PILOTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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PILOTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
EPEA 2001 - 1 de 17 PROJETO - PILOTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: AVALIAÇÃO DO ROTEIRO DE VISITA ORIENTADA "ZOOBSERVADOR", UM ALIADO À PRÁTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ZOOLÓGICOS. Viviane Aparecida Rachid Garcia Parque Zoológico Municipal "Quinzinho de Barros"- Sorocaba / SP Maria Cornélia Mergulhão Parque Zoológico Municipal "Quinzinho de Barros"- Sorocaba / SP palavras-chave: Educação ambiental; Cartilha; Zoológico Resumo: Este trabalho teve como objetivo avaliar a implementação da atividade de Visita Orientada, no Zoológico de Sorocaba, com o Roteiro "Guia do Zoobservador", que possibilitou um registro das descobertas e observações realizadas durante a atividade, com vistas à sua continuidade em sala de aula. O público-alvo: duas turmas de 6 a 7 anos de escolas públicas da cidade . A avaliação foi realizada por observações diretas, registros e depoimentos. Pôde-se observar a aceitação do programa pelos professores e a necessidade do material didático; e a sua eficácia, visto que pode ser aplicado, de maneira lúdica, criativa e multidisciplinar, para diferentes faixas etárias e áreas do conhecimento. Portanto passear no zoológico é, por si só, estimulante, pois aliar o aprendizado ao lazer foi mais uma forma de levar ao conhecimento. PILOT-PROJECT IN ENVIRONMENTAL EDUCATION: AN EVALUATION OF THE ‘ZOOBSERVER’ DIRECTED VISITATION GUIDE, AN ALLY FOR ENVIRONMENTAL EDUCATION IN ZOOS keywords: environmental education; primer; zoo Abstract: This project was designed with the intent of evaluating an educational activity implemented in the zoo of the city of Sorocaba. Named "Directed Visitation", the activity called for a record of the discoveries and observations made by students during the visit to the zoo, thus allowing for continuation of the theme inside the classroom. The targeted population comprised two groups of six- and seven-year-old state school students from Sorocaba. The evaluation was carried out by direct observation, records, and collected statements. Teachers accepted the provided teaching material and eventually recognised its necessity, thus leading the authors to acknowledge its efficacy. The material can be used by children of different ages in a pleasant, creative, and multidisciplinary manner. Strolling in the zoo is in itself a stimulating activity; uniting learning and pleasure is just another road that leads to knowledge. 1- INTRODUÇÃO Com as crescentes pressões humanas nos ambientes naturais, a educação ambiental tem se tornado cada vez mais importante como meio de buscar apoio e participação de diversos segmentos da sociedade para conservação e a melhoria da qualidade de vida. Quando bem realizada, a Educação Ambiental leva a mudanças de comportamento pessoal e a atitudes e valores de cidadania que podem ter fortes conseqüências sociais Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf) EPEA 2001 - 2 de 17 (Brasil, 1998), pois é através da educação e da informação que o povo adquire condições de participar da sociedade de modo consciente, crítico e criativo, exercendo seus direitos e deveres de cidadão. É de consenso da comunidade global que a educação ambiental deve estar presente em todos os espaços que educam o cidadão. Assim como escolas, parques e reservas ecológicas, associações de bairros, universidades, meios de comunicação, locais de trabalho, entre outros (Reigota, 1994 ) Segundo Viezzer e Ovalles (1994), as mudanças que operam em nossos conhecimentos e em nossa consciência, passando pela modificação de nossas atitudes, nos levam a transformar nossa maneira de ser em relação ao meio ambiente e à necessidade de adquirir novas habilidades para colocar em prática em casa, na rua, na escola, no trabalho, no lazer o que aprendemos nos mais variados espaços de educação formal e informal. De acordo com a lei nº 9795, que reza sobre a Política Nacional de Educação Ambiental, a educação formal ou escolar, envolve regularmente a rede de ensino, através da atuação curricular, tanto no planejamento quanto na execução de currículos. Já a educação informal, é aquela realizada fora dos recintos escolares, podendo ocorrer por meio de campanhas populares que visem a formação de atos e atitudes que possibilitem a preservação dos recursos naturais e a correção de processos degenerativos da qualidade de vida (Araújo e Brito, 1995). A Educação Ambiental não formal realizada em zoológicos combina conceitos de diferentes áreas, tais como zoologia, ecologia, botânica, fisiologia, podendo oferecer também