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Volume 7 - Número 1 - 2015
Rua Mário Mamede, 609 Bairro de Fátima
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INDEXAÇÃO/INDEXATION
LATINDEX
Sistema Regional de Informatión em Línea para Revistas Científicas de America Latina, El Caribe – España y Portugal - Dados: www.latindex.unem.mx
BDENF
REDALYC
EDITORA CHEFE/HEAD EDITOR
Mirna Albuquerque Frota
EDITOR EXECUTIVO/EXECUTIVE EDITOR
Osvaldo Albuquerque Sousa Filho
EDITORES ASSOCIADOS/ASSOCIATE EDITORS
Nébia Maria Almeida de Figueiredo – UNIRIO, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Iraci dos Santos – UERJ, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
Salete Bessa Jorge – UECE, Fortaleza/CE, Brasil
Raimunda Magalhães da Silva – UNIFOR, Fortaleza/CE, Brasil
Lorena Barbosa Ximenes – UFC, Fortaleza/CE, Brasil
CONSELHO EDITORIAL/EDITORIAL BOARD
NACIONAL/NATIONAL
Alacoque Lorenzini Erdmann – UFSC, Florianópolis-SC
Ana Fátima Carvalho Fernandes – UFC, Fortaleza-CE
Ana Karina Bezerra Pinheiro – UFC, Fortaleza-CE
Andrea Gomes Linard – UNILAB, Redenção-CE
Antonio Marcos Tosoli Gomes – UERJ, Rio de Janeiro-RJ
Augediva Maria Jucá Pordeus – UNIFOR, Fortaleza-CE
David Lopes Neto – UFAM, Amazonas-AM
Denise Guerreiro V. da Silva – UFSC, Florianópolis-SC
Dorisdaia Carvalho de Humerez – UNIFESP, São Paulo-SP
Eliany Nazaré Oliveira – UVA, Sobral-CE
Fátima Lunna P. Landim – FIC, Fortaleza-CE
Francisca Lucélia Ribeiro de Farias – UNIFOR, Fortaleza-CE
Gelson Luiz de Albuquerque – UFSC, Florianópolis-SC
Isabel Cristina Kowal Oln Cunha – UNIFESP, São Paulo-SP
Isaura Setenta Porto – UFRJ, Rio de Janeiro-RJ
Ivan França Júnior – USP, São Paulo-SP
Karla Maria Carneiro Rolim – UNIFOR, Fortaleza-CE
Lorita Marlena Freitag Pagliuca – UFC, Fortaleza-CE
Lucilane Maria Sales da Silva – UECE, Fortaleza-CE
Luiza Jane Eyre de Sousa Vieira – UNIFOR, Fortaleza-CE
Márcia Maria Tavares Machado – UFC, Fortaleza-CE
Maria Albertina Rocha Diógenes – UNIFOR, Fortaleza-CE
Mariana Cavalcante Martins – UFC, Fortaleza-CE
Maria de Fátima A. S. Machado – URCA, Cariri-CE
Maria de Jesus C. Sousa Harada – Coren, São Paulo-SP
Maria do Socorro Vieira Lopes – URCA, Cariri-CE
Maria Itayra Padilha – UFSC, Florianópolis-SC
Maria Vera Lúcia M. Leitão Cardoso – UFC, Fortaleza-CE
Maristela Inês Osawa Chagas – UVA, Sobral-CE
Marluce Maria Araújo Assis – UEFS, Salvador-BA
Mavilde de Luz Gonçalves Pedreira – UNIFESP, São Paulo-SP
Patrícia Neyva da Costa Pinheiro – UFC, Fortaleza-CE
Raimundo Augusto M. Torres – UECE, Fortaleza-CE
Rita de Cássia Chamma – COFEN, Brasília, DF
Rosimeire Ferreira Santana – UFF, Rio de Janeiro-RJ
Silvana Maria Mendes Vasconcelos – UFC, Fortaleza-CE
Sônia Maria Soares – UFMG, Belo Horizonte-MG
Thereza Maria Magalhães Moreira – UECE, Fortaleza-CE
Zélia Maria de Sousa Araújo Santos – UNIFOR, Fortaleza-CE
Zuila Maria de Figueiredo Carvalho – UFC, Fortaleza-CE
INTERNACIONAL/INTERNATIONAL
Alcione Leite da Silva – Portugal/Brasil
Antonio José Nuñez Hernandez – Espanha
Denise Gastaldo – Canadá
Juan José Tirado Darder – Espanha
Maria Teresa Moreno Valdês – Espanha
Marta Lima Basto – Portugal
Sandra Haydée Petit – Suécia
SUMÁRIO
CONTENTS
1457 Editorial
Francisco Antonio da Cruz Mendonça
Artigos Originais
1459
Saúde Mental na Estratégia Saúde da Família: práticas de Agentes Comunitários de Saúde
Mental Health In Family Health Strategy: Experience Of Community Health Agents
Aline Elaine de Sá Barreto Mendes, Jaqueline Galdino Albuquerque, Zailde Carvalho dos Santos,
Fernanda Jorge Guimarães e Fernanda Jorge Magalhães.
1465
Anotações e Registros de Enfermagem: em busca da qualidade da assistência
Notes And Nursing Records: Seeking The Quality Of Assistance
Virna Ribeiro Feitosa Cestari, Marília Araripe Ferreira, Lusiane Batista de Almendras Gonçalves,
Caroline Sousa Praxedes, Laís Hellen Cavalcante Lima, Islene Victor Barbosa e
Flávia Regina Furtado Lima.
1469
Procedimento de Fixação do Tubo Orotraqueal em Pacientes de Unidade de Terapia Intensiva
Procedure For Fixation Of The Endotracheal Tube In Intensive Care Unit Patients
Elizabeth Mesquita Melo, Elizabeth Maria de Sousa, Milena Mônica Mota de Almeida, Andreza Moura
Magalhães Ferreira, Felícia Maria Matias Silveira, Janaína da Silva Oliveira, Maria Alana Ferreira de
Abreu, Violeta Frota Lima e Rita Mônica Borges Studart.
1475
Conhecimento dos Enfermeiros Acerca da Sintomatologia do Acidente Vascular Encefálico
Knowledge Of Nurses About The Vascular Injury Brain Symptomatology
Rithianne Frota Carneiro, Verydianna Frota Carneiro, Lilian Gomes Pereira da Cunha,
Ana Cláudia do Nascimento Paula e Maria Januária Castelo Dias, Ana Raquel Lacerda Coutinho.
1481 Os Agravos no Desenvolvimento Neurocomportamental do Recém-Nascido
Prematuro: ênfase no manuseio
The Wrongs In Neurobehavioral Development, Newborn Premature: Emphasis On Handling
Erika Miller Martins, Marina Frota Lopes, Aline Araújo Mariano, Luciana Emanuele Sousa Silva,
Karla Maria Carneiro Rolim e Mirna Albuquerque Frota.
1486
Avaliação da Segurança do Paciente Frente ao Manuseio do Acesso Venoso Central
Patient Safety Assessment Front Of The Central Venous Access Handling
Rita Mônica Borges Studart, Isakelly de Oliveira Ramos, Luiza Beatriz Sousa Cardoso, Elizabeth
Mesquita Melo, Camila Bezerra Amorim Cardoso, Mikailla Rodrigues Souto, Patrice Vale Falcão,
Andressa Sampaio do Nascimento e Allany Priscilla Oliveira de Orlando.
www.coren-ce.org.br 1455
SUMÁRIO
CONTENTS
1491
Perfil de Usuárias na Periodicidade de Realização do Exame Papanicolaou
Profile Of Users And Periodicity Of The Papanicolaou Exam
Luis Rafael Leite Sampaio, Roberta Jeane Bezerra Jorge, Francisco Antônio da Cruz Mendonça,
Thereza Maria Magalhães Moreira, Silvânia Maria Mendes Vasconcelos e Lia Maristela da Silva Jacob,
Maria Albertina Rocha Diógenes.
Artigos de Revisão
1498
1504
O Suporte Social como Fator Protetor da Depressão Pós-Parto: uma revisão integrativa
da literatura
Social Support As Depression Protective Factor Postpartum: An Integrative
Review Of The Literature
Antonio Dean Barbosa Marques, July Grassiely de Oliveira Branco, Luana Feitosa Mourão, Leidinar
Cardoso Nascimento, Rosendo de Freitas Amorim e Fátima Luna Pinheiro Landim.
Fatores que Influenciam o Desmame Precoce: uma revisão sistemática de Literatura
Factors That Influence The Early weaning : A Systematic Review Of Literature
Tarcia Millene de Almeida Costa Barreto e Fabrício Barreto.
1509
Análise da Associação Entre Auditoria de Enfermagem e Promoção da Saúde: uma revisão
integrativa
Analysis of the association between nursing audit and health promotion: an integrative review
Virna Ribeiro Feitosa Cestari, Marília Araripe Ferreira, Lusiane Batista de Almendras Gonçalves,
Caroline Sousa Praxedes, Laís Hellen Cavalcante Lima, Islene Victor Barbosa e Flávia Regina Furtado
Lima.
1515 Institucional
1516 Palavra do Presidente
1517 Notícias
1526 1456
Normas de Publicação
Ano 7 - Vol. 7 - no 01 - 2015
EDITORIAL
Francisco Antonio da Cruz Mendonça
Conselheiro do Conselho Regional de
Enfermagem do Ceará – Coren-Ceará
Professor Assistente da Graduação em Enfermagem
do Centro Universitário Estácio do Ceará – ESTÁCIO FIC
e da Faculdade Nordeste – FANOR
A
ReTEP – Revista Tendências da Enfermagem
Profissional, nesta edição inicia o Ano de 2015,
bem como a nova do gestão do Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren Ceará)
2015-2017, com o compromisso da busca incessante de
maior valorização da nossa profissão. Em entrevista
concedida à Revista Veja Nº 2129, o ex-vice presidente
José Alencar afirmou “uma das lições da humildade foi
perceber que existem pessoas muito mais elevadas do
que eu, como os profissionais de saúde que cuidam de
mim”, essa singela homenagem aos Enfermeiros, Auxiliares e Técnicos de Enfermagem, estende-se ao agradecimento à Enfermagem cearense pelo voto de confiança
e por acreditar que podemos avançar mais para reconhecimento da nossa profissão.
Nesse sentido, com o progresso da produção científica da Enfermagem brasileira e internacional, a ReTEP,
periódico científico trimestral, iniciativa do Coren Ceará cumpre seu papel na disseminação do conhecimento
científico de acadêmicos, docentes e profissionais de
Enfermagem da rede pública e privada dos serviços de
saúde.
Neste número, a ReTEP aborda a avaliação da Segurança do Paciente frente ao manuseio do acesso venoso
central. Desperta atenção para importância do procedi-
mento de fixação do tubo orotraqueal em pacientes de
unidade de terapia intensiva. Permite uma reflexão sobre
anotações e registros de Enfermagem em busca da qualidade da assistência, assim como, evidencia experiências
do saber na prática interdisciplinar com o manuscrito
“Saúde mental na estratégia saúde da família: práticas
de agentes comunitários de saúde”. Destaca-se, ainda,
cuidar em Saúde da Criança com os agravos no desenvolvimento neurocomportamental do recém-nascido prematuro. Dentre as temáticas pertinentes, recomenda-se
a leitura sobre o conhecimento dos enfermeiros acerca
da sintomatologia do acidente vascular encefálico. Ademais, os artigos científicos proporcionam uma leitura que
vislumbra a produção do conhecimento científico e tecnológico da Enfermagem.
Diante desse contexto, a Revista Tendências da Enfermagem Profissional espera contribuir intensamente para
o aperfeiçoamento de alunos de graduação, pós-graduação em Enfermagem e, principalmente, para aqueles que
estão inseridos no processo de produção do cuidado nos
mais variados campos de atuação da Enfermagem, exercendo a mais nobre profissão na efetivação do Sistema
Único de Saúde e na qualidade de vida das pessoas.
www.coren-ce.org.br 1457
SAÚDE MENTAL NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA:
PRÁTICAS DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
MENTAL HEALTH IN FAMILY HEALTH STRATEGY: EXPERIENCE OF COMMUNITY HEALTH AGENTS
Artigo Original
Aline Elaine de Sá Barreto Mendes1
Jaqueline Galdino Albuquerque2
Zailde Carvalho dos Santos3
Fernanda Jorge Guimarães4
Fernanda Jorge Magalhães5
RESUMO
Este estudo objetivou identificar as práticas de saúde
mental desenvolvidas pelos Agentes de Saúde na Estratégia de Saúde da Família. Foram entrevistados agentes que
atuam em unidades de saúde da família. Os resultados evidenciaram prática medicamentosa e escuta qualificada,
como também, revelaram as concepções de doença mental
dos agentes, tais como: desequilíbrio entre corpo e mente
e doença mental como resposta desadaptada as condições
de vida. Evidenciou-se a necessidade de investimento na
capacitação em saúde mental que contribuirá para implementação de práticas, melhorando a assistência nesta área.
Palavras-chave: Saúde Mental; Assistência em Saúde Mental; Atenção Primária à Saúde.
ABSTRACT
A This study aimed to identify the mental health
experience developed by the Community Health Agents
in the Family Health Strategy. We interviewed agents
working in the family health care unit. The results showed
the drug experience and qualified listening, and also
revealed the conceptions of mental illness of agents, such
as imbalance between body and mind and mental illness
in response maladapted living conditions. Evidencing the
need for investment in training at mental health will help to
implement the experience, improving mental health care.
Keywords: Mental Health; Mental Health Assistance; Primary Health Care.
INTRODUÇÃO
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) surgiu no cenário
brasileiro como forma de superação do modelo assistencial
centrado na doença e no cuidado médico individualizado.
Nesse contexto, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
têm sido considerados atores chave na implantação de políticas voltadas para a reorientação do modelo de atenção à
saúde(1). Para que essa resolutividade aconteça é necessário
Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutoranda em Neuropsiquiatria e ciências do comportamento pela UFPE.
Docente do Núcleo de Enfermagem do Centro Acadêmico de Vitória/UFPE. E-mail: [email protected]
3
Enfermeira. Docente do Núcleo de Enfermagem do Centro Acadêmico de Vitória/UFPE.
4
Enfermeira. Doutora em Enfermagem na Promoção da Saúde pela UFC. Docente do Núcleo de Enfermagem do Centro Acadêmico de Vitória da UFPE.
5
Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem na Promoção da Saúde pela UFC. Mestre em Enfermagem pela UFC. Doutoranda de Mobilidade Acadêmica Internacional na Universidade do Porto (Portugal).
1
2
Saúde Mental na Estratégia Saúde da Família:
Práticas de Agentes Comunitários de Saúde
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1459-1464
1459
à existência do vínculo e do diálogo entre Atenção Primária e Saúde Mental (SM) configurando a articulação entre
os princípios do Sistema Único de Saúde e da Reforma Psiquiátrica(2).
A reforma psiquiátrica trouxe um novo modelo de assistência em saúde mental e a criação de novos serviços.
Dessa forma, foram remunerados novos procedimentos
como consulta individual e em grupo por profissionais como
enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais; atendimento
em oficinas terapêuticas, Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), hospital-dia, urgência e internação em hospital geral, definindo padrões mínimos para o funcionamento dos
serviços de saúde mental com vista à construção de uma
rede diversificada de assistência(3).
A saúde mental deve ser entendida, como um campo de
intervenção prioritária para as equipes da rede de cuidados
primários à saúde, pois tem a potencialidade de atuar n a
unidade e no espaço social, em que a comunidade vive e
circula; estabelecer vínculos de compromisso e corresponsabilidade com a população; trabalhar norteados por uma
perspectiva ampliada sobre os modos de vida, de saúde e
doença articulada ao contexto familiar e cultural; intervir
sobre fatores de risco em que a comunidade esta exposta,
por meio de parcerias estabelecidas com diferentes segmentos sociais e institucionais; interferir em situações que
transcendem a especificidade do setor saúde(4).
É necessário que a Política de Saúde Mental seja efetivamente implementada, para que a integração com os princípios do SUS realmente aconteça, sendo, melhor aplicada na
rede de cuidados primários a saúde. Nesta perspectiva, os
Agentes Comunitários de Saúde são personagens importantes na implantação de políticas voltadas para a reorientação do modelo de saúde mental, tendo como base a atenção
primária(5).
O modelo de assistência em saúde mental tem sofrido
transformações ao longo dos últimos anos e demonstrado
que é possível cuidar das pessoas com transtornos mentais
por meio de uma atenção em saúde, que integre os diversos
níveis de complexidade do sistema de saúde e não somente
restrito ao hospital psiquiátrico, que onera o setor saúde e
penaliza as pessoas que dele precisam(6).
As atuais práticas de saúde mental orientam uma articulação de cuidados, voltadas para as necessidades de
humanização no tratamento dos pacientes, além de evitar
práticas medicamentosas, incluindo medidas profiláticas,
cuidados com o bem-estar, manutenção de atividades de lazer e de relaxamento, mas, para que a interação entre saúde
mental e atenção primária realmente aconteça é necessário
que os princípios do SUS se transformem em práticas cotidianas.
A realização deste estudo justifica-se por o Agente Comunitário de Saúde constituir-se em interlocutor entre os
profissionais da equipe de saúde e os portadores de sofri-
1460
mento mental na Estratégia Saúde da Família. Diante do
exposto, o objetivo deste estudo foi conhecer as práticas de
saúde mental desenvolvidas pelos Agentes Comunitários de
Saúde na Estratégia Saúde da Família.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisacom abordagem qualitativa,
realizada em Unidades de Saúde da Família. Participaram
sete Agentes Comunitários de Saúde (ACS), levando-se em
consideração a saturação das respostas durante a coleta dos
dados.
Utilizou-se a técnica de entrevista para a coleta das informações, por meio de um roteiro semiestruturado, que
continha a seguinte questão norteadora: descreva as práticas de saúde mental que você desenvolve na unidade de
saúde da família. Quando os participantes não desenvolviam
atividades de saúde mental solicitava-os que justificassem.
Os ACS foram convidados a participar do estudo na Unidade de Saúde da Família em que trabalhavam. As entrevistas foram agendadas em local e horário escolhidos pelo
participante, e buscou-se preservar um clima descontraído,
a confidencialidade e sigilo das informações.
A participação foi voluntária, mediante leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Pernambuco, sob o oficio número
159/2012.
As entrevistas foram gravadas, transcritas na íntegra
e o material empírico foi categorizado de acordo com a
técnica de análise de conteúdo(8), em que as falas dos sujeitos foram interpretadas de forma íntegra, aprofundada
e embasadas em conhecimentos científicos. Esse procedimento consiste em realizar, inicialmente, leituras flutuantes, releituras e demarcações de expressões significativas
das falas dos sujeitos que, em seguida, passarão por um
processo de fragmentação, interpretação e compreensão,
sendo agregadas conforme as expressões semelhantes que
apresentaram uma ideia central, ou seja, uma categoria,
resultando assim na formulação de categorias baseadas
nas falas dos sujeitos.
Convém salientar que a escolha das expressões ou elementos linguísticos se deu de forma criteriosa e rigorosa
que possibilitaram agrupamentos significativos, importantes para revelar claramente o objetivo do estudo.
RESULTADOS
Foram entrevistados sete participantes, sendo cinco
mulheres e dois homens, com idade entre 28 e 42 anos. Todos possuíam o ensino médio completo e tempo de serviço
na ESF entre sete e vinte anos.
Todos os sujeitos relataram que nunca participaram de
cursos de capacitação em saúde mental, embora, alguns já
possuíssem prolongado tempo de serviço. Os sujeitos referiram que participaram de cursos de capacitação em áreas
afins, como saúde da criança, saúde da mulher, saúde do
idoso, não sendo abordados nestes a temática da saúde
mental.
Os discursos dos sujeitos permitiram identificar as práticas de Saúde Mental desenvolvidas na atenção primária
como também emergiu das falas a compreensão sobre Saúde Mental.
da para promoção da saúde e prevenção do adoecimento,
tornando-se importante a substituição dos modelos assistenciais hierarquizados por um modelo atual na assistência
em saúde. Preconiza a escuta, o acolhimento, o diálogo e
a integralidade do cuidado, o que pode ser observado nos
discursos a seguir:
Práticas em Saúde Mental
“Nas visitas eu procuro ouvir muito as pessoas, tem momentos que eu chego às casas e não faço praticamente
nada, só ouvindo, porque eu sinto que a necessidade
daquela pessoa é a conversa e que adianta conversar e
aí elas saem às vezes bem aliviadas (...).” (E 03)
A análise do material empírico revelou duas categorias
temáticas relacionadas às práticas de cuidado em saúde
mental: prática medicamentosa e escuta qualificada. Uma
das questões importantes nas entrevistas é o relato dos
agentes sobre as reduzidas ações voltadas para a saúde
mental na atenção primária e o fato de não estarem familiarizados com esse universo.
“A gente como ACS lida com pessoas que precisam,
às vezes, desabafar, às vezes a gente consegue ajudar uma pessoa antes dela ficar depressiva, quando a
gente chega na casa a pessoa está muito triste, então
a gente demora muito conversando, então com a confiança eles vão contando as coisas e aquilo vai ajudando a pessoa no dia-a-dia.” (E 07)
Com relação à primeira categoria temática os entrevistados relataram que a principal prática realizada é o acompanhamento da medicação, um fato ainda muito comum,
mesmo com a Política Nacional de Saúde Mental sugerindo
a execução de práticas que não sejam restritas ao modelo
tradicional medicamentoso. Verificou-se o uso indiscriminado de medicações para alívio do sofrimento emocional.
Percebeu-se uma preocupação do agente de saúde com esta
problemática. Os discursos representativos dessa categoria
são apresentados:
Nos discursos acima, podemos observar que os profissionais, também, produzem um trabalho diferenciado, com
uma abordagem assistencial em que o bem estar do paciente é mais importante e a produção da escuta torna-se muito
mais significativa, o que aumenta a responsabilidade e o
vínculo entre profissional e usuário, sendo exatamente essa
confiabilidade que dá sustentação a essa relação. A escuta
qualificada possibilita a educação em saúde, a prescrição do
cuidado à saúde. Tal aspecto é característico da Estratégia
Saúde da Família. A assistência é centrada no indivíduo, o
que direciona a humanização do cuidado, o acolhimento e o
vínculo na rede de cuidados primários à saúde.
“(...) Tem a questão da medicação, que é uma coisa
que a gente está sempre em cima. São muitas pessoas
dependentes de medicação às vezes não é nem aquela
pessoa doente mental mesmo, mas pelas outras situações da vida, como traumas e tudo mais, acaba se tornando (...).” (E 02)
“A gente acompanha as pessoas, vê se estão tomando
a medicação, porque têm pessoas que são medicadas
permanentemente, o médico às vezes passa psicotrópicos para eles tomarem, aqueles remédios tarja preta.
Então, o que a gente faz é ver na comunidade essas
pessoas que tem esses problemas mais sérios, que
precisam de medicação e vê se elas estão sendo medicadas, porque às vezes a pessoa que não toma sua
medicação... ela pode depois vir a causar um problema
com sua família, com seu vizinho e isso já influencia no
trabalho da gente, porque somos pessoas que trabalhamos com prevenção, orientando, então a gente fica
em cima dessas pessoas que tomam medicação controlada para vê se realmente elas estão em dia com sua
medicação.” (E 04)
Com relação à segunda categoria temática, os discursos
evidenciaram como uma prática relevante em saúde mental,
a escuta qualificada. Essa prática evoca um dos aspectos
preconizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) volta-
Saúde Mental na Estratégia Saúde da Família:
Práticas de Agentes Comunitários de Saúde
Concepções sobre Saúde Mental e Doença Mental
Emergiu, a partir dos discursos, a concepção dos sujeitos
sobre saúde e doença mental, as quais estão relacionadas
às práticas de cuidado por eles adotadas. A compreensão
dos agentes sobre o processo saúde-doença é fundamental
para o desenvolvimento de novas práticas de saúde mental
na comunidade.
Assim, evidenciamos duas categorias temáticas relacionadas à doença mental: doença mental como desequilíbrio
entre corpo e mente e doença mental como resposta desadaptada as condições de vida. O discurso que melhor representa a primeira categoria é apresentado abaixo:
“Para você ter saúde, você tem que estar psicologicamente e fisicamente bem e a Saúde Mental envolve isso
aí... Mentalmente você tem que está bem, quando sua
mente está desequilibrada, ai vem às consequências
físicas. Se sua mente não está bem, seu corpo age de
maneira doente.” (E 01)
Os discursos que evidenciaram temas relacionados à
concepção de doença mental associada a uma resposta desadaptada às condições de vida foram destacados:
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1459-1464
1461
“Doença Mental é a consequência dos problemas adquiridos durante a vida, aí quando chega certa idade as
pessoas começam a apresentar alguns sintomas, que
levam elas a terem atitudes, como: tomar remédio e
tem pessoas que ficam agressivas.” (E 03)
“Saúde Mental é quando a pessoa tem uma vida saudável, que não se estressa, que se diverte, que tem uma
vida social bem adequada, um convívio social bom. A
doença mental é quando a pessoa tem algum problema
mental mesmo, que toma medicação.”(E 05)
Quando se trata da concepção de saúde mental como
uma resposta adaptada às condições de vida, os discursos
referem-se ao fato do ser humano lidar com os problemas
de forma saudável e estabelecer laços harmoniosos consigo
e com outras pessoas, formando assim vínculos saudáveis
na sociedade.
DISCUSSÃO
A primeira categoria evidenciou que as práticas de saúde mental desenvolvidas pelos Agentes Comunitários de
Saúde restringem-se ao acompanhamento medicamentoso.
Ressalta-se que o uso da medicação deve ser coerente e racional. Este modelo, centrado na doença, ainda permeia a
rede de cuidados em saúde mental.
A Política Nacional de Saúde Mental propõe superar as
intervenções tradicionalmente hospitalocêntricas e medicalizantes em relação ao sofrimento psíquico. Para isso, visa
implantar estratégias de cuidado territoriais e integrais,
ancorados em novos saberes e valores culturais(4). Valoriza a construção de uma prática embasada no acolhimento,
na humanização e na reinserção da pessoa acometida pelo
transtorno mental no contexto social(8).
Estudo que objetivou analisar a articulação das ações
de saúde mental entre as equipes da Estratégia Saúde da
Família e do Centro de Atenção Psicossocial identificou dificuldade de superação do modelo tradicional do cuidado em
saúde mental, que está voltado para cura e reabilitação(9).
Os sujeitos deste estudo referem ausência de capacitações sobre saúde mental. Esta área tem sido pouco contemplada nos programas de capacitação, o que muitas vezes dificulta a efetivação da assistência que tem o domicílio como
espaço terapêutico(10).
Corrobora estudo realizado com Agentes Comunitários
de Saúde sobre suas percepções em relação ao portador de
transtorno mental que evidenciou uma percepção estigmatizada, falta de conhecimento sobre o processo de adoecimento e evolução da doença e despreparo para cuidar desses usuários. O estudo ressaltou a necessidade de capacitação para os ACS para que possam colaborar efetivamente
com a rede de cuidados primários à saúde(11).
Ademais, estudo realizado com enfermeiros da estratégia saúde da família sobre depressão, evidenciou como
1462
maior dificuldade para a assistência e promoção à saúde dos
portadores de depressão a inexistência de qualificação(12).
Ressalta-se que neste nível de atenção a saúde, o enfermeiro é responsável por planejar, gerenciar, coordenar e
avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS, como também supervisionar, coordenar e realizar atividades de qualificação
e educação permanente para esses profissionais(13).
A criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS),
assim como a inserção de ações de saúde mental nos vários
níveis de complexidade do sistema de saúde, assume um importante papel no cenário das novas práticas de saúde mental, configurando-se como dispositivos estratégicos para a
transformação do modelo hospitalocêntrico(6).
De acordo com os discursos dos sujeitos, a prestação de
cuidados em saúde mental está voltada para as intervenções medicamentosas, apresentando a ideia de sofrimento psíquico associada a uso de medicação. Fica evidente a
influência do modelo biomédico, em que o usuário é visto
como um indivíduo que precisa ser monitorado e vigiado,
para não causar problemas na comunidade, ou seja, acaba
excluindo os portadores de sofrimento mental do convívio
social. Ressalta-se que, os usuários de saúde mental atendidos pela Estratégia Saúde da Família são usuários portadores de transtornos mentais comuns, não graves e persistentes.
Apesar do esforço contínuo em integrar socialmente a
pessoa com sofrimento psíquico, existe uma tendência terapêutica que privilegia a medicação e a doença, procurando aliviar os sintomas(14). Estudo apontou que é comum nos
discursos convergentes dos usuários a referência ao medicamento como centro do acompanhamento(6).
É interessante notar que, embora, essa prática ainda
seja bastante comum, os ACS também relataram estratégias, com enfoque no acolhimento e na participação social,
como a escuta qualificada. Dessa forma, as terapias sairiam
do escopo medicamentoso exclusivo, ou preponderante e o
sujeito ganharia destaque como participante principal no
tratamento, sendo a família e, eventualmente, um grupo
mais ampliado, também incluído como agentes fundamentais(15).
Destaca-se, ainda, nas falas dos Agentes Comunitários
de Saúde, que a medicação psiquiátrica não deve ser o único
recurso de tratamento na assistência em saúde mental(11).
As atividades de fala e de escuta são apontadas como
fundamentais entre aquelas desenvolvidas pelos ACS, da
qual podemos inferir uma perspectiva dialógica no trabalho desenvolvido por essas pessoas. Esse é um importante
ponto a ser destacado, considerando que, historicamente o
profissional de saúde tem sua prática pautada no discurso
unidirecional, minimizando a importância da atividade de
escuta. A prática do ACS, por sua vez, em função da sua pro-
ximidade com a comunidade e com a sua realidade, parece
não estar imbricada dessa unidirecionalidade(16).
As formas do relacionamento com a clientela devem
priorizar o diálogo com a população, ampliando a escuta para o território mais vasto, saindo das linhas de ação
apenas empreendidas pelos trabalhadores especializados.
Finalmente, a concepção dos efeitos terapêuticos e éticos
superaria a visão de uma terapêutica voltada apenas para a
remoção de sintomas, a adaptação à realidade e a supressão de carências. Esta se fundamentaria em uma ética que
valorizasse os aspectos subjetivos, além daqueles sociais e
políticos da existência dos usuários(15).
Observa-se, por meio das falas dos ACS, que há tendência para superação do modelo medicamentoso, no entanto
para sua efetividade se faz necessária a superação das fragilidades apontadas neste e em outros estudo como, capacitação profissional, articulação entre os diversos dispositivos da rede de cuidados em saúde mental, desenvolvimento
de ações pautadas na promoção da saúde.
Neste contexto, ressalta-se como delimitação para a
promoção de ações pautadas na integralidade na Estratégia
Saúde da Família, o conjunto de atividades cotidianas programadas por área de atenção que são desenvolvidas pelos
profissionais das equipes de saúde(9).
A análise do material empírico, também, revelou as
concepções de doença mental dos ACS e apontou que estas
apresentam a ideia de doença mental como noção de periculosidade, necessitando da medicalização da doença como
controle de condutas indesejáveis. O sujeito faz referência
à doença mental como sendo algo gradativo, resultado de
diversos fatores, em que o individuo se torna incapaz de resolver seus problemas.
Torna-se evidente que as concepções dos ACS podem ser
representadas pela construção social da loucura, que destaca o comportamento inadequado como fator que influencia
negativamente no convívio familiar e social(11).
Corroboram com estudiosos(16) ao inferir às concepções
dos Agentes Comunitários de Saúde sobre transtorno mental um processo influenciado por fatores subjetivos e socioculturais, vinculados à vivência de experiências concretas.
Desse modo, os discursos apresentados neste estudo
confirmam a ideia de doença mental associada a uso de
medicação, mostrando uma definição simplista e resumida
sobre o tema. Essa concepção, portanto, pode estar associada às práticas medicamentosas citadas pelos sujeitos do
estudo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Ministério da Saúde tem proposto Políticas Públicas
para a Saúde Mental no Brasil, seguindo as ideias da Reforma Psiquiátrica Brasileira, que preconiza a inversão na
lógica assistencial hospitalocêntrica, colocando a interna-
Saúde Mental na Estratégia Saúde da Família:
Práticas de Agentes Comunitários de Saúde
ção psiquiátrica como último recurso a ser utilizado e investindo em alternativas de tratamento extra-hospitalar e
a reinserção social.
As concepções e práticas de saúde mental, no entanto,
existentes na atenção primária nem sempre condizem com
os ideais da Reforma Psiquiátrica Brasileira, transformando
a reinserção social do portador de sofrimento mental em um
processo lento.
Neste estudo, verificou-se que as práticas de saúde mental estão embasadas em práticas tradicionais. Os discursos
demonstraram que a assistência em saúde mental não é
sistemática e não apresenta um planejamento, apontando
para um serviço carente e pouco valorizado, no qual há um
déficit de informação em saúde mental entre os profissionais e os mesmos encontram-se despreparados para atender essa clientela, devido à falta de treinamento específico,
centrado na realidade da comunidade. Assim, as práticas
pautam-se, principalmente, no cuidado medicamentoso, no
entanto observou-se a presença da escuta qualificada, importante estratégia para superação do modelo da Psiquiatria Tradicional.
Corroboram as percepções sobre doença mental que influenciam as práticas de cuidado adotadas pelos profissionais, relacionadas ao desequilíbrio entre corpo e mente e
como resposta desadaptada as condições de vida.
A partir de um novo modelo de trabalho, com a valorização da saúde mental nos cursos de capacitação e educação
continuada é possível alcançar as metas propostas pela Política Nacional de Saúde Mental, por meio de dispositivos
estratégicos para a implementação de ações de saúde mental na atenção primária a saúde.
A equipe de saúde da rede de cuidados primários deve
abordar a assistência em saúde mental de modo articulado e não mais de modo fragmentado. Para que as ações em
saúde mental aconteçam é necessário que os profissionais
de saúde, em particular os ACS, sejam capazes de perceber
o portador de sofrimento mental além dos sintomas, sendo
esta a maneira mais humanizada de se trabalhar a doença
mental. A assistência em saúde mental na rede de cuidados
primários a saúde não obterá sucesso se os serviços e os diversos profissionais mantiverem práticas tradicionais.
