A SuiniculturA e o Ambiente - Federação Portuguesa de

Transcrição

A SuiniculturA e o Ambiente - Federação Portuguesa de
ZUP/67/MAR/13
OS NOVOS NÚMEROS
DO SEU SUCESSO
NO TRATAMENTO DO CRS
14 1
4
Federação Portuguesa
de Associações de Suinicultores
N.º 102
2013 Out. Nov. dez. 5,00 €
suinicultura
www.suinicultura.com
“A Suinicultura e o Ambiente”
9
Spreading out of solid manur
FPAS organizou seminário em parceria
com Embaixada da Holanda
Unloading liquid manure into a container
EZN comemora
100 anos de existência
MSD Animal Health
Quinta da Fonte - Edif. Vasco da Gama, Nº 19
2770-192 Paço de Arcos – PORTUGAL
Tel.: (+351) 214 465 700 • Fax: (+351) 214 465 724
www.msd-saude-animal.com.pt
FPAS presente
em fóruns europeus
IMPA e Bem estar animal
I Seminário de
Suinicultura Biológica
editorial
OS NOSSOS
PROBLEMAS......
.....NAS NOSSAS
MÃOS
E são muitos aqueles que vamos assumindo e os que va‑
mos ter de continuar a assumir.
Feliz Natal e que o Ano de 2014,
Temos de enfrentar os desafios e tomá­‑los nas nossa mão,
não
esperando que outros por nós os venham a resolver, por‑
a todos os que a esta atividade direta
que esperar que aconteça o que precisamos, é deixar que o
e indiretamente se dedicam,
tempo corra e que nada mude.
bem como aos seus familiares,
E precisamos de mudanças, mudanças que estão em nós,
no nosso querer, no saber dar as mãos em torno de objetivos
traga muitas alegrias como bem
comuns, no inconformismo que teremos de perseguir na pro‑
merecemos.
cura de soluções e alternativas, e na procura do saber porque
os outros são capazes e nós vacilamos. Mudanças que permi‑
tam criar o crédito à atividade, que volte a trazer jovens em‑
presários à suinicultura, porque esta tem de ser uma atividade
onde há futuro.
Os desafios são constantes, perseguindo­‑os com persistência, e exigindo a cumplicidade da Administração saberemos
ultrapassa­‑los, tornando esta atividade, o orgulho de quem a ela se dedica. Afinal, contribuímos para alimentar a humanidade,
respeitando como poucos, as regras que a ela são exigidas, algo mais digno?
Esta cumplicidade começa a dar alguns frutos.
Baixamos o valor pago no sistema Sirca, onde muito ainda temos para fazer.
Temos esperança que o próximo QCA 2014/20 (PDR) contemple a Segmentação de Ciclo na Suinicultura, que nos permitirá
resolver os problemas de ambiente e territoriais, proporcionando ainda o redimensionamento das suiniculturas.
Cumplicidade na mudança de conceitos que começa a permitir que os efluentes das nossas pecuárias, deixem de ser consi‑
derados um problema e que venham a ser uma oportunidade.
Cumplicidade que começa a aceitar que estes tenham como destino final a valorização agrícola, cruzando a oferta com a
procura de nutrientes orgânicos para os nossos solos, reduzindo a fatura do adubo químico para a agricultura.
Esperança na redução do IMI à nossa atividade já num próximo futuro.
Ultrapassamos recentemente e com êxito o Bem­‑estar Animal, mas muito temos para fazer, desde erradicação do Aujesky,
do eterno REAP, da Diretiva 2008/120/CE, das relações com a GDO, da concentração da oferta das matérias­‑primas para a ali‑
mentação animal, etc., etc...
Estamos a trabalhar em diversas frentes, desde a formalização do FILPORC, ao projeto Terra e Efluentes, à participação em
diversos Grupos Operacionais com o INIAV e a tudo quanto à nossa atividade diz respeito, defendendo os que a ela se dedicam,
quer junto da Administração Portuguesa quer junto da UE.
Precisamos de recursos financeiros que nos permitam aumentar os humanos de forma a poder acompanhar todos os assun‑
tos que nos dizem respeito. Precisamos da união de todos, porque só juntos ultrapassaremos os desafios com que nos vamos
deparando.
Orgulho­‑me da equipa que dirijo, como se devem orgulhar os Suinicultores Portugueses dos dirigentes associativos que te‑
mos, do seu saber e especialmente da sua entrega e dedicação à nossa causa.
O trabalho desenvolvido a eles se deve.
Com esta equipa, a união de todos, o abaixamento do custo das proteínas, a manutenção ou até subida do preço médio de
venda, teremos num futuro próximo a recompensa pelo nosso trabalho e persistência.
Feliz Natal e que o Ano de 2014, a todos os que a esta atividade direta e indiretamente se dedicam, bem como aos seus fami‑
liares, traga muitas alegrias como bem merecemos.
A todos uma vez mais BOAS FESTAS, e um FELIZ 2014.
Vítor Menino
suinicultura
3
presenças institucionais
4
suinicultura
suinicultura
sumário
editorial por Vitor Menino ............................................................................................................. 3
Seminário “A Suinicultura e o Ambiente”
Outsider – Carlos Alberto Cupeto .......................................................................................................7
“A Suinicultura e o Ambiente”– Catharina Zwitser ...........................................................................8
Gestão dos Efluentes Pecuários em Portugal – Sales Henriques ..................................................9
Política em matéria de estrume nos Países Baixos – Emar Gemmeke .........................................13
Resumo: Soluções práticas para a gestão de resíduos de
Ficha Técnica
Revista Suinicultura n.º 102
Publicação da Federação
Portuguesa de Associações
de Suinicultores (FPAS)
www.suinicultura.com
NIPC 501 312 072
Director
Vitor Menino
[email protected]
Sub­‑Director
A. Simões Monteiro
(Médico Veterinário)
[email protected]
Editor/Redacção
FPAS – Av. António Augusto Aguiar,
n.º 179, r/c esq 1050­‑014 Lisboa
Tel.: 21 387 99 49; 91 756 39 01
Fax: 21 388 31 77
[email protected]
Pré­‑impressão e Impressão
Projecção Arte Gráfica, S.A.
Parque Industrial da Abrunheira
Quinta do Lavi, Armazém 1,
2710-089 Sintra
estrume nos Países Baixos – Jaap Uenk .......................................................................................14
Encerrando o ciclo de fósforo (P) e o tratamento de estrume – Oscar Schoumans ...................16
Caso de estudo de Leiria – David Neves .............................................................................................19
O Papel das Explorações Pecuárias para um Desenvolvimento
Rural Sustentável – Duarte, E.D.; Fragoso, R.; Carvalho, A. R. ....................................................22
Terras & Efluentes (T&E) –uma mais valia para todos – Simões Monteiro, Olga Moreira,
Elizabeth Duarte, Carlos A. Cupeto, Maria João Figueiredo ........................................................25
Segmentacão de Ciclo do Problema à Oportunidade – Vítor Menino .............................................27
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
Padrões de Consumo Actuais e Tendências Futuras – Ana Isabel .............................................30
Consumo de carnes de suíno: Mitos e Factos – Fernando M. A. Bernardo...............................32
Factores se Produccion Influencia en La Sanidad – Joan Sanmartin.........................................42
raças autóctones | alentejana
560.ª Feria de San Miguel – Zafra......................................................................................................50
8º Congresso Internacional do Porco Mediterrâneo.......................................................................50
Escola Agrí. Dinamarquesa visita ACPA............................................................................................50
ANCPA – Feira do Montado em Portel...............................................................................................51
raças autóctones | bísara
Publicações com Referência à Raça Bísara e ao Fumeiro de Vinhais........................................52
A Alheira de Mirandela já é qualificada com Indicação Geográfica Protegida..........................54
reuniões, congressos e seminários
VI Congresso da S.C.S...........................................................................................................................56
I Seminário Suinicultura Biológica......................................................................................................57
Os 100 anos da EZN...............................................................................................................................58
25 Anos Eurocereal................................................................................................................................60
XXXIV Simposio ANAPORC..................................................................................................................60
Dia aberto DGAV.....................................................................................................................................60
empresas
CAMPIFARMA lança a primeira vacina para a “Doença dos Edemas”........................................61
HIPRA GOLDEN SPONSOR no “VI Congresso S.C.S.”...................................................................61
A Vétoquinol® lança Forcyl® Swine numa nova apresentação......................................................61
Periodicidade
Trimestral
notícias FPAS
Tiragem
2000 exemplares
Reunião do IMPA em Eindhoven..........................................................................................................63
ICS/122280
Depósito Legal 48323/91
Sócio nº P­‑1154
Reunião Ad hoc grupo de trabalho carne de porco do COPA-COGECA......................................62
próximos eventos...........................................................................................................................65
associações FPAS..........................................................................................................................66
Nota da redação: De acordo com o referido na última revista
vamos neste número continuar a publicação das intervenções pro‑
feridas no VI Congresso FPAS (Ver paginas 30/49).
Aos respectivos autores e aos nossos leitores apresentamos mais
uma vez as nossas desculpas.
suinicultura
5
6
suinicultura
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
outsider
Carlos Alberto Cupeto*
N
a Holanda a legislação e re‑
gulamentos servem para im‑
plementar e desenvolver a
suinicultura; em Portugal
servem para proibir. Esta é a grande
diferença. Este pormenor explica tam‑
bém algo mais profundo, porque somos
pobres e eles ricos.
Estando de fora do sector, mas aten‑
tos, participámos no Seminário organiza‑
do pela FPAS e a Embaixada da Holanda.
Excelente iniciativa, magnífica orga‑
nização, adequado programa e elenco
de oradores.
O simples e o complexo.
Lá, na Holanda, existem todas as con‑
dições naturais para um problema e de‑
senha e implementa­‑se uma solução; é
simples. O problema vira mais­‑valia. Cá,
temos tudo para dar certo e complica­‑se.
O auditório do INIAV cheio, com todas
as partes interessadas, de uma plateia
participativa e comprometida marcou,
desde logo alguma diferença; não são co‑
muns em Portugal eventos deste tipo.
Ao longo do dia tornaram­‑se eviden‑
tes algumas realidades que todos conhe‑
cemos. Temos um sector bem represen‑
tado e que sabe o que quer. Como se
demonstrou, bons técnicos e professo‑
res não nos faltam. Ao longo dos anos os
diversos estudos realizados consubstan‑
ciam um sólido conhecimento e saber.
No fim, em Portugal tudo se complica
quando se deseja operacionalizar, na
Holanda é o oposto.
Percebemos, claramente que a
grande diferença entre Portugal e a Ho‑
landa está na hora do fazer, no afasta‑
mento à realidade. Porquê?
Haverão muitas respostas e razões
mas estamos convictos que o essen‑
cial é a falta de concertação das dife‑
rentes partes. Designadamente o de‑
sencontro entre o sector e a tutela nos
seus diferentes níveis. Na Holanda a
legislação e regulamentos servem para
implementar e desenvolver a suinicul‑
tura; em Portugal servem para proibir.
Esta é a grande diferença.
Este pormenor explica também algo
mais profundo, porque somos pobres e
eles ricos.
Ao longo do dia tornou­‑se evidente
que a sustentabilidade e desenvolvi‑
mento da produção animal em Portugal
são possíveis se a atitude dos gabinetes
decisores mudar.
Ficou no ar a suspeita, talvez a con‑
vicção, que o problema reside essen‑
cialmente no mega edifício da Adminis‑
tração, não no topo, não no Governo,
mas antes nas infinitas chefias intermé‑
dias. Infelizmente todos sentimos que o
poder e a realização profissional dessa
gente, que decide, está no dizer “não”.
Em conclusão: i. o efluente tem va‑
lor; ii. é possível mudar o paradigma e
virar a página; iii. há que assumir a re‑
alidade do território português (orde‑
namento do território); iv. quem decide
tem que assumir se quer extinguir a
produção animal em Portugal, ou não
– opção política clara exige­‑se.
O signatário é professor na Univer‑
sidade de Évora há 30 anos e teve fun‑
ções dirigentes no Ministério do Am‑
biente (ARH do Tejo) até Maio.
suinicultura
7
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
“A Suinicultura e o Ambiente”
Catharina Zwitser*
A
agricultura é um pilar impor‑
tante na economia holande‑
sa. A Holanda produz muitos
produtos de origem animal
(carne, leite, ovos) para um mercado,
maioritariamente, externo.
A pecuária holandesa é assim uma
das mais intensivas de Europa.
A mesma produz mais efluentes do
que a agricultura consegue absorver.
O uso excessivo de fertilizantes é
prejudicial para o ambiente (água e ar)
e para a natureza (biodiversidade),
pelo que os agricultores são obriga‑
dos a limitar as quantidades aplicadas
nas suas terras.
Cabe ao governo estabelecer polí‑
ticas que regulem a dimensão desta
produção.
Este seminário, organizado pela
Embaixada da Holanda e a FPAS no
passado dia 19 de Novembro teve como
8
suinicultura
objectivo a troca de ideias e posições
sobre uma pecuária sustentável entre
os governos holandês e português, o
tecido empresarial e a ciência.
Como encontrar soluções para um
‘crescimento verde’ das pecuárias sem
impactos negativos para o ambiente?
O governo holandês propõe­
‑se
apresentar a sua política de efluentes
pecuárias dos últimos vinte anos as‑
sim como os seus planos para o futu‑
ro, elaborados em estreita colabora‑
ção com os diferentes elos do sector
pecuário e o munda da ciência.
O governo holandês pretende esta‑
belecer um equilíbrio entre o mercado
dos fertilizantes orgânicos, onde a
oferta e a procura é igual.
A utilização destes materiais como
adubos está sujeita a uma estrita re‑
gulação no que diz respeito aos diver‑
sos cultivos. A fim de reduzir a oferta
de fertilizantes orgânicos no mercado
holandês, foram delineadas três dire‑
trizes que irão ser abordadas neste
seminário :
1) A diminuição de nutrientes na
forragem;
2) O uso eficiente de nutrientes
provenientes de efluentes ani‑
mais através do tratamento dos
mesmos e da substituição dos
fertilizantes químicos;
3) O tratamento dos efluentes ani‑
mais por forma que permita a
exportação.
Contámos com uma frutífera troca
de ideias e inteirámo-nos das ideias e
soluções apresentadas pelas entidades
portuguesas.
Juntos, poderemos identificar polí‑
ticas e preparar as bases para uma
colaboração a nível internacional.
* Conselheira agrícola – Embaixada
do Reino dos Países Baixos
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
Gestão dos Efluentes
Pecuários em Portugal
Sales Henriques*
T
ema apresentado no Semi‑
nário Suinicultura e o Am‑
biente organizado pela
FPAS e a Embaixada da Ho‑
landa em Portugal, Oeiras, 19 de No‑
vembro de 2013, por H. Sales Henri‑
ques, em representação da Direção
Geral de Agricultura e Desenvolvimen‑
to Rural.
A recente legislação do Regime de
Exercício das Atividades Pecuárias
(REAP), estabelecido pelo Decreto­
‑lei
nº 214/2008, e mais recentemente alte‑
rado pelo Decreto­‑lei nº 81/2013, bem
como pela Portaria nº 631/2009 criou
regras para a Gestão dos Efluentes Pe‑
cuários (GEP), não só ao nível da sua
produção e armazenagem, mas também
ao nível do seu transporte, eventual pro‑
cessamento e/ou utilização no âmbito
da valorização agrícola ou outras. A Le‑
gislação REAP e os processos de auto‑
rização das diferentes atividades pecuá‑
rias integram a necessidade do
cumprimento, pelas explorações pecuá‑
rias, de diferentes áreas, nomeadamen‑
te a defesa hígio­‑sanitária dos efetivos,
as normas de bem­‑estar animal, a saúde
e segurança das pessoas, o ordenamen‑
to do território, mas também a qualidade
do ambiente que é induzido pela referida
atividade.
Para além da legislação REAP, na
valorização agrícola dos efluentes pe‑
cuários é necessário ter também em
consideração as regras relativas à pro‑
teção das zonas vulneráveis a poluição
por nitratos de origem agrícola estabe‑
lecidas pela Portaria nº 164 e nº 259 de
2010, com base no Decreto­
‑lei nº
235/87.
No conceito de Efluente Pecuário
são incluídos não só a excreta dos ani‑
mais – fezes e urinas, mas também os
restos alimentares, de camas e as
águas de lavagens das instalações e
dos equipamentos, bem como outros
subprodutos animais e produtos deri‑
vados destes, que sejam utilizados
como fertilizantes orgânicos.
Assim, todas as explorações pecuá‑
rias e que geram efluentes pecuários
(que possuem instalações de aloja‑
mento ou estabulação dos animais, já
que a excreta dos animais em pastoreio
não é considerado um efluente pecuá‑
rio) são obrigadas ao cumprimento de
um conjunto de regras e a promover
adaptações nas suas explorações para
assegurar estes normativos.
Para melhor entender a GEP, é ne‑
cessário ter consciência que numa ex‑
ploração pecuária, existe um Balanço
Mineral entre as “entradas” de mine‑
rais contidos nos alimentos, animais,
etc. e as saídas equivalente dos “mine‑
rais” retidos pelos animais ou leite
produzido e vendidos, os animais mor‑
tos e eliminados, etc.
suinicultura
9
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
tribuiu com cerca de 55% (154.136 t.)
do azoto incorporado no solo em Por‑
tugal no ano de 2012. Tendo em con‑
sideração estes valores, será possível
para melhorar estes balanços, redu‑
zindo as necessidades de incorpora‑
ção de azoto pelos fertilizantes inor‑
gânicos.
Neste balanço, é necessário ter em
consideração nomeadamente o Azoto
(N), o Fosforo (P) e o Potássio (K), os
principias elementos minerais consti‑
tuintes da excreta dos animais, mas
também os principais elementos ferti‑
lizantes. A título de exemplo e segundo
um trabalho da USDA, uma exploração
de 190 porcas em ciclo fechado, ao
longo do ano incorpora na produção
(animais substituição e alimentos) cer‑
ca de 59 toneladas (t.) de N e 7 t. de P,
mas os animais vendidos desta explo‑
ração representam só cerca de 15 t. e 3
t. N e P respetivamente. Assim, são
retidos na exploração e principalmente
pela excreta dos animais, cerca de 43 t.
de azoto (N) e 4 t. De fosforo (P). Uma
parte deste azoto (N) é perdido na ex‑
ploração, principalmente pela volatili‑
zação de alguns elementos (amoníaco,
oxido nitroso, odores, etc., problemáti‑
co por prejudicar o ambiente da explo‑
ração e do meio envolvente), mas a
grande maioria será retido nos efluen‑
tes pecuários da exploração. Depois na
armazenagem, na aplicação no solo e
ao nível do solo estas perdas vão con‑
tinuar, por volatilização (para o ar) e /
ou por lixiviação (arrastado pela água),
em função das condições de armaze‑
nagem, das técnicas e das épocas de
aplicação, pelo que só uma parte do
azoto dos efluentes pecuários será
(re) utilizado pelas plantas, podendo o
restante representar poluição do solo,
da água ou do ar.
O INE, nas Estatísticas Agrícolas
de 2012, estimou que o setor de suí‑
nos produziu neste ano, 17.790 tone‑
ladas de N e o sector pecuário, con‑
10
suinicultura
Portugal possui uma população
média de cerca de 2 milhões de suínos
em cerca de 4.200 explorações com
suínos, (segundo Declaração de exis‑
tência suínos 2012), com uma produ‑
ção anual (abates) de cerca de 5,4 mi‑
lhões de porcos. Tendo em
consideração a distribuição das explo‑
rações e dos efetivos por distrito,
verifica­‑se que existe uma carga (Nº
de explorações e nº de porcos) muito
elevada nos distritos de Leiria, Setúbal
e Lisboa, com respetivamente 927/
501.000, 201/277.000 e 166/250.000
(explorações/porcos). Esta distribui‑
ção, em que a produção suína está
muito próxima das populações e longe
das explorações agrícolas que pode‑
riam assegurar uma valorização dos
seus efluentes é uma situação muito
problemática para o sector e que tem
de ser encarada.
Tendo em consideração a Portaria
nº 631/2009, que estabeleceu as re‑
gras de gestão dos efluentes pecuá‑
rios, todas as explorações em que seja
prevista (pela tabela do Código de Boa
Práticas Agrícolas CBPA), a produção
de mais de 200 t. ou 200 m3 de efluen‑
tes por ano, bem como as explorações
agrícolas que tenham a perspetiva de
utilizar também quantidades superio‑
res a estes valores, têm de desenvol‑
ver e manter atualizado um Plano de
Gestão dos Efluentes Pecuários
(PGEP).
O que é previsto num PGEP, que
constitui uma das peças requeridas
para o processo de autorização do
exercício da atividade, no âmbito do
REAP, é que seja estimada a produção
dos efluentes ao longo do ano, as es‑
truturas e a capacidade de armazena‑
gem necessária para a referida explo‑
ração em função da sua utilização e/ou
destinos previstos. Depois têm de ser
indicadas as estratégias que a explora‑
ção pretende desenvolver, nomeada‑
mente se realiza a separação de sóli‑
dos ou outra forma de processamento
dos seus efluentes pecuários, e os
destinos previstos.
Depois, ao longo de cada ano a “es‑
tratégia” tem de ser documentada com
registos da produção e dos encami‑
nhamentos realizados, principalmente
pela elaboração das Guias de Transfe‑
rência de Efluentes Pecuários (GTEP),
no caso de transferir para outros, ou
pelo registo no seu Caderno de campo
das quantidades aplicadas em cada
cultura ou parcela. Por cada ano de
exercício deve ser assegurada uma re‑
conciliação (entre a produção e o uso),
considerando nomeadamente a produ‑
ção esperada e a que foi efetivamente
observada, bem como os destinos
(transferências para outros ou a utili‑
zação em valorização agrícola própria,
etc.) que foram assegurados (e regis‑
tados ou documentos) ao longo do ano.
Com base nestes elementos, o
PGEP do ano seguinte deve ser revis‑
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
to, (mas não necessita de ser nova‑
mente apresentado ou entregue) e as
estratégias e/ou as estruturas de ar‑
mazenamento, etc. revistas para uma
melhor adaptação ao próximo ciclo.
É necessário ter em consideração
que a produção de efluentes pecuários
pode ser muito variável entre explora‑
ções, principalmente tendo em consi‑
deração as instalações e as condições
de lavagens, consumo e/ou desperdí‑
cio de água, etc., pelo que cada explo‑
ração será sempre um caso, mas exis‑
tem indicadores de amostragem que
devem ser utilizados como valores de
referência, nomeadamente os que es‑
tão expressos no CBPA ou em outras
fontes bibliográficas, não só para os
parâmetros de volume, mas também
de composição (teores em N, P e ou‑
tros elementos) dos efluentes das ex‑
plorações pecuárias.
Assim o PGEP será um processo
dinâmico e nunca um processo que se
faz um ano e ali fica. A sua atualização
terá de ser constante, da mesma forma
que se gerem os efetivos e as reposi‑
ções dos reprodutores, as estratégias
alimentares, os programas sanitários e
muitos outros que constituem o exer‑
cício de uma atividade pecuária.
Nas explorações que realizam valo‑
rização agrícola dos efluentes pecuá‑
rios é necessário ter em consideração
e conhecer bem o “ciclo do azoto no
solo” a partir do momento em que é
aplicado ou espalhado, pois este é in‑
fluenciado por um conjunto muito alar‑
gado de fatores. Estes fatores – modo
de aplicação, quantidade aplicada, épo‑
ca de aplicação, temperatura ambiente,
estado do solo, vento e chuva, etc.,
condicionam se os elementos minerais
e o azoto em particular serão perdidos
ou utilizados pelas plantas. Por exem‑
plo, a aplicação superficial de choru‑
mes de suínos em dias quentes e ven‑
tosos e que não seja enterrado de
imediato, mais de 50% do azoto amo‑
niacal pode ser perdido em poucas ho‑
ras, por volatilização, causando tam‑
bém um grande desconforto (pelos
cheiros) a todos quantos estejam perto
do campo em que foi aplicado. Assim
grande parte do “valor” do efluente
será perdido e com grande impacto
para o ambiente.
Para desenvolver os PGEP, foi de‑
senvolvida uma aplicação – folha de
cálculo (Formulário PGEP) – que per‑
mite responder às necessidades bási‑
125mm
175mm
suinicultura
11
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
cas na elaboração dos PGEP, bem
como simular diferentes condições
para a armazenagem, bem como para
a sua valorização, isto é a sua utiliza‑
ção como fertilizante.
É necessário ter em atenção que
existem diferentes técnicas que per‑
mitem otimizar os PGEP, sendo princi‑
palmente importante a redução dos
volumes produzidos (assegurando
uma maior concentração de elementos
minerais por m3 ou tonelada), bem
como os níveis de excreção de alguns
elementos minerais.
Outra perspetiva que é necessário
equacionar é que os efluentes pecuá‑
rios, em função dos elementos mine‑
rais e da matéria orgânica contida, têm
um valor fertilizante e assim um valor
económico que não é de desprezar.
