No Dia do Trabalhador, manifestação será contra os retrocessos

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No Dia do Trabalhador, manifestação será contra os retrocessos
Informativo eletrônico semanal do mandato
Edição 620 - 29.04.2016
10 DE MAIO
No Dia do Trabalhador,
manifestação será
contra os retrocessos
sociais e trabalhistas
CRESOL SICOPER
2º Seminário Crescer debate
o papel do crédito e das
instituições para o
desenvolvimento sustentável
Francielli Macagnan Damo
N este domingo, 1º de maio, dia dedicado aos traba-
lhadores e às trabalhadoras, a Frente Brasil Popular e
a Frente Povo Sem Medo, que reúnem centrais sindicais e movimentos da sociedade civil, realizarão ato
em defesa da democracia e contra o golpe e os retrocessos trabalhistas e sociais que ele representa.
Em Porto Alegre a atividade será na Redenção, junto ao Arco ao Expedicionário. No evento no Facebook
os organizadores destacam que “as forças econômicas, políticas conservadoras e reacionárias que alimentaram essa farsa golpista têm o objetivo de liquidar
direitos trabalhistas e sociais do povo brasileiro”.
Encontro ocorreu nesta
sexta-feira (29), em Passo Fundo
PÁGINA 05
NA TRIBUNA
Deputado repudia censura a debate
sobre defesa da democracia na UFRGS
Ao se associar às manifestações de
entidades de defesa da democracia contra moção de repúdio de vereadores da
capital a um debate realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
o deputado Adão Villaverde (PT) denunciou a censura à natureza crítica do conhecimento e à própria autonomia da
instituição universitária.
Para o parlamentar, a moção aprovada por parte da Câmara de Vereadores, por diferença de um único voto, no
último dia 20 de abril, contra um ato
em defesa da democracia, realizado
com a autorização da reitoria da UFRGS
e coordenação de um professor da instituição, é uma verdadeira salada de
frutas ideológica, rasteira, sem conteúdo, sem fundamentação e consistência
que recorre a ataques intolerantes ao
reitor, ao vice-reitor e professores.
Marcelo Bertani/Ag. ALRS
“É lamentável e inaceitável que seja estimulado pelo velho MDB,
que tinha outra concepção do papel histórico
da universidade, como
espaço dialético da capacidade crítica e da
ideia de desenvolver o
senso crítico de forma
plural”, disse o parlamentar.
A moção, naturalmente, foi repudiada
por diversas organizações democráticas porque evidencia,
sobretudo, uma tentativa de cerceamento do debate de ideias, imprescindível em uma instituição que tem a
missão de propagar o conhecimento,
estimular a atitude crítica e fortalecer
a formação de cidadãos dentro das regras institucionais do Brasil.
Assista ao pronunciamento do
deputado Villaverde acessando
https://goo.gl/WXzalb
ARTIGO
A grandeza democrática do reitor
contra o ataque à democracia*
ADÃO VILLAVERDE**
C
om reconhecida trajetória acadêmica e idoneidade pessoal inquestionável,
o ilustre reitor da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS) certamente não necessita de defensor para suas
posturas públicas eivadas de legalidade, respeito e cidadania. Entretanto,
me atrevo a produzir estas linhas porque senti, em meus contatos pessoais,
certa incompreensão quanto à atitude
do professor Carlos Alexandre Netto que
foi até a Câmara dos Vereadores pedir
a reflexão dos edis porto-alegrenses
para rever uma moção de repúdio emitida pela colenda contra um debate sobre a defesa da democracia realizado
nas dependências universitárias.
Ainda que exemplos possam ser
reducionistas, é emblemática uma
postagem nas redes sociais feita por um
cidadão entristecido e indignado, mas
também contaminado pela convulsão
política que viceja no país neste momento. “É revoltante ver o reitor humilharse diante de uma Câmara integrada por
vereador que se notabiliza por gestos de
intolerância e que tem relações com
adeptos de práticas fascistas e que forjou esta moção partidária e reacionária, agigantando a onda de ódio e
intransigência em que mergulha o país”.
Para mim, ao contrário, o reitor
mostrou grandeza política, superioridade pessoal e extrema noção de civilidade institucional, considerando, acima
de tudo, o relacionamento funcional
entre a representação dos cidadãos da
capital e a universidade federal pública
que ele muito honra. Com sua atitude
O reitor mostrou grandeza
política, superioridade pessoal e extrema noção de civilidade institucional, considerando, acima de tudo, o
relacionamento funcional
entre a representação dos
cidadãos da capital e a
universidade federal pública
que ele muito honra
nobre e desprendida, Netto assumiu integralmente a condição prioritária de
autoridade máxima da UFRGS, acima
da condição de professor doutor que é.
E, como tal, o reitor exibiu tolerância
e respeito às divergências que diferenciam os democratas dos que acreditam que
só uma única lógica - a sua- é a correta.
Característica do totalitarismo de
triste lembrança nos anos de ditadura
em nosso país, esta visão permeia a
justificativa da moção de repúdio aprovada por diferença de um voto no dia
20 de abril na Câmara da capital. Em
intervenção na tribuna do plenário da
Assembleia Legislativa, denunciei a
censura à natureza crítica do conhecimento e à própria autonomia da instituição universitária.
Leia mais em http://goo.gl/s2GHxr
*Artigo publicado no jornal eletrônico Sul21
em 29 de abril de 2016
**Professor, engenheiro e deputado estadual
(PT-RS)
02
PROGRAMA-SE
VICE GOLPISTA
Agendas pela
democracia
Sexta, 29 de Abril
17h – Reunião da Frente Universitária da PUCRS em Defesa da Democracia.
17h – Juventude contra o Golpe:
Fora Cunha e Temer, na Faculdade de Direito da UFRGS, em Porto
Alegre. Organização: Frente Universitária em defesa da Legalidade e da Democracia da UFRGS.
17h – Mulheres em Defesa da Democracia, ato em Novo Hamburgo, na Praça do Imigrante.
18h30 – Plenária Estadual contra
o Golpe, realizada pelo Comitê de
Advogados e Advogadas pela Legalidade Democrática, no Sindicato dos Bancários, em Porto Alegre.
19h30min – Roda de Conversa das
belas, desbocadas e do bar, em
Porto Alegre, no Parangolé.
Sábado, 30 de Abril
16h – Sarau da Democracia, em
Porto Alegre, na Casa do Artista
Riograndense. Com a participação
de Raul Elwanger, Liane Schuler,
Silfarnei Alves e Lélia Almeida. Organização do mandato da
vereadora Sofia Cavedon.