O estudo apresentou como limitação o pequeno tamanho amostral, sugerindo-se que novos estudos sejam realizados com maior número de sujeitos em diferentes locais,
contribuindo para que a atenção a saúde mental seja mais
valorizada, melhorando a qualidade dos seus serviços, principalmente, na atenção primária a saúde. Como a enfermagem exerce suas atribuições conjuntamente com os Agentes
Comunitários de Saúde, torna-se importante para executar
ações interdisciplinares, trabalhar na capacitação dos ACS,
de acordo com a realidade local.
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1459-1464
1463
Deste modo, evidenciou-se a necessidade de investimento na capacitação em saúde mental para os ACS, atores no processo de cuidar do portador de sofrimento psíquico. Esse investimento contribuirá para a superação das
dificuldades encontradas na implantação e implementação
de práticas voltadas à saúde mental. Ademais favorecerá o
fortalecimento de ações centralizadas na escuta, no acolhimento e no diálogo.
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agente comunitário de saúde no contexto do programa saúde da família:
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2012.
Recebido em: 05.01.2015
Aprovado em: 20.01.2015
1464
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14(1), 2009.
ANOTAÇÕES E REGISTROS DE ENFERMAGEM:
EM BUSCA DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA
NOTES AND NURSING RECORDS: SEEKING THE QUALITY OF ASSISTANCE
Artigo Original
Virna Ribeiro Feitosa Cestari1
Marília Araripe Ferreira1
Lusiane Batista de Almendras Gonçalves1
Caroline Sousa Praxedes1
Laís Hellen Cavalcante Lima1
Islene Victor Barbosa2
Flávia Regina Furtado Lima3
RESUMO
Objetivou-se evidenciar a qualidade das anotações e registros de enfermagem em duas instituições de atenção secundária à saúde. Relato de experiência, realizado em duas
instituições de atenção secundária à saúde, localizadas em
Fortaleza, Ceará. Foram analisados 30 prontuários. A coleta
de dados foi realizada no mês de setembro de 2014, através
de um roteiro estruturado. Os dados foram armazenados no
programa Microsoft Excel® para posterior análise. Verificou-se o predomínio de prontuários com nome do paciente completo, identificação da instituição presente, estado
de conservação e organização satisfatórios em ambas as
instituições. No que diz respeito às prescrições médicas,
aprazamento de medicações e checagem das mesmas, houve
divergência entre as instituições. Quanto às anotações de
enfermagem, evidenciou-se a ausência da aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem. Os registros de
enfermagem são essenciais para os serviços de saúde, tornando-se um espelho para a qualidade da assistência prestada pela equipe.
Palavras-chave: Auditoria de Enfermagem; Registros de Enfermagem; Qualidade da Assistência à Saúde.
ABSTRACT
The objective was to highlight the quality of notes and
nursing records in two institutions of secondary health care.
Experience report conducted at two institutions of secondary
health care, located in Fortaleza, Ceará. 30 records were
analyzed. Data collection was performed in September 2014,
through a structured script. Data were stored in Microsoft
Excel® for further analysis. There was a predominance of
records with full patient name, identification of this institution,
conservation status and organization satisfactory in both
institutions. With regard to medical prescriptions, scheduling
of medications and checking the same, there was disagreement
between the institutions. As for the nursing notes, showed the
absence of the implementation of Nursing Care Systematization.
Nursing records are essential to the health services, becoming
a mirror to the quality of care provided by the staff.
Keywords: Nursing Audit; Nursing Records; Quality of Health
care.
Acadêmicas do Curso de Graduação em Enfermagem pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR).
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIFOR.
Enfermeira do Hospital Dr. José Frota.
3
Enfermeira. Docente do curso de Graduação em Enfermagem da UNIFOR.
1
2
Anotações e Registros de Enfermagem:
em Busca da Qualidade da Assistência
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1465-1468
1465
INTRODUÇÃO
A auditoria pode ser definida como a avaliação sistemática da assistência de enfermagem, verificada através das
anotações de enfermagem no prontuário do paciente e/ou
das próprias condições destes, favorecendo as instituições
no planejamento e programação de insumos e recursos, e
aos clientes, a garantia de uma prática assistencial de qualidade(1).
As anotações e registros de enfermagem são questões
que têm sido foco de interesse da auditoria, visto que por
meio deles é possível estabelecer a continuidade do cuidado por possibilitarem a comunicação entre a equipe de enfermagem e os demais profissionais envolvidos no cuidar;
fomentam a elaboração do plano assistencial ao paciente;
fornecem subsídios para a avaliação da assistência prestada;
favorecem a auditoria de enfermagem; e são fontes de conhecimento, colaborando com o ensino e a pesquisa(2).
O registro é um aspecto vital para a prática de enfermagem e tem se tornado um dos temas mais desafiadores para
estes profissionais, pois demonstra a qualidade do cuidado
prestado e subsidia os financiamentos e reembolsos pelas
instituições seguradoras. Acrescido ao fato de que a maioria
das informações inerentes ao cuidado do cliente são fornecidas pela enfermagem, é indiscutível a necessidade de registros adequados e frequentes no prontuário do cliente(3).
Apesar do reconhecimento dos registros de enfermagem
como uma ferramenta essencial para a prática profissional e
um dever do enfermeiro previsto em lei, autores evidenciam
que, frequentemente, estas anotações não contêm as informações necessárias para apoiar a instituição, a equipe de
enfermagem e o paciente, no caso de um processo judicial,
existindo muitas vezes um descaso(4).
Estudos corroboram que os principais fatores que dificultam um adequado registro de enfermagem são a sobrecarga de trabalho para a equipe, associada à demanda
crescente dos serviços de saúde, a não valorização dos registros como parte do processo de trabalho da enfermagem e
desconhecimento da importância devido à escassez de educação continuada(5).
Despertou-se, portanto, para a importância da qualidade dos registros de enfermagem, visto este permitir um
comprometimento da segurança e do cuidado ao paciente,
bem como a mensuração da prática assistencial da equipe
de enfermagem. É necessário priorizar a qualidade dos registros para que realmente se tornem um espelho do cuidado
prestado, um cuidado integral, individualizado e autêntico.
A elaboração desse estudo partiu de uma atividade de
acadêmicos de Enfermagem para avaliação dos registros
de Enfermagem, realizada durante a Disciplina de Administração em Enfermagem, do Curso de Graduação em Enfermagem de uma Instituição de Ensino Superior (IES) particular
situada em Fortaleza, Ceará, Brasil.
1466
Espera-se que este estudo possa contribuir para uma
maior qualidade e sistematização da assistência, por permitir o aumento do conhecimento da temática, além de
propiciar propostas de novas metas e estratégias para a melhoria dos registros e anotações de enfermagem, respaldando-a como uma profissão científica, embasada nos aspectos
éticos e legais.
Tendo em vista o reconhecimento da relevância da veracidade dos registros, objetivou-se evidenciar a qualidade
das anotações e registros de enfermagem em duas instituições de atenção secundária à saúde e identificar os principais entraves na análise dos mesmos.
METODOLOGIA
Trata-se de um relato de experiência, realizado em duas
instituições de atenção secundária à saúde, localizadas
em Fortaleza, Ceará. A primeira caracteriza-se por ser de
referência em atendimentos menos graves na área de traumato-ortopedia. O segundo é uma instituição de referência Norte e Nordeste em atendimento médico, incluindo
serviços de natureza secundária e, em alguns casos, de alta
complexidade. No intuito de resguardar o anonimato das instituições, foram usadas as iniciais “IS-T” e “IS-M” para a
primeira e segunda instituições, respectivamente.
Foram analisados 30 prontuários, sendo 15 de cada uma
das referidas instituições. A coleta de dados foi realizada no
mês de setembro de 2014, através de um roteiro estruturado
adotado pela disciplina, constituído por questões envolvendo o estado de conservação dos prontuários, organização,
presença de rasuras, presença de prescrição médica diária,
aprazamento de medicações, checagem das medicações prescritas, anotações da equipe de enfermagem, identificação
do profissional de enfermagem, evolução do enfermeiro e
utilização da Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE).
Os dados foram armazenados no programa Microsoft Excel® para posterior análise, sendo esta realizada por meio
da distribuição da frequência. Os resultados foram fundamentados de acordo com a literatura pertinente à temática.
Ressalta-se que foram respeitadas as normas éticas e
legais da Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS)
n.466/12, que regulamenta as pesquisas envolvendo os
seres humanos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em análise ao preenchimento correto do nome do paciente,
verificou-se em 11 prontuários (73,3%) de ambas as instituições encontrava-se completo e em dois (13,3%) estava incompleto. O prontuário é um recurso indispensável para assegurar
a continuidade do atendimento, tanto durante uma internação
como no período entre as consultas de ambulatório. Para tal,
o preenchimento correto do mesmo torna-se de extrema rele-
vância para a perpetuação do cuidado, diminuindo riscos no
atendimento(6).
Quanto à presença do número do prontuário, verificou-se
que este estava presente em 15 (100%) naqueles da IS-M, e
apenas em três (20%) da IS-T. Este dado revela a falha existente no preenchimento adequado desta categoria. Em contrapartida, o nome da instituição prevaleceu em 100% dos prontuários analisados, nas duas instituições.
Outro dado relevante da pesquisa foi o estado de conservação, onde se observou a prevalência de prontuários em estado
satisfatório, com 15 (100%) da IS-T e 13 (86,7%) da segunda.
Quanto à organização dos prontuários avaliados, verificou-se
que esta era, em sua maioria, satisfatória, com 15 (100%) e 11
(73,3%) nas instituições IS-T e IS-M, respectivamente, conforme exposto na Tabela 1.
Tabela 1. Variáveis analisadas quanto à qualidade e registros
dos prontuários das instituições. Fortaleza, 2014.
Ainda em análise aos dados da Tabela 1, no tocante à presença de rasuras, constatou-se que sua prevalência foi maior
nos prontuários da IS-M, com nove (60%). O achado mais freIS-T
n
%
IS-M
n
%
Nome do Paciente
Completo
11
73,3
11
73,3
Incompleto
2
13,3
2
13,3
Abreviado
2
13,3
1
6,7
Ausente
-
-
1
6,7
Presente
3
20
15
100
Ausente
12
80
-
-
Número do Prontuário
Não Conformidade
-
-
4
26,7
Aprazamento de Medicações
Sim
14
93,3
4
26,7
Não
1
6,7
11
73,3
Checagem das Mediações Prescritas
Sim
9
60
5
33,3
Não
6
40
10
66,7
quente nos registros dos prontuários, de responsabilidade da
equipe de saúde, encontrados pela auditoria, refere-se à sua
qualidade, principalmente quanto às rasuras(7). As rasuras,
bem como anotações incompletas, de difícil compreensão, e
informações de duplo sentidos, podem gerar glosas, gerando
prejuízo financeiro, além de dificultar a comunicação entre os
profissionais, prejudicando a equipe, e inevitavelmente, gerando prejuízo aos pacientes. Em casos de implicação legal, informações de má qualidade não são capazes de defender nem o
profissional, nem a instituição(8).
Com relação à prescrição médica diária, observou-se sua
realização em 15 (100%) dos prontuários analisados na IS-T e
em oito (53,3%) da IS-M. Quanto ao aprazamento das medicações, esta foi realizada em maior quantidade na IS-T, com 14
(93,3%). Analisando-se a checagem das medicações prescritas,
constatou-se sua ausência em dez (66,7%) dos prontuários da
IS-M e em seis (40%) da IS-T. A não realização do aprazamento
e checagem das medicações prescritas implicam em prejuízos
diretos ao paciente(7).
Tabela 2. Variáveis relacionadas às anotações e registros de enfermagem nos prontuários analisados. Fortaleza, 2014.
Com relação às anotações e registros de enfermagem nos
prontuários analisados, o estudo possibilitou o levantamento
de dados preocupantes. As anotações de enfermagem foram viIS-T
Identificação da Instituição
Presente
15
100
15
100
Ausente
-
-
-
-
Estado de Conservação
n
IS-M
%
n
%
Anotações da Equipe de Enfermagem nas 24hs
Sim
6
40
1
6,7
9
60
14
93,3
Satisfatório
15
100
13
86,7
Não
Insatisfatório
-
-
2
13,3
Identificação do Profissional de Enfermagem Carimbo
Sim
6
40
1
6,7
Satisfatório
15
100
11
73,3
Não
9
60
14
93,3
Insatisfartório
-
-
4
26,7
Assinatura
Sim
8
53,3
1
6,7
Sim
2
13,3
9
60
Não
7
46,7
14
93,3
Nao
13
86,7
6
40
Evolução do Enfermeiro nas últimas 24h
Organização
Rasuras
Prescrição Médica Diária
Sim
4
26,7
1
6,7
Sim
15
100
8
53,3
Não
11
73,3
14
93,3
Não
-
-
7
46,7
Sistematização de Assistência de Enfermagem
Sim
3
20
-
-
15
100
11
73,3
Não
12
80
15
100
Exames do Paciente
Conformidade
Anotações e Registros de Enfermagem:
em Busca da Qualidade da Assistência
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1465-1468
1467
sualizadas em apenas seis (40%) e um (6,7%) dos prontuários
da IS-T e IS-M, respectivamente.
No que se refere a identificação do profissional, os resultados evidenciaram que nove (60%) e 14 (93,3%) não utilizam o
carimbo na IS-T e IS-M, respectivamente. Quanto a assinatura
cerca de sete (46,7%) prontuários na IS-T não estava presente.
Esse achado foi mais preocupante na IS-M, com a ausência de
assinatura do profissional enfermeiro em 14 (93,3%). No que
tange a evolução de enfermagem nas 24 horas, a IS-T apresentou a prevalência de 11 (73,3%) e a IS-M de 14 (93,3%) de evoluções não preenchidas.
Os resultados não são diferentes dos encontrados na literatura. Autores corroboram que os principais problemas encontrados nos registros de enfermagem são: anotações e evoluções de enfermagem indistintas, muitas vezes, semelhante a
médica. Falhas como ilegibilidade, erros de ortografia, uso de
siglas incorretas, bem como falta da identificação do profissional, seja por ausência de carimbo ou nome ilegível (4)(9).
Em análise à realização da Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE), os resultados comprovaram que na IS-T 12
(80%) e na IS-M 15 (100%) prontuários não apresentavam o
preenchimento da SAE, evidenciando uma baixa qualidade na
realização do processo de enfermagem. O grave problema é
encontrado em várias referências da literatura. A Resolução do
COFEN 358/2009, o Planejamento de Enfermagem é uma atividade exclusiva do enfermeiro, o qual sistematiza a assistência
ao paciente de forma individualizada(10).
Em estudo transversal realizado com 1289 prontuários de
dois hospitais universitários públicos situados no estado do
Paraná, no período de 2010, observou-se que as duas instituições apresentaram prevalência de cuidados prescritos inadequadamente, o que aponta um problema comum; as prescrições
errôneas eram mais comuns para pacientes jovens (<20 anos) e
adultos (20-34 anos), deduzindo-se que isso pode ter ocorrido
por não considerar esse grupo de risco(11).
A literatura afirma que dentre as dificuldades apontadas
por enfermeiros diante da falta de registro da Sistematização
da Assistência de Enfermagem (SAE) nos prontuários, destacam-se: despreparo do profissional, falta de interesse em preenchê-lo, falta de conhecimento, e em especial, dificuldades
para elaboração dos Diagnósticos de Enfermagem(11).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando-se os resultados deste estudo observou-se a
dificuldade na compreensão a partir das anotações e registros
de enfermagem. Verificou-se o predomínio de prontuários com
nome do paciente completo, identificação da instituição presente, estado de conservação e organização satisfatórios em
ambas as instituições. Constatou-se a presença de rasuras e a
prescrição médica diária na maioria dos prontuários analisados. No que diz respeito às prescrições médicas, aprazamento
de medicações e checagem das mesmas, houve divergência entre as instituições. Quanto às anotações de enfermagem, evidenciou-se a não participação do enfermeiro nos registros do
paciente, bem como a ausência da aplicação da SAE.
Os registros de enfermagem são inerentes ao processo de
cuidados, com isso, merecem atenção por parte das lideranças
e de toda a equipe para garantir uma prática assistencial de
qualidade. Com isso, salienta-se a necessidade de novos estudos que busquem identificar as dificuldades que ocasionam
esses registros errôneos, os quais desvalorizam a assistência
de enfermagem.
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PROCEDIMENTO DE FIXAÇÃO DO TUBO OROTRAQUEAL
EM PACIENTES DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
PROCEDURE FOR FIXATION OF THE ENDOTRACHEAL TUBE IN INTENSIVE CARE UNIT PATIENTS
Artigo Original
Elizabeth Mesquita Melo1
Elizabeth Maria de Sousa 2
Milena Mônica Mota de Almeida 3
Andreza Moura Magalhães Ferreira 4
Felícia Maria Matias Silveira 5
Janaína da Silva Oliveira 5
Maria Alana Ferreira de Abreu 5
Violeta Frota Lima 5
Rita Mônica Borges Studart 6
RESUMO
Objetivou-se analisar o procedimento adotado para a
fixação do tubo orotraqueal em pacientes internados em
unidade de terapia intensiva. Estudo exploratório descritivo, quantitativo, realizado em quatro unidades de terapia intensiva de um hospital público, em Fortaleza-Ceará,
com 50 profissionais de enfermagem. Dados coletados de
setembro a novembro de 2011, com um questionário e
submetidos à análise estatística. Os aspectos éticos foram
considerados. O material mais utilizado para a fixação do
tubo foi o esparadrapo, sendo a troca realizada durante
a higiene do paciente (74%), com a participação de duas
pessoas (94%). A mudança da posição do tubo foi citada
por 68% dos participantes; a maioria não costuma verificar
a pressão do balonete. Quanto ao aprendizado acerca do
procedimento, 52% aprendeu na prática com orientação de
outro profissional. O estudo possibilitou o conhecimento
sobre o procedimento de fixação do tubo orotraqueal, propiciando a elaboração de protocolos.
Palavras-chave: Respiração Artificial; Assistência ao Paciente; Unidades de Terapia Intensiva.
ABSTRACT
The objective was to examine the procedure adopted for
fixing the endotracheal tube in patients admitted to intensive
care unit. Exploratory descriptive study with quantitative study
in four intensive care units of a public hospital in Fortaleza,
Ceara. The sample consisted of 50 nurses. Data were collected
from September to November 2010 with a questionnaire,
analyzed statistically. The ethical aspects were considered. The
most common material used for fixing the tube was the sticking
plaster, being exchanged during the patient hygiene (74%),
with the participation of two people (94%). The changing
position of the tube was raised by 68% of the participants;
Doutora em Enfermagem. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Enfermeira do Hospital São José de
Doenças Infecciosas e Hospital Distrital Dr. Evandro Ayres de Moura. Coordenadora do Grupo de Ensino e Pesquisa em Assistência de Enfermagem a Pacientes críticos (GEPAEPC).
2
Enfermeira graduada pela UNIFOR.
3
Enfermeira graduada pela UNIFOR. Especialista em Enfermagem em Centro de Terapia Intensiva.
4
Acadêmica de enfermagem da UNIFOR. Bolsista do Programa Aluno Voluntário de Iniciação Científica (PAVIC). Integrante do Grupo GEPAEPC.
5
Acadêmica de enfermagem da UNIFOR. Bolsista (PAVIC). Integrante do Grupo GEPAEPC.
6
Doutora em Enfermagem. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIFOR. Enfermeira do Hospital Geral de Fortaleza. Docente colaboradora
do Grupo GEPAEPC.
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Procedimento de Fixação do Tubo Orotraqueal em
Pacientes de Unidade de Terapia Intensiva
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1469-1474
1469
most do not usually check the pressure of the cuff. As for
learning about the procedure, 52% learned in practice under
the supervision of another professional. The study enabled the
knowledge about the procedure, allowing the development of
protocols.
Keywords: Respiration Artificial; Patient Care; Intensive
Care Units.
INTRODUÇÃO
Dentre os suportes comumente usados pelo paciente
crítico internado em Unidade de Terapia intensiva (UTI),
cita-se o suporte ventilatório, com o uso de Tubo Orotraqueal (TOT) ou Traqueóstomo (TQT), e ventilação mecânica
(VM), para assegurar uma via aérea segura, fundamental
para a troca gasosa eficaz e para o equilíbrio entre a demanda e a oferta de oxigênio.
A Intubação Orotraqueal (IOT) possui diversos objetivos, incluindo a manutenção da permeabilidade das vias
aéreas e o fornecimento de uma concentração de oxigênio
compatível com a demanda do paciente(1).
Devido à maior exposição das vias aéreas nos pacientes
intubados, há maior risco de infecções, exigindo cuidados
específicos da equipe de enfermagem, não só para a melhora clínica do paciente, mas também para evitar a ocorrência
de complicações(1).
Considerando a importância do cuidado ao paciente intubado, percebe-se que muitas são as atribuições da equipe de enfermagem. É ação do enfermeiro, como integrante
da equipe de saúde, o planejamento da assistência de enfermagem aos pacientes em uso de VM. Os limites legais
para a prática dessa ação é a Lei 7.498/86, ao afirmar que
compete ao enfermeiro a execução de cuidados diretos de
enfermagem a pacientes graves, além de cuidados de maior
complexidade técnica, que exijam conhecimentos de base
científica e capacidade de tomar decisões imediatas(2).
Dentre os cuidados de rotina da equipe de enfermagem
que atua em UTI, uma parcela considerável destina-se à assistência ao paciente em VM, englobando desde cuidados
com o TOT até o manuseio de respiradores microprocessados(3).
Os cuidados de enfermagem ao paciente em uso de
suporte ventilatório não se restringem somente à administração dos medicamentos prescritos e à percepção do
agravamento do seu quadro, envolvendo cuidados mais
específicos, visando à minimização dos efeitos adversos,
tais como: a fixação do TOT, a aspiração traqueal e das vias
aéreas superiores, o controle da pressão do balonete, a
observação da sincronia entre o paciente e a máquina e a
monitorização dos parâmetros ventilatórios (4).
A fixação do TOT deve ser realizada de forma sistemática e com bastante cautela, em virtude de ser fundamental
para a segurança, conforto e confiabilidade do procedi-
1470
mento, aliado ao fato de contribuir para manter uma via
aérea artificial pérvia.
Durante a fixação do TOT, alguns cuidados devem ser
observados, incluindo: periodicidade de troca para evitar
a mobilização do tubo e permitir maior controle da localização adequada e realizar ausculta pulmonar, pois nessa
etapa pode ocorrer a mobilização do tubo no interior da
traquéia(5).
A prática hospitalar demonstra uma diversidade nas
formas de fixação do TOT, como também a utilização de uma
variedade de materiais para a realização do procedimento,
podendo gerar lesões na comissura labial, nos lábios, na
língua e no pavilhão auricular externo. Nota-se, também,
a ausência ou seguimento de um procedimento operacional
padrão nas instituições, que enfoquem a fixação do TOT e
os cuidados para a prevenção de injúrias associadas. Outro
ponto que merece destaque é a escassez de literaturas nessa temática, o que acaba gerando dúvidas entre os profissionais responsáveis pelo procedimento.
O estudo torna-se relevante, uma vez que promoverá
considerações importantes para a enfermagem e toda equipe multiprofissional, acerca do procedimento de fixação do
tubo, possibilitando a redução dos agravos associados.
Desse modo, tem-se como objetivo geral: analisar o procedimento adotado para a fixação do TOT em pacientes internados em UTI; e como objetivos específicos: identificar
o profissional responsável pela fixação do TOT; descrever o
procedimento de fixação do TOT; e identificar a ocorrência
de injúrias no paciente, associadas ao procedimento.
METODOLOGIA
Estudo exploratório descritivo, com abordagem quantitativa, realizado em quatro Unidades de Terapia Intensiva
de um hospital da rede estadual de saúde, localizado em
Fortaleza-Ceará.
Participaram 50 profissionais da equipe de enfermagem
das referidas unidades, que realizam o procedimento de fixação do TOT, identificados durante o período da coleta,
segundo os critérios de inclusão: fazer parte da equipe da
UTI; ser o principal executor do procedimento de fixação do
TOT; e trabalhar no(s) turno(s) em que é realizado o procedimento. Como critérios de exclusão, foram estabelecidos:
estar na equipe da UTI de forma ocasional; e realizar o procedimento de forma esporádica.
Os dados foram coletados no período de setembro a novembro de 2011, por meio de um questionário, organizados
no Excel e submetidos à estatística descritiva e os resultados expostos em figuras, tabelas e quadros.
Foram seguidos os princípios éticos previstos na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde(6). O projeto
foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, aprovado com o protocolo nº. 741/10.
RESULTADOS
Os profissionais se encontravam em faixas etárias diferenciadas, destacando-se a faixa com menos de 30 anos
(32%) e 30 a 39 anos (32%). A média de idade ficou em
36,5 anos e 84% eram do sexo feminino. Quanto à categoria profissional, 52% eram enfermeiros, 22% auxiliares
de enfermagem e 26% técnicos de enfermagem. O tempo
de conclusão do curso de graduação em enfermagem ou do
curso técnico teve uma média de nove anos e o tempo de
atuação em UTI sete. Referente ao vínculo entre os profissionais e a instituição, 45% eram terceirizados e 54% estatutários.
Em relação ao procedimento de fixação do tubo, os profissionais referiram momentos variados, sendo enfatizado
por 74% que a troca da fixação era realizada durante a higiene corporal do paciente. Por outro lado, 26% relataram
outro momento, incluindo durante a aspiração traqueal ou
quando necessário.
O quadro 1 denota os materiais utilizados para a fixação
do TOT segundo os profissionais inseridos no estudo.
Quadro 1. Materiais para a fixação do tubo orotraqueal.
Fortaleza, 2011.
MATERIAL
21
Cadarço
8
Bandagem adesiva
8
Esparadrapo ou cadarço
4
Equipo, esparadrapo ou cadarço
2
Outro aspecto abordado no estudo diz respeito à mudança da posição do tubo, sendo verificado que 68% possuíam a rotina de realizar essa mudança, enquanto 32%
não costumavam adotar tal rotina. No que se refere à verificação da pressão do balonete, 46% costumam checá-la,
todavia 54% não tinham esse cuidado.
No momento da fixação do TOT, pode ser necessária a
aspiração traqueal, procedimento que pode constituir uma
rotina do setor, aspecto ilustrado no gráfico 2.
Gráfico 2. Distribuição dos profissionais quanto à realização de aspiração traqueal durante a troca da fixação do
TOT. Fortaleza, 2011.
24%
34%
Sim
Não
Ocasionalmente
42%
Dentre os materiais utilizados para a fixação do tubo, o
esparadrapo foi o mais referido pelos participantes, citado
21 vezes. Em seguida, tem-se o cadarço (oito), bandagem
adesiva (oito) e esparadrapo ou cadarço (quatro). Apenas
dois profissionais afirmaram que utilizavam, além de esparadrapo ou cadarço, o equipo de soro.
Foi investigada na pesquisa a periodicidade de troca da
fixação do tubo, como demonstrado no gráfico 1.
Gráfico 1. Distribuição dos participantes segundo a periodicidade de troca da fixação do tubo. Fortaleza, 2011
Observa-se que um percentual significativo (42%) não
possuíam o hábito de aspirar o paciente no momento da
fixação do tubo, 34% ocasionalmente aspiravam e somente
24% afirmaram ter a rotina de aspiração traqueal.
Um ponto levantado na pesquisa diz respeito à forma
como os profissionais adquiriram conhecimento sobre a fixação do TOT, como revelado no gráfico 3.
Gráfico 3. Distribuição dos profissionais quanto ao aprendizado acerca do procedimento de fixação do TOT. Fortaleza, 2010.
Não respondeu
10%
Estudando
10%
4%
Quando necessário
A cada 24 horas
É importante assinalar que a quase totalidade dos participantes (94%), enfatizou que a troca era feita com a participação de duas pessoas, sendo colocado por apenas 6%,
que o procedimento era realizado individualmente.
N
Esparadrapo
Outro
Grande parte dos profissionais (68%) referiu que a troca da fixação era realizada quando necessária; 28% realizavam o procedimento a cada 24 horas, como rotina; e que
4% realizavam a troca em outro momento, sem especificar
que momento era esse.
68%
28%
Na prática
Na faculdade
16%
12%
Na prática com orientação
Procedimento de Fixação do Tubo Orotraqueal em
Pacientes de Unidade de Terapia Intensiva
52%
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1469-1474
1471
Segundo os dados, 52% aprendeu o procedimento na
prática, com orientação de outro profissional; 16% ressaltaram que a prática isolada lhe proporcionou o aprendizado.
Quando questionados em relação à segurança durante
o procedimento, a quase totalidade (96%) enfatizou que
se sentia segura, enquanto apenas 4% não demonstraram
segurança ao realizar o procedimento.
Os profissionais foram indagados sobre as complicações
inerentes à fixação, conforme denotado no quadro 2.
Quadro 2. injúrias presentes nos pacientes associadas à
fixação do TOT segundo os profissionais. Fortaleza, 2010.
LOCAL DA LESÃO
N
Lábios
44
Pavilhão auricular externo
20
Língua
8
Outras
13
A lesão mais comum entre os pacientes é a labial, citada
44 vezes. Em seguida, tem-se a lesão no pavilhão auricular
externo, referida 20 vezes e a lesão na língua, oito vezes.
Outras lesões foram colocadas (13), entretanto, sem serem
especificadas.
DISCUSSÃO
Os profissionais participantes do estudo estavam em diversas faixas etárias, sendo que a média de idade de 36,5
anos. Estudo realizado com profissionais de enfermagem
em UTI demonstrou que a maioria era composta por jovens
(80,2% com menos de 40 anos), sendo enfatizado que esse
é o perfil de profissionais esperados para esse setor, pois
os mesmos são motivados no início da carreira a prestarem
assistência a pacientes críticos(7).
A maioria era do sexo feminino, o que pode ser justificado pela enfermagem ser uma área predominantemente
desenvolvida por mulheres. Quanto à categoria profissional, a maioria dos participantes era enfermeiro, talvez pelos riscos associados ao procedimento, devendo, preferencialmente, ser realizado por esse profissional.
A troca da fixação do TOT é mais um procedimento realizado pelo enfermeiro que apesar de simples não pode ser banalizado, pois a inadequada fixação acarreta extubação acidental e pode danificar o guia do balonete por imperícia(3).
Em relação ao tempo de conclusão do curso de graduação em enfermagem ou do curso técnico, a média entre os
profissionais foi de nove anos e o tempo de atuação em UTI
teve média de sete anos. Os profissionais pesquisados, em
sua maioria, eram estatutários, ou seja, possuía vínculo
com a instituição na forma de servidor público.
1472
As atividades desenvolvidas na UTI constituem atividades de maior complexidade, direcionadas a pacientes com
quadro clínico, na maioria das vezes, de instabilidade hemodinâmica. Assim, é essencial que o profissional atuante
nessa unidade possua experiência compatível com as exigências do setor.
O paciente crítico, que necessita de cuidados intensivos, comumente apresenta disfunções em um ou mais sistemas, mantendo-se dependente de máquinas e procedimentos complexos, o que exige um aparato tecnológico e pessoal capacitado para a prestação da assistência e manuseio
dos materiais e equipamentos(8). Assim, no que diz respeito
ao momento em que era realizada a troca da fixação do TOT,
observou-se que a maioria realizava essa troca durante a
higienização do paciente.
Após a IOT, um cuidado essencial é a fixação adequada
do tubo, na busca de evitar que o paciente se extube de
forma acidental ou caso esteja sendo realizado desmame da
sedação e analgesia. Cabe a equipe de enfermagem a atenção quanto a esse procedimento, considerando, também, a
necessidade de troca.
O tubo traqueal deve ser preso firmemente para evitar
deslocamentos, intubação seletiva ou extubação acidental,
devendo ser mantido centralizado independente do material utilizado para fixação. A posição mediana do tubo é necessária para que ocorra uma distribuição homogênea da
pressão do balonete na traqueia(3).
Os aspectos relativos aos materiais utilizados para a fixação do tubo foram abordados no estudo, sendo observado que o esparadrapo é, ainda, o material mais utilizado,
apesar de possibilitar a ocorrência de lesões cutâneas no
paciente. Foram citados, também, outros materiais como
o cadarço e a bandagem adesiva. Embora o equipo de soro
não seja um material indicado para fixar o tubo, em virtude
de consistir em um material rígido, que sofre alterações da
temperatura ambiente, sua utilização foi referida por dois
profissionais.
Para a fixação do tubo devem ser usados materiais próprios, como fixações adesivas, evitando improvisações tais
como sondas, esparadrapos e equipo de soro. Na padronização da troca de fixação se recomenda o emprego de adesivo, cadarço ou fixador de traqueostomia, além de material auxiliar(3).
A fixação do dispositivo ventilatório, independente de
ser tubo endotraqueal ou traqueostomia é muito importante para sua estabilidade, pois além de estar relacionado
com a diminuição de lesões traqueais, evita desposicionamento, diminuindo a incidência de extubação acidental(3).
A troca da fixação do tubo geralmente é realizada de
acordo com a rotina da instituição. Notou-se, no estudo,
que essa troca era realizada na maioria das vezes, quando
necessário. Destaca-se, ainda, que a maioria dos profissio-
nais evidenciou que a troca era realizada com a participação de duas pessoas.
A mudança da posição do TOT é um fator importante a
ser considerado pelos profissionais, na tentativa de evitar
injúrias no paciente. Dessa forma, a maioria dos afirmou
que possuía como rotina essa mudança. Contudo, identificou-se, ainda um percentual importante (32%) que não
adotavam essa rotina.
Em relação aos cuidados na manutenção da cânula endotraqueal, devem ser realizados procedimentos que assegurem a fixação, limpeza e permeabilidade. Para os pacientes em uso de TOT, é essencial a mudança do local de
fixação da cânula pelo menos uma vez ao dia ou quando
necessário, atentando para a não alteração do nível de introdução(9). Assim, faz-se necessário que o cuidado da via
aérea seja realizado de modo sistemático. A troca da fixação deve ser realizada por dois profissionais da equipe com
o intuito de garantir a qualidade da assistência e não gerar
complicações(10).
