Revista Canavieiros
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Revista Canavieiros
1 Revista Canavieiros - Agosto 2012 2 Revista Canavieiros - Agosto de 2012 Editorial 3 A necessidade de políticas públicas emergenciais “ Muito se fala em crise do setor e tempo de crise é tempo de feira, tempo de ir ver a grande mostra do setor, conhecer as novidades em tecnologia que beneficie os produtores e, principalmente, que o governo veja a pujança desta classe”. Esta avaliação foi feita pelo presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, durante a coletiva de imprensa para apresentação da Fenasucro & Agrocana 2012. Para ele, mesmo com a insegurança e a falta de políticas públicas para o setor, os produtores não devem desanimar diante deste cenário, e sim continuar buscando soluções eficientes. Nesta mesma ocasião, o presidente da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo, foi anunciado como presidente de honra da Fenasucro, que este ano comemora 20 anos. Veja a matéria completa em “Notícias Copercana” desta edição. - Organização das Cooperativas Brasileiras, Dr. Leonardo Papp, que esclareceu algumas dúvidas sobre o Novo Código Florestal. Dr. Papp é uma das maiores autoridades no assunto e acompanhou de perto a votação e as mudanças ocorridas no Código. Em Assuntos Legais, o advogado da Canaoeste, Juliano Bortoloti, fala sobre o incêndio descontrolado que atinge os canaviais e quais as principais atitudes que o produtor rural deve ter para estar dentro da regulamentação do Novo Código Florestal A Reportagem de Capa também aborda o cenário de incertezas que toma conta do agronegócio brasileiro. O leitor poderá conferir o 11º Congresso Brasileiro de Agronegócio, promovido pela Abag - Associação Brasileira do Agronegócio. Durante o evento, autoridades, empresários e entidades ligadas à classe agrícola do País, discutiram políticas públicas para o setor. Nesta edição, a secção “Ponto de Vista” é assinada por diferentes profissionais do setor sucroenergético e do mercado financeiro. O consultor em investimentos, Tiago Luz Boeira, fala sobre a sustentabilidade aplicada à economia e ao cooperativismo. O professor Marcos Fava Neves, que também assina a coluna “Caipirinha” desta Revista, faz uma comparação entre o orçamento da refinaria Abreu e Lima e a construção de novas usinas de cana no Brasil. Já o gerente-geral do Icone - Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais –, Rodrigo Lima, escreve sobre as diferentes formas de economia e apoio ao produtor na Europa e no Brasil. O entrevistado deste mês é o Consultor Jurídico Ambiental da OCB As “Notícias Canaoeste” deste mês trazem a comemoração ao Dia do Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Em Artigos Técnicos, o especialista em Tecnologia Agroindustrial do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), Marcelo Pierossi, fala sobre o ISOBUS – uma norma de ferramenta – e como é sua aplicação na mecanização canavieira. Já o gerente de Planejamento, Controle e Topografia da Canaoeste, Thiago de Andrade Silva, traz o acompanhamento da safra 2012/2013, assim como um importante comunicado sobre a atualização dos mapas dos associados. O consultor agronômico da Canaoeste, Oswaldo Alonso, traz as informações sobre os famosos fenômenos naturais: El Niño e La Niña. Além disso, não deixe de conferir as informações da Biblioteca e as dicas de gramática. Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: Agricultor realizada na CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica e Integral) em Ribeirão Preto, a visita da equipe da Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do setor Sucroenergético) à Fazenda Santa Rita em Terra Roxa para avaliação de cultivares, o treinamento de pulverizador de barras, colheitadeira e manutenção de trator com associados, realizado em Pontal em parceria com o Sindicato Rural e SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e também as reuniões técnicas realizadas nas filiais regionais da associação. Equipe de redação e fotos: Carla Rodrigues, Fernanda Clariano, Murilo Sicchieri e Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3311 - Ramal: 2008 [email protected] Impressão: São Francisco Gráfica Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 Tiragem DESTA EDIçÃO: 21.500 exemplares Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946 3300 - (ramal 2190) [email protected] www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros Revista Canavieiros - Agosto 2012 4 Ano VI - Edição 74 - Agosto de 2012 - Circulação: Mensal Índice: Capa - 25 11º Congresso Brasileiro de Agronegócio discute políticas públicas para o setor O encontro promovido pela a Abag - Associação Brasileira do Agronegócio - reuniu autoridades, empresários e entidades ligadas ao agronegócio 05 - Entrevista Dr. Leonardo Papp Consultor Jurídico Ambiental da OCB Novo Código Florestal: os produtores precisam entender as alterações E mais: Ponto de Vista: Rodrigo C. A. Lima .................página 10 Ponto de Vista: Marcos Fava Neves .................página 11 Coluna Caipirinha: .................página 12 07 - Ponto de vista Tiago Luz Boeira Planejador financeiro, consultor em investimentos, atua como professor/palestrante no Grupo Crédito & Mercado Sustentabilidade aplicada à economia e ao cooperativismo 14 - Notícias Copercana - Antonio Eduardo Tonielo é o presidente de honra da Fenasucro & Agrocana 2012 16 - Notícias Canaoeste - CATI comemora Dia do Agricultor em Ribeirão Preto - Atualização dos mapas associados Canaoeste - Equipe da Ridesa UFSCar visita Fazenda Santa Rita em Terra Roxa - Canaoeste realiza reuniões técnicas nas filiais regionais - Canaoeste realiza treinamento de Pulverizador de barras, Colheitadeira e Manutenção de trator com associados 36 - Artigo Técnico II Aplicações de ISOBUS na mecanização A introdução destes sistemas nos equipamentos permite ao operador realizar com maior qualidade suas tarefas, diminuindo o número de variáveis a serem controladas, permitindo o registro e armazenamento das informações e consequentemente Revista Canavieiros - Agosto de 2012 Circular do Consecana .................página 18 Assuntos Legais .................página 21 Informações Setoriais .................página 28 Acompanhamento da Safra .................página 30 Climatologia .................página 34 Artigo Técnico II .................página 36 Cultura .................página 40 Classificados .................página 42 5 Entrevista Novo Código Florestal: os produtores precisam entender as alterações Dr. Leonardo Papp Carla Rossini A Revista Canavieiros entrevistou o Consultor Jurídico Ambiental da OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras, Dr. Leonardo Papp para esclarecer algumas dúvidas sobre o Novo Código Florestal. Muitos produtores rurais ainda não conseguiram entender as mudanças propostas pela nova legislação. Dr. Papp é uma das maiores autoridades no assunto e acompanhou de perto a votação e as mudanças ocorridas no Código. Confira a íntegra da entrevista que ele concedeu à canavieiros. previu regras diferenciadas de áreas de preservação permanente e de reserva legal, facilitando a regularização das atividades que já estão sendo realizadas. Revista Canavieiros: Faça uma síntese das principais mudanças do Código Florestal para que o produtor rural possa entender o que foi alterado? Dr. Leonardo Papp:Importante fazer um esclarecimento inicial. A nova legislação é bastante extensa (mais de 80 artigos) e, na realidade, é composta pelo conjunto da Lei n. 12.651/12 e da Medida Provisória n. 571/12. Todos os dispositivos da nova legislação (tanto da Lei como da MP) já estão em vigor desde 28 de maio de 2012. As regras da Medida Provisória, entretanto, devem ser confirmadas pelo Congresso Nacional até outubro desse ano, caso contrário, deixarão de ser válidas. As principais mudanças estão relacionadas às rurais consolidadas, ou seja, aquelas que já eram ocupadas com atividades agropecuárias em 22 de julho de 2008. Nesses casos, a nova legislação de passa a ser a vegetação existente no imóvel em 22 de julho de 2008. Além disso, há uma série de mecanismos de facilitação do cumprimento da Foram especialmente privilegiadas obrigação concernente à Reserva Legal, as pequenas propriedades rurais, aque- mesmo para médias e grandes proprielas com área de até 4 módulos fiscais. dades. Por exemplo, é possível utilizar Em tais casos, as obrigações relativas toda a área de preservação permanente às áreas de preser- “Quanto à reserva legal, no cálculo da reservação permanente va legal. É possíforam diminuídas. as pequenas proprieda- vel utilizar espécies Por exemplo, para des estão desobrigadas exóticas em até 50% cursos d’água nada Reserva Legal, tural com até 10 de promover medidas de garantindo-se a sua metros de largura, exploração econômirecomposição ou em imóveis com ca. Uma vez criado o compensação para área de até 1 móduCadastro Ambiental lo fiscal a faixa de atingir o percentual de Rural, deixa de ser preservação perrealizar a cobertura florestal...” necessário manente prevista é averbação da Reserde 5 metros, nos imóveis com área entre va Legal no Registro de Imóveis. 1 e 2 módulos a recomposição é de 8 metros e nos imóveis com área entre 2 e Revista Canavieiros: Como fica a 4 módulos a recomposição é de 15 me- situação do produtor rural brasileiro tros. Ou seja, nesses casos não se aplica depois que entrou em vigência o novo a recomposição mínima de 30 metros. Código Florestal? Papp: Comparativamente com o Quanto à reserva legal, as pequenas Código Florestal anterior, a nova lepropriedades estão desobrigadas de gislação é sobremaneira mais adequapromover medidas de recomposição ou da à tentativa de conciliar produção compensação para atingir o percentual agropecuária e preservação ambiende cobertura florestal exigido na legis- tal, ou seja, de conciliar equilíbrio lação anterior (que era de 20% da área ecológico, viabilidade econômica e do imóvel, no caso de SP). Isso porque, justiça social. quando a cobertura florestal existente for inferior a 20% (no caso de SP), a A legislação anterior simplesmente Reserva Legal da pequena proprieda- desconsiderava a existência de ativiRevista Canavieiros - Agosto 2012 6 Entrevista dades rurais consolidadas. Tratava com o mesmo rigor as áreas ainda cobertas com vegetação e os locais já ocupados (às vezes, por décadas) com atividades produtivas. A nova legislação procura tratar diferenciadamente essas situações: contém mecanismos que facilitam a regularização de áreas consolidadas e, ao mesmo tempo, estimulam a conversação da floresta que ainda está em pé. Entretanto, é importante reconhecer que a nova legislação não resolve todos os problemas sobre o assunto. Seria importante, por exemplo, avançar na discussão sobre os custos associados ao cumprimento da legislação. Afinal de contas, se a preservação ambiental a todos beneficia, então parece adequado que toda a sociedade participe do custeio dessas medidas. Embora a nova legislação traga inovações sobre o tema (por exemplo, fazendo referência a programas de pagamento por serviços ambientais), é necessário aprofundar essa discussão e colocar essas ferramentas em prática. rização das atividades consolidadas em cada um dos Estados. As regras gerais do PRA devem ser fixadas pela União, cabendo aos Estados a elaboração de normas específicas, em razão de suas peculiaridades territoriais, climáticas, históricas, culturais, econômicas e sociais. O PRA é um mecanismo que permite que os Estados participem mais da produção da legislação ambiental. Embora pessoalmente considere que ainda mais responsabilidades deveriam ser transferidas aos Estados, o PRA é um avanço em comparação com a legislação anterior, não previa nenhuma forma de atuação dos Estados. “...quanto mais informação estiver à disposição daqueles que são responsáveis pela tomada de decisão, maior a chance de que prevaleça a interpretação que privilegie a conciliação entre produção e preservação.” Revista Canavieiros: O que é o Cadastro Ambiental Rural e o Programa de Regularização Ambiental? Quando devem começar a funcionar? Papp: O Cadastro Ambiental Rural – CAR é uma espécie de banco de dados, mantido pelos órgãos ambientais, que pretende concentrar as informações ambientais (APP, RL, etc.) de cada uma das propriedades rurais do país. Comparativamente com a obrigação de averbar informações no Registro de Imóveis (que existia na legislação anterior), as exigências relativas à inscrição no CAR tendem a ser menos burocráticas e onerosas para o produtor. O Ministério do Meio Ambiente está estruturando o CAR, ainda sem prazo certo para sua implantação e disponibilização. Uma vez implantado o CAR, o prazo para promover a inscrição dos imóveis rurais é de 1 ano. O Programa de Regularização Ambiental é o instrumento destinado a definir como irá ocorrer a regula- As regras do PRA de cada Estado devem ser editadas em até 2 anos. Uma vez disponibilizadas as regras do PRA, as propriedades rurais com áreas consolidadas que precisem de regularização deverão se inscrever em até 2 anos. Após requerida a inscrição no PRA, o Poder Público deve convocar o proprietário para firmar termo de compromisso, indicando quais as regras diferenciadas que devem ser atendidas para a regularização das atividades consolidadas. Até o término do prazo de adesão ao PRA, é autorizada a continuidade das atividades desenvolvidas em áreas rurais consolidadas, podendo ser exigidas medidas de conservação do solo e água. Revista Canavieiros: Em relação às multas que eram aplicadas pelo IBAMA e demais órgãos ambientais até a vigência do novo Código Florestal, em 25/05/2012, continuarão