a grande tacada de brasília

Transcrição

a grande tacada de brasília
www.cartapolis.com.br
Nº 1048 - ABRIL/2015 | CIRCULAÇÃO NACIONAL | R$ 9,90
A GRANDE TACADA DE BRASÍLIA
Clube de Golf
PÁGINAS A ZUIS
ODILON COSTA
BRASILIA, 55 ANOS
Um ensaio especial acompanha esta edição para homenagear os 55 anos de Brasilia,
em 21 de abril, como marco de avanço da civilização brasileira. Como a cidade é de
todos, no sonho idealístico de Oscar Niemeyer, escolhemos brasilienses representativos
de todas as áreas como referências de seu atual patamar como síntese nacional.
Mineiro de Mon
dentista de te Carmelo,
nceito em
Brasília,Odiloco
Costa é,o
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no plano urba
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de Lúcio Coní
sta: o Clube
de Golfe de Br
asilia.Nesta
edição ele reve
como cuida
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às margens do cravado
Paranoá,com vi Lago do
sta para a
Ponte JK.
EDITORIAL
LIBERDADE
A
NUNCA É TARDIA
presidente Dilma Rousseff comprometeu-se de
forma irretratável e solene com a liberdade de expressão e de imprensa, ao dar posse ao ministro
da Comunicação Social,Edinho Silva.
Não poderia haver alusão mais simbólica desse compromisso que evocar o verso latino das “Bucólicas” de
Virgílio, com que os inconfidente definiram o seu movimento:” Libertas Quae Sera Tamen”. Literalmente, “ Liberdade Ainda Que Tardia”.
Com esse engajamento, afastando as nuvens negras
da censura, da autocensura e tantas outras ameaçadas
frontais ou sub-reptícias - como a regulação da mídia Dilma finca lapidares sentenças para renovar o Estado
Democrático de Direito que se assenta na imprensa livre.
Ela assegurou:
“Nós devemos sempre prestar contas à população e,
sobretudo, e acima de tudo, zelar pela nossa democracia, que tem na liberdade de expressão e de imprensa
um dos seus principais esteios”.
1
2
“É preciso ter liberdade de ir às ruas reivindicar direitos ou simplesmente protestar. No Brasil, nós temos
de saber conviver com isso. Quem, como eu, viveu sob
uma ditadura, sabe o imenso valor da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa”
“Tenho reiterado, em várias circunstâncias, que preferimos o barulho das vozes na democracia ao silêncio oprimido das falas escondidas nas ditaduras”.
“O governo tem o dever de levar informação pública
à população. Deve mostrar suas ideias, propostas e
realizações. Deve explicar suas decisões, defender seus
critérios e conversar com o povo por todos os meios legítimos que tiver à sua disposição. O governo precisa levar
à frente a comunicação.”
“Temos obrigação de explicar ao povo que passamos
por uma conjuntura que exige maior rigor nos gastos públicos e ajustes para que o país volte a crescer o
mais breve possível. “
3
4
5
NESTA EDIÇÃO
4
14
31
40
46
48
OS 10 MAIS
DE MARÇO NA
POLÍTICA E NO PODER
6
POLÍTICA
TEMER, O
MEDIADOR
10
POLÍTICA
CASTELLINHO,
O LIVRO DO ANO
SWING
POLÍTICO
24
ENSAIO ESPECIAL
BRASILIA
55 ANOS
CAPA
CLUBE DE GOLFE
PARAÍSO ENCRAVADO
GESTÃO
UMA NOVA
ESPLANADA COM
15 MINISTÉRIOS?
ECONOMIA
ANTI-LEIS DE SERRA
ECONOMIA
O BURACO
DO POSTALIS
50
COMPORTAMENTO
O QUE SÃO OS
“FRACS”?
54
OPINIÃO - ELLEN BARBNOSA
NÓS, OS IMIGRANTES DE
BRASILIA
EXPEDIENTE
CARTA POLIS revista mensal de bastidores do poder em Brasília.
Editor-responsável:
Leonardo Mota Neto ([email protected])
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o poder lê.
DOS LEITORES
te e vamos trabalhar
“O último numero está excelen
para o próximo superar.”
Romulo F. Federiic, Rio.
***
POLIS, no. 1O47,
“Acuso o recebimento de CARTA
nde interesse para
sempre com uma pauta de gra
leitura.”
de Andrada,
Deputado Federal Bonifácio
Câmara dos Deputados, DF.
10
OS
POLÍTICA
MAIS DE
MARÇO
NA POLÍTICA E NO PODER
Destaque do Mês
José Serra
E
m seu primeiro discurso no Senado
disse a que veio, provocando o interesse do plenário com um longo discurso
metodológico - quase uma palestra - em torno
de seus princípios sobre as três crises vividas
pelo país: a econômica, a de gestão e a política.
Foi um momento alto vivido pelo Senado, na palavra da das dúzias de colegas que o
apartearam, incluindo a base governista que
concordou com o diagnóstico do ex-candidato
a presidente da República. Serra defendeu
ideias que nada tem a ver com o confronto
ideológico PT x PSDB quanto aos fundamentos da política econômica (mais intervenção
vs. mais liberalismo), porém traçou um roteiro possível em que pontuam a transparência,
o planejamento e a racionalidade no emprego
dos recursos públicos.
Ao final, o senador paulista que obteve
larga votação deixou entrever os seus colegas
um decálogo de antileis que atualmente vigem no Brasil, tornando o governo, para ele,
um exercício empírico onde todos nós somos
os cobaias.
4
POLÍTICA
EDUARDO CUNHA
BRESSER PEREIRA
Teve uma postura de legítimo
presidente de poder, o da Câmara
dos Deputados, quando foi ofendido publicamente pelo ex-ministro Cid Gomes.
Voltou ao primeiro plano das
discussões econômicas e políticas com um artigo na Folha de
S.Paulo que provocou repercussão nacional.
FLAVIO DINO
HUGO MAIA
CARLOS SAMPAIO
RAIMUNDO DAMASCENO
EDUARDO PAES
EDUARDO CARDOZO
ELISEU PADILHA
CARMEN LÚCIA
Governador que recebeu as atenções prioritárias de Dilma com
uma audiência de 3 horas para solver os problemas do Maranhão.
Recebeu seu maior aval administrativo do ano: a aprovação
integral do presidente do Comitê
Olímpico Internacional (COI) de
que as obras da Olimpíada estão
em dia.
Na CPI da Petrobras, o deputado
do pelo PSDB vem sendo a voz
mais constante da oposição, pontuando com argumentos de ex-procurador.
Deputado de primeiro mandato,
pelo PMDB, e recebeu uma incumbência de veterano, a de presidir a
CPI da Petrobras da Câmara.
Atuação nas explicações pelo
governo sobre as manifestações de
15 de março que mais se aproximou
da teoria da aceitação da realidade,
sem apelos aos chavões escapistas.
Vinha tendo atuação discreta na
SAC e neste março determinou o
fatiamento da Infraero em três
empresas e menor participação nas
concessões.
CNBB novamente na atuação
política das organizações da sociedade, graças a seu presidente
nacional e cardeal de Aparecida
do Norte.
No Dia Internacional da Mulher
a ministra do STF reuniu na sede
do tribunal representantes nacionais da área jurídica para uma
tomada de posição sobre as dificuldades do gênero.
(*) Esses nomes estão sendo apresentados por ordem alfabética. O critério da
escolha foi uma consulta ao Conselho Editorial da CARTA POLIS.
5
A PRESIDENTE
ESTRANHO NO NINHO:
PAPEL DE TEMER
C
omo uma concessão de extrema salvaguarda para aliviar a
crise política no Congresso Nacional, o vice-presidente Michel Temer foi convidado a participar do cerrado grupo de
ferro da presidente Dilma composto por cinco ministros do PT.
São eles provenientes de antigos rituais petistas, guardam um
legado de segredos políticos, confidências e conspirações. São irmanados pelo culto a Lula sobre as coisas e mitos republicanos.
Já derrubaram muita gente, já montarem dossiês, já atuaram no
maquis político.
Caso aceite o convite, como Temer se posicionaria nessa
fechada irmandade formada por Jaques Wagner, Aloizio Mercadante, Ricardo Berzoini, Pepe Vargas e Miguel Rossetto?
Como eles o olharão? Haverá clima para uma fraterna e aberta
discussão de estratégias no Congresso? Muito dificilmente.
Temer seria um estranho no ninho petista e contando ainda que
a presidente Dilma não tem como constante desempatar questões
na hora de impor sua palavra sobre as discordâncias em sua
frente.
Ficaria exposto, objeto de olhares enviesados aqui e ali, um olhar trocado entre
os homens de ferro denunciariam o
hábito entre eles de fazer blagues
com tudo o mais que não é PT.
O político do PMDB, um intruso, com seus gestos delicados,
bem vestido, empertigado e
de prosódia culta, seria, como
no linguajar da política se diz,
um bode na sala. E mais a
mais, discutir o quê? A qual
dos dois projetos de poder
seria dada prioridade – o PT
ou o do PMDB, que não se
cruzam? Mais ainda agora,
quando as relações entre os
dois partidos da base governista estão novamente
estremecidas com a devolução de uma medida
provisória ao Palácio do
Planalto, a adesão de
Michel Temer ao grupo
de ferro torna-se inócua, improfícua, ineficaz. E absurda.
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nº 138.200, no 2º Ofício do Registro de Imóveis do Distrito Federal. O empreendimento poderá sofrer alterações, o que ensejará modificações no projeto e, respectivamente, na
incorporação registrada. A imagem presente neste material é meramente ilustrativa, podendo sofrer modificações ao longo do projeto executivo até a implementação total do
empreendimento. Os acabamentos, móveis, equipamentos das áreas comuns e demais objetos de decoração poderão variar quanto a modelos e quantidades, mas estarão
de acordo com o projeto de decoração e paisagismo, respeitando o padrão de qualidade previsto. As imagens aqui representadas poderão não retratar fielmente as cores,
as texturas, os brilhos e os reflexos naturais dos materiais presentes no projeto por se tratar de material de reprodução gráfica. A vegetação representada é meramente
ilustrativa e representa o porte adulto das espécies. Na entrega, a vegetação poderá apresentar diferença de porte, mas estará de acordo com o projeto de paisagismo.
Incorporadora: lumine park 710 Empreendimentos Imobiliários S/A. *Fonte: pesquisa realizada pela Core intelligence, em setembro de 2013, com base em dados da TERRACAP.
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POLÍTICA
A GRANDE NOITE DE
CASTELLINHO
SEGUNDO
MARCHI
TODO AQUELE IMENSO MAR DE LIBERDADE
L
ançado em Brasilia, em memorável noite no Carpe
Diem, o livro do ano. Todo
Aquele Imenso Mar de Liberdade
- A Dura Vida do Jornalista Carlos
Castello Branco| (Ed. Record) é um
primor de garimpo biográfico do
maior jornalista político que o pais
já teve. Com o livro, o autor, o jornalista Carlos Marchi,que conviveu
longamente com Castelinho, ingressa na galeria de nossos melhores biógrafos por desnudar a existência de
um homem tímido, extraordinária
ética profissional, de vida discreta e
que guardava extrema modéstia.
Castelinho escrevia no melhor
estilo machadiano e foi o orientador
da informação politica por longos 50
(anos em que escreveu a Coluna do
Castello, no Jornal do Brasil.
Castelinho precisava de Carlos
Marchi para completar a sua obra.
Ei-la.
10
POLÍTICA
CAPÍTULO INÉDITO: PERIGOS DO BOM JORNALISMO (1976)
grupo de cineastas era comandado pela verve barulhenta e copiosa de Glau-ber Rocha. Eram antípodas as duas figuras que naturalmente eram objetos centrais da conversa naquela tarde/noite:
Glauber falava sem precisar que algo lhe fosse perguntado, e Castelinho economizava palavras, parecia rogar para nada dizer, a não
ser que fosse pergun-tado; um alongava fantasiosas teorias recém
imaginadas sobre filo-sofias de todos os matizes, o outro só falava
em cima de fatos reais, estabelecia visões precisas dos contextos e,
de quebra, ainda trazia notícias frescas do Brasil. E sabia analisar
como poucos o efeito e a durabilidade dessas notícias.
Os interlocutores, notoriamente, se interessavam mais pelas
aná-lises frias e precisas de Castelinho do que pelo falatório caudaloso e errático de Glauber. Mas aquele encontro de antípodas, raro
e um tanto furtivo, frutificaria cinco anos depois, quando Glauber,
já no Brasil, com a anistia resolvida, colheria um quase caótico depoimento de Castelinho para o último filme de sua carreira, A idade
da terra.
Quando o papo do bar do Hôtel Claridge já dava sinais de
esgota-mento — tanto pela esgrima de variados assuntos quanto
pelo efeito devastador das várias garrafas de Royal Salute consumidas pelo grupo sem cerimônia e sem exceção — Jango se aproximou
mais de Casteli-nho. O grupo foi saindo até que ficaram só os dois
e a conversa ficou mais focada na política dos exilados. Castelinho
achou que, agora sim, só se falaria de política — e errou, porque a
conversa foi muito além. Quer dizer, falou se de política, mas não a
política convencional que ele estava acostumado a tratar; falou se
da política de terror praticada pelas ditaduras sul americanas contra os que saíram e contra os que ficaram, a maneira como faziam
para mantê los sempre acuados, em permanente estado de tensão
e medo.
— Eles matam pessoas, Castello!
O inesperado e a gravidade da afirmação, a ênfase exclamativa que o ex presidente João Goulart empregou, com um acento
ainda mais gaúcho do que o usual, assustaram o jornalista Carlos
Castello Branco, o Castelinho. Era, de fato, o que Jango pretendia
— assustá lo e, no susto, impor a argumentação delicada, alertá
lo para perigos que ele parecia deixar passar insuspeitados. Aquele
tema era praticamente desconhecido do grande público; só sabia
o que se passava quem já sofrera na carne as pressões e a dor das
fugas continuadas, das perseguições intermináveis, das prisões e
mortes que se sucediam ao redor das pessoas marcadas no cone
sul. Os exilados, com seu peculiar instinto de sobrevivência, adquirido em sua trajetória errática por vários países nos quais buscavam proteção e quase sempre encontra-vam terror, entendiam a
dor do estrangeiro, sabiam melhor do que ninguém o que representava risco, onde estava a razão de temer e, principalmente, o que
poderia acontecer ou o que não representava grande risco.
