D - TV Escola

Transcrição

D - TV Escola
CARTA DO EDITOR
Presidente da República Federativa do Brasil
Fernando Henrique Cardoso
Ministro da Educação
Paulo Renato Souza
Secretário-Executivo
Luciano Oliva Patrício
Secretário de Educação a Distância
Pedro Paulo Poppovic
PROGRAMA TV ESCOLA
Ministério da Educação
Secretaria de Educação a Distância
Conselho Editorial
Antônio Augusto Gomes dos Santos Silva
Carmen Moreira de Castro Neves
Cícero Silva Júnior
Iara Glória Areias Prado
José Roberto Neffa Sadek
Lilian Holzmeister Oswaldo Cruz
Maria Amábili Mansutti
Pedro Paulo Poppovic
Rogério de Oliveira Soares
Tania Maia Magalhães Castro
Vera Franco de Carvalho
Vera Lucia Atsuko Suguri
Coordenador editorial
Cícero Silva Júnior
Edição
ERA Editorial
[email protected]
Editora
Elzira R. Arantes
Secretárias editoriais
Lierka Felso
Noêmia R. de A. Ramos
Colaboradora especial
Rosangela Guerra
Colaboradores
Áurea Regina Kanashiro (preparação)
Carlos Eduardo Silveira Mattos
Luiz Carlos Pizarro Marin (edição de Destaques
da Programação)
Edição de arte e produção gráfica
Casa Paulistana de Comunicação
Editor de arte
Milton Rodrigues Alves
Editoração
Carlos Tadeu C. Gamba
Thaís de Bruÿn Ferraz
Digitalização de imagens
Paulo Ladeira
Projeto gráfico
Elifas Andreato
Fotolito e impressão
Posigraf
A REVISTA TV ESCOLA É UMA PUBLICAÇÃO BIMESTRAL DA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Caixa Postal 9659
70001-970, Brasília, DF
Fax: (61) 410-9178
E-mail
[email protected]
[email protected]
Internet
www.mec.gov.br/seed/tvescola
TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 450 MIL EXEMPLARES
MUITAS NOVIDADES
N
o dia 11 de setembro de 2001, o mundo assombrado
viu na tevê as cenas dramáticas que se
desenrolavam em Nova York. “Pensei que o mundo
estava acabando”, confessou para sua professora um
aluno surdo que, sem ouvir a notícia, nada entendeu
do cenário de terror. Com o intuito de contribuir para
a reflexão e o debate em torno de um momento como esse,
introduzimos na grade de março uma programação especial de
História. Como apoio ao trabalho pedagógico, o historiador Boris
Fausto escreveu, exclusivamente para esta edição, o artigo
Choque de civilizações?
O comentário temeroso sobre o atentado foi de um aluno da
Escola Normal de Taguatinga, no Distrito Federal, instituição na
qual a TV Escola é uma presença ativa, a serviço da integração da
comunidade escolar. Alunos com necessidades especiais, como os
surdos, trocam experiências com os colegas do Magistério, da
Educação Infantil e do Ensino Fundamental.
Toda a riqueza dessa experiência se reflete, por exemplo, na
história dos três alunos do curso Surdo Educador (página 44).
Além disso, justifica a escolha dessa escola de Taguatinga para
receber uma delegação de educadores vindos de Botsuana, na
África, interessados em conhecer a experiência brasileira em
educação a distância.
E a TV Escola marca presença também em uma escola de
Teresina, no Piauí, que movimenta a comunidade com sua Feira
de Ciências e Cultura.
Esta edição tem outras boas notícias. A revista aumentou o
número de páginas e a seção Destaques da Programação tem
agora um espaço especial para o Ensino Médio. O processo de
digitalização da TV Escola se expande cada vez mais e, até o final
deste ano, será feita a substituição dos sistemas de recepção em
toda a rede. O que significa isso? Leia a matéria na página 41.
Para finalizar: a revista TV ESCOLA tem nova editora: a partir desta
edição, Elzira Arantes passa a integrar a equipe da Secretaria de
Educação a Distância. Sucede a Cláudio Pucci, a quem
agradecemos por sua reconhecida competência e pelo especial
carinho que dedicou a esta revista ao longo desses anos. Desejamos
que Elzira tenha sucesso, contando com nosso total apoio.
Cícero Silva Júnior
Coordenador Editorial
Neste
número
Nº26
MARÇO
ABRIL
2002
3 CARTAS
No Paraná, uma rica parceria 20
entre a universidade e uma
escola pública cria uma rede
de utilização da tecnologia
para fins educacionais. No
Ceará, são publicadas As
aventuras da TV Escolinha.
de recepção, o novo
sistema atende a um
número crescente de
escolas.
NOVA SEÇÃO
“Choque de civilizações?” Artigo
do historiador Boris Fausto
ajuda a explorar o conteúdo da
Programação Especial – História
DA
6 DESTAQUES
PROGRAMAÇÃO
Além dos desenhos animados
Matilda e O gato de neve, e
do documentário O deserto do
Atacama, várias outras
estréias. E como Especial:
Mestres da literatura brasileira.
41 DIGITALIZAÇÃO
Com melhor qualidade
TEM MAIS
42 EMerendeiras
se
22 EXPERIÊNCIAS
Uma escola de Taguatinga
especializam. O Saeb
trabalha para avaliar a
qualidade do ensino
nas escolas brasileiras.
E tem mais.
mostra como é possível utilizar
a programação da TV Escola
desde a Educação Infantil. Em
Teresina, Feira de Ciências e
Cultura dá exemplo de
integração da comunidade no
projeto político pedagógico.
FOTO DA CAPA: IOLANDA HUZAK
18 DESTAQUES
ENSINO MÉDIO
Um programa de Acervo, dois
de Como Fazer? e um de
Como Fazer? A Escola
44 SURDO
EDUCADOR
Três estudantes surdos
aprendem a ensinar.
O assunto é
Montes Claros
Depois da visita de
vocês, as coisas mudaram por aqui, e para melhor. A procura pelos vídeos aumentou geometricamente. Todos querem se capacitar para utilizar plenamente a TV ESCOLA . Em função da procura, montamos uma oficina pedagógica para professores, baseada no curso A TV na Escola e os Desafios de
Hoje, com base nos seguintes eixos:
vídeos e outras tecnologias; gravação de programas; seleção de vídeos e adaptações aos projetos; organização da videoteca; utilização das
mídias conjugadas: tevê, vídeo e
computador. As aulas já começaram
a mudar. Professores que antes só
usavam o quadro e o livro agora estão recorrendo a vídeos, jogos, palestras e dramatização. As visitas ao
laboratório de informática tornaramse rotina. Os alunos, é claro, estão
adorando.
Marly de Fátima
Escola Estadual Antônio Canela
Montes Claros, MG
Como educador, sinto-me feliz e
gratificado por termos, em nosso
país, publicações como a revista TV
ESCOLA. A edição 25, de outubro/novembro, nos trouxe a excelente experiência de Montes Claros, MG,
com o ProInfo e a TV Escola. Parabéns a Rosangela Guerra pela bela
reportagem e ao Marcos Guião por
fotos tão bonitas, que mostram o
quanto vale a pena investir na forma-
toriador Boris Fausto. Esse material será
bem útil no planejamento de suas próximas aulas.
Brava Gente Brasileira
ção continuada de educadores/as
brasileiros/as. Parabéns também ao
NTE do ProInfo de Montes Claros.
João Beauclair
[email protected]
Cachoeiras de Macacu, RJ
Conflitos na Irlanda
Sou professora do Ensino Médio.
Selecionei para meus alunos um vídeo
sobre conflitos entre católicos e protestantes na Irlanda, além de informações na internet sobre os atentados de
11 de setembro nos Estados Unidos.
Esses materiais vão me ajudar a discutir com os estudantes as raízes históricas da intolerância sobre divergências religiosas, e também a mostrar a
eles que esses conflitos não se restringem ao mundo islâmico.
Luzia Silva
[email protected]
Parabéns pela iniciativa, Luzia. Nós,
da TV ESCOLA, tivemos uma preocupação
similar à sua ao decidir preparar a “Programação Especial – História”, para a grade de março, e publicar, nesta edição, o
artigo “Choque de civilizações?”, do his-
Sou professor de História. Em minha atividade, foram-me de grande valor as duas edições de TV ESCOLA Especial Brava Gente Brasileira – 500 Anos
de Pluralidade Cultural, publicadas em
abril de 2000 e abril de 2001. Elas me
inspiraram a desenvolver, com alunos
da 7a série do ensino fundamental, trabalhos sobre vários grupos que ajudaram a formar a sociedade brasileira. Os
estudantes criaram cartazes sobre a
contribuição cultural de indígenas, africanos, portugueses, espanhóis, italianos, alemães e japoneses. Também
houve apresentações de culinária e de
vestuário típicos desses povos.
Amós Félix da Silveira
Escola Lígia Beatriz Amaral
Carmópolis de Minas, MG
Professor Amós, é para nós um incentivo conhecer iniciativas como a sua
e esperamos continuar a contribuir para
enriquecer e valorizar o trabalho de todos os professores.
Falar com crianças
e com adultos
Como orientadora de aprendizagem, trabalho há sete anos com crianças da Educação Infantil e do Ensino Especial; mas, para me sentir
completa, sempre quis falar com
adultos. E graças ao programa Salto para o Futuro, podemos agora discutir idéias e experiências, questionar nosso trabalho e avaliá-lo continuamente. Tenho orgulho de fazer
parte dessa equipe que trabalha
para transformar a educação e
construir um mundo melhor. Sem
dúvida, a TV ESCOLA representa,
para todos nós, um espaço aberto
para a capacitação, de uma forma
dinâmica e democrática.
Professora Leila Franco Sanchez
do, fiquei muito decepcionado ao saber que professores de Matemática
dão aulas de História ou Geografia e
que a coordenadora pedagógica é formada em Administração. Gostaria de
saber o que uma administradora de
empresas faz como coordenadora pedagógica.
Tomazina, PR
Festa do Apagão
Economizar energia é importante,
mas não desperdiçar água é fundamental. Esta foi a conclusão dos alunos do 1o Ano do Ciclo Intermediário
que participaram da “Festa Junina do
Apagão”, realizada em minha escola
durante a Semana do Meio Ambiente. Primeiro, os estudantes assistiram ao vídeo Água Dona da Vida, da
série Meio Ambiente e Cidadania.
Depois, criaram pinturas, cartazes,
uma história em quadrinhos, acrósticos e até paródias sobre o tema.
Assim, de maneira dinâmica e divertida, a garotada ganhou consciência
de que não se pode desperdiçar os
recursos do planeta.
Ana Maria Xavier
Professora de Uso da Biblioteca
E.E. Profa. Mariana Pereira Fernandes
Pouso Alegre, MG
Insatisfação
Venho expor minha insatisfação
quanto ao TV Escola desta cidade. Sou
formado em Matemática, com várias
especializações, entre elas a de didática e recursos pedagógicos. Concorri
ao cargo de professor ou coordenador
do programa e, além de ser descarta-
COMENTÁRIOS, CRÍTICAS,
DÚVIDAS, SUGESTÕES,
RELATOS DE EXPERIÊNCIAS,
PROPOSTAS DE
INTERCÂMBIO COM
SEUS COLEGAS
Magno Burnier
[email protected]
São Luís, MA
O programa TV Escola é desenvolvido em parceria com os estados e municípios, que assumem a responsabilidade de
traçar as diretrizes de implementação do
programa, por intermédio de suas respectivas secretarias de educação. Pela legislação, a definição de planos de cargos,
salários e funções – inclusive nas escolas
– é atribuição dos estados e municípios,
não havendo espaço para a interferência
do MEC. Assim, professor, sugerimos que
procure a Coordenação Estadual de Educação a Distância, na capital de seu estado; e, considerando que a entidade responsável é o estado, sugerimos que encaminhe sua queixa à Secretaria Estadual
de Educação.
PS
Recebemos também, e agradecemos, cartas e emails de Agnaldo Haired, São Paulo, SP, Marcelo
Araújo dos Santos, Nova Soure, BA e José Noronha
Dias, Cambuí, MG
Agradecemos ainda o envio de projetos que, por
falta de espaço, não puderam ser publicados: Escola Profa. Adalgisa C. de Campos, Palmital, SP;
Escola Prof. José Batista da Mota, Macaúbas, BA;
Escola Getúlio Vargas, Foz do Iguaçu, PR; Colégio Prof. José Aloísio de Aragão, Londrina, PR;
Escola Padre Manuel de Paiva, São Paulo, SP;
Escola Prof. Alisson Pereira Guimarães, Belo Horizonte, MG; e Colégio Prof. Segismundo Antunes
Netto, Siqueira Campos, PR.
MINHA EXPERIÊNCIA
Parceria no ensino
de Maringá
No Colégio Estadual Duque de
Caxias, da rede pública de Maringá,
um dos problemas era a presença de
um laboratório de informática praticamente sem uso; outro, a falta de
capacitação dos professores para
utilizar esse equipamento.
A professora Dulce Elena Canieli,
de História, sempre procurada pelos
professores da Universidade Estadual
de Maringá (UEM) para acolher estagiários, entrou em contato com a multiplicadora do NTE/Maringá. Desse
contato, e após se reunirem com a
professora Izabel Cristina Rodrigues,
do curso de História da universidade, nasceu a idéia de parceria. O objetivo principal consistia em proporcionar aos acadêmicos do curso de
História uma reflexão sobre a condição docente e, ao mesmo tempo,
uma oportunidade de socializar seus
saberes e vivências. Em contrapartida, os alunos do Colégio Duque de
Caxias teriam acesso a experiências
de ensino diferentes das convencionais. Para isso, seria utilizada a tecnologia educacional disponibilizada
pelo CETEPar (Centro de Excelência
em Tecnologia Educacional do Paraná) e pelo governo federal.
Os estagiários tiveram aulas de
informática educativa, com apoio de
vídeos da TV Escola e trabalhando
com a metodologia de projetos, sob
orientação da professora da univer-
ESCREVA
SUA PALAVRA
É IMPORTANTE
POR CORREIO
Caixa Postal 9659
70001-970, Brasília, DF
POR FAX
(061) 410-9178
POR E-MAIL
[email protected]
sidade e da multiplicadora do
CETEPar. Os estagiários, por
sua vez, também utilizaram
vídeos da TV Escola e a sala
de informática em suas aulas e em oficinas para os alunos do
colégio (principalmente os do noturno).
Os resultados extrapolaram os objetivos iniciais. O projeto foi adotado
pelos professores de outras disciplinas
e já se pensa em ampliar a experiência. Estão sendo estudadas novas parcerias, com outros cursos, trazendo
mais estagiários, mais projetos e inovações, e desenvolvendo a idéia de
deslocar multiplicadores dos NTE’s
para as escolas, em um movimento de
ir e vir, levando as inovações para as
escolas e a realidade para os NTE’s.
Neuci Facci
Multiplicadora do CETEPar
[email protected]
Maringá, PR
As aventuras da
TV Escolinha
O 3o Centro Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede 3), que
coordena as escolas de ensino fundamental e médio de Acaraú, Ceará, está
desenvolvendo o projeto “A TV Escola na Escola do Novo Milênio”, visando incentivar o uso sistemático da TV
Escola. As formas encontradas para
estimular essa utilização revelaram
uma enorme criatividade. Uma delas
foi o lançamento da revista em quadrinhos Escola do Novo Milênio – Apre-
sentando a TV Escola, destinada à comunidade escolar: um bonequinho
simbolizando a TV Escola comenta os
objetivos do projeto, explica as faixas
de programação, fala das formas de
obter o kit e dá outras informações a
respeito da TV Escola. O formato original e a linguagem acessível obtiveram a aprovação imediata de todos os
professores. E, a partir do segundo
número, a publicação passou a apresentar as melhores experiências pedagógicas de Acaraú, sob o título As
Aventuras da TV Escolinha.
A revista já focalizou o trabalho pedagógico com jovens e adultos no CEJA
(Centro de Educação de Jovens e Adultos) Padre Antônio Tomás, de Acaraú, e
também um projeto sobre Educação Sexual, desenvolvido a partir de cinco vídeos da TV Escola, no ensino fundamental da EEF Dona Maria Firmina.
Também na jurisdição do Crede 3,
foi relatada outra experiência importante, no Liceu de Acaraú. Inaugurado no
início de 2001, o Liceu desenvolveu, no
primeiro semestre, trabalhos em torno
dos vídeos O vôo e Telecomunicações,
em um projeto que envolveu professo-
res das três séries do Ensino
Médio, com base em um conceito de interdisciplinaridade
e contextualização. No segundo semestre o projeto
escolhido partiu do vídeo
Peixes: os alunos visitaram
açudes de criação e acompanharam o trabalho de
pesca da lagosta. O objetivo dessas
iniciativas e das discussões que as fundamentaram era levar os próprios alunos a levantar as questões-problema,
integrando a escola na realidade local,
já que a atividade pesqueira é fundamental para a subsistência da comunidade.
Áurea Rita Silveira
Coordenadora de Ensino do Crede 3
Tel.: (088) 661-1244
Acaraú, CE
Teleducação em Bayeux
Escrevo para comentar os bons
resultados obtidos em Bayeux (PB)
na área da Teleducação. Alguns destaques: criação do Teleposto no Centro de Formação de Professores, garantindo a realização de telecursos
baseados no programa Salto para o
Futuro, da TV Escola; atividades de
leitura e produção de textos por meio
da arte, também associadas ao Salto para o Futuro; e as Sextas de Leituras, plano-piloto em fase de execução em três escolas.
DÊ SEU NOME COMPLETO, NOME DA ESCOLA, ENDEREÇO, TELEFONE, SÉRIE E
ÁREA DISCIPLINAR. SE NÃO ESTIVER DANDO AULA OU NÃO FOR PROFESSOR, INDIQUE
FUNÇÃO E LOCAL DE TRABALHO, COM NOMES E ENDEREÇOS COMPLETOS TAMBÉM.
Coordenação da Teleducação
[email protected]
Bayeux, PB
,
SE PREFERIR
LIGUE PARA
Cartas com telefone ou fax podem ter resposta mais rápida,
SIL
O FALA BRA
independente de publicação na revista.
1
0800-61616
Visite o site da TV Escola na Internet: www.mec.gov.br/seed/tvescola
DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
ÉTICA
MATILDA
Série selecionada na Grade da
programação para o Ensino
Fundamental.
Transmissão: 13 de março
Áreas conexas: Língua Por tuguesa;
Ciências
Duração: 13 programas com cerca de 7’
Direção: Josef Lamka
Realização: Ceska Televize–Anima Spol
S.R.O., República Tcheca, 2000
Indicado para atividades com alunos da
1 a série do Ensino Fundamental e também
da Educação Infantil.
tentativas, invariavelmente, acabam em
fracasso. Uma vez que não há sintonia
nem cumplicidade, as confusões acabam
sempre em mútua contrariedade.
Após exibir o desenho, proponha algumas questões para debate.
● Por que Matilda achou que Linda necessitava de sua ajuda? O que uma pata
entende de pegar ratos?
● Por que Linda aceitou o auxílio de Matilda? As idéias pareceram boas? Por que,
então, as tentativas de atrair os ratos não
deram certo? (Observe se os alunos perceberam que não existiu uma relação de
cooperação mútua entre a pata e a gata.
Entre os ratos houve cooperação? Discuta esse aspecto.)
● O que Matilda deveria fazer para realmente ajudar Linda? O que essa história
nos ensina?
PRESENTE DE CASAMENTO
RESUMO
S
érie de animação cujo personagem
principal é Matilda, uma pata bemhumorada e com boas intenções, disposta a achar soluções para o problema dos
outros. Suas idéias nunca dão cer to,
mas ela não desiste e busca novas soluções, o que acaba criando situações
inusitadas e diver tidas.
DICAS
O
s desenhos remetem a reflexões
a respeito da questão da amizade,
mostrando situações que ser vem de
ponto de partida para discutir a importância do respeito ao outro, à diversidade, e assim por diante. Aqui há sugestões para os dois primeiros episódios da
série, mas elas podem ser vir de referência para trabalhar com os demais.
