazendo uma economia
de cerca de 50 por cento com a compra
de material de limpeza”, diz a diretora.
Com o dinheiro ganho, além de investir
no próprio empreendimento, os alunos
pretendem comprar ventiladores para a
escola e quadros brancos, para substituir as antigas lousas verdes.
Para Bernadete, professora de Matemática, projetos como esse ajudam a superar
o sentimento de falta de perspectiva para
os jovens, diante da dificuldade de conseguir espaço no mercado de trabalho. Além
Voluntários bem
dispostos. Edvaldo
Oliveira, do Ensino
Médio noturno, instala
um bebedouro. Maria da
Conceição dos Santos,
mãe de dois alunos, faz
o que for preciso.
disso, desenvolvem atitudes solidárias e
cooperativas, que contribuem para valorizar a cidadania.
CONTRIBUIÇÕES SEMPRE BEM-VINDAS
Na escola Walter Franco há sempre alguém dando sua contribuição, participando com aquilo que sabe e gosta de fazer.
Para o sucesso da Rádio WF, por exemplo,
é importante a atuação do ex-aluno Edval-
O palhaço Pipoquinha e
o Grupo Arco-Íris
animam as festas.
TV E SCOLA
37
EXPERIÊNCIAS
QUE LUGAR
É ESSE
do Batista, que aproveita sua experiência
como radialista para orientar professores e
alunos em relação ao uso de equipamentos e à criação de programas.
Quem anima as festas da escola, no
papel do palhaço Pipoquinha, é o ex-aluno João Batista Basílio, que já participou
do Conselho Tutelar da Infância e da Adolescência. Agora, ali na Walter Franco, criou
o conjunto Arco-Íris, formado por alunas
que dançam e cantam músicas que falam
de alegria, esperança e prazer de viver. A
turma do Pipoquinha tem até CD, gravado
no estúdio da Rádio WF: Sorria sempre.
Maria da Conceição dos Santos, mãe de
dois alunos, dedica suas tardes ao trabalho
voluntário, servindo a merenda ou fazendo
o que for preciso. “Meus filhos ficam orgulhosos de me ver aqui e eu me sinto bem
ajudando a escola”, diz. Enquanto ela varre
o pátio, Edvaldo Oliveira, 19 anos, instala
um bebedouro. Aluno do 3º ano do Ensino
Médio noturno, ele está sempre disponível
para atender aos pedidos da direção.
O laboratório de Química da Walter
Franco virou outro desde que Givanildo
de Jesus Hora, 19 anos, do 3º ano do Ensino Médio, assumiu a responsabilidade de
organizar os recipientes e os reagentes. “A
gente não sabe se ele adotou a escola ou
se foi adotado por ela”, brinca a diretora,
Angélica.
Resultado de um
projeto
interdisciplinar, os
produtos WF de
limpeza são fabricados
e utilizados na escola.
À BEIRA DO RIO
Antigas construções,
como a vila operária e
o Paço Municipal,
documentam a história
da cidade.
A cidade de Estância fica no sudeste
do estado de Sergipe, a 69 km da capital, Aracaju. A área é de 649,6 km2; a
população, de 58.836 habitantes. Um
passeio de barco pelo rio Piauí revela a
riqueza dos manguezais, povoados por
aratus, caranguejos, guaiamuns, peixes,
camarões e mariscos.
Escola Estadual Walter Franco
Avenida Raimundo Silveira, 1.440 – Bairro Alagoas
Estância/SE – 49200–000
Tel.: (79) 522-5620
38
TV E SCOLA
copilador Sergipano. Os estancianos também contam, orgulhosos, que o imperador Pedro II, em visita à cidade, chamoua de “Jardim de Sergipe”. As ruas e becos têm nomes curiosos, cada um com
sua história: Beco Coberto, Beco da Galinha Morta, Rua da Tripa, do Sangue,
do Galo Assanhado, Arrepiada, do Penico, da Perna Aberta… A rua da zona
boêmia é chamada de ABC, pois ali os
homens se iniciam na vida sexual…
SANTA MEXICANA
A história da cidade principia em 1621,
com o mexicano Pedro Homem da Costa,
que se entusiasmou com a qualidade dos
pastos e começou a criar gado. Mandou
erguer uma capela em louvor de Nossa
Senhora de Guadalupe, protetora do México, que assim se tornou também padroeira de Estância.
Na Casa de Cultura
Maria Judite Melo são
exibidos instrumentos
musicais e bonecos
com roupas típicas das
famosas festas
juninas, que ganham
mais brilho no dia da
comemoração, quando
o barco dispara com os
fogos acesos.
ENGENHOS E FÁBRICAS
No século 19, Estância chegou a ser o
maior centro açucareiro de Sergipe e abrigou muitas fábricas de tecidos. A principal foi a Fábrica Santa Cruz, hoje desativada, mas da qual se preservou o conjunto arquitetônico da vila operária, construído em 1891.