sendo cobradas? De que forma? Revista Canavieiros - Agosto de 2012 Papp: Importante esclarecer que a nova legislação apenas prevê a suspensão da aplicação ou da cobrança de multas para situações específicas, ou seja, nos casos de supressão irregular de vegetação em áreas de preservação permanente, reserva legal e uso restrito que tenham ocorrido até 22 de julho de 2008. Nas demais situações que configuram infração ambiental não há previsão de suspensão automaticamente na lei. Novas multas para tais situações não podem ser aplicadas até o final do prazo de adesão ao Programa de Regularização Ambiental. Quanto às multas já aplicadas para tais situações, a nova legislação prevê que serão suspensas com a assinatura do Termo de Compromisso que integra o Programa de Regularização Ambiental. Alguns consideram que, no caso das multas já aplicadas, o processo de cobrança pode continuar tramitando enquanto não for assinado o Termo de Compromisso. Esse entendimento, entretanto, contraria a própria finalidade dos mecanismos diferenciados de regularização previstos na nova legislação. Considero mais adequado concluir que, mesmo em relação às multas já aplicadas, sua cobrança fica suspensa enquanto estiverem fluindo os prazos relacionados ao Programa de Regularização Ambiental. Mas é preciso reconhecer que é um tema para o qual haverá divergências de interpretação. Por fim, também é importante destacar que, uma vez atendido o que prevê o Programa de Regularização Ambiental, as multas já aplicadas para tais situações não serão cobradas monetariamente. Revista Canavieiros: O que os produtores rurais devem fazer caso sejam multados após a vigência do novo Código Florestal? Papp: Se a multa for aplicada em razão de supressão irregular de vegetação em áreas de preservação permanente, reserva legal e uso restrito que tenha ocorrido até 22 de julho de 2008, 7 é possível utilizar dispositivos da nova legislação para alegar que a aplicação de novas multas estão suspensas. Entretanto, é possível que haja entendimento em sentido diverso, conforme já na pergunta anterior. No caso de divergência, o Poder Judiciário deverá ser chamado a se posicionar. Revista Canavieiros: O artigo 68 do Novo Código Florestal diz que os proprietários rurais que suprimiram vegetação respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos pela legislação em vigor à época, ficam dispensados de promover a sua recomposição, compensação ou regeneração para os percentuais exigidos na nova lei. Qual legislação da época e o ano que deveremos considerar para que seja respeitado o direito adquirido destes proprietários rurais? Papp: O termo “Reserva Legal” somente surgiu na legislação brasileira a partir de 1989. Portanto, a rigor, antes deste ano a legislação não estipulava percentuais de “Reserva Legal”. Diante disso, alguns poderão defender o posicionamento de que, em razão do art. 68 da nova legislação, as propriedades nas quais tenham ocorrido supressões de vegetação antes deste ano não precisam promover recomposição a título de Reserva Legal. Por outro lado, embora não utilizasse a nomenclatura “reserva legal”, mesmo antes de 1989 já havia regras jurídicas que determinavam a manutenção de parcela da área do imóvel com vegetação. Sob essa perspectiva, há quem possa defender o posicionamento de que, mesmo que não fosse chamado de reserva legal na legislação anterior, o art. 68 da nova lei imporia à obrigação de recuperar a vegetação nesses percentuais. Nesse caso, é relevante identificar qual a época da supressão, pois a legislação variava bastante, de acordo com a região do País e o tipo de vegetação que existia no imóvel. É importante reiterar, entretanto, sobre o assunto também há regra específica para áreas rurais consolidadas em imóveis com até 4 módulos fiscais. De acordo com o art. 67 da nova legislação, nesses casos a reserva legal é o remanescente de vegetação que existia em 22 de julho de 2008, mesmo que seja inferior aos 20% previstos genericamente para as propriedades de SP. Revista Canavieiros: Qual a atitude que os produtores rurais que assinaram TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público e com os órgãos ambientais com base no Código Florestal revogado devem tomar para se adequar à nova legislação? Papp: Também aqui é um ponto em que deve haver discussões. De um lado, há aqueles que entendem que os TAC’s celebrados antes da nova legislação não poderiam ser modificados para se adequar às novas regras, porque a assinatura do TAC configuraria ato jurídico perfeito. De outra parte, há quem considere que os TACs anteriores devem ser adequados à nova legislação, porque ela introduziu instrumentos específicos para a regularização de atividades rurais em áreas consolidadas. Eventuais divergências deverão ser sanadas pelo Poder Judiciário. Revista Canavieiros: Na sua opinião, como as associações de classe devem proceder para ajudar o produtor rural nas questões ambientais? Papp:Várias medidas podem ser realizadas. Em primeiro lugar, levar informação e esclarecimento ao produtor rural. Além disso, participar ativamente da elaboração do Programa de Regularização Ambiental nos seus respectivos Estados. Também é importante municiar com informações os órgãos responsáveis pela interpretação e aplicação da nova legislação, tais como os órgãos ambientais e o próprio Poder Judiciário. Afinal de contas, como qualquer texto escrito, é possível que surjam controvérsias de interpretação e, nesse caso, quanto mais informação estiver à disposição daqueles que são responsáveis pela tomada de decisão, maior a chance de que prevaleça a interpretação que privilegie a conciliação entre produção e preservação. RC Revista Canavieiros - Agosto 2012 8 Ponto de Vista Sustentabilidade aplicada à economia e ao cooperativismo *Tiago Luz Boeira U ma economia capitalista possui sua base de crescimento na conquista de consumidores e geração de produtos para atender às suas necessidades e desejos. Logo, o consumo se torna a principal ferramenta para o estimulo econômico, gerando uma busca desenfreada e irracional pelo ter. O progresso das empresas é baseado na demanda por produtos e serviços que atendam às necessidades individuais da população. As economias que enfrentam dificuldades de crescimento estão com níveis de consumo extremamente baixos, justamente por um consumo exagerado e descontrolado em anos anteriores. O sistema econômico encontra-se em descompasso, a população não consome por já estar endividada com um produto X, Y e Z, logo, as empresas não produzem, demitem funcionários e entram em uma crise cíclica por redução na demanda, em função do próprio desemprego. Notem que, eventos mundiais que mobilizam empresas e a população pensando em um sistema “sustentável” podem mascarar uma grande busca por novos produtos e serviços, considerados “ideais” e “ecologicamente corretos”, para que a população não deixe de consumir, forçando até mesmo a “queima” de produtos antigos, que teoricamente consomem muita energia, para produtos novos, de “baixo impacto ambiental”, fomentando assim o próprio crescimento da nação. Existiria saída para uma situação econômica como esta? Economistas e estudiosos do mundo inteiro arriscam palpites, o fato é que se não pensarmos hoje em um consumo consciente que mantenha um crescimento contínuo para as empresas, o mercado capitalista estará falido, chegaremos ao fim dos tempos, ao colapso verdadeiro. Então chegamos ao principal questionamento: Como seria o consumo consciente? O cooperativismo está à frente, marcando seu passo muito antes de pensarmos em sustentabilidade. O sistema que desenvolve a união de todos para o bem comum (cooperativismo) gera o crescimento do coletivo, beneficiando empresas, consumidores, intermediários financeiros, e produtores de maneira geral. Em um dado momento, pessoas e empresas precisaram se unir para formar um mercado e desenvolver setores da economia que o Estado, por si só, não beneficiou com os recursos necessários. Deste modo, o cooperativismo, o associativismo – ou a união de pessoas – tomou-se a iniciativa de produzir os recursos escassos em determinadas regiões, gerando a riqueza necessária para o crescimento de todos. Precisamos fazer este modelo econômico continuar a dar certo. Precisamos envolver empresas de diversos setores e agregar o crescimento, fomentar o cooperativismo e o associativismo, promover a geração de emprego e renda. A forma de continuar neste mercado capitalista é evitar o come-come e incentivar o ganha-ganha. Revista Canavieiros - Agosto de 2012 Tiago Luz Boeira Aproveitando o Ano do Cooperativismo, deixo meus parabéns a todas as cooperativas do Brasil, que buscam fortalecer sua fonte de riqueza agregando pessoas e empresas que precisam de estímulos e boas oportunidades de negócios. Somente através deste auxílio conseguiremos formar um mercado sólido, que beneficiará o crescimento da nação. RC *Tiago Luz Boeira é graduado em administração pelo Centro Universitário de Maringá, pós-graduado em Consultoria em Investimentos pela Fundação Getúlio Vargas e também em Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário de Maringá. Atualmente é planejador financeiro, consultor em investimentos, atua como professor/ palestrante no Grupo Crédito & Mercado e realiza pesquisas nas áreas econômicas, de investimentos e crises financeiras. 9 Revista Canavieiros - Agosto 2012 10 Ponto de Vista Agricultura europeia mais verde *Rodrigo C. A. Lima E m meio à crise que assola vários países europeus, a escalada do desemprego, a falência de bancos e preços baixos de produtos como leite, a União Europeia discute a reforma da Política Agrícola Comum (PAC). Diferentemente de como o Brasil constrói sua política para a agricultura, na Europa esse assunto não é meramente uma política econômica voltada para incentivar a produção de alimentos. Os bilhões de subsídios dados aos produtores europeus significam muito mais do que produzir carnes, leite, queijos, vinhos, hortaliças, frutas, mas sim, conservar o meio ambiente, a paisagem bucólica que faz parte da vida dos europeus, gerar empregos, impostos, renda, e, em tempos de crise, atrair os jovens para o campo e gerar empregos que reforcem o papel da agricultura na vida dos europeus. A diferença básica dos planos agrícolas na Europa e no Brasil é a forma de suporte dado ao produtor. Enquanto aqui todos esperam para saber o volume de recursos e qual a taxa de juros para os empréstimos, lá se discute qual será o tamanho dos subsídios que os produtores receberão para produzir e, por vezes, para deixar de produzir. As distorções de comércio geradas pelos bilhões de euros que regam a agricultura europeia já foram questionadas na Organização Mundial do Comércio, e algumas reformas ajudaram a diminuir o montante de subsídios proibidos. No entanto, como existem subsídios permitidos, a mudança de recursos para categorias que em princípio não criam distorções no comércio é uma realidade. E o “esverdeamento” dos subsídios é uma saída inteligente para fomentar cada vez mais a adoção de práticas sustentáveis, não via créditos facilitados, como é o caso do Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono brasileiro, mas via pagamentos diretos aos produtores. Desde 2009 a categoria de pagamentos verdes no PAC foi ampliada. Passou a envolver práticas que melhorem a conservação do meio ambiente, reduzam emissões de gases de efeito estufa, considerem práticas elevadas de bem-estar animal e atividades com benefícios ao agroambiente. Na prática, os produtores agrícolas geram bens públicos que interessam a toda a sociedade, e, por isso, recebem subsídios verdes desde que adotem essas ações. As discussões sobre subsídios verdes na reforma da PAC envolvem múltiplos interesses. Se de um lado deixar de produzir em certas áreas gera benefícios ambientais, em outras pode gerar impactos sócio-econômicos. Quais as exigências para a rotação de culturas? Os países deverão adotar um critério de conservação de 7% ou 3% de cada propriedade como áreas de foco ecológico? Todos os países do bloco devem seguir os mesmos requisitos? A adoção de algumas práticas consideradas verdes qualifica diretamente os produtores? Não há clareza sobre como funcionarão os subsídios verdes e qual o montante desses recursos. Fala-se em quase 16 bilhões de euros por ano. A despeito das incertezas, é válido destacar que, se os produtores europeus forem obrigados a cumprir com certos requisitos ambientais, como a ideia de manter 3% ou 7% da propriedade conservada, eles receberão subsídios para tanto. Essa exigência poderia ser comparada à obrigação da Reserva Legal no âmbito do Código Florestal. No entanto, além dos requisitos serem infinitamente menores, discute-se que essas áreas poderão incluir pastagens, culturas perenes para bioenergia e áreas cultivadas sem fertilizantes nitrogenados. Rodrigo C. A. Lima ticas agrícolas pautada pelo conceito de agregar valor aos seus produtos mediante ações de baixo impacto ambiental. É uma forma inteligente de dar subsídios “não condenáveis” e justificá-los na medida em que incentivar essas ações significa gerar bens públicos. No Brasil, os novos recursos para adoção de práticas de baixo carbono do Plano Safra 2012/2013 são apenas o começo. E na forma de empréstimos. A discussão séria sobre pagamento por serviços ambientais, pela vegetação nativa na forma de Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal, pelo carbono no solo, pela biodiversidade, pela água, pela paisagem, e todos os benefícios que os produtores brasileiros geram manejando seu agroambiente de forma sustentável é um enorme desafio para o Brasil. Discute-se ainda se os produtores que já