Atualmente, um kg de azoto, fosforo e
potássio adquirido em adubo mineral
custa respetivamente cerca de 1€,
1,14€ e 0,38€. Tendo em consideração
estes valores, pode­‑se estimar que os
efluentes pecuários produzidos num
ano por uma exploração de 100 porcas
em ciclo fechado, valem pelo menos
cerca de 17.700€, ou seja cerca de 9,3€
por m3, tendo em consideração os va‑
lores de referência de N, P e K que
constam no CBPA.
Será nesta perspetiva que a suini‑
cultura se terá de posicionar no futuro,
considerando os seus efluentes pecu‑
ários como recursos valorizáveis e
não algo a “eliminar”. Os efluentes pe‑
cuários quando aplicados nos solos e
na fertilização das culturas, são fonte
de nutrientes minerais, de matéria or‑
gânica, melhoram a estabilidade do
solo e o seu potencial de utilização
dos fertilizantes inorgânicos, bem
como fonte de fornecimento de água
ao solo.
No entanto é necessário ter cons‑
ciência que os efluentes pecuários
têm riscos, nomeadamente de poluir
os recursos hídricos, contaminar as
fontes de água de bebida, são fontes
de odores, de libertar gazes com efei‑
to de estufa, de meio de propagação
de insetos, bem como uma fonte po‑
tencial de disseminação de plantas in‑
festantes, parasitas e alguns agentes
de doenças, se manuseados ou aplica‑
dos de forma imprópria.
Para obter mais informação para
o desenvolvimento dos PGEP e da
valorização das culturas com fertili‑
zantes orgânicos e outros, devem ser
consultados o Código de Boas Prati‑
cas Agrícolas (CBPA) e o Manual de
Fertilização de Culturas, publicados
pelo INIAV e que estabelecem os ele‑
mentos de referência para o desen‑
volvimento dos PGEP.
Em resumo, no âmbito do REAP,
as explorações pecuárias intensivas
da classe 1 e 2, têm de incorporar
uma maior atenção à gestão dos
efluentes pecuários, desenvolvendo
um PGEP essencialmente na perspe‑
tiva de valorização agrícola dos
efluentes pecuários, minimizando os
impactos destes no ar, água, solo,
animais e pessoas. Neste sentido, se
elementos minerais excretados não
forem maioritariamente (re) utiliza‑
dos pelas plantas, o objetivo não terá
sido atingido.
Tendo em consideração a aplica‑
ção do Decreto­‑lei nº 81/2013 (REAP),
todas as explorações pecuárias em
atividade que sejam consideradas
gestoras de efluentes pecuários, de‑
vem apresentar os PGEP, no âmbito
dos seus processos de regularização
ou de reclassificação das explora‑
ções, até 16 de dezembro e depois
assegurar a sua implementação no
prazo de mais um ano.
Para mais informação consultar a
página do REAP, na DGADR, disponível
no endereço http://www.dgadr.pt/am‑
bord/reap .
12
suinicultura
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
Política em matéria de
estrume nos Países Baixos
Emar Gemmeke*
A
política neerlandesa em
matéria de estrume foca­‑se
na produção e aplicação de
estrume. O objectivo princi‑
pal é prevenir a dispersão de nutrien‑
tes no ambiente e vender o excedente
de nutrientes a áreas sem excedentes
de estrume, principalmente dentro
dos Países Baixos.
As regras da UE são usadas como
modelo na actual política neerlandesa
em matéria de estrume. Para além
disso os Países Baixos desenvolve‑
ram uma legislação própria e medidas
de estímulo.
Em 2009, o governo neerlandês, a
indústria agrícola, ONG’s e institutos
de investigação comprometeram­
‑se
com a agenda política de produção de
gado sustentável. No quadro desta
parceria, todas as partes contribuíram
activamente para o objectivo final que
era tornar a produção de gado nos Pa‑
íses Baixos completamente sustentá‑
vel até 2023. Um dos objectivos prin‑
cipais deste acordo é resolver os
problemas ambientais causados pelo
estrume.
As vias principais para se reduzir o
excedente de nitrogénio e de fosfatos são:
Através da alimentação animal.
A alimentação animal contendo menos
fosfatos resultará em estrume com
menor conteúdo de fosfatos;
Através da exportação: estrume
processado está apto a ser exportado;
Através da transformação de es‑
trume em fertilizante mineral (ver re‑
sumo WUR: Oscar Schoumans).
Principais leis em matéria de es‑
trume nos Países Baixos
Os Países Baixos já deram os se‑
guintes principais passos políticos:
1984 – Direitos de produção (legis‑
lação neerlandesa) – limitou o número
de suínos e de aves de capoeira
1984 – Quota leiteira (legislação da
UE) – limita a produção de leite
1987 – Acta do estrume (legislação
neerlandesa) – direitos de produção
de estrume
1987 – Período encerrado para apli‑
cação de estrume (legislação neerlan‑
desa)
1990 –Acta para protecção do solo
(legislação neerlandesa) – decreto so‑
bre o uso de fertilizantes
1991 – Directicva sobre os nitratos
(legislação da UE) – rede de monitori‑
zação de águas subterrâneas – aplica‑
ção de uma taxa máxima de 170 kg N/
ha/ano – todo o território dos Países
Baixos se torna uma zona vulnerável a
nitratos
1993­‑2006 – Sistema de contabili‑
dade mineral a nível das quintas (le‑
gislação neerlandesa) – Penalização
por perdas de nutrientes vegetais
2000 – Directiva do quadro da
água (legislação da UE) – qualidade da
água de superfície
2007 – Alojamento de baixa emis‑
são de animais em estruturas recen‑
temente construídas (legislação neer‑
landesa)
2014 – Processamento obrigatório
de excedentes de estrume (legislação
neerlandesa)
Regulamentações para Nitrogénio
e Fosfato nos Países Baixos
Regras de aplicação
• Níveis máximos
• Aplicação no período vegetativo
• Técnicas de baixa emissão
•A
plica­‑se a estrume e fertilizan‑
tes sintéticos
•D
ependente das condições do
solo
Reforço
• Autorização pelas autoridades locais
•R
egisto de produção (pecuária,
estrume e culturas)
•O
brigação de reduzir as perdas
nutrientes
•C
onstrução de estábulos de bai‑
xa emissão
•D
epósitos de estrume livres de
emissões
•O
processamento obrigatório de
excedentes de estrume
Facilitação governamental
Inovação
• O financiamento e co­‑financiamento
de R&D para tecnologias inovado‑
ras de processamento e de gestão
de estrume
Subsídios e medidas fiscais
• Estimular o investimento para no‑
vas técnicas
Construir/melhoras as capacidades
dos agricultores
• Pilotos
• Serviços de consultoria
• Rede de agricultores
*Ministério da Economia, os Países Baixos
suinicultura
13
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
Resumo: Soluções práticas
para a gestão de resíduos de
estrume nos Países Baixos
Jaap Uenk*
H
á já 25 anos que a aborda‑
gem da gestão de resíduos
de estrumes nas empresas
suinicolas nos Países Bai‑
xos está legislada. Durante este perío‑
do a legislação foi ajustada passo a
passo, também através da aplicação
da directiva europeia em matéria de
nitratos, que se traduz nos Programas
de Acção Neerlandeses em Matéria de
Nitratos.
Na prática há três aspectos princi‑
pais a destacar na gestão dos resídu‑
os de estrumes, nomeadamente:
Redução da produção de estrume
e de minerais na suinicultura através
de medidas de gestão;
Utilização adequada e distribuição
eficaz do estrume para outras zonas
agrícolas e para o estrangeiro;
Transformação de estrume e ex‑
portação dos produtos finais.
Por meio de uma utilização eficien‑
14
suinicultura
te da água (água potável e água para
lavagens) a empresa suinicola pode li‑
mitar a produção de estrume e tem me‑
nos custos com o seu escoamento.
Através de um uso mais reduzido e
mais eficiente de fosfatos na alimenta‑
ção dos porcos (e.o. por meio de fitase)
diminui­‑se a eliminação de fosfatos no
estrume. Para além disso foram toma‑
das medidas nas empresas suinicolas
para se limitar a emissão de amoníaco,
gases com efeito de estufa, odores e
partículas (purificadores do ar).
O uso de estrume animal em solo
agrícola está limitado por normas de
utilização máxima de azoto e fosfatos
no estrume, estipulada por lei. O em‑
prego de estrume nos Países Baixos
apenas é permitido durante um curto
período em cada ano (estação de
crescimento). O uso de estrume impli‑
ca obrigatoriamente baixas emissões,
i.e. uma fina camada de estrume é in‑
troduzida directamente no solo. Van‑
tagens importantes desta acção são
que não há emissão de amoníaco e de
mau cheiro e que há uma melhor utili‑
zação dos minerais no estrume.
Nos Países Baixos as empresas
suinicolas estão concentradas nos
terrenos arenosos no este, centro e
sudeste do país. As regiões agrícolas
que usam o estrume ficam no norte do
país e nos polders e no sudoeste. Para
se ultrapassar esta distância relativa‑
mente grande (entre 50 a 150 kms)
nos últimos 25 anos foi desenvolvida
uma nova área de negócio. Estas em‑
presas investiram em camiões­‑tanque
com equipamento para transporte de
estrume (36 toneladas por camião),
em armazenagem de estrume nas
áreas de produção e em maquinaria
para transformação de estrume com
baixas emissões. Nos Países Baixos
há cerca de 550 empresas especiali‑
zadas em gestão de estrume (trans‑
porte, armazenagem, transformação,
exportação). Anualmente em cerca de
800.000 deslocações são transporta‑
dos quase 25 milhões de estrume
para utilizadores de estrume nacio‑
nais e internacionais. Para um trans‑
porte adequado durante todo o ano
foram construídos armazéns para es‑
trume nas zonas agrícolas. Os inte‑
resses destas empresas são defendi‑
dos pela CUMELA Nederland.
Nos Países Baixos vigoram leis rí‑
gidas em matéria do transporte de es‑
trume. A legislação proíbe o transporte
de estrume, a não ser que sejam cum‑
pridos alguns requisitos. Estes requisi‑
tos estão relacionados com uma carta
de porte obrigatória, GPS/AGR obriga‑
tório no camião­
‑tanque, amostra de
estrume (automatizada) por carga e
pesagem de cada carga de estrume a
transportar. Multiplicando os quilogra‑
mas de azoto e fosfatos por tonelada
analisados pelo peso em toneladas,
sabe­‑se quantos minerais das empre‑
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
sas suinicolas são transportados.
Inicialmente havia alguma oposição
por parte dos agricultores em utilizar
estrume animal. Quando as vantagens
foram conhecidas, o uso de estrume
animal aumentou muitíssimo. Por isso
a utilização de estrume artificial baixou
imenso nos Países Baixos. Nos últimos
30 anos em produções de vegetais
cada vez maiores, o uso de azoto des‑
ceu 53% e o uso de fosfatos a partir de
estrume artificial baixou mesmo 70%.
Os preços do escoamento de es‑
trume para a empresa suinicola estão
sujeitos à oferta/procura no mercado
livre. Devido à legislação rígida e à
grande oferta de estrume em relação
com as possibilidades de escoamento,
os suinicultores pagam o escoamento
do estrume. Isto também tornou pos‑
sível que tenha sido criada uma infra­
‑estrutura eficiente para o escoamen‑
to do estrume. Estrume de suínos tem
valor como fertlizante. Nos Países
Baixos o estrume de suínos vale entre
€15 e €19 por tonelada. Os agriculto‑
res dão cada vez mais valor ao estru‑
me e continuam a receber o estrume
na terra a um preço muito baixo.
Também pela forma eficiente de
distribuição do estrume, a transfor‑
mação do estrume de suínos nos Pa‑
íses Baixos ainda quase não existe.
Para se limitar a poluição do ambien‑
te e para se desenvolver a exploração
de gado, a partir de 1 de Janeiro de
2014 passa a ser obrigatório oferecer
uma parte dos resíduos de estrume a
uma empresa transformadora de es‑
trume. A transformação de estrume
obriga à produção de produtos finais
especiais e à exportação de fosfato.
Um primeira passo importante na
transformação de estrume de suínos é
a sua separação numa fracção clarifi‑
cada (muita água e azoto) e numa frac‑
ção sólida (muitas substâncias orgâni‑
cas e fosfato). Estas fracções são em
seguida transformadas em água limpa,
um concentrado de azoto e potássio
(substituto de fertlilizante) e produtos
fertilizantes exportáveis a partir da
fracção sólida. Contrariamente ao que
sucede com a distribuição, a transfor‑
mação de estrume exige investimentos
relativamente elevados e tem mais ris‑
cos operacionais. Estima­
‑se que a
transformação de estrume de suínos
para o suinicultor seja por enquanto
mais cara do que o escoamento através
da distribuição de estrume.
Pelo teor relativamente baixo de
substâncias orgânicas em terras de
cultivo (e.o. por clima quente) a produ‑
tividade do solo nas zonas agrícolas e a
produção de vegetais podem melhorar
com uma fertlização sustentável com
estrume animal. Simultaneamente
também o uso de fertilizantes artifi‑
ciais e os custos disso podem baixar
muitíssimo. A prova disso foi dada nos
últimos 25 anos nos Países Baixos.
*Presidente da Secção de Distribui‑
ção de Estrumes CUMELA Nederland
suinicultura
15
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
Encerrando o ciclo de fósforo
(P) e o tratamento de estrume
Oscar Schoumans*
J
á há séculos que a criação ani‑
mal tem sido um sector agrícola
importante nos Países Baixos.
Um aumento muito forte, espe‑
cialmente na produção de leite, suinico‑
la e avícola, ocorreu durante o período
entre 1960­‑1990. A partir daí pode dizer­
‑se que o nível de produção estabilizou
ou mesmo baixou devido a vários cons‑
trangimentos impostos pela política
agro­‑ambiental. O aumento da produção
animal foi possibilitado através de diver‑
sos desenvolvimentos tecnológicos e
de mercado, incluindo a importação de
fertilizantes e de grandes quantidades
de alimentos para animais do estrangei‑
ro, através do Porto de Roterdão. Hoje
em dia, cerca de 76% da importação to‑
tal neerlandesa de fósforo são recursos
para a agricultura (65% alimentação e
11% fertilizantes). Apenas 45% do total
de fósforo importado é exportado como
produto. Consequentemente, 55% do
fósforo importado fica acumulado nos
Países Baixos, principalmente na for‑
ma de estrume animal (33%) e de de‑
tritos domésticos e industriais (22%).
No passado, a maior parte do estru‑
me animal era aplicado em solos agrí‑
colas, o que fez com que se excedes‑
sem os nutrientes necessários para as
culturas em crescimento. Isso condu‑
ziu a um enriquecimento nutriente de
solos agrícolas e a crescentes perdas
de nutrientes para a atmosfera, águas
subterrâneas e de superfície. Em res‑
posta à cada vez maior consciência das
consequências ambientais da produção
animal intensiva, a partir de 1985 foi
implementada uma série de medidas
políticas agro­
‑ambientais (política em
16
suinicultura
matéria de estrume) que incluem limi‑
tes para a aplicação de estrume. Estes
limites à aplicação de estrume foram
sendo reduzidos lentamente durante os
últimos 25 anos e em sua consequên‑
cia, o espaço para aplicação de estrume
em solos agrícolas diminuiu.
Quintas de produção animal com
uma população animal elevada têm de
exportar cada vez mais estrume animal
para quintas que tenham “espaço para
aplicação de estrume”, i.e., quintas sem
animais (quintas aráveis e hortícolas) ou
quintas com uma baixa densidade ani‑
mal. O custo económico do escoamento
de estrume foi aumentando durante os
últimos 25 anos, devido ao seu volume
cada vez maior, bem como à distância
do transporte do estrume. Também,
quintas que aceitam estrume animal es‑
tão agora em posição de solicitar uma
aceitação de estrume gratuitamente.
Foi criado um mercado para o estrume,
onde os custos do escoamento do es‑
trume dependiam da oferta e da procu‑
ra de estrume. E o valor do estrume ao
longo dos anos é cada vez baixo. Evi‑
dentemente, o crescente custo do esco‑
amento de estrume ameaça a rentabili‑
dade económica e a competitividade das
quintas com produção intensiva de gado.
Foi sugerido que é necessário haver
uma reviravolta na maneira de pensar,
nomeadamente através de uma abor‑
dagem mais orientada para o mercado,
em cooperação com indústrias asso‑
ciadas, que possam distribuir produtos
derivados do estrume. A oferta e a pro‑
cura de produtos derivados do estrume
têm de estar em equilíbrio. O foco está
no fosfato, porque a previsão indica
que, até 2015, cerca de 40 milhões de
quilogramas de fosfatos têm de ser
retirados do mercado do estrume nos
Países Baixos, principalmente devido à
redução dos limites para aplicação de
fosfatos para solos agrícolas.
A pedido do Ministério da Economia
dos Países Baixos, a Wagening UR fez
um inventário de possíveis inovações
que potencialmente poderão contribuir
para a redução drástica da pressão no
mercado do estrume (Figura 1). Como
primeiro passo, a importação de fos‑
fato para fins agrícolas pode diminuir
sem grandes custos, através da redu‑
ção do uso de fertilizantes de fosfato
inorgânico, bem como através da re‑
dução do conteúdo de fosfatos na ali‑
mentação animal (também através de
bio­‑purificação dos ingredientes da ali‑
mentação para o gado) (rotas 1 e 2). Em
segundo lugar, a exportação de produ‑
tos contendo fosfatos tem de aumen‑
tar, também através da recuperação de
fosfato de estrumes e de detritos (rota
6 em combinação com a rota 3). Em
terceiro lugar, o uso de fosfatos prove‑
nientes de estrume nos Países Baixos
tem de ser optimizado (rotas 4 e 5 em
combinação com a rota 3). O estatuto
e a aplicação prática das intervenções
variam. Aqui seguem, em resumo, os
resultados principais. (ver Figura 1)
Reduzindo o conteúdo de fósforo na
alimentação animal
A redução em 20% do conteú‑
do de fósforo na alimentação animal
oferece as melhores prespectivas
para uma diminuição substancial da
carga de estrume. As necessidades
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
Figura 1
de fósforo dos animais variam con‑ ção tão modesta do nível de fósforo
forme a sua categoria (Van Krimpen na alimentação animal tem um im‑
e.o., 2010). Tecnicamente, uma redu‑ pacto limitado no preço da alimenta‑
ção em 20% no conteúdo de fosfatos ção animal (<4%) e não tem efeitos
na alimentação animal é possível a negativos no desempenho, saúde ou
AF_raporal_anuncio_148x210mm.pdf
1 redu‑
30/09/13 fertilidade
16:47
curto prazo. Além disso, uma
animal.
Bio­‑purificação
Através da bio­‑purificação, o ciclo
alimentação­‑estrume pode ser optimi‑
zado, porque a composição da alimen‑
tação pode ser melhor gerida e a quan‑
tidade de fósforo de digestão fácil pode
ser aumentada em relação à quantidade
total de fósforo na alimentação animal.
Desta forma a importação de fosfatos
pode ser reduzida sem consequências
negativas para a criação de gado inten‑
siva. Experiências preliminares numa
escala laboratorial mostram que é tec‑
nicamente possível e não tem custos
separar fosfatos, proteínas e potássio
dos recursos alimentares em bruto
(Meesters e Sanders, 2010).
Separação de estrume
Devido à redução gradual dos níveis
para aplicação de nitrogénio e fosfatos,
um número cada vez maior de criado‑
res de gado leiteiro não será capaz de
suinicultura
17
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
da Água dos Países Baixos, Ministérios
e a Universidade de Wageningen) foram
investigadas cinco rotas principais num
estudo explorativo:
Tratamento de fracções líquidas de
estrume separadas mecanicamente em
combinação com tratamento de esgotos
e água suja na WWTP.
Incineração do estrume molhado em
combinação com lodo de esgotos numa
estação de incineração e recuperação
de fósforo das cinzas para fornecimento
a indústrias de fósforo (indústria de fer‑
tilizantes a partir de fosfatos e indústria
produtora de fósforo).
Secagem e exportação de produ‑
Figura 2: Rotas para recuperação de fósforo de estrume animal como fonte para a indús‑
tos orgânicos.
tria e a agricultura
Incineração de bolo de estrume
seco
em combinação com outros re‑
escoar todo o estrume animal nas suas Recuperação de fósforo e fosfatos
quintas e por isso tem de exportar es‑
A curto prazo, o excedente nacional cursos orgânicos também como fonte
trume. O uso de fracções de estrume de fosfatos pode ser reduzido substan‑ para as indústrias consumidoras de
com diferentes quantidades de nitrogé‑ cialmente através das intervenções 1 a fósforo.
Re­‑processamento de bolo de estru‑
nio para fosfato pode aumentar a fertili‑ 5, mas não irá reduzir o excedente de
me
seco para a biochar de fósforo. (ver
zação precisa, onde os agricultores têm forma suficiente. Através da recupera‑
de exportar menos estrume.
ção de fosfato do estrume animal como Figura 2)
Os estudos exploratórios da Wage‑
Técnicas de separação podem sepa‑ fertilizante de fosfato, de fósforo bio‑
rar o lodo do gado numa fracção líquida char e elementar, o excedente de fosfa‑ ningen UR mostraram que o excedente
que é rica em nitrogénio e que muitas to pode continuar a ser reduzido. Estas de fosfatos neerlandês pode diminuir
vezes pode ser aplicada no próprio solo rotas necessitam de uma abordagem através de uma combinação de medidas.
agrícola e numa fracção sólida que é re‑ integrada de separação de estrume e Algumas destas medidas podem ser im‑
lativamente rica em fosfatos e deve ser técnicas de processamento com parti‑ plementadas muito facilmente num prazo
exportada. O reduzido volume da fracção cipação activa de muitos stakeholders, curto, enquanto outras precisam de in‑
sólida molhada irá custar menos dinhei‑ porque a recuperação de fosfatos do vestimentos significativos e negociações
ro no transporte. Técnicas de separação estrume animal necessitam de inves‑ institucionais. As opções “que estão à
simples são relativamente baratas e facil‑ timentos significativos (Schoumans mão de semear” deveriam ser aplicadas
mente aplicáveis (Schröder e.o., 2009). e.o., 2010). Espera­‑se que estas rotas em primeiro lugar. São necessários inv‑
tenham o necessário potencial para se centivos para motivar fornecedores e/ou
Concentrados minerais
atingir um “equilíbrio zero” para o equi‑ consumidores a curto prazo. Além disso,
a divulgação dos resultados dos estu‑
Através de uma combinação da se‑ líbrio input­‑output nacional de fosfatos.
paração do lodo de animais e osmose
De um ponto de vista técnico e dos entre os stakeholders é importante.
reversa da fracção líquida, podem ser custo­‑benefício, há muitas oportunida‑ É igualmente importante que as auto‑
produzidos os assim­
‑chamados con‑ des para recuperação de energia, fós‑ ridaes nacionais facilitem na totalidade
centrados minerais. A abordagem foi foro e outros nutrientes de estrumes do processo e apoiem os actores com a
desenvolvida de modo a substituir a apli‑ animais através de vários cenários de investigação que é necessária para im‑
cação de nitrogénio fertilizante por con‑ tratamento. A Figura 2 dá um panorama plementar o processamento de estrume
centrados minerais (Velthof e.o., 2010). das opções da recuperação de fósforo de modo a que os valiosos recursos de
Esta técnica não irá reduzir o equilíbrio a partir de lodo suíno. Em cooperação fosfatos sejam produzidos para o sector
de fosfatos, mas ajudará à transforma‑ com entidades colaborantes (organiza‑ agrícola arável e para as indústrias que
ção de estrume subsequente, especial‑ ções de agricultores, indústria de ferti‑ dependem dos recursos de fósforo.
mente quanto à reutilização e proces‑ lizantes, indústrias de tratamento de re‑
samento da fracção líquida do estrume. síduos, união das Direcções da Gestão
*Alterra Wageningen UR
18
suinicultura
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
Caso de estudo de Leiria
David Neves
E
nquadramento
Leiria é uma das regiões
do país onde a suinicultura
assume u papel de grande
relevo, no tecido socioeconómico da
região. O seu desenvolvimento deu­
‑se essencialmente a partir de mea‑
dos da década de 70 do seculo passa‑
do e atingiu o seu auge nos finais da
década de 80, ate meados da década
de 90 do século passado.
As condições que contribuíram
para o aparecimento e desenvolvi‑
mento deste sector nesta região, fo‑
ram o facto de ser uma zona com forte
tradição no comércio de porcos e,
após a década de 70, o plano de erra‑
dicação da peste suína africana que
condicionou a circulação de animais
no território nacional e consequente‑
mente o comércio de porcos e ainda
os acontecimentos do pós 25 de Abril,
de 74, com o regresso dos portugue‑
ses das ex­‑colónias. O país tinha ne‑
cessidade de aumentar os seus níveis
de auto aprovisionamento e de empre‑
gabilidade. Na região, caracterizada
por uma agricultura de subsistência,
com dimensão média da propriedade
muito reduzida, foi estimulada a pro‑
dução pecuária.
Em 2007, seguindo as orientações
políticas do governo da altura, foi defi‑
nida a Estratégia Nacional para os
Efluentes Agro­
‑pecuários e Agro­
‑industriais, conhecida por ENEAPAI.
