PILOTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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PILOTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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PROJETO - PILOTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: AVALIAÇÃO DO
ROTEIRO DE VISITA ORIENTADA "ZOOBSERVADOR", UM ALIADO À
PRÁTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ZOOLÓGICOS.
Viviane Aparecida Rachid Garcia
Parque Zoológico Municipal "Quinzinho de Barros"- Sorocaba / SP
Maria Cornélia Mergulhão
Parque Zoológico Municipal "Quinzinho de Barros"- Sorocaba / SP
palavras-chave: Educação ambiental; Cartilha; Zoológico
Resumo: Este trabalho teve como objetivo avaliar a implementação da atividade de Visita
Orientada, no Zoológico de Sorocaba, com o Roteiro "Guia do Zoobservador", que
possibilitou um registro das descobertas e observações realizadas durante a atividade,
com vistas à sua continuidade em sala de aula. O público-alvo: duas turmas de 6 a 7
anos de escolas públicas da cidade . A avaliação foi realizada por observações diretas,
registros e depoimentos. Pôde-se observar a aceitação do programa pelos professores e
a necessidade do material didático; e a sua eficácia, visto que pode ser aplicado, de
maneira lúdica, criativa e multidisciplinar, para diferentes faixas etárias e áreas do
conhecimento. Portanto passear no zoológico é, por si só, estimulante, pois aliar o
aprendizado ao lazer foi mais uma forma de levar ao conhecimento.
PILOT-PROJECT IN ENVIRONMENTAL EDUCATION: AN EVALUATION OF
THE ‘ZOOBSERVER’ DIRECTED VISITATION GUIDE, AN ALLY FOR
ENVIRONMENTAL EDUCATION IN ZOOS
keywords: environmental education; primer; zoo
Abstract: This project was designed with the intent of evaluating an educational activity
implemented in the zoo of the city of Sorocaba. Named "Directed Visitation", the
activity called for a record of the discoveries and observations made by students during
the visit to the zoo, thus allowing for continuation of the theme inside the classroom.
The targeted population comprised two groups of six- and seven-year-old state school
students from Sorocaba. The evaluation was carried out by direct observation, records,
and collected statements. Teachers accepted the provided teaching material and
eventually recognised its necessity, thus leading the authors to acknowledge its efficacy.
The material can be used by children of different ages in a pleasant, creative, and multidisciplinary manner. Strolling in the zoo is in itself a stimulating activity; uniting
learning and pleasure is just another road that leads to knowledge.
1- INTRODUÇÃO
Com as crescentes pressões humanas nos ambientes naturais, a educação ambiental
tem se tornado cada vez mais importante como meio de buscar apoio e participação de
diversos segmentos da sociedade para conservação e a melhoria da qualidade de vida.
Quando bem realizada, a Educação Ambiental leva a mudanças de comportamento
pessoal e a atitudes e valores de cidadania que podem ter fortes conseqüências sociais
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(Brasil, 1998), pois é através da educação e da informação que o povo adquire condições de
participar da sociedade de modo consciente, crítico e criativo, exercendo seus direitos e
deveres de cidadão.
É de consenso da comunidade global que a educação ambiental deve estar presente
em todos os espaços que educam o cidadão. Assim como escolas,
parques e reservas
ecológicas, associações de bairros, universidades, meios de comunicação, locais de
trabalho, entre outros (Reigota, 1994 )
Segundo Viezzer e Ovalles (1994), as mudanças que operam em nossos
conhecimentos e em nossa consciência, passando pela modificação de nossas atitudes, nos
levam a transformar nossa maneira de ser em relação ao meio ambiente e à necessidade de
adquirir novas habilidades para colocar em prática em casa, na rua, na escola, no trabalho,
no lazer o que aprendemos nos mais variados espaços de educação formal e informal.