PARA PEGAR RATOS
Neste episódio, Matilda tenta ajudar
a gata Linda, imóvel horas a fio diante de
uma toca de ratos; propõe à gata algumas estratégias para atrair os roedores,
em vez de esperar que eles saiam. Mesmo sem ter pedido ajuda, a gata aceita
as sugestões de Matilda, mas todas as
6
Em um dia quente de verão, os personagens – inclusive Júlia, uma tartaruga –
vão ao lago se refrescar. Achando a vestimenta de Júlia inadequada para o calor,
Matilda resolve substituir a carapaça por
um maiô de tecido. Ao aceitar passivamente as opiniões e sugestões de Matilda, a
tartaruga se sujeita a uma série de problemas. Torna-se frágil em seu habitat e
deixa de ser reconhecida em sua singularidade, ao ser confundida com um sapo.
Instigue os alunos a
discutir a questão das
diferenças pessoais,
questionando: Será que
concordam com as críticas da pata aos hábitos
e à aparência de Júlia?
Peça para enumerar as
características físicas
dos bichos que aparecem no desenho e as diferenças entre eles.
Isso atrapalha sua convivência? Existem seMatilda
melhanças? Chame a
atenção para algo que têm em comum:
todos os animais são dotados de algum
tipo de proteção. Será que Matilda não
sente calor, com tantas penas?
Crie ainda situações que permitam de-
bater padrões de conduta em sociedade.
Por que a tar taruga Júlia aceita a sugestão de Matilda? Quais foram as conseqüências dessa atitude? Júlia correu algum risco? O que os alunos fariam se
estivessem no lugar dela? Quem eles
consideram que errou: Matilda, por se intrometer na vida da tar taruga, ou Júlia,
por aceitar sem reclamar? Ou ambas?
Será que devemos sempre aceitar as
críticas e opiniões dos outros?
Interligue as atividades
Anote as respostas dos alunos para
depois discuti-las, uma a uma. Se for
possível, proponha uma redação em que
os alunos sugiram o que teriam feito no
lugar do gato e da tar taruga. Em um trabalho interdisciplinar com Língua Por tuguesa, pode ser proposto:
● Fazer uma lista (oral ou por escrito,
de acordo com o nível da classe) dos elementos principais de cada história –
quem são os personagens, onde se passa, o que eles fazem e por quê.
● Narrar cada uma das histórias, com
base nos elementos que listaram.
● Descrever o que aprenderam com a
discussão dos filmes.
É interessante preparar um trabalho
que inclua a exibição do vídeo Eu e você
– quatro crianças e a Filosofia (Desta-
ques, página 13). Levante questões de
Filosofia para complementar a discussão
relativa a Ética. O depoimento das quatro crianças será cer tamente um estímulo para debates em sala de aula.
TV E SCOLA
ÉTICA
O GATO DE
NEVE
Série selecionada na Grade da
programação para o Ensino
Fundamental.
Transmissão: 13 de março
Áreas conexas: Ar te; Língua Por tuguesa
Duração: 23’02”
Direção: Sheldon Cohen
Realização: National Film Board of Canada–
Snow Cat Productions, Canadá, 1998
Indicada para atividades com alunos da
1 a série do Ensino Fundamental e também
da Educação Infantil.
RESUMO
N
uma tarde de inverno, uma avó encanta o neto com a história de Elisa,
uma garota solitária, com seu inesquecível
gato mágico. Essa narrativa emocionante,
perfeita para a sensibilidade infantil, pode
agradar a pessoas de todas as idades.
DICAS
D
e um lado, a solidão, de outro, as
relações de amizade entre pessoas
e animais: as duas histórias, uma dentro
da outra, proporcionam simultaneamente
uma abordagem em duas direções. Enquanto uma narrativa destaca a necessidade de respeito às condições e características dos animais, a outra valoriza a comunicação entre pessoas de gerações diferentes. Cada história recorre a distintas
técnicas de desenho, em dois níveis de
linguagem visual, o que não só enriquece
a animação como facilita a compreensão.
A exploração desses recursos abre
boas possibilidades de um trabalho interdisciplinar com Arte e Língua Portuguesa.
Para reflexão e debate
A animação dá ensejo a algumas considerações sobre nossa necessidade de
amizade e a responsabilidade de cada um
TV E SCOLA
em relação à própria felicidade e à
dos outros seres.
Graças à existência deles, reconhecemos e realizamos nossa humanidade. Vale
ressaltar que os
limites da indiviO gato de neve
dualidade e das
condições existenciais das outras pessoas,
longe de separá-las, podem se conver ter
no ponto de encontro entre elas. Explore
com a classe alguns conceitos abordados pelo filme:
● Como os personagens que narram
a história – a avó e o neto – superam as
restrições impostas pelo inverno?
● O gato de neve e o ganso selvagem
resolveram o problema da solidão de Elisa? Por quê?
● Havia limites na relação de Elisa com
o gato de neve e o ganso selvagem? Quais?
O que Elisa aprendeu com as restrições?
● Por que o menino achou a história
triste e a avó, não?
● O que os alunos pensam a respeito
do significado do final da história?
● O que o desenho nos ensina sobre
a amizade?
Na aula de arte
Discuta com a classe as diferenças
entre as duas técnicas de desenho utilizadas no vídeo. Por que são diferentes?
O que caracteriza melhor cada uma? Procure identificar as preferências dos alunos, deixe discutirem suas opiniões.
Chame a atenção para as características dos traços usados para representar o que se passa na imaginação do
menino – o gato de neve, Elisa, os gansos etc. Mostre a simplicidade e o alcance da técnica – apenas traços e jogos
de luz e sombra conferem às figuras as
mais variadas expressões.
Escolha alguns car tuns e distribua
entre os alunos, para obser varem e discutirem, ampliando seus conhecimentos
acerca dessa técnica. Proponha que os
alunos escolham e tentem reproduzir algum desenho do filme, sugira que estendam esse treinamento para representar
situações do próprio cotidiano.
Língua Portuguesa
Explore a questão dos diferentes códigos de linguagem
utilizados no vídeo. Peça para
os alunos descreverem as mudanças. Chame a atenção para
os dois códigos usados na
mesma narrativa: ouve-se a voz
da avó e acompanha-se visualmente a imaginação do menino. Em seguida, convide a turma a fazer uma redação de tema livre, procurando utilizar o expediente de uma história dentro da outra. Sugira que cada um
ilustre a própria história.
Veja também, da TV Escola:
O menino e o ganso e Meu amigo canguru.
Importante
LEIA A GRADE
E escolha os programas que
quer usar.
GRAVE OS PROGRAMAS
E guarde as fitas na videoteca para
posterior utilização. Para catalogar,
você pode usar como referência o
Guia de programas da TV Escola .
USE EM CAPACITAÇÃO
Todos os programas podem ser
usados como recurso de
capacitação e aperfeiçoamento
dos professores.
USE COM OS ALUNOS
As dicas de atividades
apresentadas nesta seção
levam em conta objetivos e
conteúdos curriculares de
determinadas séries do Ensino
Fundamental ou Médio. No
entanto, a maioria dos vídeos se
presta a outras abordagens, em
situações variadas.
OS PROGRAMAS SÃO
REPRISADOS NAS FÉRIAS
Acompanhe a Grade de férias
A TV ESCOLA
NÃO DISTRIBUI FITAS
7
D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
GEOGRAFIA
ATACAMA,
O
DESERTO QUE
FLORESCE
Série selecionada na Grade da
programação para o Ensino
Fundamental.
Transmissão: 14 de março
Áreas conexas: Ciências; Meio Ambiente
Duração: 41’03”
Direção: Barr y Paine
Realização: Equilibrium Productions LTD,
Austrália, 1999
Indicado para atividades com alunos a
par tir da 6 a série do Ensino Fundamental,
mas também pode ser adequado para o
Ensino Médio.
RESUMO
D
ocumentário que retrata o deserto do Atacama, uma das regiões
mais secas e inóspitas do planeta. Mostra a luta diária travada pelos animais
para vencer a severidade do clima, a escassez de alimentos e de água. Entretanto, uma vez a cada dez anos, chuvas torrenciais transformam a vida nessa estreita faixa sul-americana. As sementes de centenas de espécies de
plantas, que esperaram latentes durante anos, desabrocham e modificam completamente a paisagem.
DICAS
O
documentário descreve elementos
que compõem a paisagem natural
no deser to do Atacama, destaca a interrelação desses elementos e valoriza a
diversidade biológica da região. É, por
isso, ideal para uma abordagem interdisciplinar envolvendo as áreas de Geografia e Ciências.
Antes de exibir o filme, proponha que
os alunos descrevam, coletivamente, o
ambiente do deser to. Quais as princi-
8
pais características climáticas? Faz frio? É quente? Existe vegetação? Como deve ser
o solo? Existem animais? Sugira o registro das respostas
em um painel.
Em seguida, use um mapa
para identificar a região que
será estudada. Chame a
atenção para a proximidade
com o oceano, localize a cordilheira dos Andes, o Chile, Atacama, o deserto que floresce
o Brasil. Além de dar referência ao aluno, a localização geográfica brio ambiental e alterações meteorológiajuda a explicar as causas do apareci- cas decorrentes do fenômeno El Niño.
Como informação adicional e sugesmento dessa grande mancha de desertão
de pesquisa, destaque ainda que o
to costeiro.
Atacama
conta com áreas de grandes
Após a projeção, solicite que a clasaltitudes,
raras nuvens, ar seco e rarese compare as respostas registradas no
feito,
condições
ideais para a instalapainel com o que foi mostrado no filme.
ção
de
obser
vatórios
astronômicos. Ali
Conduza a descrição das características
já
se
encontra
em
operação
um dos
do deser to do Atacama – condições climaiores
telescópios
do
planeta,
o Ver y
máticas, relevo, flora e fauna etc. – e,
Large
Telescope,
no
Obser
vatório
de
a par tir daí, discuta o conceito de deCerro
Paranal,
no
nor
te
do
Chile,
que
se
serto e as principais características desbeneficia
da
média
de
350
noites
límpise tipo de região.
É impor tante enfatizar que a diver- das por ano, com ar muito seco e gransidade entre as paisagens desér ticas de estabilidade atmosférica, além da
está relacionada às diferenças de ori- distância das luzes da civilização.
O Atacama irá abrigar também o maior
gem e localização dessas áreas. Desradiotelescópio
do mundo, o Alma (Atacataque o papel da corrente de Humboldt,
ma
Large
Millimeter
/ Submillimeter Array),
cujas águas frias dificultam a evaporaque
deve
entrar
em
operação em 2010.
ção oceânica e favorecem o surgimenSe
optar
por
uma
pesquisa ainda mais
to de áreas desér ticas e semi-áridas.
ampla,
e
tiver
acesso
à internet, oriente
Chame a atenção para o fato de que a
seus
alunos
para
que
busquem
informaágua, mesmo escassa, é fundamental
ções
sobre
a
par
ticipação
brasileira
nos
para o equilíbrio ecológico do Atacama.
observatórios
do
Atacama,
disponíveis
Amplie o assunto, falando dos Lençóis
Maranhenses, formação geológica rara nos sites sugeridos aqui.
no planeta. Seu relevo, do tipo planície
litorânea, é ocupado por restingas, man- Veja também:
Na internet
guezais e dunas que cobrem uma área
Sobre observatórios astronômicos (em
de aproximadamente 1.550 quilômetros
inglês)
quadrados (equivale ao tamanho da ci- www.soartelescope.org/
dade de São Paulo) e uma costa litorâ- www.eso.org/paranal/
www.eso.org/projects/alma/
nea de 50 quilômetros.
O tema pode render ainda uma boa
discussão e uma pesquisa sobre a dife- Sobre os Lençóis Maranhenses
www2.ibama.gov.br/unidades/parques/
rença entre deser to e desertificação.
Trabalho interdisciplinar
Da TV Escola
O documentário propicia o desenvolvimento de uma grande variedade de temas, como, por exemplo: ciclo da água,
cadeia alimentar, biodiversidade, equilí-
O deserto; Deser tos não tão deser tos;
e Paranal – uma nova visão do cosmos.
Consulte ainda o Guia de programas
e a videoteca de sua escola.
TV E SCOLA
FILOSOFIA
EU E VOCÊ –
QUATRO CRIANÇAS
E A FILOSOFIA
Série selecionada na Grade da
programação para o Ensino
Fundamental.
Transmissão: 24 de abril
Áreas conexas: Ética e Língua Por tuguesa
Duração: 28’29”
Direção: Frode Højer Pedersen
Realização: DR Danmark, Dinamarca, 2000
Indicado para atividades com alunos de
todas as séries do Ensino Fundamental.
RESUMO
O
programa apresenta as reflexões
filosóficas e existenciais de quatro crianças na faixa de 10 anos de idade. Ao longo dos debates, elas abordam
temas como responsabilidade, consciência, conscientização, bom e mau, sonhos
e realidade, eternidade e Deus.
DICAS
Q
uem sou eu? Esta interrogação surge de forma espontânea quando temos entre 6 e 7 anos. Segundo Piaget, é
o momento da vida em que se inicia a
Eu e você – quatro crianças e a Filosofia
TV E SCOLA
constituição de sistemas operacionais lógicos. Com o tempo, a realização de operações concretas, mediante o uso da linguagem, nos leva a ampliar a capacidade
de abstração.
O desenvolvimento e a complexidade
das questões apresentadas no vídeo seguem essa demarcação do processo de
abstração descrito por Piaget. O programa começa com as crianças detectando
a existência concreta do eu: “eu sou eu
mesmo e não quero que meu eu mude”.
A par tir daí, as relações do eu com a
consciência, os valores e a vontade produzem novas mudanças na pessoa.
O filme pode ser usado para estimular os alunos a formular essas questões
em relação a si mesmos e a debatê-las,
levantando interrogações e hipóteses. É
aconselhável exibi-lo em blocos, como
sugerido a seguir, sempre de acordo com
as características da classe e o nível das
questões propostas no filme ou pelos estudantes.
Ao longo de todo o trabalho, é preciso que o professor se mantenha atento
às diferenças culturais e às crenças dos
alunos, evitando situações conflitantes
ou constrangedoras.
O eu, a descoberta
Nas duas primeiras séries do Ensino
Fundamental, o professor pode, para começar, perguntar à classe o que diferencia o eu dos homens do eu dos animais.
Por exemplo: Os animais estabelecem
diferenças entre o que é bom e o que é
mau? Por que os homens necessitam
dessas diferenças? Esse exercício consiste no deslocamento das relações lógicas, a fim de levar o aluno, por intermédio da linguagem, à descober ta
de si (do eu) como
vontade, consciência e julgamento de
suas ações e das
ações do outro.
Nas duas séries
finais, a atividade
pode ser complementada com exercícios de projeção
do eu no futuro. O
que o aluno quer fazer quando crescer?
Por que ele considera essa escolha como
algo bom? É bom para quem?
A responsabilidade
com o eu e com o outro
Este bloco se presta a atividades que
busquem encaminhar a descober ta da
existência do eu em referência aos outros e discutir a responsabilidade de
cada um nessa relação. Por que o eu de
cada um necessita do outro?
Pedir para os alunos darem exemplos
concretos da interação do eu de cada um
com o de outra pessoa, respondendo a
questões como: O que sentem quando
ajudam ou atrapalham o outro? Sentir-se
culpado em relação a alguém é um sinal
de responsabilidade?
A existência do mal
É interessante propor questões, para
estimular os alunos a se manifestarem
e a relatarem as próprias experiências:
● O que pode ser considerado como
uma ação má?
● O que cada um sente ao praticar
alguma ação desse tipo?
As mudanças do eu
Para auxiliar os estudantes a identificar as razões da mudança do eu, o papel das emoções, dos sentimentos e da
razão nessa mudança, podem ser propostas questões como:
● Na história narrada, por que o personagem teve de mudar? A causa da mudança partiu de dentro do personagem?
● Qual o papel da consciência na mudança do eu?
O propósito da existência
Como encerramento, é recomendável
explorar questões que levem o aluno a
refletir sobre seus próprios objetivos.
● Sua vida tem um objetivo? Qual?
● Como você descobriu essa finalidade para a vida?
Veja também, da TV Escola:
Jean Piaget; Cada menino é um menino;
Crianças, ciência e bom senso (série
“O desenvolvimento da criança”); O justo e o injusto (ambos da série “Clac /
Filosofia”).
9
D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
ESPECIAL
LITERA
TURA
LITERATURA
MESTRES DA
LITERATURA
Série selecionada na Grade da
programação para o Ensino
Fundamental e também para o
Ensino Médio.
Transmissão: 1 o e 2 de abril
Áreas conexas: Ar te; Geografia;
História; Língua Por tuguesa
Duração: 6 programas com cerca de
30’00” cada um
Direção: Mônica Klein, Luiz Fernando
Ramos, Daniel Augusto e Hilton Lacerda
Realização: TV Escola, Brasil, 2001
Indicado para atividades com alunos da
7 a e da 8 a série do Ensino Fundamental
e de todas as séries do Ensino Médio.
RESUMO
S
érie de programas dedicados a
seis consagrados escritores brasileiros: Graciliano Ramos, Guimarães
Rosa, Mário de Andrade, José de Alencar, Machado de Assis e Lima Barreto.
Os vídeos relatam passagens de sua
vida e o contexto em que criaram sua
obra, com foco num dos trabalhos mais
marcantes de cada um: Vidas secas,
Grande sertão: veredas, Macunaíma –
o herói sem nenhum caráter, O guarani, Memórias póstumas de Brás Cubas
e Triste fim de Policarpo Quaresma.
DICAS
A
pós a exibição de cada vídeo, é
impor tante o professor retomar
com os alunos as passagens que contextualizam as obras do autor selecionado. Para essa atividade, que pode
ser enriquecida pela contribuição do
10
professor de História, há algumas questões básicas:
● Quais os momentos mais marcantes da vida do escritor em estudo?
● Como era o Brasil à época em que o
autor escreveu a obra ou ao tempo em
que transcorre a narrativa?
● Que aspectos políticos, sociais e
ambientais marcam a obra do autor focalizado?
● Como é possível relacionar a vida e
a obra de cada autor?
● Como definir as fronteiras entre contexto histórico e obra?
Considerando que os vídeos abordam
autores e obras muito diferentes entre
si, de distintos períodos literários, há
duas alternativas de trabalho, que podem
também ser complementares: promover
estudos comparativos entre os autores
(por tema ou por período literário) ou realizar exames específicos de cada autor.
Estudos comparativos
Uma proposta interessante é observar como os autores traduzem o Brasil
de forma diferente: o indianismo idealizado de José de Alencar; a economia e a
linguagem burguesa de Machado de Assis; a ironia também urbana de Lima
Barreto; o sincretismo no Macunaíma de
Mário de Andrade; o regionalismo duro
de Graciliano Ramos comparado ao regionalismo lírico e
metafísico de Guimarães Rosa.
Alguns pontos a
se levantar para encaminhar os debates:
● Se Machado é
anterior a Lima Barreto, quando supostamente havia mais
preconceitos raciais
no Brasil, e ambos
são mulatos, como
explicar o sucesso de
um e o fracasso profissional do outro?
● Em suas obras,
todos os autores
abordados represen-
tam o Brasil. Quais as semelhanças e diferenças, do ponto de vista da temática e
no aspecto formal?
● Quais as diferenças entre o modernismo de Mário de Andrade, Graciliano
Ramos e Guimarães Rosa? Por que os
três são considerados modernistas?
Outra boa idéia consiste em propor
que os alunos organizem glossários comparativos – um com os neologismos de
Guimarães Rosa e outro com os indianismos de José de Alencar, por exemplo.
Estudos específicos
Na análise de Graciliano Ramos,
pesquisar em Vidas secas as passagens
em que se confundem linguagem, paisagem e características dos personagens.
Quem surge como determinante, o meio
ambiente, a personalidade individual ou
a manutenção do meio ambiente?
● Em Lima Barreto, discutir o quixotismo de Policarpo Quaresma. Nos dias
de hoje, ainda há espaço para utopias
como as dele? Pode-se também propor
a leitura de algumas crônicas do autor,
com suas críticas à política e às relações
sociais urbanas. Como situá-las em relação ao Brasil atual?
