D - TV Escola
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CARTA DO EDITOR Presidente da República Federativa do Brasil Fernando Henrique Cardoso Ministro da Educação Paulo Renato Souza Secretário-Executivo Luciano Oliva Patrício Secretário de Educação a Distância Pedro Paulo Poppovic PROGRAMA TV ESCOLA Ministério da Educação Secretaria de Educação a Distância Conselho Editorial Antônio Augusto Gomes dos Santos Silva Carmen Moreira de Castro Neves Cícero Silva Júnior Iara Glória Areias Prado José Roberto Neffa Sadek Lilian Holzmeister Oswaldo Cruz Maria Amábili Mansutti Pedro Paulo Poppovic Rogério de Oliveira Soares Tania Maia Magalhães Castro Vera Franco de Carvalho Vera Lucia Atsuko Suguri Coordenador editorial Cícero Silva Júnior Edição ERA Editorial [email protected] Editora Elzira R. Arantes Secretárias editoriais Lierka Felso Noêmia R. de A. Ramos Colaboradora especial Rosangela Guerra Colaboradores Áurea Regina Kanashiro (preparação) Carlos Eduardo Silveira Mattos Luiz Carlos Pizarro Marin (edição de Destaques da Programação) Edição de arte e produção gráfica Casa Paulistana de Comunicação Editor de arte Milton Rodrigues Alves Editoração Carlos Tadeu C. Gamba Thaís de Bruÿn Ferraz Digitalização de imagens Paulo Ladeira Projeto gráfico Elifas Andreato Fotolito e impressão Posigraf A REVISTA TV ESCOLA É UMA PUBLICAÇÃO BIMESTRAL DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Caixa Postal 9659 70001-970, Brasília, DF Fax: (61) 410-9178 E-mail [email protected] [email protected] Internet www.mec.gov.br/seed/tvescola TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 450 MIL EXEMPLARES MUITAS NOVIDADES N o dia 11 de setembro de 2001, o mundo assombrado viu na tevê as cenas dramáticas que se desenrolavam em Nova York. “Pensei que o mundo estava acabando”, confessou para sua professora um aluno surdo que, sem ouvir a notícia, nada entendeu do cenário de terror. Com o intuito de contribuir para a reflexão e o debate em torno de um momento como esse, introduzimos na grade de março uma programação especial de História. Como apoio ao trabalho pedagógico, o historiador Boris Fausto escreveu, exclusivamente para esta edição, o artigo Choque de civilizações? O comentário temeroso sobre o atentado foi de um aluno da Escola Normal de Taguatinga, no Distrito Federal, instituição na qual a TV Escola é uma presença ativa, a serviço da integração da comunidade escolar. Alunos com necessidades especiais, como os surdos, trocam experiências com os colegas do Magistério, da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Toda a riqueza dessa experiência se reflete, por exemplo, na história dos três alunos do curso Surdo Educador (página 44). Além disso, justifica a escolha dessa escola de Taguatinga para receber uma delegação de educadores vindos de Botsuana, na África, interessados em conhecer a experiência brasileira em educação a distância. E a TV Escola marca presença também em uma escola de Teresina, no Piauí, que movimenta a comunidade com sua Feira de Ciências e Cultura. Esta edição tem outras boas notícias. A revista aumentou o número de páginas e a seção Destaques da Programação tem agora um espaço especial para o Ensino Médio. O processo de digitalização da TV Escola se expande cada vez mais e, até o final deste ano, será feita a substituição dos sistemas de recepção em toda a rede. O que significa isso? Leia a matéria na página 41. Para finalizar: a revista TV ESCOLA tem nova editora: a partir desta edição, Elzira Arantes passa a integrar a equipe da Secretaria de Educação a Distância. Sucede a Cláudio Pucci, a quem agradecemos por sua reconhecida competência e pelo especial carinho que dedicou a esta revista ao longo desses anos. Desejamos que Elzira tenha sucesso, contando com nosso total apoio. Cícero Silva Júnior Coordenador Editorial Neste número Nº26 MARÇO ABRIL 2002 3 CARTAS No Paraná, uma rica parceria 20 entre a universidade e uma escola pública cria uma rede de utilização da tecnologia para fins educacionais. No Ceará, são publicadas As aventuras da TV Escolinha. de recepção, o novo sistema atende a um número crescente de escolas. NOVA SEÇÃO “Choque de civilizações?” Artigo do historiador Boris Fausto ajuda a explorar o conteúdo da Programação Especial – História DA 6 DESTAQUES PROGRAMAÇÃO Além dos desenhos animados Matilda e O gato de neve, e do documentário O deserto do Atacama, várias outras estréias. E como Especial: Mestres da literatura brasileira. 41 DIGITALIZAÇÃO Com melhor qualidade TEM MAIS 42 EMerendeiras se 22 EXPERIÊNCIAS Uma escola de Taguatinga especializam. O Saeb trabalha para avaliar a qualidade do ensino nas escolas brasileiras. E tem mais. mostra como é possível utilizar a programação da TV Escola desde a Educação Infantil. Em Teresina, Feira de Ciências e Cultura dá exemplo de integração da comunidade no projeto político pedagógico. FOTO DA CAPA: IOLANDA HUZAK 18 DESTAQUES ENSINO MÉDIO Um programa de Acervo, dois de Como Fazer? e um de Como Fazer? A Escola 44 SURDO EDUCADOR Três estudantes surdos aprendem a ensinar. O assunto é Montes Claros Depois da visita de vocês, as coisas mudaram por aqui, e para melhor. A procura pelos vídeos aumentou geometricamente. Todos querem se capacitar para utilizar plenamente a TV ESCOLA . Em função da procura, montamos uma oficina pedagógica para professores, baseada no curso A TV na Escola e os Desafios de Hoje, com base nos seguintes eixos: vídeos e outras tecnologias; gravação de programas; seleção de vídeos e adaptações aos projetos; organização da videoteca; utilização das mídias conjugadas: tevê, vídeo e computador. As aulas já começaram a mudar. Professores que antes só usavam o quadro e o livro agora estão recorrendo a vídeos, jogos, palestras e dramatização. As visitas ao laboratório de informática tornaramse rotina. Os alunos, é claro, estão adorando. Marly de Fátima Escola Estadual Antônio Canela Montes Claros, MG Como educador, sinto-me feliz e gratificado por termos, em nosso país, publicações como a revista TV ESCOLA. A edição 25, de outubro/novembro, nos trouxe a excelente experiência de Montes Claros, MG, com o ProInfo e a TV Escola. Parabéns a Rosangela Guerra pela bela reportagem e ao Marcos Guião por fotos tão bonitas, que mostram o quanto vale a pena investir na forma- toriador Boris Fausto. Esse material será bem útil no planejamento de suas próximas aulas. Brava Gente Brasileira ção continuada de educadores/as brasileiros/as. Parabéns também ao NTE do ProInfo de Montes Claros. João Beauclair [email protected] Cachoeiras de Macacu, RJ Conflitos na Irlanda Sou professora do Ensino Médio. Selecionei para meus alunos um vídeo sobre conflitos entre católicos e protestantes na Irlanda, além de informações na internet sobre os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos. Esses materiais vão me ajudar a discutir com os estudantes as raízes históricas da intolerância sobre divergências religiosas, e também a mostrar a eles que esses conflitos não se restringem ao mundo islâmico. Luzia Silva [email protected] Parabéns pela iniciativa, Luzia. Nós, da TV ESCOLA, tivemos uma preocupação similar à sua ao decidir preparar a “Programação Especial – História”, para a grade de março, e publicar, nesta edição, o artigo “Choque de civilizações?”, do his- Sou professor de História. Em minha atividade, foram-me de grande valor as duas edições de TV ESCOLA Especial Brava Gente Brasileira – 500 Anos de Pluralidade Cultural, publicadas em abril de 2000 e abril de 2001. Elas me inspiraram a desenvolver, com alunos da 7a série do ensino fundamental, trabalhos sobre vários grupos que ajudaram a formar a sociedade brasileira. Os estudantes criaram cartazes sobre a contribuição cultural de indígenas, africanos, portugueses, espanhóis, italianos, alemães e japoneses. Também houve apresentações de culinária e de vestuário típicos desses povos. Amós Félix da Silveira Escola Lígia Beatriz Amaral Carmópolis de Minas, MG Professor Amós, é para nós um incentivo conhecer iniciativas como a sua e esperamos continuar a contribuir para enriquecer e valorizar o trabalho de todos os professores. Falar com crianças e com adultos Como orientadora de aprendizagem, trabalho há sete anos com crianças da Educação Infantil e do Ensino Especial; mas, para me sentir completa, sempre quis falar com adultos. E graças ao programa Salto para o Futuro, podemos agora discutir idéias e experiências, questionar nosso trabalho e avaliá-lo continuamente. Tenho orgulho de fazer parte dessa equipe que trabalha para transformar a educação e construir um mundo melhor. Sem dúvida, a TV ESCOLA representa, para todos nós, um espaço aberto para a capacitação, de uma forma dinâmica e democrática. Professora Leila Franco Sanchez do, fiquei muito decepcionado ao saber que professores de Matemática dão aulas de História ou Geografia e que a coordenadora pedagógica é formada em Administração. Gostaria de saber o que uma administradora de empresas faz como coordenadora pedagógica. Tomazina, PR Festa do Apagão Economizar energia é importante, mas não desperdiçar água é fundamental. Esta foi a conclusão dos alunos do 1o Ano do Ciclo Intermediário que participaram da “Festa Junina do Apagão”, realizada em minha escola durante a Semana do Meio Ambiente. Primeiro, os estudantes assistiram ao vídeo Água Dona da Vida, da série Meio Ambiente e Cidadania. Depois, criaram pinturas, cartazes, uma história em quadrinhos, acrósticos e até paródias sobre o tema. Assim, de maneira dinâmica e divertida, a garotada ganhou consciência de que não se pode desperdiçar os recursos do planeta. Ana Maria Xavier Professora de Uso da Biblioteca E.E. Profa. Mariana Pereira Fernandes Pouso Alegre, MG Insatisfação Venho expor minha insatisfação quanto ao TV Escola desta cidade. Sou formado em Matemática, com várias especializações, entre elas a de didática e recursos pedagógicos. Concorri ao cargo de professor ou coordenador do programa e, além de ser descarta- COMENTÁRIOS, CRÍTICAS, DÚVIDAS, SUGESTÕES, RELATOS DE EXPERIÊNCIAS, PROPOSTAS DE INTERCÂMBIO COM SEUS COLEGAS Magno Burnier [email protected] São Luís, MA O programa TV Escola é desenvolvido em parceria com os estados e municípios, que assumem a responsabilidade de traçar as diretrizes de implementação do programa, por intermédio de suas respectivas secretarias de educação. Pela legislação, a definição de planos de cargos, salários e funções – inclusive nas escolas – é atribuição dos estados e municípios, não havendo espaço para a interferência do MEC. Assim, professor, sugerimos que procure a Coordenação Estadual de Educação a Distância, na capital de seu estado; e, considerando que a entidade responsável é o estado, sugerimos que encaminhe sua queixa à Secretaria Estadual de Educação. PS Recebemos também, e agradecemos, cartas e emails de Agnaldo Haired, São Paulo, SP, Marcelo Araújo dos Santos, Nova Soure, BA e José Noronha Dias, Cambuí, MG Agradecemos ainda o envio de projetos que, por falta de espaço, não puderam ser publicados: Escola Profa. Adalgisa C. de Campos, Palmital, SP; Escola Prof. José Batista da Mota, Macaúbas, BA; Escola Getúlio Vargas, Foz do Iguaçu, PR; Colégio Prof. José Aloísio de Aragão, Londrina, PR; Escola Padre Manuel de Paiva, São Paulo, SP; Escola Prof. Alisson Pereira Guimarães, Belo Horizonte, MG; e Colégio Prof. Segismundo Antunes Netto, Siqueira Campos, PR. MINHA EXPERIÊNCIA Parceria no ensino de Maringá No Colégio Estadual Duque de Caxias, da rede pública de Maringá, um dos problemas era a presença de um laboratório de informática praticamente sem uso; outro, a falta de capacitação dos professores para utilizar esse equipamento. A professora Dulce Elena Canieli, de História, sempre procurada pelos professores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) para acolher estagiários, entrou em contato com a multiplicadora do NTE/Maringá. Desse contato, e após se reunirem com a professora Izabel Cristina Rodrigues, do curso de História da universidade, nasceu a idéia de parceria. O objetivo principal consistia em proporcionar aos acadêmicos do curso de História uma reflexão sobre a condição docente e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de socializar seus saberes e vivências. Em contrapartida, os alunos do Colégio Duque de Caxias teriam acesso a experiências de ensino diferentes das convencionais. Para isso, seria utilizada a tecnologia educacional disponibilizada pelo CETEPar (Centro de Excelência em Tecnologia Educacional do Paraná) e pelo governo federal. Os estagiários tiveram aulas de informática educativa, com apoio de vídeos da TV Escola e trabalhando com a metodologia de projetos, sob orientação da professora da univer- ESCREVA SUA PALAVRA É IMPORTANTE POR CORREIO Caixa Postal 9659 70001-970, Brasília, DF POR FAX (061) 410-9178 POR E-MAIL [email protected] sidade e da multiplicadora do CETEPar. Os estagiários, por sua vez, também utilizaram vídeos da TV Escola e a sala de informática em suas aulas e em oficinas para os alunos do colégio (principalmente os do noturno). Os resultados extrapolaram os objetivos iniciais. O projeto foi adotado pelos professores de outras disciplinas e já se pensa em ampliar a experiência. Estão sendo estudadas novas parcerias, com outros cursos, trazendo mais estagiários, mais projetos e inovações, e desenvolvendo a idéia de deslocar multiplicadores dos NTE’s para as escolas, em um movimento de ir e vir, levando as inovações para as escolas e a realidade para os NTE’s. Neuci Facci Multiplicadora do CETEPar [email protected] Maringá, PR As aventuras da TV Escolinha O 3o Centro Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede 3), que coordena as escolas de ensino fundamental e médio de Acaraú, Ceará, está desenvolvendo o projeto “A TV Escola na Escola do Novo Milênio”, visando incentivar o uso sistemático da TV Escola. As formas encontradas para estimular essa utilização revelaram uma enorme criatividade. Uma delas foi o lançamento da revista em quadrinhos Escola do Novo Milênio – Apre- sentando a TV Escola, destinada à comunidade escolar: um bonequinho simbolizando a TV Escola comenta os objetivos do projeto, explica as faixas de programação, fala das formas de obter o kit e dá outras informações a respeito da TV Escola. O formato original e a linguagem acessível obtiveram a aprovação imediata de todos os professores. E, a partir do segundo número, a publicação passou a apresentar as melhores experiências pedagógicas de Acaraú, sob o título As Aventuras da TV Escolinha. A revista já focalizou o trabalho pedagógico com jovens e adultos no CEJA (Centro de Educação de Jovens e Adultos) Padre Antônio Tomás, de Acaraú, e também um projeto sobre Educação Sexual, desenvolvido a partir de cinco vídeos da TV Escola, no ensino fundamental da EEF Dona Maria Firmina. Também na jurisdição do Crede 3, foi relatada outra experiência importante, no Liceu de Acaraú. Inaugurado no início de 2001, o Liceu desenvolveu, no primeiro semestre, trabalhos em torno dos vídeos O vôo e Telecomunicações, em um projeto que envolveu professo- res das três séries do Ensino Médio, com base em um conceito de interdisciplinaridade e contextualização. No segundo semestre o projeto escolhido partiu do vídeo Peixes: os alunos visitaram açudes de criação e acompanharam o trabalho de pesca da lagosta. O objetivo dessas iniciativas e das discussões que as fundamentaram era levar os próprios alunos a levantar as questões-problema, integrando a escola na realidade local, já que a atividade pesqueira é fundamental para a subsistência da comunidade. Áurea Rita Silveira Coordenadora de Ensino do Crede 3 Tel.: (088) 661-1244 Acaraú, CE Teleducação em Bayeux Escrevo para comentar os bons resultados obtidos em Bayeux (PB) na área da Teleducação. Alguns destaques: criação do Teleposto no Centro de Formação de Professores, garantindo a realização de telecursos baseados no programa Salto para o Futuro, da TV Escola; atividades de leitura e produção de textos por meio da arte, também associadas ao Salto para o Futuro; e as Sextas de Leituras, plano-piloto em fase de execução em três escolas. DÊ SEU NOME COMPLETO, NOME DA ESCOLA, ENDEREÇO, TELEFONE, SÉRIE E ÁREA DISCIPLINAR. SE NÃO ESTIVER DANDO AULA OU NÃO FOR PROFESSOR, INDIQUE FUNÇÃO E LOCAL DE TRABALHO, COM NOMES E ENDEREÇOS COMPLETOS TAMBÉM. Coordenação da Teleducação [email protected] Bayeux, PB , SE PREFERIR LIGUE PARA Cartas com telefone ou fax podem ter resposta mais rápida, SIL O FALA BRA independente de publicação na revista. 