oportunidades para o desenvolvimento do senso estético, ético e de participação comunitária. Num zoológico, o conhecimento pode ser adquirido através da vivência e do contato direto com componentes desses conceitos, o que faz dele uma “sala de aula viva”, cujas experiências de aprendizado se tornam inesquecíveis (Mergulhão, 1998). Nós e as novas gerações devemos estar preparados para atender esta dinâmica, e nesse processo de educação o professor e a comunidade escolar destacam-se como os principais agentes de mudanças. Histórico e potencial dos zoológicos A história mostra-nos que o hábito de colecionar animais em cativeiro vem desde a Antigüidade e que permaneceu, principalmente entre as famílias nobres do mundo todo, até Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf) EPEA 2001 - 3 de 17 o século XVIII, quando começaram a se formar os primeiros zoológicos na Europa; Viena em 1752, Paris em 1973 e Londres em 1826 (Wheater et al., 1992 apud Mergulhão, 1998). Os zoológicos e suas funções evoluíram com o passar dos tempos. Até o século XIX um zoológico tinha caráter taxonômico, já na metade do século XX, deu lugar ao caráter ecológico, com ênfase na biologia do comportamento e nos diferentes tipos de habitat (Auricchio, 1999). A maior parte dos visitantes procuravam nestas instituições um ambiente bonito e agradável para piqueniques e passeios, desprezando o seu potencial educativo (Wolf e Tymitz, 1980). Entretanto, com o passar do tempo, a pesquisa e a conservação passaram a ser incluídas dentro dos objetivos destas instituições, que associadas ao trabalho de campo, geraram uma importantíssima contribuição para a conservação o que culminou mais tarde, na necessidade do desenvolvimento da Educação Ambiental (Auricchio, 1999). Assim os zôos modernos deixam de ser uma “vitrine de animais” para se transformar em centro de conservação e educação ambiental. A Educação Ambiental em Zoológicos A educação ambiental em zoológicos tornou-se um tema constante em congressos, encontros e palestras. Devido ao int eresse público e da maioria escolas, os zoológicos tornaram-se instituições de grande potencial de disseminação de informações sobre a fauna. As informações não são apenas tratadas sob o ponto de vista biológico, mas sim de forma multidisciplinar, considerando o animal exposto um tema gerador de discussões, pois a educação ambiental disseminada pelos zoológicos deve também ter a função de promover o envolvimento do público nas questões ambientais , buscando uma melhor relação homem- natureza (Auricchio, 1999). Podemos destacar o Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, pioneiro no país nesta área com um notável trabalho que teve início em 1979 (Dias, 1992). Na tentativa de atingir a comunidade com seus programas educativos, a equipe do Zoológico de Sorocaba vem desenvolvendo uma gama de atividades dirigidas as diferentes faixas etárias, incentivando o exercício da cidadania e busca de ações individuais e coletivas. Dentre as atividades de rotina desenvolvidas destaca-se a Visita Orientada ao Zôo Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf) EPEA 2001 - 4 de 17 (alamedas e bastidores) com a orientação de monitores especializados. Assim o presente trabalho têm como objetivo: - avaliar a implementação da atividade de Visita Orientada com o Roteiro “Guia do Zoobservador” e assegurar a continuidade desta atividade em sala de aula; - fornecer um material de apoio ao professor; - observar as motivações e expectativas das crianças em relação a atividade; - apresentar a diversidade existentes de animais da fauna exótica e nativa e suas principais características. 2-METODOLOGIA 2.1 Área de Estudo O PZMQB é um local onde a população da cidade e de toda a região encontram lazer e educação ambiental, realizando também um trabalho altamente fecundo há quase 30 anos, nas áreas de pesquisa para o conservacionismo. Localizada no município de Sorocaba - SP(47º 28' 30"W, 23º 29' 30"S), o PZMQB é um zoológico de grande porte contendo cerca de 1.500 animais de 350 espécies diferentes, recebendo mais de 300.000 visitantes por ano. (Guilherme, 2000) Eleito em 1993 por voto popular como símbolo da cidade o PZMQB é hoje "O lugar mais animal da cidade" , título dado em 1996 em comemoração de seus 28 anos . 2.2 Público-alvo Fizeram parte deste estudo duas turmas do CEI “Centro de Educação Infantil”, da Prefeitura Municipal de Sorocaba, num total de 72 alunos (36 cada turma) de mesma faixa etária (seis a sete anos). Eram crianças de níveis sociais diferentes e de desenvolvimento cognitivo e motor distintos. A turma do CEI no. 45 “Diva Ferreira Cordeiro”, bairro de classe baixa, apresentavam características de início de desenvolvimento motor e cognitivo, era uma turma que havia iniciado na pré-escola aquele ano e que não experiências anteriores com a escola. A outra turma, do CEI teve contato e no. 01 “Antônio Carlos Amabile”, bairro de classe média-alta, era um turma em pleno desenvolvimento cognitivo e motor, pois já haviam cursado as outras fases iniciais da pré-escola. Esta turma estava em plena fase alfabetizadora. 