Evento nas Redes – 16h – Marcha
AntiFacista: pela reparação histórica, em Porto Alegre, na Esquina
Democrática. Chamada pela Ação
Popular e Liga Insurrecionista Brasileira.
Evento nas Redes – 18h – Regaee
no Mercado Público, no Largo
Glênio Peres.
Temer conspirou contra a
presidenta e agora trai os estados
S
egundo o jornal O Globo,
interlocutores do vice-presidente Michel
Temer conversaram nos últimos dias com
ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF) sobre o impacto nas contas do
governo federal de mudança no cálculo
das dívidas dos estados junto à União,
que pode ultrapassar R$ 300 bilhões.
Para a publicação, Temer buscava
“desarmar a bomba fiscal” que pode
estourar no governo que está montando, usurpando um cargo que nem é seu.
A ação dos emissários de Temer impondo a lógica fiscalista acima de tudo
– tal como vem praticando o governo
do PMDB de Sartori no RS – minou profundamente as esperanças de melhoria
das condições de negociações das dívidas para os estados, alimentadas
durantes os últimos dias.
No encaminhamento final da sessão
de quarta-feira (27), com a concessão de
prazo de 60 dias para que União e estados “tentem se entender”, o STF produ-
ziu indicações de que dificilmente algo
mudará estruturalmente na situação.
Antes, no julgamento, o ministro Edson Fachin, relator de três mandados de
segurança no STF sobre o cálculo das dívidas dos estados perante da União, votou
pela revogação das liminares concedidas
ao Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
Minas Gerais, que dão aos estados o direito de calcular suas dívidas com base em
juros simples, e não compostos.
Fachin argumentou que é
inconstitucional a Lei Complementar
151, que obriga a União a mudar os
indexadores e dar desconto nas dívidas
dos estados. Segundo ele, a lei é uma
afronta ao princípio do planejamento e
da organização orçamentária, previstos
na Constituição Federal. Isso porque a
norma não leva em consideração o impacto do recálculo nas contas públicas.
Ou seja, os estados padecerão, punindo seus servidores e penalizando a
sociedade.
Domingo, 1º de Maio
10h – Ato Unificado das Centrais
Sindicais, em Porto Alegre, no
Parque da Redenção, em frente
ao Monumento do Expedicionário.
Sexta, 06 de Maio
Das 15h às 22h – Café Poético em
Porto Alegre, na rua Lopo Gonçalves, 66.
A colunista Taline Oppitz destacou, no Correio do Povo de
quinta-feira (28), a decisão do STF
03
DEMOCRACIA
No Senado, Prêmio Nobel denuncia
riscos de um golpe de Estado
Na segunda-feira (2), Esquivel estará em Porto Alegre
participando de seminário sobre democracia e direitos humanos
N a próxima segunda-feira (2/5), o
argentino Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio
Nobel da Paz, palestrará em Porto Alegre no evento "Direitos Humanos e democracia na América Latina". A atividade será realizada no Plenarinho da
Assembleia Legislativa (3º andar), a
partir das 9h.
Esquivel, que ganhou o Prêmio Nobel
da Paz em 1980 por sua resistência à
sanguinária ditadura militar na Argentina na América do Sul, alertou na quinta-feira (28), no Senado, para os danos
de um possível golpe de Estado no país
como já aconteceu no Paraguai e
Honduras com a queda de seus presidentes da República, respectivamente
Fernando Lugo, em 2012, e Manuel
Zelaya, em 2005.
Embora contestado por alguns senadores de oposição ao governo, Esquivel
reiterou que veio ao Brasil prestar a solidariedade de “muita gente da América
Latina” à presidenta Dilma e a população brasileira para que “se respeite a
continuidade da Constituição e o direito
do povo a viver em democracia”.
Pela manhã a presidenta Dilma
Rousseff se reuniu com o argentino por
cerca de 40 minutos de audiência no Planalto. Esquivel afirmou que a reunião
serviu para ele levar “solidariedade e
apoio” à presidente Dilma em razão do
atual cenário político do país. Para ele,
é “muito claro” que está em curso no
Brasil um “golpe de Estado, encoberto
sobre o que podemos chamar de golpe
branco”.
Esquivel disse ainda é importante
que não se interrompa o processo constitucional no Brasil porque isso seria,
não só para o povo brasileiro, mas para
toda a América Latina, um retrocesso
muito grave”.
Arquiteto, escultor e militantes de
direitos humanos, Esquivel ganhou o
Nobel da Paz por conta de seu trabalho
como coordenador, na década de 1970,
da fundação do Servicio Paz y Justicia
en América Latina (Serpaj-AL) na cidade colombiana de Medelin. À época, a
fundação difundiu o combate aos regimes militares da América do Sul por
meio da "não-violência ativa".
RETROCESSO
Comissão do
Senado rasga a
legislação
ambiental e
ataca a
Constituição
É de extrema gravidade a decisão sorrateira da CCJ do Senado
aprovando PEC que derruba
licenciamento ambiental para
obras, revelada pelo jornal Estado de S. Paulo. O Projeto prevê
que a partir da simples apresentação de um Estudo Impacto
Ambiental (EIA) pelo empreendedor, nenhuma obra poderá mais
ser suspensa ou cancelada.
“Acaba-se com a legislação
ambiental e é um flagrante desrespeito à Constituição, que se torna letra morta em tudo o que diz respeito
ao meio ambiente”, diz a coordenadora da 4ª Câmara de meio ambiente e patrimônio cultural do Ministério Público Federal, Sandra Cureau.
Segundo a reportagem do
Estadão esclarece, em meio ao terremoto político que toma conta de
Brasília, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do
Senado aprovou nesta quarta-feira, sem alarde, uma Proposta de
Emenda à Constituição que simplesmente rasga a legislação
ambiental aplicada atualmente em
processos de licenciamento de
obras públicas. A PEC 65/2012, de
autoria do senador Acir Gurgacz
(PDT-RO) e relatada pelo senador
Blairo Maggi (PR-MT), estabelece
que, a partir da simples apresentação de um Estudo Impacto
Ambiental (EIA) pelo empreendedor, nenhuma obra poderá mais
ser suspensa ou cancelada. Na
prática, isso significa que o processo de licenciamento ambiental,
que analisa se um empreendimento é viável ou não a partir dos impactos socioambientais que pode
gerar, deixa de existir.