Orlando Letelier, ex ministro dos Negócios Estrangeiros, do
Inte-rior e da Defesa do governo Salvador Allende, por exemplo,
fora buscar proteção nos EUA, hipoteticamente sob guarda da alta
segurança norte americana, e lá foi assassinado junto com sua
secretária por uma bomba implantada em seu carro por agentes
da ditadura chilena. Os exilados aprenderam com o medo: não havia limites para o terror praticado pelas ditaduras do cone sul das
Américas.
Com aquelas palavras assustadoras, pois, Jango arrematava a
ar-gumentação que seu interlocutor se esforçava por ignorar ou rejeitar. Não se pode ignorar ameaças do terror ensandecido, parecia
dizer Jango — em geral, quando eles ameaçam, cumprem.
Dita assim, de chofre, a frase bateu no peito de Castelinho
como um torpedo poderoso e inesperado, direcionado com velocidade e potência capazes de abrir uma enorme ferida na memória
da alma. Soava ambíguo ouvir uma frase que traduzia tragédia naquele am-biente luxuoso e amigável do bar do Hôtel Claridge, na
rue François 1er., bem ao lado da avenue des Champs Elisées, onde
o ex presidente costumava se hospedar. Ainda mais numa conversa
regada a uísque Royal Salute que tinha tudo para ser prazerosa.
Porém, naquele am-biente de requinte, foram revelados detalhes de
como transcorria a vida difícil dos exilados brasileiros — e uruguaios, paraguaios e depois argentinos e chilenos — nos anos
1970, a fase mais aguda da ditadura militar no Brasil e nos países
vizinhos; não havia possibi-lidade de fruir paz e prazer inebriantes
e duradouros. E Castelinho, que nunca precisou nem pensou em
viver exilado, que não conhecia aquele cotidiano nervoso, passou a
sentir se simplesmente aterrori-zado. Como imaginar que ele fosse
vítima da refrega como se fosse o mais ousado dos radicais?
Como era do seu feitio, Jango reunira um grupo de quinze
bra-sileiros, em sua maioria cineastas e políticos, para uma conversa nostálgica do exílio, muito comum à época entre brasileiros
dester-rados. À última hora, o ex presidente soube que Castelinho
estava em Paris, conseguiu localizá lo e também o convidou. O
11
POLÍTICA
COLUNA
Leonardo Mota Neto
CONTA BLOQUEADA
O HSBC começou a se defender de forma desagradável
aos parlamentares após convidado a dar explicações na
Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados. Seu lobista tem procurado os deputados para
que retirem as assinaturas de convocação dos dirigentes
do banco para dar explicações sobre os escândalos das
contas na Suíça. Hora errada. As recusas para ajudar o
banco são consensuais.
ÁLVARO DISPARA
SUPREMO CRITÉRIO
Não será surpresa se uma PEC (Projeto de Emenda Constitucional) for apresentada em breve ao Congresso modificando
o critério de indicação de um ministro do Supremo Tribunal
Federal. Seria apresentada por um parlamentar, propondo a
escolha em rodízio pelos três poderes da República. Alternativamente, encaminhariam ao Senado através da CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça), listas tríplices de juristas de “notável saber jurídico e ilibada reputação” para serem sabatinados.
O que se saísse melhor entre os senadores seria o escolhido.
Pouca chance: o Executivo não abriria mão.
SUPLENTE DIRETO
Há simpatia no Senado para incluir na reforma política nova sistemática para os suplentes. Uma ideia do
ex-senador mineiro do PSDB Antônio Aureliano (que
atuou seis meses como suplente de Clésio Andrade)
propôs eleição direta dos suplentes em paralelo à eleição dos titulares. Existe, porém, muito corporativismo
barrando a iniciativa.
12
37 milhões de visualizações semanais de sua página na Internet era
o recorde do senador Álvaro Dias,
campeão de acessos à Internet entre
os políticos brasileiros. Foi quebrado no domingo das manifestações
pró-impeachment, quando tornou-se um viral.
POLÍTICA
LULA MOTIVADO
Uma antiga proposta novamente aflorada no Congresso Nacional concede o status de senador vitalício aos
ex-presidentes da República. Seriam beneficiados: Fernando Henrique Cardoso, Lula, Fernando Collor e José
Sarney. Ao que se cochicha nos bastidores, o mais motivado a apoiar a proposta é exatamente Lula.
ILUSTRES DESCONHECIDOS
Depois de três meses de governo, ministros políticos da presidente Dilma não tiveram a menor chance de
oferecer seus préstimos à negociação: Antônio Carlos Rodrigues (Transportes, PR), Helder Barbalho (Pesca,
PMDB), Edinho Silva (Portos, PMDB) e Afif Domingos (Pequena e Média Empresa, PSD). Precisam trocar
cartões com os colegas para revelar a condição.
PROBLEMAÇO LULISTA
O grande problema que paira na cabeça do ex-presidente Lula e que pode tê-lo
afetado quando sustentou um diálogo áspero com a presidente Dilma no Palácio
da Alvorada, se resumiria à nove letras: o + d + e + b + r + e + c+ h + t.
CUNHA CORRE
O deputado Eduardo Cunha tem pressa. Só conta com dois anos de
mandato para fazer as suas mudanças. Um presidente da casa eleito
na mesma legislatura não tem direito à reeleição. Joga na mesa vários
nomes do PMDB para a sua sucessão, um do Rio, Leonardo Picciani.
DIRCEU CHATEADO
Amigos do ex-ministro José Dirceu que com ele estiveram nesses últimos dias, sobretudo os
que se sucederam à prisão do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, o acharam muito nervoso. Reiterou que já pagou o preço da sua lealdade e que agora cobrará sua fatura. Entendam
como quiserem. Também entendam a quem ele deve essa lealdade.
REBULIÇO PALACIANO
Causou reboliço a presença do ministro do Esporte, George Hillton, na reunião da presidente Dilma com os
líderes no Congresso e mais alguns ministros indicados
pelos partidos da base. As câmeras dos cinegrafistas e
fotógrafos o procuravam todo o tempo, não porque merecia o destaque, mas por causa de sua ficha pregressa.
13
SWING POLÍTICO
ATRASO NO EXPEDIENTE DO PRESIDENTE DO SENADO?
NÃO IMPORTAVA, SARNEY PERDOAVA TUDO
Conciliador ao extremo, seguidor
da máxima de que política tem o seu
próprio tempo que nem sempre é o do
Eclesiastes (“Há tempo para plantar e
tempo para colher”) José Sarney sempre
cultivou o seu ritual e ritmo.
Em matéria de ser paciente, bate
recordes dos políticos mineiros, considerados os mais pacientes da crônica
política.
Na Presidência do Senado, continuou sendo o mesmo que foi na Presidência da República entre 85 e 90, quando
passou a faixa a Fernando Collor.
Ele tinha um chefe de Gabinete
muito ativo e competente, José Roberto Baére, que nutria pequeno vício
comportamental: costumava chegar
atrasado ao trabalho. E não era um
trabalho qualquer, uma vez que era a
mola mestra do funcionamento de todo
o gabinete.
Nada se fazia sem o Baére aprovar. No entanto, onde estava o chefe de
manhã, na primeira hora do expediente? Nada do Baére aparecer na hora
matutina...
Levaram a questão a Sarney. Ao
ouvir - pacientemente, é claro - as ponderações do burocrata que foi levar-lhe
a reclamação e lhe disse:
-”Ora, deixemos o Baére chegar
na hora que quiser, Ele resolve tudo no
tempo que passa aqui...
Ele poderia ter dito (mas sua tolerância não permitiria):
-”E o Sr,. o que já resolveu na sua
área até essa hora?
ADEMAR PAGOU PONTE EM
DINHEIRO VIVO PARA CORONEL
NÃO O CHAMAR DE LADRÃO
O presidente Humberto de Alencar
Castelo Branco tinha uma enorme suspeita da desonestidade do governador de
São Paulo, Ademar de Barros. Mas não
queria endossar os informes que chegavam o recém-criado SNI (o general Golbery do Couto e Silva havia criado e instalado o órgão de informações num prédio
em cima da Casa da Borracha, no Rio).
Queria provas concretas.
Chamou o coronel Meira Mattos,
um inteligente e maneiroso oficial que se
havia destacado em várias missões dadas por Castelo na fase da conspiração
para o golpe de 64.
-”Vá a São Paulo e verifique pessoalmente se o Ademar de Barros é mesmo desonesto, como dizem. Volte e me informe
pessoalmente - foi a missão;
14
Meira foi, viu e voltou com uma historinha bem à Ademar, para comprovar
que não ser ladrão.
Ao chegar, foi muito bem recebido
pelo governador, que o fez acompanhar
uma audiência a um prefeito do interior
de São Paulo, o qual reclamava o atraso
na construção de uma ponte, por falta de
verbas do governo estadual; seguir, Ademar abriu uma gaveta e tirou um enorme
maço de notas de dinheiro vivo e o jogou
para o prefeito, que, agradecido, pediu licença e foi embora. Ademar virou-se para
o estupefato coronel e lhe disse:
-”Diga lá ao seu presidente em Brasília que eu ajo assim mesmo: prefiro pagar a ponte em dinheiro para que o prefeito não me roube. Assim, sei o quanto
vai gastar na ponte, tostão por tostão...”
SWING POLÍTICO
EM CRISES COMO AS DE HOJE SARNEY NÃO DAVA
MURROS NA MESA PARA NÃO QUEBRAR OS DEDOS
José Sarney anda tristonho, julgando-se
abandonado. Aos 84 anos, vinha trabalhando diariamente no livro de memórias (ainda sem título e
recém-encerrado), mas gostaria mesmo é de estar
participando do burburinho do Senado e da política nacional em geral.
Adora dar conselhos e ouvir alguém dizer-lhe
que aprendeu muito com suas atitudes democráticas na passagem pelo Palácio do Planalto, onde
deu aulas de conciliação e convivência entre os
contrários.
Duas histórias marcantes desse tempo:
* Quando alguém vinha sugerir-lhe que desse um murro na mesa quando Ulysses Guimarães
reunia ministros do PMDB na casa do Presidente
da Câmara, abrindo dissidência no grupo, para
que seguisse suas ordens e não as do presidente da
República, Sarney respondia:
- “Meu filho, se der um murro na mesa ou
quebro a mesa ou quebro os dedos...”
* Quando outro alguém vinha dizer-lhe que
o governo estava gastando muito, pondo em risco
o equilíbrio fiscal, o sagaz maranhense respondia:
- “Veja aqui esse papelzinho (e puxava da gaveta uma anotação em papel
almaço, escrita à mão). O Calabi (Andrea Calabi, então secretário do Tesouro) me manda diariamente a
posição do caixa do governo.
Anota todo o dinheiro que
entra e o que sai...”
Anotação 1: Ah!
Como era simples,
racional e lógico
governar!
Anotação 2:
Ah! Se Dilma ouvisse mais o Sarney!
DISQUE PARA KAKAY E VOCÊ TERÁ SERVIÇOS DE
ADVOGADO E MESA DE RESTAURANTE
Com sua voz tonitruante, o deputado pernambucano da base aliada, Sílvio Costa, do PSC, está sempre
disposto a perder o amigo,
mas nunca a piada. Saiu-se com esta outro dia, tão
logo o advogado Kakay
adentrava o salão de seu
restaurante Piantas, novo
“point” dos políticos em
Brasília.
Kakay é o advogado
Antônio Carlos de Almeida
Castro, o salvador jurídico
dos políticos encrencados.
E lá vem Sílvio Costa.
- “Gente, liguei agora
pro Kakay e sua secretária eletrônica é rápida e atualizada:
15
Disque 1 para
DELAÇÃO PREMIADA.
Disque 2 para
CAIXA DOIS DE CAMPANHA.
Disque 3 para
ACOMPANHAMENTO DE PROCESSO.
Disque 4 para
PRISÃO PREVENTIVA.
Disque 5 para
FORMAÇÃO DE QUADRILHA
Disque 6 para
CORRUPÇÃO QUALIFICADA
Disque 7 para
EVASÃO DE DIVISAS
Disque 8 para
RESERVA DE MESA
A testemunha ocular da História e o texto
engraçadíssimo é de Silvestre Gorgulho.
SWING POLÍTICO
O QUE LIGA NA HISTÓRIA EISENHOWER E LULA?
O VINHO ROMANÉE-CONTI
O Romanée-Conti, classificado como “Grand Cru”, é considerado
o maior vinho da Borgonha e um dos
melhores da França, reverenciado por
enólogos e enófilos de todo o mundo.
Uma caixa do “pinot noir” deste vinho é
capaz de enlouquecer um colecionador
de raridades vinícolas.
Quando Paris foi libertada dos
nazistas pelas tropas do general Ike Eisenhower, o governo francês o homenageou, oferecendo-lhe o presente raro de
uma caixa do Romanée-Conti. Consta
que o comandante militar das tropas de
invasão da Normandia, não fazendo nenhuma distinção entre uma preciosidade
de um terrorir francês com uma garrafa
de grappa italiana, distribuiu a caixa
de vinhos com seus oficiais, alguns dos
quais beberam ali mesmo, aos goles.
Lenda ou não, 60 depois do final da
Guerra Mundial um presidente brasileiro,
Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a um restaurante de São Paulo com seus companheiros com o fito de comemorar algum
tipo de vitória política sobre os tucanos.
Pediu ao maitre uma garrafa de Romaneé-Conti. O restaurante era fino e tinha em
sua adega a joia da coroa dos vinhos. Até
hoje Lula se vangloria de ter entrado na
especialidade de Fernando Henrique Cardoso e dos tucanos que chama de elite.
Assim, o Romanée-Conti, caro à
beça, que se distingue dos outros terroirs
na mesma região pela sua coloração rubi,
sabor aveludado e aromas que encantam
e um vinho de guarda que exige maturação entre 6 e 12 anos quando atinge seu
ápice, entrou no Swing Político brasileiro
pelo paladar do chefe petista.
SIMON CRIOU FÁBULA PARA AVISAR DILMA
QUE NÃO DEVIA ABUSAR DAS MEDIDAS,
E ELA EMAGRECEU
Pedro Simon deixou saudades ao
atual Senado, com discursos não tão
empolgantes nesse início de legislatura.
Não há quem ocupe a tribuna com longas catilinárias, sempre ultrapassando o
tempo regimental e sendo perdoado pelo
presidente dos trabalhos:
- “O Sr. terá o tempo na tribuna que
quiser…”
Quem mais recebe essas deferências
após Pedro Simon, conhecido como “derrubador de ministros”? Não se fazendo de
rogado, o senador gaúcho do PMDB independente batia na esquerda, na direita
e no centro e em especial no presidente da
República de plantão.