2.3 Descrição da Visita Orientada Todo início de semestre é divulgado na imprensa local e enviado às escolas da rede Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf) EPEA 2001 - 5 de 17 pública um “Guia de Atividades” para os professores escolherem as que mais se adequam a sua prática de ensino. Os professores interessados vão ao Setor de Educação Ambiental do Zôo em uma data estipulada, agendam a atividade desejada, e num segundo momento participam de uma reunião preparatória. Nesta reunião os professores têm a oportunidade de vivenciar e conhecer todas as aulas oferecidas na atividade bem como os respectivos recursos utilizados, desde animais taxidermizados, peças de animais (crânios, chifres, asas, patas, bicos, fezes), animais vivos, etc. Os temas das aulas oferecidas no semestre foram: “Mundo animal” ( animais vivos das diferentes classes), “Natureza de Sorocaba” (fauna e flora), “Interação animal e planta”, “Adaptações dos animais “e “Animais do medo”. Todas as aulas enfocam o papel ecológico seja da fauna ou da flora tentando desmistificar, esclarecer e transmitir informações aos alunos através da observação direta, da curiosidade estimulada, do tato, "do esdrúxulo" conduzindo-os a descoberta. Para um bom êxito das atividades a equipe desenvolveu uma material lúdico e criativo a “sacolinha”, inspirado nas atividades de E. A do Zôo do Japão, que é apresentada durante a reunião preparatória para ser trabalhada em sala de aula na semana anterior a realização da atividade. Este material tem como objetivo aguçar a curiosidade do aluno, estimulando para o momento da realização da atividade, a fim deste formular hipóteses, estabelecer relações e comparações, fazendo inúmeras descobertas sobre o mundo natural. Alguns materiais que compõem a “sacolinha” são: máscaras de predador e presa (onça e veado), fezes secas de animais herbívoros (veado e capivara) , diâmetro da "cinturinha" do elefante, um guia para visita no Zôo, um manual com a relação e informação dos materiais e uma fita de vídeo do Zôo. A visita orientada é realizada por um grupo de no máximo 40 alunos por período, divididos entre dois monitores e compreende as seguintes etapas: 1ºAula prática: com o tema escolhido pelo professor de no máximo 40 minutos, realizada ao ar livre ou no auditório do Setor de Educação Ambiental. 2º Visita Orientada: Após a aula o grupo dividido em duas turmas de no máximo 20 Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf) EPEA 2001 - 6 de 17 alunos. Dando inicio à visita recebem um lápis e o “Guia do Zoobservador”, onde juntos fazem um reconhecimento do material, registrando as diversas descobertas e observações realizadas pelos setores do Zôo (aves, répteis, mamíferos, mata, cozinha ou museu de zoologia). O professor participa da visita com o monitor para assegurar a sua eficácia e poder avaliar, discutir e aprofundar o assunto estudado. Além disso, sua presença também tornase importantíssima para garantir a disciplina e interesse nos alunos. O “Guia do Zooobservador” compreende vários assuntos de maneira ilustrada e divertida, procurando abordar temas como comportamento, características e curiosidades dos animais (Anexo 1). Algumas das atividades a serem desenvolvidas no Zôo: - Desenho do Zoológico - Como a criança acha que ele é? - Registro do comportamento de um animal escolhido pela criança - Exercício de correspondência: relacionar o formato do animal, os modos de locomoção e função. - Entrevista com funcionários sobre o lixo do Zôo . Atividade s optativas (desenvolvidas no Zôo ou em sala de aula conforme a disponibilidade de tempo) - Conhecimento da dieta alimentar dos animais em cativeiro (necessidades nutricionais, quantidade, qualidade, semelhança com a alimentação na natureza) Trabalho sobre cadeias alimentares e características morfológicas adaptativas do animal para reconhecer o tipo de alimentação de cada grupo (consumidores: herbívoros, onívoros e carnívoros), esta atividade acontece logo após a visita `a cozinha dos bichos; Atividades a serem desenvolvidas em sala de aula: - Atividade de adivinhação - O que é, o que é ? Charadas sobre animais brasileiros. - Exercício de linguagem e resgate do aspecto físico-social do parque (questão do lixo): - Palavra mágica, substituição dos símbolos, formando uma frase sobre o lixo; - Atividade de recorte e colagem: álbum de figurinhas com os animais das diferentes classes. O álbum apresenta pistas ou as informações que correspondem as figuras dos bichos; Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf) EPEA 2001 - 7 de 17 - Desenho livre do Zôo logo após a visita. 