Leia mais em https://goo.gl/jDt0Hp
04
CENTRAL CRESOL
SICOPER
2º Seminário Crescer debate o papel do crédito e
das instituições para o desenvolvimento sustentável
E
m roteiro por Passo Fundo, na região do planalto, o deputado estadual
Adão Villaverde (PT) participou, nesta
sexta-feira (29) do 2º Seminário Crescer, realizado pela Central Cresol
Sicoper, que tem o objetivo de integrar
cada vez mais o tema sustentabilidade
com a estratégia de desenvolvimento
do cooperativismo e do crédito rural.
Para Villaverde, o Sistema Cresol
Sicoper é um grande instrumento de
inclusão de agricultores familiares, que
“valoriza a participação e permite uma
melhoria de vida dos produtores rurais
no campo". O deputado assumiu o compromisso de continuar apoiando a Cresol
Sicooper, principalmente na relação junto ao BNDES para tratar de demandas
da central. Ele pontuou, ainda, que a
tentativa de golpe em curso no país
pode trazer prejuízos enormes para a
agricultura familiar e para as cooperativas. “O que está em disputa é qual o
modelo de governo e qual a destinação
dos recursos”, afirmou.
Em nome do presidente do BNDES,
Luciano Coutinho, e do diretor José
Henrique Paim, Zulke falou que o banco
assinou esta semana junto com a Cresol
Sicoper documento para tomadas de
crédito e realização de parcerias. Também disse que nos próximos dias está
agendada uma reunião entre o BNDES e
a Cresol avançar nas tratativas de aprimorar a relação entre as instituições.
O presidente da Cresol Sicooper,
Gelson Ferrari, agradeceu a parceria do
banco e o apoio do deputado Villaverde
neste processo de intermediar o diálogo.
O principal tema debatido no seminário foram as condições de viabilidade da agricultura familiar e de suas organizações frentes aos novos desafios,
sobretudo
em
relação
ao
aprofundamento das condições nas
quais a Central Cresol Sicoper está aplicando os recursos para o quadro social.
A atividade reuniu 120 dirigentes das
Cooperativas Singulares vinculadas ao
Sistema e aprovou o planejamento estratégico para os próximos cinco anos.
Uma das metas, já para este ano, é
chegar a 100 mil associados.
O evento contou com a presença de
representantes de instituições parceiras como o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), FGCoop, Banco
Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), instituições canadenses
Cecosol e DSI, Confesol, Unicopas e
Cresol Baser.
Também estiveram no encontro, o
representante do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) Ronaldo Zulke, e o ex-secretário estadual de Desenvolvimento
Rural, Pesca e Cooperativismo Ivar
Pavan.
Grande
Expediente
Reunião com vereador Lorenzato
Em Passo Fundo nesta sexta-feira (29), o deputado estadual Adão Villaverde reuniu-se com o vereador Rui Lorenzato
e o chefe de gabinete Aristeu Both. No encontro, trataram da
conjuntura política, do processo eleitoral deste ano e das políticas de desmonte das funções públicas de Estado por parte
do governo Sartori. Também esteve presente Ivar Pavan, exsecretário estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e
Cooperativismo.
Na terça-feira (26),
Villaverde associou-se a homenagem aos 50 anos da
Associação dos Orientadores
Educacionais do RS (Aoergs)
através de Grande Expediente do deputado Jeferson
Fernandes.
Comissão
de Educação
Na terça-feira (26), o deputado Villaverde presidiu a
Comissão de Educação, da
qual é membro parlamentar.
Neste dia, o órgão debateu,
em audiência pública, a portaria do Ministério da Educação que altera programa de
formação de professores.
05
PELA DEMOCRACIA
No dia 18 de abril, um dia depois da votação do golpe do impeachment pela Câmara
dos Deputados, o desembargador do Tribunal de Justiça do RS Braulio Marques fez um
desabafo em seu Facebook, que reproduzimos abaixo.
Ontem quem perdeu fui eu. Vi a inutilidade de minha vida política,
lutando contra uma ditadura, acreditando estar contribuindo para o aperfeiçoamento e fortalecimento do sistema democrático. Vi desfilar corruptos, assim declarados pelos tribunais, gritando a plenos pulmões contra a corrupção. Um exército de bufões, dedicando seus votos comprados, às suas tias e comparsas de farras, sem a mínima consciência da
palhaçada do gesto e do significado histórico da solenidade. Lembrei do
Ulisses, do Tancredo, do Teotônio, do Brossard e de tantos outros que
usaram aquela Tribuna como se ela fosse um altar. Eu digo que ontem eu
perdi por que o Brasil tem tempo e fôlego para futuras recuperações e
tropeços, mas eu não. A sede de poder dos que se credenciam aos despojos deixados, sinalizam um longo período de usufruto palaciano, que
excede minha perenidade. Verifico, com tristeza, que são os mesmos
que contribuíram para a derrocada. Estou solidário com todos os que,
como eu, estão preocupados com a fragilidade das instituições e a falta
de liderança idônea para superar essa crise moral, política e administrativa em que nos encontramos. Ontem quem perdeu fui eu!
Não, deputado Bráulio Marques,
sua vida política não foi inútil
Basta ver a sua trajetória, em parte resgatada nesta reportagem que
focava o deputado constituinte, referência de lutador democrático
| REPORTAGEM DA AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA AL
O ex-deputado constituinte Dorval
Bráulio Marques (PMDB) nasceu em
Uruguaiana, em 4 de abril de 1945 . É
advogado e foi militante político na região da Fronteira Oeste. Começou sua
vida no setor público como secretário
administrativo da prefeitura de Alegrete, em 1973. Em 1976, foi eleito vereador pelo MDB, e reelegeu-se em 1982, já
pelo PMDB. Candidato a deputado estadual pelo PMDB , ficou como suplente e
assumiu em 1988, cumprindo o mandato
até 1990. Atualmente é desembargador
do Tribunal de Justiça do Estado.
Agência de Notícias da Assembleia:
Qual era a sua expectativa ao participar da elaboração da Constituição?
Bráulio Marques: Cheguei aqui como
deputado da Fronteira, animado do espírito que contagiava toda a comunidade rio-grandense e brasileira. Esse espírito de participação, de responsabilidade pelo nosso tempo, foi o que me
animou e me trouxe com grande entusiasmo para dentro da Constituinte.
Agência de Notícias da Assembleia: O
processo de redemocratização do País
o influenciou de alguma forma?
Bráulio Marques: A ditadura estabeleceu a supervalorização do Executivo. Aos
legisladores restava a denúncia. É claro
que isso custava, trazia um ônus muito
grande para a nossa atividade profissional, social. Quando chegamos aqui na
Constituinte o quadro mudou. Agora podíamos legislar efetivamente sobre todos os assuntos e sem nenhuma restrição. A Constituinte foi a primeira experiência de liberdade total para se escrever um documento político.
