Anais • IV FAVE - Faculdade Univértix
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Anais • IV FAVE - Faculdade Univértix
FACULDADE UNIVÉRTIX SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA. – SOEGAR IV FAVE: II Semana de Iniciação Científica III Feira de Negócios e Integração Social II SANVET – Semana Acadêmica de Medicina Veterinária APRESENTAÇÃO É com grande orgulho que, entre os dias 27 de setembro e 01 de outubro de 2011, a Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX, através da comissão organizadora, realizou o IV FAVE (Fórum Acadêmico)da Faculdade Vértice – Univértix, que inclui a II Semana de Iniciação Científica, III Feira de Negócios e Integração Social e II SANVET – Semana de Medicina Veterinária. E ainda a Mostra de Profissões dos cursos de graduação para cerca de 600 alunos do 3º ano do ensino médio das escolas estaduais dos municípios de Matipó, Abre Campo, Rio Casca, Manhuaçu, Raul Soares, Sericita, Santa Margarida, entre outros. O evento teve como objetivos: (1) promover intercâmbio entre acadêmicos e professores da Univértix e de outras instituições; (2) valorizar a produção do conhecimento científico; (3) divulgar as produções científicas dos diversos cursos de graduação da Univértix e (4) integrar-se à sociedade, valorizando o comércio, a cultura e as demais manifestações artísticas e culturais do município e região. Ao longo dos dias de evento, 40 profissionais de renome de várias instituições de Minas Gerais ministraram palestras, cursos e oficinas. Mais de 80 trabalhos científicos foram recebidos pelo comitê e apresentados no evento em forma de comunicação oral e pôster. As empresas apoiadoras do IV FAVE se multiplicam a cada ano e a exposição de máquinas e equipamentos foi mais um diferencial.Recebemos também, no evento, professores e acadêmicos de outras instituições. Além disso, o IV FAVE é um evento que contou com a participação da sociedade, principalmente através de produtores rurais. Isso se deve ao fato de a Instituição acreditar que o cumprimento de sua especificidade apenas se concretizará se ela caminhar ao lado da sociedade. Engajada em seu compromisso de oferecer ensino de qualidade, a Univértix, com seus quase quatro anos de existência, almejou, com o IV FAVE, marcar o início de sua história de produção científica, já que entendemos que a pesquisa é interface do ensino. Não podemos deixar de mencionar ainda a satisfação que a Univértix tem, no IV FAVE, de estar contando com o apoio e a presença da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Diante do exposto, reiteramos que com o IV FAVE esperamos contribuir para a sensibilização quanto à necessidade das habilidades de pesquisa como instrumento para o desenvolvimento profissional permanente. M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento - Coordenadora do IV FAVE Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A PALAVRA DO DIRETOR É com grande honra que recebi a incumbência de redigir um texto para essa publicação. A Iniciação Científica tem grande importância e envolvimento com o desenvolvimento do Ensino Superior por ambos possuírem como principio e missão a fecundação e proliferação do conhecimento, utilizando a pesquisa para atingir esse objetivo. Atividades como o IV Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX amadurecem o estudante, contribuindo para que este possa se tornar um formando com habilidades mais refinadas. Nesta “cápsula de conhecimento” não incluímos apenas a nossa Faculdade e estudantes puramente, pois a Univértix é mais que uma instituição de ensino e o estudante é mais que um aluno dedicado. Ambos consistem em agentes modificadores da comunidade que os circunda. A comunidade, portanto, também está inserida na cadeia de conhecimento e participa ativamente desse processo. Na edição deste ano, o IV FAVE nos brindou com um conjunto de palestras de altíssimo nível coroadas pela presença e apoio fundamental da FAPEMIG. Através da difusão do conhecimento gerado nos bancos acadêmicos, sendo devidamente aplicado e bem aproveitado por todos os envolvidos, damos nossa contribuição para a construção de um País melhor e mais justo, com condições de competir num futuro próximo com grandes potências mundiais, mas de sobremaneira, criando melhores condições para nossa própria população que poderá ter acesso a tecnologias mais baratas e tratamentos eficazes. É na prática da Iniciação Científica que o estudante pode testar técnicas e teorias aprendidas em sala de aula, ampliar e experimentar seu cabedal de conhecimentos. Defrontar-se com o problema “vivo”, real, fora de um ambiente restritamente controlado e teórico de uma sala de aula da faculdade, ao mesmo tempo em que está seguro de que os erros cometidos também compõem o processo de aprendizado e evolução. Este estudante estará então melhor qualificado e melhor adequado para as situações a serem encaradas fora da faculdade. As páginas que seguem reúnem um pequeno, mas importante, conjunto de trabalhos desenvolvidos por nossos acadêmicos e profissionais como uma forma de brindar os leitores com o conhecimento aplicado ao meio em que estamos inseridos. D.Sc. Lucio Flavio Sleutjes - Diretor Geral da Univértix Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 SOEGAR - SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA. João Batista Gardingo Diretor Presidente Sebastião Gardingo Diretor Executivo FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX Prof. D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes Diretor Acadêmico Profº D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues Coordenador do curso de Agronomia Profª M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca Coordenadora do curso de Administração Profº M.Sc. Fernando de Sousa Santana Ciências Contábeis Prof. M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira Coordenador do curso de Educação Física ProfªEsp. Ana Lígia de Souza Pereira Coordenadora do curso de Enfermagem Prof. Ailton Moreira Magalhães Coordenador do curso de Engenharia Civil Profª M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari Coordenadora do curso de Farmácia Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Prof. D.Sc. Gilberto Valente Machado Coordenador do curso de Medicina Veterinária Esp. Vandeir de Oliveira Guerra Gerente Financeiro COMITÊ ORGANIZADOR Coordenação geral M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento Coordenação Setorial Esp. Ana Lígia de Souza Pereira M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes M.Sc. Renata Aparecida Fontes Esp. Vandeir Guerra de Oliveira Estagiários Ana Flávia de Oliveira Ariádyni Montes Gardingo Cecília Aparecida de Souza Daniela Mageste de Abreu Fabiana Barbosa Cassiano Jaqueline Dias Magalhães Júlio César Moreira Dornelas Luiza Galdino Gardingo Marcelo de Souza Cesar Marynna Kelly Pinto Campos Nathália de Oliveira Pereira Nayara Nátaly Soares Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Nilza Lorena Vitor Queiroz Nívia Maria de Oliveira Rita de Cássia dos Santos Miranda Rubiane de Oliveira Assis Silvana da Silva Rosa Thamires Soares de Medeiros Vanessa Queiroz Teixeira Vera Lúcia Villares Nogueira Wagner Pereira Machado de Andrade Wanderson Adão Dias COMITÊ CIENTÍFICO Coordenação M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento Comitê técnico-científico Esp. Ana Lígia de Souza Pereira M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes M.Sc. Renata Aparecida Fontes Comitê científico D.Sc. Gilberto Valente Machado D.Sc. Lucio Flavio Sleutjes D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues D.Sc. Vitória Emanuella da Silva Alves M.Sc. Andréia Almeida Mendes M.Sc. Bruna Waddington de Freitas M.Sc. Daniela Gomes Rosado M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari M.Sc. Fernando de Sousa Santana M.Sc. Gleiciely Santos Silveira Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 M.Sc. Guanayr Jabour Amorim M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira M.Sc. Maria Aparecida Salles Franco M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz M.Sc. Pablo Herthel de Carvalho M.Sc. Paloma Sayegh Arreguy Silva M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes M.Sc. Paulo Roberto Ribeiro Rocha M.Sc. Rafael Carlos dos Santos M.Sc. Renata Aparecida Fontes Esp. Ana Lígia de Souza Pereira Esp. Daniel Vieira Ferreira Esp. Deisy Mendes Silva Esp. Emanuelle Ferreira de Souza Esp. Érica Estanislau Muniz Esp. Ilberlom Santana Otoni Esp. Janine Lopes de Carvalho Esp. José Célio Klen Esp. Margareth Knupp Toledo de Carvalho Esp. Renata de Abreu e Silva Revisão de Língua Portuguesa Esp. Renata de Abreu e Silva Estagiária do comitê Rita de Cássia dos Santos Miranda Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 CORPO DOCENTE D.Sc. Gilberto Machado Valente D.Sc. Irlane Bastos Costa D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes D.Sc. Rogério Oliva Carvalho D.Sc. Vitória Emanuella da Silva Alves M.SC. Anderson Occhi M.Sc. Andréia Almeida Mendes M.Sc. Bruna Waddington de Freitas M.Sc. Daniela Gomes Rosado M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari M.Sc. Fernando de Sousa Santana M.Sc. Gleiciely Santos Silveira M.Sc. Guanayr Jabour Amorim M.Sc. Jefferson Souza Fraga M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento M.Sc. Marcelo Silva dos Santos M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira M.Sc. Maria Aparecida Salles Franco M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz M.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues M.Sc. Pablo Herthel de Carvalho M.Sc. Paloma Sayegh Arreguy Silva M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes M.Sc. Paulo Roberto Ribeiro Rocha M.Sc. Rafael Carlos dos Santos M.Sc. Renata Aparecida Fontes M.Sc. Valter Mageste de Ornelas Esp. Ana Lígia de Souza Pereira Esp. Carlos Eduardo Toledo Esp. Celso Abreu de Araújo Esp. Cristina Maria Lobato Pires Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Esp. Daniel Vieira Ferreira Esp. Débora Spatini Bernardo Esp. Deisy Mendes Silva Esp. Elder Machado Dutra Esp. Emanuelle Ferreira de Souza Esp. Érica Estanislau Muniz Esp. Fábio Florindo Soares Esp. Itaciane Toledo Bastos Tomasini Esp. Ivonaldo Aristeu Gardingo Esp. Janine Lopes de Carvalho Esp. José Célio Klen Esp. Joyce Perígolo Breder Esp. Kátia Imaculada Moreira de Oliveira Esp. Marcelo de Carvalho Mendes Esp. Márcia Paula de Miranda Florindo Esp. Margareth Knupp Toledo de Carvalho Esp. Mariza Paulo Bragança Esp. Neiler Soares Vieira de Oliveira Esp. Renata de Abreu e Silva Esp. Rodrigo Júlio dos Santos Esp. Rosélio Marcos Santana Esp. Tadeu Hipólito da Silva Esp. Tatiane de Cássia Fernandes Martins Esp. Valéria de Mello Esp. Ilberlom Santana Otoni Grad. João Luis do Espírito Santo Grad. Luciano Montes Justino Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 SUMÁRIO GT 01 - CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA .............................................................. 15 ARTIGOS .................................................................................................................. 16 TENDÊNCIAS E DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTOECONÔMICO AGRÍCOLA ............................................................................................................................... 17 MATEMÁTICA COMERCIAL E FINANCEIRA: AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE ALUNOS DO TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO ....................................... 25 GT 02 - CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ............................................................................ 35 ARTIGOS .................................................................................................................. 36 COMPORTAMENTO DOS FELINOS: GATOS DOMÉSTICOS ............................. 37 RESUMOS ................................................................................................................ 43 ARTÉRIAS CORONÁRIAS DO RATÃO-DO-BANHADO (Myocastor coypus MOLINA, 1782 – RODENTIA: MAMMALIA) .................................................................... 44 ESQUELETOPIA DO CONE MEDULAR NA IRARA .............................................. 47 (Eira barbara LINNAEUS, 1758 – CARNIVORA: MUSTELIDAE) ...................................... 47 TOPOGRAFIA DO CONE MEDULAR NA JAGUATIRICA (Leopardus pardalis LINNAEUS, 1758 – CARNIVORA: FELIDAE) .................................................................. 50 MÚSCULOS DO ANTEBRAÇO DO MACACO-BUGIO (Alouatta guariba HUMBOLDT, 1812 – PRIMATES: MAMMALIA) ................................................................................. 53 O ARCO AÓRTICO E SEUS RAMOS, DIRETOS E INDIRETOS, NA JAGUATIRICA (Leopardus pardalis LINNAEUS, 1758 – CARNIVORA: FELIDAE) .................................. 56 RAMOSCOLATERAIS DO ARCO AÓRTICO NO GATO MOURISCO (Puma yagouaroundi GEOFFROY, 1803 – CARNIVORA: FELIDAE) .......................................... 58 RAMOS TERMINAIS DA AORTA DO MACACO-BUGIO (Alouatta guariba HUMBOLDT, 1812 – PRIMATES: MAMMALIA) ............................................................... 60 PADRÃO DE RAMIFICAÇÃO DO TRONCO CELÍACO DA IRARA (Eira Barbara LINNAEUS, 1758 – CARNIVORA: MUSTELIDAE) ............................................................ 63 RAMOS COLATERAIS, DIRETOS E INDIRETOS, DO ARCO AÓRTICO DA IRARA (Eira Barbara LINNAEUS, 1758 – CARNIVORA: MUSTELIDAE) ...................................... 66 UTILIZAÇÃO DA AMITRIPTILINA PARA O CONTROLE DE DERMATOSE PSICOGÊNICA: RELATO DE CASO ..................................................................... 68 GT 04 - CIÊNCIAS DA SAÚDE ................................................................................ 71 ARTIGOS .................................................................................................................. 72 PERFIL DE HIPERTENSOS USUÁRIOS DE MEDICAMENTOS DE UMA ............ 73 FARMÁCIA EM MATIPÓ MG ................................................................................. 73 TRATAMENTO TERAPÊUTICO PARA PACIENTES DO CAPS: COMO O ........... 81 PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA PODE ATUAR? ....................................... 81 NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE DOENÇAS SEXUALMENTE TRASMISSÍVEIS EM JOVENS ESTUDANTES DE ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE MATIPÓ-MG ................................................................................. 90 IMPACTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL NA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS RESIDENTES DO BAIRRO BOA VISTA, MATIPÓ – MG. ...................................... 97 CAMPANHA DE ACONSELHAMENTO SOBRE O USO CORRETO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS PARA MULHERES DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ, MG E O REFLEXO NO PLANEJAMENTO FAMILIAR ....................................................... 103 Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO SOBRE A AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO DE ÚLCERAS POR PRESSÃO EM PACIENTES HOSPITALIZADOS EM UM HOSPITAL DO VALE DO MUCURI ............................................................... 109 PERFIL DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS PARA O TRATAMENTO DA DOR PELOS PARTICIPANTES DO III FÓRUM ACADÊMICO DA DA FACULDADE VÉRTICE - UNIVÉRTIX – MATIPÓ MG................................................................ 120 EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: CONSTRUINDO CONDUTAS COOPERATIVAS ................................................................................................ 129 IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COOPERATIVOS NA ........................................... 141 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .......................................................................... 141 POLÍTICAS PÚBLICAS E A RELAÇÃO TEORIA PRÁTICA APLICADA AOS JOGOS ESCOLARES DE MINAS GERAIS (JEMG) ............................................ 149 PARTO NORMAL E/OU CESARIANA, INDICAÇÃO OU ESCOLHA? .................. 159 RESUMOS .............................................................................................................. 164 REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL: O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DOS CAPS DA MICRORREGIÃO DE SAÚDE DE MANHUAÇU............................................ 166 AVALIAÇÃO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA FRENTE AO TRATAMENTO DO DIABÉTICO INSULINO-DEPENDENTE–UMA REVISÃO DE LITERATURA. 169 PRINCIPAIS DOENÇAS DE BASE QUE LEVAM PACIENTES À NECESSITAREM DE TRATAMENTO HEMODIALÍTICO EM UMA CLÍNICA DE HEMODIALISE NA CIDADE DE MANHUAÇU-MG ............................................................................. 172 ATIVIDADE FÍSICA PARA O DIABETE MELLITUS: IMPLICAÇÕES PARA O GRUPO DE DIABÉTICOS DA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) DE ABRE CAMPO-MG .............................................................................................. 175 PERFIL DAS IDOSAS ACOMPANHADOS PELO NASF DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ-MG ........................................................................................................ 178 PERFIL DAS PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA DA CIDADE DE ............... 181 MATIPÓ- MG ....................................................................................................... 181 PERFIL DO USO DE ANTIBIÓTICOS UTILIZADOS EM PACIENTES EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO EM UMA CLÍNICA DE HEMODIÁLISE NA CIDADE DE MANHUAÇU – MG ........................................................................... 184 ABORDAGEM SOBRE A SÍNDROME DE BURNOUT COM PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR DA ZONA DA MATA MINEIRA .. 187 QUALIDADE DA ÁGUA TRATADA UTILIZADA EM UMA CLÍNICA DE HEMODIÁLISE NA CIDADE DE MANHUAÇU – MG ............................................ 190 RELAÇÃO ENTRE BLOQUEIOS E VITÓRIAS NO VOLEIBOL DE ALTO NÍVEL: UM ESTUDO DE CASO DA SUPERLIGA MASCULINA NA TEMPORADA DE 20102011 ..................................................................................................................... 193 GT 05 - CIÊNCIAS AGRÁRIAS .............................................................................. 196 ARTIGOS.................................................................................................................197 INVENTÁRIO QUANTITATIVO E CONDIÇÕES FITOSSANITÁRIAS DA FLORA ARBÓREA DA CIDADE DE MATIPÓ-MG ........................................................... 198 ESTUDO DA RECEPTIVIDADE AO PROJETO DE ARBORIZAÇÃO PELA POPULAÇÃO DE MATIPÓ .................................................................................. 205 RESUMOS .............................................................................................................. 212 Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A ARBORIZAÇÃO, AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E A QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO ...................................................................................................... 213 GT 06 - CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS ......................................................... 216 ARTIGOS ................................................................................................................ 217 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO NAS ORGANIZAÇÕES ..................................... 218 UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE MULTIVARIADA DE DADOS NA FORMAÇÃO DA IMAGEM DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR................................. 227 A INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA NA MEMÓRIA POPULAR DE GETÚLIO VARGAS – 1930 A 1954 ...................................................................................... 241 AS INFLUÊNCIAS SOCIOCULTURAIS NO SURGIMENTO DO ESPIRITISMO – 1857 A 1868 ......................................................................................................... 250 INFLUÊNCIA DAS FINALIZAÇÕES À GOL NAS CONQUISTAS DE VITÓRIAS NO FUTEBOL: UM ESTUDO DA COPA DO MUNDO FIFA DE FUTEBOL 2010 ........ 261 GT 07 - CIÊNCIAS HUMANAS ............................................................................... 272 ARTIGOS ................................................................................................................ 273 A HISTÓRIA E OS CAMINHOS DA GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA ......... 274 MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO DAS COMUNIDADES LOCAL E ESCOLAR NAS ESCOLAS PÚBLICAS ................................................................................. 284 UMA ANÁLISE TEÓRICA A RESPEITO DO FENÔMENO DO BULLYING .......... 293 AS IMPLICAÇÕES DAS POLÍTICAS NEOLIBERAIS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO ........................................................................................................ 303 O FENÔMENO DO BULLYING EM ESCOLAS DA REDE ESTADUAL, MUNICIPAL E PARTICULAR DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ ..................................................... 309 O MITO-FUNDADOR DA NAÇÃO BRASILEIRA .................................................. 317 COMO OS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA QUE ATUAM NUMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA TÊM LIDADO COM CASOS DE INDISCIPLINA EM SUAS AULAS? ...................................................................... 328 CASOS DE INDISCIPLINA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DA CIDADE DE SANTA MARGARIDA ..... 339 OS DESAFIOS DE INCLUIR PESSOAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS EM ESCOLAS REGULARES: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE SANTA MARGARIDA.................................. 350 PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA:UM ESTUDO EM UMA TURMA DE UMA ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL DE SANTA MARGARIDA – MG ............... 361 COMO A ESCOLA TEM FEITO INTERVENÇÕES EM SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA? UM ESTUDO REALIZADO NUMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE SANTA MARGARIDA-MG .............................................................................. 371 O USO DO COMPUTADOR NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE ALUNOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE SANTA MARGARIDA - MG ........................................ 381 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O TRABALHO DE UMA PROFESSORA EM UMA ESCOLA MUNICIPAL DE SANTA MARGARIDAMG ....................................................................................................................... 393 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA ALUNOS DO 5°ANO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICIPIO DE MATIPÓ-MG ......... 404 Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 RELAÇÃO ENTRE A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E AS ATIVIDADES DE LAZER PARA ACADÊMICOS DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA ZONA DA MATA MINEIRA .............. 416 EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR DOS ALUNOS DA DA FACULDADE VÉRTICE UNIVÉRTIX: REAL X IDEAL ................................................................................ 426 COMO OS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA LIDAM COM COMPORTAMENTOS CONSIDERADOS VIOLENTOS? UM ESTUDO NAS ESCOLAS DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA ........................... 436 RESUMOS .............................................................................................................. 446 A DANÇA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: OS DESAFIOS PARA O TRABALHO DOCENTE COM ESTE CONTEÚDO NA ESCOLA .......................... 447 AÇÃO DOCENTE DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR EM UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA .............................................................................................................. 450 COMO PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA TÊM LIDADO COM ALUNOS QUE APRESENTAM NECESSIDADES EDUCACIONAIS EM SUAS AULAS?.... 453 PERFIL DOS FREQUENTADORES DA ACADEMIA DO ITALOGARD CLUB DE MATIPÓ-MG ........................................................................................................ 456 BRINCADEIRA, BRINQUEDOS E JOGOS NA ESCOLA: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS ATRAVÉS DESSAS ESTRÁTEGIAS LÚDICAS .................................................................... 459 FATORES QUE DESENCADEIAM O FRACASSO ESCOLAR: UM ESTUDO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DA CIDADE DE SANTA MARGARIDA-MG.................. 461 FATORES QUE DESENDEIAM A EVASÃO ESCOLAR: UM ESTUDO REALIZADOCOM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO EM UMA ESCOLA PÚBLICAESTADUALDE UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA .............. 463 AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM: COMO OS ALUNOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL DE UMA ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL SÃO AVALIADOS? ........... 465 GT 08 - LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES............................................................ 467 ARTIGOS ................................................................................................................ 468 A REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO: UM ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO NA COMUNIDADE DE ITAÚNA................................................................................. 469 A AUSÊNCIA/PRESENÇA DE ARTIGO DEFINIDO DIANTE DE ANTROPÔNIMOS NA FALA DAS CIDADES DE MATIPÓ E ABRE CAMPO: CASOS DE INOVAÇÃO E RETENÇÃO? ....................................................................................................... 477 O CONTATO LINGUÍSTICO COMO FATOR OCASIONADOR DE MUDANÇA LINGUÍSTICA ...................................................................................................... 487 A DIFERENÇA ENTRE LÍNGUA E DIALETO....................................................... 497 O PAPEL SOCIAL DO LIVRO DIDÁTICO ........................................................... 507 “A CIRANDA DOS NOMES”: UMA ANÁLISE TOPONÍMICA DAS RUAS DA CIDADE DE MATIPÓ ........................................................................................... 515 O FENÔMENO DA PARAGOGE NOS FALANTES BRASILEIROS DO INGLÊS EM TORONTO: ANÁLISE FONOLÓGICA ................................................................. 530 ANÁLISE ETNOGRÁFICA DO POEMA MARABÁ, DE GONÇALVES DIAS ....... 540 A REALIZAÇÃO MORFOLÓGICA DA PARTÍCULA [.KE] E DO AFIXO [MU- ~ U-] NA LÍNGUA KA’APOR - PREDICAÇÃO VERBAL E CAUSATIVIZAÇÃO ........... 551 Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 GT 01 CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ARTIGOS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 TENDÊNCIAS E DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTOECONÔMICO AGRÍCOLA Vinícius Sigilião Silveira Silva - Graduando em Agronomia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Mirelle Rodrigues Dornelas - Graduanda em Agronomia da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Vitória Emanuella da Silva Alves - Graduada emEngenharia Agronômica, Mestre em Fitotecnia, Doutora em Proteção de Plantas, Professora e coordenadora geral da Pós-graduação da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Patrícia Sad - Graduada em Ciências Econômicas, Mestranda em Meio Ambiente e Sustentabilidade [email protected] RESUMO O processo do desenvolvimento econômico agrícola brasileiro teve ao longo do tempo diversas contradições de pesquisadores sobre a temática que a agricultura obteve dentro da economia e sua luta diante de cada fase que o país enfrentou, na qual o comércio internacional de produtos agrícolas tenderá acrescer com a modernização da agricultura no terceiro mundo. Portanto se a agricultura brasileira quiser enfrentar competição terá que aprimorar os índices de produtividade. Esta pesquisa é de caráter exploratório, utilizando manuscritos extraídos em periódicos, livros e artigos acessíveis pela internet. O objetivo é apresentar perspectiva histórica das tendências e desafios do desenvolvimento econômico agrícola. PALAVRAS CHAVE: Agricultura; Desenvolvimento econômico; Modelos de crescimento. INTRODUÇÃO A principal preocupação dos autores foi fornecer dados aos futuros pesquisadores sobre a trajetória que a agricultura obteve dentro da economia e desenvolvimento social, assim como os desafios que a mesma teve que enfrentar e superar para se manter e proporcionar mudanças, mostrando seu potencial diante da oferta e procura de um país em busca de desenvolvimento. Esta pesquisa não só mostra o valor da agricultura como também sua luta diante de cada fase que o país enfrentou. O desenvolvimento do capitalismo no Brasil e o crescimento industrial avançam, mas paralelamente a esse processo de desenvolvimento econômico surge uma gama de pensadores preocupados em explicar as relações entre agricultura e desenvolvimento. Esses debates sobre o papel da agricultura no crescimento da economia nacional empolgaram boa parte da intelectualidade brasileira, trazendo à tona varias correntes de pensamentos. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Este trabalho apresenta então, de forma sistematizada, algumas questões que estiveram no centro dos debates sobre a agricultura e desenvolvimento econômico do país. Por que o estudo da história da economia de um modo geral é importante? Para entendermos como gira a política econômica de um país, a quais interesses se preocupam e quais os verdadeiros valores que permeiam a vida, os pensamentos e a luta de uma população e os que elas representam? A grande questão hoje diz respeito à possibilidade de nascimento de um novo modo de desenvolvimento (ou de organização social) desenvolvimentista e modernizador, que tenha uma base social, econômica, cultural e ambiental mais sustentável (ALMEIDA, 2005). Visto assim, as áreas do conhecimento como agronomia, biologia, ecologia,sociologia e economia, entre outras, tem que se integrarem, pois juntas poderão compreender com maior precisão os sistemas agrícolas e seu desenvolvimento (ALMEIDA, 2005). Este trabalho objetiva apresentar uma perspectiva histórica das tendências e desafios do desenvolvimento econômico agrícola. METODOLOGIA A pesquisa constituiu-se uma revisão de literatura especializada que possuiu um caráter exploratório e foi realizada no período de novembro a dezembro de 2010, que objetivou proporcionar aos pesquisadores uma maior familiaridade com o problema em estudo. A busca nos bancos de dados foi realizada utilizando às terminologias cadastradasno SCIELO (Scientific Electronic Library Online) como: economia agrícola, desenvolvimento sustentável, agricultura, modelos de crescimento e desenvolvimento agrícola o que proporcionou um problema complexo mais explícito oumesmo construiu hipóteses mais adequadas. Os critérios de inclusão para o estudo foram utilizar manuscritos extraídos em periódicos, livros e artigos relacionados às tendências e desafios do desenvolvimento econômico agrícola; e os manuscritos excluídos relatavam o emprego de outras modalidades de crescimento econômico. RESULTADOS E DISCUSSÃO Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Período 1950-1970 Naquele período (1950-70), destaca-se o relativo papel passivo atribuído à agricultura nos modelos de crescimento econômico dos anos 50, o crescente reconhecimento da interdependência da agricultura e crescimento industrial durante os anos 60 e as contribuições de autores não pertencentes ao majoritário, para melhor entendimento da relação entre agricultura e desenvolvimento econômico.As políticas que visavam ao desenvolvimento econômico teriam que facilitar essa transformação pela descoberta de mecanismos de transferência de recursos, especialmente mão-de-obra, da agricultura tradicional para a indústria, que era tida como o “motor” do crescimento (SANTOS e VIEIRA, 2000). Essa pouca importância dada à agricultura no processo de desenvolvimento econômico foi reforçada por dois outros argumentos. O primeiro deles foi a tese, formulada independentemente em 1949 por Raul Prebish e Hans Singer, de que há tendência secular de piora nos termos de intercâmbio para os países que exportam produtos primários e importam manufaturas. De acordo com essa tese, o crescimento econômico com base na agricultura e em outros produtos primários de exportação será muito limitado. As recomendações de políticas seriam, portanto, para que mais do que a produção de bens agrícolas para exportação fosse dada prioridade à substituição de importações de bens manufaturados. O segundo argumento é de Hirschman (1958), que introduziu o conceito de “ligação” como ferramenta para avaliar_ durante o processo de desenvolvimento_ como o investimento num tipo de atividade econômica induz subsequente investimento em outras atividades geradoras de renda. Essa inter-relação ou ligação das atividades ou setores ocorreria mediante relações de insumo-produto. Dessa forma, os investimentos deveriam concentrar-se naquelas atividades ou setores cujas ligações proporcionassem maiores efeitos multiplicadores. Esses efeitos multiplicadores seriam maiores na indústria quando comparada com a agricultura tradicional, o que levou o autor a concluir que o investimento na indústria levaria a maior e mais rápido crescimento econômico. Essa necessidade de melhor entendimento do processo de crescimento do setor agrícola foi, de certa forma, suprida pela experiência de programas de desenvolvimento rural implementados em vários países em desenvolvimento nos anos 50 e 60. Muitos dos esforços de economistas agrícolas nos anos 50 consistiram em promover a transferência de tecnologia agrícola de países de alta Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 renda para esses países, assim como o modelo americano de extensão agrícola. Não obstante as críticas a respeito dos resultados desses programas, as tecnologias inovadoras de grãos/fertilizantes foram implementadas em vários desses países durante os anos 60, resultando na chamada “revolução verde” (SANTOS e VIEIRA, 2000), que é um programa com finalidade de aumentar a produção agrícola por meio de melhorias na parte genética de sementes, uso intensivo de insumos advindos da indústria, mecanização e redução dos custos de manejo. Período 1971-1990 Tanto os modelos de crescimento de dois setores dos anos 60 quanto as análises fora do popular foram limitados em uma série de aspectos, entre os quais a teorização abstrata, a atenção inadequada às necessidades de mudança técnica na agricultura e a falta de microfundamentos sólidos baseados em pesquisa empírica em propriedades agrícolas e pequenas vilas. O reconhecimento dessas limitações foi um passo importante na reavaliação dos objetivos e abordagens do desenvolvimento econômico e do papel da agricultura em atingir esses objetivos no período que seguiu a 1970 (STAATZ e EICHER, 1984). Dessa forma, em vez de simplesmente esperar que o aumento da renda per capita resolvesse os problemas de pobreza, muitos economistas e líderes políticos de países em desenvolvimento e de agências de fomento começaram a dar mais atenção, no início dos anos de 1970, às questões relativas a emprego, distribuição de renda e certas necessidade, tais como nutrição e habitação. Todas essas preocupações com crescimento com equidade estimularam importantes debates teóricos e políticas agrícolas ao longo dos anos 1970. Os anos de 1980 caracterizaram-se por um período de mudanças na política agrícola no País. Verificam-se o esgotamento de um padrão de intervenção governamental e a transição para outro, em que o Estado e os segmentos da tecnoburocracia, ligados à gestão das políticas agrícolas, perderam sua posição de principais defensores dos interesses da agricultura (LAMOUNIER, 1994). Para Silva (1989), a desregulamentação da economia e a privatização das empresas e das atividades controladas pelo Estado determinam as orientações universais da nova gestão econômica. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Os efeitos das modificações verificadas na economia brasileira, nos anos 80, recaíram também sobre o setor agrícola. Entre estas transformações, Alves (1988) destacou as seguintes: Ampliação e integração dos mercados urbanos, em níveis nacionais e . internacionais; . Esvaziamento dos campos, como conseqüência do êxodo rural; . Implantação intensiva da agroindústria; . Crescente pobreza rural nas cidades; . Pequena participação da agricultura na economia nacional (agricultura aqui não inclui o complexo agroindustrial); . Emergência do setor industrial como grande exportador; e . Tendência da agricultura de perder sua função de empregadora e ampliar sua função de produtora de excedentes para as cidades e para o mercado internacional, enfatizando a necessidade de sua rápida modernização. Segundo Staatz e Eicher (1984), um dos primeiros debates preocupou-se com as interações entre distribuição de renda e taxas de crescimentos econômicos, o que levou muitos economistas a incluírem explicitamente em suas análises questões sobre distribuição de renda ou interdependência de crescimento de renda, distribuição de renda e outros objetivos de desenvolvimento, tais como educação e saúde. Outro debate centrou-se na geração de emprego e na possível existência de conflito de escolhade emprego-produto na indústria e na agricultura. Essa mudança de orientação sobre o desenvolvimento econômico no início dos anos 70 implicou também uma ampliação do papel atribuído à agricultura nesse processo. Por um lado, a maioria dos pobres em muitos países em desenvolvimento vive em áreas rurais e os preços dos alimentos são o principal determinante da renda real desses e dos pobres que vivem no meio urbano, o que faz com que a baixa produtividade da agricultura desses países seja vista como a principal causa da pobreza. Por outro lado, a indústria urbana tem gerado poucos empregos para uma força de trabalho que cresce muito rapidamente, o que tem levado também à preocupação em criar empregos produtivos no meio rural (SANTOS e VIEIRA, 2000). Período de 1991- 2010 Em geral, o dilema da libertação agrícola, nos anos 90, é que ela tem ocorrido Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 num contexto adverso de queda dos preços de commodities internacionais, apreciação da taxa de câmbio real, altas taxas de juros e queda dos subsídios. Isso tem gerado pressões sobre o governo para restaurar a proteção de setores competidores de importação. O viés anti-agricultura da intervenção de preços direta tem sido trocado pela taxação indireta, como consequência da apreciação da taxa de câmbio real, associada a influxos de capital. A fraqueza da população doméstica criou um dilema político entre crescimento e apreciação quando influxos de capital estrangeiro podem ser confiados como fonte primária de fundos de investimentos (GOMES e FINAMORE, 2000). Nesse período, a produção de trabalhadores residentes nas cidades aumentou expressivamente, o que implicou aumento da demanda de produtos agrícolas. Além disto, a migração campo-cidade reduziu a força de trabalho nas áreas rurais, visto que a oferta de produção agrícola não acompanhou a crescente demanda urbana desses produtos. Num primeiro instante, a industrialização gerou elevação dos preços relativos dos produtos agrícolas. Dada a importância desses produtos na cesta de consumo da classe trabalhadora, a elevação de seus preços indicou queda nos salários reais dos trabalhadores. As exigências dos trabalhadores por maiores salários nominais levaram ao aumento nos custos industriais que eram repassados aos preços. Com isto, a inelasticidade da oferta agrícola constituía a principal fonte de pressão inflacionária (GOMESe FINAMORE, 2000). Nesse sentido, o processo inflacionário da economia brasileira constituiu o maior problema para o setor agrícola, uma vez que os insumos necessários ou aumento da produção e da produtividade do setor já vinham do setor industrial com preços reajustados pelo sistema de Mark-up (multiplicador de custos),aumentando o custo de produção agrícola (GOMESe FINAMORE, 2000). Outros fatores que afetam o desempenho da agricultura e, portanto, o desenvolvimento econômico são as políticas macroeconômicas a as características inerentes do próprio setor agrícola. Essas características dizem respeito à maior concorrência entre agentes nesse setor quando comparado à indústria e às adversidades físicas (clima, doenças, pragas, etc.) que fazem com que haja maior flutuação relativa dos preços agrícolas, que, por sua vez, pode afetar adversamente a rede no meio rural. Dada a maior flexibilidade dos preços agrícolas, as políticas monetárias restritivas, em muitos casos relacionados com programas de ajustamento, tendem a afetar, adversamente, o setor agrícola (SANTOS e VIEIRA, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 2000). Na década passada, a agricultura forneceu alimentos a preços declinantes e liberou mão-de-obra para o setor industrial, que não foi capaz de manter-se competitivo, ou seja, sem gerar excedentes exportáveis nos patamares históricos (GOMESe FINAMORE, 2000). Em oposição em 2010 o preço dos alimentos vem contribuindo para o aumento da inflação. Vale destacar que parte dos produtores nacionais é pouco preparada para ganhar os benefícios das mudanças na agricultura ou para responder a competidores previamente desconhecidos, num ambiente de globalização e de deslocamento de oferta. Esses produtores estrangeiros e, possivelmente, mais eficientes têm agora maiores oportunidades para penetrar e expandir suas parcelas de mercado. Todavia, se o governo brasileiro tomar a iniciativa e fizer as principais reformas estruturais internas, oferecendo aos produtores nacionais e ao agribusiness as habilidades essenciais, as ferramentas e a infra-estrutura necessárias, facilitando o investimento privado, eles serão melhores ajustados para superarem desafios e alcançar crescimentos mais sustentáveis, em termos políticos, econômicos e ambientais (GOMESe FINAMORE, 2000). CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo Alves (1988), são inúmeras as conclusões as quais podem ser destacadas as mais fundamentais, nos períodos ressaltados no texto, tendo o Brasil e o mundo passado por muitas transformações. Como destaque, as fundamentais são: a função empregadora da agricultura brasileira tem dado lugar à de produzir excedentes para as cidades e o exterior; o meio-rural é muito heterogêneo quanto à modernização; a modernização segue caminho de forma irreversível; a necessidade de priorizar políticas agrícolas de longo prazo tem de ser associada aos modelos decorrentes da transformação; políticas macro-econômicas aumentaram as desigualdades entre as regiões e pessoas; a competição no comércio internacional de produtos agrícolas tenderá a crescer com a modernização da agricultura no terceiro mundo; as produções para o mercado interno e para o externo serão fortemente influenciadas pelos preços internacionais; se a agricultura brasileira quiser enfrentar melhor a competição terá que aprimorar os índices de produtividade; a política comercial deve ser parte da política agrícola. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Sendo o crédito rural e o financiamento das atividades agrícolas fatores que não devem ser tratados como se fosse um crédito comum, portanto o crédito rural não deve ser interpretado como meio de fomentar e fortalecer as instituições financeiras em detrimento da produção da agricultura e da pecuária nacional, já o financiamento da atividade rural deve evidenciar a possibilidade de pagamento com a própria produção rural. Importa antes de tudo na compatibilização entre a atividade desenvolvida pelas instituições financeiras, com a necessidade de estimular os investimentos rurais feitos pelos produtores (GOLDEMBERG, 2005). REFERÊNCIAS ALMEIDA, Jalcione. Sustentabilidade, ética e cidadania: novos desafios da agricultura. Extensão rural e desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre, vol. 1, n.4, p.13-20, 2005. ALVES, Eliseu. Os Dilemas da Política Agrícola Brasileira. Revista deeconomia rural. Brasília, v. 26, n.1, p. 1-22, jan./mar, 1988. GOMES, Adriano Provezano; FINAMORE, Eduardo Belisário. Algumas questões macroeconômicas e a agricultura brasileira. In: SANTOS, M.L. dos, VIEIRA, W. da C. 9 (Eds.). Agricultura na virada do milênio: velhos e novos desafios. Viçosa: UFV, 2000. p. 341-368. 458p. GOLDEMBERG, Arnaldo. Crédito Rural, títulos de crédito rural e enfoques. 2005. Disponível em: http://www.uva.br/icj/artigos_de_professores/Prof.%20Arnaldo%20Goldemberg%20C REDITO%20RURAL.htm. Acesso em: 25 nov. 2010. HIRSCHMAN, Albert. Otto. TheStrategy of Economic Development. New Haven: YaleUniversity Press, 1958. LAMOUNIER, Bolívar (Coord.) Determinantes políticos da política agrícola: um estudo de atores, demandas e mecanismos de decisão. Brasília: IPEA, 1994. SANTOS, Maurinho Luiz; VIEIRA, Wilson Cruz. (Eds.) Agricultura na virada do milênio: velhos e novos desafios. Viçosa: UFV, 2000. 458p. SILVA, José Graziano da. A gestão das políticas na agricultura brasileira moderna. Revista de Economia e Sociologia Rural, Brasília, v. 27, n.3, p.309-326, jul./set. 1989. STAATZ, John. M.; EICHER, Carl. K. Agricultural Development Ideas in Historical Perspective. In: EICHER, C.K; STAATZ, J. M. (Eds). Agricultural Development in the Third World. Baltimore: Johns Hopkins University Press, p.3-30. 1984. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 MATEMÁTICA COMERCIAL E FINANCEIRA: AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE ALUNOS DO TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO Daniel Vieira Ferreira – Graduado em Licenciatura em Matemática, Mestrando em Educação, Especialista em Cálculo Diferencial e Estatística, Pós-Graduando em Cafeicultura de Montanha, Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Itaciane Toledo Bastos Tomasini – Graduada em Engenharia Agrícola e Licenciatura em Matemática, Especialista em Matemática, Gestão escolar e Educação Infantil, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Irlane Bastos Costa – Graduada em agronomia,Mestre e Doutora em Melhoramento Genético de Plantas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Esse artigo teve como objetivo verificar o conhecimento dos alunos do terceiro ano do ensino médio sobre o uso da matemática financeira no mercado. Realizou-se uma avaliação visando verificar o conhecimento dos alunos do Terceiro ano sobre o uso da matemática financeira no mercado. Esta avaliação revelou que a maioria dos alunos comete erros ao resolverem questões com juros compostos, porcentagens, etc. Conclui-se que a matemática financeira se reveste de vital importância para qualquer pessoa que almeje entender o mundo atual e que os professores precisam compreender essa nova realidade e transmitir para os alunos tais conhecimentos. PALAVRAS-CHAVE:Matemática financeira; juros compostos, porcentagem, gráficos INTRODUÇÃO É bastante antigo o conceito de operações sobre mercadorias, juros, taxas, empréstimos, entre outros, que vem sendo amplamente divulgado e utilizado ao longo da história. Esses conceitos surgiram naturalmente quando o homem percebeu existir uma estreita relação entre o dinheiro e o tempo, processos de acumulação de capital e a desvalorização da moeda. O juro não é apenas uma das nossas mais antigas aplicações da Matemática Financeira e Econômica, mas também seu uso sofreu poucas mudanças através dos tempos. Existem registros que os sumérios já conheciam tipos de contratos legais e usuais, como faturas, recibos, notas promissórias, créditos, escrituras de venda entre outros contratos de mercadorias. Foi ao tomar conhecimento desse hábito dos escribas sumérios, de colocar no reverso de seus tabletes o total das contagens ou inventários correspondentes (Figura 1), que os especialistas conseguiram decriptar os algarismos suméricos, desaparecidos há mais de quatro mil anos. Ao constatar, por exemplo, na superfície de uma barra a presença de dez talhos finos repartidos aqui e ali e, no reverso, a presença de uma única marca circular de pequena dimensão, e ao encontrar confirmação desse fato por outros paralelos e cruzamentos suficientemente numerosos, eles Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 compreenderam que o talho fino designava a unidade e que pequena marca circular simbolizava a dezena. (IFRAH, 1989, p. 144) A figura abaixo evidencia o que foi dito anteriormente: Figura 1- hábito dos escribas sumérios, de colocar no reverso de seus tabletes o total das contagens ou inventários correspondentes. As tábuas mais antigas mostram um alto grau de habilidade na enumeração de dados e deixam claro, estavam familiarizados com todos os tipos de contratos. Há tabuas que são documentos de empresas comerciais e outras que lidam com sistemas de pesos e medidas. O Comércio então começou a ser praticado. Em textos de 1900. a.C existem indícios de que o comércio começa a ser executado de forma profissional e capitalista, com negócios sendo realizados por embarcações ao longo do Eufrades, do Golfo Pérsico e caravanas regulares de animais seguindo até Anatólia (Turquia Moderna). (JOZSEF, 1982, p. 124). Essas informações remetem a idéia que o cálculo de juros já era utilizado, pois quando sementes eram emprestadas para a semeadura de uma área, era lógico esperar o pagamento na próxima colheita como existe até hoje os financiamentos rurais, tais como: Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) que de certa forma se espelha nos modelos antigos. Porém, quem estabelece os juros e os moldes de pagamentos é o governo para capitalizar e novamente efetuar novos programas posteriores. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Outro item de extrema relevância é a utilização de juros compostos nos financiamentos das antigas viagens comerciais, que não poderiam ser concluídas em um ano. Devida a necessidade de cada época, criou-se novas formas de trabalhar com relação tempo – juros. Surge a expressão juros diários, bimestral, trimestral etc. (IFRAH, 1989). A história também revela que quem financiava essas viagens comerciais eram os banqueiros babilônios que 575 a.C possuíam escritórios para custear e cobrar pelos empréstimos concedidos. A Vida civil era regulada pela lei e o costume, e a coleção de leis mais famosa era o Código de Hammurabi. Havia leis protegendo os consumidores e obrigando a aplicação de princípios de eqüidade, com algumas exceções estranhas. O comércio era muito ativo, e os babilônios se inclinavam a atividade mercantil, mantendo escritórios e representantes em outros países. Antes da introdução do dinheiro (uma inovação recebida dos Lídios, no sétimo século a.e.c..), a cevada era o meio de troca habitual. Gradualmente, passou-se a utilizar moedas de cobre, e mais tarde de prata. A invenção do dinheiro na Lídia e sua rápida difusão por toda a Mesopotâmia teve êxito porque proporcionava um padrão extremamente útil para a troca de bens e serviços, garantindo-se o peso e a qualidade das moedas de prata e ouro com a imposição do selo real. (FERREIRA, templodeapolo.net, 2011.) Os primeiros bancos foram criados pelos sacerdotes, no mundo antigo, entre os egípcios e babilônios e mais tarde entre os gregos e romanos. Estava amplamente difundido o costume segundo o qual cidadãos mais abastados deviam confiar a custódia de seu ouro aos sacerdotes. (IFRAH, 1997) A igreja cristã não só deu continuidade à tradição das operações financeiras dos sacerdotes, que considerava pagãos os que não creditavam no “Banco do Espírito Santo” os chamados “Denários de São Pedro” conhecidos até hoje como os Dízimos. Ao mesmo tempo, a Igreja proibia a seus fiéis que cobrassem juros por seu dinheiro, invocando como autoridade a Sagrada Escritura, onde se lê: “Amai, pois vossos inimigos e fazei o bem, e emprestei nada esperando disso” (EVANGELHO DE SÃO LUCAS, 6,35). Na verdade, estava ai uma grande jogada comercial, ou seja, a Igreja ambicionava assegurar para si o monopólio absoluto na exação de juros. Apesar das maldições e ameaças com o fogo eterno, a igreja não pôde conter o crescimento por ganhos e lucros das pessoas, tanto que o próprio desenvolvimento do comércio exigia a criação de uma ampla rede bancária. (MATTOS,1975). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 O primeiro banco privado foi fundado pelo duque Vitali em 1157, em Veneza. Após este, nos séculos XIII, XIV e XV toda uma rede bancária foi criada, dando início à explosão do capitalismo até os dias atuais. Diante do exposto, este estudo tem como objetivo geral verificar o conhecimento dos alunos do terceiro ano do ensino médio sobre o uso da matemática financeira no mercado. Além disso, pretendeu-se demonstrar a importância do uso cotidiano da matemática financeira. Prioriza também observar se o aluno em sua formação tem conhecimento e discernimento na escolha entre uma compra a prazo e à vista e se possui conhecimento de juros compostos e impostos. METODOLOGIA Algumas escolas se mostram claramente singulares, dadas às relações e aos fatos que ocorrem no seu interior, no seu entorno e principalmente com a história. Nesse sentido, tentar entender as práticas pedagógicas no cotidiano, os ensinamentos de conteúdos inadequados para atingir metas estabelecidas pelo governo nos faz refletir se realmente estamos no caminho certo da educação. Partindo da premissa que a escola é o local onde se busca de forma sistemática e organizada a incorporação do conhecimento, o professor deve contribuir para essa busca. Esse profissional, refletindo sobre a educação voltada para a apropriação da cultura humana, poderá implementar a utilização racional de recursos para a realização de fins educativos com o propósito de alcançar o objetivo pedagógico da escola e uma educação de qualidade. Fazer com que o aluno entenda o mercado financeiro complexo seria algo inviável, mas fazer com que esse aluno tenha conhecimento de como realmente são cobrados as taxas de juros em uma simples compra numa determinada loja de eletrodomésticos é fundamental. Conhecer as taxas de financiamentos, saber calcular juros e entender como os bancos cobram os juros de cheque especial, deveriam fazer parte do ensino em sala de aula. O aluno do ensino médio é preparado para o vestibular, mas também devem ser preparado para o mercado, pois muitos dos que concluem o ensino médio estão indo para o mercado de trabalho. Precisamos nos adequar ao novo sistema de ensino e preparar esse aluno para uma formação voltada para o mercado de trabalho e incentivá-los ao curso superior. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 O aluno precisa conhecer as operações financeiras, noções de probabilidade, geometria espacial entre outras, mas, no caso da matemática financeira, é de fundamental importância que o professor ilustre algumas situações do cotidiano na aplicabilidade. Foi aplicada uma avaliação diagnóstica com 93 alunos do ensino médio de uma escola pública estadual para verificar o grau de conhecimento deles sobre o uso da matemática financeira no mercado. Essa avaliação permitiu produzir resultados médios de desempenho conforme estratos amostrais. RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir dos itens apresentados é possível afirmar que um aluno desenvolveu certa habilidade, quando ele é capaz de resolver um problema a partir da utilização e/ou aplicação de um conceito por ele já construído. Por isso, o artigo prioriza apresentar situações em que a resolução de problemas seja significativa para o aluno e mobilize seus recursos cognitivos. A seguir, são apresentados itens que foram utilizados na avaliação diagnóstica sobre o conhecimento da matemática financeira, seguido de apresentação de habilidades que o aluno deveria ter quando errou a resolução a do problema ou que já possuía ao resolvê-lo corretamente. Questão 01) Calcular o montante de um capital de R$ 1000, 00, aplicado à taxa de 2% ao mês, durante cinco meses. A) R$1250,20 B) R$1104,08 C) R$1100,00 D) R$100,00 Percentual de respostas às alternativas A B C D 7% 4% 36% 53% O Percentual de respostas às alternativas indica que apenas 4% dos alunos marcaram a alternativa correta “B” e que a resolução do problema envolve reconhecer que um valor aplicado a um prazo de cinco meses não seria possível o uso do juros simples e que nenhuma instituição financeira utiliza dessa ferramenta. O cálculo deveria ser de juro composto (juros sobre juros). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Os 53% dos alunos que marcaram a letra “D”, apenas calcularam o juro erroneamente e não observaram a palavra montante que é a soma do capital mais o juro correspondente ao período. Questão 02) A loja “ Topa Tudo” esta oferecendo um televisor tela plana no valor de R$ 1600,00 nas seguintes condições: A) 10% no pagamento à vista; B) 2 x com entrada com acréscimo de 5% na segunda prestação e C) 60 dias sem entrada com acréscimo de 2%. Quais das alternativas abaixo respectivamente é a correta? A) R$1500,00; R$840,00 + R$840, 00; R$1640,00 Percentual de respostas às alternativas B) R$ 1550,00; R$ 800,00 + R$840,00; R$1650,00 A B C D C) R$1600,00; R$832,00 + R$840,00: R$1640,00 2% 8% 17% 73% D) R$1440,00; R$800,00 + R$840,00; R$1632,00 Opercentual de respostas às alternativas revela que 73% dos alunos marcaram a alternativa correta “D” indicando que o aluno tem conhecimento de desconto e acréscimos praticado sobre o capital, possui também conhecimento sobre juros embutidos nas parcelas. Questão 03) Determinar a taxa anual equivalente a 2% ao mês? A) 24% Percentual de respostas às alternativas B) 36,82% A B C D C) 26,82% 82% 5% 3% 10% D) 15,31% O Percentual de respostas às alternativasrevela que apenas 3% dos alunos marcaram a questão certa. Fica evidente que ao responder a questão “A” os alunos utilizaram os juros simples. Ou seja, apenas multiplicaram a taxa mensal por 12 meses encontrando 24%, erroneamente, pois deveria ter sido utilizado a equivalência de juros compostos que é realmente aplicado no mercado. A solução do problema passa pela habilidade de os alunos encontrarem a variação percentual dos juros compostos a equivalência de taxa, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Questão 04) Determine os valores abaixo Percentual de respostas às alternativas A) 15% de R$2.250,00 B) 7% de R$700,00 C) 2% de 5% de R$1000,00 A B C D 78% 12% 7% 3% RESPOSTAS A) R$ 337,50; R$49,00; R$1,00 B) R$3375,00; R$490,00; R$10,00 C) R$33750,00; R$ 4900,00; R$100,00 D) R$337500,00; R$49000,00; R$1000,00 O percentual de respostas às alternativasrevela que78% dos alunos marcaram a resposta correta “A”, ou seja, os alunos têm a habilidade de calcular porcentagem de um valor fixo, porém 22% dos alunos ainda precisam construir essa habilidade, principalmente na terceira questão onde foi pedida a porcentagem da porcentagem. Questão 05) A tabela abaixo esta relacionada ao número de turistas nos meses de junho a julho no período de 2008 a 2010 ao Parque Nacional do Caparaó. 2008 2009 2010 Total Junho 785 834 1050 2669 Julho 1586 1635 2430 5651 Total 2371 2469 3480 8320 Pergunta-se: A) Qual variação percentual de turistas em relação ao ano de 2008 a 2010 no mês de junho? Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A) 22,50% Percentual de respostas às alternativas B) 15% A B C D C) 18% 44% 11% 28% 17% D) 33,75% B) Qual a variação percentual do total de turistas no mês de junho em relação ao mês de julho no período de 2008 a 2010? A) 80,25% B) 95,56% C) 111,72% Percentual de respostas às alternativas A B C D 11% 20% 12% 57% D) 100% B) O total no mês de julho em todos os anos representa qual percentual em relação ao total de todos os registros, ou seja 8320 visitas? A) 47,23% Percentual de respostas às alternativas B) 38,25% A B C D C) 52,36% 13% 22% 35% 30% D) 65,69% As perguntas foram elaboradas para diagnosticar o conhecimento em variação percentual (∆%). O percentual de respostas às alternativasrevela que apenas 17% dos alunos responderam corretamente a pergunta A; e, que apenas 12% responderam corretamente a pergunta B e, que apenas 13% responderam corretamente a pergunta C. Estes dados indicam que a maioria dos alunos não possuem habilidades para resolver estes tipos de questões. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os itens apresentados foram aplicados no dia 26 de agosto de 2010 há 93 alunos da 3ª série do ensino médio da Escola Estadual Maria de Lucca Pinto Coelho. Eles revelam as condições em que os estudantes se situam em relação aos conhecimentos da matemática financeira reunida no foco das resoluções de problemas que fazem parte do dia a dia. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Uma falsa democracia é criada sobre a educação. Fazer com o aluno se forme sem ter uma base de cálculos financeiros é contribuir ainda mais para uma utopia da educação.Ensinar juros simples sem mostrar o juro composto e como ele é utilizado nas transações comerciais, é melhor não ensinar, pois observamos que a maioria dos alunos optou pelo o juro simples na resolução dos exercícios. O aluno precisa ter conhecimento sobre o comportamento do dinheiro a longo tempo e que o juro anunciado em propagandas nem sempre são os aplicados pelo comércio. As negociações com juros existem desde que o homem começou a ter conhecimento de que a troca de mercadoria era uma maneira de acumular riquezas e divisas. Assim, a matemática financeira se reveste de vital importância para qualquer pessoa que almeje entender o mundo atual tal qual ele se apresenta. Fluxo de capital corrente pelo mundo, tornando economias hoje estáveis, em instáveis de uma hora para outra. Decisões sendo tomadas de cunho social levando em considerações os mais relevantes aspectos financeiros. Cabe a nós professores tentar compreender essa nova realidade da melhor maneira possível e passar para nossos alunos para que os mesmos possam ter discernimento em qual a melhor opção de compra ou de investimento que o dinheiro lhe vale. REFERÊNCIAS ARBORIO, A. M. Federico. Dos sumérios a babel - a Mesopotâmia: São Paulo, Hemus, 2004; ASSAF NETO, Alexandre. matemática financeira e suas aplicações. 10 ed. são paulo : atlas, 2008. isbn 978-85-224-4889-0. BRUNI, Adriano Leal.A Matemática das finanças. São Paulo: Atlas, 2003 – Série: desvendando finanças.ISBN: 85-224-3593-6. FERREIRA, Odsson. Templo de Apolo. Disponível em http://www.babilonia.templodeapolo.net/conteudo.asp?Acesso em 01 ago. 2011. GIORDANI, Mário Curtis. História da Antiguidade Oriental. Petrópolis, Editora Vozes, 1969; IFRAH, Georges. Os Números: a História de uma Grande Invenção. Trad. de Stella Maria de FreitasSenra. Rio de Janeiro, Globo, 1989, 367p. IFRAH, Georges.História universal dos algarismos. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1997. 2 v. (vol. 1) Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 JAGURARIBE, Helio. Um estudo crítico da história Vol I; Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2001, MATTOS, Antônio Carlos M. – O Modelo Matemático dos Juros. Uma Abordagem Sistêmica , Ed Vozes – Petrópolis PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 7.ed. São Paulo: Saraiva, 2006. ROBERT, Jozsef. A Origem do Dinheiro.São Paulo: Global Editora, 1982. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 GT 02 CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ARTIGOS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 COMPORTAMENTO DOS FELINOS: GATOS DOMÉSTICOS Tânia Fernandes Martins - Graduanda em Medicina Veterináriada Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Vitória Emanuella da Silva Alves - Graduada emEngenharia Agronômica, Mestre em Fitotecnia, Doutora em Proteção de Plantas, Professora e coordenadora geral da Pós-graduaçãoda Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Os gatos são considerados solitários, mas exibem diversas categorias comportamentais dirigidas ao relacionamento social. Conhecer o comportamento dos gatos domésticos auxilia o criador e o médico veterinário na detecção e tratamento de distúrbios ou de alterações comportamentais. A utilização dos gatos domésticos, como um modelo para a família Felidae, é um recurso interessante para o entendimento do comportamento dos felinos. Esta pesquisa é de caráter exploratório, utilizando manuscritos extraídos em periódicos, livros e artigos acessíveis pela internet e o objetivo foi apresentar análise comportamental de gatos domésticos. PALAVRAS-CHAVE: Domesticação felina; Adaptação; Socialização. INTRODUÇÃO O estudo do comportamento animal é uma ponte entre os aspectos moleculares, fisiológicos, da biologia e da ecologia. É a ligação entre os organismos e o ambiente e entre o sistema nervoso e o ecossistema (SNOWDON, 1999). O gato doméstico (Felis silvestriscatus L.) é utilizado como um animal modelo para o estudo da família Felidae, pois ocorre em altas densidades em todo o mundo, estando disponível para o estudo em todos os locais. As densidades populacionais deste animal podem variar desde um até mais de 2.000 indivíduos por quilômetro quadrado (KERBY e MACDONALD, 1994). Em geral, os gatos são considerados solitários, mas exibem diversas categorias comportamentais dirigidas ao relacionamento social. O grau de sociabilidade dos gatos varia desde os solitários até os que vivem em grupos grandes. Quando estão vivendo em grupos, fêmeas adultas e suas crias formam outros núcleos, podendo ser territorialistas. Esses núcleos podem ocupar uma área Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 grande e formar uma colônia. Ocorrem competições por recursos e, por isso, formam as classes sociais determinando assim, uma hierarquia no grupo onde existem fêmeas periféricas e fêmeas centrais (JENSEN, 2002). Quanto ao território, os machos tendem a ocupar áreas maiores do que as fêmeas e, geralmente o território de um macho sobrepõem-se ao território de várias fêmeas (SAY e PONTIER, 2004). Estudos de Pontier e Natoli (1996) confirmam as evidências de que o gato doméstico monopoliza os recursos alimentares, o abrigo e as fêmeas, sendo que o tamanho do território do macho está ligado à disponibilidade de fêmeas receptivas e ao grau de competição por estas fêmeas (SAY e PONTIER, 2004). Entre os fatores que contribuem para a redução das taxas reprodutivas de felídeos em cativeiro estão: a nutrição inapropriada, a inadequação dos recintos em que são mantidas, a manutenção reprodutiva inadequada e a perda de diversidade genética resultante do cruzamento de poucos animais cativos (GENARO et al., 2001). A manutenção adequada de felinos em confinamento consiste em oferecer ambientes estimulantes, que permitam que os animais expressem uma variedade de comportamentos normais da espécie (BRADSHAW, 2000). Antes da chegada do gato, devem ser providenciados alguns utensílios indispensáveis: bandeja sanitária, cama, recipientes para água e comida, escovas e pentes para toalete, caixa para transporte e coleira elástica com identificação (que não estrangule o gato se ficar presa). Além disso, deve-se providenciar também um poste onde possa arranhar e afiar as unhas caso não possa sair (evitando que utilize os móveis para esse fim) e brinquedos (devem ser evitados os de borracha macia e lã, que podem causar problemas se engolidos) (ROCHLITZ, 2002; 2005). Todos estes cuidados são necessários para a manutenção desses animais em cativeiro, porém este ambiente pode comprometer o bem-estar dos animais por ser um ambiente previsível, onde faltam desafios e imprevistos. O animal sem estímulos físicos e mentais ou em condições que não permitam a expressão de comportamentos específicos (como escapar de algo que o incomoda ou amedronta) pode apresentar comportamentos inapropriados ou mostrar-se entediado (BOSSO, 2010). Para minimizar o estresse dos animais mantidos em abrigos é importante que haja boa socialização dos gatos com os humanos, o que pode ser obtido por Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 manipulações diárias dos animais (ROCHLITZ, 2002). O contato próximo permite ainda que alterações no comportamento do animal sejam percebidas, o que pode indicar possíveis doenças ou condições ambientais pobres (ROCHLITZ, 2000). Segundo Genaro (2005), o aumento da população de gatos domésticos em condições urbanas aumenta a necessidade do estudo de seu comportamento e, além disso, o conhecimento do comportamento dos gatos domésticos também auxilia o proprietário/criador e também o médico veterinário na detecção e tratamento de distúrbios ou de alterações comportamentais. Considerando o papel do gato doméstico na sociedade atual, e também no meio científico e, tendo em vista o crescimento das temáticas ligadas ao comportamento, é de esperar que ao longo dos anos a avaliação aprofundada para este grupo se efetue, para que o conhecimento deste possa oferecer condições que permitam a melhoria o bem-estar do animal. Visto assim, o conhecimento do comportamento dos felinos, para este trabalho, objetivou uma maior familiaridade com o problema em estudo. METODOLOGIA A pesquisa possuiu um caráter exploratório e foi realizada no período de abril a agosto de 2011,eteve como meta obter uma maior familiaridade quanto ao comportamento dos felinos.A base desta pesquisa de meta-análise foi utilizar manuscritos extraídos em periódicos, livros e artigos acessíveis pela internet. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nossa preocupação foi fornecer aos futuros pesquisadores e profissionais da área de comportamento animal, um quadro de referências bibliográficas que oferecessem delineamento na área da habilidade felina, com enfoque em gatos domésticos, e que estas referências servissem como ligações para aprofundamentos posteriores Diversos estudos reforçam que os gatos domésticos são animais sociais, pois dentro de um grupo ou colônia, formam relações amistosas com outros gatos, podendo existir parceiros preferenciais para as interações, que geralmente são os que os animais escolhem para ficarem perto na hora do descanso, indicando que as interações são afiliativas, ao invés de agonísticas (BRADSHAW, 2000). