mudanças no cenário de infraestrutura e novos
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MIDDLEWARE: NOVO PERFIL DE INTEGRADORES PERMITE QUE AS EMPRESAS FOQUEM NO CORE BUSINESS PÁG.: 12 WWW.COMPUTERWORLD.COM.BR | MARÇO DE 2011 | ANO XVIII | NO 534 | R$ 14,95 O PORTA-VOZ DO MERCADO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO CONVERGÊNCIA MÁXIMA MUDANÇAS NO CENÁRIO DE INFRAESTRUTURA E NOVOS PADRÕES TECNOLÓGICOS IMPULSIONAM O USO DA COMUNICAÇÃO UNIFICADA COMO FERRAMENTA PARA O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE CORPORATIVA EDITORIAL FIQUE ATUALIZADO ACESSANDO O SITE: www.computerworld.com.br março | 2011 Índice n Solange Calvo é editora-executiva [email protected] O benefício da integração P articipar de teleconferência, de call, ser encontrado no celular a partir de outros números de telefone, de qualquer lugar e a qualquer momento. Isso é o que podemos chamar de Comunicação Unificada, com todas as tecnologias convergindo para uma única plataforma. No dia a dia da corporação, é uma aplicação altamente produtiva, não? Por que não se popularizou? Mais do que o alto custo das soluções, que já começa a sofrer queda, o calcanhar de aquiles é a falta de interoperabilidade. O nome é mais complexo do que seu significado. Nada mais é do que incompatibilidade entre as tecnologias para esse fim disponíveis no mercado. Considerando seus fabricantes, cada uma das soluções fala uma língua: japonês, alemão, inglês. A indústria tenta se movimentar para minimizar o problema e criar padrões abertos, mas terá de direcionar empenho maior nessa tarefa. Na avaliação de consultores, não há como garantir que a empresa usuária compre pacote completo de um só fornecedor, sem contar com a diversidade do legado, parte delicada da maioria dos projetos. A união de forças trará o tão esperado benefício da integração, com soluções que irão conversar entre si, sem precisar de tradução simultânea. Saindo da integração, falaremos nesta edição dos tradicionais integradores. Eles ganharam novas matizes e hoje são chamados de middleware. Tornaram-se peça fundamental na estratégia de empresas de variados setores da economia. Vale a pena saber um pouco mais sobre esses dínamos de negócios. A COMPUTERWORLD traz ainda case interessante sobre um tema atraente: mobilidade. Não deixe de ler como os smartphones conseguiram transformar a gestão dos empreendimentos da Andrade Gutierrez. Boa leitura! CAPA 18 Comunicação unificada Ampliar a mobilidade e a colaboração. Esses benefícios estão chamando a atenção das empresas que optam pela convergência tecnológica para ampliar a produtividade. SERVIÇOS 12 Empresas Middleware Integradoras ganham novas características e se tornam aditivo para os negócios de companhias de variados setores da economia. Elas permitem que o foco no core business seja reforçado. REDES SOCIAIS 16 Tecnologia e marketing Discussões geradas em mídias sociais podem ser usadas de forma inteligente e ajudam a monitorar a imagem da organização na rede. MOBILIDADE 26 Smartphones Na Andrade Gutierrez, dispositivos móveis aprimoraram gestão de infraestrutura das obras da empresa. Mudança eliminou papel e agilizou processos. CARREIRA 30 Time de sucesso Tecnologias evoluem rapidamente e impactam na carreira dos profissionais de TI. Gestores precisam acertar na mosca na hora de contratar. NEGÓCIOS 34 Indústria farmacêutica Mudanças na regulamentação no setor vão intensificar a modernização da TI com o objetivo de atender às exigências da Anvisa. TECNOLOGIA 38 Virtualização Refinaria Univem virtualiza servidores, banco de dados e sistema que emite Notal Fiscal Eletrônica. Tecnologia possibilitou redução de 60% com gastos de aluguel. 40 Cloud Computing Optar pela adesão de serviços de nuvem hospedados em data centers distantes pode ser uma boa opção, mas o desenho traz desafios. www.computerworld.com.br OPINIÃO | CEZAR TAURION PRESIDENTE Silvia Bassi VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO Ademar de Abreu Como a Tecnologia pode melhorar o WWW.COMPUTERWORLD.COM.BR REDAÇÃO PUBLISHER Silvia Bassi [email protected] DIRETORA DE REDAÇÃO Cristina De Luca [email protected] EDITORA-EXECUTIVA Solange Calvo [email protected] EDITORA-ASSISTENTE Edileuza Soares [email protected] REPÓRTERES Déborah Oliveira [email protected], Lucas Callegari [email protected] Rodrigo Afonso [email protected] ARTE Gerson Martins, Ricardo Alves de Souza (designers) e Juliano Chaves (produção gráfica) COMERCIAL EXECUTIVOS DE NEGÓCIOS Alessandra Dias Martins [email protected] Ellen Rotstein [email protected] George Padilla [email protected] Luiz C. Faloppa [email protected] Marcel Rodrigues [email protected] Wagner Kojo [email protected] MARKETING E AUDIÊNCIA SUPERVISORA DE MARKETING E AUDIÊNCIA Carolina Carvalho [email protected] CENTRAL DE ATENDIMENTO Para assinar ou resolver dúvidas sobre assinaturas, entrega de exemplares ou compras avulsas: 11 – 3049-2039 - Grande São Paulo 0800-7710 029 demais regiões e-mail: [email protected] O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 18h00 Publicidade Para anunciar na Computerworld impressa, nos nossos sites e discutir a criação de uma estratégia de marketing para seu produto ou serviço, ligue para (11) 3049-2079 ou envie um e-mail: [email protected] Redação Computerworld: Tel.: (11) 3049-2000 Na internet Acesse o site Computerworld: www.computerworld.com.br A Computerworld é marca registrada pelo IDG – International Data Group Inc. O Now!Digital Business Ltda. possui licença exclusiva da marca no Brasil. IMPRESSÃO NeoBand DISTRIBUIÇÃO Door To Door A mundo ■ Cezar Taurion é diretor de novas tecnologias aplicadas da IBM tecnologia é tão indispensável à sociedade que as pessoas raramente param para pensar que, por si só, ela não é tão importante. A sua integração com a rotina do dia a dia é o que a torna essencial. Consequências inesperadas podem surgir quando organizações encaram essa difícil tarefa. Essas organizações podem causar impactos globais maiores do que os esperados. Quem imaginaria que o primeiro sistema de reservas de voos, desenvolvido nos anos 60 pela American Airlines, abriria as portas para serviços de bancos online e transações varejistas online? Organizações inovadoras estão constantemente refletindo e imaginando formas de aproveitar a tecnologia ao máximo. Empresas, governos e comunidades não apenas aplicam novas tecnologias em suas fábricas ou escritórios, mas esperam que isso seja revolucionário. Eles reavaliam suas operações e reformulam o fluxo de trabalho. Essas organizações reconstroem modelos de negócios. Ponderam sobre o que seria necessário para que um novo dispositivo ou serviço torne nossas vidas mais eficientes, produtivas ou satisfatórias. É dessa forma que se obtém progresso. A sociedade depende de dados. Comunidades usam a integração de dados para melhorar drasticamente a qualidade de vida. Toda essa coleta de informações é movida por um complexo conjunto de tecnologias sofisticadas: sensores, GPS, faixas magnéticas em cartões de crédito e até MRIs (imagens por ressonância magnética). Muitas vezes, as informações permanecem restritas. Não se tornam disponíveis. Não são combinadas com outros dados. Não são digitalizadas. O progresso é impressionante quando as instituições associam seus dados e os disponibilizam para um grupo mais amplo de funcionários, clientes e parceiros. Desenvolver uma ideia ou produto de forma secreta ou baseada em grupos de foco não é mais garantia de sucesso. A inovação acontece tão rapidamente, as pessoas compartilham informações com tanta facilidade, que a melhor forma de atender às expectativas é por meio de comunicação e interação abertas. Isso significa usar projetos pilotos, com adaptações contínuas e mídias sociais para suprir consumidores e parceiros de negócios. Quando os governantes de Malta decidiram instalar medidores de eletricidade e água mais eficientes e inteligentes na ilha, não instalaram 250 mil novos dispositivos de uma vez. Começaram com pilotos. Primeiramente, com 200 pessoas e, em seguida, expandiram para 10 mil. Ao incluir os cidadãos no desenvolvimento do projeto, os líderes da iniciativa mantiveram a comunidade inteira informada. Hoje, Malta conta com a confiança de toda a sociedade. A tecnologia pode ser inovadora. Porém, por si só, não é capaz de melhorar nossas vidas. Somente nós, os seres humanos, temos a inteligência e a criatividade para fazer isso. http://itboard.com.br # Patrocinado por ® Participe das conversas acessando itboard.com.br e siga-nos no twitter @itboardbr Gestão em pauta nas conversas. Atualização, redes sociais e planejamento balizam as discussões sobre o tema No ITBoard, o limite da idade dos profissionais de TI e a maturidade do uso de mídias sociais nas empresas estão em alta. Fique atento aos tweets, participe da conversa e aqueça o debate sobre os temas. Siga-nos! Eduardofreire: Sair de trás da cadeira e participar “@itboardbr: Quais são, em sua opinião, os pontos que um gestor de TI deve prestar mais atenção?” adrianomotta: @itboardbr Ausência de planejamento alinhado às estratégias de negócios é o maior pecado na gestão. TI caminha por um lado e a organização por outro. joseangelucci: @itboardbr @macrjunior Concordo plenamente! É imprescindível que os gestores de TI se atualizem em vários aspectos os quais não cabem aqui! sergiogurgel: @itboardbr A experiência propicia segurança em decisões, pois apesar de a TI ser dita como área para jovens, a maturidade é necessária para guiá-los. Ibmbrasil: Pesquisa revela que CEOs e Geração Y têm visões distintas sobre gestão de negócios http://ow.ly/3Tj4O #IBMBR Solange Calvo é editora-executiva da Computerworld fabiobsantos: Sim, a idade não é limitação alguma. “@itboardbr: Gestão: você contrataria alguém a partir de 40 anos para sua equipe de TI?” Você contrataria alguém a partir de 40 anos para sua equipe de TI? Em resposta a essa pergunta, os tweets foram unânimes: a idade não impede que bons profissionais ingressem nas empresas. As discussões mostraram também que existem muitos erros no comando e é preciso envolvimento maior dos executivos no alinhamento de TI e negócios IBMTivoliBrasil: Você está preparado para gerenciar, fazer backup, armazenar e proteger seus dados de maneira econômica? http://ow.ly/3VYnC @itboardbr macrjunior: @itboardbr muito bom saber que a questão das redes sociais começa a ser tratada de forma mais madura e profissional, por ambas as partes. saviommoreira: @itboardbr Vejo que é uma tendência futura das empresas acabar com e-mails internos, mas há fatores importantes como segurança e disponibilidade a se pensar. fabio_andrade: @itboardbr na gestão, prefiro arriscar, mas é claro que com objetivos, riscos e ganhos bem definidos, claros e aceitáveis. Inovação é a palavra. IBMcidades: Demo da solução de Gestão de Portfólio de Projetos para Cidades Inteligentes http://bit.ly/fCDAiG #cidadesinteligentes RationalBrasil: Melhore a rastreabilidade e a colaboração de sua equipe com uma Gestão Colaborativa do Ciclo de Vida da Aplicação http://bit.ly/hyvNg2 FEEDBACK FALE COM CONHEÇA NOSSAS PUBLICAÇÕES ON LINE www.idgnow.com.br www.pcworld.com.br www.computerworld.com.br www.cio.com.br www.macworld.com.br PARA ASSINAR Acesse : http://www.nowdigital.com.br/lojaonline PARA RESOLVER DÚVIDAS SOBRE ASSINATURAS Envie um e-mail para [email protected] ou ligue para (11) 3049-2039 – Grande São Paulo ou 0800-7710-029 (demais regiões) PARA ANUNCIAR [email protected] (11) 3049 2079 NEWSLETTERS Assine as newsletters online diárias do grupo NOW!DIGITAL e passe a receber as informações mais importantes do setor. ACESSE: www.computerworld.com.br O ponto de encontro dos leitores da COMPUTERWORLD @ ENVIE SEU E-MAIL PARA [email protected] Destino do colocation Isso vai depender totalmente da qualidade dos serviços e do valor agregado do fornecedor. Tenho um case de empresa que tinha colocation, migrou para cloud computing e teve de voltar para colocation e gerenciamento com equipe própria, pois o nível dos serviços era simplesmente inaceitável. Leitor: Jorge Ferla Reportagem: O destino do colocation Integração com iPad Boa pergunta! Mas se você pensar em agilidade e mobilidade com acesso à internet, aliado a aplicativos que propõem melhorar sua informação imediata, ou inclusive fazer com que seus funcionários passem a fazer disso um costume. Leitura é importante nos dias de hoje! P.S.: Escrevo de um iPad para você! Leitor: Daniel Martins Reportagem: Integrar 5,4 mil iPads na rede corporativa. Missão impossível? Crescimento da TIM Acho que a TIM expandiu a rede para cidades novas, p0rém deixou pra trás as cidades que já tinham a sua rede. Cancelei meu pós-pago da empresa exatamente pelos problemas que enfrentei por mais de um ano, como rede ocupada e baixíssima velocidade na banda larga em diferentes pontos da cidade. Nesse exato momento, estou usando Vivo 3G, pois a TIM está praticamente parada. Moro em Goiânia (GO). Leitor: Josias Reportagem: TIM atinge 10 milhões de novos clientes em 2010 Virtualização Uma grande sacada da virtualização de desktops é poder entregar a máquina condizente com o perfil do usuário. Às vezes, quando um usuário precisa de mais recursos, é necessário substituir o equipamento por outro mais potente. Com Virtual Desktop Infrastructure (VDI), fica fácil entregar mais recursos para o cliente. É um crescimento sob demanda. Entretanto, é preciso cautela para não exaurir seus recursos de uma vez só. Virtualizar também requer controles. Além disso, uma boa prática seria custear esses aumentos de demanda, senão a TI vai precisar fazer mágica para virtualizar dinheiro também. Leitor: Andre Honma Reportagem: Práticas para garantir o sucesso da virtualização de desktops Insegurança corporativa Concordo com a matéria escrita. Muitas empresas, por meio de seus dirigentes, exigem dos departamentos de TI que instalem mais e mais softwares de segurança e esquecem completamente que não adianta nada se não treinar os funcionários para que eles não se exponham a ataques bobos, mas eficazes contra os desavisados. É como estar dentro de um veículo blindado com os vidros abaixados. Leitor: Luiz Reportagem: Sensação de insegurança ronda as empresas O QUE VOCÊ SÓ ENCONTRA NO SITE DA COMPUTERWORLD Práticas para garantir o sucesso da virtualização de desktops A infraestrutura virtual de desktop (ou VDI, sigla do termo em inglês virtual desktop infraestructure) ganha mais força no mercado com sua possibilidade de permitir que administradores gerenciem desktops e aplicações, a partir de uma localização centralizada. A consequência lógica disso é rapidez no fornecimento e implantação de novas máquinas, situação ideal para ambientes em rápida expansão de máquinas clientes. Os usuários finais também se beneficiam com a possibilidade de acessar aplicações críticas de qualquer lugar, valendo-se de recursos centrais poderosos. Apesar de todas as promessas, projetos de VDI falham. É a razão principal da insatisfação do usuário. Com a dinâmica veloz do mercado, os usuários estão menos tolerantes a falhas e a problemas de desempenho. A boa notícia é que as falhas possuem razões comuns e um estudo mais cauteloso vai ajudar a evitá-las. A seguir algumas dicas. Infraestrutura de rede: o ponto fundamental para a satisfação do usuário com o desktop virtual é a rede. É necessário entender as diferenças entre LAN, WAN e VPN. Os problemas surgem quando os usuários começam a acessar o desktop virtual por meio de WAN, VPN ou outros links mais lentos. Visibilidade em tempo real: a entrega bemsucedida de um