Visão Psic.

Transcrição

Visão Psic.
Dependência Química:
Visão Psicanalítica
Profª Ms. Maricelma Bregola
O homem é acontecimento sem
desculpa, sem acaso. Tudo no
homem significa e é neste campo
que transcorrem homem e história.
Homem é história.
Maria Helena Junqueira
A psicanálise é recomendável para qualquer
pessoa que tenha algum tipo de sofrimento,
mal-estar, angústia ou desconforto psíquico.
Pode ser considerada uma arte que atua no
desenvolvimento da área psíquica.
Historicamente - gênese
• Teoria das gratificações narcísicas
• Teoria da oralidade
• Teoria das perversões
• Teoria das relações maníacas
Teoria das gratificações narcísicas
Para Freud, a masturbação é o grande
hábito, o vício primário, e que é somente
como seu sucedâneo e substituto dela
que outros vícios - álcool, morfina,
tabaco, etc. - adquirem existência. (1897,pg.
367)
As SPAs, proporcionam prazer, sem a
necessidade da colaboração de outra
pessoa.
• Clark (1919) sublinha a importância das
regressões profundas no alcoolismo,tais como
as identificações primárias com a mãe,
combinadas o intenso auto-amor (narcisismo);
• Simmel (1930) " as mães dos toxicômanos,
não raro, são sedutoras e superindulgentes
enquanto mãe nutrícia, retirando, elas
mesmas, um prazer auto-erótico do
amamentar",
Knight(1937) "elas procuram aplacar o bebê
satisfazendo-o constantemente, de modo que
o desmame eventual da criança só poderá
significar traição da mãe, que aliás, a levou a
esperar indulgência, e a criança tenta por
todos os meios reaver aquela experiência
perdida"
Estas mães estariam impossibilitadas de
serem as "suficientemente boas" e levariam
seus filhos a terem dificuldades de
resolverem seu estado fusional. Desta forma
a etapa da separação com posterior
individuação seria alcançada de forma tíbia,
favorecendo-lhes o envolvimento futuro com
as drogas. Winnicott(1960) Xavier da
Silveira(1995) Mahler(1975)
Às dificuldades maternas se somariam as
dos próprios indivíduos, seriam portadores
de inveja primária do seio materno
Rosenfeld (1960). Ex: o individuo pretere o
seio em favor de seu polegar. A droga,
seria um substituto deste polegar.
Na dependência química existe
fundamentalmente uma relação narcísica
objetal onde a substância seria a fonte desta
satisfação. Portanto a droga vista como fonte
de prazer (narcísico ).
Para Olievenstein (1987), talvez mais
importante do que o prazer narcísico
propiciado pelas drogas, esteja o
sentimento de falta determinado por elas.
As mães insuficientemente boas gerariam
um estado de crônica falta. Uma falta
oceânica e jamais saciável. O dependente
de drogas seria o resultado do
deslocamento deste sentimento de falta
para um objeto, vantagem de este ser
alcançável em qualquer esquina do mundo.
A TEORIA DA ORALIDADE
Freud,(1905), destaca a presença de fixações orais
em dependentes químicos.
A fase oral caracteriza-se por atividades do modelo
de incorporação e introjeção, que remete a
penetração e conservação não só no interior do
corpo, mas no aparelho psíquico e no ego..
Assim o sujeito se identifica no modo oral com
o objeto perdido, por regressão a relação de
objeto, característico da fase oral.
A relação com a droga representaria a
satisfação das necessidades orais - capaz de
reviver o orgasmo oral infantil, como referiu
Rádo em 1926 - com sentimento de triunfo
sobre as outras pessoas.
TEORIA DAS RELAÇÕES MANÍACAS
Freud (1917,1927) destacou a relação entre a
elação alcóolica e a mania.
Rosenfeld (1960) a toxicomania se relaciona à
doença maníaco-depressiva, não idêntica, o ego
dos D.P. é fraco e não dispõe de força para suportar
a depressão recorrendo, com facilidade, aos
mecanismos maníacos, mas só alcança a reação
maníaca com o auxilio das drogas defendem-se
com idealizações, identificações com o objeto ideal
e o controle onipotente dos objetos.
D.P. orais, com predomínio das relações
narcisistas de objeto teriam, no uso das
drogas, sua peculiar forma de triunfo
sobre os mesmos, definindo assim o
padrão maníaco.
Para Maldonado (1995 ) com a adição as
drogas, o vínculo amoroso é negado e o
desenvolvimento libidinal pode se
estabelecer prescindindo de toda outra
condição do objeto que não seja sua
função nutrícia.
TEORIA DAS PERVERSÕES
• Desde 1912(Freud) a psicanálise estuda a
relação da dependência química de uma
forma geral, e do alcoolismo em especial, com
fantasias homossexuais.
• Para Freud o álcool seria capaz de levantar as
inibições e desfazer o trabalho da sublimação.
Em conseqüência disto a libido homossexual
se liberaria e isto estaria na base da
compreensão do delírio alcóolico de ciúmes.
• Para Abraham(1908) o cpto, muitas vezes
criminoso, de alcoolistas se daria devido a
liberação, pelo álcool, de perversões como o
sadismo e o masoquismo.
