fisiologia - Faculdade Montenegro

Transcrição

fisiologia - Faculdade Montenegro
R evis t a
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B r a s i l e i r a
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FISIOLOGIA
de
EXERCÍCIO
DO
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FISIOLOGIA
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FISIOLOGIA
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
EXERCÍCIO
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FISIOLOGIA
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FISIOLOGIA
DO
EXERCÍCIO
ELETROMIOGRAFIA
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• Músculos extensores da perna
de jogadoras de voleibol
E X E R C Í FARMACOLOGIA
CIO
FISIOLOGIA
DO
EXERCÍCIO
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FISIOLO
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F I S I O L O G I A F I S I O L O GBIOLOGIA
FISIOLOG
F
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EXERCÍCIO
EXERCÍC
DO E X E R C Í C I O
• Testosterona, cortisol e exercício físico
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FISIOLOGIA
EXERCÍCIO
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EXERCÍCIO
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na empresa
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www.atlanticaeditora.com.br
Fisiologia_CAPA_v5n1.indd 1
FISIOLOG
Brazilian Journal of Exercise Physiology
DO
DO
IS S N 16778510
v o l u m e 0 5 - n ú me ro 01 • J a n/D e z 2006
22/11/2007 18:17:26
R e v i s t a
B r a s i l e i r a
d e
FISIOLOGIA
DO
EXERCÍCIO
Brazilian Journal of Exercise Physiology
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Índice
volume 5 número 1 - janeiro/dezembro 2006
Editorial
Carta ao leitor, Prof. Dr. Paulo Tarso Veras Farinatti..................................................................................................... 3
Artigos Originais
Análise da atividade eletromiográfica dos músculos extensores da perna de jogadoras
de voleibol feminino, Sergio Henrique Borin, Rinaldo Roberto de Jesus Guirro,
Marcos Vanucci, Rubens Falleiros, Valéria Palauro......................................................................................................... 4
Quantificando a pliometria na reabilitação de atletas,
Gustavo Rebello Soares.................................................................................................................................................. 9
Análise das capacidades físicas em indivíduos adultos sedentários e treinados,
Alexandre de Souza e Silva, Regiane Albertini, Maricilia Silva Costa ............................................................................ 15
Respostas cardiovasculares agudas da pressão positiva expiratória (EPAP)
em indivíduos adultos jovens e o impacto no duplo-produto: um estudo piloto,
Mauricio de Sant’ Anna Junior, Alexandra Maia, Rafael Gama da Cruz,
Pedro Paulo da Silva Soares, Adalgiza Mafra Moreno ................................................................................................... 21
Consumo de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes
de musculação das academias de Santa Maria, RS, Cati Reckelberg Azambuja,
Daniela Lopes dos Santos ............................................................................................................................................ 27
Série simples versus séries múltiplas: efeitos sobre o treinamento e destreinamento
da força máxima em mulheres jovens, Marcelo Rangel de Araújo,
Alexandre Hideki Okano, Runer Augusto Marson, Edilson Serpeloni Cyrino, Fábio Yuzo Nakamura ......................... 34
Programa de Exercício Físico na Empresa (PEFE): um estudo com trabalhadores
de informática, Josenei Braga dos Santos, Antônio Renato P. Moro ............................................................................ 42
Revisões
Efeitos agudos da flexibilidade sobre a força muscular, José Eduardo Lattari
Rayol Prati, Sergio Eduardo de Carvalho Machado ..................................................................................................... 50
As relações dos hormônios testosterona e cortisol com o exercício físico,
Marcelo Rangel de Araújo ........................................................................................................................................... 56
Estudo de caso
O treinamento de resistência com pesos em circuito de intensidade
moderada melhora a capacidade cardiorrespiratória e diminui gordura corporal,
Roberto Pacheco da Silva, Antonio Coppi Navarro ..................................................................................................... 62
Resumos
Anais do IV Workshop em Fisiologia do Exercício – UFSCar e I Congresso
Paulista da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício ........................................................................................... 68
Normas de Publicação .................................................................................................................................. 79
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
R e v i s t a
B r a s i l e i r a
d e
FISIOLOGIA
DO
EXERCÍCIO
Brazilian Journal of Exercise Physiology
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Editor Chefe
Paulo de Tarso Veras Farinatti
Conselho Editorial
Antonio Carlos Gomes (PR)
Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ)
Dartagnan Pinto Guedes (PR)
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Paulo Sérgio Gomes (RJ)
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Robert Robergs (USA)
Rosane Rosendo (RJ)
Sebastião Gobbi (SP)
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Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares,
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
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Editorial
Carta ao Leitor
Apresentamos o volume 5 da Revista Brasileira de
Fisiologia do Exercício (RBFEx), correspondente ao ano
de 2006. Para este volume manteve-se a mesma estratégia
adotada para o período de 2005, qual seja, concentrar os
artigos disponíveis em uma só encadernação. No entanto,
preservaram-se os três números que deveriam ser publicados naquele ano. Tal opção deu-se pela necessidade de
se retomar, o mais rapidamente possível, a periodicidade
da revista, ao mesmo tempo em que não se queria deixar
solução de continuidade. Assim, o leitor que desejar fazer
um histórico da RBFEx encontrará volumes completos
referentes ao período que vai de 2002 a 2006.
A partir do volume 6 (ano de 2007) os três números
serão publicados em separado de forma quadrimestral,
como era feito na origem do periódico. Os três números
do volume 6 encontram-se fechados; assim, espera-se que a
periodicidade da RBFEx seja definitivamente regularizada
até o fim de 2008.
Após essa fase inicial, ambiciona-se aumentar a quantidade de números correspondentes a um volume, tornando
a revista trimestral, o que certamente facilitará seu processo
de indexação. Planeja-se, igualmente, ampliar a abrangência
da revista, criando-se seções voltadas especificamente para
as questões da fisiologia em suas diferentes especializações
(básica, aplicada, treinamento físico, saúde, nutrição etc).
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Atualmente presente no Qualis da área como de categoria
Nacional C, pretende-se que tais providências a conduzam
a uma classificação superior em prazo breve.
Da mesma forma, estamos reestruturando a revista
internamente. Um dos passos nesse sentido é aumentar o
corpo de revisores, tornando o processo de avaliação por
pares mais ágil. O questionário de avaliação dos artigos está
sendo reformulado, de maneira a otimizar o tempo dos
pareceristas e fazer com que os julgamentos dos manuscritos sejam mais objetivos. O apoio e a estrutura da Editora
Atlântica vem sendo fundamental para a concretização de
todos esses planos.
Como não poderia deixar de ser, contamos com a
colaboração dos pesquisadores que fazem da fisiologia
do exercício sua área de atuação a fim de que a RBFEx
possa se tornar um veículo eficiente e de qualidade para
a divulgação de seus trabalhos. Convidamos a todos para
enviarem seus resultados de pesquisa à revista, bem como
artigos de revisão e resumos de teses e dissertações.
Como se pode notar, há muito a fazer. Esperamos
poder contar com o maior número possível de colegas
nessa empreitada!
Prof. Dr. Paulo Tarso Veras Farinatti
Editor-Chefe da RBFEx
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Artigo original
Análise da atividade eletromiográfica dos músculos
extensores da perna de jogadoras de voleibol feminino
Analysis of electromyographic activity of leg extensor muscles
of female volleyball players
Sergio Henrique Borin*, Rinaldo Roberto de Jesus Guirro**, Marcos Vanucci***, Rubens Falleiros***,Valéria Palauro***
*Mestrando em Fisioterapia na Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), Piracicaba, SP, **Professor da Pós-Graduação
em Fisioterapia da UNIMEP, ***Fisioterapeuta, UNIMEP
Resumo
Abstract
Na prática clínica, observa-se o crescimento de lesões esportivas,
decorrentes de desequilíbrios musculares. O objetivo deste trabalho
foi analisar a atividade eletromiográfica (EMG) dos músculos do
quadríceps femoral, numa contração isométrica voluntária máxima
de extensão da perna em dois ângulos distintos. Foram analisadas
12 jogadoras de voleibol e 12 sedentárias. Para análise da EMG
utilizou-se a envoltória (EN) do sinal, analisados através do teste de
Wilcoxon (p < 0,05). Os resultados da EN intragrupos evidenciaram que o recrutamento de todos os músculos foi maior a 90º em
relação à 30º, independente da dominância e grupo. Já intergrupos,
os resultados demonstraram ocorrer diferenças no recrutamento das
atletas quando comparados com as sedentárias, sendo os músculos
VMO, VLO, RF e VLL tanto 30º como 90º, independente da dominância. Os resultados Intragrupos demonstram que o músculo
VMO foi mais ativo, seguido do VLO, RF e VLL, para sedentárias
e VMO, VLL e RF e VLO no grupo atletas.
In the practical clinic, it was observed an increase of sports
lesions, caused by muscle disequilibrium. The objective of this
work was to analyze the electromyographic activity (EMG) of the
muscles of quadriceps femoral, in a maximal voluntary isometric
contraction of leg extension in two distinct angles. 12 volleyball
players and 12 sedentary female players had been analyzed. For
analysis of EMG it was used an envoltori (EN) signal, which was
analyzed through Wilcoxon test (p > 0.05). The results of the intragroups EN demonstrated that the recruitment of all muscles was
bigger than 90º in relation to 30º, independent of dominance and
group. In relation to intergroups, the results showed that differences
in the recruitment of the athletes occur when compared with the
sedentary ones, the muscles VMO, VLO, RF and VLL at 30º as
well as 90º were independent of dominance. The Intragroups results
demonstrate that muscle VMO was more active, followed by VLO,
RF and VLL, for sedentary and VMO, VLL and RF and VLO in
the athlete group.
Palavras-chave: eletromiografia, treinamento, desequilíbrios
musculares, fisioterapia.
Introdução
Na prática clínica, têm-se observado cada vez mais freqüente o aparecimento de lesões principalmente relacionadas
à atividade esportiva em atletas de alto nível. Alguns autores
reportam em seus estudos que a incidência de lesão na arti-
Key-words: eletromyographic muscle, training, muscle
disequilibrium, physical therapy.
culação do joelho gira em torno de 30% a 40% em jogadoras
de voleibol [1,2]. Este quando praticado em nível competitivo
envolve maiores cargas de treinamento técnico-tático e altas
demandas de condicionamento físico, que somados contribuem com o desenvolvimento de lesões do sistema músculo
esquelético dos membros inferiores.
Recebido em 12 de agosto de 2006; aceito em 15 de outubro de 2006.
Endereço para correspondência: Sergio Henrique Borin, Av. Ipiranga, 1034/11, 13400-485 Piracicaba SP, Tel: (19) 3402-4740, Email: [email protected]
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Das anormalidades que envolvem a articulação do joelho,
o desequilíbrio muscular no aparelho extensor da articulação
fêmoro-patelar tem sido identificado como sendo um dos
mais comuns.
A prática esportiva leva a especializações musculares que
podem gerar alterações nas forças que atuam nas articulações
podendo causar alterações estáticas (como problemas posturais) e dinâmicas (alterações na estabilidade articular ou
coordenação motora) [3].
O voleibol, por ser um esporte que utiliza muito o salto
vertical, tem como conseqüência uma sobrecarga na articulação do joelho, podendo ocorrer desequilíbrios na musculatura extensora, principalmente pela solicitação exacerbada
dos músculos que compõem o quadríceps femoral [4]. A
sobrecarga não se restringe a articulação do joelho, sendo
observada em todas as articulações dos membros inferiores
pelo fato de os músculos exercerem movimentos concêntricos
e excêntricos.
Trabalhos físicos envolvendo exercícios de sobrecarga ou
overtraining podem desenvolver desequilíbrios musculares
alterando a biomecânica normal da articulação do joelho [5].
Por isso, indivíduos fisicamente ativos, mas que são submetidos a sobrecargas constantes, poderão desenvolver algum
desequilíbrio biomecânico [6].
Várias técnicas que visam à recuperação funcional da
articulação do joelho bem como trabalhos de prevenção de
lesões vem sendo desenvolvidas. Consistem basicamente em
exercícios de cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética
fechada (CCF), que segundo Bynnum et al. [7] a CCF tem
sido reconhecidamente como mais segura e funcional do
que os de CCA. O treinamento de hipertrofia muscular
no voleibol também concentra o seu trabalho em cadeias
cinéticas, mas sempre procurando direcioná-lo para a especificidade do movimento que o atleta realiza no seu gesto
esportivo [8].
Segundo Willians [9], os exercícios com carga (principalmente o excêntrico) são considerados um dos tipos mais
lesivos ao músculo devido ao aumento de tensão excessiva
na linha Z dos sarcômeros. Nesse contexto, muitos estudos
relatam que o trabalho de reforço muscular deve respeitar a
especificidade do movimento do gesto esportivo em conjunto
com treinamento muscular, de forma que haja um mecanismo
de proteção e prevenção para lesões decorrentes da sobrecarga
articular impostas pelo esporte [10].
Nesse sentido, o trabalho de condicionamento muscular
localizado em atletas deve ser muito bem elaborado, para que
não ocorra sobrecarga nas articulações, ou mesmo desenvolva
desequilíbrios musculares [11].
Com isso, a eletromiografia (EMG) tem sido utilizada
como instrumento cinesiológico para estudo da função muscular, sendo empregada no estudo da atividade muscular e no
estabelecimento do papel de diversos músculos em atividades
específicas.
Fisiologia_v5n1.indb 5
5
Por esse contexto, o músculo quadríceps femoral tem sido
amplamente pesquisado através da EMG, principalmente no
que diz respeito à articulação fêmoro-patelar. No entanto, a
participação do músculo VMO, como base de tratamento
conservador da síndrome fêmoro-patelar, precisa ser mais
bem estudada, assim como o seu desequilíbrio por fatores
não traumáticos, a participação e a contribuição do músculo
reto femoral no equilíbrio, e, ainda, a estabilidade na articulação do joelho [12]. Vários estudos limitam-se a pesquisar
patologias na articulação fêmoro-patelar, sendo poucos os
trabalhos que correlacionam a articulação do joelho com a
atividade mioelétrica na população desportiva, para identificar
se o esporte praticado em alto nível leva a modificações na
musculatura exigida [13].
Frente ao exposto, o objetivo deste estudo é analisar a
atividade eletromiográfica dos músculos extensores da perna
de atletas praticantes de voleibol do sexo feminino, em cadeia
cinética aberta (CCA), nos ângulos de 90º e 30º de flexão de
joelho, nos membros dominante e não dominante, comparando com um grupo controle de mulheres jovens sedentárias,
observando o comportamento do reto femoral perante os
demais músculos componentes do quadríceps femoral.
Materiais e métodos
Amostra
Foram estudadas 24 voluntárias adultas, sendo 12 atletas
da equipe de voleibol feminino, categoria adulta, da cidade de
Piracicaba, na faixa etária entre 18 e 20 anos (18,58 ± 0,79).
Esse grupo foi denominado grupo atletas. E outras 12 mulheres para ser um grupo controle eram sedentárias, na faixa
de 18 a 22 anos (20,6 ± 1,30), chamado grupo sedentárias.
Todas as 24 voluntárias não apresentavam patologias que
envolvessem a articulação coxo-femoral e do joelho.
Como critério de inclusão para o grupo atletas, as voluntárias não poderiam apresentar:
• história de disfunção músculo-esquelética e fraturas, na
articulação fêmoro-patelar, quadril e tornozelo, por um
período mínimo de seis meses;
• não ter realizado qualquer tipo de cirurgia, por um período
mínimo de seis meses;
• não apresentar distúrbios endócrino-metabólicos, alterações
posturais importantes e retrações musculares severas.
Em relação ao grupo sedentárias, além dos critérios de
inclusão impostos ao grupo atletas, foi acrescido o fato de que
não poderiam ter realizado qualquer tipo de atividade física
regular num período mínimo de seis meses.
Todos os voluntários envolvidos na pesquisa assinaram um
termo de consentimento formal de participação na pesquisa,
de acordo com o Conselho Nacional de Saúde (resolução
196/96). O projeto foi analisado e aprovado pelo comitê de
ética da Unimep.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Eletromiografia
A atividade Eletromiográfica (EMG) foi obtida usando
um módulo condicionador de sinais, modelo MCS 1000
– V2 (LYNX®) com 16 canais de entrada, conectados a um
conversor analógico ⁄ digital, interfaceado com um microcomputador Phentium 133 MHz padrão. Para o sinal eletromiográfico, os canais foram calibrados com um ganho de
100 vezes, freqüência de corte de 10 Hz no filtro passa alta e
500 Hz no filtro passa baixa, com freqüência de amostragem
de 1000Hz. Para aquisição e armazenamento dos sinais foi
utilizado o software Aqdados 4.6 (LYNX®), que permite tratamento dos dados após aquisição além de compatibilidade
para formatos universais.
A atividade elétrica dos músculos vasto medial oblíquo
(VMO), vasto lateral oblíquo (VLO), reto femoral (RF) e
vasto lateral longo (VLL) foram obtidos extensores por meio
de eletrodos bipolar de superfície (LYNX®) com ganho de
20 vezes. Para localização do ponto motor dos músculos
extensores da perna, utilizou-se um aparelho de estimulação
elétrica transcutânea (TENS marca KLD®) com freqüência
variando de 5 a 100 Hz, e largura de pulso de 10 a 200 μs,
com as intensidades máxima de 60 mA.
Primeiramente as voluntárias permaneceram sentadas
com o tronco apoiado no encosto da mesa, com articulação
coxo-femoral a 90º e joelho a 30º ou a 90º, dependendo do
sorteio.
A coleta dos sinais foi realizada por um período de
quatro segundos, previamente determinado no software
AqDados®, sendo realizado três CIVM para cada ângulo.
O início da captação dos sinais ocorria após dois segundos do início da CIVM. Esse tempo de dois segundos foi
para garantir que o voluntário estava realizando a CIVM
de forma uniforme durante todo o tempo de captação. O
início da contração foi determinado por comando verbal
do examinador, sendo mantido durante todo o período de
captação. Eram seguidos intervalos de um minuto entre
cada contração.
Análise estatística
Foi realizada a análise exploratória dos dados pelo programa SAS - JMP (Statistical Analisys Sistem), na qual se
aplicou o teste de normalidade de Shapiro-Wilk para todas
as variáveis estatísticas consideradas dos diferentes grupos
experimentais. Os dados não apresentaram normalidade, por
isso foram analisados através do teste das ordens assinaladas
de Wilcoxon. Em todos os cálculos foi fixado o nível crítico
de 5% (p < 0,05)
As variáveis analisadas foram envoltória do sinal eletromiográfico dos músculos VMO, VLO, VLL e RF do movimento
de extensão da perna, nos ângulos de 30º e 90º de flexão de
joelho nos membros dominante e não dominante, dos grupos
atletas e sedentárias.
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Resultados
Resultados intragrupos
Os resultados estatísticos da envoltória (EN) do grupo
atletas, no exercício de contração isométrica de extensão de
joelho dos membros dominante e não dominante, demonstraram que houve um aumento significativo (p < 0,05) dos
músculos VLO, VMO, RF e VLL no ângulo de 90º em relação
ao ângulo de 30º, no grupo atletas.
Tabela I - Médias, desvios-padrões dos dados da Envoltória (EM
em μV) dos músculos Vasto Medial Oblíquo (VMO), Vasto Lateral
Oblíquo (VLO), Reto Femoral (RF) e Vasto Lateral Longo (VLL)
na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão
da perna nos ângulos de 30º e 90º de flexão joelho, nos membros
dominante e não dominante, do grupo atletas (n = 12).
Atletas
EN(μV)
VLO
VMO
RF
VLL
Membro dominante
30º
90º
Membro não dominante
30º
90º
48,1±2,7
84,6* ± 3,6
29,0 ± 1,0
131,6±6,0
228,2* ± 9,1
148,9 ± 6,9 237,7* ± 6,4
63,9* ± 2,6
67,9±2,8
89,2 *± 3,5
68,7 ± 2,9
90,5* ± 3,1
87,3±3,0
134,6* ± 5,0
98,5 ± 4,2
148,5*± 4,1
*p < 0,05 em relação a 30º do respectivo membro
Envoltória (EN) do grupo sedentárias
Com relação a envoltória (EN) do grupo Sedentárias no
exercício de contração isométrica de extensão de joelho dos
membros dominante e não dominante, mostraram que houve
um aumento significativo (p < 0,05) da atividade eletromiográfica dos músculos VLO, VMO, RF e VLL no ângulo
de 90º e em relação ao ângulo de 30º, no grupo sedentárias
(Tabela IV).
Tabela II - Média, desvio-padrão dos dados da Envoltória (EM
em μV) dos músculos Vasto Medial Oblíquo (VMO), Vasto Lateral
Oblíquo (VLO), Reto Femoral (RF) e Vasto Lateral Longo (VLL)
na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão
da perna nos ângulos de 30º e 90º de flexão joelho, nos membros
dominante e não dominante, do grupo sedentárias (n = 12).
Sedentárias
Membro dominante
EN (μV) 30º
90º
62,9 ± 2,5 104,4* ± 5,9
VLO
71,9 ± 3,4 113,9* ± 7,6
VMO
45,4 ± 1,4 56,3*± 5,5
RF
49,3 ± 1,7 55,3*± 1,6
VLL
Membro não dominante
30º
90º
52,0 ± 2,6
88,7* ± 5,3
83,9 ± 4,0
141,7* ± 8,0
40,2 ± 1,6
49,9* ± 3,6
40,1 ± 1,2
46,0* ± 2,3
*p < 0,05 em relação a 30º do respectivo membro.
Resultados intergrupos
Envoltória (EN) entre os grupos atletas e sedentárias
A amplitude do sinal eletromiográfico analisado pela sua
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
envoltória (EN intergrupos), demonstrou diferença significativa entre os ângulos de 30º e 90º, do membro dominante
e não dominante, quando comparada entre os grupos. Os
resultados demonstram um recrutamento crescente no estímulo das unidades motoras, sendo o músculo VMO em maior
atividade nos dois grupos e, seguido do VLO, VLL e RF a 30º
e VLO, RF e VLL a 90º do membro dominante e a 30º e 90º
do membro não dominante para o grupo sedentárias. Já no
grupo das atletas, pode-se observar que ocorre uma inversão
de recrutamento entre dois músculos em relação ao grupo
sedentárias, no qual o VLL apresenta um valor da amplitude
do sinal eletromiográfico maior que o músculo VLO, tanto
no membro dominante como no não dominante (Tabelas III
e VI), a seqüência observada foi o músculo VMO, seguido
do VLL, RF, e por último o VLO.
Tabela III - Médias e desvios-padrões da Envoltória (EN em μV)
dos músculos vasto medial oblíquo (VMO), vasto lateral oblíquo
(VLO), reto femoral (RF) e vasto lateral longo (VLL) na contração
isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão da perna nos
ângulos de 30º e 90º de flexão joelho, nos membros dominante, do
grupo atletas e sedentárias (n = 12).
Dominante
EN(μV) 30ºatletas
VLO
VMO
RF
VLL
48,1 ± 2,7
30º
sedentárias
62,9* ± 2,5
90º atletas
90º
sedentárias
84,6 ± 3,6
104,4* ± 5,9
131,6± 6,0 71,9* ± 3,4
228,2 ± 9,1 113,9* ± 7,6
67,9 ± 2,8
45,4* ± 1,4
89,2 ± 3,5
87,3 ± 3,0
49,3* ± 1,7
134,6 ± 5,0 55,3* ± 1,6
56,3* ± 5,5
*p < 0,05 em relação as atletas no respectivo ângulo.
Tabela IV - Médias e desvios-padrões da Envoltória (EN em μV)
dos músculos vasto medial oblíquo (VMO), vasto lateral oblíquo
(VLO), reto femoral (RF) e vasto lateral longo (VLL) na contração
isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão da perna nos
ângulos de 30º e 90º de flexão joelho, nos membros não dominante,
do grupo Atletas e Sedentárias (n = 12).
Não dominante
EN
30º atletas
(μV)
VLO 29,0 ± 1,0
VMO 148,9 ± 6,9
68,7 ± 2,9
RF
98,5 ± 4,2
VLL
30º
sedentárias
90º atletas
90º
sedentárias
52,0*# ± 2,6 63,9 ± 2,6
88,7*#±5,3
83,9* ± 4,0
237,7 ± 6,4 141,7* ± 8,0
40,2* ± 1,6
90,5 ± 3,1
40,1*•± 1,2
148,5 ± 4,1 46,0*• ± 2,3
49,9* ± 3,6
*p < 0,05 em relação às atletas no respectivo ângulo.
Discussão
A eletromiografia cinesiológica é uma ferramenta importante e eficaz para estudar estímulos e respostas musculares, bem como qualquer alteração frente a atividades
específicas, sejam elas ocasionadas pela exigência esportiva
ou patológica. Ela é capaz de determinar o início e o fim
da atividade muscular em um determinado exercício, bem
Fisiologia_v5n1.indb 7
7
como o nível de resposta muscular em relação ao esforço
e o melhor posicionamento que ativa um determinado
músculo, visando assim estabelecer metas e objetivos a
serem alcançados num programa de fortalecimento ou
reabilitação, adequando o exercício para cada indivíduo,
sendo utilizado também como um importante feedback
em algumas terapias [14].
Por isso, este estudo coloca a importância da realização
de uma avaliação eletromiográfica cinesiológica em atletas,
que vise o maior conhecimento a respeito dos estabilizadores dinâmicos da articulação fêmoro-patelar, bem como do
músculo biarticular com ações em duas articulações distintas
que é o músculo reto femoral. Deve ser considerado ainda
que a eletromiografia permita analisar a atividade isolada de
cada músculo, identificando, assim, possíveis desequilíbrios
qual destes precisa ser trabalhado. Nesse contexto, o método
de eletromiografia cinesiológica é de extrema importância
para fisioterapeutas, educadores físicos e médicos para elaboração de programas de prevenção de lesão ou protocolos
de treinamento.
Com relação ao músculo reto femoral (RF), apesar de não
ser um estabilizador dinâmico da articulação fêmoro-patelar,
foi avaliado devido à existência de poucos trabalhos que o
correlacionam a exercícios de extensão de perna em grupo de
atletas. Assim, a grande questão era como seria o padrão do
sinal eletromiográfico de um músculo que realiza a extensão
da perna e a flexão do quadril, na CIVM nos ângulos de 30º
e 90º num grupo de atletas e sedentárias frente aos outros
músculos monoarticulares avaliados.
Com isso, buscou-se alguns trabalhos na literatura relacionados ao RF, como o de Alkner [15] que compararam a
atividade elétrica dos músculos VMO, VL, RF, e bíceps femoral (BF) de extensão da perna em CCA e em CCF realizados
num ângulo de 90 graus de flexão, e a 20, 40, 60, 80 e 100%
da contração voluntária máxima de 09 homens clinicamente
normais. Não foram observadas diferenças significativas entre
a atividade elétrica dos músculos estudados entre os dois
exercícios, o que indica uma atividade recíproca dos músculos
envolvidos nos dois modelos testados.
Signorile et al. [16] avaliaram os músculos VMO, VL e
RF de 23 indivíduos clinicamente normais em contrações
isométricas de extensão com o joelho fletido a 5º, 30º e 90º
nas posições de rotação medial, neutra e lateral da perna. Os
resultados revelaram que o músculo RF no ângulo de 90º de
flexão da perna produziu maior atividade eletromiográfica do
que os demais músculos embora não tenha havido diferenças
significativas entre as rotações. Em relação aos músculos
VMO e VL, os resultados obtidos foram semelhantes, com
o ângulo de 90 graus de flexão produzindo maior atividade
eletromiográfica na posição neutra do que medial.
No presente estudo, os resultados da EN do RF demonstraram que no grupo atletas o estímulo deste foi menor que
os músculos VMO e VLL, sendo apenas maior que o VLO,
independente do ângulo e da dominância. No grupo seden-
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tárias, essa atividade eletromiográfica foi igual no ângulo
de 30º tanto para o membro dominante como para o não
dominante. A 90 graus o RF foi inferior apenas ao músculo
VMO. O mesmo não ocorre com o grupo das sedentárias, o
qual apresentou um estímulo eletromiográfico maior do RF
em relação aos componentes laterais do quadríceps femoral.
Essa menor estimulação no grupo atletas pode ser explicado devido ao tipo de exercícios que as voluntárias realizaram
para a coleta, onde foi exigida a CIVM. Isso vai de acordo
com Pincivero et al. [17] que reportam em seu estudo no
aparelho isocinético, que o RF tem uma velocidade de condução menor e características morfológicas diferentes (tipo I)
dos músculos VMO, VLL e VLO. Os autores colocam que a
intensidade da contração está diretamente relacionada com a
solicitação do músculo. Os seus resultados demonstraram que
em exercícios com intensidades leves de movimento isotônico
concêntrico de extensão de joelho de 90º a 0º (10% a 30%
força máxima) o RF tem uma solicitação maior que os músculos VL e VMO, nesta ordem. Em exercícios submáximos
(70 a 80% da força máxima) encontra-se o músculo VL com
uma solicitação maior que o VMO e RF respectivamente.
Nos exercícios máximos (100% da força máxima) o músculo
VMO obteve uma solicitação bem maior que o VL e RF.
Isso também sugere que quando a sedentária é exigida numa
CIVM, principalmente se a exigência da força do membro é
maior, como é o caso do ângulo de 30 graus; há necessidade
de uma solicitação do RF em detrimento dos demais músculos
laterais do quadríceps femoral.
Conclusão
Os resultados desta pesquisa, nas condições experimentais
utilizadas, permitem concluir que o músculo VMO foi mais
ativo que os músculos VLL, VLO e RF em todos os ângulos
estudados, tanto em atletas quanto em sedentárias. A atividade
eletromiográfica dos músculos VMO, VLL e RF são maiores
no grupo atletas que no grupo sedentárias.O músculo VLO
tem um comportamento distinto no grupo sedentárias em relação principalmente ao VLL no grupo atletas, independente
do ângulo e da dominância, sendo significativo a 90 graus.
Frente à discussão, propõe-se um estudo que avalie o
treinamento específico das atletas de voleibol, tanto de
condicionamento muscular quanto técnico-tático, visando
buscar as possíveis causas encontradas neste estudo, referentes aos diferentes níveis de atividade eletromiográfica dos
músculos estabilizadores da patela, bem como alternância
com o recrutamento do músculo reto femoral. Isso é de
suma importância para os profissionais da área desportiva,
seja ele médico, fisioterapeuta, preparador físico, técnico ou
supervisor de esporte.
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Referências
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Artigo original
Quantificando a pliometria na reabilitação de atletas
Quantifying the plyometric in athlete rehabilitation
Gustavo Rebello Soares
Acadêmico, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública Fundação Bahiana para o Desenvolvimento das Ciências, Salvador, Bahia
Resumo
Abstract
Objetivos: Identificar os exercícios pliométricos para os membros
inferiores e quantificar sua forma de realização em relação ao tempo
de treinamento, freqüência, quantidade de séries, quantidade de
repetições, tempo de recuperação entre os exercícios e tempo de
recuperação entre as séries. Materiais e métodos: Este estudo realiza
uma revisão da literatura de trabalhos, publicados no período de
1983 a 2004, que abordam os princípios neurofisiológicos da pliometria ou apresentam um programa de treinamento pliométrico.
A forma para análise dos conteúdos utilizada foi a freqüência com
que as variáveis dependentes e independentes foram citadas ou a
média entre aqueles que as mencionaram. Resultados: Dez exercícios
foram selecionados como os mais mencionados nos trabalhos. O
tempo de treinamento mais citado foi de seis semanas, em três sessões
semanais. Foi realizada, mais freqüentemente, uma única série de
exercício, preconizando o tempo como unidade para quantificar
sua realização. Foi quantificado também o tempo de descanso entre
os exercícios e entre as séries. Discussão e conclusão: A pliometria
pode promover ganhos de força explosiva sendo realizada de forma
criteriosa, seguindo os princípios aqui expostos. Desta forma, a
fisioterapia age para que o atleta recupere seu nível de desempenho
de maneira mais rápida e segura possível.
Objective: To identify the plyometric exercises for the lower limbs
and quantify them according to the time of training, frequency,
number of series, number of repetitions, time of recovery between
exercises and time of recovery between series. Method: This study is a
review of literature published from 1983 to 2004, which approaches
the neurophysiologic principles of plyometric or plyometric training
programs. The contents were analyzed using the periodicity in which
the dependent and independent variables were quoted or the mean
of those which mentioned them. Results: Ten exercises were selected
as the most quoted by the articles. The time of training most quoted
was six weeks, three times a week. More frequently, only one series
of exercises was done, and time was the best predictor to quantify
the exercises comparing to repetition. Also, the resting time between
the exercises and between the series was quantified. Discussion and
conclusion: When plyometric exercises are done in a very sensible
way, according to the principles here exposed, it can aid the gaining
of explosive power. Therefore, physical therapy makes the athlete
recover their level of performance in a faster and safer way.
Key-words: plyometrics, rehabilitation, athlete.
Palavras-chaves: pliometria, reabilitação, atleta.
Introdução
Em todas as práticas esportivas, os atletas estão sempre
sujeitos a sofrer algum tipo de lesão durante uma competição
ou treinamento, devido à constante exposição a traumatismos.
Logo, a reabilitação destes indivíduos constitui um campo bastante desafiador da medicina desportiva que tem como metas
proteger e tratar o desportista de lesões, de reincidências e da
incapacidade permanente. Para isto, a fisioterapia pode fazer
uso da pliometria como um de seus recursos terapêuticos.
A pliometria é um conjunto de exercícios voltados para
indivíduos que praticam atividade física, que unem força e
velocidade do movimento, através das duas fases da contração
muscular ativa (excêntrica/concêntrica), e visa obter resposta
explosiva e reativa do músculo no menor tempo possível. Seu
objetivo é melhorar a potência do músculo, facilitando os
Recebido em 24 de novembro de 2005; aceito em 10 de maio de 2006.
Endereço para correspondência: Gustavo Rebello Soares, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Av. Dom João VI, 274,
40.290-000 Salvador BA, Tel: (71)3276-8200, E-mail: [email protected]
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impulsos neurológicos, e aumentar a tensão muscular gerada
no componente elástico do músculo.
Esse tipo de exercício há muito tempo é utilizado para melhorar a performance dos atletas, porém, só recentemente, passou
a fazer parte da reabilitação física, mais precisamente na sua fase
final [1]. No passado, esse programa era denominado de treinamento de “choque” ou de salto. Somente em 1969 passou a ser
chamado de pliometria, quando foi descrito na Europa Oriental
pelo russo Verkhoshanski [2]. O termo pliometria é derivado da
palavra grega pleythyein, que significa “aumentar”, ou das raízes
grega plio e metric, que significam “maior” e “medida” [2].
Um estudo examinou os efeitos de seis semanas de treinamento pliométrico nos mecanismos de aterrissagem de saltos e
a força de atletas femininas [3]. Foram observadas a diminuição
de 22% no pico de força de reação do solo e diminuição de
50% dos movimentos de abdução e adução do joelho durante
a aterrissagem. Em adição, observou-se aumento significativo
na força isocinética dos músculos isquiotibiais, na razão entre
os isquiotibiais e o quadríceps e na altura do salto vertical. Os
autores sugerem que esse treinamento tem efeito significativo
na estabilização do joelho e na prevenção de lesões sérias entre
as atletas. Usando o mesmo programa de treinamento, outro
estudo analisou, prospectivamente, os efeitos da pliometria
nas lesões sérias de joelho em atletas femininas [4]. Os autores
demonstraram diminuição, estatisticamente significante, da
quantidade de lesões do joelho no grupo treinado em relação
ao grupo controle.
Os exercícios pliométricos podem ser aplicados tanto para
os membros inferiores como para os membros superiores.
Existem muitos estudos experimentais que utilizam programas de treinamento pliométrico para os membros inferiores
do corpo, entretanto, não há consenso dos seus benefícios
por causa da falta de concordância a respeito de sua melhor
aplicabilidade [2]. Em relação aos membros superiores, a
pliometria ainda precisa ser mais estudada, pois os exercícios
são conhecidos, mas há poucas pesquisas experimentais que
comprovem sua eficácia através da utilização de um programa
de treinamento.
Espera-se que este trabalho forneça um alicerce seguro
e cientificamente comprovado sobre o uso dessa técnica aos
fisioterapeutas, para que possam utilizá-la, mais freqüentemente, na reabilitação atlética.
Assim, o objetivo desse estudo é identificar os exercícios
pliométricos, para os membros inferiores, utilizados nos programas de reabilitação e quantificar sua forma de realização em
relação a tempo de treinamento, freqüência, quantidade de
séries, quantidade de repetições, tempo de recuperação entre
os exercícios e tempo de recuperação entre as séries.
Materiais e métodos
Este estudo realiza uma revisão da literatura tipo comparativa-descritiva realizada através de pesquisas nas fontes de
dados virtuais indexadas (Medline, Pubmed, Lilacs, Scielo,
Tabela I - Exercícios pliométricos.
Exercício Variáveis
Brown et
al, 1986
[5]
Depth
jump
Tempo de
12 semanas 8 semanas
6 semanas
6 semanas
6 semanas
6 semanas
6 semanas
treinamento
Freqüência
3x/semana
2x/semana
3x/semana
3x/semana
2 a 3x/se-
3x/semana
2x/semana
3 séries
10 rep.
1a 4 séries
8 rep.
1 série
5 a 10 rep.
30’’
1 série
5 a 10 rep.
30’’
1 série
5 a 10 rep.
30’’
1 série
20 a 40 rep.
120’’
60’’
180’’
Séries
Repetições
Recuperação
(exercício)
Recuperação
Wall
jumps
/ Ankle
bounces
Wilson et al, Hewett et al, Hewett et al, Spurrs et al, Wilkerson Irmischer
1996 [6]
1996 [3]
1999 [4]
2003 [7]
et al, 2004 et al,
[8]
2004 [9]
mana
2 a 3 séries
6 a 10 rep.
Chimera et
al, 2004
[10]
30’’
(séries)
Tempo de
6 semanas
6 semanas
6 semanas
9 semanas
6 semanas
treinamento
Freqüência
Séries
Repetições
Recuperação
3x/semana
1 série
20’’ a 30’’
30’’
3x/semana
1 série
20’’ a 30’’
30’’
3x/semana
1 série
20’’ a 30’’
30’’
2x/semana
3 séries
10 rep.
2x/semana
3 a 6 séries
30’’
120’’
(exercício)
Recuperação
30’’
(séries)
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Free Medical Journals, Capes, Web of Science) com as seguintes palavras-chaves em inglês: plyometric e plyometr*.
Em adição, foram realizadas pesquisas nas bibliotecas da
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP),
Universidade Católica de Salvador (UCSAL), Universidade
Federal da Bahia (UFBA) e na União Metropolitana de
Ensino (UNIME).
Foram incluídos na pesquisa todos os artigos, livros e
periódicos encontrados em português, inglês e espanhol,
publicados no período de 1983 a 2004, que abordavam os
princípios neurofisiológicos da técnica ou explicavam um
programa de treinamento pliométrico para os membros
inferiores. Foram excluídos os artigos que traziam um programa de treinamento pliométrico, mas não apresentavam as
descrições dos exercícios e seus nomes não eram suficientes
para se compreender plenamente os movimentos realizados
durante a execução da atividade. Os artigos que tinham apenas
a ilustração dos exercícios, sem identificação e sem descrições,
também foram excluídos. Em associação, os achados em outras línguas estrangeiras, que não as citadas anteriormente,
foram automaticamente excluídos.
11
Primeiramente, foram listadas todas as variáveis independentes (exercícios pliométricos) e suas variáveis dependentes
(tempo de treinamento, freqüência, quantidade de séries,
quantidade de repetições, tempo de recuperação entre os exercícios e tempo de recuperação entre as séries) dos trabalhos
incluídos (Tabela I). Em seguida, realizou-se a seleção dos
exercícios citados em pelo menos 50% dos trabalhos. Dentre
estes, foram escolhidos as formas mais freqüentes de realização
dos exercícios, sendo que, quando as variáveis dos exercícios não
eram descritas em ao menos 50% dos trabalhos, foi considerada
a média aritmética dentre aqueles que a citavam.
Resultados
Foram selecionados 12 artigos e seis livros para o estudo.
Dos 12 artigos, quatro foram utilizados para a observação
dos princípios neurofisiológicos e oito para a observação dos
exercícios e suas variáveis. Dos quatro artigos selecionados
para análise dos princípios neurofisiológicos apenas dois
foram utilizados, pois os demais faziam menção a um destes
artigos analisados.
Tabela II - Síntese dos exercícios pliométricos.
Exercícios
Tempo de Freqüêntreinacia
mento
Séries
1ª semana
2ª semana
Repetições
3ª se4ª semana
mana
5ª semana
6ª semana
Recuperação (exercícios)
Wall jump /
Ankle bounces
Tuck jump
Squat jump
Double leg cone
jumps
180° jumps
Bounding in
place
Scissor jump
Bounding for
distance
Single legged
hops
Depth jump
6 semanas
3x/semana
1 série
20 seg.
25 seg.
30 seg.
30 seg.
30 seg.
30 seg.
30 segundos
6 semanas
3x/semana
1 série
20 seg.
25 seg.
30 seg.
30 seg.
6 semanas
3x/semana
1 série
10 seg.
15 seg.
20 seg.
20 seg.
25 seg.
25 seg.
30 segundos
6 semanas
3x/semana
1 série
30 seg.
30 seg.
30 seg.
30 seg.
6 semanas
3x/semana
1 série
20 seg.
25 seg.
30 segundos
6 semanas
3x/semana
1 série
20 seg.
25 seg.
30 segundos
6 semanas
3x/semana
1 série
30 seg.
30 seg.
30 segundos
6 semanas
3x/semana
1 série
1 corrida
2 corridas
30 segundos
6 semanas
3x/semana
1 série
5 rep./
5 rep./
5 rep./
5 rep./
perna
perna
perna
perna
5 rep.
10 rep.
6 semanas
3x/semana
1 série
Recuperação
(séries)
30 segundos
30 segundos
30 segundos
30 segundos
Tabela III - Descrição dos exercícios pliométricos.
Wall jump /
Ankle bounces
Tuck jump
Squat jump
Double leg
cone jumps
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Saltos com os dois tornozelos. O paciente posiciona-se com os dois joelhos levemente dobrados e com os braços
elevados atrás da cabeça. Em seguida, salta para cima e aterrisa com os dedos dos pés (ponta dos pés). Repetir
rapidamente.
A partir da posição em pé (ereto), o paciente salta verticalmente o mais alto possível e leva ambos os joelhos para
cima em direção ao tórax. Repetir rapidamente.
A partir da posição agachada, o paciente salta verticalmente o mais alto possível. Ao aterrissar, ele deve absorver o
choque em posição agachada e repetir o salto rapidamente.
O paciente salta, com as duas pernas e pés juntos, de um lado para o outro por cima de cones, rapidamente.