Sobre Dilma Rousseff, num de seus
famosos discursos, Simon se permitiu tecer
uma fábula na tribuna. Simulou uma fim
de tarde no gabinete da presidente, cercada
16
de assessores, para simbolizar o excesso de
poder autocrático do presidente da República, na época em que medidas provisórias
eram encaminhadas a rodo ao Congresso
Nacional, sem pertinência e urgência. Na
sua fábula, Simon narrou que um assessor
chegava-se a Dilma e lhe dizia:
- “Presidenta, vamos criar uma nova
lei? A senhora pode tudo. Vamos elaborar
uma medida provisória agora, a senhora
assina, nós enviaremos amanhã ao Congresso. O Diário Oficial publicará amanhã cedo e a nova lei entrará imediatamente em vigor.”
Vertigem das alturas. O velho senador gaúcho, com sua fábula advertia a presidente – conterrânea aliás que sublinhava
admirar – para não abusar das MPs. Dilma, como que aceitando a fábula, passou
a usar menos as medidas. Até emagreceu.
SWING POLÍTICO
QUANDO FHC FALOU NO CELULAR
COM MÃEZINHA DE DEPUTADA,
ACABOU A AUDIÊNCIA A POLÍTICOS
A aversão da agenda presidencial à inclusão de políticos não vem
de agora com Dilma Rousseff. Também em governos de políticos profissionais o fenômeno aconteceu. No
de Fernando Henrique Cardoso, os
parlamentares da base governista reclamavam porque ele se trancava em
copas e não os recebia.
Os coordenadores políticos então reservaram as tardes das quartas-feiras - quando o Congresso sempre
está repleto - para o presidente abrir
as portas de seu gabinete aos parlamentares. Em várias quartas-feiras
seguidas, o gabinete presidencial lotava de políticos que nem precisavam
marcar com o cerimonial. Era só chegar, entrar e abraçar.
Tudo caminhava bem, quando
certo dia o presidente mandou acabar
a festança cívica. Foi quando uma deputada federal ligou com seu celular
para sua mãe, numa distante cidade
o interior e correu para FHC:
- “Presidente, fale aqui com minha mãezinha, ela é sua fã!
Ele sorriu azedo, cumprimentou
a senhora ao telefone e encerrou de
vez a farra democrática.
FÓRMULA MONTORO PARA NEGOCIAR IMPASSE
POLÍTICO ERA MEXER COM X, Y e Z
ciações se estendiam por dias sem solução, tal qual agora.
Impasse, desconfiança e radicalização. O governador se
mantinha sereníssimo, bem diferente de agora em que a
inexperiência da negociação política campeia. Interlocutores jejunos batem cabeça.
Montoro, em conversas prolongadas com o secretário
da Fazenda, sabia que os cofres do Tesouro estadual podiam chegar a x% no aumento dos salários. Esse teto era
maior que a pedida do comitê grevista.
Chamou seu secretário responsável pela negociação.
Disse-lhe:
- Ofereça y%. Essa margem era bem abaixo do que
os grevistas pediram e muitíssimo bem abaixo do que os
cofres do estado dispunham.
O negociador ofereceu os tais y%. O comitê regateou.
Foi uma batalhas dura até chegar a z%, que era ainda abaixo do teto do estado, mas quase encostando nos que nos
grevistas pediam. O governadores Franco Montoro, então
apareceu gloriosamente, convocou ao palácio os líderes
da breve e ofereceu-lhe finalmente os x%. Saiu como herói,
pois a greve acabou na hora.
Ah, se houvessem Montoros negociando hoje!
Na dura negociação entre o
governo e o Congresso para manter o veto à correção do Imposto de
Renda em 6,5%, o
Palácio do Planalto bateu de cabeça
contra um muro
i n t ra n s p o n í ve l .
Tudo porque não
soube
negociar.
Não seguiu o roteiro que exímios negociadores políticos deixaram para as
novas gerações como verdadeiras aulas de sabedoria. Um
exemplo: Franco Montoro, quando governou São Paulo.
Testemunhou o assessor de imprensa Tão Gomes Pinto.
Crepitava uma greve de professores parecida com
aquela em que Mário Covas saiu na porrada na rua com
grevistas. Montoro, porém, não era como o “italiano” Covas e não saía na porrada nem com sua sombra. As nego-
17
POLÍTICA/FICÇÃO
AS ATUAIS ANTI-LEIS
BRASILEIRAS:
COMO NÃO FAZER POLÍTICA
LEI DE GERSON - “A gente deve tirar vantagem em tudo”.
LEI DE GARRINCHA – “Já combinou com os russos?”
LEI DE MALUF - “Estupra, mas não mata”
LEI DE ADEMAR DE BARROS – “Rouba, mas faz”.
LEI DE NELSON JOBIM - ‘’Faça ou saia!”
LEI DO BARÃO DE ITARARÉ - “Negociata é aquele bom negócio para o qual não fomos convidados”.
LEI DE BRIZOLA - “Estou pensando em criar um “vergonhódromo” para políticos sem-vergonha, que ao verem a
chance de chegar ao poder esquecem os compromissos com o povo.”
LEI DE TANCREDO - “Então não me conte. Se você, que é o dono do segredo, não consegue guardá-lo, imagine eu.”
(Quando alguém tentou contar-lhe um segredo que ninguém podia saber.)
LEI DE ULYSSES -“Em política, estar com a rua não é o mesmo que estar na rua.”
LEI DE ROMÁRIO -”O cara entrou no ônibus agora, não está nem em pé e já quer sentar na janela”
LEI DE SEVERINO CAVALCÂNTI: “O que o presidente me ofereceu foi aquela diretoria que fura poço e acha petróleo.
É essa que eu quero”
LEI DE LULA - “Eu não sabia de nada”
LEI DE ARMANDO FALCÃO - “Nada a declarar”.
LEI DE MURICI - “Que cada um trate de si”.
LEI DE BARUSCO – “Toda corrupção deve ser institucionalizada”.
LEI DE ZEZINHO BONIFÁCIO – “Existe o país dos jornais e o país do real”.
LEI DE MAGALHÃES PINTO – “Política é como nuvem”.
LEI DE COLLOR – “Duela en quien duela”
LEI DE NENÉM PRANCHA (*) -”Arrecua os arfes pra evitar a catastre”.
(*) Legendário técnico de futebol de praia no Rio
LEI DE ROBERTÃO(**) –“É dando que se recebe”.
(**) Ex-deputado Roberto Cardoso Alves
LEI DE FRANCELINO PEREIRA - “Que país é esse?”
LEI DE PELÉ – “O brasileiro não sabe votar”!
LEI DE COVAS - “No Brasil quem tem ética parece anormal.”
LEI DE JK - “Um governo forte se faz perdoando”.
LEI DE ACM – “O pior dos vaidosos é o falso humilde”
LEI DE LACERDA- “A impunidade gera a audácia dos maus.”
LEI DE MACIEL - “Tudo pode acontecer. Inclusive nada”
18
POLÍTICA/PERFIS
Sr. Gestor,
não deixe o mosquito da Dengue
se instalar na sua cidade.
O mosquito da Dengue está mais perigoso. Agora ele transmite também a Chikungunya. Uma doença que, assim como a
Dengue, provoca febre, dor de cabeça e dores muito mais fortes nas articulações, principalmente nos pulsos e tornozelos.
Mais um motivo para você deixá-lo bem longe da sua cidade. Por isso:
•
•
•
•
Reorganize a assistência à saúde nos diversos níveis de atenção;
Reforce a vigilância em saúde (controle de vetores e monitoramento de casos);
Promova a capacitação e a educação permanentes;
Planeje ações de comunicação e mobilização para eliminar os criadouros do mosquito.
Faça a sua parte.
DENGUE E CHIKUNGUNYA
O perigo aumentou. E a responsabilidade de todos também.
19
FRASES DO MÊS
s ou menos, temos
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pa
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se
“Desde quatro
(com o governo).
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De modo
o O Globo).
rto Alegre, segund
Temer, em palestra em Po
(Do vice-presidente Michel
o governo).
“A gente finge que está (n
E eles também”.
ra, Eduardo Cunha,
(Do presidente da Câma
).
em entrevista a O Globo
“Se Lula insistir na divisã
o
[do país], ele vai ficar
com 20%”.
“A presidente Dilma tem
o desejo
genuíno de acertar, às ve
zes não
da maneira mais fácil, nã
o da
maneira mais efetiva”.
(Do ministro Joaquim Lev
y,numa palestra para
estudantes da Universi
dade de Chicago,
numa tradução ao pé da
letra,
segundo o Estado de S.P
aulo).
s
ministrativo, nó
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o. A presidente
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hoje é R
do Cunha,
Senado, e Eduar
da Câmara”.
na presidiência
(Do ex-presidente FHC, em
entrevista a Eliane
Cantanhêde, do Estadão).
sta à Istoé).
ves, em entrevi
Ne
o
ci
Aé
r
do
(Do sena
“Eu tenho realmente um
por
constrangimento muito grande
.
tudo isso, de olhar pra vocês”
s
i e se fazem nova
“Hoje (se Dilma ca
rde”.
eleições) Lula pe
ter, em depoimento
(Da ex-presidente Graça Fos
a Folha de S.Paulo).
o
und
à CPI da Petrobras, seg
revista à imprensa).
ent
Petrobras, em sua primeira
vista
e FHC, em entre
(Do ex-president
o)
ul
à Folha de S.Pa
20
MARÇO
ento que
“A Câmara tem um mom
a engravidou
engravida e da à luz. El
da reforma política”.
“Se aplaudimos o
Mais
Médicos, está na
hora do
Menos Ministério
s”.
nando
hel Temer, citado por Fer
(Do vice-presidente Mic
aulo)
entrevista à Folha de S.P
Henrique Cardoso em
(Do senador Rena
n Calheiros, segu
ndo o Estadão)
“Procurei a palavra
feminicídio no
dicionário e não
encontrei”
sa para
“A liberdade de impren
fundadoras
mim é uma das pedras
de de
da democracia. A liberda
a de
sobre o
são é a grande conquist
es
pr
(Do ex-presidente Lula,
ex
sidente Dilma
pronunciamento da pre
ocratização do
lher, quando
Mu
um processo de redem
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no Dia Interna
pressão
inicidio,
pronunciou a palavra fem
o país. Liberdade de ex
ss
no
o)”
aul
S.P
de
segundo a Folha
etudo o
e de imprensa são sobr
ter opiniões,
exercício do direito de
apoiar.
do direito de criticar e
es e o direito
O direito de ter oposiçõ
equências e
“Foi um discurso longo e chato”
de externá-las sem cons
dade também
sem repressão. É liber
(Do ex-ministro Thomas Traumann, da Comunicação,
r direitos ou
de ir ás ruas reivindica
antes de deixar o cargo,em relatório confidencial
r. No Brasil
que vazou pelo Estadão, a respeito do discurso da
simplesmente protesta
nviver com
presidente Dilma no Dia Internacional da Mulher)
nós temos que saber co
nsura, a
isso.Somos contra a ce
es, os lobbies
autocensura, as pressõ
nfessados
e os interesses não co
ito à livre
que podem coibir o dire
de de
são [do país],
manifestação e a liberda
“Se Lula insistir na divi %”.
imprensa.”
ele vai ficar com 20
em entrevista
(Do ex-presidente FHC,
Estadão).
do
,
êde
a Eliane Cantanh
discurso durante a
(Da presidente Dilma, em
o
o Silva, da Comunicaçã
posse do ministro Edinh
)
bo
Social, segundo O Glo
21
S
NAR>>>>>
Alberto Caeiro
PIMENTA FORA
Os planos de Aécio Neves para 2016 e 2018 são o mais
de menos, ou seja, eleger o prefeito de Belo Horizonte
como
trampolim para voltar eleger o governador de Mina
s. Uma coisa é certa desde já: não estará nos plano
s de Aécio
para prefeito o ex-candidato ao governo, Pimenta da
Veiga.
RENAN CITA
O senador Renan Calheiros, de modo até surpreendente, citou elogiando
passagens e frases do discurso do tucano José Serra na tribuna do Senado,
considerado um dos mais significativos para o atual momento político e econômico brasileiro. O discurso foi 100% de contestação às linhas mestras do
governo Dilma.
P
FATOR WHATSAP
rá a bancada petista no
o ministro Dias Toffoli integra
Muito se tem dito que
atsApp, que não
não houvesse o componente Wh
julgamento do petrolão. Isso se
desse componente
lão. Será improvável livrar-se
havia no julgamento do mensa
julgamento.
nos 4 a 5 anos em que durar o
OSCAR DISSOLUTO
Se houvesse um Oscar de “Melhor Acordo” entre os Partidos para Dissolução de uma CPI
dar-se-ia empate entre cinco delas: CPIs da VASP, das Empreiteiras, dos Bingos, do Banestado e do Cachoeira-Delta. São casos notáveis de artimanhas bem sucedidas de bastidor a
serem consultadas pelos atotes da CPI dos Petrobras II.
WAGNER ADEUS
Antes do desmentido sobre a reforma ministerial proposta
pelo ex-presidente Lula, a presidente Dilma era pressionada pata inserir na Casa Civil o ministro Jaques Wagner, tido
por mais hábil, com entrada mais suave na negociação com o
Congresso, e se comunicar na linguagem solta dos parlamentares. Casa Civil, porém, não é para articulação política e sim
para coordenar o governo.
22
BAGUNÇA NÃO
Um dado incômodo para os che
fes militares, mesmo que estejam
sob obsequioso silêncio, é o de
do do Ministério da Defesa não
que o comandeve ser instrumento de bargan
has políticas, ou seja, com entra
tros de arranjos na composição
e
sai de minisdo ministério. Para ser mais clar
o, com a aventada e desmentid
do ministro Jaques Wagner par
a
tran
sferência
a a Casa Civil.
CONSELHO INÓCUOU
atual
Dilma socorrer-se de um Conselho de Estado, porém
Existe na Constituição a franquia para a presidente
cação
convo
da
tem
se
que
ro
regist
o
últim
O
também não.
governo jamais a ele recorreu. O ex-presidente Lula
nte FHC.
eside
ex-pr
do
foi
os
crític
desse conselho em momentos
NADA ADIANTA
Na reforma política que está sendo votada no Senado. Nota-se forte resistência dos senadores para votar mesmo os temas consensuais. A ladainha é sempre a mesma: “Não adianta votarmos e aprovarmos aqui, se a Câmara depois vai emendar e derrubar
tudo”. Dá-se então a paralisia, contrariamente aos clamores das ruas.
NUNCA JAMAIS
Uma decorrência da última e brusca conversa entre Lula e Dilma é dada como fatal. Jamais haverá outro encontro como esse entre os dois. Serão doravante mais formais – assim deseja a presidente. Esteve a um passo de perder a liturgia presidencial com a acalorada discussão com Lula.
