No Dia do Trabalhador, manifestação será contra os retrocessos
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No Dia do Trabalhador, manifestação será contra os retrocessos
Informativo eletrônico semanal do mandato Edição 620 - 29.04.2016 10 DE MAIO No Dia do Trabalhador, manifestação será contra os retrocessos sociais e trabalhistas CRESOL SICOPER 2º Seminário Crescer debate o papel do crédito e das instituições para o desenvolvimento sustentável Francielli Macagnan Damo N este domingo, 1º de maio, dia dedicado aos traba- lhadores e às trabalhadoras, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, que reúnem centrais sindicais e movimentos da sociedade civil, realizarão ato em defesa da democracia e contra o golpe e os retrocessos trabalhistas e sociais que ele representa. Em Porto Alegre a atividade será na Redenção, junto ao Arco ao Expedicionário. No evento no Facebook os organizadores destacam que “as forças econômicas, políticas conservadoras e reacionárias que alimentaram essa farsa golpista têm o objetivo de liquidar direitos trabalhistas e sociais do povo brasileiro”. Encontro ocorreu nesta sexta-feira (29), em Passo Fundo PÁGINA 05 NA TRIBUNA Deputado repudia censura a debate sobre defesa da democracia na UFRGS Ao se associar às manifestações de entidades de defesa da democracia contra moção de repúdio de vereadores da capital a um debate realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o deputado Adão Villaverde (PT) denunciou a censura à natureza crítica do conhecimento e à própria autonomia da instituição universitária. Para o parlamentar, a moção aprovada por parte da Câmara de Vereadores, por diferença de um único voto, no último dia 20 de abril, contra um ato em defesa da democracia, realizado com a autorização da reitoria da UFRGS e coordenação de um professor da instituição, é uma verdadeira salada de frutas ideológica, rasteira, sem conteúdo, sem fundamentação e consistência que recorre a ataques intolerantes ao reitor, ao vice-reitor e professores. Marcelo Bertani/Ag. ALRS “É lamentável e inaceitável que seja estimulado pelo velho MDB, que tinha outra concepção do papel histórico da universidade, como espaço dialético da capacidade crítica e da ideia de desenvolver o senso crítico de forma plural”, disse o parlamentar. A moção, naturalmente, foi repudiada por diversas organizações democráticas porque evidencia, sobretudo, uma tentativa de cerceamento do debate de ideias, imprescindível em uma instituição que tem a missão de propagar o conhecimento, estimular a atitude crítica e fortalecer a formação de cidadãos dentro das regras institucionais do Brasil. Assista ao pronunciamento do deputado Villaverde acessando https://goo.gl/WXzalb ARTIGO A grandeza democrática do reitor contra o ataque à democracia* ADÃO VILLAVERDE** C om reconhecida trajetória acadêmica e idoneidade pessoal inquestionável, o ilustre reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) certamente não necessita de defensor para suas posturas públicas eivadas de legalidade, respeito e cidadania. Entretanto, me atrevo a produzir estas linhas porque senti, em meus contatos pessoais, certa incompreensão quanto à atitude do professor Carlos Alexandre Netto que foi até a Câmara dos Vereadores pedir a reflexão dos edis porto-alegrenses para rever uma moção de repúdio emitida pela colenda contra um debate sobre a defesa da democracia realizado nas dependências universitárias. Ainda que exemplos possam ser reducionistas, é emblemática uma postagem nas redes sociais feita por um cidadão entristecido e indignado, mas também contaminado pela convulsão política que viceja no país neste momento. “É revoltante ver o reitor humilharse diante de uma Câmara integrada por vereador que se notabiliza por gestos de intolerância e que tem relações com adeptos de práticas fascistas e que forjou esta moção partidária e reacionária, agigantando a onda de ódio e intransigência em que mergulha o país”. Para mim, ao contrário, o reitor mostrou grandeza política, superioridade pessoal e extrema noção de civilidade institucional, considerando, acima de tudo, o relacionamento funcional entre a representação dos cidadãos da capital e a universidade federal pública que ele muito honra. Com sua atitude O reitor mostrou grandeza política, superioridade pessoal e extrema noção de civilidade institucional, considerando, acima de tudo, o relacionamento funcional entre a representação dos cidadãos da capital e a universidade federal pública que ele muito honra nobre e desprendida, Netto assumiu integralmente a condição prioritária de autoridade máxima da UFRGS, acima da condição de professor doutor que é. E, como tal, o reitor exibiu tolerância e respeito às divergências que diferenciam os democratas dos que acreditam que só uma única lógica - a sua- é a correta. Característica do totalitarismo de triste lembrança nos anos de ditadura em nosso país, esta visão permeia a justificativa da moção de repúdio aprovada por diferença de um voto no dia 20 de abril na Câmara da capital. Em intervenção na tribuna do plenário da Assembleia Legislativa, denunciei a censura à natureza crítica do conhecimento e à própria autonomia da instituição universitária. Leia mais em http://goo.gl/s2GHxr *Artigo publicado no jornal eletrônico Sul21 em 29 de abril de 2016 **Professor, engenheiro e deputado estadual (PT-RS) 02 PROGRAMA-SE VICE GOLPISTA Agendas pela democracia Sexta, 29 de Abril 17h – Reunião da Frente Universitária da PUCRS em Defesa da Democracia. 17h – Juventude contra o Golpe: Fora Cunha e Temer, na Faculdade de Direito da UFRGS, em Porto Alegre. Organização: Frente Universitária em defesa da Legalidade e da Democracia da UFRGS. 17h – Mulheres em Defesa da Democracia, ato em Novo Hamburgo, na Praça do Imigrante. 18h30 – Plenária Estadual contra o Golpe, realizada pelo Comitê de Advogados e Advogadas pela Legalidade Democrática, no Sindicato dos Bancários, em Porto Alegre. 