pastagens forragens - Pastagens e Forragens

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pastagens forragens - Pastagens e Forragens
pastagens
e
forragens
Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens
20
Pastagens e Forragens
VOLUME 20
1999
S U M Á R I O
Páginas
Os Vinte Anos da SPPF. José Manuel Abreu, Noémia Farinha
A Utilização das Pastagens e Forragens nos Sistemas de Produção de Pequenos
Ruminantes de Raças Autóctones. Rui Caldeira
III-VII
1-11
Caracterização Quantitativa da Dieta de Cabras Mantidas sob Coberto de Pinhal.
Joaquim F. S. Coelho, Virgílio B. I. Bastos, Sofia van Harten
13-20
As Cistáceas nas Pastagens Naturais do Alentejo. I – Efeitos da Ingestão de Cistus
salvifolius por Ovinos. Arminda M. Bruno-Soares, J. P. Ferreira, Edite Sousa,
J. M. Abreu
21-32
Um Sistema de Produção Caprina Sustentável para Zonas Semiáridas do Sul de
Portugal. J. M. Potes, C. B. Profeta
33-38
Criação de Bovinos na Serra da Peneda. Racionalidade do Sistema Alimentar.
Manuela M. N. Melo Barros, J. Côrte-Real Santos
39-54
Caracterização de Silagens de Erva no Concelho de Vila do Conde. António
Fernandes, José Maia, Nuno Moreira
55-62
Caracterização Morfológica de Linhas de Trifolium subterraneum L. com Base em
Análise Multivariada. L. Goulão, Noémia Farinha, M. M. Tavares de Sousa,
J. M. N. Martins
63-74
Uso de Cereais com Interesse Forrageiro como Complemento Alimentar na Produção Animal Extensiva. José Coutinho, Benvindo Maçãs, Ana Sofia Dias, Nuno
Pinheiro
75-80
Autoécologie et Variabilité de Quelques Legumineuses d’intérét Fourrager et/ou
Pastoral. Possibilités de Valorisation en Région méditerranéenne. Aïssa Abdelguerfi,
Meriem Laouar
81-112
Methods for growing and using management of alfalfa. I – Influence of the
alternative utilization for seed and forage production on the alfalfa forage
productivity in the first regrowth. E. Vassilev, R. Chakarov
113-123
Methods for growing and using management of alfalfa. II – influence of the
utilization for seed and forage production over the total forage productivity.
E. Vassilev, R. Chakarov
125-134
Efeito da Densidade de Sementeira e da Época de Corte sobre o Valor Produtivo
da Sula (Hedysarum coronarium L.). M. Teresa V. C. Ponce Dentinho, M. M. Tavares
de Sousa, João M. C. R. Ribeiro
135-142
XX Reunião de Primavera da SPPF. Elvas, 13 a 16 de Abril de 1999. Pastagens e
Forragens em Pecuária Extensiva. Conclusões
143-144
Avaliação de Linhas Avançadas de Trifolium subterraneum L. em Selecção nas
Condições de Elvas. Noémia Farinha, António Brito, Luís Goulão, João Paulo
Carneiro
145-152
PASTAGENS E FORRAGENS
Revista da Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens
VOLUME 20
Este número foi subsidiado pela
Fundação para a Ciência e Tecnologia
Elvas
1999
AVALIADORES CONVIDADOS PARA ESTE VOLUME
David Gomes Crespo
J. M. Abreu
J. M. Neves Martins
J. Quelhas dos Santos
M. M. Tavares de Sousa
Nuno Moreira
Valdemar P. Carnide
DIRECTORA
Noémia Farinha
CORPO DE REDACÇÃO
Noémia Farinha
Eulália Garcez
M. M. Tavares de Sousa
EDIÇÃO, REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens
A/c ENMP
Apartado 6
7350-951 ELVAS
ISSN 0870-6263
Dep. Legal n.º 12 350/86
Tiragem: 725 exemplares
PREÇO DESTE VOLUME
2 250$00
As teorias expostas no presente
volume são da inteira responsabilidade dos seus autores.
Esta revista é distribuída gratuitamente aos sócios da SPPF, devendo todos os pedidos de
aquisição ser feitos directamente para o Editor. Igualmente será objecto de permuta com
outras publicações periódicas, nacionais ou estrangeiras, de interesse para esta Sociedade.
OS VINTE ANOS DA SPPF*
José Manuel Abreu, Noémia Farinha♦
Instituto Superior de Agronomia – Tapada da Ajuda – 1399 LISBOA CODEX
♦
Escola Superior Agrária de Elvas – Apartado 254 – ELVAS
Não temos a ambição de, no âmbito desta breve comunicação, podermos
fazer a história completa, que já é longa, da Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens (SPPF). Limitar-nos-emos portanto a mencionar alguns factos que marcaram a sua vida, bem como pessoas que assumiram a responsabilidade de a servir em lugares de maior evidência.
OS ANTECEDENTES DA SPPF
A inspiração primeira para a formação da SPPF deve ser procurada na
British Grassland Society, pioneira a nível mundial neste campo e modelo
seguido de forma geral por todas as sociedades homólogas dispersas pelo
Mundo. Mais próximas de nós, as sociedades francesa e espanhola, que antecederam a nossa, foram mais um estímulo para a sua fundação, como o foi
também a constituição da European Grassland Federation.
Entre nós, as décadas de quarenta a sessenta foram décadas de entusiasmo na experimentação agrária e de fervor científico nas nossas grandes Estações Experimentais (nomeadamente nos Departamentos de Forragens da Estação Agronómica Nacional - EAN e da Estação de Melhoramento de Plantas
de Elvas - EMP). Esse entusiasmo era suportado por importantes dotações em
pessoal de investigação e equipamento e enquadrado por políticas bem definidas. Os contactos que então se estabeleciam, regularmente, com as melhores
instituições de investigação estrangeiras mais contribuiam para este estado de
coisas.
* Síntese da comunicação efectuada por ocasião da Reunião de Primavera de 2000.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
III
A CRIAÇÃO DA SPPF
Embora a ideia da criação de uma Sociedade dedicada ao estudo das
pastagens e forragens estivesse latente, foi o esforço e a clarividência de
David Crespo que levaram à sua concretização. Em 1978-79, David Crespo
organizou, na já Estação Nacional de Melhoramento de Plantas, ENMP, um
curso sobre pastagens e forragens. Este curso foi frequentado por vinte e dois
técnicos designados pelo Ministério da Agricultura, e provenientes de todo o
País. Foram quinze destes técnicos que, colaborando com David Crespo, prepararam a escritura de constituição de SPPF e a assinaram, em Maio de
1979, no Cartório Notarial de Elvas.
A VIDA DA SPPF
Nos quadro 1 a 3 e no gráfico 1 dá-se uma ideia resumida do que foi o
desenvolvimento da SPPF nos cerca de vinte anos da sua história. Em 31 de
Julho de 1987 foi conferido à SPPF o estatuto de pessoa colectiva de utilidade pública, o que constitui reconhecimento do seu mérito.
QUADRO 1 – Presidentes e Secretários de Direcção da SPPF.
Presidente/ Secretário
Ano
David Gomes Crespo/ M. M. Tavares de Sousa
André Mendes Dordio / M. M. Tavares de Sousa
Francisco Moniz Borba / M. M. Tavares de Sousa
José Manuel F. Abreu / M. M. Tavares de Sousa
José Francisco Martins Chicau / João Paulo Carneiro
Francisco Ramos de Moura / João José R. Carrilho
Pedro Cabral da Silveira / M. M. Tavares de Sousa
Nuno Tavares Moreira / M. M. Tavares de Sousa
David Gomes Crespo / M. M. Tavares de Sousa
Valdemar Pedrosa Carnide / M. M. Tavares de Sousa
1979-1982
1982-1984
1984-1986
1986-1988
1988-1990
1990-1992
1992-1994
1994-1996
1996-1998
1998-2000
QUADRO 2 – Reuniões de Primavera da SPPF.
Ano
n.º
1980
I
1981
1982
Tema
Partic
Local
Reunião Luso-Espanhola de Pastagens e Forragens
300
Elvas/Badajoz
II
Sistemas de produção e utilização de erva no Noroeste
de Portugal
170
Braga
III
Produção forrageira e pratense na zona do pliocénico.
Sistemas de produção agro-pecuária
220
Troia
(Continua)
IV
PASTAGENS E FORRAGENS 20
(Continuação)
1983
IV
As pastagens e forragens em particular na região da
Beira-Litoral
400
Curia
1984
V
As pastagens e forragens no perímetro de rega do Mira
e Barlavento Algarvio
250
Alvor
1985
VI
Produção e utilização de pastagens e forragens em
Trás-os-Montes
210
Vila Real
1986
VII
Produção forrageira e pratense e sua utilização por pequenos
ruminantes
135
Lisboa
1987
VIII
Produção e utilização de pastagens e forragens nas
condições do Alentejo
300
Évora
1988
IX
Produção e utilização de pastagens e forragens nas condições
da Beira Interior
178
Monfortinho
1989
X
II Reunião Ibérica de Pastagens e Forragens
350
Elvas/Badajoz
1990
XI
Pastagens temporárias e permanentes no Nordeste
Transmontano, que futuro?
121
Bragança
1991
XII
Pastagens e forragens em zonas semi-áridas do Nordeste
Algarvio
200
Monte Gordo
1992
XIII
Pastagens, forragens e bovinicultura em zonas de clima
temperado marítimo – que perspectivas para os anos 2000?
200
Açores
1993
XIV
Estratégias e desenvolvimento da produção do leite em sistemas
intensivos e implicações da reforma da PAC
100
Braga
1994
XV
As pastagens e forragens em face da macrozonagem no Ribatejo
120
Santarém
1995
XVI
Entre o mar e a serra - as pastagens e forragens na Beira Litoral 120
Luso
1996
XVII
Estratégias e diversidades da produção de pastagens e
forragens em pequenas e médias explorações
220
Vila Real
1997
XVIII As pastagens e forragens no Alentejo
200
Évora
1998
XIX
A produção de pastagens e forragens na Beira Interior
– Das serras à campina
170
Castelo Branco
1999
XX
Produção pratense e forrageira em pecuária extensiva
150
Elvas
QUADRO 3 – Reuniões de Outono da SPPF
Ano
nº
Tema
Local
1979
I
Potencialidades e estrangulamentos para o desenvolvimento das
pastagens e forragens nas várias regiões agrícolas do País
Elvas
As pastagens e as forragens face aos sistemas de utilização do solo
Elvas
1980
II
(Continua)
PASTAGENS E FORRAGENS 20
V
(Continuação)
*
1981
III
Nutrição azotada das leguminosas
Elvas
1982
IV
Melhoramento e produção de forragens
Elvas
1983
V
Conservação e valor alimentar das forragens
Elvas
1984
VI
Produção de sementes de forragens e pastagens
Oeiras
1985
VII
Produção pratense e forrageira: ajudas da CEE
Elvas
1986
VIII
Perspectivas da produção de proteaginosas em novos sistemas culturais
Elvas
1987
IX
Suplementação de animais em pastoreio
Elvas
1988
X
Comportamento de plantas forrageiras e pratenses em associação
Elvas
1989
XI
Apoios comunitários no domínio das pastagens, forragens e
infra- estruturas relacionadas com a exploração pecuária
Elvas
1990
XII
Campo das pastagens, forragens e produção animal
Campo Maior
1991
XIII
Área do projecto de desenvolvimento agro-pecuário PAPCAM
Mértola
1992
XIV
Perspectivas da agro-pecuária nacional face às novas imposições da PAC
Elvas
1993
XV
A silvo-pastorícia, a exploração cinegética, a apicultura e a
exploração florestal em condições pouco favoráveis
Barrancos
1994
XVI
Apresentação dos regulamentos e ajudas ao produtor das medidas
agro-ambientais da PAC com maior importância para as
explorações agro-pecuárias
Elvas
1995
XVII
Produção na região do maciço calcário
Porto de Mós
1996 XVIII
Degradação das pastagens, causas e soluções
Elvas
1997
XIX
Eficiência alimentar das pastagens e forragens
Elvas
1998
XX
A multiplicação de semente de espécies pratenses e forrageiras
Elvas
Síntese da comunicação efectuada por ocasião da Reunião de Primavera de 2000.
Não podemos deixar de referir a importância que, na prática, teve e tem
o apoio técnico, logístico e administrativo que, desde sempre, a ENMP deu à
SPPF. A ENMP, para além de alojar a sede da SPPF, contribui significativamente também para a sua estabilidade e prestígio.
VI
PASTAGENS E FORRAGENS 20
* Têm menos de 3 quotas em atraso.
FIGURA 1 – Evolução do número de sócios da SPPF.
O FUTURO DA SPPF
A adesão de Portugal à Comunidade Europeia, em 1987-88, alterou
muito as prioridades atribuídas aos técnicos do Ministério da Agricultura, que
de técnicas passaram em muitos casos a administrativas, bem como as orientações do próprio sector agrícola. Na nossa opinião, a SPPF não se ajustou
completamente a esta transformação. Numa altura em que a agricultura passou a actividade empresarial organizada em fileiras, a SPPF parece não ter
encontrado o seu espaço: não representa sectores, não contribui para a definição das políticas, não constitui movimento de opinião – numa palavra, continua essencialmente um fórum técnico num momento em que deveria talvez
ter também um papel de intervenção.
Ainda em nossa opinião, a revitalização da SPPF seria favorecida pela
nomeação de um Secretário permanente, com disponibilidade de tempo, em
princípio integrado nos trabalhos do Departamento de Forragens, Pastagens e
Proteaginosas da ENMP; e pela constituição de um Conselho Consultivo,
com membros de capacidade e mérito reconhecidos. Pensamos que, a serem
cumpridas estas condições, e com o devido apoio dos sócios e da Direcção
da SPPF, esta se poderia vir a afirmar como verdadeiro parceiro social, com
voz activa na nossa agricultura.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
VII
"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 1–11.
A UTILIZAÇÃO DAS PASTAGENS E FORRAGENS
NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE PEQUENOS
RUMINANTES DE RAÇAS AUTÓCTONES*
Rui Caldeira
Centro Interdisciplinar de Investigação em Sanidade Animal – Faculdade de Medicina
Veterinária – R. Gomes Freire – 1199 LISBOA CODEX
RESUMO
A inequívoca falta de aptidão agrícola da maior parte do território nacional
confere uma enorme importância à produção de pastagens em Portugal. As características edafoclimáticas e orográficas de grande parte destas regiões apontam para os
pequenos ruminantes como as espécies mais vocacionadas para as pastorearem.
As crescentes exigências manifestadas pelos consumidores, no que concerne à
qualidade nutricional e gastronómica dos produtos e à sua indubitável segurança
alimentar, tem conduzido a um aumento muito significativo da procura de produtos
originários de animais das raças autóctones e explorados em condições naturais. A
pastagem é um componente decisivo na imagem natural, ecológica, do sistema de
produção. A sua utilização como alimento exclusivo ou maioritário dos animais é
assim um elemento essencial na promoção destes produtos, não esquecendo obviamente o seu baixo custo e óptimo aproveitamento pelos ruminantes. No que respeita
aos animais, os receios de afecções transmissíveis ao homem, da utilização na sua
alimentação de substâncias potencialmente nocivas para o consumidor e do recurso à
engenharia genética com efeitos não totalmente conhecidos, vieram reforçar as
opiniões de que as raças locais são mais seguras.
A sustentabilidade destes sistemas de produção passa contudo pelo melhoramento de diversos componentes, desde a produtividade dos animais à selecção, produção e
manutenção das pastagens e forragens. A utilização do tremoço como suplemento da
pastagem, prática tão difundida na Austrália, merece por exemplo uma atenção
particular.
PALAVRAS-CHAVES: Pastagens; Pequenos ruminantes; Produtos naturais; Sistemas de
produção.
* Comunicação apresentada na XX Reunião de Primavera da SPPF. Elvas, Abril de 1999.
1
ABSTRACT
The unequivocal lack of agricultural capacity of the main part of our territory confers
an enormous importance to the production of pastures in Portugal. The edaphic, climatic
and orographic features of great part of these regions indicate that the small ruminants are
the species more skilful to graze them. The increasing exigencies of the consumers in what
concerns the nutritional and gastronomic quality of the products and to its unquestionably
alimentary safety have lead to a very significant increase in the demand of products from
the local breeds, exploited in natural conditions. Pasture is a very important component in
the natural, ecological picture of the production system. Its use as exclusive or main feed of
the animals is thus an essential element in the promotion of these products, not forgetting
obviously its low cost and excellent utilization by the ruminants. In what respects the
animals, the fear of transmissible diseases to Man, the use in its diets of potentially harmful
substances for the consumer and the employment of genetic engineering with not totally
known effects, came to strengthen the opinions that local breeds are safer. The viability of
these systems of production passes however for the improvement of several components,
from the productivity of the animals to the selection, production and maintenance of the
pastures and fodder plants. The use of lupin as supplement of pasture, practice so spread out
in Australia, deserves for example a particular attention.
KEY WORDS: Pastures; Small ruminants; Natural products; Systems of production.
1 – CARACTERÍSTICAS EDAFOCLIMÁTICAS E OROGRÁFICAS QUE
FAVORECEM A PRODUÇÃO DE PEQUENOS RUMINANTES
Os sistemas de produção baseados na pastagem como alimento principal, e utilizando pequenos ruminantes das raças autóctones, oferecem actualmente vantagens relativas significativas.
Diversos factores predisponentes justificam tais vantagens, no que se
refere às pastagens e a estas espécies animais:
1 – as características edafoclimáticas do território nacional apontam para a
produção de pastagens como um dos principais aproveitamentos dos solos,
de referir:
a) A ausência de aptidão agrícola da maior parte do território nacional
confere enorme importância à produção de floresta e das pastagens e
forragens no panorama agrário nacional;
b) é de considerar a existência de áreas significativas de pastagens em
baldios, pousios e incultos, para além das incluídas com vantagens
bem conhecidas nas rotações agrícolas.
2 – As características edafoclimáticas e orográficas de grande parte daquelas
regiões indicam que os pequenos ruminantes são, sem dúvida, os mais
vocacionados para a optimização destes recursos naturais.
2
PASTAGENS E FORRAGENS 20
a) Deste modo há melhor aproveitamento pelos pequenos ruminantes de:
– pastagens de montanha em locais de difícil acesso (nomeadamente
pelos caprinos),
– plantas de altura reduzida (pelas suas características de preensão
dos alimentos),
– regiões de escassa produção forrageira, cuja baixa densidade de
energia disponível por hectare conduz a uma impossibilidade de
sobrevivência de animais maiores – a conjugação de factores como
as maiores distâncias a percorrer (com os respectivos acréscimos
de gastos energéticos) e uma limitada capacidade de preensão e
mastigação da erva (nº de dentadas, cansaço dos músculos da
mastigação e da ruminação) levam a que os bovinos nestas situações não atinjam níveis suficientes de ingestão de nutrientes para
garantir a sua manutenção;
b) as características fisiológicas e comportamentais dos caprinos permitem-lhes retirar os melhores proveitos do tipo de pastoreio de percurso, nomeadamente do estrato arbustivo pelo qual possuem uma
conhecida apetência.
2 – IMPORTÂNCIA CRESCENTE DA QUALIDADE E SEGURANÇA
ALIMENTAR DOS PRODUTOS PARA OS CONSUMIDORES
Outro aspecto extremamente importante a considerar são sem dúvida as
crescentes exigências manifestadas pelos consumidores no que concerne à
qualidade nutricional e gastronómica dos produtos e à sua indubitável segurança alimentar.
O requisito da qualidade do produto provém declaradamente de um
nítido aumento da cultura dietética dos consumidores em Portugal e de um
maior poder de compra, os quais lhes permitem fazer estas opções. Algumas
campanhas promocionais têm também contribuído inegavelmente para esta
maior capacidade de escolha do consumidor.
Quanto à segurança destes alimentos para a saúde de quem os ingere,
diversos factores têm concorrido de uma forma surpreendentemente rápida para
a degradação da imagem de alguns dos alimentos de origem animal, a saber;
1 – a utilização por alguns criadores de substâncias, algumas proibidas por
lei, que aumentam pressupostamente a eficiência do fenómeno produtivo
animal mas que são prejudiciais para o consumidor;
PASTAGENS E FORRAGENS 20
3
2 – a persistência de afecções nos animais, transmissíveis ao homem, e o
advento de outras cujas vias de contágio ao consumidor não estão ainda
completamente esclarecidas;
3 – a manipulação genética dos animais e dos alimentos com consequências
não totalmente conhecidas no homem;
4 – alguma carência de meios técnicos e humanos dos mecanismos oficiais
de fiscalização da fileira produtiva, desde os animais nas explorações,
aos matadouros, aos armazenistas e aos postos de venda ao público,
reflectindo-se numa imagem de pouca eficiência destes controlos;
5 – tratamento muito empolado destes assuntos pelos "media", passando uma
imagem frequentemente incorrecta do ponto de vista técnico e científico,
contribuindo decisivamente para denegrir os produtos aos olhos dos consumidores.
Assim, embora se possa afirmar que não há motivos imediatos para
alarme, o consumidor passou a adoptar uma atitude mais prudente, preferindo
produtos cujo percurso seja transparente e lhe inspire confiança. Naturalmente que esta informação não é fácil de obter, a não ser quando se estabelecem
contactos directos com produtores conhecidos. Por outro lado, algumas organizações de criadores ou produtores começaram a promover campanhas de
"marketing", enaltecendo as características naturais dos seus produtos, levando os consumidores a preferi-los.
Deste modo, foi criada uma imagem de "produto seguro e de qualidade"
que o consumidor procura, por vezes exclusivamente, e consequentemente
valoriza. Este produto poderia ser definido como o produzido nas condições
enunciadas no quadro 1, referindo-se paralelamente que, curiosamente, todas
elas são aplicáveis à maior parte dos produtos originários das raças autóctones de pequenos ruminantes.
A pastagem é um componente decisivo na imagem natural, ecológica,
do sistema de produção, desde o bem-estar dos animais à qualidade do produto confeccionado a partir dela. A sua utilização como alimento exclusivo
ou maioritário dos animais é assim um elemento essencial na promoção destes produtos.
No que respeita aos animais, os receios de afecções transmissíveis ao
homem, da utilização na sua alimentação de substâncias potencialmente nocivas para o consumidor e do recurso à engenharia genética de uma forma não
totalmente controlada e, logo, com eventuais riscos para a saúde do consumidor, vieram reforçar as opiniões conservacionistas de que as raças locais são
4
PASTAGENS E FORRAGENS 20
mais seguras. Por outro lado, a percepção generalizada, de que, por exemplo,
sistemas mais intensivos de produção de carne originam um produto mais
tenro mas com menores qualidades organolépticas, veio de novo focar as
atenções nas raças autóctones e nos sistemas de produção tradicionais. O
crescimento mais lento destes animais, sustentado por alimentos naturais e
diversificados, concorre claramente para estes fenómenos.
QUADRO 1 – Condições necessárias para a produção de produtos seguros e de qualidade, na
visão do consumidor, sendo assinaladas as que são aplicáveis aos produtos
originários das raças autóctones.
Raças autóctones
Com animais
saudáveis
não "manipulados geneticamente"
em bem-estar
3
3
3
Em sistemas de
produção
em condições "naturais"
menos intensivos
com mais tempo para um desenvolvimento e produção
harmoniosos (não forçado)
3
3
"naturais": pastagens, forragens
com eventuais suplementos constituídos por matérias-primas
também produzidos de uma forma natural
sem estimuladores da produção
não "manipulados geneticamente"
3
Com alimentos
Com controlos
rigorosos
nomeadamente, com certificação
(denominação de origem protegida – DOP
indicação geográfica protegida – IGP
produto específico – ETG)
3
3
3
3
(3)
3 – OUTROS FACTORES QUE FAVORECEM A PRODUÇÃO DE
PEQUENOS RUMINANTES DAS RAÇAS AUTÓCTONES EM
SISTEMAS BASEADOS NO PASTOREIO
Para além dos aspectos já referidos, outros existem que, especialmente
nas regiões do interior do País, onde a produção ovina e caprina tem o seu
maior peso, assumem evidentemente uma importância muito relevante:
1 – manutenção ou recuperação da fertilidade dos solos pela utilização das
pastagens;
2 – conservação do património genético animal (biodiversidade) pela sua
importância na cultura local e como reserva genética para o futuro, em
especial no que concerne aos genes de adaptação a condições difíceis de
exploração e de resistência a afecções e parasitoses;
PASTAGENS E FORRAGENS 20
5
3 – actividade fixadora de população, combatendo de uma forma activa a
desertificação humana das regiões do interior (ao contrário de outros, este
tipo de exploração requer inequivocamente uma presença permanente do
homem, levando-o a manter ou estabelecer a sua vida nestes locais);
4 – preservação da diversidade das actividades integrantes do património
cultural agrário e manutenção da paisagem rural (estes aspectos são
essenciais para a qualidade de vida das populações locais, não esquecendo também as citadinas que procuram estas regiões em períodos de lazer
para se libertarem do "stress" urbano e recordar ou mesmo participar em
formas de vida mais naturais).
Convirá ainda recordar que o efectivo de raças autóctones poderá, com
algum desenvolvimento, assegurar o abastecimento do mercado nacional de
carne destas espécies animais.
Estes aspectos da preservação ambiental e cultural das regiões marginais
e do seu desenvolvimento económico são considerados prioritários nos sistemas de apoio financeiro da União Europeia e constam das políticas de desenvolvimento das regiões do interior do País. Já o aumento da produção não é
tão fácil dadas as políticas de limitação da Política Agrícola Comum (PAC).
Contudo, mesmo mantendo o efectivo animal actual, ele poderá ser mais
produtivo ao serem implementadas técnicas modernas. Nestas é de salientar o
melhoramento da produção e da qualidade das pastagens como um dos factores sem dúvida mais importantes.
No que respeita aos efeitos da utilização exclusiva ou maioritária da
pastagem como alimento dos animais é ainda de salientar as suas consequências nas características dos produtos, nomeadamente o aumento da proporção
de ácidos gordos poli-insaturados na gordura destes animais, o que traz conhecidas vantagens dietéticas para o homem.
As características organolépticas do leite, queijo e mesmo da carne são
influenciadas em parte pelos alimentos consumidos pelo ruminante. Contudo,
esta relação é complexa e não é ainda totalmente conhecida. Certo é que
quanto maior a diversidade da dieta destes animais maior será a possibilidade
de obter produtos diferenciados nas suas características gastronómicas. Esta
diversidade da dieta será o resultado do pastoreio de diferentes espécies
forrageiras e/ou da utilização do pastoreio de percurso, aliados a alguma
selectividade dos animais na ingestão, em especial dos caprinos.
Esta variabilidade proveniente do factor alimentação poderá assim distinguir os queijos e permitir uma sua melhor definição e valorização. À
6
PASTAGENS E FORRAGENS 20
imagem de outros produtos, poder-se-á talvez, no futuro, ao provar um queijo
identificar as características dos alimentos que lhe deram origem e reconhecer a sua zona de origem dentro de uma região demarcada.
4 – BASTARÁ ENTÃO PRODUZIR QUALQUER RAÇA AUTÓCTONE
EM QUALQUER PASTAGEM PARA O SUCESSO PRODUTIVO
ESTAR ASSEGURADO?
Naturalmente que, embora estas raças e os sistemas em que são exploradas apresentem vantagens, eles possuem ainda limitações e deficiências, necessitando de algum desenvolvimento, em alguns casos urgente. Veja-se alguns problemas que importa equacionar e ultrapassar na produção de pequenos
ruminantes das raças autóctones em sistemas baseados no pastoreio:
1 – Baixa produtividade dos animais de grande parte destas raças, dados os
escassos recursos forrageiros das regiões, as técnicas tradicionais ainda
aplicadas na sua exploração e a ausência de um melhoramento genético
efectivo na maior parte dos rebanhos.
2 – Desenvolvimento de sistemas de produção diferenciados e adequados
consoante as aptidões produtivas de cada uma das raças autóctones, as
suas necessidades nutricionais quantitativas e qualitativas e as características das regiões onde são exploradas. Como exemplo pode-se apontar
três sistemas de produção bem diferentes e algumas das raças que são
neles exploradas (quadro 2).
QUADRO 2 – Exemplos de sistemas de produção e de algumas raças ovinas autóctones
neles exploradas.
Sistemas de produção
Raças ovinas exploradas
Extensivo – produção de carne
Churras (excepto mondegueira), Bordaleira de Entre
Douro e Minho, Campaniça
Semi-intensivo – produção de carne
Merinos
Semi-intensivo – produção de leite
Serra da Estrela, Saloia
Os sistemas de produção deverão ser sempre sustentáveis relativamente
às disponibilidades alimentares das diferentes regiões, o potencial produtivo
dos animais e a formação técnica dos produtores. Se estes 3 factores apresentarem um nível razoável a bom, então poderão admitir-se sistemas mais
sofisticados, de que é exemplo o de 3 partos em 2 anos na produção de
carne. Um dos aspectos a considerar poderá ser a transferência de parte da
PASTAGENS E FORRAGENS 20
7
produção de carne do Outono/Inverno para a Primavera/Verão, ou seja, fazer
coincidir as maiores necessidades dos animais com as maiores disponibilidades de pastagem (menores custos de produção) e apostar mais no mercado
do Verão (emigrantes e turistas), época em que o preço é já bastante razoável, podendo assim a margem de lucro ser muito interessante. A aposta na
produção ecológica para mercados específicos (turistas, exportação, nichos
de mercado) deverá ser pontualmente considerada.
3 – Preço elevado dos produtos, em consequência directa da fraca produtividade e do custo dos factores de produção nessas regiões. O queijo de ovelha
é sem dúvida um exemplo paradigmático: tendo atingindo há já alguns
anos um preço muito elevado, não tem existido possibilidade real de o
aumentar face às condições de mercado, sofrendo desde então a inevitável
redução da margem de lucro pelo acréscimo dos custos de produção. Os
produtores confrontam-se agora com a necessidade premente de diminuir
aqueles custos, através, nomeadamente, do aumento da dimensão dos efectivos e das explorações, ou seja, da optimização dos recursos. No caso da
carne, a concorrência de outros países da UE (especialmente a Irlanda) e
da Nova Zelândia é bastante feroz, com preços, em alguns períodos do
ano, que dificultam muito o escoamento das nossas carcaças. Apenas os
borregos mais pequenos, por tradição e mercado específico, conseguem
normalmente escoar-se com facilidade e a bom preço.
4 – Escassa diversificação da apresentação do produto, principalmente na
carne, dificultando o aumento do consumo. Novos cortes das carcaças,
apresentações no talho e formas de confecção são evidentemente necessárias para estimular o consumo. No que respeita ao queijo, o problema
não é tão grande, dado o seu escoamento relativamente fácil e a sua já
razoável diversidade, interessando contudo começar desde já a preparar
novas formas de apresentação.
5 – Melhores pastagens e forragens. Que pastagens e forragens em cada
região, em cada exploração? Que acções tomar em cada caso: apenas a
correcção de solos, também a fertilização, semear novas espécies? Quais
as espécies e cultivares mais bem adaptadas às condições edafoclimáticas
locais e nutricionalmente adequadas para satisfazer equilibradamente as
necessidades específicas dos animais nos sistemas de produção utilizados, diferenciando a fase mãe da fase filho?
6 – Aplicação de técnicas correctas de manutenção das pastagens, indispensáveis para a longevidade da pastagem e, logo, para a diminuição dos
seus custos de produção.
8
PASTAGENS E FORRAGENS 20
7 – Definição correcta das áreas destinadas ao pastoreio e ao corte para conservação. Depende também do sistema de produção instalado: se a época
de parição principal for no Outono, a fase de maiores necessidades dos
animais não coincidirá com a fase de maior disponibilidade de pastagem
(Primavera) e, logo, haverá maiores necessidades de alimentos conservados; pelo contrário, se a época principal de parição for na Primavera, a
quantidade necessária de alimento conservado será muito menor.
8 – Implementação de pequenas áreas de regadio. Serão um trunfo estrategicamente muito importante e muitas vezes decisivo, em especial nos sistemas mais sofisticados.
9 – Suplementações (complementações) correctas da pastagem, para melhor
aproveitamento da própria pastagem e aumento dos seus resultados produtivos. A evolução da suplementação ou complementação da pastagem
à medida que a sua composição se vai alterando e consoante a fase e o
potencial produtivos dos animais é um bom exemplo (quadro 3).
QUADRO 3 – Evolução da suplementação ou complementação da pastagem à medida
que a sua composição se altera e consoante a fase e potencial produtivos
dos animais.
Fase
Evolução da composição da pastagem
1
2
3
4
água + proteína
água + proteína + energia digestível
proteína + energia digestível + energia menos digestível
energia menos digestível
Suplemento
energia
variável*
variável*
proteína, azoto não
proteico, energia
* com fase e potencial produtico dos animais.
De salientar a importância de uma boa suplementação da pastagem
seca para tirar partido das enormes quantidades de matéria seca disponível de baixa qualidade, cuja utilização melhora consideravelmente com
um suplemento ou complemento adequado.
10 – Estudo da utilização de novos suplementos. Por exemplo, a utilização do
tremoço, prática tão difundida na Austrália, merece certamente ser estudada em Portugal. Na Austrália produzem-se principalmente as variedades para grão: tremoceiro de folhas estreitas (L. angustifolius), tremoceiro
branco (L. albus) e tremoceiro das areias (L. consentinii Guss). Portugal
é curiosamente o país que maior área destina ao cultivo de cultivares
amargas não melhoradas: a tremoçilha (L. luteus). Veja-se a seguir alguns aspectos interessantes desta matéria-prima:
PASTAGENS E FORRAGENS 20
9
Composição e valor nutritivo médios do tremoço:
• elevados conteúdos em energia (12-13 MJ energia metabolizável) e
proteína (30-35% PB),
• digestibilidade semelhante à dos grãos de cereais,
• teor em fibra elevado mas com alta digestibilidade,
• teor baixo em amido; maior parte da energia sob a forma de proteína e
óleo.
Particularidades do tremoço:
• variedades actuais com baixos teores de alcalóides,
• composição equilibrada em proteína, energia e fibra digestível,
• palatabilidade elevada,
• distribuição fácil.
Formas de administração do tremoço:
• principalmente em grão,
• mas também em planta inteira seca (agostadouros de tremoçilha em
Portugal).
Aplicações mais interessantes:
• no "flushing" – aumento da taxa de ovulação (20 a 66%), da
prolificidade das ovelhas e da qualidade do sémen dos carneiros,
• na suplementação de pastagem seca – melhor aproveitamento da pastagem e melhores resultados produtivos dos animais,
• como suplemento único ou em conjunto com um grão de cereal.
Restrições de utilização:
• vigiar teor em alcalóides e manganês,
• lupinose (Phomopsis leptostromiformis) – intoxicação pelas toxinas,
diminuição da fertilidade e da prolificidade,
• proteína deficiente em ácidos aminados sulfurados (já existem variedades melhoradas com genes do girassol).
5 – CONCLUSÕES
Pelas suas características e por uma feliz conjugação de situações,
estes sistemas de produção parecem ter boas perspectivas de futuro. Há que
aproveitá-las para os desenvolver de uma forma racional e sustentada,
redimensionando as explorações, optimizando recursos e diminuindo os seus
custos de produção
10
PASTAGENS E FORRAGENS 20
As pastagens têm neles um papel insubstituível, pois são o garante, aos
olhos do consumidor, da qualidade e segurança dos produtos e permitem, se
bem utilizadas, um baixo custo de produção e, logo, uma maior rendibilidade.
Esta imagem de produtos naturais, seguros e saudáveis será cada vez
mais valorizada neste mundo que o homem tarda em parar de intoxicar,
mal-grado os alarmantes aumentos dos níveis de poluição do ar, de contaminação dos solos e das águas e da consequente incidência de afecções
provocadas por essas substâncias.
Esta opinião é partilhada por muitos países da Europa. Em 1998, por
exemplo, o grupo FAO-CIEHAM sobre a nutrição de ovelhas e cabras,
referia nas conclusões de um encontro de técnicos do sector que "maximizar
a utilização das forragens e, em particular, da pastagem na exploração dos
pequenos ruminantes é cada vez mais uma prioridade pela redução dos custos
de produção e pela valorização da imagem dos produtos – qualidade ligada
ao carácter natural do produto".
De salientar, finalmente, o papel decisivo das Associações de Criadores
nestas acções, como elementos aglutinadores e orientadores de esforços e
veículos de modernização. Às estruturas oficiais cabe igualmente uma missão
fundamental no apoio de todos estes esforços, na experimentação e investigação de novas técnicas, na defesa e promoção dos produtos nacionais e num
rigoroso controlo sanitário dos efectivos.
AGRADECIMENTOS
À Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens pelo convite endereçado à Sociedade
Portuguesa de Ovinotecnia e Caprinotecnia (SPOC) para nomear um seu representante para
proferir esta palestra por ocasião da XX Reunião de Primavera da SPPF.
À SPOC, por me ter indicado como seu representante para proferir esta comunicação.
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"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 13–20.
