VALE DO CH ARME
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VALE DO CH ARME
ESTADO DE MINAS ● T E R Ç A - F E I R A , 2 1 D E J U L H O D E 2 0 0 9 ● E D I T O R A - A S S I S T E N T E : M a r l y a n a Ta v a r e s ● E - M A I L : t u r i s m o . e m @ u a i . c o m . b r ● T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 3 3 3 TUR ISMO SURPRESAS EM CERA Jamie Fox é um dos astros que estarão no Madame Tussaud’s que será aberto em Hollywood RENATO WEIL/EM/D.A PRESS PÁGINA 8 Mar de morros impressiona quando visto da Estalagem do Mirante, em VALE DO CHARME Brumadinho ALFREDO DURÃES Do distrito de Aranha – MG Todos nós temos os nossos medos, comuns ou não. O mais latente deles na ceramista Regina Rocha, 32 anos, é visível da janela de seu ateliê, em Palhano, distrito de Brumadinho, no Vale do Charme, a poucos quilômetros de Belo Horizonte. Lá dentro, ela trabalha duro nos fornos, que atingem até 1,3 mil graus, para produção de sua arte, além de arrumar tempo para dar aulas sobre o ofício a menores da região. Da janela de seu ateliê, que é uma simpática – e por isso simples – casinha branca de janelas azuis, ela vê, como um quadro bem pintado, umas das franjas da Serra da Moeda. M O N T A N H Olhe bem as A S É nos caminhos e trilhas da serra que Regina gosta de cavalgar, principalmente às terças-feiras, dia de pouco movimento em seu negócio. Por horas, a moça segue montada no cavalo Cristal, bicho acostumado às manhas do caminho. É ali onde a vista registra o passo ligeiro das siriemas, que o charme e a poesia da moça montada a cavalo são abalados por seu medo. É temor que um dia a serra acabe. Que vire minério, significado bruto – sinônimo fatal – de geladeira, carro, fogão. “Todo dia eu olho para a montanha e penso que um dia não vou vê-la mais. Com ela, vão embora duas nascentes que abastecem o Palhano”. Como serras não desaparecem em passes de mágica, a atenção da moça se foca nas mineradoras, que um dia, ela quase tem certeza, podem tragar sua montanha mágica. E fecha-se o pano! Corria a década de 1970, quase 80, quando o artista plástico Manfredo Souzanetto lançou um adesivo que se tornaria febre em automóveis e vidraças em Minas Gerais. De feitura simples, algumas linhas se cruzavam num horizonte, pontuadas pela frase: “Olhe bem as montanhas”. Era a arte na vanguarda dos protestos contra a destruição das serras no estado. O tal adesivo virou pop, como hoje tende a se tornar o Vale do Charme, longo pedaço de terra encravado entre as bordas das montanhas mineiras, na Região Central do estado, den- tro do Circuito Turístico Veredas do Paraopeba. Fica na região do Vale do Rio Paraopeba, nas encostas das serras do Rola-moça e de Moeda, a poucos quilômetros de Belo Horizonte e abrange municípios e distritos. Lugar que, na definição do chef de cozinha Eduardo Avelar, um dos entusiastas do vale, está calcado em quatro pilares: gastronomia, cultura (e arte), ecologia e esportes. Tecnicamente, não há garantias de que o desenvolvimento turístico do Vale do Charme, que agora engrena forte, seja garantia contra a mineração, mas se trata de um forte aliado nessa luta. E é de lá, de um de seus distritos, de Palhano, que a moça Regina olha bem sua montanha. LEIA MAIS SOBRE O VALE DO CHARME NAS PÁGINAS 4 A 7