A SuiniculturA e o Ambiente - Federação Portuguesa de
Transcrição
A SuiniculturA e o Ambiente - Federação Portuguesa de
ZUP/67/MAR/13 OS NOVOS NÚMEROS DO SEU SUCESSO NO TRATAMENTO DO CRS 14 1 4 Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores N.º 102 2013 Out. Nov. dez. 5,00 € suinicultura www.suinicultura.com “A Suinicultura e o Ambiente” 9 Spreading out of solid manur FPAS organizou seminário em parceria com Embaixada da Holanda Unloading liquid manure into a container EZN comemora 100 anos de existência MSD Animal Health Quinta da Fonte - Edif. Vasco da Gama, Nº 19 2770-192 Paço de Arcos – PORTUGAL Tel.: (+351) 214 465 700 • Fax: (+351) 214 465 724 www.msd-saude-animal.com.pt FPAS presente em fóruns europeus IMPA e Bem estar animal I Seminário de Suinicultura Biológica editorial OS NOSSOS PROBLEMAS...... .....NAS NOSSAS MÃOS E são muitos aqueles que vamos assumindo e os que va‑ mos ter de continuar a assumir. Feliz Natal e que o Ano de 2014, Temos de enfrentar os desafios e tomá‑los nas nossa mão, não esperando que outros por nós os venham a resolver, por‑ a todos os que a esta atividade direta que esperar que aconteça o que precisamos, é deixar que o e indiretamente se dedicam, tempo corra e que nada mude. bem como aos seus familiares, E precisamos de mudanças, mudanças que estão em nós, no nosso querer, no saber dar as mãos em torno de objetivos traga muitas alegrias como bem comuns, no inconformismo que teremos de perseguir na pro‑ merecemos. cura de soluções e alternativas, e na procura do saber porque os outros são capazes e nós vacilamos. Mudanças que permi‑ tam criar o crédito à atividade, que volte a trazer jovens em‑ presários à suinicultura, porque esta tem de ser uma atividade onde há futuro. Os desafios são constantes, perseguindo‑os com persistência, e exigindo a cumplicidade da Administração saberemos ultrapassa‑los, tornando esta atividade, o orgulho de quem a ela se dedica. Afinal, contribuímos para alimentar a humanidade, respeitando como poucos, as regras que a ela são exigidas, algo mais digno? Esta cumplicidade começa a dar alguns frutos. Baixamos o valor pago no sistema Sirca, onde muito ainda temos para fazer. Temos esperança que o próximo QCA 2014/20 (PDR) contemple a Segmentação de Ciclo na Suinicultura, que nos permitirá resolver os problemas de ambiente e territoriais, proporcionando ainda o redimensionamento das suiniculturas. Cumplicidade na mudança de conceitos que começa a permitir que os efluentes das nossas pecuárias, deixem de ser consi‑ derados um problema e que venham a ser uma oportunidade. Cumplicidade que começa a aceitar que estes tenham como destino final a valorização agrícola, cruzando a oferta com a procura de nutrientes orgânicos para os nossos solos, reduzindo a fatura do adubo químico para a agricultura. Esperança na redução do IMI à nossa atividade já num próximo futuro. Ultrapassamos recentemente e com êxito o Bem‑estar Animal, mas muito temos para fazer, desde erradicação do Aujesky, do eterno REAP, da Diretiva 2008/120/CE, das relações com a GDO, da concentração da oferta das matérias‑primas para a ali‑ mentação animal, etc., etc... Estamos a trabalhar em diversas frentes, desde a formalização do FILPORC, ao projeto Terra e Efluentes, à participação em diversos Grupos Operacionais com o INIAV e a tudo quanto à nossa atividade diz respeito, defendendo os que a ela se dedicam, quer junto da Administração Portuguesa quer junto da UE. Precisamos de recursos financeiros que nos permitam aumentar os humanos de forma a poder acompanhar todos os assun‑ tos que nos dizem respeito. Precisamos da união de todos, porque só juntos ultrapassaremos os desafios com que nos vamos deparando. Orgulho‑me da equipa que dirijo, como se devem orgulhar os Suinicultores Portugueses dos dirigentes associativos que te‑ mos, do seu saber e especialmente da sua entrega e dedicação à nossa causa. O trabalho desenvolvido a eles se deve. Com esta equipa, a união de todos, o abaixamento do custo das proteínas, a manutenção ou até subida do preço médio de venda, teremos num futuro próximo a recompensa pelo nosso trabalho e persistência. Feliz Natal e que o Ano de 2014, a todos os que a esta atividade direta e indiretamente se dedicam, bem como aos seus fami‑ liares, traga muitas alegrias como bem merecemos. A todos uma vez mais BOAS FESTAS, e um FELIZ 2014. Vítor Menino suinicultura 3 presenças institucionais 4 suinicultura suinicultura sumário editorial por Vitor Menino ............................................................................................................. 3 Seminário “A Suinicultura e o Ambiente” Outsider – Carlos Alberto Cupeto .......................................................................................................7 “A Suinicultura e o Ambiente”– Catharina Zwitser ...........................................................................8 Gestão dos Efluentes Pecuários em Portugal – Sales Henriques ..................................................9 Política em matéria de estrume nos Países Baixos – Emar Gemmeke .........................................13 Resumo: Soluções práticas para a gestão de resíduos de Ficha Técnica Revista Suinicultura n.º 102 Publicação da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS) www.suinicultura.com NIPC 501 312 072 Director Vitor Menino [email protected] Sub‑Director A. Simões Monteiro (Médico Veterinário) [email protected] Editor/Redacção FPAS – Av. António Augusto Aguiar, n.º 179, r/c esq 1050‑014 Lisboa Tel.: 21 387 99 49; 91 756 39 01 Fax: 21 388 31 77 [email protected] Pré‑impressão e Impressão Projecção Arte Gráfica, S.A. Parque Industrial da Abrunheira Quinta do Lavi, Armazém 1, 2710-089 Sintra estrume nos Países Baixos – Jaap Uenk .......................................................................................14 Encerrando o ciclo de fósforo (P) e o tratamento de estrume – Oscar Schoumans ...................16 Caso de estudo de Leiria – David Neves .............................................................................................19 O Papel das Explorações Pecuárias para um Desenvolvimento Rural Sustentável – Duarte, E.D.; Fragoso, R.; Carvalho, A. R. ....................................................22 Terras & Efluentes (T&E) –uma mais valia para todos – Simões Monteiro, Olga Moreira, Elizabeth Duarte, Carlos A. Cupeto, Maria João Figueiredo ........................................................25 Segmentacão de Ciclo do Problema à Oportunidade – Vítor Menino .............................................27 VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções Padrões de Consumo Actuais e Tendências Futuras – Ana Isabel .............................................30 Consumo de carnes de suíno: Mitos e Factos – Fernando M. A. Bernardo...............................32 Factores se Produccion Influencia en La Sanidad – Joan Sanmartin.........................................42 raças autóctones | alentejana 560.ª Feria de San Miguel – Zafra......................................................................................................50 8º Congresso Internacional do Porco Mediterrâneo.......................................................................50 Escola Agrí. Dinamarquesa visita ACPA............................................................................................50 ANCPA – Feira do Montado em Portel...............................................................................................51 raças autóctones | bísara Publicações com Referência à Raça Bísara e ao Fumeiro de Vinhais........................................52 A Alheira de Mirandela já é qualificada com Indicação Geográfica Protegida..........................54 reuniões, congressos e seminários VI Congresso da S.C.S...........................................................................................................................56 I Seminário Suinicultura Biológica......................................................................................................57 Os 100 anos da EZN...............................................................................................................................58 25 Anos Eurocereal................................................................................................................................60 XXXIV Simposio ANAPORC..................................................................................................................60 Dia aberto DGAV.....................................................................................................................................60 empresas CAMPIFARMA lança a primeira vacina para a “Doença dos Edemas”........................................61 HIPRA GOLDEN SPONSOR no “VI Congresso S.C.S.”...................................................................61 A Vétoquinol® lança Forcyl® Swine numa nova apresentação......................................................61 Periodicidade Trimestral notícias FPAS Tiragem 2000 exemplares Reunião do IMPA em Eindhoven..........................................................................................................63 ICS/122280 Depósito Legal 48323/91 Sócio nº P‑1154 Reunião Ad hoc grupo de trabalho carne de porco do COPA-COGECA......................................62 próximos eventos...........................................................................................................................65 associações FPAS..........................................................................................................................66 Nota da redação: De acordo com o referido na última revista vamos neste número continuar a publicação das intervenções pro‑ feridas no VI Congresso FPAS (Ver paginas 30/49). Aos respectivos autores e aos nossos leitores apresentamos mais uma vez as nossas desculpas. suinicultura 5 6 suinicultura seminário "A Suinicultura e o Ambiente" outsider Carlos Alberto Cupeto* N a Holanda a legislação e re‑ gulamentos servem para im‑ plementar e desenvolver a suinicultura; em Portugal servem para proibir. Esta é a grande diferença. Este pormenor explica tam‑ bém algo mais profundo, porque somos pobres e eles ricos. Estando de fora do sector, mas aten‑ tos, participámos no Seminário organiza‑ do pela FPAS e a Embaixada da Holanda. Excelente iniciativa, magnífica orga‑ nização, adequado programa e elenco de oradores. O simples e o complexo. Lá, na Holanda, existem todas as con‑ dições naturais para um problema e de‑ senha e implementa‑se uma solução; é simples. O problema vira mais‑valia. Cá, temos tudo para dar certo e complica‑se. O auditório do INIAV cheio, com todas as partes interessadas, de uma plateia participativa e comprometida marcou, desde logo alguma diferença; não são co‑ muns em Portugal eventos deste tipo. Ao longo do dia tornaram‑se eviden‑ tes algumas realidades que todos conhe‑ cemos. Temos um sector bem represen‑ tado e que sabe o que quer. Como se demonstrou, bons técnicos e professo‑ res não nos faltam. Ao longo dos anos os diversos estudos realizados consubstan‑ ciam um sólido conhecimento e saber. No fim, em Portugal tudo se complica quando se deseja operacionalizar, na Holanda é o oposto. Percebemos, claramente que a grande diferença entre Portugal e a Ho‑ landa está na hora do fazer, no afasta‑ mento à realidade. Porquê? Haverão muitas respostas e razões mas estamos convictos que o essen‑ cial é a falta de concertação das dife‑ rentes partes. Designadamente o de‑ sencontro entre o sector e a tutela nos seus diferentes níveis. Na Holanda a legislação e regulamentos servem para implementar e desenvolver a suinicul‑ tura; em Portugal servem para proibir. Esta é a grande diferença. Este pormenor explica também algo mais profundo, porque somos pobres e eles ricos. Ao longo do dia tornou‑se evidente que a sustentabilidade e desenvolvi‑ mento da produção animal em Portugal são possíveis se a atitude dos gabinetes decisores mudar. Ficou no ar a suspeita, talvez a con‑ vicção, que o problema reside essen‑ cialmente no mega edifício da Adminis‑ tração, não no topo, não no Governo, mas antes nas infinitas chefias intermé‑ dias. Infelizmente todos sentimos que o poder e a realização profissional dessa gente, que decide, está no dizer “não”. Em conclusão: i. o efluente tem va‑ lor; ii. é possível mudar o paradigma e virar a página; iii. há que assumir a re‑ alidade do território português (orde‑ namento do território); iv. quem decide tem que assumir se quer extinguir a produção animal em Portugal, ou não – opção política clara exige‑se. O signatário é professor na Univer‑ sidade de Évora há 30 anos e teve fun‑ ções dirigentes no Ministério do Am‑ biente (ARH do Tejo) até Maio. suinicultura 7 seminário "A Suinicultura e o Ambiente" “A Suinicultura e o Ambiente” Catharina Zwitser* A agricultura é um pilar impor‑ tante na economia holande‑ sa. A Holanda produz muitos produtos de origem animal (carne, leite, ovos) para um mercado, maioritariamente, externo. A pecuária holandesa é assim uma das mais intensivas de Europa. A mesma produz mais efluentes do que a agricultura consegue absorver. O uso excessivo de fertilizantes é prejudicial para o ambiente (água e ar) e para a natureza (biodiversidade), pelo que os agricultores são obriga‑ dos a limitar as quantidades aplicadas nas suas terras. Cabe ao governo estabelecer polí‑ ticas que regulem a dimensão desta produção. Este seminário, organizado pela Embaixada da Holanda e a FPAS no passado dia 19 de Novembro teve como 8 suinicultura objectivo a troca de ideias e posições sobre uma pecuária sustentável entre os governos holandês e português, o tecido empresarial e a ciência. Como encontrar soluções para um ‘crescimento verde’ das pecuárias sem impactos negativos para o ambiente? O governo holandês propõe ‑se apresentar a sua política de efluentes pecuárias dos últimos vinte anos as‑ sim como os seus planos para o futu‑ ro, elaborados em estreita colabora‑ ção com os diferentes elos do sector pecuário e o munda da ciência. O governo holandês pretende esta‑ belecer um equilíbrio entre o mercado dos fertilizantes orgânicos, onde a oferta e a procura é igual. A utilização destes materiais como adubos está sujeita a uma estrita re‑ gulação no que diz respeito aos diver‑ sos cultivos. A fim de reduzir a oferta de fertilizantes orgânicos no mercado holandês, foram delineadas três dire‑ trizes que irão ser abordadas neste seminário : 1) A diminuição de nutrientes na forragem; 2) O uso eficiente de nutrientes provenientes de efluentes ani‑ mais através do tratamento dos mesmos e da substituição dos fertilizantes químicos; 3) O tratamento dos efluentes ani‑ mais por forma que permita a exportação. Contámos com uma frutífera troca de ideias e inteirámo-nos das ideias e soluções apresentadas pelas entidades portuguesas. Juntos, poderemos identificar polí‑ ticas e preparar as bases para uma colaboração a nível internacional. * Conselheira agrícola – Embaixada do Reino dos Países Baixos seminário "A Suinicultura e o Ambiente" Gestão dos Efluentes Pecuários em Portugal Sales Henriques* T ema apresentado no Semi‑ nário Suinicultura e o Am‑ biente organizado pela FPAS e a Embaixada da Ho‑ landa em Portugal, Oeiras, 19 de No‑ vembro de 2013, por H. Sales Henri‑ ques, em representação da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimen‑ to Rural. A recente legislação do Regime de Exercício das Atividades Pecuárias (REAP), estabelecido pelo Decreto ‑lei nº 214/2008, e mais recentemente alte‑ rado pelo Decreto‑lei nº 81/2013, bem como pela Portaria nº 631/2009 criou regras para a Gestão dos Efluentes Pe‑ cuários (GEP), não só ao nível da sua produção e armazenagem, mas também ao nível do seu transporte, eventual pro‑ cessamento e/ou utilização no âmbito da valorização agrícola ou outras. A Le‑ gislação REAP e os processos de auto‑ rização das diferentes atividades pecuá‑ rias integram a necessidade do cumprimento, pelas explorações pecuá‑ rias, de diferentes áreas, nomeadamen‑ te a defesa hígio‑sanitária dos efetivos, as normas de bem‑estar animal, a saúde e segurança das pessoas, o ordenamen‑ to do território, mas também a qualidade do ambiente que é induzido pela referida atividade. Para além da legislação REAP, na valorização agrícola dos efluentes pe‑ cuários é necessário ter também em consideração as regras relativas à pro‑ teção das zonas vulneráveis a poluição por nitratos de origem agrícola estabe‑ lecidas pela Portaria nº 164 e nº 259 de 2010, com base no Decreto ‑lei nº 235/87. No conceito de Efluente Pecuário são incluídos não só a excreta dos ani‑ mais – fezes e urinas, mas também os restos alimentares, de camas e as águas de lavagens das instalações e dos equipamentos, bem como outros subprodutos animais e produtos deri‑ vados destes, que sejam utilizados como fertilizantes orgânicos. Assim, todas as explorações pecuá‑ rias e que geram efluentes pecuários (que possuem instalações de aloja‑ mento ou estabulação dos animais, já que a excreta dos animais em pastoreio não é considerado um efluente pecuá‑ rio) são obrigadas ao cumprimento de um conjunto de regras e a promover adaptações nas suas explorações para assegurar estes normativos. Para melhor entender a GEP, é ne‑ cessário ter consciência que numa ex‑ ploração pecuária, existe um Balanço Mineral entre as “entradas” de mine‑ rais contidos nos alimentos, animais, etc. e as saídas equivalente dos “mine‑ rais” retidos pelos animais ou leite produzido e vendidos, os animais mor‑ tos e eliminados, etc. suinicultura 9 seminário "A Suinicultura e o Ambiente" tribuiu com cerca de 55% (154.136 t.) do azoto incorporado no solo em Por‑ tugal no ano de 2012. Tendo em con‑ sideração estes valores, será possível para melhorar estes balanços, redu‑ zindo as necessidades de incorpora‑ ção de azoto pelos fertilizantes inor‑ gânicos. Neste balanço, é necessário ter em consideração nomeadamente o Azoto (N), o Fosforo (P) e o Potássio (K), os principias elementos minerais consti‑ tuintes da excreta dos animais, mas também os principais elementos ferti‑ lizantes. A título de exemplo e segundo um trabalho da USDA, uma exploração de 190 porcas em ciclo fechado, ao longo do ano incorpora na produção (animais substituição e alimentos) cer‑ ca de 59 toneladas (t.) de N e 7 t. de P, mas os animais vendidos desta explo‑ ração representam só cerca de 15 t. e 3 t. N e P respetivamente. Assim, são retidos na exploração e principalmente pela excreta dos animais, cerca de 43 t. de azoto (N) e 4 t. De fosforo (P). Uma parte deste azoto (N) é perdido na ex‑ ploração, principalmente pela volatili‑ zação de alguns elementos (amoníaco, oxido nitroso, odores, etc., problemáti‑ co por prejudicar o ambiente da explo‑ ração e do meio envolvente), mas a grande maioria será retido nos efluen‑ tes pecuários da exploração. Depois na armazenagem, na aplicação no solo e ao nível do solo estas perdas vão con‑ tinuar, por volatilização (para o ar) e / ou por lixiviação (arrastado pela água), em função das condições de armaze‑ nagem, das técnicas e das épocas de aplicação, pelo que só uma parte do azoto dos efluentes pecuários será (re) utilizado pelas plantas, podendo o restante representar poluição do solo, da água ou do ar. O INE, nas Estatísticas Agrícolas de 2012, estimou que o setor de suí‑ nos produziu neste ano, 17.790 tone‑ ladas de N e o sector pecuário, con‑ 10 suinicultura Portugal possui uma população média de cerca de 2 milhões de suínos em cerca de 4.200 explorações com suínos, (segundo Declaração de exis‑ tência suínos 2012), com uma produ‑ ção anual (abates) de cerca de 5,4 mi‑ lhões de porcos. Tendo em consideração a distribuição das explo‑ rações e dos efetivos por distrito, verifica‑se que existe uma carga (Nº de explorações e nº de porcos) muito elevada nos distritos de Leiria, Setúbal e Lisboa, com respetivamente 927/ 501.000, 201/277.000 e 166/250.000 (explorações/porcos). Esta distribui‑ ção, em que a produção suína está muito próxima das populações e longe das explorações agrícolas que pode‑ riam assegurar uma valorização dos seus efluentes é uma situação muito problemática para o sector e que tem de ser encarada. Tendo em consideração a Portaria nº 631/2009, que estabeleceu as re‑ gras de gestão dos efluentes pecuá‑ rios, todas as explorações em que seja prevista (pela tabela do Código de Boa Práticas Agrícolas CBPA), a produção de mais de 200 t. ou 200 m3 de efluen‑ tes por ano, bem como as explorações agrícolas que tenham a perspetiva de utilizar também quantidades superio‑ res a estes valores, têm de desenvol‑ ver e manter atualizado um Plano de Gestão dos Efluentes Pecuários (PGEP). O que é previsto num PGEP, que constitui uma das peças requeridas para o processo de autorização do exercício da atividade, no âmbito do REAP, é que seja estimada a produção dos efluentes ao longo do ano, as es‑ truturas e a capacidade de armazena‑ gem necessária para a referida explo‑ ração em função da sua utilização e/ou destinos previstos. Depois têm de ser indicadas as estratégias que a explora‑ ção pretende desenvolver, nomeada‑ mente se realiza a separação de sóli‑ dos ou outra forma de processamento dos seus efluentes pecuários, e os destinos previstos. Depois, ao longo de cada ano a “es‑ tratégia” tem de ser documentada com registos da produção e dos encami‑ nhamentos realizados, principalmente pela elaboração das Guias de Transfe‑ rência de Efluentes Pecuários (GTEP), no caso de transferir para outros, ou pelo registo no seu Caderno de campo das quantidades aplicadas em cada cultura ou parcela. Por cada ano de exercício deve ser assegurada uma re‑ conciliação (entre a produção e o uso), considerando nomeadamente a produ‑ ção esperada e a que foi efetivamente observada, bem como os destinos (transferências para outros ou a utili‑ zação em valorização agrícola própria, etc.) que foram assegurados (e regis‑ tados ou documentos) ao longo do ano. Com base nestes elementos, o PGEP do ano seguinte deve ser revis‑ seminário "A Suinicultura e o Ambiente" to, (mas não necessita de ser nova‑ mente apresentado ou entregue) e as estratégias e/ou as estruturas de ar‑ mazenamento, etc. revistas para uma melhor adaptação ao próximo ciclo. É necessário ter em consideração que a produção de efluentes pecuários pode ser muito variável entre explora‑ ções, principalmente tendo em consi‑ deração as instalações e as condições de lavagens, consumo e/ou desperdí‑ cio de água, etc., pelo que cada explo‑ ração será sempre um caso, mas exis‑ tem indicadores de amostragem que devem ser utilizados como valores de referência, nomeadamente os que es‑ tão expressos no CBPA ou em outras fontes bibliográficas, não só para os parâmetros de volume, mas também de composição (teores em N, P e ou‑ tros elementos) dos efluentes das ex‑ plorações pecuárias. Assim o PGEP será um processo dinâmico e nunca um processo que se faz um ano e ali fica. A sua atualização terá de ser constante, da mesma forma que se gerem os efetivos e as reposi‑ ções dos reprodutores, as estratégias alimentares, os programas sanitários e muitos outros que constituem o exer‑ cício de uma atividade pecuária. Nas explorações que realizam valo‑ rização agrícola dos