Julho 2012 O Século de Carl Gustav Jung Constança Bettencourt

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Julho 2012 O Século de Carl Gustav Jung Constança Bettencourt
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EDITOR
DIRECTOR DE ARTE
Constança Bettencourt
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COLABORADORES
Pedro Mendes
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REDACÇÃO E DEPARTAMENTO DE
COMUNICAÇÃO
Rua Dr. José Joaquim de Almeida
420 D. R/C Esq. 2775 Carcavelos
Contacto: + 351 96 756 1006
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Facebook: nucleo.jung
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PERIODICIDADE: Quadrimestral
DISTRIBUIÇÃO: 1ª edição online
gratuita
INDÍCE
1.
Editorial: O Século de Carl
Gustav Jung
2.
Núcleo Português de
Estudos Junguianos
3.
5ª Edição do Curso de
Introdução à Psicologia Junguiana
4.
Aulas abertas
5. / 6. C.G. JUNG - A Obra
Completa
6. / 7. "The Red Book"
8. / 12. A Hipótese Espantosa de
C.G.Jung (Colóquio e Livro)
12. / 13. Parceiros do NPEJ
14.
IV Conferência
Académica Internacional
15. / 17. Destaques na 7ª Arte e
Leitura
18.
6ª Edição do Curso de
Introdução à Psicologia Junguiana
l
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EDITORIAL - Julho 2012
O Século de Carl Gustav Jung
Estimados leitores, há já algum tempo que andávamos a prometer uma newsletter
e finalmente está na calha a primeira edição de uma série de publicações
quadrimestrais que passaremos a editar.
Ao longo destes últimos 8 anos, a professora e psicóloga Juliana Estevez, que foi
responsável por ter implementando 5 edições do Curso de 18 meses de Introdução
à Psicologia Junguiana (de 80hrs) em Portugal, e que deu formação a mais de 300
pessoas nesta área, viu o seu trabalho confluir em 2011 na criação do Núcleo
Português de Estudos Junguianos. Juntamente com três outros psicólogos, todos
eles Portugueses, passa a divulgar o seu trabalho sob esta alçada, contribuindo
para afirmar o seio de um grupo de pessoas que se comprometem a passar a
mensagem do conhecimento legado pelo psiquiatra Carl Gustav Jung, na sua
odisseia pela compreensão aprofundada do ser humano.
Com efeito, esta Psicologia ainda algo subterrânea no nosso país, avança passo a
compasso na sua materialização, beneficiando do zeitgeist actual, esse espírito dos
tempos que marca a nossa cultura e que esteve bem patente no recente
lançamento do filme de Cronenberg, A Dangerous Method.
Ao longo destas 18 páginas, propomos um (re)encontro cronológico de forma a
partilharmos com todos os alunos, colegas e subscritores o que tem sido a procura
de um porto lusitano onde o Jung, com o barco de toda uma vida de investigação
na área da Psicologia, possa atracar. Com uma ênfase especial que reflecte um
apanhado geral do que aconteceu desde o ano passado até agora, partilhamos
aqui também a informação de movimentos futuros, como é a 6ª Edição do nosso
curso em Lisboa e pela primeira vez no Porto, e a IV Conferência Académica
Internacional de Psicologia Analítica em Braga!
Como directora e editora desta publicação, convido cada um a mergulhar numa
etapa pioneira, mas madura, do enraizamento da Psicologia Analítica em Portugal.
A meia década de celebração da sua morte, que o espírito de Carl Gustav Jung
continue a dar os seus frutos e a inspirar todos os que o têm na sua senda pessoal,
a 'sophia' da Psicologia e o percurso de desenvolvimento pessoal.
Constança Bettencourt,
Julho 2012
Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
Constança Bettencourt
Psicóloga de vertente Clínica (FPCEUL), Membro efectivo da
Ordem dos Psicólogos Portugueses, tem recebido formação
introdutória à Psicologia Junguiana consecutivamente desde
2004. Curso de 3 anos em TTPC (Teorias e Técnicas das
Psicoterapias Corporais). Integra o grupo de Supervisão Clínica
da Essência e o Ser há 8 anos. Faz Clínica privada em
Carcavelos com orientação Somática e Junguiana. Desde 2009
que é assistente de Juliana Estevez no Curso de Introdução à
Psicologia Junguiana e está em processo de acreditação como
Analista Junguiana.
O trabalho desenvolvido por Juliana Estevez em
Portugal desde 2004, quando leccionou o primeiro
curso de Introdução à Psicologia do Jung, leva-a a
fundar o NÚCLEO PORTUGUÊS DE ESTUDOS
JUNGUIANOS em 2011 com mais três psicólogos
(Constança Bettencourt, David Lameiras e Pedro
Mendes)
O NPEJ tem como objectivo aprofundar a vida e a
obra de Carl Gustav Jung, de forma a transmitir os
princípios, conceitos, métodos e metas do modelo da
Psicologia Analítica desde o seu aparecimento até aos
dias actuais, acompanhando também a sua evolução
teórica e a sua aplicabilidade a várias áreas do saber
humano.
Pedro Mendes
Licenciado em Psicologia, com um Mestrado em Psicologia,
Aconselhamento e Psicoterapias (Universidade Lusofona de
Lisboa), Membro efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
Tem um MA em Jungian and Post-Jungian Studies (Centre for
Psychoanalytical Studies - University of Essex) e é aluno de
Doutoramento em Psychoanalitycal Studies (vertente de
estudos Jungianos e Pós-Jungianos) na mesma universidade em
Essex. Faz Clínica privada. Está em processo de acreditação
como Analista Junguiano.
Propondo-se a contribuir para integrar os contributos
da Psicologia Analítica no panorama da psicologia
actual em Portugal, e a divulgar as teorias e as práticas
que subjazem à visão da psique na óptica Junguiana,
o NPEJ espera contribuir para o desenvolvimento do
paradigma transpessoal corrente no âmbito das áreas
de Formação, Psicoterapias, Desenvolvimento Pessoal
e Orientação Vocacional.
David Lameiras Rafael
Quem somos
Trabalhou 10 anos em contextos empresariais multiculturais
antes de se formar como Psicólogo no Reino Unido, e está
inscrito na Ordem dos Psicólogos Portugueses. Especializou-se
como Director de Psicodrama e encontra-se a terminar
mestrado em Psicologia Clínica e Counselling pela UAL e a
formação em Director de Souldrama. Tem um Curso de
Introdução à Psicologia Junguiana e um interesse particular em
Psicodrama Junguiano e Transgeracional. Está em processo de
acreditação como Analista Junguiano.
www.nucleojung.com
Juliana Estevez
Licenciada em Psicologia Clínica, Membro efectivo da Ordem dos
Psicólogos Portugueses, pós graduada em Psicologia Junguiana
e tem formação em Psicoterapia Somática em Biossíntese.
