Revista Canavieiros

Transcrição

Revista Canavieiros
1
Revista Canavieiros - Agosto 2012
2
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
Editorial
3
A necessidade de políticas públicas
emergenciais
“
Muito se fala em crise do setor e
tempo de crise é tempo de feira,
tempo de ir ver a grande mostra
do setor, conhecer as novidades em
tecnologia que beneficie os produtores
e, principalmente, que o governo veja
a pujança desta classe”. Esta avaliação
foi feita pelo presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, durante a coletiva
de imprensa para apresentação da Fenasucro & Agrocana 2012. Para ele,
mesmo com a insegurança e a falta de
políticas públicas para o setor, os produtores não devem desanimar diante
deste cenário, e sim continuar buscando soluções eficientes. Nesta mesma
ocasião, o presidente da Copercana,
Antonio Eduardo Tonielo, foi anunciado como presidente de honra da Fenasucro, que este ano comemora 20 anos.
Veja a matéria completa em “Notícias
Copercana” desta edição.
- Organização das Cooperativas Brasileiras, Dr. Leonardo Papp, que esclareceu algumas dúvidas sobre o Novo
Código Florestal. Dr. Papp é uma
das maiores autoridades no assunto e
acompanhou de perto a votação e as
mudanças ocorridas no Código.
Em Assuntos Legais, o advogado
da Canaoeste, Juliano Bortoloti, fala
sobre o incêndio descontrolado que
atinge os canaviais e quais as principais atitudes que o produtor rural
deve ter para estar dentro da regulamentação do Novo Código Florestal
A Reportagem de Capa também
aborda o cenário de incertezas que
toma conta do agronegócio brasileiro.
O leitor poderá conferir o 11º Congresso Brasileiro de Agronegócio,
promovido pela Abag - Associação
Brasileira do Agronegócio. Durante
o evento, autoridades, empresários
e entidades ligadas à classe agrícola
do País, discutiram políticas públicas
para o setor.
Nesta edição, a secção “Ponto de
Vista” é assinada por diferentes profissionais do setor sucroenergético e
do mercado financeiro. O consultor
em investimentos, Tiago Luz Boeira,
fala sobre a sustentabilidade aplicada à economia e ao cooperativismo.
O professor Marcos Fava Neves, que
também assina a coluna “Caipirinha”
desta Revista, faz uma comparação
entre o orçamento da refinaria Abreu
e Lima e a construção de novas usinas
de cana no Brasil. Já o gerente-geral
do Icone - Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais
–, Rodrigo Lima, escreve sobre as diferentes formas de economia e apoio
ao produtor na Europa e no Brasil.
O entrevistado deste mês é o Consultor Jurídico Ambiental da OCB
As “Notícias Canaoeste” deste mês
trazem a comemoração ao Dia do
Conselho Editorial:
Antonio Eduardo Tonielo
Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri
Oscar Bisson
Em Artigos Técnicos, o especialista em Tecnologia Agroindustrial
do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), Marcelo Pierossi, fala sobre o
ISOBUS – uma norma de ferramenta – e como é sua aplicação na mecanização canavieira. Já o gerente de
Planejamento, Controle e Topografia
da Canaoeste, Thiago de Andrade Silva, traz o acompanhamento da safra
2012/2013, assim como um importante comunicado sobre a atualização
dos mapas dos associados.
O consultor agronômico da Canaoeste, Oswaldo Alonso, traz as
informações sobre os famosos fenômenos naturais: El Niño e La Niña.
Além disso, não deixe de conferir as
informações da Biblioteca e as dicas
de gramática.
Boa leitura!
Conselho Editorial
RC
Expediente:
Agricultor realizada na CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica e
Integral) em Ribeirão Preto, a visita da
equipe da Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do setor
Sucroenergético) à Fazenda Santa Rita
em Terra Roxa para avaliação de cultivares, o treinamento de pulverizador
de barras, colheitadeira e manutenção
de trator com associados, realizado
em Pontal em parceria com o Sindicato Rural e SENAR (Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural) e também as
reuniões técnicas realizadas nas filiais
regionais da associação.
Equipe de redação e fotos:
Carla Rodrigues, Fernanda Clariano, Murilo
Sicchieri e Rafael H. Mermejo
Comercial e Publicidade:
Marília F. Palaveri
(16) 3946-3311 - Ramal: 2008
[email protected]
Impressão: São Francisco Gráfica
Editora:
Carla Rossini - MTb 39.788
Tiragem DESTA EDIçÃO:
21.500 exemplares
Projeto gráfico e Diagramação:
Rafael H. Mermejo
ISSN: 1982-1530
A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente
aos cooperados, associados e fornecedores do
Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred.
As matérias assinadas e informes publicitários
são de responsabilidade de seus autores. A
reprodução parcial desta revista é autorizada,
desde que citada a fonte.
Endereço da Redação:
A/C Revista Canavieiros
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Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550
Fone: (16) 3946 3300 - (ramal 2190)
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Revista Canavieiros - Agosto 2012
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Ano VI - Edição 74 - Agosto de 2012 - Circulação: Mensal
Índice:
Capa - 25
11º Congresso Brasileiro de
Agronegócio discute políticas
públicas para o setor
O encontro promovido pela a
Abag - Associação Brasileira do
Agronegócio - reuniu autoridades, empresários e entidades
ligadas ao agronegócio
05 - Entrevista
Dr. Leonardo Papp
Consultor Jurídico Ambiental da OCB
Novo Código Florestal: os produtores precisam entender as alterações
E mais:
Ponto de Vista:
Rodrigo C. A. Lima
.................página 10
Ponto de Vista:
Marcos Fava Neves
.................página 11
Coluna Caipirinha:
.................página 12
07 - Ponto de
vista
Tiago Luz Boeira
Planejador financeiro, consultor em investimentos, atua
como professor/palestrante no Grupo Crédito & Mercado
Sustentabilidade aplicada à economia e ao cooperativismo
14 - Notícias Copercana
- Antonio Eduardo Tonielo é o presidente de honra da Fenasucro & Agrocana 2012
16 - Notícias Canaoeste
- CATI comemora Dia do Agricultor em Ribeirão Preto
- Atualização dos mapas associados Canaoeste
- Equipe da Ridesa UFSCar visita Fazenda Santa Rita em Terra Roxa
- Canaoeste realiza reuniões técnicas nas filiais regionais
- Canaoeste realiza treinamento de Pulverizador de barras, Colheitadeira e Manutenção de trator com associados
36 - Artigo Técnico II
Aplicações de ISOBUS na mecanização
A introdução destes sistemas nos equipamentos
permite ao operador realizar com maior qualidade
suas tarefas, diminuindo o número de variáveis a
serem controladas, permitindo o registro e armazenamento das informações e consequentemente
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
Circular do Consecana
.................página 18
Assuntos Legais
.................página 21
Informações Setoriais
.................página 28
Acompanhamento da
Safra
.................página 30
Climatologia
.................página 34
Artigo Técnico II
.................página 36
Cultura
.................página 40
Classificados
.................página 42
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Entrevista
Novo Código Florestal:
os produtores precisam entender as alterações
Dr. Leonardo Papp
Carla Rossini
A Revista Canavieiros entrevistou o Consultor Jurídico Ambiental
da OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras, Dr. Leonardo
Papp para esclarecer algumas dúvidas sobre o Novo Código Florestal. Muitos produtores rurais ainda não conseguiram entender
as mudanças propostas pela nova legislação. Dr. Papp é uma das
maiores autoridades no assunto e acompanhou de perto a votação
e as mudanças ocorridas no Código. Confira a íntegra da entrevista
que ele concedeu à canavieiros.
previu regras diferenciadas de áreas de
preservação permanente e de reserva legal, facilitando a regularização das atividades que já estão sendo realizadas.
Revista Canavieiros: Faça uma síntese das principais mudanças do Código Florestal para que o produtor rural
possa entender o que foi alterado?
Dr. Leonardo Papp:Importante fazer um esclarecimento inicial. A nova
legislação é bastante extensa (mais de
80 artigos) e, na realidade, é composta
pelo conjunto da Lei n. 12.651/12 e da
Medida Provisória n. 571/12. Todos os
dispositivos da nova legislação (tanto
da Lei como da MP) já estão em vigor
desde 28 de maio de 2012. As regras da
Medida Provisória, entretanto, devem
ser confirmadas pelo Congresso Nacional até outubro desse ano, caso contrário, deixarão de ser válidas.
As principais mudanças estão relacionadas às rurais consolidadas, ou seja,
aquelas que já eram ocupadas com atividades agropecuárias em 22 de julho de
2008. Nesses casos, a nova legislação
de passa a ser a vegetação existente no
imóvel em 22 de julho de 2008.
Além disso, há uma série de mecanismos de facilitação do cumprimento da
Foram especialmente privilegiadas obrigação concernente à Reserva Legal,
as pequenas propriedades rurais, aque- mesmo para médias e grandes proprielas com área de até 4 módulos fiscais. dades. Por exemplo, é possível utilizar
Em tais casos, as obrigações relativas toda a área de preservação permanente
às áreas de preser- “Quanto à reserva legal, no cálculo da reservação permanente
va legal. É possíforam diminuídas. as pequenas proprieda- vel utilizar espécies
Por exemplo, para des estão desobrigadas exóticas em até 50%
cursos d’água nada Reserva Legal,
tural com até 10 de promover medidas de garantindo-se a sua
metros de largura,
exploração econômirecomposição ou
em imóveis com
ca. Uma vez criado o
compensação para
área de até 1 móduCadastro Ambiental
lo fiscal a faixa de atingir o percentual de Rural, deixa de ser
preservação perrealizar a
cobertura florestal...” necessário
manente prevista é
averbação da Reserde 5 metros, nos imóveis com área entre va Legal no Registro de Imóveis.
1 e 2 módulos a recomposição é de 8
metros e nos imóveis com área entre 2 e
Revista Canavieiros: Como fica a
4 módulos a recomposição é de 15 me- situação do produtor rural brasileiro
tros. Ou seja, nesses casos não se aplica depois que entrou em vigência o novo
a recomposição mínima de 30 metros.
Código Florestal?
Papp: Comparativamente com o
Quanto à reserva legal, as pequenas Código Florestal anterior, a nova lepropriedades estão desobrigadas de gislação é sobremaneira mais adequapromover medidas de recomposição ou da à tentativa de conciliar produção
compensação para atingir o percentual agropecuária e preservação ambiende cobertura florestal exigido na legis- tal, ou seja, de conciliar equilíbrio
lação anterior (que era de 20% da área ecológico, viabilidade econômica e
do imóvel, no caso de SP). Isso porque, justiça social.
quando a cobertura florestal existente
for inferior a 20% (no caso de SP), a
A legislação anterior simplesmente
Reserva Legal da pequena proprieda- desconsiderava a existência de ativiRevista Canavieiros - Agosto 2012
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Entrevista
dades rurais consolidadas. Tratava
com o mesmo rigor as áreas ainda
cobertas com vegetação e os locais já
ocupados (às vezes, por décadas) com
atividades produtivas. A nova legislação procura tratar diferenciadamente
essas situações: contém mecanismos
que facilitam a regularização de áreas
consolidadas e, ao mesmo tempo, estimulam a conversação da floresta que
ainda está em pé.
Entretanto, é importante reconhecer que a nova legislação não resolve
todos os problemas sobre o assunto.
Seria importante, por exemplo, avançar na discussão sobre os custos associados ao cumprimento da legislação.
Afinal de contas, se a preservação ambiental a todos beneficia, então parece
adequado que toda a sociedade participe do custeio dessas medidas. Embora a nova legislação traga inovações
sobre o tema (por exemplo, fazendo
referência a programas de pagamento
por serviços ambientais), é necessário
aprofundar essa discussão e colocar
essas ferramentas em prática.
rização das atividades consolidadas
em cada um dos Estados. As regras
gerais do PRA devem ser fixadas
pela União, cabendo aos Estados a
elaboração de normas específicas,
em razão de suas peculiaridades territoriais, climáticas, históricas, culturais, econômicas e sociais.
O PRA é um mecanismo que permite que os Estados participem mais da
produção da legislação ambiental. Embora pessoalmente considere que ainda mais responsabilidades deveriam
ser transferidas aos Estados, o PRA é
um avanço em comparação com a legislação anterior, não previa nenhuma
forma de atuação dos Estados.
“...quanto mais informação
estiver à disposição
daqueles que são responsáveis pela tomada de decisão,
maior a chance de que prevaleça a interpretação que
privilegie a conciliação entre
produção e preservação.”
Revista Canavieiros: O que é o
Cadastro Ambiental Rural e o Programa de Regularização Ambiental?
Quando devem começar a funcionar?
Papp: O Cadastro Ambiental Rural – CAR é uma espécie de banco de
dados, mantido pelos órgãos ambientais, que pretende concentrar as informações ambientais (APP, RL, etc.)
de cada uma das propriedades rurais
do país. Comparativamente com a
obrigação de averbar informações
no Registro de Imóveis (que existia
na legislação anterior), as exigências
relativas à inscrição no CAR tendem
a ser menos burocráticas e onerosas
para o produtor.
O Ministério do Meio Ambiente
está estruturando o CAR, ainda sem
prazo certo para sua implantação e disponibilização. Uma vez implantado o
CAR, o prazo para promover a inscrição dos imóveis rurais é de 1 ano.
O Programa de Regularização
Ambiental é o instrumento destinado
a definir como irá ocorrer a regula-
As regras do PRA de cada Estado
devem ser editadas em até 2 anos.
Uma vez disponibilizadas as regras
do PRA, as propriedades rurais com
áreas consolidadas que precisem de
regularização deverão se inscrever em
até 2 anos. Após requerida a inscrição
no PRA, o Poder Público deve convocar o proprietário para firmar termo
de compromisso, indicando quais as
regras diferenciadas que devem ser
atendidas para a regularização das
atividades consolidadas.
Até o término do prazo de adesão
ao PRA, é autorizada a continuidade
das atividades desenvolvidas em áreas rurais consolidadas, podendo ser
exigidas medidas de conservação do
solo e água.