desktop virtual depende de uma série de elementos: rede, armazenamento compartilhado, integradores de conexões, dispositivos do cliente, servidores de virtualização de aplicações, servidores de Active Directory, servidores DHCP, portais de segurança etc. Largura de banda: o responsável pelo projeto deve levar em conta os picos de utilização e não somente o uso médio de rede. Com a informação dos picos, ele pode trabalhar junto ao fornecedor de VDI para ajustar parâmetros de protocolo que garantam o desempenho da infraestrutura como um todo. Tempo de resposta: também conhecido como latência, tem um impacto direto e imediato na experiência do usuário final. O desempenho do desktop virtual é altamente sensível a mudanças repentinas na latência do armazenamento ou da rede. Se essas variações não forem medidas em tempo real, os administradores da infraestrutura www.computerworld.com.br sofrerão com reclamações de usuários sem ter um aviso prévio de possíveis problemas. Poder para os usuários: ao avaliar as ferramentas de gerenciamento para virtualização de desktops, as soluções que capturam diretamente a experiência do usuário devem receber consideração especial. Se os usuários puderem disparar uma gravação de suas atividades quando problemas ocorrem, os administradores conseguem monitorar a carga em tempo real na infraestrutura. Essa informação, rica em conteúdo, elimina o passo de “recriar” o problema. Sem contar que isso nem sempre é possível, em diferentes momentos do dia. 8 Primeira pagina O ESSENCIAL & MAIS O que vem por aí Premier 100 IT Leaders Conference – 17 a 22 de maio, na Bahia. Realizado pelo Now!Digital Business, amplia a discussão sobre desafios e oportunidades que os CIOs enfrentam. Evento reúne os principais IT Leaders do mercado brasileiro, que terão espaço privilegiado para conversar e ouvir palestrantes nacionais e internacionais. IDC LA Cloud Solutions Roadshow 2011 - 29 de março, em São Paulo. Encontro aborda computação em nuvem, uma das grandes apostas para a tecnologia nos próximos anos. Os analistas da consultoria IDC falarão sobre os passos para adotar o modelo e os serviços que estão por trás dele. estratégia EMC quer ser alternativa à IBM no mercado de mainframes A pós realizar investimentos para a fabricação de três linhas de hardware na unidade fabril brasileira, com a meta de eliminar trâmites burocráticos e reduzir o tempo de atendimento aos clientes nacionais, a empresa norteamericana EMC, da área de storage, quer se apresentar como alternativa à IBM quando o assunto for mainframe. A incursão da EMC nessa área foi reforçada com a aquisição da Bus-Tech, no final do ano passado. A compra representou a incorporação de uma tecnologia que conecta ambientes mainframe com sistemas de armazenamento, com ênfase especial em backup e recuperação de dados. Segundo o presidente de produtos de virtualização da EMC, Brian Gallagher, o mercado oferece grande oportunidade no Brasil, que ainda conta com empresas cujos www.computerworld.com.br sistemas legados em antigos ambientes de mainframes somam até 40 anos de idade. “Os desenvolvedores dos primeiros aplicativos desses equipamentos já não estão mais no mercado, razão pela qual há grande oportunidade para ofertas que permitem transição para esse mercado de virtualização e cloud computing que presenciamos hoje”, avalia. Gallagher afirma que parte do desenvolvimento dos novos softwares para virtualização já é realizada no Brasil, que deve receber novos investimentos também nesse front. Sem citar números, o executivo diz que o escopo da atuação da empresa no País deve crescer sensivelmente nos próximos 24 meses. “As taxas de crescimento no Brasil são o dobro em relação aos nossos mercados tradicionais, tendência que deve se manter no período.” Além de manter o foco em áreas em que estão os clientes mais tradicionais – bancos e telecomunicações – o executivo afirma que os provedores de serviço devem ser grande fonte de crescimento, pelo papel que terão em um novo ambiente de software e infraestrutura como serviço (SaaS e IaaS). “A maioria dos encontros de negócios que tive no Brasil foi com esse segmento do mercado”, explica. CURT AS SOFTWARE O pai do desenvolvimento ágil K en Schwaber, um dos criadores do Scrum, referenciada no Brasil como metodologia ágil de desenvolvimento de software, iniciou sua jornada na formulação do conceito ainda nos anos 80, quando prestava consultoria para grandes empresas. A metodologia que ele elaborou em parceria com Jeff Sutherland ganhou um manifesto em 2001, que destacou alguns dos valores da metodologia ágil. Em síntese, ela derruba os extensos planejamentos antes da prática, permitindo que resultados sejam avaliados periodicamente e os próximos passos definidos em tempo real. Seria a fórmula ideal para projetos mais extensos e complexos, afirma. O manifesto deu resultado. Pesquisa da Microsoft revelou que, em 2009, 83,8% de todas as companhias participantes dos eventos de gestão de ciclo de vida de aplicações usavam Scrum em algum nível. Em entrevista à Computerworld, Ken Schwaber defende o Scrum como capaz de elevar empresas brasileiras à condição de competitividade internacional e indicou a melhor maneira de começar. CW: Qual tipo de projeto é o ideal para iniciar no método? Schwaber: Os tipos mais arriscados e que vêm falhando insistentemente. É para esses projetos que o Scrum é voltado. A metodologia não veio acabar com o método em Cascata, que continua sendo boa para os pontuais, pequenos. Mas se a empresa souber aplicá-lo, acompanhado de métricas eficientes para medir resultado, essa forma de trabalhar ganhará respeito e projeção na companhia como um todo. Computerworld: A parte mais difícil de aplicar Scrum é começar. Como as empresas devem fazer isso? Ken Schwaber: A metodologia exige mudança comportamental e deve começar pelos líderes, abandonando a atitude autoritária. Dar mais autonomia aos funcionários e se colocar à disposição para ajudar. CW: Quem usa métodos antigos de planejamento terá problema? Schwaber: Vamos comparar ao caso da indústria automobilística. Na década de 70, companhias europeias e japonesas passaram a usar uma metodologia “lean” para a produção de veículos, que pregava a redução de desperdícios. As companhias A metodologia exige mudança comportamental e deve começar pelos líderes, abandonando a atitude autoritária Ken Schwaber, criador do Scrum norte-americanas, grandes e engessadas, nunca conseguiram mudar a cultura e aplicar a filosofia “lean”, embora tenham tentado. Resultado: há três anos, elas quase quebraram e tiveram de passar por grande ruptura de valores. Acredito que o mesmo aconteça com a metodologia Scrum. CW: Significa que empresas menores e mais jovens têm mais potencial de competitividade com Scrum? Schwaber: Sim. Muitas companhias brasileiras, que ainda não mostraram potencial para atuação internacional, podem superar limitações e competirem com as grandes, graças a esse maior potencial. Elas são novas, estão cheias de energia e conseguiriam oferecer mais valor por meio da interação e da colaboração com seus clientes, usando conceitos de metodologia ágil. ■ Pesquisa da consultoria IDC mostra que o mercado global de servidores no terceiro trimestre de 2010 apontou crescimento de 32,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O segmento de data centers respondeu por uma parcela maior dos investimentos, impulsionado pela aceleração de soluções cloud computing. Essa tendência, de acordo com a IDC, deverá saltar nos próximos anos. ■ Para 44% dos 262 executivos ouvidos pela Unisys, computação em nuvem é prioridade número um na empresa durante este ano. Segundo Sam Gross, vice-presidente de soluções globais de outsourcing de TI da Unisys, os resultados indicam que as companhias não discutem mais se adotarão ou não o modelo, mas estudam qual tipo de infraestrutura melhor atende às necessidades dos negócios. ■ HP e VMWare estão juntas na nuvem. As empresas passarão a desenvolver e comercializar soluções de Sistemas de Prevenção contra Intrusões (IPS) otimizadas para ambientes virtuais e baseados em nuvem na plataforma VMware vSphere. As companhias pretendem integrar produtos para garantir segurança em cloud computing. www.computerworld.com.br 9 10 PRIMEIRA PÁGINA NEGÓCIOS Pitney Bowes mira em instituições financeiras no Brasil TECNOLOGIA SAP moderniza Business Objects Empresa norte-americana pretende ampliar atuação no País e oferecer produtos e serviços para bancos que buscam atender à geração Y E m visita ao Brasil na primeira semana de março, Greg Van den Heuvel, presidente das Américas da Pitney Bowes Business Insight, reuniu-se com um grande banco, que não revelou o nome, sinalizando que o foco da atuação por aqui será o mercado financeiro. Segundo o executivo, a instituição com a qual conversou está em busca de formas para interagir de maneira eficaz com os jovens. “Temos grandes clientes no setor no Brasil e eles enxergam como diferencial oferecer serviços alinhados à expectativa da geração Y, entender o que eles querem hoje e amanhã e, com isso, fortalecer o relacionamento e fidelizar esse grupo”, diz. Como essa garotada é multicanal, afirma Greg, o trabalho da Pitney Bowes Business Insight – fornecedora de soluções de comunicação e location intelligence – é ajudar as instituições financeiras a mapear os interesses da geração Y, que traz no DNA o desejo por inovação, e direcionar a melhor forma de interagir com eles, seja pela internet (e-mail, redes sociais, SMS, telefone etc) ou fisicamente. “Mesmo que esse grupo tenha característica altamente móvel, identificamos que muitos preferem receber comunicados pelo correio, por exemplo. Aí é que está o segredo: entender o perfil dos usuários e interagir com cada um deles”, finaliza. MERCADO MTE adia adaptação de empresas ao ponto eletrônico Companhias têm até 1º de setembro para se alinhar às exigências do órgão para utilização do sistema O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) adiou para 1º de setembro o prazo para as empresas se adaptarem à utilização do Sistema de Registro Eletrônico de Ponto. Essa é a segunda vez que a data é transferida. O prazo, até então, era 1º de março. A Portaria nº 373, publicada no Diário Oficial da União, explica que deve haver autorização por convenção ou acordo coletivo de trabalho para a utilização de sistemas eletrônicos de ponto para controle da jornada de trabalho. Ainda de acordo com a Portaria, os sistemas eletrônicos alternativos não devem admitir restrições à marcação do ponto, marcação automática, exigência de autorização prévia para marcação de jornada extra e a alteração ou eliminação dos dados registrados pelo empregado. Para facilitar a fiscalização, os sistemas alternativos eletrônicos deverão estar disponíveis no local de trabalho e permitir a identificação do empregador e do empregado. Além disso, possibilitar, por meio da central de dados, a extração eletrônica e impressa do registro fiel das marcações realizadas pelo empregado. O documento afirmou ainda que constituirá um grupo de trabalho para revisar e aperfeiçoar o sistema antes que passe a vigorar. www.computerworld.com.br A SAP anunciou, no final de fevereiro, o lançamento da versão 4.0 da suíte de ferramentas analíticas SAP Business Objects. É a primeira versão da solução completamente integrada com a plataforma da Sybase, adquirida pela SAP em 2010, e com outras ferramentas da SAP, incluindo ERP e outras ferramentas avulsas. Segundo o vice-presidente comercial da SAP, André Petroucic, a participação da divisão BusinessObjects no faturamento da SAP Brasil deve crescer de 30% em 2010 para 35% em 2011 com as novidades. “O nível de adoção da ferramenta aumenta muito rápido graças às características do mercado. Não só os principais executivos precisam de informações em tempo real, mas todos os profissionais”, avalia. Uma das principais novidades da versão inclui otimização das soluções analíticas para o uso no equipamento High-Performance Analytic Appliance (HANA), da própria SAP, o que, segundo a empresa, permite a atualização das informações em tempo real. O transporte do BI para dispositivos móveis, resultado da incorporação da Sybase, é outro novo recurso, compatível com as principais plataformas móveis do mercado. Petroucic destaca a funcionalidade Event Insight, com a qual é possível acompanhar transações em tempo real. Por meio da ferramenta, é possível criar alertas para monitorar eventos que fujam do esperado e sobre o qual devem ser tomadas ações imediatas. A solução já está disponível em português. Todos os Documentos. Todas as Tarefas. Em Todos os Momentos. TASKalfa: a linha da KYOCERA MITA para quem é multifuncional. Projetada pensando nas pessoas, a linha TASKalfa, da KYOCERA MITA, redefine o conceito de multifuncionais coloridas e monocromáticas dentro das empresas. São equipamentos que suprem as necessidades diárias do seu negócio, aliando design inovador e tecnologia avançada. O alto desempenho de uma TASKalfa se deve à combinação poderosa de funções, à facilidade de uso e à qualidade superior, comprovada por cores mais brilhantes, pela nitidez em impressões preto e branco e maior agilidade na digitalização de documentos. Mas de todas as funções de uma TASKalfa, a principal é ajudar seus funcionários a serem ainda mais produtivos em cada tarefa. Porque isso é indispensável para quem é multifuncional. Só a TASKalfa tem • Longa durabilidade dos componentes: a melhor solução para sua empresa e para o planeta. • Qualidade da KYOCERA: corporação japonesa premiada mundialmente por suas tecnologias ultraconfiáveis. • Garantia KYOCERA MITA, empresa do grupo KYOCERA reconhecida no mundo como um dos maiores fabricantes e fornecedores de soluções em documentos, como multifuncionais, impressoras em rede e softwares com tecnologia própria. Para saber tudo sobre a linha de multifuncionais coloridas TASKalfa, visite www.kyoceramita.com ou www.kyoceramita.com.br © KYOCERA MITA Corporation. KYOCERA MITA Brazil Ltda. 2010 Kyocera Mita Corporation, “People Friendly,” “TASKalfa,” O Kyocera “Smile” e o logotipo Kyocera são marcas registradas da Kyocera. valor 12 serviços Usinas de A tranquilidade para focar no core business depende cada dia mais das empresas middleware. elas são o dínamo de Ti na estratégia de negócio SOLANGE CALVO www.computerworld.com.br S eja qual for o setor da economia nacional em que atua, a organização precisa de dois ingredientes importantes na receita do sucesso: foco e tecnologia. Só que para manter o primeiro, terá de abrir mão da administração do segundo. Em uma indústria de sapatos, por exemplo, formar um time de TI, capacitá-lo e gerenciá-lo podem derrubá-la do salto. O equilíbrio dessa equação veio pelas mãos de empresas chamadas middleware. “O termo é novo, mas na verdade são as velhas conhecidas `integradoras`, que ganharam novas matizes”, diz Souvernir Zalla, gerente geral do Edge Group e do Forrester no Brasil. Ao sabor da alta demanda por serviços especializados, capazes de proporcionar diferencial competitivo, cresceram, se especializaram e muito mais: ganharam credibilidade. Não se trata apenas de livrar dos ombros dos clientes a responsabilidade de determinadas operações. Mas de agregar valor: porque as atividades são realizadas com muito mais qualidade e eficiência do que internamente. “Por estarem no front, elas conhecem muito bem o negócio do cliente, mais do que o fabricante”, descreve Zalla, acrescentando que as middleware não são apenas um canal e sim poderoso gerador de valor. Para Vera Cook, diretora de