arquivo1 - franthiesco ballerini

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arquivo1 - franthiesco ballerini
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Cyan Magenta Amarelo Preto
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Podeperguntar?NoparedãodeSilvioSantos
‘NadaAlémdaVerdade’éumjogoqueohomemdobaúfarácomSergioMallandro,Gretcheneoutros. Pág6
ED VIGGIANI/AE
TERÇA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2008
FRANTHIESCO BALLERINI
P
R
O
C
U
R
A
D
O
>Selton
Mello vive
o novo
anti-herói
do cinema
DIVULGAÇÃO
[email protected]
Selton Melo como João Estrella: o ex-traficante não usava armas e não fazia fortuna com o tráfico. Gastava tudo em festas e com a namorada, interpretada por Cléo Pires
‘Tropeceinaspalavras,
fiqueimuitoemocionado’
Viciado em cocaína, João Estrella
foi preso pela Polícia Federal em
1995, quando era um dos criminosos mais procurados do Rio. Pegou
doisanosdereclusão,ganhouliberdade em 1998 e contou sua história
em 2000 para o jornalista Guilherme Fiuza, que se tornou um dos livros mais lidos da década.
Você acha que o filme foi fiel à sua
história?
Meidentifiqueimuitocomotrabalho do Selton, mas também acabei
me influenciando pelo próprio
Joãodofilme.Mepegofalandoacelerado como o Selton na trama (risos). O senso de humor também é
bastante fidedigno.
Vocêinterferiunoroteiro?
SeltonMello estávivendo umafase
importante no cinema – já fez mais
de 15 filmes. Vencedor de diversos
prêmiosporsuaatuaçãoemOCheiro do Ralo, ele conta ao JT por que
viverJoãoEstrellafoitãoimportante e, ao mesmo tempo, tão difícil.
Depois de ‘O Cheiro do Ralo’, João
Estrellanãotepareceuumpersonagemmaisfácildeserconstruído?
Pelocontrário, éa primeira vez que
interpreto alguém que está sentado do meu lado neste momento.
NãoquisimitaroJoão,mas,aomesmo tempo, não pude evitar de encontrarvárias pessoas no Rio de Janeiro que sabiam histórias sobre
ele. Fui, então, compondo o João
que eu achei que ele era.
Apenas no lado familiar. Participei
da ambientação do roteiro das cenasdafamíliaedaseqüênciadojulgamento. Embora tudo aquilo tenha terminado há mais de 10 anos,
eusempresaíaemocionadodasfilmagens. Era como se eu estivesse
revivendotudo.Masnadafoitãoterapêutico quanto conceder as entrevistas para o livro. Foram 30 horas de bate-papo. Até cansava.
E, após 10 anos, como você vê tudo
porquepassou?
Há muitas coisas erradas no sistema prisional, na maneira como as
pessoas são julgadas, etc. Da minha vida, digo que salvei três vidas
(dosamigoseparentes envolvidos
indiretamentenahistória)edeixei
MARCOS D'PAULA/AE
‘Eracomoseeuestivesse
revivendotudoaquilo’
João e Selton: realidade e ficção
de morrer três vezes. Agora, quero
seguircomacarreiramusical,principalmente compondo. E pretendo ter meu primeiro filho em breve. (F.B.)
NãoseriamaisfácilserinstruídopelopróprioJoãoEstrella?
Eu não peguei o telefone dele, não
queria ficar sugando o cara. E ele
também respeitou a minha liberdade.Mas,parafazeracenadojulgamento, eu tive de ir à fonte, para
saber o que a juíza entendeu e comoelesesentiu.Eutropeceideverdade nas palavras porque fiquei
muitoemocionado.Soufilhotambém, deve ser duro ser julgado na
frente da mãe.
Acredita na possível eficácia da legalizaçãodasdrogas?
Não tenho opinião formada sobre
isso. Só acho que o Johnny fornece
reflexões tão boas quanto o Tropa
de Elite. (F.B.)
DIVULGAÇÃO
‘Édifícilpatrocínioparafilmesquefalamsobredrogas’
Assim como Tropa de Elite, Meu Nome
não é Johnny também teve dificuldades
decaptarrecursosfinanceiros,apesarde
ter por trás o nome da premiada produtora Mariza Leão. “As empresas privadas
dizem ‘não’ de cara quando ouvem que o
filme é sobre drogas. Se fosse um filme
sobre meninas grávidas na Amazônia, o
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financiamento seria mais fácil porque a
históriaestarialongedoeixoempresarial
dos patrocinadores. Parece que estávamos mexendo num tabu”, diz Mariza.