adotam boas práticas agrícolas, como produção de orgânicos, ou cumprem requisitos de certificações e padrões privados, poderiam automaticamente receber os subsídios, afinal, já são verdes! Considerando apenas o fato de que no Brasil as fazendas possuem vegetação nativa, sem entrar na discussão de passivos diante do antiquado Código Florestal, é possível imaginar o diferencial de externalidades positivas geradas no campo. Cabe a nós criarmos as políticas necessárias para incentivar e valorizar esses ativos e mostrar ao mundo o quão verde é nossa agricultura. RC Independentemente da crise e das intensas discussões sobre como devem ser os subsídios verdes, é visível que a União Europeia desenha suas polí- *advogado, é gerente-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone). E.mail: rlima@ iconebrasil.org.br Revista Canavieiros - Agosto de 2012 11 O orçamento da refinaria Abreu e Lima faria 68 novas Usinas de Cana *Marcos Fava Neves E m mais um triste caso da gestão pública brasileira, a imprensa noticiou que o custo da refinaria Abreu e Lima da Petrobrás, aquela que a nova presidente da empresa se refere como um aprendizado para nunca mais se repetir, pulou de US$ 2,3 bilhões, quando foi festivamente lançada em 2005 pelo ex-presidente do Brasil e o presidente da Venezuela, para US$ 20,3 bilhões, no orçamento atualizado, quase 9 vezes maior. Os dados são de que o custo por barril de petróleo será de US$ 87 mil, quando existem similares sendo inauguradas na Índia, China e Coréia por US$ 10 a US$ 25 mil. Ainda que fosse tolerado o problema orçamentário, cujo crescimento de nove vezes poderia ser justificado pela inflação de mão de obra no Brasil, custos de matérias-primas e outros, a informação mortal é que o Brasil receberá um investimento 3 vezes mais caro, portanto com o mesmo volume de recursos e boa gestão poderiam ser feitas três refinarias da mesma dimensão. Como a imprensa não fez esta relação, sobrou um espaço para comparar a refinaria Abreu e Lima com a cana, setor onde a Petrobrás já deveria ter uma participação muito maior e ainda recentemente anunciou um recuo nos investimentos, e onde o Governo Federal faz dumping de preços. Num país que se diz ambiental, que sedia a Rio + 20, se investíssemos este mesmo recurso em Usinas de Cana novas (greenfields), poderiam ser feitas 68 unidades de 2 milhões de toneladas de cana cada. Bem distribuídas, em 68 pequenos municípios do Brasil, criariam quase 1000 empregos cada, gerando investimento, diversificação, renda e espalhando o desenvolvimento, pois demandariam nestas cidades a construção de casas, hotéis, restaurantes, academias, shoppings, que precisariam de gente para trabalhar, promovendo uma verdadeira farra de empregos e oportunidades, como que ví na semana passada em Chapadão do Sul (MS), apenas para citar um caso, em que fiquei maravilhado. Com a produção destas 68 novas usinas, o Brasil: a) voltaria a abastecer o crescente mercado mundial de açúcar, onde foi perdida importante parcela de mercado, trazendo US$ bilhões em exportações; b) voltaria a abastecer com etanol uma grande parte da frota flex existente no mercado interno, onde 3 milhões de novos carros entram por ano; c) teria etanol suficiente para exportar aos EUA, onde o produto feito de cana é privilegiado por ser considerado um combustível avançado, gerando mais US$ bilhões em exportações; d) deixaria de importar gasolina e diesel, que no primeiro semestre deste ano contribuíram com um buraco bilionário na balança comercial; e) por outro lado, seria exportador de gasolina e petróleo, contribuindo positivamente para a balança comercial; f) teria grande volume de biomassa para co-gerar nas Usinas eletricidade limpa para o crescente mercado interno brasileiro; g) teria mais matéria-prima para gerar os novos produtos promissores que se abrem a este setor, como o plástico, o diesel, o querosene e a gasolina de cana e muitos outros; g) retomaria milhares de empregos perdidos nos polos produtores de equipamentos (bens de capital, notadamente Sertãozinho e Piracicaba); h) geraria uma quantidade brutal de impostos com estes investimentos e com a venda do açúcar, etanol, eletricidade e outros produtos nos próximos anos; i) o ar das nossas cidades, com os automóveis andando com etanol, seria bem mais limpo. Marcos Fava Neves É melhor parar por aqui para não terminar com as “letras do vocabulário”. Cada um destes itens merece um cálculo específico, mas afirmo que para um país que deve fechar a balança comercial deste ano com um saldo de apenas US$ 15 bilhões, e que o FMI prevê que a mesma será deficitária em US$ 3 bilhões em 2017, estas 68 Usinas inverteriam, com a redução de importações e aumento de exportações, pelo menos uns US$ 15 bilhões na balança comercial brasileira. Confesso que é difícil aceitar que uma obra fique nove vezes mais cara que o orçamento inicial, que fique três vezes mais cara que similares internacionais, que o nosso parceiro venezuelano na refinaria não tenha aportado um parafuso sequer, e que todos estes possíveis benefícios econômicos, ambientais e sociais da cana e do etanol não sejam vistos pelo Governo, pelas ONG’s e pela sociedade brasileira.RC MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat. Revista Canavieiros - Agosto 2012 12 Coluna Caipirinha Uma seca impactante O mês: não bastasse o aumento do consumo mundial, fomos surpreendidos com a mais violenta seca nos últimos 50 anos nos EUA. A gravidade aumentou, já afetando 37% das propriedades e 43% da área agrícola. Também enfrentam secas as produções de Índia, Rússia, Ucrânia e Cazaquistão, trazendo reflexos para mais de uma safra e mudanças de políticas públicas e estratégias privadas nas organizações. São impactos, primários, secundários, de curto, médio e longo prazo, de diferentes magnitudes e relevância ao Brasil. No geral, os impactos são todos positivos, tirando um risco que temos... O maior risco ao preços para os produtores no Brasil é a pressão para se reduzir os mandatos de mistura de biocombustíveis na gasolina em diversos países, mais notadamente nos EUA, onde a pressão de grupos contrários ao etanol é forte para liberar milho para a alimentação, o que traria grave impacto as indústrias de etanol. Torçamos para que isto não aconteça, no fundo o Brasil perde. A boa notícia é que abriu-se ótima janela para mandarmos etanol nosso, reconhecido como combustível avançado, aos EUA. Empresas: neste mês tive a oportunidade de visitar a ETH, um dos grupos que mais investiu no negócio sucroenergético. Seguem firmes na meta de chegar a 40 milhões de toneladas de cana processadas. Vem fazendo um trabalho consistente e resistindo às tempestades sucroenergéticas. Pessoas Canavieiras (homenagem): quero dedicar um carinho especial ao meu professor Caetano Ripoli, da ESALQ. O grande Caetano, de brilhante carreira acadêmica, filho do nosso saudoso Romeu Italo Ripoli, ex-presidente do XV de Piracicaba, que fez história nos anos 70 e 80, e pai do Marco Ripoli, jovem já com doutorado e excelente carreira como executivo na John Deere. Caetano, uma pessoa que sempre escreve e fala o que pensa, de muitos assuntos e muitos livros, e que ajudou muito nas pesquisas de mecani- Prof. Dr. Tomaz Caetano Cannavan Rípoli zação no setor de cana. Devemos muita produtividade ao amigo Caetano, e particularmente desejo que se anime, pois tem muita coisa pela frente. Aprendizado de Viagem: neste mês o convite para uma palestra aos produtores de algodão em Chapadão do Sul (MS). Fiquei encantado com o que vi. Planejadas, largas e arborizadas avenidas, praça da catedral com academia ao ar livre, calçadas grandes e verdadeiras e muita gente indo trabalhar de bicicleta. Com os diversificados agro-dólares trazidos pela soja, milho, algodão, pecuária, Usinas de cana e muitas outras atividades, surgem supermercados, revendas de automóveis, academias, restaurantes, hotéis, escritórios, explosão imobiliária (planejada). É o dinheiro do agro se espalhando por inúmeros empregos e gerando desenvolvimento.Uma delícia ver e sentir o Brasil da produção, este que silenciosamente sustenta o Brasil do mensalão. Mercado de Cana: tivemos declarações interessantes do presidente do BNDES e da presidente da Petrobrás que o negócio de cana precisa voltar a crescer, mas não são as pessoas que resolvem. Também de que finalmente a gasolina vai subir de preços. Porém, passou mais um mês e nenhuma das medidas necessárias foi tomada. Resta esperar que uma possível escassez de gasolina no final do ano, devido as dificuldades logísticas de importação e aumento do consumo sensibilize politicamente o Governo Federal, pois aí a população vai gritar. Revista Canavieiros - Agosto de 2012 Marcos Fava Neves Haja limão: este mês estamos lotados de assuntos para tratar na parte do “haja limão”. Tive que selecionar dois deles. A refinaria Abreu e Lima da Petrobrás e a greve dos caminhoneiros. Como pode uma obra ficar nove vezes mais cara que o orçamento inicial, três vezes mais cara que similares internacionais, que o nosso parceiro venezuelano na refinaria não tenha aportado um parafuso sequer. Em relação à greve dos caminhoneiros, tem gente que parece não estar sintonizada com as necessidades do Brasil. Não estou aqui criticando os caminhoneiros, que trabalham dia e noite para mover este Brasil, mas quem elaborou a lei será que foi ouvir os caminhoneiros ou fizeram de gabinetes refrigerados? Será que estes caminhoneiros não preferem dar uma esticada de 3 a 4 dias de trabalho forte para depois passar dois a três dias com a família? Fazer 11 horas de descanso onde... em um posto de gasolina destes precários? Será que quem escreveu não pensou no impacto nos custos de transporte para quem produz, no impacto para a inflação no Brasil? Que absoluta falta de prioridade, que falta de agenda, que falta de foco. Tem coisas mais importantes para resolver no Brasil. Até a próxima! RC MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat. 13 Revista Canavieiros - Agosto 2012 14 Notícias Copercana Antonio Eduardo Tonielo é o presidente de honra da Fenasucro & Agrocana 2012 Durante a coletiva de imprensa realizada para apresentação da feira, foi anunciado o nome de Tonielo para marcar as comemorações de 20 anos da Fenasucro e 10 anos da Agrocana Carla Rodrigues N o dia 15 de agosto, o auditório da Canaoeste sediou a coletiva de imprensa de apresentação da Fenasucro & Agrocana 2012. O evento contou com a participação da imprensa regional e a presença de várias lideranças do setor sucroenergético, como o presidente da Copercana e Sicoob Cocred, Antonio Eduardo Tonielo, o presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, o presidente da Datagro, Plínio Nastari e o presidente do Ceise Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis), Adézio José Marques. Também estiveram presentes o prefeito de Sertãozinho, Nério Costa, o presidente da Reed Exhibitions Alcantara Machado, Juan Pablo de Vera, o diretor executivo do APLA (Arranjo Produtivo Local do Álcool), Flávio Castelar, o secretário municipal da Indústria, Comércio, Agricultura, Abastecimento e das Relações do Trabalho de Sertãozinho, Marcelo Pelegrini e os diretores da Reed Multiplus, Augusto Balieiro e Fernando Barbosa. O presidente do Ceise Br, Adézio José Marques, destacou a comemoração dos 20 anos de Fenasucro e 10 anos de Agrocana em 2012. Segundo Marques, este ano a feira acontece em um momento de extrema incerteza e insegurança. “Sabemos que não é um problema apenas do Brasil, é um problema mundial, e por isso devemos valorizar a realização destas feiras, pois além de toda a exposição de produtos e equipamentos, também são fórum de discussões sobre os principais desafios e tendências do setor”, disse. Na mesma ocasião, Adézio aproveitou para anunciar o presidente de honra da Fenasucro, Antonio Eduardo Tonielo, que também é presidente da Agrocana desde sua primeira edição. “Fiquei muito lisonjeado por receber esta homenagem na maior feira do mundo. É motivo de muita alegria saber que meu trabalho realizado nestes 40 anos dentro do setor sucroener- Antonio Eduardo Tonielo, que também é presidente da Agrocana desde sua primeira edição, agradeceu a nomeação de presidente de honra da Fenasucro gético e também de cooperativismo tenha feito diferença e é claro que tudo o que conquistei até aqui foi porque sempre tive pessoas competentes ao meu lado e soube valorizar isso”, agradeceu Tonielo. O prefeito, Nério Costa, falou sobre a importância das feiras para a cidade e região e também do dever de participação do poder público para dar condições estruturais melhores. “As feiras são motivo de orgulho para nossa cidade, já que é capaz de movimentar a cadeia produtiva mundial. Almejamos um espaço próprio para que possamos montar uma estrutura adequada e até triplicar o tamanho da nossa feira, mas para isso precisamos da ajuda e incentivo do governo”, disse Costa. O presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, destacou a importância do papel do cooperativismo dentro da cadeia produtiva do setor sucroenergético e lembrou que este ano, a ONU (Organização das Nações Unidas) decretou 2012 como o Ano Internacional do Cooperativismo. Devido a isso, o Encontro dos Produtores realizado tradicionalmente durante a feira pela Canaoeste e Orplana (Associação de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil) tem o objetivo de fazer um “marco do cooperativismo”. Revista Canavieiros - Agosto de 2012 “O cooperativismo vem ganhando presença na área de crédito e através dele e também de novas políticas públicas devemos dar oportunidade tanto para o grande quanto para o médio e pequeno produtor trabalhar. Muito se fala em crise