Colabora na formação TTPC (Teorias e Técnicas das
Psicoterapias Corporais) no Centro Português de Estudos
Reichianos e trabalha como psicoterapeuta de inspiração
Junguiana no seu consultório Essência e o Ser. Está em
processo de acreditação como Analista Junguiana.
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contacto: 96 756 1006
Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
5ª Edição
Curso de "Introdução
à Psicologia do Jung"
(80hrs)
Aulas abertas
realizadas
Maio 2011 a
Dezembro 2012
Mandala pintada por Jung no "O Livro Vermelho"
Lisboa
• "A noção de
Arquétipo e sua
evolução"
Luís Saraiva
• "Sincronicidade em
O programa geral do curso tem sido
sempre dado pela Juliana Estevez,
mas a 5ª Edição do Curso de
Introdução à Psicologia Junguiana
em Lisboa organizou-se pela primeira
vez com um leque de vários
professores especializados em temas
diferentes.
A sua vinda teve como objectivo
enriquecer os conteúdos
programáticos propostos pelo curso
de forma articulada com as aulas e o
NPEJ tornou estas aulas "abertas", ou
seja, passíveis de serem frequentadas
por alunos antigos de outras edições
ou externos ao curso.
A 5ª Edição do
Curso de
Introdução à
Psicologia
Junguiana reuniu
um leque de
vários
professores
Como possivelmente haverá pessoas
que estão a entrar em contacto com
o nosso trabalho pela primeira vez
através desta newsletter, é importante
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referir que desde que o curso
começou em 2004, qualquer pessoa
independentemente da sua formação
tem podido inscrever-se.
Isto tem-nos permitido levar este
conhecimento não só a psicólogos,
mas a outros profissionais que
trabalhem na relação humana com
fins terapêuticos e a todas as pessoas
a quem os estudos e 'filosofias'
desenvolvidos pelo psiquiatra C.G.
Jung despertam interesse.
Os 18 meses do
curso, sugerem
igualmente um
percurso de
maturação e
desenvolvimento
pessoal
Com uma vertente essencialmente
teórica, mas também com algumas
dinâmicas assentes no autoconhecimento do aluno, os 18 meses
do curso sugerem igualmente um
percurso de maturação e
desenvolvimento pessoal na óptica de
uma introspeção à luz dos conceitos
deste modelo.
Jung - A ruptura do
tempo"
Pedro Mendes
• "Arquétipo e
Instinto - a unidade
do Espírito e da
Matéria, da Psique
e do Somático"
Cedrus Monte
• "O Self em Jung - O
Self como
Psicologia"
Pedro Mendes
26 jul. 1875– Carl Gustav Jung
nasceu em Kesswil, no lago
Konstanz (Bodensee)/
Constança, cantão da
Turgóvia/Thurgau, Suíça.
Morreu em 1961.
RIP
Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
-------------------------------------"A Unidade do Espírito e da Matéria,
da Psique e do Somático"
…..Aula e Workshop Vivencial….
(com tradução)
--------------------------------------
aulas abertas
As aulas abertas a alunos externos iniciaram-se no final
de 2011 com uma primeira aula dada por Luís Saraiva
(um dos membros colaboradores do NPEJ) sobre o
tema "A noção de arquétipo e sua evolução" Contribuições da teoria da emergência e das
neurociências para esta noção fundamental da
Psicologia de Jung. O Luís é um analista acreditado
pelo C.G.Jung Institut-Zürich e membro da IAAP e da
IAJS. e também professor de Psicoterapia Junguiana
(unidade curricular do 3º ano do curso de Psicologia Universidade Católica Portuguesa - Faculdade de
Filosofia. Centro Regional de Braga).
As aulas prosseguiram com o tema da "Sincronicidade
em Jung", dada pelo Pedro Mendes.
-------------------------------------"Sincronicidade em Jung"
…..A ruptura do tempo….
Mar. 2012
As formulações de C.G. Jung sobre Arquétipo e Instinto
representam um conceito psicossomático no qual
Espírito e Matéria, Psique e Somático se interligam. Jung
descreveu Arquétipo e Instinto como estando ligados,
postulando que o Espírito e a Matéria não estariam
separados e divididos, mas seriam duas manifestações
diferentes do mesmo fenómeno.
Na AULA foram apresentadas algumas noções de C.G.
Jung acerca do Arquétipo-Instinto através de exemplos
diversos encontrados na Alquimia, Fisiologia e
Expressão Criativa.
No WORKSHOP os participantes puderam experienciar
as ideias teóricas apresentadas na palestra dando
corpo a representações de imagens em sonhos,
sintomas psicossomáticos e outras expressões do
inconsciente através de um trabalho de Expressão
Criativa e Corporal.
Dez. 2011
--------------------------------------
--------------------------------------
“O Self em Jung "
Abr. 2012
…O Self como psicologia…
O conceito de sincronicidade, é dos mais desafiadores
e fascinantes da teoria Jungiana. Apesar de ter estado
presente desde muito cedo na forma de Jung pensar a
psique humana, apenas tardiamente é que ele "ousou"
escrever acerca desde conceito francamente
"radical". Nesta aula exploramos a sua definição, vários
exemplos de sincronicidades, como foi construída e
desenvolvida esta teoria e a forma como este
conceito congrega os principais conceitos da
Psicologia Analítica. Compreender a sincronicidade no
modelo Jungiano é fundamental para compreender a
"tensão" vivida por Jung entre ciência e espiritualidade
e a forma como sempre tentou fazer a ponte entre
estes dois campos.
Uns meses mais tarde acolhemos pela primeira vez em
Portugal Cedrus Monte, professora estrangeira, mas
com raízes Portuguesas! A Cedrus é uma analista
acreditada pelo C.G.Jung Institut-Zürich, estando
afiliada com a Escola Internacional de Psicologia
Analítica em Zürich (ISAPZurich) onde desenvolve
cursos e workshops centrados na análise corporal, no
processo criativo e na relação que existe entre psique,
povo e cultura. Facilitou-nos uma aula e um workshop
intitulada a "A Unidade do Espírito e da Matéria, da
Psique e do Somático"
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-------------------------------------Em Março o Pedro Mendes regressou de novo e
mostrou-nos como podíamos abordar esta tema como
Jung o desenvolveu, e ajudou-nos a percebermos
algumas abordagens pós-Jungianas.