Esta estratégia dividiu o país nos de‑
signados núcleos de ação prioritária,
NAP, tendo região de leiria constituído
o NAP 8, que in‑
tegra os conse‑
lhos de Pombal,
Leiria, Marinha
Grande, Batalha
e Porto de Mós.
Esta região,
que representa
cerca de 15% da
produção nacio‑
nal, carateriza­
‑se por um uni‑
verso de pequena
e medias explo‑
rações, sem terra
associada. O efe‑
tivo médio das
explorações é de
pouco mais de
400
animais.
O conselho de
Leiria é o que as‑
sume maior rele‑
vância no sector,
cerca de 68% e é
também o que
dispõe de menor
área agrícola/ex‑
ploração.
A região tem
uma forte depen­
dência social e
económica
do
setor, pois es­tima­‑se que dele depen‑
dam mais de 4000 postos de trabalho
(direto e indireto)
suinicultura
19
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
Efectivo Suinícola do NAP 8
O Problema – 1
O problema, assenta no facto des‑
tas cerca de 600 explorações, de pe‑
quena e média dimensão, com siste‑
mas de tratamento inexistentes ou
ineficientes, sem terra associada, que
se encontram próximas de aglomera‑
dos urbanos, produzem cerca de qui‑
nhentos mil metros cúbicos de efluen‑
te por ano, o que equivale a cerca de
mil e quatrocentos metros cúbicos de
efluente por dia.
partilha de sinergias permite soluções
mais eficientes e a mais baixo custo.
Desenvolveram­‑se ações de Sen‑
sibilização dos Agentes do Setor,
levando­
‑os a Refletir sobre as suas
responsabilidades individuais e coleti‑
vas, tornando­‑os parte da solução. Foi
esta ação que levou, no final de 2003,
á constituição da Recilis, empresa em
que o capital é detido em 99% pelos
suinicultores e cujo objetivo visa a im‑
plementação de uma solução de ges‑
Considerando a atual legislação
seriam necessários mais de 16 325
hectares de agricultura a produzir mi‑
lho para valorizar todo o chorume de
suinicultura produzido na região.
tão e tratamento dos efluentes da sua
área de intervenção.
Desenvolveram­
‑se ainda ações de
Sensibilização do Poder central e Local,
levando­‑os a reconhecer a importância
socioeconómica do sector e a promover
a cooperação entre os ministérios da
agricultura, ambiente, economia e autar‑
quias. Deste trabalho resultou a partici‑
pação dos municípios, embora que sim‑
bólica (1%), no capital da Recilis e á
assinatura de vários protocolos.
O envolvimento do poder central e
local, contribuiu também para o reco‑
nhecimento da Recilis como entidade
gestora, tendo­‑lhe sido atribuída uma
licença coletiva, que permitiu desen‑
volver e aplicar um plano de gestão
integrada dos efluentes, na região.
Ação/Solução
Tendo em conta a realidade local,
após um trabalho de estudo e caracte‑
rização do setor, com georreferencia‑
ção das explorações pecuárias e vali‑
dação do efetivo pecuário. Foi feita
ainda a identificação de outras ativida‑
des agrícolas e agroindustriais produ‑
toras de efluentes e com necessida‑
des de solução, matadouros, lagares
de azeite etc. Foi desenvolvida uma
estratégia que assenta numa Aborda‑
gem Integrada do Problema, pois a
20
suinicultura
A Recilis foi criada com o propó‑
sito de Resolver o Impacte Ambien‑
tal do Sector nas Bacias Hidrográfi‑
cas dos Rios Lis e Lena,
desenvolvendo e implementando
uma solução integrada para o trata‑
mento dos efluentes de suinicultura.
A logica do projeto Recilis tem se
assentar numa logica que garanta a
sua sustentabilidade, nas vertentes
técnica, ambiental e económica.
Do ponto de vista da sustentabi‑
lidade técnica e ambiental é im‑
prescindível assegurar a Proteção
ambiental, através do tratamento
dos efluentes, a Reciclagem de nu‑
trientes, com valorização agrícola dos
efluentes tratados, Produção energé‑
tica, com a produção de Biogás, para
Produção de energia Elétrica e ainda
Redução de gases de efeito de estufa.
Na vertente de sustentabilidade
económica a solução tem de garantir
uma tarifa que o setor possa pagar
(desde sempre se assumiu que a solu‑
ção não é solução a qualquer preço) e
promover a aplicação do princípio do
POLUIDOR­‑PAGADOR.
A grande missão da Recilis é Ga‑
rantir a Continuidade do Sector na
Região.
Solução Intermédia
De Agosto de 2004, altura em que
foi emitida á Recilis a licença coletiva, a
31 de Dezembro de 2009, a Recilis im‑
plementou e executou um plano de ges‑
tão de efluentes, que passava pela veri‑
ficação e validação das condições de
descarga em meio hídrico, das explora‑
ções que demonstravam ter capacidade
técnica para cumprir os parâmetros
exigidos pela legislação vigente. Proce‑
dia á recolha e transporte de efluentes
desde as explorações até aos terrenos
agrícolas, promovendo a valorização
agrícola dos efluentes. Registou em
base de dados toda a movimentação de
efluente entregue para sua gestão.
Depois de 1 de Janeiro de 2010,
com o aparecimento do REAP e da
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
nova portaria de gestão de efluentes
(portaria 631/2009), a cada suinicultor
passou a gerir o seu efluente, assegu‑
rando a Recilis, através da sua partici‑
pada Ambilis, o transporte do efluente
até destino adequado. Valorização
agrícola ou ETAR norte.
O Problema – 2
Para além a dos efluentes que se
produzem diariamente na região, um
dos principais problemas que tem
contribuído para a implementação de‑
finitiva da solução, é a falta de estraté‑
gia do país para o setor e para a re‑
gião. Tem­‑se assistido a um clima de
sucessivos avanços e recuos, variado
em função dos atores políticos do mo‑
mento. Passaram cerca 14 anos desde
a assinatura do primeiro protocolo, e
depois desse já se assinaram mais 5.
As cerca de 600 explorações sui‑
nícolas, os mais de 4000 postos de
trabalho e os cerca de 500 000 me‑
tros cúbicos de efluentes produzidos
precisam de solução a curto prazo.
É tempo de fazer e acreditamos estar
numa fase do processo que pode
chegar á solução final.
O Futuro
O futuro passa necessariamente
pela construção de uma estação de
tratamento e pela implementação de
um modelo de gestão e valorização
dos efluentes, que permita responder
em todas as vertentes às necessida‑
des do setor e da região. Importa ain‑
da proceder á alteração do modelo
produtivo, evoluindo para o conceito
de “Segmentação de Ciclo”, desloca‑
lizando fazes do processo produtivo,
fomentando a especialização dos re‑
cursos humanos, melhorando o esta‑
tuto sanitário das explorações, obten‑
do um desempenho ambiental mais
sustentável, aumentando a produtivi‑
dade das explorações e reduzindo o
efluente produzido. Leiria pode in‑
questionavelmente continuar a produ‑
zir porcos, contribuindo ainda mais
para os objetivos nacionais de autos‑
suficiência, em valor, a 2020.
suinicultura
21
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
O Papel das Explorações
Pecuárias para um
Desenvolvimento Rural
Sustentável
A
produção animal intensiva,
nomeadamente a produção
suinícola, é uma das ativi‑
dades com um papel rele‑
vante para o desenvolvimento econó‑
mico do País. No entanto, o setor tem
vindo a enfrentar enormes desafios
no sentido de dar cumprimento às
crescentes exigências legais, de mi‑
nimização do seu impacte ambiental,
não comprometendo a sua competiti‑
vidade no mercado global. De fato, se
o setor não implementar uma gestão
22
suinicultura
misados gerados nas explorações pe‑
cuárias como sub-produtos com valor
agronómico/energético. No contexto
Nacional, em que os solos são maiori‑
tariamente pobres em matéria orgâni‑
ca, a valorização agronómica constitui
uma meta prioritária, aportando nu‑
trientes (nomeadamente NPK).
No entanto, para que a sinergia
sub-produtos/área agrícola seja viá‑
vel, fechando-se o ciclo de nutrien‑
tes, há que garantir a qualidade do
Figura 1 - Roadmap para uma produção
chorume/tamisados, caso contrário
suinícola sustentável.
não haverá adesão por parte dos
adequada dos efluentes/resíduos ge‑ agricultores à adoção deste tipo de
rados pode contribuir de forma signi‑ prática. Neste sentido, para as regi‑
ficativa para a poluição do ar (gases ões onde a produção suinícola é mais
com efeito de estufa - GEE - e amoní‑ relevante sob o ponto de vista eco‑
nómico, ambiental e social, deverá
aco), água e solo.
Deste modo, importa dinamizar proceder-se a estudos de campo para
abordagens estratégicas que permi‑ avaliar os tipos de explorações mais
tam tornar as explorações pecuárias representativas (atuais e tendências
eco-eficientes, promovendo a otimi‑ futuras), de modo a definir fatores de
zação dos recursos e minimizando os consumo de água e energia, fatores
impactes ambientais associados. Para de produção de chorume por unidade
a implementação de um plano de de‑ animal/dia e estabelecer uma gama
senvolvimento rural sustentável, para de valores para os principais parâ‑
além das estratégias de mitigação metros de caracterização físico-quí‑
de emissões, o caminho a percorrer mica dos sub-produtos. Percorrida
deverá passar por uma alteração de esta primeira etapa, deveria validar‑
paradigma, encarando o chorume/ta‑ -se junto das entidades envolvidas
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
suinicultura
23
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
nesta temática, o mapeamento das
suiniculturas e da superfície agrícola
disponível, de modo a cruzar a ofer‑
ta com a procura, elaborando-se um
Plano de Ornamento da Atividade Sui‑
nícola (POAS) que poderia constituir
uma ferramenta de suporte à decisão
de políticas para o sector, nomeada‑
mente no plano de desenvolvimento
rural (PDR) (Figura 2).
Em Portugal, ao longo dos anos,
têm-se efetuado inúmeros estudos
que, com diferentes abordagens, vi‑
sam contribuir para a resolução dos
problemas associados ao desempe‑
nho ambiental das explorações sui‑
nícolas. Vários projetos de âmbito
Nacional e Internacional, envolvendo
a comunidade científica, associa‑
ções de produtores e administração
central, têm sido desenvolvidos. Im‑
porta agora integrar o conhecimento
adquirido pelos grupos de trabalho/
intervenientes no setor, de modo a
validar e enriquecer o estado atual do
conhecimento e suportar a “caminha‑
da para o futuro”.
A título de exemplo, pode refe‑
rir-se o projeto BATFARM (Evalu‑
ation of Best Available Techniques
to decrease air and water pollution
in animal farms), do Programa In‑
terreg Espaço Atlântico 2010-2014,
cujo consórcio está a desenvolver
um software que visa dar suporte à
seleção de Melhores Técnicas Dis‑
poníveis (MTD) para a mitigação
das emissões para o ar e água, a
Figura 1-­‐ Engrenagem para a definição do POAS. Figura 2 – Engrenagem para definição do POAS
implementar nas explorações, dan‑
do cumprimento ao estipulado na
Diretiva Prevenção e Controlo In‑
tegrados de Poluição (PCIP) – DL
nº 173/2008, de 26 de Agosto. Esta
ferramenta pode ser muito útil,
desde que cada País desenvolva
simultaneamente o POAS, de modo
a no futuro não comprometer a
sustentabilidade da atividade.
O desafio atual que se coloca,
é o de motivar os vários atores do
setor a contribuir para estabelecer
uma visão integrada dos resultados
alcançados nos vários projetos de‑
senvolvidos, complementando as
lacunas de conhecimento com estu‑
dos de campo que permitam propor
soluções, técnica e economicamente
viáveis, que possibilitem ultrapassar
os desafios ambientais com que o
setor se vê presentemente confron‑
tado.
“Fechar” o ciclo de nutrientes
transformando a pecuária intensiva
num ciclo virtuoso!
Agradecimentos
Os autores agradecem à organiza‑
ção do Seminário “Suinicultura e Am‑
biente”, nomeadamente à Conselheira
para a Agricultura da Embaixada do
Reino dos Países Baixos e à equipa
de direção da Federação Portuguesa
de Associações de Suinicultores, pelo
convite que nos foi endereçado.
A informação apresentada refe‑
rente ao desenvolvimento do projeto
BATFARM (Programa Interreg Espaço
Atlântico) insere-se no âmbito das ati‑
vidades de disseminação/divulgação.
Duarte, E.D.; Fragoso, R.; Carvalho, A. R.
Instituto Superior de Agronomia,
Departamento de Ciência e Engenharia
de Biossistemas, Lisboa
Figura 3 – Projeto BATFARM – Evaluation of Best Available Techniques to decrease air and water pollution in animal FARMs.
24
suinicultura
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
Terras & Efluentes (T&E) –
uma mais valia para todos
[cruzar a oferta com a procura]
A
produção de efluentes tem
sido um dos maiores proble‑
mas ambientais, com enor‑
mes custos associados, para
os suinicultores. À luz das boas práticas
é possível inverter esta situação.
A Portaria n.º 631/2009, de 9 de
Junho, estabelece as normas regula‑
mentares a que obedece a gestão dos
efluentes das atividades pecuárias.
Entre outras indicações, estabelece que
o encaminhamento, o tratamento e o
destino final dos efluentes pecuários, in‑
cluindo dentro da própria exploração, só
podem ser assegurados pelos seguintes
procedimentos: a) Utilização própria ou
transferência para terceiros para efeitos
de valorização agrícola; b) Tratamento e
descarga nas massas de água ou aplica‑
ção no solo; c) Tratamento em unidade
técnica de efluentes pecuários; d) Trata‑
mento em unidade de compostagem ou
de produção de biogás; e) Tratamento
em unidade de tratamento térmico ou
de produção de energia ou de materiais.
Pese embora a existência de ou‑
tras opções para a gestão de efluen‑
tes pecuários, a alternativa técnica
mais viável (em termos económicos,
operacionais, etc.) para o encaminha‑
mento destes efluentes é a valoriza‑
ção agrícola. É também esta a opção
à qual o Regime de Exercício da Ati‑
vidade Pecuária (REAP) dá prioridade
numa perspectiva de incorporação no
solo de matéria orgânica e nutrientes
essenciais ao desenvolvimento das
plantas, incluindo azoto, fósforo e po‑
tássio necessários ao desenvolvimen‑
to vegetal, de redução das adubações
e de minimização dos impactes dos
efluentes sobre o ambiente, podendo sumidos por Portugal no âmbito do
desta forma resultar economias signi‑ Protocolo de Quioto. Adicionalmente,
ficativas em fertilizantes inorgânicos. contribui para a preservação dos re‑
Complementarmente, a fertirega, cursos e otimização do ciclo de vida
a partir da fração líquida do efluente de alguns componentes, em particular
proveniente do separador de sólidos, do fósforo, cujas reservas são a nível
atendendo ao seu elevado conteúdo mundial escassas.
em água, apresenta-se como uma so‑
Conforme já referido, das várias
lução interessante do ponto de vista alternativas técnicas de valorização
da redução do consumo de água na dos efluentes pecuários, a valorização
agricultura, contri‑
buindo para a pros‑
secução do objetivo
de aumento da efi‑
ciência do uso da
água neste setor.
Num contexto
mais alargado, na‑
cional e global, a
valorização agrícola
de efluentes pecu‑
ários constitui uma
opção ambiental‑
mente sustentável
para o sequestro de
carbono pelo solo e
redução das emis‑
sões de CO2. Esta
prática, que conduz
a uma introdução
de carbono no solo
que de outra forma
se perderia para a
atmosfera, está na
linha das orienta‑
ções internacionais
em matéria de al‑
A Vétoquinol, especialista em anti-infeciosos
terações climáticas
dedicados à saúde animal, coloca agora
à sua disposição a gama melhor adaptada
e contribui para a
DIMENSÃO
à produção suína
ANTI-INFECIOSA
concretização dos
compromissos as‑
GAMA ANTIBIÓTICA
injectável suína
Antibioterapia racional: um ato de responsabilidade
suinicultura
25
presenças institucionais
agrícola é a mais procurada, no en‑
tanto, a disponibilidade de terras e os
procedimentos de encaminhamento
do efluente são para os produtores as
principais dificuldades nesta solução.
Para o agricultor, uma vez que o pro‑
cedimento de cedência de terras não
é user friendly, comparativamente com
a solução de compra do fertilizante,
este não se mostra receptivo nesta
solução. Assim, os interesses não se
encontram num lugar comum - par‑
celas - não existindo por conseguinte
uma mais valia para ambas as partes.
A existência de uma solução que
cruzasse a oferta de um “fertilizante”
pecuário, devidamente caracterizado
em termos de qualidade e quantidade e,
a oferta de terras, também elas devida‑
mente caracterizadas, quer em termos
de necessidades culturais quer ao nível
da qualidade do solo, e de condicionan‑
tes de ordenamento do território, faci‑
litaria a criação de valor acrescentado
ao efluente pecuário na melhoria da
produtividade agrícola dos solos.
Enquadrado pela legislação nacio‑
nal vigente e pelas políticas nacionais
e comunitárias em matéria de ambien‑
te e alterações climáticas e agricultu‑
ra, o Projeto Terras e Efluentes visa a
conceptualização e a implementação
de uma ferramenta que tem como prin‑
cipal objetivo a promoção da valoriza‑
ção agrícola de efluentes pecuários e
simultaneamente fornecer informação
aos agricultores da disponibilidade de
nutrientes para as culturas.
Quadro 1. Cronograma
Configuração e
construção da BD e
interfaces
5
MESES
Ações formação e
sensibilização
1
MES
Gestão da BD
6
MESES
Este Projeto conta com os seguin‑
tes parceiros: i. Federação Portugue‑
sa de Associações de Suinicultores;
ii. Instituto Nacional de Investigação
Agrária e Veterinária I.P.; iii. Instituto
Superior de Agronomia; iv. Universi‑
dade de Évora e, v. TTerra – Engenha‑
ria e Ambiente Lda.
A implementação deste Projeto
traduzir-se-á numa ferramenta que
permitirá simplificar os procedimentos
associados à valorização agrícola dos
efluentes pecuários para o produtor e
para o agricultor, enquanto produtor de
efluentes pecuários e proprietário de
parcelas receptoras, respetivamente, e
promover sinergias entre os dois seto‑
res numa perspectiva integrada e sus‑
tentada.
Em consonância com os principais
objectivos deste Projeto, um dos pon‑
tos fortes é simplificar os procedimen‑
tos associados à valorização agrícola
dos efluentes pecuários e, dessa for‑
ma, facilitar o cumprimento dos requi‑
sitos legais aplicáveis.
As operações que irão culminar na
sistematização da informação e cons‑
trução de uma base de dados georre‑
ferenciada, que sustentarão o Projeto
são outros pontos fortes deste projeto.
De igual modo, espera-se que o
desenvolvimento de um Projeto desta
tipologia permita uma aproximação en‑
tre parceiros no âmbito da valorização
agrícola de efluentes, que até agora se
apresenta como distante, com eviden‑
tes benefícios para todas as partes.
Indiretamente associado estará a
diminuição de eventuais coimas por
incumprimento ou por indevida valori‑
zação agrícola, por parte dos produto‑
res agropecuários, fator a ter em linha
de conta face ao panorama económico
atual e uma mais valia-económica.
Resta acrescentar que, com a im‑
plementação do Projeto com a tipologia
do Terras e Efluentes, o grande benefici‑
ário serão as boas práticas ambientais
e o contributo inequívoco no caminho
da sustentabilidade, um factor que tam‑
bém está diretamente relacionado com
a imagem e marca do sector e sua con‑
sequente valorização.
O país necessita de uma suini‑
cultura moderna que crie riqueza e
promova sustentabilidade territorial,
o sector tem todas as condições para
responder afirmativamente.
Quem quer ficar de fora?
FPAS I Simões Monteiro
INIAV I.P. I Olga Moreira
ISA I Elizabeth Duarte
UE I Carlos A. Cupeto
TTerra I Maria João Figueiredo
Figura 1. Arquitetura do projeto Terras e Efluentes:
Terras e Efluentes I Objetivos
• simplificar os procedimentos associados à valorização
agrícola dos efluentes pecuários
• articular a procura e a oferta de forma simples numa
perspectiva inteligente de gestão de recursos
• conceptualização e implementação de uma ferramenta
que promova a valorização agrícola de efluentes pe‑
cuários e simultaneamente forneça informação da
disponibilidade de nutrientes para as culturas
26
suinicultura
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
Segmentacão de Ciclo
do Problema
Vítor Menino*
A
atividade Suinícola em Portu‑
gal apenas satisfaz a procura
de carne de porco, em cerca
de 65% do que consumimos.
Esta tem sido uma atividade mal vista
pela opinião pública em geral, e mal geri‑
da pelo poder politico, ainda que os sui‑
nicultores não possam estar isentos,
também de alguma responsabilidade.
O setor tem sido condicionado pelo
excesso de zelo e excessiva burocracia,
o que aliado a diversas crises económi‑
cas, o tem impedido de acompanhar as
necessidades do consumo interno. Dos
diversos problemas com que nos deba‑
temos, destacamos os referentes ao:
– Ordenamento do Território e Ambiente;
– Dimensionamento das explorações;
– Baixo nível de autoaprovisionamento;
– Método produtivo desajustado das rea‑
lidades de produção modernas. No entanto, Portugal tem um capital
de recursos invejáveis para a criação de
suínos, destacando-se que temos áreas
disponíveis, clima propício e água sufi‑
ciente. Por outro lado estamos a produzir
e a apresentar resultados técnicos ao ní‑
vel do que de melhor se faz em qualquer
bacia de produção mundial, condições
que nos deveriam permitir ser exceden‑
tários ou pelo menos autossuficientes.
A SEGMENTAÇÃO DE CICLO
apresenta soluções, que permitem re‑
solver os problemas Ambientais e de Or‑
denamento do Território, deslocalizando
as explorações para regiões defensáveis,
estruturando-as e redimensionando-as de
forma a aumentar a sua competitividade
económica, diminuindo o grau de deficiên‑
cia externa do País, garantindo postos de
trabalho, compatibilizando-a com os ins‑
à Oportunidade
trumentos de gestão territorial e Ambien‑
tal, privilegiando como destino dos efluen‑
tes a valorização agrícola, promovendo a
redução de adubações minerais e minimi‑
zando os impactos negativos do efluente
sobre o ambiente.
Em resumo a Segmentação de Ciclo,
dará OPORTUNIDADE a:
1 – Resolução dos problemas territoriais
e ambientais
– Retirando as explorações ou parte de‑
las de regiões
problemáticas,
para regiões
onde
serão
uma mais-va‑
lia;
– C ontribuindo
para uma ges‑
tão sustentada
dos efluentes,
através da sua
valorização
agrícola;
– Reduzindo os
riscos de ero‑
são dos solos;
– Reduzindo as
emissões de
Co2 para a at‑
mosfera;
– Minimizando os
impactos am‑
bientais, desig‑
nadamente a
contaminação
de águas.
2 – A u m e n t a r
competitivi‑
dade da ati‑
vidade
– Estruturando, redimensionando e ado‑
tando modernos conceitos de produ‑
ção.
3 – Contribuir para o desígnio Nacional
de autossuficiência em 2020
Em carne, cereais e forragens, e na
Melhoria da produtividade agrícola dos
solos.
4 – Maior ocupação do Espaço Rural;
5–
Melhoria da competitividade do
Agro-Negócio em geral.
suinicultura
27
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
O QUE FAZER?
Transferir as explorações, ou parte
delas de onde são um problema, para
onde serão uma oportunidade,
Estabelecer sinergias entre os seto‑
res pecuários e agrícolas, e
Cruzar a oferta com a procura de nu‑
trientes para o solo.
COMO e quem FAZ O INVESTIMENTO?
O Suinicultor,
Que tem terrenos e agricultura própria
onde vai fazer o investimento, ou não tendo
terrenos agricultáveis próprios, faz acor‑
dos de disponibilização de dejetos aos
agricultores vizinhos da nova exploração.
Um Agricultor que faz um acordo de
integração com um Suinicultor
– Várias as formas de ser efetuado o in‑
vestimento, dependo da análise do in‑
teresse das partes. O exemplo abaixo
tem por base um modelo visitado nos
EUA, em que o agricultor pretende que
a receita da integração, seja suficiente
para a amortização das engordas que
construiu, ficando com o benefício de
não ter de comprar adubos químicos.
EXEMPLIFICANDO:
Uma exploração de 300 porcas em
ciclo fechado, localizada em região onde
existem problemas ambientais, segmen‑
ta-se e utilizando a mesma área coberta,
passa a ter capacidade para 600 repro‑
dutoras a produzir leitões.
– Reduz a produção de dejetos em 50%
– Produzia 7.500 Porcos/ano
– Passa a produzir (naturalmente) 15.600
a 16.200 leitões/ano
O INVESTIMENTO: necessário para as engordas referentes a estes 16.000 porcos/ano, estimamos que rondará os valores abaixo (óbvio
que são discutíveis, dependendo do tipo de
construção, bem como de outros fatores). Se
considerarmos uma rotação média por lugar
de 3 porcos por ano, por lugar de engorda
(dependendo do peso de entrada e de saída),
teremos necessidade de uma capacidade para
5.300 porcos em engorda.