Devendo repetir também para frente e para trás.
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12
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Todos os trabalhos confrontados tratavam-se de estudos
experimentais cuja síntese, através da freqüência de citação, resultou na escolha de 10 exercícios. São eles: Wall jumps / Ankle
bounces, Tuck jumps, Squat jump, Double leg cone jumps, 180°
jumps, Bounding in place, Scissor jump, Bounding for distance,
Single legged hops e Depth jump. Estes podem ser visualizados
na Tabela II, assim como suas variáveis escolhidas. A descrição
de cada uma dessas atividades encontra-se na Tabela III.
Dentre os exercícios selecionados, também com base
na freqüência de citação nos artigos, foram encontrados os
seguintes resultados para as variáveis dependentes pesquisadas: o tempo de treinamento para a atividade pliométrica foi
de seis semanas e a freqüência de sua realização foi de três
vezes semanais, em dias alternados, respeitando o período de
repouso de 48 horas entre as sessões.
Quanto ao número de séries, foi predominante a utilização
de apenas uma série para cada atividade selecionada. O volume
com que foram realizadas variou de acordo com o exercício: 70%
foram quantificados tendo o tempo (segundos) como unidade
de medida e 30% tendo o número de repetições ou de distância
percorrida. Para os exercícios cujo volume foi baseado no tempo
de execução, constatou-se que a quantidade de realização mais
citada foi de 20 segundos na primeira semana, 25 segundos na
segunda semana e 30 segundos para a terceira e quarta semanas.
Em relação a quinta e sexta semanas, somente dois dos exercícios,
dentre os escolhidos neste estudo, foram realizados utilizando o
tempo como unidade de medida. Por eles apresentarem valores
diferentes quanto ao volume e por não ser possível verificar a
maior freqüência de citação, foi realizado a média entre aqueles
que os citaram. Logo, para a quinta e sexta semanas, os resultados
apresentaram uma média de 27,5 segundos, em cada uma das
semanas, para o volume realizado.
Para o tempo de recuperação entre os exercícios foi mais
continuamente citado o intervalo de 30 segundos. Para o
tempo de recuperação entre as séries dos exercícios escolhidos
foi calculada, novamente, a média entre aqueles que a citaram, já que a maioria não fez menção a essa variável em seus
estudos. A partir desta análise, foram encontrados os seguintes
valores para os exercícios Wall jump, Double leg cone jumps,
180° jumps e Depth jumps: 30 segundos, 30 segundos, 30
segundos e 90 segundos, respectivamente. Estes valores não
aparecem na tabela II, pois este foi construída apenas com
base na freqüência de citação dos exercícios e suas variáveis
em pelo menos 50% dos trabalhos.
Discussão
Com a realização deste estudo foi possível quantificar
os exercícios pliométricos aplicados aos membros inferiores
através da freqüência e da média com que eles e suas variáveis
foram descritos nos artigos revisados. O que chamou mais
atenção na pesquisa foi o fato da pliometria ser praticada,
na maioria dos exercícios, tendo o tempo (segundos) como
unidade de medida para quantificar as repetições a serem
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executadas. Logo, diante dos achados expostos neste trabalho,
espera-se ser possível empregar essa técnica, com mais segurança e eficácia, nos programas de reabilitação atlética.
Foram encontradas inúmeras variações para os exercícios
pliométricos, porém, as atividades mais freqüentemente
utilizadas foram as relatadas neste estudo (Wall jumps/Ankle
bounces, Tuck jump, Squat jump, Double leg cone jump,
180° jumps, Bounding in place, Scissor jump, Bounding for
distance, Single legged hops, Depth jump). Isto não significa
que todos os exercícios listados aqui, e somente eles, devam
ser usados nos programas de reabilitação. A escolha das atividades depende do objetivo do tratamento, do grupo muscular
que se deseja trabalhar e do esporte praticado pelo atleta,
pois cada modalidade esportiva apresenta formas e níveis de
exigências diferentes. Por exemplo, para o jogador de vôlei,
os pliométricos apropriados são aqueles que envolvem saltos
em altura no mesmo lugar ou saltos em profundidade e não
os saltos em distância, que, por sua vez, são mais apropriados
para os praticantes de atletismo.
Quanto às variáveis, constatou-se que o tempo de treinamento mais utilizado foi o de seis semanas. A escolha
deste período pode ser fundamentada no fato de que para se
desenvolver a capacidade de recrutamento das unidades motoras em altíssimas velocidades, visando o ganho de potência
muscular, pode ser necessário um período de treinamento
mais longo [11].
A freqüência semanal com que os treinamentos pliométricos foram mais empregados foi de três vezes por semana,
em dias alternados. A freqüência de treinamento superior a
duas ou três vezes por semana pode dificultar a recuperação
entre os exercícios e, desta forma, retardar as adaptações neuromusculares impostas pela atividade e o desenvolvimento da
força [12]. Entretanto, não existe documentação suficiente
que defina a freqüência semanal ideal para a realização do
treinamento [13].
O número de séries mais usado para os exercícios selecionados foi de apenas uma série. Este procedimento é menos
efetivo para o ganho de força do que se os exercícios fossem
realizados com duas ou três séries, sendo a utilização de três
séries ainda mais eficaz do que duas [12]. Em associação,
a utilização de múltiplas séries de exercícios permite que o
organismo humano seja capaz de se adaptar às cargas impostas e, por isso, para se obter novos ganhos de força é preciso
submeter o corpo a estresses mais intensos, progressivamente
[14]. Alguns fatores devem ser levados em consideração ao se
escolher o número de séries, são eles: tamanho do músculo,
grupo muscular, lesões associadas ao esporte e resultados
esperados do treinamento [14].
O uso da série única aplica-se somente para os indivíduos que estão começando o programa de treinamento [14].
Antigamente, acreditava-se que para se obter os ganhos de
força eram necessárias três séries dos exercícios, porém novos
estudos têm demonstrado que a utilização de apenas uma série
é tão eficaz quanto três séries para o aumento do tamanho e da
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
força musculares [15]. Isto permite que uma maior variedade
de exercícios possa ser incluída nos programas de treinamento
ao invés de menos exercícios de séries múltiplas, no mesmo
período de tempo [15].
Logo, diante da realização de menos exercícios de séries
múltiplas e do fato das adaptações neurais do organismo só
ocorrerem nos movimentos que são treinados, o aprendizado
motor, neste caso, fica limitado apenas a determinados padrões
de movimento. Por outro lado, ao utilizar somente uma série
por exercício, mais atividades com forma e exigências diferentes podem ser acrescentadas aos programas de treinamento.
Com isto, o aprendizado motor, que sucede em virtude das
adaptações neurais, vai ocorrer para as mais variadas situações
e padrões de movimento, o que é mais adequado diante das
solicitações da prática esportiva.
Em relação à quantidade de repetições (volume), 70%
dos exercícios escolhidos preconizaram a utilização do tempo
(segundos) como unidade de medida e 30% usaram o número
de repetições ou de distância percorrida. Dentre os 70%, o
tempo mais freqüentemente citado variou de 20 a 30 segundos, ao longo das seis semanas de treinamento.
De acordo com a fórmula universal da física para o cálculo
da velocidade, na qual a velocidade é igual ao deslocamento
dividido pelo tempo (V = d/t), a velocidade é diretamente
proporcional ao deslocamento e inversamente proporcional
ao tempo. Ou seja, para o indivíduo alcançar maior velocidade de movimento, ele deve percorrer a maior distância (no
caso dos saltos, vertical e/ou horizontal) possível no menor
tempo permitido. Considerando que o tempo para execução
do movimento mais freqüentemente prescrito pelos artigos
revisados foi de 20 a 30 segundos, os atletas deverão realizar as
atividades pliométricas neste tempo, visando atingir o maior
deslocamento do corpo com a maior velocidade possível.
A relevância de tal afirmação é que segundo as bases neurofisiológicas da pliometria quanto maior a velocidade gerada
pelo exercício, maior será a ativação do reflexo miotático e o
armazenamento de energia elástica pelo componente elástico
do músculo, resultando numa posterior contração muscular
concêntrica vigorosa e explosiva [2]. O reflexo miotático e o
armazenamento de energia, juntamente com a dessensibilização do Órgão Tendinoso de Golgi e a coordenação muscular,
compõem os princípios que fundamentam a pliometria [2].
Diante disso, quando os exercícios preconizam o uso
do número de repetições ou de distância percorrida como
unidade de medida para o volume (30%), o atleta pode
realizar as atividades tanto rapidamente quanto lentamente.
Executando-as lentamente, a ativação dos componentes neurofisiológicos da pliometria não irá ocorrer corretamente e,
conseqüentemente, os efeitos esperados desta técnica, provavelmente, não serão alcançados. Portanto, sugere-se que esses
exercícios devam ser adaptados para que sejam realizados de
acordo com o tempo de execução.
O tempo de recuperação entre os exercícios e entre as
séries está diretamente relacionado à intensidade da atividade,
Fisiologia_v5n1.indb 13
13
pois quanto maior a intensidade, maior será o metabolismo
do organismo [16]. Logo, para que o exercício seja realizado
é preciso que o corpo tenha tempo de normalizar seu metabolismo através do armazenamento de oxigênio e glicose no
músculo e no sangue [16].
Os resultados deste estudo demonstraram que o tempo
de recuperação entre os exercícios mais utilizados foi de 30
segundos. No entanto, não foram encontradas quaisquer informações específicas sobre esse intervalo. Conclui-se, então,
que a aplicação dessa variável depende do objetivo traçado,
do esporte praticado pelo atleta e da sua resposta à atividade.
Cabe ao fisioterapeuta perceber e questionar seu cliente sobre
a intensidade do exercício para que saiba se esse intervalo deve
ser mantido, aumentado ou reduzido.
Em relação ao tempo de recuperação entre as séries das
atividades selecionadas, apenas os exercícios Wall jump/Ankle
bounces, Double leg cone jumps, 180° jumps e Depth jump
apresentaram, respectivamente, 30, 30, 30 e 90 segundos de
descanso entre as séries. São necessários 60 a 120 segundos
entre as séries para que haja a recuperação das fontes de
energia oriundas do sistema do fosfagênio (ATP-CP), que
são fundamentais para a realização do esforço máximo [14].
Esse mesmo intervalo de descanso é necessário para que as
reservas de energia sejam recuperadas antes da realização de
uma nova série [17]. Entretanto, os valores encontrados neste
estudo não devem ser considerados, uma vez que todos os
exercícios selecionados foram mais freqüentemente realizados
com apenas uma série, não sendo necessário, portanto, tempo
de recuperação entre as séries.
Todos os exercícios e suas variáveis selecionadas foram
citados neste trabalho. No entanto, em um programa prático
de treinamento, as atividades desenvolvidas devem ser progressivas para que a sobrecarrega ideal seja imposta ao atleta e
para que também sejam evitadas as adaptações do organismo
aos exercícios. Essa evolução deve ser realizada de acordo com
os objetivos do treinamento e com as respostas fisiológicas
do paciente à sua realização. Ao longo das seis semanas de
pliometria, os exercícios devem progredir de atividades simples para atividades complexas, como: passar de saltos com
as duas pernas para apenas uma, de saltos verticais parados
para saltos em distância e em profundidade. Em adição, o
volume executado também deve evoluir ao longo das semanas, acrescentando mais tempo na realização dos exercícios.
O aumento da intensidade da pliometria também pode ser
manipulado através da diminuição do tempo de recuperação
entre os exercícios. Em associação, o fisioterapeuta deve fazer
uso da criatividade e da observação dos movimentos realizados na prática esportiva de seu paciente para indicar formas
de exercícios o mais específico e funcional possível. Por fim,
existem diversos cuidados que devem ser tomados para a
realização segura, correta e eficaz da pliometria, sendo estes
muito bem descritos na literatura [13].
A limitação deste estudo refere-se à ausência de pesquisas que utilizem a pliometria como conduta terapêutica na
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
reabilitação dos membros inferiores em atletas. Isto porque
os artigos encontrados destinavam-se a abordar os exercícios
pliométricos apenas como uma forma de aperfeiçoar o desempenho de desportistas saudáveis e, alguns poucos, a sua
eficácia na prevenção de lesões. Portanto, diante da escassez de
material referente à utilização da pliometria na reabilitação do
quadrante inferior, sugere-se que novos estudos experimentais
sejam realizados para que seja possível verificar os efeitos da
pliometria na reabilitação.
Conclusão
Pode-se concluir que a pliometria, quando realizada
de forma criteriosa, seguindo princípios como os citados e
discutidos neste artigo, é capaz de promover ganhos de força
muscular explosiva de forma consistente e progressiva. Isto
em virtude de sua capacidade de adaptar e treinar o sistema
neuromuscular e não através de mudanças morfológicas dos
músculos. A fisioterapia, ao fazer uso da pliometria como um
de seus recursos terapêuticos, deve agir de forma facilitadora,
reabilitando o atleta, de maneira mais rápida e segura possível, para que ele recupere seu nível de desempenho igual ou
superior ao estado pré-lesão.
Agradecimentos
Agradeço a Prof. Ana Lúcia Góes pela sua assessoria científica a esse estudo, pelo incentivo e empenho em me orientar,
e sua acessibilidade e confiança no meu trabalho.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
15
Artigo original
Análise das capacidades físicas em indivíduos
adultos sedentários e treinados
Analysis of physical capacities in sedentary
and trained adult individuals
Alexandre de Souza e Silva*, Regiane Albertini**, Maricilia Silva Costa***
*Educador Físico, Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento, UNIVAP, **Fisioterapeuta, Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento,
UNIVAP, ***Professora, Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento, UNIVAP
Resumo
Abstract
Introdução: O envelhecimento é um processo de mudanças que
levam todos os seres vivos a passarem por perdas progressivas das
suas capacidades funcionais, conduzindo a um grande risco de se
tornarem sedentários. Objetivo: O objetivo deste estudo foi analisar
as diferenças nas capacidades físicas entre grupos de indivíduos:
treinados e sedentários. Métodos: Participaram do grupo de estudo
34 indivíduos, classificados como treinados e sedentários. Os indivíduos foram avaliados através dos testes de flexibilidade, força,
IMC e RCQ. Resultados: Foi observado que os indivíduos treinados apresentaram maior pico de torque, tanto para perna direita,
quanto para perna esquerda. Este resultado foi observado tanto em
movimento de flexão quanto em extensão. O teste de flexibilidade
indicou um melhor desempenho deste parâmetro em indivíduos
treinados (24,8 ± 11,8), quando comparados com o grupo de indivíduos sedentários (17,5 ± 5,1). As medidas de PAS e a PAD em
indivíduos treinados mostrou melhores resultados em relação aos
valores obtidos do grupo de indivíduos sedentários. Conclusão: Os
indivíduos treinados apresentaram melhores resultados em força
muscular e flexibilidade, quando comparados com os indivíduos
Sedentários. Estes resultados indicam que a atividade física se mostra
de grande importância para a manutenção das capacidades físicas
e da qualidade de vida.
Introduction: The aging is a process of changes that lead all human beings to a progressive decline in their functional capacities, and
at great risk of becoming sedentary. Objective: This study aimed to
analyze differences in physical capacities between two groups: trained
and sedentary. Methods: The sample was composed by 34 individuals,
classified as trained and sedentary. They were evaluated through
flexibility, strength, BMI and WHR tests. Results: It was observed
that the trained individuals showed larger peak torque, both for the
right and left leg. This result was observed in flexion and stretching
movements. The flexibility test indicated better performance in
trained individuals (24.8 ± 11.8), when compared with sedentary
group (17.5 ± 5.1). Blood pressure of trained individuals showed
better results than the sedentary group. Conclusion: The trained
individuals showed better results in muscle strength and flexibility,
when compared with sedentary group. These results demonstrate
that physical activity is of great importance for the maintenance of
physical capacities and quality of life.
Key-words: isokinetic dynamometer, physical activity, elderly.
Palavras-chave: dinamômetro isocinético, atividade física, idosos.
Recebido em 15 de julho de 2006; aceito em 12 de outubro de 2006.
Endereço para correspondência: Maricilia Silva Costa, Instituto Pesquisa & Desenvolvimento, Av. Shishima Hifumi 2911, 12244-000
São José dos Campos SP, Tel:(12)3947-1125, E-mail: [email protected]
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Introdução
A senilidade ou envelhecimento é, geralmente, acompanhado pelo declínio acentuado nas capacidades do sistema
motor [1-3]. Estas mudanças incluem o declínio da força, a
redução na magnitude de respostas reflexas, a diminuição na
velocidade de reações rápidas, o aumento na instabilidade
postural e controle diminuído, decréscimo do controle de
força submáxima e a redução das capacidades manipulativas
[4-10].
Este comprometimento da função motora, associado
ao processo de envelhecimento, afeta diretamente a vida de
indivíduos idosos, diminuindo as suas habilidades em tarefas
simples, como caminhar. Assim, dificultando a realização de
atividades da vida diária, comprometendo a qualidade de vida
e a saúde mental desta população [11].
De acordo com Faria Junior et al. [12], com o declínio
gradual das aptidões físicas e o impacto do envelhecimento
e das doenças, o idoso tende a trocar seus hábitos de vida e
rotinas diárias por atividades e formas de ocupação pouco
ativas. Os efeitos associados à inatividade e à má adaptabilidade são bastante sérios. Estes efeitos podem acarretar na
redução no desempenho físico, na habilidade motora, na
capacidade de concentração, de reação e de coordenação,
gerando, assim, processos de autodesvalorização, apatia,
insegurança, perda da motivação, isolamento social e a
solidão.
Alguns estudos revelam que cerca de 40% dos indivíduos
com 65 anos ou mais de idade necessitam de algum tipo de
ajuda para realizar, pelo menos, uma tarefa como: fazer compras, cuidar das finanças, preparar refeições e limpar a casa.
Uma parcela menor (10%) requer auxílio para realizar tarefas
básicas como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se, sentar e levantar de cadeiras. Estes dados remetem à
preocupação por mais de 6 milhões de idosos gravemente
fragilizados no Brasil, segundo Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios de 2001 [13].
O emprego da atividade física para indivíduos mais velhos,
como forma de promoção do estilo de vida, proporciona melhora no desenvolvimento dos padrões de saúde e de qualidade
de vida [14,15]. Um programa de treinamento de resistência
(PTR) é de grande importância para estes indivíduos, pois
ocorrem ganhos na força muscular, podendo melhorar as
atividades aeróbicas e, ainda, evitar as quedas [14,16-18].
O objetivo do presente estudo foi analisar as diferenças
nas capacidades físicas entre grupos de indivíduos, Treinados
e Sedentários.
Métodos
Indivíduos
Participaram do estudo 34 indivíduos, de ambos os sexos,
com idades entre 45 e 75 anos, com peso de 68,8 ± 10,55 kg
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e altura de 157,7 ± 5,89 cm. Os indivíduos foram divididos
em dois grupos, sedentários (S) n = 14 e treinados (T) n =
20. Todos os voluntários assinaram o termo de consentimento
livre e esclarecido; aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (protocolo n° L200/2005/CEP). Foi considerado como
critério de exclusão qualquer dor e/ou distúrbio no sistema
osteo-mio-articular.
Os indivíduos do grupo Treinado(T) praticaram vôlei
adaptado três vezes na semana, com a duração de duas horas
por dia e, ainda, realizaram um programa de treinamento
de resistência duas vezes na semana, com a duração de uma
hora por dia. Este protocolo de treinamento foi praticado
durante 24 meses. O grupo de Sedentários (S) foi composto
por indivíduos que não praticavam atividades físicas por mais
de 36 meses.
Métodos de análise
Para calcular o IMC dos indivíduos foi utilizado o seguinte cálculo: IMC = Peso/(altura)2, e adotados os critérios da
Organização Mundial de Saúde para classificar os indivíduos
[7,19,20].
Como forma de análise do risco de desenvolvimento
de doença coronariana, foi utilizada a RCQ, considerando
como pontos de referência para as medidas, a última costela
(perímetro da cintura) e a protuberância glútea (perímetro
do quadril)[19,21,22].
A pressão arterial foi aferida antes da realização dos testes
de flexibilidade e de força muscular. O indivíduo foi posicionado sentado, e permaneceu em repouso por 5 minutos
antes de ser aferida a pressão.
A flexibilidade foi mensurada no banco de Wells e Dillon
[23,24]. Os indivíduos realizaram três repetições do movimento sem estímulo verbal e a maior marca foi considerada
como resultado do teste.
Para análise da força muscular, dos músculos extensores
e flexores do joelho, foi utilizado o dinamômetro isocinético
(Modelo- Biodex Multi-Joint System Inc). Os indivíduos
foram orientados a executar o movimento de flexão e extensão
de joelho [25].
Os indivíduos foram fixados com cinto na cadeira do Biodex, com o encosto a 85°26. O eixo de rotação do dinamômetro
foi alinhado com o epicôndilo femural e a carga de resistência
colocada a 2 cm do maléolo interno [26,27].
Inicialmente, os indivíduos realizaram 3 repetições para se
familiarizarem com o equipamento e, então, após um intervalo de 5 minutos, o teste foi executado. Durante o teste, foram
solicitadas cinco (5) repetições a uma velocidade angular de
60°/s, com 5 minutos de repouso entre a perna direita e esquerda. Os indivíduos foram encorajados a desenvolverem o
máximo de força por meio de estímulos verbais e visuais [26].
O protocolo seria interrompido caso o voluntário apresentasse
qualquer desconforto.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Análise estatística
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Figura 3 - Pico de torque da perna direita.
Os testes de cada indivíduo no BIODEX foram coletados e
transportados para o programa EXCEL para identificar o pico
de torque de cada indivíduo. A análise estatística foi realizada
utilizando o programa ORIGIN, empregando a análise de
variância ANOVA com p < 0,05 para significância.
Resultados
Os resultados de Pico de Torque em movimentos de extensão estão mostrados nas Figuras 1 e 2. Pode-se notar que os
indivíduos treinados apresentaram maior pico de torque, tanto
para perna direita, quanto para perna esquerda. Este resultado
se apresenta mais evidente observando o deslocamento da
curva de Gauss para a direita, em indivíduos treinados, mostrando as diferenças significativas entre os grupos: treinado
(PTPDE* 105,4 ± 29,5 e PTPEE* 108,8 ± 28,3) e sedentário
(PTPDE* 74,6 ± 28,4 e PTPEE* 84,2 ± 28).
Figura 4 - Pico de torque da perna esquerda.
Figura 1 - Pico de torque da perna direita.
O teste de flexibilidade mostrou um deslocamento da
média para a direita, indicando um melhor desempenho deste
parâmetro em indivíduos treinados (24,8 ± 11,8), quando
comparados com o grupo de indivíduos sedentários (17,5 ±
5,1) (Figura 5).
Figura 5 - Flexibilidade.
Figura 2 - Pico de torque da perna esquerda.
Para o movimento de flexão, o pico de torque, tanto da
perna direita quanto esquerda foi maior no grupo treinado
(PTPDF -53,5 ± 14,4 e PTPEF -55,5 ±15,1) comparado
com o grupo sedentário (PTPDF -36 ± 15,7 e PTPEF -40,4
± 14,3) (Figuras 3 e 4). Pode-se observar o deslocamento da
curva de Gauss para a esquerda, uma vez que, o movimento
de flexão é determinado em valores negativos.
Fisiologia_v5n1.indb 17
Ainda, quanto à flexibilidade, analisando a Tabela I; podemos observar que 79% dos indivíduos sedentários foram
classificados como fracos no teste de flexibilidade e 21% como
regulares, ou seja, não houve nenhum indivíduo sedentário no
teste que atingiu a classificação de médio, bom ou excelente.
Entretanto, no grupo treinado 25% foram classificados como
excelentes, 20% como médios, 10% como regulares e 45%
como fracos, indicando um melhor desempenho quanto à
flexibilidade em indivíduos treinados.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Discussão
Tabela I - Classificação do teste de flexibilidade.
Classificação
Fraco
Regular
Médio
Bom
Excelente
Grupo treinado Grupo sedentário
45%
79%
10%
21%
20%
0%
0%
0%
25%
0%
Os resultados da Tabela II mostram que a PAS e a PAD
em indivíduos treinados apresentou diferenças significativas em relação aos valores obtidos do grupo de indivíduos
sedentários.
Tabela II - Parâmetros do P.A.S. e P.A.D.
Parametros
P.A.S
P.A.D
Grupo (T)
Grupo (S)
p=
DIF.
122,7±11,4
79,2±7,1
132,1±13,2
86,4±8,1
0,03436
0,01046
DS
DS
Tabela *Grupo (T) = Grupo treinado; *Grupo (S) = Grupo sedentário;
*P.A.S. = Pressão Arterial Sistólica; * P.A.D. = Pressão Arterial Diastólica;
*DIF. = Diferença; *DS = Diferença significante.
*PTPDE = Pico de torque da perna direita (extensão);
*PTPEE = Pico de torque da perna esquerda (extensão);
*PTPDF = Pico de torque da perna direita (flexão);
*PTPEF = Pico de torque da perna esquerda (flexão)
As figuras 06 e 07 mostram que o IMC e o RCQ não
apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre
indivíduos sedentários e treinados.
Figura 06 - Índice de Massa Corpórea (IMC).
Figura 07- Relação Cintura e Quadril (RCQ).
Fisiologia_v5n1.indb 18
O impacto do envelhecimento sobre as habilidades físicas
é bastante discutido, uma vez que, são descritas 2 linhas de
estudos. A primeira defende que não há redução da capacidade
neuronal se não houver nenhum estado patológico associado,
assim, seria importante manter as condições de saúde para
manter as condições físicas. A segunda acredita que a redução
da atividade neuronal é inevitável, entretanto, pode ser controlada e/ou minimizada através da atividade física [11].
Nossos resultados mostraram que o grupo de indivíduos
treinados apresenta o torque de força muscular de extensores e flexores de joelho maior que o grupo de indivíduos
sedentários. Este resultado está de acordo com os estudos de
Matsudo et al. [5] que em seu trabalho de revisão comenta
sobre os efeitos da diminuição natural do desempenho físico,
que podem ser atenuados se forem desenvolvidos com os idosos programas de atividades físicas que visem a melhoria das
capacidades motoras como: a força muscular, a flexibilidade,
a mobilidade articular e a resistência. Assim, concluindo que
a atividade Física apresenta efeitos benéficos nos aspectos
psicológicos, sociais e cognitivos, sendo fundamental para
promoção de um envelhecimento saudável.
A literatura apresenta diversos trabalhos mostrando que
programas de treinamento resistidos (PTR) aumentam o pico
de torque de extensão e flexão do joelho, quando comparados o pré e o pós-teste em indivíduos que foram submetidos
ao treinamento [20,28-31,33-37]. Resultados semelhantes
foram encontrados no presente estudo considerando que,
os indivíduos que não praticavam nenhuma atividade física
(sedentários) apresentaram pico de troque inferior aos treinados. O aumento da força muscular após o PTR parece estar
relacionado com a adaptação neuromuscular, com possíveis
mudanças neurais [38].
Ide et al. [39] investigaram os efeitos de programas de
treinamento aeróbico e os fatores que contribuem para a
manutenção da atividade em população idosa saudável,
concluindo que os diferentes programas melhoram o condicionamento aeróbico, entretanto, a freqüência das atividades
é o fator responsável pelo sucesso ou não do treinamento.
Desta mesma maneira, os resultados benéficos encontrados
em nosso estudo podem ser atribuídos por se tratar de uma
atividade prazerosa (vôlei adaptado) aos indivíduos, o que
proporciona assiduidade e continuidade.
Barbosa et al. [40] analisaram os efeitos de 10 semanas de
treinamento resistido progressivo sobre a força de mulheres
idosas, observando resultados significativos de 26% a 50%
de aumento da força muscular. Em nosso estudo todos os
indivíduos já praticavam atividade por um tempo mínimo de
24 meses, isto justifica a diferença encontrada entre os grupos,
no que diz respeito à força e flexibilidade.
Raso et al. [41] observaram em seus estudos que a interrupção de um programa de atividade física em uma população
idosa provoca redução da força muscular, especialmente a partir
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
da 8ª. semana de inatividade, mostrando que a atividade física
deve ser contínua para que seus benefícios sejam mantidos.
Province et al. [42] relatam que o exercício reduz o risco de
queda em idosos após programa de flexibilidade com duração
de 3 meses. Nossos resultados mostraram que os indivíduos
treinados apresentaram maior flexibilidade, quando comparados aos sedentários, desta forma, podemos sugerir que o
treinamento também contribui para o incremento da flexibilidade [5,40,43-46]. Assim, corroborando com os resultados
de Raso et al. [47], que relatam que idosos envolvidos com
prática regular de corridas ou outra atividade física aeróbica
apresentam menores taxas de mortalidade e invalidez do que
pessoas idosas com estilo de vida sedentário. Ainda, Ruskanen
e Ruoppila [48] sugerem que o idoso envolvido em programa
de condicionamento físico desenvolve uma percepção positiva, ou seja, “sensação de bem estar”.
Os resultados obtidos em relação à força de extensores e
flexores do joelho são bastante relevantes uma vez que, o aumento na força muscular dos músculos do joelho pode reduzir
a pressão arterial durante as atividades de vida diária, permitindo, então, ao indivíduo maior independência e menor risco
de lesão (quedas) [49]. Devemos, também, considerar que a
força muscular do membro inferior, no caso os extensores e
flexores do joelho são representativos da capacidade funcional,
incluindo atividades de andar, correr e levantar [25].
Em nosso estudo observamos que os indivíduos treinados
apresentaram valores de pressão arterial (diastólica e sistólica)
menores em comparação aos indivíduos sedentários, confirmando os resultados apresentados na literatura, mostrando a
diminuição da pressão arterial [20,50], do peso, do índice de
massa corporal (IMC), maior de flexibilidade e menor relação
quadril e cintura (RCQ). Entretanto, no presente estudo não
obtivemos diferença significativa na RCQ e no IMC, resultados correspondentes aos achados por Kelley [51].
Conclusão
Desta forma, podemos sugerir que a atividade física influencia
de maneira positiva nas capacidades físicas, como a força, a flexibilidade e a pressão arterial que são de grande importância para a
saúde, pois resultam em um envelhecimento com qualidade de
vida. Entretanto, a literatura é escassa no que se refere a melhor
forma de prescrever a atividade física e a forma de avaliar os benefícios de forma quantitativa correlacionado com a qualitativa
e, ainda, a dificuldade de se estabelecer grupos de estudo homogêneos para então concluir os reais efeitos da atividade Física.
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Artigo original
Respostas cardiovasculares agudas da pressão positiva
expiratória (EPAP) em indivíduos adultos jovens
e o impacto no duplo-produto
Acute cardiovascular response of positive expiratory pressure (PEEP) in
young adult individuals and the impact on rate pressure-product
Mauricio de Sant’ Anna Junior*, Alexandra Maia**, Rafael Gama da Cruz***, Pedro Paulo da Silva Soares****, Adalgiza Mafra
Moreno*****
*Fisioterapeuta pelo UNIPLI / Pós-graduado em Atividade Física e Promoção da Saúde - UNIVERSO / Mestrando em Ciências da
Atividade Física - UNIVERSO / Fisioterapeuta do Hospital de Cardiologia PROCORDIS, **Acadêmica de Fisioterapia UNIPLI,
*** Pós-graduado em Atividade Física e Promoção da Saúde - UNIVERSO / Preceptor de Estágio da Clínica Escola de Fisioterapia
do UNIPLI / Fisioterapeuta do Hospital de Cardiologia PROCORDIS, ****Professor do Curso de Pós-graduação em Atividade
Física e Promoção da Saúde - UNIVERSO, *****Professora da disciplina da Fisioterapia aplicada à Cardiologia UNIPLI / UNIVERSO / Responsável pelo Serviço de Fisioterapia do Hospital de Cardiologia PROCORDIS
Resumo
Abstract
O objetivo do presente estudo foi analisar as respostas cardiovasculares agudas da Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP) com 08
e 15 cm H2O na modalidade EPAP e o impacto no Duplo-produto
(DP) de indivíduos adultos jovens com FR determinada (07 irpm).
Foram avaliados 19 indivíduos voluntários, com valor de PEEP
definido de forma randomizada, sendo a PA (Pressão Arterial), FC
(Freqüência Cardíaca) e Borg verificados ao repouso, terceiro, sexto
e nono minutos de realização do teste, além de primeiro, terceiro,
sexto, e nono minutos após a utilização da EPAP. Em nosso estudo
a FC, PA, Borg e DP não apresentaram relevância estatística (p >
0,05) tanto para PEEP de 08 como para 15 cm H2O. Concluímos
que o EPAP não alterou significativamente o DP de indivíduos
adultos jovens em relação ao repouso, e as alterações que ocorrerem
foram em virtude do tempo de utilização do EPAP e não devido
ao valor de PEEP.
The aim of this study was to analyze the acute cardiovascular
response of positive end-expiratory pressure (PEEP) with 8 and 15
cm H2O in the PEP modality and the impact in the rate pressureproduct (PFP) of young adult individuals, with respiratory rate
(RR) determined 07irpm. Nineteen volunteers were evaluated and
PEEP values applied in random order. Blood Pressure (BP), Heart
Rate (HR) and Borg were measured at rest and during the third,
sixth and nineth minutes of the test, as well as, using PEP at the
first, third, sixth, nineth minutes. In our study HR, BP, Borg and
PFP did not show statistical relevance (p > 0,05) for PEEP of 8 for
15 cm H2O. We concluded that the PEP did not change the PFP
of young adult individuals at rest, and the alterations found, were
due to PEP time used and not due to PEEP.
Key-words: physical therapy, cardiology, rate pressure-product,
positive expiratory pressure.
Palavras-chave: fisioterapia, cardiologia, duplo – produto,
pressão positiva expiratória.
Recebido em 10 de março de 2006; aceito em 17 de novembro de 2006.
Endereço para correspondência: Mauricio de Sant’ Anna Jr, Travessa Augusto Paulo nº 92, Santa Rosa, 24240-145 Niterói RJ,
Tel:(21)81487094, E-mail: [email protected]
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Introdução
As doenças cardiovasculares representam um grande
problema de Saúde Pública em todo o mundo, acarretando
um alto índice de morbidade e mortalidade, podendo chegar a 35% das causas de óbito em nosso país [1]. A Pressão
Arterial (PA) e a Freqüência Cardíaca (FC) são parâmetros
de fundamental importância, quando falamos em avaliação
e principalmente tratamento de pacientes, portadores de
qualquer tipo de patologia, seja ela de origem Ortopédica,
Reumatológica, Neurológica, Oncológica, Cardiológica ou
Respiratória. Em conjunto, essas duas variáveis nos traduzem
o consumo estimado de oxigênio do miocárdio (MVO2),
sendo representado pelo Duplo - Produto (DP) também
conhecido como Produto Freqüência-Pressão (PFP), através
da formula DP = PAS x FC [2-5]. O I Consenso Nacional
de Reabilitação Cardiovascular (5), descreve que os efeitos
agudos do exercício podem dividir-se em imediatos e tardios,
enquadrando-se as respostas cardiovasculares decorrentes da
utilização da Pressão Positiva Expiratória (EPAP), no grupo
dos efeitos agudos imediatos.
Gobel et al [6] demonstraram a importância do DP, como
indicador do MVO2, em pacientes portadores de angina pectoris. Durante o exercício, encontramos também com destaque
na literatura, a importância da verificação das variáveis PAS,
FC, assim como DP, em exercícios contra a resistência [7-9].
A PA, DP e principalmente FC também já tiveram seu comportamento descrito em grupo de pacientes, participantes de
um programa de treinamento para tratamento de Insuficiência
Cardíaca [10,11].
A Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP), foi uma
técnica aplicada como recurso para o tratamento do edema
pulmonar agudo cardiogênico e posteriormente, em meados
dos anos 1960, ela foi utilizada como técnica de tratamento
na Síndrome da Angustia Respiratória Aguda [12]. Dentre
os efeitos fisiológicos da PEEP podemos destacar: melhora
da complacência do sistema respiratório, aumento da Capacidade Residual Funcional (CRF), melhora da troca gasosa,
diminuição do Débito Cardíaco (DC), aumento da pressão
intratorácica, diminuição do retorno venoso ao tórax ocasionando diminuição da pré-carga do ventrículo esquerdo
[12,13].
A Pressão Positiva Expiratória (EPAP) é hoje uma alternativa terapêutica consagrada e utilizada por fisioterapeutas em
todo o mundo, tratando-se de uma terapêutica simples, de
baixo custo e com grande aplicação em patologias respiratórias, amplamente aproveitada em nosso meio científico [14],
sendo o aparelho composto por uma máscara ou bucal, válvula
unidirecional e um gerador de PEEP, geralmente uma válvula
de spring loaded, tendo seus efeitos fisiológicos semelhantes
aos da PEEP [14,15].
Compreender e observar as respostas cardiovasculares
agudas, decorrentes da utilização dos incentivadores respiratórios utilizados como conduta fisioterapêutica, auxilia em
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uma prescrição mais fidedigna. O objetivo do presente estudo
foi observar e comparar as respostas cardiovasculares agudas,
decorrentes da utilização do EPAP, com PEEP de 08 e 15 cm
H2O e Freqüência Respiratória (FR) controlada em indivíduos
adultos jovens e o respectivo impacto no DP.
Material e método
Amostra
Participaram do estudo 19 indivíduos, selecionados na
Clinica Escola de Fisioterapia do Centro Universitário Plínio
Leite (UNIPLI), na faixa etária de 18 a 35, com média de
idade foi de 25,3 ± 3 anos. Todos os componentes da amostra
foram voluntários e assinaram termo de consentimento, conforme resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde
do Brasil, para experimentos com humanos. Os participantes
foram orientados a não ingerir café, mate e/ou bebida alcoólica
por um período de 2 horas de antecedência ao teste.
Critérios de exclusão
Foram adotados como critérios de exclusão em nosso estudo: Pressão Arterial Sistólica (PAS) < 100 mmHg, Pressão
Artéria Diastólica (PAD) < 60 mmHg, FC < 40 bpm (ao
repouso), FR > 07 irpm (ao final do teste), insuficiência respiratória (no momento da realização do protocolo), portadores
de patologias endócrinas e metabólicas, alterações cognitivas
que impeçam a realização do protocolo e impossibilidade de
verificação da PA no Membro Superior Direito (MSD).
Protocolo experimental
Para realização do teste normatizou-se a execução de padrão ventilatório, na Capacidade Vital Lenta (CVL), sendo
a fase expiratória realizada na EPAP, durante 09’ (nove minutos), com verificação da PA e da FC, em repouso, terceiro,
sexto e nono minuto de realização do teste (Pré, P3, P6 e
P9), além de primeiro, terceiro, sexto e nono minuto após
o término do teste (P10, P12, P15 e P18). A Escala de Borg
(Tabela I) foi utilizada para que o indivíduo pudesse informar
ao longo do teste, a sensação subjetiva de esforço a que estava
submetido, sendo o Borg verificado juntamente com a PA e
FC. Os testes foram realizados em dois dias diferentes, para
que se pudesse utilizar valores distintos de PEEP (08 e 15
cm H2O) sendo os valores randomizados. Para maior compreensão foi realizada uma orientação prévia, não ocorrendo
durante a execução do protoloco nenhum tipo de estímulo,
comando verbal e / ou feedback por parte do examinador. A
posição do corpo definida para realização do protocolo foi
com o individuo sentado, apoiado em ísquios, com o tronco
ereto, joelhos em posição de 90º e pés paralelos. A FR foi
pré-determinada em no máximo 07 irpm durante o teste,
sendo controlada pelo examinador.
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Verificação da FC e da PA
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Gráfico 01 - Média da FC para PEEP de 08 e 15 cmH2O com
FR de 07 irpm.
A verificação da FC, foi realizada com a utilização de freqüencímetro, da marca polar modelo S – 810, fabricado na
Finlândia no ano de 2001. A verificação da PA foi realizada
através de medida indireta pelo método auscultatório, sendo
realizada no máximo duas aferições no MSD, estando o
MSD apoiado em uma mesa, a uma altura confortável, livre
de roupas de mangas e relaxado, o manguito cobriu 2/3 do
braço, sendo que a borda inferior do manguito ficou 2 (dois)
dedos acima da interlinha articular do cotovelo, sem que o
estetoscópio tocasse o manguito O aparelho de PA utilizado
foi da marca Oxigel Modelo Coluna de Mercúrio fabricado
em São Paulo no ano de 2005.
Análise estatística
Os dados foram codificados e inseridos em uma planilha
de Word Excel 6.0. Para análise estatística foi utilizado o programa GraphPad Prism 4, para identificar a associação entre
as variáveis, através de ANOVA two-way sendo considerados
valores significativos p < 0,05.
Gráfico 02 - Média da PAS para PEEP de 08 e 15 cm H2O com
FR de 07 irpm.
Resultados
Foram avaliados 19 indivíduos na faixa etária de 18 a
35, cuja média de idade foi de 25,3 ± 3 anos, sendo 09
homens (42%) e 10 mulheres (58%), quanto à prática de
atividade física 53% não realizam atividade física e 47%
praticam atividade física, sendo que 22,3% realizam atividade física duas vezes por semana, 66,7% três vezes por
semana e 11% quatro vezes por semana, nenhum componente da amostra era tabagista. A FR manteve uma média
de 5,8 ± 0,75 irpm para PEEP de 08 cm H2O e 5,4 ± 0,60
irpm para PEEP de 15 cm H2O. A FC apesar do aumento,
durante a utilização do EPAP (Gráfico 01), não obteve
relevância estatística, apresentando um p > 0,05 tanto
para a PEEP de 08 como para de 15 cm H2O, sendo sua
alteração influenciada diretamente pelo tempo de realização
do EPAP e não pelo valor de PEEP utilizado, tendendo
a retornar aos valores de repouso, no nono minuto após a
sua utilização (P18).
A PAS (Gráfico 02) apresentou queda em relação ao
repouso, tanto para PEEP de 08 ± 05 mmHg, como para
de 15 cm H2O ± 07 mmHg, sendo esse efeito hipotensivo
observado com maior magnitude no primeiro minuto de
recuperação (P10), para os dois valores de PEEP utilizados.
Porém, as alterações na PAS, gerada pela utilização do EPAP,
não foram significativas estatisticamente (p > 0,05), sendo
atribuídas primariamente ao tempo de utilização do aparelho. A PAD (Gráfico 03) apresentou variação semelhante
para ambos os valores de PEEP ± 03 mmHg, sem relevância
estatística (p > 0,05).
Fisiologia_v5n1.indb 23
Gráfico 03 - Média da PAD para PEEP de 08 e 15 cm H2O com
FR de 07 ipm.
O Borg (Gráfico 04), não obteve relevância estatística
(p > 0,05) tanto para PEEP de 08 como para 15 cm H2O,
apresentando um aumento na sensação subjetiva de esforço,
no nono minuto de realização do protocolo (P9), retornando
aos valores de repouso ao término da utilização do EPAP
(P18). (Tabela I)
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Gráfico 04 - Média da Escala de Borg para PEEP de 08 e 15 cm
H2O com FR de 07irpm.