Canais da Oracle, a tecnologia é um grande diferencial, contudo, “não existe esse diferencial sem a atuação dos parceiros”. “São eles que levam o conhecimento ao negócio do cliente junto com a nossa tecnologia. Por isso, temos amplos programas de capacitação para torná-los cada vez mais aptos a atender ao mercado de maneira diferenciada”, diz Vera. As middleware atuam em completa sintonia na cadeia de negócios da Oracle. De acordo com a executiva, muitas delas agem com eficiência em todos os níveis, desde a consultoria, para identificar a necessidade do cliente, à indicação e implementação da solução. Diferente da Oracle, a IBM está posicionada também como uma empresa de serviços, mas ainda assim as middleware integram em muitos momentos a estratégia. “Não há como 13 ter braços para atender todo o mercado, por mais que seu portfólio e o seu time sejam amplos”, afirma João Felipe Nunes, diretor de Canais e Alianças da IBM. O executivo afirma que a importância das middleware na cadeia de negócios é fato. “Mas temos de saber separar o joio do trigo”, diz. “Algumas vezes somos parceiros e outras estamos competindo.” Para estreitar o relacionamento com os mais de 1.700 parceiros em todo o País, a empresa acaba de lançar o portal Canais IBM. O importante, prossegue, é identificar o potencial dessas empresas. “Como complementam meu portfólio? Como podem fortalecer minhas vendas? Como podemos alinhar nossas estratégias?” “O que as middleware têm a oferecer é algo que não cabe dentro da estrutura organizacional da companhia usuária, O que as middleware têm a oferecer é algo que não cabe dentro da estrutura organizacional da empresa Rafael Sampaio, CEO da Future Security pois requer muito investimento em tecnologia e em pessoas. E para os fabricantes também”, diz Rafael Sampaio, CEO da Future Security, empresa de segurança da informação como serviço. Segurança como serviço Não faz muito tempo, muitas empresas pensavam inúmeras vezes antes de passar para terceiros a responsabilidade de proteger seu ambiente de TI. Mas essa prática hoje é cada vez mais requisitada. “Custo é um bom motivo para a terceirização, mas não é o único, e nem deveria ser o primeiro”, destaca Marcus Moraes vice-presidente da Arcon, middleware especializada em serviços gerenciados de segurança da informação. O executivo diz que entre os motivos pelos quais as empresas passam o bastão da segurança para as middleware está o fato de que o tempo para implementar novas soluções de segurança é sempre curto. “Mesmo que a empresa possua profissionais capacitados na tecnologia, dificilmente os terá em quantidade suficiente para fazê-lo no tempo esperado. Sem contar com o alto custo que esse tipo www.computerworld.com.br 14 serviços Custo é o primeiro motivo para terceirizar a segurança, mas não é o único, nem deveria ser o primeiro acrescentando que tiveram ganhos também na imagem da empresa em razão da agilidade no atendimento ao cidadão. Mexendo em vespeiro Marcus Moraes, vice-presidente da Arcon de operação demanda”, diz Moraes. A Arcon gerencia mais de 290 ativos de segurança em todo o País, para a proteção de mais de 125 mil estações de trabalho e servidores de empresas de variadas verticais, entre elas finanças, telecomunicações, governo e indústria. De olho na expansão dessa demanda, a Future Security fundiu-se recentemente com a Allen Informática, que está presente em oito estados e 11 cidades brasileiras. “Iremos ampliar também o oferecimento dos recursos avançados por meio do centro de tecnologia da Allen, sediado em Petrópolis, no Rio de Janeiro.” Economia em escala é outro benefício atraente apontado por Sampaio. “Tenho aqui um software que funciona 24 x 7, com contingência, e infraestrutura adequada, além de pessoal experiente e capacitado. Construir esse ambiente e mantê-lo atualizado é muito dispendioso”, relata. “Mas se o compartilhamos com outros clientes, ele se torna plenamente viável no orçamento.” Sampaio diz que a corrida por cloud e mobilidade mexeu com os negócios. “Porque implica em segurança. Todos estão muito interessados em proteger suas nuvens. Especialmente em razão de ser uma nova arquitetura.” A nuvem da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) é um dos projetos da empresa, colocado em operação no final do ano passado. www.computerworld.com.br A analista de suporte da Copasa, Deborah Azevedo de Andrade, diz que a companhia conseguiu reduzir custos em um ambiente seguro com a ajuda da Future Security. Segundo ela, existia o grande desafio de reduzir o tempo de acesso aos sistemas da empresa para a prestação de serviços como segunda via de conta e religação do fornecimento. “O custo estava muito alto: 458 reais por cada acesso (por duas horas). Considerando os 164 acessos diários, a conta atingia 75 mil reais por mês”, relata Deborah. Com a cloud, prossegue, a companhia conseguiu baixar para 69 reais o acesso por tempo ilimitado. “Usamos uma solução eficiente de VPN, via internet pública e criptografia para proteção de dados”, diz. “Trocamos o 0800 da Telemar pelos serviços da Vivo”, relata, Nos tornamos mestres em tirar gestores de situações desconfortantes. Facilitamos as tomadas de decisão Jeovani Salomão, presidente da Memora Muitas vezes não se trata somente de uma questão de custos. Gestão de processos, por exemplo, é tarefa considerada crítica para o líder, o mesmo que mexer em vespeiro. No entanto, ela pode ser inteiramente simplificada pela middleware, especializada no assunto. “Somos, acima de tudo, facilitadores”, destaca Jeovani Salomão, presidente da Memora, prestadora de serviços de consultoria com foco em modernização de gestão. “Nos tornamos mestres em tirar gestores de situações desconfortantes, atuamos além da tecnologia, facilitando as tomadas de decisão”, reforça. Apoiada justo no diferencial de um modelo próprio de gestão de processos, a empresa arrebatou em 2010 o título de vice-campeã em Parceiro Middleware do Ano, oferecido pela Oracle Corp. “E concorremos com empresas importantes do mercado global.” Todo esse conhecimento da Memora foi aplicado na Terracap, uma das maiores e mais antigas companhias imobiliárias de terras públicas que 15 formam o Distrito Federal. Desde 2007, a imobiliária pública adota novo modelo de gestão, com o objetivo de tornar mais transparentes os atos administrativos, melhorar as relações institucionais com a sociedade e também ampliar a qualidade dos serviços prestados. “Em 2009, traçamos um plano para mapear todos os processos de negócios da empresa e de tecnologia da informação”, diz Milton Martins de Lima Junior, coordenador de Informática da Terracap. Segundo ele, o foco tecnológico era alinhar TI aos objetivos de negócios. “Batizamos o projeto de Órion, apoiado em três pontos: planejamento estratégico, gestão de processos de negócios e geoprocessamento.” A Memora atuou na gestão de processos, relacionados à elaboração de editais e licitações. “O conhecimento tecnológico da middleware em Business Process Management (BPM) foi fundamental para extrairmos da tecnologia o máximo da sua potencialidade”, garante Junior. “O ganho maior é que quando os processos são ágeis, é possível aproveitar o tempo de maneira mais estratégica e menos operacional. ” Inovação em pauta Um ingrediente importante para fortalecer a atuação nesse mercado é a inovação. É também um compromisso da Concrete Solutions, que presta serviços de consultoria em tecnologia da informação. O perfil da empresa é marcado pela ousadia. Não por acaso, já contabiliza variados projetos em cloud computing, conceito emergente. “Computação em nuvem e mobilidade afetaram fortemente nosso posicionamento”, diz Fernando de la Riva, sócio-diretor da empresa. “É uma arquitetura que nos possibilita oferecer ao cliente total flexibilidade, especialmente para os que possuem negócios com características sazonais, temperados pelos picos de atuação em certas épocas do ano”, completa. Ele explica que hoje não precisa Computação em nuvem e mobilidade afetaram fortemente nosso posicionamento. O diferencial é a especialização no conceito Fernando de La Riva, sócio-diretor da Concrete Solutions mais desenhar o futuro e sim uma arquitetura maleável, capaz de atender às necessidades lá na frente. “Na cloud, posso reduzir ou aumentar em dez vezes o número de servidores, por exemplo, em minutos.” Ele acrescenta que um dos diferenciais da empresa e o que a faz avançar em projetos na nuvem é a especialização da equipe no conceito. E foi assim com o projeto da carioca Casa & Vídeo, uma das maiores varejistas do País. A empresa precisava racionalizar o uso da infraestrutura de e-commerce, levando em conta especialmente os períodos de sazonalidade do negócio e os picos de demanda com promoções e campanhas de calendário, como a Liquidação Maluca, que acontece três vezes no ano. A Concrete Solutions implementou uma solução de cloud que proporcionou redução expressiva de custo e melhoria da qualidade de serviços ao cliente, de acordo com Nilson Lopes, consultor responsável pela transformação da área de tecnologia da Casa & Vídeo. Ele acrescenta que “em menos de 10 minutos, é possível dobrar a capacidade de processamento em um mês normal, sem sazonalidade. De forma segura, rápida e simples”. A migração e a certificação de todo o ambiente de cloud levaram apenas um mês, de acordo com a Casa &Vídeo. “A operação hoje conta com quase 100% de disponibilidade e tempo de resposta de 200 m/s”, afirma Fernando, da Concrete. Para Gustavo Batista, gerente de Canais Virtuais da Casa & Vídeo, o maior desafio foi superado: fazer com que o portal acompanhasse a dinâmica do varejo com alta disponibilidade. “Do faturamento de mais de 1 bilhão de reais por ano, o portal já responde por cerca de 5%.” Todos esses resultados proporcionados pelas middleware têm permitido que, no cenário global altamente competitivo, empresas atuantes nos mais variados setores da economia nacional foquem em seus core business e se mantenham em posição confortável no ranking de atuação. Nessa arena, é difícil para o gestor estar atento a toda movimentação estratégica e tecnológica do seu segmento. Muitas vezes, ele se distanciou das melhores práticas e vivencia uma tática desgastada. Muitas vezes, nem mesmo teve tempo de saber que uma solução inovadora pode mudar o rumo dos seus negócios. A middleware pode cuidar disso. “Oferece visão inovadora e ações adequadas para a atualização necessária”, garante Salomão, da Memora. n www.computerworld.com.br No ar, o aspirante corporativo 16 redes sociais O mix de tecnologia e marketing nas mídias sociais é uma combinação explosiva, que desperta a atenção das empresas O avanço das redes sociais em atividades como colaboração, troca de informações e fonte de pesquisas esgueirou-se com facilidade no seio das empresas e sua aceitação rápida e estrondosa pegou todos de surpresa. No início, eram consideradas fontes de dispersão, principalmente para funcionários mais jovens. Mas elas ganharam características profissionais e impactaram o mundo corporativo. Os casos de sucesso provam que não é mais possível ignorar as redes sociais. Algumas companhias ingressaram nesse mundo com ações direcionadas ao atendimento a clientes via Facebook e Twitter. Não demorou para perceberem que as discussões geradas nessas redes sobre a empresa poderiam ser usadas de forma estratégica, inclusive para a criação de novos serviços e mapeamento mais eficiente do mercado. O consultor sênior da TGT Consult, Waldir Arevolo, afirma que esse uso convergente da mídia está se mostrando a melhor prática do mercado. Segundo ele, usar as inovações das redes e se aproveitar da coletividade para gerar boas experiências “é uma forma de manter a marca sempre em evidência, aprimorar os serviços e impactar os negócios”. Outro elemento importante que as redes sociais trouxeram foi uma forma mais eficiente e rápida de avaliar a imagem perante clientes, assim como resultados de campanhas de marketing. www.computerworld.com.br De acordo com o analista da consultoria IDC, e professor de pós-graduação da PUC-SP, Alexandre Campos, antes as empresas só conseguiam identificar certas tendências relacionadas à sua marca ou a serviços por meio de extensas pesquisas de mercado. “Hoje, o retorno é imediato e o aumento do acesso às redes só vai reforçar isso, principalmente no Brasil”, diz, acrescentando que vale destacar a chegada do Facebook no Brasil como indicativo da importância de tendências como marketing digital e negócios na web 2.0. As redes também contradizem a ideia de que um alcance abrangente só era viável para grandes empresas, com altas quantias para investir. A opinião de especialistas é que elas trouxeram outro nível de competitividade, reforçando a crença de que entrar nelas, com planejamento, é uma atividade fundamental atualmente. Seguindo as tendências das redes Usar o potencial das redes é uma forma de manter a marca em evidência, aprimorar serviços e impactar os negócios Waldir Arevolo, consultor Sênior da TGT Consult Rodrigo Afonso sociais, a Bolsa de Mercadorias e Futuros Bovespa (BM&F Bovespa) começou a estudar, em 2009, qual seria a estratégia ideal para tirar proveito delas com a meta de popularizar o mercado de ações, que até alguns anos tinha um público muito restrito. A primeira etapa foi escolher as que tinham mais a ver com a proposta, o que resultou na escolha do Twitter, Facebook, Yahoo Respostas e Orkut. O Twitter, pela característica de fonte de informações rápidas, passou a ser utilizado para divulgar cursos gratuitos, inscrições, números da bolsa, entre outros. O Yahoo Respostas para responder questões de usuários da rede sobre os temas que dizem respeito à Bovespa. E Orkut e Facebook como comunidades: participantes entram, tiram dúvidas, criticam e dão orientações para nortear a estratégia da Bovespa. A empresa ainda não tem métricas bem definidas dos resultados, mas já notou grande retorno em seguidores, que formam um público diferente dos que apenas visitavam o site. “Trata-se de um grupo que interage mais e que gera informações importantes. Essa experiência já apoia voos maiores da Bovespa nas redes sociais”, avalia a gerente de Internet da BM&F Bovespa, Renata Martins. A experiência foi turbinada com o lançamento de um aplicativo que simula a participação no mercado de ações e é uma competição, em que os participantes compartilham resultados e conseguem comparar o desempenho com outros amigos. “O planejamento para 2011 é manter esse trabalho e aumentar a abrangência de atuação nas redes, aproveitando as tendências e oportunidades”, diz Renata. A operadora Porto Seguro também possui atuação intensa nas redes sociais, mas iniciou estratégia um pouco antes, em 2007, quando a área virou uma gerência específica diretamente ligada à vicepresidência executiva da organização. O primeiro trabalho foi de monitoramento das redes sociais, para o qual contratou uma empresa especializada. “Terceirizar foi importante para começar, não tínhamos tanto conhecimento e precisávamos diagnosticar as redes sociais. Nos surpreendemos com alguns dados que indicavam como as pessoas se relacionavam com a marca, entre outras informações. A partir daí, traçamos estratégias”, relata o gerente de Canais Eletrônicos da Porto Seguro, Rafael Caetano. O foco inicial era ser forte em atendimento, integrando o processo com o serviço de atendimento ao cliente (SAC) da empresa, cujas solicitações acontecem mais via Twitter. Depois, realizamos ações no Facebook, Orkut, LinkedIn, Twitter e Youtube, inclusive Terceirizamos a avaliação da nossa marca