Revista Canavieiros: Em relação
às multas que eram aplicadas pelo
IBAMA e demais órgãos ambientais
até a vigência do novo Código Florestal, em 25/05/2012, continuarão
sendo cobradas? De que forma?
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
Papp: Importante esclarecer que a
nova legislação apenas prevê a suspensão da aplicação ou da cobrança
de multas para situações específicas,
ou seja, nos casos de supressão irregular de vegetação em áreas de preservação permanente, reserva legal e
uso restrito que tenham ocorrido até
22 de julho de 2008. Nas demais situações que configuram infração ambiental não há previsão de suspensão
automaticamente na lei.
Novas multas para tais situações
não podem ser aplicadas até o final
do prazo de adesão ao Programa de
Regularização Ambiental. Quanto às
multas já aplicadas para tais situações,
a nova legislação prevê que serão suspensas com a assinatura do Termo de
Compromisso que integra o Programa
de Regularização Ambiental.
Alguns consideram que, no caso
das multas já aplicadas, o processo de
cobrança pode continuar tramitando
enquanto não for assinado o Termo
de Compromisso. Esse entendimento,
entretanto, contraria a própria finalidade dos mecanismos diferenciados
de regularização previstos na nova
legislação. Considero mais adequado
concluir que, mesmo em relação às
multas já aplicadas, sua cobrança fica
suspensa enquanto estiverem fluindo
os prazos relacionados ao Programa
de Regularização Ambiental. Mas
é preciso reconhecer que é um tema
para o qual haverá divergências de interpretação.
Por fim, também é importante destacar que, uma vez atendido o que
prevê o Programa de Regularização
Ambiental, as multas já aplicadas
para tais situações não serão cobradas
monetariamente.
Revista Canavieiros: O que os
produtores rurais devem fazer caso
sejam multados após a vigência do
novo Código Florestal?
Papp: Se a multa for aplicada em
razão de supressão irregular de vegetação em áreas de preservação permanente, reserva legal e uso restrito que
tenha ocorrido até 22 de julho de 2008,
7
é possível utilizar dispositivos da nova
legislação para alegar que a aplicação
de novas multas estão suspensas. Entretanto, é possível que haja entendimento em sentido diverso, conforme já
na pergunta anterior. No caso de divergência, o Poder Judiciário deverá ser
chamado a se posicionar.
Revista Canavieiros: O artigo 68
do Novo Código Florestal diz que os
proprietários rurais que suprimiram
vegetação respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos pela
legislação em vigor à época, ficam
dispensados de promover a sua recomposição, compensação ou regeneração para os percentuais exigidos
na nova lei. Qual legislação da época e o ano que deveremos considerar
para que seja respeitado o direito adquirido destes proprietários rurais?
Papp: O termo “Reserva Legal”
somente surgiu na legislação brasileira a partir de 1989. Portanto, a rigor,
antes deste ano a legislação não estipulava percentuais de “Reserva Legal”. Diante disso, alguns poderão defender o posicionamento de que, em
razão do art. 68 da nova legislação, as
propriedades nas quais tenham ocorrido supressões de vegetação antes
deste ano não precisam promover recomposição a título de Reserva Legal.
Por outro lado, embora não utilizasse a nomenclatura “reserva legal”,
mesmo antes de 1989 já havia regras
jurídicas que determinavam a manutenção de parcela da área do imóvel
com vegetação. Sob essa perspectiva,
há quem possa defender o posicionamento de que, mesmo que não fosse
chamado de reserva legal na legislação anterior, o art. 68 da nova lei imporia à obrigação de recuperar a vegetação nesses percentuais. Nesse caso,
é relevante identificar qual a época da
supressão, pois a legislação variava
bastante, de acordo com a região do
País e o tipo de vegetação que existia
no imóvel.
É importante reiterar, entretanto,
sobre o assunto também há regra específica para áreas rurais consolidadas em imóveis com até 4 módulos
fiscais. De acordo com o art. 67 da
nova legislação, nesses casos a reserva legal é o remanescente de vegetação que existia em 22 de julho
de 2008, mesmo que seja inferior aos
20% previstos genericamente para as
propriedades de SP.
Revista Canavieiros: Qual a atitude que os produtores rurais que
assinaram TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério
Público e com os órgãos ambientais
com base no Código Florestal revogado devem tomar para se adequar à
nova legislação?
Papp: Também aqui é um ponto em
que deve haver discussões. De um lado,
há aqueles que entendem que os TAC’s
celebrados antes da nova legislação não
poderiam ser modificados para se adequar às novas regras, porque a assinatura do TAC configuraria ato jurídico
perfeito. De outra parte, há quem considere que os TACs anteriores devem ser
adequados à nova legislação, porque
ela introduziu instrumentos específicos
para a regularização de atividades rurais em áreas consolidadas. Eventuais
divergências deverão ser sanadas pelo
Poder Judiciário.
Revista Canavieiros: Na sua opinião, como as associações de classe
devem proceder para ajudar o produtor rural nas questões ambientais?
Papp:Várias medidas podem ser
realizadas. Em primeiro lugar, levar
informação e esclarecimento ao produtor rural. Além disso, participar ativamente da elaboração do Programa
de Regularização Ambiental nos seus
respectivos Estados. Também é importante municiar com informações
os órgãos responsáveis pela interpretação e aplicação da nova legislação,
tais como os órgãos ambientais e o
próprio Poder Judiciário. Afinal de
contas, como qualquer texto escrito,
é possível que surjam controvérsias
de interpretação e, nesse caso, quanto
mais informação estiver à disposição
daqueles que são responsáveis pela
tomada de decisão, maior a chance de
que prevaleça a interpretação que privilegie a conciliação entre produção e
preservação. RC
Revista Canavieiros - Agosto 2012
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Ponto de Vista
Sustentabilidade aplicada à economia e ao
cooperativismo
*Tiago Luz Boeira
U
ma economia capitalista possui sua base de crescimento na
conquista de consumidores e
geração de produtos para atender às suas
necessidades e desejos. Logo, o consumo se torna a principal ferramenta para o
estimulo econômico, gerando uma busca
desenfreada e irracional pelo ter.
O progresso das empresas é baseado na demanda por produtos e serviços
que atendam às necessidades individuais da população. As economias que
enfrentam dificuldades de crescimento
estão com níveis de consumo extremamente baixos, justamente por um consumo exagerado e descontrolado em
anos anteriores. O sistema econômico
encontra-se em descompasso, a população não consome por já estar endividada com um produto X, Y e Z, logo, as
empresas não produzem, demitem funcionários e entram em uma crise cíclica
por redução na demanda, em função do
próprio desemprego.
Notem que, eventos mundiais que
mobilizam empresas e a população
pensando em um sistema “sustentável”
podem mascarar uma grande busca por
novos produtos e serviços, considerados
“ideais” e “ecologicamente corretos”,
para que a população não deixe de consumir, forçando até mesmo a “queima”
de produtos antigos, que teoricamente
consomem muita energia, para produtos
novos, de “baixo impacto ambiental”,
fomentando assim o próprio crescimento
da nação. Existiria saída para uma situação econômica como esta?
Economistas e estudiosos do mundo
inteiro arriscam palpites, o fato é que se
não pensarmos hoje em um consumo
consciente que mantenha um crescimento
contínuo para as empresas, o mercado capitalista estará falido, chegaremos ao fim
dos tempos, ao colapso verdadeiro. Então
chegamos ao principal questionamento:
Como seria o consumo consciente?
O cooperativismo está à frente, marcando seu passo muito antes de pensarmos em sustentabilidade. O sistema que
desenvolve a união de todos para o bem
comum (cooperativismo) gera o crescimento do coletivo, beneficiando empresas, consumidores, intermediários financeiros, e produtores de maneira geral.
Em um dado momento, pessoas e
empresas precisaram se unir para formar um mercado e desenvolver setores
da economia que o Estado, por si só,
não beneficiou com os recursos necessários. Deste modo, o cooperativismo,
o associativismo – ou a união de pessoas – tomou-se a iniciativa de produzir
os recursos escassos em determinadas
regiões, gerando a riqueza necessária
para o crescimento de todos.
Precisamos fazer este modelo econômico continuar a dar certo. Precisamos
envolver empresas de diversos setores
e agregar o crescimento, fomentar o
cooperativismo e o associativismo, promover a geração de emprego e renda. A
forma de continuar neste mercado capitalista é evitar o come-come e incentivar o ganha-ganha.
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
Tiago Luz Boeira
Aproveitando o Ano do Cooperativismo, deixo meus parabéns a todas as cooperativas do Brasil, que buscam fortalecer
sua fonte de riqueza agregando pessoas e
empresas que precisam de estímulos e
boas oportunidades de negócios. Somente através deste auxílio conseguiremos
formar um mercado sólido, que beneficiará o crescimento da nação. RC
*Tiago Luz Boeira é graduado em
administração pelo Centro Universitário de
Maringá, pós-graduado em Consultoria em
Investimentos pela Fundação Getúlio Vargas e também em Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário de Maringá.
Atualmente é planejador financeiro, consultor em investimentos, atua como professor/
palestrante no Grupo Crédito & Mercado e
realiza pesquisas nas áreas econômicas, de
investimentos e crises financeiras.
9
Revista Canavieiros - Agosto 2012
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Ponto de Vista
Agricultura europeia mais verde
*Rodrigo C. A. Lima
E
m meio à crise que assola vários
países europeus, a escalada do
desemprego, a falência de bancos e preços baixos de produtos como
leite, a União Europeia discute a reforma da Política Agrícola Comum (PAC).
Diferentemente de como o Brasil constrói sua política para a agricultura, na
Europa esse assunto não é meramente
uma política econômica voltada para
incentivar a produção de alimentos.
Os bilhões de subsídios dados aos produtores europeus significam muito mais
do que produzir carnes, leite, queijos, vinhos, hortaliças, frutas, mas sim, conservar o meio ambiente, a paisagem bucólica
que faz parte da vida dos europeus, gerar
empregos, impostos, renda, e, em tempos
de crise, atrair os jovens para o campo e
gerar empregos que reforcem o papel da
agricultura na vida dos europeus.
A diferença básica dos planos agrícolas na Europa e no Brasil é a forma
de suporte dado ao produtor. Enquanto
aqui todos esperam para saber o volume
de recursos e qual a taxa de juros para
os empréstimos, lá se discute qual será
o tamanho dos subsídios que os produtores receberão para produzir e, por vezes, para deixar de produzir.
As distorções de comércio geradas
pelos bilhões de euros que regam a agricultura europeia já foram questionadas
na Organização Mundial do Comércio,
e algumas reformas ajudaram a diminuir
o montante de subsídios proibidos. No
entanto, como existem subsídios permitidos, a mudança de recursos para
categorias que em princípio não criam
distorções no comércio é uma realidade.
E o “esverdeamento” dos subsídios
é uma saída inteligente para fomentar
cada vez mais a adoção de práticas sustentáveis, não via créditos facilitados,
como é o caso do Plano Agricultura de
Baixa Emissão de Carbono brasileiro,
mas via pagamentos diretos aos produtores. Desde 2009 a categoria de pagamentos verdes no PAC foi ampliada.
Passou a envolver práticas que melhorem a conservação do meio ambiente,
reduzam emissões de gases de efeito
estufa, considerem práticas elevadas
de bem-estar animal e atividades com
benefícios ao agroambiente. Na prática,
os produtores agrícolas geram bens públicos que interessam a toda a sociedade, e, por isso, recebem subsídios verdes desde que adotem essas ações.
As discussões sobre subsídios verdes
na reforma da PAC envolvem múltiplos
interesses. Se de um lado deixar de produzir em certas áreas gera benefícios
ambientais, em outras pode gerar impactos sócio-econômicos.
Quais as exigências para a rotação
de culturas? Os países deverão adotar
um critério de conservação de 7% ou
3% de cada propriedade como áreas de
foco ecológico? Todos os países do bloco devem seguir os mesmos requisitos?
A adoção de algumas práticas consideradas verdes qualifica diretamente os
produtores? Não há clareza sobre como
funcionarão os subsídios verdes e qual
o montante desses recursos. Fala-se em
quase 16 bilhões de euros por ano.
A despeito das incertezas, é válido
destacar que, se os produtores europeus
forem obrigados a cumprir com certos
requisitos ambientais, como a ideia de
manter 3% ou 7% da propriedade conservada, eles receberão subsídios para
tanto. Essa exigência poderia ser comparada à obrigação da Reserva Legal
no âmbito do Código Florestal. No entanto, além dos requisitos serem infinitamente menores, discute-se que essas
áreas poderão incluir pastagens, culturas perenes para bioenergia e áreas cultivadas sem fertilizantes nitrogenados.
Rodrigo C. A. Lima
ticas agrícolas pautada pelo conceito
de agregar valor aos seus produtos
mediante ações de baixo impacto ambiental. É uma forma inteligente de dar
subsídios “não condenáveis” e justificá-los na medida em que incentivar essas
ações significa gerar bens públicos.
No Brasil, os novos recursos para
adoção de práticas de baixo carbono
do Plano Safra 2012/2013 são apenas
o começo. E na forma de empréstimos.
A discussão séria sobre pagamento por
serviços ambientais, pela vegetação nativa na forma de Áreas de Preservação
Permanente e de Reserva Legal, pelo
carbono no solo, pela biodiversidade,
pela água, pela paisagem, e todos os
benefícios que os produtores brasileiros
geram manejando seu agroambiente de
forma sustentável é um enorme desafio
para o Brasil.
Discute-se ainda se os produtores que
já adotam boas práticas agrícolas, como
produção de orgânicos, ou cumprem requisitos de certificações e padrões privados, poderiam automaticamente receber
os subsídios, afinal, já são verdes!
