Alteracoes post mortem_JD
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Alteracoes post mortem_JD
04/04/2016 Universidade Paulista – UNIP Medicina Veterinária Anatomia Patológica Visceral dos Animais Domésticos Introdução • Conceito – alterações observadas no cadáver que não tenham ocorrido no indivíduo vivo - Alterações post mortem Profª. Dra. Janaína Duarte – Diferenciar das lesões produzidas em vida – Estimar a hora da morte (medicina legal) Classificação Alterações abióticas imediatas • Alterações cadavéricas abióticas: não modificam o aspecto geral do cadáver. Podem ser: – Imediatas (morte somática ou clínica) – Mediatas ou consecutivas (autólise) • Alterações cadavéricas transformativas: modificam o aspecto geral do cadáver, dificultando o trabalho de análise dos achados macroscópicos. Englobam a decomposição e a putrefação (heterólise). Autólise • É a destruição de um tecido por enzimas proteolíticas do próprio tecido. • Quanto mais diferenciado o tecido, mais rápida a autólise. • Alterações microscópicas observadas: – – – – – • Importância Citoplasma hialino e granuloso Perda dos limites celulares Diminuição da afinidade tintorial Ausência de reações inflamatórias Hemólise • • • • • Insensibilidade Imobilidade Parada das funções cardio-respiratórias Inconsciência Arreflexia (ausência de reflexos) Putrefação • É a ação de enzimas proteolíticas de microrganismos saprófitas, geralmente oriundos do próprio trato intestinal do animal. 1 04/04/2016 Cronologia das alterações post mortem • • • • • Livor mortis Algor mortis Rigor mortis • Deslocamento, torção ou ruptura de vísceras • Pseudo prolapso retal Coagulação do sangue • Pseudo melanose • Enfisema cadavérico Embebição por tecidual hemoglobina • Maceração • Embebição biliar • Coliquação • Timpanismo cadavérico • Redução esquelética Fatores que influenciam no aparecimento precoce ou tardio • Temperatura ambiente – Altas temperaturas favorecem a instalação das APM • Tamanho do animal – Animais maiores têm o resfriamento do corpo mais lento, favorecendo o início das APM • Estado de nutrição – Animais bem nutridos possuem mais glicogênio muscular, que atrasa o rigor e o resfriamento, acelerando as APM • Causa mortis – Infeccões clostridianas, septicemias estricnina aceleram as APM e intoxicações por • Cobertura tegumentar – Penas, pêlos, lã e camada gordurosa aceleram as APM Livor mortis Livor mortis • Sinonímia: – Hipostase cadavérica – Lividez cadavérica • Verificação: – Manchas violáceas nas partes baixas do cadáver • Aparecimento após a morte – Entre duas a quatro horas Livor mortis Algor mortis Perda da circulação Sangue não coagulado • Sinonímia: Ação da gravidade Sangue para as partes baixas do cadáver Manchas hipostáticas OBS: Hemorragias ocorridas no animal vivo apresentam coloração amarronzada, pela liberação de hemossiderina. – Arrefecimento cadavérico – Frialdade cadavérica – Frigor mortis • Verificação: – Resfiamento gradual do cadáver, até atingir a temperatura ambiente • Aparecimento: – Três a quatro horas após a morte 2 04/04/2016 Algor mortis Rigor mortis Parada das funções vitais e da termorregulação • Sinonímia: – Rigidez cadavérica Evaporação nas superfícies corporais • Verificação: – Perda da mobilidade das articulações Resfriamento gradual • Aparecimento: – Duas a quatro horas após a morte • Atenção: – Temperatura corpórea baixa 1°C por hora. – Causa mortis influencia: tetanias elevam a temperatura corpórea mesmo após a morte. • Causa mortis • Estado nutricional • Duração: – 12 a 24 horas, plenitude de 12 a 15 horas Rigor mortis Rigor mortis • Fase pré-rigor: flacidez muscular – Reserva de glicogênio muscular (ATP) • ATP desfaz ligação actina-miosina (relaxamento muscular) – Ausência de oxigenação • Aumento de ácido lático • Fase de rigor: rigidez muscular – Esgotamento do glicogênio de reserva – Ausência de ATP leva a forte ligação entre a actina e a miosina (contração muscular) • Fase de pós-rigor: amolecimento muscular – Destruição da actina e da miosina (enzimas proteolíticas nos processos de autólise e heterólise) – Relaxamento conseqüente dos músculos e articulações Rigor mortis Rigor mortis • Seqüência do enrijecimento muscular Morte Fase pré-rigor (flacidez) Involuntários Ausência de circulação Diminuição de oxigênio Aumento da glicólise anaeróbica Redução do glicogênio (e do ATP) Aumento do ácido lático (pH = 6,3) Exaustão ATP (miosina não desliga) Rigor mortis (rigidez) Enzimas autolíticas destróem miofibrilas Fase pós rigor (amolecimento) – – – – – – – – Voluntários Coração Músculos da respiração Músculos da mastigação Músculos peri-oculares Músculos do pescoço Músculos dos membros torácicos Músculos do tronco Músculos dos membros pélvicos 3 04/04/2016 Rigor mortis Coagulação do sangue • Ocorre