Outro ponto fundamental abordado no estudo refere-se
à observação da pressão do balonete, pois caso o mesmo
não esteja com a pressão ideal, podem ocorrer intercorrências, tais como extubação acidental, aspiração de secreções da orofaringe e lesões na traquéia. Nesse contexto,
vale ressaltar que 46% checavam essa pressão, sendo, porém, ainda um número insuficiente, quando verificadas as
possíveis complicações.
Um cuidado a ser observado no momento da troca da fixação do tubo, é a aspiração traqueal, pois caso o paciente
esteja apresentando secreção traqueobrônquica excessiva
pode dificultar o procedimento. Em se tratando da amostra
em questão, somente 24% tinham a rotina desse cuidado e
34% aspiravam de acordo com a necessidade, que é o ideal,
pois a aspiração sem indicações pode ocasionar complicações no quadro geral do paciente.
A aspiração traqueal deve ser realizada somente quando necessária e não em intervalos pré-determinados, a fim
de evitar possíveis intercorrências que possam afetar o estado do paciente(10).
A respeito do aprendizado sobre o procedimento de
fixação do tubo, a maioria dos participantes afirmou que
tinha obtido esse conhecimento na prática, com o auxílio
e/ou orientação de outro profissional. Em se tratando da
segurança relativa ao procedimento, a grande maioria demonstrou segurança.
Dentre as complicações mais comuns referentes ao TOT
e a fixação, a mais predominante foi a lesão labial. Outras
lesões foram citadas, tais como: lesão no pavilhão auricular externo e lesão na língua, além de outras não especificadas.
Diversas são as injúrias decorrentes do uso da cânula
orotraqueal, as quais estão ligadas, também, aos materiais
Procedimento de Fixação do Tubo Orotraqueal em
Pacientes de Unidade de Terapia Intensiva
utilizados para a sua fixação. Um dos problemas mais frequentes com a utilização da fita é a dificuldade em realizar
higiene oral. Cadarços também podem ser usados, mas escaras podem surgir nos lobos das orelhas, sendo necessário protegê-las com gazes ou evitar o seu contato com o
cadarço (10).
As lesões causadas por pressão do tubo nos lábios podem ser evitadas com o reposicionamento periódico do
tubo, sendo essencial atenção quanto à cavidade oral, lábios e pele ao redor da boca, na busca de identificar os riscos para as injúrias(4,10, 11).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O procedimento de fixação do tubo necessita ser aprofundado, visto que os profissionais ainda apresentam algumas dúvidas, englobando: material ideal para a fixação,
importância da verificação da pressão do cuff, necessidade
ou não de aspiração traqueal no momento do procedimento, dentre outros aspectos.
Segundo os achados, o profissional responsável pelo
procedimento geralmente é o enfermeiro. Cumpre salientar
que, a despeito desse procedimento ser considerado simples pela equipe multiprofissional, o mesmo exige cuidados e conhecimento técnico-científico, em virtude da possibilidade de ocasionar várias complicações ao paciente.
Em relação ao procedimento propriamente dito, ficou
evidente que a realização do mesmo é feita quase sempre
durante a higienização do paciente, com a participação de
dois profissionais. Porém, apesar da troca de posição do
tubo ser realizada pela maioria dos profissionais, verificou-se, ainda, percentual significativo que não possuía esse
cuidado, assim como a checagem da pressão do balonete.
Quando o procedimento de fixação não é realizado obedecendo à técnica e recomendações da literatura, podem
ocorrer injúrias associadas ao mesmo. No estudo em questão, as injúrias mais comuns, conforme destacado pelos
participantes incluem por ordem de ocorrência: lesão labial; lesão no pavilhão auricular externo; lesão na língua e
outras não especificadas.
Sugere-se a realização de novos estudos com amostras
mais significativas, a fim de aprofundar a temática, pois o
procedimento em questão é, na maioria das vezes, realizado pela equipe de enfermagem, devendo todos os profissionais estar aptos e capacitados para realização, visando
à minimização de complicações associadas.
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1469-1474
1473
REFERÊNCIAS
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1474
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3(3):58-65. Available from: http://www.ojs.ufpi.br/index.php/reufpi/article/
view/1987/pdf
CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS ACERCA DA
SINTOMATOLOGIA DO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
KNOWLEDGE OF NURSES ABOUT THE VASCULAR INJURY BRAIN SYMPTOMATOLOGY
Artigo Original
Rithianne Frota Carneiro1
Verydianna Frota Carneiro2
Lilian Gomes Pereira da Cunha3
Ana Cláudia do Nascimento Paula4
Maria Januária Castelo Dias4
Ana Raquel Lacerda Coutinho5
RESUMO
ABSTRACT
Objetivou-se analisar o conhecimento dos enfermeiros
acerca da sintomatologia do Acidente Vascular Encefálico
(AVE). Realizou-se uma pesquisa exploratória, descritiva, com
abordagem quantitativa em um Hospital Público de Fortaleza/
CE. Participaram 59 enfermeiros atuantes na emergência. Dentre os participantes, 92% são do sexo feminino e 8% sexo masculino, 85% têm idade entre vinte dois a quarenta e dois anos,
41% trabalham na emergência do hospital há três anos ou mais,
69% possuem especialização, 95% afirmaram que tem contato
com paciente com AVE. Os sinais e sintomas mais citados pelos enfermeiros foram à hemiparesia, a hemiplegia e a afasia.
Com relação às condutas de enfermagem, as mais citadas pelos
enfermeiros foram verificar sinais vitais, avaliação neurológica, manter acesso venoso periférico, manter oxigenoterapia e
providenciar exames. Conclui-se que maioria dos enfermeiros
reconheceu os sinais e sintomas da patologia, mostrando o conhecimento adequado sobre a doença.
Objective: to examine the knowledge of nurses about
symptoms of cerebrovascular accident (CVA).Method: the
authors conducted an exploratory-descriptive quantitative
approach in a public hospital in Fortaleza / CE. Attended
by 59 nurses working in emergency. Results: among the
participants, 92% are female and 8% male, 85% are aged
twenty-two to forty-two, 41% work in hospital emergency
for three years or more, 69% have expertise, 95% said
they have contact with patients with stroke. The signs
and symptoms most frequently cited by the nurses were
hemiparesis, hemiplegia and aphasia. With respect to
nursing behaviors most often cited by nurses vital signs,
neurological evaluation were to verify, maintain peripheral
venous access, maintain and provide oxygen tests.
Conclusion: that most nurses recognized the signs and
symptoms of medical conditions and adequate knowledge
about the disease.
Palavras-chave: Enfermagem; Acidente Vascular Cerebral; Cuidados de Enfermagem.
Keywords: Nursing; Stroke; Nursing Care.
Enfermeira. Mestranda em Saúde Coletiva- UNIFOR. Bolsista CAPES- PROSUP/PRODAD. Tutora da Escola de Saúde Pública- ESP-CE. Docente da Faculdade
do Nordeste (FANOR). E-mail: [email protected]
2
Dentista. Mestranda em Ensino na Saúde- UECE. Bolsista da Escola de Saúde Pública- ESP-CE.
3
Enfermeira. Mestre em Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Docente da FANOR.
4
Discente do curso de Enfermagem da FANOR | DeVry Brasil.
5
Enfermeira graduada pela FANOR.
1
Conhecimento dos Enfermeiros acerca da
Sintomatologia do Acidente Vascular Encefálico
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1475-1480
1475
INTRODUÇÃO
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é a terceira causa de
morte no mundo. É uma doença cerebrovascular que causa incapacidades motoras e/ou cognitivas. É definido como um déficit neurológico de instalação súbita ou com rápida evolução
de causa vascular, com duração maior que 24 horas ou, quando
menor, leva à morte. Com base em seu aspecto patológico, existem dois tipos clássicos de AVE: o acidente vascular encefálico
hemorrágico (AVEH), causado por ruptura de vaso sanguíneo
e hemorragia intracerebral, e o acidente encefálico isquêmico
(AVEI) causado por trombose de uma das grandes artérias responsáveis pelo suprimento sanguíneo do cérebro(1).
Dentre as doenças cerebrovasculares, cerca de 85% dos
acidentes vasculares encefálicos são de origem isquêmica e
15%, hemorrágicas; cerca de 10% são hemorragias intraparenquimatosas e 5% hemorragias subaracnóideas(2).
Autores(1,3,4) avaliam que pacientes com hipertensão, hiperlipidemia, diabetes mellitus, história de ataques isquêmicos transitórios e história familiar de doença cardiovascular
são os que apresentam os principais fatores de risco preditivos para o AVE. Além dessas, outras etiologias podem estar
associadas ao AVE, tais como cardiopatias, coagulopatias,
tumores, doenças hematológicas, vasculites, anomalias vasculares, infartos venosos. Afirma-se ainda que o AVE possa ser
classificado como de etiologia indeterminada(5,6).
Dentre os sinais de alerta que indicam o AVE, estão: paralisia ou fraqueza súbita facial, alteração motora em braço ou
perna, mais frequentemente em um lado do corpo, e dificuldades na fala2. De acordo com o protocolo de atendimento
pré-hospitalar do AVE são sinais de risco em menos de quatro
horas e meia de evolução da doença: o aparecimento súbito
de fraqueza ou dormência na face, no braço ou na perna, especialmente de um lado do corpo; confusão na comunicação
(fala ou entendimento); distúrbio da visão em um ou nos dois
olhos; alteração da marcha, tontura, desmaio, perda de equilíbrio ou coordenação; e/ou cefaléia de causa desconhecida(7).
Os sintomas de AVEH relacionados à elevação da pressão
intracraniana incluem cefaléia intensa, dor na nuca, diplopia,
náusea e vômito, perda da consciência ou morte, aparecendo sem sinais de alerta. Com relação ao prognóstico, o AVEH
é mais grave e apresenta um maior índice de óbitos quando
comparado com o AVEI(2).
Na assistência pré-hospitalar a escala de Cincinnati é utilizada para identificar sinais e sintomas de pacientes com AVE
em menos de um minuto, a partir da avaliação de três achados
físicos: queda facial, debilidade dos braços e fala anormal.
Deste modo, a probabilidade do indivíduo desenvolver um
AVEI é de 72% quando há aparecimento súbito de uma destas
três características físicas e se torna maior que 85%, quando
estão presentes os três achados (2).
Sabe-se que a assistência de enfermagem aos pacientes
com diagnóstico de AVE é prestada na rede pública ou priva-
1476
da de saúde em hospitais terciários especializados no atendimento de urgência e emergência onde ocorre a triagem de
pacientes com a doença, daí a importância dos enfermeiros
estarem preparados para atender essa demanda, observando
o início dos sintomas em busca de um tratamento eficaz.
Diante do exposto surge o seguinte questionamento: Qual
o conhecimento dos enfermeiros acerca da sintomatologia do
acidente vascular encefálico e quais as condutas imediatas
têm sido realizadas? Logo a pesquisa tem o objetivo de analisar o conhecimento dos enfermeiros acerca da sintomatologia
do acidente vascular encefálico.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa exploratória-descritiva com
abordagem quantitativa. Realizou-se durante o mês de maio
de 2014, em um hospital de nível terciário de Fortaleza – CE,
Brasil, escolhido por sua referência e complexidade.
Em outubro de 2009, foi inaugurada a Unidade de AVE, é
a maior do país com vinte leitos e capacidade para atender
150 pacientes por mês, com estrutura moderna e equipe interdisciplinar de plantão 24 horas para fazer um atendimento
diferenciado ao paciente que chega à emergência com AVE.
Atualmente, a emergência do hospital comporta o total de
88 enfermeiros que realizam assistência a diversos tipos de
pacientes, onde são admitidos com inúmeras patologias, inclusive com AVE.
Na amostra foram incluídos os enfermeiros que trabalham
na emergência deste hospital e aceitaram participar da pesquisa (59 enfermeiros). Foram excluídos os enfermeiros que
estavam em regime de férias ou licença de suas atividades, e
os que se recusaram a participar do estudo.
Realizou-se a coleta de dados por meio de um questionário semiestruturado, composto por 20 questões, dividido em
duas partes: perfil dos enfermeiros e sintomatologia do AVE
baseado nas Escalas: Escala Pré-hospitalar para AVC de Cincinnati; Escala LAPSS e Escala de Acidente Vascular Cerebral
do National Institutes of Health.
A análise e a discussão dos dados foram realizadas de
acordo com a literatura pertinente ao tema, utilizou-se o programa Excel do Windows 7 Professional para tabulação dos
dados, onde as respostas dos participantes foram submetidas
à estatística descritiva.
O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP) da Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, parecer Nº 639.613 aprovado e seguiu as determinações do Conselho Nacional de Saúde (Resolução CNS
nº. 466/12), compreendendo os aspectos éticos e legais em
pesquisa que envolve seres humanos. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
tendo o direito de desistir e retirar seu consentimento em
qualquer fase da pesquisa, onde não receberam nenhum
ônus pela participação.
RESULTADOS
Na tabela 1, verifica-se que o sexo predominante é feminino, sendo representado 92 %. Cuja Idade predominante está
acima de 32 anos. Esses enfermeiros mostram-se com 69,50% ,
que têm especialização.
Tabela 1. Perfil dos enfermeiros da emergência.
CARACTERÍSTICAS
SEXO
IDADE
ESPECIALIZAÇÃO
ESPECIFICAÇÕES
N=59
%
Feminino
54
92
Masculino
5
8
22 - 32 anos
26
44
32 anos em diante
33
56
Sim
41
69,50
Não
18
30,50
CONTATO COM
PACIENTE
SINTOMALOGIA
DO AVE
SINTOMAS
DE AVE
CONDUTAS DE
ENFERMAGEM NO
ATENDIMENTO
EMERGENCIAL DO
AVE
ESPECIFICAÇÕES
N=59
%
Sim
56
95
Não
3
5
Conhecem totalmente
26
44
Conhecem
parcialmente
32
54
não reconhecem
1
2
hemiparesia/afasia
15
25,43
hemiparesia/
hemiplegia/afasia
9
15,25
outros sintomas
35
59,32
verificar sinais vitais
26
44,07
fazer avaliação
neurológia/manter
o AVP
9
15,25
manter o oxigênio/
se necessário
providenciar exames
7
11,87
realizar glicemia/TC
do crânio/administrar
medicamentos
4
6,78
avaliar as escalas de
LAPSS/SNG
3
5,08
Propocionar o bem
estar do paciente/
soro
2
3,38
apresentar vômito/
lateralizar da cabeça
1
1,70
certificar o horário de
início dos sintomas/
realizar escala de
Glasgow
1
1,70
não responderam
6
Conhecimento dos Enfermeiros acerca da
Sintomatologia do Acidente Vascular Encefálico
DISCUSSÃO
Perfil dos enfermeiros da emergência
Tabela 2. Sintomatologia e cuidados de enfermagem ao paciente com AVE
CARACTERÍSTICAS
Verifica-se na tabela 2, que 95% dos enfermeiros já tiveram
contato com o paciente. Porém, 54% demonstraram reconhecer
parcialmente a sintomatologia do AVE.
10,17
Na pesquisa em relação à amostra de enfermeiros observou-se
uma predominância quase absoluta do sexo feminino com 92% em
detrimento ao sexo masculino.
De acordo com a literatura, várias pesquisas confirmam o
predomínio do sexo feminino na categoria profissional estudada, em um estudo realizado sobre a caracterização do estresse nos enfermeiros de unidades de terapia intensiva, também
constatou um predomínio do sexo feminino com 241 (91,6%)
do total da população(8). Destaca-se ainda a prevalência da força de trabalho feminino na área de enfermagem (9).
Esses dados coincidem com o perfil de enfermeiros em geral do Brasil, onde há uma preponderância do sexo feminino,
embora nos últimos anos tem-se observado nas universidades
um número maior de homens interessados pela enfermagem. A
faixa etária encontrada entre os enfermeiros entrevistados foi
a de 22 a 52 anos de idade, e destes indivíduos, 44% têm idade
entre 22 a 32 anos, onde se concentra os profissionais com pouco tempo de atuação e/ou recém-formados em Enfermagem, ou
seja, profissionais jovens. O restante está dividido entre 32 a 42
anos e foram encontrados ainda, enfermeiros com idades entre
42 a 52 anos e acima de 52 anos.
Com relação ao tempo de trabalho, quase a metade dos enfermeiros trabalhavam há 3 anos ou mais na emergência deste
hospital, mostrando que o tempo de atuação no serviço contribui para melhorar a qualidade da assistência de enfermagem
prestadas aos pacientes graves no setor de emergência bem
como promover a descoberta da capacidade e dos limites pessoais frente a assistência a estes pacientes(10,11,12).Quando foi
indagado se possuíam alguma especialização na área da saúde,
a maioria respondeu que sim, enquanto somente 18 enfermeiros não tinham nenhuma especialização. Destas a que se destacou foi à especialização em Unidade de Terapia Intensiva (UTI),
com o maior adesão entre os enfermeiros.
É imperativo que os enfermeiros atuantes nos serviços de
saúde estejam, constantemente, em busca do saber científico,
se aperfeiçoando e procurando qualificação profissional a fim
de aprimorar a prática do cuidado ao paciente(13).
Além disso, a especialização nas diversas áreas de enfermagem
tem se mostrado cada vez mais necessária e emergente, pois tem por
objetivo fundamental atender a uma demanda especifica do mercado de trabalho, completando conhecimentos, habilidades e atitudes
necessárias para o perfil técnico-científico do enfermeiro(14).
Quando se perguntou pela oferta de alguma capacitação
profissional oferecido pelo hospital, mais da metade dos enfermeiros disseram que não tiveram nenhuma capacitação profis-
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1475-1480
1477
sional. A qualificação profissional é de grande relevância para
os enfermeiros, uma vez que as instituições de saúde quando
envolvidas neste processo podem facilitar o trabalho, atuando
de forma colaborativa e comprometida com a capacitação dos
profissionais de enfermagem(13).
Sintomatologia e cuidados de enfermagem
ao paciente com AVE
Perguntou-se aos enfermeiros se já tiveram contato com alguma pessoa vítima de AVE em seu ambiente de trabalho e o qual
foi sua atitude frente ao paciente com AVE. Do total, 95% dos enfermeiros afirmaram que tiveram contato com paciente com AVE.
Estudos retratam que em algum momento do período de hospitalização e especialmente na emergência, o paciente com AVE necessita de cuidados intensivos de enfermagem. Ressalta-se ainda,
que quanto maior o número de necessidades afetadas por este tipo
de paciente maior será a urgência do planejamento assistencial(15).
Com relação aos cuidados de enfermagem diante de um
paciente com AVE, podemos que a maioria das respostas dos
enfermeiros foram as seguintes: verificar sinais vitais (SSVV);
manter acesso venoso periférico (AVP); avaliar déficit motor e
nível de consciência; manter O2, se necessário; providenciar
exames; avaliar sinais e sintomas; realizar glicemia; encaminhar para TC do crânio; trombolizar paciente, se necessário;
administrar medicação conforme prescrição; preencher escala
de LAPSS, dentre outros.
Notou-se através desses resultados que dos 59 enfermeiros
em estudo, 9% enfermeiros não responderam esta questão, o
que se tornou contraditório e nos chamou a atenção, já que na
questão anterior 95% dos enfermeiros disseram que já tiveram
contato com pacientes vítimas de AVE.
De acordo com a literatura, os cuidados de enfermagem
podem ser baseados em escalas de avaliação neurológica, com
identificação dos déficits motores e sensoriais que dão indícios
para o local do AVE, podendo ser úteis para acompanhar o curso
da doença e determinar o prognóstico do paciente(16). Mostrando que há um conhecimento significativo dos cuidados de enfermagem ao paciente com AVE.
Para o tratamento do AVE descreve-se algumas recomendações para o tratamento com trombolítico: avaliação neurológica e sinais vitais, encaminhar ao serviço médico se houver alterações, oferecer oxigênio quando a saturação for menor que
92%, monitorar complicações e repouso no leito. Afirma ainda
que a administração de drogas é uma das intervenções mais frequente recordadas pelos enfermeiros em pacientes com AVE(15).
Outro cuidado importante é o fornecimento dos exames para
a confirmação diagnóstica do AVE que poderá ser realizada por
meio da tomografia computadorizada de crânio, angiografia,
angioressonância ou angiotomomografia, sendo a mais comum
a TC de crânio (citada pelos enfermeiros). Outros exames complementares de urgência incluem eletrocardiograma e exames laboratoriais como hemograma e glicemia(7). As escalas padronizadas
1478
como as escalas de Cincinnati e a escala de LAPSS são de grande
importância para facilitar o reconhecimento do AVE(17).
Ao questionar os enfermeiros se eles sabem reconhecer com
segurança os sinais e sintomas do AVE, a maioria respondeu que reconhece parcialmente os sinais e sintomas (54%); já 44% dos enfermeiros responderam que reconhece totalmente os sinais e sintomas
e 2% disseram que não reconhece sinais e sintomas do AVE.
Em outra pesquisa realizada em um hospital universitário sobre o nível de conhecimento de doença cerebrovascular, observou-se retardo entre o reconhecimento dos sintomas principais do AVE
pelos enfermeiros da unidade, compreendendo uma série de falhas
comuns no atendimento aos pacientes com AVE(18). Evidenciou-se
então que os enfermeiros do presente estudo estão melhor preparados e tem segurança no reconhecimento dos sinais e sintomas do
AVE, quando comparado com estudos anteriores.
No que diz respeito aos sinais e sintomas iniciais, característicos do paciente com suspeita e/ou diagnóstico do AVE,
observou-se que a maioria dos enfermeiros (15 indivíduos) citaram hemiparesia e afasia. Outros nove citaram como sinais
e sintomas iniciais do AVE a hemiparesia e a hemiplegia, ou
seja, evidenciou-se que as principais manifestações citadas pelos enfermeiros foram a hemiparesia, a hemiplegia e a afasia.
Os outros sinais e sintomas citados foram desvio da comissura
labial, tontura, confusão mental, rebaixamento do sensório,
dormência ou fraqueza da face, distúrbios visuais, cefaléia,
convulsões, dentre outros .
Observou-se que os dados encontrados neste estudo convergem com a literatura, pois no AVE podem estar presentes manifestações neurológicas como: alterações do nível de
consciência, déficit motor e sensitivo, alterações da visão, da
linguagem, fala e memória. O paciente pode ainda apresentar
diplopia, nistagmo, ptose palpebral, paralisia facial, tonturas,
vertigens, cefaléia e vômitos(17).
O Ministério da Saúde reforça que os sinais e sintomas sugestivos de AVE podem ser: diminuição da sensibilidade e/ou
fraqueza na face, no braço e/ou perna, especialmente unilateral de forma súbita, confusão mental, dificuldade na fala, alterações visuais em um ou ambos os olhos, cefaléia intensa, com
causa desconhecida e de instalação súbita(7).
Conhecimento dos enfermeiros
acerca da sintomatologia do AVE
Ao analisar a questão “Dormência ou fraqueza da face, do
braço ou da perna, especialmente de um lado do corpo, confusão
mental, dificuldade de falar, distúrbios visuais e perda de equilíbrio são alguns sinais e sintomas do AVE”, constatou-se que 98%
dos enfermeiros concordam com a afirmativa. Refletindo sobre
os resultados que dizem respeito à afirmação acima descrita, verifica-se que estão de acordo com a literatura do Ministério da
Saúde, onde os sinais do AVE incluem fraqueza repentina ou dormência da face, braço e/ou perna, geralmente de um lado do corpo, confusão mental, alteração cognitiva, dificuldade para falar
ou compreender, distúrbios visuais e auditivos, tontura, perda de
equilíbrio e/ou coordenação, dentre outros(7).
Na expressão “Poliúria, polidipsia, polaciúria são sinais e sintomas do AVE”, verificou-se que 86% dos enfermeiros discordam
dessa afirmativa. Portanto, podemos observar uma análise satisfatória com relação ao conhecimento dos enfermeiros, já que segundo o manual do Ministério da Saúde, poliúria, polidipsia, são
sinais e sintomas característicos de Diabetes mellitus, em outros
relatos a polaciúria é um dos sintomas de infecção do trato urinário baixo, ou seja, não tem relação direta com o AVE(19).
No que diz respeito à questão “A manifestação mais clássica
do AVE é hemiplegia”, 83% dos enfermeiros concordam com a
afirmação. A hemiplegia é uma sequela do AVE que atinge um
dos lados do corpo, caracterizada por paralisia em um hemicorpo, sendo um dos déficits motores decorrentes do AVE, porém
pode ocorrer também outra manifestação comum ao AVE, a hemiparesia ou paralisia parcial do corpo, ambas tipicamente no
lado oposto ao local da lesão. Sendo assim, pode ocorrer tanto
hemiplegia como hemiparesia em pacientes com AVE, a primeira com comprometimento total de partes essenciais das atividades funcionais e a segunda evidenciada por comprometimento
parcial do hemicorpo que altera o equilíbrio(17).
Através da análise da expressão “Ecolalia e alopecia são sinais de AVE”, comprovou-se pela literatura que a afirmativa é
falsa, pois a ecolalia é um sinal característico da linguagem de
pessoas com autismo e é definida como “uma repetição em eco da
fala”, sendo característico da Síndrome Autística(19). No caso do
AVE, o sinal caraterístico que pode afetar a linguagem é a afasia
que consiste na dificuldade ou compreensão da fala(7). A alopecia é uma doença dermatológica resultante de perda de cabelos
e pelos, sendo o estresse um dos desencadeadores desta afecção
Apresenta-se também como efeito colateral da quimioterapia
utilizada no tratamento de pacientes com câncer(19). Pelo que
se pode verificar, a maioria dos enfermeiros discordam da afirmação (85%); 3% concordam e 12% não sabem responder pelo fato
de não conhecerem os termos técnicos citados.
Quanto à afirmação “A cefaléia pode ter associação ou não
em um AVE isquêmico, pois neste pode ser completamente indolor”, 71% dos enfermeiros concordam com afirmativa; 17%
discordam o que revela que uma parcela considerável dos enfermeiros não tem o conhecimento da cefaléia no AVE e 12%
não sabem. A ocorrência de cefaléia torna-se mais provável no
acidente de caráter hemorrágico(6).
De acordo com a afirmativa “O hemisfério esquerdo do cérebro é o dominante para a linguagem, quando este é afetado pelo
AVE pode comprometer a fala do paciente, sendo considerado um
dos sinais de AVE conhecido como afasia”, 78% dos enfermeiros
concordam; 7% discordam e 15% não sabem a resposta. A afasia
é uma alteração da compreensão e/ou expressão da linguagem
decorrente de lesão no hemisfério cerebral esquerdo(19).
Com relação à questão “Quando o AVE afeta a região cerebral direita, os sinais e sintomas aparecem do lado direito do
corpo, como hemiplegia do lado direito do corpo e déficit do
Conhecimento dos Enfermeiros acerca da
Sintomatologia do Acidente Vascular Encefálico
campo visual”, podemos observar no que diz a literatura que a
questão está errada, pois vários autores afirmam que quando a
lesão é em um dos hemisférios, o déficit neurológico se apresenta no lado contralateral à lesão(7).
Condutas de enfermagem no
atendimento emergencial do AVE
Ao analisar as condutas de enfermagem preconizadas
no atendimento emergencial ao paciente com suspeita e/ou
diagnóstico de AVE, verificou-se que estão condizentes com a
literatura, pois a maioria(26) dos participantes respondeu “verificar sinais vitais” como sendo uma conduta relevante; nove
descreveram realizar avaliação neurológica, avaliar nível de
consciência e manter acesso venoso periférico (AVP); sete citaram manter O2, se necessário e providenciar exames; seis não
responderam a questão; quatro mencionaram realizar glicemia,
realizar TC do crânio e administrar medicamentos; três disseram avaliar escala de LAPSS, realizar SNG (sonda nasogástrica),
se necessário e manter cabeceira elevada; dois enfermeiros citaram proporcionar bem-estar para o paciente e instalar soro
fisiológico (SF 0,9 %).
Destaca-se que um participante relata que no caso do paciente apresentar vômito, deve-se lateralizar a cabeça com o intuito
de evitar broncoaspiração. E, ainda que apenas um enfermeiro
ressaltou que deve certificar-se do horário de início dos sintomas, realizar a escala de Glasgow e a anamnese de Enfermagem.
De acordo com a literatura, a avaliação inicial do paciente é realizada pelo enfermeiro e deve focalizar sinais vitais do
paciente a cada 30 minutos, avaliação neurológica, avaliação
das vias aéreas, circulação e respiração. Neste mesmo estudo,
observou-se que a administração de medicamentos foi mencionada como importante suporte no tratamento ativo do AVE,
promovendo bem-estar para os pacientes(15).
Com o intuito principal de se fazer entender a história da
doença atual que traz o paciente ao atendimento na emergência, é realizado como prática de enfermagem a anamnese que
consiste na investigação dos eventos pregressos relacionados à
saúde e na identificação dos sinais e sintomas(14).
Em se tratando da segurança do paciente, o horário de início dos sintomas destaca-se como fator relevante, pois este é
um dos critérios para inclusão de terapia trombolítica (até 4
horas e 30 minutos) no AVE isquêmico confirmado pela TC de
crânio sem evidências de hemorragia que deve ser realizada
dentro das 24 horas do início dos sintomas. Infere-se, ainda
que a utilização de escalas específicas para o reconhecimento
do AVE, como a escala de LAPSS, aumenta a possibilidade do
diagnóstico correto da doença, alertando para os principais sinais e sintomas do AVE(17).
A manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico com a administração dos líquidos isotônicos (SF 0,9%) através do acesso
venoso periférico (AVP), também merece destaque para manter
a hidratação dos pacientes com AVE agudo. Deste modo, é reco-
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1475-1480
1479
nhecido que a desidratação aumenta a viscosidade sanguínea e
reduz o fluxo sanguíneo cerebral(2).
A investigação da glicemia no atendimento emergencial ao paciente com AVE deve ser realizada e corrigida caso seja necessário.
Quando a glicemia capilar apresentar um valor menor que 70 mg/
dl, deverá administrar glicose hipertônica 50% endovenosa(7).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo permitiu afirmar que os enfermeiros da emergência
são em sua grande maioria do sexo feminino e que a faixa etária da
maioria dos participantes do estudo esteve entre 22 a 42 anos, levando a conclusão de que são enfermeiros mais jovens que compõem
a unidade no desenvolvimento de suas atividades profissionais.
A maioria dos enfermeiros possui especialização em alguma
área da saúde, onde se observou uma predominância em UTI e
Urgência e Emergência, o que se torna conveniente já que prestam assistência a pacientes críticos na emergência, inclusive
pacientes com acidente vascular encefálico.
A pesquisa demonstrou ainda, que os enfermeiros da emergência têm conhecimentos adequados sobre o AVE. Reconhecem adequadamente seus sintomas típicos e a necessidade de
intervir rapidamente diante da doença e sabem realizar condutas e cuidados de enfermagem a este tipo de paciente, porém
evidenciaram falta de conhecimento em algumas áreas e confusão entre termos científicos.
O atendimento adequado ao paciente com AVE ainda constitui um desafio, pelo alto potencial de morbidade e mortalidade
associados a este diagnóstico, portanto é de grande importância que o enfermeiro tenha conhecimento técnico e cientifico
para intervir rapidamente diante da doença, garantindo uma
melhor assistência e consequentemente reduzindo as possíveis
sequelas que o paciente venha a ter.
Entretanto, nem todos recebem capacitações profissionais
o que pode ser uma falha da instituição, pois o treinamento em
unidades de emergência é fundamental para que os enfermeiros exerçam sua profissão com competência.
Os resultados deste estudo poderão subsidiar a elaboração
de protocolos clínicos por enfermeiros baseados em evidência,
referente ao cuidado do AVE e as condutas realizadas pelos enfermeiros, incorporando as etapas de cuidado da doença disponíveis na literatura científica e as viáveis de serem implementadas no SUS. Poderá também servir como um guia para a realização de treinamentos de alunos de graduação, pós-graduação e
enfermeiros assistenciais.
Com relação aos sinais e sintomas e as condutas citadas pelos
enfermeiros se destacaram, como sinais e sintomas a hemiparesia,
a hemiplegia e a afasia e como condutas, as mais enfatizadas foram
verificar sinais vitais, avaliação neurológica, manter acesso venoso
periférico, manter oxigenoterapia e providenciar exames.
Diante da escassez de estudos brasileiros sobre esta temática, surge a necessidade do desenvolvimento de pesquisas de
enfermagem sobre o conhecimento dos sinais e sintomas do
acidente vascular encefálico, subsidiando uma prática de enfermagem baseada em evidências.
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OS AGRAVOS NO DESENVOLVIMENTO NEUROCOMPORTAMENTAL DO
RECÉM-NASCIDO PREMATURO: ÊNFASE NO MANUSEIO
THE WRONGS IN NEUROBEHAVIORAL DEVELOPMENT, NEWBORN PREMATURE: EMPHASIS ON HANDLING
Artigo Original
Erika Miller Martins1
Marina Frota Lopes 2
Aline Araújo Mariano 3
Luciana Emanuele Sousa Silva 4
Karla Maria Carneiro Rolim 5
Mirna Albuquerque Frota6
RESUMO
ABSTRACT
Objetivou-se verificar agravos no desenvolvimento neurocomportamental do recém-nascido prematuro internado em
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Pesquisa observacional exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa
desenvolvida na UTIN de uma Maternidade Pública, em Fortaleza (Brasil), no período de março a maio/2012. Utilizou-se
a observação direta e um questionário voltado aos cuidados
durante o manuseio do bebê e a sua relação com os agravos
no desenvolvimento neurocomportamental do recém-nascido
prematuro. Foram observadas alterações comportamentais e
fisiológicas durante os diversos manuseios realizados. O estudo demonstrou que a enfermagem se preocupa com o nível de
assistência prestada ao recém-nascido prematuro no intuito de
evitar agravos posteriores à sua internação.
The objective was to check grievances in neurobehavioral
development of premature newborns hospitalized in
Neonatal Intensive Care Unit (NICU). Observational research
exploratory and descriptive, with qualitative approach
developed in the NICU on a public maternity, in Fortaleza
(Brazil), in the period from March to May 2012. Used the
direct observation and a questionnaire designed to care
for the baby handling and its relationship with the wrongs
in neurobehavioral development of premature newborns.