efluentes pecuá‑ rios é necessário ter em consideração e conhecer bem o “ciclo do azoto no solo” a partir do momento em que é aplicado ou espalhado, pois este é in‑ fluenciado por um conjunto muito alar‑ gado de fatores. Estes fatores – modo de aplicação, quantidade aplicada, épo‑ ca de aplicação, temperatura ambiente, estado do solo, vento e chuva, etc., condicionam se os elementos minerais e o azoto em particular serão perdidos ou utilizados pelas plantas. Por exem‑ plo, a aplicação superficial de choru‑ mes de suínos em dias quentes e ven‑ tosos e que não seja enterrado de imediato, mais de 50% do azoto amo‑ niacal pode ser perdido em poucas ho‑ ras, por volatilização, causando tam‑ bém um grande desconforto (pelos cheiros) a todos quantos estejam perto do campo em que foi aplicado. Assim grande parte do “valor” do efluente será perdido e com grande impacto para o ambiente. Para desenvolver os PGEP, foi de‑ senvolvida uma aplicação – folha de cálculo (Formulário PGEP) – que per‑ mite responder às necessidades bási‑ 125mm 175mm suinicultura 11 seminário "A Suinicultura e o Ambiente" cas na elaboração dos PGEP, bem como simular diferentes condições para a armazenagem, bem como para a sua valorização, isto é a sua utiliza‑ ção como fertilizante. É necessário ter em atenção que existem diferentes técnicas que per‑ mitem otimizar os PGEP, sendo princi‑ palmente importante a redução dos volumes produzidos (assegurando uma maior concentração de elementos minerais por m3 ou tonelada), bem como os níveis de excreção de alguns elementos minerais. Outra perspetiva que é necessário equacionar é que os efluentes pecuá‑ rios, em função dos elementos mine‑ rais e da matéria orgânica contida, têm um valor fertilizante e assim um valor económico que não é de desprezar. Atualmente, um kg de azoto, fosforo e potássio adquirido em adubo mineral custa respetivamente cerca de 1€, 1,14€ e 0,38€. Tendo em consideração estes valores, pode‑se estimar que os efluentes pecuários produzidos num ano por uma exploração de 100 porcas em ciclo fechado, valem pelo menos cerca de 17.700€, ou seja cerca de 9,3€ por m3, tendo em consideração os va‑ lores de referência de N, P e K que constam no CBPA. Será nesta perspetiva que a suini‑ cultura se terá de posicionar no futuro, considerando os seus efluentes pecu‑ ários como recursos valorizáveis e não algo a “eliminar”. Os efluentes pe‑ cuários quando aplicados nos solos e na fertilização das culturas, são fonte de nutrientes minerais, de matéria or‑ gânica, melhoram a estabilidade do solo e o seu potencial de utilização dos fertilizantes inorgânicos, bem como fonte de fornecimento de água ao solo. No entanto é necessário ter cons‑ ciência que os efluentes pecuários têm riscos, nomeadamente de poluir os recursos hídricos, contaminar as fontes de água de bebida, são fontes de odores, de libertar gazes com efei‑ to de estufa, de meio de propagação de insetos, bem como uma fonte po‑ tencial de disseminação de plantas in‑ festantes, parasitas e alguns agentes de doenças, se manuseados ou aplica‑ dos de forma imprópria. Para obter mais informação para o desenvolvimento dos PGEP e da valorização das culturas com fertili‑ zantes orgânicos e outros, devem ser consultados o Código de Boas Prati‑ cas Agrícolas (CBPA) e o Manual de Fertilização de Culturas, publicados pelo INIAV e que estabelecem os ele‑ mentos de referência para o desen‑ volvimento dos PGEP. Em resumo, no âmbito do REAP, as explorações pecuárias intensivas da classe 1 e 2, têm de incorporar uma maior atenção à gestão dos efluentes pecuários, desenvolvendo um PGEP essencialmente na perspe‑ tiva de valorização agrícola dos efluentes pecuários, minimizando os impactos destes no ar, água, solo, animais e pessoas. Neste sentido, se elementos minerais excretados não forem maioritariamente (re) utiliza‑ dos pelas plantas, o objetivo não terá sido atingido. Tendo em consideração a aplica‑ ção do Decreto‑lei nº 81/2013 (REAP), todas as explorações pecuárias em atividade que sejam consideradas gestoras de efluentes pecuários, de‑ vem apresentar os PGEP, no âmbito dos seus processos de regularização ou de reclassificação das explora‑ ções, até 16 de dezembro e depois assegurar a sua implementação no prazo de mais um ano. Para mais informação consultar a página do REAP, na DGADR, disponível no endereço http://www.dgadr.pt/am‑ bord/reap . 12 suinicultura seminário "A Suinicultura e o Ambiente" Política em matéria de estrume nos Países Baixos Emar Gemmeke* A política neerlandesa em matéria de estrume foca‑se na produção e aplicação de estrume. O objectivo princi‑ pal é prevenir a dispersão de nutrien‑ tes no ambiente e vender o excedente de nutrientes a áreas sem excedentes de estrume, principalmente dentro dos Países Baixos. As regras da UE são usadas como modelo na actual política neerlandesa em matéria de estrume. Para além disso os Países Baixos desenvolve‑ ram uma legislação própria e medidas de estímulo. Em 2009, o governo neerlandês, a indústria agrícola, ONG’s e institutos de investigação comprometeram ‑se com a agenda política de produção de gado sustentável. No quadro desta parceria, todas as partes contribuíram activamente para o objectivo final que era tornar a produção de gado nos Pa‑ íses Baixos completamente sustentá‑ vel até 2023. Um dos objectivos prin‑ cipais deste acordo é resolver os problemas ambientais causados pelo estrume. As vias principais para se reduzir o excedente de nitrogénio e de fosfatos são: Através da alimentação animal. A alimentação animal contendo menos fosfatos resultará em estrume com menor conteúdo de fosfatos; Através da exportação: estrume processado está apto a ser exportado; Através da transformação de es‑ trume em fertilizante mineral (ver re‑ sumo WUR: Oscar Schoumans). Principais leis em matéria de es‑ trume nos Países Baixos Os Países Baixos já deram os se‑ guintes principais passos políticos: 1984 – Direitos de produção (legis‑ lação neerlandesa) – limitou o número de suínos e de aves de capoeira 1984 – Quota leiteira (legislação da UE) – limita a produção de leite 1987 – Acta do estrume (legislação neerlandesa) – direitos de produção de estrume 1987 – Período encerrado para apli‑ cação de estrume (legislação neerlan‑ desa) 1990 –Acta para protecção do solo (legislação neerlandesa) – decreto so‑ bre o uso de fertilizantes 1991 – Directicva sobre os nitratos (legislação da UE) – rede de monitori‑ zação de águas subterrâneas – aplica‑ ção de uma taxa máxima de 170 kg N/ ha/ano – todo o território dos Países Baixos se torna uma zona vulnerável a nitratos 1993‑2006 – Sistema de contabili‑ dade mineral a nível das quintas (le‑ gislação neerlandesa) – Penalização por perdas de nutrientes vegetais 2000 – Directiva do quadro da água (legislação da UE) – qualidade da água de superfície 2007 – Alojamento de baixa emis‑ são de animais em estruturas recen‑ temente construídas (legislação neer‑ landesa) 2014 – Processamento obrigatório de excedentes de estrume (legislação neerlandesa) Regulamentações para Nitrogénio e Fosfato nos Países Baixos Regras de aplicação • Níveis máximos • Aplicação no período vegetativo • Técnicas de baixa emissão •A plica‑se a estrume e fertilizan‑ tes sintéticos •D ependente das condições do solo Reforço • Autorização pelas autoridades locais •R egisto de produção (pecuária, estrume e culturas) •O brigação de reduzir as perdas nutrientes •C onstrução de estábulos de bai‑ xa emissão •D epósitos de estrume livres de emissões •O processamento obrigatório de excedentes de estrume Facilitação governamental Inovação • O financiamento e co‑financiamento de R&D para tecnologias inovado‑ ras de processamento e de gestão de estrume Subsídios e medidas fiscais • Estimular o investimento para no‑ vas técnicas Construir/melhoras as capacidades dos agricultores • Pilotos • Serviços de consultoria • Rede de agricultores *Ministério da Economia, os Países Baixos suinicultura 13 seminário "A Suinicultura e o Ambiente" Resumo: Soluções práticas para a gestão de resíduos de estrume nos Países Baixos Jaap Uenk* H á já 25 anos que a aborda‑ gem da gestão de resíduos de estrumes nas empresas suinicolas nos Países Bai‑ xos está legislada. Durante este perío‑ do a legislação foi ajustada passo a passo, também através da aplicação da directiva europeia em matéria de nitratos, que se traduz nos Programas de Acção Neerlandeses em Matéria de Nitratos. Na prática há três aspectos princi‑ pais a destacar na gestão dos resídu‑ os de estrumes, nomeadamente: Redução da produção de estrume e de minerais na suinicultura através de medidas de gestão; Utilização adequada e distribuição eficaz do estrume para outras zonas agrícolas e para o estrangeiro; Transformação de estrume e ex‑ portação dos produtos finais. Por meio de uma utilização eficien‑ 14 suinicultura te da água (água potável e água para lavagens) a empresa suinicola pode li‑ mitar a produção de estrume e tem me‑ nos custos com o seu escoamento. Através de um uso mais reduzido e mais eficiente de fosfatos na alimenta‑ ção dos porcos (e.o. por meio de fitase) diminui‑se a eliminação de fosfatos no estrume. Para além disso foram toma‑ das medidas nas empresas suinicolas para se limitar a emissão de amoníaco, gases com efeito de estufa, odores e partículas (purificadores do ar). O uso de estrume animal em solo agrícola está limitado por normas de utilização máxima de azoto e fosfatos no estrume, estipulada por lei. O em‑ prego de estrume nos Países Baixos apenas é permitido durante um curto período em cada ano (estação de crescimento). O uso de estrume impli‑ ca obrigatoriamente baixas emissões, i.e. uma fina camada de estrume é in‑ troduzida directamente no solo. Van‑ tagens importantes desta acção são que não há emissão de amoníaco e de mau cheiro e que há uma melhor utili‑ zação dos minerais no estrume. Nos Países Baixos as empresas suinicolas estão concentradas nos terrenos arenosos no este, centro e sudeste do país. As regiões agrícolas que usam o estrume ficam no norte do país e nos polders e no sudoeste. Para se ultrapassar esta distância relativa‑ mente grande (entre 50 a 150 kms) nos últimos 25 anos foi desenvolvida uma nova área de negócio. Estas em‑ presas investiram em camiões‑tanque com equipamento para transporte de estrume (36 toneladas por camião), em armazenagem de estrume nas áreas de produção e em maquinaria para transformação de estrume com baixas emissões. Nos Países Baixos há cerca de 550 empresas especiali‑ zadas em gestão de estrume (trans‑ porte, armazenagem, transformação, exportação). Anualmente em cerca de 800.000 deslocações são transporta‑ dos quase 25 milhões de estrume para utilizadores de estrume nacio‑ nais e internacionais. Para um trans‑ porte adequado durante todo o ano foram construídos armazéns para es‑ trume nas zonas agrícolas. Os inte‑ resses destas empresas são defendi‑ dos pela CUMELA Nederland. Nos Países Baixos vigoram leis rí‑ gidas em matéria do transporte de es‑ trume. A legislação proíbe o transporte de estrume, a não ser que sejam cum‑ pridos alguns requisitos. Estes requisi‑ tos estão relacionados com uma carta de porte obrigatória, GPS/AGR obriga‑ tório no camião ‑tanque, amostra de estrume (automatizada) por carga e pesagem de cada carga de estrume a transportar. Multiplicando os quilogra‑ mas de azoto e fosfatos por tonelada analisados pelo peso em toneladas, sabe‑se quantos minerais das empre‑ seminário "A Suinicultura e o Ambiente" sas suinicolas são transportados. Inicialmente havia alguma oposição por parte dos agricultores em utilizar estrume animal. Quando as vantagens foram conhecidas, o uso de estrume animal aumentou muitíssimo. Por isso a utilização de estrume artificial baixou imenso nos Países Baixos. Nos últimos 30 anos em produções de vegetais cada vez maiores, o uso de azoto des‑ ceu 53% e o uso de fosfatos a partir de estrume artificial baixou mesmo 70%. Os preços do escoamento de es‑ trume para a empresa suinicola estão sujeitos à oferta/procura no mercado livre. Devido à legislação rígida e à grande oferta de estrume em relação com as possibilidades de escoamento, os suinicultores pagam o escoamento do estrume. Isto também tornou pos‑ sível que tenha sido criada uma infra ‑estrutura eficiente para o escoamen‑ to do estrume. Estrume de suínos tem valor como fertlizante. Nos Países Baixos o estrume de suínos vale entre €15 e €19 por tonelada. Os agriculto‑ res dão cada vez mais valor ao estru‑ me e continuam a receber o estrume na terra a um preço muito baixo. Também pela forma eficiente de distribuição do estrume, a transfor‑ mação do estrume de suínos nos Pa‑ íses Baixos ainda quase não existe. Para se limitar a poluição do ambien‑ te e para se desenvolver a exploração de gado, a partir de 1 de Janeiro de 2014 passa a ser obrigatório oferecer uma parte dos resíduos de estrume a uma empresa transformadora de es‑ trume. A transformação de estrume obriga à produção de produtos finais especiais e à exportação de fosfato. Um primeira passo importante na transformação de estrume de suínos é a sua separação numa fracção clarifi‑ cada (muita água e azoto) e numa frac‑ ção sólida (muitas substâncias orgâni‑ cas e fosfato). Estas fracções são em seguida transformadas em água limpa, um concentrado de azoto e potássio (substituto de fertlilizante) e produtos fertilizantes exportáveis a partir da fracção sólida. Contrariamente ao que sucede com a distribuição, a transfor‑ mação de estrume exige investimentos relativamente elevados e tem mais ris‑ cos operacionais. Estima ‑se que a transformação de estrume de suínos para o suinicultor seja por enquanto mais cara do que o escoamento através da distribuição de estrume. Pelo teor relativamente baixo de substâncias orgânicas em terras de cultivo (e.o. por clima quente) a produ‑ tividade do solo nas zonas agrícolas e a produção de vegetais podem melhorar com uma fertlização sustentável com estrume animal. Simultaneamente também o uso de fertilizantes artifi‑ ciais e os custos disso podem baixar muitíssimo. A prova disso foi dada nos últimos 25 anos nos Países Baixos. *Presidente da Secção de Distribui‑ ção de Estrumes CUMELA Nederland suinicultura 15 seminário "A Suinicultura e o Ambiente" Encerrando o ciclo de fósforo (P) e o tratamento de estrume Oscar Schoumans* J á há séculos que a criação ani‑ mal tem sido um sector agrícola importante nos Países Baixos. Um aumento muito forte, espe‑ cialmente na produção de leite, suinico‑ la e avícola, ocorreu durante o período entre 1960‑1990. A partir daí pode dizer ‑se que o nível de produção estabilizou ou mesmo baixou devido a vários cons‑ trangimentos impostos pela política agro‑ambiental. O aumento da produção animal foi possibilitado através de diver‑ sos desenvolvimentos tecnológicos e de mercado, incluindo a importação de fertilizantes e de grandes quantidades de alimentos para animais do estrangei‑ ro, através do Porto de Roterdão. Hoje em dia, cerca de 76% da importação to‑ tal neerlandesa de fósforo são recursos para a agricultura (65% alimentação e 11% fertilizantes). Apenas 45% do total de fósforo importado é exportado como produto. Consequentemente, 55% do fósforo importado fica acumulado nos Países Baixos, principalmente na for‑ ma de estrume animal (33%) e de de‑ tritos domésticos e industriais (22%). No passado, a maior parte do estru‑ me animal era aplicado em solos agrí‑ colas, o que fez com que se excedes‑ sem os nutrientes necessários para as culturas em crescimento. Isso condu‑ ziu a um enriquecimento nutriente de solos agrícolas e a crescentes perdas de nutrientes para a atmosfera, águas subterrâneas e de superfície. Em res‑ posta à cada vez maior consciência das consequências ambientais da produção animal intensiva, a partir de 1985 foi implementada uma série de medidas políticas agro ‑ambientais (política em 16 suinicultura matéria de estrume) que incluem limi‑ tes para a aplicação de estrume. Estes limites à aplicação de estrume foram sendo reduzidos lentamente durante os últimos 25 anos e em sua consequên‑ cia, o espaço para aplicação de estrume em solos agrícolas diminuiu. Quintas de produção animal com uma população animal elevada têm de exportar cada vez mais estrume animal para quintas que tenham “espaço para aplicação de estrume”, i.e., quintas sem animais (quintas aráveis e hortícolas) ou quintas com uma baixa densidade ani‑ mal. O custo económico do escoamento de estrume foi aumentando durante os últimos 25 anos, devido ao seu volume cada vez maior, bem como à distância do transporte do estrume. Também, quintas que aceitam estrume animal es‑ tão agora em posição de solicitar uma aceitação de estrume gratuitamente. Foi criado um mercado para o estrume, onde os custos do escoamento do es‑ trume dependiam da oferta e da procu‑ ra de estrume. E o valor do estrume ao longo dos anos é cada vez baixo. Evi‑ dentemente, o crescente custo do esco‑ amento de estrume ameaça a rentabili‑ dade económica e a competitividade das quintas com produção intensiva de gado. Foi sugerido que é necessário haver uma reviravolta na maneira de pensar, nomeadamente através de uma abor‑ dagem mais orientada para o mercado, em cooperação com indústrias asso‑ ciadas, que possam distribuir produtos derivados do estrume. A oferta e a pro‑ cura de produtos derivados do estrume têm de estar em equilíbrio. O foco está no fosfato, porque a previsão indica que, até 2015, cerca de 40 milhões de quilogramas de fosfatos têm de ser retirados do mercado do estrume nos Países Baixos, principalmente devido à redução dos limites para aplicação de fosfatos para solos agrícolas. A pedido do Ministério da Economia dos Países Baixos, a Wagening UR fez um inventário de possíveis inovações que potencialmente poderão contribuir para a redução drástica da pressão no mercado do estrume (Figura 1). Como primeiro passo, a importação de fos‑ fato para fins agrícolas pode diminuir sem grandes custos, através da redu‑ ção do uso de fertilizantes de fosfato inorgânico, bem como através da re‑ dução do conteúdo de fosfatos na ali‑ mentação animal (também através de bio‑purificação dos ingredientes da ali‑ mentação para o gado) (rotas 1 e 2). Em segundo lugar, a exportação de produ‑ tos contendo fosfatos tem de aumen‑ tar, também através da recuperação de fosfato de estrumes e de detritos (rota 6 em combinação com a rota 3). Em terceiro lugar, o uso de fosfatos prove‑ nientes de estrume nos Países Baixos tem de ser optimizado (rotas 4 e 5 em combinação com a rota 3). O estatuto e a aplicação prática das intervenções variam. Aqui seguem, em resumo, os resultados principais. (ver Figura 1) Reduzindo o conteúdo de fósforo na alimentação animal A redução em 20% do conteú‑ do de fósforo na alimentação animal oferece as melhores prespectivas para uma diminuição substancial da carga de estrume. As necessidades seminário "A Suinicultura e o Ambiente" Figura 1 de fósforo dos animais variam con‑ ção tão modesta do nível de fósforo forme a sua categoria (Van Krimpen na alimentação animal tem um im‑ e.o., 2010). Tecnicamente, uma redu‑ pacto limitado no preço da alimenta‑ ção em 20% no conteúdo de fosfatos ção animal (<4%) e não tem efeitos na alimentação animal é possível a negativos no desempenho, saúde ou AF_raporal_anuncio_148x210mm.pdf 1 redu‑ 30/09/13 fertilidade 16:47 curto prazo. Além disso, uma animal. Bio‑purificação Através da bio‑purificação, o ciclo alimentação‑estrume pode ser optimi‑ zado, porque a composição da alimen‑ tação pode ser melhor gerida e a quan‑ tidade de fósforo de digestão fácil pode ser aumentada em relação à quantidade total de fósforo na alimentação animal. Desta forma a importação de fosfatos pode ser reduzida sem consequências negativas para a criação de gado inten‑ siva. Experiências preliminares numa escala laboratorial mostram que é tec‑ nicamente possível e não tem custos separar fosfatos, proteínas e potássio dos recursos alimentares em bruto (Meesters e Sanders, 2010). Separação de estrume Devido à redução gradual dos níveis para aplicação de nitrogénio e fosfatos, um número cada vez maior de criado‑ res de gado leiteiro não será capaz de suinicultura 17 seminário "A Suinicultura e o Ambiente" da Água dos Países Baixos, Ministérios e a Universidade de Wageningen) foram investigadas cinco rotas principais num estudo explorativo: Tratamento de fracções líquidas de estrume separadas mecanicamente em combinação com tratamento de esgotos e água suja na WWTP. Incineração do estrume molhado em combinação com lodo de esgotos numa estação de incineração e recuperação de fósforo das cinzas para fornecimento a indústrias de fósforo (indústria de fer‑ tilizantes a partir de fosfatos e indústria produtora de fósforo). Secagem e exportação de produ‑ Figura 2: Rotas para recuperação de fósforo de estrume animal como fonte para a indús‑ tos orgânicos. tria e a agricultura Incineração de bolo de estrume seco em combinação com outros re‑ escoar todo o estrume animal nas suas Recuperação de fósforo e fosfatos quintas e por isso tem de exportar es‑ A curto prazo, o excedente nacional cursos orgânicos também como fonte trume. O uso de fracções de estrume de fosfatos pode ser reduzido substan‑ para as indústrias consumidoras de com diferentes quantidades de nitrogé‑ cialmente através das intervenções 1 a fósforo. Re‑processamento de bolo de estru‑ nio para fosfato pode aumentar a fertili‑ 5, mas não irá reduzir o excedente de me seco para a biochar de fósforo. (ver zação precisa, onde os agricultores têm forma suficiente. Através da recupera‑ de exportar menos estrume. ção de fosfato do estrume animal como Figura 2) Os estudos exploratórios da Wage‑ Técnicas de separação podem sepa‑ fertilizante de fosfato, de fósforo bio‑ rar o lodo do gado numa fracção líquida char e elementar, o excedente de fosfa‑ ningen UR mostraram que o excedente que é rica em nitrogénio e que muitas to pode continuar a ser reduzido. Estas de fosfatos neerlandês pode diminuir vezes pode ser aplicada no próprio solo rotas necessitam de uma abordagem através de uma combinação de medidas. agrícola e numa fracção sólida que é re‑ integrada de separação de estrume e Algumas destas medidas podem ser im‑ lativamente rica em fosfatos e deve ser técnicas de processamento com parti‑ plementadas muito facilmente num prazo exportada. O reduzido volume da fracção cipação activa de muitos stakeholders, curto, enquanto outras precisam de in‑ sólida molhada irá custar menos dinhei‑ porque a recuperação de fosfatos do vestimentos significativos e negociações ro no transporte. Técnicas de separação estrume animal necessitam de inves‑ institucionais. As opções “que estão à simples são relativamente baratas e facil‑ timentos significativos (Schoumans mão de semear” deveriam ser aplicadas mente aplicáveis (Schröder e.o., 2009). e.o., 2010). Espera‑se que estas rotas em primeiro lugar. São necessários inv‑ tenham o necessário potencial para se centivos para motivar fornecedores e/ou Concentrados minerais atingir um “equilíbrio zero” para o equi‑ consumidores a curto prazo. Além disso, a divulgação dos resultados dos estu‑ Através de uma combinação da se‑ líbrio input‑output nacional de fosfatos. paração do lodo de animais e osmose De um ponto de vista técnico e dos entre os