Tabela II - Variáveis analisadas durante a utilização do EPAP com
PEEP de 08 e 15 cm H2O e FR de 07 irpm.
Variável
Masculino
Feminino
Média de idade
Média da FR
FC
PAS
PAD
Borg
DP
Vertigem
Parestesia
O DP (Gráfico 05) que era o objeto de investigação de
nosso estudo, também não apresentou relevância estatística
(p > 0,05) tanto para PEEP de 08 como para de 15 cm H2O,
e assim como a FC e PAS, sua alteração esteve diretamente
ligada ao tempo de utilização do EPAP, não apresentando
interação com o valor de PEEP utilizado.
Gráfico 05 - Média do DP para PEEP de 08 e 15 cm H2O com
FR de 07irpm.
Durante a realização do protocolo, ocorreram relatos
de sintomas como vertigem e parestesia. (Tabela II). Com
utilização de PEEP de 08 cm H2O 10% relataram parestesia
em região orbicular dos lábios e outros 10% vertigem, já
para PEEP de 15 cm H2O 21% relataram vertigem e 5,2%
parestesia em região orbicular dos lábios.
Tabela I - Escala de sensação subjetiva de esforço (Escala de Borg).
Numeração
06
07 – 08
09 – 10
11
12 – 13
14 – 15
16 – 17
18 – 19
20
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Sensação de esforço
Sem nenhum esforço
Muito fácil
Muito leve
Leve
Pouco intenso
Intenso
Muito intenso
Extremamente intenso
Máximo esforço
PEEP de 08 cmH2O
42%
58%
25,3 ± 3
5,8 ± 0,75
p > 0,05
p > 0,05
p > 0,05
p > 0,05
p > 0,05
10%
10%
PEEP de 15 cmH2O
42%
58%
25,3 ± 3
5,4 ± 0,60
p > 0,05
p > 0,05
p > 0,05
p > 0,05
p > 0,05
21%
5,2%
Discussão
O presente estudo teve como objetivo, observar e comparar as respostas cardiovasculares agudas decorrentes da
utilização da EPAP com PEEP de 08 e 15 cm H2O e FR de
07 irpm e o respectivo impacto no DP. Em nosso estudo a
FC, DP e Borg tenderam a aumentar tanto para PEEP de
08 como para de 15 cm H2O, já a PAS apresentou resultado
inversamente proporcional ao das demais variáveis analisadas.
Abordaremos a seguir a nossa interpretação dos resultados
obtidos neste trabalho, procurando sempre que possível
correlacioná-los, com os dados descritos na literatura e principalmente as respostas do exercício respiratório através do
EPAP com o exercício aeróbio e resistido.
Embora os resultados demonstrem que a maior parte das
variáveis tenderam a sofrer alterações em relação ao repouso,
é de fundamental importância ressaltar que a PAS tendeu a
diminuir, corroborando com os resultados descritos na literatura em relação à queda da PA, em indivíduos portadores
de necessidades especiais, em decorrência da utilização de
PEEP, principalmente em virtude do aumento da pressão
intratorácica e redução do retorno venoso [12,16,17].
Porém, devemos ressaltar que em nosso estudo apesar de a
alteração da PAS não ter apresentado relevância estatística,
suas alterações foram relacionadas diretamente ao tempo de
utilização do EPAP, do que o valor de PEEP utilizado. O
comportamento da PAD, não é bem elucidado na literatura, em virtude da utilização de PEEP tanto em indivíduos
saudáveis como portadores de necessidades especiais, em
nosso estudo a PAD não apresentou alterações significativas
estatisticamente
Na tentativa de realizar um processo de comparação entre
os resultados obtidos em nosso estudo, no qual era realizado
um exercício respiratório, com dados encontrados na literatura, descrevendo a resposta da PAS e PAD em exercícios aeróbios e exercícios resistidos, a resposta da PAD foi similar aos
apresentados em exercícios aeróbicos e de força, envolvendo
contrações isotônicas, com variação pouco importante. Já a
PAS tende a aumentar em ambos os tipos de exercício, porém
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no exercício resistido isso ocorre de forma mais discreta que
nos exercícios aeróbios [9, 18,19].
Os valores de normalidade da FC em repouso são de 60100 bpm [3,20], durante o exercício a FC tende a aumentar
de forma diretamente proporcional a intensidade do exercício
e a captação de oxigênio [2,4,8,21]. Em atividades aeróbicas
a FC apresenta valores maiores que em exercícios contra a
resistência, em indivíduos normais [8,19] e em portadores
de necessidades especiais [11,19].
Existe importante correlação entre o processo da respiração e o sistema cardiovascular (20,22), sabe-se que a FC pode
ser alterada pela respiração, sendo esse processo denominado
de Arritmia Sinusal Respiratória (ASR) [20]. Estudos realizados por Ludwig em1841 e Hering em 1871 foram pioneiros
na denominação da ASR, e demonstraram a interação entre
as flutuações da FC e movimentos respiratórios observados
durante a respiração normal [23], porém encontram-se escassos na literatura estudos que correlacionem as repercussões
na FC decorrentes da utilização da EPAP. Em nosso estudo
a FC apresentou alterações tanto para PEEP de 08 como
para de 15 cm H2O, porém essas alterações não obtiveram
relevância estatística, sendo atribuídas muito mais ao tempo
de utilização do EPAP do que ao valor de PEEP utilizado.
Uma das hipóteses que poderia justificar o aumento da FC
seria através do aumento da descarga simpática na tentativa
de compensar a queda da PA [2,3].
O DP é um método não invasivo, que apresenta correlação
direta com o MVO2, sendo considerado um indicador fidedigno do trabalho realizado pelo coração em exercício aeróbicos
[6,24]; em exercícios contra a resistência o DP também representa um indicador da sobrecarga cardíaca [9]. Estudos como o
de McCartney et al. [7] e Micheletti et al. [25] demonstraram
que o exercício contra resistência pode ter repercussões no
DP, tendendo a atenuá-lo para uma mesma carga de trabalho,
sendo ambos os trabalhos realizados com grupo de indivíduos
normais, porém existe a carência de relatos sobre o comportamento do DP durante a utilização da EPAP, principalmente
em indivíduos portadores de necessidades especiais como
cardiopatas e pneumopatas. Em nosso estudo, observamos que
o DP apesar de não apresentar relevância estatística, tendeu a
aumentar durante a utilização do EPAP, retornando a valores
próximos ao de repouso no período de recuperação, tendo uma
correlação muito mais intima com o tempo de utilização do
EPAP, do que com o valor de PEEP utilizado.
A Escala de Borg é um indicador da sensação subjetiva de
esforço [26-29], e em nosso estudo apresentou intima relação
com a FC, sua alteração em relação ao repouso apesar de não
ter relevância estatística, também foi diretamente relacionada
ao tempo de utilização do EPAP, e não ao valor de PEEP
utilizado, assim como a FC, PAS e DP.
Embora todos os indivíduos tenham conseguido realizar o
teste, alguns relataram sintomas como parestesia e vertigem,
possivelmente em virtude da alcalose respiratória. A alcalose
respiratória é um processo no qual ocorre a diminuição da
Fisiologia_v5n1.indb 25
25
PaCO2, em relação aos valores de normalidade (35-45mmHg),
tendo como possíveis causas: ansiedade, febre, dor, lesões do
sistema nervoso central, estimulação de receptores irritantes
do parênquima pulmonar, podendo também ocorrer devido a
procedimentos de terapia respiratória de inspiração profunda
e de expansão pulmonar agressiva. A parestesia é um sintoma
indicador de alcalose respiratória [2,30].
O presente estudo apesar de realizado com indivíduos
adultos jovens, que não eram portadores de nenhuma patologia cardiorrespiratória prévia, nos permite salientar que a
utilização do EPAP com PEEP de 08 e 15 cm H2O e FR de
07 irpm, não ultrapassou o DP de 30000, que é o ponto de
corte para angina em indivíduos coronariopatas [3,8,31].
Os resultados apresentados descrevem as respostas cardiovasculares agudas, referentes a utilização da PEEP de 08 e 15
cm H2O com FR controlada em 07 irpm, necessitando de
se conhecer as respostas cardiovasculares com outros valores
de PEEP, além de FR aleatória e principalmente que novos
estudos sejam realizados em populações especiais e com utilização de grupo controle.
Não poderíamos deixar de mencionar as limitações de
nosso estudo, tais como o fato de não ter sido realizada a
análise da Variabilidade da Freqüência Cardíaca (VFC), que
é um método bem estabelecido da avaliação geral do estímulo
neural autonômico para o sistema cardiovascular, que permite
analisar as flutuações da freqüência cardíaca que ocorrem
durante curtos ou longos períodos, tendo a vantagem de
possibilitar uma avaliação seletiva e não invasiva da função
autonômica [32,33]; uma vez que o presente estudo utilizou
como variável a FC e porque outros estudos avançam no
sentido de esclarecer os mecanismos envolvidos na regulação
da FC durante a utilização de PEEP, porém em indivíduos
portadores de necessidades especiais [32,33]. Podemos salientar também como limitação do estudo a verificação da PA
pelo método auscutatório, uma vez que o padrão ouro para
verificação da PA é o método direto através de cateterismo
intra-arterial, porém vários autores desaconselham a utilização
da técnica para indivíduos saudáveis e assintomáticos, sendo
a fotoplestimografia o método indireto mais eficaz para verificação da PA, já que possibilita a apresentação continua da
PA, apesar de o método auscutatório subestimar os valores da
PA, permitindo analisar os dados com segurança [36].
Conclusão
As variáveis hemodinâmicas FC, PAS e DP tenderam a
sofrer alterações durante a utilização da EPAP com PEEP de
08 e 15 cm H2O, e FR de 7 irpm, assim como o Borg, devemos
ressaltar que as respostas cardiovasculares agudas, oriundas da
utilização do EPAP em indivíduos adultos jovens, apresentam
correlação direta, com tempo de utilização do EPAP, diferentemente dos relatos encontrados na literatura em indivíduos
portadores de necessidades especiais como cardiopatas e pneumopatas, cujas alterações, principalmente de PA são atribuídas
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ao valor de PEEP utilizado, porém existe a necessidade que
outros trabalhos sejam realizados no sentido de esclarecer as
respostas cardiovasculares decorrentes da utilização do EPAP
e dos demais incentivadores respiratórios, colaborando assim
no preenchimento de uma lacuna, para que, em um futuro
próximo, possamos verificar essas repercussões em grupos de
portadores de necessidades especiais.
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Artigo original
Consumo de recursos ergogênicos farmacológicos
por praticantes de musculação das academias
de Santa Maria, RS
Pharmacological ergogenic resources consumption among gymnastic
academy performers in Santa Maria, RS
Cati Reckelberg Azambuja*, Daniela Lopes dos Santos*
*Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS
Resumo
Abstract
O objetivo deste trabalho foi verificar como ocorre o uso de
recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação
das academias da cidade de Santa Maria, RS. A amostra estratificada
proporcional constituiu-se de 236 indivíduos, escolhidos aleatoriamente, de ambos os sexos, das academias de Santa Maria, RS. O
instrumento de coleta de dados foi um questionário, previamente
validado, composto por 22 questões sobre o uso de recursos ergogênicos farmacológicos, tipos mais utilizados, faixa etária, nível de
escolaridade, renda, metodologia adotada para o treino, orientação,
finalidade de uso, efeitos adversos e controle bioquímico. Os dados
foram analisados através de percentuais, médias e desvios padrão.
A média de idade da amostra foi de 24,4 ± 7,04 anos, sendo que
a maioria dos pesquisados foi do sexo masculino (77,12%), com
nível de escolaridade superior incompleto (36,44%) e sem renda
própria (56,36%). Os resultados indicaram médio consumo de
recursos ergogênicos (n = 10; 4,24%). Deca-Durabolin (60%),
Durateston (50%) e Hemogenim (40%) foram as substâncias
mais citadas, motivados pelo aumento no desempenho (60%) e
de peso (50%), sendo que, 50% por vontade própria e 30% por
indicação do professor da academia. A aquisição destes ocorreu
em farmácias (50%) e através de professores (20%). A maioria dos
usuários administrou a substância na forma injetável (50%) e oral
(50%), com freqüência de uso diário (40%). Apesar de 80% dos
entrevistados que utilizaram ergogênicos terem conhecimento dos
possíveis efeitos adversos, somente 10% realizaram exames bioquímicos de controle das alterações hormonais. Os efeitos colaterais
relatados foram irritação (50%), euforia e agressividade (40%); e a
média do valor gasto mensalmente na aquisição de REF foi de R$
236,50 ± 168,05.
The aim of this paper is to verify how the use of pharmacological
ergogenic resources occur when bodybuilder performers adopt them
in the gymnastic academies of Santa Maria, RS, Brazil. The ratio
of the stratified sample is constituted of 236 individuals, randomly
chosen, both sexes, from Santa Maria, in RS – Brazil, gymnastic
academies. The means through which data was collected was a
previously validated questionnaire, containing 22 questions about
the use of the pharmacological ergogenic resources, much adopted
types of those resources, age range, education level, income, training
methodology used, orientation, usage target, adverse effects and
biochemical control. Data was examined using percentage, averages
and pattern deflections. Sample average age was from 24.4 ± 7.04
years, mostly men (77.12%), incomplete third grade education
level (36.44%), who did not have their own income (56.36%).
The results indicated medium consumption of ergogenic resources
(n = 10; 4.24%). Most mentioned substances were Deca-Durabolin (60%), Durateston (50%) and Hemogenim (40%), mainly
because of their effect in the performance increase (60%) and in
weight (50%), and considering that 50% were choosing themselves
those products while 30% were using those products after their
being indicated by the coach. The purchasing of those products
occurred through shopping them in the drugstores (50%) and
through coaches (20%). Most users took the substance in the form
of shots (50%) and orally (50%), of daily usage (40%). Among the
sample group, 80% of the interviewed who were using ergogenics
had known of the possible adverse effects and even so, only 10%
took biochemical control testing on hormonal alterations. The side
effects reported were irritation (50%), euphoria and aggressiveness
(40%); and the monthly average expenditure in the acquisition of
pharmacological ergogenic resource was of R$ 236.50±168.05 (R$
= Reais, Brazilian currency).
Palavras-chave: recursos ergogênicos, dopagem, musculação.
Key-words: ergogenic resources, doping, bodybuilder.
Recebido em 12 de dezembro de 2005; aceito em 20 de maio de 2006.
Endereço para correspondência: Cati Reckelberg Azambuja, Rua Araújo Viana, 111/303, 97015-040 Santa Maria RS, Tel: (55) 30280078, E-mail:[email protected]
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Introdução
A busca pelo corpo perfeito, tão evidenciado pela mídia;
a falta de organização em relação às atividades diárias e conseqüentemente a ilusão de resultados rápidos e facilitados; e a
necessidade de melhor desempenho em competições são apenas alguns dos motivos que tem levado as pessoas a utilizarem
meios ilícitos para alcançar seus objetivos físicos [1].
A crescente comercialização observada no meio esportivo
aumentou a pressão sobre o atleta para alcançar o seu rendimento máximo a curto prazo [2]. No caso de atletas de alto
nível, o uso de drogas transcende a questão da saúde individual. As drogas que favorecem o desempenho nas diversas
modalidades são consideradas, eticamente, indesejáveis e,
portanto, ilícitas, independentemente de produzirem danos
para a saúde [3]. O American College of Sports Medicine ACSM apóia princípios éticos e deplora o uso de esteróides
anabólicos androgênicos pelos atletas.
Mais preocupante do que este fato, é o de que os freqüentadores de academias têm dividido com os atletas os percentuais
de uso destas drogas que, em sua maioria, são substâncias
de procedência duvidosa, muitas vezes, manipuladas sem
cuidados adequados de higiene, proporcionando, inclusive,
doenças infecto-contagiosas [4,5].
Os recursos ergogênicos farmacológicos, condenados pelo
Comitê Olímpico Internacional - COI, são drogas destinadas
a funcionar como hormônios ou neurotransmissores encontrados naturalmente no corpo humano. Eles podem intensificar a potência física, afetar a força mental e o limite mecânico,
o que tem despertado preocupação, visto que o consumo vem
persistindo e seu uso é considerado como doping [6].
A utilização de substâncias químicas com o propósito da
dopagem traz conseqüências nocivas para quem faz uso destas.
O exercício e os estresses físico e emocional causam alterações
bioquímicas e funcionais importantes que podem modificar
o efeito da substância [7].
Portanto, este estudo buscou averiguar como ocorre o uso
de recursos ergogênicos farmacológicos - REF nos praticantes
de musculação das academias de Santa Maria, RS.
Recursos ergogênicos farmacológicos
Ergogênicos são aquelas substâncias ou fenômenos que
melhoram o desempenho de um atleta [8]. Os recursos ergogênicos farmacológicos fazem parte da Toxicologia Social
que, segundo Oga [9] é a área da Toxicologia que estuda os
efeitos nocivos decorrentes do uso não médico de fármacos
ou drogas, causando danos não somente ao indivíduo, mas
também a sociedade.
Por fármaco entende-se uma substância de estrutura química definida que, quando em contato ou introduzida em
um sistema biológico, modifica uma ou mais de suas funções.
Droga é a matéria prima de origem mineral, vegetal ou animal
que contém um ou mais fármacos [10].
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Poucas são as substâncias disponíveis no mercado, que
realmente possuem propriedades ergogênicas ou capazes de
produzir fenômenos supostamente ergogênicos [11]. Para que
uma substância seja legitimamente classificada como ergogênica, é necessário a comprovação da melhora no desempenho
pela mesma [8].
Segundo Silva [2], as substâncias consideradas de uso
proibido são agrupadas de acordo com suas propriedades
farmacológicas. A lista do COI contém os seguintes grupos:
(i) estimulantes; (ii) analgésicos narcóticos; (iii) hormônios
peptídicos e análogos; (iv) bloqueadores beta adrenérgicos;
(v) diuréticos e (vi) esteróides anabólicos.
Estimulantes são todas as substâncias utilizadas voluntariamente com a finalidade de obtenção de estados alterados
de consciência, caracterizados por euforia decorrente da estimulação do Sistema Nervoso Central – SNC [12] e podem
causar aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca,
propensão a arritmias cardíacas, espasmos coronariano e
isquemia miocárdica em pessoas suscetíveis, distúrbios do
sono, tremores, agitação e falta de coordenação motora. Os
analgésicos narcóticos são indicados, terapeuticamente, para
analgesia profunda, o que pode auxiliar os praticantes anônimos de atividades físicas e atletas que utilizam a morfina
e a heroína como recurso ergogênico. Porém, entre os vários
potenciais riscos para a saúde dos usuários, encontram-se a
inibição perigosa da dor em atletas, o que pode agravar muito
uma lesão instalada; risco de dependência física e síndrome
de abstinência ocasionada pela cessão do uso da substância
[13].
Hormônios Peptídicos e Análogos têm como função principal alterar as velocidades de reações celulares específicas de
‘células alvo’ também específicas” [3]. Essa modificação pode
ser conseguida através da alteração da velocidade da síntese
protéica intracelular, da mudança do ritmo da atividade enzimática, da modificação do transporte através da membrana
plasmática e pela indução da atividade secretória.
Os Bloqueadores Beta Adrenérgicos, como agente de dopagem, são utilizados para reduzir o tremor muscular e o
estresse principalmente, nas modalidades esportivas de pouca
atividade física e que exigem precisão e exatidão para a sua
prática [2]. A ação destes fármacos pode depreciar os sistemas nervoso central, cardiovascular, endócrino, respiratório
e digestivo [14].
Diuréticos são substâncias sintéticas, com estruturas químicas bastante variadas e que, na sua maioria, atuam diretamente
nos rins sobre a função tubolar, aumentando a formação da
urina. Considerando que os rins desempenham uma função
fundamental para a manutenção da homeostase, torna-se
evidente a grande importância dos diuréticos como possíveis
agentes tóxicos [7].
Contudo, dentre os recursos ergogênicos farmacológicos,
os esteróides anabólicos ocupam o lugar principal. Seu potente
efeito anabolizante associado à prática de exercícios com pesos,
acena com a promessa do record para o atleta e do “corpo
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perfeito” para o praticante de musculação que possui objetivos
estéticos. Infelizmente, cada vez mais o efeito terapêutico dos
anabolizantes é desvirtuado a ponto da própria concepção
leiga do seu nome ser associada a um perigo iminente, o que
de fato se justifica em decorrência dos abusos cometidos e dos
episódios trágicos freqüentemente relatados [15].
Materiais e métodos
A coleta de dados ocorreu entre os meses de setembro
e novembro de 2004, sendo que a amostra estratificada
proporcional constituiu-se de 236 indivíduos, escolhidos
aleatoriamente, de ambos os sexos, das academias inscritas
no Departamento de Estágios de Centro de Educação Física
e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria. O
instrumento utilizado para avaliar o objetivo proposto foi
um questionário, previamente validado, composto por 22
questões sobre o uso de recursos ergogênicos farmacológicos,
tipos mais utilizados, faixa etária, nível de escolaridade, renda,
metodologia adotada para o treino, orientação, finalidade de
uso, efeitos adversos e controle bioquímico, acompanhado
de termo de consentimento livre e esclarecido. A análise dos
dados foi realizada através de estatística descritiva [16] para determinação da média aritmética, desvio padrão e percentuais
e de forma qualitativa, conforme os objetivos da pesquisa.
Resultados e discussão
Os resultados obtidos por meio do instrumento de pesquisa indicaram que os praticantes de musculação das academias
de Santa Maria (RS), que participaram desta pesquisa, tinham
idade entre 15 e 53 anos, com média de 24,4 ± 7,04. Constatou-se que 70,34% tinham entre 15 e 24 anos. No estudo
realizado com freqüentadores de academias no RS, verificou-se
que 77,5% encontravam-se na faixa etária entre 16 e 25 anos
[17]. Já, a pesquisa nas academias de Vitória (ES), encontrou
a média de 27,5 anos entre os alunos pesquisados [18].
O perfil da amostra aponta ainda, que a maioria dos pesquisados era do sexo masculino. A característica de freqüentadores de academias de ginástica do Rio Grande do Sul é,
essencialmente do sexo feminino (62,11%) [17]. Entretanto,
é importante ressaltar que este estudo restringiu-se aos alunos das salas de musculação da cidade de Santa Maria (RS).
Apesar de ter aumentado o número de mulheres adeptas, a
especulação de que a musculação pode masculinizá-las ainda
persiste.
A maioria dos pesquisados não possuía renda própria
(56,36%), o que é condizente com o grau de escolaridade
assinalado por 36,44% dos entrevistados - Ensino Superior
Incompleto, o que permite inferir que a maioria dos pesquisados eram estudantes universitários. Em segundo e terceiro
lugar, respectivamente, ficaram os Ensinos Médio Completo
e Superior Completo. Este dado encontra-se em conformidade com a média da idade verificada e com a informação
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29
de que a maioria não possuía renda própria. Outro dado
interessante, é que 66 indivíduos (27,96%) possuíam Ensino
Superior Completo, dos quais, 24 (10,16%) algum nível de
Pós-Graduação.
Verificou-se que a maioria dos entrevistados praticava
musculação há menos de um ano. Porém, identificou-se
um grupo com maior adesão, no qual 35,08% o faziam
há mais de dois anos. No estudo de Rufino et al. [17],
encontrou-se um grupo flutuante, com até 6 meses de
tempo de prática, de 70,63%. A adesão aos programas de
musculação pode sofrer influência direta de vários fatores,
como, por exemplo, o desejo de alcançar os objetivos propostos a curto prazo.
A amostra optou pela musculação, como exercício físico,
com a intenção de promover a saúde e em função da estética.
Isso indica que a amostra preocupava-se com a aparência física,
mas não ignorava as questões relacionadas à saúde e qualidade
de vida. A mesma relação entre estética e qualidade de vida
foi observada no estudo de Rufino et al. [17]. Pesquisas têm
demonstrado que tanto homens como mulheres tem grande
interesse em modificar o corpo e, assim, a musculação contribui significativamente [19].
Outra questão importante refere-se à visão de promoção da
saúde e melhor qualidade de vida, veiculada pela mídia, muitas vezes, de forma equivocada, confundida com parâmetros
puramente estéticos, o que pode deformar estes conceitos.
Destaca-se que entre os outros motivos relacionados, os
que se referem ao alívio do estresse diário e de tensões profissionais, bem como preparação específica para esportes. O
exercício físico se constitui em importante agente repressor
do estresse. Pesquisadores sugerem que o efeito positivo do
exercício físico na diminuição do estresse pode estar relacionado ao aumento da concentração de endorfina no sangue
devido à secreção desta substância pela glândula pituitária
durante o exercício físico [20].
O principal objetivo mencionado pelos alunos, praticantes
de musculação, foi a hipertrofia muscular (50%), seguido
pela definição muscular (48,73%). Como esta amostra foi
composta 77,12% por pessoas do sexo masculino, justifica-se
um percentual tão alto para os dois objetivos mais citados,
visto que, a preferência masculina está relacionada à visão de
corpos fortes e musculosos [21]. Cabe ressaltar que das 60
marcações atribuídas ao emagrecimento, 75% foram feitas
por mulheres.
Os treinos de musculação aconteciam 5 ou mais dias por
semana (61,47%), com prevalência de 5 vezes na semana
(27,97%), provavelmente porque a amostra pesquisada, na
maioria, estudantes, possuía maior disponibilidade de tempo
para praticar exercícios físicos. Dantas [22] recomenda, para
programas de treinamento de sedentários e para a manutenção
das condições de saúde, a freqüência de três a cinco vezes por
semana, pois considera esta, uma faixa suficiente de treinabilidade das qualidades físicas, ao mesmo tempo que o risco de
lesões se mantém em níveis aceitáveis.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Verificou-se que os treinos de musculação eram divididos
em rotinas diferentes (68,64%), preferencialmente em A e B,
em dias alternados de prática. Sobre este aspecto, dois pontos
devem ser analisados: rotinas diferentes, em dias alternados
permitem não sobrecarregar o número de horas destinadas ao
treino e, também, a permitir intervalos de recuperação de 48
horas para os grupos musculares trabalhados [22].
O alongamento é uma parte da sessão de treinamento na
musculação, assim como em qualquer outra modalidade e a
amostra tinha o hábito de realizá-los. Segundo Dantas [22], a
hipertrofia muscular e a hipertonicidade resultantes do treinamento de musculação, se não forem trabalhadas complementarmente, por meio de alongamento e flexionamento, poderão
provocar uma diminuição do arco articular de alguns movimentos. Entretanto, Tubino [23] declara que “deve-se evitar a
aplicação, logo após as sessões de musculação, de exercícios de
flexibilidade que impliquem em estiramentos musculares fortes,
pois haverá um grande risco de tensões nas fibras musculares”.
Portanto, é oportuna a diferenciação entre flexionamento, em
que pode haver um razoável risco de distensão e, alongamento,
o qual atua com níveis de segurança mais confiáveis.
Os resultados deste trabalho, também indicaram que
4,24% (n = 10) alunos do grupo estudado utilizavam recursos
ergogênicos farmacológicos. Segundo pesquisa realizada nas
academias de Goiânia (GO), 9% de desportistas consumiam
REF, com predominância dos Esteróides Anabolizantes
Androgênicos - EAA, sendo considerado, pelos autores, um
percentual elevado de usuários [24]. Em Porto Alegre (RS),
Conceição et al. [25] constataram em seu estudo, que 24,3%
dos praticantes de musculação das academias desta capital
faziam uso de EAA. Em outro estudo aplicado nas academias
Americanas encontrou-se de 4 a 11% de usuários de algum
tipo de anabolizante, o que demonstrou, segundo Yesalis et
al. [26], um alto consumo destas substâncias.
Importante ressaltar que o percentual de usuários de REF
encontrado nesta pesquisa localiza-se no limite inferior do
que pode ser considerado alto. Portanto, baseado nos percentuais de outros estudos, concluí-se que o consumo destas
substâncias, pelos praticantes de musculação das academias
de Santa Maria (RS) encontra-se num padrão que pode ser
considerado de médio para alto.
Ressalta-se, ainda, que em apenas 5 academias (41,67%)
foram detectados sujeitos que utilizavam REF. Tal achado
permite inferir que há academias que estão mais predispostas
a esta prática. Outro detalhe a ser destacado, refere-se aos
percentuais individuais de cada estrato onde foram achados
questionários positivos para o uso de REF, representando de
0,5 a 20% da amostra individual, o que pode ser considerado
um alto percentual em algumas delas.
O pequeno número de usuários de REF impossibilitou
o emprego de teste estatístico para avaliar significativamente
a faixa etária onde se concentrou o maior consumo do produto. Entretanto, contatou-se que este grupo possuía idade
entre 23 e 44 anos, com média de 29 ± 7,47, sendo, todos,
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do sexo masculino. No Brasil, o consumidor preferencial de
EAA, encontra-se entre 18 e 34 anos de idade e, em geral, é
do sexo masculino [21].
O nível de escolaridade entre os usuários concentrou-se no
Ensino Superior Completo (50%), diferentemente do percentual encontrado na amostra total deste estudo e da pesquisa
de Araújo et al., [24] relatando que os usuários de EAA, entre
os praticantes de musculação das academias de Goiânia (GO)
possuíam, na maioria, Ensino Fundamental ou Médio.
Analisando-se a renda individual, constatou-se que 80%
(n = 8) dos usuários recebia entre 3 e 6 salários mínimos.
Diante destes dados, infere-se que os usuários de REF
possuíam independência financeira, o que lhes permitiu
comprometer, mensalmente, entre R$ 24,00 a 580,00, com
média de R$ 236,50 ± 168,05 dos seus salários, na aquisição
dos produtos.
O tempo de prática de musculação dos usuários de REF,
acompanha a tendência da amostra total, porém, é mais homogênea. Há de se destacar que 90% encontram-se na faixa
que compreende até 3 anos de prática, dos quais 30% no grupo com menos de 1 ano de prática, que pode ser considerado
como flutuante, enfatizando que muitos usuários utilizam-se
de REF para alcançar os objetivos a curto prazo.
A maioria dos usuários mencionou ter optado pela musculação, como exercício físico, com fins estéticos (50%).
Verificou-se que o objetivo principal dos usuários de recursos
ergogênicos era hipertrofia muscular (70%). Estes dados,
analisados de forma simultânea, reforçam a idéia de que cada
dia mais as pessoas acreditam que ergogênicos nutricionais e
farmacológicos podem ser usados, de forma indiscriminada,
como parte do treinamento físico. Conforme Courtine [1], as
últimas décadas ascenderam a valorização do corpo e ditaram
o modelo “ideal” de físico, desprezando o aspecto saúde, na
obtenção do mesmo. O registro crescente de consumo de substâncias ergogênicas, principalmente entre jovens, demonstra
que não há limites para a aquisição de padrões estéticos.
Quanto à freqüência de treino, 90% dos usuários de
recursos realizavam as rotinas de musculação, mais do que 4
dias na semana. Segundo Dantas [22], levando-se em consideração que o objetivo principal da maioria dos usuários era
a hipertrofia, verifica-se que a freqüência semanal de treinos
encontrava-se em conformidade com os princípios científicos
do treinamento desportivo. Santos & Santos [18] encontraram em seu estudo 56% de praticantes com freqüência
semanal de 5 vezes.
Também pode-se perceber que 90% dos usuários de
recursos ergogênicos dividiam as sessões em rotinas diferentes (A e B ou A, B e C) em dias alternados de prática,
caracterizando, desta forma estrutura de treinos mais avançados e intensos, condizentes com o objetivo de hipertrofia
e a freqüência de mais de 4 dias na semana, verificados
anteriormente [27].
Os usuários de REF às vezes realizavam alongamentos
(70%) quando praticavam a musculação. Como argumentado
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anteriormente, a problemática conceitual, metodológica e
fisiológica entre alongamento e flexionamento, repercute de
forma negativa entre aqueles que realizam exercícios físicos
com a intenção hipertrófica, ressaltando-se que, segundo
Guiselini [28], músculos muito encurtados podem exercer
uma pressão muito grande em partes do corpo mais suscetíveis à tensões.
Os REF mais citados, entre os usuários, foram os classificados no grupo de EAA – Hemogenim, Deca-Durabolin e
Durateston, seguidos por Winstrol e Testosterona, (Tabela I). O
estudo realizado por Iriart & Andrade [21], em Salvador (BA),
verificou a predominância do uso de Testosterona e Nandrolona, além da combinação de Testosterona e Estradiol. Segundo
Araújo et al. [24], dos 17 usuários de EAA das academias de
Goiânia (GO), 66% utilizavam Hemogenim e Testosteron.
“mista”. Foi identificado entre os pesquisados, um que adotava o “ciclo” (cycling), o qual usava o EAA por 8 semanas
consecutivas e, após um intervalo não definido, retomava a
administração.
Tabela I - Distribuição da freqüência e percentagem de usuários,
segundo o tipo de REF usado pelos praticantes de musculação das
academias de Santa Maria (RS), 2004.
Observou-se que a grande maioria das pessoas que relatou
o uso de recursos ergogênicos, especificamente os EAA, afirmou que a motivação se deu pelo aumento no desempenho
(60%) e do peso corporal (50%). A utilização de anabolizantes
está associada àqueles que possuem neurose pelo corpo e
são, freqüentemente, compulsivos pelo exercício e desejam
resultados a curto prazo [19].
Possivelmente, o aumento de peso corporal, associado ao
uso de esteróides anabolizantes, está relacionado à sínteses de
proteínas no músculo esquelético, principalmente devido a
regulação da transcrição do RNA ribossômico, quando aplicado por períodos curtos; porém, estes efeitos, provavelmente,
se perdem ou diminuem após algumas semanas, ou mesmo
pelo uso continuado da droga [29].
Entre as respostas para o resultado que os usuários observaram, pode-se citar: “Estou mais forte!”; “ganhei peso e
aumentei a massa muscular”; “a recuperação é mais rápida”;
“estou mais definido”. Diante dessas afirmações é cabível a
citação de Iriart & Andrade [21]: “O anabolizante é visto
então, como uma droga poderosa que permite ao organismo
trabalhar mais rapidamente, proporcionando resultados quase
mágicos, e recompensando imediatamente o suor despendido
na malhação”.
Quando questionados sobre quem orientou o uso dos
produtos - REF, as informações concentraram-se em por
vontade própria (50%) e por orientação médica (30%).
Oportuno esclarecer, que o percentual verificado na indicação
de REF por médicos, não representam significativamente a
realidade dos profissionais desta área, que desempenham suas
atividades na cidade de Santa Maria (RS). No estudo realizado
por Araújo et al. [24], a fonte mais utilizada para indicação
de anabolizantes foram o professor (11%) e por intermédio
de amigos (11%). Segundo o trabalho realizado por Rocha
& Pereira [30], 63% receberam orientação para o consumo,
dos quais 41% por profissionais da saúde e 59% através de
professores, amigos e leitura sobre o assunto.
A aquisição destas substâncias ocorreu, preferencialmente,
em farmácias (50%) e através do professor da academia (20%).
Recurso Ergogênico Farmacológico
Deca-Durabolin
Durateston
Hemogenim
Winstrol
Testosterona
Cocaína
Ecstasy
f
6
5
4
3
3
2
3
%*
60.00
50.00
40.00
30.00
30.00
20.00
30.00
* A soma dos percentuais não totaliza 100% por ter sido permitido a
marcação de mais de uma opção.
A Tabela II demonstra que as formas de administração
mais utilizadas foram as oral e injetável. Iriart & Andrade [21]
relataram no seu estudo que a via de administração injetável
é preferida por ser mais barata e produzir efeito imediato.
Foi verificado também, que 70% dos usuários da amostra
fazem uso combinado de REF, na tentativa de potencializar
os efeitos anabólicos e, muitas vezes, minimizar os efeitos
androgênicos e adversos [4].
Tabela II - Distribuição da freqüência e percentagem de usuários,
segundo a forma de administração de REF usado entre os praticantes
de musculação das academias de Santa Maria (RS), 2004.
Formas de Administração REF
Oral
Injetável
Supositório
Adesivo
f
5
5
2
1
%*
50.00
50.00
20.00
10.00
*A soma dos percentuais não totaliza 100% por ter sido permitido a
marcação de mais de uma opção
Quanto à freqüência de uso dos ergogênicos, na Tabela
III, verifica-se que houve predominância da aplicação diária
e semanal que, reforçada pela combinação de uso oral e injetável, segundo Lise et al. [4] caracterizaram a metodologia
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Tabela III - Distribuição do número e percentagem de usuários,
segundo a freqüência de uso de REF pelos praticantes de musculação
das academias de Santa Maria (RS), 2004.
Freqüência de Uso REF
Somente em Dias de Treino
Diário
Semanal
Quinzenal
Não Definido
Total
n
1
4
3
1
1
10
%
10.00
40.00
30.00
10.00
10.00
100.00
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Outra importante ressalva faz-se necessária, visto que verificou-se
que nem todos os instrutores de musculação das academias de
Santa Maria (RS), são profissionais formados em educação física.
Pesquisas têm demonstrado que, além dos farmacológicos, recursos ergogênicos nutricionais tem sido indicados por instrutores e
professores das academias [24,18,31]. Segundo o Código de Ética
do Conselho Federal de Educação Física - CONFEF [32], esta
prática caracteriza exercício irregular da profissão e demonstra
uma atitude antiética destes profissionais.
Os usuários de REF também foram questionados quanto
aos problemas relacionados à ingestão dos produtos avaliados.
Foram relatados, principalmente, irritação, euforia e agressividade (Tabela IV). Lise et al. [4] consideram a euforia e a
irritação, como efeitos adversos comuns. Segundo o estudo de
Araújo et al. [24], os usuários de anabolizantes referiram-se à
euforia (81%) e aumento de cravos e espinhas (94%).
Tabela IV - Distribuição da freqüência e percentagem dos efeitos
adversos causados pelo uso de REF por praticantes de musculação
das academias de Santa Maria (RS), 2004.
Efeito Adverso
Irritação
Euforia
Agressividade
Hálito forte
Cãimbras
Tremores
f
5
4
4
4
2
2
%*
50.00
40.00
40.00
40.00
20.00
20.00
* A soma dos percentuais não totaliza 100% por ter sido permitido a
marcação de mais de uma opção.
A maioria dos usuários (80%) afirmou ter conhecimento
sobre os possíveis efeitos colaterais que costumam ocorrer. Apesar
de alarmante, este dado confirma os achados discutidos anteriormente: usuários com maior grau de escolaridade e independência
financeira, deixaram-se iludir pelos benefícios ergogênicos imediatos, para alcançar objetivos puramente estéticos, menosprezando os potenciais riscos para a saúde, a qualquer tempo.
Entretanto, segundo Iriart & Andrade [21], no estudo
realizado entre jovens de um bairro popular de Salvador (BA),
foi observado que “de maneira geral, os fisiculturistas entrevistados não demonstraram bom nível de informação sobre
os danos causados à saúde pelos anabolizantes que utilizam”.
Ressalta-se a falta de informação em relação às propriedades
farmacológicas dos EAA, o conhecimento informal através de
experiências próprias ou de amigos e a tolerância aos sintomas
mais comuns que não refletem os efeitos a longo prazo.
Confirmando o exposto anteriormente e, apesar dos usuários terem afirmado possuir conhecimento sobre os efeitos
adversos causados pelo uso de REF, 90% destes não realizam
exames bioquímicos para controlar as possíveis alterações
metabólicas, demonstrando que talvez este conhecimento
restrinja-se aos efeitos mais comuns e menos preocupantes.
Apesar de não ser objeto de estudo desta pesquisa, é importante registrar que 3,39% (n = 8) informaram o uso de suplementos
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nutricionais, demonstrando o desconhecimento, por parte dos
usuários, do tipo de recurso ergogênico que utilizavam.
Os Recursos Ergogênicos Nutricionais - REN citados
foram Creatina, L-Carnitina, Albumina, Proteína de Soja
Texturizada e Levedura de Cerveja, motivados por melhora de
desempenho e pela vontade de emagrecer. Foi verificado que
a indicação ocorreu por vontade própria, através de amigos
e familiares e por informações obtidas por meio de publicações especializadas. A grande maioria relatou que adquiriu os
produtos em lojas do ramo e em farmácias. A administração
acontecia na forma oral, líquidos, cápsulas e em pó, diariamente ou somente em dias de treino. Os resultados obtidos
com o uso de REN foram diversos, desde emagrecimento,
maior disposição para treinar e aumento de massa muscular,
até o não reconhecimento de nenhum efeito. Os usuários de
REN afirmaram possuir conhecimento sobre os efeitos adversos, porém, o único relatado foi cefaléia esporádica e não
realizam exames bioquímicos de controle. Em relação ao gasto
mensal na aquisição dos suplementos, verificou-se que estes
encontram-se numa faixa de valores bem inferior a dos REF,
concentrando-se em aproximadamente, R$ 20,00.
Perspectivas de aplicação
Os dados produzidos neste estudo permitem concluir que
o uso de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes
de musculação nas academias de Santa Maria, RS é considerado de médio para alto quando comparado às pesquisas
consultadas, representando 4,24% da amostra estudada.
Entre os recursos ergogênicos farmacológicos mais utilizados, os Esteróides Anabolizantes Androgênicos ganharam
destaque, sendo, o Deca-Durabolin, Hemogenin e Durateston, os mais citados.
Todos os usuários eram do sexo masculino e, a maioria
deles, tinha idade entre 23 e 28 anos, nível de escolaridade
superior, renda até 6 salários mínimos e comprometiam entre
R$ 136,00 e R$ 248,00 mensais na aquisição dos REF.
A estética foi a maior motivação entre os usuários para
praticar a musculação. O tempo de treino variou até três anos,
sendo a hipertrofia, o principal objetivo. A maior parte dos
usuários treinava de quatro a seis dias por semana, em rotinas
subdivididas e, às vezes, incluíam alongamentos à sessão.
Melhor desempenho físico foi o motivo que levou os
usuários a utilizarem os REF, por vontade própria, adquiridos,
principalmente, em farmácias.
A administração ocorria nas formas oral e injetável, diariamente, e verificou-se alguns relatos positivos de resultados.
Contudo, os usuários de REF admitiram terem conhecimento
sobre os efeitos colaterais e não realizarem exames bioquímicos
de controle. Euforia, irritação e agressividade foram os efeitos
adversos mais assinalados.
Diante da pouca literatura encontrada sobre o consumo
de REF entre os praticantes de exercícios físicos brasileiros,
faz-se necessário a realização de outros trabalhos para identi-
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
ficar com maior precisão o consumo destas substâncias pelos
freqüentadores de academias de ginástica.
Considera-se de suma importância, divulgação das conseqüências do uso de REF e orientação das pessoas diretamente
envolvidas na prática esportiva, visto que o consumo deste
tipo de substância, apresenta-se significativa.