● Para estudar José de Alencar, orientar uma leitura crítica de Peri e uma pesquisa de hábitos dos índios. Há na classe
descendentes de índios? Se houver, sua
contribuição será valiosa. Qual é a importância da honra, da lealdade, da fidelidade
e dos laços de amizade nessa cultura?
São características
presentes no romance de José de Alencar? José de Alencar
também produziu algumas peças que,
embora pouco conhecidas, são engraçadas e representativas. Vale a pena encenar uma delas ou
propor adaptações a
situações atuais.
●
TV E SCOLA
rantes humanos assumem a posição de
bichos. O capítulo dedicado a ela se reveste de uma humanidade que chega a
um aspecto telúrico. Coloque em debate esse ponto.
2. Qual é a verdadeira ruptura literária na obra? O que ela apresenta de
mais surpreendente para ser considerada um “divisor de águas” de nossa
literatura e uma de suas grandes
obras-primas?
Grande sertão: veredas
1. A divisão social de Grande ser tão
pode ser sintetizada em alguns poucos
latifundiários e uma grande quantidade
de miseráveis, tal qual se manifesta ainda hoje no Grande Ser tão do Brasil?
2. As três personagens femininas –
Diadorim, Otacília e Nhorinhá – representam três formas de amar de Riobaldo?
Ele amou as três com igual intensidade?
Triste fim de
Policarpo Quaresma
1. Podemos considerar que a obra
anuncia o Modernismo do ponto de vista da linguagem, visto que é repleta
de termos populares e denuncia o academicismo do início do século?
2. Policarpo elaborou três projetos para o Brasil: um lingüístico-cultural (decretar o tupi-guarani como
Macunaíma
Mestres da literatura
Tal como Lima Barreto, Mário de Andrade também publicou crônicas que conser vam a atualidade – sua leitura pode
ser vir de combustível para bons debates.
Outra atividade interessante consiste em
discutir Macunaíma, tendo como pano de
fundo o filme de Nelson Pereira dos Santos, remetendo a bons exercícios de comparação entre filme e livro.
●
PARA O ENSINO MÉDIO
Vale a pena propor aos alunos que
leiam a obra sugerida, antes de assistirem ao vídeo. Depois, exiba o filme correspondente e mobilize a classe para debates, sugerindo questões específicas.
Vidas secas
1. Há uma construção circular dos treze capítulos. O capítulo “Mudança”, do
início, se fecha em um círculo vicioso do
qual não se pode escapar com o capítulo final, “Fuga”. Pensando no valor semântico das palavras usadas no título
dos capítulos, é válido dizer que Graciliano termina a obra com muito mais pessimismo em relação à problemática da
seca, das migrações e da miséria?
2. A cadela Baleia se humaniza, enquanto em algumas passagens os reti-
TV E SCOLA
1. É válida a afirmação
de que tanto o tempo quanto o espaço de Macunaíma
são indeterminados, devido ao elemento fantástico
presente? Essa indeterminação leva à conclusão de
que as crendices, lendas,
enfim, as histórias populares, se eternizam e são
atemporais?
2. Qual o aspecto mais
marcante da obra Macunaíma
que explica o fato de ela ser
considerada tão representativa de nossa literatura?
Mestres da literatura
O Guarani
1. No romance, José de Alencar realmente consagrou uma cena, uma época
e um herói adequados ao momento histórico e às expectativas em relação à literatura brasileira?
2. Qual é a característica mais relevante da obra, que nos permite classificá-la como genuína representante do romantismo brasileiro?
Memórias póstumas
de Brás Cubas
1. Podemos dizer que Brás Cubas é
um personagem único da literatura universal e a obra, em todos os seus “desvios” de construção, também?
língua oficial brasileira), o outro agrícola (plantar e colher em solo brasileiro) e o outro político (lutar pela República). Qual é o ponto central do
fracasso dos três e por que ocorreu,
enfim, a desilusão de um crente fanático em sua pátria?
Veja também, da TV Escola:
Um Mário; Mário, um homem desinfeliz; O
mestre Graça; Os nomes do Rosa; O Rio de
Machado de Assis e Modernismo: os anos
20 (série Panorama histórico brasileiro).
Noemi Jaffe
Professora do Colégio Equipe,
de São Paulo.
11
D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
ESCOLA/EDUCAÇÃO
PRIMEIRA
AULA
Série selecionada na Grade da
programação para o Ensino
Fundamental.
Transmissão: 25 de abril
Duração: 55’00”
Direção: François Davisse
Realização: Doc & Co, França, 1999
Indicado para formação inicial e continuada
de professores do Ensino Fundamental.
RESUMO
O
vídeo retrata as experiências vividas, na França, por três professores em começo de carreira, quando assumem classes de séries iniciais em escolas públicas primárias. Focaliza vários
momentos, desde a preparação para o
primeiro dia, passando pelas angústias
e dificuldades iniciais, até o momento de
despedida da classe, após quatro semanas de trabalho conjunto. Enfatiza os sentimentos, os receios, as dúvidas e os desafios vividos, bem como as estratégias
utilizadas pelos três.
DICAS
O
ponto de partida é a observação
das atitudes dos três professores
durante os primeiros dias. Procure estabelecer semelhanças e diferenças nas reações que manifestam quando as crian-
ças respondem a suas propostas iniciais
de trabalho. Destaque a atitude de autoobservação dos docentes e procure identificar seus sentimentos, suas dúvidas e
reflexões. Observe as tentativas de alteração de suas propostas e as atitudes de
cada um em função dos problemas de disciplina enfrentados. Registre as mudanças que parecerem bem-sucedidas.
12
AUTISMO:
UM
MUNDO À PARTE
Trabalho conjunto
Assista ao vídeo com um grupo de
colegas da escola, no horário reservado
para as reuniões pedagógicas. Em seguida, cada um dos professores pode estabelecer comparações com sua própria
realidade. As vivências foram semelhantes? Diferentes?
Se você estiver na função de coordenação, tente identificar, no filme, as estratégias utilizadas pelo grupo de apoio
e pela coordenação pedagógica para auxiliar o professor a superar as inevitáveis
angústias dessa fase inicial da profissão
docente. Juntamente com seus colegas,
utilize os horários de reunião para relembrar como foi o primeiro ano de trabalho
de cada um. Como foram superadas as
dificuldades com os alunos? Contaram
com algum tipo de ajuda? Se houver algum docente principiante na escola, abra
um espaço para que ele seja ouvido e
todos possam, juntos, encontrar formas
de auxiliá-lo em suas dúvidas e angústias, tão comuns e esperadas nessa etapa da profissão.
Leia também:
SOUZA, D.T.R. Entendendo um pouco
mais sobre o sucesso (e o fracasso)
escolar: ou sobre os acordos de trabalho entre professores e alunos. In: AQUINO, J.G. Autoridade e autonomia na escola: alternativas teóricas e práticas. São
Paulo: Summus, 1999.
BUENO, B.A. et al. A vida e o ofício
dos professores. São Paulo: Escrituras,
1998.
Veja também, da TV Escola, as séries:
Primeira aula
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Escola em discussão; Escola hoje; Falando de educação; Nós na escola; PCN /
Um compromisso com a cidadania; Proformação – Ensino é aprendizagem; Projeto Ipê; e A lei da escola.
Série selecionada na Grade da
programação para o Ensino
Fundamental.
Transmissão: 28 de março
Áreas conexas: Educação; Ética; Saúde
Duração: 43’00”
Direção: Alexandre Valent
Realização: Higrade, França, 2000
Indicado para o trabalho com professores e
profissionais de Educação Infantil e Ensino
Fundamental, além de profissionais e
estudantes das áreas de Saúde envolvidos
com o processo de inclusão.
RESUMO
O
filme analisa minuciosamente o
mundo solitário dos autistas e os
conflitos e dificuldades enfrentados por
pais e mães de crianças portadoras do
problema. Discute também as questões
relativas ao diagnóstico precoce e às instituições dedicadas a esse atendimento
especializado. As experiências relatadas
no vídeo, gravado na França, não estão
longe das que podemos encontrar em nossa realidade. Trata-se de um valioso instrumento para que educadores, e outros
profissionais dentro da escola, aprendam
a identificar transtornos de conduta, de
desenvolvimento cognitivo, afetivo e social associados a essa doença.
DICAS
O
s depoimentos apresentados no
programa são muito ricos no que
diz respeito aos sentimentos de ansiedade, aos medos e às incertezas que afligem os pais. É preciso acolher os familiares, evitando reforçar o sentimento de
culpa que já carregam, associado em
geral a uma tendência ao isolamento.
TV E SCOLA
A inclusão do autista na escola comum, como sugere o filme, é uma possibilidade que depende do total comprometimento por par te de todos os envolvidos, sem idéias preconcebidas. Aceitar de fato o autista na escola ou na sala
de aula será o primeiro passo para que
ele se sinta reconhecido.
A escola não deve ser vista somente
como o local de aquisição de conhecimentos formais, mas também como lugar social, onde o autista adquire noções
de como se alimentar, se vestir e se relacionar, preparando-se para a vida e, talvez, até para alguma ocupação profissional. Será preciso tornar simples tudo
aquilo que para ele é muito complicado.
As tarefas devem ter começo e fim, ser
carregadas de sentido e incluir estímulos à realização com autonomia. Ensinar
o básico da vida: ficar em paz consigo,
respeitar os outros e a si mesmo, ser
independente, controlar a autodestruição, a angústia e a ansiedade.
O respeito às diferenças
Certamente a experiência da inclusão
traz benefícios, oportunidades, temores
e dificuldades. O professor tem muitos
alunos em sua classe e teme não dispor
de recursos próprios para lidar com um
aluno autista – mas não deverá tentar enfrentar sozinho a situação. É fundamental que estabeleça contato com os outros
profissionais que atendem a essa criança. As demais crianças também devem
ser incentivadas a ajudar o colega autista em sua rotina na escola. Essa atitude
fará bem a todos do ponto de vista da
ética humana e da cidadania. É interessante exibir o filme também para eles e
recomendar a visita a instituições de atendimento. O autista será auxiliado na sua
comunicação e no vislumbre de se tornar
parte de um mundo comum a todos. Basta valorizar seus pontos fortes, procurando aumentar o alcance de suas habilidades – afinal, é o que todo professor deve
fazer com qualquer aluno.
MA
TEMÁTICA
MATEMÁTICA
TURMA DA
TABUADA 2
Série selecionada na Grade da
programação para o Ensino
Fundamental.
Transmissão: 15, 16 e 17 de abril
Duração: 30 episódios de cerca de 10’
cada um
Direção: Liz Whitaker
Realização: Channel 4 Learning,
Grã-Bretanha, 2000
Indicado para atividades com alunos do
Ensino Fundamental e também da
Educação Infantil.
RESUMO
Leia também:
Autismo: um mundo à parte
As tarefas devem ser divididas em várias atividades pequenas e de forma seqüencial, selecionadas de acordo com a
personalidade da criança e com seu estado de espírito: em alguns dias é possível exigir mais, e em outros, é preciso
pedir menos.
As artes são um meio facilitador de
expressão e comunicação. A criação de um
jornal, por exemplo, poderá ter muitos desdobramentos e motivar todos os alunos. A
culinária e o cultivo de plantas são meios
favoráveis de produção e desenvolvimento de habilidades para o trabalho.
TV E SCOLA
FOSTER. O.H. Autismo em
neurologia infantil. In: JERUSALINSKY, A. et al. Psicanálise e
desenvolvimento infantil : um
enfoque transdisciplinar. Por to
Alegre: Ar tes Médicas, 1989.
JERUSALINSKY, A. Psicose e
autismo: uma questão de linguagem. Boletim da Associação
Psicanalítica de Por to Alegre.
Por to Alegre: Ar tes e Ofícios,
vol. 4, n. 9, 1993.
LERNER, R. Escolarização de
crianças portadoras de distúrbios globais do desenvolvimento:
dados e reflexões a respeito dos aspectos envolvidos. Estilos da clínica. Revista
sobre a infância com problemas. São Paulo: Instituto de Psicologia da USP, vol. 2,
n. 2, 1997.
Veja também, da TV Escola:
As séries: Deficiência mental; Deficiência:
mito e realidade; e Deficiências múltiplas.
Os programas:
O lutador; TV Executiva: os novos rumos
da Educação Especial e Nós também
somos gente.
S
érie de animação de figuras de argila, cuja ação se desenrola a bordo de um barco. Ali, a tripulação tem
como tarefa cuidar dos passageiros, que
são animais de várias espécies. A série
utiliza as situações criadas, além de recursos como a música e a dança, para
introduzir conceitos matemáticos, como
a utilidade dos números, a soma, a subtração, a multiplicação, a propriedade comutativa e até as incógnitas (leia mais
em Destaques da programação da edição no 22 da revista TV Escola).
DICAS
A
s sugestões aqui apresentadas,
que se referem a três episódios da
série, podem oferecer boas idéias para a
utilização dos demais programas.
Nos episódios iniciais, os alunos começam a conhecer “números grandes”,
seus nomes e a forma de escrevê-los,
bem antes de compreender e de dominar completamente o sistema de numeração decimal. Esse conhecimento, adquirido em situações da vida cotidiana,
é explorado e ampliado na escola.
13
D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
Ao exibir o vídeo, é interessante promover algumas paradas estratégicas, às vezes sugeridas pelo próprio desenrolar
da história, quando o apresentador comenta os problemas encontrados pelos personagens.
Aproveite esses momentos para
fazer pausas na fita, conversar
com a classe sobre cada questão proposta e explorar outras
situações análogas e concretas,
dentro do contexto do cotidiano. Turma da tabuada 2
se, pergunte por que se formaram grupos
de 10. Explore a característica decimal de
nosso sistema de numeração e faça treinamento de contagem de 10 em 10, partindo de diferentes números.
Crie situações em que fique evidente
a utilidade de fazer marcas para formar
agrupamentos, como contar folhas de
caderno ou registrar a pontuação em algum jogo. Com esse reforço, o estudante percebe intuitivamente a correspondência entre conjuntos como forma de
definição dos números.
PEGADAS NOS LADRILHOS
Veja na internet (em inglês):
www.4lear ning.co.uk/numbercrew/
index.cfm
Neste episódio, a turma da tabuada
quer enfeitar o salão do barco com ladrilhos e tinta. Há 100 ladrilhos na caixa.
Utilize a questão levantada pelo apresentador e crie com sua classe situações similares, como por exemplo: “Se vocês tivessem 20 ladrilhos e quisessem que
cada bicho deixasse 4 pegadas, quantos
animais poderiam participar da brincadeira?” Mesmo que não consigam chegar à
resposta, não insista. O importante é leválos a pensar em uma possível solução.
A pausa seguinte é aconselhável logo
depois que o algarismo zero é atribuído à
cobra. Discuta com os alunos quantos azulejos foram realmente utilizados: 100 ou
101? Quando queremos contar alguma
quantidade devemos começar pelo zero ou
pelo um? Aproveite para falar da importância do zero no sistema de numeração.
Faça outra pausa quando o apresentador chegar a 100 e sugira, por exemplo, que contem do 63 ao 83, do 21 ao
47, do 15 ao 60, de 2 em 2 e assim por
diante. Peça que os alunos encarem o
desafio lançado no filme e faça a contagem até 100. Chame a atenção sobre o
problema final, quando a professora for-
ma um círculo com a classe: quantas
voltas serão necessárias até chegar ao
100? Discuta com a turma se a contagem começou realmente na professora
(que falou o número 0) ou na criança que
falou o 1. Será que a professora está
par ticipando da contagem?
LADRILHO COM BRILHO
Faça a primeira pausa quando se coloca a questão da posição de cada azulejo
na parede. Oriente a conversa com a classe, observando se alguém sugere solução
semelhante à da turma da tabuada – escrever números nas costas dos ladrilhos e
na folha de papel. Consulte os alunos sobre os números grandes que já conhecem
– números das casas, dos apartamentos,
dos preços, da pontuação no videogame
etc. Que outros números aparecem na
sala? Escreva-os no quadro e pergunte
quais são menores do que 100. Depois,
peça para colocarem os números em ordem
crescente. Deixe que eles próprios façam
a correção após o próximo trecho do filme.
No final da história, a cobra continua
com dificuldade para diferenciar o 18 do
81. Explore a situação com outros desafios: diferenciar o 89 do 98, o 26 do 62
e assim por diante. Depois de assistir
ao episódio, promova um jogo de bingo,
excelente recurso para treinar o nome e
a escrita dos números.
BESOUROS E NÚMEROS
Turma da tabuada 2
14
Peça sugestões para ajudar a turma da
tabuada a contar os besouros; se estiver
difícil, proponha que imaginem os bichos
parados. Estimule a idéia de dividir em
grupos, se ela não aparecer espontaneamente. Na cena com a professora na clas-
ÉTICA
SACUDINDO O
MUNDO: UMA
VISÃO SOBRE AS
DROGAS
Série selecionada na Grade da
programação para o Ensino
Fundamental e também para o
Ensino Médio.
Transmissão: 3 de abril
Áreas conexas: Saúde; Ciências
Duração: 29’51”
Direção: Moira Simpson
Realização: National Film Board of
Canada, Canadá, 2000
Indicado para atividades com alunos das
7 a e 8 a séries do Ensino Fundamental
e de todas as séries do Ensino Médio.
RESUMO
U
ma visão honesta sobre a relação
dos jovens com o vício das drogas,
apresentada por alguém que enfrentou
esse problema. Um grupo de sete estudantes, de origens culturais diversas, encontra-se com policiais que, desde 1998, vêm
acompanhando e recolhendo depoimentos
TV E SCOLA
de pessoas viciadas. Não se trata, no entanto, de um simples documentário contra
o uso de drogas. Os estudantes conversam
com os policiais – após estabelecerem um
acordo mútuo de liberdade de expressão –,
assistem a depoimentos, mantêm contato com pessoas em recuperação e com outras ainda lutando contra o vício e, ao longo de todo esse processo, revêem e mudam seus conceitos sobre o assunto.
DICAS
A
pós a exibição do filme, procure investigar quais foram os sentimentos desper tados entre os alunos pelas
imagens e pelos depoimentos. Que atitudes coletivas seriam coerentes com
esses sentimentos?
Faça uma lista das causas que levaram
as pessoas do filme ao uso de drogas e
procure levantar comparações com casos
conhecidos pela comunidade. Os motivos
alegados conduzem necessariamente ao
uso e à dependência de drogas? Explore
as questões da experiência por curiosidade ou por pressão de um grupo sobre o
indivíduo. Os riscos são os mesmos? Ambos os casos levam inevitavelmente à dependência? Por que essas razões foram
suficientes para lançar os entrevistados na
iniciação e na dependência de drogas? Que
fatores induzem à persistência no uso e à
conseqüente dependência?
Questione as diferenças entre o usuário ocasional e o dependente. Oriente o
grupo a estabelecer o limite entre as
duas formas de consumo. A perda do
controle é sugerida no vídeo como critério de discriminação entre os dois tipos
de usuário. No entanto, eles só admitem
essa perda quando já não conseguem se
ver no futuro sem utilizar drogas. Isso
suscita uma boa discussão: um indivíduo
na fase de dependência é capaz de buscar ajuda por si mesmo, ou precisará de
algum tipo de inter venção? O filme sugere alguma? Que interferências a comunidade e a escola podem propor?
Os viciados podem – ou devem – ser
responsabilizados moralmente pelos seus
atos ou por usar drogas e depender delas?
Podemos atribuir a autodestruição deles
ao fracasso das relações familiares ou da
escola, às relações de discriminação da
TV E SCOLA
março / abril
SALTO PARA O FUTURO
Série
Dia
Cultura corporal de movimento
História e Geografia
Ciências na escola
Competências na formação continuada
A escola que queremos
Varal de textos
Educação e desenvolvimento infantil
Espaços de inclusão
Escola: exclusão e inclusão
comunidade e à ausência de políticas públicas direcionadas para os jovens? Qual
o grau de responsabilidade dessas instituições em relação ao viciado?
