Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa

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Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa
Seminário – 3.º ano | Ciências da Comunicação
Orientação: Professora Auxiliar Raquel Barbosa Ribeiro
Ano Lectivo 2014/2015
Criadores de conteúdos: a transformação
de um hobby numa profissão através
da comunicação online
Tiago Bruno Andrade Viçoso – n.º 213627
Lisboa, 29 de Junho de 2015
Fonte da imagem de capa: elaboração própria
Índice
Introdução ....................................................................................................................... 5
1.
Método e técnicas utilizadas................................................................................... 6
1.1.
Técnicas de recolha e análise de dados ......................................................... 7
1.2. Casos de estudo: Nomadic Matt, Nelson Carvalheiro, Byron Talbott e
Kripparian .................................................................................................................... 9
2. A expansão da comunicação online: enquadramento teórico e revisão da
literatura .........................................................................................................................12
2.1.
O potencial dos social media..........................................................................15
2.2. As áreas de negócio informais e a diversidade temática dos
comunicadores proficientes de CGU ........................................................................16
2.3.
3.
O parecer de uma especialista em comunicação online ..............................20
Resultados: as práticas de CGU em análise .....................................................21
3.1.
O blogger Matthew “Nomadic Matt” Kepnes .................................................21
3.3.
O blogger Nelson Carvalheiro ........................................................................24
3.4.
O youtuber Byron Talbott ...............................................................................26
3.5.
O livestreamer Octavian “Kripparian” Morosan ............................................32
4. Discussão de resultados ...........................................................................................34
Reflexões finais .............................................................................................................36
Glossário ........................................................................................................................39
Bibliografia .....................................................................................................................40
Apêndices ......................................................................................................................47
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Indivíduos convidados a participar do trabalho enquanto casos de estudo ou
especialistas em comunicação online ............................................................................... 8
Tabela 2 - Inventário de áreas temáticas de canais de YouTube e blogues.....................19
Tabela 3 - Primeiros posts de cada mês, categorizados (de Abril de 2014-2015): número
de comentários e videografia ...........................................................................................22
Tabela 4 - Órgãos de comunicação social, palavras-chave, períodos temporais e tipos de
conteúdos utilizados na análise de clipping .....................................................................56
Tabela 5 - Detalhes dos contactos realizados para entrevista a criadores de conteúdos:
indivíduos, datas e respostas...........................................................................................57
Tabela 6 - Detalhes dos contactos realizados para entrevista a especialistas: indivíduos,
datas e respostas ............................................................................................................58
Tabela 7 - Comparação entre o planeamento e a operacionalização do trabalho: casos de
estudo, especialistas e detalhes clipping .........................................................................60
Tabela 8 - Dados estatísticos referentes às semanas temáticas, por ordem decrescente
de subscrições geradas (em milhares) ............................................................................74
Tabela 9 - Características de comunicação e design das plataformas de comunicação dos
casos de estudo...............................................................................................................84
Índice de Gráficos
Gráfico 1 - Categorização das publicações do blogue Nelson Carvalheiro, de Março de
2014 a 2015.....................................................................................................................70
Gráfico 2 - Lista dos dez vídeos com mais visualizações (Março de 2014-2015) e
interactividade no universo de vídeos analisados ............................................................71
Gráfico 3 - Lista dos cinco vídeos com mais visualizações nas primeiras inserções de
cada mês durante o primeiro ano de existência do canal .................................................71
Gráfico 4 - Lista dos dez vídeos que mais subscrições geraram (Março 2014-2015) ......72
Gráfico 5 - Número total de visualizações de todos os vídeos no canal de YouTube de
Byron Talbott ...................................................................................................................73
Gráfico 6 - Número total de subscritores do canal de YouTube de Byron Talbott ............73
Gráfico 7 - Número de subscrições geradas por semana temática ..................................74
Índice de Figuras
Figura 1 - Indivíduos visados como casos de estudo .......................................................11
Figura 2 - Níveis de formalidade dos CGU.......................................................................17
Figura 3 - Número de publicações, por categoria, nas primeiras inserções de cada mês
no primeiro ano de existência do blogue (Abril de 2008-2009).........................................23
Figura 4 - Screenshot que demonstra um momento de intimidade entre o casal Talbott
durante o vídeo “The Cookie Cup” ...................................................................................29
Figura 5 - Screenshot que ilustra Rachel Talbott a validar o facto de se ter divertido a
participar no vídeo ...........................................................................................................29
Figura 6 - Homepage do blogue ......................................................................................51
Figura 7 - Categorias de conteúdos para novos viajantes ................................................51
Figura 8 - Detalhes fotográficos na disposição das publicações na homepage ................52
Figura 9 - Apresentação da homepage e dos posts mais recentes ..................................52
Figura 10 - Homepage do canal .......................................................................................53
Figura 11 - Sistema de comentários dos vídeos ..............................................................53
Figura 12 - Disposição visual de conteúdos e descrição da publicação ...........................53
Figura 13 - Informações úteis expostas na página do canal.............................................54
Figura 14 - A sala de conversação do canal em tempo-real.............................................55
Figura 15 - Screenshot do vídeo “Baumkuchen (Tree Cake”) ..........................................72
Figura 16 - Demonstração do tipo de letra informal no vídeo “The Cookie Cup” ..............73
Figura 17 - Ilustração do cenário usual (habitação, Canadá) em que Kripparian realiza as
suas transmissões ...........................................................................................................79
Figura 18 - Ilustração do cenário alternativo, visível no canto superior direito (competição
de videojogos, Alemanha), em que Kripparian realizou uma das suas transmissões .......79
Figura 19 - Imagem exposta no canal de Twitch de Kripparian quando a transmissão está
offline ...............................................................................................................................80
Figura 20 - Imagem exposta no canal de Twitch de Kripparian quando a transmissão se
iniciou há instantes ..........................................................................................................80
Figura 21 - Logótipo de Kripparian ...................................................................................80
Figura 22 - Exemplo da periodicidade das transmissões de Kripparian ...........................81
Figura 23 - Ilustração da notificação recebida via email por todos os seguidores do canal
de Twitch de Kripparian aquando do início da transmissão .............................................82
Figura 24 - Ilustração da secção de “hoodies”, no departamento de merchandising de
Kripparian da loja online DesignByHumans .....................................................................83
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Introdução
A expansão da internet e o crescimento dos social media nos últimos anos – tanto
em número de plataformas de comunicação como em número de utilizadores – têm vindo
a oferecer ao público em geral um vasto leque de opções para divulgar os seus
pensamentos, opiniões e experiências (os chamados “conteúdos gerados pelos
utilizadores” ou CGU), promovendo a sua identidade e estabelecendo relações sociais a
nível global (Kaplan & Haelein, 2010). Este panorama afigura-se benéfico para os
indivíduos activos deste “público-comunicador”, já que a notoriedade que podem alcançar
lhes proporciona maiores hipóteses de se tornarem os novos influenciadores (Solis &
Breakenridge, 2009), graças ao electronic word-of-mouth (eWOM) positivo gerado
(Cantallops & Salvi, 2014).
No panorama actual de websites, blogues, canais de YouTube, livestreams de
Twitch, páginas de Facebook e Twitter e outras plataformas de comunicação online
utilizadas por criadores de conteúdos, é possível identificar comunicadores que, embora
originalmente não o fossem de forma profissional, se tornaram entretanto comunicadores
proficientes. Estes identificam-se em diferentes categorias temáticas e em diferentes
canais. Face à utilização eficaz de ferramentas de comunicação online, os
comunicadores proficientes de CGU conseguiram fazer dos seus hobbies autênticas
profissões. O canal de YouTube PewDiePie (https://www.youtube.com/user/PewDiePie),
que conta com mais de 30 milhões de subscritores e ganhos anuais estimados que
podem chegar aos 12 milhões de euros (Social Blade, 2014), o blogue I Am Food Blog
(http://iamafoodblog.com/), que venceu o prémio de blogue gastronómico do ano em
2014 pela Saveur – revista gastronómica – ou o livestream de videojogos do utilizador
TheOddOne (http://www.twitch.tv/tsm_theoddone), o canal de um indivíduo (em oposição
a canais de organizações que também recorrem ao mesmo meio) mais visto da
plataforma Twitch – com mais de 170 milhões visualizações –, são alguns exemplos de
casos de maior notoriedade (Blog Rank, 2014; Saveur, 2014; Social Blade, 2014; The
Richest, 2014; Twitch, 2014). Os comunicadores proficientes de CGU, ao terem a
capacidade de comunicar para uma vasta audiência e ao ganharem uma base sólida de
subscritores, tornam-se alvos das marcas e empresas, que vêem em possíveis parcerias
oportunidades de obterem acesso a audiências e conteúdos que complementem as suas
estratégias de marketing (Halvorsson & Rach, 2012).
Destas considerações, decorreu a pergunta de partida “como utilizam os
criadores de conteúdos a comunicação online para se tornarem comunicadores
proficientes?” Pretende-se estudar como estes comunicadores determinam que
conteúdos são relevantes e que plataformas de comunicação os valorizam, a ponto de
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alcançarem elevados níveis de reconhecimento entre os seus públicos e um estatuto
profissional. Para realizar o estudo, será utilizada uma metodologia qualitativa, com
recurso a técnicas de análise bibliográfica e documental, análise de conteúdo audiovisual
e textual dos CGU e entrevistas semiestruturadas a comunicadores proficientes de CGU
e a especialistas em comunicação online.
Da estrutura do trabalho consistem quatro pontos: no primeiro, de métodos, é
descrita e justificada a metodologia para a realização do estudo; no segundo, a revisão
da literatura, é feita uma contextualização teórica do tema, bem como a explicação
fundamentada dos conceitos-chave; no terceiro, de teor mais prático, são expostos os
resultados, em conjunto com a sua análise; no quarto, é feita a discussão de resultados.
Por fim, serão apresentadas as considerações finais, à luz dos resultados obtidos.
1.
Método e técnicas utilizadas
Este trabalho surge da necessidade de compreender como é que os
comunicadores não-profissionais, que recorrem a diferentes plataformas de comunicação
(blogues, YouTube, entre outros), trabalham os seus conteúdos de forma eficaz, com o
intuito de cativar o interesse do público, bem como das empresas que reconheçam valor
nas suas aptidões como comunicadores.
Para a realização do trabalho, os objectivos estabelecidos foram:
1. Estudar histórias de estratégias de comunicação online de conteúdos
gerados pelos utilizadores (CGU), que levaram os criadores a tornaremse comunicadores proficientes e a profissionalizar os seus hobbies;
2. Identificar os condicionalismos inerentes à profissionalização dos
hobbies;
3. Compreender o processo de selecção de conteúdos e plataformas de
comunicação pelos comunicadores proficientes;
4. Perceber que conhecimentos têm os comunicadores proficientes dos
conteúdos que atraem os seus públicos.
Com o intuito de responder à pergunta de partida e alcançar os objectivos
traçados, a metodologia a utilizar foi qualitativa – apropriada para investigações que se
focam em processos sociais, como interacções e relações (Moreira, 1994). O processo
de transição entre a comunicação não-profissional e a comunicação proficiente – para o
efeito, equiparada à de profissionais habilitados – e a actividade que isso implica por
parte dos criadores de conteúdos, justifica o recurso a casos de estudo para que se
ganhe um melhor conhecimento da realidade (Creswell, 2003, p. 18). Foram escolhidos
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como casos de estudo os bloggers Matthew “Nomadic Matt” Kepnes e Nelson
Carvalheiro, o youtuber Byron Talbott e o livestreamer Octavian “Kripparian” Morosan.
1.1.
Técnicas de recolha e análise de dados
Recorreu-se à análise bibliográfica e documental de teses, artigos científicos,
publicações
especializadas
e
websites
de
marketing,
comunicação
online
e
comportamento do consumidor (casos da Briefing, da Forbes ou do PewResearch
Internet Project, entre outros), com o intuito de fundamentar teoricamente o estudo e os
conceitos-chave relacionados com o tema do trabalho. Esta etapa teve início em
Setembro de 2014 e prolongou-se até à conclusão do trabalho.
Foi realizada análise de conteúdo, audiovisual e textual, para diferenciar e
caracterizar os conteúdos que são divulgados nas plataformas online por parte dos
comunicadores proficientes de CGU. Concretizou-se ainda a visualização dos conteúdos
produzidos por livestreamers: para o efeito consideraram-se os utilizadores que recorrem
a plataformas online de divulgação de conteúdos audiovisuais em tempo-real. Para a
execução destas actividades, que decorreram de Fevereiro a Maio de 2015, recorreu-se
a materiais especializados em metodologia qualitativa – Richie, Lewis, Nicholls e Ormston
(2013), Lester e Dempster (2014), Herring (2004; 2010) e Herring, Scheidt, Kouper e
Wright (2007). Analisou-se, desde a génese destas plataformas de comunicação até final
de Maio de 2015, a evolução temática dos artigos e vídeos publicados por estes
comunicadores, bem como alterações no estilo de linguagem, mudanças do target e a
política de interacções com o público.
Por forma a complementar a pesquisa qualitativa, realizou-se clipping em
publicações generalistas e especializadas para melhor conhecer factos das histórias dos
casos de estudo. A nível nacional, a pesquisa foi feita nas publicações LifeStyle Público,
New in Town, BGamer e IGN Portugal. Quanto aos órgãos de comunicação social
internacionais, foram considerados o Huffington Post, a Red Bull eSports, a Tubefilter, a
Forbes, a TIME e a Renegade Travels. A escolha das publicações foi baseada em dois
critérios: produzirem materiais focados nas áreas temáticas abordadas e realizarem
trabalhos de investigação jornalística com ênfase na personificação, como sucede nos
casos de estudo. A pesquisa foi feita nos respectivos websites e com base na procura de
palavras-chave: os nomes dos indivíduos visados como casos de estudo, os respectivos
nomes de código, quando aplicável, e termos associados às suas áreas temáticas e
meios de comunicação. Foram consideradas notícias e entrevistas publicadas dentro dos
períodos de análise: desde a data de lançamento das plataformas de comunicação dos
casos de estudo até à conclusão do clipping, em Maio de 2015 (veja-se a Tabela 4, no
Apêndice 5 para mais detalhes).
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Outra técnica utilizada foi a entrevista semiestruturada a especialistas de
comunicação
online,
enquanto
investigadores
especializados
que
permitem
o
aprofundamento do tema (Quivy & Campenhoudt, 2005, p. 71). Através de um diálogo via
email que decorreu durante o mês de Maio de 2015, Dorie Clark (consultora de Marketing
e docente na área da comunicação na Universidade de Duke [EUA]) foi a única
especialista que se disponibilizou a participar do estudo. Foram realizados esforços no
sentido de obter o maior número de testemunhos possíveis porém sem sucesso: por falta
de disponibilidade dos convidados, alegado desenquadramento seu face à especificidade
do tema, ou simples ausência de resposta (veja-se a Tabela 1 e uma versão integral dos
contactos realizados nos Apêndices 6 e 7).
Tabela 1 - Indivíduos convidados a participar do trabalho enquanto casos de estudo ou
especialistas em comunicação online
Casos
Especialistas em
de estudo
comunicação online
Consultora
Nelson Carvalheiro
Entrevistas
realizadas
Profissão
Dorie Clark
Octavian “Kripparian” Morosan
de Marketing
e docente na área
da comunicação
Docente em Strategic
Byron Talbott
Matthew “Nomadic Matt” Kepnes
Burghardt Tenderich
Communication & Public
Ricardo Martins Pereira
Jornalista e blogger
Catarina Beato
Jornalista e blogger
Relations
João Campos
Jeffrey Cole
Sean “Day 9” Plott
Kjerstin Thorson
Convites para
Laura Vitale
T.L. Taylor
Steven “Destiny” Bonnell II