nas mídias sociais, e passamos a direcionar nossa estratégia a partir dos resultados 17 Rafael Caetano, gerente de Canais Eletrônicos da Porto Seguro via compartilhamento de vídeos e fotos relativos a atividades da companhia. Em relação à tecnologia, a empresa usa algumas das principais ferramentas do mercado para monitorar, o que apoia a equipe interna. Hoje, a Porto não contrata mais profissionais para esse fim, a menos que precise de um esforço pontual maior, em campanhas específicas. Para Caetano, a integração das redes sociais com outras mídias também traz muitos frutos. Foi o que aconteceu na campanha do Trânsito Mais Gentil, que pregava tolerância no trânsito e tinha como um dos objetivos reduzir o número de sinistros, que impactam diretamente no negócio da organização. “A campanha foi disseminada por meio dessa integração e tornou-se um dos nossos casos de sucesso.” Para o futuro, o gerente de Canais Eletrônicos da Porto Seguro relata a busca por compreender como as pessoas interagem e se comportam nas redes para ajudar os corretores de seguros a estreitarem relacionamento com os clientes por meio desses canais. “É importante que o grupo de corretores consiga entender e diagnosticar necessidades dos clientes pelas redes que não seriam identificadas de outras formas. A Web 2.0 tem esse poder”, afirma. Tecnologias O empenho de algumas companhias em atrelar as redes sociais às suas tecnologias núcleo comprova a demanda do mercado. É o caso da Oracle, que trabalha com o conceito de mídia social no seu middleware. Segundo o consultor sênior de Vendas da Oracle do Brasil, Dênis Abrantes, a ideia é levar todo o conceito das redes sociais para dentro das aplicações, tanto para uso interno quanto para aplicações externas. O principal discurso da empresa é o da produtividade: com informações disponíveis em tempo real, graças às características colaborativas, o tempo dos processos e das atividades é reduzido sensivelmente. “A intenção é colocar à disposição das companhias todos os recursos das redes em camadas especializadas de software, para que elas sejam aplicadas da melhor maneira para cada organização”, diz Abrantes. A SAP, também seguindo a mesma trilha, quer aprimorar soluções de busca inteligentes e análise de conteúdo gerado pelas redes. São ferramentas de monitoramento independentes do ERP, que permitem aos usuários observar seu próprio contexto e o dos concorrentes na mídia social para embasar as tomadas de decisão. A organização também se dedica a soluções para integrar as redes sociais como mais um canal de atendimento na estrutura de SAC das companhias, integrada também às ferramentas analíticas. “A estratégia é oferecer soluções que possibilitem aos usuários uma postura proativa em toda a rede social, além de avaliar tendências”, diz o arquiteto de soluções SAP, Diego Anunciato. ■ www.computerworld.com.br 18 CAPA COMUNICAÇÃO UNIFICADA: um sonho distante? Atentas ao ganho de produtividade, empresas brasileiras despertam para a convergência de tecnologias capazes de ampliar mobilidade e colaboração. Desafios maiores são custo e compatibilidade O EDILEUZA SOARES interesse das companhias pelas ferramentas de colaboração para compartilhar ideias com suas equipes em tempo real e acelerar a tomada de decisão serviu de esteira para a implementação de Comunicação Unificada, que vem do termo inglês Unified Communicationns (UC). Seu atrativo maior é que impacta diretamente na produtividade dos funcionários, que atualmente demandam mais mobilidade e acesso às ferramentas de trabalho de qualquer lugar, pelos mais variados tipos de dispositivos. O conceito de UC passou a ser disseminado no mercado após a adoção das redes IP, que visam redução dos gastos com a telefonia www.computerworld.com.br convencional. A vantagem é permitir às companhias reunir em uma mesma plataforma todos os serviços de comunicação utilizados pelos seus funcionários como telefonia (fixa e móvel), e-mail, mensageiros instantâneos, videoconferência, colaboração, redes sociais. A união desses serviços com as aplicações de negócios possibilita aos funcionários ter na mesa do escritório ou onde quer que estejam todos os recursos de que necessitam no dia a dia para trocar informações com outras equipes, clientes e fornecedores. Uma das vantagens de UC é que as pessoas não precisam mais fornecer o seu número fixo ou de celular. “Elas passam a ter um único número para serem localizadas, não importa onde 19 estejam. A solução se encarrega de rotear a chamada”, explica o especialista em comunicações unificadas & colaboração da IBM para a América Latina, Bruno Eugênio Javarez. Outro benefício é permitir que os colaboradores carreguem com eles o seu ramal telefônico, desviando as chamadas para o celular, outros números ou em outro dispositivo com o programa softphone instalado. Caso a ligação não seja atendida, a mensagem de voz poderá ser ouvida pelo e-mail, por meio de arquivos de áudio. Pela tecnologia, é possível também participar de videoconferências do quarto de um hotel, aeroporto ou de qualquer lugar. Para isso, o usuário precisa ter aplicação nos terminais móveis e banda larga capaz de trafegar vídeo. “Com UC, as pessoas podem ficar uma semana fora sem interromper seu trabalho, visto que conseguem participar de reuniões e executar as atividades remotamente”, afirma o gerente de Marketing e Negócios da Microsoft, Eduardo Campos Oliveira. Para facilitar a interação entre os funcionários, a plataforma mostra o status de presença de cada colaborador em ferramentas de comunicação instantâneas, como no MSN e Skype, informando em qual meio de comunicação está disponível no momento. O gerente de soluções e serviços da Siemens Enterprise, Juliano Menegazzo, garante que, além de reduzir custos, UC aumenta a produtividade e proporciona mais flexibilidade aos funcionários, o que gera retorno aos negócios. “As pessoas perdem em média cinco horas por semana dentro das empresas, tentando se comunicar umas com as outras. Por mês, são 20 horas perdidas. Isso tem custos e gera impacto nos negócios”, diz o executivo da Siemens Enterprise. O presidente da Avaya Brasil, Cleber Moraes, destaca que UC vem com a proposta de simplificar e melhorar a comunicação das organizações, que estão sendo forçadas a rever esses processos para acompanhar a dinâmica do mercado. “O perfil dos usuários mudou e o poder da comunicação hoje está nas mãos deles. Eles têm celulares, tablets e querem levar seus terminais para o ambiente de trabalho”, constata Moraes. Outro problema é o uso das redes sociais, tanto pelas empresas quanto pelos funcionários, que também gera desafios de integração. Além de ter de se preparar com os funcionários mais antigos, as companhias precisam adequar o ambiente de trabalho para a chegada da geração Y. Esses jovens gostam de se comunicar e compartilhar informações especialmente por meio de redes sociais e sistemas de mensagens instantâneas. Mercado de telefonia IP no Brasil Faturamento R$ 500 milhões* Participação dessa receita 7,6% R$ 330,4 milhões 16% TDM Rede IP pura 18,4% 2009 2010 Telefones IP 58% Redes IP híbridas * Estudo preliminar Fonte: Frost & Sullivan O perfil dos usuários mudou e o poder da comunicação está nas mãos deles. Eles querem levar seus celulares e tablets para o ambiente de trabalho Cleber Moraes, presidente da Avaya Brasil Essas novas exigências do mercado abrem oportunidades para a indústria de UC. A consultoria Forrester projeta que os negócios globais nessa área vão quase que quadruplicar nos próximos cinco anos, saindo de uma receita de 3,7 bilhões de dólares em 2010 para 14,5 bilhões de dólares em 2015. Entretanto, a indústria terá de derrubar várias barreiras que impedem que esses negócios deslanchem. Elas vêm há alguns anos tentando convencer as empresas a aderirem ao conceito, que está mais avançado nos mercados europeu e norte-americano. No Brasil, o ritmo das implementações tem sido mais lento. Um dos motivos para isso são as adoções de redes IP, que começaram a ganhar força no País. www.computerworld.com.br 20 CAPA Barreiras para avanço de UC O custo alto para substituição do grande legado das redes convencionais de telefonia, a dificuldade de integração das aplicações de negócios e o problema da interoperabilidade entre as diferentes tecnologias de fornecedores são alguns dos obstáculos para o crescimento de UC. A analista de telecomunicações do Gartner no Brasil, Elia San Miguel, lembra que o mercado vem falando de UC desde 2000, mas a tecnologia não deslanchou por causa da confusão gerada pela indústria na forma de apresentar o conceito. “UC não é um produto só de prateleira. É um conjunto de soluções, que faz com que os ambientes de comunicação independentes se tornem convergentes”, destaca Elia. Ela também aponta o drama do CIO para medir o retorno do investimento com a migração dos sistemas que funcionam nas redes Time Divison Multiplex (TDM) de telefonia convencional por IP. Antes de irem para UC, as empresas precisam ter VoIP e substituir os antigos PABX analógicos conectados às redes públicas de telefonia por centrais IP. “É difícil para as companhias jogarem esse legado fora”, diz o analista de telecomunicações da IDC, João Paulo Bruder. Elia, do Gartner, menciona também o desafio dos gestores de TI para integrar Em busca de compatibilidade “UC não decolou porque ainda tem pedras no caminho”, acredita o analista de Telecomunicações da IDC Brasil, João Paulo Bruder. Uma dessas barreiras, segundo ele, é a questão da compatibilidade. Apesar de a indústria proferir o discurso de que trabalha com soluções de padrão aberto, as empresas têm receio de trocar algo que está funcionando bem por uma caixa preta proprietária. É comum os fornecedores vislumbrarem que as companhias comprem todas as soluções de PABX IP e UC da mesma marca, para evitar problemas de compatibilidade. O diretor de Marketing e Negócios da Nec Brasil, Luiz Vilella, comenta que soluções de múltiplos fabricantes, baseadas em protocolo Session Inition Protocol (SIP), para sinalização de VoIP, até se falam por meio de conectores. Porém, o executivo reconhece que mesmo com o uso do gateway, nem sempre é possível utilizar os recursos dos equipamentos de marcas diferentes. Isso em razão de cada indústria falar uma língua. As tecnologias da Nec, por exemplo, falam japonês. As da Siemens conversam em alemão e as da Avaya em inglês. Já a Cisco usa em seus equipamentos IP o proprietário Protocolo de Interoperabilidade de Telepresença (TIP). A Tandberg, que fornecia soluções para videoconferência e tinha padrão aberto, também passou a adotar o TIP. O vice-presidente da Polycom para a América Latina e Caribe, Pierre Rodriguez, confirma o problema da interoperabilidade entre as fabricantes IP. Tanto é que a empresa resolveu desenvolver um software com algoritmo TIP, para permitir aos clientes da Cisco, que não querem utilizar os sistemas de videoconferência da Tandberg nas soluções de UC, optarem pela sua marca. A intenção da Polycom é abrir o seu sistema de UC para multifornecedores e também explorar o mercado de tablets. Um acordo foi fechado com a Samsung para levar o seu sistema de videoconferência para os tablets Galaxy. Padronização das soluções Os projetos de UC, hoje, contemplam vários fornecedores, mas estudos do Gartner sinalizam que essa realidade vai mudar, impulsionada pela consolidação das indústrias e esforços para a fabricação de sistemas interoperáveis. Em 2015, os projetos terão entre dois e três fornecedores. Para acelerar esse processo, foi criado no ano passado o Unified Communication Interoperability Forum (UCIF), que certifica tecnologias de UC com padrões abertos e compatíveis com as do mercado. A entidade já reúne cerca de 40 fabricantes e entre os quais estão HP, Juniper, Microsoft, Logitech, Polycom e Siemens Enterprise. www.computerworld.com.br A indústria ainda tem dificuldades para passar ao mercado o que é comunicação unificada. Não existe consenso. Cada um define de um jeito diferente Rodrigo Lima, analista de Telecomunicações da Frost & Sullivan as aplicações de negócios como sistemas de gestão empresarial (ERP), Customer Relationship Management (CRM) com UC para melhorar o fluxo das informações. Ela dá o exemplo de uma fabricante de batom, que recebe a informação dos pontos de vendas de que determinada tonalidade está sendo mais procurada e que essa comunicação precisa ser disparada para toda a cadeia de fornecimento para acionar a produção desse item. O analista de Telecomunicações da Frost & Sullivan, Rodrigo Lima concorda que a indústria tem ainda dificuldades para passar ao mercado o que é a comunicação unificada. “Não existe consenso sobre UC. Cada um define de um jeito diferente”, percebe o consultor, que constata a existência de um grande número de ofertas no mercado, que promete integrar desde três serviços de comunicação a até oito, confundindo as empresas. premierit.com.br O verdadeiro valor da TI está na eficiência do seu negócio e na satisfação de seus clientes finais e internos. A Premier IT é uma empresa com o tamanho e a agilidade ideal para o seu negócio. Aqui você tem acesso rápido a diretoria e pode contar com executivos dedicados e experientes para melhor atendê-lo. Só com a Premier IT você pode resolver em uma única reunião mensal: Service Desk, Outsourcing de Impressão e NOC (gerenciamento de infra-estrutura 24x7) usufruindo de nosso know-how de mais de 22 anos de mercado, em vários segmentos corporativos. Entre em contato conosco e descubra as vantagens de ter a Premier IT como sua parceira de negócio. Curitiba São Paulo Brasília Rio de Janeiro Londrina A gente entende de TI e entende você. 22 CAPA Vantagens da tecnologia Permite aos funcionários ter o ramal no celular ou notebook Aumenta a produtividade dos colaboradores Permite que as atividades sejam realizadas em qualquer lugar Possibilita acesso das aplicações por meio de qualquer dispositivo com banda larga Reduz o custo das ligações e de viagens Centraliza a gestão das ferramentas de comunicaçação Facilita o trabalho remoto Lima acha que os fornecedores terão ainda um grande trabalho pela frente para educar as empresas sobre UC. Ele avalia que o mercado é promissor e tem potencial para o crescimento no Brasil por causa da melhoria da qualidade dos serviços de VoIP. O executivo se baseia em estudos da Frost & Sullivan, que estimam que os negócios com telefonia IP no Brasil registram taxas de aumento acima de 20% ao ano. Dados preliminares do relatório (veja gráfico na pág. 19), referentes ao ano de 2010, revelam que o setor movimentou aproximadamente 500 milhões de reais, ante uma receita de 330,4 milhões de reais em 2009. O faturamento soma vendas de serviços, telefone IP, hardware, linhas IP e soluções UC clients. Dessa receita total, UC representa pouco mais de 10%, ou seja, 33,3 milhões em 2009. As licenças clients tiveram peso de 30,7% e as conferências pela web registraram participação de 29,5%. Já as aplicações de softphones e Unified Messaging responderam respectivamente por 29,4% e 10,4%. Esforço da indústria A indústria reconhece que ainda há um longo caminho pela frente para disseminar o conceito de UC, mas considera que o momento atual está mais favorável e conta com novos aliados para ajudar a impulsionar os negócios. www.computerworld.com.br Entre as novas alavancas para UC, os fornecedores mencionam cloud computing, que hoje está mais maduro; a popularização da mobilidade; e as redes sociais, que pressionam as corporações para mudar processos de comunicação com os públicos interno e