De acordo com a lei nº 9795, que reza sobre a Política Nacional de Educação
Ambiental, a educação formal ou escolar, envolve regularmente a rede de ensino, através da
atuação curricular, tanto no planejamento quanto na execução de currículos. Já a educação
informal, é aquela realizada fora dos recintos escolares, podendo ocorrer por meio de
campanhas populares que visem a formação de atos e atitudes que possibilitem a
preservação dos recursos naturais e a correção de processos degenerativos da qualidade de
vida (Araújo e Brito, 1995).
A Educação Ambiental não formal realizada em zoológicos combina conceitos de
diferentes áreas, tais como zoologia, ecologia, botânica, fisiologia, podendo oferecer
também oportunidades para o desenvolvimento do senso estético, ético e de participação
comunitária. Num zoológico, o conhecimento pode ser adquirido através da vivência e do
contato direto com componentes desses conceitos, o que faz dele uma “sala de aula viva”,
cujas experiências de aprendizado se tornam inesquecíveis (Mergulhão, 1998).
Nós e as novas gerações devemos estar preparados para atender esta
dinâmica, e nesse processo de educação o professor e a comunidade escolar destacam-se
como os principais agentes de mudanças.
Histórico e potencial dos zoológicos
A história mostra-nos que o hábito de colecionar animais em cativeiro vem desde a
Antigüidade e que permaneceu, principalmente entre as famílias nobres do mundo todo, até
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o século XVIII, quando começaram a se formar os primeiros zoológicos na Europa; Viena
em 1752, Paris em 1973 e Londres em 1826 (Wheater et al., 1992 apud Mergulhão, 1998).
Os zoológicos e suas funções evoluíram com o passar dos tempos. Até o século XIX
um zoológico tinha caráter taxonômico, já na metade do século XX, deu lugar ao caráter
ecológico, com ênfase na biologia do comportamento e nos diferentes tipos de habitat
(Auricchio, 1999).
A maior parte dos visitantes procuravam nestas instituições um ambiente bonito e
agradável para piqueniques e passeios, desprezando o seu potencial educativo (Wolf e
Tymitz, 1980). Entretanto, com o passar do tempo, a pesquisa e a conservação passaram a
ser incluídas dentro dos objetivos destas instituições, que associadas ao trabalho de campo,
geraram uma importantíssima contribuição para a conservação o que culminou mais tarde,
na necessidade do desenvolvimento da Educação Ambiental (Auricchio, 1999).
Assim os zôos modernos deixam de ser uma “vitrine de animais” para se
transformar em centro de conservação e educação ambiental.
A Educação Ambiental em Zoológicos
A educação ambiental em zoológicos tornou-se um tema constante em congressos,
encontros e palestras. Devido ao int eresse público e da maioria escolas, os zoológicos
tornaram-se instituições de grande potencial
de disseminação de informações sobre a
fauna.
As informações não são apenas tratadas sob o ponto de vista biológico, mas sim de
forma multidisciplinar, considerando o animal exposto um tema gerador de discussões, pois
a educação ambiental disseminada pelos zoológicos deve também ter a função de promover
o envolvimento do público nas questões ambientais , buscando uma melhor relação
homem- natureza (Auricchio, 1999).
Podemos destacar o Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, pioneiro
no país nesta área com um notável trabalho que teve início em 1979 (Dias, 1992).
Na tentativa de atingir a comunidade com seus programas educativos, a equipe do
Zoológico de Sorocaba vem desenvolvendo uma gama de atividades dirigidas as diferentes
faixas etárias, incentivando o exercício da cidadania e busca de ações individuais e
coletivas.
Dentre as atividades de rotina desenvolvidas destaca-se a Visita Orientada ao Zôo
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(alamedas e bastidores) com a orientação de monitores especializados.
Assim o presente trabalho têm como objetivo:
-
avaliar a implementação da atividade de Visita Orientada com o Roteiro “Guia do
Zoobservador” e assegurar a continuidade desta atividade em sala de aula;
-
fornecer um material de apoio ao professor;
-
observar as motivações e expectativas das crianças em relação a atividade;
-
apresentar a diversidade existentes de animais da fauna exótica e nativa e suas
principais características.