19h30min – Roda de Conversa das belas, desbocadas e do bar, em Porto Alegre, no Parangolé. Sábado, 30 de Abril 16h – Sarau da Democracia, em Porto Alegre, na Casa do Artista Riograndense. Com a participação de Raul Elwanger, Liane Schuler, Silfarnei Alves e Lélia Almeida. Organização do mandato da vereadora Sofia Cavedon. Evento nas Redes – 16h – Marcha AntiFacista: pela reparação histórica, em Porto Alegre, na Esquina Democrática. Chamada pela Ação Popular e Liga Insurrecionista Brasileira. Evento nas Redes – 18h – Regaee no Mercado Público, no Largo Glênio Peres. Temer conspirou contra a presidenta e agora trai os estados S egundo o jornal O Globo, interlocutores do vice-presidente Michel Temer conversaram nos últimos dias com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o impacto nas contas do governo federal de mudança no cálculo das dívidas dos estados junto à União, que pode ultrapassar R$ 300 bilhões. Para a publicação, Temer buscava “desarmar a bomba fiscal” que pode estourar no governo que está montando, usurpando um cargo que nem é seu. A ação dos emissários de Temer impondo a lógica fiscalista acima de tudo – tal como vem praticando o governo do PMDB de Sartori no RS – minou profundamente as esperanças de melhoria das condições de negociações das dívidas para os estados, alimentadas durantes os últimos dias. No encaminhamento final da sessão de quarta-feira (27), com a concessão de prazo de 60 dias para que União e estados “tentem se entender”, o STF produ- ziu indicações de que dificilmente algo mudará estruturalmente na situação. Antes, no julgamento, o ministro Edson Fachin, relator de três mandados de segurança no STF sobre o cálculo das dívidas dos estados perante da União, votou pela revogação das liminares concedidas ao Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais, que dão aos estados o direito de calcular suas dívidas com base em juros simples, e não compostos. Fachin argumentou que é inconstitucional a Lei Complementar 151, que obriga a União a mudar os indexadores e dar desconto nas dívidas dos estados. Segundo ele, a lei é uma afronta ao princípio do planejamento e da organização orçamentária, previstos na Constituição Federal. Isso porque a norma não leva em consideração o impacto do recálculo nas contas públicas. Ou seja, os estados padecerão, punindo seus servidores e penalizando a sociedade. Domingo, 1º de Maio 10h – Ato Unificado das Centrais Sindicais, em Porto Alegre, no Parque da Redenção, em frente ao Monumento do Expedicionário. Sexta, 06 de Maio Das 15h às 22h – Café Poético em Porto Alegre, na rua Lopo Gonçalves, 66. A colunista Taline Oppitz destacou, no Correio do Povo de quinta-feira (28), a decisão do STF 03 DEMOCRACIA No Senado, Prêmio Nobel denuncia riscos de um golpe de Estado Na segunda-feira (2), Esquivel estará em Porto Alegre participando de seminário sobre democracia e direitos humanos N a próxima segunda-feira (2/5), o argentino Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz, palestrará em Porto Alegre no evento "Direitos Humanos e democracia na América Latina". A atividade será realizada no Plenarinho da Assembleia Legislativa (3º andar), a partir das 9h. Esquivel, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1980 por sua resistência à sanguinária ditadura militar na Argentina na América do Sul, alertou na quinta-feira (28), no Senado, para os danos de um possível golpe de Estado no país como já aconteceu no Paraguai e Honduras com a queda de seus presidentes da República, respectivamente Fernando Lugo, em 2012, e Manuel Zelaya, em 2005. Embora contestado por alguns senadores de oposição ao governo, Esquivel reiterou que veio ao Brasil prestar a solidariedade de “muita gente da América Latina” à presidenta Dilma e a população brasileira para que “se respeite a continuidade da Constituição e o direito do povo a viver em democracia”. Pela manhã a presidenta Dilma Rousseff se reuniu com o argentino por cerca de 40 minutos de audiência no Planalto. Esquivel afirmou que a reunião serviu para ele levar “solidariedade e apoio” à presidente Dilma em razão do atual cenário político do país. Para ele, é “muito claro” que está em curso no Brasil um “golpe de Estado, encoberto sobre o que podemos chamar de golpe branco”. Esquivel disse ainda é importante que não se interrompa o processo constitucional no Brasil porque isso seria, não só para o povo brasileiro, mas para toda a América Latina, um retrocesso muito grave”. Arquiteto, escultor e militantes de direitos humanos, Esquivel ganhou o Nobel da Paz por conta de seu trabalho como coordenador, na década de 1970, da fundação do Servicio Paz y Justicia en América Latina (Serpaj-AL) na cidade colombiana de Medelin. À época, a fundação difundiu o combate aos regimes militares da América do Sul por meio da "não-violência ativa". RETROCESSO Comissão do Senado rasga a legislação ambiental e ataca a Constituição É de extrema gravidade a decisão sorrateira da CCJ do Senado aprovando PEC que derruba licenciamento ambiental para obras, revelada pelo jornal Estado de S. Paulo. O Projeto prevê que a partir da simples apresentação de um Estudo Impacto Ambiental (EIA) pelo empreendedor, nenhuma obra poderá mais ser suspensa ou cancelada. “Acaba-se com a legislação ambiental e é um flagrante desrespeito à Constituição, que se torna letra morta em tudo o que diz respeito ao meio ambiente”, diz a coordenadora da 4ª Câmara de meio ambiente e patrimônio cultural do Ministério Público Federal, Sandra Cureau. Segundo a reportagem do Estadão esclarece, em meio ao terremoto político que toma conta de Brasília, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira, sem alarde, uma Proposta de Emenda à Constituição que simplesmente rasga a legislação ambiental aplicada atualmente em processos de licenciamento de obras públicas. A PEC 65/2012, de autoria do senador Acir Gurgacz (PDT-RO) e relatada pelo senador Blairo Maggi (PR-MT), estabelece que, a partir da simples apresentação de um Estudo Impacto Ambiental (EIA) pelo empreendedor, nenhuma obra poderá mais ser suspensa ou cancelada. Na prática, isso significa que o processo de licenciamento ambiental, que analisa se um empreendimento é viável ou não a partir dos impactos socioambientais que pode gerar, deixa de existir. Leia mais em https://goo.gl/jDt0Hp 04 CENTRAL CRESOL SICOPER 2º Seminário Crescer debate o papel do crédito e das instituições para o desenvolvimento sustentável E m roteiro por Passo Fundo, na região do planalto, o deputado