Apesar dos obstáculos, ela conseguiu
produzir tudo que queria com R$ 5,5 milhões, incluindo as seqüências filmadas
naEuropaquemostramJohnnyeanamo-
rada(Cleo)vendendodrogasetorrandoa
grana. “Foram 62 locações. Fazer um filme nos anos 1980 é mais difícil que um
filmedeépocaporqueaambientaçãonão
é tão acessível”, diz Mariza, que conseguiu classificação de 14 anos para o filme
epreferenãodizersuaexpectativadepúblico. (F.B.)
Locações na Europa foram fundamentais
“Depois do Capitão Nascimento,
agora é a vez do Capitão Renascimento.” A frase é do cineasta MauroLima, em alusão ao personagem
central de Tropa de Elite (Wagner
Moura), que mergulhou numa crise com a violência extrema vivida
dentro e fora do Bope (Batalhão de
Operações Policiais Especiais do
Riode Janeiro).Seualter ego –também baseado num personagem
real–éJoãoEstrella,rapazdaclasse
média alta carioca que virou traficante famoso nos anos 1980, mas
renasceu da cela da cadeia e hoje
trabalha como músico.
Meu Nome não é Johnny estréia
nesta sexta nos cinemas paulistanos, trazendo quase que uma biografiadeJoãoEstrella.Issoporque
não era preciso inventar muito,
apenas se inspirar em sua história. O que este homem viveu no
Rio de Janeiro se encaixa tão bem
como roteiro de cinema que poucoprecisouseracrescentadoaolivro homônimo do jornalista Guilherme Fiuza.
“Apenas o seu círculo de amizades foi incrementado, mas saíram
muitas coisas boas do filme, como
os‘causos’queeleviveu etestemunhou dentro da prisão”, diz Mauro
Lima,queprometeincluí-losnaversão em DVD do filme.
João Estrella (Selton Mello) foi
um garoto de classe alta que vivia
emumabelacasanazonasulcarioca. Morando apenas com o pai,
passavaasnoitespromovendobaladasem sua casa, regadas aálcool
e drogas. Passou a vendê-las para
os amigos, mas o interesse se tornou tão grande que ele transformouofavoremnegócio,tornandose um traficante.
Mas,aocontráriodaimagemcomumenteconstruídasobreestetipo de gente, João não usava armas
e não fazia fortuna com o tráfico.
Apenas utilizava o dinheiro para
gastar com a namorada (Cléo Pires) e continuar promovendo suas
festas. Em outras palavras, era um
irresponsável completo.
Como tráfico de drogas é crime –
não importam os fins –, João acabou preso. Sua sorte, porém, foi ter
sido julgado por uma juíza (Cássia
Kiss)quepercebeunelenãoumser
humano incorrigível, mas um rapaz inconseqüente que precisava
pagar pelo que fez, com direito a
umasegundachance.Penacumprida, hoje – época de lançamento do
filme–,JoãoEstrellalançaumdisco
com músicas compostas por ele,
uma delas (Pra Onde se Vai?) parte
do longa-metragem.
Rediscutindo ‘Tropa de Elite’
Meu Nome não é Johnny foi rodado
na mesma época que Tropa de Elite,deJoséPadilha.“EnquantooPadilha estava filmando no Chapéu
Mangueira, eu rodava em Copacabanaamesma questão,o tráficode
drogas. Acho ótimo este tema aindaestarsendodiscutido”,dizLima,
que não se preocupa com o fato de
Selton ter imprimido um João simpático e engraçado – um dos pontos fortes do filme é justamente o
humor improvisado do ator. “Não
pudeevitar,oJoãotambéméengraçado,carismático.Nãoestamosheroizando ninguém.”
Cássia Kiss passou um dia no fórum acompanhando o trabalho de
juízes para compor sua personagem.“Vi15julgamentosbemcabeludos, mas coloquei sensibilidade
na juíza. Eu a vejo como uma mulher ouvindo uma história de coração aberto”, conta.
JúliaLemmertzinterpretaamãe
de João –que, na vida real, se separou do marido e saiu da casa, pouco antes de ele descobrir que estava com câncer. Assim como Cássia, diz que a cena do julgamento
foiumadasmaisfortesquejáinterpretou no cinema. “Sou filha e
mãe também. Me deixei levar por
aquela situação. Me encontrei
comadonaLuízaapenasumavez.
Não forcei a barra para descobrir
tudo. Deixei-a contar aquilo que
achavamaisimportante”,comenta. Julia, assim como todo o elenco, tem atuações marcantes, que,
ao lado de um roteiro redondo, fazem de Meu Nome não é Johnny
uma estréia animadora para este
começo de ano.

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