Amalia Rugs
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Amalia Rugs
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DO TRABALHO E DA EMPRESA ESCOLA DE GESTÃO Curso de Organização e Gestão de Empresas ESTRATÉGIA II Teste de Frequência - 19 de Junho de 2004 Duração 2.30 H + 15 minutos de tolerância IDENTIFICAÇÃO DO ALUNO: Nome_____________________________________________________________ Turma:_______________ ASSINATURA DO PROFESSOR __________________________________ NOTAS: O teste é sem consulta. LEIA COM ATENÇÃO O TEXTO E AS QUESTÕES PROPOSTAS FAÇA UM ESQUEMA DA RESPOSTA ESCREVA COM CUIDADO E LETRA BEM LEGÍVEL UTILIZANDO OS ESPAÇOS DISPONÍVEIS SEJA CLARO E SUCINTO BOM TRABALHO. 1 Os Tapetes “amalia” O projecto “amalia rugs” era de elevado risco. José Sabrosa sabia mas assumia. A empresa fora constituída há dez meses e os primeiros indicadores eram animadores. As tarefas das negociações com os vários parceiros para a constituição da empresa tinham sido complexas, as tarefas da instalação dos vários centros operacionais tinham decorrido conforme o previsto. Havia agora de implementar toda a estratégia passando à prática todos os planos minuciosamente pensados. José Sabrosa tinha decidido a sua “ambição”, e a sua aposta num projecto global. Queria que a sua nova empresa fosse tão longe quanto o nome “amalia”, que escolheu para a sua marca. Sabrosa conhecia o negócio dos tapetes bordados à mão. A sua Avó era uma exímia bordadeira nascida em Arraiolos. Os seus pais vieram para Lisboa onde José Sabrosa nasceu e se licenciou em Organização e Gestão de Empresas. Cedo se iniciou no negócio dos tapetes na pequena loja do seu Pai, na Avenida da Igreja a Alvalade. Mais tarde toda a família se transferiu para Espinho onde criaram uma pequena oficina de tapetes de Arraiolos, não de “ponto miúdo”, mas o chamado “ponto largo”, reproduzindo motivos dos séculos XVIII e XIX. Quando nos anos oitenta começaram a aparecer no nosso mercado as primeiras versões dos “Arraiolos” feitos na China, os dois Sabrosas, Pai e Filho, rumaram para Hong Kong e estabeleceram um acordo com uma empresa local, para a produção dos seus tapetes na República Popular da China. Nessa altura a abertura da China ainda era algo tímida e só um parceiro da região tinha competências (e o guanxi…) para gerir as complexas relações com as fábricas estatais da China Contine ntal. E esse projecto prosperou e continua a funcionar com sucesso, também facilitado pela liberalização do comércio e do direito de estabelecimento de indústrias privadas que ocorreu a partir da década de 90. Durante todo este período (quase vinte anos), José Sabrosa foi o responsável pelo acompanha mento de todo o processo com o parceiro chinês (com suas frequentes estadias no Oriente), mas também pelo controlo das operações comerciais nos mercados Japonês, Americano e Europa Ocidental. Hoje, a Sabrosa Lda. continua a desenvolver o seu negócio com sucesso, centrado na tradição dos “Arraiolos Rugs”, e dispõe de quadros qualificados que gerem a empresa com bons resultados. Foi esta experiência de José Sabrosa e os recursos financeiros que a empresa que herdou do seu Pai foi acumulando, que o conduziram ao projecto “amalia rugs”. O produto deste projecto é um tapete, tecnicamente semelhante ao de Arraiolos, ou seja bordado totalmente à mão com fio de lã sobre juta, mas agora, Sabrosa prefere: • que seja usado o “ponto miúdo” (que tem uma densidade de 45.000 pontos por m2, enquanto o “ponto largo” só tem 2/3 daquela densidade). • que também possa produzir séries de tapetes especiais bordados em lã, ou mesmo seda, sobre linho, visando sempre alcançar uma elevada qualidade. 