estadual Adão Villaverde (PT) participou, nesta sexta-feira (29) do 2º Seminário Crescer, realizado pela Central Cresol Sicoper, que tem o objetivo de integrar cada vez mais o tema sustentabilidade com a estratégia de desenvolvimento do cooperativismo e do crédito rural. Para Villaverde, o Sistema Cresol Sicoper é um grande instrumento de inclusão de agricultores familiares, que “valoriza a participação e permite uma melhoria de vida dos produtores rurais no campo". O deputado assumiu o compromisso de continuar apoiando a Cresol Sicooper, principalmente na relação junto ao BNDES para tratar de demandas da central. Ele pontuou, ainda, que a tentativa de golpe em curso no país pode trazer prejuízos enormes para a agricultura familiar e para as cooperativas. “O que está em disputa é qual o modelo de governo e qual a destinação dos recursos”, afirmou. Em nome do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e do diretor José Henrique Paim, Zulke falou que o banco assinou esta semana junto com a Cresol Sicoper documento para tomadas de crédito e realização de parcerias. Também disse que nos próximos dias está agendada uma reunião entre o BNDES e a Cresol avançar nas tratativas de aprimorar a relação entre as instituições. O presidente da Cresol Sicooper, Gelson Ferrari, agradeceu a parceria do banco e o apoio do deputado Villaverde neste processo de intermediar o diálogo. O principal tema debatido no seminário foram as condições de viabilidade da agricultura familiar e de suas organizações frentes aos novos desafios, sobretudo em relação ao aprofundamento das condições nas quais a Central Cresol Sicoper está aplicando os recursos para o quadro social. A atividade reuniu 120 dirigentes das Cooperativas Singulares vinculadas ao Sistema e aprovou o planejamento estratégico para os próximos cinco anos. Uma das metas, já para este ano, é chegar a 100 mil associados. O evento contou com a presença de representantes de instituições parceiras como o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), FGCoop, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), instituições canadenses Cecosol e DSI, Confesol, Unicopas e Cresol Baser. Também estiveram no encontro, o representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Ronaldo Zulke, e o ex-secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo Ivar Pavan. Grande Expediente Reunião com vereador Lorenzato Em Passo Fundo nesta sexta-feira (29), o deputado estadual Adão Villaverde reuniu-se com o vereador Rui Lorenzato e o chefe de gabinete Aristeu Both. No encontro, trataram da conjuntura política, do processo eleitoral deste ano e das políticas de desmonte das funções públicas de Estado por parte do governo Sartori. Também esteve presente Ivar Pavan, exsecretário estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo. Na terça-feira (26), Villaverde associou-se a homenagem aos 50 anos da Associação dos Orientadores Educacionais do RS (Aoergs) através de Grande Expediente do deputado Jeferson Fernandes. Comissão de Educação Na terça-feira (26), o deputado Villaverde presidiu a Comissão de Educação, da qual é membro parlamentar. Neste dia, o órgão debateu, em audiência pública, a portaria do Ministério da Educação que altera programa de formação de professores. 05 PELA DEMOCRACIA No dia 18 de abril, um dia depois da votação do golpe do impeachment pela Câmara dos Deputados, o desembargador do Tribunal de Justiça do RS Braulio Marques fez um desabafo em seu Facebook, que reproduzimos abaixo. Ontem quem perdeu fui eu. Vi a inutilidade de minha vida política, lutando contra uma ditadura, acreditando estar contribuindo para o aperfeiçoamento e fortalecimento do sistema democrático. Vi desfilar corruptos, assim declarados pelos tribunais, gritando a plenos pulmões contra a corrupção. Um exército de bufões, dedicando seus votos comprados, às suas tias e comparsas de farras, sem a mínima consciência da palhaçada do gesto e do significado histórico da solenidade. Lembrei do Ulisses, do Tancredo, do Teotônio, do Brossard e de tantos outros que usaram aquela Tribuna como se ela fosse um altar. Eu digo que ontem eu perdi por que o Brasil tem tempo e fôlego para futuras recuperações e tropeços, mas eu não. A sede de poder dos que se credenciam aos despojos deixados, sinalizam um longo período de usufruto palaciano, que excede minha perenidade. Verifico, com tristeza, que são os mesmos que contribuíram para a derrocada. Estou solidário com todos os que, como eu, estão preocupados com a fragilidade das instituições e a falta de liderança idônea para superar essa crise moral, política e administrativa em que nos encontramos. Ontem quem perdeu fui eu! Não, deputado Bráulio Marques, sua vida política não foi inútil Basta ver a sua trajetória, em parte resgatada nesta reportagem que focava o deputado constituinte, referência de lutador democrático | REPORTAGEM DA AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA AL O ex-deputado constituinte Dorval Bráulio Marques (PMDB) nasceu em Uruguaiana, em 4 de abril de 1945 . É advogado e foi militante político na região da Fronteira Oeste. Começou sua vida no setor público como secretário administrativo da prefeitura de Alegrete, em 1973. Em 1976, foi eleito vereador pelo MDB, e reelegeu-se em 1982, já pelo PMDB. Candidato a deputado estadual pelo PMDB , ficou como suplente e assumiu em 1988, cumprindo o mandato até 1990. Atualmente é desembargador do Tribunal de Justiça do Estado. Agência de Notícias da Assembleia: Qual era a sua expectativa ao participar da elaboração da Constituição? Bráulio Marques: Cheguei aqui como deputado da Fronteira, animado do espírito que contagiava toda a comunidade rio-grandense e brasileira. Esse espírito de participação, de responsabilidade pelo nosso tempo, foi o que me animou e me trouxe com grande entusiasmo para dentro da Constituinte. Agência de Notícias da Assembleia: O processo de redemocratização do País o influenciou de alguma forma? Bráulio Marques: A ditadura estabeleceu a supervalorização do Executivo. Aos legisladores restava a denúncia. É claro que isso custava, trazia um ônus muito grande para a nossa atividade profissional, social. Quando chegamos aqui na Constituinte o quadro