As questões filosóficas e metafísicas que sempre
acompanharam Jung ao longo da sua vida e carreira,
assim como a constante tensão entre o secular e
sagrado, a ciência e a transcendência reflectem-se
na sua concepção de Self, que "não é um problema
para ser resolvido mas um mistério para ser explorado"
(Colman, 2006). Na história da psicologia profunda,
terreno partilhado pela Psicologia Analítica e
Psicanálise, é a conceptualização do Self em Jung que
abre a possibilidade para uma concepção
transpessoal do mesmo.
Em Jung e nalgumas correntes Junguianas, o Self é
mais do que um conceito, é o centro, o objectivo e o
princípio organizador de todo o modelo da psique. Por
esta razão podemos falar em Self como psicologia.
O Self em Psicologia Analítica foi também comparado
com o mesmo conceito em Psicanálise, de forma a
explorar a particular abordagem oferecida por esta
escola psicológica.
Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
C.G. JUNG - A OBRA COMPLETA com nova edição!
Lançada em 2011, é assim que a
EDITORA VOZES concebeu a caixa
que contém todos os livros da Obra
Completa de C.G. Jung, reeditados
e divididos em 18 volumes,
totalizando 35 livros escritos pelo
psiquiatra suíço de renome.
Ao portador da caixa, é oferecido
o volume "Índices Gerais:
Onomástico e Analítico", sendo
uma publicação de Jung inédita
publicada no Brasil e importada
para Portugal através da Vozes.
Legenda descritiva de imagem ou
gráfico.
De acordo com a editora: "Quase
uma década transcorreu desde
que finalizamos a tradução e
publicação em língua portuguesa
dos 18 volumes da Obra Completa
de Jung. A obra foi traduzida
lentamente ao longo de várias
décadas. A equipe de tradutores e
revisores que assumiu este longo e
minucioso trabalho nos idos anos
80, foi composta por profissionais
apaixonados, competentes e
profundos conhecedores da
Psicologia Analítica. No entanto, a
tradução concentrou-se, por um
lado, nos volumes de maior
interesse por parte do público
brasileiro e, por outro, na
disponibilidade dos tradutores.
Também é essa a razão de alguns
volumes da edição original terem
sido divididos em volumes menores
e publicados separadamente.
A presente reedição, além de
reestruturar o conjunto completo,
permitiu alguns ajustes necessários
que queremos destacar.
Primeiramente, quanto à
organização dos volumes. Os 18
volumes originais, assim agrupados
pelos editores alemães em conjunto com os editores
norte-americanos, traziam poucas subdivisões. Com
exceção do volume 9 (dividido em 9/1 e 9/2), do 14
(dividido em 14/1, 14/2 e 14/3) e do 18 (dividido em
18/1 e 18/2), os demais eram volumes únicos. A
edição em língua portuguesa, pelas razões acima
mencionadas, subdividiu, além desses, também os
volumes 7, 8, 10, 11 e 16, de modo que temos um
total de 35 volumes que compreendem os 18
volumes de texto da Obra Completa original.
Esta edição não modifica tal estrutura, uma vez que
ela atende à necessidade de um vasto público para
quem a publicação avulsa tem-se revelado de
grande utilidade e praticidade. No entanto, alguns
ajustes foram realizados para tornar mais clara a
relação dos volumes entre si e com a edição original.
Além do título do volume subdividido como já era
conhecido do público, foi inserido o título do volume
único conforme o original, de modo que o leitor
possa identificar, assim, os diversos tomos que
pertencem a um mesmo volume. Quando não há
subdivisões, consta apenas o título geral, já
conhecido.
Em segundo lugar, é apresentado ao público o
volume dos "Índices Gerais – Onomástico e Analítico",
tal como na edição original e até agora existente
apenas de forma parcial em cada volume
separadamente. Agrupar todos os verbetes presentes
nos diversos volumes da Obra Completa permite aos
estudiosos um acesso mais sistematizado e detalhado
para a pesquisa.
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Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
Além disso, esta reedição foi ocasião oportuna para
adequar a obra às novas normas ortográficas
recentemente acordadas entre os países de língua
portuguesa. Alguns ajustes foram implantados no texto,
decorrentes de uma necessária padronização entre os
volumes, e a tradução como um todo foi mantida,
exceto no volume 8/1 - A energia psíquica, que teve
nova tradução a partir do original alemão.
Além destas publicações, de inquestionável
envergadura acadêmica e intelectual, somam-se ao
catálogo da Editora Vozes as obras da coleção
Reflexões Junguianas, reforçando nosso
Esta reedição, portanto, apresenta-se melhorada em
editorial neste campo e mostrando
diversos
Página 3aspectos e, como não podia deixar de ser, Junho de 2012posicionamento
● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
nossa
convicção
a respeito da importância da
recebe uma nova diagramação e arte gráfica,
Psicologia Junguiana para o diálogo com as demais
visando fazer jus à importância do eminente psiquiatra
ciências e a cultura."
suíço.
É cada vez mais reconhecida a importância da
contribuição da Psicologia Analítica de Jung para a
cultura e a sociedade atual. Suas teorias e descobertas
relacionadas à alma humana, sua riqueza e
complexidade, bem como a compreensão do ser
humano que ele descortinou, dialogam
interdisciplinarmente com diversas outras esferas de
atuação intelectual contemporâneas. Esta reedição
da Obra Completa acontece também às vésperas da
comemoração, em 2011, dos 50 anos da morte de
C.G. Jung Completa acontece também às vésperas
da comemoração, em 2011, dos 50 anos da morte de
C.G. Jung e concomitantemente ao lançamento
mundial do Livro Vermelho, considerada uma das
publicações mais importantes na área da psicologia
nas últimas décadas.
Os alunos do nosso curso têm10% de desconto em qualquer livro das Obras Completas!
Dorothy McGhee a folhear O Livro Vermelho de Carl Jung na livraria Politics and Prose
em Washington, foto por Amanda Lucidon para o The New York Times
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Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
representações abstractas, o livro não deixa ninguém
indiferente, nem mesmo um leigo na matéria. Ao ilustrar uma
avalanche épica de pensamentos, intuições e visões, Jung
não só se entregou a uma exploração consciente e
profunda da sua "vida subterrânea" (o que aconselhava a
todos os seus pacientes a fazerem) como recorreu ao
trabalho vivencial do livro para estudar a função criadora
dos mitos na saúde da própria psique, tornando a sua
navegação uma viagem de carácter impessoal e colectivo.