Considerando apenas o fato de que
no Brasil as fazendas possuem vegetação nativa, sem entrar na discussão de
passivos diante do antiquado Código
Florestal, é possível imaginar o diferencial de externalidades positivas geradas
no campo. Cabe a nós criarmos as políticas necessárias para incentivar e valorizar esses ativos e mostrar ao mundo o
quão verde é nossa agricultura. RC
Independentemente da crise e das
intensas discussões sobre como devem
ser os subsídios verdes, é visível que
a União Europeia desenha suas polí-
*advogado, é gerente-geral do Instituto
de Estudos do Comércio e Negociações
Internacionais (Icone). E.mail: rlima@
iconebrasil.org.br
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
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O orçamento da refinaria Abreu e Lima faria
68 novas Usinas de Cana
*Marcos Fava Neves
E
m mais um triste caso da gestão
pública brasileira, a imprensa
noticiou que o custo da refinaria
Abreu e Lima da Petrobrás, aquela que
a nova presidente da empresa se refere
como um aprendizado para nunca mais
se repetir, pulou de US$ 2,3 bilhões,
quando foi festivamente lançada em
2005 pelo ex-presidente do Brasil e
o presidente da Venezuela, para US$
20,3 bilhões, no orçamento atualizado,
quase 9 vezes maior.
Os dados são de que o custo por
barril de petróleo será de US$ 87 mil,
quando existem similares sendo inauguradas na Índia, China e Coréia por
US$ 10 a US$ 25 mil. Ainda que fosse tolerado o problema orçamentário,
cujo crescimento de nove vezes poderia ser justificado pela inflação de mão
de obra no Brasil, custos de matérias-primas e outros, a informação mortal
é que o Brasil receberá um investimento 3 vezes mais caro, portanto com o
mesmo volume de recursos e boa gestão poderiam ser feitas três refinarias
da mesma dimensão.
Como a imprensa não fez esta relação, sobrou um espaço para comparar
a refinaria Abreu e Lima com a cana,
setor onde a Petrobrás já deveria ter
uma participação muito maior e ainda
recentemente anunciou um recuo nos
investimentos, e onde o Governo Federal faz dumping de preços.
Num país que se diz ambiental, que
sedia a Rio + 20, se investíssemos este
mesmo recurso em Usinas de Cana novas (greenfields), poderiam ser feitas 68
unidades de 2 milhões de toneladas de
cana cada. Bem distribuídas, em 68 pequenos municípios do Brasil, criariam
quase 1000 empregos cada, gerando
investimento, diversificação, renda e
espalhando o desenvolvimento, pois
demandariam nestas cidades a construção de casas, hotéis, restaurantes, academias, shoppings, que precisariam de
gente para trabalhar, promovendo uma
verdadeira farra de empregos e oportunidades, como que ví na semana passada em Chapadão do Sul (MS), apenas
para citar um caso, em que fiquei maravilhado.
Com a produção destas 68 novas
usinas, o Brasil:
a) voltaria a abastecer o crescente
mercado mundial de açúcar, onde foi
perdida importante parcela de mercado,
trazendo US$ bilhões em exportações;
b) voltaria a abastecer com etanol
uma grande parte da frota flex existente no mercado interno, onde 3 milhões
de novos carros entram por ano;
c) teria etanol suficiente para exportar aos EUA, onde o produto feito de
cana é privilegiado por ser considerado um combustível avançado, gerando
mais US$ bilhões em exportações;
d) deixaria de importar gasolina e
diesel, que no primeiro semestre deste
ano contribuíram com um buraco bilionário na balança comercial;
e) por outro lado, seria exportador
de gasolina e petróleo, contribuindo
positivamente para a balança comercial;
f) teria grande volume de biomassa
para co-gerar nas Usinas eletricidade
limpa para o crescente mercado interno brasileiro;
g) teria mais matéria-prima para gerar os novos produtos promissores que
se abrem a este setor, como o plástico,
o diesel, o querosene e a gasolina de
cana e muitos outros;
g) retomaria milhares de empregos
perdidos nos polos produtores de equipamentos (bens de capital, notadamente Sertãozinho e Piracicaba);
h) geraria uma quantidade brutal de
impostos com estes investimentos e com
a venda do açúcar, etanol, eletricidade e
outros produtos nos próximos anos;
i) o ar das nossas cidades, com os
automóveis andando com etanol, seria
bem mais limpo.
Marcos Fava Neves
É melhor parar por aqui para não terminar com as “letras do vocabulário”.
Cada um destes itens merece um
cálculo específico, mas afirmo que
para um país que deve fechar a balança comercial deste ano com um saldo
de apenas US$ 15 bilhões, e que o FMI
prevê que a mesma será deficitária em
US$ 3 bilhões em 2017, estas 68 Usinas inverteriam, com a redução de importações e aumento de exportações,
pelo menos uns US$ 15 bilhões na balança comercial brasileira.
Confesso que é difícil aceitar que
uma obra fique nove vezes mais cara
que o orçamento inicial, que fique três
vezes mais cara que similares internacionais, que o nosso parceiro venezuelano na refinaria não tenha aportado
um parafuso sequer, e que todos estes
possíveis benefícios econômicos, ambientais e sociais da cana e do etanol
não sejam vistos pelo Governo, pelas
ONG’s e pela sociedade brasileira.RC
MARCOS FAVA NEVES é professor
titular de planejamento e estratégia na
FEA/USP Campus Ribeirão Preto e
coordenador científico do Markestrat.
Revista Canavieiros - Agosto 2012
12
Coluna Caipirinha
Uma seca impactante
O mês: não bastasse o aumento do
consumo mundial, fomos surpreendidos com a mais violenta seca nos
últimos 50 anos nos EUA. A gravidade aumentou, já afetando 37% das
propriedades e 43% da área agrícola.
Também enfrentam secas as produções de Índia, Rússia, Ucrânia e
Cazaquistão, trazendo reflexos para
mais de uma safra e mudanças de políticas públicas e estratégias privadas
nas organizações. São impactos, primários, secundários, de curto, médio
e longo prazo, de diferentes magnitudes e relevância ao Brasil. No geral, os impactos são todos positivos,
tirando um risco que temos...
O maior risco ao preços para os produtores no Brasil é a pressão para se
reduzir os mandatos de mistura de biocombustíveis na gasolina em diversos
países, mais notadamente nos EUA,
onde a pressão de grupos contrários ao
etanol é forte para liberar milho para a
alimentação, o que traria grave impacto
as indústrias de etanol. Torçamos para
que isto não aconteça, no fundo o Brasil perde. A boa notícia é que abriu-se
ótima janela para mandarmos etanol
nosso, reconhecido como combustível
avançado, aos EUA.
Empresas: neste mês tive a oportunidade de visitar a ETH, um dos grupos
que mais investiu no negócio sucroenergético. Seguem firmes na meta de
chegar a 40 milhões de toneladas de
cana processadas. Vem fazendo um trabalho consistente e resistindo às tempestades sucroenergéticas.
Pessoas Canavieiras (homenagem): quero dedicar um carinho especial ao meu professor Caetano Ripoli,
da ESALQ. O grande Caetano, de
brilhante carreira acadêmica, filho do
nosso saudoso Romeu Italo Ripoli, ex-presidente do XV de Piracicaba, que
fez história nos anos 70 e 80, e pai do
Marco Ripoli, jovem já com doutorado
e excelente carreira como executivo na
John Deere. Caetano, uma pessoa que
sempre escreve e fala o que pensa, de
muitos assuntos e muitos livros, e que
ajudou muito nas pesquisas de mecani-
Prof. Dr. Tomaz Caetano Cannavan Rípoli
zação no setor de cana. Devemos muita
produtividade ao amigo Caetano, e particularmente desejo que se anime, pois
tem muita coisa pela frente.
Aprendizado de Viagem: neste
mês o convite para uma palestra aos
produtores de algodão em Chapadão
do Sul (MS). Fiquei encantado com
o que vi. Planejadas, largas e arborizadas avenidas, praça da catedral com
academia ao ar livre, calçadas grandes
e verdadeiras e muita gente indo trabalhar de bicicleta. Com os diversificados agro-dólares trazidos pela soja,
milho, algodão, pecuária, Usinas de
cana e muitas outras atividades, surgem supermercados, revendas de automóveis, academias, restaurantes, hotéis, escritórios, explosão imobiliária
(planejada). É o dinheiro do agro se
espalhando por inúmeros empregos e
gerando desenvolvimento.Uma delícia
ver e sentir o Brasil da produção, este
que silenciosamente sustenta o Brasil
do mensalão.
Mercado de Cana: tivemos declarações interessantes do presidente do
BNDES e da presidente da Petrobrás
que o negócio de cana precisa voltar
a crescer, mas não são as pessoas que
resolvem. Também de que finalmente
a gasolina vai subir de preços. Porém,
passou mais um mês e nenhuma das
medidas necessárias foi tomada. Resta esperar que uma possível escassez
de gasolina no final do ano, devido as
dificuldades logísticas de importação e
aumento do consumo sensibilize politicamente o Governo Federal, pois aí a
população vai gritar.
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
Marcos Fava Neves
Haja limão: este mês estamos lotados de assuntos para tratar na parte do
“haja limão”. Tive que selecionar dois
deles. A refinaria Abreu e Lima da Petrobrás e a greve dos caminhoneiros.
Como pode uma obra ficar nove vezes mais cara que o orçamento inicial,
três vezes mais cara que similares internacionais, que o nosso parceiro venezuelano na refinaria não tenha aportado um
parafuso sequer. Em relação à greve dos
caminhoneiros, tem gente que parece não
estar sintonizada com as necessidades do
Brasil. Não estou aqui criticando os caminhoneiros, que trabalham dia e noite para
mover este Brasil, mas quem elaborou a
lei será que foi ouvir os caminhoneiros ou
fizeram de gabinetes refrigerados? Será
que estes caminhoneiros não preferem
dar uma esticada de 3 a 4 dias de trabalho
forte para depois passar dois a três dias
com a família? Fazer 11 horas de descanso onde... em um posto de gasolina destes
precários? Será que quem escreveu não
pensou no impacto nos custos de transporte para quem produz, no impacto para
a inflação no Brasil? Que absoluta falta de
prioridade, que falta de agenda, que falta de foco. Tem coisas mais importantes
para resolver no Brasil.
Até a próxima! RC
MARCOS FAVA NEVES é professor
titular de planejamento e estratégia na
FEA/USP Campus Ribeirão Preto e
coordenador científico do Markestrat.
13
Revista Canavieiros - Agosto 2012
14
Notícias Copercana
Antonio Eduardo Tonielo é o presidente de honra da
Fenasucro & Agrocana 2012
Durante a coletiva de imprensa realizada para apresentação da feira, foi anunciado o nome de
Tonielo para marcar as comemorações de 20 anos da Fenasucro e 10 anos da Agrocana
Carla Rodrigues
N
o dia 15 de agosto, o auditório
da Canaoeste sediou a coletiva
de imprensa de apresentação da
Fenasucro & Agrocana 2012. O evento
contou com a participação da imprensa
regional e a presença de várias lideranças do setor sucroenergético, como o
presidente da Copercana e Sicoob Cocred, Antonio Eduardo Tonielo, o presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan,
o presidente da Datagro, Plínio Nastari
e o presidente do Ceise Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis), Adézio
José Marques. Também estiveram presentes o prefeito de Sertãozinho, Nério
Costa, o presidente da Reed Exhibitions
Alcantara Machado, Juan Pablo de
Vera, o diretor executivo do APLA (Arranjo Produtivo Local do Álcool), Flávio Castelar, o secretário municipal da
Indústria, Comércio, Agricultura, Abastecimento e das Relações do Trabalho
de Sertãozinho, Marcelo Pelegrini e os
diretores da Reed Multiplus, Augusto
Balieiro e Fernando Barbosa.
O presidente do Ceise Br, Adézio
José Marques, destacou a comemoração dos 20 anos de Fenasucro e 10
anos de Agrocana em 2012. Segundo
Marques, este ano a feira acontece em
um momento de extrema incerteza e
insegurança. “Sabemos que não é um
problema apenas do Brasil, é um problema mundial, e por isso devemos valorizar a realização destas feiras, pois
além de toda a exposição de produtos
e equipamentos, também são fórum de
discussões sobre os principais desafios
e tendências do setor”, disse.
Na mesma ocasião, Adézio aproveitou
para anunciar o presidente de honra da
Fenasucro, Antonio Eduardo Tonielo, que
também é presidente da Agrocana desde
sua primeira edição. “Fiquei muito lisonjeado por receber esta homenagem na
maior feira do mundo. É motivo de muita
alegria saber que meu trabalho realizado
nestes 40 anos dentro do setor sucroener-
Antonio Eduardo Tonielo, que também é presidente da Agrocana desde sua primeira
edição, agradeceu a nomeação de presidente de honra da Fenasucro
gético e também de cooperativismo tenha
feito diferença e é claro que tudo o que
conquistei até aqui foi porque sempre tive
pessoas competentes ao meu lado e soube
valorizar isso”, agradeceu Tonielo.
O prefeito, Nério Costa, falou sobre
a importância das feiras para a cidade
e região e também do dever de participação do poder público para dar condições estruturais melhores. “As feiras
são motivo de orgulho para nossa cidade, já que é capaz de movimentar a
cadeia produtiva mundial. Almejamos
um espaço próprio para que possamos
montar uma estrutura adequada e até
triplicar o tamanho da nossa feira, mas
para isso precisamos da ajuda e incentivo do governo”, disse Costa.
O presidente da Canaoeste, Manoel
Ortolan, destacou a importância do papel
do cooperativismo dentro da cadeia produtiva do setor sucroenergético e lembrou que este ano, a ONU (Organização
das Nações Unidas) decretou 2012 como
o Ano Internacional do Cooperativismo.
Devido a isso, o Encontro dos Produtores realizado tradicionalmente durante a
feira pela Canaoeste e Orplana (Associação de Plantadores de Cana da Região
Centro-Sul do Brasil) tem o objetivo de
fazer um “marco do cooperativismo”.
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
“O cooperativismo vem ganhando presença na área de crédito e através dele
e também de novas políticas públicas
devemos dar oportunidade tanto para o
grande quanto para o médio e pequeno
produtor trabalhar. Muito se fala em crise do setor e tempo de crise é tempo de
feira, tempo de ir ver a grande mostra do
setor, conhecer as novidades em tecnologia que beneficie os produtores e, principalmente, que o governo veja a pujança
desta classe”, disse Ortolan.