TRADIÇÃO E CURIOSIDADES
Foi em Estância que se publicou, em
1832, o primeiro jornal do estado – o Re-
A doceira Eulina
Bonfim e seus
quitutes.
BARCO DE FOGO
Estância faz a melhor festa de São
João do estado de Sergipe. De 31 de
maio a 30 de junho, ruas e praças se
enchem de gente. Há danças da batucada e do pisa-pólvora, corrida de jegue,
casamento caipira, concursos de quadrilhas e da rainha do São João. Os fogueteiros preparam os busca-pés e o barco
de fogo, a maior atração da festa – um
pequeno barco enfeitado
com papel de seda, cheio de
fogos, dispara sobre um cabo
de aço estirado na rua, levando a multidão ao delírio.
DOCES E LICORES
Doces e licores de frutas
são tradicionais. Entre os doces mais famosos estão o de
araçá e o dedinho de jenipapo, típico das festas juninas. Os bolos de puba, leite
e aipim, assim como o manauê (espécie de bolo de
milho), são vendidos nas padarias da cidade.
TV E SCOLA
39
Rosely Sayão
VIOLÊNCIA: UMA
Na revista nº 28, convidamos nossos leitores
a formular perguntas para entrevistar
a professora Rosely Sayão acerca do tema
“relacionamento entre escola e família”.
Entre as questões recebidas, sobressaiu uma outra
preocupação dos professores: a violência na escola.
Neste artigo, a professora Rosely dá as respostas.
A violência que atinge hoje a escola
pode ser enfrentada pela própria escola,
em parceria com a família, ou trata-se de
uma questão social mais ampla?
A violência na escola é um problema muito
sério que exige medidas urgentes: onde
está sua origem e o que pode ser feito para
dissipá-la?
Como trabalhar com problemas de
desajuste familiar que tornam o aluno
agressivo e violento na escola?
Estas questões formuladas por alguns
professores expressam justificadamente uma
grande preocupação e também a sensação de
impotência diante da questão da violência na
escola. A escola foi invadida por ela e os
professores vêem-se a si próprios e a muitos de
seus alunos como vítimas. Não raro, a maioria tem
medo – e com razão, em muitos casos – de
freqüentar o espaço escolar em determinados
horários ou regiões, enfrentar algumas classes ou
simplesmente exercer a autoridade que o papel de
professor exige, receando represálias.
Claro que a violência no espaço escolar – que
em geral nem se compara à que observamos e
sofremos no espaço social mais amplo – é um fato
complexo, alimentado por um conjunto de fatores
que uma única disciplina não dá conta de
40
compreender e problematizar. Mas isso não
impede que os educadores reflitam sobre o tema,
e percebam que não são apenas vítimas dessa
violência, mas também agentes dela. Assim,
sempre que se fala da violência na escola é bom
também considerar a violência da escola.
Vítimas, sim, mas do preconceito
É sempre muito mais fácil conseguir enxergar
o que o outro faz, não é verdade? Durante a
guerra de Estados Unidos e Inglaterra contra o
Iraque, foram inúmeros os protestos em nome da
paz, em todo o mundo. Aqui no Brasil, pudemos
observar nas passeatas a presença de muitos
adolescentes e jovens. Eles estavam lá, bradando
contra a violência, mas não se dão conta de que,
no dia-a-dia, também praticam pequenas
violências: no trânsito, na escola, na relação com
os pais, no espaço público, na interação com os
colegas, por exemplo.
De maneira similar, os professores, tão logo o
assunto violência é colocado em pauta, se
apressam em atribuí-la à indisciplina dos alunos,
às drogas, aos chamados “maus elementos”, à
família etc., mas no exercício de seu trabalho
também praticam um tipo de violência
inconsciente e dissimulada. Por exemplo: o
julgamento que com freqüência fazem das
famílias de seus alunos.
“A maioria de nossos alunos vem de famílias
desestruturadas: pais separados, irmãos de pais
TV E SCOLA
VIA DE MÃO DUPLA
O papel da escola
Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que o
espaço escolar é o local privilegiado para a
discussão da violência, que pode ser abordada
como tema transversal, ou seja, trabalhando em
todas as áreas do conhecimento – Língua
TV E SCOLA
Portuguesa, História, Geografia etc. Cada
professor terá sua contribuição a dar.
Em segundo, a escola também pode – e deve –
oferecer a chance para que seus alunos
expressem sua própria visão a respeito da
violência, tanto a que sofrem quanto a que
observam. As atividades artísticas e culturais, por
exemplo, permitem isso de modo particularmente
eficiente. Ao refletir sobre isso e trabalhar com o
tema, o aluno pode compreender melhor o que se
passa com ele e com o outro.
É importante evitar que a escola – que não é
uma entidade abstrata, mas sim uma instituição
integrada por todos seus participantes – tente
encobrir os conflitos inerentes ao papel que exerce,
ou moralizar situações que exigem ouvidos atentos
e compreensão.