Na sua visão, era neste diálogo com essa vida simbólica, que
residia a possibilidade de integração das nossas feridas e
propósitos únicos de vida.
Esta obra de arte, porque não se lhe pode chamar outra
coisa, aglomera o que se podem considerar trabalhos de
cariz terapêutico, cada um deles aludindo a uma realidade
psíquica encontrada por Jung. É pois, para qualquer
Junguiano mandatório ter este livro na sua biblioteca
pessoal, além de que é nestas páginas, que se encontra a
O The Red Book ou O Livro Vermelho, foi produzido por Jung
matéria prima para a construção da coluna vertebral de
entre 1913 e 1930, um período em que o Psiquiatra passou
toda a Psicologia Analítica, assente nos conceitos que
por um processo difícil e angustiante, dado o seu
surgiram posteriormente como "Inconsciente Pessoal",
rompimento conceptual com o movimento da psicanálise
"Inconsciente Colectivo" e "Individuação".
Freudiana e a perca de uma amizade de sete anos com
Freud, seu grande amigo e colaborador. Guardado num
banco Suíço por cerca 50 anos, o livro viu finalmente a luz do
dia em 2009, revelando a profundidade das incursões que
Jung fez ao inconsciente da sua psique. O seu registo nas 205
páginas lembra o visual gráfico dos "Livros de Horas"
Medievais, com um tamanho bem invulgar para um livro de
estudo, tendo sido considerado como uma das mais
importantes obras jamais lançadas no mundo da Psicologia.
Leitores vindos de outras áreas de saber, certamente
fascinados com o aspecto algo sacralizado e estético do
livro, estão convidados a conhecer Jung pela primeira vez
nesta obra, abrindo-se um campo fértil na Psicologia A
Analítica para atingir num público mais vasto,
interdisciplinaridade e diálogo. O livro pode ser encontrado
à venda na Vozes, já com a tradução em Português.
Constança Bettencourt
Escrito à mão com uma caligrafia de ar arcaico, e pintado
por Jung com inúmeros desenhos às cores com minuciosos
detalhes e padrões, o livro é uma autêntica galeria de
arquétipos e processos psicológicos de onde ressaltam
eta de C.G. Jung divididos em 18 volumes, num total de 35
livros
figuras que ele associou às camadas mais profundas da
psique, o "Inconsciente Colectivo ". Com toda uma gama de
enredos de cariz psicodramático, diálogos, personagens
diferentes, momentos simbólicos, mandalas e outras
"Ritter mit Schwert": Imagem fotografada por Ruby Washington
para o The New York Times na exposição do "The Red Book"
Uma imagem do "O Livro Vermelho" em aberto
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Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
Concha Pazo - SEPA Sociedade Espanhola de Psicologia Analítica
Foi no passado dia 21 de Abril que o Núcleo Português de
Estudos Junguianos se deslocou a Braga para participar um
colóquio que serviu de introdução ao lançamento do
primeiro livro lançado por uma editora Portuguesa (As
Edições Sapientiae) com artigos sobre Psicologia Analítica.
O colóquio chamado "A HIPÓTESE ESPANTOSA DE C.G.
JUNG" (com o título do próprio livro) realizou-se na
Faculdade de Filosofia da Universidade Católica
Portuguesa de Braga e foi organizado pelos professores
João Carlos Major e Luís Saraiva. De entrada gratuita,
ofereceu apresentações de 9 palestrantes e reuniu uma
audiência onde estiveram cerca de 40 pessoas em pleno
Sábado!
Juliana Estevez - Núcleo Português de Estudos Junguianos
O programa foi este:
10h00 - Abertura dos trabalhos e Lançamento do livro:
“A Hipótese Espantosa de C.G. Jung”
10h20 - Concha Pazo – Eros e transformação
10h40 - Juliana Estevez – Os sonhos
11h00 - Armando N. Rosa – Reflexões sobre a
obra The Seagull de Anton Chekhov
11h20 - Debate
12h00 - Pausa para o almoço
14h00 - Luís Saraiva – A Anima
14h20 - Marta Oliveira – O Animus
14h40 - João C. Major – Uma visão ‘relacional’ da mente
15h00 - Debate
15h30 - Pausa para café
16h00 - Domingos Ferreira; Romão Araújo –
Investigação Científica em Psicologia Analítica
16h30 - Maria L. Albuquerque – O uso
das metáforas na prática clínica
17h00 - Encerramento dos trabalhos
Luís Saraiva - Professor e Analista Junguiano
João Carlos Major - Psicólogo e Professor
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Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
Entre os vários oradores deste colóquio, a Juliana Estevez
falou sobre o apaixonante tema dos sonhos na base das
dinâmicas do modelo da Psique Junguiano.
Os vinte minutos planeados tiveram que se estender a cerca
de meia hora, e foram socorridos pelo seu poder de síntese
'mercuriano', porque na apresentação dos conceitos se
movia com uma rapidez inteligível, ordenada e interligada
de um tema para o outro nos escassos minutos que dispunha
para falar de algo tão vasto!
Inspirada, a Juliana acabou por enquadrar a temática dos
sonhos no que se tornou uma mini-aula de psicologia
Junguiana, o que muito cativou o público e lhe mereceu
citações dos palestrantes seguintes, relembrando algumas
das ideias que ela tinha transmitido.
demonstrou Jung, o reservatório da nossa energia vital. Sem
a sua integração, seremos apenas seres amputados,
artificiais, estereotipados e profundamente infelizes", levam o
leitor (especialmente o que não conhece o pensamento de
Carl Jung), a questionar o porquê desta afirmação e a
pensar no que se trata ao certo esse reservatório que o
pode levar a algo melhor em si mesmo? E ainda bem que
assim o faz, porque se achar que tem mesmo uma tarefa de
evolução psicológica à sua frente, na qual pode ser um
catalisador e não apenas um espectador passivo, quererá
saber mais sobre esta "hipótese espantosa".
Como dizem as edições Sapientiae e bem, "é tempo das
noções seminais de Jung darem os seus frutos entre nós".
O livro inicia-se com um capítulo escrito pelo João C. Major
que nos leva a perceber essencialmente como "tudo
começou", partindo da noção de inconsciente explorado
por Freud quando descreveu a psique, da sua teoria dos
estádios de desenvolvimento infantil, bem como dos
mecanismos de defesa do Ego face aos conteúdos
insuportáveis, ou não passíveis de serem integrados na vida
consciente da pessoa.