2-METODOLOGIA
2.1 Área de Estudo
O PZMQB é um local onde a população da cidade e de toda a região encontram
lazer e educação ambiental, realizando também um trabalho altamente fecundo há quase 30
anos, nas áreas de pesquisa para o conservacionismo. Localizada no município de Sorocaba
- SP(47º 28' 30"W, 23º 29' 30"S), o PZMQB é um zoológico de grande porte contendo
cerca de 1.500 animais de 350 espécies diferentes, recebendo mais de 300.000 visitantes
por ano. (Guilherme, 2000)
Eleito em 1993 por voto popular como símbolo da cidade o PZMQB é hoje "O
lugar mais animal da cidade" , título dado em 1996 em comemoração de seus 28 anos .
2.2 Público-alvo
Fizeram parte deste estudo duas turmas do CEI “Centro de Educação Infantil”, da
Prefeitura Municipal de Sorocaba, num total de 72 alunos (36 cada turma) de mesma faixa
etária (seis a sete anos). Eram crianças de níveis sociais diferentes e de desenvolvimento
cognitivo e motor distintos. A turma do CEI no. 45 “Diva Ferreira Cordeiro”, bairro de
classe baixa, apresentavam características de início de desenvolvimento motor e cognitivo,
era uma turma que havia iniciado na pré-escola aquele ano e que não
experiências anteriores com a escola. A outra turma, do CEI
teve contato e
no. 01 “Antônio Carlos
Amabile”, bairro de classe média-alta, era um turma em pleno desenvolvimento cognitivo
e motor, pois já haviam cursado as outras fases iniciais da pré-escola. Esta turma estava em
plena fase alfabetizadora.
2.3 Descrição da Visita Orientada
Todo início de semestre é divulgado na imprensa local e enviado às escolas da rede
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pública um “Guia de Atividades” para os professores escolherem as que mais se adequam
a sua prática de ensino.
Os professores interessados vão ao Setor de Educação Ambiental do Zôo em uma
data estipulada, agendam a atividade desejada, e num segundo momento participam de uma
reunião preparatória.
Nesta reunião os professores têm a oportunidade de vivenciar e conhecer todas as
aulas oferecidas na atividade bem como os respectivos recursos utilizados, desde animais
taxidermizados, peças de animais (crânios, chifres, asas, patas, bicos, fezes), animais vivos,
etc.
Os temas das aulas oferecidas no semestre foram: “Mundo animal” ( animais vivos
das diferentes classes), “Natureza de Sorocaba” (fauna e flora), “Interação animal e planta”,
“Adaptações dos animais “e “Animais do medo”.
Todas as aulas enfocam o papel ecológico seja da fauna ou da flora tentando
desmistificar, esclarecer e transmitir informações aos alunos através da observação direta,
da curiosidade estimulada, do tato, "do esdrúxulo" conduzindo-os a descoberta.
Para um bom êxito das atividades a equipe desenvolveu uma
material lúdico e
criativo a “sacolinha”, inspirado nas atividades de E. A do Zôo do Japão, que é apresentada
durante a reunião preparatória para ser trabalhada em sala de aula na semana anterior a
realização da atividade.
Este material tem como objetivo aguçar a curiosidade do aluno, estimulando para o
momento da realização da atividade, a fim deste formular hipóteses, estabelecer relações e
comparações, fazendo inúmeras descobertas sobre o mundo natural.
Alguns materiais que compõem a “sacolinha” são: máscaras de predador e presa
(onça e veado), fezes secas de animais herbívoros (veado e capivara) , diâmetro da
"cinturinha" do elefante, um guia para visita no Zôo, um manual com a relação e
informação dos materiais e uma fita de vídeo do Zôo.
A visita orientada é realizada por um grupo de no máximo 40 alunos por período,
divididos entre dois monitores e compreende as seguintes etapas:
1ºAula prática: com o tema escolhido pelo professor de no máximo 40 minutos, realizada
ao ar livre ou no auditório do Setor de Educação Ambiental.
