morfoanatomia dos estômatos de seis espécies de cyperaceae
Transcrição
morfoanatomia dos estômatos de seis espécies de cyperaceae
MORFOANATOMIA DOS ESTÔMATOS DE SEIS ESPÉCIES DE CYPERACEAE Halisson Rafael Kedrovski (UEPG - IC VOLUNTÁRIO/PROVIC), Fernanda Maria Cordeiro de Oliveira (PIBIC/CNPq-UEPG), Dalva Cassie Rocha (Orientador), email: [email protected] Universidade Estadual de Ponta Grossa/Setor de Ciências Biológicas e Saúde; Departamento de Biologia Geral. Palavras-chave: densidade estomática, Cyperaceae, planta daninha, anatomia. Resumo: Cyperaceae incluem cerca de 90 gêneros e 4.000 espécies, sendo que pouco mais de 3.000 foram devidamente descritas. Na represa de Alagados, Ponta Grossa PR, plantas desta família tem se proliferado e é aconselhável acompanhar este desenvolvimento, já que tal represa é usada com finalidade de abastecimento de água para a cidade. O estudo morfoanatômico dessas plantas daninhas contribui para a análise de sua biologia, . Exemplares de seis diferentes gêneros foram coletados na margem e no espaço alagado, no período de novembro e dezembro de 2008, e em janeiro de 2009. Foram feitas exsicatas e identificação foi feita através de comparações de material herborizado do Herbário da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, PR e com o auxílio bibliográfico. Após a fixação do material em F.A.A 70 foram montadas lâminas semi-permanentes com cortes paradérmicos de cada espécie. Observou-se que morfologia dos estômatos das seis espécies é distinta e que nas amostras de mesmo gênero o que mais difere é a densidade estomática. Esses dados nos sugerem um parâmetro para uma prévia identificação dos gêneros. Introdução As Cyperaceae incluem cerca de 90 gêneros e 4.000 espécies, sendo que pouco mais de 3.000 foram devidamente descritas (Kissmann, 1997). Estas plantas são monocotiledôneas herbáceas perenes, excepcionalmente anuais, semelhantes às gramíneas, contudo, as Cyperaceae possuem caules quase sempre cheios e com nós indistintos; folhas em alinhamento triplo, ao longo dos caules; bainhas quase sempre fechadas (Kissmann, 1997). Representantes dessa família além de plantas daninhas podem ser utilizadas para múltiplos fins, como o milenar “papiro”, o uso de bulbos como alimento (Marks, 1985), plantas ornamentais, fabricação de óleos essenciais (Queiroz & Bechara), óleo complementar ao biodiesel (Ugheoke et al; 2007), forragem (Mazza, 1990). Porém, existe uma escassez de trabalhos que visa à descrição anatômica e morfológica desta família, ainda mais nas condições em que encontram stress hídrico, fótico e eutrofização. As Cyperaceae são encontradas em todo o mundo, sendo particularmente abundantes em habitat úmidos, pantanosos ou ribeirinhos das regiões temperadas. Na cidade de Ponta Grossa, PR (S 25º50'58'' N 50º09'30'') espécies da família das Cyperaceae se desenvolvem nas áreas alagadas como o reservatório de captação de água para abastecimento do município, a represa de Alagados. Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 O estudo morfoanatômico da epiderme junto com o acompanhamento do desenvolvimento contribui para a análise da biologia dessas plantas, inclusive sob o ponto de vista ecológico, auxiliando a identificação das espécies encontradas para um posterior diagnóstico para o controle eficaz. Material e Métodos Seis plantas da família Cyperaceae que ocorrem na represa de alagados foram coletadas nos meses de novembro e dezembro de 2008 e em janeiro de 2009. Parte do material coletado foi herborizado e depositadas no Herbário da UEPG - HUPG, a outra parte foi fixado em F.A.A segundo Kraus & Arduin (1997) para estudos morfo-anatômicos. Mediante herborização, as plantas foram identificadas por processo de comparação, análise de partes vegetativas, reprodutivas e apoio bibliográfico como sendo Cyperus esculentus L.; Cyperus densicaespitosus Mattf. & Kukenth; Cyperus giganteus Vahl; Cyperus rigens J. Presl & C. Presl; Eleocharis montana (Kunth) Roem. & Schult e Rhynchospora corymbosa (L.) Britton. Para a observação geral da epiderme em vista frontal, cortes paradérmicos aleatórios mediano de folhas adultas foram realizados a mão livre (Sousa et. al.; 2005) . Para uma melhor visualização, o tecido foi clarificado com hipoclorito de sódio a 50% e lavado com água destilada. Foram montadas lâminas sem coloração, coradas com safranina e azul de toluidina. Para a análise da densidade estomática de cada exemplar, usou-se da técnica de impressão estomática descrita por Grant & Vatnick (2004). As lâminas foram fotografadas em três campos diferentes para cada parte da folha com o maior número aparente de estômatos por área no aumento de 400x. Foram fotografados 27 campos de observações por espécie Para a análise estatística