stakeholders é importante. reversa da fracção líquida, podem ser custo‑benefício, há muitas oportunida‑ É igualmente importante que as auto‑ produzidos os assim ‑chamados con‑ des para recuperação de energia, fós‑ ridaes nacionais facilitem na totalidade centrados minerais. A abordagem foi foro e outros nutrientes de estrumes do processo e apoiem os actores com a desenvolvida de modo a substituir a apli‑ animais através de vários cenários de investigação que é necessária para im‑ cação de nitrogénio fertilizante por con‑ tratamento. A Figura 2 dá um panorama plementar o processamento de estrume centrados minerais (Velthof e.o., 2010). das opções da recuperação de fósforo de modo a que os valiosos recursos de Esta técnica não irá reduzir o equilíbrio a partir de lodo suíno. Em cooperação fosfatos sejam produzidos para o sector de fosfatos, mas ajudará à transforma‑ com entidades colaborantes (organiza‑ agrícola arável e para as indústrias que ção de estrume subsequente, especial‑ ções de agricultores, indústria de ferti‑ dependem dos recursos de fósforo. mente quanto à reutilização e proces‑ lizantes, indústrias de tratamento de re‑ samento da fracção líquida do estrume. síduos, união das Direcções da Gestão *Alterra Wageningen UR 18 suinicultura seminário "A Suinicultura e o Ambiente" Caso de estudo de Leiria David Neves E nquadramento Leiria é uma das regiões do país onde a suinicultura assume u papel de grande relevo, no tecido socioeconómico da região. O seu desenvolvimento deu ‑se essencialmente a partir de mea‑ dos da década de 70 do seculo passa‑ do e atingiu o seu auge nos finais da década de 80, ate meados da década de 90 do século passado. As condições que contribuíram para o aparecimento e desenvolvi‑ mento deste sector nesta região, fo‑ ram o facto de ser uma zona com forte tradição no comércio de porcos e, após a década de 70, o plano de erra‑ dicação da peste suína africana que condicionou a circulação de animais no território nacional e consequente‑ mente o comércio de porcos e ainda os acontecimentos do pós 25 de Abril, de 74, com o regresso dos portugue‑ ses das ex‑colónias. O país tinha ne‑ cessidade de aumentar os seus níveis de auto aprovisionamento e de empre‑ gabilidade. Na região, caracterizada por uma agricultura de subsistência, com dimensão média da propriedade muito reduzida, foi estimulada a pro‑ dução pecuária. Em 2007, seguindo as orientações políticas do governo da altura, foi defi‑ nida a Estratégia Nacional para os Efluentes Agro ‑pecuários e Agro ‑industriais, conhecida por ENEAPAI. Esta estratégia dividiu o país nos de‑ signados núcleos de ação prioritária, NAP, tendo região de leiria constituído o NAP 8, que in‑ tegra os conse‑ lhos de Pombal, Leiria, Marinha Grande, Batalha e Porto de Mós. Esta região, que representa cerca de 15% da produção nacio‑ nal, carateriza ‑se por um uni‑ verso de pequena e medias explo‑ rações, sem terra associada. O efe‑ tivo médio das explorações é de pouco mais de 400 animais. O conselho de Leiria é o que as‑ sume maior rele‑ vância no sector, cerca de 68% e é também o que dispõe de menor área agrícola/ex‑ ploração. A região tem uma forte depen dência social e económica do setor, pois estima‑se que dele depen‑ dam mais de 4000 postos de trabalho (direto e indireto) suinicultura 19 seminário "A Suinicultura e o Ambiente" Efectivo Suinícola do NAP 8 O Problema – 1 O problema, assenta no facto des‑ tas cerca de 600 explorações, de pe‑ quena e média dimensão, com siste‑ mas de tratamento inexistentes ou ineficientes, sem terra associada, que se encontram próximas de aglomera‑ dos urbanos, produzem cerca de qui‑ nhentos mil metros cúbicos de efluen‑ te por ano, o que equivale a cerca de mil e quatrocentos metros cúbicos de efluente por dia. partilha de sinergias permite soluções mais eficientes e a mais baixo custo. Desenvolveram‑se ações de Sen‑ sibilização dos Agentes do Setor, levando ‑os a Refletir sobre as suas responsabilidades individuais e coleti‑ vas, tornando‑os parte da solução. Foi esta ação que levou, no final de 2003, á constituição da Recilis, empresa em que o capital é detido em 99% pelos suinicultores e cujo objetivo visa a im‑ plementação de uma solução de ges‑ Considerando a atual legislação seriam necessários mais de 16 325 hectares de agricultura a produzir mi‑ lho para valorizar todo o chorume de suinicultura produzido na região. tão e tratamento dos efluentes da sua área de intervenção. Desenvolveram ‑se ainda ações de Sensibilização do Poder central e Local, levando‑os a reconhecer a importância socioeconómica do sector e a promover a cooperação entre os ministérios da agricultura, ambiente, economia e autar‑ quias. Deste trabalho resultou a partici‑ pação dos municípios, embora que sim‑ bólica (1%), no capital da Recilis e á assinatura de vários protocolos. O envolvimento do poder central e local, contribuiu também para o reco‑ nhecimento da Recilis como entidade gestora, tendo‑lhe sido atribuída uma licença coletiva, que permitiu desen‑ volver e aplicar um plano de gestão integrada dos efluentes, na região. Ação/Solução Tendo em conta a realidade local, após um trabalho de estudo e caracte‑ rização do setor, com georreferencia‑ ção das explorações pecuárias e vali‑ dação do efetivo pecuário. Foi feita ainda a identificação de outras ativida‑ des agrícolas e agroindustriais produ‑ toras de efluentes e com necessida‑ des de solução, matadouros, lagares de azeite etc. Foi desenvolvida uma estratégia que assenta numa Aborda‑ gem Integrada do Problema, pois a 20 suinicultura A Recilis foi criada com o propó‑ sito de Resolver o Impacte Ambien‑ tal do Sector nas Bacias Hidrográfi‑ cas dos Rios Lis e Lena, desenvolvendo e implementando uma solução integrada para o trata‑ mento dos efluentes de suinicultura. A logica do projeto Recilis tem se assentar numa logica que garanta a sua sustentabilidade, nas vertentes técnica, ambiental e económica. Do ponto de vista da sustentabi‑ lidade técnica e ambiental é im‑ prescindível assegurar a Proteção ambiental, através do tratamento dos efluentes, a Reciclagem de nu‑ trientes, com valorização agrícola dos efluentes tratados, Produção energé‑ tica, com a produção de Biogás, para Produção de energia Elétrica e ainda Redução de gases de efeito de estufa. Na vertente de sustentabilidade económica a solução tem de garantir uma tarifa que o setor possa pagar (desde sempre se assumiu que a solu‑ ção não é solução a qualquer preço) e promover a aplicação do princípio do POLUIDOR‑PAGADOR. A grande missão da Recilis é Ga‑ rantir a Continuidade do Sector na Região. Solução Intermédia De Agosto de 2004, altura em que foi emitida á Recilis a licença coletiva, a 31 de Dezembro de 2009, a Recilis im‑ plementou e executou um plano de ges‑ tão de efluentes, que passava pela veri‑ ficação e validação das condições de descarga em meio hídrico, das explora‑ ções que demonstravam ter capacidade técnica para cumprir os parâmetros exigidos pela legislação vigente. Proce‑ dia á recolha e transporte de efluentes desde as explorações até aos terrenos agrícolas, promovendo a valorização agrícola dos efluentes. Registou em base de dados toda a movimentação de efluente entregue para sua gestão. Depois de 1 de Janeiro de 2010, com o aparecimento do REAP e da seminário "A Suinicultura e o Ambiente" nova portaria de gestão de efluentes (portaria 631/2009), a cada suinicultor passou a gerir o seu efluente, assegu‑ rando a Recilis, através da sua partici‑ pada Ambilis, o transporte do efluente até destino adequado. Valorização agrícola ou ETAR norte. O Problema – 2 Para além a dos efluentes que se produzem diariamente na região, um dos principais problemas que tem contribuído para a implementação de‑ finitiva da solução, é a falta de estraté‑ gia do país para o setor e para a re‑ gião. Tem‑se assistido a um clima de sucessivos avanços e recuos, variado em função dos atores políticos do mo‑ mento. Passaram cerca 14 anos desde a assinatura do primeiro protocolo, e depois desse já se assinaram mais 5. As cerca de 600 explorações sui‑ nícolas, os mais de 4000 postos de trabalho e os cerca de 500 000 me‑ tros cúbicos de efluentes produzidos precisam de solução a curto prazo. É tempo de fazer e acreditamos estar numa fase do processo que pode chegar á solução final. O Futuro O futuro passa necessariamente pela construção de uma estação de tratamento e pela implementação de um modelo de gestão e valorização dos efluentes, que permita responder em todas as vertentes às necessida‑ des do setor e da região. Importa ain‑ da proceder á alteração do modelo produtivo, evoluindo para o conceito de “Segmentação de Ciclo”, desloca‑ lizando fazes do processo produtivo, fomentando a especialização dos re‑ cursos humanos, melhorando o esta‑ tuto sanitário das explorações, obten‑ do um desempenho ambiental mais sustentável, aumentando a produtivi‑ dade das explorações e reduzindo o efluente produzido. Leiria pode in‑ questionavelmente continuar a produ‑ zir porcos, contribuindo ainda mais para os objetivos nacionais de autos‑ suficiência, em valor, a 2020. suinicultura 21 seminário "A Suinicultura e o Ambiente" O Papel das Explorações Pecuárias para um Desenvolvimento Rural Sustentável A produção animal intensiva, nomeadamente a produção suinícola, é uma das ativi‑ dades com um papel rele‑ vante para o desenvolvimento econó‑ mico do País. No entanto, o setor tem vindo a enfrentar enormes desafios no sentido de dar cumprimento às crescentes exigências legais, de mi‑ nimização do seu impacte ambiental, não comprometendo a sua competiti‑ vidade no mercado global. De fato, se o setor não implementar uma gestão 22 suinicultura misados gerados nas explorações pe‑ cuárias como sub-produtos com valor agronómico/energético. No contexto Nacional, em que os solos são maiori‑ tariamente pobres em matéria orgâni‑ ca, a valorização agronómica constitui uma meta prioritária, aportando nu‑ trientes (nomeadamente NPK). No entanto, para que a sinergia sub-produtos/área agrícola seja viá‑ vel, fechando-se o ciclo de nutrien‑ tes, há que garantir a qualidade do Figura 1 - Roadmap para uma produção chorume/tamisados, caso contrário suinícola sustentável. não haverá adesão por parte dos adequada dos efluentes/resíduos ge‑ agricultores à adoção deste tipo de rados pode contribuir de forma signi‑ prática. Neste sentido, para as regi‑ ficativa para a poluição do ar (gases ões onde a produção suinícola é mais com efeito de estufa - GEE - e amoní‑ relevante sob o ponto de vista eco‑ nómico, ambiental e social, deverá aco), água e solo. Deste modo, importa dinamizar proceder-se a estudos de campo para abordagens estratégicas que permi‑ avaliar os tipos de explorações mais tam tornar as explorações pecuárias representativas (atuais e tendências eco-eficientes, promovendo a otimi‑ futuras), de modo a definir fatores de zação dos recursos e minimizando os consumo de água e energia, fatores impactes ambientais associados. Para de produção de chorume por unidade a implementação de um plano de de‑ animal/dia e estabelecer uma gama senvolvimento rural sustentável, para de valores para os principais parâ‑ além das estratégias de mitigação metros de caracterização físico-quí‑ de emissões, o caminho a percorrer mica dos sub-produtos. Percorrida deverá passar por uma alteração de esta primeira etapa, deveria validar‑ paradigma, encarando o chorume/ta‑ -se junto das entidades envolvidas seminário "A Suinicultura e o Ambiente" suinicultura 23 seminário "A Suinicultura e o Ambiente" nesta temática, o mapeamento das suiniculturas e da superfície agrícola disponível, de modo a cruzar a ofer‑ ta com a procura, elaborando-se um Plano de Ornamento da Atividade Sui‑ nícola (POAS) que poderia constituir uma ferramenta de suporte à decisão de políticas para o sector, nomeada‑ mente no plano de desenvolvimento rural (PDR) (Figura 2). Em Portugal, ao longo dos anos, têm-se efetuado inúmeros estudos que, com diferentes abordagens, vi‑ sam contribuir para a resolução dos problemas associados ao desempe‑ nho ambiental das explorações sui‑ nícolas. Vários projetos de âmbito Nacional e Internacional, envolvendo a comunidade científica, associa‑ ções de produtores e administração central, têm sido desenvolvidos. Im‑ porta agora integrar o conhecimento adquirido pelos grupos de trabalho/ intervenientes no setor, de modo a validar e enriquecer o estado atual do conhecimento e suportar a “caminha‑ da para o futuro”. A título de exemplo, pode refe‑ rir-se o projeto BATFARM (Evalu‑ ation of Best Available Techniques to decrease air and water pollution in animal farms), do Programa In‑ terreg Espaço Atlântico 2010-2014, cujo consórcio está a desenvolver um software que visa dar suporte à seleção de Melhores Técnicas Dis‑ poníveis (MTD) para a mitigação das emissões para o ar e água, a Figura 1-‐ Engrenagem para a definição do POAS. Figura 2 – Engrenagem para definição do POAS implementar nas explorações, dan‑ do cumprimento ao estipulado na Diretiva Prevenção e Controlo In‑ tegrados de Poluição (PCIP) – DL nº 173/2008, de 26 de Agosto. Esta ferramenta pode ser muito útil, desde que cada País desenvolva simultaneamente o POAS, de modo a no futuro não comprometer a sustentabilidade da atividade. O desafio atual que se coloca, é o de motivar os vários atores do setor a contribuir para estabelecer uma visão integrada dos resultados alcançados nos vários projetos de‑ senvolvidos, complementando as lacunas de conhecimento com estu‑ dos de campo que permitam propor soluções, técnica e economicamente viáveis, que possibilitem ultrapassar os desafios ambientais com que o setor se vê presentemente confron‑ tado. “Fechar” o ciclo de nutrientes transformando a pecuária intensiva num ciclo virtuoso! Agradecimentos Os autores agradecem à organiza‑ ção do Seminário “Suinicultura e Am‑ biente”, nomeadamente à Conselheira para a Agricultura da Embaixada do Reino dos Países Baixos e à equipa de direção da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores, pelo convite que nos foi endereçado. A informação apresentada refe‑ rente ao desenvolvimento do projeto BATFARM (Programa Interreg Espaço Atlântico) insere-se no âmbito das ati‑ vidades de disseminação/divulgação. Duarte, E.D.; Fragoso, R.; Carvalho, A. R. Instituto Superior de Agronomia, Departamento de Ciência e Engenharia de Biossistemas, Lisboa Figura 3 – Projeto BATFARM – Evaluation of Best Available Techniques to decrease air and water pollution in animal FARMs. 24 suinicultura seminário "A Suinicultura e o Ambiente" Terras & Efluentes (T&E) – uma mais valia para todos [cruzar a oferta com a procura] A produção de efluentes tem sido um dos maiores proble‑ mas ambientais, com enor‑ mes custos associados, para os suinicultores. À luz das boas práticas é possível inverter esta situação. A Portaria n.º 631/2009, de 9 de Junho, estabelece as normas regula‑ mentares a que obedece a gestão dos efluentes das atividades pecuárias. Entre outras indicações, estabelece que o encaminhamento, o tratamento e o destino final dos efluentes pecuários, in‑ cluindo dentro da própria exploração, só podem ser assegurados pelos seguintes procedimentos: a) Utilização própria ou transferência para terceiros para efeitos de valorização agrícola; b) Tratamento e descarga nas massas de água ou aplica‑ ção no solo; c) Tratamento em unidade técnica de efluentes pecuários; d) Trata‑ mento em unidade de compostagem ou de produção de biogás; e) Tratamento em unidade de tratamento térmico ou de produção de energia ou de materiais. Pese embora a existência de ou‑ tras opções para a gestão de efluen‑ tes pecuários, a alternativa técnica mais viável (em termos económicos, operacionais, etc.) para o encaminha‑ mento destes efluentes é a valoriza‑ ção agrícola. É também esta a opção à qual o Regime de Exercício da Ati‑ vidade Pecuária (REAP) dá prioridade numa perspectiva de incorporação no solo de matéria orgânica e nutrientes essenciais ao desenvolvimento das plantas, incluindo azoto, fósforo e po‑ tássio necessários ao desenvolvimen‑ to vegetal, de redução das adubações e de minimização dos impactes dos efluentes sobre o ambiente, podendo sumidos por Portugal no âmbito do desta forma resultar economias signi‑ Protocolo de Quioto. Adicionalmente, ficativas em fertilizantes inorgânicos. contribui para a preservação dos re‑ Complementarmente, a fertirega, cursos e otimização do ciclo de vida a partir da fração líquida do efluente de alguns componentes, em particular proveniente do separador de sólidos, do fósforo, cujas reservas são a nível atendendo ao seu elevado conteúdo mundial escassas. em água, apresenta-se como uma so‑ Conforme já referido, das várias lução interessante do ponto de vista alternativas técnicas de valorização da redução do consumo de água na dos efluentes pecuários, a valorização agricultura, contri‑ buindo para a pros‑ secução do objetivo de aumento da efi‑ ciência do uso da água neste setor. Num contexto mais alargado, na‑ cional e global, a valorização agrícola de efluentes pecu‑ ários constitui uma opção ambiental‑ mente sustentável para o sequestro de carbono pelo solo e redução das emis‑ sões de CO2. Esta prática, que conduz a uma introdução de carbono no solo que de outra forma se perderia para a atmosfera, está na linha das orienta‑ ções internacionais em matéria de al‑ A Vétoquinol, especialista em anti-infeciosos terações climáticas dedicados à saúde animal, coloca agora à sua disposição a gama melhor adaptada e contribui para a DIMENSÃO à produção suína ANTI-INFECIOSA concretização dos compromissos as‑ GAMA ANTIBIÓTICA injectável suína Antibioterapia racional: um ato de responsabilidade suinicultura 25 presenças institucionais agrícola é a mais procurada, no en‑ tanto, a disponibilidade de terras e os procedimentos de encaminhamento do efluente são para os produtores as principais dificuldades nesta solução. Para o agricultor, uma vez que o pro‑ cedimento de cedência de terras não é user friendly, comparativamente com a solução de compra do fertilizante, este não se mostra receptivo nesta solução. Assim, os interesses não se encontram num lugar comum - par‑ celas - não existindo por conseguinte uma mais valia para ambas as partes. A existência de uma solução que cruzasse a oferta de um “fertilizante” pecuário, devidamente caracterizado em termos de qualidade e quantidade e, a oferta de terras, também elas devida‑ mente caracterizadas, quer em termos de necessidades culturais quer ao nível da qualidade do solo, e de condicionan‑ tes de ordenamento do território, faci‑ litaria a criação de valor acrescentado ao efluente pecuário na melhoria da produtividade agrícola dos solos. Enquadrado pela legislação nacio‑ nal vigente e pelas políticas nacionais e comunitárias em matéria de ambien‑ te e alterações climáticas e agricultu‑ ra, o Projeto Terras e Efluentes visa a conceptualização e a implementação de uma ferramenta que tem como prin‑ cipal objetivo a promoção da valoriza‑ ção agrícola de efluentes pecuários e simultaneamente fornecer informação aos agricultores da disponibilidade de nutrientes para as culturas. Quadro 1. Cronograma Configuração e construção da BD e interfaces 5 MESES Ações formação e sensibilização 1 MES Gestão da BD 6 MESES Este Projeto conta com os seguin‑ tes parceiros: i. Federação Portugue‑ sa de Associações de Suinicultores; ii. Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária I.P.; iii. Instituto Superior de Agronomia; iv. Universi‑ dade de Évora e, v. TTerra – Engenha‑ ria e Ambiente Lda. A implementação deste Projeto traduzir-se-á numa ferramenta que permitirá simplificar os procedimentos associados à valorização agrícola dos efluentes pecuários para o produtor e para o agricultor, enquanto produtor de efluentes pecuários e proprietário de parcelas receptoras, respetivamente, e promover sinergias entre os dois seto‑ res numa perspectiva integrada e sus‑ tentada. Em consonância com os principais objectivos deste Projeto, um dos pon‑ tos fortes é simplificar os procedimen‑ tos associados à valorização agrícola dos efluentes pecuários e, dessa for‑ ma, facilitar o cumprimento dos requi‑ sitos legais aplicáveis. As operações que irão culminar na sistematização da informação e cons‑ trução de uma base de dados georre‑ ferenciada, que sustentarão o Projeto são outros pontos fortes deste projeto. De igual modo, espera-se que o desenvolvimento de um Projeto desta tipologia permita uma aproximação en‑ tre parceiros no âmbito da valorização agrícola de efluentes, que até agora se apresenta como distante, com eviden‑ tes benefícios para todas as partes. Indiretamente associado estará a diminuição de eventuais coimas por incumprimento ou por indevida valori‑ zação agrícola, por parte dos produto‑ res agropecuários, fator a ter em linha de conta face ao panorama económico atual e uma mais valia-económica. Resta acrescentar que, com a im‑ plementação do Projeto com a tipologia do Terras e Efluentes, o grande benefici‑ ário serão as boas práticas ambientais e o contributo inequívoco no caminho da sustentabilidade, um factor que tam‑ bém está diretamente relacionado com a imagem e marca do sector e sua con‑ sequente valorização. O país necessita de uma suini‑ cultura moderna que crie riqueza e promova sustentabilidade territorial, o sector tem todas as condições para responder afirmativamente. Quem quer ficar de fora? FPAS I Simões Monteiro INIAV I.P. I Olga Moreira ISA I Elizabeth Duarte UE I Carlos A. Cupeto TTerra I Maria João Figueiredo Figura 1. Arquitetura do projeto Terras e Efluentes: Terras e Efluentes I Objetivos • simplificar os procedimentos associados à valorização agrícola dos efluentes pecuários • articular a procura e a oferta de forma simples numa perspectiva inteligente de gestão de recursos • conceptualização e implementação de uma ferramenta que promova a valorização agrícola de efluentes pe‑ cuários e simultaneamente forneça informação da disponibilidade de nutrientes para as culturas 26 suinicultura seminário "A Suinicultura e o Ambiente" Segmentacão de Ciclo do Problema Vítor Menino* A atividade Suinícola em Portu‑ gal apenas satisfaz a procura de carne de porco, em cerca de 65% do que consumimos. Esta tem sido uma atividade mal vista pela opinião pública em geral, e mal geri‑ da pelo poder politico, ainda que os sui‑ nicultores não possam estar isentos, também de alguma responsabilidade. O setor tem sido condicionado pelo excesso de zelo e excessiva burocracia, o que aliado a diversas crises económi‑ cas, o tem impedido de acompanhar as necessidades do consumo interno. Dos diversos problemas com que nos deba‑ temos, destacamos os referentes ao: – Ordenamento do Território e Ambiente; – Dimensionamento das explorações; – Baixo nível de autoaprovisionamento; – Método produtivo desajustado das rea‑ lidades de produção modernas. No entanto, Portugal tem um capital de recursos invejáveis para a criação de suínos, destacando-se que temos áreas disponíveis, clima propício e água sufi‑ ciente. Por outro lado estamos a produzir e a apresentar resultados técnicos ao ní‑ vel do que de melhor se faz em qualquer bacia de produção mundial, condições que nos deveriam permitir ser exceden‑ tários ou pelo menos autossuficientes. A SEGMENTAÇÃO DE CICLO apresenta soluções, que permitem re‑ solver os problemas Ambientais e de Or‑ denamento do Território, deslocalizando as explorações para regiões defensáveis, estruturando-as e redimensionando-as de forma a aumentar a sua competitividade económica, diminuindo o grau de deficiên‑ cia externa do País, garantindo postos de trabalho, compatibilizando-a com os ins‑ à Oportunidade trumentos de gestão territorial e Ambien‑ tal, privilegiando como destino dos efluen‑ tes a valorização agrícola, promovendo a redução de adubações minerais e minimi‑ zando os impactos negativos do efluente sobre o ambiente. Em resumo a Segmentação de Ciclo, dará OPORTUNIDADE a: 1 – Resolução dos problemas territoriais e ambientais – Retirando as explorações ou parte de‑ las de regiões problemáticas, para regiões onde serão uma mais-va‑ lia; – C ontribuindo para uma ges‑ tão sustentada dos efluentes, através da sua valorização agrícola; – Reduzindo os riscos de ero‑ são dos solos; – Reduzindo as emissões de Co2 para a at‑ mosfera; – Minimizando os impactos am‑ bientais, desig‑ nadamente a contaminação de águas. 