1 0800-61616 Visite o site da TV Escola na Internet: www.mec.gov.br/seed/tvescola DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO ÉTICA MATILDA Série selecionada na Grade da programação para o Ensino Fundamental. Transmissão: 13 de março Áreas conexas: Língua Por tuguesa; Ciências Duração: 13 programas com cerca de 7’ Direção: Josef Lamka Realização: Ceska Televize–Anima Spol S.R.O., República Tcheca, 2000 Indicado para atividades com alunos da 1 a série do Ensino Fundamental e também da Educação Infantil. tentativas, invariavelmente, acabam em fracasso. Uma vez que não há sintonia nem cumplicidade, as confusões acabam sempre em mútua contrariedade. Após exibir o desenho, proponha algumas questões para debate. ● Por que Matilda achou que Linda necessitava de sua ajuda? O que uma pata entende de pegar ratos? ● Por que Linda aceitou o auxílio de Matilda? As idéias pareceram boas? Por que, então, as tentativas de atrair os ratos não deram certo? (Observe se os alunos perceberam que não existiu uma relação de cooperação mútua entre a pata e a gata. Entre os ratos houve cooperação? Discuta esse aspecto.) ● O que Matilda deveria fazer para realmente ajudar Linda? O que essa história nos ensina? PRESENTE DE CASAMENTO RESUMO S érie de animação cujo personagem principal é Matilda, uma pata bemhumorada e com boas intenções, disposta a achar soluções para o problema dos outros. Suas idéias nunca dão cer to, mas ela não desiste e busca novas soluções, o que acaba criando situações inusitadas e diver tidas. DICAS O s desenhos remetem a reflexões a respeito da questão da amizade, mostrando situações que ser vem de ponto de partida para discutir a importância do respeito ao outro, à diversidade, e assim por diante. Aqui há sugestões para os dois primeiros episódios da série, mas elas podem ser vir de referência para trabalhar com os demais. PARA PEGAR RATOS Neste episódio, Matilda tenta ajudar a gata Linda, imóvel horas a fio diante de uma toca de ratos; propõe à gata algumas estratégias para atrair os roedores, em vez de esperar que eles saiam. Mesmo sem ter pedido ajuda, a gata aceita as sugestões de Matilda, mas todas as 6 Em um dia quente de verão, os personagens – inclusive Júlia, uma tartaruga – vão ao lago se refrescar. Achando a vestimenta de Júlia inadequada para o calor, Matilda resolve substituir a carapaça por um maiô de tecido. Ao aceitar passivamente as opiniões e sugestões de Matilda, a tartaruga se sujeita a uma série de problemas. Torna-se frágil em seu habitat e deixa de ser reconhecida em sua singularidade, ao ser confundida com um sapo. Instigue os alunos a discutir a questão das diferenças pessoais, questionando: Será que concordam com as críticas da pata aos hábitos e à aparência de Júlia? Peça para enumerar as características físicas dos bichos que aparecem no desenho e as diferenças entre eles. Isso atrapalha sua convivência? Existem seMatilda melhanças? Chame a atenção para algo que têm em comum: todos os animais são dotados de algum tipo de proteção. Será que Matilda não sente calor, com tantas penas? Crie ainda situações que permitam de- bater padrões de conduta em sociedade. Por que a tar taruga Júlia aceita a sugestão de Matilda? Quais foram as conseqüências dessa atitude? Júlia correu algum risco? O que os alunos fariam se estivessem no lugar dela? Quem eles consideram que errou: Matilda, por se intrometer na vida da tar taruga, ou Júlia, por aceitar sem reclamar? Ou ambas? Será que devemos sempre aceitar as críticas e opiniões dos outros? Interligue as atividades Anote as respostas dos alunos para depois discuti-las, uma a uma. Se for possível, proponha uma redação em que os alunos sugiram o que teriam feito no lugar do gato e da tar taruga. Em um trabalho interdisciplinar com Língua Por tuguesa, pode ser proposto: ● Fazer uma lista (oral ou por escrito, de acordo com o nível da classe) dos elementos principais de cada história – quem são os personagens, onde se passa, o que eles fazem e por quê. ● Narrar cada uma das histórias, com base nos elementos que listaram. ● Descrever o que aprenderam com a discussão dos filmes. É interessante preparar um trabalho que inclua a exibição do vídeo Eu e você – quatro crianças e a Filosofia (Desta- ques, página 13). Levante questões de Filosofia para complementar a discussão relativa a Ética. O depoimento das quatro crianças será cer tamente um estímulo para debates em sala de aula. TV E SCOLA ÉTICA O GATO DE NEVE Série selecionada na Grade da programação para o Ensino Fundamental. Transmissão: 13 de março Áreas conexas: Ar te; Língua Por tuguesa Duração: 23’02” Direção: Sheldon Cohen Realização: National Film Board of Canada– Snow Cat Productions, Canadá, 1998 Indicada para atividades com alunos da 1 a série do Ensino Fundamental e também da Educação Infantil. RESUMO N uma tarde de inverno, uma avó encanta o neto com a história de Elisa, uma garota solitária, com seu inesquecível gato mágico. Essa narrativa emocionante, perfeita para a sensibilidade infantil, pode agradar a pessoas de todas as idades. DICAS D e um lado, a solidão, de outro, as relações de amizade entre pessoas e animais: as duas histórias, uma dentro da outra, proporcionam simultaneamente uma abordagem em duas direções. Enquanto uma narrativa destaca a necessidade de respeito às condições e características dos animais, a outra valoriza a comunicação entre pessoas de gerações diferentes. Cada história recorre a distintas técnicas de desenho, em dois níveis de linguagem visual, o que não só enriquece a animação como facilita a compreensão. A exploração desses recursos abre boas possibilidades de um trabalho interdisciplinar com Arte e Língua Portuguesa. Para reflexão e debate A animação dá ensejo a algumas considerações sobre nossa necessidade de amizade e a responsabilidade de cada um TV E SCOLA em relação à própria felicidade e à dos outros seres. Graças à existência deles, reconhecemos e realizamos nossa humanidade. Vale ressaltar que os limites da indiviO gato de neve dualidade e das condições existenciais das outras pessoas, longe de separá-las, podem se conver ter no ponto de encontro entre elas. Explore com a classe alguns conceitos abordados pelo filme: ● Como os personagens que narram a história – a avó e o neto – superam as restrições impostas pelo inverno? ● O gato de neve e o ganso selvagem resolveram o problema da solidão de Elisa? Por quê? ● Havia limites na relação de Elisa com o gato de neve e o ganso selvagem? Quais? O que Elisa aprendeu com as restrições? ● Por que o menino achou a história triste e a avó, não? ● O que os alunos pensam a respeito do significado do final da história? ● O que o desenho nos ensina sobre a amizade? Na aula de arte Discuta com a classe as diferenças entre as duas técnicas de desenho utilizadas no vídeo. Por que são diferentes? O que caracteriza melhor cada uma? Procure identificar as preferências dos alunos, deixe discutirem suas opiniões. Chame a atenção para as características dos traços usados para representar o que se passa na imaginação do menino – o gato de neve, Elisa, os gansos etc. Mostre a simplicidade e o alcance da técnica – apenas traços e jogos de luz e sombra conferem às figuras as mais variadas expressões. Escolha alguns car tuns e distribua entre os alunos, para obser varem e discutirem, ampliando seus conhecimentos acerca dessa técnica. Proponha que os alunos escolham e tentem reproduzir algum desenho do filme, sugira que estendam esse treinamento para representar situações do próprio cotidiano. Língua Portuguesa Explore a questão dos diferentes códigos de linguagem utilizados no vídeo. Peça para os alunos descreverem as mudanças. Chame a atenção para os dois códigos usados na mesma narrativa: ouve-se a voz da avó e acompanha-se visualmente a imaginação do menino. Em seguida, convide a turma a fazer uma redação de tema livre, procurando utilizar o expediente de uma história dentro da outra. Sugira que cada um ilustre a própria história. Veja também, da TV Escola: O menino e o ganso e Meu amigo canguru. Importante LEIA A GRADE E escolha os programas que quer usar. GRAVE OS PROGRAMAS E guarde as fitas na videoteca para posterior utilização. Para catalogar, você pode usar como referência o Guia de programas da TV Escola . USE EM CAPACITAÇÃO Todos os programas podem ser usados como recurso de capacitação e aperfeiçoamento dos professores. USE COM OS ALUNOS As dicas de atividades apresentadas nesta seção levam em conta objetivos e conteúdos curriculares de determinadas séries do Ensino Fundamental ou Médio. No entanto, a maioria dos vídeos se presta a outras abordagens, em situações variadas. OS PROGRAMAS SÃO REPRISADOS NAS FÉRIAS Acompanhe a Grade de férias A TV ESCOLA NÃO DISTRIBUI FITAS 7 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO GEOGRAFIA ATACAMA, O DESERTO QUE FLORESCE Série selecionada na Grade da programação para o Ensino Fundamental. Transmissão: 14 de março Áreas conexas: Ciências; Meio Ambiente Duração: 41’03” Direção: Barr y Paine Realização: Equilibrium Productions LTD, Austrália, 1999 Indicado para atividades com alunos a par tir da 6 a série do Ensino Fundamental, mas também pode ser adequado para o Ensino Médio. RESUMO D ocumentário que retrata o deserto do Atacama, uma das regiões mais secas e inóspitas do planeta. Mostra a luta diária travada pelos animais para vencer a severidade do clima, a escassez de alimentos e de água. Entretanto, uma vez a cada dez anos, chuvas torrenciais transformam a vida nessa estreita faixa sul-americana. As sementes de centenas de espécies de plantas, que esperaram latentes durante anos, desabrocham e modificam completamente a paisagem. DICAS O documentário descreve elementos que compõem a paisagem natural no deser to do Atacama, destaca a interrelação desses elementos e valoriza a diversidade biológica da região. É, por isso, ideal para uma abordagem interdisciplinar envolvendo as áreas de Geografia e Ciências. Antes de exibir o filme, proponha que os alunos descrevam, coletivamente, o ambiente do deser to. Quais as princi- 8 pais características climáticas? Faz frio? É quente? Existe vegetação? Como deve ser o solo? Existem animais? Sugira o registro das respostas em um painel. Em seguida, use um mapa para identificar a região que será estudada. Chame a atenção para a proximidade com o oceano, localize a cordilheira dos Andes, o Chile, Atacama, o deserto que floresce o Brasil. Além de dar referência ao aluno, a localização geográfica brio ambiental e alterações meteorológiajuda a explicar as causas do apareci- cas decorrentes do fenômeno El Niño. Como informação adicional e sugesmento dessa grande mancha de desertão de pesquisa, destaque ainda que o to costeiro. Atacama conta com áreas de grandes Após a projeção, solicite que a clasaltitudes, raras nuvens, ar seco e rarese compare as respostas registradas no feito, condições ideais para a instalapainel com o que foi mostrado no filme. ção de obser vatórios astronômicos. Ali Conduza a descrição das características já se encontra em operação um dos do deser to do Atacama – condições climaiores telescópios do planeta, o Ver y máticas, relevo, flora e fauna etc. – e, Large Telescope, no Obser vatório de a par tir daí, discuta o conceito de deCerro Paranal, no nor te do Chile, que se serto e as principais características desbeneficia da média de 350 noites límpise tipo de região. É impor tante enfatizar que a diver- das por ano, com ar muito seco e gransidade entre as paisagens desér ticas de estabilidade atmosférica, além da está relacionada às diferenças de ori- distância das luzes da civilização. O Atacama irá abrigar também o maior gem e localização dessas áreas. Desradiotelescópio do mundo, o Alma (Atacataque o papel da corrente de Humboldt, ma Large Millimeter / Submillimeter Array), cujas águas frias dificultam a evaporaque deve entrar em operação em 2010. ção oceânica e favorecem o surgimenSe optar por uma pesquisa ainda mais to de áreas desér ticas e semi-áridas. ampla, e tiver acesso à internet, oriente Chame a atenção para o fato de que a seus alunos para que busquem informaágua, mesmo escassa, é fundamental ções sobre a par ticipação brasileira nos para o equilíbrio ecológico do Atacama. observatórios do Atacama, disponíveis Amplie o assunto, falando dos Lençóis Maranhenses, formação geológica rara nos sites sugeridos aqui. no planeta. Seu relevo, do tipo planície litorânea, é ocupado por restingas, man- Veja também: Na internet guezais e dunas que cobrem uma área Sobre observatórios astronômicos (em de aproximadamente 1.550 quilômetros inglês) quadrados (equivale ao tamanho da ci- www.soartelescope.org/ dade de São Paulo) e uma costa litorâ- www.eso.org/paranal/ www.eso.org/projects/alma/ nea de 50 quilômetros. O tema pode render ainda uma boa discussão e uma pesquisa sobre a dife- Sobre os Lençóis Maranhenses www2.ibama.gov.br/unidades/parques/ rença entre deser to e desertificação. Trabalho interdisciplinar Da TV Escola O documentário propicia o desenvolvimento de uma grande variedade de temas, como, por exemplo: ciclo da água, cadeia alimentar, biodiversidade, equilí- O deserto; Deser tos não tão deser tos; e Paranal – uma nova visão do cosmos. Consulte ainda o Guia de programas e a videoteca de sua escola. TV E SCOLA FILOSOFIA EU E VOCÊ – QUATRO CRIANÇAS E A FILOSOFIA Série selecionada na Grade da programação para o Ensino Fundamental. Transmissão: 24 de abril Áreas conexas: Ética e Língua Por tuguesa Duração: 28’29” Direção: Frode Højer Pedersen Realização: DR Danmark, Dinamarca, 2000 Indicado para atividades com alunos de todas as séries do Ensino Fundamental. RESUMO O programa apresenta as reflexões filosóficas e existenciais de quatro crianças na faixa de 10 anos de idade. Ao longo dos debates, elas abordam temas como responsabilidade, consciência, conscientização, bom e mau, sonhos e realidade, eternidade e Deus. DICAS Q uem sou eu? Esta interrogação surge de forma espontânea quando temos entre 6 e 7 anos. Segundo Piaget, é o momento da vida em que se inicia a Eu e você – quatro crianças e a Filosofia TV E SCOLA constituição de sistemas operacionais lógicos. Com o tempo, a realização de operações concretas, mediante o uso da linguagem, nos leva a ampliar a capacidade de abstração. O desenvolvimento e a complexidade das questões apresentadas no vídeo seguem essa demarcação do processo de abstração descrito por Piaget. O programa começa com as crianças detectando a existência concreta do eu: “eu sou eu mesmo e não quero que meu eu mude”. A par tir daí, as relações do eu com a consciência, os valores e a vontade produzem novas mudanças na pessoa. O filme pode ser usado para estimular os alunos a formular essas questões em relação a si mesmos e a debatê-las, levantando interrogações e hipóteses. É aconselhável exibi-lo em blocos, como sugerido a seguir, sempre de acordo com as características da classe e o nível das questões propostas no filme ou pelos estudantes. Ao longo de todo o trabalho, é preciso que o professor se mantenha atento às diferenças culturais e às crenças dos alunos, evitando situações conflitantes ou constrangedoras. O eu, a descoberta Nas duas primeiras séries do Ensino Fundamental, o professor pode, para começar, perguntar à classe o que diferencia o eu dos homens do eu dos animais. Por exemplo: Os animais estabelecem diferenças entre o que é bom e o que é mau? Por que os homens necessitam dessas diferenças? Esse exercício consiste no deslocamento das relações lógicas, a fim de levar o aluno, por intermédio da linguagem, à descober ta de si (do eu) como vontade, consciência e julgamento de suas ações e das ações do outro. Nas duas séries finais, a atividade pode ser complementada com exercícios de projeção do eu no futuro. O que o aluno quer fazer quando crescer? Por que ele considera essa escolha como algo bom? É bom para quem? A responsabilidade com o eu e com o outro Este bloco se presta a atividades que busquem encaminhar a descober ta da existência do eu em referência aos outros e discutir a responsabilidade de cada um nessa relação. Por que o eu de cada um necessita do outro? Pedir para os alunos darem exemplos concretos da interação do eu de cada um com o de outra pessoa, respondendo a questões como: O que sentem quando ajudam ou atrapalham o outro? Sentir-se culpado em relação a alguém é um sinal de responsabilidade? A existência do mal É interessante propor questões, para estimular os alunos a se manifestarem e a relatarem as próprias experiências: ● O que pode ser considerado como uma ação má? ● O que cada um sente ao praticar alguma ação desse tipo? As mudanças do eu Para auxiliar os estudantes a identificar as razões da mudança do eu, o papel das emoções, dos sentimentos e da razão nessa mudança, podem ser propostas questões como: ● Na história narrada, por que o personagem teve de mudar? A causa da mudança partiu de dentro do personagem? ● Qual o papel da consciência na mudança do eu? O propósito da existência Como encerramento, é recomendável explorar questões que levem o aluno a refletir sobre seus próprios objetivos. ● Sua vida tem um objetivo? Qual? ● Como você descobriu essa finalidade para a vida? Veja também, da TV Escola: Jean Piaget; Cada menino é um menino; Crianças, ciência e bom senso (série “O desenvolvimento da criança”); O justo e o injusto (ambos da série “Clac / Filosofia”). 9 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO ESPECIAL LITERA TURA LITERATURA MESTRES DA LITERATURA Série selecionada na Grade da programação para o Ensino Fundamental e também para o Ensino Médio. Transmissão: 1 o e 2 de abril Áreas conexas: Ar te; Geografia; História; Língua Por tuguesa Duração: 6 programas com cerca de 30’00” cada um Direção: Mônica Klein, Luiz Fernando Ramos, Daniel Augusto e Hilton Lacerda Realização: TV Escola, Brasil, 2001 Indicado para atividades com alunos da 7 a e da 8 a série do Ensino Fundamental e de todas as séries do Ensino Médio. RESUMO S érie de programas dedicados a seis consagrados escritores brasileiros: Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Mário de Andrade, José de Alencar, Machado de Assis e Lima Barreto. Os vídeos relatam passagens de sua vida e o contexto em que criaram sua obra, com foco num dos trabalhos mais marcantes de cada um: Vidas secas, Grande sertão: veredas, Macunaíma – o herói sem nenhum caráter, O guarani, Memórias póstumas de Brás Cubas e Triste fim de Policarpo Quaresma. DICAS A pós a exibição de cada vídeo, é impor tante o professor retomar com os alunos as passagens que contextualizam as obras do autor selecionado. Para essa atividade, que pode ser enriquecida pela contribuição do 10 professor de História, há algumas questões básicas: ● Quais os momentos mais marcantes da vida do escritor em estudo? ● Como era o Brasil à época em que o autor escreveu a obra ou ao tempo em que transcorre a narrativa? ● Que aspectos políticos, sociais e ambientais marcam a obra do autor focalizado? ● Como é possível relacionar a vida e a obra de cada autor? ● Como definir as fronteiras entre contexto histórico e obra? Considerando que os vídeos abordam autores e obras muito diferentes entre si, de distintos períodos literários, há duas alternativas de trabalho, que podem também ser complementares: promover estudos comparativos entre os autores (por tema ou por período literário) ou realizar exames específicos de cada autor. Estudos comparativos Uma proposta interessante é observar como os autores traduzem o Brasil de forma diferente: o indianismo idealizado de José de Alencar; a economia e a linguagem burguesa de Machado de Assis; a ironia também urbana de Lima Barreto; o sincretismo no Macunaíma de Mário de Andrade; o regionalismo duro de Graciliano Ramos comparado ao regionalismo lírico e metafísico de Guimarães Rosa. Alguns pontos a se levantar para encaminhar os debates: ● Se Machado é anterior a Lima Barreto, quando supostamente havia mais preconceitos raciais no Brasil, e ambos são mulatos, como explicar o sucesso de um e o fracasso profissional do outro? ● Em suas obras, todos os autores abordados represen- tam o Brasil. Quais as semelhanças e diferenças, do ponto de vista da temática e no aspecto formal? ● Quais as diferenças entre o modernismo de Mário de Andrade, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa? Por que os três são considerados modernistas? Outra boa idéia consiste em propor que os alunos organizem glossários comparativos – um com os neologismos de Guimarães Rosa e outro com os indianismos de José de Alencar, por exemplo. Estudos específicos Na análise de Graciliano Ramos, pesquisar em Vidas secas as passagens em que se confundem linguagem, paisagem e características dos personagens. Quem surge como determinante, o meio ambiente, a personalidade individual ou a manutenção do meio ambiente? ● Em Lima Barreto, discutir o quixotismo de Policarpo Quaresma. Nos dias de hoje, ainda há espaço para utopias como as dele? Pode-se também propor a leitura de algumas crônicas do autor, com suas críticas à política e às relações sociais urbanas. Como situá-las em relação ao Brasil atual? ● Para estudar José de Alencar, orientar uma leitura crítica de Peri e uma pesquisa de hábitos dos índios. Há na classe descendentes de índios? Se houver, sua contribuição será valiosa. Qual é a importância da honra, da lealdade, da fidelidade e dos laços de amizade nessa cultura? São características presentes no romance de José de Alencar? José de Alencar também produziu algumas peças que, embora pouco conhecidas, são engraçadas e representativas. Vale a pena encenar uma delas ou propor adaptações a situações atuais. ● TV E SCOLA rantes humanos assumem a posição de bichos. O capítulo dedicado a ela se reveste de uma humanidade que chega a um aspecto telúrico. Coloque em debate esse ponto. 