mudou. Agora podíamos legislar efetivamente sobre todos os assuntos e sem nenhuma restrição. A Constituinte foi a primeira experiência de liberdade total para se escrever um documento político. Agência de Notícias da Assembleia: Pode-se afirmar que os constituintes representavam proporcionalmente todas as regiões do Estado? Bráulio Marques: A Constituinte fez parte de um contexto de reforma. A própria representação regional era deficiente. Por exemplo, eu e mais quatro deputados representávamos a Metade Sul do Rio Grande. Todos os demais deputados eram dessa divisão que se chama Norte. A representatividade nossa era absurdamente desproporcional, tanto que na época houve um movimento pela divisão do Rio Grande, com a transformação da Metade Sul em outro Estado. Agência de Notícias da Assembleia: Que figuras se destacaram na Constituinte? Bráulio Marques: Acho que o presidente Gleno Scherer, pela forma democrática com que se assessorou para conduzir a Constituinte. Ele conseguiu estabelecer um diálogo, uma interação entre os partidos que possibilitou a elaboração da Carta. Outro que teve uma atuação marcante pela sua habilidade política foi o deputado Mendes Ribeiro Filho, que foi o relator. É claro que nós tivemos outros deputados atuantes nas suas comissões, nas suas bancadas, mas eu diria que esses dois foram os que marcaram definitivamente a Constituinte. Leia mais em http://goo.gl/da0njs 06 SAÚDE Frente Parlamentar de Enfrentamento ao HIV/AIDS será lançada no dia 3 de maio deputado estadual Adão Villaverde O reforçou a importância de políticas públicas para promover a conscientização acerca da prevenção ao HIV e a Aids. A posição foi manifestada na manhã de segunda-feira (25) durante reunião com representantes de entidade ligadas à temática. Villaverde é proponente da Frente Parlamentar de Enfrentamento ao HIV/Aids, que será lançada pelo Legislativo gaúcho no dia 3 de maio. Para Márcia Leão, do Fórum ONG Aids-RS, o Rio Grande do Sul está na contramão do país em relação às políticas de enfrentamento ao HIV e a Aids. Segundo ela, mesmo com a adesão do governo à Carta Paris, faltam ações concretas e políticas de saúde para se enfrentar a questão. Dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram que a taxa de mortalidade por Aids caiu 11% de 2003 para 2014, mas que no RS esse índice é o dobro da taxa nacional. A doutora Leticia Ikeda observou que é preciso voltar a tratar o combate à transmissão do vírus como política de direitos humanos e qualificar o atendimento para aqueles que procuram o tratamento e ainda sofrem, por parte de alguns profissionais, o preconceito. Ela também destacou que é necessário um amplo diálogo junto à sociedade, que deve passar, inclusive, pelo debate sobre sexualidade na escola. A Frente Parlamentar que será lançada na próxima semana foi encaminhada durante a audiência pública promovida por Villaverde que debateu o tema do HIV e da Aids no RS e no Brasil. Também participaram da reunião de hoje, que ocorreu na sala Sarmento Leite da Assembleia Legislativa, Rosinea Rosa, que representa o Movimento Nacional das Cidadãs Positivas (MNCP); Loreni Lucas, do Movimento Contra Violência Doméstica; João Luiz Bauer, do Grupo Face de Ébano; Ana Talita Nienov, da Secretaria Estadual da Saúde; e Silvia Aloia. Parlamentares petistas propõem criação da Frente Parlamentar em Defesa da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial s deputados estaduais do PT Adão O Villaverde e Stela Farias protocolaram junto à Presidência da Assembleia Legislativa requerimento para a criação da Frente Parlamentar em Defesa da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial na tarde de terça-feira (26). O objetivo é acompanhar as ações e a qualidade dos serviços públicos prestados na área da saúde mental e sua adequação às determinações da reforma psiquiátrica estabelecida na legislação brasileira. Para Villaverde, autor em conjunto com a deputada Stela da lei número 14.783/2015, que incluiu a Parada Gaúcha do Orgulho Louco no calendário de eventos oficiais do RS, a Frente é mais um passo na consolidação da Reforma Psiquiátrica, num momento em que seus princípios basilares são recorrentemente confrontados por visões que retrocedem aos tratamentos desumanos, de choques elétricos e confinamentos manicomiais. "Assim como o PL do Orgulho Louco aprovado pelo Parlamento gaúcho, esta Frente incentiva as ações e os debates sobre o processo de inclusão de pessoas com sofrimento psíquico e todos aqueles considerados diferentes que se destacam por sua capacidade de inovação, criatividade e se diferenciam no convívio comunitário", pontua. De acordo com Stela, "a atuação da Frente vai fortalecer a luta contra as tentativas de retroceder a Legislação que regra a Saúde Mental ao seu período mais sombrio, com internações compulsórias e contaminadas por ideologias classistas e segregacionista No Congresso Nacional, a deputada federal Érika Kokay coordena Frente Parlamentar sobre o mesmo tema. 07 (DES)GOVERNO Com Sartori, RS paga o pior reajuste entre os estados que têm mínimo regional em 2016 O Rio Grande do Sul obteve mais um resultado negativo, que não pode ser atribuído ao governo Dilma e muito menos ao ex-governador Tarso Genro, como costumam alegar o governo Sartori (PMDB), a base aliada na Assembleia Legislativa e a mídia plutocrática. O RS pagou o menor índice de reajuste em 2016 entre os cinco estados que possuem o salário mínimo regional, conforme levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O RS elevou em fevereiro as cinco faixas do mínimo regional em apenas 9,61%, ficando pela primeira vez desde que foi criado em 2001 abaixo da inflação dos 12 meses anteriores. O governo Beto Richa (PSDB), do Paraná, concedeu o maior reajuste entre os cinco estados (11,38%), seguido do governo Raimundo Colombo (PSD), de Santa Catarina, com 11,12%, do governo Geraldo Alckmin (PSDB), de São Paulo, com 10,50%, e do governo Luiz Fernando Pezão (PMDB), do Rio de Janeiro, com 10,37%. “A responsabilidade pelo pior reajuste do mínimo regional em 2016 é do governador José Ivo Sartori (PMDB), que se negou a conceder uma audiência para as centrais sindicais e enviou um projeto rebaixado aos deputados estaduais, com um índice