Agindo assim, enfrentar de modo ativo a
violência que impede e/ou prejudica o trabalho
dos educadores do espaço escolar passa a ser
encarado como um desafio, e não como mais um
lamento a se somar a tantas outras vicissitudes
às quais o trabalho em educação está tão
vinculado no Brasil.
Claro, a questão da violência na escola não
pode ser vista apenas sob esse prisma; há
inúmeros outros aspectos que merecem ser
abordados. Mas o que proponho é um jeito
diferente de pensar o assunto: localizar o ponto de
partida para qualquer atitude ou reflexão no interior
da escola, e não fora dela. Esta, para a escola, é
uma possibilidade de atuação efetiva.
Rosely Sayão
Sayão, psicóloga e professora, dá
consultoria a escolas, pais e professores a
respeito da educação de crianças e adolescentes.
[email protected]
○○○○○
diferentes, crianças criadas apenas pelos avós,
pais desconhecidos ou ignorados etc. Como
trabalhar com esses alunos?”. Esta pergunta, de
um professor de escola pública (é bom lembrar que
o quadro não é muito diferente na rede privada)
guarda em si uma denúncia: a de que numerosas
famílias não apresentam condições mínimas para
educar os filhos que têm. Mas o que dificilmente
percebemos é que, mais do que denunciar, ao
elaborar esse tipo de pensamento fazemos uma
avaliação negativa do modo de viver e de educar
os filhos dessas famílias.
Acontece que a opinião dos professores a
respeito dos pais e da família de seus alunos não
fica guardada a sete chaves nem é neutra: ela
transparece na interação professor-aluno. Isso
significa que os alunos percebem de fato que seus
professores são “contra” os pais. Esse já é um
motivo forte do confronto que acontece no espaço
escolar e que não tem saída nem solução, a
menos que haja uma mudança de atitude.
Esse julgamento moral que os professores fazem
a respeito das famílias de seus alunos apresenta
ainda outra conseqüência, esta sim direta e
claramente vinculada ao ofício do professor: a de
que seus alunos chegam à escola sem as
condições necessárias para uma boa
aprendizagem. Ora, tal pressuposto praticamente
neutraliza qualquer incentivo na busca de uma
solução, por parte dos professores, para as
dificuldades encontradas na prática de seu trabalho.
Além do mais, a idéia de que os alunos vivem
em um ambiente familiar desestruturado e,
portanto, violento – não vamos restringir o conceito
de violência apenas ao seu sentido físico – faz com
que a escola deduza que, para a criança e para o
adolescente, a convivência com a violência é
naturalmente tolerada. Mas não é.
LEMBRETE
Violência, comunidade e escola é o Destaque
Especial desta edição. Leia os comentários e as
sugestões de trabalho, na página 14, e não perca a
exibição, dia 21 de maio.
41
ENTREVISTA
O MINISTRO
PROFESSOR
Aos 59 anos, ele tem certeza de uma coisa: “Eu sou mesmo é professor”,
diz o ministro Cristovam Buarque, nesta entrevista a Teresa Mello.
Estão previstas mudanças na TV Escola?
A educação no Brasil tem dois problemas: governos
que não lhe dão importância – e essa é a realidade
ao longo da história – e a mania de mudar os programas que dão certo. A gente só vai ter uma boa educação no Brasil quando firmar um acordo com todos
os líderes nacionais, independentemente dos partidos, para que o que for feito de bom continue por,
pelo menos, vinte anos. As coisas que se fazem em
educação devem ser do país, e não do governo, do
ministério, do presidente. Neste ministério, para dar
um exemplo, coerente com essa minha idéia, não vai
mudar nada que estiver dando certo. Aquilo que não
estiver dando certo a gente vai ajustar para que comece a dar certo.
Em sua posse, o senhor mencionou uma frase
de Lula: “No caso da educação, é preciso pisar
no acelerador e virar à esquerda”. O que o presidente quis dizer com isso?
Pisar no acelerador é aumentar a quantidade. Por
exemplo, tem de chegar a 100 por cento de crianças matriculadas e freqüentando a escola, não pode
ficar em 95 por cento. E virar à esquerda é mudar o
conteúdo, promovendo mais a cidadania; respeitar
mais a voz, a palavra e a vontade do professor,
com a gestão democrática; fazer com que ele não
seja apenas alguém que dê aula, mas que influa
no destino e na administração da sua escola; acabar com a necessidade da lista tríplice para eleição de reitor nas universidades. Então, dobrar à
esquerda é democratizar. Pisar no acelerador é
colocar toda criança na escola, até o final do Ensino Médio.
42
Será que o número de analfabetos no Brasil é
mesmo maior que o de famintos, como o senhor
disse certa vez?
De fato, é maior o número de pessoas analfabetas do
que o número de pessoas que não estão comendo.
Considera-se que o Brasil tem até 45 ou 50 milhões
de indigentes. Quando se analisa o número de analfabetos, são 20 milhões, mas aí não estão contados
os 35 milhões de analfabetos funcionais. Então, o
número aproximado é até um pouco maior. E é mais
fácil a gente alimentar do que ensinar a ler.