Agência de Notícias da Assembleia:
Pode-se afirmar que os constituintes
representavam proporcionalmente
todas as regiões do Estado?
Bráulio Marques: A Constituinte fez
parte de um contexto de reforma. A própria representação regional era deficiente. Por exemplo, eu e mais quatro
deputados representávamos a Metade
Sul do Rio Grande. Todos os demais
deputados eram dessa divisão que se
chama Norte. A representatividade nossa era absurdamente desproporcional,
tanto que na época houve um movimento pela divisão do Rio Grande, com a
transformação da Metade Sul em outro
Estado.
Agência de Notícias da Assembleia: Que
figuras se destacaram na Constituinte?
Bráulio Marques: Acho que o presidente Gleno Scherer, pela forma democrática com que se assessorou para conduzir
a Constituinte. Ele conseguiu estabelecer um diálogo, uma interação entre os
partidos que possibilitou a elaboração da
Carta. Outro que teve uma atuação
marcante pela sua habilidade política foi
o deputado Mendes Ribeiro Filho, que foi
o relator. É claro que nós tivemos outros
deputados atuantes nas suas comissões,
nas suas bancadas, mas eu diria que
esses dois foram os que marcaram definitivamente a Constituinte.
Leia mais em http://goo.gl/da0njs
06
SAÚDE
Frente Parlamentar de Enfrentamento ao
HIV/AIDS será lançada no dia 3 de maio
deputado estadual Adão Villaverde
O
reforçou a importância de políticas públicas para promover a conscientização
acerca da prevenção ao HIV e a Aids. A
posição foi manifestada na manhã de
segunda-feira (25) durante reunião com
representantes de entidade ligadas à
temática. Villaverde é proponente da
Frente Parlamentar de Enfrentamento ao
HIV/Aids, que será lançada pelo
Legislativo gaúcho no dia 3 de maio.
Para Márcia Leão, do Fórum ONG
Aids-RS, o Rio Grande do Sul está na
contramão do país em relação às políticas de enfrentamento ao HIV e a Aids.
Segundo ela, mesmo com a adesão do
governo à Carta Paris, faltam ações concretas e políticas de saúde para se enfrentar a questão. Dados da Secretaria
Estadual de Saúde mostram que a taxa
de mortalidade por Aids caiu 11% de
2003 para 2014, mas que no RS esse
índice é o dobro da taxa nacional.
A doutora Leticia Ikeda observou que
é preciso voltar a tratar o combate à
transmissão do vírus como política de
direitos humanos e qualificar o atendimento para aqueles que procuram o tratamento e ainda sofrem, por parte de
alguns profissionais, o preconceito. Ela
também destacou que é necessário um
amplo diálogo junto à sociedade, que
deve passar, inclusive, pelo debate sobre sexualidade na escola.
A Frente Parlamentar que será lançada
na próxima semana foi encaminhada
durante a audiência pública promovida
por Villaverde que debateu o tema do HIV
e da Aids no RS e no Brasil.
Também participaram da reunião de
hoje, que ocorreu na sala Sarmento Leite da Assembleia Legislativa, Rosinea
Rosa, que representa o Movimento Nacional das Cidadãs Positivas (MNCP); Loreni
Lucas, do Movimento Contra Violência
Doméstica; João Luiz Bauer, do Grupo
Face de Ébano; Ana Talita Nienov, da Secretaria Estadual da Saúde; e Silvia Aloia.
Parlamentares petistas propõem criação da
Frente Parlamentar em Defesa da Reforma
Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial
s deputados estaduais do PT Adão
O
Villaverde e Stela Farias protocolaram
junto à Presidência da Assembleia
Legislativa requerimento para a criação da Frente Parlamentar em Defesa
da Reforma Psiquiátrica e da Luta
Antimanicomial na tarde de terça-feira
(26). O objetivo é acompanhar as ações
e a qualidade dos serviços públicos prestados na área da saúde mental e sua
adequação às determinações da reforma psiquiátrica estabelecida na legislação brasileira.
Para Villaverde, autor em conjunto
com a deputada Stela da lei número
14.783/2015, que incluiu a Parada Gaúcha do Orgulho Louco no calendário de
eventos oficiais do RS, a Frente é mais
um passo na consolidação da Reforma
Psiquiátrica, num momento em que
seus princípios basilares são recorrentemente confrontados por visões que
retrocedem aos tratamentos desumanos, de choques elétricos e
confinamentos manicomiais.
"Assim como o PL do Orgulho Louco
aprovado pelo Parlamento gaúcho, esta
Frente incentiva as ações e os debates
sobre o processo de inclusão de pessoas com sofrimento psíquico e todos
aqueles considerados diferentes que se
destacam por sua capacidade de inovação, criatividade e se diferenciam no
convívio comunitário", pontua.
De acordo com Stela, "a atuação da
Frente vai fortalecer a luta contra as
tentativas de retroceder a Legislação
que regra a Saúde Mental ao seu período mais sombrio, com internações compulsórias e contaminadas por ideologias classistas e segregacionista
No Congresso Nacional, a deputada
federal Érika Kokay coordena Frente
Parlamentar sobre o mesmo tema.
07
(DES)GOVERNO
Com Sartori, RS paga o pior reajuste entre os
estados que têm mínimo regional em 2016
O Rio Grande do Sul obteve mais um
resultado negativo, que não pode ser
atribuído ao governo Dilma e muito
menos ao ex-governador Tarso Genro,
como costumam alegar o governo
Sartori (PMDB), a base aliada na
Assembleia Legislativa e a mídia
plutocrática. O RS pagou o menor índice de reajuste em 2016 entre os cinco
estados que possuem o salário mínimo
regional, conforme levantamento feito
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese).
O RS elevou em fevereiro as cinco
faixas do mínimo regional em apenas
9,61%, ficando pela primeira vez desde
que foi criado em 2001 abaixo da inflação dos 12 meses anteriores.
O governo Beto Richa (PSDB), do
Paraná, concedeu o maior reajuste entre os cinco estados (11,38%), seguido
do governo Raimundo Colombo (PSD),
de Santa Catarina, com 11,12%, do governo Geraldo Alckmin (PSDB), de São
Paulo, com 10,50%, e do governo Luiz
Fernando Pezão (PMDB), do Rio de Janeiro, com 10,37%.
“A responsabilidade pelo pior reajuste do mínimo regional em 2016 é do
governador José Ivo Sartori (PMDB), que
se negou a conceder uma audiência para
as centrais sindicais e enviou um projeto rebaixado aos deputados estaduais, com um índice que não repõe a in-
flação e ainda ficou abaixo do reajuste
do mínimo nacional”, afirma o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.