Physiological and behavioral changes were observed during
the various handlings made. The study showed that the
nursing cares about the level of assistance provided to
premature newborns in order to avoid further grievances to
his hospitalization.
Palavras-chave: Recém-Nascido Prematuro; Enfermagem; Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
Keywords: Premature; Nursing; Neonatal Intensive Care Unit.
Enfermeira. Graduada pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR).
Enfermeira. Mestrando em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Bolsista FUNCAP.
3
Enfermeira. Graduada pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR).
4
Enfermeira. Graduada pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR).
5
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).Docente da Universidade de Fortaleza (UNIFOR).
6
Enfermeira. Pós Doutora em Saúde Coletiva Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA). Docente do Curso de Mestrado em
Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza (UNIFOR).
1
2
Os Agravos no Desenvolvimento Neurocomportamental
do Recém-Nascido Prematuro: ênfase no manuseio
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1481-1485
1481
INTRODUÇÃO
Em uma unidade de terapia intensiva neonatal são internados os recém-nascidos prematuros extremos, aqueles que
possuem alterações cardíacas e respiratórias, com instabilidade hemodinâmica, malformações congênitas e todos que
necessitam de cuidados intensivos de uma equipe multiprofissional. É considerado um ambiente repleto de equipamentos, dinâmico e sobrecarregado de contínuos movimentos e
intervenções, por diversos tipos de profissionais e pelos familiares do recém-nascido (RN) que são responsáveis e participantes do cuidar(1).
Diante da importância de terapia intensiva para os neonatos doentes, contraditoriamente, a unidade, que deveria
zelar pelo bem-estar da criança, em todos os seus aspectos,
é por excelência, um ambiente nervoso, impessoal e até temeroso para aqueles que não estão adaptados às suas rotinas. Tal ambiente é repleto de luzes fortes e constantes,
barulhos, mudanças de temperatura, interrupção do ciclo
do sono, bem como, repetidas avaliações e procedimentos,
conduzindo, muitas vezes, desconforto e dor(2,3).
As possibilidades de surgimento de consequências no
desenvolvimento neurocomportamental do recém-nascido
prematuro, durante o cuidado, provêm da própria condição
fisiopatológica ou são provocadas pelo uso da terapêutica,
da ambiência, do manuseio excessivo e outros fatores que
podem interferir no bem-estar do bebê.
A partir de estudos, observa-se que o valor médio dos decibéis encontrados na unidade de terapia intensiva, é superior ao recomendado. Apresentam-se níveis altos de ruídos e
barulhos, principalmente na conversação entre as pessoas,
até mesmo, jato d’ água da pia para lavagem das mãos (valor
máximo de 80,4dB). O turno da noite, esteve presente, como
o maior valor de decibéis na troca de equipamentos (valor
máximo de 78.1dB)(4).
Em contradição a estes aspectos o Método Mãe Canguru
é um modelo de assistência perinatal voltado para o cuidado
humanizado que reúne estratégias de intervenção biopsicossocial. Visa promover, por meio do contato pele-a-pele
precoce, entre a mãe e o seu bebê, maior vínculo afetivo,
maior estabilidade térmica e melhor desenvolvimento(5).
Em sua terceira etapa o método citado, recomenda a continuidade da assistência ao recém-nascido prematuro e de
baixo peso após a alta hospitalar, por meio de um programa
de acompanhamento chamado follow-up. Os principais objetivos do follow-up são: identificar precocemente e intervir
nos desvios do desenvolvimento; verificar os resultados de
longo prazo dos cuidados intensivos neonatais; oferecer suporte a criança e a sua família e realização de pesquisas com
grupos específicos de doenças, novas terapias, procedimentos e suas repercussões no desenvolvimento(6).
Diante das considerações, a pesquisa se justifica, por
ressaltar a participação dos profissionais de enfermagem na
1482
qualidade da assistência na unidade de terapia intensiva e o
cuidado no manuseio dos bebês para a prevenção de agravos
no seu desenvolvimento neurocomportamental. Seguindo
este pensamento, surgiram alguns questionamentos: Quais
as consequências do manuseio na UTIN? Após a alta hospitalar, como ocorre o acompanhamento dos RNPT? Como é a
dinâmica desse acompanhamento? Como a equipe de enfermagem pode contribuir na prevenção de danos neurocomportamentais aos RNPT internados na UTIN?
Assim, objetivou-se verificar os agravos no desenvolvimento neurocomportamental do RNPT internado em UTIN;
identificar, durante a consulta do follow-up, as possíveis
consequências causadas pelo manuseio do RNPT.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de caráter observacional exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa. A pesquisa
qualitativa costuma a ser descrita como holística, pois se
baseia na premissa de que os conhecimentos sobre os individuos só são possiveis com a descrição da experiência humana, tal como ela é vivida e tal como ela é definida por seus
autores(7,8).
Desenvolvel-se em uma unidade de terapia intensiva, de
uma Maternidade Escola, e, a sala de consulta de seguimento
(follow-up), na cidade de Fortaleza-Ceará. O local caracteriza-se como uma Instituição-escola de saúde especializada,
considerada de nível terciário, constituindo referência para
atendimentos obstétrico e neonatal de alta complexidade. A
consulta de seguimento (follow-up) objetiva além do apoio
aos pais quanto aos cuidados com o RN, o fortalecimento do
vinculo afetivo pais/ bebê/instituição, e um acompanhamento do desenvolvimento do bebê.
Os sujeitos da pesquisa foram os recém-nascidos prematuros internados. Durante a coleta de dados, mediante
observação não participativa, para verificar as respostas fisiológicas e comportamentais apresentadas pelo RN durante o manuseio utilizou-se um formulário contendo os dados
de identificação do RN e da mãe; e as respostas fisiológicas
e comportamentais apresentadas pelo RN durante o manuseio, sendo captadas mediante o auxílio de monitores de
oximetria de pulso e saturação de oxigênio do RN.
Cada um dos RNPT foi observado por um período de 12
horas. Neste estudo considerou-se manuseio o toque ao
neonato internado em UTIN, após a abertura da incubadora. Essa escolha é justificada, por ser o horário disponível
das pesquisadoras. Os dados coletados foram analisados e
interpretados a partir da literatura pertinente à temática.
Ressalta-se que houve um acompanhamento das consultas
de follow-up somente para observar possíveis consequências
do manuseio realizado na UTIN.
A coleta de dados foi realizada nos meses de março a
maio de 2012 e ocorreu em dois momentos. Em um primeiro
momento observou-se o manuseio e as respostas fisiológi-
cas e comportamentais do RNPT, bem como estratégias humanizadas desenvolvidas durante o cuidado. Concomitante
observou-se o delineamento do relacionamento equipe de
enfermagem/paciente. No segundo momento fez-se uma
observação durante a consulta de follow-up, buscando identificar, possíveis consequências do manuseio excessivo do
RNPT na UTIN.
O estudo foi aprovado pelo comitê de ética da referida
Instituição, sob protocolo nº 156/11, respeitando os aspectos éticos e legais da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde(9). As mães e/ou responsáveis ficaram cientes
de que os dados obtidos podem ser divulgados junto à comunidade acadêmica, respeitando o caráter confidencial das
identidades.
Quadro 1. Respostas fisiológicas e comportamentais dos recém-nascidos prematuros durante os manuseios, Fortaleza,
CE, Brasil, 2012.
MANUSEIOS PRESENCIADOS
RESPOSTAS FISIOLÓGICAS
E COMPORTAMENTAIS
Coleta de sangue para exames
Alterações na cor da pele
Aspiração VAS e TOT
Alterações SAO2
Troca de curativos
Aumento da FC
Punção venosa periférica
Estado de satisfação e
conforto
Passagem de PICC
Choro
Troca de incubadora
Sonolência
Aumento da abertura dos
olhos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Participaram da pesquisa nove enfermeiras e doze RNPT,
sendo que sete deles com idade gestacional (IG) entre 22 a 30
semanas e cinco com IG acima de 30 semanas. Os diagnósticos
dos bebês avaliados na UTIN eram: prematuridade, icterícia,
síndrome do desconforto respiratório, risco para infecção
neonatal, baixo peso ao nascer (BPN) na maioria dos casos
com mais de um diagnóstico. Os tratamentos mais utilizados
eram: incubadora aquecida, antibioticoterapia, ventilação
mecânica, uso de surfactante, fototerapia e fisioterapia.
O Manuseio do recém-nascido prematuro e os agravos ao
desenvolvimento neurocomportamental
Com os avanços tecnológicos ocorridos nas UTIN, os RN,
em particular os prematuros, apresentam aumento na sobrevida, e, por conseguinte, crescimento no tempo de permanência dentro da unidade. Preocupa-se, o longo período
de internação, em ambiente com níveis sonoros altos, visto
que, podem vir a comprometer o funcionamento do sistema
auditivo em decurso de desenvolvimento(4,5).
Os RNPT são continuamente bombardeados por procedimentos técnicos visando à melhoria de seu estado fisiológico ou o monitoramento de sua patologia. Entretanto, a monitorização dos efeitos dos procedimentos de rotina sobre a
oxigenação, a coleta de sangue, intubação e aspiração endotraqueal, fisioterapia respiratória, pesagem, troca de fraldas
e interação social, pode resultar em reduções significativas e
prolongadas de oxigenação(11).
Podem-se constatar os resultados do manuseio excessivo
no RNPT na UTIN no Quadro 1.
No Quadro 1 estão explicitadas as respostas fisiológicas
e comportamentais dos RNPT ao serem manuseados pela
enfermeira, no intuito de verificar o estresse causado pelo
procedimento. No que se refere às respostas fisiológicas,
observou-se que nos 19 manuseios ao RNPT na UTIN, 6 apresentaram alterações na cor da pele; 16 apresentaram diminuição na saturação de oxigênio (SAO2); 10 bebês tiveram
sua frequência cardíaca (FC) aumentada.
Os Agravos no Desenvolvimento Neurocomportamental
do Recém-Nascido Prematuro: ênfase no manuseio
Fixação do TOT
Maior abertura da boca
Olhar mais expressivo
Alteração na expressão
facial.
Legenda: SAO2 (Saturação de oxigênio); FC (Frequência cardíaca); PICC
(Cateter central de inserção periférica); VAS (Via aérea superior); TOT
(Tubo orotraqueal).
Quanto às alterações comportamentais, 4 deles demonstraram estado de satisfação e conforto; 8 apresentaram choro,
e 18 estado de sonolência. Em relação às expressões e mímicas
demonstradas pelos bebês, 4 apresentaram maior abertura dos
olhos, 14 maior abertura da boca; 3 tinham um olhar mais expressivo e 12 demonstraram alterações na expressão facial.
Assim, os dados importam que durante todos os manuseios
o RNPT apresentou alguma alteração, seja fisiológica ou comportamental, o que pode interferir no seu desenvolvimento
neurocomportamental. Além de verificar as alterações do bebê
durante o manuseio, observou-se o ambiente da UTIN, como
nesse local existem fatores que contribuem para um risco no
desenvolvimento neurocomportamental.
Os níveis de ruídos altos, também podem prejudicar a cóclea, causando a perda da audição, além de interferirem no
repouso e no sono do bebê, levando à fadiga, agitação e irritabilidade, deixando a criança chorosa, aumentando a pressão
intracraniana e predispondo à hemorragia craniana intraventricular nos prematuros(12).
Durante o estudo, as atividades mais executadas pela as enfermeiras na UTIN eram: mudança de decúbito, aspiração, coleta
de exames, gasometria, curativo, passagem de cateter central de
inserção periférica (PICC). A UTIN em questão apresenta ruídos
que podem causar agravos no desenvolvimento do RNPT. Os ruídos
percebidos são gerados da torneira de lavar as mãos que fica na
unidade, da portinhola das incubadoras, dos aparelhos, do ar condicionado, do diálogo entre os profissionais que atuam no local.
Em relação à luminosidade, verificou-se que os profissionais utilizam uma manta sobre a incubadora como proteção
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1481-1485
1483
aos olhos do bebê. E ao que é submetido à fototerapia, é colocado um protetor ocular em seus olhos. Os efeitos de luzes
fluorescentes contínuas sobre os RN têm preocupado os pesquisadores, devido aos efeitos fisiológicos e bioquímicos que esse
tipo de iluminação causa, pois acaba interferindo no desenvolvimento do ritmo de padrão dia e noite, muito importante no
desenvolvimento futuro desse paciente.
Teme-se, ainda, que esse padrão de iluminação possa afetar
o desenvolvimento normal da retina dos prematuros, aumentando os riscos de retinopatia da prematuridade, com possível
cegueira. Reduzir a intensidade da iluminação na UTIN para o
RN enfermo, e principalmente ao prematuro, facilita e promove
o repouso(12,13).
Com relação ao déficit no sono e repouso modificar o ambiente para reduzir a estimulação; preservar ambiente calmo
durante os períodos de sono; evitar procedimentos e manipulações desnecessárias; manipular a criança suavemente, proporcionando atenções individuais e não rotineiras e controlar os
sinais vitais por meio de monitores(11).
Os agravos neurocomportamentais apresentados
durante a consulta de follow-up e a humanização do cuidado por profissionais de enfermagem
Durante o estudo acompanhou-se 12 consultas de follow-up.
Entre as mães que aceitaram participar da pesquisa, verificou-se
que 10 estavam na faixa etária entre 20-30 anos. Quanto à escolaridade, cinco mães apresentavam ensino médio completo, três
ensino fundamental completo. Todas as mães realizaram consultas de pré-natal. Quanto aos tipos de parto, observou-se que seis
tiveram parto cesáreo, cinco partos normais e um parto pélvico.
No referente ao estado civil, seis eram solteiras, quatro casadas
e duas tinham uma união estável.
Observou-se 15 crianças, nas quais seis eram gemelares, 11
estavam na faixa etária até um ano, quatro tinham idade entre
dois a seis anos. Percebeu-se que alguns bebês, apresentaram
irritabilidade durante a consulta, talvez pelo longo tempo de
hospitalização. O Programa de follow-up seleciona aqueles RN
de maior risco e estabelece critérios para o seguimento. Deve,
também, estar integrado com a UTIN e com o berçário intermediário. É imprescindível que o profissional responsável pelo
follow-up esteja em contato com a família, para que esta esteja
preparada para a alta(6,14).
Durante as consultas, os bebês nascidos prematuramente aparentaram ser menos organizados que os bebês a termo.
Muitas teorias relacionadas ao acolhimento do RNPT vão de encontro ao proposto pelo paradigma da Programa Nacional de
Humanização (PNH). Dentre estas se destaca a Teoria do Desenvolvimento Síncrono-ativo proposto por Heidelise Als que
enfatiza o acolhimento mais humanizado aos RN e delineia caminhos para a observação do funcionamento cerebral do bebê,
via observação de seu comportamento(15,16).
1484
Esta teoria identifica o limiar do bebê em relação ao estresse, sua capacidade de auto-regulação e sua “real” disponibilidade de energia para procedimentos clínicos de acordo com o
funcionamento dos subsistemas: autônomo, motor, de organização dos estados, de atenção e interação e sistema regulador.
Acredita-se que a atuação da enfermagem no follow-up,
constitui, além do apoio aos pais quanto aos cuidados com o
RN, no fortalecimento do elo entre a instituição e a família, e
um acompanhamento do desenvolvimento da criança. Portanto, o bebê deve ser considerado e respeitado como ser-sujeito,
dotado de emoções e individualidade, e não como objeto de
intervenções. Logo, os cuidados não devem ser focados apenas
nos aspectos biológicos, mas também na estimulação de seu
desenvolvimento psicoafetivo(18).
A enfermagem atua para que os cuidados não prejudiquem futuramente a vida dessas crianças. É relevante elaborar
ações de investimento em termos de quantitativo suficiente
de pessoal, salários e condições de trabalho adequadas, bem
como atividades educativas que permitam o desenvolvimento
de competência para promover o melhor cuidado(16). Pode-se
constatar a interação enfermeira/RNPT/mãe durante a implementação de estratégias humanizadas na realização dos cuidados ao neonato na UTIN no quadro abaixo.
O profissional de enfermagem tem grande importância no
cuidado com um paciente frágil que é o RNPT, pois ele irá acolher e incentivar a recuperação desse pequeno paciente, fazendo com que esse cuidado seja prolongado ao ter uma comunicação com a família/mãe do RN(17).
A enfermagem atua fazendo, refazendo, construindo e reconstruindo o cuidado, no qual o RN se comporta não como
objeto, mas como sujeito ativo e receptivo, percebendo e interagindo com o cuidador. Assim, acreditamos que o cuidado
a ser implementado na UTIN necessita ser vivenciado em sua
totalidade, na tentativa de reduzir manuseios excessivos que
possam comprometer o bem-estar do neonato, provocando
nele manifestações de estresse, dor, alterações fisiológicas e
comportamentais(18,19).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A capacidade de o profissional observar e intervir junto aos
sinais neurocomportamentais é um dos passos para a humanização do atendimento. Destaca-se que essas ações não dependem de tecnologia e grande disponibilidade de recursos financeiros, porém esta prática é influenciada por diversos fatores
como: sobrecarga de trabalho; sutileza dos sinais; a observação
ativa na prática diária; e a necessidade de capacitações para
tal. O estudo demonstrou que a enfermagem se preocupa com o
nível de assistência prestada ao RNPT no intuito de evitar agravos posteriores á sua internação. Contudo, o barulho dos aparelhos, o diálogo entre os profissionais e os ruídos provocados
pela abertura das portinholas são fatores de risco que podem
interferir no desenvolvimento neurocomportamental, mesmo
que essas ocorrências sejam uma rotina da UTIN. Sendo neces-
sária uma melhor avaliação do ambiente para que este não seja
um fator prejudicial no desenvolvimento do RN, o qual passa
por vários procedimentos.
As alterações comportamentais e fisiológicas do RNPT durante o manuseio da enfermeira foram relevantes, pois demonstram
que o bebê percebe o que se passa ao seu redor. Vale ressaltar
que o mesmo não tem capacidade verbal para se comunicar, e é
através dessas alterações que ele interage com a equipe multiprofissional. Cabe à enfermagem perceber e compreender o que
estas respostas representam, a fim de amenizar e prevenir futuras mudanças no crescimento e desenvolvimento da criança.
Percebe-se, também a necessidade da presença do enfermeiro capacitado para o atendimento de follow-up, como também, sugere-se a participação de outros profissionais como fonoaudiólogo, fisioterapeuta e oftalmologista, além do pediatra, no intuito de identificar os agravos no desenvolvimento. É
uma consulta necessária e que se deve incentivar a mãe durante a internação do seu filho na UTIN a fazer o acompanhamento
das consultas. É necessário salientar que durante o manuseio
a enfermeira deve ter uma visão holística, assim fazendo-se
necessário uma humanização do cuidado sendo essencial para
melhorar a comunicação entre a equipe e o bebê melhorando
também a qualidade de vida desse recém-nascido prematuro.
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Recebido em: 03.02.2015
Aprovado em: 17.02.2015
Os Agravos no Desenvolvimento Neurocomportamental
do Recém-Nascido Prematuro: ênfase no manuseio
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1481-1485
1485
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DO PACIENTE
FRENTE AO MANUSEIO DO ACESSO VENOSO CENTRAL
PATIENT SAFETY ASSESSMENT FRONT OF THE CENTRAL VENOUS ACCESS HANDLING
Artigo Original
Rita Mônica Borges Studart1
Isakelly de Oliveira Ramos2
Luiza Beatriz Sousa Cardoso3
Elizabeth Mesquita Melo4
Patrice Vale Falcão5
Camila Bezerra Amorim Cardoso6
Mikailla Rodrigues Souto6
Andressa Sampaio do Nascimento6
Allany Priscilla Oliveira de Orlando6
RESUMO
ABSTRACT
Objetivou-se avaliar a segurança do paciente crítico em uso
de cateter venoso central. Estudo observacional com abordagem quantitativa transversal. A pesquisa foi realizada no Centro de Terapia Intensiva de um hospital público terciário, localizado em Fortaleza-Ceará, no período de agosto a outubro de
2014. Sobre a quantidade de dias que o paciente permanecia
com o cateter venoso central, 36,0% dos casos permaneciam
com o cateter com o intervalo entre 6 a 10 dias. O local de inserção do cateter mais utilizado foi na subclávia, correspondendo a
54,1% dos casos. O cateter mais utilizado foi o de duplo lúmen,
com 93,4% dos casos. Em relação à proximidade entre o cateter
venoso central e o tubo orotraqueal ou traqueóstomo, 29,5%
dos pacientes apresentaram o cateter próximo a prótese ventilatória. Da quantidade de torneirinhas e extensores, 86,9%
dos pacientes continham de uma a três torneirinhas. Quanto
ao tipo de curativo, a maioria estava com filme de poliuretano,
75,4% e com curativo simples. Ao avaliar a segurança do paciente mediante o uso de acesso venoso central foi constatado
um excessivo manuseio do cateter com utilização rotineira de
torneirinhas e extensores para a infusão de várias drogas de
forma simultânea.
The objective was to assess the safety of critical patients
using central venous catheter. Observational study with
cross-quantitative approach. The survey was conducted in
the intensive care unit of a tertiary public hospital, located
in Fortaleza, Ceará, in the period from August to October
2014. On the number of days that the patient remained
with the central venous catheter, 36.0% of cases remained
with the catheter in the range between 6 to 10 days. The
insertion site of the catheter most used was in the subclavian,
corresponding to 54.1% of cases. The most commonly used
catheter was the double lumen, in 93.4% of cases. Regarding
the proximity of the central venous catheter and the tracheal
tube or tracheostomy, 29.5% of patients had the catheter
near the ventilatory prosteshys. The amount of stopcocks
and extenders, 86.9% of the patients had between one to
three stopcocks. Regarding the type of dressing, most were
with polyurethane film, 75.4% and with simple dressing. In
assessing the safety of the patient through the use of central
venous access was found excessive handling of the catheter
with routine use of stopcocks and extenders for the infusion
of several drugs simultaneously.
Palavras-chave: Enfermagem; Cateterismo Venoso Central; Segurança do paciente.
Keywords: Nursing; Catheterization Central Venous; Patiente
Safety.
Doutora em Enfermagem. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Enfermeira do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Docente Colaboradora do Grupo GEPAEPC.
2
Enfermeira do HGF. Graduada pela UNIFOR.
3
Enfermeira. Graduada pela UNIFOR.
4
Doutora em Enfermagem. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIFOR. Enfermeira do Hospital São José de Doenças Infecciosas e Hospital
Distrital Dr. Evandro Ayres de Moura. Coordenadora do Grupo de Ensino e Pesquisa em Assistência de Enfermagem
5
Mestre em Enfermagem. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIFOR. Enfermeira do Hospital de Messejana. Docente Colaboradora do
Grupo GEPAEPC.
6
Acadêmica de Enfermagem da UNIFOR. Bolsista (PAVIC). Integrante do Grupo GEPAEPC.
1
1486
INTRODUÇÃO
Cateteres Venosos Centrais (CVC) constituem-se em ferramentas imprescindíveis para tratamento e cuidado de pacientes críticos sendo, ainda, um dos dispositivos mais utilizados,
principalmente, em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para
administração de drogas vasoativas, fornecimento de fluidos,
medicamentos em alta dosagem, nutrição parenteral, monitorização da pressão venosa central e controle hemodinâmico.
O CVC mais utilizado é o não “tunelizado” por ser de fácil
inserção, porém possui curta durabilidade após inserido e corresponde a 90% das infecções associadas a cateter. A escolha
do cateter adequado depende de uma série de fatores dentre
eles o tipo e duração do tratamento, avaliação do sistema venoso do cliente e outros. Os sítios de escolha para inserção do
cateter venoso central são as veias jugular interna e externa, a
femoral e a subclávia(1).
Nos Estados Unidos, 200.000 entre 400.000 infecções de
corrente sanguínea por cateteres se apresentam anualmente,
sendo que nove de cada dez delas estão associadas ao uso de
cateter venoso central. A incidência de infecção de corrente
sanguínea relacionada a cateter, no Brasil, varia de 3,2 a 40,4
episódios por mil dias de cateter e a mortalidade atribuídos a
essa topografia varia de 6,7% a 75,0%(2).
O cuidado no manejo e manutenção de um acesso venoso
central adequado é de total responsabilidade do enfermeiro,
pois ele é diretamente responsável pelo manuseio e pela administração com segurança das medicações. É necessária a
adoção de políticas internas relacionados com a supervisão do
acesso venoso no paciente grave. A experiência dos enfermeiros na assistência ao paciente crítico é fundamental não só para
a administração de medicamentos, mas tudo o que se refere à
segurança do paciente.
Os pacientes instalados em Unidade de Terapia Intensiva
(UTI) possuem um quadro clinico de maior agravo, geralmente polifármacos o que possibilita em ate três vezes o risco a
eventos adversos, infecção e aumento de interações medicamentosas, e que o enfermeiro ao realizar o aprazamento dos
medicamentos possa favorecer o potencial de interação medicamentosa(3). O enfermeiro é o protagonista no processo de
análise dos riscos e atua diretamente na redução e prevenção
de incidentes. A preocupação com a segurança dos pacientes,
foi despertada na década de 90 com a publicação principal do
trabalho americano To Err is Human: building asafer health care
publicado pelo Institute of Medicine (IOM), onde os autores revelam a morte de 44.000 a 98.000 americanos por ano , cuja
causa dos incidentes são em grande parte evitáveis(4).
Segurança do paciente corresponde à diminuição ao risco
mínimo admissível na ocorrência de dano desnecessário relacionado ao cuidado de saúde. A segurança é considerada uma
grandeza da qualidade, embora, algumas vezes não seja ponderada como tal. porém, é a dimensão mais crítica e crucial para
os pacientes(5).
Avaliação da Segurança do Paciente
Frente ao Manuseio do Acesso Venoso Central
É necessário que a equipe adote técnicas adequadas de
manipulação dos CVC como medida de prevenção de infecções
relacionadas ao dispositivo bem como de outras complicações
relacionados ao acesso central. Sabe-se que uma das medidas
para o manuseio correto co CVC é a educação permanente dos
profissionais de saúde e frequentemente rever os protocolos de
cuidados ao acesso vascular, cuja padronização deve ser clara e
disponível a todos.
A justificativa do estudo reporta-se a ocorrência de eventos
adversos constantes e falhas relacionadas às práticas assistenciais que acabam comprometendo a segurança do paciente,
principalmente, dos pacientes críticos das unidades de terapia
intensiva. Ações desenvolvidas que têm o intuito de reduzir os
eventos adversos possuem implantação lenta ou, na maioria
das vezes, não são implantadas devidamente sendo frequente a
não notificação da equipe de saúde das falhas ocorridas.
A escolha da temática tratada também se reporta ao fato
de ser uma das temáticas abordadas pela LECECI - Liga de Enfermagem em Centro Cirúrgico - Do Centro Cirúrgico à Sala de
Recuperação Anestésica. Desse modo, a questão norteadora
que deu origem a pesquisa foi: Quais os riscos nos cuidados de
enfermagem no manuseio do acesso venoso central para a promoção da segurança do paciente?
O estudo ganha relevância pela contribuição que trará
no campo da docência/assistência, assim como promoverá o
enriquecimento da literatura a respeito da temática além de
possibilitar a criação de estratégias baseadas em evidências e
com rápida implementação para diminuição de riscos para os
pacientes.
Diante do exposto o estudo objetivou avaliar a segurança
do paciente crítico em uso de cateter venoso central.
METODOLOGIA
Estudo observacional com abordagem quantitativa transversal, realizado em três Unidades de Terapia Intensiva de um hospital da rede estadual de saúde, localizado em Fortaleza-Ceará.
A população foi composta pelos pacientes internados na
UTI no período de agosto a outubro de 2014, sendo a amostra
constituída por 61 sujeitos. Critérios de inclusão: todos os pacientes que possuírem acesso venoso central. Como critérios de
exclusão, foram estabelecidos: possuir cateter venoso central
exclusivo para hemodiálise.
Foram inseridos no estudo todos os pacientes internados na
UTI que possuírem cateter venoso central no período de agosto a outubro de 2014. Como critérios de exclusão os pacientes
internados na UTI que não possuírem cateter venoso central.
Os dados foram coletados no período de agosto a outubro
de 2014, por meio de um roteiro semiestruturado a partir da
observação e da consulta ao prontuário, organizados no Excel
e submetidos à estatística descritiva e os resultados expostos
em tabelas.
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1486-1490
1487
Foram seguidos os princípios éticos previstos na Resolução
466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, aprovado com o protocolo nº 151775.
Tabela 2. Risco de infecção relacionada ao manuseio dos acessos venosos centrais dos pacientes internados na UTI de um
hospital de referência. Fortaleza-CE, 2014. N= 61
N
%
RESULTADOS
Local da inserção do cateter
Os pacientes foram caracterizados para uma melhor avaliação do contexto.
Subclávia
33
54,1
Jugular
9
14,8
Tabela 1. Caracterização dos pacientes internados na UTI de um
hospital de referência que possuíam acessos venosos centrais.
Fortaleza-CE, 2014. N= 61
Subclávia+ Jugular para hemodiálise
1
1,6
Jugular+ Jugular para hemodiálise
1
1,6
Femoral+ Subclávia
10
16,4
Femoral+ Jugular
7
11,5
57
93,4
Singo
3
4,9
Triplo lúmen
1
1,6
N
%
Feminino
31
50,8
Masculino
30
49,2
18 a 35
6
9,8
Proximidades de *TOT/#TQT
36 a 53
19
31,1
Sim
18
29,5
54 a 71
26
42,6
Não
43
70,5
16,4
Permanência do cateter
1 a 5 dias
21
34,4
6 a 10 dias
22
36,0
Sexo
Idade
Acima de 71
10
Patologia que levou a internação
Cateter
CdlL
Sepse
6
9,8
Pós-operatório de cirurgia geral, neuro e
vascular
11 a 15 dias
9
14,7
14
23
16 a 20 dias
7
11,5
Insuficiência Renal Aguda
2
3,3
Sem Registro
2
3,3
Sepse + Pneumonia + Outros
6
9,8
Torneirinhas ou extensores
Insuficiência Renal Aguda+ Outros
4
6,6
1a3
53
86,9
Sepse+ Insuficiência Renal Aguda+
Pós-operatorio
2
3,3
4a6
7
11,5
Sepse + Pós-operatório + Outros
1
1,6
7a9
1
1,6
Pós- operatório de cirurgia geral, neuro
1
e vascular+
1,6
Simples
15
24,6
Insuficiência Renal Aguda+ Outros
1
1,6
Filme de Poliuretano
46
75,4
Outros
24
39,4
Fonte: Dados coletados pelas autoras. *HAS (hipertensão arterial sistêmica) *DPOC (doença obstrutiva crônica)
A tabela 1 descreve a caracterização dos pacientes internados na UTI no período da coleta. Ao analisar a tabela percebe-se
um predomínio do sexo feminino com 50,8% dos casos sobre o
masculino com 49,2%, não havendo, entretanto, diferença significativa entre os mesmos.
Em relação à idade, a faixa etária predominante foi de 54 a
71 anos correspondendo a 42,6% dos casos, seguida do intervalo de 36 a 53 anos com 31,1%.
Sobre a causa que levou o paciente à internação na UTI a
mais expressiva foi o pós-operatório de cirurgia geral, neuro e
vascular com 23% dos casos. Outras causas identificadas, mas
bem variadas corresponderam a 39,4%.
1488
Curativos
Fonte: Dados coletados pelas autoras. *TOT (Tubo orotraqueal) TQT
#(traqueóstomo).
Todos os pacientes que participaram da pesquisa continham cateter venoso central, ou seja, 100% dos casos. O local
de inserção do cateter mais utilizado foi na subclávia, correspondendo a 54,1% dos casos. Na veia jugular o percentual correspondente foi 14,8% dos casos. O cateter mais utilizado foi o
de duplo lúmen, com 93,4% dos casos, o cateter do tipo singo
lúmen correspondeu a 4,9% e o de triplo lúmen a apenas 1,6%.
Em relação à proximidade entre o cateter venoso central e
o tubo orotraqueal (TOT) ou traqueóstomo (TQT), 29,5% dos
pacientes apresentaram o cateter próximo ao TOT ou TQT. Essa
proximidade pode ser um fator de risco para contaminação com
as secreções do paciente.
Sobre a quantidade de dias que o paciente permanecia com
o cateter venoso central, 36,0% dos casos permaneciam com o
cateter com o intervalo entre 6 a 10 dias, seguido do intervalo
de 1 a 5 dias que correspondeu a 34,4% dos casos. Pacientes
que permaneceram com o acesso de 11 a 15 dias o percentual
foi de 14,7% e os que permaneceram com o acesso de 16 a 20
dias, com 11,5%. Em 3,3% dos casos não houve o registro da
quantidade de dias de permanência do cateter venosos central.
Da quantidade de torneirinhas e extensores, 86,9% dos
pacientes continham de uma a três torneirinhas, 11,5% apresentavam de quatro a seis torneirinhas e apenas 1,6% de sete a
nove torneirinhas. Quanto ao tipo de curativo, a maioria estava com filme de poliuretano, 75,4% e com curativo simples, ou
seja, gaze estéril e fita adesiva estavam 24,6% dos casos.
DISCUSSÃO
Em relação aos aspectos sócio-demográficos, a maioria dos
pacientes era do sexo feminino com 50,8% dos casos, predominando a faixa etária de 54 a 71 anos.
Um estudo sobre epidemiologias de infecções de cateter
venoso central constataram que é uma via de grande risco por
estar inserido em um vaso profundo, salientando que 79,2%
dos pacientes com mais de quatro dias de inserção de cateter
desenvolveram infecção sistêmica(6). A duração de utilização
do CVC e a escolha do local de inserção são os principais fatores
de risco associados à infecção(7).
O local de inserção do cateter mais utilizado foi na subclávia, correspondendo a 54,1% dos casos. Na literatura científica
nacional e internacional está descrito que o cateter temporário
duplo-lúmen deve ser mantido até cinco dias na veia femoral,
21 dias nas veias jugulares e subclávias, pois os cateteres utilizados por períodos prolongados apresentam alto risco de infecção(7).
