Discours Séminaire à Belém Mardi, 23 septembre 2014

Transcrição

Discours Séminaire à Belém Mardi, 23 septembre 2014
-1Discours Séminaire à Belém
Mardi, 23 septembre 2014
Opportunities for Brazilian SMEs, Technological Parks and
other Innovation Actors for Cooperation with Europe
Cooperação Belgo-Brasileira: do logístico ao nuclear
Senhor Presidente,
Senhor Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Pará,
Senhora Embaixadora da União Europeia,
Senhora Embaixadora da Romênia,
Senhora Embaixadora da Noruega,
Senhores Representantes dos Estados Membros da União Europeia,
Senhoras e Senhores,
-2-
Para mim é uma honra poder tomar brevemente a palavra aqui, enquanto
representante de um país modesto do ponto de vista territorial, mas ambicioso do
ponto de vista da inovação, ciência e pesquisa tecnológica, e que tem uma longa e
intensiva tradição em sinergia entre o meio empresarial e as universidades e
instituições de pesquisa.
O primeiro spin-off empresarial de uma universidade belga foi criado há mais de 40
anos. Assim me contou o vice-reitor da Universidade de Louvain, fundada em 1425,
que aqui esteve recentemente no contexto de uma missão ao Brasil de todas as
universidades flamengas da Bélgica. A visita foi liderada pelo Ministro flamengo da
Educação, que assinou um interessante acordo de cooperação com seu homólogo
brasileiro.
-3-
De fato, nos últimos anos, temos tido um intercâmbio bastante intensivo entre
delegações universitárias e científicas. É impossível transmitir uma visão geral neste
tempo tão curto, mas eu posso afirmar que além de todas as universidades
flamengas, as universidades francófonas da Bélgica também mantêm contato
intensivo com universidades e instituições científicas brasileiras. Além disso, todas
essas instituições participam do programa “Ciência sem Fronteiras” pelo qual
algumas
centenas
de
estudantes
brasileiros
(410
até
setembro
de
2014)
encontraram seu caminho para universidades belgas.
Aliás, falando da Bélgica, com certeza não estou sozinho hoje e tenho, então, o
prazer de apresentar-lhes alguns compatriotas, que no decorrer da semana também
tomarão a palavra:
-4-
- Senhora Brigitte Decadt da BELSPO, instituição de política científica federal.
BELSPO oferece apoio financeiro a projetos que vão de bolsas de pós-doutorado a
grande projetos integrados de pesquisa em diversos ramos da ciência, como
genética molecular, taxonomia, estudo e serviços de ecossistema, monitoramento de
biótopos (também com observação terrestre por satélite) e apoio a gerenciamento e
conservação de biodiversidade;
- Prof. Koen Martens do Instituto Real Belga para Ciências Naturais (KBIN). Ele
apresentará a cooperação científica na área de biodiversidade e mudanças
climáticas;
- Prof. Michel Baudoin da Escola Regional de Planejamento e Gestão Integrada das
Florestas Tropicais (ERAIFT, Université de Liège). Sua apresentação versará sobre o
quadro de cooperação multilateral no contexto da Bacia do Congo e do Amazonas.
Ele também falará sobre o programa Man & Biosphere da Unesco.
-5- Sr. Olivier Fain. Ele representa a Wagralim, uma organização guarda-chuva de
incentivo à cooperação entre empresas e instituições de pesquisa públicas e privadas
de inovação no setor agroalimentar. Wagralim visa estimular a transferência de
tecnologia e o desenvolvimento de produções locais no Brasil.
Como os senhores sabem, a Bélgica é um estado federal onde as comunidades e
regiões são competentes em grande parte para a educação e pesquisa científica. As
instituições comunitárias e regionais trabalham conjuntamente e de maneira
eficiente e pragmática naquelas áreas. Temos um forte perfil no Brasil.
Permita-me fazer uma lista de alguns fatos:
A parte do PIB belga gasta com pesquisa e desenvolvimento tem crescido
gradativamente no último decênio. No ano 2000, 1,97% do PIB foi destinado à
pesquisa e desenvolvimento. Em 2012, doze anos depois, estima-se essa proporção
em 2,24%. Ainda temos trabalho pela frente para alcançar nossa meta de 3% mas
nossos números já estão acima da média Europeia, que é de 2,07%.