As centrais sindicais defenderam o
reajuste de 11,68%, igual ao índice aplicado pela presidenta Dilma Rousseff
(PT) ao mínimo nacional.
Confira na tabela abaixo os índices
de cada estado, bem como o valor respectivo da menor faixa salarial, cuja
composição de categorias beneficiadas
é diferenciada entre os estados.
Sonegômetro chega às ruas para mostrar
o quanto o Estado perde em arrecadação
A
população gaúcha poderá acompanhar de perto a partir de agora o
quanto o Rio Grande do Sul deixa de
arrecadar devido a sonegação de
ICMS, principal tributo do Estado.
Com a presença dos principais veículos de comunicação e entidades de
servidores, o AFOCEFE Sindicato lançou, na manhã de quinta-feira (28), na
Avenida Assis Brasil, 4101, em Porto
Alegre, o primeiro painel eletrônico que
mostra, em tempo real, os números da
sonegação. O painel de três faces ainda traz estimativas sobre os impactos
que estes valores representam na redução de investimentos nas áreas de
saúde, educação e segurança.
Inspirado no Sonegômetro Nacional,
desenvolvido pelo Sindicato Nacional
dos Procuradores da Fazenda Nacional
(Sinprofaz), o contador gaúcho mostra
que a cada meio segundo o Estado perde o valor de uma dose da vacina contra o vírus Zika; o Estado deixa de arrecadar em seis minutos o valor necessário para a compra de uma viatura policial equipada; em 15 minutos,
uma ambulância; a cada 10 segundos,
o salário de um professor estadual.
De janeiro a abril deste ano, as perdas já superam R$ 2,3 bilhões.
“Este é um ato simbólico. O
Afocefe lança, em via pública, um
instrumento de cidadania, que promove a transparência e mensura em
tempo real, os prejuízos ao Estado
por falta de uma política efetiva de
combate à sonegação, gerada por um
modelo de fiscalização insuficiente’’,
disse o presidente do sindicato,
Carlos De Martini Duarte. Ele reforçou que a necessidade de combater
a sonegação é uma discussão de Estado. ‘’Quem paga imposto é o trabalhador e o assalariado. O dinheiro
desviado poderia ser aplicado em saúde, educação, segurança e investimento social. Nem para a folha de
pagamento o Estado tem recursos.
Afirmamos que a crise do Rio Grande do Sul é de receita’’, disse De
Martini.
08
INSEGURANÇA PÚBLICA
Clima de medo e violência invadiu prática da
saúde em Porto Alegre, diz diretora do GHC
Guilherme Santos/Sul21
| Por Marco Weissheimer
episódio do tiroteio em frente ao
O
Hospital Cristo Redentor, na semana passada, reativou o debate sobre o clima
de insegurança vivido em diversas unidades de saúde de Porto Alegre. Em um
período de três anos, duas pessoas foram executadas a tiros dentro do hospital, localizado na zona norte da capital, e houve ainda uma terceira tentativa que acabou não consumada. Mas
os problemas não se resumem a esse
hospital. Há cerca de uma semana, houve uma tentativa de execução dentro
do Hospital de Pronto Socorro, no centro de Porto Alegre. Além disso, se tornaram frequentes os casos de unidades
de saúde fechadas por conta de ameaças, execuções e tiroteios. “Estamos
vivendo um clima de medo nunca vivido antes. Há um quadro de violência
que invadiu a prática da saúde”, diz
Sandra Fagundes, diretora superintendente do Grupo Hospitalar Conceição,
responsável pela administração do Cristo Redentor e de outras unidades de
saúde em Porto Alegre.
“
Houve um agravamento da
questão da criminalidade no
último ano. O Cristo Redentor,
que é um dos pronto socorros
da cidade, ampliou o atendimento de pessoas com
ferimentos provocados por facas e balas, com um índice de
tensionamento muito grande
em função das guerras entre
gangues do tráfico
- Sandra Fagundes
Quando assumiu a superintendência
do GHC, em abril de 2015, Sandra
Fagundes começou a conceber um projeto que integrasse os vários planos de
segurança relacionados ao trabalho das
diferentes unidades da instituição. O
GHC+Seguro passou a contemplar medidas e protocolos internos de seguranças para os pacientes e para os 9.700
trabalhadores do grupo, além de proce-
dimentos relacionados à segurança financeira, institucional e física das suas
unidades. No entanto, outro tema passou a merecer uma atenção redobrada:
a crise da segurança pública entrou para
dentro das unidades de saúde. No caso
do GHC, são quatro hospitais, doze unidades básicas de saúde, uma Unidade
de Pronto Atendimento (UPA), um consultório de rua, três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que trabalham
com crianças, adultos e pessoas com
dependência de álcool e drogas.
“Houve um agravamento da questão da criminalidade no último ano. O
Cristo Redentor, que é um dos pronto
socorros da cidade, ampliou o atendimento de pessoas com ferimentos provocados por facas e balas, com um índice de tensionamento muito grande
em função das guerras entre gangues
do tráfico”, relata Sandra Fagundes. Em
três anos, houve duas mortes por execução dentro do Cristo Redentor. A primeira ocorreu em 2013. Em 2014, houve uma tentativa de execução que não
foi consumada. A pessoa que era o alvo
dessa tentativa acabou sendo morta
mais tarde, quando saiu do hospital.
Agora, no início de 2016, ocorreu uma
nova execução a tiros dentro do Cristo
Redentor.
“Estamos vivendo uma situação nunca vivida antes”
A superintendente do GHC assinala que esse quadro gera um tensionamento
enorme entre os trabalhadores das unidades do grupo. “Rigorosamente, quem
deveria enfrentar esse problema de segurança pública são os entes do Estado
responsáveis por essa área. Estamos trabalhando para buscar uma articulação
maior com essas entidades. Ao mesmo tempo, enquanto responsáveis pela direção da instituição, somos responsáveis também pela segurança dos trabalhadores
e dos pacientes. Tomamos, então, a decisão de criar um Grupo de Trabalho específico para a questão da segurança, convidando especialistas da área como Marcos Rolim e o coronel Antonio Carlos Carballo Blanco, que iniciou a implantação
das UPPs no Rio de Janeiro, para conversar conosco”, relata Sandra Fagundes.