Jim Paradis
entrevista
Consultor de Branding &
Design
Docente na área da
comunicação
Docente na área da
comunicação
Docente em Comparative
Media
Docente em Comparative
Media Studies
Shannon O’Donnell
Nick Montfort
Docente em Digital Media
Emmy “Emmy Made in Japan”
Fox Harrell
Docente em Digital Media
“Nightblue3”
Vivek Bald
Docente em Digital Media
Brennon “Goldy”
Kristin Drogos
“Sodapoppin”
Joyce Walsh
Elise, de “MyCupCakeAddiction”
Mina Tsay-Vogel
“Fer0m0nas”
Marcus “djWHEAT” Graham
Docente em Emerging
Media & Communication
Docente em Digital Design
Docente em
Communication
Colaborador da Twitch TV
Fonte: elaboração própria
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Também visados pelas entrevistas semiestruturadas, constam igualmente do
trabalho os contributos de dois criadores de conteúdos proficientes, equiparados a
testemunhas privilegiadas e que validam o tema estudado. A entrevista concedida pelo
blogger Nelson Carvalheiro realizou-se via Skype (Março de 2015), enquanto a entrevista
do livestreamer Octavian “Kripparian” Morosan decorreu de contactos via email. De notar
que todas as entrevistas conseguidas para a realização do trabalho são referentes a
casos de estudo e a especialistas em comunicação online que não constavam do
planeamento inicial (veja-se a Tabela 7, no Apêndice 8).
Os testemunhos de Nelson Carvalheiro e Octavian “Kripparian” Morosan foram
importantes para as percepções apresentadas no estudo: contribuíram para a
identificação de padrões de comportamento dos criadores de conteúdos com abordagens
profissionalizantes dos seus hobbies. Os relatos na primeira pessoa das histórias
pessoais dos comunicadores deram a conhecer as várias fases e condicionantes dos
projectos de CGU, posteriormente comparadas com outros casos de estudo. Os
contributos dos criadores de conteúdos ganham assim relevância, já que foi possível
analisar comparativamente diversas plataformas de comunicação e áreas temáticas.
1.2.
Casos de estudo: Nomadic Matt, Nelson Carvalheiro, Byron Talbott
e Kripparian
Os casos de estudo visados no trabalho, conforme apresentados na Figura 1,
foram seleccionados devido ao interesse em analisar diferentes plataformas de
comunicação: blogging, YouTube [video logging] e livestreaming. Após a identificação
das plataformas de comunicação em foco, a escolha das áreas temáticas derivou
também de condições como a crescente notoriedade e o sucesso dos criadores de
conteúdos. Porém, foram ainda tidos em conta factores macro-orientados, como o
crescimento mundial do turismo em 2014, através de um aumento em 4,7 por cento de
turistas internacionais entre Janeiro e Outubro, em relação ao ano transacto, perfazendo
um total de 978 milhões de pessoas que contribuíram para o turismo em todo o Mundo
(World Tourism Organization UNWTO, 2014). A área turística foi ainda influente para o
desenvolvimento económico e da imagem de marca de Portugal (Brand Finance, 2014;
Briefing, 2014). Quanto à gastronomia, esta ganha relevância face aos conteúdos
programáticos de diversas estações de televisão (FOX, Food Network, TLC, entre outras)
e por ter vindo a permitir a ascensão mediática de personalidades da área, como o chef
escocês Gordon Ramsay (FOX, 2014) ou o chef britânico Jamie Oliver (Jamie Oliver,
2014). Já o interesse pelo desenvolvimento de uma marca pessoal na área dos
videojogos relaciona-se com o crescimento da indústria nos últimos anos: as receitas
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cresceram anualmente e de forma progressiva entre 2012 e 2014 (Gartner, 2014),
prevendo-se ainda um crescimento continuado de 6,8 por cento até 2018 (Statista, 2014).
A ausência de respostas aos convites para entrevista condicionou a lista de
indivíduos abordados como casos de estudo e, consequentemente, o desenho da
pesquisa e análise desenvolvidas no trabalho. Porém, destaca-se que foi possível
analisar um caso de estudo português, o que permitiu fazer a comparação de estratégias,
métodos e práticas com os casos de estudo estrangeiros, além de conferir uma maior
abrangência ao estudo.
Blogging
Na vertente de blogging, Nomadic Matt (apresentado na Figura 1) distingue-se
pelos conteúdos de teor turístico, com especial atenção sobre os destinos de viagem, o
planeamento, o “como” viajar com um orçamento baixo, entre outros tópicos (veja-se no
Apêndice 1 uma ilustração preliminar do blogue). Como plataformas de comunicação
online alternativas, o blogger tem presença no Facebook, Twitter, Google Plus e Pinterest
(Nomadic Matt, 2014). O interesse em Nomadic Matt surge ao ser identificado pelo Blog
Rank – website que recolhe dados de milhares de blogues e os hierarquiza em diferentes
categorias com base em mais de 20 factores diferentes, contando já com mais de 20.000
blogues e 50 categorias na sua base de dados (Blog Rank, 2014) – como o blogue líder
mundial na categoria de “travel”. Em Nomadic Matt, foram analisadas as publicações em
dois períodos distintos: os primeiros posts de cada mês, desde Abril de 2008 a 2009
(correspondentes aos primeiros 12 meses de existência do blogue) e os primeiros posts
de cada mês, desde Abril de 2014 a 2015 (estudo da prática comunicativa mais recente),
o que permitiu comparar as abordagens e ganhar uma perspectiva evolutiva do projecto.
No entanto, mediante a indisponibilidade de Nomadic Matt para a realização de
uma entrevista, foi feito um contacto com o blogger Nelson Carvalheiro (apresentado na
Figura 1; veja-se no Apêndice 2 uma ilustração preliminar do blogue) e do qual resultou a
concretização de uma entrevista – um contributo positivo que permitiu ver respondidas
questões comuns aos criadores de conteúdos na vertente de blogging e com foco na
área do turismo. Nelson Carvalheiro caracteriza-se por desenvolver uma narrativa mais
focada no turismo gastronómico nacional e internacional, sem descurar das opções de
destino, e foi destacado com o prémio “Travel Blogger” europeu do ano em 2014 (Santos,
L. J., 2014) e do Mundo, em 2015 (Nelson Carvalheiro, 2015). Para o caso de Nelson
Carvalheiro, foram analisadas as entradas do website referentes aos primeiros 12 meses
de existência do blogue e aos 12 meses que antecederam a recolha (desde Março de
2014 a 2015). Dado que as publicações não apresentavam discriminada a data em que
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
foram lançadas, a estimativa temporal foi feita através das datas em que as publicações
foram divulgadas na página de Facebook do blogue.
Figura 1 - Indivíduos visados como casos de estudo
Matthew “Nomadic Matt” Kepnes
Nelson Carvalheiro
Matthew “Nomadic Matt” Kepnes
Nelson Carvalheiro
Byron Talbott (esq.)
Octavian “Kripparian” Morosan
Fontes: Byron Talbott (2014); Kripparian (2015b); Nelson Carvalheiro (2015); Nomadic Matt (2014)
Byron Talbott (esq.)
Octavian “Kripparian” Morosan
YouTube (video logging)
No caso do youtuber Byron Talbott (apresentado na Figura 1), os conteúdos
divulgados focam-se na gastronomia, na partilha de experiências pessoais e técnicas de
cozinha (veja-se no Apêndice 3 uma ilustração preliminar do canal de YouTube). O
comunicador é um chef, com habilitações e credenciais, que optou por abdicar do cargo
que desempenhava num restaurante para adoptar o papel de comunicador proficiente de
CGU como principal ocupação. Além do canal de YouTube, Byron Talbott também se
expandiu ao Facebook, Twitter, Google Plus, Instagram e, mais recentemente, criou
ainda um website pessoal – http://www.byrontalbott.com/ (Talbott, 2014). A opção de
Byron Talbott em abdicar de uma carreira como chef, onde já estaria a cimentar uma
reputação no contexto norte-americano, para adoptar uma nova ocupação enquanto
comunicador proficiente de CGU, confere-lhe relevância perante os aspectos da
comunicação online que se pretendem estudar. Para análise, foram considerados todos
os vídeos publicados de Março de 2014 a 2015, além dos vídeos publicados desde
Janeiro de 2012 – arranque do canal – até ao respectivo mês em 2013.
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Livestreaming
Já o livestreamer Kripparian – nome de código de Octavian Morosan (apresentado
na Figura 1) – produz e divulga conteúdos na área dos videojogos, através do seu canal
na Twitch TV (veja-se no Apêndice 4 uma ilustração preliminar do canal) – plataforma de
vídeos e comunidade de jogadores de videojogos (Stuczynski, 2014; Twitch, 2014).
Identifica-se em Kripparian, que desempenha os papéis de jogador, apresentador de
eventos e comentador especializado – tudo na área dos videojogos – o usufruto do nome
de código enquanto marca, já que dispõe de uma loja com artigos de merchandise. O
livestreamer recorre ainda a outras vias de comunicação, tendo presença no Facebook,
no Instragram, no Twitter e no YouTube (Kripparian, 2015a; Kripparian, 2015b). Dos
conteúdos criados, analisaram-se os dois vídeos com maior número de visualizações dos
últimos 12 meses em relação à data das visualizações – desde Abril de 2014 a 2015.
2.
A expansão da comunicação online: enquadramento teórico
e revisão da literatura
As organizações e indivíduos podem ganhar valor focando-se na interacção com
os consumidores, na comunicação, num bom atendimento ao cliente, na oferta de
informação útil, na criação de conteúdos partilháveis e cativantes, bem como na
compostura visual das plataformas de comunicação (Alcorn, 2011, p. 25). Tendo em
conta esses princípios, a comunicação online permite às empresas diferenciarem-se da
concorrência produzindo conteúdos originais, que, em concordância, reflictam a imagem
percepcionada da marca pelos consumidores e que contenham informação que ajude o
público a realizar algo melhor, de forma mais inteligente e mais fácil (Halvorsson & Rach,
2012).
Da revisão da literatura, é possível constatar que, em Portugal, o tema que se
pretende estudar ainda parece ter sido pouco abordado. Porém, é possível identificar
outros trabalhos que visam áreas adjacentes, como o de Bolaños, Ribeiro e Ramos
(2014), que se foca no contributo do word-of-mouth e dos CGU para a comunicação
turística, e o estudo de Sacramento (2013), que versa sobre a percepção do consumidor
quanto a negócios de restauração face à informação disponibilizada online. Já o trabalho
desenvolvido por Simões (2014), visa o comportamento de compra online e menciona
factores como a confiança e o risco, evidenciando a recorrência no estudo do
comportamento do consumidor. Podendo vir a complementar esse tema, os objectivos
estabelecidos pelo investigador direccionaram o presente estudo para uma tentativa de
perceber de que forma os CGU são seleccionados pelos criadores de conteúdos e se
estes têm em conta as opiniões e interesses dos consumidores.
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Associada ao marketing online – de acordo com Kotler, Burton, Deans, Brown e
Armstrong (2013, pp. 530-531), uma de várias formas de marketing directo, caracterizado
como imediato e interactivo na relação vendedor-consumidor – quando num contexto
empresarial/comercial, a comunicação online continua a ganhar notoriedade à medida
que os meios tecnológicos se vão desenvolvendo, permitindo às empresas uma maior
compreensão do comportamento dos consumidores. Para os vendedores que procuram
conquistar o público e gerar lucro, o marketing directo prova-se uma ferramenta de custo
reduzido, eficiente, rápida e preponderante na construção da relação com o consumidor.
Kotler e outros (2013, p. 541) referem ainda que a aproximação das empresas aos
consumidores, através da comunicação online, facilita a obtenção de feedback
relativamente aos seus produtos e serviços, o que lhes permite utilizar essa informação
para personalizarem e adaptarem a sua produção aos gostos do consumidor.
O consumidor, quando sente que é ouvido e que tem a atenção das empresas e
marcas, apresenta maiores níveis de satisfação para com os produtos e serviços, o que
resulta numa maior confiança e, consequentemente, num maior empenho para com as
entidades vendedoras e produtoras. Com base nesta lógica sequencial, “quanto maior for
o empenho dos consumidores, maior é a propensão em recorrer à comunicação online
para divulgar informação positiva, partilhar opiniões e discutir e recomendar o vendedor”,
acções que caracterizam o electronic word-of-mouth (Tsao & Hsieh, 2012, p. 830).
Para o efeito, assume-se a definição de electronic word-of-mouth (eWOM) de HennigThurau, Gwinner, Walsh e Gremler (2004, p. 39): “qualquer argumento, positivo ou
negativo, feito por um potencial, actual ou antigo consumidor sobre um produto ou
empresa, disponibilizado a várias pessoas e instituições através da internet”.
De
um
ponto
de
vista
negativo
do
eWOM
e
com
consequências
contraproducentes, por vezes os conteúdos e mensagens promocionais das empresas e
marcas, direccionados aos consumidores e com o intuito de promover o aumento das
vendas, descrevem os produtos e serviços de forma não coerente com a sua real
utilidade e função. O resultado traduz-se num cliente insatisfeito, arrependido da compra
que fez e decidido a não voltar a consumir a marca, produto e/ou serviço: “mesmo num
mercado com milhões de pessoas, é impressionante a velocidade com que se espalha a
reputação de um vendedor desagradável” (Abingdon, 2005, p. 90).
Face à evolução das tecnologias de informação, existem na actualidade diversos
meios electrónicos – profundamente ligados à comunicação online – que difundem o
eWOM, sendo possível definir uma tipologia desses canais: um-para-um, como os emails
e as mensagens instantâneas; um-para-vários, onde se ajustam os websites, as
avaliações de produtos, as salas de conversação e os blogues pessoais; e vários-paravários, que incluem os blogues empresariais, as comunidades virtuais e os grupos de
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
notícias (Litvin, Goldsmith & Pan, 2008). Os consumidores, que, através dos conteúdos
disponibilizados, recorrem às plataformas online para pesquisar e obter informações
sobre empresas, marcas e produtos do seu interesse, tendem a construir a sua opinião
baseando-se na opinião de outros utilizadores. Os bloggers, youtubers, livestreamers e
outros criadores de conteúdos via social media, enquadram assim uma lista de
influenciadores: pessoas cujas opiniões informam e moldam as opiniões dos
consumidores (Halvorsson & Rach, 2012).
Os materiais produzidos pelos criadores de conteúdos enquadram-se com o
conceito de conteúdos gerados pelos utilizadores (CGU): todas as diferentes formas
de conteúdos, criados e disponibilizados pelo consumidor-final, divulgados através dos
social media (Kaplan & Haenlein, 2010). Já a Organisation for Economic Cooperation and
Development – OECD (2007) identifica três características para que os materiais
difundidos possam integrar a definição de CGU: necessitam de ser publicados e
disponibilizados numa plataforma disponível ao público; os utilizadores têm que dar o seu
cunho pessoal ao que estão a partilhar – casos de fotografias, textos em blogues ou
vídeos – e o processo de criação tem de acontecer fora das rotinas e práticas
profissionais, como redacções ou espaços empresariais.
No que aos CGU diz respeito, é possível identificar cinco ideias-chave que, se
adoptadas pelos criadores de conteúdos, permitem estabelecer e manter uma relação
com a audiência: ser activo, através da partilha de conteúdos recentes e que promovam a
discussão e a interacção com e entre o público; ser interessante, através da tomada de
consciência dos interesses, gostos e valores do público; ser humilde, mostrando sempre
uma postura aberta, de aptitude à aprendizagem; ser informal, para manter uma maior
proximidade com o público e ser honesto, já que num contexto online é mais fácil ao
público identificar as incoerências (Kaplan & Haenlein, 2010).
Entre as plataformas de comunicação que difundem os CGU identificam-se os
denominados social media, que estão em constante crescimento nos últimos anos.
Segundo Kaplan e Haenlein (2010), desde Janeiro de 2009, só o Facebook
(http://www.facebook.com) – website de redes sociais digitais – contava com mais de 175
milhões de utilizadores registados. No terceiro quarto de 2014 a rede social já registava
1.350 mil milhões de utilizadores (Statista, 2014b). Este é um recurso utilizado por
pessoas de todas as gerações, já que, em 2013, 74 por cento dos utilizadores de internet,
compreendidos entre 18 e mais de 65 anos, já haviam recorrido aos social media (Pew
Research Internet Project, 2014).
Os números de utilizadores no Facebook são demonstrativos do alcance das
redes sociais online. Abingdon (2005, p. 59) enaltece que, enquanto ferramentas de
marketing e veículos do eWOM, as redes sociais online adquirem relevância dado que a
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
partilha de opiniões dos consumidores, quando “positivas – onde se enquadram também
referências e endorsements” – tem um efeito de até 90 por cento no retorno dos clientes.
O autor expõe ainda que as marcas e empresas não devem negligenciar a existência de
eWOM negativo, dado que este pode ter um efeito desfavorável ao levar à perda de
clientes estabelecidos e de potenciais novos clientes.
2.1.
O potencial dos social media
Em comparação com a comunicação offline, existem aptidões sociais que
transitam das relações presenciais para a comunicação online e revelam ser igualmente
vantajosas, em particular na forma como se estabelecem as redes de comunicação e
trabalho (Shuen, 2008). No que aos social media diz respeito, é possível identificar seis
tipologias: projectos de colaboração, caso da Wikipédia; blogues; comunidades de
conteúdos, como o YouTube; redes sociais, onde se enquadram o Facebook e o
Twitter, entre outros; realidades de jogos virtuais, exemplo do World of Warcraft; e
realidades sociais virtuais, como o Second Life (Kaplan & Haenlein, 2010). Ao contrário
do que acontece na comunicação presencial (em que a imagem pessoal adquirida por
terceiros é gerada de um conjunto de associações e estereótipos limitado), num contexto
digital, nomeadamente nos social media, qualquer pessoa pode ser associada a todos os
produtos, marcas ou experiências, estando apenas dependente da sua apresentação, da
sua auto-exposição e da forma como comunica (Schau & Gilly, 2003).
Tomando especial atenção ao universo da blogosfera, a redifusão de conteúdos
online é um dos mecanismos que permite aos CGU atingirem o estatuto de virais, com
elevado nível de notoriedade. Os feeds RSS, os hiperlinks e os agregadores de notícias,
como é o caso da Google (http://www.google.com), viabilizam uma globalização de rápido
alcance dos materiais divulgados na internet. Essa capacidade permite aos utilizadores
partilhar, arquivar e pesquisar conteúdos como documentos, imagens, vídeos ou
podcasts: conhecimentos e informações, pessoais e subentendidos, previamente
indisponíveis (Shuen, 2008).