2. Qual é a verdadeira ruptura literária na obra? O que ela apresenta de mais surpreendente para ser considerada um “divisor de águas” de nossa literatura e uma de suas grandes obras-primas? Grande sertão: veredas 1. A divisão social de Grande ser tão pode ser sintetizada em alguns poucos latifundiários e uma grande quantidade de miseráveis, tal qual se manifesta ainda hoje no Grande Ser tão do Brasil? 2. As três personagens femininas – Diadorim, Otacília e Nhorinhá – representam três formas de amar de Riobaldo? Ele amou as três com igual intensidade? Triste fim de Policarpo Quaresma 1. Podemos considerar que a obra anuncia o Modernismo do ponto de vista da linguagem, visto que é repleta de termos populares e denuncia o academicismo do início do século? 2. Policarpo elaborou três projetos para o Brasil: um lingüístico-cultural (decretar o tupi-guarani como Macunaíma Mestres da literatura Tal como Lima Barreto, Mário de Andrade também publicou crônicas que conser vam a atualidade – sua leitura pode ser vir de combustível para bons debates. Outra atividade interessante consiste em discutir Macunaíma, tendo como pano de fundo o filme de Nelson Pereira dos Santos, remetendo a bons exercícios de comparação entre filme e livro. ● PARA O ENSINO MÉDIO Vale a pena propor aos alunos que leiam a obra sugerida, antes de assistirem ao vídeo. Depois, exiba o filme correspondente e mobilize a classe para debates, sugerindo questões específicas. Vidas secas 1. Há uma construção circular dos treze capítulos. O capítulo “Mudança”, do início, se fecha em um círculo vicioso do qual não se pode escapar com o capítulo final, “Fuga”. Pensando no valor semântico das palavras usadas no título dos capítulos, é válido dizer que Graciliano termina a obra com muito mais pessimismo em relação à problemática da seca, das migrações e da miséria? 2. A cadela Baleia se humaniza, enquanto em algumas passagens os reti- TV E SCOLA 1. É válida a afirmação de que tanto o tempo quanto o espaço de Macunaíma são indeterminados, devido ao elemento fantástico presente? Essa indeterminação leva à conclusão de que as crendices, lendas, enfim, as histórias populares, se eternizam e são atemporais? 2. Qual o aspecto mais marcante da obra Macunaíma que explica o fato de ela ser considerada tão representativa de nossa literatura? Mestres da literatura O Guarani 1. No romance, José de Alencar realmente consagrou uma cena, uma época e um herói adequados ao momento histórico e às expectativas em relação à literatura brasileira? 2. Qual é a característica mais relevante da obra, que nos permite classificá-la como genuína representante do romantismo brasileiro? Memórias póstumas de Brás Cubas 1. Podemos dizer que Brás Cubas é um personagem único da literatura universal e a obra, em todos os seus “desvios” de construção, também? língua oficial brasileira), o outro agrícola (plantar e colher em solo brasileiro) e o outro político (lutar pela República). Qual é o ponto central do fracasso dos três e por que ocorreu, enfim, a desilusão de um crente fanático em sua pátria? Veja também, da TV Escola: Um Mário; Mário, um homem desinfeliz; O mestre Graça; Os nomes do Rosa; O Rio de Machado de Assis e Modernismo: os anos 20 (série Panorama histórico brasileiro). Noemi Jaffe Professora do Colégio Equipe, de São Paulo. 11 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO ESCOLA/EDUCAÇÃO PRIMEIRA AULA Série selecionada na Grade da programação para o Ensino Fundamental. Transmissão: 25 de abril Duração: 55’00” Direção: François Davisse Realização: Doc & Co, França, 1999 Indicado para formação inicial e continuada de professores do Ensino Fundamental. RESUMO O vídeo retrata as experiências vividas, na França, por três professores em começo de carreira, quando assumem classes de séries iniciais em escolas públicas primárias. Focaliza vários momentos, desde a preparação para o primeiro dia, passando pelas angústias e dificuldades iniciais, até o momento de despedida da classe, após quatro semanas de trabalho conjunto. Enfatiza os sentimentos, os receios, as dúvidas e os desafios vividos, bem como as estratégias utilizadas pelos três. DICAS O ponto de partida é a observação das atitudes dos três professores durante os primeiros dias. Procure estabelecer semelhanças e diferenças nas reações que manifestam quando as crian- ças respondem a suas propostas iniciais de trabalho. Destaque a atitude de autoobservação dos docentes e procure identificar seus sentimentos, suas dúvidas e reflexões. Observe as tentativas de alteração de suas propostas e as atitudes de cada um em função dos problemas de disciplina enfrentados. Registre as mudanças que parecerem bem-sucedidas. 12 AUTISMO: UM MUNDO À PARTE Trabalho conjunto Assista ao vídeo com um grupo de colegas da escola, no horário reservado para as reuniões pedagógicas. Em seguida, cada um dos professores pode estabelecer comparações com sua própria realidade. As vivências foram semelhantes? Diferentes? Se você estiver na função de coordenação, tente identificar, no filme, as estratégias utilizadas pelo grupo de apoio e pela coordenação pedagógica para auxiliar o professor a superar as inevitáveis angústias dessa fase inicial da profissão docente. Juntamente com seus colegas, utilize os horários de reunião para relembrar como foi o primeiro ano de trabalho de cada um. Como foram superadas as dificuldades com os alunos? Contaram com algum tipo de ajuda? Se houver algum docente principiante na escola, abra um espaço para que ele seja ouvido e todos possam, juntos, encontrar formas de auxiliá-lo em suas dúvidas e angústias, tão comuns e esperadas nessa etapa da profissão. Leia também: SOUZA, D.T.R. Entendendo um pouco mais sobre o sucesso (e o fracasso) escolar: ou sobre os acordos de trabalho entre professores e alunos. In: AQUINO, J.G. Autoridade e autonomia na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1999. BUENO, B.A. et al. A vida e o ofício dos professores. São Paulo: Escrituras, 1998. Veja também, da TV Escola, as séries: Primeira aula EDUCAÇÃO ESPECIAL Escola em discussão; Escola hoje; Falando de educação; Nós na escola; PCN / Um compromisso com a cidadania; Proformação – Ensino é aprendizagem; Projeto Ipê; e A lei da escola. Série selecionada na Grade da programação para o Ensino Fundamental. Transmissão: 28 de março Áreas conexas: Educação; Ética; Saúde Duração: 43’00” Direção: Alexandre Valent Realização: Higrade, França, 2000 Indicado para o trabalho com professores e profissionais de Educação Infantil e Ensino Fundamental, além de profissionais e estudantes das áreas de Saúde envolvidos com o processo de inclusão. RESUMO O filme analisa minuciosamente o mundo solitário dos autistas e os conflitos e dificuldades enfrentados por pais e mães de crianças portadoras do problema. Discute também as questões relativas ao diagnóstico precoce e às instituições dedicadas a esse atendimento especializado. As experiências relatadas no vídeo, gravado na França, não estão longe das que podemos encontrar em nossa realidade. Trata-se de um valioso instrumento para que educadores, e outros profissionais dentro da escola, aprendam a identificar transtornos de conduta, de desenvolvimento cognitivo, afetivo e social associados a essa doença. DICAS O s depoimentos apresentados no programa são muito ricos no que diz respeito aos sentimentos de ansiedade, aos medos e às incertezas que afligem os pais. É preciso acolher os familiares, evitando reforçar o sentimento de culpa que já carregam, associado em geral a uma tendência ao isolamento. TV E SCOLA A inclusão do autista na escola comum, como sugere o filme, é uma possibilidade que depende do total comprometimento por par te de todos os envolvidos, sem idéias preconcebidas. Aceitar de fato o autista na escola ou na sala de aula será o primeiro passo para que ele se sinta reconhecido. A escola não deve ser vista somente como o local de aquisição de conhecimentos formais, mas também como lugar social, onde o autista adquire noções de como se alimentar, se vestir e se relacionar, preparando-se para a vida e, talvez, até para alguma ocupação profissional. Será preciso tornar simples tudo aquilo que para ele é muito complicado. As tarefas devem ter começo e fim, ser carregadas de sentido e incluir estímulos à realização com autonomia. Ensinar o básico da vida: ficar em paz consigo, respeitar os outros e a si mesmo, ser independente, controlar a autodestruição, a angústia e a ansiedade. O respeito às diferenças Certamente a experiência da inclusão traz benefícios, oportunidades, temores e dificuldades. O professor tem muitos alunos em sua classe e teme não dispor de recursos próprios para lidar com um aluno autista – mas não deverá tentar enfrentar sozinho a situação. É fundamental que estabeleça contato com os outros profissionais que atendem a essa criança. As demais crianças também devem ser incentivadas a ajudar o colega autista em sua rotina na escola. Essa atitude fará bem a todos do ponto de vista da ética humana e da cidadania. É interessante exibir o filme também para eles e recomendar a visita a instituições de atendimento. O autista será auxiliado na sua comunicação e no vislumbre de se tornar parte de um mundo comum a todos. Basta valorizar seus pontos fortes, procurando aumentar o alcance de suas habilidades – afinal, é o que todo professor deve fazer com qualquer aluno. MA TEMÁTICA MATEMÁTICA TURMA DA TABUADA 2 Série selecionada na Grade da programação para o Ensino Fundamental. Transmissão: 15, 16 e 17 de abril Duração: 30 episódios de cerca de 10’ cada um Direção: Liz Whitaker Realização: Channel 4 Learning, Grã-Bretanha, 2000 Indicado para atividades com alunos do Ensino Fundamental e também da Educação Infantil. RESUMO Leia também: Autismo: um mundo à parte As tarefas devem ser divididas em várias atividades pequenas e de forma seqüencial, selecionadas de acordo com a personalidade da criança e com seu estado de espírito: em alguns dias é possível exigir mais, e em outros, é preciso pedir menos. As artes são um meio facilitador de expressão e comunicação. A criação de um jornal, por exemplo, poderá ter muitos desdobramentos e motivar todos os alunos. A culinária e o cultivo de plantas são meios favoráveis de produção e desenvolvimento de habilidades para o trabalho. TV E SCOLA FOSTER. O.H. Autismo em neurologia infantil. In: JERUSALINSKY, A. et al. Psicanálise e desenvolvimento infantil : um enfoque transdisciplinar. Por to Alegre: Ar tes Médicas, 1989. JERUSALINSKY, A. Psicose e autismo: uma questão de linguagem. Boletim da Associação Psicanalítica de Por to Alegre. Por to Alegre: Ar tes e Ofícios, vol. 4, n. 9, 1993. LERNER, R. Escolarização de crianças portadoras de distúrbios globais do desenvolvimento: dados e reflexões a respeito dos aspectos envolvidos. Estilos da clínica. Revista sobre a infância com problemas. São Paulo: Instituto de Psicologia da USP, vol. 2, n. 2, 1997. Veja também, da TV Escola: As séries: Deficiência mental; Deficiência: mito e realidade; e Deficiências múltiplas. Os programas: O lutador; TV Executiva: os novos rumos da Educação Especial e Nós também somos gente. S érie de animação de figuras de argila, cuja ação se desenrola a bordo de um barco. Ali, a tripulação tem como tarefa cuidar dos passageiros, que são animais de várias espécies. A série utiliza as situações criadas, além de recursos como a música e a dança, para introduzir conceitos matemáticos, como a utilidade dos números, a soma, a subtração, a multiplicação, a propriedade comutativa e até as incógnitas (leia mais em Destaques da programação da edição no 22 da revista TV Escola). DICAS A s sugestões aqui apresentadas, que se referem a três episódios da série, podem oferecer boas idéias para a utilização dos demais programas. Nos episódios iniciais, os alunos começam a conhecer “números grandes”, seus nomes e a forma de escrevê-los, bem antes de compreender e de dominar completamente o sistema de numeração decimal. Esse conhecimento, adquirido em situações da vida cotidiana, é explorado e ampliado na escola. 13 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO Ao exibir o vídeo, é interessante promover algumas paradas estratégicas, às vezes sugeridas pelo próprio desenrolar da história, quando o apresentador comenta os problemas encontrados pelos personagens. Aproveite esses momentos para fazer pausas na fita, conversar com a classe sobre cada questão proposta e explorar outras situações análogas e concretas, dentro do contexto do cotidiano. Turma da tabuada 2 se, pergunte por que se formaram grupos de 10. Explore a característica decimal de nosso sistema de numeração e faça treinamento de contagem de 10 em 10, partindo de diferentes números. Crie situações em que fique evidente a utilidade de fazer marcas para formar agrupamentos, como contar folhas de caderno ou registrar a pontuação em algum jogo. Com esse reforço, o estudante percebe intuitivamente a correspondência entre conjuntos como forma de definição dos números. PEGADAS NOS LADRILHOS Veja na internet (em inglês): www.4lear ning.co.uk/numbercrew/ index.cfm Neste episódio, a turma da tabuada quer enfeitar o salão do barco com ladrilhos e tinta. Há 100 ladrilhos na caixa. Utilize a questão levantada pelo apresentador e crie com sua classe situações similares, como por exemplo: “Se vocês tivessem 20 ladrilhos e quisessem que cada bicho deixasse 4 pegadas, quantos animais poderiam participar da brincadeira?” Mesmo que não consigam chegar à resposta, não insista. O importante é leválos a pensar em uma possível solução. A pausa seguinte é aconselhável logo depois que o algarismo zero é atribuído à cobra. Discuta com os alunos quantos azulejos foram realmente utilizados: 100 ou 101? Quando queremos contar alguma quantidade devemos começar pelo zero ou pelo um? Aproveite para falar da importância do zero no sistema de numeração. Faça outra pausa quando o apresentador chegar a 100 e sugira, por exemplo, que contem do 63 ao 83, do 21 ao 47, do 15 ao 60, de 2 em 2 e assim por diante. Peça que os alunos encarem o desafio lançado no filme e faça a contagem até 100. Chame a atenção sobre o problema final, quando a professora for- ma um círculo com a classe: quantas voltas serão necessárias até chegar ao 100? Discuta com a turma se a contagem começou realmente na professora (que falou o número 0) ou na criança que falou o 1. Será que a professora está par ticipando da contagem? LADRILHO COM BRILHO Faça a primeira pausa quando se coloca a questão da posição de cada azulejo na parede. Oriente a conversa com a classe, observando se alguém sugere solução semelhante à da turma da tabuada – escrever números nas costas dos ladrilhos e na folha de papel. Consulte os alunos sobre os números grandes que já conhecem – números das casas, dos apartamentos, dos preços, da pontuação no videogame etc. Que outros números aparecem na sala? Escreva-os no quadro e pergunte quais são menores do que 100. Depois, peça para colocarem os números em ordem crescente. Deixe que eles próprios façam a correção após o próximo trecho do filme. No final da história, a cobra continua com dificuldade para diferenciar o 18 do 81. Explore a situação com outros desafios: diferenciar o 89 do 98, o 26 do 62 e assim por diante. Depois de assistir ao episódio, promova um jogo de bingo, excelente recurso para treinar o nome e a escrita dos números. BESOUROS E NÚMEROS Turma da tabuada 2 14 Peça sugestões para ajudar a turma da tabuada a contar os besouros; se estiver difícil, proponha que imaginem os bichos parados. Estimule a idéia de dividir em grupos, se ela não aparecer espontaneamente. Na cena com a professora na clas- ÉTICA SACUDINDO O MUNDO: UMA VISÃO SOBRE AS DROGAS Série selecionada na Grade da programação para o Ensino Fundamental e também para o Ensino Médio. Transmissão: 3 de abril Áreas conexas: Saúde; Ciências Duração: 29’51” Direção: Moira Simpson Realização: National Film Board of Canada, Canadá, 2000 Indicado para atividades com alunos das 7 a e 8 a séries do Ensino Fundamental e de todas as séries do Ensino Médio. RESUMO U ma visão honesta sobre a relação dos jovens com o vício das drogas, apresentada por alguém que enfrentou esse problema. Um grupo de sete estudantes, de origens culturais diversas, encontra-se com policiais que, desde 1998, vêm acompanhando e recolhendo depoimentos TV E SCOLA de pessoas viciadas. Não se trata, no entanto, de um simples documentário contra o uso de drogas. Os estudantes conversam com os policiais – após estabelecerem um acordo mútuo de liberdade de expressão –, assistem a depoimentos, mantêm contato com pessoas em recuperação e com outras ainda lutando contra o vício e, ao longo de todo esse processo, revêem e mudam seus conceitos sobre o assunto. DICAS A pós a exibição do filme, procure investigar quais foram os sentimentos desper tados entre os alunos pelas imagens e pelos depoimentos. Que atitudes coletivas seriam coerentes com esses sentimentos? Faça uma lista das causas que levaram as pessoas do filme ao uso de drogas e procure levantar comparações com casos conhecidos pela comunidade. Os motivos alegados conduzem necessariamente ao uso e à dependência de drogas? Explore as questões da experiência por curiosidade ou por pressão de um grupo sobre o indivíduo. Os riscos são os mesmos? Ambos os casos levam inevitavelmente à dependência? Por que essas razões foram suficientes para lançar os entrevistados na iniciação e na dependência de drogas? Que fatores induzem à persistência no uso e à conseqüente dependência? Questione as diferenças entre o usuário ocasional e o dependente. Oriente o grupo a estabelecer o limite entre as duas formas de consumo. A perda do controle é sugerida no vídeo como critério de discriminação entre os dois tipos de usuário. No entanto, eles só admitem essa perda quando já não conseguem se ver no futuro sem utilizar drogas. Isso suscita uma boa discussão: um indivíduo na fase de dependência é capaz de buscar ajuda por si mesmo, ou precisará de algum tipo de inter venção? O filme sugere alguma? Que interferências a comunidade e a escola podem propor? Os viciados podem – ou devem – ser responsabilizados moralmente pelos seus atos ou por usar drogas e depender delas? Podemos atribuir a autodestruição deles ao fracasso das relações familiares ou da escola, às relações de discriminação da TV E SCOLA março / abril SALTO PARA O FUTURO Série Dia Cultura corporal de movimento História e Geografia Ciências na escola Competências na formação continuada A escola que queremos Varal de textos Educação e desenvolvimento infantil Espaços de inclusão Escola: exclusão e inclusão comunidade e à ausência de políticas públicas direcionadas para os jovens? Qual o grau de responsabilidade dessas instituições em relação ao viciado? Chame a atenção para o fato de que só é possível falar em responsabilidade moral se: ● o sujeito do ato não ignorar as circunstâncias e as conseqüências de sua ação, isto é, a ação possuir um caráter consciente; ● a causa de seus atos estiver no próprio indivíduo, ou seja, ele não estiver submetido a poderes externos e internos que o forcem e o constranjam a sentir, a querer e a fazer alguma coisa. Em outras palavras, se o sujeito do ato for livre. Cabe observar que a liberdade não é tanto o poder de escolher entre vários atos possíveis, mas, fundamentalmente, o poder de se autodeterminar, estabelecendo as próprias regras de conduta e reconhecendo-as como suas; ● couber ao sujeito a responsabilidade moral por suas escolhas e conseqüências. A falta de conhecimento das conseqüências das escolhas não o exime dessa responsabilidade, quando ele pode e deve conhecer as motivações e conseqüências de seus atos. Proponha um exercício de comparação entre as realidades apresentadas no filme e as da comunidade quanto aos tipos de drogas consumidas, à atuação da polícia e à realidade socioeconômica e cultural dos jovens. 