2º Visita Orientada: Após a aula o grupo dividido em duas turmas de no máximo 20
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alunos. Dando inicio à visita recebem um lápis e o “Guia do Zoobservador”, onde juntos
fazem um reconhecimento do material, registrando as diversas descobertas e observações
realizadas pelos setores do Zôo (aves, répteis, mamíferos, mata, cozinha ou museu de
zoologia).
O professor participa da visita com o monitor para assegurar a sua eficácia e poder
avaliar, discutir e aprofundar o assunto estudado. Além disso, sua presença também tornase importantíssima para garantir a disciplina e interesse nos alunos.
O “Guia
do Zooobservador” compreende vários assuntos de maneira ilustrada e
divertida, procurando abordar temas como comportamento, características e curiosidades
dos animais (Anexo 1).
Algumas das atividades a serem desenvolvidas no Zôo:
-
Desenho do Zoológico - Como a criança acha que ele é?
-
Registro do comportamento de um animal escolhido pela criança
-
Exercício de correspondência: relacionar o formato do animal, os modos de
locomoção e função.
-
Entrevista com funcionários sobre o lixo do Zôo .
Atividade s optativas (desenvolvidas no Zôo ou em sala de aula conforme a
disponibilidade de tempo)
-
Conhecimento da dieta alimentar dos animais em cativeiro (necessidades
nutricionais, quantidade, qualidade, semelhança com a alimentação na natureza) Trabalho
sobre cadeias alimentares e características morfológicas adaptativas do animal para
reconhecer o tipo de alimentação de cada grupo
(consumidores: herbívoros, onívoros e
carnívoros), esta atividade acontece logo após a visita `a cozinha dos bichos;
Atividades a serem desenvolvidas em sala de aula:
-
Atividade de adivinhação - O que é, o que é ? Charadas sobre animais brasileiros.
-
Exercício de linguagem e resgate do aspecto físico-social do parque (questão do
lixo):
-
Palavra mágica, substituição dos símbolos, formando uma frase sobre o lixo;
-
Atividade de recorte e colagem: álbum de figurinhas com os animais das diferentes
classes. O álbum apresenta pistas ou as informações que correspondem as figuras dos
bichos;
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-
Desenho livre do Zôo logo após a visita.
2.4 Avaliação
A Pesquisa Qualitativa
Lüdke e André (1986), apresentam algumas características básicas que configuram
este método:
1. O ambiente natural é fonte direta de dados e o pesquisador tem contato direto e
prolongado com o ambiente e a situação que está sendo investigada.
2. Os dados coletados são predominantemente descritivos, incluindo transcrições de
entrevistas e de depoimentos, fotografias, desenhos e extratos de vários tipos de
documentos.
3. Nesses estudos há sempre uma tentativa de capturar a "perspectiva do participante",
isto é, a maneira como encaram as questões que estão sendo focalizadas.
No presente trabalho foram
utilizados instrumentos sistematizados de coleta de
informações, pois estes se adequaram melhor aos objetivos da pesquisa, ao público
participante e ao tempo disponível. As principais técnicas que usam instrumentos
sistematizados foram :
Questionário
O questionário consiste em um conjunto de questões pré-elaboradas, sistematicamente e
seqüencialmente dispostas em itens que constituem o tema da pesquisa, com o objetivo de
suscitar dos informantes respostas por escrito ou verbalmente sobre assunto que os
informantes saibam opinar. É uma interlocução planejada .
Após cada visita os professores receberam uma ficha de avaliação, onde deveriam
apontar suas críticas, sugestões elogios da atividade, do monitor e dos recursos utilizados
(Anexo 2). Este método é o que usualmente se utiliza nas avaliações das atividades do
programa de EA do Zôo.
Observação sistemática ou estruturada
A observação direta permite que o observador chegue mais perto das "perspectivas dos
sujeitos", um importante alvo nas abordagens qualitativas. (Lüdke e André, 1986).