Considerando a variedade de plataformas de comunicação online à disposição do
público e das empresas (Facebook, Twitter, YouTube, Blogger, Wordpress, entre outros),
alcançar os objectivos estabelecidos para os social media requer estratégia (Alcorn,
2011). Analisando de forma particular o blogue como uma extensão das empresas e um
utensílio de marketing, identifica-se uma potencialidade de lucro grande, mas quando
utilizada de forma adequada. O recurso a bloggers profissionais – dotados de
capacidades de escrita e cientes dos detalhes técnicos que envolvem a comunicação
online – por parte das empresas, com o objectivo de obter auxílio na estratégia de
marketing através dessa plataforma de comunicação, corrobora algumas das aptidões
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
destes comunicadores proficientes de CGU: “sabem a melhor forma de chegar ao
público-alvo”; “percebem a ideologia de gerar lucro através do blogue”; “são
conhecedores das palavras-chave a utilizar e das melhores plataformas para blogging”
(Lyngbo, 2012, p. 9). Os comunicadores proficientes de CGU caracterizam-se assim
como pessoas cientes de que, para um maior efeito online, segundo Berger e Iyengar
(2013), precisam de expor o material de forma interessante ou inesperada para conseguir
resultados. Ao exceder as expectativas, ou surpreender o público, existem maiores
probabilidades dos conteúdos serem partilhados: gerar WOM e eWOM.
É com base na ideologia de partilha que surge uma nova rede social online, a
Nomadmovement (http://www.nomadmovement.com/). Criado por uma equipa de jovens
portugueses empreendedores, o projecto foca-se na componente turística com o
propósito de permitir aos utilizadores “criar e/ou introduzir conteúdos (como fotografias,
vídeos e textos) num diário de viagem, que é organizado cronologicamente e depois
partilhado” (Gonçalves, 2014). A Nomadmovement foi disponibilizada ao público em 2015
e proporciona aos utilizadores a possibilidade de ficarem a conhecer as experiências
pessoais de outros viajantes na comunidade, informação que deverá facilitar o
planeamento de viagens futuras (Nomadmovement, 2015) – fomenta o crescimento dos
CGU e a adesão ao blogging, microblogging e/ou vídeo logging.
2.2.
As áreas de negócio informais e a diversidade temática dos
comunicadores proficientes de CGU
Independentemente da diversidade temática, Lobato, Thomas e Hunter (2010)
reconhecem a principal ocupação dos comunicadores proficientes de CGU como parte
integrante das áreas de negócio informais, conforme ilustra a Figura 2. Considere-se o
exemplo mais próximo do eixo formal, as cartas enviadas ao editor, que, mesmo
contemplando uma forma de CGU, são editadas de forma profissional e formatadas
segundo normas rigorosas quanto a detalhes como tamanho, conteúdo, estilo, entre
outros. No sentido oposto e mais próximos do nível informal, Lobato, Thomas e Hunter
(2010, pp. 4-5) identificam os vídeos do YouTube, as fotografias amadoras e as fanzines
– publicações não-profissionais criadas por fãs, sobre um fenómeno cultural em particular
(géneros literários, musicais ou cinematográficos, entre outros) – às quais equivalem
também os blogues.
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Figura 2 - Níveis de formalidade dos CGU
Fonte: Lobato, Thomas & Hunter (2010, p. 4)
A diversidade de tipos de CGU, em conformidade com a variedade de plataformas
de comunicação online disponíveis, representa a possibilidade de perceber como os
utilizadores fazem uso da internet e de que forma esse uso lhes permite aumentar as
suas experiências pessoais (Ahmed, Spagna, Huici & Niccolini, 2013).
A relevância dos CGU é corroborada pela atenção prestada pelas empresas às
suas plataformas de comunicação online, em constante adaptação à nova realidade
digital e com áreas especializadas para a partilha de conteúdos gerados pelos
utilizadores. Segundo Liu, Karahanna e Watson (2011, p. 239), se os objectivos
estabelecidos pelas empresas para os espaços destinados às avaliações online dos
consumidores – desenvolver uma compreensão imparcial sobre os produtos, construir
padrões de avaliação e reduzir os custos cognitivos – forem alcançados, estes ajudam os
consumidores nas suas escolhas de compra, reduzem os custos cognitivos e diminuem
as emoções negativas inerentes à escolha – custo de oportunidade.
A troca de informação entre consumidores através das plataformas de
comunicação online pode contribuir para o progresso ou retrocesso da prosperidade
financeira das empresas e marcas. Os consumidores, ao tomarem consciência da sua
capacidade influenciadora em terceiros através dos social media, chegam a optar por
desenvolver a sua própria marca pessoal, que pode ou não ser posteriormente associada
a uma organização já existente (Weinberg & Berger, 2011). A interactividade e
dinamismo a que se associa o eWOM, permite aos consumidores assumirem o papel de
criador, receptor e emissor de opiniões. O interesse em criar conteúdos – CGU – e em
partilhá-los prova-se útil na gestão de marca e no crescimento da sua relevância (Chu &
Kim, 2011). Estas características conferem ao eWOM e aos CGU a capacidade de
contribuir no desenvolvimento de diferentes áreas de negócio.
Na área do turismo, os factores que influenciam os consumidores na escolha dos
destinos de viagem ou dos locais de alojamento – além de alvo de estudo recorrente para
que se mantenham actualizadas as informações sobre as percepções e gostos do público
– são associados, não exclusivamente, aos efeitos do eWOM e dos CGU. De acordo com
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Arsal, Woosnam, Baldwin e Backman (2010), num contexto comparativo entre o eWOM
gerado por consumidores locais ou consumidores experientes em viagens, os resultados
são conclusivos quanto à eficácia ou não do eWOM, apenas divergindo quanto ao
emissor da mensagem mais influente. No que toca às opiniões partilhadas sobre locais
de alojamento e alimentação, os comentários nos fóruns em análise exerceram influência
sobre o futuro consumidor, e em maior escala quando provenientes dos consumidores
locais. Já no que ao destino da viagem diz respeito, os consumidores experientes
possuem maior credibilidade e influência. Mas nem só os comentários surtem efeito.
Segundo Ye, Law, Gu e Chen (2011), os vídeos criados por consumidores e os sistemas
de ranking de avaliações também funcionam como factor orientador no comportamento e
na decisão de compra de outros consumidores e, como tal, têm impacto nas vendas.
Ao considerar-se o eWOM, há que ter em conta os seus possíveis efeitos
negativos. O trabalho desenvolvido por Hennig-Thurau, Wiertz e Feldhaus (2014) ilustra
que o eWOM negativo gerado através do Twitter (http://www.twitter.com) – rede social de
microblogging – tem influência na área da indústria cinematográfica, em particular na
aceitação ou não de filmes recém-estreados. Quando os consumidores procuram por
informação sobre que filme assistir no cinema, os autores demonstram que o Twitter
representa uma ferramenta com efeito decisório por quatro razões: é um recurso de
primeira instância para obter informação sobre o que pensam outros consumidores que já
assistiram ao filme em questão; é uma forma de desfazer a indecisão sobre qual o filme
que o consumidor vai assistir, com base na informação que obtiver de outros
consumidores; é uma rede de segurança, para quando o consumidor não consegue obter
informação sobre o filme por nenhuma outra via; e mesmo quando o consumidor está
interessado em assistir a qualquer filme, este pode ter a sua opinião influenciada com
base na informação divulgada por outros consumidores presentes na sua rede de
contactos.
O comportamento dos consumidores, quando associado às particularidades do
Twitter, reflecte que os tweets – comentários dos utilizadores – de teor negativo tendem a
sobressair, em detrimento do marketing positivo sobre os filmes. Os mesmos autores
evidenciam que os produtos considerados pelos consumidores como de menor qualidade
sofrem mais com as consequências do eWOM negativo, do que beneficiam com o
positivo.
No caso da indústria musical, identificam-se estudos sobre os efeitos do eWOM e
dos CGU, com particular incidência sobre os social media. Morales-Arroyo e Pandey
(2010) constatam que, apesar de o número de vezes que um álbum de música é
reproduzido através das redes sociais online não ser um factor determinante no aumento
das vendas dos discos, os comentários partilhados pelos utilizadores, onde divulgam as
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
suas preferências musicais, já o são. No entanto, o eWOM proveniente dos blogues parte
de informações não somente divulgadas por consumidores, mas também de meios de
comunicação social que recorrem a esta ferramenta como espaço de opinião. Para
Morales-Arroyo e Pandey (2010, p. 1233), os blogues provam-se como o melhor meio
para conseguir informação actualizada sobre música.
Tendo em conta as especificidades apresentadas em torno dos conceitos de
eWOM e CGU, as características da comunicação online associada aos comunicadores
proficientes de CGU assemelham-se às da descrição de intermediários culturais, que por
sua vez são definidos como tastemakers (“influenciadores de gostos”) devido ao trabalho
que desenvolvem (Maguire & Matthews, 2014). Os autores frisam ainda que os
intermediários culturais não são capazes de forçar desejos ou compras, podendo sim
criar as condições para os consumidores identificarem os seus gostos (2014, p. 20).
Ainda quanto ao teor dos CGU, tanto dos comunicadores proficientes como de
qualquer comunicador, estes podem ser agrupados em diversos grupos temáticos (vejase a Tabela 2 para mais detalhes). Analisando os canais de YouTube, através das
informações disponibilizadas pelo Social Blade, nos dez primeiros lugares do Rank SB –
“hierarquia criada para medir a influência dos canais, com base no número de
visualizações e na rede de contactos, além do número de subscritores” – de Dezembro
de 2014 constavam as seguintes categorias, e respectivas frequências: entretenimento
(6); filmes (2); música (1); e videojogos (1).
Tabela 2 - Inventário de áreas temáticas de canais de YouTube e blogues
Categorias
Website
Sem fins lucrativos e Activismo; “Auto & Vehicles” (automobilismo); “How to & Style”
Social Blade (YouTube)
(“Como fazer e Estilo”); Animais; Ciência e Tecnologia; Comédia; Desporto; Educação;
Entretenimento; Espectáculos; Filmes; Música; Notícias e Política; Pessoas e Blogues;
Viagens; Videojogos
Arte e Literatura; Blogging; Comércio electrónico; Computadores e Internet; Desporto;
Blog Rank (blogues)
Gastronomia; História e Religião; Interesses; Negócios e Dinheiro; Saúde; Social
Media; Viagens/Turismo; Vida e Pessoas
Fontes: Social Blade (2014); Blog Rank (2014)
Além das categorias apresentadas, entre toda a base de dados do website,
identificam-se ainda outras como comédia, “how to & style” (“como fazer e estilo”),
pessoas e blogues ou viagens (Social Blade, 2014). Já os blogues, apesar de não se
identificar qualquer hierarquização inter-categorias, também apresentam um vasto grupo
de temas: uns, em concordância com os apresentados para o YouTube (“Vida e
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Pessoas” e “Viagens”); outros, com focos distintos (“Desporto”, “Gastronomia”, “Arte e
Literatura”, “Blogging”, “Social Media” ou “Comércio electrónico” (Blog Rank, 2014)).
Perante os CGU divulgados pelos comunicadores, proficientes ou não, Maguire e
Matthews (2014) aludem para o facto de o contributo cultural ser recompensado através
de uma política de recompensas monetárias. Porém, os autores referem ainda que o
poder influenciador identificado nos comunicadores proficientes de CGU, associados ao
estatuto de intermediários culturais, requer da parte destes uma imagem de autoridade,
para que as suas conotações e os seus estilos de vida pessoais acarretem a
credibilidade necessária, a ponto de servirem como um exemplo a seguir por parte do
público.
2.3.
O parecer de uma especialista em comunicação online
Face à escassa informação que verse exclusivamente sobre a profissionalização
de acções de CGU, realizou-se uma entrevista a Dorie Clark, consultora de marketing e
docente da Universidade de Duke (veja-se a entrevista integral no Apêndice 9) –
conhecedora de casos que a própria nomeia como “lifestyle entrepeneurs”. De um ponto
de vista estratégico, a especialista defende que o email marketing e a criação de carteiras
de contactos (parceiros, endorsers, público avaliado como possíveis colaboradores, entre
outros) representa uma oportunidade para fazer crescer a notoriedade dos projectos de
CGU.
Clark realça ainda que qualquer vertente de comunicação (blogging, livestreaming
ou podcasting) pode ser rentável, evidenciando que os aspectos comunicacionais e
técnicos dos projectos são determinantes para que se gere word-of-mouth positivo e para
que, consequentemente, haja perspectivas de sucesso. Um dos detalhes foca-se na
periodicidade com que os criadores de conteúdos divulgam o seu “produto” e no
contributo que esta tem para o desenvolvimento dos projectos:
“Podcasts typically were weekly programs until John Lee Dumas created his daily
show, which shot his listenership metrics through the roof and proved very successful in
attracting advertisers” (Dorie Clark; veja-se no Apêndice 9)
A realização de entrevistas e a criação de conteúdos baseados nas matérias
divulgadas por outros especialistas é uma das formas para atingir o estatuto de “líder de
opinião” ou “intermediário cultural”. Dorie Clark defende um processo alternativo a uma
ideologia comum: enquanto a percepção de uns é de que existe a necessidade de atingir
determinado nível de resultados – com base em métricas digitais – para que
posteriormente os conteúdos confiram determinando estatuto, a especialista frisa o
sentido inverso, onde a selecção dos conteúdos é o factor diferenciador, que confere aos
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
criadores de conteúdos uma especialização temática e os torna numa referência para o
público.
Quanto à avaliação dos projectos, o número de comentários, número de
visualizações, número de partilhas, entre outras estatísticas, reflectem resultados como o
alcance conseguido, o interesse gerado, entre outros. Porém, Clark aponta uma métrica
alternativa (através de um exemplo), a mais objectiva – mas também mais audaz – para
demonstrar a rentabilidade dos projectos de criação de conteúdos e as suas
potencialidades de profissionalização: “John Lee Dumas and Pat Flynn of Smart Passive
Income post their monthly income reports, which is a brave form of sharing and is the
ultimate success metric”.
3.
Resultados: as práticas de CGU em análise
Das técnicas de pesquisa e recolha de dados utilizadas, é possível expor
resultados relativos às diferentes características identificadas na comunicação utilizada
pelos criadores de conteúdos proficientes abordados como casos de estudo (Byron
Talbott, Matthew “Nomadic Matt” Kepnes, Nelson Carvalheiro e Octavian “Kripparian”
Morosan). No presente ponto são apresentadas análises focadas nas histórias pessoais
dos indivíduos, nos conteúdos de texto e imagem, no teor das mensagens, nos
maneirismos de comunicação dos indivíduos, na sua apresentação, entre outros detalhes
que expliquem as suas opções estratégicas e escolhas nos respectivos projectos.
3.1.
O blogger Matthew “Nomadic Matt” Kepnes
O caso de estudo Nomadic Matt conjuga a criação de conteúdos na vertente de
blogging e a área temática do turismo. Desde o lançamento do blogue, em 2008, e até ao
momento em que Matthew “Nomadic Matt” Kepnes conseguiu tornar o projecto rentável,
ao ponto de conseguir fazer dele uma profissão, passaram-se 18 meses. Um período de
tempo utilizado pelo blogger para, ciclicamente, se auto-reavaliar na tentativa de perceber
como poderia crescer e para se aperceber sobre o que de realmente único teria para
oferecer ao seu público (Clark, 2014). Através de uma perspectiva comparativa e para
que fosse possível analisar a evolução da comunicação utilizada pelo blogger no seu
projecto, dividiu-se a análise entre a prática actual (Abril de 2014 a 2015) e a génese do
blogue (Abril de 2008 a 2009). A ordem cronológica referida é coerente com o processo
de contacto que o leitor tem com os conteúdos divulgados: a estrutura do blogue força o
utilizador a navegar pela plataforma desde as publicações mais recentes até às mais
antigas.
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Perante os dados adquiridos, foi possível identificar cinco categorias que definem
o teor dos conteúdos publicados no período em análise: a utilidade turística,
caracterizada por conselhos e tips que informam e facilitam as decisões dos leitores
quanto à actividade turística; a rubrica, que se assemelha a um artigo de opinião com
maior ênfase na partilha de experiências pessoais; as relações públicas, que conjugam a
autopromoção, através divulgação de produtos e méritos pessoais, e hétero promoção,
com a comunicação de passatempos; o storytelling, que narra uma realidade concreta ou
imaterial ou uma experiência alheia, com a possibilidade de recurso ao relato criativo; e a
etnografia turística, que descreve historicamente um espaço físico ou uma cultura.
Tendo em conta apenas a comunicação mais recente, é possível inferir que os
conteúdos que geram maior interacção por parte da audiência incidem sobre a temática
da utilidade turística (conforme na Tabela 3), já que dentro das cinco publicações que
geraram mais comentários, três destas inserem-se na categoria mencionada. Os mesmos
dados permitem determinar que a utilidade turística é o tema sobre no qual o indivíduo
mais se foca na actualidade, com seis publicações, deixando para um segundo grau de
importância a escrita em forma de rubrica – apenas metade das incidências (3). Sendo
que das 13 publicações em análise, apenas uma possui conteúdos videográficos,
Nomadic Matt caracteriza-se assim por recorrer exclusiva e predominantemente à escrita,
opção que lhe permite dirigir-se ao seu público de forma simples, directa e objectiva para
os tópicos que aborda. Na ocasião em que o vídeo foi utilizado, os conteúdos inseriam-se
numa categoria de storytelling, temática da qual o blogger se tem distanciado com a
evolução do projecto.
Tabela 3 - Primeiros posts de cada mês, categorizados (de Abril de 2014-2015): número de
comentários e videografia
Abril (2014)
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro (2014)
Janeiro (2015)
Fevereiro
Março
Abril (2015)
Categorias
Storytelling
Utilidade turística
Utilidade turística
Rubrica
Rubrica
Utilidade turística
Utilidade turística
Storytelling
Utilidade turística
Relações públicas
Rubrica
Utilidade turística
Etnografia turística
Número de comentários
17
97
34
15
44
34
78
24
22
63
68
45
7
Existência de vídeo