CARACTERIZAÇÃO QUANTITATIVA DA DIETA DE CABRAS
MANTIDAS SOB COBERTO DE PINHAL*
Joaquim F. S. Coelho, Virgílio B. I. Bastos, Sofia van Harten
Laboratório de Nutrição. Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar –
– Universidade do Porto – Largo de Abel Salazar, 2 – 4099-003 PORTO
RESUMO
No estudo presente procedeu-se ao levantamento e identificação da vegetação e
sua quantificação (método da linha de intersecção) na área de pastagem: perímetro
florestal do Estado, no concelho de Viseu. Acompanhou-se um armentio de cabras
serranas, mantidas em pastoreio, sob coberto de pinhal. Durante um ano fez-se um
estudo quantitativo, mensalmente, do consumo alimentar dos diversos grupos vegetais
que as cabras comem, através da contagem do número de bocados ingeridos num lapso
de tempo determinado, e do peso médio estimado destes bocados, para cada espécie de
planta, obtido por meio de grande número de colheitas, em que o operador, munido de
uma tesoura, procurou imitar o comportamento alimentar das cabras.
No ecossistema em estudo, as cabras comem de quase todas as espécies de
plantas ali existentes. Elas preferem carqueja (Chamaespartium tridentatum) (de 18 a
47%), a espécie mais abundante ao longo do ano. As cabras gostam mais de flores,
frutos e folhas novas, pelo que têm uma sucessão de preferências por plantas diversas,
ao longo do ano.
PALAVRAS-CHAVES: Cabras; Pastoreio; Mato; Dieta.
ABSTRACT
In the present study one has performed surveying and identification of vegetation
and its quantification (by means of an intersection line) in the study area: a State
forestry station in the Viseu county, North Midland Portugal. A herd of goats of the
Serrana breed was followed, which was kept at pasture, on pinewood undergrowth.
During one year a quantitative study of feed consumption of the various plants goats
eat, has been done monthly, through counting the number of bites taken during a
certain period, and estimating mean weight of those bites for each plant species, by
means of weighing a large number of small portions of plants collected by the operator,
with an approximate size as the bites he had watched the goats take for a countless
number of times.
* Comunicação apresentada na XX Reunião de Primavera da SPPF. Elvas, Abril de 1999.
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In the ecosystem under study, goats eat from almost all the plant species
available. They prefer Chamaespartium tridentatum (18 to 47%), the most abundant
plant along the year. Goats prefer flowers, fruits and new leaves; therefore, they have a
succession of preferences for various plant species, along the year.
KEY WORDS: Goats; Browsing; Diet.
1 – INTRODUÇÃO
Dada a importância actual da criação de cabras, mantidas em pastoreio
em áreas de mato, considera-se necessária a investigação com o objectivo de
analisar os níveis nutricionais (consumo e qualidade) das misturas alimentares
escolhidas por elas naquelas condições alimentares. Com essa finalidade, para
o presente trabalho realizaram-se estimativas mensais quantitativas do consumo alimentar das várias espécies de plantas.
2 – MATERIAL E MÉTODOS
2.1 – Animais
Tem-se observado um rebanho de cabras da raça Serrana, presentemente
em número de 50, com idade entre os 2 e os 7 anos. As cabras são levadas
a pastar, diariamente, pelo mato, de manhã durante 4 horas, e de tarde
passam outro tanto tempo no prado, tanto espontâneo, como semeado, composto predominantemente por gramíneas e, aqui e ali, um pouco de trevo.
Como suplemento, é-lhes oferecido feno, durante o Inverno.
2.2 – Levantamento e caracterização da vegetação
Procedeu-se à identificação da maior parte das espécies de plantas
existentes na área do estudo (152 plantas diferentes entre si, agrupadas
em 42 famílias) (quadro 1). Com vista a determinar a estrutura da
vegetação, no subcoberto de pinhal, usou-se o método da linha de intersecção, que consiste na utilização de uma fita métrica de 25 metros,
para a medição linear da vegetação intersectada, em linha recta. Não se
considerou a copa das árvores. O levantamento teve lugar em vários
pontos, por toda a área onde as cabras se apascentam, em que o mato
foi roçado há poucos anos, e tinha altura média decerca de ½ metro.
Efectuaram-se 16 transeptos.
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QUADRO 1 – Algumas das espécies de plantas identificadas na área do estudo, no concelho
de Viseu (mês de Maio).
CISTACEAE
Cistus monspeliensis, L.
Halimium halimifolium, L.
Halimium alyssoides
Tuberaria guttata, Fourr
ERICACEA
Calluna vulgaris, L.
Erica arborea, L.
Erica australis, L.
Erica cinerea, L.
Erica umbellata, L.
FAGACEAE
Castanea sativa, Miller
Quercus faginea, Lam
Quercus robur, L.
Quercus suber, L.
GRAMINEAE
Agrostis curtisii, Kerguélen
Agrostis stolonifera, L.
Anthoxantum odoratum, L.
Avena barbata, Pott
Brachypodium distachyon, R & S
Bromus hordeaceus
Dactylis glomerata, L.
Hordeum murinum
Poa annua, L.
LEGUMINOSEAE
Acacia sp.
Chamaespartium tridentatum, L.
Cytisus multiflorus
Cytisus striatus, Hill
Genista triancanthos, Brot.
Lotus parviflorus, Desf
Ornithopus sativus, Brot.
Trifolium repens, L.
Ulex minor, Roth
Vicia nigra, Reich
LILIACEAE
Hyacinthoides hispanica, Miller
Hyacinthoides italica, L.
Ornithogalum concinnum, Sal.
PINACEAE
Larix decidua, Miller
Pinus pinaster, Aiton
Pinus sylvestris, L.
ROSACEAE
Rubus sp.
Sorbus aucuparia, L.
Sorbus latifolia, (Lam) Pers.
2.3 – Observação directa do consumo alimentar
Com a finalidade de quantificar a proporção das diversas espécies de
plantas escolhidas pelas cabras, a pastar no mato, registou-se o número de
bocados tomados de cada espécie de planta e seus órgãos escolhidos. Esta
observação foi feita ao longo de um ano, todos os meses, em cinco dias
consecutivos, durante 3 horas, 10 minutos em cada hora. Em cada lapso de
tempo de 10 minutos observou-se o consumo alimentar de várias cabras
adultas. Com vista a tentar quantificar o peso ingerido de cada espécie de
planta, o operador colheu, com uma tesoura, em cada mês, 10 amostras de
cada planta, do tamanho aproximado dos bocados ingeridos pelas cabras que
ele observara a pastar durante vários dias seguidos.
3 – RESULTADOS
3.1 – Levantamento e caracterização da vegetação
Conforme se vê na figura 1, a carqueja é a espécie dominante, sendo
acompanhada pelas urzes, o sargaço (Halimium), os tojos (Ulex e Genista) e
as gramíneas vivazes. Assiste-se a uma certa regeneração do carvalho alvarinho
(Quercus robur) e do pinheiro bravo.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
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FIGURA 1 – Quantificação das espécies do coberto vegetal (16 transeptos).
3.2 – Estimativa do tamanho dos bocados tomados pelas cabras
No quadro 2 mostra-se o cálculo do peso médio estimado dos bocados,
tomados pelas cabras, em relação ao sargaço (0,75 g), a título de exemplo, durante
o mês de Junho, enquanto que na figura 2 se apresentam os valores correspondentes para as várias espécies de plantas, referentes ao mesmo mês. Observa-se que o
tamanho do bocado (em termos de peso) varia consideravelmente entre as várias
espécies do mato, em particular os arbustos; diferentemente do que outros autores
têm afirmado. Assiste-se, ainda, a uma variação do tamanho do bocado (quando
expresso em peso de matéria verde) ao longo do ano (quadro 3 e figura 3), com
tendência para a redução à medida que o Verão avança e dá lugar ao Outono, a
qual poderia estar relacionada com o endurecimento de folhas e raminhos.
QUADRO 2 – Exemplo da determinação mensal do peso
médio (g) dos bocados (peso fresco) tomados
pelas cabras, por simulação, com tesoura, por
parte do operador, de sargaço (Halimium
alyssoides) – mês de Junho.
Peso dos bocados reproduzidos (g)
16
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,31
0,63
1,02
0,37
0,49
1,05
0,68
0,93
0,86
1,20
Média
0,75
Erro-padrão
0,10
PASTAGENS E FORRAGENS 20
FIGURA 2 – Peso médio do bocado (g) – mês de Junho.
QUADRO 3 – Variação mensal do bocado médio (g) reproduzido pelo operador.
Espécie
Carqueja
Folhas de carvalho
Tojo
Urze
Liliáceas
Gramíneas plurianuais
Sargaço
Silvas
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
2,13
2,59
2,07
2,17
1,33
0,89
0,75
0,43
1,68
2,61
2,15
2,33
0,51
0,23
1,27
0,73
2,05
2,02
1,79
2,25
1,77
1,37
0,54
1,38
1,41
0,81
0,52
0,88
0,81
0,81
0,31
FIGURA 3 – Evolução mensal do peso médio (g) do bocado colhido pelo operador.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
17
3.3 – Comportamento alimentar das cabras
No quadro 4, mostra-se, como exemplo, e em relação ao mês de Junho, o
procedimento usado para a determinação do consumo de cada uma das espécies
de plantas do mato, durante o tempo total de contagem dos bocados ingeridos
(duas horas e meia). O número de bocados foi de para cima de 2000, e o peso
estimado de matéria verde ingerida correspondente rondou os 3900 g.
Considerando a variação mensal do consumo de mato em matéria verde no
período em apreço (de Maio a Dezembro), durante duas horas e meia em cada mês
(quadro 5 e figura 4), observa-se que o nível de consumo mensal, vizinho de 4000
g, referido para Junho, se mantém até Agosto, assistindo-se então a uma quebra
para metade, na transição para o Outono, que se mantém durante o Inverno.
Observa-se que as cabras comem de todas as plantas mais frequentes entre as ali
existentes: elas pastam mormente carqueja, a espécie mais abundante (figura 1).
QUADRO 4 – Exemplo da determinação mensal do consumo de cada uma das plantas do
mato, durante duas horas e meia* de pastoreiro (mês de Junho).
Bocados contados *
Peso do bocado (g)
(média** de 10
bocados reproduzidos
Espécie
Número
Tojo
Carqueja
Urze
Liliáceas
Folhas de carvalho
Bétula
Silvas
Gramíneas plurianuais
Sargaço
Líquenes na casca de pinheiro
Bétula (folhas caídas)
Total
%
543
510
346
298
116
82
80
63
60
13
5
25,6
24,1
16,3
14,1
5,5
3,9
3,8
3,0
2,8
0,6
0,2
2,1
2,2
2,2
1,3
2,6
0,8
0,4
0,9
0,8
0,1
0,8
Mat. verde ingerida
(g)
1 124,8
1 084,1
749,3
396,3
300,2
63,9
34,6
55,8
45,2
1,2
3,9
2 116
%
29,1
28,1
19,4
10,3
7,8
1,7
0,9
1,4
1,2
0,03
0,1
3 859,3
* 5 dias de observações, 3 observações/dia, de 10 minutos cada uma.
** Veja-se o quadro 2.
QUADRO 5 – Variação mensal da preferência alimentar quantitativa de cabras em pastoreio
no sob coberto de pinhal (matéria verde, g).
Espécie
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro Outubro
Carqueja
Carvalho
Tojo
Urze
Liliáceas
Gramíneas
Sargaço
Silva
Outras pantas
894,9
1 006,5
729,1
684,4
256,7
113,3
95,0
47,5
102,0
1 084,1
300,2
1 124,8
749,3
396,3
55,8
45,2
34,6
69,0
1 876,5
329,4
789,9
744,3
22,3
9,9
172,4
95,8
43,3
1 336,0
345,2
259,3
1 832,7
1 868,8
358,4
70,1
1 169,9
1 591,5
86,9
37,8
338,6
720,2
3,3
8,8
697,5
59,5
1 186,3
29,9
72,9
270,1
20,7
72,6
104,0
230,7
61,4
45,1
Total
3 929,5
3859,3
4 083,8
3 803,1
2 418,2
1 595,1
2 124,5
18
3 540,1
Novembro Dezembro
602,9
PASTAGENS E FORRAGENS 20
FIGURA 4 – Variação mensal da preferência alimentar quantitativa de cabras em pastoreio
no sob coberto de pinhal (de Maio a Dezembro) (em percentagem).
As cabras gostam mais de comer flores e frutos, e folhas novas. Ora, uma
vez que as espécies de plantas do mato florescem e frutificam umas a seguir às
outras, estes animais têm uma sucessão de preferências ao longo da estação
quente. Assim, no princípio da Primavera, elas apreciam as flores da giesta;
depois vêm as flores da urze roxa (a matougueira), que ganham a preferência
caprina. A flor da carqueja, a do tojo, a das liliáceas e a do sargaço vão
merecendo, sucessivamente, os favores das cabras, à medida que a Primavera
avança e o Verão se instala. Entretanto, primeiro as compostas em flor, e
depois as espiguetas das gramíneas bravas, vão sendo as eleitas. É preferida, o
ano todo, a rama do pinheiro e a sua casca, enquanto que a rama e as bolotas
do carvalho, e as folhas de silva têm a preferência das cabras sempre que as
há. O consumo de carqueja e de urze mantém-se elevado todo o ano.
Dada esta tendência para a rotação das suas preferências alimentares, ao
longo do ano, é de prever que as cabras não constituam ameaça ao equilíbrio
ecológico da mata, desde que esta esteja estabelecida e que o encabeçamento
não seja excessivo.
BIBLIOGRAFIA
1 – COELHO, J. F. S.; BASTOS, V. B. I.; CARVALHO, A. Q. – Diet composition of goats
browsing on forest undergrowth. 7th International Conference on Goats, Tours, França,
Maio 2000.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
19
2 – COELHO, J. F. S.; HARTEN, Sofia Van; BASTOS, Virgílio B. I. – Studies of diet of
goats, browsing under Pinus pinaster ecosystem: Botanical and nutritional
characterisation. Proceedings of the International Preliminary Results, Seminar on Land
Degradation and Desertification, I. G. U. Regional Conference, 1998. Évora, C. O. A.
Coelho, 1999.
3 – GORDON, I. J. – Animal-based techniques for grazing ecology research. "Small
Ruminant Research", vol. 16, 1995, p. 203-214.
4 – TUTIN, T. G. et al. – Flora Europea. Vol. 1-5. Cambridge, University Press, 1964.
20
PASTAGENS E FORRAGENS 20
"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 21–32.
AS CISTÁCEAS NAS PASTAGENS NATURAIS DO ALENTEJO.
1 – EFEITOS DA INGESTÃO DE CISTUS SALVIFOLIUS
POR OVINOS*
Arminda M. Bruno-Soares, J. P. Ferreira, Edite Sousa, J. M. Abreu
Instituto Superior de Agronomia – Tapada da Ajuda – 1399 LISBOA CODEX
RESUMO
No Alentejo, nos últimos anos e em particular em 1996, ovinos de vários
rebanhos manifestaram sintomas de intoxicação e de fotossensibilização. A
pesquisa de causas alimentares, eventualmente responsáveis por estas manifestações, conduziu ao estudo do arbusto Cistus salvifolius, por as suas folhas serem
consumidas pelos ovinos em períodos de carência alimentar.
Utilizaram-se oito pastagens para identificação das espécies presentes e
atribuição dos seus índices de cobertura. A maior ocorrência de Compostas
(21,5%) relativamente a Gramíneas (19,3%), associada à percentagem de Cistáceas
(5%) evidenciam o estado de degradação das pastagens estudadas.
Utilizaram-se seis ovinos adultos em gaiolas de metabolismo. Os animais
foram agrupados em lotes (A e B) e a dieta do lote A consistiu numa mistura de
palha de trigo e alimento concentrado. Os animais do lote B ingeriram uma dieta
idêntica à do lote A, à qual foram adicionadas folhas de C. salvifolius em
quantidades crescentes até cerca de 30% da matéria seca total da dieta. A matéria
seca (MS) e os teores em proteina bruta (PB), fibra neutro-detergente (NDF),
fibra ácido-detergente (ADF), lenhina ácido-detergente (ADL) e o teor em
saponina bruta das folhas de C. salvifolius apresentaram valores médios da
ordem dos 27,7, 14,0, 32,8, 24,0, 12,0 e 8,1%, respectivamente. Não foi detectada
presença de alcalóides nem de saponinas esteróides. Os parâmetros sanguíneos
dos animais em teste apresentaram valores médios que variaram entre 0,5 e 1,9
mg/dl para a bilirrubina total (BT), 20 e 22,5 UI/l (unidades internacionais
enzimáticas por litro) para a alanina aminotransferase (ALT) e 80 e 38 UI/l para a
aspartato aminotransferase (AST).
PALAVRAS-CHAVES: Pastagens naturais; Cistus salvifolius; Composição química; Ovinos; Fotossensibilização; Toxicidade.
* Comunicação apresentada na XX Reunião de Primavera da SPPF. Elvas, Abril de 1999.
Este trabalho foi elaborado no âmbito do projecto PAMAF 3021 – “Estado da
Patologia do Sistema Nervoso Central dos Pequenos Ruminantes” e incidiu nas zonas de
influência da Direcção Regional de Agricultura do Algarve (DRAAL).
21
ABSTRACT
On the last years, particularly in 1996, symptoms of intoxication and
photosensitivity have been detected on sheep from different flocks, at Alentejo (South
of Portugal).
The research for feeding causes eventually responsible for those facts led to the
study of natural pastures, including the shrub Cistus spp., as its leaves are ingested by
the sheep during periods of feeding shortage.
Eight natural pastures were investigated for identification of the species present
in those areas, as well as the determination of the correspondent coverage indexes.The
higher percentage of Compositeae (21.5%), as compared with the Gramineae (19.3%),
associated with the occurrence of Cistaceae (5%) make clear evidence of the natural
pastures degradation of this region. Six adult rams were used in metabolic cages and
the animals were grouped in two lots . For lot A, the diet included 700 g of the chopped
wheat straw and 300 g of concentrate meal. The diet ingested by lot B was identical to
the diet of lot A, to which leaves of C. salvifolius were added in increasing quantities at
about 30% of the total dry matter of the diet. The dry matter (DM), crude protein (CP),
fibre fraction (NDF, ADF, ADL) and crude saponin contents of the C. salvifolius
leaves, showed average values of the order of 27.7, 14.0, 32.8, 24.0, 12.0 and 8.1%,
respectively. The Cistus leaves did not show steroidal saponins nor alkaloids. The
blood parameters of those animals showed average values varying between 0.5 and 1.9
mg/dl for a total bilirubin (BT) 20 and 22.5 UI/l for the alanine aminotransferase
(ALT), and 38 and 80 UI/l for the aspartate aminotransferase (AST).
KEY WORDS: Natural pastures; Cistus salvifolius; Chemical composition; Sheep;
Photosensitivity; Toxicity.
1 – INTRODUÇÃO
Em muitas regiões do Alentejo, a exploração de ovinos baseia-se, fundamentalmente, na manutenção dos efectivos reprodutores em pastagens naturais sob coberto de montado.
A produção de erva na região é sazonal, distribuindo-se pelos meses de
Outubro a Maio com um pico de produção na Primavera, dependendo das
condições edafoclimáticas (6, 11, 14).
A presença de substâncias prejudiciais e/ou tóxicas nas plantas, designadas genericamente por substâncias antinutricionais, podem estar na origem de
alterações metabólicas, de que resultam perdas de produção e, em certos
casos, a morte dos animais. Os seus efeitos dependem, entre outros factores,
do tipo de substância, da sua concentração na planta, da espécie animal e da
duração de exposição (4). Estas substâncias englobam compostos, tais como
os alcalóides, as saponinas, os compostos fenólicos e os inibidores de
proteases, entre outros. As saponinas, comuns no reino vegetal, pertencem ao
grupo dos glicósidos, sendo conhecidas nomeadamente, por:
22
PASTAGENS E FORRAGENS 20
1) conferirem sabor amargo ao alimento;
2) formar espumas estáveis no interior do rúmen, podendo causar timpanismo (9);
3) interferirem na utilização das proteinas;
4) serem tóxicas em determinadas circunstâncias ( 10).
As saponinas mais comuns na maioria das espécies forrageiras são do
tipo trepenóide, caracterizadas por possuirem elevada toxicidade quando administradas por via endovenosa. Na sua maioria, este tipo de saponinas é
degradado pelos microrganismos do rúmen ( 8) sendo a sua acção por via
oral bastante reduzida. Pelo contrário, as saponinas do tipo esteróide, existentes no Narthecium ossifragum e Tribulus terrestris, entre outras, têm
sido responsáveis por problemas de fotossensibilização hepática observada
em ovinos ( 10 ).
No Alentejo, nos últimos anos e em particular em 1996, ovinos de
vários rebanhos têm manifestado sintomas de intoxicação e de fotossensibilização.
A pesquisa de causas alimentares, eventualmente responsáveis por estas
manifestações, conduziu ao estudo do arbusto Cistus salvifolius, por as suas
folhas serem consumidas pelos ovinos em períodos de carência alimentar.
2 – MATERIAL E MÉTODOS
2.1 – Caracterização da vegetação herbácea e arbustiva
Foram utilizadas, para o efeito, pastagens naturais de 8 explorações
agro-pecuárias localizadas nos seguintes concelhos: em Évora, Cooperativa
do Cabido e Anexos (CAC) e Herdade do Juncal (HJ); em Montemor-o-Novo,
Cooperativa do Ciborro (CC); em Ponte de Sôr, Herdade Quinta e Trepada
(HQT); em Arronches, Monte Sarnadas (MS); em Ferreira do Alentejo, Herdade da Abroeira (HA); em Santiago do Cacém, Monte dos Alhos (MA); e
no concelho de Sines, Monte Castanheiro (MC).
O trabalho foi efectuado durante dois anos (1996 e 1997), nos meses de
Fevereiro a Junho, realizando-se levantamentos fitoecológicos segundo o método Braun-Blanquet (5 ).
As espécies identificadas foram agrupadas por família e tipo biológico,
segundo a classificação Raunkjaer.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
23
Com base na informação existente no herbário do Instituto Superior de
Agronomia (ISA) fez-se a distribuição do género Cistus utilizando quadrículas UTM (Universal Transverse Mercator) na escala 10 km × 10 km.
2.2 – Caracterização química e nutritiva de folhas de Cistus salvifolius
Nas pastagens com predomínio de C. salvifolius efectuaram-se colheitas
de folhas do referido arbusto em diferentes épocas do ano (Fevereiro, Maio,
Junho, Setembro, Outubro e Dezembro). As folhas, conservadas pelo frio,
foram posteriormente misturadas, antes de serem administradas a ovinos. Por
data de colheita constituiram-se amostras compostas que foram liofilizadas e
posteriormente moídas em moinho com crivo de malha de 1 mm, para posteriores determinações.
Sobre estas amostras incidiram as seguintes determinações: matéria seca
(MS), por secagem em estufa a 100-105 ºC durante 4 horas; cinza, por incineração completa a 500 ºC; proteína bruta (PB), calculada a partir do azoto de
Kjeldhal, utilizando o factor 6,25. As fracções fibra neutro-detergente (NDF),
fibra ácido-detergente (ADF) e lenhina ácido-detergente (ADL) foram determinadas segundo Robertson e Van Soest (13). O teor em saponina bruta (SB) foi
determinado segundo Tava et al. (16) e a energia bruta (EB) utilizando bomba
calorimétrica (Parr 1261). A pesquisa de alcalóides foi efectuada utilizando o
reagente de Dragendorff e análise cromatográfica (cromatografia líquida em camada fina – TLC). A pesquisa de saponinas esteróides foi efectuada recorrendo a
cromatografia gasosa juntamente com espectrometria de massa (GC/MS).
Utilizaram-se 6 ovinos adultos, de raça Île de France, com peso vivo
médio de 70 kg, mantidos em gaiolas de metabolismo. Os animais foram
constituídos em lotes ( A e B) e o alimento foi administrado em duas refeições diárias, às 8h 30min e 16h 30min. As quantidades distribuídas, idênticas
de manhã e à tarde, foram as suficientes para a cobertura das necessidades
energéticas de conservação dos animais. A dieta do lote A consistiu numa
mistura de 700 g de palha de trigo (PB = 7,2% e NDF = 69,3%), cortada em
troços curtos (1-2 cm), e 300g de alimento concentrado (PB = 16,9% e NDF =
29,1%). Os animais do lote B ingeriram uma dieta idêntica à do lote A, à qual
foram adicionadas folhas de C. salvifolius em quantidades crescentes. A percentagem de folhas de Cistus na MS total da dieta variou ao longo dos 6
periodos de ensaio, de acordo com a figura 1.
Quinzenalmente, e sempre à mesma hora, procedeu-se à pesagem dos
animais.
24
PASTAGENS E FORRAGENS 20
FIGURA 1 – Folhas de Cistus salvifolius (%) na matéria seca total da dieta dos ovinos.
Realizaram-se colheitas de sangue, na veia jugular, 4 vezes no lote A e
5 no lote B, para o estudo da cinética dos seguintes parâmetros sanguíneos:
bilirrubina total, γ glutamil transferase (GGT), aspartato aminotransferase
(AST), alanina aminotransferase (ALT), creatinina e ureia, de acordo com os
métodos usados em 1997 no Laboratório Professor Braço Forte, da Faculdade
de Medicina Veterinária (FMV).
Após o período de ensaio os animais foram necropsiados, no Laboratório Nacional de Investigação Veterinária (LNIV), para observações anátomo-patológicas.
2.3 – Análise de dados
Os dados obtidos dos levantamentos fitoecológicos foram analisados numa
base de dados relacional (Access). Foram realizadas pesquisas selectivas sobre os seguintes parâmetros: família, espécie, tipo fisionómico, família × unidade de exploração, espécie × unidade de exploração, tipo fisionómico × espécie.
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 – Fitoecologia das pastagens
Das famílias identificadas, as Compostas, as Gramíneas e as Leguminosas
representaram, no seu conjunto, mais de 50% do coberto vegetal dos pastos
estudados (figura 2).
PASTAGENS E FORRAGENS 20
25
FIGURA 2 – Importância das Compostas, Gramíneas e Leguminosas no coberto vegetal dos
pastos estudados.
Valores semelhantes aos nossos foram observados por Vacher (17), em
pastagens naturais, em condições mediterrânicas. Das restantes famílias e por
ordem de importância quantitativa aparecem as Liliáceas (5,8%), as Cistáceas
(5,4%), as Geraniáceas (5,1%), as Poligonáceas (4,9%) e as Labiadas (4,2%).
Com percentagem inferior a 3% ocorreram entre outras, as Umbelíferas, as
Crucíferas, as Cariofiláceas, as Plantagináceas e as Fagáceas.
O predomínio de terófitos (48,7%) e de hemicriptófitos (18,5%), observado nas pastagens em estudo, está de acordo com o observado em pastagens
mediterrânicas (7 ). Nos fanerófitos, os mais importantes, quantitativamente,
são os nanofanerófitos (7,2%), que compreendem os arbustos, principalmente
da família das Cistáceas (Cistus spp.). A percentagem de micro e
mesofanerófitas é atribuída à família das Fagáceas (Quercus spp.) e justifica-se pelo facto da maioria das pastagens da região se encontrarem sob coberto
de Q. suber e Q. rotundifolia.
A distribuição das espécies do género Cistus no Alentejo (figura 3), à
excepção de C. ladanifer (preferência por solos ácidos), evidencia indiferença
edáfica das espécies identificadas.
As Cistáceas (Cistus spp.), com ocorrência de cerca de 5% do número
total de plantas em todas as pastagens estudadas, englobam fundamentalmente
as espécies Cistus salvifolius, C. crispus, C. ladanifer, C. monspeliensis, C.
populifolius e C. psilosepalus, por ordem decrescente de abundância no coberto. A presença de espécies do género Cistus está associada a etapas de
vegetação degradada (vegetação sob coberto de Quercus suber e Q.
26
PASTAGENS E FORRAGENS 20
rotundifolia). Acresce ainda o facto do C. ladanifer integrar comunidades
vegetais que indiciam a última etapa de degradação da vegetação inicial.
FIGURA 3 – Distribuição das espécies do género Cistus.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
27
A maior ocorrência de Compostas relativamente a Gramíneas (22% vs
19%), nos pastos estudados, e a existência de espécies como Dittrichia viscosa, Cynara humilis, Logfia gallica e Galactites tomentosa (15), entre outras,
associadas à percentagem de Cistáceas evidenciam o avançado estado de
degradação das pastagens naturais estudadas nesta região (12).
3.2 – Caracterização química e nutritiva de folhas de Cistus salvifolius
No que respeita à composição química (quadro 1) as folhas de C.
salvifolius apresentaram teores médios em PB, paredes celulares (NDF) e
saponina bruta (SB) da ordem dos 14, 33 e 8,1%, respectivamente.
QUADRO 1 – Valores médios e desvios-padrão (ST) de proteína bruta (%), paredes
celulares (%), saponina bruta (%) e energia bruta (MJ kg-1 MS) de folhas
de Cistus salvifolius.
MS
Média
ST
27,7
±5,3
Cinza
6,2
±0,48
PB
14,0
±1,79
NDF
32,8
±3,74
ADF
24,0
±1,74
ADL
12,0
±2,43
SB
8,1
±0,81
EB
18,6
±0,21
MS – matéria seca; PB – proteína bruta; NDF – fibra neutro-detergente; ADF – fibra ácido-detergente;
ADL – lenhina ácido-detergente; SB – saponina bruta; EB – energia bruta.
As variáveis da composição química estudadas observaram fraca variação com o tempo, ao contrário do observado na generalidade das forragens
verdes estudadas ao longo do seu desenvolvimento vegetativo (3). Os teores
de PB, ADF e ADL das folhas de Cistus, no período em estudo, variaram de
cerca de quatro unidades percentuais, observando-se os menores valores nas
colheitas de Maio e Junho para a PB e ADL (11,0% e 9,7%, respectivamente). Como era de esperar, foi neste período (figura 4) que o teor em paredes
(NDF e ADF) observou o valor mais elevado (37,4% e 27%, respectivamente). A EB situou-se na ordem dos 18 MJ kg-1/MS, valor ligeiramente superior
ao observado na maioria das forragens verdes (3).
A escassez de informação na área da composição química das folhas do
C. salvifolius impõe que se apresentem, como termos de referência, valores
médios de composição química de forragens conhecidas. Valores de 13,3 e
14% para a PB de 51 e 50,2% para o NDF foram observados em aveias, no
ínicio do emborrachamento e em prados de trevo subterrâneo (3.º ciclo, em
meados de Abril), respectivamente (2). É de referir o elevado teor em ADL
(12% ±2.43) das folhas de C. salvifolius valor que se aproxima dos observados em palhas de leguminosas (1), nomeadamente nas palhas de fava (Vicia
faba) e de lentilha (Lens culinaris).
28
PASTAGENS E FORRAGENS 20
FIGURA 4 – Variação dos teores de proteína bruta (PB) e paredes celulares (NDF, ADF e
ADL) nas folhas de Cistus salvifolius.
A composição em SB (cerca de 8%) das folhas de C. salvifolius apresenta um teor superior ao observado em forragem de luzerna (Medicago
sativa) (cerca de 2-3%) (16).
A pesquisa realisada nas folhas de Cistus não detectou presença de
alcalóides nem de saponinas esteróides.
A ingestão, pelos ovinos, de folhas de Cistus até ao nível de inclusão
de 30% na MS total da dieta revelou que os animais:
1) manifestaram boa aceitabilidade às folhas de Cistus;
2) não manifestaram alterações de comportamento;
3) não manifestaram pruridos, em especial no focinho (fotossensibilidade
primária);
4) não manifestaram alterações notáveis na condição corporal.
Os animais, durante o período de ensaio (cerca de 75 dias), não apresentaram diferenças de peso vivo (figura 5).
Por sua vez a cinética dos diferentes parâmetros sanguíneos dos animais em teste apresentou valores médios (figura 6) que variaram entre
0,5 e 1,9 mg/dl para a bilirrubina total, 20 e 22,5 UI/l (unidades internacionais enzimáticas/litro) para a alanina aminotransferase, 38 e 80 UI/l
para o aspartato aminotransferase, 0,86 e 1,31 mg/dl para a creatinina e
32 e 59 UI/l para a γ glutamil transferase. Os valores encontrados não se
afastaram dos observados para os animais-padrão (Lote A) e situaram-se,
à excepção da bilirrubina total, dentro dos valores utilizados como referência no Laboratório Professor Braço Forte (Fac. Medicina Veterinária).
PASTAGENS E FORRAGENS 20
29
FIGURA 5 – Variação do peso vivo dos ovinos durante o ensaio de ingestão de folhas de Cistus.
FIGURA 6 – Variação dos teores de alanina aminotransferase, bilirrubina total, aspartato
aminotransferase e creatinina no sangue dos ovinos em teste (dieta com folhas
de Cistus) e dos ovinos-padrão (dieta isenta de folhas de Cistus).
Os exames anátomo-patológicos e histopatológicos efectuados aos animais não revelaram alterações dignas de registo.
30
PASTAGENS E FORRAGENS 20
5 – CONCLUSÕES
Os resultados obtidos sugerem as seguintes conclusões de ordem geral:
1) a predominância de espécies da família das Compostas associada à
elevada percentagem de Cistáceas evidenciam o avançado estado de degradação das pastagens estudadas;
2) ausência nas folhas de Cistus salvifolius de alcalóides e de saponinas
esteróides;
3) a ingestão de folhas de C. salvifolius até 30% da MS da dieta não
provocou alterações dignas de registo nos parâmetros sanguíneos nem nos
exames anátomo-patológicos dos animais utilizados.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à equipa do LNIV a realização dos exames anátomo-patológicos
aos ovinos, a R. Nash (IGER – UK) o apoio na pesquisa de alcalóides e a A. Tava (ISCF –
Itália) e C. Miles (Ruakura – NZ) a colaboração na extracção e identificação das saponinas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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legume and rape straws. In: "Options méditerranéennes. Exploitation of Mediterranean
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3 – ABREU, J. M.; SOARES, A. M. Bruno; CALOURO, F. – Tabelas de Valor Alimentar
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and cons. In: "Advances in lupin research". 7th International Lupin Conference, 1993,
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PASTAGENS E FORRAGENS 20
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Ruminantes. Tese de Estágio. Lisboa, Faculdade de Medecina Veterinária, 1990.
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zone marneuse du Grand Duché de Luxembourg. "Colloques phytosociologiques", vol.
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Algarve). "Itinera Geobotanica", vol. 3, 1990.
13 – ROBERTSON, J. B.; VAN SOEST, P. J. – The detergent system of analysis and its
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analysis of dietary fiber in food". New York, Marcel Dekker, 1981, p. 123-158.
14 – SALGUEIRO, T. A. – Comparação entre Pastagens Semeadas e Pastagens Naturais
Adubadas. Lisboa, DGA – MAFA, 1984. (Série Técnica n.º 17).
15 – SOARES; A. M. Bruno; SOUSA, E.; ABREU, J. M. – Estudo Preliminar de Pastagens
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Ovinos – Plantas de Risco. "Revista Portuguesa de Zootecnia", 1999. (Em publicação).
16 – TAVA, A. et al. – Alfalfa saponins and sapogenins. "Phytochemical Analysis", vol. 4,
1993, p. 269-274.
17 – VACHER, J. – Les pâturages de la Sierra Norte. Analyse phyto et agro écologique des
Dehesas Pastorales de la Sierra Norte. Tese de doutoramento. Montpellier, Universidade de Montpellier, 1984.
32
PASTAGENS E FORRAGENS 20
"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 33–38.
UM SISTEMA DE PRODUÇÃO CAPRINA SUSTENTÁVEL
PARA ZONAS SEMIÁRIDAS DO SUL DE PORTUGAL*
J. M. Potes, C. B. Profeta
Estação Nacional de Melhoramento de Plantas – Apartado 6 – 7351-951 ELVAS
RESUMO
Com início em Julho de 1993 instalou-se na Herdade da Laranjeira, em Arraiolos,
uma Unidade de Demonstração Caprina, no âmbito de um programa comunitário de
ajuda à agricultura portuguesa.
Após cinco anos de actividade é oportuno fazer o balanço da situação, baseado nos
relatórios anuais de actividade e numa fase em que se considera atingido o ponto de
equilíbrio da exploração, em termos de efectivo pecuário e de saneamento agrícola.
Apresentam-se e discutem-se alguns indicadores do sistema, nomeadamente a
evolução dos parâmetros técnicos respeitantes à produção animal, as suplementações
praticadas e posteriormente os indicadores de carácter económico, como sejam os
encargos, as receitas e as contas de encargos e receitas.
Comprova-se a dependência dos subsídios comunitários e conclui-se da importância do sistema para as zonas a que se destina, independentemente dos estrangulamentos a que se encontra sujeito.
PALAVRAS-CHAVES: Sistema extensivo; Produção caprina; Ecossistemas mediterrânicos.
ABSTRACT
In July 1993 a Goats Demonstration Unit (UNICAPRA), was installed in
Laranjeira Farm, near Arraiolos - (Portugal), supported under the European Community
Agricultural Program.
Five years later it is opportune to study the situation, based on the annual repport
of activity.
Some parameters of the system, particularly the technical ones, concerning
animal production, feeding supplementation or economic data are shown and discussed.
It is focused subsidy dependence and it is concluded the important impact of the system
in these regions.
KEY WORDS: Extensive system; Goat production; Mediterranean ecosystems.