2 – A u m e n t a r competitivi‑ dade da ati‑ vidade – Estruturando, redimensionando e ado‑ tando modernos conceitos de produ‑ ção. 3 – Contribuir para o desígnio Nacional de autossuficiência em 2020 Em carne, cereais e forragens, e na Melhoria da produtividade agrícola dos solos. 4 – Maior ocupação do Espaço Rural; 5– Melhoria da competitividade do Agro-Negócio em geral. suinicultura 27 seminário "A Suinicultura e o Ambiente" O QUE FAZER? Transferir as explorações, ou parte delas de onde são um problema, para onde serão uma oportunidade, Estabelecer sinergias entre os seto‑ res pecuários e agrícolas, e Cruzar a oferta com a procura de nu‑ trientes para o solo. COMO e quem FAZ O INVESTIMENTO? O Suinicultor, Que tem terrenos e agricultura própria onde vai fazer o investimento, ou não tendo terrenos agricultáveis próprios, faz acor‑ dos de disponibilização de dejetos aos agricultores vizinhos da nova exploração. Um Agricultor que faz um acordo de integração com um Suinicultor – Várias as formas de ser efetuado o in‑ vestimento, dependo da análise do in‑ teresse das partes. O exemplo abaixo tem por base um modelo visitado nos EUA, em que o agricultor pretende que a receita da integração, seja suficiente para a amortização das engordas que construiu, ficando com o benefício de não ter de comprar adubos químicos. EXEMPLIFICANDO: Uma exploração de 300 porcas em ciclo fechado, localizada em região onde existem problemas ambientais, segmen‑ ta-se e utilizando a mesma área coberta, passa a ter capacidade para 600 repro‑ dutoras a produzir leitões. – Reduz a produção de dejetos em 50% – Produzia 7.500 Porcos/ano – Passa a produzir (naturalmente) 15.600 a 16.200 leitões/ano O INVESTIMENTO: necessário para as engordas referentes a estes 16.000 porcos/ano, estimamos que rondará os valores abaixo (óbvio que são discutíveis, dependendo do tipo de construção, bem como de outros fatores). Se considerarmos uma rotação média por lugar de 3 porcos por ano, por lugar de engorda (dependendo do peso de entrada e de saída), teremos necessidade de uma capacidade para 5.300 porcos em engorda. Tomando por base que temos a terra, água e energia no local da obra e ainda que não temos os meios para a distribuição dos dejetos, teremos os seguintes custos: Obras 700.000,00 Trator e 100.000,00 equipamento para distribuição dos dejetos Comparticipação PDR (45%) Autofinanciamento TOTAL 800.000,00 360.000,00 440.000,00 800.000,00 CONTA DE EXPLORAÇÃO: Receita anual 160.000,00 Mão D’Obra 30.000,00 Água e Energia 18.000,00 Custos Financeiros (440.000,00x7%):2 Resultado anual 15.400,00 96.600,00 Tomou-se por referência um valor para pagamento da integração de 10,00 Euros por porco engordado (valor tam‑ bém discutível, mas que entendemos como médio, numa exploração nova). Capacidade para amortização anual de 96.600 Euros, ou seja de 21,95% Amortização total da nova explora‑ ção de engorda em 4,55 anos Concluindo: – Modernização e aumento da rentabilida‑ de das instalações na fase de produção de leitões (cria e recia), rentabilizando as estruturas existentes; – Diminuição da concentração animal e de produção de efluentes, nas explorações existentes; – Aumento da eficiência das engordas com si‑ nergias com a produção Agrícola Nacional; – Diminuição da utilização de adubos quí‑ micos na agricultura; – Ligação da produção de carnes à de cere‑ ais, com consequente redução das im‑ portações; –M elhoria generalizada da saúde animal; –A umento da rentabilidade da atividade; –A umento da eficiência energética, e – Contribuição para o desígnio Nacional “Autossuficiência em 2020”. Para tanto precisamos que o poder político acarinhe esta pretensão da Sui‑ nicultura Portuguesa, como acreditamos estar a acontecer, para que os legítimos objetivos acima sejam contemplados no próximo Quadro Comunitário de Apoios. A acontecer, voltaremos a ter jovens em‑ presários na atividade e a devolver-lhe a dinâmica que os Suinicultores e o País precisam. * Presidente da FPAS CONCLUSÕES • A abordagem aos efluentes suinícolas tem de deixar de assentar numa lógica de pro‑ blema e ser avaliada numa perspetiva de melhoria e incentivo à produção agrícola. • É necessário desenvolver um programa integrado de suinicultores com agriculto‑ res de modo a potencializar o uso dos efluentes em benefício de todos. • Para isso são necessárias políticas coe‑ rentes com uniformidade de critérios em todo o país que permitam desenvolver uma solução sustentada. • Esta conversão não é possível fazer de um dia para o outro, pelo que é necessário e 28 suinicultura urgente lançar as bases de um programa nacional que envolva não só os operado‑ res como o Estado e as Universidades de modo a potencializar o efluente suinícola como um fertilizante, reduzindo a aplica‑ ção de adubos químicos. • É necessário compatibilizar as Normativas do Licenciamento com a atividade existen‑ te e desenvolver programas de futuro. • Um destes será a “Segmentação do Ci‑ clo” que permitirá a sustentabilidade do setor, deslocalizando fases do processo produtivo, fomentando a especialização dos recursos humanos, melhorando o estatuto sanitário das explorações e ob‑ tendo um melhor desempenho ambiental com a redução do efluente produzido, aproximando ‑o do local de utilização (valorização agrícola). • Aproveitando o exemplo dado pelos pa‑ lestrantes Holandeses, as autoridades Portuguesas devem passar a ter uma ati‑ tude proactiva e não complicativa, base‑ ando as decisões por consensos práticos com os produtores, agricultores e Uni‑ versidades. Oeiras, 19 de Novembro de 2013 C M Y CM MY CY CMY K seminário "A Suinicultura e o Ambiente" suinicultura 29 VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções Padrões de Consumo Actuais e Tendências Futuras Ana Isabel Trigo de Morais* O VI Congresso Nacional de Suinicultura sob o tema “Suinicultura 2020 – o futu‑ ro hoje”, decorreu no passa‑ do mês de Junho na Batalha. Foi com muito agrado que a APED- Associação Portuguesa de Empresas de Distribui‑ ção acedeu ao convite da FPAS para estar presente neste evento revestido da maior importância para o sector. Foram dois os momentos em que a participação da APED teve lugar, o pai‑ nel “Interprofissional e relações com a grande distribuição” e a palestra onde se abordaram os padrões de consumo actuais e as tendências futuras A presença da APED pela primei‑ ra vez nesta iniciativa que já conta com 6 edições não é fruto do acaso é, isso sim, o resultado de uma ne‑ cessidade de mudança de abordagem 30 suinicultura sentida por ambas as partes, a APED e a FPAS. Ambas acreditam que, é através do diálogo construtivo que se conseguem fortalecer as relações ao longo da cadeia de abastecimento alimentar, neste particular na cadeia de abastecimento de carne de suíno. Uma abordagem de fileira, de âmbito interprofissional, que permita aos di‑ ferentes players conhecerem melhor as realidades e particularidades de cada um, as suas dificuldades e tam‑ bém as suas mais-valias e para que, em conjunto consigam convergir para uma fileira mais equilibrada para to‑ das as partes, com garantia de oferta permanente de produtos de qualidade ao consumidor. Aliás, múltiplas têm sido as inicia‑ tivas em que a APED, enquanto repre‑ sentante da distribuição moderna, tem estado envolvida, com o objectivo de promover o diálogo entre os diferen‑ tes players da cadeia de abastecimento alimentar. Desde logo, o papel activo da APED no debate promovido pelo Governo com a criação da PARCAPlataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar. Paralelamente, nesta matéria, de‑ finiu a APED uma linha de orientação baseada no fortalecimento das interac‑ ções com os diferentes stakeholders, políticos e sectoriais, por acreditar que é nestes momentos que se criam pontes, se aproximam as partes e se desmistificam alguns preconceitos associados ao sector. Promovemos encontros, debates, reuniões e visitas, criamos oportunidades de diálogo e fazemo-nos representar sempre que a nossa presença é solicitada. Após esta sumária contextuali‑ zação e, retomando o tema da apre‑ sentação proferida no VI Congresso Nacional de Suinicultura, “Padrões de consumo actuais e tendências fu‑ turas”, considero importante enrique‑ cer a rúbrica, pese embora de forma simples e resumida, com aqueles que considero os conteúdos principais da minha apresentação. Começaria por referir que, da com‑ paração efectuada entre o grau de auto-aprovisionamento nacional de carne de suíno para o ano de 2011, pu‑ blicado pelo INE, e o aprovisionamento nacional pelos associados da APED para o mesmo período se verifica que, no primeiro caso o valor é de 67,8% quando, no segundo, este valor atinge os 94,5 %. Dados mais recentes, referentes ao primeiro trimestre de 2013 e compara‑ dos com igual período do ano anterior mostram que a carne, em contraciclo ao mercado, é dos segmentos mais dinâmicos. Assim, verificou-se, nes‑ te período, um decréscimo de 1,1% no volume de vendas de produtos frescos comparativamente ao mesmo período VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções de 2012, sendo que os segmentos que mais contribuíram para esse valor fo‑ ram as frutas, pão de padeiro e o baca‑ lhau seco. Em sentido contrário houve um crescimento suportado, sobretudo, pelo segmento dos legumes (+1%) e das carnes (+ 0,6%). Relativamente à categoria de fres‑ cos, o segmento das carnes ocupou, neste primeiro trimestre de 2013, a terceira posição em percentagem do volume de vendas, logo a seguir às frutas e legumes. O segmento da carne chegou, no primeiro trimestre de 2013, a 88% dos lares nacionais e significou um consu‑ mo per capita de 6kg. Verificou-se, ainda, que o cresci‑ mento do segmento da carne foi im‑ pulsionado pela carne de suíno, em linha com a tendência já verificada em 2012, mas agora com um ligeiro cres‑ cimento. Entrando na categoria da carne de suíno em particular, verificou-se, no primeiro trimestre de 2013, que a carne de suíno é das categorias mais baratas, atingindo um preço médio de 3,57 euros. Comparando este valor com ou‑ tros segmentos (%- índex preço médio suíno vs outros segmentos), verificou-se que o preço da carne de suíno esteve 50% abaixo da carne de bovino, 45% e 41% abaixo do ma‑ risco e da carne de borrego/cabrito respectivamente, 39% abaixo do pes‑ cado, 32% abaixo da carne picada. Registou preços superiores em 5% e 12% em relação à carne de coelho e de aves respectivamente. O incremento da compra, em volu‑ me, de carne de suíno neste período em comparação com o mesmo pe‑ ríodo de 2012 atingiu os 2,5%. Este incremento deve-se, sobretudo, ao fenómeno de switching, ou seja, re‑ sulta da transferência do consumo de determinados segmentos para a car‑ ne de suíno. Assim, 13% dos 2,5% de crescimento devem-se à transferência de compra dos segmentos bacalhau, pescado, carne picada e marisco. O bacalhau é líder, contribuído com 59% dos 13%. No que concerne aos desafios de futuro partilhados na minha interven‑ ção, reitero que o foco da APED e das empresas suas associadas é, e conti‑ nuará a ser, o consumidor. Continua‑ remos a comunicar em permanência com o consumidor e a antecipar ten‑ dências, assegurando um portfolio de produtos adequados às necessidades e exigências do consumidor. Contri‑ buiremos para dotar o consumidor de informação sobre os produtos que consome, habilitando-o a escolher de forma informada. Apostaremos na inovação dos pon‑ tos de venda, adequando-os às ne‑ cessidades do consumidor e contribuiremos, entre outros, para o aconse‑ lhamento nutri‑ cional e de bem – estar. da participação em plataformas de di‑ álogo entre os diferentes stakeholders do sector. Gostaria de salientar que no actual contexto de proliferação de iniciativas de natureza regulamentar, a APED continua a acreditar na auto-regula‑ ção, por considerar ser este o meca‑ nismo que melhor permite promover relações comerciais equitativas e ali‑ nhadas num justo desenvolvimento económico dos vários agentes da ca‑ deia de abastecimento alimentar. Termino referindo que a APED re‑ presenta um sector responsável e com práticas sustentáveis, que acredita em parcerias win- win, precisando de par‑ ceiros fortes e organizados, orientando a cadeia de abastecimento para a efi‑ ciência, inovação e para o consumidor. Em paralelo, continuaremos a investir no país e na pro‑ dução nacio‑ nal através da nossa partici‑ pação na PAR‑ CA, do apoio a iniciativas de valorização da produção na‑ cional, como seja a “Pla‑ taforma Peço Português”, da dinamização de protocolos de co l a b o ra ç ã o , como é exem‑ plo o Protocolo APED-CAP e suinicultura 31 VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções Consumo de carnes de suíno: Mitos e Factos Fernando M. A. Bernardo* R esumo A carne de suíno, à seme‑ lhança de outras carnes, é um género alimentício es‑ pecialmente valioso para a dieta hu‑ mana devido à riqueza dos seus nu‑ trientes, sendo que alguns deles são únicos. A importância da carne de su‑ íno na dieta decorre antes de mais do fato de ser uma fonte concentrada de proteínas que não são apenas de ele‑ vado valor biológico, mas também porque a sua composição em aminoá‑ cidos indispensáveis é complementar à dos cereais e à de outras proteínas de origem vegetal. Alguns compostos azotados bioactivos presentes na car‑ ne de suíno têm especial valor nutra‑ cêutico, como a L-carnitina, a taurina, a carnosina, a ubiquinona, a glutationa e a creatina: uns com atividade antio‑ xidante e outros catalisadores do ca‑ tabolismo mitocondrial nas células humanas. A carne de suíno é também uma fonte relevante de ferro, de moli‑ bdénio, de zinco e selénio e de várias vitaminas do complexo B, especial‑ mente tiamina. O fígado é uma fonte excecionalmente rica em vitamina A e micronutrientes. Mesmo a fracção li‑ pídica da carne de suíno tem caracte‑ rísticas nutricionais e dietéticas espe‑ cialmente benéficas para o organismo humano. Entre todas as carnes, a de suíno é a que tem maior procura e consumo a nível mundial, não só pelo seu valor nutricional intrínseco, mas também pela sua digestibilidade, pelo preço e 32 suinicultura pela maior facilidade de conservação (sobretudo pelo sal) e hábito de utili‑ zação. O uso das carnes de suíno e dos seus derivados estão associados à cultura gastronómica mais ances‑ tral, formas de confeção culinária. O processamento culinário altera con‑ sideravelmente a composição inicial dos nutrientes presentes nas carnes cruas. A diversidade de preparados à base de carne de suíno em todo o Mundo atinge um número que é quase indescritível. As carnes de suíno são um elemento fundamental da celebra‑ da cozinha Mediterrânica, tão afamada pelas suas virtudes dietéticas. Apesar de todas estas evidentes vantagens, assiste-se, por vezes, a si‑ tuações em que a necessidade da uti‑ lização regular da carne na dieta hu‑ mana é posta em causa. Os mitos Nos últimos anos têm surgido algu‑ mas correntes de opinião no domínio da alimentação dita racional que não valorizam suficientemente a inclusão regular das carnes vermelhas na dieta humana. Essas posições são inspira‑ das por alguns trabalhos baseados em informação epidemiológica cujo rigor científico merece discussão. Podem referir-se alguns exemplos. Em 2006, a revista “Cancer Resear‑ ch” publicou um artigo no qual se con‑ cluía que uma dieta rica em carne ver‑ melha tem maiores probabilidades de causar cancro por danificar o ADN. Entre outras deficiências, o artigo não tinha referência a outros factores que podem influenciar a segurança sanitá‑ ria das carnes. Por exemplo, não ava‑ liava qual o tipo de conservação, pre‑ paração ou confeção culinária a que as carnes eram submetidas (fritura, salga, fumagem) nem referia os aditi‑ vos que eram adicionados aos prepa‑ rados. Estudos anteriores realizados nos EUA haviam estabelecido uma liga‑ ção estatística, numérica, entre a maior frequência de cancro do intes‑ tino e a ingestão de grandes quanti‑ dades de carne vermelha. No mesmo estudo não se identificavam outras componentes da dieta que também podem ter influência nos resultados (fibras vegetais, doces, bebidas alco‑ ólicas). Um estudo com uma subpopulação de 61566 britânicos pôs em evidência que existiam diferenças numéricas na incidência de cancro entre as pessoas que comem carne e as que apenas co‑ mem proteínas de origem íctia ou são vegetarianas. Contudo a estrutura etá‑ rias das subpopulações não era dis‑ criminada, sabendo-se que existe um grupo de risco especial para as neo‑ plasias que é a subpopulação dos mais idosos. Parecem existir evidên‑ cias de que a ingestão mais frequente de uma dieta rica em vegetais frescos (frutos e vegetais crus) diminui o ris‑ co de cancro do cólon. Num inquérito realizado com 121342 pessoas ao longo de 28 anos pela Universidade de Harvard, apu‑ VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções rou-se que existia uma correlação estatística entre o consumo excessi‑ vo de carne vermelha e um acrésci‑ mo, até 20%, do risco de morte pre‑ matura devida a doenças cardíacas e a cancro. Também na Universidade de Leeds foi realizado um inquérito no qual se concluiu que o consumo excessivo de carne vermelha teria uma correlação matemática com o risco de cancro de mama em mulhe‑ res pós-menopausa. Em 2012, uma equipa da Fundação Sueca do Cancro e do Instituto Karo‑ linska, publicaram no British J.of Can‑ cer, um artigo afirmando que a inges‑ tão de uma grande quantidade de salsichas e “bacon” podem aumentar o risco de cancro no pâncreas. O que o estudo esquece é que estes produ‑ tos não têm como ingrediente princi‑ pal a carne vermelha. Além disso aqueles produtos são usualmente su‑ jeitos a fritura antes da respectiva in‑ gestão (formação de radicais livres e super-óxido). Um estudo da Universidade da Ca‑ rolina do Norte sugere que o consumo de mais de 600 g carne vermelha /dia aumenta o risco de câncer de cólon. Em Portugal consomem-se na actuali‑ dade 180 g de carne vermelha /dia, ou seja, um valor três vezes inferior ao limiar de risco. Em artigo publicado na Scientific American com base num extenso in‑ quérito epidemiológico, apontava-se para a existência de uma relação esta‑ tística entre a ingestão excessiva de carnes vermelhas, frescas ou proces‑ sadas, e o aumento do risco de diabe‑ tes do tipo 2. A Universidade de Oxford publicou estudos, em conjunto com a OMS, so‑ bre carnes transformadas (diversas) e carne vermelha e a correlação com o risco de cancro colon-retal. Um estudo da Univerdidade de South Bank de Londres apresentou números que apontam exatamente para o contrário: Não existir evidência suficiente para afirmar que o consu‑ mo de carne vermelha se correlaciona diretamente com o aparecimento de cancro no cólon. Enfim, não têm faltado números a apontar numa ou noutra direcção, mas aquilo em que todos eles falham é na impossibilidade da confirmação dos resultados através de metodologias científicas robustas. Simplesmente porque quando se realizam inquéritos populacionais e se apuram dados de cariz sociológico apenas se podem ti‑ rar conclusões para um universo que está fora desse grupo restrito, concre‑ suinicultura 33 VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções to, o que foi alvo do estudo. Fazer ex‑ trapolações para a universalidade da população é abusivo, por uma razão simples: É que nestes estudos não é possível constituir grupos-testemu‑ nha negativos, ou seja, um conjunto de pessoas equivalentes às que são alvo do inquérito e que apresentam exata‑ mente as mesmas característica do grupo em estudo (distribuição etária, peso, actividade física, profissão, sus‑ ceptibilidade individual a doenças) e que se possam sujeitar a uma dieta rigorosamente igual retirando-lhes apenas, e só, as carnes vermelhas. Sem esse grupo-testemunha negativo não é possível fazer correlações dos resultados com robustez científica ne‑ cessária. É dessa deficiência que en‑ fermam todos os inquéritos sobre grupos populacionais restritos cujos resultados se pretendam extrapolar para a generalidade da população. Por isso, muitas das conclusões que se pretendem de aplicação geral não pas‑ sam de simples quimeras numéricas ou curiosidades estatísticas dentro de um universo restrito. A estas publicações especulativas somam-se outras questões que se inscrevem na esfera de movimentos idiossincráticos emergentes nas so‑ ciedades muito urbanizadas. Efetiva‑ mente, nas últimas duas décadas ga‑ nharam visibilidade, correntes de opinião filiadas da ideia de que, para se obter a carne é inevitável que os animais que lhe dão origem sejam su‑ jeitos a sofrimentos desumanos. Essa compaixão exacerbada pelos animais e a oposição tácita ao sentido do even‑ tual sofrimento infringido, deu origem a grupos sociais que militam fervero‑ samente contra o consumo de carne. Na realidade, este fenómeno não é muito original, na medida em que ao longo da História da Civilização, e des‑ de há cerca de 5 mil anos, sempre exis‑ tiram correntes doutrinárias movidas pela fé, ou pela crença empírica, que se opuseram ao consumo da carne. 