2.4 Avaliação A Pesquisa Qualitativa Lüdke e André (1986), apresentam algumas características básicas que configuram este método: 1. O ambiente natural é fonte direta de dados e o pesquisador tem contato direto e prolongado com o ambiente e a situação que está sendo investigada. 2. Os dados coletados são predominantemente descritivos, incluindo transcrições de entrevistas e de depoimentos, fotografias, desenhos e extratos de vários tipos de documentos. 3. Nesses estudos há sempre uma tentativa de capturar a "perspectiva do participante", isto é, a maneira como encaram as questões que estão sendo focalizadas. No presente trabalho foram utilizados instrumentos sistematizados de coleta de informações, pois estes se adequaram melhor aos objetivos da pesquisa, ao público participante e ao tempo disponível. As principais técnicas que usam instrumentos sistematizados foram : Questionário O questionário consiste em um conjunto de questões pré-elaboradas, sistematicamente e seqüencialmente dispostas em itens que constituem o tema da pesquisa, com o objetivo de suscitar dos informantes respostas por escrito ou verbalmente sobre assunto que os informantes saibam opinar. É uma interlocução planejada . Após cada visita os professores receberam uma ficha de avaliação, onde deveriam apontar suas críticas, sugestões elogios da atividade, do monitor e dos recursos utilizados (Anexo 2). Este método é o que usualmente se utiliza nas avaliações das atividades do programa de EA do Zôo. Observação sistemática ou estruturada A observação direta permite que o observador chegue mais perto das "perspectivas dos sujeitos", um importante alvo nas abordagens qualitativas. (Lüdke e André, 1986). O registro das observações pode ser feito por meio de anotações escritas ou por transcrições de gravações. Assim em ambas as visitas avaliadas com o roteiro pode-se observar o comportamento Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf) EPEA 2001 - 8 de 17 dos alunos perante as atividades, suas expectativas e seus questionamentos. No caso da avaliação realizada com estas duas turmas, os professores preencheram a ficha de avaliação-padrão de visita orientada e forneceram-na para o Centro de Educação Ambiental, além de um relatório completo das atividades, desde a chegada ao zôo até o trabalho realizado posteriormente, em sala de aula. 3.RESULTADOS E DISCUSSÃO A aula preferida na escolha para a Visita Orientada com o apoio do “Roteiro do Zoobservador” foi “Mundo animal”. Esta atividade de tocar animais vivos é uma das que mais chamam a atenção dos participantes do Programa de EA do Zôo de Sorocaba pelo caráter de aventura e prazer que traz consigo. Esta aula prática mostrou-se uma atividade muito apropriada para esta faixa etária fato que provavelmente explica a escolha dos professores. Além de ser muito lúdica a atividade oferece uma experiência significativa e marcante que sensibiliza o aluno para as questões da natureza. Através das observações realizadas pôde-se perceber desde o início da atividade a aceitação do roteiro do zoobservador por parte dos alunos, que o receberam como um presente do Zôo, e que durante todo o trajeto da visita cuidaram para não danificá-lo. Uma das atividade do roteiro que muito atraiu as crianças foi o álbum de figurinhas que seria feito na escola, pois não havia tempo hábil e material suficiente (tesoura e cola) par trabalhar no Zôo. A estratégia de utilização deste álbum foi adotada propositadamente, uma vez que as crianças se interessam por este tipo de atividade. Muitos não poderiam realizá-la em casa por falta de recurso material e/ou orientação. Assim teriam que fazê-la na escola com a professora que então estaria dando continuidade ao trabalho. A primeira atividade de desenhar o zôo como imaginavam ser, mostrou uma unanimidade; a maioria das crianças desenham um animal (“macaco”, girafa, entre outros, que sequer temos no Zôo) atrás de uma grade ou jaula. Um fato muito interessante observado com a turma do CEI no. 45 ao passarem em frente do recinto do hipopótamo foi vê-lo se alimentando com a boca cheia de ração e capim, conforme ele abria a boca para pegar o alimento projetava seus enormes dentes. O Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf) EPEA 2001 - 9 de 17 momento foi oportuno para ouvirem algumas curiosidades deste animal e registrarem a observação. Muito embora não tenha sido destinada uma certa atividade para ser realizada