O presidente da Datagro, Plínio Nastari, falou sobre a Conferência Datagro/
Ceise Br, que acontecerá no dia 28 de
agosto, no Teatro Municipal de Sertãozinho. O evento irá discutir assuntos relacionados a atual situação do setor tanto
interno quanto externamente, as perspectivas do açúcar para a safra 2012/13,
revisão sobre iniciativas em andamento
para diversificação de açúcar na África,
entre outros. “Este é um setor promissor
que movimenta a economia regional e
por isso acontece em Sertãozinho, que
é um grande pólo de desenvolvimento
tecnológico”, articulou Nastari.
O diretor da Multiplus, Fernando
Barbosa, apresentou as melhorias da
feira realizadas para a edição deste ano
e também adiantou algumas novidades
15
que estarão presentes no próximo ano,
como a inclusão das áreas de logística
e de transporte na feira. A divulgação
completa será realizada durante a abertura oficial da feira, que acontecerá no
dia 28 de agosto às 17:00 horas no Centro de Eventos Zanini. De acordo com
Barbosa, para esta edição é esperado
um público de mais de 30 mil visitantes
de 23 estados e 35 países diferentes. No
total, a feira possui mais de 500 expositores reunidos numa área de aproximadamente 16 mil m², gerando mais de 13
mil empregos diretos e indiretos.
O professor e coordenador do AgroFea (Programa de Pesquisa em Agronegócio da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP), Roberto Fava,
falou sobre o trabalho que realiza na faculdade sobre o índice de confiança dos
fornecedores do setor sucroenergético,
e consequentemente projetar um possível cenário, como as mudanças nas
expectativas, a confiança e segurança
do setor. “A avaliação é feita através de
uma pesquisa quantitativa trimestral e é
O evento contou com a participação da imprensa regional e a presença
de várias lideranças do setor sucroenergético
muito bem recebida pelo setor, já que os
fornecedores são os primeiros da cadeia
industrial sucroenergética e sentem os
impactos antes de todos. Este trabalho
é importante para auxiliá-los na tomada
de decisões, é como se fosse uma gestão estratégica”, explicou Fava.
A edição 2012 da Fenasucro & Agrocana acontece de 28 a 31 de agosto no
Centro de Eventos Zanini em Sertãozinho. O horário de funcionamento é das
13:00 às 19:00 horas. A feira é uma realização do Ceise Br e do Sindicato Rural
de Sertãozinho, com coordenação técnica
da STAB (Sociedade dos Técnicos Açu-
careiros e Alcooleiros do Brasil). Contam
com o apoio da Prefeitura Municipal de
Sertãozinho, da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar) e do Sebrae (Serviços de Apoio às Micros e Pequenas
Empresas do Estado de São Paulo).
A Fenasucro também tem o apoio do
CIESP (Centro das Indústrias do Estado
de São Paulo) e ABIMAQ (Associação
Brasileira de Máquinas e Equipamentos). Já a Agrocana conta com o apoio
da Canaoeste, Copercana, Sicoob Cocred e da Unesp (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”),
campus Jaboticabal. RC
Revista Canavieiros - Agosto 2012
16
Notícias Canaoeste
CATI comemora Dia do Agricultor em
Ribeirão Preto
Produtores do sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred e autoridades do setor
se reuniram em evento para a classe agrícola do País
Carla Rodrigues
“
É a classe mais extraordinária
do País. É o herói anônimo”. Foi
com estas frases que o presidente
do Sindicato Rural de Ribeirão Preto,
Joaquim Augusto, iniciou a comemoração ao Dia do Agricultor, realizada pela
CATI (Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral) de Ribeirão Preto, no
dia 27 de julho, em suas dependências.
Produtores, associações, cooperativas e autoridades do agronegócio,
como o secretário-adjunto da Agricultura e Abastecimento, Alberto Macedo,
o deputado estadual, Welson Gasparini
e o representante da superintendência
da Agricultura Familiar do Banco do
Brasil, Rodrigo Quintiliano, estiveram
presentes para parabenizar a classe
agrícola do país. O departamento técnico da Canaoeste também participou
da comemoração.
O presidente do Sindicato Rural da
cidade ainda disse ser a agricultura a
classe mais extraordinária do país, pois
apesar de ter os juros mais caros, ainda
gera economia e riqueza. “Tenho orgulho de fazer parte deste setor. Tenho que
lembrá-los de que usamos somente 39%
do território nacional para trabalhar e
mesmo assim estamos fazendo a produção crescer; geramos empregos e até já
Rodrigo Quintiliano, Alberto Macedo, Carlos Gaeta (CATI), Welson Gasparini e Joaquim Augusto
competimos com os Estados Unidos na
plantação de soja”, disse Augusto.
O secretário-adjunto da Agricultura e Abastecimento, Alberto Macedo,
destacou a importância do agronegócio para a balança comercial do País
e questionou a atuação do governo em
relação à falta de planejamento do setor.
“Infelizmente ainda não sabemos vender muito bem nossa presença na economia. Temos que nos organizar para
podermos ter transparência em nossos
negócios e saber o que vamos produzir, o que vamos vender e aonde vamos
produzir”, afirmou Macedo.
A advogada, Helena Pinheiro Della
Torre, do Grupo Brasil Verde que Alimenta, realizou uma apresentação so-
Agronômos e associados estiveram presentes na comemoração ao Dia do Agricultor
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
Helena Pinheiro Della Torre, advogada do
Grupo Brasil Verde que Alimenta
bre as discussões que ainda permanecem sobre o Novo Código Florestal e
destacou a importância da participação
de todos os produtores rurais durante a
tramitação do Código. “Agora é o momento em que temos que permanecermos unidos para alcançarmos aquilo
que buscamos dentro da regularização
do Novo Código Florestal. Temos que
participar, buscando informações e
orientações necessárias para uma boa
conduta”, explicou Della Torre. Além
disso, a advogada falou com os presentes sobre averbação, Reserva Legal
(RL), Áreas de Preservação Permanente (APP), multas, áreas consolidadas e
também sobre o Cadastro Ambiental
Rural (CAR), programa que irá auxiliar
no processo de regularização ambiental
de propriedades e posses rurais.RC
17
Atualização dos mapas associados Canaoeste
Thiago de Andrade Silva
Gerente de Planejamento, Controle e Topografia da CANAOESTE
A
Canaoeste está realizando
atualizações regionais em
seu acervo de mapas com
o objetivo de oferecer ao associado mais um serviço de qualidade,
proporcionando melhor controle visual da propriedade. Os mapas irão
conter os dados de variedade, corte, ano de plantio, bem como outras
informações que se fizerem necessárias, fornecidas pelo proprietário
para auxiliá-lo na gestão visual da
sua propriedade. As informações
também serão importantes para o
agrônomo que o assiste, podendo ter
um acompanhamento mais preciso
da propriedade do associado. Esses
mapas facilitarão ao associado contratar também o trabalho de levantamento de ambiente de solo.
Os mapas ainda serão base para a
formação do Sistema de Informação
Geográfica, banco de dados geográfico das propriedades, o qual possibilitará que sejam tomadas decisões de
forma mais rápidas e precisas, através de análises de corte, variedade,
produtividade, insumos aplicados,
entre outros fatores relevantes para
avaliar a viabilidade, desempenho e
benchmarking do canavial.
Estaremos entrando em contato através de nossos topógrafos, secretárias e
agrônomos para fazer o agendamento
dos levantamentos. Para maiores informações entre em contato com o Departamento de Topografia no telefone
(16) 3946-3316 ou procure o agrônomo
mais próximo. A Canaoeste tem como
prioridade a melhoria contínua dos serviços prestados, buscando atender com
excelência seus associados. RC
Revista Canavieiros - Agosto 2012
18
Notícias Canaoeste
Equipe da Ridesa UFSCar visita Fazenda
Santa Rita em Terra Roxa
Canaoeste e Ridesa avaliam cultivares em potencial
Da redação
A
equipe da PMGCA/RIDESA/
UFSCar, formada por Hermann
Hoffman, Bruno Silvestrin e
Carlos Loureiro junto com gerente técnico da Canaoeste, Gustavo Nogueira e
a engenheira agrônoma, Daniela Aragão, visitaram no dia 07 de agosto, a
Fazenda Santa Rita da Copercana e Canaoeste em Terra Roxa.
A Ridesa é uma rede de Universidades Federais que atua no desenvolvimento tecnológico da cana-de-açúcar, principalmente variedades.
Atualmente, as variedades mais plantadas e cultivadas foram desenvolvidas pelo Programa.
RB 97.5932
Devido o aumento das exigências do
setor, o PMGCA vem buscando atender
as necessidades com relação a variedades, principalmente precoce e tardia. Na
fazenda foram plantados clones no início do ano com ótimo potencial agrícola.
RB 97.5952
A visita priorizou avaliar os materiais
com grande expectativa de lançamento
no próximo ano. E a Canaoeste acompanhou a avaliação para manter-se sempre
atualizada com o setor e compartilhar informações com os associados. RC
CIRCULAR Nº 07/12
DATA: 31 de julho de 2012
Consecana
Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo
A
seguir, informamos o preço
médio do kg do ATR para
efeito de emissão da Nota de
Entrada de cana entregue durante o
mês de Julho de 2012. O preço médio do kg de ATR para o mês de JULHO, referente à Safra 2012/2013, é
de R$ 0,4922.
O preço de faturamento do açúcar
no mercado interno e externo e os
preços do etanol anidro e hidratado,
destinados aos mercados interno e
externo, levantados pela ESALQ/CEPEA, nos meses de abril a julho e os
acumulados até JULHO, são apresentados ao lado:
Os preços líquidos médios do kg do ATR, em R$/kg, por produto, obtidos nos
meses de abril a julho e acumulados até JULHO, calculados com base nas informações contidas na Circular 01/12, são:
Os preços do Açúcar de Mercado
Interno (ABMI) incluem impostos,
enquanto que os preços do açúcar de
mercado externo (ABME e AVHP) e
do etanol anidro e hidratado, carburante (EAC e EHC), destinados à indústria
(EAI e EHI) e ao mercado externo (EAE
e EHE), são líquidos (PVU/PVD).
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
19
Canaoeste realiza reuniões
técnicas nas filiais regionais
Colaboração: Daniela Aragão Santa Rosa – Agrônoma da Filial de Pontal
A
cana-de-açúcar é
uma cultura diferenciada, de grande importância socioeconômica, e com a evolução
da agricultura, novas tecnologias vêm ganhando
espaço e simultaneamente
mudanças climáticas estão ocorrendo, exigindo cada vez mais atualizações, aprimoramento e acompanhamento sobre o setor.
Pensando nisso, a Canaoeste está realizando neste segundo semestre,
Reuniões Técnicas nas filiais regionais com apoio das empresas do setor
e abordando o tema: Manejo de variedades e Atualizações, relacionando
outros assuntos que são interligados.
A Canaoeste está ligada aos Programas de Melhoramento Genético, recebendo informações dos materiais com potencial de produção que atenda
a necessidade do produtor e acompanhando os resultados em campo, para
compartilhar os dados do desenvolvimento com seus associados.
As variedades representam aproximadamente 40% do custo total da cana-de-açúcar, mostrando a grande importância que deve ser dado ao manejo,
a escolha está associada a diversos parâmetros.
A variedade deve ser proveniente de mudas sadias, pois ela irá permanecer por aproximadamente cinco anos, para após ocorrer uma renovação.
Dessa forma, a escolha deve ser da mais adaptada ao local e livre de doenças
e pragas, com um manejo adequado para atingir altas produtividades
Dentro das circustâncias atuais, procurando atender as necessidades e
oferecer opções de cultivo da cana-de-açúcar as reuniões técnicas estão sendo realizadas de acordo com o cronograma mostrado.
Confirme sua participação na filial mais próxima e prestigie o evento,
aproveitando para obter informações, tirar dúvidas.
Data
Filial
Empresa (patrocinadora) Local
08/08/2012
Morro Agudo
Syngenta
14/08/2012Serrana
Sindicato
15/08/2012Pontal
Kimberlit
16/08/2012Ituverava
Arysta
Sindicato Rural
Paroquial
05/09/2012Viradouro
13/09/2012Pitangueiras
20/09/2012
DuPont
Bebedouro
Maçonaria
Sindicato Rural
Participe, valorize sua associação!
RC
Revista Canavieiros - Agosto 2012
20
Notícias Canaoeste
Canaoeste realiza treinamento de Pulverizador
de barras, Colheitadeira e Manutenção de
trator com associados
O treinamento foi realizado em Pontal e teve parceria com Sindicato Rural e SENAR
Colaboração: Daniela Aragão Santa Rosa – Agrônoma da Filial de Pontal
D
urante os meses de junho e
julho, a Canaoeste em parceria com o Sindicato Rural de
Pontal e o SENAR (Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural), realizaram
4 treinamentos com seus associados
e funcionários em Pontal, divididos
entre parte teórica e prática no campo. Os treinamentos ocorreram com o
objetivo de orientar os fornecedores e
colaboradores sobre a forma correta
de uso dos defensivos, colheitadeiras
e trator para melhorar a eficiência do
trabalho e a qualidade.
DatasTreinamentos
04 a 06 de junho Pulverizador de barras
25 a 27 de junho Pulverizador de barras
19 a 21 de julho Colheitadeira
30 a 03 de agosto Manutenção de Trator
O evento sobre pulverizador de barras orientou os fornecedores sobre os
agrotóxicos. No treinamento foi destacado a NR 31 – Norma Regulamentadora, sobre o aspecto do uso de bancada
durante o manejo com defensivos agrícolas e outros aspectos, a importância
de não ingerir álcool dias antes da aplicação e, principalmente, a importância
do receituário agronômico, nota fiscal
e leitura da bula, onde contém informações imprescindíveis como: nome
comercial do produto, princípio ativo,
classe, classe toxicológica, classe ambiental, intervalo de segurança (período entre a aplicação e a colheita),
intervalo de reentrada, EPI necessários, primeiros socorros, precauções
durante aplicação, efeitos agudos e
efeitos crônicos.