* Comunicação apresentada na XX Reunião de Primavera da SPPF. Elvas, Abril de 1999.
33
1 – INTRODUÇÃO
Os sistemas agrossilvopastoris da Europa Ocidental têm sido objecto de
estudo e caracterização por diversas instituições (INRA, FAO, CIHEAM) e a
investigação desenvolvida, nos aspectos de funcionamento e maneio, foi recentemente compilada (1).
Incluído neste estudo está o caso particular dos montados (dehesas) explorados em regime de utilização extensiva na Península Ibérica, onde predominam os solos pobres e as irregularidades climáticas (característica acentuada
no clima mediterrânico europeu). Gómez-Gutierrez e Pérez-Fernandez (3) apresentaram a sua problemática específica e revelaram o limite das possibilidades
económicas de uma exploração real a preços de 1994.
A importância destes sistemas de produção peninsulares ancestrais reside
na sua boa adaptação ao meio e por se enquadrarem fortemente na política
agrícola europeia virada para a extensificação.
Os sistemas de produção caprina em áreas marginais da zona mediterrânica
(4), em cujo universo se deve incluir a exploração objecto deste trabalho, são
assim motivo de estudo e divulgação.
2 – OBJECTIVOS
Pretende-se apresentar e discutir os resultados técnico-económicos obtidos nos primeiros cinco anos de funcionamento de uma Unidade de Demonstração Caprina em regime extensivo, criada no âmbito de apoios comunitários
destinados ao desenvolvimento específico da agricultura portuguesa.
Através da evolução do efectivo caprino e respectivas produções, dos
indicadores de maneio reprodutivo e alimentar e dos resultados económicos,
pretende-se revelar a sustentatibilidade do sistema.
3 – CARACTERIZAÇÃO DA EXPLORAÇÃO
A Unidade de Demonstração Caprina (UNICAPRA) foi criada em 1993,
na Herdade da Laranjeira, em Arraiolos, possui uma área de 258,7 ha de
solos litólicos não húmicos de granitos, com capacidade de uso de solo
classe D. Exceptuam-se 60 ha que são da classe E, devido ao declive acentuado (até 25%) e aos numerosos afloramentos rochosos.
A totalidade da propriedade encontra-se sob coberto de montado de azinho e
sobro, tendo-se estabelecido uma rotação do tipo Forragem – Pastagem (4 anos)
em cerca de 200 ha de superfície agricola útil (SAU). A cultura forrageira, à
34
PASTAGENS E FORRAGENS 20
base de Triticale × Tremocilha, semeada em Setembro/Outubro, é utilizada para a
alimentação animal, além de contribuir para controlar a componente arbustiva.
O efectivo caprino é formado por dois núcleos de raças autóctones,
Serpentina e Algarvia, exploradas em linha pura.
O maneio reprodutivo praticado segue o sistema tradicional de parições
em Setembro/Outubro, para comercialização de cabritos pelo Natal, e Janeiro/
Fevereiro, para comercialização de cabritos pela Páscoa. Em consequência, a
ordenha é praticada mecanicamente a partir da venda dos cabritos de Dezembro, até Junho/Julho, sendo o leite vendido para a indústria queijeira.
O maneio alimentar caracteriza-se pela utilização dos recursos naturais
(pastagem, arbutivas e fruto e rama de arbóreas), complementados pela cultura forrageira integralmente utilizada em pastoreio directo nos meses de Dezembro/Janeiro (invernadouro) e Junho/Julho (agostadouro). A suplementação
é efectuada através de alimentos grosseiros e concentrados na época de maior
escassez alimentar (entre Agosto e Dezembro).
As normas sanitárias seguidas são as preconizadas pelos serviços oficiais, nomeadamente em relação a programas de desparasitação, vacinação e
rastreio de doenças infecto-contagiosas.
A mão-de-obra empregada está fortemente sujeita à oferta, sendo preferencialmente do tipo familiar, com residência devidamente equipada com os
requisitos básicos de habitação.
4 – ANÁLISE DOS RESULTADOS
A descrição da evolução da exploração está representada no quadro 1.
Salienta-se a dificuldade em adquirir um núcleo puro de raça Serpentina em
1993, o que obrigou à aquisição do núcleo Algarvio para formar um efectivo
mínimo que permitisse iniciar a exploração.
QUADRO 1 – Evolução da produção animal.
Ano
Efectivo total
Fêmeas emparelhadas
Chibos nascidos
Chibos vendidos
Fêmeas em lactação
Produção total de leite (l)
93/94
94/95
95/96
96/97
97/98
165
66
49
23
23
3 262
243
146
119
77
94
3 682
260
256
169
144
90
15 059
280
256
251
172
177
22 166
288
289
304
183
196
31 410
PASTAGENS E FORRAGENS 20
35
Ao fim de um período de 5 anos, a UNICAPRA atingiu gradualmente o
seu ponto de equilíbrio em termos de encabeçamento (0,2 CN/ha), aproximadamente 300 cabeças (200 da raça Serpentina e 100 da raça Algarvia).
Pode ainda verificar-se um aumento gradual no número das fêmeas emparelhadas, por se tratar de uma exploração essencialmente constituída por animais
jovens, aumentando paulatinamente as performances produtivas, o que pode comprovar-se também através dos parâmetros técnicos de produtividade (quadro 2).
QUADRO 2 – Indicadores técnicos.
Ano
93/94
94/95
95/96
96/97
97/98
Taxa de fertilidade (%)
Taxa de mortalidade (%)
Taxa de reposição (%)
Produção de leite por
fêmea lactante (l)
32,2
–
10,0
64,4
15,9
9,56
85,2
16,0
15,0
69,1
16,0
15,0
67,8
21,6
17,0
141,83
70,81
16,32
125,23
160,26
Deve referir-se, contudo, que os baixos resultados do ano de 1994/95 se
ficaram a dever à ineficácia do sistema de cobrição controlada praticado, à
suspeita de um surto de Mycoplasma spp. na época de parição de Outono de
1994 e a dificuldades de mão-de-obra em Janeiro e Fevereiro de 1995. Por
outro lado, a partir de 1996, a introdução da prática de ordenha mecânica
traduziu-se num aumento significativo da produção leiteira.
O maneio alimentar praticado na UNICAPRA encontra-se perfeitamente
identificado e adaptado às condições naturais da exploração. O quadro 3
torna claro que a época de suplementação necessária se inicia em Agosto
(terço final da gestação) e prolonga-se até Dezembro, sendo mais ou menos
acentuada consoante a Outonada (início do ciclo de produção de pastagens) e
a produção de bolota. A cultura forrageira anual, por ser produzida na exploração, não figura no quadro 3, embora constitua um complemento no início
da ordenha e um enriquecimento da dieta estival.
QUADRO 3 – Suplementação (g/cab./dia).
Ano
Período
Feno
Concentrado
93/94
94/95
95/96
96/97
97/98
–
a)
a)
Out/Dez 94
68
335g b)
Set/Dez 95
111
206g c)
Set/Nov 96
268
456g d)
Ago 97/Jan 98
243
276g e)
a) Não houve suplementação.
b) Concentrado de luzerna + aveia + concentrado comercial.
c) Aveia + concentrado comercial.
d) Concentrado de luzerna + concentrado comercial.
e) Milho + concentrado comercial.
36
PASTAGENS E FORRAGENS 20
A análise dos resultados económicos, apresentados no quadro 4, revela
que, após estabilizadas as receitas, o que só se veri ficará quando se atingirem valores próximos dos 100% para fêmeas em produção, as condicionantes
para os encargos anuais da exploração verificam-se ao nível dos custos da
cultura forrageira e de alternativas menos dispendiosas para os concentrados
(5). Efectivamente, a prática da ordenha mecânica não dispensa a sua utilização, mas terão contudo de reduzir-se os seus custos.
QUADRO 4 – Indicadores económicos.
Ano
Encargos
fixos
Encargos
anuais
Conta
encargos
e receitas
93/94
Investimento
instalações
pecuárias
Investimentos
e equipamentos
94/95
95/96
415 000$00 2 145 074$00
96/97
97/98
—
125 000$00
163 000$00
—
469 047$00
530 000$00
—
Mão-de-obra
Despesas com
cultura
forrageira
Despesas com
aquisição de
concentrados
1 116 846$00 1 317 157$00
704 000$00
840 000$00
1 950 196$00
922 150$00
2 026 391$00
990 490$00
1 985 827$00
670 595$00
71 883$00
228 775$00
620 537$00
826 866$00
Receitas
Encargos
603 662$00 1 406 732$00
3 048 015$00 3 275 885$00
2 875 455$00
4 756 058$00
3 319 615$00
5 331 395$00
4 832 702$00
5 181 427$00
Resultado
-2 474 353$00 -1 869 153$00
-1 880 603$00
-2 011 784$00
-348 725$00
516 386$00
–
O gráfico 1 representa a dependência dos subsídios, generalizável a
qualquer exploração agrícola europeia, sendo contudo possível que, no caso
presente, a tendência seja a anulação das despesas pelas receitas, ficando o
subsídio disponível para o lucro do exercício.
GRÁFICO 1 – Evolução dos resultados com subsídio.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
37
4 – CONCLUSÕES
A UNICAPRA assenta numa exploração com as limitações naturais (climáticas, edáficas e topográficas) descritas por Gómez Castro et al. (2). No
entanto, as limitações sociais (infraestruturas, acessibilidade, isolamento) igualmente referidas, são aqui minimizadas.
Sendo um sistema de exploração ecologicamente adaptado, tecnicamente
equilibrado e economicamente viável, poder-se-á assumir como um sistema
sustentável para as explorações agrossilvopastoris extensivas do Sudoeste Ibérico no actual quadro de ajudas compensatórias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 – ETIENNE, M. – Research on temperate and tropical silvopastoral systems: a review.
In: "ETIENNE, M. (ed.) – Western European silvopastoral systems". Paris, INRA,
1996, p. 5-19.
2 – GÓMEZ CASTRO, A. G. et al. – Animal production as a factor of growth and
development in marginal areas of the Mediterranean. In: "The optimal exploitation of
marginal Mediterranean areas by extensive ruminant production systems". EAAP, 1996.
(Publication n.º 83), p. 315-316.
3 – GÓMEZ-GUTIERREZ, J. M.; PÉREZ-FERNÁNDEZ, M. – The "dehesas", silvopastoral
systems in semiarid Mediterranean regions with poor soils, seazonal climate and
extensive utilisation. In: "ETIENNE, M. (ed.) – Western European silvopastoral systems".
Paris, INRA, 1996, p. 55-70.
4 – SÁNCHEZ-RODRIGUEZ, M. et al. – Goat husbandry systems in marginal areas of the
Mediterranean. In: "The optimal exploitation of marginal Mediterranean areas by
extensive ruminant production systems". EAAP, 1996. (Publication n.º 83), p. 337-339.
5 – TISSERAND, J. L.; ANTONGIOVANNI, M. – Evaluation of local resources in the
Mediterranean region. In: "The optimal exploitation of marginal Mediterranean areas
by extensive ruminant production systems". EAAP, 1996. (Publication nº 83), p. 81-96.
38
PASTAGENS E FORRAGENS 20
"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 39–54.
CRIAÇÃO DE BOVINOS NA SERRA DA PENEDA.
RACIONALIDADE DO SISTEMA ALIMENTAR*
Manuela M. N. Melo Barros, J. Côrte-Real Santos
DRAEDM - Quinta de S. José – S. Pedro de Merelim – 4700 BRAGA
RESUMO
No âmbito do projecto piloto "Desenvolvimento agrícola sustentável: metodologia
e definição de critérios de intervenção em zonas de montanha",** uma das suas
componentes é o estudo do sistema alimentar dos bovinos. A área de estudo abarca três
freguesias do concelho de Arcos de Valdevez, em plena serra da Peneda, situadas entre os
350 e os 1400 metros de altitude, com cerca de 12 000 hectares de área total. É uma
região onde a área de alimentação é constituída por pastagens naturais de baldio (perto de
10 000 hectares) e por alimentos produzidos em terreno privado, como sejam o feno, o
grão e palha de milho.
Os bovinos pastoreiam 8 a 10 meses por ano (Fevereiro a Novembro) durante
24 horas no baldio, onde os criadores se limitam a fazer a sua vigia em relação ao local
onde se encontram os animais e à identificação das vacas que entretanto pariram. Os meses
de Inverno são passados na aldeia onde pernoitam nas cortes. Com este trabalho pretende-se
analisar a lógica de funcionamento e de decisão do criador na interligação da alimentação
no baldio com a alimentação em terreno privado associada à alimentação na manjedoura.
PALAVRAS-CHAVES: Sistemas; Pastoreio livre; Montanha; Comportamento.
ABSTRACT
This study is being carried on in three villages within Peneda’s mountain that is
located in Arcos de Valdevez (Northwest of Portugal). The three villages (Lordelo,
Padrão e Rouças) are located between 350 and 1,400 meters high with about 12,000
hectares. It is a region where the main feeding area is rangeland (about 10,000 hectares),
which means that food offer is mainly natural vegetation and food produced in private
land, like hays, grain and maize straw. The bovines free-graze 9 to 10 months per year for
24 hours and farmers only watch them to see where they are and if the cows have newborns. It is intended to analyse the decision-making system of the farmers and its
rationality in the links between rangelands and private lands in order to feed the animals.
KEY WORDS: Systems; Free-grazing; Mountain; Behavior.
* Comunicação apresentada na XX Reunião de Primavera da SPPF. Elvas, Abril de 1999.
** Financiado pelo PAMAF/ IED/ 1997.
39
1 – INTRODUÇÃO
A área de estudo engloba três aldeias (Lordelo, Padrão e Rouças) de
três freguesias (Cabreiro, Sistelo e Gavieira) do concelho de Arcos de
Valdevez, em plena Serra da Peneda.
Uma das componentes do projecto-piloto* é o estudo do sistema alimentar dos bovinos. Nesta região, a oferta alimentar é constituída, principalmente, por pastagens naturais de vegetação espontânea, herbácea e arbustiva e
onde os alimentos produzidos em terreno privado, como sejam o feno, o grão
e a palha de milho, assumem particular importância como suplemento à manjedoura durante o Inverno.
De Fevereiro a Novembro os bovinos pastoreiam livremente, 24 sobre
24 horas no baldio, limitando-se os criadores a fazer a sua vigia em relação
ao local onde se encontram e à identificação de quais as vacas que entretanto
pariram.
Com este trabalho, pretende-se analisar o funcionamento e a lógica de
decisão do criador na interligação da alimentação no baldio com a alimentação em terreno privado associada à alimentação na manjedoura.
Assim, apresenta-se a forma de utilização da superfície do território ao
longo do ano em três explorações-tipo, identificando-se: a natureza da oferta
e produção alimentar em função da época do ano, a preferência alimentar do
animal e o padrão de actividades comportamentais em função da época do
ano, e ainda alguns dos critérios de decisão seguidos pelos criadores.
2 – MATERIAL E MÉTODOS
A caracterização da forma de utilização da superfície do território, no
tempo e no espaço, foi inspirada em trabalhos desenvolvidos pelo INRA
(7, 8, 10) e baseada nos dados registados em inquérito e em conversas informais estabelecidas com os agricultores decorrentes do acompanhamento de
estudos levados a cabo nesta zona. Das doze explorações familiares estudadas, três foram objecto de maior acompanhamento e da identificação das
parcelas das explorações com o auxílio dos P1, das fotografias aéreas e das
cartas militares. As explorações apresentadas pertencem ao tipo E (grandes
bovinicultores), segundo a tipologia de Simões (9).
* Projecto de Desenvolvimento Agrícola Sustentátel: metodologia e definição dos critérios
de intervenção em zonas de montanha.
40
PASTAGENS E FORRAGENS 20
A identificação da natureza da oferta alimentar do baldio foi efectuada
através do método designado "pontos quadrados" adaptado, que tem por base
a realização de 50 sondagens espaçadas de 40 cm ao longo de uma corda de
20 metros esticada.
A determinação da matéria seca das amostras recolhidas foi feita em
estufa de circulação de ar forçado, a 65 ºC, durante 36 horas.
A preferência alimentar e o padrão de actividades foram obtidos através do método "focal-animal sampling", de acordo com Altmann ( 1 ), por
períodos de observação de 24 horas, observações realizadas por equipas de
dois elementos em turnos de 6 horas. De salientar a dificuldade da logística
para a realização dos períodos de 24 horas de observação para além da
dificuldade natural (condições climatéricas adversas) que houve para efectuar os registos das observações. Utilizou-se um cronómetro com precisão às
centésimas de segundo para o registo da duração das várias actividades
observadas.
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 – Caracterização geral das explorações
Da observação dos diagramas 1, 2 e 3 pode-se constatar a pequena
dimensão da surperfície agrícola útil (SAU) das explorações: 5,53 ha na
de Lordelo, 2,93 ha na de Rouças e 6,72 ha na de Padrão, distribuída por
19, 26 e 53 parcelas, respectivamente. Por sua vez, encontram-se disseminadas em altitude, podendo apresentar diferenças de cota de 220 m em
Lordelo, 400 m em Rouças e 650 metros em Padrão. Estas diferenças de
cota correspondem a declives de 37,5% em Lordelo, 21,3% em Rouças e
46,2% em Padrão, o que, aliado às más condições dos caminhos ou mesmo ausência de acessos aos campos por tractor ou carro de bois, obriga
ao transporte de feno às costas ou à cabeça, o que traduz as condições de
trabalho difíceis.
A entreajuda é muito importante nesta zona, mas é mais evidente no
lugar de Lordelo, o que se deve também ao crescente despovoamento e
envelhecimento. Os lugares, Lordelo, Rouças e Padrão, verificam uma quebra na população residente, de 1981 a 1991, de -47,5, -28,4 e -14,1%,
respectivamente, e de 1991 a 1997, uma variação de -19,0, -8,2 e -20,0%,
respectivamente ( 4 ). Apresentam (em 1997), igualmente, um índice de enve-
PASTAGENS E FORRAGENS 20
41
lhecimento* de 1500 em Lordelo, 187,5 em Rouças e 271,4 em Padrão, o
que se traduz numa quebra significativa da mão-de-obra ao nível do lugar.
3.2 – Gestão das actividades agrícolas
Sobre a análise da gestão das actividades agrícolas, reporta-se à escala
plurianual de uma década e meia. Nas três explorações objecto de estudo não
se verificou uma quebra da mão-de-obra, houve uma manutenção no caso da
exploração de Rouças e um ligeiro aumento nas explorações de Lordelo e
Padrão pelo regresso do chefe da exploração até então emigrado.
O gado bovino passou a representar a principal e única fonte de receita
das explorações; com o surgimento dos prémios e subsídios, reforçou a sua
importância, que se traduziu no aumento de efectivo pecuário por exploração
(5). Assim, nas três explorações acompanhadas, o aumento de efectivo foi da
ordem dos 50% na do lugar de Lordelo, 60 % na do lugar de Rouças e 44 %
na exploração do lugar de Padrão.
Paralelamente, verificou-se um aumento da área de pastagens permanentes de 49,1 % na exploração de Lordelo, 63,8% na exploração de Rouças e
19,7% na exploração de Padrão. Este aumento de área de pastagens dá-se
pelo abandono da cultura do milho das parcelas com menores condições de
rega e acessibilidade e também da batata e centeio, mas em menor escala.
3.3 – Forma de utilização da superfície do território ao longo do ano
Ao nível da exploração agrícola, a utilização das explorações pode ser
vista como o ajustamento, pelo agricultor, das necessidades alimentares do
gado e das superfícies da sua exploração. As três explorações, uma vez que
pertencem ao mesmo sistema de agricultura, apresentam formas semelhantes
de aproveitamento do território. Em todas elas verifica-se existir uma diminuição da intensidade do uso do solo com a altitude. Assim, enquanto que
nos lugares se cultiva a consociação milho × feijão, a batata, a horta familiar e as forrageiras de Outono/Inverno, para além das pastagens melhoradas, nas brandas apenas se cultivam pequenas áreas de batata e centeio, a
restante área é dedicada às pastagens. O aproveitamento do baldio é feito
por pastoreio, assim como as tapadas, embora estas sejam ainda fornecedoras de matos e lenha.
* Índice de envelhecimento = (P. 65+/P. 0-14) · 100; com: índice de equilíbrio = 100 e
índice de perigo = 150.
42
PASTAGENS E FORRAGENS 20
No período que decorre desde o início de Março, mês a partir do qual é
reservada a erva das pastagens para o corte de feno, passando pela instalação
da cultura principal, o milho, a colheita do feno e até à desfolha do milho
em Outubro, a grande parte dos animais permanecem no baldio onde se
alimentam e reproduzem.
Verifica-se existir um ajustamento entre o uso agrícola da terra,
para a produção de alimentos conservados, e a condução do pastoreio
aliada às condições edafoclimáticas. Assim, quando os terrenos privados
estão fechados ao pastoreio, o baldio oferece a biomassa das pastagens
naturais herbáceas e arbustivas necessárias à dieta alimentar dos animais. Por outro lado, este mesmo período é aquele que apresenta maiores necessidades de trabalho, quer de mão-de-obra, quer de tracção animal ou mecânica, na instalação condução e desfolha do milho e no
corte, transporte e armazenamento do feno. Permanecem no lugar, nas
tapadas ou baldios próximos, uma ou duas juntas de vacas de canga para
auxiliar nos trabalhos.
O regime alimentar dos bovinos é distinto ao longo do período de
Verão e de Inverno. No Verão alimentam-se exclusivamente das pastagens
naturais do baldio. O Inverno pastam meio dia nas pastagens melhoradas
privadas (9 às 11 horas) e meio dia nas pastagens naturais do baldio ou das
tapadas privadas (11 às 17 horas), sendo suplementados à manjedoura com
feno e/ou palha à saída e entrada na corte e grão de milho à recolha dos
animais.
3.4 – Natureza da produção e da oferta alimentar
3.4.1 – Área agrícola
A área das explorações agrícolas é utilizada, praticamente na sua totalidade, com culturas destinadas à alimentação dos bovinos, com a excepção de
pequenas áreas de batata, horta familiar e milho para autoconsumo.
Assim, das explorações acompanhadas, 52,3 % da área total são de
superfície florestal ou de matos e 47,7 % são de superfície agrícola útil
(SAU); desta, 70,5 % são utilizados com pastagens de aproveitamento misto,
pastoreio e um corte e 25,0% com a consociação milho × feijão / erva
castelhana (Lolium multiflorum) (tabela 1).
PASTAGENS E FORRAGENS 20
43
44
Exploração de Lordelo
Altitude N.º Área
(m)
N.º de animais adultos: 30: 16 Cachenas, 15 (260kg PV) 1 (300kg PV); 14 indiferenciadas 10 (308kg PV) e 4 (315kg PV)
Culturas
6 2.28 M x F / E C
parc. (ha)
A
LUGAR
2 0.19 Batata /Mi/E M
L
380-630
8 1.59 Past. melhor.
T
3 1.075 Tapadas
I
3 1.47 Past. melhor.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
T
U
D
BRANDAS
E
BALDIO
JAN
FEV
MAR
ABR
MAIO
JUN
JUL
AGO
SET
ANO
OUT
NOV
DEZ
1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q.
M×F
EC
EC
Batata
Erva castelhana
Milharada / Erva molar
Pastagens naturais
650-700
5 3.72 Tapadas
Pastagens naturais
Pastag. naturais
27/24
M × F = Milho × feijão
EC = Erva castelhana
Milh. = Milharada
EM = Erva molar
Past. melhor. = Pastagens melhoradas
Tapadas = Coutadas de mato e pastagens naturais
Parc. = parcelas
q. = quinzena
Pastagens naturais
Pastoreio de Verão:
Todo o dia (24 horas)
Pastoreio de Inverno:
1/2 dia (parte da manhã)
Ocupação cultural:
Principal
Utilização por corte
e conservação em feno
Secundária
1/2 dia (parte da tarde)
DIAGRAMA 1 – Exemplo da forma de ocupação da superfície e da gestão do pastoreio dos bovinos no espaço e no tempo.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
Exploração de Rouças
Altitude N.º Área
(m)
N.º de animais adultos: 25 indiferenciados, 19 fêmeas (308 kg PV) e 6 machos (315 kg PV)
Culturas
7 0.58 M x F / E C
parc. (ha)
A
LUGAR
1 0.15 Batata /Milh./E M
L
580-630
7 1.39 Past. melhoradas
T
2 0.74 Tapadas
I
9 0.63 Past. melhoradas
T
BRANDAS
U
950-1030
D
E
1 0.09 Batata / EM
FEV
MAR
ABR
BALDIO
MAIO
AGO
SET
EC
×
Erva molar
Batata
OUT
NOV
DEZ
Erva castelhana
Milharada / Erva molar
Pastagens naturais
Erva molar
Batata
Erva molar
Centeio
Centeio
Pastagens naturais
Pastag. naturais
×
JUL
Milho Feijão
EC
3.1 Tapadas
31/28
M F = Milho feijão
EC = Erva castelhana
Milh. = Milharada
EM = Erva molar
Past. melhor. = Pastagens melhoradas
Tapadas = Coutadas de mato e pastagem
Parc. = parcelas
q. = quinzena
JUN
1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q.
1 0.09 Centeio / Batata
3
×
JAN
ANO
Pastagens naturais
Pastoreio de Verão:
Todo o dia (24 horas)
Pastoreio de Inverno:
1/2 dia (parte da manhã)
Ocupação cultural:
Principal
Utilização por corte
e conservação em feno
Secundária
1/2 dia (parte da tarde)
DIAGRAMA 2 – Exemplo da forma de ocupação da superfície e da gestão do pastoreio dos bovinos no espaço e no tempo.
45
46
Exploração de Padrão
Altitude N.º Área
(m)
A
LUGAR
L
350-500
T
Culturas
9 0.93 M x F / E C
parc. (ha)
3 0.14 Batata /Milh./E M
JAN
FEV
MAR
ABR
MAIO
JUN
JUL
AGO
SET
ANO
OUT
NOV
DEZ
1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q.
EC
Milho x Feijão
Erva Molar
EC
Batata
Erva castelhana
Milharada / Erva molar
21 2.28 Past. melhor.
7 0.95 Tapadas
I
Pastagens naturais
18 3.35 Past. melhor.
T
BRANDAS
U
700-1000
D
E
N.º de animais adultos: 23: 11 Barrosãs 10 (460kg PV) e 1 (500kg PV); 12 indiferenciados 11 (308kg PV) e 1 (315kg PV)
1 0.01 Batata / EM
Batata
1 0.01 Centeio / Batata
Centeio
11 7.05 Tapadas
BALDIO
Centeio
Pastagens naturais
Pastag. naturais
PASTAGENS E FORRAGENS 20
71/63
M × F = Milho × feijão
EC = Erva castelhana
Milh. = Milharada
EM = Erva molar
Past. melhor. = Pastagens melhoradas
Tapadas = Coutadas de mato e pastagem
Parc. = parcelas
q. = quinzena
Erva molar
Pastagens naturais
Pastoreio de Verão:
Todo o dia (24 horas)
Pastoreio de Inverno:
1/2 dia (parte da manhã)
Ocupação cultural:
Principal
Utilização por corte
e conservação em feno
Secundária
1/2 dia (parte da tarde)
DIAGRAMA 3 – Exemplo da forma de ocupação da superfície e da gestão do pastoreio dos bovinos no espaço e no tempo.
TABELA 1 – Distribuição percentual da área das três explorações pelas culturas destinadas à
alimentação dos bovinos.
SAU
Área total
Milho / Erva castelhana
explorações
Palha/grão
Erva
castelhana
ha
%
3,79
(3,79)
25,0
Batata/ E M
Sup. florestal
Centeio
Erva molar
Pastoreio
0,58
0,1
3,8
0,7
%
47,7
Pastagens melhoradas
10,71
70,5
Feno
(10,71)
Pastagens
naturais
(tapadas)
16,64
–
52,3
A área de pastagens de utilização mista, pastoreio e corte, é significativa, assim como a área de erva castelhana que também tem importância na
utilização por pastoreio.
As espécies dominantes, em termos de produção de matéria seca (MS),
nas pastagens permanentes são a Agrostis capillaris, a Dactylis glomerata e a
Holcus lanatus, a produção média do feno verificada foi de 4,7 t MS/ha e a
produção média do crescimento vegetativo de Outono/Inverno foi de 2,9 t
MS/ha. A produção de erva castelhana (Lolium multiflorum), cujo crescimento se concentra no Inverno foi de 2,1 t MS/ha.
3.4.2 – Pastagens naturais do baldio
No baldio, a natureza da oferta alimentar é diversificada e a sua composição varia de lugar para lugar. Dos locais mais frequentados pelos bovinos,
foram observados seis. Os grupos de espécies com maior relevância são as
herbáceas (gramíneas e dicotiledóneas) e as arbustivas (figura 1). As principais espécies constituintes de cada grupo são: herbáceas: Molinea coerulea,
Nardus stricta, Festuca ovina, Agrostis stoloniferae, Agrostis truncatula,
Danthonia decumbens, Dactylis glomerata, Pseudarrhenatherum longifolium,
Agrostis curtisii, Festuca indigesta; Juncus squarrosus, Carex acuta, Leontodon
taraxoide; arbustivas: Ulex minor, Erica arborea, Erica umbellata, Ulex
europaeus, Cytisus spp., Chamaespartium tridentatum, Genista florida, Calluna
vulgaris, Halimium alyssoides (5).
Verifica-se que, na Garganta do Eiró, as arbustivas dominam com mais
de 90%, o Cruzamento da Junqueira e a Chã do Abade apresentam mais de
40% de arbustivas. As espécies herbáceas (gramíneas e outras) aparecem com
80% na Branda de Real, mais de 60% na Branda do Arieiro e 50% na Chã
do Abade e Branda da Lamela, apenas 30% no Cruzamento da Junqueira e
PASTAGENS E FORRAGENS 20
47
praticamente nula na Garganta do Eiró (dominada pelas arbustivas). Dentro
das espécies herbáceas, as gramíneas são aquelas que mais abundam. A percentagem de solo nu não é significativa, não chegando aos 20% nos lugares
com maior significado.
FIGURA 1 – Oferta alimentar do baldio.
3.5 – Preferência alimentar dos bovinos
Na figura 2 está identificada a preferência alimentar dos bovinos pelas
espécies herbáceas, independentemente da época do ano, sendo que as
arbustivas assumem um papel mais importante no Inverno. Este mesmo aumento da importância relativa das arbustivas no Inverno foi observado por
Papachristou e Nastis (6) em caprinos na Grécia. A razão de ser desta preferência tem várias hipóteses justificativas. Segundo Genin (2), a composição
química das espécies vegetais, nomeadamente o teor em matéria orgânica das
arbustivas, associada às concentrações em fibras facilmente degradáveis poderá justificar o aumento da importância relativa das arbustivas no Inverno.
Este mesmo autor refere, contudo, a necessidade de melhor compreender os
aspectos funcionais das relações tróficas animais – vegetação juntamente com
as características fisico-químicas da oferta alimentar. É opinião dos autores
que a capacidade selectiva dos animais em função do "seu nível de conhecimento" do território – oferta alimentar –, a estratégia alimentar que varia de
animal para animal, as condições climatéricas do local – temperatura e vento
–, são factores que condicionam a composição da dieta alimentar dos bovinos
quando em pastoreio livre.
48
PASTAGENS E FORRAGENS 20
FIGURA 2 – Preferência alimentar quanto à natureza da vegetação.
A diferença da duração do pastoreio entre as duas épocas do ano tem a
ver com o facto dos bovinos, no Inverno, serem guardados em cortes para
pernoitarem. De salientar que este período é muito longo, cerca de 15 horas,
o que condiciona sobremaneira a estratégia alimentar dos bovinos.
3.6 – Padrão de actividades comportamentais dos bovinos em
pastoreio
As actividades comportamentais dos bovinos variam em função da época do ano. Durante o Inverno, com fotoperíodo mais curto, e com regime de
estabulação por um longo período de cerca de 15 horas, o comportamento
alimentar dos animais está muito condicionado pela condução do criador e
pelo fornecimento de suplemento alimentar. Assim, os animais estão
estabulados cerca de 62% do dia e pastam cerca de 13% do dia, divididos
entre as superfícies privadas e o baldio ou tapadas (figura 3).
Durante o período de Verão, de dias longos, os animais ficam entregues
a si próprios, as 24 horas do dia no baldio. O comportamento dos animais é
livre, sem qualquer condicionante imposta pelo criador. Verifica-se (figura 4)
que 50% do tempo diário é passado a pastorear e 16% do dia em deslocação;
o período de descanso representa apenas 14%. É de salientar o facto de cerca
de 24% (2 horas e 45 minutos) do tempo total de pastoreio, no Verão, ser
efectuado durante o período nocturno.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
49
FIGURA 3 – Padrão de actividades no Inverno de 1998/1999 (período de 24 horas).
FIGURA 4 – Padrão de actividades no Verão de 1998 (período de 24 horas).
A natureza da vegetação é distinta nos dois períodos. No Inverno é à
base de erva castelhana (Lolium multiflorum Lam.) e pastagem melhorada
(Agrostis capillaris, Dactylis glomerata, ...) nas superfícies privadas e vegetação herbácea mais rasteira e arbustivas nas pastagens naturais do baldio. A
suplementação (tabela 2) é aproveitada na integra pelos animais. No Verão,
no baldio, a oferta alimentar das pastagens naturais é composta por herbáceas de porte rasteiro, como Agrostis curtisii, Agrostis truncatula, Agrostis
stoloniferae, Nardus stricta, Molinea coerulea e rebentos de vegetação
arbustiva (Ulex minor, Chamaespartium tridentatum, Erica umbellata, Cytisus
sp., Genista florida).
50
PASTAGENS E FORRAGENS 20
Verifica-se que a actividade ruminação no Verão se distribui pelo dia
e noite, enquanto que no Inverno a actividade ruminação durante o dia é
insignificante.
Ainda que seja necessário efectuar estudos mais específicos sobre este assunto, observações sobre a preferência alimentar dos bovinos pelas arbustivas verificou-se ser maior mais perto do pôr-do-sol, e que este apetite se traduz frequentemente por pequenas bocadas de preensão intercaladas por herbáceas, levando a
supor que a sequência cronológica da ingestão dos vários alimentos disponíveis
terá uma importância significativa, não só numa digestão mais eficiente e equilibrada do ponto de vista nutritivo mas também na capacidade de ingestão.
TABELA 2 – Quantificação da suplementação á manjedoura no Inverno.
Tipo de alimento
Alimento (kg/vaca/dia)
Feno
Grão de milho
Palha de milho
5,2
1,5
3,6
Total (kg/vaca/dia)
10,3
Teor de MS (%)
Alimento (kg MS/vaca/dia)
95,3
86,0
94,4
4,96
1,29
3,40
9,65
3.7 – Critérios de decisão seguidos pelos agricultores
3.7.1 – À escala plurianual de gestão
O agricultor, com base no enquadramento socioeconómico do País, nomeadamente devido à alteração da política de preços e subsídios, aumentou o
efectivo pecuário no decurso da última década e meia. Em consequência
deste e doutros factos (diminuição dos preços dos produtos agrícolas, despovoamento e envelhecimento da população), diminuiu a área de cultivo de
milho × feijão e de batata, passando a cultivar apenas o indispensável para
autoconsumo e auto-utilização. Aumentou desta forma a área de pastagens,
para garantir a conservação de forragem suficiente para os meses de Inverno.
3.7.2 – À escala anual de gestão
O ajustamento das necessidades alimentares do seu efectivo e das superfícies da sua exploração faz com que a constituição de reserva forrageira seja
ajustada ao efectivo pecuário daquele ano, optando pela compra ou não de
feno ou pela venda ou não de animais no início do Inverno. O baldio também
pode funcionar como um recurso de reserva, ou seja, quando em casos extremos o efectivo pecuário é superior às reservas forrageiras, os animais podem
ser deixados no baldio durante o Inverno.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
51
3.7.3 – À escala da gestão alimentar diária
O agricultor gere ao longo do dia a utilização da vegetação pelos animais, a ingestão em pastoreio e a suplementação alimentar.
Durante o Verão, alguns agricultores, por exemplo, do lugar de Padrão, recolhem as vacas, que entretanto pariram, juntamente com os vitelos,
para a proximidade da Branda do Alhal, onde alojam os vitelos nas
cortes a fim de ficarem protegidos dos ataques do lobo. Este lote de
animais é tratado de forma diferente dos restantes, que se alimentam
exclusivamente no baldio. Os vitelos permanecem com as mães na corte
durante a noite e os maiores são suplementados com milho traçado. As
mães são suplementadas com feno antes de saírem da corte e ao fim da
tarde no regresso à corte. Durante o dia pastam nos baldios próximos ou
nas tapadas.
No Inverno, quando todos os animais regressam ao lugar empurrados
pelas condições climáticas, vento, temperatura e chuvas, são alojados por
grupos de animais mais sociáveis entre si, ou por classes de idades, vacas de
canga, machos, novilhas e vacas mais fracas, etc. A colocação nas pastagens
obedece também ao mesmo critério.
Da parte da manhã pastam nos campos privados: erva castelhana ou
pastagens permanentes ou erva molar; à tarde, são conduzidos ao baldio a
fim de garantir a gestão da oferta de erva dos campos privados até ao fim do
ano. Por outro lado, enquanto que as pastagens privadas são à base de
gramíneas, o baldio oferece uma dieta alimentar mais diversificada.