4a 11 a 18 a 25 a 1a 8a 15 a 22 a 29 e 8 15 22 28 5 12 19 26 30 de março de março de março de março de abril de abril de abril de abril de abril Discussão final É interessante recolher as opiniões dos alunos sobre suas necessidades e seus desejos. Quais são suas esperanças e preocupações? Como se imaginam no futuro? Mostre que na origem da ação humana existe uma necessidade de ser o que podemos escolher. A felicidade é compreendida como a realização voluntária de um projeto de vida com o qual nos identificamos. E a adolescência é uma etapa importante para a construção e a identificação desse projeto. É preciso enfatizar que nossas escolhas, no entanto, devem considerar a existência do outro. Sem isso, projeto algum teria sentido. Trabalho interdisciplinar O filme permite um trabalho interdisciplinar envolvendo Saúde, Geografia e Ciências (no Ensino Fundamental) ou Biologia (no Ensino Médio). A finalidade da atividade será decidida pelos professores, tendo em consideração suas possibilida- Uma visão sobre as drogas 15 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO des de ação e organização e as peculiaridades da turma a que se destina. Algumas sugestões de tópicos para trabalhar: ● Discussão da classificação do álcool e do tabaco como drogas. ● Relações entre o uso de drogas e DST/Aids. ● Pesquisas sobre os princípios ativos das drogas mais conhecidas e os seus efeitos no organismo. ● Levantamento das drogas mais consumidas no país, incluindo a sua origem ● Relação entre o tráfico e a economia dos países produtores e/ou consumidores. ● Acima de tudo, reflexões e discussões sobre o papel da escola em relação ao uso de drogas, buscando propostas de ações que envolvam a comunidade. Veja também: Na internet www.unifesp.br/dpsicobio/drogas/ drogas.htm www.puccamp.br/~drogas/ Da TV Escola Drogas, movimento, vida e saúde; Drogas: o circo da vida; De cara limpa: drogas e violência; DST/Aids e Fuga do moinho (Destaques na revista no 25). RESUMO D esde as primitivas culturas de coleta e caça até o mundo moderno, as sociedades têm elaborado códigos de conduta e imposto penas às pessoas que os violam. Esses dois filmes da série Ecce Homo tratam da evolução da lei e da punição ao longo da História, numa abordagem em que se destacam temas de natureza ética, como o castigo corporal e a tortura, além de questionar as formas de se fazer um criminoso pagar por seus erros. DICAS O s dois programas permitem produzir um trabalho conjunto envolvendo as disciplinas de História, Geografia, Filosofia, Biologia e Língua Portuguesa. A partir de temas como Direito, Justiça e Ética, crime e castigo, os alunos poderão pesquisar, sistematizar informações e debater opiniões, com atividades que relacionam diferentes conhecimentos e exercitam variadas habilidades e competências. Procure realçar a contextualização, a associação pesquisa-aprendizagem, a argumentação e a justificação, além de estimular o emprego de todas as formas possíveis de registro e comunicação de idéias. do-os no espaço e no tempo – utilizando mapas e linhas do tempo e sintetizando as principais características das sociedades pesquisadas. Sugira que cada grupo apresente sua pesquisa e socialize seus conhecimentos, apresentando seminários ou cartazes. Após as apresentações, um exercício interessante consiste em promover a construção coletiva de um painel registrando as semelhanças e diferenças entre vários sistemas de leis e punições. Estabeleça dinâmicas interativas que estimulem todos os alunos a par ticipar. Isso os ajudará posteriormente a discutir com propriedade os valores das sociedades estudadas. A lei Temas éticos Contextos históricos HISTÓRIA A LEI / PUNIÇÃO Programas da série Ecce Homo selecionados na Grade da programação para o Ensino Fundamental e também para o Ensino Médio. Transmissão: 21 de março Áreas conexas: Filosofia; Ciências; Geografia; Língua Por tuguesa Duração: cerca de 50’00” cada um Direção: Daniel Rancour t Realização: Motion International, Canadá, 1998 Indicado para atividades com alunos da 7 a e da 8 a séries do Ensino Fundamental e de todas as séries do Ensino Médio. 16 Depois da exibição dos vídeos, proponha que a classe se divida em grupos para pesquisar os sistemas de leis e de punições em distintos momentos e culturas: no Código de Hamurábi; no direito greco-romano; nos costumes dos “bárbaros” germânicos; no Código de Justiniano (Império Bizantino); na Magna Carta da Inglaterra; nas leis coloniais impostas aos povos indígenas e aos negros; na Declaração de Independência dos EUA; na Revolução Francesa e no Código Napoleônico; na legislação discriminatória da Alemanha nazista e na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, de 1948. Todos esses temas se articulam e, assim, esse levantamento e a sistematização das informações contribuem para encaminhar a compreensão da evolução (ou não) da Justiça. É importante orientar o trabalho para que os alunos contextualizem os conteúdos, situan- Há uma série de questões propícias para o debate em classe. Uma sugestão de trabalho é a formação de dois grupos para defender teses opostas. Escale dois ou três alunos para registrar os principais argumentos apresentados pelos debatedores. De posse desses registros, cada grupo apresentará uma dissertação acerca do tema, orientado pelo professor de Língua Por tuguesa. O vídeo A lei é rico em polêmicas interessantes, como: ● Ainda hoje há quem defenda leis baseadas na aplicação do “olho por olho, dente por dente”? ● A Justiça é cega, ou seja, trata a todos de forma igual? Todos são iguais perante a lei? ● As pessoas devem ter o direito de fazer coisas que prejudicam a si próprias? ● A Ciência tem o direito de realizar experiências genéticas com embriões humanos? TV E SCOLA Esse mesmo vídeo aborda também várias questões presentes no cotidiano dos jovens. O senso comum, desprovido de bases filosóficas, tem alimentado noções polêmicas a respeito do fato de os tribunais inocentarem pessoas ricas e famosas, ou da perda do respeito pela autoridade, como no caso das relações entre professores e estudantes. O filme dá ensejo a uma reflexão sobre o descrédito das noções de Justiça e Direito nas sociedades contemporâneas. Discuta esse assunto e convide depois os alunos a produzir dissertações, para que exercitem a habilidade de exprimir suas idéias. O documentário Punição, por sua vez, oferece alguns temas “quentes”, bem próximos da realidade dos estudantes: ● A adequação dos castigos corporais; ● As execuções públicas como espetáculo (será que isso não acontece ainda hoje, com “execuções” promovidas pela mídia?); ● A superlotação das prisões e sua transformação em escolas do crime; ● O alto índice de negros e pobres nas cadeias; ● O direito à defesa versus os julgamentos sumários realizados em alguns países; ● A pena de mor te para diminuir a criminalidade (será que isso dá cer to?); ● As penas alternativas. Como estímulo ao debate, proponha alguns temas, mas deixe a cargo dos alunos a escolha, orientando a discussão para que não percam de vista os conteúdos propostos no documentário. Dar voz aos jovens é sempre uma experiência enriquecedora. Justiça e tecnologia O professor de Biologia pode aproveitar o programa A lei para rever conhecimentos sobre genética e apresentar como objeto de estudo os avanços científicos noticiados pela mídia. É uma oportunidade para os alunos ampliarem suas referências acerca de assuntos polêmicos, como a clonagem de seres humanos ou a realização de experiências com mutações genéticas. Por outro Punição lado, a evolução científica que hoje nos permite discutir esses temas está relacionada com o desenvolvimento tecnológico surgido a partir da Revolução Industrial, no final do século 18. Lembre à classe que várias obras literárias daquele período, como Frankenstein, de Mary Shelley, exploravam as possibilidades de transformação dos seres humanos. Quais são os limites da Ciência? Como a sociedade deve interagir para defini-los com maior precisão? “A lei não pode mais decidir sozinha o que é cer to ou não”, mostra o filme. E, como os professores sabem, a par ticipação adequada dos jovens na definição do futuro exige deles posturas conscientes que só o conhecimento crítico pode trazer. Ainda com essa temática, o professor de Filosofia pode aproveitar a discussão apresentada em Punição para conduzir uma reflexão a respeito do sistema prisional no futuro. O documentário mostra propostas feitas no cinema de ficção científica, como a implantação de chips ou pulseiras de controle eletrônico no corpo dos prisioneiros. Tudo faz crer que as punições no futuro continuarão prevendo o encarceramento e a privação da liberdade como castigo para crimes mais graves. Por outro lado, defende-se cada vez mais a aplicação de penas alternativas em determinadas circunstâncias, como a prestação de ser vi- ços comunitários para crimes mais leves. Para aproximar a discussão da realidade dos alunos, proponha que investiguem a situação das cadeias e delegacias locais. Há algum tipo de atividade planejada para qualificar profissionalmente os prisioneiros e favorecer sua reinserção no mercado de trabalho, quando forem libertados? O vídeo alerta para o alto índice de reincidência criminal nos Estados Unidos, apesar de todos os recursos modernos para a reeducação dos presos. E no Brasil, como anda essa situação? Quais as medidas adotadas em sua comunidade? Se a tecnologia por si só não resolve o problema de recuperação dos presos, parece que o melhor investimento para reduzir a criminalidade está na prevenção, como sugere o filme. Veja também: Na internet www.torturanuncamais.org.br www.dhnet.org.br/direitos/pmorte/ Da TV Escola Ar tigo 2o e Direitos Humanos. CONSULTORIA As sugestões de trabalho apresentadas nos textos desta seção foram elaboradas com a consultoria dos professores Álvaro César Giansanti (História), Denise Trento R. Souza (Educação), Eliana Ormelezzi (Educação Especial), Sílvia Barbara (Geografia), Mônica Torkomian (Matemática), Marlito T. Souza Lima (Ética e Filosofia), Noemi Jaffe (Literatura) A lei TV E SCOLA 17 D ESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO ENSINO MÉDIO Desde outubro de 1999, o Ensino Médio conta com uma programação específica, produzida e transmitida pela TV Escola. Agora, passa a comparecer também aqui na revista, em Destaques da programação. Para auxiliar o trabalho dos professores de Ensino Médio e proporcionar-lhes formação continuada, são apresentadas as séries Como fazer? (de segunda a quarta-feira), Como fazer? A Escola (às quintas-feiras) e Acervo (às sextas-feiras). ACER VO ACERVO NA TRILHA DE ULISSES COMO F AZER? FAZER? A CURA QUE VEIO DA CRIPTA Programa produzido para a Grade de programação do Ensino Médio, comentado por professores de QUÍMICA ANTROPOLOGIA BIOLOGIA COMO F AZER? FAZER? CALANGOS BOIAÇU DO Programa produzido para a Grade de programação do Ensino Médio, comentado por professores de BIOLOGIA LÍNGUA PORTUGUESA GEOGRAFIA Transmissão: 4 de março Duração: 21’00” Direção: Ricardo Dias Realização: Super filmes, Brasil, 1992 Indicado para atividades com alunos das três séries do Ensino Médio. Transmissão: 18 de março Duração: 27’00” Direção: Naomi Lumsdaine Realização: ABC International, Austrália, 2001 Programa produzido para a Grade de programação do Ensino Médio, comentado por professores de HISTÓRIA LÍNGUA PORTUGUESA ANTROPOLOGIA Transmissão: 8 de março Duração: 55’49” Direção: Jean Baronnet Realização: Explore, Inglaterra, 2000 Indicado para atividades com alunos das três séries do Ensino Médio. RESUMO S eguindo a trilha percorrida pelo arqueólogo alemão Heinrich Schlieman (1822-1890), o filme narra as aventuras de Ulisses, figura heróica da epopéia A Odisséia. Visita lugares e identifica os acidentes geográficos citados por Homero, buscando evidências de que a obra ultrapassa o terreno da ficção, pois faz referências a fatos historicamente comprovados. 18 Indicado para atividades com alunos das três séries do Ensino Médio. RESUMO E m 1994, a descoberta acidental de uma cripta, que há séculos abrigava múmias, abriu novas perspectivas para a medicina e a saúde pública. Além do interesse histórico, o achado acabou atraindo a atenção de cientistas de diversas áreas para um projeto de defesa contra a bactéria mais mortal da atualidade: a Mycobacterium tuberculosis, causadora da tuberculose. Em narrativa intrigante e envolvente, o vídeo revela o percurso dessa história, que começa na Hungria do século 18 e se estende para os horizontes da genética do século 21. RESUMO D ocumentário realizado na Amazônia, com o zoólogo Paulo Vanzolini, que à época das filmagens era diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. O filme registra o cotidiano de uma expedição zoológica à localidade de Santa Maria do Boiaçu, no médio Rio Branco, em Roraima, durante a qual o cientista estabelece contato com lugares, bichos e pessoas. Ao mesmo tempo que relata a evolução do estudo sistematizado dos animais no Brasil, ainda no início do século 20 – sem perder de vista o contexto histórico desse desenvolvimento –, Vanzolini reflete sua paixão pela mata e pelas pesquisas sobre os répteis: “Se queremos conservar a natureza, primeiro nós temos de entendê-la”. TV E SCOLA COMO F AZER? A ESCOLA FAZER? PAISAGEM E MEMÓRIA Programa produzido para a Grade de programação do Ensino Médio Transmissão: 14 de março Duração: 25’53” Direção: Pascoal Samora Realização: Grifa Cinematográfica, Brasil, 2000 Indicado para atividades com alunos das três séries do Ensino Médio. RESUMO T rês habitantes de diferentes pontos do litoral do Rio Grande do Sul – Mostarda, Vila da Lagoa do Peixe e São José do Norte – rememoram suas lem- branças a respeito dos locais onde vivem. Falam da solidão imposta pela paisagem quase desér tica, característica dessas regiões. Um sentimento misto de tristeza e resignação se alterna com o constante medo de que o grande transformador desse ambiente, o vento noroeste, venha carregar suas casas ou soterrá-las sob a areia. QUESTÃO TRATADA “Como trabalhar o patrimônio do local onde está a escola?” A par tir desta questão, dois professores comentam o vídeo, sugerindo maneiras de desenvolver trabalhos em torno do patrimônio natural, histórico e cultural da cidade em que a escola está inserida, em projetos interdisciplinares. CONSULTE TAMBÉM O QUE DIZEM OS PARÂMETROS A interdisciplinaridade e a contextualização foram propostas como princípios pedagógicos estruturadores do currículo para atender o que a lei estabelece quanto às competências de: vincular a educação ao mundo do trabalho e à prática social; compreender os significados; ser capaz de continuar aprendendo; preparar-se para o trabalho e o exercício da cidadania; ter autonomia intelectual e pensamento crítico; ter flexibilidade para adaptar-se a novas condições de ocupação; compreender os fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos; • relacionar a teoria com a prática. • • • • • • • Parâmetros Curriculares Nacionais, Ensino Médio, Par te I, pág. 93. TV E SCOLA Para complementar a programação do Ensino Médio veiculada pela TV Escola, as séries Como fazer? e Acervo também oferecem aos professores uma coleção de fichas, nas quais são apresentadas sugestões de atividades em torno de determinados conceitos e de acordo com as competências que se pretende desenvolver. Essa coleção de fichas é distribuída às escolas públicas de Ensino Médio do país e também está disponível na internet: www.mec.gov.br/ semtec/ensmed/comofaz.shtm. 19 Boris Fausto D CHOQUE DE epois do ataque terrorista às torres do World Trade Center, em Nova York, no ano passado, e dos acontecimentos que a ele se seguiram, o mundo ocidental despertou para a existência do Outro, ou melhor, dos Outros. Os Outros são uma variedade de povos, de etnias e religiões as mais diversas, abrangendo bilhões de seres humanos, espalhados pelos continentes. É o caso da população muçulmana, que ficou, por força dos acontecimentos, no centro das atenções. Ela se compõe de cerca de 1,2 bilhão de pessoas. E este número tende a crescer ao longo dos anos. Ao obser var o mundo cristão ocidental e o islâmico, muitos analistas têm falado em “choque de civilizações” – uma expressão tomada de empréstimo do título de um livro de Samuel Huntington, cientista político americano que goza de bastante prestígio. Huntington sustenta que, após o fim da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética, ganharam o centro do palco as confrontações entre civilizações que não se harmonizam entre si. Um desses choques ocorreria entre o mundo cristão e o mundo islâmico. Seria mesmo assim? Para responder à pergunta, devemos ter em conta vários fatores, a começar pelo que se passa no Islã e no Ocidente cristão. Em primeiro lugar, o Islã não representa uma unidade homogênea, mas um conjunto de países, de grupos no interior desses países, de línguas e etnias, muito diferentes entre si. O que o chamado Islã tem em comum é a prática da religião muçulmana, que nasceu a partir dos ensinamentos de Maomé. Vejamos alguns exemplos da diversidade do mundo islâmico. Do ponto de vista político, um país como a Turquia, bastante ocidentalizado em seus costumes e alinhado com as potências ocidentais, contrasta fortemente com os Talebãs, do Afeganistão. Do ponto de vista étnico, os seguidores da religião de Maomé não são apenas árabes, mas povos de outras origens, como ocorre no Irã, na Indonésia, na Malásia etc. Do ponto de vista religioso, os muçulmanos se dividem entre xiitas, sunitas e outras denominações, de acordo com sua interpretação do Corão, daí resultando também uma organização religiosa distinta, em que, por exemplo, o clero tem maior ou menor peso. Por sua vez, o fundamentalismo, tão mencionado nos dias de hoje, é uma corrente de interpretação religiosa que não se restringe ao mundo islâmico. Curiosamente, essa expressão nasceu da necessidade de se identificar cer tas tendências existentes no interior do protestantismo. São fundamentalistas as correntes religiosas que tomam um texto considerado sagrado – a Bíblia, o Corão etc. –, em sentido estrito, procurando prender-se ao que consideram ser seus fundamentos. Da leitura dos textos à sua maneira, os fundamentalistas extraem uma religião maniqueísta, TV E SCOLA CIVILIZAÇÕES? ou seja, uma religião que divide o mundo entre