Conclusão
O uso dos chamados recursos ergogênicos no esporte de alto
rendimento desencadeou um processo que representa atualmente
uma das grandes preocupações na área das Ciências do Esporte,
tanto no que diz respeito no combate ao doping, como também,
no âmbito do uso indiscriminado de drogas e suplementos nutricionais com objetivos puramente estéticos [15].
Nos círculos esportivos, afirma Silva [2], as informações
leigas prevalecem sobre as farmacológicas, fazendo com que
a dopagem seja caracterizada pelo uso não medicinal de fármacos. Dada a falta de informação sobre os efeitos nocivos
do uso de recursos ergogênicos farmacológicos, bem como, a
facilidade de sua obtenção por freqüentadores de academias,
observa-se consumo abusivo dessas substâncias [31].
Além disso, no Brasil, estudos que abordem o uso de anabolizantes são escassos, não existindo dados epidemiológicos
que indiquem a extensão do consumo dessas substâncias
[21]. Campanhas publicitárias e educacionais que alertem
sobre esse problema fazem-se necessárias, pois a intervenção
educacional pode ser um instrumento efetivo no combate ao
uso dessas substâncias por adolescentes.
Williams & Branch [33] alertam que “considerações éticas
impedem o estudo de regimes com megadoses de Esteróide
Anabolizante Androgênico - EAA”, resultando, para maior
compreensão das conseqüências para a saúde do uso destas
substâncias, na necessidade de continuar as pesquisas através
de relatos informais, estudos de casos clínicos e estudos de
controles de casos epidemiológicos.
Portanto, este trabalho tem por finalidade, contribuir para
o avanço dos estudos sobre o uso de recursos ergogênicos
farmacológicos por praticantes de musculação, alertando e
informando sobre os reais efeitos destas substâncias, buscando
desta maneira mostrar o desequilíbrio existente entre riscos
para saúde e benefícios ergogênicos.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Artigo original
Série simples versus séries múltiplas: efeitos sobre
o treinamento e destreinamento da força máxima
em mulheres jovens
Single vs multiple sets: effects on the maximal strength training
and detraining in young women
Marcelo Rangel de Araújo*, Alexandre Hideki Okano**, Runer Augusto Marson***,Edilson Serpeloni Cyrino****, Fábio Yuzo
Nakamura*****
*
Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual de Londrina – Londrina/PR., **Grupo de Estudo e Pesquisa em
Metabolismo, Nutrição e Exercício. Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual de Londrina, Faculdade de Educação Física. Universidade de Campinas – Campinas/SP, ***Laboratório de Biomecânica. Instituto de Biociências. Departamento de
Educação Física. Universidade Estadual Paulista – Rio Claro/SP, **** Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual de Londrina – Londrina/PR, Grupo de Estudo e Pesquisa em Metabolismo, Nutrição e Exercício. Centro de Educação Física e
Desportos. Universidade Estadual de Londrina, ***** Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual de Londrina
– Londrina/PR, Grupo de Estudo e Pesquisa em Metabolismo, Nutrição e Exercício. Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual de Londrina, Laboratório de Biodinâmica. Instituto de Biociências. Departamento de Educação Física. Universidade Estadual Paulista – Rio Claro/SP
Resumo
O objetivo do presente estudo foi comparar os efeitos da utilização de série simples ou de séries múltiplas em programas de
treinamento com pesos com duração de oito semanas sobre a força
máxima, bem como sobre o destreinamento subseqüente dessa
capacidade neuromuscular por um período de dez semanas, em
mulheres. Para isso, foram familiarizadas com um primeiro teste
de força máxima (1-RM) nos exercícios: supino, puxada nas costas,
extensão e flexão de joelho. Após 2 dias de descanso, as 19 voluntárias foram reavaliadas em sua força máxima (1-RM). Depois, foram
divididas em dois grupos: um que treinou através de três séries os
exercícios de membros inferiores e através de apenas uma série os
exercícios de membros superiores (3I-1S), e outro grupo que fazia
o inverso (1I-3S). Ambos treinaram com uma freqüência de três
sessões semanais, com cargas que permitiam a realização de 10 a
12-RM, as quais eram ajustadas de acordo com a evolução do estado
de treinamento. A força máxima de ambos os grupo melhorou após
quatro semanas de treinamento (P < 0,05), sem aumentos adicionais
nas quatro semanas seguintes nos quatro exercícios (P > 0,05). O
período de destreinamento de dez semanas não ocasionou qualquer
redução na 1 RM. Em nenhum momento houve diferença entre os
grupos na expressão da força máxima. Com isso, concluiu-se que o
treinamento com pesos, baseado na aplicação de série única, resultou
em um ganho de força máxima equivalente ao de três séries. Em
adição, ambos os grupos tiveram retenção total da força máxima
após período relativamente longo de destreinamento.
Palavras-chave: série simples, séries múltiplas, força muscular,
uma repetição máxima (1 RM).
Abstract
The purpose of this study was to compare the effect of using
single-set or three-set in programs of strength training with duration
of 8 weeks on the maximum strength, as well as on the subsequent
detraining of this capacity neuromuscular for a period of 10 weeks,
in women. For this, after to be made familiarization for a first test
one-repetition maximum (1-RM) in the exercises: chest press, lat
pull down, leg extension and leg curl. The 19 volunteers had been
Recebido em 15 de junho de 2005; aceito em 20 de agosto de 2006.
Endereço para correspondência: Marcelo Rangel de Araújo,Centro de medidas e avaliação física, Av. Olávio Gomes, 381, 12211420 São José dos Campos SP, Tel: (12) 3941-6813, E-mail: [email protected]
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reevaluated in its maximum strength (1-RM) after 2 days of rest.
Later, they had been divided in two groups: one that trained through
three set the exercises of down-body and through only one set the
exercises of upper-body (3DB-1UB), and another group that made
the inverse one (1DB-3UB). Both had trained with a frequency of
three weekly sessions, with loads that allowed the accomplishment
of 10 12-RM, which were adjusted in accordance with the evolution of the training state. The strength of both the group improved
4 weeks of training after (P < 0,05), without increases adds in the
four following weeks in the four exercises (P > 0,05). The period of
detraining of 10 weeks did not cause any reduction in the 1 RM.
At no moment it had difference between the groups in the expression of the maximum strength. With this, one concluded that the
exercise resistance based in the single-set application resulted in a
increase of maximum strength equivalent to the one of three-set.
In addition, both the groups had after had total retention of the
maximum strength relatively long periods of detraining.
Introdução
Levando em consideração o conhecimento acumulado
no estabelecimento da relação dose-resposta relacionada ao
volume de treinamento com pesos, o Colégio Americano de
Medicina do Esporte (ACSM) [6] se posicionou, em 1990,
a favor de que apenas uma série de 8-12 repetições de oito
a dez exercícios resistidos diferentes, com freqüência de
duas vezes por semana, seria suficiente para induzir ganhos
significativos de força e de massa isenta de gordura. Esta
recomendação mínima deveria ser seguida por todos os
adultos saudáveis envolvidos em programas de condicionamento físico. Ela poderia ser expandida com a evolução do
programa de treinamento para um número maior de séries.
A posição [7] foi ratificada em 1998 e posteriormente surgiu
uma proposta específica para a prescrição de treinamento
com pesos [8].
O destreinamento, processo contrário ao treinamento,
resulta da redução ou interrupção do treinamento, ou da
redução de uma ou mais variáveis associadas ao mesmo, como
intensidade, volume ou freqüência das sessões. Paralelo a esse
processo há retrocesso das modificações adaptativas promovidas pelo treinamento que, em geral, ocorre a uma taxa menor
do que durante sua fase de aquisição [9,10].
Levando-se em consideração a escassez de estudos destinados a elucidar as adaptações neuromusculares ao treinamento
com pesos e perdas associadas ao destreinamento em mulheres
[11], procurou-se, neste trabalho, comparar os ganhos de força
máxima de moças jovens mediante a participação em sessões
de treinamentos compostas de série simples e múltiplas, em
quatro diferentes aparelhos, bem como verificar a retenção do
ganho de força após período de destreinamento. A hipótese
deste estudo era a de que os ganhos de força máxima seriam
semelhantes em resposta aos dois volumes de treinamento,
confirmando os achados reunidos por Carpinelli e Otto [1], e
de que a retenção dessa capacidade também seria equivalente
nas duas situações. A confirmação dessa hipótese favoreceria
a utilização da série simples como indutor de ganho de
força e retenção da mesma em médio prazo, pois trabalhos
mostram que sessões mais curtas de treinamento melhoram
a aderência ao programa em relação às mais longas (séries
múltiplas) [12].
Carpinelli e Otto [1] realizaram uma revisão de estudos
destinados a comparar a efetividade de programas de treinamento com pesos utilizando série simples ou séries múltiplas
na melhora da força máxima de diferentes tipos de exercícios
resistidos. Eles mostraram que dentre os 35 trabalhos analisados, 33 não encontraram diferenças significantes entre
a série simples e as séries múltiplas como indutores deste
tipo de adaptação do sistema neuromuscular. Este estudo
meta-analítico sintetiza o esforço de diversos pesquisadores
no sentido de determinar a relação dose-resposta associada
ao volume de treinamento com pesos. Nesse contexto, os
exercícios quantificados são empregados como dose e as modificações na aptidão física e/ou no estado geral de saúde são
tidos como resposta. Dessa forma, busca-se uma relação ótima
entre custo e benefício para os propósitos do indivíduo que
está se submetendo a um programa de treinamento. Outras
variáveis como intensidade, tipo de contração, e freqüência das
sessões de treinamento também têm sido investigadas como
dose [2,3], embora com menos ênfase do que o volume. Doses
excessivas no treinamento com pesos podem resultar em lesões
por estresse das estruturas músculo-esqueléticas, ao passo que
sobrecargas subestimadas para a capacidade funcional do
indivíduo podem falhar em estimular a melhora necessária
ou desejada nos níveis de força muscular [3].
Poucos estudos têm atestado a superioridade de programas
de treinamento resistido com séries múltiplas de exercício sobre
um grupamento muscular específico em relação aos realizados
com a utilização de apenas uma série [4]. No entanto, Rhea et
al. [5] argumentam que isso se deve ao tratamento estatístico
convencionalmente empregado. Sua meta-análise baseada no
procedimento effect size (ES) estabelece que há vantagens comparativas na utilização de um volume maior de treinamento
ao invés de apenas uma série, e que o número ótimo de séries
para provocar adaptações neuromusculares depende do nível
de treinamento da amostra populacional pesquisada [3]. Essa
conclusão foi extraída a partir de resultados de estudos que,
em sua formulação original, demonstravam a equivalência nos
ganhos adaptativos das séries múltiplas em relação à simples.
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Key-words: single-set, three-set, muscle strength, one-repetition
maximum (1-RM).
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Materiais e métodos
Sujeitos
Foram inicialmente voluntárias para participar deste
estudo 24 mulheres jovens, estudantes universitárias, sem
experiência com treinamento com pesos nos seis meses que
antecederam o início desta investigação. Elas assinaram termo
de consentimento informado após reunião de esclarecimentos
sobre os riscos e benefícios associados à participação, com dois
dos responsáveis pela pesquisa. As participantes foram aleatoriamente divididas em dois grupos experimentais. Ambos
foram submetidos a programas estruturados de treinamento
com pesos, assim como foram avaliados periodicamente
em relação ao nível de força máxima alcançado, inclusive
após período de destreinamento. Um dos grupos realizou o
programa que incluía três séries para exercícios de membros
inferiores (extensão e flexão de joelhos) e apenas uma série
de exercícios de membros superiores (supino e puxada nas
costas). Esse grupo foi denominado 3I-1S. O outro grupo,
que fazia justamente o contrário, foi denominado 1I-3S. Das
24 voluntárias no início do estudo, 19 o concluíram, sendo
11 do grupo 3I-1S (idade: 21,2 ± 6,8 anos; estatura: 162,5
± 10,0 cm; massa corporal: 52,5 ± 3,9 kg) e oito do grupo
1I-3S (idade: 20,8 ± 6,3 anos; estatura: 165,5 ± 7,8 anos;
massa corporal: 56,0 kg ± 4,3 kg). Nenhuma das desistências
foi ocasionada por lesão decorrente dos programas ou testes
de força propostos.
Teste de força máxima (1-RM)
Foram utilizados, neste teste de desempenho neuromuscular, procedimentos adaptados de outros autores [13]. Em
primeiro lugar, cada uma das participantes realizava duas
séries de aquecimento em uma carga percebida como aproximadamente 50% da carga entendida como máxima, ou seja,
que poderia ser levantada uma única vez (1 RM). Após breve
descanso, os levantamentos seguintes foram feitos através de
duas repetições, com incrementos de carga visando o alcance
de 1 RM. O intervalo entre as tentativas foi de no mínimo
cinco minutos. A carga em que a participante realizava com
sucesso uma repetição, mas falhava em conseguir a segunda,
era considerada 1 RM. Durante cada tentativa de se atingir
1-RM, havia incentivo verbal por parte do investigador que
realizava a avaliação.
Todos os quatro exercícios empregados neste estudo tiveram sua 1 RM determinada em uma única sessão de testes
obedecendo a seguinte ordem: supino, extensão de joelho,
puxada nas costas e flexão de joelho. Esses testes foram
realizados em cinco momentos: (1) familiarização – com o
objetivo de que as participantes se habituassem aos esforços
musculares máximos; (2) pré-treino – realizados dois dias
após a familiarização, com o objetivo de detectar supostas
adaptações na força máxima gerada pelo próprio teste de
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familiarização servindo então como um valor de base para
comparações com etapas posteriores; (3) 4ª semana de treinamento – com o objetivo de detectar adaptações na força
máxima; (4) 8ª semana de treinamento – idem; (5) 10ª semana
de destreinamento – com o objetivo de verificar a magnitude
do decréscimo da força.
Programa de treinamento
O período total de treinamento com pesos de ambos os
grupos, que ocorreu de forma simultânea, teve duração de oito
semanas. Foram três sessões semanais, tanto para 3I-1S quanto
para 1I-3S. A aderência a essa freqüência semanal foi bastante
alta, pois todas as participantes cumpriram a programação
inicialmente traçada para os grupos. Portanto, o número
total de sessões de treinamento para cada indivíduo foi de
24. Recomendava-se um dia de descanso entre as sessões,
para permitir boa recuperação da musculatura envolvida. Em
todas as sessões, todos os quatro exercícios eram realizados,
com um número de repetições por série de 10-12 RM. O
intervalo recomendado entre séries era de 90 segundos. Entre
os exercícios, solicitou-se não ultrapassar de três minutos. O
número de séries por exercício, que era a variável manipulada
experimentalmente, dependia do grupo ao qual o indivíduo
pertencia (uma ou três). Dessa forma, de acordo com o desenho experimental adotado nesta investigação, a única variável
de treino manipulada para verificação de efeitos adaptativos
localizados no sistema neuromuscular foi o volume. Os programas de treinamento, bem como os testes de 1 RM, foram
supervisionados por um dos investigadores.
Previamente a cada sessão de treinamento, as participantes realizavam aquecimento leve no cicloergômetro por dez
minutos, seguidos de exercícios de alongamento também
leves, ou seja, sem exigir amplitudes articulares máximas. Não
houve pré-determinação na ordem de execução dos exercícios
resistidos, sendo de livre escolha individual.
Conforme mencionado, o número de repetições máximas
adotadas como alvo para cada série de exercício resistido foi
de dez a 12. Na medida em que o número de 12 repetições
era ultrapassado em determinado exercício, automaticamente
a carga era acrescida de forma a manter o número de repetições por série dentro do espectro previamente estabelecido.
Foi solicitado que as participantes não modificassem seus
hábitos relacionados à atividade física e alimentação durante
a vigência do estudo. Nenhuma das participantes relatou
qualquer modificação.
Tratamento estatístico
Os valores de força máxima medida pela 1 RM, bem
como a evolução temporal das cargas de treinamento, foram
analisadas através de ANOVA two way para medidas repetidas,
tendo o grupo (3I-1S e 1I-3S) como variável independente
e o tempo (semanas) como variável dependente. O teste post
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
hoc de Scheffé, para comparações múltiplas, foi utilizado para
a identificação das diferenças entre as médias. Foi adotado
também o procedimento de regressão linear para estabelecer
a equação que descreveria o aumento da carga de treinamento
ao longo das semanas, adotando-se os valores médios de cada
grupo, para todos os exercícios, com o intuito de se determinar
a taxa média de aumento da carga por semana de participação
nos programas de treinamento resistido. O nível de significância foi pré-fixado em P < 0,05, para todas as análises.
Resultados
A Tabela I contém os valores médios alcançados pelos
grupos 3I-1S e 1I-3S no teste de 1 RM nos diferentes períodos
deste estudo. Os índices de força máxima encontrados em
ambos os grupos nos quatro aparelhos durante a familiarização
não foram diferentes (P > 0,05) dos valores registrados no
pré-treino. O pré-treino foi adotado como valor de referência
prévio ao programa de treinamento para efeito de verificação
da evolução dessa capacidade em momentos distintos dentro
do período de treinamento e destreinamento, indicadores da
adaptação e desadaptação neuromuscular, respectivamente.
Após as primeiras quatro semanas de treinamento, verificou-se aumento significante (P < 0,05) da força máxima
determinada em 1 RM nos quatro aparelhos, para ambos os
grupos. A análise estatística não revelou qualquer diferença
entre os grupos 3S-1I e 1I-3S (P > 0,05) nesse momento do
programa. Ao final da oitava semana, a qual marcava o final
das sessões de treinamento, a força máxima em todos os
exercícios continuava superior ao pré-treino (P < 0,05). Entretanto, não diferiu da 1 RM registrada após a quarta semana
(P > 0,05). Ou seja, da metade para o final do programa de
treinamento com pesos utilizado neste estudo, a força máxima
estabilizou em todos os exercícios. Na oitava semana, novamente, não se observou qualquer diferença nesse indicador
de aptidão neuromuscular entre os grupos que treinavam por
meio de série simples e séries múltiplas (P > 0,05).
Em termos percentuais, os ganhos de força máxima entre
o início e o final do período de treinamento para o grupo
3I-1S foram de: 20% na extensão de joelhos, 33% na flexão
de joelhos, 21% no supino e de 15% na puxada nas costas.
Para o grupo 1I-3S, os incrementos de força foram de: 20%
37
na extensão de joelhos, 24 % na flexão de joelhos, 20% no
supino e de 13% na puxada nas costas.
Após 10 semanas do término do programa, período em
que as participantes se mantiveram inativas com o objetivo de
causar destreinamento da força máxima, não houve redução
significante (P > 0,05) da carga de 1 RM em qualquer dos
exercícios, sendo esta redução de apenas 1,7% na extensão de
pernas, 5,9% na flexão de perna, 7,1% no supino e 2,3% na
puxada alta por trás para o grupo3I-1S e 2,8% para extensão
de pernas, 4,9% na flexão de pernas, 7,1% supino e 2,3% na
puxada alta nas costas para o grupo1I-3S. Tampouco houve
diferenças entre os grupos no nível de força máxima manifestada
nos quatro aparelhos nesse momento do estudo (Tabela I).
Ao contrário da força máxima, as cargas prescritas para os
quatro aparelhos nas sessões de exercícios resistidos evoluíram
de forma linear ao longo do tempo, sem demonstrar qualquer
tendência de estagnação nas oito semanas de treinamento. A
figura 1 demonstra esse comportamento para ambos os grupos
em relação às cargas utilizadas nos exercícios para membros
inferiores. A carga utilizada na extensão de joelhos aumentou
tanto no grupo 3I-1S quanto no grupo 1I-3S da primeira para a
quarta semana (P < 0,05), como também da quarta para a oitava
semana (P < 0,05). No entanto, em nenhum desses momentos
houve diferença significante entre os grupos (P > 0,05). Padrão
semelhante foi observado para a evolução temporal das cargas de
treinamento de flexão de joelhos, com a ressalva de que na primeira semana o grupo 3I-1S iniciou o programa contra resistências
significativamente maiores (P < 0,05). No entanto, ao longo da
quarta e oitava semanas, elas se igualaram (P < 0,05).
Figura 1 - Evolução temporal das cargas de treinamento (intensidade) para os exercícios com pesos para membros inferiores dos
grupos 3I-1S e 1I-3S.
Tabela I - Valores médios (± DP) da força muscular obtida nos aparelhos para os grupos: 3I-1S e 1I-3S nas diferentes fases do estudo.
Extensão do Joelho
Flexão do Joelho
Supino
Puxada nas Costas
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Grupo
3I-1S
1I-3S
3I-1S
1I-3S
3I-1S
1I-3S
3I-1S
1I-3S
Familiarização
29,6 ± 4,6
31,5 ± 6,8
28,4 ± 5,6
28,4 ± 5,7
30,8 ± 4,7
33,6 ± 4,8
30,0 ± 3,7
31,5 ± 4,1
Pré-Treino
31,6 ± 6,8
33,6 ± 5,6
28,5 ± 6,2
30,0 ± 5,1
31,1 ± 4,3
34,3 ± 4,6
30,1 ± 3,9
33,0 ± 4,5
4 Semanas*
35,8 ± 5,9*
38,3 ± 6,3*
35,0 ± 6,6*
34,4 ± 6,4*
36,0 ± 4,2*
39,3 ± 6,5*
33,8 ± 3,9*
35,4 ± 6,3*
8 Semanas
37,9 ± 6,4
40,0 ± 7,3
37,9 ± 6,9
37,1 ± 5,6
37,8 ± 4,3
41,0 ± 5,4
34,9 ± 4,0
37,4 ± 6,2
Destreino
37,4 ± 5,6
39,6 ± 7,9
36,1 ± 7,1
35,1 ± 4,3
35,3 ± 5,0
37,9 ± 5,0
34,6 ± 4,3
37,0 ± 5,3
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
independentemente do regime (volume) de treinamento
adotado. Dessa forma, havia um critério bastante claro para
determinar o momento do incremento de carga.
Tabela II - Equações referentes à evolução temporal das cargas de
treinamento (intensidade) para os exercícios com pesos para membros
inferiores e superiores. CT – carga de treinamento; ST – semana
de treinamento
Grupo Exercício
3I-1S
A Figura 2 ilustra o aumento linear semanal das cargas nos
exercícios de membros superiores. Novamente, em ambos os
grupos, a quarta semana foi mais pesada em termos de sobrecarga imposta pelos exercícios do que a primeira semana, e a
oitava mais intensa que a quarta semana. No exercício supino,
em nenhum dos momentos os grupos 3I-1S e 1I-3S diferiram
entre si (P > 0,05). Por outro lado, no exercício de puxada nas
costas, nos três momentos analisados, o grupo 1I-3S treinou
contra resistências mais elevadas que o grupo 3I-1S.
Figura 2 - Evolução temporal das cargas de treinamento (intensidade) para os exercícios com pesos para membros superiores dos grupos
3I-1S (A) e 1I-3S (B).
1I-3S
Extensão de
joelhos
Flexão de
joelhos
Supino
Puxada nas
costas
Extensão de
joelhos
Flexão de
joelhos
Supino
Puxada nas
costas
Equação
R2
CT = 1,369*ST + 19,305
0,997
CT = 1,452*ST + 16,101
0,998
CT = 1,321*ST + 20,906
0,999
CT = 1,096*ST + 18,192
0,997
CT = 1,128*ST + 20,049
0,997
CT = 1,075*ST + 18,612
0,995
CT = 1,311*ST + 21,366
0,998
CT = 1,163*ST + 20,513
0,993
Discussão
As equações que caracterizam o aumento linear das cargas
de treinamento em todos os aparelhos, para os dois grupos,
estão listadas na Tabela 2. Pode-se observar que, em média, a
taxa de incremento semanal de cargas nos aparelhos adotados
neste estudo, os quais mobilizam grandes volumes de massa
muscular, localiza-se entre 1 a 1,5 kg. Os elevados valores de
R2 (> 0,995) encontrados atestam o bom ajuste dos dados
à função linear. Deve-se enfatizar que o número alvo de
repetições por série neste trabalho foi fixado em 10-12 RM,
Fisiologia_v5n1.indb 38
Vários são os mecanismos postulados para o aumento da
capacidade contrátil e da tensão máxima gerada pela musculatura esquelética em resposta ao treinamento com pesos. Em
geral, conjugam-se fatores neurais de adaptação e hipertrofia
muscular como principais responsáveis pela melhora da força.
As primeiras três a cinco semanas de treinamento com pesos
são marcadas pelas adaptações neurais (mais rápidas), enquanto que as modificações teciduais dos músculos (mais lentas)
são predominantes em fases mais adiantadas do processo
de aperfeiçoamento da força [14]. Pela duração do presente
estudo, é bastante provável que as adaptações neurais tenham
predominado. Elas incluem: (a) aumento da amplitude da ativação dos músculos exercitados através de comandos motores
centrais; (b) aumento da freqüência de disparos das unidades
motoras; (c) maior sincronização das unidades motoras e;
(d) melhora no padrão de inibição recíproca da ativação dos
músculos antagonistas ao movimento pretendido [4,14].
Mais recentemente, Akima et al. [15] mostraram, através da
técnica de obtenção de imagens por ressonância magnética,
que a área do quadríceps da coxa ativada após duas semanas
de treinamento isocinético de extensão de joelhos era superior ao período prévio ao treinamento, durante a realização
de testes isocinéticos (60-240°.s-1) e isométricos. Áreas previamente inativas do vasto lateral, vasto intermédio e vasto
medial passaram a contribuir na geração de torque após o
período de treinamento. A área total do músculo quadríceps
não foi alterada. Esse aumento na área contrátil útil constitui,
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
portanto, uma das adaptações neurais adicionais provocadas
pelos treinos resistidos de curto e médio prazo.
Entretanto, estudo de Staron et al. [10] evidenciou um
aumento da área de secção transversa de fibras musculares
individuais pertencentes a todas as sub-populações dessas
células em músculos das extremidades inferiores de mulheres
treinadas sob regime bastante similar ao do nosso trabalho.
O fato que chama a atenção é que a duração do estudo foi de
apenas seis semanas. Ou seja, a hipertrofia pode ser detectada
em curto período de tempo e pode contribuir efetivamente
para o ganho de força nas sessões iniciais de um programa de
treinamento com pesos. Hipertrofia acentuada também foi
reportada em estudo realizado com homens, submetidos a
treinamento contra resistência isocinética, por 60 dias [16].
O incremento na área de secção transversa da musculatura
da coxa submetida aos exercícios de extensão de joelho foi
de 8,5%.
Independentemente dos mecanismos causais (neurais
ou hipertrófico), que neste estudo não puderam ser discriminados, o fato é que tanto o grupo 3I-1S quanto o 1I-3S
alcançaram ganhos expressivos de força máxima, sobretudo
durante o primeiro mês de treinamento com pesos. Durante
o mês subseqüente, não houve aumentos adicionais nessa
capacidade provavelmente por não ter periodizado o programa
de treinamento para os 2 grupos, apesar das cargas de treinamento continuarem se elevando de forma linear. Ambos os
grupos, compostos de mulheres sem experiência prévia recente
com treinamento com pesos, não diferiram com relação aos
níveis de força máxima atingidos em quaisquer momentos
desta investigação.
A ausência de vantagem no uso de séries múltiplas em
comparação com série simples no aumento da força máxima, ao que parece, não se restringe a amostras populacionais
previamente não treinadas em exercícios contra resistências.
Segundo Hass et al. [17] praticantes recreacionais de levantamento com pesos, que vinham treinando há pelo menos
um ano, com uma série de 8-12 RM para cada aparelho de
um circuito, não obtinham qualquer vantagem no aumento
da força ou da resistência muscular ao adicionarem mais
duas séries de cada exercício em sua rotina. Sua evolução
nessas capacidades funcionais musculares era semelhante a
de um outro grupo que manteve sua rotina de séries simples.
De acordo com os autores, a vantagem comportamental na
prescrição de série única reside no fato desse tipo de treino
demandar menos tempo para ser cumprido e promover maior
aderência dos praticantes. Ostrowski et al. [18] corroboraram
esses achados em um grupo de praticantes de treinamento
com pesos ainda mais experiente, com um a quatro anos de
prática nessa modalidade. Os ganhos de força e de potência
muscular de membros inferiores e superiores, assim como o
ganho de massa muscular, foi semelhante entre aqueles que
executavam três, seis ou 12 séries semanais de cada um dos
20 exercícios propostos pelos pesquisadores, por um período
de dez semanas.
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39
Em contraste, estudo recente de Rhea et al. [19], utilizando número de repetições máximas inferiores ao do presente
estudo (4-8 RM), mostraram que para o exercício de leg press
houve um aumento significante de 1 RM de indivíduos que
treinaram através de três séries em relação a uma série, e que no
supino, essa diferença se aproximou do nível de significância
adotado (P = 0,07), em 12 semanas de treinamento. Estudo
também recente de Paulsen et al. [20] apresentou resultados
similares em seis semanas de treinamento. O grupo que treinou por meio de três séries de 7 RM obteve aumentos mais
expressivos de força em relação ao grupo que treinou apenas
uma série em três aparelhos diferentes para membros inferiores
(21% vs. 14%). Essas diferenças não se reproduziram nos
membros superiores. Em conjunto, esses estudos, comparados
ao nosso, parecem indicar que séries múltiplas produzem
respostas adaptativas melhores, desde que a intensidade seja
maior que a do presente trabalho (10-12 RM vs. 4-8 RM).
Ainda, os membros inferiores parecem ser mais sensíveis à
manipulação do volume de treinamento. Essa sensibilidade
pôde ser notada no presente estudo, embora, estatisticamente
não significativo, o grupo (1S-3I) obteve ganhos superiores
de 9% na (1RM) na flexão de joelho, comparado ao grupo
de(3S-1I). Esses fenômenos foram parcialmente confirmados
em estudo realizado com mulheres [11]. O grupo que treinou
através de três séries de 6-9 RM obteve maior incremento na
1 RM de exercícios para membros inferiores e superiores que
o grupo que treinou através de apenas uma série, duas vezes
por semana, por seis semanas. A faixa de repetições máximas
utilizadas no referido estudo pode ter sido responsável pelo
contraste com relação aos achados mostrados por nós, já que
ela impunha maior intensidade de trabalho.
Um aspecto importante quando analisamos os benefícios da manipulação do volume de treinamento em atletas
constitui-se no fato de que, atualmente, têm se verificado um
aumento no número de jogos a serem disputados pelos atletas
durante a temporada o que indica a necessidade de modificações nos sistemas de preparação, reduzindo os períodos
destinados ao condicionamento físico [4]. Assim, a adoção de
sessões de treinamento resistidos com baixo volume, ou seja,
série única, constitui-se numa estratégia bastante interessante.
Vale ressaltar que, de modo geral, os estudos que investigaram
os efeitos da manipulação do volume de treinamento adotaram períodos inferiores a quatro meses o que não reflete
a realidade de um sistema de preparação física usualmente
adotado entre os atletas.
Com base nessa informações, Kraemer et al. [4] investigaram os efeitos dos treinamentos com pesos empregando os
regimes de treinamento periodizado e de série simples sobre
o desempenho físico e composição corporal durante nove
meses em tenistas colegiais. Nos primeiros quatro meses de
treinamento, tanto o sistema de periodização quanto o de série
simples acarretaram em aumentos nos níveis de força máxima
dos membros inferiores e superiores. A partir deste período,
apenas o treinamento periodizado resultou em incremento
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na força constante até o nono mês do período de preparação.
Esse resultado ajuda a explicar em parte a estabilização da
força máxima medida pela 1-RM a partir da quarta semana de
treinamento do presente estudo o qual não foi periodizado.
Analisando de forma integrada os resultados dos trabalhos
supracitados, todos eles suscitam uma questão. O nível de
fadiga muscular (associado ao volume de séries de treinamento) representa ou não um estímulo para o aumento da força
máxima? Quanto a isso, Rooney et al. [21] administraram
treinamentos mais fatigantes, em um grupo, através de sessões
convencionais de levantamentos com pesos (6 RM), do que
em outro grupo, no qual eram permitidas pausas entre as repetições. Demonstraram que o grupo que treinou sem pausas
e, conseqüentemente, com maior estado de fadiga, aumentou
mais acentuadamente a 1 RM do que o grupo que treinou
sob condições menos fatigantes. As alterações fisiológicas
agudas tidas como possíveis responsáveis pelas adaptações
mais significativas sob condição de fadiga muscular seriam:
maior ativação de unidades motoras, depleção de fosfagênios
ou acúmulo de metabólitos como lactato e IMP [ 21]. Seguindo outra linha, estudo de Folland et al. [8] demonstrou
exatamente o inverso, ou seja, que sessões mais fatigantes de
treinamento resistido não configuraram melhores adaptações
em termos de manifestação da força máxima. Os resultados de
nosso estudo parecem se alinhar mais com Folland et al. [8],
pois, uma das conseqüências lógicas do aumento do volume
de treinamento dentro de uma única sessão, sem modificação
da intensidade, seria a fadiga muscular mais expressiva.
Uma das evidências que corrobora a fadiga mais pronunciada na realização de séries múltiplas em relação à série
simples foi publicada por Craig e Kang [22]. De acordo com
seus resultados, a utilização de duas séries de agachamento a
75 ou a 90% da 1 RM, com três minutos de pausa entre elas,
resultou em maior acúmulo de lactato sangüíneo e elevação
na liberação do hormônio de crescimento (GH) do que em
uma situação onde foi aplicada apenas uma série. Os mesmos padrões de respostas hormonais foram verificados por
Mulligan et al. [23] e Gotshalk et al. [24]. Portanto, ao que
parece, a suposta maior liberação de GH durante as sessões
de treinamento com séries múltiplas no presente estudo, não
resultou em vantagens para desenvolvimento de força máxima
em relação aos grupos, isso se deve ao fato de que os dois grupos realizaram séries simples e séries múltiplas, tendo liberado
quantidades equivalentes de (GH) nos dois grupos.
O destreinamento induzido por dez semanas de inatividade neste estudo não foi efetivo em provocar a regressão
significativas, da força máxima alcançada nos quatro exercícios durante o período de treinamento de oito semanas. Esse
padrão foi observado em ambos os grupos (3S-1I e 1S-3I).
Porém, esses resultados estão em discordância com relação
ao relato de Narici et al. [16], no qual a cinética de perda
da força e das adaptações neuromusculares durante 40 dias
de destreinamento era similar à cinética de aquisição dessas
mesmas variáveis em 60 dias de treinamento contra resistência
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isocinética para os extensores de joelho. As adaptações neurais
registradas pela ativação eletromiográfica máxima dos músculos envolvidos no exercício constituíam a maior contribuição
para o aumento da força máxima, ao passo que, durante o
destreinamento, foram também as que mais sofriam prejuízos
em termos de magnitude e de velocidade em função do tempo. As adaptações hipertróficas possuíam menor e mais lenta
participação nos efeitos do treinamento, e também regrediam
de forma menos acentuada no destreinamento.
Por outro lado, foi reportado, por Gondin et al. [25] que
5 semanas de destreinamento não foram suficientes para provocar regressão na força dos músculos sóleo e gastrocnemios
registradas pela ativação eletromiográfica, adquirida em 5
semanas de treinamento através de eletroestimulações neuromuscular. Assim também, de forma semelhante ao presente
estudo, a 1 RM de exercícios de membros superiores não
sofreu decréscimo significante em homens que vinham treinando com pesos há pelo menos dois anos, ao interromperem
os treinos por seis semanas [17]. No entanto, a manutenção
dos níveis de força máxima em período de dez semanas de
destreinamento nas mulheres investigadas neste estudo não
é um achado comum, já que a maior parte dos trabalhos na
literatura pertinente registra perdas em períodos semelhantes
de inatividade [16,26,27].
Conclusão
Os resultados obtidos neste estudo indicam que a realização de séries múltiplas (três séries) em sessões de treinamento
com pesos, parece não constituir uma vantagem comparativa
na indução do aumento da força máxima em relação à realização de série simples, em mulheres jovens, treinadas por um
período de oito semanas. Esse achado parece estar atrelado à
escolha da intensidade dos treinos. Além disso, a interrupção
do treinamento por dez semanas não parece resultar em perda
substancial de força máxima, medida pela 1 RM, seja essa força
induzida por sessões de séries simples ou múltiplas.
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Artigo original
Programa de Exercício Físico na Empresa (PEFE):
um estudo com trabalhadores de informática
Physical Exercise Program in workplace (PEPW):
a study with computer science employees
Josenei Braga dos Santos*, Antônio Renato P. Moro**
Prof. Educação Física, Laboratório de Biomecânica – BIOMEC/CDS/UFSC, ** Prof. Centro de Desportos (UFSC), Laboratório de
Biomecânica – BIOMEC/CDS/UFSC
Resumo
Abstract
Esta pesquisa objetivou desenvolver e verificar os efeitos de um
Programa de Exercício Físico na Empresa (PEFE) em trabalhadores
de um centro de informática em Florianópolis/SC. Participaram da
amostra 25 trabalhadores na faixa etária de 37 a 59 anos de idade. A
pesquisa obedeceu a três momentos: pré-teste: avaliação do índice
de massa corporal (IMC) através do protocolo da World Health
Organization (WHO), flexibilidade através do banco de Wells e
Dillon associado a fotogametria digital, força muscular através do
dinamômetro manual, postura corporal através do método Portland
State University associado a fotogrametria digital e aplicação de
questionários sócio-demográfico e características ergonômicas do
posto de trabalho; intervenção: aplicação de 39 aulas com duração de
15 minutos, durante um período de três meses; e pós-teste, mesmas
ações do pré-teste, mais a avaliação qualitativa dos participantes. Os
resultados evidenciaram participação de 60,89% durante o PEFE,
nos testes físicos o IMC permaneceu inalterado, num valor médio
de 25 kg/m2 em ambos os momentos, incremento de 6% no teste de
força, 4% no teste de flexibilidade, com contribuição na mudança
de flexão do quadril em 13° graus, 4,62% na avaliação da postura
corporal e na avaliação dos ângulos posturais não detectou-se desvios importantes. Quanto aos postos de trabalho, percebeu-se que
os mesmos apresentaram requisitos ergonômicos. Já na avaliação
qualitativa do programa, observou-se que houve diminuição das
queixas de ordem músculo-esqueléticas. Portanto, concluiu-se que
o PEFE melhorou as variáveis corporais em termos de aptidões
músculo-esqueléticas e reduziu as consultas ambulatoriais.
This study aimed to develop and to verify the effects of a Physical
Exercise Program in the workplace (PEFE) with 25 employees (aged
37 to 59 years) at a computer science center in Florianópolis, SC.
The study was divided into three phases: (a) pre- and post-examination which consisted of the measurement of the body mass index
(BMI) using the World Health Organization protocol, (b) flexibility
by the seat-and-reach test using the Wells’ and Dillon’s box using
digital photogrametry, (c) strength by manual dynamometry, (d)
body posture using the Portland State University method and digital
photogrametry and (e) questionnaires for data on sociodemographic
variables and ergonomic characteristics of the workstation. The
intervention was composed by 39 fifteen-minute classes, during
a period of three months. The post-examination also included a
qualitative evaluation of the program. The results showed that PEFE
participation of 60.89% of the employees. The BMI did not vary
between evaluations and the mean value was 25 kg.m-2. There was
an increase of 6% in strength, 4% in flexibility due to a hip flexion
change of 13 degrees and 4.62% in body posture. No significant
posture angular deviation was observed. The workstations presented ergonomic requirements and as qualitative evaluation of the
program, there were fewer complaints on skeletal muscle disorders.
Therefore, it was concluded that PEFE improved skeletal muscle
fitness and reduced medication appointments for the employees.
Key-words: physical exercise, exercises program at the workplace,
computer science employees.
Palavras-chave: exercício físico, ginástica laboral, trabalhadores
de informática.
Recebido em 10 de maio de 2006; aceito em junho de 2006.
Endereço para correspondência: Josenei Braga dos Santos, R. Prof. Bento Águido Vieira, 340/102, 88036-410 Florianópolis SC, Email: [email protected]
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Introdução
Com o passar dos tempos, os meios de trabalho foram
sendo modificados e estruturados de modo a deixar o trabalhador mais sedentário, principalmente, quando se tratando
de atividades em terminais informatizados. Com isto, a saúde
do trabalhador foi ficando cada vez mais suscetível a uma série
de tensões musculares, vícios e constrangimentos posturais
advindo dessa condição.
Devido a estas rápidas evoluções no mundo do trabalho
e pelo avanço tecnológico, inúmeras empresas estão sendo
pressionadas pelo mercado, o que exige um aumento de
produtividade, aliado a maior qualidade em seus produtos
ou serviços. Esse corre-corre nas empresas acaba por acarretar
aos seus funcionários inúmeras doenças ocupacionais e, por
conseqüência, tendem a encarar altíssimos índices de absenteísmo, que lhes corroem significativamente a produtividade
e os lucros.
Indo ao encontro destas situações advindas do mundo do
trabalho, Silva [1] explica que é no trabalho que passamos a
maior parte das nossas vidas e que seus reflexos se estendem,
de forma acentuada, sobre o nosso bem estar mesmo quando
não estamos trabalhando. Com isto, se usarmos os benefícios
da Atividade Física (AF) como parte do tempo destinado ao
trabalho podemos melhorar nosso bem estar, grau de satisfação profissional, reduzir diretamente o risco das doenças crônico-degenerativas, além de servir como elemento promotor de
mudanças com relação a fatores de risco para inúmeras outras
doenças como, por exemplo, os efeitos nocivos do estresse e
o melhor equilíbrio das tensões próprias do viver.
Uma das soluções empregadas para a resolução deste
problema é a implementação dos Programas de Ginástica
Laboral (PGL) nas organizações, que segundo Gonçalves,
Silveira e Rombaldi [2], Bergamaschi, Deustch e Ferreira [3],
Martins e Martins [4], Santos [5] e Casagrande [6], é meio
de intervenção que atua sobre a saúde do trabalhador e seus
efeitos estão mais voltados para a redução dos acidentes de
trabalho, melhora da qualidade de vida de seus funcionários,
redução dos casos de Lesões por Esforços Repetitivos (LER),
atualmente chamada de Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT), prevenção da fadiga muscular
e articular, correção de vícios posturais, diminuição do absenteísmo e incidências de doenças ocupacionais, aumento
da auto-estima e disposição para o trabalho e melhora da
consciência corporal.
Segundo Moro e Avila [7], os trabalhadores mais comumente acometidos deste tipo de doenças, geralmente são
aqueles que usam da coluna como alavanca para levantar
cargas e aqueles que realizam trabalhos sedentários, ou seja,
quase sempre relacionado com a postura sentada.
Para muitos entendidos em AF, a resistência cardiorespiratória é o componente mais importante quando relacionada
à saúde em geral. No entanto, outros componentes se fazem
importantes quando falamos de aptidão músculo-esqueléti-
Fisiologia_v5n1.indb 43
43
ca como é o caso da flexibilidade, força muscular e postura
corporal.