A palha de milho é administrada, preferencialmente, às vacas acabadas
de parir, com o fim de estimular a expulsão das secundinas, e pode ser
administrada uma vez ao dia até que se esgote, mas raramente se administra
para além do mês de Janeiro. O centeio é pastoreado duas vezes, uma em
Novembro e outra em Janeiro.
As pastagens melhoradas podem ser pastoreadas de Agosto (restolhos) a
Fevereiro, no lugar apenas pelas vacas de canga, mas as Brandas apenas
permitem uma ou duas passagens dos animais, devido às condições
edafoclimáticas adversas que encurtam o período favorável de crescimento da
erva (temperaturas superiores a 8 ºC). O feno fica disponível após meados
de Agosto e é administrado à manjedoura, de Novembro a Fevereiro, uma
ou duas vezes ao dia à saída e entrada na corte e ainda durante a restante
parte do ano às vacas de trabalho.
52
PASTAGENS E FORRAGENS 20
4 – CONCLUSÕES
O aumento das pastagens permanentes de uma forma geral e em
particular nas três explorações acompanhadas foi de 49,0 % no lugar de
Lordelo, 63,8% em Rouças e 19,7 em Padrão e pode ser considerado
como o resultado da conjugação de diferentes factores:
Sociais – O crescente despovoamento e índice de envelhecimento. Os
lugares, Lordelo, Rouças e Padrão, verificam uma quebra na população residente de 1981 a 1991 de – 47,5, – 28,4 e 14,1% respectivamente (4) e apresentam um índice de envelhecimento de 1500, 187,5 e 271,4, respectivamente, o
que traduz uma quebra de mão-de-obra significativa ao nível dos lugares.
Económicos – O surgimento dos prémios e subsídios atribuídos aos
animais. O gado representa a principal fonte de receita da exploração que,
com o surgimento dos prémios e subsídios, reforçou a sua importância, o
que se traduziu no aumento do efectivo pecuário por exploração ( 5 ). Nas
explorações acompanhadas este aumento foi de 50%, 60% e 44%, respectivamente em Lordelo, Rouças e Padrão.
Estruturais – Dispersão da propriedade, impossibilidade de mecanização (ausência de acessos e pequena dimensão das parcelas) e degradação das condutas de água do sistema de regadio tradicional.
A razão da área por parcela é da ordem dos 0,29 ha na exploração
de Lordelo, 0,11 ha na exploração de Rouças e 0,13 ha na exploração de
Padrão, podendo encontrar-se distanciadas entre si cerca de 1000, 2300 e
3200 metros, respectivamente; no entanto, esta distancia linear é confrontada com uma diferença de cotas muito acentuada, da ordem dos 270, 450
e 650 metros, respectivamente.
Este conjunto de factores mostra que as condições de trabalho dos
agricultores desta zona de montanha são difíceis, que as suas decisões são
condicionadas por elas e a própria alimentação dos animais sai fora dos
padrões alimentares conhecidos.
A alimentação do efectivo só é possível graças à existência de ampla
superfície de baldio, rico do ponto de vista da sua variabilidade florística, e à
gestão equilibrada que o agricultor faz do uso da propriedade privada e comunal.
Ainda que os criadores não utilizem, de uma forma directa, a informação da preferência alimentar e padrão de actividades na gestão da superfície
de alimentação, permite, contudo, contribuir para elaborar um plano de melhoramento da oferta alimentar.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
53
BIBLIOGRAFIA
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Illinois, University of Chicago, Allee Laboratory of Animal Behaviour, 1973.
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caprins sur un parcours aride. "Fourrages", n.º 124, 1990, p. 385-397.
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research. London, Elsevier, 1995.
4 – MACHADO, C. – Dinâmica e Estrutura Populacional. "Cadernos da Montanha –
Peneda", vol. 1, 2000, p. 40-47.
5 – MELO, M.; XAVIER, D. – As Pastagens na Serra da Peneda – Caracterização,
Importância e Evolução. "Cadernos da Montanha – Peneda", vol. 1, 2000, p. 70-87.
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shrub density and season of grazing in Greece. In: "41st Annual Meeting of the
EAAP", Toulouse, 1990, p. 15.
7 – PIETRO, F. Di; BALENT, G. – Dynamique des pratiques pastorales et des paysages:
une approche pluri-échelles appliquée aux Pyrénées ariégeoises (France). "Agronomie",
Paris, INRA, 1997, p. 139 - 155.
8 – ROSSI, E. V. – L’enquête pour le diagnostic de la gestion des systèmes fourragers –
Elaboration d’une méthode sur le cas des exploitations d’élevages du Couserans
(Pyrénées Centrales). Toulouse, INRA, SAD, 1991.
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Famílias – Explorações. Faro, Universidade do Algarve, 1999.
10 – THEAU, J. P.; GIBON, A. – Mise au point d’une méthode pour le diagnostic des
systèmes fourragers – application aux élevages bovin viande du Couserans. In:
"LANDAIS, E. (ed). – Pratiques d’élevage extensif: identifier, modeliser, évaluer".
Toulouse, INRA, SAD, 1995. (Project Agreste), p. 323-350.
54
PASTAGENS E FORRAGENS 20
"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 55–62.
CARACTERIZAÇÃO DE SILAGENS DE ERVA NO CONCELHO
DE VILA DO CONDE*
António Fernandes, José Maia♦ , Nuno Moreira♦
Estação Regional de Culturas Arvenses Qta. S. José – S. Pedro de Merelim –
– 4700 BRAGA
♦
Departamento de Fitotecnia e Eng. Rural – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro –
– Apartado 202 – 5001 VILA REAL CODEX
RESUMO
O elevado encabeçamento das explorações de pecuária leiteira [5 a 7 cabeças
normais por hectare (CN/ha)], associado a condições climáticas adversas para a
produção de feno, têm levado a que a prática da ensilagem de erva assuma cada vez
mais uma importância primordial nas explorações leiteiras do litoral Norte do País.
Contudo, o domínio da tecnologia da ensilagem de erva está longe de ser o ideal,
havendo a consciência generalizada de que a qualidade destas silagens fica aquém das
exigências alimentares do potencial genético das vacas leiteiras da região.
No presente estudo avaliou-se a qualidade de silagens de erva em 27 explorações
leiteiras do concelho de Vila do Conde.
O trabalho, realizado em 1998, foi conduzido em duas fases: numa primeira fase,
inquiriu-se o agricultor sobre a tecnologia adoptada na produção de silagens e nas
culturas utilizadas; na segunda fase, após abertura do silo, recolheram-se amostras e
analisou-se a qualidade nutritiva das silagens obtidas.
As silagens tiveram origem em forragens verdes à base de azevém consociado
com cereais praganosos (85% das amostras) ou azevém estreme (15% das amostras).
Em 70% dos casos inquiridos, a cultura foi sujeita a corte único para ensilar, enquanto
que nos restantes se tratou de ensilagem do último corte. A cultura de erva deu lugar,
em todos os casos, à sucessão de milho forragem.
A qualidade nutritiva das silagens apresentou os seguintes valores médios:
pH = 4,2; fibra insolúvel em detergente neutro (NDF) = 64,7 [% na matéria seca (MS)];
proteína bruta 12,5 (% na MS); azoto amoniacal 3,6 (% N total) e energia metabolizável
de 10,7 MJ por kg MS.
Os indicadores do valor nutritivo revelam silagens de mediana qualidade. Este
facto está certamente associado ao corte da forragem em estádios avançados de
* Comunicação apresentada na XX Reunião de Primavera da SPPF. Elvas, Abril de 1999.
Trabalho elaborado no âmbito do projecto PRAXIS XXI - Ervaleite, PO87-P31B-01/
/98 – Forragens Alternativas para Vacas Leiteiras.
55
maturação (95% ensilado no espigamento), ao recorte grosseiro (85% acima dos 4 cm)
e à abertura precoce do silo (45% antes dos 30 dias).
Constatou-se que em 33% dos casos inquiridos os agricultores recorreram a
aditivos para conservação e que 67% adoptaram uma pré-fenação. Em média, as
silagens pré-fenadas apresentaram 32% de MS e as silagens directas 23%.
Como conclusão do trabalho, poder-se-á dizer que as silagens de erva no
concelho de Vila do Conde são de qualidade mediana, havendo, por isso, ainda um
longo caminho a percorrer por parte dos agricultores no sentido de melhorar algumas
práticas menos adequadas na tecnologia deste tipo de ensilagem.
PALAVRAS-CHAVES: Forragens de Inverno; Silagens de erva; Valor nutritivo; Explorações
leiteiras.
ABSTRACT
The high cattle stocking rate of dairy farms (5-7 LU/ha), associated with the
adverse climatic conditions for hay production in the Portuguese Northern Littoral,
have conducted to a situation where an increasing practice of grass silage is taking
place in most of the farms.
However, the practice of this tecnology is known to be still far away of what
should be considered the best equilibrium between the silage quality and the genetic
potential of the animals used in the region.
In this study an attempt was made to evaluate the nutritive quality of the different
grass silages in 27 milking farms within the range of Vila do Conde county. This
research was carried out during the year of 1998 and followed a two-phases pattern:
first, following up an inquiry to the farmers, data about the adopted technology, both in
silage and other crops production, was collected; second, imediately after the openings
of the silos, samples for nutritive value analyses were taken.
The grass silages were composed by green forages based on either a misture of
ryegrass and awned cereals (85%) or plain ryegrass (15% of the samples). In 70% of
the inquired cases, the crop was submited to a unique cut, while in the remaining cases
only the last cut was used for silage.
The following mean values were found for the silage nutritive quality: 4.2 for
pH, 64.7 for neutral detergent fiber (NDF) [% dry mater (DM)], 12.5 for crude
protein (%DM), 3.6 amonia Nitrogen (% of the total N) and metabolised energy (ME)
of 10.7 ME for kg DM.
Since the indicators of the nutritive value show an overall median quality, it is
suggested that this can be due to the mismanagement of three decisive factors: first, the
cut is being carried out at advanced stages of maturation (95% collected at the heading
stage); second, the poor technology of gross cuttings (85% with particle size larger than 4
cm ) and third, the pre-mature openings of the silos.
Besides, it was found that in 33% of the inquired cases, additives for silage
conservation were regularly used and that 67% of the farmers used wilting the grass
before ensiling.
In average, the observed DM content was 32% in the wilted silage and 23% in the
direct silages.
56
PASTAGENS E FORRAGENS 20
As a final remark, it is suggested that in order to improve the mean quality of the
grass silages produced at the Vila do Conde county, there is the possibility to improve
the farmers performance through the adoption of more adequate technologies.
KEY WORDS: Winter forages; Grass silage; Nutritive value; Dairy farms.
1 – INTRODUÇÃO
O concelho de Vila do Conde contribui com 5,6% (9033 ha) dos
162 704 ha de área semeada com forragens anuais no Entre Douro e Minho
(3). Com um efectivo pecuário leiteiro de cerca de 20 700 vacas com mais de
24 meses a Cooperativa Agrícola de Vila do Conde ( 2) produziu, em 1998,
mais de 87 milhões de litros de leite contra os 40 milhões de litros produzidos em 1987, o que faz deste concelho o segundo maior em termos de
produção de leite na região*. A duplicação da produção, nesta última década,
deveu-se não só à melhoria do potencial genético das vacas leiteiras, mas
também ao maneio efectuado nas explorações, tal como a utilização de matérias-primas de maior densidade energética e a divulgação dos atrelados-misturadores, vulgarmente conhecidos por "Unifeed", que permitem o fornecimento
de alimento composto "silagem + concentrado".
A base da produção forrageira destas explorações é o milho silagem,
realizando-se uma segunda cultura intercalar de erva na época fria ( 4).
A fenação é, ainda hoje, o processo mais comum seguido no concelho
para conservar os excedentes de erva na Primavera, mas tem-se assistido,
nos últimos anos, ao incremento da prática da ensilagem de erva. Assumindo esta técnica cada vez mais uma importância primordial nas explorações
leiteiras do litoral Norte do País, por ser a alternativa mais aconselhável
face à irregularidade das condições atmosféricas de Março a Maio. Contudo, o domínio da tecnologia da ensilagem de erva está longe de ser o
melhor, havendo a consciência generalizada de que a qualidade destas
silagens fica aquém das exigências alimentares do potencial genético das
vacas leiteiras da região ( 5).
No presente estudo, inquiriram-se 27 explorações leiteiras, no concelho
de Vila do Conde, sobre a tecnologia adoptada na produção de silagens de
erva e culturas utilizadas, avaliando-se posteriormente a qualidade das silagens
obtidas.
* Dados fornecidos pelo Dr. António Ventura da Organização de Produtores de Pecuária
de Vila do Conde (OPP).
PASTAGENS E FORRAGENS 20
57
2 – MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado em 1998, tendo sido conduzido em duas fases:
a) Na primeira fase, foram inquiridos 27 agricultores que já praticavam
a ensilagem de erva, distribuídos por 15 freguesias do concelho de
Vila do Conde. Uma caracterização sumária das explorações é apresentada no quadro 1.
QUADRO 1 – Caracterização das explorações inquiridas
Explorações
(nº de ordem)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
Média
Desvio-padrão
Mínimo
Máximo
(1)
Área
(ha)
15
19
15
10
22
11
12,5
12
9
8
40
13,5
6,5
8
13,2
8
26,7
7
12
12
14
5,25
10,4
9,5
12
9,3
13,8
13,1
7,13
5,3
40
Nº
parcelas
13
5
37
11
9
6
7
6
13
9
16
12
5
7
11
9
17
5
9
11
32
5
10
7
8
3
12
10,9
7,65
3
37
Efectivo bovino
< 1 ano
1 - 2 anos
Novilhas
47
82
49
9
20
16
13
24
15
15
120
30
15
24
23
8
90
15
30
7
19
10
6
6
45
22
48
29,9
28,0
6
120
5
22
11
2
6
2
25
1
4
1
7,9
8,8
1
25
32
61
42
17
50
19
26
18
24
6
95
13
5
7
26
11
42
6
20
32
20
7
26
7
32
24
27
25,7
19,8
5
95
Vacas leiteiras(1)
57
102
64
36
80
34
55
44
36
31
198
50
25
33
51
38
63
25
51
63
44
17
40
29
67
38
60
53
34,4
17
198
Inclui vacas em produção e vacas secas.
58
PASTAGENS E FORRAGENS 20
b) Na segunda fase, após a abertura dos silos, recolheram-se amostras e
analisou-se a qualidade nutritiva das silagens através dos seguintes
parâmetros: matéria seca (MS) em estufa de ar forçado a 60º durante
36 horas; pH segundo o método da Antrona; teor de proteína bruta
(N × 6,25) e de azoto amoniacal (N-H3) pelo método de Kjeldhal,
fibra insolúvel em detergente neutro (NDF) e energia metabolizável
(EM). As diferentes determinações foram feitas segundo a metodologia de análise e de cálculo adoptada pelo laboratório da Direcção
Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho (DRAEDM).
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 – Culturas utilizadas e tecnologia adoptada na produção de
silagens
Como se vê no quadro 2 as silagens obtidas tiveram origem em forragens verdes à base de azevém consociado com cereais praganosos (85% das
amostras), incluindo por vezes leguminosas nas misturas, ou azevém estreme
(15% das amostras). Constata-se que, em 70% dos casos inquiridos, os produtores fizeram um corte único para ensilar, o que está de acordo com a
tendência registada nos últimos anos na redução do "verde" nos regimes
alimentares da vaca, facilitando, dessa forma, o uso de estratégias e práticas
alimentares na exploração. Do total dos inquiridos, 11% ensilaram directamente a forragem com teores médios de 23% MS; dos restantes, 33% recorreram à aplicação de aditivos (sal, melaços e ácido propiónico) para melhorar
a conservação e 67% optaram pela pré-fenação com valores médios de 32%
MS. Todavia, a aplicação de aditivos ou o recurso à pré-fenação não colmata,
só por si, falhas básicas nas técnicas de ensilagem, tais como as registadas
com o corte da forragem em estádios avançados de maturação (95% no
espigamento), e o recorte grosseiro (85% acima dos 4 cm).
3.2 – Caracterização do valor nutritivo das silagens
A qualidade nutritiva das silagens depende da qualidade da forragem
original, fundamentalmente do seu conteúdo energético e proteico, bem como
da qualidade da fermentação que tem lugar posteriormente no silo.
A observação das figuras 1 a 6 permite constatar as variações dos
valores em cada um dos parâmetros estudados.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
59
QUADRO 2 – Caracterização da forragem e tecnologia utilizada na ensilagem.
1
Data
sementeira
Setembro
Espécie (s)
semeada (s)
Azevém
Nº
cortes
2
Data
corte
Maio
Momento
do corte
Espigamento
Tipo
Máquina
Autocarregante
2
Novembro
Azevém
1
Início
Maio
Início
espigamento
Ensiladora
erva
4a5
60
3
Outubro
Azevém
3
Maio
Espigamento
Autocarregante
50 a 60
48
–
–
4
Novembro
1
Abril
Espigamento
Autocarregante
20
72
-
1
Abril
Espigamento
Autocarregante
8
Directa
–
4
Maio
24
-
Maio
Ensiladora
erva
Autocarregante
8
1
12
48
Luprosil
1
Inicío
Maio
Início
espigamento
Início
espigamento
Espigamento
20
Directa
-
1
Maio
Espigamento
10
Directa
-
1
Maio
Espigamento
6a8
Directa
Sal
Espigamento
6
24
-
Espigamento
10
168
-
3
Directa
Sal
8
24
Luprosil
5
96
Luprosil
5a6
Directa
Melaço
5
48
Luprosil
3
Directa
Sal
50 a 60
24
Luprosil
5a6
48
4
84
20
Directa
Explorações
Azevém trevo
centeio ervilhaca
Novembro Azevém trevo centeio
×
×
5
6
×
×
Outubro
×
Azevém centeio
fava aveia
×
×
7
Outubro
×
×
Azevém trevo centeio ×
×
×
8
×
Outubro
×
ervilhaca fava
×
Azevém aveia
centeio
×
×
×
9
Azevém aveia
centeio
Azevém aveia
Outubro
×
×
×
10
Novembro
11
Novembro
×
Azevém aveia
centeio
Azevém trevo
aveia
×
×
1
×
×
1
Fim
Maio
Maio
1
Maio
Espigamento
2
Maio
Espigamento
1
Início
espigamento
Espigamento
×
12
Novembro
×
13
Outubro
Azevém serradela
aveia
×
×
×
14
Outubro
15
Novembro
Azevém trevo
aveia
Azevém
16
Fevereiro
Azevém aveia
1
Fim
Maio
Junho
17
Outubro
Azevém aveia
centeio ervilhaca
1
Maio
Espigamento
1
Maio
Espigamento
Azevém trevo
aveia ervihaca
×
1
Maio
Espigamento
Azevém aveia
ervilhaca
×
1
Maio
Espigamento
Azevém aveia
2
Maio
Azevém aveia
centeio ervilhaca
1
Início
Maio
Início
espigamento
Espigamento
Azevém centeio
aveia
1
×
×
×
×
×
×
18
Outubro
×
Azevém serradela
aveia
×
Outubro
×
×
20
Outubro
×
×
×
×
21
Outubro
22
Outubro
×
×
×
23
Outubro
×
×
×
×
×
24
Outubro
Azevém aveia
1
25
Novembro
Azevém triticale
aveia ervilhaca
2
×
Início
Maio
Maio
26
Outubro
Azevém centeio
1
Início
Maio
Maio
27
Outubro
Azevém triticale
centeio
2
Maio
×
×
×
×
×
×
×
60
Colhedor de
forragens de facas
articuladas
Ensiladora
erva
Ensiladora
erva
Ensiladora
erva
Colhedor de
forragens de facas
articuladas
Ensiladora
erva
Ensiladora erva
Ensiladora
erva
Colhedor de
forragens de facas
articuladas
Autocarregante
×
×
19
Tamanho Pré-fenação Tipo de
recorte (cm)
(horas)
aditivos
20 a 25
36
Sêmea
×
Ensiladora
erva
Colhedor de
forragens de facas
articuladas
Colhedor de
forragens de facas
articuladas
Autocarregante
Sal /
/ Melaço
Luprosil
Início
espigamento
Colhedor de
forragens de facas
articuladas
Ensiladora
erva
Ensiladora
erva
Ensiladora
erva
Espigamento
Autocarregante
12
48
-
Início
espigamento
Autocarregante
5a6
120
Luprosil
Espigamento
Espigamento
Sal /
/ Luprosi
12 a 15
Directa
l
Sal /
/ Luprosil
5
48
-
5
96
-
PASTAGENS E FORRAGENS 20
15%
19%
20- 25
25- 30
19%
30- 40
>40
< 3,6
3,6 a 4,0
4%
11%
4,0 a 4,4
4,4 a 4,8
48%
4,8 a 5,2
> 5,2
33%
15%
11%
11%
< 20
15%
FIGURA 1 – Distribuição to teor de MS (%)
nas amostras de silagem por
classes.
FIGURA 2 – Distribuição de variação do pH
nas amostras de silagens por
classes.
22%
16%
9 a 11
11%
12 a1 3
29%
13 a 1 4
31%
3%
11 a 1 2
1 a 2
2 a 3
3 a 4
7%
4 a 5
5 a 6
19%
14 a1 5
> 6
19%
27%
FIGURA 3 – Distribuição de variação da proteína bruta (% na MS) nas
amostras de silagens por classes.
17%
4% 4%
< 50
5 0 a 55
25%
FIGURA 4 – Distribuição de variação do teor
de amoníaco (% N total) nas
amostras de silagens por classes.
4% 4%
15%
< 9
9 a 10
5 5 a 60
41%
6 0 a 65
6 5 a 70
18%
16%
> 70
10 a 11
11 a 12
37%
> 12
32%
FIGURA 5 – Distribuição de variação do teor
de NDF (% na MS) nas amostras de silagens por classes.
FIGURA 6 – Distribuição de variação da energia
Metabolizável (MJ por kg MS) nas
amostras de silagens por classes.
Embora não tivesse sido possível avaliar a qualidade do material original, a análise dos indicadores em estudo, nomeadamente proteína bruta e
energia metabolizável, reflecte de uma forma geral uma qualidade aceitável
das silagens. No entanto, o corte em fase de maturação avançada das forragens (quadro 2) contribuiu para explicar esta qualidade, como foi verificado
nos elevados teores em fibra das silagens, em média geral "NDF" = 64,7.
Pela análise aos parâmetros da fermentação, o pH (figura 2) e o azoto
amoniacal (figura 4), constata-se que em geral estes se situaram dentro dos
níveis normais de silagens de boa qualidade. Assim, os valores de pH mais
PASTAGENS E FORRAGENS 20
61
frequentes variaram entre os 4,0 a 4,5 e os valores do azoto amoniacal foram
em geral inferiores aos 5% do N total ( 1).
4 – CONCLUSÕES
Como conclusão deste estudo pode-se dizer que as silagens de erva que
se fazem no concelho são de qualidade mediana, ficando o seu valor nutritivo
aquém dos indicadores propostos por Chamberlain e Wilkinson para silagens
de boa qualidade (1).
Os agricultores que já adoptaram a ensilagem de erva nas explorações
leiteiras do concelho de Vila do Conde fazem-no, predominantemente, com
misturas à base de azevém e cereais praganosos e, maioritariamente, praticam
corte único e fazem-no com pré-fenação.
A melhoria da qualidade destas silagens passa pela adopção, pelos agricultores das seguintes práticas: ensilagem da forragem em estádios de
maturação mais precoces, redução do tamanho das partículas e, no caso de
ensilagens directas, a aplicação de conservantes. Também Dias-da-Silva, em
trabalhos conduzidos na mesma região, chegou a conclusões semelhantes ( 5).
AGRADECIMENTO
Os autores agradecem ao colega Henrique Santos, responsável pela ERCA, a colaboração
e as sugestões apresentadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 – CHAMBERLAIN, A. T.; WILKINSON, J. M.- Feeding the dairy cow. Kingston, Kent,
UK, Chalcombe Publications, 1996.
2 – COOPERATIVA AGRÍCOLA DE VILA DO CONDE (CAVC) – Relatório e Contas de
1998. Vila do Conde, CAVC, 1999.
3 – INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA – Recenseamento Geral Agrícola de
1989. Lisboa, INE, 1990.
4 – MOREIRA, Nuno – Situação e Perspectivas da Produção Forrageira Intensiva no
Entre Douro e Minho. "Pastagens e Forragens", Elvas, vol. 14/15, 1993/1994, p. 31-40.
5 – SILVA, Arnaldo Dias da – Utilização de Forragens e Pastagens Conservadas na
Produção de Leite. "Comunicação apresentada na XIX Reunião de Outono da SPPF",
Elvas, Novembro 1997.
62
PASTAGENS E FORRAGENS 20
"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 63–74.
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE LINHAS
DE TRIFOLIUM SUBTERRANEUM L.
COM BASE EM ANÁLISE MULTIVARIADA*
L. Goulão, Noémia Farinha♦, M. M. Tavares de Sousa♦, J. M. N. Martins
Instituto Superior de Agronomia – Tapada da Ajuda – 1399 LISBOA CODEX
♦
Estação Nacional de Melhoramento de Plantas – Apartado 6 – 7351 ELVAS CODEX
RESUMO
Através da quantificação de sessenta e quatro caracteristicas morfológias, foi
avaliada a variabilidade existente entre três cultivares australianas e quinze genótipos
seleccionados de sete populações de trevo subterrâneo espontâneas na região
mediterrânica (Penacova, Crato, D. Sancho, Vinhais, D. Dinis, S. Vincente e Ajuda),
pertencentes à Coleccção de Germoplasma da Estação Nacional de Melhoramento de
Plantas, Elvas, Portugal. Através da aplicação de técnicas de análise multivariada, os
genótipos foram agrupados com base em relações dissemelhança e, para cada grupo, foi
determinado o conjunto de características que melhor o classificava. Os resultados
obtidos das análises aglomerativa e em componentes principais revelaram uma clara
separação dos genótipos ao nível da subespécie, além de evidenciarem uma maior
variabilidade do que intrapopulacional. Os resultados foram idênticos reduzindo o
número de características em análise para treze, eleitas em anos anteriores pelo seu
maior poder discriminante observado para outro conjunto de genótipos. A elevada
correlação cofenética (r = 0,87) observada entre as matrizes de similaridade obtidas,
considerando todas as características e as trezes eleitas, indica que estas podem
representar uma boa opção para uma caracterização mais simplificada de germoplasma
de trevo subterrâneo.
PALAVRAS-CHAVES: Trevo subterrâneo; Caracterização; Variabilidade; Taxonomia numérica.
ABSTRACT
Sixty-four morphological characters were used to estimate the variability among
three australian cultivars and fifteen genotypes selected from seven subterranean clover
populations spontaneous in the Mediterranean area, and maintained in the Estação
Nacional de Melhoramento de Plantas Gene-Bank, Elvas, Portugal. Multivariated
analysis allowed to group the genotypes based on calculated distances of dissimilarity
and, for each cluster, the best set of characters wa determined. Both cluster and
* Comunicação apresentada na XX Reunião de Primavera da SPPF. Elvas, Abril de 1999.
63
principal components analysis revealed a clear separation of the genotypes according to
the subspecie, and a higher interpopulational variability was observed. Characterisation
using the more discriminative thirteen characters found in previous years for a different
set of genotypes, conducted to similar results. The high cophenetic correlation (r = 0.87)
observed between matrices of similarity calculated from all characters and the thirteen
selected ones suggests that these characters could be used for an easier characterisation
of subclover germplasm.
KEY WORDS: Subterranean clover; Characterisation; Variability; Numerical taxonomy.
1 – INTRODUÇÃO
As pastagens à base de leguminosas assumem um papel relevante no
contexto actual da agricultura portuguesa, já que contribuem para a sustentabilidade dos sistemas agrícolas, traduzindo-se em resultados económicos favoráveis e oferecendo simultaneamente boas perspectivas de protecção do ambiente, através da protecção contra a erosão do solo, contribuição
para o seu enriquecimento em azoto e embelezamento da paisagem.
David Crespo ( 1 ) estimou uma área potencial para prados permanentes de sequeiro melhorados à base de leguminosas de 1 600 000 ha e de
500 000 ha para prados temporários.
De entre as espécies pratenses com interesse, o trevo subterrâneo
(Trifolium subterraneum L.) assume particular importância, já que se trata
de uma espécie de ressementeira anual com elevado potencial produtivo,
sendo a espécie pratense que tem conduzido a melhores resultados em
condições semelhantes às da Península Ibérica.
No entanto, as cultivares utilizadas são maioritariamente provenientes
da Austrália e em condições mediterrânicas revelam graves problemas de
persistência ( 9 ). Este problema levou a que se iniciasse em Portugal um
programa de selecção a partir de ecótipos da flora espontânea, quer de
Portugal, quer de países com condições climáticas semelhantes, com o
objectivo de obter cultivares produtivas e bem adaptadas às condições
agro-ecológicas específicas do nosso País.
A região mediterrânica é o centro de origem do trevo subterrâneo
(Trifolium subterraneum L.), fonte de uma grande variabilidade genética.
O conhecimento da diversidade de ecótipos ecologicamente adaptados ao
meio onde se encontram é, para espécies recentemente domesticadas, como
é o caso do trevo subterrâneo, a base do seu melhoramento. Os estudos de
caracterização de germoplasma são, portanto, requisito prévio para uma
correcta utilização das amostras em programas de melhoramento.
64
PASTAGENS E FORRAGENS 20
A aplicação de técnicas de análise multivariada mostra-se particularmente útil na caracterização de germoplasma, uma vez que permite agrupar genótipos com base em relações de dissemelhança calculadas para
diversas características morfológicas observadas e, para cada grupo, determinar o conjunto de características que melhor o classificam.
Este trabalho teve como objectivo avaliar a variabilidade existente
entre quinze genótipos, seleccionados de sete populações de trevo subterrâneo pertencentes à Colecção de Germoplasma da Estação Nacional de
Melhoramento de Plantas (ENMP), Elvas. Incluíram-se ainda três cultivares australianas, de uso generalizado em Portugal. Pretendeu-se ainda testar a caracterização destas populações, utilizando apenas treze características, eleitas em anos anteriores pelo seu maior poder discriminante
observado para outro conjunto de genótipos, de modo a permitir uma
caracterização mais simplificada do germoplasma de trevo subterrâneo.
2 – MATERIAL E MÉTODOS
Os dezoito genótipos utilizados e suas proveniências encontram-se
listados no quadro 1.
QUADRO 1 – Genótipos estudados, populações a que pertencem e proveniência.
Genótipo
19
População
Penacova
Proveniência
Portugal
Nº na colecção da ENMP
2895
Subespécie
subterraneum
356
395
Crato
"
Portugal
"
2011
"
brachycalycinum
"
493
D. Sancho
Argélia
2403
brachycalycinum
Vinhais
Portugal
2201
brachycalycinum
559
616
627
D. Pedro
D. Dinis
Israel
2396
"
"
"
Cultivar australiana obtida a partir da população D.Dinis
brachycalycinum
"
brachycalycinum
702
724
725
766
S. Vicente
"
"
"
Portugal
"
"
"
1991
"
"
"
brachycalycinum
"
"
"
839
854
855
869
Ajuda
"
"
"
Portugal
"
"
"
1955
"
"
"
subterraneum
"
"
"
Clare
Cultivar australiana
Seaton Park Cultivar australiana
PASTAGENS E FORRAGENS 20
brachycalycinum
subterraneum
65
O ensaio decorreu durante o ano agrícola de 1995-96, na denominada
"Folha 6" da ENMP – Elvas. O ensaio foi delineado segundo um modelo de
blocos completos, totalmente casualizados, de dezoito níveis (genótipos) com
quatro repetições. A cada genótipo fez-se corresponder um conjunto de 12 plantas (10 plantas úteis e 2 de bordadura) separadas na linha de 25 cm e na
entrelinha de 1 m. De um modo geral, a caracterização de cada genótipo no
campo foi feita com base na observação de 5 plantas por bloco, escolhidas
aleatoriamente.
No quadro 2 encontram-se descritas as sessenta e quatro observações efectuadas
na caracterização dos genótipos, reunidas pelo período em que foram quantificadas.
A escolha das características teve como base os trabalhos de Gladstones e Collins
(3) e de Farinha (2). Encontram-se assinaladas a itálico no mesmo quadro as treze
características que revelaram, em anos anteriores (2), maior poder discriminante.
QUADRO 2 – Observações efectuadas para caracterização dos genótipos.
I – Características observadas à germinação (no estado de plântula)
1 – Comprimento do limbo da folha cotiledonar – CCOT (mm)
2 – Largura do limbo da folha cotiledonar – LCOT (mm)
3 – Comprimento do pecíolo da folha cotiledonar – PCOT (mm)
4 – Espessura do pecíolo da folha cotiledonar – EPCO (mm)
5 – Área da folha cotiledonar – ACOT (cm2)
6 – Comprimento do limbo do unifólio – CUNI (mm)
7 – Largura do limbo do unifólio – LUNI (mm)
8 – Comprimento do pecíolo do unifólio – PUNI (mm)
9 – Espessura do pecíolo do unifólio – EPUN (mm)
10 – Área do unifólio – AUNI (cm2)
11 – Mancha em crescente do unifólio – MCUN (0-6)
12 – Pilosidade da página superior do unifólio – PPUN (0-9)
II – Características observadas da terceira folha trifoliada até ao início da floração
13 – Rotundidade do folíolo – ROTU (1-9)
14 – Chanfro da margem distal do folíolo – CHAN (1-9)
15 – Mancha central do folíolo – MCEN (1-4)
16 – Prolongamento da mancha central do folíolo – PROL (1-4)
17 – Banda uniforme do folíolo – BAND (1-9)
18 – Manchas vermelhas da folha – MVER (0-9)
19 – Intensidade da pigmentação antocianínica da folha – ANTF (0-9)
20 – Padrão da pigmentação antocianínica da folha – PANT (0-6)
21 – Pilosidade da página superior da folha – PILF (0-9)
22 – Cor da folha – CORF (1-9)
III – Características observadas no início da floração
23 – Pilosidade do pecíolo – PILP (1-9)
24 – Pigmentação antocianínica da estípula – ESTI (0-9)
25 – Pilosidade do caule – PILC (1-9)
26 – Intensidade da pigmentação antocianínica do caule – ANTC (1-9)
27 – Número do nó da 1ª flor – NO1F
28 – Número de dias da sementeira à 1ª flor – 1FLO
29 – Número de dias da sementeira à floração média – FMED
66
(continua)
PASTAGENS E FORRAGENS 20
(continuação quadro 2)
IV – Características observadas à floração
30 – Vigor primaveril – VIGP (1-9)
31 – Compacidade – COMP (1-9)
32 – Homogeneidade – HOMG (1-9)
33 – Susceptibilidade a doenças – SDOE (1-9)
34 – Comprimento do folíolo da folha no 1º nó com flor – CF1N (mm)
35 – Largura do folíolo da folha no 1º nó com flor – LF1N (m)
36 – Comprimento do pecíolo da folha no 1º nó com flor – CP1N (mm)
37 – Espessura do pecíolo da folha no 1º nó com flor – EP1N (mm)
38 – Área da folha no 1º nó com flor – AF1N (cm2)
39 – Intensidade da pigmentação do estandarte – PEST (1-4)
40 – Intensidade da pigmentação do cálice – PIGC (0-9)
41 – Pilosidade do pedúnculo da inflorescência – PLPE (1-9)
V – Características observadas à maturação
42 – Número de ramificações basais – RBAS
43 – Número de dias da sementeira à maturação final – FMAT
44 – Número de dias da floração média à maturação final – FMMA
45 – Comprimento do entrenó após a 1ª flor – ENT1 (mm)
46 – Espessura do entrenó após a 1ª flor – EEN1 (mm)
47 – Comprimento do pedúnculo da 1ª infrutescência – CP1F (mm)
48 – Espessura do pedúnculo da 1ª infrutescência – EP1F (mm)
49 – Diâmetro máximo do glomérulo no 1º nó floral – DGLO (mm)
50 – Peso da parte aérea da planta – P/PL (g)
51 – Percentagem de glomérulos enterrados – % ENT
52 – Número de sementes por glomérulo enterrado – S/GE
53 – Número de sementes por glomérulo não enterrado – S/GN
54 – Peso de sementes por glomérulo enterrado – PSEE (g)
55 – Peso de sementes por glomérulo não enterrado – PSEN (g)
56 – Número de sementes por glomérulo – NS/G
57 – Peso de semente por glomérulo – PS/G (g)
58 – Peso de 100 sementes enterradas – PCSE (g)
59 – Peso de 100 sementes não enterradas – PCSN (g)
60 – Peso de 100 sementes – HPECS (g)
61 – Peso total de sementes por planta – S/PL (g)
62 – Nº de sementes enterradas/Nº total de sementes – % NSE
63 – Peso de sementes enterradas/Peso total de sementes – % PSE
64 – Percentagem de sementes duras 3 meses após a colheita – % D3M
O tratamento dos dados fez-se recorrendo a técnicas de taxonomia numérica. Apenas entraram nos cálculos aquelas características que mostraram
diferenças significativas (> 99% confiança) entre genótipos e não correlacionadas acima de 95%. As relações de dissemelhança entre genótipos foram
quantificadas através do cálculo da distância euclidiana média, a partir dos
dados normalizados. A análise aglomerativa ("cluster analysis") das matrizes
de distâncias euclidianas foi efectuada com base no método UPGMA
("unweighted pair-group method using arithmetic averages"). Procedeu-se ainda a análises em componentes principais a partir das matrizes de correlação.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
67
Os cálculos foram realizados recorrendo aos programas Statgraphics Plus
(versão 7.0) para a análise de variância e NTSYS-pc (versão 8.0) (10) para a
análise multivariada.