Este capítulo lança então algumas distinções que existem
entre o pensamento conceptual de Freud e Jung e
mantem-se unânime na máxima que ambos os médicos
"A Hipótese Espantosa de C.G.Jung" é o primeiro livro de
defendiam (mesmo eles tendo visões e formas diferentes de
outros que se seguiram com conteúdos ligados ao mundo
trabalhar o inconsciente) e que a psicologia
da Psicologia Analítica. Com a sua primeira edição de
contemporânea também ajuíza, ou seja, que "A actual
100 exemplares esgotada, o livro com 136 páginas, segue
psicologia considera o Inconsciente como um campo
caminho para a sua segunda tiragem. As seguintes
pouco explorado da personalidade, que contém elementos
palavras destacadas na backcover do livro: "A tarefa
responsáveis pelo eventual sofrimento psicológico, por
individual de cada um de nós consiste em lançar luz no
desequilíbrios do psiquismo e do comportamento, que
seu próprio inconsciente com toda a força dos afectos.
precisam de ser compreendidos para que se possa entender
(…) O inconsciente é afinal como
o seu real significado"
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Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
O segundo momento deste livro é escrito pelo Luís Saraiva, e
A psicóloga, exemplifica com a descrição de um caso que
tem como intento levar-nos a perceber como se define
seguiu em clínica referindo o material que surgiu nos sonhos
algo ao qual chamamos "Arquétipo". Como "têm sido vários
da paciente chamada
os autores que apontam inconsistências e contradições que
"Tais" e da sua evolução ao
podem ser encontradas nas obras de Jung no que respeita
longo das sessões. "Tanto
a definição de arquétipo", é nesta 'micro-viagem' às teorias
Psique como Tais encontraron
de cada um destes autores (Jean Knox, McLynne,
una conexión, un sentido por
McDowell, Christian Roesler, Goodwyn, etc) que somos
el que valía la pena caminhar y
transportados.
se echaron a andar como
también Julia en el poema:
A razão pela qual neo-junguianos e outros académicos
com enfoque na área de investigação tentam ampliar o
conceito e esclarece-lo (com visões que são diferentes e
Tu no puedes voltar atrás
porque la vida ya te empuja…."
até contraditórias), deve-se ao facto de Jung ter descrito
Depois de Concha Pazo ter
este conceito através de vários pontos de vista, mas que ele
inaugurado no livro temas
entendia como complementares.
decorrentes da abordagem
Em poucas palavras poderíamos dizer que os arquétipos
fazem parte de sistemas ligados à experiência humana
colectiva arquivada ao longo dos séculos na memória da
humanidade, uma espécie de matriz biológica, pré-cultural
e emocional que herdamos primeiro impessoalmente, com
todas os moldes que existem no espectro das experiências
humanas conhecidas (e.g. mãe, pai, família, amor,
Pintura de Bouguereau (1825–
1905) onde podemos ver uma
jovem a defender-se de Eros.
com os pacientes, a Juliana Estevez prossegue com
um artigo totalmente dedicado ao tema dos "Sonhos" e o
seu papel na saúde psíquica.
A exploração dos sonhos no mundo do inconsciente é uma
fonte de grande significado no auxílio do processo
terapêutico, dado que contendo uma linguagem passível
de ser descodificada, apoiam a pessoa a aprofundar as
amizade, morte, etc) e que depois coloramos ou
preenchemos com as nossas vivências pessoais (e.g. todos
temos ou tivemos uma mãe, mas cada "mãe" representará
para cada um, uma experiência diferente de acordo com
a nossa biografia).
mensagens provindas do mundo inconsciente. De acordo
com Von Franz, "os sonhos são como cartas do Self que
envia ao ego todas as noites".
Os sonhos oferecem pistas de diagnóstico e elucidam a
etiologia do paciente através das suas histórias pitorescas e
Não é uma tarefa simples descrever o conceito porque ele
enredos paradoxais, na forma de dinâmicas que a
implica um diálogo entre as nossas disposições inatas
consciência nem sempre consegue descortinar
ligadas ao instinto, por um lado, e à influência dos
prontamente, se não interpretar com alguns critérios, a
arquétipos no comportamento humano pelo outro. Algo
mensagem por detrás desses mesmo significados.
que nos remete para o par "corpo-psique".
Freud viu neles a representação alucinatória de um desejo
Concha Pazo traz-nos em espanhol, um foco sobre o
reprimido, mas Jung, tendo também considerado os sonhos
processo de "Eros y Transformatión". Tendo por base o mito
como uma forma de compensação onírica do mundo
de "Eros e Psique". Eros, o Deus grego do Amor que no
exterior e consciente no campo do inconsciente, levou
panteão romano era conhecido como Cupido, é tido aqui
todo o trabalho analítico com os sonhos para um campo
como o arquétipo central da ligação e dos vínculos que
mais profundo e transpessoal. Efectuou inúmeros estudos
criamos connosco, com os outros e com o mundo
clínicos e investigações ao nível da simbologia e do papel
circundante. A relação afectiva e esta capacidade de
dos símbolos como 'mensageiros' de significado nos sonhos.
criar vínculos (Interiores e exteriores) ocorre no
desenvolvimento do ser humano e reporta-se à importância
das primeiras relações familiares na formação psíquica do
individuo. A história da Psique (alma) com Eros, remete para
os desafios que nunca se separam das defesas emocionais
que surgem para lidar com as percas da vida. Com
frequência, a pessoa poderá boicotar o amor que
necessita, acabando por sofrer ainda mais.
Página 10
Na Psicologia Junguiana, eles são fundamentais para se
trabalhar os 'hieróglifos' próprios de cada pessoa e
entender a influência que os arquétipos, como
transformadores de personalidade, têm sobre o seu
percurso e destino. A linguagem em que o arquétipo se
expressa, vem 'escancaradamente' através das imagem
veiculadas, as quais pela sua riqueza de significados,
ampliam a percepção da nossa fenomenologia e sentido
Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
de vida.
um conceito que também era estudado por Wolfgang
O artigo destaca a sequência interessante de sonhos de
uma paciente ao longo de 20 dias e o significado pessoal
que se extraiu deles em psicoterapia. "Jung também nos
Pauli, físico e vencedor do prémio Nobel da Física em 1945,
que estudava a sincronicidade mediante a perspectiva
científica".
alerta para a fundamental importância de considerar os
Não ficando somente por aqui, Marta Oliveira adentra pela
sonhos dentro do contexto do sonhador e observar os
visão que Freud e Jung tinham em relação à "experiência
sonhos numa sequência, pois eles parecem vir em séries.
religiosa", entre outros temas.