• Ferenczi (1911 ), conclui que desejos
homossexuais inconscientes determinam o
quadro de paranóia alcoólica. Admitindo que o
álcool tem apenas o papel de destruir as
sublimações. Em 1917 e 1919 sustenta que: "a
homossexualidade inconsciente é o problema
primordial subjacente ao alcoolismo".
• Rádo (1926) enfatiza que a homossexualidade
do toxicômano se desenvolveria sob a
influência do masoquismo.
• Fenichel(1945) diz, "É mais provável que os
homossexuais latentes, seduzidos por
frustrações sociais, sejam particularmente
afetados pelo álcool, e não que este, por seus
efeitos tóxicos, seja o que conduz à
homossexualidade.(pg. 428)
Discordâncias
as drogas um papel meramente liberalizante;
ou
dependência química, em si, deve ser
entendida dentro do referencial perverso.
O que colocaria o toxicômano na fase fálica do
desenvolvimento, com as necessárias
negações das angústias de castração. Xavier
da Silveira(1995, pg.26)
A transgressão como elemento central na D.
de drogas, implica não só o papel da mãe
primitiva, como o do pai, detentor da norma a
ser transgredida.
Knight(1937),considera o pai do alcoolista frio,
pouco afetuoso, dominador com a família,
severo inconsistente e indulgente em relação
ao filho. Assim dificultando o trabalho do bebê
de sair da relação fusional com a mãe, a
transgressão pode ser entendida como uma
contínua convocação deste pai, sentido como
fraco e ausente.
Pesquisas
• McCord e McCord (1960) - 325 meninos - aos
30 e 35 anos - 255
• Robins (1962) 382 - 286.
• Vaillant (1983) 204 meninos, atualização
(1995).456 total = 660 indivíduos, + de 50
anos. dispõem de dados de 559 "meninos"
que hoje têm mais de 60 anos
McCord (1960) homens com distúrbios
nutricionais, glandulares, "sentimentos de
inferioridade", fobias e "sentimentos mais
femininos" não são mais suscetíveis para
desenvolver alcoolismo.
Crianças fortemente encorajadas a depender
da mãe e com tendências orais manifestas
desenvolvem menos alcoolismo na vida adulta.
Alcoolistas, na infância, mais auto confiantes,
menos perturbados por medos normais, mais
agressivos, hiperativos e heterossexuais que os
que não desenvolveram alcoolismo.
• Vaillant (1980), (1983-95) não há mais
oralidade em cças que serão abusadores de
álcool, que as demais. Existe mais oralidade
em alcoolistas que nos grupos controles.
Oralidade vem com o alcoolismo em vez de
precedê-lo
• Mães com cuidados inadequados não
influenciaram em ter filhos alcoolistas, e mães
com relações calorosas não tiveram menos
alcoolismo na prole. Pais com relação calorosa
geraram menos alcoolismo, e mais alcoolismo
nos que tiveram má relação com o pai.
• Para Daniel Tags(2007) a medida que uma
pessoa vai se tornando dependente de uma
substância química, vai se instalando um
processo dependógeno. Aí se instala a
questão da gratificação sem o outro, ou a falta
que é saciada em qualquer lugar e a qualquer
hora, com todo seu cotejo oral e narcísico.
• Para os terapeutas, se isso vem antes da
dependência química, ou é dela uma
conseqüência, é uma questão irrelevante.
O fato é que se isto não for tratado a seu
tempo, estará apenas dando aos pacientes
uma ajuda parcial e favorecendo que, no
futuro, mesmo os abstêmios, possam
apresentar outras formas de comportamento
dependente-oral-narcísico.
Referencias
• Freud,S.. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade In:Sigmund
Freud obras completas.Vol7.Ed. Imago,R. J., 1972.
• Freud, S. (1912 ) Contribuições a psicologia do amor II. In: Sigmund Freud
Obras completas. Vol 11 .Ed Imago,R. J., 1970.
• Freud,S. (1917)Luto e melancolia.In:Sigmund Freud obras completas,Vol
14.Imago ed, R.J.,1969.pg.287.
• Maldonado,J.L.(1995) Sobre a patologia do alcoolismo e a adição na
experiência psicanalítica. Rev. de psic.Soc.Psic Poa,v.3,p.227-42.(1996)
• McCord,W. and McCord,J.(1960) Origins of alcoholism. Stanford University
Press. Stanford.
• Olievenstein, C(1987). A clínica do toxicômano. Ed. Artes Médicas,Porto
Alegre, 1990
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Rádo, S.(1926) The psychic effects of intoxication: attempts at a
psychoanalytic theory of drug addiction. Int. J. Psychoanal, 7.
Rosenfelt, H. A(1960). Da toxicomania. In: Os estados psicóticos.
Zahar ed.,Rio de Janeiro,1968.
Vaillant,G.(1980) Natural history of male psychological health,VIII:
Antecedents of alcoholism and "orality". Amer. J. Psychiatry,
137:181-86.
Vaillant,G. (1983) The natural history of alcoholism. Havard
University Press. Cambridge,Massachusetts.
Vaillant,G. (1995) The natural history of alcoholism revisited.Havard
University Press. Cambridge,Massachusetts.
Winnicott,D.W.(1953) Objetos transicionais e fenômenos
transicionais.In: O brincar e a realidade. Imago, Rio de Janeiro,1975.
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