Fonte: elaboração própria
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Figura 3 - Número de publicações, por categoria, nas primeiras
inserções de cada mês no primeiro ano de existência do blogue
(Abril de 2008-2009)
Fonte: elaboração própria
Em comparação com o teor das publicações dos primeiros 12 meses de
existência do blogue (veja-se o Figura 3), identifica-se uma mudança na comunicação de
Nomadic Matt. No primeiro ano do projecto, além de as rubricas serem a categoria com
maior ocorrência, o facto mais contrastante com a actualidade é o de as publicações com
cariz utilitário serem as menos utilizadas. Este aspecto aponta para uma evolução na
comunicação de Nomadic Matt que, com o desenvolver do projecto se terá apercebido
mais concretamente do tipo de conteúdos que queria trabalhar e também quais os
conteúdos que despertavam maior interesse na sua audiência. Uma perspectiva de
mudança que o próprio defende actualmente: “maybe you just want to talk about fly
fishing in Alaska, or things to do in Istanbul. The narrower you can be, the easier it is to be
an expert” (Clark, 2014).
Enquanto especialista em matérias de frugalidade financeira na área turística, o
post que gerou, até à data, mais comentários (97) por parte dos leitores intitula-se de
“How to Find a Cheap Hotel Room: Sites to Use and Sites to Avoid” e proporciona à
audiência conteúdos a pensar nas poupanças mas existe também um aconselhamento
sobre o que fazer e, talvez mais importante, o que não fazer na procura de alojamento.
Recursos tecnológicos adaptados às viagens, opções para redução de custos em
actividades de viagens e turismo e literatura de viagens são alguns dos outros tópicos
mais abordados por Nomadic Matt, independentemente do tipo de escrita a que recorra.
Destaca-se, entre os últimos, a publicação “My 12 Recommended Books for 2015” – a
terceira com mais comentários (68) e em formato de rubrica. Num post onde a única
ligação com o acto de viajar é a possibilidade da actividade de leitura poder ser realizada
ao mesmo tempo, o criador de conteúdos aposta numa escrita em forma de lista de
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
recomendação e tenta atrair o leitor através da partilha de opiniões e experiências
pessoais e ao demonstrar que está atento a quem o segue:
 “Recommended to me by a reader of this blog” – mostra aos leitores que
os ouve;
 “While it wasn’t the best-written book I read last year, the storyline is what
makes this one of my favorite recent reads” – partilha de opinião pessoal;
 “As am I reading a lot more this year, I thought it would be fun to start a
travel book club” – partilha de experiência pessoal (Nomadic Matt, 2015).
Ao destacar-se entre os bloggers da área do turismo, Nomadic Matt complementa
os seus conteúdos com contributos de outros bloggers para o seu projecto, casos como
os posts relacionados com tecnologia de viagens. Já a beneficiar desse estatuto, em
2014, Nomadic Matt defendia que os bloggers deveriam apostar em várias formas de
gerar rendimentos, associadas à actividade de blogging – para que possam fazer dela
uma profissão – ao proporcionar ao público produtos que estes pudessem comprar
(Clark, 2014). Em 2015, o criador de conteúdos conseguiu concretizar a sua ideologia e
lançou o livro “How You Can Travel the World Cheaper, Longer, and Smarter” (Nomadic
Matt, 2015). A criação de um fórum e o incentivo a encontros pessoais entre leitores e o
próprio blogger são algumas das técnicas complementares praticadas e fomentadas por
Nomadic Matt na estratégia de comunicação que este considera como propensa ao
sucesso no blogging: a criação de uma comunidade em torno do projecto (Clark, 2014).
3.3.
O blogger Nelson Carvalheiro
No blogue Nelson Carvalheiro, o criador de conteúdos tira partido da sua
experiência profissional prévia enquanto director hoteleiro e foca a sua plataforma na
área do turismo, nomeadamente do turismo de culinária, além de fazer toda a sua
comunicação no blogue em língua inglesa, o que permite um maior alcance dos
conteúdos. Com base na entrevista concedida pelo blogger (veja-se a versão integral no
Apêndice 10) e na recolha de dados do blogue, identifica-se em Nelson Carvalheiro a
tendência de comunicar através da escrita, com auxílio de uma componente fotográfica –
características que o levaram a optar pela vertente de blogging em detrimento de outras:
“A ideia nunca foi ser um travel writer para escrever para magazines ou revistas,
sempre quis ter a minha própria forma de comunicar. E para mim era claro que essa
forma seria através de fotografia, uma coisa que me dá muito prazer em fazer, e para
contar estórias tem de ser pelo método escrito” (Nelson Carvalheiro)
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Ao estar consciente do segmento em que queria destacar-se, o blogger tentou
fazer chegar ao seu público conteúdos com a melhor qualidade possível. Para que tal se
verificasse, Nelson Carvalheiro optou por se especializar academicamente em “fotografia
de viagens e escrita de viagens” na London School of Journalism e na University of the
Arts London, respectivamente.
À semelhança do caso de Nomadic Matt, recorreu-se à mesma categorização das
publicações e aos mesmos critérios cronológicos para a exposição dos dados adquiridos.
Da análise de 34 inserções no blogue (veja-se o Gráfico 1, no Apêndice 11),
correspondentes aos 12 meses que antecederam o momento da recolha, inclusive, os
conteúdos enquadram-se maioritariamente na categoria das “relações públicas”, com 11
inclusões. As respectivas publicações apresentam conteúdos hétero promocionais (casos
de passatempos), derivadas de parcerias com entidades alheias, e autopromocionais
(chamam à atenção para ocasiões em que Nelson Carvalheiro é destacado nos meios de
comunicação social ou quando é destacado para uma premiação). O blogger define a
identidade do seu projecto como direccionada para o turismo de culinária e mantém-se
coerente, com 8 publicações do respectivo cariz. Porém, apesar das publicações de
“turismo de culinária” serem as segundas mais representativas, as restantes categorias
(etnografia turística, rubrica e storytelling) aparecem sem surpresa nas escolhas
temáticas: o anterior cargo de director hoteleiro permitiu a construção uma carteira de
contactos sólida, que facilita a realização de extensivas viagens – sobre as quais é
possível contar estórias – e a aquisição de credibilidade no seio turístico, cimentada com
o blogue, a ponto de ser abordado como líder de opinião (rubricas). A maioria dos posts é
de cariz pessoal (25) – com o cunho do blogger, quer em forma de opinião ou partilha de
experiência – em contradição com a impessoalidade existente na minoria (9) – textos
com pendor para a divulgação de parceiros ou informações sobre eventos.
Não obstante os tópicos abordados por Nelson Carvalheiro, o blogger só foi capaz
de tornar o projecto rentável depois de vencer, em 2014, o prémio de “blogger de viagens
europeu do ano” pela Fitur. Do feito, foi capaz de ganhar notoriedade, passou a ter um
maior reconhecimento junto do público português e, consequentemente, beneficiou de
oportunidades de trabalho complementares aos blogue – assessoria – que lhe permitiram
aumentar os seus rendimentos e viabilizar o projecto a tempo inteiro. No entanto, a
notoriedade gerou tamanha procura pelos seus serviços que foi necessário aliar-se a um
conjunto de colaboradores.
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Para manter a diversificação de conteúdos e evitar constantes recusas a pedidos
pelos seus serviços, Nelson Carvalheiro é selectivo e delega:
“Recebo pedidos quase todos os dias e de quase todo o Mundo e faço uma
filtragem daqueles que acho que vão ser interessantes para o meu blogue [...] Convidam
o “Nelson” para ir e eu digo que não posso e que tento enviar alguém. O conteúdo é
sempre para ser publicado no meu site” (Nelson Carvalheiro)
Ao estabelecer como público-alvo do blogue os “high networth individuals”,
pessoas que “gostam de luxo através simplicidade”, Nelson Carvalheiro selecciona
criteriosamente os conteúdos e mensagens, além de continuar a querer passar uma
imagem de espontaneidade na sua comunicação. Atento às oportunidades de canalizar
novos leitores para o blogue, existe a possibilidade do projecto começar a direccionar
mais os conteúdos para o público português, já que é uma audiência em crescimento.
3.4.
O youtuber Byron Talbott
O canal de YouTube de Byron Talbott é o caso de estudo que combina a criação
de conteúdos através da plataforma mencionada e a área temática da gastronomia. De
um total de 73 vídeos analisados, todos publicados no canal pessoal de Byron Talbott na
plataforma YouTube, identificam-se ao todo 66 destes como pertencentes à categoria
“how to / utilidade”. Para o efeito determinou-se que desta categoria constariam os vídeos
que se caracterizassem pela partilha de informação útil, pelo demonstração de como
resolver e/ou solucionar um problema ou por um testemunho pessoal que facilitasse ou
permitisse a aprendizagem da execução de uma técnica ou habilidade.
Dos conteúdos analisados, entre os dez vídeos com maior número de
visualizações (veja-se Gráfico 2, no Apêndice 12) identificam-se as seguintes
características: o produto final das receitas tem um aspecto visual apelativo, à
semelhança dos preparados pelos chefs de cozinha; as receitas são referentes a doces,
bolos e/ou pratos semelhantes a fast food; na comunicação, o indivíduo principal (Byron
Talbott) é assistido pela mulher, Rachel, na exposição da receita e na experimentação do
produto final.
O vídeo com maior número de visualizações de sempre do canal, “Bamkuchen
(Tree Cake)”, com 789.433, enquadra-se na primeira e segunda características
enumeradas. Além de se tratar da confecção de um doce, este tem ainda uma
apresentação estética vistosa e a tender para o perfeccionismo, à imagem dos chefs
profissionais, e é por esse prisma que o “how to” de Byron Talbott ganha ênfase: através
da partilha de informação útil, o vídeo demonstra à audiência que qualquer pessoa – não
somente os chefs de cozinha – é capaz de executar uma confecção idêntica. Já o vídeo
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
“The Cookie Cup”, que ocupa a segunda posição das entradas com maior número de
visualizações (654.260), junta todas as três características mencionadas. À semelhança
do vídeo anterior, a receita é referente a um doce e tem uma confecção que sobressai
visualmente – doce em forma de copo. Essa forma serve ainda um duplo propósito:
transmite uma ideia de originalidade e de acessibilidade para o público – já que quem
tentasse replicar a receita, poderia aplicar-lhe um número infinito de formas mediante os
utensílios à sua disposição, e tal como refere Byron Talbott na narração do vídeo, tenta
transmitir uma sensação de divertimento, já que o propósito “mecânico” do doce em
forma de copo é o de emular o tradicional snack de “bolachas com leite”, só que desta
feita existe um “2 em 1” – existe a hipótese de beber o leite através da bolacha. Na parte
que diz respeito ao emissor da mensagem, Byron Talbott é acompanhado da mulher,
Rachel, na parte final do vídeo, onde, através de storytelling, é descrito o contexto da
receita, são transmitidas as expectativas do casal para o doce que iriam provar. Os
momentos da degustação do doce são mais bem descritos com caracterizações como
“boa disposição”, “afabilidade” e “acessibilidade” do casal, que se mostram à audiência a
fazer algo tão banal como “comer bolachas e beber leite”, desta feita através do “The
Cookie Cup”.
Para uma descrição integral dos episódios, estes encontram-se divididos em três
partes: introdução, da qual se consideram os grafismos iniciais e toda a fase descritiva
que precede a acção; desenvolvimento, onde surgem conteúdos demonstrativos da
acção
do
que
o
indivíduo
pretende
transmitir/ensinar
à
audiência
e
com
acompanhamento de narração “passo-a-passo”, e conclusão, cujo contexto passa por
ilustrar o resultado final, com ou sem recurso à experimentação. Na introdução,
identificam-se três vertentes: a primeira, referente aos vídeos publicados nas datas
iniciais da criação da plataforma (desde 9 de Janeiro de 2012), onde o grafismo
introdutório – fundo preto, texto com coloração alternada consoante o foco do vídeo e
com som de fundo a assemelhar-se ao movimento num restaurante – tem uma duração
entre seis a dez segundos, com nota textual para o nome da receita ou do tema que vai
ser apresentado e com o link para o website de Byron Talbott; a segunda, introduzida nos
vídeos de 2013, é caracterizada por um aspecto mais pessoal, sem grafismo e com
Byron a surgir na imagem para descrever a receita e a sua contextualização; a última,
utilizada até ao momento e à qual o criador passou a recorrer desde 2014, já conta com
grafismo introdutório, mas desta vez com imagens referentes aos produtos finais das
receitas e com narração voz-off do cozinheiro.
No que à comunicação pessoal de Byron diz respeito, o chef exprime-se em todos
os seus vídeos como alguém próximo da audiência. Tendo como exemplo o vídeo
“Baumkuchen (Tree Cake)”, este inicia-se com a apresentação “hey, whats up guys!
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Welcome back! Today I’m gonna show you one of my absolute favorite cakes to make
[...]” – uma linguagem casual, acessível e até com recurso à gíria, à semelhança de
alguém que está a comunicar com amigos ou família, na partilha da intimidade. Na parte
do vídeo relativa à demonstração do “passo-a-passo”, a narração voz-off é feita de forma
simples e directa, com o mesmo tipo de linguagem da parte introdutória, com Byron ainda
a acrescentar “and that’s it guys! All there is to do is enjoy a delicious piece of
Baumkuchen cake”. Já na fase de conclusão e com Byron em cena, o chef faz a
degustação do produto final, à medida que vai partilhando os seus sentimentos e
opiniões:
 “I’m stoked to try this out and tell you guys how it is [...]”;
 “Ooh, the ganache! Right away, the ganache, really tender [...]”;
 “Oh man, those layers! They’re beautiful layers! And this is an easy cake to
make [...]”;
 “So good! Brown butter is delicious! Wow [...]”.
Byron recorre também a storytelling para explicar à audiência que o nome da
receita, “Baumkuchen”, deriva da língua alemã e que significa bolo-árvore em inglês, já
que o aspecto visual do bolo assemelha-se ao das secções interiores de uma árvore. Em
modo de fecho, o chef despede-se ao dizer “hopefully you guys enjoyed this video! If you
did, please thumbs up, subscribe [...] if you wanna see future videos and just stay up-todate with my channel. Always comment below [na caixa de comentários] so you guys can
spout off what you wanna see on my channel and what you wanna see in the future,
concepts and different weekly themes [...]. And yeah, this was so much fun to make! I
absolutely recommend trying it out and of course I’ll see you guys next time with another
delicious recipe. Bye everybody”.
Em “The Cookie Cup”, o segundo vídeo mais bem-sucedido, Byron inicia a
introdução como que a dar uma gargalhada e a dizer “hey what’s up guys! Today I’m
gonna show you how to make a very fun and delicious dessert [...]”. A narração voz-off é
acompanhada de imagens que mostram o produto final da receita, editadas com grafismo
textual num tipo de letra informal (veja-se a Figura 16, no Apêndice 12). Com a fase de
demonstração do “passo-a-passo” da receita, com narração voz-off a decorrer de forma
idêntica à do primeiro vídeo, Byron conclui esta parte com a frase “and there you have it,
the perfect combination of milk and cookies”.
No momento conclusivo com degustação do produto final, surge em cena Byron
junto da mulher, Rachel, que é a primeira a expressar-se ao dizer “I’m so excited about
this”, ao que o chef complementa “look at this! Fun food week is a good week” e
transforma o espírito da receita e da degustação num momento divertido – audiência
assiste a um momento informal e familiar na primeira pessoa – ao referir “so the trick is:
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
you have to take a sip of milk and then bite [...]”. A partir do momento em que provam a
sobremesa, inicia-se um diálogo entre o casal onde existe mais uma vez a partilha de
sensações e pensamentos (veja-se a Figura 4).
Figura 4 - Screenshot que demonstra um momento de intimidade entre o casal Talbott durante
o vídeo “The Cookie Cup”
Fonte: Byron Talbott (2014)
Byron Talbott: Hm! Definitely a crispy cookie. It has to be pretty sturdy to hold the milk and make sure it doesn’t
absorb too much into the cookie. And i think i have milk all over my nose [gargalhada].
Rachel Talbott: I have chocolate on mine. Oh man!
B: It’s like a standard chocolate chip cookie, but what a cool little idea right?!
R: I’ll put more milk on it! You can refill it too!
[...]
R: Do i have chocolate on my nose?
B: You have a little here... and here... [a sorrir]
[Rachel começa a rir-se]
R: Like everywhere!
Figura 5 - Screenshot que ilustra Rachel Talbott a validar o facto de se ter divertido a participar
no vídeo
Fonte: Byron Talbott (2014)
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
B: This is pretty good! I like this idea!
R: Hum hum [a consentir]. So good!
[...]
B: I don’t know why I didn’t think of this! Everyone dips their cookies in milk, so... why not make the cup that holds
the milk the cookie?! Duh [expressão de banalidade]!
[...]
B: [Com o casal a rir-se...] We have chocolate everywhere! That’s the catch with these cups. You have to get a
little messy!
Em fecho, Byron despede-se a dizer “hopefully you guys enjoyed this video. If you
did, please thumbs up, subscribe, comment below for future video requests, things you
wanna see in my channel. This was a blast to make! I had fun”, perguntando ainda à
mulher Rachel se ela também se divertiu, a qual acena a consentir pois estava ainda a
comer – o que cria mais um momento de divertimento (conforme na Figura 5).
Apesar de na maioria dos vídeos não existir interacção através dos comentários
entre Byron e o público (veja-se o Gráfico 2, no Apêndice 12), o tipo de comunicação
desenvolvida pelo youtuber e a proximidade que demonstra para com a audiência estão
directamente relacionadas com o facto de corresponder aos pedidos do público com
conteúdos coerentes aos requisitados. Ao mostrar-se como alguém atento aos gostos e
opiniões dos seus seguidores, esses detalhes são critérios de influência no crescimento
sustentado do número de subscritores e visualizações, e consequentemente dos
rendimentos, que Byron Talbott está a viver com o seu projecto.
Mediante o interesse despertado no público, o primeiro vídeo a ser lançado no
canal (“The Perfect Sunny Side Up Eggs-How to and Recipe”) é também o que maior
número de visualizações recolhe entre as primeiras inserções de cada mês ao longo do
primeiro ano de existência do projecto. Este facto associa-se à curiosidade da audiência
em conhecer mais sobre o criador de conteúdos, em “como começou”, “qual o primeiro
vídeo que publicou”, “com que tema de conteúdos se iniciou no YouTube” ou até “que
diferenças físicas e de personalidade apresenta Byron Talbott entre a altura em que se
iniciou como criador de conteúdos e a actualidade”. No entanto, os gráficos 5 e 6 (veja-se
no Apêndice 12) demonstram que o crescimento se acentuou principalmente a partir de
2014, levando à consideração de outros factores que motivaram o resultado.
De um ponto de vista mais macro-orientado, os conteúdos produzidos pelo chef
permitem identificar que este apresenta a tendência de alterar os grafismos e detalhes de
comunicação dos seus vídeos de um ano para o outro. Tenha-se como exemplo os
espaços introdutórios dos vídeos: em 2012, os vídeos iniciavam com um grafismo visual
abstracto e textual, sem qualquer sonorização; em 2013, os conteúdos já eram
introduzidos sem qualquer grafismo, com Byron em cena e a narrar o que se poderia
esperar do vídeo; enquanto em 2014 houve um regresso ao grafismo visual, mas desta
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
feita com imagens do produto final que se iria obter com a receita, auxiliado de grafismo
textual para o nome da receita e com narração em voz-off do cozinheiro – mudanças que
se mantêm até ao momento. Também coincidente com a fase de maior crescimento do
canal está a introdução de semanas temáticas.
Num período de 13 meses – de Março de 2014 a Abril de 2015 – foi possível
identificar um total de 18 semanas temáticas e, com a informação disponibilizada pelo
próprio YouTube, cruzá-las com estatísticas referentes à adesão da audiência aos
conteúdos de Byron Talbott (veja-se a Tabela 8, no Apêndice 12). A DrinkWeek (“semana
das bebidas”), a IceCreamWeek (“semana dos gelados”) e a CakeWeek (“semana dos
bolos”) são as três que se destacam pelo maior número de subscrições geradas
(conforme no Gráfico 7, do Apêndice 12) e realizaram-se entre o fim da Primavera e o
Verão de 2014: de 1 de Julho a 19 de Julho, de 24 de Julho a 23 de Agosto de 2014 e de
6 de Junho a 26 de Junho (respectivamente).
Os resultados conseguidos, em particular das duas semanas temáticas com maior
número de subscrições geradas, associam-se à selecção de conteúdos oportuna feita por
Byron Talbott. Na época de Primavera e Verão, alturas do ano em que as temperaturas
tendem a subir, as receitas de consumíveis frescos e associados a momentos de
diversão e descontracção, como são os casos das bebidas, dos gelados e dos bolos,
levam a que os conteúdos apresentem melhores resultados – o youtuber foi oportuno e
coerente perante o que a audiência gostaria de ver.
Em entrevista ao social media The Stylish (veja-se a transcrição parcial no
Apêndice 13), Byron Talbott elucida o facto de já não estar a desempenhar as funções de
chef em nenhum restaurante, isto por se encontrar dedicado a tempo inteiro à criação de
conteúdos no seu canal de YouTube, autodescrevendo-se como “food content creator”.
Numa produção videográfica onde também marcou presença a mulher Rachel Talbott,
ficou evidente, pelas imagens “atrás das câmaras”, que Byron recebe assistência da
mulher na filmagem dos conteúdos – para o efeito utilizam uma câmara fotográfica DSLR
do tipo comercial. Além de ficar claro que o projecto de Byron Talbott funciona em coparceria com o da mulher Rachel Talbott – da qual colhe benefícios já que canalizam o
público entre os dois canais de YouTube – e sem qualquer assistência externa na
produção de conteúdos, o youtuber defende que a sua proximidade com os espectadores
se deve à sua postura simples, sem qualquer imperiosidade, facilitando a criação de
empatia com a audiência.
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
3.5.
O livestreamer Octavian “Kripparian” Morosan
O canal da Twitch TV de Octavian “Kripparian” Morosan conjuga a vertente de
livestreaming e a área dos videojogos. Mediante entrevista (veja-se a versão integral no
Apêndice 14), foi possível tomar conhecimento que Kripparian, ainda antes de ter optado
pela rota de livestreaming, se iniciou na produção de conteúdos através do YouTube (de
forma não rentável). Por influência do word-of-mouth de amigos e conhecidos, além do
seu próprio parecer, este optou por fazer a transição para a Twitch TV por se identificar
melhor com várias características: a) a possibilidade de manter uma maior proximidade e