que não repõe a in- flação e ainda ficou abaixo do reajuste do mínimo nacional”, afirma o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo. As centrais sindicais defenderam o reajuste de 11,68%, igual ao índice aplicado pela presidenta Dilma Rousseff (PT) ao mínimo nacional. Confira na tabela abaixo os índices de cada estado, bem como o valor respectivo da menor faixa salarial, cuja composição de categorias beneficiadas é diferenciada entre os estados. Sonegômetro chega às ruas para mostrar o quanto o Estado perde em arrecadação A população gaúcha poderá acompanhar de perto a partir de agora o quanto o Rio Grande do Sul deixa de arrecadar devido a sonegação de ICMS, principal tributo do Estado. Com a presença dos principais veículos de comunicação e entidades de servidores, o AFOCEFE Sindicato lançou, na manhã de quinta-feira (28), na Avenida Assis Brasil, 4101, em Porto Alegre, o primeiro painel eletrônico que mostra, em tempo real, os números da sonegação. O painel de três faces ainda traz estimativas sobre os impactos que estes valores representam na redução de investimentos nas áreas de saúde, educação e segurança. Inspirado no Sonegômetro Nacional, desenvolvido pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), o contador gaúcho mostra que a cada meio segundo o Estado perde o valor de uma dose da vacina contra o vírus Zika; o Estado deixa de arrecadar em seis minutos o valor necessário para a compra de uma viatura policial equipada; em 15 minutos, uma ambulância; a cada 10 segundos, o salário de um professor estadual. De janeiro a abril deste ano, as perdas já superam R$ 2,3 bilhões. “Este é um ato simbólico. O Afocefe lança, em via pública, um instrumento de cidadania, que promove a transparência e mensura em tempo real, os prejuízos ao Estado por falta de uma política efetiva de combate à sonegação, gerada por um modelo de fiscalização insuficiente’’, disse o presidente do sindicato, Carlos De Martini Duarte. Ele reforçou que a necessidade de combater a sonegação é uma discussão de Estado. ‘’Quem paga imposto é o trabalhador e o assalariado. O dinheiro desviado poderia ser aplicado em saúde, educação, segurança e investimento social. Nem para a folha de pagamento o Estado tem recursos. Afirmamos que a crise do Rio Grande do Sul é de receita’’, disse De Martini. 08 INSEGURANÇA PÚBLICA Clima de medo e violência invadiu prática da saúde em Porto Alegre, diz diretora do GHC Guilherme Santos/Sul21 | Por Marco Weissheimer episódio do tiroteio em frente ao O Hospital Cristo Redentor, na semana passada, reativou o debate sobre o clima de insegurança vivido em diversas unidades de saúde de Porto Alegre. Em um período de três anos, duas pessoas foram executadas a tiros dentro do hospital, localizado na zona norte da capital, e houve ainda uma terceira tentativa que acabou não consumada. Mas os problemas não se resumem a esse hospital. Há cerca de uma semana, houve uma tentativa de execução dentro do Hospital de Pronto Socorro, no centro de Porto Alegre. Além disso, se tornaram frequentes os casos de unidades de saúde fechadas por conta de ameaças, execuções e tiroteios. “Estamos vivendo um clima de medo nunca vivido antes. Há um quadro de violência que invadiu a prática da saúde”, diz Sandra Fagundes, diretora superintendente do Grupo Hospitalar Conceição, responsável pela administração do Cristo Redentor e de outras unidades de saúde em Porto Alegre. “ Houve um agravamento da questão da criminalidade no último ano. O Cristo Redentor, que é um dos pronto socorros da cidade, ampliou o atendimento de pessoas com ferimentos provocados por facas e balas, com um índice de tensionamento muito grande em função das guerras entre gangues do tráfico - Sandra Fagundes Quando assumiu a superintendência do GHC, em abril de 2015, Sandra Fagundes começou a conceber um projeto que integrasse os vários planos de segurança relacionados ao trabalho das diferentes unidades da instituição. O GHC+Seguro passou a contemplar medidas e protocolos internos de seguranças para os pacientes e para os 9.700 trabalhadores do grupo, além de proce- dimentos relacionados à segurança financeira, institucional e física das suas unidades. No entanto, outro tema passou a merecer uma atenção redobrada: a crise da segurança pública entrou para dentro das unidades de saúde. No caso do GHC, são quatro hospitais, doze unidades básicas de saúde, uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), um consultório de rua, três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que trabalham com crianças, adultos e pessoas com dependência de álcool e drogas. “Houve um agravamento da questão da criminalidade no último ano. O Cristo Redentor, que é um dos pronto socorros da cidade, ampliou o atendimento de pessoas com ferimentos provocados por facas e balas, com um índice de tensionamento muito grande em função das guerras entre gangues do tráfico”, relata Sandra Fagundes. Em três anos, houve duas mortes por execução dentro do Cristo Redentor. A primeira ocorreu em 2013. Em 2014, houve uma tentativa de execução que não foi consumada. A pessoa que era o alvo dessa tentativa acabou sendo morta mais tarde, quando saiu do hospital. Agora, no início de 2016, ocorreu uma nova execução a tiros dentro do Cristo Redentor. “Estamos vivendo uma situação nunca vivida antes” A superintendente do GHC assinala que esse quadro gera um tensionamento enorme entre os trabalhadores das unidades do grupo. “Rigorosamente, quem deveria enfrentar esse problema de segurança pública são os entes do Estado responsáveis por essa área. Estamos trabalhando para buscar uma articulação maior com essas entidades. Ao mesmo tempo, enquanto responsáveis pela direção da instituição, somos responsáveis também pela segurança dos trabalhadores e dos pacientes. Tomamos, então, a decisão de criar um Grupo de Trabalho específico para a questão da segurança, convidando especialistas da área como Marcos Rolim e o coronel Antonio Carlos Carballo Blanco, que iniciou a implantação das UPPs no Rio de Janeiro, para conversar conosco”, relata Sandra Fagundes. Leia mais em http://goo.gl/vTCGzt 09 GOVERNO DILMA Presidenta ganha ‘abraçaço’ ao chegar a Salvador para entregar 2.800 moradias do Minha Casa