do setor e tempo de crise é tempo de feira, tempo de ir ver a grande mostra do setor, conhecer as novidades em tecnologia que beneficie os produtores e, principalmente, que o governo veja a pujança desta classe”, disse Ortolan. O presidente da Datagro, Plínio Nastari, falou sobre a Conferência Datagro/ Ceise Br, que acontecerá no dia 28 de agosto, no Teatro Municipal de Sertãozinho. O evento irá discutir assuntos relacionados a atual situação do setor tanto interno quanto externamente, as perspectivas do açúcar para a safra 2012/13, revisão sobre iniciativas em andamento para diversificação de açúcar na África, entre outros. “Este é um setor promissor que movimenta a economia regional e por isso acontece em Sertãozinho, que é um grande pólo de desenvolvimento tecnológico”, articulou Nastari. O diretor da Multiplus, Fernando Barbosa, apresentou as melhorias da feira realizadas para a edição deste ano e também adiantou algumas novidades 15 que estarão presentes no próximo ano, como a inclusão das áreas de logística e de transporte na feira. A divulgação completa será realizada durante a abertura oficial da feira, que acontecerá no dia 28 de agosto às 17:00 horas no Centro de Eventos Zanini. De acordo com Barbosa, para esta edição é esperado um público de mais de 30 mil visitantes de 23 estados e 35 países diferentes. No total, a feira possui mais de 500 expositores reunidos numa área de aproximadamente 16 mil m², gerando mais de 13 mil empregos diretos e indiretos. O professor e coordenador do AgroFea (Programa de Pesquisa em Agronegócio da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP), Roberto Fava, falou sobre o trabalho que realiza na faculdade sobre o índice de confiança dos fornecedores do setor sucroenergético, e consequentemente projetar um possível cenário, como as mudanças nas expectativas, a confiança e segurança do setor. “A avaliação é feita através de uma pesquisa quantitativa trimestral e é O evento contou com a participação da imprensa regional e a presença de várias lideranças do setor sucroenergético muito bem recebida pelo setor, já que os fornecedores são os primeiros da cadeia industrial sucroenergética e sentem os impactos antes de todos. Este trabalho é importante para auxiliá-los na tomada de decisões, é como se fosse uma gestão estratégica”, explicou Fava. A edição 2012 da Fenasucro & Agrocana acontece de 28 a 31 de agosto no Centro de Eventos Zanini em Sertãozinho. O horário de funcionamento é das 13:00 às 19:00 horas. A feira é uma realização do Ceise Br e do Sindicato Rural de Sertãozinho, com coordenação técnica da STAB (Sociedade dos Técnicos Açu- careiros e Alcooleiros do Brasil). Contam com o apoio da Prefeitura Municipal de Sertãozinho, da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar) e do Sebrae (Serviços de Apoio às Micros e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo). A Fenasucro também tem o apoio do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e ABIMAQ (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos). Já a Agrocana conta com o apoio da Canaoeste, Copercana, Sicoob Cocred e da Unesp (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”), campus Jaboticabal. RC Revista Canavieiros - Agosto 2012 16 Notícias Canaoeste CATI comemora Dia do Agricultor em Ribeirão Preto Produtores do sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred e autoridades do setor se reuniram em evento para a classe agrícola do País Carla Rodrigues “ É a classe mais extraordinária do País. É o herói anônimo”. Foi com estas frases que o presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto, Joaquim Augusto, iniciou a comemoração ao Dia do Agricultor, realizada pela CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) de Ribeirão Preto, no dia 27 de julho, em suas dependências. Produtores, associações, cooperativas e autoridades do agronegócio, como o secretário-adjunto da Agricultura e Abastecimento, Alberto Macedo, o deputado estadual, Welson Gasparini e o representante da superintendência da Agricultura Familiar do Banco do Brasil, Rodrigo Quintiliano, estiveram presentes para parabenizar a classe agrícola do país. O departamento técnico da Canaoeste também participou da comemoração. O presidente do Sindicato Rural da cidade ainda disse ser a agricultura a classe mais extraordinária do país, pois apesar de ter os juros mais caros, ainda gera economia e riqueza. “Tenho orgulho de fazer parte deste setor. Tenho que lembrá-los de que usamos somente 39% do território nacional para trabalhar e mesmo assim estamos fazendo a produção crescer; geramos empregos e até já Rodrigo Quintiliano, Alberto Macedo, Carlos Gaeta (CATI), Welson Gasparini e Joaquim Augusto competimos com os Estados Unidos na plantação de soja”, disse Augusto. O secretário-adjunto da Agricultura e Abastecimento, Alberto Macedo, destacou a importância do agronegócio para a balança comercial do País e questionou a atuação do governo em relação à falta de planejamento do setor. “Infelizmente ainda não sabemos vender muito bem nossa presença na economia. Temos que nos organizar para podermos ter transparência em nossos negócios e saber o que vamos produzir, o que vamos vender e aonde vamos produzir”, afirmou Macedo. A advogada, Helena Pinheiro Della Torre, do Grupo Brasil Verde que Alimenta, realizou uma apresentação so- Agronômos e associados estiveram presentes na comemoração ao Dia do Agricultor Revista Canavieiros - Agosto de 2012 Helena Pinheiro Della Torre, advogada do Grupo Brasil Verde que Alimenta bre as discussões que ainda permanecem sobre o Novo Código Florestal e destacou a importância da participação de todos os produtores rurais durante a tramitação do Código. “Agora é o momento em que temos que permanecermos unidos para alcançarmos aquilo que buscamos dentro da regularização do Novo Código Florestal. Temos que participar, buscando informações e orientações necessárias para uma boa conduta”, explicou Della Torre. Além disso, a advogada falou com os presentes sobre averbação, Reserva Legal (RL), Áreas de Preservação Permanente (APP), multas, áreas consolidadas e também sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR), programa que irá auxiliar no processo de regularização ambiental de propriedades e posses rurais.RC 17 Atualização dos mapas associados Canaoeste Thiago de Andrade Silva Gerente de Planejamento, Controle e Topografia da CANAOESTE A Canaoeste está realizando atualizações regionais em seu acervo de mapas com o objetivo de oferecer ao associado mais um serviço de qualidade, proporcionando melhor controle visual da propriedade. Os mapas irão conter os dados de variedade, corte, ano de plantio, bem como outras informações que se fizerem necessárias, fornecidas pelo proprietário para auxiliá-lo na gestão visual da sua propriedade. As informações também serão importantes para o agrônomo que o assiste, podendo ter um acompanhamento mais preciso da propriedade do associado. Esses mapas facilitarão ao associado contratar também o trabalho de levantamento de ambiente de solo. Os mapas ainda serão base para a formação do Sistema de Informação Geográfica, banco de dados geográfico das propriedades, o qual possibilitará que sejam tomadas decisões de forma mais rápidas e precisas, através de análises de corte, variedade, produtividade, insumos aplicados, entre outros fatores relevantes para avaliar a viabilidade, desempenho e benchmarking do canavial. Estaremos entrando em contato através de nossos topógrafos, secretárias e agrônomos para fazer o agendamento dos levantamentos. Para maiores informações entre em contato com o Departamento de Topografia no telefone (16) 3946-3316 ou procure o agrônomo mais próximo. A Canaoeste tem como prioridade a melhoria contínua dos serviços prestados, buscando atender com excelência seus associados. RC Revista Canavieiros - Agosto 2012 18 Notícias Canaoeste Equipe da Ridesa UFSCar visita Fazenda Santa Rita em Terra Roxa Canaoeste e Ridesa avaliam cultivares em potencial Da redação A equipe da PMGCA/RIDESA/ UFSCar, formada por Hermann Hoffman, Bruno Silvestrin e Carlos Loureiro junto com gerente técnico da Canaoeste, Gustavo Nogueira e a engenheira agrônoma, Daniela Aragão, visitaram no dia 07 de agosto, a Fazenda Santa Rita da Copercana e Canaoeste em Terra Roxa. A Ridesa é uma rede de Universidades Federais que atua no desenvolvimento tecnológico da cana-de-açúcar, principalmente variedades. Atualmente, as variedades mais plantadas e cultivadas foram desenvolvidas pelo Programa. RB 97.5932 Devido o aumento das exigências do setor, o PMGCA vem buscando atender as necessidades com relação a variedades, principalmente precoce e tardia. Na fazenda foram plantados clones no início do ano com ótimo potencial agrícola. RB 97.5952 A visita priorizou avaliar os materiais com grande expectativa de lançamento no próximo ano. E a Canaoeste acompanhou a avaliação para manter-se sempre atualizada com o setor e compartilhar informações com os associados. RC CIRCULAR Nº 07/12 DATA: 31 de julho de 2012 Consecana Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo A seguir, informamos o preço médio do kg do ATR para efeito de emissão da Nota de Entrada de cana entregue durante o mês de Julho de 2012. O preço médio do kg de ATR para o mês de JULHO, referente à Safra 2012/2013, é de R$ 0,4922. O preço de faturamento do açúcar no mercado interno e externo e os preços do etanol anidro e hidratado, destinados aos mercados interno e externo, levantados pela ESALQ/CEPEA, nos meses de abril a julho e os acumulados até JULHO, são apresentados ao lado: Os preços líquidos médios do kg do ATR, em R$/kg, por produto, obtidos nos meses de abril a julho e acumulados até JULHO, calculados com base nas informações contidas na Circular 01/12, são: Os preços do Açúcar de Mercado Interno (ABMI) incluem impostos, enquanto que os preços do açúcar de mercado externo (ABME e AVHP) e do etanol anidro e hidratado, carburante (EAC e EHC), destinados à indústria (EAI e EHI) e ao mercado externo (EAE e EHE), são líquidos (PVU/PVD). Revista Canavieiros - Agosto de 2012 19 Canaoeste realiza reuniões técnicas nas filiais regionais Colaboração: Daniela Aragão Santa Rosa – Agrônoma da Filial de Pontal A cana-de-açúcar é uma cultura diferenciada, de grande importância socioeconômica, e com a evolução da agricultura, novas tecnologias vêm ganhando espaço e simultaneamente mudanças climáticas estão ocorrendo, exigindo cada vez mais atualizações, aprimoramento e acompanhamento sobre o setor. Pensando nisso, a Canaoeste está realizando neste segundo semestre, Reuniões Técnicas nas filiais regionais com apoio das empresas do setor e abordando o tema: Manejo de variedades e Atualizações, relacionando outros assuntos que são interligados. A Canaoeste está ligada aos Programas de Melhoramento Genético, recebendo informações dos materiais com potencial de produção que atenda a necessidade do produtor e acompanhando os resultados em campo, para compartilhar os dados do desenvolvimento com seus associados. As variedades representam aproximadamente 40% do custo total da cana-de-açúcar, mostrando a grande importância que deve ser dado ao manejo, a escolha está associada a diversos parâmetros. A variedade deve ser proveniente de mudas sadias, pois ela irá permanecer por aproximadamente cinco anos, para após ocorrer uma renovação. Dessa forma, a escolha deve ser da mais adaptada ao local e livre de doenças e pragas, com um manejo adequado para atingir altas produtividades Dentro das circustâncias atuais, procurando atender as necessidades e oferecer opções de cultivo da cana-de-açúcar as reuniões técnicas estão sendo realizadas de acordo com o cronograma mostrado. Confirme sua participação na filial mais próxima e prestigie o evento, aproveitando para obter informações, tirar dúvidas. Data Filial Empresa (patrocinadora) Local 08/08/2012 Morro Agudo Syngenta 14/08/2012Serrana Sindicato 15/08/2012Pontal Kimberlit 16/08/2012Ituverava Arysta Sindicato Rural Paroquial 05/09/2012Viradouro 13/09/2012Pitangueiras 20/09/2012 DuPont Bebedouro Maçonaria Sindicato Rural Participe, valorize sua associação! RC Revista Canavieiros - Agosto 2012 20 Notícias Canaoeste Canaoeste realiza treinamento de Pulverizador de barras, Colheitadeira e Manutenção de trator com associados O treinamento foi realizado em Pontal e teve parceria com Sindicato Rural e SENAR Colaboração: Daniela Aragão Santa Rosa – Agrônoma da Filial de Pontal D urante os meses de junho e julho, a Canaoeste em parceria com o Sindicato Rural de Pontal e o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), realizaram 4 treinamentos com seus associados e funcionários em Pontal, divididos entre parte teórica e prática no campo. Os treinamentos ocorreram com o objetivo de orientar os fornecedores e colaboradores sobre a forma correta de uso dos defensivos, colheitadeiras e trator para melhorar a eficiência do trabalho e a qualidade. DatasTreinamentos 04 a 06 de junho Pulverizador de barras 25 a 27 de junho Pulverizador de barras 19 a 21 de julho Colheitadeira 30 a 03 de agosto Manutenção de Trator O evento sobre pulverizador de barras orientou os fornecedores sobre os agrotóxicos. No treinamento foi destacado a NR 31 – Norma Regulamentadora, sobre o aspecto do uso de bancada durante o manejo com defensivos agrícolas e outros aspectos, a importância de não ingerir álcool dias antes da aplicação e, principalmente, a importância do receituário agronômico, nota fiscal e leitura da bula, onde contém informações imprescindíveis como: nome comercial do produto, princípio ativo, classe, classe toxicológica, classe ambiental, intervalo de segurança (período