Leia mais em http://goo.gl/vTCGzt
09
GOVERNO DILMA
Presidenta ganha ‘abraçaço’ ao chegar a Salvador para
entregar 2.800 moradias do Minha Casa Minha Vida
Roberto Stuckert Filho/PR
A
ntes de subir ao palco para a cerimônia de entrega 2,8 mil
unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida,
em Salvador (BA), a presidenta Dilma Rousseff recebeu um
abraço coletivo de dezenas de mulheres. O gesto coletivo ocorreu na terça-feira (26).Em seu discurso, Dilma afirmou que a
expressão “revistar programas sociais”, que vem sendo usada pelos que pretendem assumir seu mandato após o
impeachment, é um eufemismo para não dizer que cortarão
verba de programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida e
o Bolsa Família, que já beneficiou 10,5 milhões de pessoas,
com a entrega de 2,6 milhões de unidades habitacionais.
“Querem chegar, sentar na minha cadeira mas sem voto.
Esse é que o problema. Isso é muito confortável. Você não
tem que prestar conta para o povo brasileiro, você não tem o
que explicar o que eles vão fazer com os programas sociais. O
programa deles começa com uma coisa muito grave. Eles falam assim: nós vamos revisitar os programas sociais. O que é
revisitar os programas sociais? Revisitar programas é diminuir a quantidade de dinheiro que o governo federal investe
para diminuir a prestação da casa própria que vocês pagam
hoje. Isso se chama revisitar programas sociais”, afirmou
Dilma, que foi ovacionada com o coro: não vai ter golpe.
Decreto autoriza uso de nome social no serviço público
Roberto Stuckert Filho/PR
A
presidenta Dilma Rousseff assinou, na quinta-feira (28), no
Palácio do Planalto, decreto que permite o uso do nome social e o
reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e
transexuais no âmbito da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional. Na prática, explica o secretário de Direitos Humanos do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e
Direitos Humanos, Rogério Sottili, as pessoas vão poder usufruir
de toda a máquina governamental, inclusive a políticas públicas de
inclusão social, sendo tratadas pela identidade de gênero que as
representam.
Leia mais em http://goo.gl/ou3SGE
MAIS MÉDICOS
Os municípios com médicos brasileiros formados no exterior e estrangeiros poderão contar com os profissionais por
mais até três anos. A medida será adotada a partir desta sexta-feira (29), com a assinatura de Medida Provisória pela
presidenta Dilma Rousseff, prorrogando por três anos o prazo que permite a atuação de médicos sem diploma revalidado
no Brasil para que continuem atuando no Programa. A MP foi proposta ao governo federal pela Frente Nacional de Prefeitos
(FNP), pela Associação Brasileira de Municípios (ABM) e pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS). Para as entidades, é
essencial a permanência dos 7 mil médicos graduados fora do Brasil que encerrariam o período de atuação em 2016.
10
ARTIGO
A Precária Cultura Democrática e a
Re-Oligarquização do Poder no Brasil*
ILTON FREITAS**
A
mais recente interrupção da democracia no Brasil se consumou através de
um golpe parlamentar, na repugnante
sessão do Congresso Nacional de 17/04/
2016. O golpe de “um bando de deputados corruptos que deseja cassar o mandato de uma presidente honesta”, segundo o insuspeito porta-voz da elite
financeira de Wall Street, o The New York
Times, em sua edição de 14/04/2016!
Lembremos que o primeiro período democrático em nossa história iniciou apenas em 1945, e foi interrompido com o
golpe civil-militar de 1964, que depôs o
presidente João Goulart. O período atual
teve início com a eleição do presidente
Collor, em 1989, e com a reeleição da
presidenta Dilma em 2014. A aprovação
da admissibilidade do processo de
impeachment contra a presidente Dilma
– sem crime de responsabilidade - indica, portanto, que estamos ante a mais
uma efetiva interrupção de um mandato conferido pelas urnas, isto é, pela
soberania popular! Sendo assim após os
episódios recentes e vexatórios da aprovação do impeachment de Dilma pela
Câmara, assumimos que nossa democracia continua distante de um desejado padrão de maturidade. Isso se deve
– em parte - a ausência de uma cultura
democrática hegemônica no País. Se não
há hegemonia de uma cultura democrática, logo o que verificamos é a predominância de um imaginário não democrático.
Vejamos como essa afirmação pode
apoiar-se em evidencias. Desde meados dos anos 90, o instituto
Latinobarômetro, com sede em Santiago, capital do Chile, faz pesquisas sobre o estado (aprovação/desaprovação)
da democracia em todos os países da
América Latina. Trata-se de uma pesquisa abrangente que envolve a avaliação das instituições democráticas como
os parlamentos, os partidos, os governos, o judiciário, etc. Entrementes,
chama a atenção no extenso questionário uma pergunta sobre o apoio à democracia. Pela metodologia da pesquisa para avaliar o regime democrático,
foram criadas as seguintes categorias:
os apoiadores, os indiferentes, os autoritários e os que “não tem opinião”.
De 1995 a 2015, foram realizadas dezoito edições da pesquisa. No caso do
Brasil, em apenas três edições os
apoiadores da democracia perfizeram
um percentual superior a 50% do total
de entrevistados. E em duas, 50%, contra 50% dos “não democráticos”. Nas
demais treze edições a somatória dos
indiferentes, dos autoritários e dos que
“não tem opinião” foi superior ao dos
apoiadores da democracia. Portanto, de
acordo com a pesquisa, infere-se que
na média a maioria dos brasileiros – ao
longo da série histórica – demonstraram que são indiferentes, autoritários
e que não tem opinião formada sobre
se apoiam, ou, não, a democracia.
A aprovação da
admissibilidade do processo
de impeachment contra a
presidente Dilma – sem
crime de responsabilidade indica, portanto, que
estamos ante a mais uma
efetiva interrupção de um
mandato conferido pelas
urnas, isto é, pela soberania
popular!
Considerando que a amostragem
revelada na série histórica das pesquisas do Instituto Latinobarômetro esteja bem fundamentada - em termos
conceituais e metodológicos -, a pergunta que se impõe é a seguinte; por
que em nosso País não há uma sólida
maioria de cidadãos apoiadores da democracia? Por que os indiferentes e os
autoritários são – em média - majoritários ante os democratas? As respostas a essas indagações não são simples.
Há um conjunto de fatores que interrelacionados auxiliam a compreender a
mentalidade antidemocrática, ou, indiferente à democracia da maioria dos
brasileiros.