Tomando por base que temos a terra, água e
energia no local da obra e ainda que não temos os meios para a distribuição dos dejetos,
teremos os seguintes custos:
Obras
700.000,00
Trator e
100.000,00
equipamento para
distribuição dos
dejetos
Comparticipação
PDR (45%)
Autofinanciamento
TOTAL
800.000,00
360.000,00
440.000,00
800.000,00
CONTA DE EXPLORAÇÃO:
Receita anual
160.000,00
Mão D’Obra
30.000,00
Água e Energia
18.000,00
Custos
Financeiros
(440.000,00x7%):2
Resultado anual
15.400,00
96.600,00
Tomou-se por referência um valor
para pagamento da integração de 10,00
Euros por porco engordado (valor tam‑
bém discutível, mas que entendemos como
médio, numa exploração nova).
Capacidade para amortização anual
de 96.600 Euros, ou seja de 21,95%
Amortização total da nova explora‑
ção de engorda em 4,55 anos
Concluindo:
– Modernização e aumento da rentabilida‑
de das instalações na fase de produção de
leitões (cria e recia), rentabilizando as
estruturas existentes;
– Diminuição da concentração animal e de
produção de efluentes, nas explorações
existentes;
– Aumento da eficiência das engordas com si‑
nergias com a produção Agrícola Nacional;
– Diminuição da utilização de adubos quí‑
micos na agricultura;
– Ligação da produção de carnes à de cere‑
ais, com consequente redução das im‑
portações;
–M
elhoria generalizada da saúde animal;
–A
umento da rentabilidade da atividade;
–A
umento da eficiência energética, e
– Contribuição para o desígnio Nacional
“Autossuficiência em 2020”.
Para tanto precisamos que o poder
político acarinhe esta pretensão da Sui‑
nicultura Portuguesa, como acreditamos
estar a acontecer, para que os legítimos
objetivos acima sejam contemplados no
próximo Quadro Comunitário de Apoios.
A acontecer, voltaremos a ter jovens em‑
presários na atividade e a devolver-lhe a
dinâmica que os Suinicultores e o País
precisam.
* Presidente da FPAS
CONCLUSÕES
• A abordagem aos efluentes suinícolas tem
de deixar de assentar numa lógica de pro‑
blema e ser avaliada numa perspetiva de
melhoria e incentivo à produção agrícola.
• É necessário desenvolver um programa
integrado de suinicultores com agriculto‑
res de modo a potencializar o uso dos
efluentes em benefício de todos.
• Para isso são necessárias políticas coe‑
rentes com uniformidade de critérios em
todo o país que permitam desenvolver
uma solução sustentada.
• Esta conversão não é possível fazer de um
dia para o outro, pelo que é necessário e
28
suinicultura
urgente lançar as bases de um programa
nacional que envolva não só os operado‑
res como o Estado e as Universidades de
modo a potencializar o efluente suinícola
como um fertilizante, reduzindo a aplica‑
ção de adubos químicos.
• É necessário compatibilizar as Normativas
do Licenciamento com a atividade existen‑
te e desenvolver programas de futuro.
• Um destes será a “Segmentação do Ci‑
clo” que permitirá a sustentabilidade do
setor, deslocalizando fases do processo
produtivo, fomentando a especialização
dos recursos humanos, melhorando o
estatuto sanitário das explorações e ob‑
tendo um melhor desempenho ambiental
com a redução do efluente produzido,
aproximando­
‑o do local de utilização
(valorização agrícola).
• Aproveitando o exemplo dado pelos pa‑
lestrantes Holandeses, as autoridades
Portuguesas devem passar a ter uma ati‑
tude proactiva e não complicativa, base‑
ando as decisões por consensos práticos
com os produtores, agricultores e Uni‑
versidades.
Oeiras, 19 de Novembro de 2013
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
seminário "A Suinicultura e o Ambiente"
suinicultura
29
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
Padrões de Consumo Actuais
e Tendências Futuras
Ana Isabel Trigo de Morais*
O
VI Congresso Nacional de
Suinicultura sob o tema
“Suinicultura 2020 – o futu‑
ro hoje”, decorreu no passa‑
do mês de Junho na Batalha. Foi com
muito agrado que a APED- Associação
Portuguesa de Empresas de Distribui‑
ção acedeu ao convite da FPAS para
estar presente neste evento revestido
da maior importância para o sector.
Foram dois os momentos em que a
participação da APED teve lugar, o pai‑
nel “Interprofissional e relações com a
grande distribuição” e a palestra onde
se abordaram os padrões de consumo
actuais e as tendências futuras
A presença da APED pela primei‑
ra vez nesta iniciativa que já conta
com 6 edições não é fruto do acaso
é, isso sim, o resultado de uma ne‑
cessidade de mudança de abordagem
30
suinicultura
sentida por ambas as partes, a APED
e a FPAS. Ambas acreditam que, é
através do diálogo construtivo que
se conseguem fortalecer as relações
ao longo da cadeia de abastecimento
alimentar, neste particular na cadeia
de abastecimento de carne de suíno.
Uma abordagem de fileira, de âmbito
interprofissional, que permita aos di‑
ferentes players conhecerem melhor
as realidades e particularidades de
cada um, as suas dificuldades e tam‑
bém as suas mais-valias e para que,
em conjunto consigam convergir para
uma fileira mais equilibrada para to‑
das as partes, com garantia de oferta
permanente de produtos de qualidade
ao consumidor.
Aliás, múltiplas têm sido as inicia‑
tivas em que a APED, enquanto repre‑
sentante da distribuição moderna, tem
estado envolvida, com o objectivo de
promover o diálogo entre os diferen‑
tes players da cadeia de abastecimento
alimentar.
Desde logo, o papel activo da
APED no debate promovido pelo
Governo com a criação da PARCAPlataforma de Acompanhamento das
Relações na Cadeia Agroalimentar.
Paralelamente, nesta matéria, de‑
finiu a APED uma linha de orientação
baseada no fortalecimento das interac‑
ções com os diferentes stakeholders,
políticos e sectoriais, por acreditar
que é nestes momentos que se criam
pontes, se aproximam as partes e se
desmistificam alguns preconceitos
associados ao sector. Promovemos
encontros, debates, reuniões e visitas,
criamos oportunidades de diálogo e
fazemo-nos representar sempre que a
nossa presença é solicitada.
Após esta sumária contextuali‑
zação e, retomando o tema da apre‑
sentação proferida no VI Congresso
Nacional de Suinicultura, “Padrões
de consumo actuais e tendências fu‑
turas”, considero importante enrique‑
cer a rúbrica, pese embora de forma
simples e resumida, com aqueles que
considero os conteúdos principais da
minha apresentação.
Começaria por referir que, da com‑
paração efectuada entre o grau de
auto-aprovisionamento nacional de
carne de suíno para o ano de 2011, pu‑
blicado pelo INE, e o aprovisionamento
nacional pelos associados da APED
para o mesmo período se verifica que,
no primeiro caso o valor é de 67,8%
quando, no segundo, este valor atinge
os 94,5 %.
Dados mais recentes, referentes ao
primeiro trimestre de 2013 e compara‑
dos com igual período do ano anterior
mostram que a carne, em contraciclo
ao mercado, é dos segmentos mais
dinâmicos. Assim, verificou-se, nes‑
te período, um decréscimo de 1,1% no
volume de vendas de produtos frescos
comparativamente ao mesmo período
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
de 2012, sendo que os segmentos que
mais contribuíram para esse valor fo‑
ram as frutas, pão de padeiro e o baca‑
lhau seco. Em sentido contrário houve
um crescimento suportado, sobretudo,
pelo segmento dos legumes (+1%) e
das carnes (+ 0,6%).
Relativamente à categoria de fres‑
cos, o segmento das carnes ocupou,
neste primeiro trimestre de 2013, a
terceira posição em percentagem do
volume de vendas, logo a seguir às
frutas e legumes.
O segmento da carne chegou, no
primeiro trimestre de 2013, a 88% dos
lares nacionais e significou um consu‑
mo per capita de 6kg.
Verificou-se, ainda, que o cresci‑
mento do segmento da carne foi im‑
pulsionado pela carne de suíno, em
linha com a tendência já verificada em
2012, mas agora com um ligeiro cres‑
cimento.
Entrando na categoria da carne
de suíno em particular, verificou-se,
no primeiro trimestre de 2013, que a
carne de suíno é das categorias mais
baratas, atingindo um preço médio de
3,57 euros.
Comparando este valor com ou‑
tros segmentos (%- índex preço
médio suíno vs outros segmentos),
verificou-se que o preço da carne de
suíno esteve 50% abaixo da carne
de bovino, 45% e 41% abaixo do ma‑
risco e da carne de borrego/cabrito
respectivamente, 39% abaixo do pes‑
cado, 32% abaixo da carne picada.
Registou preços superiores em 5% e
12% em relação à carne de coelho e
de aves respectivamente.
O incremento da compra, em volu‑
me, de carne de suíno neste período
em comparação com o mesmo pe‑
ríodo de 2012 atingiu os 2,5%. Este
incremento deve-se, sobretudo, ao
fenómeno de switching, ou seja, re‑
sulta da transferência do consumo de
determinados segmentos para a car‑
ne de suíno. Assim, 13% dos 2,5% de
crescimento devem-se à transferência
de compra dos segmentos bacalhau,
pescado, carne picada e marisco. O
bacalhau é líder, contribuído com 59%
dos 13%.
No que concerne aos desafios de
futuro partilhados na minha interven‑
ção, reitero que o foco da APED e das
empresas suas associadas é, e conti‑
nuará a ser, o consumidor. Continua‑
remos a comunicar em permanência
com o consumidor e a antecipar ten‑
dências, assegurando um portfolio de
produtos adequados às necessidades
e exigências do consumidor. Contri‑
buiremos para dotar o consumidor
de informação sobre os produtos que
consome, habilitando-o a escolher de
forma informada.
Apostaremos na inovação dos pon‑
tos de venda, adequando-os às ne‑
cessidades do
consumidor e
contribuiremos,
entre outros,
para o aconse‑
lhamento nutri‑
cional e de bem
– estar.
da participação em plataformas de di‑
álogo entre os diferentes stakeholders
do sector.
Gostaria de salientar que no actual
contexto de proliferação de iniciativas
de natureza regulamentar, a APED
continua a acreditar na auto-regula‑
ção, por considerar ser este o meca‑
nismo que melhor permite promover
relações comerciais equitativas e ali‑
nhadas num justo desenvolvimento
económico dos vários agentes da ca‑
deia de abastecimento alimentar.
Termino referindo que a APED re‑
presenta um sector responsável e com
práticas sustentáveis, que acredita em
parcerias win- win, precisando de par‑
ceiros fortes e organizados, orientando
a cadeia de abastecimento para a efi‑
ciência, inovação e para o consumidor.
Em paralelo,
continuaremos
a investir no
país e na pro‑
dução nacio‑
nal através da
nossa partici‑
pação na PAR‑
CA, do apoio a
iniciativas de
valorização da
produção na‑
cional,
como
seja a “Pla‑
taforma Peço
Português”, da
dinamização de
protocolos de
co l a b o ra ç ã o ,
como é exem‑
plo o Protocolo
APED-CAP e
suinicultura
31
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
Consumo de carnes de suíno:
Mitos e Factos
Fernando M. A. Bernardo*
R
esumo
A carne de suíno, à seme‑
lhança de outras carnes, é
um género alimentício es‑
pecialmente valioso para a dieta hu‑
mana devido à riqueza dos seus nu‑
trientes, sendo que alguns deles são
únicos. A importância da carne de su‑
íno na dieta decorre antes de mais do
fato de ser uma fonte concentrada de
proteínas que não são apenas de ele‑
vado valor biológico, mas também
porque a sua composição em aminoá‑
cidos indispensáveis é complementar
à dos cereais e à de outras proteínas
de origem vegetal. Alguns compostos
azotados bioactivos presentes na car‑
ne de suíno têm especial valor nutra‑
cêutico, como a L-carnitina, a taurina,
a carnosina, a ubiquinona, a glutationa
e a creatina: uns com atividade antio‑
xidante e outros catalisadores do ca‑
tabolismo mitocondrial nas células
humanas. A carne de suíno é também
uma fonte relevante de ferro, de moli‑
bdénio, de zinco e selénio e de várias
vitaminas do complexo B, especial‑
mente tiamina. O fígado é uma fonte
excecionalmente rica em vitamina A e
micronutrientes. Mesmo a fracção li‑
pídica da carne de suíno tem caracte‑
rísticas nutricionais e dietéticas espe‑
cialmente benéficas para o organismo
humano.
Entre todas as carnes, a de suíno é
a que tem maior procura e consumo a
nível mundial, não só pelo seu valor
nutricional intrínseco, mas também
pela sua digestibilidade, pelo preço e
32
suinicultura
pela maior facilidade de conservação
(sobretudo pelo sal) e hábito de utili‑
zação. O uso das carnes de suíno e
dos seus derivados estão associados
à cultura gastronómica mais ances‑
tral,
formas de confeção culinária.
O processamento culinário altera con‑
sideravelmente a composição inicial
dos nutrientes presentes nas carnes
cruas. A diversidade de preparados à
base de carne de suíno em todo o
Mundo atinge um número que é quase
indescritível. As carnes de suíno são
um elemento fundamental da celebra‑
da cozinha Mediterrânica, tão afamada
pelas suas virtudes dietéticas.
Apesar de todas estas evidentes
vantagens, assiste-se, por vezes, a si‑
tuações em que a necessidade da uti‑
lização regular da carne na dieta hu‑
mana é posta em causa.
Os mitos
Nos últimos anos têm surgido algu‑
mas correntes de opinião no domínio
da alimentação dita racional que não
valorizam suficientemente a inclusão
regular das carnes vermelhas na dieta
humana. Essas posições são inspira‑
das por alguns trabalhos baseados em
informação epidemiológica cujo rigor
científico merece discussão. Podem
referir-se alguns exemplos.
Em 2006, a revista “Cancer Resear‑
ch” publicou um artigo no qual se con‑
cluía que uma dieta rica em carne ver‑
melha tem maiores probabilidades de
causar cancro por danificar o ADN.
Entre outras deficiências, o artigo não
tinha referência a outros factores que
podem influenciar a segurança sanitá‑
ria das carnes. Por exemplo, não ava‑
liava qual o tipo de conservação, pre‑
paração ou confeção culinária a que
as carnes eram submetidas (fritura,
salga, fumagem) nem referia os aditi‑
vos que eram adicionados aos prepa‑
rados.
Estudos anteriores realizados nos
EUA haviam estabelecido uma liga‑
ção estatística, numérica, entre a
maior frequência de cancro do intes‑
tino e a ingestão de grandes quanti‑
dades de carne vermelha. No mesmo
estudo não se identificavam outras
componentes da dieta que também
podem ter influência nos resultados
(fibras vegetais, doces, bebidas alco‑
ólicas).
Um estudo com uma subpopulação
de 61566 britânicos pôs em evidência
que existiam diferenças numéricas na
incidência de cancro entre as pessoas
que comem carne e as que apenas co‑
mem proteínas de origem íctia ou são
vegetarianas. Contudo a estrutura etá‑
rias das subpopulações não era dis‑
criminada, sabendo-se que existe um
grupo de risco especial para as neo‑
plasias que é a subpopulação dos
mais idosos. Parecem existir evidên‑
cias de que a ingestão mais frequente
de uma dieta rica em vegetais frescos
(frutos e vegetais crus) diminui o ris‑
co de cancro do cólon.
Num inquérito realizado com
121342 pessoas ao longo de 28 anos
pela Universidade de Harvard, apu‑
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
rou-se que existia uma correlação
estatística entre o consumo excessi‑
vo de carne vermelha e um acrésci‑
mo, até 20%, do risco de morte pre‑
matura devida a doenças cardíacas e
a cancro. Também na Universidade
de Leeds foi realizado um inquérito
no qual se concluiu que o consumo
excessivo de carne vermelha teria
uma correlação matemática com o
risco de cancro de mama em mulhe‑
res pós-menopausa.
Em 2012, uma equipa da Fundação
Sueca do Cancro e do Instituto Karo‑
linska, publicaram no British J.of Can‑
cer, um artigo afirmando que a inges‑
tão de uma grande quantidade de
salsichas e “bacon” podem aumentar
o risco de cancro no pâncreas. O que
o estudo esquece é que estes produ‑
tos não têm como ingrediente princi‑
pal a carne vermelha. Além disso
aqueles produtos são usualmente su‑
jeitos a fritura antes da respectiva in‑
gestão (formação de radicais livres e
super-óxido).
Um estudo da Universidade da Ca‑
rolina do Norte sugere que o consumo
de mais de 600 g carne vermelha /dia
aumenta o risco de câncer de cólon.
Em Portugal consomem-se na actuali‑
dade 180 g de carne vermelha /dia, ou
seja, um valor três vezes inferior ao
limiar de risco.
Em artigo publicado na Scientific
American com base num extenso in‑
quérito epidemiológico, apontava-se
para a existência de uma relação esta‑
tística entre a ingestão excessiva de
carnes vermelhas, frescas ou proces‑
sadas, e o aumento do risco de diabe‑
tes do tipo 2.
A Universidade de Oxford publicou
estudos, em conjunto com a OMS, so‑
bre carnes transformadas (diversas) e
carne vermelha e a correlação com o
risco de cancro colon-retal.
Um estudo da Univerdidade de
South Bank de Londres apresentou
números que apontam exatamente
para o contrário: Não existir evidência
suficiente para afirmar que o consu‑
mo de carne vermelha se correlaciona
diretamente com o aparecimento de
cancro no cólon.
Enfim, não têm faltado números a
apontar numa ou noutra direcção, mas
aquilo em que todos eles falham é na
impossibilidade da confirmação dos
resultados através de metodologias
científicas robustas. Simplesmente
porque quando se realizam inquéritos
populacionais e se apuram dados de
cariz sociológico apenas se podem ti‑
rar conclusões para um universo que
está fora desse grupo restrito, concre‑
suinicultura
33
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
to, o que foi alvo do estudo. Fazer ex‑
trapolações para a universalidade da
população é abusivo, por uma razão
simples: É que nestes estudos não é
possível constituir grupos-testemu‑
nha negativos, ou seja, um conjunto de
pessoas equivalentes às que são alvo
do inquérito e que apresentam exata‑
mente as mesmas característica do
grupo em estudo (distribuição etária,
peso, actividade física, profissão, sus‑
ceptibilidade individual a doenças) e
que se possam sujeitar a uma dieta
rigorosamente igual retirando-lhes
apenas, e só, as carnes vermelhas.
Sem esse grupo-testemunha negativo
não é possível fazer correlações dos
resultados com robustez científica ne‑
cessária. É dessa deficiência que en‑
fermam todos os inquéritos sobre
grupos populacionais restritos cujos
resultados se pretendam extrapolar
para a generalidade da população. Por
isso, muitas das conclusões que se
pretendem de aplicação geral não pas‑
sam de simples quimeras numéricas
ou curiosidades estatísticas dentro de
um universo restrito.
A estas publicações especulativas
somam-se outras questões que se
inscrevem na esfera de movimentos
idiossincráticos emergentes nas so‑
ciedades muito urbanizadas. Efetiva‑
mente, nas últimas duas décadas ga‑
nharam visibilidade, correntes de
opinião filiadas da ideia de que, para
se obter a carne é inevitável que os
animais que lhe dão origem sejam su‑
jeitos a sofrimentos desumanos. Essa
compaixão exacerbada pelos animais
e a oposição tácita ao sentido do even‑
tual sofrimento infringido, deu origem
a grupos sociais que militam fervero‑
samente contra o consumo de carne.
Na realidade, este fenómeno não é
muito original, na medida em que ao
longo da História da Civilização, e des‑
de há cerca de 5 mil anos, sempre exis‑
tiram correntes doutrinárias movidas
pela fé, ou pela crença empírica, que se
opuseram ao consumo da carne.
34
suinicultura
Nesses grupos de opositores ge‑
néricos ao consumo de carnes in‑
cluem-se os Jainistas, os Budistas e
todos os vegetarianos. Sempre existi‑
ram também opositores ao consumo
de algumas carnes específicas, como
são os casos das pessoas que profes‑
sam as religiões Hinduísta, Muçulma‑
na e Judaica.
A recusa da inclusão da carne
como componente regular da dieta hu‑
mana é portanto um fenómeno banal
que tem como fundamento para esse
comportamento o facto de essas pes‑
soas possuírem crenças ou fortes in‑
quietações existenciais, fundadas no
empirismo.
Quando se analisam racional e ob‑
jetivamente os benefícios que se co‑
lhem do consumo regular da carne de
suíno não é possível deixar de consi‑
derar estas carnes senão um recurso
nutricional excecional.
Os factos
As carnes de suíno são atualmen‑
te obtidas em condições que garan‑
tem que não são infringidos aos ani‑
mais abatidos quaisquer sofrimentos
desumanos. Nos matadouros existem
dispositivos mecânicos e procedi‑
mentos técnicos que permitem con‑
trolar individualmente os cuidados de
insensibilização a que da um dos suí‑
nos é sujeito imediatamente antes do
seu abate. Antes disso, também du‑
rante o transporte, a descarga na
abegoaria e o repouso pré-abate são
objeto de rigorosas verificações téc‑
nicas (leituras de temperaturas do
ambiente, percurso dos veículos de
transporte, velocidades de ventilação,
volumes de águas de abeberamento);
Tudo pode ser e é monitorizado e
controlado com a maior objetividade,
aliás, tal é imposto pela legislação em
vigor (Reg. (CE) nº 1099/2009 de
24/09). Os próprios suínos antes de
serem transportados para o Matadou‑
ros são avaliados nas explorações
quanto à sua “aptidão para transpor‑
te”. Apenas os animais em perfeito
estado de saúde e com a robustez
adequada, podem ser transportados
para aquele fim.
Portanto, os procedimentos de
proteção contra o sofrimento destes
animais estão devidamente salva‑
guardados e são aplicados sistema‑
ticamente, asseverando que os gru‑
pos sociais que lutam pelos direitos
dos animais, a este propósito, não
têm qualquer motivo para se inquie‑
tarem.
O facto de os nutricionistas classi‑
ficarem as carnes de suíno no grupo
das ditas “carnes vermelhas” também
deve merecer alguma análise. O prin‑
cipal pigmento que confere a tonalida‑
de mais ou menos avermelhada ou
rosada às diferentes carnes é a mio‑
globina, uma proteína funcional rica
em ferro. Existem outros pigmentos
vermelhos que podem estar presentes
mas os seus teores são sempre muito
baixos (hematina e hemoglobina). Nas
carnes que, vernacularmente, são
classificadas como “brancas” o teor
de mioglobina varia entre 0,4 e 3,5 mg
/ g de carne (Quadro 1). Nas “carnes
vermelhas”, de que é exemplo típico a
de bovino, o teor daquela proteína va‑
ria entre 4 e 18 mg/g.
Quadro 1. Teores máximos e míni‑
mos de mioglogina em diferentes car‑
nes (mg/g)
Tipo de carne
Teores de mioglogina (mg/ g)
Mínimo
Máximo
1
3
0,4
3,5
2
4
Vaca
4
25
Cavalo
16
75
Frango
Peru
Suíno
O teor de mioglobina da carne au‑
menta com a idade e com a atividade
física dos animais. Os animais explora‑
dos em pastagem (regime extensivo) e
os das raças bravias têm teores signifi‑
cativamente mais elevados de mioglo‑
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
gina. Quanto mais escura for a carne
mais elevados são os teores de vitami‑
nas do complexo B, ferro e zinco.
No caso das carnes de suíno os te‑
ores de mioglobina variam também de
músculo para músculo: os músculos
da cabeça, pescoço e membro anterior
são muito mais ricos em mioglobina
(mais escuros) do que os músculos
lombares ou do membro posterior. E
termos absolutos o teores de mioglo‑
bina nas carnes de suínos estão com‑
preendidos num intervalo que coinci‑
dem com os teores médios de
mioglobina das carnes brancas e o
mínimo das carnes vermelhas (vitela).
Neste contexto será de alguma forma
uma arbitrariedade incluir as carnes
de suíno no grupo das carnes verme‑
lhas.
A mioglobia é uma proteína que se
desnatura a temperaturas a partir dos
74 ºC. No caso das carnes de suíno a
confeção culinária transforma a cor da
carne para tonalidades que se aproxi‑
mam do branco, devido à desnatura‑
ção da mioglogina.
Portanto, sempre que surgem ma‑
nifestações que depreciam a inclusão
de carnes vermelhas na dieta humana
deve ter-se em consideração que as
carnes de suíno não são objetiva e fac‑
tualmente incluíveis nesse grupo.
A esse propósito, aliás, o que deve
ser enaltecido é, precisamente, o
contrário, ou seja, as virtudes nutri‑
cionais e até nutracêuticas das car‑
nes de suíno.