Como foi aquela história de só ter entendido o
que é ser analfabeto ao visitar a China?
É verdade. Imagine um país onde você não conhece
a escrita – fica analfabeto. Quando você chega na
Alemanha – eu, por exemplo, não falo alemão – , pode
não entender o que está escrito, mas não se sente
totalmente analfabeto, pois dá para ler. Você não sabe
é o que quer dizer. Agora, quando vai a um lugar onde
as letras são diferentes, aí, de fato, vira analfabeto. E
na China não existem letras, são ideogramas. O chinês não tem alfabeto, tem desenhos.
Existe algum projeto de utilização da educação a
distância na alfabetização?
Existe para formar alfabetizadores, mas eu espero que a
gente tenha até mesmo métodos de alfabetizar a distância por meio da televisão e do rádio. No rádio, por exemplo, sobretudo quando a pessoa começa a aprender, já
começa a ler as letras, é possível pôr um locutor lendo
histórias para o analfabeto tentar acompanhá-lo. Ele vai
casando a interpretação dele do que está escrito com a
voz do locutor. Isso facilita muito a aprendizagem.
TV E SCOLA
Nascido no Recife, CRISTOVAM BUARQUE doutorou-se em Economia pela Escola
Prática de Altos Estudos, na Sorbonne, em 1973. É professor titular da
Universidade de Brasília desde 1979, também foi reitor de 1985 a 1989.
Entre as funções que exerceu na vida pública, incluem-se a presidência
da Universidade da Paz da Organização das Nações Unidas (1987-1988) e a
de governador do Distrito Federal (1995-1998). Eleito para o senado em
2002, foi nomeado ministro da Educação logo em seguida, iniciando seu
mandato em janeiro de 2003. É autor de dezenove livros, nos mais
variados gêneros, da qual dois deles publicados no exterior.
O senhor acredita em projetos de alfabetização
de curta duração?
Eu acredito. A professora Esther Grossi (ex-deputada federal) insiste em que é possível alfabetizar
em três meses, e tem demonstrado isso em alguns
lugares. É claro que a gente tem de analisar quem
vai ser o alfabetizado, se é uma pessoa que já sabe
escrever o nome, já conhece as letras. Se começar
do zero, aí talvez o prazo de três meses não dê. As
pessoas têm diferentes habilidades. Algumas aprendem a falar e escrever inglês em pouco tempo. Outras demoram. Depende do ponto de partida, da
habilidade, do potencial do próprio aluno e também,
é claro, da dedicação e da competência do alfabetizador. Eu ouvi uma senhora em Recife, de 53 anos,
que se matriculou para se alfabetizar, dizer: “Não
tenho vergonha de ser pobre, tenho vergonha de
não saber ler”. Eu pensei: não tenho vergonha de
que meu país tenha renda per capita menor do que
a da Europa, tenho vergonha de que no meu país
nós ainda deixemos 20 milhões de pessoas sem
saber ler.
Como o senhor frisou no discurso de posse, as
mulheres têm um importante papel a desempenhar no governo. Qual seria esse papel?
Não por uma razão de sexo, nem biológica, mas por
uma razão cultural, a mulher tem mais sensibilidade
para resolver os problemas depressa, mais urgência
na busca de soluções. Quando falta comida numa
casa, o homem sai para procurar emprego. Quando
arranja emprego, trabalha. Quando recebe o salário,
volta pra casa. E, se no meio do caminho não parar
no boteco para beber a metade do salário, ele chega
TV E SCOLA
em casa com um pouquinho de comida. A mulher é
diferente. Quando falta comida em casa, ela precisa
dar um jeito de conseguir. Aí, manda o menino pedir
esmola, trabalhar, ela própria pede emprestado uma
xícara de arroz para a vizinha, vai na ex-patroa e pede
dinheiro emprestado... Generalizando um pouco, há
uma lógica diferente, mais urgente, no modo feminino de pensar e enfrentar os problemas. No caso da
educação, isso é importante, porque a mulher está
mais próxima das crianças. Ela sente mais a necessidade da educação. As pesquisas mostram que com
uma mãe alfabetizada o filho se alfabetiza; com uma
mãe educada, o filho estuda. Não é o mesmo com o
homem. O pai alfabetizado não passa necessariamente para o filho o gosto pela educação. Eu repito sempre: a gente precisa “feminilizar” as decisões governamentais. Fui visitar uma vez um estado da Índia
chamado Kerala, bem no sul, um estado muito pobre
do ponto de vista da renda, da mesma forma que o
resto da Índia. Mas em Kerala a mortalidade infantil
equivale à de países da Europa, e todo mundo é alfabetizado. Uma das razões é que há trinta anos as
políticas sociais continuam as mesmas, em grande
parte porque a mulher tem muito poder – não nas
instâncias de governo, mas na comunidade. Foi o
poder da mulher que criou essas políticas sociais e
as mantém.