-6Apesar de seu pequeno território e população, a Bélgica é um ponto central entre
outros países europeus avançados, pode oferecer infraestrutura adequada para
pesquisa e é muito ativa no setor de ciência e inovação. Observa-se, inclusive, um
grande progresso na área de pesquisa espacial e biotecnologia. Prevalece na Bélgica
uma cultura vibrante de parcerias público-privadas em torno de pesquisa e
desenvolvimento. Logo, a pesquisa é focada nas necessidades do mercado.
O Instituto de Biotecnologia Vegetal (IPBO), o Centro Interuniversitário de MicroEletrônica (IMEC) e o Instituto Científico de Saúde Pública (WIV) são exemplos de
boas práticas em inovação científica.
BELSPO, a instituição de política científica federal, organizou em 2010 uma grande
expedição ao rio Congo e, mais tarde, em 2014, uma conferência sobre a situação
da biodiversidade na bacia do Congo. Isso é um exemplo do potencial de cooperação
entre a Bélgica e o Brasil com relação à bacia Amazônica.
-7Valônia-Bruxelas Internacional (WBI), a instituição Valã de cooperação científica, se
dedica ao envio de professores de língua e cultura francesas ao Brasil. WBI está
também envolvida em um projeto trilateral de cooperação na África.
Mas permita-me, agora, mencionar mais um número de iniciativas que são
diretamente relacionadas ao Brasil e que já estão em andamento ou devem começar
em breve:
APEC, o mundialmente conhecido instituto de formação do porto de Antuérpia,
decidiu, no ano passado – juntamente com a Secretaria de Portos do Brasil – realizar
uma série de seminários de formação nas diversas cidades portuárias brasileiras
sobre gestão de portos e estivadores, entre outros.
Seminários altamente frequentados já aconteceram em Santos, Vitória, Rio de
Janeiro e... um seminário similar será realizado em maio de 2015 em Belém.
Temos o objetivo de fundar a APEC do Brasil – com o primeiro instituto de formação
permanente em Vitória. O Ministro brasileiro dos Portos provavelmente irá a
Antuérpia muito em breve para assinar esse novo acordo de cooperação.
-8Ainda no contexto de tecnologia e inovação em transporte e logística, em maio de
2014, tive a honra de participar de um seminário internacional sobre a navegação
interior e o transporte multimodal organizado pela Universidade de Brasília em
colaboração com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Agência
Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ).
Dentre os experts internacionais convidados a esse evento, encontravam-se vários
professores belgas: Jean Marchal (ULg), Mario Cools (ULg) e Nicolas Rigo (ULB).
Esse seminário foi uma realização da Rede Fludurams, rede belgo-brasileira de
educação que reúne quatro universidades brasileiras (Brasilia, Manaus, Fluminense e
do Rio Grande) e duas universidades belgas francófonas, a ULB e a ULg.
O objetivo dessa rede é desenvolver um centro de competências em tecnologia de
construção naval e gestão, relacionadas à navegação interior e à de cabotagem.
Esse centro será baseado na transferência de competências por meio de pesquisa,
ensino e atividades de formação. As universidades participantes já desenvolveram
um mestrado executivo em técnicas e gestão de navegação interior.
-9Durante minhas viagens a serviço recentes a Manaus e Belém, pude trocar ideias
extensivamente
com
as
autoridades
competentes
sobre
intensificar
nossa
cooperação em gestão de rotas fluviais e portos, mas também, em geral, sobre
cooperação científica e transferência de tecnologia.
No contexto da nossa cooperação universitária em gestão de rotas fluviais,
organizamos recentemente um seminário bem frequentado em Brasília.
A Bélgica dispõe, como já foi dito, de uma grande expertise sobre incubadoras para
empresas e parques tecnológicos e nós estamos certamente abertos para relações
de cooperação específicas.
Em biotecnologia já existem, há decênios, contatos muito próximos entre a
universidade de Gent (que tem na pessoa do Professor van Montagu - expert de
renome mundial) e diversas instituições de pesquisa brasileiras, em primeiro lugar, a
EMBRAPA.
- 10 O professor emérito Marc van Montagu é um pioneiro em biologia molecular vegetal
que ficou famoso (com J. Schell) como descobridor do Ti-plasmid e inventor da
tecnologia de transferência de DNA por meio de uma bactéria (Agrobacterium
tumefaciens), tecnologia agora utilizada mundialmente para produzir plantas
geneticamente modificadas.
Van Montagu utilizou essa nova tecnologia para estudar regulação genética e para
descobrir a base molecular de vários processos fisiológicos vegetais. Ele fez grandes
contribuições à identificação dos genes envolvidos em crescimento, desenvolvimento
e florescimento vegetal. Ele também foi membro fundador e membro do Conselho de
diretores de duas companhias de biotecnologia belgas, spin offs do seu laboratório:
Plant Genetic System (PGS) e CropDesign.