O cateter mais utilizado foi o de duplo lúmen, com 93,4%
dos casos. Em relação aos fatores das complicações decorrentes
do uso do cateter central(8) mencionam vários autores que os
principais fatores de risco podem estar relacionados à condição clínica do paciente, ao tipo de cateter, à habilidade técnica
do profissional, internações em centros de terapias intensivas,
tempo de permanência do cateter, manipulações excessivas e/
ou inadequadas, dentre outras.
Em relação à proximidade entre o cateter venoso central e
o tubo orotraqueal (TOT) ou traqueóstomo (TQT), 29,5% dos
pacientes apresentaram o cateter próximo ao TOT ou TQT. Essa
proximidade pode ser um fator de risco para contaminação com
as secreções do paciente como afirmam vários autores que o
paciente em ventilação mecânica tem um risco adicional em
37,8% para infecção de corrente sanguínea oriunda de migração de microrganismos da secreção traqueal(9).
Sobre a permanência do cateter venoso central, 36,0%
dos casos permaneciam de seis a dez dias, alguns estudos relacionados à permanência do cateter em UTI apontam que a
instalação desse acesso é uma técnica bastante utilizada para
o estabelecimento rápido e temporário do paciente, mas é um
Avaliação da Segurança do Paciente
Frente ao Manuseio do Acesso Venoso Central
procedimento invasivo, conhecido como importante fator de
risco para desenvolvimento de infecção(10).
Relacionado à quantidade de torneirinhas e extensores ligados ao acesso central, 86,9% dos pacientes continham de uma a
dez torneirinhas. Foi observado ainda que a grande maioria fazia
uso de uma a três torneirinhas ou extensores. Esta necessidade
de conexões extensores para infusão simultânea de drogas e
fluidos aumenta significativamente o risco para infecção, mas é
uma pratica muito utilizada no tratamento de paciente critico(11).
Quanto ao tipo de curativo, 75,4% utilizavam filme de poliuretano e 24,6% utilizavam curativo simples, ou seja, gaze estéril
e fita adesiva. Não foi observado nenhum tipo de descuido relacionado aos curativos dos cateteres, sempre estavam bem feitos
esteticamente e eram trocados sempre que necessário.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo possibilitou levantar o perfil dos pacientes internados na UTI, assim como os principais sistemas acometidos.
Relacionado ao uso do prontuário como fonte de pesquisa, percebeu-se uma falha para melhor caracterização dos pacientes
como estado civil escolaridade, profissão, renda etc.
Ao avaliar a segurança do paciente mediante o uso de acesso venoso central foi constatado um excessivo manuseio do cateter com utilização rotineira de torneirinhas e extensores para
a infusão de várias drogas de forma simultânea. Ao observar as
práticas de enfermagem para segurança do paciente na utilização do acesso venoso central foi constatado um excessivo manuseio do cateter sem proteção nas conexões com gaze estéril.
O uso abundante de “torneirinhas” na UTl no manuseio dos
acessos centrais, bem como os cuidados dispensados pela equipe de enfermagem no manuseio sem a utilização de gaze estéril
ao desconectar as conexões, assim como a troca de equipos somente a cada 72 horas, entre outras medidas simples que nos
permitem proporcionar a segurança necessária ao paciente,
não foram observadas no estudo.
Apesar de não ter avaliado a interação medicamentosa com
as infusões continuas dos pacientes internados na UTI, pode-se
estimar existência interações medicamentosas.
A rotina da medicação ocupa posição estratégica na precipitação de interações medicamentosas. Ironicamente, a maioria da
literatura relativa ao assunto é direcionada aos médicos e farmacêuticos, cujo foco principal de discussão é o medicamento, pouco ou raramente discorrendo sobre o processo da administração
do medicamento e a importância da equipe de enfermagem.
Diante do exposto, observa-se a necessidade do profissional enfermeiro buscar através de cursos, especialização, grupos
de estudo e pesquisa o conhecimento necessário na prática da
assistência de enfermagem na administração de medicamentos
e suas consequências na terapêutica associada a cada patologia, levando em conta a responsabilidade e comprometimento
profissional com a vida do próximo, agindo de forma integralizada na recuperação e reabilitação da saúde do paciente.
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1486-1490
1489
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International Classification for Patient Safety v1.1. Final Technical Report
and Technical Annexes, 2009. Disponível em: http://www.who.int/patientsafety/taxonomy/en/
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paciente: histórico e conceitos, p. 19- 27. Assistência Segura: Uma Reflexão
Teórica Aplicada à Prática. 1ª ed. Brasília- DF, 2013.
11.Toffoletto M C, Ruiz X R. Mejorando la seguridad de los pacientes: estudio
de los incidentes en los cuidados de enfermería. Rev. esc. enferm. USP, São
Paulo, v.47, n.5, Oct.2013.
Recebido em: 03.02.2015
Aprovado em: 17.02.2015
1490
PERFIL DE USUÁRIAS NA PERIODICIDADE DE
REALIZAÇÃO DO EXAME PAPANICOLAOU
PROFILE OF USERS AND PERIODICITY OF THE PAPANICOLAOU EXAM
Artigo Original
Luis Rafael Leite Sampaio1
Roberta Jeane Bezerra Jorge2
Francisco Antônio da Cruz Mendonça3
Thereza Maria Magalhães Moreira4
Silvânia Maria Mendes Vasconcelos5
Lia Maristela da Silva Jacob6
Maria Albertina Rocha Diógenes7
RESUMO
Este estudo teve por objetivo conhecer o perfil de usuárias
de um serviço de atenção primária quanto a não periodicidade
do exame de Papanicolaou. Estudo descritivo realizado nos meses de setembro a novembro de 2008, envolvendo 83 usuárias,
através de uma entrevista semi-estruturada. Os resultados foram tratados em frequência absoluta e relativa, evidenciando
que 86,75% desconhecem o objetivo do Papanicolaou, 63,85%
desconhecem a periodicidade do exame preventivo, 55,42%
não acham importante realizar o Papanicolaou, 42,16% são
desinformadas quanto ao resultado do exame Papanicolaou e
30,12% desconhecem o câncer de colo do útero. Percebe-se
que as mulheres entrevistadas não cumprem a periodicidade
do exame ginecológico, por diversos motivos entre os quais se
destacam o desconhecimento do objetivo e da periodicidade do
Papanicoloau, além de encontrarem dificuldades como falta de
vagas e sobrecargas do cotidiano. É preciso que os sistemas de
saúde, por meio das instituições e dos profissionais, assumam
uma atitude ativa, e não passiva, frente ao controle desse câncer, ou seja, não se deve esperar apenas pela a presença espontânea de algumas mulheres, mas é necessário implementar
formas de recrutamento, fazendo uso de ações educativas, triagem e entrevista, envolvendo a comunidade para que participem das ações de saúde.
Palavras-chave: Enfermagem; Saúde da Mulher; Esfregaço vaginal.
ABSTRACT
This study aimed to know the profile of users of a
service in primary care as not to schedule the examination
of Papanicolaou. Descriptive study conducted in January
Enfermeiro. Especialista em Enfermagem Clínica e Estomaterapia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Mestre e Doutorando em Farmacologia pela
Universidade Federal do Ceará (UFC). Docente da Graduação em Enfermagem da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e do Centro Universitário Estácio
do Ceará.
2
Enfermeira. Especialista em Enfermagem Clínica pela UECE. Mestre e Doutora em Farmacologia pela UFC. Docente da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE).
3
Enfermeiro. Especialista em Saúde da Família pela UFC. Mestre em Saúde Pública pela UECE. Doutorando em Saúde Coletiva pela AA UECE/UFC/UNIFOR.
Conselheiro do Conselho Regional de Enfermagem do Ceará. Docente da Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Estácio do Ceará e da Faculdade Nordeste.
4
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela UFC. Docente Adjunta da UECE. Pesquisadora CNPq.
5
Enfermeira. Doutora em Farmacologia pela UFC. Docente Adjunta da UFC. Pesquisadora CNPq.
6
Enfermeira. Especialista em Saúde da Família pela UFC. Mestre em Saúde Coletiva pela UNIFOR. Docente da Graduação em Enfermagem da FATECI.
7
Doutora em Enfermagem pela UFC. Docente da Universidade de Fortaleza. Coordenadora do Pet-Saúde da Universidade de Fortaleza e do Grupo de
Pesquisa em Saúde Coletiva.
1
Perfil de Usuárias na Periodicidade de
Realização do Exame Papanicolaou
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1491-1497
1491
and February 2009, involving 83 users, through a semistructured interview. The results were processed in absolute
and relative frequency, showing that 86.75% unaware of the
purpose of the Papanicolaou, 63.85% know the frequency of
preventive examination, 55.42% do not realize the important
Papanicolaou, 42.16% are uninformed on the outcome of
the Papanicolaou test and 30.12% unaware of the cancer
the cervix. Realizes that the women interviewed did not
meet the frequency of gynecological examination for various
reasons among which are the lack of order and periodicity of
Papanicoloau, and find problems and lack of availability and
overload of daily life. We need the health system, through
the institutions and professionals, take an active attitude,
not passive, in front of the control of cancer, or should not be
expected only by the spontaneous presence of some women,
but it is necessary implement forms of recruitment, making
use of education, screening and interviews, involving the
community to participate of health actions.
Keywords: Nursing; Women’s Health; Vaginal Smears.
INTRODUÇÃO
O câncer cervical está entre os cânceres mais incidentes no
sexo feminino, ocupando o segundo lugar no mundo. Conforme
a Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 470 mil mulheres desenvolvem a doença e 225 mil delas vão a óbito por esta
afecção anualmente em todo o mundo(1).
Para o ano de 2010, no Brasil, são estimados 18.430 novos
casos de câncer do colo do útero, com um risco estimado de 18
casos a cada 100 mil mulheres. Para o Ceará, estima-se a ocorrência de 860 casos novos e, 260 em Fortaleza. Sem considerar
os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é
o mais incidente na Região Norte (23/100.000), seguido das
outras regiões Sul (21/100.000), Centro-Oeste (20/100.000),
Nordeste (18/100.000) e Sudeste (16/100.000)(2).
A epidemiologia do câncer do colo de útero está relacionada com o início da atividade sexual precoce, multiplicidade de
parceiros, histórico de doenças sexualmente transmissíveis, infecções por Papilomavírus humano (HPV), baixo nível socioeconômico, hábito de fumar e carências nutricionais. Ao lado dessas variáveis é importante considerar a insuficiência de recursos humanos e de materiais disponíveis na rede de saúde para
prevenção, diagnóstico e tratamento; utilização inadequada
dos recursos existentes; má articulação entre os serviços de
saúde na prestação da assistência nos diversos níveis de atenção; baixo nível de informações de saúde da população em geral
e insuficiência de informações necessárias ao planejamento das
ações de saúde(3).
Entre os fatores supracitados, em relação à insuficiência de
recursos humanos, a demora das mulheres ou sua ausência para
tomar conhecimento de resultado do exame preventivo, assim
como dar seguimento nas consultas ginecológicas de periodicidade, pode está associada não apenas com o modo de acolher a
usuária pelo profissional de saúde, mas também a outras situações percebidas, vivenciadas e transmitidas pelas mulheres du-
1492
rante o exame preventivo como as ligadas às questões culturais
que podem também estar envolvidos na adesão e periodicidade
do exame e na importância que as mulheres atribuem às afecções ginecológicas.
Sobre este assunto, em pesquisa realizada no Município
de Campinas-SP, envolvendo 11 (onze) usuárias esclarecidas
quanto à importância da realização periódica do preventivo,
identificou contradições entre a periodicidade e a última vez
da realização do exame preventivo, as quais foram justificadas
por terem esquecido a data marcada para realização do exame,
por falta de tempo e pelas agendas saturadas dos Centros de
Saúde(4). O que evidenciou conflito entre conhecimento e adesão, levando o autor a questionar o que adoecer por este tipo
de câncer representa em suas vidas. Uma vez que, as atitudes
pessoais podem está na dependência de fatores determinantes
como a cultura e contexto local.
Ante tais fatos, surgiu o questionamento: qual o perfil das
usuárias de um serviço de atenção primária quanto a não periodicidade do exame Papanicolaou na Estratégia de Saúde da
Família (ESF) de Caio Prado, distrito de Itapiúna-CE? Para responder a esta questão, buscou-se realizar uma investigação a
respeito dessa prática entre usuárias atenção primária.
Diante dessa problemática, o presente estudo teve por objetivo conhecer o perfil de usuárias de um serviço de atenção
primária quanto a não periodicidade do exame de Papanicolaou.
METODOLOGIA
Estudo descritivo, realizado na ESF de Caio Prado, distrito
de Itapiúna-CE, no período de setembro a novembro de 2008, a
referida unidade oferece atendimento, no âmbito da atenção primária à saúde, à população na própria unidade ou em domicílio.
A seleção das participantes foi através de análise documental dos 600 prontuários cadastrados no período de 1997 (início
do funcionamento da ESF) a 2007. Tiveram como critérios de
inclusão residir na sede deste distrito e ter realizado pelo menos uma colpocitologia, mas não terem retornado no período
recomendado para a realização do próximo exame. Entende-se
haver diferenças entre a população da zona urbana e rural de
Caio Prado, por isto, esta população será contemplada numa
próxima pesquisa.
Dentre as 243 usuárias encontradas em situação de irregularidade quanto à periodicidade do exame cervical, 129 residiam
na zona rural, sendo excluídas da amostra, e 114 habitavam na
zona urbana. Destas 114 candidatas ao estudo, duas tinham problemas mentais, 25 haviam se mudado para localidades distantes
e quatro não foram localizadas, portanto não sendo incluídas no
estudo e totalizando a amostra do estudo em 83 mulheres com
semelhanças sociais, econômicas e educacionais, independente
de raça, idade, religião ou situação conjugal.
A coleta de dados ocorreu através de uma entrevista semi-estruturada, contendo aspectos relacionados aos dados
sociodemográficos e barreiras à realização periódica do exame
preventivo de câncer de colo do útero. Realizada no domicílio
de cada usuária, na hora e data mais conveniente. Favorecendo
assim um diálogo mais rico, além de possibilitar que estas falassem com mais segurança sobre o objeto de estudo. A análise
dos dados ocorreu de forma descritiva e foi realizada através de
frequências absolutas e relativas.
Quanto aos aspectos éticos e legais da pesquisa, esta foi
realizada mediante autorização do Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade de Fortaleza, sob parecer Nº. 411/08, obedecendo as exigências do Conselho Nacional de Saúde no que
se refere às diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa
envolvendo seres humanos(5).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Caracterização Sociodemográfica
De acordo com a tabela 1, prevaleceu entre os sujeitos do
estudo a faixa etária de 25 a 59 anos, correspondendo a um total de 67 (80,72%). Representando mulheres em plena idade
reprodutiva. Este achado corrobora com a faixa etária prioritária para a detecção precoce do câncer do colo do útero, dos 25
aos 60 anos de idade. Esta recomendação apóia-se na observação da história natural do câncer de colo de útero, que permite
a detecção precoce de lesões pré-malignas ou malignas e o seu
tratamento oportuno se dá graças à lenta progressão que apresenta para a doença mais grave(3).
Quanto ao estado civil, 63 (75,9%) referiram casadas ou
união estável. Este relato deve ser considerado, pois um estudo realizado, em 2003, apontou que as mulheres com parceiros apresentavam uma chance maior de realizarem o exame do
que as que não tinham parceiros. Assim, acredita-se que tendo
parceiros, aumenta a possibilidade de gravidez que é, muitas
vezes, o único momento em que as mulheres buscam o ginecologista, além de ser a ocasião em que muitas têm um primeiro
contato com este profissional de saúde. E entre as brasileiras
que tinham filhos, 77% fizeram o exame Papanicolau, e para
aquelas sem filhos o percentual era de 65%(6).
O grau de escolaridade predominante foi o ensino fundamental com 65 (78,31%). Revelando um nível escolar baixo.
A escolaridade, outra variável da dimensão socioeconômica,
é indicada como tendo uma relação positiva com o acesso aos
serviços de saúde. Estudiosos ressaltam a falta de conhecimento quanto ao exame Papanicolaou e aos benefícios de fazê-lo
rotineiramente está associada ao grupo de pessoas com baixos
indicadores de desenvolvimento humano(7).
Outros pesquisadores relataram pessoas que têm menor
nível de escolaridade, as chances de procurar um médico diminuem em 56%(8). Outro estudo feito com mulheres residentes
em Belo Horizonte-MG, em 2002, foi constatado que as mais
escolarizadas apresentaram chance de terem tido uma consulta
ginecológica, nos meses anteriores à pesquisa, quase duas vezes superior àquelas com escolaridade mais baixa(9).
Perfil de Usuárias na Periodicidade de
Realização do Exame Papanicolaou
Tabela 1. Distribuição sociodemográfica de usuárias da Estratégia de Saúde da Família de Caio Prado. Itapiúna-Ceará, 2009.
VARIÁVEIS SÓCIODEMOGRÁFICOS
Nº
%
Idade
n=83
100
< 25 anos
08
9,64
25 a 59 anos
67
80,72
≥ 60 anos
08
9,64
n=83
100
Casada
52
62,65
Estado Civil
Solteira
16
19,28
União Estável
11
13,25
Viúva
03
3,62
Separada
01
1,20
n=83
100
Sem Escolaridade
Escolaridade
02
2,41
Ensino Fundamental
65
78,31
Ensino Médio
10
12,05
Nivel Superior
04
4,82
Pós- Graduação
02
2,41
n=83
100
Religião
Católica
69
83,13
Evangélica
14
16,87
n=83
100
Agricultora
45
54,22
Trabalhadora do Lar
23
27,72
Aposentada
04
4,82
Professor
04
4,82
Ocupação
Outros
04
4,82
Educador Social
02
2,40
Desempregada
01
1,20
n=83
100
< 1 Salário
49
59,04
1 a 2 Salários
32
38,56
> 2 Salários
02
2,40
Renda Familiar
A maioria declarou ter como religião a católica, contemplando 69 (83,13%) das respostas. A religião é importante no que diz
respeito à consulta ginecológica, podendo influenciar no comportamento das mulheres. Um estudo com adolescentes, no Município
do Rio de Janeiro-RJ, indicou o crescimento do protestantismo e a
queda da proporção de católicos causou um impacto na fecundidade dessas mulheres(10). Observa-se, portanto, a religião apresenta
um papel essencial no comportamento reprodutivo, no qual pode
também repercutir na realização do exame ginecológico.
Quanto à ocupação, 45 (54,22%) possuíam na agricultura a principal fonte de renda para o sustento familiar, e 49
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(59,04%) tinham com renda familiar menos de um salário mínimo. As baixas condições socioeconômicas constituem-se, sozinhas, como grandes fatores de risco associados ao câncer do
colo do útero(3).
Nesta pesquisa, os dados sociodemográficos confirmam a
vulnerabilidade de algumas mulheres pesquisadas apresentarem
maiores condições para o desenvolvimento do câncer cervical.
Dificuldades à realização do Papanicolaou
Observando-se a Tabela 2, em relação às dificuldades relatadas por 20 (23,2%) usuárias em realizar o exame preventivo,
encontraram-se a falta de vaga, a dificuldade de transporte, a
sobrecarga de trabalho e os profissionais faltosos. Situações
como estas foram identificadas em estudo realizado em São
Paulo-SP com 138 mulheres com diagnóstico de neoplasia
intra-epitelial cervical de alto grau e carcinoma invasor, que
citaram como dificuldades para não realizarem o exame Papanicoloau, as barreiras geradas pelos próprios serviços de saúde, incluindo o tempo de espera para conseguir uma consulta,
problemas com agendamento e consultas remarcadas por falta
de profissional ou greve(11).
Tabela 2. Distribuição das barreiras a realização do Exame preventivo do câncer de colo de útero de usuárias da Estratégia de
Saúde da Família de Caio Prado. Itapiúna-Ceará, 2009.
BARREIRAS A REALIZAÇÃO DO
PAPANICOLAOU
Nº
%
Encontraram dificuldades
55
66,26
Total
83
100
Desconhecem o objetivo
do Papanicolaou
72
86,75
Total
83
100
Desconhecem a periodicidade
do Papanicolaou
53
63,85
Total
83
100
Não acham importante realizar o
Papanicolaou
46
55,42
Total
83
100
Desinformadas quanto ao
resultado do Papanicolaou
35
42,16
Total
83
100
Desconhecem o câncer
de colo uterino
25
30,12
Total
83
100
Outro estudo evidenciou que 117 mulheres relataram
nunca ter realizado o teste de Papanicolaou, dentre os motivos para não o terem feito, 32,5% disseram ter tido dificuldades de acesso ao serviço de saúde para marcar uma consulta e 11,1% não tinha vaga(12).
1494
Resultado similar foi encontrado em estudo com objetivo
de conhecer o comportamento preventivo quanto à doença
e identificar os fatores associados à realização ou não do
exame Papanicolaou. Evidenciou-se que entre as mulheres
que relataram nunca ter realizado o exame (12%), afirmaram: medo, descuido, comodismo, timidez, falta de tempo,
não ter apresentado nenhum problema ainda, falta de vaga
e indisponibilidade de horário na rede SUS(13).
Percebeu-se que essas dificuldades, desestimulam ou
exigem tempo para ter algum atendimento, podendo levar
as mulheres a não deixarem seus afazeres diários para se
ocuparem em retornar ao serviço.
Com a relação à jornada de trabalho, o trabalhador permanecendo menos tempo no seu local de trabalho, poderá
participar mais ativamente da vida em família, da sua comunidade, praticar atividades preventivas à saúde, esportivas,
culturais, o que lhe trará imensos benefícios(14).
A relação entre carga horária de trabalho e a adesão e
acesso as práticas preventivas de saúde, corrobora com o
estudo realizado sobre a cobertura e fatores associados com
a realização do exame Papanicolaou em município do Sul do
Brasil(15), o tipo de trabalho e a classe econômica estiveram
associados, de forma significativa, para o não comparecimento para coleta do exame Papanicolaou nos últimos três anos,
sendo maiores as proporções entre as mulheres que não trabalhavam fora e entre as que pertenciam às classes econômicas menos favorecidas. Sendo que a interação entre estas
duas variáveis (trabalho e classe econômica) foram consideradas associadas de forma independente com a não-adesão ao
exame de citologia oncótica nos últimos três anos.
Entretanto, outro estudo semelhante realizado com 200
mulheres argentinas, em Puerto Leoni, Misiones, Argentina
apontou que, entre mulheres que trabalhavam fora de casa,
proporções mais elevadas de atitude adequada frente ao Papapanicolaou. Possivelmente, o fato de trabalhar somente
em casa esteja associado a outros fatores ligados a questões
de gênero, como a submissão aos maridos, pouco contato
com outras pessoas para tratar de assuntos de saúde, poderiam dificultar a formação de uma atitude adequada em
relação ao Papanicolaou(16).
A maioria dos serviços da rede pública de saúde no país
não atende de forma particular as necessidades de grupo específicos da população. Esta realidade torna-se, ainda mais,
agravante quando se analisa a estruturação da assistência
a saúde no interior onde as unidades de atenção à saúde da
população são insuficientes, muitas funcionam precariamente e, geralmente, inexistem os grandes centros de especialidades. Neste contexto, fica evidente que as pessoas
que são vítimas das sobrecargas do cotidiano, como árdua
jornada de trabalho, problemas de saúde, cuidadoras, mulheres donas de casa ou com dupla jornada de trabalho, dentre outros, ficam com suas demandas de saúde suprimidas ou
atendidas de forma irregular.
Estudo realizado com 116 mulheres residentes na cidade
de Cianorte, região noroeste do Paraná, sobre o conhecimento do comportamento preventivo quanto ao câncer de
colo uterino, identificou que 57,8% delas, realizam o exame
Papanicolaou na rede não-SUS. Ao serem indagadas sobre
o motivo, estas referiram dificuldades como: horários de
agendamento coincidindo ao horário de trabalho, demora
ou mau atendimento(13).
A sobrecarga de trabalho tem forte influência sobre o
comportamento humano perante as práticas preventivas e
curativas de saúde. Sendo importante garantir o acesso das
mulheres trabalhadoras à realização periódica do exame citopatológico para prevenção e controle do câncer uterino,
além de reforçar orientações que valorizem hábitos de autocuidado para a prevenção dessa neoplasia.
Não conhecem o objetivo do exame preventivo e não conhecem o câncer de colo uterino
Entre as 83 usuárias entrevistadas, 72 (86, 75%), não
conhecem a finalidade do exame de prevenção Papanicolaou
e 25 (30,12%) não souberam responder o que era o câncer
de colo uterino. Esse exame tem o objetivo de reconhecer
as lesões pré-cancerosas do colo do útero. Estas lesões não
causam qualquer sintoma específico e, por isso, só são possíveis de diagnosticar se a mulher fizer uma citologia com
regularidade. O tratamento das lesões pré-cancerosas é simples e eficaz, e é o único caminho para evitar o aparecimento
do carcinoma do colo do útero(17).
Em pesquisa realizada em uma Unidade Básica de Saúde,
na cidade de Natal-RN, com 120 mulheres a respeito do conhecimento sobre o exame Papanicolaou, identificou-se que
mais da metade das pesquisadas conhecem a importância do
exame (58%) e o realizam anualmente (60%). E uma minoria
não faz por medo ou vergonha(18).
O estudo, supracitado, identifica a carência de informação das mulheres, evidenciando a necessidade dos profissionais do serviço de saúde oferecer educação em saúde principalmente durante a consulta ginecológica, discutindo com a
clientela, dentro de seu nível de conhecimento, as questões
culturais, de gênero, gerenciamento e políticas de saúde, fazendo-as compreender seus direitos e deveres como cidadãs.
Desconhecem a periodicidade do exame
Quanto à frequência de realização do exame preventivo, 53 mulheres afirmaram não conhecer o intervalo de sua
realização. O exame de Papanicolaou faz parte da rotina
ginecológica de toda mulher devendo ser realizado periodicamente. Provavelmente se todas as mulheres fizessem
o teste periodicamente e fosse respeitado o seguimento de
referência e contra-referência à mortalidade por este tipo de
câncer seria reduzida. Com o intuito de otimizar os recursos
disponíveis, o Ministério da Saúde recomenda, conforme já
mencionado anteriormente, que toda mulher que tem ou já
Perfil de Usuárias na Periodicidade de
Realização do Exame Papanicolaou
teve atividade sexual deve se submeter a exame preventivo
periódico, especialmente dos 25 aos 59 anos de idade. Inicialmente, o exame deve ser feito a cada ano. Se dois exames
anuais seguidos apresentarem resultado negativo para displasia ou neoplasia, o exame pode passar a ser feito a cada
três anos(3).
Um experimento com 200 mulheres apontou que a principal barreira para a prática do Papanicolaou foi à ausência
da solicitação do exame por parte dos médicos ou outros
profissionais de saúde, num percentual de 31,5%(16).
A periodicidade da coleta do Papanicolaou também pode
ser determinada pela presença de sintomas, que motivam a
procura dos serviços de saúde. Uma vez que, a mulher está
presente no serviço de saúde, o exame de Papanicolaou é
realizado por iniciativa do médico ou enfermeiro. No entanto, isto não significa que os profissionais de saúde estejam
treinados e motivados para fazerem a coleta do Papanicolaou sistematicamente, de modo a orientar sobre a importância do retorno periódico(11).
Não acham importante realizar o exame preventivo
As entrevistadas ao serem indagadas quanto a importância dada para o exame preventivo, 46 (55,42%) relataram
não cumprir a periodicidade por não achar necessário a realização deste exame. O teste de Papanicolaou se formalizou
como uma intervenção técnica legitimada cientificamente e,
dentre os métodos de detecção, é considerado o mais efetivo e eficiente a ser aplicado coletivamente em programas de
rastreamento do câncer cérvico-uterino, sendo uma técnica
amplamente difundida há mais de 40 anos(19).
A efetividade da detecção precoce do câncer de colo uterino por meio do exame de Papanicolaou associado ao tratamento das neoplasias intra-epiteliais do colo (NIC) e dos
carcinomas em seus estágios iniciais, tem resultado na redução de taxas de incidência de câncer cervical invasor que
pode chegar a 90% quando o rastreamento apresenta boa
cobertura (de 80% das mulheres, segundo a OMS) e é realizado dentro dos padrões de qualidade(20).
O planejamento das ações de intervenção e controle do
câncer de colo uterino se dá, prioritariamente, no plano
técnico, pelo diagnóstico precoce das lesões precursoras
através do exame de Papanicolaou, e se orientam pela distribuição dessas lesões segundo as faixas etárias das mulheres
mais acometidas e pela periodicidade dos exames, seguindo
a lógica epidemiológica do risco e da relação custo-benefício e/ou efetividade que norteiam as intervenções em saúde
pública(19).
De fato percebe-se que, o planejamento das ações de
prevenção e controle do câncer cervical tem se orientado,
principalmente, pela distribuição das lesões cervicais segundo as faixas etárias das mulheres mais atingidas por este
câncer, especialmente aquelas mais avançadas, entre 25 e
59 anos, e pela periodicidade da citologia oncótica. A prio-
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2015; 7(1): 1491-1497
1495
rização desta faixa etária nos programas de rastreamento do
câncer cervical é justificada em estudos que mostram que
rastrear mulheres muito jovens não teria impacto na redução da incidência por câncer cervical, visto que neste grupo
populacional as lesões predominantes são de baixo grau e
mais da metade regrediriam espontaneamente dentro de
seis a dezoito meses(21).
O exame Papanicolaou permite através dos esfregaços
vaginais a identificação precoce de alterações celulares suspeitas de malignidade do colo uterino. Devido à lenta progressão que apresenta para doença mais grave é importante
realizar esse tipo de exame periodicamente.
Porém, a permanência de altas taxas de incidência e mortalidade por câncer de colo do útero em muitos países em desenvolvimento mostra que, tais ações preventivas têm sido
limitadas e incoerentes, principalmente para a população
feminina de maior risco para a doença.
Em um levantamento científico, objetivando determinar
a prevalência e o foco de realização do exame citopatológico
do colo uterino e também fatores associados à sua não realização em mulheres com idade entre 20 e 59 anos residentes
na cidade de Pelotas-RS, demonstrou que o resultado do último exame ainda não era conhecido por 10,3% das mulheres, independentemente do tempo de realização. Nos serviços públicos de saúde, este valor alcançou 8,1%, enquanto
nos serviços de saúde por convênio ou particular foi de 3,2%
(valor p de heterogeneidade = 0,001)(24).
Apesar das baixas incidências com que a falta do resultado ocorre nos serviços de ginecologia, é um evento ainda
frequente, como mostraram as pesquisas anteriores. Podendo acarreta sentimento de descompromisso, angústia e raiva
por parte das usuárias que terão que se submeter a outro
exame. Podendo fragilizar a relação de confiança e responsabilidade estabelecida entre o profissional-cliente. Como
ficou evidente nos relatos anteriores
Não sabem a importância do resultado
O conhecimento sobre o seu estado de saúde e da relação
deste com o seu modo de vida e trabalho passa a ser determinante para a sua qualidade de vida leva à possibilidade
de participação efetiva da população objetivando capacitar indivíduos e/ou grupos para assumirem a melhoria das
condições de saúde de forma crítica e autônoma, com uma
postura de mediador do processo de promoção e educação
em saúde, em busca da construção do conhecimento no contexto da prática social, com o intuito de interagir e intervir
na realidade(22).
As usuárias, quando questionadas sobre o recebimento do resultado, 35 (42,16%) responderam não terem sido
informadas quanto ao seu diagnóstico. Em estudo sobre as
práticas educativas desenvolvidas por enfermeiros do Programa Saúde da Família (PSF) nas comunidades, no Município do Rio de Janeiro-RJ, apesar dos profissionais referirem
praticar estratégias educativas com a população, predominou uma prática vertical, na qual os enfermeiros não buscavam identificar o conhecimento da população assistida,
sendo justificado pelo fato da existência de uma grande demanda, o que dificulta trabalhar de forma mais participativa
e incentivadora para troca de experiências(23).
Nesse sentido, a mulher necessita saber seu real estado
de saúde para que ela possa lutar para preservá-lo quando o
resultado do exame der satisfatório ou modificá-lo a tempo,
quando der alguma alteração citológica. É assim que funciona
o SUS com seus níveis de complexidade, fazendo a compreensão da funcionalidade da referência e a contra-referência.
Este achado confirma o que foi encontrado em uma análise quanto ao recebimento ou não do resultado do último
teste realizado, no qual cento e vinte mulheres (13,0%) não
haviam recebido o resultado sem o autor ter considerado os
motivos para a não procura(12).
1496
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se perceber pelo presente estudo que as mulheres
entrevistadas não cumprem a periodicidade do exame ginecológico, por diversos motivos entre os quais se destacam o
desconhecimento do objetivo e da periodicidade do Papanicoloau, além de encontrarem dificuldades como falta de
vagas e sobrecargas do cotidiano.
Todavia, é preciso que os sistemas de saúde, por meio
das instituições e dos profissionais assumam uma atitude
ativa, e não passiva, frente ao controle desse câncer, ou
seja, não se deve esperar apenas pela a presença espontânea
de algumas mulheres, mas é necessário implementar formas
de recrutamento, fazendo uso de ações educativas, triagem
e entrevista, envolvendo a comunidade para que participem
das ações de saúde.
Vale ressaltar, portanto a realização de projetos educativos direcionados quanto as práticas preventivas contra ao
câncer de colo uterino discutindo a importância, e periodicidade do exame do Papanicolaou. Neste contexto, deve-se
ampliar a qualificação do profissional de saúde enfermeiro e
médico, uma vez que têm sua formação acadêmica direcionada à educação em saúde e a prevenção.
Frente à problemática, sugere-se uma melhor preparação humanitária e técnica para as equipes que lidam com
a saúde da mulher, considerando não apenas as condições
clínicas, mas também as particularidades de cada sujeito. É
relevante que os gestores preocupem-se com a operacionalização dos serviços de saúde e de profissionais qualificados
para as atividades técnicas e de educação em saúde, com vista à transformação e ao controle social, permitindo, assim,
uma melhor compreensão da adesão ao Papanicolaou pela
população feminina.