E quanto a sua própria alfabetização,
como aconteceu?
Minha avó Ana, mãe da minha mãe, morreu analfabeta. Mas ela era uma mulher muito sábia, embora
nunca tivesse aprendido a ler. E meus pais nem terminaram a quarta série. Mas, ao mesmo tempo, eu
cresci vendo, numa estante, a coleção de livros que
eles diziam ter comprado para me dar no meu primeiro aniversário. Era o Tesouro da Juventude. (Outro dia peguei um desses tomos na casa onde minha
43
mãe viveu até o final e o trouxe para Brasília. É pena
que não ficaram todos, uns dezoito volumes, acho.)
Meu pai e minha mãe sempre leram. Sempre, sempre. Minha casa tinha estante de livros, apesar de
não terem estudado. Eles compravam pra gente, para
os filhos, e os liam. E sempre fizeram esforço – nós
éramos de classe média baixa – para que estudássemos em colégio particular. Até porque, naquela época, para estudar em um dos poucos colégios públicos era preciso ter muito prestígio. Só filhos de deputados é que entravam lá. Meu pai e minha mãe me
influenciaram muito.
E o senhor logo se definiu por trabalhar com educação?
Não, no início estudei engenharia mecânica. Primeiro,
porque naquela época os pais queriam que a gente
estudasse para ser engenheiro, médico ou advogado.
Segundo, porque o Nordeste estava começando a se
industrializar. Então, eles acharam que ia haver mercado para essa profissão, e que também ia ajudar a
construir o Nordeste. Mas rapidamente eu vi que não era por aí. E
realmente não foi. A região industrializou-se um pouco e não adiantou nada. Assim, mudei para a
economia. Mas vi que economia
só ensina a aumentar a riqueza,
não ensina a reduzir a pobreza.
Eu creio que aí, em algum momento, passei por uma evolução,
percebi que o problema do Brasil
não é produzir mais, é educar
mais, é ter mais água e esgoto, é
alimentar mais. Que o social não é resolvido pela economia, como nos ensinaram, dizendo “vamos aumentar a produção que ela se distribui”. Não é verdade.
ENTREVISTA
Cristovam Buarque
“
E o que fazer para melhorar a educação no Brasil?
Escola é igual a professor. As condições devem ser
adequadas: não deve ter goteiras, a cadeira tem de
ser confortável, a merenda tem de ser boa, tem de
ter quadro-negro, televisão, computador. Mas acho
que a escola mesmo é o professor. E professor são
três coisas: cabeça, coração e bolso. A educação brasileira não vai estar bem – por mais computador que
a gente ponha – enquanto não resolver esses três
problemas: a formação do professor, a cabeça, para
que ele seja bem preparado; o coração, para que ele
seja bem motivado; e o bolso, para que ele esteja
bem satisfeito. Não adianta formar, se não der motivação. A atividade do professor não deve ser mecânica. Exige envolvimento. Não vai
haver formação se não houver
uma boa remuneração. E o envolvimento, por mais paixão que se
tenha, depois de algum tempo se
perde se o salário for baixo. Não
adianta a pessoa adorar ser professor ou professora se quando
chega em casa as crianças estão
reclamando porque não têm o que
precisam. Então, ainda tem de resolver estes três problemas: formar bem os professores, motiválos bem e pagá-los bem. Esta para mim é a grande
tarefa que a gente tem nestes próximos anos, no Brasil. Há muito mais a fazer, mas essas são as três
coisas fundamentais. Hoje a gente sabe que a formação não está boa, que o coração está ruim e que o
bolso está vazio. Se a gente não resolver isso, não
adianta falar em boa educação.
Escola é professor.
E professor
são três coisas:
cabeça, coração
e bolso.
Foi então que o senhor descobriu a vocação para
trabalhar com educação?
Acho que sim. O sonho de pôr a educação no centro
de um projeto nacional eu acho que foi devido à frustração de economista. Primeiro, porque é lógico, educação é a base. O povo educado cuida melhor da sua
saúde e não passa fome, a não ser nas tragédias
naturais. Além disso, desde muito cedo eu sou professor: comecei a dar aulas com 14 anos. Eu dava
aula particular para ganhar dinheiro, para os meus
colegas menores: Física e Matemática. Depois, até
44
me tornei professor particular, com bom número de
alunos do segundo grau. Financiei meu curso de engenharia dando aulas, até fazer um concurso e virar
estatístico do INSS, que naquela época era IAPI. Um
concurso muito difícil, aliás. Passaram quatro pessoas, no Brasil inteiro.
”
Quais são os projetos, em linhas gerais, para a
educação a distância?
A grande novidade é que a educação a distância vai
ser o carro-chefe do ministério. A gente vai ter de colocar o Brasil inteiro na escola. O ensino a distância vai
pisar no acelerador. Outra novidade é que esse método será ampliado para o ensino superior.
TV E SCOLA
DESAFIOS EM BRAILE
Foto: Luis Águia
Professores com deficiência visual já podem trabalhar
com televisão e vídeo em sala de aula.