externo. “Muitos olharam UC até agora como uma promessa, mas esse mercado vai começar a andar”, acredita Luís Minoru Shibata, diretor de Consultoria da PromonLogicalis. Um dos motivos que ajudarão a impulsionar os negócios, segundo ele, é a queda do custo das soluções, auxiliado pelo aumento das implementações das redes IP, agora em maior escala no Brasil. O preço da banda larga, que antes era uma barreira para UC, também está mais acessível. Minoru observa que essas redes estão em expansão no Brasil e tendem a dar um grande salto com os investimentos que o País terá de fazer em infraestrutura para sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. O gerente de Marketing e Negócios da Microsoft, Eduardo Campos de Oliveira, Qual é a proposta de UC? É unir em um ambiente único todas as ferramentas de comunicação e produtividade utilizadas pelos colaboradores no dia a dia, informando o status de presença. Veja a seguir alguns dos meios que podem ser consolidados por esse tipo de plataforma: Sistemas telefônicos de secretária Sistemas PBX e IP-PBX legados Voice mail Faxes Dispositivos móveis Correio eletrônico Aplicativos de escritório e de negócios como soluções Office, ERP, CRM, BI etc. Instant Messaging Videoconferência e conferências de audio Calendários Agenda de contatos Muitos avaliam UC como uma promessa, mas esse mercado vai andar, impulsionado pela queda do custo das soluções e da banda larga Luís Minoru Shibata, diretor de Consultoria da PromonLogicalis acrescenta que o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) também gera otimismo. O projeto que está sendo implantado pelo governo federal vai contribuir para aumentar a infraestrutura de redes no País, favorecendo esse mercado. A mobilidade é outro fator que tende a puxar os negócios de UC. O uso de dispositivos sem fio está em franco crescimento. Pesquisas da IT Data estimam que em 2010 a base de smartphones no Brasil triplicou, passando de 1 milhão de unidades para 3 milhões de unidades. Para 2011, a IDC prevê que o País fechará com 10 milhões desses dispositivos. Os fornecedores apostam nos tablets para estimular o mercado de UC, puxando vendas das ferramentas de vídeo e colaboração. Estudo da IDC prevê que o Brasil vendeu 100 mil desses terminais em 23 2010 e a projeção para 2011 é o triplo, ou seja, de 300 mil unidades. Animadas com esse potencial, fabricantes de PABX IP estão investindo na produção desses dispositivos. No ano passado, a Avaya lançou o terminal Avaya Desktop Video Device, que vem com o Avaya Flare, uma solução que oferece recursos de colaboração da empresa, integrando vídeo, voz e textos. Para o segundo semestre, a fabricante promete versões do software, compatíveis com o sistema operacional Android e também para iPad. A Cisco foi outra que anunciou seu ingresso nessa arena com um modelo de tablet. O dispositivo faz parte do esforço da fabricante para atrair usuários corporativos para o que ela vem chamando de Unified Communications & Colaborations (UCC). O gerente de Negócios e Colaboração da Cisco Brasil, Ricardo Ogata, prega que o vídeo será a voz da comunicação do futuro, por transmitir a mensagem rapidamente. “Ao assistir a um vídeo, as pessoas dizem imediatamente o que não gostaram e pedem para parar”, argumenta o executivo, que prevê aumento da demanda por esse tipo de aplicação nas empresas. Bancos, por exemplo, podem integrar essa solução ao call center e CRM para atender aos consumidores. Por acreditar nessa tendência, a fabricante adquiriu Barreiras para crescimento do conceito Dificuldade para integração das aplicações Alto custo das soluções Integração do legado Falta de interoperabilidade entre as tecnologias dos fornecedores Falta de cultura dos usuários para informar o status de presença nos sistemas Reforço da segurança dos sistemas internos Ausência de patrocínio dos projetos. TI não enxerga os ganhos, e acha que é mais trabalho administrar voz e dados. Ter métricas para medir ganhos com a tecnologia Políticas claras de RH para evitar que funcionários trabalhem fora do expediente e entrem na Justiça exigindo pagamento de hora extra. Infraestrutura de banda larga com capacidade para grande tráfego de voz e dados. a indústria norueguesa Tandberg e está investindo em ferramentas de telepresença, bem como em videoconferência para dispositivos móveis. Como vídeo exige muita banda, a Ogata espera que os investimentos que o Brasil está fazendo em infraestrutura e a chegada das redes 4G derrubem essa barreira. Ajuda da nuvem Com a evolução de cloud computig, as empresas vão poder contratar serviços de UC, sem precisar investir em novos ativos. As teles contam com ofertas nessa área para atender tanto às grandes O vídeo será a voz da comunicação do futuro, por transmitir a mensagem rapidamente. Mas o Brasil precisa investir mais em infraestrutura Ricardo Ogata, gerente de Negócios e Colaboração da Cisco Brasil companhias quanto aos pequenos negócios. As fornecedoras das soluções buscam alianças estratégicas com esses parceiros para tentar empurrar para cima o mercado de UC. A Microsoft, por exemplo, fechou seu primeiro acordo no Brasil com uma tele para oferecer suas soluções de mensageria e comunicação unificada na nuvem Business Productivity Online Standard Suíte (BPOS). Sua parceira no País é a Tellfree, que tem foco no segmento de pequenas e médias empresas (PMEs). Segundo o gerente de Marketing e Negócios da Microsoft, Eduardo Campos de Oliveira, o pacote sai por 10 dólares por mês para cada usuário. Esse valor não inclui os serviços de telecomunicações. A oferta fechada pela Tellfree com telefonia IP varia de 5 reais a 50 reais. De acordo com Daniel Duarte, presidente da operadora, os valores dependem do volume de usuários e da quantidade de caixas de e-mails contratados. Com essa oferta, ele afirma que o serviço tem despertado muito interesse das PMEs. Para as empresas que não querem ir para nuvem, nem adotar rede IP, a solução proposta por fornecedores, como IBM e a própria Microsoft, é usar gateway, que liga a rede TDM de telefonia convencional ao mundo IP. ■ www.computerworld.com.br 24 CAPA CONVERGÊNCIA, na prática Grupo varejista Zaffari e Grupo Orium decidiram investir em comunicação unificada para integrar serviços de telefonia e reduzir custos C om expectativa de reduzir entre 20% e 25% os custos com telefonia, o grupo varejista gaúcho Zaffari direcionou 300 milhões de reais para viabilizar o projeto de VoIP e Comunicação Unificada. A solução vai envolver todas as unidades da cadeia, que inclui 30 supermercados e seis shoppings, entre Rio Grande do Sul e São Paulo. Presente no mercado há 75 anos, o grupo varejista está expandindo os negócios e percebeu que podia diminuir os gastos com telefonia com a adoção de uma rede híbrida, que abrigará VoIP e telefonia convencional. “Fica difícil migrar tudo de uma vez e optamos por ficar com os dois sistemas. Existem áreas, como a de produção, em que o uso de telefones IP é mais complicado e pode gerar danos”, diz o engenheiro de Telecomunicações do Zaffari, André de Souza Santos. A empresa era usuária dos PABXs analógicos da Ericsson, divisão que foi comprada pelo grupo canadense Aastra. Ao todo, o sistema antigo conta com 2,3 mil ramais para atender toda a cadeia. No início do ano passado, a rede varejista chamou a fornecedora e comprou a solução MxOne, que une soluções de VoIP e UC. A solução permite integrar os serviços de telefonia fixa e móvel com e-mail, chat e sistemas de colaboração. “O que mais nos chamou a atenção foi a possibilidade de trocar arquivos com outras pessoas. Se eu estiver trabalhando em um projeto, posso pedir opinião para um colega de São Paulo, www.computerworld.com.br por exemplo, e verificar as alterações em tempo real”, conta Santos. O Zaffari conta com uma unidade de desenvolvimento de software para suportar os negócios da rede e que agora poder criar soluções em conjunto com outras equipes, que não estejam na sede da companhia, em Porto Alegre, com interação em tempo real. Outro benefício é a possibilidade de levar o ramal fixo para qualquer lugar com o softphone instalado nos notebooks. O Zaffari ainda está em fase de implantação da solução de UC, testando a tecnologia com alguns departamentos, como Diretoria, Administração e TI. Nessa primeira etapa, a empresa adquiriu 60 licenças do programa e a ampliação acontecerá aos poucos. Os primeiros usuários selecionados para testar a solução já estão com e-mail, chat e a funcionalidade de presença integrados. O grupo pretende usar outros recursos, como videconferência para fazer reuniões e economizar com viagens. “Queremos ganhar eficiência e dar a cada área a possibilidade de aumentar a produtividade”, afirma Santos, que espera até dezembro de 2011 estar com toda a solução de UC rodando na companhia. PMEs adotam solução na nuvem As pequenas e médias empresas (PMEs) que não têm como investir na compra de PABXs IP têm a opção de contratar solução de UC com processamento na nuvem, pagando valor fixo por usuário. Essa foi a alternativa adotada pelo grupo Orium. O grupo é uma consultoria de comunicação e marketing digital, que reúne três empresas (Orium, Igne e Fire), distribuídas pelas cidades gaúchas Porto Alegre, São Leopoldo e Santa Maria. O caminho mais rápido para entrar no mundo convergente, segundo o Orium, foi a contratação de um pacote de serviços por meio do modelo software como serviço (SaaS) da operadora de telecomunicações Tellfree. O pacote contratado inclui PABX virutal e UC com pagamento fixo por mês. O CEO do grupo Orium, Alexandre Monteiro Chequim, explica que buscaram essa solução para baixar os gastos com ligações DDD entre os três escritórios do grupo, que caíram em torno de 30%. “Hoje, todos os usuários das unidades se falam com custo zero”, relata o executivo. As equipes passaram a usar menos o correio eletrônico e mais o telefone em algumas situações. “Por vezes, perdíamos dez minutos para explicar um assunto. A mensagem virava ping-pong, com idas e vindas”, lembra o CEO da Orium. O problema maior era quando o funcionário não entendia a informação e executava a tarefa de acordo com o que achava correto. Hoje, as pessoas se falam mais, e a situação não se repete. A companhia ganhou em produtividade. A vantagem da solução por meio de SaaS, segundo Chequim, é que a empresa não precisou investir muito para ter VoIP e UC. Os únicos gastos necessários foram com a contratação de uma conexão de banda larga de 15 Mbps e a compra de telefones IP, com preço entre 300 reais e 500 reais para algumas áreas. Outro benefício apontado pelo executivo do modelo de serviço é que a empresa contrata o número de ramais de acordo com a necessidade. O grupo trabalha com uma equipe de aproximadamente 30 pessoas, mas dependendo do projeto esse número pode subir para cem ou mais. O grupo Orium está utilizando a solução de UC da Tellfree, especialmente para integrar e-mail, serviços de voz e conferências de áudio. Para colaboração, usa a plataforma americana Goalkeeper e paga por volume de dados armazenados. ■ 26 mobilidade Agilidade na construção Smartphones protagonizam o novo desenho de gestão de infraestrutura das obras da Andrade Gutierrez. Eliminaram a papelada e agilizaram processos déborah oliveira N Obras na Arena Amazônia (acima) e no Estádio do Maracanã (abaixo) contam com smartphones para controlar status de mão de obra e equipamentos para construção www.computerworld.com.br ão faz muito tempo, Andrade Gutierrez tinha de administrar diariamente uma montanha de papéis com informações sobre mão de obra e máquinas e equipamentos para construção, alocados nas obras. Com os mais de 3 mil smartphones e a plataforma ConstruMobil, desenvolvida pela Simova, a construtora entrou na era da mobilidade e implodiu os antigos processos. A inovação beneficia 18 obras espalhadas por todo o Brasil, entre elas a modernização do Maracanã, no Rio de Janeiro, e o Arena Amazônia, em Manaus, estádio em construção para a Copa de 2014. O pico de uso dos dispositivos móveis nas obras registrado até hoje é de 6 mil e, diariamente, com exceção dos domingos, o sistema contabiliza cerca de 15 acessos por segundo. Rodrigo Fernandes de Barros, engenheiro da área de Planejamento e Controle da Construtora Andrade Gutierrez, diz que hoje a agilidade e a integridade de dados garantem que as construções sejam atendidas rapidamente em suas necessidades, visto que os dados entram no sistema em tempo real. “Os funcionários passam as informações sobre o estado das máquinas e equipamentos pelo smartphone e nos possibilita agilizar as tomadas de decisão 27 e ações”, ressalta Barros. Segundo ele, antes, o funcionário (chamado de apontador) e seus encarregados preenchiam fichas durante todo o dia com dados sobre o status das máquinas. Entre eles, abastecimento, tempo de operação, tempo de ociosidade e manutenção, além de informações sobre a atividade de cada colaborador e procedimentos de segurança. Ao final do turno, a papelada era recolhida. “Feito isso, os dados das fichas eram passados manualmente para um sistema, na madrugada, e cerca de um dia e meio depois é que os gestores avaliavam o andamento das obras e traçavam soluções”, diz. “Muitas vezes, o estado de conservação das fichas era ruim e até mesmo a grafia difícil de compreender. Por isso, o registro das informações corria risco de incorreção”, lembra Barros. Esse cenário gerava receio na equipe de engenharia, pois a área usava os dados de produtividade levantados nas obras para orçar novos projetos. “Com o passar do tempo, o setor deixou de Andrade Gutierrez www.andradegutierrez.com.br Desafio: automatizar o processo de apontamento de mão de obra e equipamentos nos canteiros. Soluções: smartphones, que abrigam o sistema ConstruMobil baseado em Java, rodando em servidores. Resultados: 94% de ganho em eficiência, economia de R$ 47 mil no pagamento de funcionários direcionados exclusivamente para registrar as fichas no antigo sistema, eliminação do uso de 272 mil fichas de papel, agilidade no processo e rapidez na tomada de decisão. Expectativas: inserir no apontamento o avanço físico das obras e disponibilizar a imagem em 3D para os gestores da empresa. usá-las por falta de confiabilidade.” “O novo sistema trará a confiança de volta”, afirma Cristóvão Jacques de Faria, gerente de Planejamento e Controle da Construtora Andrade Gutierrez. Era móvel Em pouco tempo, a mudança, segundo Barros, trouxe agilidade aos processos. Agora, os funcionários inserem as informações em um software com filtros pré-configurados no smartphone. Os dados são enviados, em tempo real, a partir da rede de telefonia móvel da Oi aos servidores da construtora. Eles são visualizados na web pelos gestores, que usam login e senha para acessar o sistema. “O rápido acesso à informação evitou perdas na produção e qualquer problema identificado, como máquinas quebradas e falta de produtos, é rapidamente contornado”, relata Barros. “Prova do nosso ganho em produtividade e agilidade na tomada de decisão é o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Lá, registramos aumento de 94% na eficiência.” Primeiros passos O projeto foi iniciado em 2009 no Comperj, que está sendo construído Smartphones usados nas obras possuem filtros que bloqueiam erros e aumentam a confiabilidade dos dados Fábio Calegari, diretor operacional da Simova em uma área de 45 milhões de metros quadrados, o equivalente a mais de 6 mil campos de futebol. Nesse empreendimento, a empresa conta com cerca de 800 máquinas em atividade. “Quando começamos a obra, não usávamos o apontamento