Efetivamente a carne de suíno tem
uma composição excecionalmente va‑
liosa, especialmente rica em macro‑
nutruientes nobres de elevada digesti‑
bilidade (quadro 2).
Quadro 2. Composição média da
carne obtida de suínos (valores/100 g
de carne)
Parâmetro
Und.
Teor
Médio
Variação
Energia
Kcal
188
115 - 214
Proteina total:
g
20,0
8,9 – 23,8
azoto total
g
3,20
2,70 – 3,81
Lípidos totais:
g
12,0
2,8 – 42,3
ácidos gordos
saturados
g
4,40
ácidos gordos
monoinsaturados
g
5,08
ácidos gordos
polinsaturados
g
1,34
Hidratos
de carbono
g
0
Cinzas totais
g
1.0
Água
g
68,3
63,5 – 72,0
A composição centesimal das carnes
dos suínos têm acentuadas variações
que são dependentes da idade dos ani‑
mais (os leitões têm mais água e me‑
nos gordura e proteína), da raça (as
raças autóctones têm, em regra, mais
gordura), do regime alimentar (os por‑
cos de montanheira têm mais ácidos
gordos insaturados) e da peça açou‑
gueira (o lombo de porco tem mais pro‑
teína e menos gordura; O toucinho tem
mais gordura e muito menos proteína).
Estas variações também se verifi‑
cam a nível individual, dependendo do
estado de acabamento (ceva ou en‑
gorda) de cada suíno que é abatido
para consumo.
Em termos energéticos as carnes
de suíno magras possuem um valor
calórico equivalente à carne de borre‑
go magra e não é muito superior ao
peito de frango (quadro 3).
Quadro 3. Composição centesimal
relativa de “carnes vermelhas” e
“carnes brancas”
Parâmetros/ Porco
100g
(magra)
Vaca
(magra)
Borrego Frango
(magro) (peito)
Energia (kcal)
124
175
124
108
Água (g)
72,2
67,4
73,6
73,8
Proteína (g)
21,8
21,7
19,7
24,1
Gordura (g)
4,0
9,8
5,0
1,2
As proteínas da carne de suíno
possuem na sua composição todos os
aminoácidos indispensáveis ao orga‑
nismo humano – o que significa que
são de “alto valor biológico” (quadro
4.). Entre os ácidos aminados devem
destacar-se pelo seu teor excecional‑
mente elevado a Lisina, a Leucina, o
ácido Aspártico e o ácido Glutâmico
(quadro 4).
Os ácidos animados indispensá‑
veis presentes nas carnes de suíno
apresentam um equilíbrio na sua pro‑
porção que os torna especialmente
aptos para completar e equilibrar as
carências existentes na composição
suinicultura
35
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
proteica de outras fontes alimentares
de origem vegetal (cereais, legumino‑
sas, semente e frutos secos).
Quadro 4. Natureza e teor de áci‑
dos aminados presentes na carne de
suíno (mg / 100 g)
Amino ácidos
mg/100 g
mg/g N
Isoleucina
720
300
Leucina
1080
450
Lisina
1320
550
Metionina
360
150
Cistina
98
41
Fenilalanina
550
230
Tirosina
500
210
Treonina
620
260
Triptophano
160
68
Valina
790
330
Arginina
890
370
Histidina
550
230
Alanina
890
370
Acido aspártico
1320
550
Acido glutâmico
1940
810
Glicina
770
320
Prolina
600
250
Serina
580
240
A natureza e o teor de ácidos ami‑
nados essenciais e o seu valor plásti‑
co faz da carne de suíno um ingre‑
diente de eleição especial para a dieta
das crianças e dos jovens que se en‑
contrem em fase de crescimento ativo
e desenvolvam muita atividade física.
Entre os constituintes azotados
que se podem encontrar na carne de
suíno existem ácidos aminados livres,
di e triácidos aminados e aminas, sen‑
do que alguns destes compostos tam‑
bém têm relevância nutracêutica es‑
pecífica,
sendo
considerados
compostos bioacativos. São os casos
de: taurina, carnitina, carnosina, ubi‑
quinona, glutationa e creatina.
As carnes de suíno têm entre 30 a
50 mg de L- carnitina /100 g, o que
corresponde a cerca de um quarto das
necessidades de ingestão diária de
um ser humano adulto (cerca de 200
36
suinicultura
mg / dia). A presença deste ácido ami‑
nado na carne de suíno torna-a espe‑
cialmente indicada para regimes die‑
téticos de emagrecimento, na medida
que este composto catalisa nas mito‑
côndrias dos sarcómeros o catabolis‑
mo dos triglicéridos, permitindo-se
que se “queime” gordura para produ‑
zir energia muscular. As dietas de
emagrecimento que não incluam car‑
nes vermelhas na sua lista têm de ser
necessariamente suplementadas arti‑
ficialmente com L-carnitina. Esse de‑
sequilíbrio resultante da utilização de
suplementos alimentares pode ser
corrigido através do consumo destas
carnes.
A taurina é um ácido aminado es‑
sencial para o bom funcionamento fí‑
gado e é considerado particularmente
bioativo nas reações que evitam o
stress oxidativo celular. Alguns auto‑
res consideram este composto como
tendo ação preventiva do cancro e um
papel especial na capacitação imuni‑
tária. As carnes de suíno são ricas em
taurina, especialmente o coração, os
masséteres e o diafragma, músculos
nos quais chega a atingir teores de
100 mg /100 g.
Existem ainda outros que podem
funcionar como antioxidantes endó‑
genos, como a ubiquinona (Coenzima
Q10), a glutationa, a espermina, a
carnosina e a anserina que são abun‑
dantes nas carnes dos ungulados
(entre 2 e 300 mg /100 g). A glutatio‑
na é um componente de enzimas que
tem um papel importante como antio‑
xidante no organismo, mas pode de‑
sempenhar também um papel na res‑
posta imunitária e aumentar a
absorção de ferro. Os teores de glu‑
tationa nas carnes de ungulados va‑
riam entre 12 e 26 mg/100 g, pratica‑
mente o dobro do que existe nas
carnes de aves e cerca de dez vezes
superior ao dos peixes.
A creatina e o seu derivado fosfo‑
rilado, fosfato de creatina, desempe‑
nham um papel muito activo no meta‑
bolismo energético muscular, ou seja,
no desempenho físico (desportistas).
A carne de suíno contém aproximada‑
mente 250 mg/100 g. A carne é a
principal fonte alimentar natural deste
composto para os seres humanos.
Os compostos bioactivos são inac‑
tivados pelos processamentos tecno‑
lógicos, pelo que não estão presentes
nos produtos de salsicharia ou de
charcutaria à base de carne de porco.
O teor de gordura nas carnes de
suíno é influenciado por diversos fato‑
res: a idade dos animais, o estado de
engorda, a raça, o regime alimentar ou
de exploração e entre as diferentes
peças de carne (o lombo é mais ma‑
gro a entremeada é mais gorda).
Dentro da própria peça também se
registam variabilidades muito conside‑
ráveis. Por exemplo, a peça mais gorda
da carne de suíno, o toucinho, pode
chegar a ter menos de 20 de gordura
se for muito entremeado e ter quase 50
% de gordura no caso de o toucinho
provir da região lombar dos porcos de
montanheira bem cevados (quadro 5).
Quadro 5. Teores lipídicos do
Toucinho (g/100 g)
Unid.
Valor/
100 g
Variação
Lípidos totais:
g
32,0
19,0 - 45,9
Ácidos gordos
saturados
g
11,7
Ácidos gordos
mono-insaturados
g
13,5
Ácidos gordos poliinsaturados
g
3,6
Esteróis +
fosfolípidos
g
3,2
Frações lipídicas
A gordura das carnes foi sempre
encarada pelos nutricionistas como
um malefício nutricional e uma limi‑
tação incontornável à inclusão das
carnes nos programas dietéticos.
Essa ideia contudo está ferida de
um preconceito atávico. Antes de
mais, é preciso ter consciência que
o melhoramento genético a que as
espécies pecuárias foram sujeitas
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
nos últimos 30 anos provocou redu‑
ções naturais muito significativas
nos teores da gordura intrínseca
das carnes. Por essa via foi possí‑
vel reduzir em cerca de 30% o teor
médio absoluto de gordura de com‑
posição do músculo de porco (espe‑
cialmente os de produção intensi‑
va). Por outro lado os progressos
no domínio dos factores do maneio
alimentar dos suínos que condicio‑
nam a composição centesimal das
carnes, permitiu alterar significati‑
vamente a proporção relativas das
diferentes fracções lipídicas que
compõem a gordura da carne de su‑
íno (quadro 6). Os modos de prepa‑
ração nas carnes ao nível dos mata‑
douros e nas salas de corte e
desossagem das carnes também
influenciaram a composição relati‑
va das referidas gorduras.
Nas gorduras das carnes de suíno,
o teor de ácidos gordos insaturados é
superior ao da fração lipídica satura‑
da. A fração lipídica de teor mais ele‑
vada corresponde a ácido oleico (qua‑
dro 6).
Praticamente a totalidade dos
ácidos gordos insaturados presen‑
tes nas carnes de suíno estruturam‑
-se molecularmente na forma -Cis o
que lhes conferem especiais vanta‑
gens na prevenção da síntese de li‑
poproteínas de baixa densidade
(LDL) no organismo humano. Este
facto contribui para a redução do
risco de doenças cardiovasculares e
da arteriosclerose. Portanto ao con‑
trário do que é habitualmente aceite
como um dogma, as carnes de suíno
têm efeitos benéficos na prevenção
de doenças cardiovasculares. As
frações conjugadas dos ácidos olei‑
co e linolénico (CLA) são hoje consi‑
deradas como tendo efeitos proteto‑
res no desenvolvimento de cancros
e de doenças autoimunes nos huma‑
nos.
A presença de quantidades con‑
sideráveis de ácidos gordos de ca‑
deia longa saturados e insaturados
(C:18 e C:20) confere também carac‑
terísticas técnicas e culinárias mui‑
to particulares às gorduras dos suí‑
nos, nomeadamente ao toucinho e à
banha. Estas gorduras suportam
aquecimentos superiores a 2000C
sem se desnaturarem ou carboniza‑
rem, ao contrário das gorduras ve‑
getais.
Para além das características es‑
pecialmente valiosas dos macronu‑
trientes que existem vitaminas e
sais minerais nas carnes de suíno
que são igualmente virtuosos (qua‑
dro 7).
As carnes de suínos contêm ele‑
vados teores de vitaminas do comple‑
xo B: tiamina (vitamina B1), riboflavi‑
na (vitamina B2); niacina (vitamina
B3), B6 e B12. O teor de Vitamina B1
na carne de porco é dos mais eleva‑
dos que é possível encontrar em
qualquer alimento (1,2 mg/100g de
carne).
Quadro 6. Composição relativa da
gordura de carne de suíno da pá
(g /100 g)
Ácidos Gordos
g / 100 g
%
C 10:0
0,029
0,10
C 12:0
0,048
0,16
C 14:0
0,48
1,65
C 16:0
7,23
24,5
C 18:0
3,86
13,1
C 20:0
0,078
0,27
C 16:1
0,78
2,64
C 18:1, cis n-9
11,3
38,5
C 18:1, cis n-7
1,19
4,04
C 20:1, cis n-11
0,24
0,80
C 18:2, n-6
3,28
11,2
C 18:3, n-3
0,30
1,01
Outros Ác. gordos
0,47
1,58
As vitaminas Bs são catalisadores
bioquímicos que permitem ao orga‑
nismo humano gerar e libertar ener‑
gia a partir dos macronutrientes (pro‑
teínas e gorduras).
suinicultura
37
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
Quadro 7. Teores de vitaminas e
sais minerais na carne de suíno de
origem muscular (100 g)
Teor/
Conteúdo/100 g Unid.
100 g
Vitamina A
(retinol)
38
µg
25
Variação/
100 g
10 - 60
Vitam. D
µg
(D3, D2 e
hidroxi-calciferol)
0,89
Vitam. E
(a-tocoferol)
µg
0,10
Vitam. B1,
tiamina
mg 0,570 0,400 – 1,200
Vitam. B2,
riboflavina
mg 0,180 0,135 – 0,220
Niacina e
equivalentes
µg
Vitam. B6
mg 0,237 0,164 – 0,306
Ác. Pantoténico
mg
0,60
Biotina
µg
2,60
Folatos
µg
3
Vitam. B12
µg
0,7
Sodio, Na
mg
55
48,2 – 60,8
Potassio, K
mg
204
89 - 339
Calcio, Ca
mg
6
4-8
Magnésio, Mg
mg
14
5,9 – 24,6
5,47
Fósforo, P
mg
Ferro, Fe
mg 0,630
Cobre, Cu
mg
0,10
0 – 0,22
Zinco, Zn
mg
3,60
0 – 6,9
Iodina, I
µg
1,50
1,05 – 1,80
Manganês, Mn
mg 0,012
Crómio Cr
µg
5,3
0,4 – 7,3
Selénio, Se
µg
6,9
0 - 300
Niquel, Ni
µg
6
0 – 9,1
suinicultura
130
1,4 – 4,8
75 - 160
0,49 - 0,90
Quadro 8. Composição centesimal
das iscas de porco (100 g)
Parâmetro
Unid.
Teor/
100 g
Energia
Kcal
120
Proteína, total
g
21,1
18,400 - 41,75
Lípidos, totais:
g
3,4
2,5 - 6,6
ácidos gordos
saturados
g
1,04
ácidos gordos
monoinsaturados
g
0,38
ácidos gordos
polin-saturados
g
0,53
Hidratos
de carbono
totais
g
2,0
0-8
Cinza
g
1,6
1,28 - 2,5
Água
g
72,0
69 - 74,000
Vita, A
(retinol +
β-caroteno )
UI
14125 3000 - 52000
Vita, D
µg
0,20
Vita, E alphatocoferol
aTE
0,20
Vita. K
µg
30,0
25 - 40
Vita. B1, tiamina mg
0,30
0,29 - 0,31
Vita. B2,
riboflavina
mg
2,95
2,80 - 3,10
Niacina
mg
21,0
Vita. B6
mg
0,665 0,605 - 0,761
Ácido
pantoténico
mg
6,40
Biotina
µg
44,0
Folatos
µg
1000
Vita, B12
µg
40,0
16,5 - 84,5
Vita, C
mg
25,0
20 - 34
Variação
0,13 - 0,3
33 - 51
As carnes de suíno derivadas de te‑
cidos musculares são relativamente
pobres em vitaminas lipossolúveis,
contendo pequenas quantidades de Vi‑
taminas A, D e E (antioxidante). No caso
das carnes de porco, as vitaminas lipos‑
solúveis, especialmente A e K estão
concentradas em elevados teores no
fígado dos porcos (iscas) (Quadro 8).
As iscas, ao contrário do que é usual
pensar-se têm um teor de gordura ab‑
soluto relativamente baixo (2, 5 a 6,6%),
mas são um concentrado especial de
vitaminas, nomeadamente ácido fólico,
nutriente muito importante em determi‑
nadas fases do ciclo de vida humano,
como por exemplo durante a gravidez.
No que concerne aos micronu‑
trientes minerais, a carne de porco
contém quantidades muito significa‑
tivas de zinco, ferro, molibdénio, po‑
tássio e selénio, sendo, por isso,
classificada como uma das melhores
fontes desses micronutrientes.
O zinco é um micronutriente essen‑
cial para a divisão celular e, portanto,
para o crescimento e reparação dos
tecidos. Também é necessário para o
desenvolvimento normal do aparelho
reprodutor, do sistema imunitário sau‑
dável e cicatrização de feridas.
O ferro é imprescindível essencial
para a formação e funcionamento da
mioglobina e da hemoglobina dos eri‑
trócitos (células vermelhas do sangue
responsáveis pela oxigenação de todas
células do corpo). Também desempe‑
nha um papel importante no sistema
imunitário e é necessário para o meta‑
bolismo normal. O ferro veiculado pela
carne é facilmente absorvido pelo or‑
ganismo humano, ao contrário daquele
que existe nas plantas verdes.
O teor de vitaminas e sais minerais
presentes nas carnes de suíno são
muito influenciados pelo regime ali‑
mentar dos animais dos quais a carne
foi obtida. Quando a ração dos suínos
é deficiente em minerais, especial‑
mente fósforo e cobalto, os valores na
respectiva carne são reduzidas.
É preciso ter ainda em considera‑
ção que os diferentes modos de pre‑
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
paração e confeção culinárias alteram
significativamente a composição nu‑
tricional das carnes. Os aquecimen‑
tos, as cozeduras ou os grelhados
conduzem á redução de alguns nu‑
trientes, à concentração de outros,
modificando também a respetiva di‑
gestibilidade e biodisponibilidade.
Em face de toda esta extensa e di‑
versificada riqueza de nutrientes pre‑
sentes nas carnes de suíno não é pos‑
sível compreender, racionalmente,
que se possa dispensar este bem ali‑
mentar da dieta regular dos seres hu‑
manos. Acresce que, no caso destas
carnes, a relação custo/benefício é a
mais vantajosa para os consumidores.
Para se poder aceder a nutrientes de
valor biológico equivalente aos que
existem nas carnes de suíno, sem re‑
correr a este produto, será necessário
despender pelo menos o triplo do cus‑
to comercial (outras carnes).
A
A tradição do consumo
Na Península Ibéria existe uma
grande ancestralidade de hábitos de
consumo de carne de porco. Existem
evidências históricas de que esse
apreço pelo consumo de carnes de su‑
ínos remontam às civilizações Celtas
e Fenícias. Devem ter sido, aliás, os
Fenícios que estenderam o gosto pelo
consumo desta carne a todas as civili‑
zações Mediterrânicas da Antiguida‑
de. O sal obtido por evaporação da
água do Mediterrâneo foi seguramente
o ingrediente complementar que me‑
lhor se conjugou e mais contribuiu
para a distribuição, o comércio e o uso
de carnes de suíno preservadas.
Este hábito de consumo, incorpora‑
do há muitos milénios nos comporta‑
mentos alimentares, permitiu o desen‑
volvimento sucessivo, e cumulativo, de
uma miríade de produtos derivados da
carne de porco que é impossível enu‑
merar. Alguns desses produtos são
hoje indissociáveis da matriz cultural e
da etografia dos povos de muitas regi‑
ões da margem norte do Mediterrânio e
também de Portugal. Essa riqueza e
diversidade pode ser facilmente assi‑
milada com uma visita a uma das mui‑
tas “feiras do fumeiro” tradicional que
ocorrem com frequência em Portugal:
Chouriços, presuntos, morcelas, lingui‑
ças, farinheiras, butelo, rojões, moiras,
salpicões, paios, alheiras, tripas enfari‑
nhadas, leitão assado, enfim uma gama
indiscritível de produtos que enrique‑
cem a cultura gastronómica portugue‑
sa, tendo muitos destes géneros ali‑
mentícios ascendido ao estatuto de
“produto gourmet”.
Os povos das atuais economias
emergentes, nomeadamente a China e
a Rússia, têm vindo a aumentar a um
ritmo exponencial o consumo de car‑
nes de suíno. Na China já se produz na
PREOCUPA-SE!
suinicultura
39
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
atualidade praticamente metade da to‑
talidade da produção Mundial de carne
de suíno. Esses valores astronómicos
só podem ser justificados por três or‑
dens de razões: económicas, cultu‑
rais e nutricionais. As carnes de suíno
são as que melhor se adaptam à maxi‑
mização do trinómio: riqueza nutricio‑
nal/custo/tradição de utilização na
dieta regular.
Conclusões
Do ponto de vista estritamente
científico, existem inúmeros motivos
para considerar a utilização regular da
carne de porco na dieta humana como
um benefício excecional, porque é
uma fonte muito valiosa de:
• proteínas do mais elevado valor bioló‑
gico;
• lípidos de cadeia longa mono e polinsa‑
turadas, incluindo ω-3 e particamente
sem ácidos gordo na forma - trans;
• vitaminas do complexo B e lipossolú‑
veis (iscas);
• de ferro, zinco, potássio, selénio, mo‑
libdénio e com baixo teor de sódio;
• de substâncias bioactivas como a
taurina, a L-carnitina, a carnosina,
Referências
Connor WE, Lin DS, Colvis C. (1996). Differential mobi‑
lization of fatty acids from adipose tissues. J. Lipid Res.
37(2), 290.
Blankson H, Stakkstand J, Fagertun H, Thorn E, Wads‑
tein J, Gudmundson O. (2000). Conjugated linoleic acid
reduces body fat mass in overweight and obese humans.
J Nutr.; 130:2943-48.
Chin SF, Liu W, Storkson JM, HaYL, Pariza MW. (1992).
Dietary sources of conjugated dienoic isomers of linoleic
acid, a newly recognized class of anticarcinogens. J Food
Comp Anal ; 5:185-197.
Clement L, Poirier H, Niot I, Bocher V, Guerre-Millo M,
Krief B, Staels B, Besnard P. (1996). 2002. Dietary
trans-10, cis-12 conjugated linoleic acid induces hyperin‑
sulemia and fatty liver in the mouse. J. Lipid Res. 43, 14001409.
Dugan MER, Aalhus JL, Jeremiah LE, Kramer JKG,
Schaefer AL. (1999). The effects of feeding conjugated
linoleic acid on subsequent port quality. Can J Anim Sci. ;
79:45-51.
French P, Stanton C, Lawless F, O’Riordan EG, Mo‑
nahan FJ, Caffrey PJ, Moloney, AP, (2000). Fatty acid
composition, including conjugated linoleic acid of intra‑
muscular fat from steers offered grazed grass, grass sila‑
ge or concentrate-based diets. J. Anim. Sci. 78:28492855.
Harbige LS. (1996). Nutrition and immunity with em‑
phasis on infection and autoimmune disease. Nutri Health;
10:285-312.
Lonn EM, Yusuf S. (1997). Is there a role for antioxidant
vitamins in the prevention of cardiovascular diseases? An
40
suinicultura
ubiquinona, glutationa e creatina que
desempenham papeis metabólicos
cruciais no organismo humano (an‑
tioxidantes, promotores do catabolis‑
mo lipídico, promotores da vitalidade
e competências celular); e nutrientes
cuja relação custo/benefício é a que
apresenta as maiores vantagens
comparativas para o consumidor;
Do ponto de vista cultural e gastro‑
nómico, as carnes de suínos e os pro‑
dutos delas derivados representam o
que de mais genuíno é possível encon‑
trar em Portugal. Os hábitos de consu‑
mo destas carnes estão profunda‑
mente arreigados no padrão de
consumo tradicional Português, ocu‑
pando o primeiro lugar em termos de
capitação entre os principais tipos de
carnes.
Do ponto de vista económico, o
sector das carnes de suínos é um mo‑
tor decisivo para o parelho produtivo
nacional, por aquilo que representa em
termos de valor intrínseco de produ‑
ção, mas também pelas dinâmicas que
cria a jusante a montante, nomeada‑
mente: o volume de emprego gerado,
as fábricas de rações, os medicamen‑
update on epidemiological and clinical trials data. Can J
Cardiol;13:957-65.
Melhus H, Michaelsson K, Kindmark A, Bergstrom R,
Holmberg L, Mallmin H, Wolk A, Ljunghall S. (1998).Exces‑
sive dietary intake of vitamin A is associated with reduced
bond mineral density and increased risk of hip fracture.
Ann Intern Med.; 129:770-778.
Parodi, PW. (1997).Cows’ milk fat components as po‑
tential anticarcinogenic agents. J Nutr; 127:1055-1060.
Riserus U, Arner P, Brismar K, Vessby B. (2002). Tre‑
atment with dietary trans 10 cis 12 conjugated linoleic acid
causes isomer specific insulin resistance in obese men
with the metabolic syndrome. Diabetes Care 25, 1516-1521.
Roche HM, Noone E, Sewter C, McBennett S, Savage
D, Gibney MJ, O’Rahilly S, Vidal-Plug AJ. (2002). Isomer‑
-dependent metabolic effects of conjugated linoleic acid:
insights from molecular markers sterol regulatory ele‑
ment-binding protein 1c and LXR alpha. Diabetes 51, 20372044.
Sehat N, Rickert RR, Mossoba MM, Dramer JKG, Yura‑
wecz MP, Roach JAG, Adlof RO, Morehouse KM, Fritsche
J, Eulitz KD, Steinhart H, Ku K. (1999). Improved separa‑
tion of conjugated fatty acid methyl esters by silver ion‑
-high-performance liquid chromatography. Lipids;
34:407-413.
Semba RD. (1998). The role of vitamin A and related
retinoids in immune function. Nutr Rev :56:S38-48.
Simonne AH, Green NR, Bransby JI. (1996). Consumer
acceptability and beta-carotene content of beef as related
to cattle finishing diets. J Food Sci:61:1254-1256.