2 • que os motivos a serem bordados não sejam os desenhos tradicionais dos séculos XVIII. Para cada mercado, Sabrosa, com o apoio técnico de consultores locais, seleccionou os motivos criados por pintores de cada País. Para o mercado português os dois primeiros motivos são da autoria de Cargaleiro e de Helena Vieira da Silva. • que os tapetes sejam produções limitadas (o número para cada motivo é de 1000 unidades), e cada tapete seja numerado, com a respectiva etiqueta de autenticidade, e o respectivo número de série, nome do artista criador do design, e com a marca de garantia “amalia rugs – exclusive ly hand made embroidered” Trata-se de um produto dirigido para um mercado médio alto e alto, a ser distribuído por lojas da especialidade, casas de decoração, e particularmente uma forte concentração no canal de “decoradores e arquitectos de interiores”. Em paralelo um ambicioso plano de comunicação, incluindo um cuidado programa de Relações Públicas, foi elaborado para cada mercado, no sentido de construir a necessária notoriedade da marca. O projecto tinha como objectivo criar uma marca global. A sede da empresa foi localizada em Espinho. Cada um dos seis Administradores era responsável por uma área: Marketing, Recursos Humanos, Produção, Inovação e Desenvolvimento e Finanças. Apenas o Administrador da área de Aprovisionamento e Logística estava sedeado na subsidiária de Singapura. O Centro das Operações de Produção foi localizado numa pequena cidade na periferia de Xangai. As condições excepcionais de trabalho e habilidade das operárias chinesas favoreceram essa escolha. Era um recurso crítico para o produto da “amália rugs”. Sabrosa sabia que não podia contar com a procura interna e também sabia que a China tinha ainda graves deficiências nas indústrias de apoio e relacionadas. Foi necessário constituir uma empresa de direito chinês com um sócio local, cabendo a cada uma das partes 50 % do capital. As instalações da fábrica eram razoáveis e incluíam instalações habitacionais para uma parte importante das operárias vindas de zonas rurais mais afastadas viverem e também para o pessoal português que se deslocou para a fábrica de Xangai, com a missão de formar as bordadeiras e preencher, por um certo período, as chefias intermédias. O lugar de Presidente da empresa era ocupado pelo sócio chinês e os outros dois Administradores foram indicados pelo sócio português. Um era o próprio Sabrosa, e o outro era originário de Singapura. As negociações que conduziram à formação desta empresa, não foram muito difíceis, apenas um ponto da agenda obrigou a um esforço suplementar das partes, e que se prendia com a definição dos critérios de fixação de preços de venda (de transferência na óptica de Sabrosa) às várias empresas do grupo “ama lia”. A “ama lia rugs” estabeleceu em Singapura um escritório para gerir toda a Logística. Este era responsável por organiza r e geri r toda a distribuição do produto fabricado em Xangai pelos vários mercados e pela gestão do 3 aprovisionamento das matérias-primas para a produção na China, nomeadamente o fio de lã, a juta e o linho. Os fornecedores localizavam-se na Austrália, Nova Zelândia e Índia. A “amalia rugs” instalou subsidiárias em Tóquio, para a Região Ásia/Pacífico; em Roterdão, para a Região Europa Ocidental e Central; no Dubai para a Região do Médio Oriente e em Moscovo, para a Região dos Países do Leste Europeu. Estas empresas eram responsáveis pela comercialização na sua respectiva área geográfica, recorrendo à nomeação de Agentes ou Distribuidores para os vários Países da sua Região. Para o mercado da América do Norte, que engloba os EUA e Canadá, o modelo seguido foi diferente, principalmente, pelas particularidades do mercado americano, um dos mais competitivos e com maior taxa de crescimento, onde todos os grandes fabricantes como a Turquia, que exporta cerca de 3 milhões de metros quadrados de tapetes e carpetes feitas à mão, a Indía, o Nepal, o Brasil e a Coreia do