José Lourione Freitas Bernardino, de Rondônia, concluiu
em 2002 o curso de extensão
TV na Escola e os Desafios de
Hoje. Na Escola Municipal Saul
Bennesby, de Guajará-Mirim, ele
alfabetiza e dá aulas a crianças
e adultos de todas as séries. Seria um professor a mais, não fosse por uma característica: Lourione perdeu a visão aos 11 anos de
idade, e é em braile que ensina a seus alunos.
Para que o professor Lourione acompanhasse o
curso, cujo material pedagógico é composto por livros e programas de vídeo da TV Escola, ele precisou do apoio da tutora e dos colegas, que explicavam o que se passava na tela. Quanto ao texto escrito, ele contou com a ajuda de sua irmã e da diretora da escola, que liam em voz alta os manuais e registravam por escrito
as respostas e os textos ditados por ele.
Esse exemplo mobilizou a Secretaria de
Educação a Distância
(SEED/MEC), no sentido de abrir um novo
caminho para outros
A experiência do professor Lourione
professores deficienestá na página 48 da revista
TV ESCOLA no 30 (mar/abr/2003).
tes visuais. Com a orientação da Secretaria
de Educação Especial (SEESP/MEC), estabeleceuse contato com a Fundação Dorina Nowill para Cegos, de São Paulo. Como resultado desse empenho, o curso TV na Escola e os Desafios de Hoje foi
transcrito para a escrita braile e impresso na Fundação Dorina Nowill para Cegos, com uma tiragem
de 500 conjuntos.
Para que professores deficientes visuais de todo
o país possam agora ter acesso a esse curso de extensão, e se habilitar para trabalhar com seus alunos
utilizando os recursos da televisão e do vídeo, está
TV E SCOLA
sendo construída uma rede de
apoio, com a UniRede e as Secretarias Estaduais de Educação.
As escolas em que professores
deficientes visuais manifestarem
interesse pelo curso TV na Escola
e os Desafios de Hoje devem entrar em contato com o Coordenador da TV Escola em seu estado,
na Secretaria de Educação.
A lista de coordenadores também está acessível na internet: <http://www.mec.gov.br/
seed/tvescola coordenacaoUNIREDE.shtm>
LIVROS QUE DIZEM TUDO
A Fundação Dorina Nowill para Cegos tem como um de seus principais objetivos manter ao alcance dos portadores de cegueira e de visão subnormal a cultura e a informação. Para isso, produz livros em
braile e livros falados (gravados em fita cassete) de obras literárias,
livros didáticos, revistas, músicas, cardápios e materiais diversos. As
edições semanais da revista Veja também são produzidas em áudio. A
Biblioteca Circulante do Livro Falado oferece o empréstimo de fitas,
que podem ser solicitadas por carta, telefone ou na própria Fundação.
Endereço para contato: Rua Diogo de Faria 558 – São Paulo/SP –
04037-001 – Tel.: (11) 5087-0999 Fax: (11) 5087-0977
Dorina Gouvêa Nowill
Nowill, deficiente visual desde os 17 anos, formouse professora e se especializou nos Estados Unidos em educação
de cegos. Em 1946, criou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, hoje Fundação Dorina Nowill para Cegos. Entre inúmeros trabalhos, na Fundação e em outros órgãos nacionais e internacionais,
criou cursos de preparação de professores para o ensino de deficientes visuais, de orientação e mobilidade, centros de reabilitação e
programas de prevenção da cegueira.
Saiba mais
Fundação Dorina Nowill <www. fundacaodorina. org. br>
TV na Escola e os Desafios de Hoje
<http://www. mec. gov. br/seed/tvescola/cursoextensao2. shtm>
45
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
A partir de 2003, a campanha
Literatura em Minha Casa, do
Programa Nacional Biblioteca da
Escola (PNBE), beneficiará
também os alunos da 8ª série das
escolas públicas. Os livros serão
distribuídos em novembro, como
premiação pela conclusão do
ensino fundamental, contribuindo
ao mesmo tempo para estimular a
leitura e preparar os estudantes
para cursar o ensino médio.
Revista TV ESCOLA
para colecionar
Com esta edição, cada escola está recebendo um
colecionador para organizar suas revistas; um exemplar,
com grampos externos para permitir o arquivamento,
será enviado separadamente. A novidade serve para que
a escola possa conservar uma coleção completa, para
consulta permanente. O fichário tem capacidade para
arquivar doze exemplares – de 2003 a 2005.
TV Escola no
continente africano
Um arquipélago ao largo do oeste da África é o
território da República Democrática de São Tomé e
Príncipe. É para lá que fomos, com o objetivo de
capacitar professores e gestores para o uso
didático da tevê e do vídeo em sala de aula, tendo
como referencial o curso TV na Escola e os
Desafios de Hoje, bem como vídeos do acervo do
Programa da TV Escola. Em acordo de cooperação,
o governo brasileiro doou um acervo de programas
selecionados para a capacitação de professores e o
governo de São Tomé e Príncipe se propôs a
equipar suas escolas. Além da capacitação para
uso pedagógico, as oficinas orientadas por uma
equipe da SEED/MEC também abordaram os
recursos da tevê e do vídeo como meio de
comunicação e expressão.