34 suinicultura Nesses grupos de opositores ge‑ néricos ao consumo de carnes in‑ cluem-se os Jainistas, os Budistas e todos os vegetarianos. Sempre existi‑ ram também opositores ao consumo de algumas carnes específicas, como são os casos das pessoas que profes‑ sam as religiões Hinduísta, Muçulma‑ na e Judaica. A recusa da inclusão da carne como componente regular da dieta hu‑ mana é portanto um fenómeno banal que tem como fundamento para esse comportamento o facto de essas pes‑ soas possuírem crenças ou fortes in‑ quietações existenciais, fundadas no empirismo. Quando se analisam racional e ob‑ jetivamente os benefícios que se co‑ lhem do consumo regular da carne de suíno não é possível deixar de consi‑ derar estas carnes senão um recurso nutricional excecional. Os factos As carnes de suíno são atualmen‑ te obtidas em condições que garan‑ tem que não são infringidos aos ani‑ mais abatidos quaisquer sofrimentos desumanos. Nos matadouros existem dispositivos mecânicos e procedi‑ mentos técnicos que permitem con‑ trolar individualmente os cuidados de insensibilização a que da um dos suí‑ nos é sujeito imediatamente antes do seu abate. Antes disso, também du‑ rante o transporte, a descarga na abegoaria e o repouso pré-abate são objeto de rigorosas verificações téc‑ nicas (leituras de temperaturas do ambiente, percurso dos veículos de transporte, velocidades de ventilação, volumes de águas de abeberamento); Tudo pode ser e é monitorizado e controlado com a maior objetividade, aliás, tal é imposto pela legislação em vigor (Reg. (CE) nº 1099/2009 de 24/09). Os próprios suínos antes de serem transportados para o Matadou‑ ros são avaliados nas explorações quanto à sua “aptidão para transpor‑ te”. Apenas os animais em perfeito estado de saúde e com a robustez adequada, podem ser transportados para aquele fim. Portanto, os procedimentos de proteção contra o sofrimento destes animais estão devidamente salva‑ guardados e são aplicados sistema‑ ticamente, asseverando que os gru‑ pos sociais que lutam pelos direitos dos animais, a este propósito, não têm qualquer motivo para se inquie‑ tarem. O facto de os nutricionistas classi‑ ficarem as carnes de suíno no grupo das ditas “carnes vermelhas” também deve merecer alguma análise. O prin‑ cipal pigmento que confere a tonalida‑ de mais ou menos avermelhada ou rosada às diferentes carnes é a mio‑ globina, uma proteína funcional rica em ferro. Existem outros pigmentos vermelhos que podem estar presentes mas os seus teores são sempre muito baixos (hematina e hemoglobina). Nas carnes que, vernacularmente, são classificadas como “brancas” o teor de mioglobina varia entre 0,4 e 3,5 mg / g de carne (Quadro 1). Nas “carnes vermelhas”, de que é exemplo típico a de bovino, o teor daquela proteína va‑ ria entre 4 e 18 mg/g. Quadro 1. Teores máximos e míni‑ mos de mioglogina em diferentes car‑ nes (mg/g) Tipo de carne Teores de mioglogina (mg/ g) Mínimo Máximo 1 3 0,4 3,5 2 4 Vaca 4 25 Cavalo 16 75 Frango Peru Suíno O teor de mioglobina da carne au‑ menta com a idade e com a atividade física dos animais. Os animais explora‑ dos em pastagem (regime extensivo) e os das raças bravias têm teores signifi‑ cativamente mais elevados de mioglo‑ VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções gina. Quanto mais escura for a carne mais elevados são os teores de vitami‑ nas do complexo B, ferro e zinco. No caso das carnes de suíno os te‑ ores de mioglobina variam também de músculo para músculo: os músculos da cabeça, pescoço e membro anterior são muito mais ricos em mioglobina (mais escuros) do que os músculos lombares ou do membro posterior. E termos absolutos o teores de mioglo‑ bina nas carnes de suínos estão com‑ preendidos num intervalo que coinci‑ dem com os teores médios de mioglobina das carnes brancas e o mínimo das carnes vermelhas (vitela). Neste contexto será de alguma forma uma arbitrariedade incluir as carnes de suíno no grupo das carnes verme‑ lhas. A mioglobia é uma proteína que se desnatura a temperaturas a partir dos 74 ºC. No caso das carnes de suíno a confeção culinária transforma a cor da carne para tonalidades que se aproxi‑ mam do branco, devido à desnatura‑ ção da mioglogina. Portanto, sempre que surgem ma‑ nifestações que depreciam a inclusão de carnes vermelhas na dieta humana deve ter-se em consideração que as carnes de suíno não são objetiva e fac‑ tualmente incluíveis nesse grupo. A esse propósito, aliás, o que deve ser enaltecido é, precisamente, o contrário, ou seja, as virtudes nutri‑ cionais e até nutracêuticas das car‑ nes de suíno. Efetivamente a carne de suíno tem uma composição excecionalmente va‑ liosa, especialmente rica em macro‑ nutruientes nobres de elevada digesti‑ bilidade (quadro 2). Quadro 2. Composição média da carne obtida de suínos (valores/100 g de carne) Parâmetro Und. Teor Médio Variação Energia Kcal 188 115 - 214 Proteina total: g 20,0 8,9 – 23,8 azoto total g 3,20 2,70 – 3,81 Lípidos totais: g 12,0 2,8 – 42,3 ácidos gordos saturados g 4,40 ácidos gordos monoinsaturados g 5,08 ácidos gordos polinsaturados g 1,34 Hidratos de carbono g 0 Cinzas totais g 1.0 Água g 68,3 63,5 – 72,0 A composição centesimal das carnes dos suínos têm acentuadas variações que são dependentes da idade dos ani‑ mais (os leitões têm mais água e me‑ nos gordura e proteína), da raça (as raças autóctones têm, em regra, mais gordura), do regime alimentar (os por‑ cos de montanheira têm mais ácidos gordos insaturados) e da peça açou‑ gueira (o lombo de porco tem mais pro‑ teína e menos gordura; O toucinho tem mais gordura e muito menos proteína). Estas variações também se verifi‑ cam a nível individual, dependendo do estado de acabamento (ceva ou en‑ gorda) de cada suíno que é abatido para consumo. Em termos energéticos as carnes de suíno magras possuem um valor calórico equivalente à carne de borre‑ go magra e não é muito superior ao peito de frango (quadro 3). Quadro 3. Composição centesimal relativa de “carnes vermelhas” e “carnes brancas” Parâmetros/ Porco 100g (magra) Vaca (magra) Borrego Frango (magro) (peito) Energia (kcal) 124 175 124 108 Água (g) 72,2 67,4 73,6 73,8 Proteína (g) 21,8 21,7 19,7 24,1 Gordura (g) 4,0 9,8 5,0 1,2 As proteínas da carne de suíno possuem na sua composição todos os aminoácidos indispensáveis ao orga‑ nismo humano – o que significa que são de “alto valor biológico” (quadro 4.). Entre os ácidos aminados devem destacar-se pelo seu teor excecional‑ mente elevado a Lisina, a Leucina, o ácido Aspártico e o ácido Glutâmico (quadro 4). Os ácidos animados indispensá‑ veis presentes nas carnes de suíno apresentam um equilíbrio na sua pro‑ porção que os torna especialmente aptos para completar e equilibrar as carências existentes na composição suinicultura 35 VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções proteica de outras fontes alimentares de origem vegetal (cereais, legumino‑ sas, semente e frutos secos). Quadro 4. Natureza e teor de áci‑ dos aminados presentes na carne de suíno (mg / 100 g) Amino ácidos mg/100 g mg/g N Isoleucina 720 300 Leucina 1080 450 Lisina 1320 550 Metionina 360 150 Cistina 98 41 Fenilalanina 550 230 Tirosina 500 210 Treonina 620 260 Triptophano 160 68 Valina 790 330 Arginina 890 370 Histidina 550 230 Alanina 890 370 Acido aspártico 1320 550 Acido glutâmico 1940 810 Glicina 770 320 Prolina 600 250 Serina 580 240 A natureza e o teor de ácidos ami‑ nados essenciais e o seu valor plásti‑ co faz da carne de suíno um ingre‑ diente de eleição especial para a dieta das crianças e dos jovens que se en‑ contrem em fase de crescimento ativo e desenvolvam muita atividade física. Entre os constituintes azotados que se podem encontrar na carne de suíno existem ácidos aminados livres, di e triácidos aminados e aminas, sen‑ do que alguns destes compostos tam‑ bém têm relevância nutracêutica es‑ pecífica, sendo considerados compostos bioacativos. São os casos de: taurina, carnitina, carnosina, ubi‑ quinona, glutationa e creatina. As carnes de suíno têm entre 30 a 50 mg de L- carnitina /100 g, o que corresponde a cerca de um quarto das necessidades de ingestão diária de um ser humano adulto (cerca de 200 36 suinicultura mg / dia). A presença deste ácido ami‑ nado na carne de suíno torna-a espe‑ cialmente indicada para regimes die‑ téticos de emagrecimento, na medida que este composto catalisa nas mito‑ côndrias dos sarcómeros o catabolis‑ mo dos triglicéridos, permitindo-se que se “queime” gordura para produ‑ zir energia muscular. As dietas de emagrecimento que não incluam car‑ nes vermelhas na sua lista têm de ser necessariamente suplementadas arti‑ ficialmente com L-carnitina. Esse de‑ sequilíbrio resultante da utilização de suplementos alimentares pode ser corrigido através do consumo destas carnes. A taurina é um ácido aminado es‑ sencial para o bom funcionamento fí‑ gado e é considerado particularmente bioativo nas reações que evitam o stress oxidativo celular. Alguns auto‑ res consideram este composto como tendo ação preventiva do cancro e um papel especial na capacitação imuni‑ tária. As carnes de suíno são ricas em taurina, especialmente o coração, os masséteres e o diafragma, músculos nos quais chega a atingir teores de 100 mg /100 g. Existem ainda outros que podem funcionar como antioxidantes endó‑ genos, como a ubiquinona (Coenzima Q10), a glutationa, a espermina, a carnosina e a anserina que são abun‑ dantes nas carnes dos ungulados (entre 2 e 300 mg /100 g). A glutatio‑ na é um componente de enzimas que tem um papel importante como antio‑ xidante no organismo, mas pode de‑ sempenhar também um papel na res‑ posta imunitária e aumentar a absorção de ferro. Os teores de glu‑ tationa nas carnes de ungulados va‑ riam entre 12 e 26 mg/100 g, pratica‑ mente o dobro do que existe nas carnes de aves e cerca de dez vezes superior ao dos peixes. A creatina e o seu derivado fosfo‑ rilado, fosfato de creatina, desempe‑ nham um papel muito activo no meta‑ bolismo energético muscular, ou seja, no desempenho físico (desportistas). A carne de suíno contém aproximada‑ mente 250 mg/100 g. A carne é a principal fonte alimentar natural deste composto para os seres humanos. Os compostos bioactivos são inac‑ tivados pelos processamentos tecno‑ lógicos, pelo que não estão presentes nos produtos de salsicharia ou de charcutaria à base de carne de porco. O teor de gordura nas carnes de suíno é influenciado por diversos fato‑ res: a idade dos animais, o estado de engorda, a raça, o regime alimentar ou de exploração e entre as diferentes peças de carne (o lombo é mais ma‑ gro a entremeada é mais gorda). Dentro da própria peça também se registam variabilidades muito conside‑ ráveis. Por exemplo, a peça mais gorda da carne de suíno, o toucinho, pode chegar a ter menos de 20 de gordura se for muito entremeado e ter quase 50 % de gordura no caso de o toucinho provir da região lombar dos porcos de montanheira bem cevados (quadro 5). Quadro 5. Teores lipídicos do Toucinho (g/100 g) Unid. Valor/ 100 g Variação Lípidos totais: g 32,0 19,0 - 45,9 Ácidos gordos saturados g 11,7 Ácidos gordos mono-insaturados g 13,5 Ácidos gordos poliinsaturados g 3,6 Esteróis + fosfolípidos g 3,2 Frações lipídicas A gordura das carnes foi sempre encarada pelos nutricionistas como um malefício nutricional e uma limi‑ tação incontornável à inclusão das carnes nos programas dietéticos. Essa ideia contudo está ferida de um preconceito atávico. Antes de mais, é preciso ter consciência que o melhoramento genético a que as espécies pecuárias foram sujeitas VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções nos últimos 30 anos provocou redu‑ ções naturais muito significativas nos teores da gordura intrínseca das carnes. Por essa via foi possí‑ vel reduzir em cerca de 30% o teor médio absoluto de gordura de com‑ posição do músculo de porco (espe‑ cialmente os de produção intensi‑ va). Por outro lado os progressos no domínio dos factores do maneio alimentar dos suínos que condicio‑ nam a composição centesimal das carnes, permitiu alterar significati‑ vamente a proporção relativas das diferentes fracções lipídicas que compõem a gordura da carne de su‑ íno (quadro 6). Os modos de prepa‑ ração nas carnes ao nível dos mata‑ douros e nas salas de corte e desossagem das carnes também influenciaram a composição relati‑ va das referidas gorduras. Nas gorduras das carnes de suíno, o teor de ácidos gordos insaturados é superior ao da fração lipídica satura‑ da. A fração lipídica de teor mais ele‑ vada corresponde a ácido oleico (qua‑ dro 6). Praticamente a totalidade dos ácidos gordos insaturados presen‑ tes nas carnes de suíno estruturam‑ -se molecularmente na forma -Cis o que lhes conferem especiais vanta‑ gens na prevenção da síntese de li‑ poproteínas de baixa densidade (LDL) no organismo humano. Este facto contribui para a redução do risco de doenças cardiovasculares e da arteriosclerose. Portanto ao con‑ trário do que é habitualmente aceite como um dogma, as carnes de suíno têm efeitos benéficos na prevenção de doenças cardiovasculares. As frações conjugadas dos ácidos olei‑ co e linolénico (CLA) são hoje consi‑ deradas como tendo efeitos proteto‑ res no desenvolvimento de cancros e de doenças autoimunes nos huma‑ nos. A presença de quantidades con‑ sideráveis de ácidos gordos de ca‑ deia longa saturados e insaturados (C:18 e C:20) confere também carac‑ terísticas técnicas e culinárias mui‑ to particulares às gorduras dos suí‑ nos, nomeadamente ao toucinho e à banha. Estas gorduras suportam aquecimentos superiores a 2000C sem se desnaturarem ou carboniza‑ rem, ao contrário das gorduras ve‑ getais. Para além das características es‑ pecialmente valiosas dos macronu‑ trientes que existem vitaminas e sais minerais nas carnes de suíno que são igualmente virtuosos (qua‑ dro 7). As carnes de suínos contêm ele‑ vados teores de vitaminas do comple‑ xo B: tiamina (vitamina B1), riboflavi‑ na (vitamina B2); niacina (vitamina B3), B6 e B12. O teor de Vitamina B1 na carne de porco é dos mais eleva‑ dos que é possível encontrar em qualquer alimento (1,2 mg/100g de carne). Quadro 6. Composição relativa da gordura de carne de suíno da pá (g /100 g) Ácidos Gordos g / 100 g % C 10:0 0,029 0,10 C 12:0 0,048 0,16 C 14:0 0,48 1,65 C 16:0 7,23 24,5 C 18:0 3,86 13,1 C 20:0 0,078 0,27 C 16:1 0,78 2,64 C 18:1, cis n-9 11,3 38,5 C 18:1, cis n-7 1,19 4,04 C 20:1, cis n-11 0,24 0,80 C 18:2, n-6 3,28 11,2 C 18:3, n-3 0,30 1,01 Outros Ác. gordos 0,47 1,58 As vitaminas Bs são catalisadores bioquímicos que permitem ao orga‑ nismo humano gerar e libertar ener‑ gia a partir dos macronutrientes (pro‑ teínas e gorduras). suinicultura 37 VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções Quadro 7. Teores de vitaminas e sais minerais na carne de suíno de origem muscular (100 g) Teor/ Conteúdo/100 g Unid. 100 g Vitamina A (retinol) 38 µg 25 Variação/ 100 g 10 - 60 Vitam. D µg (D3, D2 e hidroxi-calciferol) 0,89 Vitam. E (a-tocoferol) µg 0,10 Vitam. B1, tiamina mg 0,570 0,400 – 1,200 Vitam. B2, riboflavina mg 0,180 0,135 – 0,220 Niacina e equivalentes µg Vitam. B6 mg 0,237 0,164 – 0,306 Ác. Pantoténico mg 0,60 Biotina µg 2,60 Folatos µg 3 Vitam. B12 µg 0,7 Sodio, Na mg 55 48,2 – 60,8 Potassio, K mg 204 89 - 339 Calcio, Ca mg 6 4-8 Magnésio, Mg mg 14 5,9 – 24,6 5,47 Fósforo, P mg Ferro, Fe mg 0,630 Cobre, Cu mg 0,10 0 – 0,22 Zinco, Zn mg 3,60 0 – 6,9 Iodina, I µg 1,50 1,05 – 1,80 Manganês, Mn mg 0,012 Crómio Cr µg 5,3 0,4 – 7,3 Selénio, Se µg 6,9 0 - 300 Niquel, Ni µg 6 0 – 9,1 suinicultura 130 1,4 – 4,8 75 - 160 0,49 - 0,90 Quadro 8. Composição centesimal das iscas de porco (100 g) Parâmetro Unid. Teor/ 100 g Energia Kcal 120 Proteína, total g 21,1 18,400 - 41,75 Lípidos, totais: g 3,4 2,5 - 6,6 ácidos gordos saturados g 1,04 ácidos gordos monoinsaturados g 0,38 ácidos gordos polin-saturados g 0,53 Hidratos de carbono totais g 2,0 0-8 Cinza g 1,6 1,28 - 2,5 Água g 72,0 69 - 74,000 Vita, A (retinol + β-caroteno ) UI 14125 3000 - 52000 Vita, D µg 0,20 Vita, E alphatocoferol aTE 0,20 Vita. K µg 30,0 25 - 40 Vita. B1, tiamina mg 0,30 0,29 - 0,31 Vita. B2, riboflavina mg 2,95 2,80 - 3,10 Niacina mg 21,0 Vita. B6 mg 0,665 0,605 - 0,761 Ácido pantoténico mg 6,40 Biotina µg 44,0 Folatos µg 1000 Vita, B12 µg 40,0 16,5 - 84,5 Vita, C mg 25,0 20 - 34 Variação 0,13 - 0,3 33 - 51 As carnes de suíno derivadas de te‑ cidos musculares são relativamente pobres em vitaminas lipossolúveis, contendo pequenas quantidades de Vi‑ taminas A, D e E (antioxidante). No caso das carnes de porco, as vitaminas lipos‑ solúveis, especialmente A e K estão concentradas em elevados teores no fígado dos porcos (iscas) (Quadro 8). As iscas, ao contrário do que é usual pensar-se têm um teor de gordura ab‑ soluto relativamente baixo (2, 5 a 6,6%), mas são um concentrado especial de vitaminas, nomeadamente ácido fólico, nutriente muito importante em determi‑ nadas fases do ciclo de vida humano, como por exemplo durante a gravidez. No que concerne aos micronu‑ trientes minerais, a carne de porco contém quantidades muito significa‑ tivas de zinco, ferro, molibdénio, po‑ tássio e selénio, sendo, por isso, classificada como uma das melhores fontes desses micronutrientes. O zinco é um micronutriente essen‑ cial para a divisão celular e, portanto, para o crescimento e reparação dos tecidos. Também é necessário para o desenvolvimento normal do aparelho reprodutor, do sistema imunitário sau‑ dável e cicatrização de feridas. O ferro é imprescindível essencial para a formação e funcionamento da mioglobina e da hemoglobina dos eri‑ trócitos (células vermelhas do sangue responsáveis pela oxigenação de todas células do corpo). Também desempe‑ nha um papel importante no sistema imunitário e é necessário para o meta‑ bolismo normal. O ferro veiculado pela carne é facilmente absorvido pelo or‑ ganismo humano, ao contrário daquele que existe nas plantas verdes. O teor de vitaminas e sais minerais presentes nas carnes de suíno são muito influenciados pelo regime ali‑ mentar dos animais dos quais a carne foi obtida. Quando a ração dos suínos é deficiente em minerais, especial‑ mente fósforo e cobalto, os valores na respectiva carne são reduzidas. É preciso ter ainda em considera‑ ção que os diferentes modos de pre‑ VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções paração e confeção culinárias alteram significativamente a composição nu‑ tricional das carnes. Os aquecimen‑ tos, as cozeduras ou os grelhados conduzem á redução de alguns nu‑ trientes, à concentração de outros, modificando também a respetiva di‑ gestibilidade e biodisponibilidade. Em face de toda esta extensa e di‑ versificada riqueza de nutrientes pre‑ sentes nas carnes de suíno não é pos‑ sível compreender, racionalmente, que se possa dispensar este bem ali‑ mentar da dieta regular dos seres hu‑ manos. Acresce que, no caso destas carnes, a relação custo/benefício é a mais vantajosa para os consumidores. Para se poder aceder a nutrientes de valor biológico equivalente aos que existem nas carnes de suíno, sem re‑ correr a este produto, será necessário despender pelo menos o triplo do cus‑ to comercial (outras carnes). A A tradição do consumo Na Península Ibéria existe uma grande ancestralidade de hábitos de consumo de carne de porco. Existem evidências históricas de que esse apreço pelo consumo de carnes de su‑ ínos remontam às civilizações Celtas e Fenícias. Devem ter sido, aliás, os Fenícios que estenderam o gosto pelo consumo desta carne a todas as civili‑ zações Mediterrânicas da Antiguida‑ de. O sal obtido por evaporação da água do Mediterrâneo foi seguramente o ingrediente complementar que me‑ lhor se conjugou e mais contribuiu para a distribuição, o comércio e o uso de carnes de suíno preservadas. Este hábito de consumo, incorpora‑ do há muitos milénios nos comporta‑ mentos alimentares, permitiu o desen‑ volvimento sucessivo, e cumulativo, de uma miríade de produtos derivados da carne de porco que é impossível enu‑ merar. Alguns desses produtos são hoje indissociáveis da matriz cultural e da etografia dos povos de muitas regi‑ ões da margem norte do Mediterrânio e também de Portugal. Essa riqueza e diversidade pode ser facilmente assi‑ milada com uma visita a uma das mui‑ tas “feiras do fumeiro” tradicional que ocorrem com frequência em Portugal: Chouriços, presuntos, morcelas, lingui‑ ças, farinheiras, butelo, rojões, moiras, salpicões, paios, alheiras, tripas enfari‑ nhadas, leitão assado, enfim uma gama indiscritível de produtos que enrique‑ cem a cultura gastronómica portugue‑ sa, tendo muitos destes géneros ali‑ mentícios ascendido ao estatuto de “produto gourmet”. Os povos das atuais economias emergentes, nomeadamente a China e a Rússia, têm vindo a aumentar a um ritmo exponencial o consumo de car‑ nes de suíno. Na China já se produz na PREOCUPA-SE! suinicultura 39 VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções atualidade praticamente metade da to‑ talidade da produção Mundial de carne de suíno. Esses valores astronómicos só podem ser justificados por três or‑ dens de razões: económicas, cultu‑ rais e nutricionais. As carnes de suíno são as que melhor se adaptam à maxi‑ mização do trinómio: riqueza nutricio‑ nal/custo/tradição de utilização na dieta regular. Conclusões Do ponto de vista estritamente científico, existem inúmeros motivos para considerar a utilização regular da carne de porco na dieta humana como um benefício excecional, porque é uma fonte muito valiosa de: • proteínas do mais elevado valor bioló‑ gico; • lípidos de cadeia longa mono e polinsa‑ turadas, incluindo ω-3 e particamente sem ácidos gordo na forma - trans; • vitaminas do complexo B e lipossolú‑ veis (iscas); • de ferro, zinco, potássio, selénio, mo‑ libdénio e com baixo teor de sódio; • de substâncias bioactivas como a taurina, a L-carnitina, a carnosina, Referências Connor WE, Lin DS, Colvis C. (1996). Differential mobi‑ lization of fatty acids from adipose tissues. J. Lipid Res. 37(2), 290. Blankson H, Stakkstand J, Fagertun H, Thorn E, Wads‑ tein J, Gudmundson O. (2000). Conjugated linoleic acid reduces body fat mass in overweight and obese humans. J Nutr.; 130:2943-48. Chin SF, Liu W, Storkson JM, HaYL, Pariza MW. (1992). Dietary sources of conjugated dienoic isomers of linoleic acid, a newly recognized class of anticarcinogens. J Food Comp Anal ; 5:185-197. Clement L, Poirier H, Niot I, Bocher V, Guerre-Millo M, Krief B, Staels B, Besnard P. (1996). 