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após análise de variância (ANOVA), as observações homogeneidade
(HOMG) e intensidade da pigmentação do estandarte (PEST) foram retiradas
da análise, uma vez que não revelaram diferenças significativas entre
genótipos. As observações área da folha cotiledonar (ACOT), área do unifólio
(AUNI), número de dias da sementeira à floração média (FMED), largura do
folíolo da folha no 1º nó com flor (LF1N), área da folha no 1º nó com flor
(AF1N), número de dias da floração média à maturação final (FMMA), número de sementes por glomérulo não enterrado (S/GN), peso de semente por
glomérulo enterrado (PSEE), peso de semente por glomérulo não enterrado
(PSEN), peso de 100 sementes não enterradas (PCSN) e nº de sementes
enterradas/nº total de sementes (% NSE) foram também retiradas, já que se
mostraram altamente correlacionadas (r > 95%) com outras observações de
mais fácil determinação.
As relações de dissemelhança calculadas com base nas distâncias
euclidianas, para as 50 características, conduziram ao agrupamento dos
genótipos em 6 classes, representado na figura 1A.
FIGURA 1 – Fenograma obtido através do método UPGMA aplicado à matriz das distâncias
euclidianas entre os dezoito genótipos estudados, com base nas (A) – cinquenta
características iniciais (r = 0,90), (B) – treze características eleitas (r = 0,93).
68
PASTAGENS E FORRAGENS 20
A análise aglomerativa evidencia uma clara distinção entre os genótipos
pertencentes às subespécies subterraneum e brachycalycinum. A análise destes
grupos sugere ainda uma maior semelhança entre genótipos provenientes da
mesma população do que entre genótipos de populações diferentes.
Assim, dentro da subespécie subterraneum, o grupo 1 é representado pelo
genótipo 19 (população Penacova) e a cultivar Seaton Park, englobando o grupo
2 todos os genótipos pertencentes à população Ajuda (839, 854, 855 e 869).
Entre os genótipos pertencentes à subespécie brachycalycinum, o grupo 3 é
representado pelos genótipos 356 e 395 (população Crato), sendo o grupo 4
constituído pela cultivar D. Pedro e as populações D. Sancho (493), Vinhais
(559) e D. Dinis (616 e 627). O facto da cultivar D. Pedro se encontrar neste
grupo não é de estranhar, devido à sua origem. Por último, o grupo 5 é constituído pelos quatro genótipos da população S. Vicente (702, 724, 725 e 766),
enquanto que do grupo 6 faz parte apenas a cultivar australiana "Clare".
A análise em componentes principais permite projectar os genótipos num
espaço bidimensional, e conduz a resultados semelhantes à análise aglomerativa
(figura 2). Os vectores próprios calculados indicam que esta representação explica 56,8% da variância normalizada total. O cálculo dos vectores próprios associados a cada variável permite determinar aquelas que mais contribuem para a
distinção entre genótipos (quadro 3).
FIGURA 2 – Projecção de dezoito genótipos no plano definido pelas componentes principais
1 e 2.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
69
QUADRO 3 – Correlação entre as características submetidas a análise mutivariada e as três
primeiras componentes principais.
Componentes principais
Características
1
1 – Comprimento do limbo da folha cotiledonar (CCOT)
2 – Largura do limbo da folha cotiledonar (LCOT)
3 – Comp. do pecíolo da folha cotiledonar (PCOT)
4 – Espessura do pecíolo da folha cotiledonar (EPCO)
6 – Comprimento do limbo do unifólio (CUNI)
7 – Largura do limbo do unifólio (LUNI)
8 – Comprimento do pecíolo do unifólio (PUNI)
9 – Espessura do pecíolo do unifólio (EPUN)
11 – Mancha em crescente do unifólio (MCUN)
12 – Pilosidade da página superior do unifólio (PPUN)
13 – Rotundidade do folíolo (ROTU)
14 – Chanfro da margem distal do folíolo (CHAN)
15 – Mancha central do folíolo (MCEN)
16 – Prolongamento da mancha central do folíolo (PROL)
17 – Banda uniforme do folíolo (BAND)
18 – Manchas vermelhas da folha (MVER)
19 – Intensidade da pig. antocianínica da folha (ANTF)
20 – Padrão da pig. antocianínica da folha (PANT)
21 – Pilosidade da página superior da folha (PILF)
22 – Cor da folha (CORF)
23 – Pilosidade do pecíolo (PILP)
24 – Pigmentação antocianínica da estípula (ESTI)
25 – Pilosidade do caule (PILC)
26 – Intensidade da pig. antocianínica do caule (ANTC)
27 – N.º do nó da 1.ª flor (NO1F)
28 – N.º de dias da sementeira à 1.ª flor (1FLO)
30 – Vigor primaveril (VIGP)
31 – Compacidade (COMP)
33 – Susceptibilidade a doenças (SDOE)
34 – Comp. do folíolo da folha no 1º nó com flor (CF1N)
36 – Comp. do pecíolo da folha no 1º nó com flor (CP1N)
37 – Espessura do pecíolo da folha no 1.º nó com flor (EP1N)
40 – Intensidade da pigmentação do cálice (PIGC)
41 – Pilosidade do pedúnculo da inflorescência (PLPE)
42 – N.º de ramificações basais (RBAS)
43 – N.º de dias da sementeira à maturação final (FMAT)
45 – Comprimento do entrenó após a 1.ª flor (ENT1)
46 – Espessura do entrenó após a 1.ª flor (EEN1)
47 – Comp. do pedúnculo da 1.ª infrutescência (CP1F)
48 – Espessura do pedúnculo da 1.ª infrutescência (EP1F)
49 – Diâmetro máximo glomérulo no 1.º nó floral (DGLO)
50 – Peso da parte aérea da planta (P/PL)
52 – N.º de sementes por glomérulo enterrado (S/GE)
56 – N.º de sementes por glomérulo (NS/G)
57 – Peso de sementes por glomérulo (PS/G)
58 – Peso de 100 sementes enterradas (PCSE)
60 – Peso de 100 sementes (PECS)
61 – Peso total de sementes por planta (S/PL)
63 – Peso de sementes enterradas/Peso total de sementes (% PSE)
64 – % de sementes duras 3 meses após a colheita (% D3M)
Valor próprio
Variação (%)
Variação cumulativa (%)
70
2
3
0,737
0,800
0,127
0,617
0,768
0,817
0,740
0,838
-0,752
0,695
0,489
0,628
-0,245
-0,796
0,559
-0,892
-0,845
-0,867
0,808
-0,561
-0,016
0,380
-0,161
0,296
0,607
0,642
0,096
-0,656
0,292
0,900
0,850
0,809
-0,903
0,812
-0,135
-0,117
0,595
0,394
0,595
0,793
0,901
0,663
0,663
0,439
0,700
0,779
0,699
0,777
-0,894
0,015
0,052
0,040
-0,556
0,356
-0,252
-0,296
-0,446
0,061
0,308
-0,027
0,096
-0,505
0,627
0,402
-0,370
0,226
0,452
0,429
-0,373
0,403
-0,327
0,368
-0,242
-0,523
0,409
0,370
0,711
0,390
-0,188
0,179
0,019
0,287
0,222
-0,455
0,182
-0,283
0,492
0,017
0,492
0,325
0,208
0,438
0,446
0,537
0,504
0,376
0,272
0,368
-0,078
0,469
0,387
0,318
0,219
0,194
0,491
0,440
0,368
0,306
0,394
0,340
-0,089
0,096
0,286
0,276
-0,393
-0,034
0,069
0,025
-0,119
0,178
-0,099
-0,356
0,611
0,366
0,010
-0,620
0,381
0,417
-0,388
-0,089
-0,187
-0,285
-0,060
-0,034
-0,393
-0,594
-0,225
0,197
-0,225
-0,292
-0,164
-0,084
-0,008
0,145
0,385
0,414
0,478
-0,038
0,326
-0,413
21,628
43,267
43,267
6,784
13,568
56,825
4,892
9,784
66,609
PASTAGENS E FORRAGENS 20
As variáveis que mais contribuem para a primeira componente principal
são, num sentido, o comprimento do folíolo e do pecíolo da folha no primeiro
nó com flor (CF1N e CP1N) e o diâmetro máximo do glomérulo no primeiro
nó floral (DGLO) e, no sentido contrário, a presença de manchas vermelhas da
folha (MVER), o padrão da pigmentação antocianínica da folha (PANT), a
intensidade da pigmentação do cálice (PIGC) e a razão peso de semente enterrada/peso total de semente (% PSE). Esta componente opõe, de um modo
geral, características relacionadas com dimensões a características referentes a
pigmentação. Verifica-se que a primeira componente principal é a responsável
pela divisão das subespécies. De facto, algumas das características com maior
peso na definição desta componente correspondem àquelas que são referidas na
literatura como discriminantes das subespécies subterraneum e brachycalycinum
(4, 5, 7). É o caso da intensidade da pigmentação do cálice e da percentagem
de enterramento da semente. O maior diâmetro do glomérulo na ssp.
brachycalycinum poderá estar relacionado com a maior dimensão da semente
produzida por esta subespécie em relação à ssp. subterraneum. A observação
de maiores dimensões da folha para a subespécie brachycalycinum não é inédita neste trabalho. Martin et al. (6) obtiveram resultados idênticos na caracterização de linhas de trevo subterrâneo pertencentes à flora espontânea espanhola.
Também Muslera Pardo e Ratera Garcia ( 8 ) caracterizam a subespécie
subterraneum pela menor dimensão das suas folhas.
Para a definição da segunda componente principal é importante a mancha central do folíolo (MCEN), o vigor primaveril (VIGP) e o número de
sementes por glomérulo (NS/G), num sentido, e o comprimento do pecíolo da
folha cotiledonar (PCOT) e a intensidade da pigmentação antocianínica do
caule (ANTC) no sentido inverso. Estas características separam os grupos 1
(19 e Seaton Park) e 5 (população S. Vicente) dos restantes.
A terceira componente principal opõe principalmente a pilosidade do
caule (PILC) às características referentes ao ciclo vegetativo: número de dias
da sementeira à primeira flor (1FLO) e número de dias da sementeira à
maturação final (FMAT), opondo as cultivares australianas Clare e Seaton
Park aos genótipos de origem mediterrânica. Este aspecto salienta as diferenças de adaptabilidade existentes entre os dois ambientes agro-ecológicos, reforçando a ideia da necessidade de seleccionar genótipos em regiões com
condições semelhantes às de Portugal.
Para cada grupo foi determinado o conjunto de características que melhor o define (quadro 4). Com base na informação fornecida é possível seleccionar os genótipos mais promissores para integrar programas de melhora-
PASTAGENS E FORRAGENS 20
71
mento. Neste caso, o grupo 4 parece agronomicamente mais interessante, já
que é caracterizado por uma produção de semente e matéria seca significativamente superior à média. As populações D.Sancho, Vinhais e D. Dinis
deverão assim continuar a ser exploradas na procura de genótipos superiores.
Quadro 4 – Caracterização dos seis grupos em que foram agrupados os 18 genótipos
Característica
Média do
grupo
Média
geral
CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO 1
1FLO
PILC
ENT1
CP1F
% PSE
DGLO
170,025
7,900
51,860
95,901
0,561
8,840
181,786
3,131
78,758
145,426
0,342
11,874
6,900
5,250
4,688
3,500
12,750
1,500
2,593
2,013
3,207
0,000
4,638
6,763
Média
geral
PANT
ANTF
LUNI
PIGC
PLPE
MVER
6,000
8,275
8,392
6,125
1,087
5,100
1,578
2,222
11,591
1,928
5,489
1,389
CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO 4
5,339
3,250
3,811
4,944
11,169
4,306
CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO 5
NS/G
BAND
S/GE
MCEN
ESTI
ANTC
Média do
grupo
CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO 2
CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO 3
ESTI
SDOE
S/GE
CORF
NO1F
COMP
Característica
NS/G
S/PL
S/GE
CP1F
ENT1
P/PL
4,203
21,776
4,775
175,704
95,127
271,346
3,459
16,238
3,811
145,426
78,758
212,585
CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO 6
3,459
0,947
3,811
1,522
5,339
5,319
PECS
PCSE
CCOT
EPCO
NO1F
CORF
1,013
1,263
13,325
0,913
13,650
7,000
0,729
0,856
10,663
0,736
11,169
4,944
Por outro lado, os genótipos pertencentes ao grupo 5 (população S.
Vicente) destacam-se dos outros por possuírem um escasso número de
sementes por glomérulo. Esta característica pode também ser verificada
através da análise em componentes principais, já que esta mesma característica é responsável pela formação da 2ª componente principal, que
conduz à separação destes genótipos. Este facto retira interesse à população D. Vicente em termos agronómicos, já que um elevado número de
sementes por glomérulo é considerado um bom indicador da capacidade
de produção total de semente, logo, um critério muito importante na
selecção desta espécie ( 8 ).
72
PASTAGENS E FORRAGENS 20
A análise do mesmo material com base nas treze características
discriminantes, assinaladas a itálico no quadro 2, conduziu a resultados semelhantes (figura 1B). Comparando a matriz de correlação entre os indivíduos
caracterizados pelas cinquenta variáveis iniciais e pelas treze características a
testar, obteve-se um elevado coeficiente de correlação cofenética (r = 0,87). A
projecção das treze características no plano definido pelas componentes principais 1 e 2 (figura 3) mostra que as mesmas se encontram afastadas do centro
dos eixos de inércia. De um modo geral, estas variáveis contribuem também
fortemente para a definição das três primeiras componentes principais (quadro 3).
Estas características são, portanto, uma boa opção para caracterizar os genótipos.
FIGURA 3 – Projecção das treze características discriminantes no plano definido pelas
componentes principais 1 e 2. Os pontos sobrepostos são: CP1N sob PLPE e
ENT1 sob CP1F.
As diferenças verificadas entre fenogramas podem ser resultado de alguma sobrepesagem devida à quantificação de várias características incidentes
sobre a mesma parte da planta.
4 – CONCLUSÕES
Os resultados obtidos permitem concluir que:
– As técnicas de taxonomia numérica revelaram-se ferramentas potentes e de grande utilidade para caracterização de germoplasma do
trevo subterrâneo.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
73
– As populações estudadas revelaram maior variabilidade interpopulacional do que intrapopulacional.
– Os genótipos identificados como 493 e 616 revelaram características
de elevado interesse agronómico, relacionadas com uma elevada produção de matéria seca e semente e foram posteriormente inscritos no
Catálogo Nacional de Variedades, com a designação "Romel" e
"Davel", respectivamente.
– As treze características eleitas em trabalhos anteriores (2) mostraram-se adequadas para caracterizar este conjunto de genótipos possibilitando, em trabalhos futuros, que um maior número de genótipos possa ser
mais facilmente caracterizado e avaliado, contribuindo decisivamente
para o sucesso do programa de selecção preconizado para esta espécie.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 – CRESPO, D. G. – O Melhoramento de Pastagens e Forragens em Portugal. 1 – Perspectivas face à Integração Económica Europeia. "Melhoramento", vol. 28, 1994, p. 75-88.
2 – FARINHA, N. C. – Estudo da Variabilidade e das Características Discriminantes em
Trifolium subterraneum L., Numa Perspectiva do Melhoramento da Espécie. Tese de
Mestrado. Lisboa, Instituto Superior de Agronomia, 1994.
3 – GLADSTONES, J. S.; COLLINS, W. J. – Naturalized subterranean clover strains of
Western Australia. South Perth, Western Australian Department of Agriculture, 1984.
(Technical Bulletin, n.º 64).
4 – KATZENELSON, J. – Biological flora of Israel. 5 – The subterranean clovers of
Trifolium subsect. Calymorphum Katzn.; Trifolium subterranum L. (sensu latu). "Israel
Journal of Botany", vol. 23, 1974, p. 69-108.
5 – KATZNELSON, J. & ZOHARY, D. – Seed dispersal in Trifolium sect. Calymorphum.
"Israel Journal of Botany", vol. 19, 1970, p. 114-120.
6 – MARTIN, A. et al – El trébol subterráneo en algunas estaciones de la zona centro de
España. Ensayos preliminares sobre la respuesta a la sombra y a las bajas temperaturas. "Pastos", vol. 5, 1970, p. 417-426.
7 – MASSON, P. et al – Essais de trèfle souterrain en Roussillon. Syntèse des résultats
fourragers 1986-1991. Perpignan, Université, 1992.
8 – MUSLERA PARDO, E.; RATERA GARCIA, C. – Praderas y forrages – produccion y
aprovechamiento. Madrid, Mundi-Prensa, 1991.
9 – QUINLIVAN, B. J. – El trebol subterráneo en el suroeste español. (Problemas de
persistencia, selección varietal y producción de semillas). Madrid, INIA, 1978.
(Comunicaciones. Serie: Produccion Vegetal, nº19).
10 – ROHLF, F. J. – Numerical Taxonomy and Multivariate Analysis System. Exeter Software.
New York, Applied Biostatistics, 1993.
74
PASTAGENS E FORRAGENS 20
"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 75–80.
USO DE CEREAIS COM INTERESSE FORRAGEIRO COMO
COMPLEMENTO ALIMENTAR NA PRODUÇÃO ANIMAL
EXTENSIVA*
José Coutinho, Benvindo Maçãs, Ana Sofia Dias, Nuno Pinheiro
Estação Nacional de Melhoramento de Plantas – Apartado 6 – 7351 ELVAS CODEX
RESUMO
No Sul de Portugal, os sistemas de agricultura assentam na produção de cereais e
na pecuária em regime extensivo. Nestas regiões, de influência marcadamente
mediterrânica, a distribuição das chuvas e o perfil térmico condicionam o crescimento e
desenvolvimento das plantas, provocando a ocorrência de períodos de carência alimentar para a produção animal em regime extensivo de sequeiro, sendo particularmente
evidentes no Verão e no Inverno.
Nos últimos dez anos o programa de melhoramento de cereais da Estação
Nacional de Melhoramento de Plantas (ENMP) tem procurado desenvolver germoplasma com capacidade para complementar as espécies forrageiras nos períodos referidos.
Tem sido possível seleccionar genótipos com crescimento inicial rápido, quando
semeados no princípio do Outono, assegurando a cobertura alimentar no período de
Inverno e, ao mesmo tempo, com boa capacidade de recrescimento após o pastoreio,
para aproveitamento quer de feno quer de grão. Os cereais contribuem decisivamente
para a alimentação animal, como forragem, restolho, grão e palha. Neste trabalho
analisa-se o comportamento de três tipos distintos de germoplasma de triticale, no que
respeita às potencialidades forrageiras – ciclos curtos, ciclos intermédios e ciclos
tardios. Os triticales de ciclo intermédio parecem ser os mais apropriados para este tipo
de utilização, ao mostrarem um bom crescimento no Inverno, assim como uma boa
qualidade da palha e produção de grão. Quando comparado com outros cereais, o
triticale apresenta outras vantagens, sobretudo resistência às doenças. A sementeira de
campos de demonstração com triticales de dupla aptidão, envolvendo diversos agricultores em locais distintos do Sul do País, tem demonstrado a validade da utilização desta
espécie como mais uma opção na alimentação de animais em exploração extensiva.
PALAVRAS-CHAVES: Triticale; Dupla aptidão; Alimentação animal; Exploração extensiva.
* Comunicação apresentada na XX Reunião de Primavera da SPPF. Elvas, Abril de 1999.
Este trabalho foi elaborado no âmbito do projecto PAMAF 1020 – "Desenvolvimento
e Selecção de Cereais com Interesse Forrageiro para Sistemas de Produção Extensiva
(Alentejo e Algarve)".
75
ABSTRACT
In the south of Portugal agricultural systems are based on cereal crops and
livestock. In these regions, under strong mediterranean influence, rainfall and temperature
patterns influence growth and development of plants, giving rise to some periods of
animal’s feed shortage in rainfed conditions, namely during summer and winter.
During the last ten years the cereal breeding program at ENMP developed
germplasm with capacity to complement forage crops during those critical periods. As
a consequence, it was possible to select genotypes with early growth, when are sown in
the beginning of autumn, assuring feeding needs during winter and, at the same time,
with good regrowth capacity after grazing, for hay or grain and straw production. Small
grain cereals contribute definitively for livestock feeding as forage, stubble, grain and
straw. In this paper it is analysed the behaviour of three different types of triticale
germplasm on what concern to its forage potentialities: short, intermediate and large
cycles. Intermediate triticales seem to be better adapted to this kind of utilisation, by
joining a good growth during winter and also straw quality and grain yield. When they
are compared with other cereals, triticale has other advantages like excellent resistance
to diseases and adaptation to acid soils. The establishment of a network of demonstration
trials in different farmers fields, in the south of the country, has shown the validity of
this species, when it is used to feed animals directly in the field.
KEY WORDS: Triticale; Double purpose; Livestock; Grazing.
1 – INTRODUÇÃO
Grande parte dos solos do Alentejo são delgados, com baixos teores de
matéria orgânica, apresentando, por isso, baixa produtividade (1 ). A estas
circunstâncias acresce o facto de o declive ser, por vezes, acentuado com
problemas graves de erosão. Os sistemas de agricultura praticados assentam
na produção de cereais e na pecuária em regime extensivo. Na alimentação
dos efectivos pecuários (bovinos e ovinos de raças autóctones), fornecida por
prados naturais, restolho e palhas, verificam-se períodos de carência, especialmente no Inverno, em que as espécies que constituem os prados apresentam
um crescimento lento. Por outro lado, a competitividade do sistema só será
conseguida através do abaixamento dos custos de produção.
A sementeira de cereais efectuada no cedo, em Outubro, logo após a
ocorrência das primeiras chuvas, desde que sejam utilizados materiais convenientemente ajustados ao fim proposto de obtenção de "erva" ainda no Inverno, pode contribuir para a manutenção dessas produções a um nível competitivo assegurando, ao mesmo tempo, a sustentabilidade do sistema.
Desde há alguns anos o Departamento de Cereais da Estação Nacional
de Melhoramento de Plantas, acompanhando a evolução do sector dos cereais, tem vindo a realizar estudos privilegiando, nomeadamente, a diversificação dos usos das diferentes espécies.
76
PASTAGENS E FORRAGENS 20
O melhoramento genético, como tecnologia científica, permite aproveitar
o conhecimento de outras áreas da ciência, no sentido de criar o germoplasma mais adequado ao ambiente e às utilizações referidas anteriormente.
Para o aproveitamento forrageiro preconizado, os genótipos devem possuir elevada capacidade para o crescimento inicial, permitindo o aproveitamento da biomassa produzida no Inverno, período de escassez de outras
pratenses, e ao mesmo tempo com capacidade para rebentar a seguir ao
pastoreio (2). A manipulação dos genes que comandam a regulação do desenvolvimento, i. e., os genes de vernalização e do fotoperíodo, ao modificar o
padrão de desenvolvimento dos genótipos, possibilita a selecção de materiais
com crescimento inicial rápido e ao mesmo tempo com capacidade para
rebentar a seguir ao corte/pastoreio.
2 – MATERIAL E MÉTODOS
No âmbito da execução do projecto PAMAF 1020 têm sido realizados
ensaios em Elvas – ENMP, Herdade da Abóbada – Serpa e na Herdade do
Paúl – Algarve. Os resultados apresentados foram obtidos nos anos agrícolas
de 1997/98 e 1998/99. Os talhões ocuparam uma área de 15 m2 com três
repetições. A densidade de sementeira foi de 350 grãos viáveis m-2. Cada
ensaio inclui 25 genótipos: 19 triticales, um trigo mole, duas cevadas e três
aveias. A sementeira ocorreu em meados de Outubro. Os objectivos específicos deste projecto visam:
a) a identificação e selecção de germoplasma adequado a ser utilizado
em pastoreio,
b) a avaliação qualitativa e quantitativa do germoplasma,
c) a demonstração do interesse da introdução destes materiais em campos de agricultores.
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
A vantagem da utilização dos cereais como forragem resulta da capacidade que têm em produzir elevada biomassa no Outono/Inverno, com
baixos níveis de azoto.
Os cereais para serem competitivos, particularmente o triticale, devem
ser capazes de produzir elevada biomassa com custos relativamente mais
baixos. Nos quadros 1, 2, 3 e 4, comparam-se os resultados obtidos com
triticale, trigo, cevada e aveia.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
77
QUADRO 1 – Produção de matéria seca (kg/ha) no Inverno nos anos 1997/98 e 1998/99 em
Elvas e no Paúl (Algarve).
Genótipo
ELVAS
Espécie
Tcl precoce
Tcl intermédio
Tcl tardio
Trigo mole
Cevada
Aveia
PAÚL (Algarve)
1997/98
1998/99
2239 + 269
1972 + 201
1657 + 139
1069
1893 + 354
2332 + 230
4135 + 817
3666 + 398
3076 + 143
3109
4165 + 221
3868 + 294
1997/98
1998/99
745 + 142
660 + 133
493 + 96
480
610 + 74
629 + 180
713 + 47
668 + 88
645 + 32
563
680 + 98
666 + 57
Tcl-Tricale.
QUADRO 2 – Valores de proteína e fibra (% MS) no corte de Inverno no ensaio de Elvas em
1997/98 e 1998/99.
Genótipo
1997/98
Espécie
Tcl precoce
Tcl intermédio
Tcl tardio
Trigo mole
Cevada
Aveia
1998/99
Proteína
Fibra
17,0 + 0,6
18,2 + 0,8
18,8 + 1,4
20,0
16,4 + 0,4
15,4 + 1,2
23,2 + 0,7
22,8 + 0,8
20,6 + 1,9
20,4
22 + 0,07
21,8 + 0,4
Proteína
16,8 + 2,15
18,2 + 1,9
18,1 + 1,3
19,5
17,2 + 2,7
16,3 + 1,0
Fibra
18,7 + 0,9
18,1 + 0,7
16,5 + 0,7
18,8
20,0 + 0,5
18,8 + 0,7
QUADRO 3 – Produção total de biomassa (palha e grão) à maturação (kg/
/ha), avaliada no recrescimento
após pastoreio no Paúl (Algarve) em 1997/98.
Genótipo
Espécie
Biomassa à maturação
(kg/ha)
2149 + 1017
2311 + 589
2750 + 1076
1587
550 + 127
1268 + 424
Tcl precoce
Tcl intermédio
Tcl tardio
Trigo mole
Cevada
Aveia
QUADRO 4 – Produção de grão e palha (kg/ha) no ensaio de
Elvas em 1997/98.
Genótipo
Espécie
Tcl precoce
Tcl intermédio
Tcl tardio
Trigo mole
Cevada
Aveia
78
Produção de grão
(kg/ha)
Produção de palha
(kg/ha)
2995 + 483
3263 + 568
3242 + 228
535
717 + 6
990 + 110
9559 + 1194
10522 + 854
12915 + 3025
7903
6937 + 649
12561 + 3422
PASTAGENS E FORRAGENS 20
A rapidez de crescimento, na fase inicial de desenvolvimento das diferentes espécies em estudo, foi avaliada, em meados de Dezembro na Herdade
do Paúl – Algarve e em final de Janeiro na EMNP – em Elvas, através do
corte de 1,25 m 2 em cada um dos talhões. No caso do triticale, porque se
dispunha de três tipos diferentes de hábito de crescimento, agruparam-se os
genótipos em ciclos curto ou precoce, intermédio e tardio.
Os triticales de ciclo curto (seis genótipos) mostraram um bom crescimento inicial no Outono/Inverno, quando comparados com os outros grupos
de triticale, trigo e cevada (quadro 1). A aveia (três genótipos) produz maior
quantidade de biomassa, mas registam-se, frequentemente, ataques severos de
Puccinia coronata e oídio.
Ainda em relação aos triticales de ciclo curto, a produção de palha e de
grão é mais baixa (quadro 4) quando comparada com os triticales de ciclos
intermédio e tardio.
De acordo com os resultados obtidos, parece que o hábito de crescimento é um valido critério de selecção, quando se pretende utilizar o triticale
como forragem verde no Inverno.
O grupo dos triticales de ciclo intermédio (oito genótipos), com pequena
necessidade de vernalização, mostra um comportamento equilibrado, ao combinarem um bom vigor inicial com uma boa produção de palha e grão, além
de apresentarem uma excelente capacidade de recrescimento após o corte no
Inverno (quadro 3).
Quanto à qualidade os resultados apontam, mais uma vez, a vantagem
do triticale (quadro 2) quando comparado com a cevada e a aveia, espécies
que têm sido usadas tradicionalmente como cereais de dupla aptidão. Os
triticales de ciclo tardio (cinco genótipos), tal como o trigo, tiveram uma
pequena produção de biomassa no Outono/Inverno (quadro 1).
A produção de biomassa, nas fases iniciais de desenvolvimento, está
ligada geneticamente ao hábito de crescimento dos materiais. Quando se
pretende utilizar o triticale como cereal de dupla aptidão, os hábitos intermédios parecem ser os mais promissores. Por isso, esta é uma das características principais que está sendo usada como método de selecção no Departamento de Cereais da ENMP, a par da realização de cruzamentos entre
diferentes "pools" genéticos ( 3 ). Complementarmente, "bulks" de material
segregante têm sido submetidos a pastoreio por cabras, ovelhas e vacas, não
só em propriedades de agricultores na região de Serpa e Serra do Caldeirão,
como também nas Herdades do Paúl – S. Bartolomeu de Messines e Abóba-
PASTAGENS E FORRAGENS 20
79
da – Vila Nova de S. Bento, no sentido de se seleccionarem plantas com
ciclo de crescimento adequado e com capacidade de recrescimento após o
pastoreio.
4 – CONCLUSÕES
A manipulação de germoplasma através do melhoramento genético tem
permitido a selecção de genótipos com adequado ciclo de crescimento, boa
produção de biomassa e excelente capacidade de recrescimento. Os triticales
de ciclo intermédio, no Sul de Portugal, apresentam o melhor comportamento
quando utilizados como forragem. Como resultado deste intenso trabalho, a
ENMP inscreveu no Catálogo Nacional de Variedades, em Fevereiro de 1999,
o triticale cv. FRONTEIRA, com hábito de crescimento intermédio, destinado
a ser utilizado como um cereal de dupla aptidão. Registe-se, ainda, a excelente resistência a doenças (ferrugens e septória) quando comparado com as
aveias e outros cereais. O triticale mostra, também, vantagens nos solos
ácidos onde o Quercus ilex e o Quercus suber dominam na paisagem e onde
milhares de cabeças de gado são mantidas anualmente.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a colaboração das Direcções de Serviços de Agricultura da Direcção Regional de Agricultura do Algarve e do Alentejo que se têm revelado de extrema importância para a prossecução dos trabalhos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 – COUTINHO, J. – A plasticidade para a Data de Sementeira em Trigo Mole
(T. aestivum L.) no Ambiente Mediterrânico do Sul de Portugal. Tese apresentada no
INIA-ENMP para obtenção da categoria de Investigador Auxiliar. Elvas, J. Coutinho,
1998.
2 – MAÇÃS, B.; COUTINHO, J.; BAGULHO, F. – Forage and pasture potential of triticale
growing in marginal environments: the case of semi-arid conditions. In: "JUSKIW,
Patricia (ed.) – Proccedings of 4th International Triticale Symposium", Red Deer,
Alberta, Canada, 26-31 July 1998, p. 140-152.
3 – MAÇÃS, B. et al. – Behaviour of triticale germplasm selected at ENMP by introgression
of winter genes onto spring genotypes. In: "PINTO, H. Guedes; DARWEY, N.;
CARNIDE, V. P. (ed.) – Triticale: today and tomorow". Dordrecht, Kluwer Academic
Publishers, 1986, p. 285-289.
80
PASTAGENS E FORRAGENS 20
"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 81–112.
AUTOECOLOGIE ET VARIABILITE DE QUELQUES LEGUMINEUSES
D’INTERET FOURRAGER ET/OU PASTORAL.
POSSIBILITES DE VALORISATION EN REGION
MEDITERRANEENNE*
Aïssa Abdelguerfi♦♣, Meriem Laouar♣♠
♦
ANPRF (Association Nationale pour le Pastoralisme et les Ressources Fourragères) –
– INA – El Harrach – 16200 ALGER – ARGÉLIA
♣
CRSTRA – BP 77 – Draria Gouvernorat d’Alger – ARGÉLIA
♠
INRAA – El Harrach – 16200 ALGER – ARGÉLIA
RESUME
A travers des études de distribution des espèces spontanées de quelques genres
de légumineuses d’intérêt fourrager et/ou pastoral, l’adaptation naturelle des espèces
est mise en évidence. Selon les genres abordés, la répartition des espèces dépend des
facteurs climatiques et/ou édaphiques (pH, texture du sol...).
Les résultats mis en évidence permettent une utilisation rationnelle des ressources
phytogénétiques en fonction de leur adaptation.
Les essais de comportement et d’évaluation des caractéristiques agronomiques,
phénologique et biométrique ont mis en évidence les aptitudes des espèces et leur
vocation. L’étude de la variabilité des caractères biologiques des populations en
relation avec quelques facteurs de leur milieu d’origine a permis de mettre en évidence
la précocité des populations provenant des régions sèches et la tardiveté (cycle plus
long) des populations des zones pluvieuses. Ces résultats permettent d’orienter les
collectes futures en fonction des besoins.
Les essais de stress hydrique appliqués à certaines populations de différentes
espèces ont mis en évidence des comportements différents d’une espèce à l’autre et
aussi à l’intérieur de la même espèce (d’une population à l’autre).
L’accent est mis sur les génotypes pouvant avoir un grand intérêt dans
l’amélioration de la production fourragère et/ou pastorale en région méditerranéenne.
En effet, le Bassin Méditerranéen est constitué d’un ensemble de mosaïques de
paysages et de systèmes de cultures et de productions. La diversité des milieux s’est
accompagnée d’une diversité des pratiques et d’une diversité de la flore. Pour plusieurs
légumineuses d’intérêt fourrager et/ou pastoral, le Bassin Méditerranéen constitue une
région de diversification naturelle.
* Conferência proferida na XX Reunião de Primavera da SPPF. Elvas, Abril de 1999.
81
Pour le moment, le patrimoine phyogénétique méditerranéen a servi beaucoup plus
d’autres régions du globe. Les espèces locales utilisées ailleurs ont permis une révolution
fourragère et/ou pastorale et certains pays sont devenus des exportateurs de produits
animaux grâce à ces espèces végétales.
Actuellement, l’une des contraintes à la valorisation du patrimoine phytogénétique
méditerranéen d’intérêt fourrager et/ou pastoral est la production de semences. Cependant,
les gènes d’adaptation et/ou de résistance aux stress biotiques et abiotiques doivent être
préservés et valorisés au profit de tous les peuples du Bassin Méditerranéen.
MOTS-CLÉS: Production pastorale; Procdution fourragère; Espèces spontanées;
Ressources phytogénétiques; Adaptation.
RESUMO
Através de estudos de distribuição de espécies espontâneas de alguns géneros de
leguminosas, de interesse forrageiro e/ou pratense, põe-se em evidência a adaptação
natural das espécies. Dependendo dos géneros estudados, a repartição das espécies
depende dos factores climáticos e/ou edáficos (pH, textura do solo,...). Os resultados
apresentados permitem uma utilização racional dos recursos fitogenéticos em função da
sua adaptação.
Os ensaios de comportamento e de avaliação das características agronómicas,
fenológicas e biométricas evidenciaram a aptidão das espécies e a sua vocação. O
estudo da variabilidade dos caracteres biológicos das populações em relação com
alguns factores do meio de origem permitiu pôr em evidência a precocidade das
populações provenientes das regiões secas e o carácter tardio (ciclo mais longo) das
populações das zonas de maior precipitação. Estes resultados permitem orientar as
colheitas futuras em função das necessidades.
Os ensaios de stress hídrico aplicado a determinadas populações de diferentes
espécies evidenciaram comportamentos diferentes consoante as espécies e também no
interior da mesma espécie (em diferentes populações).
Destacam-se os genótipos que podem ter grande interesse no melhoramento da
produção forrageira e/ou pratense na região mediterrânica. Com efeito, a Bacia
Mediterrânica é constituída por mosaicos de paisagens, de sistemas de culturas e de
produções. Para muitas leguminosas de interesse forrageiro e/ou pratense, a Bacia
Mediterrânica constitui uma região de diversificação natural.
Até ao momento, o património fitogenético mediterrânico serviu muitas mais
regiões do globo. As espécies locais utilizadas noutras zonas permitiram uma revolução
forrageira e/ou pratense e certos países tornaram-se exportadores de produtos animais
graças a estas espécies vegetais.
Actualmente, uma das restrições à valorização do património fitogenético
mediterrânico de interesse forrageiro e/ou pratense é a produção de sementes. No
entanto, os genes de adaptação e/ou de resistência aos "stress" bióticos e abióticos
devem ser preservados e valorizados em benefício de todos os povos da Bacia
Mediterrânica.
