NTD News for Africa

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NTD News for Africa
NTD News for Africa Janeiro de
2013 Continuar os esforços de superação do impacto das doenças tropicais
negligenciadas: segundo relatório da OMS sobre doenças tropicais
negligenciadas
World Health Organization, 2013 [full document available at
http://www.who.int/iris/bitstream/10665/77950/1/9789241564540_eng.pdf]
Sumário
Em Janeiro de 2012, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou um roteiro de locais alvo para a
prevenção, controle, eliminação e irradicação de 17 doenças tropicais negligenciadas (DTNs) ou
problemas de saúde relacionados, tais como: úlcera de Buruli, doença das Chagas, o complexo
teníase/cisticercose, dengue, dracunculíase ou dracunculose, equinococose/hidatidose, treponematose
endémica, trematodíase transmitida por alimentos, tripanosomíase humana africana, as Leshmaníases,
lepra, filariose linfática, oncocerquíase, raiva, esquistossomose, tracoma e helmíntos transmitidos pelo
solo. O roteiro representou um grande avanço estratégico desde a sua publicação no primeiro relatório
da OMS sobre DTNs em 2010, que adiantou como objectivos a irradicação da dracunculíase em 2015 e
da framboésia (bouba) em 2020. Além disso, 6 objectivos foram definidos para a eliminação de 5 DTNs
até 2015, e mais 10 alvos de eliminação foram definidos para 2020 relativamente a 9 DTNs, seja
globalmente ou em áreas geográficas seleccionadas. O roteiro também define objectivos para o controle
intensivo do dengue, úlcera de Buruli, Leshmaníases cutâneas, e certos zoonoses e helmíntos. O roteiro
inspirou a Declaração de Londres sobre doenças tropicais negligenciadas aprovada pelos parceiros e
pelos diversos grupos intervenientes em Janeiro de 2012, que comprometeram-se a manter, expandir e
alargar os programas de controle, eliminação e irradicação das DTNs, de modo a garantir o fornecimento
necessário de medicamentos e outras intervenções. O impacto e a grande disseminação da Declaração
de Londres demonstram que a agenda global de saúde pública já engloba as DTNs.
Este segundo relatório aprofunda os conceitos discutidos no roteiro, descreve a necessidade de progresso
sustentado, e examina os desafios na implementação que os Estados Membros, a OMS e seus parceiros,
enfrentaram, sendo de destacar os seguintes:
·
Desde 2012, um aumento significativo nos medicamentos doados tem permitido à OMS aumentar
gradualmente a administração de quimioterapia preventiva. Até 2012, 700 milhões de comprimidos de
albendazole ou mebendazole foram utilizados anualmente para tratar crianças em idade escolar.
Programas em países onde helmíntos transmitidos pelo solo constituem um problema de saúde endémico
já requisitaram mais 150 milhões de comprimidos – um valor indicativo do aumento significativo da
cobertura do tratamento. Para a esquistossomose, espera-se que a melhoria do acesso ao praziquantel
permitirá que cerca de 235 milhões de pessoas possam receber tratamento até 2018.
·
Progressos impressionantes estão a ser alcançados no sentido de irradicar a dracunculíase;
estima-se que a irradicação da doença reflectir-se-á num aumento de 29% de retorno económico para o
sector agrícolo de países onde a doença já não é endémica. Espera-se que as actividades intensificadas
de vigilância com base nas comunidades, utilizadas em conjunto com programas nacionais de vigilância e
resposta integrada a doenças, aumentem a detecção de casos e subsequente contenção da doença, e
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reduzam ainda mais a transmissão com o objectivo de atingir a irradicação. Apesar das consquistas e
sucessos, desafios operacionais continuam a existir no Chade, Etiópia, Mali e Sudão do Sul.
·
A nova estratégia Morges da OMS tem como objectivo irradicar a framboésia (ou bouba) até 2020,
utilizando uma nova política de tratamento desenhada para substituir as políticas da décade de 1950, que
se centravam na distribuição de injecções de benzatina benzilpenicilina. Publicados em Janeiro de 2012,
os resultados dum estudo na Papua Nova Guiné mostram que um dose oral única de azitromicina é tão
eficaz quanto a injecção intramuscular de benzatina benzilpenicilina no tratamento da framboésia (ou
bouba), desta forma revitalizando as perspectivas de irradicação através da distribuição do tratamento
em massa de populações infectadas e em risco nos estimados 14 países endémicos. Esta nova estratégia
de tratamento da comunidade inteira supera a eliminação das injecções de penicilina, que requer pessoal
de saúde treinado para prestar tratamentos caso a caso.
·
O relatório analisa as oportunidades de realizar intervenções de saúde pública globalmente após
apresentação técnica decisiva sobre as DTNs, presidida pela Presidente da Sexagésima-quinta Assembleia
Mundial de Saúde, Sua Excelência, a Professora Thérèse Aya N’dri-Yoman, Ministra da Saúde da Costa do
Marfim, em Maio de 2012. Reunidos sob a égide de países onde estas doenças são endémicas, a reunião
realçou a “força sem precedentes” que caracteriza o esforço global contra as DTNs, e encorajou os
Estados Membros a aumentarem a cooperação entre si e a reforçarem o seu empenho político de modo a
manterem os objectivos e atingirem as metas do roteiro da OMS. Este relatório realça a necessidade de
programas nacionais e de gestão que permitam que os programas de controlo e irradicação sejam
gradualmente incrementados de forma eficaz e encorajando o empenho dos governos.