entre a aplicação e a colheita), intervalo de reentrada, EPI necessários, primeiros socorros, precauções durante aplicação, efeitos agudos e efeitos crônicos. Os participantes puderam esclarecer dúvidas sobre a aquisição do produto, o transporte e a importância do MOPP (curso para capacitação de transporte de produtos perigosos) para quantidades acima da isenção, além de informações de como proceder ao armazenamento, utilização, Treinamento de colheitadeira tríplice lavagem, devolução de embalagens, cálculos para Alguns aplicação, uso de bicos e regulagem do problemas de pulverizador. Os participantes foram campo foram apontados e demonstrados divididos em grupos para realizar uma como solucionar, por exemplo: quando apresentação sobre os conhecimentos embucha a máquina, onde está o proadquiridos, leram a bula e destacaram blema? No corte de base ou no picador? as informações contidas, regularam um Quando a vibração da máquina é intenpulverizador, além da realização de uma sa, onde está o problema? Para que serve prova para avaliar o aprendizado. a hélice próxima ao motor? O evento sobre colheitadeira e manutenção de trator orientou os fornecedores sobre os modelos, as partes constituintes das máquinas, bem como os diagnósticos de possíveis problemas. Foi falado especialmente sobre extrator primário e secundário, onde ambos devem estar funcionando no momento da colheita para manter o ponto de equilíbrio; divisor de cana: coletar, levantar e dividir a fileira de cana, cana em pé colhe com ângulo negativo, cana deitada colhe com positivo; o rolo tombador força a cana para facilitar o corte; corte de base: corta cana rente ao solo. Para alterar o tamanho do tolete na colheita deve alterar a velocidade do transportador e não do picador, pois a velocidade é fixa, o tamanho ideal é 17 cm. O “fio de cruzi” tem a função de diminuir a rotação do motor. Treinamento de Pulverizador de barras Revista Canavieiros - Agosto de 2012 A máquina possui pontos críticos onde necessita de graxa sempre: suspensão e mesa de giro. O pino e a bucha a cada 25 horas trabalhadas passa graxa, enquanto o rolamento deve ser lubrificado a cada 250 horas trabalhadas. A graxa de recomendação é a NLGI lítio 2 com 3 a 5% bissulfeto de molibdênio, pois suporta 180ºC e resiste a água. Os treinamentos se tornam muito importantes, pois atualizam os produtores das leis sobre os defensivos agrícolas, evolução das máquinas e sistemas de funcionamento, soluções para problemas que ocorrem com frequência na lavoura e relembram a importância do uso das informações adquiridas, disponibilizando o certificado reconhecido. Os fornecedores devem sempre procurar orientação dos agrônomos em caso de dúvidas e necessidades de atendimentos. RC 21 Assuntos Legais Queima de cana e o novo Código Florestal lei n. 12.651/2012. Juliano Bortoloti É sabido que um dos principais problemas para os produtores de cana-de-açúcar, principalmente no Estado de São Paulo, maior produtor nacional da cultura, é o incêndio descontrolado que grassa os canaviais e, até mesmo, a palhada que fica no solo após a colheita mecanizada. Me refiro aqui aos incêndios de origem desconhecida, ocasionados de forma criminosa e/ou não intencional por terceiras e desautorizadas pessoas. Até o advento da Lei n. 12.651/2012 (Novo Código Florestal), o agente público ao tomar conhecimento da queima de cana, imediatamente lavrava um auto de infração com penalidade de multa em desfavor do produtor rural e/ou da unidade industrial receptora da cana objeto de incêndio, sob o argumento de que teria se beneficiado da referida queima, sem considerar argumentos que mostravam o inverso, na maioria dos casos, como exemplo: queima antes do ponto ideal de maturação da cana, queima em área sistematizada para colheita mecanizada, queima fora do período de disponibilidade de entrega na unidade industrial, etc. Pois bem, o novo Código Florestal em vigor desde o dia 25 de maio de 2012, veio corrigir esta histórica interpretação equivocada dos agentes públicos, através dos parágrafos 3º e 4º, do artigo 38, prescrevendo que “Na apuração da responsabilidade pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou particulares, a autoridade competente para fiscalização e autuação deverá comprovar o nexo de causalidade entre a ação do proprietário ou qualquer preposto e o dano efetivamente causado”, reforçando ainda que “É necessário o estabelecimento de nexo causal na verificação das responsabilidades por infração pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou particulares”. De forma prática, tal dispositivo legal transfere o ônus da prova para verificação do infrator – aquele que efetivamente foi o autor do incêndio - ao agente público, como sempre deveria ser, mas, mesmo assim, é recomendável que o produtor rural continue produzindo o maior número possível de provas de que não concorreu para com eventual incêndio em seu canavial, pois pode ser muito útil em defesas de autos de infração lavrados equivocadamente pelo agente público. Dentre o que se pode ser feito, elenco aqui algumas provas fáceis de serem produzidas; o Boletim de Ocorrências informando o ocorrido e, se possível, a origem do incêndio. o Fazer análise da cana queimada para poder constatar que o rendimento industrial, medido em quilos de ATR, não está no ponto ideal, ou seja, a cana queimada não estava no seu nível de maturação máximo para ser colhida, não sendo justificável, portanto, o uso do fogo como auxiliar da colheita; o Pedir declaração da unidade industrial e ou prestadora de serviços que enviou o caminhão tanque (bombeiro), onde conste que o produtor assim solicitou para apagar um incêndio de origem desconhecida ocorrido em seu canavial; o Tirar fotos dos aceiros existentes na propriedade, bem como do não plantio em áreas proibidas de serem exploradas (abaixo das linhas de transmissão de energia elétrica, por exemplo), demonstrando com isso obediência à legislação pertinente; o Caso possua autorização, informar ao agente autuador, caso esse apareça, que não estava programada a queima, tanto que sequer efetuou as comunicações aos confrontantes e à Secretaria do Meio Ambiente; o Caso não possua autorização, informar ao agente autuante que não possuía interesse em utilizar-se do fogo em sua lavoura, tanto que sequer buscou referida autorização; o Demonstrar, através de fotos, testemunhas e laudo pericial, que a área queimada estava preparada para o corte mecânico, não justificando, portanto, o seu Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste interesse em utilizar-se do fogo, assim como a correta área atingida pelo fogo; o Demonstração de que a queima na área ocorreu em um período inferior a 12 meses. Isso pode ser feito através de documento que comprove a data da colheita da área queimada na safra anterior, inclusive por meio da comunicação de queima feita à Secretaria do Meio Ambiente. o Apresentação de laudo técnico, assinado por profissional habilitado, demonstrando a origem desconhecida do fogo ou a origem provocada por terceiros que poderá ser solicitado pelo Escritório Regional da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI (casa da agricultura), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento Estadual; o Apresentar o histórico da colheita mecanizada e/ou evolução desta nas última três safras. Portanto, o novo Código Florestal, representado pela Lei nº 12.651/2012, vigente desde 25/05/2012, veio para sanar um grande problema enfrentado pelos produtores rurais que, devido a ações praticadas por terceiros, acabavam sendo duplamente penalizados, primeiro pelo prejuízo que o incêndio descontrolado lhes causou e, também, pela vultosa pena de multa que lhes eram aplicadas indevidamente. Desta forma, desde 25/05/2012, não pode mais o agente público aplicar inadvertidamente a penalidade de multa ao proprietário sem antes apurar o real infrator do incêndio, sob pena de nulidade do auto de infração. RC Revista Canavieiros - Agosto 2012 22 Revista Canavieiros - Agosto de 2012 23 Revista Canavieiros - Agosto 2012 24 11º Congresso Brasileiro de Agronegócio discute políticas públicas para o setor O encontro promovido pela a Abag - Associação Brasileira do Agronegócio reuniu autoridades, empresários e entidades ligadas ao agronegócio Fernanda Clariano N o dia 6 de agosto, a Abag - Associação Brasileira do Agronegócio -, realizou no Sheraton São Paulo WTC Hotel, o 11º Congresso Brasileiro do Agronegócio: Brasil Alimentos e Energias - Seguranças Globais. Os debates abordaram a adoção de meios que possibilitem o aumento da produção de alimentos sem desprezar a necessária preservação do meio ambiente. O encontro reuniu autoridades, empresários e entidades ligadas ao agronegócio. Dentre eles, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho; a secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Mônica Bergamaschi - representando o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin; o secretário de Extrativismo e Desenvolvimento do Ministério do Meio Ambiente, Paulo Guilherme Cabral - representando a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; o deputado federal Homero Pereira - presidente da Frente Parlamentar Agropecuária; o deputado federal, Raimundo Gomes de Matos - presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e De- O Presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho fez a abertura do 11º Congresso Brasileiro do Agronegócio senvolvimento Rural; o deputado estadual, Barros Munhoz - presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), Luciano Coutinho. Também participaram do evento, os diretores da Canaoeste, José Mário Paro e Paulo Canesin, que estavam acompanhados do gerente corporativo de matéria-prima do Grupo Guarani, Carlos Defendi. Revista Canavieiros - Agosto de 2012 Na abertura, o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, se mostrou descrente em relação ao posicionamento do governo e a prática das ações. “O discurso sempre foi a favor do segmento, mas, na realidade, fica a desejar no que se refere em colocar as medidas em operação. Há muitos gargalos que precisam ser superados. O principal diz respeito à oferta, em que enfrentamos um grande protecionismo”, afirma. Carvalho também falou sobre a logística e que ponto-chave da questão se refere à Fotos: Gerardo Lazzari Reportagem de Capa tributação, onde o setor, segundo ele, está sendo punido.“Temos mostrado capacidade e eficiência e acabamos tropeçando nessas questões. Os candidatos à Presidência sempre dizem que vão dar uma solução. Só dizem! Estamos realizando este Congresso porque nos perguntamos: qual a estratégia do Brasil? Qual é o foco do Brasil? Temos uma capacidade de commodities agrícolas. Não consigo ver com clareza o governo tentar resolver esses temas”, conclui. Ministro de Agricultura, Mendes Ribeiro O ministro de Agricultura, Mendes Ribeiro, disse em seu discurso, acreditar que as crises que o País está enfrentando são decorrentes do momento atual da economia global. No entanto, frisou que o governo terá que ter o cuidado até alcançar o patamar de excesso de produção. Quanto à safra 2012/2013, o ministro, se mostrou esperançoso com o resultado. “O País colherá a maior safra de sua história. Estamos tratando da questão de produção com muito cuidado, com auxílio de todos. É um esforço conjunto muito grande, mas acredito que a nossa safrinha virou safrão”, disse. Para o ministro, as restrições impostas pelos EUA, vão trazer dúvidas ao mercado brasileiro. Ele afirmou que no ano que vem, o País não terá problemas de grãos, mas poderá ter algum problema pontual de carne, principalmente a suína.