porque os fatores de coagulação predominam sobre os anticoagulantes • Tipos de coágulos: – Coágulo cruórico • Constituído por todos os elementos sanguíneos – Coágulo lardáceo • Constituído principalmente por fibrina, após a deposição dos demais componentes (anemia, fase agônica das doenças) – Coágulo misto Coagulação do sangue Coagulação do sangue Coagulação do sangue Coagulação do sangue • Aparecimento: – Em média duas horas após a morte • Duração: – Em média oito horas • Mecanismo de formação: – Células endoteliais, leucócitos e plaquetas em hipóxia liberam tromboquinases, que desencadeiam a formação dos coágulos 4 04/04/2016 Coagulação do sangue Coagulação do sangue • Diferenciação entre coágulos (post mortem) e trombos (ante mortem, por vezes a causa mortis): – Coágulo: elástico, gelatinoso, liso, brilhante e solto – Trombo: inelástico, friável, seco, opaco e aderido Embebição pela hemoglobina Embebição pela hemoglobina • Verificação: – Manchas avermelhadas, principalmente em serosas (pleura, peritônio, omento, mesentério). Não visível em tecidos escuros • Aparecimento: – Oito horas ou mais após a coagulação • Mecanismo: – Ausência de oxigenação gera hemólise, com liberação de hemoglobina. Embebição biliar Embebição biliar • Verificação: – Coloração amarelo-esverdeada nos tecidos próximos à vesícula biliar • Aparecimento: – Variável • Mecanismo: – Autólise rápida da parede da vesícula biliar, devido à ação dos sais biliares 5 04/04/2016 Timpanismo cadavérico Timpanismo cadavérico • Sinonímia: – Meteorismo post mortem • Verificação: – Distensão abdominal por gases formados no trato digestório • Mecanismo de formação: – A fermentação e putrefação do conteúdo gastrointestinal produz gás, que distende as vísceras ocas, aumentando a pressão intra abdominal Timpanismo cadavérico Timpanismo cadavérico • Diagnóstico diferencial: – Timpanismo post mortem • Ausência de alterações circulatórias submucosa do trato gastrointestinal na – Timpanismo ante mortem • • • • Deslocamento, torção e ruptura de vísceras Hiperemia e hemorragia na submucosa Congestão passiva nos órgãos abdominais Anemia por compressão do fígado e baço Congestão e edema pulmonar são frequentes Deslocamento, torção e ruptura de vísceras • Verificação: – Modificação na posição das vísceras, podendo haver torção e ruptura concomitante • Mecanismo: – A putrefação do conteúdo gastrointestinal gera produção de gás, responsável pelos deslocamentos, torções e até rupturas • Observação: diferenciar de torções ou rupturas ante mortem, que induzem ao diagnóstico de peritonite 6 04/04/2016 Deslocamento, torção e ruptura de vísceras Deslocamento, torção e ruptura de vísceras Pseudo prolapso retal Pseudo prolapso retal • Sinonímia: – Prolapso retal cadavérico • Verificação: – Exteriorização da ampola retal, com ausência de alterações circulatórias • Aparecimento: – 24 horas • Mecanismo: – O timpanismo cadavérico aumenta a pressão intra abdominal e intrpélvica. – É comum em herbívoros, cujo conteúdo gastrointestinal tende a fermentar e produzir gás • Observação: diferenciar do prolapso retal ante mortem Pseudo melanose • Sinonímia: – Manchas de putrefação • Verificação: – Manchas cinza-esverdeadas, irregulares, na pele da região abdominal e órgãos vizinhos aos intestinos • Mecanismo: – A putrefação gera ácido sulfídrico (H2S), que reage com o ferro advindo do catabolismo da hemoglobina, gerando sulfureto de ferro, que tinge os tecidos Enfisema cadavérico • Sinonímia: – Crepitação post mortem • Verificação: – Crepitação do tecido subcutâneo, tecido muscular e órgãos parenquimatosos • Mecanismo: – Há proliferação de bactérias putrefativas, que decompõem os tecidos, formando bolhas de gás (H2S) 7 04/04/2016 Enfisema cadavérico Maceração • Verificação: – Desprendimento das mucosas em geral • Aparecimento: – 24 horas • Mecanismo: – Enzimas proteolíticas oriundas da proliferação bacteriana tornam as mucosas friáveis • Observação: Lesões extremamente precoces em mucosas não significam maceração Maceração Coliquação • Sinonímia: – Liquefação parenquimatosa post mortem • Verificação: – Perda progressiva do aspecto e estrutura das vísceras, que se tornam amorfas • Aparecimento: – Sete dias • Mecanismo: – A liquefação é decorrente de enzimas proteolíticas oriundas da proliferação bacteriana Coliquação Redução esquelética • Sinonímia: – Esqueletização • Verificação: – Desintegração dos tecidos moles • Aparecimento: – Três a quatro semanas Ana Grabner 8 04/04/2016 Redução esquelética 9
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mortem) – enzimas proteolíticas produzidas pela proliferação bacteriana decompõem e liquefazem o parênquima das vísceras. Perda do aspecto e estrutura das vísceras
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