ESTADO ISLÂMICO
A nova regra de sujeitar aos presidentes do Senado e da Câmara as medidas provisórias
antes de enviá-las ao Congresso, tornará o governo refém dos dois chefões do Parlamento - é a avalição que se faz nos gabinetes do Palácio do Planalto.
23
PÁGINAS AZUIS
A GRANDE TACADA DE BRASÍLIA
“SE O MUNDO
TRATASSE A
NATUREZA COMO
OS CAMPOS DE
GOLFE A TRATAM,
O MUNDO ESTARIA
MUITO MELHOR”
Odilon
Costa
Clube de Golfe
Assim se expressou Odilon Pena Costa, presidente do Clube de Golfe de Brasília, instituição presente no plano original de Lúcio Costa antes
mesmo da fundação de Brasília, nesta entrevista às
PÁGINAS AZUIS. Dentista com larga clientela em Brasília, mineiro de Monte Carmelo, empreendedor de mão cheia, Odilon é empolgado
pelo golfe.
Odilon preside um clube que é um verdadeiro santuário verde. São aproximadamente 74 hectares entre campo e equipamento. O Clube em
Brasília foi uma exigência de embaixadores acreditados no Brasil desde sua fundação para que a capital federal tivesse um campo de golfe.
O Clube de Golfe é um equipamento urbano que faz parte do tombamento de Brasília, feito pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional e pela UNESCO, reconhecido como patrimônio da humanidade.
É reconhecido por todos os órgãos governamentais, esportivos e ambientais como um parque semelhante ao Parque da Cidade, o Parque
Nacional de Brasília (Água Mineral) e o Parque Olhos d´Água.
Obra de abnegados por este esporte que é conhecido no mundo inteiro como o que mais aproxima as pessoas, uma vez que durante as
partidas os golfistas trocam ideias, observam fatos curiosos, contam histórias e sobre tudo, tem chance de estabelecer parcerias e até
negócios bem sucedidos.
Com um cenário deslumbrante, que se descortina numa região que está se transformando num grande polo cultural em Brasília, ao lado
do Clube de Golfe está o Centro Cultural Banco do Brasil, onde recentemente multidões foram ver a exposição do pintor russo Kandisky.
Restaurantes na moda em Brasília estão em sua área social à disposição dos sócios, golfistas e do público em geral. Tornou-se opção de
bom gosto e distinção convidar-se alguém para almoçar ou jantar num dos restaurantes do Clube do Golfe.
Não poderia haver um presidente de clube mais entusiasmado com a natureza que cerca todo o conjunto do Clube de Golfe de Brasília.
Odilon emociona-se quando fala dele.
24
PÁGINAS AZUIS
CARTA POLIS - O que é o Clube de Golfe de Brasília?
OC - Somos uma associação particular com uma permissão de
uso do governo do Distrito Federal por 30 anos renováveis por
nia com a criação desta cidade. Em 1957 o arquiteto e urbanista
Lúcio Costa concebeu, em seu projeto denominado Plano Piloto de Brasília um espaço denominado Clube de Gioldfe de Brasília. Quatro anos depois, em 11 de março de 1964, foi fundada
uma sociedade civil sem fins lucrativos, denominada Clube de
Golfe de Brasília, que tem o dever de cuidar dessa importante
área pública.
CARTA POLIS - Quem iniciou a obra em que hoje se tornou o Clube do Golfe?
OPC - O pioneiro foi o Roberto Bassul. Foi ele que começou
tudo. Fez Lúcio Costa a colocar a área no plano original de
Brasília. Depois chamou um renomado arquiteto conhecido
mundialmente, o inglês, Robert Trent Jones, um dos maiores
arquitetos de golfe do mundo, para ser o designer deste precioso campo. Em toda América Latina somente foram projetados
por ele dois campos de golfe, e Brasília possui o único existente
no Brasil. Em frente à nossa sede social temos uma monumento
em homenagem a Jones na engrada de nosso clube.
CARTA POLIS - O que aqui existe de natureza que lhe dá
tanto orgulho e entusiasmo?
OPC - Aqui, tudo é preservação. Temos aves lindas e algumas
selvagens. Em agosto dá para observar uma rota de migração
de marrecos com pescoço esverdeado. Temos corujas, quero-quero, gavião, e até outro dia vimos um veadinho fugindo
do Jaburu. Tem os árvores frutíferas como mangas e ciriguelas; árvores do cerrado como eram originalmente antes da
construção de Brasília. Existia aqui um bosque de pinheiros
que por licença do Ibama estão sendo substituídas por árvores frutíferas através de um manejo altamente responsável.
As árvores frutíferas atraem os pássaros. A paisagem é tão
deslumbrante e bem cuidada que nas segundas-feiras, quando nossas atividades estão em recesso para manutenção, liberamos o campo para que os noivos façam fotos para seus
álbuns de casamentos.
CARTA POLIS - Aqui se parece com um santuário natural,
não?
OPC - Na verdade o Clube de Golfe é uma unidade de preservação ambiental, porque lá convivem várias espécies silvestres
além de uma flora exuberante. Os golfistas percorrem o campo
de golfe passando pelo santuário das capivaras se alimentando
placidamente sobre o gramado.
mais 30. O clube é mantido com a contribuição dos sócios. É totalmente movido a recursos privados, sem nenhuma verba pública. Aqui o espaço é público, está aberto a todos, mas somos
autenticamente uma entidade privada com fins não lucrativos.
Toda a nossa renda é reinvestida no próprio clube.
CARTA POLIS - A manutenção dos campos e as benfeitorias são cobertas pelas contribuições?
CARTA POLIS - E como se irriga os campos de golfe?
OPC - Existe sistema de captação da água do lago para irrigação
de todos os gramados, mas antes passa por um sistema tratamento para que a água chegue através de 7 Km de tubos num
perímetro total de 15km
OC - Sim. E ainda temos os particionadores institucionais. Há
vários patrocinadores do golfe em Brasília, mas os mais recorrentes são o laboratório Sabin, o Grupo Piran que, inclusive,
patrocinam o projeto social Escola de Golfe, além de outros
patrocinadores centrados em torneios, como a Air France, a
Nespresso, algumas embaixadas (destaque este ano para a da
Suíça,e outros.
CARTA POLIS - O clube dá sua contribuição aos projetos
sociais?
OC - Esse é um dos nossos pontos fortes. Mantemos um projeto
intitulado “Golfe para a Vida”, em parceria com a Secretaria de
Esporte do DF, através do qual crianças das imediações são treinados para se tornarem depois em aprendizes de “caddle”. (Do
CARTA POLIS - E como tudo isso começou?
OC - A história do Clube de Golfe de Brasília tem perfeita sinto25
HOMENAGEM AO ARQUITETO ROBERT TRET JONES
PÁGINAS AZUIS
EDITOR: “caddle” são os auxiliares dos
golfistas). Antes de se tornarem “cadde”,
esses meninos ganham gratuitamente alimentação e todo o tipo de assistência do
clube. No momento, dois dos instrutores
dão aulas no projeto social.
“AQUI SE
PRATICA
PRESERVAÇÃO,
ÉTICA E
CORDIALIDADE”
CARTA POLIS - Qual o perfil típico do
jogador de golfe de Brasília?
OC - Os frequentadores do clube têm entre 7 e 84 anos. São como uma família que
se divertem numa natureza sem par em
Brasília, com vista para o Lago Paranoá e a
Terceira Ponte. O acesso ao campo é franqueado ao sócios mas também a iniciantes no esporte que contratam aulas com
os instrutores particularmente. Os sócios têm direito a acesso
livre pagando suas mensalidades e assim ajudam na manuten-
ção de todo o patrimônio.
CARTA POLIS - São quantos instrutores?
OC - Contamos hoje com seis instrutores,
todos golfistas profissionais, reconhecidos e registrados pela Federação de Educação Física e pela Confederação Brasileira de Golfe.
CARTA POLIS - Quais são as regras de
comportamento dos sócios e jogadores?
OPC - Temos uma filosofia própria para
o Clube de Golfe de Brasília: preservação,
ética e cordialidade. Ninguém marca as
tacadas, ninguém observa se o outro ganhou ou perdeu. Aqui se joga contra o
campo e não contra os parceiros. Por isso
o clube de golfe reúne uma nata de sócios e frequentadores de
considerável poder de decisão e opinião em Brasília.
26
FOTOS: ANA I RUCKSCHLOSS
PÁGINAS AZUIS
CARTA POLIS - Todos
são da elite do poder?
OC - É erro pensar entretanto que somente a cúpula do corpo diplomático
e das autoridades dos três
poderes vêm aqui praticar.
Funcionários públicos e
profissionais liberais de todas as categorias têm o mesmo tipo
de acesso. É uma democracia total que se vê aqui diariamente
dando a suas tacadas.
dos Estados Unidos é do tipo Bermuda, uma das mas preferidas
pelos campos do mundo inteiro. Os gramados são nivelados
duas vezes por dia e irrigados.
CARTA POLIS - Os esportistas são conscientes do patrimônio ambiental?
OPC - Os golfistas tem alta consciência ambiental porque viajam constantemente e jogam em suas viagens em clubes de
todo o mundo. Têm alta consciência ambiental, como a que os
leva a recolher espontaneamente o lixo que porventura encontrem pelo campo, como garrafas PET e recolhem aos depósitos.
CARTA POLIS - A caminhada do Clube de Golfe foi fácil
ou cheia de obstáculos?
OC - Não foi fácil chegar a essa posição de hoje de único clube
de golfe de Brasília. Foi preciso muito cuidado pessoal e investimento em detalhes que tornam o clube atraentes para golfistas
que conhecem o mundo. A grama, por exemplo, é importada
27
FOTOS: AN
A
I RUCKSC
HLOSS
PÁGINAS AZUIS
28
SS
FOTOS: ANA I RUCKSCHLO
PÁGINAS AZUIS
29
PÁGINAS AZUIS
OS PARCEIROS
O TACO
Carrinho de golfe (ou Golf-Cart) é um veículo geralmente de propulsão a motor elétrico (baterias), mas
há alguns campos que admitem Golf-Carts com motor de combustão (geralmente a querosene). Pode ser
conduzido pelo próprio golfista, pelo Caddie ou por um
terceiro. No Clube de Golfe de Brasília há 30 Golf-Carts.
O CAMPO
O campo de Brasília é composto basicamente de dois
tipos de grama: a batatais e a bermuda, sendo esta predominante no campo e exclusiva nos greens. A tendência é a substituição paulatina da batatais pela bermuda
que, além de mais resistente, é a mais apropriada à
prática do golfe (o taco passa mais facilmente).
REGRAS BÁSICAS
Caddie é o auxiliar do golfista e, dependendo do seu
grau de especialização, pode ser um simples carregador de taqueira ou até mesmo um auxiliar na estratégia de jogo. A maior parte dos Caddies é golfista e
alguns jogam muito melhor (têm handicap inferior) que
a maioria dos jogadores.
Os bunkers (bancas de areia) e os lagos são desenhados para introduzir um certo grau de dificuldade nos jogos, sendo a sua composição, desenhos e distribuição
diferentes nos diversos campos.
Em jogos cotidianos, os grupos formam-se livremente,
preferencialmente com três ou quatro jogadores, mas
também é admitido o jogo de dois jogadores ou individual, a critério do Starter e dependendo da saturação
do campo no momento específico.Entretanto, nos torneios os grupos são organizados pelo Capitão de Golfe
ou Head-Pro, de acordo com o handicap dos jogadores.
Uma bolsa completa (taqueira) contém 14 tacos, sendo
a composição mais comum:
Driver utilizado na primeira tacada, longas distâncias;
Madeiras (fairway-wodd), usado para tacadas longas;
1 híbrido usado em situações mais difíceis;
6 ferros padrões definirá a altura e distãncia da bola;
3 wedges para tacadas mais próximas do green;
1 putter usado somente dentro do green, para conduzir
a bola até o buraco.
Há um único campo, originalmente previsto para 36 buracos, em uma área em formado de borboleta. Hoje, são
18 buracos e a área corresponde a uma das asas da
borboleta inicialmente planejada.O campo é composto
de 18 greens, fora os de treino. Os greens constituem o
alvo de cada buraco que, tecnicamente é composto do
tee (saída), fairway (caminho correto), green e o buraco
propriamente dito (que fica dentro do green)
Jogam-se os 18 buracos na sequência (de 1 a 18) ou
nove buracos, podendo começar no buraco 1 ou no 10,
de acordo com a orientação do Starter (uma espécie de
coordenador de saídas). Jogam-se os 18 buracos na sequência (de 1 a 18) ou nove buracos, podendo começas
no buraco um ou no 10, de acordo com a orientação do
Starter.
DIMENSÕES
A BOLA
BUNKERS
OS CADDLES
A GRAMA
OS CARRINHOS
1O FUNDAMENTOS
PARA ENTENDER O GOLFE
Sem aquela bolinha não haveria golfe. O peso e a
dimensão das bolas de golfe podem sofrer pequenas
variações, mas, segundo as regras aprovadas pela R&A
(Royal and Ancient Golf Club) e pela USGA (United States Golf Association), não pode pesar mais que 45,93
gramas nem ter diâmetro inferior a 42,67 mm. Em geral, as bolas pesam entre 41 e 47 gramas.
30
São 6.788 jardas, que correspondem a
aproximadamente 6,21 Km.
(1 jarda = 0,91 metros).
ENSAIO/BRASÍLIA
BRASÍLIA
MUITO ALÉM DO CLICHÊ E DA MÁ FAMA
Leonardo Ladeira(*)
À
s vésperas de completar 55
anos, no próximo 21 de abril,
Brasília ainda vive a chamada
Síndrome de Brasília? Ainda é vista
como Ilha da Fantasia, cidade desumana, fria e sem coração? A maioria
dos brasileiros ainda acha que Brasília é a terra da desonestidade e da
corrupção?
“Brasília não é apenas a capital do
Brasil, mas também a capital da corrupção no Brasil. Roubam tanto em
Brasília que surrupiaram até a acústica do Ginásio Nilson Nelson”, escreveu certa vez, sem dó nem piedade, o
jornalista Eduardo Bueno, o Peninha.
Em 2007, o então deputado Fernando Gabeira, conhecido por um histórico de luta a favor dos direitos das
pessoas, deixou-se trair pelo estigma de Brasília. “Os cenários noturnos de Brasília só têm lobistas, prostitutas e
deputados”, afirmou. O tom pejorativo da declaração feriu principalmente as pessoas que nasceram na Capital ou
a escolheram para viver. “Foi uma atitude irrefletida, que
só reforça a fama que injustamente é associada a Brasília”,
desculpou-se depois Gabeira do palpite infeliz.