·
A tarefa de superaçao das DTNs baseia-se em cinco estratégias de saúde pública: (i)
quimioterapia preventiva; (ii) gestão inovadora e intensiva da doença; (iii) controle do vector e gestão
dos pesticidas; (iv) água potável segura, serviços básicos de saneamento e higiene, e educação; e (v)
serviços veterinários de saúde pública. Apesar duma abordagem poder ser predominante no controle
duma doença específica ou grupo de doenças, as evidências sugerem que os resultados de controle são
mais eficazes quando várias abordagens são combinadas e implementadas localmente.
·
De modo a calcular o progresso no sentido dos objectivos do roteiro, este relatório define os
conceitos de eliminação e irradicação de algumas DTNs e expande o conceito de cobertura de saúde
universal, na sua aplicação às DTNs. A cobertura universal das intervenções de prevenção e controle das
DTNs depende fundamentalmente de sistemas de saúde fortes e eficientes, do acesso a medicamentos
essenciais e de qualidade assegurada e preços acessíveis, uma força de trabalho bem treinada e
motivada, assim como do envolvimento de sectores externos à saúde, incluindo os sectores das finanças,
educação, agricultura e saúde pública veterinária, água, saneamento e gestão ambiental.
·
Este relatório discutiu a fase de implementação do roteiro, identifica os desafios associados e
propôs planos para mitigar alguns dos desafios. Obstáculos e riscos na implementação são tão diversos
quanto as doenças, e estão invariavelmente ligados: alguns incluem os efeitos dos desastres naturais e
conflitos humanos que resultam no deslocamento de milhões de pessoas e interrupção de intervenções
de saúde pública e de vigilância de doenças.
·
A transmissão e persistência de patogéneos responsáveis pelos DTNs depende de vectores ou
hospedeiros intermediários. Por conseguinte, existe o risco de que o acesso suficiente a medicamentos,
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por si só, não chegará para atingir as metas, caso as medidas de controle dos vectores ou dos seus
hospedeiros e espécies intermediárias forem inadequadas. Em 2012, o dengue está classificado como a
mais importante doença viral transportada pelo mosquito, com potencial epidémico em todo mundo.
Houve um aumento 30 vezes maior na incidência global de dengue nos últimos 50 anos, e os seus custos
humanos e económicos são impressionantes. O mundo precisa de mudar da sua abordagem reactiva e
em vez disso implementar medidas sustentáveis e preventivas que são orientadas pela vigilância
entomológica e epidemiológica.
·
Gestão inovadora e intensiva para o tratamento de doenças que são de diagnóstico difícil e que
causam complicações graves, requerem abordagens específicas ajustadas à medida das caracterísitcas de
cada doença; às diferentes formas de infecção; às ferramentas, medicamentos e capacidades técnicas
disponíveis; e à mobilidade e prontidão das equipas médicas descentralizadas para detectarem doentes e
gerirem casos individuais. Nos casos do dengue, doença de Chagas, filariose linfática, as Leshmaníases e
oncocerquíase – as doenças transmitidas por vectores que são responsáveis por um valor estimado de
16% de peso das doenças infecciosas – o controle do vector continua a ser chave na redução da
transmissão.
·
Suficientes recursos humanos (tanto técnicos como de gestão) são necessários para apoiar o
aumento gradual das intervenções a todos níveis dos sistemas nacionais de saúde, assim como para
mobilizar recursos. O novo Grupo de Trabalho da OMS sobre o Reforço da Capacidade está em actividade
desde Dezembro de 2012. .
·
Não obstante os constrangimentos económicos globais, o apoio da parte dos Estados Membros e
seus parceiros tem de ser incrementado para garantir que novos produtos de prevenção, diagnóstico e
controle destas doenças são criados; que estes serviços continuam a expandir-se; e que as muito
necessitadas melhorias dos sistemas de saúde se tornem uma realidade. As técnicas de prevenção e
controle de algumas DTNs e da gestão dos seus vectores, terão de ser melhoradas para que os
objectivos, delineados pela Assembleia Mundial de Saúde em muitas resoluções ao longo de vários,
possam ser alcançados.
Leituras recomendadas:
1 Accelerating work to overcome the global impact of neglected tropical diseases: a roadmap for
implementation. Geneva, World Health Organization, 2012 (WHO/HTM/NTD/2012.1)
2 Working to overcome the global impact of neglected tropical diseases: first WHO report on neglected
tropical diseases. Geneva, World Health Organization, 2010 (WHO/HTM/NTD/2010.1)
O “NTD News for Africa” é uma publicação electrónica mensal que procura
divulgar pelos cientistas, planificadores de programas, decisores politicos e líderes de
opinião que trabalham no controlo das DTN em África, resultados das mais recentes
pesquisas e artigos publicados. É uma iniciativa conjunta da Liverpool School of
Tropical Medicine, Centro para Doenças Tropicais Negligenciadas, Sightsavers e
Helen Keller International, Escritório Regional para a África. Nós encorajamos os
membros desta rede para sugerir possíveis documentos de interesse e fornecer
comentários sobre os artigos seleccionados. "NTD News for Africa" é publicada em
Inglês, Francês e Português.
3 NTD News for Africa Janeiro de 2013
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