os fiéis – aqueles que viram a luz – e os infiéis, mergulhados na escuridão. Os fundamentalistas são, por tanto, intolerantes, incapazes de conceber a diversidade do mundo, e tendem a ser muito restritos em matéria de costumes e a dar às mulheres um tratamento discriminatório. Apesar disso tudo, não devemos confundir fundamentalismo com terrorismo, embora a grande maioria dos terroristas seja fundamentalista. Na realidade, o que chamamos de terrorismo é uma ação individual ou coletiva que busca alcançar determinados objetivos, por meio do ataque indiscriminado a pessoas, envolvidas ou não em atividades políticas, e a alvos com conteúdo simbólico, como embaixadas, quar téis etc. Os terroristas podem até não ser religiosos, como foi o caso dos anarquistas que, em fins do século 19 e princípios do século 20, praticaram atentados contra personalidades políticas, ou como, em nossos dias, é o caso dos membros do ETA – organização que luta na Espanha pela independência do País Basco. O ponto essencial é que, entre o mundo islâmico e o ocidental, não existe um choque de civilizações, e sim diferenças culturais significativas com as quais é possível conviver, e mesmo ganhar com a convivência. A análise das civilizações cristã e islâmica revela, em linhas muito gerais, diferenças que se cristalizaram ao longo do tempo. Um dos aspectos mais relevantes dessa diferença se encontra no fato TV ESCOLA PROGRAMAÇÃO ESPECIAL - HISTÓRIA Março Programa Palestina Irlanda Quando o mundo falava árabe Índia Terra Santa, povo santo Guerra (série Ecce Homo) Punição / A Lei (série Ecce Homo) O Estado (série Ecce Homo) Fronteiras Classes sociais (série Ecce Homo) Doutora Roya Rabat Salé / Tachkent (série Limites urbanos) Dias 18 20 18 – 20 19 19 – 20 20 21 21 21 21 21 21 de que a brilhante cultura dos reinos árabes do nor te da África e da Espanha, vencidos pelos reis cristãos ao longo dos séculos 11 a 14, não encontrou sucessores. De tal forma que o Império Otomano e as várias regiões islâmicas, não obstante suas façanhas guerreiras, estacionaram em regimes políticos repressivos. Na verdade, o mundo islâmico foi pouco tocado pelo longo processo revolucionário desenrolado no Ocidente que, entre avanços e retrocessos, abriu caminho para a instalação de regimes democráticos, para o reconhecimento da cidadania e da igualdade entre os sexos. Mas é preciso ter cuidado para não introduzir o maniqueísmo pela por ta dos fundos, separando o mundo ocidental, das luzes, do mundo oriental, das trevas. Se os valores democráticos são um produto exemplar da civilização ocidental, esta não esteve livre de produzir maçãs envenenadas. A maior delas foi o nazismo, que levou à mor te milhões de pessoas e que atiraria o mundo em um retrocesso sem precedentes, caso vencesse a Segunda Guerra Mundial. Devemos também considerar que os povos islâmicos não são impermeáveis aos ideais democráticos, como mostram vários exemplos. Entre eles, podemos destacar correntes muito expressivas existentes no Irã, ou grupos formados em sua maioria por intelectuais palestinos que lutam pela constituição de um Estado palestino respeitador das liberdades fundamentais da pessoa humana e das coletividades. Para concluir, devemos obser var que existe sim, no mundo de hoje, um choque entre concepções e regimes democráticos, de um lado, e concepções fundamentalistas, de outro. Lembremos também que algumas dessas concepções contêm os germes destrutivos do terrorismo. Mas esse choque, cujas graves conseqüências conhecemos, não tem o conteúdo de um choque entre civilizações. Na raiz das diferentes civilizações do mundo atual, não há elementos que levem necessariamente a um choque irremediável. Pelo contrário, existe uma ponte permitindo estender valores democráticos, respeitar as diferenças e praticar a tolerância. Cruzar essa ponte, nos dois sentidos, é um ideal difícil de ser atingido, mas que se situa no terreno dos sonhos realizáveis. BORIS FAUSTO é historiador e autor de História do Brasil (São Paulo, Edusp, 1994), entre outras publicações. TV E SCOLA TV ESCOLA PARA TODOS Reportagem: Fotos: Rosangela Guerra Iolanda Huzak Pelo portão da escola passam crianças e jovens. Aqui é também um espaço de inclusão de surdos e outros alunos com necessidades especiais. Todos usam a TV Escola: do Ensino Infantil e Fundamental ao Magistério intada de verde, a Escola Normal de Taguatinga, no Distrito Federal, a 25 quilômetros de Brasília, faz divisa com um parque ecológico de árvores típicas do cerrado. As classes de Educação Infantil e de Ensino Fundamental estão repletas das produções infantis: pinturas, desenhos, textos de diversos tipos, cartazes com recortes da imprensa e jogos pedagógicos. Os projetos dos alunos do Magistério movimentam a escola e envolvem todas as classes, da Educação Infantil à 4a série. Boa parte de tudo isso foi criado a partir da utilização da TV Escola, totalmente integrada ao projeto político-pedagógico da escola. A tevê e o vídeo vão de classe em classe e, em uma sala especial, montada com a ajuda da comunidade, a meninada assiste à tevê do jeitinho descontraído de que gosta: acomodada em almofadas coloridas espalhadas pelo tapete. P PRÉ-ESCOLA DÁ A VOLTA AO MUNDO A professora Nádia de Queiroz, da pré-escola, começou o ano pronta para pôr em prática o planejamento que preparara: iniciar as atividades pelo chamado estudo do eu, em que cada criança faria trabalhos sobre si mesma. Em seguida, os alunos iriam explorar os temas família, escola, comunidade, cidade, Distrito Federal, país e, finalmente, o planeta. 22 Mas não é que o planejamento teve de ser invertido? Depois de ouvir a professora contar a versão cristã sobre a criação do Universo, as crianças perguntavam sem parar: Mas o que é o Universo? Nós podemos ir lá?. Nádia, 15 anos de magistério, percebeu ali um interesse, que ela não poderia ignorar, por buscar explicações científicas. Sua primeira providência foi se preparar: estudou Geografia e Ciências, consultou os Parâmetros Curriculares Nacionais e pesquisou os materiais impressos da TV Escola. Com a ajuda da coordenadora da TV Escola, Lúcia Bezerra de Aguilar, encontrou no Guia de Programas a série O cosmos. Levou alguns vídeos para assistir em casa e selecionar cenas que lhe parecessem mais acessíveis a seus pequenos alunos, já que não são programas indicados, em princípio, para a Educação Infantil. Também desta vez não foi como ela imaginava. Fiquei surpresa com o nível de compreensão das crianças. Elas não me deixavam saltar algumas cenas e foi até difícil controlar a turma, conta. Todos queriam saber mais sobre o sistema solar. A aluna Mariana de Araújo levou para a classe um atlas e alguns livros do pai, que é professor de Geografia. E mais perguntas iam surgindo: Será mesmo que o Universo é do jeito que aparece nos vídeos e nos livros?. Encontraram a resposta no vídeo O olho do Hubble, da série O cosmos. O Hubble é um telescópio que TV E SCOLA Os trabalhos feitos pela turma da professora Nádia a partir da série O cosmos mostram que muitos vídeos da TV Escola podem ser utilizados em diferentes níveis, da Educação Infantil ao Ensino Médio. As crianças quiseram conhecer o Universo e discutiram até o direito das árvores. TV E SCOLA 23 TV ESCOLA PARA TODOS mostra para a gente como é o espaço, explica o aluno Wilson dos Santos Júnior. Depois de estudar o Universo, eles passaram a se interessar pela preservação do planeta. Fizeram vários desenhos sobre os direitos das árvores. E as árvores têm direitos? Mais que depressa, Leonardo Campos de Araújo explica que ninguém pode colocar fogo ou cortar árvores à toa. Descobriram na escola uma pequena muda de paubrasil e logo trataram de cercar a planta e cuidar dela, colocando até uma placa: Pau-brasil também é Brasil. Junto com outras crianças da Educação Infantil, os alunos de Nádia cultivam uma horta e fazem relatórios sobre o desenvolvimento das plantas. Tecendo relações e associando tudo que aprendem nos vídeos sobre meio ambiente e direitos humanos (A diversidade da vida na Terra, Direito das crianças, Direitos do coração, entre outros), eles falam do Estatuto da Criança e do Adolescente e comentam que muitas crianças não podem ir à escola, porque precisam trabalhar. Mariana Stefhanie Santos levanta o dedo para dizer que crianças e adolescentes têm deveres também. Os temas transversais, como Educação para o Trânsito, Ética e Cidadania, entram naturalmente na conversa afiada dessa turma de 20 alunos. Se alguém pergunta: Quem tem 18 anos pode dirigir um carro?, eles respondem: Só se tiver carteira de Entrevistados pelas crianças, pioneiros da cidade mostram fotos antigas e contam como era a vida naquele tempo. motorista. Eles contam que viram a carteira de habilitação da professora e que perguntaram aos pais se já foram multados no trânsito. Para conhecer a história do Distrito Federal, os alunos da pré-escola visitaram Brasília. Aprenderam que o urbanista Lúcio Costa venceu o concurso para criar o traçado da cidade e que aqueles prédios diferentes foram criados pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Em frente ao Supremo Tribunal Federal, a bela escultura A Justiça, de Alfredo Ceschiatti, esculpida em uma peça única de granito, chamou a atenção das crianças: Por que a mulher que representa a Justiça tem uma venda nos olhos, professora?. Pronto: outra questão que rendeu uma boa conversa sobre a igualdade de direitos para todos. O UNIVERSO DE CADA UM Quando estudaram a história de Taguatinga, a primeira cidade construída no entorno de Brasília, Nádia levou para a classe uma foto de seu álbum de família. Lá está ela, menina ainda, junto com os irmãos e os pais, pioneiros na cidade. Nem é preciso contar que a criançada adorou ver a professora tão pequena quanto eles, mas os perguntadores de sempre vieram com mais esta: Por que é que não tiraram uma fotografia colorida?. Foi preciso explicar que as cores nas fotos ainda não eram comuns naquela época. Memória: A caminho de Brasília, 1960. Foto do acervo da revista Manchete Manchete, In: Saudades do Brasil – A Era JK JK, p. 61. Catálogo de exposição, CPDOC/FGV. 24 TV E SCOLA TV ESCOLA PARA TODOS QUE LUGAR É ESSE ONDE FICA comida a quilo lotados, ambulantes vendendo jeans, CDs, legumes e frutas. O trânsito fica congestionado no fim de tarde, mas o pedestre é respeitado. Basta colocar os pés na faixa que os motoristas param. Taguatinga é um pólo econômico expressivo no Distrito Federal. Tem comércio movimentado, várias empresas de prestação de serviço e indústrias que exportam fibra de vidro. O Distrito Federal é constituído por Brasília e 18 cidades administrativas, que antes eram chamadas cidades-satélite. O Distrito Federal tem 5.814 km2, área situada no estado de Goiás. Taguatinga, uma das cidades administrativas, fica a 25 quilômetros de Brasília. NOME TUPI-GUARANI Há quem diga que a tradução correta do nome Taguatinga é “barro branco”, mas para outros é “ave branca”. O símbolo presente na bandeira da cidade é a ave. “CADINHO” DO BRASIL As expressões regionais do Brasil são faladas aqui. Ouve-se o “uai” dos mineiros, o “tchê” dos gaúchos, o “sô” dos goianos e os diferentes sotaques do Norte e do Nordeste. “Aqui tem um cadinho de tudo”, brinca a cearense e diretora da Escola Normal de Taguatinga, Francisca Vânia Araújo. NA BEIRA DA ESTRADA Ônibus e caminhões com migrantes chegaram a ser impedidos de entrar na superpovoada Cidade Livre, onde Brasília começou a nascer. No final da década de 50, vindos de diversas partes do país em busca de trabalho, muitos migrantes eram deixados num entroncamento à beira da estrada. Foi exatamente ali que se formou o núcleo habitacional que deu início a Taguatinga, a primeira cidade oficialmente criada, para evitar as invasões na área de Brasília. Os migrantes se uniram e pressionaram as autoridades para distribuir lotes na região. Taguatinga foi fundada em 1958, às margens do córrego Taguatinga, em terras que pertenceram ao município de Luziânia, GO. VAI QUEM QUER Na terra de migrantes, a barraca da feira tem um pouco de cada região. O Parque Ecológico Saburo Onoyama, mais conhecido como “Vai quem quer”, é o local de lazer de fim de semana para quem não pode se associar a algum clube. Oferece piscina e quadras de esporte, as pessoas fazem caminhadas entre arbustos típicos do cerrado e apreciam a mata ciliar do córrego Taguatinga. O parque, que recebeu o nome de um dos muitos japoneses pioneiros na cidade, faz divisa com a Escola Normal de Taguatinga. INVASÕES EDUCAÇÃO Segundo a administração regional de Taguatinga, sua população é de 243.343 habitantes e a área é de 121,34 km2. Mas continuam a chegar migrantes, e são freqüentes as invasões de terra. Da Educação Infantil ao Ensino Médio, Taguatinga tem 53.533 alunos na rede pública e 20.917 na particular. Há várias faculdades particulares. DIFERENTE As cidades no entorno de Brasília têm administradores indicados pelo governo do Distrito Federal. Em Taguatinga, os endereços seguem o padrão de Brasília, baseado em números e letras. Os de fora estranham, mas quem mora na cidade garante que não há maneira mais prática para qualquer um se localizar. CENTRO NERVOSO O centro, próximo à Praça do Relógio, tem a agitação das cidades grandes. Gente andando depressa pra lá e pra cá, restaurantes de TV E SCOLA Praça do Relógio e Parque Ecológico Saburo Noyama: agitação de cidade grande e lazer para todas as idades. 25 TV ESCOLA PARA TODOS “Não apenas li, estudei os PCNs” Os pais da professora, seu Edson e dona Maria Dalcy Queiroz, foram convidados para uma entrevista. Maria Dalcy aproveitou para matar as saudades da sala de aula, já que foi uma das primeiras professoras de Taguatinga. Quando a cidade começou, foram logo construindo escolas para os filhos dos pioneiros, mas faltavam professores, conta. Comparando fotos antigas, um aluno perguntou: Por que a casa de vocês não era de madeira, como as outras da cidade?. Seu Edson explicou que era dono de uma olaria em Goiás e por isso se mudara para Brasília. Todo mundo iria precisar de tijolos para as construções, não é? O fogão a lenha do Catetinho, onde ficava o presidente Juscelino Kubitschek, por exemplo, foi feito com os tijolos da minha olaria, disse, com jeito dos bons contadores de histórias. Conta mais, conta..., pediram as crianças. Dentro do planejamento, o passo seguinte foi estudar a escola. A partir das referências conhecidas por todos, como o portão de entrada, a casinha de bonecas, o pátio das muitas brincadeiras, foi construído o mapa da escola. Depois dessa volta ao mundo, a turminha da pré-escola aterrissou no planejado estudo do eu. As mochilas coloridas passaram a levar para a sala de aula um pouco do universo pessoal de cada um: fotos, brinquedos, objetos e animais de estimação. 26 Na roda de conversa com a professora Nádia, as crianças até apresentam seus bichos de estimação. E vão se situando no espaço: após terem feito o mapa da escola, aprendem a se localizar na cidade. Quem folheia os volumes dos PCNs da professora Nádia de Queiroz fica impressionado: frases e mais frases sublinhadas, anotações nas laterais, na parte de cima e de baixo de cada página. Foi apoiada nesse estudo que ela ganhou autonomia para ensinar, aprendeu a explorar a curiosidade infantil e a se posicionar como mediadora da aprendizagem. Flexível e firme, ao mesmo tempo, ela organiza o estudo e evita a dispersão na classe. “Se preciso alterar o planejamento previsto, eu adapto, mas sem deixar nada solto. Vou amarrando uma coisa com a outra para evitar a fragmentação do conhecimento.” Ela conta que, quando estavam estudando a série O cosmos, os alunos só queriam saber de Geografia e Ciências. Se deixasse, os conteúdos de Português e Matemática ficariam para trás. Por isso, ela levou para a classe novos livros de literatura infantil, criou jogos de memória sobre o sistema solar e inventou brincadeiras de numerais baseadas nas posições dos planetas. Todas essas vivências do dia-a-dia de Nádia estão registradas. O que deu certo, o que não deu, as alternativas para um trabalho melhor e as reflexões sobre a participação dos pais, tudo está registrado em um caderno, com aquela letra bonita que só as professoras sabem fazer. “Escrevo sobre o que faço e penso. Só assim posso avaliar meu trabalho”, diz. TV E SCOLA TV ESCOLA PARA TODOS O CORPO HUMANO COM ARTE Primeiro: todo mundo tem liberdade para perguntar o que quiser. Segundo: o que for aprendido na escola deve ser levado para a família e a comunidade. Foram estas as duas combinações que a professora Veralina Bispo de Magalhães fez com seus alunos de 4 a série da Escola Normal de Taguatinga antes de assistirem aos vídeos da série O corpo humano 2. Tudo combinadíssimo. É claro: numa turma de pré-adolescentes, o sistema reprodutor foi o que mais chamou a atenção. Eles queriam saber, por exemplo, como acontecem a ereção, a fecundação e as mudanças do corpo durante a puberdade. Todos concordam que conversar sobre sexualidade na escola é muito melhor do que em casa. Não é só: tudo fica muito mais fácil de compreender diante da tela, vendo como funciona o corpo humano. Os vídeos inspiraram desenhos e pinturas em diferentes técnicas exibida nas paredes, essa rica produção ilumina a classe com cor e arte. São belas imagens de células, da corrida dos espermatozóides, de óvulos sendo fecundados e de corpos humanos nus, nas quais os estudantes explicam a reprodução humana. Como uma coisa puxa outra, eles revelam que andam de olho nas notícias sobre o Projeto Genoma e a doação de órgãos. Werbert Alcântara Mendes, 11 anos, anda inconformado porque muitas pessoas morrem por falta de doador. Marina Alvarenga, 10 anos, lembra que o problema não se resume à falta de órgãos, mas também à de sangue. E a clonagem? Nesse ponto as opiniões se dividem, mas que ninguém duvide: esses garotos estão atentos ao que ouvem, lêem e vêem. O conhecimento deixa a gente mais curioso, comenta Felipe Lucinda, 11 anos. Mas será que alguém leva para a comunidade o que aprende na classe? Num minuto eles pedem a palavra, levantando as mãos. Nos papos com seus amigos defendem o planejamento da gravidez e o uso da camisinha. Discutem também por que tão pouca gente se preocupa em utilizá-la, apesar de tanta campanha na mídia. TV E SCOLA Os vídeos da série O corpo humano 2 inspiraram os desenhos e pinturas dos alunos da professora Veralina, que se interessaram principalmente pela sexualidade humana. O DIA EM QUE O MUNDO PAROU Dia 11 de setembro de 2001. As torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, tinham acabado de ser destruídas. Pouco depois, os alunos da professora Cristina dos Santos Chagas, entre 10 e 12 anos, esperavam por ela ansiosos no portão da escola. Eles são surdos e não conseguiram entender o que tinham visto pela tevê. Alguns pensaram que o mundo estava acabando. Comunicando-se em Libras (Língua Brasileira de Sinais), a professora Cristina contou o que sabia, mostrou no mapa o local onde tudo estava acontecendo e propôs que fizessem um trabalho sobre o Brasil que todos queremos, sem terrorismo e preconceito. A classe em que essas crianças estudam está no nível de 3a a 