Sisk M, Hausman D, Martin R, Azain M. (2001). Dietary
conjugated linoleic acid reduces adiposity in lean but not
tos veterinários e biocidas, as constru‑
ções e edificações de estruturas, as
indústrias de salsicharia e charcutaria,
a proteção e a promoção das raças su‑
ínas autóctones, a proteção e promo‑
ção da saúde animal e humana;
Do ponto de vista das perceções
públicas relativamente às vantagens e
desvantagens do consumo de carnes
de suíno, têm emergido alguns pre‑
conceitos (mitos), sem a mínima fun‑
damentação científica, mas que, ainda
assim, devem merecer atenção por
aquilo que representam de risco po‑
tencial para o sector da suinicultura
portuguesa em termos ameaça injus‑
tificada a um credibilidade que foi edi‑
ficada à custa de esforços muito sé‑
rios. A comunicação entre as partes
interessadas do sector da suinicultu‑
ra, das carnes e dos consumidores (ou
a opinião pública) deve constituir uma
preocupação e motivar a criação de
recursos profissionais capazes de
suster o desenvolvimento, ou neutrali‑
zar, dessas formas de desinformação.
*Faculdade de Medicina Veterinária
Universidade de Lisboa
obese Zucker rats. J Nutr. ; 131:1668-74.
Smedman A, Vessby B. (2001). Conjugated linoleic
acid supplementation in humans – metabolic effects. J.
Nutr.; 36:773-81.
Stampfer MJ, Hennekens CH, Manson JE, Colditz GA,
Rosner B, Willett WC. (199e). Vitamin E consumption and
the risk of coronary disease in women. N Engl J Med;
328:1444-9.
Stephens D., Jackson PL, Gutierrez Y. (1996). Subclini‑
cal vitamin A deficiency: A potentially unrecognized pro‑
blem in the United States. Pediatr Nurs:22:377-89, 456.
Williams, P. G.(2007). Nutritional composition of red
meat. Nutrition & Dietetics, 64 (Suppl 4),S113-S119.
Wood JD, Enser M. (1997). Factors influencing fatty
acids in meat and the role of antioxidants in improving
meat quality. British J of Nutrition, 78:S49-S60.
Yang A, Brewster MJ, Lanari MC, Tume RK. (2002).
Effect of vitamin E supplementation on α-tocopherol and
β-carotene concentrations in tissues from pasture and
grain-fed cattle. Meat Science; 60(1):35-40.
Yang A, Lanari MC, Brewster M, Tume RK. (2002). Li‑
pid stability and meat colour of beef from pasture and
grain-fed cattle with or without vitamin E supplement.
Meat Science 60:41-50.
Zambell KL, Keim NL, Van Loan MD, Gale B, Benito P.
(2000). Conjugated linoleic acid supplementation in hu‑
mans: effects on body composition and energy expenditu‑
re. Lipids; 35:777-82.
Zock PL, Vries JH, Fouw MNJ, Katan MB (1995) Posi‑
tional distribution of fatty acids in dietary triglycerids:
effects on fasting blood lipoprotein concentrations in hu‑
mans. Am. J. Clin. Nutr. 61, 48.
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
suinicultura
41
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
Factores se Produccion
Influencia en La Sanidad
Joan Sanmartin*
L
a porcicultura ha experi‑
mentado a lo largo de los
años un notable incremen‑
to en los índices producti‑
vos. Varios son los factores que con‑
tribuyen a dicho incremento: mejora
genética, nutrición , diseño de las ins‑
talaciones, sanidad y una mayor espe‑
cialización de los técnicos y operarios
de las explotaciones y todo ello en un
nuevo marco de normativas cada vez
mas exigentes.
Al mismo tiempo que se producía
la mejora productiva se fueron incre‑
mentando las exigencias del consu‑
midor en temas tan sensibles como
bienestar animal, medio ambiente, ali‑
mentos biosaludables, control de los
antibióticos….
La percepción que los consumido‑
res tienen sobre estos aspectos no es
la misma y varia en función de la lo‑
calización geográfica lo que a su vez
condiciona las condiciones de produc‑
ción y comercialización de la carne.
Se puede plantear la existencia de
dos conceptos distintos en cuanto a
la producción. Por un lado los países
del continente europeo donde se limi‑
ta la utilización de transgénicos en la
Ref. provilys
42
suinicultura
alimentación de los animales, se pro‑
híbe la utilización de promotores de
crecimiento y se establecen normas
de producción que garanticen el bie‑
nestar animal. De otro lado estarían
los países del continente americano
donde la utilización de transgénicos
y promotores de crecimiento está
autorizada y no está implantada una
normativa de producción que regule
aspectos de bienestar animal. Evi‑
dentemente estas diferencias afec‑
tan de manera muy directa al coste de
producción y a la calidad del producto
final, generándose tensiones en los
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
mercados de carne a nivel mundial.
La adaptación del modelo de pro‑
ducción a la normativa europea sobre
bienestar animal que, desde 1 de enero
de 2013, obliga a mantener el sistema
de gestaciones libres ha llevado a la
revisión de varios criterios producti‑
vos al mismo tiempo que promueve
un nuevo diseño de las explotaciones.
Los parámetros productivos clási‑
cos, en los que la productividad numé‑
rica era referente quedan eclipsados
por un nuevo concepto: Eficiencia en
la producción porcina y de forma es‑
pecial eficiencia Alimentaria, es nece‑
sario referenciar la producción al input
de mayor importancia, que no es otro
que la alimentación. La relación entre
Kg de pienso de reproductoras con‑
sumido y Kg de lechón producido es
fundamental para evaluar la eficien‑
cia de una explotación y la mejora de
la Eficiencia Alimentaria en todas las
fases de la producción justifica la en‑
trada de la tecnificación.
Desde el grupo OPP se ha desar‑
rollado un programa de gestión téc‑
nica, Farms Mother que integra los
registros tradicionales de una explota‑
ción, en tiempo real, con los registros
de consumo diario de las reproducto‑
ras permitiendo realizar la gestión de
la explotación en base a la eficiencia
alimentaria, esto nos permite trabajar
con criterios de selección y desvieje
de las reproductoras en función de su
eficiencia alimentaria y no solamente
en base a su productividad numérica.
La optimización del consumo así
como la implementación de un mode‑
lo nutricional adaptado a las distintas
fases de la gestación y ciclo producti‑
vo de las cerdas solamente es posible
cuando se diseña la explotación adap‑
..........................................................................................................................................................................................
..........................................................................................................................................................................................
..........................................................................................................................................................................................
..........................................................................................................................................................................................
suinicultura
43
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
tándose a criterios de bienestar animal
tecnificado. En estos casos el sistema
de alimentación utilizado ha de ser el
de estaciones electrónicas de alimen‑
tación, ahora bien hemos de tener en
cuenta que no todos los modelos exis‑
tentes se adaptan al mejor diseño de
parque ni tienen la misma capacidad
para alimentar a un determinado nu‑
mero de animales. Hemos sido testi‑
gos del fracaso de algunos proyectos
de bienestar animal, en la mayoría de
los casos el problema radicaba en un
mal diseño del modelo de producción
generando movimientos de animales
en los momentos menos propicios
del ciclo y en una sobrevaloración de
la capacidad real de las estaciones a
la hora de facilitar la alimentación a
las cerdas lo cual generaba luchas y
rivalidades provocando un alto grado
de nerviosismo que se traducía en una
caída en picado de todos los índices
productivos.
Un correcto diseño de la instala‑
ción, favorece la operativa diaria de
la explotación facilitando el manejo de
los animales y evitando situaciones de
stress que puedan condicionar el ren‑
dimiento productivo de los animales
en el modelo bienestar tecnificado.
La selección genética ha consegui‑
do una mejora sustancial de la prolifi‑
cidad , las nuevas estirpes presentan
necesidades nutricionales y de mane‑
jo distintas .
PARASITO
44
El mejor conocimiento de las ne‑
cesidades nutricionales de la cerda
en cada una de las distintas etapas de
la gestación permite el desarrollo de
nuevos programas de alimentación con
el fin de homogeneizar el peso y ta‑
maño de los lechones al nacimiento. La
implantación de estos programas , para
que sea correcta y eficiente, necesita
de un soporte tecnológico que posibili‑
te la administración de la ración diaria
según la curva optima de alimentación
para cada cerda y que al mismo tiempo
permita la administración de micronu‑
trientes en momentos muy concretos
de la gestación. La implantación de
este tipo de programas nutricionales
y su correcta gestión favorece la im‑
plantación embrionaria y garantiza un
optimo desarrollo fetal.
Las gestaciones libres dan lugar
a un cambio en la estructura sanita‑
ria de las explotaciones generándose
un status inmunitario muy diferente y
aparecen nuevos conceptos, algunos
de ellos olvidados referentes a status
sanitario, inmunitario y patologías re‑
emergentes.
Hasta ahora el alojamiento en bo‑
xes individuales de las reproducto‑
ras, durante la mayor parte de su vida
productiva, ha permitido el estableci‑
miento de unos equilibrios inmunita‑
rios dentro de las explotaciones favo‑
reciendo el control de la exposición de
los animales a los distintos patógenos
LOCALIZACION
LESION
Strongiloides ramsoni,
Intestino delgado
Inflamación de la mucosa.
Succiona sangre
Ascaris suum
Hyostrongylus
rubidus
Intestino delgado
Obstrucción e irritación
Inflamacion mucosa gastrica
Oesophagostomum spp.
Trichuris suis
Intestino grueso
Inflamación mucosa
Metastrongylus spp.
Pulmón
(transmisión mediante lombriz
de tierra)
Lesiones en pulmón y vías
respiratorias
Stephanurus
dentatus
Riñón
Inflamación y/o obstrucción
suinicultura
Estómago
evitando en algunos casos la coloniza‑
ción y en otros estimulando el sistema
inmunitario del individuo generando
un correcto nivel de protección. El
sistema de alojamiento individual así
mismo actúa , con bastante eficacia,
como regulador de la presión de infec‑
ción en el caso de aquellos patógenos
que se excretan y diseminan mediante
las deyecciones de los animales, dis‑
minuyendo esta eficacia en el caso de
la transmisión oro nasal y aerógena.
El sistema de gestaciones en gru‑
po, por el contrario, facilita la disemi‑
nación de los patógenos, el contacto
de los animales con las deyecciones
es mucho mas intenso y directo al
igual que sucede con los intercambios
de fluidos oro nasales y corporales.
Esta situación, en algunos casos, su‑
pone un importante incremento de la
carga microbiana y parasitaria de las
cerdas que posteriormente va a ser
transmitida a los lechones durante el
periodo de lactación. Una implantaci‑
ón correcta del bienestar animal tecni‑
ficado ayuda a mejorar los parámetros
productivos de la explotación.
El mayor contacto directo entre los
animales y con sus deyecciones que
supone la implantación de las gesta‑
ciones en grupo puede considerarse
positivo para el desarrollo de un equi‑
librio inmunitario optimo en el caso
de determinadas patologías evitando
ó disminuyendo la posibilidad del es‑
tablecimiento de subpoblaciones con
una menor protección inmunitaria y por
lo tanto susceptibles de desarrollar en‑
fermedad. Sin embargo el mismo sis‑
tema presenta aspectos muy negativos
para el control de otras patologías como
pueden ser las infestaciones parasita‑
rias y aquellas otras cuya diseminaci‑
ón se realiza mediante las heces, orina
y secreciones oro nasales de animales
portadores o enfermos. Tiene especial
importancia el papel de los vectores o
portadores biológicos, roedores, pája‑
ros, etc. en la transmisión y disemina‑
ción de leptospiras y salmonella.
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
La infección por Parvovirus cobra
especial significado productivo cuan‑
do se produce durante la etapa de
gestación disminuyendo de manera
importante la eficiencia productiva de
los animales. La presencia de momias
estratificadas en función de la edad
gestacional es un signo característico
de la infección por Parvovirus, pero la
infección en etapas mas tardías de la
gestación provoca el naci‑
miento de lechones poco
viables.
La inmunidad pasiva,
en algunos casos, persis‑
te en las cerdas nulíparas
hasta mas de siete meses,
produciéndose una in‑
terferencia con las vacu‑
naciones y dando lugar a
cerdas susceptibles a la
infección.
El virus parvo es ca‑
paz de persistir en las
instalaciones infectadas
hasta cuatro meses. En
los alojamientos en grupo
se constata un incremen‑
to de la carga vírica que
da lugar a infecciones re‑
currentes en las cerdas.
La realización de se‑
rologías pareadas, en las
cerdas, nos sirve para de‑
terminar el grado de expo‑
sición de los animales al
virus parvo.
La inmunidad de rebaño
en el caso de parvovirus
es irregular dándose la
circunstancia que rebaños
con infección endémica
pueden existir algunos ani‑
males susceptibles de ser
infectados.
La influenza es una pa‑
tología infravalorada, que
no debemos de olvidar
dentro de los programas
de control y profilaxis. Su
forma de presentación,
en ocasiones puede llevar a confusión
con la infección por virus PRRS. La
presentación de un brote clínico de la
enfermedad conlleva graves perdidas
económicas y da lugar a un desequili‑
brio sanitario en la explotación, favore‑
ciendo las coinfecciones con otros pa‑
tógenos tanto víricos como bacterianos.
La influenza es, una de las pato‑
logías con mas impacto productivo en
las instalaciones de bienestar animal,
posiblemente debido a un efecto am‑
plificador de patologías asociadas a
fallos inmunitarios, como puede ser el
incremento de problemas entéricos
en lechones lactantes.
El comportamiento de la enferme‑
dad no es especialmente distinto en
función del sistema de alojamiento,
ahora bien la diseminación vírica si
MAIOR BENEFÍCIO ECONÓMICO
COM UMA NUTRIÇÃO AVANÇADA
Reduza os seus custos de alimentação, aumente a flexibilidade na
formulação de alimentos, melhore a uniformidade dos animais e reduza
o impacte ambiental, com estas soluções nutricionais inovadoras.
Em utilização individual ou combinada, estes produtos enzimáticos
termoestáveis e de elevada fiabilidade, são adaptados às necessidades
individuais, de forma a aumentar a rentabilidade na produção de suínos
e de aves.
Contacte o nosso distribuidor autorizado REAGRO SA,
pelo telefone 21 791 6000/29 ou por e-mail [email protected]
Copyright© 2012 DuPont ou suas afiliadas. Todos os direitos reservados. O logo oval da DuPont,
DuPont™ e todos os produtos que apresentem as marcas ® ou ™ são marcas comerciais
registadas ou marcas comerciais da DuPont ou das suas afiliadas.
suinicultura
45
Danisco Animal Nutrition
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
es mucho mas rápida en el sistema
de grupos. El establecimiento de un
buen programa vacunal es fundamen‑
tal para evitar la recurrencia de bro‑
tes de enfermedad, la introducción de
cerdas nulíparas no suficientemente
protegidas puede ser el detonante de
la explosión de un brote agudo.
Las patologías de etiología bacte‑
riana que tienen transmisión oro nasal
son, en los sistemas de bienestar ani‑
mal, las grandes beneficiadas. El con‑
tacto intimo y prolongado en el tiempo
entre las cerdas facilita la diseminación
de los agentes patógenos. producién‑
dose un incremento de prevalencias,
permitiendo y potenciando la coloniza‑
ción e infección de la descendencia. Es
importante establecer un buen progra‑
ma de encalostramiento y control de
los mucosales primarios.
46
suinicultura
Enfermedades bacterianas en las
que la transmisión se realiza por vía
oral son igualmente beneficiadas con
estos sistemas de alojamiento. La in‑
fección por Leptospiras es un claro
ejemplo de esta situación y no debe‑
mos ignorarla a la hora de establecer
programas de control de vectores e
incluirla en el diagnostico diferencial
de procesos reproductivos.
Las enfermedades del tracto di‑
gestivo como son disentería, infeccio‑
nes por espiroquetas y salmonella son
también favorecidas en su presenta‑
ción y diseminación por el modelo de
gestación en grupo, siendo muy favo‑
recidas por la presencia de vectores
como roedores, pájaros etc.
Las enfermedades de la piel ad‑
quieren especial relevancia con el
nuevo sistema de manejo, la presencia
de agentes como Staphylococcus hy‑
cus , Streptococcus y algunos hongos
dermatofitos , en la superficie cutá‑
nea de las cerdas, contribuyen a la
presentación de problemas dérmicos
en lechones lactantes y destetados.
Tiene especial importancia la sarna
como una enfermedad a erradicar en
este modelo.
Las afecciones podales y lesiones
músculo esqueléticas también deben
de incluirse dentro de las patologías
asociadas o potenciadas por el sis‑
tema de alojamiento en grupo.. La
eliminación de cerdas en distintos
estadios del ciclo productivo como
consecuencia de problemas locomo‑
tores se incrementa en las explota‑
ciones con gestaciones libres, siendo
la tasa de eliminación mayor o me‑
nor en función del tipo de diseño del
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
corral y directamente relacionada
con la calidad del suelo. Especial
importancia tiene el drenaje de las
deyecciones existiendo una relación
directa entre el grado de humedad‑
-suciedad del corral con la elimina‑
ción de cerdas y con la perdida de
gestaciones que se traduce en una
disminución del índice de partos.
El hecho de que, consecuencia
del nuevo diseño de las gestaciones,
la cerda se vea obligada a deambu‑
lar para conseguir comida, agua y
un lugar de descanso hace nece‑
sario que los animales dispongan
de una correcta estructura ósea y
muscular. La cría de la futura re‑
productora tiene pues en este as‑
pecto una gran importancia, siendo
en algunos casos necesario revisar
los programas nutricionales y de
manejo de las cerdas jóvenes pres‑
tando especial atención al desarrollo
del aparato locomotor y la fase de
recría a partir de los 60 kg de peso
tiene mucha importancia para evi‑
tar posteriores problemas que pue‑
den presentarse en la cerda adulta.
La pezuña de las cerdas sufre de
manera muy directa las agresiones
relacionadas con el tipo de piso. La
nutrición de las reproductoras debe
de prestar atención especial a las ne‑
cesidades minerales que permitan
mantener la estructura cornea del
casco en buenas condiciones evitan‑
plus
LONGA CONSERVAÇÃO
| LONG DURATION
| LONGUE CONSER
LARGA DURACIÓN
VATION
| LANGE ZEIT VERDÜNN
ER | LUNGA
CONSERVAZIONE
PARA PREPARAÇÃO
E CONSERVAÇÃO DO
SÉMEN DE VARRASCO
FOR PREPARATION
AND CONSERVATION
S
OF THE BOAR SEMEN
POUR LA PRÉPARAT
ION ET LA CONSERVA
TION DE LA SEMENCE
PARA LA PREPARAC
DE VERRATS
IÓN Y LA CONSERVA
CIÓN DEL SÉMEN DE
FÜR DIE VORBEREIT
VERRACOS
UNG UND KONSERVIE
RUNG VON EBERSAME
PER LA PREPARAZIONE
N
E LA CONSERVAZIONE
DEL SEME DI VERRO
www.ibersan.pt
[email protected]
Casal Vale Medo, Apartado
68,
2534-909 Lourinhã - Portugal
Tel. +351 261 416 450
Fax + 351 261 423 389
suinicultura
47
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
do la aparición de grietas y fisuras que
inevitablemente llevan a la invalidez del
animal y a su retirada del sistema de
producción.
Los procesos inflamatorios, que
afectan al aparato locomotor, son
frecuentes en los alojamientos en
grupo. El comportamiento social de
los animales debe de ser objeto de
estudio para evitar errores de diseño
que favorezcan situaciones de stress
y competencia jerárquica que se tra‑
ducen en lesiones músculo esquelé‑
ticas.
Las enfermedades parasitarias
pueden alcanzar su máxima expresi‑
ón en alojamientos en grupo si no se
establecen las oportunas medidas de
control. La puesta en marcha de pro‑
gramas de control debe de hacerse
teniendo el conocimiento completo
del ciclo del parasito y del grado de
infestación de la explotación. La cría
del ganado en confinamiento permi‑
tió durante los últimos años disminuir
considerablemente la prevalencia de
este tipo de patologías, el nuevo mo‑
delo de alojamientos por el contrario
está suponiendo un incremento.
Aquellas explotaciones donde la
transformación a bienestar se esta
realizando mediante la utilización de
parques o corrales exteriores con su‑
perficie de tierra tienen mayores posi‑
bilidades de infestación por especies
de parásitos hasta ahora poco fre‑
cuentes en los cerdos criados en sis‑
tema intensivo. (ver cuadro adjunto)
El control de ectoparásitos debe de
estar también contemplado en los pro‑
gramas antiparasitarios de las explo‑
taciones puesto que por las mismas
razones anteriormente comentadas
se facilita la difusión y transmisión de
estos agentes.
El modelo nutricional y la posibi‑
lidad de establecer nutrición de pre‑
cisión,
permite optimizar los micronu‑
trientes en cada fase de la gestación,
permitiendo predecir los resultados
48
suinicultura
VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções
Kg. Pinso per porc
300
Eficiència alimentaria (Kg. pinso/ 1 Kg. pes viu)
Acumulat Eficiència Alimentaria
20
18,80 18,80
275,43
18
250
16
14
200
12
150
10
115
100
5,76
0
4
2,92
1,85
9,23
6
80
50
28,2
8
1
5
técnicos y económicos en las diferen‑
tes áreas de la producción.
El modelo de bienestar animal
tecnificado permite satisfacer las ne‑
cesidades del consumidor al mismo
tiempo que facilita la viabilidad de las
explotaciones al permitir mejorar su
eficiencia productiva y entrar en la era
de la Eficiencia, valorando de forma
muy positiva, la entrada de todos los
modelos y herramientas posibles de
tecnificación en la fase de producci‑
ón. Esta nueva era iniciada lleva a un
planteamiento mas ambicioso de co‑
nocimiento hasta ahora no estudiado y
basado en las nuevas reglas de com‑
portamiento animal en un contexto de
producción, trazabilidad y garantía de
calidad y sanidad establecidas en la
cadena de alimentación de los países
y economías mas exigentes y sin ol‑
vidar que la producción debe encon‑
trar pequeños nichos de mejora para
poder sacar rendimiento y credibilidad
ante los consumidores que descono‑
cen de forma directa la importancia
que tiene el sector de producción para
garantizar la buena aplicación de las
diferentes normativas implantadas en
europa y que pueden ser referentes de
aquellas sociedades emergentes que
buscan una mayor seguridad y calidad
alimentaria.
En la vida productiva de un animal
hasta el matadero, se diferencian di‑
15
1,56
2,47 2,55
22
2
0
ferentes etapas que debemos consi‑
derar como estratégicas y para ella
hacemos un reparto de kg de piensos
consumido por
animal y fase de
producción. El
pienso necesa‑
rio para produ‑
cir un lechón al
nacimiento se
convierte en el
pienso mas es‑
tratégico para
conseguir
un
buen coste en
el cebadero.
En el cua‑
dro anterior se
puede visua‑
lizar y valorar
el impacto que
tiene la nutrici‑
ón en cada fase
de producción,
siendo la fase
de gestación la
mas indicada
para establecer
un control que
permita mejo‑
rar la homoge‑
neidad, el peso
de la camada y
poder mejorar
los índices pro‑
ductivos en la fase de engorde. Por
tanto, el Bienestar Animal Tecnifica‑
do permite iniciar un nuevo concepto
de mejora basado en la eficiencia ali‑
mentaria y garantizar un buen desar‑
rollo inmunitario, una buena expresi‑
ón genética y una mejora del coste Kg
carne.
Por tanto, el peso al nacimiento, la
mejora de la capacidad de encalostra‑
miento y la mejora de la superviven‑
cia 72 horas de vida, permite diseñar
nuevas estrategias y planteamientos,
donde la eficiencia es el mejor aliado y
la nutrición adquiere un peso decisivo
para las nuevas estrategias.
*Optimal Pork Production
www.oppgroup.com
suinicultura
49
raças autóctones | alentejana
560.ª Feria de San Miguel – Zafra
O
correu entre os dias 3 e 9 de
Outubro de 2013 a 560ª Fe‑
ria de San Miguel y Feria In‑
ternacional Ganadera de Za‑
fra, na mesma cidade da Província de
Extremadura, Espanha.
A ACPA foi convidada para assistir à
entrega de Prémios do XXVIII CON‑
CURSO NACIONAL DE GANADO POR‑
CINO SELECTO IBÉRICO, onde estive‑
ram a concurso os melhores exemplares
R
da raça do nosso país vizinho. A orga‑
nização do concurso esteve a cargo na
nossa congénere espanhola, AECERI‑
BER – Asociación Española de Criado‑
res de Cerdo Ibérico.
Ao contrário dos últimos anos, os
criadores espanhóis apresentavam­‑se
com alegria, devido à melhoria de pre‑
ços que o sector está a atravessar.
Nesta cerimónia de entrega de
Prémios, houve também uma degusta‑
ção de presuntos DOP e IGP espa‑
nhóis e portugueses, onde esteve pre‑
sente um exemplar do nosso Presunto
de Barrancos DOP, com uma qualida‑
de inigualável transformado pela Casa
do Porco Preto (Barrancarnes).
Nesta feira estiveram, também, re‑
presentados animais de outras espé‑
cies pecuárias autóctones e exóticas,
bem como um vasto leque de equipa‑
mentos e produtos agropecuários.
8º Congresso Internacional do
Porco Mediterrâneo
ealizou­‑se entre os dias 10
e 12 de Outubro em Ljublja‑
na (Eslovénia) a 8ª Edição
do Congresso Internacional
do Porco Mediterrâneo.