Os
participantes
puderam esclarecer
dúvidas sobre a aquisição do produto, o
transporte e a importância do MOPP (curso para capacitação
de transporte de produtos perigosos) para
quantidades acima da
isenção, além de informações de como
proceder ao armazenamento, utilização,
Treinamento de colheitadeira
tríplice lavagem, devolução de embalagens, cálculos para
Alguns
aplicação, uso de bicos e regulagem do problemas de
pulverizador. Os participantes foram campo foram apontados e demonstrados
divididos em grupos para realizar uma como solucionar, por exemplo: quando
apresentação sobre os conhecimentos embucha a máquina, onde está o proadquiridos, leram a bula e destacaram blema? No corte de base ou no picador?
as informações contidas, regularam um Quando a vibração da máquina é intenpulverizador, além da realização de uma sa, onde está o problema? Para que serve
prova para avaliar o aprendizado.
a hélice próxima ao motor?
O evento sobre colheitadeira e manutenção de trator orientou os fornecedores
sobre os modelos, as partes constituintes
das máquinas, bem como os diagnósticos
de possíveis problemas. Foi falado especialmente sobre extrator primário e secundário, onde ambos devem estar funcionando no momento da colheita para
manter o ponto de equilíbrio; divisor de
cana: coletar, levantar e dividir a fileira
de cana, cana em pé colhe com ângulo
negativo, cana deitada colhe com positivo; o rolo tombador força a cana para
facilitar o corte; corte de base: corta cana
rente ao solo. Para alterar o tamanho do
tolete na colheita deve
alterar a velocidade do
transportador e não do
picador, pois a velocidade é fixa, o tamanho
ideal é 17 cm. O “fio
de cruzi” tem a função
de diminuir a rotação
do motor.
Treinamento de Pulverizador de barras
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
A máquina possui pontos críticos
onde necessita de graxa sempre: suspensão e mesa de giro. O pino e a bucha
a cada 25 horas trabalhadas passa graxa, enquanto o rolamento deve ser lubrificado a cada 250 horas trabalhadas.
A graxa de recomendação é a NLGI lítio 2 com 3 a 5% bissulfeto de molibdênio, pois suporta 180ºC e resiste a água.
Os treinamentos se tornam muito
importantes, pois atualizam os produtores das leis sobre os defensivos agrícolas, evolução das máquinas e sistemas
de funcionamento, soluções para problemas que ocorrem com frequência na
lavoura e relembram a importância do
uso das informações adquiridas, disponibilizando o certificado reconhecido.
Os fornecedores devem sempre
procurar orientação dos agrônomos
em caso de dúvidas e necessidades de
atendimentos. RC
21
Assuntos Legais
Queima de cana e o novo Código Florestal
lei n. 12.651/2012.
Juliano Bortoloti
É
sabido que um dos principais
problemas para os produtores de
cana-de-açúcar, principalmente
no Estado de São Paulo, maior produtor
nacional da cultura, é o incêndio descontrolado que grassa os canaviais e,
até mesmo, a palhada que fica no solo
após a colheita mecanizada. Me refiro
aqui aos incêndios de origem desconhecida, ocasionados de forma criminosa
e/ou não intencional por terceiras e desautorizadas pessoas.
Até o advento da Lei n. 12.651/2012
(Novo Código Florestal), o agente público ao tomar conhecimento da queima
de cana, imediatamente lavrava um auto
de infração com penalidade de multa em
desfavor do produtor rural e/ou da unidade industrial receptora da cana objeto de
incêndio, sob o argumento de que teria
se beneficiado da referida queima, sem
considerar argumentos que mostravam
o inverso, na maioria dos casos, como
exemplo: queima antes do ponto ideal
de maturação da cana, queima em área
sistematizada para colheita mecanizada,
queima fora do período de disponibilidade de entrega na unidade industrial, etc.
Pois bem, o novo Código Florestal em vigor desde o dia 25 de maio
de 2012, veio corrigir esta histórica
interpretação equivocada dos agentes
públicos, através dos parágrafos 3º e
4º, do artigo 38, prescrevendo que “Na
apuração da responsabilidade pelo uso
irregular do fogo em terras públicas ou
particulares, a autoridade competente para fiscalização e autuação deverá
comprovar o nexo de causalidade entre
a ação do proprietário ou qualquer preposto e o dano efetivamente causado”,
reforçando ainda que “É necessário o
estabelecimento de nexo causal na verificação das responsabilidades por infração pelo uso irregular do fogo em terras
públicas ou particulares”.
De forma prática, tal dispositivo legal
transfere o ônus da prova para verificação
do infrator – aquele que efetivamente foi
o autor do incêndio - ao agente público,
como sempre deveria ser, mas, mesmo
assim, é recomendável que o produtor rural continue produzindo o maior número
possível de provas de que não concorreu
para com eventual incêndio em seu canavial, pois pode ser muito útil em defesas
de autos de infração lavrados equivocadamente pelo agente público.
Dentre o que se pode ser feito, elenco aqui algumas provas fáceis de serem
produzidas;
o
Boletim de Ocorrências informando o ocorrido e, se possível, a origem
do incêndio.
o
Fazer análise da cana queimada
para poder constatar que o rendimento
industrial, medido em quilos de ATR,
não está no ponto ideal, ou seja, a cana
queimada não estava no seu nível de
maturação máximo para ser colhida,
não sendo justificável, portanto, o uso
do fogo como auxiliar da colheita;
o
Pedir declaração da unidade industrial e ou prestadora de serviços que
enviou o caminhão tanque (bombeiro),
onde conste que o produtor assim solicitou para apagar um incêndio de origem
desconhecida ocorrido em seu canavial;
o
Tirar fotos dos aceiros existentes na
propriedade, bem como do não plantio em
áreas proibidas de serem exploradas (abaixo das linhas de transmissão de energia
elétrica, por exemplo), demonstrando com
isso obediência à legislação pertinente;
o
Caso possua autorização, informar ao
agente autuador, caso esse apareça, que não
estava programada a queima, tanto que sequer efetuou as comunicações aos confrontantes e à Secretaria do Meio Ambiente;
o
Caso não possua autorização, informar ao agente autuante que não possuía
interesse em utilizar-se do fogo em sua
lavoura, tanto que sequer buscou referida autorização;
o
Demonstrar, através de fotos, testemunhas e laudo pericial, que a área queimada estava preparada para o corte mecânico, não justificando, portanto, o seu
Juliano Bortoloti
Advogado da Canaoeste
interesse em utilizar-se do fogo, assim
como a correta área atingida pelo fogo;
o
Demonstração de que a queima na
área ocorreu em um período inferior a 12
meses. Isso pode ser feito através de documento que comprove a data da colheita
da área queimada na safra anterior, inclusive por meio da comunicação de queima
feita à Secretaria do Meio Ambiente.
o
Apresentação de laudo técnico,
assinado por profissional habilitado,
demonstrando a origem desconhecida do fogo ou a origem provocada por
terceiros que poderá ser solicitado pelo
Escritório Regional da Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral – CATI
(casa da agricultura), da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento Estadual;
o
Apresentar o histórico da colheita
mecanizada e/ou evolução desta nas última três safras.
Portanto, o novo Código Florestal,
representado pela Lei nº 12.651/2012,
vigente desde 25/05/2012, veio para
sanar um grande problema enfrentado
pelos produtores rurais que, devido a
ações praticadas por terceiros, acabavam
sendo duplamente penalizados, primeiro
pelo prejuízo que o incêndio descontrolado lhes causou e, também, pela vultosa pena de multa que lhes eram aplicadas indevidamente. Desta forma, desde
25/05/2012, não pode mais o agente público aplicar inadvertidamente a penalidade de multa ao proprietário sem antes
apurar o real infrator do incêndio, sob
pena de nulidade do auto de infração. RC
Revista Canavieiros - Agosto 2012
22
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
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Revista Canavieiros - Agosto 2012
24
11º Congresso Brasileiro de
Agronegócio discute políticas
públicas para o setor
O encontro promovido pela a Abag - Associação Brasileira do Agronegócio reuniu autoridades, empresários e entidades ligadas ao agronegócio
Fernanda Clariano
N
o dia 6 de agosto, a Abag - Associação Brasileira do Agronegócio -, realizou no Sheraton
São Paulo WTC Hotel, o 11º Congresso Brasileiro do Agronegócio: Brasil
Alimentos e Energias - Seguranças
Globais. Os debates abordaram a adoção de meios que possibilitem o aumento da produção de alimentos sem
desprezar a necessária preservação do
meio ambiente.
O encontro reuniu autoridades,
empresários e entidades ligadas ao
agronegócio. Dentre eles, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho; a
secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Mônica Bergamaschi - representando o
governador do Estado de São Paulo,
Geraldo Alckmin; o secretário de
Extrativismo e Desenvolvimento do
Ministério do Meio Ambiente, Paulo
Guilherme Cabral - representando a
ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira; o deputado federal Homero
Pereira - presidente da Frente Parlamentar Agropecuária; o deputado
federal, Raimundo Gomes de Matos
- presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e De-
O Presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho fez a abertura do 11º Congresso Brasileiro do Agronegócio
senvolvimento Rural; o deputado estadual, Barros Munhoz - presidente da
Assembleia Legislativa do Estado de
São Paulo e o presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento
Social), Luciano Coutinho.
Também participaram do evento,
os diretores da Canaoeste, José Mário
Paro e Paulo Canesin, que estavam
acompanhados do gerente corporativo
de matéria-prima do Grupo Guarani,
Carlos Defendi.
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
Na abertura, o presidente da Abag,
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, se mostrou descrente em relação ao posicionamento do governo e a prática das ações.
“O discurso sempre foi a favor do segmento, mas, na realidade, fica a desejar
no que se refere em colocar as medidas
em operação. Há muitos gargalos que
precisam ser superados. O principal diz
respeito à oferta, em que enfrentamos
um grande protecionismo”, afirma. Carvalho também falou sobre a logística e
que ponto-chave da questão se refere à
Fotos: Gerardo Lazzari
Reportagem de Capa
tributação, onde o setor, segundo ele,
está sendo punido.“Temos mostrado
capacidade e eficiência e acabamos tropeçando nessas questões. Os candidatos
à Presidência sempre dizem que vão dar
uma solução. Só dizem! Estamos realizando este Congresso porque nos perguntamos: qual a estratégia do Brasil?
Qual é o foco do Brasil? Temos uma
capacidade de commodities agrícolas.
Não consigo ver com clareza o governo
tentar resolver esses temas”, conclui.
Ministro de Agricultura, Mendes Ribeiro
O ministro de Agricultura, Mendes
Ribeiro, disse em seu discurso, acreditar
que as crises que o País está enfrentando são decorrentes do momento atual
da economia global. No entanto, frisou
que o governo terá que ter o cuidado
até alcançar o patamar de excesso de
produção. Quanto à safra 2012/2013, o
ministro, se mostrou esperançoso com
o resultado. “O País colherá a maior safra de sua história. Estamos tratando da
questão de produção com muito cuidado, com auxílio de todos. É um esforço
conjunto muito grande, mas acredito que
a nossa safrinha virou safrão”, disse.
Para o ministro, as restrições impostas pelos EUA, vão trazer dúvidas ao
mercado brasileiro. Ele afirmou que no
ano que vem, o País não terá problemas
de grãos, mas poderá ter algum problema pontual de carne, principalmente a
suína.“Tive a oportunidade de criar o
Conselho de Agronegócio Brasileiro e
estamos discutindo todos esses temas.
As Câmaras Setoriais estão esgotando o
assunto. Estamos com toda a disposição
para enfrentar o problema”, afirmou
O ministro disse ainda que o Governo
Federal vai implementar um plano nacional de armazenagem, fazendo parcerias
com a iniciativa privada. Quanto à greve dos fiscais agropecuários, o ministro
disse que as conversas estão avançando.
“O governo está empenhado em firmar
convênios com os Estados, que têm respondido positivamente. Eu conversei
pessoalmente com os fiscais e disse a eles
da importância com a questão lúcida. Nós
estamos buscando mais mercados. Por
isso a importância deles é fundamental.
E pedi para que eles não prejudicassem
o serviço. E eles prometeram”, enfatizou.
Presidente do BNDES, Luciano Coutinho
Na avaliação do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, existe uma
série de fatores que colaboram com
uma visão otimista em relação ao agronegócio brasileiro. Em longo prazo, a
economia brasileira terá crescimento
sustentável, impulsionada pelo fortalecimento do mercado interno e por
índices decrescentes de desemprego.
Além disso, Coutinho afirmou que há
outro fator de impulso para a economia,
a expansão do crédito e a ampliação da
classe média e apresentou aspectos positivos da economia brasileira. “Dentre
os países emergentes: Rússia, Índia,
China e África do Sul, o Brasil foi o
único que conseguiu diminuir a desigualdade social. Hoje, a maioria da população encontra-se classificada como
classe média, não será difícil atender a
necessidade de alimentos e energia no
País e no mundo porque o agronegócio
brasileiro já deu um verdadeiro show de
produtividade, nos últimos quatro anos
a área plantada se mantém estável, no
mesmo tamanho”, disse.
Segundo Coutinho, os desafios do
desenvolvimento do agronegócio são
a sustentabilidade no uso da terra, a
eficiência e a produtividade no cultivo, e o domínio das inovações tecno-
25
lógicas. “O agronegócio brasileiro é
responsável por 22,15% do PIB (Produto Interno Bruto), e alcançará um
superávit comercial de US$ 77,5 bilhões, isso, sem falar da necessidade
de manter o crescimento econômico
do país”, afirma. Ele também frisou
que o governo deve anunciar, nos próximos dias, grandes investimentos em
logística voltada especialmente para
facilitar a movimentação de produtos
agropecuários.