2002. Dietary trans-10, cis-12 conjugated linoleic acid induces hyperin‑ sulemia and fatty liver in the mouse. J. Lipid Res. 43, 14001409. Dugan MER, Aalhus JL, Jeremiah LE, Kramer JKG, Schaefer AL. (1999). The effects of feeding conjugated linoleic acid on subsequent port quality. Can J Anim Sci. ; 79:45-51. French P, Stanton C, Lawless F, O’Riordan EG, Mo‑ nahan FJ, Caffrey PJ, Moloney, AP, (2000). Fatty acid composition, including conjugated linoleic acid of intra‑ muscular fat from steers offered grazed grass, grass sila‑ ge or concentrate-based diets. J. Anim. Sci. 78:28492855. Harbige LS. (1996). Nutrition and immunity with em‑ phasis on infection and autoimmune disease. Nutri Health; 10:285-312. Lonn EM, Yusuf S. (1997). Is there a role for antioxidant vitamins in the prevention of cardiovascular diseases? An 40 suinicultura ubiquinona, glutationa e creatina que desempenham papeis metabólicos cruciais no organismo humano (an‑ tioxidantes, promotores do catabolis‑ mo lipídico, promotores da vitalidade e competências celular); e nutrientes cuja relação custo/benefício é a que apresenta as maiores vantagens comparativas para o consumidor; Do ponto de vista cultural e gastro‑ nómico, as carnes de suínos e os pro‑ dutos delas derivados representam o que de mais genuíno é possível encon‑ trar em Portugal. Os hábitos de consu‑ mo destas carnes estão profunda‑ mente arreigados no padrão de consumo tradicional Português, ocu‑ pando o primeiro lugar em termos de capitação entre os principais tipos de carnes. Do ponto de vista económico, o sector das carnes de suínos é um mo‑ tor decisivo para o parelho produtivo nacional, por aquilo que representa em termos de valor intrínseco de produ‑ ção, mas também pelas dinâmicas que cria a jusante a montante, nomeada‑ mente: o volume de emprego gerado, as fábricas de rações, os medicamen‑ update on epidemiological and clinical trials data. Can J Cardiol;13:957-65. Melhus H, Michaelsson K, Kindmark A, Bergstrom R, Holmberg L, Mallmin H, Wolk A, Ljunghall S. (1998).Exces‑ sive dietary intake of vitamin A is associated with reduced bond mineral density and increased risk of hip fracture. Ann Intern Med.; 129:770-778. Parodi, PW. (1997).Cows’ milk fat components as po‑ tential anticarcinogenic agents. J Nutr; 127:1055-1060. Riserus U, Arner P, Brismar K, Vessby B. (2002). Tre‑ atment with dietary trans 10 cis 12 conjugated linoleic acid causes isomer specific insulin resistance in obese men with the metabolic syndrome. Diabetes Care 25, 1516-1521. Roche HM, Noone E, Sewter C, McBennett S, Savage D, Gibney MJ, O’Rahilly S, Vidal-Plug AJ. (2002). Isomer‑ -dependent metabolic effects of conjugated linoleic acid: insights from molecular markers sterol regulatory ele‑ ment-binding protein 1c and LXR alpha. Diabetes 51, 20372044. Sehat N, Rickert RR, Mossoba MM, Dramer JKG, Yura‑ wecz MP, Roach JAG, Adlof RO, Morehouse KM, Fritsche J, Eulitz KD, Steinhart H, Ku K. (1999). Improved separa‑ tion of conjugated fatty acid methyl esters by silver ion‑ -high-performance liquid chromatography. Lipids; 34:407-413. Semba RD. (1998). The role of vitamin A and related retinoids in immune function. Nutr Rev :56:S38-48. Simonne AH, Green NR, Bransby JI. (1996). Consumer acceptability and beta-carotene content of beef as related to cattle finishing diets. J Food Sci:61:1254-1256. Sisk M, Hausman D, Martin R, Azain M. (2001). Dietary conjugated linoleic acid reduces adiposity in lean but not tos veterinários e biocidas, as constru‑ ções e edificações de estruturas, as indústrias de salsicharia e charcutaria, a proteção e a promoção das raças su‑ ínas autóctones, a proteção e promo‑ ção da saúde animal e humana; Do ponto de vista das perceções públicas relativamente às vantagens e desvantagens do consumo de carnes de suíno, têm emergido alguns pre‑ conceitos (mitos), sem a mínima fun‑ damentação científica, mas que, ainda assim, devem merecer atenção por aquilo que representam de risco po‑ tencial para o sector da suinicultura portuguesa em termos ameaça injus‑ tificada a um credibilidade que foi edi‑ ficada à custa de esforços muito sé‑ rios. A comunicação entre as partes interessadas do sector da suinicultu‑ ra, das carnes e dos consumidores (ou a opinião pública) deve constituir uma preocupação e motivar a criação de recursos profissionais capazes de suster o desenvolvimento, ou neutrali‑ zar, dessas formas de desinformação. *Faculdade de Medicina Veterinária Universidade de Lisboa obese Zucker rats. J Nutr. ; 131:1668-74. Smedman A, Vessby B. (2001). Conjugated linoleic acid supplementation in humans – metabolic effects. J. Nutr.; 36:773-81. Stampfer MJ, Hennekens CH, Manson JE, Colditz GA, Rosner B, Willett WC. (199e). Vitamin E consumption and the risk of coronary disease in women. N Engl J Med; 328:1444-9. Stephens D., Jackson PL, Gutierrez Y. (1996). Subclini‑ cal vitamin A deficiency: A potentially unrecognized pro‑ blem in the United States. Pediatr Nurs:22:377-89, 456. Williams, P. G.(2007). Nutritional composition of red meat. Nutrition & Dietetics, 64 (Suppl 4),S113-S119. Wood JD, Enser M. (1997). Factors influencing fatty acids in meat and the role of antioxidants in improving meat quality. British J of Nutrition, 78:S49-S60. Yang A, Brewster MJ, Lanari MC, Tume RK. (2002). Effect of vitamin E supplementation on α-tocopherol and β-carotene concentrations in tissues from pasture and grain-fed cattle. Meat Science; 60(1):35-40. Yang A, Lanari MC, Brewster M, Tume RK. (2002). Li‑ pid stability and meat colour of beef from pasture and grain-fed cattle with or without vitamin E supplement. Meat Science 60:41-50. Zambell KL, Keim NL, Van Loan MD, Gale B, Benito P. (2000). Conjugated linoleic acid supplementation in hu‑ mans: effects on body composition and energy expenditu‑ re. Lipids; 35:777-82. Zock PL, Vries JH, Fouw MNJ, Katan MB (1995) Posi‑ tional distribution of fatty acids in dietary triglycerids: effects on fasting blood lipoprotein concentrations in hu‑ mans. Am. J. Clin. Nutr. 61, 48. VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções suinicultura 41 VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções Factores se Produccion Influencia en La Sanidad Joan Sanmartin* L a porcicultura ha experi‑ mentado a lo largo de los años un notable incremen‑ to en los índices producti‑ vos. Varios son los factores que con‑ tribuyen a dicho incremento: mejora genética, nutrición , diseño de las ins‑ talaciones, sanidad y una mayor espe‑ cialización de los técnicos y operarios de las explotaciones y todo ello en un nuevo marco de normativas cada vez mas exigentes. Al mismo tiempo que se producía la mejora productiva se fueron incre‑ mentando las exigencias del consu‑ midor en temas tan sensibles como bienestar animal, medio ambiente, ali‑ mentos biosaludables, control de los antibióticos…. La percepción que los consumido‑ res tienen sobre estos aspectos no es la misma y varia en función de la lo‑ calización geográfica lo que a su vez condiciona las condiciones de produc‑ ción y comercialización de la carne. Se puede plantear la existencia de dos conceptos distintos en cuanto a la producción. Por un lado los países del continente europeo donde se limi‑ ta la utilización de transgénicos en la Ref. provilys 42 suinicultura alimentación de los animales, se pro‑ híbe la utilización de promotores de crecimiento y se establecen normas de producción que garanticen el bie‑ nestar animal. De otro lado estarían los países del continente americano donde la utilización de transgénicos y promotores de crecimiento está autorizada y no está implantada una normativa de producción que regule aspectos de bienestar animal. Evi‑ dentemente estas diferencias afec‑ tan de manera muy directa al coste de producción y a la calidad del producto final, generándose tensiones en los VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções mercados de carne a nivel mundial. La adaptación del modelo de pro‑ ducción a la normativa europea sobre bienestar animal que, desde 1 de enero de 2013, obliga a mantener el sistema de gestaciones libres ha llevado a la revisión de varios criterios producti‑ vos al mismo tiempo que promueve un nuevo diseño de las explotaciones. Los parámetros productivos clási‑ cos, en los que la productividad numé‑ rica era referente quedan eclipsados por un nuevo concepto: Eficiencia en la producción porcina y de forma es‑ pecial eficiencia Alimentaria, es nece‑ sario referenciar la producción al input de mayor importancia, que no es otro que la alimentación. La relación entre Kg de pienso de reproductoras con‑ sumido y Kg de lechón producido es fundamental para evaluar la eficien‑ cia de una explotación y la mejora de la Eficiencia Alimentaria en todas las fases de la producción justifica la en‑ trada de la tecnificación. Desde el grupo OPP se ha desar‑ rollado un programa de gestión téc‑ nica, Farms Mother que integra los registros tradicionales de una explota‑ ción, en tiempo real, con los registros de consumo diario de las reproducto‑ ras permitiendo realizar la gestión de la explotación en base a la eficiencia alimentaria, esto nos permite trabajar con criterios de selección y desvieje de las reproductoras en función de su eficiencia alimentaria y no solamente en base a su productividad numérica. La optimización del consumo así como la implementación de un mode‑ lo nutricional adaptado a las distintas fases de la gestación y ciclo producti‑ vo de las cerdas solamente es posible cuando se diseña la explotación adap‑ .......................................................................................................................................................................................... .......................................................................................................................................................................................... .......................................................................................................................................................................................... .......................................................................................................................................................................................... suinicultura 43 VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções tándose a criterios de bienestar animal tecnificado. En estos casos el sistema de alimentación utilizado ha de ser el de estaciones electrónicas de alimen‑ tación, ahora bien hemos de tener en cuenta que no todos los modelos exis‑ tentes se adaptan al mejor diseño de parque ni tienen la misma capacidad para alimentar a un determinado nu‑ mero de animales. Hemos sido testi‑ gos del fracaso de algunos proyectos de bienestar animal, en la mayoría de los casos el problema radicaba en un mal diseño del modelo de producción generando movimientos de animales en los momentos menos propicios del ciclo y en una sobrevaloración de la capacidad real de las estaciones a la hora de facilitar la alimentación a las cerdas lo cual generaba luchas y rivalidades provocando un alto grado de nerviosismo que se traducía en una caída en picado de todos los índices productivos. Un correcto diseño de la instala‑ ción, favorece la operativa diaria de la explotación facilitando el manejo de los animales y evitando situaciones de stress que puedan condicionar el ren‑ dimiento productivo de los animales en el modelo bienestar tecnificado. La selección genética ha consegui‑ do una mejora sustancial de la prolifi‑ cidad , las nuevas estirpes presentan necesidades nutricionales y de mane‑ jo distintas . PARASITO 44 El mejor conocimiento de las ne‑ cesidades nutricionales de la cerda en cada una de las distintas etapas de la gestación permite el desarrollo de nuevos programas de alimentación con el fin de homogeneizar el peso y ta‑ maño de los lechones al nacimiento. La implantación de estos programas , para que sea correcta y eficiente, necesita de un soporte tecnológico que posibili‑ te la administración de la ración diaria según la curva optima de alimentación para cada cerda y que al mismo tiempo permita la administración de micronu‑ trientes en momentos muy concretos de la gestación. La implantación de este tipo de programas nutricionales y su correcta gestión favorece la im‑ plantación embrionaria y garantiza un optimo desarrollo fetal. Las gestaciones libres dan lugar a un cambio en la estructura sanita‑ ria de las explotaciones generándose un status inmunitario muy diferente y aparecen nuevos conceptos, algunos de ellos olvidados referentes a status sanitario, inmunitario y patologías re‑ emergentes. Hasta ahora el alojamiento en bo‑ xes individuales de las reproducto‑ ras, durante la mayor parte de su vida productiva, ha permitido el estableci‑ miento de unos equilibrios inmunita‑ rios dentro de las explotaciones favo‑ reciendo el control de la exposición de los animales a los distintos patógenos LOCALIZACION LESION Strongiloides ramsoni, Intestino delgado Inflamación de la mucosa. Succiona sangre Ascaris suum Hyostrongylus rubidus Intestino delgado Obstrucción e irritación Inflamacion mucosa gastrica Oesophagostomum spp. Trichuris suis Intestino grueso Inflamación mucosa Metastrongylus spp. Pulmón (transmisión mediante lombriz de tierra) Lesiones en pulmón y vías respiratorias Stephanurus dentatus Riñón Inflamación y/o obstrucción suinicultura Estómago evitando en algunos casos la coloniza‑ ción y en otros estimulando el sistema inmunitario del individuo generando un correcto nivel de protección. El sistema de alojamiento individual así mismo actúa , con bastante eficacia, como regulador de la presión de infec‑ ción en el caso de aquellos patógenos que se excretan y diseminan mediante las deyecciones de los animales, dis‑ minuyendo esta eficacia en el caso de la transmisión oro nasal y aerógena. El sistema de gestaciones en gru‑ po, por el contrario, facilita la disemi‑ nación de los patógenos, el contacto de los animales con las deyecciones es mucho mas intenso y directo al igual que sucede con los intercambios de fluidos oro nasales y corporales. Esta situación, en algunos casos, su‑ pone un importante incremento de la carga microbiana y parasitaria de las cerdas que posteriormente va a ser transmitida a los lechones durante el periodo de lactación. Una implantaci‑ ón correcta del bienestar animal tecni‑ ficado ayuda a mejorar los parámetros productivos de la explotación. El mayor contacto directo entre los animales y con sus deyecciones que supone la implantación de las gesta‑ ciones en grupo puede considerarse positivo para el desarrollo de un equi‑ librio inmunitario optimo en el caso de determinadas patologías evitando ó disminuyendo la posibilidad del es‑ tablecimiento de subpoblaciones con una menor protección inmunitaria y por lo tanto susceptibles de desarrollar en‑ fermedad. Sin embargo el mismo sis‑ tema presenta aspectos muy negativos para el control de otras patologías como pueden ser las infestaciones parasita‑ rias y aquellas otras cuya diseminaci‑ ón se realiza mediante las heces, orina y secreciones oro nasales de animales portadores o enfermos. Tiene especial importancia el papel de los vectores o portadores biológicos, roedores, pája‑ ros, etc. en la transmisión y disemina‑ ción de leptospiras y salmonella. VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções La infección por Parvovirus cobra especial significado productivo cuan‑ do se produce durante la etapa de gestación disminuyendo de manera importante la eficiencia productiva de los animales. La presencia de momias estratificadas en función de la edad gestacional es un signo característico de la infección por Parvovirus, pero la infección en etapas mas tardías de la gestación provoca el naci‑ miento de lechones poco viables. La inmunidad pasiva, en algunos casos, persis‑ te en las cerdas nulíparas hasta mas de siete meses, produciéndose una in‑ terferencia con las vacu‑ naciones y dando lugar a cerdas susceptibles a la infección. El virus parvo es ca‑ paz de persistir en las instalaciones infectadas hasta cuatro meses. En los alojamientos en grupo se constata un incremen‑ to de la carga vírica que da lugar a infecciones re‑ currentes en las cerdas. La realización de se‑ rologías pareadas, en las cerdas, nos sirve para de‑ terminar el grado de expo‑ sición de los animales al virus parvo. La inmunidad de rebaño en el caso de parvovirus es irregular dándose la circunstancia que rebaños con infección endémica pueden existir algunos ani‑ males susceptibles de ser infectados. La influenza es una pa‑ tología infravalorada, que no debemos de olvidar dentro de los programas de control y profilaxis. Su forma de presentación, en ocasiones puede llevar a confusión con la infección por virus PRRS. La presentación de un brote clínico de la enfermedad conlleva graves perdidas económicas y da lugar a un desequili‑ brio sanitario en la explotación, favore‑ ciendo las coinfecciones con otros pa‑ tógenos tanto víricos como bacterianos. La influenza es, una de las pato‑ logías con mas impacto productivo en las instalaciones de bienestar animal, posiblemente debido a un efecto am‑ plificador de patologías asociadas a fallos inmunitarios, como puede ser el incremento de problemas entéricos en lechones lactantes. El comportamiento de la enferme‑ dad no es especialmente distinto en función del sistema de alojamiento, ahora bien la diseminación vírica si MAIOR BENEFÍCIO ECONÓMICO COM UMA NUTRIÇÃO AVANÇADA Reduza os seus custos de alimentação, aumente a flexibilidade na formulação de alimentos, melhore a uniformidade dos animais e reduza o impacte ambiental, com estas soluções nutricionais inovadoras. Em utilização individual ou combinada, estes produtos enzimáticos termoestáveis e de elevada fiabilidade, são adaptados às necessidades individuais, de forma a aumentar a rentabilidade na produção de suínos e de aves. Contacte o nosso distribuidor autorizado REAGRO SA, pelo telefone 21 791 6000/29 ou por e-mail [email protected] Copyright© 2012 DuPont ou suas afiliadas. Todos os direitos reservados. O logo oval da DuPont, DuPont™ e todos os produtos que apresentem as marcas ® ou ™ são marcas comerciais registadas ou marcas comerciais da DuPont ou das suas afiliadas. suinicultura 45 Danisco Animal Nutrition VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções es mucho mas rápida en el sistema de grupos. El establecimiento de un buen programa vacunal es fundamen‑ tal para evitar la recurrencia de bro‑ tes de enfermedad, la introducción de cerdas nulíparas no suficientemente protegidas puede ser el detonante de la explosión de un brote agudo. Las patologías de etiología bacte‑ riana que tienen transmisión oro nasal son, en los sistemas de bienestar ani‑ mal, las grandes beneficiadas. El con‑ tacto intimo y prolongado en el tiempo entre las cerdas facilita la diseminación de los agentes patógenos. producién‑ dose un incremento de prevalencias, permitiendo y potenciando la coloniza‑ ción e infección de la descendencia. Es importante establecer un buen progra‑ ma de encalostramiento y control de los mucosales primarios. 46 suinicultura Enfermedades bacterianas en las que la transmisión se realiza por vía oral son igualmente beneficiadas con estos sistemas de alojamiento. La in‑ fección por Leptospiras es un claro ejemplo de esta situación y no debe‑ mos ignorarla a la hora de establecer programas de control de vectores e incluirla en el diagnostico diferencial de procesos reproductivos. Las enfermedades del tracto di‑ gestivo como son disentería, infeccio‑ nes por espiroquetas y salmonella son también favorecidas en su presenta‑ ción y diseminación por el modelo de gestación en grupo, siendo muy favo‑ recidas por la presencia de vectores como roedores, pájaros etc. Las enfermedades de la piel ad‑ quieren especial relevancia con el nuevo sistema de manejo, la presencia de agentes como Staphylococcus hy‑ cus , Streptococcus y algunos hongos dermatofitos , en la superficie cutá‑ nea de las cerdas, contribuyen a la presentación de problemas dérmicos en lechones lactantes y destetados. Tiene especial importancia la sarna como una enfermedad a erradicar en este modelo. Las afecciones podales y lesiones músculo esqueléticas también deben de incluirse dentro de las patologías asociadas o potenciadas por el sis‑ tema de alojamiento en grupo.. La eliminación de cerdas en distintos estadios del ciclo productivo como consecuencia de problemas locomo‑ tores se incrementa en las explota‑ ciones con gestaciones libres, siendo la tasa de eliminación mayor o me‑ nor en función del tipo de diseño del VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções corral y directamente relacionada con la calidad del suelo. Especial importancia tiene el drenaje de las deyecciones existiendo una relación directa entre el grado de humedad‑ -suciedad del corral con la elimina‑ ción de cerdas y con la perdida de gestaciones que se traduce en una disminución del índice de partos. El hecho de que, consecuencia del nuevo diseño de las gestaciones, la cerda se vea obligada a deambu‑ lar para conseguir comida, agua y un lugar de descanso hace nece‑ sario que los animales dispongan de una correcta estructura ósea y muscular. La cría de la futura re‑ productora tiene pues en este as‑ pecto una gran importancia, siendo en algunos casos necesario revisar los programas nutricionales y de manejo de las cerdas jóvenes pres‑ tando especial atención al desarrollo del aparato locomotor y la fase de recría a partir de los 60 kg de peso tiene mucha importancia para evi‑ tar posteriores problemas que pue‑ den presentarse en la cerda adulta. La pezuña de las cerdas sufre de manera muy directa las agresiones relacionadas con el tipo de piso. La nutrición de las reproductoras debe de prestar atención especial a las ne‑ cesidades minerales que permitan mantener la estructura cornea del casco en buenas condiciones evitan‑ plus LONGA CONSERVAÇÃO | LONG DURATION | LONGUE CONSER LARGA DURACIÓN VATION | LANGE ZEIT VERDÜNN ER | LUNGA CONSERVAZIONE PARA PREPARAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO SÉMEN DE VARRASCO FOR PREPARATION AND CONSERVATION S OF THE BOAR SEMEN POUR LA PRÉPARAT ION ET LA CONSERVA TION DE LA SEMENCE PARA LA PREPARAC DE VERRATS IÓN Y LA CONSERVA CIÓN DEL SÉMEN DE FÜR DIE VORBEREIT VERRACOS UNG UND KONSERVIE RUNG VON EBERSAME PER LA PREPARAZIONE N E LA CONSERVAZIONE DEL SEME DI VERRO www.ibersan.pt [email protected] Casal Vale Medo, Apartado 68, 2534-909 Lourinhã - Portugal Tel. +351 261 416 450 Fax + 351 261 423 389 suinicultura 47 VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções do la aparición de grietas y fisuras que inevitablemente llevan a la invalidez del animal y a su retirada del sistema de producción. Los procesos inflamatorios, que afectan al aparato locomotor, son frecuentes en los alojamientos en grupo. El comportamiento social de los animales debe de ser objeto de estudio para evitar errores de diseño que favorezcan situaciones de stress y competencia jerárquica que se tra‑ ducen en lesiones músculo esquelé‑ ticas. Las enfermedades parasitarias pueden alcanzar su máxima expresi‑ ón en alojamientos en grupo si no se establecen las oportunas medidas de control. La puesta en marcha de pro‑ gramas de control debe de hacerse teniendo el conocimiento completo del ciclo del parasito y del grado de infestación de la explotación. La cría del ganado en confinamiento permi‑ tió durante los últimos años disminuir considerablemente la prevalencia de este tipo de patologías, el nuevo mo‑ delo de alojamientos por el contrario está suponiendo un incremento. Aquellas explotaciones donde la transformación a bienestar se esta realizando mediante la utilización de parques o corrales exteriores con su‑ perficie de tierra tienen mayores posi‑ bilidades de infestación por especies de parásitos hasta ahora poco fre‑ cuentes en los cerdos criados en sis‑ tema intensivo. (ver cuadro adjunto) El control de ectoparásitos debe de estar también contemplado en los pro‑ gramas antiparasitarios de las explo‑ taciones puesto que por las mismas razones anteriormente comentadas se facilita la difusión y transmisión de estos agentes. El modelo nutricional y la posibi‑ lidad de establecer nutrición de pre‑ cisión, permite optimizar los micronu‑ trientes en cada fase de la gestación, permitiendo predecir los resultados 48 suinicultura VI Congresso Nacional de Suinicultura | intervenções Kg. Pinso per porc 300 Eficiència alimentaria (Kg. pinso/ 1 Kg. pes viu) Acumulat Eficiència Alimentaria 20 18,80 18,80 275,43 18 250 16 14 200 12 150 10 115 100 5,76 0 4 2,92 1,85 9,23 6 80 50 28,2 8 1 5 técnicos y económicos en las diferen‑ tes áreas de la producción. El modelo de bienestar animal tecnificado permite satisfacer las ne‑ cesidades del consumidor al mismo tiempo que facilita la viabilidad de las explotaciones al permitir mejorar su eficiencia productiva y entrar en la era de la Eficiencia, valorando de forma muy positiva, la entrada de todos los modelos y herramientas posibles de tecnificación en la fase de producci‑ ón. Esta nueva era iniciada lleva a un planteamiento mas ambicioso de co‑ nocimiento hasta ahora no estudiado y basado en las nuevas reglas de com‑ portamiento animal en un contexto de producción, trazabilidad y garantía de calidad y sanidad establecidas en la cadena de alimentación de los países y economías mas exigentes y sin ol‑ vidar que la producción debe encon‑ trar pequeños nichos de mejora para poder sacar rendimiento y credibilidad ante los consumidores que descono‑ cen de forma directa la importancia que tiene el sector de producción para garantizar la buena aplicación de las diferentes normativas implantadas en europa y que pueden ser referentes de aquellas sociedades emergentes que buscan una mayor seguridad y calidad alimentaria. En la vida productiva de un animal hasta el matadero, se diferencian di‑ 15 1,56 2,47 2,55 22 2 0 ferentes etapas que debemos consi‑ derar como estratégicas y para ella hacemos un reparto de kg de piensos consumido por animal y fase de producción. El pienso necesa‑ rio para produ‑ cir un lechón al nacimiento se convierte en el pienso mas es‑ tratégico para conseguir un buen coste en el cebadero. En el cua‑ dro anterior se puede visua‑ lizar y valorar el impacto que tiene la nutrici‑ ón en cada fase de producción, siendo la fase de gestación la mas indicada para establecer un control que permita mejo‑ rar la homoge‑ neidad, el peso de la camada y poder mejorar los índices pro‑ ductivos en la fase de engorde. Por tanto, el Bienestar Animal Tecnifica‑ do permite iniciar un nuevo concepto de mejora basado en la eficiencia ali‑ mentaria y garantizar un buen desar‑ rollo inmunitario, una buena expresi‑ ón genética y una mejora del coste Kg carne. Por tanto, el peso al nacimiento, la mejora de la capacidad de encalostra‑ miento y la mejora de la superviven‑ cia 72 horas de vida, permite diseñar nuevas estrategias y planteamientos, donde la eficiencia es el mejor aliado y la nutrición adquiere un peso decisivo para las nuevas estrategias. *Optimal Pork Production www.oppgroup.com suinicultura 49 raças autóctones | alentejana 560.