Sul, têm uma forte presença. Para o mercado americano foi então estabelecida uma subsidiária localizada em S. Francisco, cujo parceiro americano, um experiente comerciante do sector, tinha interesses noutras empresas de tapetes também produzidos à mão na Turquia e Índia. José Sabrosa acabou por se decidir estabelecer esta aliança, por ter interesse em conhecer as técnicas de vendas ajustadas ao mercado e, particularmente, os circuitos de distribuição que o parceiro americano dominava com sucesso. Esta complementaridade de competências entre parceiros seria seguramente positiva para a introdução dos tapetes “amalia” no imenso mercado americano. “Depois já se verá…” terá comentado entre os seus, depois de firmado o acordo, e exigido que a empresa portuguesa detivesse 60% do capital e dois Administradores no Conselho de três elementos. O parceiro americano tinha assegurado a Sabrosa que desejava repetir o êxito que tinha já realizado com os tapetes turcos e indianos, agora com os novos “amalia”, que lhe pareciam um produto unique, e teria ao seu lado os melhores designers americanos para a concepção dos desenhos a bordar para o mercado americano. Toda a estrutura da empresa estava orientada para a construção da marca, daí que todos os processos fossem orientados a partir da Sede em Espinho, para onde todas as unidades reportavam. Às subsidiárias das Regiões que comercializavam o produto era dada alguma capacidade de adaptação às condições locais. Houve necessidade de organizar um complexo sistema de informação que facilitasse os fluxos de informação dentro da organização. Todo este projecto tinha requerido um grande esforço por parte de Sabrosa. Mas não teria sido possível arrancar se não tivesse podido dispor de um conjunto de gestores com grande experiência internacional que a sua empresa Sabrosa Lda. tinha formado ao longo dos anos e que foram transferidos para a nova empresa. 4 Apenas tinha tido um alerta do grupo das bordadeiras que levara para Xangai como formadoras. Reconhecia que não tivera muito tempo para as preparar, mas estava um pouco admirado com a falta de adaptação destes seus colaboradores. Falaram- lhe mesmo em certo choque cultural e stress. Na próxima viagem teria que aprofundar o assunto. 1)- Como define Estratégia Global ? Que Estratégia foi definida para a “amalia rugs? Caracterize a “ambição” e o “posicionamento” globais da empresa. Não deixe de comentar o tipo de Vantagem Competitiva (VC) que a empresa quer alcançar. Julga que as fontes que a suportam conduzirão a uma Vantagem sustentada? ( 5 valores ) 5 2)- Como define uma Aliança Estratégica Global? Que elementos são críticos para que uma Aliança possa ter êxito? Caracterize as duas Alianças referidas no texto (na China e EUA) tendo em consideração o objecto e extensão (scope) das alianças. Na análise que faz dos parceiros que se aliam para o mercado americano, julga haver ajustamento de interesses entre os dois parceiros (“encaixe estratégico”) a longo prazo? Porquê? As “Agendas” dos parceiros são compatíveis ? ( 5 valores) 6 3)- Que tipo de Estrutura adoptou a “amália rugs”? Caracterize-a. Acha que é a Estrutura ideal para a empresa tendo em conta a sua Estratégia? A empresa aproveita alguma (s) das vantagens deste tipo de estrutura? E é afectada por alguma(s) da(s) desvantagens que lhe estão associadas ? ( 4 valores) 7 4)- Tendo em consideração a informação disponível no texto sobre a China, em relação aos determinantes do Diamante, faça um comentário sobre a “Vantagem Competitiva Nacional” daquele País. ( 3 valores) 8 5)- Que razões poderão estar na origem do possível falhanço das bordadeiras expatriadas na China? Quando ocorre qualquer tipo de “choque cultural” ou “stress” derivado de diferenças culturais, os expatriados podem ter diversos tipos de reacção. Quais ? ( 3 valores) 9