em casa com o auxílio dos pais, segundo relato das professoras, as crianças naturalmente, com suas perguntas e a necessidade de contar as novas descobertas, levaram para casa o que aprenderam em sala de aula. Uma das atividades que se destacou nesta interação paisfilhos foi “O que é, o que é?”, uma espécie de charada sobre animais, muito comum nesta faixa etária, em que as crianças se divertem ao “pregar peças” nos mais velhos com seu próprio conhecimento. Alguns dos pontos propostos para serem modificados e/ou melhorados durante a atividade presentes no relatório de avaliação dos professores, coordenadores e/ou monitores: - falta de pontualidade para início das atividades (meio de transporte), faltando tempo para realização de todas as atividades - ampliação espacial do roteiro para melhor visualização das crianças e mais atividades com a produção de escrita. - adaptação do lápis para caneta com cordão evitando que eles queiram utilizar borrachas, percam o lápis ou quebrem a sua ponta - numeração do álbum de figurinhas - entrega de um roteiro para a escola no ato do agendamento da atividade para os professores se inteirarem do material e informarem os alunos a melhor maneira de se organizar com o mesmo. - classes de alunos novos em início do processo de alfabetização deverão participar da visita no segundo semestre onde já estarão trabalhando a escrita, organização espacial, utilização do lápis, etc. Os pontos positivos do projeto apontados pelas professoras: - oportunidade de registro feito pelos alunos; riqueza e diversidade de informações - utilização do material como apoio pedagógico ás aulas posteriores e visitas ao zôo - continuidade em sala de aula das atividades desenvolvidas no zôo - integrar e informar a família levando para a casa o roteiro - aquisição e ampliação de termos específicos para as crianças Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf) EPEA 2001 - 10 de 17 Em um debate proposto pelo jornal Educador Ambiental sobre o uso de cartilhas ou manuais em programas de EA. vários analisando as vantagens e autores expuseram seus pontos de vista, desvantagens desta estratégia. Segundo Mergulhão (1995) o trabalho com cartilhas, livretos e/ou folhetos pode auxiliar o desenvolvimento de programas de EA, tornando-os mais interessantes para o público alvo, bem como servindo como um material de apoio e de continuidade do trabalho em sala de aula (ensino formal). A autora argumenta que entre as vantagens do uso de cartilhas encontram-se: a possibilidade de atingir um número maior de pessoas, ser um material que o usuário pode guardar e revisar a informação, etc. A cartilha deve estar prevista no planejamento, atendendo os pré-requisitos de um projeto de EA, isto é, ser adequada para aquele público-alvo e fazer parte da avaliação contínua do projeto. O material torna-se um aliado poderoso ao programa de EA e não um material que vai direto para o lixo, sem sequer servir para a reciclagem. Assim, conclui-se que este tipo de material pode auxiliar a atingir um dos mais importantes objetivos dos programas desenvolvidos no ensino não formal como realizado nos zoológicos, ou seja, capacitar o professor e torná-lo um agente multiplicador de Educação Ambiental. Machado & Martins (1995) argumentaram que o uso deste recurso deve estar atrelado aos objetivos de um programa específico, fazendo parte do seu planejamento e que a pesquisa é fundamental para o uso bem-sucedido do material, avaliando antes, durante e após seu emprego, a fim de propor mudanças que o melhorem. Carvalho (1995) discutiu qual o papel da cartilha como recurso didático, enfatizando que elas não podem ser usadas como livro didático, sob pena de caírem no esquecimento. O educador deve entendê-la como um meio e não um fim em si mesma. Um outro ponto levantado nesta pesquisa foi o papel das famílias como agentes multiplicadores de EA, sugerindo que as crianças poderiam efetuar trocas de conhecimento e experiências com seus pais, sobre o assunto meio ambiente. Será que os pais aprendem com os filhos? A questão também foi abordada na sessão Debate do Educador Ambiental, nos artigos de Anônimo (1994), Ayres (1994), Mergulhão (1994) e Pádua et al (1994). Embora a questão seja secundária para esta pesquisa, pois suscita questionamentos que merecem maior aprofundamento na coleta de dados alguns Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf) EPEA 2001 - 11 de 17 argumentos e pontos de vista diferentes levantados por estes autores podem ser discutidos aqui. Pádua et al. (1994), investigou a questão ao trabalhar com Educação Ambiental num projeto de conservação de uma espécie de primata em ambiente natural (Mico-leão-preto, Leontopithecus chrysopygus, PE