Alguns dos nexos
explicativos podem ser: 1) a renitente
A naturalização da desigualdade social constitui
uma ideia-força potente que
contamina e impede o desenvolvimento de uma cultura democrática, posto que
afronta um dos valores mais
caros à democracia, qual
seja, o valor da igualdade!
desigualdade socioeconômica e suas
implicações no imaginário da população,
tão bem explicada por Jesse de Souza¹,
2) a não universalização dos direitos
civis e do “Estado Legal”, abordada num
clássico
estudo
sobre
a
redemocratização da América Latina, a
partir dos anos 80, por Guillermo
O’Donnel² , e 3) a ausência de uma esfera pública discursiva democrática
(aqui reside minha hipótese principal),
tema recorrente de cientistas políticos
importantes, como, dentre outros, o
prof. Leonardo Avritzer³, da UFMG. Vamos por partes.
Em que pese a diminuição da desigualdade social no Brasil nos últimos
anos, demonstrados por índices reconhecidos universalmente como o de GINI
e o IDH da ONU, as diferenças entre as
rendas dos mais ricos e a dos mais pobres continuam alarmantes. Sobretudo
na comparação com a maioria dos países da OCDE. Nos países escandinavos
a diferença entre o menor salário e o
maior situa-se na razão de um para dez,
ou, quinze no máximo. Em nosso País
as discrepâncias entre o menor salário
e o maior são oceânicas, podendo em
alguns casos chegar à razão de um para
cem, ou, mais.
Leia mais em http://goo.gl/Ahu67V
*Artigo publicado no jornal eletrônico Sul21
em 26 de abril de 2016
**Doutor em ciência política pela UFRGS e pesquisador associado do Centro de Estudos Internacionais de Governos (CEGOV/UFRGS).
11
ALEGRETE
Audiência pública discutirá sistema cicloviário
Andressa Benites
A
Administração Municipal quer ampliar
a discussão sobre a implantação de ciclovias
e ciclofaixas na zona urbana. Com esse objetivo, uma audiência pública foi marcada
para o próximo dia 6 de maio no Centro
Cultural Adão Ortiz Houayek, às 18h30.
Na reunião, a Administração Municipal fará a apresentação dos projetos em
andamento. “O debate da mobilidade
urbana não pode ficar restrita a grupos
específicos. Ela deve ter a participação
de toda a cidade. O diálogo faz parte do
processo de mudança”, ressalta a vice-
prefeita Preta Mulazzani.
A proposta de debater publicamente o assunto nasceu da
polêmica em torno da instalação
da ciclofaixa na Avenida
Eurípedes Brasil Milano. “Percebemos nesse processo o desconhecimento da cidade em relação ao assunto. Não é o caso só
da Eurípedes. Queremos que
mais pessoas contribuam e participem da audiência”, convida o
prefeito Erasmo Guterres Silva.
TABAÍ
Comitiva entrega abaixo-assinado ao
presidente da Empresa Gaúcha de Rodovias
ma comitiva formada pelo prefeiU
to de Tabaí, João Brandão, pela secretária de Educação, Vera Palagi,
pelo vereador, Anderson Vargas, participou de reunião com o diretor-presidente da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), Nelson Lídio Nunes. O
principal assunto tratado foi medidas de redução de velocidade de veículos no perímetro urbano da rodovia RST – 287, que corta o município. O encontro aconteceu na terçafeira (26), na sede da EGR, em Porto
Alegre e, ainda participaram, o diretor técnico da Empresa, Milton Cypel
e o chefe de gabinete do deputado
Adão Villaverde, Inácio Beninca. Um
abaixo-assinado, com cerca de 500
assinaturas, de pessoas da comunidade de Tabaí, pedindo atenção do
Poder Público para o problema gerado pela rodovia foi entregue a Nunes.
Em requerimentos protocolados
no órgão foi pedido uma rótula de
acesso na rodovia, próximo ao monumento de identificação da cidade,
assim como mais sinalização e paradas de ônibus. A comitiva relatou
sobre os vários casos de acidentes e
atropelamentos na via, em destaque
a morte de um menino de 12 anos,
em um atropelamento, recentemente. A secretária Vera Palagi destacou
Rivail Teixeira
a importância de
uma lombada eletrônica no local,
pensando principalmente no trânsito
de crianças que estudam em escolas
às margens da rodovia. O prefeito,
João Brandão, solicitou que as placas
sinalizando faixas
de pedestres sejam
renovadas, colocação de tachões na via,
assim como relatou o caso de um poste
que está caindo pela erosão causada
pela água da chuva acumulada na rodovia. “Seria interessante colocar tachões
na pista, como ação imediata”, pediu
Brandão.
O vereador Anderson Vargas informou sobre os acidentes, em número
elevado nos últimos anos, e falou sobre
a revolta da população pedindo medidas de mais segurança à população. “As
pessoas querem fazer protestos fechando a via. Três crianças indígenas morreram na BR-386 e medidas foram tomadas para reduzir a velocidade”.
Para o diretor da EGR, Nelson Lidio
Nunes, é um direito da comunidade reivindicar melhorarias no momento em
que suas vidas começam a ser afeta-
das. Segundo ele, projetos de redutores de velocidade já podem ter sido
enviados para o Daer. “Vou verificar
esta situação”, comprometeu-se. O
diretor técnico Milton Cypel lembrou
que problemas criados no passado,
que agora se agravam, como construção de escolas em frente a rodovias. “Acaba não desenvolvendo a
cidade transversalmente, mas paralelamente as rodovias”. Sugeriu
que o município invista em uma passarela e educação dos moradores
para usá-las. Cypel reforçou que um
estudo junto ao Daer será feito para
atender a demanda, começando com
reforço de sinalização.
Texto de Rivail Teixeira
12
OCUPAÇÃO AMEAÇADA
Moradores da Lanceiros Negros prometem
resistir ‘até a morte’ contra reintegração de posse
| Por Luís Eduardo Gomes
Joana Berwanger/Sul21
André Pereira
Manifestação teve início no cruzamento das ruas Andrade Neves e Borges de Medeiros e culminou em ato
em frente ao Palácio Piratini, na Praça da Matriz, no centro de Porto Alegre
M
oradores da ocupação Lanceiros Negros e representantes de movimentos
sociais realizaram, na manhã de quintafeira (28), um ato no Centro de Porto
Alegre para demarcar a posição de que
irão resistir à reintegração de posse determinada em decisão judicial. Os manifestantes bloquearam temporariamente as vias Andrade Neves e Borges de
Medeiros durante a manhã e encerraram
o ato em frente ao Palácio Piratini.