“O custo moral e político de sediar o poder é, foi e
continuará sempre sendo alto”, revela o jornalista e escritor Ruy Fabiano, um carioca de 54 anos que se apaixonou
por Brasília em 1979.
“Viver e/ou nascer em Brasília passou a ser uma espécie de pecado original, um DNA maldito, que condena
qualquer um a práticas criminosas”, afirma Venício A. de
Lima, jornalista e sociólogo, professor titular de Ciência
Política e Comunicação da UnB.
“As pessoas são simpáticas lá em Brasília e não têm
culpa da fama. Jaguar (cartunista)
Mesmo que, em pleno Século XXI, muitos brasileiros
ainda não consigam dissociar a capital da cidade, Brasília
tem seus defensores. Um deles, bastante surpreenden-
te! O cartunista Sérgio de Magalhães
Gomes Jaguaribe, o Jaguar, notório
boêmio do bairro carioca do Leblon,
viveu em Brasília por dois anos, acompanhando a esposa, que foi trabalhar
na capital. E não é que ele gostou!
“Cheguei lá achando que ia achar
horrível e vi que não. Tem grandes
bares e restaurantes, as pessoas são
muito amáveis. Antigamente eu ia e
voltava no mesmo dia. Brasília é uma
cidade com muita vegetação, muita
água, o Lago Paranoá... Em Brasília eu
vi muito mais shows. Pegava o carro
e em dez minutos estava no local do
show. As pessoas são simpáticas lá em Brasília e não têm
culpa da fama”, disse o cartunista em uma entrevista.
O jogador de futebol Kaká, nascido no Gama, região
administrativa do Distrito Federal, diz que o que mais
gosta de fazer quando está em Brasília é rever amigos, ir
a bons restaurantes e curtir o Lago Paranoá. Ainda assim,
para o jogador nem tudo é perfeito na “cidade-avião”. “O
trânsito piorou muito nos últimos anos, se tornando quase insuportável. Isso é uma coisa que não gosto e não sinto
falta”, afirma.
Já o cantor Oswaldo Montenegro, que morou em
Brasília na juventude e que montou espetáculos como
“Veja Você Brasília”, revela que adotou a capital do país
como terra do coração. “Na cidade fiz grandes amizades
que conservo até hoje. Além disso, Nana, minha irmã,
mora em Brasília. Somos muito ligados. Resumindo, é
uma saudade eterna”.
“Falar de Brasília é falar de amor. Do amor dos
habitantes com a cidade. Dá gosto de viver em uma
cidade onde a praia é o céu que está na nossa frente
permanentemente. Uma cidade em que a convivência
se dá entre todos iguais porque aqui chegaram vindos
de fora”, diz o senador Cristovam Buarque, ex-governador do Distrito Federal.
“Brasília será a maior
ruína da história
contemporânea.
A diferença das
outras é que nunca
será habitada por
ninguém, já que não
ficará pronta”
31
ENSAIO/BRASÍLIA
CAPITAL TEM SUA
TURMA DO CONTRA
Carlos Lacerda
Jânio Quadros
Gustavo Corção
A imagem negativa de Brasília vem desde seu projeto deconstrução. Planejada para ser a cidade-símbolo da
modernização do país ou a “capital da esperança”, a nova
Capital Federal sempre foi estigmatizada. Desde que foi
inaugurada (ainda incompleta) em 21 de abril de 1960,
seguindo um plano urbanístico de Lúcio Costa e orientação arquitetural de Oscar Niemeyer, Brasília mostrou
logo que não seria uma cidade comum. A “meta-síntese”
no Programa de Metas do presidente Juscelino Kubitschek foi alvo de muitas controvérsias e críticas.
A grande imprensa do Rio de Janeiro, cidade que
até então gozava do status de ser a capital da República,
criticou ferozmente o projeto do presidente JK. Parte da
imprensa julgava que a construção da nova capital era
uma das causas mais importantes do aumento da inflação e da transferência de recursos destinados à previdência social para as despesas com as obras no Planalto
Central.
“Brasília será a maior ruína da história contemporânea. A diferença das outras é que nunca será habitada
por ninguém, já que não ficará pronta”, tentava profetizar
Carlos Lacerda, líder da UDN, em 1957. “Brasília jamais
terá energia elétrica ou telefonia. Nunca se comunicará
com o restante do país”, dizia Gustavo Corção, especialista em telecomunicações, em O Globo, em julho de 1959.
“É um desatino!”, bradou Adauto Lúcio Cardoso, da
UDN carioca, depois de visitar as obras da capital, em
maio de 1959. “Renunciei para ficar longe daquele lugar
maldito”, disse Jânio Quadros para definir seu desagrado
pouco antes de ir embora.
A elite carioca, influenciada pelo udenista Carlos
Lacerda, julgava que Brasília só tinha poeira e mato, e
que ficava no fim de mundo. Até a intelectualidade bra-
sileira da época, especialmente a produzida em centros
como Rio e São Paulo, também nunca livrou a cara de
Brasília.
“Um túnel ou um viaduto leva anos para ser construído. No Rio, qualquer obra se arrasta miseravelmente, por falta de verba – e vamos fazer uma cidade nova
nos confins do Judas”, escreveu o cronista Rubem Braga,
contra a mudança da capital.
“Vou até a pequena zona de comércio de uma superquadra para comprar cigarro e na volta me perco
numa floresta de edifícios absolutamente iguais uns aos
outros”, escreveu o já falecido escritor Fernando Sabino,
um mineiro e ipanemense honorário. “Não hei de conseguir achar nunca mais o apartamento de meu amigo
onde estou hospedado”.
Em 1970, a escritora Clarice Lispector impressionou-se com a supremacia da cidade sobre seus habitantes.
“Brasília é tão artificial quanto devia ter sido o mundo
quando foi criado”, escreveu numa crônica. Até o poeta
mineiro Carlos Drummond de Andrade pareceu ironizar
Brasília nos versos de “Destino: Brasília”, de 1956:
“Sobe o imposto de consumo?
Ônibus mais caro, trem?
Lá, sem condução alguma,
Sento no chão com meu bem.
Vou no rumo de Brasília,
Para bem longe do mar.
A selva é meu domicílio,
Tão mais fácil de habitar.
Adeus, fumaça, adeus, fila,
Adeus carro matador.
Prefiro orquestra de grilo
Ao silêncio do censor...”
* Leonardo Ladeira é jornalista,
editor na web e correspondente da CARTA POLIS no Rio.
32
BRASÍLIA
OS BRASILIENSES
Os destaques de uma das nove metrópolis
mais bem planejadas do mundo
Destaque do Mês
Fotografia
Gervásio F
Batista
otógrafo com a credencial número 001 do Palácio Planalto.
Autor da mais célebre imagem de Juscelino Kubitschek. Um
dos poucos profissionais brasileiros a cobrir as mais importantes guerras e revoluções do século passado. E ainda na ativa. Aos 91
anos, premiado e reconhecido pelos colegas como um dos ícones do
fotojornalismo nem pensa em aposentar as câmeras. Mesmo sendo casado com uma única mulher em toda a vida, não se intimida em dizer
que tem “amantes”: as máquinas fotográficas.
33
BRASÍLIA
OS BRASILIENSES: DESTAQUES DE MARÇO
RESTAURANTES
EMPRESARIADO
CELSO
KAUFMANN
ELSON
CASCÃO
Dono do Stella Grill,
um endereço de
marcante tradição
para advogados,
Jornalistas, consultores
e profissionais liberais.
Chegou a Brasília
com JK, vislumbrando
um promissor futuro
através do ingresso
na iniciativa privada,
iniciando seus negócios
na antiga Cidade Livre,
hoje Núcleo Bandeirante,
com a instalação do
primeiro Posto Cascão de
combustíveis.
JORNALISMO TV
PORTAIS
SILVIA FARIA
HELENA
CHAGAS
Diretora de Jornalismo
da TV Globo no Rio é
brasiliense da gema,
vem muito aqui nas
folgas e mantém seu
círculo de amizades na
capital.
Uma referência do novo
portal, FATOONLINE,
que reúne uma
redação integrada
de profissionais de
primeira linha nacional
especializados em
política e economia.
JORNALISMO
RÁDIO
ENSINO
WILSON
GRANJEIRO
ROSEANN
KENNEDY
Alia o papel social
de educador ao de
comunicador diário das
questões da educação
e melhora dos padrões
civilizatórios na
capital.
Âncora da CBN, tem se
pautado por entradas
externas de análise
dos acontecimentos
políticos sempre com
muita vivacidade e
clareza.
MOBILIDADE
URBANA
GESTÃO
ARTHUR
TRINDADE
MARCELO
DOURADO
Secretário de
Segurança do DF,
iniciou uma gestão
diferenciada no
campo da inteligência
no combate à
criminalidade, com
base em
projeções.
Presidente da
Companhia do Metrô,
comprometeu-se a
retomar as obras
de construção das
três estações que se
encontram paralisadas.
34
POLÍTICA
RAIMUNDO
RIBEIRO
Ex-líder da base
governista do
governador Rodrigo
Rollemberg na Câmara
Legislativa afastou-se
por discordar aos
rumos do governo.
COLUNISMO
POLÍTICO
ANA MARIA
CAMPOS
Colunista do Eixo
Capital do Correio
Braziliense, dividindo
com Helena Mader,
acompanha os
bastidores da política,
Justiça, Executivo e
crises em geral.
RELIGIÃO
DOM
MARCONY
V. FERREIRA
Elevado recentemente
a Bispo-Auxiliar de
Brasília pelo Papa
Francisco, mantém
uma forte identidade
com a cidade e com
suas carências sociais.
ASSESSORIA DE
IMPRENSA
KÁTIA
CUBEL
Profissional que já
esteve à frente de vários
“cases” bem sucedidos
de gerenciamento da
imagem de instituições
públicas e privadas.
BRASÍLIA
OS BRASILIENSES: DESTAQUES DE MARÇO
MÚSICA
POPULAR
ADVOCACIA
RECO DO
BANDOLIM
CARLOS F.
MATIAS
Com o Clube do Choro,
que formou gerações
de instrumentistas no
ritmo que passou a
ser a cara de Brasília.
Instrumentistas nesse
ritmo que é a vara de
Brasília.
Representante do que
há de melhor nas letras
jurídicas de Brasília,
mantém um conceituado
artigo semanal no
suplemento Direito
& Justiça do Correio
Braziliense.
COLUNISMO
(IN MEMORIAN)
MEMÓRIA
ADIRSON
VASCONCELOS
SOPHIA
WAINER
Autor de dezenas de
livros editados sobre
Brasília, pioneiro
da epopeia da
construção. Jornalista,
historiador, advogado
e administrador de
empresas, pesquisador
incansável quando se
trata de Brasília.
Doce, meiga, pioneira
do colunismo de
sociedade em Brasilia,
Sophia, irmã do outro
jornalista Samuel
Wainer, da famosa
“ÚItima Hora” do Rio,
deixou enorme saudade
entre todos que com ela
lidaram.
UNIVERSIDADE
LIGUÍSTICA
HUMBERTO
RIBEIRO
DAD
SQUARISI
Administrador,
nascido em Brasília,
sobrinho do pioneiro
Antônio Fábio Ribeiro,
atualmente é Visiting
Scholar da Johnson
Greaduate School em
Gestão da Universidade
de Cornell, no Estados
Unidos.
É editora de Opinião
do Correio Braziliense,
comentarista da TV
Brasília e professora
de edição de textos do
Centro Universitário de
Brasília. Assina a coluna
Dicas de Português,
publicada em 15 jornais
do país.
RÁDIO
HISTÓRIA
MARCELO
RAMOS
CORONEL
AFFONSO
HELIODORO
Comunicador pioneiro
em Brasília, âncora
o programa “O Povo
e o Poder” na Band
AM, o apresentador e
radialista é o “Repórter
do Povão” que anima o
dial com comentários
e entrevistas à moda
tradicional do rádio
O coronel é presidente
do Instituto Histórico e
Geográfico de Brasilia,
uma dos marcos
da capital, Amigo e
assessor preferido de
JK,guarda da memória
da capital.
35
TURISMO
ERALDO
A. DA CRUZ
Na Diretoria de
Turismo da CNC, no
Rio, desenvolve uma
ação altamente eficaz
para a promoção do
turismo corporativo.
EMPREENDEDORISMO
JOSÉ
A. PINHEIRO
Um dos maiores
transportadores
interurbanos de
passageiros do Brasil, o
“Senhor Real Expresso”,
com sede em Brasília, é
um pioneiro também de
logística.
JURÍDICO
MARCO A.
LEMOS
Tomou posse como
novo desembargador
do Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e
dos Territórios (TJDFT),
prestigiado pelo
presidente da corte,
desembargador Getúlio
de Moraes Oliveira.
CULTURA
JOAQUIM
CAMPELO
Vice-Presidente do
Conselho Editorial do
Senado, o jornalista e
escritor maranhense
que adotou Brasília,
colaborou com Sérgio
Buarque de Holanda
Ferreira na elaboração
do Dicionário “Aurélio”?
mais
S
NAR>>>>>
Ricardo Reis
FAMILIAS RICAS
Circula entre procuradores do Ministério Público uma pesquisa sobre o que afirmam ser
impressionante nível de enriquecimento não de políticos isolados no Congresso Nacional,
mas de suas famílias inteiras. Ao que se sugere que a política partidária tornou-se um forte
instrumento de mobilidade social e econômico do país. E dos mais rápidos.
OBSERVADOR ATENTO
Um astuto observador da política brasileira anota em seu caderno de previsões que a estabilidade política só
será alcançada quando houver uma conversa e durante algumas horas entre o vice-presidente Michel Temer
e o senador Aécio Neves. Sem testemunhas, de preferência.
SA
MELANCOLIA EXPRES
da reforma
har as sessões do Senado para votação
Tem sido melancólico acompan
cia. Cada cabeça, uma sentença. Cada
política. Cada senador tem uma preferên
l.
eniência de cada um no plano regiona
um defende - acima dos partidos - a conv
PARLAMENTARISMO VIVE
Chegou um momento no epicentro da crise
aberta entre Palácio do Planalto e o Congresso Nacional - o confronto entre o ex-ministro Cid Gomes e o deputado Eduardo Cunha - que todas as características do
parlamentarismo estiveram visíveis e em
prática. O primeiro-ministro, no caso, é o
presidente da Câmara.
BRINCADEIRA CARA
O Congresso sabe brincar com fogo. Após as manifestações de15 de março e mesmo com o Datafolha que
registrou que a credibilidade do Parlamento reduziu-se a pó, os parlamentares atribuíram-se no novo orçamento dotações em triplo (R$ 870 milhões) para os fundos partidários de 27 legendas. Como se sabe, não
há fiscalização desses fundos, verdadeiros sumidouros de recursos.
