26/03/2012 - algarve exporta framboesas para toda a

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26/03/2012 - algarve exporta framboesas para toda a
N20120326n
ALGARVE EXPORTA FRAMBOESAS PARA TODA A EUROPA
(COM GALERIA DE FOTOS)
No dia 26 de Março de 2012, a convite de um amigo, Mendes Bota teve a inesperada
oportunidade de descobrir um dos melhores exemplos da potencialidade e do sucesso
horto-fruticultura protegida de que o Algarve dispõe. O algarvio de Tavira, Humberto
Teixeira Conceição, engenheiro electrotécnico, conjuntamente com a sua esposa Isabel,
formaram a Hubel em 1982, uma empresa que se dedica à concepção, instalação e
venda de sistemas de bombagem e eletrotecnia e, desde há alguns anos, também à
produção de morangos e framboesas que chegam a todos os mercados do Norte da
Europa, com destaque para a Noruega, a Dinamarca e a Alemanha.
O segredo está numa nova tecnologia, chamada “produção hidropónica”, em que as
plantas são metidas num substracto inerte, alimentadas de nutrientes através de um
fluxo contínuo mas regulado de água. É a arte de mudar o solo, em vez de mudar a
estufa. Algo que foi introduzido em Portugal pelo célebre Tierry Roussel, em Odemira,
nos anos oitenta.
Hoje, tudo isto é possível, pela associação com a Driscoll’s, a maior multinacional
americana no domínio dos frutos vermelhos, que vieram instalar o negócio na Europa,
tendo elegido a Zambujeira do Mar como âncora. São quatro as variedades de frutos
vermelhos: mirtilo, amora, morango e framboesa. A multinacional vende as plantas aos
produtores que depois têm que comercializar o produto através da rede da
multinacional, o que simplificou imenso o processo de acesso garantido a um imenso
mercado, que paga bem e paga logo.
Humberto Conceição criou com outros algarvios uma organização de produtores
chamada Madre Fruta, com sede em Bela Curral (freguesia do Pechão, Olhão).
Actualmente são 12 sócios, que fizeram um pacto de sangue de só venderem o seu
produto à associação, e ignorarem aventuras de comercialização paralela que foram a
ruína de tantas cooperativas e associações de produtores no Algarve.
Na Madre Fruta, que já facturou 6,5 milhões de euros em 2011, e espera chegar aos 8
milhões de euros em 2012, representando estufas de 40 ha, foram investidos 2 milhões
de euros em equipamento. É isto que lhes permite as seguintes operações da fruta:
- Recepção
- Grupagem das paletes de cada agricultor para paletes de exportação
- Vistoria por inspectora da Driscoll’s, que classifica os lotes por padrões de
qualidade
- Túnel de arrefecimento, para que a fruta fica fria no interior e evite a criação de
humidade
-Expedição
A Madre Fruta só trabalha a framboesa e o morango. A amora está ainda em fase
experimental e o mirtilo não se adapta bem a Portugal.
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A eficácia deste sistema é tal, que a qualidade do produto apanhado é controlada e
transmitida através de telemóveis durante a recolha. Apenas 2 horas após a recolha, a
fruta já está a entrar na cadeia de frio e de expedição. 95% da produção é para exportar,
em Portugal ficam os remanescentes 5% (frutos mais maduros).
Para se ter uma ideia do tombo da horto-fruticutura tradicional no Algarve, basta ver
que em 1992 existiam 1.200 ha de estufas. Em 1996 já só eram 600 ha. E actualmente
cifram-se em cerca de 200 ha, dos quais 40 há aderiram a este sistema da hidroponia,
que abandonou o tomate, o pepino e outros hortícolas em favor do morango e da
framboesa.
Será bom que se diga que a Hubel factura 30 milhões de euros por ano, dos quais
apenas 10% se referem à produção agrícola.
Mas Humberto Conceição está entusiasmado e quer-se expandir, fazer novos
investimentos, criar mais 24 ha de estufas, quer fazer parcerias com jovens gricultores,
que são os únicos que hoje podem beneficiar de ajudas do Estado e da União Europeia,
através do PRODER e do PAMAF.
Em 2011, produziu 200 toneladas de framboesa, este ano espera atingir 600 toneladas e
prevê chegar às 2.500 toneladas em 2017. E a produção de morangos acompanha estas
quantidades em paralelo. Dá emprego a 600 pessoas na época alta da apanha, de Janeiro
a Abril. No resto do ano, a média é de 300 trabalhadores.
Calcula que o investimento orça os 250.000 euros por hectare de estufa, quer fazer mais
40 ha, está a pensar grande, em 10 milhões de euros de investimento. Diz que a Taxa
Interna de Rentabilidade é de 15%. O período de “pay back” normal, 6 a 7 anos. Se for
um jovem agricultor, que beneficia de subsídios, é de 3 a 4 anos.
Foi dizer isto para a televisão, agora Humberto não tem mãos a medir a receber jovens
pretendentes a horto-fruticultores de todo o país. Até faz acções de formação e de
informação.
Mendes Bota ficou maravilhado com o que viu. Correu tudo, das estufas à preparação,
aos modernos escritórios. Se a sua estufa não fosse outra, gostaria de ter sido hortofruticultor. O Algarve tem muita riqueza por explorar, na terra e no mar. É pena
existirem poucos Humbertos. E, já agora, a Driscoll’s bem poderia colocar nas suas
etiquetas a região de origem da fruta.
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