Chame a atenção para o fato de que
só é possível falar em responsabilidade
moral se:
● o sujeito do ato não ignorar as
circunstâncias e as conseqüências de
sua ação, isto é, a ação possuir um caráter consciente;
● a causa de seus atos estiver no próprio indivíduo, ou seja, ele não estiver submetido a poderes externos e internos que
o forcem e o constranjam a sentir, a querer
e a fazer alguma coisa. Em outras palavras,
se o sujeito do ato for livre. Cabe observar
que a liberdade não é tanto o poder de escolher entre vários atos possíveis, mas, fundamentalmente, o poder de se autodeterminar, estabelecendo as próprias regras de
conduta e reconhecendo-as como suas;
● couber ao sujeito a responsabilidade moral por suas escolhas e conseqüências. A falta de conhecimento das
conseqüências das escolhas não o exime dessa responsabilidade, quando ele
pode e deve conhecer as motivações e
conseqüências de seus atos.
Proponha um exercício de comparação
entre as realidades apresentadas no filme e as da comunidade quanto aos tipos de drogas consumidas, à atuação da
polícia e à realidade socioeconômica e
cultural dos jovens.
4a
11 a
18 a
25 a
1a
8a
15 a
22 a
29 e
8
15
22
28
5
12
19
26
30
de março
de março
de março
de março
de abril
de abril
de abril
de abril
de abril
Discussão final
É interessante recolher as opiniões dos
alunos sobre suas necessidades e seus
desejos. Quais são suas esperanças e preocupações? Como se imaginam no futuro?
Mostre que na origem da ação humana existe uma necessidade de ser o que
podemos escolher. A felicidade é compreendida como a realização voluntária de um
projeto de vida com o qual nos identificamos. E a adolescência é uma etapa importante para a construção e a identificação desse projeto. É preciso enfatizar que
nossas escolhas, no entanto, devem considerar a existência do outro. Sem isso,
projeto algum teria sentido.
Trabalho interdisciplinar
O filme permite um trabalho interdisciplinar envolvendo Saúde, Geografia e Ciências (no Ensino Fundamental) ou Biologia
(no Ensino Médio). A finalidade da atividade será decidida pelos professores,
tendo em consideração suas possibilida-
Uma visão sobre as drogas
15
D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
des de ação e organização e as peculiaridades da turma a que se destina. Algumas sugestões de tópicos para trabalhar:
● Discussão da classificação do álcool
e do tabaco como drogas.
● Relações entre o uso de drogas e
DST/Aids.
● Pesquisas sobre os princípios ativos
das drogas mais conhecidas e os seus
efeitos no organismo.
● Levantamento das drogas mais consumidas no país, incluindo a sua origem
● Relação entre o tráfico e a economia
dos países produtores e/ou consumidores.
● Acima de tudo, reflexões e discussões sobre o papel da escola em relação
ao uso de drogas, buscando propostas de
ações que envolvam a comunidade.
Veja também:
Na internet
www.unifesp.br/dpsicobio/drogas/
drogas.htm
www.puccamp.br/~drogas/
Da TV Escola
Drogas, movimento, vida e saúde; Drogas: o circo da vida; De cara limpa: drogas e violência; DST/Aids e Fuga do
moinho (Destaques na revista no 25).
RESUMO
D
esde as primitivas culturas de coleta e caça até o mundo moderno, as
sociedades têm elaborado códigos de conduta e imposto penas às pessoas que os
violam. Esses dois filmes da série Ecce
Homo tratam da evolução da lei e da punição ao longo da História, numa abordagem
em que se destacam temas de natureza
ética, como o castigo corporal e a tortura,
além de questionar as formas de se fazer
um criminoso pagar por seus erros.
DICAS
O
s dois programas permitem produzir um trabalho conjunto envolvendo as disciplinas de História, Geografia, Filosofia, Biologia e Língua Portuguesa. A partir de temas como Direito, Justiça e Ética,
crime e castigo, os alunos poderão pesquisar, sistematizar informações e debater opiniões, com atividades que relacionam diferentes conhecimentos e exercitam
variadas habilidades e competências. Procure realçar a contextualização, a associação pesquisa-aprendizagem, a argumentação e a justificação, além de estimular o
emprego de todas as formas possíveis de
registro e comunicação de idéias.
do-os no espaço e no tempo – utilizando
mapas e linhas do tempo e sintetizando
as principais características das sociedades pesquisadas.
Sugira que cada grupo apresente sua
pesquisa e socialize seus conhecimentos,
apresentando seminários ou cartazes.
Após as apresentações, um exercício
interessante consiste em promover a
construção coletiva de um painel registrando as semelhanças e diferenças entre vários sistemas de leis e punições.
Estabeleça dinâmicas interativas que
estimulem todos os alunos a par ticipar.
Isso os ajudará posteriormente a discutir com propriedade os valores das sociedades estudadas.
A lei
Temas éticos
Contextos históricos
HISTÓRIA
A LEI / PUNIÇÃO
Programas da série Ecce Homo
selecionados na Grade da
programação para o Ensino
Fundamental e também para o
Ensino Médio.
Transmissão: 21 de março
Áreas conexas: Filosofia; Ciências;
Geografia; Língua Por tuguesa
Duração: cerca de 50’00” cada um
Direção: Daniel Rancour t
Realização: Motion International, Canadá,
1998
Indicado para atividades com alunos da
7 a e da 8 a séries do Ensino Fundamental e
de todas as séries do Ensino Médio.
16
Depois da exibição dos vídeos, proponha que a classe se divida em grupos
para pesquisar os sistemas de leis e de
punições em distintos momentos e culturas: no Código de Hamurábi; no direito
greco-romano; nos costumes dos “bárbaros” germânicos; no Código de Justiniano (Império Bizantino); na Magna Carta da Inglaterra; nas leis coloniais impostas aos povos indígenas e aos negros;
na Declaração de Independência dos
EUA; na Revolução Francesa e no Código Napoleônico; na legislação discriminatória da Alemanha nazista e na Declaração Universal dos Direitos Humanos da
ONU, de 1948. Todos esses temas se
articulam e, assim, esse levantamento
e a sistematização das informações contribuem para encaminhar a compreensão
da evolução (ou não) da Justiça. É importante orientar o trabalho para que os alunos contextualizem os conteúdos, situan-
Há uma série de questões propícias
para o debate em classe. Uma sugestão
de trabalho é a formação de dois grupos
para defender teses opostas. Escale dois
ou três alunos para registrar os principais argumentos apresentados pelos
debatedores. De posse desses registros,
cada grupo apresentará uma dissertação
acerca do tema, orientado pelo professor de Língua Por tuguesa.
O vídeo A lei é rico em polêmicas interessantes, como:
● Ainda hoje há quem defenda leis
baseadas na aplicação do “olho por olho,
dente por dente”?
● A Justiça é cega, ou seja, trata a
todos de forma igual? Todos são iguais
perante a lei?
● As pessoas devem ter o direito de fazer coisas que prejudicam a si próprias?
● A Ciência tem o direito de realizar
experiências genéticas com embriões
humanos?
TV E SCOLA
Esse mesmo vídeo aborda também
várias questões presentes no cotidiano
dos jovens. O senso comum, desprovido
de bases filosóficas, tem alimentado noções polêmicas a respeito do fato de os
tribunais inocentarem pessoas ricas e famosas, ou da perda do respeito pela autoridade, como no caso das relações entre professores e estudantes. O filme dá
ensejo a uma reflexão sobre o descrédito
das noções de Justiça e Direito nas sociedades contemporâneas. Discuta esse
assunto e convide depois os alunos a produzir dissertações, para que exercitem a
habilidade de exprimir suas idéias.
O documentário Punição, por sua vez,
oferece alguns temas “quentes”, bem
próximos da realidade dos estudantes:
● A adequação dos castigos corporais;
● As execuções públicas como espetáculo (será que isso não acontece ainda hoje, com “execuções” promovidas
pela mídia?);
● A superlotação das prisões e sua
transformação em escolas do crime;
● O alto índice de negros e pobres nas
cadeias;
● O direito à defesa versus os julgamentos sumários realizados em alguns países;
● A pena de mor te para diminuir a criminalidade (será que isso dá cer to?);
● As penas alternativas.
Como estímulo ao debate, proponha
alguns temas, mas deixe a cargo dos alunos a escolha, orientando a discussão
para que não percam de vista os conteúdos propostos no documentário. Dar voz
aos jovens é sempre uma experiência enriquecedora.
Justiça e tecnologia
O professor de Biologia pode
aproveitar o programa A lei para
rever conhecimentos sobre genética e apresentar como objeto de
estudo os avanços científicos noticiados pela mídia. É uma oportunidade para os alunos ampliarem suas referências acerca de
assuntos polêmicos, como a clonagem de seres humanos ou a
realização de experiências com
mutações genéticas. Por outro Punição
lado, a evolução científica que
hoje nos permite discutir esses temas
está relacionada com o desenvolvimento
tecnológico surgido a partir da Revolução
Industrial, no final do século 18. Lembre
à classe que várias obras literárias daquele período, como Frankenstein, de Mary
Shelley, exploravam as possibilidades de
transformação dos seres humanos.
Quais são os limites da Ciência?
Como a sociedade deve interagir para
defini-los com maior precisão? “A lei não
pode mais decidir sozinha o que é cer to
ou não”, mostra o filme. E, como os professores sabem, a par ticipação adequada dos jovens na definição do futuro exige deles posturas conscientes que só o
conhecimento crítico pode trazer.
Ainda com essa temática, o professor
de Filosofia pode aproveitar a discussão
apresentada em Punição para conduzir
uma reflexão a respeito do sistema prisional no futuro. O documentário mostra
propostas feitas no cinema de ficção científica, como a implantação de chips ou
pulseiras de controle eletrônico no corpo
dos prisioneiros.
Tudo faz crer que as
punições no futuro
continuarão prevendo o encarceramento
e a privação da liberdade como castigo
para crimes mais graves. Por outro lado,
defende-se cada vez
mais a aplicação de
penas alternativas
em determinadas circunstâncias, como a
prestação de ser vi-
ços comunitários para crimes mais leves.
Para aproximar a discussão da realidade dos alunos, proponha que investiguem
a situação das cadeias e delegacias locais.
Há algum tipo de atividade planejada para
qualificar profissionalmente os prisioneiros e favorecer sua reinserção no mercado de trabalho, quando forem libertados?
O vídeo alerta para o alto índice de reincidência criminal nos Estados Unidos, apesar de todos os recursos modernos para
a reeducação dos presos. E no Brasil,
como anda essa situação? Quais as medidas adotadas em sua comunidade?
Se a tecnologia por si só não resolve
o problema de recuperação dos presos,
parece que o melhor investimento para
reduzir a criminalidade está na prevenção, como sugere o filme.
Veja também:
Na internet
www.torturanuncamais.org.br
www.dhnet.org.br/direitos/pmorte/
Da TV Escola
Ar tigo 2o e Direitos Humanos.
CONSULTORIA
As sugestões de trabalho apresentadas nos textos desta seção foram elaboradas com a consultoria dos professores Álvaro César Giansanti (História), Denise Trento R. Souza (Educação), Eliana Ormelezzi (Educação
Especial), Sílvia Barbara (Geografia),
Mônica Torkomian (Matemática),
Marlito T. Souza Lima (Ética e Filosofia), Noemi Jaffe (Literatura)
A lei
TV E SCOLA
17
D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
ENSINO MÉDIO
Desde outubro de 1999, o Ensino Médio conta com uma
programação específica, produzida e transmitida pela TV Escola.
Agora, passa a comparecer também aqui na revista, em
Destaques da programação. Para auxiliar o trabalho dos
professores de Ensino Médio e proporcionar-lhes formação
continuada, são apresentadas as séries Como fazer?
(de segunda a quarta-feira), Como fazer? A Escola
(às quintas-feiras) e Acervo (às sextas-feiras).
ACER
VO
ACERVO
NA TRILHA DE
ULISSES
COMO F
AZER?
FAZER?
A CURA QUE VEIO
DA CRIPTA
Programa produzido para a
Grade de programação do
Ensino Médio, comentado por
professores de
QUÍMICA
ANTROPOLOGIA
BIOLOGIA
COMO F
AZER?
FAZER?
CALANGOS
BOIAÇU
DO
Programa produzido para a
Grade de programação do
Ensino Médio, comentado por
professores de
BIOLOGIA
LÍNGUA PORTUGUESA
GEOGRAFIA
Transmissão: 4 de março
Duração: 21’00”
Direção: Ricardo Dias
Realização: Super filmes, Brasil, 1992
Indicado para atividades com alunos das
três séries do Ensino Médio.
Transmissão: 18 de março
Duração: 27’00”
Direção: Naomi Lumsdaine
Realização: ABC International, Austrália, 2001
Programa produzido para a
Grade de programação do
Ensino Médio, comentado
por professores de
HISTÓRIA
LÍNGUA PORTUGUESA
ANTROPOLOGIA
Transmissão: 8 de março
Duração: 55’49”
Direção: Jean Baronnet
Realização: Explore, Inglaterra, 2000
Indicado para atividades com alunos das
três séries do Ensino Médio.
RESUMO
S
eguindo a trilha percorrida pelo
arqueólogo alemão Heinrich
Schlieman (1822-1890), o filme narra
as aventuras de Ulisses, figura heróica da epopéia A Odisséia. Visita lugares e identifica os acidentes geográficos citados por Homero, buscando evidências de que a obra ultrapassa o terreno da ficção, pois faz referências a
fatos historicamente comprovados.
18
Indicado para atividades com alunos das
três séries do Ensino Médio.
RESUMO
E
m 1994, a descoberta acidental de
uma cripta, que há séculos abrigava
múmias, abriu novas perspectivas para a
medicina e a saúde pública. Além do interesse histórico, o achado acabou atraindo
a atenção de cientistas de diversas áreas
para um projeto de defesa contra a bactéria
mais mortal da atualidade: a Mycobacterium
tuberculosis, causadora da tuberculose. Em
narrativa intrigante e envolvente, o vídeo revela o percurso dessa história, que começa
na Hungria do século 18 e se estende para
os horizontes da genética do século 21.
RESUMO
D
ocumentário realizado na Amazônia,
com o zoólogo Paulo Vanzolini, que
à época das filmagens era diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São
Paulo. O filme registra o cotidiano de uma
expedição zoológica à localidade de Santa Maria do Boiaçu, no médio Rio Branco,
em Roraima, durante a qual o cientista estabelece contato com lugares, bichos e
pessoas. Ao mesmo tempo que relata a
evolução do estudo sistematizado dos animais no Brasil, ainda no início do século
20 – sem perder de vista o contexto histórico desse desenvolvimento –, Vanzolini reflete sua paixão pela mata e pelas
pesquisas sobre os répteis: “Se queremos conservar a natureza, primeiro nós
temos de entendê-la”.
TV E SCOLA
COMO F
AZER? A ESCOLA
FAZER?
PAISAGEM
E
MEMÓRIA
Programa produzido para a
Grade de programação do
Ensino Médio
Transmissão: 14 de março
Duração: 25’53”
Direção: Pascoal Samora
Realização: Grifa Cinematográfica, Brasil, 2000
Indicado para atividades com alunos das
três séries do Ensino Médio.
RESUMO
T
rês habitantes de diferentes pontos
do litoral do Rio Grande do Sul –
Mostarda, Vila da Lagoa do Peixe e São
José do Norte – rememoram suas lem-
branças a respeito dos locais onde vivem. Falam da solidão imposta pela paisagem quase desér tica, característica
dessas regiões. Um sentimento misto de
tristeza e resignação se alterna com o
constante medo de que o grande transformador desse ambiente, o vento noroeste, venha carregar suas casas ou soterrá-las sob a areia.
QUESTÃO TRATADA
“Como trabalhar o patrimônio do
local onde está a escola?”
A par tir desta questão, dois professores comentam o vídeo, sugerindo
maneiras de desenvolver trabalhos em
torno do patrimônio natural, histórico
e cultural da cidade em que a escola
está inserida, em projetos interdisciplinares.
CONSULTE
TAMBÉM
O
QUE DIZEM OS PARÂMETROS
A interdisciplinaridade e a contextualização foram propostas como princípios pedagógicos estruturadores do currículo para atender o que a lei estabelece quanto às competências de:
vincular a educação ao mundo do trabalho e à prática social;
compreender os significados;
ser capaz de continuar aprendendo;
preparar-se para o trabalho e o exercício da cidadania;
ter autonomia intelectual e pensamento crítico;
ter flexibilidade para adaptar-se a novas condições de ocupação;
compreender os fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos;
• relacionar a teoria com a prática.
•
•
•
•
•
•
•
Parâmetros Curriculares Nacionais, Ensino Médio, Par te I, pág. 93.
TV E SCOLA
Para complementar a programação do Ensino Médio veiculada pela TV Escola, as séries
Como fazer? e Acervo também
oferecem aos professores uma
coleção de fichas, nas quais são
apresentadas sugestões de atividades em torno de determinados conceitos e de acordo com
as competências que se pretende desenvolver. Essa coleção de
fichas é distribuída às escolas
públicas de Ensino Médio do
país e também está disponível
na internet: www.mec.gov.br/
semtec/ensmed/comofaz.shtm.
19
Boris Fausto
D
CHOQUE DE
epois do ataque terrorista às torres do World
Trade Center, em Nova York, no ano passado, e
dos acontecimentos que a ele se seguiram, o mundo
ocidental despertou para a existência do Outro, ou
melhor, dos Outros.
Os Outros são uma variedade de povos, de etnias e
religiões as mais diversas, abrangendo bilhões de
seres humanos, espalhados pelos continentes. É o
caso da população muçulmana, que ficou, por força dos
acontecimentos, no centro das atenções. Ela se
compõe de cerca de 1,2 bilhão de pessoas. E este
número tende a crescer ao longo dos anos.
Ao obser var o mundo cristão ocidental e o islâmico,
muitos analistas têm falado em “choque de
civilizações” – uma expressão tomada de empréstimo
do título de um livro de Samuel Huntington, cientista
político americano que goza de bastante prestígio.
Huntington sustenta que, após o fim da Guerra Fria
entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética,
ganharam o centro do palco as confrontações entre
civilizações que não se harmonizam entre si. Um
desses choques ocorreria entre o mundo cristão e o
mundo islâmico.
Seria mesmo assim? Para responder à pergunta,
devemos ter em conta vários fatores, a começar pelo
que se passa no Islã e no Ocidente cristão. Em
primeiro lugar, o Islã não representa uma unidade
homogênea, mas um conjunto de países, de grupos no
interior desses países, de línguas e etnias, muito
diferentes entre si. O que o chamado Islã tem em
comum é a prática da religião muçulmana, que nasceu a
partir dos ensinamentos de Maomé.
Vejamos alguns exemplos da diversidade do mundo
islâmico. Do ponto de vista político, um país como a
Turquia, bastante ocidentalizado em seus costumes e
alinhado com as potências ocidentais, contrasta
fortemente com os Talebãs, do Afeganistão. Do ponto de
vista étnico, os seguidores da religião de Maomé não
são apenas árabes, mas povos de outras origens, como
ocorre no Irã, na Indonésia, na Malásia etc. Do ponto de
vista religioso, os muçulmanos se dividem entre xiitas,
sunitas e outras denominações, de acordo com sua
interpretação do Corão, daí resultando também uma
organização religiosa distinta, em que, por exemplo, o
clero tem maior ou menor peso.
Por sua vez, o fundamentalismo, tão mencionado
nos dias de hoje, é uma corrente de interpretação
religiosa que não se restringe ao mundo islâmico.
Curiosamente, essa expressão nasceu da necessidade
de se identificar cer tas tendências existentes no
interior do protestantismo. São fundamentalistas
as correntes religiosas que tomam um texto
considerado sagrado – a Bíblia, o Corão etc. –, em
sentido estrito, procurando prender-se ao que
consideram ser seus fundamentos.
Da leitura dos textos à sua maneira, os
fundamentalistas extraem uma religião maniqueísta,
TV E SCOLA
CIVILIZAÇÕES?
ou seja, uma religião que divide o mundo entre os
fiéis – aqueles que viram a luz – e os infiéis,
mergulhados na escuridão. Os fundamentalistas são,
por tanto, intolerantes, incapazes de conceber a
diversidade do mundo, e tendem a ser muito restritos
em matéria de costumes e a dar às mulheres um
tratamento discriminatório.