36
BRAGA VOLTOU
Depois de uma temporada excluído dos conselhos do
governo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga,
voltou ao grupo de frente selecionado pela presidente
Dilma para explicar a crise depois das manifestações
de 15 de março.
SEM TAPINHAS
O ministro Joaquim Levy dá mostras de fadiga ao
peregrinar entre os gabinetes dos presidentes do
Senado e da Câmara como também dos líderes da
base para suplicar-lhes a aprovação do ajuste fiscal.
Expõe seu desassossego com o rito demorado e
sua impaciência para os habituais tapinhas nas
costas com que os políticos o saúdam.
RENAN GANHA
Numa comparação das
reações dos presidentes
do Senado e da Câmara
dos Deputados frente aos
impasses que se tonam
desafios à autoridade,
ganha
disparada
a
performance de Renan
Clehotos, muito mais frio e
impassível na condução dos
trabalhos e nos corredores
quando dá entrevistas.
NOVA ESTRATÉGIA
Ficou explícita a estratégia de marketing
do Palácio do Planalto pós-manifestações
de 15 de março e sobretudo pós-Datafolha:
exibir Dilma no máximo nas solenidades
no Palácio do Planalto, nas quais tira
partido dos discursos que dão mídia com
frases marcantes; 2) eventos em cidades
com prefeitos do PT para que mobilizem
público, assim foi feito em Rio Branco e
Goiânia, com prefeitos petistas.
LISTA PRONTA
Os três primeiros nomes da lista do PMDB para cargos de ministro numa nova reforma ministerial são Eunício Oliveira (que
recusou o Ministério da Integração na fase de montagem do segundo mandato), Moreira Franco e Eliseu Padilha, este último,
mudando-se da Secretaria de Aviação Civil para ganhar pasta melhor e mais polpuda.
37
ARTIGO/POLÍTICA
AS ESQUERDAS DIANTE
DEUS-ME
A
s bandeiras, ideias, eram símbolos de luta e
síntese de sonhos. Na época pareciam eternas,
inabaláveis, mas perderam força e consistência
nos anos 90, do século passado, gerando perplexidade
e desencanto entre as forças que defendiam mudanças,
alimentavam sonhos de uma sociedade fraterna e solidária. Daí cresceu a crise de antigas posições, convicções, que aos poucos foram sendo revistas, alteradas,
na tentativa de reverter a tendência de abandono das
bandeiras e ideais que marcaram gerações.
Mas a rapidez das transformações, o avanço do
modelo liberal triunfante, sufocou na prática os sonhos
de resistência. As lideranças de esquerda, de centro esquerda, buscaram refúgio na política, no discurso de
modernização, limitado à pregação de ajustes no sistema, sem contudo gerar respostas para as distorções,
seus reflexos na área do trabalho, na questão social e
nas relações entre países e regiões. Tal postura resultou numa capitulação, na medida em que abandonou
a crítica à economia de mercado e ao processo de globalização.
Nesse aspecto, sustenta o sociólogo alemão Ro-
bert Kurz, a esquerda ficou desarmada teoricamente,
renegando o questionamento da economia, a autonomia relativa da política e migrando para a esperança de
atuar “subversivamente” no âmbito da arte, da cultura
de massas, da mídia e da comunicação. Então deixou
de lado o confronto teórico com a economia capitalista, que menciona com “evidente enfado”, indiferente ao
fato de que “o capitalismo só esqueceu a sociedade no
sentido social e zela para que nada aconteça sob o sol
ao ponto de não servir ao supremo objetivo de maximização dos lucros”.
Diante da realidade, os efeitos do processo em
nosso país - positivos e negativos -, avançam com base
num rolo compressor que dita regras impunemente, à
revelia do Estado e da sociedade. Não há reação racional da maioria da esquerda e os avanços na economia,
na ordem política e na tecnologia, não contemplam e
tampouco visam melhorar a geração de empregos e as
relações no mercado de trabalho. Apesar dos danos, a
esquerda se limita a tentar amenizar as perdas de empregos, de rendas, com as vantagens sociais compensatórias, a terceirização e o incentivo ao setor informal
38
ARTIGO/POLÍTICA
DA SUBMISSÃO AO
RCADO
Nagib Jorge Neto
Jornalista e escritor
carioca, ex-deputado
federal pelo PDT/RJ
voz discordante e, na esfera do poder, persiste uma tentativa de acomodação, de rendição, mais exatamente de
abandono das lutas e ideais que ficaram órfãs.
Então cabe lembrar que o socialista Mário Soares,
ex-presidente de Portugal, que lutou contra a ditadura em seu país, reafirmou aqui suas ideias e defende
no seu país a crença nos ideais de justiça social, num
testemunho de que ao combater o autoritarismo não
visava apenas a defesa das liberdades. Ele defendeu as
transformações, as mudanças, que devem ser motivo de
crença, visão realista, na medida em que o sistema liberal vigente, com todo seu arsenal teórico, suas práticas
danosas, tende a se exaurir e abrir espaço para um novo
modelo econômico e social.
Afinal, não há porque insistir na rendição, na submissão ao deus mercado, ao sistema de competição feroz e práticas de corrupção, e não acreditar numa retomada do processo de desenvolvimento voltado para
o bem estar do ser humano, de milhões de homens e
mulheres hoje vítimas do desemprego, da fome e da miséria na África, em partes da Ásia e em quase todas as
nações da América Latina.
da economia, numa clara confissão de que no discurso
vago ainda esperneia, mas na prática se ajusta ao sistema triunfante. Em suma, para não ser alijada do poder,
prefere perder os anéis que resta e salvar os dedos.
Esse quadro é visível no momento atual do país,
com a crescente redução do papel do Estado, do seu
poder de intervenção, que deixa a maioria da população
sem defesa diante da redução de empregos e salários,
do aumento das tarifas, com a consequente diminuição
da renda e do poder aquisitivo. A isso se junta a velha
política de majorar impostos, desviar recursos públicos,
atingir direitos sociais, como é o caso da Reforma da
Previdência, e a intenção de fazer a reforma trabalhista,
liquidar as conquistas sociais, meta que os economistas
da globalização consideram vital ao desenvolvimento
das empresas nacionais e multinacionais.
Apesar dos perigos, dos riscos para o equilíbrio social, as forças no poder e seus aliados não sinalizam com
opções de mudança, de luta por sonhos e esperanças
para alterar o modelo, que não pode ser combatido com
programas de assistência social e intervenções limitadas
na estrutura agrária. Pior: quase não se ouve nenhuma
39
GESTÃO
15 MINISTÉRIOS
CABERIAM NA ESPLANADA?
T
ornou-se um mantra repetido em todas as rodas
políticas o enxugamento da Esplanada dos Ministérios. Os defensores do estado mínimo são
radicais: seriam suficientes apenas 12 ministérios.
Os que estão dentro do governo alegam, entretanto, a impossibilidade de uma reforma administrativa tão
brusca, devido ao tamanho que a máquina do Estado
incorporou. Levaria anos a operação de desmobilização.
E teria de haver um governo politicamente forte para
executá-la diante de um Congresso Nacional e partidos
políticos contrários à ideia. Outro argumento desfavorável à redução do número de ministérios é a fracassada
tentativa feita no governo Collor, que criou um mastodonte - o Ministério da Infraestrutura com a junção de
Minas e Energia, Transportes e Comunicações. O erro
logo foi desfeito.
Um estudo recente mostra a razoabilidade de um
presidente brasileiro governando com 15 ministérios
ao seu redor. Seria mais do que suficiente para, pelo
menos, o presidente decorar o nome dos ministros
sem consultar um assessor e inseri-los todos na agenda de despachos ao longo de 15 dias, o que não acontece agora.
FUSÕES:
Ministério da Economia -fusão dos Ministérios da Fazenda, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Planejamento e Pequena e Média Empresa
Ministério da Infraestrutura - fusão dos Ministérios de Minas e Energia, Transportes, Portos e Comunicações.
Ministério da Agricultura, Reforma Agrária e Pesca - fusão dos três ministérios, que foi praticada no passado.
Ministério da Educação Cultura e Esporte - já foi praticada no passado.
Ministério da Integração e Cidades - já foram integrados no passado
Ministério do Trabalho e Previdência Social - já estiveram integrados no passado
Ministério da Comunicação, Turismo e Aviação Civil - são afins
Ministério da Ciência e Tecnologia e Assuntos Estratégicos - são afins.
Ministérios dos Direitos Humanos, Igualdade Racial e Direitos Humanos - são afins.
40
GESTÃO
ALGUNS
NÚMEROS
PERMANECERIAM:
* Justiça
* Relações Exteriores
* Defesa
* Saúde
* Desenvolvimento
Social
* Meio Ambiente
Orçamento geral
do governo federal
aprovado em 17 de
março pelo Congresso
Nacional:
R$ 2,96 trilhões
Número de cargos
comissionados
na Esplanada
(oficialmente
computados) : 23.579
41
“STATUS”DE
MINISTRO
EXTINTO
* Chefe da Casa Civil
* Chefe do Gabinete de
Relações Institucionais
* Advogado-Geral da
União
* Secretária-Geral da
Presidência
* Articulação Política
* Controladoria-Geral
da República
POLÍTICA
FÓRUM DAS
MULHERES
MAGDA
PRESENTE COMO
BROSSARD
Filha do ex-ministro e ex-senador Paulo Brossard, a advogada
Magda Brosard protagonizou um episódio que alcançou repercussão
nacional quando se pronunciou reprovando o comportamento da OAB
Federal que apoiou em, nota o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, por ter recebido representantes de empreiteiras da Operação Lava
Jato em audiência privada, fora da agenda.
BELCHIOR
MISSÃO CASA
Na Caixa recebeu a missão de preparar
o Minha Casa Minha Vida 3 em ambiente de
orçamento minguado e alta inadimplência.
PEPE, Terça R$ 19,3 bilhões para a aplicar no
programa em 2015, se o orçamento não for
contingenciado.
42
POLÍTICA
MARIA DO ROSÁRIO
ATUAÇÃO FIRME
Embora em primeiro mandato, a deputada federal
pelo PT gaúcho mostra determinação para ocupar o lugar
mais destacado em defesa dos pontos de vista do PT na
CPI da Petrobras.
VANESSA
A AMAZÔNIDA
Uma voz de senadora pelo Amazonas
tem sido
onipresente em defesa de seu estado e de
seu partido, o
Psol, na tribuna do Senado e nas comissõe
s, quebrando
recordes anteriores de assiduidade e pont
ualidade nos
trabalhos da casa.
SENADORAS: BRILHO MAIOR
Logo que a legislatura começou, serpenteava no Senado a expectativa de que o plenário
seria iluminado pela presença oratória de três figuras de proa tucana: José Serra, Antônio Anastásia e Tasso Jereissati. Até aqui, porém, não se confirmou. No momento, a casa
tem como destaque feminino: Ana Amélia, e Lidice da Mata..
43
POLIS Confidencial
PAULO TARSO
SENHOR
EMBAIXADOR
Graham Greene
escreveu seu romance
ficcional - Senhor Embaixador - inspirado num epígono da
carreira, que serviu em Havana.
Típico embaixador britânico
com chapéu de palhinha e impecável terno claro da Saville Row.
Temos um senhor embaixador no Brasil também. Paulo Tarso Flecha de Lima, mas
não serviu em Havana, mas em
Washington, Londres e Roma,
onde pontuou desempenhos
marcantes na galeria diplomática brasileira. Foi amigo de presidente, de rainha e de primeiro-ministro. É um extraordinário
diplomata, negociador de situações críticas e conciliador se
senão fosse mineiro. Paulo Tarso ensina às novas gerações de
diplomatas a defender seu país
como patriotismo, não bajula-
ção aos governos. Certo dia, lê
um jornal norte-americano fazer reparos críticos e injustos ao
Brasil. O embaixador escreveu
imediatamente ao editor uma
dura carta em resposta. Naquele tempo, embaixadores escreviam cartas aos jornais sem
consultar a Brasília se podiam.
O editor a publicou, claro. Não
deixava passar em branco uma
afronta.
Paulo Tarso mora em Brasília trabalhando como grande
consultor. Outro dia, foi homenageado por um grupo de amigos e um conhecido restaurante
de Brasília, o Lake´s, organizado pelo embaixador Pedro Luiz
Rodrigues. Paulo Tarso é raramente visto na escala mundana
da capital. Deve ser homenageado, não hoje, mas sempre, por
serviços prestados ao Brasil.
PEPE, APELIDO, LEGAL
O ministro Pepe Vargas é a Geni do governo. Com seu jeitão tímido de bom moço não
carrega no perfil aquela carranca sinalizada como arrogância. Por isso, é vítima fácil
dos insucessos do governo na articulação política com o Congresso.
O ex-prefeito de Caxias do Sul e deputado federal bem votado é muito ligado presidente Dilma, razão porque ela não pretende afastá-lo da articulação, embora com o
veto do ex-presidente Lula, que preferia ali Ricardo Berzoini
A ligação de Dilma com ele é de plano familiar. No dia da posse de Pepe Vargas
junto a outros ministros, no salão do palácio lotado, Dilma discursou, saudando os auxiliares e dirigiu-se à contristada esposa, que já sentia a ausência
do marido com os filhos em Caxias do Sul:
-“Pode deixar, fique tranquila, que cuidaremos muito bem do Pepe
aqui”.
Ao que tudo indica ela está mesmo cuidando de
manter o seu emprego.
44
OS EMPRESÁRIOS
DE DILMA
CALFAT
Raul Calfat, diretor-presidente da Votorantim,
eleito CEO do ano de 2014 na América Latina, pela
revista Latin Trade, uma das principais publicações
sobre finanças e negócios do continente, foi um dos
poucos líderes empresariais do país que pediu audiência
à Dilma nesses dias conturbados. E obteve.
JEFFREY
O norte-americano Jeffrey Imemelt
esteve em audiência com Dilma Rousseff
no Planalto. Detalhe: é republicano de
carteirinha, além de CEO da General
Electric, uma grande fornecedora de
nossas usinas hidrelétricas.
MANSÃO DO FARAÓ
A mansão do ex-presidente do Banco Santos, Edemar
Cid Ferreira é tão luxuosa - em São Paulo, vai a leilão.