Com isto, esta pesquisa surgiu da necessidade de se criar
e desenvolver um Programa de Exercício Físico na Empresa
(PEFE) que possibilitasse a conscientização do trabalhador sobre a importância de um estilo de vida ativo onde ele pudesse
perceber a importância da prevenção de doenças ocupacionais,
visando bem estar, prevenção e promoção da saúde, melhora
das aptidões músculo-esqueléticas, melhora da qualidade de
vida na realização de suas atividades, melhora nas condições
de trabalho (posto de trabalho), aumento da produtividade
e, consequentemente, promoção humana de cada indivíduo
dentro e fora do seu ambiente de trabalho.
Para tanto, formulamos o seguinte problema: quais os
efeitos de um PEFE voltado para prevenção e promoção
da saúde em trabalhadores de um centro de informática da
Região de Florianópolis?
Objetivos específicos
• Avaliar o posto de trabalho e as condições físicas destes
trabalhadores;
• Verificar a postura corporal mais adotada por estes trabalhadores e classificá-las;
• Fazer uma avaliação qualitativa do PEFE após o seu
desenvolvimento junto aos trabalhadores do centro de
informática.
Material e métodos
Trata-se de uma pesquisa com caráter experimental, ou
seja, é uma pesquisa que determina o objeto de estudo, relacionando-o com as variáveis (força, flexibilidade e postura
corporal), de modo a conceituar as formas de observação e
controle [5]. Contudo, esta pesquisa por não ter sido realizada
em laboratório e por isso não ter controle total das variáveis
pode se dizer que sua melhor caracterização seria tratá-la como
quase-experimental.
Para desenvolvimento deste estudo, tomou-se como referência desenvolver um PEFE sendo realizado no Centro de
Informática e Automação do Estado de Santa Catarina, na
cidade de Florianópolis, durante um período de seis meses
com 25 trabalhadores (idade entre 37 a 59 anos), que tinham
em média 20 anos de profissão e 13 anos de experiência na
atividade onde a posição sentada era a postura mais utilizada
(postura estática).
Para o desenvolvimento do PEFE, adotou-se como critério
elaborar três etapas:
1ª. Etapa (Pré-teste)
• Aplicação de um questionário elaborado para atender às necessidades da investigação, composto por 18 perguntas referentes
à jornada de trabalho, atividades diárias, aspectos sócio-demogáficos e condições físicas em geral dos trabalhadores.
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• Instrumentos e protocolos que foram empregados:
a) índice de massa corporal (IMC) segundo classificação
da World Health Organization [8];
b) flexibilidade - teste de sentar e alcançar (TSA) proposto
por Wells e Dillon [9] e análise da variação de ângulo com
demarcação de dois pontos anatômicos (espinha ilíaca anterosuperior e trocânter maior do fêmur);
Figura 1 - Foto utilizada no TSA com demarcação de pontos anatômicos para estudo do ângulo do quadril no teste de flexibilidade.
Quadro 1 - Pontos anatômicos demarcados.
• Região Dorsal
Vértex da cabeça, processo espinhoso da C7 (D e E), ângulo
acromial da escápula (D e E), ângulo inferior da escápula (D
e E), processo espinhoso da toráccica T12, espinha ilíaca antero-superior (D e E), trocânter maior do fêmur (D e E), prega
poplítea (D e E), cabeça da fíbula (D e E), maléolo lateral (D
e E) e inserção do tendão calcâneo (D e E).
• Região Lateral
Côndilo da mandíbula (E), ângulo superior lateral da escápula (E), espinha ilíaca antero-superior (E), trocânter maior do
fêmur (E), cabeça da fíbula (E), maléolo lateral (E).
(D) Direito (E) Esquerdo
c) força muscular - teste de preensão manual (dinamômetro JAMAR);
Figura 2 - Dinamômetro de preensão manual utilizado para o
teste de força e a demostração do procedimento utilizado para a
coleta de dados.
d) postura corporal - avaliação dos possíveis desvios da
postura corporal através do método Portland State University (PSU) proposto por Althoff, Heyden e Robertson
[10,11] - Anexo 1 - e demarcação de 21 pontos anatômicos
para análise dos ângulos da postura corporal com auxílio da
fotogametria digital.
Figura 3 - Sujeito com seus respectivos pontos anatômicos demarcados para análise da postura corporal por fotografia.
• Para realização dos testes utilizou-se uma sala localizada no
ambulatório médico da própria empresa, onde forrou-se
uma parede com um tecido preto para facilitar a aquisição
das imagens e a captação dos pontos anatômicos, bem
como, prendeu-se um fio de prumo no teto da parede para
obter o nivelamento entre o chão e o avaliado.
• Com relação a vestimenta, os homens estavam de sunga e
as mulheres de maiô para melhor identificação dos pontos
anatômicos;
• O instrumento de medida utilizado para medida da massa
corporal e estatura foi uma balança com Toesa de marca
Arja, com uma resolução de 100 gramas para o peso e de
½ centímetro para a estatura.
• Para aquisição das imagens adotou-se uma câmera fotográfica digital Kodak Science modelo DC-40, com resolução
de 756 pixels de largura por 504 de altura para o estudo
da postura assumida pelos funcionários no atual posto de
trabalho, captação de imagens da avaliação postural (posicionada a 2,67m do avaliado), de flexibilidade no TSA e
análise da posição sentada (posicionada a 2m do avaliado),
onde para o nivelamento da câmera em relação ao chão
utilizou-se um tri-pé marca Vanguard modelo VT 421;
• Para o tratamento dos dados, análise das fotografias (imagens), utilizou-se o programa Corel PHOTO-PAINT
10® que é um programa de edição de imagens baseadas
em bitmap que permite tratar, analisar e criar imagens ou
criar gráficos originais. Para que se pudesse obter a melhor
visualização do ponto anatômico a ser analisado e calculado (ângulo), adotou-se como critério trabalhar com uma
resolução de zoom de 1200%.
2ª Etapa (Intervenção)
• Palestras de conscientização sobre ergonomia: postura,
posição sentada e utilização do ambiente de trabalho;
• Aplicação de 39 aulas (exercícios físicos) durante a jornada
de trabalho (forma compensatória), realizado no auditório
da própria empresa, três vezes por semana durante um
período de 3 meses, onde cada aula tinha duração de 15
minutos e cada exercício físico tinha duração de 30 segundos visando aumento da mobilidade articular;
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
• A base da intervenção estava voltada para a melhora das
seguintes variáveis corporais: a) força muscular – que é a
capacidade de gerar tensão nos músculos esqueléticos num
só esforço podendo ser exercida contra uma resistência, sem,
contudo vencê-la ou ser vencida por ela, Monteiro [12],
Nieman [13] e Santarém [14]; b) flexibilidade – qualidade
física responsável pela execução voluntária de movimentos
de grande amplitude (movimentação articular), ou sob forças
externas dentro dos limites morfológicos, sem o risco de provocar lesão em torno das articulações, Nahas [15], Weineck
[16], Dantas [17], Nieman [13] e Achour-Júnior [18]; e c)
postura corporal – posição assumida pelo sujeito, quer seja
por meio da ação integrada dos músculos operando para
atuarem contra a força da gravidade, ou quando mantida
durante inatividade muscular, pois elas são mantidas ou
adaptadas como resultado de coordenação neuromuscular,
com os músculos envolvidos sendo inervados através de um
complicado mecanismo reflexo. Estímulos aferentes (externos) surgem de várias fontes ao longo do corpo, incluindo
articulações, ligamentos, músculos, pele, olhos e ouvidos;
sendo conduzidos para o Sistema Nervoso Central (SNC)
e neste nível coordenados. A resposta efetora (interna) é do
tipo motor e os músculos antigravitacionais são os principais
órgãos efetores, Oliver e Middleditch [19].
3ª Etapa (Pós-teste)
• Realização das mesmas medidas e mesmos testes efetuados
anteriormente, sendo que após acrescentou uma avaliação
qualitativa dos participantes do PEFE.
45
Já quanto ao grau de aderência (freqüência) dos participantes junto ao PEFE, houve uma participação satisfatória
60,89%, havendo algumas desistências a cada mês onde dos
25 trabalhadores que iniciaram o programa 16 finalizaram
todas as etapas como pode ser visualizado na Tabela I:
Tabela I - Freqüência de participação no PEFE.
Média
DP
1º Mês (%)
75,47
13,83
2º Mês (%)
59,61
15,77
3º Mês (%)
47,59
19,30
Se comparado com outros estudos, isto reflete a realidade
dos PGL, pois em uma pesquisa realizada por Santos et al. [20]
a adesão foi de 78%, Coimbra [21] conseguiu demonstrar
que num período de três anos a média de participação foi de
70,5%, e num estudo desenvolvido por Martins e Waltortt
[22] a participação de 28%.
Portanto, pode-se afirmar que nesta pesquisa, os principais
fatores de não aderência total ao programa foram: a) falta de
tempo por parte dos trabalhadores, em virtude de desenvolverem atividades dentro e fora da empresa; b) dificuldade
no encaixe dos horários para realização dos programas, bem
como, avaliações, isto, devido ao acúmulo de atividades, excesso de carga de trabalho e participação em cursos oferecidos
pela empresa; c) desmotivação e desinteresse; d) doenças
familiares; e) problemas de saúde (licenças médicas).
Com relação aos efeitos físicos do PEFE, conseguiu-se
observar os seguintes resultados:
Tabela II - Resultado do PEFE durante os seis meses.
Resultados e discussão
No que se referiu aos mobiliários destes trabalhadores,
80% possuíam mobiliário com requisitos ergonômicos, ou
seja, mesa com ajuste de altura, cadeira confortável, com apoio
para os braços, apoio para os pés e para o teclado, proteção
de tela e mouse-pad.
Figura 4 - Foto do posto de trabalho utilizado por uma trabalhadora
durante o desenvolvimento de sua atividade.
Variáveis
Pré-teste
Corporais
IMC (kg/m2) 24,96
(± 2,65)
Força (kg/f)
77,25
(± 23,79)
Flexibilidade 24,5
(cm)
(± 7,25)
Postura (%) 81,08
(± 10,70)
Pós-teste
Média
24,5Varis
Corporaistrando que
os EFsvo
e que teve
grande 7
(± 2,84)
81,75
(± 26,24)
25,53
(± 7,99)
84,83
(± 9,23)
24,77
(± 2,75)
Melhora
(%)
1,56
79,50
5,82
(± 25,02)
25,01
4,2
(± 7,62)
82,95
4,62
(± 9,96)
Índice de massa corporal (IMC)
Com relação a atividades físicas, segundo afirmações recebidas através da aplicação do questionário, eles responderam
que praticavam de duas a três vezes por semana com uma
duração mínima de 30 minutos.
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No pré-teste o IMC apresentou o valor de 24,96 Kg/m2
(± 2,65) e no pós teste 24,57 Kg/m2 (± 2,84), onde a média
entre os dois momentos, permaneceu entre 24,77 Kg/m2 (±
2,75) o que foi classificado como padrão normal, segundo
classificação da WHO [8].
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a concepção do treinamento físico (performance) e a melhora
de força muscular em idosos (capacidade neuromuscular).
Se comparado com outros estudos, estes valores não
diferem muito do trabalho de Mendes et al. [23] frente a
386 trabalhadores de uma empresa estatal, onde a média do
IMC para homens foi de 26,83 Kg/m2 (± 3,89), acima do
valor normal e para mulheres 24,61 Kg/m2 (± 4,17) dentro
da normalidade.
Dezan et al. [24], que em uma pesquisa realizada com 254
homens portadores e não portadores de lombalgia, identificou
uma média de IMC acima dos padrões de normalidade para
as diferentes faixas etárias: a) 27 a 40 anos assintomados 27,1
Kg/m2 (± 4,3) e sintomados 26,9 Kg/m2 (± 3,8) e b) 41 a 61
anos assintomados 26,6 Kg/m2 (± 4,6) e sintomados 26,7
Kg/m2 (± 3,5).
Moraes e Moro [25] frente a um trabalho realizado com
33 motoristas de ônibus, constatou que o valor médio do
IMC foi de 25,4 Kg/m2 (± 3,5), e Souza et al. [26] que em
um levantamento realizado com 30 participantes de um
programa de atividades físicas para industriários comprovou
que, antes do programa o IMC era de 32,5 Kg/m2 e após
baixou para 21,8 Kg/m2.
Mesmo sabendo que esta variável não foi trabalhada, ou
seja, o condicionante aeróbico não foi contemplado devido
ao tempo reduzido, notou-se que o PEFE não surtiu nenhum
efeito sobre esta variável, mas conseguiu-se perceber que
mesmo o exercício físico sendo orientado, o fator idade deve
ser levado em consideração, assim como, o hábito alimentar
ser controlado e modificado e a duração (15 minutos) ser
aumentada, pois os valores numéricos evidenciaram muito
bem esta cultura adotada pela maioria dos trabalhadores que
tinham como costume: a) permanecer boa parte de seu expediente na posição sentada por uma longa jornada de trabalho,
b) situações repetitivas e monótonas, o que favorece para o
relaxamento da musculatura abdominal e dorsal da coluna,
o aparecimento de dores ou até mesmo desconfortos nestas
regiões e c) pelo fato de não possuírem um hábito regular
de atividades físicas para poderem compensar o desgaste ou
enfraquecimento destas musculaturas, demonstrando que, o
auto-relato, nesta pesquisa, pode ser considerado como um
falso indicador da prática de atividade física.
Para a flexibilidade o valor do pré-teste foi de 24,5 cm (±
7,25) e para o pós-teste foi de 25,53 cm (± 7,99) onde a média nos dois momentos permaneceu abaixo do normal 25,01
cm (± 7,62) segundo a classificação da CSEP [27], indo ao
encontro do estudo realizado Mendes et al. [23] onde neste
teste os homens obtiveram uma média de 20,4 cm (± 9) e as
mulheres 24,4 cm (± 11).
Dezan et al. [24] através de uma pesquisa com 254 homens portadores e não portadores de lombalgia, identificou
que a média manteve-se abaixo dos padrões de normalidade
para as diferentes faixas etárias: a) 27 a 40 anos assintomados
23,2 cm (± 9,5) e sintomados 17,6 cm (± 8,6) e b) 41 a
61 anos assintomados 19,2 cm (± 10,9) e sintomados 21,9
(± 10,8).
Ribeiro-Júnior [28] em um trabalho com 263 homens
praticantes e não praticantes de atividade física, conseguiu
detectar que: os não-praticantes na faixa etária de 25 a 39 anos
atingiram uma média de 20,92 cm (± 8,98), e os de 40 a 35
uma média de 19,23 cm (± 11,05). Já para os praticantes na
faixa etária de 25 a 39 anos a média foi de 25,73 cm (± 9,5)
e nos de 40 a 55 anos a média foi de 20,8 cm (± 8,87).
Já Moraes e Moro [25] identificaram que o valor médio
da flexibilidade em motoristas de ônibus foi de 20,73 cm (±
6,8) onde a maioria da amostra estava abaixo do considerado
normal, o que para esta autora, pode vir a ser em decorrência
aos hábitos de vida diários, da falta de atividade física, da
amplitude reduzida, dos vícios posturais, do sobrepeso e da
flacidez abdominal, o que pode estar relacionado com as
longas horas de permanência na posição sentada no ambiente
de trabalho, bem como, o sedentarismo.
Isto mostra que a falta de uma atividade física ou exercício
físico e a permanência na posição sentada por longas horas
dificulta a mobilidade articular e muscular das regiões que
são exigidas neste teste.
Força muscular
Postura corporal pelo método PSU
A força muscular no pré-teste apresentou um valor de
77,25 kg/f (± 23,79) e no pós-teste um valor de 81,75 kg/f
(± 26,24), obtendo nos dois momentos uma média 79,50
kg/f (± 25,02), demonstrando que os trabalhadores estavam
abaixo do padrão normal conforme classificação da Canadian
Society for Exercise Phsysiology – CSEP [27].
Mediante este fato, nesta variável, ficou difícil criar uma
discussão acerca deste assunto em virtude de não existirem
trabalhos com esta temática, ou seja, que enfatizava a força
muscular como um componente de melhora da saúde do
trabalhador visando a aptidão física (saúde), tendo em vista
que, as pesquisas desenvolvidas até o momento abordam mais
Para a postura corporal, o valor do índice de correção
postural (ICP) no pré-teste indicou um valor de 81,08% (±
10,70) e no pós-teste 84,83% (± 9,23) onde a média permaneceu em 82,95% (± 9,96), ou seja, apresentaram de um
modo geral uma boa postura.
Com isso, pode-se afirmar que esta pesquisa não difere
dos estudos de Holderbaum, Candotti e Pressi [29] cujo estudo realizado com 19 funcionários de limpeza o percentual
encontrado apontou que 100% destes apresentavam, pelo
menos, um tipo de desvio postural e de Queiroga e Michels
[30] que dos 150 motoristas de ônibus 61% relataram dor
músculo-esquelética em alguma região, ou seja, 8% região
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Flexibilidade
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da cabeça, 1% região peitoral, 69% coluna vertebral, 6%
membros superiores e 16% membros inferiores.
Já Moraes e Moro [25] conseguiram comprovar que, a
coluna vertebral foi a região que apresentou o maior percentual 81,7%, seguido da região do quadril 62,8% e região dos
membros superiores 47,2%.
Contudo, percebeu-se neste estudo que os trabalhadores
apresentaram de um modo geral, uma boa postura nos dois
momentos, onde a RCP foi a região que evidenciou maior
incidência de desvio. Isto pode ser explicado, pelo fato destes
permanecerem um bom tempo nesta posição (posição estática), do tempo de trabalho nesta empresa (20 anos), do tempo
de atividade na função (13 anos), do número elevado de horas
trabalhadas na frente do computador, aproximadamente (5
horas/dia) e, provavelmente, do monitor ser de baixa polegada
para o desenvolvimento de suas atividades (14 polegadas),
o que cria uma maior solicitação da acuidade visual, maior
solicitação da musculatura desta região, da articulação dos
ombros e, principalmente, da musculatura dorsal.
Portanto, mesmo notando a boa postura dos trabalhadores conforme o método, um fator que deve ser levado em
consideração, é o percentual individual que cada um recebeu
por região, pois se for analisado minuciosamente, um bom
número está abaixo do escore diagnóstico máximo atribuído
para cada região.
Variação de ângulo no TSA
47
Ângulos da postura corporal por fotogametria digital
(posição dorsal)
Como pode ser observado, nesta posição, cada região
sofreu alguma alteração em relação ao trabalho que foi desenvolvido. Já outras regiões permaneceram na mesma situação
ou até mesmo aumentaram seus ângulos.
Tabela IV - Ângulos por região na posição dorsal em graus (º).
Pré-teste
Cabe- Omça
bro
Média 3,69
1,63
DP
1,62
1,78
Quadril
1,87
1,25
Pós-teste
Cabe- Omça
bro
3,13
2,5
2,58
1,26
Quadril
1,63
1,71
(º) – Ângulo em graus; * Menor ângulo; ** Maior ângulo
Na região da cabeça, percebeu-se que a média no pré-teste
estava estipulada em 3,69º (± 1,62) e no pós-teste diminuiu
para 3,13º (± 2,58). Na região do ombro a média no pré-teste
apresentou uma diferença de valores, ou seja, de 1,63º (±
1,78) passou para 2,5º (± 1,26) no pós-teste. Já na região do
quadril, a média ficou estimada em 1,87º (± 1,25) no pré-teste
e diminuiu para 1,63º (± 1,71) no pós-teste.
Ângulos da postura corporal por fotogametria digital
(posição lateral)
Com relação a variação de ângulo para no TSA os valores
apresentados foram os seguintes:
O que se percebeu nesta posição foi um aumento de
valores em (º) em cada região como pode ser visualizado
abaixo:
Tabela III - Variação do ângulo do quadril no TSA (cm).
Tabela V - Ângulos por região na posição lateral (º).
Média
DP
Pré-teste
AS (º) MR (º) Dif (º)
46,06 42,19 3,88
15,46 15,37 2,22
Pós-teste
AS (º) MR(º)
37,13 18,69
10,51 11,91
Dif (º)
17,13
7,93
AS – Altura Sentada; MR – Melhor Resultado; Dif – Diferença; (º) – Ân-
Média
DP
Pré-teste
Cabeça Quadril
30,50
4,81
7,26
3,35
Pós-teste
Cabeça Quadril
32,88
7,75
9,45
6,06
(º) – Ângulo em graus * Menor ângulo ** Maior ângulo
gulo: * Menor ângulo; ** Maior ângulo
Como se pode observar, no TSA com demarcação de
pontos anatômicos, a média da altura sentada no pré-teste
foi de 46,06º (± 15,46), onde o melhor resultado obteve uma
média de 42,19º (± 15,37) com diferença de variação média
entre 3,88º (± 2,22).
Já no pós-teste, a média da altura sentada foi estimada
em 37,13º (± 10,51), onde a média do melhor resultado
foi 18,69º (± 11,91) com diferença de variação média entre
17,13º (± 7,93). Ou seja, houve uma excelente redução nos
valores e, conseqüentemente, melhora de flexibilidade neste
teste.
Isto pode ser explicado pela ênfase de exercício físico que
foi aplicado nesta região e, consciência corporal adotada pelos
participantes do programa durante o período de desenvolvimento do PEFE.
Fisiologia_v5n1.indb 47
Na região da cabeça a média ficou estimada em 30,50º
(± 7,26) no pré- teste e 32,88º (± 9,45) no pós-teste. Já na
região do quadril, não foi diferente, pois a média ficou estipulada em 4,81º (± 3,35) no pré-teste e passou para 7,75º
(± 6,06) no pós-teste o que pode ser considerado como uma
situação crítica.
O que ficou evidente neste método de avaliação por foto é
que cada ponto anatômico deve estar muito bem demarcado,
que cada região deva ser observada e calculada de maneira
única e exclusiva para a obtenção de bons resultados no
momento da análise, que o avaliado tenha real situação (esclarecimento) do trabalho que está sendo desenvolvido com
ele e, principalmente, que o avaliador tenha total domínio
prático de anatomia humana, profissionalismo, conhecimento
e experiência neste campo de atuação, relacionada ao contexto
do trabalho.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Em virtude de ser um novo método de avaliação da postura
corporal, notou-se que este por sua vez, necessita de mais
desenvolvimento para que se possa ter mais experiência na
sua aplicação onde o ideal seria que esta avaliação fosse feita
sem o uso de marcadores anatômicos.
Contudo, conseguiu-se perceber também que os fatores
que comprometem o diagnóstico clínico da postura corporal
são: a) as diversas metodologias utilizadas para avaliação da
postura corporal, b) a finalidade que é utilizada ex: diagnóstico, padrões estéticos, etc. c) a falta de experiência de quem
avalia e d) a falta de conhecimento sobre o assunto.
Avaliação qualitativa do PEFE
Nesta avaliação, ficou evidente que no início do PEFE eles
tinham insegurança, desconfiança e desmotivação quanto ao
sucesso do programa que estava sendo oferecido. Com isto,
percebeu-se que estes fatores podem estar intimamente interligados com experiências negativas vivenciadas em outros
programas realizados na empresa, bem como, falta de integração com os participantes do programa e pressões internas. Já
por outro lado, um ponto positivo que teve grande evidência
foi a existência de uma melhora satisfatória quanto às respostas de queixas músculo-esqueléticas e diminuição de idas
ao ambulatório para a realização de massagens, tratamentos
médicos (stress, depressão e ansiedade).
Conclusão
Do ponto de vista da ergonomia, viu-se nos diversos
postos de trabalho inerentes a atividade laboral do grupo
avaliado, que o mobiliário utilizado pelos trabalhadores possuíam requisitos ergonômicos preconizado pela literatura.
O ambiente em geral era confortável e o posto de trabalho
possuía componentes reguláveis. Da mesma forma, trabalhavam cumprindo horários condizentes com a atividade
de informática.
Quanto ao grau de aderência houve uma participação
satisfatória, onde todos os trabalhadores puderam participar
conforme sua necessidade e tempo disponível.
No que se referiu às condições físicas, um bom número
de trabalhadores melhoraram suas aptidões físicas demonstrando que os exercícios físicos surtiram efeito. Neste estudo
a força muscular obteve um aumento que apresentou maior
percentual de melhora 5,82% perante as outras variáveis,
seguida da postura corporal 4,62%, flexibilidade 4,2% e
IMC 1,56%.
Também observou-se que em apenas seis meses de desenvolvimento do PEFE, tanto as variáveis corporais como a
percepção dos trabalhadores foram melhoradas, demonstrando que, qualquer programa desenvolvido com trabalhadores
com estes objetivos, os indicadores de melhoras físicas e/ou
psicológicas sempre vão estar presentes.
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Agradecimentos
Aos pesquisadores do Laboratório de Biomecânica (BIOMEC/CDS/UFSC) pelo apoio no desenvolvimento desta
pesquisa.
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Anexo 1 - Método Portland State University (1988).
Posição Dorsal
Fisiologia_v5n1.indb 49
Posição Lateral
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50
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Revisão
Efeitos agudos da flexibilidade sobre a força muscular
Acute effects of flexibility on muscle strength
José Eduardo Lattari Rayol Prati*, Sergio Eduardo de Carvalho Machado**
*Mestrando em ciência da Motricidade Humana - Laboratório de Biociências da Motricidade Humana - LABIMH – UCB/RJ,
**Mestrando em Saúde Mental - Laboratório de Mapeamento Cerebral e Integração Sensório-Motora – IPUB/UFRJ
Resumo
Abstract
O objetivo do presente estudo foi investigar na literatura a
influência dos diferentes tipos de alongamento sobre a força muscular. Para a presente investigação foram selecionados 47 artigos
específicos sobre o referido assunto. Os resultados demonstram
que os protocolos de alongamento estático e passivo e facilitação
neuromuscular proprioceptiva (FNP) apresentaram interferência
negativa sobre a força em sua grande maioria, já os protocolos de
alongamento dinâmico mostraram respostas positivas sobre a força.
De acordo com a literatura revisada, sugere-se que o alongamento
sendo realizado precedendo uma atividade de força muscular acarreta
em queda da força, isso pode variar de acordo com a intensidade e
volume imposto e também o protocolo utilizado.
The aim of this study was to investigate in literature the influence of different types on muscle strength. 47 articles related to
this theme were selected. The results demonstrated that passive
and static protocols and proprioceptive neuromuscular facilitation
(PNF) showed negative interference on strength, on the other hand,
the dynamic stretch protocol showed positive response on strength.
According to the literature reviewed, it was suggested that stretching when performed before muscle strength activity may cause a
decrease on strength. It can vary according to intensity and volume
and also protocol used.
Key-words: acute effects, stretching, strength, performance.
Palavras-chave: efeitos agudos, flexibilidade, força, desempenho.
Introdução
A prática universal de exercícios de flexibilidade tem sido
aceita com o objetivo de preparar o atleta ou o praticante de atividade física para um melhor desempenho, durante a realização
da atividade, e também para minimizar o risco de lesões [1].
Entretanto, existem evidências de que o alongamento
agudo pode ser prejudicial para o desempenho da força.
Avela et al. [2] e Fowles et al. [3] encontraram uma redução
de 23,3% e 28%, respectivamente, no torque da força isomé-
trica máxima de flexão plantar sobre articulação do tornozelo
após os flexores plantares serem submetidos a exercícios de
alongamento passivo.
Algumas variáveis como o volume e a intensidade do
treinamento, podem influenciar na geração direta de força
muscular após alongamento passivo. Alongamentos mantidos
em um mesmo ângulo por 45 segundos resultam em redução
na tensão passiva (rigidez muscular) [4,5], e a intensidade
imposta repetidamente pelo alongamento aumenta o comprimento muscular [6,7].
Recebido em 17 de novembro de 2005; aceito em 20 de julho de 2006.
Endereço para correspondência: José Eduardo Lattari Rayol Prati, Rua Clementina, 45, 23040-020 Rio de Janeiro, RJ, Tel: (21) 99968366, E-mail: [email protected]
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No estudo realizado por Shrier et al. [8], foi investigado
se o alongamento proporciona melhorias no desempenho.
Foram analisados 23 artigos, dos quais 22 deles indicaram
que não houve nenhum benefício para a força isométrica,
torque isocinético, e no salto em altura.
No entanto, estudos recentes [9-18] vem sugerindo que o
alongamento pré-exercício pode temporariamente comprometer a habilidade de um músculo em produzir força.
Duas hipóteses têm sido discutidas para tentar explicar o
déficit de força induzido pelo alongamento [2,3,19-21,11,1618]: 1) fatores mecânicos, como mudanças na rigidez muscular; e 2) fatores neuromusculares, como alterações nas
estratégias de controle motor.
Frente a estas possíveis evidências, o objetivo desse estudo
foi revisar e analisar dados da literatura e apresentar evidências
da influência dos diferentes tipos de alongamento sobre a
força muscular.
Métodos
Foi realizada uma busca por artigos relacionados ao tema
nas bases de dados Pubmed/Medline. Foram selecionados
somente artigos em inglês, num total de 47, utilizando como
key-words: acute effects, static stretching, dynamic stretching,
ballistic stretching, propioceptive neuromuscular facilitation
and strength. Não foram estabelecidos períodos específicos de
publicação nem restrições aos delineamentos metodológicos
dos estudos.
Alongamento estático
O alongamento estático envolve a manutenção de uma
posição por um determinado tempo que pode ou não ser
repetida diversas vezes [22]. A relação entre o alongamento
estático e as diferentes manifestações da força tem apresentado
resultados adversos na maioria dos casos, provocando perda
imediata da força muscular.
Eurico et al. [23], em seu estudo sobre efeitos prévios
do alongamento estático na força máxima no teste de 1 RM
nos exercícios de supino e agachamento observou que após
3 séries x 15 segundos houve uma diminuição significativa
na produção de força máxima.
Já o estudo de Wallmann et al. [24] demonstrou que a
atividade elétrica no gastrocnêmio era aumentada, após o
alongamento estático, após 3 séries de 30 segundo, porém
apresentou uma queda na altura do salto vertical.
Além disso, diversos estudos têm examinado os efeitos do
alongamento estático na força isométrica máxima [2,3,20,25],
concêntrica e no pico de torque isocinético [26], mostrando
que o alongamento pré-exercício reduz tanto a força isométrica [2,3,20,27] quanto a dinâmica [21,18,27,28].
Church et al. [29] mostraram que rotinas de alongamento
estático interferiram negativamente sobre o desempenho no
salto vertical. Semelhantes são os achados de Young e Elliot
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[18] que após 3 séries x 15 segundos e 20 segundos de intervalo observaram um fraco desempenho no salto em profundidade após rotinas de alongamento estático, o mesmo não
ocorrendo na contração voluntária máxima. Entretanto, essa
queda de produção do pico torque da força pode diferenciar-se
de acordo com a fase do movimento realizado. Corroborando
com os achados anteriores, Cramer et.al. [30] examinaram
os efeitos agudos do alongamento estático no pico de torque
(pico) e ângulo do pico durante ações voluntárias máximas
isocinética excêntricas do músculo extensores do pé em 60 e
180º s com alongamento (nos membros dominantes) e sem
alongamento (não dominantes) em 13 mulheres. O protocolo utilizado foi de 1 alongamento não assistido e 3 não
assistidos. Tais resultados mostraram que não houve diferença
significativa em pré e pós-alongamento na força isocinética
excêntrica máxima nos membros com e sem alongamento,
sugerindo que os resultados podem ser alterados pelo tipo
de ação muscular.
Segundo Unick [31], foi verificado que após um protocolo
de 4 diferentes alongamentos em 3 séries x 15 repetições e 20
segundos de intervalo, a potência muscular não foi prejudicada após 15 e 30 minutos, apresentando um alto coeficiente
de correlação intra-classe de (>0,9) e (>0,9) respectivamente
para testes de salto.
Até mesmo no esporte, em especial no tênis, Knudson et
al. [32] verificaram que após a realização de um protocolo
de 7 exercícios x 15 segundos tanto para membros superiores
quanto para membros inferiores, esse tipo de alongamento
não prejudicou o desempenho no saque. Já Power et al. [33]
mostraram que o alongamento estático diminuiu a contração
voluntária máxima do quadríceps, porém a eletromiografia e
o salto vertical não tiveram mudanças significativas. Como a
perda significativa ocorreu na contração voluntária máxima
imagina-se que a causa seja de caráter misto entre fatores
mecânicos e neurológicos.
Alongamento passivo
Este consiste num alongamento realizado estaticamente,
porém o trabalho de alongamento passivo envolve o uso da
força externa aplicada por outra pessoa ou algum tipo de
implemento, para movimentar um segmento corporal até
o final da amplitude de movimento [34]. Assim como o
alongamento estático, este também vem apresentando queda
imediata na força.
Em estudo realizado Lattar et al. [35], verificou-se que a
execução prévia de exercícios de alongamento passivo através de um protocolo de 3 séries X 10 segundos, houve uma
diminuição da força máxima acarretando numa queda de
rendimento no número de repetições máximas realizadas.
Tal técnica de alongamento mostrou-se também ineficaz
quando realizada previamente ao treinamento de sprint, resultando em queda de desempenho [36]. Além disso, outros
estudos vêm indicando que a diminuição na ativação mus-
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cular pode parcialmente registrar a queda na força como um
resultado da aplicação do alongamento passivo nos músculos
quadríceps femoral [20] e tríceps sural [2,3].
O estudo realizado por Galdino et al. [9] mostrou que
após a realização de uma rotina de exercícios de flexionamento passivo com um protocolo de 3 séries x 10 segundos
e 5 segundos de intervalo resultou em uma diminuição de
7,07% no valor médio entre o primeiro e segundo salto, sendo
esta diferença diminuída para 4,42% entre o 1º e o 3º salto,
passando para 5,89% no 4º salto e para 4,71% no 5º salto,
todos apresentando diferença significativa.
Porém Knudson et al. [11] mostraram em seu estudo
que, após um protocolo de 3 séries x 15 segundos, não houve
nenhuma mudança significativa na velocidade vertical do
salto ou nas durações das fases excêntricas e concêntricas
em conseqüência do alongamento. Apesar de que 55% dos
sujeitos obtiveram velocidades verticais mais baixas (27.5%)
após alongamento, 45% dos sujeitos não tiveram nenhuma
mudança (10%) em velocidades verticais mais altas (35%)
após o alongamento, sugerindo que realizar alongamentos
antes de atividades como o salto vertical resulta em diminuições pequenas no desempenho em alguns sujeitos. Para o
autor, essas mudanças sugerem que a inibição neuromuscular
pode ser o melhor mecanismo da perda do que mudanças na
rigidez do músculo.
Yamaguchi e Ishi [37] demonstraram em seu estudo que
após 4 séries x 30 segundos e 20 segundos de intervalo, o trabalho de alongamento passivo resultou numa queda no pico
da potência, pico da velocidade, queda na velocidade do pico
de potência, aumento no tempo do pico torque realizado sob
diferentes condições de carga, sendo a 5%, 30% e 60% da
contração isométrica voluntária máxima (CIVM). Todos esses
achados foram verificados com contrações dinâmicas de resistência externa constante em exercícios de extensões de perna.
O autor sugere que o alongamento relativamente extensivo (4
x 30 segundos) resulta na perda da potência muscular.
Alongamento balístico (dinâmico)
O alongamento balístico está, geralmente, associado com
movimentos de balançar, saltar, ricochetear e movimentos
rítmicos [22]. Também denominado como dinâmico é expresso pela máxima amplitude de movimentos obtidos pelos
músculos motores do mesmo, volitivamente, de forma rápida
[38]. Tal método, ao contrário dos anteriores vem apresentando aumento de performance na força.
Parece que dentre as diferentes técnicas de alongamento,
o alongamento dinâmico seja o único que não apresente
resultados adversos sobre a força muscular. Yamaguchi e Ishi
mostraram que 1 série x 30 segundos poderia até mesmo promover melhorias sobre a força [39]. Nesse estudo a potência
na extensão de joelho melhorou significativamente.
Unick et al. [31] corroborando com estudo acima mostrou
que após um protocolo de 4 diferentes alongamentos em 3
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séries x 15 repetições e 20 segundos de intervalo, a potência
não era afetada 15 e 30 minutos após rotina de alongamento
balístico em mulheres treinadas.
Já o estudo de Fletcher [36] mostrou que o desempenho
do sprint da corrida foi melhor sob condições de aplicação do
alongamento dinâmico. O autor sugere que para a maioria dos
esportes que necessitam e otimizam desempenho no sprint
sobre uma distância relativamente curta, um alongamento
dinâmico (particularmente exercícios dinâmicos ativos, imitando aspectos específicos do ciclo do sprint) é aconselhável
ao invés de alongamentos estáticos.
O alongamento dinâmico pode ser uma técnica eficaz para
melhorar o desempenho dos esportes durante o aquecimento
antes das atividades de potência [37]. Em atividades desportivas, como o basquete, somente a rotina de alongamentos
balísticos demonstrou resultados positivos no salto vertical
[40], o mesmo não ocorrendo com diferentes rotinas de
aquecimento. Até mesmo quando realizado com crianças,
os exercício de caráter dinâmico obteve resultados melhores
no salto vertical comparado com protocolos de alongamento
estático [41].
Facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP)
A facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) pode
ser definida como um método de promover ou acelerar o
mecanismo neuromuscular através da estimulação dos proprioceptores [22]. Este método utiliza a influencia recíproca
entre o fuso muscular e o Órgão Tendinoso de Golgi de um
músculo entre si e com os do músculo antagonistas, para obter
maiores amplitudes de movimento [38].
Não muito diferente das técnicas de alongamentos
estáticos e passivos, a técnica de facilitação neuromuscular
proprioceptiva (FNP) tende a apresentar resultados negativos
sobre as diferentes manifestações da força muscular.
Church et al. [29] verificaram que quando realizado um
protocolo de 3 séries x 10 segundos de isometria e estiramento passivo até o ponto de tensão (contraí relaxa agonista
contraí), ocorreu uma queda no desempenho no salto vertical.
Entretanto, os autores consideram que determinadas rotinas
de aquecimento como a FNP deve ser evitada em movimentos
que requerem grande geração de potência, tais como sprint e
saltos, minimizando a quantidade de alongamento executada
antes da atividade.
Marek [42] mostrou que esta após a realização de um
protocolo de 4 x 5 segundos de isometria máxima 30 segundos
de manutenção e 20 segundos de intervalo, a técnica reduzia
significativamente o pico de torque, a potência e a eletromiografia (EMG) em exercício isocinético de extensão de joelho
a 60º e 300º s¹. O autor considera que a proporção do efeito
correspondente as mudanças induzidas pelo alongamento
foram pequenas, sugerindo a necessidade de considerar-se
uma relação de risco-benefício ao incorporar as técnicas de
FNP ao exercício.
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Entretanto, em um trabalho realizado por Young e Elliot
[18], verificou-se que após a realização de um protocolo de 3
séries x 5 segundos de contração isométrica, 15 segundos de
alongamento com 20 segundos de intervalo, a FNP não afetou
negativamente o desempenho no salto em profundidade e
na contração voluntária máxima. Corroborando com estudo
acima, Simão et al. [43] em sua pesquisa observou também
que a FNP precedendo o exercício de supino não acarretou
em perdas significativas sobre a força muscular. Porém, o intervalo de descanso de 1 minuto para executar o teste de 1RM
no supino possa ter sido um fator importante para não haver
mudanças significativas sobre a força. Além disso, segundo
o autor a ausência de modificações significativas nas cargas
máximas poderia, igualmente, estar associada ao incremento
das cargas, talvez demasiadamente elevado (5Kg), diminuindo
o poder discricionário das medidas. Talvez as combinações
neuromusculares e armazenamento de energia elástica possam
explicar até mesmo possíveis ganhos de força [44].
aumentada da propriedade músculo-tendinosa que conduz
a uma taxa reduzida da transmissão da força do músculo ao
sistema esquelético [50,21,25,26]. Os decréscimos da força
são mais afetados pela inibição do músculo do que pelas
mudanças na elasticidade do músculo [20]. Porém, em um
estudo realizado por Wallmann et al. [24], foi demonstrado
que após a realização de alongamentos estáticos a atividade
eletromiografica de superfície era aumentada no músculo gastrocnêmio, mesmo havendo queda na altura do salto vertical.
O autor atribui que talvez este aumento na atividade elétrica
no músculo compensou uma diminuição na rigidez do músculo. Nossa ciência ainda carece de maiores informações sobre
os reais motivos da perda de força aguda sendo provocadas pela
utilização de exercícios de alongamento. Segundo Schilling e
Stone [51] as informações apresentadas sob os efeitos agudos
do alongamento no desempenho muscular deixam ainda
muitas perguntas não respondidas, especialmente do ponto
de vista da força e potência no esporte.
Possíveis causas da perda da força muscular
Conclusão
Dentre os motivos apresentados em vários estudos, as principais causas são atribuídas a fatores neurais e mecânicos.
Sugere-se que os exercícios de alongamento precedendo os
de força podem resultar em respostas negativas sobre a força
dependendo do protocolo utilizado, de seu volume e sua
intensidade. Sobre a aplicação de alongamentos precedendo
o treinamento de força, cabe aos profissionais considerar a relação custo-benefício do exercício. Já a realização de exercícios
de alongamento que impliquem fortes estiramentos musculares, após o treinamento de força, devem ser evitados, pois
haverá um grande risco de lesões nas fibras musculares [52].
a) Fatores mecânicos que interferem na força
Evidências atuais indicam que, as diminuições da força se
dão pelas mudanças relacionadas às propriedades mecânicas
do músculo, tais como uma relação alterada do comprimento-tensão [19].
Algumas variáveis como o volume e a intensidade do
treinamento, podem influenciar na geração direta de força
muscular após alongamento. Alongamentos mantidos em
um mesmo ângulo por 45 segundos resultam em redução
na tensão passiva (rigidez muscular) [4-6], e a intensidade
imposta repetidamente pelo alongamento aumenta o comprimento muscular [6,7].
A rigidez muscular reduzida pode afetar o comprimento
das fibras musculares solicitadas e moldadas, devido a estas
necessitarem de um grande tempo para encurtarem-se nos
elementos em série [45], e aumentar o comprimento muscular
pode alterar o fino equilíbrio das propriedades musculares e
a cinemática articular que combina com a produção de força
em um dado ângulo articular [46]. Segundo Yamaguchi e Ishi
[37] um alongamento induzido contribui para uma mudança
mecânica prejudicando na potência muscular.
b) Fatores neurais que interferem na força
O fator neural possui grande contribuição nos ganhos
de flexibilidade. Isso porque em condição aguda diminui
a excitabilidade espinal reduzindo a tensão passiva sobre o
músculo e em condições temporárias (crônicas) diminuindo
a atividade reflexa tônica [47].