Presidente da LMC International, James Fry
Durante o debate no painel: Brasil
como ofertante de alimentos – O que será
essencial?, o presidente da multinacional
Monsanto, André Dias, disse que a responsabilidade do Brasil na tarefa como
ofertante de alimentos já é reconhecida.
“O produtor brasileiro tem conseguido,
ao longo do tempo, potencializar os ganhos, sem ampliar a área plantada, o que
reforça a capacidade do País em desenvolver uma agricultura sustentável”.
O presidente da LMC International, o economista britânico, James Fry,
durante sua apresentação no painel,
Seguranças Alimentar e Energética Limitações e Políticas Possíveis – Principais Ofertantes, disse que o preço das
commodities agrícolas passou a estar
altamente vinculado ao do petróleo a
partir de 2007, com o crescimento na
adoção de biocombustíveis no mundo.
“No passado, era possível prever se os
preços iam subir ou cair apenas olhando
a tendência do estoque mundial, mas a
partir de 2007 a faixa de preço desses
produtos passou a ser determinada pelo
preço do petróleo”.
De acordo com Fry, o Brasil faz o
preço mundial do açúcar, logo a política de preço da gasolina do Brasil define
Revista Canavieiros - Agosto 2012
26
o preço do mercado global de açúcar.
“No Brasil, a cana não muda de destinação naturalmente conforme os preços
do mercado, conforme a competitividade do etanol em relação ao preço do
petróleo. Ou seja, ao limitar o preço da
gasolina, o Brasil limita também o preço internacional do açúcar, e não só o
preço interno do etanol”, conclui.
O secretário de Extrativismo e Desenvolvimento do Ministério do Meio
Ambiente, Paulo Guilherme Francisco, que representou a ministra do Meio
Ambiente Izabella Teixeira, participou
do painel - Políticas Públicas e Brasil
Ofertante de Alimentos e de Energia,
e salientou a importância do agronegócio e da proteção ambiental para
a economia brasileira. “No Brasil, o
agronegócio, as empresas, os produtores, os trabalhadores da agricultura,
têm se empenhado na contribuição para
a produção de alimentos, atendendo a
exigência mundial que se coloca e ao
mesmo tempo promovendo a proteção ambiental. Isso nos encoraja num
momento em que o País passa por um
conjunto de discussões e em grandes
momentos acaloradas e conflitiva, mas
que constroem novo ordenamento no
caso específico do Código Florestal,
onde vamos poder em breve estar com
um texto acabado, completo e avançar
para mais algumas conquistas que o
país precisa promover” afirmou.
Reportagem de Capa
Depoimento - José Mario Paro
Sempre avalio os seminários, “works-shops” e congressos como uma oportunidade de aprendizado. As palestras, as
análises e os debates que são feitos nestas ocasiões, constituem excelente oportunidade de aprimorar conhecimentos e
consolidar informações.
Não raro, acontece de serem expostas
opiniões divergentes sobre um mesmo
tema, que poderão mais confundir que esclarecer. Para fugir desta armadilha, sempre busco captar o consenso e as tendências que afloram no correr dos trabalhos.
O 11º Congresso Brasileiro do
Agronegócio não fugiu à regra. Apenas que, entre os palestrantes, os consensos foram mais comuns que as
divergências, delineando uma visão
quase única dos principais problemas
do nosso Agronegócio: carga tributária excessiva; legislações trabalhista e
ambiental mal formuladas e inadequadas; má qualificação da mão-de-obra;
elevado custo dos insumos, máquinas
e equipamentos; infra-estrutura sucateada ou inexistente; imensas dificuldades na logística em toda cadeia
produtiva; falta de pesquisa e desenvolvimento e o governo, em todas as
suas instâncias, pesado, inoperante e
não raro, incompetente. Aqui, causou-me estranheza a completa ausência
da Embrapa.
Mas também houve consenso em
que produtores, dirigentes e empresá-
Secretário de Extrativismo e Desenvolvimento do
MMA, Paulo Guilherme Francisco
Ainda durante o evento, a Abag, homenageou duas personalidades do setor
de agronegócio brasileiro: o produtor,
pioneiro no sistema de plantio direto,
Herbert Bartz, com o prêmio, Norman
Borlaug e o professor e ex-ministro da
Educação e ex-secretário de Meio Ambiente, José Goldemberg com o prêmio,
“Ney Bittencourt de Araujo”.
José Mario Paro
rios do Agronegócio, bem como suas
associações de classe, tem sua parcela
de responsabilidade neste estado geral
de ineficiência. Seja pela falta de comunicação; seja pela falta de organização;
seja pela falta de cooperação; seja pela
falta de participação política.
Pontuou-se que a política será uma
das grandes armas neste embate e que
dicifilmente as soluções virão de Brasília. Foi lembrado que somos 5 milhões
de agricultores, representando tão somente 2,5% da população brasileira e
menos que 2,5% dos eleitores. Daí ser
necessário que estes 2,5% se unam; se
comuniquem; se organizem; desencadeiem ações; proponham soluções.
A resultante de todo este quadro,
apontado como desalentador, é a falta
de estratégia e de políticas para o setor. Foi também colocado, que
uma vez mais, não teremos
competência para aproveitar,
no seu todo, as imensas oportunidades que estão batendo à
nossa porta.
É até possível que o sentimento geral de frustração tenha sido expresso por um dos
debatedores ao afirmar “que os
brasileiros estão vendo o cavalo arriado passar na frente,
enquanto mantém o comportamento de um gato em piso
José Mario Paro (diretor da Canaoeste), Carlos
Defendi (gerente coporativo de matéria-prima da Usina encerado: muito movimento e
pouco resultado”. RC
Guarani) e Paulo Canesin (diretor da Canaoeste)
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
27
Revista Canavieiros - Agosto 2012
28
Informações Setoriais
Chuvas de julho e prognósticos
climáticos para setembro e outubro
Chuvas anotadas durante o mês de julho de 2012
Engº Agrônomo Oswaldo Alonso
Técnico Agronômico da Canaoeste
A média das chuvas anotadas durante o mês de JULHO (26mm) “ficou” quase igual à média das normalidades climáticas de todos locais
observados (23mm), como foram,
também, iguais às distribuições de
chuvas abaixo e acima das respectivas médias históricas.
O
Mapa 1 mostra a significativa
redução da Água Disponível do
Solo (até a profundidade de 50
cm) “a partir” do extremo noroeste até
a imaginária “diagonal” entre extremos
nordeste (Franca) a sudoeste (Presidente Prudente) do Estado, excetuando-se
entorno de Ribeirão Preto. Abaixo desta
“diagonal” a Disponibilidade de Água do
Solo mantinha-se entre média a alta. Condição esta (desta “metade sul”) que ainda
não favorecia a maturação da cana; em
contra partida, possibilitava o crescimento dos canaviais, mesmo que lentamente e
com a amena ajuda térmica.
Os Mapas 2 e 3 mostram, a exemplo de junho, a enorme diferença de
Disponibilidade de Água no Solo entre
os meses de julho de 2011 e 2012! As
condições de crítica Disponibilidade de
Água no Solo, ao final de julho de 2011,
somadas à de junho já se mostravam
preocupantes para a área sucroenergé-
Mapa 1:- Água Disponível no Solo entre 16 a 18 de julho de 2012
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
tica do Estado, mas ainda, sem poder
afirmar, até aquele período de moagem, de que haveria quebra acentuada
de produtividade. Ainda rememorando,
nos meses seguintes - agosto e principalmente a “zebra” de setembro - a escassez de chuvas acentuaram os efeitos
da falta de renovação, “dando uma cacetada” na produtividade dos canaviais
paulistas e, também, na de toda Região
Centro Sul. Ao final deste julho, a “diagonal” nordeste-sudoeste mostrava que
Mapa 2:- Água Disponível no solo ao final de julho
o 2011.
29
Mapa 4:- Adaptação pela CANAOESTE do
Prognóstico de Consenso entre INMET e INPE
para o bimestre setembro-outubro de 2012.
acima desta linha imaginária a Disponibilidade de Água encontrava-se entre
índices médios a críticos; enquanto que
se pode notar que abaixo desta “diagonal”, a Água Disponível do Solo estava
entre média a alta. Condição esta não
muito diferente às assinaladas na metade do mês (Vide Mapa 1).
Para subsidiar planejamentos de atividades futuras, a Canaoeste resume o
prognóstico climático de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais para os meses de
setembro e outubro conforme mostrado
no Mapa 4.
• Para os meses de setembro e outubro prevê-se temperaturas médias entre próximas a ligeiramente acima das
respectivas médias históricas para os
estados do Espírito Santo, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de
Janeiro e Tocantins; enquanto que, para
os Estados do Mato Grosso do Sul, São
Paulo e Estados da Região Sul prevêm-se temperaturas médias próximas das
normais climáticas;
• O consenso INMET-INPE assinala
que, no mesmo período, poderá ocorrer
iguais probabilidades de chuvas nas três
categorias (ou em maiores áreas) dos
Estados do Espírito Santo, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Tocantins e metade-sul do Rio
Grande do Sul (faixa cinza do Mapa 4).
Idêntica previsão para os Estados nordestinos e “tomara mesmo que chova”.
Exceção à região litorânea nordestina
que, na média histórica e dos inícios
das moagens, as chuvas tem sido abaixo das normais (faixa amarela). Nas
demais áreas da Região Centro Sul, as
chuvas poderão ser próximas a acima
das respectivas médias históricas (faixa
verde do Mapa 4);
• Como referência de normais climáticas para Ribeirão Preto e municípios
vizinhos, pelo Centro de Cana-Apta
IAC, as médias históricas de chuvas
são de 55mm em setembro e 125mm
em outubro.
A SOMAR Meteorologia, com a qual
a Canaoeste mantém convênio, tal como
previu que para esta região poderia ocor-
Mapa 3:- Água Disponível no solo ao final de julho de 2012.
rer bom volume de chuvas em junho e
médios em julho, prevê também que
haverá continuidade de estiagem, talvez
até, próximo do início da primavera.
Ainda, para esta região e com a tênue
influência do El Niño, uma vez que se
mostra quase na neutralidade, as chuvas
poderão ser próximas às normais climáticas em setembro e acima da média em
outubro e novembro, tal como as típicas
de “verão”, ou seja, pancadas de chuvas aos finais das tardes. Os prognósticos anteriores que apontavam inverno
semelhante ao de 2009 (mais chuvoso
que o normal), a SOMAR assinala que
tal evento já aconteceu, face às chuvas
que ocorreram em maio (final) e junho.
O que está prenunciando, ainda segundo a SOMAR, é que este El Niño para
a primavera-setembro/dezembro, poderá
ser mais semelhante à 2006/2007, que à
de 2009/2010.
Em função destas previsões climáticas para os próximos meses já há (pode-se dizer, agora) redução de demanda
(procura desenfreada) por matéria-prima
(cana), a Canaoeste recomenda muitas
atenções aos produtores para que evitem
escolher ou deixar para colher seus canaviais mais tarde. Uma vez que, as chuvas
ocorrerão a partir de meados de setembro e, daí em diante ... Que evitem também mato-competição e se precavenham
de pragas, efetuando-se monitoramentos
e, se necessários, os devidos controles.
Lembrem-se, a partir do início da temporada de chuvas e elevação da temperatura, a cigarrinha das raízes já pode se
manifestar e seus efeitos são danoso$$$.
E, por ocasião das colheitas, evitem pisoteios e perdas de cana, bem como primarem pela qualidade da matéria-prima.
Lembrando, ainda, que produtividade e
economicidade da produção “andam de
mãos dadas”.
Estes prognósticos serão revisados
nas edições seguintes da Revista Canavieiros. Previsões ou fatos climáticos
relevantes serão noticiados em:
- www.canaoeste.com.br
- www.revistacanavieros.com.br
Persistindo dúvidas, consultem os
Técnicos mais próximos ou através do
Fale Conosco Canaoeste. RC
Revista Canavieiros - Agosto 2012
30
Artigo Técnico I
Acompanhamento da safra 2012/2013
A
safra 2012/2013 encontra-se no 4º mês
e, neste trabalho, são apresentados os
dados obtidos até a 2ª quinzena de julho
em comparação com os obtidos na 2011/2012
no mesmo período. Na Tabela 1, encontra-se o
ATR médio acumulado (kg/tonelada) do início da
safra até a 2ª quinzena de julho em comparação
com o obtido na safra 2011/2012, sendo que o
ATR 2012/2013 está 4,37 Kg abaixo do obtido na
2011/2012 no mesmo período.
Tabela 1 – ATR (kg/t) médio da cana entregue pelos
Fornecedores de Cana da Canaoeste das safras 2011/2012 e 2012/2013
As tabelas 2 e 3 contém detalhes da qualidade tecnológica da matéria-prima nas safras 2011/2012
e 2012/2013.
Tabela 2 – Qualidade da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da Canaoeste,
até a 2ª quinzena de julho, da safra 2011/2012
Thiago de Andrade Silva
Gerente de Planejamento, Controle
e Topografia da Canaoeste
2ª quinzena de julho, em relação ao da
2011/2012.
O gráfico 2 contém o comportamento da POL do caldo na safra 2012/2013
em comparação com a 2011/2012.
Tabela 3 – Qualidade da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da Canaoeste,
até a 2ª quinzena de julho, da safra 2012/2013
Pode-se observar que a POL do caldo apresentou o mesmo comportamento do BRIX do Caldo.
O gráfico 3 contém o comportamento da Pureza do caldo na safra
2012/2013 em comparação com a
2011/2012.
O gráfico 1 contém o comportamento do BRIX do caldo da safra
2012/2013 em comparação com a
2011/2012.
O BRIX do caldo da safra 2012/2013
ficou acima no mês de abril e na 1ª
quinzena de maio, ficando abaixo no
restante do período se acentuando na
Gráfico 1 – BRIX do caldo obtido nas safras 2012/2013 e 2011/2012
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
A Pureza do caldo da safra
2012/2013, exceto os meses de maio,
junho e julho que ficou próximo,
do início da safra até a 2ª quinzena de abril, ficou acima da obtida na
2011/2012, com maior acentuação na
1ª quinzena de abril.