O registro das observações pode ser feito por meio de anotações escritas ou por
transcrições de gravações.
Assim em ambas as visitas avaliadas com o roteiro pode-se observar o comportamento
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dos alunos perante as atividades, suas expectativas e seus questionamentos.
No caso da avaliação realizada com estas duas turmas, os professores preencheram a
ficha de avaliação-padrão de visita orientada e forneceram-na para o Centro de Educação
Ambiental, além de um relatório completo das atividades, desde a chegada ao zôo até o
trabalho realizado posteriormente, em sala de aula.
3.RESULTADOS E DISCUSSÃO
A aula preferida na escolha para a Visita Orientada com o apoio do “Roteiro do
Zoobservador” foi “Mundo animal”. Esta atividade de tocar animais vivos é uma das que
mais chamam a atenção dos participantes do Programa de EA do Zôo de Sorocaba pelo
caráter de aventura e prazer que traz consigo.
Esta aula prática mostrou-se uma atividade muito apropriada para esta faixa etária
fato que provavelmente explica a escolha dos professores. Além de ser muito lúdica a
atividade oferece uma experiência significativa e marcante que sensibiliza o aluno para as
questões da natureza.
Através das observações realizadas pôde-se perceber desde o início da atividade a
aceitação do roteiro do zoobservador por parte dos alunos, que o receberam como um
presente do Zôo, e que durante todo o trajeto da visita cuidaram para não danificá-lo.
Uma das atividade do roteiro que muito atraiu as crianças foi o álbum de figurinhas
que seria feito na escola, pois não havia tempo hábil e material suficiente (tesoura e cola)
par trabalhar no Zôo.
A estratégia de utilização deste álbum foi adotada propositadamente, uma vez que
as crianças se interessam por este tipo de atividade. Muitos não poderiam realizá-la em casa
por falta de recurso material e/ou orientação. Assim teriam que fazê-la na escola com a
professora que então estaria dando continuidade ao trabalho.
A primeira atividade de desenhar o zôo como imaginavam ser, mostrou uma
unanimidade; a maioria das crianças desenham um animal (“macaco”, girafa, entre outros,
que sequer temos no Zôo) atrás de uma grade ou jaula.
Um fato muito interessante observado com a turma do CEI no. 45 ao passarem em
frente do recinto do hipopótamo foi vê-lo se alimentando com a boca cheia de ração e
capim, conforme ele abria a boca para pegar o alimento projetava seus enormes dentes. O
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momento foi oportuno para ouvirem algumas curiosidades deste animal e registrarem a
observação.
Muito embora não tenha sido destinada uma certa atividade para ser realizada em
casa com o auxílio dos pais, segundo relato das professoras, as crianças naturalmente, com
suas perguntas e a necessidade de contar as novas descobertas, levaram para casa o que
aprenderam em sala de aula. Uma das atividades que se destacou nesta interação paisfilhos foi “O que é, o que é?”, uma espécie de charada sobre animais, muito comum nesta
faixa etária, em que as crianças se divertem ao “pregar peças” nos mais velhos com seu
próprio conhecimento.
Alguns dos pontos propostos para serem modificados e/ou melhorados durante a
atividade presentes
no relatório de avaliação dos professores, coordenadores e/ou
monitores:
-
falta de pontualidade para início das atividades (meio de transporte), faltando tempo
para realização de todas as atividades
-
ampliação espacial do roteiro para melhor visualização das crianças e mais
atividades com a produção de escrita.
-
adaptação do lápis para caneta com cordão evitando que eles queiram utilizar
borrachas, percam o lápis ou quebrem a sua ponta
-
numeração do álbum de figurinhas
-
entrega de um roteiro para a escola no ato do agendamento da atividade para os
professores se inteirarem do material e informarem os alunos a melhor maneira de se
organizar com o mesmo.