Assim, alguns estudos atribuem que a perda da força
ocorre devido a uma inibição neural [20,48,49], complacência
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Revisão
As relações dos hormônios testosterona
e cortisol com o exercício físico
The relationship of testosterone and cortisol hormones
with the physical exercise
Marcelo Rangel de Araújo
Graduado bacharel em ciência do esporte - Universidade Estadual de Londrina (U.E.L.), Especialista em treinamento esportivo
- Universidade Gama Filho (U.G.F.)
Resumo
Abstract
A intenção deste trabalho é rever as relações do exercício físico,
aeróbio e de força, perante as concentrações hormonais de testosterona e cortisol, aguda e cronicamente e, além disso, verificar
outros fatores não menos importantes como o ritmo circadiano a
alimentação e a idade em função das concentrações hormonais e os
exercícios físicos, não deixando para trás é claro suas funções fisiológicas. Apesar das diversas controversas encontradas no presente
estudo, as atividades periodizadas e de alta intensidade parecem
estimular maiores liberações de testosterona e pouca liberação de
cortisol, conseqüentemente potencializando os níveis de força e hipertrofia muscular. Todavia novos estudos devem ser realizados com
delineamentos mais adequados respeitando as diversas interações
que envolvem o treinamento físico.
The aim of this work is to review the relationship of physical
exercise, aerobic and resistance, in the presence of testosterone and
cortisol concentration and, in addition, to verify other factors also
important such as circadian rhythm, feeding and age in function of
hormonal concentration and physical exercises as well as physiological functions. Although findings remain controversial in this study,
high intensity and periodic training seem to stimulate liberation of
high testosterone levels and low cortisol levels, improving strength
and muscle hypertrophy. New studies should be carried out with
adequate methods for preserving different interactions that involve
the physical training.
Key-words: testosterone, cortisol, physical exercises.
Palavras-chave: testosterona, cortisol, exercícios físicos.
Introdução
Biossíntese e regulação da testosterona
A testosterona é o principal hormônio sexual masculino.
Quando suas concentrações circulantes estão baixas no organismo, o hipotálamo promove a liberação do fator liberador da
gonadotropina (GnRF). O GnRF estimula a liberação do hormônio luteinizante (LH), que por sua vez, estimula as células
de Leydig nos testículos a produzir e liberar testosterona [1].
Uma pequena quantidade de testosterona é secretada também
pelas glândulas supra-renais. A concentração plasmática de
testosterona varia de 300 a 1.000ng/dl e a taxa de produção
diária de 2,5 a 11mg [2]. Nas mulheres esse hormônio também é produzido pelas glândulas supra-renais e ovários, porém
em menor quantidades 0,25 a 1mg/dia [3].
Recebido em 12 de julho de 2006; aceito em 18 de novembro de 2006.
Endereço para correspondência: Marcelo Rangel de Araújo, Rua Garibaldi 148, 101, 20511-330, Rio de Janeiro, RJ, E-mail:
[email protected]
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Funções fisiológicas
Suas funções são basicamente duas, denominadas anabólicas
e androgênica. Pela função anabólica ele atua principalmente
sobre as zonas de crescimento dos ossos e músculos, além de
influenciar o desenvolvimento de praticamente todos os órgãos
do corpo humano. Pelo lado androgênico, ele é responsável pelo
desenvolvimento das características sexuais masculinas (órgãos
sexuais, produção de espermatozóide, barba, etc) [3].
Biossíntese e regulação do cortisol
O cortisol é o hormônio mais importante dos chamados
glicocorticóides, ele é secretado a partir de um estímulo
estressante (atividade física ou contusão em alguma parte
do corpo) que transmite impulsos nervosos ao hipotálamo
no qual libera o fator liberador de corticotropina (FLC) que
chega a hipófise anterior onde suas células secretam hormônio
adrenocorticotrópico que flui pelo sangue até o córtex suprarenal onde será produzido o cortisol [4].
Funções fisiológicas
O hormônio cortisol é conhecido pela sua função catabólica, ele exerce um papel importante no equilíbrio eletrolítico e
no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos e possui
um potente efeito antiinflamatório [4].
Relações hormonais perante a idade
A testosterona parece não estar sujeito a sofrer mudanças em
sua concentração basal, até aproximadamente os 10 anos de idade,
em que sua concentração se encontra por volta de 0,3(nmol/L), Já
no começo da puberdade próximo aos 13 anos de idade, a testosterona tem um aumento significativo chegando a valores médios
de 3,16(nmol/L), e na puberdade propriamente dita, entre 13 e
14 anos a concentração de testosterona alcança valores médios
de 12(nmol/L) [5]. Aos 14 anos de idade os garotos apresentam
valores de cortisol e testosterona iguais a homens adultos saudáveis
[6]. Com o envelhecimento, ocorre uma diminuição nas concentrações isoladas de testosterona livre e total. Após ]os 50 anos, a
concentração sérica de testosterona apresenta diminuição de 1%ao
ano [7]. Por outro lado, os níveis de cortisol tende a aumentar
com o envelhecimento de mulheres, mas não necessariamente de
homens, aumentando também o catabolismo muscular [8].
A redução nos níveis de testosterona livre e total está diretamente relacionada ao hipogonadismo, em homens com
idade superior aos 50 anos [9].
Comportamento dos hormônios perante o exercício físico e a alimentação
A alimentação associada ao treinamento de força parece
promover mudanças nas concentrações hormonais. Kra-
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57
emer et al. [10] verificaram que com a suplementação de
carboidrato e proteína duas horas antes e imediatamente
após o exercício favorecem a redução dos níveis de cortisol e
testosterona sanguíneo após aproximadamente 15 minutos
ao final do treinamento. Por outro lado, os níveis de insulina
aumentam consideravelmente após este período. Da mesma
forma, Bloomer et al. [11] verificaram esta mesma relação
da insulina com a testosterona, quando os grupos ingeriram
uma refeição completa (carboidrato, gordura e proteína)
ou somente uma bebida rica em carboidratos, ou somente
uma suplementação constituída de proteína e carboidrato,
imediatamente, 2 e 4 horas após a sessão de treinamento. O
grupo que não ingeriu nenhum tipo de alimento manteve
os níveis de testosterona altos, proporcionando uma ótima
relação testosterona/cortisol.
Apesar do pequeno número de estudos revisados, esses
dois hormônios (insulina e testosterona) parece agirem inversamente, pois quando um hormônio está em pico o outro
está em baixa concentração na corrente sanguínea. Portanto,
nestas condições, a presença da insulina parece ter maior
importância para o anabolismo muscular, pois assim como a
testosterona a insulina também é um hormônio anabólico e,
além disso, a síntese muscular só ocorre perante a presença
de açucares e principalmente de proteínas.
Uma estratégia bastante interessante para controlar os
níveis de cortisol em baixas concentrações durante o estado
de repouso por até 24 horas após exercício de força, parece
ser a suplementação de acido ascórbico (1000mg) antes do
treinamento. Conseqüentemente proporcionando uma diminuição do catabolismo protéico em repouso.
Relações hormonais perante o exercício físico e o
ritmo circadiano
As concentrações sanguíneas de testosterona podem sofrer
grandes alterações durante as horas do dia, como mostra a
maioria dos estudos revisados por [12,10].
As concentrações sanguíneas de testosterona têm seu pico
por volta de 6:00h as 8:00h da manhã e sofre um declínio de
até 35% durante o dia, antes de começar a aumentar novamente pelo meio da noite [13]. Porém, um treinamento de
força intenso, realizado pelo final da tarde parece diminuir
os níveis de (LH) em até 24% durante o período da noite,
conseqüentemente diminuindo a produção de testosterona
livre e total durante esse período [14].
Assim como a testosterona, o cortisol também parece se
alterar durante as horas do dia, apresentando seu pico pelas
primeiras horas da manhã. Logo ao despertar seus níveis
vão declinando progressivamente ao longo do dia, ficando
bastante baixos durante a noite [15].
Um estudo realizado com sessões de treinamento de força,
pelo período da manhã, demonstrou queda significativa na
concentração dos níveis de testosterona após os exercícios, mas
quando os mesmos atletas realizaram o mesmo treinamento
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no período da tarde, as concentrações nos níveis de testosterona aumentaram significativamente [13]. Por outro lado,
as menores concentrações alcançadas de cortisol, após uma
sessão de exercícios de força, foram por volta das 17:00 horas,
comparado com outros dois horários distintos de treinamento
(7:00 e 24:00horas) [15].
Desta forma pressupõe-se que o melhor horário para o
treinamento de força seja pelo final da tarde e inicio da noite, onde os níveis de cortisol aumentam em menor grau e a
testosterona em maior grau, proporcionando um bom estado
para o anabolismo muscular .
Porém, independentemente do ritmo circadiano dos
hormônios testosterona e cortisol, Souissi et al. [16] destaca
em seu estudo que os melhores resultados encontrados para a
potência anaeróbia e picos de força máxima estão diretamente
relacionados ao horário de treino com o horário de avaliação
(testes) da capacidade física treinada. Se o treinamento é feito
no período da manhã os resultados das avaliações (testes)
serão melhores apresentados no período da manhã, quando
comparados com avaliações realizadas pelo período da tarde,
e vice-versa. Por esse motivo os atletas ou preparadores físicos
devem planejar o treinamento de acordo com o horário de
competição.
Repostas hormonais agudas ao exercício aeróbio
As respostas hormonais imediatamente após os exercícios
aeróbicos podem variar de acordo com o grau de treinamento dos
indivíduos, da intensidade, e principalmente da duração do exercício. Jürimäe et al [17] não verificaram mudanças significativas
nos níveis de testosterona e cortisol em remadores profissionais,
após remarem, a 77% do limiar anaeróbio, por aproximadamente
2 horas. Por outro lado, corredores de elite acostumados a correr
70km por semana mostraram significativas reduções nos níveis
de testosterona e testosterona livre após um teste aeróbio progressivo até o limiar anaeróbio, quando comparado a indivíduos
não treinados submetidos ao mesmo teste [18]. Entretanto, os
níveis de cortisol tendem a sofrer maiores aumentos em homens
não treinados quando comparados a corredores. Além disso, a
dissipação do cortisol ocorre mais lentamente nos indivíduos
não treinados, após o exercício [19].
Segundo Jacks et al. os níveis de cortisol, verificado através
da saliva só aumentam significativamente após 59 minutos
de atividade aeróbia em bicicleta ergométrica, apenas com
intensidades altas (76% do pico de VO2).
Em indivíduos não treinados a testosterona pode sofrer aumentos significativos com apenas 15 a 20 minutos de exercício
aeróbio moderado [20]. Assim como os não treinados, homens
previamente treinados acostumados a correr 16km por semana,
tendem a sofrer aumentos significativos nos níveis de testosterona imediatamente após 30 minutos de corrida a 80% do
VO2máx [21]. Da mesma forma Cositt at al. [22] verificaram,
em mulheres previamente treinadas, aumentos significativos de
testosterona, mas não de cortisol, após 40 minutos de corrida
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a 75% da freqüência cardíaca máxima, porém não houve
mudanças significativas de testosterona e cortisol quando as
mesmas foram submetidas a treinamento de força.
Apesar dos diferentes resultados encontrados, certamente
pelos diferentes protocolos utilizados em cada um dos estudos,
os aumentos tanto de testosterona quanto de cortisol parecem
ser mais evidentes em indivíduos não treinados ou previamente
treinados, principalmente quando o esforço for intenso.
Respostas hormonais crônicas ao exercício aeróbio
Chatard et al. [23] analisou as concentrações basais de
cortisol e DHEA antes de cada uma das 68 competições de
uma ”temporada”, durante 37semanas de treinamento de
natação, constatando um aumento nos níveis de cortisol, mas
não de DHEA conforme progredia o volume de treinamento,
porém os níveis de cortisol não declinaram na fase de baixo
volume (polimento). Para manter os níveis basais de cortisol
reduzido durante uma temporada de natação, Filho et al. [24]
utilizaram uma técnica de relaxamento progressivo, duas vezes
na semana em sessões de 20 a 30 minutos. Os resultados foram
bem significativos quando comparado ao grupo controle.
Segundo Mcardle et al. [20] atletas profissionais que correm em média 64km semanais apresentam reduzidos níveis
de testosterona em repouso, quando comparados a homens
não corredores da mesma faixa etária. Por outro lado, comparações feitas com corredores de altíssimo volume semanal
(94km), alto volume semanal (80km) e não corredores todos
com a mesma faixa etária, não demonstraram diferenças
significativas nos níveis de testosterona total e testosterona
livre em repouso. Da mesma forma, Kraemer et al. [25] não
encontraram mudanças significativas na concentração de
testosterona após 12 semanas de treinamento aeróbio, mas a
concentração de cortisol aumentou significativamente após a
quarta semana, declinando após a oitava semana e voltando a
aumentar após a décima segunda semana. Porém, um estímulo
de alta intensidade e alto volume parece reduzir os níveis basais
de testosterona e cortisol. É o que demonstrou o estudo de
Garcia et al. [26] realizado após 3 semanas de competição de
ciclismo onde foi percorrido um total de 3781km.
Embora existam controvérsias entre os estudos, o que
parece evidente é que os níveis basais de testosterona não
tendem a aumentar em repouso com o treinamento aeróbio
em longo prazo. Já os níveis basais de cortisol tendem a oscilar
mais em respostas agudas ao treinamento aeróbio, ora estando
em altas concentrações ora em baixa.
Respostas hormonais agudas ao treinamento de
força
Uma única sessão de exercícios de força tem demonstrado
significativos aumentos na concentração de testosterona e
cortisol após uma sessão de treinamento para homens [27,28,
10,29] e mulheres [27,30].
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Segundo Hanson et al. [31] os aumentos agudos de testosterona proporcionados pelo treinamento de força, apresentam
fortes correlações com o aumento da força isométrica, mas
não da força máxima.
Os níveis de testosterona parecem ser potencializados com
métodos de cargas máximas (90 a 100% de 1RM), envolvendo
grandes grupamentos musculares e longos períodos de descanso (3
min) entre as séries [32-34]. Assim como a testosterona, os níveis
de cortisol são potencializados com cargas sub-máximas (60%
a75% de 1RM) e períodos curtos de descansos (1min) [35,34].
O número de séries, assim como o número de repetições
empregado dentro de uma sessão de treinamento, parece exercer
maior influência sobre as concentrações sanguíneas de cortisol a
de testosterona, pois quanto maior o número de séries e repetições, maiores quantidades de cortisol será produzido pelo organismo sendo que os níveis de testosterona pouco se alteram em
relação ao número de séries e repetições [35]. Da mesma forma
Ostrowski et al. [36] relatam que um grande número de séries
(12 séries: 4séries de supino reto, 4séries de supino declinado
e 4 séries de supino inclinado) para o mesmo grupo muscular,
dentro de uma mesma sessão de treinamento, pode proporcionar
uma troca na relação testosterona/cortisol. Por outro lado, apenas
1 série por grupamento muscular não é tão eficiente quanto 3
séries, para estimular o aumento da relação testosterona/cortisol,
imediatamente após a sessão de treinamento [28].
Um treinamento de volume balanceado com alta intensidade parece ser a melhor estratégia para potencializar os níveis
de testosterona e possivelmente diminuir os níveis de cortisol,
imediatamente após o exercício. Porém, Fry et al. [37] não
descartam a importância do alto volume de treinamento no
inicio da preparação, tanto para atletas iniciantes como para
atletas experientes.
Em contradição, existem estudos na literatura no qual o
treinamento de força não proporcionou mudanças na concentração de testosterona após a sessão de treino tanto em
homens [33,14] como em mulheres [38,34].
Os resultados parecem ser conflitantes, pois os estudos
apresentam diferentes metodologias principalmente envolvendo diferentes intensidades, que na maioria dos estudos não
são máximas, possivelmente não proporcionando mudanças
significativas nos níveis hormonais. Além disso, deve ser levada
em consideração a variação fisiológica relativa à dieta, ritmos
biológicos, estresse, doenças não endócrinas, problemas de coleta de amostras e interferências metodológicas que podem ser
de várias origens e incluem anticorpos heterófilos, anticorpos
endógenos anti-hormonais, entre outros [39].
59
Por outro lado, alguns estudos têm demonstrado um fator
favorável para o anabolismo muscular mesmo sem ocorrer
aumentos nos níveis basais de testosterona, através da queda
nos níveis basais de cortisol sanguíneo em homens jovens [28]
idosos [44,45] e mulheres jovens [38], após a aderência ao
treinamento de força de no mínimo 8 semanas.
Embora Kraemer et al. [25] não tenham encontrado mudanças nos níveis basais de testosterona com um treinamento
de força, ocorreram acréscimos significativos de testosterona
com treinamento aeróbio associado com de força após 12
semanas, mas negativamente o cortisol também teve um
grande acréscimo.
Porém, Kraemer et al. [45] verificaram que 10 semanas de
treinamento de força parece proporcionar aumentos basais significativos de testosterona livre para homens de meia idade, com
pouca experiência em treinamento de força, havendo também
um pequeno decréscimo de cortisol. Da mesma forma, em outro
artigo, os investigadores encontraram aumentos significativos de
testosterona após 12 semanas de treinamento de força, usando um
programa em circuito de baixo volume e um outro periodizado de
alto volume, sendo que os níveis de testosterona continuaram a
aumentar por mais 12 semanas, apenas para o grupo periodizado
(Fig 1), sendo que no grupo circuito os níveis de cortisol não se
alteraram em nenhum momento e no grupo periodizado teve um
decréscimo progressivo de cortisol durante as 24 semanas (Fig.2),
proporcionando uma ótima relação testosterona/cortisol.
Figura 1 - Concentrações basais de testosterona durante 24 semanas
de treinamento de força.
Controle
Pré-Treino.
Circuito
12 semanas.
Periodizado
24 semanas.
Figura 2- Efeitos do treinamento circuito e periodizado, nas
concentrações basais de testosterona em mulheres jovens.*P<0,05
corresponde ao pré-treino. #P<0,05corresponde a 12semanas. @
P<0,05 corresponde à diferença entre os grupos. Adaptado de
(MARX, et.al. 2001).
Respostas hormonais crônicas ao treinamento de
força
Pesquisas vêem demonstrando que os níveis basais de
testosterona e cortisol parecem não se alterar em homens
jovens com pouca experiência com treinamento de força
[27,20,40,31], homens idosos [41] e mulheres idosas [42,43].
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Controle
Pré-Treino.
Circuito
12 semanas.
Periodizado
24 semanas.
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Tsolakis et al. [46] também encontraram aumentos basais
significativos nas concentrações sanguíneos de testosterona em
garotos de 11 a 14 anos de idade após 2 meses de treinamento.
E surpreendentemente os níveis de testosterona alcançados
não diminuíram com mais 2 meses de destreino, quando
comparado ao grupo controle.
Segundo Fry at al. [37] duas semanas de treinamento de alta
intensidade (100% de 1RM) realizado por 6 dias na semana
não alteram os níveis basais de testosterona proporcionando
aumentos apenas imediatamente após o treino, mas esse tipo de
treinamento proporcionou uma intensidade de 11% da força
máxima caracterizando overtraining. Por este motivo, Bompa
[47] limita o treinamento de força máxima em 3 sessões semanais, por no máximo nove semanas consecutivas e com poucas
sessões diárias de treinamento de força máxima, admitindo
desta forma significativos aumentos na produção natural de
testosterona, conseqüentemente aumentando os níveis de força.
É o que demonstra, também, o estudo feito por Fry et al. [37]
com levantadores de peso de elite e amadores. Inicialmente os
atletas realizavam de 3 a 4 sessões por dia de treinamento de
força máxima, vindo a realizar posteriormente 1 a 2 sessões por
dia, aumentando significativamente os níveis de testosterona
em relação ao cortisol, e, além disso, os atletas de elite tiveram
uma grande relação com desempenho na competição após
reduzirem o volume de treinamento.
A periodização do treinamento de força parece ser fundamental na modulação dos níveis hormonais, e conseqüentemente, na potencialização da força muscular.
Conclusão
As mudanças nos níveis de testosterona e cortisol induzidas
pelo exercício físico ainda não estão bem esclarecidas; pois, as
diversas interações (hora do dia, alimentação, tipo de exercício,
estado de treinamento do indivíduo, idade, estado emocional,
sexo etc.) que envolve o treinamento físico, dificultam o entendimento das respostas hormonais perante o exercício físico. De
qualquer modo, a testosterona parece aumentar após sessões
curtas e intensas de treinamento, principalmente de força,
assim como o cortisol parece aumentar com sessões longas e
intensas de treinamento, principalmente aeróbio. Além disso,
programas periodizados de treinamento de força parecem ser a
melhor estratégia para aumentar os níveis basais de testosterona
e diminuir os níveis basais de cortisol, proporcionando, assim,
um estado anabólico favorável em repouso. Em todo os caso
novos estudos devem ser realizados, considerando principalmente populações idosas, que dificilmente sofrem alterações
hormonais perante o exercício físico e o aumento da massa
muscular raramente é significativo.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Estudo de caso
O treinamento de resistência com pesos em circuito
de intensidade moderada melhora a capacidade
cardiorrespiratória e diminui gordura corporal
Resistance training at moderate intensity on the cardio-respiratory
capacity and body composition
Roberto Pacheco da Silva*, Antonio Coppi Navarro*
*Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu da Universidade Gama Filho – Fisiologia do Exercício: Prescrição de Exercício
Resumo
Abstract
Verificou-se a influência do treinamento de resistência de
intensidade moderada na capacidade cardiorrespiratória e gordura
corporal. O estudo contou com 2 participantes do sexo feminino,
que realizaram exercícios em musculação durante o período de 8
semanas. A condição aeróbia dos sujeitos foi aferida pelo teste do
Queen´s College. A composição corporal foi avaliada pelo protocolo
de Penroe, Nelson e Fisher. Para a dosagem das cargas de treinamento utilizou-se do teste de repetições, sendo estes comparados à
tabela de percentual de intensidade. Os testes foram repetidos antes
do treinamento e após 4 e 8 semanas e comparados por estatística
descritiva. Houve diminuição do peso corporal total de 1,1Kg
(1,56%) e 4,40 Kg (4,17%) para os sujeitos A e B, respectivamente;
diminuição do percentual de gordura de 2,1% e 3,17%; diminuição
da massa gorda de 1,75 kg (7,46%) e 5,74 Kg (9,42%) e diminuição
de Índice de Massa Corporal de 0,41 Kg/m2 (1,55%) e 1,72 Kg/m2
(4,18%). Observou-se igualmente melhora na capacidade cardiorrespiratória (sujeitos A e B): aumento em VO2 Máximo Absoluto
de 0,1 l/min (3,48%) e 0,19 l/min (5,49%) e aumento em VO2
Máximo Relativo de 2,64 ml/Kg/min (6,43%) e 3,26 ml/Kg/min
(9,87%). Conclui-se que o treinamento com pesos, com intensidade
moderada, pode diminuir a massa gorda e melhorar a capacidade
aeróbia dos praticantes.
The study observed the influence of resistance training at
moderate intensity on the cardio-respiratory capacity and body
composition. Two subjects performed resistance exercise programs during 8 weeks. The aerobic capacity was measured by the
Queen´s College Test and the body composition by the Penroe,
Nelson and Fisher protocol. The training workload was defined
by tests of maximum repetition. The tests were repeated at baseline and after 4 and 8 weeks. The results showed for subjects A
and B, respectively: reduction in body weight of 1,1Kg (1.56%)
and 4.40Kg (4.17%); reduction of body fat of 2.1% and 3.17%;
reduction of the fat mass of 1.75kg (7.46%) and 5.74Kg (9.42%),
and reduction of Body Mass Index of 0.41Kg/m2 (1.55%) and
1,72Kg/m2 (4.18%). The absolute VO2max improved 0,1l/min
(3.48%) and 0,19l/min (5.49%) and the relative VO2max increased of 2.64ml/Kgmin (6.43%) and 3.26ml/Kgmin (9.87%). In
conclusion, resistance training can induce improvement in the
aerobic capacity and body composition
Key-words: training, resistance training, Vo2, reduction.
Palavras-chave: treinamento, treinamento de resistência, Vo2,
emagrecimento.
Recebido em 10 de abril de 2006; aceito em 20 de setembro de 2006.
Endereço para correspondência: Roberto Pacheco da Silva, Rua 20 de Setembro 1104, 94150-010 Gravataí, RS, E-mail: [email protected]
Fisiologia_v5n1.indb 62
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Introdução
A baixa aptidão cardiorrespiratória é considerada fator
de risco para todas as causas que levam a óbito por doenças
crônico-degenerativas, mas, principalmente por enfermidades
relacionadas ao sistema cardiovascular [1]. Tal qual a obesidade está inclusa nestes fatores de risco para diversas patologias
como, diabetes mellitus, hipertensão arterial e cardiopatias em
geral, e devido a isso, têm-se buscado meios para prevenir o
estabelecimento de tais quadros.
O exercício físico está afirmado e reconhecido como um
dos principais mecanismos para prevenção de tais situações,
que possam vir a afligir a população, não só pela sua capacidade de combater a obesidade, por inserir aumentos no
gasto calórico total enquanto sua prática, e assim reduzir a
massa gorda, mas por gerar diversas adaptações fisiológicas ao
organismo favoráveis a melhora da saúde. Adaptações estas
que incluem melhora na capacidade muscular, por ganhos
de força e resistência, e capacidade cardiorrespiratória dos
praticantes.
Diversos são os tipos de exercícios que podem ser praticados para atingir os mesmos fins, e tão grande quanto,
é o número de maneira que o profissional da área da saúde
possui para prescrevê-lo de modo a orientar de maneira
segura e eficaz. Neste sentido, e neste estudo abordaremos a
musculação, por possuir métodos de treinamento fáceis de
serem assimilados e seguros de serem praticados, além do
baixo custo de maneira geral.
Por isso, o presente estudo tem por objetivo quantificar
a participação do treinamento de resistência com pesos em
musculação nos ganhos de capacidade aeróbica (melhora
no sistema cardiorrespiratório) dos praticantes, e apresentar
mecanismos através destes, para diminuir a massa gorda total,
e assim reduzir os fatores de risco para a saúde e melhorar a
qualidade de vida do praticante desse exercício.
A estrutura e o funcionamento do sistema cardiorrespiratório
O sistema cardiorrespiratório é uma combinação de dois
sistemas fisiológicos distintos e interligados entre si; são eles:
o sistema respiratório e o sistema cardiovascular. De acordo
com Powers e Howley [2], o sistema respiratório forma-se por
um conjunto de estruturas que tem por finalidade o transporte
de ar para dentro dos pulmões.
As trocas gasosas ocorridas no sistema respiratório
(O2\CO2) são apenas possíveis por uma mecânica muscular
complexa chamada de Ventilação. A ventilação está dividida
em duas fases distintas: a fase da inspiração, na qual o ar é
forçado do ambiente externo para dentro dos pulmões, e
a fase da expiração, em que o ar por sua vez é ejetado dos
pulmões para meio.
Nos estudos de Robergs e Roberts [3], o oxigênio sangüíneo é transportado através da ligação com a hemoglobina.
Fisiologia_v5n1.indb 63
63
A hemoglobina é uma proteína encontrada nos eritrócitos
(células vermelhas) e cada molécula tem a capacidade de
transportar até quatro moléculas de oxigênio. O dióxido
de carbono (CO2) é transportado no sangue sob a forma de
bicarbonato (HCO3-), advindo do ácido carbônico dissociado
em HCO3- + H+.
No músculo esquelético a Mioglobina têm a função de
transportadora de O2. Esta é uma molécula semelhante à
hemoglobina, mas possui afinidade maior ao oxigênio e sua
curva de dissociação encontra-se em um patamar mais elevado.
A mioglobina funciona como uma lançadeira intermediária de
oxigênio para o interior da mitocôndria, sendo encontrada em
grandes quantidades em fibras de contração lenta. Os estoques
de O2 conectados a mioglobina servem como uma espécie de
reserva de oxigênio ao músculo no período de transição do
repouso ao exercício, uma vez que leva algum tempo para
o sistema cardiorrespiratório suprir a demanda de oxigênio
necessário para a contração muscular [2].
A aptidão cardiorrespiratória e VO2
A aptidão cardiorrespiratória está relacionada à capacidade
de realizar um exercício dinâmico de intensidade moderada
a alta com grandes grupos musculares por longos períodos
de tempo. A realização desse exercício depende do estado
funcional dos sistemas respiratório, cardiovascular e musculoesquelético [4].
Segundo ACSM [4], o consumo máximo de oxigênio
(VO2máx.) é a medida que mensura a aptidão respiratória, sendo
ela o produto do débito cardíaco pela diferença arteriovenosa
de oxigênio. Portanto o VO2máx. também expressa a capacidade
funcional do coração.
Para Lindstedt e Conley [5], o VO2 depende de dois
fatores: a quantidade usual de mitocôndria e a capilarização
muscular para transporte. Sendo assim, o resultado final do
aumento do VO2 é o aumento proporcional da capacidade
mitocondrial de utilizar O2 e da quantidade de capilares no
músculo.
Um programa de exercícios regulares produz significativas adaptações no músculo esquelético tornando evidente
o aumento de sua capacidade oxidativa. Uma das maiores
implicações na melhora do volume mitocondrial, através da
atividade física, para a população sedentária, é a melhora na
qualidade de vida, por explicitar um aumento em sua independência funcional [6].
Segundo Bosco et al. [7], o exercício físico além dos
benefícios fisiológicos como a melhora da função cardiorrespiratória possui efeitos benéficos a nível psicológico sobre o
indivíduo, tais como: diminuição do estresse, diminuição do
tabagismo, etc. Levando assim, a um ganho em qualidade de
vida total e funcional.
Para Foss apud Bosco et al. [7], afirma que o exercício
físico contribui para melhorar a distribuição de oxigênio na relação célula-capilar, em função da redução do
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
hematócrito (aumento da volemia sangüínea) e elevação
na plasticidade do eritrócito, ocasionando melhoras na
circulação sistêmica.
Um programa de exercícios físicos estruturados e controlados gera ganhos no transporte, captação e utilização de O2
no sistema cardiovascular [7].
A composição corporal
A obesidade pode ser considerada como o acúmulo de
tecido gorduroso pelo corpo todo, causado por doenças
genéticas, endócrino-metabólicas ou por alterações nutricionais [8].
Além disso, já foi documentado a associação de doenças
cardiovasculares e distúrbios metabólicos a níveis elevados de
adiposidade. Entretanto, os estudos têm evidenciado que os
exercícios físicos regulares, com objetivo de emagrecimento,
diminuem a massa corporal total e minimizam a chance do
surgimento de tais doenças [9].
Outro ponto importante para o surgimento de doenças
metabólicas, também associadas aos níveis de gordura, é o envelhecimento. Segundo Ito apud Raso [9], o envelhecimento
é caracterizado por além da perda da massa corporal magra,
o aumento da adiposidade.
Com a idade uma grande quantidade de fibras musculares
é perdida, isto é definido como sarcopenia; e significa uma
atrofia muscular. Muitas vezes está relacionada a disfunções
mitocondriais. A diminuição da capacidade oxidativa do
músculo pela idade aumenta o número de EROS (espécies
reativas ao oxigênio), ou seja, radicais livres [6].
Aproximadamente 1–20% do oxigênio captado pela célula
é transformado em EROS, entretanto, o exercício físico de
resistência (baixas intensidades e grandes volumes) possui a
capacidade de aumentar a quantidade e qualidade mitocondrial, produzindo assim maior resistência à fadiga [6].
Além disto, Meirelles e Gomes [10] ressaltam que as
atividades contra resistência têm sido apontadas pelos
estudos como mecanismo de aumento do gasto energético
total de um indivíduo. Tanto pelo próprio dispêndio para
sua realização quanto em seu período de recuperação (efeito
EPOC).
O treinamento de musculação
Segundo Uchida et al. [11], o músculo esquelético é um
tecido com capacidade incrivelmente adaptativa aos estímulos
(estresse) oferecidos pelo treinamento físico. Treinamento que
concerne em processos contínuos de contrações musculares,
que perduram por determinados períodos de tempo. Toda
célula tem a capacidade de adaptar-se, contando que tal estímulo não esteja acima da sua potencialidade adaptativa. E
isto não é diferente para o treinamento de força, que por sua
vez, acarreta em mudanças tanto no ambiente interno quanto
externo da fibra muscular.
Fisiologia_v5n1.indb 64
Dentro das variáveis a serem combinadas para prescrição
do exercício de força podemos citar algumas principais:
o número de séries, os intervalos, o tipo de exercícios e a
ordem dos mesmos dentro do treinamento. Sendo estes,
dispostos em diferentes formas para atingir diferentes resultados [12].
Tais mecanismos podem ser resumidos em duas características principais do treinamento em musculação: volume
e intensidade dos exercícios. Sendo que estas se encontram
normalmente dispostas de forma inversamente proporcionais
uma à outra, ou seja, quanto maior uma menor a outra e
vice-versa.
Neste sentido o volume de treinamento tem sido apontado
pela literatura como a variável que acarreta o maior impacto
sobre o gasto energético durante a realização da atividade,
enquanto a intensidade de exercício atua diretamente sobre
o EPOC [10].
De acordo com a lei da especificidade, o treinamento de
resistência muscular e o treinamento contínuo produzem
adaptações diferentes ao músculo. Porém, um ponto em
comum que estas distintas modalidades apresentam, ambas
transformam fibras do tipo IIb em fibras do tipo IIa [13].
De acordo com Tanaka e Swensen [13], o treinamento de
resistência, em sedentários, eleva o limiar de lactato durante
exercícios de ciclismo. E, em indivíduos sedentários e treinados, exercícios de resistências em separados ou combinados
com ciclismo ou corrida, melhora a capacidade para realização
para treinamentos contínuos.
Campos et al. [14] realizou estudo com quatro grupos
distintos realizando treinamento em musculação; o primeiro
com poucas repetições e alta carga (3-5 RMs), o segundo com
moderadas repetições e carga (9-11 RMs), o terceiro com altas
repetições e baixa carga (20-28 RMs) e o quarto como sendo
grupo controle. Atingiu como resultados: o grupo com altas
repetições obteve o melhor ganho em capacidade aeróbica e
aumento em tempo de exaustão no exercício; todos os grupos
diminuíram o número de fibras IIb e aumentaram o número
de fibras IIa; o grupo que treinou com altas repetições obteve
o maior ganho na capacidade aeróbica e elevação no tempo
de exaustão ao exercício pela melhor adaptação à contrações
prolongadas à nível submáximo de treinamento.
Jacobs, Nash e Rusinowski [15] comprovaram ganhos
em capacidade cardiorrespiratória, tempo de exercício para
fadiga, força isométrica e força muscular concêntrica e
excêntrica, em pessoas paraplégicas (lesão medular entre
T5-L1) após doze semanas de treinamento em circuito,
com moderadas intensidades, volumes e curtos espaços
para recuperação.
Materiais e métodos
Sujeitos - Participaram da pesquisa dois sujeitos do sexo
feminino, conforme respectivos perfis são apresentados a
seguir na Tabela I.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Tabela I
Sujeito
Idade
Peso
Estatura
FC Repouso
Percentual gordura
Peso gordo
Peso magro
IMC
VO2 Máx Absoluto
VO2 Máx Relativo
A
35 anos
70 Kg
1,63 metros
59 Bpm
33,48%
23,46Kg
46,57Kg
26,4 Kg/m2
2,87 l/min
41 ml/Kg/min
B
29 anos
105,30 Kg
1,60 metros
83 Bpm
57,82%
60,88Kg
40,75Kg
41,13 Kg/m2
3,46 l/min
33 ml/Kg/min
Ambos sujeitos são moderadamente ativos, onde já vivenciavam trabalhos em musculação e estavam familiarizados
à rotina de exercícios e treinamentos. Ambos não possuem
restrição médica em relação à atividade física proposta no
trabalho e não alteraram seus hábitos alimentares. O sujeito
B, apesar de negativo para doenças cardio-pulmores, até metade do período destinado para a pesquisa era fumante, após
o primeiro mês de treinamento abandonou o uso do cigarro,
o que pode ocasionar alteração nos dados; porém, não foi
possível constatar se tal hipótese é verdadeira.
Materiais e métodos
Após a seleção dos sujeitos participantes da pesquisa foi
realizado questionamento sobre impedimento médico e
disposição quanto à adesão ao procedimento a ser efetuado.
Confirmado isto, foram feitos testes para avaliação da composição corporal, capacidade aeróbica e força máxima.
A massa corporal e a estatura foram aferidas utilizandose de uma balança da marca Welmy, modelo R-110. Para
identificação da composição corporal, utilizou-se o protocolo
de Penroe, Nelson e Fisher (1985), com o qual foi possível
aferir o percentual de gordura dos sujeitos avaliados. O IMC
foi aferido e comparado conforme a tabela de referências do
American College of Sports Medicine [4]. Para verificação
de VO2 Máx, utilizou-se o Protocolo do Queen College, de
McArdle et al., (1981) – Teste do Degrau; que de acordo com
o estudo realizado por Sousa e Pellegrinotti [16], é válido
e pode predizer com fidedignidade o VO2 Máximo como
servindo de parâmetro da avaliação cardiorrespiratória na
ergometria.
Para mensurar a força máxima dos indivíduos e, assim,
projetar a intensidade de treinamento, foi utilizado o teste
de repetições máximas e comparadas à tabela de referência
percentual conforme exposto por Uchida et al.[11], para
assim delimitar carga máxima proporcional de 1 RM. Para
tal foram testados os seguintes exercícios: supino, puxada
pela frente, leg-press, extensão de joelhos, flexão de joelhos
e rosca direta. Os testes e treinamentos foram realizados em
maquinário próprio para atividades físicas em musculação da
marca World Sculptor, linha Active Line.
Fisiologia_v5n1.indb 65
65
De acordo com as recomendações de Bean [17], os treinamentos em circuito e séries intervaladas em geral são ideais
para pessoas que tem por finalidade aumentar o tônus muscular e melhorar a força de todos os músculos. São exercícios
em que se realizam séries ininterruptamente deixando pouco
ou nenhum tempo de intervalo entre eles, arranjado de forma
a trabalhar diferentes grupos musculares consecutivamente,
permitindo que se mantenha o treino continuamente sem
fadigar um grupo muscular específico, estimulando mais a
resistência do que a força muscular.
Dias et al. [18], em estudos com homens e mulheres saudáveis e moderadamente ativas, passando por treinamentos
em musculação, realizando dez exercícios na freqüência de três
vezes semanais, durante oito semanas, comprovou aumento
de força muscular e aumento no somatório total das cargas
levantadas. Neste mesmo estudo, pode-se observar que, apesar
de os dois grupos apresentarem melhoras, as mulheres obtiveram ganhos mais significativos ao longo do período.
Com base nestes dados, o período de treinamento do
presente estudo constou com o total de oito semanas de
duração.
Os sujeitos foram avaliados ao início (0 semanas), no
meio (4 semanas) e ao final do período de treinamento (8
semanas).
O treinamento foi desenvolvido de acordo com a seguinte
planificação:
Mesociclo I: 13/03/06 - 07/04/06
Microciclo I – Introdutório: (13/03/06 – 25/03/06) - Treinamento em circuito, 4 exercícios por estação; Intensidade de
treino: 15 RMS (65% - 1 RM); FC média: 60 – 65% da máxima. Microciclo II – Condicionante: (27/03/06 – 31/03/06)
- Séries em Bi-Set intervalado ativamente; Intensidade de
treino: 15 RMS (65% - 1 RM); FC média: 70 – 80% da máxima. Microciclo III – Choque: (03/04/06 – 07/04/06) - Série
em circuito, 5 exercícios por estação; Intensidade de treino:
10 RMS (75% de 1 RM); FC média: >80% da máxima.
Mesociclo II: 10/04/06 – 06/05/06
Microciclo I – Regenerativo: (10/04/06 – 14/04/06) - Treinamento com intervalo ativo, Bi-set agonista e antagonista;
Intensidade de treino: 15 RMS (65% de 1 RM); FC média: 60
– 65% da máxima. Microciclo II – Condicionante: (17/04/06
– 28/04/06) - Séries em Tri-Set, alternado por grupo muscular, intervalado ativamente; Intensidade de treino: 15 RMS
(65% - 1 RM); FC média: 70 – 80% da máxima. Microciclo
III – Choque: (01/05/06 – 06/05/06) - Série em circuito, 5
exercícios por estação; Intensidade de treino: 10 RMS (67
– 75% de 1 RM); FC média: >80% da máxima.
Para calcular a freqüência dos treinamentos cardíaca
utilizou-se a fórmula de Karvonen et al., (1957). O monitoramento cardíaco, tanto nos testes quanto durante os treinos
foram feitos utilizando-se de monitor cardíaco marca Oregon,
modelo HR 102.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
A cada sessão de treino os sujeitos realizavam dez minutos
de caminhada em esteira para aquecimento geral, em freqüência cardíaca abaixo de 60% da máxima prevista.
O sujeito A realizou exercícios na freqüência semanal de
três vezes, enquanto o sujeito B realizou exercícios quatro
vezes semanais.
Na Tabela II e III, encontra-se o acompanhamento avaliativo para sujeitos A e B ao longo do período de treinamento.
Avaliação 1 (Início do macrociclo), Avaliação 2 (4 semanas),
Avaliação 3 (final do macrociclo – 8 semanas).
Tabela II
Avaliação 1 Avaliação 2 Avaliação 3
70,20
69,50
69,10
33,48
32,64
31,38
23,43
22,68
21,68
26,41
26,22
26,00
2,87
2,95
2,97
41,00
42,16
43,64
Tabela III
Sujeito B
Peso
% Gordura
Peso gordo
IMC
VO2 Absoluto
VO2 Relativo
Avaliação 1 Avaliação 2 Avaliação 3
105,30
101,90
100,90
57,82
55,86
54,65
60,88
56,92
55,14
41,13
39,80
39,41
3,46
3,54
3,65
33,00
34,78
36,26
Nas Tabelas II e III podemos observar como evolui o
quadro geral dos sujeitos do estudo em relação aos parâmetros
avaliados: peso (em Kg), % gordura, peso gordo (em Kg),
IMC (Índice de Massa Corporal – em Kg/m2), Vo2 Absoluto
(em ml/min) e Vo2 Relativo (em ml/Kg/min).
Tabela IV – Desvios do peso para sujeitos A e B.
Sujeito A
Peso
Sujeito B
Peso
Avaliação 2
0,7 (0,99%)
Avaliação 2
3,40 (3,2%)
Avaliação 3
0,4 (0,57%)
Avaliação 3
1,0 (0,98%)
Total
1,1 (1,56%)
Total
4,40 (4,17%)
Tabela V – Desvios do percentual de gordura para sujeitos A e B.
Sujeito A
% Gordura
Sujeito B
% Gordura
Avaliação 2
0,84 (2,5%)
Avaliação 2
1,96 (3,38%)
Avaliação 3
1,26 (0,79%)
Avaliação 3
1,21 (2,16%)
Total
2,1 (6,27%)
Total
3,17 (5,48%)
Tabela VI – Desvios do peso gordo para sujeitos A e B.