Na última terça-feira (26), o juiz
Rogerio Latorre, da 7ª Vara da Fazenda
Pública, determinou a reintegração imediata com comunicação à Brigada Militar, ao Conselho Tutelar e ao Corpo de
Bombeiros para acompanhar o cumprimento da medida. A disputa entre os
moradores e o governo do Estado, proprietário do prédio, porém, já se arras-
ta desde meados de dezembro, quando
o prédio foi ocupado. Uma decisão judicial anterior determinava que a reintegração de posse só poderia ser concretizada se o Estado oferecesse uma
alternativa de moradia para os moradores da Lanceiros Negros, o que não
foi feito. “A impressão que dá é que
esse desembargador foi de alguma forma provocado a mudar a sua decisão”,
afirma Nana Sanches, coordenadora do
Movimento Livre nos Bairros, Vilas e
Favelas (MLB), que lidera a ocupação.
Após a decisão judicial ser publicada
no site do TJ, os moradores realizaram
uma assembleia ainda na terça-feira em
que foi decidido que não deixarão o prédio. “Todas as famílias decidiram por
resistir. Nós já começamos a fechar o
prédio, comprar mantimentos para fi-
car no prédio fechado. Se a gente precisar ficar uma semana, dez dias, nós
vamos ficar”, afirma Nana. “Ninguém
quer deixar a qualidade de vida que está
conseguindo ter aqui no Centro. Tem
famílias que não tinham refeições todos os dias”, complementa, apontando
ainda que não há data definida para uma
operação de reintegração, uma vez que,
até esta manhã, os moradores não tinham sido notificados oficialmente da
decisão judicial.
Os moradores temem, no entanto,
que o Estado possa determinar que a Brigada Militar conduza com violência uma
ação de reintegração de posse. “Tememos sim, porque a gente não vai sair”.
Leia mais em http://goo.gl/NRbZY5
CONVITE
Na próxima quintafeira (5), por
iniciativa do
deputado Tarcisio
Zimmermann, será
instalada a Frente
Parlamentar e Social
por um Cais Mauá
de Todos
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DICA DE FILME
DICA DE LIVRO
Truman, o cão de Darin
Quarto ou
primeiro poder?
| POR ANDRÉ PEREIRA
| POR ANDRÉ PEREIRA
A
O cronista do Correio do Povo Juremir Machado da Silva
escreveu que inicialmente não gostou do filme Truman,
estrelado pelo ator argentino Ricardo Darin em dupla
talentosa com o excelente Javier Camara. Depois, na saída
do cinema, apertou a mão da mulher: “a ficha caiu”.
Para o articulista do jornal da Rede Record, a película é
sobre a amizade de Darin e seu pachorrento cão, o Truman
do título, um velho bulmastife cruza do buldogue e o mastife.
Devo discordar plenamente: a fita é, sim, sobre a amizade. Mas entre Darin e todos os que circundam, a começar pelo amigo (o barbudo interpretado por Camara) que
viaja do Canadá a Madrid, para demovê-lo da ideia de não
levar adiante um tratamento contra câncer.
O amigo não encontra um cenário piegas com um homem degradado pela doença terminal. Vê um amigo digno
que não desiste nunca. O filme fala do mesmo modo da
amizade de Darin pelo filho que mora em um barco em
Amsterdan; pela ex-mulher; pela prima Paula e mesmo por
ex-colegas de teatro de Madrid onde o filme foi rodado sob
a direção de Cesc Gay, tão incensado na Europa quanto
Pedro Almodovar.
Villaverde filosofa que é sobre a amizade diante de uma
determinação natural incontornável da morte. O que agrava o relacionamento em suas tratativas derradeiras. Mas
que produz uma despedida profunda e sensível. A fita tem
chistes maravilhosos que provocam sorrisos de uma plateia
às vezes constrangida, às vezes receosa de rir da vida,
enquanto se vive, na tela, com a dignidade possível.
De todo modo, Darin que oferece, mais uma vez, uma
ótima interpretação, é um cidadão diferenciado que confunde seus admiradores sobre seus personagens e sua personalidade.
Costuma recusar reiterados convites para filmar em
Hollywood perdendo um dinheiro grosso que a mídia não
entende.
Para que ter mais plata?, ele indaga. E os jornalistas
perguntam intrigados: não queres um iate, um jatinho?
Não, diz Darin, posso tomar dois banhos quentes por
dia e tenho o suficiente para ser o mais feliz que posso ser.
Para que mais?
É a mesma pergunta que ele faz ao médico oncologista
no filme.
Se vou morrer porque continuar com este tratamento?
Para que mais?
obra “Quarto poder”, de Paulo Henrique Amorim, recusada por oito editoras segundo o próprio jornalista, autor do blog Conversa Afiada, é imprescindível para se entender a história real do Brasil – não a que é contada nos
livros oficiais escolares.
Amorim foca, centralmente, a forte influência da mídia
nos governos e no imaginário da sociedade brasileira
abrangida pelos veículos de comunicação social,
entorpecida por uma versão única de defesa dos interesses das classes dominantes. Funcionário da Rede Globo,
inclusive como correspondente estrangeiro, o jornalista
tem uma rica bagagem de acompanhamento de autoridades e de convivência em bastidores do poder, onde se decidiu o destino do país. Amorim garante, por exemplo,
que o dono da Globo, Roberto Marinho, governou diretamente o país, na gestão de José Sarney.
Para ele, “a Globo interdita a democracia e envenena o
Brasil”. No dia 20 de abril, diante de um lotado salão do
Hotel Embaixador, em Porto Alegre, Amorim falou por quase duas horas, às vezes divertindo a plateia com tiradas
bem humoradas, mas na maioria das intervenções instigando a reflexão.
Amorim falou por quase duas horas, às vezes divertindo a plateia com tiradas bem humoradas mas na maioria
das intervenções instigando a reflexão. Fora a análise mais
atualizada, que pode ser vista usualmente no blog Conversa Afiada, o resto está no livro O Quarto Poder que conta
bastidores da história política do país. Nele (que foi recusado por oito editoras temerosas da contunência contra os
Marinho), Amorim garante que FHC negociava a Petrobras
no FMI com banqueiro estrangeiro antes mesmo de ser
eleito em troca de apoio ao futuro Plano Real. Diz que
Roberto Marinho governou a nação quando Sarney era presidente. E, entre muitas outras histórias, sustentou que a
Globo pratica, até hoje três regras básicas implantadas
por Roberto Marinho. 1. não dar espaço para negros e desdentados. 2 não mencionar o nome do inimigo (Brizola à
época) nem se se atirar nos trilhos de trem para salvar a
vida de uma criança. 3. lembrar sempre que a Glogo é
tudo que ela é mais pelo que ela não noticiou do que pelo
quela ela publicou ou transmitiu.
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