eletrônico (como chamamos o processo) e registrávamos uma série de desafios”, lembra. Ele cita que se uma máquina falhasse e estivesse ociosa, o problema somente seria identificado no dia seguinte, gerando perda de produtividade. Para levar a mobilidade às obras, a empresa recorreu à Simova, especializada em mobilidade www.computerworld.com.br 28 mobilidade convergente, que adaptou uma plataforma, já usada no setor sucroalcooleiro. A solução, baseada em Java e batizada de ConstruMobil, é acessada por meio de dispositivos móveis pelos colaboradores nas obras. A escolha por smartphones, afirma Barros, não foi ao acaso. “Seu uso é amplamente conhecido e o custo é mais acessível em comparação aos palms ou tablets”, avalia. Para o executivo, a inovação tem garantido uma gestão eficiente dos equipamentos e da mão de obra nos canteiros do País. A gerente de TI da construtora Andrade Gutierrez, Cibele Fonseca, conta que para receber o sistema foi preciso preparar a infreaestrutura tecnológica da empresa, sediada em Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro: aumento de 94% na eficiência São Paulo, em razão do grande volume de informações. Há quase um ano, os dados armazenados passavam de 5 milhões. Isso porque todos os apontamentos ficam registrados no banco da empresa. “Para ampliar a nossa capacidade, adquirimos mais cinco servidores”, diz a executiva. Rotinas aprimoradas Além da agilidade, mais benefícios foram identificados na era da mobilidade. O investimento em funcionários que atuavam do setor de controle (que buscavam as fichas e as registravam no sistema) foi reduzido drasticamente, já que agora eles podem se dedicar a funções mais estratégicas. Levantamento realizado pela Andrade Gutierrez identificou que só em abril de 2010 foram economizados R$ 47 mil. O monitoramento manual exigia grande quantidade de papel que, posteriormente, demandava a utilização Dispositivos móveis eliminaram uso de papel e evitaram a derrubada de milhares de árvores Cibele Fonseca, gerente de TI da Andrade Gutierrez www.computerworld.com.br de muitas salas de arquivamento, segundo Barros. Somente no início da obra do Comperj, eram usadas 2,4 mil folhas por dia. Com os smatphones, eliminou-se por completo o uso de papel. “Se o panorama anterior se tivesse mantido, teríamos contribuído para a derrubada de milhares de árvores e os custos seriam altíssimos. Sustentabilidade ambiental é muito importante para nós”, avalia Cibele. Uma das vantagens do ConstruMobil é que não há, de acordo com Tiago Pinheiro, diretor operacional da Simova, a possibilidade de registros incorretos. “Isso porque inserimos na solução filtros que bloqueiam erros e aumentam sobremaneira a confiabilidade dos dados.” Fábio Calegari, diretor comercial da Simova, completa dizendo que a plataforma ainda valida os dados e o cruzamento de informações. “Se, por exemplo, um funcionário registra que uma máquina ao final do dia rodou uma quantidade menor do que a apontada no início, o ConstruMobil não permite a inserção”, explica. A construtora pretende expandir a utilização dos aparelhos em novas obras e usar o smartphone para realizar treinamento móvel e ainda para registrar o avanço físico das obras. “Cada passo será inserido no sistema e o progresso visualizado em 3D pelos gestores”, finaliza Pinheiro, da Simova. n Transforme seus eventos em uma experiência inesquecível. Seja qual for o tamanho do seu evento e da sua verba, nós temos uma solução criativa para sua empresa. 30 carreira Indispensáveis Um bom time de TI não será vitorioso sem um dos atuais perfis de profissionais, moldados pelas tecnologias emergentes e novos desafios de negócios A s tecnologias evoluem rapidamente e causam impacto direto na carreira dos profissionais de tecnologia da informação. As áreas de negócios passam a exigir alinhamento com as inovações. O cenário traz uma série de consequências: pressionados pelas expectativas, os gestores de TI precisam acertar na mosca em suas contratações. A equação é bem simples: se o departamento não contratar corretamente, não estará preparado www.computerworld.com.br Rodrigo Afonso* para um futuro muito próximo. Nos Estados Unidos, onde o futuro está ligeiramente mais próximo, os CIOs já experimentam significativas lacunas nas competências de suas equipes de trabalho. Uma pesquisa com 370 líderes de TI, realizada por um centro de pesquisas do Massachussets Institute of Technology (MIT), em parceria com a revista CIO dos Estados Unidos, mostrou que 44% dos líderes disseram que falta experiência em colaboração na empresa, sendo que somente 8% apontaram que colaboração é uma habilidade formal da corporação. Além disso, 27% dos pesquisados não observam em suas empresas habilidades para avaliação do uso de smartphones, tablets e outras novas tecnologias. De acordo com o CIO da companhia de seguros norte-americana Guardian Life, Frank Wander, os líderes de TI sempre tiveram, como qualidade, o poder de antecipação das tecnologias necessárias e de montar equipes para 31 atender às demandas, “mas hoje, o esforço necessário para isso deve ser redobrado. As mudanças são muito velozes”, avalia. No Brasil, esse quadro não é diferente em segmentos nos quais inovação é vital, como o financeiro ou de telecomunicações. De acordo com Lucas Toledo, gerente da divisão de TI da Michael Page Brasil, os perfis mais procurados do mercado podem ganhar entre 12 mil reais, nas áreas mais operacionais, a 18 mil reais, para aqueles com mais responsabilidades no trato com os negócios da empresa. Quem são eles? O mercado se aproxima de um ponto em que as métricas de TI não serão mais baseadas na forma como os sistemas são elaborados ou passam por manutenção. “Elas irão abranger no futuro a desenvoltura com a qual os funcionários usam os sistemas para realizar negócios, a velocidade e a qualidade das decisões baseadas em soluções tecnológicas e a receita que as novas tecnologias geraram”, afirma Jeanne Ross, diretora e líder de pesquisas do MIT. Jeanne considera muito difícil prever com exatidão a composição ideal dos departamentos de TI do futuro e que ainda não há uma fórmula vencedora, mas diz que alguns sinais apontam para quatro papéis centrais de profissionais que serão fundamentais em todas as corporações e que contarão com excelentes oportunidades: especialistas híbridos em TI e negócios; gestores de serviços, principalmente computação em nuvem; peritos em manipulação de dados e análises de informações e projetistas e desenvolvedores de aplicações, que promovam integração entre mídia social, colaboração e tecnologias móveis. Contar com esse mix de profissionais não será essencial somente para a implementação de novos sistemas. De acordo com o estrategista de tecnologia da consultoria Accenture, Gary empresarias como o ERP”, afirma Jeanne. Os profissionais que têm essa visão são os que poderão reformular os sistemas núcleo da empresa e transformá-los em aplicações seguras e disponíveis a partir de qualquer lugar, sem que, para isso, seja necessário interromper o fluxo de negócios. Eles também serão capazes de elaborar maneiras mais adequadas de usar os conteúdos ou dados já existentes na corporação de forma mais lucrativa. As empresas vão precisar de profissionais que dominem o entendimento em mídias sociais e em sistemas de gestão empresariais Jeanne Ross, diretora e líder de pesquisas do MIT Curtis, eles serão os futuros líderes das corporações. As empresas que conseguirem equacionar bem as presenças desses profissionais terão claros diferenciais competitivos e os profissionais com tais características possuirão carreira altamente promissora. Sintonia com as redes sociais Para atrair novas receitas, as corporações terão de reconstruir a TI para atingir clientes totalmente alinhados com Twitter e Facebook, entre outras mídias de interação, troca de informações e colaboração, que compõem as redes sociais. “Para isso, vão precisar de profissionais que além de dominarem essas tecnologias, entendam de conformidade e sistemas Segundo Toledo, da Michael Page, trata-se de um profissional muito difícil de ser encontrado, pois possui um conjunto de competências muito grande e complexo. Ele diz que nas áreas de negócios, os profissionais querem apertar botões e ter respostas instantâneas sobre questões que permeiam o seu dia a dia. Mas há a figura do desenvolvedor por trás, que entende profundamente os sistemas núcleo da corporação e de todas as disciplinas complexas, envolvidas nos processos de negócios, criando bibliotecas que vão ser a base dos sistemas. O CIO da filial norte-americana da empresa automotiva Mazda, Jim DiMarzio, busca reorientar sua equipe, mudando o foco de profissionais já estabelecidos para Quanto ganham os profissionais mais procurados? DBA Gestor de fornecedores e contratos Desenvolvedor do núcleo dos sistemas Analista de negócios até 12 mil reais (podendo chegar a 15 mil reais, se for o profissional de ponta no mercado) até 16 mil reais até 12 mil reais (pode chegar a 18 mil reais no nível de desenvolvimento de arquitetura) até 18 mil reais www.computerworld.com.br 32 carreira Os 10 perfis de profissionais mais demandados em 2011 É mais fácil entender os perfis da força de trabalho do futuro ao avaliar a lista dos profissionais de TI mais demandados no presente. Pesquisa global realizada pela Computerworld no ano passado indicou as posições nos quais os candidatos são mais disputados: rogramadores e 1Pdesenvolvedores de aplicações 2 desk para 3Help novas aplicações Gestores de projetos 4Profissionais de redes 5Profissionais de segurança 6Especialistas em data center 7Especialistas em web 2.0 de 8Profissionais telecomunicações de 9Analistas Business Intelligence rquitetos de 10Acolaboração www.computerworld.com.br tecnologias emergentes. Ajuda o fato de que a maioria dos profissionais da companhia já possui nível de pleno para sênior, além de a organização ter colocado boa parte das competências técnicas nas mãos de terceiros. “Os funcionários internos são retrabalhados para modelar os projetos. Os terceiros preenchem as lacunas técnicas”, afirma. Um dos exemplos de DiMarzio é o projeto de incorporar os telefones celulares nos sistemas do carro, com compartilhamento de informações por meio de sinais Bluetooth. Se o projeto acontecer e se mostrar viável, todos os intrincados códigos vão parar nas mãos de fábricas de softwares, mas os desenvolvedores internos vão projetar toda a arquitetura e o conjunto de inovações. Em sua equipe, DiMarzio quer desenvolvedores de soluções móveis, não necessariamente com experiência na indústria automotiva. “Procuramos pessoas com boas ideias sobre como tirar vantagem das tecnologias móveis que já existem no mundo do varejo, já que varejistas são os pioneiros em adotar tecnologias antes focadas em consumidores, ligando-as aos seus sistemas legados”, completa. Analista de negócios TI alinhada aos objetivos de negócios. “A tendência criou um novo tipo de profissional híbrido, que sabe transitar facilmente entre funções de negócios e de tecnologia e é muito procurado dentro da empresa para a solução de problemas”, afirma o presidente da consultoria de formação de líderes de TI ICEX, Rick Swanborg, que também é professor na Boston University. Para Curtis, da Accenture, profissionais híbridos são os mais indicados para fazer experimentações com os novos produtos do universo digital, incluindo a integração entre celulares e computadores dos carros que a Mazda busca. Na companhia automotiva, esses profissionais se reportam à área de TI, mas em muitas outras companhias isso não acontece. Com o cenário, Swanborg prevê que os líderes de TI precisarão distribuir experiências entre unidades de negócios. Segundo ele, se no futuro não houver, nos diversos departamentos, alguém que entenda de tecnologia, como ela funciona e para que a empresa deve usá-la, esses departamentos perderão competitividade. Para Toledo, no Brasil esse profissional costuma ser conhecido como analista de negócios e tem menos a ver com inovação e mais com aquele que entende tanto dos projetos de TI quanto dos de negócios, buscando atingir o tão desejado alinhamento entre tecnologia e negócios. Descascador de abacaxis Conhecido no Brasil como “descascador de abacaxis”, o gestor de fornecedores na área de TI ganhou extrema importância com as novas ofertas de computação em nuvem, software como serviço e outros tipos de atividades de TI terceirizadas. Hoje, os líderes de TI lidam com um grande rol de fornecedores e provedores de serviços, sendo que nenhum deles pode ter uma visão completa sobre o que a empresa quer alcançar em tecnologia. Nesse ambiente, habilidade de negociação e experiência em relações pessoais são duas competências que podem ajudar a empresa a ganhar tempo e a economizar dinheiro. Mas o gestor de fornecedores também tem o papel de extrair mais criatividade e serviços úteis dos fornecedores. E isso requer um novo nível de relacionamento, além da abordagem comum que envolve camadas de serviços. Segundo o vice-presidente e analista da Forrester Research, Mark Cecere, os gestores modernos tomam uma visão mais ampla, observado o desempenho combinado de todos os fornecedores. “Eles podem pedir aos fornecedores 33 O analista de negócios tem menos a ver com inovação e mais com aquele que entende tanto de projetos de TI quanto de negócios Lucas Toledo, gerente da divisão de TI da Michael Page Brasil que trabalhem em conjunto para acelerar o tempo de resposta de aplicações, por exemplo, o que vai aprimorar a satisfação na empresa e gerar mais vendas. Jeanne acredita que a tendência é esses novos profissionais assumirem as responsabilidades também por experimentos estratégicos. A área de TI, por exemplo, teme grandes testes por receio de afetar o ambiente de produção. O gestor de fornecedores pode negociar testes em grandes fornecedores de computação em nuvem, em situações próximas da real, sem afetar em nada o desempenho dos sistemas operantes na empresa. E negociação é necessária para criar um ambiente ideal. Segundo Swanborg, o “descascador de abacaxis” deve possuir, além de tudo, conhecimentos sobre legislação. Cecere diz que as habilidades de comunicação são essenciais. Competências persuasivas são críticas, porque o profissional terá de lidar também com desafios internos. “Ele precisa convencer os líderes de negócios a priorizar e se comprometer com o que a área de TI está produzindo para eles. Isso é muito difícil”, aponta. O CIO da empresa de aluguel de carros Cars.com, William Swislow, está em busca de gestores de fornecedores de serviços. Segundo ele, uma das metas é reduzir a vulnerabilidade da empresa diante dos diversos fornecedores. “Precisamos de gestores fortes que se relacionem bem com os companheiros de empresa e não deixar a contratação desavisada de serviços cair em ambientes judiciais”, relata. Experts em dados Graças à web, às redes sem fio e à computação empresarial, a humanidade já gerou cerca de 295 exabytes de dados, de acordo com pesquisa publicada pelo renomado periódico Science, dos Estados Unidos. Mas as companhias não conseguem lidar com sequer um exabyte de dados, medida que equivale a 1 bilhão de gigabytes. Não dá para negar que se trata de um problema para as empresas resolverem. Todas as organizações possuem profissionais que sabem configurar bancos de dados e planilhas de dados, com suas estruturas definidas. Mas hoje, a maior parte dos dados corporativos não está estruturada, distribuída em e-mails, vídeos, apresentações, mensagens instantâneas, imagens, diagramas, conversas em redes sociais etc. Eles podem estar dentro ou fora da corporação, complicando a já difícil tarefa do profissional responsável pelos dados. O desafio duplo é gerenciar e interpretar os dados, algo que requer profissionais com conhecimentos profundos em projetos de sistemas de Business Intelligence (BI) e sistemas de análise de dados. São pessoas que precisam lutar com montanhas de informações que estão na empresa e nos sistemas de dados dos fornecedores, apoiando a criação de aplicações e ferramentas para extrair inteligência. Segundo Toledo, esse profissional, no Brasil conhecido como DBA, hoje é muito solicitado para a extração de informações específicas dos bancos de dados, de acordo com necessidades de negócios. “Os melhores profissionais da área conseguem melhorar o desempenho da companhia, reduzir o custo operacional e a velocidade de resposta com que os sistemas atendem à área de negócios. É um perfil tão difícil de ser encontrado que grandes empresas já procuram gente fora do www.computerworld.com.br 34 vertical TI é o remédio na indústria farmacêutica Mudanças na regulamentação vão intensificar a modernização do ambiente de tecnologia da informação no setor para ficar em linha com as exigências Lucas Callegari E m 2011, um dos grandes desafios dos laboratórios farmacêuticos é atender às novas exigências do marco regulatório do setor. O movimento deve acentuar ainda mais a adoção de soluções de tecnologia da informação (TI) em uma indústria já bastante madura no uso de sistemas. As novas regras exigirão mais investimentos, mas devem também contribuir para melhorar a eficiência da indústria de medicamentos. A mais importante dessas mudanças é a www.computerworld.com.br adoção do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos, que vai permitir a cada medicamento produzido no Brasil seu rastreamento desde a fábrica até os pontos de venda. Criado pela Lei 11.903/09, o sistema prevê que, assim como o Registro Geral (RG), utilizado para identidade das pessoas, cada embalagem tenha um Identificador Único de Medicamento (IUM), impresso em etiquetas de segurança produzidas especificamente para esse fim. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que todos os laboratórios terão de adotar o IUM até 15 de janeiro de 2012. Outra novidade é que os laboratórios terão de obedecer `a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC), 17/2010, da Anvisa, que torna seus sistemas computacionais mais regulados por procedimentos formais, aprovados e com uso comprovado. A gestão de TI deverá ser mais alinhada às Boas Práticas de Fabricação. O objetivo da agência é garantir a qualidade final dos medicamentos e a segurança de quem os consome. A RDC estabelece que o prazo para os novos sistemas é abril de 2011 e abril de 2012 para os sistemas legados. As adaptações demandarão custos e, no caso do sistema de rastreabilidade, têm provocado embates entre os laboratórios e a agência reguladora. Segundo entidades do setor, a adoção do código de barras no selo sugerido pela Anvisa custaria cerca de 400 milhões de reais por ano à indústria, encarecendo os preços dos medicamentos entre 6% e 10%. Para elas, a alternativa mais adequada é adotar um código bidimensional, conhecido como Datamatrix, impresso diretamente nas embalagens, de custo mais atraente. Independentemente de o formato do código a ser adotado, os laboratórios terão de adequar cada uma de suas linhas de produção. Esse custo pode chegar a cerca de 500 mil reais por linha de produção ou, de acordo com o porte da empresa, de 15 milhões a 20 milhões de reais. Já a adaptação dos sistemas exigida pela RDC pode ficar entre 300 mil reais e 600 mil reais por laboratório. Mesmo considerando os custos para adaptação, as mudanças devem beneficiar os laboratórios. Em relação à rastreabilidade, embora o sistema tenha sido criado para combater a falsificação e o roubo de medicamentos, deverá também ajudar na melhoria da competitividade do setor por meio do avanço do uso da TI no processo de fabricação dos medicamentos. “Em conversa com nossos clientes, dizemos que o sistema de controle pode ser transformado pelo laboratório em algo mais estratégico. Todos terão de aderir e, com a rastreabilidade, é possível, por exemplo, melhorar o controle da gestão dos 35 estoques ou a logística reversa [retirada de produtos por conta de algum problema]”, afirma o diretor de Consultoria da IBM Brasil, João Carlos Pissuto. Segundo o executivo, o fabricante do remédio terá visibilidade melhor da cadeia produtiva, desde a chegada da matériaprima até a expedição das embalagens para o distribuidor. Esse controle maior é importante porque se estima que os custos de desperdício representem entre 5% e 7% da receita do setor. Pissuto informa que a adaptação não será simples. “Não se trata apenas de colocar uma etiqueta de código único. Você tem um impacto em cerca de dez etapas da cadeia produtiva, tais como armazenagem, todos os sistemas de warehouse, a distribuição, todo processo de BI, a montagem de cargas e toda a logística.” Para o diretor da IBM, a legislação obriga os laboratórios a investirem em aplicativos e em “solução mais inteligente que vai realimentar modelos de indicadores de gestão”. “O setor produz perto de 2 bilhões de unidades de medicamentos por ano. Atualmente, cada lote, com milhares de medicamentos, gera apenas um registro. Com a mudança, a indústria vai ter de registrar cada uma das unidades produzidas”, informa o sócio-diretor da Active, empresa especializada em sistemas de automação e informatização para o setor farmacêutico, Márcio Moreti. Segundo ele, será preciso adotar um “complexo de soluções. Entre os exemplos estão um scanner de alta velocidade para ler o número de série, um computador ao lado de cada linha de produção”. “A Active oferece soluções para o setor farmacêutico por meio do software Evolutio, que permite a rastreabilidade de todas as unidades produzidas e expedidas pela indústria farmacêutica”, diz Moreti. O diretor de soluções para o setor de Saúde da Oracle, Fernando Faria, diz que a questão da rastreabilidade surgiu há cerca de quatro anos, quando alguns estados norte-americanos começaram a discutir o tema “e o Brasil importou a experiência. Por aqui, a Anvisa foi a condutora do processo de concepção do sistema e regula Para levar as informações de maneira ética aos médicos, o CRM tem de ser altamente sofisticado Flávio Zemella, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Roche um setor no qual cerca de 400 laboratórios contabilizam faturamento em torno de 17 bilhões de dólares. O Oracle Pedigree and Serialization Manager (OPSM) foi desenvolvido para aumentar a integridade da cadeia de suprimentos na indústria farmacêutica, de acordo com Faria. “A solução permite obter uma espécie de atestado de nascimento do remédio. Foi desenvolvida na Europa e nos Estados Unidos e trazida para o Brasil para atender à legislação.” Outra empresa atuante nesse nicho é a SAP. Ela oferece o módulo Auto ID Enterprise, criado após alguns projetos pilotos realizados pelo mundo, com destaque para o adotado pela unidade da Boehringer, na Alemanha. Segundo o responsável pela área de saúde da SAP para América Latina e Caribe, Jomar Fajardo, a solução passou a ser oferecida no Brasil com algumas adaptações às características do mercado brasileiro. “A rastreabilidade vai mudar a forma como é gerenciado todo o processo de gestão de logística da medicação. As indústrias terão de passar por uma reflexão dos processos, usando uma ferramenta computacional”, diz Fajardo. “Existirá um banco de dados que informa de onde saiu o medicamento e para onde foi. Isto trará muitos benefícios ao setor em relação às informações disponíveis.” Receita de sucesso O uso da TI ganhou importância estratégica nos laboratórios, independentemente das mudanças regulatórias. Seu peso maior é em razão das transformações importantes na indústria. Tradicionalmente, o dinamismo do setor farmacêutico em todo o mundo sempre se baseou no desenvolvimento de novas drogas. Os laboratórios gastavam entre 15% a 20% em P&D, mas mantinham a rentabilidade, criando constantemente novos medicamentos. A concorrência com os genéricos, tanto no mundo como no Brasil, afetou os negócios das grandes farmacêuticas que, por sua vez, passaram a amargar um número crescente de medicamentos, www.computerworld.com.br 36 vertical O setor produz perto de 2 bilhões de unidades de medicamentos por ano. Será necessário adotar um complexo de soluções Márcio Moreti, sócio-diretor da Active cujo direito de propriedade caducou. Denominados blockbusters, esses remédios de marca são os que lideram as vendas e responsáveis por boa parte dos lucros. Quando cai a sua patente, o preço reduz consideravelmente, afetando sobremaneira o lucro dos laboratórios. Esse cenário forçou uma busca indispensável pela tecnologia. Conhecido por investir fortemente em P&D, o setor sempre apostou em soluções de TI, principalmente na gestão do negócio e na área comercial. Há grande velocidade na inovação, por exemplo, no uso de TI no relacionamento com os médicos. A dinâmica das mudanças faz com que os CRMs implementados tenham um ciclo de vida curto. “Nossos produtos exigem conhecimento científico por parte do vendedor por causa www.computerworld.com.br do perfil dos clientes, que são médicos. Para levar as informações de forma ética, o CRM tem de ser muito sofisticado”, exemplifica o diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da multinacional Roche, Flávio Zemella. “Ferramentas como o Siebel CRM da Oracle permitem uma gestão ampla da área de vendas. A Roche tem ainda um portal na internet, para transmitir dados do pedido do cliente e receber seus retornos”, complementa o executivo. Segundo ele, os laboratórios sempre foram pioneiros em tecnologias inovadoras como ferramentas de vendas. “Hoje, estamos com um projeto piloto para que nossa equipe de vendas adote tablets. Já percebemos que esse dispositivo vai ajudar muito no nosso contato com os médicos.” “Em relação à TI, a indústria farmacêutica é mais arrojada que outros segmentos. Só não supera os setores de seguros e de bancos. A maioria dos laboratórios já tem, por exemplo, seu ERP consolidado, equipe e área de informática bastante fortes”, reforça o diretor do Segmento Farmacêutico da Sonda Procwork, Carlos Edilson Oliveira. “Na média, o setor está avançado. É maduro na utilização de TI e já vive a segunda geração de aplicações, voltada para a otimização”, reforça Pissuto, da IBM. As regras A RDC deverá provocar a adoção de sistemas eficientes. A resolução reforça os papéis das áreas de TI e de Automação Industrial dos laboratórios. A agência quer que todo o sistema esteja “enquadrado” para garantir que os medicamentos sejam produzidos com qualidade. Passou a ser exigido que a área de TI tenha infraestrutura mais robusta, que inclua planos de contingência e recuperação de desastres etc. A legislação requer, por exemplo, que haja um firewall interno nas redes dos laboratórios. Não basta mais um, voltado para fora da rede. Essa adaptação muitas vezes implica na contratação de equipes externas. Sediada na cidade de São Paulo, a União Química é um laboratório de capital nacional que trocou o sistema de ERP, já seguindo a metodologia de validação imposta pela Anvisa. No ano passado, iniciou a adoção da tecnologia SAP, que foi finalizada em janeiro de 2011. Apenas o projeto de troca do ERP custou cerca de 5 milhões de reais, incluindo a troca de estações e equipamentos. No entanto, a adaptação do projeto à RDC da Anvisa custou mais 600 mil reais. “Tivemos de readequar alguns equipamentos, criar um setor com a missão de garantir a validação do sistema às exigências da agência. Contratamos também uma consultoria especializada em validação de sistemas”, informou o gerente de Tecnologia e Informação do laboratório, José Luiz Junqueira Simões. Localizado em Toledo, no estado do Paraná, o laboratório Prati-Donaduzzi também adotou solução SAP. Implementada pela Sonda Procwork, trouxe ganhos em relação à visibilidade e ao gerenciamento dos processos, assim como na precisão dos cálculos de custos e indicadores de rentabilidade. Segundo o gerente de TI da empresa, Marcelo Fiorin, o laboratório já contratou equipe externa para validar seu sistema implementado e, também, para novos software que estão atualmente sendo adotados nas linhas de produção. “Para implementar o novo software, estamos investindo cerca de 700 mil reais e, com o processo de validação, devemos gastar mais 300 mil reais”, informa. n PORTO ALEGRE AGORA O CIO GLOBAL SUMMIT ESTÁ MAIS PERTO DE VOCÊ! Após o grande sucesso do evento que debate com CIOs de todo o Brasil soluções de tecnologia, tendências na área de inovação e sustentabilidade e gestão de talentos a nível global, a equipe da revista CIO decidiu trabalhar regionalmente esses assuntos, para poder discutir questões específicas que as diferentes áreas do País enfrentam. PORTO ALEGRE CURITIBA BELO HORIZONTE 17 DE MARÇO 06 DE ABRIL 01 DE JUNHO Hotel Deville Aeroporto Four Points by Sheraton Hotel Mercure Mais informações acesse: www.cioglobalsummit.com.br ou ligue para: (11) 3049 2018 PATROCÍNIO MASTER: REALIZAÇÃO: APOIO: PRODUÇÃO: 38 tecnologia Na Univen Petróleo, virtualização está em alta Refinaria começou pelos servidores que rodam ERP da SAP, banco de dados e sistema que emite Nota Fiscal Eletrônica. O próximo passo é centralizar as 150 estações de trabalho edileuza soares A maioria das empresas começa a testar a virtualização pelos sistemas que geram menos impacto aos negócios para depois ganhar maturidade e estender a tecnologia para as aplicações de missão crítica. Na Univen Petróleo, uma das mais novas refinarias de derivados de petróleo do Brasil, essa ordem foi invertida. A necessidade de implementação de um novo ambiente de TI, em curto espaço de tempo, obrigou a empresa a adotar esse modelo para processamento das soluções que são o coração da operação e que não podem parar. O projeto na petroquímica começou com a virtualização do sistema de gestão empresarial (ERP) da SAP. Hoje, todas as aplicações que suportam os negócios da empresa estão rodando em servidores virtuais. A iniciativa, segundo a companhia, está trazendo benefícios. Entre os ganhos com adoção da tecnologia estão redução de 60% dos gastos com energia, aluguel de espaço físico e melhor gerenciamento do parque, que agora www.computerworld.com.br 39 funciona com administração centralizada. A modernização Sediada na cidade de Itupeva, no interior de São Paulo, a Univen Petróleo atua no mercado desde o final da década de 90. A empresa produz e comercializa derivados de petróleo para diversas finalidades e atende diferentes segmentos de mercado. Seu sócio majoritário era o grupo Vibrapar, dono de outras empresas que atuam no comércio varejista, transporte e logística de combustíveis. Em 2007, houve uma cisão no grupo e a refinaria saiu debaixo da holding. “Toda a nossa TI estava na Vibrapar e tivemos de criar uma nova estrutura”, diz o gerente de Tecnologia da Univen Petróleo, Diógenes Gianini Novaes. A companhia precisava construir muito rapidamente um novo ambiente e optou pela virtualização com solução da VMware. O projeto começou a ser implementado em janeiro de 2010 e, em junho, o ambiente já estava pronto, funcionando com 20 servidores virtuais e quatro físicos. A migração do ERP da SAP para a nova estrutura foi dividida em duas etapas, para não paralisar algumas aplicações críticas, como a emissão da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e). A