46
Remuneração
de educador a
distância
O Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do
Magistério (Fundef) assegura aos
professores que se ocupam com
atividades de educação a
distância e em laboratórios de
informática ou multimídia o
direito a uma remuneração
equivalente à dos professores
que trabalham em sala de aula.
Considera-se que esses
profissionais oferecem suporte
pedagógico fundamental à
modernização e à melhoria de
suas escolas, o que está
plenamente de acordo com os
esforços do governo para
melhorar a qualidade do sistema
público de ensino.
Programa aberto
a sugestões
Curso de extensão
a distância
O curso de extensão a distância
TV na Escola e os Desafios de Hoje
tem por alvo os profissionais da
educação que pretendem se
habilitar no uso da televisão e do
vídeo em atividades pedagógicas.
Resulta de uma parceria entre a
Universidade Virtual Pública do
Brasil (UniRede) e a Secretaria de
Educação a Distância (SEED/MEC).
Já capacitou mais de 100 mil
professores da rede pública
e novas turmas devem se iniciar
em agosto. Para mais
informações, consulte o site
<http://www.unirede.br/index.html>.
A Secretaria de Educação Média e Tecnológica
(Semtec/MEC) está preparando um novo
programa para a TV Escola sobre educação
para a ciência. O Programa, que será exibido a
partir de outubro, mostrará projetos realizados
por escolas e institutos de pesquisa brasileiros
que visam divulgar e despertar o interesse de
alunos e professores do ensino médio pela
ciência. A Semtec está pesquisando
experiências que possam ser apresentadas,
e aceita sugestões, que devem ser enviadas
para: TV Escola/Ensino Médio
Caixa Postal 9659 – Brasília/DF – 70001-970
ou e-mail: <[email protected]>.
TV E SCOLA
Novo prêmio vem do Oriente
Mais uma vez, é reconhecida a
qualidade da série “Arte e Matemática”,
uma co-produção SEED/MEC e TV
Cultura (Fundação Padre Anchieta/SP),
veiculada na grade de programação da
TV Escola. Em 2001, a série conquistou
o Maeda Prize, no Japão, na categoria
Educação para Jovens. Agora em
Pequim, na China, no Segundo Festival
Internacional do Filme Científico, o
programa A ordem no caos, um dos
treze episódios da série, recebeu o
troféu Dragão de Prata, da categoria
Programas para a Juventude.
Foto: Paulo Pepe
Literatura em casa, também
na 8ª série
A CULTURA POPULAR
NA RÁDIO ESCOLA
Gente Brasileira: a diversidade cultural na alfabetização
de jovens e adultos é uma série de onze programas em
que a Rádio Escola, uma das bases do programa
Alfabetização Solidária, abre espaço para que o
professor valorize em suas aulas os elementos
culturais e as tradições de sua comunidade. Os
Dragão de Prata
programas enfocam distintas manifestações da cultura
popular – a língua e seus falares, ritmos musicais,
danças, folguedos, festas, teatro do mamulengo, mitos
e lendas brasileiras, culinária e artesanato. Mais
informações a respeito da Rádio Escola podem ser
obtidas pelo telefone (61) 410-8107 ou no site
<http://www.mec.gov.br/seed/website_radioescola/index.shtm>.
Oswaldo Cruz é tema de redação
Desde 1997, o Projeto Memória resgata e
difunde a memória de fatos e
personalidades que se destacam na
formação da identidade brasileira – em
história, ciências, política ou tecnologia.
Neste ano o personagem é o médico
sanitarista Oswaldo Cruz, que no começo
do século 20 sobressaiu por sua atuação
em defesa da saúde pública. “Oswaldo
Cruz, a saúde pública e a nossa realidade”
é o tema de redação proposto aos alunos
TV E SCOLA
de todo o país, dos ensinos fundamental,
médio e universitário, no 9º Prêmio
Nacional Assis Chateaubriand de Redação
2003, que conta com o apoio da TV Escola.
As inscrições podem ser feitas até setembro.
Procure o regulamento e a ficha de
inscrição na secretaria de sua escola; no
site <http://fac.correioweb.com.br>; ou
ainda pelos telefones (61) 342-1491 e
(61) 342-1492. A premiação será em
novembro, em Brasília.