É frequente que os sonhos apareçam em blocos e com
formatos ou narrativas semelhantes".
Já no penúltimo capítulo do livro, a proposta dos autores
Domingos Ferreira e Romão Araújo, é colocar a tónica na
"Investigação em Psicologia Analítica".
Nas 17 páginas deste contributo, o tema dos sonhos
continua mesmo para além do estudo de caso, já que a
Se por um lado se considera a investigação científica em
Juliana partilha também como se estruturam as "3 etapas
psicanálise como algo relativamente novo, contando
importantes que auxiliam a análise dos sonhos: recolha de
apenas com 20 anos, e se diga que a Psicologia Junguiana
detalhes, associações e amplificações, e por fim a
ainda estará mais isolada das outras correntes no mundo
contextualização dos sonhos".
académico pela escassez de investigação científica, é
preciso destacar que a fundamentação de base do
Muito longe da interpretação distorcida que alguns
interlocutores possam dar aos seus próprios sonhos (ou dos
outros) com traduções taxativas, existe todo um método
modelo analítico entre 1900 e 1909, envolveu sérias
investigações empíricas por parte de Jung.
criterioso para se explorar esta linguagem sem causar danos
Desenvolvendo um "método específico de observação
ao 'papiro psíquico' original. É importante que as
participante, que acabou por tornar-se a sua abordagem
referências generalizadas do senso comum (e.g. sonhar
característica em termos metodológicos ", Jung recorreu ao
com aranhas significa traição) possam ser contornadas,
teste de associação de palavras de uma forma
para não desvincular o sonho da sua riqueza inicial.
extremamente precisa. Mediu os tempos de reacção aos
No 5ª capítulo do livro "A Espiritualidade em Jung", Marta
Oliveira mostra-nos a forma como Jung equacionou a
experiência de interioridade numa busca de um sentido
maior para a vida. "Tal como nós, Jung foi um homem que
se questionou sobre a sua existência e sentido de vida. O
seu interesse pelo conhecimento do ser humano na sua
totalidade, marcou o seu percurso quer pessoal, quer
profissional. Utilizando a sua própria experiência como
material de investigação e trabalho, Jung procurava
estímulos, percebendo as respostas dos pacientes como
seguindo padrões específicos, e agrupou em núcleos, os
temas mais ou menos traumáticos para cada examinado.
Da análise minuciosa de respostas às palavras estímulo,
segundo categorias de "semântica, fonética, sintáctica e
gramatical", emergiu o termo dos "complexos". Falamos em
"complexos" como um dos conceitos actuais mais
conhecidos na generalidade da psicologia, graças ao
facto de Jung ter cunhado o termo.
compreender como era estruturada a psique humana,
O artigo destes dois senhores, destaca ainda uma série de
quais os seus dinamismos, quais as suas bases e limites, quais
investigações actuais na área da Psicologia Analítica desde
as suas fraquezas e potencialidades".
os arquétipos e inconsciente colectivo, aos sonhos, à
investigação dos tipos psicológicos e em psicoterapia
Ao explorar os significados do mundo interno, a
espiritualidade, centrando-se numa dimensão não material
do ser humano, remetia também para a experiência da
Junguiana. Extraíram informação de inúmeras fontes, e
deram-nos a nata do que se tem feito a este nível.
religiosidade pessoal (um conceito diferente do de
Desengane-se quem é oriundo de outras áreas que não a
"religião") e da sua dimensão inerentemente afectiva, como
psicologia, se o tema lhe parece aborrecido por soar a algo
forma saudável da pessoa se ligar a um "sentimento de
muito académico! A Psicologia Junguiana é uma área na
integração do universo ao qual Jung chama de
qual as possibilidades da criatividade da própria inves-
"consciência cósmica".
tigação nos chamam a atenção, pelo que já se tentou,
Este sentido de algo "maior que nós", aparece no que
pelo que não se fez e que ainda pode ser posto em prática.
conhecemos como fenómenos "extra-racionais", a que
Em Portugal este é totalmente um campo virgem por
chamamos no senso comum de coincidências e que a
explorar, pelo que no futuro se espera que o sonho da
Psicologia Junguiana explorou como o "Arquétipo da
investigação na Psicologia Analítica se possa concretizar
Sincronicidade". "Jung descreve a dimensão psicológica de
com o apoio de alguma faculdade, instituto ou fundação.
j
j
Página 11
Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
Por fim o livro encerra-se com um texto em inglês da autoria
de Armando Nascimento Rosa: "Theatre as Symbolic
Enactment of the Struggle for Power: Reflections on the
Seagull, by Anton Chekhov". Ao demonstrar o confronto
entre duas atitudes diferentes no mundo da produção
artística, "both these views exposed by Checkhov's play will
be confronted with Jung's differentiation between
'psychological art' and 'visionary art', interpreting art as
knowledge of the psyche". Os vários personagens desfilam
por um enredo arquetípico, onde sobressai claramente o
papel da anima e um complexo materno fortíssimo que
recai sobre Treplev, numa tensão que é dramaticamente
levada até às suas últimas circunstâncias…
Caso tenha interesse, o livro pode ser adquirido através do
NPEJ por 15 € + portes de envio.
Como representantes do movimento da Psicologia
Transpessoal em Portugal, e com o intuito de passar a
colmatar uma área de especialidade que ainda não se
encontrava alicerçada nas suas iniciativas, a Alubrat
(Associação Luso-Brasileira de Transpessoal) passa
também a contribuir para fazer uma ponte com o
enraizamento da Psicologia Analítica em Portugal. O laço
humanista e transpessoal que reside na sua visão desde
que fundaram a associação em 1996, assenta na
promoção da "transdisciplinaridade entre diferentes
saberes e culturas, em busca da união de dois dos
maiores patrimónios do conhecimento humano, que são a
ciência e a espiritualidade".
Constança Bettencourt
www.alubrat.pt
A Essencia e o Ser, e o recentemente formado Centro
Português de Estudos Reichianos no mesmo local, é a casa
que tem acolhido as várias edições do Curso de Introdução
à Psicologia Junguiana desde a sua primeira edição em
2004. "Com mais de uma década de existência, este é um
espaço onde o conhecimento e o encontro entre pessoas
têm o seu lugar. Onde há o espaço para a confusão do
Caos, e a possibilidade da emoção que contém a
capacidade Criadora. Onde a arte e o trabalho árduo
convivem sem conflitos".