4a série. Elas apresentam surdez em nível profundo e muitas chegaram à escola sem saber Libras, por isso estão sendo preparadas para a inclusão em classes regula- 27 TV ESCOLA PARA TODOS PROJETOS MOBILIZAM A ESCOLA res, explica Cristina. Com a ajuda da professora, elas se animam a contar o que estão aprendendo na escola. Já assistiram a muitos vídeos das séries Geografia: primeiras noções, Meio Ambiente e cidadania e O corpo humano. Durante a exibição, a professora Cristina faz a tradução em Libras. Ela comenta que a deficiência auditiva favorece o desenvolvimento da visão e, por isso, as crianças são muito atentas ao que vêem na tela. Após as sessões de vídeo, produzem maquetes, colagens, desenhos e jogos pedagógicos que estimulam os sentidos e desenvolvem o trabalho em equipe. Mateus da Silva, 14 anos, faz uma sugestão para a TV Escola: Os vídeos precisam ter uma minitela com a tradução em Libras. Assim, mais pessoas vão poder aproveitar a programação. Os vídeos, traduzidos em Linguagem Brasileira de Sinais pela professora Cristina, mobilizam a classe para realizar trabalhos em equipe. Criada em março de 1970, a Escola Normal de Taguatinga já vivenciou diversas propostas pedagógicas para a formação de professores. Na década de 80, as idéias construtivistas começaram a ganhar espaço nas reuniões de professores e, em 1996, a interdisciplinaridade passou a ser trabalhada de forma sistemática. Dos 130 educadores da escola, cerca de 90% fizeram pós-graduação lato sensu e três estão cursando mestrado. A capacitação dos professores acontece uma vez por semana, quase sempre com a utilização de vídeos da TV Escola. A troca de experiências entre o Magistério, a Educação Infantil e o Ensino Fundamental enriquece a formação dos professores e eleva a qualidade do ensino. O curso de Magistério é dado em período integral e a cada semestre são desenvolvidos diferentes projetos interdisciplinares. Quinta-feira à tarde é dia de reunião das equipes dos projetos. A escola inteira se movimenta, com alunos e professores criando e planejando ações. Uma equipe está às voltas com a pauta da próxima edição do jornal impresso. Vamos entrevistar um ginecologista, explica Jéssica Résio, 16 anos. Ela conta que quem quiser pode colocar perguntas numa caixinha que está à disposição de todos na biblioteca. O sonho realizado Assim que colou grau no curso de Magistério, em 1977, em Crateús, Ceará, Francisca Vânia Araújo comprou uma passagem para Brasília, a exemplo do que faziam tantos nordestinos. Entrou no ônibus e, durante os primeiros 100 quilômetros de viagem, as lágrimas não paravam de rolar. Mas, ao se lembrar do sonho de “ser professora na capital da República”, as lágrimas secavam. Com a determinação dos migrantes, ela passou no concurso público de professores para o Distrito Federal. No fundo, achava tudo ali feio e ruim: as casas de madeira e a poeira do grande canteiro de obras. “Agora está assim, mas um dia vai ficar bonito”, pensava. Ao assumir a direção de uma escola, teve de aprender a duras penas a conviver no novo ambiente e a enfrentar ameaças – até de mor- 28 “Aprendi que não se dirige uma escola sozinha.” te. Pediu ajuda da comunidade e aprendeu uma lição importante: não se dirige uma escola sozinha. Vânia, como é conhecida, dirige a Escola Normal de Taguatinga há um ano. Mal chegou e foi logo propondo uma reavaliação do projeto político-pedagógico da escola, que datava de 1995. Mudanças não tardaram a aparecer, como a adaptação à reforma do Ensino Médio e a elaboração de um calendário de eventos para aproximar a comunidade, dispersa em várias localidades do Distrito Federal. Pequenas mudanças também fizeram a diferença, como uma nova distribuição do espaço físico da escola. A biblioteca está mais próxima das salas de aula e a TV Escola ganhou um ambiente especial. TV E SCOLA TV ESCOLA PARA TODOS A TV Escola marca presença no projeto políticopedagógico da Escola Normal de Taguatinga. Dispõe de um espaço privilegiado e contribui para a integração entre a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Magistério, elevando a qualidade do ensino. Nos tanques de compostagem, cascas de frutas e legumes consumidos na escola se transformam em adubo orgânico para a horta. A coordenadora da TV Escola, Lúcia Bezerra de Aguillar, teve uma ótima idéia. Conseguiu que alguns donos de bancas de jornais cedessem mostruários de plástico transparentes, daqueles que são usados para expor revistas. Assim os materiais impressos da TV Escola ficam à vista e são divulgados. TV E SCOLA 29 TV ESCOLA PARA TODOS Botsuaneses visitam a escola Depois de assistir ao Expresso Brasil , vídeo sobre pluralidade cultural, as crianças representaram o descobrimento do Brasil em uma maquete. Grãos de milho, feijão e lentilha deram colorido e vida à costa brasileira. Caravelas construídas com frutos secos navegaram sobre o mar de pó de madeira tingido com anilina. Bonequinhos de superheróis foram recobertos com massa de modelar, para representar portugueses e índios. Esta e outras artes produzidas pela garotada da Escola Normal de Taguatinga foram “descobertas” pela Telebrasília. Foi assim que onze trabalhos, realizados de forma individual ou em grupo, passaram a estampar cartões telefônicos. Para que todos se mantenham atualizados, o jornal mural vai aonde o aluno está: para a entrada da escola ou para o pátio. Em setembro último, uma delegação de Botsuana, país do sul da África, veio conhecer a TV Escola, do Ministério da Educação, experiência brasileira em educação a distância que atende a cerca de 62 mil escolas, bem como o Programa Nacional de Aids, do Ministério da Saúde, premiado pela Unesco na categoria Direitos Humanos. “O Brasil tem demonstrado potencial para oferecer educação a distância com qualidade. Temos muitas lições para aprender”, diz Felicity Leburu-Sianga, chefe do departamento de ensino secundário de Botsuana. Durante a visita à Escola Normal de Taguatinga, a delegação de Botsuana ficou impressionada com a criatividade dos professores e dos alunos ao explorar os temas a partir dos vídeos. Entidades da ONU – como PNUD e a UN Foundation –, a Fundação Merk e a Fundação Bill e Melinda Gates vão financiar um trabalho de mobilização, prevenção e tratamento da aids em Botsuana, um dos países do mundo em que essa doença apresenta as taxas mais elevadas. Por sua experiência em educação a distância, Carmen Moreira de Castro Neves, da Seed, que é especialista em políticas públicas, recebeu da ONU a incumbência de desenvolver um projeto de capacitação para os professores botsuaneses, agentes sociais de grande importância no combate à doença. O projeto, que utilizará a moderna rede de tevê digital daquele país, se apóia em um tripé: está de acordo com a política local, respeita a cultura botsuanesa e agrega novos valores ao trabalho que já vem sendo feito na- Há também um mural, com notícias do Brasil e do mundo selecionadas e recortadas de jornais e revistas. O interessante é que se trata de um mural móvel, sobre rodas: vai aonde o aluno está. No início das aulas, fica perto do portão de entrada e no intervalo, no pátio. Uma das idéias é gravar um jornal em vídeo. Os alunos do projeto de meio ambiente assistiram a vários vídeos da TV Escola como Ilha das Flores e alguns da série Meio Ambiente e cidadania (Lixo é luxo e Ecossistema, entre outros) e organizaram o trabalho de modo a atuar em várias frentes. Uns fazem teatro para conscientizar e mobilizar as clas- 30 TV E SCOLA TV ESCOLA PARA TODOS QUE LUGAR É ESSE ONDE FICA Botsuana fica no sul da África. Tem população de 1,6 milhão de pessoas e área de 582 mil km2. Cerca de 84% do território é ocupado pelo deserto de Calahari. África Botsuana PULA quele país. Os materiais, dirigidos a professores e alunos, terão versões nas duas línguas locais: inglês e setsuana. Apesar da existência de uma lei nacional que obriga os professores de Botsuana a discutir o tema aids na escola, as tradições culturais dificultam essa prática, pois os pais não querem que os professores conversem sobre sexualidade com seus filhos. Procurando vencer essa barreira, os programas irão apresentar autoridades políticas e da área de saúde falando da importância da prevenção, além de divulgar depoimentos de botsuaneses famosos, como a Miss Universo de 1999 – que mostrará seu trabalho apoiando a batalha de um grupo de jovens contra a aids. O projeto tem em vista pôr a tecnologia a serviço da educação, facilitando e legitimando o trabalho do professor, para mobilizar e conscientizar os alunos. ses de Educação Infantil e Fundamental. Outros estão introduzindo idéias novas na cantina: menos balas, salgadinhos e chicletes e mais alimentos saudáveis, como saladas de frutas. Há ainda um grupo cuidando de uma horta de plantas medicinais, outros responsáveis pela produção de adubo orgânico na escola. Mãos que Falam é o nome do projeto criado para ensinar Libras aos alunos ouvintes, de forma a incentivar a integração da comunidade escolar. Músicas, poesias, dramatizações, brincadeiras e jogos contribuem de forma lúdica para a aprendizagem. Os alunos já assistiram Deficiência auditiva, série de quatro vídeos TV E SCOLA A delegação de Botsuana se entusiasmou com o trabalho criativo dos professores e alunos da Escola Normal de Taguatinga. É este o nome da moeda de Botsuana. A capital é Gaborone e as línguas faladas são o inglês (oficial) e o setsuana. A maioria da população é animista, cultuando os espíritos ancestrais e atribuindo um princípio vital pessoal, isto é, uma alma, a todos os elementos da natureza – seres vivos, objetos inanimados e fenômenos naturais. As religiões predominantes são o cristianismo e o islamismo RARO E RICO É uma república parlamentarista. No continente africano, Botsuana é um exemplo raro de democracia no estilo ocidental. País rico em minerais, exporta diamantes, carvão, ouro, liga de cobre e níquel, entre outros. EDUCAÇÃO No ensino primário e secundário, há 438.344 alunos e 18.226 professores matriculados em escolas públicas. da TV Escola. A professora Sandra Patrícia de Faria explica que a língua de sinais varia de um país para outro e que, mesmo no Brasil, há diferenças regionais. É uma língua com estrutura visual e espacial, em que as mãos são usadas para articular os sinais. Desde a década de 60, as diversas línguas de sinais foram reconhecidas pela lingüística e são estudadas. Escola Normal de Taguatinga QSD 32 Área Especial 1 e 2 – Setor D 72020-320 – Taguatinga Sul / DF Tel.: (061) 561-3529 Internet: www.ent.hpg.com.br E-mail: [email protected] 31 DA ESCOLA À PRAÇA Reportagem: Rosangela Guerra Fotos: Iolanda Huzak A Feira de Ciências e Cultura já foi além dos muros de uma escola de Teresina, no Piauí. Os alunos exibem seus trabalhos nas salas de aula e também em barraquinhas na praça. A feira passou a fazer parte do calendário da comunidade. tempo corre. Quase 40 graus em Teresina, pouco vento, e muito ainda a ser feito para terminar de montar a Feira de Ciências e Cultura, cujo tema central é o Piauí. A Unidade Escolar Fontes Ibiapina, na periferia da cidade, transpira animação, com professores e alunos do Ensino Fundamental e Médio trabalhando juntos. No pátio, os garotos pintam as paredes com capricho, ao som das bandas de rock Nirvana e Sepultura. Cada um deles tirou o que podia do próprio bolso, para complementar a verba da escola destinada à compra de tintas e pincéis. Wesley Monteiro de Souza, 15 anos, explica que a decoração do pátio retrata a vegetação típica do Piauí. Entre palmeiras de carnaúba e babaçu, Jacob Alves Júnior, 17 anos, pintou versos de sua autoria, que falam de amor e paz. O mundo está precisando, justifica. Ao participar da pintura com seus colegas, John Lenon, 18 anos, aluno do noturno, acabou descobrindo um novo interesse. Quero ser estudante de arte e vou lutar para conseguir fazer o curso, afirma. Os professores contam que, desde o início do ano letivo, os alunos já estavam querendo discutir o tema da feira, marcar a data, combinar o que poderiam fazer. Esse projeto da escola, que tem se realizado há três anos, se converteu em um acontecimento, atraindo a atenção O 32 de toda a comunidade. E traz benefícios para todos entre outras coisas, aumenta a integração entre a direção, os professores, os alunos e os demais moradores. Colocamos em prática o que aprendemos com a TV Escola, os Parâmetros Curriculares Nacionais e a reforma do Ensino Médio, conta a diretora Ângela de Almeida e Silva. A participação nas atividades permite que os estudantes experienciem a cooperação no trabalho em equipe, ganhem autonomia para aprender e se sintam protagonistas em ações desenvolvidas na escola e no meio em que vivem. A cada ano, o público aumenta. Cerca de 5 mil pessoas visitaram a última feira, em outubro passado. Caravanas de alunos e professores de outras escolas, mães com bebês no colo, pessoas idosas e jovens circulam pelas salas de aula transformadas em cenário para a apresentação de projetos e atividades e entre as barraquinhas armadas na praça. As pessoas vão parando e ouvindo as explicações dos estudantes a respeito de cada tema. É uma maravilha! Os alunos dividem o que sabem com as pessoas, comenta Gorete da Luz, 42 anos, integrante do grupo de mães. Como a feira ganhou tanta importância, ela sugere que a direção da escola convide as diversas entidades do bairro para participar, também mostrando o que fazem. TV E SCOLA Últimos retoques no muro do pátio. A comunidade acorre à Feira de Ciências e Cultura do Fontes Ibiapina e, nas barraquinhas armadas na praça, os alunos mostram seus trabalhos, respondem a perguntas e dão explicações. TV E SCOLA 33 DA ESCOLA À PRAÇA de 1859, construída para ser a residência do comendador Jacob Manoel de Almendra, o museu tem um acervo variado. Há louças da Companhia das Índias, instrumentos de tortura de escravos, urna funerária indígena e objetos do período pré-histórico. No passado piauiense as escolas de elite primavam pela beleza arquitetônica. Um educandário do final do Império tornou-se a sede oficial do governo estadual o Palácio de Karnak, que recebeu o nome do famoso templo egípcio e, ao ser reformado, ganhou jardins assinados por Burle Marx. Já pelo Palácio da Cidade, sede atual da Prefeitura, durante cinqüenta anos circularam os alunos da Escola Normal de Teresina. A CIDADE NO CENTRO ESCOLAS QUE VIRAM PALÁCIOS Que dá trabalho, dá. Durante três meses, alunos, professores e a direção da escola se mobilizam para desenvolver os projetos interdisciplinares que serão expostos no dia da feira. Os alunos querem ficar na escola o tempo todo, vêm até sábado e domingo, diz a coordenadora pedagógica Fátima Lopes Silva. Para a última feira, formaram-se 96 grupos, e cada um deles trabalhou em um tema diferente sobre o Piauí. A adesão atinge cerca de 99% dos professores; entre os alunos, até mesmo os do noturno fazem questão de participar, apesar de disporem de pouco tempo. Ter aulas fora do espaço da escola em museus, bibliotecas, postos de saúde, casas de cultura etc. é um objetivo expresso pelos professores no Plano de Desenvolvimento da Escola (veja página 39), que envolve a colaboração de todos. Os professores que têm carro oferecem carona, outros cedem vales-transporte para os alunos fazerem suas pesquisas em vários locais da cidade. Morando na periferia de Teresina, muitos estudantes nem conheciam os prédios históricos do centro. Aldísia Mota, 17 anos, 1o ano do Ensino Médio, nunca visitara o Museu do Piauí Odilon Nunes. Instalado numa bela casa 34 Os estudantes observam e registram o que aprendem, no Museu do Piauí Odilon Nunes. A reportagem da revista da TV ESCOLA acompanha o grupo de alunos e professores. Andar pelo centro de Teresina é ver nas portas das lojas malas de papelão forradas de chita colorida, encontrar mulheres vendendo bacias de caju maduro e castanha torradinha. É também se surpreender com as muitas coroas de flores de plástico. Para quê? Para enfeitar as sepulturas no Dia de Finados, explica o vendedor ambulante. Sol a pino. A Praça D. Pedro II tem a sombra de que todos precisam para descansar um pouco. Ali perto fica o Teatro 4 de Setembro, construído em 1889, que os alunos observam com cuidado: estão registrando tudo, para planejar uma maquete a ser construída para a feira. Bem em frente ao teatro, do outro lado da praça, está a Central de Artesanato Mestre Dezinho, um antigo quartel em que os presos políticos foram torturados na época da ditadura militar. Mas quem foi Mestre Dezinho? Os estudantes aprendem que ele era um exímio marceneiro, entalhador de ex-votos, integrante da galeria de mestres santeiros do Piauí Juca Lima, Antônio Carlos, Expedito, Toinha Vieira e Cornélio de Abreu, entre outros. Na Central de Artesanato os alunos ficam conhecendo a cestaria da cidade de Parnaíba, feita com cipó-de-leite, e os belíssimos tapetes e panos produzidos nas tecelagens de Pedro II, a 195 quilômetros de Teresina. Temos muitas coisas bonitas, mas o TV E SCOLA DA ESCOLA À PRAÇA Piauí é desconhecido e discriminado no sul do Brasil, protesta Tamiris Visgueira, 12 anos, 6a série. Mas o que Teresina tem de mais curioso? Uma professora olha para a outra e todas concordam que é o mercado do Troca-Troca, no cais do Rio Parnaíba. Só não se troca uma mulher por outra, brinca Edivan Ferreira Silva, que desde 1968 trabalha na feira. Os alunos não sabiam que o mercado começou com a troca de animais. Com o tempo, virou lugar de escambo e ninguém saía dali sem trocar uma coisa por outra. Agora, tudo anda mudado. As trocas continuam, mas a crise econômica deu lugar a um novo tipo de negócio: as pessoas compram eletrodomésticos a prestação e vendem à vista, mesmo que por um preço inferior, no mercado informal do Troca-Troca. É um tipo de empréstimo, sem burocracia e com dinheiro rápido nas mãos. TV E SCOLA TRADIÇÃO Sob a orientação da professora Madalena Celestina, a construção da maquete do Teatro 4 de Setembro resultou de um trabalho interdisciplinar de Matemática e Arte. Alunos e professores estão a caminho do Parque Ambiental do Encontro dos Rios, administrado pela prefeitura. Teresina é banhada pelo Poti, que deságua no Parnaíba rio que separa o Piauí do Maranhão. O professor de Geografia, Márcio Mauriz, dá sua aula: explica que, ao contrário das do Rio Poti, as águas do Parnaíba são barrentas porque carregam sedimentos do leito. Ele aponta para as coroas de areia, espécie de ilhas ao longo do rio: Vejam, o Parnaíba está assoreado e a navegação já não é mais possível. A guia do parque, Conceição Rocha, conta a história do Cabeça de Cuia, principal lenda do folclore piauiense: Um pescador chamado Crispim voltou para casa sem conseguir pegar nenhum peixe. Quando a mãe lhe ofereceu um osso de boi sem carne, ele se enfureceu e resolveu matá-la. Antes de morrer, a mãe rogou uma 35 DA ESCOLA À PRAÇA praga. Crispim iria viver no encontro dos rios Poti e Parnaíba em forma de monstro, com a cabeça de cuia. O encanto só será quebrado quando ele encontrar e devorar sete virgens, todas com nome de Maria. No parque são vendidas peças da cerâmica piauiense feitas em oficinas próximas dali, que a turma aproveita para