47
O SEMEADOR
de sonhos
O porteiro Gilzivan dá aulas de reforço para
adolescentes de uma favela, em Belo Horizonte
Marise Muniz
Foto: Sérgio Falci
O menino Gilzivan Pereira da Silva sonhava ser
O exemplo dessa turma é o próprio Vanzinho.
bombeiro, para debelar focos de incêndio e salvar
Filho de família pobre – o pai é pedreiro e a mãe,
vidas. Hoje, aos 28 anos, casado, pai de três filhos,
faxineira –, ele muitas vezes se viu sem motivação
ele se dedica a combater outros focos: os da violênpara estudar: “Eu ia à escola por obrigação”. Decia na Favela do Cafezal, um dos locais de grande
sestimulado, parou na 6a série, mas a vontade de
criminalidade em Belo Hoser bombeiro fez com que
rizonte, Minas Gerais. Seu
voltasse à escola. Quando
instrumento nessa empreiconcluiu o Ensino Médio já
tada é a educação. Ele se
possuía outras perspectireveza entre a profissão de
vas: “Queria estudar em
porteiro e o trabalho como
uma faculdade”. Fez o vesprofessor voluntário dos
tibular e passou na Faculadolescentes do Cafezal.
dade Evangélica de TeoloA idéia surgiu há um
gia de Belo Horizonte. Hoje,
ano, quando ele ouviu na
aluno do segundo período
porta de casa uma converdo curso, ele admite que o
sa entre adolescentes sosonho de salvar vidas está
bre brigas de gangues, asse realizando pelo magistésassinatos e tráfico de drorio. “As aulas de reforço pogas. “Fiquei assustado e
dem ser um ‘empurrão’ na
senti uma enorme vontade
vida desses meninos.”
de ajudá-los”, conta. A partir daí, decidiu Nome: Gilzivan Pereira da Silva
Depois de um ano freqüentando as
que daria aulas de reforço para que os Idade: 28 anos
aulas de Vanzinho, a conversa dos alujovens buscassem outras perspectivas.
nos é outra. Eles ensaiam diálogos em
Em um dos três cômodos do barra- Profissão: porteiro
espanhol, falam de livros que leram e
cão apertado onde mora, no Cafezal, Cidade: Belo Horizonte/MG
fazem projetos de vida. John Oliveira Alele improvisou uma sala de aula. Ali, Endereço: Rua Banjo, 53
ves, 17 anos, está no segundo ano do
boa vontade não falta para compen- Belo Horizonte/MG – 30250-150 Ensino Médio e quer ser economista.
sar o material didático precário: um peFlávio, da mesma idade, sonha em ser
queno quadro-negro dependurado na
médico. Os dois pensam em seguir os
parede – presente que ganhou da mãe
passos do mestre que tanto admiram.
aos 8 anos de idade –, uma televisão velha e fi“O Vanzinho tem paciência, incentiva a gente a
tas de vídeos educativos que ele mesmo graestudar. Aqui o ambiente é de companheirismo”,
vou. No início, usava o videocassete de parenreconhece John.
tes e vizinhos, mas depois acabou ganhando um.
Os planos de Vanzinho vão longe. Ele criou o GruPaciente, ele exibe vídeos de Português, Matepo de Apoio ao Estudante do Aglomerado Serra – o
mática, História, Geografia, Biologia, Física e QuíGapeas. A idéia é ampliar seu trabalho, com a ajuda
mica e vai esclarecendo as dúvidas. “Pela tevê,
de outros voluntários. Para isso, quer capacitar alufica mais fácil resolver as dificuldades que os menos para atuar como professores de reforço. Falta
ninos trazem da escola”, diz.
ainda um local para instalar o Gapeas, mas sobram
Logo, o espaço ficou pequeno para abrigar os
idéias. Uma delas é montar um pré-vestibular. Gilinteressados. A escola do Vanzinho, como é conhezivan pensa em buscar parcerias com empresas
cido na comunidade, chegou a ter 26 alunos. Alpara viabilizar o projeto. “Atualmente, estamos
guns desles já sonham em chegar à universidade.
nesta batalha.”
48
TV E SCOLA

Documentos relacionados

D - TV Escola

D - TV Escola Iara Glória Areias Prado José Roberto Neffa Sadek Lilian Holzmeister Oswaldo Cruz Maria Amábili Mansutti Pedro Paulo Poppovic Rogério de Oliveira Soares Tania Maia Magalhães Castro Vera Franco de C...

Leia mais

Capa Revista TV Escola 22

Capa Revista TV Escola 22 Maria José de Araújo Custódio Orientadora de aprendizagem Colégio João Dias Sobrinho, Divinópolis do Tocantins, TO

Leia mais

D - TV Escola

D - TV Escola Iara Glória Areias Prado José Roberto Neffa Sadek Lilian Holzmeister Oswaldo Cruz Maria Amábili Mansutti Pedro Paulo Poppovic Rogério de Oliveira Soares Tania Maia Magalhães Castro Vera Franco de C...

Leia mais

penedo muda com a tv escola penedo muda com a tv escola

penedo muda com a tv escola penedo muda com a tv escola Tania Maia Magalhães Castro Vera Lucia Atsuko Suguri Coordenador editorial Cícero Silva Júnior Edição ESTAÇÃO DAS MÍDIAS [email protected]

Leia mais