ª Feria de San Miguel – Zafra O correu entre os dias 3 e 9 de Outubro de 2013 a 560ª Fe‑ ria de San Miguel y Feria In‑ ternacional Ganadera de Za‑ fra, na mesma cidade da Província de Extremadura, Espanha. A ACPA foi convidada para assistir à entrega de Prémios do XXVIII CON‑ CURSO NACIONAL DE GANADO POR‑ CINO SELECTO IBÉRICO, onde estive‑ ram a concurso os melhores exemplares R da raça do nosso país vizinho. A orga‑ nização do concurso esteve a cargo na nossa congénere espanhola, AECERI‑ BER – Asociación Española de Criado‑ res de Cerdo Ibérico. Ao contrário dos últimos anos, os criadores espanhóis apresentavam‑se com alegria, devido à melhoria de pre‑ ços que o sector está a atravessar. Nesta cerimónia de entrega de Prémios, houve também uma degusta‑ ção de presuntos DOP e IGP espa‑ nhóis e portugueses, onde esteve pre‑ sente um exemplar do nosso Presunto de Barrancos DOP, com uma qualida‑ de inigualável transformado pela Casa do Porco Preto (Barrancarnes). Nesta feira estiveram, também, re‑ presentados animais de outras espé‑ cies pecuárias autóctones e exóticas, bem como um vasto leque de equipa‑ mentos e produtos agropecuários. 8º Congresso Internacional do Porco Mediterrâneo ealizou‑se entre os dias 10 e 12 de Outubro em Ljublja‑ na (Eslovénia) a 8ª Edição do Congresso Internacional do Porco Mediterrâneo. A ACPA esteve presente no con‑ gresso através da FESERPAE (Federa‑ ção Sul Europeia das Raças Suínas Au‑ tóctones Extensivas), da qual faz parte. Este congresso é um evento que é organizado de três em três anos e re‑ presenta uma rede de pesquisadores que trabalham na área de criação de suínos nas regiões / países ao redor do Mediterrâneo. Foram abordados temas como os Recursos Genéticos, Alimentação e Sistemas de Produção, Aspetos Sani‑ tários, Qualidade da carne e dos pro‑ dutos, Redução de sal nos produtos curados e Desenvolvimento Rural. Houve ainda oportunidade de visi‑ tar uma exploração extensiva de suí‑ nos autóctones, o Porco Krškopolje e de degustar Kraški pršut, um presunto com Indicação Geográfica Protegida. Escola Agrí. Dinamarquesa visita ACPA N o passado dia 4 de Novem‑ bro a ACPA recebeu em Ou‑ rique a visita de 16 alunos acompanhados de dois pro‑ fessores de uma Escola Agrícola Dina‑ marquesa, a Dalum Landbrugsskole. Esta instituição constitui um dos maiores e mais antigos colégios agrí‑ 50 suinicultura colas da Dinamarca, hoje um colégio internacional moderno para a educa‑ ção agrícola com tradições orgulhosas e uma atmosfera histórica. Conta com cerca de 250 alunos e é a maior facul‑ dade agrícola na Dinamarca. A comitiva encontrava‑se em Por‑ tugal há alguns dias com o intuito de conhecer o panorama agrícola portu‑ guês e as suas especificidades en‑ quanto sistema produtivo inserido no clima mediterrânico. Naturalmente, tinham grande curiosidade em descobrir como era produzido o Porco de Raça Alentejana e o modo de produção extensiva em que é produzido, totalmente díspar das raças e modos de produção habituais na Dinamarca. Para tal, foi realizada uma visita a uma exploração típica produtora de Porco Alentejano de ciclo completo, ou seja, foi‑lhes possível verificar o modo de parição em sistema de cam‑ ping, animais em fase de recria e as varas de animais em regime de acaba‑ mento em montanheira. Entre várias perguntas colocadas por alunos e professores destacava ‑se também espanto pela sustentabili‑ dade deste sistema produtivo inserido no ecossistema montado. alentejana | raças autóctones ANCPA – Feira do Montado em Portel N o final do passado mês de Novembro, decorreu como já é tradição, a Feira do Montado em Portel. A cele‑ brar a sua XIV edição, a Feira do Mon‑ tado já faz parte dos acontecimentos do sector do Porco Alentejano. A ANCPA como parceiro privile‑ giado na organização do evento, não podia deixar de ter uma forte partici‑ pação, quer através do nosso stand, quer através de atividades relaciona‑ das com o Porco Alentejano. Deste modo, a ANCPA teve no es‑ paço da feira o lugar do Porco Alenteja‑ no, stand de informação onde apresen‑ tamos a todos os interessados os serviços que disponibilizamos, assim como, diversas fotografias e uma pe‑ quena exposição de presuntos nacio‑ nais. No dia 29 de Novembro em conjunto com diversas entidades organizámos as X Jornadas Ibéricas do Montado, onde foram debatidos diversos pontos de in‑ teresse sobre o ecossistema Montado. Nas Jornadas foi também apresentado a primeira versão do Livro Verde dos Montados como ferramenta de trabalho, quer para os produtores e investigado‑ res como para os órgãos de decisão. No final das Jornadas como já é hábito degustou ‑se os produtos do Montado, enchidos e carne de Porco Alentejano, destacando‑se a primeira prova do Paio do Lombo de Bolota de porcos escolhidos, acompanhados e selecionados pela ANCPA que teve imenso sucesso entre os provadores. (Na próxima edição teremos um arti‑ go exclusivo sobre as Jornadas Ibéricas.) suinicultura 51 raças autóctones | bísara Publicações com Referência à Raça Bísara e ao Fumeiro de Vinhais E ste ano a raça bísara este‑ ve presente em dois lança‑ mentos. O primeiro em Abril, na 30ª edição da Ovi‑ beja, é uma publicação da DGAV com o nome Raças Autóctones Portugue‑ sas. O objetivo foi o de compilar toda a informação, num livro, para divulgar e caracterizar as 57 Raças Autócto‑ nes existentes em Portugal, das quais a raça bisara faz parte e que consti‑ tuem um património genético animal único. Este livro constitui uma refe‑ rência actual das Raças Autóctones que, sendo oficialmente reconheci‑ das em Portugal, são objecto de re‑ gisto em Livro Genealógico, de acor‑ do com critérios específicos. Assim 52 suinicultura analisa as diferentes raças de acordo com os aspectos relativos à origem, à área geográfica, ao padrão da raça, à evolução do efectivo, aos sistemas de produção, às características produti‑ vas e reprodutivas e ao desenvolvi‑ mento, melhoramento e perspectivas futuras, de forma estruturada por es‑ pécie. Outro importante lançamento, que ocorreu no VII Congresso Mundial do Presunto, foi uma edição dos CTT Cor‑ reios de Portugal, com o nome Sabores do Ar e do Fogo, da autoria de Fátima Moura, escritora e perita em gastrono‑ mia e com coordenação de José Quité‑ rio, decano da crítica gastronómica. As fotografias são da autoria de Mário Cerdeira. Este lançamento pretende contribuir para um conhecimento mais detalhado dos enchidos e presuntos tradicionais portugueses, suas histó‑ rias e caracterização. Começando sempre que possível pela respetiva gé‑ nese e enquadramento sociológico e, em seguida, detalhando as normas es‑ pecíficas de produção que asseguram a garantia de qualidade e especificida‑ de, e que permitem a atribuição da De‑ nominação de Origem Protegida ou In‑ dicação Geográfica Protegida que os consagra, hoje em dia, como «Produtos Artesanais de Qualidade». Pedro Fernandes Técnico ANCSUB bísara | raças autóctones suinicultura 53 raças autóctones | bísara A Alheira de Mirandela já é qualificada com Indicação Geográfica Protegida A partir de agora a Alheira de Mirandela IGP terá de apre‑ sentar, na sua composição, carne de porco bísaro. A Alheira de Mirandela tem, desde 1996,a protecção comunitá‑ ria de Especialidade Tradicional Garan‑ tida (ETG). Este tipo de protecção não faz referencia a uma origem, mas tem por objetivo distinguir uma composição tradicional do produto, ou um modo de produção tradicional. Quer isto dizer, em termos práticos, que a Alheira de Mirandela, desde que cumpridas as exi‑ gências do caderno de especificações, referentes ao modo de produção, pode‑ ria ser produzida em qualquer lugar. Conscientes de que esta realidade estava a prejudicar as vendas, um grupo de produtores do concelho, com o apoio da Associação Comercial e In‑ 54 suinicultura dustrial de Mirandela, entrou com um pedido de registo de indicação geo‑ gráfica protegida, através do Aviso n.º 2259/2006 (2.ª série), de 21 de Feve‑ reiro de 2006, com o objetivo de criar uma mais-valia para a economia local e pela defesa da região, do produto e do bom nome dos produtores. Sete anos depois, o novo estatuto foi autorizado pela Comissão Europeia e confirmado pelo Governo português no despacho do secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Ru‑ ral, Gomes da Silva, publicado a 3 de Julho em Diário da República. Além da limitação geográfica, outra das exigências do caderno de especifi‑ cações é referente à origem da maté‑ ria-prima. Como forma de acrescentar qualidade e valor ao produto é obriga‑ tório que o modo de produção da Alhei‑ ra de Mirandela IGP utilize carne e gor‑ dura de porco bísaro, ou produto do seu cruzamento, desde que com 50% de sangue bísaro. Ou seja, pelo menos um dos progenitores terá de ser de raça bisara e inscrito no Livro Genealógico, tal como descrito no respetivo caderno de especificações, que diz: “ Entende‑ -se por alheira de Mirandela o enchido tradicional fumado cujos principais in‑ gredientes são a carne e a gordura de porco da raça Bísara ou produto de cruzamento desta raça com as raças Landrace, Large White, Duroc e Pie‑ train (desde que 50% de sangue Bísa‑ ro), a carne de aves (galinha e ou peru), o pão de trigo, o azeite de Trás-os‑ -Montes e a banha, condimentados com sal, alho e colorau doce e ou pi‑ cante. Podem ainda ser usados como ingredientes a carne de animais de caça, a carne de vaca e o salpicão e ou o presunto envelhecidos.” Sendo a Alheira de Mirandela, um dos enchidos com maior expressão no panorama nacional da salsicharia, com um volume de vendas anual de 28 milhões de euros e um sector que em‑ prega 550 pessoas, facilmente se per‑ cebe a importância que representa para os criadores de suínos de raça bisara, que têm aqui mais um canal de escoamento para os seus animais. A ANCSUB tudo fará para apoiar os criadores associados na venda dos seus suínos às unidades de transfor‑ mação que irão produzir a Alheira de Mirandela IGP. Por enquanto aguarda‑ mos um contacto da Associação Co‑ mercial e Industrial de Mirandela, para que possamos dar início a este pro‑ cesso e eventualmente para a possível formalização de contratos de forneci‑ mento de suínos de raça bisara. Pro‑ metemos também estar atentos à co‑ mercialização deste produto, sempre na defesa dos interesses da raça bisa‑ ra e dos seus criadores. Pedro Fernandes Técnico ANCSUB notícias notícias FPAS Encontro técnico internacional dos núcleos de seleção da linha A da TOPIGS Nos passados dias 2, 3 e 4 de Dezembro a TOPIGS Internacio‑ nal organizou um encontro com os vários técnicos responsá‑ veis pelo programa de núcleo de seleção da linha A de Portugal, Espanha e França. O encontro realizou-se na exploração da Herdade da Fonte Branca – ASLA - e incluiu também uma visi‑ ta ao Centro de Inseminação AIM CIALA. Os objetivos da reunião passavam por definir e uniformizar os critérios para a seleção dos varrascos de núcleo da linha A em todos os países envolvidos e definir os objetivos para os próxi‑ mos anos para o programa genético da linha A da TOPIGS. Para além disso fez-se um ponto de situação do trabalho realizado no presente ano nos diferentes núcleos dos três países. Este encontro foi também uma ótima oportunidade para troca de ideias entre todos os envolvidos e realçou a importância das explorações Portuguesas no trabalho de melhoramento genéti‑ co da TOPIGS Internacional. suinicultura 55 reuniões, congressos e seminários VI Congresso da S.C.S. tins, assistimos às seguintes interven‑ Supranumerários” - Engª. Vanda Ma‑ ções: galhães. “Fisiologia do parto, da lactação e No Painel IV, moderado pela Profª. do desmame” - Prof.ª Vitória Falceto; Paula Azevedo, assistimos a duas pa‑ “ Imunologia – Encolostramento” - lestras: Prof. Fernando Fariñas; “A Correlação entre as Caracterís‑ “Patologia da Porca” e “Patologia ticas Maternais no Melhoramento Ge‑ do Leitão” - Dr. Manuel Joaquim e Dr. nético”- Prof. Telo da Gama; Pedro Carreira. “A Utilização da Genómica na Se‑ No Painel II, “Nutrição”, foi presidi‑ lecção para Caracteres Reprodutivos” do pelo Prof. Doutor Bengala Freire - Engº. Marcos Lopes. tendo como temas: O Congresso terminou com o Pai‑ ealizou-se nos passados “Novas Tendências em Alimenta‑ nel V, moderado pelo Sr. Victor Meni‑ dias 15 e 16 de Novembro no ção” - Prof. Doutor Bruno Silva; no, Presidente da FPAS no qual o Dr. CNEMA, o VI Congresso da “Desequilíbrios Metabólicos na Carlos Martinéz desenvolveu a temáti‑ SCS. Porca” - Prof. Doutor Alysson Saraiva; ca “Custos e Impacto Económico na A sessão de abertura, foi presidida “Novos Desafios na Formulação” - Maternidade”. Workshop Pontos na SCS, Inseminação Artificial pelo Presidente de Críticos Direcção da Engº. Pedro Folque. Durante o Congresso foi apresen‑ Coordenação - Alfaro Cardoso Dr. Alfaro Cardoso, e foi em muito en‑ III – Maneio No Painel III dedicadoPainel a uma com‑ tada a 1ª Monografia da S.C.S – “Ins‑ riquecida e valorizada pelas presen‑ Presidente Mesa: ponente mais prática, o “Maneio”, e pecção Sanitária de Suínos”, da auto‑ Workshop o laboratório como suporte à decisão ças e intervenções do Presidente da Divanildo Silva coordenada pelo Prof. Doutor Divanil‑ ria do Dr. Manuel Joaquim e da Profª. clinica Associação dos Eng.os Zootécnicos, Coordenação - Enric Mateu do Monteiro, foram tratados os se‑ Madalena Vieira-Pinto e colaborado‑ 09.00 - 10.00 – Desenho da nova maternidade e novos Prof. Doutor Divanildo Monteiro, do guintes temas: res. desafios do BEA – Anita Hoofs Presidente de Direcção da S.P.C.V., “Bem-Estar animal ao nível das Assistiu-se ainda às Palestras 10.00 - 10.45 – Controlo Ambiental da Maternidade (porc Prof. Doutor Carlos Martins, do Presi‑ maternidades” - Drª. Anita Hoofs; “Homenagem Carreira”, dignifi‑ vs leitões) – Anita Hoofs dente da F.P.A.S., Sr. Victor Menino e 09.15 - 09.30 - Sessão de Abertura “Influência da Homogeneidade das cando a memória do Doutor Rui Bap‑ do Eng.º Pedro Folque em representa‑ 10.45 - 11.15 – Intervalo Ninhadas Sobre a Ingestão de Colos‑ tista, da responsabilidade do Prof. ção do da eI.A.C.A.. Painel I –Presidente Fisiologia Sanidade tro e a Mortalidade dos Leitões” - Prof. Doutor Perestrelo Vieira e O tema central deste Congresso foi Presidente da Mesa: 11.15 - 11.45 – Influencia Homogeneidade das NinhaDoutor Rui Charneca “Incentivo da Jovem Investigador”, na o sector da “ Maternidade”. Carlos Martins das sobre a Ingestão de Colostro e a Mor “As Primeiras 48 horas do Leitão” qual o Investigador Doutor Filipe Nu‑ No Painel I, “Fisiologia e Sanida‑ talidade dos Leitões – Rui Charneca – Dr.ª Joana Monteiro; nes homenageou o sócio fundador Dr. 09.30 10.00 – Fisiologia do Parto, de”, -moderado pelo Prof. Carlos Mar‑da Lactação e do Des- 11.45 - 12.15 – As primeiras 48 horas do leitão – Joana Conde. mame –Vitoria Falcetto “Desmames Parciais e Gestão de Lino Monteiro R Programa: Quinta-feira dia 14 de Novembro: Sábado dia 16 de Novembro: Sexta-feira dia 15 de Novembro: 10.00 - 10.45 – Imunologia – Encolostramento – Fernando Farinas 10.45 - 11.00 – Debate 11.00 - 11.30 – Intervalo 12.15 - 12.45 – Desmames parciais e gestão de supranumerários – Vanda Magalhães 12.45 - 13.00 – Debate 13.00 - 14.30 – Almoço 11.30 - 12.15 – Patologia da Porca – Manuel Joaquim 12.15 - 13.00 – Patologia do Leitão – Pedro Carreira 13.00 - 13.15 – Debate 14.30 - 15.00 – Palestra Lino Conde: Sandro Filipe Nunes 13.15 - 14.30 – Almoço Painel IV – Genética Presidente Mesa: Paula de Azevedo 14.30 - 15.15 – Palestra Rui Baptista: Rui Perestrelo Painel II – Nutrição Presidente Mesa: Bengala Freire 56 suinicultura 15.00 - 15.45 – Melhoramento Genético (correlação entre características maternais) – Telo da Gam 15.45 - 16.30 – A utilização da genómica na seleção para caracteres reprodutivos – Marcos Lopes 15.15 - 16.00 – Novas tendências em alimentação – Bruno 16.30 - 16.45 – Intervalo Silva reuniões, congressos e seminários I Seminário Suinicultura Biológica A Escola Superior Agrária de Coimbra e a Associação In‑ ternacional de Estudantes de Agricultura e Ciências Relacionadas realizou o I Seminário de Suinicultura Biológica na cidade de Coimbra, evento, esse, que teve lugar no auditório da ESAC no dia 29 de No‑ vembro de 2013, reunindo vários mo‑ deradores, oradores e mais de 50 par‑ ticipantes. Por essa ocasião foi também cele‑ brado um protocolo de colaboração e cooperação entre a ESAC e a empresa AIM CIALA, S.A. - Centro de Insemina‑ ção Artificial do Litoral Alentejano, S.A. Estando inserida na região do Lei‑ tão da Bairrada e sendo a ESAC a úni‑ ca instituição de Ensino Superior com a Licenciatura em Agricultura Biológi‑ ca, tornou-se imperativa a realização deste evento nesta Escola. Existindo apenas 42 explorações de suinicultura biológica certificadas, foi importante reunir técnicos, produ‑ tores e estudantes e debater os prós e contras da produção biológica de suí‑ nos em Portugal. Neste primeiro evento foram, entre outros, abordados os seguintes temas: legislação vigente, maneio, sanidade e certificação do produto final, tendo-se concluído que ainda há um longo ca‑ minho a percorrer para ultrapassar certas dificuldades existentes na pro‑ dução de suínos biológicos. Uma for‑ ma de colmatar essas dificuldades passaria pela criação de um corpo as‑ sociativo que pudesse resolver alguns impedimentos enfrentados pelos pro‑ dutores. Neste particular a FPAS dis‑ ponibiliza-se a apoiar os eventuais promotores e a albergar no seu seio mais uma associação do sector. Biossegurança Biossegurança – Prevenção – Prevenção Higiene Higiene & Desinfeção & Desinfeção ao ao serviço serviço de de uma uma Virkon Virkon S S performance dede exceção exceção Desinfetante Desinfetante Virucida, Virucida, Bactericida Bactericida e e performance Desinfetantes Desinfetantes Homologados Homologados ® ® Fungicida Fungicida de Largo de Largo Espectro. Espectro. Mundialmente Mundialmente conhecido. conhecido. Dispensa Dispensa mais apresentações… mais apresentações… Prophyl Prophyl 2000 2000 ® ® Tripla Tripla Associação Associação (1 Amónio (1 Amónio QuaterQuaternário nário + 1 Aldeído + 1 Aldeído + Clorocresol). + Clorocresol). Conceito Conceito ÚnicoÚnico de desinfeção. de desinfeção. Extraordinária Extraordinária Eficácia Eficácia em presença em presença de matéria de matéria orgânica. orgânica. Septicid Septicid ® ® Associação Associação Sinérgica Sinérgica de 1 Amónio de 1 Amónio Quaternário Quaternário + 1 Aldeído. + 1 Aldeído. Desinfetante Desinfetante de Eleição de Eleição para aplicapara aplicação em çãoProdução em Produção animal, animal, Indústrias Indústrias agro-alimentares agro-alimentares e Transporte e Transporte de de animais. animais. I I I I I I I I I I I I Instalações Instalações Indústrias Indústrias agro-alimentares agro-alimentares Veículos Veículos de transporte de transporte de animais de animais e de eprodutos de produtos alimentares alimentares Pedilúvios Pedilúvios Rodilúvios Rodilúvios Material Material ... ... suinicultura Tel.:+351 Tel.:+351 21 843 21 68 8435068– 50 Fax: – Fax: +351+351 21 840 21 32 8401732– 17 E-mail: – E-mail: [email protected] [email protected] PORTUGAP LORTUGAL 57 reuniões, congressos e seminários Os 100 anos da EZN F az este ano cem anos que a EZN se mudou dos terrenos da Casa Pia em Belém para a Quinta da Fonte Boa no Vale de Santarém. Para recordar essa efeméride os atuais funcionários decidiram organi‑ zar uma sessão onde se revisitou o percurso da EZN ao longo desde aus‑ picioso caminho, cabendo-me a mim descrever o que foi esse percurso na componente Técnica e Científica. Para facilitar a apresentação dividi este longo historial em 3 períodos que defini como: Até aos anos 50, até aos anos 70 e até 2007. Até aos anos 50 era a Coudelaria Nacional onde o objetivo principal foi a seleção do cavalo pelo estalão da raça, pelo aspeto, pelagem, conformidade, postura, andamentos etc. Era a Zoo‑ tecnia Clássica e nesse domínio e para a época a EZN foi referência Nacional. Neste período gostaria de distinguir o seu último Diretor o Dr. Nazareth Bar‑ bosa. Entrou-se no segundo período com a chegada do novo Diretor Dr. Jo‑ aquim da Silva Portugal, até então In‑ tendente de Pecuária de Aveiro e com ele introduziu-se, de forma sistemáti‑ ca, o estudo das outras espécies pe‑ cuárias, nomeadamente Galinhas, Su‑ ínos, Ovinos e Caprinos e Bovinos. A 58 suinicultura EZN organizou-se em dois grandes setores: um tradicional administrativo para a gestão corrente e um outro Técnico com os diferentes sectores orientados para cada uma das espé‑ cies em estudo, apoiado por uma se‑ cretaria especificamente destinada a registar, desenhar e construir uma base de dados individual para cada animal. Era a Zootecnia Clássica mas já muito orientada para os cruzamen‑ tos industriais (em particular em ovi‑ nos e bovinos de carne) e em criar raças de síntese de que o porco Fonte Boa foi um exemplo. Avançou-se no sentido da funda‑ mentação estatística e da experimen‑ tação, tudo era medido, desenhado ou fotografado e registado. Prevaleciam ainda os Concursos Pecuários mas já havia muita publicação técnico-cientí‑ fica que ainda hoje podemos encon‑ trar nos célebres Boletins Pecuários da Direção Geral de Veterinária. Entramos então no terceiro período que vai da década de 70 e chega a 2007 (extinção da EZN como tal). Este