PALAVRAS-CHAVES: Pratenses; Forragens; Espécies espontâneas; Recursos fitogenéticos; Adaptação.
82
PASTAGENS E FORRAGENS 20
1 – INTRODUCTION
Dans les pays du Maghreb et plus particulièrement en Algérie, la production fourragère et pastorale est très limitée et constitue souvent un frein
au développement de l’élevage. L’alimentation du cheptel repose sur les productions des parcours, des jachères et des sous-produits de la céréaliculture.
Dans les pays du nord de la Méditerranée, l’excès de production (animale et végétale) a amené les décideurs à promouvoir le retour à la jachère
et à l’utilisation des terres de façon extensive.
Les espèces spontanées d’intérêt fourrager et pastoral, particulièrement les
légumineuses, occupent une place importante dans la flore du Bassin Méditerranéen. L’une des voies les mieux indiquées est la valorisation de ces ressources phytogénétiques par leur introduction au niveau des terres réservées aux
cultures fourragères ou aux niveaux des jachères, des parcours et steppes.
Dans ce sens, plusieurs missions de prospection et de collecte organisées par l’Australie et plus particulièrement l’Australie du Sud, en région
méditerranéenne, ont permis la mise au point de plusieurs cultivars de différentes espèces (luzernes annuelles, trèfles, graminées...) et leur valorisation à
grande échelle.
Afin de valoriser de façon rationnelle ces ressources phytogénétiques, il
est indispensable de connaître leur distribution, leur adaptation, leur variabilité et leur potentialité agronomique. C’est dans cette optique qu’en Algérie
des travaux de prospection-collecte, d’autoécologie, de comportement et d’évaluation de la variabilité, ont été entrepris depuis près de 25 ans.
A travers des travaux menés en Algérie, nous présenterons brièvement
les résultats essentiels de distribution, de comportement et de variabilité chez
les genres Medicago, Hedysarum, Scorpiurus, Trifolium et Onobrychis. L’accent sera mis sur les espèces ayant des potentialités (adaptation, production...) particulières et pouvant faire l’objet de sélection au niveau du Bassin
Méditerranéen.
2 – AUTOECOLOGIE ET DISTRIBUTION
Le premier inventaire sur les espèces spontanées d’intérêt fourrager et/
/ou pastoral a été réalisé en 1972 ( 82). Bien que très limité, il a permis de
mettre en évidence l’importance et la diversité des espèces spontanées d’intérêt fourrager et/ou pastoral.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
83
L’autoécologie a été réalisée, dans un premier temps, pour sept espèces
de Medicago sur 40 sites (25), dans un second temps, pour dix-sept espèces
sur 202 sites (3, 14, 18). Ces travaux d’autoécologie ont été affinés par la
suite pour le complexe d’espèces Medicago murex-M. heterocarpa (16), pour
les sous-espèces de M. polymorpha, M. truncatula et M. orbicularis (83), et
pour le complexe d’espèces Medicago ciliaris-M. intertexta ( 129).
Un début de comparaison entre les espèces des genres Medicago,
Scorpiurus, Hedysarum et Trifolium a déjà été réalisé (1).
Les travaux d’autoécologie ont aussi été réalisés sur neuf espèces du
genre Hedysarum (19, 21, 22 ), sur trois espèces du genre Scorpiurus (58, 59,
60), sur vingt-sept espèces du genre Trifolium (175, 176, 177, 178), et sur
quatre espèces du genre Onobrychis ( 17).
2.1 – Fréquence et dispersion des espèces
Medicago polymorpha, Scorpiurus muricatus subsp. sulcatus, Trifolium
scabrum, T. angustifolium et Onobrychis caput-galli sont fréquentes en Algérie, elles sont rencontrées sur plus de 65% des relevés. Certaines espèces sont
rares et parfois même très rares telles M. soleirolii, M. arabica, Hedysarum
perrauderianum, T. phleoïdes, T. repens et T. squamosum.
Scorpiurus sulcatus (49) et M. polymorpha (74, 77) sont les plus fréquentes au Maroc. En Sicile, M. polymorpha et M. orbicularis sont le plus souvent
rencontrées (159); la première espèce citée est la plus fréquente en Corse,
Sardaigne, Grèce, Espagne et Portugal (80, 96, 161, 163). En Syrie, T. campestre,
T. scabrum, M. polymorpha var. vulgaris, M. rigidula, T. stellatum, M. minima,
M. polymorpha var. polymorpha et T. argutum sont les plus fréquentes (90).
M. polymorpha, M. truncatula, M. orbicularis, H. glomeratum, S.
muricatus subsp. sulcatus, T. angustifolium, T. scabrum et O. caput-galli
semblent avoir la dispersion la plus large en Algérie. Si pour les genres
Medicago, Scorpiurus et Trifolium la répartition des espèces est assez large,
il semble y avoir pour certaines espèces du genre Hedysarum une localisation
régionale: H. coronarium dans le Nord-Est et H. flexuosum dans le Centre
Nord du pays.
Chez Onobrychis, il est très rare de rencontrer 2 espèces ensemble
(4,8% des sites), ce qui n’est pas le cas pour les autres genres où il est très
fréquent de rencontrer plusieurs espèces au niveau d’un même site ou relevé.
Chez Scorpiurus, sur 8 relevés seulement (6%), nous avons rencontré les 3
84
PASTAGENS E FORRAGENS 20
espèces ensemble. Chez Hedysarum, sur 17 relevés (15%) nous avons trouvé
2 espèces ensemble, bien qu’il semble très rare de rencontrer plus de 2
espèces sur le même site. Chez Medicago et Trifolium, il est très fréquent de
trouver plusieurs espèces sur le même relevé; nous avons trouvé jusqu’à 8
espèces de Medicago et jusqu’à 12 espèces de Trifolium, et parfois plus par
site. Pour ces deux derniers genres, il est rare de trouver une seule espèce
par site. Au Maroc, Bounejmate et al. (74) ont rencontré jusqu’à 6 espèces de
Medicago par site.
2.2 – Pluviométrie
H. carnosum pousse dans les oueds sous des pluviométries très réduites
(150 mm). M. laciniata, M. polymorpha et S. muricatus subsp. sulcatus peuvent pousser sous des pluviométries assez faibles (200-220 mm). Pour le
genre Trifolium, T. scabrum est l’espèce qui pousse sur sous les plus faibles
pluviométries (340 mm). La résistance à la sécheresse pourrait être liée en
partie à la pilosité des tiges et des feuilles (36). H. flexuosum, H. coronarium,
M. arabica, M. soleirolii, M. murex, M. intertexta, S. muricatus subsp.
subvillosus, T. isthmocarpum, T. glomeratum, T. striatum, T. nigrescens et
T. subterraneum se développent dans les régions les plus arrosées.
M. laciniata est signalée dans les régions sèches (117, 152). H. carnosum
est mentionnée dans les zones prédésertiques du Constantinois (158). M. arabica et M. soleirolii sont indiquées dans le nord-est de l’Algérie, région la
plus humide du pays ( 154). T. campestre ( 95) et T. arvense (153) sont signalés dans les prairies humides. H. coronarium est indiquée sous climat méditerranéen très doux ( 172).
Au Maroc, Bounejmate et al. (74, 77) ont rencontré M. intertexta et M.
scutellata dans les zones à pluviométrie élevée et M. laciniata, M. littoralis
et M. tornata dans les zones à faible pluviométrie. En Sicile, M. arabica, M.
minima et M. rigidula sont plus fréquentes quand la pluviométrie augmente (160 ).
2.3 – Altitude et température
M. truncatula, M. orbicularis, M. aculeata, M. minima, T. scabrum,
T. tomentosum, T. stellatum, T. fragiferum, S. muricatus subsp. sulcatus, O.
argentea et O. alba sont plus fréquentes aux fortes altitudes contrairement à
M. ciliaris, M. intertexta, M. littoralis, T. angustifolium, T. campestre,
S. vermiculatus, S. muricatus subsp. subvillosus, H. coronarium et H. pallidum
PASTAGENS E FORRAGENS 20
85
qui se développent à des altitudes variables. Au Maroc, Thami-Alami et
Cremer-Bach (171) n’ont trouvé que M. aculeata, sur le site le plus élevé
(2270 m d’altitude).
H. glomeratum, H. pallidum, H. coronarium et H. naudinianum (22) ainsi
qu’O. argentea et O. alba (17) poussent dans des régions à hiver froid à très
froid. Chez Medicago et sur 30 sites où les données de températures sont
disponibles, M. polymorpha, M. truncatula, M. aculeata et M. orbicularis se
rencontrent à des moyennes minimales du mois le plus froid (m) de 0,2 °C,
tandis que M. intertexta ne se rencontre qu’au niveau des sites à m supérieur à
5 °C (5).
Au Maroc, M. intertexta qui est limitée par les températures minimales
du mois le plus froid et les températures maximales du mois le plus chaud,
ne se trouve que dans les zones à hiver et été doux, alors que M. laciniata
pousse uniquement dans les zones ayant une forte température estivale (77).
En Sicile, M. truncatula se rencontre aussi dans les milieux montagnards à
hiver très rigoureux; M. ciliaris, M. scutellata et M. intertexta se trouvent
dans les zones à hiver chaud (160). En Corse et dans la péninsule ibérique,
M. rigidula et M. minima sont associées aux zones méditerranéennes froides
d’altitude, alors que M. truncatula ou M. polymorpha sont liées aux zones de
plaine plus chaudes (162, 163).
2.4 – Conditions édaphiques
Les cinq genres ont des espèces qui se développent sur des sols à pH
basique. Seuls des trèfles et quelques medics peuvent pousser sur des sols
acides. Les genres Hedysarum et Scorpiurus se développent sur des sols à pH
neutre à alcalin, alors qu’Onobrychis ne poussent que sur des sols à pH
alcalin. M. murex, M. arabica, M. soleirolii, M. polymorpha, M. ciliaris et
M. truncatula ont été rencontrées sur des sols à pH acide à légèrement acide
(5,8 à 6,8). T. campestre, T. cherleri, T. glomeratum, T. pallidum, T.
squarrosum, T. isthmocarpum et T. nigrescens semblent préférer les sols
légèrement acides ou neutres à légèrement basiques (177). H. flexuosum a été
rencontré sur un sol à pH égal à 6,4. Il faut préciser cependant, que les sols
acides sont assez rares en Algérie.
Selon Alvarez et Morey ( 34), T. campestre se localise de préférence sur
les sols à pH élevé alors que T. subterraneum est signalé sur les sols à pH
neutre ou légèrement acide à acide. Au Maroc, M. tornata et M. murex se
rencontrent sur des sols à pH faible, alors que M. laciniata et M. littoralis
86
PASTAGENS E FORRAGENS 20
semblent préférer les sols à pH élevé (77 ). En Sicile, M. arabica préfère les
sols à pH acide à neutre, alors que M. ciliaris, M. intertexta et M. scutellata
semblent se limiter aux sols à pH alcalin (160). Au Portugal, Carneiro et
Serrão (80) mentionnent la présence de M. polymorpha, M. arabica et M.
murex sur des sols à pH faible (5,0 à 6,5). Hernandez et al. (116) ont
mentionné T. subterraneum, T. dubium, T. cernum, T. campestre, T. arvense,
T. striatum et T. glomeratum dans une communauté caractérisée par des sols
acides (pH = 5 à 6) et de faibles concentrations en P, Ca, Mg, K et Na dans
le centre ouest de l’Espagne.
Les genres Medicago et particulièrement Hedysarum, grâce à M. ciliaris,
M. scutellata, M. minima et H. carnosum et H. spinosissimum, peuvent aller
sur des sols assez salés (à très salés pour Hedysarum). Les Trifolium, les
Scorpiurus et les Onobrychis semblent limités sur ce plan. T. campestre fuit
les milieux salés (153), alors que H. carnosum pousse sur les terrains gypseux et salés ( 66), et sur les sols argileux et salés en association avec les
groupes écologiques halophytes ( 155). Le groupement à Daucus aureus et M.
ciliaris appartient aux sols mal drainés et plus ou moins salés (94).
Le Houerou (133) a mentionné, dans son étude sur les plantes tolérantes à la salinité et ayant une valeur économique au niveau du Bassin méditerranéen, Melilotus indica (L.) All., Trifolium resupinatium L. et Medicago
polymorpha. Maranon et al. ( 131) ont mentionné, dans leur étude sur la
tolérance à la salinité des légumineuses du delta de Guadalquivir (sud-ouest
de l’Espagne), Melilotus messanensis (L.) All., M. segetalis (Brot.) Ser., M.
indica (L.) All., Trifolium resupinatum L., T. tomentosum L., T. squamosum
L., T. ornithopodioides L., Medicago polymorpha L. et Scorpiurus
vermiculatus L. comme celles présentant un intéressant potentiel de résistance. Moreno et al. (151) ont mis en évidence, dans Las Marisma (Espagne), que la salinité du sol, le régime des inondations, le stress hydrique et
le rapport calcium/sodium sont les facteurs déterminants de la distribution
et l’abondance des espèces. Dans cette région marécageuse à l’embouchure
de Guadalquivir, M. polymorpha présente une certaine tolérance à la salinité alors que T. isthmocarpum est assez sensible. T. resupinatum est très
tolérant à la salinité.
Rogers et al. (164), sur une solution contenant 0-100 mol NaCl/m 3, ont
montré que T. tomentosum, T. squamosum et T. alexandrinum sont plus
tolérants à la salinité que T. subterraneum. T. arvense, T. vesiculum, T.
angustifolium et T. pratense se sont révélés extrêmement sensibles à la
salinité.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
87
Les cinq genres ont des espèces qui peuvent se développer sur des
sols très lourds ou très légers: M. ciliaris, M. intertexta, M. scutellata, M.
aculeata, H. coronarium, H. flexuosum, S. vermiculatus, O. argentea et
plusieurs espèces de Trifolium poussent sur des sols lourds à très lourds;
elles s’opposent à M. soleirolii, M. tornata, M. littoralis, M. laciniata, M.
minima, M. arabica et quelques espèces de Trifolium. Andrew et Heley
( 37) ont noté la présence de M. arabica sur sols bien drainés. M. ciliaris
et M. intertexta sont signalées sur des sols lourds ( 117, 152 ). S.
vermiculatus préfère les sols argileux ( 153). H. coronarium est signalée
sur sol limono-argileux ( 172) et sur marnes assez bien drainées ( 91).
Selon Jaritz ( 123), T. subterraneum n’est pas très exigeante en texture de sol; selon Masson et Gintzburger ( 141), elle s’adapte aux sols les
plus argileux alors que Bounejmate et Jaritz ( 75 ) indiquent qu’elle s’adapte
à des textures variables de préférence limono-sableuses.
Les genres Medicago, Hedysarum, Scorpiurus et Trifolium ont certaines espèces capables de pousser sur des sols humifères (aucune trace de
calcaire) et d’autres sur des sols très riches en calcaire total (jusqu’à
76%). Il en est de même pour les cailloux en surface, la pente et l’exposition.
Ehrman et Cocks ( 93) ont montré, dans leur étude sur l’écogéographie
et la distribution des légumineuses annuelles en Syrie, que O. crista-galli
est alcalophyle et s’oppose à T. glanduliferum qui est neutophile.
3 – ASPECTS DE PHYSIOLOGIE ET DE VIROLOGIE
Lors des différentes prospections des collectes de matériel végétal ont
été effectuées dans le but de réaliser des études de comportement et d’évaluation de la variabilité mais aussi en vue de constituer des banques de
semences.
L’autoécologie des espèces donne une idée sur l’adaptation naturelle
des espèces et sur leur possibilité d’utilisation en fonction de quelques
facteurs du milieu. Afin de mieux connaître les potentialités du matériel
végétal, il nous a semblé utile de faire subir à ce matériel certains stress
biotiques. En outre, des études sur les aspects se rapportant à la fixation
symbiotique, à la dureté des graines et à la virologie ont été aussi entreprises.
88
PASTAGENS E FORRAGENS 20
3.1 – Stress hydriques
L’eau est un puissant facteur de production en Algérie. Cet élément est
le facteur le plus déterminant dans la production végétale. Mettre en évidence
des populations adaptées au manque d’eau est une priorité pour les chercheurs Algériens.
Au Maghreb, l’eau constitue le facteur principal de la limitation de la
production végétale. Dans ce sens, les premiers travaux sur le stress hydrique
ont débuté en 1979. Hammadache ( 114) a montré sur un ensemble d’espèces
de Medicago, Scorpiurus, Vicia, Lotus et Melilotus, que Vicia secula est la
plus tolérante contrairement à Scorpiurus muricatus.
Siakhène (170), Madjoubi (139), Ouiten (157) et Ouchai (156) ont évalué
l’effet du stress hydrique sur différents cultivars australiens de medics et sur
plusieurs populations locales de Medicago provenant d’anciennes prospections (INA, INA-ITGC).
La collection de Medicago de 1988 (réalisée par l’INA, l’ITGC et l’INRA
de Montpellier dans le cadre du projet de Sidi Bel Abbès) a commencé à
faire l’objet d’étude à partir de 1990/91. Dans ce sens, Hamidi (113) a étudié
la production de matière sèche, la surface foliaire, la transpiration et l’efficience d’utilisation de l’eau chez 11 espèces de medics. M. truncatula, M.
aculeata et M. scutellata semblent bien valoriser l’eau. M. orbicularis et M.
polymorpha ont une position intermédiaire. M. intertexta, M. murex, M. arabica et M. minima sont les moins efficientes. M. laciniata semble présenter
la meilleure efficience de l’eau (113). Ces résultats sont à prendre avec
prudence, compte tenu du fait que le comportement de chaque espèce est
confondu avec la population étudiée.
Aboudaoud et Aït Oufella (24) ont étudié la réponse au stress hydrique
de quelques populations de medics en vue de mettre en évidence quelques
critères de résistance à la sécheresse. M. aculeata (sur la face inférieure) et
Serena (sur la face supérieure) présentent la plus forte densité de stomates.
Snail présente la plus faible densité sur les deux faces, mais a les plus
grandes ouvertures de stomates. M. intertexta, M. orbicularis et M. aculeata
ont présenté un grand niveau de turgescence des feuilles, ce qui indique une
bonne conservation de l’eau par ces génotypes (24). Sous stress, l’accumulation de proline s’accroît chez toutes les espèces. Cependant, M.truncatula a
multiplié par 6,41 fois et M. polymorpha par 4,91 fois leur teneur en proline
par rapport au régime humide; alors que la teneur en proline de Serena et de
Snail a faiblement augmenté (24).
PASTAGENS E FORRAGENS 20
89
Derguine et Hattab (92) ont étudié l’effet du stress hydrique et de la
fertilisation phosphatée sur cinq populations de M. truncatula. La population
provenant de la région la plus pluvieuse (1300 mm) est la plus affectée par
le stress hydrique avec une réduction de plus de 67% de la production totale
de matière sèche. Par ailleurs, les deux populations dont la pluviométrie de
leur milieu d’origine est la plus faible, 359 mm et 260 mm, sont les moins
sensibles au stress hydrique avec une réduction du pourcentage de matière
sèche, respectivement, de 51% et 48% ( 92).
Plusieurs autres études ont été réalisées sur le stress hydrique. Haddadj
(111) a travaillé sur dix populations de M. ciliaris et Mohelbi et Sansal (150 )
ont étudié dix populations de M. aculeata. Abdellaoui et Kadi (23), sur dix
populations de M. intertexta, ont étudié l’évolution de la teneur en proline et
en sucres solubles sous l’effet du stress hydrique. Bettahar et Bennour (65),
sur dix populations de M. ciliaris, ont évalué la teneur en proline, en protéines hydrosolubles et en sucres éthanolosolubles sous stress hydrique. Salem
et Zouaoui (166 ) ont montré, à travers des caractères physiologiques et biochimiques, que M. orbicularis et M. truncatula sont plus résistantes au stress
hydrique que M. ciliaris et particulièrement M. intertexta.
Chebouti (85) a entrepris un travail comparatif sur l’effet du stress
hydrique (appliqué au stade végétatif et au stade floraison) sur la production
de feuilles, tiges, racines, gousses et graines chez quatre populations de
M. aculeata, M. orbicularis et M. truncatula. Le stress hydrique provoque
une diminution des poids des racines et des nodules, ainsi que la réduction
du nombre total des nodules chez les quatre populations des trois espèces de
Medicago (86).
3.2 – Stress salins
Les travaux sur les stress salins sont très réduits en Algérie. Cependant,
Bekki (50) a étudié le comportement des espèces de luzernes annuelles et de
leurs symbiotes dans un environnement salé. Hadadji (110) a évalué l’effet de
la salinité sur la croissance de certaines souches de Rhizobium leguminosarum.
La souche de Rhizobium ABS7 isolée des sols algériens constitue avec
M. ciliaris un couple halotolérant (54).
Bekki (53) a évalué l’effet de la salinité sur la fixation d’azote chez
l’association Rhizobium-Medicago. La sensibilité du partenaire bactérien à
l’état libre et sous forme de microsymbiote a été étudiée. Un essai au champ
a été réalisé sur les bordures de la Sebkha de Misserghine à l’ouest de
90
PASTAGENS E FORRAGENS 20
l’Algérie. M. ciliaris pousse à l’état spontané sur les bordures de la Sébkha
avec Sueda fructicosa. Bekki (52) a montré qu’au fur et à mesure que la
salinité du sol augmente, le nombre de Rhizobium diminue et le Medicago
disparaît totalement dans les zones trop salées; le Rhizobium est plus résistant
à la salinité que son partenaire végétal et il peut croître sur des milieux de
culture contenant des concentrations en NaCl allant jusqu’à 1,1 mol ( 52).
Bousbaa (78 ) a isolé des souches locales de Rhizobium, a étudié la
symbiose Rhizobium-Hedysarum coronarium et a essayé de fabriquer un
inoculum en utilisant des supports locaux.
Baha et al. (39), en analysant la diversité au niveau d’une vingtaine de
souches de R. meliloti isolées des sols algériens, ont constaté que
l’halotolérance est très variable d’une souche à l’autre (optimum de croissance de 1,0 mol à 1,2-1,6 mol de NaCl) mais qu’elle est nettement plus
importante que celles des souches de références; l’étude de la résistance à la
chaleur a révélé que toutes les souches tolèrent une température de 40 °C et
quelques unes tolèrent 43 °C.
3.3 – Dureté des graines
La dureté des graines de Légumineuses a été abordée par M’Hammedi
Bouzina ( 143) sur différentes espèces des genres Medicago, Scorpiurus,
Trifolium, Onobrychis et Lotus. Les espèces de Medicago, de Trifolium et de
Scorpiurus ont un fort pourcentage de graines dures (plus de 75 p. cent).
Pour lever cette dormance tégumentaire, plusieurs traitements chimiques
et physiques ont été essayés et le plus efficace semble celui de l’azote
liquide (143).
Pour le genre Scorpiurus, les résultats de dureté et de vitesse de germination ont pu être reliés aux conditions du milieu d’origine des populations
(144, 145, 146, 147, 148, 149).
Belattar (55) a étudié la dureté des téguments en relation avec la morphologie de la graine chez les espèces annuelles de Medicago.
3.4 – Fixation symbiotique
L’aspect fixation azotée est un élément important dans le choix des
Légumineuses. Saaïdia (165) a mesuré in situ, sous deux étages bioclimatiques
différents, l’activité nitrogénasique chez des espèces de trois genres spontanés: Lupinus, Trifolium et Hedysarum.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
91
Certaines espèces semblent avoir un fort pouvoir fixateur de l’azote
atmosphérique. Hacène (109 ) a étudié cet aspect en conditions expérimentales
sur entre autres M. truncatula et H. flexuosum.
3.5 – Aspects de virologie
Dans le Monde, Wahyuni et Francki (173 ) ont étudié les réponses de
quelques légumineuses pastorales à 16 souches du virus de la mosaïque du
concombre (CMV). Les symptômes ont été décrits sur différents cultivars
australiens de M. polymorpha, M. truncatula, M. rugosa, M. scutellata et
M. littoralis.
Jones et Nicholas (125) ont abordé l’infection et la persistance du virus
de la mosaïque de la luzerne (AMV) et ses effets sur la productivité de
M. polymorpha; les infections réduisent de 13 à 35% et de 7 à 35% le
rendement en fourrage et en semence respectivement. Jones (124) a précisé
les pertes occasionnées aux légumineuses pastorales par trois virus. L’AMV
provoque des diminutions de 20 à 49% de la production de fourrage et de
racines chez T. subterraneum. Le CMV diminue de 78 à 90% la production
de fourrage et de racines chez M. murex et de 56 à 82% chez M. polymorpha.
Le virus de la mosaïque jaune du haricot (BYMV) provoque des pertes de
production de fourrage et de racines de l’ordre de 38 à 61% chez
M. polymorpha. En outre, l’AMV et le BYMV entraînent des diminutions de
la taille des graines et du rendement en graines; chez M. polymorpha le
CMV provoque une chute de rendement en graines de l’ordre de 94% (124).
Pathipanawat et al. (159) ont montré que l’AMV, le CMV et BYMV
sont transmis par les semences de luzernes annuelles; par contre seul l’AMV
est transmis par le pollen. Les essais ont été menés sur M. murex,
M. polymorpha, M. orbicularis, M. rugosa, M. scutellata, M. sphaerocarpus,
M. tornata et M. truncatula.
En Algérie, les travaux de virologie abordés sur les medics sont menés
dans deux sens. Le premier aspect se rapporte à la connaissance des virus
qu’il est possible de rencontrer chez les medics et l’évaluation de l’aptitude
des différentes espèces vis à vis des souches virales mises en évidence. Le
second aspect se rapporte au rôle que peuvent jouer les luzernes annuelles
comme réservoir des souches virales dangereuses pour les légumineuses alimentaires (pois chiche, lentille, fève...).
Les premiers travaux ont été réalisés par Boualem et Djaballah (67).
Lors des différentes sorties sur le terrain et visites des essais, des observa-
92
PASTAGENS E FORRAGENS 20
tions ont été effectuées au niveau de Guelma, El Khroub, Ain Mlila et Sidi
Bel Abbès. Les prélèvements d’échantillons ont porté non seulement sur la
collection de luzernes annuelles mais aussi sur d’autres légumineuses (pois
fourrager, vesce, gesse...).
Boualem et Djaballah (67), sur l’ensemble des échantillons prélevés, ont
pu soupçonner l’existence du Tobacco Ringspot Virus (TRSV) dans l’isolat
Medicago orbicularis 13 et l’Alfalfa Mosaic Virus (AMV) dans l’isolat de
Medicago sativa var. Hunterfield.
Kadri (126) a réalisé l’étude biologique de l’isolat TRSV de Medicago
orbicularis 13. L’ensemble des Medicago (M. orbicularis, M. ciliaris) et des
Trifolium (T. incarnatum, T. repens, T. spumosum) ont répondu de manière
systématique à l’inoculation et ce par des éclaircissements des nervures, des
déformations foliaires, des jaunissements suivis d’un flétrissement du plant.
L’étude sérologique a confirmé clairement la présence de TRSV dans l’isolat
Medicago orbicularis 13. Kheffache (128) a étudié, l’isolat AMV de Medicago
sativa var. Hunterfield et a confirmé son appartenance à l’AMV.
Semsar (168) a évalué le comportement de neuf espèces de luzernes, M.
arabica, M. aculeata, M. ciliaris, M. intertexta, M. murex, M. orbicularis, M.
polymorpha, M. scutellata et M. truncatula, à l’égard de la souche d’AMV
mise en évidence. A l’exception de M. orbicularis et de M. cilaris, les autres
espèces ont extériorisé des symptômes (éclaircissement des folioles et des
nervures, mosaïques, gaufrages, gondolages et nécroses). Les symptômes les
plus graves concernent M. arabica, M. murex et M. polymorpha. Les tests
ELISA réalisés sur les échantillons récoltés au champ semblent confirmer la
tolérance de M. ciliaris et la sensibilité de M. intertexta, M. murex, M.
scutellata et M. polymorpha vis à vis de l’AMV (168 ).
Bekki (51) a confirmé la présence du virus AMV au sein des luzernes
installées à Béni Slimane et à El Harrach; le taux d’infection enregistré serait
sensiblement plus élevé à la station de Béni Slimane. Aït Yahia ( 31) puis
Hadj Arab (112 ) ont montré que M. sativa var. Moappa et M. intertexta sont
des réservoirs naturels du BLRV (Bean Leaf Role Virus). Mazi (142) a répertorié plusieurs virus transmis par les semences chez quelques populations de
M. ciliaris. Benyaya et Kaci (62), ont fait une caractérisation assez fine du
TRSV (Tabacco Ringspot Virus) isolé à partir de semences de M. ciliaris; un
essai de thermothérapie préliminaire, sur graines, a donné des résultats intéressants sur l’incidence de l’infection. Kheffache (127) a évalué les effets
l’AMV isolat MSH (Medicago sativa var. Hunterfield) sur le comportement
de M. ciliaris et M. truncatula. Durant la phase végétative tous les paramè-
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93
tres étudiés sont affectés. L’infection affecte la qualité du fourrage et du
grain. Le virus est distribué dans les différentes parties de la graine.
En conclusion, la résistance aux stress hydriques et/ou aux stress salins
des espèces, la fixation azotée, la dureté des graines, ainsi que les aspects de
virologie, sont des éléments importants qui se trouvent souvent exprimés de
façon globale au niveau de la production et du comportement des espèces.
4 – ASPECTS DE COMPORTEMENT ET DE VARIABILITE
Toutes les études autoécologiques ont été accompagnées d’une récolte
de gousses et d’infrutescences, afin de valoriser le matériel local. Ceci a
permis, d’une part, de rassembler une grande partie de la variabilité génétique locale et, d’autre part, d’étudier cette variabilité afin de la mettre au
service des agriculteurs.
Ce dernier point est d’autant plus important que les variétés et cultivars
introduits sont souvent non adaptés à nos conditions de sols et de microclimats (41, 120).
Les premiers travaux de prospection en 1972/73 et 1973/74 ont eu lieu
essentiellement dans les hautes plaines et les plaines intérieures. Une récolte
de 140 populations de 10 espèces de luzernes annuelles a été réalisée dans un
premier temps (81). La collection a été étendue à 440 populations dans un
deuxième temps.
Après une première sélection, 20 populations de luzernes annuelles ont
été essayées à Sétif, Tiaret, Médéa, Béni Slimane et Alger en comparaison
avec les cultivars étrangers. Les résultats furent concluants (25, 26, 27, 81).
En 1975, 600 nouvelles populations de 17 espèces de Medicago ont été mises
en essais à Béni Slimane et leur comportement a été relié aux conditions de
leur milieu d’origine (3, 5, 13, 15). Ce genre de travail devait permettre le
choix des lieux de récolte du matériel végétal spontané en fonction des
caractéristiques agronomiques recherchées. La comparaison entre les espèces
a été aussi abordée (2 ).
Bensalem (58) a travaillé sur 120 populations de Scorpiurus et a mis en
évidence les potentialités de ce genre. L’analyse biométrique de ce matériel a
aussi été réalisée (61).
Abdelguerfi-Berrekia (19) a caractérisé 113 populations du genre Hedysarum.
Certaines espèces telles H. coronarium, H. flexuosum et H. aculeolatum se sont
révélées très productives (63). Une étude biométrique en condition expérimen-
94
PASTAGENS E FORRAGENS 20
tale et dans le milieu d’origine des populations a mis en évidence la stabilité
de certains caractères chez H. coronarium et H. flexuosum (19, 64).
Aguenarous (28) a étudié 102 populations de plusieurs espèces de trèfle
et les aptitudes fourragères et pastorales du matériel végétal local ont été
précisées (29). Certaines espèces comme T. squarrosum et T. stellatum ont
été étudiées de façon approfondie (30, 84, 87, 88, 89) et les descendances
issues de croisements libres ou contrôlés ont été suivies (57, 132, 167, 174 ).
Hammadache (115) a étudié le comportement et la production fourragère de
plusieurs espèces de Trifolium. T. lappaceum, T. squarrosum, T. pallidum, T.
spumosum et T. incarnatum ont assuré une masse importante de matière verte.
Le genre Onobrychis a été abordé sur le plan biométrique à travers un
certain nombre de populations (182, 183).
Les aspects de productions (quantitative et qualitative) ont fait l’objet
d’étude sur les genres Medicago, Scorpiurus, Hedysarum, Trifolium et
Onobrychis ( 35, 97, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 108). En Mitidja, la conduite,
le comportement ( 32, 131 ), la valeur alimentaire ( 38 ) et la place du
T. alexandrinum (Bersim) dans le système fourrager intensif ont été définis (119) et à Fetzara (Annaba) les aptitudes fourragères de certains Lathyrus,
Medicago, Trifolium et Vicia ont été précisées (35).
Les résultats semblent assez intéressant pour certaines espèces. Les possibilités d’amélioration des productions fourragères et pastorales ont été abordées
(7, 8). L’installation et la conduite du système Medicago-Blé ont été définies
(12, 137, 180) et les possibilités et les limites du matériel végétal d’introduction
ainsi que les aptitudes des écotypes locaux de Medicago ont été largement
discutées (179 ). La technique de production de semences a été précisée (20, 69).
Il est important de rappeler que dès 1952, certains travaux sur les potentialités fourragères d’Hedysarum coronarium et H. flexuosum ont été entrepris (43) et se sont poursuivis jusqu’en 1956 (44, 45, 46, 47, 48). Les essais
entrepris à El Harrach dès 1953-54 sur H. coronarium et H. flexuosum ont
donné des résultats encourageants: entre 200 et 700 quintaux de matière
verte/ha pour la première et un peu plus de 200 q/ha pour la seconde (46 ); en
1954-55 les rendements étaient respectivement pour les deux espèces de 800
à 1100 q/ha et 500 q/ha avec deux coupes (47).
La variabilité de certains caractères se rapportant aux gousses, aux infrutescences et aux graines a été étudiée chez Medicago (6, 10, 11, 79, 134,
135, 169), Scorpiurus (58, 143), Hedysarum ( 19, 56), Trifolium ( 28, 98, 99,
100, 121, 122 ) et Onobrychis ( 182).
PASTAGENS E FORRAGENS 20
95
Pour le genre Medicago, les populations précoces proviennent de l’ouest
du pays et des régions les moins arrosées (9). La variabilité au niveau des
graines et des goussses, pour certains genres, a été analysée en fonction des
conditions du milieu d’origine (4, 10, 11, 148, 149). Les résultats confirment
ceux de Allard (33) et de Baker ( 40).
Notons que la connaissance des caractères se rapportant aux graines,
aux gousses et aux infrutescences permet une bonne utilisation et un bon
maintien du matériel végétal dans les terres de parcours et les soles fourragères où il sera introduit.
Laouar ( 129 ), dans une étude du complexe d’espèces M. ciliaris-M. intertexta, a mis en évidence une population intermédiaire entre les deux
taxa. Compte de l’autoécologie, du comportement et de la classification morphologique, il semble que M. ciliaris et M. intertexta subissent une spéciation
allopahrique (129).
Laouar et al. (130), sur le même complexe d’espèces, ont mis en évidence deux différentes stratégies de développement chez ces taxa. Il apparaît
que M. ciliaris soit plus précoce et produit plus de gousse/plant mais à un
nombre de grains/gousse faible, contrairement à M. intertexta.
Compte tenu du fait que la production de semences conditionne l’utilisation des écotypes locaux, des essais ont été menés en grande parcelles ( 68,
71, 72) et des sursemis ont été réalisés (70).
Maatougui (136, 138) a précisé les contraintes et les perspectives du ley
farming en Algérie. Zeghida et al. (181 ) ont mené une rotation blé/jachère
pâturée classique en comparaison avec blé/Medicago en vue d’une intégration
grandes cultures/élevage ovin à El Khroub. Au prélèvement de mars, les légumineuses représentent 50% et 15% de la matière sèche respectivement pour le
pâturage à base de Medicago et la jachère. Au prélèvement d’avril, les pourcentages sont 75% pour le pâturage de medics et 15% pour la jachère.
5 – POSSIBILITES DE VALORISATION
Les travaux d’autoécologie et de distribution des espèces ont mis en évidence l’adaptation naturelle des populations locales aux conditions de milieu.
La large gamme d’adaptation des espèces de Medicago, de Trifolium,
d’Hedysarum, de Scorpiurus et d’Onobrychis à différents types de sols et de
conditions édaphiques, laisse le choix au chercheur et au producteur d’utiliser
le matériel adéquat.
96
PASTAGENS E FORRAGENS 20
Certaines espèces des différents genres se sont montrées très plastiques
au point de vue texture du sol, d’autres par contre semblent bien adaptées à
des textures très fines ou très grossières. Les sols marneux en pente semblent
convenir parfaitement à certaines espèces d’Hedysarum.
Sur les sols acides, certaines espèces de Medicago et surtout de Trifolium
peuvent répondre favorable. Ce sont Howieson et Ewing (118) qui ont isolé,
en région Méditerranéenne, des souches de Rhizobium capables de noduler et
de persister en sols moyennement acides; ceci a permis à certains cultivars de
medics de coloniser les sols acides (101).
L’adaptation de certaines espèces des différents genres au froid permet
une utilisation de ce matériel végétal dans la mise en valeur et l’amélioration
de la production fourragère et pastorale dans les régions d’altitude.