conhecer. Ao verem o barro tomar forma, à medida que o torno vai girando, os alunos ficam fascinados. Patrícia Alencar, 6a série, quer aprender a fazer peças para expor na feira da escola. Antônio Carlos Pereira Lima, ceramista há dez anos, interrompe seu trabalho e se dispõe a mostrar como se faz. Os moradores da região garantem que hoje é raro haver crianças trabalhando nas olarias. A fiscalização não deixa, dizem. E explicam que muitas famílias estão recebendo a bolsa-escola, para que as crianças não precisem trabalhar. A aula na cidade termina na igreja mais antiga de Teresina, no bairro Poti Velho. Foi aqui que a cidade começou, conta Elison da Luz Fonsêca, 17 anos, aluno do 1o ano do Ensino Médio. Teresina tem 149 anos. 36 Aulas ao ar livre. Explorando espaços da cidade, os alunos observam o encontro das águas dos rios Poti e Parnaíba, conhecem a tradição e valorizam a cultura e a história de Teresina. CAJUÍNA EM TERESINA O piauiês existe? Uma turma da 8a série garante que sim. Eles foram pesquisar termos típicos do estado na biblioteca pública e no centro de cultura de Teresina. Voltaram animados, trazendo a Grande enciclopédia internacional do piauiês, de Paulo José Cunha (edição esgotada). É um absurdo, mas muitas dessas expressões são até negadas pela escola, protesta a professora Jesiane Leal. Quando se diz é osso, quer dizer que o problema é complicado. Farnizim é um malestar e furdunço, uma agitação. Comida rei- TV E SCOLA DA ESCOLA À PRAÇA mosa é aquela que prejudica a saúde e peba nada mais é do que uma coisa ordinária. Na letra C da enciclopédia os alunos se detiveram na palavra cajuína lembrando-se da música Cajuína, composta por Caetano Veloso. E ficaram sabendo mais uma história. Luzileide Ribeiro, 18 anos, explica que cajuína é um refrigerante feito com suco de caju, famoso no Piauí. O pai do poeta piauiense Torquato Neto, Heli Nunes, costumava enviar cajuína para o filho, que estudava na Bahia, amigo de Caetano e parceiro não só deste compositor, mas também de Gilberto Gil e Capinam, em várias músicas do movimento tropicalista (Geléia geral, Louvação, Mamãe coragem, Soy loco por ti América e outras). Quase 20 anos depois do suicídio de Torquato, em novembro de 1972, Caetano foi fazer um show em Teresina. Do encontro emocionado com o pai de Torquato nasceu o baião, no qual o poeta filosofa sobre a existência humana: TV E SCOLA Existirmos a que será que se destina? Pois quando tu me deste a rosa pequenina Vi que és um homem lindo e que se inté acaso a sina Do menino infeliz não se nos ilumina Tampouco turva-se a lágrima nordestina Apenas a matéria vida era tão fina E éramos olharmo-nos, intacta retina A cajuína cristalina em Teresina (Caetano Veloso) 37 DA ESCOLA À PRAÇA É HOJE! Amanhece. Em 18 de outubro de 2001, O Dia, um dos jornais de Teresina, estampa a notícia: Colégio promove feira cultural. Vibrando, os alunos da professora Clautina da Costa já têm pronto também o jornal feito por eles mesmos, que será distribuído assim que a feira começar. Eles desenvolveram um projeto sobre imprensa em Teresina e aproveitaram para divulgar a feira. Mais que isso: mostraram aos veículos de comunicação local a importância de ter uma estrutura preparada para atender aos estudantes em suas pesquisas. São 17 horas. Muitos jovens não quiseram ir para casa antes da abertura da feira. Ficaram à espera, para vigiar as maquetes, os painéis, os desenhos e textos... Há um empurraempurra na entrada e o interior da escola fica lotado. Lá fora, a praça é do povo: as pessoas passeiam entre as barracas, olham os trabalhos e ouvem as explicações dos alunos. Na barraquinha sobre literatura piauiense o escritor Hardi Francisco Filho, convidado pelos alunos, explica o que quase ninguém sabia: Fontes Ibiapina, que dá nome à escola, foi um dos maiores folcloristas do Nordeste. A equipe que desenvolveu para a feira o projeto sobre a TV ESCOLA se apresenta na biblioteca do Fontes Ibiapina. Para preparar seu trabalho, os alunos visitaram a Unidade Escolar Joca Vieira, em Teresina, onde ocorreu o lançamento nacional da TV Escola, em 1995 (noticiado na edição no 3 da revista TV Escola). Os alunos fazem uma dramatização bem-humorada. Um deles, de terno e com os cabelos compridos presos, dá informações sobre a programação da TV Escola: faz o papel de Avelino Pereira, coordenador-geral do Ensino Médio. Já a aluna de blazer faz o papel de Titi Lancelotti, apresentadora do Salto para o futuro, que os professores adoram. Uma das barraquinhas mais visitadas mostra o trabalho sobre prevenção de aids, do- 38 Em uma barraca, a aluna Kiara Lupe fala sobre sexualidade, gravidez na adolescência e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Os alunos se localizam, observando a maquete que reproduz os conjuntos habitacionais da comunidade. Na sala da TV Escola, explicações bemhumoradas de como funciona o projeto. enças sexualmente transmissíveis e também métodos de contracepção. Lá está Kiara Lupe Oliveira, 23 anos, aluna do 2o ano do Ensino Médio noturno. Faço questão de dar meu depoimento. Já fiz três abortos com remédios vendidos em qualquer farmácia e corri risco de vida. No Brasil há muitas mortes por aborto. Confirmando sua preocupação com a gravidez precoce, ela atua como voluntária numa maternidade em Teresina. SEGREDOS DO PIAUÍ Hélante Nogueira, 15 anos, aluna do 1o ano do Ensino Médio, explica o trabalho de seu grupo: uma representação do que pode ser visto no Parque Nacional da Serra da Capivara, considerado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade desde 1991. O motivo? Na década de 70, pesquisadores franceses e brasileiros encontraram ali vestígios do homem mais antigo das Américas. O Parque Nacional da Serra da Capivara fica na cidade de São Raimundo Nonato, a 534 quilômetros de Teresina. (Ver, na série Expresso Brasil, o episódio O Piauí de Niède Guidon.) Pinturas rupestres são também encontradas no Parque Nacional de Sete Cidades, em Piracuruca, a 196 quilômetros de Teresina. ali, tudo é puro mistério. Não se sabe se as formações rochosas são fruto da erosão provocada pelo vento ou de algum cataclismo. O lugar impressio na: pinturas rupestres se distribuem pelas sete formações rochosas, harmonicamente posicionadas, como se alguma civilização tivesse deixado ali suas marcas. A maior parte dos alunos não conhece os pontos turísticos do Piauí, a não ser pelos vídeos da TV Escola (Pré-histórias da Pedra Furada, que mostra a Serra da Capivara, e Os segredos do delta). Estudar sobre esses lugares deixa a gente com vontade de conhecer nosso estado, diz Laise Feitosa, 16 anos, 1o ano do Ensino Médio. Os que pesquisaram o delta do Parnaíba explicam que, em todo o planeta, existem poucos rios com esse tipo de formação, abrindose em delta ao desembocar no oceano. Quan- TV E SCOLA DA ESCOLA À PRAÇA do se aproxima do Atlântico, o Parnaíba se divide em cinco canais: Igaraçu, Canárias, Caju, Carrapato e Tutóia. Com praias desertas e despoluídas, dunas de até 40 metros de altura, ilhas, manguezais e carnaubais, o Delta do Parnaíba é um paraíso, um berçário com as mais variadas espécies de flora e fauna. Já são mais de 22 horas. O vaivém de pessoas entre o interior da escola e a praça continua. Começa o bumba-meu-boi dançado pelos alunos: Lá vem a lua saindo / bonita da cor de prata. / As morenas já estão dizendo / Boi-Piauí este ano é quem me mata. UM PROJETO ESCOLAR INTEGRADO A turma de 95 professores do Ensino Fundamental (5a a 8a série) e do Ensino Médio do Fontes Ibiapina está certa de que uma das soluções para o país está na educação. No final de 1999, fizemos um Plano de Desenvolvimento da Escola que foi elogiado pela Secretaria de Educação do Piauí, orgulha-se Ângela de Almeida e Silva, diretora eleita pela comunidade e que está em seu segundo mandato. O projeto traz um conjunto de estratégias para capacitar os professores, tornar a escola mais interessante para os alunos e combater problemas críticos, como a falta do hábito de leitura e a reprovação na 5a série. Eles acreditam que a reforma do Ensino Médio estimulou o processo de mudança, envolvendo também os professores do Ensino Fundamental. As teleconferências sobre os PCNs e a reforma do Ensino Médio foram usadas na capacitação. Assistiram aos vídeos As viagens portuguesas do descobrimento, Zoológico, Fuga do moinho e a série Nós na escola, entre outros Tudo isso abriu a nossa cabeça, diz o professor Raimundo Nonato Alcântara. No início, certas palavras eram até difíceis de ser pronunciadas, como interdisciplinaridade, brinca Rosidete Barbosa. Alguém se queixa de que a maioria dos vídeos da TV E SCOLA Pintura rupestre no Parque Nacional da Serra da Capivara. “No final de 1999, nosso Plano de Desenvolvimento da Escola foi elogiado pela Secretaria de Educação do Piauí”, orgulha-se a diretora Ângela de Almeida e Silva. TV Escola não mostra a realidade do Piauí, mas a professora Clautina da Costa argumenta que cabe ao professor fazer a contextualização do que foi assistido. Um vídeo sobre o Rio Amazonas pode ser usado em comparações com o Parnaíba, por exemplo. Para tornar as aulas mais interessantes, os professores passaram a trabalhar com a metodologia de projetos e com a programação da TV Escola. Além disso, estimularam as pesquisas fora da escola, como em museus e bibliotecas, assinaram jornais e gibis, compraram livros de literatura e inventaram uma estante com rodinhas, que vai de sala em sala. A diretora diz que o programa Dinheiro Direto na Escola (PDE / FNDE / MEC), criado pelo Ministério da Educação, dá autonomia aos professores e torna possíveis coisas como estas. Em vez de gastar o dinheiro com ar condicionado para Professores e estudantes Manhã, tarde e noite. A qualquer hora eles estão sempre ocupados, dando aulas ou assistindo. Dos 95 professores do Fontes Ibiapina, 88 estão fazendo algum curso universitário. Para atender à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que estabeleceu o ano de 2006 como prazo máximo para que todos os professores tenham habilitação específica, eles fazem cursos de licenciatura na Universidade Estadual do Piauí. Os que já se formaram fazem cursos de pós-graduação lato sensu ou sonham com o mestrado. Asseguram que há vantagens em ser professor e estudante ao mesmo tempo, pois se mantêm mais curiosos em relação ao que surge de novo na educação e ficam mais preparados para as mudanças. “Não é só. A gente compreende melhor os alunos”, diz Francisco Eroni, 18 anos de magistério, recém-formado em Matemática. Os professores do Fontes Ibiapina reclamam dos baixos salários. O piso salarial por 20 horas semanais está na faixa de R$102,00, para os que lecionam no Ensino Fundamental. O QUE DIZ O FUNDEF O Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) informa que o valor dos recursos repassados aos estados e municípios depende do número de alunos matriculados. Pela Lei 9.394/96 – a LDB, estados e municípios são obrigados a utilizar, anualmente, o mínimo de 60% dos recursos recebidos com a remuneração dos profissionais do magistério em exercício no Ensino Fundamental. Cada estado tem seu próprio Conselho Estadual de Acompanhamento e Controle Social do Fundef. O Conselho do Piauí fica na Secretaria de Estado da Educação: Av. Pedro Freitas, s/n – Centro Administrativo, Teresina. Telefones: (86) 216-3226 e 232-3230. 39 DA ESCOLA À PRAÇA QUE COMUNIDADE É ESSA Na praia do rio Poti A comunidade atendida pela Unidade Escolar Fontes Ibiapina vive nos bairros Renascença 1, 2 e 3 e em várias vilas e favelas da região sudeste de Teresina. A estimativa é que a comunidade tenha, no total, uma população de 50 mil habitantes. Teresina tem 714.583 habitantes, segundo o IBGE. MÃES MENINAS Há na comunidade muitas adolescentes grávidas. Com a ajuda da TV Escola, o Fontes Ibiapina tem feito um trabalho com os pais para estimular o diálogo com os filhos. Temas como gravidez na adolescência e uso de drogas são debatidos depois da exibição de vídeos. Os pais adoraram o vídeo Fuga do moinho, um desenho animado sobre o uso de drogas. ÊXODO Há na comunidade muitos conjuntos residenciais, a maioria construída a partir da década de 80, para abrigar pessoas que chegavam à capital à procura de trabalho. A seca, o declínio da pecuária, a queda do extrativismo (da carnaúba e do babaçu) e a crise agrária impulsionaram o processo migratório. Ainda são muito comuns as invasões de terra por famílias que chegam do interior. IGREJA, FORRÓ E PRAIA DE RIO Horta comunitária como fonte de renda e alimento para as famílias. REALIDADES PARECIDAS CHEIRO VERDE Uma das soluções encontradas pela prefeitura de Teresina para resolver o problema do desemprego foi a criação de amplas hortas comunitárias, nas quais os moradores cultivam verduras, legumes e plantas medicinais para comercialização. Em muitas casas, são as mulheres que trabalham nas hortas e em outros pequenos serviços para garantir o sustento da família. TODOS OS CREDOS A comunidade abriga igrejas evangélicas, batistas, adventistas e católicas, mas não há radicalismos, nem interferência no trabalho dos professores, e os líderes religiosos em geral participam dos eventos realizados na escola. a sala dos professores ou com máquina de fotocópia, preferimos investir numa educação de qualidade, diz a diretora. Um detalhe: com o dinheiro recebido, o Fontes Ibiapina comprou uma câmera de vídeo para registrar os projetos desenvolvidos e também uma bicicleta para que funcionários da escola possam ir à casa de alunos faltosos. Foi criada a recuperação paralela, que concentra esforços no ponto crítico, que é a 5 a série. Para garantir a continuidade dos estudos dos que concluem o Ensino Médio, funciona desde o ano passado o curso pré-vestibular: aos sábados e domingos, de abril a novembro. 40 Os jovens reclamam da falta de lazer gratuito. Além dos eventos realizados pelas igrejas, há apenas as poucas quadras públicas de esportes e a praia no Rio Poti. Os que podem, freqüentam, às sextas e sábados, o Forró do Nicanor, famoso em Teresina. Mãe de aluno e líder no bairro, Nilda de Sena ajuda e valoriza o trabalho da escola. Muitos professores moram na comunidade, são reconhecidos e cumprimentados nas ruas com respeito. A professora Clautina da Costa diz que “a realidade dos professores e a dos alunos são muito parecidas”. CADA UM AJUDA COM O QUE PODE “Quem dá de comer para três filhos dá para quatro também”, diz Nilda de Sena, 33 anos, mãe de quatro filhos, um deles adotivo. Presidente da associação do bairro, ela está sempre na escola, acompanhando o trabalho de alunos e professores. Mesmo com o marido desempregado, Nilda cortou pequenos gastos domésticos para ajudar na compra de folhas de cartolina e outros materiais necessários para os trabalhos da feira. Os resultados lentos que caracterizam o processo educativo não desanimam a turma do Fontes Ibiapina: Fizemos questão de que professores, líderes de turma e membros da Associação de Pais e Mestres assistissem ao vídeo O homem que plantava árvores, para mostrar a importância de saber esperar, diz Rosidete Barbosa. Unidade Escolar Fontes Ibiapina Rua Senador Valdemar Santos, 3.300 Bairro Renascença 1 64078-600 – Teresina / PI Tel.: (86) 235-5965 TV E SCOLA O bom sinal da digitalização A nova tecnologia está chegando às escolas públicas Q uando a TV Escola foi criada, nos anos 90, a tecnologia analógica era o que havia de melhor. De lá para cá, o sistema foi se aperfeiçoando cada vez mais e hoje estamos na era da transmissão digital, que já é utilizada pelas principais redes comerciais de tevê de todo o Brasil. Acompanhando essa tendência, o MEC também se atualiza e começa a substituir sua tecnologia analógica pela digital. Estão sendo constr uídas as bases para que esses avanços Que diferença! cheguem a toda a rede brasileira de escolas públicas, nas imagens digitais da TV Escola. Por enquanto, metade das 57 mil escolas que participam da TV Escola está tendo seus equipamentos de recepção formados por antena e decodificador trocados. Ainda em 2002, uma nova licitação vai permitir a troca dos aparelhos em todas as outras unidades. Enquanto isso, nada muda ainda para as escolas que têm equipamento analógico, pois a TV Escola continuará a ser transmitida também por esse sistema, até que todas as antenas tenham sido substituídas pela digital. Além do mais, os programas podem ser assistidos agora por todos que dispõem de acesso aos canais DTH (Direct To Home) Direct-TV, Sky, Tecsat e DTcom. E quais as diferenças? A antena de quase 3 metros é trocada por uma bem menor, de 1,5 metro. O tamanho cria uma vantagem dupla: em primeiro lugar, oferece uma face de atrito mais reduzida às instabilidades climáticas por exemplo, ao vento. Em segundo, quanto menor e mais compacta a antena, maior é sua estabilidade. TV E SCOLA Outra novidade é o receptor automático, que funcionará como um controle remoto, para sintonizar, além da TV Escola, todos os canais educativos e a programação tradicional da tevê aberta. A qualidade e a estabilidade das imagens transmitidas por via digital são muito superiores: o som chega mais limpo, a imagem mais nítida e permanente. A explicação disso é que, na transmissão analógica, o sinal se propaga em ondas e vai perdendo força, invadido pelo ruído sonoro e visual, o conhecido chuvisco. No sistema digital, o que se propaga é um código numérico, correspondente a cada ponto da imagem, que é enviado ao satélite e rebatido às antenas receptoras nas escolas. Por isso, não perde força nem sofre interferências. Outra diferença é que, na transmissão analógica, o sinal percorre um long o c a m i n h o, p a s s a n d o por quatro pontos de transmissão, até chegar às escolas. Com a digitalização esse trajeto se torna muito mais rápido e direto. Além de tudo, por ocupar menos espaço no satélite, o sinal digital é mais econômico. As imagens da TV Escola continuarão a chegar via satélite, quase como tem sido até agora. Mas a escola que dispuser do novo equipamento não tardará em perceber as mudanças todas para melhor. Para complementar, essa nova tecnologia é também a base para o acesso à internet: em outras palavras, a transmissão digital irá permitir, no futuro, que as escolas tenham acesso à tevê interativa, conectando-se à internet por meio da televisão. 41 ++++++++++++++++++++++ A REVISTA TV ESCOLA E AS GRADES DE PROGRAMAÇÃO ○ ○ ○ ○ Não perca! ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A Secretaria de Educação de Minas Gerais solicitou à SEED autorização para transmitir os vídeos do curso TV na Escola e os Desafios de Hoje pela TV Minas. Assim, o programa passa a ser exibido mais vezes e os professores ganham novas opções de horário para planejar a gravação desse valioso curso de extensão a distância. Bem que essa idéia poderia ser adotada em outros estados... ○ TV MINAS MULTIPLICA CONSELHO INDÍGENA NO MEC ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A TV Escola e a TV Cultura enveredaram por uma das áreas mais fecundas do espírito humano, promovendo o encontro de Arte, Matemática, Ciência e Estética, com suas múltiplas influências recíprocas, na co-produção da série Arte e Matemática, com 13 programas. E com isso conquistaram o Maeda Prize 2001, em Tóquio, uma das mais importantes premiações para programas educativos em todo o mundo. Dez desses programas já foram transmitidos pela TV Escola. Mas aguarde! A grade de junho incluirá várias reprises e também três episódios inéditos: Música das esferas, Forma dentro da forma e O belo. Procure, no site da TV Cultura (www.tvcultura.com.br/artematematica) muitas informações a mais: sinopses dos programas; diagramas de conceitos; jogos interativos relacionados com o conteúdo veiculado; relação das obras artísticas e científicas apresentadas na série, com seus respectivos autores; depoimentos inéditos de colaboradores; e orientações para o melhor aproveitamento de todo esse rico material em sala de aula. O MEC conta agora com um conselho integrado por 26 professores indígenas, indicados por suas comunidades e pelas secretarias estaduais de educação, responsável por encaminhar as demandas de seus grupos referentes à Educação Escolar Indígena. A criação desse órgão representa um passo importante para efetivar as diretrizes do governo federal, que prevêem o estabelecimento de uma escola diferenciada, bilíngüe, capaz de integrar o saber universal ao saber tradicional dos índios. O MEC lançou também o kit Índios no Brasil, com três Cadernos da TV Escola e dez programas de vídeo, dirigidos pelo antropólogo Vincent Carelli, apresentados e comentados pelo líder indígena Aílton Krenak. PARA ASSISTIR À TV ESCOLA e também: ize Sintoniz TECSAT Canal 4 SKY Canal 26 DIRECTV Canal 237 Merendeiras na tevê Merendeiras das escolas públicas do Ensino Fundamental terão seus quitutes registrados em livro e vídeo, como desdobramento das Oficinas de Receitas de Merenda Escolar promovidas pelo MEC, por meio da SEF, do FNDE e da Seed. As oficinas ocorreram em Jundiaí (SP), Montes Claros (MG), Joinville (SC), Petrolina (PE), Imperatriz (MA), Rio Branco (AC) e Chapada dos Guimarães (MT). Organizadas na forma de aulas práticas e 42 teóricas, contaram com a consultoria de Olivier Anquier, que desde 1997 apresenta programas de culinária na televisão, e Nina Horta, cronista gastronômica e autora do livro Não é sopa. Entre os objetivos dos encontros estão o resgate e a valorização das merendeiras e a montagem de cardápios saudáveis e apetitosos para os alunos, aproveitando da melhor forma possível os produtos locais. O livro será gerado a partir dessas oficinas, com receitas testadas e aprovadas, e distribuído tanto para as merendeiras quanto para os professores, convertendo-se assim em valioso recurso didático para implementação dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais. O vídeo, por sua vez, será usado pela TV Escola para sensibilizar diretores e professores da rede pública para a importância da alimentação saudável dos estudantes e para o papel das merendeiras. TV E SCOLA ++++++++++++++++++++++ ESTÃO NA INTERNET: www.mec.gov.br/seed/tvescola Dia Nacional da Família na Escola Em 13 de novembro de 2001, foi comemorado o Dia Nacional da Família na Escola, reeditando a campanha lançada em abril, com grande repercussão. A promoção se destinou a sensibilizar a sociedade em relação à importância da parceria família-escola para a melhoria da qualidade do ensino. A TV Escola dedicou uma programação especial ao evento, transmitindo duas teleconferências sobre o binômio família-escola e o aprendizado dos valores na escola, com a participação do Ministro da Educação, Paulo Renato Souza, de outras autoridades educacionais e de personalidades como o ex-jogador de futebol Dunga, da seleção tetracampeã de 1994. Transmitiu ainda flashes da movimentação de professores, pais e alunos por todo o país e focalizou algumas experiências bemsucedidas – como a da escola de Surubim (PE), na qual a comunidade trocou as telhas convencionais por outras, transparentes, e com essa providência simples melhorou a iluminação das salas de aula e reduziu o consumo de energia em mais de 60%. A difusão de tais experiências estimula iniciativas semelhantes, em um país que já conta com mais de 80 mil Associações de Pais e Mestres, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC). Durante os encontros entre pais e professores promovidos nas escolas, foram desenvolvidas atividades variadas: palestras, peças teatrais, oficinas, exposições e apresentações musicais. SAEB Uma radiografia da qualidade do ensino Como está a qualidade do ensino no Brasil? Nada menos de 360 mil estudantes ajudaram a buscar essa resposta. Eles pertencem à 4 a e à 8 a séries do Ensino Fundamental e à 3 a série do Ensino Médio de 7 mil escolas públicas e particulares, em cerca de 1.900 municípios brasileiros. Entre 22 e 26 de outubro, submeteramse às provas do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC). Trata-se da sexta edição do exame, realizado a cada dois anos. Metade de cada TV E SCOLA turma fez uma prova de Língua Portuguesa e a outra metade, de Matemática. O objetivo principal não é aferir conhecimentos, mas sim verificar as dificuldades dos estudantes na construção do conhecimento e identificar eventuais falhas no processo de aprendizado. Os alunos responderam a questionários sobre aspectos socioeconômicos e culturais, bem como sobre hábitos de estudo, contribuindo para traçar um perfil desse público. Complementarmente, os diretores e professores das escolas selecionadas também responderam a essa pesquisa. ! U LT E vo S N O C ovo no u o n u ou as heeggo á cch JJá ogram r P e d Guia 999966--22000011 taaççããoo 1 n 1 nt prreesseenssu a arr ap ltta a v v o o n n o ul ee cco m n cciill d om C d Co á m ffá beem ee b AGUARDEM, NA PRÓXIMA EDIÇÃO O registro do II Festival “A TV na Escola”, na Escola Estadual Prof. José Vitorino da Rocha, de Maceió, Alagoas. 43 ENSINAM De bem com a vida e animados, futuros professores lutam pelos direitos dos que são surdos como eles. Rosangela Guerra A história de muitos deles é parecida. Nasceram surdos e cresceram isolados, sem ser convidados para os jogos e brincadeiras. Não decifravam nos livros as aventuras de reis, princesas e bruxas, nem na tevê as façanhas dos super-heróis – histórias jamais ouvidas. Em seu mundo à parte, muitas vezes não entendiam os motivos da alegria ou da tristeza estampadas nos rostos a seu redor. Jorge Soares, 24 anos, Messias Costa, 22 anos e André Yammine, 21 anos, surdos em nível profundo, deram a volta por cima e usam a experiência pessoal como instrumento de luta pelos direitos dos que são como eles. Bem-humorados e animados, recusam o termo “deficiente”. Dizem que a pessoa surda se torna deficiente quando lhe é negada a língua, a cultura e os direitos de cidadã. “Os surdos”, diz Messias, “são estrangeiros em seu próprio país.” Os três são alunos do curso de magistério de nível médio Surdo Educador, que funciona na Escola Normal de Taguatinga, no DF, desde 1994. Com duração de cinco anos, o curso é bilíngüe: em português e em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Seu desafio é experimentar novas metodologias e desenvolver materiais diAndré Yammine, 21 anos, 1o ano Jorge Soares, 24 anos, 1o ano Messias Costa, 22 anos, 3o ano Alunos do curso Surdo Educador da Escola Normal de Taguatinga Taguatinga, DF Foto: Iolanda Huzak Mãos que dáticos específicos para os surdos. Os estudantes prepararam, por exemplo, álbuns com desenhos e textos bilíngües (em português e na forma escrita da língua de sinais), narrando contos de fada. Ouvintes e surdos, da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, adoram ver Jorge contar histórias infantis em Libras. Ativos participantes da AJA (Associação do Jovem Aprendiz – www.aja.org.br/surdos), organização não-governamental que atua na área dos direitos humanos, Jorge, André e Messias não querem o assistencialismo nem o paternalismo. Reivindicam o direito de estudar, de escolher sua profissão, e também de contar com o apoio do poder público. Uma das propostas da AJA é que bombeiros e policiais aprendam a Língua Brasileira de Sinais. Nos fins de semana, eles fazem campanha para a prevenção da aids, distribuindo nas ruas folhetos bilíngües. Além de todas essas atividades, eles participam, com outros colegas da escola, do projeto Copisurdos, desenvolvido no programa Sua Escola a 2000 por Hora, do Instituto Ayrton Senna. O Copisurdos utiliza o computador como instrumento para a construção de conhecimentos dos surdos. Uma de suas metas é a criação de uma comunidade virtual para a troca de idéias e experiências sobre inclusão e educação de surdos. COMO USAR A TV ESCOLA Como cuidar do videocassete ATUALIZE SUAS INFORMAÇÕES SOBRE A TV ESCOLA O que é a TV Escola • É um programa da Secretaria de Educação a Distância do MEC para a melhoria da qualidade do ensino público. Com este objetivo, transmite programação às escolas de Ensino Fundamental e Médio, dirigida à capacitação e aperfeiçoamento do professor, e também ao seu trabalho em sala de aula. • Transmitida a todo o país, a programação é captada por antena parabólica. Os programas (inclusive os do Salto para o futuro, transmitidos ao vivo) devem ser gravados em fitas de videocassete para utilização pelo professor. • Os equipamentos para captação e gravação compõem o kit tecnológico, adquirido pela escola, por intermédio da Secretaria de Educação do Estado ou pelo município, com recursos do salário-educação, administrados pelo FNDE / MEC. Como obter o kit • As escolas das redes estaduais devem dirigir-se às secretarias de educação, e as escolas das redes municipais, à prefeitura, para solicitar sua inclusão no projeto de aquisição do kit, a ser encaminhado ao FNDE. • Tem direito ao kit toda escola pública servida por energia elétrica, com mais de cem alunos no Ensino Fundamental (de acordo com o Censo Escolar do ano anterior à solicitação) e que ainda não tenha sido contemplada. • A Secretaria de Educação Média e Tecnológica – Semtec está realizando estudos para equipar as escolas de Ensino Médio. O que compõe o kit • Desligue o vídeo da tomada sempre que estiver chovendo muito forte ou em caso de corte de energia. Descargas elétricas provocadas por raios ou o retorno da energia podem queimar o equipamento. • Evite avançar (FF) ou voltar (REW) com a imagem na tela. O excesso de atrito entre a cabeça do videocassete e a fita causa estragos. Pare (STOP) antes de adiantar ou voltar a fita. • Evite congelar a imagem (PAUSE) por muito tempo. Isso também produz atrito entre a fita e a cabeça de gravação. • Chuviscos na imagem podem indicar que o cabeçote de gravação está gasto, sujo, ou o vídeo danificado. Podem indicar também falta de ajuste do vídeo. Neste caso, acione o botão TRACKING. Como cuidar das fitas • Guarde-as na posição vertical, em local protegido de sol, umidade e poeira, distante de campos magnetizados, como motores ou transformadores. • Rever as fitas periodicamente ajuda a evitar fungos. • Rebobine (volte ao início) a fita toda após usá-la. Como sintonizar a TV Escola • Antes de ligar a televisão e o vídeo, verifique se estão na voltagem certa. • O receptor do satélite deve ser colocado em polariza! ÇÃO ção horizontal. A T E N novo o í a pção • Alguns receptores têm ajuste com o número do transe c Vem e ponder (canal do satélite). Nos modelos com opções de eR ual d la, para Man 1 a 24, deve ser escolhido o nº 3. o c s E da TV sistema • Em outros receptores a sintonia é feita pela freqüência o do!!! de recepção direta do satélite, de 3.700 a 4.200 MHz. aliza digit Deve-se escolher 3.770 MHz. • Outra possibilidade de sintonia é a freqüência intermediária em receptores digitais. Deve-se escolher 1.380 MHz. • No vídeo, é sintonizado o canal 3 ou 4, ou o que estiver livre na sua cidade. Antena parabólica • Vazada, do tipo Focal Point, com 2,85 m de diâmetro, no mínimo (esta medida pode variar conforme a localização da escola). • A antena deve ter LNB (Low Noise Block Down Converter) de 25º Kelvin, no máximo, e ganho de 38,3 ± 0.3 dBi em 4.0 GHz. • Acompanha a antena receptor de satélite manual, com filtro de 18 MHz. Problemas de recepção • Confirmar se os equipamentos estão de acordo com as especificações indicadas por este manual. • Se houver problemas na recepção, deve-se insistir com o técnico autorizado para que verifique o posicionamento da antena e a sintonia correta do receptor e dos outros aparelhos do kit. • Persistindo a má recepção do sinal, deve-se pedir orientação ao coordenador da TV Escola na Secretaria de Educação do Estado, ou ligar para o Programa Fala Brasil: 0800-61-6161. Televisor • Em cores, bivolt (110 V e 220 V), com controle remoto, tela de no mínimo 20 polegadas e suporte de parede para televisor, videocassete e receptor. Como conhecer a programação Videocassete • 4 cabeças, bivolt, com controle remoto, sistema NTSC / PALM. Estabilizador de voltagem • 2 kVA, no mínimo. Fitas • VHS, de 120 minutos. Como montar o kit • A instalação dos equipamentos deve ser feita por técnico autorizado pelo fornecedor. Um mau posicionamento da antena, por exemplo, pode comprometer a qualidade do sinal recebido do satélite. • É necessário verificar se todos os equipamentos têm manuais de uso e conferir prazos de garantia. • Os programas da TV Escola de cada mês estão em um cartaz com a Grade da programação, distribuído às escolas – dois cartazes por bimestre, referentes a dois meses de programação. • Os cartazes devem ser afixados em local de fácil acesso a todos os professores e alunos. • As grades são reproduzidas em encarte solto na revista TV ESCOLA e estão também disponíveis no site da TV Escola na Internet: www.mec.gov.br/seed/tvescola. • A programação de reprise está na Grade de férias, distribuída às escolas em cartaz especial. Como é organizada a programação • Os programas da TV Escola são transmitidos em quatro faixas: Ensino Fundamental, Ensino Médio e Salto para o Futuro, de segunda a sexta-feira; e Escola Aberta, aos sábados. CONTINUA COMO USAR A TV ESCOLA • A programação dirigida ao Ensino Fundamental é organizada em áreas temáticas ou programas (Vendo e aprendendo) sobre determinado tema. • A programação dirigida ao Ensino Médio é organizada em programas que integram mais de uma área temática, favorecendo a interdisciplinaridade (Como fazer? ), ou programas com debates e documentários (Ensino Legal e Acervo). • Entre Ensino Fundamental e Ensino Médio, a TV Escola transmite Salto para o Futuro, com programas ao vivo sobre temas dos dois níveis de ensino, produzidos especialmente para professores e dirigentes das escolas. • Escola Aberta, com transmissão aos sábados, tem programação especial para a escola e a comunidade. • A Grade da programação está organizada por dia de transmissão, horário, faixa, área temática e programas; resume a programação de cada dia e dá os tempos de duração dos programas. Quando gravar • A programação da TV Escola é transmitida de segunda a sexta-feira. Para facilitar as gravações, é repetida em quatro horários para o Ensino Fundamental, três para o Ensino Médio, três para o Salto para o Futuro. Aos sábados, Escola Aberta tem transmissão em quatro horários. • Para conhecer todos os horários, consulte a Grade da programação. • Nas férias, é reprisada a programação do semestre anterior: a cada horário de transmissão corresponde um dia da programação. • Se você perdeu um programa transmitido durante o ano letivo, procure-o na Grade de férias. Como gravar os programas • No horário escolhido, ligue os equipamentos; sintonize TV e vídeo. • Coloque a fita no início e o contador (COUNTER) no zero. • Aperte REC e PLAY ao mesmo tempo. Esse procedimento vale para a maioria dos equipamentos. • Para programar a gravação, consulte o manual de uso do vídeo. Como organizar o uso das fitas • Volte a fita ao início e zere o contador. • Assista desde o começo, anotando em que número do contador começa cada programa gravado. • No início de cada programa há uma claquete com dados para catalogação. • Faça uma etiqueta e cole na lombada da fita, para sua identificação. • Faça fichas por assunto, tema, número da fita ou do modo mais útil para organizar a videoteca. Evite organizar apenas por data de gravação. •A classificação adotada pela Grade da programação e pelo Guia de programas é uma referência possível para a organização da videoteca (ver Como consultar os programas). DIRETORA: NÃO FIQUE SEM A TV ESCOLA. FAÇA SEGURO DOS EQUIPAMENTOS. Como consultar os programas • A TV Escola tem um Guia de programas, já em segunda edição, que está sendo distribuído às escolas, para facilitar a consulta e o uso dos programas transmitidos e gravados. • O Guia é também uma referência para as escolas organizarem suas videotecas (ver Como organizar o uso das fitas). • O novo Guia contém programas transmitidos de 1996 a 2001, resumidos e organizados em 16 áreas temáticas e 7 seções especiais. ATENÇÃO: O MEC NÃO DISTRIBUI FITAS. Como aprofundar os temas tratados • Algumas séries de programas produzidas pela TV Escola são acompanhadas pelos Cadernos da TV Escola, que complementam e aprofundam os temas tratados nas séries. Como acompanhar o trabalho de outros professores • A revista TV ESCOLA publica reportagens sobre experiências de professores com a TV Escola, dá sugestões de atividades para o trabalho com os programas e trata de outros assuntos de interesse do professor. • A revista acompanha e registra também o trabalho de professores que participam do Programa Nacional de Informática na Educação – ProInfo, do Programa de Formação de Professores em Exercício – Proformação, ou que estão envolvidos na Reforma do Ensino Médio. • A Secretaria de Educação a Distância – Seed distribui a revista TV ESCOLA a todas as escolas participantes do Programa TV Escola; cada escola recebe de 2 a 12 exemplares, proporcionalmente ao número de alunos. • É muito importante que a revista circule entre todos os professores. • Escolas que não estiverem recebendo a revista devem pedir cadastramento à Seed, por carta, fax ou e-mail (ver endereços em Como se manifestar e tirar dúvidas). • A cada dois meses, as escolas recebem, junto com as grades da programação, um cartaz de divulgação que resume a revista do bimestre e deve ser afixado em local bem visível para todos os professores. Como usar os programas Como ampliar o conhecimento de alguns assuntos • Os programas da TV Escola podem ser usados – a critério do professor, orientador, coordenador ou diretor – como recurso para capacitação e aperfeiçoamento, como instrumento de apoio às aulas e em atividades de recuperação e aceleração de estudos. • Os livros da Série de estudos / Educação a distância completam a linha editorial de apoio dos programas desenvolvidos pela Secretaria de Educação a Distância do MEC, com textos de estudos na área da educação a distância e novas tecnologias para a educação. COMO SE MANIFESTAR E TIRAR DÚVIDAS Escreva para a TV Escola Ministério da Educação / Secretaria de Educação a Distância Caixa postal 9659 – CEP 70001-970, Brasília, DF fax: (0xx61) 410-9178 e-mail: [email protected] e [email protected] site: www.mec.gov.br/seed/tvescola Ou ligue para o Programa Fala Br asil: 0800-61-6161 (ligação gratui ta)
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