Apesar disso tudo, não devemos confundir
fundamentalismo com terrorismo, embora a grande
maioria dos terroristas seja fundamentalista. Na
realidade, o que chamamos de terrorismo é uma ação
individual ou coletiva que busca alcançar determinados
objetivos, por meio do ataque indiscriminado a
pessoas, envolvidas ou não em atividades políticas, e
a alvos com conteúdo simbólico, como embaixadas,
quar téis etc. Os terroristas podem até não ser
religiosos, como foi o caso dos anarquistas que, em
fins do século 19 e princípios do século 20, praticaram
atentados contra personalidades políticas, ou como,
em nossos dias, é o caso dos membros do ETA –
organização que luta na Espanha pela independência
do País Basco.
O ponto essencial é que, entre o mundo islâmico e
o ocidental, não existe um choque de civilizações, e
sim diferenças culturais significativas com as quais é
possível conviver, e mesmo ganhar com a convivência.
A análise das civilizações cristã e islâmica revela,
em linhas muito gerais, diferenças que se
cristalizaram ao longo do tempo. Um dos aspectos
mais relevantes dessa diferença se encontra no fato
TV ESCOLA
PROGRAMAÇÃO ESPECIAL - HISTÓRIA
Março
Programa
Palestina
Irlanda
Quando o mundo falava árabe
Índia
Terra Santa, povo santo
Guerra (série Ecce Homo)
Punição / A Lei (série Ecce Homo)
O Estado (série Ecce Homo)
Fronteiras
Classes sociais (série Ecce Homo)
Doutora Roya
Rabat Salé / Tachkent (série Limites urbanos)
Dias
18
20
18 – 20
19
19 – 20
20
21
21
21
21
21
21
de que a brilhante cultura dos reinos árabes do nor te
da África e da Espanha, vencidos pelos reis cristãos
ao longo dos séculos 11 a 14, não encontrou
sucessores. De tal forma que o Império Otomano e as
várias regiões islâmicas, não obstante suas façanhas
guerreiras, estacionaram em regimes políticos
repressivos. Na verdade, o mundo islâmico foi pouco
tocado pelo longo processo revolucionário desenrolado
no Ocidente que, entre avanços e retrocessos, abriu
caminho para a instalação de regimes democráticos,
para o reconhecimento da cidadania e da igualdade
entre os sexos.
Mas é preciso ter cuidado para não introduzir o
maniqueísmo pela por ta dos fundos, separando o
mundo ocidental, das luzes, do mundo oriental, das
trevas. Se os valores democráticos são um produto
exemplar da civilização ocidental, esta não esteve livre
de produzir maçãs envenenadas. A maior delas foi o
nazismo, que levou à mor te milhões de pessoas e que
atiraria o mundo em um retrocesso sem precedentes,
caso vencesse a Segunda Guerra Mundial.
Devemos também considerar que os povos
islâmicos não são impermeáveis aos ideais
democráticos, como mostram vários exemplos. Entre
eles, podemos destacar correntes muito expressivas
existentes no Irã, ou grupos formados em sua maioria
por intelectuais palestinos que lutam pela constituição
de um Estado palestino respeitador das liberdades
fundamentais da pessoa humana e das coletividades.
Para concluir, devemos obser var que existe sim, no
mundo de hoje, um choque entre concepções e
regimes democráticos, de um lado, e concepções
fundamentalistas, de outro. Lembremos também que
algumas dessas concepções contêm os germes
destrutivos do terrorismo.
Mas esse choque, cujas graves conseqüências
conhecemos, não tem o conteúdo de um choque entre
civilizações. Na raiz das diferentes civilizações do
mundo atual, não há elementos que levem
necessariamente a um choque irremediável. Pelo
contrário, existe uma ponte permitindo estender
valores democráticos, respeitar as diferenças e
praticar a tolerância. Cruzar essa ponte, nos dois
sentidos, é um ideal difícil de ser atingido, mas que se
situa no terreno dos sonhos realizáveis.
BORIS FAUSTO é historiador e autor de História do Brasil
(São Paulo, Edusp, 1994), entre outras publicações.
TV E SCOLA
TV ESCOLA
PARA TODOS
Reportagem:
Fotos:
Rosangela Guerra
Iolanda Huzak
Pelo portão da escola passam crianças e jovens. Aqui é
também um espaço de inclusão de surdos e outros alunos com
necessidades especiais. Todos usam a TV Escola: do Ensino
Infantil e Fundamental ao Magistério
intada de verde, a Escola Normal de Taguatinga, no Distrito Federal, a 25 quilômetros de Brasília, faz divisa com um parque ecológico de árvores típicas do cerrado. As classes de Educação Infantil e de Ensino Fundamental estão repletas das produções infantis: pinturas, desenhos, textos
de diversos tipos, cartazes com recortes da imprensa e jogos pedagógicos. Os projetos dos alunos do Magistério movimentam a escola e envolvem todas as classes, da Educação Infantil à 4a série.
Boa parte de tudo isso foi criado a partir da utilização
da TV Escola, totalmente integrada ao projeto político-pedagógico da escola. A tevê e o vídeo vão de classe em classe e, em uma sala especial, montada com a ajuda da comunidade, a meninada assiste à tevê do jeitinho descontraído
de que gosta: acomodada em almofadas coloridas espalhadas pelo tapete.
P
PRÉ-ESCOLA DÁ A VOLTA AO MUNDO
A professora Nádia de Queiroz, da pré-escola, começou
o ano pronta para pôr em prática o planejamento que preparara: iniciar as atividades pelo chamado estudo do eu, em que
cada criança faria trabalhos sobre si mesma. Em seguida, os
alunos iriam explorar os temas família, escola, comunidade, cidade,
Distrito Federal, país e, finalmente, o planeta.
22
Mas não é que o planejamento teve de ser invertido?
Depois de ouvir a professora contar a versão cristã sobre a
criação do Universo, as crianças perguntavam sem parar:
“Mas o que é o Universo? Nós podemos ir lá?”. Nádia, 15
anos de magistério, percebeu ali um interesse, que ela não
poderia ignorar, por buscar explicações científicas.
Sua primeira providência foi se preparar: estudou Geografia e Ciências, consultou os Parâmetros Curriculares Nacionais e pesquisou os materiais impressos da TV Escola.
Com a ajuda da coordenadora da TV Escola, Lúcia Bezerra de Aguilar, encontrou no Guia de Programas a série O cosmos. Levou alguns vídeos para assistir em casa e selecionar
cenas que lhe parecessem mais acessíveis a seus pequenos
alunos, já que não são programas indicados, em princípio,
para a Educação Infantil.
Também desta vez não foi como ela imaginava. “Fiquei surpresa com o nível de compreensão das crianças.
Elas não me deixavam saltar algumas cenas e foi até difícil controlar a turma”, conta. Todos queriam saber mais
sobre o sistema solar. A aluna Mariana de Araújo levou
para a classe um atlas e alguns livros do pai, que é professor de Geografia. E mais perguntas iam surgindo: “Será
mesmo que o Universo é do jeito que aparece nos vídeos
e nos livros?”. Encontraram a resposta no vídeo O olho do
Hubble, da série O cosmos. “O Hubble é um telescópio que
TV E SCOLA
Os trabalhos feitos
pela turma da
professora Nádia a
partir da série
O cosmos mostram
que muitos vídeos da
TV Escola podem ser
utilizados em
diferentes níveis, da
Educação Infantil ao
Ensino Médio. As
crianças quiseram
conhecer o Universo e
discutiram até o
direito das árvores.
TV E SCOLA
23
TV ESCOLA
PARA TODOS
mostra para a gente como é o espaço”, explica o aluno Wilson dos
Santos Júnior.
Depois de estudar o Universo,
eles passaram a se interessar pela preservação do planeta. Fizeram vários
desenhos sobre os “direitos das árvores”. E as árvores têm direitos?
Mais que depressa, Leonardo Campos de Araújo explica que ninguém
pode colocar fogo ou cortar árvores à toa. Descobriram na escola uma pequena muda de paubrasil e logo trataram de cercar a planta e cuidar dela, colocando até uma placa: “Pau-brasil
também é Brasil”. Junto com outras crianças
da Educação Infantil, os alunos de Nádia cultivam uma horta e fazem relatórios sobre o
desenvolvimento das plantas.
Tecendo relações e associando tudo que
aprendem nos vídeos sobre meio ambiente
e direitos humanos (A diversidade da vida na
Terra, Direito das crianças, Direitos do coração,
entre outros), eles falam do Estatuto da
Criança e do Adolescente e comentam que
muitas crianças não podem ir à escola, porque precisam trabalhar. Mariana Stefhanie
Santos levanta o dedo para dizer que crianças e adolescentes têm deveres também.
Os temas transversais, como Educação
para o Trânsito, Ética e Cidadania, entram
naturalmente na conversa afiada dessa turma
de 20 alunos. Se alguém pergunta: “Quem
tem 18 anos pode dirigir um carro?”, eles
respondem: “Só se tiver carteira de
Entrevistados pelas
crianças, pioneiros da
cidade mostram fotos
antigas e contam
como era a vida
naquele tempo.
motorista”. Eles contam que
viram a carteira de habilitação
da professora e que perguntaram aos pais se já foram multados no trânsito.
Para conhecer a história do
Distrito Federal, os alunos da
pré-escola visitaram Brasília.
Aprenderam que o urbanista
Lúcio Costa venceu o concurso
para criar o traçado da cidade e que aqueles
prédios diferentes foram criados pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Em frente ao Supremo
Tribunal Federal, a bela escultura A Justiça, de
Alfredo Ceschiatti, esculpida em uma peça única de granito, chamou a atenção das crianças:
“Por que a mulher que representa a Justiça tem
uma venda nos olhos, professora?”. Pronto:
outra questão que rendeu uma boa conversa
sobre a igualdade de direitos para todos.
O UNIVERSO DE CADA UM
Quando estudaram a história de Taguatinga, a primeira cidade construída no entorno
de Brasília, Nádia levou para a classe uma foto
de seu álbum de família. Lá está ela, menina
ainda, junto com os irmãos e os pais, pioneiros na cidade. Nem é preciso contar que a
criançada adorou ver a professora tão pequena quanto eles, mas os perguntadores de sempre vieram com mais esta: “Por que é que não
tiraram uma fotografia colorida?”. Foi preciso explicar que as cores nas fotos ainda não eram comuns naquela época.
Memória: A caminho de
Brasília, 1960.
Foto do acervo da revista Manchete
Manchete,
In: Saudades do Brasil – A Era JK
JK,
p. 61. Catálogo de exposição, CPDOC/FGV.
24
TV E SCOLA
TV ESCOLA
PARA TODOS
QUE LUGAR É ESSE
ONDE FICA
comida a quilo lotados, ambulantes vendendo jeans, CDs, legumes e frutas. O trânsito
fica congestionado no fim de tarde, mas o
pedestre é respeitado. Basta colocar os pés
na faixa que os motoristas param. Taguatinga é um pólo econômico expressivo no
Distrito Federal. Tem comércio movimentado, várias empresas de prestação de serviço e indústrias que exportam fibra de vidro.
O Distrito Federal é constituído por Brasília e 18 cidades administrativas, que antes
eram chamadas cidades-satélite. O Distrito Federal tem 5.814 km2, área situada no estado
de Goiás. Taguatinga, uma das cidades administrativas, fica a 25 quilômetros de Brasília.
NOME TUPI-GUARANI
Há quem diga que a tradução correta do
nome Taguatinga é “barro branco”, mas para
outros é “ave branca”. O símbolo presente na
bandeira da cidade é a ave.
“CADINHO” DO BRASIL
As expressões regionais do Brasil são faladas aqui. Ouve-se o “uai” dos mineiros, o
“tchê” dos gaúchos, o “sô” dos goianos e
os diferentes sotaques do Norte e do Nordeste. “Aqui tem um cadinho de tudo”, brinca a cearense e diretora da Escola Normal
de Taguatinga, Francisca Vânia Araújo.
NA BEIRA DA ESTRADA
Ônibus e caminhões com migrantes chegaram a ser impedidos de entrar na superpovoada Cidade Livre, onde Brasília começou a nascer. No final da década de 50, vindos de diversas partes do país em busca de trabalho, muitos migrantes eram deixados num entroncamento à beira da estrada. Foi exatamente ali
que se formou o núcleo habitacional que deu
início a Taguatinga, a primeira cidade oficialmente criada, para evitar as invasões na área
de Brasília. Os migrantes se uniram e pressionaram as autoridades para distribuir lotes na
região. Taguatinga foi fundada em 1958, às
margens do córrego Taguatinga, em terras que
pertenceram ao município de Luziânia, GO.
VAI QUEM QUER
Na terra de migrantes,
a barraca da feira tem
um pouco de cada
região.
O Parque Ecológico Saburo Onoyama,
mais conhecido como “Vai quem quer”, é o
local de lazer de fim de semana para quem
não pode se associar a algum clube. Oferece piscina e quadras de esporte, as pessoas
fazem caminhadas entre arbustos típicos do
cerrado e apreciam a mata ciliar do córrego
Taguatinga. O parque, que recebeu o nome
de um dos muitos japoneses pioneiros na
cidade, faz divisa com a Escola Normal de
Taguatinga.
INVASÕES
EDUCAÇÃO
Segundo a administração regional de Taguatinga, sua população é de 243.343 habitantes e a área é de 121,34 km2. Mas continuam a chegar migrantes, e são freqüentes as
invasões de terra.
Da Educação Infantil ao Ensino Médio,
Taguatinga tem 53.533 alunos na rede pública e 20.917 na particular. Há várias faculdades particulares.
DIFERENTE
As cidades no entorno de Brasília têm administradores indicados pelo governo do Distrito Federal. Em Taguatinga, os endereços seguem o padrão de Brasília, baseado em números e letras. Os de fora estranham, mas quem
mora na cidade garante que não há maneira
mais prática para qualquer um se localizar.
CENTRO NERVOSO
O centro, próximo à Praça do Relógio, tem
a agitação das cidades grandes. Gente andando depressa pra lá e pra cá, restaurantes de
TV E SCOLA
Praça do Relógio e
Parque Ecológico Saburo
Noyama: agitação de
cidade grande e lazer
para todas as idades.
25
TV ESCOLA
PARA TODOS
“Não apenas li,
estudei os PCNs”
Os pais da professora, “seu” Edson e
dona Maria Dalcy Queiroz, foram convidados para uma entrevista. Maria Dalcy aproveitou para matar as saudades da sala de aula,
já que foi uma das primeiras professoras de
Taguatinga. “Quando a cidade começou, foram logo construindo escolas para os filhos
dos pioneiros, mas faltavam professores”,
conta. Comparando fotos antigas, um aluno
perguntou: “Por que a casa de vocês não era
de madeira, como as outras da cidade?”.
“Seu” Edson explicou que era dono de uma
olaria em Goiás e por isso se mudara para
Brasília. “Todo mundo iria precisar de tijolos para as construções, não é? O fogão a lenha do Catetinho, onde ficava o presidente
Juscelino Kubitschek, por exemplo, foi feito com os tijolos da minha olaria”, disse, com
jeito dos bons contadores de histórias. “Conta mais, conta...”, pediram as crianças.
Dentro do planejamento, o passo seguinte
foi estudar a escola. A partir das referências conhecidas por todos, como o portão de entrada,
a casinha de bonecas, o pátio das muitas brincadeiras, foi construído o mapa da escola.
Depois dessa volta ao mundo, a turminha
da pré-escola aterrissou no planejado estudo
do eu. As mochilas coloridas passaram a levar
para a sala de aula um pouco do universo pessoal de cada um: fotos, brinquedos, objetos e
animais de estimação.
26
Na roda de
conversa
com a
professora
Nádia, as
crianças até
apresentam
seus bichos
de estimação.
E vão se
situando no
espaço: após
terem feito o
mapa da
escola,
aprendem a
se localizar
na cidade.
Quem folheia os volumes dos
PCNs da professora Nádia de Queiroz fica impressionado: frases e
mais frases sublinhadas, anotações
nas laterais, na parte de cima e de
baixo de cada página. Foi apoiada
nesse estudo que ela ganhou autonomia para ensinar, aprendeu a explorar a curiosidade infantil e a se
posicionar como mediadora da
aprendizagem. Flexível e firme, ao
mesmo tempo, ela organiza o estudo e evita a dispersão na classe.
“Se preciso alterar o planejamento previsto, eu adapto, mas
sem deixar nada solto. Vou amarrando uma coisa com a outra para evitar a fragmentação
do conhecimento.” Ela conta que, quando estavam estudando a série O cosmos, os alunos só queriam saber de
Geografia e Ciências. Se deixasse, os conteúdos de Português e Matemática ficariam para trás. Por isso, ela levou
para a classe novos livros de literatura infantil, criou jogos de memória sobre o sistema solar e inventou brincadeiras de numerais baseadas nas posições dos planetas.
Todas essas vivências do dia-a-dia de Nádia estão registradas. O que deu certo, o que não deu, as alternativas
para um trabalho melhor e as reflexões sobre a participação dos pais, tudo está registrado em um caderno, com
aquela letra bonita que só as professoras sabem fazer. “Escrevo sobre o que faço e penso. Só assim posso avaliar
meu trabalho”, diz.
TV E SCOLA
TV ESCOLA
PARA TODOS
O CORPO HUMANO COM ARTE
Primeiro: todo mundo tem liberdade
para perguntar o que quiser. Segundo: o que
for aprendido na escola deve ser levado para
a família e a comunidade. Foram estas as
duas combinações que a professora Veralina Bispo de Magalhães fez com seus alunos de 4 a série da Escola Normal de Taguatinga antes de assistirem aos vídeos da
série O corpo humano 2.
Tudo combinadíssimo. É claro: numa
turma de pré-adolescentes, o sistema reprodutor foi o que mais chamou a atenção. Eles
queriam saber, por exemplo, como acontecem a ereção, a fecundação e as mudanças
do corpo durante a puberdade. Todos concordam que conversar sobre sexualidade na
escola é muito melhor do que em casa. Não
é só: tudo fica muito mais fácil de compreender diante da tela, vendo como funciona
o corpo humano.
Os vídeos inspiraram desenhos e pinturas em diferentes técnicas – exibida nas paredes, essa rica produção ilumina a classe
com cor e arte. São belas imagens de células, da corrida dos espermatozóides, de óvulos sendo fecundados e de corpos humanos
nus, nas quais os estudantes explicam a reprodução humana.
Como uma coisa puxa outra, eles revelam que andam de olho nas notícias sobre o
Projeto Genoma e a doação de órgãos. Werbert Alcântara Mendes, 11 anos, anda inconformado porque “muitas pessoas morrem
por falta de doador”. Marina Alvarenga, 10
anos, lembra que o problema não se resume
à falta de órgãos, mas também à de sangue.
E a clonagem? Nesse ponto as opiniões
se dividem, mas que ninguém duvide: esses
garotos estão atentos ao que ouvem, lêem e
vêem. “O conhecimento deixa a gente mais
curioso”, comenta Felipe Lucinda, 11 anos.
Mas será que alguém leva para a comunidade o que aprende na classe? Num minuto
eles pedem a palavra, levantando as mãos.
Nos papos com seus amigos defendem o planejamento da gravidez e o uso da camisinha.
Discutem também por que tão pouca gente
se preocupa em utilizá-la, apesar de tanta
campanha na mídia.
TV E SCOLA
Os vídeos da série O
corpo humano 2
inspiraram os desenhos e
pinturas dos alunos da
professora Veralina, que
se interessaram
principalmente pela
sexualidade humana.
O DIA EM QUE O MUNDO PAROU
Dia 11 de setembro de 2001. As torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, tinham acabado de ser destruídas. Pouco depois,
os alunos da professora Cristina dos Santos
Chagas, entre 10 e 12 anos, esperavam por ela
ansiosos no portão da escola. Eles são surdos e
não conseguiram entender o que tinham visto
pela tevê. Alguns pensaram que o mundo estava acabando. Comunicando-se em Libras (Língua Brasileira de Sinais), a professora Cristina
contou o que sabia, mostrou no mapa o local
onde tudo estava acontecendo e propôs que
fizessem um trabalho sobre o Brasil que todos
queremos, sem terrorismo e preconceito.