Bounejmate (73) a montré que l’action du gel a entraîné la mort de toutes
les plantes des écotypes de M. aculeata et M. truncatula issus des régions à
hiver doux. Bounejmate et al. (76) ont mis en évidence une relation entre la
tolérance au froid et la température hivernale du site de collecte chez M.
aculeata, les génotypes les plus tolérants proviennent des fortes altitudes.
La pluviométrie semble un élément assez déterminant sur la distribution
des espèces de légumineuses étudiées. Les espèces de Trifolium se limitent, en
Algérie, aux régions assez bien arrosées. Par contre, certaines espèces de
Scorpiurus et surtout de Medicago peuvent aller dans les régions assez sèches.
Selon Balfourier et al. ( 42), chez M. truncatula, les populations françaises et du sud de l’Algérie montrent un faible développement et s’opposent à
celles de l’Espagne, de la Crète et de la région côtière algérienne. Il semble
que les populations originaires des bordures de la région de distribution,
qu’elles soient du nord (France: forte pluviométrie, mais climat froid) ou du
sud (région aride de l’Algérie, avec une très faible pluviométrie), contrastent
clairement avec les populations des régions favorables, avec une température
modérée et suffisamment de pluie.
Certaines espèces d’Hedysarum devraient être utilisées d’urgence et sans
aucune amélioration dans les soles fourragères et dans la lutte contre l’érosion
(sol marneux); d’autant plus que l’aspect production de semences est loin d’être
aussi problématique que celui de la vesce par exemple. En Tunisie, Hedysarum
coronarium est déjà cultivé seul ou en association à la place de la vesce; en
Australie, cette espèce a été introduite par le Service National de l’Eau et de la
Conservation du Sol; elle est efficacement utilisée dans ce domaine (malgré son
inoculation obligatoire) et dans la production de miel et de fourrage.
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A travers les essais de comportement, beaucoup de populations de différentes espèces de Medicago ou Trifolium se sont révélées nettement plus
productives que les cultivars améliorés. Ces populations peuvent être valorisées directement sans aucune amélioration.
Par ailleurs, l’étude de variabilité des caractères du matériel spontané,
en relation avec les facteurs du milieu d’origine, devrait permettre une sélection "copiée" ou "singée" sur l’adaptation naturelle des espèces.
6 – CONCLUSION
Les travaux d’autoécologie et de distribution complétés par quelques
essais sur la physiologie des espèces ont mis en évidence la très grande
variabilité au niveau des ressources phytogénétiques disponibles.
Les essais de comportement et d’évaluation biométrique et phénologique
en relation avec les conditions du milieu d’origine ont permis de mettre en
évidence l’importance du lieu de collecte et d’orienter ainsi les prospections
en fonction des objectifs d’utilisation du matériel.
Le Bassin Méditerranéen est constitué d’un ensemble de mosaïques de
paysages et de systèmes de cultures et de productions. La diversité des
milieux s’est accompagnée d’une diversité des pratiques et d’une diversité
de la flore. Pour plusieurs légumineuses d’intérêt fourrager et/ou pastoral,
le Bassin Méditerranéen constitue une région de diversification naturelle.
C’est pour cela qu’il existe une grande variabilité (écologique, morphologique, phénologique, agronomique...) chez les espèces des genres étudiés.
Pour le moment une infime partie de cette variabilité a été valorisée avec
succès dans d’autres régions du globe particulièrement en Australie (medics,
trèfles, sulla, Rhizobium..). L’élément limitant de la valorisation de ces
ressources génétiques adaptées, au niveau du Bassin Méditerranéen et particulièrement dans les pays du sud de la Méditerranée, est la production de
semences.
Cependant, compte tenu de la Convention sur la Diversité Biologique
(sommet de Rio Janeiro, 1992) et de l’avènement des Biotechnologies agressives (transfert de gènes), les ressources génétiques de la région doivent faire
l’objet d’une attention particulière en matière de préservation et de conservation en vue d’une valorisation équitable à travers un développement durable
au profit de tous les peuples du Bassin Méditerranéen.
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105 – GOUMIRI, R.; ABDELGUERFI, A. – Contribution à l'étude des espèces spontanées
de la tribu des Hédysarées en Algérie: Analyses chimiques du fourrage au stade
végétatif. In: "Proceeding 4ème Congrès Internat. sur les Terres de Parcours", 22-26
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108 – GOUMIRI, R.; ABDELGUERFI, A.; LONGO-HAMMOUDA, F. H. – Contribution à
l'étude des espèces spontanées du genre Medicago L. en Algérie: Analyses chimiques
du fourrage au stade végétatif. In: "Proceeding 16ème Congrès Internat. Herbages",
4-10 octobre 1989, Nice (France), vol. 1, p. 213-214.
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(Légumineuses) annuelles fourragères spontanées vis à vis de NaCl. Alger, INA, 1988.
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121 – ISSOLAH, R. ABDELGUERFI, A. – Etude comparative des graines, des gousses et
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122 – ISSOLAH, R.; ABDELGUERFI, A. – Etude de la variabilité de 31 populations
spontanées de Trifolium campestre Schreb. Relations avec les facteurs du milieu
d’origine. "Recherche Agronomique INRA", vol. 2, 1998, p. 43-54.
123 – JARITZ, G. – Généralités sur Trifolium subterraneum L. (trèfle souterrain). Séminaire
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PASTAGENS E FORRAGENS 20
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126 – KADRI, F. – Identification et caractérisation du TRSV isolé sur Medicago orbicularis
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127 – KHEFFACHE, M. – Contribution à l’étude de l’impact des maladies virales sur la
croissance et la productivité des légumineuses fourragères en Algérie. Cas du virus de
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PASTAGENS E FORRAGENS 20
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112
PASTAGENS E FORRAGENS 20
"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 113–123.
METHODS FOR GROWING AND USING MANAGEMENT OF ALFALFA
I – INFLUENCE OF THE ALTERNATIVE UTILIZATION
FOR SEED AND FORAGE PRODUCTION ON THE ALFALFA.
FORAGE PRODUCTIVITY IN THE FIRST REGROWTH*
E. Vassilev, R. Chakarov
Pleven, 89 – Gen. Vladimir Vazov str – BULGÁRIA
ABSTRACT
The influence of applying of the technologies for seed or forage production of
alfalfa (Medicago sativa L.) over the forage productivity were productivity in first
regrowth on the next year cropping in pure and mixture stands with grasses were
studied. Field experiments were sown in the spring of 1994 and 1995 and had been
conducted for 4 years, respectively near by Pleven (Central North Bulgaria, 44º 23' N,
25º 83' E, elevation 83 m) on sandy loam typical Chernozem soil with level of pH 6.8.
In present article are used the adequately average date of the indexes to the both equally
trials except the time of sowing. The design was a randomized complete block
arrangement of the trataments in forth replications without irrigation and provided the
influence on the seed or forage producing over the forage productivity of alfalfa in the
first regrowth on the next year grasses. The stand was with narrow row space – 20 cm
with rates of sowing 25 kg ha-1 in pure and mixture stands with (Dactylis glomerata L.)
in proportion 1:1 with rate of sowing for grasses – 30 kg ha-1. The cultivares "Obnova
10" and "Dabrava" were used for alfalfa and cooksfoot, respectively.
The results showed that the seed technology influenced favourable of alfalfa
evaluation in the first regrowth on the next year through increasing of the number of
alfalfa’s stems and their weight per m2. This effects was due to increasing of total nonstrutural carbohydrates in the alfalfa crown and roots and supply by this way enough
reserve assimilates for fast vigour development of the stems at the start of new vegetation.
The forage technology supplied lower concentrate of total non-structural carbohydrates in
the crown and roots which were reflected to the reducing of alfalfa’s stem density and of
yield of dry matter, respectively. The similar effects were registered in mixture stand
according the difficult allelopatic relationships between legumes and grasses.
KEY WORDS: Alfalfa; Crown; Total non-structure carbohydrate.
RESUMO
Apresentam-se neste trabalho os resultados da aplicação de tecnologias para a
produção de sementes e produção de forragem num campo de luzerna para forragem,
* Comunicação apresentada na XX Reunião de Primavera da SPPF. Elvas, Abril de 1999.
113
onde se avaliou, além da produção de forragem, a produtividade no primeiro
recrescimento após o primeiro ano de instalação, em sementeira pura e em mistura com
gramíneas. Os campos experimentais foram instalados na Primavera de 1994 e 1995 e
foram conduzidos durante quatro anos, nas proximidades de Pleven (região centro Norte
da Bulgária, 44º 23’ N, 25º 83’ E, com uma altitude de 83 m), em solos areno-limosos,
chernozems típicos, com um pH de 6,8. No presente estudo foram usadas as mesmas
datas médias para as operações culturais, excepto a data da sementeira. O delineamento
estatístico foi em blocos completamente casualisados, com quatro repetições, sem rega,
onde se avaliou a influência da produção de semente e/ou forragem na produtividade da
luzerna no primeiro recrescimento do segundo ano. Os povoamentos foram instalados em
linhas espaçadas de 20 cm, com uma dose de sementes de 25 kg ha-1 para a luzerna, tanto
em estreme, como em mistura com o Dactylis glomerata L. (30 kg ha-1), na proporção
1:1. As cultivares usadas foram a Obnova 10 de luzerna e a Dabrava de dáctilo.
Os resultados mostram que a tecnologia da produção de sementes influencia
favoravelmente a luzerna no primeiro recrescimento do 2º ano pelo aumento do número
de caules e peso por m2. Este efeito é devido ao aumento do total de hidratos de
carbono não estruturais na coroa e raízes da luzerna que, deste modo, dispõem de mais
reservas em assimilados que favorecem um desenvolvimento dos caules no início da
nova rebentação. A tecnologia da produção de forragem fornece menor concentração de
hidratos de carbono não estruturais na coroa, reflectindo-se na diminuição da densidade
de caules e na produção de matéria seca. Foram observados efeitos semelhantes na
mistura, confirmando as difícies relações alelopáticas entre leguminosas e gramíneas.
PALAVRAS-CHAVES: Luzerna; Coroa; Total de hidratos de carbono não estruturais.
1 – INTRODUCTION
Alfalfa is the most widely grown forage legume in the plain regions of
Bulgaria because it is unrivalled with respect to the protein obtained per unit
area with relatively low cost, as well as its adaptation, improving soil property
and high yield potential (14).
The alfalfa-cocksfoot mixture creates stand with better morphological
structure than pure alfalfa (more stems per unit area with better situation in
vertical storeys of the stand) and uses more effectively the all non-biotic
factors above and under soil surface (temperature, rainfalls, sun radiation,
nutritive mineral elements, etc.), (23, 25, 27, 29 ).
According to Donchev and Tomov (6) in mixture it was found from 3.5
to 6 times less pest population and 2 times more useful insects than pure
stand as well as the weed infestation after the year of establishment is not
important (5). These characteristics of the mixture reflect on its productivity
which is higher as established by numerous researchers. (1, 20, 28).
The manner of stand using is another significant factor influencing the
plant development which is reflected on the stand productivity as a whole (1,
114
PASTAGENS E FORRAGENS 20
2, 13). The regime of using determines mainly the moment of harvesting
depending on sequence of the regrowth and the year during the period of
cropping (30).
The alfalfa crown and roots are important morphological structures where
the total non-structural carbohydrates are stored (12). Davis et al. (3) reported
the carbohydrates as an important energy source for the plant growth after the
herbage removal closely connected with the yield and persistence. There are
seasonal changes in non-structural carbohydrates in alfalfa crown and roots and
the concentration increases three fold from October to November and declines
between March and May for new spring regrowth (10). According to Davis et
al. (3) alfalfa exhibits cyclic pattern of TNC utilisation and storage in response
to herbage removal and regrowth. Hotchkiss et al. (8) suggest that cultivar and
management practice could affect the storage of TNC in crown and roots
which influence longevity of alfalfa plants.
Little information is available regarding the relationships of alfalfa
(Medicago sativa L.) with cocksfoot (Dactylis glomerata L.) in mixture under
different schedules of alternative using for seed and forage production during
the cropping period.
The objective of this study was to establish the influence of the seed or
forage production technologies in previous year upon the forage productivity in
first cut the next year under different order of application of the both
technologies during the cropping period in pure alfalfa and mixture.
2 – MATERIAL AND METHODS
Field experiments were conducted during 1994-1997 at the second
experiment field of FRI – Pleven on a sandy loam typical Chernozem (black)
soil (15) with pH 6.8 near Pleven in the Central North Bulgaria (43° 52' N lat).
The same trial was duplicated in the spring of 1995 again for 4 years and data
in present article consist average from both trials in conformity with the crop
age. Factorial treatments were two type stands of alfalfa (Medicago sativa L.)
– pure and mixture with cocksfoot (Dactylis glomerata L.). The design was a
randomized complete block arrangement of treatments with 4 replications with
plot size 2 × 6 m and provided a comparison of the influence on the established
technologies for seed and forage production upon the first cut forage productivity
(table 1). Plots were seeded by hand at rates of 25 kg ha-1 for the alfalfa and
30 kg ha-1 for the grass crop. Cultivars "Obnova 10" and "Dabrava" were used,
respectively, as the component proportion in the mixture was 1:1. Weeds were
PASTAGENS E FORRAGENS 20
115
controlled in the pure crop by the herbicide "Pivot" (a.i. Imazetapir, 100 g/l) in
adequate doses of applying for young and old (1 l and 0.4 l ha-1, respectively) and
hand weeding if necessary. The pests were controlled with suitable insecticides as
needed. Observations on botanical component characteristics of the first regrowth
were based on fresh samples in 0.25 m2 area in the centre of each treatment plot.
These measurements (number of stems, height and weight) were not used to obtain
the forage yield per plot, but they characterised the yield components in each
treatment. Every autumn all alfalfa plants from 0.25 m2 area situated near to the
end of each plot but from non-border rows (to rest full 10 m2) were dug at 20 cm
depth (9). Roots were washed and together with crown were separated from the
herbage by cutting at the soil surface. Crown diameter of every alfalfa plant was
determined by vernier to 0.1 mm, as well as the weight of roots and crown
followed by immediate drying in oven at 105 °C for 8 hours. The total nonstructural carbohydrate (TNC) concentration was determined by chemical method
(24). The first harvest after the year of establishment in 1994 and 1995 occurred
on 11 and 21 May – 2 years old; 14 and 21 May – 3 years old and 14 and 25
May – 4 years old, respectively. The swards were harvested at 5 cm height with
small flail mower cutting machine "BCS" – 1.5 as close 10% flowering stage.
Before the main ploughing, 300 P2O5 and 250 K2O as well as each spring 80 N
were broadcasted. At the start of every vegetation in spring after the first year the
seedlings which resulted from seed losses during the harvest process in the previous
year were eliminated. Analysis of variance was conducted to determine significant
treatment effects. Comparison of the dry matter (DM) from the first regrowth
every year among different schedules of using in previous year was made using
Fishers LSD at P = 0.05, P = 0.01 and P = 0.001.
TABLE 1 – Treatments.
Schedules
First year
S
F
A
B
C
D
Every year was
Every year was
Seed production
Forage production
Seed production
Forage production
S
F
A
B
C
D
116
Second year
Third year
Fourth year
Pure alfafa stand
applied the seed production technology
applied the forage production technology
Seed production
Forage production
Forage production
Forage production
Seed production
Seed production
Forage production
Seed production
Forage production
Seed production
Forage production
Seed production
Mixture
Every year was applied the forage production technology
Every year was applied the forage production technology
Seed production
Seed production
Forage production
Forage production
Forage production
Forage production
Seed production
Seed production
Seed production
Forage production
Seed production
Forage production
Forage production
Seed production
Forage production
Seed production
PASTAGENS E FORRAGENS 20
3 – RESULTS AND DISCUSSION
3.1 – Botanical composition
The component morphology (21, 28), seasonal growth rates (7) and their
participation in the swards were affected by the manner of the stand using in
previous years (16) and stand age (30). The alfalfa stem weight decreased with
the advance of stand age (figure 1). This process was stronger in these swards
from which only forage production was obtained the previous year. Application
of the seed production technology affected alfalfa participation favourably
increasing its weight compared to the swards from which only forage production
was obtained the previous year. Grass-legume competition in the mixture was
also affected by manners of applying forage and seed production technology. The
grass participation was contrary to alfalfa component. It increased with the stand
crop age advance and the applied forage technology the previous year stimulated
cocksfoot. Some weed participation was recorded in pure alfalfa swards which
was significantly in the fourth year in the stand only under forage production
technology. The mixed stands were practically free of weeds; this result is in
conformity with the conclusions of previous investigations (1, 17).
FIGURE 1 – Botanical composition of the first cut.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
117
3. 2 – Total non-structural carbohydrates
The alfalfa crown is an important morphological structure closely connected
with regrowth, yield and TNC concentration in alfalfa root which was recorded at
the end of every vegetation varying according to the stand age, and kind (pure or
mixture) and the schedules of using (figure 2). The highest values for both stands
were obtained at the end of second vegetation and the lowest with the advance of
the stand age – at the end of the third. These results show that there is a biological
evolution regarding the change of TNC at the end of the vegetations during the
plant life. The concentrations of TNC in roots of pure and mixed stand were
different and higher values were recorded in the pure stand. The lower results in
mixture were due to the competitive relationships between alfalfa and cocksfoot,
which influenced the alfalfa growing up and TNC storage, respectively.
FIGURE 2 – TNC concentration in the end of the vegetation in the alfalfa crown and
number of stems in the first regrowth of the next year.
Schedules of utilization differed consistently in root TNC concentration. The
seed production technology (schedules A) affected favourably the alfalfa evolution
which provided the highest values of TNC. The application of forage technology
decreased the elongation of the inter-cutting period and TNC storage, respectively,
and increased the consumption of already stored TNC for new cuts during the
vegetation (17). According to Davis et al. (3) between the TNC concentration and
the number of the alfalfa stems positive relationship was established. The obtained
higher TNC concentration in alfalfa roots by applying seed production technology
contributed to obtain more stems in the first cut during the next vegetation. This
effect was significantly lower for these stands under the forage production
technology. The results for the stands with combined or alternative order of applying
of the both technologies varied according to the order of utilization.
118
PASTAGENS E FORRAGENS 20
3. 3 – Dry matter yield
The dry matter yields obtained in the second year were higher by 16.9
to 26.7% for pure alfalfa and 4.6 to 9.2% for mixture than yields from third
year (table 2). The differences in productivity increased with the advance of
years and reached 31.6 to 46.5% for pure alfalfa and 18.5 to 25.4% for
mixture the last year. Forage yield decrease according to the stand age in
mixture was approximately 4 and 2 times lower than pure stand for third and
fourth years, respectively. These differences in the speed of yield decrease in
both stands were due to the replacement effect between alfalfa and cocksfoot
in the mixture. With advance of the age of the stand alfalfa plants decreased
their population and in the mixture all plants were balanced by increase of
grass component. In this way alfalfa-cocksfoot mixture showed more stable
yields in the first cut during the period of study.
TABLE 2 – Dry matter yield from first cut for the last three years (kg ha1).
Schedules
Second year
Third year
S
F
A
B
C
D
7
6
7
6
7
6
381,4
843,9
356,5
831,2
273,7
860,8
***
St1
***
ns
***
ns
5
5
5
5
5
5
S
F
A
B
C
D
8
7
8
7
7
7
116,9
571,8
082,6
570,3
967,8
592,0
***
St2
***
ns
***
ns
7
7
7
7
7
7
Pure Stands
801,7
***
254,3
St1
800,5
***
250,6
ns
334,5
ns
703,1
**
Mixture
601,7
***
051,0
St2
584,6
***
223,6
ns
233,3
***
522,5
**
Forth year
Average
4
3
3
3
4
3
509,5
843,3
937,0
987,5
292,3
932,5
ns
St1
ns
ns
ns
ns
5 897.5
5 313.8
5 698.0
5 356.4
5 633.5
5 448.8
***
St1
***
ns
**
*
6
5
6
6
6
5
148,5
976,8
029,7
165,6
232,1
938,5
ns
St2
ns
ns
ns
ns
7
6
7
6
7
7
**
St2
*
ns
ns
ns
289.0
866.6
232.3
986.5
144.4
017.7
* Significant differences (P<0.05)
P ≤ 0,05 %
P ≤ 0,01 %
P ≤ 0,001 %
*
**
***
166.7
228.3
311.1
255.1
349.4
476.1
295.7
504.0
552.0
189.3
259.3
353.3
The dry matter yields were affected by the manner of applying forage
and seed production technologies. The lowest yields were obtained in both
stands under the forage technology (every year – F p and Fm); these treatments
were accepted as standards in the trial – St 1 and St 2 for pure alfalfa and
mixture, respectively. The application of seed production technology during
the previous year increased DM yields in both swards and the highest
PASTAGENS E FORRAGENS 20
119
results were obtained in these stands which were used for seed production
every year (S p and S m ). In the group of treatments combining both
technologies higher average DM yields were obtained compared to the
standards but they were lower than those for seed production. High yields
were obtained from the stands of this treatment group with order of
application – 1, 2 yr. for seed production; 3, 4 yr. for forage production,
and the results exceeded average standard ones with 7.2 and 5.3% for both
swards, respectively.
The yields of the treatments were a little lower – 1, 3 yr. for seed
production; 2, 4 yr. for forage production, as well as alternative combination
of using 1, 3 yr. for forage production; 2, 4 yr. for seed production. The
lowest results were obtained for the both swards with order of using – 1, 2
yr. for forage production; 3, 4 yr. for seed production and the results were
in conformity with botanical composition. The application of the forage
technology in first and second years affected alfalfa density and its vigour
during the highest productive years – second and third (figures 1 and 2),
and this resulted in the lower yields. The exceedings in yields between
treatments with different schedules of applications of the seed or forage
technology in mixture sward were smaller than those in pure alfalfa. This
was due to the replacing effect between alfalfa and cocksfoot – the grass
participation increased at the expense of alfalfa. In this way during the
individual years the differences were not significant but with their summation
to obtain the average for the period DM yield there were significant
exceedings. The obtained yields from mixture sward were bigger than those
from the pure alfalfa which for the period ranged from 23.6 between the
schedule only for seed production to 30.5% for 1, 2 yr. for forage
production; 3, 4 yr. for seed production. This exceed of mixture confirmed
the results of numerous researchers ( 18, 19, 27 ).
4 – CONCLUSIONS
The manner of sward using in previous years (application of the seed
or forage production technologies) affected alfalfa’s participation and DM
yields in the first regrowth in the next vegetation as well as TNC
concentrations in crowns. The seed production technology contributes to
increase these parameters so that the average exceedings compared to the
obtained ones by the forage technology reached from 3.2% to 4.5%, 9.7 to
4.7% and 12.1 to 27.3% for pure and mixture stands, respectively.
120
PASTAGENS E FORRAGENS 20
Regardless of the lower alfalfa participitation in mixtures and TNC
concentrations in their crowns as compared to those from pure stands due to
the competitive relationship between both components the mixture produced
more DM yield the exceeds of which varied from 9.9 to 30.4% between
adequat schedules of using. This result was due to the replacing effect between
alfalfa and cocksfoot in the mixture which provide higher and stable yield.
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122
PASTAGENS E FORRAGENS 20
I – Leaf area formation and photosynthetic productivity. "Plant Physiology", Sofia, 15
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PASTAGENS E FORRAGENS 20
123
"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 125–134.
METHODS FOR GROWING AND USING MANAGEMENT OF ALFALFA.
II – INFLUENCE OF THE UTILIZATION FOR SEED AND FORAGE
PRODUCTION OVER THE TOTAL FORAGE PRODUCTIVITY*
E. Vassilev, R. Chakarov
Pleven, 89 – Gen. Vladimir Vazov str – BULGÁRIA
ABSTRACT
Little information is available regarding the total forage productivity obtained by the
accepted technologies for seed and forage productions of alfalfa (Medicago sativa L.) in
pure and mixture stands with grasses. Field experiments were sown in the spring of 1994
and 1995 and had been conducted for 4 years, respectively, near by Pleven (Central North
Bulgaria, lat. 44° 23' N, long. 25°83' E, alt. 83 m) on sandy loam typical Chernozem soil
with level of pH 6.8. The design was a randomized complete block arrangement of the
treatments in forth replications without irrigation. The study have provided comparisons of
the traditional established pure alfalfa crop for seed or forage productions (broad row space
crop – 50 cm; narrow row space – 20 cm) with rates of sowing 9.5 and 25 kg ha-1 and the
alfalfa mixture with grasses (Dactylis glomerata L.) in proportion 1:1 with rate of sowing
for grass – 30 kg ha-1. By other hand have used different order of applying in the years of
cropping the technologies for seed or forage production. The cultivars "Obnova 10" and
"Dabrava" were used for alfalfa and cocksfoot, respectively.
The results showed that the method of alfalfa cropping influences substantially over
its productivity. The average forage productivity of the mixture was higher than the pure
alfalfa crop and ranged from 14.7 to 20.4 % between adequately schedules of using. The
productivity of the treatments with combined schedules of using depends of the yields
values obtained during the determinate years by the schedule which have formed the
average seed and forage productivity for the period.
KEY WORDS: Alfalfa; Mixture; Utilization.
RESUMO
Existe pouca informação disponível sobre a utilização das tecnologias da produção
de semente e forragem em luzerna (Medicago sativa L.), simultaneamente em cultura
estreme e em associação com gramíneas. Os campos experimentais foram instalados na
Primavera de 1994 e 1995 e foram conduzidos durante quatro anos, nas proximidades de
Pleven (região centro Norte da Bulgária, 44º 23' N, 25º 83' E, com uma altitude de 83
* Comunicação apresentada na XX Reunião de Primavera da SPPF. Elvas, Abril de 1999.
125
m), em solos areno-limosos, "chernozems" típicos, com um pH de 6,8. No presente estudo,
foram usadas as mesmas datas médias para as operações culturais, excepto a data de
sementeira. O delineamento estatístico foi em blocos completamente casualisados, com
quatro repetições, sem rega. Este estudo permitiu comparar, por um lado, a instalação
tradicional da luzerna estreme para produção de semente ou forragem (com espaçamentos
de 20 cm entre linhas) com doses de sementeira de 25 kg ha-1 e na mistura com gramíneas
(Dactylis glomerata L.), na proporção 1:1, com doses de sementeira de 30 kg ha-1 para a
gramínea. Por outro lado, usaram-se diferentes tratamentos para a produção de semente e
forragem. As cultivares usadas foram a Obnova 10 de luzerna e a Dabrava de dáctilo.
Os resultados mostram que o modo de condução da luzerna influencia muito a sua
produtividade. A média de produção de forragem da mistura foi superior à da luzerna pura e
variou de 14,7 a 20,4% nas diferentes datas de corte. A produtividade dos tratamentos com
diferentes modos de utilização (semente ou forragem) depende dos valores do rendimento
obtido durante os anos de produção de semente e/ou forragem.
PALAVRAS-CHAVES: Luzerna; Mistura; Utilização.
1 – INTRODUCTION
In Bulgarian plain regions alfalfa is commonly grown in pure stands with
exact application of seed or forage production technologies according to the
respective cropping purposes (10). The care in pure stands is bigger because the
injuries, diseases and weeds increase their population many times more than in
the mixture with grasses (1, 2, 6, 17). Recently a lot of studies were conducted
about alfalfa grass mixture as an alternative of pure alfalfa cropping in order to
avoid these problems (7, 13, 14).
Cocksfoot is valuable in mixture because it yields well and is hardy. Its
tillers elongate rapidly at the start of the vegetation, especially the reproductive
ones in the first cut and contribute significantly to bigger spring yield (5, 12), but
the summer regrowths grow up slower. Also cocksfoot creates tall canopy and
often suppresses alfalfa in mixture in spring but in next cuts alfalfa predominates
fully (13, 19).
Little information is available regarding the forage productivity and quality
of alfalfa in pure and mixed stands with grasses under application of the both
accepted technologies for seed and forage production.
The alfalfa (Medicago sativa L.) pure stand and mixture with grasses
(Dactylis glomerata L.) were studied to assess the effects of the accepted
Bulgarian alfalfa forage and seed production technologies on the forage
productivity, seasonal distribution of dry matter (DM) yield, botanical composition
and grass-legume competition.
126
PASTAGENS E FORRAGENS 20
2 – MATERIAL AND METHODS
Field experiments were conducted during 1994-1998 at the second experiment field of FRI – Pleven (44° 05' N lat) on a sandy loam typical
Chernozem (black) soil (11) with pH 6.8 near by Pleven in the Central North
Bulgaria. The same trial was duplicated in the spring of 1995 again for 4
years and data in present article consist average from both trials in conformity with the crop age. Factorial treatments were two kinds of alfalfa (Medicago
sativa L.) stands – pure and mixture with perennial grass (Dactylis glomerata
L.). The design was a randomized complete block arrangement of treatments
with 4 replications with plot size – 2 × 6 m and provided a comparison of
the influence on the established seed and forage production technologies on
the total forage crop productivity. Plots were seeded by hand at rates of 25
kg ha -1. Cocksfoot cultivar "Dabrava" was used in the mixture in ratio 1:1
with seed rate for the grass crop 30 kg ha -1. Weeds were controlled in the
pure crop by the herbicide "Pivot" a (a.i. Imazetapir, 100g/l) in adequate
doses of applying for young and old (1 l and 0.4 l ha-1, respectively) and
hand weeding as necessary. The pests were controlled with suitable insecticides as needed.
Observations on botanical component characteristics in adequate cuts
as well on nutritive value of the forage were based on cut fresh plant
sample from 0.25 m 2 area in the centre of each treatment plot. These
measurements (number of stems, height and weight) were not used to derive forage yield per plot, but they characterized the yield components in
each treatment. The nutritive values of the forage was determined by
Kjeldhal chemical method. The plots were harvested at 5 cm with small
flail mower cutting machine BCS – 1.5 at the stage of about 10% flowering
for forage production and with small plots combine "Winterstiger" for seed
production at the phenological stage of full seed maturity for seed production. In the year of establishment the first cut was used for seed production
and during other years – the second cut in the stands with this kind of
utilization, and only forage was obtained from the other cuts. In every new
vegetation after the first year the seedlings which were the result of the
seed losses from the harvest process in the previous year in the stands for
seed production were eliminated. Before the main ploughing, 300 P 2 O 5 and
250 K 2O as well as each spring 80 N were broadcasted. Comparison of
the total forage crop productivity – dry mater yield (DM) among adequate pure and mixed stands was made using Fishers LSD at P = 0.05.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
127
3 – RESULT AND DISCUSSION
3.1 – Botanical composition
Considering the average annual and cut botanical composition the participation of the components was according to the crop age, sequence of the
cut and type of the swards (figura 1). Alfalfa predominated completely during the period in the pure stands as well as in the first two years and first
three cuts in the mixed stand excepting the third cut with forage production
management. In mixture there was decrease with advance of crop age and the
average participation for both stands in the last year was low (13). Its participation in mixture was affected by the cut sequence and manner of using –
application of seed or forage production technologies. It was significantly
low in the first and last cut as compared to the others as well as in the
stands with application of the forage production technology due to the different grass participation in the swards.
The biological characteristic feature of the grass component to create no
reproductive stems in the first year by spring sowing, and after the first
regrowth during the next years determined low participation in adequate cuts
in the mixture ( 13, 16). Its participation was affected also by the meteorological conditions during vegetation, and it was higher at the start and the end of
every vegetation due to favourable relevantly low temperature and high soil
moisture. These factors change their values in the middle vegetation period
(high temperature and low moisture in shallow soil levels) which predestines
low grass participation (2 and 3 cuts).
Considering only the mixed swards about the period dynamics of the
grass participation it was established increase with advance of the crop age.
The extent of increase in the stand with forage production technology was
higher because on the background of strong competitive relationships this
manner of using was more unfavourable for legume component and the
aggressive grass had bigger participation. More intensive forage utilization
gave advantages to the cocksfoot; similar results were obtained by
Petrovsky ( 13).
In the swards there were more weeds during the first and the last, and
less in the other years. The population of weeds was higher in the pure than
the mixed stands in spite of the applied herbicide control. The participation
of weeds in the mixed stands was slight even practically nul during the last
years, which results confirm those reported by Dimitrova (6).
128
PASTAGENS E FORRAGENS 20
FIGURE 1 – Botanical composition.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
129
3.2 – Chemical composition of the dry matter
Average cut nutritive values were calculated as a result of the sequence
cut order during the respective years (table 1). It must be appointed that in
the establishment year in stands with seed production technology, the first
cut was used for seed production and the obtained straw data were included
with the others from first forage cuts during next years. The last cuts produced
by stands with seed production technology (the third) and the last with forage
production technology (the fourth) were harvested at the same time due to
the long duration seed production regrowth.
TABLE 1 – Chemical composition of the dry matter.
Nutrive
elements
Cuts
Schedules
CP
CF
Ca
P
CP
CF
Ca
P
CP
CF
Ca
P
CP
CF
Ca
P
CP
CF
Ca
P
1
2
3
4
Pure stand
Mixture
S
F
S
F
15.65
32.22
1.64
0.250
17.66
25.59
1.82
0.264
15.50
30.85
1.29
0.236
16.42
26.55
1.43
0.273
7.75
46.52
0.71
0.106
16.90
20.65
1.63
0.246
8.87
43.85
0.78
0.118
16.81
21.02
1.53
0.247
26.25
16.69
1.96
0.203
19.52
23.21
1.86
0.272
25.87
18.91
1.38
0.368
19.59
23.07
1.83
0.269
16.55
31.81
1.44
0.189
25.85
13.66
2.57
0.183
19.96
20.78
1.97
0.241
16.74
31.20
1.15
0.241
26.01
16.77
1.80
0.338
19.72
21.85
1.64
0.281
The nutritive forage values were affected by the manner of utilization,
which predestined the stage of harvesting and component participation (18).
The highest crude protein (CP) and less crude fiber (CF) concentrations in
forage were recorded in the last cuts, respectively for both technologies but
the results were contradictory in the second cut.
130
PASTAGENS E FORRAGENS 20
The forage production application determined higher CP and Ca concentration and less CF because the plant mass was harvested in relatively early
stage (8 ). The forage obtained by application of seed production technology
in the cut for seeds had low CP values and significantly higher CF because
the plant mass was at advanced phenological stage and after seed harvesting
process a lot of alfalfa leaves were lost (straw).
Comparing chemical composition of the DM obtained from pure stand
and mixture there were very similar contents of CP. Grass participation in
mixture resulted in more CF and P in DM but less Ca. There were more CP
and less CF in mixture DM after seed harvesting (straw), because at this time
the grass component was at the aftergrass stage (a lot of leaves and leafy
tillers with higher CP and lower CF concentration); these results are adequately reported by Weisbach et al. ( 20).
3.3 – Dry matter yield
DM yields varied according to the crop age (number of obtained cuts),
type of the stand and the application of technology utilization (table 2). The
highest yields were obtained during the second and the third year and the
lowest in the sowing year (9).
TABLE 2 – Dry matter (kg ha-1).
Year
Cuts
1
Schedules
1
2
Total
2
1
2
3
4
Total
3
1
2
3
4
Total
4
1
2
3
Total
Average
Pure stand
S
1 812
1 812
7 381
1 840
956
10 177
5 802
2 536
546
8 884
4 510
1 662
6 171
6 761
F
3 147
2 554
5 701
6 844
4 964
2 143
743
14 694
5 125
4 210
2 354
482
12 171
3 843
3 848
1779
9 470
10 509
Mixture
S
2 035
2 035
8 117
1 738
1 211
11 066
7 602
2 649
895
11 145
6 149
2 152
8 300
8 137 ***
F
3 278
2 628
5 906
7 572
5 571
2 245
866
16 253
7 051
4 396
2 535
633
14 614
5 977
3 863
1 605
11 444
12 054 ***
*** Significant differences (P< 0.001).
PASTAGENS E FORRAGENS 20
131
The application of the respective technologies affected the obtained
number of cuts, DM yields in the first cut and the total annual yields as well
as the average for the period. The swards produced one more cut in every
year with the application of forage production technology as compared to the
seed one which was reflected on the higher annual and average for the period
yields. The seed production technology affected favourably the alfalfa development, which predestined vigour and faster growing at the start of sequence
vegetation (4, 15). Higher DM yields from the first cut were recorded in the
swards with seed production utilization than those obtained by forage production technology in the both types of stands.
Mixture productivity was higher than pure stand during all years of the
study period in both schedules of utilization – and the exceeding, average for
the period, was 12.8% for forage production and 20.5% for seed production
technology.
4 – CONCLUSIONS
The average nutritive composition in DM obtained from both stands
with application of forage production technology is similar regarding CP, but
the contents of CF and P were more in mixture DM. The obtained DM after
seed production harvest from mixture contains more CP and less CF than
pure alfalfa´s one – 1.2 and 1.6%, respectively.
The obtained yields from mixture swards were bigger than pure alfalfa
which average for the period exceeded from 14.7 to 20.4% for forage and
seed production technology.
BIBLIOGRAPHY
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PASTAGENS E FORRAGENS 20
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134
PASTAGENS E FORRAGENS 20
"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 135–142.