foram utilizados os métodos de medida de tendência central (média) e medidas de dispersão (desvio padrão e variância) disponibilizadas pelas ferramentas do programa Excel. A determinação do tipo de estômato seguiu a classificação de Appezzato da Gloria & Carmelo-Guerreiro (2003). Para a análise do órgão vegetativo aéreo numa abordagem geral também foram feitos cortes manuais transversais com o auxílio de uma lâmina de barbear e depois de passarem por processo de clarificação em hipoclorito de sódio a 20% foram corados com Azul de Toluidina. Todas as lâminas semi-permanentes foram montadas em gelatina glicerinada. Resultados e Discussão Appezzato da Gloria & Carmelo-Guerreiro (2003) afirmam que em numerosas famílias de monocotiledôneas, há um tipo de estômato, o tetracítico, e que com exceção de Poaceae, as células estomáticas são normalmente reniformes. Neste trabalho, foi verificado que entre Cyperaceae há estômatos reniformes e em halteres, mas não foram observados estômatos tetracíticos (FIG. 1). Em relação à densidade estomática, para todas as plantas a base do limbo possui um número menor que o meio e o ápice, sendo a região mediana aquela que possui o maior número de estômatos. O ápice com densidade mediana. A análise da densidade estomática apresentou grandes diferenças nos números obtidos nos testes. Para C. densicaespitosus a média da base apresentou 22,7% do total de estômatos sendo que a distribuição entre o meio e o Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 ápice foi equivalente com 38,9% e 38,4% respectivamente. Apesar de C. esculentus apresentar um número superior de estômatos em relação ao exemplar anterior, os dados corresponderam às expectativas com 29,4% de estômatos na base, 37,5% no meio e 33,1% no ápice. C. giganteus é um caso especial pelo fato de suas folhas serem muito alongadas. A base possui um numero muito grande de estômatos (34,2%), supostamente devido à captação do reflexo da luz na água, o meio, por ficar sombreado nas touceiras apresenta uma menor densidade na distribuição (29,7%), e o ápice apresenta o maior numero de estômatos pelo fato de receber a maior parte da energia luminosa (36,1%). C. rigens segue o mesmo padrão de C. densicaespitosus a base apresentou 7,3 % de total de estômatos o meio e o ápice com 43,4% e 49,3 % respectivamente. Eleocharis montana teve um resultado singular, ela manteve uma densidade estomática regular com pouca variação entre base meio e ápice devido a folha não se soltar do caule assim em toda sua extensão ela possuir uma área igualmente distribuída e uma iluminação equivalente em todas as partes. A base apresentou 31,9% de estômatos, o meio 34,9% e o ápice 33,1% . Rhynchospora corymbosa obedeceu ao padrão com 23,4% na base, o meio com 34,5%, e o ápice com 30,4%. Tabela 1 – Densidade estomática das seis espécies da família Cyperaceae Base 1: Bainha invaginante Base 1: Bainha invaginante Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 FIG 1 – Estômatos em halteres de Eleocharis montana, (A) e reniforme de Cyperus esculentus (B),ambos diacíticos Conclusões O formato reniforme das células-guarda do estômato de algumas espécies de Cyperaceae é raro, e nas espécies estudadas os estômatos são diacíticos. Referências Appezzato-da-Gloria, B; Carmelo-Guerreiro, S.M. Anatomia Vegetal. Ed.: Editora UFV. Viçosa, 2009. Grant, B. W; Vatnick, I. Environmental Correlates with Leaf Stomate Density. Teaching Issues and Experiments in Ecology, Ecological Society of America, v1, 1 - 42, 2004. Kissmann, K.G. & Groth, D. Plantas Infestantes e Nocivas. Tomo I - 2º edição.São Paulo: BASF, 1997. 825p Kraus, J. E.; Arduin, M. Manual Básico de Métodos em Morfologia Vegetal. EDUR, Seropédia. 1997 Marks, F; Kerr, W. E. Junça (Cyperus esculentos Linné), bulbilho consumido no Maranhão e que possui bom valor nutritivo. Acta Amazônica. 1985, 15, 265 Mazza, C. A. S. ; Mauro, R. A. ; Silva, M. P. ; Pott, A. ; Parron, L. M. Composição botânica da dieta de bubalinos na Nhecolandia, Pantanal SulMato-grossense. EMBRAPA-CPAP: Comunicado Técnico, Corumbá, 1990, 1 Queiroz, T.S; Zoghbi, M.G.B. Estudo da variação do rendimento e da composição química do óleo essencial da Cyperus giganteus Vahl. em função da sazonalidade. XI Congresso regional de Estudantes de Engenharia uímica N/NE, 2006 Sousa, L.A; Rosa, S.M; Moscheta, I.S; Mourão, K.S.M, Rodella, R.A; Rocha, D.C; Lolis, M.I.G.A. Morfologia e anatomia vegetal: técnicas e práticas Ed.: Editora UEPG. Ponta Grossa, 2005. Ugheoke, B.I; Patrick, D.O; Kefas, H.M; Onche, E.O. Determination of optimal catalyst concentration for maximum Biodiesel yield from Tigernut (Cyperus Esculentus) Oil. Leonardo Journal of Sciences. 2007, 131p Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009