A classe em que essas crianças estudam está
no nível de 3a a 4a série. “Elas apresentam surdez em nível profundo e muitas chegaram à
escola sem saber Libras, por isso estão sendo
preparadas para a inclusão em classes regula-
27
TV ESCOLA
PARA TODOS
PROJETOS MOBILIZAM A ESCOLA
res”, explica Cristina. Com a ajuda da professora, elas se animam a contar o que estão
aprendendo na escola. Já assistiram a muitos
vídeos das séries Geografia: primeiras noções, Meio
Ambiente e cidadania e O corpo humano. Durante a exibição, a professora Cristina faz a tradução em Libras. Ela comenta que a deficiência auditiva favorece o desenvolvimento da
visão e, por isso, as crianças são muito atentas
ao que vêem na tela. Após as sessões de vídeo, produzem maquetes, colagens, desenhos
e jogos pedagógicos que estimulam os sentidos e desenvolvem o trabalho em equipe.
Mateus da Silva, 14 anos, faz uma sugestão
para a TV Escola: “Os vídeos precisam ter uma
minitela com a tradução em Libras. Assim, mais
pessoas vão poder aproveitar a programação”.
Os vídeos, traduzidos em
Linguagem Brasileira de
Sinais pela professora
Cristina, mobilizam a
classe para realizar
trabalhos em equipe.
Criada em março de 1970, a Escola
Normal de Taguatinga já vivenciou diversas propostas pedagógicas para a formação
de professores. Na década de 80, as idéias
construtivistas começaram a ganhar espaço nas reuniões de professores e, em 1996,
a interdisciplinaridade passou a ser trabalhada de forma sistemática. Dos 130 educadores da escola, cerca de 90% fizeram
pós-graduação lato sensu e três estão cursando mestrado. A capacitação dos professores acontece uma vez por semana, quase sempre com a utilização de vídeos da
TV Escola.
A troca de experiências entre o Magistério, a Educação Infantil e o Ensino Fundamental enriquece a formação dos professores e eleva a qualidade do ensino. O curso de Magistério é dado em período integral e a cada semestre são desenvolvidos diferentes projetos interdisciplinares.
Quinta-feira à tarde é dia de reunião das
equipes dos projetos. A escola inteira se movimenta, com alunos e professores criando
e planejando ações. Uma equipe está às voltas com a pauta da próxima edição do jornal impresso. “Vamos entrevistar um ginecologista”, explica Jéssica Résio, 16 anos.
Ela conta que quem quiser pode colocar
perguntas numa caixinha que está à disposição de todos na biblioteca.
O sonho realizado
Assim que colou grau no curso de Magistério, em 1977, em Crateús, Ceará, Francisca
Vânia Araújo comprou uma passagem para
Brasília, a exemplo do que faziam tantos nordestinos. Entrou no ônibus e, durante os primeiros 100 quilômetros de viagem, as lágrimas não paravam de rolar. Mas, ao se lembrar do sonho de “ser professora na capital
da República”, as lágrimas secavam.
Com a determinação dos migrantes, ela
passou no concurso público de professores
para o Distrito Federal. No fundo, achava tudo
ali feio e ruim: as casas de madeira e a poeira
do grande canteiro de obras. “Agora está assim, mas um dia vai ficar bonito”, pensava.
Ao assumir a direção de uma escola, teve de
aprender a duras penas a conviver no novo
ambiente e a enfrentar ameaças – até de mor-
28
“Aprendi que não se
dirige uma escola
sozinha.”
te. Pediu ajuda da comunidade e aprendeu
uma lição importante: não se dirige uma escola sozinha.
Vânia, como é conhecida, dirige a Escola Normal de Taguatinga há um ano. Mal
chegou e foi logo propondo uma reavaliação do projeto político-pedagógico da escola, que datava de 1995. Mudanças não
tardaram a aparecer, como a adaptação à
reforma do Ensino Médio e a elaboração de
um calendário de eventos para aproximar
a comunidade, dispersa em várias localidades do Distrito Federal. Pequenas mudanças também fizeram a diferença, como uma
nova distribuição do espaço físico da escola. A biblioteca está mais próxima das salas de aula e a TV Escola ganhou um ambiente especial.
TV E SCOLA
TV ESCOLA
PARA TODOS
A TV Escola marca presença no projeto políticopedagógico da Escola Normal de Taguatinga. Dispõe de
um espaço privilegiado e contribui para a integração
entre a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o
Magistério, elevando a qualidade do ensino.
Nos tanques de
compostagem, cascas de
frutas e legumes
consumidos na escola se
transformam em adubo
orgânico para a horta.
A coordenadora da TV
Escola, Lúcia Bezerra de
Aguillar, teve uma ótima
idéia. Conseguiu que
alguns donos de bancas de
jornais cedessem
mostruários de plástico
transparentes, daqueles
que são usados para expor
revistas. Assim os
materiais impressos da TV
Escola ficam à vista e são
divulgados.
TV E SCOLA
29
TV ESCOLA
PARA TODOS
Botsuaneses
visitam a escola
Depois de assistir ao Expresso
Brasil , vídeo sobre pluralidade
cultural, as crianças
representaram o
descobrimento do Brasil em
uma maquete. Grãos de milho,
feijão e lentilha deram
colorido e vida à costa
brasileira. Caravelas
construídas com frutos secos
navegaram sobre o mar de pó
de madeira tingido com
anilina. Bonequinhos de superheróis foram recobertos com
massa de modelar, para
representar portugueses e
índios. Esta e outras artes
produzidas pela garotada da
Escola Normal de Taguatinga
foram “descobertas” pela
Telebrasília. Foi assim que
onze trabalhos, realizados de
forma individual ou em grupo,
passaram a estampar cartões
telefônicos.
Para que todos se mantenham atualizados,
o jornal mural vai aonde o aluno está:
para a entrada da escola ou para o pátio.
Em setembro último, uma delegação de
Botsuana, país do sul da África, veio conhecer a TV Escola, do Ministério da Educação, experiência brasileira em educação a distância
que atende a cerca de 62 mil escolas, bem
como o Programa Nacional de Aids, do Ministério da Saúde, premiado pela Unesco na categoria Direitos Humanos. “O Brasil tem demonstrado potencial para oferecer educação
a distância com qualidade. Temos muitas lições para aprender”, diz Felicity Leburu-Sianga, chefe do departamento de ensino secundário de Botsuana. Durante a visita à Escola
Normal de Taguatinga, a delegação de Botsuana ficou impressionada com a criatividade
dos professores e dos alunos ao explorar os
temas a partir dos vídeos.
Entidades da ONU – como PNUD e a UN
Foundation –, a Fundação Merk e a Fundação
Bill e Melinda Gates vão financiar um trabalho
de mobilização, prevenção e tratamento da
aids em Botsuana, um dos países do mundo em
que essa doença apresenta as taxas mais elevadas. Por sua experiência em educação a distância, Carmen Moreira de Castro Neves, da
Seed, que é especialista em políticas públicas,
recebeu da ONU a incumbência de desenvolver um projeto de capacitação para os professores botsuaneses, agentes sociais de grande
importância no combate à doença.
O projeto, que utilizará a moderna rede de
tevê digital daquele país, se apóia em um tripé: está de acordo com a política local, respeita a cultura botsuanesa e agrega novos valores ao trabalho que já vem sendo feito na-
Há também um mural, com notícias do Brasil e do mundo selecionadas e recortadas de jornais e revistas. O interessante é que se trata de
um mural móvel, sobre rodas: vai aonde o aluno está. No início das aulas, fica perto do portão de entrada e no intervalo, no pátio. Uma
das idéias é gravar um jornal em vídeo.
Os alunos do projeto de meio ambiente
assistiram a vários vídeos da TV Escola –
como Ilha das Flores e alguns da série Meio
Ambiente e cidadania (Lixo é luxo e Ecossistema,
entre outros) – e organizaram o trabalho de
modo a atuar em várias frentes. Uns fazem
teatro para conscientizar e mobilizar as clas-
30
TV E SCOLA
TV ESCOLA
PARA TODOS
QUE LUGAR
É ESSE
ONDE FICA
Botsuana fica no sul
da África. Tem população
de 1,6 milhão de pessoas
e área de 582 mil km2. Cerca de 84% do território é
ocupado pelo deserto de
Calahari.
África
Botsuana
PULA
quele país. Os materiais, dirigidos a professores
e alunos, terão versões nas duas línguas locais:
inglês e setsuana.
Apesar da existência de uma lei nacional
que obriga os professores de Botsuana a discutir o tema aids na escola, as tradições culturais
dificultam essa prática, pois os pais não querem que os professores conversem sobre sexualidade com seus filhos. Procurando vencer essa
barreira, os programas irão apresentar autoridades políticas e da área de saúde falando da
importância da prevenção, além de divulgar depoimentos de botsuaneses famosos, como a
Miss Universo de 1999 – que mostrará seu trabalho apoiando a batalha de um grupo de jovens contra a aids. O projeto tem em vista pôr
a tecnologia a serviço da educação, facilitando
e legitimando o trabalho do professor, para
mobilizar e conscientizar os alunos.
ses de Educação Infantil e Fundamental. Outros estão introduzindo idéias novas na cantina: menos balas, salgadinhos e chicletes e mais
alimentos saudáveis, como saladas de frutas.
Há ainda um grupo cuidando de uma horta
de plantas medicinais, outros responsáveis pela
produção de adubo orgânico na escola.
“Mãos que Falam” é o nome do projeto
criado para ensinar Libras aos alunos ouvintes,
de forma a incentivar a integração da comunidade escolar. Músicas, poesias, dramatizações,
brincadeiras e jogos contribuem de forma lúdica para a aprendizagem. Os alunos já assistiram Deficiência auditiva, série de quatro vídeos
TV E SCOLA
A delegação de
Botsuana se
entusiasmou com o
trabalho criativo dos
professores e alunos
da Escola Normal de
Taguatinga.
É este o nome da moeda de Botsuana. A
capital é Gaborone e as línguas faladas são o
inglês (oficial) e o setsuana. A maioria da população é animista, cultuando os espíritos ancestrais e atribuindo um princípio vital pessoal, isto é, uma alma, a todos os elementos da
natureza – seres vivos, objetos inanimados e
fenômenos naturais. As religiões predominantes são o cristianismo e o islamismo
RARO E RICO
É uma república parlamentarista. No continente africano, Botsuana é um exemplo raro
de democracia no estilo ocidental. País rico em
minerais, exporta diamantes, carvão, ouro, liga
de cobre e níquel, entre outros.
EDUCAÇÃO
No ensino primário e secundário, há
438.344 alunos e 18.226 professores matriculados em escolas públicas.
da TV Escola. A professora Sandra Patrícia de
Faria explica que a língua de sinais varia de um
país para outro e que, mesmo no Brasil, há diferenças regionais. É uma língua com estrutura
visual e espacial, em que as mãos são usadas
para articular os sinais. Desde a década de 60,
as diversas línguas de sinais foram reconhecidas pela lingüística e são estudadas.
Escola Normal de Taguatinga
QSD 32 Área Especial 1 e 2 – Setor D
72020-320 – Taguatinga Sul / DF
Tel.: (061) 561-3529
Internet: www.ent.hpg.com.br
E-mail: [email protected]
31
DA ESCOLA
À PRAÇA
Reportagem: Rosangela Guerra
Fotos: Iolanda Huzak
A Feira de Ciências e Cultura já foi além dos muros de uma escola de
Teresina, no Piauí. Os alunos exibem seus trabalhos nas salas de aula
e também em barraquinhas na praça. A feira passou a fazer parte do
calendário da comunidade.
tempo corre. Quase 40 graus em Teresina,
pouco vento, e muito ainda a ser feito para
terminar de montar a Feira de Ciências e Cultura, cujo tema central é o Piauí. A Unidade
Escolar Fontes Ibiapina, na periferia da cidade, transpira animação, com professores e alunos do
Ensino Fundamental e Médio trabalhando juntos.
No pátio, os garotos pintam as paredes com capricho, ao som das bandas de rock Nirvana e Sepultura. Cada um deles tirou o que podia do próprio
bolso, para complementar a verba da escola destinada à compra de tintas e pincéis. Wesley Monteiro de
Souza, 15 anos, explica que a decoração do pátio retrata a vegetação típica do Piauí.
Entre palmeiras de carnaúba e babaçu, Jacob Alves
Júnior, 17 anos, pintou versos de sua autoria, que falam de amor e paz. “O mundo está precisando”, justifica. Ao participar da pintura com seus colegas, John
Lenon, 18 anos, aluno do noturno, acabou descobrindo um novo interesse. “Quero ser estudante de arte e
vou lutar para conseguir fazer o curso”, afirma.
Os professores contam que, desde o início do ano
letivo, os alunos já estavam querendo discutir o tema da
feira, marcar a data, combinar o que poderiam fazer.
Esse projeto da escola, que tem se realizado há três anos,
se converteu em um acontecimento, atraindo a atenção
O
32
de toda a comunidade. E traz benefícios para todos –
entre outras coisas, aumenta a integração entre a direção, os professores, os alunos e os demais moradores.
“Colocamos em prática o que aprendemos com a
TV Escola, os Parâmetros Curriculares Nacionais e a
reforma do Ensino Médio”, conta a diretora Ângela de
Almeida e Silva. A participação nas atividades permite
que os estudantes experienciem a cooperação no trabalho em equipe, ganhem autonomia para aprender e
se sintam protagonistas em ações desenvolvidas na escola e no meio em que vivem.
A cada ano, o público aumenta. Cerca de 5 mil
pessoas visitaram a última feira, em outubro passado.
Caravanas de alunos e professores de outras escolas,
mães com bebês no colo, pessoas idosas e jovens
circulam pelas salas de aula transformadas em cenário para a apresentação de projetos e atividades e entre as barraquinhas armadas na praça. As pessoas vão
parando e ouvindo as explicações dos estudantes a
respeito de cada tema.
“É uma maravilha! Os alunos dividem o que sabem
com as pessoas”, comenta Gorete da Luz, 42 anos, integrante do grupo de mães. Como a feira ganhou tanta
importância, ela sugere que a direção da escola convide as diversas entidades do bairro para participar, também mostrando o que fazem.
TV E SCOLA
Últimos
retoques no
muro do pátio.
A comunidade
acorre à Feira
de Ciências e
Cultura do
Fontes Ibiapina
e, nas
barraquinhas
armadas na
praça, os alunos
mostram seus
trabalhos,
respondem a
perguntas e dão
explicações.
TV E SCOLA
33
DA ESCOLA
À PRAÇA
de 1859, construída para ser a residência do
comendador Jacob Manoel de Almendra, o
museu tem um acervo variado. Há louças da
Companhia das Índias, instrumentos de tortura de escravos, urna funerária indígena e
objetos do período pré-histórico.
No passado piauiense as escolas de elite
primavam pela beleza arquitetônica. Um
educandário do final do Império tornou-se
a sede oficial do governo estadual – o Palácio de Karnak, que recebeu o nome do famoso templo egípcio – e, ao ser reformado,
ganhou jardins assinados por Burle Marx.
Já pelo Palácio da Cidade, sede atual da Prefeitura, durante cinqüenta anos circularam
os alunos da Escola Normal de Teresina.
A CIDADE NO CENTRO
ESCOLAS QUE VIRAM PALÁCIOS
Que dá trabalho, dá. Durante três meses, alunos, professores e a direção da escola se mobilizam para desenvolver os projetos interdisciplinares que serão expostos
no dia da feira. “Os alunos querem ficar na
escola o tempo todo, vêm até sábado e domingo”, diz a coordenadora pedagógica Fátima Lopes Silva. Para a última feira, formaram-se 96 grupos, e cada um deles trabalhou em um tema diferente sobre o Piauí.
A adesão atinge cerca de 99% dos professores; entre os alunos, até mesmo os do
noturno fazem questão de participar, apesar de disporem de pouco tempo.
Ter aulas fora do espaço da escola – em
museus, bibliotecas, postos de saúde, casas
de cultura etc. – é um objetivo expresso pelos professores no Plano de Desenvolvimento da Escola (veja página 39), que envolve a
colaboração de todos. Os professores que
têm carro oferecem carona, outros cedem
vales-transporte para os alunos fazerem suas
pesquisas em vários locais da cidade.
Morando na periferia de Teresina, muitos
estudantes nem conheciam os prédios históricos do centro. Aldísia Mota, 17 anos, 1o ano
do Ensino Médio, nunca visitara o Museu do
Piauí Odilon Nunes. Instalado numa bela casa
34
Os estudantes observam
e registram o que
aprendem, no Museu do
Piauí Odilon Nunes.
A reportagem da revista da TV ESCOLA
acompanha o grupo de alunos e professores. Andar pelo centro de Teresina é ver nas
portas das lojas malas de papelão forradas
de chita colorida, encontrar mulheres vendendo bacias de caju maduro e castanha
torradinha. É também se surpreender com
as muitas coroas de flores de plástico. Para
quê? “Para enfeitar as sepulturas no Dia de
Finados”, explica o vendedor ambulante.
Sol a pino. A Praça D. Pedro II tem a
sombra de que todos precisam para descansar um pouco. Ali perto fica o Teatro 4
de Setembro, construído em 1889, que os
alunos observam com cuidado: estão registrando tudo, para planejar uma maquete a ser construída para a feira.
Bem em frente ao teatro, do outro lado
da praça, está a Central de Artesanato Mestre Dezinho, um antigo quartel em que os
presos políticos foram torturados na época
da ditadura militar. Mas quem foi Mestre
Dezinho? Os estudantes aprendem que ele
era um exímio marceneiro, entalhador de
ex-votos, integrante da galeria de mestres
santeiros do Piauí – Juca Lima, Antônio Carlos, Expedito, Toinha Vieira e Cornélio de
Abreu, entre outros.
Na Central de Artesanato os alunos ficam conhecendo a cestaria da cidade de Parnaíba, feita com cipó-de-leite, e os belíssimos tapetes e panos produzidos nas tecelagens de Pedro II, a 195 quilômetros de Teresina. “Temos muitas coisas bonitas, mas o
TV E SCOLA
DA ESCOLA
À PRAÇA
Piauí é desconhecido e discriminado no sul do Brasil”, protesta Tamiris Visgueira, 12 anos, 6a série.
Mas o que Teresina tem
de mais curioso? Uma professora olha para a outra e
todas concordam que é o
mercado do Troca-Troca,
no cais do Rio Parnaíba. “Só
não se troca uma mulher
por outra”, brinca Edivan
Ferreira Silva, que desde
1968 trabalha na feira. Os alunos não sabiam
que o mercado começou com a troca de animais. Com o tempo, virou lugar de escambo
e ninguém saía dali sem trocar uma coisa
por outra. Agora, tudo anda mudado. As trocas continuam, mas a crise econômica deu
lugar a um novo tipo de negócio: as pessoas
compram eletrodomésticos a prestação e vendem à vista, mesmo que por um preço inferior, no mercado informal do Troca-Troca. É
um tipo de empréstimo, sem burocracia e
com dinheiro rápido nas mãos.
TV E SCOLA
TRADIÇÃO
Sob a orientação da
professora Madalena
Celestina, a construção
da maquete do Teatro
4 de Setembro resultou
de um trabalho
interdisciplinar de
Matemática e Arte.
Alunos e professores estão
a caminho do Parque Ambiental do Encontro dos Rios, administrado pela prefeitura. Teresina é banhada pelo Poti,
que deságua no Parnaíba – rio
que separa o Piauí do Maranhão. O professor de Geografia, Márcio Mauriz, dá sua aula:
explica que, ao contrário das
do Rio Poti, as águas do Parnaíba são barrentas porque
carregam sedimentos do leito. Ele aponta para
as “coroas” de areia, espécie de ilhas ao longo do rio: “Vejam, o Parnaíba está assoreado
e a navegação já não é mais possível”.