Sujeito A
Peso Gordo
Sujeito B
Peso Gordo
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Sujeito A
IMC
Sujeito B
IMC
Avaliação 2
0,19 (0,71%)
Avaliação 2
1,33 (3,23%)
Avaliação 3
0,22 (0,83%)
Avaliação 3
0,39 (0,97%)
Total
0,41 (1,55%)
Total
1,72 (4,18%)
Tabela VIII - Desvios do VO2 absoluto para sujeitos A e B.
Resultados
Sujeito A
Peso
% Gordura
Peso gordo
IMC
VO2 Absoluto
VO2 Relativo
Tabela VII - Desvios do IMC para sujeitos A e B.
Avaliação 2
0,75 (3,20%)
Avaliação 2
3,96 (6,5%)
Avaliação 3
1,00 (4,40%)
Avaliação 3
1,78 (3,12%)
Total
1,75 (7,46%)
Total
5,74 (9,42%)
Sujeito A
VO2 Absoluto
Sujeito B
VO2 Absoluto
Avaliação 2
0,08 (2,98%)
Avaliação 2
0,08 (2,31%)
Avaliação 3
0,02 (0,67%)
Avaliação 3
0,11 (3,10%)
Total
0,1 (3,48%)
Total
0,19 (5,49%)
Tabela IX - Desvios do VO2 relativo para sujeitos A e B.
Sujeito A
VO2 Relativo
Sujeito B
VO2 Relativo
Avaliação 2
1,116 (2,82%)
Avaliação 2
1,78 (5,39%)
Avaliação 3
1,48 (2,79%)
Avaliação 3
1,48 (4,25%)
Total
2,64 (6,43%)
Total
3,26 (9,87%)
Discussão
Diversos estudos têm apontado o exercício como um dos
fatores principais para aquisição e manutenção da saúde,
prevenindo doenças, utilizado nos tratamentos de reabilitação
e melhoria na performance de atletas e praticantes de atividades físicas. Corroboram com esta idéia [6,7] em seus estudos
sobre os efeitos fisiológicos no sistema cardiorrespiratório e
adaptações musculares em praticantes de exercícios físicos.
Meirelles e Gomes [10] relatam que o exercício é um real
potencializador do gasto energético tanto pelo seu consumo
durante a prática quanto pelo efeito EPOC. Confirmando
o que Hauser, Benetti e Rebelo [19] explanam em seus
estudos realizados com homens e mulheres, que o exercício
com pesos aumentam efetivamente o gasto calórico total e
ajudam na redução do percentual de gordura. Neste sentido
temos a Position Stand do ACSM [20], no qual refere que
a intensidade do exercício influi na magnitude da mudança
no sistema cardiorrespiratório, e que treinos de resistência são
indicados para emagrecimento, pois aumentam massa magra
e potencializam perda de massa gorda.
O presente estudo estratificou mudanças na morfologia
corporal dos participantes, expondo mudanças na redução
do peso corporal total, redução no IMC, diminuição no
percentual de gordura e no peso bruto da gordura. Estes
dados vêm a confirmar as evidências expostas por Winett e
Carpinelli [21] que registram que exercícios físicos reduzem
o risco de doença relacionadas à obesidade central (gordura
visceral). Ross et al. apud Winett e Carpinelli [21], relata
40% na redução na gordura visceral em jovens obesos que
seguiram dieta com restrição calórica e pequeno volume de
exercícios de resistência.
Brasil et al. [22] apontam em seus estudos que o treinamento físico contra resistência apresenta benefícios em relação
à composição corporal e a potência muscular em pessoas
deficientes de GH (hormônio do crescimento). Estudo este
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
realizado com 11 pacientes deficitários de GH aumentaram a
potência muscular e diminuíram somatório de dobras cutâneas após 12 semanas de treinamento. Neste mesmo parâmetro,
encontramos os estudos de Tanaka e Swensen [13] Campos
et al. [14] os quais encontraram mudanças em fibras musculares do tipo IIb para IIa após treinamento com resistências
variadas, e comprovando que estas mesmas intensidades,
elevam limiar de lactato e melhoram capacidade aeróbica em
atletas de corrida e ciclismo. Resultados estes semelhantes aos
encontrados por Jacobs, Nash e Rusinowski [15] os quais
explanaram seus trabalhos com paraplégicos.
Jung [23] afirma que o limiar de lactato é aumentado em
corredores destreinados, e; em corredores treinados é acrescido em torno de 8% de economia para corrida (maratonas
e ultramaratonas). Devem-se isto à ativação neuromuscular
e redução no tempo de contato com o solo promovido pelo
treinamento resistido com pesos.
Os resultados deste estudo expressam melhoras, tanto em
Vo2 Máximo absoluto quanto em Vo2 Máximo relativo, após 8
semanas de treinamento. Portanto, vem evidenciar e acrescentar à literatura apresentada, que o treinamento de resistência
com pesos em musculação pode ser um mecanismo válido para
aumentar a capacidade aeróbica de indivíduos destreinados e
também para a diminuição do peso corporal total, peso gordo, percentual de gordura e IMC; quanto para aumento dos
níveis de VO2 Absoluto e VO2 Relativo no pós-treinamento.
Mostrando assim que o treinamento circuitado de moderada
intensidade é efetivo para a melhora da capacidade cardiorrespiratória e diminuição da gordura corporal.
Conclusão
De acordo com a literatura apresentada e os dados deste
estudo, podemos concluir que o treinamento de resistência
com pesos em musculação é um procedimento eficaz para
gerar ganhos na capacidade aeróbica dos praticantes, assim
como reduzir a gordura corporal dos mesmos.
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de predição da aptidão cardiorrespiratória sem testes de exercício
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Manole; 2000. p. 151-204.
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do exercício para aptidão, desempenho e saúde. São Paulo:
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Fisiologia_v5n1.indb 67
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efeito de um programa de exercício físico aeróbico combinado
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11. Uchida MC, Charro MA, Bacurau RFP, Navarro F, Pontes Júnior
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dos exercícios e sua influência sobre o número de repetições e
percepção subjetiva de esforço em mulheres treinadas. Rev Bras
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maximum training zones. Eur J Appl Physiol 2002; 88(1-2):5060.
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provides cardiorespiratory and strength benefits in persons with
paraplegia. Med Sci Sports Exerc 2001;33: 711-7.
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22/11/2007 18:03:39
68
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Resumos
Anais do IV Workshop em Fisiologia do Exercício –
UFSCar
I Congresso Paulista da Sociedade Brasileira
de Fisiologia do Exercício
18-20 de Novembro de 2005
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, São Paulo
Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Comissão Organizadora:
Prof. Dr. Sérgio Perez
Prof. Dr. Vilmar Baldissera
Presidente da Associação Brasileira de Fisiologia do Exercício
Prof. Dr. Paulo Sérgio Chagas Gomes
Correlação da circunferência de coxas
com força máxima isométrica unilateral
em extensão de joelhos: estudo
realizado em estudantes universitários
Silva AS*, Periera AH*, Vicente J**, Moreno DM*, Nunes
EMC**, Silva MM***, Francisco RE****, Souza DP***,
Gonçalves WHF - Barbosa, CA
*Alunos do curso de bacharelado das Faculdades Integradas
de Bauru, Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício
Resistido (GEPER), **Alunos do curso de bacharelado
das Faculdades Integradas de Bauru, ***Alunos do curso
de bacharelado das Faculdades Integradas de Bauru.
Laboratório de Exercício Resistido, (LABER) FIB, Grupo
de Estudo e Pesquisa em Exercício Resistido (GEPER),
****Alunos do curso de bacharelado das Faculdades
Integradas de Bauru, Centro de Estudo e Pesquisa em
Atividade Física (CEPAF) FIB
Os músculos são inervados por nervo motor, o qual é constituído
com grande número de fibras nervosas originárias isoladamente de
células nervosas da medula espinhal. Quando uma série de estímulos consecutivos atua sobre o músculo com uma freqüência que
não permite o seu relaxamento entre as pausas, ocorre o fenômeno
denominado tétano. A força é estabelecida principalmente pela
superfície de secção transversa, pelo tipo de fibra muscular, assim
como, pelo dispositivo mecânico do osso e do músculo. O objetivo
deste estudo foi de comparar a força muscular máxima isométrica
Fisiologia_v5n1.indb 68
unilateral da extensão de joelhos. A amostra foi composta por 10
indivíduos saudáveis, de ambos os sexos, com idade entre 20 e 35
anos, universitários das Faculdades Integradas de Bauru. Foi realizado
um teste isométrico máximo de extensão do joelho esquerdo e direito.
A força foi aferida através de dinamômetro digital, modelo Force
Gauge FG-100KG-RS232, da marca Digital Instruments. O teste
foi realizado em uma mesa, em que o avaliado estava sentado com
as coxas sem apoio, em um ângulo de 90º. Os sujeitos executaram
sua força máxima em extensão por 6 segundos. A média de força da
coxa direita do sexo masculino foi de 41,18 kg e da coxa esquerda
39,78 kg e a média de circunferência foram de 57,20 cm e 56,80 cm,
respectivamente. Já do sexo feminino a coxa direita foi de 22,07 kg
e a esquerda foi de 22,18 kg, com média de circunferência de 52,10
cm para a direita e 51,60 para esquerda. Os resultados revelaram
que nos homens existe uma relação favorável para força no membro
de maior circunferência. Entretanto, para as mulheres os resultados
foram contrários, mas insignificantes, comparados a valores absolutos.
Um número maior de sujeitos seriam necessários para avaliar os reais
valores correspondentes a força isométrica máxima, quando comparados com a circunferência.
Aspectos da força muscular isométrica
na extensão de joelhos em diferentes
ângulos
Pinheiro A**, Marola AJ **, Arias FR**, Rangel F**,
Reihner M**, André R**, Gobbi T, Barbosa CA***
*Aluno do Curso de Bacharelado das Faculdades Integradas
de Bauru, Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício
Resistido (GEPER), **Alunos do Curso de Bacharelado
22/11/2007 18:03:39
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
das Faculdades Integradas de Bauru, ***Laboratório de
Exercício Resistido, (LABER) - FIB, Centro de estudo e
Pesquisa em Atividade Física (CEPAF) - FIB, Grupo de Estudo
e Pesquisa em Exercício Resistido (GEPER)
A força muscular pode ser definida como a quantidade máxima
de força que um músculo ou um grupo muscular pode gerar em vários ângulos. O fator preponderante para a graduação dos parâmetros
de força é a variação da quantidade de unidades motoras empregadas.
A “coordenação” desempenha enorme influência no desenvolvimento de força. A graduação da força muscular, exercer uma contração
sincrônica com a participação de um número reduzido de fibras musculares. O objetivo do presente estudo foi revelar quais as diferenças
de força isométrica máxima na extensão de joelhos em 90º, 60º e
30º. A pesquisa foi realizada nas Faculdades Integradas de Bauru
(FIB), no Laboratório de Exercício Resistido, com 10 voluntários,
universitários da própria faculdade, não atletas, porém treinados.
Foi utilizado o aparelho Dinamômetro digital, modelo Force Gauge
FG-100KG-RS232, da marca Digital Instruments, para avaliar a
força isométrica. A média dos resultados para a perna direita foram
40,9 kg/força para 90º 38,31 kg/força para 60º e 33,09 kg/força
para 30º, e 40,11 kg/força para 90º, 39,74 kg/força para 60º e 35
kg/força para 30º para a perna esquerda. Estes resultados mostraram
que o ângulo de maior força foi o de 90º, seguido por 60º e por fim
o de 30º, com uma grande queda da força, independentemente da
lateralidade. Concluímos que a força é dependente do ângulo, e que
as cargas devem ser consideradas quando da prescrição de exercícios
resistidos; seja para pessoas com lesões ou patologias, indivíduos
saudáveis ou atletas. Pois se estes ajustes não forem considerados,
pode-se levar à eminente risco, lesões ou agravos.
Comparação de força muscular
isométrica máxima unilateral na flexão
de joelhos
Silva L*, Manso MA*, Verissimo TM*, Souza PA*,
Francisco RE**, Silva MM**, Pereira JC**, Pedrotti J*, Sá
VO*, Barbosa CAG****
*Alunos curso de bacharelado das Faculdades Integradas
de Bauru, **Alunos curso de bacharelado das Faculdades
Integradas de Bauru, Grupo de Estudo e Pesquisa em
Exercício Resistido (GEPER), ***Laboratório de Exercício
Resistido, (LABER) FIB, Centro de Estudo e Pesquisa em
Atividade Física (CEPAF) FIB, Grupo de Estudo e Pesquisa
em Exercício Resistido (GEPER)
Os exercícios resistidos são realizados de forma unilateral e bilateral. A resistência muscular é essencial à qualidade física. Pode-se
definir força como a capacidade de superar uma resistência externa
e interna. A força máxima (FM) que um indivíduo pode produzir
depende das características biomecânicas e da magnitude de contração dos músculos envolvidos. Esse estudo verificou e comparou
a FM obtida na flexão unilateral de joelhos. Foram avaliados 12
indivíduos, sedentários, de ambos os sexos, com faixa etária entre
18 e 30 anos, universitários das Faculdades Integradas de Bauru. Os
indivíduos realizaram 3 tentativas com tensão máxima isométrica
para extensão de joelhos, durante 10s em angulação de 90º na ar-
Fisiologia_v5n1.indb 69
69
ticulação do joelho esquerdo (JE) e direito (JD). Para estabelecer a
força máxima foi utilizada uma maca onde o indivíduo ficava sentado
e sem apoio nos pés, duas polias fixas na parede passando entre elas
um cabo de aço que se conectava ao Dinamômetro Force Gauge
100Kg e que nele tinha outra conexão com uma faixa que encaixava
o pé. As etapas de execução eram: a) posição inicial: o indivíduo
sentado, com braços ao longo do corpo se apoiando na maca, com
extensão de tronco e flexão de joelhos e a cabeça posicionada para
o horizonte; b) fase de força isométrica: a partir da posição inicial,
realizava-se a contração da coxa contrariamente ao “cabo de aço”.
A média da idade dos indivíduos foi de 22,4 anos, a media de forca
da perna direita foi de 29,21 Kg e da perna esquerda foi de 28,27
Kg. Concluiu-se que entre os indivíduos avaliados a coxa direita
mostrou-se mais forte; porém, não foram significantes.
Efeito do exercício físico em esteira no
metabolismo ósseo de ratas maduras
ovariectomizadas
Camilo CC, Parada S, Haach LCA, Malaman TAB, Terukina
GA, Bannitz G, Oliveira GPO, Shiguemoto GE
Universidade Federal de São Carlos - Laboratório de
Fisiologia do Exercício - São Carlos, SP
[email protected]
O exercício físico tem sido estudado como auxílio à prevenção e
ao tratamento da osteoporose, porém alguns estudos têm demonstrado que exercício físico intenso pode ser prejudicial ao sistema
esquelético. Esses estudos sugerem a existência de um limiar de
exercício mínimo e máximo para equilíbrio do metabolismo ósseo.
O objetivo do presente trabalho foi identificar os efeitos de diversos
protocolos de exercício físico em esteira no metabolismo ósseo de
ratas ovariectomizadas maduras. Para a amostragem foram utilizadas 35 ratas da linhagem Wistar. Os animais foram divididos em 5
grupos: Grupo Sham (n = 7) (controle – pseudo – ovariectomizado);
grupo OVX (n = 7) (controle – ovariectomizado); grupo OVX1(n
= 7) – ovariectomizado e realizou caminhada, 15 m/min; grupo
OVX2 (n = 7) – ovariectomizado e realizou corrida à 20 m/min
sem inclinação da esteira; grupo OVX3 (n = 7) – ovariectomizado
e realizou corrida intervalada com peso (50g) nas costas e esteira
inclinada, com aumento de intensidade a cada 3 semanas. Todos
os grupos foram exercitados 3 vezes por semana, sessões de 40 minutos, por 12 semanas. Foi coletada amostra de plasma sanguíneo
para análise de fosfatase alcalina (FA) ao término dos protocolos.
A análise estatística ANOVA de todos os grupos experimentais
identificou o valor de p < 0, 0001, considerado extremamente
significativo (GraphPad InStat3). As médias aritméticas dos valores
de FA dos grupos OVX2 e OVX3 foram baixas comparados com
o grupo OVX (p < 0, 0001). Foram identificados níveis mais elevados de FA do grupo OVX1 comparados com os grupos OVX2
(p = 0,0002, teste t não pareado) e OVX3 (p = 0,0003, teste t não
pareado). Como a FA é um marcador sangüíneo de formação óssea
os níveis extremos podem indicar reabsorção, já que a formação
está integrada com a reabsorção. Pode-se concluir que as ratas que
realizaram corrida sem inclinação da esteira e corrida intervalada
com peso (50g) nas costas e esteira inclinada apresentaram valores
menores de FA indicativos de menor formação óssea. Porém estudos
complementares, com análises adicionais dos níveis de reabsorção
óssea, como paratormônio, e de densidade mineral óssea devem ser
realizados para indicar o real turnover ósseo.
22/11/2007 18:03:39
70
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Efeitos do treinamento e aclimatização a
altiude para melhora da performance da
corrida de 400 m ao nìvel do mar
Marcelo Takeshi Kamimura
Unifesp - Itajubá, MG
[email protected]
Para investigar os benefícios de “viver alto e treinar baixo”
em performance anaeróbica ao nível do mar, foram selecionados
atletas corredores de prova de 400 metros rasos que viveram por
10 dias em hipóxia normobárica em uma casa de altitude (volume
oxigênio = 15,8%) e treinaram ao ar livre em ambiente com taxas
de oxigênio normais ao nível do mar. O objetivo do presente estudo é compreender os mecanismos responsáveis pelas mudanças do
metabolismo no organismo. Para tanto, foi realizado um teste de
corrida anaeróbica e um de corrida 400 metros, foram executados
antes e durante a semana os que viviam numa casa de altitude para
determinar a velocidade máxima e submáxima das concentrações de
lactato, além do tempo dos 400 m rasos, sendo que ao mesmo tempo
10 atletas viveram e treinaram ao nível do mar sendo submetidos a
mesma análise e procedimentos. Os métodos padrões de estatística
foram usados para calcular médias, desvios padrões e as correlações
de Pearson. Análises multivaridas de diferença (MONOVA) foram
usadas para comparação de resultados pré e pós-testes em ambos os
grupos, sendo que uma repetida-comparação MANOVA foi aplicada para indicar diferenças nas freqüências cardíaca ortostáticas e
gases sangüíneos durante o período na casa de altitude. Significado
estatístico foi aceito em todas as análises a p < 0,05. Diante dos
resultados, verificou-se que a concentração de lactato na casa de
altitude tenderam a aumentar, mas a resposta foi significativa apenas
entre 5-7 mol (P < 0,05), além disso o pH em repouso aumentou
de 0,003 para 0,067 unidade de pH (P < 0,05). Apesar dos resultados obtidos terem demonstrado um aumento de performance dos
atletas conclui-se que estudos relacionados à altitude necessitam de
pesquisas e investigações para maior confiabilidade dos resultados.
O custo de oxigênio em exercício
submáximo correlaciona-se com a
performance aeróbia, velocidade crítica
e capacidade de trabalho anaeróbio
Pacheco ME*, Campbell CSG**, Silva LGM*, Moreno J*,
Baldissera V***, Simões HG**
*Laboratório de Fisiologia do Exercício da Universidade de
Mogi das Cruzes, SP, **Programa de Mestrado em Educação
Física da Universidade Católica de Brasília, DF, Brasília,
***Laboratório de Fisiologia do Exercício da Universidade
Federal de São Carlos, SP
[email protected]
Um menor custo de oxigênio durante exercício submáximo (C)
representa uma melhor eficiência mecânica. Objetivos: Correlacionar
o custo de oxigênio com parâmetros de aptidão aeróbia e anaeróbia
em indivíduos não atletas. Métodos: 8 homens fisicamente ativos
(20,8 + 1,6 anos; 74,3 + 14,9kg) realizaram os seguintes testes:
1) corrida 3km e 500m máximos (Vm3km e Vm500); 2) teste
incremental em esteira ergométrica para determinação do Limiar
de Lactato (LL), VO2max e Vmax. 3) teste do Tmax (tempo máximo
que o voluntário conseguia permanecer no Vmax); 4) cálculo do
Fisiologia_v5n1.indb 70
C durante corrida de 12 minutos a 85% do Vmax. A Velocidade
Crítica (VC) e a Capacidade de Trabalho Anaeróbio (Ctan) foram
obtidas por regressão linear (Distância x Tempo) nos testes de 3km
e 500m. Os participantes foram ainda divididos de acordo com o
nível de aptidão aeróbia (G1 -maior VC; e G2 – menor VC) para
correlações. Resultados: As Tabelas 1 e 2 apresentam os principais
resultados do estudo.
Tabela I - VC, LL, Vmax, CTan, Tmax, Tempo no e Tempo para
VO2max, C e VO2max.
LL -1
Vmax -1 Ctan(m)
VC -1
(m.min ) (m.min ) (m.min )
Tmax
(seg)
Tempo no Tempo Custo (C) VO2max
VO2max
para
(mL.O2
(seg)
VO2max
kg1.min1)
(seg)
X 193,5 178,6 203,5 201,1 677,4 579,1
+DP 23,5
20,0 21,5 16,3 152,7 191,0
74,4
69,6
5,9
0,45
47,3
4,5
Tabela II - Correlação entre C e demais variáveis indivíduos estudados.
VC
LL
VO2max
Tempo
para
VO2max
Tempo
no
VO2max
(seg)
C (Todos)
-0,57
-0,73
-0,42
0,07
0,23
C G1 (<VC)
-0,53
-0,75
0,04
0,32
0,39
C G2 (>VC)
-0,06
-0,43
-0,28
0,54
-0,69
Tmax
Vmax
CTan
0,21
-0,73
-0,02
0,48
-0,79
-0,78
0,31
-0,5
0,79
Observou que o C do grupo (G2) se correlacionou positivamente
(r = 0,79) e negativamente (r = -0,69) respectivamente com CTan
e Tempo no VO2max. Já para G1 quanto maior o C menor a Ctan,
sem correlação significativa entre C e Tempo no VO2max. Sugerindo
que para indivíduos com maior aptidão aeróbia (G2), quanto maior
eficiência mecânica (menor C), menor a contribuição anaeróbia
(menor CTan) e portanto maior tempo no VO2max. Conclusão: A
eficiência mecânica, representada pelo custo de O2 submáximo,
parece influenciar tanto a performance aeróbia quanto os valores de
Ctan, especialmente em indivíduos com menor aptidão aeróbia.
Comparação de dois protocolos de
avaliação aeróbia em natação de ratos
Manchado FB*, Gobatto CA**, Contarteze RVLC**, Mello
MAR**
*Universidade Estadual Paulista - UNESP, Rio Claro, São Paulo,
Laboratório de Avaliação Física e Fisiológicas Einstein - LAFIFE
- Faculdades Integradas Einstein de Limeira, São Paulo, **
Universidade Estadual Paulista - UNESP, Rio Claro SP
[email protected]
Diversas áreas de pesquisa utilizam procedimentos experimentais com ratos exercitados, porém em poucos casos há preocupação
com a real intensidade do esforço para esses animais. O objetivo do
presente estudo foi propor e comparar dois distintos protocolos de
avaliação da intensidade aeróbia de ratos em exercício de natação,
sendo um teste invasivo e não exaustivo e outro exaustivo e não
invasivo. Inicialmente, 25 ratos Wistar adultos foram adaptados ao
meio líquido, em um tanque cilíndrico profundo, com superfície
lisa e temperatura da água mantida em 31 ± 1°C. Posteriormente,
os animais foram submetidos a dois protocolos de avaliação aeróbia,
inicialmente sugeridos para avaliação humana e adaptados à modelo experimental com ratos. O primeiro protocolo realizado foi o
invasivo e não exaustivo de duplos esforços, proposto por Chassain
22/11/2007 18:03:40
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
et al. (1986). Esse procedimento consistiu na realização de 4 testes
de natação em intensidades equivalentes a 4, 6, 7 e 8% do peso corporal (pc), realizados como duplos esforços em mesma intensidade
e intercalados por um período de recuperação. Os duplos esforços
apresentaram duração de 5 minutos, com 2 minutos de recuperação
passiva entre eles. Houve coleta sangüínea da cauda dos animais ao
final de cada esforço. Para cada uma das 4 intensidades foi obtido
o valor de delta lactato, subtraindo a lactacidemia do segundo
esforço (LACE2) da concentração de lactato ao final do primeiro
esforço (LACE1). Com os deltas das concentrações lactacidêmicas
para cada carga, foi realizada uma interpolação linear individual, a
qual forneceu o valor de delta lactato zero, equivalente à carga crítica
(CcritCH) calculada pelo método Chassain et al. (1986). O segundo
protocolo de avaliação adaptado a ratos foi a determinação da carga
crítica exaustiva (CritEX) e não invasiva sugerido por Monod &
Scherrer (1965). O protocolo consistiu de 4 esforços exaustivos de
natação, realizados em dias alternados, com os animais suportando
cargas contínuas de 9, 11, 13 e 15%pc. O tempo de exaustão de cada
intensidade foi registrado (tlim). Para determinar a CcritEX, utilizouse o ajuste linear Ccrit x 1/tlim, no qual a CcritEX correspondeu ao
y-intercepto da reta de regressão. As intensidades aeróbias obtidas
por ambos os protocolos foram comparadas entre si e com a máxima
fase estável de lactato (MFEL) por uma anova one-way. A CcritCH
obtida pelo procedimento de duplos esforços foi 4,8 ± 0,2%pc, com
regressões lineares significativas (R = 0,91 ± 0,03). A intensidade
aeróbia identificada pelo procedimento exaustivo foi equivalente
a 7,4 ± 0,8%pc (R = 0,96 ± 0,05). Houve diferença significante
entre os dois métodos. Observou-se que primeiro protocolo (duplos
esforços) apresentou carga igual a MFEL, ao passo que o segundo
teste (não-invasivo) superestimou a MFEL em 10%. Dessa forma é
possível concluir que o teste invasivo de duplos esforços foi preciso
na determinação da intensidade aeróbia em natação de ratos, porém
o protocolo não invasivo pode ser utilizado na ausência de condições
para análise sangüínea, com pequenos ajustes sendo realizados.
Identification of lactate minimum velocity
by different methods
Guilherme Morais Puga, Wolysson Hiyane, Rafael da
Costa Sotero, Emerson Pardono, Carmen Sílvia Grubert,
Campbell, Herbert Gustavo Simões
Universidade Católica de Brasilia - UCB, Brasília, DF, Brasil
[email protected]
Background: The lactate minimum (LM) protocol has been used
to assess aerobic fitness and to predict an exercise intensity associated
to the maximal blood lactate steady state. The aim of this study
was to compare different methods to identify the lactate minimum
velocity (LMV). Methods: 14 male cyclists (26.8 ± 4.5 yr; 173.2 ±
6.1 cm; 67.3 ± 5.2 kg; 5.8 ± 2.9 yr of training) performed the LM
test in a velodromum, which consisted of one bout of 2 km time
trial to induce lactic acidosis, followed by 8 minutes of recovery and
6 bouts of 2 km with 1km•h-1 increments at each bout, starting
the first one at 5km•h-1 bellow the mean velocity in a 6 km time
trial performed previously. At the end of each bout 25μl of capillary blood were collected for blood lactate measurements (bLAC)
(YSI - 2700 STAT). The LMV was identified through inspection
(vLMV), and applying a second grade polynomial function, on 6
(LMVp6) and 3 (LMVp3) increments bouts, and finally a method
Fisiologia_v5n1.indb 71
71
where the bLAC•work velocity-1 quotients (QLM) results were
plotted against the correspondent velocity in the incremental test,
with the LMV being identified by 6 QLM6) and 3 bouts (QLM3).
Results: Repeated measures ANOVA showed no statistical differences
between vLMV (33.1 ± 2.3 km•h-1), LMVp6 (32.9 ± 2.5 km•h-1),
LMVp3 (33.2 ± 2.3 km•h-1), QLM6 (32.8 ± 2.5 km•h-1) and QLM3
(33.4 ± 2.3 km•h-1), with high correlation among parameters.
Conclusion: It was possible to identify the LMV by the methods
proposed in the present study, even by using only 3 bouts during
the incremental test, such procedure enable a more practical and
economic test, besides minimizing the discomfort from several
blood collections.
Comparação de valores de magnésio pré
e pós-competição de triathlon
Marcos Bürger-Mendonça, Fernanda Retondaro
Unesa - Petrópolis, RJ
[email protected]
+2
A presença do magnésio (Mg ) no organismo vivo foi demonstrada em 1859, porém só a partir da década de 50 é que as propriedades
+2
do Mg na nutrição humana tornaram-se conhecidas. O Mg é um
íon metálico divalente, sendo um mineral essencial e co-fator de mais
de 325 reações enzimáticas (Bohl e Volpe, 2002) exercendo vários
papeis vitais no metabolismo.
É o quarto
cátion mais +abundante no
+2
+
corpo após o cálcio (Ca ), potássio (K ) e o sódio (Na ) e também o
segundo cátion mais abundante intracelular+2após o potássio. Quando
comparado ao sódio, potássio ao cálcio o Mg é que menos se perde no
suor. Este estudo teve como objetivo analisar os valores de Magnésio
pré e pós-competição de triathlon. A amostra foi composta por seis
voluntários do sexo masculino, sendo estes, atletas amadores com idade
média de 27 ± 6 anos, praticantes de triathlon a pelo menos um ano
e com experiência prévia em provas de longa duração Os Integrantes
do experimento foram submetidos a duas coletas de aproximadamente 25 ml de sangue, após jejum de oito horas, no período entre
6 e 7 horas na residência dos voluntários (t = 0) na posição sentada e
imediatamente ao término da prova de cada atleta, sendo esta coleta
realizada na tenda médica do evento. A análise bioquímica do Mg foi
realizada no analisador semi-automático BTS-310 Plus (BioSystems,
Barcelona, Espanha). Os resultados individuais foram comparados
com o repouso. Ou seja, os atletas foram os seus próprios controles
para os parâmetros analisados. Para análise estatística foi utilizado o
software SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 11.0
(Chicago, IL, USA, 2001), foi aplicado o teste t-student para a mesma
amostra, tendo como valor para p ≤ 0.05 aceito como significante. O
tempo médio da prova realizada foi de 4:23:24 ± 0:28:04 horas. Os
valores individuais do Mg variaram de 1,80 a 2,40 mg/dl em T = 0
e de 1,20 a 1,40 mg/dl em T = 1 e os valores médios foram de 2,066
± 0,2160 mg/dl em T = 0 e de 1,330 ± 0,082 mg/dl em T = 1. Estes
resultados apresentaram uma redução estatisticamente significante (P
= 0,001), revelando uma diferença de 34,91% em relação aos valores
do Mg pré e pós-competição. Concluímos que, após uma competição
de triathlon de longa distância, os atletas apresentaram um quadro de
hipomagnesemia. Este quadro pode significar uma menor resposta
imune do organismo e geração de espécies reativas de oxigênio que,
por sua vez pode acarretar na redução na performance atlética.
22/11/2007 18:03:40
72
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Efeito do treinamento de potência para
membros inferiores em karatecas
Francisco ER*, Pereira JC*, Silva GKA*, Silva MM*, Souza
DAP*, Nazari RT*, Batista D*, Sugizaki MM**, Papoti
M**, Barbosa CAG***
*Alunos do 3º ano do curso de bacharelado das Faculdades
Integradas de Bauru, Grupo de Estudo e Pesquisa em
Exercício Resistido (GEPER), **Centro de Estudo e Pesquisa
em Atividade Física (CEPAF) FIB, ***Laboratório de Exercício
Resistido, (LABER) -FIB, Centro de Estudo e Pesquisa em
Atividade Física (CEPAF) FIB, Grupo de Estudo e Pesquisa
em Exercício Resistido (GEPER)
O caratê é uma arte marcial milenar com raízes na Índia e na
China. Com o passar dos anos tornou-se modalidade esportiva,
onde praticantes e técnicos ofereciam grande rejeição ao exercício
resistido. Pois, achavam que perderiam velocidade e flexibilidade.
Porém, treinavam com bastante intensidade, visando melhores
colocações nas competições. Em dias atuais, é comum o uso do
Treinamento Resistido nos programas de atividade física para a
melhora da potência muscular. O objetivo desta pesquisa foi investigar o efeito do treinamento de potência para membros inferiores
em karatecas. Fizeram parte da pesquisa 6 atletas, sem experiência
anterior em exercício resistido, com idade entre 17 e 41 anos, do
sexo masculino, praticantes de karate, a pelo menos 8 anos, atletas
do clube grêmio recreativo energético de Bauru. A pesquisa foi
desenvolvida no Laboratório de Exercício Resistido, das Faculdades
Integradas de Bauru, situada na cidade de Bauru. Foram realizados
os testes de shutlle run para analisar agilidade, salto vertical para
analisar agilidade membros inferiores anterior e posterior, e teste
de 6 RM para avaliar a força muscular do programa proposto.
Os sujeitos realizaram o método power training efetuando 6 a 12
RM, 3 vezes por semana. O pré-teste do salto vertical foi de 46,38
± 4,27 cm e após a intervenção 48,45 ± 6,05 cm, para p ≤ 0,05,
com r ≥ 0,99. As análises da força muscular no pré-teste foram de
72,08 ± 23,35 Kg e após a intervenção 99,25 ± 20,36 kg, para p ≤
0,05, r ≥ 0,99. Portanto, houve aumento significativo nos testes de
impulsão vertical, teste de agilidade e força muscular. Conclui-se
que o treinamento resistido foi adequado e eficiente para agilidade,
força e potência muscular, ressaltando que foram apenas 7 sessões.
Comparação da capacidade aeróbia
de nadadores determinada através de
métodos invasivo e não invasivo
Santhiago V, Silva ASR, Santos FNC, Gobatto CA
Departamento de Educação Física, Instituto de Biociências,
UNESP - Rio Claro, SP
as intensidades obtidas pelo teste de Vcrit, não invasivo, com as
intensidades correspondentes ao limiar anaeróbio (LAN) antes do
início do período preparatório básico de nadadores. Participaram do
estudo 15 atletas do sexo masculino e 10 atletas do sexo feminino
da equipe de natação da UNAERP de Ribeirão Preto. Os atletas
foram analisados em dois dias, sendo que no 1º foi determinado o
limiar anaeróbio através da realização de 3 nados de 400m com 3
minutos de intervalo entre os nados, em intensidades de 85%, 90%
e 100% da máxima velocidade atingida pelo atleta neste percurso.
No 1°minuto de repouso entre os nados foram coletados 25μl de
sangue do lóbulo da orelha para posterior análise das concentrações
de lactato sanguíneo. Por ajuste de curva de crescimento exponecial,
foram calculadas as velocidades correspondentes a 3,5 mM (Pereira
et al., 2003). No 2º dia, foi realizado o teste de Vcrit através da execução de 3 esforços randomicamente estabelecidos em estilo crawl
nas distâncias de 100, 200 e 400m com a máxima velocidade que o
atleta é capaz de nadar, separados por períodos mínimos de repouso
de 3 horas. Os valores de distância e tempo foram submetidos ao
procedimento de regressão linear para estimativa da Vcrit, pelo
modelo linear distância-tempo. Foi utilizado o teste t para amostras
pareadas para verificar se houve diferença entre as intensidades, e, a
seguir aplicou-se a correlação de Pearson e análise de regressão. As
intensidades obtidas pelos testes de Lan e Vcrit não foram significativamente diferentes (74,50 ± 3,25 s/100m vs. 72,51 ± 3,37 s/100m
para homens, e 76,29 s/100m ± 4,03 vs. 77,76 ± 3,06 s/100m para
mulheres). Houve significativa correlação entre as variáveis (r =
0,81 e r=0,94), para homens (H) e mulheres (M) respectivamente,
permitindo dessa forma a obtenção de 2 equações (H e M), através
da análise de regressão. Esse procedimento possibilitou determinar a
intensidade correspondente ao LAN através do teste de Vcrit, sendo
LAN (s/100m) = 0,79 * Vcrit + 17,12 e Lan (s/100m) = 1,19 * Vcrit
– 18,04, para os grupos H e M respectivamente. Desse modo, pudemos observar que a Vcrit pode ser utilizada como um parâmetro
aeróbio não invasivo na prescrição e acompanhamento das sessões
de treino, entretanto, através da regressão linear foi possível corrigir
alterações mínimas de intensidades de nado, não observadas pela
estatística convencional, podendo ser utilizado como a intensidade
correspondente ao LAN.
Efeitos de exercícios resistidos
associados à suplementação de creatina
monoidratada sobre a hipotensão pósexercício e sua relação com a lactatemia.
MorenoJR*, Puga GM*, Cunha GA*, Braga PL**,
Campbell CSG, Denadai MLDR, ** Simões HG*
*Universidade Católica de Brasília - UCB, Brasília,
**Universidade de Mogi das Cruzes - UMC, Mogi das Cruzes,
SP
[email protected]
[email protected].
O limiar anaeróbio (LAN), determinado através da lactacidemia, tem sido extensivamente utilizado para avaliação e prescrição
do treinamento aeróbio em nadadores. Contudo, como nem todas
as equipes possuem infra-estrutura necessária para a determinação
de tal parâmetro, a velocidade crítica (Vcrit) tem sido utilizada
como um protocolo não invasivo de determinação da capacidade
aeróbia. Desse modo, o objetivo do presente estudo foi comparar
Fisiologia_v5n1.indb 72
Os efeitos da suplementação de creatina (CM) sobre a hipotensão pós-exercício (HPE) resistido e sua relação com a lactatemia
([lac]) ainda não foram investigados. Este estudo analisou os efeitos
de exercícios resistidos de alta e baixa intensidade, antes e após
suplementação de CM, sobre a HPE e sua relação com a [lac] pósexercício. Dez homens foram submetidos a 2 sessões de exercícios
resistidos, antes (SC) e após (CC) suplementação de CM: (1) Resistência Muscular Localizada (RML)-30 repetições a 30%1RM e
(2) Hipertrofia (HIP)-8 repetições a 75%1RM. A PA foi mensurada
22/11/2007 18:03:40
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
no repouso pré-exercício, e durante 90 minutos de recuperação pósexercício. Em relação ao repouso, observou-se redução percentual da
PA sistólica (PAS) SC/CC de 13,5 + 1,5 / 10,2 + 2,8% após HIP
e de 8,4 + 1,3 / 10,3 + 1,3% após RML. A PA diastólica (PAD)
apresentou diminuição média de 9,1 + 2,8 / 3,1 + 4,8% após HIP
e de 5,1 + 6,2 / 6,8 + 5,7% após RML. Foi observada hipotensão
de PAS após HIP entre o 15º e 90º minutos SC e entre o 15º e
60º minutos CC (P < 0,01). Após RML SC e CC foi observada
hipotensão de PAS entre o 15º e 90º minuto de recuperação (P <
0,01). Após sessão HIP a PAD apresentou HPE entre o 15º e 45º
minutos SC e apenas aos 15 minutos CC (P < 0,01). HPE de PAD
SC e CC ocorreu aos 15 minutos após RML (P < 0,01). A PA após
HIP SC foi menor do que CC aos 75 e 90 para PAS e aos 45 e 60
minutos para PAD (P < 0,05). Evidenciou-se correlação significativa
entre a [lac] e HPE apenas após RML. As sessões de HIP e RML
resultam em HPE semelhante SC, mas a suplementação de CM
pode atenuar esta resposta. Além disso, a elevação da [lac] pode ser
um dos fatores desencadeadores da HPE.
Diferentes metodologias não-invasiva
para a determinação do limiar de
anaerobiose em exercício resistido
incremental
Oliveira JC*, Azevedo P*, Marmorato D*, Aguiar AP**,
Bigaton DR**, Oliveira GP*, Baldissera V*, Perez SEA*
*UFSCar/DCF, **UNIMEP
Introdução: Há determinação do limiar de anaerobiose (LAn)
de maneira não-invasiva através dos componentes salivares (e.g.
concentração lactato salivar [LSal]) e da freqüência cardíaca por
meio de sua variabilidade (VFC) tem se mostrado extremamente
eficientes, porém nenhum estudo verificou a sua ocorrência em
exercícios resistidos incrementais . Objetivo: Verificar a possibilidade
de identificação do LAn pela [LSal] e pelo desvio padrão da variabilidade instantânea rápida batimento-a-batimento (SD1) e a sua
correlação com o limiar de lactato sangüíneo (LiLSan) em exercício
resistido do tipo Leg Press 45º (LP). Metodologia: Para tanto 18
jovens (9 homens e 9 mulheres), foram submetidos a procedimento
experimental incremental relativo ao percentual da carga máxima dinâmica (1RM), após a determinação da mesma, no seguinte molde:
10, 20, 25, 30, 35, 40, 50, 60, 70, 80 e 90% de 1RM, 2 minutos
de intervalo entre as séries de 20 repetições, para a troca de carga e
coleta sangüínea e de saliva. As amostras sangüíneas (25 μl) foram
acondicionadas em tubos eppendorfs contento 50 microlitros de
fluoreto de sódio bem como as amostras de saliva (500 μl). Ambas
as amostras foram conservadas a -20º C, durante no máximo 14 dias
até posterior análise. As concentrações de lactato sangüíneo [LSan]
e [LSal] foram determinadas por analisador eletroenzimático YSI
1500 Sports e a SD1 por cardiofrequencímetro da marca Polar®,
modelo S810i, com freqüência de amostragem de 1.000Hz. Os
limiares de LiLSan e salivar (LiLSal) foram determinador através de
inspeção visual por dois pesquisadores independentes e experientes
e o limiar de VFC (LiVFC) pelo 1º estágio onde a diferença entre
2 estágios consecutivos fossem menor que 1 milissegundos (ms).
Tratamento estatístico pertinente foi realizado pelo software Statistica 99 Edition v.5.5, sendo adotado o índice de significância de 5%
e o intervalo de confiança de 95%. Resultados: Os valores médios
±DP encontrados, bem como as diferenças estatísticas, correlações e
Fisiologia_v5n1.indb 73
73
suas significâncias, podem ser sumariamente visualizados na Tabela
I e II, respectivamente.
Tabela I - Valores em que foram identificados os limiares pelas
diferentes metodologias.
R (%1RM)
A (Kg)
[Lac] (mmol. SD1 (ms)
l-¹)
LiLSan
32,22 ± 6,69
70,16 ± 27,30 2,79 ± 0,91
LiLSal
36,56 ± 9,07
77,18 ± 30,63 0,50 ± 0,20
LiVFC
34,72 ± 9,62
78,77 ± 37,63 6,50 ± 3,41
Anova
One-Way
0,3371
0,6987
0,00000*
* = Teste t para medidas independentes
Tabela II - Correlações encontradas quando da aplicação do coeficiente de Spearman.