A ACPA esteve presente no con‑
gresso através da FESERPAE (Federa‑
ção Sul Europeia das Raças Suínas Au‑
tóctones Extensivas), da qual faz parte.
Este congresso é um evento que é
organizado de três em três anos e re‑
presenta uma rede de pesquisadores
que trabalham na área de criação de
suínos nas regiões / países ao redor
do Mediterrâneo.
Foram abordados temas como os
Recursos Genéticos, Alimentação e
Sistemas de Produção, Aspetos Sani‑
tários, Qualidade da carne e dos pro‑
dutos, Redução de sal nos produtos
curados e Desenvolvimento Rural.
Houve ainda oportunidade de visi‑
tar uma exploração extensiva de suí‑
nos autóctones, o Porco Krškopolje e
de degustar Kraški pršut, um presunto
com Indicação Geográfica Protegida.
Escola Agrí. Dinamarquesa visita ACPA
N
o passado dia 4 de Novem‑
bro a ACPA recebeu em Ou‑
rique a visita de 16 alunos
acompanhados de dois pro‑
fessores de uma Escola Agrícola Dina‑
marquesa, a Dalum Landbrugsskole.
Esta instituição constitui um dos
maiores e mais antigos colégios agrí‑
50
suinicultura
colas da Dinamarca, hoje um colégio
internacional moderno para a educa‑
ção agrícola com tradições orgulhosas
e uma atmosfera histórica. Conta com
cerca de 250 alunos e é a maior facul‑
dade agrícola na Dinamarca.
A comitiva encontrava­‑se em Por‑
tugal há alguns dias com o intuito de
conhecer o panorama agrícola portu‑
guês e as suas especificidades en‑
quanto sistema produtivo inserido no
clima mediterrânico.
Naturalmente, tinham grande
curiosidade em descobrir como era
produzido o Porco de Raça Alentejana
e o modo de produção extensiva em
que é produzido, totalmente díspar das
raças e modos de produção habituais
na Dinamarca.
Para tal, foi realizada uma visita a
uma exploração típica produtora de
Porco Alentejano de ciclo completo,
ou seja, foi­‑lhes possível verificar o
modo de parição em sistema de cam‑
ping, animais em fase de recria e as
varas de animais em regime de acaba‑
mento em montanheira.
Entre várias perguntas colocadas
por alunos e professores destacava­
‑se também espanto pela sustentabili‑
dade deste sistema produtivo inserido
no ecossistema montado.
alentejana | raças autóctones
ANCPA – Feira do Montado em Portel
N
o final do passado mês de
Novembro, decorreu como
já é tradição, a Feira do
Montado em Portel. A cele‑
brar a sua XIV edição, a Feira do Mon‑
tado já faz parte dos acontecimentos
do sector do Porco Alentejano.
A ANCPA como parceiro privile‑
giado na organização do evento, não
podia deixar de ter uma forte partici‑
pação, quer através do nosso stand,
quer através de atividades relaciona‑
das com o Porco Alentejano.
Deste modo, a ANCPA teve no es‑
paço da feira o lugar do Porco Alenteja‑
no, stand de informação onde apresen‑
tamos a todos os interessados os
serviços que disponibilizamos, assim
como, diversas fotografias e uma pe‑
quena exposição de presuntos nacio‑
nais.
No dia 29 de Novembro em conjunto
com diversas entidades organizámos as
X Jornadas Ibéricas do Montado, onde
foram debatidos diversos pontos de in‑
teresse sobre o ecossistema Montado.
Nas Jornadas foi também apresentado a
primeira versão do Livro Verde dos
Montados como ferramenta de trabalho,
quer para os produtores e investigado‑
res como para os órgãos de decisão.
No final das Jornadas como já é
hábito degustou­
‑se os produtos do
Montado, enchidos e carne de Porco
Alentejano, destacando­‑se a primeira
prova do Paio do Lombo de Bolota de
porcos escolhidos, acompanhados e
selecionados pela ANCPA que teve
imenso sucesso entre os provadores.
(Na próxima edição teremos um arti‑
go exclusivo sobre as Jornadas Ibéricas.)
suinicultura
51
raças autóctones | bísara
Publicações com Referência à Raça
Bísara e ao Fumeiro de Vinhais
E
ste ano a raça bísara este‑
ve presente em dois lança‑
mentos. O primeiro em
Abril, na 30ª edição da Ovi‑
beja, é uma publicação da DGAV com
o nome Raças Autóctones Portugue‑
sas. O objetivo foi o de compilar toda
a informação, num livro, para divulgar
e caracterizar as 57 Raças Autócto‑
nes existentes em Portugal, das quais
a raça bisara faz parte e que consti‑
tuem um património genético animal
único. Este livro constitui uma refe‑
rência actual das Raças Autóctones
que, sendo oficialmente reconheci‑
das em Portugal, são objecto de re‑
gisto em Livro Genealógico, de acor‑
do com critérios específicos. Assim
52
suinicultura
analisa as diferentes raças de acordo
com os aspectos relativos à origem, à
área geográfica, ao padrão da raça, à
evolução do efectivo, aos sistemas de
produção, às características produti‑
vas e reprodutivas e ao desenvolvi‑
mento, melhoramento e perspectivas
futuras, de forma estruturada por es‑
pécie.
Outro importante lançamento, que
ocorreu no VII Congresso Mundial do
Presunto, foi uma edição dos CTT Cor‑
reios de Portugal, com o nome Sabores
do Ar e do Fogo, da autoria de Fátima
Moura, escritora e perita em gastrono‑
mia e com coordenação de José Quité‑
rio, decano da crítica gastronómica. As
fotografias são da autoria de Mário
Cerdeira. Este lançamento pretende
contribuir para um conhecimento mais
detalhado dos enchidos e presuntos
tradicionais portugueses, suas histó‑
rias e caracterização. Começando
sempre que possível pela respetiva gé‑
nese e enquadramento sociológico e,
em seguida, detalhando as normas es‑
pecíficas de produção que asseguram
a garantia de qualidade e especificida‑
de, e que permitem a atribuição da De‑
nominação de Origem Protegida ou In‑
dicação Geográfica Protegida que os
consagra, hoje em dia, como «Produtos
Artesanais de Qualidade».
Pedro Fernandes
Técnico ANCSUB
bísara | raças autóctones
suinicultura
53
raças autóctones | bísara
A Alheira de Mirandela já é qualificada
com Indicação Geográfica Protegida
A
partir de agora a Alheira de
Mirandela IGP terá de apre‑
sentar, na sua composição,
carne de porco bísaro.
A Alheira de Mirandela
tem, desde 1996,a protecção comunitá‑
ria de Especialidade Tradicional Garan‑
tida (ETG). Este tipo de protecção não
faz referencia a uma origem, mas tem
por objetivo distinguir uma composição
tradicional do produto, ou um modo de
produção tradicional. Quer isto dizer,
em termos práticos, que a Alheira de
Mirandela, desde que cumpridas as exi‑
gências do caderno de especificações,
referentes ao modo de produção, pode‑
ria ser produzida em qualquer lugar.
Conscientes de que esta realidade
estava a prejudicar as vendas, um
grupo de produtores do concelho, com
o apoio da Associação Comercial e In‑
54
suinicultura
dustrial de Mirandela, entrou com um
pedido de registo de indicação geo‑
gráfica protegida, através do Aviso n.º
2259/2006 (2.ª série), de 21 de Feve‑
reiro de 2006, com o objetivo de criar
uma mais-valia para a economia local
e pela defesa da região, do produto e
do bom nome dos produtores.
Sete anos depois, o novo estatuto
foi autorizado pela Comissão Europeia
e confirmado pelo Governo português
no despacho do secretário de Estado
das Florestas e Desenvolvimento Ru‑
ral, Gomes da Silva, publicado a 3 de
Julho em Diário da República.
Além da limitação geográfica, outra
das exigências do caderno de especifi‑
cações é referente à origem da maté‑
ria-prima. Como forma de acrescentar
qualidade e valor ao produto é obriga‑
tório que o modo de produção da Alhei‑
ra de Mirandela IGP utilize carne e gor‑
dura de porco bísaro, ou produto do seu
cruzamento, desde que com 50% de
sangue bísaro. Ou seja, pelo menos um
dos progenitores terá de ser de raça
bisara e inscrito no Livro Genealógico,
tal como descrito no respetivo caderno
de especificações, que diz: “ Entende‑
-se por alheira de Mirandela o enchido
tradicional fumado cujos principais in‑
gredientes são a carne e a gordura de
porco da raça Bísara ou produto de
cruzamento desta raça com as raças
Landrace, Large White, Duroc e Pie‑
train (desde que 50% de sangue Bísa‑
ro), a carne de aves (galinha e ou peru),
o pão de trigo, o azeite de Trás-os‑
-Montes e a banha, condimentados
com sal, alho e colorau doce e ou pi‑
cante. Podem ainda ser usados como
ingredientes a carne de animais de
caça, a carne de vaca e o salpicão e ou
o presunto envelhecidos.”
Sendo a Alheira de Mirandela, um
dos enchidos com maior expressão no
panorama nacional da salsicharia,
com um volume de vendas anual de 28
milhões de euros e um sector que em‑
prega 550 pessoas, facilmente se per‑
cebe a importância que representa
para os criadores de suínos de raça
bisara, que têm aqui mais um canal de
escoamento para os seus animais.
A ANCSUB tudo fará para apoiar
os criadores associados na venda dos
seus suínos às unidades de transfor‑
mação que irão produzir a Alheira de
Mirandela IGP. Por enquanto aguarda‑
mos um contacto da Associação Co‑
mercial e Industrial de Mirandela, para
que possamos dar início a este pro‑
cesso e eventualmente para a possível
formalização de contratos de forneci‑
mento de suínos de raça bisara. Pro‑
metemos também estar atentos à co‑
mercialização deste produto, sempre
na defesa dos interesses da raça bisa‑
ra e dos seus criadores.
Pedro Fernandes
Técnico ANCSUB
notícias
notícias
FPAS
Encontro técnico internacional
dos núcleos de seleção da linha A
da TOPIGS
Nos passados dias 2, 3 e 4 de Dezembro a TOPIGS Internacio‑
nal organizou um encontro com os vários técnicos responsá‑
veis pelo programa de núcleo de seleção da linha A de Portugal,
Espanha e França. O encontro realizou-se na exploração da
Herdade da Fonte Branca – ASLA - e incluiu também uma visi‑
ta ao Centro de Inseminação AIM CIALA.
Os objetivos da reunião passavam por definir e uniformizar os
critérios para a seleção dos varrascos de núcleo da linha A em
todos os países envolvidos e definir os objetivos para os próxi‑
mos anos para o programa genético da linha A da TOPIGS. Para
além disso fez-se um ponto de situação do trabalho realizado
no presente ano nos diferentes núcleos dos três países.
Este encontro foi também uma ótima oportunidade para troca
de ideias entre todos os envolvidos e realçou a importância das
explorações Portuguesas no trabalho de melhoramento genéti‑
co da TOPIGS Internacional.
suinicultura
55
reuniões, congressos e seminários
VI Congresso da S.C.S.
tins, assistimos às seguintes interven‑ Supranumerários” - Engª. Vanda Ma‑
ções:
galhães.
“Fisiologia do parto, da lactação e
No Painel IV, moderado pela Profª.
do desmame” - Prof.ª Vitória Falceto; Paula Azevedo, assistimos a duas pa‑
“ Imunologia – Encolostramento” - lestras:
Prof. Fernando Fariñas;
“A Correlação entre as Caracterís‑
“Patologia da Porca” e “Patologia ticas Maternais no Melhoramento Ge‑
do Leitão” - Dr. Manuel Joaquim e Dr. nético”- Prof. Telo da Gama;
Pedro Carreira.
“A Utilização da Genómica na Se‑
No Painel II, “Nutrição”, foi presidi‑ lecção para Caracteres Reprodutivos”
do pelo Prof. Doutor Bengala Freire - Engº. Marcos Lopes.
tendo como temas:
O Congresso terminou com o Pai‑
ealizou-se nos passados
“Novas Tendências em Alimenta‑ nel V, moderado pelo Sr. Victor Meni‑
dias 15 e 16 de Novembro no
ção” - Prof. Doutor Bruno Silva;
no, Presidente da FPAS no qual o Dr.
CNEMA, o VI Congresso da
“Desequilíbrios Metabólicos na Carlos Martinéz desenvolveu a temáti‑
SCS.
Porca” - Prof. Doutor Alysson Saraiva; ca “Custos e Impacto Económico na
A sessão de abertura, foi presidida
“Novos Desafios na Formulação” - Maternidade”.
Workshop
Pontos
na SCS,
Inseminação Artificial
pelo Presidente
de Críticos
Direcção da
Engº. Pedro Folque.
Durante o Congresso foi apresen‑
Coordenação
- Alfaro
Cardoso
Dr. Alfaro Cardoso,
e foi
em muito en‑
III – Maneio
No Painel III dedicadoPainel
a uma com‑
tada a 1ª Monografia da S.C.S – “Ins‑
riquecida e valorizada pelas presen‑
Presidente
Mesa:
ponente
mais prática, o “Maneio”, e pecção
Sanitária
de Suínos”, da auto‑
Workshop
o laboratório
como suporte
à decisão
ças e intervenções
do Presidente
da
Divanildo
Silva
coordenada pelo Prof. Doutor Divanil‑ ria do Dr. Manuel Joaquim e da Profª.
clinica
Associação dos Eng.os Zootécnicos,
Coordenação - Enric Mateu
do Monteiro, foram tratados os se‑ Madalena Vieira-Pinto e colaborado‑
09.00 - 10.00 – Desenho da nova maternidade e novos
Prof. Doutor Divanildo Monteiro, do
guintes temas:
res.
desafios do BEA – Anita Hoofs
Presidente de Direcção da S.P.C.V.,
“Bem-Estar animal ao
nível
das
Assistiu-se
ainda às Palestras
10.00 - 10.45 – Controlo
Ambiental
da Maternidade (porc
Prof. Doutor Carlos Martins, do Presi‑
maternidades” - Drª. Anita Hoofs;
“Homenagem
Carreira”,
dignifi‑
vs
leitões)
–
Anita
Hoofs
dente da F.P.A.S., Sr. Victor Menino e
09.15 - 09.30 - Sessão de Abertura
“Influência da Homogeneidade das cando a memória do Doutor Rui Bap‑
do Eng.º Pedro Folque em representa‑
10.45
- 11.15 –
Intervalo
Ninhadas Sobre a Ingestão
de Colos‑
tista,
da responsabilidade do Prof.
ção do
da eI.A.C.A..
Painel
I –Presidente
Fisiologia
Sanidade
tro e a Mortalidade dos Leitões” - Prof. Doutor Perestrelo Vieira e
O tema central
deste Congresso
foi
Presidente
da Mesa:
11.15 - 11.45 – Influencia
Homogeneidade
das NinhaDoutor Rui Charneca
“Incentivo da
Jovem
Investigador”, na
o sector da “ Maternidade”.
Carlos Martins
das sobre a Ingestão de Colostro e a Mor
“As Primeiras 48 horas do Leitão” qual o Investigador Doutor Filipe Nu‑
No Painel I, “Fisiologia e Sanida‑
talidade dos Leitões – Rui Charneca
– Dr.ª Joana Monteiro;
nes homenageou o sócio fundador Dr.
09.30
10.00 – Fisiologia
do Parto,
de”, -moderado
pelo Prof. Carlos
Mar‑da Lactação e do Des- 11.45 - 12.15 – As primeiras 48 horas do leitão – Joana
Conde.
mame –Vitoria Falcetto “Desmames Parciais e Gestão de Lino
Monteiro
R
Programa:
Quinta-feira dia 14 de Novembro:
Sábado dia 16 de Novembro:
Sexta-feira dia 15 de Novembro:
10.00 - 10.45 – Imunologia – Encolostramento – Fernando
Farinas
10.45 - 11.00 – Debate
11.00 - 11.30 – Intervalo
12.15 - 12.45 – Desmames parciais e gestão de supranumerários – Vanda Magalhães
12.45 - 13.00 – Debate
13.00 - 14.30 – Almoço
11.30 - 12.15 – Patologia da Porca – Manuel Joaquim
12.15 - 13.00 – Patologia do Leitão – Pedro Carreira
13.00 - 13.15 – Debate
14.30 - 15.00 – Palestra Lino Conde:
Sandro Filipe Nunes
13.15 - 14.30 – Almoço
Painel IV – Genética
Presidente Mesa:
Paula de Azevedo
14.30 - 15.15 – Palestra Rui Baptista:
Rui Perestrelo
Painel II – Nutrição
Presidente Mesa:
Bengala Freire
56
suinicultura
15.00 - 15.45 – Melhoramento Genético (correlação entre
características maternais) – Telo da Gam
15.45 - 16.30 – A utilização da genómica na seleção para
caracteres reprodutivos – Marcos Lopes
15.15 - 16.00 – Novas tendências em alimentação – Bruno 16.30 - 16.45 – Intervalo
Silva
reuniões, congressos e seminários
I Seminário Suinicultura Biológica
A
Escola Superior Agrária de
Coimbra e a Associação In‑
ternacional de Estudantes
de Agricultura e Ciências
Relacionadas realizou o I Seminário
de Suinicultura Biológica na cidade de
Coimbra, evento, esse, que teve lugar
no auditório da ESAC no dia 29 de No‑
vembro de 2013, reunindo vários mo‑
deradores, oradores e mais de 50 par‑
ticipantes.
Por essa ocasião foi também cele‑
brado um protocolo de colaboração e
cooperação entre a ESAC e a empresa
AIM CIALA, S.A. - Centro de Insemina‑
ção Artificial do Litoral Alentejano, S.A.
Estando inserida na região do Lei‑
tão da Bairrada e sendo a ESAC a úni‑
ca instituição de Ensino Superior com
a Licenciatura em Agricultura Biológi‑
ca, tornou-se imperativa a realização
deste evento nesta Escola.
Existindo apenas 42 explorações
de suinicultura biológica certificadas,
foi importante reunir técnicos, produ‑
tores e estudantes e debater os prós e
contras da produção biológica de suí‑
nos em Portugal.
Neste primeiro evento foram, entre
outros, abordados os seguintes temas:
legislação vigente, maneio, sanidade e
certificação do produto final, tendo-se
concluído que ainda há um longo ca‑
minho a percorrer para ultrapassar
certas dificuldades existentes na pro‑
dução de suínos biológicos. Uma for‑
ma de colmatar essas dificuldades
passaria pela criação de um corpo as‑
sociativo que pudesse resolver alguns
impedimentos enfrentados pelos pro‑
dutores. Neste particular a FPAS dis‑
ponibiliza-se a apoiar os eventuais
promotores e a albergar no seu seio
mais uma associação do sector.
Biossegurança
Biossegurança
– Prevenção
– Prevenção
Higiene
Higiene
& Desinfeção
& Desinfeção
ao ao
serviço
serviço
de de
uma
uma
Virkon
Virkon
S S
performance
dede
exceção
exceção
Desinfetante
Desinfetante
Virucida,
Virucida,
Bactericida
Bactericida
e
e performance
Desinfetantes
Desinfetantes
Homologados
Homologados
®
®
Fungicida
Fungicida
de Largo
de Largo
Espectro.
Espectro.
Mundialmente
Mundialmente
conhecido.
conhecido.
Dispensa
Dispensa
mais apresentações…
mais apresentações…
Prophyl
Prophyl
2000
2000
®
®
Tripla Tripla
Associação
Associação
(1 Amónio
(1 Amónio
QuaterQuaternário nário
+ 1 Aldeído
+ 1 Aldeído
+ Clorocresol).
+ Clorocresol).
Conceito
Conceito
ÚnicoÚnico
de desinfeção.
de desinfeção.
Extraordinária
Extraordinária
Eficácia
Eficácia
em presença
em presença
de matéria
de matéria
orgânica.
orgânica.
Septicid
Septicid
®
®
Associação
Associação
Sinérgica
Sinérgica
de 1 Amónio
de 1 Amónio
Quaternário
Quaternário
+ 1 Aldeído.
+ 1 Aldeído.
Desinfetante
Desinfetante
de Eleição
de Eleição
para aplicapara aplicação em
çãoProdução
em Produção
animal,
animal,
Indústrias
Indústrias
agro-alimentares
agro-alimentares
e Transporte
e Transporte
de de
animais.
animais.
I I
I I
I I
I I
I I I I
Instalações
Instalações
Indústrias
Indústrias
agro-alimentares
agro-alimentares
Veículos
Veículos
de transporte
de transporte
de animais
de animais
e de eprodutos
de produtos
alimentares
alimentares
Pedilúvios
Pedilúvios
Rodilúvios
Rodilúvios
Material
Material
... ...
suinicultura
Tel.:+351
Tel.:+351
21 843
21 68
8435068– 50
Fax:
– Fax:
+351+351
21 840
21 32
8401732– 17
E-mail:
– E-mail:
[email protected]
[email protected]
PORTUGAP
LORTUGAL
57
reuniões, congressos e seminários
Os 100 anos da EZN
F
az este ano cem anos que a
EZN se mudou dos terrenos
da Casa Pia em Belém para
a Quinta da Fonte Boa no
Vale de Santarém.
Para recordar essa efeméride os
atuais funcionários decidiram organi‑
zar uma sessão onde se revisitou o
percurso da EZN ao longo desde aus‑
picioso caminho, cabendo-me a mim
descrever o que foi esse percurso na
componente Técnica e Científica.
Para facilitar a apresentação dividi
este longo historial em 3 períodos que
defini como: Até aos anos 50, até aos
anos 70 e até 2007.
Até aos anos 50 era a Coudelaria
Nacional onde o objetivo principal foi a
seleção do cavalo pelo estalão da raça,
pelo aspeto, pelagem, conformidade,
postura, andamentos etc. Era a Zoo‑
tecnia Clássica e nesse domínio e para
a época a EZN foi referência Nacional.
Neste período gostaria de distinguir o
seu último Diretor o Dr. Nazareth Bar‑
bosa.
Entrou-se no segundo período
com a chegada do novo Diretor Dr. Jo‑
aquim da Silva Portugal, até então In‑
tendente de Pecuária de Aveiro e com
ele introduziu-se, de forma sistemáti‑
ca, o estudo das outras espécies pe‑
cuárias, nomeadamente Galinhas, Su‑
ínos, Ovinos e Caprinos e Bovinos. A
58
suinicultura
EZN organizou-se em dois grandes
setores: um tradicional administrativo
para a gestão corrente e um outro
Técnico com os diferentes sectores
orientados para cada uma das espé‑
cies em estudo, apoiado por uma se‑
cretaria especificamente destinada a
registar, desenhar e construir uma
base de dados individual para cada
animal. Era a Zootecnia Clássica mas
já muito orientada para os cruzamen‑
tos industriais (em particular em ovi‑
nos e bovinos de carne) e em criar
raças de síntese de que o porco Fonte
Boa foi um exemplo.
Avançou-se no sentido da funda‑
mentação estatística e da experimen‑
tação, tudo era medido, desenhado ou
fotografado e registado. Prevaleciam
ainda os Concursos Pecuários mas já
havia muita publicação técnico-cientí‑
fica que ainda hoje podemos encon‑
trar nos célebres Boletins Pecuários
da Direção Geral de Veterinária.
Entramos então no terceiro período
que vai da década de 70 e chega a
2007 (extinção da EZN como tal).
Este período coincide com a chegada
do Prof. Vaz Portugal, primeiro como
diretor do Laboratório e depois como
Diretor da EZN. Tendo feito o seu dou‑
toramento em (Abredeen/Escócia)
aposta numa nova abordagem da Zoo‑
tecnia e entra-se na Produção Animal
em que o objetivo não é a estética ou
a morfologia mas sim a produção, o
rendimento e a e eficiência da produ‑
ção. Valoriza-se o produto em quanti‑
dade e qualidade e o seu custo de pro‑
dução.
A EZN sofre uma revolução silen‑
ciosa. Reconvertem-se estábulos e
parques orientam-se as instalações
para a investigação e a experimenta‑
ção, criam-se novos laboratórios fo‑
cados no estudo da fisiologia, da re‑
produção, da nutrição e da genética
molecular. Apetrecham-se estes labo‑
ratórios com equipamento altamente
sofisticado e organiza-se a EZN para
ser uma instituição centrada na Inves‑
tigação e na experimentação mas em
que se cria toda uma logística de apoio
que irá potencializar esse objetivo.
Nascem as oficinas, os serviços agro‑
pecuários, os serviços administrativos
e os serviços sociais.
São criados os Departamentos de
Nutrição e Alimentação, de Genética e
Melhoramento Animal, de Fisiologia e
Reprodução Animal bem como os De‑
partamentos de Experimentação como
sejam os de Ovinos e Caprinos, de
Monogástricos e de Bovinos e como
apoio aos Departamentos são criadas
as Unidades de Investigação nomea‑
damente: Parasitologia, Cirurgia Ex‑
perimental, Fábrica de Rações, Esta‑
tística, Clínica e um Matadouro
Experimental.