interacção com o público; b) a eventualidade de tornar o projecto rentável e a perspectiva
de maior crescimento dos mesmos rendimentos; c) a capacidade de publicar no YouTube
os conteúdos produzidos na Twitch TV (em formato integral ou excertos) e tentar
alcançar duas fontes de rendimento e notoriedade – o processo inverso não seria
possível por questões técnicas que impossibilitam a inserção de conteúdos na Twitch TV
que não os transmitidos através da própria plataforma.
Na análise dos dois vídeos seleccionados identificam-se cenários diferentes (vejase as Ilustrações 15 e 16, no Apêndice 15): um, realizado naquele que é o contexto
“habitual” do livestreamer, a sua habitação (Canadá); outro, desenrola-se durante uma
competição de videojogos (Alemanha). Perante essa diversidade, o factor constante é o
do videojogo transmitido, comum em ambas as transmissões (Hearthstone, um título da
reconhecida editora e produtora Blizzard), além da consistência no método de iniciar as
suas sessões. A transmissão inicia-se com um overlay que cobre todo o ecrã, uma
imagem que contém o que pode assumir-se como logótipo devido à repetição de uso e
identidade que confere à marca (veja-se as Ilustrações 17, 18 e 19, do Apêndice 15). No
próximo passo, o livestreamer mantém a transmissão em “directo” mas sem produzir
qualquer conteúdo, sendo visível apenas o overlay, assistido de música instrumental de
fundo, durante um intervalo de 8 a 9 minutos: a esta opção associa-se o facto de a Twitch
TV possuir um sistema de notificações via email, que endereça uma mensagem a todos
os seguidores do canal de que o mesmo passou a estar online (veja-se a Figura 23, no
Apêndice 16). As notificações permitem o aglomerar de uma quantidade significativa de
público, pormenor determinante para que Kripparian aufira mais rendimentos, já que
maiores serão os lucros quanto mais pessoas visualizarem os spots publicitários
transmitidos na sessão – a selecção do tipo de publicidade é alheia ao criador de
conteúdos e imputável à plataforma Twitch TV. De referir que apenas os criadores de
conteúdos que tenham celebrado uma parceria com a Twitch TV, caso de Kripparian,
podem beneficiar de rendimentos através das suas transmissões.
Nos vídeos é possível percepcionar que Kripparian se apresenta ao público com
uma personalidade e um comportamento de alguém acessível, simples e sem atitudes de
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
vedetismo. Quanto à apresentação física, o livestreamer incorpora um estilo casual (tshirt, fato de treino, entre outros) e despreocupado (barba). Quanto à postura e à
comunicação durante as transmissões, são predominantes as situações de brincadeira e
de interacção com outros indivíduos, nomeadamente amigos – audíveis e visíveis
(mediante as situações) nas transmissões:
Amigo de Kripparian: “Ohh legendary! [em tom de entusiasmo, já que o “cromo” – à semelhança de um trading
card game – obtido é extremamente raro]
Amigo de Kripparian: “Hemet Nesingwary? What the...” [desiludido, por o “cromo” raro não ser o de maior
utilidade]
Kripparian: “That’s the worst one, yeah!” [em tom de gozo]
[...]
Amigo de Kripparian: “It’s gold, it’s gold!” [entusiasmado, ao obter outro “cromo” ainda mais raro]
Kripparian: “I don’t believe you!” [em tom de gozo e a incitar à dúvida]
Amigo de Kripparian: “I’m uploading it [a screenshot] now!”
Kripparian: “I don’t believe it! It’s photoshop’ed, it took too long!”
A periodicidade (conforme apresentado na Figura 22, no Apêndice 15) e a
duração – entre 7 a 10 horas decorridas ininterruptamente – com que Kripparian realiza
as transmissões de livestreaming são outras das suas características consistentes. Além
das transmissões de livestreaming, Kripparian fortalece a sua marca pessoal recorrendo
a um fórum – incentiva à comunicação entre o público e à interacção com o criador de
conteúdos – e ao merchandising (t-shirts, hoodies, camisolas de baseball, sweatshirts,
capas de telemóveis, posters e quadros, entre outros; veja-se o Apêndice 17) – mais uma
fonte de rendimentos.
Conforme admitido por Kripparian, o projecto evoluiu e cresceu a partir do
momento em que o livestreamer começou a receber assistência da namorada, o que lhe
permitiu concentrar-se mais na criação de conteúdos – a complexidade do projecto,
cumprido a tempo inteiro, cria a necessidade de existir mais do que um indivíduo
envolvido nas tarefas de planeamento e logística, entre outras. Apesar de reproduzir
apenas conteúdos (videojogos) do seu gosto pessoal, o livestreamer continua a procurar
melhorar a sua comunicação: tem em conta o feedback do público, procura melhorar a
qualidade dos conteúdos e de produção e mantem a atenção em outros canais populares
de Twitch – mesmo método utilizado quando se iniciou no livestreaming, na perspectiva
de identificar as razões que conferiam notoriedade a esses projectos e de adaptá-las ao
seu estilo comunicativo e personalidade.
Kripparian identifica que uma das características em si que o público mais valoriza
é o “sense of community” (“sentido de comunidade”), em associação a um sentimento de
pertença – relacionável com os traços de personalidade identificados (simplicidade e
acessibilidade). Tendo essa noção, o livestreamer beneficia em cultivar a imagem
referenciada. Coerente com o mesmo tópico, a proximidade procurada para com o
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
público gera resultados positivos, já que as subscrições do canal cresceram a partir do
momento em que Kripparian começou a reconhecer e a agradecer nas suas
transmissões (linguagem verbal) quando os espectadores se tornavam subscritores. No
entanto, sendo a escolha de conteúdos inteiramente baseada nos gostos do livestreamer,
uma queda nas métricas (visualizações, espectadores, seguidores, subscritores, entre
outros) poderá reflectir a insatisfação do público e requerer uma avaliação e/ou alteração
da abordagem.
4. Discussão de resultados
Dos resultados obtidos, verificou-se que cada projecto evidencia características
distintas mediante o seu público-alvo e canal de comunicação: nos blogues, existe uma
maior viabilidade para o contexto fotográfico e para narrativas mais extensas; no
YouTube e no livestreaming, além da comunicação verbal, é considerado que o público
atribui maior importância à postura dos comunicadores, à espontaneidade das suas
intervenções e à sua interacção com a audiência. Além das originalidades associadas
aos criadores de conteúdos, é também possível identificar abordagens em comum a
todos os casos de estudo, mesmo que adaptadas às diferentes plataformas em uso (vejase a Tabela 9, no Apêndice 18).
Quanto às imagens de abertura, todos os indivíduos optam por apresentá-la como
alusão à sua pessoa ou nome de código (Kripparian). No que ao domínio das plataformas
diz respeito, os bloggers Nomadic Matt e Nelson Carvalheiro simplificam-no e optam por
manter a identidade recorrendo ao “.com” enquanto sufixo dos seus nomes ou nomes de
código. Já Kripparian realiza as suas transmissões através da Twitch TV e faz uso desse
mesmo domínio (Kripparian, 2015a) – o nome do utilizador surge como sufixo ao
endereço http://www.twitch.tv/. Ao descartar o uso de um domínio próprio, o livestreamer
permite que o word-of-mouth do público seja mais eficaz. Considere-se um cenário onde
um indivíduo A recomenda o canal de Kripparian a um indivíduo B, sem fazer alusão ao
endereço “http” exacto e apenas fazendo referência de que este transmite as suas
sessões através da Twitch TV: a) fazendo menção ao seu nome de código; ou, b)
identificando qual o videojogo pelo qual o livestreamer se distingue. Devido ao motor de
busca incorporado na Twitch TV, a pesquisa pelo canal seria facilitada tanto através da
inserção de palavras-chave (neste caso, o nome de código), como pela pesquisa de
todos os canais alojados na Twitch TV que transmitam um determinado videojogo
(pesquisa por categorias) – o mesmo efeito poderia não ser alcançado através da
associação a um domínio próprio. O youtuber Byron Talbott é o único que apresenta uma
abordagem de vertente dupla: mantém o domínio associado ao YouTube – fiel ao canal
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
que lhe proporcionou protagonismo – além de optar por expandir a sua comunicação a
um website com domínio próprio (http://www.byrontalbott.com).
À semelhança do sucedido com os domínios, também os designs das plataformas
estão relacionados com os canais de comunicação, onde os bloggers Nomadic Matt e
Nelson Carvalheiro têm websites com layouts próprios, enquanto o youtuber Byron
Talbott e o livestreamer Kripparian utilizam o template base do YouTube e da Twitch TV,
respectivamente – por falta opção, já que nenhuma destas plataformas oferece esse tipo
de diferenciação. Porém, é de realçar que no caso de Nomadic Matt e de Nelson
Carvalheiro, nem mesmo com plataformas desenhadas “ao seu gosto” se reconhece um
menu de arquivo que permitisse aos utilizadores pesquisar mais facilmente publicações
anteriores. Mediante os detalhes de comunicação identificados, associam-se os esforços
dos casos de estudo a uma forma estratégica de canalizar a atenção do público para a
sua identidade, a marca pessoal que todos tentam solidificar e sobre a qual esperam ser
identificados e diferenciar-se dos restantes criadores de conteúdos.
Entre tendências e originalidades, as estratégias de comunicação associadas aos
criadores de conteúdos são na sua totalidade caracterizadas como viáveis para atingir a
rentabilidade (Dorie Clark, Apêndice 9). Se uns apostam mais na interacção com o
público como factor benéfico – evidenciado por Alcorn (2011) – outros seguem a
ideologia defendida por Halvorsson e Rach (2012) e vêem na comunicação de teor
utilitário, conteúdos que permitam ao público aprender e fazer “mais e melhor”, uma
maior oportunidade de projecção.
Porém, independentemente do foco, existe a tentativa de que a audiência se sinta
parte da experiência e se identifique com a mesma. Já que o feedback permite aferir os
gostos do target (Kotler, Burton, Deans, Brown & Armstrong, 2013), a respectiva
componente é tida em conta pela totalidade dos casos, mas aplicada de formas distintas:
1) para permitir que o público faça a selecção dos tópicos que pretende ver abordados
em conteúdos a produzir no futuro; 2) como método de avaliação para o que já foi
produzido.
O estudo de Hennig-Thurau, Wiertz e Feldhaus (2014) alerta para a influência
negativa que os conteúdos de menor qualidade podem ter, cenário que todos os casos
de estudo tentam evitar. Através do aprimoramento ou aquisição de competências
pessoais,
quer
de
forma
autodidacta
ou
por
uma
aprendizagem
tradicional
(especializações académicas ou profissionalizantes), denota-se uma preocupação dos
indivíduos em melhorar o seu leque de ferramentas comunicacionais, em manter uma
constante aprendizagem e, consequentemente, melhorar a qualidade dos conteúdos
produzidos. Uma atitude qualificada como em prol da referida melhoria, já que a
avaliação qualitativa dos conteúdos por parte do público, quer em relação ao teor
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
temático como aos grafismos, influencia a forma como é captada a atenção dos leitores e
espectadores e condiciona a criação de eWOM.
Mediante a preocupação com a qualidade dos conteúdos, constata-se que todos
os criadores de conteúdos têm uma presença online multiplataforma e adequam as suas
produções consoante as plataformas onde as divulgam. Um passo que confere maior
coerência à comunicação e à marca pessoal, fazendo uso do potencial dos social media,
conforme defendido por Schau & Gilly (2003).
Identificam-se nos indivíduos atitudes diferentes, tanto percepcionadas pela
apresentação física, como pela comunicação verbal e não-verbal, e que vão desde traços
de simplicidade e sociabilidade (Kaplan & Haenlein, 2010) à forma como se expressam,
com a capacidade de valorizar os temas que abordam e que agrada às audiências
(Lyngbo, 2012). A criação de valor nos conteúdos que divulgam, sejam de cariz lúdico ou
informativo, atraem potenciais parceiros, endorsers e clientes e confere aos
comunicadores proficientes de CGU um estatuto de tastemakers, de intermediários
culturais (Dorie Clark, Apêndice 9; Halvorsson & Rach, 2012; Maguire & Matthews, 2014).
Percepciona-se assim que não existe uma estratégia, um canal, um teor de conteúdo
exclusivo para a obtenção de rentabilidade nos projectos de CGU, ao mesmo tempo que
existe uma carência de métricas digitais, ou de maior desenvoltura das já existentes, que
confiram maior objectividade na avaliação dos projectos e no processo de
profissionalização.
Reflexões finais
O presente trabalho pretendeu estudar como os criadores de conteúdos utilizam
comunicação online para se tornarem comunicadores proficientes, através de uma
análise aos conteúdos por estes produzidos e de entrevistas. Os resultados apontam
para uma diversidade de abordagens na forma de comunicar com o público, mas sem pôr
em causa a eficácia das estratégias de comunicação. A diferença identificada justifica-se
pelos casos estudados se enquadrarem em canais de comunicação distintos, além de a
produção de conteúdos personalizada: existe uma adaptação dos conteúdos à
personalidade, às ideologias e aos interesses dos próprios comunicadores, para que a
sua imagem e as suas mensagens sejam coerentes.
Com o intuito de manterem os projectos em constante evolução e à procura de
melhoramentos, os criadores de conteúdos canalizam os seus esforços comunicacionais,
especializam os seus conteúdos a nível temático, em detrimento de uma abordagem
mais generalista. Os comunicadores optam pelo método descrito com o intuito de
alcançarem a notoriedade desejada, para se distinguirem da concorrência, ao mesmo
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
tempo que agradam aos seus públicos. Apesar de outros projectos de CGU de sucesso
servirem de fonte inspiradora e como meio de pesquisa, cada caso adapta-se às
características sociodemográficas do seu público – reflectem diferenças comportamentais
e culturais, o que consequentemente condiciona a aceitação e/ou viabilidade de
determinados conteúdos.
O tema estudado ganha maior coerência através do contributo conseguido junto
de uma especialista em comunicação online, que corrobora a diversidade de estratégias
de comunicação utilizadas pelos criadores de conteúdos proficientes. O testemunho
conseguido fortalece a ideia de que se trata de uma área em desenvolvimento, sobre a
qual deveriam realizar-se mais esforços no sentido de apurar informações que
contribuíssem para responder objectivamente sobre a viabilidade ou não viabilidade dos
projectos de CGU enquanto profissão: nomeadamente, a problemática dos métodos de
avaliação.
O
trabalho
desenvolvido
representou
mais
uma
importante
etapa
de
aprendizagem: por ter permitido pôr em prática conceitos e métodos conhecidos no
decorrer da licenciatura, como fazer a interpretação de dados e retirar ilações pertinentes
dos conteúdos e das mensagens analisadas; e pelo interesse que despertou no autor do
estudo, já que foi possível ganhar noções mais aprofundadas sobre a gestão dos
projectos de CGU, perceber como é trabalhada a comunicação e de que forma é feita a
selecção de conteúdos numa fase dos projectos em que estes já se provam rentáveis –
fase onde existe uma maior preocupação em manter um equilíbrio entre aumentar a
qualidade dos conteúdos, sem que haja perda de espontaneidade na comunicação e de
identidade da marca pessoal. Espera-se assim que os conhecimentos e competências
adquiridos através do trabalho se demonstrem instrumentais para que o investigador
possa aspirar a desempenhar funções profissionais na área da comunicação,
directamente relacionadas com as temáticas abordadas.
Considera-se que os objectivos do trabalho foram alcançados. O estudo realizado
provou-se pioneiro ao abordar uma temática pouco explorada em Portugal do ponto de
vista científico, esperando-se que este incentive à realização de outros estudos de
aprofundamento, à criação de projectos inovadores de CGU portugueses, bem como a
investigações com uma abordagem mais ampla do que a apresentada. Enquanto via
profissionalizante, o tema abordado afigura-se em constante desenvolvimento, já que a
génese de inovações comunicacionais tende a estar adaptada às evoluções tecnológicas.
O estudo apresenta limitações resultantes das dificuldades em realizar um maior número
possível de entrevistas a especialistas de comunicação online nacionais e internacionais,
não obstante os esforços realizados nesse sentido pelo investigador. Apesar dos
esforços, também foram encontradas as mesmas dificuldades na obtenção de informação
37
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
junto de potenciais casos de estudo, aos quais carecem contributos portugueses face à
ausência de respostas aos convites realizados. Outra limitação, associada à avaliação
dos projectos de CGU, é a objectividade das métricas, já que nenhum dos indivíduos
visados disponibiliza métricas tão objectivas quanto os próprios rendimentos auferidos.
Prevendo-se um crescimento continuado do número de plataformas de CGU, de
futuro seria interessante prosseguir com a investigação numa perspectiva comparativa
entre criadores de conteúdos de Portugal, com produção de conteúdos em língua
portuguesa, e criadores de conteúdos internacionais – permitiria perceber se a
profissionalização da criação de conteúdos enquanto hobby é possível nos mais diversos
contextos sociais. Outra sugestão seria ampliar os canais de comunicação em análise,
mantendo detalhes em comum entre os comunicadores, como temas, nacionalidades ou
sexo, na tentativa de estabelecer premissas quanto à eficácia e viabilidade: à imagem do
que acontece com as ciências sociais, em que está cientificamente provado que
diferentes meios e canais necessitam de estratégias distintas. Por fim e com o panorama
português em foco, uma abordagem futura alternativa seria a de cruzar dados como
plataformas de comunicação em uso, conteúdos das mensagens e características dos
comunicadores com as tendências de consumo do público português. Perante uma
sociedade pós-moderna de consumo, seria aferido o estatuto conquistado e respectiva
influência exercida pelos criadores de conteúdos enquanto intermediários culturais.
38
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Glossário
Blogue – Derivado do termo weblog, é uma plataforma de comunicação online que
permite a partilha de conteúdos através de acesso rápido, sendo ainda possível a
interacção entre autores e leitores aquando da existência de um sistema de comentários.
Blogger – Indivíduo que produz conteúdos em blogues.
Blogging – Acto de produzir conteúdos em blogues.
Blogosfera – Universo de blogues.
Livestream – Plataforma de comunicação online com transmissão de conteúdos em
tempo-real.
Livestreamer – Indivíduo que produz/transmite conteúdos em tempo-real.
Livestreaming – Acto transmitir conteúdos em tempo-real.
Microblogging – Acto idêntico ao blogging, mas consistente em frases de tamanho
reduzido e/ou conteúdos multimédia únicos e mais associado às redes sociais online.
Overlay – Conteúdo gráfico que se sobrepõe à reprodução de imagem em ‘bruto’
(semelhante a um efeito pós-produção).
Podcast – Série de conteúdos digitais em formato áudio.
Tweets – Publicações de que consistem as páginas de Twitter.
Vídeo blogging – Acto de produzir conteúdos em formato vídeo, de cariz associado aos
blogues.
Youtuber – Indivíduo que produz conteúdos em canais de YouTube.
39
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Bibliografia
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Apêndices
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Índice de apêndices
Apêndice 1 – O blogue Nomadic Matt.......................................................................51
Apêndice 2 – O blogue Nelson Carvalheiro..............................................................52
Apêndice 3 – O canal de YouTube de Byron Talbott ...............................................53
Apêndice 4 – O canal de Twitch TV de Octavian “Kripparian” Morosan ................54
Apêndice 5 – Especificidades para a actividade de clipping ..................................56
Apêndice 6 – Criadores de conteúdos contactados ................................................57
Apêndice 7 – Especialistas em comunicação online e em CGU contactados .......58
Apêndice 8 – Planeamento e operacionalização do trabalho .................................60
Apêndice 9 – Entrevista a Dorie Clark, consultora de Marketing e docente na
Duke University ..........................................................................................................61
Apêndice 10 – Entrevista ao blogger Nelson Carvalheiro .......................................63
Apêndice 11 – Detalhes das publicações do blogue Nelson Carvalheiro ..............70
Apêndice 12 – Dados referentes à análise de conteúdos do canal de YouTube de
Byron Talbott ..............................................................................................................71
Apêndice 13 – Transcrição parcial da entrevista de Byron Talbott e Rachel Talbott
ao social media The Stylish .......................................................................................75
Apêndice 14 – Entrevista ao livestreamer Octavian “Kripparian” Morosan ..........76
Apêndice 15 – Dados referentes à análise de conteúdos do canal de Twitch de
Octavian “Kripparian” Morosan ................................................................................79
Apêndice 16 – Notificações Twitch TV .....................................................................82
Apêndice 17 – Loja online com merchandising de Kripparian em exposição .......83
Apêndice 18 – Detalhes das plataformas de comunicação dos casos de estudo .84
49
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Apêndice 1 – O blogue Nomadic Matt
Figura 6 - Homepage do blogue
Fonte: Nomadic Matt (2014)
Figura 7 - Categorias de conteúdos para novos viajantes
Fonte: Nomadic Matt (2014)
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Apêndice 2 – O blogue Nelson Carvalheiro
Figura 8 - Detalhes fotográficos na disposição das publicações na homepage
Fonte: Nelson Carvalheiro (2015)
Figura 9 - Apresentação da homepage e dos posts mais recentes
Fonte: Nelson Carvalheiro (2015)
52
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Apêndice 3 – O canal de YouTube de Byron Talbott
Figura 10 - Homepage do canal
Fonte: Byron Talbott (2014)
Figura 12 - Disposição visual de conteúdos
e descrição da publicação
Figura 11 - Sistema de comentários dos vídeos
Fonte: Byron Talbott (2014)
Fonte: Byron Talbott (2014)
53
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Apêndice 4 – O canal de Twitch TV de Octavian “Kripparian” Morosan
Figura 13 - Informações úteis expostas na página do canal
Fonte: Kripparian (2015a)
54
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Continuação do Apêndice 4
Figura 14 - A sala de conversação do canal em tempo-real
Fonte: Kripparian (2015a)
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Apêndice 5 – Especificidades para a actividade de clipping
Tabela 4 - Órgãos de comunicação social, palavras-chave, períodos temporais e tipos de
conteúdos utilizados na análise de clipping
Nacionais
Websites de órgãos