O Espaço Amar é o local onde
ainda se encontra a decorrer a 5ª
Edição do Curso de Introdução à
Psicologia Junguiana em Lisboa
www.espacoamar.com
www.aessenciaeoser.net
Página 12
Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
O NPEJ assinou recentemente uma parceria com a revista
Revista Psicologia na Actualidade no sentido de levar a
futuras edições da revista o nosso contributo. Com um ano
e poucos meses de existência, esta é primeira revista digital
feita em Portugal nesta área. Na sua óbvia dedicação e
profissionalismo, reúne um leque variado de temas ao
alcance de todos os profissionais de saúde, pais, filhos,
professores e outros, de forma a acolher um público mais
vasto e "interessado em encontrar respostas
aos problemas e questões contemporâneas".
www.psicologianaactualidade.com
Copyright Notices
A imagem no editorial da Philemon Foundation bem como
as imagens pintadas por Jung que usamos do livro The Red
Book têm a autorização de (c) 2009 Foundation of the Works
of C.G. Jung, Zürich - First published by W.W. Norton &
Company.
A Editora Vozes está estabelecida no Brasil há mais de cem
anos e em Portugal desde Maio de 98. Na 5ª Edição do Curso
de Introdução à Psicologia Junguiana tornaram-se nossos
parceiros. Publicam e comercializam obras especialmente no
campo cultural e religioso, tendo a seu encargo a obra de
C.G. Jung (com 10% de desconto para os nossos alunos).
A livraria está aberta ao público na Rua Dona Filipa
de Vilhena, 20 A em Lisboa.
A imagem "Ritter mit Schwert" também se inclui nestas
autorizações (c) 2007 Foundation of the Works of C.G. Jung,
Zürich.
A big thanks to the Philemon Foundation and to the agents
of Jung estate, Paul and Peter Fritz AG, Zürich, Switzerland
www.philemonfoundation.org
www.livrariavozes.com
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Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
PROGRAMA
IV CONFERÊNCIA ACADÉMICA DE
PSICOLOGA ANALÍTICA
E ESTUDOS JUNGUIANOS
Agenda Internacional
Numa altura em que o trabalho iniciado por C.G. Jung começa a ter
repercussões mais sérias no nosso país, é com honra que Portugal
acolhe na cidade de BRAGA a IV CONFERÊNCIA ACADÉMICA DE
PSICOLOGA ANALÍTICA E ESTUDOS JUNGUIANOS! (18 a 21 de Julho 2012).
O legado deixado por Jung, atualmente expandido por tantos
profissionais de diversos países nas mais diversas áreas, criou um
movimento ímpar no mundo da Psicologia. Neste encontro, professores
e moderadores como: Murray Stein, Cedrus Monte, Andrew Samuels,
Olivia Del Castillo, Luís Saraiva, Marcus Quintaes, Helena Bassil-Morozow,
entre tantos outros, vão estar em solo português a dar o seu contributo.
O congresso terá lugar na Universidade Católica Portuguesa, na
Faculdade de Filosofia em Braga e é patrocinado pela IAAP e IAJS.
O programa da conferência, que tem por tema "JUNG’S ANALYTICAL
PSYCHOLOGY IN CONVERSATION WITH A CHANGING WORLD", e o
programa pode ser consultado online.
Program Committee:
Toshio Kawai (IAAP). Co-Chair
Don Fredericksen (IAJS).
Co-Chair
Alessandra De Coro (IAAP)
Lucy Huskinson (IAJS-IJJS)
Murray Stein (IAAP)
Ruth Williams (IAJS)
Organizing Committee
Armando Nascimento (IAJS )
Denise G. Ramos (IAAP)
Luis Saraiva (IAAP)
Monumento icónico de Braga, a Igreja "Bom Jesus do Monte" numa visão da
Escadaria dos 5 Sentidos, um percurso considerado alquímico.
Página 14
Informações sobre o programa:
www.academic-conference.net
Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
Mundo da 7ª Arte
do feminino e do masculino tiveram na
sua
obra.
Em
detrimento
de
um
aprofundamento sobre do modelo da
psique Junguiano, o filme acaba por
focar o que foi mais histórico na
relação entre Freud e Jung e centra-se
na própria intimidade amorosa de
Jung, na relação com Sabina.
Na Psicanálise a relação visava a
aplicação de técnicas e tinha o seu
enfoque posto na patologia, mas Jung
defendia a ideia de que tanto o
paciente como o próprio terapeuta,
estariam
Com o anunciar do filme A DANGEROUS METHOD realizado por
Cronenberg, e ainda a uns largos meses de espera, iniciou-se um
countdown aguardado por muitos para a estreia do filme no passado
Nov. 2011. A ante-estreia realizada na semana do Lisbon & Estoril film
festival,
contou
com
a
presença
do
próprio
Cronenberg!!!
ambos
processo
de
quem
envolvidos
no
estava
ser
a
tratado. Muito embora ele soubesse
que existiam critérios que definiam essa
relação terapêutica, a sua relação
com Sabina acabou por transcender,
e bem, tanto as paredes do hospital e
dos passeios costumeiros no jardim
O seu filme narra a história verídica da relação entre CARL JUNG e
(nessa
SIGMUND FREUD e o enredo explora, para além das vicissitudes entre
tratamento, também Freudiano por
altura
era
um
hábito
do
os dois grandes homens da psicologia, a relação bem única que Jung
sinal, estes passeios, algo que hoje os
desenvolveu com a sua paciente Sabina Spielrein.
psicólogos achariam impensável)
No desfilar das cenas, vemos o Jung
como
cientista
e
explorador
da
consciência apanhado na vigorosa
corrente
que
revolve
as
pulsões
masculinas e femininas no mundo da
paixão, recaindo sobre ele a visão de
um 'homem mundi', frágil e agonizado,
Sabina na sua figura representativa das qualidades da "anima" (o lado
feminino de um homem) do próprio Jung, transportou-o para algo
mais profundo, sendo para ele uma inspiração vital e anímica mas
também intelectual, pois contribuiu para o esboço que os arquétipos
Página 15
tentado e em dúvida, humanizado.
Prosseguiu de acordo com as suas
próprias razões afectivas, mesmo que
Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
Esfera dos Livros
Jung in Contexts
'transgredindo' aos olhos de quem o
possa julgar.