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Recebido em: 19.01.2015
Aprovado em: 11.02.2015
Perfil de Usuárias na Periodicidade de
Realização do Exame Papanicolaou
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1491-1497
1497
O SUPORTE SOCIAL COMO FATOR PROTETOR DA DEPRESSÃO
PÓS-PARTO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
SOCIAL SUPPORT AS DEPRESSION PROTECTIVE FACTOR POSTPARTUM: AN INTEGRATIVE REVIEW OF THE LITERATURE
Artigo de Revisão
Antonio Dean Barbosa Marques1
July Grassiely de Oliveira Branco 2
Luana Feitosa Mourão3
Leidinar Cardoso Nascimento4
Rosendo de Freitas Amorim5
Fátima Luna Pinheiro Landim6
RESUMO
A Depressão Pós-parto (DPP) é um transtorno psíquico de
alta prevalência, surgindo de maneira insidiosa provocando
alterações comportamentais e físicas. Objetivou-se compreender a importância do apoio social para a mulher no ciclo
gravídico-puerperal como fator protetor da depressão pós-parto. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada na base de dados do Scientific Electronic Library Online
(SciELO), com os descritores Gestantes; Depressão pós-parto;
Apoio Social, no período de 2005 a 2014. Conforme os critérios de inclusão e exclusão obtiveram-se seis artigos, discutidos em tópicos como: tema, ano de publicação, escritores,
abordagem de estudo, tipos de estudo, sujeitos da pesquisa, local da pesquisa, objetivo geral, resultado do estudo e
considerações finais. Existem poucos trabalhos publicados
em relação à importância do apoio social frente à depressão
pós-parto. As evidências destacam o apoio social de grande
importância para o vínculo profissional/gestante/família, no
qual é indício de fator protetor para a depressão pós-parto.
Palavras-chave: Gestantes; Depressão Pós-Parto; Apoio Social.
ABSTRACT
The Postpartum Depression (PPD) is a psychiatric disorder
highly prevalent, appearing insidiously causing behavioral
and physical changes. The objective of understanding the
importance of social support for women in pregnancy and
childbirth as a protective factor of postpartum depression. It
is an integrative literature review, performed in the database
of the Scientific Electronic Library Online (SciELO), with Mom
descriptors; Postpartum depression; Social support, from
Enfermeiro. Mestrando em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Docente EMI do Instituto CENTEC e Docente do Curso de Grad
ação em Enfermagem da Faculdade Princesa do Oeste (FPO).
2
Enfermeira. Mestrando em Saúde Coletiva pela UNIFOR. Bolsista FUNCAP.
3
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
4
Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Enfermeira ESF da Fundação Municipal de Saúde de Teresina e Enfermeira Assistencial do Hospital Getúlio Vargas.
5
Filósofo. Estágio Doutoral em Saúde Coletiva pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Bahia (ISC/UFPA). Docente do Programa
de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UNIFOR.
6
Enfermeira. Estágio Doutoral em Saúde Coletiva pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Bahia (ISC/UFPA). Docente do Centro
Universitário Estácio do Ceará.
1
1498
2005 to 2014. As the inclusion and exclusion criteria were
obtained six articles, discussed topics such as: theme, year of
publication, writers, study approach, types of study, research
subjects, site of research, general objective, the study results
and conclusions. There are few works about the importance of
social support front of postpartum depression. The evidence
highlights the social support of great importance to the
Professional/pregnant/family, which is a protective factor
indication for postpartum depression.
Keywords: Pregnant Women; Depression, Postpartum; Social
Support.
INTRODUÇÃO
A saúde materno-infantil tem sido considerada, na visão
da Saúde Pública, uma área primordial no que se refere aos
cuidados da mulher durante o período gestacional, dando
ênfase ao pré-natal, parto e puerpério, a fim de proporcionar
um ciclo gravídico-puerperal saudável, diminuindo possíveis
agravos para o binômio mãe-bebê(1).
O ciclo gravídico-puerperal é caracterizado por mudanças
emocionais, sociais e psicológicas, que podem prejudicar o
desenvolvimento saudável da gestação, assim como a relação
de bem-estar materno-infantil. Fatores estressores vivenciados pela gestante podem desenvolver complicações durante
este ciclo(2).
Na gravidez, a presença de stress emocional está ligada à
ocorrência de repercussões negativas sobre o feto, o que pode
influenciar em seu desenvolvimento. Assim sendo, mães ansiosas durante a gestação poderão ter filhos com baixo peso,
hiperativos ou desenvolver transtornos relacionados ao sono.
Portanto, nesta fase, a mulher necessita de atenção especial
para manter-se em equilíbrio(3).
O puerpério se caracteriza como um período de grande vulnerabilidade para o surgimento de transtornos psíquicos e/ou
alterações de humor caracterizados por três tipos: baby-blues
(considerada depressão leve e passageira), psicose pós-parto
(com sintomatologia psicótica) e Depressão Pós-parto, doravante DPP(4).
dutiva, tornando-se um momento ideal para realizar intervenções na prevenção e promoção de saúde deste grupo(7).
O pré-natal é caracterizado por consultas médicas e de
enfermagem programadas, a fim de acompanhar a evolução
da gravidez, preparando assim a mulher para o parto, aleitamento materno e cuidados com o bebê. Além disso, ajuda na
prevenção, diagnóstico e detecção de doenças maternas, que
podem ocorrer entre a concepção e o parto(8).
As mulheres, quando bem orientadas no pré-natal com informações sobre o ciclo gravídico-puerperal, vivenciarão esta
fase com maior segurança, alegria e prazer, entretanto a falta
de suporte social poderá gerar anseios, preocupações e medos
pertinentes a gestação pois elas estarão vivendo um período
determinante em suas vidas(9).
Diante deste contexto, pesquisar a importância do suporte social como fator protetor da depressão pós-parto serve
para dar subsídios aos Enfermeiros que buscam estratégias de
orientação e apoio, contribuindo principalmente para prevenção e promoção da saúde da mulher, diminuindo o impacto social que é causado por este transtorno. O apoio social no ciclo
gravídico-puerperal pode ser determinante para o bem estar
da mulher, no entanto, na sua ausência sintomas depressivos
podem ser evidenciados.
Baseado nesta problemática objetivou-se através de um
estudo de revisão integrativa compreender a importância do
apoio social para a mulher no ciclo gravídico-puerperal como
fator protetor da depressão pós-parto.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura de caráter qualitativo. A revisão integrativa inclui análise de pesquisas importantes que viabiliza uma tomada de decisão contribuindo para melhor prática clínica. Esta forma de pesquisa
possibilita o resumo de vários estudos publicados, nos quais
permitem concluir de forma geral a respeito de uma determinada área na qual deseja pesquisar(10).
Dentre estes, a Depressão Pós-parto é um transtorno psíquico de alta prevalência, que se inicia de maneira insidiosa
provocando alterações comportamentais, cognitivas, físicas e
emocionais(5).
As pesquisas incluídas neste tipo de estudo são analisadas
de forma sistemática que permitem ao leitor analisar o conhecimento sobre o tema proposto através de seus objetivos, materiais e métodos. Portanto, é considerado um método mais
abrangente que inclui tanto literatura teórica quanto empírica, assim como as variáveis metodológicas quantitativas e
qualitativas(11).
Os fatores de risco relacionados ao surgimento de DPP
variam desde fatores biológicos, demográficos até psicossociais, tais como: idade, nível educacional, estado conjugal,
paridade, relação marital, o não planejamento da gravidez,
complicações obstétricas ou experiências de parto, os quais
podem ocorrer isolados ou associados(6).
Este método foi utilizado como escolha, por permitir um
embasamento científico na qual proporciona pesquisas já realizadas, favorecendo a compreensão da importância do suporte
social como fator protetor da depressão pós-parto, além de oferecer conhecimento sobre o tema, possibilitando uma abordagem eficiente no que diz respeito à assistência de enfermagem.
Nesse sentido, o conhecimento dos fatores relacionados
à DPP é fundamental para uma melhor identificação dessas
mulheres, sendo o pré-natal, para algumas gestantes, a única
forma de adentrar ao serviço de saúde durante sua fase repro-
Este estudo foi pautado em referências já publicadas, tendo um recorte bibliográfico de 06 publicações, este foi obtido
a partir da análise de artigos científicos que tratam do suporte
social como fator preventivo da depressão pós-parto.
O Suporte Social Como Fator Protetor da Depressão
Pós-Parto: uma revisão integrativa da Literatura
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1498-1503
1499
Para a coleta dos dados foi utilizado o banco de dados
Scientific Electronic Library Online (SciELO), neste a busca
dos artigos foi realizada com base nos seguintes descritores:
gestantes, depressão pós-parto e suporte social. Desta busca,
foram encontrados 28 artigos originais.
pesquisa, local da pesquisa, objetivo geral, resultado do estudo e considerações finais.
Adotou-se como critérios de inclusão: artigos originais
(publicados no período de 2005 a 2014), na língua portuguesa, com definição do método, trabalhos cuja variável
estudada foi o suporte social como fator protetor da Depressão pós-parto.
De acordo com as variadas técnicas de análise de conteúdo, a mais trabalhada é a análise por categoria, que se baseia
na codificação do texto em diversos elementos, classificados
em forma de agrupamentos análogos. Dentre as possibilidades de categorização, tem-se a análise por temas ou análise
temática, esta considerada mais rápida e eficaz(12).
Contudo, os critérios de exclusão foram: estudos de revisão, relatos de casos, cartas ao leitor e qualquer outro fator
que não atenderam os critérios de inclusão.
De posse do material, foi realizada uma leitura sistemática
dos estudos provenientes da busca dos artigos a fim de analisar quais eram coerentes ao objeto desta pesquisa.
Em seguida, para a coleta de dados utilizou-se um roteiro
contendo alguns tópicos como: tema, ano de publicação, escritores, abordagem de estudo, tipos de estudo, sujeitos da
As interpretações das informações foram organizadas e
analisadas de maneira lógica, de forma que seus significados
fossem válidos.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Análise das Produções
Neste estudo foi utilizado publicações dos últimos nove
anos sobre Depressão pós-parto. Inicialmente foram subtraídos dos textos os autores/ano de publicação, cenário do estudo, população estudada e o periódico na qual o artigo foi
publicado.
Quaro 1. Características dos artigos segundo os autores, objetivos, categorias e periódicos das publicações dos artigos analisados.
Fortaleza, CE, 2014.
AUTORES/ANO
OBJETIVO DE ESTUDO
CATEGORIA DO ESTUDO
PERIÓDICO
Thiengo et al/
2011
Analisar uma revisão sistemática, analisando as
recentes pesquisas que investigaram a associação entre
apoio social e depressão gestacional, visando uma
melhor compreensão do tópico em questão.
Original
Caderno Saúde
Coletiva/Rio de
Janeiro
Konradt et
al/2010
Verificar o impacto da percepção de baixo suporte social
durante a gestação como fator de risco para a depressão
no período de 30 a 60 dias pós-parto.
Original
Revista psiquiátrica/
Rio Grande do Sul.
Felix: Gomes:
França /2008
Estabelecer um consenso em relação ao conceito, e
às abordagens diagnósticas e terapêuticas, conforme
literatura atual.
Original
Comunicação em
ciências da saúde/
Brasilia - DF
Valença;
Germano/2010
Compreender as ações do enfermeiro no pré-natal da
Estratégia Saúde da Família – ESF na prevenção da
depressão puerperal (DPP).
Original
Revista da Rede
de Enfermagem do
Nordeste/ Fortaleza
- CE
Pereira; Lovisi:
2008
Revisar a prevalência e os fatores de risco durante
gravidez
Original
Revista Psiquiatrica
Clínica/ São Paulo
- SP
Original
Caderno de Saúde
Pública/Rio de
Janeiro
Determinar a prevalência da Depressão pós-parto,
comparar a interação mãe-bebê nos grupos com e sem
Fonseca; Silva:
depressão e verificar a relação entre depressão, apoio
Otta/2010
social e estilos de relacionamento e disponibilidade
maternos.
Fonte: Scientific Electronic Library Online (SciELO).
1500
Inicialmente foram selecionados 28 artigos dos quais apenas 6 se mostraram de relevância, relacionados ao tema proposto. Ao analisá-los, foi constatado que possuem 23 autores/
coautores. Tais artigos escolhidos foram divulgados em periódicos de circulação em todo país, denominados como: Caderno de
Saúde Coletiva, Revista Psiquiátrica, Comunicação em ciências
da Saúde, Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, Revista
de Psiquiatria Clínica e Cadernos de Saúde Pública.
Os objetivos descritos pelos estudos demonstram como
base de informações a relação da depressão pós-parto e apoio
social, estabelecendo conceitos, abordagens diagnósticas e
terapêuticas, assim como, a prevalência e os fatores de risco
durante o ciclo gravídico puerperal.
Em sequência, foram extraídos dos artigos os seguintes
dados para a formação do segundo quadro: autores, local da
pesquisa, instrumentos utilizados. Sendo que as características
implicadas nesta tabela contribuem de forma a agrupar resultados para conclusão deste estudo.
Os cenários onde os autores na formularam seus manuscritos foram: um hospital universitário, uma unidade básica de
saúde, revisão bibliográficas (EBSCO HOST, ProQuest, PubMed,
Medline, Science, Direct, Scopus, Lilacs e Scielo), Estratégia
Saúde da Família (ESF), livros (Psiquiatria, ginecologia, obstetrícia), Manual de Promoção da Saúde Mental na Gravidez e
Primeira Infância do Ministério da Saúde de Portugal.
Quadro 2. Análise dos autores, local da pesquisa/base de dados, população do estudo/quantidade de artigos e instrumentos utilizados nesta pesquisa. Fortaleza, CE, 2014.
AUTORES/ANO
CATEGORIA DO ESTUDO
PERIÓDICO
23 artigos
Checklist for Measuring Quality –
Downs & Black.
1019 mulheres
Edinburgh Postnatal Depression
Scale (EPDS).
Felix: Gomes:
França /2008
Scielo, EBSCO HOST, ProQuest, PubMed,
Medline, livros (Psiquiatria, ginecologia,
obstetrícia), Manual de Promoção da
Saúde Mental na Gravidez e Primeira
Infância do Ministério da Saúde de
Portugal
Artigos publicados
de 2003 a 2007
Edinburgh Postnatal Depression
Scale (EPDS).
Valença;
Germano/2010
Compreender as aEstratégia da Saúde da
Família em Natal – RN
18 Enfermeiros
Roteiro de Entrevista Semiestruturado
Pereira; Lovisi:
2008
Medline, Lilacs Scielo
Período da publicação
de 1997 a 2007
Nenhum Instrumento
Gestantes
Edinburgh
PostnatalDepressionScale(EPDS),
Escala de Disponibilidade
Emocional, Escala de Apoio Social,
Escala de Apego Adulto Revisada
de Collins.
Thiengo et al/
2011
Konradt et
al/2010
Fonseca; Silva:
Otta/2010
OBJETIVO DE ESTUDO
PubMed/Medline, Science, Direct, Scielo,
Scopus.
Sistema Único de Saúde – Pelotas RS.
Hospital Universitário de São Paulo - SP
Fonte: Scientific Electronic Library Online (SciELO).
O Suporte Social Como Fator Protetor da Depressão
Pós-Parto: uma revisão integrativa da Literatura
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1498-1503
1501
Dentre os estudos elencados, percebe-se uma grande participação de mulheres que foram atendidas no Sistema Único de Saúde,
no qual utilizou como busca o Sistema de Pré-natal (SisPreNatal)
como ponto inicial. Logo, utilizaram de entrevistas consecutivas que
iniciaram antes e/ou após o parto, para perceber alguma relação do
tema proposto com os sujeitos da pesquisa. Assim como a participação de enfermeiros na Estratégia Saúde da Família (ESF).
Em relação à assistência no pré-natal o Ministério da Saúde (MS), através do Programa Nacional de Atenção Integral a
Saúde da Mulher (PAISM) estabelece: procedimentos sobre a
captação da gestante na comunidade, controles contínuo e em
cada período, garantir as consultas subsequentes, prover uma
infraestrutura adequada, juntamente com equipamento, medicamentos e apoio laboratorial(1).
dos em quatro etapas, variando de (0 a 3), medindo a presença
e intensidade de sintomas depressivos nos últimos sete dias(14).
Entretanto, foram utilizadas outras escalas citadas nos estudos como: Checklist for Measuring Quality – Downs & Black,
Escala de Disponibilidade Emocional, Escala de Apoio Social,
Escala de Apego Adulto Revisada de Collins.
Quanto à prevalência da Depressão Pós-parto (DPP), os autores acima citados, relatam um percentual aproximado, evidenciando um índice de 10 a 20%(3). O que reforça uma crescente estatística, sendo considerado problema de saúde pública no Brasil.
Entretanto, apesar da DPP ser um agravo latente, o Ministério da
Saúde ainda não estabelece o manejo das questões emocionais no ciclo gravídico-puerperal, apresentando apenas dois cadernos relativos
ao tema: a Agenda da Gestante, e o Manual parto, aborto e puerpério:
assistência humanizada a mulher, que caracterizam alguns sinais e
sintomas relativos à DPP, de forma pouco aprofundado(16).
A assistência à gestante realizada na Estratégia Saúde da Família tem como alicerce o princípio básico da integralidade, no
qual provem de recursos físicos e humanos durante o pré-natal
frente às questões inerentes a depressão pós-parto. Diante deste contexto, o enfermeiro poderá atuar na identificação e tratamento de casos, como também na disponibilidade de cuidados na
saúde mental, e principalmente, na educação em saúde(13).
A ausência do apoio marital influência consideravelmente na
depressão pós-parto, mesmo porque, um casal poderá ter conflitos
durante essa fase de transição, mas, o apoio fornecido pelo companheiro favorece um melhor relacionamento com o bebê e diminui
o impacto desse transtorno à família e principalmente a mulher(5).
Nos artigos utilizados no estudo, o instrumento de pesquisa
mais utilizado foi a Edinburgh Postnatal Depression Scale (EPDS),
por ser a mais estudada, de fácil manuseio e baixo custo, principalmente por profissionais não médicos, e que não necessita de
especialização(3). Dessa maneira, a EPDS desde que desenvolvida, foi adaptada e validada em diversos países, inclusive o Brasil,
sendo uma escala auto-aplicável, apresentando dez itens dividi-
As graves consequências para saúde mental das mulheres
nos primeiros meses após o parto atingem diretamente a família na qual a puérpera está inserida, assim como os cônjuges estão propícios a desenvolver quadros depressivos, contribuindo
para o surgimento ou agravamento de conflitos conjugais, além
de prejudicar os filhos no desenvolvimento cognitivo e social,
doenças diarréicas e distúrbios do sono(17).
Quadro 3. Autores, títulos, prevalência e fatores de risco relacionados aos artigos evidenciados. Fortaleza, CE, 2014.
AUTORES/ANO
OBJETIVO DE ESTUDO
CATEGORIA DO
ESTUDO
FATORES DE RISCO
Thiengo et al/ 2011
Associação entre apoio social e
depressão durante a gestação: 10 a 20 %
uma revisão sistemática.
Psicológico; Sóciodemográficos; Obstétricos;
Genético e Apoio Social
Konradt et al/2010
Depressão pós-parto e
percepção de suporte social
durante a gestação.
10 a 15%
Sócio-demográficos; apoio
Social
Felix: Gomes: França /2008
Depressão no ciclo gravídicopuerperal.
10 a 20%
Psicológico; Sóciodemográficos; Obstétricos;
Genético e Apoio Social
Valença; Germano/2010
Prevenindo a depressão
puerperal na Estratégia
Saúde da Família: ações do
enfermeiro no pré-natal.
19,1%
(Pelotas/RS)
Psicológico, Sóciodemográficos; Obstétricos;
Genético e Apoio Social
Pereira; Lovisi;
Prevalência da depressão
gestacional e fatores
associados.
15 a 20%
Psicológico; Sóciodemográficos; Obstétricos e
Apoio Social
Fonseca; Silva; Otta;
Relação entre depressão
pós-parto e disponibilidade
emocional materna.
10 a 15%
Psicológico; Sóciodemográficos; Genético e Apoio
Social
Fonte: Scientific Electronic Library Online (SciELO).
1502
A falta de suporte social é outro fator de risco para o surgimento de sintomas depressivos relacionados ao primeiro ano
de vida do bebê, assim como o ajustamento psicológico da mulher antes e durante a gestação, bem como o não planejamento
da gestação, nascimento prematuro, problemas no parto e dificuldades na amamentação(8).
Portanto, os profissionais de saúde envolvidos na equipe
multidisciplinar podem desenvolver estratégias de relacionamento para estimular o estreitamento da família/cônjuge junto à mulher, tanto nas consultas de pré e pós-natal, quanto
nas visitas domiciliares(18).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista os estudos revisados, pôde-se observar que
a depressão pós-parto é considerada problema de saúde pública, perante a alta incidência dos casos e sua forte relação com a
ausência de apoio social. Os fatores de risco mais citados foram
a baixa escolaridade, condição sócio-econômica desfavorável,
violência doméstica, eventos estressantes, relação marital deficiente, dentre outros.
Para tanto, a prevenção deste transtorno pode ser conduzida através de atividades interativas desenvolvidas durante a
gravidez, que podem diminuir o risco de desenvolver depressão
pós-parto, além de prevenir agravos pessoais e familiares, contribuindo para a redução dos custos da saúde pública relacionados à patologia.
Os resultados encontrados enfatizam a importância dos profissionais de saúde, principalmente o enfermeiro, por assistir à
mulher de forma contínua, dessa forma, cabe a este profissional conhecer os sinais e sintomas característicos da depressão
pós-parto, acolhendo e direcionando de forma condizente na
realização de ações de promoção e prevenção deste transtorno.
Dessa forma, atuação do enfermeiro durante as consultas de
pré-natal pode representar mais uma oportunidade para viabilizar
a interação profissional/família juntamente à gestante, estreitando seu vínculo e propiciando uma relação de confiança, preparando à mulher para vivenciar de forma saudável a maternidade.
Portanto, conclui-se que o apoio social aliado a uma intervenção precoce com a gestante e seu grupo social possa
diminuir os agravos decorrentes da depressão pós-parto. Para
tanto, é necessária uma melhor investigação deste transtorno
em novas pesquisas que viabilize a atuação do enfermeiro na
assistência à mulher. Portanto, o estudo proposto pôde ser justificado devido à importância do apoio social como fator protetor da depressão pós-parto.
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Recebido em: 11.01.2015
Aprovado em: 26.01.2015
O Suporte Social Como Fator Protetor da Depressão
Pós-Parto: uma revisão integrativa da Literatura
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1498-1503
1503
FATORES QUE INFLUENCIAM NO DESMAME PRECOCE:
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA
FACTORS THAT INFLUENCE THE EARLY WEANING : A SYSTEMATIC REVIEW OF LITERATURE
Artigo de Revisão
Tarcia Millene de Almeida Costa Barreto¹
Fabricio Barreto²
RESUMO
ABSTRACT
A lactação é uma das maneiras mais eficientes de atender
os aspectos nutricionais, imunológicos, psicológicos e o desenvolvimento de uma criança nos seus primeiros 1000 dias
de vida. A questão do aleitamento materno, não é somente
biológica, mas é histórica, social e psicologicamente delineada. O objetivo da pesquisa foi analisar diferentes fatores que
interferem no tempo de duração da amamentação e as principais razões do desmame. A metodologia envolveu a seleção de
artigos publicados entre 2009 e 2013 nas bases de dados Lilacs,
Medline, Scielo, Bireme, utilizando os descritores: aleitamento
materno; desmame; relações mãe-filho. Os resultados mostraram que alguns fatores, como maternidade precoce, baixo nível
educacional e socioeconômico maternos, paridade, atenção do
profissional de saúde nas consultas de pré-natal, necessidade de trabalhar fora do lar, são frequentemente considerados
como determinantes do desmame precoce. Apesar da relevância dos fatores mencionados acima, os aspectos culturais e a
história de vida da mãe foram os mais importantes na decisão
do momento do desmame.
Breastfeeding is one of the most efficient ways to meet
the nutritional aspects, immunological, and psychological
development of a child in its first 1000 days of life. The issue
of breastfeeding is not only biological, but it’s historical,
social and psychologically delineated. The objective of
the research was to analyze different factors that affect
the duration of breastfeeding and the main reasons for
weaning. The methodology involved the selection of articles
published between 2009 and 2013 in the databases Lilacs,
Medline, Scielo, Bireme, using the key words: breastfeeding;
weaning; mother-child relations. The results showed
that some factors, such as early maternity, low maternal
educational level and socioeconomic, parity, attention
of health professionals in prenatal consultations, need
to work outside the home, they are frequently considered
determinants of early weaning. Despite the relevance of
the above factors, the cultural aspects and the mother’s
life history are the most important in deciding the time of
weaning.
Palavras-chave: Aleitamento Materno; Desmame; Relações
Mãe-Filho.
Keywords: Breast Feeding; Weaning; Mother-Child Relations.
¹ Enfermeira. Mestre em Terapia Intensiva. Docente da Universidade Federal de Roraima(UFRR). E-mail: [email protected]
² Enfermeiro. Mestre em Terapia Intensiva. Docente da UFRR.
1504
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com
repercussões no estado nutricional, no sistema imunológico,
na fisiologia e no desenvolvimento cognitivo e emocional do
bebê, além de ter implicações na saúde física e psíquica da
mãe(1).
Esta pesquisa utilizou o método de pesquisa qualitativa,
que compreende um conjunto de técnicas interpretativas que
visam descrever e decodificar os componentes de um sistema
complexo de significado. Tem por objetivo traduzir expressar
o sentido dos fenômenos do mundo social, reduzindo a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, entre
contexto e ação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a
amamentação seja exclusiva até o sexto mês de vida, porém o
aleitamento materno (AM) deve ser mantido até dois anos de
vida. Além disso, as evidências acumuladas sobre o AM deixam clara a sua importância, não apenas para o binômio mãe/
bebê, mas para todo o ciclo da vida, compreendendo o amplo
espectro de situações que se desenvolvem desde os primeiros
meses e anos de vida (doenças carências e processos infecciosos, por exemplo) até o complexo domínio das doenças crônicas não transmissíveis, mais comuns na fase adulta(2).
Em relação aos seus procedimentos técnicos, a pesquisa
se valeu da investigação bibliográfica, ou seja, a partir de referências teóricas já existentes busca explicar um problema a
partir de referências teóricas já publicadas, com a finalidade
de conhecer e analisar as contribuições culturais ou cientificas do passado sobre determinado assunto(5).
A promoção do AM, em especial do AME (aleitamento materno exclusivo), é considerada uma das estratégias de saúde
com melhor custo-benefício, pois diminui os custos da família, das instituições de saúde e da sociedade em geral, ao
abolir os custos com leite artificial e mamadeira, e ao reduzir
episódios de doenças nas crianças, o que diminui as faltas ao
trabalho dos pais relacionadas à doença do filho(3).
Desse modo, o estudo pretende responder a questão: o
que se tem produzido na literatura cientifica sobre fatores
que influenciam no o desmame precoce? Para tanto, foram
utilizados artigos publicados de 2009 a 2013 e disponíveis
nas seguintes bases de dados: Lilacs, Medline, Scielo, Bireme.
A busca foi guiada mediante o cruzamento dos descritores:
“aleitamento materno; desmame; relações mãe-filho”. Utilizou-se, ainda, teses e dissertações de portais das Universidades Federais e Estaduais; portarias, resoluções e fontes não
publicadas, oriundas do Ministério da Saúde.
Apesar de ser um processo natural, o aleitamento materno
sofre influência de diversos fatores (biológicos, socioeconômicos, culturais, demográficos) que podem interferir no êxito
da amamentação. Pesquisas pontuais realizadas em vários estados brasileiros evidenciam que mães que obtiveram menor
sucesso no aleitamento materno eram mais jovens (idade inferior a 20 anos), solteiras, com menor grau de instrução, com
baixa condição socioeconômica, primíparas, sem experiência
prévia positiva com o aleitamento e com necessidade de trabalhar fora do lar(4).
Foram encontrados artigos que relacionavam aleitamento
materno, amamentação e desmame, sendo necessário lançar
mão de critérios de inclusão para garantir a temática, como a
relação da amamentação com o desmame precoce como foco
principal em pelo menos um dos objetivos e/ou conter resultados e/ou conclusões a respeito do desmame precoce. Primeiramente, analisaram-se títulos e resumos. Após constatar
a existência destes critérios, passou-se à leitura na íntegra. A
revisão constou de 26 publicações, três monografias, 20 artigos científicos e três manuais no Ministério da Saúde.
Ao se tratar do desmame precoce, entende-se que ele
pode acarretar consequências para a saúde da criança, especialmente nos países em desenvolvimento. A ausência ou a
curta duração do aleitamento materno, por exemplo, contribui para o declínio dos níveis de hemoglobina no primeiro ano
de vida e, portanto, para a anemia, o que pode levar a patologias mais sérias. Além disso, o sistema digestivo e os rins da
criança pequena são imaturos, o que limita a sua habilidade
em processar alguns componentes de alimentos diferentes do
leite materno antes dos 6 meses.
RESULTADOS
Considerando os benefícios da amamentação e a sua importância como estratégia para diminuição da morbimortalidade infantil, objetivou-se identificar os principais fatores
que influenciam no desmame precoce (aleitamento materno
exclusivo < 6 meses) através de uma revisão integrativa de artigos publicados nas bases de dados Lilacs, Medline, Scielo,
Bireme, utilizando as palavras-chave: desmame amamentação, mãe e aleitamento materno.
Fatores que Influenciam o Desmame Precoce:
uma revisão sistemática de Literatura
Logo após o nascimento do bebê, quase todas as mães
têm a intenção de amamentar. Por outro lado, o desmame é
realizado precocemente pela maioria das mulheres, havendo
necessidade de incentivo para a manutenção do aleitamento
materno(AM), principalmente, para o aleitamento materno
exclusivo (AME) até seis meses.
Dentre as publicações levantamos com a temática quatorze tratavam de estudo transversal e demonstraram as maiores
fragilidades da manutenção da amamentação exclusiva, foram destacados os percentuais de mulheres que mantiveram
o aleitamento exclusivo ate o sexto mês de vida do bebê, o
perfil socioeconômico e as principais dificuldades apontadas
pelas mães no AME. Os artigos que atenderam aos critérios de
inclusão definidos no estudo estão relacionados na Tabela 1.
Tabela 1. Estudos que atenderam aos critérios de inclusão previstos no estudo. Brasil, 2015
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1504-1508
1505
ORDEM
AUTORES
TÍTULO
PERIÓDICO
ANO DE
PUBLICAÇÃO
1
Karina Camillo Carrascoza; Rosana de Fátima
Possobon; Áderson Luis Costa-Júnior; Antônio
Bento Alves de Moraes
Aleitamento materno em crianças até os seis meses
de vida: percepção das mães
Revista de Saúde
Coletiva
2011
2
Flávia Corrêa Porto de Abreu, Márcia Regina
Cangiani Fabbro , Monika Wernet
Fatores que intervêm na amamentação exclusiva:
revisão integrativa
Revista da rede
de enfermagem
do Nordeste
2013
3
OTENIO, Cristiane Corsini Medeiros, et al.
Aspectos associados à amamentação e desmame em
crianças atendidas no programa bebê-clínica em
bandeitantes-pr
Salusvita
2007
4
Alessandra Rivero Hernandez; Celina Valderez
Feijó Köhler
Determinantes sociais do desmame: contribuições
das diferentes abordagens metodológicas
Revista de Saúde
Coletiva
2011
5
Letícia Pacífico de Queiroz Salustiano; Angélica
Lemos Debs Diniz; Vânia Olivetti Steffen
Abdallah; Rogério de Melo Costa Pinto
Fatores associados à duração do aleitamento
materno em crianças menores de seis meses
Revista
Brasileira de
Ginecologia e
Obstetrícia
2012
6
Julia Laura Delbue Bernardi; Regina Esteves
Jordão; Antônio de Azevedo Barros Filho
Fatores associados à duração mediana do
aleitamento materno em lactentes nascidos em
município do estado de São Paulo
Revista de
Nutrição
2009
7
Maria Teresa Cera Sanches; Gabriela dos Santos
Buccini; Suely Godoy Agostinho Gimeno; Tereza
Etsuko da Costa Rosa; Andrea Wander Bonamigo
Fatores associados à interrupção do aleitamento
materno exclusivo de lactentes nascidos com baixo
peso assistidos na atenção básica
Cad. Saúde
Pública
2011
Fatores associados ao aleitamento materno em dois
municípios com baixo índice de desenvolvimento
humano no Nordeste do Brasil
Revista
Brasileira de
Epidemiologia
2013
8
Mirella Gondim Ozias Aquino de Oliveira, Pedro
Israel Cabral de Lira, Malaquias Batista Filho,
Marília de Carvalho Lima
9
Jamile de Sousa Oliveira, et al
Fatores associados ao desmame precoce entre
multíparas
Revista Rene
Fortaleza
2010
10
GIULIANI, Núbia de Rosso, et al
Fatores Associados ao Desmame Precoce em
Mães Assistidas por Serviços de Puericultura de
Florianópolis/SC
Pesq Bras
Odontoped Clin
Intergr
2011
11
SILVA, Andréa Viola et al
Fatores de risco para o desmame precoce na
perspectiva das puérperas –resultados e discussão
Rev Inst Ciênc
Saúde
2009
12
VIEIRA, Graciete O, et al
Fatores preditivos da interrupção do aleitamento
materno exclusivo no primeiro mês de lactação
Jornal de
Pediatria
2009
13
FROTA, Mirna Albuquerque, et al
Fatores que interferem no aleitamento materno
Rev. RENE
2009
14
Sonia Fontes Figueredo, Maria José
Guardia Mattar, Ana Cristina Freitas de
Vilhena Abrão
Hospital Amigo da Criança: prevalência de
aleitamento materno exclusivo aos seis meses e
fatores intervenientes
Revista da Escola
de Enfermagem
da USP
2013
15
GIULIANI, Núbia de Rosso, et al
O Início do Desmame Precoce: Motivos das
Mães Assistidas por Serviços de Puericultura de
Florianópolis/SC para esta Prática
Pesq Bras
Odontoped Clin
Integr
2012
16
Bruna Turaça Silva; Luciano Borges Santiago;
Joel Alves Lamonier
Apoio paterno ao aleitamento materno: uma revisão
integrativa
Revista Paulista
de Pediatria
2012
17
GIULIANI, Núbia de Rosso, et al
Prevalência do Início do Desmame Precoce em duas
Populações Assistidas por Serviços de Puericultura
de Florianópolis, SC, Brasil
Pesq Bras
Odontoped Clin
Integr
2011
18
Maria da Conceição Rivemales;
Ana Caroline Campos Azevedo; Patrícia Lopes
Bastos
Revisão sistemática da produção científica da
enfermagem sobre o desmame precoce
Rev. enferm.