“Tive a oportunidade de criar o Conselho de Agronegócio Brasileiro e estamos discutindo todos esses temas. As Câmaras Setoriais estão esgotando o assunto. Estamos com toda a disposição para enfrentar o problema”, afirmou O ministro disse ainda que o Governo Federal vai implementar um plano nacional de armazenagem, fazendo parcerias com a iniciativa privada. Quanto à greve dos fiscais agropecuários, o ministro disse que as conversas estão avançando. “O governo está empenhado em firmar convênios com os Estados, que têm respondido positivamente. Eu conversei pessoalmente com os fiscais e disse a eles da importância com a questão lúcida. Nós estamos buscando mais mercados. Por isso a importância deles é fundamental. E pedi para que eles não prejudicassem o serviço. E eles prometeram”, enfatizou. Presidente do BNDES, Luciano Coutinho Na avaliação do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, existe uma série de fatores que colaboram com uma visão otimista em relação ao agronegócio brasileiro. Em longo prazo, a economia brasileira terá crescimento sustentável, impulsionada pelo fortalecimento do mercado interno e por índices decrescentes de desemprego. Além disso, Coutinho afirmou que há outro fator de impulso para a economia, a expansão do crédito e a ampliação da classe média e apresentou aspectos positivos da economia brasileira. “Dentre os países emergentes: Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brasil foi o único que conseguiu diminuir a desigualdade social. Hoje, a maioria da população encontra-se classificada como classe média, não será difícil atender a necessidade de alimentos e energia no País e no mundo porque o agronegócio brasileiro já deu um verdadeiro show de produtividade, nos últimos quatro anos a área plantada se mantém estável, no mesmo tamanho”, disse. Segundo Coutinho, os desafios do desenvolvimento do agronegócio são a sustentabilidade no uso da terra, a eficiência e a produtividade no cultivo, e o domínio das inovações tecno- 25 lógicas. “O agronegócio brasileiro é responsável por 22,15% do PIB (Produto Interno Bruto), e alcançará um superávit comercial de US$ 77,5 bilhões, isso, sem falar da necessidade de manter o crescimento econômico do país”, afirma. Ele também frisou que o governo deve anunciar, nos próximos dias, grandes investimentos em logística voltada especialmente para facilitar a movimentação de produtos agropecuários. Presidente da LMC International, James Fry Durante o debate no painel: Brasil como ofertante de alimentos – O que será essencial?, o presidente da multinacional Monsanto, André Dias, disse que a responsabilidade do Brasil na tarefa como ofertante de alimentos já é reconhecida. “O produtor brasileiro tem conseguido, ao longo do tempo, potencializar os ganhos, sem ampliar a área plantada, o que reforça a capacidade do País em desenvolver uma agricultura sustentável”. O presidente da LMC International, o economista britânico, James Fry, durante sua apresentação no painel, Seguranças Alimentar e Energética Limitações e Políticas Possíveis – Principais Ofertantes, disse que o preço das commodities agrícolas passou a estar altamente vinculado ao do petróleo a partir de 2007, com o crescimento na adoção de biocombustíveis no mundo. “No passado, era possível prever se os preços iam subir ou cair apenas olhando a tendência do estoque mundial, mas a partir de 2007 a faixa de preço desses produtos passou a ser determinada pelo preço do petróleo”. De acordo com Fry, o Brasil faz o preço mundial do açúcar, logo a política de preço da gasolina do Brasil define Revista Canavieiros - Agosto 2012 26 o preço do mercado global de açúcar. “No Brasil, a cana não muda de destinação naturalmente conforme os preços do mercado, conforme a competitividade do etanol em relação ao preço do petróleo. Ou seja, ao limitar o preço da gasolina, o Brasil limita também o preço internacional do açúcar, e não só o preço interno do etanol”, conclui. O secretário de Extrativismo e Desenvolvimento do Ministério do Meio Ambiente, Paulo Guilherme Francisco, que representou a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, participou do painel - Políticas Públicas e Brasil Ofertante de Alimentos e de Energia, e salientou a importância do agronegócio e da proteção ambiental para a economia brasileira. “No Brasil, o agronegócio, as empresas, os produtores, os trabalhadores da agricultura, têm se empenhado na contribuição para a produção de alimentos, atendendo a exigência mundial que se coloca e ao mesmo tempo promovendo a proteção ambiental. Isso nos encoraja num momento em que o País passa por um conjunto de discussões e em grandes momentos acaloradas e conflitiva, mas que constroem novo ordenamento no caso específico do Código Florestal, onde vamos poder em breve estar com um texto acabado, completo e avançar para mais algumas conquistas que o país precisa promover” afirmou. Reportagem de Capa Depoimento - José Mario Paro Sempre avalio os seminários, “works-shops” e congressos como uma oportunidade de aprendizado. As palestras, as análises e os debates que são feitos nestas ocasiões, constituem excelente oportunidade de aprimorar conhecimentos e consolidar informações. Não raro, acontece de serem expostas opiniões divergentes sobre um mesmo tema, que poderão mais confundir que esclarecer. Para fugir desta armadilha, sempre busco captar o consenso e as tendências que afloram no correr dos trabalhos. O 11º Congresso Brasileiro do Agronegócio não fugiu à regra. Apenas que, entre os palestrantes, os consensos foram mais comuns que as divergências, delineando uma visão quase única dos principais problemas do nosso Agronegócio: carga tributária excessiva; legislações trabalhista e ambiental mal formuladas e inadequadas; má qualificação da mão-de-obra; elevado custo dos insumos, máquinas e equipamentos; infra-estrutura sucateada ou inexistente; imensas dificuldades na logística em toda cadeia produtiva; falta de pesquisa e desenvolvimento e o governo, em todas as suas instâncias, pesado, inoperante e não raro, incompetente. Aqui, causou-me estranheza a completa ausência da Embrapa. Mas também houve consenso em que produtores, dirigentes e empresá- Secretário de Extrativismo e Desenvolvimento do MMA, Paulo Guilherme Francisco Ainda durante o evento, a Abag, homenageou duas personalidades do setor de agronegócio brasileiro: o produtor, pioneiro no sistema de plantio direto, Herbert Bartz, com o prêmio, Norman Borlaug e o professor e ex-ministro da Educação e ex-secretário de Meio Ambiente, José Goldemberg com o prêmio, “Ney Bittencourt de Araujo”. José Mario Paro rios do Agronegócio, bem como suas associações de classe, tem sua parcela de responsabilidade neste estado geral de ineficiência. Seja pela falta de comunicação; seja pela falta de organização; seja pela falta de cooperação; seja pela falta de participação política. Pontuou-se que a política será uma das grandes armas neste embate e que dicifilmente as soluções virão de Brasília. Foi lembrado que somos 5 milhões de agricultores, representando tão somente 2,5% da população brasileira e menos que 2,5% dos eleitores. Daí ser necessário que estes 2,5% se unam; se comuniquem; se organizem; desencadeiem ações; proponham soluções. A resultante de todo este quadro, apontado como desalentador, é a falta de estratégia e de políticas para o setor. Foi também colocado, que uma vez mais, não teremos competência para aproveitar, no seu todo, as imensas oportunidades que estão batendo à nossa porta. É até possível que o sentimento geral de frustração tenha sido expresso por um dos debatedores ao afirmar “que os brasileiros estão vendo o cavalo arriado passar na frente, enquanto mantém o comportamento de um gato em piso José Mario Paro (diretor da Canaoeste), Carlos Defendi (gerente coporativo de matéria-prima da Usina encerado: muito movimento e pouco resultado”. RC Guarani) e Paulo Canesin (diretor da Canaoeste) Revista Canavieiros - Agosto de 2012 27 Revista Canavieiros - Agosto 2012 28 Informações Setoriais Chuvas de julho e prognósticos climáticos para setembro e outubro Chuvas anotadas durante o mês de julho de 2012 Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Técnico Agronômico da Canaoeste A média das chuvas anotadas durante o mês de JULHO (26mm) “ficou” quase igual à média das normalidades climáticas de todos locais observados (23mm), como foram, também, iguais às distribuições de chuvas abaixo e acima das respectivas médias históricas. O Mapa 1 mostra a significativa redução da Água Disponível do Solo (até a profundidade de 50 cm) “a partir” do extremo noroeste até a imaginária “diagonal” entre extremos nordeste (Franca) a sudoeste (Presidente Prudente) do Estado, excetuando-se entorno de Ribeirão Preto. Abaixo desta “diagonal” a Disponibilidade de Água do Solo mantinha-se entre média a alta. Condição esta (desta “metade sul”) que ainda não favorecia a maturação da cana; em contra partida, possibilitava o crescimento dos canaviais, mesmo que lentamente e com a amena ajuda térmica. Os Mapas 2 e 3 mostram, a exemplo de junho, a enorme diferença de Disponibilidade de Água no Solo entre os meses de julho de 2011 e 2012! As condições de crítica Disponibilidade de Água no Solo, ao final de julho de 2011, somadas à de junho já se mostravam preocupantes para a área sucroenergé- Mapa 1:- Água Disponível no Solo entre 16 a 18 de julho de 2012 Revista Canavieiros - Agosto de 2012 tica do Estado, mas ainda, sem poder afirmar, até aquele período de moagem, de que haveria quebra acentuada de produtividade. Ainda rememorando, nos meses seguintes - agosto e principalmente a “zebra” de setembro - a escassez de chuvas acentuaram os efeitos da falta de renovação, “dando uma cacetada” na produtividade dos canaviais paulistas e, também, na de toda Região Centro Sul. Ao final deste julho, a “diagonal” nordeste-sudoeste mostrava que Mapa 2:- Água Disponível no solo ao final de julho o 2011. 29 Mapa 4:- Adaptação pela CANAOESTE do Prognóstico de Consenso entre INMET e INPE para o bimestre setembro-outubro de 2012. acima desta linha imaginária a Disponibilidade de Água encontrava-se entre índices médios a críticos; enquanto que se pode notar que abaixo desta “diagonal”, a Água Disponível do Solo estava entre média a alta. Condição esta não muito diferente às assinaladas na metade do mês (Vide Mapa 1). Para subsidiar planejamentos de atividades futuras, a Canaoeste resume o prognóstico climático de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses de setembro e outubro conforme mostrado no Mapa 4. • Para os meses de setembro e outubro prevê-se temperaturas médias entre próximas a ligeiramente acima das respectivas médias históricas para os estados do Espírito Santo, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Tocantins; enquanto que, para os Estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo e Estados da Região Sul prevêm-se temperaturas médias próximas das normais climáticas; • O consenso INMET-INPE assinala que, no mesmo período, poderá ocorrer iguais probabilidades de chuvas nas três categorias (ou em maiores áreas) dos Estados do Espírito Santo, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Tocantins e metade-sul do Rio Grande do Sul (faixa cinza do Mapa 4). Idêntica previsão para os Estados nordestinos e “tomara mesmo que chova”. Exceção à região litorânea nordestina que, na média histórica e dos inícios das moagens, as chuvas tem sido abaixo das normais (faixa amarela). Nas demais áreas da Região Centro Sul, as chuvas poderão ser próximas a acima das respectivas médias históricas (faixa verde do Mapa 4); • Como referência de normais climáticas para Ribeirão Preto e municípios vizinhos, pelo Centro de Cana-Apta IAC, as médias históricas de chuvas são de 55mm em setembro e 125mm em outubro. A SOMAR Meteorologia, com a qual a Canaoeste mantém convênio, tal como previu que para esta região poderia ocor- Mapa 3:- Água Disponível no solo ao final de julho de 2012. rer bom volume de chuvas em junho e médios em julho, prevê também que haverá continuidade de estiagem, talvez até, próximo do início da primavera. Ainda, para esta região e com a tênue influência do El Niño, uma vez que se mostra quase na neutralidade, as chuvas poderão ser próximas às normais climáticas em setembro e acima da média em outubro e novembro, tal como as típicas de “verão”, ou seja, pancadas de chuvas aos finais das tardes. Os prognósticos anteriores que apontavam inverno semelhante ao de 2009 (mais chuvoso que o normal), a SOMAR assinala que tal evento já aconteceu, face às chuvas que ocorreram em maio (final) e junho. O que está prenunciando, ainda segundo a SOMAR, é que este El Niño para a primavera-setembro/dezembro, poderá ser mais semelhante à 2006/2007, que à de 2009/2010. Em função destas previsões climáticas para os próximos meses já há (pode-se dizer, agora) redução de demanda (procura desenfreada) por matéria-prima (cana), a Canaoeste recomenda muitas atenções aos produtores para que evitem escolher ou deixar para colher seus canaviais mais tarde. Uma vez que, as chuvas ocorrerão a partir de meados de setembro e, daí em diante ... Que evitem também mato-competição e se precavenham de pragas, efetuando-se monitoramentos e, se necessários, os devidos controles. Lembrem-se, a partir do início da temporada de chuvas e elevação da temperatura, a cigarrinha das raízes já pode se manifestar e seus efeitos são danoso$$$. E, por ocasião das colheitas, evitem pisoteios e perdas de cana, bem como primarem pela qualidade da matéria-prima. Lembrando, ainda, que produtividade e economicidade da produção “andam de mãos dadas”. Estes prognósticos serão revisados nas edições seguintes da Revista Canavieiros. Previsões ou fatos climáticos relevantes serão noticiados em: - www.canaoeste.com.br - www.revistacanavieros.com.br Persistindo dúvidas, consultem os Técnicos mais próximos ou através do Fale Conosco Canaoeste. RC Revista Canavieiros - Agosto 2012 30 Artigo Técnico I Acompanhamento da safra 2012/2013 A safra 2012/2013 encontra-se no 4º mês e, neste trabalho, são apresentados os dados obtidos até a 2ª quinzena de julho em comparação com os obtidos na 2011/2012 no mesmo período. Na Tabela 1, encontra-se o ATR médio acumulado (kg/tonelada) do início da safra até a 2ª quinzena de julho em comparação com o obtido na safra 2011/2012, sendo que o ATR 2012/2013 está 4,37 Kg abaixo do obtido na 2011/2012 no mesmo período. Tabela 1 – ATR (kg/t) médio da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da Canaoeste das safras 2011/2012 e 2012/2013 As tabelas 2 e 3 contém detalhes da qualidade tecnológica da matéria-prima nas safras 2011/2012 e 2012/2013. Tabela 2 – Qualidade da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da Canaoeste, até a 2ª quinzena de julho, da safra 2011/2012 Thiago de Andrade Silva Gerente de Planejamento, Controle e Topografia da Canaoeste 2ª quinzena de julho, em relação ao da 2011/2012. O gráfico 2 contém o comportamento da POL do caldo na safra 2012/2013 em comparação com a 2011/2012. Tabela 3 – Qualidade da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da Canaoeste, até a 2ª quinzena de julho, da safra 2012/2013 Pode-se observar que a POL do caldo apresentou o mesmo comportamento do BRIX do Caldo. O gráfico 3 contém o comportamento da Pureza do caldo na safra 2012/2013 em comparação com a 2011/2012. O gráfico 1 contém o comportamento do BRIX do caldo da safra 2012/2013 em comparação com a 2011/2012. O BRIX do caldo da safra 2012/2013 ficou acima no mês de abril e na 1ª quinzena de maio, ficando abaixo no restante do período se acentuando na Gráfico 1 – BRIX do caldo obtido nas safras 2012/2013 e 2011/2012 Revista Canavieiros - Agosto de 2012 A Pureza do caldo da safra 2012/2013, exceto os meses de maio, junho e julho que ficou próximo, do início da safra até a 2ª quinzena de abril, ficou acima da obtida na 2011/2012, com maior acentuação na 1ª quinzena de abril. Gráfico 2 – POL do caldo obtida nas safras 2012/2013 e 2011/2012 31 Gráfico 3 – Pureza do caldo obtida nas safras 2012/2013 e 2011/2012 Gráfico 4 – Comparativo das Médias de Fibra da cana Gráfico 5 – POL da cana obtida nas Safras 2012/2013 e 2011/2012 Gráfico 6 – ATR obtido nas safras 2012/2013 e 2011/2012 Revista Canavieiros - Agosto 2012 32 Artigo Técnico I O gráfico 4 contém o comportamento da Fibra da cana na safra 2012/2013 em comparação com a 2011/2012. O gráfico 6 contém o comportamento do ATR na safra 2012/2013 em comparação com a 2011/2012. desta safra ficou acima da observada em 2011, com maior acentuação em maio e junho. A Fibra da cana na safra 2012/2013 ficou abaixo do obtido na 2011/2012 no mês de abril e a partir da 2ª quinzena de junho, sendo a diferença mais acentuada na 1ª quinzena de abril. No mês de maio e na 1ª quinzena de junho a Fibra da cana ficou acima da obtida na safra 2011/2012. Pode-se observar que o ATR apresentou o mesmo comportamento da POL da cana, por apresentar maior participação no teor de ATR. O gráfico 8 contém o comportamento da precipitação pluviométrica acumulada por trimestre na safra 2012/2013 em comparação com a 2011/2012. O gráfico 7 contém o comportamento do volume de precipitação pluviométrica registrado na safra 2012/2013 em comparação com a 2011/2012. Verifica-se que em 2012, o volume de chuva ficou muito abaixo no 1º trimestre, muito acima no 2º trimestre e acima no início do 3º trimestre, se comparado aos volumes médios de 2011. O gráfico 5 contém o comportamento da POL da cana na safra 2012/2013 em comparação com a 2011/2012. A POL da cana na safra 2012/2013 ficou muito acima no mês de abril e pouco abaixo da observada na 2011/2012, se equiparando na 2ª quinzena de maio e a partir do mês de junho foi menor em relação à safra 2011/2012. O volume de precipitação pluviométrica dos meses de fevereiro e abril de 2012 ficou abaixo dos valores obtidos em 2011 com maior acentuação no mês de fevereiro. O mês de março ficou muito abaixo comparativamente com o de 2011. Porém nos meses de janeiro, maio, junho e julho a precipitação pluviométrica Gráfico 7 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) registrada em 2011 e 2012 Revista Canavieiros - Agosto de 2012 A precipitação pluviométrica ocorrida no mês de junho impactou ainda mais a qualidade da matéria-prima que já vinha comprometida desde a 2ª quinzena de maio. Resultando em um teor de ATR 4,37 abaixo do obtido na safra 2011/2012, até a 2ª quinzena de julho. RC Gráfico 8 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) por Trimestre, em 2011 e 2012 33 Revista Canavieiros - Agosto 2012 34 Climatologia Climatologia - El Niño e La Niña O s noticiários sobre clima tem trazido, com maior frequência, citações a estes fenômenos naturais. Os televisivos, muitas vezes, tem ilustrados muito bem como e onde ocorrem. Este artigo tem a intenção de informar, resumidamente, que são, como, onde, quando ocorrem El Niño e La Niña e como interferem no clima brasileiro e mundial. Convém destacar que o clima, mais o solo e a planta, constituem os três pilares (fatores) naturais dos sistemas produtivos de quaisquer culturas. O homem, manejando estes 3 fatores, é responsável em obter o melhor destes fatores naturais e o máximo de cada cultura. No caso regional e estadual, a maior importância é dado ao cultivo da cana, bem como as culturas intercalares ou em rotação, tais como: soja, amendoim, milho, crotalária e, mais recentemente, sorgo sacarino. O Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, através de palestras e artigos, sempre enfatizaram as importâncias destes 3 fatores naturais e mais o de manejo pelos produtores, sempre chamando atenção para que nunca lutem contra a natureza, ou seja, atentem-se para as características naturais do clima, solo e planta, manejem suas culturas tal como fazer “arroz com feijão bem feito – qualidade” e busquem sempre as melhores e mais balizadas informações técnica-econômicas. Voltando ao El Niño e La Niña... Que fenômenos são esses? Como ocorrem? El Niño e La Niña são referidos como fenômenos naturais que alteram, significativamente, a distribuição e intensidade da temperatura superficial da água do Oceano Pacífico, em sua faixa equatorial. Linha esta, imaginária que divide o globo terrestre em dois Hemisférios, Norte e Sul. Alterações estas, também denominadas como ENOS (El Niño-Oscilação Sul, em português), que ocasionam profundos efeitos no clima. Suas influências têm motivado contínuas pesquisas. Quando acontece El Niño, a intervalos médios de 3 a 4 anos, os ventos sopram com menos força em todo o centro da faixa equatorial do Oceano Pacífico, resultando numa diminuição da ressurgência (movimentação) de águas profundas (tornando-o também menos piscoso) e na acumulação de água mais aquecidas que o normal na costa oeste da América do Sul, acompa- Figura 1:- mostrando as faixas quentes (em vermelho-El Niño) e as frias (em azul-La Niña) ao longo da linha (branca) equatorial do Oceano Pacífico. Revista Canavieiros - Agosto de 2012 Oswaldo Alonso Técnico Agronômico da Canaoeste nhadas de massas de ar quentes e úmidas, que provocam muitas e volumosas chuvas na costa oeste da América do Sul (Vide figuras ilustrativas abaixo). La Niña, com efeitos contrários ao El Niño, é caracterizado por temperaturas anormalmente mais frias das águas do Oceano Pacifico equatorial, mesmo no fim do ano. Às vezes, seguindo-se ao El Niño. Figura 2:- mostra a condição atual, a nível global, dos efeitos El Niño e La Niña no mesmo período do ano. Pode estar havendo alternâncias destes fenômenos. El Niño - neutralidade ou pouca predominância sobre La Niña 35 Figura 3:- mostra a condição atual, a nível global, dos efeitos El Niño e La Niña no mesmo período do ano. Poderá ocorrer alternâncias destes fenômenos. Influências do El Niño no Brasil • O fenômeno El Niño é por demais de temido, principalmente pela agricultura, áreas urbanas com relevos acidentados e pelas áreas sujeitas a enchentes. Traz benefícios, mas os efeitos prejudiciais tem sido mais pronunciados; • A Região Sul do Brasil é uma das mais afetadas, pois as chuvas nesta re- gião, entre os meses de junho a novembro/dezembro, chegam a ultrapassar em 150% as normais climáticas. Estas volumosas chuvas também podem atingir o estado de São Paulo; • As temperaturas mudam na Região Sul com invernos mais amenos; enquanto que, nas Regiões Sudeste e Centro Oeste as temperaturas tendem a ser mais elevadas, em comparação às médias históricas. Estas variações térmicas de inverno trazem benefícios para os agricultores da Região Sul e dos Estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo, pois ficam menos sujeitas às geadas; • No Norte: estados do Amapá, Pará e a vizinha metade do Amazonas, bem como em todo Nordeste do Brasil, ocorre diminuição no índice de chuvas. Algumas áreas do sertão nordestino podem ficar sem registrar chuva nos meses de seca e, nos meses em que pode chover não chove. Sendo assim, infelizmente para eles, as secas chegam a perdurar até 2 anos em períodos de El Niño. Mas os períodos de seca não se limitam apenas ao sertão, pois até mesmo no litoral pode ocorrer grandes faltas de chuvas. Influências de La Niña no Brasil • Este fenômeno tem causado menos danos que o El Niño. Porém, tem sido registrados alguns prejuízos em cada episódio de La Niña. As frentes frias são mais fortes, mas, felizmente, suas passagens pelas Regiões Sul e Sudeste são mais rápidas que em períodos de El Niño, reduzindo os volumes de chuvas; • Na Região Centro Sul tem havido estiagens, principalmente nos meses de setembro a fevereiro; • Ainda na Região Centro Sul, as massas de ar polar chegam com mais força no outono. Como consequência, o inverno tende a chegar antes e, mesmo, no outono grandes quedas de temperatura são registradas, principalmente na Região Sul e nos estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo. • Estas frentes frias alcançam o Nordeste do Brasil mais facilmente. Sendo assim a região Nordeste, principalmente o sertão e o litoral baiano e alagoano, são beneficiados por aumento de chuvas o que pode ser bom para a região semi-árida. Mas, estes maiores volumes, podem trazer transtornos para a agricultura. O norte e leste da Amazônia também sofrem um grande aumento no índice pluviométrico. RC Fontes: SOMAR Meteorologia, www.portalsaofrancisco.com.br, www.google.com.br (imagens) Notas Revista Canavieiros participa de Workshop em São Paulo Fernanda Clariano N o dia 7 de agosto, o a Revista Canavieiros participou de um workshop sobre Inovação e Sustentabilidade no Agronegócio Brasileiro, realizado no auditório da ANDEF Associação Nacional de Defesa Vegetal, em São Paulo, que reuniu jornalistas de vários Estados. A programação contou com as presenças do diretor executivo da Abag - Associação Brasileira do Agronegócio, Luiz Antônio Pinazza, que falou sobre Gestão Tecnológica no Agronegócio; do diretor executivo da ANDEF - Edu- ardo Daher, que abordou o tema Inovações no Campo; do diretor presidente do InpEV – Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, João Cesar Rando, que esboçou sobre o Sistema Campo Limpo de Logística Reversa; do gerente de produtos do SINDAG – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola, Fernando Marini, que apresentou os Riscos de Defensivos Ilegais e da diretora executiva do CIB – Conselho de Informações sobre Biotecnologia, Adriana Brondani, que falou sobre Biotecnologia Agrícola. Revista Canavieiros - Agosto 2012 36 Artigo Técnico II Aplicações de ISOBUS na mecanização canavieira Marcelo de Almeida Pierossi Especialista em Tecnologia Agroindustrial Centro de Tecnologia Canavieira – Piracicaba-SP A mecanização da cana-de-açúcar aumentou consideravelmente nos últimos anos devido à uma série de fatores e entre os mais importantes podemos citar: restrições ambientais, trabalhistas e de mão-de-obra. Este aumento ocorreu de forma brusca, expandindo rapidamente na última década e em especial devido à mecanização plena dos novos projetos (greenfields) trazendo sérias consequências às operações agrícolas: aumento do pisoteio dos canaviais e necessidade de maior controle da qualidade das operações. O problema relacionado à compactação causada pelo tráfego excessivo de máquinas foi resolvido com a utilização de bitolas adequadas aos nossos canaviais e o controle da qualidade das operações foi obtido através da utilização de sistemas eletrônicos embarcados. A introdução destes sistemas nos equipamentos agrícolas permite ao operador realizar com maior qualidade suas tarefas, diminuindo o número de variáveis a serem controladas, permitindo o registro e armazenamento das informações e consequentemente, melhorando a qualidade da operação, reduzindo custos, facilitando o planejamento e protegendo o meio-ambiente. Segundo K.C. Ting, professor da Universidade de Illinois nos Estados Unidos, a mecanização agrícola pode substituir a força física de homens e animais e melhorar a uniformidade da operação. A automação agrícola complementa a mecanização implementando as capacidades de percepção, raciocínio, comunicação e planejamento automático. Entretanto com a crescente utilização da eletrônica embarcada em tratores, implementos agrícolas e colhedoras ocorrida a partir dos anos 90, inicialmente na mecanização dos grãos, com o desenvolvimento de computadores de bordo, controladores e monitores de pulverização, monitores de perdas e produtividade, entre outros, ocasionou uma quantidade demasiada de equipamentos na cabine, dificultando a visualização e ação da parte do operador de máquinas, bem como sérios problemas de comunicação entre os equipamentos já que as diferentes soluções não “conversavam” entre si, devido ao fato de utilizarem protocolos proprietários específicos para cada empresa. Esta “Torre de Babel” tecnológica tornava as cabines de tratores tão cheias de instrumentos e indicadores que pareciam muito mais cabines de aviões do que de equipamentos agrícolas, conforme pode ser visto na figura 1 abaixo: A indústria de equipamentos eletrônicos embarcados percebeu que tal situação era um empecilho para o desenvolvimento de negócios do setor, pois aumentava custos de aquisição e manutenção dos sis- Figura 1 - Fonte: Rodrigo M. R. Sakai (Escola de Engenharia de São Carlos, USP). Revista Canavieiros - Agosto de 2012 temas além de causar um grande transtorno operacional aos agricultores. Visando resolver este problema, iniciativas foram tomadas na Europa e América do Norte no sentido de desenvolver um padrão que possibilitasse um protocolo único de comunicação e interface baseado em uma rede, com o objetivo de compatibilizar sistemas de diferentes funções e fabricantes flexibilizando a capacidade de expansão através da diminuição do custo de aquisição, treinamento e manutenção, trazendo vantagens para os usuários e fabricantes. Os primeiros protótipos baseados neste protocolo foram apresentados na Agritechnica de Hannover (Alemanha) em novembro de 2001 e na Agricultural Machinery Conference Show em Iowa (Estados Unidos) em maio de 2002. O padrão adotado foi o ISOBUS, que é um barramento de comunicação definido pela Norma ISO 11783 que especifica uma rede de comunicação serial em máquinas agrícolas e florestais baseado no CAN (Controller Area Network) proveniente do setor automotivo. No final do processo, o agricultor é capaz de utilizar sistemas de monitoramento e controle localizados