período coincide com a chegada do Prof. Vaz Portugal, primeiro como diretor do Laboratório e depois como Diretor da EZN. Tendo feito o seu dou‑ toramento em (Abredeen/Escócia) aposta numa nova abordagem da Zoo‑ tecnia e entra-se na Produção Animal em que o objetivo não é a estética ou a morfologia mas sim a produção, o rendimento e a e eficiência da produ‑ ção. Valoriza-se o produto em quanti‑ dade e qualidade e o seu custo de pro‑ dução. A EZN sofre uma revolução silen‑ ciosa. Reconvertem-se estábulos e parques orientam-se as instalações para a investigação e a experimenta‑ ção, criam-se novos laboratórios fo‑ cados no estudo da fisiologia, da re‑ produção, da nutrição e da genética molecular. Apetrecham-se estes labo‑ ratórios com equipamento altamente sofisticado e organiza-se a EZN para ser uma instituição centrada na Inves‑ tigação e na experimentação mas em que se cria toda uma logística de apoio que irá potencializar esse objetivo. Nascem as oficinas, os serviços agro‑ pecuários, os serviços administrativos e os serviços sociais. São criados os Departamentos de Nutrição e Alimentação, de Genética e Melhoramento Animal, de Fisiologia e Reprodução Animal bem como os De‑ partamentos de Experimentação como sejam os de Ovinos e Caprinos, de Monogástricos e de Bovinos e como apoio aos Departamentos são criadas as Unidades de Investigação nomea‑ damente: Parasitologia, Cirurgia Ex‑ perimental, Fábrica de Rações, Esta‑ tística, Clínica e um Matadouro Experimental. Houve uma grande abertura ao ex‑ terior com parcerias estratégicas com as Universidades de Lisboa, Porto, Vila Real, Évora e Açores e os Politéc‑ nicos de Viana do Castelo, Viseu, Bra‑ gança, Coimbra, Santarém, Portalegre e Beja. São estabelecidos acordos de cooperação com a Associação dos In‑ dustriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA) a Federação Por‑ tuguesa das Associações de Suinicul‑ tores (FPAS) e com todas as Associa‑ reuniões, congressos e seminários ções de criadores de Raças Autóctones. Vários seminários se rea‑ lizaram neste âmbito, muitas publica‑ ções técnicas foram produzidos e pro‑ jetos de Investigação/experimentação foram realizados em parceria. Internacionalmente a EZN abriu-se à cooperação com Universidades, Insti‑ tutos de Investigação, Associações Internacionais como foi o caso do Centro Internacional de Altos Estudos Agronómicos e Mediterrânicos (CIHE‑ AM) de Saragoça e a Federação Euro‑ peia de Zootecnia (FEZ). Muitos trabalhos foram produzidos e publicados neste período quer de carater técnico quer científico quer em revistas de Divulgação quer em re‑ vistas de reputado mérito científico isto é com “Citation Index”. Por outro lado a EZN acolheu esta‑ giários de todas as Instituições que aqui realizaram estágios Profissio‑ nais, de Bacharelato, de Licenciatura, de Mestrado e de Doutoramento. Houve contudo um ponto que gostaria de destacar e que complementa tudo o que até aqui já foi exposto. Refiro-me à formação de quadros. Desde muito cedo o Prof. Vaz Portugal teve a preo‑ cupação de preparar técnicos que, em diferentes partes do mundo, se espe‑ cializassem nas diferentes áreas da Produção Animal quer através de Es‑ tágios ou de Programas de Mestrado ou de Doutoramento. Houve pois a preocupação de adaptar estruturas, criar novas valências para I&DE, ad‑ quirir equipamento topo de gama mas acima de tudo formar gente e criar Es‑ cola. Este foi talvez o legado mais mar‑ cante que o Prof. Vaz Portugal nos deixou: uma Escola de Especialistas nos diferentes sectores da Produção Animal que não só enriqueceram a EZN como todas as outras Instituições Portuguesas ligadas à Produção Ani‑ mal. O exemplo máximo desta preocu‑ pação foi a criação do Mestrado Inter‑ nacional de Produção Animal em parceria com a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa. Ficou a obra física, ficou o projeto mas acima de tudo ficou um grupo de especialistas altamente qualificados que hoje são Professores, Dirigentes, Técnicos e até Políticos que são a pro‑ va provada do que foi o Projeto inte‑ grado de criar na EZN um polo de ex‑ celência em Produção Animal. Abriu-se ao exterior quer para Produ‑ tores quer para o meio Académico. Apostou sempre na Internacionaliza‑ ção quer através de Projetos em par‑ ceria, na publicação de trabalhos, na participação em Comissões e na Or‑ ganização de Reuniões e Congressos. Preocupou‑ -se muito com o Bem‑ -estar dos seus Funcio‑ nários e as‑ sim se criou um Espirito EZN feito de Corpo e de Alma que tem sobrevivido às contingên‑ cias do tem‑ po. O Corpo sofre mas a Alma resiste. É por tudo isto que con‑ tinuamos oti‑ mistas. Fecha-se um Ciclo mas certamente outro virá. Fazemos votos para que esta efe‑ méride que agora se ce‑ lebra marque o início de um novo amanhã que todos desejamos risonho e próspero. JMC Ramalho Ribeiro Investigador Coordenador Aposentado; Ultimo Diretor da EZN. suinicultura 59 reuniões, congressos e seminários 25 Anos Eurocereal A Eurocereal, empresa portu‑ guesa de nutrição animal, especializada no fabrico de pré-misturas e suplementos nutricionais e serviços associados, festejou os seus 25 anos de existência no passado dia 26 de Outubro. O evento decorreu na Quinta do Convento, em Vila Verde dos Francos, e contou com cerca de 150 convida‑ dos, entre os quais representantes da DGAV, IACA, FPAS, ANEB, associa‑ dos, clientes e fornecedores. Carlos Vidal, Miguel Leitão e Vítor Menino, administradores, agradeceram a presença e a colaboração de todos, recordando a história, evolução e pro‑ jetos desta empresa que teve a sua ori‑ gem na produção pecuária e, ao longo da sua existência sempre teve como enfoque a melhoraria da cadeia de va‑ lor da fileira. XXXIV Simposio ANAPORC D ecorreu em Madrid o XXXIV Simposio Anual Anaporc, ponto alto do panorama de jornadas técnicas do sector suinícola na Península Ibérica. Mais uma vez o Ministro de Agricul‑ tura, Alimentação e Meio Ambiente, Mi‑ guel Arias Cañete, fez questão de pre‑ sidir à sessão de abertura durante a qual afirmou que a suinicultura é um dos 5 sectores industriais mais impor‑ tantes do país vizinho, ocupando o 1º lugar dentro da indústria de alimentos e bebidas com um valor de negócio su‑ perior a 19.000 milhões de euros, tendo representado em 2012 cerca de 14% no respetivo PIB agrícola. Foi igualmente destacado por este governante que é notória a capacida‑ de exportadora deste sector a qual atinge a impressionan‑ te cifra de 3.200 mi‑ lhões de euros anuais sendo já o 3º maior exportador da UE, logo a seguir à Dinamarca e à Alemanha. Pena é, em Portugal, não conseguirmos par‑ tilhar este ambiente de quase euforia vivido aqui mesmo ao lado e que permitiu ao Minis‑ tro da Agricultura afirmar que “os pre‑ ços recebidos pelo suinicultor podem ser considerados como excelentes, sendo ainda de ter em conta que os fa‑ tores de produção estão com tendência a baixar, o que pressupõe uma signifi‑ cativa melhoria nos resultados finais. Queremos mais uma vez expres‑ sar público agradecimento à Direcção da Anaporc, na pessoa do seu Presi‑ dente Mateo del Pozo, por mais uma vez ter convidado a FPAS a assistir a tão importante evento. Bem hajam por isso. Dia aberto DGAV DIA ABERTO DIREÇÃO-GERAL DE ALIMENTAÇÃO E VETERINÁRIA DIREÇÃO DE SERVIÇOS DE NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO 27 de novembro de 2013 TAPADA DA AJUDA - EDIFÍCIO 1 60 suinicultura A Direção de Serviços de Nutrição e Alimentação (DSNA) da Dire‑ ção-Geral de Alimentação e Ve‑ terinária organizou o seu pri‑ meiro “Dia Aberto” no passado dia 27 de novembro, nas instalações da Tapada da Ajuda, em Lisboa. Este evento teve como objetivo possi‑ bilitar um melhor conhecimento das com‑ petências e matérias cometidas à DSNA, permitindo uma melhor comunicação en‑ tre estes serviços e os operadores eco‑ nómicos, comunidade científica e técnica e entidades oficiais com competências relativas à alimentação, à nutrição animal e à nutrição humana. A FPAS fez-se representar neste evento pelos seus Presidente e Secretário Geral. empresas CAMPIFARMA lança a primeira vacina para a “Doença dos Edemas” A CAMPIFARMA reforça a sua posição no sector da suinicultura, em resultado do lançamento da primeira vacina para a “Doença dos Edemas” disponível em Portugal – ECOPORC SHIGA® . A doença dos edemas é caracteri‑ zada pela presença de estirpes de Es‑ cherichia coli produtoras de Shigatoxina (STx2e). Geralmente manifesta-se nas duas semanas após o desmame com a seguinte sintomatologia característica: edemas das pálpebras e focinho, ede‑ mas nas cavidades corporais, conges‑ tão intestinal e sintomatologia nervosa. A ECOPORC SHIGA® é uma vacina inovadora resultado da investigação premiada do prestigiado laboratório Alemão IDT Biologika. Trata-se de uma ferramenta valiosa para o médico veterinário, onde a apli‑ cação de uma vacina monodose a par‑ tir do 4ª dia de vida, permite a proteção durante todo o período crítico. HIPRA GOLDEN SPONSOR no “VI Congresso S.C.S.” HIPRA, a referência mundial em prevenção, associou-se como Golden Sponsor ao VI Congresso da S.C.S que decorreu nos dias 14, 15 e 16 de novembro e teve as “Maternidades” como tema principal. A HIPRA está convencida de que o futuro é a prevenção. Por este motivo a maior parte do orçamento em inves‑ tigação e desenvolvimento de novos produtos destina-se a vacinas. Temos centro de diagnóstico pró‑ prio por meio do qual fornecemos serviços técnicos aos nossos clien‑ tes. Somos o único laboratório de Saúde Animal com uma linha própria de kits de diagnóstico. Esta ação fez parte da cam‑ panha de lançamento da UNIS‑ TRAIN® PRRS, que começou em abril em todos os países da União Europeia. A Vétoquinol® lança Forcyl® Swine numa nova apresentação Forcyl® Swine é uma inovadora e patentea‑ da solução de 16% de Marbofloxacina. Em Se‑ tembro 2013 a Vétoquinol estendeu as indica‑ ções do Forcyl® Swine à síndrome MMA e consagra-lhe agora uma nova embalagem de 250ml mais vocacionada aos animais de maior porte e aos tratamentos de grupo. Desta forma o Forcyl® Swine pode ser agora utilizado em todas os períodos produti‑ vos da produção suinícola estando indicado em síndrome MMA nas porcas, diarreias por E. coli nos leitões desmamados e processos respira‑ tórios, por P. multocida, em porcos de engorda. O Forcyl® Swine integra o conceito de anti‑ biótico de ação curta e injeção única (SISAAB) e a sua aplicação no tratamento das várias pa‑ tologias tem produzido os resultados espera‑ dos, entre os médicos veterinários nacionais, veiculando níveis de cura estáveis dos animais tratados. suinicultura 61 notícias FPAS Reunião Ad hoc grupo de trabalho carne de porco do COPA-COGECA P or solicitação de vários paí‑ ses e com o acordo do Pre‑ sidente do grupo de traba‑ lho, Eng. António Tavares, realizou-se no passado dia 2 de De‑ zembro de 2013, uma reunião Ad hoc sobre o tema “Bem-estar animal”. Participou na reunião o Presidente da FPAS, Sr. Vítor Menino. Foram discutidos os seguintes pontos: Implementação da directiva sobre “Porcas em grupo” Relativamente ao seu cumprimen‑ to, a Comissão notificou os seguintes: Portugal, França, Alemanha, Dinamar‑ ca, Chipre, Polónia, Grécia, Bélgica e Irlanda, tendo praticamente todos eles garantido que até ao final do ano esta‑ riam a 100%, excluindo alguns casos pontuais que apontam para o encerra‑ mento definitivo. Protecção dos porcos, materiais manipuláveis – corte de rabos A Comissão quer apresentar guide‑ lines, onde estarão descritos os mate‑ riais manipuláveis cuja utilização pode levar a evitar o corte dos rabos. Os pri‑ meiros estudos da Comissão, indicam que o melhor material para o efeito é a palha. Este tema provocou um grande debate no seio do grupo, tendo daí re‑ sultado as seguintes conclusões: 1 – A Suécia é o único país que não corta os rabos e assim quer continuar. 2 – A experiencia sueca com palha não é 100% eficaz, pois apare‑ cem no matadouro cerca de 2% de animais com mordedu‑ ras. 3– Os restantes países pensam que se deve continuar a cortar 62 suinicultura o rabo (restringido à parte in‑ sensível do mesmo. 4 – Todos os países aceitam a palha como material manipulável, mas acham que é possível utili‑ zar outros, tais como toros de madeira ou correntes. Face a esta situação, foi decido criar um grupo de trabalho, de modo a fazer um estudo aprofundado sobre o tema, focando os seguintes pontos: 1 – Qual os materiais que podem ser aceites 2 – Eficácia dos mesmos no corte dos rabos 3 – Impacto ambiental no uso des‑ ses materiais 4– Impacto económico para os produtores Este grupo, que deve apresentar o relatório em 15 de Janeiro de 2013, será coordenado por Daniel Azevedo, do COPA-COGECA e composto pelos seguintes elementos: Margareta Al‑ berg (Suécia), Miguel Higuera (Espa‑ nha), Tadeusz Blicharski (Polónia), Francois Regis (França) Lizzie Press (Reino Unido) e Virena Schutz ou Ro‑ ger Fecheer (Alemanha) Proibição da castração A Comissão continua com os estu‑ dos no sentido de procurar alternati‑ vas à castração cirúrgica, que pode vir a ser proibida em 2018. Nas reuniões tem estado presente, Miguel Higuera e conseguimos mais um lugar que vai ser entregue ao re‑ presentante polaco. Vão ser criados quatro grupos para acompanhar o problema, no qual o COPA-COGECA está presente em todos, a saber; Subgrupo para elaboração dos re‑ latórios finais – Miguel Higuera Subgrupo para a comunicação – António Tavares Subgrupo para o treino e formação – Margareta Alberg Subgrupo dos produtos tradicionais Guia de boas práticas para o transporte Foi criada uma plataforma com‑ posta pelo COPA-COGECA, UECBV (matadouros) e as ONG, protecção dos animais e transportadores europeus para elaborarem um guia de boas prá‑ ticas em transporte para os porcos chamado “Fitness on Pig Transport”. Das reuniões havidas, ressalta o facto de que todas as partes envolvi‑ das concordam relativamente ao texto, estando agora a discussão centrada na apresentação de fotografias ou de‑ senhos dos porcos que não estão em condições de serem transportados. A decisão do grupo foi no sentido de que só deviam ser apresentar de‑ senhos. Apresentação de um programa alemão de valorização da carne de porco Tierwohl. Foi apresentado um programa ale‑ mão Tierwohl de valorização da carne de porco, baseado no nível de bem‑ -estar dos porcos. Este programa é totalmente voluntário. Os holandeses apresentaram um programa do género mas com grande diferença do dos alemães, porque en‑ quanto neste país a grande distribuição paga voluntariamente a majoração de preços, na Holanda dizem que pagam desde que o consumidor esteja dispos‑ to a aceitar os preços mais elevados. Esta reunião foi, na opinião do Pre‑ sidente da FPAS, muito produtiva, permitindo ter uma opinião mais fun‑ damentada sobre os destinos que a suinicultura europeia quer trilhar nos próximos anos. notícias FPAS Reunião do IMPA em Eindhoven R ealizou-se em Eindhoven, nos passados dias 3 a 5 de No‑ vembro, a reunião de Outono do Informal Meat Producers Association (IMPA) tendo nela participa‑ do representantes de todos os países que constituem o IMPA – Holanda, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Alemanha, Áustria, França, Reino Unido, Espanha e Portugal, este último representado pelos Eng.os Pe‑ dro Lagoa e António Tavares. Foram tratados os temas “situação do mercado” e o “bem-estar animal”, tendo em relação a este último sido con‑ firmado que todos os países presentes pensam cumprir com a normativa das porcas em grupo, até ao fim do ano. No que diz respeito à castração, todos os que praticam este tipo de maneio o fazem recorrendo a aneste‑ sia ou analgesia e estão contra a even‑ tual proibição até 2018. A Bélgica apresentou um projecto para constituição de um mercado de futuros para a carne de porco, com vista a diminuir a volatilidade dos pre‑ ços. O assunto não mereceu grande entusiasmo por parte dos presentes mas mesmo assim, foi decidido, por proposta da Bélgica, organizar uma reunião para discutir o assunto. No que diz respeito ao acordo com o Canadá e posteriormente com os EUA e o Japão, foi manifestada grande preocupação. Na discussão sobre a etiquetagem, as opiniões dividiram-se, com os paí‑ ses que são exportadores a pedirem UE-Non UE e os países importadores, como Portugal, a pedir menção do país de nascimento, engorda e abate. O grupo visitou Swine Innovation Centre (VIC), da Universidade de Wage‑ ningen, onde foi explicado o estudo so‑ bre bem-estar animal, tendo suscitado especial curiosidade a experiência com as porcas soltas nas maternidades. Este tipo de solução poderá conduzir a um significativo aumento de área e de investimento (mais 900€/porca do que no sistema tradicional). Foi ainda visitada a indústria de transformação de carnes Henry Van de Bilt. suinicultura 63 Levedura viva para porcas e leitões presenças institucionais > Porque os leitões LevuceLL® SB asseguram um bom retorno do investimento! Levedura viva para porcas e leitões Sim! O uso de Levucell® SB é a melhor forma de rentabilizar a produção. Levucell® SB garante ao produtor um excelente retorno do investimento, melhorando os parâmetros zootécnicos como o número de leitões desmamados, o peso da ninhada ou a eficiência alimentar. 64 por suinicultura Distribuido : Tel : +351 243 329 050 - Fax : +351 243 329 055 www.lallemandanimalnutrition.com © Lallemand - LSB_ADfp_QA1_Por_0413 Por que há leitões que têm a cauda diferente? 2014 3,4,5 de Abril VI Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias Auditório INIAV – Oeiras, Portugal 8 a 11 de Junho IPVS 2014 – Congresso Mundial de Veterinaria Cancún, México 13/14 de Abril Gandagro 2014 – Feira Internacional da Galiza Silleda (Pontevedra) – Espanha 26 a 28 de Setembro XXII Feira Nacional do Porco Montijo, Portugal 30 de Abril a 4 de Maio XXXI Ovibeja Beja, Portugal Para mais informações consulte o Calendário de Eventos em www.suinicultura.com 20 a 22 de Maio VIV Europe 2014 Utrech, Holanda Youpig Alimento de iniciação para leitões A chave do sucesso! Performance ✓ Estimula o consumo de ✓ Melhora o crescimento alimento ✓ Altos níveis nutricionais: ✓ Matérias-primas tratadas energia, aminoácidos termicamente e produtos lácteos ✓ Aromas e aditivos específicos digestíveis e fósforo digestível ✓ Melhoria da digestão: aditivos selecionados e enzimas INVIVONSA Portugal, SA • Zona Industrial de Murtede • 3060-372 Murtede Cantanhede • Portugal Tel. +351 231 209 900 • Fax +351 231 209 909 • www.invivo-nsa.pt - [email protected] Segurança Estabilidade ✓ ✓ Qualidade e seleção de ✓ ✓ Controlo das matérias- Evita problemas de diarreia Aditivos específicos para controlar e reforçar o equilíbrio da flora intestinal: ácidos, oligoelementos e enzimas The Ar t of Prestar ter Feeds matérias-primas específicas primas (fornecedores e laboratórios) ✓ Gestão do processo de fabrico suinicultura 65 Crédito foto: fotolia Palatabilidade presenças institucionais associações FPAS Actividades FPAS – 4.º Trimestre 2013 Outubro 08 – Reunião de preparação da nova imagem do portal www.suinicultura.com 08 – Reunião com Presidente da Fenacam – Feira do Porco 09 – Reunião de Direção FPAS – Sede da Alis, Montijo 10 – Reunião Copa Cogeca – Preços - Bruxelas 16 – Presença no Fórum “Inovação Alimentar ao Serviço do Consumi‑ dor” – Fund. Gulbenkian - Lisboa 17 – Reunião SEAIAA – Grupo de Trabalho “Desburocratização” (Plata‑ forma Peço Português) 17 – Reunião com grupo “Terra e Efleuntes” 17 – Reunião com Direção do INIAV – Qta do Marquês, Oeiras 17 – Reunião da Comissão Organizadora da XXII Feira Nacional do Porco, Montijo 22 – Reunião com Direção do IFAP - Lisboa 22 – Reunião de Direção da FPAS – Sede, Lisboa 22 – Formação em Segurança no Trabalho – DIAG – Lisboa 23 – Presença nas Comemorações dos 100 Anos da EZN – Fonte Boa, Vale de Santarém 24/25 – Participação no XXXIV Simpósio Anual Anaporc, Madrid 26 – Presença na comemoração dos 25 anos da Eurocereal 28 – Preparação do Seminário “A Suinicultura e o Ambiente” – Reunião com Emb. Holanda 30 – Presença na Apresentação do PDR 2014/2020 – INIAV - Oeiras Novembro 06 – Reunião da Comissão Organizadora da XXII Feira Nacional do Porco com Pres. Câmara M. Montijo 07 – Reunião de Direção da FPAS – Sede, Lisboa 07 – Participação na reunião “PDR 2014/2020 - Parcerias para a Inves‑ tigação e Inovação” – INIAV, Oeiras 08 – Reunião com IACA e FEPASA - Desburocratização 13 – Plataforma Peço Português – Presença na Comissão de Agricultura da AR 14 – Reunião da Comissão Organizadora da XXII Feira Nacional do Porco - Montijo 14 – Preparação do Seminário “A Suinicultura e o Ambiente” – Reunião com “Grandes Grupos” - Montijo 15/16 – Participação no VI Congresso da SCS – CNEMA - Santarém 18 – Preparação do Seminário “A Suinicultura e o Ambiente” – Reunião com palestrantes Holandeses 66 suinicultura 19 – Seminário “A Suinicultura e o Ambiente” – INIAV - Oeiras 20 – Audiência com o Sr. Secretário de Estado da Agricultura 20 – Reunião de Direção da FPAS – Sede, Lisboa 25 – Reunião com contabilidade – Preparação Orçamento para 2014 27 – P articipação no “Dia aberto” da DGAV – Tapada da Ajuda, Lisboa 29 – Presença no I Seminário “Suinicultura Biológica” – Esc. Superior Agrária de Coimbra Dezembro 02 – Apresentação do Plano de Atividades para 2014 – Reagro, Zoetis e Merial 03 – Início da preparação do n.º 102 da Revista Suinicultura – Sede FPAS 04 – Reunião com técnico da DGAV sobre “Destruição de cadáveres” 04 – Reunião de Direção da FPAS – Sede, Lisboa 04 – Reunião de Direção do LGPS – Sede da FPAS, Lisboa 04 – Reunião da Comissão Organizadora da XXII Feira Nacional do Porco – Sede da FPAS, Lisboa 05 – Reunião do GO – Efluentes – INIAV - EZN 05 – Apresentação do Plano de Atividades para 2014 – Ibersan 06 – Apresentação do Plano de Atividades para 2014 – Vetoquinol 09 – Apresentação do Plano de Atividades para 2014 – Calier, Indukern e Virbac 11 – Presença nas cerimónias fúnebres e funeral do Dr. F. Carmo Reis 12 – Apresentação do Plano de Atividades para 2014 – Ceva 13 – Apresentação do Plano de Atividades para 2014 – Tterra 13 – Presença na apresentação pública do portal “Agroinfo.pt” – Pegões 17 – Reunião Interprofissional – Sede da APIC 18 – Reunião de Direção da FPAS – Sede, Lisboa 18 – Assembleia Geral da FPAS – Sede, Lisboa 18 – Participação na apresentação da Norma Espanhola – ANCPA – Évora ZUP/67/MAR/13 OS NOVOS NÚMEROS DO SEU SUCESSO NO TRATAMENTO DO CRS 14 1 4 Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores N.º 102 2013 Out. Nov. dez. 5,00 € suinicultura www.suinicultura.com “A Suinicultura e o Ambiente” 9 Spreading out of solid manur FPAS organizou seminário em parceria com Embaixada da Holanda Unloading liquid manure into a container EZN comemora 100 anos de existência MSD Animal Health Quinta da Fonte - Edif. Vasco da Gama, Nº 19 2770-192 Paço de Arcos – PORTUGAL Tel.: (+351) 214 465 700 • Fax: (+351) 214 465 724 www.msd-saude-animal.com.pt FPAS presente em fóruns europeus IMPA e Bem estar animal I Seminário de Suinicultura Biológica
Documentos relacionados
agenda fpas 2014/2020 - Federação Portuguesa de Associações de
102 desta revista, vamos neste número finalizar a publicação das intervenções proferidas no VI Congresso Nacional de Suinicultura (pág. 7 à 16). Aos respectivos autores e aos nossos leitores aprese...
Leia mais