-
classes de alunos novos em início do processo de alfabetização deverão participar da
visita no segundo semestre onde já estarão trabalhando a escrita, organização espacial,
utilização do lápis, etc.
Os pontos positivos do projeto apontados pelas professoras:
-
oportunidade de registro feito pelos alunos; riqueza e diversidade de informações
-
utilização do material como apoio pedagógico ás aulas posteriores e visitas ao zôo
-
continuidade em sala de aula das atividades desenvolvidas no zôo
-
integrar e informar a família levando para a casa o roteiro
-
aquisição e ampliação de termos específicos para as crianças
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Em um debate proposto pelo jornal Educador Ambiental sobre o uso de cartilhas
ou manuais em programas de EA. vários
analisando
as vantagens e
autores
expuseram seus
pontos de vista,
desvantagens desta estratégia. Segundo Mergulhão (1995) o
trabalho com cartilhas, livretos e/ou folhetos
pode auxiliar o desenvolvimento de
programas de EA, tornando-os mais interessantes para o público alvo, bem como servindo
como um material de apoio e de continuidade do trabalho em sala de aula (ensino formal).
A autora argumenta que entre as vantagens do uso de cartilhas encontram-se: a
possibilidade de atingir um número maior de pessoas, ser um material que o usuário pode
guardar e revisar a informação, etc.
A cartilha deve estar prevista no planejamento, atendendo os pré-requisitos de um
projeto de EA, isto é, ser adequada para aquele público-alvo e fazer parte da avaliação
contínua do projeto. O material torna-se um aliado poderoso ao programa de EA e não um
material que vai direto para o lixo, sem sequer servir para a reciclagem.
Assim, conclui-se que este tipo de material pode auxiliar a atingir um dos mais
importantes objetivos dos programas desenvolvidos no ensino não formal como realizado
nos zoológicos, ou seja, capacitar o professor e torná-lo um agente multiplicador de
Educação Ambiental.
Machado & Martins (1995) argumentaram que o
uso deste recurso deve estar
atrelado aos objetivos de um programa específico, fazendo parte do seu planejamento e que
a pesquisa é fundamental para o uso bem-sucedido do material, avaliando antes, durante e
após seu emprego, a fim de propor mudanças que o melhorem.
Carvalho (1995) discutiu qual o papel da cartilha como recurso didático,
enfatizando que elas não podem ser usadas como livro didático, sob pena de caírem no
esquecimento. O educador deve entendê-la como um meio e não um fim em si mesma.
Um outro ponto levantado nesta pesquisa foi o papel das famílias como agentes
multiplicadores de EA, sugerindo que as crianças poderiam efetuar trocas de conhecimento
e experiências com seus pais, sobre o assunto meio ambiente.
Será que os pais aprendem com os filhos? A questão também foi abordada na sessão
Debate do Educador Ambiental, nos artigos de Anônimo (1994), Ayres (1994), Mergulhão
(1994) e Pádua et al (1994). Embora a questão seja secundária para esta pesquisa, pois
suscita questionamentos que merecem maior aprofundamento na coleta de dados alguns
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argumentos e pontos de vista diferentes levantados por estes autores podem ser discutidos
aqui.
Pádua et al. (1994), investigou a questão ao trabalhar com Educação Ambiental num
projeto de conservação de uma espécie de primata em ambiente natural (Mico-leão-preto,
Leontopithecus chrysopygus, PE Morro do Diabo, Teodoro Sampaio-SP). As
autoras
concluíram então que faz-se necessário a criação de projetos de EA específicos para os pais
(adultos), pois os projetos direcionados às crianças não garantem alcançar os objetivos de
mudança de atitudes dos adultos.
Porém, Mergulhão (1994) afirmou que é possível trabalhar com crianças e também
atingir os adultos baseado em
um curso de ecologia de férias para crianças - Tranzôo,
pôde-se observar o grande interesse dos adultos (pais) em participar também de uma
atividade semelhante. O estímulo produzido por seus filhos foi tão forte que resultou na
sugestão da elaboração do Tranzôo-Família, feita pelos próprios pais numa reunião que
ocorre na atividade das criança, para avaliar o aprendizado que elas levam para casa,
provando que existe sim uma troca de experiências.