A guia do parque, Conceição Rocha,
conta a história do Cabeça de Cuia, principal lenda do folclore piauiense: “Um pescador chamado Crispim voltou para casa
sem conseguir pegar nenhum peixe. Quando a mãe lhe ofereceu um osso de boi
sem carne, ele se enfureceu e resolveu
matá-la. Antes de morrer, a mãe rogou uma
35
DA ESCOLA
À PRAÇA
praga. Crispim iria viver no encontro dos
rios Poti e Parnaíba em forma de monstro,
com a cabeça de cuia. O encanto só será
quebrado quando ele encontrar e devorar
sete virgens, todas com nome de Maria”.
No parque são vendidas peças da cerâmica piauiense feitas em oficinas próximas
dali, que a turma aproveita para conhecer.
Ao verem o barro tomar forma, à medida
que o torno vai girando, os alunos ficam
fascinados. Patrícia Alencar, 6a série, quer
aprender a fazer peças para expor na feira
da escola. Antônio Carlos Pereira Lima, ceramista há dez anos, interrompe seu trabalho e se dispõe a mostrar como se faz.
Os moradores da região garantem que
hoje é raro haver crianças trabalhando nas
olarias. “A fiscalização não deixa”, dizem.
E explicam que muitas famílias estão recebendo a bolsa-escola, para que as crianças não precisem trabalhar.
A aula na cidade termina na igreja mais
antiga de Teresina, no bairro Poti Velho. “Foi
aqui que a cidade começou”, conta Elison
da Luz Fonsêca, 17 anos, aluno do 1o ano
do Ensino Médio. Teresina tem 149 anos.
36
Aulas ao ar livre.
Explorando espaços
da cidade, os alunos
observam o encontro
das águas dos rios
Poti e Parnaíba,
conhecem a tradição
e valorizam a cultura
e a história de
Teresina.
CAJUÍNA EM TERESINA
O piauiês existe? Uma turma da 8a série
garante que sim. Eles foram pesquisar termos
típicos do estado na biblioteca pública e no
centro de cultura de Teresina. Voltaram animados, trazendo a Grande enciclopédia internacional do piauiês, de Paulo José Cunha
(edição esgotada). “É um absurdo, mas muitas dessas expressões são até negadas pela
escola”, protesta a professora Jesiane Leal.
Quando se diz “é osso”, quer dizer que o
problema é complicado. “Farnizim” é um malestar e “furdunço”, uma agitação. Comida “rei-
TV E SCOLA
DA ESCOLA
À PRAÇA
mosa” é aquela que prejudica a saúde e “peba”
nada mais é do que uma coisa ordinária.
Na letra “C” da enciclopédia os alunos
se detiveram na palavra “cajuína” – lembrando-se da música Cajuína, composta
por Caetano Veloso. E ficaram sabendo
mais uma história. Luzileide Ribeiro, 18
anos, explica que cajuína é um refrigerante feito com suco de caju, famoso no Piauí.
O pai do poeta piauiense Torquato Neto,
Heli Nunes, costumava enviar cajuína para
o filho, que estudava na Bahia, amigo de
Caetano – e parceiro não só deste compositor, mas também de Gilberto Gil e Capinam, em várias músicas do movimento tropicalista (Geléia geral,
Louvação, Mamãe coragem, Soy
loco por ti América e outras).
Quase 20 anos depois do
suicídio de Torquato, em novembro de 1972, Caetano foi
fazer um show em Teresina.
Do encontro emocionado
com o pai de Torquato nasceu o baião, no qual o poeta
filosofa sobre a existência humana:
TV E SCOLA
Existirmos – a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se inté acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos, intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina
(Caetano Veloso)
37
DA ESCOLA
À PRAÇA
É HOJE!
Amanhece. Em 18 de outubro de 2001,
O Dia, um dos jornais de Teresina, estampa a notícia: “Colégio promove feira cultural”. Vibrando, os alunos da professora
Clautina da Costa já têm pronto também o
jornal feito por eles mesmos, que será distribuído assim que a feira começar. Eles desenvolveram um projeto sobre imprensa em
Teresina e aproveitaram para divulgar a feira. Mais que isso: mostraram aos veículos
de comunicação local a importância de ter
uma estrutura preparada para atender aos
estudantes em suas pesquisas.
São 17 horas. Muitos jovens não quiseram ir para casa antes da abertura
da feira. Ficaram à espera, para vigiar as maquetes, os painéis, os desenhos e textos... Há um empurraempurra na entrada e o interior da
escola fica lotado. Lá fora, a praça
é do povo: as pessoas passeiam entre as barracas, olham os trabalhos
e ouvem as explicações dos alunos. Na barraquinha sobre literatura piauiense o escritor Hardi Francisco Filho, convidado pelos alunos, explica o que quase ninguém sabia:
Fontes Ibiapina, que dá nome à escola, foi
um dos maiores folcloristas do Nordeste.
A equipe que desenvolveu para a feira o
projeto sobre a TV ESCOLA se apresenta na biblioteca do Fontes Ibiapina. Para preparar seu trabalho, os
alunos visitaram a Unidade Escolar
Joca Vieira, em Teresina, onde ocorreu o lançamento nacional da TV
Escola, em 1995 (noticiado na edição no 3 da revista TV Escola). Os
alunos fazem uma dramatização
bem-humorada. Um deles, de terno
e com os cabelos compridos presos, dá informações sobre a programação da TV Escola: faz o papel de Avelino
Pereira, coordenador-geral do Ensino Médio. Já a aluna de blazer faz o papel de Titi
Lancelotti, apresentadora do Salto para o futuro, que os professores adoram.
Uma das barraquinhas mais visitadas mostra o trabalho sobre prevenção de aids, do-
38
Em uma barraca, a
aluna Kiara Lupe fala
sobre sexualidade,
gravidez na
adolescência e
prevenção de doenças
sexualmente
transmissíveis.
Os alunos se localizam,
observando a maquete
que reproduz os
conjuntos habitacionais
da comunidade.
Na sala da TV Escola,
explicações bemhumoradas de como
funciona o projeto.
enças sexualmente transmissíveis e também
métodos de contracepção. Lá está Kiara Lupe
Oliveira, 23 anos, aluna do 2o ano do Ensino
Médio noturno. “Faço questão de dar meu
depoimento. Já fiz três abortos com remédios vendidos em qualquer farmácia e corri
risco de vida. No Brasil há muitas mortes por
aborto.” Confirmando sua preocupação com
a gravidez precoce, ela atua como voluntária
numa maternidade em Teresina.
SEGREDOS DO PIAUÍ
Hélante Nogueira, 15 anos, aluna do 1o
ano do Ensino Médio, explica o trabalho de
seu grupo: uma representação do que pode
ser visto no Parque Nacional da Serra da Capivara, considerado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade desde 1991.
O motivo? Na década de 70, pesquisadores franceses e brasileiros encontraram ali vestígios do homem
mais antigo das Américas. O Parque
Nacional da Serra da Capivara fica
na cidade de São Raimundo Nonato, a 534 quilômetros de Teresina.
(Ver, na série Expresso Brasil, o episódio O Piauí de Niède Guidon.)
Pinturas rupestres são também
encontradas no Parque Nacional
de Sete Cidades, em Piracuruca, a 196 quilômetros de Teresina. ali, tudo é puro mistério. Não se sabe se as formações rochosas são fruto da erosão provocada pelo vento ou de algum cataclismo. O lugar
impressio na: pinturas rupestres se
distribuem pelas sete formações rochosas, harmonicamente posicionadas, como se alguma civilização
tivesse deixado ali suas marcas.
A maior parte dos alunos não conhece os pontos turísticos do Piauí,
a não ser pelos vídeos da TV Escola
(Pré-histórias da Pedra Furada, que
mostra a Serra da Capivara, e Os segredos do delta). “Estudar sobre esses lugares deixa a gente com vontade de
conhecer nosso estado”, diz Laise Feitosa,
16 anos, 1o ano do Ensino Médio.
Os que pesquisaram o delta do Parnaíba
explicam que, em todo o planeta, existem poucos rios com esse tipo de formação, abrindose em delta ao desembocar no oceano. Quan-
TV E SCOLA
DA ESCOLA
À PRAÇA
do se aproxima do Atlântico, o Parnaíba se
divide em cinco canais: Igaraçu, Canárias, Caju,
Carrapato e Tutóia. Com praias desertas e despoluídas, dunas de até 40 metros de altura,
ilhas, manguezais e carnaubais, o Delta do
Parnaíba é um paraíso, um berçário com as
mais variadas espécies de flora e fauna.
Já são mais de 22 horas. O vaivém de pessoas entre o interior da escola e a praça continua. Começa o bumba-meu-boi dançado pelos alunos: “Lá vem a lua saindo / bonita da
cor de prata. / As morenas já estão dizendo /
Boi-Piauí este ano é quem me mata”.
UM PROJETO ESCOLAR INTEGRADO
A turma de 95 professores do Ensino Fundamental (5a a 8a série) e do Ensino Médio
do Fontes Ibiapina está certa de que uma
das soluções para o país está na educação.
“No final de 1999, fizemos um Plano de Desenvolvimento da Escola que foi elogiado pela
Secretaria de Educação do Piauí”, orgulha-se
Ângela de Almeida e Silva, diretora eleita pela
comunidade e que está em seu segundo mandato. O projeto traz um conjunto de estratégias para capacitar os professores, tornar a
escola mais interessante para os alunos e combater problemas críticos, como a falta do hábito de leitura e a reprovação na 5a série.
Eles acreditam que a reforma do Ensino Médio estimulou o processo de mudança, envolvendo também os professores do
Ensino Fundamental. As teleconferências
sobre os PCNs e a reforma do Ensino Médio foram usadas na capacitação. Assistiram aos vídeos As viagens portuguesas do
descobrimento, Zoológico, Fuga do moinho
e a série Nós na escola, entre outros “Tudo
isso abriu a nossa cabeça”, diz o professor
Raimundo Nonato Alcântara.
“No início, certas palavras eram até difíceis de ser pronunciadas, como interdisciplinaridade”, brinca Rosidete Barbosa. Alguém
se queixa de que a maioria dos vídeos da
TV E SCOLA
Pintura rupestre no
Parque Nacional da
Serra da Capivara.
“No final de 1999,
nosso Plano de
Desenvolvimento da
Escola foi elogiado
pela Secretaria de
Educação do Piauí”,
orgulha-se a
diretora Ângela de
Almeida e Silva.
TV Escola não mostra a realidade do Piauí,
mas a professora Clautina da Costa argumenta
que cabe ao professor fazer a contextualização do que foi assistido. Um vídeo sobre o
Rio Amazonas pode ser usado em comparações com o Parnaíba, por exemplo.
Para tornar as aulas mais interessantes, os
professores passaram a trabalhar com a metodologia de projetos e com a programação
da TV Escola. Além disso, estimularam as pesquisas fora da escola, como em museus e
bibliotecas, assinaram jornais e gibis, compraram livros de literatura e inventaram uma
estante com rodinhas, que vai de sala em sala.
A diretora diz que
o programa Dinheiro Direto na Escola
(PDE / FNDE /
MEC), criado pelo
Ministério da Educação, dá autonomia aos professores
e torna possíveis
coisas como estas.
“Em vez de gastar
o dinheiro com ar
condicionado para
Professores e estudantes
Manhã, tarde e noite. A qualquer hora eles estão sempre ocupados, dando
aulas ou assistindo. Dos 95 professores do Fontes Ibiapina, 88 estão fazendo algum curso universitário. Para atender à Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), que estabeleceu o ano de 2006 como prazo máximo para que
todos os professores tenham habilitação específica, eles fazem cursos de licenciatura na Universidade Estadual do Piauí. Os que já se formaram fazem cursos de
pós-graduação lato sensu ou sonham com o mestrado. Asseguram que há vantagens em ser professor e estudante ao mesmo tempo, pois se mantêm mais curiosos em relação ao que surge de novo na educação e ficam mais preparados para
as mudanças. “Não é só. A gente compreende melhor os alunos”, diz Francisco
Eroni, 18 anos de magistério, recém-formado em Matemática.
Os professores do Fontes Ibiapina reclamam dos baixos salários. O piso
salarial por 20 horas semanais está na faixa de R$102,00, para os que lecionam no Ensino Fundamental.
O QUE DIZ O FUNDEF
O Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) informa que o valor dos recursos repassados aos estados e municípios depende do número de alunos matriculados. Pela
Lei 9.394/96 – a LDB, estados e municípios são obrigados a utilizar, anualmente,
o mínimo de 60% dos recursos recebidos com a remuneração dos profissionais
do magistério em exercício no Ensino Fundamental. Cada estado tem seu próprio Conselho Estadual de Acompanhamento e Controle Social do Fundef. O
Conselho do Piauí fica na Secretaria de Estado da Educação: Av. Pedro Freitas,
s/n – Centro Administrativo, Teresina. Telefones: (86) 216-3226 e 232-3230.
39
DA ESCOLA
À PRAÇA
QUE COMUNIDADE É ESSA
Na praia do rio Poti
A comunidade atendida pela Unidade Escolar Fontes Ibiapina vive nos bairros Renascença 1, 2 e 3 e em várias vilas e favelas da
região sudeste de Teresina. A estimativa é que
a comunidade tenha, no total, uma população de 50 mil habitantes. Teresina tem
714.583 habitantes, segundo o IBGE.
MÃES MENINAS
Há na comunidade muitas adolescentes
grávidas. Com a ajuda da TV Escola, o Fontes
Ibiapina tem feito um trabalho com os pais
para estimular o diálogo com os filhos. Temas
como gravidez na adolescência e uso de drogas são debatidos depois da exibição de vídeos. Os pais adoraram o vídeo Fuga do moinho,
um desenho animado sobre o uso de drogas.
ÊXODO
Há na comunidade muitos conjuntos residenciais, a maioria construída a partir da década de 80, para abrigar pessoas que chegavam à capital à procura de trabalho. A seca, o
declínio da pecuária, a queda do extrativismo (da carnaúba e do babaçu) e a crise agrária impulsionaram o processo migratório. Ainda são muito comuns as invasões de terra por
famílias que chegam do interior.
IGREJA, FORRÓ E PRAIA DE RIO
Horta comunitária como
fonte de renda e
alimento para as
famílias.
REALIDADES PARECIDAS
CHEIRO VERDE
Uma das soluções encontradas pela prefeitura de Teresina para resolver o problema
do desemprego foi a criação de amplas hortas comunitárias, nas quais os moradores cultivam verduras, legumes e plantas medicinais
para comercialização. Em muitas casas, são as
mulheres que trabalham nas hortas e em outros pequenos serviços para garantir o sustento da família.
TODOS OS CREDOS
A comunidade abriga igrejas evangélicas,
batistas, adventistas e católicas, mas não há radicalismos, nem interferência no trabalho dos
professores, e os líderes religiosos em geral participam dos eventos realizados na escola.
a sala dos professores ou com máquina de
fotocópia, preferimos investir numa educação de qualidade”, diz a diretora. Um detalhe: com o dinheiro recebido, o Fontes Ibiapina comprou uma câmera de vídeo para registrar os projetos desenvolvidos e também
uma bicicleta para que funcionários da escola possam ir à casa de alunos faltosos.
Foi criada a recuperação paralela, que
concentra esforços no ponto crítico, que
é a 5 a série. Para garantir a continuidade
dos estudos dos que concluem o Ensino
Médio, funciona desde o ano passado o
curso pré-vestibular: aos sábados e domingos, de abril a novembro.
40
Os jovens reclamam da falta de lazer gratuito. Além dos eventos realizados pelas igrejas, há apenas as poucas quadras públicas de
esportes e a praia no Rio Poti. Os que podem,
freqüentam, às sextas e sábados, o Forró do
Nicanor, famoso em Teresina.
Mãe de aluno e líder no
bairro, Nilda de Sena ajuda
e valoriza o trabalho da
escola.
Muitos professores moram na comunidade, são reconhecidos e cumprimentados nas
ruas com respeito. A professora Clautina da
Costa diz que “a realidade dos professores e a
dos alunos são muito parecidas”.
CADA UM AJUDA COM O QUE PODE
“Quem dá de comer para três filhos dá para
quatro também”, diz Nilda de Sena, 33 anos, mãe
de quatro filhos, um deles adotivo. Presidente
da associação do bairro, ela está sempre na escola, acompanhando o trabalho de alunos e professores. Mesmo com o marido desempregado,
Nilda cortou pequenos gastos domésticos para
ajudar na compra de folhas de cartolina e outros
materiais necessários para os trabalhos da feira.
Os resultados lentos que caracterizam
o processo educativo não desanimam a
turma do Fontes Ibiapina: “Fizemos
questão de que professores, líderes de
turma e membros da Associação de Pais
e Mestres assistissem ao vídeo O homem
que plantava árvores, para mostrar a importância de saber esperar”, diz Rosidete Barbosa.
Unidade Escolar Fontes Ibiapina
Rua Senador Valdemar Santos, 3.300
Bairro Renascença 1
64078-600 – Teresina / PI
Tel.: (86) 235-5965
TV E SCOLA
O bom sinal da digitalização
A nova tecnologia está chegando às escolas públicas
Q
uando a TV Escola foi criada, nos anos 90, a
tecnologia analógica era o que havia de melhor. De lá para cá, o sistema foi se aperfeiçoando
cada vez mais e hoje estamos na era da transmissão
digital, que já é utilizada pelas principais redes comerciais de tevê de todo o Brasil. Acompanhando
essa tendência, o MEC também se atualiza e começa a substituir sua tecnologia analógica pela digital.
Estão sendo constr uídas as
bases para que esses avanços Que diferença!
cheguem a toda a rede brasileira de escolas públicas, nas
imagens digitais da TV Escola.
Por enquanto, metade das 57
mil escolas que participam da
TV Escola está tendo seus
equipamentos de recepção –
formados por antena e decodificador – trocados. Ainda
em 2002, uma nova licitação
vai permitir a troca dos aparelhos em todas as outras unidades. Enquanto isso, nada
muda ainda para as escolas
que têm equipamento analógico, pois a TV Escola continuará a ser transmitida também
por esse sistema, até que todas as antenas tenham sido
substituídas pela digital. Além
do mais, os programas podem ser assistidos agora
por todos que dispõem de acesso aos canais DTH
(Direct To Home) Direct-TV, Sky, Tecsat e DTcom.
E quais as diferenças?
A antena de quase 3 metros é trocada por uma
bem menor, de 1,5 metro. O tamanho cria uma vantagem dupla: em primeiro lugar, oferece uma face de
atrito mais reduzida às instabilidades climáticas – por
exemplo, ao vento. Em segundo, quanto menor e mais
compacta a antena, maior é sua estabilidade.
TV E SCOLA
Outra novidade é o receptor automático, que funcionará como um controle remoto, para sintonizar,
além da TV Escola, todos os canais educativos e a
programação tradicional da tevê aberta.
A qualidade e a estabilidade das imagens transmitidas por via digital são muito superiores: o som
chega mais limpo, a imagem mais nítida e permanente. A explicação disso é que, na transmissão analógica, o sinal se propaga
em ondas e vai perdendo
força, invadido pelo ruído
sonoro e visual, o conhecido “chuvisco”. No sistema digital, o que se propaga é um código numérico, correspondente a cada
ponto da imagem, que é
enviado ao satélite e rebatido às antenas receptoras
nas escolas. Por isso, não
perde força nem sofre interferências.
Outra diferença é que,
na transmissão analógica,
o sinal percorre um long o c a m i n h o, p a s s a n d o
por quatro pontos de
transmissão, até chegar às
escolas. Com a digitalização esse trajeto se torna
muito mais rápido e direto. Além de tudo, por ocupar menos espaço no satélite, o sinal digital é mais
econômico.
As imagens da TV Escola continuarão a chegar
via satélite, quase como tem sido até agora. Mas a
escola que dispuser do novo equipamento não tardará em perceber as mudanças – todas para melhor.
Para complementar, essa nova tecnologia é também a base para o acesso à internet: em outras palavras, a transmissão digital irá permitir, no futuro,
que as escolas tenham acesso à tevê interativa, conectando-se à internet por meio da televisão.
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A REVISTA TV ESCOLA E AS GRADES DE PROGRAMAÇÃO
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Não perca!
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A Secretaria de Educação de Minas Gerais solicitou à SEED autorização
para transmitir os vídeos do curso TV na Escola e os Desafios de Hoje pela TV
Minas. Assim, o programa passa a ser exibido mais vezes e os professores ganham
novas opções de horário para planejar a gravação desse valioso curso de extensão a distância. Bem que essa idéia poderia ser adotada em outros estados...