UERJ
2010
19
LEON, Casandra Genoveva Rosale Martins Ponce
de. et al
Vivência da amamentação por mães-adolescentes
Cogitare
Enfermagem
2009
20
ISSLER, Hugo, et al
Fatores socioculturais do desmame precoce: estudo
qualitativo
Pediatria
(São Paulo)
2010
Tabela 1: Estudos que atenderam aos critérios de inclusão previstos no estudo. Brasil, 2015
1506
DISCUSSÃO
Segundo estudo entre as 200 participantes, 196 mães iniciaram o processo de amamentação (AM = 98%). Destas, 36
realizaram o AME até os seis meses de idade do bebê (AME =
18,4%) e 160 (81,6%) fizeram o desmame precoce.
No estudo realizado sobre a duração mediana da amamentação exclusiva encontrou-se a media de 90 dias (Erro-Padrão
- EP 1,2; IC95% 87,6 - 92,4) e para o aleitamento materno geral
foi de 120 dias (EP 1,6; IC95% 116,9 - 123,1). A prevalência do
AME com um mês de vida foi de 66,2%, decaindo para 2,3% aos
seis meses. Quanto ao aleitamento geral, 83,0% estavam mamando com um mês de vida, índice que baixou para 7,4% aos
seis meses. Em 1,6% dos casos as crianças nunca haviam recebido leite de suas mães(6).
O uso da chupeta foi citado pela maioria dos autores como
determinante social que com frequência se relacionou com a
interrupção do aleitamento materno exclusivo e do aleitamento materno foi o uso de chupeta observou que os fatores mais
associados ao abandono do AME em menores de seis meses
foram trabalho materno fora de casa (OR=2,73; IC95%=1,74–
4,29) e uso de chupetas (OR=4,26; IC95%=2,85–6,38) verificaram que os bebês que usaram chupeta tiveram um risco quatro
vezes maior de não mamarem exclusivamente (6,7,8,9,10) .
Tanto o uso da chupeta quanto a presença prolongada de queixa das mães no seguimento ambulatorial devem ser considerados como um alerta aos profissionais de saúde para a prática do
AME, requerendo uma abordagem mais singular(9).
Aponta-se como determinantes sociais para a interrupção,
tanto do aleitamento materno exclusivo como para o aleitamento materno, a primiparidade e o trabalho. Destaca-se, ainda que para o aleitamento materno exclusivo, encontraram-se
como fatores de risco a idade precoce e menor escolaridade(10).
No estudo realizado foram destacados como fatores que
interferiram no sucesso da AME, o retorno ao trabalho, o desinteresse, os mitos, a dor nas mamas e falta de orientação no
pré-natal(11).
Notou-se: referência ao choro e à fome da criança; insuficiência do leite materno; trabalho das mães fora de casa; problemas relacionados às mamas e recusa ao seio, por parte da
criança, como opções para a introdução de outros alimentos
precocemente. Ressalta-se que a composição do leite materno
é ideal para alimentar e nutrir exclusivamente a criança até os
6 meses de vida, haja vista que a maioria dos lactentes cresce
dentro dos padrões de normalidade e são saudáveis(12).
Em relação às condições socioeconômicas da família, precárias condições de vida, determinadas pelo índice de condições de vida (ICV), estavam associadas à interrupção precoce
do aleitamento exclusivo(13). A renda familiar entre um e três
salários mínimos apresentou associação significativa com interrupção do aleitamento exclusivo antes dos 3 meses de vida.
Em relação à renda familiar, ainda encontram­-se controvérsias
quanto ao desmame precoce, dessa forma, alguns autores afir-
Fatores que Influenciam o Desmame Precoce:
uma revisão sistemática de Literatura
mam que a amamen­tação é influenciada positivamente por um
melhor nível de renda familiar nos primeiros meses de vida da
criança, destarte, para outrem, em famílias que vivenciam situação de dificuldades econômicas, o aleitamento materno representa a única alternativa para alimentar os lactentes, sendo o
diferencial para a sobrevivência de muitas crianças(6).
O baixo nível de renda já é conhecido fator relacionado com
prevalência à reduzida duração do aleitamento materno. Em
áreas mais desenvolvidas, as mulheres de maior nível educacional e econômico amamentam mais nos primeiros meses e esse
grupo é o primeiro a valorizar o aleitamento materno. O acesso a maior disponibilidade de renda pode constituir-se numa
proteção contra os processos mórbidos, que desempenham, ao
lado da falta de nutrientes, um importante papel na etiologia
da desnutrição nos primeiros meses de vida(14).
A importância da assistência no pré-natal para manutenção do AME. Destacou ainda que as orientações relacionadas
à alimentação e ao aleitamento materno durante o pré-natal
estiveram associadas a uma maior duração do aleitamento exclusivo/predominante em Gameleira. A ocorrência de hospitalização prévia e a visita rotineira dos agentes comunitários de
saúde não apresentaram associação significante com a duração
do aleitamento exclusivo/predominante, em ambos os municípios, apesar de se verificar uma duração mais prolongada nas
crianças que não foram hospitalizadas nos últimos 12 meses
que antecederam a entrevista(15).
Na assistência pós-natal imediata realizada no alojamento
conjunto é necessária uma comunicação simples e objetiva durante a orientação. No incentivo e apoio ao aleitamento materno, no alojamento conjunto, é preciso demonstrar as diversas
posições, promovendo relaxamento e posicionamento confortável, explicando a fonte dos reflexos da criança e mostrando
como isso pode ajudar a sucção do recém-nascido(14).
As mães compreendem a importância do leite materno e
seus benefícios. Entretanto, o conhecimento sobre as vantagens do aleitamento materno não é suficiente para manter a
amamentação. Apesar de afirmarem, em vários momentos das
entrevistas, as qualidades do leite humano, inclusive sua eficácia na prevenção de doenças infecto-contagiosas, ocorre a
introdução precoce da mamadeira(16).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo realizado aponta uma baixa adesão ao aleitamento materno em mais de 80% dos casos analisados. Esse
resultado ainda está muito aquém do preconizado pelo Ministério da Saúde, ainda que o aleitamento materno predominante esteja sendo realizado. Observou-se que há
inúmeros fatores que podem contribuir com o aleitamento
materno.
Ao analisar as variáveis que influenciam o desmame, foi
notado que as razões alegadas para o insucesso do aleitamento materno estão diretamente associadas aos fatores
socioeconômicos e demográficos, já que a mulher, frente às
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1504-1508
1507
dificuldades que se colocam na vida, falta de apoio e ao mesmo tempo com necessidade de garantir sua sobrevivência, se
depara com um sistema de saúde nem sempre coerente com a
demanda, o que a torna vulnerável ao desmame.
ra, em especial o acompanhamento pelo profissional de saúde
visando o fortalecimento de vinculo entre mãe e bebê e ate
mesmo os demais membros da família.
Diante dos pontos levantados como fragilidade para manutenção do aleitamento materno podemos afirmar que existe a necessidade de intensificação das estratégias da política
de aleitamento ainda no acompanhamento de pré-natal, se
estendendo pelo acompanhamento de parto e de puericultu-
Espera-se com este trabalho que seus resultados possa
contribuir com a realização de novas pesquisas sobre amamentação, sobretudo, contribuir para o incentivo do AME
até os seis meses de vida, conforme preconiza o Ministério
da Saúde.
REFERÊNCIAS
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M%C3%89DIO%20DE%20AMAMENTA%C3%87%C3%83O%20OFERECIDA%20%C3%80S%20CRIAN%C3%87AS%20NO%20CENTRO%20DE%20
SA%C3%9ADE%20DA%20MULHER%20NO%20MUNIC%C3%8DPIO%20
DE%20C.pdf
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Recebido em: 12.01.2015
Aprovado em: 01.02.2015
1508
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dois municípios com baixo índice de desenvolvimento humano no Nordeste do Brasil. Rev. bras. epidemiol. São Paulo. 2013;16(1).
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19.Brasil. MS. Secretaria de Políticas Públicas. Organização Pan Americana
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20.Carrascoza, KCC et al . Aleitamento materno em crianças até os seis
meses de vida: percepção das mães. Revista de Saúde Coletiva ,Rio de
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Populações Assistidas por Serviços de Puericultura de Florianópolis, SC,
Brasil. Pesq Bras Odontoped Clin Integr, João Pessoa. 2011; 11(2):239244.
22.Giuliani, NR et al . Fatores Associados ao Desmame Precoce em Mães
Assistidas por Serviços de Puericultura de Florianópolis/SC. Pesq Bras
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materno: uma revisão integrativa. Rev. paul. Pediatr. São Paulo. 2012;
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2010; 86(5).
ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO ENTRE AUDITORIA DE ENFERMAGEM E
PROMOÇÃO DA SAÚDE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
ANALYSIS OF THE ASSOCIATION BETWEEN NURSING AUDIT AND HEALTH PROMOTION: AN INTEGRATIVE REVIEW
Artigo de Revisão
Virna Ribeiro Feitosa Cestari1
Marília Araripe Ferreira1
Lusiane Batista de Almendras Gonçalves1
Caroline Sousa Praxedes1
Laís Hellen Cavalcante Lima1
Islene Victor Barbosa2
Flávia Regina Furtado Lima3
RESUMO
Objetivou-secaracterizar a produção científica nacional e
internacional de enfermagem acerca da auditoria, destacando-a como uma estratégia essencial para a promoção da saúde dos
indivíduos. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura,
com busca de artigos na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), no
mês de outubro de 2014. Foram identificados 1.456 estudos,
onde apenas 15 atenderam aos critérios de inclusão propostos, constituindo-se na amostrar desta pesquisa. Após análise, emergiram duas categorias: A prática da enfermagem em
auditoria e Promovendo a saúde do paciente: um enfoque na
qualidade assistencial. O papel do auditor de enfermagem deve
ser muito amplo, e pode ser explorado ao extremo para a melhoria dos serviços de saúde. A auditoria contribui de maneira
ampla e satisfatória na melhoria da assistência de enfermagem
e, consequentemente, destaca-se como estratégia essencial na
promoção da saúde do paciente.
Palavras-chave: Auditoria de Enfermagem; Enfermagem; Qualidade da Assistência à Saúde; Promoção da Saúde.
ABSTRACT
This study aimed to characterize the national and
international scientific nursing’s production about the audit,
highlighting it as an essential strategy for promoting the health
of individuals. Integrative literature review, with search articles
in the Virtual Health Library (VHL), in October 2014. There
were identified 1,456 studies, where only 15 met the proposed
inclusion criteria, constituting the sample this research. After
analysis, two categories emerged: Nursing practice in auditing
1
2
3
and Promoting the health of the patient: a focus on service
quality. The role of nursing auditor should be very broad, and
can be exploited to the extreme to the improvement of health
services. The audit contributes extensive and satisfactory way
in improving nursing care and, therefore, stands out as a key
strategy in promoting the health of the patient.
Keywords: Nursing Audit; Nursing; Quality of Health Care; Health Promotion.
INTRODUÇÃO
A promoção da saúde, de acordo com a Carta de Ottawa, é
definida como um processo de capacitação da comunidade para
atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo
uma maior participação no controle desse processo. Percebe-se, portanto, que para um cuidar direcionado à promoção da
saúde, é necessário que o enfermeiro busque incorporar em sua
assistência um saber e um fazer crítico reflexivo, fundamental
ao seu desenvolvimento(1).
Nesse interim, o enfermeiro precisa ser capaz de enfrentar
os desafios da profissão, tanto na prática assistencial quanto
no setor gerencial, e buscar novas abordagens que direcionem
para uma gerência participativa e programas de qualidade, que
são o foco central do trabalho em auditoria.
A auditoria pode ser definida como a avaliação sistemática
da assistência de enfermagem, verificada através das anotações
de enfermagem no prontuário do paciente e/ou das próprias
condições destes, favorecendo as instituições no planejamento
Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR).
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIFOR.
Enfermeira do Hospital Dr. José Frota.
Enfermeira. Docente do curso de Graduação em Enfermagem da UNIFOR.
Análise da Associação entre Auditoria de Enfermagem e
Promoção da Saúde: uma revisão integrativa
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1509-1514
1509
e programação de insumos e recursos, e aos clientes, a garantia
de uma prática assistencial de qualidade(2).
Estatécnica está presente desde o início da atividade econômica do homem e incorporou-se à rotina das instituições
de saúde em 1918, com o objetivo de avaliar a prática médica
através dos registros no prontuário. A auditoria de enfermagem
surgiu nos Estados Unidos, em 1955, e no Brasil, na década de
1970, com o intuito de avaliar os aspectos qualitativos da assistência requerida pelo paciente, os processos internos e as
contas hospitalares(3).
A auditoria de enfermagem representa a função de controle
do processo administrativo, verificando se os resultados da assistência estão de acordo com os objetivos e com as legislações
vigentes. Configura-se, portanto, como um subsídio para que
os profissionais orientem suas atividades, estimulando a reflexão individual e coletiva, além de nortear o processo de educação permanente. Destaca-se, ainda, por ser uma avaliação
administrativa de fundamental importância na implantação da
Sistematização da Assistência de Enfermagem(4).
A mensuração da qualidade da assistência de enfermagem
realizada através da auditoria evidencia a enfermagem como ciência, por embasá-la em um saber científico visto que expressa a
natureza das ações dos profissionais em suas respectivas áreas de
conhecido. Desta forma, deve ser realizada de forma clara, objetiva e de acordo com os princípios éticos e morais da profissão(5).
Percebe-se, portanto, a prática da auditoria de enfermagem
como uma ferramenta fundamental para a garantia da qualidade da assistência, tendo em vista a promoção da saúde dos
indivíduos. Frente a isso, indaga-se: como a auditoria de enfermagem relaciona-se com a promoção da saúde?
Diante do exposto, objetivou-se caracterizar a produção
científica nacional e internacional de enfermagem acerca da
auditoria, destacando-a como uma estratégia essencial para a
promoção da saúde dos indivíduos.
METODOLOGIA
Para o alcance do objetivo proposto, optou-se pelo método
de revisão integrativa, de caráter descritivo. A revisão integrativa consiste num método de pesquisa amplo, que abrange desde
a literatura teórica e empírica, e que permite estabelecer uma
síntese e conclusões gerais a respeito de uma área de estudo em
particular, realizada de maneira sistemática e ordenada, com o
objetivo de contribuir para o conhecimento investigado(6).
Seis fases distintas compõem esse método de pesquisa:
estabelecimentoda questão da pesquisa, seleçãodas pesquisas
que construirão a amostra, categorizaçãodos estudos, avaliaçãodos estudos incluídos, interpretaçãodos resultados e síntese do conhecimento(7).
A questão norteadora que guiou esta revisão foi: Qual a relação entre a auditoria com a promoção da saúde dos pacientes e
como o que a enfermagem tem produzido acerca desta temática?
1510
Os artigos foram selecionados por meio da busca dos artigos
foi realizada pela internet, através da Biblioteca Virtual da Saúde
(BVS), através dos seguintes Descritores em Ciências da Saúde
(DeCS): “auditoria” e “enfermagem”. Os descritores selecionados
foram combinados entre si, acrescentando-se o termo AND entre
eles, para que os resultados da busca atendessem aos objetivos do
estudo. A seleção dos estudos ocorreu no mês de outubro de 2014.
Foram definidos como critérios de inclusão: pesquisas publicadas por enfermeiros, em forma de artigo, em periódicos
nacionais e internacionais, nos idiomas português, inglês e
espanhol; que envolvam a temática auditoria; publicadas no
período de 2009 a 2014; independente do método de pesquisa;
e que estivessem disponíveis eletronicamente na íntegra.
Foram identificados 1.456 estudos, onde apenas 15 atenderam aos critérios de inclusão propostos, constituindo-se na
amostrar desta pesquisa. As informações foram consolidadas
e agrupadas por similaridade de conteúdo, sendo construídas
duas categorias de análise, assim especificadas:A prática da enfermagem em auditoria e Promovendo a saúde do paciente: um
enfoque na qualidade assistencial.
RESULTADOS
Dos 15 artigos analisados, em relação às categorias emergidas, verificou-se que dez (66,7%) abordavam a prática da
enfermagem em auditoria e cinco (33,3%), a qualidade assistencial para promoção da saúde dos clientes, expostos nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. Quanto ao ano de publicação dos
estudos, observou-se que, no último quinquênio, destacou-se o
ano de 2013, com o quantitativo de sete (46,7%) publicações.
Os artigos selecionados foram divulgados em 14 (93,3%)
periódicos nacionais, com destaque para a Revista Brasileira de
Enfermagem, com o maior número de publicações, três (20%).
Apenas um (6,7%) estudo foi publicado em um periódico internacional. No Brasil, verificou-se o predomínio de estudos realizados na região do Nordeste, com cinco (33,3%) publicações,
sendo três (20%) no Ceará e duas (13,3%) na Bahia.
Quanto ao delineamento metodológico, observou-se a prevalência de estudos do tipo revisão bibliográfica, com sete (46,7%)
publicações. Com relação à abordagem das pesquisas, constatou-se
um maior número de estudos qualitativos, com dez (66,7%).
Os estudos foram classificados quanto aos níveis de evidências: nível I – as evidências são provenientes de revisão sistemática de estudos randomizados controlados ou oriundas de
revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados; nível
II – evidências derivadas de revisões sistemáticas randomizadas individuais ou observacionais; nível III – evidências obtidas de estudos sem randomização controlados, coorte ou de
seguimento; nível IV – evidências provenientes de caso-controle bem delineados, estudos de caso e longitudinais; nível V
– evidências originárias de estudos descritivos (HOWICK et al.,
2011). No tocante aos níveis de evidências, dez artigos foram
classificados no nível V (66,7%); seguidos de cinco artigos de
nível dois (13,3%) e três de nível III (20%).
Tabela 1. Síntese dos artigos selecionados de acordo com a categoria “A prática da enfermagem em auditoria”. Biblioteca Virtual
da Saúde, 2014.
TÍTULO
PERIÓDICO/ANO DE
PUBLICAÇÃO
TIPO DE
ESTUDO
ABORDAGEM
NÍVEL DE
EVIDÊNCIA
A produção científica de enfermagem e qualidade Revista de pesquisa: cuidado
dos registos
é fundamental online, 2013
Revisão
bibliográfica
Qualitativa
V
Auditoria em enfermagem e suas interfaces e
periodicos científicos internacionais no período
de 1955-1972
Revista de Enfermagem da
UFSM, 2013
Revisão
bibliográfica
Qualitativa
V
A prática do enfermeiro auditor hospitalar na
região do vale do Itajei
Revista Eletrônica de
Enfermagem, 2013
Descritivo e
exploratório
Qualitativa
V
Enfermagem auditoria e regulação em saúde: um
relato de experiência
Revista Mineira de
Enfermagem
Estudo de caso
Qualitativa
IV
Limites e possibilidades da auditoria em
enfermagem e seus aspectos teóricos e práticos
Revista Brasileira de
Enfermagem, 2013
Revisão
bibliográfica
Qualitativa
V
Auditoria de enfermagem: conhecimento de
profissionais em hospital público de referência
Revista Rede de Enfermagem
do Nordeste, 2013
Descritivo e
exploratório
Qualitativa
V
A auditoria e o enfermeiro como ferramenta de
aperfeiçoamento do SUS
Revista Baiana de Saúde
Pública, 2012
Revisão
bibliográfica
Qualitativa
V
Auditoria em enfermagem: revisão sistemática
da literatura.
Revista Brasileira de
Enfermagem
Revisão
bibliográfica
Qualitativa
V
A prática da Enfermagem em auditoria em saúde
Revista Escola de enfermagem
Estudo de caso
da USP 2010
Qualitativa
IV
Tabela 2. Síntese dos artigos selecionados de acordo com a categoria “Promovendo a saúde do paciente: um enfoque na qualidade
assistencial”. Biblioteca Virtual da Saúde, 2014.
TIPO DE
ESTUDO
ABORDAGEM
NÍVEL DE
EVIDÊNCIA
Qualidade da assistência de enfermagem em
Revista Gaúcha de
unidade de terapia intensiva de um hospital escolar Enfermagem, 2013
Transversal
Quantitativo
III
Associations of patient safety outcomes with
models of nursing care organization at unit level in
hospitals
International Journal for
Quality in Health Care, 2013
Transversal
Quantitativo
III
Avaliação da qualidade das prescrições de
enfermagem em hospitais públicos
Revista Gaúcha de
Enfermagem, 2012
Transversal
Quantitativo
III
Qualidade dos cuidados de enfermagem em
terapia intensiva: avaliação por meio de auditoria
operacional
Revista Brasileira de
Enfermagem, 2011
Descritivo,
Observacional
Quantitativo
V
Auditoria em enfermagem e suas interfaces com o
cuidado: uma revisão de literatura
Revista Interdisciplinar da
PUC, 2011
Revisão
bibliográfica
Quantitativo
V
TÍTULO
PERIÓDICO/ANO DE
PUBLICAÇÃO
DISCUSSÃO
A prática da enfermagem em auditoria
A auditoria teve origem na área de contabilidade, e se estendeu a outras áreas profissionais, sendo a auditoria em enfermagem uma poderosa ferramenta para melhoria na qualidade
de cuidado prestado, bem como na gestão financeira(8). No que
se refere à auditoria em serviços de saúde pública no Brasil, o
Sistema Nacional de Auditoria (SNA) foi instituído em 1993,
atuando através do Departamento de Controle, Avaliação e Au-
Análise da Associação entre Auditoria de Enfermagem e
Promoção da Saúde: uma revisão integrativa
ditoria (DCAA), posteriormente modificado para Departamento
Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (DENASUS)
em 2000(9).
A auditoria em enfermagem é realizada por um profissional
treinado e capacitado para avaliar um conjunto de medidas, envolvendo vários profissionais, com a finalidade de orientar, disciplinar, racionalizar, e normatizar os cuidados de enfermagem,
perda de recursos e gastos desnecessários para a instituição,
pública, ou privada. Esse conceito de auditoria de enfermagem
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1509-1514
1511
evoluiu no sentido de responder à necessidade de mensurar e
analisar o custo decorrente da assistência de enfermagem(4).
A auditoria é feita a partir da análise dos registros em
prontuários e visitas técnicas aos profissionais e pacientes,
devendo os erros identificados serem corrigidos de acordo
com as normas da instituição. É função do auditor realizar
críticas sobre os resultados apurados, e direcionar ao setor
administrativo possíveis soluções para o benefício direto
dos usuários do serviço e da própria instituição(1). No âmbito de saúde pública, a auditoria visa a qualificação do SUS,
garantindo seus princípios básicos: universalidade, integridade e equidade.
Na atualidade observa-se que, o surgimento da auditoria
trouxe vários aspectos positivos na área da saúde(3). Possibilitando a prática de uma melhor assistência de enfermagem, o maior controle dos indicadores para os gestores e a
inovação do conhecimento. As atuais funções da auditoria
compreendem: fiscalização de serviços realizados, qualidade
desse serviço, análise sistemática do objeto da informação;
cumprimento de normas institucionais e/ou legais e avaliação
comparativa entre assistência prestada, propiciando ainda ao
auditor argumentar com os profissionais da assistência sobre
o tratamento necessário ao paciente, o custo deste tratamento e, ainda, favorecer a definição de parâmetros e instrumentos adequados de avaliação(10).
Além disso, o conhecimento sobre a prática das enfermeiras auditoras, pode contribuir para a otimização dos recursos
físicos e materiais disponíveis nos serviços de saúde e para desenvolver as pessoas, melhorando, além do planejamento e a
execução técnica do trabalho, a relação custo-benefício para
o paciente, o hospital e o comprador de serviços de saúde. A
auditoria, se entendida como um processo educativo fornece
subsídios para a implantação e gerenciamento de uma assistência de qualidade(11).
Diante desse contexto, houve a necessidade de mais profissionais no mercado, que estivessem qualificados para exercer a função de auditor. E por está na linha de frente do cuidado, o enfermeiro ganhou grande destaque em comparação
a outros profissionais da área(12).
A atuação do enfermeiro auditor tem amplo espectro, no
entanto, o que se observa rotineiramente é que a sua atuação
volta-se para a auditoria retrospectiva, de forte cunho contábil, sendo este profissional subutilizado nos termos de gestão
hospitalar, devido principalmente às estruturas administrativas. Neste aspecto, o olhar crítico do enfermeiro auditor reflete as inconformidades dos prontuários, geradas pela alta
rotatividade, desatenção, excesso de trabalho e inexistência
ou execução parcial do SAE(13).
A auditoria retrospectiva traz resultados mais abrangestes
e completos, refletindo melhora no atendimento dos futuros
clientes da instituição, porém, por ser retrospectiva, não tem
influência sobre a qualidade de atendimento dos pacientes
já atendidos, que geraram os dados da auditoria. A auditoria
1512
operacional, no entanto tem o poder de identificar prontamente os erros e déficits no atendimento, pois é realizada no
decorrer do atendimento e cuidado aos pacientes, e parece
ter grande impacto nos casos em que o cuidado pode ser benéfico, ou danoso ao paciente, exigindo correções imediatas,
como por exemplo, em unidades de terapia intensiva (UTI).
Estudo de auditoria operacional, realizado em hospital
do Paraná, avaliou oito itens do cuidado de enfermagem, e
identificou falhas graves no cuidado, sendo considerados de
qualidade limítrofe, apenas dois itens, referentes à segurança
física e utilização de equipamentos; e de qualidade sofrível
cuidados de higiene e conforto, atividade física, nutrição e
hidratação, eliminações, utilização de equipamentos e UTI. O
estudo permitiu a observação dos déficits e gerou uma base
para discussão entre a equipe da UTI sobre melhorias na qualidade do cuidado(14).
Em uma revisão sistemática de literatura, foram identificados os principais problemas encontrados referentes ao
cuidado de enfermagem, em revisão de prontuários, sendo
identificados pontos recorrentes de falhas. Entre os principais
problemas identificados: solicitação e aprazamento da administração de medicamentos; letras pouco legíveis e rasuras;
falta de checagem na prescição médica e de enfermagem;
anotações externas e pouco específicas; condições de pacientes, necessidades de terapêuticas, organização da unidade e
conforto do paciente; falta de registro/registros incompletos
da realização de curativos; e anotações por turno e não por
horário. Estas distorções na assistência de enfermagem geram
prejuízos diretos aos pacientes, bem como prejuízos financeiros à instituição(8).
O papel do auditor de enfermagem deve ser muito amplo,
e pode ser explorado ao extremo para a melhoria dos serviços de saúde. Pesquisa realizada por enfermeiros auditores
em um município do Rio Grande do Sul, identificou falhas e
sobrecarga e falhas na gestão financeira dos recursos do SUS,
sendo então criado um Núcleo de Auditoria e Regulação no
município, onde foi exposto aos profissionais os problemas
apresentados e criado grupos de trabalho. Cada profissional
apontou soluções para melhor gestão dos recursos e melhor
atenção à saúde da população, como por exemplo, gestão dos
encaminhamentos para consultas especializadas realizadas
na própria unidade solicitante. Como resultado, houve uma
melhoria na atenção geral à saúde da população, ganho na
gestão referente à coparticipação e corresponsabilização pelo
uso dos recursos, tornando o serviço mais eficiente e eficaz(15).
Percebe-se que o desenvolvimento de habilidades para o
exercício da função de enfermeiro auditor pode ser introduzida
desde a formação acadêmica, uma vez que as instituições hospitalares têm cada vez mais contratado o profissional enfermeiro
para exercer o papel de enfermeiro auditor. Sobretudo, observa-se que tal área de formação ainda é restrita, pouco divulgada
durante a graduação, apresentando escassez de qualificação com
entrada somente em cursos de pós-graduação, ainda com pouca
oferta de qualificação pelas instituições de ensino superior(16).
Promovendo a saúde do paciente: um enfoque na qualidade assistencial
O capitalismo e a competitividade foram fatores que culminaram no aumento da preocupação com o padrão de qualidade nos serviços de saúde. No que se refere à avaliação em
saúde, os desvios de padrão e erros podem ser precocemente
detectados e corrigidos, sustentando a qualidade da assistência. Dessa forma, a identificação de discordâncias no atendimento qualificado, possibilita a reestruturação de serviços
para que possa ser atendida a demanda da clientela(17).
Os enfermeiros são reconhecidos por deter um padrão
de organização e, por isso, vêm ocupando cargos de gestão
e liderança de grande importância nas instituições de saúde.
Porém, relatórios vêm demonstrando que muitos desses profissionais não estão suprindo as expectativas(18). A qualidade
assistencial é um processo complexo e tem como principal objetivo evidenciar possíveis melhorias de trabalho para a equipe de enfermagem que reflita no cuidado prestado ao cliente
exigente. Portanto, faz-se necessário a elaboração de instrumentos que permitam que o enfermeiro avalie nos níveis de
qualidade da assistência prestada(1).
Uma pesquisa realizada no Canadá avaliou o domínio da
prática de enfermeiras nas seguintes esferas: avaliação e planejamento, ensino, comunicação, supervisão, qualidade no
atendimento, no conhecimento atual e na ambiência. Os resultados evidenciaram que os enfermeiros que detinham um
melhor resultado na assistência, isto é, menor ocorrência de
efeitos adversos, eram os profissionais inovadores, incluindo
uma combinação de competências, maior apoio de profissionais qualificados e com maior investimento para inovação,
este fator também está relacionado ao ambiente que favorece
o sucesso profissional(18).
Um estudo realizado em uma UTI geral de um Hospital Universitário de Mato Grosso do Sul no período de 2012 elaborou
um Roteiro para Auditoria Operacional adaptado, elaborado
pela Assessoria de Controle de Qualidade e Assistência de Enfermagem, do qual foram abordados oito itens para avaliação
da qualidade da assistência prestada. O item referente ao manuseio dos equipamentos, higiene e conforto e segurança física, alcançou um nível satisfatório de qualidade, porém no que
se refere a mudança de decúbito, troca de equipo de sonda
enteral, troca de nebulizadores, fixação da sonda vesical de
demora e prescrição de enfermagem incorreta, tiveram uma
rotulação de sofrível, proporcionando um déficit na segurança
do paciente, logo a diminuição da qualidade da assistência(1).
Na enfermagem, o processo que promove a coleta de dados, o planejamento e a implementação da assistência é o
Processo de Enfermagem (PE), orientando o enfermeiro na tomada de decisão e no atendimento individualizado do paciente. Este método sistematiza a assistência em cinco etapas:
Investigação, Diagnóstico, Planejamento, Implementação
e Avaliação. Sabe-se que existe uma correlação satisfatória
entre o registro e o cuidado prestado, tornando-se útil às
instituições de saúde o incentivo a prática do PE. A literatura
Análise da Associação entre Auditoria de Enfermagem e
Promoção da Saúde: uma revisão integrativa
afirma que dentre as dificuldades apontadas por enfermeiros
diante da falta de registro da Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE) nos prontuários, destacam-se: despreparo
do profissional, falta de interesse em preenchê-lo, falta de conhecimento, e em especial, dificuldades para elaboração dos
Diagnósticos de Enfermagem(17).
Embora a PE seja de imensa importância, evidencia-se que
no Brasil, ela não é adotada com confiabilidade e embasamento técnico-científico. Em estudo transversal realizado com
1289 prontuários de dois hospitais universitários públicos situados no estado do Paraná, no ano de 2010, observou-se que
as duas instituições apresentaram prevalência de cuidados
prescritos inadequadamente, o que aponta um problema comum: as prescrições errôneas eram mais comuns para pacientes jovens (<20 anos) e adultos (20-34 anos), deduzindo-se
que isso pode ter ocorrido por não considerar esse grupo de
risco; e as prescrições incompletas com a ausência de identificação do profissional que a prescreveu, seja pela ausência do
carimbo ou nome do enfermeiro. Estes dados são preocupantes, pois põem em risco a segurança do paciente(17).
A falta do preenchimento da PE e da devida identificação
do enfermeiro nela infringe os padrões de qualidade, violando
uma questão ética que compõe um dos itens do Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar, e também, exigência legal do
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN).
Nota-se que a auditoria contribui de maneira ampla e
satisfatória na melhoria da assistência de enfermagem e,
consequentemente, destaca-se como estratégia essencial na
promoção da saúde do paciente. Através do estudo do prontuário, considerado o espelho do atendimento, qualifica-se
a assistência através dos indicadores analisados, gerando a
redução dos gastos, dando margem à necessidade de aperfeiçoamento entre os profissionais, visto que se tornou uma
especialização exercida, em sua maioria, por enfermeiros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os enfermeiros exercem diversas funções no âmbito administrativo,
dentre elas, destaca-se a auditoria como uma ferramenta fundamental
para melhoria da assistência prestada. Na auditoria, os enfermeiros
analisam a condição encontrada, consolida seus resultados previstos e
os analisa. Essa conduta atende ao significado da promoção da saúde, a
qual ratifica a melhoria da qualidade de vida e saúde dos usuários através da materialização de um profissional crítico e reflexivo.
Ademais, a auditoria traz benefícios para a instituição, a qual
economiza em recursos físicos e materiais, melhorando o planejamento e execução dos serviços de saúde. Ratificou-se também a
necessidade da especialidade do enfermeiro na área, pois os profissionais inovadores e entendedores se tornam excelentes gestores.
Faz-se necessário salientar a sugestão de novos estudos que
abordem a temática auditoria em enfermagem, tendo em vista
o progresso que os profissionais têm realizado na área, contribuindo diretamente para a assistência à saúde e promoção da
qualidade de vida.
RETEP - Rev. Tendên. da Enferm. Profis.,
2015; 7(1): 1509-1514
1513
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Recebido em: 20.01.2015
Aprovado em: 10.02.2015
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25(2): 110–117.