nos implementos comunicando-se com sistemas embarcados em diferentes tratores sem a necessidade de trocar de software/hardware, conforme mostrado na figura abaixo: Figura 2 - Fonte: www.isobus.com 37 A rede é baseada em equipamentos conectados a um barramento cuja interconexão é obtida através dos chamados ECU - Unidades Eletrônicas de Controle ou em inglês, Electronic Control Unit. Na figura abaixo podemos ver o exemplo de uma rede entre um trator e um implemento. A ECU do trator conecta-se aos dispositivos de GPS, terminal virtual e um controlador de tarefa, bem como as ECUs responsável pelos controles do freio, motor e transmissão. Esta rede então conecta-se à rede do implemento composta por vários ECUs do implemento. embarcada), instituições de ensino e pesquisa e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) com o objetivo de desenvolver, implementar e popularizar a norma ISOBUS no Brasil (NBP-ISO11783) e participar ativamente da evolução da norma internacional (ISO 11783), parte das normas já foram adaptadas para as normas brasileiras. O resultado destas iniciativas, tanto a iniciativa nacional quanto as internacionais, permitirá aos agricultores a intercambialidade de equipamentos de eletrônica embarcada, automação e agricultura de precisão independente da empresa e do país fabricante. Isto equivale à adoção da padronização da tomada de potência em 1927 e do engate de três pontos na década de 1960. Atualmente muitas pesquisas estão sendo Figura 3 - Fonte: Rafael V.de Souza conduzidas no Brasil, em (Escola de Engenharia de São Carlos, USP). especial pelos grupos da No exemplo podemos verificar clara- Escola de Engenharia de São Carlos e mente a rede única que comanda todas as do Laboratório de Automação Agrícola atividades do trator e do implemento, atra- da Escola Politécnica, ambos da Univervés de um único barreamento. A interface sidade de São Paulo e da Embrapa Insentre o operador e a rede é realizada pelo trumentação Agropecuária de São Carlos, terminal virtual. Ao trocar o implemento criando um ambiente favorável ao desenpor um outro de qualquer tipo e/ou fabri- volvimento de equipamentos integrados cante, a rede automaticamente reconhece neste protocolo de comunicação, forneo equipamento e o terminal virtual passa cendo soluções locais. O desenvolvimena ser a sua interface com o operador, sem to de soluções locais é de fundamental importantância para o setor canavieiro, necessidade de ajustes e configurações. pois temos que desenvolver localmente Seguindo iniciativas realizadas nos nossas soluções, ao contrário das máquiEUA e na Europa, foi criada no Brasil, nas destinadas à produção de grãos. durante o Agrishow 2005, a Força Tarefa Uma aplicação atual desta tecnoloISOBUS Brasil composta por empresas privadas (fabricantes de implementos, gia no setor canavieiro é a enfardadora máquinas e equipamentos de eletrônica de fardos retangulares grandes BB9080 Marcelo de Almeida Pierossi da New Holland que atualmente é parte de um projeto desenvolvido em conjunto com o CTC para o enfardamento de palha de cana-de-açúcar. A enfardadora possui um terminal virtual Intelliview III colorido e com tela sensível ao toque que já é totalmente integrado à norma ISOBUS 11783. Pelo terminal virtual é possível controlar todos os processos realizados pela enfardadora desde o número de fardos, seu peso e umidade (sensores de peso e umidade são acessórios opcionais), controle da lubrificação automática, entre outras variáveis. Entretanto o setor ainda necessita de mais desenvolvimento nesta área e o equipamento agrícola que deve receber maior atenção dos fabricantes de máquinas agrícolas no sentido de torná-lo totalmente integrado à ISOBUS é a colhedora de cana. A colhedora de cana picada é sem dúvida a máquina mais complexa que atua nos canaviais, além do fato de que a colheita é a operação final e, portanto de maior importância na cadeia produtiva, onde podem ser perdidos todos os esforços realizados até então. Revista Canavieiros - Agosto 2012 38 Outro fator importante para o desenvolvimento e utilização da ISOBUS é o surgimento de soluções tecnológicas para Agricultura de Precisão que necessitaram conexão à este tipo de rede. As operações agrícolas presentes na produção de cana-de-açúcar demandam cada dia mais por soluções que permitam sua melhoria através da automação e controle e o protocolo Artigo Técnico II ISOBUS em associação às diferentes tecnologias sensoras terá papel fundamental neste processo e os envolvidos (fabricantes, produtores rurais, centros de pesquisa e outros) devem realizar ações no sentido de sua implantação no tempo mais rápido possível. E os principais resultados da utilização de ISOBUS para os agricultores serão: • Facilidade de utilização e insta- lação dos equipamentos de eletrônica embarcada; • Menor necessidade de investimento, visto que um único terminal será compartilhado por vários equipamentos agora e no futuro; • Menor necessidade de treinamento nos equipamentos e • Maior quantidade de dados coletados e consequentemente uma melhor tomada de decisão. A fim de proporcionar um melhor entendimento sobre as principais formas de atuação da norma ISOBUS no Brasil, a Canavieiros entrevistou o pesquisador Ricardo Inamasu, coordenador da Rede de Agricultura de Precisão II da Embrapa e o consultor em gestão e processos agrícolas, Fábio Magnani Paro. Confira! Revista Canavieiros: O que é ISOBUS? Ricardo: ISOBUS é um acrônimo da norma ISO-11783 para que esta soe menos técnica e hermética. O padrão trata de conectividade de informações digitais entre tratores e implementos. Ou seja, máquinas com esse padrão são “plug-and-play” e basta apenas conectar que elas começam a se “conversar” sem necessidade de uma configuração ou ajustes. Fábio: É uma norma que também pode ser comparada e utilizada como ferramenta de padrões para o consumidor, evitando soluções de fundo de quintal com peças de baixíssima qualidade e resultado duvidoso. É gerida pela ABNT e pela Embrapa, portanto tê-las em mãos e acompanhar sua evolução é quase como ter em mãos o código do consumidor brasileiro que trouxe muitos benefícios aos usuários finais. As cooperativas podem e devem auxiliar seus cooperados na orientação e revenda de equipamentos que busquem atender essa normatização. Linhas de financiamentos também precisam privilegiar fabricantes e empresas que investem, divulguem e pratiquem essas normas. Revista Canavieiros: E quem estuda e atualiza as normas no Brasil? Ricardo: No Brasil, formalmente é o Comitê de Estudo da ABNT e há um grupo de empresas e instituições denominada Força Tarefa ISOBUS Brasil (FTI) que apóia financeiramente as atividades de divulgação e estudo. Revista Canavieiros: E como identificar essas normas no seu dia-a-dia? Ricardo: Há uma marca que a AEF confere após certificação em evento chamado Plugfest. O evento por en- quanto é realizado todo ano na Europa e nos Estados Unidos. A marca diz o nível de compatibilidade em que o equipamento está preparado. Revista Canavieiros: Quem participa e quem pode participar? Ricardo: Localmente temos 19 membros, dos quais 14 são fabricantes. Na esfera internacional há 140 membros coordeRicardo Inamasu Fábio Magnani Paro nados pela AEF (AgriculRevista Canavieiros: Quais as vantural Industry Electronics Foundation). Todos podem participar tanto na esfera tagens para o usuário final e para o produtor agrícola? nacional como internacional. Fábio: O produtor, ao adquirir um Revista Canavieiros: Como o pro- equipamento eletrônico para seus tradutor e/ou gestor agrícola pode obter os tores e implementos, terá a certeza de uso em várias operações, por exemplo, benefícios dessas normas e trabalhos? Fábio: O produtor e/ou gestor agrícola de um monitor e um conjunto hidráudeve conhecer o que são essas normas an- lico instalado que servirá para aplicar tes de realizar a compra das tecnologias, herbicida, para aplicar adubo, para se informarem com o fornecedor se o aplicar corretivos em taxa variável e equipamento eletrônico pode ser utiliza- também para realizar os controles da do em tratores e implementos de marcas operação e das máquinas. Ocorre uma diferentes: conhecer as normas e enten- simplificação no uso dessas tecnolodê-las é o primeiro passo para uma boa gias, redução dos custos de aquisição compra/aquisição mesmo que em um pri- e maior aproveitamento. Em empresas agrícolas de maior meiro momento não ocorra o total atendimento dessas expectativas. A compra porte, a padronização dos equipamenpassa a ser mais técnica e com objetivos tos eletrônicos melhora a qualidade claros e deixa de ser menos emocional, de das informações dos controles para a composição de seus custos e também impulso pela novidade tecnológica. Para as empresas de maior porte e os do fechamento contábil (em alguns grandes grupos é interessante utilizar casos atendendo normas internaciodessas normas junto ao departamento de nais de prestações de contas), ponto compras e nas chamadas requisições de sempre muito difícil e trabalhoso pela informações e de propostas comerciais dispersão física dos equipamentos: (RFI e RFP). Perguntar aos fabricantes muitos equipamentos espalhados em como são atendidas e se não, como a em- várias frentes de serviços em distintas fazendas. RC presa pretende atender à essas normas. Revista Canavieiros - Agosto de 2012 39 Revista Canavieiros - Agosto 2012 40 “General Álvaro Tavares Carmo” “Leia mais, seja mais” Cultivando a Língua Portuguesa Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português. “A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar...” Caio Fernando de Abreu Renata Sborgia 1) Maria está muito nervosa com o resultado do concurso. Ofereceram “ água-com-açúcar” para ela. ...com certeza, a água estava salgada por causa da escrita incorreta! O correto é: água com açúcar (sem hífen) Dica fácil: Segundo a Nova Ortografia, água com açúcar não tem hífen porque foi mantida a regra geral nas locuções de qualquer tipo - regra geral - não se emprega o hífen. 2) Ela ganhou de presente uma saia “cor de rosa”... ....e não gostou! O correto é: cor-de-rosa (com hífen) Dica fácil: Segundo a Nova grafia, nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, prepositivas ou conjuntivas, não se emprega em geral o hífen, salvo exceções, já consagradas pelo uso, como é o caso de cor-de-rosa. N o último dia 2 de agosto o MinC - Ministério da Cultura, juntamente com a FBN - Fundação Biblioteca Nacional lançaram a campanha nacional “Leia mais, seja mais”. O objetivo da iniciativa é fomentar e valorizar o hábito da leitura, além de incentivar o uso das bibliotecas públicas em todo o país. A ênfase da campanha é apresentar a leitura como um caminho para o crescimento pessoal de quem a pratica, além de ser um momento de lazer que agrega aprendizado e erudição. A Biblioteca da Canaoeste “General Álvaro Tavares Carmo” apoia e divulga esta campanha, entendendo que a disseminação da literatura e o estímulo à leitura são atividades preciosas para o desenvolvimento cultural e educacional de nosso país e de seus cidadãos. 3) SAIBA MAIS PARA NÃO ERRAR: a) Viagem - com G - substantivo. Significa o deslocamento de um lugar a outro. Ex.: Fiz uma boa viagem. Viajar - com J - É verbo no infinitivo. Indica o ato de fazer uma viagem. Ex.: Adoro viajar para São Paulo. Viajem - com J - É o verbo viajar conjugado na 3ª pessoa do plural do presente do subjuntivo ou no Imperativo afirmativo. Ex.: Espero que eles viajem logo. - subjuntivo Viajem eles. - imperativo b) Expressão grama: Duzentos gramas de farinha - correto Trezentos gramas de ouro - correto Grama como unidade de medida de massa, é um termo masculino. Grama - expressão comum usada para diversas ervas ou que são cultivas para criar gramados em jardins e parques, em pastagens, relva. Usada no feminino. Ex.: As gramas que ele comprou para o local: grama-comum, grama-de-jardim, grama-de-jacobina. PARA VOCÊ PENSAR: Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste. novo endereço: Rua Frederico Osanan, nº842 Sertãozinho-SP Revista Canavieiros - Agosto de 2012 “Você lê e sofre. Você lê e ri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê e sua vida vai se misturando no que está sendo lido.” (Caio Fernando Abreu) Coluna mensal * Advogada, Prof. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria. 41 Revista Canavieiros - Agosto 2012 42 VENDEM-SE - Mudas de seringueira da variedade RIM 600 com borbulheira registrada; - Porta enxertos para mudas cítricas de todas as variedades; - Mudas de limão e laranja de todas as variedades; - Mudas de manga e abacates; Tratar pelos telefones: (17) 91335717 / 9629-5456 / 8101-8767 ou pelo e-mail: [email protected] - Cleiton Bulgo Verdeiro (Branco) - 23 anos de experiência. 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Valor: R$ 2.000.000,00; - Fazenda de 690 alqueires, localizada na região de Araçatuba; planta 600 alqueires de cana. Valor: R$ 45.000,00 por alqueire, com renda de 45 toneladas/ano; - Fazenda de 740 alqueires, localizada na região de Araçatuba; planta 560 alqueires de cana. Valor: R$ 45.000,00 por alqueire, com renda de 45 toneladas/ano; - Área de 15 alqueirão, localizada em Campo Florido; planta 13 alqueirão de cana. Valor: R$ 900.000,00. - Área de 12,5 alqueirão, localizada em Planura-MG; planta 11 alqueirão de cana. Valor: R$ 70.000,00 por alqueirão; - Área de 120 alqueires, localizada em Guararapes-SP a 12 km da usina Cosan. Valor: R$ 42.000,00 por alqueire; Tratar com Wilson pelos telefones: (16) 9739-9340/ 8217-1255/9274-8183. 43 Revista Canavieiros - Agosto 2012 44 Revista Canavieiros - Agosto de 2012
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