Turistas iam admirá-la nos áureos tempos em que o banco
tinha contas de poderosos da hora. Vai de rua a rua com
casas interiores, jardins babilônicos e benfeitorias num
quarteirão inteiro. Um verdadeiro faraó ali morava. O leilão
foi determinado pela Justiça para o ex-banqueiro quitar suas
dívidas. Edemar nunca chegou a ser um Eike Batista, que
também perdeu tudo, mas chegou perto no quesito audácia.
AUGUSTO,
TANCREDÓLOGO
O jornalista José Augusto Ribeiro é também escritor de mão
cheia. Coube a ele escrever a história da saga que levou Tancredo
Neves a tornar-se primeiro presidente da redemocratização, há
30 anos. Sem assumir o cargo para o qual fora eleito, Tancredo
morreu há 30 anos num 21 de abril. Teria tomado posse em 15 de
março de 1985, data recentemente saudada nas manifestações
de rua como marco da nova democracia brasileira.
45
ECONOMIA
CHURCHILL, ORWELL,
NO DISCURSO
M
- “A política requer pelo menos duas habilidades.
Primeiro é preciso prever o que vai acontecer amanhã,
na semana que vem e no ano seguinte. Todo político tem
que fazer isso. A segunda habilidade é que é preciso explicar depois por que as previsões não se cumpriram.”
Citou a fábula de George Orwell para cutucar o PT e
seus dois últimos governos:
- “Todos são iguais, mas alguns são mais iguais do
que os outros.”
Com essas ressalvas, tentou ao cabo de hora e meia
explicar por que as coisas têm acontecido do jeito que se
pode observar de agora, sob o seguinte axioma:
- “Estamos diante de uma crise econômica de grande tamanho. Não me lembro de uma crise tão acentuada
e tão difícil quanto está na economia brasileira.”
Não perdoou Dilma:
- “O Governo Dilma aumentou o tamanho e a dor
do ajuste que deveria ser feito.”
ais que o senador e o político, o economista
e o gestor público José Serra deram uma aula
magna na tribuna do Senado. Repórter no
Congresso, não me lembro de um discurso sobre economia – invadindo a seara política – tão pedagógico, sem
ser professoral ou acadêmico, sem conter ideologia, nem
preciosismos de um antigo cepaliano. Só fatos. Aclarando as raízes da atual crise
Citando o poeta Ascenso Ferreira, navegou placidamente e com humor inglês (contido)nas águas turvas
dos indicadores e estatística da crise econômica. Verazes, que o governo não poderá desmentir.
Ao fazer uma apresentação sobre a evolução e os
principais problemas da economia brasileira na última
década e meia, Serra brindou o Senado lotado (três dezenas de apartes se seguiram, um deles, meio atrasado,
por Aécio Neves, quando todos os “cardeais” tucanos já
tinham feito) com uma pérola de Winston Churchill:
AS ANTI-LEIS COMO ENTENDER O BRASIL?
to, fale-se bastante; exponham-se poucas ideias concretas”. Essa – sublinhou com ironia – é uma lei que se cumpre de maneira rigorosa.
Serra largou no colo de seus pares suas anti-leis do
Brasil de hoje:
rimeira: há uma distância muito grande entre falar
e fazer. Existe a seguinte lei: “Sobre qualquer assun-
P
46
ECONOMIA
ASCENSO E MILLÔR
DE SERRA
S
egunda: uma atitude pré-euclideana. “O Euclídes
de Alexandria provou, ou mostrou, é um axioma,
que a menor distância entre dois pontos é uma linha
reta, mas o Governo insiste em que a menor distância
entre dois pontos é uma espiral, uma linha torta, uma
linha curva, isso diante de cada questão que tem que
enfrentar.”
sujeito vai e aprende, depois de um, dois anos. Eu me
lembro da Ministra do Planejamento, depois de dois
anos no Ministério do Planejamento, dizendo que
eles estavam aprendendo.”
S
erceira: que são também pré-copernicanos.”Quer
dizer, não é a Terra que gira em torno do Sol; é o
Sol que gira em torno da Terra, que é o PT, é o Governo, e tudo o mais do organismo institucional brasileiro gira em torno e ameaça provocar um Big Bang
quando há oposição, há imprensa e tudo o que perturba o funcionamento do equilíbrio do universo.”
exta: a equipe de Dilma: “Há um princípio que eu
acho que, se não valesse, a Presidente Dilma emitiria uma medida provisória nesse sentido. É o de que
toda equipe de governo tem que ter um conhecimento
menor do que o da chefe da equipe, quando, na verdade, qualquer norma de bom governo é ao contrário:
nós devemos nos cercar de gente que, em cada área,
saiba mais do que nós, ou, pelo menos, estar convencidos disso. Esse é um problema no Brasil, ultimamente, gravíssimo.”
Q
S
T
uarta: uma outra questão que é observada assim com rigor é o seguinte: “transformar todas
as facilidades encontradas em dificuldades. Quando
se pode criar uma dificuldade, mesmo diante de algo
fácil, cria-se a dificuldade, ou seja, soluções que viram
problemas.”
Q
étima: a incompetência não dói: “Não há nenhum
problema em ser incompetente. Eu me lembro
aqui – e volto a dizer – da frase que eu citei do Millôr
Fernandes: que, na verdade, é um grande erro da natureza fazer com que a incompetência não doa para
muitos.”
uinta: “Governo não é para governar, é para
aprender”. Chega-se lá e faz-se a experiência. O
Esse, o José Serra 2015. Um projeto de José Serra
para 2018?
47
ECONOMIA
POSTALIS,
BURACO SEM FIM
O
POSTALIS, fundo de pensão dos Correios, desnuda os malefícios de uma gestão financeira
administrativa e política do fundo de previdência dos empregados dos Correios, cuja direção foi loteada politicamente entre os partidos da base governista
no Congresso.
O déficit é oriundo de uma série de fatores, dentre
eles o resultado dos investimentos abaixo do esperado e
mudanças atuariais. Para cobrir o astronômico rombo,
que provocou um déficit atuarial insanável, no dia 5 de
março o POSTALIS fez o equacionamento de sua dívida
e que a partir deste abril será descontado o percentual de
25,98% sobre o valor do Benefício Proporcional Saldado
dos empregados.
A patrocinadora, os Correios, contribuirá de forma
paritária, ou seja, com o mesmo valor que os empregados.
Os empregados, apreensivos, são represe tadcs pela
ADCAP.
A ADCAP fez incluir no seu site todas essas medidas. Entende que os empregados não podem ser penalizados por um quadro para o qual nada contribuíram,
posto que a diretoria da patrocinadora CORREIOS sempre foi quem deteve o controle e a administração do
POSTALIS, definiu os rumos e seus dirigentes e, em resumo, é a responsável por esta situação.
Para demonstrar esses fatos em juízo, a ADCAP
contratou um escritório de advocacia que, com o apoio
de atuário e consultor especializado, está desenvolvendo
as ações correspondentes desde 13 de março último.
POSTALIS EXPLICA
Numa tentativa de explicar o déficit operacional, o
POSTALIS alega que: o assunto, a empresa esclarece os
seguintes pontos:
• O equacionamento proposto de 25,98% é
previsto em legislação, sob a pena de responsabilização dos conselheiros e dirigentes do
instituto.
• O percentual de desconto será revisto anualmente, de acordo com a situação econômica do instituto e o retorno de seus investimentos.
• Por orientação do DEST (Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do
Ministério o Planejamento) os Correios suspenderam o repasse da Reserva Técnica de Serviço
Anterior (RTSA), mas a direção da empresa determinou a contratação de uma consultoria atuarial,
com o intuito de rediscutir o assunto.
• Várias ações estão sendo tomadas na busca da
melhoria da gestão do instituto, incluindo a
previsão de eleição para a metade da diretoria
do POSTALIS. As ações dependem de aprovação de órgãos governamentais.
• A contribuição extraordinária é apenas para o
plano PBD Saldado) o que impôs os 25,98%).
Empregados que entraram na empresa depois
de 2005 não terão qualquer alteração em seu
plano de custeio.
EMPREGADOS
TEMEM
A ADCAP - Associação de
Profissionais dos Correios tem se preocupado com
a situação do POSTALIS há bastante tempo e
tem tomado
medidas de
denúncia
e pedidos
de medidas concretas, junto ao fundo
de previdência
à diretoria dos Correios, à PREVIC, ao Ministro das Comunicações e
aos diversos órgãos de fiscalização e de controle.
48
ECONOMIA
controlada pelos dois remarcados (às vezes em
mais de 60%) e revendidos a empresas em paraísos fiscais. Entre elas, a offshore Spectra, que
tinha como beneficiário Alexej Predtechensky
(conhecido como Russo), então presidente do
Postalis”. O Globo, 15/2/2015.
2. “Inquérito da polícia sobre os descalabros do
grupo Galileo mostra que milhões de reais alocados para tirar duas universidades do buraco
desapareceram sem deixar rastros (...) Pior: o
grosso do prejuízo caiu na conta do fundo de
pensão dos Correios o Postalis. (...) que adquiriu quase todo o lote de debêntures – também
irregularmente, segundo a PF (...) em poucos
meses, os recursos arrecadados com as debêntures se transforma em “um grão de areia diante do tamanho do rombo, logo catapultados a
900 milhões (...) de acordo com a investigação, o Postalis também cometeu uma irregularidade ao arrebanhar 75% das debêntures, o
triplo do que podia – por ordem do conselho
Monetário Nacional o limite de investimento dos fundos de pensão nesses casos é 25%.
A PF apurou que a aprovação, Alexej Predtechenshy, e o diretor financeiro, Adilson da
Costa. (...) saiu do Postalis em fevereiro do ano
passado e em junho, surgia como conselheiro
no galileo (Veja de 3/9/2014).
CARTA DRAMÁTICA
Um aposentado participante do POSTALIS analista
de Correio Sênior - Administração, morador de Florianópolis, endereçou à diretoria da empresa em Brasília
uma correspondência dramática 12 de março último, a
qual espelha a revolta de sua categoria.
“Imputar aos trabalhadores dos Correios (participantes do Postalis), um desconto de 25,98% (que somados aos 9% obrigatório aos aposentados, resulta em uma
redução de 34,98% do seu benefício) sobre o valor do
seu beneficio no PBD, para cobrir prejuízos que chegam
a 80% do patrimônio do Postalis, em pouco mais de três
anos, é de pasmar.” - afirmo ele.
Citou os fatos emblemáticos que, a seu ver, geraram
as fraudes do POSTALIS:
1. “Uma das maiores fraudes de fundos de pensão
no país foi montada até com a falsificação de
documentos de forma grosseiras (...) seis papéis
de instituições financeiras na carteira do Postalis (...) tiveram o valor adulterados com tinta
corretora ou com um simples “corta e cola” nos
processos digitalizados. A fraude, feita entre
2006e 2009, detalhada nos relatórios da SEC,
chega a US$ 24 milhões (R$: 68 milhões) (...)
Os responsáveis são sócios da Atlântica Asset
Managment, gestora contratada pelo Postalis
para investir o dinheiro dos carteiros em títulos da dívida brasileira no exterior. (...) Os papeis eram vendidos para LatAm, outra empresa
49
ECONOMIA
PARA ENTENDER
AS FRAUDES DO
POSTALIS
A mais contundente publicação sobre os mal feitos do
POSTALIS foi do matutino O Globo em fevereiro último. Abre
o pano de fundo completo sobre a crise de gestão que atinge 196
mil participantes. :
Uma das maiores fraudes de fundos de pensão no país foi
montada até com a falsificação de documentos de forma grosseira. Relatórios da Securities and Exchange Comission (SEC, a
xerife do mercado financeiro americano) obtidos pelo GLOBO
mostram que ao menos seis papéis de instituições financeiras na
carteira do POSTALIS (fundo de pensão dos Correios) tiveram o
valor adulterado com tinta corretora ou com um simples “corta
e cola” nos processos digitalizados. A fraude, feita entre 2006 e
2009, detalhada nos relatórios da SEC, chega a US$ 24 milhões
(R$ 68 milhões). Os responsáveis são sócios da Atlântica Asset
Managment, gestora contratada pelo POSTALIS para investir o
dinheiro dos carteiros em títulos da dívida brasileira no exterior.
As fraudes geraram prejuízos milionários ao fundo de pensão e começaram a ser desvendadas no ano passado. O caso ganha
contorno ainda mais complexo, já que o POSTALIS havia contratado o Bank of New York Mellon para exercer a função de administrador e fiscalizar o trabalho de gestores, entre eles, a Atlântica.
Agora, cobra o banco americano na Justiça pelas perdas.
O POSTALIS é o maior fundo de pensão em número de
participantes do país — 196 mil. E contrata gestores para decidir como investir os recursos dos contribuintes. Um deles foi a
Atlântica Asset Managment, que passou a aplicar recursos em
notas estruturadas, um papel bem mais arriscado do que os títulos soberanos. Além disso, a gestora fraudou as notas de forma
primária, para elevar os valores e desviar recursos do POSTALIS.
O uso do líquido corretor escolar só foi possível porque o
sistema financeiro americano não é tão eficiente quanto o brasileiro: até grandes operações são fechadas e liquidadas por fax. À
Justiça da Flórida, a SEC explicou o artifício criado pela Atlântica
e detalhou as ações do responsável pela empresa, Fabrízio Neves, e de seu parceiro José Luna. Os papéis eram vendidos para
a LatAm, outra empresa controlada pelos dois, remarcados (às
vezes em mais de 60%) e revendidos a empresas em paraísos fiscais. Entre elas, a offshore Spectra, que tinha como beneficiário
Alexej Predtechensky (conhecido como Russo), então presidente do POSTALIS. A fraude ocorria no trajeto dos papéis.
“Em pelo menos seis casos, Neves e Luna esconderam o esquema (...) alterando os term sheets (documento-base com os
principais termos e condições para efetivar uma transação) entregues para a LatAm por emitentes das notas, seja inflando o
preço original, ou removendo informação do preço. Neves dizia a
Luna quais preços usar, verificava o preço do term sheet alterado,
e aprovava as alterações antes de Luna enviá-las aos representantes dos fundos brasileiros. Luna usou líquido corretor escolar ou o
eletrônico ‘corta e cola’ para mudar ou omitir as informações sobre o preço original dos term sheet”, diz o texto da SEC. O GLOBO
não conseguiu entrar em contato com Neves e Luna.
Após as fraudes virem à tona, o POSTALIS interpelou o
BNY Mellon na Justiça para rever os valores, com o argumento
que o banco é o responsável pela fiscalização dos investimen-
tos. O GLOBO teve acesso ao contrato fechado entre o banco e
o fundo de pensão. No documento, o BNY Mellon diz ter métodos eficientes de controle das transações feitas com recursos
de clientes. Com base nessa premissa, o fundo dos carteiros
conseguiu na Justiça o bloqueio de R$ 250 milhões do patrimônio do banco americano. O BNY Mellon é acusado pelo
POSTALIS de gerir de forma “ruinosa” o dinheiro dos aposentados da estatal. Ao todo, o fundo teve perdas de nada menos
que R$ 2 bilhões nos últimos dois anos.