EFEITO DA DENSIDADE DE SEMENTEIRA E DA ÉPOCA DE CORTE
SOBRE O VALOR PRODUTIVO
DA SULA (HEDYSARUM CORONARIUM L.)*
M. Teresa V. C. Ponce Dentinho, M. M. Tavares de Sousa♦, João M. C. R. Ribeiro
Estação Zootécnica Nacional – 2000 VALE DE SANTARÉM
♦
Estação Nacional de Melhoramento de Plantas – Apartado 6 – 7351 ELVAS CODEX
RESUMO
Foi objectivo deste trabalho observar o efeito da densidade de sementeira (10,
16, 22, 28 e 34 kg/ha) e da época de corte sobre a produção de matéria seca (MS) e a
disponibilidade de nutrientes da sula (Hedysarum coronarium).
A dose de sementes de 28 kg/ha parece ser a mais favorável, obtendo-se
produções de MS e de nutrientes superiores às conseguidas com doses de 10, 16 e 22
kg/ha e semelhantes às verificadas com 34 kg/ha.
No 1.º ano as quantidades de MS e de proteína bruta (PB) resultantes de três
cortes realizados em Maio, Julho e Outubro foram de, respectivamente, 14,2 e 2,5 t/ha.
No 2.º ano realizaram-se apenas 2 cortes, em Março e Junho, tendo-se obtido, no total,
produções de 13,3 t de MS/ha e 2,6 t de PB/ha.
De todos os cortes realizados as maiores produções foram obtidas em Março,
no2.º ano (9 t MS/ha e 1,8 t PB/ha), altura em que a maioria das leguminosas
forrageiras estão a iniciar a produção de Primavera.
Nas nossas condições a sula é uma espécie forrageira de crescimento invernal/
primaveril, apresentando uma elevada produtividade. É sensível ao oídio que aparece
no Outono se o último corte antes do Inverno se realizar tardiamente (para além de
meados de Outubro).
PALAVRAS-CHAVES: Densidade de sementeira; Hedysarum coronarium; Produtividade;
Sula.
ABSTRACT
The main objective of this study was to observe the effect of sowing rates (10,
16, 22, 28 and 34 kg/ha), cutting date on dry matter (DM) and nutrient production of
sulla (Hedysarum coronarium).
The sowing rate of 28 kg/ha is the most favourable, with much higher DM and
nutrient production than those obtained from 10, 16 and 22 kg/ha and similar to those
obtained from 34 kg/ha.
* Comunicação apresentada na XX Reunião de Primavera da SPPF. Elvas, Abril de 1999.
135
In the first year DM and crude protein (CP) production from three cuts, in May,
July and October, with the plants in full bloom stage, was 14.2 ha and 2.5 t/ha,
respectively. In the second year there were productions of 13.3 t of DM/ha, and 2.6 t of
CP/ha from two cuts, in March and June only .
The highest productions (9 t DM/ha and 1.8 t CP/ha) were observed in March of
the second year, which is a period that corresponds to the beginning of great spring
production for forage legumes.
In our conditions sulla is a forage species characterized by a winter/spring
growth with high productivity. This species is sensitive to powdery mildew in autumn
if the last cut before winter is made too late (after mid autumn).
KEY WORDS: Sowing rates; Hedysarum coronarium; Productivity; Sulla.
1 – INTRODUÇÃO
A sula (Hedysarum coronarium L.) é uma leguminosa originária da
região mediterrânica, bem adaptada a solos neutros ou alcalinos. Encontra-se espontânea e cultivada em vários países: Sul e Oeste da Itália,
Sicília, Grécia, Malta, Baleares, Sul de Espanha e Norte de África. Não é
hoje utilizada em Portugal, embora haja referências, na Flora Europeia,
que indicam a sua presença no nosso País.
Produz elevadas quantidades de matéria seca (MS) por hectare (4, 7), é
bem consumida pelos animais, apresentando um elevado valor proteico e
energético ( 3 ). Não provoca timpanismo, como a grande maioria das
leguminosas, e resiste perfeitamente ao pastoreio e pisoteio (13). O corte para
conservação sob a forma de feno ou silagem é a melhor maneira de aproveitamento da planta, obtendo-se assim o máximo de produtividade (3, 7, 13 ).
Foi objectivo deste trabalho observar o efeito da densidade de sementeira e da época de corte sobre a produção de matéria seca e sobre a
disponibilidade de nutrientes da sula.
2 – MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo realizou-se na Estação Nacional de Melhoramento de Plantas, em Elvas, nos anos de 1995/1996 e 1996/1997, utilizando-se sula da
variedade Grimaldi. A sementeira realizou-se, no dia 30 de Outubro de 1995,
em solo pardo mediterrânico, utilizando-se as seguintes doses: 10, 16, 22, 28
e 34 kg/ha. As sementes foram previamente tratadas (500g/100kg de semente)
com Derosal (carbendazina 60%) e Pomarsol (tirame 80%) em mistura de
partes iguais de produto comercial. Após a sementeira aplicou-se uma mistura
136
PASTAGENS E FORRAGENS 20
de herbicida Igran (3 kg/ha) + Kerb (1 kg/ha). Como delineamento experimental utilizaram-se blocos casualizados com 4 repetições, em que cada parcela se compunha de 10 linhas com 8 metros de comprimento e 0,30 metros
de intervalo nas entrelinhas. A área total da parcela foi de 24 m2 (3 × 8 m).
As colheitas realizaram-se com as plantas em plena floração em 1996-05-13,
1996-07-09, 1996-10-28, 1997-03-11 e 1997-06-13.
2.1 – Metodologia analítica
Para determinação da produção de matéria verde a sula foi cortada
na totalidade e pesada por parcela. Para determinação da produção de
matéria seca recolheram-se amostras de 5 kg por parcela, as quais foram
secas em estufa a 65 ºC, até peso constante. Na Estação Zootécnica
Nacional estas amostras foram analisadas para determinação: da matéria
seca (MS) a 105 ºC em estufa com circulação de ar até peso constante, do
azoto ( 2), da cinza bruta (CB) ( 8 ) e da energia bruta (EB) em bomba
calorimétrica adiabática. A matéria orgânica (MO) foi calculada subtraindo o teor de CB à MS. A fracção fibrosa total [(celulose, hemicelulose e
lenhina-NDF (fibra neutro-detergente)] e a fracção celulose + lenhina (ADF
– fibra ácido-detergente) foram determinadas pelo método de Goering e
Van Soest ( 5 ). Na determinação da digestibilidade in vitro da MS e da
MO (DMS e DMO) utilizou-se o método de Tilley e Terry ( 11 ) modificado por Alexander e McGowan ( 1 ).
2.2 – Análise estatística
Os resultados foram analisados estatisticamente através de análises
de variância com o objectivo de determinar possíveis diferenças existentes
na produção e na composição química originadas pelas diferentes densidades de sementeira e épocas de corte utilizadas. Quando se observaram
diferenças significativas entre tratamentos realizou-se o teste de comparação múltipla das médias segundo o método das médias dos mínimos quadrados (LSM) ( 10 ).
3 – RESULTADOS
Os resultados obtidos apresentam-se nos quadros 1 e 2.
No quadro 1 pode-se observar que a densidade de sementeira não
afectou a composição química da planta em plena floração.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
137
138
QUADRO 1 – Efeito da densidade de sementeira e da época de corte na composição química e na digestibilidade in vitro da matéria seca (DMS) e da
matéria orgânica (DMO) da sula.
Densidade (D)
kg/ha
Corte (C)
1995/1996
Parâmetros
10
MS (%)
MO (% MS)
PB (% MS)
NDF (% MS)
PASTAGENS E FORRAGENS 20
ADF (% MS)
EB (MJ/ha)
DMS (%)
DMO (%)
15,6
(0,58)
89,5
(0,41)
18,1
(0,55)
39,3
(1,2)
29,8
(1,1)
1,79c
(0,015)
68,5
(1,16)
64,6
(1,40)
16
15,6
(0,58)
88,6
(0,41)
19,2
(0,55)
38,9
(1,2)
30,8
(1,1)
1,77abc
(0,015)
68,1
(1,16)
63,7
(1,40)
22
15,3
(0,58)
89,1
(0,42)
18,8
(0,56)
38,5
(1,2)
30,0
(1,1)
1,73a
(0,015)
68,2
(1,18)
64,1
(1,43)
28
16,2
(0,58)
89,3
(0,41)
19,0
(0,55)
39,9
(1,2)
31,2
(1,1)
1,74ab
(0,015)
68,0
(1,16)
64,1
(1,40)
34
13/5
9/7
28/10
11/3
13/6
D
C
D*C
r2
14,9
(0,58)
89,4
(0,41)
19,0
(0,55)
38,6
(1,2)
30,6
(1,1)
1,78bc
(0,015)
68,8
(1,16)
64,8
(1,40)
14,4ab
(0,77)
91,5 d
(0,5)
13,3a
(0,7)
42,0 b
(1,6)
30,5
(1,5)
1,79c
(0,02)
74,1c
(1,5)
72,4c
(1,9)
22,5 c
(0,77)
88,6 b
(0,5)
18,8bc
(0,7)
40,3 b
(1,6)
29,8
(1,5)
1,76b
(0,02)
68,8 b
(1,5)
65,0 b
(1,9)
12,6a
(0,50)
85,5a
(0,4)
24,0d
(0,5)
35,5a
(1,1)
29,3
(0,98)
1,69a
(0,01)
71,0bc
(1,0)
66,3b
(1,2)
12,8a
(0,50)
90,7cd
(0,4)
19,9c
(0,5)
35,6a
(1,1)
29,6
(0,95)
1,81c
(0,01)
71,0bc
(1,0)
67,0 b
(1,2)
15,2b
(0,50)
89,8d
(0,4)
18,0b
(0,5)
41,9b
(1,1)
33,0
(0,95)
1,75b
(0,01)
56,7a
(1,0)
50,6a
(1,2)
ns
***
ns
0,67
ns
***
ns
0,69
ns
***
ns
0,72
ns
ns
ns
0,16
*
***
ns
0,46
ns
***
ns
0,73
ns
***
ns
0,71
Valores entre parêntesis – erro-padrão da média.
ns – médias não significativamente diferentes; a, b, c, d, índices que quando diferem indicam médias significativamente diferentes para P<0,05 (*), P<0,01 (**) e P<0,001(***).
PASTAGENS E FORRAGENS 20
QUADRO 2 – Efeito da densidade de sementeira e da época de corte na produção de matéria verde (MV), matéria seca (MS), matéria orgânica (MO),
proteína bruta (PB), NDF, ADF, energia bruta (EB), matéria seca digestível (MSD) e matéria orgânica digestível (MOD).
Densidade (D)
kg/ha
Parâmetros
10
MV (kg/ha)
32 380
(7 457)
MS (kg/ha)
4 993a
(245)
MO (kg/ha)
4 524a
(215)
PB (kg/ha)
866a
(63)
NDF (kg/ha)
1 949
(141)
ADF (kg/ha)
1 487
(117)
EB (Mj/ha)
90,4a
(4,3)
MSD (kg/ha) 3 476a
(168)
MOD (kg/ha) 2 983a
(140)
Corte (C)
1995/1996
16
22
28
34
13/5
9/7
28/10
11/3
34 830
(7 457)
5 264a
(245)
4 706a
(215)
967ab
(63)
2 036
(141)
1 616
(117)
94,2ab
(4,3)
3 664ab
(168)
3 086a
(140)
50 420
(7 457)
5 200a
(245)
4 651a
(220)
970ab
(65)
1 979
(144)
1 550
(119)
90,4a
(4,4)
3 585a
(172)
3 031a
(143)
38 970
(7 457)
5 948b
(245)
5 335b
(215)
1 120bc
(63)
2 345
(141)
1 860
(117)
104,4bc
(4,3)
4 094bc
(168)
3 471b
(140)
42 089
(7457)
6 109b
(245)
5 475b
(215)
1 158c
(63)
2 341
(141)
1 877
(117)
108,5c
(4,3)
4 237c
(168)
3 582b
(140)
42 089
(9 865)
7 450c
(324)
6 792c
(285)
1 051c
(84)
3 103c
(187)
2 264c
(155)
1 32,4c
(5,7)
5 419c
(223)
4 788c
(185)
10 850a
(9 865)
2 830a
(324)
2 522a
(285)
518a
(84)
1 101a
(187)
816a
(155)
50,2a
(5,7)
1 999a
(223)
1 688a
(185)
30 450ab
(6 458)
3 892b
(212)
3 314b
(192)
947c
(56)
1 408a
(126)
1 180ab
(104)
65,7b
(3,8)
2 738b
(150)
2 187b
(124)
81 140c
(6 458)
9 119d
(324)
8 270d
(186)
1818 d
(55)
3 241c
(122)
2 701d
(101)
165,5d
(3,7)
6 484d
(146)
5 554d
(121)
13/6
27 570ab
(6 458)
4 224b
(324)
3 794b
(186)
750b
(55)
1 796b
(122)
1 423b
(101)
74,0c
(3,7)
2 415ab
(146)
1 935ab
(121)
D
C
D*C
r2
ns
***
ns
0,48
**
***
ns
0,89
**
***
ns
0,90
**
***
ns
0,83
ns
***
ns
0,76
ns
***
ns
0,76
**
***
ns
0,90
***
***
ns
0,91
***
***
ns
0,92
Valores entre parêntesis – erro-padrão da média.
ns – médias não significativamente diferentes; a, b, c, d, índices que quando diferem indicam médias significativamente diferentes para P<0,05 (*), P<0,01 (**) e P<0,001(***).
139
Apenas na EB se observaram diferenças significativas (P<0,05), contendo as plantas obtidas com densidades de sementeira de 22kg/ha e 28kg/ha
menores teores de EB.
A época de corte influenciou as características químicas e nutritivas da
sula (P<0,001), sendo Outubro a época do ano em que as plantas apresentam
mais elevados teores de PB (24% na MS), menores teores de compostos
parietais (NDF) (35,5% na MS) e uma elevada DMS (71%). No mês de Maio
do 1º ano os valores de DMS e DMO são bastante elevados (74,1 e 72,4%,
respectivamente) apesar de se terem obtido, nesta época do ano, plantas com
os menores teores de PB (13,3%) e os mais elevados teores de compostos
parietais (42% na MS).
Pelo quadro 2 pode-se observar que as mais elevadas produções de MS
e de nutrientes são obtidas com as doses de sementes de 28 e 34 kg/ha. Entre
estas duas doses não há diferenças significativas (P> 0,05).
Foi em Março do 2º ano que se obtiveram as maiores produções de MS,
de nutrientes e de fracção digestível da MS e da MO por hectare, sendo as
mais baixas produções observadas em Julho (P<0,05).
4 – DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Em face dos resultados obtidos pode-se concluir que a sula contém um
elevado teor de PB, de DMS e DMO. Das doses de sementes ensaiadas, a de
28 kg/ha é a mais favorável à produção, uma vez que com ela se obtêm
rendimentos de MS, PB, MS digestível e MO digestível significativamente
superiores (P<0,05) aos conseguidos com as doses de 10, 16 e 22 kg/ha e
semelhantes às obtidas com 34 kg/ha (P>0,05). Utilizando doses de sementes
de 20, 40 e 60 kg/ha, Douglas e Foote (4 ) verificaram que com 20 kg de
semente/ha obtinham produções de MS e de semente tão boas como com
doses mais elevadas.
No 1.º ano verificaram-se alguns problemas com a germinação das
sementes, as quais germinaram de forma bastante heterogénea, germinando no
1.º ano as repetições I e II e no 2.º ano as repetições III e IV, tendo sido
afectada, desta forma, a idade da planta. Esta heterogeneidade na germinação
da sula é referida por vários autores como sendo consequência de uma percentagem elevada de sementes duras. Segundo Cavazza* Villax ( 12) e Olea et
* Cavazza (1950) citado por Watson, M. J. (13).
140
PASTAGENS E FORRAGENS 20
al. (9) é frequente encontrar na sula 15 a 20% de sementes duras, sendo a
imersão das sementes em água quente (65º-75º) durante 1 minuto e a
escarificação as melhores formas de as eliminar .
No ano de 1996 as chuvas invernais foram abundantes, ficando os talhões das repetições I e II parcialmente submersos. Os talhões III e IV,
devido a boas condições de drenagem, não sofreram alagamento. Por este
facto, verificou-se uma maior germinação de sementes nos talhões I e II por
quebra de dormência provocada pela água, enquanto que nos talhões III e IV
a germinação deu-se apenas no Outono seguinte.
Apesar de todos os problemas observados durante o 1.º ano, as quantidades de MS e de PB obtidas nos 3 cortes realizados foram elevadas (respectivamente 14,2 e 2,5 t/ha). No 2.º ano pode-se considerar um rendimento
superior ao do 1.º, uma vez que apenas em dois cortes realizados (Março e
Junho) se obtiveram produções de13,3 t de MS/ha e 2,6t de PB/ha. Douglas e
Foote (4) referem produções de 15,4 t MS/ha no 1.º ano e valores inferiores
no 2.º ano (12,7 t/ha).
As grande produções observadas em Maio do 1.º ano (7,5t MS/ha) e
principalmente em Março do 2.º (9,1 t/ha) levam a concluir-se que a sula é
uma planta de crescimento intenso no Inverno e na Primavera, o que se torna
bastante vantajoso no nosso País, uma vez que, nesta altura, a maior parte
das leguminosas forrageiras estão ainda a iniciar o seu desenvolvimento
vegetativo. O decréscimo das produções de MS e de nutrientes e a fracção
digestível de MS e de MO verificados entre a Primavera e o Verão estão de
acordo com as observações de Villax ( 12). Este autor refere que a sula com
temperaturas muito elevadas não se desenvolve ou desenvolve-se pouco, mesmo em condições de regadio. A paragem de crescimento durante o Verão,
mesmo com rega, é, segundo Ballatore*, consequência da forte intensidade
luminosa que se faz sentir e que faz a planta florescer prematuramente,
detendo a fase vegetativa de crescimento.
Apesar da variedade Grimaldi ser uma das mais resistentes ao oídio,
neste ensaio observaram-se ainda, em Outubro, algumas plantas atacadas pelo
fungo. Pensa-se que se o corte tivesse sido realizado um pouco mais cedo
(início de Outubro ) este problema não se teria verificado.
De tudo o que se observou pode-se concluir que a sula é uma espécie
forrageira com uma boa distribuição de produção de erva ao longo do ano. A
* Ballatore (1963) citado por Gutiérrez Más, J. C. (6).
PASTAGENS E FORRAGENS 20
141
sua instalação tem interesse para os solos calcários da região centro (localizados no Ribatejo e no centro e Sul da Beira Litoral) e ainda em pequenas
zonas dispersas do Alto Alentejo, Baixo Alentejo e Algarve, principalmente
para solos mais pedregosos de baixa, onde as geadas sejam pouco frequentes
e a prática de agricultura seja difícil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 – ALEXANDER, R. H.; MCGOWAN, M. – A filtration procedure for the in vitro
determination of digestibility of herbage. "J. Brit. Grassl. Soc.", vol.16, 1966, p. 140-147.
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Analysis. Washington DC, AOAC, 1990.
3 – DENTINHO, Maria Teresa Vacas de Carvalho Ponce – Valor Nutritivo da Sula
(Hedysarum coronarium L.). Tese de mestrado. Lisboa, Instituto Superior de Agronomia, 1997.
4 – DOUGLAS, G. B.; FOOTE, A. G. – Dry matter and seed yields of sulla (Hedysarum
coronarium L.). "New Zealand J. of Exper. Agric.", vol.13, 1985, p. 97-99.
5 – GOERING, H. K.; VAN SOEST, P. J. – Forage fiber analysis (apparatus, reagents,
procedures and some aplications). Washington, United States Departement of
Agriculture, 1970. (Agric. Handbook nº 379).
6 – GUTIÉRREZ MÁS, J. C. – Aproximación a la ecología, de la zulla Hedysarum
coronarium L. Distribución geográfica de poblaciones naturales en la provincia de
Cádiz. Posibilidades de expansión en la Península Ibérica. "Pastos", 16 (1-2) 1986, p.
1-16.
7 – MONTEZ PEREZ, Teodoro – La zulla. Nuevas areas de cultivo, su problematica.
"Pastagens e Forragens", vol.14/15, 1993/94, p. 173-187.
8 – NORMA PORTUGUESA, NP-872 – Alimentos para Animais. Determinação do Teor de
Cinzas. Lisboa, Direcção-Geral da Qualidade, 1983.
9 – OLEA, L. et al.– Eliminación de la dureza seminal en las leguminosas pratenses
anuales autóctones. "Pastagens e Forragens", vol.10, 1989, p. 205-212.
10 – SAS – SAS/STAT User´s Guide. Vol. 2. Cary, NC, SAS Inst., 1989.
11 – TILLEY, J. M. A.; TERRY, R. A. – A two stage technique for the in vitro digestion of
forage crops. "J. Br. Grass Soc.", vol. 18, 1963, p. 104-111.
12 – VILLAX, E. J. – La culture des plantes fourragères dans la région méditerranéenne
occidentale. Rabat, Institut National de la Recherche Agronomique, 1963.
13 – WATSON, M. J. – Hedysarum coronarium L. – a legume with potencial for soil
conservation and forage. "New Zealand J. Agric. Sci.", vol. 16, 1982, p.189-193.
142
PASTAGENS E FORRAGENS 20
"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 143–144.
XX REUNIÃO DE PRIMAVERA DA SPPF.
ELVAS, 13 A 16 DE ABRIL DE 1999
PASTAGENS E FORRAGENS EM PECUÁRIA EXTENSIVA
CONCLUSÕES
• É fundamental o estudo e a caracterização dos "Sistemas de produção extensiva", aos quais deverão ser aplicadas soluções inovadoras,
adequadas e próprias para cada situação, nunca efectuando uma transferência directa de soluções derivadas e "adaptadas" de produção
extensiva.
• Os estudos a desenvolver em produção extensiva devem abarcar a
globalidade dos sistemas e caracterizar e quantificar todos os componentes. Deve-se apostar numa "investigação de sistema", com trabalhos mais completos, mais abrangentes e mais integradores.
• É urgente repensar a forma como é feita a transferência de informação e de soluções inovadoras geradas pela investigação. Devem ser
encontradas novas formas de veicular os resultados da investigação
até aos agricultores. Para tal, deverá ser promovido um maior diálogo entre todos os intervenientes, para detectar as necessidades e
traçar os planos de acção que permitam concretizar a aplicação prática dos resultados obtidos.
• Deve-se aproveitar a maior apetência actual do consumidor pelos
produtos naturais e ecológicos obtidos em sistemas de produção extensiva, para poder cimentar a imagem de qualidade destes produtos,
melhorar a sua apresentação e certificação e consagrar as pastagens e
forragens como garante da sustentabilidade da produção pecuária extensiva.
• Os produtos pecuários com denominação de origem, obtidos em produção extensiva, devem merecer maior atenção no momentos da sua
comercialização, pois não basta só saber produzir, é preciso também
saber comercializar.
143
•
Um aspecto crucial no sucesso da produção pecuária extensiva é o
maneio das pastagens e dos animais. Misturas equilibradas, fertilizações
atempadas, cargas animais adequadas, maneio reprodutivo controlado e
alimentação monitorizada são fundamentais para uma maximização da
eficiência do aproveitamento da pastagem e da sua rendibilização.
• Determinadas espécies de animais valorizam melhor a pastagem do
que outras. No caso dos suinos, por exemplo, o pastoreio nem sempre é suficiente para obter as produções desejadas e, portanto, há
sempre que recorrer à suplementação.
• Uma produção extensiva pressupõe uma perfeita racionalização do
uso dos factores de produção e um incremento da eficiência da sua
utilização. O primeiro passo para este tipo de produção deverá ser
um aumento da fertilidade do solo, em particular da matéria orgânica, através de técnicas como a mobilização mínima, a sementeira
directa e a rotação de culturas em terras aráveis, com o fim de obter
um aumento da produtividade das espécies forrageiras e pratenses e
um aumento da produtividade dos animais que delas se alimentam.
• Os sistemas de produção extensiva apenas se poderão manter se
forem sustentáveis, tanto em termos agronómicos como económicos.
Para tal, deverão ser encontradas soluções e inovações tecnológicas
que possibilitem a manutenção da fertilidade do solo, a redução dos
custos de produção, a perservação dos recursos naturais, o aumento
da produtividade e eficiência destes sistemas e o aumento e valorização da qualidade dos produtos obtidos.
144
PASTAGENS E FORRAGENS 18
"Pastagens e Forragens", vol. 20, 1999, p. 145–152.
AVALIAÇÃO DE LINHAS AVANÇADAS DE TRIFOLIUM
SUBTERRANEUM L. EM SELECÇÃO
NAS CONDIÇÕES DE ELVAS*
Noémia Farinha, António Brito, Luís Goulão♦, João Paulo Carneiro♣
Escola Superior Agrária de Elvas – Apartado 254 – 7350 ELVAS
♦
♣
Instituto Superior de Agronomia – Tapada da Ajuda – 1399 LISBOA
Estação Nacional de Melhoramento de Plantas – Apartado 6 – 7350 ELVAS
RESUMO
Na sequência dos trabalhos de melhoramento de trevo subterrâneo, a decorrer na
Estação Nacional de Melhoramento de Plantas, com o objectivo de seleccionar cultivares
bem adaptadas às condições edafoclimáticas de Portugal, foram testados, em Elvas, treze
genótipos de trevo subterrâneo, em fase final de selecção e provenientes das populações
Crato, Vinhais, D. Dinis, S. Vicente e Ajuda. Estes genótipos foram comparados com
cultivares australianas (Clare, Seaton Park e D. Pedro) e com as cultivares portuguesas já
inscritas no Catálogo Nacional de Variedades (Davel e Romel).
Os genótipos foram testados em povoamento denso e submetidos a cortes para
simular o pastoreio. Paralelamente observaram-se os mesmos genótipos em linhas de
plantas individualizadas para efectuar a sua caracterização e avaliar a homogeneidade e
estabilidade.
As características registadas foram a produção de matéria seca por unidade de
área, o ritmo sazonal de crescimento, a produção de sementes, a regeneração, a data de
floração e a dureza da semente.
Deste trabalho resultou a eleição dos genótipos 627 (proveniente da população D.
Dinis), 559 (Vinhais), 855 (Ajuda), e 724 (S. Vicente), para serem testados em condições
de pastoreio. Prosseguindo a linha de trabalho que deu origem à eleição das cultivares
Davel e Romel, espera-se seleccionar brevemente novas cultivares de trevo subterrâneo.
PALAVRAS-CHAVES: Trevo subterrâneo; Selecção; Avaliação agronómica; Cultivares.
ABSTRACT
In the sequence of the work to improve subterranean clover in the National
Plant Breeding Station (ENMP), with the aim to select varieties well adapted to
the Portuguese conditions, have been tested, in Elvas, thirteen genotypes of
* Comunicação apresentada na XIX Reunião de Primavera da SPPF. Castelo Branco, Maio
de 1998.
145
subterranean clover, in final phase of selection and coming from populations
Crato, Vinhais, D. Dinis, S. Vicente and Ajuda. These genotypes have been
compared with Australian varieties (Clare, Seaton Park and D. Pedro) and with
Portuguese varieties already in the National Catalogue of Varieties (Davel and
Romel). The genotypes were tested in dense stand and submitted to cuts to
simulate the grazing. In parallel, the same genotypes have been observed in
individual strings of plants for characterization and to evaluate the homogeneity
and stability. The observed features have been producted of dry matter for unit of
area, seasonal rhythm of growth, seed production, regeneration, date of flowering
and the seed hardness. From this results have been selected the genotypes 627
(proceeding from the population D. Dinis), 559 (Vinhais), 855 (Ajuda), and 724
(S. Vicente), to be tested in similar conditions to ones of practical use. Continuing
the work that originated the varieties Davel and Romel, one expects briefly to
select new varieties of subterranean clover.
KEY WORDS: Subterranean clover; Selection; Agronomic evaluation; Cultivars.
1 – INTRODUÇÃO
A selecção de variedades passa pela construção de ideótipos de plantas
que possuam características agronómicas desejáveis e que tenham a possibilidade de tirar o melhor partido das condições ambientais em que se pretenda
cultivá-las.
O trevo subterrâneo tem como zona de distribuição natural a região
mediterrânica, incluindo a Europa Ocidental, Canárias e Madeira, indo até ao
Mar Cáspio (4, 5, 6, 7, 8). Deste modo, as populações aqui colhidas estarão
naturalmente melhor adaptadas a estas condições ambientais do que as cultivares importadas (principalmente da Austrália). É necessário, contudo, testar
o valor agronómico das futuras cultivares, além de efectuar uma caracterização adequada, tendo em vista, nomeadamente, os testes de distinção,
homogeneidade e estabilidade, a que os genótipos serão submetidos para
serem inscritos no Catálogo Nacional de Variedades
A Estação Nacional de Melhoramento de Plantas tem, desde a década
de 60, feito a avaliação de trevos subterrâneos, tendo partido de combinações genéticas naturais obtidas quer pela colheita de germoplasma em Portugal, quer pela permuta de germoplasma com outros países de clima
mediterrânico. A escolha das melhores populações, no que respeita à produção de matéria seca e de sementes (1, 2 ) conduziu à eleição das seguintes
populações: Penacova, Crato, D. Sancho, Vinhais, D. Dinis, Ajuda e S.
Vicente. A avaliação agronómica de genótipos seleccionados a partir destas
populações e de cinco cultivares constitui o estudo base deste trabalho.
146
PASTAGENS E FORRAGENS 20
2 – MATERIAL E MÉTODOS
Neste trabalho apresenta-se o estudo efectuado na ENMP, entre 1994/95 e
1996/97, com treze genótipos de trevo subterrâneo em fase avançada de selecção.
Foram utilizadas, como testemunhas, três cultivares australianas (Clare, Seaton
Park e D. Pedro) e duas cultivares portuguesas (Davel e Romel) seleccionadas na
ENMP.
As sementes utilizadas foram obtidas a partir de plantas individuais,
seleccionadas em anos anteriores e entretanto multiplicadas. Aquelas plantas foram
seleccionadas das populações Penacova, Crato, Vinhais, D. Dinis, S. Vicente e Ajuda
(quadro 1). Os genótipos foram testados em povoamento denso (densidade de sementeira de 500 sementes.m-2) plurianual, em parcelas de 2 × 2 m, dispostas em 4 blocos
casualizados e submetidas a corte para simulação de pastoreio. As variáveis observadas foram a produção de matéria seca em cada corte, com a avaliação numa área de
1 m2 em cada parcela; a produção de sementes, colhendo-se duas amostras de
sementes de 0,2 × 0,2 m em cada parcela.
QUADRO 1 – Proveniência dos genótipos em estudo.
Genótipo
N.º colecção na ENMP
População original
46
356
395
2985
2011
2011
Penacova
Crato
Crato
subterraneum
brachycalycinum
brachycalycinum
559
2201
Vinhais
brachycalycinum
627
2396
D. Dinis
brachycalycinum
702
724
725
766
1991
1991
1991
1991
S.
S.
S.
S.
brachycalycinum
brachycalycinum
brachycalycinum
brachycalycinum
839
854
855
869
1955
1955
1955
1955
Ajuda
Ajuda
Ajuda
Ajuda
Clare
Seaton Park
D. Pedro
cultivar australiana
cultivar austaliana
cultivar australiana (1)
Davel
Romel
cultivar portuguesa
cultivar portuguesa
Vicente
Vicente
Vicente
Vicente
Subespécie
subterraneum
subterraneum
subterraneum
subterraneum
brachycalycinum
subterraneum
brachycalycminum
D. Dinis
D. Sancho
brachycalycinum
brachycalycinum
(1) Cultivar seleccionada na Austrália a partir da população portuguesa D. Dinis*.
Paralelamente e anualmente estabeleceu-se um ensaio com plantas espaçadas de 1 × 0,25 m em 4 blocos casualizados. Este ensaio destinou-se à
* Clive Francis, 1996 (Comunicação pessoal).
PASTAGENS E FORRAGENS 20
147
caracterização dos genótipos, apresentando-se apenas os resultados referentes
à data de floração (número de dias desde a sementeira até 50% das plantas
terem pelo menos uma flor aberta) e ao teor de sementes duras determinado
três meses após a colheita, tendo as sementes sido mantidas ao ar livre e à
temperatura ambiente.
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Avaliando a precocidade pela data de floração, observa-se na figura 1 que
a quase totalidade dos genótipos em selecção são pouco precoces, tendo como
comparação as cultivares australianas Seaton Park (medianamente precoce) e
Clare. Apenas os genótipos 855 e 46 são mais precoces do que a cv. Clare.
Esta característica deverá estar relacionada com o facto de, no processo de
selecção das populações de onde se retiraram estes genótipos, a produção de
matéria seca total ter sido um importante critério de selecção (em geral maior
produção de matéria seca está associada a floração mais tardia). Dever-se-á ter
em consideração que a produção de sementes das cultivares mais tardias estará
mais condicionada a ambientes com boas disponibilidade hídricas.
FIGURA 1 – Número de dias da sementeira à floração dos genótipos em estudo.
A produção de sementes, por ser um dos principais factores que garantem a regeneração da pastagem, é uma das principais características a considerar na selecção de trevo subterrâneo. Verificou-se que havia diferenças
altamente significativas quanto à produção de sementes dos genótipos em
apreço. Como se pode ver na figura 2, os genótipos 627 e 395 relevaram-se
com interesse, tendo em consideração esta característica. Contudo, o genótipo
395 (tal como o genótipo 356) revelou susceptibilidade ao oídio em alguns
148
PASTAGENS E FORRAGENS 20
dos anos de ensaio. É de salientar o bom comportamento, quanto à produção
de sementes, das cultivares portuguesas Davel e Romel.
FIGURA 2 – Produção de sementes (g/m2) em povoamento denso.
O teor de sementes duras constitui, a par com a produção de sementes,
um importante critério de selecção, tendo em vista a persistência da pastagem. Como genótipos mais interessantes para esta característica, temos o
869, o 855 e o 724 (figura 3). De notar que o genótipo 627 concilia uma
elevada produção de sementes com bom teor de sementes duras, pelo que dá
garantias de que, para condições semelhantes às de Elvas, será um genótipo
com elevada persistência.
FIGURA 3 – Percentagem de sementes duras avaliada três meses após a colheita.
Até à data em que foi efectuado
colheita), as sementes foram deixadas
da temperatura ambiente. Deste modo,
térmica observada nos anos de ensaio.
PASTAGENS E FORRAGENS 20
o teste de germinação (três meses após a
ao ar livre, apenas sujeitas às oscilações
a quebra de dureza depende da amplitude
Verifica-se que a cultivar Clare apresenta
149
um dos valores de dureza mais baixos, quando comparado com os outros
genótipos, sendo este um dos principais inconvenientes desta cultivar (3).
A produção total de matéria seca é considerada um critério com menor
importância do que os anteriores, mas que valoriza as potenciais cultivares. Neste
estudo, observou-se que o genótipos 627, com elevada produção de sementes e
com dureza considerável, é o que apresenta o maior potencial produtivo quanto a
matéria seca (figura 4). O genótipo 559 e as cultivares Romel e Davel, da
ENMP, estão também entre os mais produtivos.
FIGURA 4 – Produção total de matéria seca (g/m2/ano) em povoamento denso.
A produção de matéria seca no primeiro corte dá uma ideia da capacidade
dos genótipos para produzirem numa época de escassez do alimento como o é o
período outono-invernal. Verificou-se que a cultivar Davel apresenta o maior
valor de produção no 1.º corte (figura 5), superior ao da cultivar Clare, a qual é
conhecida pelo sua elevada produção invernal.
FIGURA 5 – Produção de matéria seca no primeiro corte (g/m2) em povoamento denso.
150
PASTAGENS E FORRAGENS 20
4 – CONCLUSÕES
Para seleccionar novas cultivares de trevo subterrâneo dever-se-ão testar, em condições experimentais mais semelhantes às condições de cultura, os
seguintes genótipos, devido às suas características agronómicas:
• 627 – tem teor medianamente elevado de sementes duras, elevada produção de sementes, elevada produção de matéria seca (tem para estes
dois parâmetros os valores mais elevados, do grupo que se estudou);
poderá ter como limitação ser muito tardio;
• 559 – tem elevada produção de sementes (valor médio de 1000 kg/ha),
teor médio de sementes duras e boa produção de matéria seca;
• 855 – é precoce, característica pouco frequente nas populações portuguesas, tem teor elevado de sementes duras, é o genótipo com maior
produção de sementes no conjunto dos originários da mesma população;
• 724 – tem teor elevado de sementes duras, precocidade média quando
comparado com os outros genótipos, e embora não tenha produção
de sementes elevada é o genótipo, retirado da população S. Vicente,
que está em segundo lugar para este parâmetro.
Os genótipos 395 e 356 têm boa produção de sementes, mas não foram
escolhidos por serem muito susceptíveis ao oídio.
Observou-se bom comportamento das cultivares Davel e Romel, confirmando em particular a cultivar Davel como apresentando um comportamento
agronómico interessante nas condições de Elvas.
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subterraneum L.) from portuguese ecotypes. In: "Proceedings of the XI International
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PASTAGENS E FORRAGENS 20
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subterraneum L. In: "The genetics of colonizing species". New York, Academic Press,
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8 – ZOHARY, R.; HELLER, D. – The genus Trifolium. Jesusalem, The Israel Academy of
Sciences and Humanities, 1984.
152
PASTAGENS E FORRAGENS 20

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