Minha Vida Roberto Stuckert Filho/PR A ntes de subir ao palco para a cerimônia de entrega 2,8 mil unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida, em Salvador (BA), a presidenta Dilma Rousseff recebeu um abraço coletivo de dezenas de mulheres. O gesto coletivo ocorreu na terça-feira (26).Em seu discurso, Dilma afirmou que a expressão “revistar programas sociais”, que vem sendo usada pelos que pretendem assumir seu mandato após o impeachment, é um eufemismo para não dizer que cortarão verba de programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família, que já beneficiou 10,5 milhões de pessoas, com a entrega de 2,6 milhões de unidades habitacionais. “Querem chegar, sentar na minha cadeira mas sem voto. Esse é que o problema. Isso é muito confortável. Você não tem que prestar conta para o povo brasileiro, você não tem o que explicar o que eles vão fazer com os programas sociais. O programa deles começa com uma coisa muito grave. Eles falam assim: nós vamos revisitar os programas sociais. O que é revisitar os programas sociais? Revisitar programas é diminuir a quantidade de dinheiro que o governo federal investe para diminuir a prestação da casa própria que vocês pagam hoje. Isso se chama revisitar programas sociais”, afirmou Dilma, que foi ovacionada com o coro: não vai ter golpe. Decreto autoriza uso de nome social no serviço público Roberto Stuckert Filho/PR A presidenta Dilma Rousseff assinou, na quinta-feira (28), no Palácio do Planalto, decreto que permite o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. Na prática, explica o secretário de Direitos Humanos do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e Direitos Humanos, Rogério Sottili, as pessoas vão poder usufruir de toda a máquina governamental, inclusive a políticas públicas de inclusão social, sendo tratadas pela identidade de gênero que as representam. Leia mais em http://goo.gl/ou3SGE MAIS MÉDICOS Os municípios com médicos brasileiros formados no exterior e estrangeiros poderão contar com os profissionais por mais até três anos. A medida será adotada a partir desta sexta-feira (29), com a assinatura de Medida Provisória pela presidenta Dilma Rousseff, prorrogando por três anos o prazo que permite a atuação de médicos sem diploma revalidado no Brasil para que continuem atuando no Programa. A MP foi proposta ao governo federal pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), pela Associação Brasileira de Municípios (ABM) e pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS). Para as entidades, é essencial a permanência dos 7 mil médicos graduados fora do Brasil que encerrariam o período de atuação em 2016. 10 ARTIGO A Precária Cultura Democrática e a Re-Oligarquização do Poder no Brasil* ILTON FREITAS** A mais recente interrupção da democracia no Brasil se consumou através de um golpe parlamentar, na repugnante sessão do Congresso Nacional de 17/04/ 2016. O golpe de “um bando de deputados corruptos que deseja cassar o mandato de uma presidente honesta”, segundo o insuspeito porta-voz da elite financeira de Wall Street, o The New York Times, em sua edição de 14/04/2016! Lembremos que o primeiro período democrático em nossa história iniciou apenas em 1945, e foi interrompido com o golpe civil-militar de 1964, que depôs o presidente João Goulart. O período atual teve início com a eleição do presidente Collor, em 1989, e com a reeleição da presidenta Dilma em 2014. A aprovação da admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma – sem crime de responsabilidade - indica, portanto, que estamos ante a mais uma efetiva interrupção de um mandato conferido pelas urnas, isto é, pela soberania popular! Sendo assim após os episódios recentes e vexatórios da aprovação do impeachment de Dilma pela Câmara, assumimos que nossa democracia continua distante de um desejado padrão de maturidade. Isso se deve – em parte - a ausência de uma cultura democrática hegemônica no País. Se não há hegemonia de uma cultura democrática, logo o que verificamos é a predominância de um imaginário não democrático. Vejamos como essa afirmação pode apoiar-se em evidencias. Desde meados dos anos 90, o instituto Latinobarômetro, com sede em Santiago, capital do Chile, faz pesquisas sobre o estado (aprovação/desaprovação) da democracia em todos os países da América Latina. Trata-se de uma pesquisa abrangente que envolve a avaliação das instituições democráticas como os parlamentos, os partidos, os governos, o judiciário, etc. Entrementes, chama a atenção no extenso questionário uma pergunta sobre o apoio à democracia. Pela metodologia da pesquisa para avaliar o regime democrático, foram criadas as seguintes categorias: os apoiadores, os indiferentes, os autoritários e os que “não tem opinião”. De 1995 a 2015, foram realizadas dezoito edições da pesquisa. No caso do Brasil, em apenas três edições os apoiadores da democracia perfizeram um percentual superior a 50% do total de entrevistados. E em duas, 50%, contra 50% dos “não democráticos”. Nas demais treze edições a somatória dos indiferentes, dos autoritários e dos que “não tem opinião” foi superior ao dos apoiadores da democracia. Portanto, de acordo com a pesquisa, infere-se que na média a maioria dos brasileiros – ao longo da série histórica – demonstraram que são indiferentes, autoritários e que não tem opinião formada sobre se apoiam, ou, não, a democracia. A aprovação da admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma – sem crime de responsabilidade indica, portanto, que estamos ante a mais uma efetiva interrupção de um mandato conferido pelas urnas, isto é, pela soberania popular! Considerando que a amostragem revelada na série histórica das pesquisas do Instituto Latinobarômetro esteja bem fundamentada - em termos conceituais e metodológicos -, a pergunta que se impõe é a seguinte; por que em nosso País não há uma sólida maioria de cidadãos apoiadores da democracia? Por que os indiferentes e os autoritários são – em média - majoritários ante os democratas? As respostas a essas indagações não são simples. Há um conjunto de fatores que interrelacionados auxiliam a compreender a mentalidade antidemocrática, ou, indiferente à democracia da maioria dos brasileiros. Alguns