Gráfico 2 – POL do caldo obtida nas safras 2012/2013 e 2011/2012
31
Gráfico 3 – Pureza do caldo obtida nas safras 2012/2013 e 2011/2012
Gráfico 4 – Comparativo das Médias de Fibra da cana
Gráfico 5 – POL da cana obtida nas Safras 2012/2013 e 2011/2012
Gráfico 6 – ATR obtido nas safras 2012/2013 e 2011/2012
Revista Canavieiros - Agosto 2012
32
Artigo Técnico I
O gráfico 4 contém o comportamento da Fibra da cana na safra 2012/2013
em comparação com a 2011/2012.
O gráfico 6 contém o comportamento do ATR na safra 2012/2013 em comparação com a 2011/2012.
desta safra ficou acima da observada
em 2011, com maior acentuação em
maio e junho.
A Fibra da cana na safra 2012/2013
ficou abaixo do obtido na 2011/2012 no
mês de abril e a partir da 2ª quinzena de
junho, sendo a diferença mais acentuada na 1ª quinzena de abril. No mês de
maio e na 1ª quinzena de junho a Fibra
da cana ficou acima da obtida na safra
2011/2012.
Pode-se observar que o ATR apresentou o mesmo comportamento da
POL da cana, por apresentar maior participação no teor de ATR.
O gráfico 8 contém o comportamento
da precipitação pluviométrica acumulada por trimestre na safra 2012/2013 em
comparação com a 2011/2012.
O gráfico 7 contém o comportamento do volume de precipitação pluviométrica registrado na safra 2012/2013 em
comparação com a 2011/2012.
Verifica-se que em 2012, o volume de chuva ficou muito abaixo no
1º trimestre, muito acima no 2º trimestre e acima no início do 3º trimestre, se comparado aos volumes
médios de 2011.
O gráfico 5 contém o comportamento da POL da cana na safra 2012/2013
em comparação com a 2011/2012.
A POL da cana na safra 2012/2013 ficou muito acima no mês de abril e pouco abaixo da observada na 2011/2012,
se equiparando na 2ª quinzena de maio
e a partir do mês de junho foi menor em
relação à safra 2011/2012.
O volume de precipitação pluviométrica dos meses de fevereiro e
abril de 2012 ficou abaixo dos valores obtidos em 2011 com maior acentuação no mês de fevereiro. O mês
de março ficou muito abaixo comparativamente com o de 2011. Porém
nos meses de janeiro, maio, junho e
julho a precipitação pluviométrica
Gráfico 7 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) registrada em 2011 e 2012
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
A precipitação pluviométrica ocorrida
no mês de junho impactou ainda mais a
qualidade da matéria-prima que já vinha
comprometida desde a 2ª quinzena de
maio. Resultando em um teor de ATR
4,37 abaixo do obtido na safra 2011/2012,
até a 2ª quinzena de julho. RC
Gráfico 8 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) por Trimestre, em 2011 e 2012
33
Revista Canavieiros - Agosto 2012
34
Climatologia
Climatologia - El Niño e La Niña
O
s noticiários sobre clima tem
trazido, com maior frequência, citações a estes fenômenos
naturais. Os televisivos, muitas vezes,
tem ilustrados muito bem como e onde
ocorrem. Este artigo tem a intenção
de informar, resumidamente, que são,
como, onde, quando ocorrem El Niño
e La Niña e como interferem no clima
brasileiro e mundial.
Convém destacar que o clima, mais
o solo e a planta, constituem os três
pilares (fatores) naturais dos sistemas
produtivos de quaisquer culturas. O homem, manejando estes 3 fatores, é responsável em obter o melhor destes fatores naturais e o máximo de cada cultura.
No caso regional e estadual, a maior
importância é dado ao cultivo da cana,
bem como as culturas intercalares ou
em rotação, tais como: soja, amendoim,
milho, crotalária e, mais recentemente,
sorgo sacarino. O Sistema Copercana,
Canaoeste e Sicoob Cocred, através de
palestras e artigos, sempre enfatizaram
as importâncias destes 3 fatores naturais e mais o de manejo pelos produtores, sempre chamando atenção para que
nunca lutem contra a natureza, ou seja,
atentem-se para as características naturais do clima, solo e planta, manejem
suas culturas tal como fazer “arroz com
feijão bem feito – qualidade” e busquem sempre as melhores e mais balizadas informações técnica-econômicas.
Voltando ao El Niño e La Niña...
Que fenômenos são esses? Como
ocorrem?
El Niño e La Niña são referidos
como fenômenos naturais que alteram,
significativamente, a distribuição e intensidade da temperatura superficial da
água do Oceano Pacífico, em sua faixa
equatorial. Linha esta, imaginária que
divide o globo terrestre em dois Hemisférios, Norte e Sul. Alterações estas,
também denominadas como ENOS (El
Niño-Oscilação Sul, em português),
que ocasionam profundos efeitos no
clima. Suas influências têm motivado
contínuas pesquisas.
Quando acontece El Niño, a intervalos médios de 3 a 4 anos, os ventos
sopram com menos força em todo o
centro da faixa equatorial do Oceano
Pacífico, resultando numa diminuição
da ressurgência (movimentação) de
águas profundas (tornando-o também
menos piscoso) e na acumulação de
água mais aquecidas que o normal na
costa oeste da América do Sul, acompa-
Figura 1:- mostrando as faixas quentes (em vermelho-El Niño) e as frias (em azul-La
Niña) ao longo da linha (branca) equatorial do Oceano Pacífico.
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
Oswaldo Alonso
Técnico Agronômico da Canaoeste
nhadas de massas de ar quentes e úmidas, que provocam muitas e volumosas
chuvas na costa oeste da América do
Sul (Vide figuras ilustrativas abaixo).
La Niña, com efeitos contrários ao El
Niño, é caracterizado por temperaturas
anormalmente mais frias das águas do
Oceano Pacifico equatorial, mesmo no fim
do ano. Às vezes, seguindo-se ao El Niño.
Figura 2:- mostra a condição atual, a nível
global, dos efeitos El Niño e La Niña no
mesmo período do ano. Pode estar
havendo alternâncias destes fenômenos.
El Niño - neutralidade ou pouca
predominância sobre La Niña
35
Figura 3:- mostra a condição atual, a nível global,
dos efeitos El Niño e La Niña no mesmo período do
ano. Poderá ocorrer alternâncias destes fenômenos.
Influências do El Niño no Brasil
• O fenômeno El Niño é por demais
de temido, principalmente pela agricultura, áreas urbanas com relevos acidentados e pelas áreas sujeitas a enchentes.
Traz benefícios, mas os efeitos prejudiciais tem sido mais pronunciados;
• A Região Sul do Brasil é uma das
mais afetadas, pois as chuvas nesta re-
gião, entre os meses de junho a novembro/dezembro, chegam a ultrapassar em
150% as normais climáticas. Estas volumosas chuvas também podem atingir
o estado de São Paulo;
• As temperaturas mudam na Região
Sul com invernos mais amenos; enquanto que, nas Regiões Sudeste e Centro
Oeste as temperaturas tendem a ser mais
elevadas, em comparação às médias
históricas. Estas variações térmicas de
inverno trazem benefícios para os agricultores da Região Sul e dos Estados do
Mato Grosso do Sul e São Paulo, pois
ficam menos sujeitas às geadas;
• No Norte: estados do Amapá,
Pará e a vizinha metade do Amazonas, bem como em todo Nordeste do
Brasil, ocorre diminuição no índice
de chuvas. Algumas áreas do sertão
nordestino podem ficar sem registrar
chuva nos meses de seca e, nos meses
em que pode chover não chove. Sendo
assim, infelizmente para eles, as secas
chegam a perdurar até 2 anos em períodos de El Niño. Mas os períodos de
seca não se limitam apenas ao sertão,
pois até mesmo no litoral pode ocorrer
grandes faltas de chuvas.
Influências de La Niña no Brasil
• Este fenômeno tem causado menos
danos que o El Niño. Porém, tem sido
registrados alguns prejuízos em cada
episódio de La Niña. As frentes frias
são mais fortes, mas, felizmente, suas
passagens pelas Regiões Sul e Sudeste
são mais rápidas que em períodos de El
Niño, reduzindo os volumes de chuvas;
• Na Região Centro Sul tem havido
estiagens, principalmente nos meses de
setembro a fevereiro;
• Ainda na Região Centro Sul, as
massas de ar polar chegam com mais
força no outono. Como consequência, o
inverno tende a chegar antes e, mesmo,
no outono grandes quedas de temperatura são registradas, principalmente na
Região Sul e nos estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo.
• Estas frentes frias alcançam o
Nordeste do Brasil mais facilmente.
Sendo assim a região Nordeste, principalmente o sertão e o litoral baiano e
alagoano, são beneficiados por aumento
de chuvas o que pode ser bom para a
região semi-árida. Mas, estes maiores
volumes, podem trazer transtornos para
a agricultura. O norte e leste da Amazônia também sofrem um grande aumento
no índice pluviométrico. RC
Fontes: SOMAR Meteorologia,
www.portalsaofrancisco.com.br,
www.google.com.br (imagens)
Notas
Revista Canavieiros participa de
Workshop em São Paulo
Fernanda Clariano
N
o dia 7 de agosto, o a Revista Canavieiros
participou de um workshop sobre Inovação e Sustentabilidade no Agronegócio
Brasileiro, realizado no auditório da ANDEF Associação Nacional de Defesa Vegetal, em São
Paulo, que reuniu jornalistas de vários Estados.
A programação contou com as presenças do
diretor executivo da Abag - Associação Brasileira do Agronegócio, Luiz Antônio Pinazza,
que falou sobre Gestão Tecnológica no Agronegócio; do diretor executivo da ANDEF - Edu-
ardo Daher, que abordou o tema Inovações no
Campo; do diretor presidente do InpEV – Instituto Nacional de Processamento de Embalagens
Vazias, João Cesar Rando, que esboçou sobre
o Sistema Campo Limpo de Logística Reversa;
do gerente de produtos do SINDAG – Sindicato
Nacional da Indústria de Produtos para Defesa
Agrícola, Fernando Marini, que apresentou os
Riscos de Defensivos Ilegais e da diretora executiva do CIB – Conselho de Informações sobre
Biotecnologia, Adriana Brondani, que falou sobre Biotecnologia Agrícola.
Revista Canavieiros - Agosto 2012
36
Artigo Técnico II
Aplicações de ISOBUS na mecanização canavieira
Marcelo de Almeida Pierossi
Especialista em Tecnologia Agroindustrial
Centro de Tecnologia Canavieira – Piracicaba-SP
A
mecanização da cana-de-açúcar
aumentou consideravelmente nos
últimos anos devido à uma série
de fatores e entre os mais importantes podemos citar: restrições ambientais, trabalhistas e de mão-de-obra. Este aumento
ocorreu de forma brusca, expandindo rapidamente na última década e em especial devido à mecanização plena dos novos projetos (greenfields) trazendo sérias
consequências às operações agrícolas:
aumento do pisoteio dos canaviais e necessidade de maior controle da qualidade
das operações. O problema relacionado à
compactação causada pelo tráfego excessivo de máquinas foi resolvido com a utilização de bitolas adequadas aos nossos
canaviais e o controle da qualidade das
operações foi obtido através da utilização
de sistemas eletrônicos embarcados.
A introdução destes sistemas nos
equipamentos agrícolas permite ao operador realizar com maior qualidade suas
tarefas, diminuindo o número de variáveis a serem controladas, permitindo o
registro e armazenamento das informações e consequentemente, melhorando
a qualidade da operação, reduzindo
custos, facilitando o planejamento e
protegendo o meio-ambiente. Segundo
K.C. Ting, professor da Universidade
de Illinois nos Estados Unidos, a mecanização agrícola pode substituir a força
física de homens e animais e melhorar
a uniformidade da operação. A automação agrícola complementa a mecanização implementando as capacidades de
percepção, raciocínio, comunicação e
planejamento automático.
Entretanto com a crescente utilização
da eletrônica embarcada em tratores, implementos agrícolas e colhedoras ocorrida a partir dos anos 90, inicialmente na
mecanização dos grãos, com o desenvolvimento de computadores de bordo, controladores e monitores de pulverização,
monitores de perdas e produtividade, entre outros, ocasionou uma quantidade demasiada de equipamentos na cabine, dificultando a visualização e ação da parte do
operador de máquinas, bem como sérios
problemas de comunicação entre os equipamentos já que as diferentes soluções
não “conversavam” entre si, devido ao
fato de utilizarem protocolos proprietários específicos para cada empresa. Esta
“Torre de Babel” tecnológica tornava as
cabines de tratores tão cheias de instrumentos e indicadores que pareciam muito
mais cabines de aviões do que de equipamentos agrícolas, conforme pode ser
visto na figura 1 abaixo:
A indústria de equipamentos eletrônicos embarcados percebeu que tal situação
era um empecilho para o desenvolvimento de negócios do setor, pois aumentava
custos de aquisição e manutenção dos sis-
Figura 1 - Fonte: Rodrigo M. R. Sakai
(Escola de Engenharia de São Carlos, USP).
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
temas além de causar um grande transtorno operacional aos agricultores. Visando
resolver este problema, iniciativas foram
tomadas na Europa e América do Norte
no sentido de desenvolver um padrão que
possibilitasse um protocolo único de comunicação e interface baseado em uma
rede, com o objetivo de compatibilizar
sistemas de diferentes funções e fabricantes flexibilizando a capacidade de expansão através da diminuição do custo de
aquisição, treinamento e manutenção, trazendo vantagens para os usuários e fabricantes. Os primeiros protótipos baseados
neste protocolo foram apresentados na
Agritechnica de Hannover (Alemanha)
em novembro de 2001 e na Agricultural
Machinery Conference Show em Iowa
(Estados Unidos) em maio de 2002.
O padrão adotado foi o ISOBUS, que
é um barramento de comunicação definido pela Norma ISO 11783 que especifica uma rede de comunicação serial em
máquinas agrícolas e florestais baseado
no CAN (Controller Area Network)
proveniente do setor automotivo.