INSTITUCIONAL
2015
Dr. Osvaldo Albuquerque Sousa Filho
Presidente do Coren-CE
Enfermeiro do Instituto Dr. Jose Frota e da
Secretaria de Saúde do Estado do Ceará
PALAVRA D0 PRESIDENTE
A
o cumprimentar os leitores e profissionais de
Enfermagem, nesta edição da Revista Tendências da Enfermagem Profissional, trago os cumprimentos do novo Plenário do Coren-CE, eleito
para a Gestão 2015/2017. Já tive a oportunidade de me
dirigir a vocês quando estive à frente da presidência do
Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e agora muito
me honra, falar como presidente do Regional Cearense.
olhar sobre a Enfermagem e criar mais um canal de diálogo com os colegas. Disponibilizamos em nossa página na
internet: www.coren-ce.org.br, uma série de ferramentas
de comunicação de fácil acesso para interação entre os
inscritos e o conselho, bem como todas as informações
sobre o exercício da profissão. No site do Coren-CE, é possível acompanhar as ações do plenário e a contabilidade
do regional, através do canal da transparência.
Temos uma longa jornada pela frente e um plano de
ações que será posto em prática, mas que somente se
consolidará com o apoio da categoria. Somos mais de
cinquenta e sete mil profissionais no Estado do Ceará.
Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem que
buscam mais qualidade na assistência profissional e reconhecimento pelo trabalho sério e digno que desenvolvemos com ética e compromisso.
Destacamos que além do canal direto com a ouvidoria
do Coren, há um link de autoatendimento disponível 24 horas para consultas e impressão de certidões, bastando para
isso digitar o número de sua inscrição no Coren ou CPF.
É de nosso conhecimento as mazelas institucionais a
que muitos dos nossos pares são submetidos. E, através
do Departamento de Fiscalização e em parceria com o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Ceará, já iniciamos nossas ações em vários municípios cearenses e pretendemos visitar, fiscalizar e cobrar
em todas as cidades do Estado, o correto tratamento que
as unidades de saúde sejam públicas ou privadas, devem
dar aos profissionais de Enfermagem.
O Coren-CE não medirá esforços e ampliará o diálogo
para que possamos avançar na luta pela aprovação das
30 horas semanais para a Enfermagem e o piso salarial
da categoria. Além disso, ampliaremos as Comissões de
Ética nas unidades hospitalares, para aprimorar o nosso
1516
Ano 7 - Vol. 7 - no 01 - 2015
Cursos, palestras e seminários são oferecidos gratuitamente aos que estão adimplentes com o Conselho,
e ganham destaque neste ano de 2015, pois ofertam um
número maior de vagas e de abrangência curricular. Temos ainda uma oferta generosa de descontos que chegam a 50% sobre produtos e serviços que são oferecidos,
através de convênios firmados com instituições parceiras
e que são extensivos inclusive aos familiares dos inscritos
no Coren-CE.
Venho ainda, reafirmar meu compromisso com a nossa categoria e apresentar uma gestão aberta a todos os
profissionais de Enfermagem do Ceará. Nossas portas estão abertas. O Coren-CE é dos profissionais. Tragam suas
sugestões ou mesmo reclamações. Com diálogo e ações
conjuntas, vamos construir um grande ano, juntos. A ReTEP traz nas próximas páginas, algumas ações institucionais, que reafirmam o nosso compromisso com a transparência e o respeito aos profissionais.
NOVOS CAMINHOS
PARA O COREN-CE
Tendo à frente o ex-presidente do Conselho Federal
de Enfermagem, Dr. Osvaldo Albuquerque Sousa Filho
(2013-2014), que também já atuou como presidente interventor do Coren-CE (2011), e com apoio de Conselheiros com experiência técnica em Saúde Pública e Administração Pública em Saúde, além da formação da Plenária
com conhecimento prévio nos trâmites de gestão em
autarquia federal.
A nova equipe é formada pelos conselheiros: Dr. Osvaldo Albuquerque Sousa Filho, Dra. Maria Dayse Pereira,
Luiza Lourdes Pinheiro, Dra. Jacqueline Dantas Sampaio,
Dr. Francisco Antonio da Cruz Mendonça, Marli Veloso de
Menezes, Ana Lúcia de Assis, Dra. Regina Cláudia Furtado
Maia, Dra. Maria Celina Saraiva Martins, Dra. Nancy Costa
de Oliveira, Dra. Maria Verônica Sales da Silva, Raimunda de Fátima Dantas, Maria de Fátima Ferreira de Sousa,
Adailson Rodrigues de Morais.
Como bandeiras, a nova plenária propõe o resgate, a
defesa e a consolidação político-social dos profissionais
de Enfermagem embasados nos preceitos éticos, legais
e sociais da profissão, tendo como eixos integradores de
sua atuação, a transparência administrativo-financeiro,
a qualidade no atendimento, a comunicação, a valorização profissional e a educação permanente.
Visando a concretização de seus objetivos, a nova
gestão irá elaborar um projeto e implementar o Planejamento Estratégico do Conselho. Também será formado
um grupo de trabalho e escuta dos conselheiros e dos colaboradores, para atuar com base nas propostas de quem
faz o dia a dia da autarquia. As ações pensadas, incluem
ainda, a realização de Concurso Público; a instalação da
subseção na Região dos Inhamuns (e aqui o Regional
deverá contar com apoio do Conselho Federal) e atendimento da sede, a fim de garantir a fiscalização do Regional e consequentemente defesa da profissão, bem como
www.coren-ce.org.br
NOTÍCIAS
E
nxergar muito além da Enfermagem como profissão, buscar a excelência para a atuação do profissional, vencer as barreiras das dificuldades impostas no dia a dia no sistema de saúde. Assim é
a atividade de todos os Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares
de Enfermagem que atuam no Ceará e no país. Condições
precárias de atendimento, salários baixos, insalubres
ambientes de trabalho, falta de respeito para com os
profissionais.
Reconhecendo essa situação, o Coren-Ce inicia 2015
com uma visão clara de que é preciso buscar melhorias
para os profissionais de Enfermagem, tanto no sistema
de saúde, quanto no modelo de atendimento aos que
buscam o Conselho. E é exatamente com este sentimento
que a nova equipe de gestão assume o Conselho.
1517
fortalecimento das subseções, dotando-as dos recursos
necessários para o funcionamento, além da readequação da estrutura organizacional adaptando-a à realidade
atual da entidade.
Ainda na área administrativa, irá atuar com transparência e organização na prestação de contas de todas as
ações do Coren-CE, demonstrativos fiscais e financeiros
e publicar no site do Conselho, processo que deverá ser
implantando ainda nos primeiros seis meses de gestão,
através do Portal de Acesso à Informação.
Na educação continuada, a equipe pretende atuar
no Programa Napen – Núcleo de Aperfeiçoamento dos
Profissionais de Enfermagem, ampliando e fortalecendo
sua participação nas cidades do interior do Estado, bem
como dar continuidade das ações na Sede, em Fortaleza.
Ainda na educação, o Coren-CE pretende incentivar
a produção científica dos profissionais de Enfermagem
estimulando a apresentação em eventos da categoria da
área de saúde; Participar de projetos de pesquisa, extensão e campanhas específicas com instituições formadoras e da saúde, objetivando enaltecer o papel, a imagem
profissional e a expansão do conhecimento científico
da Enfermagem. Também atuar em consultoria para implantação e implementação de protocolos clínicos e atos
1518
Ano 7 - Vol. 7 - no 01 - 2015
normativos do profissional Enfermeiro, nas organizações
públicas e privadas de saúde.
No atendimento ao inscrito, o objetivo é aperfeiçoar
o processo de emissão de boletos bancários, certidão de
responsabilidade técnica, certidão negativa e outros documentos, por meio do site do Coren-CE, além de buscar
novas modalidades de pagamento das anuidades. Realizar, através do Setor de Fiscalização, um diagnóstico nas
entidades hospitalares, de Enfermagem e atuar junto ao
Ministério Público para a desprecarização do trabalho
profissional. Também pretende-se fortalecer a Comissão
de Ética e elaborar o projeto da Ouvidoria do Conselho,
facilitando o acesso aos profissionais.
Na luta pela Enfermagem, deve atuar em parceria com
as entidades, para a aprovação do Projeto de Lei 2295/00
que versa sobre a regulamentação da jornada de trabalho
da Enfermagem em 30 horas/semanais, com a definição
de jornada mínima diária e participar de lutas organizadas pela categoria, com vistas à aprovação e/ou criação
de Leis de interesse da profissão, bem como fortalecer a
luta para a aprovação do Projeto de Lei que estabelece o
piso salarial da categoria de Enfermagem.
CONSELHEIROS REGIONAIS
DO CEARÁ SÃO DIPLOMADOS
O
s Conselheiros Regionais de Enfermagem do Ceará eleitos para a gestão 2015-2017 do Coren-CE
foram diplomados no dia 30 de janeiro deste ano,
pela Conselheira Federal e representante do Cofen, Dra. Julita Correia Feitosa. Na solenidade, os novos
representantes foram apresentados aos convidados e autoridades presentes.
Durante a solenidade, os Conselheiros prestaram
juramento ao Conselho e ao trabalho que realizarão nos
próximos três anos, período da gestão. Essa foi a primeira vez no país, que o juramento foi instituído durante
a solenidade de posse. Em discurso, Dra. Julita Feitosa
reconheceu o trabalho já realizado pelo atual presidente, Dr Osvaldo Albuquerque Sousa Filho, quando à frente
da Autarquia-chefe, o Conselho Federal de Enfermagem,
entre os anos de 2013 e 2014. Reforçou também a necessidade de defesa da profissão.
Em seu discurso, o presidente do Coren-CE, Dr. Osvaldo Albuquerque, ressaltou trecho do juramento de
Florence Nightgale, reconhecendo a importância da defesa da profissão, e conclamou a todos, conselheiros e
profissionais, a se fazerem presentes nesse processo de
construção de um novo capítulo da Enfermagem no Ceará. O presidente relembrou a importância da presença
e participação dos profissionais, e que estes terão o empoderamento em suas mãos na participação das ações
do Conselho, garantindo uma autarquia mais próxima
dos profissionais. Garantiu também, a continuidade das
ações na defesa da profissão, já iniciadas quando chefe
do Conselho Federal, em Brasília, a exemplo da participação do Conselho em decisões como a criação da Ficha
Limpa, o Combate a Corrupção, e o elo reforçado entre
Conselho e políticos para a aprovação do PL das 30 horas.
Empossados desde o dia 1o de Dezembro, conforme
rege a Resolução do Cofen, os 14 novos conselheiros assumiram a Autarquia no dia 1o de Janeiro, com as atividades sendo retomadas no dia 5 do mesmo mês.
Os novos Conselheiros são:
Dr. Osvaldo Albuquerque Sousa Filho
Conselheiro Presidente
Dra. Maria Dayse Pereira
Conselheira Secretária
Luiza Lourdes Pinheiro
Conselheira Tesoureira
CONSELHO EFETIVO
Dra. Jacqueline Dantas Sampaio
Dr. Francisco Antonio da Cruz Mendonça
Marli Veloso de Menezes
Ana Lúcia de Assis
CONSELHO SUPLENTE
Dra. Regina Cláudia Furtado Maia
Dra. Maria Celina Saraiva Martins
Dra. Nancy Costa de Oliveira
Dra. Maria Verônica Sales da Silva
Raimunda de Fátima Dantas
Maria de Fátima Ferreira de Sousa
Adailson Rodrigues de Morais
www.coren-ce.org.br 1519
CONSELHEIROS
DR. OSVALDO ALBUQUERQUE SOUSA FILHO
1520
Graduado em Enfermagem pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Especialista em
Enfermagem Médico-Cirúrgica pela UECE. Mestre em Educação em Saúde pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Presidente do Conselho Federal de Enfermagem Gestão
2013-2014. Atua como Enfermeiro no Instituto Dr. Jose Frota (IJF), Hospital Municipal
referência Norte-Nordeste em Urgência Emergência e na Secretaria de Saúde do Estado
do Ceará SESA/CGTES.
DRA. MARIA DAYSE PEREIRA
Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Mestre em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Doutoranda em Ciências da Educação pela Universidade Americana. Membro da Sociedade Brasileira em Gerenciamento de Enfermagem (SOBRAGEN). Exerceu cargos como
Diretora de Enfermagem do Hospital Universitário Walter Cantídio da UFC, implantando
a Residência Multiprofissional em Enfermagem, Sistematização da Assistência de Enfermagem; Docente da Graduação em Enfermagem da Universidade de Fortaleza (UNIFOR)
e da UNICHRISTUS.
LUIZA LOURDES PINHEIRO
Servidora da Secretaria Municipal de Saúde. Auxiliar de Enfermagem, lotada no SAMU
192 Fortaleza. Também é servidora do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará - UFC. Tem formação como Técnica de Enfermagem pela Escola
de Enfermagem MBL Saúde LTDA. Atuou como Conselheira Tesoureira do Coren-CE no
período de intervenção do Conselho Regional de Enfermagem do Ceará, ocupando o
mesmo cargo também durante a gestão 2012-2014. Hoje, eleita, permanece como Conselheira Tesoureira do Conselho Regional de Enfermagem gestão 2015/2017.
DRA. JACQUELINE DANTAS SAMPAIO
Graduada em Enfermagem pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Especialista em
Emergência pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Mestranda em Ciências da Saúde pela Universidade San Lorenzo (UNISAL). Instrutora/Coordenadora do Núcleo de Capacitação de Enfermagem em Emergência (NCEE), credenciado a Sociedade Brasileira de
Atendimento Integrado ao Traumatizado (SBAIT) – Capítulo Ceará. Assessora Técnica do
Núcleo de Atenção a Urgência e Emergência (NUAEM) da Secretaria de Saúde do Estado.
Atualmente Coordenadora de Enfermagem da Emergência do Instituto Dr. José Frota.
Professora colaboradora da Associação Brasileira de Enfermagem.
DR. FRANCISCO ANTONIO DA CRUZ MENDONÇA
Graduado em Enfermagem pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Especialista em
Saúde da Família pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e Docência e Gestão do Ensino Superior pela DeVry Educacional do Brasil. Mestre em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Doutorando em Saúde Coletiva pela AA UECE/UFC/
UNIFOR. Atuou como Enfermeiro na Estratégia Saúde da Família e no Hospital Municipal
de Umirim. Coordenador Local do Programa Anjos da Enfermagem: educação em saúde
através do lúdico. Docente da Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Estácio do Ceará e da Faculdades Nordeste.
Ano 7 - Vol. 7 - no 01 - 2015
DRA. REGINA CLAUDIA FURTADO MAIA
Graduada em Enfermagem pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Especialista em
Enfermagem Médico-Cirúrgica pela Universidade de Fortaleza (1988). Mestre em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Doutora em Saúde Coletiva
pela Associação Ampla UECE/UFC. Atua como Enfermeira no Hospital Infantil Albert Sabin. Professora da Graduação em Enfermagem da UNIFOR. Instrutora do Curso Suporte
Avançado de Vida em Pediatria.
DRA. NANCY COSTA DE OLIVEIRA
Graduada pela UECE. Especialista em Saúde Pública pela UECE e em Saúde da Família
pela Escola de Saúde Pública do Ceará. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Fortaleza e Doutora em Enfermagem pela UFC. Atua como enfermeira do PSF do
Centro de Saúde Anastácio Magalhães e Gerente de Enfermagem do Hospital São José
de Doenças Infecciosas.
DRA. VERÔNICA SALLES
Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) com Licenciatura Plena no Programa de Formação Pedagógica pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Especialista na Gestão de Sistemas Locais de Saúde (ESP-CE). Especialista
em Enfermagem obstétrica (UVA). Especialista em auditoria na área da Saúde (INET).
Mestre em Enfermagem em Saúde Comunitária pela Universidade Federal do Ceará
(UFC). Doutora em Enfermagem - Promoção da Saúde pela UFC. Atua como enfermeira
da Sesa-CE. Direção e assessoramento da Secretaria de Saúde do Estado no cargo de Coordenadora da 1a Coordenadoria Regional de Saúde - Fortaleza-CE. Professora do curso
de especialização em auditoria do Instituto de Educação e Tecnologia.
DRA. MARIA CELINA SARAIVA MARTINS
Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Especialista em
Enfermagem Cardiovascular pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Atua como enfermeira da sala de recuperação do hospital Walter Cantídio. É diretora de Enfermagem
do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes.
MARLI VELOSO DE MENEZES
Instrumentadora cirúrgica e Auxiliar de Enfermagem pela Escola Normal, Técnica de Enfermagem pela Iassocial. Trabalhou na instituição do Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
no Centro Cirúrgico Eletivo, Sala de Recuperação pós-anestésica e no Centro Cirúrgico
da Emergência e Central de Material. Convidada pela chapa dos enfermeiros para representar a categoria dos quadros II e III como Conselheira Suplente na Gestão 20092011. De Março/09 a 2010, atuou como membro da Comissão de Ética. De Março/10 a
2011, na intervenção, atuou como coordenadora da Comissão de Tomada de Contas. Na
gestão 2012 -2014 atuou como membro efetivo na Comissão de Tomada de Contas e nas
Eleições para Gestão 2015-2017, foi eleita como membro efetivo da Controladoria do
Coren-CE. Atualmente presta serviço na Secretaria de Saúde, lotada no Samu Ceará e é
concludente da graduação de Enfermagem.
www.coren-ce.org.br 1521
ANA LÚCIA DE ASSIS
Auxiliar de Enfermagem pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Técnica de Enfermagem pela escola de enfermagem MBL Saúde Ltda S/C. Graduada em Gestão de Unidade de Saúde Pública pela Universidade Estadual Vale da Acaraú (UVA) e Especialista em
Saúde Pública com ênfase em Saúde da Família pela Universidade Estadual Vale da Acaraú (UVA). Membro da Comissão de Tomada de Conta (CTC) no período da intervenção
do Conselho Regional de Enfermagem do Ceará. Atuou como Técnico de Enfermagem no
Instituto Dr. José Frota (IJF).
ADAILSON RODRIGUES
Auxiliar de Enfermagem pelo Colégio Alfa S.A. Tem curso em Atualização em vacinas e
participação no II Congresso Sul de Cardiologia e II Congresso Sul Cearense de Cardiometabologia,. Foi membro da Comissão de Ética no período da intervenção do Conselho
Regional de Enfermagem do Ceará. Atua como Auxiliar de Enfermagem no Prontocárdio
e é Conselheiro Suplente do Coren-CE.
RAIMUNDA DE FÁTIMA DANTAS
Auxiliar de Enfermagem e Técnica de Enfermagem. É graduada em Gestão Hospitalar
pela Faculdade Integrada do Ceará. Atuou como Conselheira Efetiva da Comissão de
Tomada de Contas do triênio 2009-2011 do Coren-CE a convite da então presidente e
eleita como Conselheira Efetiva do Coren-CE no triênio 2012-2014. Atua como servidora
pública atuando no Instituto Dr. José Frota.
MARIA DE FÁTIMA FERREIRA DE SOUSA
Formada no curso de Técnico de Enfermagem do Ginásio Anchieta e em Citotecnologia
da Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Especialista em Saúde da Família pela Universidade
Federal do Ceará (UFC). Atua há 27 anos como técnica de Enfermagem do Instituto de
prevenção do Câncer (IPC).
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ANJOS DA ENFERMAGEM NÚCLEO
CEARÁ RECEBE PRÊMIO MÁXIMO
NACIONAL DO PROJETO
O
s Anjos da Enfermagem Núcleo Ceará receberam
o Prêmio Diamante durante solenidade em Fortaleza no final de Janeiro. O prêmio, considerado
a categoria máxima que um núcleo no país pode
receber, é repassado ao grupo que apresenta melhores resultados pelas atividades desenvolvidas durante o ano.
Paralelamente, a Universidade de Fortaleza, que ingressou no projeto esse ano, foi considerada a Melhor
Universidade do Bem do país. Para a escolha foi levado em
consideração o apoio da coordenadoria do curso e da própria instituição aos alunos que fazem parte do programa.
Os prêmios foram recebidos pela coordenadora Estadual
do projeto, Dra. Mirna Frota, e pelos coordenadores local,
Dr. Antônio da Cruz Mendonça e Dra. Karla Rolim. Também
participaram, a Dra. Geisy Lane Muniz (coordenadora do
curso de Enfermagem da Unifor) e os alunos das duas universidades que fazem parte do projeto em Fortaleza.
Alem dos dois prêmios, o Núcleo Ceará ainda teve os
dois coordenadores locais, Dr. Antônio e Dra. Karla, indicados como os melhores os melhores coordenadores locais,
como finalistas entre todos os coordenadores no Brasil.
O Anjos da Enfermagem Núcleo Ceará, integra um
programa de âmbito nacional, que atua em 18 estados
no Brasil e conta com o apoio do Conselho Federal de
Enfermagem e dos Conselhos Regionais. O grupo local é
formado por estudantes de enfermagem de instituições
de ensino superior e desenvolve ações de educação em
saúde por meio do lúdico. O projeto é financiado pelo
Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e Conselho
Regional de Enfermagem do Ceará (Coren-CE) e apoiado
pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e Faculdades
Nordeste (Fanor). A Dra. Mirna Albuquerque Frota atua
como coordenadora estadual e conta com o apoio de dois
coordenadores locais: a professora Karla Maria Carneiro
Rolim e o professor Francisco Antonio da Cruz Mendonça.
Em Fortaleza, os Anjos da Enfermagem trabalham
com crianças em situação de câncer no Hospital Infantil
Albert Sabin, na Associação Peter Pan e no Hospital Waldemar Alcântara. Desenvolvem campanhas de saúde em
prol de benefícios para crianças e familiares, tais como
arrecadação de cestas básicas, de brinquedos, kits de higiene dental e realizam festas comemorativas ao longo
do ano.
www.coren-ce.org.br 1523
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:
DIAGNÓSTICO PARA UMA
GESTÃO PROFISSIONAL
O
Conselho Regional de Enfermagem do Ceará
está passando por mudanças. Que a concepção
de atuação da Autarquia Federal tem a fiscalização como força motriz da sua existência, isso é
fato. No entanto, o Conselho é composto de uma gama de
setores, considerados como engrenagens fundamentais
para o seu perfeito funcionamento.
Atendimento ao inscrito, Recepção, Centro de Processamento de Dados, Registro e Cadastro, Núcleo de
Aperfeiçoamento dos Profissionais de Enfermagem (Napen), Procuradoria Jurídica, Contabilidade, Secretaria,
Departamento de Negociação e Cobrança, Comissão Permanente de Licitação, Gerência, Assessoria de Comunicação, Comissão de Ética, todos são setores que funcionam
(e precisam funcionar) de forma harmoniosa para levar o
apoio ao serviço final do conselho, que é fiscalizar e garantir o exercício da profissão de forma legal no Ceará.
Com o estabelecimento da Gestão 2015-2017, inicia-se também um processo inédito na história do Coren-CE,
que é o Planejamento Estratégico. O processo se dá, face
a necessidade de se implementar uma gestão profissional, capaz de proporcionar uma melhor prestação de serviço aos inscritos do Coren-CE. Considerado de relevante
importância, o processo de planejamento está alinhado
com uma tendência em curso no Brasil, de que a prestação do serviço público se dê de forma otimizada, sempre
buscando a excelência e com a utilização de seus recursos
de forma planejada e embasada em princípios éticos.
Por entender a necessidade de se implantar uma Gestão Estratégica Institucional, o Presidente, Dr. Osvaldo
1524
Ano 7 - Vol. 7 - no 01 - 2015
Albuquerque, explanou, conforme consta em ata da 49a
Reunião Ordinária de Diretoria, realizada em 14 de Janeiro de 2015, sobre a importância de se promover um
processo de Planejamento Estratégico para o desenvolvimento de melhorias administrativas no Conselho. A ideia
foi aprovada por unanimidade.
Assim, no uso de suas atribuições legais e regimentais, o presidente criou, por meio da Portaria Coren-CE,
no 014/2015, de 16 de Janeiro de 2015, a Comissão de
Planejamento Estratégico, que é coordenada pela Dra.
Maria Dayse Pereira, Conselheira Secretária; Dra. Raquel
Sampaio de Oliveira, Administradora e Sra. Ana Lúcia de
Assis, Conselheira.
O propósito do planejamento será definido por um
conjunto de variáveis previamente determinadas, onde
se definirá a situação da instituição e serão avaliadas futuras decisões que possam efetivamente possibilitar uma
tomada de decisões mais rápida e coerente com os propósitos estratégicos da autarquia.
O planejamento estratégico não é uma simples busca de afirmação das aspirações de uma instituição, mas
sim um meio de implantar um plano de ações para que as
aspirações da instituição transformem-se em uma realidade futura. Nota-se que o instituto não se limita a um
relatório situacional da instituição, mas sim por um prognóstico de todo o sistema organizacional, que, aliado a
um plano de objetivos e metas, busca implantar ações
sistemáticas com o fim de alcançar os objetivos traçados
pela própria instituição.
PRIMEIRA REUNIÃO
Na reunião inaugural, no dia 27 de janeiro, a coordenadora do projeto, Dra. Maria Dayse Pereira, promoveu
aos membros da comissão o embasamento teórico científico do projeto, bem como a revisão da concepção estratégica para posterior redefinição com os colaboradores.
Adicionalmente, houve a apresentação dos quatro
eixos integradores:
•Transparência Administrativo-financeiro;
•Reabertura do processo de aquisição de imóvel na cidade de Sobral para sediar a subseção nesta cidade;
•Avaliação de imóveis adquiridos em Limoeiro do
Norte e Crato para início da reforma das subseções;
•Elaboração de projeto para instalação de subseçõesdo Coren-CE nas cidades de Quixadá e Inhamuns;
•Qualidade do atendimento;
•Implantação do sistema de contrato;
•Comunicação;
•Implantação do sistema de gerenciamento de docu-
• Valorização Profissional;
•Educação Permanente.
Também foram definidos projetos estruturadores do
Coren-CE como:
•Coren Móvel;
•Semana da Enfermagem;
•Gestão por processos;
•Infraestrutura física e tecnológica;
•Dimensionamento de pessoal;
mentos;
•Nomeação do controlador, procurador jurídico e ouvidor;
•Criação da comissão para elaboração do planejamento estratégico do Coren-CE;
•Criação da comissão para estudo da necessidade darealização de concurso público;
•Nomeação de Conselheiros para suporte e acompa-
•Educação permanente;
nhamento das atividades dos departamentos de fis-
•Ouvidoria;
calização, Dencob e controladoria;
•Fiscalização;
•Abertura de processo para contratação de estagiá-
•Comunicação;
rios para a fiscalização gerência administrativa, co-
•Projeto de Responsabilidade Social (Coren-CE: saúde
para todos).
missão permanente de licitação e atendimento;
ÁREAS REALIZADAS PELO COREN-CE EM 2015
•Reestruturação do organograma com a criação da
ouvidoria e implantação do Sistema VOX de atendimento,
•Controladoria geral e procuradoria geral;
•Participação de 18 eventos (capacitação no sistema
•cofen/conselhos regionais);
•Renovação de cinco contratos entre Coren-CE e empresas de diversos segmentos;
•Abertura de 15 novos processos para contratação de
serviços e produtos;
•Slide institucional;
•Treinamento aos servidores e colaboradores locados na secretária, almoxarifado, controladoria,
gerência administrativa, comissão permanente de
licitação, assessoria de comunicação e unidade de
processamento;
•Abertura de processo para análise da concessão de
gratificação aos fiscais deste regional e aos membros
da comissão permanente de licitação
•Reavaliação dos valores das diárias dispostos na decisão Coren-CE no 04/2011.
www.coren-ce.org.br 1525
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO
A Revista Tendências da Enfermagem Profissional – ReTEP, é um
periódico científico trimestral, revisado por pares. Os autores são
responsáveis por reconhecer e revelar conflitos de interesse que
possam influenciar o trabalho. Os manuscritos submetidos podem
ser redigidos em português, inglês ou espanhol, e destinar-se exclusivamente à ReTEP, organizados segundo as indicações a seguir.
Artigo Original: Investigação baseada em dados empíricos, utilizando metodologia científica, incluindo introdução, metodologia,
resultados, discussão, conclusão e referências.
Artigo de Revisão: Análise de construtos teóricos, levando ao
questionamento de modelos existentes na enfermagem e na saúde
e a elaboração de hipóteses para futuras pesquisas.
Atualidade: Texto reflexivo ou informativo sobre assunto relevante
e atual, com perspectiva de interesse para a enfermagem e a saúde.
Resenha: Revisão crítica da literatura científica publicada em livros,
orientando o leitor quanto as suas características e usos potenciais.
Deve conter a referência completa do trabalho comentado.
Todas as modalidades de textos aceitos pela Revista deverão ser digitados em processador de texto Word for Windows, limitados a 15
páginas impressas em papel tamanho A4, em espaço 1,5, parágrafos de 1,25, fonte Times New Roman, tamanho 12, com formatação
de margens superior, inferior, esquerda e direita de 3 cm.
Não deverá ser utilizada nenhuma forma de destaque no texto (sublinhado, negrito, marcas d’água, aspas), exceto para títulos e subtítulos.
Utilize apenas itálico em palavras ou expressões que realmente necessitem ser enfatizadas no texto impresso.
A apresentação dos trabalhos deve seguir a seguinte ordem:
1. Folha de Rosto
Título em português e inglês, em negrito, centralizado e em caixa
alta, não devendo exceder 15 palavras; deve ser conciso, explicativo e representativo do conteúdo do trabalho.
O tipo de colaboração enviada (original, de revisão, atualidade ou
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Nome completo e filiação institucional de cada autor.
Nome, endereço, telefone, fax e e-mail do autor responsável pela
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Se o manuscrito foi baseado em tese/dissertação, colocar o título,
o nome da instituição, ano de defesa e número de páginas.
2. Resumo em português e inglês
Deve conter entre 100 e 150 palavras. Ao final deve constar 03 a
06 palavras-chave, em português e inglês, digitadas em caixa alta
e baixa e separadas por ponto e vírgula. Devem ser empregados
preferencialmente aqueles que constam na Lista de Descritores em
Ciências da Saúde, da BIREME (http://decs.bvs.br).
3. Corpo do Texto
Deve começar em uma nova página. Não inicie uma nova página
a cada subtítulo, separe-os utilizando uma linha em branco. Em
trabalho original, o texto deve ter uma organização de reconhecimento fácil, sinalizada por um sistema de títulos e subtítulos que
reflitam esta organização. Os títulos deverão estar em negrito e
caixa alta, e os subtítulos deverão ser destacados em negrito e letras maiúsculas apenas na primeira letra de cada palavra e antecedidos por uma linha em branco. As referências no texto a figuras e
tabelas deverão ser acompanhadas do número respectivo. Os locais
sugeridos para inserção de figuras e tabelas deverão ser indicados
no texto.
4. Agradecimentos
Incluir, de forma sucinta, colaborações que não autoria, como
auxílios técnicos, financeiros e materiais, incluindo auxílios ins-
1526
Ano 7 - Vol. 7 - no 01 - 2015
titucionais, governamentais ou privados, e relações que possam
implicar em potencial conflito de interesse.
5. Referências
As referências devem ser formatadas no estilo Vancouver de acordo
com os Requisitos Uniformes do Comitê Internacional de Editores
de Revistas Médicas (International Committee of Medical Journal
Editors - ICMJE).
A formatação da lista de referências deve adotar espaço 1,5 e tamanho de fonte 12, sem parágrafo, recuo ou deslocamento das margens; o sobrenome dos autores em letras minúsculas, à exceção
da primeira letra. Numerar as referências de forma consecutiva,
conforme a ordem em que forem mencionadas pela primeira vez
no texto e identificá-las pelo mesmo número sempre que citadas.
Citações no texto: as citações indiretas deverão conter o número da
referência da qual foram subtraídas, suprimindo o nome do autor,
devendo ainda apresentar a numeração em sobrescrito antes da
pontuação (ponto, vírgula ou ponto e vírgula). Exemplo: as trabalhadoras também se utilizam da linguagem não verbal(7).
Citações oriundas de 2 ou mais autores apresentadas de forma sequencial na referência (1, 2, 3, 4, 5), deverão estar em sobrescrito
separados por um hífen. Exemplo: estabeleceu os princípios da boa
administração, sendo dele a clássica visão das funções do administrador(1-5).
Citações diretas (transcrição na íntegra) de até três linhas devem
ser delimitadas por aspas e numeradas de acordo com a ordem de
citação no texto; indicando o número da referência e a página da
citação. Exemplo: “[...] o ocidente surgiu diante de nós como essa
máquina infernal que esmaga os homens e as culturas”1:30-31.
Citação literal com mais de três linhas deve ser apresentada em
bloco próprio e sem aspas, começando em nova linha, com recuo
de 2,5cm da margem esquerda. Fonte 12, sem destaque. Não utilizar os termos op. cit, id. Ibidem. A expressão apud é a única que é
utilizada no texto ou notas. Apenas as obras consultadas e mencionadas no texto devem aparecer na lista de referências.
Citações de pesquisa qualitativa (verbatins) serão colocadas em
itálico, sem aspas, no corpo do texto, identificando entre parênteses a autoria e respeitando o anonimato. Exemplo: [...] envolvendo
mais os acadêmicos e profissionais em projetos sociais [...] (e7);
Notas de rodapé: o texto deverá conter no máximo três notas de
rodapé, que serão indicadas por: *primeira nota, **segunda nota,
***terceira nota.
Envio de manuscritos
1.O material a ser submetido a avaliação para publicação deverá
ser encaminhado, por e-mail ou correio, para os endereços citados no final deste texto.
2.Manuscritos originais encaminhados através do correio deverão
ser acompanhados em CD Rom contendo todos os arquivos. Se a
opção de remessa for e-mail, todos os arquivos (texto, figuras e
tabelas) deverão ser anexados à mensagem em attach-file.
3.Anexar cópia do parecer do Comitê de Ética em Pesquisa, uma
carta de encaminhamento autorizando o processo editorial do
manuscrito, transferindo os direitos autorais para a ReTEP - Revista Tendências da Enfermagem Profissional e garantindo que
todos os procedimentos éticos exigidos em lei foram observados. Essa carta deverá ser assinada por todos os autores.
POR CORREIO COMUM: ReTEP – Revista Tendências da Enfermagem
Profissional Conselho Regional de Enfermagem do Ceará – Coren/
CE. Rua Mário Mamede, 609 – Bairro de Fátima - CEP: 60.415-000
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