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TV MINAS MULTIPLICA
CONSELHO
INDÍGENA NO MEC
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A TV Escola e a TV Cultura
enveredaram por uma das áreas mais
fecundas do espírito humano,
promovendo o encontro de Arte,
Matemática, Ciência e Estética, com
suas múltiplas influências
recíprocas, na co-produção da série
Arte e Matemática, com 13
programas. E com isso conquistaram
o Maeda Prize 2001, em Tóquio, uma das mais importantes premiações
para programas educativos em todo o mundo. Dez desses programas
já foram transmitidos pela TV Escola. Mas aguarde! A grade de junho
incluirá várias reprises e também três episódios inéditos: Música das
esferas, Forma dentro da forma e O belo.
Procure, no site da TV Cultura (www.tvcultura.com.br/artematematica)
muitas informações a mais: sinopses dos programas; diagramas de
conceitos; jogos interativos relacionados com o conteúdo veiculado;
relação das obras artísticas e científicas apresentadas na série, com
seus respectivos autores; depoimentos inéditos de colaboradores; e
orientações para o melhor aproveitamento de todo esse rico material
em sala de aula.
O MEC conta agora com um
conselho integrado por 26
professores indígenas, indicados
por suas comunidades e pelas
secretarias estaduais de educação,
responsável por encaminhar as
demandas de seus grupos
referentes à Educação Escolar
Indígena. A criação desse órgão
representa um passo importante
para efetivar as diretrizes do
governo federal, que prevêem o
estabelecimento de uma escola
diferenciada, bilíngüe, capaz de
integrar o saber universal ao saber
tradicional dos índios. O MEC
lançou também o kit Índios no
Brasil, com três Cadernos da TV
Escola e dez programas de vídeo,
dirigidos pelo antropólogo Vincent
Carelli, apresentados e comentados
pelo líder indígena Aílton Krenak.
PARA ASSISTIR À
TV ESCOLA
e também:
ize
Sintoniz
TECSAT Canal 4
SKY Canal 26
DIRECTV Canal 237
Merendeiras na tevê
Merendeiras das escolas
públicas do Ensino
Fundamental terão seus
quitutes registrados em livro
e vídeo, como desdobramento
das Oficinas de Receitas de
Merenda Escolar promovidas
pelo MEC, por meio da SEF, do
FNDE e da Seed. As oficinas
ocorreram em Jundiaí (SP),
Montes Claros (MG), Joinville
(SC), Petrolina (PE),
Imperatriz (MA), Rio Branco
(AC) e Chapada dos
Guimarães (MT). Organizadas
na forma de aulas práticas e
42
teóricas, contaram com a
consultoria de Olivier Anquier,
que desde 1997 apresenta
programas de culinária na
televisão, e Nina Horta,
cronista gastronômica e autora
do livro Não é sopa.
Entre os objetivos dos
encontros estão o resgate e a
valorização das merendeiras e
a montagem de cardápios
saudáveis e apetitosos para os
alunos, aproveitando da
melhor forma possível os
produtos locais. O livro será
gerado a partir dessas oficinas,
com receitas testadas e
aprovadas, e distribuído tanto
para as merendeiras quanto
para os professores,
convertendo-se assim em
valioso recurso didático para
implementação dos temas
transversais dos Parâmetros
Curriculares Nacionais. O
vídeo, por sua vez, será usado
pela TV Escola para sensibilizar
diretores e professores da rede
pública para a importância da
alimentação saudável dos
estudantes e para o papel das
merendeiras.
TV E SCOLA
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ESTÃO NA INTERNET: www.mec.gov.br/seed/tvescola
Dia Nacional da
Família na Escola
Em 13 de novembro de 2001,
foi comemorado o Dia
Nacional da Família na
Escola, reeditando a
campanha lançada em abril,
com grande repercussão.
A promoção se destinou a
sensibilizar a sociedade em
relação à importância da
parceria família-escola para
a melhoria da qualidade do
ensino. A TV Escola dedicou
uma programação especial
ao evento, transmitindo duas
teleconferências sobre o
binômio família-escola e o
aprendizado dos valores na
escola, com a participação do
Ministro da Educação, Paulo
Renato Souza, de outras
autoridades educacionais e de
personalidades como o
ex-jogador de futebol Dunga,
da seleção tetracampeã de
1994. Transmitiu ainda flashes
da movimentação de
professores, pais e alunos por
todo o país e focalizou
algumas experiências bemsucedidas – como a da escola
de Surubim (PE), na qual a
comunidade trocou as telhas
convencionais por outras,
transparentes, e com essa
providência simples melhorou
a iluminação das salas de aula
e reduziu o consumo de
energia em mais de 60%. A
difusão de tais experiências
estimula iniciativas
semelhantes, em um país
que já conta com mais de
80 mil Associações de Pais e
Mestres, segundo o Instituto
Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais
(Inep/MEC). Durante os
encontros entre pais e
professores promovidos nas
escolas, foram
desenvolvidas atividades
variadas: palestras, peças
teatrais, oficinas, exposições
e apresentações musicais.
SAEB
Uma radiografia da qualidade do ensino
Como está a qualidade do ensino no Brasil? Nada menos de 360 mil
estudantes ajudaram a buscar essa
resposta. Eles pertencem à 4 a e à 8 a
séries do Ensino Fundamental e à 3 a
série do Ensino Médio de 7 mil escolas públicas e particulares, em cerca
de 1.900 municípios brasileiros. Entre 22 e 26 de outubro, submeteramse às provas do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica
(Saeb), aplicadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC). Trata-se da
sexta edição do exame, realizado a
cada dois anos. Metade de cada
TV E SCOLA
turma fez uma prova de Língua Portuguesa e a outra metade, de Matemática. O objetivo principal não é
aferir conhecimentos, mas sim verificar as dificuldades dos estudantes
na construção do conhecimento e
identificar eventuais falhas no processo de aprendizado.
Os alunos responderam a questionários sobre aspectos socioeconômicos e culturais, bem como sobre hábitos de estudo, contribuindo para traçar um perfil desse público. Complementarmente, os diretores e professores das escolas selecionadas também
responderam a essa pesquisa.
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AGUARDEM,
NA
PRÓXIMA EDIÇÃO
O registro do II Festival
“A TV na Escola”, na
Escola Estadual
Prof. José Vitorino da
Rocha, de Maceió,
Alagoas.
43
ENSINAM
De bem com a vida e animados, futuros professores
lutam pelos direitos dos que são surdos como eles.
Rosangela Guerra
A
história de muitos deles é parecida. Nasceram surdos e cresceram
isolados, sem ser convidados para
os jogos e brincadeiras. Não decifravam nos livros as aventuras de
reis, princesas e bruxas, nem na
tevê as façanhas dos super-heróis – histórias
jamais ouvidas. Em seu mundo à parte, muitas vezes não entendiam os motivos da alegria ou da tristeza estampadas nos rostos a
seu redor.
Jorge Soares, 24 anos, Messias Costa,
22 anos e André Yammine, 21 anos, surdos
em nível profundo, deram a volta por cima e
usam a experiência pessoal como instrumento de luta pelos direitos dos que
são como eles. Bem-humorados
e animados, recusam o termo
“deficiente”. Dizem que a pessoa
surda se torna deficiente quando
lhe é negada a língua, a cultura e
os direitos de cidadã. “Os surdos”, diz Messias, “são estrangeiros em seu próprio país.”
Os três são alunos do curso
de magistério de nível médio Surdo Educador, que funciona na Escola Normal de Taguatinga, no DF,
desde 1994. Com duração de cinco anos, o curso é bilíngüe: em
português e em Libras (Língua
Brasileira de Sinais). Seu desafio
é experimentar novas metodologias e desenvolver materiais diAndré Yammine, 21 anos, 1o ano
Jorge Soares, 24 anos, 1o ano
Messias Costa, 22 anos, 3o ano
Alunos do curso Surdo Educador
da Escola Normal de Taguatinga
Taguatinga, DF
Foto: Iolanda Huzak
Mãos que
dáticos específicos para os surdos. Os estudantes prepararam, por exemplo, álbuns
com desenhos e textos bilíngües (em português e na forma escrita da língua de sinais),
narrando contos de fada. Ouvintes e surdos,
da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, adoram ver Jorge contar histórias infantis em Libras.
Ativos participantes da AJA (Associação
do Jovem Aprendiz – www.aja.org.br/surdos),
organização não-governamental que atua na
área dos direitos humanos, Jorge, André e
Messias não querem o assistencialismo nem
o paternalismo. Reivindicam o direito de estudar, de escolher sua profissão, e também
de contar com o apoio do poder público. Uma
das propostas da AJA é que bombeiros e
policiais aprendam a Língua Brasileira de
Sinais. Nos fins de semana, eles fazem campanha para a prevenção da aids, distribuindo nas ruas folhetos bilíngües.
Além de todas essas atividades, eles participam, com outros colegas da escola, do
projeto Copisurdos, desenvolvido no programa Sua Escola a 2000 por Hora, do Instituto
Ayrton Senna. O Copisurdos utiliza o computador como instrumento para a construção de conhecimentos dos surdos. Uma de
suas metas é a criação de uma comunidade
virtual para a troca de idéias e experiências
sobre inclusão e educação de surdos.
COMO USAR A TV ESCOLA
Como cuidar do videocassete
ATUALIZE SUAS INFORMAÇÕES
SOBRE A TV ESCOLA
O que é a TV Escola
• É um programa da Secretaria de Educação a Distância
do MEC para a melhoria da qualidade do ensino público. Com este objetivo, transmite programação às escolas de Ensino Fundamental e Médio, dirigida à capacitação e aperfeiçoamento do professor, e também ao seu
trabalho em sala de aula.
• Transmitida a todo o país, a programação é captada por
antena parabólica. Os programas (inclusive os do Salto
para o futuro, transmitidos ao vivo) devem ser gravados
em fitas de videocassete para utilização pelo professor.
• Os equipamentos para captação e gravação compõem
o kit tecnológico, adquirido pela escola, por intermédio da Secretaria de Educação do Estado ou pelo município, com recursos do salário-educação, administrados pelo FNDE / MEC.
Como obter o kit
• As escolas das redes estaduais devem dirigir-se às secretarias de educação, e as escolas das redes municipais, à prefeitura, para solicitar sua inclusão no projeto
de aquisição do kit, a ser encaminhado ao FNDE.
• Tem direito ao kit toda escola pública servida por energia elétrica, com mais de cem alunos no Ensino Fundamental (de acordo com o Censo Escolar do ano anterior
à solicitação) e que ainda não tenha sido contemplada.
• A Secretaria de Educação Média e Tecnológica – Semtec
está realizando estudos para equipar as escolas de
Ensino Médio.
O que compõe o kit
• Desligue o vídeo da tomada sempre que estiver chovendo muito forte ou em caso de corte de energia.
Descargas elétricas provocadas por raios ou o retorno
da energia podem queimar o equipamento.
• Evite avançar (FF) ou voltar (REW) com a imagem na
tela. O excesso de atrito entre a cabeça do videocassete
e a fita causa estragos. Pare (STOP) antes de adiantar ou
voltar a fita.
• Evite congelar a imagem (PAUSE) por muito tempo. Isso também
produz atrito entre a fita e a cabeça de gravação.
• Chuviscos na imagem podem indicar que o cabeçote
de gravação está gasto, sujo, ou o vídeo danificado. Podem
indicar também falta de ajuste do vídeo. Neste caso,
acione o botão TRACKING.
Como cuidar das fitas
• Guarde-as na posição vertical, em local protegido de
sol, umidade e poeira, distante de campos magnetizados, como motores ou transformadores.
• Rever as fitas periodicamente ajuda a evitar fungos.
• Rebobine (volte ao início) a fita toda após usá-la.
Como sintonizar a TV Escola
• Antes de ligar a televisão e o vídeo, verifique se estão
na voltagem certa.
• O receptor do satélite deve ser colocado em polariza!
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ção horizontal.
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pção • Alguns receptores têm ajuste com o número do transe
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ponder (canal do satélite). Nos modelos com opções de
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1 a 24, deve ser escolhido o nº 3.
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• Em outros receptores a sintonia é feita pela freqüência
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de recepção direta do satélite, de 3.700 a 4.200 MHz.
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digit
Deve-se escolher 3.770 MHz.
• Outra possibilidade de sintonia é a freqüência intermediária em receptores digitais. Deve-se escolher
1.380 MHz.
• No vídeo, é sintonizado o canal 3 ou 4, ou o que estiver
livre na sua cidade.
Antena parabólica
• Vazada, do tipo Focal Point, com 2,85 m de diâmetro,
no mínimo (esta medida pode variar conforme a localização da escola).
• A antena deve ter LNB (Low Noise Block Down Converter) de 25º Kelvin, no máximo, e ganho de 38,3 ±
0.3 dBi em 4.0 GHz.
• Acompanha a antena receptor de satélite manual, com
filtro de 18 MHz.
Problemas de recepção
• Confirmar se os equipamentos estão de acordo com as
especificações indicadas por este manual.
• Se houver problemas na recepção, deve-se insistir com o
técnico autorizado para que verifique o posicionamento
da antena e a sintonia correta do receptor e dos outros
aparelhos do kit.
• Persistindo a má recepção do sinal, deve-se pedir orientação ao coordenador da TV Escola na Secretaria de Educação do Estado, ou ligar para o Programa Fala Brasil:
0800-61-6161.
Televisor
• Em cores, bivolt (110 V e 220 V), com controle remoto,
tela de no mínimo 20 polegadas e suporte de parede
para televisor, videocassete e receptor.
Como conhecer a programação
Videocassete
• 4 cabeças, bivolt, com controle remoto, sistema
NTSC / PALM.
Estabilizador de voltagem
• 2 kVA, no mínimo.
Fitas
• VHS, de 120 minutos.
Como montar o kit
• A instalação dos equipamentos deve ser feita por técnico autorizado pelo fornecedor. Um mau posicionamento
da antena, por exemplo, pode comprometer a qualidade do sinal recebido do satélite.
• É necessário verificar se todos os equipamentos têm manuais de uso e conferir prazos de garantia.
• Os programas da TV Escola de cada mês estão em um
cartaz com a Grade da programação, distribuído às
escolas – dois cartazes por bimestre, referentes a dois
meses de programação.
• Os cartazes devem ser afixados em local de fácil acesso a todos os professores e alunos.
• As grades são reproduzidas em encarte solto na revista TV ESCOLA e estão também disponíveis no site da TV
Escola na Internet: www.mec.gov.br/seed/tvescola.
• A programação de reprise está na Grade de férias, distribuída às escolas em cartaz especial.
Como é organizada a programação
• Os programas da TV Escola são transmitidos em quatro faixas:
Ensino Fundamental, Ensino Médio e Salto para o Futuro,
de segunda a sexta-feira; e Escola Aberta, aos sábados.
CONTINUA
COMO USAR A TV ESCOLA
• A programação dirigida ao Ensino Fundamental é organizada em áreas temáticas ou programas (Vendo e
aprendendo) sobre determinado tema.
• A programação dirigida ao Ensino Médio é organizada
em programas que integram mais de uma área temática, favorecendo a interdisciplinaridade (Como fazer? ),
ou programas com debates e documentários (Ensino Legal
e Acervo).
• Entre Ensino Fundamental e Ensino Médio, a TV Escola
transmite Salto para o Futuro, com programas ao vivo
sobre temas dos dois níveis de ensino, produzidos especialmente para professores e dirigentes das escolas.
• Escola Aberta, com transmissão aos sábados, tem programação especial para a escola e a comunidade.
• A Grade da programação está organizada por dia de
transmissão, horário, faixa, área temática e programas;
resume a programação de cada dia e dá os tempos de
duração dos programas.
Quando gravar
• A programação da TV Escola é transmitida de segunda
a sexta-feira. Para facilitar as gravações, é repetida em
quatro horários para o Ensino Fundamental, três para o
Ensino Médio, três para o Salto para o Futuro. Aos sábados, Escola Aberta tem transmissão em quatro horários.
• Para conhecer todos os horários, consulte a Grade da
programação.
• Nas férias, é reprisada a programação do semestre anterior: a cada horário de transmissão corresponde um dia
da programação.
• Se você perdeu um programa transmitido durante o ano
letivo, procure-o na Grade de férias.
Como gravar os programas
• No horário escolhido, ligue os equipamentos; sintonize
TV e vídeo.
• Coloque a fita no início e o contador (COUNTER) no zero.
• Aperte REC e PLAY ao mesmo tempo. Esse procedimento
vale para a maioria dos equipamentos.
• Para programar a gravação, consulte o manual de uso
do vídeo.
Como organizar o uso das fitas
• Volte a fita ao início e zere o contador.
• Assista desde o começo, anotando em que número
do contador começa cada programa gravado.
• No início de cada programa há uma claquete com dados para catalogação.
• Faça uma etiqueta e cole na lombada da fita, para
sua identificação.
• Faça fichas por assunto, tema, número da fita ou do modo
mais útil para organizar a videoteca. Evite organizar
apenas por data de gravação.
•A classificação adotada pela Grade da programação e pelo
Guia de programas é uma referência possível para a organização da videoteca (ver Como consultar os programas).
DIRETORA: NÃO FIQUE SEM
A TV ESCOLA. FAÇA SEGURO
DOS EQUIPAMENTOS.
Como consultar os programas
• A TV Escola tem um Guia de programas, já em segunda
edição, que está sendo distribuído às escolas, para facilitar
a consulta e o uso dos programas transmitidos e gravados.
• O Guia é também uma referência para as escolas organizarem suas videotecas (ver Como organizar o uso das fitas).
• O novo Guia contém programas transmitidos de 1996 a
2001, resumidos e organizados em 16 áreas temáticas
e 7 seções especiais.
ATENÇÃO: O MEC NÃO DISTRIBUI FITAS.
Como aprofundar os temas tratados
• Algumas séries de programas produzidas pela TV Escola são acompanhadas pelos Cadernos da TV Escola, que
complementam e aprofundam os temas tratados nas séries.
Como acompanhar o trabalho
de outros professores
• A revista TV ESCOLA publica reportagens sobre experiências
de professores com a TV Escola, dá sugestões de atividades para o trabalho com os programas e trata de outros assuntos de interesse do professor.
• A revista acompanha e registra também o trabalho de
professores que participam do Programa Nacional de
Informática na Educação – ProInfo, do Programa de
Formação de Professores em Exercício – Proformação,
ou que estão envolvidos na Reforma do Ensino Médio.
• A Secretaria de Educação a Distância – Seed distribui
a revista TV ESCOLA a todas as escolas participantes do
Programa TV Escola; cada escola recebe de 2 a 12 exemplares, proporcionalmente ao número de alunos.
• É muito importante que a revista circule entre todos
os professores.
• Escolas que não estiverem recebendo a revista devem
pedir cadastramento à Seed, por carta, fax ou e-mail
(ver endereços em Como se manifestar e tirar dúvidas).
• A cada dois meses, as escolas recebem, junto com as
grades da programação, um cartaz de divulgação que
resume a revista do bimestre e deve ser afixado em local bem visível para todos os professores.
Como usar os programas
Como ampliar o conhecimento
de alguns assuntos
• Os programas da TV Escola podem ser usados – a critério do professor, orientador, coordenador ou diretor –
como recurso para capacitação e aperfeiçoamento, como
instrumento de apoio às aulas e em atividades de recuperação e aceleração de estudos.
• Os livros da Série de estudos / Educação a distância completam a linha editorial de apoio dos programas desenvolvidos pela Secretaria de Educação a Distância do
MEC, com textos de estudos na área da educação a distância e novas tecnologias para a educação.
COMO SE MANIFESTAR E TIRAR DÚVIDAS
Escreva para a TV Escola
Ministério da Educação / Secretaria de Educação a Distância
Caixa postal 9659 – CEP 70001-970, Brasília, DF
fax: (0xx61) 410-9178
e-mail: [email protected] e [email protected]
site: www.mec.gov.br/seed/tvescola
Ou ligue para o
Programa Fala Br
asil:
0800-61-6161
(ligação gratui
ta)

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