dos nexos explicativos podem ser: 1) a renitente A naturalização da desigualdade social constitui uma ideia-força potente que contamina e impede o desenvolvimento de uma cultura democrática, posto que afronta um dos valores mais caros à democracia, qual seja, o valor da igualdade! desigualdade socioeconômica e suas implicações no imaginário da população, tão bem explicada por Jesse de Souza¹, 2) a não universalização dos direitos civis e do “Estado Legal”, abordada num clássico estudo sobre a redemocratização da América Latina, a partir dos anos 80, por Guillermo O’Donnel² , e 3) a ausência de uma esfera pública discursiva democrática (aqui reside minha hipótese principal), tema recorrente de cientistas políticos importantes, como, dentre outros, o prof. Leonardo Avritzer³, da UFMG. Vamos por partes. Em que pese a diminuição da desigualdade social no Brasil nos últimos anos, demonstrados por índices reconhecidos universalmente como o de GINI e o IDH da ONU, as diferenças entre as rendas dos mais ricos e a dos mais pobres continuam alarmantes. Sobretudo na comparação com a maioria dos países da OCDE. Nos países escandinavos a diferença entre o menor salário e o maior situa-se na razão de um para dez, ou, quinze no máximo. Em nosso País as discrepâncias entre o menor salário e o maior são oceânicas, podendo em alguns casos chegar à razão de um para cem, ou, mais. Leia mais em http://goo.gl/Ahu67V *Artigo publicado no jornal eletrônico Sul21 em 26 de abril de 2016 **Doutor em ciência política pela UFRGS e pesquisador associado do Centro de Estudos Internacionais de Governos (CEGOV/UFRGS). 11 ALEGRETE Audiência pública discutirá sistema cicloviário Andressa Benites A Administração Municipal quer ampliar a discussão sobre a implantação de ciclovias e ciclofaixas na zona urbana. Com esse objetivo, uma audiência pública foi marcada para o próximo dia 6 de maio no Centro Cultural Adão Ortiz Houayek, às 18h30. Na reunião, a Administração Municipal fará a apresentação dos projetos em andamento. “O debate da mobilidade urbana não pode ficar restrita a grupos específicos. Ela deve ter a participação de toda a cidade. O diálogo faz parte do processo de mudança”, ressalta a vice- prefeita Preta Mulazzani. A proposta de debater publicamente o assunto nasceu da polêmica em torno da instalação da ciclofaixa na Avenida Eurípedes Brasil Milano. “Percebemos nesse processo o desconhecimento da cidade em relação ao assunto. Não é o caso só da Eurípedes. Queremos que mais pessoas contribuam e participem da audiência”, convida o prefeito Erasmo Guterres Silva. TABAÍ Comitiva entrega abaixo-assinado ao presidente da Empresa Gaúcha de Rodovias ma comitiva formada pelo prefeiU to de Tabaí, João Brandão, pela secretária de Educação, Vera Palagi, pelo vereador, Anderson Vargas, participou de reunião com o diretor-presidente da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), Nelson Lídio Nunes. O principal assunto tratado foi medidas de redução de velocidade de veículos no perímetro urbano da rodovia RST – 287, que corta o município. O encontro aconteceu na terçafeira (26), na sede da EGR, em Porto Alegre e, ainda participaram, o diretor técnico da Empresa, Milton Cypel e o chefe de gabinete do deputado Adão Villaverde, Inácio Beninca. Um abaixo-assinado, com cerca de 500 assinaturas, de pessoas da comunidade de Tabaí, pedindo atenção do Poder Público para o problema gerado pela rodovia foi entregue a Nunes. Em requerimentos protocolados no órgão foi pedido uma rótula de acesso na rodovia, próximo ao monumento de identificação da cidade, assim como mais sinalização e paradas de ônibus. A comitiva relatou sobre os vários casos de acidentes e atropelamentos na via, em destaque a morte de um menino de 12 anos, em um atropelamento, recentemente. A secretária Vera Palagi destacou Rivail Teixeira a importância de uma lombada eletrônica no local, pensando principalmente no trânsito de crianças que estudam em escolas às margens da rodovia. O prefeito, João Brandão, solicitou que as placas sinalizando faixas de pedestres sejam renovadas, colocação de tachões na via, assim como relatou o caso de um poste que está caindo pela erosão causada pela água da chuva acumulada na rodovia. “Seria interessante colocar tachões na pista, como ação imediata”, pediu Brandão. O vereador Anderson Vargas informou sobre os acidentes, em número elevado nos últimos anos, e falou sobre a revolta da população pedindo medidas de mais segurança à população. “As pessoas querem fazer protestos fechando a via. Três crianças indígenas morreram na BR-386 e medidas foram tomadas para reduzir a velocidade”. Para o diretor da EGR, Nelson Lidio Nunes, é um direito da comunidade reivindicar melhorarias no momento em que suas vidas começam a ser afeta- das. Segundo ele, projetos de redutores de velocidade já podem ter sido enviados para o Daer. “Vou verificar esta situação”, comprometeu-se. O diretor técnico Milton Cypel lembrou que problemas criados no passado, que agora se agravam, como construção de escolas em frente a rodovias. “Acaba não desenvolvendo a cidade transversalmente, mas paralelamente as rodovias”. Sugeriu que o município invista em uma passarela e educação dos moradores para usá-las. Cypel reforçou que um estudo junto ao Daer será feito para atender a demanda, começando com reforço de sinalização. Texto de Rivail Teixeira 12 OCUPAÇÃO AMEAÇADA Moradores da Lanceiros Negros prometem resistir ‘até a morte’ contra reintegração de posse | Por Luís Eduardo Gomes Joana Berwanger/Sul21 André Pereira Manifestação teve início no cruzamento das ruas Andrade Neves e Borges de Medeiros e culminou em ato em frente ao Palácio Piratini, na Praça da Matriz, no centro de Porto Alegre M oradores da ocupação Lanceiros Negros e representantes de movimentos sociais realizaram, na manhã de quintafeira (28), um ato no Centro de Porto Alegre para demarcar a posição de que irão resistir à reintegração de posse determinada em decisão judicial. Os manifestantes bloquearam temporariamente as vias Andrade Neves e Borges de Medeiros durante a manhã e encerraram o ato em frente ao Palácio Piratini. Na última terça-feira (26), o juiz Rogerio Latorre, da 7ª Vara da Fazenda Pública, determinou a