No final do processo, o agricultor é capaz de utilizar sistemas de monitoramento e controle localizados nos implementos
comunicando-se com sistemas embarcados em diferentes tratores sem a necessidade de trocar de software/hardware,
conforme mostrado na figura abaixo:
Figura 2 - Fonte: www.isobus.com
37
A rede é baseada em equipamentos
conectados a um barramento cuja interconexão é obtida através dos chamados ECU - Unidades Eletrônicas
de Controle ou em inglês, Electronic
Control Unit. Na figura abaixo podemos ver o exemplo de uma rede entre
um trator e um implemento. A ECU do
trator conecta-se aos dispositivos de
GPS, terminal virtual e um controlador
de tarefa, bem como as ECUs responsável pelos controles do freio, motor e
transmissão. Esta rede então conecta-se
à rede do implemento composta por vários ECUs do implemento.
embarcada), instituições de ensino e pesquisa e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) com o objetivo
de desenvolver, implementar e popularizar a norma ISOBUS no Brasil (NBP-ISO11783) e participar ativamente da
evolução da norma internacional (ISO
11783), parte das normas já foram adaptadas para as normas brasileiras.
O resultado destas iniciativas, tanto a
iniciativa nacional quanto as internacionais, permitirá aos agricultores a intercambialidade de equipamentos de eletrônica embarcada, automação e agricultura
de precisão independente
da empresa e do país fabricante. Isto equivale à
adoção da padronização
da tomada de potência em
1927 e do engate de três
pontos na década de 1960.
Atualmente
muitas
pesquisas estão sendo
Figura 3 - Fonte: Rafael V.de Souza
conduzidas no Brasil, em
(Escola de Engenharia de São Carlos, USP).
especial pelos grupos da
No exemplo podemos verificar clara- Escola de Engenharia de São Carlos e
mente a rede única que comanda todas as do Laboratório de Automação Agrícola
atividades do trator e do implemento, atra- da Escola Politécnica, ambos da Univervés de um único barreamento. A interface sidade de São Paulo e da Embrapa Insentre o operador e a rede é realizada pelo trumentação Agropecuária de São Carlos,
terminal virtual. Ao trocar o implemento criando um ambiente favorável ao desenpor um outro de qualquer tipo e/ou fabri- volvimento de equipamentos integrados
cante, a rede automaticamente reconhece neste protocolo de comunicação, forneo equipamento e o terminal virtual passa cendo soluções locais. O desenvolvimena ser a sua interface com o operador, sem to de soluções locais é de fundamental
importantância para o setor canavieiro,
necessidade de ajustes e configurações.
pois temos que desenvolver localmente
Seguindo iniciativas realizadas nos nossas soluções, ao contrário das máquiEUA e na Europa, foi criada no Brasil, nas destinadas à produção de grãos.
durante o Agrishow 2005, a Força Tarefa
Uma aplicação atual desta tecnoloISOBUS Brasil composta por empresas
privadas (fabricantes de implementos, gia no setor canavieiro é a enfardadora
máquinas e equipamentos de eletrônica de fardos retangulares grandes BB9080
Marcelo de Almeida Pierossi
da New Holland que atualmente é parte
de um projeto desenvolvido em conjunto com o CTC para o enfardamento de
palha de cana-de-açúcar. A enfardadora
possui um terminal virtual Intelliview
III colorido e com tela sensível ao toque
que já é totalmente integrado à norma
ISOBUS 11783. Pelo terminal virtual
é possível controlar todos os processos
realizados pela enfardadora desde o
número de fardos, seu peso e umidade
(sensores de peso e umidade são acessórios opcionais), controle da lubrificação automática, entre outras variáveis.
Entretanto o setor ainda necessita de
mais desenvolvimento nesta área e o
equipamento agrícola que deve receber
maior atenção dos fabricantes de máquinas agrícolas no sentido de torná-lo totalmente integrado à ISOBUS é a colhedora de cana. A colhedora de cana picada
é sem dúvida a máquina mais complexa
que atua nos canaviais, além do fato de
que a colheita é a operação final e, portanto de maior importância na cadeia
produtiva, onde podem ser perdidos todos os esforços realizados até então.
Revista Canavieiros - Agosto 2012
38
Outro fator importante para o desenvolvimento e utilização da ISOBUS é
o surgimento de soluções tecnológicas
para Agricultura de Precisão que necessitaram conexão à este tipo de rede.
As operações agrícolas presentes
na produção de cana-de-açúcar demandam cada dia mais por soluções
que permitam sua melhoria através da
automação e controle e o protocolo
Artigo Técnico II
ISOBUS em associação às diferentes
tecnologias sensoras terá papel fundamental neste processo e os envolvidos
(fabricantes, produtores rurais, centros de pesquisa e outros) devem realizar ações no sentido de sua implantação no tempo mais rápido possível.
E os principais resultados da utilização
de ISOBUS para os agricultores serão:
• Facilidade de utilização e insta-
lação dos equipamentos de eletrônica
embarcada;
• Menor necessidade de investimento, visto que um único terminal será
compartilhado por vários equipamentos
agora e no futuro;
• Menor necessidade de treinamento
nos equipamentos e
• Maior quantidade de dados coletados e consequentemente uma melhor
tomada de decisão.
A fim de proporcionar um melhor entendimento sobre as principais formas de atuação da norma ISOBUS
no Brasil, a Canavieiros entrevistou o pesquisador Ricardo Inamasu, coordenador da Rede de Agricultura
de Precisão II da Embrapa e o consultor em gestão e processos agrícolas, Fábio Magnani Paro. Confira!
Revista Canavieiros: O que é ISOBUS?
Ricardo: ISOBUS é um acrônimo
da norma ISO-11783 para que esta soe
menos técnica e hermética. O padrão
trata de conectividade de informações
digitais entre tratores e implementos.
Ou seja, máquinas com esse padrão são
“plug-and-play” e basta apenas conectar que elas começam a se “conversar”
sem necessidade de uma configuração
ou ajustes.
Fábio: É uma norma que também
pode ser comparada e utilizada como
ferramenta de padrões para o consumidor, evitando soluções de fundo de
quintal com peças de baixíssima qualidade e resultado duvidoso. É gerida
pela ABNT e pela Embrapa, portanto
tê-las em mãos e acompanhar sua evolução é quase como ter em mãos o código do consumidor brasileiro que trouxe
muitos benefícios aos usuários finais.
As cooperativas podem e devem auxiliar seus cooperados na orientação e
revenda de equipamentos que busquem
atender essa normatização. Linhas de financiamentos também precisam privilegiar fabricantes e empresas que investem,
divulguem e pratiquem essas normas.
Revista Canavieiros: E quem estuda e atualiza as normas no Brasil?
Ricardo: No Brasil, formalmente é
o Comitê de Estudo da ABNT e há um
grupo de empresas e instituições denominada Força Tarefa ISOBUS Brasil
(FTI) que apóia financeiramente as atividades de divulgação e estudo.
Revista Canavieiros: E como identificar essas normas no seu dia-a-dia?
Ricardo: Há uma marca que a AEF
confere após certificação em evento
chamado Plugfest. O evento por en-
quanto é realizado todo
ano na Europa e nos Estados Unidos. A marca diz
o nível de compatibilidade em que o equipamento
está preparado.
Revista Canavieiros:
Quem participa e quem
pode participar?
Ricardo: Localmente
temos 19 membros, dos
quais 14 são fabricantes.
Na esfera internacional
há 140 membros coordeRicardo Inamasu
Fábio Magnani Paro
nados pela AEF (AgriculRevista Canavieiros: Quais as vantural Industry Electronics Foundation).
Todos podem participar tanto na esfera tagens para o usuário final e para o
produtor agrícola?
nacional como internacional.
Fábio: O produtor, ao adquirir um
Revista Canavieiros: Como o pro- equipamento eletrônico para seus tradutor e/ou gestor agrícola pode obter os tores e implementos, terá a certeza de
uso em várias operações, por exemplo,
benefícios dessas normas e trabalhos?
Fábio: O produtor e/ou gestor agrícola de um monitor e um conjunto hidráudeve conhecer o que são essas normas an- lico instalado que servirá para aplicar
tes de realizar a compra das tecnologias, herbicida, para aplicar adubo, para
se informarem com o fornecedor se o aplicar corretivos em taxa variável e
equipamento eletrônico pode ser utiliza- também para realizar os controles da
do em tratores e implementos de marcas operação e das máquinas. Ocorre uma
diferentes: conhecer as normas e enten- simplificação no uso dessas tecnolodê-las é o primeiro passo para uma boa gias, redução dos custos de aquisição
compra/aquisição mesmo que em um pri- e maior aproveitamento.
Em empresas agrícolas de maior
meiro momento não ocorra o total atendimento dessas expectativas. A compra porte, a padronização dos equipamenpassa a ser mais técnica e com objetivos tos eletrônicos melhora a qualidade
claros e deixa de ser menos emocional, de das informações dos controles para a
composição de seus custos e também
impulso pela novidade tecnológica.
Para as empresas de maior porte e os do fechamento contábil (em alguns
grandes grupos é interessante utilizar casos atendendo normas internaciodessas normas junto ao departamento de nais de prestações de contas), ponto
compras e nas chamadas requisições de sempre muito difícil e trabalhoso pela
informações e de propostas comerciais dispersão física dos equipamentos:
(RFI e RFP). Perguntar aos fabricantes muitos equipamentos espalhados em
como são atendidas e se não, como a em- várias frentes de serviços em distintas
fazendas. RC
presa pretende atender à essas normas.
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
39
Revista Canavieiros - Agosto 2012
40 “General Álvaro
Tavares Carmo”
“Leia mais, seja mais”
Cultivando
a Língua Portuguesa
Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer
algumas dúvidas a respeito do português.
“A saudade é a nossa alma dizendo
para onde ela quer voltar...”
Caio Fernando de Abreu
Renata Sborgia
1) Maria está muito nervosa com o resultado do concurso.
Ofereceram “ água-com-açúcar” para ela.
...com certeza, a água estava salgada por causa da escrita incorreta!
O correto é: água com açúcar (sem hífen)
Dica fácil: Segundo a Nova Ortografia, água com açúcar não tem hífen porque
foi mantida a regra geral nas locuções de qualquer tipo - regra geral - não se emprega o hífen.
2) Ela ganhou de presente uma saia “cor de rosa”...
....e não gostou!
O correto é: cor-de-rosa (com hífen)
Dica fácil: Segundo a Nova grafia, nas locuções de qualquer tipo, sejam elas
substantivas, adjetivas, pronominais, prepositivas ou conjuntivas, não se emprega
em geral o hífen, salvo exceções, já consagradas pelo uso, como é o caso de cor-de-rosa.
N
o último dia 2 de agosto o MinC - Ministério da Cultura, juntamente com a FBN
- Fundação Biblioteca Nacional lançaram a
campanha nacional “Leia mais, seja mais”. O
objetivo da iniciativa é fomentar e valorizar o
hábito da leitura, além de incentivar o uso das
bibliotecas públicas em todo o país.
A ênfase da campanha é apresentar a leitura
como um caminho para o crescimento pessoal
de quem a pratica, além de ser um momento de
lazer que agrega aprendizado e erudição.
A Biblioteca da Canaoeste “General Álvaro Tavares Carmo” apoia e divulga esta campanha, entendendo que a disseminação da
literatura e o estímulo à leitura são atividades
preciosas para o desenvolvimento cultural e
educacional de nosso país e de seus cidadãos.
3) SAIBA MAIS PARA NÃO ERRAR:
a) Viagem - com G - substantivo. Significa o deslocamento de um lugar a outro.
Ex.: Fiz uma boa viagem.
Viajar - com J - É verbo no infinitivo. Indica o ato de fazer uma viagem. Ex.:
Adoro viajar para São Paulo.
Viajem - com J - É o verbo viajar conjugado na 3ª pessoa do plural do presente
do subjuntivo ou no Imperativo afirmativo.
Ex.: Espero que eles viajem logo. - subjuntivo
Viajem eles. - imperativo
b) Expressão grama:
Duzentos gramas de farinha - correto
Trezentos gramas de ouro - correto
Grama como unidade de medida de massa, é um termo masculino.
Grama - expressão comum usada para diversas ervas ou que são cultivas para
criar gramados em jardins e parques, em pastagens, relva. Usada no feminino.
Ex.: As gramas que ele comprou para o local: grama-comum, grama-de-jardim,
grama-de-jacobina.
PARA VOCÊ PENSAR:
Os interessados em conhecer as sugestões de
leitura da Revista Canavieiros podem procurar a
Biblioteca da Canaoeste.
novo endereço:
Rua Frederico Osanan, nº842
Sertãozinho-SP
Revista Canavieiros - Agosto de 2012
“Você lê e sofre. Você lê e ri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê e
sua vida vai se misturando no que está sendo lido.” (Caio Fernando Abreu)
Coluna mensal
* Advogada, Prof. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua
Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de
vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria.
41
Revista Canavieiros - Agosto 2012
42
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Revista Canavieiros - Agosto de 2012
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alqueires de cana. Valor: R$ 45.000,00
por alqueire, com renda de 45 toneladas/ano;
- Fazenda de 740 alqueires, localizada na região de Araçatuba; planta 560 alqueires de cana. Valor: R$ 45.000,00 por
alqueire, com renda de 45 toneladas/ano;
- Área de 15 alqueirão, localizada
em Campo Florido; planta 13 alqueirão
de cana. Valor: R$ 900.000,00.
- Área de 12,5 alqueirão, localizada
em Planura-MG; planta 11 alqueirão de
cana. Valor: R$ 70.000,00 por alqueirão;
- Área de 120 alqueires, localizada
em Guararapes-SP a 12 km da usina Cosan. Valor: R$ 42.000,00 por alqueire;
Tratar com Wilson pelos telefones:
(16) 9739-9340/ 8217-1255/9274-8183.
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Revista Canavieiros - Agosto 2012
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