O Instituto de Biotecnologia Vegetal (IPBO) é uma iniciativa de Marc Van Montagu na
Universidade de Gent e é financiado pelo governo flamengo. Sua missão é promover
tecnologia e transferência de conhecimento para desenvolvimento agrário e
agroindustrial durável.
- 11 Prof. Marc Van Montagu ganhou vários prêmios e é membro de várias academias.
Ele produziu mais de 750 publicações. Em outubro de 2013, Marc Van Montagu
ganhou o “World Food Prize 2013”, juntamente com os cientistas americanos MaryDell Chilton e Robert T. Fraley.
Há também fortes e expandidas relações de cooperação entre escolas de negócios
belgas e brasileiras. Nesse contexto, estudantes da renomada Vlerick Business
School fizeram estágio na Fundação Dom Cabral. Ainda existe um grande potencial
de cooperação entre a Fundação Dom Cabral e a Solvay Business School e a Antwerp
Management School.
Devo mencionar também que alguns cientistas belgas estão ativos em universidades
e institutos de pesquisa da própria Belém: dois no Instituto de Tecnologia e
Desenvolvimento Sustentável da Vale [Serguei Kouchnir e Elena Babiitchouk], e dois
na Universidade Federal do Pará [Christelle Hermann e Hervé Rogez].
- 12 O Centro de Estudo em Energia nuclear da Bélgica também está envolvido em
cooperação científica com o Brasil na formação de cientistas altamente qualificados,
especialmente em cooperação com o Centro de Desenvolvimento Tecnológico
Nuclear.
Na área espacial, a parceria entre o Centro Espacial de Liège e a Agência Espacial
Brasileira (AEB) está sendo expandida.
A Universidade Federal do Pará coopera com a Vrije Universiteit Brussel na área de
doenças tropicais, biotecnologias, mangues, recursos hídricos e teledetecção.
Também no campo das ciências humanas, os dois países cooperam. Assim, o Museu
Real da África Central está envolvido em pesquisas sobre a herança africana no
Brasil.
Eu posso realmente dizer que não se passa um mês sem que uma iniciativa
importante seja tomada no contexto de nossa cooperação científica e tecnológica.
- 13 Assim, organizamos no próximo mês de novembro, em Brasília, um duplo seminário
sobre arbitragem, negócios e fiscalidade na Bélgica. Tivemos no final de 2013, em
Goiânia, um seminário específico sobre a relação entre as universidades e o meio
empresarial; e em dezembro acontecerá em Brasília um importante seminário sobre
o setor de diamantes, no qual experts da cidade belga de Antuérpia – o centro de
comércio
de
diamantes
mais
importante
do
mundo
–
contribuirão
para
o
fortalecimento da capacidade das autoridades brasileiras em rastreabilidade do
diamante de forma a aumentar a transparência no setor.
Recordo dos meus inúmeros contatos no norte do país que a expertise belga, tanto
em matéria de vias navegáveis e marítimas, de portos e de logística multimodal lato
sensu, é conhecida e procurada. Nossas empresas desejam participar ativamente no
desenvolvimento desse setor em parceria com atores brasileiros motivados e
entusiasmados, com o maior respeito pelo meio ambiente e pelo desenvolvimento
sustentável.
- 14 Nossa embaixada, em colaboração com nossos colegas de agências regionais de
promoção de exportações, desenvolve vários projetos e participa ativamente em
eventos nos permitindo estabelecer contatos úteis e compreender melhor as
necessidades de uma cidade, de uma região, de um país. Nossos colegas da
Flandres, da Valônia e da região de Bruxelas-Capital, estão também extremamente
envolvidos: eles multiplicaram inclusive as atividades durante a Copa do Mundo de
Futebol para divulgar nosso país e sua expertise multiforme.
Eu gostaria de encerrar com uma referência à grande missão comercial presidida por
Sua alteza Real a princesa Astrid que virá ao Brasil em maio do ano que vem e à
qual algumas centenas de empresas, assim como universidades e instituições de
pesquisa participarão. Será uma ocasião para firmar novas parcerias e lançar novas
iniciativas.
Nós nos inscrevemos, então, plenamente na dinâmica de uma forte parceria entre a
Europa e o Brasil, com foco no futuro e com respeito ao meio ambiente e a
sustentabilidade.