Para compreender a complexa obra de
Carl
Colocando este ângulo passional em
2º plano, o que se destaca é que Jung
antecipou
a
dinâmica
por
oposição
ao
Jung,
é
fundamental
conduziram e possibilitaram a criação da
relacional
sua obra: familiar, cultural, histórico. Neste
paciente-terapeuta no seu trabalho
clínico
Gustav
conhecer os diversos contextos que o
livro editado por Paul Bishop, Jung é
modelo
contextualizado a três níveis - histórico,
clássico da Psicanálise Freudiana que
literário e intelectual - em nove ensaios
era seguido nessa época. Sendo o
contexto cultural muito diferente do de
escritos por académicos reconhecidos internacionalmente nas suas
hoje, é por isso justamente tão valioso
áreas de investigação. No contexto histórico, o seu “confronto com o
resgatar os insights que ele trouxe.
inconsciente”, a sua atitude e posição perante o Nacional Socialismo
Como o filme abriu a porta a debate,
especialmente entre Junguianos e não
Junguianos,
questões
únicas
e
intrigantes foram levadas no passado
dia 10 de Fevereiro a uma discussão
académica
na
Sociedade
Psicologia
Analítica
de
londrina.
na Alemanha dos anos 30 (fonte de grandes discussões no mundo
Junguiano) e a composição da sua “autobiografia” – Memories,
Dreams, Reflections
– é analisada por um dos académicos de
referência neste momento no mundo “Junguiano”, o historiador Sonu
Shamdasani (a palavra autobiografia é propositadamente colocada
entre
aspas,
Sonu
Shamdasani
explica
porquê...).
No contexto literário, um primeiro ensaio analisa o impacto da
obra The Devil’s Elixir (1816) de E. Hoffmann, e a importância desta na
relação entre Jung e Freud. Num segundo ensaio é explorada a
importância e influência que Jung e as suas ideais tiveram na obra de
Thomas
Mann
(1875-1955),
particularmente
na
sua
tetralogia Joseph (além da importância deste ensaio, pode ser uma
primeira reflexão da influência da psicologia Junguiana na literatura
do século XX).
A palestra aprofundou o impacto que
o próprio filme teria sobre os pacientes
e explorou as críticas que lhe podiam
ser feitas; tentando perceber como é
que a visão existente sobre as ideias
de Freud e Jung, se transforma perante
o filme, convidando a uma nova
Finalmente, no contexto intelectual, conhecer as influências filosóficas
de Jung, nomeadamente a filosofia romântica alemã e a escola
francesa é fundamental para uma correcta compreensão dos
conceitos Junguianos, que descobrimos não serem inéditos mas uma
aplicação
psicológica
de
conceitos
amplamente
explorados
previamente na filosofia. Particularmente neste capítulo, é olhada a
influência de Schopenhauer, Nietzsche e Bergson.
reflexão e descoberta sobre estes dois
Paul Bishop, é professor de alemão e Director do departamento de
homens...
Língua Alemã e Literatura na Universidade de Glasgow e é uma
Poderá ser este o século em que a
Psicologia Junguiana se afirmará com
mais força? Acreditamos que sim.
Constança Bettencourt
Página 16
académico profundamente envolvido na ligação entre Jung e as suas
influências filosóficas. É autor de várias obras e artigos de referência,
nomeadamente The Dionysian Self: C. G. Jung’s Reception of Friedrich
Nietzsche (1995)
e Analytical
Psychology
and
German
Classical
Aesthetics: Goethe, Schiller, and Jung: Development of the
Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
Personality v. 1 e Analytical Psychology
experimentar o “sentido da vida”. Aniela Jaffé foi analisanda de C. G.
and
Jung e uma das suas mais próximas colaboradoras, cooperando com
German
Goethe,
Classical
Schiller
Aesthetics:
and
Jung:
o mesmo no seu livro autobiográfico “Memories, Dreams, Reflections”.
Constellation of the Self v. 2(Analytical
Foi
Psychology
interpretativos da obra de Jung.
and
German
Classical
Aesthetics)
(2007)
editora
das
suas
“Cartas”
e
autora
de
vários
trabalhos
Pedro Mendes
Pedro Mendes
The Handbook of Jungian Psychology
“The Handbook of Jungian Psychology –
Theory,
Practice
and
(2006).
London
and
Applications”
New
York:
Routledge
Este manual de Psicologia Junguiana –
Teoria, Prática e Aplicações, editado
pelo
Prof.
Renos
Papadopoulos
(Professor de Psicologia Analítica no
Centre for Psychoanalytical Studies da
de Essex,
analistanasce
didacta
psicoterapeuta sistémico na Universidade
Tavistock Clinic
- Londres)
da
Junguiano
e de forma abrangente mas
necessidade de reunir num único
volume
The Myth of Meaning
ao mesmo tempo aprofundada, os vários campos da Psicologia
O que dá sentido à vida? Esta é uma
das perguntas que o homem faz desde
a antiguidade. C. G. Jung, ao longo
dos anos, e na permanente tensão
entre o secular e o sagrado que
encontramos na Psicologia Analítica,
explorou
esta
importância
questão.
dada
consciência
por
dos
Dada
a
Jung
à
fenómenos
inconscientes, defende que o homem
cria sentido e pode encontrar e dar
sentido
à
sua vida.
Contudo,
no
fenómeno da sincronicidade, parece
haver
evidência
objectivo
e
de
um
“sentido
transcendente”.
Aniela
Junguiana, introduzindo as
visões
pós-Junguianas dos
mesmos
conceitos e áreas. Dividido em três partes: Teoria (Epistemologia e
metodologia de Jung; o Inconsciente: pessoal e colectivo; Os
arquétipos; A Sombra; Anima/Animus; Tipos Psicológicos; O Self),
Psicoterapia
(Transferência/Contra-transferência;
Individuação;
Imaginação Activa; Sonhos) e Aplicações (Alquimia; Religião; As
Artes), cada capítulo é escrito por um especialista na área em
questão, que trata do conceito/área a partir do trabalho de Jung,
revisões posteriores do conceito por clínicos e/ou académicos
Junguianos, aplicações do mesmo e áreas a explorar no futuro. Um
manual indispensável para os interessados em Psicologia Junguiana,
infelizmente ainda não traduzido em Português, contudo disponível na
Amazon.
Pedro Mendes
Jaffé neste volume, seguindo a teoria
clássica formulada por Jung e repleto
de citações do próprio Jung (quer das
suas obras escolhidas quer de cartas),
explora temas como o inconscientes e
os arquétipos, o Self, Individuação, o
bem e o mal, a Imago Dei entre outros
conceitos
de
forma
a
encontrar
respostas para esta pergunta. Aniela
Jaffé defende que o mito da vida de
Jung
foi
o
mito
da
consciência,
C.G. Jung embebido na esfera da leitura
consciência essa capaz de produzir ou
Página 17
Julho de 2012 ● Volume 1, Edição 1 ● Núcleo Português de Estudos Junguianos
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