de comunicação social
(e respectiva área temática)

LifeStyle
Internacionais
Público
e

Huffington
Post,
New in Town (lifestyle,
Forbes
lazer e cultura);
(generalista/investigação
BGamer
e
IGN
Portugal (videojogos e
e
TIME
jornalística);

tecnologia).
Red
Bull
eSports
(videojogos);

Tubefilter (indústria de
vídeo e YouTube);

Renegade
Travels
(turismo).
Palavras-chave a pesquisar

Nomes dos indivíduos visados como casos de estudo e
respectivos nomes de código;

Termos associados à área temática e meio de comunicação
de cada caso de estudo.
Períodos em análise
Tipos de conteúdos a analisar

Sobre Nomadic Matt, de 2008 a Maio de 2015;

Sobre Nelson Carvalheiro, de 2013 a Maio de 2015;

Sobre Byron Talbott, de 2011 a Maio de 2015;

Sobre Kripparian, de 2012 a Maio de 2015.

Notícias e entrevistas.
Fonte: elaboração própria
56
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Apêndice 6 – Criadores de conteúdos contactados
Para a realização do trabalho, foram contactados diversos criadores de conteúdos
ligados às várias plataformas e temáticas em estudo, conforme descreve a seguinte
tabela:
Tabela 5 - Detalhes dos contactos realizados para entrevista a criadores de conteúdos: indivíduos,
datas e respostas
Indivíduo/Nome de código
(Plataforma/Tema)
Byron Talbott
(YouTube/Gastronomia)
Matt “Nomadic Matt”
Kepnes (Blogue/Turismo)
1.º Envio/contacto
2.º Envio/contacto
5 de Março de 2015
(via email)
5 de Março de 2015
(via email)
19 de Março de 2015
(via email)
-
Sean “Day 9” Plott
(Livestreaming/Videojogos)
Laura Vitale
(YouTube/Gastronomia)
Steven “Destiny” Bonnell II
(Livestreaming/Videojogos)
Shannon O’Donnell
(Blogue/Turismo)
5 de Março de 2015
(via email)
17 de Março de
2015 (via email)
17 de Março de
2015 (via email)
17 de Março de
2015 (via email)
17 de Março de 2015
(email)
31 de Março de 2015
(email)
7 de Abril de 2015
(via Skype)
-
Nelson Carvalheiro
(Blogue/Turismo
& Gastronomia)
17 de Março de
2015 (via email)
-
Emmy “Emmy Made in
Japan” (YouTube/Lifestyle
& Gastronomia)
“Nightblue3”
(Livestreaming/Videojogos)
Brennon “Goldy”
(Livestreaming/Videojogos)
“Sodapoppin”
(Livestreaming/Videojogos)
Elise, do canal
“MyCupCakeAddiction”
(YouTube/Gastronomia)
Octavian “Kripparian”
Morosan
(Livestreaming/Videojogos)
“Fer0m0nas”
(YouTube/Videojogos)
19 de Março de
2015 (via email)
2 de Abril de 2015
(via email)
24 de Março de
2015 (via email)
24 de Março de
2015 (via email)
24 de Março de
2015 (via email)
24 de Março de
2015 (via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
24 de Março de
2015 (via email)
-
Resposta
Sem resposta.
Resposta a 6 de Março
de 2015, com indicação
de
indisponibilidade
para
responder
às
questões.
Sem resposta.
Sem resposta.
Sem resposta.
Resposta a 19 de Março
de 2015, com indicação
de
indisponibilidade
para
responder
às
questões.
Resposta positiva ao
pedido de entrevista a
18 de Março de 2015.
Realização
da
entrevista, via Skype, a
25 de Março de 2015
(apêndice n.º 10).
Sem resposta.
Sem resposta.
Sem resposta.
Sem resposta.
Sem resposta.
Resposta à entrevista a
17 de Maio de 2015
(apêndice n.º 14).
27 de Abril de 2015
(via email)
Fonte: elaboração própria
57
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Apêndice 7 – Especialistas em comunicação online e em CGU contactados
Foram contactados diversos profissionais da área da comunicação online, além de
indivíduos com conhecimentos privilegiados de CGU, tal como descrito na tabela abaixo:
Tabela 6 - Detalhes dos contactos realizados para entrevista a especialistas: indivíduos, datas e
respostas
Profissional / Indivíduo
TL Taylor (docente em
Comparative Media
Studies/Writing no
Massachusetts Institute
of Technology [MIT])
Patrícia Tavares
(docente do ISEG em
Social Media Marketing)
Ricardo Martins Pereira
(jornalista do New in
Town e blogger)
João Campos
(consultor de Branding
& Design)
Catarina Beato
(jornalista e blogger)
Kristin Drogos
(docente em Emerging
Media & Communication
na University of Texas)
1.º Envio/contacto
3 de Dezembro de
2014
2.º Envio/contacto
20 de Fevereiro de
2015
Resposta
Sem resposta.
4 de Março de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
Sem resposta.
4 de Março de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
Sem resposta.
4 de Março de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
Sem resposta.
11 de Março de 2015
(via email)
31 de Março de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
Sem resposta.
Kjerstin Thorson
(docente de áreas
da comunicação na
University of South
California)
1 de Abril de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
Burghardt Tenderich
(docente nas áreas de
Strategic Communication
& Public Relations
na University of South
California)
Nick Montfort
(docente em Digital
Media no MIT)
1 de Abril de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
Jim Paradis
(docente em
Comparative Media
Studies no MIT)
Fonte: elaboração própria
1 de Abril de 2015
(via email)
1 de Abril de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
Resposta a 7 de Abril
de 2015, indicando que
a
sua
experiência
profissional e áreas de
investigação
não
abordam a temática em
estudo.
Resposta a 7 de Abril
de 2015, indicando que
a
sua
experiência
profissional e áreas de
investigação
não
abordam a temática em
estudo.
Sem resposta.
Resposta a 1 de Abril
de 2015, indicando que
a
sua
experiência
profissional e áreas de
investigação
não
abordam a temática em
estudo.
Sem resposta.
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Continuação do Apêndice 7
Profissional / Indivíduo
Fox Harrell
(docente em Digital
Media no MIT)
Vivek Bald
(docente em Digital
Media no MIT)
Jeffrey Cole
(docente nas áreas da
comunicação na
University of South
California)
1.º Envio/contacto
1 de Abril de 2015
(via email)
2.º Envio/contacto
7 de Abril de 2015
(via email)
Resposta
Sem resposta.
1 de Abril de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
Sem resposta.
1 de Abril de 2015
(via email)
-
Joyce Walsh
(docente em Digital
Design na Boston
University)
Mina Tsay-Vogel
(docente em
Communication na
Boston University)
Dorie Clark
(consultora de Marketing
e docente na Duke
University)
Marcus “djWHEAT”
Graham (comentador
de videojogos
e colaborador
da Twitch TV)
1 de Abril de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
1 de Abril de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
7 de Abril de 2015
(via email)
-
Resposta à entrevista a
4 de Maio de 2015
(apêndice n.º 9).
12 de Abril de 2015
(via email)
-
Sem resposta.
Resposta a 1 de Abril
de 2015, indicando que
a
sua
experiência
profissional e áreas de
investigação
não
abordam a temática em
estudo.
Sem resposta.
Sem resposta.
Fonte: elaboração própria
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Apêndice 8 – Planeamento e operacionalização do trabalho
A tabela seguinte apresenta os contornos do trabalho (entrevistados, indivíduos
abordados como casos de análise e aplicabilidade do clipping) conforme havia sido
planeado – numa primeira fase – e os factos de como efectivamente foi operacionalizado:
Tabela 7 - Comparação entre o planeamento e a operacionalização do trabalho: casos de estudo,
especialistas e detalhes clipping
Planeado
Operacionalizado
Octavian “Kripparian” Morosan (novidade)
Sean “Day9” Plott
Casos de estudo
Byron Talbott
Matthew “Nomadic Matt” Kepnes
Especialistas alvos
Byron Talbott