Para a Justiça brasileira, o banco argumentou que não teria
como evitar a fraude, porque ela foi promovida pela ex-diretoria
do POSTALIS, que conhecia mecanismos para burlar o sistema
e evitar o controle da administradora. Ao GLOBO, o BNY Mellon
disse que detectar ações fraudulentas desta natureza vai além do
escopo de suas responsabilidades, especialmente quando foram
propositalmente escondidas. “O fato de o gestor do fundo em
questão ter saído do mercado local desta maneira e usar uma
terceira parte para esconder suas ações indica que nós não fomos cúmplices ou responsáveis de forma alguma pela alegada
fraude”, disse, em nota.
O BNY se refere à Atlântica. O escritório foi fechado, segundo fontes a par das investigações, e Fabrízio Neves vive, hoje,
fora do país. O banco lembra que o ex-presidente do POSTALIS
Alexej Predtechensky é apontado por autoridades americanas
como um dos responsáveis pelos crimes. Ele presidiu o fundo
por seis anos e deixou o cargo em 2012. Procurado pelo GLOBO,
não retornou as ligações.
Para o POSTALIS, o BNY Mellon foi omisso. O fundo insiste que o banco tinha condições de detectar a fraude. E alega
que não participou diretamente das operações, “cuja legalidade,
autenticidade e confiabilidade estavam a cargo da BNY Mellon”.
Mesmo com os ânimos acirrados na Justiça, o banco americano detém o poder sobre os investimentos do POSTALIS.
Na segunda cláusula do contrato com o fundo, o texto diz que a
instituição tem exclusividade no serviços de negociação dos ativos do POSTALIS. A cláusula é considerada usual por integrantes do mercado, mas foi a primeira vez que o POSTALIS assinou
esse tipo de contrato. O banco deveria avisar o POSTALIS em 48
horas em caso de risco excessivo. Se os gestores não atendessem
às notificações, o banco tinha de liquidar as operações que não
estavam de acordo com as regras. Pelos serviços, o banco recebeu R$ 11,9 milhões desde 2011.
Acionado pelo POSTALIS, o Banco Central não concluiu a
fiscalização sobre a responsabilidade do BNY Mellon nas fraudes. Procurada pelo GLOBO, a SEC não se manifestou. A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc)
promove uma auditoria no POSTALIS e cogitou intervir no fundo, mas, segundo fontes, desistiu por ver sinais de que a nova
diretoria está empenhada em recuperar as perdas. Em nota ao
GLOBO, a Previc ressaltou que a responsabilidade pela gestão
dos planos é dos dirigentes das entidades e a contratação de serviços especializados não os exime de suas responsabilidades.
(*) Fonte: jornal O GLobo
50
ARTIGO/COMPORTAMENTO
VOCÊ SABE O QUE SÃO “FRATS”?
SERVEM PARA QUÊ?
Roselisa Mourão
Piauiense, advogada, professora e tradutora,
morou nos Estados Unidos, Austrália e França.
“Você pode pendurá-los de uma árvore...mas nunca
“fecharemos” com eles, pois um Preto nunca fará parte da SAE...”
C
antava um grupo de jovens, brancos, vestidos em seus
smocking, no interior de um ônibus, entre palmas e
“urras”, numa farra de companheiros, à primeira vista,
sem maiores consequências. O flagrante ecoou pelo mundo,
registrado em vídeo vazado na internet e a reação, imediata:
identificados, os estudantes da Universidade de Oklahoma,
Estados Unidos, foram expulsos da instituição. Não por mera
coincidência, eram todos membros de uma Fraternidade, ou
“Frat”, no caso, a “SAE – Sigma Alpha Episilon”. O episódio reabriu discussões sobre racismo e em especial quanto ao papel
dessas organizações, que existem largamente e em caráter formal, no seio da vida universitária americana, mas também em
outras partes do mundo, onde se destacam alguns países da Europa, como a Alemanha.
Todavia, para que se tenha a real compreensão do que o
fato representa, é preciso que se entenda o ambiente em que
ocorreu e o que de tão grave está por trás dele.
Oklahoma é um Estado situado na Região menos favorecida
dos Estados Unidos, o Sul, com sua herança da monocultura do algodão, da escravidão e da derrota sofrida para as colônias do Norte
do país, durante a Guerra de Secessão, de 1861 a 1865, e que deixou
marcas profundas em sua economia e cultura. Essa conjunção de
fatores contribui para que uma semente aparentemente dormente por força dos efeitos da lei que criminalizou o racismo e deu
igualdade (legal) a brancos e negros, fruto da luta pelos direitos
civis, resistisse às intempéries como uma espécie de “sempre-viva”
que brota amiúde, sempre que as condições lhe sejam favoráveis,
num movimento constante rumo à intolerância racial na convivência dos opostos, habitantes de um território de minoria branca
ressentida, humilhada, mas social e economicamente superior e
como se vê, ainda arrogante, contrapondo-se a uma maioria menos favorecida composta de descendentes de escravos.
Neste contexto, ainda no século XIX, surgiram as organizações secretas, das quais a Ku Klux Klan, é a mais notória.
“Nós os penduramos das árvores” – cantou o grupo, em alusão
à prática contumaz da “KKK” de encapuzados vestidos de branco, nos rituais de caça noturna a negros, enforcá-los de forma
impiedosa. Eis, portanto, o cerne da questão: transcorrido tanto tempo, no seio de uma organização estudantil, vê-se vivo e
latente, o sentimento de exclusão e repúdio à figura do negro
como detentor de direitos e sobretudo, de respeito.
Em princípio, ainda no século XIX, as Fraternidades e
“Sororidades” (a palavra não existe na língua portuguesa), vêm
do latim “frater”, ou irmãos (gênero masculino), “soror”, irmãs, e
surgiram quando o currículo das
universidades priorizava o ensino dos clássicos – grego e latim
– símbolos da educação superior. São organizações de gênero,
existem as de homens, mulheres, e até as mistas. Por sua vez,
estudantes negros formaram as suas próprias fraternidades.
Em comum, elas têm um caráter iniciático, impõem condições
rígidas para a admissão de novos membros, que criam para si,
um senso de pertencimento a uma comunidade tida como elevada, superior.
Também conhecidas como “Greek Letter Organizations LGOs”, ou “Organizações de Letras Gregas”, a maioria utiliza
duas ou três letras do alfabeto grego como forma de denominação, e que podem estar ligados ao seu lema, secreto ou não. Daí,
a “SAE – Sigma Alpha Episilon”, a fraternidade que protagonizou o incidente mencionado e que possui mais de quinze mil
membros através do Estado Unidos.
A primeira organização de estudantes de que se tem notícia foi a “Phi Betta Kappa Society”, data de 1776; A “Chi Phi”, de
1824; “Kappa Alpha Society”, 1825; “Sigma Phi” e a “Delta Phi”,
de 1827, nos Estados da Costa Leste Americana. Seu objetivo
adveio do desejo de raras pessoas com acesso a conhecimento
diferenciado, reunidos em grupos nos quais poderiam se aprofundar na discussão de temas polêmicos, longe dos ouvidos da
sociedade em geral, quanto a questões humanísticas, artísticas
e filosóficas. Formou-se assim, a tradição que se estendeu ao
longo dos tempos, mas que hoje, já não mais possui a elevação
de suas antecessoras.
Em tempos mais recentes, já no século XX, as agremiações foram adquirindo um caráter mais social e de integração, e é fato que muitas delas prestam assistência aos
seus membros, fornecendo-lhes suporte de alojamento e alimentação, dentre outros serviços de apoio durante os anos
universitários. Acompanhando o ambiente de beligerância
criado pelas Guerras Mundiais, a Primeira e a Segunda Guerra e mais tarde, Coréia e Vietnã; a mobilidade social resultante da liberação feminina; o fortalecimento do capitalismo
com a explosão da industrialização; aumento da renda e do
consumo, os campi universitários acolheram tais mudanças,
tornando a “College Life” um período de excepcional liberdade em todos os sentidos, do exercício do direito de expressão e escolha.
51
ÚLTIMO
S
NAR>>>>>
Álvaro Campos
SANTANA CRUCIFICADO
João Santana, ai-jesus da presidente Dilma Rousseff, não é mais. Está recebendo toda uma carga de
críticas por tê-la levado a caminhos de exposição pública que deu no que deu, tudo por exagero marqueteiro. A crítica mais enfática se dá no capítulo das mentiras que a oposição afirma ter sido a pauta
de Dilma na campanha, sobretudo a de que a inflação estava controlada.
QUINTETO DESAFINADO
“Despreparados” - é o mais brando adjetivo que se ouve em gabinetes do Palácio do Planalto ao desempenho
do quinteto de ministros escalados pela presidente Dilma para negociar politicamente com a Câmara a aprovação do pacote fiscal.
BANDEIRAS PERDIDAS
Um detalhe na erosão da credibilidade dos partidos
políticos todos, sem exceção de um - é a perda pelo PT de todas as suas
bandeiras, aquelas que
no passado fizeram tradição do partido do ABC.
Perdeu as bandeiras sem
encontrar outras.
ÁLVARO DISCRETO
O senador Álvaro Dias, que sempre atuou na linha de frente das denúncias
e de uma artilharia das CPIs e na tribuna, está jogando recuado justo na
hora em que sua combativa presença é mais requerida. Tem um argumento
a favor; apresentou à Procuradoria-Geral da República cerca de 18 representações para investigações na Petrobras, muitas das quais se materializaram agora na forma de pedidos de aberturas de inquérito.
52
PROFISSÃO ENTREGADOR
São dois os políticos maranhenses queixosos do tratamento recebido da presidente Dilma,
embora sintam-se credores de muitos favores que lhe foram prestados em votações estratégicas
no Senado. José Sarney e Edison Lobão associaram-se ao clube dos magoados com Dilma,
embora não sejam de romper, em absoluto.
NOTÁVEL RETROCESSO
Houve uma mudança sensível de tecnologias entre o
mensalão e o petrolão no item distribuição de propinas
a políticos. Escaldados porque no primeiro escândalo
os mensaleiros tiveram que ir ao Banco Rural sacar suas
mensalidades, nesse agora foram servidos pessoalmente
por entregadores, muitos a domicílio. Notável retrocesso.
SOLUÇÕES NATURAIS
CHACHOTA PUBLICITÁRIA
Se a presidente Dilma tiver que procurar um outro nome para
substitui Joaquim Levy em surto de sua insatisfação pela eventual derrubada do pacote de ajuste fiscal no Congresso, a solução natural será Aloizio Mercadante assumir. Para a Casa Civil,
também no quesito solução natural, seria Jaques Wagner.
Foi recebido com risos e chacotas por uma ala do Palácio do
Planalto - majoritária, diga-se - o relatório de autoria conhecida, pregando que a propaganda do governo Dilma seja direcionada para São Paulo, com controle externo. A justificação contrária é que se Dilma topasse isso estaria entregando
sua autonomia, além de ser media ilegal. A SECIM responde
profissionalmente pela área, com critérios técnicos.
MALDIÇÃO ENCERRADA
O PMDB está com projeto de derrubar a maldição histórica de seus candidatos próprios a presidente nunca terem passado de 5% da votação nacional. Ulysses Guimarães e Orestes Quércia foram vítimas da maldição. Nem que tenha que filiar um
candidato vencedor
ELITE BRANCA
O governador Rodrigo Rollemberg, do DF, quer passar um trator sobre as
construções ilegais nas áreas verdes à beira do Lago As áreas verdes são
públicas segundo p o plano original de Lúcio Costa. O governador José
Aparecido tentou o mesmo ao seu tempo (durante o governo Sarney)
e desistiu. A elite branca de Brasília vai protestar contra Rodrigo, com
certeza, e não com panelaço.
53
ECONOMIA
REFÚGIO DE BRASILIA
IMIGR
N
este mês de comemorações pelos 55 anos de Brasília, dou
meu relato pessoal sobre a vivência encantadora neste
lugar.
Sou paraibana, com muito orgulho, mas desde muito cedo
vim morar em Brasília com meus pais, onde passei boa parte da
minha infância.
Aqui, muitas sementes foram plantadas como o exemplo
deixado e a ser seguido por minha mãe, mulher desbravadora que
ainda muito nova também veio para Brasília, em busca de construir uma vida.
Quando a perdi, tinha apenas 11 anos e voltei com a minha família a morar na Paraíba. Mas sabia que havia deixado em Brasília
uma semente plantada.
Passados alguns anos, chegava a hora do reencontro. Tinha
no meu coração o desejo de construir a minha existência na capital
federal, Como todo imigrante, no momento do desembarque, era
só Brasília e eu!
Brasília é pra mim, uma escola de vida. Revejo tudo o que fiz,
os sítios onde a vida me levou, as pessoas que conheci, os projetos
que fiz, os sonhos que realizei e muitas coisas que não
54
OPINIÃO
DÁ CALMA À ALMA DO
RANTE
Ellen Barbosa é diretora da
POLIS.COM e da CARTA POLIS
Nesta nova volta ao sol, que Brasília concede, quero apenas
manter no peito a vontade férrea de ser feliz. Só isso. De poder
continuar a abraçar com força os que fazem o meu mundo girar
no sentido certo.
De continuar a sentir a motivação e o entusiasmo que me levam a correr mais e mais, para aquele refúgio que é o maior sentido
da minha vida: a calma na alma, a alegria no espírito e o amor,
sempre o amor, do lado certo da vida.
poderia enumerar aqui, -tudo isto foi realizado nesta cidade,
que me proporciona até os dias de hoje a mágica de ser surpreendida por sua fascinante e envolvente forma de acolher e permitir.
Sou grata a Brasília pelas oportunidades a mim oferecidas,
não seria justa se não sentisse gratidão pela vida e pela sábia lei da
compensação.
Grata por tudo o que pôs no meu caminho como forma de
me recompensar pelas agruras da vida e de me fazer recomeçar
com a certeza que a sorte é merecida para quem se esforça para
tê-la.
55
Política.
O que a mídia
não cobre,
a gente
descobre.
Carta Polis. Mais de 28 anos nos bastidores
da política e do que move o país.
Notícias, opiniões, temas polêmicos, antecipação
de tendências. Acompanhe os principais fatos da
política e negócios com um olhar crítico e atual.
cartapolis.com.br
SCN Quadra 1 Bloco E Sala 512 Edifício Central Park – Brasília DF
(61) 3201-1224
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