LiLSal- LiVFC- LiLSal- LiVFC- [LSal] SD1
R
R
A
A
LiLSan-R r = 0,46 r = 0,86
r = 0,49
LiLSal-R
r = 0,82 r = 0,93
LiLSan-A
r = 0,88
LiLSal-A
r = 0,32* r = -0,67
[LSan]
r = -0,20*
[LSal]
* = correlações não significantes, R = carga relativa, A = carga absoluta.
Conclusões: Os dados encontrados fortalecem a existência do
LAn nos exercícios resistidos quando investigados isoladamente em
procedimentos incrementais, bem como a consistência dos métodos
não-invasivos (e.g. LiLSal e LiVFC) na determinação do LAn no
procedimento experimental estudado.
Ensino de fisiologia do exercício
para estudantes de educação física:
comparação das formas de apresentação
dos conteúdos
Emerson Franchini, Monica Yuri Takito, Rômulo Cássio de
Moraes Bertuzzi
Grupo de Pesquisas em Fisiologia do Exercício da Faculdade
de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie
- Barueri, SP, Brasil
[email protected]
A disciplina de Fisiologia do Exercício tem sido considerada
uma das mais tradicionais no curso de Educação Física (Tani,
1996). Atualmente, é comum a presença dessa disciplina em
outros cursos de graduação (Fisioterapia, Medicina e Nutrição,
como exemplos), com enfoque diferente daquele originalmente
dado no curso de Educação Física. Além disso, a grande expansão
do conhecimento na área de Fisiologia do Exercício faz com que
alguns conhecimentos não tenham relação direta com a intervenção
do profissional de Educação Física e Esporte. Tradicionalmente, o
enfoque dado à Fisiologia do Exercício tem seguido a organização
dos livros dessa área, isto é, Bioenergética, Sistema Cardiovascular
e Exercício, Sistema Neuromuscular e Exercício, Sistema Respiratório e Exercício, Sistema Endócrino e Exercício, entre outros.
22/11/2007 18:03:41
74
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Nessa abordagem o conhecimento do funcionamento dos sistemas
precisa ser integrado e associado aos diferentes tipos de exercício
por parte do futuro profissional de Educação Física e Esporte. Essa
abordagem tem sido criticada por não permitir aplicação direta
dos conhecimentos na intervenção desse profissional (Mariz de
Oliveira, 1999). Portanto, foi objetivo desse estudo, comparar
dois tipos de apresentação da Fisiologia do Exercício para alunos
de seis turmas da 5ª etapa de um curso de Educação Física da
Universidade Presbiteriana Mackenzie. A primeira abordagem,
ministrada a 78 alunos de três turmas, envolvia os seguintes
conteúdos: Bioenergética, Tipos de Fibras Musculares e Sistema
Cardiovascular e Exercício. A segunda abordagem, ministrada a
92 alunos de três turmas, tratou dos seguintes conteúdos: Aquecimento, Flexibilidade, Exercício Aeróbio, Exercício Anaeróbio,
Exercício de Força e Exercício Concorrente. Nas duas abordagens
foram abordados conhecimentos conceituais, procedimentais e
atitudinais. O mesmo professor ministrou todas as aulas e foi
avaliado quanto ao seu desempenho através de uma avaliação
realizada pelos alunos e analisada pelo corpo diretivo da instituição. Essa avaliação constitui o procedimento oficial adotado pela
instituição e é composta por oito afirmações sobre a programação
e o desenvolvimento da disciplina, oito afirmações sobre a atuação
do professor e seis afirmações sobre o aluno (auto-avaliação). Para
cada afirmação o aluno atribui uma nota de um a quatro, sendo um
Ruim ou Insatisfatório e quatro Excelente ou Muito Satisfatório.
A comparação entre os dois procedimentos foi feita através de
um teste de Qui-quadrado e da análise de proporções, adotando
5% como nível de significância. Foram observados aumento (p <
0,05) do percentual de alunos que atribuíram escore 4 em cinco
das oito afirmações sobre a programação e desenvolvimento, sete
das oito questões sobre a análise do professor, embora apenas uma
das afirmações (“nível de participação nas aulas”) da auto-avaliação
tenha recebido maior percentual de escore 4. Esses resultados indicam que a forma como os conteúdos de Fisiologia do Exercício
são apresentados altera a percepção dos alunos de Educação Física
sobre a programação e desenvolvimento da disciplina, sobre o professor e sobre o nível de participação nas aulas, mas altera pouco a
percepção sobre o desempenho na disciplina como um todo.
Comparação da força muscular
respiratória e dos fluxos pulmonares
obtidos de forma direta com os valores
previstos em mulheres saudáveis entre
20 a 29 anos
Parizotto APD, Ferreira CA, Simões RP, Silva AB, Negrini
F, Sampaio LMM
UNIARA - São Carlos, SP
[email protected]
Introdução: A avaliação da força muscular respiratória, dos fluxos
e volumes pulmonares têm sido um instrumento eficaz para detecção
de possíveis alterações na capacidade de gerar força e diagnosticar
a fraqueza e ou fadiga, geralmente relacionadas a patologias neuromusculares, respiratórias, cardíacas ou metabólicas. Por este motivo,
fórmulas preditivas de avaliação da força muscular respiratória e
dos fluxos pulmonares têm sido objeto de estudo na literatura,
comparando com os valores obtidos diretamente, porém estas
comparações têm mostrado resultados controversos em diferentes
populações. Objetivo: Comparar os valores de Ventilação Voluntária
Fisiologia_v5n1.indb 74
Máxima (VVM), Pressão Inspiratória Máxima (PImáx) e Pressão
Expiratória Máxima (PEmáx) obtidos de forma direta por meio da
espirometria e manovacuometria, respectivamente, com as fórmulas previstas por Neder et al. (1999), bem como do pico de fluxo
expiratório em relação as tabelas preditas, as quais são usadas como
referência até os dias atuais para indivíduos saudáveis. Metodologia:
10 mulheres da região de São Carlos, de 23 ± 1,9 anos foram avaliadas, sendo que estas não apresentavam problemas respiratórios,
cardíacos e/ou ortopédicos, não eram atletas nem fumantes. Todas
as voluntárias foram submetidas à avaliação espirométrica onde
realizaram as manobras de capacidade vital lenta (CVL) e capacidade vital forçada (CVF). A força muscular respiratória (FMR) foi
mensurada por meio de um manovacuômetro aneróide (escalonado
±300 cmH2O), o qual foi obtida a PImáx e a PEmáx partindo do
volume residual e da capacidade pulmonar total, respectivamente,
e ainda foi avaliado o pico de fluxo expiratório (PFE) por meio do
Peak Flow Meter. Para cada medida foram realizadas três manobras,
e os indivíduos permaneceram sentados e com clipe nasal. Para a
análise estatística foi computado o maior valor coletado e utilizou-se
o Teste de Wilcoxon (p < 0,05). Este estudo foi realizado de acordo
com a resolução 196/96 do CNS além disto foi aprovado pelo
comitê de ética da instituição. Resultados: Observou-se diferença
significativa (p < 0,01) quando comparados os valores de PImáx e
PEmáx em relação aos dados expressados matematicamente com
os obtidos pela avaliação direta. Já para os valores de PFE e VVM,
não se observou diferença significativa. Conclusão: Infere-se que as
medidas obtidas de PImáx e PEmáx apresentaram valores inferiores
aos preditos matematicamente por Neder et al. (1999) e que os
valores de PFE e VVM foram estaticamente iguais para indivíduos
saudáveis da mesma faixa etária, o que denota que a tabela de Leiner
(1963) ainda é válida para a população atual e a fórmula de Neder
(1999) para a VVM apresentou-se aplicável para mulheres saudáveis
de 20 a 29 anos.
Análise do consumo máximo de oxigênio
indireto, glicose e lactato sangüíneos
em reposta ao teste de caminhada de
rockport, realizado por usuárias e não
usuárias de contraceptivo oral
Guerra CC, Donati CL, Moreira PT, Custódio CRN,
Pinheiro DA
Universidade de Mogi das Cruzes - Mogi das Cruzes, SP
[email protected]
Este estudo teve como objetivo comparar os níveis de lactato e
glicose sangüíneos, antes e após um teste de caminhada realizado
por mulheres sedentárias, no 2º e 10º dias do ciclo menstrual, bem
como os valores de consumo máximo de oxigênio (VO2máx) inferidos
indiretamente. Para tanto, foram sujeitos da pesquisa, 16 mulheres
sedentárias , as quais constituíram 2 grupos: usuárias (20,8 anos ±
1,67) e não usuárias (21,8 anos ± 1,58) de contraceptivo oral. Para
a execução deste teste, foram aferidos os seguintes dados basais:
freqüência cardíaca, freqüência respiratória, glicemia e dosagem
de lactato sérico. A seguir realizou-se 6 minutos de alongamento
muscular ativo acrescido de 1 minuto de caminhada, sendo iniciado o percurso de 1milha. Imediatamente após seu término, foram
colhidas as variáveis e amostras sangüíneas, seguido por um desaquecimento de 8 minutos. Os dados foram expressos por médias e
desvio padrão e a comparação entre as médias foi realizada através
22/11/2007 18:03:41
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
do teste “ t ” de student pareado e não pareado, sendo p ≤0,05
utilizado como nível de significância. Em relação às características
físicas dos sujeitos e ao tempo de realização do teste, não foram
verificadas diferenças estatisticamente significantes nos grupos
analisados, indicando, assim, a homogeneidade entre os sujeitos
da pesquisa. Quanto aos parâmetros cardiorespiratórios, conforme
esperado, observou-se o aumento dessas variáveis após o exercício
físico, em ambos os grupos. Por outro lado, não houve alteração
estatisticamente significante nos valores de pressão arterial sistólica
e diastólica, inicial e final, em resposta ao exercício, analisados nas
usuárias e não usuárias de contraceptivo oral, nos dois dias estudados.
Quanto à dosagem de lactato sangüíneo, os valores iniciais foram
significativamente menores que os observados após o exercício em
todos os grupos. Essa alteração comprova que as voluntárias apresentaram uma mudança durante o teste, do metabolismo aeróbio,
no início do esforço, para o metabolismo anaeróbio lático, com produção e acúmulo de ácido lático. Valores significativamente maiores
no 2º e 10º dias das usuárias de contraceptivo oral também foram
observados.Comparando-se os dados médios de glicemia inicial e
final entre os 2 grupos, em ambos os dias de avaliação, observou-se
que o grupo das usuárias de contraceptivo oral apresentou aumento
da glicemia, enquanto o grupo das não usuárias registraram queda,
estatisticamente significantes. Quanto ao consumo máximo de
oxigênio, não foram verificadas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos, indicando que, independente da fase do ciclo
menstrual ou utilização de contraceptivos orais, com características
antropométricas homogêneas e mesmo nível de condicionamento,
as mulheres apresentaram resultados de performance aeróbia semelhantes. Conclui-se que estudos reprodutivos, envolvendo maior
número de sujeitos, devam ser realizados, visto a subjetividade do
teste utilizado para precisar os dados.
Padrão eletroforético da LDH em ratos
submetidos a treinamento aeróbio em
esteira e laser de baixa intensidade
Vieira WHB, Costa FC, Santos GML, Góes R, Parizotto NA,
Munim FS, Schuwantes MLB, Perez SEA, Baldissera V
UFSCAR - São Carlos, SP
[email protected]
A enzima Lactato Desidrogenase (LDH) consiste em um dos
melhores sistemas enzimáticos para estudos de adaptações metabólicas a modificações as condições externas, como por exemplo,
o déficit de oxigênio. No entanto, inexistem estudos investigando
a atividade dessa enzima em seres submetidos a treinamento físico
e laser de baixa intensidade. O objetivo desse estudo foi examinar
a atividade e padrão eletroforético da LDH em ratos submetidos a
treinamento aeróbio e laser de baixa intensidade. Fizeram parte do
estudo 54 ratos machos, Wistar, com peso médio de 115 ± 12g, os
quais foram alojados em gaiolas coletivas a 22-27ºC com fotoperíodo
de 12 horas de claro e 12 de escuro e receberam ração peletizada e
água ad libitum. Estes animais foram divididos em 4 grupos: dois
permaneceram em repouso (GRC e GRL), sendo o segundo irradiado por laser; enquanto outros dois foram submetidos a treinamento
aeróbio em esteira durante 5 semanas (GEC e GEL), sendo o último
também irradiado por laser. O laser foi aplicado diariamente sobre:
Fisiologia_v5n1.indb 75
75
quadríceps, glúteo máximo, sóleo e Tibial Anterior, bilateralmente,
durante 30 dias consecutivos, utilizando: dose = 3,8J/cm2, potência
= 15 mW, imediatamente após cada sessão de exercício. Amostras
musculares de Sóleo, Tibial Anterior, Coração foram removidas 48
horas após a última sessão de treinamento para análise espectrofotométrica e eletroforética. A análise estatística foi realizada através dos
testes de Shapiro Wilks, ANOVA e Tukey. O nível de significância
foi considerado (p ≤ 0,05). Reduções foram observadas na atividade
da LDH causadas pelo Laser (19 a 30%), exercício (41 a 66%) e suas
ações combinadas (47 a 66%), (P < 0,01). A eletroforese exibiu uma
predominância da subunidade B para o sóleo e coração, e da subunidade da A para TA. Esses dados sugerem uma resposta adaptativa
dos animais ao treinamento aeróbio e laser de baixa intensidade, no
sentido da otimização da via oxidativa.
Efeito do exercício físico realizado até
exaustão, nas intensidades leve e
moderada, sobre a concentração sérica
de interleucina-6
Prestes J, Frollini AB, Dias R, Ferreira CKO, Donatto FF,
Leite GS, Urtado CB, Guerreschi M, Palanch A, Cavaglieri
CR
Universidade Metodista de Piracicaba - Mestrado Educação
Física, Núcleo de Performance Humana, SP
[email protected]
Introdução: A produção de interleucina-6 (IL-6) pode ser modulada por vários estímulos, incluindo o exercício físico, trauma e
infecção. A liberação de IL-6 induzida pelo exercício assumidamente
regula componentes da fase de resposta aguda, incluindo fase aguda
de síntese proteica pelo fígado e liberação de glicocorticóides via
estimulação do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal. Objetivo:
Analisar os efeitos do exercício físico até a exaustão, nas intensidades leve e moderada, sobre a concentração sérica de citocina IL-6;
utilizando como modelo de exercício físico, a natação. Método:
Ratos sedentários machos Wistar, 2 meses e peso +200g obtidos
do Biotério Central da UNIMEP. Na intensidade leve o exercício
foi realizado sem sobrecarga, sendo que, na intensidade moderada
uma sobrecarga correspondente a 5% do peso corporal do animal
foi acoplada ao seu dorso, a qual corresponde a uma intensidade
inferior ao ponto de inflexão da curva do limiar de lactato (Gobatto et al., 2001; Voltarelli et al., 2002). Os grupos realizaram uma
única sessão até a exaustão; n = 3 para cada grupo. A dosagem foi
realizada no soro dos animais e determinada pelo método ELISA,
seguindo as especificações do Kit (R&D Systems). A estatística
utilizada foi ANOVA seguido do Teste-t de Student, (p ≤0.05),
resultados expressos pela média ±o erro padrão através do software
MicrocaL Origin 6.0 (1999). Resultados: Comparando o grupo controle com o grupo exaustão leve, observou-se aumento significante
de 26,6% na IL-6, não tendo sido observadas diferenças quando
comparado o grupo exaustão moderado ao controle (Tabela 1).
Na comparação entre os grupos exercitados, observamos diferença
estatisticamente significante na IL-6 no grupo leve em relação ao
exaustão moderado, sendo a concentração de IL-6 26% maior no
exaustão leve (Tabela I).
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Tabela I - Concentração sérica de IL-6 para o grupo controle
e grupos exercitados.
Concentração C
EXL
EXM
sérica de IL-6
(pg/ml)
#
364,88 + 7,76*
269,88 + 23,18
Média + erro 267,88 + 9,86
padrão
Tabela referente aos resultados da concentração sérica de IL-6 em pg/mL para
o grupo controle e grupos exercitados. C= Grupo controle, EXL= Exercício
agudo leve até a exaustão, EXM= Exercício agudo moderado até a exaustão.
*Diferença significativa em relação ao grupo #controle. Diferença significativa
entre os grupos EXL e EXM, (p < 0,05).
Conclusão: Os resultados obtidos mostraram que o exercício em
intensidade leve realizado até a exaustão (duração média de 8 horas)
induz a aumentos na concentração sérica de IL-6. No caso da intensidade moderada, esta não foi suficiente para elevar a IL-6.
Variações pressóricas em idosos
ativos portadores de diabetes tipo II
submetidos a treinamento resistido de
baixa intensidade
estudo mais longitudinal. Segundo um levantamento feito em 2000,
com 2.143 pessoas, com 60 anos ou mais, residentes na capital paulista,
a doença crônica mais freqüente é a hipertensão, acometendo 53,3%
dos entrevistados (Pivetta, 2003). Quando se trata de diabéticos,
estima-se que essa porcentagem seja de aproximadamente 90%. O
acompanhamento e o controle da hipertensão arterial e do diabetes
mellitus poderá evitar o surgimento e a progressão das complicações.
Segundo o sistema de Dados Básicos em Saúde da OPS, no Brasil, a
mortalidade por problemas específicos de saúde, registradas em 1994
na população brasileira com mais de 60 anos de idade, se atribuem em
47% dos casos a enfermidades do aparelho circulatório.
Comportamento da freqüência cardíaca
e do lactato sangüíneo durante a prática
do boxe
AJMR Rodrigues, Franchini E, Menegon EM, Kiss MAPDM,
Rossi LC, Bertuzzi RCM
Curso de Educação Física - Unib, Grupo de Pesquisas
em Fisiologia do Exercício - Universidade Presbiteriana
Mackenzie, Laboratório de Desempenho Esportivo EEFEUSP
[email protected]
Stotzer US, Oliveira PHZ, Damiano LEGV, Duarte ACG
UFSCar, USP, São Carlos, SP
[email protected]
O aumento da população idosa tem ocorrido de forma cada vez
mais exponencial e juntamente tem crescido a incidência de doenças
relacionadas à idade, onde a doença crônica mais freqüente é a hipertensão. Quando se trata de diabéticos, estima-se que essa porcentagem
seja de aproximadamente 90%. Os diversos estudos que abordam a
relação da pressão arterial (PA) com o exercício físico têm se concentrado, principalmente, no exercício do tipo aeróbio dinâmico, que
comprovadamente oferece bons resultados, mas o treinamento resistido
tem conquistado a cada dia mais espaço quando se trata de promoção
de saúde. O treinamento resistido na terceira idade vem se revelando
indispensável principalmente por reverter o quadro de hipotrofia muscular que ocorre nas fibras brancas, benefício que os exercícios aeróbios
não promovem. Objetivo: investigar as alterações pressóricas em idosos
diabéticos tipo II quando submetidos a treinamento de exercício resistido. Métodos: quatro voluntários (3 homens e 1 mulher), diabéticos tipo
II, com níveis pressóricos levemente elevados, idade entre 66-77 anos,
após 5 semanas de adaptação aos exercícios realizados em aparelhos de
musculação, realizaram teste de 1 Repetição Máxima (1RM) seguido
de treinamento de 5 semanas, com cargas correspondentes a 45% de
1RM, numa freqüência de 3 sessões semanais. As pressões sistólicas e
diastólicas foram monitoradas em todas as sessões pré e pós-exercício.
Resultados: a média da pressão arterial sistólica baixou de 143 ± 15
mmHg, pós-primeira sessão de treino, para 134 ± 20mmHg, pós-última sessão de treino e a pressão arterial diastólica sofreu uma redução
de 88 ± 5 mmHg, pós-primeira sessão de treino, para 85 ± 7mmHg
pós-última sessão de treino, ou seja, sofreram uma redução de 6% e 3%,
respectivamente, porém quando analisados no teste “t” de student não
apresentaram diferença significativa. Conclusões: o treinamento resistido
de baixa intensidade mostrou ser aplicável também em população
idosa portadora de diabetes tipo II com pressões arteriais ligeiramente
elevadas, se devidamente monitorado. Neste tipo de treinamento, as
diferenças pressóricas encontradas, apesar de não terem apresentado
diferenças estatísticas significativas, merecem considerações clinicas e
Fisiologia_v5n1.indb 76
Durante a prática do boxe, os atletas objetivam aumentar a sua
pontuação por meio de golpes intensos e eficazes em rounds com
duração aproximada de três minutos. Dessa forma, os objetivos do
presente estudo foram: a) analisar o comportamento da freqüência
cardíaca e das concentrações sangüíneas de lactato durante uma
luta de boxe, b) verificar o nível de associação dessas variáveis com
a quantidade de golpes aplicados pelos pugilistas. A amostra foi
composta por 10 indivíduos (73,5 ± 10,5 kg; 170,9 ± 5,5 cm; 28
± 4 anos) que praticavam o boxe a pelo menos 5 anos. As duplas
foram formadas mediante as equivalências das categorias de peso,
bem como do nível técnico. A luta foi composta por quatro rounds
com duração de três minutos, seguidos por um minuto de descanso.
A freqüência cardíaca de pico (FCpico) foi considerada como o maior
valor obtido ao final de cada round. As concentrações sangüíneas
de lactato de pico [Lapico] foram obtidas imediatamente após o
término de cada round. Além disso, todas as lutas foram filmadas
para posterior contagem dos golpes considerados efetivos (GE). A
comparação da FCpico e das [Lapico] nos quatro rounds foi realizada
por meio da ANOVA com medidas repetidas, seguida pelo teste de
Bonferroni. Os níveis das associações do GE com a FCpico ou com
as [Lapico] foram obtidos pelo coeficiente de correlação de Pearson.
Para todas as análises adotou-se o nível de significância de 5 % (p <
0,05). Os dados foram expressos em médias ± desvios padrão. Durante a coleta dos dados, houve a mortalidade experimental de um
sujeito. Os resultados estão presentes na Tabela I. Adicionalmente,
as [Lapico] se correlacionou estatisticamente com o GE somente
no terceiro round (r = 0,70; p = 0,036).
Tabela I - Respostas fisiológicas e quantidade de golpes durante a
luta (n = 9).
1º round 2º round 3º round 4º round
FCpico (bpm)
[Lapico] (mM)
GE (golpes)
180 ± 13 182 ± 16 188 ± 10* 191 ± 9*♦
8,2 ± 1,9 10,0 ± 2,1* 10,5 ± 2,8* 11,7 ± 2,9*
122 ± 42 105 ± 39 105 ± 47* 99 ± 34
* = estatisticamente diferente do 1º round; ♦= estatisticamente diferente do 3º
round; (FCpico F = 6,159; [Lapico] F = 8,985; GE F = 4,817; p < 0,05).
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
Baseado nas respostas da FCpico, pode-se concluir que durante
a luta de boxe, o aumento da sobrecarga do sistema cardiovascular
ocorre principalmente a partir do terceiro round. Por outro lado, a
alteração das [Lapico], logo no segundo round, poderia indicar que a
contribuição do sistema glicolítico ocorre nos instantes iniciais da
luta. Contudo, apenas a [Lapico] no terceiro round associou-se significativamente com os GE, indicando que na maioria das situações,
a elevação das variáveis fisiológicas supracitadas não depende da
quantidade de golpes aplicados. Porém, deve-se considerar que na
presente investigação não houve a mensuração da intensidade desses
golpes, que, de certa forma, poderia ter influenciado nas respostas
da FCpico e das [Lapico] durante a luta.
Incidência de lesões em jogadores de
futebol profissional do Uberaba Sport
Clube no Campeonato Mineiro módulo II
2005
Faria LF, Paiva VH
Universidade Federal de São Carlos (Departamento de
Ciências Fisiológicas) - São Carlos, SP
[email protected]
Introdução: O futebol é o esporte mais praticado no mundo.
Segundo a FIFA, é praticado por mais de 60 milhões de pessoas em
mais de 150 países. Um contingente tão elevado de praticantes leva
necessariamente a um grande número de lesões e torna o esporte
objeto de estudos também na área de saúde. Por exemplo, estimase que 50 a 60% das lesões esportivas na Europa são causadas pela
prática do futebol, gerando atendimentos médicos, afastamentos do
trabalho e até internações. A lesão que ocorre mais freqüentemente
nos atletas de futebol é a contusão (pancada, com 33,71%), sendo
este o resultado de trauma direto sobre o corpo do jogador, seguido
pela lesão muscular (estiramento, ruptura do músculo, com 21,72%)
e pelo entorse (torção). A localização mais freqüente das lesões é nos
membros inferiores, especialmente o joelho (24,30%), seguido pela
coxa (21,71%) e pelo tornozelo (12,20%). Os fatores mais comuns
predisponentes de lesões no futebol estão associados ao tipo de
treinamento, condicionamento dos atletas e outros tipos de fatores
isolados (como estado psicológico e fraturas por contato). Objetivo:
relatar a incidência de lesões em jogadores de futebol profissional do
Uberaba Sport Clube no Campeonato Mineiro Módulo II do ano de
2005 que compreendeu o período de 14/05/2005 até 28/08/2005 e
suas possíveis repercussões no desempenho da equipe. Metodologia:
Quantificou-se o número de lesões dos atletas profissionais da equipe
de futebol do Uberaba Sport Clube (USC) no Campeonato Mineiro
Módulo II do ano de 2005 através de averiguação clínica e exames
complementares no departamento médico do clube. A amostragem
foi composta dos 23 atletas componentes da equipe profissional
do USC. Os dados colhidos foram agrupados e organizados com
a utilização de média simples, correlacionando número e tipos de
lesões, fase do campeonato, afastamento dos atletas por jogos e
aproveitamento do time entre as fases do campeonato. Resultados:
Durante o campeonato ocorreram 19 lesões no total com a seguinte
distribuição: 7 lesões traumáticas e 12 não-traumáticas; entre as lesões traumáticas houveram 1 ruptura de ligamento, 1 corte contuso,
2 luxações e 2 fraturas; entre as lesões não-traumáticas, 6 foram por
entorse e 6 por estiramento muscular. 78,9% das lesões ocorreram
nos membros inferiores, 15,8% das lesões em membros superiores
e 5,3% das lesões na cabeça. Ocorreram 7 lesões na primeira fase
Fisiologia_v5n1.indb 77
77
do campeonato e 12 no Hexagonal Final. Durante o campeonato
a média de afastamento por lesões traumáticas foi de 2,4 jogos, e
lesões não-traumáticas, 2 jogos. O aproveitamento do time foi de
66,7% na primeira fase e 30% na segunda fase. Conclusão: O número
de lesões no time de futebol profissional do USC ocorreu em sua
maior parte nos membros inferiores e por lesões não-traumáticas.
Foi maior também o número de lesões na segunda fase do campeonato (Hexagonal Final) podendo este fato estar relacionado ao tipo
de treinamento dos atletas, no qual foi priorizado o treinamento
intervalado (sem planejamento de macro e microciclos) e ao período
de recuperação.
Atividade física, hábitos alimentares
e stress em adolescentes prévestibulandos de Ituiutaba, Minas
Gerais, Brasil
Franco LDP*, Manco AM**, Demonte A*
*Especialista em Fisiologia do Exercício pela Universidade
Federal de São Carlos e Mestranda em Ciências Nutricionais
pela Universidade Estadual Paulista - Araraquara, SP, **
Doutoranda em Ciências Nutricionais pela Faculdade de
Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista
- Araraquara, SP
[email protected].
O desejo de alcançar uma cadeira na Universidade faz com que,
no período pré-vestibular, haja mudanças no estilo de vida dos estudantes, alterando principalmente os hábitos alimentares e o nível
de atividade física habitual, favorecendo o aparecimento do stress.
Considerando a grande população que se insere nessa situação, o
presente estudo visou investigar os hábitos alimentares, os níveis de
atividade física e o stress entre adolescentes em fase de preparação
para o vestibular em Ituiutaba, MG, Brasil. Metodologia: A população
estudada constituiu-se de 71 estudantes de escola pública, de ambos
os sexos, com idade média de 16,95 ± 0,49 anos. Foram utilizados
questionários traduzidos por Nahas (2001) para avaliar os hábitos
alimentares e a atividade física habitual e o Inventário de Sintomas
do Stress, elaborado e validado por Lipp & Guevara (1994) para
sujeitos a partir de 15 anos para analisar o surgimento do stress. Os
dados foram analisados através da estatística descritiva (médias,
desvio-padrão, distribuição de freqüência e percentuais), o teste “t”
de Student e o Qui-quadrado, utilizando um nível de significância
de p < 0,05 em todo o estudo. Resultados: Em geral, as moças e os
rapazes apresentaram um nível ativo de atividade física (41,66%),
com diferença significativa entre os gêneros, mostrando maior nível
de atividade física entre os rapazes (t = 5,9681). A prática de atividades físicas aeróbicas, como caminhar ou passear de bicicleta moderadamente foi a modalidade que mais despertou o interesse das moças
(61,9%), não havendo, entretanto, diferença significativa quando
comparado aos rapazes (χ2 = 1,2954). As categorias que apresentaram
diferença significativa entre os gêneros foram a ginástica localizada
(χ2 = 6.225) com predominância entre as moças, e a musculação
(χ2 = 5.476) entre os rapazes. Na análise dos hábitos alimentares,
83,09% dos estudantes possuíam hábitos inadequados, com baixo
consumo de frutas, hortaliças, carnes brancas e leite; mostrando
ainda diferença significativa no consumo de carnes vermelhas (χ2 =
9.2437) e refrigerantes (χ2 = 8.5728) entre os gêneros. Houve alta
prevalência de stress instalado (73,24%), principalmente na fase
22/11/2007 18:03:42
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
de resistência (76,73%) e, entre as moças (71,15%). Conclusão: A
atividade física deve manter-se inserida no dia-a-dia dos adolescentes,
com a finalidade de manter o estilo de vida ativo, objetivando não só
a saúde física, mas também promover ou recuperar a saúde mental e
emocional. Além disso, tanto rapazes como moças devem procurar
rever seus hábitos alimentares e desmistificar concepções a respeito
da alimentação. Sugere-se ainda outros estudos que possam avaliar
e comparar os níveis de atividade física e vulnerabilidade ao stress
entre estudantes de escolas da rede pública e privada.
Variáveis das ergoespirométricasem
mulheres submetidas a testes na esteira
rolante em diferentes protocolos
Tavano J, Tavano J, Baldissera V
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar São Carlos, SP
[email protected]
bem como a inclinação positiva e inclinação negativa. Isto sugere
a possibilidade de se manter um exercício em inclinação negativa,
com o mesmo gasto metabólico e consumo máximo de oxigênio,
em relação às condições inclinação nula e inclinação positiva, porém
em velocidades maiores. Quando o exercício em aclives acentuado
for contra-indicado devido a uma sobrecarga cardiorespiratória
elevada ou redução da força muscular para suportar este exercício,
os exercícios inclinações negativas seriam mais indicados, apesar da
possibilidade da gênese de micro-lesões e dores musculares uma vez
que habitualmente que este tipo de musculatura não é usualmente
recrutado.
Aspectos genéticos e padrões de
movimentos axiais na dança do ventre
Haddad M, Ramirez A
UNIFMU - São Paulo, SP
[email protected]
A grande maioria dos testes de esforço físico em esteira rolante
são realizados com inclinação positivas ou nulas, em nenhum trabalho até hoje publicado verificou-se o uso da inclinação negativa,
onde poderia ser benéfico para aqueles indivíduos que teriam a
dificuldade de realizar a atividade física em aclives acentuados,
como por exemplo, por apresentar uma reduzida força muscular.
Os benefícios e controle metabólico na condição de inclinação
negativa têm sido muito pouco estudados. O presente trabalho
tem por objetivo comparar a existência de diferenças significantes
estatisticamente, entre as principais variáveis ergoespirométricas em
teste de esforço executado nas condições de inclinação positiva (+
10%), nula (0%) e negativa (-10 %). Participaram deste estudo 11
voluntárias ativas e saudáveis do sexo feminino, com idade média
±desvio padrão de 25,9 ±4,7 e IMC de 21,5 ±2,1. Os indivíduos
foram submetidos a três testes incrementais em esteira rolante, no
Laboratório de Fisiologia do Exercício da Universidade Federal de
São Carlos – UFSCar. Os testes foram realizados sempre no mesmo
período do dia, ao longo de duas semanas, em diferentes dias e em
ordem aleatória, para os três tipos de protocolos. Os testes iniciaram
com 3Km/h aumentando 1km/h a cada dois minutos, até a exaustão voluntária. Foram continuamente mensurados os parâmetros
Ergoespirométricos (analisador de gases VO 2000) e a composição
corporal (bioimpedância). Mediante a análise dos resultados, foi
possível observar, uma diferença estatisticamente significante quando
aplicado o teste de ANOVA, com comparações por Tukey entre o
quociente respiratório obtido durante o limiar anaeróbio e o limiar
de compensação respiratória, nas condições de inclinação positiva
(médias de 1,2 -1,3 respectivamente) e inclinação negativa (1,1 1,1). Ressalta-se que a produção calórica total no teste não foi afetada
pelo procedimento experimental (gasto metabólico oscilando entre
9.543 Kcal a 10.285 Kcal). A comparação deste parâmetro com a
carga máxima expressa em relação à velocidade máxima suportada
na corrida, revelou que a mesma foi estatisticamente menor para a
condição em inclinação positiva (8,4 m/min ± 1,0) e inclinação negativa (13,0 m/min ± 2,4), bem como a condição de inclinação nula,
Fisiologia_v5n1.indb 78
A dança, inclusive a do ventre, é uma forma de movimento que
utiliza um vocabulário específico para o esforço criativo particular
que está sendo expresso. Conseqüentemente, movimentos fundamentais de locomoção e estabilidade (movimentos axiais) servem
como meios para transmitir conceitos e idéias. Considerando que
cada pessoa é um indivíduo peculiar devido à combinação genética
herdada e às influências ambientais na qual vive, fica patente que,
apesar de algumas características genéticas serem estáveis como o tipo
sanguíneo, cada indivíduo tem seu próprio tempo de desenvolvimento até atingir a maturidade motora. A dança do ventre requer estágios
maduros de desenvolvimento motor, especialmente de movimentos
axiais. Este trabalho teve como objetivo verificar aspectos genéticos e
padrões de movimentos axiais em bailarinas praticantes de dança do
ventre. Foram analisadas 13 bailarinas entre 20 e 50 anos de idade
por meio de um questionário e teste de seqüência de desenvolvimento para movimentos axiais. Os aspectos genéticos considerados foram
tipagem sanguínea e etnia. Os resultados dos testes de movimentos
axiais revelaram que seis bailarinas apresentaram padrão maduro,
cinco apresentaram padrão elementar e duas apresentaram padrão
inicial. A análise geral dos dados revelou que todas as voluntárias
do tipo sangüíneo A+ não apresentaram variações nos testes de movimentos axiais, demonstrando nível maduro nos testes realizados.
Mais de 50% das voluntárias do tipo sangüíneo O+ apresentaram
nível elementar no teste. Observou-se ainda, que as voluntárias de
etnia branca apresentaram um maior número de estágios maduros,
provavelmente por comporem a maior parte da amostra testada.
Conclui-se que, apesar da precisão obtida na avaliação dos padrões
de movimentos axiais das praticantes de dança do ventre, não foi
possível estabelecer relações a respeito da influência genética nos
padrões de movimentos axiais devido à heterogeneidade dos dados
obtidos. Um aumento na amostra, um estudo mais detalhado sobre
mielinização, e a utilização de marcadores genéticos mais precisos
possivelmente levariam ao objetivo proposto neste trabalho.
22/11/2007 18:03:43
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
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A revista Fisiologia do Exercício é uma publicação com periodicidade quadrimestral e está aberta para a publicação e divulgação
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do Exercício.
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que surjam no futuro. Ao autorizar a publicação de seus artigos
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originais, Revisões, Estudos de Caso) ou não.
1. Editorial
O Editorial que abre cada número da Fisiologia do Exercício
comenta acontecimentos recentes, inovações tecnológicas, ou
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etc. O Resumo deve ser enviado em português e em inglês, e
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3. Revisão
São trabalhos que expõem criticamente o estado atual do conhecimento em alguma das áreas relacionadas à Fisiologia do
Exercício. Revisões consistem necessariamente em síntese, aná-
Fisiologia_v5n1.indb 79
lise, e avaliação de artigos originais já publicados em revistas
científicas. Todas as contribuições a esta seção que suscitarem
interesse editorial serão submetidas à revisão por pares anônimos.
Formato: Embora tenham cunho histórico, Revisões não expõem necessariamente toda a história do seu tema, exceto
quando a própria história da área for o objeto do artigo. O
texto deve conter um resumo de até 200 palavras em português
e outro em inglês. O restante do texto tem formato livre, mas
deve ser subdividido em tópicos, identificados por subtítulos,
para facilitar a leitura.
Texto: A totalidade do texto, incluindo a literatura citada e as
legendas das figuras, não deve ultrapassar 30.000 caracteres, incluindo espaços.
Figuras e Tabelas: mesmas limitações dos Artigos originais.
Literatura citada: Máximo de 50 referências.
4. Estudo de caso
São artigos que apresentam dados descritivos de um ou mais
casos clínicos ou terapêuticos com características semelhantes.
Contribuições a esta seção que suscitarem interesse editorial serão submetidas à revisão por pares.
Formato: O texto dos Estudos de caso deve iniciar com um
resumo de até 200 palavras em português e outro em inglês. O
restante do texto deve ser subdividido em Introdução, Apresentação do caso, Discussão, Conclusões e Referências.
Texto: A totalidade do texto, incluindo a literatura citada e as
legendas das figuras, não deve ultrapassar 10.000 caracteres, incluindo espaços.
Figuras e Tabelas: máximo de duas tabelas e duas figuras.
Literatura citada: Máximo de 20 referências.
5. Opinião
Esta seção publicará artigos curtos, de no máximo uma página,
que expressam a opinião pessoal dos autores: avanços recentes,
política de saúde, novas idéias científicas e hipóteses, críticas à
interpretação de estudos originais e propostas de interpretações
alternativas, por exemplo. Por ter cunho pessoal, não será sujeita a revisão por pares.
Formato: O texto de artigos de Opinião tem formato livre, e
não traz um resumo destacado.
Texto: Não deve ultrapassar 5.000 caracteres, incluindo espaços.
Figuras e Tabelas: Máximo de uma tabela ou figura.
Literatura citada: Máximo de 20 referências.
6. Cartas
Esta seção publicará correspondência recebida, necessariamente
relacionada aos artigos publicados na Fisiologia do Exercício
ou à linha editorial da revista. Demais contribuições devem ser
endereçadas à seção Opinião. Os autores de artigos eventualmente citados em Cartas serão informados e terão direito de
resposta, que será publicada simultaneamente. Cartas devem
ser breves e, se forem publicadas, poderão ser editadas para
atender a limites de espaço.
22/11/2007 18:03:43
80
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006
PREPARAÇÃO DO ORIGINAL
1. Normas gerais
1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador
de texto (Word), em página A4, formatados da seguinte maneira: fonte Times New Roman tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc.
1.2 Tabelas devem ser numeradas com algarismos romanos, e
Figuras com algarismos arábicos.
1.3 Legendas para Tabelas e Figuras devem constar à parte, isoladas das ilustrações e do corpo do texto.
1.4 As imagens devem estar em preto e branco ou tons de cinza, e com resolução de qualidade gráfica (300 dpi). Fotos e
desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif.
Imagens coloridas serão aceitas excepcionalmente, quando forem indispensáveis à compreensão dos resultados (histologia,
neuroimagem etc.)
Todas as contribuições devem ser enviadas por e-mail para
([email protected]). O corpo do e-mail deve ser
uma carta do autor correspondente à editora, e deve conter:
(1) resumo de não mais que duas frases do conteúdo da contribuição (diferente do resumo de um Artigo original, por
exemplo);
(2) uma frase garantindo que o conteúdo é original e não foi
publicado em outros meios além de anais de congresso;
(3) uma frase em que o autor correspondente assume a responsabilidade pelo conteúdo do artigo e garante que todos
os outros autores estão cientes e de acordo com o envio do
trabalho;
(4) uma frase garantindo, quando aplicável, que todos os
procedimentos e experimentos com humanos ou outros
animais estão de acordo com as normas vigentes na Instituição e/ou Comitê de Ética responsável;
(5) telefones de contato do autor correspondente.
2. Página de apresentação
A primeira página do artigo traz as seguintes informações:
- Título do trabalho em português e inglês;
- Nome completo dos autores e titulação principal;
- Local de trabalho dos autores;
- Autor correspondente, com o respectivo endereço, telefone
e E-mail;
- Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para
paginação;
3. Resumo e palavras-chave
A segunda página de todas as contribuições, exceto Opiniões,
deverá conter resumos do trabalho em português e em inglês.
O resumo deve identificar, em texto corrido (sem subtítulos),
o tema do trabalho, as questões abordadas, a metodologia empregada (quando aplicável), as descobertas ou argumentações
principais, e as conclusões do trabalho.
Fisiologia_v5n1.indb 80
Abaixo do resumo, os autores deverão indicar quatro palavras-chave em português e em inglês para indexação do artigo.
Recomenda-se empregar termos utilizados na lista dos DeCS
(Descritores em Ciências da Saúde) da Biblioteca Virtual da
Saúde, que se encontra em http://decs.bvs.br.
4. Agradecimentos
Agradecimentos a colaboradores, agências de fomento e técnicos devem ser inseridos no final do artigo, antes das Referências, em uma seção à parte.
5. Referências
As referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver.
As referências bibliográficas devem ser numeradas com algarismos arábicos, mencionadas no texto pelo número entre parênteses, e relacionadas nas Referências na ordem em que aparecem no texto, seguindo as seguintes normas:
Livros - Sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente
do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto,
local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da
impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto.
Exemplo:
1. Phillips SJ, Hypertension and stroke. In: Laragh JH, editor.
Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management.
2nd ed. New-York: Raven Press; 1995. p.465-78.
Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras
iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título
do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido
de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou
itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com o
Index Medicus, na publicação List of Journals Indexed in Index
Medicus ou com a lista das revistas nacionais, disponível no
site da Biblioteca Virtual de Saúde (www.bireme.br). Devem
ser citados todos os autores até 6 autores. Quando mais de 6,
colocar a abreviação latina et al.
Exemplo:
Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and localization of urokinase-type plasminogen activator receptor in
human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20.
Todas as contribuições devem ser enviadas por e-mail para:
Guillermina Arias
E-mail: [email protected]
Atlantica Editora
www.atlanticaeditora.com.br
Rua da Lapa, 180/1103 - Lapa
20021-180 Rio de Janeiro RJ
Tel: (21) 2221 4164
22/11/2007 18:03:43

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