Matthew “Nomadic Matt” Kepnes
Nelson Carvalheiro (novidade)
Ricardo Martins Pereira
Dorie Clark (novidade)
João Campos
de entrevista
Meios de

Patrícia Tavares

LifeStyle
Público;
New
in
Town;
BGamer;
IGN
Portugal;
comunicação social
Huffington Post; Forbes; TIME; Red Bull eSports; Tubefilter; Renegade
para realização
Travels (além do recurso a agregadores de notícias, casos da Google,
de clipping
do Yahoo, entre outros)
Fonte: elaboração própria
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Apêndice 9 – Entrevista a Dorie Clark, consultora de Marketing e docente na
Duke University
A entrevista a Dorie Clark, consultora de Marketing e docente da Duke University,
foi concretizada num diálogo baseado na troca de mensagens por correio electrónico e
decorreu ao longo do dia de 4 de Maio de 2015.
My research project focus on individuals that started user-generated content
projects as hobbies and, through their communication and contents, managed to
develop them to a point where they became profitable. Some of these projects
are Nomadic
Matt (travel
blogger, http://www.nomadicmatt.com/), Day9 (videogames
livestreamer, http://www.twitch.tv/day9tv) and Byron Talbott (cooking & ‘how to’
YouTuber, https://www.youtube.com/user/ByronTalbott).
1. Do you know these projects? If yes, what opinion do you have about them?
Dorie Clark (DC): I do know Nomadic Matt and actually wrote this article about
him: http://www.forbes.com/sites/dorieclark/2014/07/24/how-to-make-a-living-fromblogging/
I think he and others who have become lifestyle entrepreneurs are very impressive! John
Corcoran blogs about this a lot: http://smartbusinessrevolution.com/blog/
2. What do you believe to be the reason for the success of such projects?
DC: A keen attention to email marketing and list building definitely helps in terms of
creating a fan base that is of a great enough scale to either interest advertisers or support
direct sales of products/services.
3. What communication techniques (eg, text, audio, visual) are more effective for
user-generated content projects? And for these projects to become profitable, what
characteristics are compulsory?
DC: Any of the above (text/audio/visual) can be quite profitable. I'll also refer you to John
Lee Dumas of Entrepreneur on Fire, who has been very successful with his podcast.
61
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
4. Can these individuals with profitable user-generated content projects be
perceived as ‘opinion leaders’ or ‘tastemakers’?
DC: Definitely! One pathway to perceived expertise is interviewing and curating content by
other experts. Eventually you are seen to be one, yourself.
5. Is the public opinion and word-of-mouth a key influence to the success and
development of user-generated content projects? If yes, how important is it?
DC: Word of mouth is important but so are factors like (for podcasts) recommendations
from iTunes and ranking well on their list of top podcasts.
6. How important is it to maintain a periodic schedule for contents release? What is
the ideal time interval?
DC: Podcasts typically were weekly programs until John Lee Dumas created his daily
show, which shot his listenership metrics through the roof and proved very successful in
attracting advertisers.
7. What metrics are better suited to analyze the evolution of these projects?
DC: John Lee Dumas and Pat Flynn of Smart Passive Income post their monthly income
reports, which is a brave form of sharing and is the ultimate success metric.
Thank you for your contribution!
DC: Good luck!
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Apêndice 10 – Entrevista ao blogger Nelson Carvalheiro
A entrevista ao blogger Nelson Carvalheiro (http://www.nelsoncarvalheiro.com) foi
realizada, via Skype, no dia 25 de Março de 2015, pelas 13h00.
Estou a realizar um projecto de investigação (tese de final de curso) sobre a
utilização das plataformas online para “profissionalizar” hobbies (como blogues de
viagens e turismo).
1. O que o levou a dedicar-se à escrita de viagens?
Nelson Carvalheiro (NC): Eu antes de começar a escrita de viagens, antes de começar
o meu blogue, fui director de dois hotéis em Lisboa: o Palácio Belmonte e o Sintra
Boutique Hotel. Nomeadamente no Palácio Belmonte, que é um hotel muito exclusivo,
com preços a rondar os 1.000 euros por noite, além de ser um palácio do século XV com
arquitectura romana e moura, parte do meu trabalho enquanto director era cuidar de
todos os hóspedes, que são pessoas muito exigentes, são viajantes mundiais e requerem
muita atenção. E eu fazia o meu trabalho tão bem que ficava sempre muito amigo destas
pessoas, ficávamos quase amigos pessoais, e as minhas férias eram passadas a viajar
para junto destas pessoas. Algo do género: tu foste o nosso amigo que nos apresentou
Lisboa e Portugal de uma maneira tão especial que nós queremos que tu venhas
experimentar a nossa realidade. Durante esses três anos, em que trabalhei lá como
director, viajei um pouco por todo o mundo só para ir ter com estas pessoas: Califórnia,
Miami, Brasil, Espanha, Alemanha, Itália, Suíça, por aí além. A ideia de começar o blogue
foi mesmo para contar estas histórias, de como eu viajava e de como eu descobria estas
locais do Mundo, através do olhar destas pessoas que são insiders, que conhecem o
destino tão bem como eu conheço Lisboa e Portugal.
2. Quando e porquê que decidiu que queria dedicar-se mais ao seu blogue
pessoal?
NC: Para mim foi uma escolha pessoal, em que o meu objectivo enquanto director
hoteleiro, e enquanto formado em gestão hoteleira, nunca foi ser director de um hotel de
300 quartos ou entrar pela parte corporate do negócio. Sempre gostei muito mais deste
toque pessoal. E depois de ter recebido pessoas como o Jeremy Irons, artistas de cinema
de Los Angeles, arquitectos de Paris, todo esse tipo de pessoas e consegui ficar amigo
pessoal deles, para mim, já foi uma grande conquista na minha carreira profissional e
fiquei muito satisfeito de ter conseguido chegar a este ponto. Então decidi partir para
63
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
outra, para outra parte da minha vida, que seria essa parte de viajar e contas estórias.
Contar estórias de uma forma muito interessante, que as pessoas se pudessem ligar a
elas e foi esta minha vontade pessoal de mudar o que eu estava a fazer na vida e deixar
a hotelaria para trás e começar a fazer estas estórias de viagem.
3. Porquê que escolheu criar um blogue, em detrimento de outras plataformas de
comunicação (ex: canal de YouTube)?
NC: A ideia nunca foi ser um travel writer para escrever para magazines ou revistas,
sempre quis ter a minha própria forma de comunicar. E para mim era claro que essa
forma seria através de fotografia, uma coisa que me dá muito prazer em fazer, e para
contar estórias tem de ser pelo método escrito. Nunca fui videógrafo. Gosto de disfrutar
de vídeos de inspiração de viagens como qualquer outra pessoa, mas não é aquilo que
eu gosto de fazer. Sempre foi claro, desde o início, sempre que via blogues de viagens,
aquilo que eu vi-a eram excelentes fotografias e excelente storytelling.
4. Recebe algum tipo de assistência exterior (ex: design do blogue, criação de
conteúdos, estratégia de comunicação)?
NC: Não, sou tudo eu. Isto funciona ao contrário, eu é que dou assessoria e uma grande
parte do meu rendimento deve-se a clientes que procuram os meus conselhos e a minha
informação acerca de como construir as suas páginas e como podem eles próprios gerar
conteúdos interessantes.
5. Em que tipo de conteúdos (ex: temas/tópicos) se focou quando iniciou o seu
blogue? Como (e porquê) escolhe sobre o que escrever agora?
NC: O que se passou comigo passa-se normalmente com quase todos os blogues de
viagem, que é um processo de três fases. A primeira fase quando tu crias o blogue e
contas estórias sobre viagens em que participaste ou sobre algum hotel ou sobre alguma
entidade que fica perto da tua área. Porque ainda não tens dimensão para que outras
entidades te patrocinem viagens ou estadias. Primeiro comecei por isso, a contar estas
viagens que eu fiz a título pessoal. Depois, começou a parte onde eu já comecei a ter
alguma visibilidade e comecei a contactar as entidades que me interessavam para fazer
estórias de viagem. E ao mesmo tempo também comecei a receber alguns convites de
algumas entidades de turismo, de hotéis, de restaurantes, de tour operators, de DMC’s,
para ir visitar os seus destinos. Agora, estou na última fase, em que recebo pedidos
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
quase todos os dias e de quase todo o Mundo e faço uma filtragem daqueles que acho
que vão ser interessantes para o meu blogue. E já estou nesta fase em que só me
desloco mediante o pagamento, não só necessito que me paguem as despesas de
viagem mas também espero ser ressarcido pelo meu trabalho de escrita e de geração de
conteúdo.
6. Quais os desafios de comunicação (ex: uma meta de leitores) que encontrou até
ao momento? Como os superou?
NC: Não estabeleci metas. A parte de que gosto mais de ser o meu próprio publisher é
que para mim o objectivo sempre foi inspirar viagens e contar boas estórias. Nunca criei o
blogue para fazer dinheiro, esse nunca foi o meu objectivo. Nunca criei o blogue para
ganhar fama ou para ter seguidores ou para fazer algo desse género. Sempre foi para
contar estas minhas estórias de viagem e para dar a conhecer ao Mundo esta minha
maneira de ver os destinos que eu considero que são maneiras mais interessantes de
viajar, muito mais do que os circuitos turísticos, e dando a minha voz pessoal. Eu acho
que foi essa liberdade que me permitiu contar as estórias que eu quero e da maneira que
eu quero. Há bloggers que são como relógios, todas as quintas-feiras está lá uma post,
duas vezes por semana. Para mim, é um bocadinho mais relaxado do que isso. Por
exemplo, tento fazer muito poucas listas de top10. Eu faço estórias mais profundas,
quase um pouco etnográficas, mas que para mim são “a” maneira de viajar e de conhecer
um destino. Aliás, este meu último artigo sobre o Varanasi, Índia, é quase um textbook
example da maneira do Nelson viajar.
7. Como desenvolveu e aperfeiçoou a sua comunicação ao longo do projecto (ex:
feedback dos leitores)?
NC: No início, quase que só fazia um brain dump das minhas visitas, sem muita
estrutura. Depois quando tirei fotografia de viagens e escrita de viagens em Londres, fiz
um curso lá na London School of Journalism e na University of the Arts London, já
comecei a dar mais estrutura ao conteúdo que fazia, mas é um on going process. Não
posso ser lazy e só escrever numa cronologia temporal, sem fazer com que o leitor se
ponha minha pele e veja as coisas como eu vejo e veja as coisas em contexto e que
consiga mesmo sentir o que é que é o destino. Muito mais do que dizer “olha foi giro, é
espectacular, tens de experimentar”, porque essas definições são muito diferentes de
pessoa para pessoa.
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
8. Houve algum tipo de conteúdos ou técnicas de comunicação que tenha tentado e
que não funcionaram? Quais?
NC: Às vezes é um bocadinho de sensibilidade pessoal. Para mim, os meus posts são
sempre muito fotográficos, têm muito conteúdo visual. Houve algum conteúdo que eu
gerei no início que não teve muito interesse: fiz uma pequena lista de 15 recomendações
para negociar tarifas de hotel, quase como uma maneira de eu, como director hoteleiro,
dar o conselho a pessoas ‘privadas’ para negociarem tarifas de hotéis de uma forma
pessoal e em contacto directo, pois consegue-se mais vantagens do que fazendo apenas
a pesquisa online. São conteúdos que não funcionam tão bem. Mas também depende
muito do meio para que estou a publicar: se forem conteúdos como uma fotografia de um
momento de viagem que seja assim mais cândido, funciona muito bem no Instagram;
mas, por exemplo, no Facebook e no Twitter já não. Se for um caso como o meu artigo
agora sobre os restaurantes em Lisboa, que foi partilhado não sei quantas vezes no
Facebook, mas no Instagram não tanto pois é uma plataforma só de inspiração de
fotografia. Por isso é que eu digo, estas listas funcionam bem quando são dirigidas a
mercados específicos. O de Lisboa funcionou bem porque a maior parte dos meus
seguidores são portugueses. Mas se for para uma comunidade internacional já não
funciona assim tão bem.
9. Qual considera ser o seu público-alvo? Esse público-alvo, sofreu alterações
desde o lançamento do blogue?
NC: O público-alvo, para mim, sempre foi muito bem definido: seriam as pessoas que
foram meus hóspedes no Palácio Belmonte. São sempre essas pessoas que eu tenho
em mente quando escrevo algo. São pessoas que são high networth individuals, que
valem milhões e que viajam pelo Mundo, que conhecem muitas experiências e que
gostam de luxo através da simplicidade e não através da opulência. Pessoas que tanto
estão confortáveis a jantar num restaurante de 3 estrelas, como a comerem street food
em Siem Reap, no Camboja. É este o tipo de pessoas para quem eu escrevo e são estas
pessoas que tenho sempre em mente. Agora, certamente que com o evoluir do blogue e
com estes prémios recentes e com toda esta notoriedade em Portugal, claro que esta
minha audiência se mudou um bocadinho mais para Portugal e conta agora com cerca de
38 por cento das minhas visualizações mensais.
66
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
10. E antes, qual era o número de visualizações de Portugal?
NC: Para saber exactamente quais eram os valores de Portugal tenho de ir agora ver ao
Google Analytics. [Enquanto obtinha a informação...] Nos primeiros 6 meses que se
seguiram ao prémio da Fitur 2014, o blogue estava a ter cerca de 12 a 15 mil visitas por
mês. Antes, as visualizações de Portugal eram de 28 por cento.
11. Quando é que se apercebeu que podia tornar o seu blogue pessoal num
projecto rentável?
NC: Para mim, sempre foi esta ideia de que o blogue tinha de ser algo fun. Algo que eu
me divertia a fazer, mas como é óbvio todos precisamos de comer e pagar a casa e tudo
isso. O ponto de viragem foi quando ganhei no ano passado o prémio da Fitur 2014,
quando comecei a receber todos estes pedidos de viagens e de colaboração. Foi quando
eu tive o meu primeiro trabalho de consultoria para a APTECE, a Associação Portuguesa
de Turismo de Culinária e Economia, e para quem ainda sou colaborador mensal – não
directamente no blogue mas via blogue. Foi aí que eu virei todas as minhas atenções em
crescer o blogue e em ganhar toda esta notoriedade e toda esta dimensão para
conseguir atrair mais clientes e mais rendimento.
12. Para manter o seu projecto rentável, que preocupações (ex: logísticas) tem de
ter e que aspectos considera prioritários na sua comunicação?
NC: É uma pergunta difícil de responder, porque cada um de nós tem uma ideia de como
deverá ser a sua imagem. E todos os bloggers têm blogues diferentes. Uns recorrem a
temas que estão na internet e só colocam conteúdo. O que eu fiz foi falar com um
developer e quase que fiz o meu site à medida, com ele, com as minhas indicações de
que cada item devia estar onde e como devia funcionar a navegação dentro do blogue.
Para mim, este era o sentido de como eu queria a minha imagem a passar lá fora. Agora,
dizer precisamente de como aconteceu é difícil porque foi 1 ano e meio a ver blogues de
viagens e a perceber como é que as coisas poderiam funcionar melhor para mim.
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
13. Vai então tentando manter a espontaneidade do blogue, mas sem perder o foco
no que é interessante para o leitor?
NC: Claro claro, certamente. Tenho sempre esta ideia de que é esta a linha de conteúdo
que tem de ser feita. E agora, mais recentemente, com toda esta avalanche de pedidos,
vi a necessidade de estabelecer o “Nelson” como esta plataforma de inspiração de
viagens a um nível internacional. E era um grande desperdício eu estar constantemente a
recusar pedidos porque não conseguia estar a viajar 24 horas por dia. Por isso, criei esta
pequena parte dos meus inspiring friends, que são pessoas que eu conheço
pessoalmente, são pessoas que eu conheci em viagens por todo o Mundo e são quase
que os meus enviados em missões de pesquisa de inspiração de viagens por mim. Isto