4. CONCLUSÃO
O uso da cartilha como recurso didático facilita muito a comunicação entre
educador e educando desde a fase de planejamento, elaboração e execução deve estar
embasada em princípios técnicos e científicos e sem dúvida inserida dentro de um projeto
ou programa de educação ambiental para não cair no esquecimento gerando um fracasso
metodológico (Rosa, 1994).
Sem dúvida a cartilha é uma das estratégia mais utilizadas em programas de
Educação Ambiental e se for um material bem elaborado que atinja as expectativas de seu
público alvo pode ser guardado, divulgado e consultado por estes.
Uma das formas de melhoria da qualidade do trabalho foi sem dúvida o trabalho
interdisciplinar na hora da elaboração do roteiro, onde profissionais de diversas áreas
direcionaram suas idéias em um único foco com seus pareceres diferenciados, adaptando a
linguagem adequada ao seu público e as estratégias que melhor despertam o prazer ao
aprendizado proporcionando no momento da execução uma experiência significativa.
Assim a
participação das pedagogas, professoras de Educação Infantil foi de
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extrema importância nesta avaliação. Além disso, esta prática fez com que o conhecimento,
o senso crítico e a criatividade proporcionassem um aprendizado de maior qualidade.
A educação ambiental já foi considerada uma área de estudo sem metodologias e
avaliações concretas. Todavia, o que se verifica atualmente é que a educação informal
como é realizada nos segmentos zoológicos fornece resultados palpáveis e concretos,
assumidos pelo profissionalismo e responsabilidade das pessoas envolvidas (Auricchio,
1999).
Com este tipo de projeto-piloto de implementação da visita orientada pode-se
observar a necessidade e aceitação do material didático pelo professor, e que a educação
ambiental na abordagem informal pode ser aplicada em todas as faixas etárias e áreas do
conhecimento de maneira lúdica, criativa e multidisciplinar. Passear no zoológico já e por
si só estimulante, aliar o aprendizado ao lazer e só mais uma forma de levar ao
conhecimento.
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naturalistic view. Zoo Yearbook (Whashington, DC), n 21, p. 49-53, 1980.
Endereço:
Rua: Porto Rico, 143 Barcelona
Sorocaba São Paulo 18026 040
Revista Educação: Teoria e Prática.
Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf)
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ANEXO 1: “Guia do Zoobservador”
Revista Educação: Teoria e Prática.
Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf)
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Desenvolvimento: Joy Joy Studio / Desenhos: Sérgio Rangel
Revista Educação: Teoria e Prática.
Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr13.pdf)
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ANEXO 2: Avaliação do professor da atividade Visita Orientada
Avaliação do Professor
Visita Orientada
Escola_________________________________________________________________
Série __________________________n o de alunos____________ data __/_____/_____/
Caro professor,
1) Você já utilizou algum programa do Zôo anteriormente?
( ) Sim
( ) não
Em coso afirmativo:
Qual?__________________________________________________________________
Quantas vezes ?_________________________________________________________
Comente sobre a quantidade e a qualidade das informações passada aos alunos.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
________________________________________________________________
2) Comente sobre o nível de conhecimento e a didática i dos monitores.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
________________________________________________________________
3) Qual a sua opinião sobre o roteiro da Visita Orientada?
( ) regular ( ) bom ( )ótima
4) Quais sugestões e alterações você faria nesta programação?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
________________________________________________________________
5) Você dá continuidade as atividade realizadas pelo Zôo? Como ?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
6) Você utiliza outros recursos didáticos oferecidos pelo Zôo?
( ) Kits ecológicos
( ) Ecovideoteca
( ) Museu de Zoologia
( ) Biblioteca ecológica
( ) Jogos ecológicos
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Outros:
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
________________________________________________________________
i
b
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