mudança foi feita em um final de semana e na segunda-feira o ERP amanheceu rodando em novo ambiente, sem interromper as operações da refinaria. “Somos pioneiros no Brasil com a virtualização de SAP. Era um risco, mas tínhamos a necessidade de executar o projeto”, relata Novaes. Atualmente, os quatro ambientes (produção, desenvolvimento, qualidade e solution manager) do SAP rodam em plataforma virtual. Além do ERP, os servidores virtuais estão processando o banco de dados Oracle e o sistema PWSAT, da Sonda Procwork, que gerencia toda a parte fiscal. Ganhos com a tecnologia Quando estava compartilhando a infraestrutura de TI da holding Vibrapar, a Univen Petróleo utilizava 15 servidores para processar suas transações de Preciso de menos gente para manutenção do ambiente de TI. Hoje, tenho mais flexibilidade e agilidade na hora de fazer mudanças Diógenes Gianini Novaes, gerente de Tecnologia da Univen negócios em um ambiente que era 100% Microsoft. Quando partiu para o modelo de virtualização, o número de máquinas físicas caiu para quatro. O gerente de TI da petroquímica estima que com a redução da quantidade de servidores físicos, a empresa terá economia anual da ordem de 150 mil reais. Esse valor é o ganho que a companhia terá por não precisar investir no mesmo volume de máquinas mais modernas. O executivo observa que, a cada três anos, os equipamentos precisam ser substituídos. Há também os custos com a renovação dos contratos de licenças de software, que caíram de 15 para quatro servidores. Além dessa economia, Novaes avalia que a gestão do ambiente centralizado também se torna menos onerosa. “Eu preciso de menos gente para manutenção do ambiente. Tenho mais flexibilidade e agilidade na hora de fazer mudanças”, diz o executivo de TI da Univen. Os negócios ganharam com a virtualização, segundo Novaes. A disponibilidade dos sistemas hoje é de 100% em razão de a empresa ter mais agilidade para fazer a troca das soluções. “Os gestores passaram a ter acesso às aplicações em qualquer lugar e com segurança”, garante o executivo. O tempo de manutenção dos sistemas também caiu. Antes, era necessário fazer paradas de dois a três dias por semana. Agora, esse período reduziu para entre duas e três horas. Próximos passos Univen Petróleo www.univenpetroleo.com.br Desafio: nova estrutura de TI virtualizada para rodar o ERP da SAP e outras aplicações de negócios. n Solução: software VMware vSphere, da VMware, rodando em servidores da Dell. n Resultados: redução de 60% dos gastos com energia elétrica, economia de espaço físico e gestão mais eficiente com ambiente centralizado. n Expectativa: expansão da virtualização para as 150 estações de trabalho. Primeira etapa começa em 2011, com substituição de 20 desktops dos usuários finais por thin clients. n Animada com os resultados, a Univen Petróleo já se prepara para implementar a segunda fase do projeto, que englobará a virtualização das 150 estações de trabalho, que serão substituídas por máquinas thin clients. Essa etapa está prevista para começar este ano com um piloto para virtualização de 20 desktops, quando serão implementadas licenças do VMware View nas máquinas magras. Novaes conta que o plano é ter 100% das estações nesse modelo para economizar com a compra de licenças de software. Pretende entregar as máquinas dos usuários mais rapidamente e de acordo com a necessidade de cada um. Apesar de a virtualização semear caminhos para cloud computing, a Univen Petróleo ainda não tem planos para adotar esse modelo. O gerente de TI acha que a petroquímica ainda não tem estrutura para ter uma rede privada na nuvem. Esse é um projeto futuro. n www.computerworld.com.br 40 tecnologia Tão longe, e tão perto Contratar serviços de computação em nuvem hospedados em data centers distantes pode ser boa opção para os negócios, apesar do tempo de resposta H Patrick Thibodeau, da Computerworld EUA á apenas um ano, o CIO e diretor da empresa de seguros japonesa AIG Edison, Tohru Futami, sabia que sua companhia precisava atualizar algumas aplicações núcleo, uma vez que o sistema, de sete anos de idade, já não permitia que a retaguarda e os times de vendas compartilhassem informações em um tempo adequado. Além disso, muitos dos processos da companhia ainda eram baseados em papel. Segundo Futami, as principais opções da empresa eram reescrever todas as aplicações existentes ou tentar uma migração para a nuvem e rodar software hospedado. A planificação do tempo e do custo necessário para cada um levou o executivo à nuvem. Pelos cálculos, a reescrita dos sistemas da companhia de seguros poderia levar cerca de 30 meses. Por outro lado, uma migração para a plataforma de nuvem da Salesforce.com iria durar três vezes menos. A pesquisa interna também indicou que o custo da tecnologia em nuvem seria reduzido a um terço em relação a qualquer outra solução. Futami disse, no entanto, que o requisito chave no projeto era a rapidez. “A meta era aprimorar o atendimento ao consumidor e dependíamos da melhoria do sistema”, diz. A decisão de realizar a mudança para a nuvem com uma oferta de CRM na modalidade de software como serviço (SaaS) foi complicada no início, porque enquanto a empresa está sediada em Tokyo, o data center da Salesforce está há mais de 8 mil quilômetros distante, na costa oeste dos Estados Unidos. A distância levantou preocupações em relação à latência de rede, além de criar dúvidas a respeito de questões legais e regulatórias, envolvendo o projeto. Mesmo com esses pontos, a AIG Edison decidiu pela migração. O trabalho de transferir as aplicações chave para os computadores da Salesforce.com em São Francisco (EUA), começou em janeiro. Hoje, os sistemas estão disponíveis para uso dos milhões de clientes da empresa de seguros, milhões de prospectos, 3 mil funcionários e 15 mil corretores de seguros e revendedores. As aplicações hospedadas lidam com tarefas complexas, como geração de cotações e simulações para levantamento de necessidades de cobertura. Para auxiliar no processo, Futami contou com uma consultoria de São Francisco, a Appirio, responsável por configurar a plataforma de nuvem e realizar as configurações no sistema. O objetivo era buscar fornecer “quase o mesmo tempo de resposta” que a AIG Edison obteria nos sistemas convencionais. Um passo fundamental na contratação de servidores distantes. Latência não é barreira A latência de rede, www.computerworld.com.br 41 principalmente para serviços complexos prestados em todo o mundo, pode realmente ser um problema se deixar o tempo de resposta para o usuário muito lento. Ela não pode simplesmente ser eliminada, pois a lei da física sempre prevalece. Mas isso não impede que muitas empresas adotem ofertas no formato SaaS. Um exemplo é a FleetMatics, companhia baseada em Dublin, que fornece serviço hospedado de monitoramento de rotas via GPS. Sua base de clientes nos Estados Unidos está crescendo consistentemente, razão pela qual conseguiu financiamento de 68 milhões de dólares recentemente. E tudo isso foi conquistado com apenas um data center na Irlanda. Os clientes da FleetMatics podem observar o movimento dos veículos em grandes telas planas à medida que os dados do GPS sofrem atualização contínua. O CTO da companhia Peter Mitchell disse que os clientes não manifestaram percepção negativa quanto ao tempo de resposta a partir da Irlanda. Mas quando a companhia abriu um data center em Denver, no final de 2010, “houve a percepção de que o sistema estava extremamente rápido”, avalia. Mitchell acredita que fornecedores de SaaS na Europa não devem ter nenhum problema para prestar serviços para os Estados Unidos. A abertura do data center em Denver foi parte de um esforço para desenvolver um modelo de recuperação de desastres global, além de permitir expansão de serviços. E para continuar prestando serviços com grande distância, a companhia começou a testar tempos de latência da Índia para Dublin e para os Estados Unidos. A AIG Edison percebeu que a latência dos Estados Unidos para o Japão varia de acordo com a velocidade da conexão e a quantidade de dados. Na média, leva 132 milissegundos para enviar e receber 32KB de dados, de acordo com a Appirio. Em contraste, se o data center estivesse no Japão, a transação levaria 52 milissegundos, quase três vezes menos. Com todo o ambiente de cliente da AIG Edison, que inclui desktops virtuais para cada funcionário da equipe de vendas, o tempo de resposta total varia de 300 a 400 milissegundos, ou um terço de segundo, ainda de acordo com a Appirio. Essa taxa de latência, ainda dentro do aceitável na concepção da AIG Edison, veio após otimização e configurações adequadas. Entre medidas que a companhia tomou para melhorar a situação, está a transferência de lotes de dados para o data center da Salesforce, onde a maioria das informações estão guardadas, reduzindo transferência de dados. Além disso, em vez de realizar quatro consultas sequenciais, o sistema foi otimizado para realizá-las simultaneamente. E o tempo de resposta ainda pode melhorar, pois uma grande quantidade de dados ainda está armazenada no mainframe da companhia, em Tókio. “Se a aplicação é escrita de uma forma É preciso avaliar se os níveis de serviços são aceitáveis para a empresa, pois não há como evitar queda de desempenho com o data center distante Phil Garland, analista da divisão de consultoria da PricewaterhouseCoopers a minimizar o número de viagens que a informação realiza entre o banco de dados e o destino, a latência realmente pode se tornar uma questão menor”, afirma o CTO da Runware, Andy Poulter. A Runware é uma empresa de serviços de cloud e SaaS, incluindo teste de software online, com data centers na Suécia e em Miami, servindo uma clientela no mundo inteiro. Para a AIG Edison, a decisão de trabalhar com um fornecedor na nuvem em outro país levantou ainda preocupações com segurança, que também tiveram de ser trabalhadas. Mas os executivos da empresa foram convencidos pela consultoria e pela Salesforce de que a estrutura de segurança física e lógica do serviço em nuvem provavelmente é melhor do que sistemas mantidos pela própria AIG. Expansão A decisão tomada por Futami, da AIG Edison, está se tornando cada vez mais comum. De acordo com estudos da IDC, as receitas de computação em nuvem pública nos Estados Unidos devem crescer 24% em 2011, atingindo 17,6 bilhões de dólares. O analista da divisão de consultoria da PricewaterhouseCoopers, Phil Garland, ressalta que a definição sobre o fato de a latência ser ou não problemática depende das expectativas do usuário, nível de tolerância e do que funciona para os negócios. “É questão de avaliar se os níveis de serviço são aceitáveis para determinada empresa, pois não há jeito de evitar uma queda de desempenho ao aumentar a distância do data center”, afirma Garland. Para o analista, cada caso deve ser analisado separadamente, uma vez que não há regras no que diz respeito à aceitação da latência por parte do usuário. Depende da função dos dados e de quão crítica é a informação. No entanto, Garland diz que há formas de contornar o problema, melhorando o desempenho na camada de software. “Um cliente bem projetado pode reduzir a maioria dos problemas que costuma surgir em ambientes de alta latência, pelo menos até certo ponto.” Mas clientes reticentes, ao ponto de se recusarem a contratar um data center distante, não deixarão de existir. É por isso que, no último trimestre de 2010, a Salesforce.com anunciou planos de abrir um data center no Japão no segundo semestre de 2011. Os negócios da companhia crescem muito no país e um porta voz da companhia, Joseph Schmidt, diz que a medida beneficiará clientes com “velocidade e paz de espírito de ter os dados próximos de casa”. n www.computerworld.com.br 42 OPINIÃO | Cyro Diehl Metamorfose A necessária n Cyro Diehl é presidente da Oracle do Brasil s grandes transformações enfrentadas pela área de Tecnologia da Informação (TI) abrigam uma boa e uma má notícia para o CIO. Comecemos pela ruim: os novos ventos corporativos vão decretar a falência dos técnicos que não evoluírem, e que ainda vivem nos tempos da glass house e no domínio de bites e bytes, MIPS, processos e atendimento aos usuários que os consagraram no passado. Em compensação, a boa nova é que nunca essa categoria profissional esteve tão valorizada como agora. Nenhuma empresa que se mantenha em linha com o novo perfil do mercado, na hora de escolher um CEO, deixará de levar em conta o seu CIO como fortíssimo candidato ao cargo. O que está por trás dessa transformação tão radical é o surgimento de conceitos e tecnologias, como o software sob a forma de serviço ou a computação nas nuvens, que coloca em xeque o modelo de negócios tradicional. As organizações enfrentam crescentes pressões concorrenciais na busca de fórmulas que reduzam a complexidade dos sistemas e anseiam pela consolidação de sistemas, que se tornam cada vez mais ferramentas estratégicas. Por exemplo, não basta a um vendedor de empresa farmacêutica munirse de nomes e endereços e um discurso padrão que sirva para toda a clientela médica. www.computerworld.com.br Para aumentar o seu ticket médio, ele precisa explorar diferentes níveis de exigência dos públicos visitados e oferecer soluções adaptadas às necessidades de cada um. E, assim, mais do que nunca, a TI bem utilizada tornase uma ferramenta para alavancar negócios. A mensagem do mercado chega de forma clara e direta, a ordem é reduzir o custo de propriedade (TCO, na sigla em inglês). Nesse As exigências mudaram: o salto qualitativo requer agregar excelência estratégica ao domínio tecnológico da informação sentido, ninguém está mais habilitado a administrar esse processo do que o CIO. É hora de tirar proveito da vantajosa posição do cargo que o permite desenvolver uma visão holística e integrada de todas as áreas. Mas, a contrapartida é uma mudança do seu perfil, que no lugar de priorizar o lado técnico fará o CIO se tornar um profissional de negócios. As empresas mudaram e, com elas, as exigências. Se em épocas menos competitivas a eficiência operacional combinada à disponibilidade de informações confiáveis na hora certa trazia benefícios indiscutíveis, hoje, isso não é o bastante. O salto qualitativo requer também agregar ao domínio tecnológico da informação uma excelência estratégica. E é justamente isso que se espera do novo CIO. Ele tem de demonstrar capacidade para se adaptar aos novos preceitos ditados pelo mercado. O tempo dirá quem soube aproveitar a oportunidade de ouro para enriquecer a carreira e ganhar relevância na empresa, ou quem ficou na história das corporações na condição de atropelado pela evolução. Não se trata de exercício de futurologia, essa metamorfose já ocorre. A poderosa combinação de inteligência capacitada com o foco no negócio e a orquestração com parceiros especializados farão com que o poder da TI logo se multiplique, embora difratado dentro de toda a empresa. Atropelado por uma espécie de implosão silenciosa, o departamento de TI das empresas – como conhecemos hoje – está com os dias contados. De meros apoiadores pertencentes a uma organização isolada, os seus integrantes tornamse peças vitais ligadas à engrenagem central. A antiga TI não deixará saudades. Turbinada por novos conceitos, ela passa a atuar ao lado dos que buscam melhorar os resultados financeiros da companhia, bem como resolver seus desafios estratégicos e operacionais. Por meio da inovação, deixa de ser custo para tornar-se braço estratégico da organização. n
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