Toninho Consultoria - Queiroz Assessoria Parlamentar

Transcrição

Toninho Consultoria - Queiroz Assessoria Parlamentar
Um Carisma Chamado Clinton
Por Thiago Vidal (*)
Hillary Clinton, a ex-primeira dama, ex-senadora e ex-secretária de Estado, deixou o cargo
de chefe da diplomacia americana alegando que era hora de descansar, de se dedicar à família e de
respirar novos ares. Muitos analistas americanos chegaram a afirmar, na época, que o afastamento
da ex-senadora tinha como pano de fundo a necessidade de Hillary Clinton abrir espaço em sua
agenda para a próxima campanha à presidência dos Estados Unidos, já que seu nome – ainda que
ela não reconheça publicamente – é o único sobre o qual se pode ter certeza que estará nas urnas em
2016.
De fato, Hillary Clinton tem se mantido discreta desde que deixou o Departamento de
Estado. Poucas têm sido as aparições da ex-primeira dama em eventos públicos e políticos, mas sua
discrição não pode, de forma alguma, ser confundida com inércia política.
No último sábado (19), Hillary Clinton voltou a subir ao palco dos comícios, dessa vez
para apoiar Terry McAuliffe, candidato democrata ao governo do estado da Virgínia, em eleições a
serem realizadas no próximo dia 5 de novembro. Durante seu pronunciamento, Clinton condenou o
clima de guerra que paira sobre Washington D.C. Afirmou que há, na capital americana, o que
chamou de “formas erradas de liderança”.
Hillary foi além: questionou o real propósito pelo qual políticos disputam eleições,
alegando que muitos o fazem simplesmente para desfrutarem de toda a pompa que um cargo
político pressupõe. Ao final, terminou dizendo que características e sentimentos como maldade,
ódio, raiva, ansiedade e insegurança não são o que compõem o povo americano.
As críticas entoadas por Hillary Clinton atingem em cheio o partido Republicano, mais
especificamente o Tea Party, que têm feito da vida do presidente Barack Obama um pandemônio
desde que este assumiu seu segundo mandato. Mas Obama não pode ser poupado das críticas de sua
companheira de partido. Ainda que não seja totalmente culpado, Obama está no epicentro da crise
de diálogo americana e na crise de liderança sobre a qual falou a ex-primeira dama.
Se candidata à presidência, a ex-senadora por Nova York terá muitos desafios, dentre os
quais se defender das críticas dos republicanos sobre o atentado em Benghazi que resultou na morte
do então embaixador americano, Christopher Stevens, e de mais três funcionários quando Hillary
ainda chefiava o Departamento de Estado. Terá, ainda, que convencer os americanos a conceder ao
partido Democrata mais 4 anos de mandato, após 8 anos de uma administração pouco
entusiasmante.
A sorte é que, ao longo desses últimos anos, o partido Republicano pouco apresentou à
sociedade americana a não ser constrangimentos políticos, como os protagonizados nas últimas
semanas quando do debate sobre o orçamento federal. A tendência, portanto, é que o eleitor
americano tenha de escolher entre uma candidata carismática, dona de um histórico de inúmeros
serviços prestados ao país, e um candidato proveniente de um partido pouco diplomático e cujos
membros têm, há muito, se distanciado da agenda imposta pelo eleitor comum.
2016 ainda está longe, mas aqueles que desejam ver seus nomes viabilizados como
candidatos à presidência por seus respectivos partidos têm que, desde já, arregaçar as mangas e ir às
ruas – cada um a seu modo. Hillary sabe exatamente disso e suas aparições públicas deverão se
tornar cada vez mais frequentes ao longo dos próximos meses.
Ainda que Barack Obama tenha sido favorecido pela sua capacidade de retórica em ambas
as suas campanhas presidenciais, Hillary sabe que só palavras não elegem um presidente – muito
menos o presidente da maior potência do mundo. Mas, em tempos de crise e com a população
americana cada vez mais desacreditada na política e em seus partidos, palavras de inspiração nunca
são demais, principalmente quando entoadas por aquela que carrega o sobrenome do último
presidente popular da história dos Estados Unidos.
(*) Bacharel em Ciência Política pela Universidade de Brasília – UnB e Assessor Legislativo da
Queiroz Assessoria Parlamentar e Sindical.