Morro do Diabo, Teodoro Sampaio-SP). As autoras concluíram então que faz-se necessário a criação de projetos de EA específicos para os pais (adultos), pois os projetos direcionados às crianças não garantem alcançar os objetivos de mudança de atitudes dos adultos. Porém, Mergulhão (1994) afirmou que é possível trabalhar com crianças e também atingir os adultos baseado em um curso de ecologia de férias para crianças - Tranzôo, pôde-se observar o grande interesse dos adultos (pais) em participar também de uma atividade semelhante. O estímulo produzido por seus filhos foi tão forte que resultou na sugestão da elaboração do Tranzôo-Família, feita pelos próprios pais numa reunião que ocorre na atividade das criança, para avaliar o aprendizado que elas levam para casa, provando que existe sim uma troca de experiências. 4. CONCLUSÃO O uso da cartilha como recurso didático facilita muito a comunicação entre educador e educando desde a fase de planejamento, elaboração e execução deve estar embasada em princípios técnicos e científicos e sem dúvida inserida dentro de um projeto ou programa de educação ambiental para não cair no esquecimento gerando um fracasso metodológico (Rosa, 1994). Sem dúvida a cartilha é uma das estratégia mais utilizadas em programas de Educação Ambiental e se for um material bem elaborado que atinja as expectativas de seu público alvo pode ser guardado, divulgado e consultado por estes. Uma das formas de melhoria da qualidade do trabalho foi sem dúvida o trabalho interdisciplinar na hora da elaboração do roteiro, onde profissionais de diversas áreas direcionaram suas idéias em um único foco com seus pareceres diferenciados, adaptando a linguagem adequada ao seu público e as estratégias que melhor despertam o prazer ao aprendizado proporcionando no momento da execução uma experiência significativa. Assim a participação das pedagogas, professoras de Educação Infantil foi de Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf) EPEA 2001 - 12 de 17 extrema importância nesta avaliação. Além disso, esta prática fez com que o conhecimento, o senso crítico e a criatividade proporcionassem um aprendizado de maior qualidade. A educação ambiental já foi considerada uma área de estudo sem metodologias e avaliações concretas. Todavia, o que se verifica atualmente é que a educação informal como é realizada nos segmentos zoológicos fornece resultados palpáveis e concretos, assumidos pelo profissionalismo e responsabilidade das pessoas envolvidas (Auricchio, 1999). Com este tipo de projeto-piloto de implementação da visita orientada pode-se observar a necessidade e aceitação do material didático pelo professor, e que a educação ambiental na abordagem informal pode ser aplicada em todas as faixas etárias e áreas do conhecimento de maneira lúdica, criativa e multidisciplinar. Passear no zoológico já e por si só estimulante, aliar o aprendizado ao lazer e só mais uma forma de levar ao conhecimento. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANÔNIMO. Meio ambiente: a criança educa o adulto? 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(CD-Rom arquivo: tr13.pdf) EPEA 2001 - 16 de 17 ANEXO 2: Avaliação do professor da atividade Visita Orientada Avaliação do Professor Visita Orientada Escola_________________________________________________________________ Série __________________________n o de alunos____________ data __/_____/_____/ Caro professor, 1) Você já utilizou algum programa do Zôo anteriormente? ( ) Sim ( ) não Em coso afirmativo: Qual?__________________________________________________________________ Quantas vezes ?_________________________________________________________ Comente sobre a quantidade e a qualidade das informações passada aos alunos. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 2) Comente sobre o nível de conhecimento e a didática i dos monitores. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 3) Qual a sua opinião sobre o roteiro da Visita Orientada? ( ) regular ( ) bom ( )ótima 4) Quais sugestões e alterações você faria nesta programação? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 5) Você dá continuidade as atividade realizadas pelo Zôo? Como ? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ 6) Você utiliza outros recursos didáticos oferecidos pelo Zôo? ( ) Kits ecológicos ( ) Ecovideoteca ( ) Museu de Zoologia ( ) Biblioteca ecológica ( ) Jogos ecológicos Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf) EPEA 2001 - 17 de 17 Outros: _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ ________________________________________________________________ i b Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf)
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