porque não posso fazer tudo. Por exemplo, ainda agora o Brendan e o Emanuele
estiveram em Baku, no Azerbaijão, num convite que chegou para mim através do
Turismo do Azerbaijão para visitar aquela cidade, para fazer um guia para o meu blogue.
Nesse mesmo fim-de-semana, a Maria Braga, que é outra colaboradora minha, estava na
Madeira na Rota das Estrelas. E nesse mesmo fim-de-semana, o Bruno Sacadura estava
a fazer um review num hotel no Norte de Portugal. Só para que se tenha uma ideia da
quantidade de pedidos que tenho para ver sítios. Tento sempre responder a todos
aqueles que me interessam e por isso é que criei este conglomerado de pessoas que são
como eu e que gostam de contar estórias como eu.
14. Esses colaboradores, quando vão viajar, partilham as experiências através do
seu website?
NC: Sim, os convites chegam para mim. Eles convidam o “Nelson” para ir e eu digo que
não posso e que tento enviar alguém. O conteúdo é sempre para ser publicado no meu
site.
15. De que oportunidades profissionais já beneficiou, como resultado do seu
projecto? E quanto a parcerias e/ou patrocínios?
NC: Falar em conferências, nomeadamente sobre food travelling. Estive o ano passado
em duas conferências, uma em Itália e outra em Portugal. Estive também em outra
conferência a falar sobre o impacto dos Social Media no património. Vou agora falar na
maior conferência do Mundo de bloggers de viagem que é a TBEX [“The Future of Travel
Media”], onde vou ter um keynote acerca de food travelling, que é quase como o pináculo
desta minha dedicação a contar estórias de viagem. Maior do que isto só se eu for falar à
68
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
ONU ou algo do género. Também faço consultoria de estruturação de informação visual
online para outras companhias. Tudo o que um blogger pode tocar, eu recebo propostas
para fazer e para trabalhar com estas pessoas.
16. Sente que a forma como comunica com os seus leitores é diferente agora de
quando lançou o blogue? Como e porquê que se deram essas mudanças de
abordagem?
NC: É sempre uma evolução natural. Eu quando comecei, eu sabia muito pouco do que
era Social Media, sabia muito pouco do que é que era blogging, sabia muito pouco de
toda esta parte da interacção e engagement online. A única coisa que eu sabia era que
queria contar estórias de viagem e, como é óbvio, com o passar do tempo, com todo
tempo que dedico em frente ao computador e a falar com outras pessoas, a ter
interacção online, toda a comunicação altera-se.
Agora já sei que não vale a pena pôr certo conteúdo online porque não vai ter
engagement, enquanto no início era um bocadinho de trial and error, a ver o que é que
funcionava. Agora já sei muito mais, já sei muito melhor como direccionar estes
conteúdos de uma forma mais eficiente.
Nelson, agradeço-lhe imenso a disponibilidade e continuação de sucesso para o
blogue.
NC: Tá perfeito, obrigado.
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| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Apêndice 11 – Detalhes das publicações do blogue Nelson Carvalheiro
Gráfico 1 - Categorização das publicações do blogue Nelson Carvalheiro, de Março de
2014 a 2015
Fonte: elaboração própria
70
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Apêndice 12 – Dados referentes à análise de conteúdos do canal de
YouTube de Byron Talbott
Gráfico 2 - Lista dos dez vídeos com mais visualizações (Março de 2014-2015) e interactividade
no universo de vídeos analisados
No Fail Turkey Brine
265.954
Thai Tea with Boba (Bubble Tea)
267.872
"Candy cane" Macaron
280.708
Grilled Cheese "Pizza"
283.560
44
41
Não há interacção
Há interacção
Homemade "Nutella"
333.746
Chocolate Chip Ice Cream
Sandwich
339.449
"Nutella" Lava Cake
357.079
Cheesecake
379.719
The Cookie Cup
654.260
Baumkuchen (Tree Cake)
789.433
Fonte: elaboração própria
Gráfico 3 - Lista dos cinco vídeos com mais visualizações nas primeiras
inserções de cada mês durante o primeiro ano de existência do canal
514.661
311.820
181.019
134.133
131.304
1
The Perfect Sunny Side Up Eggs-How to and Recipe
Omelette-How to and Recipe
French Macarons-How to and Recipe
Pizza-How to and Recipe
Chocolate Air-How to and Recipe
Fonte: elaboração própria
71
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Continuação do Apêndice 12
Gráfico 4 - Lista dos dez vídeos que mais subscrições geraram
(Março 2014-2015)
"Candy cane" Macaron
942
Chocolate Cream Filled Donut
1149
Grilled Cheese "Pizza"
1239
Jalapeño Poppers
1336
Chocolate Chip Ice Cream Sandwich
1423
"Nutella" Lava Cake
1549
Homemade "Nutella"
Cheesecake
The Cookie Cup
1743
2717
7189
Baumkuchen (Tree Cake)
9618
Fonte: elaboração própria
Figura 15 - Screenshot do vídeo “Baumkuchen (Tree Cake”)
Fonte: Byron Talbott (2015)
72
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Continuação do Apêndice 12
Figura 16 - Demonstração do tipo de letra informal no vídeo “The Cookie Cup”
Fonte: Byron Talbott (2015)
Gráfico 5 - Número total de visualizações de todos os vídeos no canal de YouTube de Byron
Talbott
Fonte: Social Blade (2015)
Gráfico 6 - Número total de subscritores do canal de YouTube de Byron Talbott
Fonte: Social Blade (2015)
73
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Continuação do Apêndice 12
Gráfico 7 - Número de subscrições geradas por semana temática
Fonte: elaboração própria
Tabela 8 - Dados estatísticos referentes às semanas temáticas, por ordem decrescente de
subscrições geradas (em milhares)
Data
Nome
Subscrições / tema
(em milhares)
Subscrições
(evolução, em
milhares)
Número de
vídeos
01-07-2014 a 19-07-2014
DrinkWeek
90,64
274,59-365,23
6
24-07-2014 a 23-08-2014
IceCreamWeek
73,55
379,52-453,07
6
06-06-2014 a 26-06-2014
CakeWeek
35,64
222,13-257,77
4
27-08-2014 a 22-09-2014
VeggieWeek
20,14
456,73-476,87
4
30-10-2014 a 25-11-2014
PumpkinWeek
18,58
507,72-526,3
3
03-03-2015 a 14-03-2015
ChocolateWeek
14,76
599,96-614,72
3
10-01-2015 a 25-01-2015
SaladWeek
13,32
553,86-567,18
3
05-02-2015 a 16-02-2015
BreakfastWeek
11,49
575,62-587,11
3
20-05-2014 a 30-05-2014
NutellaWeek
10,63
206,39-217,02
3
26-09-2014 a 07-10-2014
FrenchWeek
8,88
478,85-487,73
3
26-03-2014 a 06-04-2014
SandwichWeek
6,54
176,53-183,07
4
01-05-2014 a 12-05-2014
ChickenWeek
5,36
196,16-201,52
6
18-03-2014 a 23-03-2014
DonutWeek
4,73
170,17-174,9
3
06-03-2014 a 11-03-2014
SnackWeek
3,7
156,39-160,09
4
14-04-2014 a 18-04-2014
FunFoodWeek
3,11
186,65-189,76
3
13-05-2014 a 18-05-2014
GrilledCheeseWeek
3,08
202,63-205,71
3
24-04-2014 a 27-04-2014
FishWeek
2,81
191,93-194,74
3
03-12-2014
CookieWeek
1,32
529,15-530,47
1
Fonte: elaboração própria
74
| Criadores de conteúdos: a transformação de um hobby numa profissão através da comunicação online
Apêndice 13 – Transcrição parcial da entrevista de Byron Talbott e Rachel
Talbott ao social media The Stylish
Byron Talbott: “I’m not working at any restaurant at the moment. I’m pursuing YouTube
full time”
[...]
Byron Talbott: “The reason people watch youtubers is because they’re not stars. They
don’t have the star attitude and the idea, the fundamental idea, of watching YouTube is
that they’re not a celebrity and you can relate to them”
[...]
Rachel Talbott: “Each of us will put up 1 video per week on average” [afirmação com a
qual Byron Talbott concordou]
[...]
Rachel Talbott: “It eventually became kinda like a partnership, where I’m helping him with
his videos, he’s helping me. It’s a business that the two of us can do together” [afirmação
com a qual Byron Talbott concordou]
[...]
Rachel Talbott: “On YouTube, you are a content. You create it, you produce it, you direct
it, you edit it. It really really represents who you are” [afirmação com a qual Byron Talbott
concordou]
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Apêndice 14 – Entrevista ao livestreamer Octavian “Kripparian” Morosan
A
entrevista
ao
livestreamer
Octavian
“Kripparian”
Morosan
(http://www.twitch.tv/nl_kripp) decorreu de um diálogo por troca de mensagens via correio
electrónico e foi realizada no decorrer do dia 17 de Maio de 2015.
My research project focus on individuals that started user-generated content
projects as hobbies and, through their communication and contents, managed to
develop them to a point where it became profitable.
1. When did you engage in livestreaming?
Octavian “Kripparian” Morosan: About 3 years ago.
2. Once you started your Twitch channel, when and why did you realize that you
wanted to focus more on it?
Kripparian: I was working as a computer technician before that and I was doing youtube
videos (non-profit) which were fairly popular. I had announced that I would start streaming
with the intention to kill Diablo in hardcore inferno world first. At that point I realized that I
can make the minimum amount of money to sustain myself through youtube and twitch so
I decided to start full time.
3. Why did/do you focus primarily on livestreaming instead of other communication
platforms (eg, YouTube)?
Kripparian: I was / still am active on youtube, in fact youtube came first. I realized though
that twitch was better for what I wanted to do, more interactive with viewers, and could be
more profitable than youtube. Also, without streaming on twitch I would not be able to
have ample content for my youtube videos.
4. Do you receive any outside assistance (eg, in platform designing, content
creation, communication techniques)?
Kripparian: I had friends and game partners at that time that urged me to stream live, and
I received some graphics from artists, but I can't say that I had organized outside
assistance at the start. For the past year or so, we are working together with my girlfriend,
and both streaming and youtube have grown significantly.
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5. What type of contents (eg, subjects/games) did you aim to focus on from the
start? And how do you choose them now?
Kripparian: I started with D3 because of the diablo kill. After that I tried and streamed a
variety of games, some for long times, like Path of Exile and Hearthstone. Generally I play
what captures my attention. When you play a game every day for 8+ hours, you have to
genuinely like it :)
6. What communication challenges (eg, a number of viewers/followers barrier) did
you encounter so far? And how did you overcome them?
Kripparian: I emerged on twitch at a time when streamers were very few and focused on
mobas. I got attention and became popular - I was already fairly popular due to youtube,
so I'd say I'm not a typical case. I used to have very few subscribers, and the situation has
somewhat improved since I started acknowledging subscriptions on stream.
7. How did you manage to improve your contents and communication along the
way (eg, viewers feedback)?
Kripparian: I took viewers feedback into account, of course, and I also did a lot of of
research. I looked other popular channels and tried to identify the reasons they were
popular, and thought about how I can adapt them to my style and personality. Keeping the
quality of the content high, and improving the production quality of the stream and the
youtube videos played a significant role.
8. Can you elaborate on any type of contents or communication approaches that
you tried and didn't work out?
Kripparian: Some games bring fewer views, for example I had only a few thousand
viewers at best when playing Path of Exile for almost a year. However I can't exactly say
that this falls into the category of things that "didn't work out", it was just a game that
appealed to me and I wanted to play it. I can't really think of specific examples of such
approaches that didn't work out.
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9. What do you consider to be your target-audience? And how has it shifted since
the start of your project?
Kripparian: I don't think that my audience has shifted much. They are largely male, young
and quite often from NA [North America].
10. To keep your project profitable, what do you consider a priority in your contents
and communication? How big is your focus on diversity (eg, having a presence on
YouTube and Twitter; taking the merchandising route)?
Kripparian: Everything counts. Obviously the most significant is actually putting out a lot
of content, daily, with high quality. Additionally, keeping in touch on social media,
organizing events, merchandize etc help a lot. Thankfully working with my girl had
enabled me to focus on content creation, as she takes care of most of the rest of the stuff.
It's a full time job for more than 2 people.
11. What sort of professional opportunities did you benefit from as a result of your
project? What about partnerships and/or endorsements?
Kripparian: I get a lot of business proposals on a daily basis but I want to be able to
support / use / test the products and services of my sponsors. As a result of that, I have
only a few sponsors that are featured on my channels.
12. Do you feel that the way you approach your audience (way of communication
and contents produced) is different now from when you started your project? How
and what made you change approaches?
Kripparian: I think that now I make an effort for better quality and better production of
content and more interaction by reading all messages and replying to as many as I can.
13. What do you think your viewers/followers value more in your Twitch channel
(eg, first-person experience sharing, viewer interaction)?
Kripparian: If I had to name a couple of things, these would be the sense of community
and the clean stream without overlays.
Thanks a lot for taking the time to participate in the study!
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Apêndice 15 – Dados referentes à análise de conteúdos do canal de Twitch
de Octavian “Kripparian” Morosan
Figura 17 - Ilustração do cenário usual (habitação, Canadá) em que Kripparian realiza as suas
transmissões
Fonte: Kripparian (2015a)
Figura 18 - Ilustração do cenário alternativo, visível no canto superior direito (competição de
videojogos, Alemanha), em que Kripparian realizou uma das suas transmissões
Fonte: Kripparian (2015a)
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Continuação do Apêndice 15
Figura 19 - Imagem exposta no canal de Twitch de Kripparian quando a transmissão está offline
Fonte: Kripparian (2015a)
Figura 20 - Imagem exposta no canal de
Twitch de Kripparian quando a
transmissão se iniciou há instantes
Fonte: Kripparian (2015a)
Figura 21 - Logótipo de Kripparian
Fonte: Kripparian (2015a)
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Continuação do Apêndice 15
Figura 22 - Exemplo da periodicidade das transmissões de Kripparian
Fonte: elaboração própria
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Apêndice 16 – Notificações Twitch TV
Figura 23 - Ilustração da notificação recebida via email por todos os seguidores do canal de
Twitch de Kripparian aquando do início da transmissão
Fonte: elaboração própria
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Apêndice 17 – Loja online com merchandising de Kripparian em exposição
Figura 24 - Ilustração da secção de “hoodies”, no departamento de merchandising de Kripparian
da loja online DesignByHumans
Fonte: DesignByHumans (2015)
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Apêndice 18 – Detalhes das plataformas de comunicação dos casos de
estudo
Tabela 9 - Características de comunicação e design das plataformas de comunicação dos casos
de estudo
Slogan
Nomadic Matt
Nelson Carvalheiro
Byron Talbott
Kripparian
“Travel Better,
-
-
-
Cheaper, Longer”
Imagem nítida e
Alusiva ao autor do
Imagem de perfil do
Imagem de fundo
Imagem
vivida, alusiva à
blogue
utilizador YouTube
autopromocional
de abertura
exploração
NelsonCarvalheiro.com
Domínio base do YouTube:
Domínio base da
youtube.com/ByronTalbott
Twitch TV:
turística
NomadicMatt.com
Domínio
twitch.tv/nl_kripp
Design
Próprio
Próprio
Template base do YouTube
Template base da
Dentro do menu
Na secção “About”
No menu “Acerca de” do
No campo de
canal
descrição do
da plataforma
Informações
úteis
Hiperligações
Twitch TV
"About Me" e em
"Start Here"
Redes Sociais
canal
Redes Sociais online
Redes Sociais online
online
Menus
Redes Sociais
online e Fórum
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de navageção
Arquivo
Fonte: elaboração própria
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