reintegração imediata com comunicação à Brigada Militar, ao Conselho Tutelar e ao Corpo de Bombeiros para acompanhar o cumprimento da medida. A disputa entre os moradores e o governo do Estado, proprietário do prédio, porém, já se arras- ta desde meados de dezembro, quando o prédio foi ocupado. Uma decisão judicial anterior determinava que a reintegração de posse só poderia ser concretizada se o Estado oferecesse uma alternativa de moradia para os moradores da Lanceiros Negros, o que não foi feito. “A impressão que dá é que esse desembargador foi de alguma forma provocado a mudar a sua decisão”, afirma Nana Sanches, coordenadora do Movimento Livre nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que lidera a ocupação. Após a decisão judicial ser publicada no site do TJ, os moradores realizaram uma assembleia ainda na terça-feira em que foi decidido que não deixarão o prédio. “Todas as famílias decidiram por resistir. Nós já começamos a fechar o prédio, comprar mantimentos para fi- car no prédio fechado. Se a gente precisar ficar uma semana, dez dias, nós vamos ficar”, afirma Nana. “Ninguém quer deixar a qualidade de vida que está conseguindo ter aqui no Centro. Tem famílias que não tinham refeições todos os dias”, complementa, apontando ainda que não há data definida para uma operação de reintegração, uma vez que, até esta manhã, os moradores não tinham sido notificados oficialmente da decisão judicial. Os moradores temem, no entanto, que o Estado possa determinar que a Brigada Militar conduza com violência uma ação de reintegração de posse. “Tememos sim, porque a gente não vai sair”. Leia mais em http://goo.gl/NRbZY5 CONVITE Na próxima quintafeira (5), por iniciativa do deputado Tarcisio Zimmermann, será instalada a Frente Parlamentar e Social por um Cais Mauá de Todos 13 DICA DE FILME DICA DE LIVRO Truman, o cão de Darin Quarto ou primeiro poder? | POR ANDRÉ PEREIRA | POR ANDRÉ PEREIRA A O cronista do Correio do Povo Juremir Machado da Silva escreveu que inicialmente não gostou do filme Truman, estrelado pelo ator argentino Ricardo Darin em dupla talentosa com o excelente Javier Camara. Depois, na saída do cinema, apertou a mão da mulher: “a ficha caiu”. Para o articulista do jornal da Rede Record, a película é sobre a amizade de Darin e seu pachorrento cão, o Truman do título, um velho bulmastife cruza do buldogue e o mastife. Devo discordar plenamente: a fita é, sim, sobre a amizade. Mas entre Darin e todos os que circundam, a começar pelo amigo (o barbudo interpretado por Camara) que viaja do Canadá a Madrid, para demovê-lo da ideia de não levar adiante um tratamento contra câncer. O amigo não encontra um cenário piegas com um homem degradado pela doença terminal. Vê um amigo digno que não desiste nunca. O filme fala do mesmo modo da amizade de Darin pelo filho que mora em um barco em Amsterdan; pela ex-mulher; pela prima Paula e mesmo por ex-colegas de teatro de Madrid onde o filme foi rodado sob a direção de Cesc Gay, tão incensado na Europa quanto Pedro Almodovar. Villaverde filosofa que é sobre a amizade diante de uma determinação natural incontornável da morte. O que agrava o relacionamento em suas tratativas derradeiras. Mas que produz uma despedida profunda e sensível. A fita tem chistes maravilhosos que provocam sorrisos de uma plateia às vezes constrangida, às vezes receosa de rir da vida, enquanto se vive, na tela, com a dignidade possível. De todo modo, Darin que oferece, mais uma vez, uma ótima interpretação, é um cidadão diferenciado que confunde seus admiradores sobre seus personagens e sua personalidade. Costuma recusar reiterados convites para filmar em Hollywood perdendo um dinheiro grosso que a mídia não entende. Para que ter mais plata?, ele indaga. E os jornalistas perguntam intrigados: não queres um iate, um jatinho? Não, diz Darin, posso tomar dois banhos quentes por dia e tenho o suficiente para ser o mais feliz que posso ser. Para que mais? É a mesma pergunta que ele faz ao médico oncologista no filme. Se vou morrer porque continuar com este tratamento? Para que mais? obra “Quarto poder”, de Paulo Henrique Amorim, recusada por oito editoras segundo o próprio jornalista, autor do blog Conversa Afiada, é imprescindível para se entender a história real do Brasil – não a que é contada nos livros oficiais escolares. Amorim foca, centralmente, a forte influência da mídia nos governos e no imaginário da sociedade brasileira abrangida pelos veículos de comunicação social, entorpecida por uma versão única de defesa dos interesses das classes dominantes. Funcionário da Rede Globo, inclusive como correspondente estrangeiro, o jornalista tem uma rica bagagem de acompanhamento de autoridades e de convivência em bastidores do poder, onde se decidiu o destino do país. Amorim garante, por exemplo, que o dono da Globo, Roberto Marinho, governou diretamente o país, na gestão de José Sarney. Para ele, “a Globo interdita a democracia e envenena o Brasil”. No dia 20 de abril, diante de um lotado salão do Hotel Embaixador, em Porto Alegre, Amorim falou por quase duas horas, às vezes divertindo a plateia com tiradas bem humoradas, mas na maioria das intervenções instigando a reflexão. Amorim falou por quase duas horas, às vezes divertindo a plateia com tiradas bem humoradas mas na maioria das intervenções instigando a reflexão. Fora a análise mais atualizada, que pode ser vista usualmente no blog Conversa Afiada, o resto está no livro O Quarto Poder que conta bastidores da história política do país. Nele (que foi recusado por oito editoras temerosas da contunência contra os Marinho), Amorim garante que FHC negociava a Petrobras no FMI com banqueiro estrangeiro antes mesmo de ser eleito em troca de apoio ao futuro Plano Real. Diz que Roberto Marinho governou a nação quando Sarney era presidente. E, entre muitas outras histórias, sustentou que a Globo pratica, até hoje três regras básicas implantadas por Roberto Marinho. 1. não dar espaço para negros e desdentados. 2 não mencionar o nome do inimigo (Brizola à época) nem se se atirar nos trilhos de trem para salvar a vida de uma criança. 3. lembrar sempre que a Glogo é tudo que ela é mais pelo que ela não noticiou do que pelo quela ela publicou ou transmitiu. 14