Houve uma grande abertura ao ex‑
terior com parcerias estratégicas com
as Universidades de Lisboa, Porto,
Vila Real, Évora e Açores e os Politéc‑
nicos de Viana do Castelo, Viseu, Bra‑
gança, Coimbra, Santarém, Portalegre
e Beja. São estabelecidos acordos de
cooperação com a Associação dos In‑
dustriais de Alimentos Compostos
para Animais (IACA) a Federação Por‑
tuguesa das Associações de Suinicul‑
tores (FPAS) e com todas as Associa‑
reuniões, congressos e seminários
ções de criadores de Raças
Autóctones. Vários seminários se rea‑
lizaram neste âmbito, muitas publica‑
ções técnicas foram produzidos e pro‑
jetos de Investigação/experimentação
foram realizados em parceria.
Internacionalmente a EZN abriu-se à
cooperação com Universidades, Insti‑
tutos de Investigação, Associações
Internacionais como foi o caso do
Centro Internacional de Altos Estudos
Agronómicos e Mediterrânicos (CIHE‑
AM) de Saragoça e a Federação Euro‑
peia de Zootecnia (FEZ).
Muitos trabalhos foram produzidos
e publicados neste período quer de
carater técnico quer científico quer
em revistas de Divulgação quer em re‑
vistas de reputado mérito científico
isto é com “Citation Index”.
Por outro lado a EZN acolheu esta‑
giários de todas as Instituições que
aqui realizaram estágios Profissio‑
nais, de Bacharelato, de Licenciatura,
de Mestrado e de Doutoramento.
Houve contudo um ponto que gostaria
de destacar e que complementa tudo o
que até aqui já foi exposto. Refiro-me
à formação de quadros. Desde muito
cedo o Prof. Vaz Portugal teve a preo‑
cupação de preparar técnicos que, em
diferentes partes do mundo, se espe‑
cializassem nas diferentes áreas da
Produção Animal quer através de Es‑
tágios ou de Programas de Mestrado
ou de Doutoramento. Houve pois a
preocupação de adaptar estruturas,
criar novas valências para I&DE, ad‑
quirir equipamento topo de gama mas
acima de tudo formar gente e criar Es‑
cola.
Este foi talvez o legado mais mar‑
cante que o Prof. Vaz Portugal nos
deixou: uma Escola de Especialistas
nos diferentes sectores da Produção
Animal que não só enriqueceram a
EZN como todas as outras Instituições
Portuguesas ligadas à Produção Ani‑
mal. O exemplo máximo desta preocu‑
pação foi a criação do Mestrado Inter‑
nacional de Produção Animal em
parceria com a Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Técnica
de Lisboa.
Ficou a obra física, ficou o projeto
mas acima de tudo ficou um grupo de
especialistas altamente qualificados
que hoje são Professores, Dirigentes,
Técnicos e até Políticos que são a pro‑
va provada do que foi o Projeto inte‑
grado de criar na EZN um polo de ex‑
celência em Produção Animal.
Abriu-se ao exterior quer para Produ‑
tores quer para o meio Académico.
Apostou sempre na Internacionaliza‑
ção quer através de Projetos em par‑
ceria, na publicação de trabalhos, na
participação em Comissões e na Or‑
ganização de
Reuniões e
Congressos.
Preocupou‑
-se
muito
com o Bem‑
-estar
dos
seus Funcio‑
nários e as‑
sim se criou
um Espirito
EZN feito de
Corpo e de
Alma que tem
sobrevivido
às contingên‑
cias do tem‑
po.
O Corpo
sofre mas a
Alma resiste.
É por tudo
isto que con‑
tinuamos oti‑
mistas.
Fecha-se
um Ciclo mas
certamente
outro virá.
Fazemos
votos
para
que esta efe‑
méride que
agora se ce‑
lebra marque o início de um novo
amanhã que todos desejamos risonho
e próspero.
JMC Ramalho Ribeiro
Investigador Coordenador
Aposentado; Ultimo Diretor da EZN.
suinicultura
59
reuniões, congressos e seminários
25 Anos Eurocereal
A
Eurocereal, empresa portu‑
guesa de nutrição animal,
especializada no fabrico de
pré-misturas e suplementos
nutricionais e serviços associados,
festejou os seus 25 anos de existência
no passado dia 26 de Outubro.
O evento decorreu na Quinta do
Convento, em Vila Verde dos Francos,
e contou com cerca de 150 convida‑
dos, entre os quais representantes da
DGAV, IACA, FPAS, ANEB, associa‑
dos, clientes e fornecedores.
Carlos Vidal, Miguel Leitão e Vítor
Menino, administradores, agradeceram
a presença e a colaboração de todos,
recordando a história, evolução e pro‑
jetos desta empresa que teve a sua ori‑
gem na produção pecuária e, ao longo
da sua existência sempre teve como
enfoque a melhoraria da cadeia de va‑
lor da fileira.
XXXIV Simposio ANAPORC
D
ecorreu em Madrid o XXXIV
Simposio Anual Anaporc,
ponto alto do panorama de
jornadas técnicas do sector
suinícola na Península Ibérica.
Mais uma vez o Ministro de Agricul‑
tura, Alimentação e Meio Ambiente, Mi‑
guel Arias Cañete, fez questão de pre‑
sidir à sessão de abertura durante a
qual afirmou que a suinicultura é um
dos 5 sectores industriais mais impor‑
tantes do país vizinho, ocupando o 1º
lugar dentro da indústria de alimentos e
bebidas com um valor de negócio su‑
perior a 19.000 milhões de euros, tendo
representado em 2012 cerca de 14% no
respetivo PIB agrícola.
Foi igualmente destacado por este
governante que é notória a capacida‑
de exportadora deste sector a qual
atinge a impressionan‑
te cifra de 3.200 mi‑
lhões de euros anuais
sendo já o 3º maior
exportador da UE, logo
a seguir à Dinamarca e
à Alemanha.
Pena é, em Portugal,
não conseguirmos par‑
tilhar este ambiente de
quase euforia vivido
aqui mesmo ao lado e
que permitiu ao Minis‑
tro da Agricultura afirmar que “os pre‑
ços recebidos pelo suinicultor podem
ser considerados como excelentes,
sendo ainda de ter em conta que os fa‑
tores de produção estão com tendência
a baixar, o que pressupõe uma signifi‑
cativa melhoria nos resultados finais.
Queremos mais uma vez expres‑
sar público agradecimento à Direcção
da Anaporc, na pessoa do seu Presi‑
dente Mateo del Pozo, por mais uma
vez ter convidado a FPAS a assistir a
tão importante evento.
Bem hajam por isso.
Dia aberto DGAV
DIA ABERTO
DIREÇÃO-GERAL DE ALIMENTAÇÃO E VETERINÁRIA
DIREÇÃO DE SERVIÇOS DE NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO
27 de novembro de 2013
TAPADA DA AJUDA - EDIFÍCIO 1
60
suinicultura
A
Direção de Serviços de Nutrição
e Alimentação (DSNA) da Dire‑
ção-Geral de Alimentação e Ve‑
terinária organizou o seu pri‑
meiro “Dia Aberto” no passado dia 27 de
novembro, nas instalações da Tapada da
Ajuda, em Lisboa.
Este evento teve como objetivo possi‑
bilitar um melhor conhecimento das com‑
petências e matérias cometidas à DSNA,
permitindo uma melhor comunicação en‑
tre estes serviços e os operadores eco‑
nómicos, comunidade científica e técnica
e entidades oficiais com competências
relativas à alimentação, à nutrição animal
e à nutrição humana.
A FPAS fez-se representar neste evento
pelos seus Presidente e Secretário Geral.
empresas
CAMPIFARMA lança a
primeira vacina para a
“Doença dos Edemas”
A CAMPIFARMA reforça a sua
posição no sector da suinicultura, em
resultado do lançamento da primeira
vacina para a “Doença dos Edemas”
disponível em Portugal – ECOPORC
SHIGA® .
A doença dos edemas é caracteri‑
zada pela presença de estirpes de Es‑
cherichia coli produtoras de Shigatoxina
(STx2e). Geralmente manifesta-se nas
duas semanas após o desmame com a
seguinte sintomatologia característica:
edemas das pálpebras e focinho, ede‑
mas nas cavidades corporais, conges‑
tão intestinal e sintomatologia nervosa.
A ECOPORC SHIGA® é uma vacina
inovadora resultado da investigação
premiada do prestigiado laboratório
Alemão IDT Biologika.
Trata-se de uma ferramenta valiosa
para o médico veterinário, onde a apli‑
cação de uma vacina monodose a par‑
tir do 4ª dia de vida, permite a proteção
durante todo o período crítico.
HIPRA GOLDEN SPONSOR
no “VI Congresso S.C.S.”
HIPRA, a referência mundial em
prevenção, associou-se como Golden
Sponsor ao VI Congresso da S.C.S
que decorreu nos dias 14, 15 e 16 de
novembro e teve as “Maternidades”
como tema principal.
A HIPRA está convencida de que o
futuro é a prevenção. Por este motivo
a maior parte do orçamento em inves‑
tigação e desenvolvimento de novos
produtos destina-se a vacinas.
Temos centro de diagnóstico pró‑
prio por meio do qual fornecemos
serviços técnicos aos nossos clien‑
tes. Somos o único laboratório de
Saúde Animal com uma linha própria
de kits de diagnóstico.
Esta ação fez parte da cam‑
panha de lançamento da UNIS‑
TRAIN® PRRS, que começou em
abril em todos os países da União
Europeia.
A Vétoquinol® lança Forcyl® Swine
numa nova apresentação
Forcyl® Swine é uma inovadora e patentea‑
da solução de 16% de Marbofloxacina. Em Se‑
tembro 2013 a Vétoquinol estendeu as indica‑
ções do Forcyl® Swine à síndrome MMA e
consagra-lhe agora uma nova embalagem de
250ml mais vocacionada aos animais de maior
porte e aos tratamentos de grupo.
Desta forma o Forcyl® Swine pode ser
agora utilizado em todas os períodos produti‑
vos da produção suinícola estando indicado em
síndrome MMA nas porcas, diarreias por E. coli
nos leitões desmamados e processos respira‑
tórios, por P. multocida, em porcos de engorda.
O Forcyl® Swine integra o conceito de anti‑
biótico de ação curta e injeção única (SISAAB)
e a sua aplicação no tratamento das várias pa‑
tologias tem produzido os resultados espera‑
dos, entre os médicos veterinários nacionais,
veiculando níveis de cura estáveis dos animais
tratados.
suinicultura
61
notícias FPAS
Reunião Ad hoc grupo de trabalho
carne de porco do COPA-COGECA
P
or solicitação de vários paí‑
ses e com o acordo do Pre‑
sidente do grupo de traba‑
lho, Eng. António Tavares,
realizou-se no passado dia 2 de De‑
zembro de 2013, uma reunião Ad hoc
sobre o tema “Bem-estar animal”.
Participou na reunião o Presidente da
FPAS, Sr. Vítor Menino.
Foram discutidos os seguintes
pontos:
Implementação da directiva sobre
“Porcas em grupo”
Relativamente ao seu cumprimen‑
to, a Comissão notificou os seguintes:
Portugal, França, Alemanha, Dinamar‑
ca, Chipre, Polónia, Grécia, Bélgica e
Irlanda, tendo praticamente todos eles
garantido que até ao final do ano esta‑
riam a 100%, excluindo alguns casos
pontuais que apontam para o encerra‑
mento definitivo.
Protecção dos porcos, materiais
manipuláveis – corte de rabos
A Comissão quer apresentar guide‑
lines, onde estarão descritos os mate‑
riais manipuláveis cuja utilização pode
levar a evitar o corte dos rabos. Os pri‑
meiros estudos da Comissão, indicam
que o melhor material para o efeito é a
palha. Este tema provocou um grande
debate no seio do grupo, tendo daí re‑
sultado as seguintes conclusões:
1 – A Suécia é o único país que não
corta os rabos e assim quer
continuar.
2 – A experiencia sueca com palha
não é 100% eficaz, pois apare‑
cem no matadouro cerca de
2% de animais com mordedu‑
ras.
3–
Os restantes países pensam
que se deve continuar a cortar
62
suinicultura
o rabo (restringido à parte in‑
sensível do mesmo.
4 – Todos os países aceitam a palha
como material manipulável,
mas acham que é possível utili‑
zar outros, tais como toros de
madeira ou correntes.
Face a esta situação, foi decido
criar um grupo de trabalho, de modo a
fazer um estudo aprofundado sobre o
tema, focando os seguintes pontos:
1 – Qual os materiais que podem
ser aceites
2 – Eficácia dos mesmos no corte
dos rabos
3 – Impacto ambiental no uso des‑
ses materiais
4–
Impacto económico para os
produtores
Este grupo, que deve apresentar o
relatório em 15 de Janeiro de 2013,
será coordenado por Daniel Azevedo,
do COPA-COGECA e composto pelos
seguintes elementos: Margareta Al‑
berg (Suécia), Miguel Higuera (Espa‑
nha), Tadeusz Blicharski (Polónia),
Francois Regis (França) Lizzie Press
(Reino Unido) e Virena Schutz ou Ro‑
ger Fecheer (Alemanha)
Proibição da castração
A Comissão continua com os estu‑
dos no sentido de procurar alternati‑
vas à castração cirúrgica, que pode vir
a ser proibida em 2018.
Nas reuniões tem estado presente,
Miguel Higuera e conseguimos mais
um lugar que vai ser entregue ao re‑
presentante polaco. Vão ser criados
quatro grupos para acompanhar o
problema, no qual o COPA-COGECA
está presente em todos, a saber;
Subgrupo para elaboração dos re‑
latórios finais – Miguel Higuera
Subgrupo para a comunicação –
António Tavares
Subgrupo para o treino e formação
– Margareta Alberg
Subgrupo dos produtos tradicionais
Guia de boas práticas para o transporte
Foi criada uma plataforma com‑
posta pelo COPA-COGECA, UECBV
(matadouros) e as ONG, protecção dos
animais e transportadores europeus
para elaborarem um guia de boas prá‑
ticas em transporte para os porcos
chamado “Fitness on Pig Transport”.
Das reuniões havidas, ressalta o
facto de que todas as partes envolvi‑
das concordam relativamente ao texto,
estando agora a discussão centrada
na apresentação de fotografias ou de‑
senhos dos porcos que não estão em
condições de serem transportados.
A decisão do grupo foi no sentido
de que só deviam ser apresentar de‑
senhos.
Apresentação de um programa
alemão de valorização da carne de
porco Tierwohl.
Foi apresentado um programa ale‑
mão Tierwohl de valorização da carne
de porco, baseado no nível de bem‑
-estar dos porcos. Este programa é
totalmente voluntário.
Os holandeses apresentaram um
programa do género mas com grande
diferença do dos alemães, porque en‑
quanto neste país a grande distribuição
paga voluntariamente a majoração de
preços, na Holanda dizem que pagam
desde que o consumidor esteja dispos‑
to a aceitar os preços mais elevados.
Esta reunião foi, na opinião do Pre‑
sidente da FPAS, muito produtiva,
permitindo ter uma opinião mais fun‑
damentada sobre os destinos que a
suinicultura europeia quer trilhar nos
próximos anos.
notícias FPAS
Reunião do IMPA em Eindhoven
R
ealizou-se em Eindhoven, nos
passados dias 3 a 5 de No‑
vembro, a reunião de Outono
do Informal Meat Producers
Association (IMPA) tendo nela participa‑
do representantes de todos os países que
constituem o IMPA – Holanda, Bélgica,
Dinamarca, Suécia, Alemanha, Áustria,
França, Reino Unido, Espanha e Portugal,
este último representado pelos Eng.os Pe‑
dro Lagoa e António Tavares.
Foram tratados os temas “situação
do mercado” e o “bem-estar animal”,
tendo em relação a este último sido con‑
firmado que todos os países presentes
pensam cumprir com a normativa das
porcas em grupo, até ao fim do ano.
No que diz respeito à castração,
todos os que praticam este tipo de
maneio o fazem recorrendo a aneste‑
sia ou analgesia e estão contra a even‑
tual proibição até 2018.
A Bélgica apresentou um projecto
para constituição de um mercado de
futuros para a carne de porco, com
vista a diminuir a volatilidade dos pre‑
ços. O assunto não mereceu grande
entusiasmo por parte dos presentes
mas mesmo assim, foi decidido, por
proposta da Bélgica, organizar uma
reunião para discutir o assunto.
No que diz respeito ao acordo com
o Canadá e posteriormente com os
EUA e o Japão, foi manifestada grande
preocupação.
Na discussão sobre a etiquetagem,
as opiniões dividiram-se, com os paí‑
ses que são exportadores a pedirem
UE-Non UE e os países importadores,
como Portugal, a pedir menção do país
de nascimento, engorda e abate.
O grupo visitou Swine Innovation
Centre (VIC), da Universidade de Wage‑
ningen, onde foi explicado o estudo so‑
bre bem-estar animal, tendo suscitado
especial curiosidade a experiência com
as porcas soltas nas maternidades.
Este tipo de solução poderá conduzir a
um significativo aumento de área e de
investimento (mais 900€/porca do que
no sistema tradicional).
Foi ainda visitada a indústria de
transformação de carnes Henry Van
de Bilt.
suinicultura
63
Levedura viva para porcas e leitões
presenças institucionais
> Porque os leitões LevuceLL® SB
asseguram um bom retorno do investimento!
Levedura viva para porcas e leitões
Sim! O uso de Levucell® SB é a melhor forma de rentabilizar
a produção.
Levucell® SB garante ao produtor um excelente retorno
do investimento, melhorando os parâmetros zootécnicos
como o número de leitões desmamados, o peso da ninhada
ou a eficiência alimentar.
64 por
suinicultura
Distribuido
:
Tel : +351 243 329 050 - Fax : +351 243 329 055
www.lallemandanimalnutrition.com
© Lallemand - LSB_ADfp_QA1_Por_0413
Por que há leitões que
têm a cauda diferente?
2014
3,4,5 de Abril
VI Congresso da Sociedade Portuguesa de
Ciências Veterinárias
Auditório INIAV – Oeiras, Portugal
8 a 11 de Junho
IPVS 2014 – Congresso Mundial de
Veterinaria
Cancún, México
13/14 de Abril
Gandagro 2014 – Feira Internacional da
Galiza
Silleda (Pontevedra) – Espanha
26 a 28 de Setembro
XXII Feira Nacional do Porco
Montijo, Portugal
30 de Abril a 4 de Maio
XXXI Ovibeja
Beja, Portugal
Para mais informações consulte o
Calendário de Eventos em
www.suinicultura.com
20 a 22 de Maio
VIV Europe 2014
Utrech, Holanda
Youpig
Alimento de iniciação para leitões
A chave do sucesso!
Performance
✓ Estimula o consumo de ✓ Melhora o crescimento
alimento
✓ Altos níveis nutricionais:
✓ Matérias-primas tratadas energia, aminoácidos
termicamente e produtos
lácteos
✓ Aromas e aditivos
específicos
digestíveis e fósforo digestível
✓ Melhoria da digestão:
aditivos selecionados e
enzimas
INVIVONSA Portugal, SA • Zona Industrial de Murtede •
3060-372 Murtede Cantanhede • Portugal
Tel. +351 231 209 900 • Fax +351 231 209 909 •
www.invivo-nsa.pt - [email protected]
Segurança
Estabilidade
✓
✓ Qualidade e seleção de
✓
✓ Controlo das matérias-
Evita problemas de
diarreia
Aditivos específicos
para controlar e reforçar
o equilíbrio da flora
intestinal: ácidos,
oligoelementos e enzimas
The Ar t of Prestar ter Feeds
matérias-primas específicas
primas (fornecedores e
laboratórios)
✓ Gestão do processo de
fabrico
suinicultura
65
Crédito foto: fotolia
Palatabilidade
presenças institucionais
associações
FPAS
Actividades FPAS – 4.º Trimestre 2013
Outubro
08 – Reunião de preparação da nova imagem do portal
www.suinicultura.com
08 – Reunião com Presidente da Fenacam – Feira do Porco
09 – Reunião de Direção FPAS – Sede da Alis, Montijo
10 – Reunião Copa Cogeca – Preços - Bruxelas
16 – Presença no Fórum “Inovação Alimentar ao Serviço do Consumi‑
dor” – Fund. Gulbenkian - Lisboa
17 – Reunião SEAIAA – Grupo de Trabalho “Desburocratização” (Plata‑
forma Peço Português)
17 – Reunião com grupo “Terra e Efleuntes”
17 – Reunião com Direção do INIAV – Qta do Marquês, Oeiras
17 – Reunião da Comissão Organizadora da XXII Feira Nacional do
Porco, Montijo
22 – Reunião com Direção do IFAP - Lisboa
22 – Reunião de Direção da FPAS – Sede, Lisboa
22 – Formação em Segurança no Trabalho – DIAG – Lisboa
23 – Presença nas Comemorações dos 100 Anos da EZN – Fonte Boa,
Vale de Santarém
24/25 – Participação no XXXIV Simpósio Anual Anaporc, Madrid
26 – Presença na comemoração dos 25 anos da Eurocereal
28 – Preparação do Seminário “A Suinicultura e o Ambiente” – Reunião
com Emb. Holanda
30 – Presença na Apresentação do PDR 2014/2020 – INIAV - Oeiras
Novembro
06 – Reunião da Comissão Organizadora da XXII Feira Nacional do
Porco com Pres. Câmara M. Montijo
07 – Reunião de Direção da FPAS – Sede, Lisboa
07 – Participação na reunião “PDR 2014/2020 - Parcerias para a Inves‑
tigação e Inovação” – INIAV, Oeiras
08 – Reunião com IACA e FEPASA - Desburocratização
13 – Plataforma Peço Português – Presença na Comissão de Agricultura da AR
14 – Reunião da Comissão Organizadora da XXII Feira Nacional do
Porco - Montijo
14 – Preparação do Seminário “A Suinicultura e o Ambiente” – Reunião
com “Grandes Grupos” - Montijo
15/16 – Participação no VI Congresso da SCS – CNEMA - Santarém
18 – Preparação do Seminário “A Suinicultura e o Ambiente” – Reunião
com palestrantes Holandeses
66
suinicultura
19 – Seminário “A Suinicultura e o Ambiente” – INIAV - Oeiras
20 – Audiência com o Sr. Secretário de Estado da Agricultura
20 – Reunião de Direção da FPAS – Sede, Lisboa
25 – Reunião com contabilidade – Preparação Orçamento para 2014
27 – P
articipação no “Dia aberto” da DGAV – Tapada da Ajuda, Lisboa
29 – Presença no I Seminário “Suinicultura Biológica” – Esc. Superior
Agrária de Coimbra
Dezembro
02 – Apresentação do Plano de Atividades para 2014 – Reagro, Zoetis
e Merial
03 – Início da preparação do n.º 102 da Revista Suinicultura – Sede
FPAS
04 – Reunião com técnico da DGAV sobre “Destruição de cadáveres”
04 – Reunião de Direção da FPAS – Sede, Lisboa
04 – Reunião de Direção do LGPS – Sede da FPAS, Lisboa
04 – Reunião da Comissão Organizadora da XXII Feira Nacional do
Porco – Sede da FPAS, Lisboa
05 – Reunião do GO – Efluentes – INIAV - EZN
05 – Apresentação do Plano de Atividades para 2014 – Ibersan
06 – Apresentação do Plano de Atividades para 2014 – Vetoquinol
09 – Apresentação do Plano de Atividades para 2014 – Calier, Indukern
e Virbac
11 – Presença nas cerimónias fúnebres e funeral do Dr. F. Carmo Reis
12 – Apresentação do Plano de Atividades para 2014 – Ceva
13 – Apresentação do Plano de Atividades para 2014 – Tterra
13 – Presença na apresentação pública do portal “Agroinfo.pt” – Pegões
17 – Reunião Interprofissional – Sede da APIC
18 – Reunião de Direção da FPAS – Sede, Lisboa
18 – Assembleia Geral da FPAS – Sede, Lisboa
18 – Participação na apresentação da Norma Espanhola – ANCPA – Évora
ZUP/67/MAR/13
OS NOVOS NÚMEROS
DO SEU SUCESSO
NO TRATAMENTO DO CRS
14 1
4
Federação Portuguesa
de Associações de Suinicultores
N.º 102
2013 Out. Nov. dez. 5,00 €
suinicultura
www.suinicultura.com
“A Suinicultura e o Ambiente”
9
Spreading out of solid manur
FPAS organizou seminário em parceria
com Embaixada da Holanda
Unloading liquid manure into a container
EZN comemora
100 anos de existência
MSD Animal Health
Quinta da Fonte - Edif. Vasco da Gama, Nº 19
2770-192 Paço de Arcos – PORTUGAL
Tel.: (+351) 214 465 700 • Fax: (+351) 214 465 724
www.msd-saude-animal.com.pt
FPAS presente
em fóruns europeus
IMPA e Bem estar animal
I Seminário de
Suinicultura Biológica

Documentos relacionados

agenda fpas 2014/2020 - Federação Portuguesa de Associações de

agenda fpas 2014/2020 - Federação Portuguesa de Associações de 102 desta revista, vamos neste número finalizar a publicação das intervenções proferidas no VI Congresso Nacional de Suinicultura (pág. 7 à 16). Aos respectivos autores e aos nossos leitores aprese...

Leia mais