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Um estudo de Brandshaw e Hall (1999) com duplas de gatos domésticos mostra que animais aparentados apresentam um número maior de contatos entre eles do que os animais não-aparentados, permanecendo mais tempo em contato, o que indica que os animais aparentais são mais sociais. Os contatos sociais consistem em animais em contato físico direto, dormindo juntos, ou até mesmo em contatos pequenos, com a pata ou com a cauda (BRANDSHAW e HALL,1999). Em relação à distribuição espacial dos animais, Natoli (1985) mostrou que houve preferência individual dos gatos domésticos pela ocupação de determinadas áreas, as fêmeas ocupavam os locais centrais da área, onde encontravam alimentos, fonte de água e locais para esconderem, condições ideais para parirem e criarem os seus filhotes. Já os machos ocupavam locais afastados das áreas centrais para evitarem possíveis ataques das fêmeas com os filhotes. Segundo Van Der Bos e Buning (1994), o desenvolvimento da posição hierárquica dos animais dentro da colônia depende de alguns fatores, como a densidade populacional, o grau de socialização de cada animal, a estrutura do recinto em são mantidos e a idade dos animais. A manutenção adequada de felinos em confinamento consiste em oferecer ambientes estimulantes, que permitam aos animais expressarem uma variedade de comportamentos normais da espécie, resultando em animais mais saudáveis e bem mais adaptados ao ambiente (BRANDSHAW, 2000; ROCHLITZ, 2002). O estresse pode prejudicar o sistema imune, criando um estado que aumenta a suscetibilidade de um animal a doença. Além disso, pode criar uma situação em que o animal reage de maneira não característica (mordendo, arranhando, etc.), influenciando negativamente sua oportunidade de adoção bem sucedida (ROCHLITZ, 2005). CONSIDERAÇÕES FINAIS A concepção da pesquisa constituiu informações que nos fazem considerar que os gatos são animais bastante curiosos, que se habituam facilmente com estímulos propostos, exigindo dos pesquisadores mudanças rotineiras nos ambientes para esses indivíduos. Por ser uma espécie oportunista, no que se referem ao comportamento social, os gatos domésticos apresentam grande flexibilidade comportamental, mostrando Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 grande variação intraespecífica na organização social, dependendo do ambiente em que vivem. Assim, se os animais cativos não são mantidos em condições adequadas, os padrões de comportamento que apresentam podem ser distorcidos ou estereotipados, o que pode levar a conclusões inadequadas sobre o comportamento deles (BROOM e JOHNSON, 1993) Pelo o enriquecimento ambiental é possível promover a exibição de comportamentos mais próximos dos naturais e extinguir comportamentos não desejáveis, contribuindo para a saúde física e psicológica dos animais, com o alcance de respostas comportamentais adequadas. Além disso, a sociobiologia dos gatos domésticos pode ser interessante para o estudo dos processos e das consequências da domesticação, sendo possível verificar se a domesticação aumentou a flexibilidade comportamental dos gatos, quando comparada com a adaptabilidade de felinos selvagens, enfrentando as mesmas circunstâncias ecológicas (ROCHLITZ, 2002). Portanto, a utilização dos gatos domésticos como um modelo para a família Felidae é um recurso interessante, podendo ser um modelo mais fiel e adequado para o entendimento do comportamento dos felinos em geral (TRONCON, 2006). REFERÊNCIAS BOSSO, P. L. Enriquecimento ambiental. 2010. Disponível http://www.zoologico.sp.gov.br/peca2.htm. Acesso em: 25 nov. 2010. em: BRADSHAW J. W. S; HALL, S.L. Affiliative behaviour of related and unrelated pairs of cats in catteries: a preliminary report.Applied Animal Behaviour Science, v. 63, p. 251–255, 1999. BRADSHAW, J. W. S. The behaviour of the domestic cat. Oxom: CABI Publishing, 2000, 219p. BROOM, D.M.; JOHNSON, K.G. Stress and Animal Welfare. London: Chapman and Hall, 1993. GENARO, G. et al.Pequenos felinos brasileiros: desconhecidos e ameaçados. Ciência Hoje, v.29, p.34-39, 2001. GENARO, G. Exploratory behavior of female rats born to differently raised mothers. Revista Brasileira de Zoociências, v.4, n.1, p.111-120, 2005. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 JENSEN, P. The Ethology of Domestic Animals: an Introductory Text.Wallingford, U.K: CABI Publishing, 2002. 246p. KERBY, G.; MACDONALD, D.W. Cat society and the consequences of colony size.In: TURNER, D. C; BATESON, P. (Eds.) The Domestic Cat: the biology of its behavior. CambridgeUniversity Press: Cambridge, p. 67-81, 1994. NATOLI, E. Behavioural responses of urban feral cats to different types of urine marks. Behaviour, v.94, p. 234-243, 1985 PONTIER, D.; NATOLI, E. Male reproductive success in the domestic cat (Felis catus L.): a case history. Behavioural Processes, v.33, p.85-88, 1996. ROCHLITZ, I. Feline welfare issues. In: TURNER, D.C; BATESON, P. (Eds.) The Domestic Cat: the biology of its behavior. 2 ed. CambridgeUniversity Press: Cambridge, p. 207-226, 2000. ROCHLITZ, I. Comfortable Quarters for cat in research institutions. 2002. Disponível em: http://www.awionline.org/www.awionline.org/pubs/cq02/Cqcats.html.Acesso em: 25 nov. 2010. ROCHLITZ, I. A review of the housing requirements of domestic cats (Felis silvestris catus) kept in the home. Applied Animal Behaviour Science, v. 93, p.97-109, 2005 SAY, L.; PONTIER, D. Spacing pattern in a social group of stray cats; effects on male reproductive success. Animal Behaviour, v. 68, p.175-180, 2004. SNOWDON, C. T. O significado da pesquisa em comportamento animal. Estudos de Psicologia, Natal, v. 4, n. 2, p. 365-373, 1999. TRONCON, E. K. Comunicação química por meio das fezes e da urina e do comportamento social em gatos domésticos (Felis silvestris catus L.) 2006. 94 p. Dissertação (Mestrado em Ciências)- Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, 2006. VAN DER BOS, R.; BUNING, T. C. Social Behaviour of domestic cats (Felis lybica f. catus L.): a study of dominance in a group of female laboratory cats. Ethology, v. 98, p. 14-37, 1994. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 RESUMOS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ARTÉRIAS CORONÁRIAS DO RATÃO-DO-BANHADO (Myocastor coypus Molina, 1782 – Rodentia: Mammalia) João Nero Silveira de Paula e Fábio Gardingo Heleno de Oliveira – Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária, Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia, Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice UNIVÉ[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Coração; Artérias coronárias; Myocastor coypus. INTRODUÇÃO A família Capromyidae (Rodentia: Mammalia) possui sete gêneros, dos quais três estão extintos, registrando-se, no Brasil, a ocorrência apenas do gênero Myocastor, com uma única espécie vivente, o Myocastor coypus, conhecido como ratão-dobanhado, ou nutria (Silva, 1994). Trata-se de mamífero roedor de porte relativamente grande (70-100 cm de comprimento, do focinho à ponta da cauda; pesando até 7 kg), originário do extremo sul da América do Sul, mas acha-se disseminado por várias partes do mundo, como EUA e Europa, onde é explorado com fins comerciais, em especial pela qualidade de sua pele e de sua carne. Dados relativos aos diferentes aspectos da anatomia do ratão-do-banhado são incipientes na literatura especializada, salvo abordagens gerais sobre sua pelagem, dentição e volume corporal (Silva, 1994). Entretanto, Hillemann e Gaynor (1961) descrevem a morfologia da placenta desses animais, assim como Machado et al. (2002a) relatam o suprimento arterial para as glândulas adrenais da espécie. Ainda Machado et al. (2002b) reportam o comportamento da artéria celíaca e seus ramos e, em Machado et al. (2006), o padrão de divisão e distribuição das artérias mesentéricas da espécie em apreço. METODOLOGIA Foram utilizados 10 exemplares adultos, oito machos e duas fêmeas, de ratão-dobanhado (Myocastor coypus), provenientes de criatório autorizado, pertencente ao Abrigo de Animais Silvestres da UPF – Universidade de Passo Fundo, com diferentes históricos de óbito, e encaminhados ao Laboratório de Anatomia Animal Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX, Matipó/MG. Em laboratório, aqueles animais tiveram o seu sistema arterial injetado com solução corada de Neoprene látex, através da artéria carótida comum direita, abordada por incisão cervical, mediana ventral; em seguida foram fixados com solução aquosa de formol a 10%, injetada com seringas e agulhas por todas as partes moles do corpo e cavidades corporais. Após os procedimentos descritos, os espécimes foram mergulhados em recipientes contendo solução aquosa de formol a 10% e oportunamente dissecados. O estudo das artérias coronárias foi pautado na dissecação dos corações, cuja remoção do epicárdio, por si só, permitiu a satisfatória visualização dos vasos de interesse. Na sequência, foram confeccionados desenhos representativos dos arranjos vasculares coronarianos, assim como foram feitos registros fotográficos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após dissecações realizadas em dez corações de ratões do banhado (Myocastor coypus), com ênfase para o comportamento anatômico das artérias coronárias, verificou-se que estão presentes duas artérias coronárias, direita e esquerda. Do ponto de vista de sua morfologia externa, deve-se ressaltar que o coração dessa espécie apresenta faces, auricular e atrial, bem destacadas, o que torna as margens ventriculares, esquerda e direita, igualmente ressaltadas. A artéria coronária esquerda apresenta forte predomínio territorial sobre a artéria coronária direita. Em todos os corações examinados, a artéria coronária esquerda, após originar-se da face auricular da aorta, mediante um curto tronco, imediatamente bifurca-se para formar os ramos interventricular paraconal e circunflexo. O ramo paraconal orientase para o ápice cardíaco e, em seu trajeto, emite longos ramos destinados às paredes de ambos os ventrículos, a maioria deles contornando a margem ventricular direita para atingir a face atrial do órgão. O ramo circunflexo, em seu trajeto pelo sulco coronário, também emite longos ramos, dispostos em diferentes ângulos, destinados às paredes tanto dos ventrículos quanto dos átrios. A artéria coronária direita, em trajetória descendente, emite curtos e delgados ramos, e tem seu território de distribuição restrito à margem ventricular direita. CONSIDERAÇÕES FINAIS O padrão anatômico das artérias coronárias no ratão-do-banhado (Myocastor coypus) é semelhante ao descrito para outros roedores, como o rato, o camundongo Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 e a cobaia, em especial no que concerne ao predomínio territorial da artéria coronária esquerda. Entretanto, contrariando os registros relativos àqueles roedores, são fortes os indícios de que, no M. coypus, a irrigação do septo interventricular é de responsabilidade da artéria coronária esquerda. REFERÊNCIAS AHMED, S.H. et al. The comparative anatomy of the blood supply of cardiac ventricles in the albino rat and guinea-pig. Journal of Anatomy, 126, 51-57,1978. HILLEMANN, H.H.; GAYNOR, A.I. 1961. The definitive architecture of the placenta of the nutria, Myocastor coypus (MOLINA).The American Journal of Anatomy, 109 (3): 299-317. ICARDO, J.M.; COLVEE, E. Origin and course of the coronary arteries in normal ice andin iv/iv mice. Journal of Anatomy, 199, p. 473-482, 2001. MACHADO, G.V.; ROMAGNOLLI, P.; SOUZA, J.R.; TURQUETI, V.S.; ULIANA, S.M.; SILVA, M.H. 2002a. Suprimento arterial para as glândulas adrenais no ratãodo-banhado (Myocastor coypus Molina, 1782). Archives of Veterinary Science, 7 (2): 9-14. MACHADO, G.V.; SOUZA, J.R.; GONÇALVES, P.R.; PARIZZI, A.; DONIN, D.G. 2002b. A artéria celíaca e seus ramos no ratão-do-banhado (Myocastor coypus – Rodentia: Mammalia). Biotemas, 15 (2): 41-54. MACHADO, G.V.; GONÇALVES, P.R.; PARIZZI, A.; SOUZA, J.R. 2006. Padrão de divisão e distribuição das artérias mesentéricas no ratão-do-banhado (Myocastor coypus – Rodentia: Mammalia). Biotemas, 19 (1): 57-61. SILVA, F. 1994. Mamíferos silvestres do Rio Grande do Sul. 2.ed. Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 282 pp. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ESQUELETOPIA DO CONE MEDULAR NA IRARA (Eira barbara Linnaeus, 1758 – Carnivora: Mustelidae) Thiago Clemente de Sousa, Pedro Augusto Mendes Junior e Samuel Pereira Braga – Graduandosem Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária, Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia, Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice UNIVÉ[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Medula espinhal; Cone medular; Eira barbara. INTRODUÇÃO A irara (Eira barbara) é um mamífero carnívoro, da família dos mustelídeos, sendo a única espécie do gênero Eira. Apresenta pelagem cinza escuro e suas orelhas são curtas e arredondadas. É também conhecida no Brasil pelo nome de “papa-mel”, porque esse é um de seus alimentos preferidos. Seu corpo é esguio, o pescoço alongado e as pernas compridas. Habita as florestas e também os campos. Apesar de se alimentarem de frutos e mel, são principalmente carnívoras: caçam roedores e aves, além de ovos.Considerando a importância de se atrelar o conhecimento da anatomia à sua aplicação prática e, neste caso, em atenção à premência das informações sobre a anatomia dos animais silvestres, da fauna brasileira, o presente trabalho tem por objetivo a descrição das relações topográficas da extremidade da medula espinhal da irara, com vistas a sua aplicação nas anestesias epidurais. A eficiência, a segurança e a rapidez dos métodos de anestesia epidural têm por base o necessário conhecimento da anatomia da região implicada (HOPKINS, 1935). Santiago et al. (1990) e Dyce et al. (1997) pesquisaram o tema em carnívoros domésticos. Em espécies não domésticas, vale mencionar os trabalhos de Machado et al. (2002, 2003, 2009ª,2009b, 2009c) METODOLOGIA Foi utilizado um exemplar adulto, fêmea, de irara (Eira Barbara) encontrado em óbito às margens da rodovia BR 282, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental para pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX, Matipó/MG.Para a obtenção dos resultados que ora se expõem, promoveu-se o Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 afastamento da pele e de toda a musculatura epiaxial da região lombo-sacral do espécime, até evidenciarem-se as vértebras regionais. Em seguida removeram-se os arcos vertebrais, expondo assim o canal vertebral e os componentes anatômicos que o ocupam. Na seqüência, após a remoção dos plexos venosos vertebrais e tecido adiposo circunjacente, expôs-se a dura-máter, sobre a qual procedeu-se uma incisão longitudinal em toda a extensão da área em dissecação. A partir de então registraram-se os aspectos anatômicos de interesse, em especial do ponto de vista topográfico, com ênfase para o cone medular, seguindo-se a elaboração de desenho esquemático e registros fotográficos, visando a documentação e exposição dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a dissecação realizada em um exemplar adulto, fêmea, de irara (Eira barbara), com objetivo específico de registrar as relações topográficas do cone medular, tendo sido confirmada a presença de sete vértebras lombares, verificou-se que aquele cone possui um comprimento médio, de sua base ao ápice, de cerca de 2,5 cm, estando sua base apoiada sobre a 6ª. Vértebra lombar (L6). O ápice do cone medular, cujo segmento de medula que o compõe não foi possível definir, pelo método utilizado, teve sua extremidade registrada entre as vértebras L6 e L7. Todo o cone medular achava-se envolto pela cauda eqüina. Quando comparados os presentes achados às afirmativas de Santiago et al. (1990) e Dyce et al. (1997), estes com base no Canis familiaris, nota-se pouca semelhança entre as duas espécies, considerando que, nos registros daqueles autores, a localização do cone medular entre as vértebras L6 e L7, como ora se registra na irara, constituiu apenas exceções. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos registros realizados, após dissecação de um exemplar adulto, fêmea, de irara (Eira barbara), e em atenção ao interesse da prática das anestesias epidurais, julga-se poder indicar, como sítio provável para a colocação de agulhas, o espaço interarqueado situado entre as vértebras L7 e S1. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 REFERÊNCIAS DYCE, K.M. et al. Tratado de anatomia veterinária. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1977. p. 215-239. HOPKINS, G.S. The correlation of anatomy and epidural anesthesia in domestic mammals. Cornell Veterinarian, Ithaca, NY, v.25, p.263-270, 1935. MACHADO, Gilberto Valente et al. Topografia do cone medular no lobo-guará (Chrysocyum brachyurus Illiger, 1815). . Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v.9, p.107 - 109, 2002. MACHADO, Gilberto Valente et al. Topografia do cone medular no lobo marinho (Arctocephalus australis Zimmermann, 1783). Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia da Unipar, v.6, p.11 - 14, 2003. MACHADO, Gilberto Valente et al. Topografia do cone medular na ariranha (Pteronura brasiliensis Zimmermann, 1780). Ciência Animal Brasileira, v.10, p.301 - 305, 2009a. MACHADO, Gilberto Valente et al. Topografia do cone medular no ratão do banhado (Myocastor coypus Molina, 1782 - Rodentia: Mammalia). Biotemas, v.22, p.117 120, 2009b. MACHADO, Gilberto Valente et al. Topografia do cone medular no tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla Linnaeus, 1758 - Xenarthra: Myrmecophagidae). Archives of Veterinary Science. , v.13, p.172 - 175, 2009c. SANTIAGO, W. Esqueletopia do cone medular em Canis familiaris. Arq. Univ. Fed. Rur. Rio de Janeiro, v.4, n.1, p. 67-69, 1974. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 TOPOGRAFIA DO CONE MEDULAR NA JAGUATIRICA (Leopardus pardalis Linnaeus, 1758 – Carnivora: Felidae) Hélio Augusto Chicareli Gomes e Cleverson Tavares Peron – Graduandosem Medicina Veterináriada Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX AlexandreGeraldo Martins– Graduando em Enfermagem e estagiário no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária, Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia, Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice UNIVÉ[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Medula espinhal; Cone medular; Leopardus pardalis. INTRODUÇÃO A jaguatirica (Leopardus pardalis) é um felino de porte médio e hábitos noturnos, se alimenta basicamente de aves e roedores, sendo encontrada em toda a América do Sul. Do ponto de vista de sua morfologia, é um dos animais mais desconhecidos da fauna brasileira, apesar da importância desse conhecimento para o incremento de pesquisas que busquem a sua preservação na natureza.Considerando a importância de se atrelar o conhecimento da anatomia à sua aplicação prática e, neste caso, em atenção à premência das informações sobre a anatomia dos animais silvestres, da fauna brasileira, o presente trabalho tem por objetivo a descrição das relações topográficas da extremidade da medula espinhal da jaguatirica, com vistas à sua aplicação nas anestesias epidurais. A eficiência, a segurança e a rapidez dos métodos de anestesia epidural têm por base o necessário conhecimento da anatomia da região implicada (HOPKINS, 1935). Santiago et al. (1990) e Dyce et al. (1997) pesquisaram o tema em carnívoros domésticos. Em espécies não domésticas, vale mencionar os trabalhos de Machado et al. (2002, 2003, 2009ª,2009b, 2009c) METODOLOGIA Foi utilizado um exemplar adulto, macho, encontrado em óbito às margens da rodovia BR 116, no km 672, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental para pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX, Matipó/MG.Para a obtenção dos resultados que ora se expõem, promoveu-se o afastamento da pele e de toda a musculatura epiaxial da região lombo-sacral do Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 espécime, até evidenciarem-se as vértebras regionais. Em seguida removeram-se os arcos vertebrais, expondo assim o canal vertebral e os componentes anatômicos que o ocupam. Na sequência, após a remoção dos plexos venosos vertebrais e tecido adiposo circunjacente, expôs-se a dura-máter, sobre a qual procedeu-se uma incisão longitudinal em toda a extensão da área em dissecação. A partir de então registraram-se os aspectos anatômicos de interesse, em especial do ponto de vista topográfico, com ênfase para o cone medular, seguindo-se a elaboração de desenho esquemático e registros fotográficos, visando a documentação e exposição dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a dissecação realizada em um exemplar adulto, macho, de jaguatirica (Leopardus pardalis), com objetivo específico de registrar as relações topográficas do cone medular, tendo sido confirmada a presença de sete vértebras lombares, verificou-se que aquele cone possui um comprimento médio, de sua base ao ápice, de cerca de 3,5 cm, estando sua base apoiada sobre a 5ª. Vértebra lombar (L5). O ápice do cone medular, cujo segmento de medula que o compõe não foi possível definir, pelo método utilizado, teve sua extremidade registrada entre as vértebras L6 e L7. Todo o cone medular achava-se envolto pela cauda eqüina. Quando comparados os presentes achados às afirmativas de Santiago et al. (1990) e Dyce et al. (1997), estes com base no Canis familiaris, nota-se pouca semelhança entre as duas espécies, considerando que, nos registros daqueles autores, a localização do cone medular entre as vértebras L6 e L7, como ora se registra na jaguatirica, constituiu apenas exceções. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos registros realizados, após dissecação de um exemplar adulto, macho, de jaguatirica (Leopardus pardalis), e em atenção ao interesse da prática das anestesias epidurais, julga-se poder indicar, como sítio provável para a colocação de agulhas, o espaço interarqueado situado entre as vértebras L7 e S1. REFERÊNCIAS DYCE, K.M. et al. Tratado de anatomia veterinária. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1977. p. 215-239. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 HOPKINS, G.S. The correlation of anatomy and epidural anesthesia in domestic mammals. Cornell Veterinarian, Ithaca, NY, v.25, p.263-270, 1935. MACHADO, Gilberto Valente et al. Topografia do cone medular no lobo-guará (Chrysocyum brachyurus Illiger, 1815). . Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v.9, p.107 - 109, 2002. MACHADO, Gilberto Valente et al. Topografia do cone medular no lobo marinho (Arctocephalus australis Zimmermann, 1783). Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia da Unipar, v.6, p.11 - 14, 2003. MACHADO, Gilberto Valente et al. Topografia do cone medular na ariranha (Pteronura brasiliensis Zimmermann, 1780). Ciência Animal Brasileira, v.10, p.301 - 305, 2009a. MACHADO, Gilberto Valente et al. Topografia do cone medular no ratão do banhado (Myocastor coypus Molina, 1782 - Rodentia: Mammalia). Biotemas, v.22, p.117 120, 2009b. MACHADO, Gilberto Valente et al. Topografia do cone medular no tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla Linnaeus, 1758 - Xenarthra: Myrmecophagidae). Archives of Veterinary Science. , v.13, p.172 - 175, 2009c. SANTIAGO, W. Esqueletopia do cone medular em Canis familiaris. Arq. Univ. Fed. Rur. Rio de Janeiro, v.4, n.1, p. 67-69, 1974. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 MÚSCULOS DO ANTEBRAÇO DO MACACO-BUGIO (Alouatta guariba Humboldt, 1812 – Primates: Mammalia) AlexandreGeraldo Martins– Graduando em Enfermagem e estagiário no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Joyce Fialho Lopes – Graduandaem Medicina Veterinária da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária, Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia, Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice UNIVÉ[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Músculos; Antebraço; Alouatta guariba. INTRODUÇÃO O bugio (Alouatta guariba), também conhecido como macaco-barbado, é um primata de porte médio e pertence à família Atelidae. Habita a Mata Atlântica e seus gritos, que são ouvidos a grandes distâncias, são emitidos pelos machos, e se deve a detalhe anatômico do seu osso hióide, que funciona como caixa de ressonância. Os machos apresentam coloração marrom, ao passo que as fêmeas são de pelagem escura. O período de gestação é de 140 dias e seu único filhote prende-se ao dorso da mãe, onde encontra abrigo até cerca de um ano e meio de vida. Existem numerosas referências, na literatura, sobre diferentes aspectos da biologia desses animais, entretanto, são escassas as informações sobre a sua anatomia. Considerando a importância desses primatas como modelos experimentais, bem como em atenção ao interesse da anatomia comparativa, busca-se, com o presente trabalho, esclarecer o comportamento anatômico dos músculos do antebraço, em análise comparativa com a espécie humana (CUNNINGHAN, 1976; DIDIO, 1976; SOBOTTA, 2000). Dados semelhantes relativos a outros primatas são encontrados na literatura, como as informações de Aversi-Ferreira (2005a e 2005b), para o Cebus apella, e Champneys (1971), no chimpanzé. METODOLOGIA Para a realização do presente trabalho, utilizou-se umexemplar adulto, fêmea, da espécie Alouatta guariba, que veio a óbito no Hospital Veterinário da UnC – Universidade do Contestado, situado no Município de Canoinhas / SC, e transferido, mediante autorização, para o Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 – UNIVÉRTIX, Matipó/MG. Para o presente estudo, aquele espécime foi, após fixado em solução aquosa de formol a 10%, dissecado, com ênfase para os componentes musculares do antebraço, buscando analisá-los à vista das descrições relativas ao homem, encontradas na literatura especializada. Realizadas as dissecações, os achados foram registrados por meio de desenhos esquemáticos e fotografias, os quais se prestaram às análises e documentação. RESULTADOS E DISCUSSÃO No exemplar de Alouatta guariba ora estudado, verificou-se, na face extensora do antebraço, os músculos braquiorradial, extensor radial longo do carpo, extensor radial curto do carpo, extensor digital comum, extensor do 5º. dedo, supinador, extensor ulnar do carpo, flexor ulnar do carpo e flexor longo do polegar; na face flexora do antebraço, registraram-se os músculos pronador redondo, pronador quadrado, flexor radial do carpo, palmar longo, flexor digital superficial e flexor digital profundo. Quando comparados os componentes musculares do antebraço do Alouatta guariba com os seus equivalente do homem, conforme literatura compilada, ressalte-se a ausência, nos primeiros, dos músculos abdutor longo do polegar, extensor curto do polegar e extensor longo do polegar. Tais achados prenunciam a inaptidão anatômica do bugio para atividades que exijam habilidade digital – como movimento de “pinça” e de indicação – em vantagem para atividades de força manual, o que contribui para o comportamento arborícola. CONSIDERAÇÕES FINAIS O padrão muscular do antebraço do bugio (Alouatta guariba), caracterizado pela ausência dos músculos abdutor longo do polegar, extensor curto do polegar e extensor longo do polegar, denota a sua inaptidão para determinadas funções manuais, como movimento de “pinça” e de indicação digital, característicos da espécie humana, privilegiando-o, no entanto, com a força da mão, característica necessária à espécie, em função dos seus hábitos arborícolas. REFERÊNCIAS AVERSI-FERREIRA, T.A. et al. Anatomia dos músculos extensores superficiais do antebraço do macaco Cebus. Int. J. Morphol., (supl.) v. 23, n. 1, p. 5, 2005a. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 AVERSI-FERREIRA T.A. et al. Anatomia dos músculosflexores superficiais do antebraço do macaco Cebus. Int. J. Morphol., (supl.) v. 23, n. 1, p. 4, 2005b. CHAMPNEYS, F. On the muscles and nerves of achimpanzee and a Cynocephalus anubis. Journal of Anatomy and Physiology. London, v. 6, n. 1, p. 176-211, 1871. CUNNINGHAN, D. Manual de anatomia prática. São Paulo: Atheneu, 1976. v. 1. DIDIO, L.J.A. et al. Sistema muscular. In: DI DIO, L.J.A et al. Tratado de anatomia sistêmica aplicada. São Paulo: Atheneu, v. 1, p. 187-287, 2003. SOBOTTA, J. Atlas de anatomia humana. In:SOBOTTA, J. (Ed.). Extremidade Superior. 21. ed. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, p. 164-257, 2000. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 O ARCO AÓRTICO E SEUS RAMOS, DIRETOS E INDIRETOS, NA JAGUATIRICA (Leopardus pardalis Linnaeus, 1758 – Carnivora: Felidae) Hélio Augusto Chicareli Gomes, Pedro Augusto Mendes Junior e Cleverson Tavares Peron – Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária, Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia, Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice UNIVÉ[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Artérias; Arco aórtico; Leopardus pardalis. INTRODUÇÃO A jaguatirica (Leopardus pardalis) é um felino de porte médio e hábitos noturnos, se alimenta basicamente de aves e roedores, sendo encontrada em toda a América do Sul. Do ponto de vista de sua morfologia, é um dos animais mais desconhecidos da fauna brasileira, apesar da importância desse conhecimento para o incremento de pesquisas que busquem a sua preservação na natureza. Visando o interesse da anatomia comparativa, bem como oferecer bases anatômicas para discussões do ponto de vista funcional voltadas para a espécie, busca-se, com a presente descrição, oferecer dados relativos ao padrão adotado pelos ramos da aorta torácica, em especial no mediastino cranial. Dados semelhantes são encontrados na literatura, porém relacionados aos carnívoros domésticos, como em Schwarze& Schroder (1972), Evans& Christensen (1979) e Schummeret al. (1981). METODOLOGIA Foi utilizado um exemplar adulto, macho, encontrado em óbito às margens da rodovia BR 116, no km 672, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental para pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX, Matipó/MG. O espécime teve o seu sistema cardiovascular injetado com solução corada de Neoprene látex*, buscando evidenciar assim os territórios de distribuição, irrigação e drenagem dos seus vasos sangüíneos; em seguida procedeu-se a sua fixação, mediante injeções de solução aquosa de formol a 10% e imersão em tanque contendo a mesma solução. As presentes observações foram realizadas apósdissecação da cavidade torácica, com ênfase no arco aórtico e seus ramos, diretos e indiretos, seguida da elaboração de esquemas e registros fotográficos. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 RESULTADOS E DISCUSSÃO Do arco aórtico da jaguatirica surgem o tronco braquiocefálico e a artéria subclávia esquerda, nessa ordem. O tronco braquiocefálico, após trajeto cranial relativamente longo, bifurca-se, originando a artéria subclávia direita e um calibroso tronco bicarótico; este último, ao atingir o nível do primeiro par de costelas, bifurca-se originando as artérias carótidas comuns, direita e esquerda. A artéria subclávia esquerda, após sua origem no arco aórtico e longo trajeto cranial, emite como primeiro ramo a artéria vertebral esquerda, em seguida envia as artérias torácica interna, costocervical e cervical superficial, nessa ordem e, ao transpor a margem cranial da primeira costela, converte-se na artéria axilar esquerda. A artéria subclávia direita, com origem no tronco braquiocefálico, apresenta os mesmos ramos, assim como a ordenação, daqueles descritos para a artéria subclávia esquerda. O padrão vascular ora descrito destoa daquele relatado para os carnívoros domésticos, tanto na apresentação dos vasos quanto na seqüência de suas origens. CONSIDERAÇÕES FINAIS O padrão de origem e disposição dos ramos arteriais no mediastino cranial (précordial) da jaguatirica (Leopardus pardalis) se assemelha apenas em parte àqueles dados relativos aos carnívoros domésticos, suscitando assim discussões relevantes do ponto de vista funcional. REFERÊNCIAS EVANS, H.E.; CHRISTENSEN, G.C. Miller’s anatomy of the dog. 2ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 1979, p. 652-692. SCHUMMER, A. et al.The circulatory system, the skin, and the cutaneous organs of the domestic mammals. In: NICKEL, R.; SCHUMMER, A.; SEIFERLE, E. The anatomy of the domestic animals. Berlin: Verlag Paul Parey, v. 3, 1981, p. 71-77. SCHWARZE, E.; SCHRÖDER, L. Compendio de anatomia veterinaria. V. Aparato circulatorio y piel. Zaragoza: Acribia, 1972, p. 32-ORDENAÇÃO DOS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 RAMOSCOLATERAIS DO ARCO AÓRTICO NO GATO MOURISCO (Puma yagouaroundi Geoffroy, 1803 – Carnivora: Felidae) Fábio Gardingo Heleno de Oliveira, Elias Rodrigues Dias e Cássio Domingos Mariano – graduandosem Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária, Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia, Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice UNIVÉ[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Artérias; Arco aórtico; Puma yagouaroundi. INTRODUÇÃO O gato-mourisco (Puma yagouaroundi) é um mamífero da família dos felídeos encontrado nas Américas, desde os Estados Unidos até a Argentina. Um macho adulto mede em torno de 60 cm de comprimento corporal, 45 cm de cauda e pesa em torno de seis quilos. Tem orelhas e pernas curtas e sua pelagem tem aspecto cinza escuro, com eventuais pontos claros. É conhecido em diversas regiões do Brasil como gato-maracajá, gato-preto ou maracajá-preto. Tem hábitos noturnos, porém prefere áreas abertas, como beiras de rios e lagos, onde se alimenta de aves, mamíferos e ovos. Visando o interesse da anatomia comparativa, bem como oferecer bases anatômicas para discussões de interesse funcional, o presenterelato busca esclarecer o padrão adotado pelas artérias oriundas, direta ou indiretamente, do arco aórtico. Dados semelhantes relativos a outras espécies são encontrados na literatura, porém com informações sobre os carnívoros domésticos, como em Schwarze& Schroder (1972), Evans& Christensen (1979) e Schummeret al. (1981). METODOLOGIA Para a realização do presente trabalho, utilizou-se um exemplar adulto, macho, encontrado em óbito às margens da rodovia BR 262, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental, para utilização exclusiva em pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX, Matipó/MG. O espécime teve o seu sistema cardiovascular injetado com solução corada de Neoprene látex*, buscando evidenciar assim o padrão de distribuição, irrigação e drenagem dos seus vasos sanguíneos; em seguida procedeu-se a sua fixação, mediante injeções de solução aquosa de formol a 10% e imersão em tanque contendo a mesma solução. As observações foram realizadas após dissecação da cavidade torácica, com ênfase Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 no arco aórtico e seus ramos, diretos e indiretos, seguida da elaboração de esquemas e registros fotográficos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O arco aórtico do gato-mourisco (Puma yagouaroundi) emite um tronco braquiocefálico e a artéria subclávia esquerda, nessa ordem. O tronco braquiocefálico, após trajeto cranial, bifurca-se, originando a artéria subclávia direita e um tronco bicarótico; este último, com cerca de 2 cm de comprimento, bifurca-se para formar as artérias carótidas comuns, direita e esquerda. A artéria subclávia direita, após sua origem no tronco braquiocefálico, emite como primeiro ramo a artéria torácica interna direita e, na sequência, as artérias costocervical – que se divide em artéria intercostal e cervical profunda -, vertebraldireita e cervical superficial; após essa última, já como artéria axilar direita, transpõe a margem cranial da primeira costela e orienta-se para o membro torácico homolateral. A artéria subclávia esquerda, com origem no arco aórtico, apresenta os mesmos ramos, e ordenação, daqueles descritos para a artéria subclávia direita. Este comportamento vascular se assemelha, em parte, àquele, descrito na literatura compilada, relativo ao gato doméstico. CONSIDERAÇÕES FINAIS O padrão vascular arterial, no que se refere aos ramos colaterais, diretos e indiretos, oriundos do arco aórtico do gato-mourisco (Puma yagouaroundi) se assemelha, em parte, àqueles dados relativos ao gato doméstico (Felis catus), porém diverge, visivelmente, das descrições referentes ao cão (Canis familiaris). REFERÊNCIAS EVANS, H.E.; CHRISTENSEN, G.C. Miller’s anatomy of the dog. 2ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 1979, p. 652-692. SCHUMMER, A. et al.The circulatory system, the skin, and the cutaneous organs of the domestic mammals. In: NICKEL, R.; SCHUMMER, A.; SEIFERLE, E. The anatomy of the domestic animals. Berlin: Verlag Paul Parey, v. 3, 1981, p. 71-77. SCHWARZE, E.; SCHRÖDER, L. Compendio de anatomia veterinaria. V. 3 Aparato circulatorio y piel. Zaragoza: Acribia, 1972, p. 32-39. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 RAMOS TERMINAIS DA AORTA DO MACACO-BUGIO (Alouatta guariba Humboldt, 1812 – Primates: Mammalia) Joyce Fialho Lopes – Graduandaem Medicina Veterinária da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX AlexandreGeraldo Martins– Graduando em Enfermagem e estagiário no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária, Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia, Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice UNIVÉ[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Artérias; Aorta abdominal; Alouatta guariba. INTRODUÇÃO O bugio (Alouatta guariba), também conhecido como macaco-barbado, é um primata de porte médio e pertence à família Atelidae. Habita a Mata Atlântica e seus gritos, que são ouvidos a grandes distâncias, são emitidos pelos machos, e se deve a detalhe anatômico do seu osso hióide, que funciona como caixa de ressonância. Os machos apresentam coloração marrom, ao passo que as fêmeas são de pelagem escura. O período de gestação é de 140 dias e seu único filhote prende-se ao dorso da mãe, onde encontra abrigo até cerca de um ano e meio de vida. Existem numerosas referências, na literatura, sobre diferentes aspectos da biologia desses animais, entretanto, são escassas as informações sobre a sua anatomia. Considerando a importância desses primatas como modelos experimentais, bem como em atenção ao interesse da anatomia comparativa, busca-se, com o presente trabalho, oferecer dados sobre os ramos terminais da aorta abdominal da espécie em apreço. Informações semelhantes relativas a outras espécies são encontradas na literatura, como as informações de Evans (1993) e Ghoshal (1986), reportando-se ao cão, Carvalho (1990) e Culau (2002), referindo-se ao gambá (Didelphis albiventris) e Cook (1965) relativo ao rato. METODOLOGIA Para a realização do presente trabalho, utilizou-se umexemplar adulto, fêmea, da espécie Alouatta guariba, que veio a óbito no Hospital Veterinário da UnC – Universidade do Contestado, situado no Município de Canoinhas / SC, e transferido, mediante autorização, para o Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX, Matipó/MG. Para o presente estudo, aquele espécime foi injetado, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 através da artéria femoral direita, com substância sintética colorida (Neoprene látex), visando sinalizar todo o seu sistema arterial e, após fixado em solução aquosa de formol a 10%, mediante injeções com seringas em todos os tecidos moles, mantido submerso em solução semelhante. As dissecações pautaram-se pela abertura, mediante incisão mediana da parede abdominal, da cavidade abdominal e identificação da aorta e seus ramos abdominais, em especial os seus ramos terminais. Realizadas as dissecações, os achados foram registrados por meio de desenhos esquemáticos e fotografias, os quais se prestaram às análises e documentação. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após dissecação da aorta abdominal de um exemplar de Alouatta guariba, verificou-se que, ao atingir a região lombo-sacral, a aorta trifurca-se, originando as artérias ilíacas comuns, direita e esquerda e, entre ambas, a artéria sacral mediana. Em sua trajetória caudal, a artéria ilíaca comum emite, como primeiro ramo, a artéria uterina média que, antes de atingir o útero, envia um ramo ureteral; em seguida, a artéria ilíaca comum bifurca-se para formar as artérias ilíacas externa e interna; esta última envia um ramo vesical e, como pudenda interna, atinge a parede da vagina. A artéria ilíaca externa, em seu trajeto, emite as artérias pudenda externa, epigástrica profunda caudal, epigástrica superficial caudal, mamária e femoral, nessa ordem. Tais achados não se coadunam com os registros de Evans (1993) e Ghoshal (1986), relativos ao cão, tampouco com os relatos de Carvalho (1990) e Culau (2002), referentes ao gambá, assim como os de Cook (1965), referindo-se ao rato. CONSIDERAÇÕES FINAIS O padrão de formação e distribuição dos ramos terminais da aorta, obtidos após dissecação de um exemplar adulto, fêmea, de Alouatta guariba, apresenta características próprias, que não se coadunam com os dados, obtidos na literatura, relativos ao cão (Canis familiaris) e ao gambá (Didelphis albiventris). REFERÊNCIAS CARVALHO, R.G., et al. About the arterial blood vessels pelvicopossum’s (Didelphis albiventris) behaviour. Anat Anz, v.70,p.367-372, 1990. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 COOK, M.J. The anatomy of the laboratory mouse. 2.ed. London: Academic Press, 1965. 143p. CULAU, P.O.V. et al. Ramos terminais da artéria aortaabdominal no gambá (Didelphis albiventris). In: CONGRESSOBRASILEIRO DE ANATOMIA, 20., 2002, Maceió, AL.Anais... Maceió: Sociedade Brasileira de Anatomia, 2002. 183p. p.91. EVANS, H.E. The heart and the arteries. In: EVANS, H.E.Miller’s anatomy of the dog. 3.ed. Philadelphya: Saunders,1993. p.586-681. GHOSHAL, N.G. Coração e artérias do carnívoro. In: GETTY,R. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos.5.ed. Rio de Janeiro: Interamericana. 1986. V.2, p.1497-1550. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PADRÃO DE RAMIFICAÇÃO DO TRONCO CELÍACO DA IRARA (Eira Barbara Linnaeus, 1758 – Carnivora: Mustelidae) Fábio Gardingo Heleno de Oliveira, Pedro Augusto Mendes Junior e João Nero Silveira de Paula – Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX AlexandreGeraldo Martins– Graduando em Enfermagem e estagiário no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária, Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia, Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice UNIVÉ[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Artérias; Tronco celíaco; Eira barbara. INTRODUÇÃO A irara (Eira barbara) é um mamífero carnívoro, da família dos mustelídeos, sendo a única espécie do gênero Eira. Apresenta pelagem cinza escuro e suas orelhas são curtas e arredondadas. É também conhecida no Brasil pelo nome de “papa-mel”, porque esse é um de seus alimentos preferidos. Seu corpo é esguio, o pescoço alongado e as pernas compridas. Habita as florestas e também os campos. Apesar de se alimentarem de frutos e mel, são principalmente carnívoras: caçam roedores e aves, além de ovos. Aspectos relativos à sua anatomia são desconhecidos, incluindo-se aqueles relacionados ao sistema cardiovascular.Visando a busca de dados anatômicos que venham subsidiar discussões de cunho funcional, com vistas à sua preservação, assim como atender ao interesse da anatomia comparativa, o presenterelato busca esclarecer o comportamento anatômico das artérias oriundas do tronco celíaco da espécie. Dados semelhantes relativos a outros mamíferos são encontrados na literatura, como as informações, sobre os carnívoros domésticos, relatadas em Schwarze& Schroder (1972), Evans& Christensen (1979) e Schummeret al. (1981). METODOLOGIA Para a realização do presente trabalho, utilizou-se umexemplar adulto, fêmea, da espécie Eira Barbara, encontrado em óbito às margens da rodovia BR 262, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental, para utilização exclusiva em pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Matipó/MG. O espécime teve o seu sistema cardiovascular injetado com solução corada de Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Neoprene látex*, buscando evidenciar assim o seu sistemavascular arterial, bem como facilitar a sua dissecação; na sequência, procedeu-se a sua fixação, mediante injeções de solução aquosa de formol a 10% e imersão em tanque contendo a mesma solução. As observações foram realizadas após dissecação da cavidade abdominal, com ênfase para o tronco celíaco e seus ramos, diretos e indiretos, seguida da elaboração de desenhos esquemáticos e registros fotográficos. RESULTADOS E DISCUSSÃO No exemplar de irara (Eira Barbara) ora estudado, observou-se que o tronco celíaco, originário da face ventral da aorta abdominal, imediatamente após a emergência desta última do hiato aórtico, emite, como primeiro ramo conspícuo, a artéria gástrica esquerda; em seguida envia a artéria hepática e, após esta, bifurcase em duas artérias lienais, de calibres semelhantes, destinadas, cada uma delas, a uma extremidade do baço. De cada uma dessas artérias lienais surge uma ou mais artéria pancreáticas; o ramo arterial destinado à extremidade ventral do baço emite um ramo duodenal, caracterizando assim, aquele ramo, como artéria pancreaticoduodenal cranial. A artéria hepática da irara, por sua vez, antes de penetrar na porta do fígado, emite uma artéria gástrica direita. Este comportamento vascular arterial reproduz, em parte, os dados relativos ao cão doméstico (Canis familiaris) encontrados na literatura. CONSIDERAÇÕES FINAIS O padrão de divisão e distribuição dos ramos arteriais oriundos do tronco celíaco da irara (Eira Barbara) não inclui uma divisão por bifurcação, ou trifurcação, entre ramos principais, assim com registra duas artérias lienais, dorsal e ventral, destoando assim, em grande parte, do padrão descrito para outros carnívoros. REFERÊNCIAS EVANS, H.E.; CHRISTENSEN, G.C. Miller’s anatomy of the dog. 2ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 1979, p. 652-692. SCHUMMER, A. et al.The circulatory system, the skin, and the cutaneous organs of the domestic mammals. In: NICKEL, R.; SCHUMMER, A.; SEIFERLE, E. The anatomy of the domestic animals. Berlin: Verlag Paul Parey, v. 3, 1981, p. 71-77. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 SCHWARZE, E.; SCHRÖDER, L. Compendio de anatomia veterinaria. V. 3 Aparato circulatorio y piel. Zaragoza: Acribia, 197. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 RAMOS COLATERAIS, DIRETOS E INDIRETOS, DO ARCO AÓRTICO DA IRARA (Eira Barbara Linnaeus, 1758 – Carnivora: Mustelidae) Thiago Clemente de Sousa, Pedro Augusto Mendes Junior e Samuel Pereira Braga – Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária, Mestre e Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Professor e Coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Lucio Flavio Sleutjes – Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor em Cinesiologia, Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice UNIVÉ[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Artérias; Arco aórtico; Eira barbara. INTRODUÇÃO A irara (Eira barbara) é um mamífero carnívoro, da família dos mustelídeos, sendo a única espécie do gênero Eira. Apresenta pelagem cinza escuro e suas orelhas são curtas e arredondadas. É também conhecida no Brasil pelo nome de “papa-mel”, porque esse é um de seus alimentos preferidos. Seu corpo é esguio, o pescoço alongado e as pernas compridas. Habita as florestas e também os campos. Apesar de se alimentarem de frutos e mel, são principalmente carnívoras: caçam roedores e aves, além de ovos. Aspectos relativos à sua anatomia são desconhecidos, incluindo-se aqueles relacionados ao sistema cardiovascular. Visando a busca de dados anatômicos que venham subsidiar discussões de cunho funcional, com vistas à sua preservação, assim como atender ao interesse da anatomia comparativa, busca-se, no presente relato, esclarecer o padrão adotado pelos ramos arteriais oriundos, direta ou indiretamente, do arco aórtico da espécie. Dados semelhantes relativos a outras espécies são encontrados na literatura, porém com informações sobre os carnívoros domésticos, como em Schwarze & Schroder (1972), Evans & Christensen (1979) e Schummer et al. (1981). METODOLOGIA Para a realização do presente trabalho, utilizou-se umexemplar adulto, fêmea, da espécie Eira Barbara, encontrado em óbito às margens da rodovia BR 262, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental, para utilização exclusiva em pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX, Matipó/MG. O espécime teve o seu sistema cardiovascular injetado com solução corada de Neoprene látex*, buscando evidenciar assim o seu sistemavascular arterial, bem como facilitar a sua dissecação; na sequência, procedeu-se a sua fixação, mediante Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 injeções de solução aquosa de formol a 10% e imersão em tanque contendo a mesma solução. As observações foram realizadas após dissecação da cavidade torácica, com ênfase para o arco aórtico e seus ramos, diretos e indiretos, seguida da elaboração de desenhos esquemáticos e registros fotográficos. RESULTADOS E DISCUSSÃO No exemplar de irara (Eira Barbara) ora estudado, observou-se que o arco aórtico emite um tronco braquiocefálico e a artéria subclávia esquerda, nessa ordem. O tronco braquiocefálico, após trajeto cranial, emite, como primeiro ramo, a artéria carótida comum esquerda, em seguida, porém a razoável distância desta última, envia a artéria carótida comum direita; após a emissão desta, agora como artéria subclávia direita, emite as seguintes artérias: vertebral direita, torácica interna direita, costocervical direita, cervical superficial direita e axilar direita. A artéria subclávia esquerda, após sua origem no arco aórtico, apresenta os mesmos ramos, assim como a ordenação, daqueles descritos para a artéria subclávia direita. Este comportamento vascular apresenta forte semelhança com o padrão vascular, descrito na literatura compilada, relativo ao cão doméstico (Canis familiaris). CONSIDERAÇÕES FINAIS O comportamento anatômico dos ramos colaterais oriundos do arco aórtico da irara (Eira Barbara) se assemelha, em grande parte, àquele descrito para o cão doméstico, divergindo, no entanto, daqueles dados relativos ao gato doméstico (Felis catus). REFERÊNCIAS EVANS, H.E.; CHRISTENSEN, G.C. Miller’s anatomy of the dog. 2ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 1979, p. 652-692. SCHUMMER, A. et al.The circulatory system, the skin, and the cutaneous organs of the domestic mammals. In: NICKEL, R.; SCHUMMER, A.; SEIFERLE, E. The anatomy of the domestic animals. Berlin: Verlag Paul Parey, v. 3, 1981, p. 71-77. SCHWARZE, E.; SCHRÖDER, L. Compendio de anatomia veterinaria. V. 3 Aparato circulatorio y piel. Zaragoza: Acribia, 1972, p. 32-39. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 UTILIZAÇÃO DA AMITRIPTILINA PARA O CONTROLE DE DERMATOSE PSICOGÊNICA: RELATO DE CASO Winnie Alves Lopes, Aline Botelho Aguilar- Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Paloma Sayegh Arreguy Silva- Graduada em Medicina Veterinária, Especialista em Clínica e Cirurgia Veterinária, Mestre em Medicina Veterinária, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉ[email protected] PALAVRAS CHAVE: dermatose psicogênica, amitriptilina INTRODUÇÃO A dermatose psicogênica é uma condição descrita em cães que se acredita ser um modelo animal para o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) em humanos. A disfunção neural serotonérgica é a provável responsável por tal comportamento aberrante (LOPES, 2008). Supõe-se que nos animais submetidos a estresse ocorra um aumento dos níveis de endorfinas, as quais podem gerar o comportamento anormal de lambedura, devido ao seu efeito narcótico (WILLENSE et al.,1989). A característica comportamental mais descrita pelos proprietários é a ansiedade (TORRO et al., 2004), relacionada a fatores psicológicos, incluindo deslocamento, introdução de novo animal ou bebê na casa, novos móveis ou mudança de posição do mobiliário antigo, mudança do lugar do comedouro e das bandejas sanitárias, viagem, hospitalização, competição e invasão ou perda de território. Os animais normalmente apresentam distúrbios comportamentais como solidão, falta de atenção, hiperatividade e ansiedade (SCOTT et al., 1996). O diagnóstico de uma dermatose psicogênica é feito por exclusão, e esse processo inclui o descarte de fatores causativos como trauma, neuropatia, dor local, parasitas, alergia, infeccções fúngicas, bacterianas ou doenças internas (SCOTT et al., 1996) Dentre os fármacos indicados para o tratamento incluem fenobarbital, diazepam (SCOTT et al., 1996), primidona (HOLZWORTH, 1987), naloxona (WILLEMSE et al., 1989) e antidepressivos, tais como fluoxetina e amitriptilina. O objetivo deste trabalho é descrever um relato de caso de dermatose psicogênica em um cão, o qual foi tratado com amitriptilina. RELATO DE CASO Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Foi atendido um cão macho, da raça poodle, com 9 anos de idade, de pelagem caramelo, pesando 10,7Kg no Centro Veterinário de Caratinga no dia 17/03/2011. A queixa principal do proprietário era a perda de pelo progressiva no dorso do animal e na face externa do membro pélvico. Durante a anamnese foi constatada a introdução de um novo animal no ambiente e a ocorrência de ciclo estral na cadela vizinha. Ainda segundo o proprietário, houve uma exacerbação dos cuidados de higiene e lambedura por parte do animal. Ao exame físico, verificou-se completa normalidade dos parâmetros clínicos. A inspeção dermatológica relevou pelos dilacerados, com aspecto tonsurado nas áreas afetadas. Entretanto, não se observou qualquer sinal de processo inflamatório ou séptico da pele. Ao se tentar avulsionar os pelos das regiões afetadas e daquelas não-afetadas, os mesmos apresentavam aderência semelhante, não se desprendendo com facilidade. Visando estabelecer o diagnóstico, foi realizado raspado de pele superficial e profundo, em três pontos distintos da pele, cultura fúngica, e não foram encontrados ácaros, esporos fúngicos e hifas. Além disso, foi realizado hemograma, uréia, creatinina, proteína total, alaminotransferase, fosfatase alcalina e biópsia de pele, em que não foram encontradas alterações. Após o resultado dos exames, estabeleceu-se o diagnóstico por exclusão de dermatose psicogênica canina. Através do diagnóstico confirmado, decidiu-se estabelecer o tratamento com o amitriptilina. Em associação ao medicamento, o proprietário foi aconselhado a passear no mínimo uma vez ao dia com seu cão e a dedicar maior tempo a ele. RESULTADOS E DISCUSSÃO Corroborando com Scott et al., (1996) e Torro, (2004), sugere-se que os fatores desencadeantes neste relato, foram resultantes da introdução de novo membro na família, provocando um alto nível de estresse. Além disso, o fato da cadela vizinha estar no ciclo estral pode ter causado uma frustração sexual no animal, outra característica que exacerba sua ansiedade. A partir do diagnóstico, estabeleceu-se o tratamento com amitriptilina, sendo prescrita na dose de 3 mg/kg por via oral, a cada 12 horas, por 30 dias, confirmando o tratamento usado por Scott et al., 1996. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Tal como citado por Torro et al., (2004), tais terapias são meros paliativos agindo no sintoma, no caso a lambedura, e não na causa, por isso, a necessidade de se manter a medicação por períodos muito longos ou até mesmo durante toda a vida do paciente. Discordando de Scott et al. (1996) que observou melhora dos animais em cerca de 30 dias após a introdução do ansiolítico, assim como Sousa et al.,(2004), neste caso foi observada uma resposta ao tratamento a partir do terceiro mês de uso da amitriptilina, com a necessidade de perpetuação da medicação até que a causa desencadeante possa ser eliminada. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com o resultado obtido no tratamento do caso clínico em questão, pode-se inferir que o uso de amitriptilina na dose de 3 mg/kg, a cada 12 horas é eficaz, já que observamos uma significativa melhora do quadro clínico. Além disso, ressalta-se a inexistência de efeitos colaterais durante o tratamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HOLZWORTH, Jean. Diseases of the cat: medicine and surgery. Philadelphia: Saunders, v.1, p.971, 1987. LOPES, Daniela Dornbusch. Dermatopatias psicogênicas: aspectos clínicos e patológicos da dermatite acral por lambedura. Disponível em: http://www.qualittas.com.br/documentos/Dermatopatias%20Psicogenicas%20%20Daniela%20Dornbusch%20Lopes.pdf ] . Acesso em: 08/06/2011. SOUSA, Marlos Gonçalves et al. Uso da fluoxetina no tratamento da tricotilomania felina.Ciência Rural v.34, n.3, pp. 917-920, 2004. SCOTT, Danny W. et al. Dermatoses psicogênicas. In: ______. Dermatologia de pequenos animais. 5.ed. Rio de Janeiro : Interlivros, Cap.14. p.790-802. 1996. TORRO, Ana Regina, LARSSON, Carlos Eduardo; BONAMIN, Leoni Villano. Homeopatia e dermatoses por lambedura: estudo clínico. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 11, n. 3, p. 147-152, set./dez. 2004. WILLEMSE, Ton et al. Feline psycogenic alopecia and the role of the opioid system. Advances in veterinary dermatology. London: Bailliere Tindall, p. 195-198, 1989. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 GT 04 CIÊNCIAS DA SAÚDE Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ARTIGOS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PERFIL DE HIPERTENSOS USUÁRIOS DE MEDICAMENTOS DE UMA FARMÁCIA EM MATIPÓ MG Daniele Chaves, Marcela Martins Silva Otoni e Vanderléia de Paula Aguiar – Graduandas em Farmácia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Fernanda Cristina Ferrari– Graduada em Farmácia e mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Érica Ferreira Mendes – Graduada em Farmácia, Especialista em Farmácia Magistral, Preceptora de Estágio da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO A prevalência da Hipertensão Arterial no Brasil Está em torno de 30% em média nos últimos 20 anos o que exige uma atenção especial e estudos do perfil desses pacientes por ela acometidos. Conhecer as características dos usuários de medicamentos anti-hipertensivos de uma farmácia em Matipó- MG, foi a proposta desse estudo. Os resultados mostram que desses indivíduos 52% são mulheres e que 54% tem entre 51 e 70 anos. Os anti-hipertensivos mais utilizados pelos participantes da pesquisa foram Hidroclorotiazida (45%) e o Captopril (33%). É importante o farmacêutico levantar o perfil do paciente hipertenso para implantar ações educativas e fornecer orientações necessárias para o sucesso do tratamento farmacoterapêutico. PALAVRAS–CHAVE: Hipertensão Arterial; Anti-hipertensivos; Atenção Farmacêutica. INTRODUÇÃO E REFERENCIAL TEÓRICO De acordo com as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010), a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um estado clínicocaracterizado pela influência de diversos fatores que elevam e sustentam os níveis de pressão arterial (PA). Estando associadas alterações funcionais e/ou estruturais do coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos o que pode levar a alterações metabólicas e aumentar o risco de eventos cardiovasculares (IV DIRETRIZES, 2010). No Brasil, pesquisas apontam uma prevalência de HAS acima de 30% nos últimos 20 anos.Estudos mostram uma média de 32,5% para valores de PA ≥ 140/90 mmHg, com mais de 50% entre 60 e 69 anos e 75% acima de 70 anos (CESARINOet al., 2008 e ROSÁRIO et al., 2009) Os fatores de risco para a HAS incluem idade, gênero e etnia, excesso de peso e obesidade, ingestão de sal e de álcool, sedentarismo, genéticos e fatores socioeconômicos. Sendo que a prevenção primária realizada com medidas nãomedicamentosas como mudanças no estilo de vida, com adoção de hábitos Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 saudáveis reduzem a PA e a mortalidade cardiovascular. No entanto, a detecção, o tratamento e o controle da HAS são fundamentais para a redução dos eventos cardiovasculares. (IV DIRETRIZES, 2010). Nesse contexto se insere a importância da assistência farmacêutica para o sucesso terapêutico do paciente hipertenso. Dentre os diversos conceitos de Assistência Farmacêutica existentes, um conceito usual é o definido pela Política Nacional de Medicamentos (1998): “Grupo de atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informação sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos” (BRASIL, 1998 p. 18, citado por IVAMA et al, 2002, p. 34). A dispensação é o ato farmacêutico de fornecer o medicamento ou insumo farmacêutico de qualidade ao paciente com as orientações sobre uso adequado. É parte da Atenção Farmacêutica a avaliação dos aspectos legais da prescrição e o aconselhamento sobre o cumprimento das doses, a influência dos alimentos, interações com outros medicamentos, o reconhecimento das reações adversas e as condições de conservação do produto (DUPIM, 1999; CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2001 E PERINI, 2003). O presente estudo foi proposto, tendo reconhecida a importância da atuação do profissional farmacêutico para o tratamento do paciente hipertenso. O objetivo é determinar o perfil dos usuários de medicamentos anti-hipertensivos clientes de uma Farmácia específica. Dessa forma, proporcionar uma reunião de dados para análise e determinação de futuras ações educativas de saúde. Ressalta-se que nesse primeiro momento a ênfase do estudo são as características básicas dos pesquisados para obtenção de informações que retratem o público trabalhado. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 METODOLOGIA A pesquisa constituiu um estudo descritivo de abordagem quantitativarealizada na Drogaria e Farmácia de Manipulação São João, situada na Avenida São João 107 bairro Centro, Matipó, que desde janeiro deste ano (2011) está funcionando como Farmácia Escola da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. O estudo constitui um projeto piloto de coleta de dados para viabilizar uma pesquisa maior visando à implantação da prática de Atenção Farmacêutica no estabelecimento. Os dados foram obtidos através da aplicação de questionário padronizado contendo questões relacionadas à utilização de medicamentos anti-hipertensivos e algumas características dos participantes. O questionário possuía questões de múltiplas opções e questões com campo aberto, oferecendo liberdade ao participante de informar sua própria resposta. A aplicação foi feita por acadêmicas estagiárias do curso de farmácia e pela farmacêutica. Os clientes hipertensos que solicitaram os serviços da farmácia como aquisição de anti-hipertensivos, aferição da pressão e/ou atenção farmacêutica, durante o período de 7 de março de 2011 a 8 de abril de 2011, sempre no horário de 12 às 17 horas, foram convidados a participar do estudo. Dessa forma a amostra foi composta por todos os clientes que nessas condições se disponibilizaram a participar. Foi realizada uma codificação para as questões diretamente no questionário e as respostas foram digitadas em banco de dados padronizado no software Microsoft Office Excel para realização de análises estatísticas. Foi elaborado um Termo de Consentimento Livre Esclarecido de acordo com as determinações da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), constando os objetivos do estudo; os procedimentos realizados; a importância da confidencialidade dos dados; possíveis desconfortos e benefícios da pesquisa; nome do cliente, data e assinatura do mesmo. Os participantes assinaram esse termo, gerando um consentimento informado para garantir o cumprimento dos deveres e direitos dos mesmos na pesquisa. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 50 clientes usuários de anti-hipertensivos que participaram da pesquisa,29 eram mulheres (58%) e 21 homens (42%), o que condiz com o estudo Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 de Cesarino et al., (2004) em São José do Rio Preto, que encontrou 43,13% do sexo masculino 56,87% do sexo feminino dos clientes portadores de hipertensão arterial. A faixa etária apresentou uma variação de acordo com a Figura 1, demonstrando que 54% possuíam entre 51 e 70 anos, o que acorda com o mesmo estudo de Cesarino et al., (2004) que encontrou uma maior prevalência tanto do sexo feminino quanto do masculino na faixa etária dos 40 aos 70 anos e ainda com o estudo de Santos et al., (2005) no qual 84% dos pacientes hipertensos entrevistados tinham idade igual ou superior a 50 anos sendo 66% mulheres. Figura 1 – Distribuição em faixas etárias dos pesquisados Em relação à escolaridade, os pacientes hipertensos pesquisados apresentaram uma distribuição apresentada na Figura 2, apontando uma maioria (35%) possuindo baixa escolaridade, mais precisamente o ensino básico incompleto. De acordo com o estudo de Santos et al., (2005) 42% dos pacientes hipertensos entrevistados eram analfabetos e alfabetizados, 44% haviam cursado as primeiras séries do ensino fundamental, e os demais 14% apenas iniciaram o ensino médio, confirmando um maior percentual dos hipertensos possuidores de baixo grau de instrução. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Figura 2 – Nível de escolaridade dos pesquisados Os resultados acordam com dados anteriores, pois segundo Riera citado por Santos et al., (2005, p.335): “A prevalência da hipertensão é inversamente proporcional à escolaridade e renda, isto é, quanto maior o grau de instrução e capacidade econômica, menor a incidência devido ao maior nível de cuidados com a saúde.”. Os anti-hipertensivos mais utilizados pelos participantes da pesquisa foram Hidroclorotiazida, um diurético tiazídico, em segundo lugar o Captopril, um inibidor da Enzima Conversora de Angiotensina - ECA. A distribuição percentual pode ser vista na Figura 3. Esse resultado acorda com a preferência registrada para antihipertensivos representada pelos diuréticos tiazídicos em baixas doses. Os inibidores de ECA são indicados para hipertensos com insuficiência cardíaca,com infarto agudo do miocárdio, com alto risco para doença aterosclerótica e emdiabéticos (Shojiet al., 2009). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Figura 3 – Medicamentos anti-hipertensivos utilizados pelos participantes Foram observadas algumas características a partir de comentários feitos e registrados nos campos abertos dos questionários. Muitos pesquisadosfazem algum tipo de restrição na dieta, evitando sal, comidas gordurosas, dentre outras coisas. E muitos praticam um estilo de vida sedentário, o que oferece grande risco aos pacientes portadores de hipertensão arterial. No estudo de Cesarino et al., (2004) foi encontrada uma relação entre baixo nível de atividade física e peso acima do normal, demonstrando a importância da atividade física para manter os níveis ideais de medida da pressão arterial, considerando a obesidade como um fator predisponente para a hipertensão. Essas e outras orientações devem ser fornecidas aos pacientes portadores de hipertensão arterial pelos profissionais de saúde envolvidos em cada etapa do processo de seu tratamento. “Quanto maior o grau de conhecimento do indivíduosobre seu problema, independentemente de suaidade ou do risco, maior a possibilidade de seu comprometimentoefetivo no autocuidado e, portanto,maior sua chance de sucesso.” (SANTOS et al., 2005, p.338). CONSIDERAÇÕES FINAIS Conhecer características e hábitos dos pacientes que utilizam antihipertensivos representa uma ferramenta para auxiliar os profissionais de saúde na promoção de intervenções educativas que proporcionam melhoria na qualidade de vida do hipertenso. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 O farmacêutico é um responsável direto pelo bem estar dos pacientes ao prestar assistência e atenção farmacêutica e nesses momentos estabelecer um contato direto com o mesmo. Quando um vínculo de confiança é formado e a essência do paciente hipertenso é considerada, é possível alcançar um resultado ideal para a farmacoterapia anti-hipertensiva. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CESARINO C.B.; CIPULLO JP, MARTIN JFV, CIORLIA LA, GODOY MRP, CORDEIRO JA, RODRIGUES IC. Prevalência e fatores sociodemográficos em hipertensos de São José do Rio Preto. Arq Bras Card, 91(1): 31–35, 2008. CESARINO, Claudia B.; OLIVEIRA, Graziella A.S.A.; GARCIA, Karina A.B.; SHOJI Shino. O autocuidado de clientes portadores de hipertensão arterial em um hospital universitário.Arq Ciênc Saúde,jul-set;11(3):146-8, 2004. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução n. 357. Aprova o regulamento técnico das Boas Práticas de Farmácia. Brasília, 2001 Pharmácia Brasileira, n. 25 mar/abr, 2001, p. 5-12. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE (BR). Resolução n. 196/96. Dispõe sobre diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília (DF):Conselho Nacional de Saúde; 1996. DUPIN, José Augusto Alves. AssistênciaFarmacêutica - Um Modelo de Organização. Belo Horizonte, SEGRAC: 1999. IVAMA, Adriana Mitsue; NOBLAT,Lúcia; DE CASTRO, Mauro Silveira; JARAMILLO, Nelly Marín; DE OLIVEIRA,Naira Vilas Boas Vidal; RECH, Norberto. Atenção Farmacêutica no Brasil: Trilhando Caminhos. Relatório2001/2002. Brasília: OPAS, 2002, 46 p. PERINI, Edson. Assistência Farmacêutica: Fundamentos Teóricos e Conceituais. In: ACURCIO, Francisco de Assis (Org). Medicamentos e Assistência Farmacêutica.Belo Horizonte:COOPMED, 2003 cap. 2 p. 9-30. ROSÁRIO TM, SCALA LCNS, FRANÇA GVA, PEREIRA MRG, JARDIM PCBV. Prevalência, controle e tratamento da hipertensão arterial sistêmica em Nobres, MT. Arq Bras Card, 93(6): p. 672–678,2009. SANTOS,Zélia Maria de Sousa Araújo; FROTA, Mirna Albuquerque; CRUZ, Daniele Morais; HOLANDA,Samanta Daisy O. Adesão do Cliente Hipertenso ao Tratamento: Análise comAbordagem Interdisciplinar.Texto Contexto Enferm, Jul-Set; 14(3):33240, 2005. SHOJI, Luci Sanae; AMARANTE, Laila Carvalho; LOURENÇO, Eliana Bernardes; MARQUES, Luciene Alves Moreira. Perfil dos Hipertensos Usuários de Medicamentos da Farmácia Popular de Alfenas-MG. 2009. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA / SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO / SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol; 95(1 supl.1): 1-51, 2010. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 TRATAMENTO TERAPÊUTICO PARA PACIENTES DO CAPS: COMO O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA PODE ATUAR? Vanildo Baião Ferreira – Graduado em Licenciatura em Educação Física, Pós-Graduando em Fisiologia do Treinamento Aplicado às Atividades em Clubes Academias Janine Lopes de Carvalho – Graduada em Psicologia, Pós-graduada em Saúde Mental, Pós-graduanda em MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, Coordenadora e Psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial de Santa Margarida, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física pela UFV, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Este trabalho tem como objetivo identificar o campo de atuação do profissional de Educação Física no CAPS I de uma cidade da Zona da Mata Mineira. Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, realizada através de observação participante com os pacientes da Instituição, atualmente em número de 31 pessoas, e entrevista com a responsável pela Instituição. Ao final do trabalho foi possível perceber que a atividade física, além de proporcionar inúmeros benefícios para pessoas com transtorno mental, pode influenciar na reinserção social desses indivíduos. PALAVRAS-CHAVE: Atividade Física; Reabilitação Psicossocial; CAPS;Pacientes. INTRODUÇÃO De acordo com a portaria Gm 3361 do Ministério da saúde, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) “atende transtornos mentais severos e persistentes no seu território de referência, entre eles casos de psicoses e neuroses graves”. Desde a aprovação da Lei de Reforma Psiquiátrica - Lei nº 10.216/2001 - os investimentos da saúde mental passaram a serdirecionados a serviços que visam tirar a loucura dos hospícios, com a substituição do atendimento em hospitais psiquiátricos, pelos serviços abertos de base comunitária, sendo o CAPS o maior expoente deste tipo de atendimento (CARVALHO, 2009). 1 A portaria nº 336/GM, de fevereiro de 2002 integra a rede do Sistema Único de Saúde, o SUS. Essa portaria reconheceu e ampliou o funcionamento e a complexidade do CAPS, que têm a missão de dar um atendimento diurno às pessoas que sofrem com transtornos mentais severos e persistentes, num dado território, oferecendo cuidados clínicos e de reabilitação psicossocial, com o objetivo de substituir o modelo hospitalocêntrico, evitando as internações e favorecendo o exercício da cidadania e da inclusão social dos usuários e de suas famílias. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Silva (2000) defende que os Centros de Atenção Psicossocial, ao contrário dos hospitais, permitem que os usuários permaneçam junto as suas famílias e comunidades. E é neste contexto que as práticas corporais estão conseguindo se inserir e os profissionais de Educação Física estão ganhando espaço na área da saúde mental através dessas intervenções nos CAPS, onde o trabalho é direcionado à reabilitação psicossocial, ou seja, através de oficinas de futebol, voleibol, peteca, caminhadas,buscando uma maior participação de familiares e comunidades na reinserção dessas pessoas no contexto social. Um fator que determinou a escolha do tema foi a necessidade de buscar estudos que indiquem a maneira através da qual o profissional de Educação Física poderia acrescentar à qualidade da atenção prestada a esses pacientes. Segundo Glat (1998) o ser deficiente e/ou doente mental nos remete a nossa experiência interior, nos coloca a consciência das nossas limitações e imperfeições. No atendimento a esses indivíduos, a idéia é desenvolver atividades para que eles possam realmente tirar o máximo de si em virtude de uma vida mais saudável, através das atividades físicas, mesmo sabendo que terão que superar algumas limitações do corpo, causadas por alguma doença ou sofrimento mental. Diante do exposto até aqui, a questão que motiva esse estudo é: Qual a função do Profissional de Educação Física na qualidade da atenção prestada as pessoas atendidas pelo CAPS I de uma cidade da Zona da Mata Mineira? Assim, o objetivo deste estudo é identificar o campo de atuação do profissional de Educação Física no CAPS I dessa cidade da Zona da Mata Mineira. Com este estudo pretendo colaborar para que as sociedades, notadamente as lideranças políticas, compreendam a relevância e a necessidade da integração do profissional de Educação Física à equipe do CAPS, a fim de contribuir para melhorar a qualidade de vida dos pacientes do Centro de Atenção Psicossocial. CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) O projeto CAPS foi iniciado nos anos de 1986 e 1987 e foi elaborado por trabalhadores da área de Saúde Mental do Estado de São Paulo onde surgiu o primeiro CAPS do país, recebendo o nome do médico Professor Luiz da Rocha Cerqueira (TENÓRIO, 2002). Um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) ou Núcleo de Atenção Psicossocial é um serviço de saúde aberto e comunitário integrado ao Sistema Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Único de Saúde (SUS). É um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e/ ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). O objetivo do CAPS é oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercícios dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Os CAPS devem contar com espaço próprio e adequadamente preparado para atender à sua demanda específica, sendo capazes de oferecer um ambiente continente e estruturado, e para isso deverão contar, no mínimo, com alguns recursos físicos, que possam facilitar a realização de algumas atividades. Esses espaços podem ser: consultórios para atividades individuais (consultas, entrevistas, terapias); salas para atividades grupais; espaço de convivência; oficinas; refeitório (o CAPS deve ter capacidade para oferecer refeições de acordo com o tempo de permanência de cada paciente na unidade); sanitários; área externa para oficinas, recreação e esportes(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL Segundo Saraceno (1996) reabilitação é uma necessidade técnica e ética, e que deve ser desenvolvida por pessoas capazes de se envolver no processo e fazer a diferença, tendo como prioridade uma abordagem ética do problema da saúde mental, pois reabilitar implica numa mudança política nos serviços de saúde mental, e engloba todos nós, ou seja, todos os usuários, famílias de usuários e finalmente a comunidade como um todo. Essa forma de reabilitartrata-se de uma técnica que se baseia na possibilidade de ajudar os usuários do CAPS a ultrapassar as limitações causadas pela doença, através de atividades que propiciem odesenvolvimento das antigas e tambémde novas capacidades pessoais e profissionais. Todos os profissionais que trabalham no CAPS – psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, educadores físicos, assistentes sociais, entre outros – devem trabalhar sob a ótica da reabilitação psicossocial. Saraceno (1996) citado por Pitta (1996) defende que a reabilitação não é baseada em técnicas específicas, mas sim está Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 aliada à Ética profissional na qual e devem ser respeitadas a individualidade e particularidade de cada um. Se trabalho com oficina de futebol, não quer dizer que tenho de ter um atleta, mas sim um cidadão capaz de desenvolver aquela habilidade juntamente com outras pessoas da sociedade considerada normal. Saraceno (1996, p. 16) defende que a reabilitação psicossocial é: “Um processo de reconstrução, um exercício pleno da cidadania, e, também, de plena contratualidade nos três grandes cenários: habitat, rede social e trabalho como valor social”. Esses três cenários são os espaços da sociedade: de troca, de tratamento, de afetividade, etc. É o espaço social onde acontecem às relações de todos os seres humanos. E é justamente nesses cenários que devemos observar o potencial do paciente, pois todo ser humano tem mais habilidade para certas situações e menos para outras. Para Saraceno (1996) fica claro que para uma boa estratégia em relação à reabilitação psicossocial é necessária uma equipe capacitada para realização de atividades variadas, um apoio incondicional dos familiares, pois eles conhecem as individualidades e costumes do paciente, e, por fim, a sociedade, na aceitação dessas pessoas, em oferecer oportunidade de reinserção social possibilitando empregos e possibilidade de uma convivência social naturalmente sadia. METODOLOGIA A presente investigação traz à tona a discussão sobre o tratamento terapêutico para pacientes do CAPS por meio de atividades físicas e, portanto,através da atuação do Professor de Educação Física nesta área. Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo. Segundo Minayo (1999) essa abordagem “aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações e estatísticas” (MINAYO et al., 1994, p.22). Como elementos empíricos para esta reflexão, realizei observação participante com os pacientes da Instituição, atualmente em número de 31 pessoas, e entrevista com a responsável pela Instituição. Lüdke e André (1986, p.26) afirmam que “a observação direta permite que o observador chegue mais perto da ‘perspectiva dos sujeitos’, um importante alvo das abordagens qualitativas”. Em relação à entrevista, Nascimento (2004, p.64) destaca que ela “exige que o investigador se introduza no mundo dos sujeitos e passe com eles um tempo Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 considerável, permitindo a elaboração de questões abertas e registro de respostas de acordo com a expressão livre de cada sujeito”. Das observações foram feitas notas de campo e a entrevista foi transcrita. Ambos os dados foram armazenados em programa Word versão 2003. ATIVIDADE FÍSICA PARA OS PACIENTES DO CAPS A necessidade do educador físico na equipe de profissionais do CAPS devese ao fato de o próprio Ministério da Saúde (2004, p.14) publicar que “nos CAPS devem existir oficinas de recreação e esportes”, e nesses casos específicos o profissional mais indicado para a função seria o Profissional de Educação Física para elaboração e desenvolvimento de tais oficinas. Sobre o Profissional de Educação Física a resolução nº 046/2002 do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) resolve em seu artigo 1º que: O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações - ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais -, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários, visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para consecução da autonomia, da auto-estima, da cooperação, da solidariedade, da integração, da cidadania, das relações sociais e a preservação do meio ambiente, observados os preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo. (CONSELHO FERDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 2011, p.134). O CAPS I de Santa Margarida foi fundado em junho de 2002 e credenciado junto ao ministério da saúde desde setembro de 2004. É responsável por prestar assistência em saúde mental aos seguintes municípios: Abre Campo, Matipó e Sericita, totalizando uma população de 53.086 (IBGE, 2010). O serviço possui sede própria desde março de 2008 e funciona de 08:00 às 17:00 de segunda a sexta-feira. A equipe é composta por: um psiquiatra, um psicólogo, um enfermeiro, um farmacêutico, um assistente social, um pedagogo, um nutricionista, dois técnicos administrativos, cinco auxiliares de serviços gerais, um oficineiro, um técnico de enfermagem, um motorista e um segurança. O coordenador Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 do serviço também exerce função técnica e trabalha oito horas por dia. A unidade possui equipe mínima de técnicos de nível superior descrita pela portaria GM 336. Ao me inserir no espaço de funcionamento do CAPS de Santa Margarida, foi verificado que as pessoas que permanecem atualmente em tratamento diário são em número de 31, sendo 19 do sexo feminino e 12 do sexo masculino. As oficinas que acontecem são de pintura em tecido, tapete e mosaico. A participação dos pacientes em tais atividades ocorre de acordo com o estado emocional de cada um. Tais atividades são oferecidas e dirigidas por uma profissional formada em Pedagogia e uma oficineira que executa o trabalho nas citadas oficinas. Em relação às atividades físicas, os pacientes fazem caminhadas às segundas e quartas-feiras no período da manhã. Normalmente ela acontece nos arredores do CAPS, em ambiente externo. Essa atividade é acompanhada por um oficineiro que é funcionário da Instituição. A caminhada é a única atividade física oferecida aos pacientes e, por isso, torna-se rotineira e nem todos participam. Segundo a Coordenadora do CAPS, uma parte dos pacientes gosta muito dessa atividade e são muito frequentes e outra parte só faz por obrigação. Assim, torna-se uma atividade mecânica. Sobre isso Choshi(2000, p.16) destaca: A “mecânica terapêutica” pelo esporte funciona de maneira simples: Estímulo – resposta – reflexão – novo conceito/procedimento/atitude. Basicamente o paciente é estimulado a buscar novas alternativas enquanto joga futebol. Deste modo espera-se que ele se aproprie das mudanças propiciadas pela reflexão feita na oficina de futebol para o jogo e as amplie para outras esferas da vida. Conhecendo o espaço físico próximo ao CAPS de Santa Margarida constata-se que ao lado do serviço existe um estádio de futebol municipal, que oferece totais condições para que seja desenvolvida uma diversidade de atividades físicas para esses pacientes, tais como: oficinas de futebol, peteca, vôlei adaptado, handebol adaptado, alongamento e atividades físicas moderadas, respeitando os limites físicos e psicológicos de cada paciente. Dessa forma, uma atividade física sistematizada e o esporte quando conduzidos e orientados de forma adequada, sendo educativo, qualificado e feito com ética, ou seja, por profissional de Educação Física habilitado, tendem a ter adaptações lúdicas e livres, sendo aplicadas como atividades socializantes por si só. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Atraindo pessoas que são considerados por todos como diferentes pela sociedade atual. (CARTA BRASILEIRA DE PREVENÇÃO INTEGRADA NA ÁREA DA SAÚDE, 2000). Barbanti et al. (2002), afirma que “o esporte pode e deve fazer parte da felicidade do homem, seja por características biológico-naturais ou pelas sócioculturais”. Em concordância Byinton (2002, p.16) diz que “o esporte pode ser uma forma de educar o corpo para obter saúde, qualidade de vida e bem estar físico e mental”. Baseando nas opiniões destes dois autores é possível perceber que o esporte se vale de características que influenciam diretamente diversos aspectos da vida humana, sejam emocional, racional ou físico. Segundo o Ministério da Saúde (2004) a pessoa para praticar alguma atividade física não necessariamente deve estar doente e sim com disposição para ter uma vida saudável. No caso dos pacientes do CAPS, torna-se muito importante tal atividade pela necessidade da convivência social, as práticas realizadas no CAPS se caracterizam por ocorrerem em ambiente aberto, acolhedor e inserido na cidade. Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, potencializadora de suas ações, preocupandose com o sujeito e sua singularidade, sua história, sua cultura e sua vida quotidiana. CONSIDERAÇÕES FINAIS Mesmo com os inúmeros benefícios que atividade física proporciona para pessoas com transtorno mental, esse tipo de projeto necessita ser ampliado, pois não é só pelo fato de uma simples caminhada, aliviar o estresse, permitir a sensação de bem estar que está diretamente ligado pela produção de hormônios durante os movimentos, que o trabalho está completo. Vale ressaltar a importância da qualificação do futuro profissional de Educação Física, que poderá vir atuar nestes serviços. Vale ressaltar ainda o quanto a atividade física pode influenciar na reinserção social dos pacientes do CAPS, através das oficinas de esportes coletivos que proporcionam momentos que até então foram perdidos, como o contato físico, o sorriso, a liberação da sudorese através das atividades, isso tudo contribui para um descanso e um tratamento mais tranquilo. Podemos destacar também que existem poucos trabalhos acerca da saúde mental e atividade física, portanto este trabalho Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 visa contribuir para mais um campo de atuação para os profissionais de Educação Física. REFERÊNCIAS CARTA BRASILEIRA DE PREVENÇÃO INTEGRADA NA ÁREA DA SAÚDECONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICAA Atuação do Profissional de Educação Física Disponível em: http://www.confef.org.br Acesso em 21.abr.2011. CARVALHO, Janine Lopes. Reabilitação Psicossocial: O papel dos Profissionais dos CAPS da Microrregião de Saúde de Manhuaçu. Juiz de Fora, 2009. CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA A Atuação do Profissional de Educação Física Disponível em: http://www.confef.org.br Acesso em 21.abr.2011. LARANJO,Thaís Helena Mourão; SANTOS, Érico Murillo de Almeida; AMORIM, Bruno Vizolli, ApudBARBANTI, Valdir José. “Esporte e atividade física: interação entre rendimento e saúde”.Editora Manole, 2002. Disponível emhttp://www.saudedafamilia.org/imagens/poster_erm_congresso.pdf Acesso em 01.abr.2011. LARANJO,Thaís Helena Mourão; SANTOS, Érico Murillo de Almeida; AMORIM, Bruno Vizolli, ApudCHOSHI, Koji. Aprendizagem motora como um problema maldefinido. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, Suplemento, n. 3, p. 1623, 2000. Disponível em http://www.saudedafamilia.org/imagens/poster_erm_congresso.pdf Acesso em 01.abr.2011. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli D. A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.) Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. 3.ed. Petrópolis: Vozes, 1994, 80p. NASCIMENTO, Kelly Aparecida do. “COMO É O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR CONSIDERADO BEM-SUCEDIDO?” Um estudo sobre a percepção e a representação que esses professores elaboram de sua própria docência. Caratinga, 2004. 129p. Monografia/Graduação. Cultura, corporeidade e pedagogia da Educação Física – Curso de Educação Física, Centro Universitário de Caratinga – UNEC. PESQUISA QUALITATIVA UNIGRAN Disponível em:www.unigran.br/proreitoria/prppg/cep/palestras/qualitativa.ppt Acesso em 15 nov. 2010. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Comissão Organizadora da III CNSM. Relatório Final da III Conferência Nacional de Saúde Mental. Brasília, 11 a 15 dedezembro de 2001. 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Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE DOENÇAS SEXUALMENTE TRASMISSÍVEIS EM JOVENS ESTUDANTES DE ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE MATIPÓ-MG Nildilene Batista Mendes – Graduada emFisioterapia e Especialista em Gestão em Saúde Pública Mariana de Faria Gardingo Diniz – Graduada em Biologia e Doutoranda em Engenharia de Processos Químicos, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Alexandre Geraldo Martins, Nayara Nátaly Soares, Rafaela Aparecida Ferreira Paula, Cecília Aparecida de Souzae Eufrásia Ferreira de Paula - Graduandos em Enfermagem da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 50% das novas infecções pelo HIV no mundo estão ocorrendo na adolescência. O projeto,DST: conhecer para se prevenir, é um projeto de pesquisa e extensão que contou com a participação ativa de uma equipe interdisciplinar queelegeu como campo de pesquisa duas escolas públicas do município de Matipó/MG.O projeto trabalhou com jovens (13 e 18 anos) de média e baixa renda da cidade.Os resultados mostraram que os adolescentes estavam com o conhecimento incompatível com as séries escolares. Nos 1º e 2º anos do ensino médio, foi verificado que esse indicador de conhecimento aponta que o desempenho do sistema de ensino do município não está adequado. Mostra-se clara a necessidade de programas de educação/prevenção em saúde para os adolescentes da cidade de Matipó/MG. PALAVRAS-CHAVE: Doenças Sexualmente Transmissíveis; Educação em saúde; Prevenção. INTRODUÇÃO E REFERENCIAL TEÓRICO Estima-se, atualmente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), que cerca de 50% das novas infecções pelo HIV no mundo estão ocorrendo na adolescência. Em 2002 um terço da população mundial que tinha Aids tinha entre 15 e 24 anos(Ministério da Saúde). Fatores biológicos, psíquicos e sociais podem aumentar a vulnerabilidade dos adolescentes às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Do ponto de vista biológico, o epitélio cilíndrico do colo do útero na adolescência se encontra mais exposto e tanto as clamídeas como os gonococos têm predileção por este tecido. A baixa idade da menarca pode levar a um início precoce da atividade sexual, aumentando a probabilidade de contaminação. No âmbito psíquico, a adolescência é uma fase de definição da identidade sexual com experimentação e variabilidade de parceiros. O pensamento abstrato ainda incipiente nos adolescentes faz com que se Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 sintam invulneráveis, se expondo a riscos sem prever suas consequências. São instáveis e susceptíveis a influências grupais e familiares (TAQUETE, VILHENA e PAULA,2004). Muitos programas de prevençãodirigidos aos adolescentes têm sido conduzidos,mas nem sempre atingem os grupos mais vulneráveis.Avaliar os efeitos dessas iniciativas e, em especial,considerar os diversos contextos socioculturais que osjovens enfrentam para se prevenir das DST/HIV permanecem como desafios (ANTUNESet al., 2002). As atitudes favoráveis ou desfavoráveis à saúde são construídas desde a infância, no decorrer do processo de formação e socialização do indivíduo. O objetivo central na prevenção das DST e da Aids é o desenvolvimento de uma consciência crítica que favoreça a adoção de atitudes e práticas que evitem a infecção e, por conseguinte, a evolução da epidemia (UNESCO, 2002). Revisões de literatura patrocinadas pelo Programa de Aids das Nações Unidas identificaram importantes lacunas no conhecimento sobre HIV e Aids, e indicaram que apenas aumentar o nível de informação sobre as vias de transmissão do HIV e sobre a necessidade de usar o preservativo não garante as mudanças de práticas. Em contra partida avaliaram programas com jovens em vários países desenvolvidos e concluíram que comportamentos saudáveis e responsáveis podem se aprendidos. Indicaram também que programas efetivos ajudam a adiar o início da vida sexual e protegem jovens sexualmente ativos de infecções sexualmente transmissíveis e da gravidez indesejada (UNAIDS 1997).Sendo Doenças sexualmente transmissíveis e Aids doenças que assolam a sociedade dos aspectos biopsicossociais, onde todos estão sujeitos a elas, surge a necessidade de desenvolver a conscientização da população quanto a sua existência, bem como sua prevenção. As propostas de prevenção das DST entre jovens podem ser agrupadas em dois blocos: i) centrado na transmissão da informação, visa fundamentalmente à modificação de comportamentos de risco (DiCLEMENTE, 1992; MOOREet al., 1996); ii) mais recente e uma espécie de reação ao anterior, enfatiza as condições culturais, econômicas, políticas e morais que estão na base dos comportamentos de risco, buscando produzir uma resposta social capaz de transformar os contextos favorecedores de tais comportamentos. Esses dois pólos configuram abordagens bastante diversas quanto a objetivos, estratégias e critérios de avaliação. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 O projeto DST: conhecer para se prevenir tem como objetivos educar os jovens para saúde, através de ações de promoção de saúde para que eles tomem conhecimento e percebam sua vulnerabilidade em relação a elas e ao percebê-la consigam assumir o controle e a responsabilidade sobre sua sexualidade e mudar seu comportamento de risco. METODOLOGIA O projeto DST: conhecer para se prevenir é um projeto de pesquisa e extensão que contou com a participação ativa de uma equipe interdisciplinar (bióloga, enfermeiros e fisioterapeuta). Elegeu-se como campo de pesquisa duas escolas públicas do município de Matipó/MG, o projeto trabalhou com jovens com idade entre 13 e 18 anos, em sua maioria proveniente de camadas de média e baixa renda da cidade. Os encontros ocorreram no período de março a julho de 2011, uma vez ao mês onde foram realizadas palestras educativas, teatros abordando os temas sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis e Aids e oficinas práticas abordando os métodos de prevenção. O presente estudo baseou-se na “investigação avaliativa” (NOVAES, 2000; NEMES, 2001) na forma de estudo de caso, combinando metodologia quantitativa e qualitativa. O instrumento de avaliação utilizado no projeto foi um questionário autoelaborado estruturado com questões fechadas que procurou avaliar o nível de conhecimento, atitudes e práticas relacionados à sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis e Aids, forma de infecção e prevenção. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 897 alunos matriculados nas duas escolas, 158 responderam o questionário. A idade média foi de 16 anos, com extremos entre 11 e 18 anos. Quanto à distribuição por turma, 17,72% eram do 9º ano ensino fundamental, 36,72% eram alunos do 1º ano do ensino médio; 25,95% do 2º ano do ensino médio; e 18,99% do 3º ano do ensino médio. Em relação ao perfil sócio-demográfico-econômico, observou- se que 91,2% dos alunos moram com os pais. Em relação à renda familiar 22,15% dos adolescentes vivem com menos de 1 salário mínimo por mês, 50,05% dos Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 adolescentes vivem com 1 salário mínimo e 27,8% vivem com 2 a 3 salários mínimos. Para ponderar e avaliar o comportamento de risco dos alunos, perguntamos se os mesmo já tiveram sua primeira relação sexual: 74% não tiveram sua primeira relação sexual e 26% dos alunos já tiveram sua primeira relação sexual, que dos quais 31% não usaram camisinha e 69% usaram o preservativo na primeira relação. Quando questionados se deveriam utilizar o preservativo na relação sexual, apenas dezenove alunos disseram que não e todos os demais responderam que se deve utilizar o preservativo nas relações sexuais. A análise do nível de informação referente às Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids dos adolescentes mostrou que 57,6% apresentaram nível insatisfatório, e 41,4%, nível regular. A relação do nível de informação por turma apontou que 61,7% da turma do 1º ano do ensino médio e 48,7% da turma do 2º ano do ensino médio tiveram nível insatisfatório; essa mesma relação por idade verificou 69,2% do nível insatisfatório nas idades de quatorze, e 70,6% de quinze anos. No grupo da 1º e 2º ano do ensino médio, foi verificado que o comportamento desse indicador de incompatibilidade de conhecimento pode estar apontando que o desempenho do sistema de ensino do município não está adequado ao fluxo desejável de alunos, uma vez que foram encontrados poucos alunos com conhecimento correto referente às DSTs. Essa defasagem pode estar refletindo a fragilidade desses adolescentes frente à vida sexual ativa que muitos têm ou virão a ter em pouco tempo. Falar em saúde implica em repensar os determinantes políticos, econômicos, socioculturais e a inserção de novos esforços na política de educação, meio ambiente, habitação, saneamento básico, entre outros. A relação entre educação e melhoria da condição de vida refere-se à articulação entre conhecimentos, atitudes, comportamento e práticas pessoais e coletivas que possam ser compartilhadas por toda a sociedade. Os resultados relacionados ao nível de informação de adolescentes deste estudo estão de acordo com outras pesquisas nessa área. Fagim et al. (2001), verificaram aumento do nível de informação sobre esses temas, com o avanço da idade cronológica e da escolaridade. No que diz respeito à maior desinformação verificada nas turmas do 1º e 2º ano ensino médio, pesquisas sugerem ser decorrente da idade que os mesmo vivenciam, de muitas informações recebidas, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 poucas assimiladas. Tem sido verificado alto nível de desinformação sobre aspectos da sexualidade humana e funcionamento do corpo entre as adolescentes. Outra possibilidade para o alto nível de desinformação nos adolescentes, observado neste estudo, pode ser o reflexo da falta de programas educativos institucionalizados nas escolas e serviços de saúde. A pouca informação relatada neste estudo, concorda com outras pesquisas que relatam a falta de atividades de educação para a sexualidade nas escolas o que pode aumentar a desinformação entre adolescentes, sugerindo a necessidade de atividades de educação em saúde nas escolas, tendo como população-alvo, adolescentes na faixa de 13 e 18 anos. Estudos, realizados porPelaéz et al. em 1983 e Morales et al. (1998), no Chile e na Bolívia (Sucre), mostraram o pouco conhecimento sobre puberdade entre adolescentes das escolas públicas do Chile e de Sucre - Bolívia, respectivamente. A desinformação de adolescentes sobre a fisiologia do corpo, sexualidade e DST, pode levar a interpretações equivocadas, a ações de possíveis contaminações por DST, contribuindo para a vivência de conflitos que poderiam ser evitados através de informações simples e adequadas a respeito do processo de desenvolvimento puberal, maturação sexual e doenças. No Brasil, concordando com estudos em outros países, Fagim et al. (2001), pesquisando grupo de mães adolescentes acompanhadas em um serviço de prénatal, no Rio de Janeiro, observaram que as mesmas apresentaram alto nível de desconhecimento sobre sexualidade, prevenções e DST. Corroborando com esses resultados, os estudos de Gomeset al., (2002) _ estudando a prática sexual em adolescentes escolares em Belo Horizonte_ constataram que 53% eram bem informados sobre sexo, embora, contraditoriamente, tenham relatado desconhecer sexualidade, com altas proporções de desconhecimento quanto às DST. Pesquisas apontam que a grande maioria dos jovens necessita de informação na área da sexualidade e DST, e esta abordagem deve ser realizada desde a infância e nas primeiras séries de estudo. Trabalho realizado por Fonseca em 2002 em parceria com as secretarias de educação e de saúde, através de ações de promoção e prevenção da saúde nas escolas de São Paulo, avaliou que adolescentes que participaram dos programas mostraram maior conhecimento do próprio corpo e maior sensibilização para responsabilidade diante da vivência da sexualidade. O presente estudo possibilitou a obtenção de dados relativos ao perfil dos adolescentes, aos conhecimentos, atitudes e práticas sobre sexualidade, DST e Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Aids, forma de infecção e prevenção, mas não objetivou avaliar mudança de comportamento a partir do projeto, pois a literatura tem demonstrado que avaliar a mudança de comportamento em um prazo curto, como o da realização do projeto é improdutivo e insuficiente (GIAMI, 1994). A mudança de comportamento é fruto de um processo complexo, ideológico, psíquico e afetivo que se realiza a médio e em longo prazo, demandando, portanto, uma continuidade de ações e projetos do próprio serviço de saúde, da escola e da comunidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo aponta a necessidade de implantação de programas de educação/prevenção em saúde para os adolescentes residentes na cidade de Matipó/MG, com o objetivo de multiplicação de informações, no início da adolescência, sobre aspectos da sexualidade, DST e prevenção. Há necessidade de estudos adicionais nessa área, para fortalecer a implantação de ações estratégicas de prevenção voltadas à saúde de adolescentes nas escolas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ANTUNESet al.,Diferenças na prevenção da Aids entre homens e mulheres jovens de escolas públicas em São Paulo. Revista Brasileira de Saúde Pública,2002. DICLEMENTE, R. Adolescents and Aids: A Generation in Jeopardy.Newbury Park: Sage, 1992. 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Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Boletim Epidemiológico/AIDS,Out. de 2001 – Mar. de 2002. Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/bol_marco_2002.pdf. Acesso em 08 de abril de 2011. MORALES J. R.; MARISCAL M. L.; CARVALHO I. G.; Adolescentes: diagnostico y orientaciones teórico metodológicas de la educación sexual. Sucre – Bolívia: Talleres Graficas,p.205, 1998. NEMES, M.I.B. Avaliação em saúde:questões para os programas de DST/AIDS no Brasil. Rio de Janeiro: ABIA (COLEÇÃO ABIA – Fundamentos de Avaliação, 1).2001. NOVAES, H.M.D. Avaliação de programas, serviços e tecnologias em saúde. Revista de Saúde Pública, V.34, N.5, P. 547-59, 2000. PELÁEZ P. G.;AVILA L. R.; LUER P. M.;RIQUELME. Desarrallo del adolescente: encuesta de conocimientos y actitudes entre escolares de ense-ñanza básica. Revista Chilena de Pediatria,54: 107-111,1983. TAQUETE, S. 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Giselle Muratori de Oliveira Gardingo –Graduanda do Curso de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Tábata Horrana da Silva –Graduanda do Curso de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Emanuelle Ferreira de Souza- Graduada em Enfermagem,Especialista em Gestão do Programa Saúde da Família, Enfermeira Coordenadora da Atenção Primária à Saúde de Matipó/MG, Professora da da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO A população brasileira está envelhecendo e, junto com o mesmo, o aparecimento de doenças crônicas, como a hipertensão arterial, tem crescido. Essas doenças podem influenciar na qualidade de vida dos idosos, diminuindo sua capacidade funcional. O objetivo do presente estudo foi avaliar a qualidade de vida de idosos residentes no Bairro Boa Vista do município de Matipó-MG, através do mini-questionário de Qualidade de Vida em Hipertensão Arterial, para melhor compreender o impacto causado pela doença. Pode-se concluir que a presença da hipertensão arterial na vida dos idosos entrevistados não tem significância quanto ao domínio do estado mental, cuja média encontrada foi de 2,5 numa pontuação total de 27. Assim como citado anteriormente, o domínio das manifestações somáticas também não interferiu na qualidade de vida da amostra, pois a média encontrada foi de 3,95 numa pontuação total de 21. PALAVRAS-CHAVE: Idoso; Hipertensão Arterial; Qualidade de Vida. INTRODUÇÃO O Brasil hoje é um jovem país de cabelos brancos. Todo ano, 650 mil novos idosos são incorporados à população brasileira, a maior parte com doenças crônicas, sendo mais frequente hipertensão arterial, diabetes, doenças reumáticas, dentre outras, trazendo com elas limitações funcionais (VERAS, 2007; ALVES, et al. 2007). A hipertensão arterial constitui um dos problemas de saúde de maior prevalência na atualidade, é largamente conhecida como fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças cardiovasculares. Apresenta alta prevalência na Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 população adulta mundial, principalmente acima dos 40 anos (CAVALINI, 2003; ZAITUNE, et al. 2006). Em menos de 40 anos, o Brasil passou de um cenário de mortalidade próprio de uma população jovem para um quadro de enfermidades complexas e onerosas, típica dos países longevos, com exigência de cuidados constantes, medicação contínua e exames periódicos (VERAS, 2009). O comprometimento da capacidade funcional do idoso tem implicações importantes para: a família, a comunidade, o sistema de saúde e a vida do próprio idoso; uma vez que a incapacidade ocasiona maior vulnerabilidade e dependência contribuindo para a diminuição do bem-estar e da qualidade de vida dos idosos (ALVES et al. 2007). O conceito de qualidade de vida é subjetivo, multidimensional e influenciado por vários fatores relacionados à educação, à economia e aos aspectos socioculturais, não havendo um consenso quanto à sua definição. Atualmente, há uma tendência em se reconhecer a importância do ponto de vista do paciente em relação à sua própria doença para a monitoração da qualidade das medidas terapêuticas empregadas (NETO; CONE, 2008). Por esse motivo, o objetivo do presente estudo foi observar o impacto da hipertensão arterial na qualidade de vida de idosos, aplicando o mini-questionário de Qualidade de Vida em Hipertensão Arterial chamado MINICHAL, elaborado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SCHULZ, et al. 2008). METODOLOGIA O presente estudo é do tipo transversal de caráter exploratório e descritivo. Realizado em idosos numa amostra intencional no bairro Boa Vista do município de Matipó – MG. Foram informantes da pesquisa 20 (vinte) participantes, com 60 anos ou mais. Participaram todos que se enquadraram no critério de inclusão do estudo, no qual foi à presença de Hipertensão Arterial Sistêmica, ter 60 anos ou mais, ser residente no bairro Boa Vista. Os participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (2000), para que assim todas as informações pertinentes às pessoas em questão pudessem ser preservadas no processo de análise. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Os idosos foram avaliados individualmente por meio do MINICHAL que auxilia a avaliação da qualidade de vida diante a hipertensão arterial, que contém 16 questões de múltipla escolha organizadas em dois fatores: Estado Mental (10 questões), Manifestações Somáticas (6 questões), e uma questão aberta para verificar como o paciente avalia que a hipertensão e o seu tratamento têm influenciado na sua qualidade de vida. O paciente respondeu às questões fazendo referência aos últimos sete dias. As respostas estão distribuídas em uma escala com quatro opções de respostas de 0 (Não, absolutamente) a 3 (Sim, muito). A pontuação máxima para o Estado Mental é de 30 pontos, e para as manifestações somáticas é de 18 pontos. Nessa escala, quanto mais próximo de 0 estiver o resultado, considerando o conjunto das questões, melhor a qualidade de vida. A questão 17, que avalia a percepção geral de saúde do paciente, é pontuada na mesma escala (SCHULZ, et al., 2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo Cavalini e Chor (2003), há um aumento progressivo da prevalência de doenças crônicas cardiovasculares, sendo uma das explicações o envelhecimento populacional, que é um fenômeno observado na maioria dos países inclusive no Brasil. A amostra pesquisada no presente estudo possui idade de 60 anos ou mais, sendo 40% do sexo masculino e 60% feminino, 95% são aposentados e recebem um salário mínimo, 5% recebem pensão de um salário mínimo, sendo 70% analfabetos. Todos esses fatores, idade, sexo, escolaridade, renda, interferem aumentando o risco para a presença da hipertensão arterial e de outras doenças crônicas, após os 40 anos de idade há um declínio funcional fisiológico que se acentua ao longo da vida e que pode ser influenciado pelos fatores anteriormente citados (SIMONETTI; FERREIRA, 2008). O domínio Estado Mental possui perguntas relacionadas ao sono, relações sociais habituais, iniciativa em tomar decisões, atividades habituais, exercer papel útil na vida, etc. obteve uma média de 2,5. Uma das questões mais pontuadas foi relacionada ao sono, os entrevistados responderam que têm dormido mal. Segundo Geib, et al. (2003), o processo de envelhecimento pode ser normalquando envolve mudanças fisiológicas universais e inexoráveis, ou usual quando inclui doenças relacionadas à idade,que podem ocasionar modificações na quantidade e qualidade do sono, as quais afetam mais da metade dos adultos acima de 65 anos de idade. O Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 presente estudo menciona o envelhecimento usual, que inclui a hipertensão arterial, podendo ser um fator determinante para a disfunção do sono dos entrevistados, proporcionando um impacto negativo na sua qualidade de vida. Quando foi perguntado se a freqüência urinária está normal ou alterada, alguns responderam que se encontra alterada, relatam estar indo ao banheiro além do normal e que estas idas ocorrem mais no período noturno, podendo assim interferir no sono dos mesmos. A segunda questão mais pontuada no referente domínio foi com relação a se sentir esgotado, sem força; chegando a usar o adjetivo “desanimado”, porém a maioria da amostra, apesar de às vezes estar com este sentimento, realiza os serviços domésticos, frequentam a igreja, recebem visita, realizam suas atividades de vida diária normalmente. Uma questão que explicaria esse fato é que começaram a trabalhar muito cedo, ainda crianças, não frequentaram a escola, então estão acostumados com esta rotina de vida. Segundo Costa, Nakatani e Bachion(2006) a meta no atendimento à saúde deixa de ser somente para prolongar a vida, mas, principalmente, para manter a capacidade funcional do indivíduo, de forma que esse permaneça autônomo e independente pelo maior tempo possível. A independência dos idosos participantes do presente estudo é estimulada através de palestras, grupo de atividade física, aulas de pintura, tricô, etc. que são oferecidas pela Estratégia de Saúde da Família do bairro Boa Vista. Onde, os enfermeiros juntamente com os fisioterapeutas e demais profissionais da unidade de saúde se empenham para manter e/ou melhorar a capacidade funcional dos idosos referidos, favorecendo assim a longevidade com saúde. As questões sobre manifestações somáticas estão relacionadas com alguns sintomas, como falta de ar, dor no peito, inchaço nos tornozelos, boca seca, adormecimento e formigamento, etc. A questão de maior pontuação foi relacionada ao inchaço nos tornozelos, 65% dos entrevistados confirmaram este sintoma. O paciente que estiver em uso de medicamentos do tipo diurético e que ainda assim não apresente controle adequado da pressão arterial deve ser avaliado quanto à retenção hídrica e devemos ponderar a possibilidade de aumentar as doses e restringir mais a ingestão de sal (GELEILETE; NOBRE; COELHO, 2008). Assim sendo, a dosagem do medicamento diurético, o uso correto, a questão nutricional Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 com relação à ingestão de sal, pode estar interferindo no edema de tornozelos ocasionando esse desconforto. Segundo SCHULZ, et al (2008) a última questão do MINICHAL é independente dos domínios de estado mental e manifestações somáticas. Foi perguntado ao idoso se a hipertensão e o seu tratamento têm afetado a sua qualidade de vida. A maioria da amostra, 65% disseram a hipertensão não interfere na sua qualidade de vida. O principal objetivo do tratamento anti-hipertensivo é reduzir a morbidade e a mortalidade das doenças cardiovasculares associadas aos valores elevados da pressão arterial. Paralelamente aos benefícios proporcionados aos pacientes hipertensos tratados adequadamente, medicamentos anti-hipertensivos podem produzir efeitos adversos que interferem no prazer de viver. Tornando fundamental, portanto, a avaliação da influência dos medicamentos utilizados na qualidade de vida dos pacientes (CAVALINI; CHOR, 2003). O resultado encontrado no presente trabalho demonstra que realmente os medicamentos anti-hipertensivos produzem efeitos adversos que interferem no prazer de viver, porém os entrevistados encaram isso normalmente, não prejudicando a qualidade de vida dos mesmos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos concluir que a presença da hipertensão arterial na vida dos idosos entrevistados não tem significância quanto ao domínio do estado mental, cuja média encontrada foi de 2,5 numa pontuação total de 27. Assim como citado anteriormente, o domínio das manifestações somáticas também não interferiu na qualidade de vida da amostra, pois a média encontrada foi de 3,95 numa pontuação total de 21. Os profissionais de saúde com a ajuda de outros profissionais contribuem para que esse resultado seja satisfatório, devem direcionar um cuidado específico, rejeitando atitudes negativas, e mesmo para aqueles idosos mais fragilizados, o cuidado seja baseado na manutenção da autonomia e da qualidade de vida. Enfim, os idosos residentes, no Bairro Boa Vista estão completamente amparados pelos serviços oferecidos, aos quais podem usufruir quando desejar, contribuindo para um bem estar físico, psíquico e social. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, L. C. et al. A influência das doenças crônicas na capacidade funcional dos idosos do Município de São Paulo, Brasil. Caderno de Saúde Pública, v.23, n.8, Rio de Janeiro, 2007. CAVALINI, L. T.; CHOR, D. Inquérito sobre hipertensão arterial e décifit cognitivo em idosos de um serviço de geriatria. Revista Brasileira de Epidemiologia, v.6, n.1, 2003. COSTA, E. C.; NAKATANI, A. Y. K.; BACHION, M. M. Capacidade de idosos da comunidade para desenvolver Atividades de Vida Diária e Atividades Instrumentais de Vida Diária. Revista ACTA Paul Enfermagem, v.19, n.1, 2006. GELEILETE, T. J. M.; NOBRE, F.; COELHO, E. B. 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Revista Saúde Pública, v.43, n.3, 2009. ZAITUNE, M. P. A. et al. Hipertensão arterial em idosos: prevalência, fatores associados e práticas de controle no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Caderno de Saúde Pública, v.11, n.2, Rio de Janeiro, 2006. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 CAMPANHA DE ACONSELHAMENTO SOBRE O USO CORRETO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS PARA MULHERES DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ, MG E O REFLEXO NO PLANEJAMENTO FAMILIAR Fernanda Cristina Ferrari– Graduada em Farmácia e Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do Curso de Farmácia da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Cínthia Mara de Oliveira Lobato Schuengue– Graduada em Enfermagem e Mestre em Meio Ambiente, Enfermeira Diretora Técnica do Hospital César Leite de Manhuaçu/MG Emanuelle de Souza Ferreira - Graduada em Enfermagem, Especialista em Gestão do Programa Saúde da Família,Enfermeira Coordenadora da Atenção Primária Saúde de Matipó/MG, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O trabalho retrata uma campanha de esclarecimentos sobre o uso correto dos métodos anticoncepcionais direcionada às mulheres em idade fértil moradoras do município de Matipó, Minas Gerais. Buscou-se contribuir para que muitas mulheres, especialmente adolescentes e jovens, entendessem a importância do planejamento familiar, aprendendo como evitar uma gravidez precoce. Durante os encontros, foram esclarecidas dúvidas e apresentados métodos contraceptivos pouco conhecidos. No primeiro trimestre de 2011, 18,18% das parturientes tinham até 18 anos. No mesmo período em 2010, esse índice foi de 12,50% e em 2009, era de 24,32%. Muitos trabalhos foram realizados nas escolas e a campanha representa uma contribuição importante para tornar concreto o planejamento familiar. PALAVRAS-CHAVE: Métodos contraceptivos, contraceptivos orais, planejamento familiar, gravidez na adolescência; Matipó. INTRODUÇÃO E REFERENCIAL TEÓRICO De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o planejamento familiar ainda não é algo concreto, apesar do grande progresso ao longo das últimas décadas. Mais de 120 milhões de mulheres no mundo todo desejam evitar a gravidez, entretanto, nem elas nem seus parceiros estão fazendo uso dos métodos contraceptivos. Muitos são os motivos para que suas necessidades fiquem desatendidas: os serviços e os insumos ainda não estão disponíveis em todos os lugares ou as opções são limitadas. E ainda existe o medo e as dúvidas em relação aos efeitos colaterais de alguns métodos (OMS, 2007). Para escolher o melhor método de planejamento familiar é preciso conhecer todos. A escolha deve basear-se nas necessidades do casal, analisando as indicações e principalmente as contra-indicações para cada caso, sempre com orientação médica. Há uma ampla variedade de métodos contraceptivos disponíveis Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 e, possivelmente, a opção por um deles está relacionada com fatores socioeconômicos, culturais e sanitários. O objetivo geral desse trabalho foi prestar esclarecimentos para as mulheres do município de Matipó a respeito dos diferentes métodos contraceptivos, principalmente quanto ao uso adequado dos mesmos para garantir sua eficácia. Buscou-se levar informações sobre alguns métodos pouco conhecidos, que podem representar uma solução para mulheres que não se adaptaram com métodos mais usuais. E ainda, proporcionar instruções a adolescentes e jovens para que as mesmas possam evitar uma gravidez precoce e planejar o próprio futuro. METODOLOGIA Este trabalho é um estudo descritivo com função intervencionista voltado às mulheres em idade fértil do município de Matipó, MG. Foram realizadas palestras sobre a utilização correta de métodos contraceptivos para essas mulheres, especialmente gestantes e adolescentes. O trabalhobuscou alcançar toda a comunidade de Matipó, e as palestras foram divididas por bairros com a organização da Secretaria Municipal de Saúde e apoio da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Os enfermeiros responsáveis pelas ESFs (Estratégia Saúde da Família) divulgavam a data e local dos encontros e alguns alunos do curso de Enfermagem ajudavam na organização. As autoras do trabalho ministraram as palestras. Em um segundo momento, foi realizado um levantamento de dados no banco municipal do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC para possibilitar uma análise da variação do número de parturientes com idade até 18 anos entre os anos de 2009 e 2011 no município de Matipó (MS, 2011). RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante as conversas estabelecidas nos encontros, as mulheres expuseram dúvidas em relação ao uso de métodos contraceptivos, principalmente o anticoncepcional oral, mais conhecido como pílula. Algumas relataram experiências pessoais que comprovavam a necessidade dos esclarecimentos. Da maneira que o anticoncepcional oral geralmente é usado, ocorrem cerca de oito gravidezes para 100 mulheres que o utilizam no primeiro ano. Isto significa que 92 de cada 100 dessas mulheres não ficarão grávidas. Por outro lado, quando não Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 há erros na ingestão das pílulas, ocorre menos de uma gravidez em 100 dessas mulheres no primeiro ano (3 por 1.000 mulheres) (OMS, 2007). Muitas mulheres se esquecem de tomar as pílulas todos os dias, não tem um horário fixo para a ingestão das pílulas ou não procuram orientação profissional para iniciar a contracepção com o método oral, desconhecendo a pouca eficácia no primeiro mês de sua utilização. Nesse sentido, as mulheres beneficiadas pela campanha foram orientadas a associarem a ingestão das pílulas com algo que fazem rotineiramente como tomar café da manhã ou assistir algum programa diário na televisão. Essa é uma orientação simples que pode auxiliar muito no uso adequado do método oral. Além dessas, outras informações como os próprios benefícios proporcionados à usuária, como redução de cólicas, redução do fluxo menstrual e em alguns casos, até mesmo melhora do aspecto da pele, foram recebidas como novidade pelas mulheres. Desde muito tempo existe a preocupação de que os contraceptivos orais poderiam aumentar a incidência de câncer de endométrio, de ovário, de mama e outros. Mas hoje está claro que não há uma associação geral entre o uso dos contraceptivos orais e câncer. Os contraceptivos orais combinados não aumentam a incidência do câncer de endométrio e, na verdade, causam uma redução de 50% na incidência dessa neoplasia. O motivo parece ser a inclusão de um progestogênio, que se opõe à proliferação induzida pelo estrogênio, durante todo o ciclo de 21 dias de tratamento (GILMAN et al., 2005). Não foi evidenciada associação entre câncer de mama e uso de contraceptivos orais (TESSARO et al., 2001). O mesmo estudo evidenciou um risco aumentado no subgrupo de mulheres usuárias por mais de cinco anos e com idade superior a 45 anos, porém não houve significância estatística, embora esta estivesse muito próxima. O uso concomitante de outros medicamentos como os antibióticos, principalmente de amplo espectro, pode reduzir a eficácia do anticoncepcional e na maioria das vezes essa informação não chega até a paciente por motivos diversos. (GILMAN et al., 2005).Durante as palestras duas gestantes relataram que ficaram grávidas por tomarem o antibiótico junto com o anticoncepcional oral e alegaram não Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 terem recebido nenhum tipo de orientação quanto à redução da eficácia do método contraceptivo pelo medicamento antibacteriano. Trabalhos que compartilham do mesmo objetivo que o atual vem sendo feito nas escolas do município há algum tempo e cada vez mais as adolescentes e jovens tem acesso às informações necessárias para uma vida sexual saudável e protegida e como evitar uma gravidez precoce. Tabela 1: Parturientes com até 18 anos do município de Matipó no período de janeiro de 2009 a junho de 2011 Número de parturientes Número total de Porcentagem de parturientes com com até 18 anos parturientes até 18 Anos 01/01/09 a 31/03/09 18 74 24,32 01/04/09 a 30/06/09 07 90 7,78 01/07/09 a 30/09/09 06 81 7,40 01/10/09 a 31/12/09 06 75 8,00 01/01/10 a 31/03/10 09 72 12,50 01/04/10 a 30/06/10 08 70 11,43 01/07/10 a 30/09/10 04 56 7,14 01/10/10 a 31/12/10 09 70 12,86 01/01/11 a 31/03/11 12 66 18,18 01/04/11 a 30/06/11 08 43 18,60 TOTAL 87 697 12,48 Período trimestral Fonte: SINASC – Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos Municipal Na tabela 1 pode-se observar a variação percentual do número de parturientes com idade até 18 anos nos anos de 2009 a 2011. A análise foi feita por trimestre e mostra como a porcentagem diminuiu a partir do segundo trimestre de 2009, voltando a subir significativamente no primeiro trimestre de 2011. Comparando o período de janeiro a março dos anos de 2009 e 2010, é possível verificar uma redução bastante significativa do número de adolescentes que foram mães na cidade em 2010. No entanto, o aumento do percentual no mesmo trimestre em 2011 não respondendo à expectativa mostra que campanhas de esclarecimentos como essa se mostram necessárias e devem ser realizadas de forma mais intensa. A importância desse tipo de ação é ressaltada no momento em que muitas adolescentes estão fazendo o uso incorreto e abusivo de anticoncepcionais de emergência, como a pílula do dia seguinte. A contracepção de emergência não é recomendada para uso frequente, mesmo porque os outros métodos contraceptivos Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 oferecem maior eficácia, portanto, menor chance da mulher engravidar. Efeitos colaterais comuns que podem ocorrer no uso da contracepção de emergência são: náusea, enjôo, vômito e dor de cabeça e outros efeitos menos comuns são: sensibilidade nos seios, sangramento irregular, menstruação adiantada ou atrasada alguns dias, cefaléia ou tontura (FIGUEIREDO; BASTOS, 2008). As indicações da contracepção de emergência são reservadas a situações especiais e excepcionais. Seu objetivo é prevenir gravidez inoportuna ou indesejada após relação que, por alguma razão, foi desprotegida ou houve falha conhecida ou presumida do método em uso de rotina, uso inadequado do anticonceptivo e abuso sexual. A contracepção de emergência não deve ser usada de forma planejada, previamente programada ou substituir método contraceptivo como rotina. Existe a preocupação de que adolescentes abandonem o uso do preservativo e optem sempre pela contracepção de emergência. Apesar de estudos não confirmarem essa hipótese é real a necessidade da conscientização entre as jovens visto que o preservativo é, indiscutivelmente, a única medida que pode reduzir, simultaneamente, os riscos da gravidez não planejada e das doenças sexualmente transmissíveis, inclusive a AIDS (MS, 2005). As fotos da figura 1 mostram alguns momentos das palestras realizadas durante a campanha nos bairros Centro e Boa Vista. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os esclarecimentos prestados sobre o uso adequado dos métodos contraceptivos possuem relevante importância considerando a necessidade do planejamento familiar em todas as classes econômicas. E de uma forma especial, proporcionar aos adolescentes e jovens informações para evitar uma gravidez precoce comprova a valiosa contribuição de iniciativas como essa. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Figura 1: Fotos das palestras realizadas nos bairros Centro e Boa Vista REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, Juvenal Soares Dias; D’ELIA Paula Berenhauser; MOREIRA Mônica Regina. Prevalência do uso de métodos contraceptivos e adequação do uso de anticoncepcionais orais na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil.Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 12(3):339-344, jul-set, 1996. FIGUEIREDO Regina, BASTOS Sílvia. Contracepção de emergência atualização, abordagem, adoção e impactos em estratégia de DST/AIDS /. São Paulo: Instituto de Saúde, 2008. 52p. GILMAN, Alfred Goodman; LIMBIRD, L.E.; HARDMAN, J. As bases farmacológicas da terapêutica. 10ª. ed. Rio de janeiro: McGRAW-HILL Interamericana, 2006. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Anticoncepção de emergência - Perguntas e respostas para profissionais de saúde. Brasília – DF. 2005. Série F. Comunicação e Educação em Saúde Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos - Caderno nº 3. Ministério da Saúde, Manual de Instruções para o preenchimento da Declaração de Nascido Vivo - Série A. Normas e Manuais Técnicos, 4ª Edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. OMS, Planejamento Familiar: Um Manual Global para Profissionais e Serviços de Saúde, 2007. SINASC – Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos, acesso ao banco de dados Municipal em 15 de agosto de 2011, no setor de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Matipó, MG. TESSARO Sérgio; BÉRIA Jorge U.; TOMASI Elaine.; BARROS Aluísio .J.D. Contraceptivos orais e câncer de mama: estudo de casos e controles. Revista de Saúde Pública 35(1):32-8. 2001. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO SOBRE A AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO DE ÚLCERAS POR PRESSÃO EM PACIENTES HOSPITALIZADOS EM UM HOSPITAL DO VALE DO MUCURI Ana Lígia de Souza Pereira- Graduada em Enfermagem, especialista em Estomaterapia, Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Karla Martins Xavier-Graduada em Enfermagem, Especialista em Estomaterapia [email protected] RESUMO A avaliação realizada pelos enfermeiros constitui um processo indispensável para o tratamento das úlceras por pressão. Dessa forma o estudo teve como objetivo averiguar os aspectos considerados pelos enfermeiros no processo de avaliação de úlceras por pressão. Estudo do tipo exploratório-descritivo, de natureza qualitativa, realizado junto aos enfermeiros de um hospital filantrópico do Vale do Mucuri em Minas Gerais. Os dados foram coletados durante os meses de fevereiro a março de 2009, através de entrevistas usando como base um questionário semi-estruturado. Verificou-se que a falta de material conduz a uma avaliação superficial; que a presença de protocolo não facilita a avaliação e, que a imposição de outros profissionais e a falta de experiência e treinamento específicos são as principais dificuldades reveladas. PALAVRAS-CHAVE: Úlceras por pressão; Estágio de úlceras por pressão; Avaliação de enfermagem. INTRODUÇÃO No Brasil, as feridas acometem a população de forma geral, independente de gênero, idade ou etnia, determinando um alto índice de pessoas com alterações na integridade da pele, constituindo, assim, um sério problema de saúde pública. Contudo, o surgimento de feridas onera os gastos públicos e prejudica a qualidade de vida da população (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).Entre as lesões que acometem os brasileiros temos as úlceras por pressão que relataremos especificamente nesse estudo. Do ponto de vista semântico, vários termos têm sido utilizados para denominar as Úlceras por Pressão (UP), entre os quais, escara, úlcera de decúbito e ferida de pressão. No entanto, a expressão Úlcera por Pressão vem sendo consagrada internacionalmente, à medida que a pressão é ofator etiológico mais importante na gênese dessas lesões (SOUZA, 2006). As Úlceras por Pressão representam uma grande preocupação para todos que lidam com pacientes acamados, pois além do incomodo e da ameaça que representam para a saúde do doente, são geradores de longas permanências nos Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 hospitais, retardando o processo de tratamento e aumentando as despesas hospitalares(BLANES, 2004). Como o profissional de enfermagem está diretamente relacionado ao tratamento de feridas, em serviços hospitalares, deve ter a responsabilidade de manter a observação intensiva com relação aos fatores locais, sistêmicos e externos que condicionam o surgimento da ferida ou interfiram no processo de cicatrização. Para tanto, é necessária uma visão clínica que relacione alguns pontos importantes que influenciam nesse processo, como o controle da patologia, aspectos nutricionais, infecciosos, medicamentosos e, sobretudo, o rigor e a qualidade do cuidado. A incidência de úlcera por pressão é um indicador de qualidade da assistência prestada e as medidas de prevenção dessas lesões devem ser utilizadas tanto na assistência hospitalar quanto domiciliar dos indivíduos de médio e alto risco.Para a enfermagem, uma das principais preocupações é a prevenção de úlceras por pressão por ser um indicador de resultados da assistência prestada pela equipe. Haja vista que, nos últimos 30 anos, vários instrumentos e escalas de avaliação de pele foram desenvolvidos com o objetivo primário de identificar os indivíduos sob risco de desenvolver UP e, consequentemente, implementar intervenções para auxiliar na prevenção de ulceração (BORK, 2005). O que leva os profissionais enfermeiros a perceberem que a avaliação do estágio da úlcera por pressão torna-se um fator indispensável para o tratamento da lesão. Pois, a avaliação atua como subsídio para elaboração e desenvolvimento de um plano de cuidados com estratégias de tratamento adequado, reunindo uma conduta terapêutica ampla com variedades de métodos propícios para executá-lo, proporcionando uma cicatrização eficaz e mais conforto para o paciente, consequentemente um custo-benefício para a instituição. Através da importância ressaltada sobre a avaliação da úlcera por pressão, surgiu a necessidade de realizar um estudo que pudesse investigar quais os aspectos considerados na avaliação das úlceras por pressão pelos enfermeiros assistenciais de um hospital no Vale do Mucuri em pacientes hospitalizados. Sendo que a National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) indica que, aproximadamente, um milhão depessoas hospitalizadas desenvolve úlceras de pressão por ano e cerca de sessenta mil pessoas morrem anualmente por complicações decorrentes destas úlceras (COSTA, 2003). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Mediante o exposto pelos profissionais de enfermagem de um hospital no Vale do Mucuri, foram traçados os seguintes objetivos através do estudo: averiguar o processo de avaliação de feridas realizado por enfermeiros assistenciais; identificar os recursos materiais que o enfermeiro utiliza para proceder à avaliação de feridas; investigar o seguimento de protocolos na avaliação e as possíveis dificuldades dos enfermeiros para realizá-la. Dessa forma o objetivo geral desse estudo é analisar a percepção do profissional enfermeiro sobre a avaliação das úlceras por pressão em pacientes hospitalizados. DESENVOLVIMENTO A pele é o maior órgão do corpo, indispensável para a vida humana e fundamental para o perfeito funcionamento fisiológico do organismo. Como qualquer outro órgão, está sujeito a sofrer agressões oriundas de fatores patológicos intrínsecos e extrínsecos que irão causar o desenvolvimento de alterações na sua constituição como, por exemplo, as feridas cutâneas, podendo levar à sua incapacidade funcional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).Diante dos avanços tecnológicos na área da saúde houve um aumento na longevidade do ser humano, fator este que favoreceu para o aumento de condições crônicas, nas quais se incluem as Úlceras por Pressão (CAMARGO, 2007). O grande desenvolvimento na área celular, nas últimas três décadas, tem levado os profissionais de saúde que atuam na prevenção e tratamento de feridas a uma revisão dos conhecimentos e procedimentos tradicionais, muitos dos quais empregados desde a antiguidade e, acima de tudo, ao reconhecimento de que a lesão de pele é apenas um aspecto de todo o holístico, que é o ser humano. Esse motivo exige atuação interdisciplinar, por meio de intervenções integradas e sistematizadas, fundamentadas em um processo de tomada de decisão que almeja, como resultado final, a restauração tissular com o melhor nível estético e funcional possível (CAMARGO, 2007). Entre as feridas que mais acometem esses brasileiros temos a úlcera por pressão (UP) um tipo de lesão que pode acometer o tecido epitelial, tecido adiposo, tecido muscular e tecido ósseo e que pode ser encontrada na região superior que envolve os ombros, cotovelos e osso occipital; região coccígena; colo do fêmur; tornozelos e calcanhares(CANDIDO, 2001). A úlcera por pressão tem sido considerada como um resultado negativo do cuidado de enfermagem, pois essas Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 lesões são ocasionadas devido à compressão local dos tecidos com proeminência óssea e, os tecidos sofrem processo destrutivo devido ao comprometimento da circulação sanguínea do local, levando a morte tecidual. Portanto, isso nos leva a avaliar a assistência de enfermagem ao paciente hospitalizado, pois o surgimento dessa lesão torna evidente que a assistência prestada pela equipe de enfermagem foi insuficiente. Sabe-se que o profissional de enfermagem possui um papel fundamental no que se refere ao cuidado holístico do paciente, como também desempenha um trabalho de extrema relevância na prevenção das úlceras por pressão e no tratamento. Isso porque tem maior contato com este, acompanha a evolução da lesão, orienta e executa o curativo, bem como detém maior domínio dessa técnica, em virtude de ter, na sua formação, componentes curriculares voltados para esta prática e da equipe de enfermagem desenvolvê-la como uma de suas atribuições(TUYAMA, 2004). A incidência desse tipo de ferida é um indicador de qualidade da assistência prestada e as medidas de prevenção destas lesões devem ser utilizadas tanto na assistência hospitalar quanto domiciliar dos indivíduos de médio e alto risco (BORK, 2005). Assim, é necessário capacitar os profissionais que atuam diretamente no cuidado de úlceras por pressão, pois a falta de conhecimento ou até mesmo o conhecimento incorreto pode acarretar num tratamento errôneo, numa insegurança na orientação da equipe de enfermagem e num registro que não condiz com a realidade. Interferindo assim na qualidade da assistência prestada, o que pode elevar o seu custo. Portanto, torna-se fundamental a educação continuada das equipes que lidam diretamente com o tratamento das úlceras por pressão. Que cada membro faça sua parte com objetivo num todo. Dessa forma surgiu-se a necessidade de se analisar a percepção do profissional enfermeiro sobre a avaliação das úlceras por pressão em pacientes hospitalizados. Apesar de ser uma supervisão multiprofissional, é o enfermeiro quem lida direta e continuamente tanto com o paciente como junto aos outros profissionais que abordam o paciente. O enfermeiro se torna o elo entre a equipe, tanto de enfermagem quanto de outras especializações e o paciente. Vale salientar, ainda, a importância da associação dos curativos que serão utilizados a partir da sistematização do tratamento, ou seja, da analise feita na Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 avaliação da úlcera por pressão e, de acordo com os aspectos e evolução da ferida, decidir pelo tipo de cobertura mais eficaz. Dessa forma, será possível projetar um caminho clínico, pelo qual o profissional de enfermagem acompanhará a evolução das diversas etapas do tratamento da úlcera por pressão, como também realizará um planejamento de tratamento adequado, através de métodos terapêuticos que poderão ser aplicados juntamente com uma equipe multidisciplinar que, por sua vez, utilizará procedimentos e materiais, com a finalidade de levar a cicatrização da ferida sem complicações, com a restauração das funções e prevenção das sequelas (FERNANDES, 2002). METODOLOGIA Trata-se de um estudo qualitativo, desenvolvido em um hospital filantrópico do Vale do Mucuri, no Estado de Minas Gerais. Foram entrevistados enfermeiros de todos os setores do hospital onde atuam na assistência ao tipo de paciente alvo para o estudo (Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, UTI). Totalizando 08 enfermeiros, no estudo. A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro a março de 2009, por meio de questionário semi-estruturado, durante o plantão dos enfermeiros. As entrevistas individuais foram iniciadas somente após os participantes serem informados sobre o objetivo do estudo, assegurados do anonimato dos nomes e após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para analise das entrevistas foi utilizado uma estratégia metodológica realizada mediante as seguintes etapas: na primeira ocorreu a transcrição das entrevistas e a leitura minuciosa das respostas, procurando destacar as expressõeschave de cada discurso individual; na segunda foram identificadas as ideias centrais relacionadas a cada expressão-chave evidenciada na primeira etapa, possibilitando a formação de uma descrição sucinta do sentido do depoimento referentes às expressões-chave; na terceira foram selecionadas as ideias centrais semelhantes ou complementares, transcrevendo-as de acordo com os termos utilizados pelos participantes do estudo e, na quarta e última etapa, o discurso do sujeito coletivo foi construído através da compilação das expressões-chave e das idéias centrais semelhantes ou complementares, originando vários discursos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Entre os enfermeiros participantes do estudo a idade variou de 25 a 53 anos. O tempo de formação acadêmica em enfermagem variou de 2 anos a 20 anos e o de atuação na instituição prestando cuidados relativos ao tratamento de feridas foi de até 15 anos. Os resultados das questões aplicadas aos enfermeiros serão expostos em forma de síntese, contendo as ideias centrais da pesquisa para maior compreensão dos fatores que envolvem as avaliações dos enfermeiros sobre os estágios das úlceras por pressão. Dessa forma as respectivas ideias centrais e discursos-síntese os quais deram origem ao estudo estão citadas abaixo na fala dos próprios enfermeiros da instituição. Questão 1 - Quando você troca um curativo, avalia somente a ferida ou o paciente todo? CMG, 25 anos, 2 anos de profissão. “tento avaliar tudo desde o que levou a abertura da ferida: restrição ao leito, nutrição, higiene, condições socioeconômicas, pois acredito que tudo isso influência na cicatrização dessa ferida, principalmente em pacientes mais debilitados ou que tem alguma resistência ao tratamento, acredito que nesse tipo de paciente tem algum fator psicológico que influencie nessa resistência, tem pacientes de tudo os tipos, temos que saber lidar com isso para facilitar nosso trabalho e ajudá-lo” AAMP, 32 anos, 6 anos de profissão. “procuro vê esse paciente de forma holística, pois algum fator levou a abertura dessa úlcera e outros fatores podem fazer com que a cicatrização demore com: um diabetes ou hipertensão”. MMS, 53 anos, 20 anos de profissão. “avalio o estado nutricional, qual é a patologia, se tem condições de vida que levou a abertura da úlcera, acredito que dessa forma estou vendo o paciente de forma holística e não só aquela ferida”. Questão 2 - Quais aspectos, relacionados ao paciente, você avalia antes de realizar um curativo? CMG, 25 anos, 2 anos de profissão. “nutrição, estado físico, se consegue deambular, se estar restrito ao leito, procuro avaliar tudo referente a patologia do paciente antes de iniciar o curativo”. AAMP, 32 anos, 6 anos de profissão. “não avalio muita coisa, chego e faço o curativo, não tenho muito tempo, pois o número de pacientes é grande”. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 MMS, 53 anos, 20 anos de profissão. “vejo-o de forma completa, o que levou a abertura da úlcera por pressão, se ele tem algum fator que favorece para abertura da úlcera e tento traçar um plano para cicatrizar a mesma o mais rápido possível”. KR, 34 anos, 6 anos de profissão. “não tenho muita experiência na área de curativos, avalio a ferida”. Questão 3 - Quais aspectos você avalia numa úlcera por pressão? AAMP, 32 anos, 6 anos de profissão. “avalio tecido de granulação, exsudato, tamanho da ferida, há quanto tempo surgiu o ferimento, qual patologia influência na cicatrização...” MMS, 53 anos, 20 anos de profissão. “ ... o estágio da úlcera se é grau I,II, III ou IV, e se precisa fazer exame da secreção, principalmente se tiver odor pois ai tem que entrar com antibiótico.” KR, 34 anos, 6 anos de profissão. “O grau da úlcera, a profundidade, o exsudato se estar melhorando com o tratamento se o paciente teve alguma reação ao curativo, apesar de termos muitas coberturas, disponíveis no hospital.” EML, 45 anos, 15 anos de profissão. “Características gerais: secreção, tecido de granulação, fibrina, qual curativo eu posso usar, apesar de não saber muita coisa sobre os novos tipos de tratamento, uso na maioria das vezes: solução fisiológica e papaína.” Questão 4 - A instituição em que você trabalha dispõe de algum protocolo para Úlcera por Pressão? CMG, 25 anos, 2 anos de profissão: “temos um protocolo, utilizamos de vez em quando, quando tenho alguma dúvida, pergunto para o angiolosgista”. AAMP, 32 anos, 6 anos de profissão. “A instituição tem um protocolo, utilizo-o, pois tem todos os graus da úlcera por pressão descritos no protocolo, as características que devo avaliar, recorro ao protocolo para tudo, até mesmo para depois descrever no prontuário”. MMS, 53 anos, 20 anos de profissão. “ O protocolo me ajuda muito”. EML, 45 anos, 15 anos de profissão. “ Não utilizo muito, tento relatar na evolução de enfermagem, o que vejo e analiso com minha própria experiência”. Questão 5 – Que tipos de dificuldades você encontra para avaliar uma ferida? Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 CMG, 25 anos, 2 anos de profissão. “ tenho muitas dúvidas, dificuldades, como medir a profundidade? Como medir a largura? Não sei se estou fazendo certo”. AAMP, 32 anos, 6 anos de profissão. “ de vez em quando, tem algumas feridas que não sei como descrever” MMS, 53 anos, 20 anos de profissão. “ não encontro muita dificuldade em avaliar, mas sim em estabelecer o tratamento”. KR, 34 anos, 6 anos de profissão. “quando não estamos muito bem capacitados sempre surgi alguma dificuldade, principalmente no tratamento”. Questão 6 - Que recursos materiais, você utiliza na prática, para realizar a avaliação das úlceras por pressão? AAMP, 32 anos, 6 anos de profissão. “Não temos muitos recursos disponíveis no hospital por ser um hospital filantrópico... temos dificuldade de avaliar as úlcera, pois não temos material específico para essa avaliação”. MMS, 53 anos, 20 anos de profissão. “Falta muito material no hospital, tenho dificuldade de avaliar a ferida, sinto essa deficiência por parte do hospital, não temos capacitação pra fazer avaliação da ferida e ainda falta material, sei que precisa de régua, swab... tento ficar informada sobre o tratamento desse tipo de lesão, mas não temos incentivo por parte da instituição... improviso o material, uso a própria tesoura para avaliar a profundidade ou uma agulha”. KR, 34 anos, 6 anos de profissão. “... uso o swab para avaliar a bactéria que esta contaminando a lesão. Não tem como tirar fotos, pois o hospital não disponibiliza a máquina fotográfica, caso queria acompanhar a evolução da úlcera temos que utilizar máquinas fotográficas nossas”. Questão 7 - Há falta de treinamento específico e experiência para realizar a avaliação e o tratamento da ferida? CMG, 25 anos, 2 anos de profissão. “Com certeza, procuro me atualizar através de livros, tenho pouco tempo de formação acadêmica, isso dificulta, além do que minha especialização é em saúde publica, tenho muita dificuldade mas estou tentando ficar atualizada e aprimorar meu trabalho”. AAMP, 32 anos, 6 anos de profissão. “Consigo avaliar algumas lesões, outras são mais complexas, mas em questão do estágio da úlcera por pressão já aprendi avaliar”. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 MMS, 53 anos, 20 anos de profissão. “O tempo trás muita experiência, mas falta treinamento sei que o tratamento desse tipo de ferida evolui mas não nos é passado nada, poderíamos, ter capacitação através de cursos”. KR, 34 anos, 6 anos de profissão. “ Sei algumas coisas, mas acredito que poderia saber muito mais, encontro algumas barreiras, mas sempre tenho a ajuda de alguém”. EML, 45 anos, 15 anos de profissão. “Falta por parte do hospital uma capacitação para aprimorar o nosso trabalho nessa área, vejo a dificuldade que encontramos ao começar, falta muito para que nosso trabalho seja realizado como deveria”. Questão 8 - Você encontra barreiras impostas por outros profissionais para o tratamento de feridas? CMG, 25 anos, 2 anos de profissão. “sim, pois fazemos a avaliação, mas não podemos intervir com medicamentos que não sejam prescritos pelos médicos”. AAMP, 32 anos, 6 anos de profissão. “Não aceitam muito a intervenção de uma enfermeira no tratamento”. MMS, 53 anos, 20 anos de profissão. “Os médicos não discutem muito com os enfermeiros sobre tratamento de pacientes, fica complicado de trabalhar porque o dialogo é difícil”. KR, 34 anos, 6 anos de profissão. “Falta harmonia nas decisões, tenho certeza que seria ótimo se discutíssemos o tratamento da ferida com o médico”. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo possibilitou uma melhor compreensão das condições vivenciadas pelos enfermeiros que atuam no acompanhamento a pacientes portadores de úlceras por pressão, apontando suas potencialidades, dificuldades e limitações. Dessa forma percebe-se que a avaliação realizada pelos enfermeiros constitui um processo indispensável para o tratamento das úlceras por pressão. Principalmente no processo de averiguar os aspectos das feridas e avaliar os estágios das úlceras por pressão. Verificou-se que a falta de material conduz a uma avaliação superficial e que a presença de um protocolo pode se tornar um fator irrelevante diante das dificuldades encontradas. Como a falta de entrosamento da equipe em discutir os problemas encontrados, a imposição de outros profissionais quanto à conduta a ser tomada e a falta de treinamento específico. Sendo estas as principais dificuldades encontradas pelos enfermeiros do hospital em estudo. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Evidenciou-se a necessidade de melhorar o acesso dos profissionais a recursos materiais adequados, a treinamentos específicos e ao desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar tornando-se fatores indispensáveis para que possam ser viabilizadas as condições necessárias para avaliação e estabelecimento de condutas terapêuticas eficazes nesse processo. Mediante o exposto, torna-se necessário a implementação de recursos que visem primeiramente viabilizar o trabalho dos profissionais de saúde, juntamente a uma educação continuada que elabore estratégias e desenvolva ações de treinamento contínuo, através de palestras e pesquisas, buscando um maior aprofundamento acerca da temática e, com isso, atuar com maior segurança no processo de avaliação de ferida. O conhecimento é um fator de grande relevância,entretanto, torna-se imprescindível que o enfermeiro disponha também de recursos materiais para desenvolver suas atividades com maior qualidade. REFÊRENCIAS BIBLIOGRAFIA MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Políticas de Saúde, Departamento de Atenção Básica. Manual de condutas para úlceras neutróficas e traumáticas. Brasília: MS; 2002. SOUZA, D.M.S.T. Úlceras por pressão e envelhecimento. Rev. Estima. São Paulo. Vol 4 (1). 2006. BLANES L.; DUARTE I.S.; CALIL J.A.; FERREIRA L.M. Avaliação clínica e epidemiológica das úlceras por pressão em pacientes internados no Hospital São Paulo. Revista da Associação Médica Brasileira. vol.50. nº2. São Paulo: Abril/Jan. 2004. BORK, A.M.T. Enfermagem Baseada em Evidências. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. COSTA, Idevânia Geraldina, CALIRI, Maria Helena Larcher. Incidência de úlcera de pressão e fatores de risco relacionados em pacientes de um centro deTerapiaIntensiva. Riberão Preto, 2003. 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Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PERFIL DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS PARA O TRATAMENTO DA DOR PELOS PARTICIPANTES DO III FÓRUM ACADÊMICO DA DA FACULDADE VÉRTICE - UNIVÉRTIX – MATIPÓ MG Thamires Soares de Medeiros e Ludimila Gardingo Silva – Graduandas em Farmácia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Valter Mageste de Ornelas – Graduado em Química, Mestre em Educação, Professorda Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes -Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Fernanda Cristina Ferrari– Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Muitos medicamentos utilizados para tratar a dor são vendidos sem a exigência de uma prescrição médica e muitas vezes consumidos de maneira inadequada pelos praticantes da automedicação. O presente estudo retrata a utilização de medicamentos analgésicos por participantes do III Fórum Acadêmico da Da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX, em Matipó/MG, ocorrido em 2010. Os resultados mostram que 89,8% dos pesquisados já utilizaram medicamento para tratar algum tipo de dor sem uma prescrição médica. O paracetamol e a dipirona foram consumidos por 23,6% e 21,3% dos participantes, respectivamente. Houve relato de reações indesejadas atribuídas aos medicamentos por 10,2% dos participantes da pesquisa o que reforça a cautela que se deve buscar em relação à prática da automedicação e aponta a necessidade de disseminar orientações sobre o uso racional de medicamentos. PALAVRAS-CHAVE: Automedicação; Analgésicos;Dor crônica; Faculdade Vértice UNIVÉRTIX; Matipó. INTRODUÇÃO E REFERENCIAL TEÓRICO De acordo com a Associação Internacional para Estudos daDor (IASP) o conceito para dor seria “uma experiência sensorial e emocional desagradávelassociada a um dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita emtermos de tais lesões”. Trata-se de uma experiência subjetiva e pessoal que alcança variáveis socioculturais e psíquicas do indivíduo e do meio (DELLAROZAet al., 2008). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Ao mesmo tempo, a sensação de dor é fundamental para a sobrevivência, pois representa um indicador de qualquer lesão tecidual, podendo se iniciar em qualquer parte do corpo ou no próprio sistema nervoso central (SILVA e RIBEIROFILHO, 2011). O alívio da dor é buscado por todas as pessoas em algum momento da vida e uma das classes de fármacos mais utilizadas para alcançar esse objetivo são os anti-inflamatórios não-esteróides – AINEs. Fármacos dessa classe podem ser utilizados como antipiréticos, analgésicos e antiinflamatórios e atuam inibindo a enzima ciclooxigenase e dessa forma, reduzindo a produção de prostaglandinas e tromboxanos mediadores de dor e inflamação (DALE at al., 2007). Como vários AINEs estão à disposição para venda livre geralmente são consumidos na ausência de prescrição médica. Dois exemplos clássicos de fármacos dessa classe são o paracetamol e a dipirona que sempre estão entre os 10 medicamentos mais vendidos no Brasil (IMS Health) e devido à eficácia de ambos, muito se discute em relação ao estabelecimento de qual seria o mais seguro (WANNMACHER 2005). No entanto nenhum fármaco é inócuo e a automedicação pode acarretar consequências indesejáveis como reações adversas graves, reações de hipersensibilidade e resistência bacteriana (VILARINOet al.,1998). Em 2010 um trabalho mostrou que na Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX, em Matipó/MG, 86,7% dos alunos e 92,7% dos professores pesquisados praticavam a automedicação e os medicamentos mais referidos eram para resfriados e gripes, principalmente analgésicos e antitérmicos (CARVALHO et al., 2010). O presente estudo pretende analisar o perfil da utilização de medicamentos analgésicos por participantes do III Fórum Acadêmico – FAVE, da Da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX – Univértix, em Matipó, MG. O objetivo é conhecer aspectos qualitativos e quantitativos desta prática para fundamentar ações futuras que estimulem o uso racional desses medicamentos. METODOLOGIA O trabalho constituiu um estudo transversal de base populacional direcionado aos participantes do III Fórum Acadêmico – FAVE, da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX, em Matipó/MG, ocorrido em 2010. Os dados foram obtidos por meio de questionários, aplicados à população do estudopelos alunos dos atuais 5o e Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 6operíodos do curso de Farmácia da referida instituição de Ensino. Não houve nenhum tipo de seleção para definir a amostra, sendo abordados alunos e funcionários da referida instituição e de outras e participantes externos como visitantes e membros da população local. A aplicação dos questionários foi realizada no segundo dia do evento, 20 de outubro de 2010. Foi aplicado um questionário padronizado, com informações de fácil compreensão, com perguntas relacionadas à utilização de analgésicos e algumas características dos participantes.As questões foram codificadas diretamente no questionário e as respostas foram digitadas em banco de dados padronizado no software Microsoft Office Excel para realização de análises estatísticas. A Faculdade Vértice - UNIVÉRTIXé uma instituição de ensino superior localizada na cidade de Matipó – MG. Possui 8 cursos de graduação sendo 3 deles relacionados a grande área das Ciências da Saúde – Farmácia, Enfermagem e Medicina Veterinária. Anualmente acontece na instituição o Fórum Acadêmico que constitui um evento de caráter científico, artístico e cultural proporcionando integração entre as diversas áreas do conhecimento e atraindo um público diversificado. Foi elaborado um Termo de Consentimento Livre Esclarecido de acordo com as determinações da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), gerando um consentimento informado dos participantes para garantir o cumprimento dos deveres e direitos dos mesmos na pesquisa. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos participantes do evento que responderam ao questionário da pesquisa, 52,0% foram mulheres. A faixa etária apresentou uma variação de acordo com a Figura 1, demonstrando que 64,3% possuíam entre 20 a 39 anos. A automedicação, que se relaciona com a compra ou utilização de medicamentos sem prescrição, foi referida por 89,8% dos participantes. Este valor é muito superior aos 69,9% encontrado por Piotto et al., (2009) e aos 47,6% observados por Loyola-Filho et al. (2002). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Figura 1 – Distribuição em faixas etárias dos pesquisados A grande maioria dos participantes, 75,5%, declarou que consumiram estes medicamentos seguindo a recomendação de alguém. A Figura 2 demonstra quais as fontes de recomendações e/ou indicações que os participantes recorreram para utilizar os analgésicos. Figura 2 – Fontes das recomendações dos analgésicos recorridas pelos pesquisados. O resultado mais expressivo, quanto à recomendação de analgésicos, obtido neste trabalho, foi que 53,8% referiram utilizar algum medicamento devido à influência de amigos e conhecidos. Resultado este, muito diferente daquele observado no levantamento de Vosgerau, Soares e Souza (2008) (12,6%). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Piotto et al., (2009) encontraram um perfil diferente quanto a utilização de medicamentos devido a experiências anteriores. No estudo realizado por estes pequisadores, 9,1% referiram utilizar medicamentos para dor recorrendo a receitas médicas anteriores. A maioria dos investigados respondeu ter procurado orientação do farmacêutico (63,3%). Outra maneira de buscar informação apontada pelos pesquisados foi através dos balconistas da farmácia. O resultado, 45,9%, foi muito diferente daquele observado por Piotto et al., (2009) que foi de 4,8%. Este fato pode ter relação com a grande influência que os balconistas podem exercer no momento da compra e venda de medicamentos para dor e desta forma, justificar a grande diferença da prevalência do consumo destes medicamentos encontrado neste estudo. Ainda sobre a busca de informações, Vosgerau, Soares e Souza (2008) encontraram também um perfil muito diferenciado, onde apenas 13,4% dos investigados declararam procurar o farmacêutico e/ou balconista. Quando foram questionados se já teriam utilizado receitas médicas antigas que possuíam medicamentos para dor, 32,6% responderam que sim. Dos pesquisados que haviam recorrido a receitas antigas, 25,5% afirmaram que as receitas eram deles mesmos, mas os outros chegaram a recorrer a receitas de outras pessoas (7,1%). Foram investigados qual ou quais os medicamentos para dor os participantes costumavam utilizar e o resultado pode ser observado na Figura 3. Destaca-se o maior consumo dos medicamentos paracetamol (23,6%) e dipirona (21,3%). Souza et al., (2011) investigando estudantes da área de saúde, apontaram que a dipirona foi referida por 59,0% e o paracetamol por 19,8% dos investigados. E no estudo de Piotto et al., (2009), a dipirona aparece como a segunda mais consumida. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Figura 3 – Medicamentos mais utilizados como analgésicos pelos pesquisados Esses dois representantes mais utilizados da classe dos AINES são sempre alvos de discussões para definir qual seria o preferencial. A dipirona não é comercializada em todos os países de forma indiscriminada como ocorre no Brasil devido às discrasias sanguíneas que são atribuídas a ela. Tais efeitos são considerados idiossincrásicos, para os quais podem contribuir fatores genéticos, idade e duração de tratamento. Como estes efeitos são imprevisíveis, a dipirona não deve ser a primeira escolha em pacientes febris ou com dor leve(WANNMACHER 2005). Seu uso indiscriminado praticado pela automedicação inclusive pelos participantes desse estudo representa um risco que ainda precisa ser melhor avaliado e estabelecido. Na maioria dos casos, o paracetamol apresenta segurança e se mostra útil no tratamento da dor e febre em pacientes de todas as idades, desde que usado em doses terapêuticas adequadas (WANNMACHEr 2005). Além dos fármacos paracetamol e dipirona utilizados de forma isolada nas apresentações farmacêuticas presentes no mercado, existem as associações desses com outros princípios ativos. Alguns representantes dessas associações fizeram parte da presente pesquisa (Figura 3), (Dorflex® e Neosaldina®) e também foram relatados pelos participantes da investigação conduzida por Piotto et al., (2009). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Os pesquisados afirmaram que utilizaram os analgésicos durante 1 dia (41,8%), 2 dias (23,5%), de 3 a 5 dias (21,4%) ou mais de 5 dias (11,2%). Os problemas para os quais os pesquisados utilizaram os analgésicos ou acreditaram ser o motivo da dor que sentiam, estão relacionados na Figura 4, apontando um maior percentual para dor de cabeça (52%). Quando foram questionados em relação à duração desses sintomas, 92,8% afirmaram duração entre 1 a 6 dias, 5,2% alegaram duração maior que 1 semana e 1% alegou duração maior que 15 dias. 28,6% afirmaram que os sintomas para os quais utilizaram os analgésicos ocorrem com certa frequência enquanto 71,4% afirmaram que não há uma frequência para os sintomas relatados. Figura 4 – Problemas de saúde que os pesquisados afirmaram possuir ao utilizar os analgésicos Quando foram questionados em relação à ocorrência de algum efeito colateral relacionado ao uso do medicamento para tratar dor, 10,2% afirmaram que já observaram algum tipo de reação indesejada, sendo os mais freqüentes relatados como dor no estômago (8,1%) e náusea ou vômito (6,1%). O que pode ser confirmado por dados literários que afirmam que eventos gastrintestinais são os principais efeitos colaterais relacionados aos AINEs devido à inibição da ciclooxigenase-1 (COX-1) gástrica, enzima responsável pela síntese das prostaglandinas que protegem a mucosa estomacal (DALE et al., 2007). Apesar de serem reações indesejáveis que podem ser consideradas de baixa gravidade, é preciso ter cautela em relação ao uso abusivo desses medicamentos. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Estudos relatam que 30,7% dos casos registrados de intoxicação e/ou envenenamento no Brasil são decorrentes da utilização de medicamentos (SINITOX, 2011). Ainda na classe dos AINEs, além dos efeitos indesejados gástricos, podem ocorrer reações cutâneas, efeitos adversos renais, distúrbios hepáticos e até mesmo depressão da medula óssea, sendo os dois últimos relativamente incomuns (DALE et al., 2007). Além de todos os agravantes relacionados, a automedicação pode mascarar diagnósticos na fase inicial da doença, dificultando o tratamento correto para aquele real motivo que está causando a dor (AUTOMEDICAÇÃO 2001). CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo apontou a necessidade de realizar a promoção de orientações para o uso racional de medicamentos para dor, pois muitas pessoas os utilizam de maneira incorreta podendo agravar ainda mais o problema relacionado à dor. Com o consumo de medicamentos em situações desnecessárias, podem ocorrer reações indesejadas e até mesmo casos de intoxicações mais graves. As pessoas devem receber aconselhamento dos profissionais de saúde com a finalidade de disseminar o uso racional de medicamentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, A. S.; PAULA, R. A. F.; FERRARI, F.C.; FONTES, R. A.Automedicação referida por professores e acadêmicos da área de saúde da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX – Matipó/MG. Anais do III FAVE. ISSN: 2178-7301, 2010. Conselho Nacional de Saúde (BR). Resolução n. 196/96.Dispõe sobre diretrizes e normas regulamentadoras depesquisas envolvendo seres humanos. Brasília (DF): Conselho Nacional de Saúde; 1996. DALE, M.M.; RITTER, J.M.; RANG, H.P. 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Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: CONSTRUINDO CONDUTAS COOPERATIVAS Ledy Rodrigues Pinheiro Pontes –Licenciada em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educación Física, el deporte y la Recreación Márcio Lopes de Oliveira - Bacharel e Licenciado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educación Física, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVERTIX Kátia Imaculada Moreira – Bacharel e Licenciada em Dança, Especialista em Metodologia da Pesquisa, Professora da Faculdade Vértice - UNIVERTIX [email protected] RESUMO Dados preliminares demonstram que os professores acreditam que a violência dentro das escolas está aumentando, não só, quantitativamente, mas também qualitativamente, sendo considerados atos que se apresentam como reflexo de uma violência social. Analisa-se neste artigo a importância dos jogos cooperativos no contexto do Ensino Fundamental, nas aulas de Educação Física, para a construção de condutas cooperativas. Realiza-se um resgate bibliográfico de trabalhos desenvolvidos por renomados autores sobre a temática proposta, considerando os jogos cooperativos como um dos recursos possível de ser implementados nas aulas de Educação Física, por apresentarem uma estrutura alternativa aos jogos formais, os quais são baseados apenas em atitudes antagonistas, como ganhar e perder. PALAVRAS-CHAVE: Jogos cooperativos; Cooperação; Escola. INTRODUÇÃO Considerando-se o sistema educacional, a Educação Física (EF) comparada às demais disciplinas curriculares do Ensino Fundamental, vem ocupando um espaço diferenciado nas últimas décadas, deixando de ser relegada a um segundo plano como uma complementação curricular. Sem dúvidas esta constatação é fruto das novas exigências sociais que demandam mais cooperação nas atitudes das pessoas. Desta forma, a EF passa a ocupar um lugar de destaque, pois apenas ler, escrever e contar, através dos tempos, não constitui um sistema que visa fornecer oportunidades iguais para todos, e, ao mesmo tempo, preparar o quadro para o avanço e a melhoria do aspecto socioeconômico e político da sociedade. A responsabilidade dos educadores de EF com relação ao futuro é central e é preciso entender o seu papel numa rede complexa de responsabilidades, de forma mais salutar e progressista nas escolas. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Partindo destes pressupostos é que se estruturou este estudo, que visa analisar a importância dos jogos cooperativos no contexto do Ensino Fundamental para a construção de condutas cooperativas. Esse tema justifica-se pelos dados preliminares que demonstram que os professores acreditam que a violência dentro das escolas está aumentando, não só, quantitativamente, mas também qualitativamente, sendo considerados atos que se apresentam como reflexo de uma violência social. Percebe-se um acentuado aumento do individualismo e da competição, corroborando para uma falta de atitudes e condutas de companheirismo e de cooperação. As aulas de EF, por suas características, deveriam ser um espaço diferenciado, onde, através de suas atividades representasse um ambiente de possibilidades mais concretas de interação e de aprendizagem, em que o conviver e o divertir-se com o outro pudessem ser valorizados, assimilando, inclusive, as regras sociais de convivência desde os primeiros anos de escolarização. A própria falta de estímulos positivos, de conscientização e o profundo desconhecimento do universo lúdico fomentam atos agressivos e o exagero da competitividade, que vão, por sua vez, conduzir as crianças a atitudes de rebeldia. Para a realização de um processo de construção de uma conduta cooperativa, faz-se necessária a redução desta agressividade ao mesmo tempo em que isso pode ser conquistado por meio de uma concepção, por parte do professor, das aulas de EF sob um novo olhar, com objetivos, estratégias, conteúdos e orientações metodológicas de ação para o desenvolvimento da conduta cooperativa por meio de atividades lúdicas que envolvam jogos e esportes cooperativos. É nesse contexto que aparecem os jogos cooperativos como um dos recursos possível de ser implementados na EF, por apresentarem uma estrutura alternativa aos jogos formais, os quais são baseados apenas em atitudes antagonistas, como ganhar e perder. Os jogos cooperativos apresentam a necessidade de ações onde os participantes colaboram entre si, para que um objetivo comum seja alcançado. Existe a necessidade de jogar uns com os outros, superar desafios conjuntos, compartilhar sucessos, vencer juntos e quebrar as barreiras do individualismo. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Um dos principais objetivos dos jogos cooperativos, enfatizado por Brotto (2001), é o de levar as pessoas a vencer os desafios, limites e medos pessoais, ultrapassando a idéia de que o importante é superar os outros. O objetivo deste estudo foi verificar a relação entre a prática pedagógica do professor de Educação Física nas séries inicias do ensino fundamental e sua relação com a prática dos Jogos Cooperativos. REFERENCIAL TEÓRICO Ao analisar-se a palavra jogo, nota-se que vários podem ser seus significados. Jogo pode ser “desde simples ações como jogar o brinquedo no chão e isso ser engraçado, se repetido por várias vezes por um bebê, _que para Piaget não tem outra finalidade que não o próprio prazer do funcionamento_ passando por brincadeiras simbólicas que as crianças fazem com os seus faz-de-conta até o jogo de regras, de forma mais estruturada, onde as normas por sua maioria são estabelecidas pelo próprio grupo que as cria”. Segundo Piaget, citado por Freire (1998), “a regra é uma regularidade imposta pelo grupo, e de tal sorte que a sua violação representa uma falta” (FREIRE, 1998, p.116). Para Brougére (2003) a palavra jogo pode ser entendida como o que o vocabulário científico denomina de atividade lúdica quer essa denominação diga respeito a um reconhecimento objetivo por observação externa ou ao sentimento pessoal que cada um pode ter, em certas circunstâncias, de participar de um jogo. Portanto, compreende-se que jogar, pode ser até um auxílio pedagógico e um facilitador do processo ensino-aprendizagem, em ambiente escolar, porém não só isso. Tal processo torna-se relevante ao considerar-se que a maioria das pessoas passa por este caminho. Torna-se, importante saber como lidar com o jogo para a construção do conhecimento dentro do processo pedagógico, compreendendo, pois, como é desenvolvida a proposta de jogos cooperativos. A abordagem conceitual de jogos cooperativos pressupõe uma compreensão de buscar-se saber que este tem sua origem observada na cultura ocidental, em função de uma preocupação com a excessiva valorização dada ao individualismo e à competição exacerbada, da sociedade moderna. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 [...] nós não ensinamos nossas crianças a terem prazer em buscar o conhecimento, nós as ensinamos a se esforçarem para conseguir notas altas. Da mesma forma, não as ensinamos a gostar dos esportes, nós as ensinamos a vencer jogos (ORLICK, 1989, IN BROTTO, 2001, p. 24). Os jogos cooperativos datam de muito tempo e têm acompanhado a História, na mesma proporção. Começou a milhares de anos, quando membros das comunidades tribais se uniam para celebrar a vida (ORLICK, 1989 IN BROTTO, 2001). No entanto, como delimitação e base do estudo de Brotto (2001), data a partir de experiências e publicações da década de 50, para o mundo ocidental e em particular, no Brasil. Os jogos cooperativos são exercícios para compartilhar, unir pessoas, despertar a coragem para assumir riscos, tendo pouca preocupação com o fracasso e o sucesso em si mesmos, mas sim uma fonte de prazer. Promovem o encontro onde reforçam a confiança pessoal e interpessoal uma vez que ganhar e perder já não são tão essenciais; são apenas referências para um contínuo aperfeiçoamento de todos, vislumbrando ao final deste caminho um verdadeiro exercício educativo para a paz. Os jogos cooperativos são jogos com estrutura onde os participantes jogam uns com os outros e não contra. A competição e a cooperação são partes de um todo. O importante é a forma de abordagem. Um jogo pode ser predominantemente competitivo, num momento e em outro cooperativo. O mais importante é o esclarecimento de ambos e não a oposição (BROTTO, 2001). Na sociedade competitiva, a hipervalorização da competição se manifesta nos jogos através da ênfase no vencer, sendo a vitória o resultado sempre esperado. Sendo assim, segundo Kohn, citado por Brotto (2001) os jogos tornaram-se um espaço de tensão e ilusão, dentro de uma sociedade competitiva. Dessa forma, faz-se necessário resgatar, recriar e difundir os jogos cooperativos como um exercício de potencialização de valores e atitudes, capaz de favorecer o desenvolvimento de uma conduta cooperativa - que é diferente de competitiva. Os estudos dos referidos autores em questão têm demonstrado que é através das aulas de EF que o profissional se dispõe do momento ideal para oferecer vivências relacionadas com os jogos cooperativos, pois na escola o enfoque Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 pedagógico, permite-lhes uma brecha para isso. É também neste momento que o aluno está desenvolvendo a construção do seu conhecimento voltado para a cultura corporal de movimento. Então se torna viável nas aulas de EF, abordagens cooperativas. No tocante à competição, acredita-se que esta é importante sim, desde o momento que os professores deixem claro que a competição é com e não contra. O professor adotando esta conduta estará colaborando para que cada aluno considere-se como um ser humano que escolhe a melhor forma de se posicionar diante das atitudes que precisará tomar ao longo de sua vida. Segundo Kunz (1994), quando se organiza o grupo a ser trabalhado, com um planejamento voltado para disponibilizar um trabalho didático esportivo, o aprendizado de valores como cooperação, solidariedade e austeridade estão intrínsecos dentro do processo. A premiação poderá ligar-se ao fato do grupo adquirir uma melhor maturidade e, assim, desenvolver um melhor trabalho, nesse caso considerando que num grupo todos são importantes e numa equipe um depende do trabalho do outro, ou seja, o trabalho de todos se somatiza, por isso todos precisam cooperar. Quando se disponibiliza aos alunos um aprendizado imbuído em princípios educativos, onde os valores estejam voltados para o espírito de colaboração, de se importar com o outro, com atividades em que todos possam participar sem medo de errar, estar-se a construir, neste momento, uma dinâmica de ensino onde a agressão fique cada vez mais, diminuída, dando espaço às condutas cooperativas. Uma definição bastante aceita nos estudos psicológicos é que “agressão é qualquer comportamento com intenção de ferir alguém física ou verbalmente” (WEITEN, 2002, p. 387). Crick e Grotpeter apud SHAFFER, 2005 afirmam que a chamada agressão relacional ou agressão social, que envolve insultos e rejeição social é mais prejudicial à formação da pessoa, sendo uma forma de ataque social. A agressão se inicia “a partir de um auto-conceito ede uma regulação emocional inadequados durante os primeiros anos da pré-escola e pode se tornar um sério problema social à medida que o tempo passa” (BERGER, 2003, p. 202). Para Montagu (1976), com relação a esse comportamento, é necessário entender as maneiras como a sociedade se comporta, considerando que atualmente ela se encontra em constantes modificações. Isso é o que se presencia Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 cotidianamente, pessoas cada vez mais preocupadas com o trabalho e, consequentemente, menos preocupadas com a família, participando cada vez menos de momentos conjuntos. Esse ambiente de desagregação pode comprometer as crianças, tornando-as agressivas, podendo afetar o comportamento da criança na escola, quando a criança, na busca de chamar a atenção do professor, agride um colega. A psicóloga Locatelli (2009) afirma que um comportamento agressivo constante é sempre um indicador de que algo não vai bem com a criança, revelando como possíveis causas para a agressividade, a necessidade de amor, atenção, carinho; ciúmes dos irmãos; rejeição; ansiedade; disputa de poder; sentir-se incompreendida; problemas escolares; problemas de relacionamento com amigos; imitação do comportamento agressivo do pai ou da mãe, entre outros. Portanto, faz-se necessário distinguir o que é inerente à determinada faixa etária ou sexo e o que está fora dos padrões esperados pelos mesmos. Pois, segundo Freire (1998), a personalidade da criança forma-se até os seis anos de idade e por isso, toda experiência vivida nessa fase é de fundamental importância. Por mais que, às vezes, possa parecer ineficaz, elogio, afeto, prazer e compreensão têm resultados muito mais rápidos e menos estressantes do que bronca, castigo, sofrimento e indiferença. Nas escolas de educação infantil e ensino fundamental, os professores e supervisores podem e devem ficar atentos nas atividades em parques e intervalos assegurando-se de que nenhuma criança está sendo excluída ou humilhada, bem como promover ações como: Jogos cooperativos, atividades de inclusão, formação de diferentes grupos, palestra a respeito de boas idéias de como trabalhar em grupo, entre outras. Nessa busca pela defesa dos próprios interesses, a criança esbarra na questão dos valores morais, ou seja, naquilo que é aceito como moralmente adequado em determinada sociedade. Tanto o desenvolvimento cognitivo quanto as experiências sociais ajudam a criança a desenvolver, de forma progressiva, uma compreensão mais rica do significado das regras, leis e obrigações interpessoais. À medida que adquirem essas novas compreensões por meio de uma seqüência invariável de estágios morais, cada qual evoluindo e substituindo seu antecessor e representando uma perspectiva mais madura ou avançada sobre assuntos morais (SHAFFER, 2005). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 As crianças aprendem inicialmente suas obrigações morais pela imposição dos pais ou imposição do círculo social, pois elas não têm compreensão da regra (coação). Aprendem o que é certo e errado por meio da obrigação, não percebendo o porquê de estar certo ou errado. Para que o desenvolvimento da moral ocorra, Piaget (1994) sugere que são necessários espíritos que se interpenetrem e que se relacionem entre si, portanto, em igualdade e com reciprocidade, em realidades que não criem o respeito unilateral, mas sim o respeito mútuo, portanto, a cooperação. Segundo De Marco (2002), quando a escola não consegue lidar com a agressividade das crianças, o ambiente pode se tornar altamente propício para o aumento dessa agressividade, pois uma criança que é hostil e rejeitada pelos colegas, poderá impor-se sempre de maneira violenta como forma de defesa, ampliando assim o contexto da agressão. Diante de tais posicionamentos sobre a agressividade na educação, vários autores defendem que a EF deve também estar alinhada com a busca de possibilidades pedagógicas para a minimização desse problema, pois a aula de EF se mostra para os alunos como momento de alegria e euforia pela liberdade com que ficam expostos e, conseqüentemente, pelo contato com as outras crianças que são estimulados. Sendo assim, a EF “se torna muito importante para o desenvolvimento de uma criança saudável, pois através das brincadeiras e dos jogos, a criança externa, simbolicamente, vários sentimentos que ela não pode externar na realidade (DE MARCO, 2002, p. 40).” Kishimoto (1994), baseada em Huizinga e outros autores, apresentam pontos em comum que são identificados como elementos que interligam a “grande família dos jogos”: o caráter voluntário e episódico da ação lúdica; o prazer (desprazer); as regras (implícitas ou explícitas); a relevância do processo de brincar; a incerteza dos resultados; a representação da realidade; a imaginação e a contextualização no tempo e no espaço (KISHIMOTO, 1994, p. 7). A subjetividade presente no jogo “envolve o mundo do jogo com suainvisibilidade, sendo que sua tradução para o exterior ocorre, principalmente, através dasimulação, do faz-de-conta” (FREIRE, 2002, p. 67). Como foi dito, o jogo tem um caráter subjetivo. Nesse sentido, procura-se abordá-lo como forma de lidar com as manifestações agressivas nas aulas de EF, mas, para isso, faz-se necessário entender como o jogo pode ser utilizado para tal Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ou qual a sua real contribuição para as manifestações agressivas (PRODÓCIMO ET AL, 2007, p. 132). Dessa forma, o jogo joga com quem se envolve e, em se envolvendo, entregase e, em se entregando, manifesta seu íntimo, seu mundo interior, cheio de desejos, fantasias, repressões mal resolvidas, ansiedades, medos. No jogo pode-se traduzir em vontades em ações, imaginar e agir, agir numa prazerosa troca, assim o lúdico permite que haja uma liberdade de expressão, que possamos ser espontâneos, verdadeiros. Trata-se de uma preparação para a vida, de dar a eles condições de tornaremse cidadãos autônomos, oferecer conhecimentos que se incorporem à vida, possibilitando-os serem livres, decidindo de acordo com a sua própria consciência, ou seja, educar é mais que transmitir conteúdos, é ensinar a viver (FREIRE, 2002, p. 43). Nesse sentido, Rossetto Jr. et al (2005), afirmam que: Cabe aos educadores utilizarem-se dos jogos de forma contextualizada para não reproduzir a cultura e os valores de uma sociedade desigual e opressora, mas para produzir conhecimentos, valores e procedimentos que contemplem o ser humano de forma integral, contribuindo para a superação do paradigma de individualismo e corporativismo que resulta na acentuação das desigualdades sociais (ROSSETTO JR. ET AL, 2005, p.14). Segundo Brown (1994), os jogos cooperativos possuem diversas características libertadoras, e, dentre elas, destaca-se a libertação da agressão, que pode ser alcançada dando-se ênfase à participação e à auto-estima de cada pessoa; criando-se jogos em que cada participante estabeleça seu próprio ritmo; adaptandose jogos conhecidos, diminuindo a importância do resultado final e eliminando o contato físico do tipo destrutivo. Isso pode fazer com que as crianças sejam mais unidas, aprendendo a trabalhar em grupo, entendendo que, se cada um não fizer a sua parte, não haverá resultado positivo, isso faz com que todas as crianças se sintam importantes e mais compreensivas perante a capacidade de cada um. Os sentimentos como raiva, tristeza, frustração fazem parte da vida diária e expressar sentimentos através de brincadeiras e jogos pode ser saudável para liberação de adrenalina que muitas vezes não permitem a saúde mental. Freire e Schwartz (2006) enfatizam o elemento de divertimento associado com aspectos afetivos na contribuição da aquisição de habilidades específicas, focando Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 não apenas a construção de habilidades motoras, mas uma dimensão mais emocional, criativa e humana. Além disso, seus estudos afirmam que o jogo é capaz de proporcionar uma ampla gama de oportunidades educacionais, para criar uma variedade de ações motoras motivada por expectativas de satisfação e no respeito das limitações do potencial. METODOLOGIA Para definir os princípios de educação necessários ao atual quadro social do Brasil, faz-se necessário compreender o pensamento pedagógico brasileiro e sua influência na ação docente. Para tanto, redimensiona-se o campo em que se insere o contexto da Educação Física, ressalvando a importância que a educação escolar assume, baseada em documentos oficiais do governo brasileiro e em obras dos conceituados educadores brasileiros, cujas idéias da educação assumem um papel social de suma importância na reorganização do quadro sócio-político nacional. Tendo como objeto de estudo a EF na construção de condutas cooperativas, estabelece-se uma analogia entre educação, EF e jogos cooperativos. Portanto, conceitua-se e explicita-se a definição dos jogos cooperativos, enfatizando sua importância no ensino escolar. Utiliza-se, portanto como material de pesquisa obras, artigos e coletâneas de renomeados escritores da temática bem como documentos publicados pelo governo federal, encontrados em biblioteca local. CONSIDERAÇÕES FINAIS Mediante o exposto, faz-se necessária uma reflexão sobre o saber que precisa ser trabalhado pela escola e não somente a reprodução do gesto sem o entendimento do porque se faz e para que se faça. Esse conhecimento se desenvolve através da abstração reflexiva, isto é, através da coordenação - pela criança - de relações criadas por ela própria. Mais tarde, quando a criança se torna capaz de pensar simultaneamente no todo e nas partes, consegue atingir um nível de raciocínio, através da coordenação das relações em uma escala hierárquica. Nesse sentido, a aula de EF, parece ser uma excelente oportunidade de se desenvolver estratégias pedagógicas, que devem ser utilizadas pelo professor com a finalidade de ampliar a reflexão dos alunos sobre a ideia de que se pode ganhar Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 sempre, mesmo sem ter que, necessariamente, vencer, e propiciar a implementação de atitudes éticas durante as relações. Dessa forma, o jogo pode ser utilizado, dentro de suas inúmeras possibilidades, como um recurso para lidar com variadas situações, entre elas, as manifestações agressivas durante as aulas. O jogo, por meio do brincar, estimula a criatividade, sendo que quem brinca pode produzir algo diferente. Por meio da imaginação, pode-se transformar a realidade. No brincar também se aprende a desempenhar a função social interagindo em grupo, a conviver e harmonizar os conflitos interpessoais, às vezes contribuindo com suas próprias idéias, às vezes, renunciando-as em benefício das idéias dos outros, pois para participar e ser aceita no grupo que joga, a criança deve adotar o comportamento, as atitudes e as normas instituídas pela mini-sociedade formada em torno da prática do jogo, potencializando, assim, o desenvolvimento da socialização. O próprio jogo leva a um mundo imaginário e, por meio da linguagem, a criança se torna capaz de reconstituir suas ações passadas sob forma narrativa ede antecipar suas ações futuras sob forma de representação verbal. Assim resultam três conseqüências fundamentais para o desenvolvimento mental: a socialização da ação, que é a troca entre os indivíduos, a aparição do pensamento propriamente dito, que é a interiorização da palavra e, finalmente, a interiorização da ação, que era até então puramente perceptiva e motora e passa a se reconstituir no plano intuitivo das imagens e das experiências mentais. Do ponto de vista afetivo, há uma série de transformações, entre elas o desenvolvimento de sentimentos de simpatias e antipatias, respeito, solidariedade, etc. O professor pode conduzir sua aula de uma maneira totalmente imaginária, trabalhando com diversos conceitos, entre eles a agressividade, mediando atividades que possam levar os alunos a terem mais consciência de seus atos, respeitarem o limite do colega, e assim por diante. Pois, por meio do jogo as crianças desenvolvem competências sociais e pessoais que permitem a liberdade de se expressar e adquirir referências importantes alcançando uma melhor compreensão de si mesmo, dos objetos e do mundo dos outros. É experimentando situações de aventura, de ação e exploração do meio ambiente em que está inserido que a criança desenvolve convicções de justiça, de solidariedade e de liberdade e pode resolver problemas, adaptar-se de forma ativa na sociedade em que vive. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 REFERÊNCIAS BERGER, K. S. O desenvolvimento da pessoa da infância à terceira idade. Rio de Janeiro: LTC, 2003. Anais. BROTTO, F. O. Jogos Cooperativos: O jogo e o esporte como um exercício de convivência. Santos: Projeto Cooperação, 2001. BROTTO, F. O. Jogos Cooperativos: se o importante é competir o fundamental é cooperar. São Paulo: Cepeusp, 1999. BROUGÉRE, G. 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São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Ledy Rodrigues Pinheiro Pontes –Licenciada em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educación Física, el deporte y la Recreación Márcio Lopes de Oliveira. Bacharel e Licenciado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educación Física, el deporte y la Recreación, Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVERTIX Kátia Imaculada Moreira – Bacharel e Licenciada em Dança, Especialista em Metodologia da Pesquisa, Professora da Faculdade Vértice - UNIVERTIX [email protected] RESUMO Este artigo tem como propósito investigar os Jogos Cooperativos como proposta de integração do conteúdo da disciplina de Educação Física, influenciando na aprendizagem e na construção de significados e conceitos. Fundamenta-se a idéia do trabalho com os Jogos Cooperativos como proposta pedagógica para a disciplina de Educação Física escolar, para que ocorra uma apreensão significativa dos conceitos e a construção da verdadeira aprendizagem, tanto pelo fato de o jogo fazer parte do currículo escolar obrigatório, como, principalmente, pelo fato de que a cooperação e o respeito se fazerem necessários no cotidiano de todas as pessoas, nas mais diversas situações. PALAVRAS-CHAVE: Jogos; Educação Física escolar; Importância dos Jogos Cooperativos na Educação Física escolar. INTRODUÇÃO Durante aulas de Educação Física, o processo de ensino e aprendizagem deve oportunizar aos alunos a utilização da motricidade enquanto ação intencional, necessária e significativa durante a construção de conhecimento proporcionada pela interação sujeito-objeto. O ensino dos jogos deve proporcionar ao aluno a aprendizagem por meio da abstração reflexiva, oferecendo a ele a oportunidade para ir além da inteligência prática sobre e por meio desse conteúdo, considerandoo como um conhecimento socialmente construído e historicamente contextualizado. Portanto, acredita-se que a prática de ensino do professor de Educação Física deve basear-se na abordagem construtivista, a partir da qual, para Gimeno Sacristán e Pérez Gómez (2000, p. 29) derivam das “teorias mediacionais”, particularmente da “psicologia genético-cognitiva”, tendo como principais teóricos Piaget, Bruner, Ausubel e Inhelder e se refere, principalmente, ao processo de equilibração ou reequilibração de estruturas do pensamento resultante de conflitos cognitivos. Assim, durante o ensino dos jogos precisam ser levadas em conta a equilibração, a Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 abstração reflexionante, a aprendizagem significativa e a tomada de consciência das ações por parte dos alunos. É importante evidenciar que a abordagem proposta não desconsidera a importância do ensino da Educação Física voltada ao aprimoramento das habilidades psicomotoras e ao desenvolvimento das capacidades físicas_ tão importantes no período de escolarização_ mas introduz, junto a esse ensino, uma nova perspectiva no tocante da questão cognitiva. No que diz respeito às habilidades motoras, acrescenta-se que: “O trabalho com as habilidades motoras e capacidades físicas deve estar contextualizado em situações significativas e não ser transformados em exercícios mecânicos e automatizados” (PCN, 1997, p.62). Os avanços teóricos e acadêmicos na busca por propostas inclusivas e cooperativas na Educação Física são evidentes, todavia não se pode deixar de registrar que ainda persiste uma forte influência do mito da competição e do processo de esportivização na Educação Física escolar (CORREIA, 2006a). Nesse contexto, em busca de superar a visão esportivizada da Educação Física, os Jogos Cooperativos são apresentados como uma nova e importante proposta para o cotidiano da Educação Física escolar. Embora ainda seja considerada uma proposta carente de estudos e de aprofundamento em alguns aspectos filosóficos, sociológicos e pedagógicos, apresenta-se como bastante adequada aos propósitos de uma Educação Física escolar não competitiva (CORREIA, 2006b; DARIDO, 2001). O objetivo desse estudo foi identificar a importância dos jogos cooperativos nas aulas de Educação física escolar. Este trabalho se justifica pela necessidade em se compreender a cooperação na escola, o pouco conhecimento dos profissionais de Educação Física sobre a temática e a pouca utilização dos jogos cooperativos nas escolas. REFERENCIAL TEÓRICO Na última década do século XX, a Educação Física apontou para novas concepções a respeito da especificidade de sua área de conhecimento, de seus conteúdos e metodologias de ensino. Essas concepções foram discutidas e apresentadas por Soares et al (1992), Bracht (1999), Soares (1996) entre outros e tratam dos objetos de conhecimentos próprios da Educação Física entendendo o movimento enquanto ação intencional e expressão de linguagem corporal dos temas Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 da cultura corporal de movimento. Tais temas se apresentam como jogos, esportes, dança, ginástica, lutas. Através da prática pedagógica, percebem-se grandes dificuldades, por parte dosprofessores de Educação Física atuantes na Educação Básica, na seleção de conteúdos de ensino _ em particular de jogos _ na relação entre o ensino desses conteúdos com a determinação de objetivos e um referencial condizente com a abertura de possibilidades dos alunos de construir conhecimentos e elaborar novas formas de pensar e que fundamente o processo dinâmico e construtivo durante as aulas. Os jogos proporcionam a educação psicomotora que, por meio do movimento, leva à educação do ser total, constituindo-se pré-requisitos para o desenvolvimento do nível de conceituação da criança sobre as demais aprendizagens nos demais conteúdos, de acordo com a concepção construtivista, levando a criança à prontidão, tanto como resultado da maturação quanto das experiências vividas, o que influencia significativamente em toda e qualquer aprendizagem. Ao se tratar dos jogos nas aulas de Educação Física, supõe-se que o problema provocador do conflito cognitivo pode derivar de situações diferentes. Alguns jogos são, por eles próprios, tendo em vista suas características, fonte de problemas a serem resolvidos pelas crianças, isto porque, durante os primeiros anos do Ensino Fundamental, são várias as novidades para as crianças dessa faixa etária trazidas pelos jogos. Enfatiza-sea importância dos Jogos Cooperativos como prática pedagógica presente nas aulas de Educação Física, pois é pelo jogo e através do jogo que a criança constrói a sua personalidade, internaliza e edifica os conceitos de certo e errado, melhor e pior, de ganhar e de perder, entre as demais regras que fazem parte do contexto sociocultural. A prática dos Jogos Cooperativos nas aulas de Educação Física, em grupo, permite aos participantes perceberem-se como uma unidade que é composta pelas diferenças, bem como aprenderem na troca que estabelecem. A escola é o lugar de desenvolver a Educação Física que provoca as trocas e as aprendizagens entre as pessoas. A Educação Física é responsável pelo aprendizado das relações entre as pessoas que se dá via corporal. Na realização dos jogos, durante as aulas de Educação Física, verifica-se a importância do toque corporal de qualidade na educação humana, bem como para Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 as experiências de iniciativa e de criatividade. As aulas de Educação Física, pela suavivência e prática, permitem o desenvolvimento concreto da autonomia e afetividade. Ao falar sobre Jogos Cooperativos, Terry Orlick torna-se a principal referência em estudos e trabalhos sobre esse tema. Para esse importante pesquisador, os Jogos Cooperativos não são manifestações culturais recentes, nem tampouco uma invenção moderna. A sua essência "começou há milhares de anos, quando membros das comunidades tribais se uniam para celebrar a vida" (Orlick, apud Brotto, 2002, p. 47). São jogos baseados em atividades com mais oportunidades de diversão e que procuram evitar as violações físicas e psicológicas. Orlick (1989) faz uma arqueologia para mostrar como os jogos perpetuados por determinadas sociedades refletem e repassam valores éticos, culturais e morais. Apresenta os Jogos Cooperativos como uma atividade física essencialmente baseada na cooperação, na aceitação, no envolvimento e na diversão, tendo como propósito mudar as características de exclusão, seletividade, agressividade e exacerbação da competitividade dos jogos ocidentais. "O objetivo primordial dos jogos cooperativos é criar oportunidades para o aprendizado cooperativo e a interação cooperativa prazerosa" (ORLICK, 1989, p. 123). Para esse autor não é possível manter um ambiente humanitário na sociedade, reproduzindo um sistema social baseado em recompensas e punições. Apresenta estratégias para iniciar um processo de reestruturação a partir dos esportes e jogos tradicionais, introduzindo paulatinamente os valores e princípios dos Jogos Cooperativos. Propõe começar essas mudanças modificando a estrutura vitória-derrota dos jogos tradicionais pela vitória-vitória (ORLICK, 1989, p. 116). O autor cria uma categorização, conforme quadro abaixo, que se torna uma das principais referências para os novos trabalhos com Jogos Cooperativos e um importante instrumento para reconstruir e adaptar jogos a uma concepção não competitiva ou cooperativa. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Figura 1: Categorização dos Jogos Cooperativos. METODOLOGIA Os dados utilizados para a realização deste artigo foram obtidos através de levantamento preliminar, por meio da revisão de uma pequena parcela da produção literária, visto que houve certa dificuldade para adquirir a literatura produzida sobre Jogos Cooperativos.Ainda em pouca quantidade e, em alguns casos, com pouco aprofundamento, encontram-se trabalhos de pesquisa publicados em dissertações, periódicos e anais de encontros que revelam um interesse e uma necessidade de estudos sobre os Jogos Cooperativos. Os itens que discorrem sobre Jogos Cooperativos mostram como podem possuir caráter facilitador, principalmente no que se refere ao modo que leva o aluno a respeitar as regras propostas e os componentes de outras equipes, além de estimular a construção do conhecimento e o entendimento e aplicação dos conceitos adquiridos pela criança. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através desse estudo foi possível concluir que para que aula de Educação Física atinja os principais objetivos: a promoção da saúde e a socialização e que a mesma seja considerada de grande importância para a comunidade escolar; alguns aspectos ainda precisam ser melhorados como: nas atividades práticas, ter o uso de materiais adequados; que as aulas sejam mais diversificadas, de forma a desenvolver todas as potencialidades dos alunos, sua motivação, destacando a disponibilidade cognitiva e emocional dos alunos, para a aprendizagem, fator Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 essencial para que haja uma interação cooperativa, sem depreciação do colega por sua eventual falta de informação ou incompreensão. Aprender a conviver em grupo supõe um domínio progressivo de procedimentos, valores, normas e atitudes. Desta forma, é indispensável a interação do indivíduo através dos jogos para que este possa integrar-se no grupo, com atitudes saudáveis valorizando hábitos na conquista da saúde do corpo e da mente. Apesar de esse estudo ter característica bibliográfica, a experiência docente no cotidiano escolar respalda a possibilidade para concluir que nenhuma das abordagens aqui relacionadas em torno dos Jogos Cooperativos é incoerente ou incompatível com a realidade e o cotidiano escolar. Quanto à formação de professores, a experiência confirma as consideraçõesde Corella (2006). Percebe-se que muitos professores mostram-se interessados, mas, por outro lado, muitos outros ainda revelam o desconhecimento e a dificuldade de acesso às produções literárias e acadêmicas sobre Jogos Cooperativos. Como demonstram os relatos dos estudiosos, há uma diversidade de abordagens para os Jogos Cooperativos: a saúde, a ecológica, a política, a filosófica, a metodológica, a psicológica, a pedagógica e outras. Há, nisso, um campo vasto para investigação, estudos e aplicações na escola. Embora a mediação do esporte pelos Jogos Cooperativos seja uma estratégia adequada para estimular a participação dos alunos e a cooperação intragrupal, não se pode perder de vista a relação de oposição que continua implícita quando se trabalha com duas equipes. Essa estratégia deve ser vista como um processo para alcançar os objetivos de um projeto político-pedagógico da sociedade na qual se está inserido, o qual pretende transformar o paradigma da competição em um paradigma da cooperação. Logo, na Educação Física escolar deverá refletir sobre seus métodos, estratégias e conteúdos adotados nas aulas. A ideia de jogar com e não contra, que se desenvolve nas aulas, permite entender os colegas que participam como verdadeiros “colegas”. Assim, as situações que envolvem jogos, tornam as aulas mais motivadoras e cheias de emoção. Nessa perspectiva os jogos com um sentido recreativo e cooperativo são os que mais se adaptam ao espaço físico e às finalidades educacionais. É importante salientar que não se está referindo às aulas individuais, mas sim aos conteúdos diversificados que busquem contemplar os diversos objetivos. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Somente assim os diferentes interesses entre as pessoas irão transcorrer em uma imensa riqueza e principal fonte de entendimento do paradoxal fenômeno da motivação humana. Assim, sugere-se que novas pesquisas sejam feitas para investigar quais as expectativas, importância e objetivos da Educação Física para que os profissionais dessa área saibam das necessidades de seus alunos e que os resultados almejados sejam alcançados de forma eficiente e prazerosa. Considera-se a necessidade de mais estudos e pesquisa sobre Jogos Cooperativos. Grande parte dos relatos citados nesse artigo dá um enfoque mais psicológico, em torno do indivíduo ou grupo, desconsiderando as correlações entre uma interferência individual e grupal com um contexto social e político mais amplo. Finalmente, não se podem considerar possíveis críticas como acusações ou desmerecimento da proposta dos Jogos Cooperativos, mas sim como desafios para novos trabalhos em busca de aprimorar essa proposta; pois, como se pode perceber, a sua visão geral mostra-se bastante positiva. Esse estudo permitiu como conclusão afirmar a relevância e a importância de estudos sobre Jogos Cooperativos e apontar algumas questões, limitações, desafios epossibilidades de novos trabalhos com tal modalidade. REFERÊNCIAS BERTRAND, Y. Por uma competência ecossocial nova. In: BERTRAND, Y. Teorias contemporâneas da educação. 2ª ed. Lisboa: Instituto Piaget, p. 230-231. 2001. BRACHT, V. A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física. 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CORREIA, M. M. Jogos cooperativos: perspectivas, possibilidades e desafios na educação física escolar. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas, v. 27, n. 2, p. 149-164. 2006b. CORREIA, M. M. Trabalhando com jogos cooperativos: em busca de novos paradigmas na educação física. Campinas: Papirus, 2006a. DARIDO, S. C. Os conteúdos da educação física escolar: influências, tendências, dificuldades e possibilidades. Perspectivas em educação Física Escolar. Niterói, v. 1, supl. 1, p. 5-25. 2001. FARINATTI, P. T. V.; FERREIRA, M. S. Saúde, promoção da saúde e educação física: conceito, princípio e aplicações. Rio de Janeiro: Eduerj, 2006. GIMENO SACRISTÁN, J. e PÉREZ GÓMEZ, A. I. Compreender e transformar o ensino. 4ª ed. Porto Alegre: ArtMed, 2000. KORSAKAS, P.; DE ROSE JR., D. Os encontros e desencontros entre esporte e educação: uma discussão filosófico-pedagógica. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. São Paulo, ano 1, n. 1, p. 83-93. 2002. LOVISOLO, H. 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Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 POLÍTICAS PÚBLICAS E A RELAÇÃO TEORIA PRÁTICA APLICADA AOS JOGOS ESCOLARES DE MINAS GERAIS (JEMG) Áurea Maria Marques Silva– Licenciada em Educação Física, Pós-Graduanda em Fisiologia do treinamento aplicada a atividades de academias e clubes – Faculdade Vértice UNIVERTIX Márcio Lopes de Oliveira. Bacharel e Licenciado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educación Física, el deporte y la Recreación, Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVERTIX Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Fábio Florindo Soares –graduado em Educação Física, Especialista em Atividades Motoras emAcademias, Atividades Aquáticas e Personal Training – ESEFM, Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Kátia Imaculada Moreira – Bacharel e Licenciada em Dança, Especialista em Metodologia da Pesquisa, Professora do da Faculdade Vértice - UNIVERTIX RESUMO O esporte é um fenômeno social que tem por finalidade o desenvolvimento integral do homem como ser autônomo, democrático e participante. O presente estudo teve como objetivo verificar as características no que diz respeito às práticas dos JEMG e sua intencionalidade relativa ás políticas públicas para o esporte educacional. O estudo consistiu na aplicação de questionários semi-abertos, para verificar a opinião dos alunos em relação ao JEMG, assim como seus anseios e críticas em relação ao evento, dessa forma sendo uma pesquisa de caráter descritivo. Conclui-se que é preciso que os gestores e organizadores dos Jogos Escolares de Minas Gerais repensem o formato como acontece o evento, objetivando uma mudança metodológica e estrutural do mesmo e atendendo à filosofia do esporte educacional.Sugere-se que sejam feitos novos estudos sobre o tema, com o objetivo de procurar cada vez propor melhorias para os Jogos Escolares de Minas Gerais, que hoje pode ser definido como uma manifestação esportiva que não possui princípios centrados em nenhuma manifestação do esporte, seja; educacional, rendimento ou participação. PALAVRAS-CHAVE:políticas públicas, JEMG, esporte educacional, esporte de rendimento. INTRODUÇÃO O Programa Minas Olímpica/Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG) é a principal ação da política pública do esporte educacional de Minas Gerais. Esse programa tem como objetivo aumentar a participação da juventude estudantil mineira em atividades esportivas, promovendo a integração social, o exercício da cidadania e a descoberta de novos talentos. (Art. 1º-Regulamento Geral dos Jogos Escolares Minas Gerais – JEMG, 2010). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Atualmente temos o esporte visto como “da escola” e o esporte “na escola”. O esporte “da escola” necessita de alguns ajustes se comparado ao esporte tradicionalmente jogado, podemos citar: as regras nesse primeiro esporte podem e devem ser modificadas de acordo com a necessidade dos alunos, sempre haver participação de todos, deixando um pouco de lado as habilidades técnicas e táticas, a busca de um resultado superior ao do adversário e tendo sempre o professor como mediador, permitindo aos alunos a construção e modificação do próprio jogo, ou seja, o aluno necessita de total autonomia. Já o esporte “na escola” apresenta contradição em relação ao esporte citado anteriormente, pois se utiliza de regras pré-determinadas, rígidas e inflexíveis, a participação prevalece apenas naqueles alunos mais habilidosos, pois dessa forma, consegue-se o objetivo maior do jogo, que é o resultado, a vitória. Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo verificar as características no que diz respeito às práticas dos JEMG e sua intencionalidade relativa às políticas públicas para o esporte educacional. Com esse estudo, pretendo contribuir para que o Governo crie estratégias para praticar a teoria que se tem, e que a escola crie alternativas, dentro do possível, para favorecer o esporte educacional. Desse modo, surge a seguinte questão: Como é a relação entre a proposta apresentada e a prática, no que diz respeito, às políticas públicas aplicadas aos Jogos Escolares de Minas Gerais? METODOLOGIA O estudo consistiu na aplicação de questionários semi-abertos, para verificar a opinião dos alunos em relação ao JEMG, assim como seus anseios e críticas em relação ao evento. Foram pesquisados um total de 89 alunos do ensino médio de uma escola pública de Matipó que se voluntariaram para o estudo. Porém, para essa pesquisa, em função do tempo restrito, foram analisados apenas os dados daqueles alunos participantes do JEMG, somando-se um total de 21 alunos. Vale ressaltar que os alunos participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). A escolha desses alunos deveu-se pelo fato de já se encontrarem em uma faixa etária que possibilite um melhor entendimento e também por já terem sido escolhidos ou excluídos muitas vezes numa seleção de alunos. Nesse sentido, possuem uma maior experiência para falar sobre o assunto. Os alunos responderam Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 o questionário em novembro de 2010, no próprio período de aula, entregando-o assim que o concluíam. Outro questionário, também semi-aberto, foi respondido por todos os professores de Educação Física dos anos finais do ensino fundamental da cidade de Matipó, somando-se um total de 5 profissionais. Os questionários foram passados a cada um dos professores e posteriormente devolvidos por eles. A pesquisa com os profissionais também foi realizada em novembro de 2010. As informações dos questionários foram agrupadas por questões e tabuladas em arquivo Excel versão 2007. Além da pesquisa quantitativa, apresentada em forma de gráficos, existe outra parte constituída de questões abertas que foram organizadas através de uma abordagem descritiva. RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS Sobre a primeira questão aborda-se a participação dos alunos no JEMG e, dessa forma, define a parte da amostra que representará a sequência da discussão dos dados, ou seja, apenas os participantes JEMG. Figura 1: participação dos alunos nos Jogos Escolares de Minas Gerais. Fonte: Dados do próprio estudo. Quando no gráfico 1 identificamos que um percentual expressivo de entrevistados nunca participaram do JEMG. Isso já nos parece um indício de que se trata de um programa voltado para o esporte de rendimento, número total de alunos que gostariam de participar mas que às vezes por não possuírem grandes habilidades com o esporte não são escolhidos numa seleção de alunos. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Figura 2: critérios de seleção dos alunos, utilizados pelos professores de Educação Física para a participação nos Jogos Escolares de Minas Gerais.Fonte: Dados do próprio estudo. Nesse gráfico também percebemos indícios de um desporto caracterizado como rendimento, visto que, há uma seleção onde o professor escolhe os melhores alunos para participarem do evento. Havendo assim a exclusão, que não é característica do esporte educacional como vimos no gráfico anterior. Figura 3: sugestões para a melhora nas condições de oferecimento dos Jogos Escolares de Minas Gerais nas escolas de Educação básica.Fonte: Dados do próprio estudo No gráfico anterior podemos analisar a seguinte situação, em segundo lugar fica explícito que o aluno acha que mais horários disponíveis de treino lhe trarão melhores resultados na participação no JEMG. Sendo assim, o próprio aluno reconhece que o JEMG lhe requer um resultado, uma boa classificação, desta forma encontramos novamente uma característica do esporte de rendimento. Segundo uma pesquisa realizada no ano de 2008 pelo Instituto Valor (SEEJ/MG, p. 38, 2010), 65% dos atletas entrevistados consideram o JEMG uma oportunidade para se aperfeiçoar no esporte, dessa forma, percebe-se que esses alunos-atletas estão Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 sendo de alguma forma cobrados e tendo que através de sua performance nas competições do JEMG buscarem melhores resultados aos que têm obtido, evidenciando assim de forma clara a presença do esporte caracterizado como rendimento. Pode-se analisar também um número muito alto, 47%, quando citado o apoio financeiro. Não se pode deixar de falar na precariedade de condições ofertadas pelo governo de forma a viabilizar a participação das escolas nos jogos, a falta de estrutura das escolas, em algumas situações, falta de apoio até mesmo por parte da própria escola, dificultando a participação da mesma no evento. E outros muitos empecilhos encontrados pelos professores envolvendo a participação dos alunos. Figura 4: importância atribuida aos Jogos Escolares de Minas Gerais em relação à contribuição para sua formação como estudante e cidadão.Fonte: Dados do próprio estudo No gráfico 4 percebemos que 90% dos alunos participantes consideram o evento importante; considerando-se relevante pelo fato de os mesmos estarem participando, olhando pelo lado contrário, esse gráfico poderia apresentar números totalmente diferentes. Os alunos consideraram o JEMG altamente importante em suas vidas, nos âmbitos afetivo, cognitivo, pessoal. O JEMG é caracterizado como um campeonato, uma espécie de jogo. Sobre a relevância do jogo, Chateau (1987, p.23 citado por FREIRE, 2009, p. 173) ele “prepara para a vida séria”. O mesmo autor coloca ainda que através do jogo, a criança desenvolve as possibilidades que emergem da sua estrutura particular, concretiza as potencialidades virtuais que afloram sucessivamente à superfície do seu ser, assimila-as e as desenvolve, une-as e as combina, coordena seu ser e lhes dá vigor. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Figura 5: sugestões para melhora das competições organizadas nos Jogos Escolares de Minas Gerais.Fonte: Dados do próprio estudo No gráfico 5 pode-se ver que 60% dos alunos-atletas não gostariam que nada no evento fosse modificado, talvez isso se deva pelo fato desses alunos já estarem incluídos no Programa. Poderiam os alunos que não forem selecionados não estarem tão satisfeitos assim, como esses que participam e demonstram satisfação com o evento. Aparece novamente nesse gráfico o pedido de maior apoio finaceiro, deixando evidente que esses alunos demonstram grande insatisfação perante o Governo, e deixando explícito que o mesmo pouco oferece a esses alunos-atletas. Figura 6: opinião em relação ao enquadramento dos Jogos Escolares de Minas Gerais dentro das manifestações do esporte nacional.Fonte: Dados do próprio estudo. Nesse gráfico 60% dos profissionais consideram o JEMG uma política esportiva voltada para o esporte de rendimento, 20% consideram esporte educacional e 20% esporte de participação. Confirmando assim a opinião dos alunos que o JEMG é voltado para o esporte de rendimento. Segundo (REGULAMENTO GERAL, 2010, p. 2) o JEMG é uma ferramenta pedagógica que valoriza a prática Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 esportiva escolar e a construção da cidadania dos jovens alunos-atletas do Estado de Minas, de forma educativa e democrática. Figura 7: opinião em relação ao apoio financeiro governamental para viabilizar a participação das escolas nos Jogos escolares de Minas Gerais.Fonte: Dados do próprio estudo. Sobre o aspecto apresentado pelo último gráfico, 60% responderam que o governo incentiva finaceiramente de forma parcial e 40% responderam que não há incentivo algum. Vale ressaltar que o maior incentivo financeiro por parte governamental acontece na sua maioria na etapa estadual, e há apenas uma escola em toda a região, representada pela SRE no município de Manhuaçu que já alcançou esta etapa. Dessa forma enxerga-se novamente uma maior necessidade de ajuda por parte pública não só na etapa final, onde fica explícito a todo momento a “ajuda” que o Governo oferece, sua ações e contribuições, mas em todas as três etapas antecedentes. Pois talvez assim, mais escolas e alunos teriam oportunidades de alcançar a última etapa e realmente seria democrático. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o referido estudo pode-se considerar que apesar do JEMG ser na sua teoria uma política pública voltada ao esporte educacional, o mesmo possui praticamente todas as características de uma politica pública voltadaao esporte de rendimento, dentre elas um dado importante obtido através do Caderno de Resultados das Atividades Esportivas em Minas Gerais no período de 2003 a 2010, onde o mesmo afirma que os jogos são disputados em etapas: Municipal, Microregional, Regional e Estadual e classificam os melhores atletas para participarem das Olimpíadas Escolares, evento de nível nacional, representando o Estado de Minas Gerais. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Percebe-se também a necessidade relatada pelos próprios alunos de mais disponibilidade em horários de treinamentos, querendo com isso, obter melhores resultados. O que é característica exclusiva do esporte de rendimento. Outra detalhe que é de suma importância destacar é a autuação do CREF6/MG nesse evento, em parceria com a Polícia Civil, fazendo notificações de profissionais que participam do JEMG e que não são bacharéis em Educação Física, e sim licenciados, que tem como campo único de atuação as escolas. Percebe-se também um descaso com alunos portadores de necessidades especiais, visto que a única modalidade que os mesmos têm acesso no JEMG é o atletismo. Sendo o JEMG uma política pública voltada para o esporte educacional, de veria dispor de mais modalidades PCD´s. De acordo com uma pesquisa realizada pela AMRP - Consultoria e Educação Empreendedora em 2009, o índice de satisfação na participação no Minas Olímpica (JEMG) é de 100%, lembrando que essa pesquisa foi realizada apenas com alunos participantes,ou seja, se tivesse envolvido toda a escola na pesquisa com certeza o resultado não seria o mesmo, uma vez que, quem nunca participou não estaria tão satisfeito assim com o Programa Minas Olímpica. Enfim, é preciso que gestores e organizadores dos Jogos Escolares de Minas Gerais repensem o formato como acontece o evento, objetivando uma mudança metodológica e estrutural do mesmo no qual todos se sintam vencedores. A partir desse estudo sugiro aos coordenadores e dirigentes do PROGRAMA MINAS OLÍMPICA algumas modificações que considero pertinentes como: a existência de premiações para todos os alunos-atletas que participam do evento e não apenas para aqueles que alcançam o primeiro, o segundo e o terceiro lugar no ranking de cada etapa. E que essas premiações possam ocorrer de forma distinta entre escolas municipais de particulares, visto que, escolas particulares possuem uma maior infra-estrutura física e também financeira. Outra melhoria que iria contribuir muito com o JEMG seria que mais escolas pudessem classificar-se para as etapas subseqüentes e não apenas aquelas que alcançam primeiro lugar. Assim haverá mais oportunidades de um número maior de escolas conhecerem mais etapas do JEMG, diferente do que acontece nessa região onde foi realizado o estudo, na qual apenas uma escola da Superintendência Regional de Ensino participa de todas as quatro etapas do JEMG. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Necessita-se também de um maior incentivo por parte do Governo, de forma financeira, também para remuneração de professores de Educação Física, que sentem-se desestimulados, uma vez que geralmente precisam desembolsar de sua própria renda para viabilizar sua participação.E de maior incentivo governamental de forma estrutural, viabilizando materiais, como bolas, redes, dentre outros, para as escolas inscritas. Sugere-se também que sejam feitos novos estudos sobre o tema, com o objetivo de procurar cada vez mais melhorias para os Jogos Escolares de Minas Gerais. REFERÊNCIAS SEEJ/MG. Caderno de Resultados das Atividades Esportivas em Minas Gerais (2003-2010). Minas Gerais 2010. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm. 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Acesso em 04 de junho de 11. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PARTO NORMAL E/OU CESARIANA, INDICAÇÃO OU ESCOLHA? Emanuelle de Souza Ferreira – Graduada em Enfermagem e Especialista em Gestão do Programa Saúde da Família, Enfermeira Coordenadora da Atenção Primária Saúde de Matipó/MG, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Vanessa Alves da Rocha – Graduanda do Curso Bacharelado em Enfermagem da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX, Faturista da Produção Ambulatorial do SUS na Secretaria de Saúde de Matipó/MG [email protected] RESUMO O trabalho retrata uma comparação sobre o índice de cesarianas em relação ao parto normal. Diversas hipóteses foram criadas para definir o tipo de parto, com ênfase no parto normal. O objetivo deste trabalho foi avaliar a predominância dos tipos de parto que são realizados nas mulheres residentes no município de Matipó, Minas Gerais. Para coleta dos dados utilizamos o Sistema de informação de nascidos (SINASC) municipal, o qual relata número o tipo de parto ocorrido entre janeiro de 2008 a junho de 2011. Após análise dos dados, identificou-se a prevalência de parto cesária em relação ao parto normal, apesar de todo incentivo do Ministério da Saúde ao parto normal. Esse elevado índice está sendo influenciado pela tendência mundial, que engloba a preferência dos médicos pela cesariana por ter sua intervenção programada, enquanto o parto normal pode ocorrer a qualquer momento e ocupa um tempo maior. Essa realidade leva a supor que as cesarianas não estão sendo precisamente indicadas, seja por conveniência médica ou pela má orientação as gestantes, quanto aos risos e benefícios de cada tipo de parto durante o pré-natal. PALAVRAS-CHAVE: Parto normal; Cesariana; Índice; Gestantes; Matipó. INTRODUÇÃO E REFERENCIAL TEÓRICO Cesariana é uma intervenção cirúrgica que retira o feto do útero materno através de incisão nas paredes abdominais (Laporatomia) e uterina (histerectomia) estando o feto pronto ou não para a transição da vida intra-uterina, ou seja, para a vida fora do útero. Isso quando a via natural de parto está contra indicada por condições maternas ou fetais. O parto normal é o método natural de nascer, tendo a mulher e o bebê participação ativa no parto via vaginal, no momento fisiológico do nascimento. Estando estes em uma situação de impossibilidade de acesso ao serviço de saúde terá estas condições de se completarem sozinhas até receberem o atendimento complementar (FREITAS, 2001). O parto é o momento mais importante na vida de qualquer mulher, pois passa por alteração em suas estruturas físicas e emocionais, período singular que varia na experiência de cada uma. A assistência à saúde da mulher mostrou como é Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 importante a comunicação e o respeito as suas crenças e valores no momento do trabalho de parto e durante o parto. Por isso, durante o pré-natal é fundamental que a gestante receba orientações sobre a importância da participação da mulher no parto; da amamentação na primeira hora de vida, incentivando um maior vínculo entre a mãe e filho neste início de vida fora do útero; sobre novas técnicas e meios de controlar a dor durante o trabalho de parto; forma correta de respiração; momento adequando de executar força para expulsão, sendo a dor do parto fisiologicamente suportável e que diminuirá após o período de expulsão (BRASIL, 2001). Segundo Cruz 2010, os profissionais de enfermagem têm um papel fundamental e ativo nesta fase tão sensível da gestação, e cabe aos profissionais orientar e prepará-las para o parto durante o pré-natal. Deve-se evidenciar sobre a dor momentânea no período expulsivo do parto; orientar quanto aos riscos envolvidos em qualquer procedimento cirúrgico, devendo estar ciente e compreender que o corte cirúrgico da parede abdominal passará por um período superior a 30 dias para recuperação, variando de mulher para mulher, estando esta mais suscetível aos riscos de infecção puerperal. Desde 2004 estão sendo discutidos pela Agência Nacional de Saúde a elevada taxa de partos cirúrgicos no Brasil comparado aos partos normais e as propostas de ação para redução das cesarianas desnecessárias. Segundo dados do DATASUS, o Brasil apresenta taxas de cesarianas expressivas, chegando a mais de 40% dos partos realizados e permanecendo em estado crescente, divergente do recomendado pela Organização Mundial de Saúde que preconiza uma taxa máxima de 15% de cesarianas para qualquer país (AGENCIA NACIONAL DE SAÚDE, 2008). O Ministério da Saúde, como meio de reverter esse índice, utilizou do modelo internacional da Organização Pan-Americana em Saúde, lançando a Campanha de Incentivo ao parto natural, através de folders, cartaz, panfletos, divulgação em mídia nacional e passou a glosar o pagamento de cesarianas quando ultrapassarem o teto limite. Porém essas atitudes influenciaram apenas no serviço público de saúde, as entidades privadas continuaram com índices muito altos (AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 2008) Em uma releitura de Cochrane, 1989, a escolha da melhor via de parto para garantia da saúde do bebê e da mãe não é simplesmente uma decisão do médico Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 por condições clínicas, requer a participação da gestante que busca segurança para seu bebê e conforto para si (DINIZ, 1989). Os benefícios do parto normal são inúmeros, tanto para a mãe como para seu bebê. Vão desde uma melhor recuperação da mulher e redução dos riscos de infecção hospitalar até uma incidência menor de desconforto respiratório do bebê. A técnica do Programa Nacional de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde Daphne Rattner lembra que a cesariana também pode interferir no vínculo estabelecido entre a mãe e o filho durante o parto. “Se, logo após o parto, o neném é acolhido e abraçado pela mãe, nesse momento se estabelece o vínculo maternal”, observa Daphne. “Após a cirurgia, pegar o neném no colo é dolorido e, como o bebê geralmente é levado para observação, a instalação do vínculo pode demorar mais”, completa. Na cesariana, também é mais freqüente a ocorrência de infecção e hemorragias, além da possibilidade de laceração acidental de algum órgão, como bexiga, uretra e artérias, ou até mesmo do bebê, durante o corte do útero. A gestante pode, ainda, ter problemas de cicatrização capazes de afetar a próxima gravidez. A freqüência dessa cirurgia também limita a possibilidadede opção pelo número de filhos. “Nenhum médico deixaria uma mãe chegar a realizar seis cesarianas; geralmente as mães são esterilizadas após a terceira cirurgia” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). As influências da gestante são culturais, como a própria tolerância à dor, ansiedade, medo, experiências anteriores, padrão social, escolaridade, etc. A indicação clínica avaliada pelo médico apresenta como causas mais comuns de indicação de cesariana: apresentação anômala do feto; apresentação pélvica; prematuridade ou baixo peso; Sofrimento Fetal Agudo; Gestação gemelar; macrossomia; descolamento de placenta prévia; descolamento prematuro de placenta com feto vivo; Herpes Genital ativa; prolapso ou circular de cordão; infecção pelo HIV; risco de contaminação por Doenças Sexualmente Transmissíveis; Desproporção céfalo-pélvica; Doença Hipertensiva Especifica da Gestação; Diabetes gestacional; entre outros, que coloque em risco a vida da mãe, ou feto (BRASIL, 2002). O estudo trata-se de uma comparação das taxas de cesarianas em relação ao parto normal no Brasil e uma reflexão sobre os mecanismos de avaliação para utilização da intervenção cirúrgica para retirada do feto (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa do tipo documental, onde foram utilizados livros de referências, artigos científicos e internet como fonte bibliográfica. O estudo foi realizado no município de Matipó localizado na região II da Zona da Mata no Estado de Minas Gerais, cuja população é de aproximadamente 17.639 habitantes, tendo como sua principal fonte de renda a agropecuária com maior destaque para a cafeicultura (IBGE, 2010). Para a coleta dos dados, foi obtida informação a partir do Sistema de informação de nascidos (SINASC) no DATASUS, fornecido pela Secretaria de Saúde, como critério de inclusão os partos cesarianos ou vaginais ocorridos no mês de janeiro de 2008 a junho de 2011 de gestantes residentes no município de Matipó. Após a coleta de dados, esses foram tabulados no Bioestatistic 5.0 através de estatística descritiva. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados mostraram que os partos realizados das gestantes residentes no município de Matipó entre janeiro de 2008 a Junho 2011 apresentaram pouca variação das taxas, mantendo uma média alta comparando ao estipulado pela Organização Mundial de Saúde (15%), apesar do incentivo do Ministério da Saúde ao parto normal. No ano de 2008 dos 300 partos realizados, 57% foram partos normais e 43% foram cesarianas. Em 2009 dos 312 partos realizados 49,68% foram cesarianas, 0,64% não informado e 49,68% partos normais. Em 2010, 50,38% foram cesáreas e 49,62% normais dos 262 partos realizados. EM 2011 dos 122 partos realizados, 50,82% foram normais, 48,36% forma cesarianas e 0,82% não informados. A taxa média de cesarianas entre os três anos foi de 47,85% estando muito acima do preconizado pela Organização Mundial de Saúde, que seria de 15%. Relativamente à evolução da incidência é uma cultura mundial a adoção deste tipo de parto. A preferência dos médicos a cesariana tem sua principal origem na intervenção programada, que dura não mais que 1 hora, enquanto o parto normal pode ocorrer a qualquer momento e ocupa um tempo maior e imprevisível (AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 2008). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que o índice elevado de cesarianas no município pesquisado nos três anos, aproximadamente 48% está sendo influenciado pela tendência mundial. Essa realidade leva a supor que as cesarianas não estão sendo precisamente indicadas, seja por convivência médica ou pela má orientação das gestantes. Acredita-se que mudanças na assistência pré-natal e no pagamento efetuado pelo governo podem ter influência na taxa de cesárea no ambiente SUS, devendo esta sofrer maior fiscalização, mas não devendo deixar de lado o exagero em entidades particulares já que se trata de saúde da população. Aspecto este que está relacionado ao treinamento de médicos e profissionais de saúde e incentivo não só da assistência individual, mas de uma estratégia que envolva toda a equipe de saúde e a população (AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 2008) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREITAS, F. Rotinas em obstetrícia. 4ª ed. Porto Alegre (RS): Artmed; 2001. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Parto, aborto e puerpério: Assistência Humanizada a mulher. Brasília (DF), 2002. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, CN-DST/ AIDS. Recomendações para profilaxia da transmissão materno infantil do HIV e terapia Anti-retroviral em Gestantes. 2001. CRUZ, FUNDAÇÃO OSWALDO. Cesarianas Desnecessárias: Causas, conseqüências e estratégias para sua redução. Disponível em: www.ans.gov.br/portal/upload/biblioteca/FIOCRUZ_Cesáreas.pdf. Acesso em 12.junho.2011.CDI/FAPESP - Centro de Documentação e Informação da FAPESP. Número de cesarianas aumenta na Alemanha e no Brasil. Disponível em: http://www.bv.fapesp.br/namidia/noticia/6736/numero-cesarianas-aumentaalemanha-brasil/ . Acesso em 12.junho.2011. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 FAUNDES, ANÍBAL et al. Opinião de mulheres e médicos brasileiros sobre a preferência pela via de parto. Rev. Saúde Pública 2004, vol.38, n.4, pp. 488-494. ISSN 0034-8910. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n4/21076.pdf . Acesso em 12.junho.2011. GAMA, ANDRÉA DE SOUSAet al. Representações e experiências das mulheres sobre a assistência ao parto vaginal e cesárea em maternidades pública e privada. Cad. Saúde Pública 2009, vol.25, n.11, pp. 2480-2488. ISSN 0102311X. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v25n11/17.pdf. Acesso em 12.junho.2011. QUEIROZ, MARIA VERACI OLIVEIRA; SILVA, NARA SUELENE JACOBINA E; JORGE, MARIA SALETE BESSA E MOREIRA, THEREZA MARIA MAGALHÃES.Incidência e características de cesáreas e de partos normais: estudo em uma cidade no interior do Ceará. Revista Brasileira de enfermagem.Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n6/a11v58n6.pdf DINIZ, CARMEN SIMONE GRILO. Humanização da assistência ao parto noBrasil:os muitos sentidos de um movimento 1Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v10n3/a19v10n3.pdf Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 RESUMOS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL: O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DOS CAPS DA MICRORREGIÃO DE SAÚDE DE MANHUAÇU Janine Lopes de Carvalho – Graduada em Psicologia, Especialista em SaúdeMental, Pósgraduanda em MBA Gestão Estratégica de Pessoas,responsável pelo NAPP (Núcleo de Apoio Psicopedagógico da Faculdade Vértice), Coordenadora e Psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial de Santa Margarida, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Silvia Maria de Oliveira Mendes – Graduada em Serviço Social, Mestre em Serviço Social [email protected] PALAVRA-CHAVE: Atenção Psicossocial; Caps; Reforma psiquiátrica. INTRODUÇÃO O tema dessa pesquisa compreende a expressão – “atenção psicossocial” – que surgiu, no campo da saúde, após a Segunda Guerra Mundial quando em vários países do mundo começaram a surgir críticas ao modelo médico de uma forma geral e ao modelo médico psiquiátrico. No Brasil, o termo psicossocial começa a ser falado a partir do movimento da Reforma Psiquiátrica, desde a década de 80, podendo se destacar experiências exitosas como as do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Núcleo de Atenção Psicossocial (NAPS). Costa-Rosa (2003) aponta que atualmente o termo atenção psicossocial é utilizado num sentido amplo e serve para nomear o novo paradigma em saúde mental que surgiu para substituir o asilar que até então era hegemônico no país. A reabilitação psicossocial de acordo com Saraceno (2001, p. 16) é “um processo de reconstrução, um exercício pleno da cidadania, e, também, de plena contratualidade nos três grandes cenários: habitat, rede social e trabalho como valor social”. Esta não é apenas uma necessidade ética, é uma exigência e deve englobar a todos os trabalhadores e a todos os atores do processo de saúde-doença, ou seja, todos os usuários, todas as famílias dos usuários e finalmente a comunidade inteira. Para além dos interesses capitalistas na manutenção do modelo asilar, é possível apontar, de acordo com a experiência empírica, desde nossa participação em fóruns regionais, no curso de especialização, em reunião de colegiado e em seminários estaduais, que existe legitimidade nas queixas e críticas feitas à qualidade dos serviços substitutivos, prioritariamente, os CAPS. Sendo assim, parte dessa posição política a escolha de nosso objeto de estudo_ as práticas desenvolvidas pelos profissionais dos CAPS da Microregião de saúde de Manhuaçu_ que serão comparadas às teses defendidas pelos autores da “atenção psicossocial”. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Este trabalho é relevante para a Reforma Psiquiátrica porque é patente que há uma necessidade imprescindível de avaliar os Centros de Atenção Psicossocial, que vêm sendo construídos em números crescentes no país, e as práticas de Reabilitação Psicossocial desenvolvidas a partir desses serviços. É importante conhecer se a produção teórica desenvolvida neste campo está sendo colocada em prática de forma coerente, ou se está sendo usada de forma contraditória ou incompatível com o discurso fundador da Reforma Psiquiátrica. Este projeto de pesquisa tem por objetivodiscutir o papel reabilitador dos CAPS da microrregião de saúde de Manhuaçu através das práticas desenvolvidas pelos profissionais de nível superior destes serviços. Nosso interesse é contribuir com a tomada de consciência acerca da intencionalidade das ações desenvolvidas nestes serviços, bem como dos possíveis resultados obtidos, a partir da visão dos técnicos, procedendo a crítica na perspectiva dialética. METODOLOGIA A pesquisa será embasada no Materialismo Histórico e Dialético que permite analisar partes de uma Totalidade Social expressas nas relações determinadas pelo ordenamento capitalista-burguês. Os dados serão coletados por meio de questionário fechado, entrevista semi-estruturada e grupo focal, e serão analisados em uma perspectiva qualitativa. Esta pesquisa será realizada em cinco CAPS credenciados da microrregião de saúde de Manhuaçu, que fazem parte da GRS de Manhumirim. Para este estudo foram selecionados como sujeitos da pesquisa os profissionais de nível superior dos cinco CAPSs avaliados somando trinta e dois. O questionário fechado será aplicado aos gestores dos serviços. A entrevista semiestruturada e o grupo focal irão abranger os trinta e dois sujeitos que compõem a população alvo do estudo proposto. RESULTADOS E DISCUSSÃO Este estudo parte da hipótese que existe um descompasso entre a produção teórica no campo da Reforma Psiquiátrica acerca da Reabilitação Psicossocial e as práticas de cuidados em saúde mental que são desenvolvidas dentro dos Centros de Atenção Psicossocial. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 CONSIDERAÇÕES FINAIS Apontamos a importância da realização de estudos que venham a oferecer evidências da adequação ou inadequação das práticas que partem dos novos serviços de saúde mental. As quais tenham por princípio ético a sustentabilidade da liberdade alcançada nos processos de desinstitucionalização, que conferem aos sufixos alvo das ações possibilidade de construção de direitos e do exercício da cidadania. REFERÊNCIAS COSTA-ROSA, Abílio. O Modo Psicossocial: um paradigma das práticas substitutivas ao modo asilar. In.: AMARANTE, Paulo (org). Ensaios – subjetividade, saúde mental e sociedade. Rio de Janeiro: Foicruz, 2000, pp.141-168. SARACENO, Benedetto. Libertando identidades – da reabilitação psicossocial à cidadania possível. 2 ed. Belo Horizonte/Rio de Janeiro: Te Corá, 2001. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 AVALIAÇÃO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA FRENTE AO TRATAMENTO DO DIABÉTICO INSULINO-DEPENDENTE–UMA REVISÃO DE LITERATURA Eufrásia Ferreira de Paula, Aline Baião de Oliveira e Nayara Nátaly Soares– Graduandas do curso de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Emanuelle de Souza Ferreira- Especialista em Saúde Pública, Coordenadora dos ESF’s do município de Matipó/MG, Professora da Faculdade Vértice - Univértix [email protected]. PALAVRAS-CHAVE: Diabetes mellitus tipo 1; Estratégia Saúde da Família; Enfermagem; Atenção Básica. INTRODUÇÃO O diabetes mellitus é um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia, resultante da falta de insulina, sendo classificado como diabetes mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2 ou como diabetes gestacional (BAIKIE, 2006, p.532). Ambos são distúrbios endócrino-metabólico crônicos. Este estudo objetivou-se no diabetes mellitus tipo 1 (DM1), que exige um tratamento mais rigoroso. Segundo Silveira et al. (2000) o diabetes mellitus tipo 1 é mais frequente na infância, podendo ocorrer em qualquer idade, manifestando em pessoas com idade abaixo de trinta anos, concentrando-se no período escolar e na adolescência. Segundo Assunção et al. 2001, atinge em todo o mundo pessoas de qualquer condição social, sendo uma enfermidade que representa um problema pessoal e de saúde pública com grandes proporções quanto à magnitude e a transcendência, apesar dos progressos no campo da investigação e da atenção aos pacientes. METODOLOGIA Este trabalho consiste de uma revisão de literatura de artigos científicos, livros e periódicos, datados de 1999 a 2009, pesquisado em base de dados. Para a seleção dos artigos foram utilizadas palavras-chave como: Diabetes mellitus, Programa Saúde da Família, Enfermagem e Atenção Básica. A pesquisa foi realizada no período de fevereiro a julho de 2011. RESULTADO E DISCUSSÃO Pelo método utilizado, observou-se em um estudo por Paiva et al.(2006), que existe a necessidade de um controle metabólico rigoroso associado a medidas preventivas e curativas relativamente simples que são capazes de prevenir ou Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 retardar o aparecimento das complicações crônicas do diabetes mellitus, resultando em melhor qualidade de vida ao indivíduo diabético. Assim surgiu uma necessidade de prevenção e promoção à saúde dos pacientes acometidos pelo diabetes ou que estivessem propícios devido à hereditariedade. Frente a uma crise no setor de saúde, o Ministério da Saúde implantou em 1994 o Programa Saúde da Família (PSF), que teve como objetivo proceder a reorganização da prática assistencial a partir da atenção básica, em substituição ao modelo tradicional de assistência, orientado para a cura de doenças. Assim, o PSF pretende promover a saúde através de ações básicas que possibilitam a incorporação de ações programáticas de forma mais abrangente. Para Assunção, Santos e Gigante (2001), a prestação de serviços apropriados para os diabéticos só ocorrerá se levado em consideração os principais componentes do sistema de saúde, especialmente a determinação das necessidades e dos recursos locais; o consenso sobre as normas de atenção; os mecanismos para aplicar os últimos avanços das investigações em educação, a utilização de todos os profissionais de saúde e a contínua avaliação da efetividade e da qualidade do tratamento dos pacientes. É necessário para que seja garantido um serviço adequado ao paciente diabético informações provenientes de três categorias: a estrutura que compreende os recursos materiais e humanos disponíveis no serviço, assim como sua própria estrutura organizacional; o processo que engloba o que de fato está sendo feito em termos de manejo dos problemas apresentados pelos pacientes e o resultado que significa o efeito dos cuidados no estado de saúde dos pacientes, resultante da interação desses com o serviço. Segundo Silveira (2000), os estudos descritivos são de grande valor para estabelecer o perfil dos pacientes com diabetes mellitus e definir metas a serem traçadas, quanto ao manejo da doença. CONSIDERAÇÕES FINAIS Existem, no entanto, alternativas viáveis para melhorar a qualidade de vida dos pacientes diabéticos tipo 1, tendo então a necessidade de ampliação ainda mais desse sistemas e programas que beneficiem o diabético em melhoria de qualidade de vida e sobrevida. O intuito é buscar alternativas para melhorar o tratamento já disposto pelo Programa Saúde da Família, que refletiu muito positivamente na saúde dos cidadãos brasileiros que agora deixou de ser um programa e passou a se denominar Estratégia Saúde da Famíla (ESF), devendo então objetivar-se na Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 inserção do grupo familiar e dicas com relação a cuidados para com o tratamento. Para Zanetti, Mendes e Ribeiro (2001) o enfermeiro é o profissional, responsável pelo desenvolvimento de programas de treinamento relativos aos cuidados domiciliares da pessoa diabética, incluída a técnica de auto-aplicação de insulina, devendo então assumir tal responsabilidade com um único objetivo, promoção da saúde. REFERÊNCIAS SILVEIRA, Vera M. F., MENEZES, Ana M.B., POST, Cora L.A. MACHADO, Eduardo C. Uma amostra de pacientes tipo 1 no sul do Brasil. Arquivo brasileiros de endocrinologia & Metabologia, v. 45, n.5,São Paulo out.2001. ASSUNÇÃO, Maria Cecília F., SANTOS, Iná da Silva, GIGANTE, Denise P. Atenção primária em diabetes no Sul do Brasil: estrutura, processoeresultado. Revista saúde pública, v.35, n.1, p.88-95, 2001. PAIVA, Daniela Cristina Profitti, BERSUSA, Ana Aparecida de Souza, ESCUDER, Maria Mercedes L. Avaliação da assistência ao paciente com diabetes e/ou hipertensão pelo Programa Saúde da Família do Município de Francisco Morato, São Paulo, Brasil. Caderno de Saúde Pública, v.22, n.2, p.377-385, fev., 2006. ARAÚJO, Rejane B., SANTOS Iná; CAVALETI, Marcelo A., COSTA, Juvenal S.D., BÉRIA Jorge U. Avaliação do cuidado prestado a pacientes diabéticos em nível primário. Rev. Saúde Pública, 33 (1): 24-32,1999. BAIKIE, Peggy D. Sinais e sintomas. 1ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PRINCIPAIS DOENÇAS DE BASE QUE LEVAM PACIENTES À NECESSITAREM DE TRATAMENTO HEMODIALÍTICO EM UMA CLÍNICA DE HEMODIALISE NA CIDADE DE MANHUAÇU-MG Alayne Suelen da Silva Nunes – Graduada em Farmácia, Especialista em Segurança Nutricional e Qualidade de Alimentos Valéria de Mello –Graduada em Farmácia e Bioquímica, Especialista em Farmacologia, Especialista em Tecnologia Industrial Farmacêutica, responsável farmácia da Renalclin Ltda, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Fernanda Rodrigues Nascimento – Graduada em Farmácia e Bioquímica, Professora da Faculdade do Futuro Eli Nogueira da Silva – Graduado em Medicina, proprietário e diretor clínico dos serviços de Hemodiálise Renalclin Ltda(Manhuaçu e Caratinga), Clirenal Ltda Vigilato da Silva Fernandes - Graduado em Medicina, diretor técnico serviço Hemodiálise Renalclin Ltda Aline Michele Silva Nunes – Graduada em Fisioterapia, professora Faculdade do Futuro Rony Vinicius de Abreu -Graduando em Medicina, FaculdadeUnivaço [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Hemodiálise; Doenças renais crônicas; Doença de base. INTRODUÇÃO: A doença renal crônica (DRC) é um diagnóstico sindrômico de perda progressiva e irreversível da função renal. Os objetivos do presente estudo foram conhecer a incidência das principais doenças de base que levaram os pacientes a desenvolver DRC, a idade e o sexo dos pacientes, bem como o tempo de duração do tratamento e motivo da saída do programa dialítico, se houver. METODOLOGIA: As informações foram coletadas em um programa do próprio estabelecimento e foram fornecidas em números absolutos, não sendo consultado, para este trabalho, o prontuário dos pacientes. O total de pacientes estudados foi de 208. Os critérios de inclusão no estudo foram todos os pacientes cadastrados na clínica em questão. Os dados foram coletados entre 24/06/2010 a 16/11/2010. Os dados relativos à entrada dos pacientes compreenderam o período de 1990 a 2010. RESULTADOS E DISCUSSÃO Através da analise dos dados, foi concluído que as causas que levam os pacientes a necessitarem de hemodiálise foram nefroesclerose hipertensiva 28,8%, nefropatia diabética 18,8%, glomerulonefrite crônica 16,3%, causas diversas 24,6% e outros motivos não definidos 11,5%. Essa informação se confirma segundo Gordan (2006) Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 que ressalta que a hipertensão arterial é a principal causa da DRC terminal no Brasil, consistindo em 40%, sendo um fator de risco, que com um tratamento apropriado pode reduzir não só a mortalidade cardiovascular, mas também a velocidade de progressão da DRC. Do total de pacientes atendidos, (208) são do sexo masculino 56,73% e do sexo feminino 43,26%. A incidência maior encontrada situa-se na faixa etária de 40 a 60 anos, 44,71% confirmada por vários trabalhos, pois após os 40 anos ocorre uma redução progressiva no ritmo de filtração glomerular (RFG), que pode reduzir em até 50% da capacidade de filtração glomerular. Através da análise do ano de entrada dos pacientes (1990-2010) foi observado que o maior índice de admissão no programa dialítico encontrado foi entre 2005 e 2010, totalizando 62,2%. Os principais motivos de saída do programa dialítico foram: óbito relacionado ao tratamento 50,12%, óbito não relacionado 17,82%, mudança de centro 13,69% e outros 18,37%. Os óbitos relacionados aotratamento tiveram como principal causa a infecção 35,1%. CONSIDERAÇÔES FINAIS: Estes dados revelam a importância das campanhas educativas sobre hipertensão arterial e diabetes mellitus na atenção básica e a orientação sobre o uso correto dos medicamentos e com isto o profissional farmacêutico se torna um profissional estratégico, evitando que um número maior de pacientes sofram perda progressiva e irreversível da função renal e ingressem no programa dialítico, refletindo em maiores gastos para a saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BASTOS, M.G.; BREGMAN, R.; KIRSZTAJN, G.M. Doença renal crônica: Freqüente e grave, mas também prevenível e tratável. Rev. Assoc. Med. Bras vol.56 no 2 p 248-53 Juiz de Fora. 2010 BASTOS, M.G.; CARMO, W.B. ; ABRITA, R.R.; ALMEIRA,E.C.; MAFRA, D.; COSTA, D.M.N.; GONÇALVES, J.A.; OLIVEIRA, L.A.; SANTOS,F.R.; PAULA,R.B. Doença Renal Crônica: Problemas e Soluções. J. Bras. Nefrol. vol. 26 no. 4 Dezembro 2004 CESARIANO, B.C. & CASAGRANDE, L.D.R. Paciente com insuficiência renal crônica em tratamento hemodialítico: atividade educativa do enfermeiro. Rev. Latino-Am. Enfermagem. vol.6 no.4 Ribeirão Preto Out/1998 Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 GARCIA, R.P.; BENITES, P.R.; DALL, C.; GÓMEZ, A.P.; VALDERRABANO, C.F. Preocupante incremento de la diabetes como causa de insuficiência renal terminal. Evaluación del tratamiento sustitutivo. An Med Int; 18 p175-80 2001 Gordan, P.A. Grupos de risco para doença renal crônica. J Bras Nefrol.v 28 nº 3 - Supl. 2 - Setembro de 2006. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ATIVIDADE FÍSICA PARA O DIABETE MELLITUS: IMPLICAÇÕES PARA O GRUPO DE DIABÉTICOS DA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) DE ABRE CAMPO-MG Rita de Cássia dos SantosMiranda – Graduanda em Licenciatura em Educação Física, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Márcia Ferreira da Silva – Graduada em Educação Física, Mestreem Educação Física Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica, Mestre Ciências Farmacêutica, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento– Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira -Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación, Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE:diabete mellitus; atividade física; estratégia saúde da família. RESUMO O Diabete Mellitus (DM) é um distúrbio do metabolismo de carboidratos que apresenta, entre outras manifestações, a hiperglicemia contínua ou intermitente. O DM tipo 1 tem como causa primária a destruição auto-imune das células beta pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina, ao passo que a causa do DM tipo 2 é a resistência das células alvo à insulina (GAYTON e HALL, 2002). Cerca de 5% da população total do mundo é diabética, crescendo assustadoramente este número com o decorrer do tempo. Estima-se alcançar cerca de 200 milhões de portadores em 2025, sendo considerada a epidemia do século (IDF, 2000; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001, WHO-WRP, 2001 citado por DULLIUS e LOPEZ, 2003). O tratamento medicamentoso com insulina e hipoglicemiantes orais tem sido os mais utilizados para controle glicêmicos em diabéticos. Dessa forma os pacientes podem manter valores glicêmicos em níveis próximos ao normal e reduzir as complicações advindas da hiperglicemia contínua. Por outro lado, tratamento nãomedicamentoso com dieta e exercícios físicos tem sido amplamente recomendado para que o diabético mantenha valores glicêmicos normais. Nesse aspecto, Irigoyen et al. (2003), sugere que o exercício físico juntamente com o tratamento farmacológico, tem sido considerado como uma das principais abordagens no tratamento do DM. Para Dullius e Lopez (2003) a atividade física orientada é parte essencial do tratamento da DM e traz inúmeros benefícios ao praticante, contudo deve ser prescrita e acompanhada por profissional qualificado com conhecimento Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 sobre fisiopatologia da diabetes, mas também e sobretudo sobre fisiologia do exercício em grupos especiais. Diante do exposto, a questão norteadora da pesquisa é: qual o nível de atividade física dos diabéticos da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Abre Campo-MG? Desta forma, o objetivo foi verificar o nível de atividade física dos diabéticos da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Abre Campo-MG. A presente pesquisa foi realizada na cidade de Abre Campo. Esta cidade está localizada na Zona da Mata Mineira e apresenta uma população de aproximadamente 13.311. Com cerca de 472 quilômetros quadrados de área, tem como principal fonte de renda a cafeicultura e a agropecuária (IBGE, 2010). O estudo foi realizado através de pesquisadescritiva.Primeiramente foram analisados prontuários médicos do ESF da cidade de Abre Campo/ MG a fim de identificar os pacientes diabéticos. Em seguida, procuramos esses pacientes para discutir os objetivos do estudo e apresentamos aos pacientes o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Ao assinarem o termo foram convidados a responder o questionário, que tratou de questões relacionadas ao conhecimento do paciente sobre a doença, controle, tratamento e nível de atividade física apresentado pelo grupo. Os dados coletados foram analisados através do programa Microsoft Office Excel 2007 e apresentados em forma de gráficos.O questionário foi respondido por 32 pacientes cadastrados no programa de Estratégia da Família da cidade de Abre Campo, sendo 25 pertencentes ao gênero feminino e 7 ao masculino. Os resultados parciais indicam que 31,3% (10) de diabéticos são do tipo 1 e 62,5%(20) do tipo 2. A faixa etária predominante é a de 60 a 69.anos. Verificouse que a maior parte dos participantes são pouco ativos quanto a realização de atividade física (62,5%). Esse fato é preocupante, pois a atividade física deve ser estimulada em todas as pessoas, principalmente naquelas que apresentam o DM, pois a prática de atividade física traz benefícios fisiológicos que favorecem a uma melhora na qualidade de vida (CIOLAC, GUIMARÃES citado por JÚNIOR E SAYDEL 2008). Júnior e Saydel (2008) fundamentam esta ideia comentando que a prática regular do exercício físico por pacientes com esta doença crônica tem a finalidade de ajudar na prevenção de complicações e no tratamento da doença. Para os mesmos autores, o exercício físico atua no controle da glicemia, aumentando a sensibilidade de resposta à insulina e desta forma sua ação, além de ajudar na manutenção e perda de peso. A partir destes resultados preliminares pode-se perceber que os portadores de DM investigados necessitam de orientação Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 específica sobre os benefícios que a prática regular de atividade física pode trazer para os mesmos. No entanto, é necessária a finalização do trabalho para se ter uma dimensão mais ampla das intervenções que devem ser realizadas. REFERÊNCIAS DULLIUS,Jane; LÓPEZ,Ramón F.Alonso. Atividades físicas é parte do tratamento para diabéticos: mas quem é profissional que a deve precrever?Disponível em http://www.efdeportes.com/. Buenos Aires, 2003. Acesso em: 14. fev.2011. GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Tratado de fisiologia médica. 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (BGE). IBGE Cidades 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?codmun=314090. Acesso em: 08.jun.2011. IRIGOYEN, Maria Cláudia; ANGELIS, Beatriz D’Agord, Schann; FIORINO, Patrícia; MICHELINI, Lisete C. Exercício físico no diabetes mellitus associado à hipertensão arterial sistêmica.Rev.Brasileira de Hipertensãov.10, n.2,abr./Apr.2003. JUNIOR,João Gabriel dos Santos; SAYDEL, Júlio Alexandre.Orientações específicas entre a relação diabetes e Educação Física.Entidade Mantenedora Escola Superior de Educação Ciências e Letras.Sorocaba SP 2008. VANCINI, Rodrigo Luiz; De LIRA, Cláudio André Barbosa. Aspectos gerais do Diabete Mellitus e exercício. Centro de Estudos de fisiologia do Exercício. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) 2004. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PERFIL DAS IDOSAS ACOMPANHADOS PELO NASF DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ-MG Romário Santana Costa e Andréa Aparecida Silva - Graduandos em Licenciatura em Educação Física, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Carlos Eduardo Toledo – Graduado em Educação Física, Especialista em Qualidade de vida e Promoção da Saúde, Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da Faculdade Vértice -UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira -Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación, Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: idosos; NASF; Núcleo de Apoio à Saúde da família. RESUMO A população brasileira atual é de 183,9 milhões de habitantes (IBGE, 2007) e destes 10,6% são pessoas com mais de 60 anos. A população idosa também cresceu de 7,9% para 10,6%. E o percentual de idosos com idade superior a 80 anos passou de 1% em 1992 para 1,4% em 2007, o que corresponde a 1,6 milhões de pessoas (BALZA, 2008). Segundo Kuhnen et.al. (2004) o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que vem acontecendo nos últimos anos. No processo de envelhecimento, a manutenção do corpo em atividade é essencial para manter as funções vitais em bom funcionamento. As pessoas idosas, ao praticarem atividades físicas com regularidade, quando comparadas àquelas de vida inativa, mostram melhor adaptação orgânica aos esforços físicos, além de maior resistência as doenças e ao estresse emocional e ambiental. Segundo Shephard (1997) citado por Kuhnen et.all. (2004) com o envelhecimento humano a força muscular localizada tende a ser diminuída. Isto ocorre devido à diminuição da massa muscular magra. Aoyagi e Shephard (1992) enfatizam que esta diminuição ocorre devido ao declínio do número de fibras e/ou redução na área de seção transversa. Segundo Wolinsky e Fitzgerald citado por Kuhnen et.all (2004) com a idade avançada, além da perda da força muscular, também diminui a habilidade do músculo para exercer força rapidamente, pois a potência muscular é uma habilidade vital e pode servir como um mecanismo protetor na queda, uma das causas mais freqüentes de lesões nos idosos, além de ser importante para o desempenho das atividades diárias. Com o intuito de prevenção surgiu no país vários projetos destinados a cuidar da saúde do idoso, programas de intervenção e estimulação a prática de atividade física na Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 terceira idade. Para Takahashi (2004), os programas visam promover a integridade física e mental dos idosos, além da promoção da cidadania e respeito. Além disso, mantém a concepção de que a atividade física pode ser o melhor tratamento para prevenção de muitas patologias da atualidade. Em meio a isso, um programa do governo que vem se destacando por sua amplitude de aplicação é o NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), que é uma continuação do PSF (Programa Saúde da Família), criado em 1994, para orientar e acompanhar a qualidade de vida da população brasileira. O NASF, criado em 2008, tem papel fundamental no desenvolvimento da qualidade de vida da população, principalmente pela formação multiprofissional que ele abrange (BRASIL, 2010). Neste contexto, o objetivo dessa pesquisa foi identificar o perfil dos idosos acompanhados pelo NASF do município de Matipó-MG. Esse programa de atividade física atende a 25 idosos, na Unidade do PSF/Exposição. Porém, nos dias da aplicação do instrumento de coleta de dados estavam presentes somente 18 participantes, todas do gênero feminino, com idades variando entre 55 a 80 anos. O questionário contendo sete questões abertas sobre atividade física e envelhecimento foi aplicado no mês de junho de 2011. Outras formas de coleta utilizadas foram fotos, filmagens e acompanhamento das aulas. Os dados foram analisados de forma descritiva, considerando-se o registro escrito das respostas pesquisadas. A cidade de Matipó, localizada na região da Mata Mineira, encontra-se a 257 quilômetros da capital de Minas Gerais, Belo Horizonte. Com uma população de 17.639 habitantes (IBGE, 2010), tem sua economia baseada no cultivo do café e de outros grãos, como milho, feijão, etc. As idosas foram questionadas sobre a frequência da prática de atividade física, os tipos de atividades oferecidas no programa, bem como um processo de avaliação periódica realizado pelo profissional de Educação Física do programa. Os resultados parciais indicam que a frequência de atividade física é de 2 a 3 vezes por semana; as atividades mais praticadas são alongamentos, ginástica e atividades rítmicas. A avaliação delas pelo profissional de Educação Física acontece semanalmente através da aferição da pressão arterial e frequência cardíaca e a pesagem ocorre mensalmente. Percebemos por meio desta pesquisa a importância de programas de incentivo à pratica de atividades físicas na 3ª idade, bem como o processo de avaliação periódica realizado pelo profissional de Educação Física, que reflete de maneira positiva na qualidade de vida do idoso. REFERÊNCIAS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 KUHNER. Ana Paula et. all. Atividade fisica e os cuidados especiais de saude. Disponível em: www.extensivo.ufsc.br/20041/artigos. Acesso em: 03.mar.2011. TAKAHASHI, Regina Maria da Silva .Benefícios da atividade física na melhor idade. Revista Digital. Buenos Aires ano 10, n.74, jul/2004 disponível em http;WWW.efdeportes.com acesso em 20nov.2007 SILVA, Francisco Martins (Org). Recomendações sobre condutas e procedimentos do profissional de Educação Física na atenção básica a saúde. Rio de Janeiro: Confef , 2010. 48p. ISBN 978-85-61892-03-6 BALZA, G. 2008. População brasileira pára de crescer em2030,aponta Ipea. UOL NOTÍCIAS, 07/10/2008 (online) BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretrizes do Nasf: Núcleo de Apoio à Saúde da Família / – Brasília: 2010. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PERFIL DAS PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA DA CIDADE DE MATIPÓ- MG Maura Carolina de Souza Santos e Mírian Aparecida Brandão–Graduandas em Licenciatura em Educação Física, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Fábio Florindo Soares – Graduado em Educação Física, Especialista em Atividades Motoras emAcademias, Atividades Aquáticas e Personal Training – ESEFM, Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Márcia Paula de Miranda Florindo – Graduada em Educação Física, Especialista em Atividades Motoras emAcademias, Atividades Aquáticas e Personal Training – ESEFM, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento– Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira -Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: perfil; hidroginástica, benefícios, exercício físico. RESUMO Segundo Ribeiro (1998), a história nos mostra que há vários séculos a água vem sendo utilizada de diversas formas pelo ser humano com finalidades recreacionais e terapêuticas. A hidroginástica é uma forma de exercício físico que se trabalha na água, visando trabalhar o indivíduo de forma geral, aproveitando os benefícios e recursos que ela oferece, respeitando limites e metas de cada um e também do grupo (PAULO, 1994). O mesmo autor ainda coloca que quem procura a ginástica aquática são adultos, na maioria das vezes mulheres, que necessitam de um exercício físico e não podem fazer atividades em seco (tais como pessoas com problema de coluna, articulações), além daqueles que precisam de uma motivação diferente para continuar seu programa de condicionamento físico e manter a forma, pessoas que procuram segurança antes de aprender a nadar, que necessitam de relaxamento e compensação do trabalho diário. Como nos mostra Krasevec e Grimes (1990) a hidroginástica consiste em um programa de exercícios aeróbicos, incluindo exercícios que desenvolvem flexibilidade, força muscular e resistência, sendo uma forma versátil, vista por muitos como um programa ideal de condicionamento físico, por ser diferente de muitos programas tradicionais de ginástica, que exigem que a pessoa desenvolva componentes de preparo físico individualmente e em diferentes lugares, sendo que a hidroginástica desenvolve todos os componentes em um mesmo ambiente. Ribeiro (1998) afirma que as atividades aquáticas fortalecem os músculos respiratórios devido à resistência que a Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 água oferece ao movimento da caixa torácica durante a respiração, ativando a circulação e melhorando a postura. Diante do exposto este estudo teve comoobjetivo identificar o perfil das praticantes de hidroginástica na cidade de Matipó – MG. Tratase de umapesquisa exploratória, que teve como amostra 17 praticantes de hidroginástica do gênero feminino, com idade entre 27 e 71 anos. As aulas de hidroginástica são ministradas por uma profissional de Educação Física, duas vezes por semana, durante 1 hora, em uma residência que tem piscina, que mede 6X9 metros, profundidade entre 1 metro a 1,80 metros. Ao final de uma das aulas foi realizado um encontro com todas as 34 praticantes que se voluntariaram a responder o instrumento de coleta de dados. Em um segundo momento elas foram visitadas individualmente em suas residências para responder o questionário, período em que tivemos dificuldades de encontrar algumas delas, por isso a pesquisa se restringiu a 17 pesquisadas. Antes de responderem foi apresentado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) e elucidado a elas os benefícios advindos da participação da pesquisa. O questionário continha 18 questões, sendo 10 abertas e 08 fechadas. Os dados foram tabulados pelo programa Excel versão 2010 e organizados em forma de gráficos. Os resultados parciais indicam que 29,52% buscam a hidroginástica com o intuito de emagrecimento; 23,52% procuram esse tipo de exercício físico devido a dores nas articulações; outros 17,64% por orientação médica. A maioria das praticantes possui algum tipo de patologia, sendo que 26% apresentam problemas articulares e 18,5% dores ou desvios na coluna. Não é necessário saber nadar, afinal 64,7% das praticantes não possuem esta habilidade, apesar de a maioria já ter o hábito de entrar na água. O que as praticantes mais gostam durante as aulas são dos exercícios, seguido do encontro com as amigas. Com a prática da hidroginástica elas já melhoraram seu condicionamento físico, diminuíram as dores articulares e emagreceram. Buscam ainda melhorar seu condicionamento físico e chegar ao peso ideal. Sempre após a prática da hidroginástica elas se sentiam relaxadas e bem dispostas, notando diferenças em suas tarefas diárias. Devido ao clima da cidade, a água fria e o fato de não possuir uma piscina térmica elas não podem praticar durante todo o ano, permanecendo de outubro a abril. Pretendemos com este estudo contribuir para que os profissionais de Educação Física que venham atuar no futuro com este tipo de exercício possam melhorar a dinâmica de suas aulas, atendendo aos objetivos daqueles que procuram esse tipo de exercício físico. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 REFERÊNCIAS KRASEVEC, Joseph A.; GRIMES, Diane C. Hidroginástica: um programa de exercícios aquáticos para pessoas de todas as idades e todos os níveis de preparo físico.São Paulo: hemus, 1990. PAULO, Mercês Nogueira. Ginástica aquática. Rio de Janeiro: Sprint, 1994. RIBEIRO, Daisy Beatriz Moreira. O planejamento na hidroginástica: uma perspectiva.Viçosa, 1998, 33 p. Monografia de graduação, Educação Física, Universidade Federal de Viçosa. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PERFIL DO USO DE ANTIBIÓTICOS UTILIZADOS EM PACIENTES EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO EM UMA CLÍNICA DE HEMODIÁLISE NA CIDADE DE MANHUAÇU – MG Valéria de Mello –Graduada em Farmácia e Bioquímica, Especialista em Farmacologia, Especialista em Tecnologia Industrial Farmacêutica, responsável farmácia da Renalclin Ltda, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Cínthia Mara de Oliveira Lobato – Enfermeira pela UFAM, Mestre em Meio Ambiente, Doutoranda em Educação, responsável técnica do Hospital César Leite e Enfermeira Assistencial da Renalclin Ltda Vigilato da Silva Fernandes – Graduado em Medicina, Nefrologista, diretor técnico da Renalclin Ltda Agreine Mageste Pansute - Graduado em Medicina, Nefrologista daRenalclin Ltda Iraly Gomes Silva e Natália Viana – Graduandas em Farmácia daFaculdade Vértice UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Hemodiálise; Infecções; Antibióticos; Vancomicina; Cefazolina INTRODUÇÃO Pacientes com comprometimento renal possuem alto risco para o desenvolvimento de infecção devido à baixa imunidade, condição clínica severa especialmente quando esses necessitam de hemodiálise. A antibioticoterapia no caso de hemodialíticos acometidos por infecções é habitualmente iniciada empiricamente, e a escolha do antibiótico depende da gravidade do quadro apresentado, fatores de risco presentes e os prováveis patógenos. O objetivo do estudo foi avaliar o protocolo clínico e as diretrizes terapêuticas para a utilização de medicamentos antibióticos em casos supostos ou confirmados de infecções em pacientes portadores de doença renal crônica, bem como avaliar a quantidade de antibióticos prescritos durante um determinado período e como ocorre essa prescrição de medicamentos antibióticos em uma clínica de hemodiálise localizada na cidade de Manhuaçu -MG. O controle do uso de antibióticos (ATBs) na empresa é feito pelos responsáveis do PCPIEA (Programa de Prevenção e Controle de Infecções em Serviço de Saúde) da mesma, composto por médico diretor clínico, enfermeira, farmacêutica e administrador. Todo e qualquer evento suspeito é relatado ao médico responsável pelo plantão, que após exame clinico do paciente, prescreve o antibiótico. Esta prescrição é anotada na pasta de registro de antibióticos utilizados em hemodiálise. São Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 registrados os seguintes dados: data e motivo da prescrição, antibiótico administrado e nomes do paciente, do médico prescritor e do técnico de enfermagem responsável pela administração. A clínica possui protocolo para uso de antibióticos e os seguintes medicamentos antibióticos são utilizados: Vancomicina injetável 500mg IV pó liofilizado, Sulfato de amicacina injetável IV/IM 500mg e Cefazolina injetável pó 1g IM/IV. Outros antibióticos só podem ser adicionados ao uso com autorização do médico diretor técnico responsável, além de ser discutido com a comissão do PCPIEA. METODOLOGIA As informações foram coletadas na pasta de controle de prescrição de antibióticos preenchida pelos técnicos de enfermagem responsáveis pela aplicação do medicamento, os quais são supervisionados pelos enfermeiros. O período analisado no estudo foi de janeiro a junho de 2011. Foram utilizadas neste estudo apenas as anotações que estavam claras e precisas quanto ao motivo que levou à administração do antibiótico. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os sintomas clínicos mais comuns indicativos de infecção, durante a sessão de hemodiálise, são tremores, calafrios e febre. As causas podem ser variadas e incluem a utilização ou não de cateter, a presença ou não de infecção já instalada antes da sessão de diálise, tais como: otite, infecção urinária, diarréia, infecções respiratórias e feridas em tratamento. Durante o período analisado foram prescritas 145 doses de antibióticos. O maior número de prescrições foi encontrado no mês de fevereiro (20%). Os antibióticos mais prescritos foram a Cefazolina (40%), e a Vancomicina (25%). A maior parte das prescrições em questão, ocorreram devido aos sinais de pirogenia,124 casos, e devido às infecções do trato urinário, 27 casos. Outros motivos que levaram a prescrição de antibióticos foram infecções respiratórias diversas, feridas, diarréias e, em menor número, infecções em membros inferiores e superiores. No presente trabalho não foi relacionado o sintoma de infecção ao antibiótico prescrito, visto que não havia critério claro quanto a esta utilização. Para um mesmo sintoma clínico de infecção, antibióticos diferentes foram administrados aos pacientes. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 CONSIDERAÇÔES FINAIS Os pacientes submetidos à hemodiálise crônica apresentam grande risco de infecção, pois a uremia é uma condição imunossupressora e o acesso vascular é uma fonte potencial de contaminação. Além disso, esses pacientes têm outras condições de risco para complicações não infecciosas como sangramentos, complicações mecânicas do acesso vascular entre outras. Os dados analisados revelam a falta de critérios para a prescrição de medicamentos antibióticos. Mas devido à gravidade dos pacientes em hemodiálise e, visto que o referido Serviço de Hemodiálise é oferecido em uma “unidade satélite” (distante do ambiente hospitalar), maiores precauções contra infecções podem constituir um fator determinante na hora de prescrever os medicamentos. É recomendado que se faça uma padronização objetiva e mais clara quanto ao tipo de sintoma infeccioso e o antibiótico que deve ser prescrito. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brasil. RDC 154, 15 de junho de 2004 RENALCLIN LTDA. Protocolo de antibioticoterapia. 2010 DAUGIRDAS, Jonh T.; BLAKE, Peter G; ING.T. Manual de diálise. 4.ed. São Paulo. Ed. Guanabara. 2008 MARTINS, Maria Aparecida. Manual de infecção hospitalar – Epidemiologia. 2.ed. São Paulo. Ed. Medsi. 2009 SANTOS, Nivea Cristina Moreira. Enfermagem na prevenção e controle da infecção hospitalar. São Paulo. Editora Iatria. 2003 TADDEO FILHO, L. Diálise e hemodiálise. In: Fernandes AT, editor. Fernandes MOV, Ribeiro Filho N. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. São Paulo: Atheneu, 2000. p. 771-8. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ABORDAGEM SOBRE A SÍNDROME DE BURNOUT COM PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR DA ZONA DA MATA MINEIRA Rafael Henrique dos Reis e Wilton da Luz Neves -graduando em Enfermagem, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Janine Lopes de Carvalho -Graduada em Psicologia, Pós-graduada em Saúde Mental, Pós-graduanda em MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, Coordenadora e Psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial de Santa Margarida, Professora da Faculde Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Burnout,Serviços de Enfermagem; Saúde Ocupacional. RESUMO Nos anos 1950/1960, surgiu, no cenário da psicopatologia laboral, o desenvolvimento de uma clínica das alterações mentais que poderiam ser ocasionadas pelo trabalho, deixando clara a existência de síndromes que afetam a saúde mental de algumas categorias profissionais. Os processos laborais, assim como várias alterações quanto à tecnologia em curso no mundo do trabalho, reúnem grandes fontes geradoras de tensão e fadiga para uma dada coletividade (NEVES, SELIGMANN-SILVA, ATHAYDE, 2004). No início dos estudos sobre a psicopatologia do trabalho, focava-sena dimensão de sofrimento que levava o trabalhador em direção à doença mental. Posteriormente, a psicopatologia do trabalho passou a ser compreendida de forma diferente, passou a ser referido ao sofrimento patógeno e a um sofrimento criador, relacionados ao prazer e ao sofrimento no trabalho e o modelo de desgaste mental, como é o caso da teoria do estresse e do esgotamento profissional, a Síndrome de Burnout (NEVES, SELIGMANN-SILVA, ATHAYDE, 2004). Para Codo e Vasques-Menezes (1999), Burnout é uma síndrome que acomete o trabalhador e o faz perder o sentido da sua relação com o trabalho, sentindo-se desinteressado ecom a sensação de que seu esforço é inútil.Os profissionais mais afetados por esta síndrome são aqueles que estão em contato direto com seus clientes/pacientes. Os profissionais da educação e saúde, policiais e agentes penitenciários, entre outros são apontados como clientela de risco para desenvolvimento da síndrome. Entre estudos feitos com diversos profissionais sobre a Síndrome de Burnout, os enfermeiros, constituem uma das classes profissionais que merecem maior atenção (PEREIRA, 2008). Baixas remunerações, frustrações, carga horária de trabalho elevada e adiversidade de atividadesdesenvolvidas são Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 fatores que deixam este profissional predisposto à síndrome. (BARBOSA, 2007 citado por PASCOAL, 2008). No Brasil, grande parcela dos enfermeiros trabalha em hospitais lidando com a dor, doença e morte. Este profissional lida diariamente com a ansiedade, sentimento de perda, fragilidade dos pacientes, provenientes de processos assistenciais que causam desconforto, sendo estes dolorosos, invasivos em um ambiente estranho. Os enfermeiros acabam por experimentar uma angústia imensa, o que consequentemente pode causar uma tensão psíquica. (FARIAS et al, 2011) Diante do exposto até aqui, a questão que motiva este trabalho é identificar se a Síndrome de Burnout acomete profissionais da Enfermagem de uma instituição hospitalar da Zona da Mata do estado de Minas Gerais. Para tal, optou-se pelo método quantitativo de caráter exploratório, no qual os dados serão coletados através de questionário fechado que se subdivide em duas partes.A primeira, sobre dados sociodemográficos, socioeconômicos e questões relacionadas à atividade laboral, tais como: gênero, estado civil, escolaridade, tempo de serviço prestado na unidade e carga horária de trabalho semanal. A segunda parte do questionário é um instrumento que servirá para identificar o grau de esgotamento profissional que se limita a três dimensões: exaustão emocional,despersonalização e a falta de envolvimento pessoal no trabalho. Para a aplicação do questionário, haverá uma apresentação com credencial, menção do interesse e dos motivos da pesquisa, explicação justificativa da escolha do entrevistado, garantia de anonimato e sigilo, e por fim será apresentado o termo de consentimento livre e esclarecimento. Após a coleta de dados, que serão tabulados no Microsoft Excel através de estatística descritiva para geração de gráficos. A amostra do estudo constitui-se de 175 profissionais da área de enfermagem, sendo estes 131 auxiliares de enfermagem, 19 técnicos de enfermagem e 17 enfermeiros.Dessa forma, com o presente trabalho pretende-se contribuir com os estudos sobre o bem-estar do indivíduo em seu local de trabalho. Estes estudos são fundamentais para que se compreenda de que maneira alguns trabalhadores conseguem lidar com o estresse e as doenças laborais, mantendo o equilíbrio psíquico, a saúde mental e o bem-estar subjetivo. A compreensão do esgotamento profissional, a decepção e perda de interesse pelas atividades, os conflitos com colegas de profissão e pacientes, ambiguidade, excesso de funções, jornada de trabalho com horas excessivas, dentro e fora do trabalho. Além da Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 necessidade de ter mais de um emprego e a consequente falta de tempo livre, constituem-se em um fator relevante para este estudo, poispara que se aumentem os níveis de bem-estar do trabalhador, é necessária a formação da identidade, elevação da auto-estima, inserção social e manutenção de vínculos sociais. REFERÊNCIAS FARIAS, Silvia Maria de Carvalho et al. Caracterização dos sintomas físicos de estresse na equipe de pronto atendimento.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/v45n3a25.pdf . Acesso em: 17.ago.2011. NEVEZ, Mary Yale, SELIGMANN-SILVA, Edith, ATHAYDE, Milton. Saúde mental e trabalho: um campo de estudo em construção. In: ARAÚJO, Anísio et al.(Org.). Cenários do trabalho: subjetividade, movimento e enigma. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. 19-49p. PASCOAL, Francilene Figueirêdo da Silva. Síndrome de Burnoutentre os Profissionais de Saúde da Estratégia Saúde da Família: risco de adoecimento mental. 127 (f). Tese, Mestre em Enfermagem – Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências da Saúde. PEREIRA, Ana Maria T. Benevides (Org). Burnout: Quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. 3ª Ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 QUALIDADE DA ÁGUA TRATADA UTILIZADA EM UMA CLÍNICA DE HEMODIÁLISE NA CIDADE DE MANHUAÇU – MG Valéria de Mello –Graduada em Farmácia e Bioquímica, Especialista em Farmacologia, Especialista em Tecnologia Industrial Farmacêutica, responsável pela Farmácia da Renalclin Ltda, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Alayne Suelen da Silva Nunes – Graduada em Farmácia, Especialista em Segurança Nutricional e Qualidade de Alimentos Eli Nogueira da Silva – Graduado em Medicina, proprietário e diretor clínico dos serviços de Hemodiálise Renalclin Ltda(Manhuaçu e Caratinga), Clirenal Ltda Vicente de Paula Rodrigues – Graduado em Enfermagem, Enfermeiro assistencial da Renalclin Ltda Nilza Lorena Vitor Queiroz e Elzilaine Maira Dionízio –Graduanda em Farmácia Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Hemodiálise; água; controle; qualidade INTRODUÇÃO Pacientes em hemodiálise são particularmente vulneráveis aos contaminantes presentes na água utilizada para o preparo da solução dialítica e no reprocessamento dos dialisadores.Segundo a AAMI (Standards for dialysate), danos e mortes são causados por água tratada de forma inadequada. A necessidade de um controle rigoroso nos serviços de hemodiálise éde suma importância, tanto no que diz respeito à implantação de um sistema que garanta água que atenda os padrões de qualidade exigidos, quanto no que se refere a uma manutenção preventiva eficaz desses sistemas. Com o objetivo de obter água de acordo com os padrões, a clínica em estudo possui um pré-tratamento da água potável com filtro de sedimentação, abrandador e coluna de carvão, nesta ordem. A purificação da água é feita por sistema de osmose reversa. A desinfecção do “looping” de água é feito com hipoclorito de sódio mensalmente por um técnico em manutenção. Diariamente são coletadas amostras de água tanto no sistema de pré-tratamento quanto no sistema de purificação por osmose, para análise de parâmetros como cloro livre e sólidos totais dissolvidos, que são coletados na entrada e no final do pré-tratamento, dureza antes e depois do abrandador, além de outroscontroles, tais como coleta de água para análise físico-química semestralmente e microbiológica mensalmente, conforme RDC 154/04. O objetivo deste estudo foi avaliar os resultados das análises microbiológicas da água para hemodiálise durante o período de janeiro/2011 a junho/2011.O limite de contaminação ceito de bactérias heterotróficas é de 200 UFC/mL, com limite de Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ação de 50 UFC/ mL e para coliformes totais ausência em 100 mL. METODOLOGIA As amostras foram coletadas pelo farmacêutico responsável pelo controle da água e analisados por laboratório externo habilitado pela REBLAS (Rede Brasileira de Laboratórios). Os resultados são arquivados em pasta por ordem decrescente de data de coleta. Os locais de coletas das amostras foram os seguintes: Reuso A, Reuso B, Reuso C e 1° ponto do tratamento após a produção da água por osmose reversa. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o período de estudo, os resultados das análises de coliformes totais foi ausência em 100 mL em todas as amostras coletadas no período considerado. A contagem de bactérias heterotróficas foi <1UFC/mL nos meses de janeiro, fevereiro, maio e junho de 2011 em todos os pontos de coleta. Excetuando- se o que ocorreu no mês de março de 2011, onde foram encontrados resultados alterados no 1° ponto após a produção da água tratada e no Reuso C, >200 UFC/mL, mas visto que a amostra demorou mais de 24 horas para chegar ao local de análise e que nenhum sintoma clínico de infecção diretamente ligado às alterações microbiológicas na água tenha ocorrido, este resultado foi desconsiderado como indicativo de má qualidade da água tratada para hemodiálise. Neste mesmo mês, os Reusos A e B, apresentaram valores de 2UFC/mL. No mês de abril, houve uma alteração no resultado do Reuso C (>200 UFC/mL) e no 1° ponto após o tratamento da água (110UFC/mL), dentro dos limites especificados pela RDC 154, mas acima do limite de ação. (50UFC/mL). CONSIDERAÇÔES FINAIS Considerando-se a baixa ocorrência de reações adversas em pacientes durante sua hemodiálise, relacionadas à qualidade da água e devido aos níveis microbiológicos estarem dentro dos limites especificados, podemos considerar a água tratada para hemodiálise da clínica estudada, como de boa qualidade durante o período em questão. Qualquer resultado fora das especificações é devidamente analisado pela equipe do PCPIEA (Programa de Prevenção e Controle de Infecções em Serviço de Saúde) da empresa, composto por médico diretor clínico, enfermeira, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 farmacêutica e administrador. Em caso de qualquer resultado fora das especificações pode ser solicitada a troca do carvão ativado, limpeza e desinfecção química do filtro da osmose e desinfecção do loopping de água, e após a tomada dessas ações nova coleta é realizada. É necessário muita atenção e cuidado, para que a água utilizada na hemodiálise atenda aos padrões mínimos recomendados, para isso são necessárias manutenções preventivas do sistema de tratamento e purificação da água e monitoramento da qualidade da água produzida através do acompanhamento dos resultados das análises microbiológicas e físico-químicas realizadas nas amostras coletadas de acordo com o disposto na legislação em vigor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brasil. RDC 154 de 15 de junho de 2004. Brasil. Portaria 518, de 25 de março de 2004. SILVA, et al. Revisão/Atualização em hemodiálise.JornalBrasileiro de nefrologia.1996. Diálise: Água para OSMONICS. Pure Water handbook. 1997. AMATO, L.A. Water treatment for hemodialysis – Updated to include the latest AAMI Standards for dialysate (RD52: 2004). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 RELAÇÃO ENTRE BLOQUEIOS E VITÓRIAS NO VOLEIBOL DE ALTO NÍVEL: UM ESTUDO DE CASO DA SUPERLIGA MASCULINA NA TEMPORADA DE 2010-2011 Lindinalva Aparecida Romeiro e Pâmella Cristina Pauferro Lima Brandão - Graduanda em Licenciatura em Educação Física, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira– Bacharel e Licenciado em Educação Física, Mestre em Educação Física, Esporte e recreação, Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento– Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kátia Imaculada Moreira – Bacharel e Licenciada em Dança, Especialista em Metodologia da Pesquisa,Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE:Voleibol; Fundamentos técnicos; Vitórias. RESUMO O voleibol é muito discutido e praticado por muitas pessoas no Brasil, o que o torna em um excelente campo de trabalho para os profissionais de Educação Física. É um orgulho podermos dizer que nos dias atuais, temos o melhor voleibol do mundo, poucos países possuem, uma equipe masculina e feminina, com resultado internacionais tão significativos como o Brasil na atualidade. O nosso voleibol é hoje o mais respeitado do mundo, graças ao desempenho dos atletas e toda sua comissão técnica (BOJIKIAN e BOJIKIAN, 2008). Cada fundamento tem uma grande importância no jogo e cada um possui uma dificuldade para ser executado, mas para alguns estudiosos o bloqueio é considerado como o fundamento de maior dificuldade para se ter êxito, pois é uma ação condicionada pela ação do adversário, a ser realizada em fração de segundos. O bloqueio é uma disputa “homem a homem”, com os jogadores muitos próximos. Os bons bloqueios são muitos raros e disputados pelas grandes equipes do voleibol. Os bloqueadores aparecem menos que os atacantes para o público, acostumado a valorizar os finalizadores, mas os bloqueadores são igualmente importantes para uma equipe. (BOJIKIAN e BOJIKIAN, 2008, p. 99.). Os jogos esportivos coletivos caracterizam-se principalmente pela alternância entre ataque e defesa. A posse de bola geralmente é o que determina o papel (ofensivo ou defensivo) que a equipe está desempenhando. Por isso quando uma equipe ataca, a outra tem que defender. O momento de ataque caracteriza-se pela “progressão” da equipe que detém a posse de bola rumo ao campo adversário. E o momento defensivo caracteriza-se por ações que tentam defender o próprio campo. (BAYER, 1986; GRECO e CHAGAS, 1992 citados por Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ROCHA e BARBANTI, 2004). Sendo assim o objetivo desse trabalho é verificar a relação entre a execução de bloqueios e a obtenção de vitorias no voleibol de alto nível. Este estudo pretende contribuir com a evolução do voleibol em âmbito nacional e mundiale se justifica pela falta de literatura especifica na área pesquisada, pela necessidade em aperfeiçoar os fundamentos dos treinamentos técnicos e táticos nessa modalidade esportiva e contribuir com a evolução do voleibol em âmbito nacional e mundial.Este estudo caracteriza-se como uma investigação descritiva, a qual visa conhecer a realidade sem interferir na mesma (GIL, 1991). Os pressupostos da investigação dizem respeito à importância do bloqueio na obtenção de vitorias. Todos os jogos do “play-off” da Superliga masculina de 2010/2011 no Brasil, foram analisados através das estatísticas dos jogos. A análise concentra-se nos procedimentos de bloqueios. A amostra do presente estudo foi analisada a partir de dados fornecidos pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Os dados serão organizados e discutidos através de gráficos para melhor compreensão, utilizando-se o programa Microsoft Excel. Foram realizadas na Super Liga 2010-2011, 230 partidas, nessas partidas a média de ações de bloqueios foi de 92 +-10 ações por partida. O número de equipes participantes da Superliga 2010-2011 foi de 15 equipes, e a média de ações de bloqueio realizadas por partida foi de 46+-5, sendo a equipe BMG São Bernardo a equipe que realizou o maior número de ações de bloqueio por partida: 58 ações por partida, e a equipe com a menos médio de bloqueios realizados foram as equipes Soya e Santo André com média de 40 ações de bloqueio por partida. Os resultados parciais indicam que as ações de bloqueio são muito presentes em partidas de voleibol nos dias atuais e que possa existir uma relação direta entre a execução desse fundamento e a obtenção de vitórias nesse esporte. REFERÊNCIAS ARAÚJO, J. B. Voleibol moderno: sistema defensivo. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sport, 1994. BIZZOCCHI, C. O Voleibol de alto nível: da iniciação à competição. São Paulo: Fazendo Arte, 2000. BOJIKIAN, J. M.; BOJIKIAN, L. P. Ensinando Voleibol. Guarulhos, SP: Phorte, 2008. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 CAMPOS, L. A. S. Voleibol “da” Escola. Jundiaí, SP: Fontoura Editora, 2006. GIL, Antônio Carlos. Projeto de Pesquisa. 3ª ed. São Paulo: Atlas,1991. ROCHA, C.; BARBANTI, V. Uma análise dos fatores que influenciam o ataque no voleibol masculino de alto nível. Revista Brasileira Educação Física Esporte, São Paulo, v. 8, n.4, p.303-14, 2004. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 GT 05 CIÊNCIAS AGRÁRIAS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ARTIGOS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 INVENTÁRIO QUANTITATIVO E CONDIÇÕES FITOSSANITÁRIAS DA FLORA ARBÓREA DA CIDADE DE MATIPÓ-MG Patrícia Luísa de Araújo Mendes – Graduada em Ciências Biológicas, Mestre em Botânica, Pós-graduanda em Avaliação de Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Flaviano Vieira Lima – Graduando em Agronomia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Brenda Vieira Pereira – Graduanda em Agronomia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Érica Estanislau Muniz Faustino –Graduada em Física, Especialista em Ensino da Física, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Maria Aparecida Salles Franco – Graduada em Zootecnia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Mariana de Faria Gardingo Diniz – Graduada em Ciências Biológicas, Doutoranda em Engenharia de Processos Químicos, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO A arborização urbana é fator determinante da salubridade ambiental em virtude dos múltiplos benefícios que proporciona ao meio. O inventário arbóreo das espécies de arborização é importante para prover a administração pública e o levantamento de dados e informações dos vegetais localizados em logradouros públicos, sendo possível realizar um planejamento urbano para a manutenção das árvores além de avaliar as condições fitossanitárias destas. O objetivo da pesquisa foi o levantamento e análise quantitativa das árvores plantadas nas calçadas, canteiros centrais e praças e diagnosticar as atuais condições fitossanitárias, assim como a necessidade de manejo. Foram inventariadas 238 em nove logradouros de 2 bairros da cidade de Matipó/MG. Os maiores conflitos encontrados foram com fios e calçadas, raízes, plantas mortas, necessidade de poda e plantas espontâneas. O manejo das árvores que requerem poda, extração das plantas espontâneas, manutenção do solo, implantação da cobertura vegetal do solo, tratamento e cobertura das raízes e erradicação de formigueiros se configura como pré-requisito para implantação de novas mudas e serão definidas em um estudo posterior. PALAVRAS-CHAVE: fitossanitárias. arborização urbana, inventário quantitativo, condições INTRODUÇÃO A arborização é fator determinante da salubridade ambiental, por influenciar o bem estar do homem, em virtude dos múltiplos benefícios que proporciona ao meio, em que além de contribuir à estabilização climática, adorna o ambiente que habitamos pelo variado colorido que exibe, fornece abrigo e alimento à fauna e proporciona sombra e lazer nas praças, parques e jardins, ruas e avenidas de nossas cidades (DANTAS E SOUZA, 2004; CHRISTO E DIAS, 2007). A arborização urbana tem ganhado destaque em função dos benefícios e até mesmo dos problemas que se apresentam em função da presença das árvores na estrutura da cidade (Dantas e Souza, 2004). A arborização de vias, quando mal Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 planejada, pode acarretar dificuldade de circulação para pedestres, entupimento de encanamentos pluviais, em virtude da biomassa vegetal não recolhida eficientemente pelo serviço de limpeza pública, podendo contribuir para ocorrência de enchentes, quebra de calçadas e até mesmo o desmonte de muros. Além disto, a falta da realização de podas pode ser um risco tanto à rede elétrica aérea quanto às próprias residências (CHRISTO E DIAS, 2007). Diante disso, é importante planejar a implantação da arborização, seu manejo e seus componentes que auxiliam na constituição da paisagem. Muitas cidades tiveram árvores implantadas sem o devido planejamento e necessitam de medidas que levantem informações sobre o número de indivíduos arbóreos, número de espécies ocorrentes e as condições fitossanitárias em que estas se encontram (PINTO E CORRÊA, 2010). O inventário arbóreo, portanto, se enquadra neste contexto e tem o objetivo prover a administração pública e o levantamento de dados e informações dos vegetais localizados em logradouros públicos, de maneira a criar e manter estruturado um banco de dados, com informações necessárias para o planejamento e controle das espécies arbóreas existentes e a serem implantadas nas praças, ruas e avenidas do município (ROCHA et al., 2004). Com o inventário arbóreo é possível realizar a manutenção das árvores e elaborar projetos de plantio em áreas carentes de vegetação, visto que a arborização é essencial para o planejamento urbano. Além disso, é possível manter as plantas livres de pragas e doenças que as acometem (ROCHA et al., 2004). O objetivo da pesquisa foi o levantamento e análise quantitativa das árvores plantadas nas calçadas, canteiros centrais e praças e diagnosticar as atuais condições fitossanitárias destas, assim como a necessidade de manejo. MATERIAL E MÉTODOS No mês de abril e maio de 2011 foi realizada a coleta dos dados em campo, em nove logradouros (Rua Bernardo Torres, Av. Salvador Sabino, Rua Adalberto Leão, Rua Dr. Agenor Salgado, Av. Valdomiro M. de Almeida, Rua João Moreira Bastos, Rua Benonino Mendes Barbosa, Praça Bernardino Assis Gomes e Praça da Igreja Matriz), localizados nos Bairros Centro e Exposição da cidade de Matipó/MG. Foram inventariadas todas as plantas existentes nos logradouros visitados e por Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 observação e fotografia das condições foram registradas as condições fitossanitárias destas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste trabalho foi inventariado um total de 238 árvores, sendo que 118 se concentram na Praça Bernardino Assis Gomes, localizada no Bairro Exposição. Os outros 120 indivíduos estão distribuídos nos demais logradouros selecionados para este levantamento. Os maiores conflitos encontrados foram com fios e calçadas. Constatou-se a necessidade de poda em 143 indivíduos, sendo que 48 estão em conflito com os fios da rede elétrica e telefônica (Fig. 1 e 2). Isso se deve ao fato da má escolha de espécies, cujo porte não é compatível com o local, por exemplo, a utilização de árvores de médio e grande porte sob fiações (PINTO E CORRÊA, 2010). A falta de manejo de poda pode acarretar, segundo Vasconcelos (2000) o contato entre galhos de árvores e componentes das redes de distribuição de eletricidade, causar curtos circuitos com pequenas interrupções no fornecimento de energia e até mesmo acidentes fatais com pessoas. Fig. 1 e 2 – Árvores com galhos atingindo a rede elétrica (seta vermelha). Dentre as 143 árvores com necessidade de poda, foram verificadas 6 indivíduos com galhos mortos (Fig. 3) e 2 indivíduos com necessidade de retirada total da planta (Fig. 4). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Fig. 3 e 4 – Árvore com galhos mortos com necessidade de poda e indivíduo a ser retirado (seta vermelha), respectivamente. Quanto à manutenção das espécies, foram observada 6 palmeiras em condições críticas, sendo sugerida a retirada com possível substituição (Fig. 5 e 6). Fig. 5 e 6 – Palmeiras que requerem retirada e/ou substituição. A seta vermelha indica um indivíduo localizado na Praça da Igreja Matriz. Em relação às condições fitossanitárias, foram inventariados 38 indivíduos com presença de plantas espontâneas, principalmente erva-de-passarinho (Struthantus flexicaulis)(Fig. 7 e 8). Não foram inventariadas as plantas espontâneas observadas em quintais e propriedades particulares, mas que se caracterizam inseridas no problema fitossanitário. S. flexicaulis é de difícil combate, pois emite raízes especiais denominadas haustórios, que penetram no caule e nos ramos da planta hospedeira, sugando nutrientes e causando sua degeneração. Não existe uma definição exata para o tempo que uma árvore contaminada pela erva-de-passarinho demora a morrer. O Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 tempo de vida da árvore, após a contaminação, depende de sua espécie, da qualidade do solo e de seu nível de estresse, que está ligada ao local onde esteja fixada e ao nível de poluição do ar (SAMPAIO et al., 2010). Fig. 7 e 8 – Árvores com a presença S. flexicaulis. Uma vez caracterizada a presença de plantas espontâneas, os mesmos cuidados dedicados às árvores presentes nas calçadas e praças devem ser tomados para as árvores presentes nas propriedades particulares em função da facilidade de propagação desta espécie. Em 9 indivíduos foi observada a necessidade de manutenção da raiz, que na maioria das vezes, se encontra fora do substrato (Fig. 9 e 10). Em alguns casos parte das raízes foram cortadas para a introdução de tubulações da rede de distribuição de água. Fig. 9 e 10 – Raízes com necessidade de manutenção. Em 4 árvores foram encontradas, fixados no tronco, vigas de aço (Fig. 11). Acredita-se que estas vigas foram inseridas para suspender os sacos de lixo para recolhimento posterior. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Fig. 11 – Vigas de aço inseridas no tronco de uma árvore. Nos canteiros centrais observou-se a compactação do solo e ausência de cobertura vegetal (gramíneas). Sugere-se que este solo seja descompactado e haja introdução de adubos para os indivíduos se desenvolverem com mais facilidade. Além disso, a cobertura do solo com gramíneas é importante para a manutenção da microbiota e da temperatura, permitindo um melhor desenvolvimento das raízes. Em alguns locais as gramíneas que estão implantadas requerem reposição e manutenção, ou, se possível, substituição por espécies que não requerem poda constante. Foi verificada também a presença de formigueiros na Praça Bernardino Assis Gomes e no canteiro central da Rua Benonino Mendes Barbosa da exposição que devem receber atenção. CONSIDERAÇÕES FINAIS A variação da densidade de arbóreas encontradas nos logradouros inventariados é acentuada, havendo a necessidade de homogeneização destas áreas com a inserção de novas mudas. O manejo das árvores que requerem poda, extração das plantas espontâneas, manutenção do solo, implantação da cobertura vegetal do solo, tratamento e cobertura das raízes e erradicação de formigueiros se configura como pré-requisito para implantação de novas mudas. Somente após o manejo adequado da arborização existente poderá se planejar a implantação de novas mudas para a arborização das ruas selecionadas, com uma diversidade mínima e uma densidade máxima, estabelecidas de acordo com as condições definidas em um estudo posterior. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 REFERÊNCIAS CRHISTO, J.A; DIAS, A.N. Inventário Florestal da Arborização Urbana do Centro da Cidade de Prudentópolis – PR. Revista Eletrônica Lato Sensu. Ano 2, n.1, p. 7693, 2007. DANTAS, I. C. & de SOUZA, C. M. C. Arborização urbana na cidade de Campina Grande-PB: Inventário e suas espécies. Revista de Biologia e Ciências da Terra. V. 4, n.2, 2004. PINTO, L.V.A E CORRÊA, R.F.M. Conflitos da Arborização Urbana em Vias Públicas de Inconfidentes, MG. In: I Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental, Bauru, 2010. Anais... Bauru/SP: IBEAS – Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais, 2010. ROCHA, R.T.; LELES, P.S.S.; OLIVEIRA NETO, S.N. Arborização de vias públicas em Nova Iguaçu, RJ: o caso dos bairros rancho novo e centro. Revista Árvore. Viçosa: Sociedade de Investigações Florestais, v.28, n.4, p.599-607, 2004. SAMPAIO, A.C.F; DUARTE, F.G.; SILVA, E.G..; DE ANGELIS, B.L.D.; BLUN, C.T. Avaliação de árvores de risco na arborização de vias públicas de Nova Olímpia, Paraná, Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Piracicaba, v.5, n.2, p.82-104, 2010. VASCONCELOS, A. Arborização urbana. Revista ação ambiental, n.9, p. 5 e 6, 2000. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ESTUDO DA RECEPTIVIDADE AO PROJETO DE ARBORIZAÇÃO PELA POPULAÇÃO DE MATIPÓ Maria Aparecida Salles Franco – Graduada em Zootecnia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Mariana de Faria Gardingo Diniz – Graduada em Ciências Biológicas, Doutoranda em Engenharia de Processos Químicos, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Vinícius Sigilião Silveira Silva– Graduando em Agronomia, Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Danilo Aguiar Batista – Graduando em Agronomia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Patrícia Luísa de Araújo Mendes – Graduada em Ciências Biológicas, Mestre em Botânica, Pós-graduanda em Avaliação de Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Érica Estanislau Muniz Faustino – Graduada em Física, Especialista em Ensino da Física, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Este trabalho buscou conhecer o grau de receptividade do projeto de arborização urbana pela população da cidade de Matipó – MG. Visando diminuir as perdas das mudas implantadas em áreas urbanas e contribuir com a fase de implantação das mudas, considerando questões técnicas, futuras interferências em passeios de lotes vagos, necessidade de sombra em pontos específicos, infra-estruturas existentes no trajeto e identificação daquelas pessoas que se dispõe a resguardar as mudas plantadas próximas de suas casas ou comércios. Através da aplicação de um questionário estruturado aos moradores e transeuntes do trecho que primeiro receberá as mudas constatou-se que 91% da população pesquisada demonstra receptividade ao projeto e contribuiria com cuidados em relação às mudas. Poucos foram os que não se mostraram favoráveis, e desses, a maior parte eram transeuntes, mostrando a importância de se preparar uma campanha específica para este público. PALAVRAS-CHAVE: Arborização; Matipó; Percepção ambiental. INTRODUÇÃO E REFERENCIAL TEÓRICO A arborização é um componente de grande importância urbana podendo proporcionar vários benefícios às pessoas (LEAL et al., 2008). Atua na melhoria paisagística e ainda contribui com outros benefícios aos moradores de áreas urbanas centrais ou periféricas. Através da captura de gases tóxicos e poeiras, contribui com a qualidade do ar respirado, reduz a velocidade do vento, influencia o balanço hídrico retendo a umidade no solo ocasionando uma evapotranspiração mais lenta, abriga a fauna silvestre proporcionando um maior equilíbrio na cadeia alimentar e consequentemente uma diminuição de pragas e doenças, amortece Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ruídos e o benefício mais percebido entre os moradores é o fato de proporcionar sombra diminuindo o efeito da insolação (MILANO, 1987). Ao mesmo tempo, faz-se necessário um processo criterioso para diminuir custos e perdas causados pela arborização urbana. (NOWAK e CRANE, 2006). Mesmo sendo de competência da administração pública a arborização urbana sofre pela falta de planejamento técnico adequado que proporcione uma implantação correta sem problemas futuros com rede hidráulica, rede elétrica, outras infraestruturas urbanas e o próprio interesse dos moradores (CEMIG, 1996). Matipó está localizada na bacia hidrográfica do rio Doce, sub-bacia do Piranga. Segundo o ZEE MG (Zoneamento Ecológico Econômico de Minas Gerais, 2006) o município apresenta clima Úmido B1 no zoneamento climático, com base no índice de umidade de Thornthwaite. Portanto é importante a cobertura arbórea para a manutenção da umidade do solo e do ar, uma vez que essa faixa do clima tropical é entre as úmidas, a de menor umidade. Outro índice importante é a integridade da flora do município que, segundo o ZEE, está bem precária e pode ser comprovada a Figura 1. A integridade da flora se encontra na maior parte do município considerada muito baixa e logo a seguir baixa, pouquíssimos trechos bem fragmentados apresentaram alta integridade. Por tudo isso e acreditando na grande contribuição que um projeto de arborização traria para o município de Matipó, um grupo de professores e alunos da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX se dedicou a planejar e executar a arborização urbana desta cidade com um projeto piloto que subsidiará sua ampliação futura. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Figura 1: Integridade da Flora no município de Matipó - Fonte: ZEE MG Um trabalho que avalie na população local a importância dada ao projeto de arborização para a melhoria da qualidade de vida mostra-se relevante a partir do momento que pode tornar menos oneroso o projeto de arborização, evitando a substituição de mudas danificadas. O estudo buscou identificar entre os pesquisados, formas de melhor divulgar este projeto eliminando o fator vandalismo que tanto interfere nos custos e resultados dos projetos de arborização. METODOLOGIA Para os estudos preliminares em relação à implantação do projeto de arborização no município, foram formadas três equipes que levantaram: as espécies da flora já instaladas; o clima urbano; a percepção da comunidade com relação à importância deste projeto e o georreferenciamento da área piloto de plantio das mudas. A análise da receptividade ao projeto foi realizada através de uma pesquisa participante, de caráter qualitativo e quantitativo, utilizando um questionário estruturado, com perguntas abertas e fechadas, buscando captar entre os moradores e transeuntes o interesse destes com relação ao projeto de arborização a Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ser implantado na cidade de Matipó. As questões foram codificadas diretamente no questionário e as respostas foram digitadas em banco de dados padronizado no software Microsoft Office Excel para realização de análises estatísticas. O georreferenciamento da área piloto do projeto foi realizado com a utilização de um GPS Garmim de 12 canais e o programa Track Maker. A área contempla os seguintes logradouros: Rua Bernardo Torres, Av. Salvador Sabino, Rua Adalberto Leão, Rua Dr. Agenor Salgado, Av. Valdomiro M. de Almeida, Rua João Moreira Bastos. As análises sobre as espécies da flora já instaladas e o clima urbano estão em processo de estudo e serão detalhadas em um trabalho posterior. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados apresentados na Figura 2 mostram que a maior parte dos entrevistados se mostrou interessada em ter uma árvore plantada em frente à sua casa ou comércio (84%), entre os 16% que não quiseram a grande maioria, era transeunte ou não possuía mais espaço para plantio, uma vez que, buscou-se entrevistar os moradores ou comerciantes próximos aos espaços vazios, identificados no primeiro trabalho de campo. Esse pode ser um indício de uma melhor percepção ambiental, que foi definida como sendo uma tomada de consciência do ambiente pelo “homem”, ou seja, perceber o ambiente em que se está localizado, aprendendo a proteger e cuidar dele da melhor forma possível (TRIGUEIRO, 2003). Gostaria que uma árvore fosse plantada em frente a sua casa ou comércio? 11% 5% 84% sim não Sem espaço Figura 2: Questionamento sobre a vontade de ter uma árvore plantada em frente a sua casa ou comércio Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Ao serem questionados dos benefícios que o projeto poderá trazer à comunidade aos participantes responderam conforme se pode analisar na Figura 3, que aponta o conforto e o embelezamento como as maiores percepções dos moradores com relação aos resultados do plantio de árvores na cidade de Matipó. O crescimento não planejado da maioria das cidades acarreta em perda da qualidade de vida e segundo Milano (1987), essa perda pode ser evitada ao atendermos a legislação, implantando um maior controle das atividades urbanas e dedicando forças no planejamento urbano, ampliando a cobertura vegetal de parques, praças, ruas e quintais. Benefícios que a arborização trará à comunidade 27% 8% 5% 41% 19% Conforto Embelezamento Valorização Município Valorização Rua Outros Figura 3: Benefícios que o projeto de arborização poderá trazer à comunidade Moradores e comerciantes são grandes parceiros para a fase de cuidados iniciais com as mudas recém plantadas. Ao serem entrevistados, 91% dos pesquisados afirmaram que adotariam uma muda e cuidariam dela. Isso se torna importante, pois de acordo com Biondi (2000) citado por Leal et al., (2008), o vandalismo está presente em quase todas as cidades do mundo, embora varie em proporções. Conforme Pauleitet al. (2002) citado por Leal et al., (2008) em algumas cidades européias os danos por vandalismo afetaram 30% dos plantios no período de 1999 a 2001. Segundo o mesmo estudo, para o replantio, considerou-se um índice médio de perdas de 65% das mudas introduzidas em Curitiba devido a atos de vandalismo, conforme estimativas da Gerência de Arborização Pública desta cidade (LEAL et al., 2008). Quando questionados sobre a existência de projetos anteriores de arborização na área urbana, 54% dos pesquisados afirmaram que não houve Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 anteriormente projeto com este objetivo. Os que afirmaram ter havido, citaram o plantio das árvores na praça do café e um plantio de quaresmeiras na rua que dá acesso ao cemitério, que foram eliminadas por motivos desconhecidos. Os mapas resultantes do georreferenciamento da área piloto poderão auxiliar os trabalhos de podas e manutenção de árvores existentes realizado pela ENERGISA (Empresa de Energia Elétrica da Região) e futuramente contribuirão para outros trabalhos (Figura 4). Na área analisada foram identificados vários trechos possíveis de receber as mudas. Todos os pontos foram identificados em relatório identificando as coordenadas, o endereço com número da casa ou nome de comércio próximo, tamanho do trecho livre e quantidade aproximada de mudas possíveis de serem plantadas além do porte adequado das espécies a serem escolhidas para cada local. Levantou-se também a necessidade de troca de algumas árvores já existentes e as necessidades de podas corretivas e eliminação de ervas daninhas. Figura 4: Georreferenciamento da área piloto Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 CONSIDERAÇÕES FINAIS Através do estudo pode-se esperar um ótimo resultado de um projeto de arborização a ser implantado no município, pois os dados obtidos apontam para uma população com perfil bastante receptivo a melhorias ambientais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CEMIG. Manual de Arborização, 1996. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/54469121/Manual-Cemig. Acesso em 29 de julho de 2011. LEAL, LUCIANA, BIONDI, DANIELA, ROCHADELLI, ROBERTO. Custos de Implantação e Manutenção da Arborização de Ruas da Cidade de Curitiba, PR. R. Árvore, Viçosa-MG. V32, n.3, p557-565, 2008. MILANO, Miguel Serediuk. O planejamento da arborização, as necessidades de manejo e tratamentos culturais das árvores de ruas de Curitiba, PR. Floresta, 17:1521. 1987. NOWAK, D. J.; CRANE, D. E. Understanding the benefit and costs of Urban Forest Ecosystems. In: KUSER, J. E. Urban and Community Forestry in the Northeast. 2nd. New York: Springer, 2006. p.25-46. TRIGUEIRO, A. Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. Zoneamento Ecológico Econômico de Minas Gerais - ZEE-MG. Disponível em: http://www.zee.mg.gov.br. Acesso em 29 de julho de 2011. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 RESUMOS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A ARBORIZAÇÃO, AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E A QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO Mariana de Faria Gardingo Diniz – Graduada em Ciências Biológicas, Doutoranda em Engenharia de Processos Químicos, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Érica Estanislau Muniz Faustino –Graduada em Física, Especialista em Ensino da Física, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Rodrigo Delesporte – Graduando em Medicina Veterinária, Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Vinícius Sigilião Silveira Silva – Graduando em Agronomia, Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Maria Aparecida Salles Franco – Graduada em Zootecnia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Patrícia Luísa de Araújo Mendes – Graduada em Ciências Biológicas, Mestre em Botânica, Pós-graduanda em Avaliação de Impactos Ambientais e Recuperação de Áreas Degradadas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Arborização Urbana; Clima; Qualidade de Vida RESUMO O meio urbano conta hoje com um alto índice de crescimento populacional necessitando, cada vez mais, de condições que possam melhorar a convivência dentro de um ambiente muitas vezes adverso. Isso gera importantes alterações nos padrões de circulação das massas de ar, podendo ocasionar possíveis mudanças no seu microclimae no sistema de drenagem local. Nesse contexto a vegetação urbana desempenha funções importantes na melhoria da qualidade de vida da população.Este trabalho foi realizado através de uma Pesquisa Bibliográfica com o objetivo de gerar conhecimentos novos sobre as mudanças climáticas e a qualidade de vida da população.De acordo com Martins, (1996) a vegetação urbana desempenha funções importantes nas cidades, principalmente quanto aos aspectos: i) do ponto de vista fisiológico, melhora o ambiente urbano através da capacidade de produzir sombra; ii) filtra os ruídos, amenizando a poluição sonora; iii) melhora a qualidade de vida do ar, aumentando o teor de oxigênio e de umidade, absorve o gás carbônico; iiii) ameniza a temperatura, trazendo o bem àqueles que podem usufruir sua presença ou mesmo de sua proximidade melhorando a qualidade de vida.Arborizar uma cidade não significa apenas plantar árvores em ruas, jardins e praças, criar áreas verdes de recreação pública e proteger áreas verdes particulares. Passa a ser vista a partir do contexto atual como importante elemento natural reestruturador do espaço urbano, pois aproxima as condições ambientais normais da relação com o meio urbano.Para Lima, (1994), a expressão refere-se aos Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 elementos vegetais de porte arbóreo dentro da cidade, tais como árvores e outras, plantadas, inclusive em calçadas. A arborização urbana traz para as cidades um pouco do ambiente natural e do verde das matas, com a finalidade de satisfazer às necessidades mínimas do ser humano (PEDROSA, 1983), sendo um dos parâmetros quantiqualitativos de indicação da qualidade de vida. “Uma árvore isolada pode transpirar, em média, 400 litros de água por dia, produzindo um efeito refrescante equivalente a 5 condicionadores de ar com capacidade de 2.500 kcal cada, funcionando 20 horas por dia.”( FURTADO & MELO FILHO, 1999). Uma das principais referências as alterações dos elementos climáticos se deve, no caso do ambiente urbano, ao acelerado crescimento demográfico, conjugado a outras variáveis do espaço urbano. A cidade imprime modificações nos parâmetros de superfície e da atmosfera que, por sua vez, conduzem a uma alteração no balanço de energia (LOMBARDO,1990).Para que os elementos paisagísticos tragam benefícios, todos devem ser cuidadosamente tratados, visando a melhoria da qualidade do ar, o sombreamento da edificação e adjacências, o controle da ventilação e da umidade. A maior parte da carga térmica de uma edificação provém da radiação solar e da temperatura do ar exterior, sendo necessário um rigoroso controle dos elementos microclimáticos para eliminar um excesso de energia que tornaria inóspito o ambiente construído. As áreas urbanas possuem muitas áreas construídas e pavimentadas, que além de torná-lo um ambiente artificial ainda favorece a absorção da radiação solar de dia e reflexão durante a noite. É extremamente importante entender que as alterações climáticas exercem um impacto significativo sobre o meio ambiente, sociedade e população. O clima da Terra sofreu um aquecimento nos últimos séculos. Globalmente, a temperatura aumentou em média 0,6oC desde a revolução industrial. Tem sido repetidamente demonstrado que o aquecimento do clima ao longo dos últimos 50 anos é atribuída principalmente para atividades antrópicas (IPCC, 2007).A principal fonte dessa mudança climática é induzido pelo homem através de alterações na composição da atmosfera como resultado da queima de combustíveis fósseis. Na escala local e regional, mudanças no uso da urbanização e da terra são importantes contribuintes. Desmatamento exerce uma série de efeitos climáticos regionais e locais. Eles incluem o aumento da temperatura, uma diminuição na proporção de água de vapor de mistura, reduzida precipitação, e uma mudança no ciclo da água. Desmatamento em larga escala tem sido associada a um aumento próximo da superfície a Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 temperatura do ar, projetando um clima mais quente. (MILANO, 1984) Uns dos problemas mais comuns são as denominadas “ilhas de calor”, este fenômeno pode ter um diferencial térmico bastante significativo em relação a locais mais vegetados. As conseqüências do aumento da temperatura são: desconforto, cansaço excessivo, mal estar, pressão baixa, incômodo causado pelo suor da pele, dor de cabeça, diminuição da atividade alimentícia devido ao suprimento insuficiente do sangue. As árvores interceptam, refletem, absorvem e transmitem a radiação solar. Uma adequada arborização e uma boa ventilação constituem dois elementos fundamentais para a obtenção do conforto térmico para o clima tropical úmido.Para que as espécies arbóreas possam atender as todos os aspectos citados no texto alguns requisitos básicos devem ser atendidos como planejar harmoniosamente e concomitantemente a arborização e as intervenções urbanas, programar o atendimento permanente das necessidades da arborização e assegurar condições essenciais à concretização dos programas de arborização.O desenvolvimento de pesquisas a fim de uma discussão cientifica e intelectual sobre os benefícios da vegetação urbana permitirá maior consciência da sociedade a fim de programar políticas públicas para evolução do planejamento, adequação, implantação do presente e do futuro de cidades com maior qualidade de vida da sua população. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FURTADO, A. E.; MELLO FILHO, L. E. A interação microclima, paisagismo e arquitetura. Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. V.7, 1999. LIMA, A.M.L. Piracicaba, SP: Análise da arborização viária na área central e em seu entorno. Piracicaba, 1994. 238 p. Tese (Doutorado) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo. LOMBARDO, M.A. Vegetação e clima. In: ENCONTRO NACIONAL DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 3.,Curitiba,1990. Resumos. Curitiba: FUPEF, 1990.p.113. MARTINS JUNIOR, O.P. Uma cidade ecologicamente correta. Goiânia: A B Editora, 1996. 224 p. MILANO, M. S. Avaliação e Análise da arborização de ruas de Curitiba-PR. Curitiba, 1984. 130 p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Paraná. PEDROSA, J.B. Arborização de cidades e rodovias. Belo Horizonte: IEF, 1983. 64 p. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 GT 06 CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ARTIGOS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO NAS ORGANIZAÇÕES Carlos Antonio Leitoguinho Bitencourt - Graduado em Administração, Especialista em Empreendedorismo, Inovação e Gestão Estratégica de Negócios, Professor da Universidade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova/MG Fernando de Sousa Santana – Graduado em Ciências Contábeis, Mestre em Administração de Empresas, Discente do Programa de Doutorado em Economia da Universidade Nacional de Córdoba – UNC, Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O conhecimento é um recurso intangível, que reside essencialmente nas mentes das pessoas. O novo milênio estará desafiando as organizações a mostrarem suas competências. Desta forma, valorizar o capital humano é fundamental para a competitividade empresarial, pois os recursos humanos são os principais responsáveis pelo desempenho das empresas e constituem vantagens competitivas neste mercado. Com o enfoque da gestão do conhecimento começa-se a rever a empresa, suas estratégias, sua estrutura e sua cultura. Isso se dá num ambiente competitivo, onde a rápida globalização da economia e as melhorias nos transportes e comunicações dão aos consumidores novas opções sem precedentes. PALAVRAS-CHAVE:Gestão do Conhecimento; Capital Intelectual; Estratégia; Informação. INTRODUÇÃO Nesta nova era as mudanças ocorrem com uma enorme rapidez e as pessoas apesar de não acompanharem essas constantes mudanças com esta mesma velocidade, têm que se adaptar às novas situações, necessitando desta forma de diversos fatores que possam minimizar essa diferença e assim conseguirem atingir seus objetivos empresariais e pessoais. Atualmente estamos no epicentro de profundas e constantes mudanças e, neste momento, torna-se difícil a compreensão do fenômeno, uma vez que somos atores neste processo. Entretanto, pode-se afirmar que os fatores intangíveis tornam-se cada vez mais relevantes na criação de valores para a sociedade como um todo e para a economia e/ou organização de um modo específico. Desse modo, o contexto competitivo exige que as organizações se tornem inigualáveis enquanto se mantêm únicas e singulares. O que torna possível esta orientação é, inquestionavelmente, que as organizações precisam considerar os ativos intangíveis, sendo eles elementos indispensáveis na sua estratégia de negócio, assim como a tecnologia da informação. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Este estudo tem como foco a relevância de que o Capital Humano é o que faz a diferença. Somente as organizações preocupadas com o seu Capital Humano, conseguirão ser competitivas e se manterem neste mercado. Dessa forma buscaram sempre reter seus talentos, e acima de tudo motivá-los a utilizar o seu conhecimento em benefícios de ambos. O que diferencia as organizações nesta nova economia é o quanto de valor elas criam para seus colaboradores, clientes e consumidores. Assim, a Gestão do Conhecimento fornece condições para que a organização possa tomar decisões corretas e exatas, propiciando que a mesma venha sempre atingir seu melhor desempenho, sendo que para isso o ambiente esteja preparado para receber tal tecnologia, sabendo-se bem como utilizá-la. A GESTÃO DO CONHECIMENTO As empresas estão se expandindo para mercados globalizados para venderem seus produtos e serviços, utilizando instalações e produção globalizada para fabricar ou montar produtos, levantar dinheiro em mercados mundiais de capital, formando alianças com parceiros globais e competindo com concorrentes globais por clientes de toda parte do planeta (O’BRIEN, 2004). A Gestão do Conhecimento tem como ponto primordial o ser humano, ou seja, a informação tem um lado humano comportamental, que influencia e forma a cultura organizacional de uma organização. Mas como todo processo de mudança, a Gestão do Conhecimento também tem encontrado diversas barreiras no âmbito organizacional, por se tratar de pessoas. Administrar e realizar estas mudanças estratégicas seriam impossíveis sem o avanço da tecnologia, que são consideradas hoje, o sistema nervoso central das empresas globalizadas. Na nova economia, as pessoas, as estruturas organizacionais e os clientes formam o chamado Capital Intelectual, fazendo com que a gestão seja de forma democrática, participativa, valorizando cada vez mais a habilidade, iniciativa e a criatividade. Gerenciar estas informações já não é mais suficiente e, de uma maneira integrada e relacionada, passa-se a falar de necessidade gerenciamento ou Gestão do Conhecimento. Entende-se por conhecimento, a informação interpretada, ou seja, o que cada informação significa e que impactos a mesma pode causar no meio na qual se insere, de modo que as informações possam ser utilizadas para importantes ações e Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 tomadas de decisões, pois, o conhecimento aliado à gestão faz a diferença (Revista HSM, 2004). Segundo Terra (2001), a Gestão do Conhecimento pode ser compreendida como um processo sistemático, articulado e intencional, apoiado na geração, codificação, disseminação e apropriação de conhecimentos, com o propósito de atingir a excelência organizacional. Utiliza-se a Gestão do Conhecimento para descrever qualquer processo ou prática de criar, adquirir, capturar, compartilhar e usar o conhecimento onde quer que ele resida, para facilitar a aprendizagem e o desempenho das organizações. Isso quer dizer que os vários processos de conversão entre conhecimento tácito e explícito ocorrem num ciclo ascendente de comunidades de interação, do indivíduo até pontos de contato da organização com o ambiente. E, nesse processo, o indivíduo assumiria o papel de criador, o grupo, de sintetizador e a organização, de amplificador do conhecimento (TERRA, 2001). Com seu processo de aceleração, a globalização modifica também, as noções do tempo e do espaço. A velocidade crescente que envolve as comunicações, as tomadas de decisões, os mercados, os fluxos de capitais e tecnologias, as trocas de idéias e imagens, neste início de século, impõem a dissolução de fronteiras e barreiras, pois em contra partidas há a redução sistemática de tempo disponível para a tomada de decisões. Em 2004, a Revista HSM, afirmava que as informações aplicadas e o conhecimento, passam a ser um ativo da organização e não mais um suporte à tomada de decisão. Entretanto, na pesquisa HSM (2004) para verificar os impactos que a correta aplicação da gestão do conhecimento, uma parte dos entrevistados classifica as organizações como vencedoras e de longevidade, ao utilizar a gestão do conhecimento de forma adequada (Gráfico 1). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Gráfico 1 – Que impactos a correta gestão do conhecimento trará sobre as empresas de seu setor nos próximos anos? 46,3% 38,8% 34,4% 19,9% Ditará quais empresas serão vencedoras Ditará que empresas terão sua longevidade comprometida Trará umdesenvolvimento mais consistente e otimizado dos colaboradores Outros Fonte: HSM Management, (2004). A Gestão do Conhecimento tem entre os seus objetivos, tornar acessíveis grande quantidade de informação corporativa, compartilhando as melhores práticas e tecnologias; permitir a identificação e mapeamento dos ativos de conhecimento e informações ligadas a qualquer organização, seja ela com ou sem fins lucrativos; apoiar a geração de novos conhecimentos, propiciando o estabelecimento de vantagens competitivas; processar os dados, organizando e transformando-os em informação lógica e compreensível, essencial ao desenvolvimento pessoal e comunitário. Tais abordagens trabalham basicamente com alguns indicadores da capacidade da organização para realização da Gestão do Conhecimento de alto desempenho: parâmetros organizacionais, de recursos humanos e de sistemas de informação. Orientado pela visão coesa e integrada dos processos de negócios, nota-se cada vez mais um alargamento ou flexibilização das atividades das áreas e departamentos funcionais da empresa, para assim contribuir com a gestão do conhecimento e a aprendizagem organizacional nos processos de negócio em que estão envolvidas. A GESTÃO ESTRATÉGICA O conhecimento se origina da informação, da mesma maneira que esta se origina dos dados que são inseridos e processados. Assim, o conhecimento toma grandes proporções, pois à medida que ele é compartilhado e utilizado, surgem novas perspectivas e um futuro empreendedor, por essa perspectiva faz-se necessário delinear o planejamento estratégico e torná-lo exeqüível. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 É fundamental para a própria sobrevivência da empresa que o planejamento estratégico seja executado de forma lógica, racional e ponderada. A organização deve ter uma visão clara, coerente e instigante das suas metas e objetivos, não apenas em função do mercado e do produto, mas também em função do aspecto financeiro, dos custos e consequentemente de seu objetivo social. Deve-se definir: “quem são”, “o que fazem” e “para onde estão direcionados”, estabelecendo um curso para a organização. Segundo Tavares (2005), a visão pode ser considerada como os limites que os diretores da empresa conseguem enxergar dentro de um período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla. Enquanto que a missão, afirma Tavares (2005), é a razão de ser da empresa. Nela procura-se determinar qual o negócio da empresa, por que ela existe, ou ainda, em que tipos de atividades a empresa deverá concentrar-se no futuro. Na realidade, a missão da empresa representa um horizonte na qual a empresa decide atuar e utilizar das oportunidades para realmente entrar em cada um dos negócios que aparecem neste horizonte, desde que seja viável sobre os vários aspectos a serem considerados. A gestão de uma organização usando o conceito de duas estratégias é um estado de espírito, não mais uma ferramenta gerencial. Esse conceito vai até o fundo da questão de como os executivos das organizações despendem seu tempo. Trata-se, sobretudo, de uma tarefa dos líderes da empresa. Com base nos conceitos de Porter (1986), há duas estratégias principais: a de liderança de custos e a diferenciação. A primeira implica que nossa empresa é a melhor do setor em eficiência operacional e por isso temos os menores custos. Já na diferenciação somos reconhecidos como a melhor marca ou a empresa mais inovadora do setor. Porter (1986), afirma que independente da estratégia, o importante é que ela se sustente no tempo. Para isso é fundamental que os clientes reconheçam esta estratégia e prefiram nossos produtos em função delas. Se nós temos menores custos, então temos que ser capazes de manter e ganhar mercado com estratégias agressivas de preços, mantendo um bom nível de lucratividade suportado por custos baixos. As organizações necessitam transpor o processo de desenvolvimento de estratégia, pois, a médio e longo prazo, a única forma de prosperar é compreender de que forma ela pode ser diferente das outras organizações, portanto, devem-se Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 basear na gestão do conhecimento para alavancar nova técnica e métodos via pesquisas e utilizar-se dos recursos da tecnologia da informação. O CAPITAL INTELECTUAL E A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO O ambiente empresarial está mudando continuamente, tornando-se mais complexo e menos previsível, e cada vez mais dependente de informação e de toda a infra-estrutura tecnológica que permite o gerenciamento e socialização de enormes volumes de informações. Valorizar o capital humano é fundamental para a competitividade empresarial, pois os recursos humanos são os principais responsáveis pelo desempenho das empresas e constituem vantagens competitivas num mercado cada vez mais exigente. Segundo Stewart (1998, p.13): Capital intelectual é a soma dos conhecimentos de todos em uma empresa o que lhe proporciona vantagem competitiva. Ao contrário dos ativos, com os quais empresários e contadores estão familiarizados – propriedade, fábrica, equipamentos, dinheiro – constituem a matéria intelectual: conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência, que pode ser utilizada para gerar riqueza. STEWART (1998, p.13). A tecnologia gera grandes transformações que ocorrem a nossa volta de forma ágil e sutil, tornando-se uma variação com consequências fundamentais para o mundo empresarial, causando preocupação diária aos empresários e diretores de organizações, com o desenvolvimento tecnológico das organizações e dos seus processos internos. Os ativos intangíveis, como as qualificações dos funcionários, a tecnologia da informação e os incentivos à inovação, por exemplo, podem desempenhar papel preponderante na criação de valor para a empresa. Os sistemas tradicionais de mensuração não foram concebidos para lidar com a complexidade desses ativos, cujo valor é potencial, indireto e dependente do contexto. Os ativos baseados no conhecimento devem ser avaliados com extrema cautela, porque seu impacto sobre o destino de qualquer negócio é tremendo. O responsável pela tecnologia da informação nas organizações tornou-se um profissional que se deve preocupar com alguns fatores, como os clientes, concorrência global, interferências externas e o retorno sobre investimento, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 combinando habilidades de liderança e comunicação com conhecimentos técnicos e do negócio, sendo capaz de exercer um papel decisivo nos processos organizacionais. O sucesso da empresa passou a depender de sua capacidade de inovar nas áreas de produtos, serviços, canais e processos. A necessidade de operar num ambiente dinâmico faz com que elas precisem adquirir excelência operacional, o que exige, entre outros requisitos, a disponibilidade de sistemas de informação integrados, confiáveis e de alta performance, a fim de obter maior eficiência e controle operacional (ALBERTIN E MOURA, 2004). Na pesquisa publicada pela Revista HSM (2004), foi apontado que ferramenta é mais frequentemente utilizada para disseminação do conhecimento. Destaca-se a utilização do e-mail como meio simples e sem custo, que se pode observar no gráfico 2. Gráfico 2 – Ferramentas mais utilizadas na disseminação do conhecimento 84,2% 64,2% 46,3% 29,0% 22,5% 19,8% 16,4% 14,5% Outras Multiplicadores de Conhecimento Mensagens Instantâneas (MSN,ICQ) Bate-Papo (Chat) Listas de Discussão Fóruns Internet E-mail Fonte: HSM Management, (2004). Laurindo (2002) afirma que a eficácia no uso da TI consiste em implantar ou desenvolver sistemas que melhor se adaptem às necessidades dos usuários, da área de negócio e da empresa. No âmbito da TI, a eficiência está relacionada aos aspectos internos da atividade, enquanto a eficácia prende-se ao seu relacionamento com a empresa e os possíveis impactos na sua operação e estrutura, ou seja, os resultados. Mas para isso, os recursos disponíveis atualmente devem ser utilizados para facilitar o trabalho em rede, podendo manter os conhecimentos descentralizados Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 junto aos locais em que são mais gerados e/ou utilizados melhorando o grau de interatividade do usuário com os registros de conhecimentos. Fica, assim, clara a importância do Capital Intelectual associado à Tecnologia da Informação para o desenvolvimento das organizações, além de representar diferencial competitivo em relação aos concorrentes. No cenário competitivo que a economia atual se apresenta, cada vez mais excelência e customização de produtos e serviços tornam-se uma regra básica. CONSIDERAÇÕES FINAIS A proposta deste estudo foi de criar uma abordagem no que se refere à gestão estratégica do conhecimento, com o intuito e objetivo de utilização de uma melhor forma no alcance do sucesso profissional e pessoal perante as pessoas. A gestão do conhecimento é obviamente um campo em uma crescente, tanto no âmbito empresarial, quanto na área acadêmica. Mesmo sendo um tema relativamente novo no contexto empresarial, alcança grandes proporções nos processos de negócios ressaltando a necessidade de entender como o conhecimento é gerado e usado na solução de possíveis problemas e tomadas de decisão. A gestão de conhecimento nos remete a afirmar que a organização será eficiente e eficaz, baseada no conjunto de competências que a mesma possui, ou seja, o capital intelectual. O investimento em desenvolvimento humano é retornável ou apresenta retorno superior ao investimento quando aplicado de acordo com o planejamento estratégico e acompanhado de forma conveniente aos interesses dos participantes do processo, organização e colaboradores. As estratégias devem ser constantemente elaboradas e reavaliadas com o transcorrer do tempo. É perfeitamente visível e de extrema importância que a gestão do conhecimento esteja intrinsecamente ligada à estratégia da organização para que a mesma propicie maior agilidade e exatidão no processo decisório. Não se tem uma gestão do conhecimento se não houver uma gestão da informação, pois muitas organizações utilizam de forma errada esta gestão, saturando de informações e materiais irrelevantes para o exercício de um trabalho participativo e coeso. A gestão da informação permeia a cadeia de valor, em cada um de seus estágios, transformando a maneira como as atividades são executadas e a natureza Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 das interligações entre as mesmas. Também, afeta o escopo competitivo e reformula a maneira como os produtos e serviços atendem às necessidades dos clientes. Esses efeitos básicos explicitam porque a gestão do conhecimento adquiriu um significado estratégico e destaca-se entre outras utilizadas nos negócios, portanto, a sua utilização se tornará possível, quando os processos estiverem definidos e mapeados para se constituir em ganho real para as organizações como um todo. REFERÊNCIAS ALBERTIN, A. L., MOURA, R. M. Tecnologia da Informação, São Paulo: Atlas, 2004. HSM – Management. São Paulo. HSM do Brasil, n°. 42, janeiro e fevereiro, 2004 Bimestral. ISSN 1415-8868. LAURINDO, F. J. B. Tecnologia da Informação, São Paulo: Futura, 2002. O’BRIEN, James A. Sistemas de Informação e as Decisões Gerenciais na Era da Internet.São Paulo: Saraiva, 2004. PORTER, M. E. Estratégia Competitiva: Técnicas para análise de indústria e da concorrência. Rio de Janeiro: Elsevier, 1986. STEWART, Thomas A. Capital Intelectual: a nossa vantagem competitiva das empresas. 11 ed. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1998. TAVARES, M. C. Gestão Estratégica, 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2005. TERRA, J. C. C. Gestão do Conhecimento, o grande desafio empresarial: uma abordagem baseada no aprendizado e na criatividade. 2ª Ed. São Paulo: Negócio, 2001. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE MULTIVARIADA DE DADOS NA FORMAÇÃO DA IMAGEM DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Carlos Antonio Leitoguinho Bitencourt - Graduado em Administração, Especialista em Empreendedorismo, Inovação e Gestão Estratégica de Negócios, Professor da Universidade Presidente Antônio Carlos de Ponte Nova/MG Fernando de Sousa Santana – Graduado em Ciências Contábeis, Mestre em Administração de Empresas, Discente do Programa de Doutorado em Economia da Universidade Nacional de Córdoba – UNC, Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O presente artigo apresenta os resultados de uma pesquisa de satisfação realizada com os alunos do curso de Administração de uma Universidade situada no município de Ponte Nova/MG. A pesquisa, em questão, teve como principal objetivo verificar quais são os fatores que interferem na formação da imagem de uma escola de ensino superior, segundo a percepção de seu público alvo. Após a aplicação da pesquisa, os elementos obtidos foram verificados por meio de análise multivariada de dados, que é um método estatístico muito amplo, aplicado quando se deseja avaliar informações, que não são diretamente mensuráveis, como, nesse caso, a satisfação. Dentre as técnicas multivariadas utilizadas, neste trabalho, pode-se destacar a análise de componentes principais (ACP) e a análise fatorial (AF) que visam, principalmente, reduzir uma grande quantidade de dados a um conjunto menor, que transmita o máximo de informações possível. Os resultados alcançados, através das análises das variáveis obtidas pela pesquisa, podem servir como base para criação de metas de melhoria para a formação da imagem de uma instituição de ensino superior, por representarem a opinião do principal público desse estabelecimento. PALAVRAS CHAVE:Imagem. Marketing. Análise multivariada. INTRODUÇÃO As exigências, cada vez maiores, dos consumidores têm requerido um esforço de adaptação e atualização por parte das empresas. Não importa para qual setor especificamente, mas é notável o empenho destas em melhor gerenciar seus bens e recursos na tentativa de se preservar no mercado e conquistar novos clientes. Um dos setores que tem se submetido a essa pressão é o educacional. O nível de demanda e o potencial do mercado ainda favorecem as escolas, entretanto, os critérios de aferição da qualidade das instituições de ensino superior, mediante os resultados de avaliações promovidas pelo Ministério da Educação - a respeito do nível do corpo docente, do prestígio da instituição ou da infra-estrutura disponibilizada, por exemplo - já estabeleceram claramente os fatores que Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 diferenciam esse setor. Portanto, oferecer produtos e serviços (cursos) de qualidade se tornou, antes de qualquer coisa, uma condição para a sobrevivência e crescimento dessas organizações. Para enfrentar essa realidade e consolidar suas ações nesse segmento de mercado, as instituições de ensino precisam acompanhar as inovações, adaptar-se às mudanças e buscar melhorias nos serviços prestados aos seus alunos e às comunidades em que atuam. Para mensurar, analisar e avaliar suas ações e a satisfação dos clientes, a instituição deve estar atenta à sua imagem e ao que representa quanto ao posicionamento e participação no mercado. Diante do exposto e considerando que os alunos têm participação importante na formação da imagem de uma instituição de ensino superior, pretendeu-se buscar respostas para a seguinte questão: quais são as variáveis interferem na formação da imagem de uma escola de ensino superior, segundo a percepção de seus alunos? Para tal, realizou-se uma pesquisa junto aos alunos do curso de Administração de uma Universidade situada no município de Ponte Nova/MG, cujos objetivos eram: identificar a conformidade da estrutura curricular em relação às necessidades percebidas pelos alunos, averiguar as expectativas desse grupo quanto ao desempenho de seus professores, detectar as perspectivas, dos estudantes, em relação ao desenvolvimento de competências e o engajamento no mercado de trabalho e verificar se a reputação da instituição pode ser um dos fatores relevantes em relação à formação da imagem da organização em questão. Acredita-se que o conhecimento dos resultados dessa pesquisa é de extrema importância tanto para a instituição em questão, quanto para outras instituições de ensino, uma vez que a verificação precisa, sobre a imagem, torna-se um diferencial competitivo. Por se tratar de um estudo de caráter exploratório, os resultados apresentados foram analisados estatisticamente de forma descritiva, verificando as relações entre as nove variáveis chave (Conduta nos negócios, Conduta social da empresa, Serviços, Comunicação, Suporte, Canais de distribuição, Produto, Força de vendas e Preço) no lócus de estudo. A pesquisa partiu dos seguintes pressupostos: o aluno de hoje, devido ao condicionamento econômico, está visivelmente preocupado com sua inserção no mercado de trabalho e com a imagem da escola que freqüenta, assim, as Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 instituições de ensino superior devem adaptar suas estruturas a essas novas exigências para que possam sobreviver em um espaço cada vez mais competitivo. DEFINIÇÕES DO TERMO IMAGEM E SUA RELEVÂNCIA PARA AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR Várias são as definições de imagem, pois seu significado está vinculado às áreas ou subáreas do conhecimento, como semiótica, comunicação, filosofia, teologia, economia e marketing. Com base na revisão das diferentes formas de conceituar imagem, elaborados por autores como Kotler e Fox (1994), Kazoleas, Kim e Moffitt (2001), identifica-se que o seu conceito, em uma perspectiva mercadológica, pode ser sintetizado como: representações, impressões, convicções e redes de significados de um objeto, produto, serviço, marca, organização ou loja, armazenados na memória do consumidor de forma holística, que forma-se através de aspectos sensoriais, cognitivos, funcionais e afetivos. Sob a ótica de Schuler (2003), a imagem é capaz de influenciar e direcionar o comportamento das pessoas, sendo assim, verificar o que a imagem pode transmitir para o público consumidor, constitui um importante aliado para a gestão estratégica das organizações. “A imagem é o resultado de um complexo processo, no qual a organização manda mensagens para seu público por meio de fatores sociais, históricos, experiências pessoais e fatores materiais” (Kazoleas et al., 2001, p.04). Em relação ao setor educacional, percebe-se que, hoje, há um maior zelo em relação à imagem, pois, com inúmeras Faculdades e Universidades se proliferando pelo país, a concorrência torna-se acirrada, e algumas características, como o posicionamento perante os funcionários e a conduta em relação àsociedade, podem ser os diferenciais que garantirão a permanência e credibilidade da instituição no mercado. As Universidades e Faculdades que, há alguns anos, atuavam de forma passiva nas questões educacionais, especialmente nas relações com o mercado, hoje, estão sendo forçadas a ser pró ativas em suas ações estratégicas, principalmente na identificação e satisfação das expectativas e necessidades de um mercado seletivo e exigente (Vergara, 2007). De acordo com Franco (1998), uma escola que extrapola as fronteiras da materialidade tem como papel fundamental desenvolver hábitos, costumes e atitudes centradas no compromisso e responsabilidade social, além de prover Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 conhecimento generalista, especializado e científico. As instituições de ensino não podem se limitar, simplesmente, a serem fornecedoras de conhecimento. AS VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM A FORMULAÇÃO DA IMAGEM Com base nos estudos de Figueiredo e Lara (2003), foram selecionados os fatores que são considerados como essenciais à formulação da imagem de uma empresa, no caso, uma instituição de ensino superior. No intuito de não se limitar a descrever os fatores que, contribuem para a concepção da imagem, na visão do público selecionado, as coordenadas que guiarão o estudo da imagem terão como subsídio a concepção de Figueiredo e Lara (2003), demonstrada na figura 01. Conduta nos negócios Reputação Inovação Solidez financeira Qualidade de gestão Força de vendas Competência Cortesia Credibilidade Confiança Presteza Preço Desconto Condições Financiamento Conduta Social da empresa Ambiente Cidadania Qualidade Ação comunitária Produto Características Conformidade Durabilidade Reparabilidade Estilo IMAGEM Serviços Instalação Qualidade Disponibilidade Canais de Distribuição Localização Serviço Competência Comunicação Propaganda Publicidade Promoção Suporte Manual Treinamento Consultoria Figura 01 - Principais variáveis para a formulação de uma imagem Fonte: “A importância da imagem na estratégia local: um estudo na cidade de Belo Horizonte”, Figueiredo e Lara, 2003 - (Adaptado pelo autor) METODOLOGIA A presente pesquisa pretendeu estudar, analisar e obter informações no que diz respeito ao curso de graduação em Administração de uma instituição de ensino Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 superior do interior do estado de Minas Gerais, valendo-se das pesquisas descritiva e exploratória por considerá-las as mais adequadas na elaboração deste estudo. Por se tratar de um estudo que tem como foco a imagem de uma Universidade na concepção do público alvo, o uso da pesquisa descritiva foi a mais apropriada, considerado que esse tipo de pesquisa observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Em relação ao emprego da pesquisa exploratória, levou-se em consideração o fato da mesma buscar entender as razões e motivações subentendidas para determinadas atitudes e comportamentos de pessoas. Para realização da pesquisa utilizou-se um questionário, aplicado em igualdade de condições a todos os entrevistados. O questionário, em questão, constituiu-se em duas etapas. A primeira parte teve a intenção de buscar informações sobre o entrevistado: período e turno que está cursando, sexo, idade, dados relativos à sua formação intelectual anterior, trabalho e renda familiar. A segunda parte trouxe questionamentos referentes à formação profissional de nível superior em geral, além de englobar perguntar relativas à avaliação/opinião do aluno quanto ao curso de graduação em Administração e quanto à própria instituição de ensino em questão. Nessa parte, apenas em relação à primeira pergunta, optou-se por alternativas dicotômicas, por considerar que o binômio (SIM, NÃO) não causaria prejuízo à confiabilidade dos dados obtidos. Mas, nas demais questões optou-se pelo uso da escala Likert, pelo fato da mesma se basear na premissa de que a atitude geral se remete às crenças sobre o objeto da atitude, à força que mantém essas crenças e aos valores ligados ao objeto. Ressalta-se que a coleta de dados possibilitou uma visão ampla da imagem da Universidade em estudo, pois foram entrevistados todos os alunos matriculados nos dois últimos períodos do curso de Administração da instituição, perfazendo um total de 55 alunos. Foram coletadas informações sobre alguns aspectos inerentes ao curso de graduação em administração e, a partir da tabulação dos questionários e análise dos resultados, foram levantadas inferências para o todo. No processo de amostragem desta pesquisa foi utilizada a técnica não probabilista do tipo intencional, uma vez que se desejou obter a opinião dos clientes sobre o curso de graduação em administração, ou seja, informações de um grupo em um contexto específico. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Feita a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados e, posteriormente, analisados. Para tal análise foram adotadas técnicas estatísticas especificas, de acordo com o tipo dos dados obtidos. Trabalhou-se, em uma primeira fase, com a estatística descritiva, ou seja, ferramentas estatísticas de descrição e apresentação de dados, pois foi preciso delinear e visualizar o que ocorreu com os referidos dados, bem como os pontos divergentes e o isolamento de variáveis chave. Posteriormente foram utilizadas duas técnicas de análise multivariada de dados: a análise de componentes principais e a análise fatorial, sendo a rotação de fatores utilizada em conjunto com esta última. A análise multivariada foi utilizada por ser um conjunto de técnicas estatísticas utilizadas para estudar um grande número de variáveis medidas simultaneamente e correlacionadas, em geral. Segundo Hair, Tatham, Anderson e Black (2005, p.91): “A principal vantagem das técnicas multivariadas é sua habilidade em acomodar múltiplas variáveis em uma tentativa de compreender as relações complexas não possíveis com métodos univariados”. Dentre os principais objetivos dessa forma de análise temos: a classificação ou agrupamento; a redução ou simplificação de dados; a verificação de dependência entre variáveis; e predição e testes de hipótese. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Inicialmente foi utilizada a análise de componentes principais (ACP), com o objetivo de interpretar a grande quantidade de dados multivariados obtidos e, posteriormente, aplicou-se a análise fatorial (AF) não rotacionada e rotacionada, para melhor sumarização dos dados. RESULTADOS DA ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS O presente estudo apresentou 46 variáveis a serem analisadas. Para a variável horário e local, todos os entrevistados tiveram a mesma opinião, ou seja, a variável apresentou apenas uma resposta. Conseqüentemente, esta variável é uma constante e não apresenta variação (variância igual a zero) e, por não agregar absolutamente nenhuma informação, foi excluída do estudo das ACP e AF. Trabalhamos, assim, com 45 variáveis.Ao utilizar o Software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) obtivemos 12 componentes principais (CP) para os dados estudados, conforme tabela 01. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Model Summary Variance Accounted For Total (Eigenvalue) % of Variance ,842 5,658 12,572 ,829 5,278 11,729 ,773 4,093 9,097 ,764 3,958 8,795 ,703 3,202 7,115 ,685 3,030 6,734 ,630 2,603 5,784 ,538 2,108 4,684 ,519 2,031 4,514 ,474 1,865 4,144 ,443 1,765 3,922 ,255 1,331 2,958 ,995 36,921 82,048 a. Total Cronbach's Alpha is based on the total Eigenvalue. Dimension 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Total Cronbach's Alpha Tabela 01 - Componentes principais extraídas do total de variáveis analisadas Fonte: O autor Foram extraídas 12 CP para explicar a estrutura de variabilidade total dos dados. As primeiras componentes são as que explicam a maior parte da variabilidade dos dados e as que possuem maiores autovalores e Alpha de Cronbach, e as últimas componentes são as que explicam a menor parte da variabilidade dos dados e as que possuem menores autovalores e Alpha de Cronbach. Conforme tabela 01, acima, temos 82,048% da variância total explicada pelas 12 CP e um coeficiente de Alpha de Cronbach de 0,995 indicando boa confiabilidade do ajuste. Os components loadings são os valores apresentados para cada uma das variáveis em cada uma das CP, ou seja, a variância explicada por cada variável em cada uma das dimensões (componentes). Na teoria, as variáveis determinantes de cada CP são aquelas que apresentam valores maiores que 0,5, mas, dependendo da importância, podem ser adotados outros valores de corte, então, para a análise das componentes, adotou-se 0,30 como valor mínimo. Para o entendimento das CP, algumas observações são importantes. CP que apresentam índices com sinais opostos entende-se como uma comparação entre as variáveis com índices positivos e as com índices negativos, portanto, altos valores negativos indicam a predominância das variáveis com esses índices. O mesmo ocorre para altos valores positivos e os valores próximos de zero, para uma componente, indicam equilíbrio entre as variáveis com índices opostos. A seguir, são apresentadas as componentes obtidas: Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 a) a primeira componente pode ser entendida como um índice geral, pois explica uma grande parte da variabilidade total (12,572%). Esta componente engloba 9 variáveis sendo 7 com índices negativos e 2 com índices positivos. As variáveis com índices negativos envolvem: Material pedagógico.Realização pessoal, Influência de terceiros, Envolvimento com a comunidade, Competência, Domínio e Recursos. Mercado de trabalho e Acompanhamento possuem índices positivos; b) a segunda componente também explica uma boa parte da variância total (11,729%) e engloba apenas variáveis com índices positivos, são elas: Recepção de críticas pelo administrador, Remuneração, Comportamento moral, Desenvolvimento de habilidades e Disponibilidade; c) a terceira componente explica 9,097% da variabilidade total e compreende as variáveis: Secretaria, Biblioteca, Compatibilidade de avaliações e Divulgação dos resultados, todas apresentando índices positivos e muito expressivos; d) a quarta componente explica 8,795% e envolve as variáveis: Lanchonete, Harmonia entre subordinados e superiores, Adequação de avaliação, com índices negativos, e Preço, Respeito ao meio ambiente e Crítica com índices positivos; e) a quinta componente explica 7,115% e abrange as variáveis: Status, Componente curricular e Clareza, todas com índices positivos; f) a sexta componente explica 6,734% e engloba as variáveis: Qualidade e Sexo; g) a sétima componente explica 5,784% e pode ser entendida como um índice que explica a opinião dos alunos sobre as Salas de aula, uma vez que esta componente engloba apenas esta variável. O mesmo ocorre com a oitava, décima primeira e décima segunda componentes, e temos os índices: 4,684% para Boa qualidade, 3,299% para Idade e 2,958% para Influência da comunicação; h) a nona componente explica 4,514% e é basicamente a comparação entre Laboratório e Estímulo, com, respectivamente, índices negativo e positivo; i) a décima componente explica 4,144% e envolve o Nível de escolaridade e a Relevância do currículo; j) a décima primeira componente explica 3,922% e é um indicativo da Idade; k) e a décima segunda componente explica 2,958% e é um indicativo da Influencia da comunicação. A ACP é apenas uma análise inicial para se ter uma visão inicial das variáveis. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 RESULTADOS DA ANÁLISE FATORIAL Antes da efetuação da AF, faz-se necessário a verificação da adequabilidade dos dados, segundo os critérios adotados neste trabalho. Várias AF foram ajustadas, inicializando com as 45 variáveis (ACP) até que se chegasse ao melhor ajuste que incluirá apenas 6 variáveis dentre todas as analisadas, sendo todas as correlações parciais baixas e valores da Medida de Adequação da Amostra (MSA > 0,5) acima do mínimo para um bom ajuste de AF. A razão entre o número de casos e o número de variáveis é 9,167 (> 5) satisfazendo o critério para adequabilidade. Conforme tabela 02, o Teste de Bartlett apresentou significância estatística (BTS = 0,003 > 0,05) indicando que as correlações são significantes em pelo menos algumas das variáveis. O teste de Kaiser-Meyer-Olklin apresentou um valor dentro do aceitável para um ajuste fatorial (KMO = 0,627 > 0,50). KMO and Bartlett's Test Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy. Bartlett's Test of Sphericity ,627 Approx. Chi-Square 34,095 DF 15 Sig. ,003 Tabela 02 - Critérios para verificação da adequabilidade dos dados. Fonte: O autor Segundo a tabela 03, pelas comunalidades associadas a cada uma das variáveis, os três fatores extraídos explicam 80,3% da variância de Laboratórios, 70,5% da variância de Busca de Informações de Credibilidade, 69% da variância de Remuneração, 68,3% da variância de Primeira Opção Profissional, 67,2% da variância de Sistemas Variados de Avaliação e 63,3% da variância de Harmonia entre Superiores e Subordinados. Todos os valores das comunalidades encontramse acima do mínimo adotado (0,5 ou 50%). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Communalities PRIM_OPCAO_PROF BUSCA_INFOR_CREDIB Initial 1,000 1,000 Extraction ,683 ,705 HARMONIA_SUPXSUB 1,000 ,633 LABORATORIOS 1,000 ,803 REMINERAÇÃO SISTEMA_VARIADO_AVALIAÇÃO 1,000 1,000 ,690 ,672 Tabela 03 –Comumalidades. Total Variance Explained Extraction Sums of Initial Eigenvalues Squared Loadings Component % of Cumulative % of Cumulative Total Total Variance % Variance % 1 1,971 32,855 32,855 1,971 32,855 32,855 2 1,246 20,762 53,617 1,246 20,762 53,617 3 ,968 16,131 69,747 ,968 16,131 69,747 4 ,675 11,243 80,991 5 ,640 10,670 91,661 6 ,500 8,339 100,000 Rotation Sums of Squared Loadings % of Cumulative Total Variance % 1,686 28,097 28,097 1,428 23,794 51,890 1,071 17,857 69,747 Tabela 04 - Variância explicada por cada fator e variância total explicada. Fonte: O autor A análise fatorial apresentou os resultados conforme tabela 04. Inicialmente, conforme o critério de Kaiser, extraiu-se 3 fatores com autovalores próximos ou maiores que 1, e os mesmos, segundo o critério da variância acumulada, explicam 69,747% da variância total. Após efetuar a rotação ortogonal varimax, percebe-se que todos os autovalores são maiores que 1, indicando boa extração das componentes. A tabela 05 apresenta as cargas fatoriais de cada uma das variáveis nos 3 fatores extraídos, antes da rotação. Nota-se que o primeiro fator engloba 4 variáveis, sendo a Busca por informações sobre credibilidade a de maior carga. Já a variável Primeira opção profissional apresenta carga fatorial alta nas 3 componentes. O segundo fator inclui apenas a variável Harmonia entre superiores e subordinados. O terceiro fator apenas Laboratório. Component Matrix Component 1 2 3 Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PRIM_OPCAO_PROF BUSCA_INFOR_CREDIB HARMONIA_SUPXSUB LABORATORIOS REMINERAÇÃO SISTEMA_VARIADO_AVALIAÇÃO ,534 ,700 -,459 -,411 ,664 ,612 -,491 ,425 ,650 ,388 ,466 ,395 ,695 ,513 Tabela 05 - Cargas Fatoriais não rotacionadas. Fonte: O autor Após a efetuação da rotação ortogonal varimax, a interpretação das cargas fatoriais para cada uma das variáveis torna-se mais clara e simples. A tabela 06 apresenta as cargas fatoriais após a rotação e, conseqüentemente, a interpretação final da AF. Nota-se uma melhor distribuição das cargas fatoriais de cada uma das variáveis, em cada um dos fatores, principalmente para a variável Primeira opção profissional que, anteriormente, apresentou cargas fatoriais próximas em cada um dos 3 fatores. Rotated Component Matrix PRIM_OPCAO_PROF BUSCA_INFOR_CREDIB HARMONIA_SUPXSUB LABORATORIOS REMINERAÇÃO SISTEMA_VARIADO_AVALIAÇÃO Component 1 2 ,823 ,830 -,698 ,826 ,528 3 0,3803 ,866 0,48645 ,396 Tabela 06 - Cargas Fatoriais após rotação. Fonte: O autor Diante da AF ajustada, nota-se que primeiro fator engloba, após a rotação, apenas 03 variáveis, sendo elas: Busca por informações sobre credibilidade e Remuneração (as duas com altas cargas fatoriais) e Sistemas variados de avaliação (com carga fatorial inferior). Esse fator pode ser entendido como uma visão dos alunos diante daquilo que o curso de administração pode oferecer aos seus alunos (em termos de Credibilidade e Remuneração do profissional em Administração) ao longo de suas vidas profissionais enquanto administradores. Esse fator também expressa, com menor intensidade, a visão dos alunos diante dos Sistemas variados de avaliação. Conclui-se que, esse primeiro fator representa uma visão global dos estudantes entrevistados em relação ao próprio curso de administração, sua aprendizagem enquanto alunos e os fatores que motivaram tal escolha. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 O segundo fator, que antes englobava apenas uma variável, após a rotação, passou a ter a variável Primeira opção profissional com alta carga fatorial e Harmonia entre superiores e subordinados com menor carga. Portanto, este fator pode ser interpretado como uma comparação, feita por parte dos alunos, entre o próprio curso de administração e os recursos humanos da instituição em que estudam. O terceiro fator engloba apenas a variável Laboratórios, com alta carga fatorial, e pode ser entendido como a opinião dos entrevistados sobre as instalações e equipamentos da universidade em questão. CONSIDERAÇÕES FINAIS Mapear e tirar conclusões a respeito da opinião de indivíduos é uma tarefa bastante complexa por envolver dados que não são facilmente mensuráveis, dessa forma, para fazer essa verificação, o presente trabalho utilizou técnicas estatísticas de análise multivariada. Dentre essas técnicas, podemos citar a análise de componentes principais (ACP) e a análise fatorial (AF), que foram escolhidas pelo fato dos dados obtidos serem muito extensos e necessitarem de resumo, sem que ocorresse grande perda de informações importantes. A análise dos dados iniciou-se com a ACP, que possibilitou ter uma visão geral da estrutura de variância e covariância, antes de serem eliminadas algumas variáveis. Em seguida, várias AF foram testadas, objetivando um melhor ajuste que sintetizasse esses dados, e, em conjunto, para auxiliar a visualização e interpretação dos resultados da AF, aplicou-se, a esse melhor ajuste, a técnica de rotação ortogonal varimax. Do exposto neste trabalho, constatamos que as técnicas de análise multivariada, supracitadas, demonstraram ser importantes ferramentas para o estudo de dados não prontamente mensuráveis, o que confirma o potencial dessas técnicas no apoio de pesquisas que envolvam uma grande quantidade de variáveis. A partir da análise das entrevistas, verificou-se que a maioria dos entrevistados teve o curso de Administração como primeira opção profissional. Em se tratando da imagem desse curso de graduação, na Universidade em questão, percebe-se uma preocupação, por parte dos alunos, com a credibilidade dessa instituição e a remuneração desse profissional no mercado de trabalho. Os participantes dessa pesquisa consideram que é importante que a instituição possua Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 diferentes sistemas de avaliação e julgam que é essencial a existência de bom relacionamento entre os profissionais da instituição e seus alunos. Por fim, percebese a importância de a instituição ter uma estrutura adequada, tanto em sua parte física, quanto nos investimentos em laboratórios e equipamentos de informática. Diante dos fatores expostos e tendo como base as informações obtidas, sugere-se que sejam criadas metas de melhoria para que a imagem dessa instituição possa se tornar a melhor possível, perante seu principal público alvo, os seus alunos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, A. L. C., CARRIEIRI, A., &FONSECA, E. (2004). Imagem organizacional:um estudo de caso sobre a PUC Minas. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Estudos de Interdisciplinares da Comunicação. BARBOSA, M. F. N. (2006). O conceito de qualidade. [Versão eletrônica] Introdução ao marketing para empresa de pequeno porte. Recuperado em 11 abril, 2008, de http://www.eumed.net/libros/2006a/mfnb/1h.htm BARICH, H., & Kotler, P. (1991). A framework management.Sloan Management Review, 32, Winter. for marketing image BOULDING, K. E. (1956). The image.USA: The University of Michigan Press. CASTRO, M. C. (1977) A prática da pesquisa.São Paulo: McGraw-Hill do Brasil. CERQUEIRA, W. (1999). 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Imagem de Produto e Comportamento do Consumidor: Explorando o Processo de Formação de Imagens (MKT 1861).Anais ENANPAD. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA NA MEMÓRIA POPULAR DE GETÚLIO VARGAS – 1930 A 1954 Albert dos Reis Ceia e Verônica da Mata Huebra – Graduados em Licenciatura Plena em História pelo Centro Universitário de Caratinga – UNEC [email protected] RESUMO Este trabalho buscou investigar a influencia da construção da figura de Getulio Vargas na elaboração da memória pessoal dos indivíduos sobre eventos ocorridos no Brasil entre os anos de 1930 e 1954. Ao analisarmos os depoimentos colhidos para esta pesquisa, podemos perceber como a sobrevivência do mito se dá na mente de indivíduos pela adaptação dos fatos de maneira a adequá-los a vivencia de cada um, evoluindo com características próprias a partir de uma origem comum. Tal origem encontra-se indissociável do mito de Vargas, propagado pelo DIP _ Departamento de Imprensa e Propaganda _ sendo esse o modelo sobre o qual sua memória é construída. PALAVRAS CHAVE: Getulio Vargas; Propaganda; Estado Novo; Memória. INTRODUÇÃO Getulio Dorneles Vargas nasceu em São Borja, RS, em 1883 e governou o Brasil desde a, assim chamada, revolução de 1930 até 1945, retornando ao poder de 1951 até 1954, quando se suicidou com um tiro no peito (SCHMIDT, 2007). Para Montenegro (2003), o longo período em que ocupou o cargo Maximo na estrutura de poder do estado brasileiro seria, por si só, capaz de tornar Getulio Vargas uma presença marcante na memória coletiva. No entanto, segundo o mesmo, a forma como essa memória se construiu deve ser compreendida dentro do contexto histórico em questão, marcado por lutas no interior da classe dominante, acompanhadas de uma crescente insatisfação das classes trabalhadoras. “O espírito da época era de exaltação dos grandes lideres. A maioria das pessoas do mundo, dos anos 30 aos 50, acreditava que seus problemas só seriam resolvidos por um estado forte nas mãos de um grande líder patriótico.” (SCHMIDT, 2007, p. 570) Neste contexto, Vargas aproveitou-se das armas de propaganda de sua época para construir sua imagem simbólica (MONTENEGRO, 2003). Carvalho (1998) considera que a propaganda ideológica é o melhor e o mais eficiente instrumento de afirmação de um regime político, conquistando legitimação frente à população. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 No Estado Novo foi criado o DIP_ Departamento de Imprensa e Propaganda_ um órgão indissociável da governabilidade getulista, orientado para a censura e propaganda política (SCHMIDT, 2007). Conforme Aldé (2008), nas eleições de 1950, foi criado um “comitê de Campanha Pró-Getulio Vargas”, com objetivo de adequar a apresentação do candidato às expectativas dos eleitores de cada região. Para Campbell (2007), uma lenda que se refere a uma personagem histórica real, representa suas realizações, não em figurações da vida real, mas em figurações oníricas, uma vez que estes representam triunfos de natureza psicológica. Este trabalho buscou investigar a influencia da construção mítica da figura de Getulio Vargas na elaboração da memória pessoal de eventos ocorridos no Brasil entre os anos de 1930 e 1954. Para tanto, buscamos responder a questão: qual a influencia da propaganda na memória popular de Getulio Vargas? Conforme Hobsbaw (1998), a memória é um mecanismo seletivo, produzido dentro de limites constantemente mutáveis. Lembrar significa pensar um fato no momento em que se está vivendo e não um retorno ao passado da maneira como ele era (HOBSBAW, 1998). A relevância desta pesquisa encontra-se na contribuição pra o debate sobre a influência da propaganda na memória popular. A história oficial e a memória de Getulio Vargas, bem como sua manipulação e interpretação pelas diversas vertentes políticas brasileiras, já foi tema de muitos trabalhos. Conforme Ferreira (2008), as mudanças políticas e institucionais atravessadas pelo Brasil no ultimo meio século, aliadas a própria ambiguidade do personagem, fez vir à tona em cada período um Getúlio Vargas diferente, representado de acordo com os interesses dos ocupantes do poder. Fausto (2006) identifica a visão extremamente positiva de Vargas como produto de propaganda, onde, utilizando-se de sua própria visão da fase histórica que o país vivia, o governo tratou de gerar uma opinião pública favorável a seu favor. O artigo de Rego (2008) procurou demonstrar como a propaganda nacionalista de Getulio Vargas buscou constituir uma sociedade brasileira militarizada. Uma Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 mentalidade inspirada no nazi-facismo e para a qual a população da época estava aberta. Decca (1981) questiona a historiografia sobre a revolução de 1930. Resgata a memória do proletariado brasileiro e das propostas revolucionárias esquecidas dos anos 1920. Esta pesquisa distinguiu-se por buscar as reminiscências da figura de Getulio Vargas na memória de indivíduos, através do depoimento de testemunhas do período em questão, advindas de vários segmentos sociais, de modo que, conforme Levi (1992), a redução da escala revele fatores previamente não observados, mas que podem ser interpretados por sua inserção no fluxo do discurso social. METODOLOGIA Este trabalho, de caráter qualitativo, se desenvolveu pela confrontação de dados colhidos através de entrevistas não estruturadas, realizadas entre 06 e 13 de novembro de 2008, e a historiografia produzida sobre Getulio Vargas. Foram inquiridos cinco sujeitos de idade superior a 75 anos, restrição utilizada no intuito de assegurar o valor das mesmas como testemunhas do período. Os entrevistados foram residentes dos municípios de Caputira, Manhuaçu e arredores, localizados na Mesorregião da Zona da Mata – MG. Os depoentes foram identificados por meio de suas iniciais, de modo a preservar suas identidades. MOR- Nasceu em 1932 e é residente da área rural de Caputira. JTP- Nasceu em 1922 e reside em Manhuaçu. É veterano da Segunda Guerra Mundial. MLOV- Nasceu em 1939 e reside em Manhuaçu. Seu pai foi perseguido durante o governo Vargas. DOS- nasceu em 1925 e é residente em Manhuaçu. Possui o segundo ano do ensino fundamental. MPCP- nasceu e 1930 e reside em Manhuaçu. ANALISE DAS MEMÓRIAS DOS ENTREVISTADOS Durante a ditadura do Estado novo, todaa imprensa estava sob censura. Ninguém podia falar mal de Getúlio. Nas escolas, quartéis, programas de radio e Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 sessões de cinema, a população era bombardeada com mensagens publicitárias exaltando o governo varguista (SCHMIDT, 2007). Conforme Montenegro (2003), a imagem de “pai dos pobres”, cultivada através de ações que atingiam o cotidiano dos trabalhadores, bem como a idéia de que Getulio seria responsável por garantir direitos nunca antes vistos pelos trabalhadores brasileiros, constituía-se em estratégias de propaganda deliberada e insistentemente construída, visando apagar a memória das lutas operárias no país e fortalecer a sua própria. Schmidt (2007) aponta que algumas leis trabalhistas já haviam sido conquistadas nas greves de 1917,1918 e 1919, durante a República Velha. Mas o autor ressalta que dominar também é refazer a memória histórica. Assim, criou-se a imagem de que o país só passou a ter leis trabalhistas graças a Getulio, passando a mentalidade da doação de direitos, apagando as lutas trabalhistas do passado. A força da imagem do pai dos pobres no imaginário pode ser sentida através do depoimento de MPCP: Ele criou o ministério do trabalho, da indústria e do comércio (…) ele fez as leis trabalhistas que chegaram no Brasil com bastante atraso. Mesmo assim ele se esforçava para cumprir as leis. Muitas beneficiavam os brasileiros, outras não, “né”? Ele limitou a jornada de trabalho para oito horas, que antigamente era do nascer do sol ao por do sol, quando o trabalhador ficava na enxada trabalhando. E assim, ele manteve o trabalho por oito horas. (MPCP, 80 anos, reside em Manhuaçu) Os depoimentos de MPCP, JTP e MLOV demonstram ainda o processo de sobrevivência da memória, como resultado da lembrança somado ao juízo de valores sobre certos eventos (HOBSBAW, 1998). O pai de MPCP, por exemplo, era cafeicultor e as medidas tomadas por Getulio para reverter à crise no setor assumem grande destaque em suas memórias. Criou uma política que diminuía os efeitos da crise mundial de 1929, queimando o excedente de café e jogando nos rios. É o que acontecia naquele bairro da… do engenho da serra, que antigamente chamavam de charqueado. Queimava “os café”. Isso a mando dele. Pra não deixarem os cafeicultores sem dinheiro, ele comprava “os café” pra se queimar. Pra não ficar sem “os dinheiro”. Entre 1930 e 1932, mais de novecentos milhões de sacas de café. (MPCP, 80 anos, reside em Manhuaçu) Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 O depoimento de MLOV é ainda mais interessante com relação à construção da memória. Seu pai era membro da Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento chefiado por Plínio Salgado, em torno do qual, segundo Schmidt (2007), se aglomerava as hostes fascistas e anti-semitas no Brasil. Os principais dirigentes integralistas eram empresários, membros da classe média e, em menor escala, oficiais da marinha e do exército. A massa integralista era, em grande parte, de funcionários públicos. Além disso, havia membros da baixa classe média, donas de casa e até pessoas mais humildes (SCHMIDT, 2007). Eu não acompanhei historicamente o governo de Getulio Vargas, por uma antipatia pessoal que eu nutri contra a personagem. Mas a lembrança que eu tenho e que ficou gravada em minha mente é a perseguição que ele moveu contra os integralistas e contra o partido de representação popular, o PRP, dirigido por Plínio Salgado. Na minha terra, o Serro, era meu pai o presidente do partido. E, por meu pai ser uma figura política de influência literária, por ele escrever para jornais, ele era uma pessoa que sofreu perseguição pessoal do doutor Getulio Vargas. Quando eu estava para nascer, mamãe já nos últimos dias de gravidez, meu pai foi preso por ordem de Getulio Vargas, por perda de uma placa que desapareceu lá na cidade de Serro. (MLOV, 71 anos, reside em Manhuaçu.) É interessante perceber que, mesmo repudiando Getúlio, pela experiência pessoal, MLOV não é imune aos efeitos da propaganda getulista: Minha família toda sente uma repulsa sobre a memória do doutor presidente, devido à figura de ele estar relacionada à injustiça que fora feita contra meu pai. Por isso. Embora toda família reconheça “os bem feitos” de Getulio, embora algumas coisas tenham sido benéficas para o Brasil, nós não deixamos de sentir essa aversão pela figura dele.(MLOV, 71 anos, reside em Manhuaçu.) Os fascistas defendiam um estado forte e eram contrários a democracia, à liberdade e a igualdade (SCHMIDT, 2007). Os integralistas apreciavam imitar os fascistas europeus e podiam ser muito violentos com quem pensava diferente deles, caçando opositores e os assassinando no meio da rua, com tiros de pistola na nuca (SCHMIDT, 2007). Paradoxalmente, na memória de MLOV um motivo para o sentimento de aversão de sua família contra Getulio Vargas seria sua política ditatorial e repressiva: Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 É porque nós brasileiros gostamos de liberdade. Nós odiamos a ditadura. É da nossa índole. Então nós não aceitamos um ditador. Qualquer brasileiro, a não ser os apaixonados pela política ou por interesses próprios, “né”? É porque Getulio foi um ditador. Porque ele foi. (MLOV, 71 anos, reside em Manhuaçu.) O depoimento de JTP volta-se para sua vivencia como membro da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Embora tenha se declarado neutro no inicio do conflito, em 1942 o Brasil se viu envolvido no evento, logo depois de submarinos alemães torpedearem navios mercantis brasileiros na costa. O povo foi para as ruas das grandes cidades, exigir que o país entrasse na guerra contra os nazi-fascistas. Pressionado pelas manifestações populares e pelos EUA, rompeu com o eixo em janeiro de 1942 (SCHMIDT 2007). JTP recorda um “zum,zum,zum” feito por estudantes que, aparentemente, ameaçaram Getulio, devido aos ataques alemães que levaram o Brasil a entrar na Segunda Grande Guerra: As lembranças que eu tenho de Getúlio Vargas são muito poucas, porque eu entrei para o exercito em 1942. É… 1944, e eu ouvia aquele “zum,zum,zum” de estudante invadindo , e eu ouvia porque estava em Juiz de Fora e eles atacaram Getúlio muito. E era lá no Rio. Ele teve de declarar guerra a Alemanha por causa de ter atacado… e tanto pediram guerra e guerra, que aquele povo estudante, que a guerra era de pobre só na linha de frente. Igual a mim e outros. Os ricos não eram na linha de frente nada. E, como assim, os pequenos, você só via lá na frente os tenentes, comandantes, tudo. Agora, na linha de frente, “cê” não via rico, não. Os filhos de rico não vão na linha de frente nada. Assim como assim, o pobre que leva tinta. Filho de rico não. Que eu me lembre não. Na minha companhia não. 180 homens… (JTP, 88 anos, reside em Manhuaçu.) Quando se recorda especificamente da figura de Getulio Vargas, JTP evoca a imagem populista do “pai dos pobres”: É porque eu voltei da guerra e, quando voltei, voltei com a cabeça toda revirada… e ele acabou se suicidando e eu ainda lembro da história que ele foi ídolo, muito querido pelo povo pequeno. Do grande não. Do povo pequeno que era Getulio, porque o discurso dele era muito bonito. Ele Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 sempre começava: “trabalhadores do Brasil”. Esse era o discurso dele. Ele era simples e dava valor ao trabalhador. Na época o negócio era feio mesmo. Ele deixou umas leis ai que não fora executadas. (JTP, 88 anos, reside em Manhuaçu.) Para Schmidt (2007), os trabalhadores não eram pobres coitados, usados e ingênuos. Muitos estavam conscientes da barganha realizada pelo Estado Novo, mas aceitavam o jogo populista porque estavam ganhando o que consideravam possível e sem riscos. O depoimento de MRO é dos mais relevantes, pois traz evidencias do poder da propaganda que envolvia o estado getulista, que tinha por objetivo causar forte impressão nas pessoas simples, num esforço consciente para criar uma imagem pública simpática do político: Posso cantar… “Brasil um rincão querido Invejado pelo mundo novo Muito lindo está o seu futuro Porque todo dia dominar seu povo Surgiu Getulio Vargas Um grande chefe brasileiro Getulio Vargas que veio Mostrar ser o Brasil brasileiro Viva Getulio Vargas! Viva Getulio Vargas! ”(MOR, 78 anos, residente em Caputira) Nos anos de 1930 e 1940, a indústria cultural converteu-se em mercadoria vendida a milhões de consumidores pelos meios de comunicação de massa. A assessoria de Getulio utilizou a música popular para favorecer a imagem pública do presidente (SCHMIDT 2007). A propaganda oficial mostrava o Estado populista como um gigantesco pai (SCHMIDT 2007). MRO exacerba essa visão, recordando Getulio como um tipo de figura messiânica profética: Adivinhou muita coisa. Adivinhou muita coisa. Ele era assim, um homem bíblico, ele. Muito bom exemplo Getulio Vargas deu. Muito bom exemplo. Você não ouvia falar de maconha no tempo de Getúlio Vargas. Não ouvia falar não. Não via tanta violência como há agora, no tempo de Getulio Vargas. E agora cada vez foi piorando, cada dia mais, “né”? E então… é ai que ta o mundo hoje. (MOR, 78 anos, residente em Caputira) Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Visto que a amizade e o domínio sobre os trabalhadores era uma contradição populista (SCHMIDT 2007), outro ponto interessante do depoimento de MRO é a visão de uma solidariedade recíproca entre o povo e o governo de Getulio Vargas: Como que “valia” o governo dele? Que eu vou falar meu Deus do céu? “Valia” como? De primeiro as pessoas eram muito caridosas pros outros. Ninguém quase tinha roupa pra dar um pro outro, mas, de comida tinha. Não era comida igual hoje, de luxo, mas sempre compartilhava um pouquinho, “né”? Pros pobres e tudo. Ai a gente já tava ajudando ele também, “né”? (MOR, 78 anos, residente em Caputira) Para DOS o governo Vargas tem seu mérito na pacificação da sociedade. Seu depoimento trás uma curiosa interpretação da política repressora do Estado Novo: Foi um governo muito bom que acalmou o povo. Aprovou uma lei que tinha muita matança, muita brutalidade, “né”? Então ele fez essa lei e a pessoa ficava na cadeia sete anos sem sair. Então nisso foi um alivio, porque a pessoa pensava duas vezes antes de fazer a besteira que ia fazer, “né”? Foi um tempo de sossego. As pessoas pensavam mais, refletiam mais sobre uma questão qualquer. (DOS,85 anos, residente em Manhuaçu.) Conforme vimos ao analisar os testemunhos dos sujeitos, a propaganda getulista produziu forte impressão sobre suas memórias, interferindo em sua interpretação dos fatos. Mesmo quando o depoente apresenta uma impressão negativa sobre Vargas, salienta que seu governo trouxe benefícios para o país e, em especial, para a classe operária. O governo Vargas proibiu greves, prendeu operário, liquidou a independência dos sindicatos, perseguiu comunistas e anarquistas (SCHMIDT 2007). No entanto, como podemos constatar, até hoje é visto como o protetor dos trabalhadores. A representação gravada na memória, a cerca de Getúlio Vargas, conforme Montenegro (2007), expressa a força do imaginário que foi criado durante o Estado Novo. As marcas impressas na memória coletiva resultam de uma intervenção que reflete formas de construção do imaginário político, fundamentais aos regimes ditatoriais. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao analisarmos os depoimentos colhidos para esta pesquisa, podemos perceber como a sobrevivência do mito se dá na mente de indivíduos, proporcionando uma visão particular para os eventos históricos. Observamos que essa sobrevivência se desenvolve pela adaptação dos fatos de maneira a adequálos a cada vivencia (MONTENEGRO, 2003), evoluindo com características próprias a partir de uma origem comum. Observamos também que a imagem sobrevivente de Getulio Vargas encontra-se indissociável do mito propagado pelo DIP_ Departamento de Imprensa e Propaganda _ sendo esse o modelo sobre o qual sua memória é construída. REFERÊNCIAS HOBSBAWM, Eric. Sobre história. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. TORRES MONTENEGRO, Antônio. História Oral e Memória: A cultura popular revisitada. São Paulo: Contexto, 2003. CAMPBELL, Joseph. 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Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 AS INFLUÊNCIAS SOCIOCULTURAIS NO SURGIMENTO DO ESPIRITISMO – 1857 A 1868 Albert dos Reis Ceia - Graduado em Licenciatura Plena em História pelo Centro Universitário de Caratinga– UNEC [email protected] RESUMO O objetivo desta pesquisa foi identificar como as pressões socioculturais influenciaram o surgimento do espiritismo – 1857 a 1868. Este trabalho de revisão bibliografica recorreu ao estudo das obras básicas de Allan Kardec, confrontando-as à historiografia existente sobre o período correspondente. Conforme as evidências demonstram, as idéias vigentes na Europa da segunda metade do século XIX exerceram uma profunda influência no surgimento da doutrina Espírita, podendo ser facilmente identificadas em seus textos fundamentais. PALAVRAS-CHAVE: Religião; Espiritismo; Allan Kardec; Ciência; filosofia; Cultura. INTRODUÇÃO Vivemos em um tempo no qual a radicalização das posições religiosas rompe fronteiras geográficas e fomenta preconceitos, guerras e atentados terroristas, atingindo até mesmo nações de renomada tolerância e liberalismo. Este paradigma expõe a necessidade de uma abordagem critica e racional do tema, identificando-o como fenômeno humano de natureza histórica e cultural, cujas implicações sociais se apresentam mais relevantes para a coletividade do que seu caráter espiritual. As filosofias de inspiração antropológicas nos dizem que o sentido da vida está nela própria. As religiões, de modo geral, afirmam que o propósito da vida humana não está nos seres humanos, nem no mundo, mas além deles, na divindade (BECK, 1998). Conforme nos apresenta Dawkins (2006), antropólogos e historiadores registram que todas as culturas da humanidade são dominadas por crentes. “Embora os detalhes variem pelo mundo, nenhuma cultura conhecida deixa de ter alguma versão dos rituais dispendiosos e trabalhosos, das fantasias antifactuais e contraproducentes da religião” (DAWKINS, 2006, p.219). Para o biólogo, “sabendo que somos produtos da evolução darwiniana, devemos perguntar que pressão ou pressões exercidas pela seleção natural favoreceram o impulso à religião” (DAWKINS, 2006, p.215). Tal questionamento aplica-se também a história, visto que essa se interessa por virtualmente toda a Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 atividade humana, uma vez que tudo tem um passado que pode ser reconstruído e relacionado ao resto do passado (BURKE, 1992). Conforme Miles (2009, p. 22), “toda história crítica a respeito de qualquer período ou assunto se vê em dificuldades para distinguir o que realmente aconteceu daquilo que não aconteceu”. Tal dificuldade aplica-se às religiões antigas que se disseminaram pelo mundo e que, com o passar dos séculos, foram se moldado e transformado em conjuntos divergente de sistemas descendentes (DAWKINS, 2006). Os historiadores da Bíblia, por exemplo, empenham-se em separar mito, lenda e história que se misturam infinitamente no livro sagrado (MILES, 2009). Optamos por centrar nossa pesquisa na Doutrina Espírita, cujo marco inicial é a publicação de “O Livro dos Espíritos” em 1857, por tratar-se de um fenômeno religioso relativamente recente, cujo ambiente sociocultural original se apresenta mais acessível. Acreditamos que a proximidade cronológica do objeto, nesse caso o espiritismo, possibilitou a redução das dificuldades interpretativas que poderiam ocorrer no estudo das religiões mais antigas. Durante o desenvolvimento deste estudo, buscamos responder a questão: Que pressões sociais ou culturais influenciaram o surgimento do espiritismo – 1857 a 1868? Assim, o objetivo desta pesquisa foi identificar como as pressões socioculturais influenciam o surgimento da religião, visto a idéia de que a realidade social ou culturalmente constituída é a base filosófica da nova história (BURKE, 1992). No decorrer de nossa pesquisa entramos em contato com a obra de outros autores que investigaram as religiões e seus diversos aspectos: Nogueira (2002) estuda a inserção do mito do demônio e a evolução da figura do Diabo no imaginário cristão. O principal foco da obra é a paranóia medieval de um mundo dominado pelo demoníaco no qual alcançar a graça divina tornou-se uma dádiva da qual poucos virtuosos poderiam desfrutar. Através dessa pesquisa o autor analisa o efeito da religião na mentalidade e na cultura. Ehrman (2006) demonstra que o Novo Testamento, como nós o conhecemos, não é confiável, por ter sofrido alterações voluntárias e involuntárias nas mãos dos copistas ao longo dos séculos. O autor expõe as grandes divergências entre os Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 manuscritos gregos e as traduções modernas da bíblia, que não permitem uma compreensão precisa do sentido dos textos. Miles (2009) parte da constatação de que, acreditemos ou não na existência real do Deus Judaico-Cristão, ele é indiscutivelmente o personagem central da Bíblia. Nessa perspectiva o autor se propõe não a discutir a existência de Deus, mas sim a analisar como esse personagem se apresenta, muda e evolui ao longo do livro sagrado. Nosso trabalho diferencia-se dos demais expostos ao concentrar-se no Espiritismo e buscar identificar suas relações com a realidade sociocultural do século XIX, período histórico no qual se originou. A relevância dessa pesquisa, fundamentada no conceito de Micro-história defendido por Levi (1992) e Ginzburg (2008), encontra-se na busca de contribuir para o debate sobre as implicações do fenômeno histórico-cultural da religião e de suas raízes sociais, através do estudo das origens do Espiritismo. METODOLOGIA Este trabalho de revisão bibliografica recorreu ao estudo do Livro dos Espíritos e A Gênese, os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo , obras básicas de Allan Kardec, codificadas entre 1857 e 1861, relacionando-as à historiografia produzida por Blainey (2005), Ferguson (2010), Knowles (2007), Schmidt (2007) e Teixeira (2008). Informações sobre a biografia de Allan Kardec foram extraídas da Enciclopédia do Século XX (1977). Não nos cabe nessa pesquisa especular sobre a veracidade ou não dos relatos espiritualistas da obra de Kardec. Por meio da confrontação dos dados recolhidos nos textos, buscamos identificar as relações entre a religião Espírita e a realidade sociocultural vigente na época de seu surgimento. ESPIRITISMO E ALLAN KARDEC Segundo relata Knowles (2007) o espiritismo teve um inicio pouco promissor em 1848, quando as irmãs Kate, Leah e Margaret Fox relataram uma serie de batidas de espíritos em sua casa em Nova York. Mais tarde, ainda conforme o autor, duas das três irmãs admitiram forjar as batidas com sons das articulações dos Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 joelhos. No entanto, posteriormente, pelo menos uma das irmãs voltou atrás nessas confissões. Apesar disso, assim que a história das irmãs Fox chegou aos jornais, surgiram fenômenos espiritualistas dos dois lados do Atlântico (KNOWLES, 2007). Allan Kardec, pseudônimo de Hippolyte Denizart Rivail, era um educador francês nascido em Lyon no ano de 1804 e falecido em Paris no ano de 1869. Tendo estudado com Johann Pestalozzi, recebeu robusta educação humanista e idealizou, enquanto professor, a unificação de todas as religiões. Em 1855, começou a frequentar seções espíritas e sentiu-se investido de sua missão através de comunicações com o mundo espiritual. Adotou o nome de Allan Kardec, que seria seu nome em uma encarnação anterior, e sintetizou a doutrina espírita em sua principal obra: O Livro dos Espíritos. (ENCICLOPÉDIA SÉCULO XX, 1977). Como ressalta Miles (2009), quando diante de uma obra literária, o historiador deve buscar nela provas da história real, mesmo que seja apenas da história intelectual do autor. Conforme recomendado por Tuck (1992), devemos ler um texto como produto do momento histórico, na busca do motivo do texto ter assumido a forma particular que adquiriu. Partindo dessa premissa, podemos verificar como o texto de Kardec se relaciona com o universo sociocultural europeu da segunda metade do século XIX e como esse influenciou sua produção. ESPIRITISMO E CIÊNCIA Durante longos séculos o Deus dos judeus e cristãos se constituiu a realidade última do ocidente (MILES, 2009). Porém, na segunda metade do século XIX, o volume de descobertas científicas cresceu em relação aos séculos anteriores e a ciência adquiriu uma tremenda importância social (SCHMIDT, 2007). Na redação de “O Livro dos Espíritos” (1857), Kardec demonstra preocupação em eliminar dúvidas de que os fenômenos que investigou pertencessem ao domínio da física ou da fisiologia, revelando profundo apreço pela ciência e reconhecendo sua influência social. Porém o autor ressalta a incapacidade do método científico em verificar certos fenômenos: Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Para muita gente, a oposição das corporações cientificas constitui, se não uma prova, pelo menos forte presunção contra o que quer que seja. Não somos dos que se insurgem contra os sábios, pois não queremos dar azo a que de nós digam que escouceamos. Temo-los, ao contrário, em grande apreço e muito honrado julgaríamos se fossemos contados entre eles. Suas opiniões, porém, não podem representar, em todas as circunstâncias, uma sentença irrevogável (KARDEC, 2007, p.34). Como relata Blainey (2005), naquele momento, as religiões mais importantes encontraram na ciência quase uma religião rival, capaz de empreender seus próprios milagres e questionar a correção literal da bíblia, inclusive a criação do mundo no prazo de uma semana. Os papas no século XIX eram muito conservadores politicamente e fizeram poucas concessões às novas correntes que proclamavam as virtudes da ciência, da democracia, do socialismo e do livre debate teológico (SCHMIDT, 2007; BLAINEY, 2005). Pio IX, após divulgar o dogma de infalibilidade do Papa, publicou, em 1864, a encíclica Quanta Cura, em cujas diretrizes se destacava o propósito de reconquista e de intensificação do poder espiritual da igreja sobre setores supostamente autônomos da sociedade (TEIXEIRA, 2008). A atitude papal parece ser referida de forma bastante crítica no texto de “A Gênese, os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo” (1868): Será preciso, por respeito aos textos considerados sagrados impor silencio à ciência? Isso teria sido coisa tão impossível quanto o impedir a terra de girar. As religiões, quaisquer que sejam nunca ganharam nada por sustentarem erros manifestos. A missão da ciência é descobrir as leis da natureza; ora, como essas leis são obras de Deus, não podem ser contrárias às religiões fundadas sobre a verdade. Lançar anátemas ao progresso por atentatório a religião, é lançá-lo à própria obra de Deus; além disso, será esforço inútil, porque todos os anátemas do mundo não impedirão à ciência de caminhar, e à verdade de se fazer luz. Se a religião recusa caminhar com a ciência, a ciência avança sozinha (KARDEC, 2008 p.56). Novamente o autor demonstra seu respeito pelas descobertas da ciência, enfatizando que “uma religião que não estivesse, em nenhum ponto, em contradição com as leis da Natureza, nada teria a temer do progresso e seria uma religião invulnerável” (KARDEC, 2008, p.56). A perda de fé religiosa, algumas vezes intitulada “a morte de Deus”, estava se tornando mais frequente nos círculos ilustrados. Embora quisessem continuar Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 crendo, muitas pessoas educadas no cristianismo sentiram um baque em sua fé, devido às descobertas científicas de então (BLAINEY, 2005). A doutrina Espírita demonstra uma pretensão conciliadora entre o pensamento científico e religioso da época, visto que “o Espiritismo e a ciência se completam um ao outro” (KARDEC, 2008, p.12) e que “o espiritismo, vindo antes das descobertas cientificas, teria sido obra abortada, como tudo que vem antes de seu tempo” (KARDEC, 2007, p.12). Kardec (2008) afirmou que a Gênese mosaica era, incontestavelmente, a mais próxima dos dados científicos modernos, de todas as gêneses antigas. Seu texto relaciona os seis dias da criação, conforme descritos na Bíblia, aos períodos geológicos da terra (KARDEC, 2008). O espiritismo, por sua vez, seria a terceira das grandes revelações, sendo precedida pelas revelações de Moisés e de Cristo (KARDEC, 2008). Conforme o autor: “para o homem, Jesus constitui o tipo de perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na terra” (KARDEC, 2007, p.346). Em 1857, Kardec apresenta uma versão da origem das espécies não influenciada pelo trabalho de Darwin, visto que a publicação de “A Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural”, marco darwinista na história da ciência, só viria a ocorrer em 1859 (FERGUSON, 2010). Alinhado aos conceitos vigentes na época, a principal influência aparente na Gênese de Kardec é a teoria da catástrofe, adotada pela maioria dos geólogos de então. Segundo Mesquita (2009), o catastrofismo teorizava que a terra experimentou sucessivas criações de vida animal e vegetal, destruídas posteriormente por catástrofes repentinas. De acordo com essa teoria, o dilúvio universal, a mais recente dessas catástrofes, eliminou todas as formas de vida, exceto aquelas que se salvaram na arca. O resto poderia ser visto apenas na forma de fósseis. Podemos notar ecos do catastrofismo na seguinte passagem: O homem cuja tradição se conservou sob o nome de adão, foi dos que sobreviveram, em certa região, a alguns dos grandes cataclismos que revolveram em diversas épocas a superfície do globo, e se constituiu tronco de uma das raças que atualmente o povoam (KARDEC, 2007 p.84). Outra referencia clara à teoria da catástrofe encontra-se no trecho: “é, igualmente, posterior ao grande dilúvio universal, que marcou o período geológico Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 atual; e quando se fala de homens e animais antediluvianos, isto se entende desse primeiro cataclismo”. (KARDEC, 2008, p.115) Enquanto a evolução Darwinista caracteriza-se pelo conceito de seleção natural por meio de um processo lento no qual apenas os mais aptos sobrevivem (DARWIN, 2009), a evolução no Espiritismo possui um caráter de progresso em um sentido de aperfeiçoamento (KARDEC, 2007). ESPIRITISMO E FILOSOFIA O Espiritismo é fruto da civilização européia e, como tal, apresenta conceitos típicos deste universo cultural. Sua doutrina religiosa, na qual “Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom” (KARDEC, 2007, p.28) é assumidamente cristã. Para Kardec (2007) a moral dos espíritos superiores se resume, assim como a doutrina do cristo, em fazer o bem e não o mal. No entanto, conforme o mesmo, não há uma figura análoga ao diabo cristão na visão Espírita, visto que, se Deus houvesse criado o espírito do mal, tal ato representaria a negação da infinita bondade. A cosmologia espírita recebe uma forte influencia da filosofia platônica, baseada em uma realidade superior, preexistente e eterna, relegando o mundo material a um plano secundário (KARDEC, 2007). Segundo Kardec (2007, p.31) “as diferentes existências corporais do espírito são sempre progressivas e nunca regressivas; mas, a rapidez do seu progresso depende dos esforços que se faça para chegar à perfeição”. A visão de progresso ordenado, marcante no espiritismo, sugere a influencia da filosofia de Auguste Conte (1798-1857), criador da doutrina positivista, sobre o trabalho de Kardec. Segundo Schmidt (2007). Conte acreditava que as grandes mudanças na história da humanidade ocorriam devido ao desenvolvimento do conhecimento. Quanto mais a humanidade aprendesse, mais feliz se tornaria. O progresso seria filho direto do saber e a humanidade só atingiria o grau supremo de evolução, que ele chamava de estado positivo, quando todas as idéias e ações humanas fossem baseadas na ciência. Por isso, o governo ideal seria exercido somente pelos homens que possuíssem o conhecimento cientifico (SCHMIDT, 2007). Os conceitos positivistas podem ser identificados no Espiritismo, por exemplo, na seguinte passagem: Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Desde que se admita a solicitude de Deus para com suas criaturas, por que não admitir que Espíritos capazes, pela sua energia e a superioridade de seus conhecimentos de fazer a humanidade avançar, se encarnem, pela vontade de Deus, tendo em vista ajudarem o progresso em um sentido determinado; que recebam uma missão igual a um embaixador que recebe uma de seu soberano? Tal é o papel dos grandes gênios. (KARDEC, 2008, p.8). A doutrina de Kardec almejava contribuir para o progresso da humanidade destruindo o materialismo que, segundo esta, “é uma das chagas da sociedade”. (KARDEC, 2007, p.419). Os materialistas, por sua vez, defendiam a idéia de que não existia nem Deus nem alma. Os homens seriam apenas organismos complexos e, por isso, a religião deveria ser suplantada pela ciência (SCHMIDT, 2007). Para Kardec (2007 p.130), “por uma aberração da inteligência, pessoas há que só vêem nos seres orgânicos a ação da matéria e a esta atribuem todos os nossos atos”. O antagonismo de Kardec em relação aos materialistas_ sem negar, no entanto, a “inteligência”, mesmo que “aberrante”, dos princípios que regem tais idéias_ expõe novamente a pretensão conciliadora entre o pensamento científico e religioso presente na doutrina Espírita. Nesta visão, a idéia de um mundo meramente físico seria um simples equivoco da percepção. ESPIRITISMO E AS DOUTRINAS SOCIAIS Knowles (2007) afirma que para compreender o êxito do espiritismo é preciso levar em conta o descontentamento causado pela industrialização e os males sociais que esta acarretou. Segundo o mesmo, se agora os espíritos poderiam falar conosco, sem intermediários, inúmeras premissas culturais, políticas e religiosas poderiam ser analisadas. Ainda para Knowles (2007), o espiritismo abriu as mentes ocidentais para vários movimentos de livres-pensadores que mudaram para sempre a sociedade tradicional. A partir da metade do século XIX cresceu o interesse pelos problemas sociais, processo que originou o socialismo científico de Marx e Engels, o anarquismo de Bakunin e Kropotkin e a filosofia positivista de Conte (SCHMIDT, 2007). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A doutrina espírita de Kardec apresenta consonância com essa realidade cultural nascente. Para o Espiritismo, a desigualdade das condições sociais “é obra do homem e não de Deus” (KARDEC, 2007, P.423) e “desaparecerá quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar” (KARDEC, 2007, p.423). Segundo o Espiritismo, “As condições de existência do homem mudam de acordo com os tempos e os lugares, do que lhe resultam necessidades diferentes e posições sociais apropriadas a essas necessidades” (KARDEC. 2007, p.350). Os males da civilização, conforme a doutrina, seriam sanados quando a moral estivesse tão desenvolvida quanto à inteligência (KARDEC, 2007). Esta crença de que os problemas sociais seriam resolvidos pelo avanço do intelecto é uma característica do pensamento positivista (SCHMIDT, 2007). A igualdade entre os sexos também era uma questão que surgia no século XIX. Socialistas e anarquistas eram acusados de serem contra a família, a moral e a religião cristã, por defenderem a igualdade de direitos entre homens e mulheres (SCHMIDT, 2007). Quanto a isso, Kardec (2007, p.428) afirmava: “a emancipação da mulher acompanha o progresso da civilização”. A igualdade entre os sexos seria “dos direitos, sim; das funções não. preciso é que cada um esteja no lugar que compete. Ocupe-se do exterior o homem e do interior a mulher, cada um de acordo com a sua aptidão” (KARDEC, 2007, p.428). Os europeus daquele momento histórico, de forma etnocêntrica, acreditavam que, através do colonialismo, transmitiam o progresso cultural e econômico, beneficiando a humanidade. Africanos e asiáticos eram encarados como bárbaros e primitivos, enquanto os europeus se consideravam em missão civilizadora (FERGUSON, 2010; SCHMIDT, 2007). Pensadores deterministas, como o inglês Hippolyte Taine (1828-1893), defendiam que tudo que os seres humanos fazem seria causado pela raça, pelo meio e pelo momento. No fundo, o indivíduo não escolheria nada, ele apenas faz o que determina a realidade (SCHMIDT, 2007). A doutrina Espírita apresenta influência desse contexto cultural na proposição de que a desigualdade das aptidões colocaria “certas raças humanas sob dependência das raças mais inteligentes” (KARDEC, 2007, p.432). Tal condição seria necessária para que estas se elevassem de sua brutalidade (KARDEC, 2007). Para a doutrina, os homens mais civilizados podem ter sido selvagens antropófagos em outras existências (KARDEC, 2007) e as almas que animam essas raças Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 chegariam “como todas as demais, à perfeição, passando por outras existências” (KARDEC, 2007, p.412). Esse etnocentrismo, que justificava a ocupação e o domínio de territórios na África, Ásia e America Latina encontrava-se presente mesmo entre os mais liberais pensadores da época e era justificado também pelas religiões estabelecidas (FERGUSON, 2010; SCHMIDT, 2007). Isso porque, conforme Miles (2009), todos os deuses são projeções da personalidade humana. Conforme Burke (1992), Nossa mente não reflete a realidade diretamente, visto que só percebemos o mundo através de uma estrutura de convenções, esquemas e estereótipos que varia de uma cultura para a outra. Assim, podemos afirmar que as religiões são reflexos dos contextos sociais nos quais se originam. Nossa pesquisa revelou que as idéias em voga na Europa da segunda metade do século XIX podem ser facilmente identificadas nos textos fundamentais da doutrina Espírita de Allan Kardec. Encerramos esta exposição concluindo que tal constatação evidencia a importância do contexto histórico na formulação de uma doutrina religiosa, bem como a importância do conhecimento histórico na busca pela compreensão da religião enquanto fenômeno social e cultural. CONSIDERAÇÕES FINAIS Na aurora do Espiritismo a Europa dominava uma grande porção do mundo, a criatividade humana não conhecia limites e a ciência desafiava a religião. Ao identificarmos essas pressões socioculturais, que influenciaram o surgimento do espiritismo, lançamos também uma nova reflexão sobre seus ensinamentos bem como sobre o público ao qual a mensagem se destinava inicialmente. Embora a pretensão de imutabilidade de suas verdades seja uma característica comum a todas as religiões, acreditamos que a compreensão do contexto histórico no qual uma doutrina religiosa se origina é fundamental para o real entendimento de sua mensagem, nos permitindo evitar o radicalismo dogmático nocivo ao multiculturalismo e a tolerância em nossa sociedade. REFERÊNCIAS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 BECK, Nestor Luiz João.Apresentação. In: KUCHENBECKER, Valter. O HOMEM E O SAGRADO- a religiosidade através dos tempos. 8ª edição. São Paulo: ULBRA, 1998. BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do século XX. São Paulo: Fundamento, 2005. BURKE, Peter. 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Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 INFLUÊNCIA DAS FINALIZAÇÕES À GOL NAS CONQUISTAS DE VITÓRIAS NO FUTEBOL: UM ESTUDO DA COPA DO MUNDO FIFA DE FUTEBOL 2010 Lucas Pereira de Oliveira – Graduado em Licenciatura em Educação Física, PósGraduando em Fisiologia do treinamento aplicado a atividades de academias e clubes – Faculdade Vértice - UNIVERTIX Márcio Lopes de Oliveira. Bacharel e Licenciado em Educação Física – UFV,Mestre en Ciencia de la Educación Física, el deporte y la Recreación, Professor e coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVERTIX Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da Faculdade Vértice UNIVERTIX Kátia Imaculada Moreira – Bacharel e Licenciada em Dança, Especialista em Metodologia da Pesquisa, Professora da Faculdade Vértice - UNIVERTIX [email protected] RESUMO O futebol é esporte preferido do povo brasileiro e um dos esportes mais praticados no mundo. No Brasil o esporte ganha adeptos devido à emoção proporcionada pelas partidas, sejam elas disputadas por profissionais ou simples amadores. O futebol se destaca como uma das modalidades esportivas mais reconhecidas devido à facilidade de sua prática. O objetivo deste estudo foi verificar a relação entre chutes a gol e a obtenção de vitórias no Futebol de alto nível. Foram analisadas as partidas da Copa do Mundo de Futebol FIFA de 2010 e tratados os dados de forma descritiva através do Microsoft Office Excel 2007. Conclui-se que o chute a gol é um elemento importante para a obtenção de vitórias no Futebol e cada chute a gol se faz importante em uma partida. A incidência de chutes pode ser um fator determinante para se prever as colocações em um torneio devido aos resultados encontrados. PALAVRAS-CHAVE:futebol; finalizações a gol; obtenção de vitórias. INTRODUÇÃO SegundoOLIVEIRA (2007) o futebol é um esporte praticado mundialmente, representado por duzentos e quatro confederações nacionais que são filiadas a uma entidade máxima do futebol a FIFA. Nos dias de hoje a FIFA é composta por duzentas e oito confederações. (FIFA, 2011). O Futebol é um esporte que se joga em um campo com espaço delimitado, em dois tempos de 45 minutos, além dos acréscimos delimitados pelo árbitro da partida com intervalo de 15 minutos entre o primeiro e segundo tempos de jogo. Os jogadores por equipe são em número de 18, tendo 11 titulares e 7 reservas. O futebol é um dos esportes mais populares e mais o praticado do mundo, despertando interesse em função de sua forma de disputa atraente, em que basta uma bola, equipes de jogadores e as traves para que, em qualquer espaço, crianças Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 e adultos possam se divertir com o esporte.(OLIVEIRA, 2007 citado por RICARDO E OLIVEIRA, 2010). Na rua, na escola, no clube, no campinho do bairro ou até mesmo no quintal de casa, desde cedo jovens de vários cantos do mundo começam a praticar o futebol, principalmente pelo fato de ele poder ser praticado apenas com uma bola e qualquer espaço, não demanda muitos gastos financeiros. Esse futebol é jogado sem grandes preocupações com sistema a ser empregado ou com a tática mais correta para aquele jogo, pois as pessoas jogam por puro prazer de estar jogando. (Melo, 2000) Para Santos Filho (1998), como qualquer outro esporte, o Futebol é composto de características próprias e regras que regulamentam seu jogo. É um esporte que pode ser trabalhado na forma lúdica e promove a socialização entre pessoas, comunidades e, através de projetos, o futebol reúne crianças com poucas condições de vida que, com prática do esporte, acabam tirando-as dos caminhos das drogas. O Brasil ocupa nesse esporte um lugar de destaque, não somente por se um país pentacampeão, mas sim por ser um país que disputou todas as copas do mundo e de revelar vários jogadores de uma técnica super apurada (FIFA, 2011). No ano de 2010 foi realizada primeira Copa do Mundo da FIFA disputada em solo africano e o torneio ficará na memória de todos, tanto pela animação da nação anfitriã quanto pelo triunfo da seleção espanhola. O país ibérico se tornou o oitavo campeão mundial de futebol da história graças ao gol de Andrés Iniesta aos 11 minutos do segundo tempo da prorrogação contra a Holanda. (FIFA, 2010). Segundo a mesma federação, após 31 dias de futebol que culminaram no triunfo da Espanha no Estádio Soccer City, foram cerradas novamente as cortinas do maior espetáculo esportivo do planeta. Foram 64 jogos que contaram com 599 jogadores de 32 seleções que marcaram um total de 145 gols. No final, o troféu foi para as mãos dos comandados do técnico Vicente Del Bosque, mas o sucesso da África do Sul na organização do torneio também foi imenso. A chamada "Nação Arco-Íris" deu um show de alegria e capacidade e representou uma nova esperança para todo o continente. O fato de que aÁfrica do Sulfoi à primeira seleção anfitriã a ser eliminada na fase de grupos não afetou em nada o entusiasmo dos torcedores nem diminuiu o volume do ininterrupto som dasvuvuzelas(FIFA, 2010). Os africanos também têm muito que comemorar, o Mundial foi coroado com a aparição de Nelson Mandela no Estádio Soccer City antes da final. O presidente da Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 FIFA, Joseph S. Blatter, deu uma declaração significativa sobre o homem que desempenhou um papel tão fundamental na criação daÁfrica do Sulmoderna. "Esta Copa do Mundo teve uma força especial e está ligada à história de liberdade e à história de um homem. (O GLOBO, 2010) Nessa copa as seleções tiveram grandes aproveitamentos em relações a chutes a gol. Nessa análise percebi que os chutes poderiam ter alguma influência nas vitorias em jogos da copa. Com essas suposições tive o interesse em pesquisar a importância do fundamento chute a gol em relação às vitórias conquistadas nos jogos da Copa Do Mundo FIFA 2010 realizada na África do Sul. Logicamente, não apenas os chutes a gol, mas a tática, é fator decisivo para obtenção de vitórias e qualquer estratégia pode ser o limite entre vencer ou perder. Vale ressaltar que a simples obediência tática não é fator limitante para se alcançar a vitória (DAOLIO, 1998). Para Fernandes (1994) objetivo de qualquer esporte de competição é a busca pelo melhor rendimento possível e, no futebol, não é diferente, e fica claro que essa busca depende muito nos treinamentos onde requer um controle com base da orientação e manejo do treinamento. No âmbito da preparação desportiva, o desempenho pode ser aprimorado por treinamento desenvolvido o mais próximo possível das ações competitivas, visando, assim, o aperfeiçoamento das capacidades físicas, técnicas, táticas e psicológicas, necessárias ao rendimento de desportos. (Pasquarelli,Souza e Stanganelli, 2010). SegundoBompa (2002) os fatores táticos incluem a melhoria da estratégia por meio do estudo da tática do futuro adversário, que amplia a capacidade técnica do atleta, aperfeiçoa e diversifica estratégias, além de desenvolver um modelo estratégico que leva em conta os futuros oponentes.Assim, surge a questão: Qual a influência das finalizações a gol na obtenção de vitórias em partidas de futebol? O objetivo deste estudo foi verificar a relação entre chutes a gol e a obtenção de vitórias no Futebol de alto nível. Este trabalho é de extrema importância devido à carência e literatura específica na área e a relevância do tema se traduz na busca de métodos científicos que possam contribuir, de forma decisiva, para o desenvolvimento do futebol mundial. REFERENCIAL TEÓRICO Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Segundo a Fifa (2011), o Futebol de campoembora não se tenha muita certeza sobre os seus primórdios, historiadores descobriram vestígios dos jogos com bola em várias culturas antigas como em outros esportes, mas há divergências quanto a sua invenção. Na China os militares chineses praticavam um jogo, que servia como um treino militar. Após as guerras, formavam equipes para chutar a cabeça dos soldados inimigos. Com passar dos tempos, as cabeças dos inimigos foram sendo substituídas por bolas de couro revestidas com cabelo. O objetivo era passara bola de pé em pé sem deixar cair no chão, levando-a para dentro de duas estacas fincadas no campo, os times eram divididos em duas equipes de oito jogadores (SUA PESQUISA, 2011). Segundo a mesma fonte de pesquisa no Japão Antigo, era praticado um esporte muito parecido com o futebol onde se chamavaKemari. Praticado por integrantes da corte do imperador japonês, o Kemari acontecia num campo de aproximadamente 200 metros quadrados. A bola era feita de fibras de bambu e, entre as regras, o contato físico era proibido entre os 16 jogadores (8 para cada equipe). Os gregos criaram um jogo por volta do século I a.C que se chamava Episkiros. Nesse jogo, soldados gregos dividiam-se em duas equipes de nove jogadores cada e jogavam num terreno de formato retangular. Na cidade grega de Esparta, os jogadores, também militares, usavam uma bola feita de bexiga de boi cheia de areia ou terra. O campo onde se realizavam as partidas, em Esparta, era bem grande, e as equipes eram formadas por quinze jogadores (SUA PESQUISA, 2011). A origem do futebol que conhecemos hoje foi criado na Inglaterra no século XIX e no ano de 1863 foi fundada a “Football Association” uma federação para reger o futebol onde foram introduzidas regras. Nessa época começaram a surgir os times, formados pelas fábricas espalhadas pelas diversas cidades onde os jogadores eram os próprios funcionários (FIFA, 2010). O surgimento do futebol no Brasil é muito discutido, a tese "oficial" é aquela que coloca o filho de inglês Charles Willian Miller como o patriarca do futebol brasileiro. Em 1894, Miller teria trazido da Inglaterra, onde passara 10 anos estudando, uma bola de futebol, e algumas camisas, e ensinou os sócios do São Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Paulo Atletic Club (SPAC) a praticarem tal jogo tão difundido na Grã-Bretanha. (MADEIRO,2000) SegundoDias (1989) o futebol se difundiu por dois caminhos: “um foi dos trabalhadores das estradas de ferro, que deram origem às várzeas, o outro foi através dos clubes ingleses que introduziram o esporte dentre os grupos de elite”. Miller apresentou o futebol à elite paulista, e a sua aceitação foi rápida pelos clubes das diferentes comunidades. Ao mesmo tempo em que a elite começava a praticar esse esporte, o futebol se desenvolvia entre a classe operária, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo.O futebol logo ganhou um destaque no Brasil por ser um esporte com regras de fácil compreensão onde se difundiu por todo nosso território. (SANTOS, 2011). Segundo Filgueiras e Greco (2008) o futebol é regido atualmente por 17 regras, as quais são usadas mundialmente. Embora as regras sejam claramente definidas, existem certas diferenças na aplicação da mesma que se deve a vários aspectos. Um aspecto importante é a região onde é realizado o jogo. Por exemplo, na Europa particularmente na Inglaterra, os árbitros se destacam por ser mais brandos com as faltas e infrações, reduzindo as advertências e expulsões, enquanto que na America do Sul, as faltas são penalizadas com cartões com mais freqüências (FIFA, 2011). METODOLOGIA A pesquisa trata-se de um estudo descritivo,em que os dados estatísticos foram coletados através de resultados de incidência de chutes, de todas as equipes que participaram da Copa do Mundo de Futebol FIFA, realizados na África do Sul em 2010. A pesquisa descritivavisa observar, registrar analisar e correlacionar fenômenos ou fatos, sem interferir no ambiente analisado. É o tipo mais usado nas ciências sociais (LÚCIA e MUSZKAT, 2001). Os dados obtidos foram coletados do site da Federação Internacional de Futebol Associado – FIFA. Para a realização dessa pesquisa os dados foram somados em cada um de seus aspectos, sendo aplicado em cada um individualmente o cálculo da Média, Máxima e Mínima, utilizando-se o programa Microsoft Office Excel 2007. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Em seguida analisou-se alguns aspectos, cujos resultados foram apresentados em forma de gráficos, para melhor compreensão das conclusões de forma descritiva. RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS O fundamento chute a gol é algo muito importante durante uma partida. Os treinadores tendem a pedir sempre à suas equipes atenção especial ao arremate a gol, pois é um fundamento que é usado para obtenção de vitórias. Uma dúvida sempre se faz presente no sentido de elucidar se realmente o fundamento chute a gol define o campeão em uma partida de Futebol e assim mostrar a uma equipe a importância de chutar mais a gol, logicamente aliada a outros fatores, seria o diferencial em obter vitórias neste esporte. Figura 1: número de chutes em partidas de Futebol análise entre os vencedores e perdedores em partidas da Copa do Mundo de Futebol FIFA no ano de 2010. Fonte: dados do próprio estudo. No Gráfico 1 observamos que a incidência de chutes a gol das equipes que venceram as partidas foi de 775 chutes, o que foi superior ao percentual das equipes que perderam as partidas em 614 chutes. A equipe com maior incidência de chutes a gol, segundo os resultados da Copa do Mundo FIFA de 2010, inçaria o vencedor em partidas de Futebol, e que a diferença está evidente nos números, visto diferença percentual entre vencedor e vencido. Observa-se que existe sim uma tendência em acreditar-se que as equipe que concluem mais a gol geralmente são Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 bem sucedidas em uma partida de Futebol, analisando-se os dados coletados nas três fases da competição. Figura 2: chutes a gol, analise dos melhores e piores desempenhos em partidas da Copa do Mundo de Futebol FIFA no ano de 2010. Fonte: dados do próprio estudo. O Gráfico 2 indica que a diferença média entre os melhores e piores resultados em termos de incidência chutes a gol nos jogos de futebol, oscilam entre 18.3 e 8 chutes por partidaem média por jogo o que é uma diferença considerável, comparação essa entre a melhor equipe e pior nesse fundamento (Espanha como o melhor desempenho e Honduras como o pior desempenho). Essa diferença diminui quando a qualidade das equipes envolvidas aumenta o que se indica pela diferença encontrada nos jogos da primeira fase da Copa do Mundo de Futebol de 2010 e os da fase final da competição. Quando se analisa as equipes detentoras dos melhores e piores índices médios de chutes a gol, encontramos a Espanha campeã do mundo detentora do melhor resultado de incidência de chutes, de 18,3 em média na primeira fase da competição e a seleção de Honduras uma seleção que figurou entre as últimas colocações da competição, com 8 chutes em média na primeira fase da competição; nas fases finais (Semi-Final e Final) a Espanha campeã mundial, configura-se novamente detentor do melhor desempenho 18,3 chutes a gol em média e a Alemanha com o pior desempenho o de 14,6 chutes a gol em média, seleção que terminou em 3º lugar no mundial. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A média global de finalizações a gol na Copa do Mundo FIFA 2010 foi de 14 finalizações em média por equipe, os resultados são idênticos aos encontrados por OLIVEIRA (2007), em pesquisa realizada na temporada de 2005 do Campeonato Brasileiro de Futebol, onde segundo o autor a média de chutes encontrada por equipe no referido campeonato foi de 14 finalizações por partida. Assim podemos inferir que os chutes a gol exercem influência na obtenção de vitórias no que diz respeito aos melhores desempenhos alcançados pelas equipes mais bem sucedidas durante o campeonato. Figura 3: chutes a gol em partidas de Futebol, analise dos 2 melhores e 2 piores desempenhos por equipe em partidas da Copa do Mundo de Futebol FIFA no ano de 2010. Fonte: dados do próprio estudo. No Gráfico 3 analisou-se o desempenho das duas melhores seleções do mundial, assim com das duas piores colocadas no mundial. Podemos observar que a média de chutes a gol destas seleções não varia muito, ou seja, a variação dos melhores colocados. A Espanha teve uma média 18,3, o que corresponde a 55 chutes a gol e a Holanda uma média de 14 referente a 42 chutes na primeira fase da competição e dos últimos colocados teve média de 8 chutes a Honduras e 11,3 Coréia do Norte.Isso nos leva a crer que podemos prever os resultados futuros de uma equipe de Futebol em uma competição através da quantidade de chutes a gol em partidas anteriores, onde podemos afirmar a Espanha como campeã, pois em Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 todos os quesitos analisados essa seleção foi superior e foi a única seleção que está acima da média de 14 chutes por partidas e assim se configura em mais um indício para se acreditar que a incidência de chutes a gol é um fator decisivo na obtenção de vitórias em partidas de Futebol. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após á análise dos dados obtidos, através de todos os instrumentos utilizados para estudar a relação entre chutes a gol e as vitórias na Copa do Mundo de Futebol FIFA 2010 conclui-se: A relação entre chute a gol e as vitórias no campeonato têm uma relação direta, as seleções que ocupam as primeiras posições da competição, sempre têm uma média superior que as outras seleções em relação a chutes a gol, mas podemos ver que no futebol diferença técnicas e táticas entre as equipes pode ser um fator muito significativo no resultado final do jogo; As equipes que procuram chutar mais a gol durante as partidas, na maioria das vezes é o time que ao final da partida chega à vitória. Os chutes a gol das equipes têm uma grande influência no resultado do jogo. Os resultados comprovam que as equipes que ocupam os quatro primeiros lugares na competição tiveram um aproveitamento dos chutes a gol superior aos adversários durante a competição. Ao compararmos os chutes a gol das equipes podemos observar que há uma diferença enorme entre as equipes que ocupam a parte de baixo da tabela e as equipes que ocupam o primeiro lugar; Observando-se as estatísticas entre 1º primeiro e 2º segundo lugar e comparando com 32º, observa-se que existe uma diferença consistente em relação à chutes a gol, observamos o 1º lugar que foi a Espanha com a média de 18,3 e o 2º lugar Holanda com 14 já o 31º que é Coréia do Norte com a média de 11,3 de chutes a gol e o 32º lugar que foi Honduras ficando com uma porcentagem de 8 em média. Podemos observar claramente que os números de incidência de chutes a gol se relacionam diretamente e proporcionalmente com as posições conquistadas no mundial. Faz-se de extrema importância que o técnico treine sua equipe com base no trabalho de chutes a gol, a ser contemplado na preparação de sua equipe. O técnico tem um fator fundamental nas partidas de futebol, ao treinar sua equipe. Ele deve treinar para que se tenha um maior número de chutes a gol dentro do jogo, fazendo Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 com que sua equipe possa obter vantagens sobre a equipe adversária, sendo assim ele deve conhecer seus adversários, e também no que diz respeito às estatísticas de jogo para elaborar estratégias para vencer as partidas. REFERÊNCIAS BOMPA, T. Periodização: Teórica e Metodológica do Treinamento. São Paulo: Phorte, 2002. DAÓLIO, Jocimar. Educação Física brasileira: Autores a atores da década de 1980. Campinas, SP: Papirus, 1998. DUPLIPENSAR. NET. Copa do Mundo de 1954 na Suíça. Disponível em: http://www.duplipensar.net/dossies/historia-das-copas-do-mundo/1954-copa-dasuica.html. Acesso: 08 junho de 2011. FERNANDES, José Luís. Futebol: Ciência, Arte ou Sorte: Treinamento para profissionais – Alto Rendimento: Preparação física, Técnica, Tática e Avaliação. 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Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 GT 07 CIÊNCIAS HUMANAS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ARTIGOS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A HISTÓRIA E OS CAMINHOS DA GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA Itaciane Toledo Bastos Tomasini – Graduada em Engenharia Agrícola, Licenciatura em Matemática, Especialista em Gestão Escolar, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Irlane Bastos Costa – Graduada em Agronomia, Mestre e Doutora em Melhoramento Genético de Plantas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Este trabalho de revisão bibliográfica teve como objetivo realizar um estudo sobre a democratização da gestão escolar nas escolas públicas brasileiras apresentando ao leitor uma reflexão quanto ao processo histórico da gestão democrática. Contextualiza sobre o percurso histórico da gestão democrática e os avanços na legislação escolar. Verificou-se que a implantação da gestão democrática na escola nasceu de uma luta da população e de profissionais da educação por uma escola que atendesse a todos. Concluí-se que uma escola moderna voltada para uma educação de qualidade somente se efetiva a partir da prática da gestão democrática e do exercício da co-participação. PALAVRAS-CHAVE: gestão escolar, avanços na educação, legislação escolar, autonomia INTRODUÇÃO Os desafios para envolver, articular e promover a ação de pessoas nos processos democráticos de participação são semelhantes na sociedade e nas escolas. Por esse motivo, as alternativas facilitadoras e as dificuldades encontradas nas atividades empreendidas pelos gestores educacionais têm uma raiz comum. Elas fazem parte das numerosas tentativas de consolidação da democracia na gestão escolar, representadas pelos movimentos que visam promover, articular e envolver a ação das pessoas no processo de gestão escolar. A gestão escolar, numa perspectiva democrática, tem características e exigências próprias. Para efetivá-la, devem-se observar procedimentos que promovam o envolvimento, o comprometimento e a participação das pessoas. Torna-se necessário que as variadas funções dentro da escola (administrativas, pedagógicas, financeira), não sejam obrigações apenas do funcionário isolado que exerce determinado cargo, mas, sejam compartilhadas com responsabilidades a todos os funcionários da escola, fortalecendo assim a presença e a atuação das pessoas envolvidas. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 De acordo com Bastos (2002, p.25), assim como a administração atinge a totalidade da escola, a gestão democrática não pode ser uma proposta de democracia apenas na esfera da administração da escola, é fundamental que atinja todas as esferas da escola e chegue à sala de aula. Enquanto a democracia não chegar ao trabalho da sala de aula, a escola não pode ser considerada democrática. A sala de aula não é só lugar de conteúdo, é também o lugar da disputa pelo saber, é o lugar da construção da subjetividade, é o lugar da educação pública. O partilhar através do diálogo entre docentes, equipe gestora e comunidade favorece a melhor qualidade da educação na escola e o sucesso do aluno. Este modelo de gestão tem como sustentação a compreensão de que os problemas relacionados com a educação são problemas da coletividade, da sociedade e não apenas do governo. Então, as soluções para os problemas devem ser buscadas do grupo, sempre levando em conta “a reflexão coletiva sobre a realidade e a necessidade de negociação e o convencimento local para sua efetivação, o que só pode ser praticado, mediante o espaço de autonomia” (LUCK,1998, p. 21) A autonomia da escola se amplia com ações de incentivo à participação e também, com a criação de mecanismos de construção coletiva do projeto político pedagógico. Colocar em prática, no cotidiano das atividades escolares, uma proposta educativa que seja fruto da vontade das comunidades escolar e local é um exercício democrático e promove maior autonomia pedagógica, administrativa e financeira da escola. Esse trabalho científico objetiva uma análise do percurso histórico da democratização da educação brasileira, enfatizando as mudanças ocorridas nas escolas e as concepções de escolas que predominaram no Brasil desde a sua colonização. Também propõe uma análise sobre o papel do projeto político pedagógico e do conselho de escola na gestão escolar democrática e do papel da comunidade na gestão democrática, como sendo mecanismos de participação da comunidade na escola. REVISÃO DE LITERATURA Percorrendo os caminhos da história política do Brasil, pode-se destacar três momentos importantes que diretamente influenciaram as idéias centrais de educação em cada época em particular. Primeiramente, temos o período anterior a Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 1930, marcado pela presença dos jesuítas aqui no Brasil, nessa época tinha-se uma forma própria de administrar a escola que era também projeto de administração dos próprios jesuítas, era uma administração vertical e hierárquica. Esta forma inicial de prover a educação caracteriza ao estado a omissão da responsabilidade e uma possível falha no sentido de entregar o papel de educar a uma congregação religiosa de grande importância e que atuava dentro de um contexto privado. Esse monopólio educacional perdurou mais de dois séculos. As cartas escritas pelos padres jesuítas aos seus superiores na Europa revelavam como transcorriam o cotidiano nas missões indígenas. A clientela era filhos de índios e mestiços, acrescida, de tempos em tempos, de um “principal”, ou seja, um chefe. As atividades consistiam em recitar juntas, na igreja, ladainhas ou Salve - Rainha. [...] A gramática, feita de perguntas e respostas, era o livro básico para a instrução, além de aprenderem a escrever. (PRIORE e VENÂNCIO , 2008, p.41 e 42). Prosseguindo no período que vem logo após que é o período do império, aí também se tem um jeito de administrar a escola, uma forma de construir a escola e essa forma vem também da perspectiva da imposição de alguns, de que alguns pensam e alguns executam, realizam as tarefas. O predomínio da elite fez com que se criasse um padrão de gestão e de ensino para atender crianças que já viviam em um mundo letrado, com acesso a livros e textos dos mais diversos gêneros. A reprodução desse modelo fez com que as crianças oriundas de famílias carentes, quando matriculadas, simplesmente não aprendessem: elas não dispunham de repertório para acompanhar o ensino que privilegiava a transmissão do conhecimento. A gestão, a organização do espaço e a expectativa em relação ao comportamento não levavam em consideração as diferenças, pois, esperava-se que todas estivessem educadas de acordo com os padrões das classes privilegiadas. É somente a partir do século XX que a escola vivencia um período de expansão, mais especificamente por volta dos anos 20 e 30. Um dos fatos marcantes da luta por uma escola mais igualitária, o divisor de águas entre o antigo modo de se pensar a educação brasileira e o novo, foi o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932, como que um grito de guerra contra o antigo passado educacional, propunha uma nova política de educação, uma escola democrática, uma política de estado, e junto ao governo de Getúlio Vargas, cria-se, entre 1934 e Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 1945, o Ministério da Educação e Saúde, “que reúne em torno de si intelectuais do porte de Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade e Heitor Villa-Lobos, foram planejadas e implementadas importantes alterações, como a ampliação de vagas e a unificação dos conteúdos das disciplinas no ensino secundário e universitário”.( PRIORE e VENÂNCIO , 2008, p.329). No período de 1946 a 1964 houve um grande avanço na política educacional brasileira, talvez o período mais fértil, o Brasil se descobre, e nessa luta alguns profissionais se destacam, como Paulo Freire, Florestan Fernandes e Roque Spencer Maciel de Barros, desencadeiam ampla defesa pela escola pública. O Brasil começa a partir de então a viver as primeiras idéias de escola pública, uma escola para todos. A partir do golpe de 1964, o país passa por um intenso processo de centralização administrativa, também muda o direcionamento do trabalho pedagógico e docente nos diferentes níveis do sistema público de ensino. Essa época marca a era de ouro das questões fechadas, de múltipla escolha, em que a melhor forma de instrução era a instrução programada, tinha-se os objetivos de conteúdos e de comportamento, e particularmente no ensino médio, os objetivos deveriam ser trabalhados com questões fechadas, questões de múltiplas escolha, ou seja, havia um conjunto de respostas que o aluno não podia fugir. Em 1988, o fórum nacional de defesa da escola pública consegue um capítulo na constituição que defende a escola pública democrática, o sonho por uma escola plural, aberta, de direito para todos e não de uma minoria da elite, começa a se concretizar. Ter uma escola democrática significa desenvolver uma educação escolar que compreenda as diversas interferências e interesse que perpassam a sociedade e que organiza o ensino de forma a levar o educando a compreendê-lo e a compreender o papel de cada um, individualmente, e o de cada grupo organizado, para poder interferir nas ações dessa sociedade. (RODRIGUES, 2001, p.60) Uma escola democrática deve ser pensada e construída a partir de decisões que reflitam as necessidades reais dos sujeitos que a freqüentam e da realidade social onde se encontra inserida. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A LEGISLAÇÃO E OS AVANÇOS NA EDUCAÇÃO A educação assume grande importância no cenário das transformações e na sociedade do conhecimento e da tecnologia. Discuti-se e amplia-se seu papel, não só como elemento de construção da cidadania, de consolidação das sociedades democráticas, mas como fator de integração de postos de trabalho e competência profissional. Esse debate, iniciado a partir da constituição de 1988, cresceu nos últimos anos com os movimentos de gestão democrática da escola, eleição para a escolha de dirigentes, conselho escolares, e evidenciam a ampliação da participação social na defesa do interesse público, representando maior controle social da escola pública como espaço de co-participação e co-responsabilidade entre o estado e a sociedade. A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) reafirma as conquistas que são alcançadas no campo da gestão. Nesse sentido, dá ênfase, no título que trata da organização da Educação Nacional, a duas dimensões fundamentais à melhoria da qualidade e desempenho dos sistemas educacionais: o fortalecimento da gestão democrática da escola (artigos 14 e 15) e o regime de colaboração entre as instâncias federadas (artigos 8, 9, 10 e 11). A mesma LDB dedica o título VI ao tratamento de uma terceira dimensão crítica para a qualidade e desempenho do sistema educacional – a valorização dos profissionais da educação. No artigo 14, a Lei estabelece que “os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público da educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios”: I- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II- participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. O artigo 15 dispõe que os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas de direito financeiro e público. No que tange ao regimento de colaboração, a LDB reafirma a orientação constitucional do artigo 211 da Constituição Federal, ao determinar, no seu artigo 8, que a “União, os Estados e os Municípios organizarão, em regime de colaboração os Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 respectivos sistemas de ensino”. A mesma lei dedica os artigos 9, 10 e 11 do mesmo título, para o estabelecimento das competências das diversas instâncias, enfatizando, na definição dessas competências, as expressões “em colaboração com”, “integrado a” em reforço às idéias de colaboração, interdependência, articulação e harmonia necessárias ao desenvolvimento dos sistemas de ensino, sob o regime de colaboração dos entes federados. É importante chamar a atenção para o reforço introduzido pela lei n. 9424, que institui o FUNDEF - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério. Ela não só reforça o modelo de gestão pautado pelo regime de colaboração, como dispõe sobre os meios fiscais para materializar, a partir do “per capita”/aluno, o discurso da equidade, da valorização e profissionalização do magistério, introduzindo elemento para a institucionalização do regime da colaboração. Antes uma parcela das receitas públicas eram destinadas à educação como um todo. A proposta desse fundo era definir uma pacela que atendesse especificamente ao ensino fundamental (1ª a 8ª série), através de uma redistribuição dos recursos provenientes de impostos aplicados pelos municípios e Estados. Apesar dos resultados positivos em muitos Estados, surge a proposta de sua substituição pelo FUNDEB (2007), que não investiria apenas na educação fundamental, mas no ensino médio também. O Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei no 10172, de 9 de janeiro de 2001, “é resultado de décadas de lutas de educadores, intelectuais, lideranças da sociedade civil e de parlamentares que sempre sonharam com mudanças profundas no sistema educacional brasileiro”. (SANTOS, 2002). No item relativo a gestão, o PNE estabelece pelo menos três metas vinculadas a formação de diretores escolares: Meta 34 – Estabelecer, em todos os estados, com a colaboração dos municípios e das universidades, programas diversificados de formação continuada e atualização visando a melhoria do desempenho no exercício da função ou cargo e diretores de escolas. Meta 35 - Assegurar que, em cinco anos, 50% dos diretores, pelo menos, possuam formação espécifica em nível superior e que, no final da década, todas as escolas possuem diretores adequadamente formados em nível superior, preferencialmente com cursos de especialização; Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Meta 36 – Ampliar a oferta de cursos de formação em administração escolar nas enstituições públicas de nível superior, de forma a permitir o cumprimento da meta anterior. AUTONOMIA: DESCENTRALIZAÇÃO E PODER LOCAL A autonomia constitui consistente príncipio de gestão, imprescindível para tomar iniciativas, ser criativo ou assumir compromissos e responsabilidades. Para decidir, é necessária a efetivação de uma estrutura com regras e normas em função de objetivos. O estabelecimento da autonomia dá-se, principalmente, pela descentralização ou pelo estabelecimento da gestão democrática. Nesse sentido, delegação e descentralização se tornam instrumentos da autonomia, construindo-se poder e autoridade para que o sujeito toma decisões e possa implementá-las. A autonomia, como princípio de gestão, oferece ao sujeito oportunidade de participar do processo de tomada de decisão. Trata-se da condição dele escolher o modo de agir ou resolver os problemas junto aos seus pares. A autonomia se destaca, assim, no contexto educacional, como medida de alocação e distribuição de recursos, reforçando o sentido de gestão no desempenho das funções, aumentando a participação local no governo da escola e nos procedimentos de avaliação externa. O atendimento de tal abordagem da autonomia permite que as escolas passam a ser vistas como espaço de construção social. Valoriza-se o papel dos sujeitos e contexto social e histórico da sua ação. Desde o final da década de 80, tem-se assistido a uma alteração significativa do papel do Estado no processo de decisão política e de gestão educacional, que se evidencia na transferência de poderes e funções do âmbito nacional e regional para o local, identificando a escola como espaço central de gestão e a comunidade local como componente essencial na tomada de decisão. Um dos elementos centrais neste tipo de gestão consiste na possibilidade da escola poder decidir sobre a alocação de recursos com implementação e acompanhamento feito por um sistema de prestação de contas à autoridade central. A descentralização e desburocratização dos processos de acompanhamento e controle, a partilha de decisões, o crescimento da influência dos pais na tomada de decisão, em diferentes contextos, que consubstanciam aquilo que pode ser designado por autonomia construida. Assim, a autonomia da escola e de sua gestão Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 é resultado do confronto de lógicas e interesses políticos, gestionários, profissionais e pedagógicos, que exigem certa capacidade de articulação: A autonomia da escola não é a autonomia dos professores, ou a autonomia dos pais, ou a autonomia dos gestores. A autonomia, neste caso, é o resultado do equilíbrio de forças, numa determinada escola, entre diferentes detentores de influência (externa e interna), dos quais se destacam: o governo e seus representantes, os professores, os alunos, os pais e outros membros da sociedade local. (BARROSO, 1996, p. 186) Neste caso, a autonomia se afirma como expressão da unidade social que é a instituição escolar e não preexistente à ação dos indivíduos. Trata-se de um conceito construído social e politicamente a partir da interação dos diferentes sujeitos organizacionais numa determinada escola. Não se constrói a autonomia da escola senão mediante um entendimento recíproco entre dirigentes do sistema e dirigentes escolares, entre estes e a comunidade escolar (incluindo os pais) a respeito de que tipo de educação a escola deve promover e de como todos, em conjunto, vão agir para realizá-la. Não se trata, portanto, de um processo de repartir responsabilidades, mas de desdobrá-las, ampliando-as e compartilhando-as. Em associação à descentralização, a autonomia da escola é dos conceitos mais mencionados nos programas de gestão promovidos pelos sistemas estaduais de ensino, como também em programas do Ministério de Educação, uma vez que neles está presente, como condição para realizar o princípio constitucional de democratização da gestão escolar. Isto porque a autonomia de gestão da escola, a existência de recursos sob controle local, junto com a liderança pelo diretor e participação da comunidade, são considerados os quatro pilares sobre os quais se assentam a eficácia escolar. CONSIDERAÇÕES FINAIS O movimento da gestão e da profissionalização está bastante direcionado para o fortalecimento da escola e para os profissionais que nela atuam, sempre associados à colaboração entre os entes federados. A legislação que trata do FUNDEB também conduz para que a aplicação dos recursos se faça na escola, enfatizando as vinculações com a valorização e a melhoria dos funcionários. Isto é salutar no sentido de quebrar práticas centralizadoras e burocráticas das instâncias centrais, como também para assegurar a melhoria da qualidade da educação. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 É necessário, no entanto, que se reflita sobre o conceito de autonomia escolar e se explore o seu significado e suas repercussões, uma vez que concepções conflitantes podem surgir, como é o caso de algumas pessoas entenderem por autonomia como o resultado de transferência financeira, ou seja, dinheiro direto para a escola, porém, transferência de recursos por si não garante autonomia, ela não se resume, portanto, à questão financeira, nem é mais significativa nessa dimensão, e sim na política, isto é, no que se refere à capacidade de tomar decisões compartilhadas e comprometidas e usar o talento e a competência coletivamente organizada e articulada, para a resolução dos problemas e desafios educacionais, assumindo a responsabilidade pelos resultados dessas ações. Portanto, a descentralização é um meio e não um fim, na construção da autonomia, assim como esta é, também, um meio para a formação democrática dos alunos. Sustenta esse posicionamento a compreensão de que todos os problemas relacionados com a educação são problemas da coletividade, não são problemas exclusivamente de governo. Em conseqüência, as soluções para os mesmos devem ser buscadas em conjunto, levando em conta a reflexão coletiva sobre a realidade e a necessidade de negociação e o convencimento local para sua efetivação, o que só pode ser praticado, mediante o espaço de autonomia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROSO, J. O estudo da autonomia da escola: da autonomia decretada à autonomia construída. In: BARROSO, J (ORG). O Estudo da Escola. Portugal: Porto Editora, 1996. p. 167 – 189. BASTOS, João Batista. Gestão democrática da educação: as práticasadministrativas compartilhadas. In: Bastos, João Batista (org). Gestão democrática. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei no 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996. _________, Ministério da Educação e do Desporto. Secretária de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil: Introdução. Brasília: MEC/SEF. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLIA FEDERATIVA DO BRASIL. Promulgada em 5 de outubro de 1988 e Emendas Constitucionais, especialmente a 14/96 de 1998 (Reforma Educacional, incluindo a instituição do Fundef), Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 LDB. Lei De Diretrizes E Bases Da Educação Nacional: Lei no 9.394/1996. Rio de janeiro. Lamparina. 2008. LÜCK, Heloísa. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. Rio de Janeiro: DP&A; Consed; Unicef,1998. PRIORE, Mary Del; VENÂNCIO, Renato P. O livro de ouro da História do Brasil: do descobrimento à globalização. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008. RODRIGUES, Neidson. A escola necessária para os tempos modernos. In:________Da mistificação da escola da escola necessária. São Paulo: Cortez, 2001. SANTOS, Ricardo. Educação e Cidadania. Brasília. Senado Federal, 2002. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO DAS COMUNIDADES LOCAL E ESCOLAR NAS ESCOLAS PÚBLICAS Itaciane Toledo Bastos Tomasini – Graduada em Engenharia Agrícola, Licenciatura em Matemática, Especialista em Gestão escolar e Educação Infantil, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Irlane Bastos Costa – Graduada em Agronomia, Mestre e Doutora em Melhoramento Genético de Plantas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Este trabalho de revisão bibliográfica teve como objetivo explanar sobre as atribuições e importâncias do projeto pedagógico e do conselho escolar no papel da democratização e autonomias das escolas e a importante participação da família na gestão democrática das escolas. Verificou-se que alunos, pais, professores, funcionários e membros da comunidade, ao participarem da vida escolar, educam e são educados na construção de um bem público comum, compreendendo a multidimensionalidade das relações intersubjetivas na escola e na sociedade; aprendendo e lidar com as diferenças e cultivando o sentimento de igualdade, em relações horizontais de respeito ao outro. PALAVRAS-CHAVE: projeto pedagógico, conselho escolar, gestão democrática INTRODUÇÃO O projeto político pedagógico, bem como o conselho escolar são importantes formas ou mecanismos de participação da comunidade no cotidiano escolar, e é através destes e também de outras ações que a escola se torna efetivamente democrática. Vale destacar que a atuação do diretor e da equipe gestora na mobilização de pessoas e no desenvolvimento de lideranças participativas é fundamental. Uma liderança mobilizadora está sempre disposta a experimentar, a aprender, a compartilhar com os outros a solução de problemas, a elaboração de planos e a elaboração de ações pedagógicas na escola. Ao considerar que a gestão escolar é um processo compartilhado, é preciso ainda levar em conta o desdobramento da liderança em coliderança, pelas quais ocorre o compartilhamento com outros profissionais e com alunos, do espaço da tomada de decisões e da oportunidade de interinfluência recíproca dos membros da comunidade escolar (REVISTA GESTÃO EM REDE, outubro. 2007, p. 13). Ao se engajar na luta pela realização e cumprimento destes mecanismos a escola viverá a ampliação de sua autonomia, que foi conquistada através da democratização da escola demandada pela própria evolução da sociedade. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Diante do contexto o presente trabalho teve como objetivo explanar sobre as atribuições e importâncias do projeto pedagógico e do conselho escolar no papel da democratização e autonomias das escolas e a importante participação da família na gestão democrática das escolas. O PROJETO PEDAGÓGICO: A AUTONOMIA CONSTRUÍDA NO COTIDIANO DA ESCOLA A autonomia da escola se amplia com ações de incentivo à participação e, também, com a criação de mecanismos de construção coletiva do projeto pedagógico. Colocar em prática, no cotidiano das atividades escolares, uma proposta educativa que seja fruto da vontade das comunidades escolar e local é um exercício democrático e promove maior autonomia pedagógica, administrativa e financeira da escola. Ter autonomia implica conhecer diferentes pontos de vista e argumentar a respeito de idéias e decisões. O diálogo entre docentes, equipe gestora e comunidade favorece a melhor qualidade da educação na escola e o sucesso do aluno. Sabe-se que a efetiva realização do Projeto Político Pedagógico das escolas ocorre e se evidencia, por meio de ações e atividades que levam à melhoria contínua da qualidade na educação, apenas a partir de um trabalho compartilhado, com participação de todos os membros da comunidade escolar, interna e externa, nesse sentido a atual Lei9394/96, em seu inciso l do artigo 14, deixa claro que a elaboração do Projeto Político Pedagógico deve ser conduzida pelos profissionais da educação em conjunto com os diversos segmentos que compõem a instituição é adequado à realidade social da qual faz parte a escola. Esse espírito de equipe, desejável sob todos os pontos de vista em um processo bem sucedido de gestão, é que vai funcionar como elemento superador das naturais disputas entre os diversos segmentos envolvidos em qualquer projeto; quando há espírito de equipe as contradições permanecem, mas são trabalhadas como energia positiva, como sinergia, para promover mudanças e transformações, dinamizando e renovando o ambiente escolar. Nessa compreensão, o Projeto político Pedagógico da Escola, com efeito, é um importante mecanismo de conscientização e de exercício de cidadania, possibilitando a recuperação, pela escola, de sua real função social. É o Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 vislumbramento, de horizontes transformadores das práticas autoritárias no âmbito da escola em que, no estilo tradicional de gestão, a direção assumia a escola como se fosse propriedade privada, somente ela decidia o que fazer, como fazer e quando fazer. Veiga (1998, p. 11) relata a importância do Projeto Político Pedagógico dizendo: O projeto pedagógico não é um conjunto de planos e projetos de professores, nem somente um documento que trata das diretrizes pedagógicas da instituição educativa, mas um produto específico que reflete a realidade da escola, situada em um contexto mais amplo que a influencia e que pode ser por ela influenciado". Portanto, trata-se de um instrumento que permite clarificar a ação educativa da instituição educacional em sua totalidade. O projeto pedagógico tem como propósito a explicitação dos fundamentos teóricos-metodológicos, dos objetivos, do tipo de organização e das formas de implementação e de avaliação institucional . O projeto pedagógico possui duas dimensões como explicam André e Veiga (citados por BAFFI, 2002): o político, no sentido de compromisso com a formação do cidadão, e a pedagógica, porque possibilita a efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Essa última é a dimensão que trata de definir as ações educativas da escola, visando a efetivação de seus propósitos e sua intencionalidade. É importante ressaltar que o projeto político pedagógico é visto como um processo contínuo de reflexão e discussão dos problemas da escola, tentando assim encontrar meios favoráveis á efetivação de sua intencionalidade constitutiva, levando assim, todos os membros da comunidade escolar ao exercício da cidadania. A construção do projeto político pedagógico se apresenta como um dos grandes trunfos que a equipe gestora tem ao mobilizar as pessoas para a consolidação da gestão democrática e a construção da autonomia escolar de forma participativa e colegiada. Equipes gestoras mobilizadoras ousam aprender sempre e, por isso, estimulam a aprendizagem dos outros. O CONSELHO ESCOLAR: UM IMPORTANTE ALIADO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA Um dos instrumentos da construção do espaço de participação, desafiador e instigante, é o Conselho Escolar, que deve ser construído e implementado dentro da escola pública, como ressalta a Lei 9394/96. Mas não se constitui o Conselho Escolar, apenas, pela exigência da lei. Ao contrário, o Conselho é um ato de vontade Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 dos que estão na escola, que chamam à participação de todos os seguimentos, que animam candidaturas, que fazem passar por ele todas as questões da escola, não apenas as financeiras, que divulgam para todos as decisões a que se chegou. Composto por representantes das comunidades escolar e local (diretor, professor, funcionários administrativos, pais, estudantes e membros da comunidade), o Conselho Escolar é um órgão colegiado cuja atribuição é deliberar sobre questões pedagógicas, administrativas e financeiras. Sua tarefa é analisar as ações a serem empreendidas e os meios a serem utilizados para o cumprimento das finalidades da escola, constituindo um espaço privilegiado de discussão, negociação e encaminhamento das demandas educacionais, possibilitando a participação social e promovendo a cultura da gestão democrática. O Conselho Escolar é, portanto, um importante mecanismo que defende legalmente a participação dos membros nas mais diversas situações, delegando-os a igual responsabilidade em assegurar a qualidade do trabalho escolar em termos administrativos, financeiros e pedagógicos. Criado por determinação legal, constitui um valioso instrumento para garantir a gestão democrática e fortalecer o projeto político pedagógico das escolas. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação nos seus Artigos 16,17e 18 esclarecem sobre o conselho escolar estabelecendo que: Artigo 16 - O conselho de escola, articulado ao núcleo de direção, constitui-se em colegiado de natureza consultiva e deliberativa, formado por representantes de todos os segmentos da comunidade escolar. Artigo 17 - O conselho de escola tomará suas decisões, respeitando os princípios e diretrizes da política educacional, da proposta pedagógica da escola e a legislação vigente. Artigo 18 - O conselho de escola poderá elaborar seu próprio estatuto e delegar atribuições a comissões e subcomissões, com a finalidade de dinamizar sua atuação e facilitar a sua organização. (...) A administração colegiada, via conselho escolar, representa, assim, um dos meios pelo qual a sociedade poderá fazer uso de suas potencialidades para criar alternativas que solucionem ou minimizem os problemas educacionais negligenciados pelo Estado. (REVISTA Gestão em Rede, mar.2000, p.13) É importante lembrar que compete aos poderes públicos garantir o financiamento da educação pública e, aos gestores, garantir o bom uso desses recursos. A transparência na definição e no uso dos recursos e no seu controle Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 social são fundamentais para a construção de uma gestão verdadeiramente participativa. A garantia de recursos e a organização dos diversos segmentos da escola são fundamentais para que a escola consolide sua autonomia e seu projeto pedagógico. Participação coletiva deve ser orientada pelo atendimento aos interesses das comunidades envolvidas. Descentralização das decisões e ações compartilhadas contribuem para a formação da cidadania. Nas escolas, o enfrentamento de desafios e dificuldades deve efetivar-se como um processo conjunto, partilhado por professores, alunos, pais, funcionários e comunidade local. A participação possibilita a redução da desigualdade entre os membros dos diferentes segmentos da escola. É por meio dela que se concretizam formas mais democráticas de gestão da unidade escolar, pois a democracia envolve a conscientização sobre o conjunto da unidade social e melhoria contínua dos processos. No contexto escolar, a democracia se manifesta como condição essencial para que se efetive um coletivo atuante. Daí a importância do Conselho de Escola atuar embasado em princípios pedagógicos e legais, acompanhando de forma consciente e ativa a prática educativa desenvolvida pela escola e garantindo a melhoria continua da qualidade do ensino. A definição de responsabilidades e competências é um importante passo para o desenvolvimento do trabalho em equipe. A organização de instâncias de participação na escola é uma das competências do gestor e da equipe gestora, que devem incentivar ações baseadas no respeito ao outro e no reconhecimento dos direitos e deveres de cada um. Todos esses aspectos, articulados, possibilitam à escola estabelecer diretrizes para um bom funcionamento, refletindo sobre seus valores, função social, e assim traçar seus planos de ação. A formação do conselho escolar, por si só, não torna uma escola mais democrática e autônoma é preciso que as funções cabíveis ao conselho sejam realmente postas em prática, e como principal responsável por este grupo de pessoas, o diretor, será o primeiro responsável pela a atuação efetiva deste colegiado, pois caso contrário o conselho escolar, fará parte somente de uma exigência legal e para nada valerá, a não ser para que os seus membros assinem obrigatoriamente os papéis a eles designados. Uma gestão realmente democrática é aquela que vê no conselho escolar seu braço direito, um verdadeiro amigo com quem possa compartilhar todas as Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 situações, sejam elas problemas ou apenas reflexões, de dimensões pedagógicas, administrativas ou financeiras e assim de forma democrática e exercendo sua autonomia legal tomar todas as decisões e promover ações de melhoria da qualidade do ensino-aprendizagem. O PAPEL DA COMUNIDADE NA GESTÃO DEMOCRÁTICA A escola é uma instituição social necessária ao conhecimento sistematizado, lugar onde todos desejam obter progressão diante dos conhecimentos construídos, com resultados que influenciam a vida dos cidadãos nela inseridos. Ao se analisar a escola, verifica-se que ela avançou em vários aspectos, dentre os quais, a função social de que se ampliou de simples instituidora do saber; para o trabalho de completude do ser humano, voltado para as relações intra e inter pessoais. A escola é sujeita de seu próprio sucesso, no que diz respeito à formação total de seus alunos para o exercício da cidadania e de seu sucesso pessoal, e a ela cabe lançar mão das oportunidades que lhes são oferecidas com a gestão democrática, mudando seu paradigma, melhorando a maneira de pensar, perceber e fazer a educação. Na busca por uma relação mais assertiva, a escola tem apresentado maneiras diferenciadas de trazer a comunidade para participar de sua gestão, essas maneiras podem ser exigências legais, como a elaboração do projeto político pedagógico, a constituição do conselho escola, bem como uma gama de ações que a cada ano vem fortalecendo essa relação. As responsabilidades da escola, família e outros parceiros que atuam em ações coletivas, garantem o direito constitucional estabelecido pela LDB atual, ou seja, a democracia social do saber. Os estudos das demandas educacionais demonstram a importância da articulação entre escola e comunidade, pois a escola é uma conquista da comunidade, que a partir de suas necessidades, empreendem suas instituições em locais definidos por esta. Portanto, uma é interdependente em relação à outra. Várias escolas realizam ações internas, para que a comunidade participe efetivamente no fazer da escola. Uma escola que solicita aos pais e comunidade a sua presença somente para entrega de notas, reuniões e eventos comemorativos, está desviando-se de sua função social. Hoje é bastante comum identificar escolas envolvendo pais e comunidade em ações rotineiras, como por exemplo, na Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 participação ativa do currículo escolar que atenda a necessidade local e regional, participação em conselho de classe, decisões administrativas e reuniões pedagógicas. Essa realidade é fruto do atual conceito de gestão participativa, onde pais e comunidade deixam de ser omissos as atividades, e não mais esperam da escola apenas a transmissão do saber a seus filhos, para que passem de ano, consigam emprego, sejam aprovados no vestibular. É preciso sinergia com um grupo dinâmico de trabalho (equipe escolar), em que todos tomem a mesma direção com atitudes produtivas e proativas. Desta forma, a função social da escola deixa de ser um acumulado de tentativas de ações e passa a se evidenciar em um trabalho conjunto, com resultados significativos em várias dimensões: administrativa, pedagógica humana e jurídica. Para contar com a colaboração da família e da comunidade no processo escolar, é necessário, principalmente integrá-las por meio de reuniões, palestras, feiras culturas e de ciências. Estes eventos buscam além de seus objetivos imediatos, o aprimoramento do saber socializado, bem como a possibilidade de uma discussão ampla sobre as finalidades da educação escolar, atendo-se aos objetivos que a comunidade escolar almeja alcançar, durante o ano letivo. Os pais precisam perceber a importância de sua participação no processo de aprendizagem dos filhos. Conscientizá-los, por exemplo, de que o binômio famíliacomunidade é importante para manter um bom relacionamento com a escola, e não se restringe apenas a reclamações que dizem respeito ao comportamento dos alunos. A relevância conferida à família tanto pela constituição no seu Cap. VII – Da família, da criança, do adolescente e do ancião em seus artigos 226, 227 e 228, como pelo Estatuto da Criança e do Adolescente em seu Cap. III – Do direito à convivência familiar e comunitária nos estimulam a empreender uma incursão de caráter teórico-conceitual sobre as lei existentes que referendam a questão familiar e sua relação com as práticas de políticas sociais desde o ponto de vista educacional. Todavia as instituições e especialmente a escola deve não só apoiar e respeitar os esforços dos pais e responsáveis pelos cuidados, atenção e educação aos filhos, mas devem também colocar-se em posição efetiva de gerar iniciativas dirigidas à elevação e aprimoramento social e educacional de seus educandos e respectivas famílias. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Nesta perspectiva, a escola por sua maior aproximação às famílias constituise em instituição social importante na busca de mecanismos que favoreça um trabalho avançado em favor de uma atuação que mobilize os integrantes tanto da escola, quanto da família, em direção a uma maior capacidade de dar respostas aos desafios que impõe nossa sociedade. As ações de caráter pedagógico que as escolas podem dirigir para favorecer às famílias devem fazer parte de seu projeto e para que isso possa acontecer é fundamental que as ações em favor da família sejam desenvolvidas e presididas pelos princípios da convergência e da complementaridade. Nesse sentido é importante que o projeto inicial se faça levando em conta os grandes e sérios problemas sociais tanto da escola como da família, como reflete os parâmetros curriculares (p. 10) “...repensar sobre o papel e sobre a função da educação escolar, seu foco, sua finalidade, seus valores, é uma necessidade essencial: isto significa considerar características, ânsias, necessidades e motivações dos alunos, da comunidade local e da sociedade em que ela se insere. A escola tem necessidade de encontrar formas variadas de mobilizações e de organização dos alunos, dos pais e da comunidade, integrando os diversos espaços educacionais que existem na sociedade”. Mais do que criar um novo espaço para tratar das questões da família ou da escola, a própria escola deve articular seus recursos institucionais, de maneira a assegurar que as reflexões, os debates, os estudos e as propostas de ação possam servir de embasamento para que o desenvolvimento social se concretize por meio de práticas pedagógicas educativas efetivas. Tanto as comunidades escolares como as comunidades familiares não podem permanecer distanciadas em seu processo de desenvolvimento e funcionamento organizacional, mas devem estar vinculadas e abertas aos recursos educacionais que dispõem e determinam por sua historicidade a dimensão cognitiva e educativa que pretendem aplicar no processo de desenvolvimento humano, e mais precisamente no acompanhamento das novas gerações. Neste sentido, as mudanças estruturais e conjunturais dos componentes educacionais em questão necessitam incorporar nas suas relações as formulações desses princípios e utilizá-los como guias para manter pais e professores no caminho do desenvolvimento estável e progressivo. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A integração desses fatores nesta proposta fornece uma nova configuração da relação escola-família e ressalta a importância da função reitora da escola no sentido de considerar as necessidades familiares no que diz respeito aos aspectos psicológicos, sociais e éticos de uma relação significativa com os outros, de crescimento da própria competência educativa ou de uma participação na definição do significado experiencial da sua vida pessoal, social e educacional. CONCLUSÃO A escola atual encontra-se apoiada no paradigma da participação e da solidariedade, e se preocupa em formar sujeitos capazes de pensar e construir com singularidade. Isso as diferencia, pois nelas as experiências educativas envolvem necessariamente o exercício da cidadania. Alunos, pais, professores, funcionários e membros da comunidade, ao participarem da vida escolar, educam e são educados na construção de um bem público comum, compreendendo a multidimensionalidade das relações intersubjetivas na escola e na sociedade; aprendendo e lidar com as diferenças e cultivando o sentimento de igualdade, em relações horizontais de respeito ao outro. REFERÊNCIAS BAFFI, Maria Adelia Teixeira. Projeto Pedagógico: um estudo introdutório. Pedagogia em Foco, Petrópolis, 2002. Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/gppp03.htm>. Acesso em: 16/07/2009. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei no 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996. _________, Ministério da Educação e do Desporto. Secretária de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil: Introdução. Brasília: MEC/SEF. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLIA FEDERATIVA DO BRASIL. Promulgada em 5 de outubro de 1988 e Emendas Constitucionais, especialmente a 14/96 de 1998 (Reforma Educacional, incluindo a instituição do Fundef), VEIGA, Ilma Passos A. (Org.) Projeto político-pedagógico da escola: uma construçãopossível. 23. ed. Campinas: Papirus, 2001. ______________. Troca de experiências para melhorar aprendizagem dos alunos. Revista Gestão em Rede. outubro de 2007:19 Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 UMA ANÁLISE TEÓRICA A RESPEITO DO FENÔMENO DO BULLYING Rita de Cássia Ferreira Pedrosa Lazaroni – Graduada em História, Especialista em Educação, Mestre em Educação, Doutoranda em Educação Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística, professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Pretendeu-se, com esta pesquisa, sensibilizar educadores, famílias e sociedade para a existência do fenômeno em questão e suas possíveis consequências, além de alertar a população a respeito desse tema, uma vez que o assunto era pouco conhecido por ela. Assim, propôs-se colocar em discussão toda a polêmica existente em torno do mesmo com o intuito de, através da informação, tentar evitar ou pelo menos amenizar os sérios problemas gerados pelo bullying, tanto no âmbito social quanto na personalidade dos indivíduos afetados. PALAVRAS-CHAVE: Bullying; Escola; Agressor; Agredido. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Este estudo pautou-se em delimitar, através de revisão bibliográfica, o bullying, além de tentar obter explicações para o comportamento da juventude de hoje em dia, na tentativa de entender por que alguns jovens tomam atitudes tão brutas com seus colegas.Pretendeu-se sensibilizar educadores, famílias e sociedade para a existência do fenômeno em questão e suas possíveis consequências, alertando a população sobre esse assunto, uma vez queera pouco conhecido. Assim, propôs-se colocar em discussão toda a polêmica existente com o intuito de tentar evitar ou pelo menos amenizar, através da informação, os sérios problemas gerados pelo bullying, tanto no âmbito social quanto na personalidade dos indivíduos afetados. Houve também a preocupação em ressaltar o comprometimento da escola com a formação de um jovemcapaz de promover mudança social e não causar problemas para a sociedade. É interessante deixar claro que o estudo não se pautou apenas em focar o agredido, mas também o agressor, tentando entender a personalidade de ambos. O estudo em questão divide-se em sete partes. Inicialmente, serão apresentados os procedimentos metodológicos; na sequência, será visto o papel da escola na formação de um cidadão; na terceira parte, detalhar-se-á a respeito da Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 violência simbólica; a seguir, será caracterizado o fenômeno do bullying, logo após o bullying considerando como um fator social; para finalizar, será analisado o papel da escola diante do bullying e as considerações finais. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para que se fizesse a delimitação do fenômeno do bullying, fez-se necessário um trabalho de revisão bibliográfica a respeito do assunto, com o objetivo de tentar obter explicações para o fato de alguns jovens tomarem atitudes tão brutas com seus colegas. Para tanto, propôs-se colocar em discussão toda a polêmica existente sobre o assunto com o intuito de tentar evitar ou pelo menos amenizar os sérios problemas gerados pelo bullying, tanto no âmbito social quanto na personalidade dos indivíduos afetados. A base para essa discussãoserão as teorias de Bourdieu (1989), Bourdieu e Passeron (1979), Fante (2005), entre outros; a abordagem basear-se-á na ideia de que a violência simbólica pode ser, muitas vezes, a causa desse fenômeno. O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DE UM CIDADÃO Segundo Tiba (2002), é sabido que, nos dias atuais, educar não é uma tarefa fácil nem para os pais nem para a escola, já que as novas gerações estão inseridas em um mundo em que as informações são processadas de forma muito rápida e dinâmica, oferecendo aos jovens uma infinidade de valores morais e éticos, que nem sempre condizem com os valores que a família e a sociedade desejam transmitir. Pelo fato de os jovens terem livre acesso às informações através do uso da tecnologia; torna-se cada vez mais difícil educá-los, já que para oferecer uma educação equilibrada e saudável, é necessário que a família e a escola saibam lidar com essa realidade. A escola possui um papel importante na educação e no desenvolvimento das pessoas e conseqüentemente das sociedades; dessa forma, segundo Benevides (2004), nada mais lógico do que haver uma preocupação com a formação ética do cidadão. Assim, é indispensável que Educação e a cultura caminhem juntas para a formação e desenvolvimento da cidadania; porém, é preciso saber entender e trabalhar de forma adequada esta relação em benefício do educando, através do planejamento e da formulação de políticas públicas nesse sentido. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Para Benevides (2004), torna-se também necessária a questão da capacitação dos profissionais da área educacional, especificamente os docentes, uma vez que a formação política dos professores ainda está presa a uma categoria hegemônica de pensamento. Existe, além disso, a necessidade de tornar disponíveis os bens culturais a professores e alunos; trocar informações e competências entre alunos e professores; reconhecer os saberes tradicionais; compartilhar os projetos e recursos; aprimorar o ensino das artes nas escolas e a transformar instituições de artes em centros de convivência e experiência cultural. É preciso educar com ética, valorizando a formação cultural de qualidade para que se formem cidadãos críticos, pensantes e autônomos; para tanto, segundo Freire (2000), há uma retomada de ações educativas e culturais que promovam no educando sua humanização, sua emancipação e seu sentimento solidário, agindo dessa forma contra a violência, a desigualdade e a injustiça. É preciso promover na escola espaços para brincar, ler, ver e contemplar os mais variados tipos de arte e cultura para que o educando entenda que o que torna o ser humano singular é justamente a pluralidade de situações vivenciadas através da cultura, e que a produção cultural aliada a uma Educação libertadora não apenas combata a violência, a desigualdade e a injustiça, como também garanta a posse do conhecimento, a posse da cidadania e do saber fazer a diferença. A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA Segundo Bourdieu (1989), a violência simbólica é um processo em que a classe economicamente dominante impõe à classe dominada a sua cultura; por ser a classe que detém o domínio econômico, essa imposição passa a ser vista por todos como “legítima”. A violência simbólica transcende a dimensão física e passa pela questão ética e de valores, já que as crenças do poder dominante são impostas ideologicamente, sem se recorrer à agressão física, criando situações em que o dominado sente-se inferiorizado. Assim, o dominado não se opõe ao seu opressor uma vez que ele não percebe o processo de dominação; ao se ver como oprimido, ele passa a se considerar o processo de dominação como uma situação natural e inevitável. Quando esse processo de violência simbólica atua na escola, faz com que o aluno perpetue a posição de dependência em que sua classe ocupa e perca ou anule a capacidade de criar seu próprio significado sobre o aprendizado e sobre o Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 mundo em que está inserido. Ou seja, esse tipo de violência gera a dependência radical do dominado a circuitos intransigentes de entendimento da realidade. Devido a tudo que foi exposto, torna-se essencial que a prática pedagógica seja libertadora, pois só a educação conseguirá libertar o homem desse tipo de imposição cultural. Será através da Educação que o indivíduo será capaz de distinguir o processo de vitimização social em que se encontra e tornar um ator social que lutará pela legitimização da sua própria cultura. Segundo Bourdieu e Passeron (1979), só a verdadeira Educação, baseada no pensar e no fazer reflexivo, será capaz de libertar o educando da imposição cultural feita pela elite economicamente dominante. Na visão de Boudieu (1989), a escola pública brasileira não leva em consideração a origem de seus alunos e transmite-lhes o ensino padronizado. Isso faz com que se perpetue, através dessa ação pedagógica, a violência simbólica que ocorre por meio de duas dimensões arbitrárias: o conteúdo da mensagem transmitida e o poder que instaura a relação pedagógica exercido por autoritarismo. Assim, é exigido aos alunos das escolas públicas, oriundos de classes economicamente menos favorecidas, um esforço adicional da sua atividade cognitiva. O que nos leva a concluir que quanto maior a proximidade entre o discurso simbólico do ambiente familiar com o ambiente escolar, o sucesso e a inserção escolar estarão mais garantidos. Assim, percebe-se que o educador possui um papel primordial dentro deste contexto no que diz respeito a promover o desenvolvimento da cidadania de seus educandos. Deve, portanto, estar consciente de que seu aluno é produto das relações sociais da sociedade que faz parte. Ao se ter conhecimento de como essas relações são produzidas, poderá pensar em alternativas de superação e reflexão da sua prática pedagógica, visto que a Educação é um processo de construção contínua e permanente de formação do indivíduo, envolvendo valores, atitudes e formação de hábitos. A escola representa, para o jovem de condição financeira menos favorecida, uma ruptura dos valores e saberes de sua prática, uma vez que são, geralmente, desprezados, ignorados e desconstruídos na sua inserção social. Isso faz com que os jovens passem a ser obrigados a aprender novos padrões ou modelos de cultura. Assim, para que os alunos oriundos de classes dominantes alcancem o sucesso escolar, torna-se necessário que “desaprender” uma cultura para aprender um novo Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 jeito de pensar, pensar, falar, movimentar para assim poder enxergar um mundo diferenciado do seu, tornando-se um sujeito ativo nesta sociedade. O FENÔMENO DO BULLYING Para Paláciose Rego (2006), obullyingé um fenômeno em que uma criança ou um adolescente é sistematicamente exposta a um conjunto de atos agressivos, que ocorrem de forma intencional, sem motivação aparente, podendo ser protagonizado por um ou mais agressores. Segundo Fante (2005), os praticantes do bullying são conhecidos como agressores. Os agredidos_ chamados de vítimas do bullying_ em geral são muito apáticos, pouco reagem, ou nunca reagem, aliás, na maioria das vezes, não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir; geralmente são pouco sociáveis, inseguros, baixa alto-estima, alguns se acham merecedores das agressões, têm poucos amigos, são passivos e quietos. As testemunhas, por sua vez, acabam tendo medo e se calam, porque sabem que os agressores não poupam ninguém. O bullying gera transtornos de conduta que abrangem os comportamentos de risco que podem comprometer a saúde física e mental do adolescente. Para Fante (2005), um transtorno pode ser dividido em conduta agressiva, que causa ou ameaça danos físicos a outras pessoas ou a animais, e conduta não-agressiva que causa perdas ou danos a propriedades. Assim, esses transtornos podem ter sintomas sem tanta gravidade, tais como: mentir, enganar, faltar aulas sem justificativa e furtar objetos de pouco valor, mas o problema é quando chega a outros níveis de periculosidade como brigas com uso de armas, arrombamentos e assaltos. Devido a tudo isso, percebe-se que as consequências do bullying atingem a todos os envolvidos em todos os níveis; todavia, a vítima é afetada de modo peculiar; por isso, há a possibilidade de continuar a sofrer seus resultados negativos, muito além do período escolar; podendo, inclusive, trazer prejuízos em suas relações de trabalho, em sua futura constituição familiar e criação de seus filhos, além disso, pode ainda prejudicar sua saúde física e/ou mental. Segundo Paláciose Rego (2006), os indivíduos que sofrem bullying quando crianças têm maior tendência a sofrerem depressão e baixa auto-estima quando adultos. Quanto mais jovem a criança apresentar comportamento agressivo, maior será o risco de apresentar problemas relacionados a comportamentos anti-sociais Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 quando se tornar adulta e maior serão as chances de perder oportunidades, de ter instabilidade no trabalho e de ter relacionamentos afetivos duradouros.Já para os agressores, as consequências da prática do bullying podem ser: vida destruída pela violência, falsa crença de que a força é a solução para resolver seus problemas, dificuldades em respeitar a lei, dificuldades na inserção social, incapacidade e/ou dificuldade de autocontrole e atitudes anti-sociais. As testemunhas do bullying também sofrem as suas conseqüências, poisoeleacaba atingindo os demais alunos, visto que estes passam a viver em um ambiente escolar inseguro, isto é, perdem o direito a uma escola segura, solidária e saudável, à medida que ela passou a ser palco de atos de violência e de destruição das relações interpessoais, gerando prejuízos ao desenvolvimento sócio- educacional dos educandos. O BULLYINGVISTO COMO UM FATOR SOCIAL Para Benevides (1990), a família é a base para que o indivíduo aprenda a conviver de forma saudável e pacífica, respeitando regras básicas como respeito e estabelecendo limites. Porém, observa-se que nem todas as famílias conseguem educar seus filhos adequadamente e estabelecer limites ensinando a necessidade de se respeitar o espaço alheio e a individualidade de cada ser. O que ocorre é que dependendo da forma como o grupo familiar está estruturado e da dinâmica estabelecida ele pode funcionar como facilitador ou como obstáculo na formação do caráter de seus membros. Conforme Fante (2005), os praticantes de bullying costumam ser indivíduos antipáticos, arrogantes e desagradáveis; acreditam que todos devem ceder às suas vontades e caprichos, por isso demonstram desagrado e frustração ao serem contrariados, além disso, tem dificuldade em colocar-se no lugar do próximo. Ao se tornarem adultos, apresentam maior probabilidade de terem comportamentos antissociais, psicológicos e/ou violentos, tornando-se, inclusive, delinquentes ou criminosos. Assim, as vítimas do bullying têm grande probabilidade de desenvolver problemas psicológicos que, em casos extremos, são irreversíveis. Portanto, a família deve estar alerta, pois ela é responsável pela integridade física e moral de seus membros. É imprescindível que ela esteja sempre presente não só nos momentos bons como também nos momentos ruins, servindo sempre de ponto de apoio e equilíbrio. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A vítima, por sua vez, costuma sentir-se fragilizada e apresentar mudanças de comportamento e de humor, situação na qual o apoio da família é totalmente necessário. O problema é que nem sempre a família consegue perceber que um de seus membros está sendo vítima de bullying, até porque, muitas vezes, o próprio agredido faz de tudo para esconder a agressão, seja por medo dos agressores ou por vergonha da situação vivida. Nesse caso, o agredido só se sentirá encorajado a se abrir sobre o problema com seus familiares caso tenham um relacionamento com seus pais que seja baseado no amor, na confiança, na segurança e na honestidade. Além do relacionamento aberto, baseado no diálogo, também é importante, conforme Constantini (2004), que os pais observem sempre as atitudes de seus filhos dentro e fora de casa, pois, geralmente, aqueles sofrem com o bullying apresentam alteração de comportamento, podendo transformar-se em pessoas tristes, retraídas e, até mesmo, agressivas, sem mencionar que podem também apresentar resistência para ir à escola, caso o local da agressão seja a escola. Caso a família do agredido constate ou desconfie que seu filho seja uma vítima deste triste fenômeno, é fundamental que a família entre em contato com a escola; contudo, de forma bastante sigilosa e cautelosa a fim de evitar constrangimento ou problemas ainda maiores para o agredido. Além disso, a família deve providenciar o apoio de um profissional apto a prestar atendimento psicológico ao agredido. Para Fante (2005), a sociedade torna-se culpada com relação a esse fenômeno a partir do momento que não quer enxergar a realidade diante de si, não admitindo que o bullying trata-se de um fenômeno cruel e silencioso, que não traz somente consequências negativas para a escola, mas para a sociedade como um todo. Cabe lembrar que, apesar da iniciativa de alguns estados e municípios brasileiros em adotar uma política para adoção de um programa de combate ao bullying, não há no Brasil uma legislação específica tratando do tema, cabendo ao Judiciário aplicar as regras e sanções previstas na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Código Penal, por exemplo. O PAPEL DA ESCOLA DIANTE DO BULLYING De acordo com Fante (2005), a família é a base primária de socialização e modelo de formação das matrizes psíquicas; é no ambiente familiar que os filhos aprendem a relacionar-se com as pessoas, respeitar e valorizar as diferenças individuais, desenvolver a empatia e adotar métodos não-violentos de lidar com seus próprios sentimentos e emoções e com os conflitos surgidos nas relações Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 interpessoais. Assim, os pais devem colaborar com a escola no sentido de proporcionar uma educação que valorize o ser humano. Infelizmente, nem sempre a família funciona dessa forma. Como resultado, a escola vem sofrendo as consequências, pois tem recebido alunos cada vez mais indisciplinados. Devido a isso, a escola também tem sentido dificuldade em trabalhar com a afetividade. Os alunos mostram-se agressivos, reproduzindo, muitas vezes, a educação recebida em casa, seja por meio dos maus-tratos, do conformismo, da exclusão ou da falta de limites revelados em suas relações interpessoais. Como forma de solucionar esse impasse, segundo Pereira (2002), a escola precisa conscientizar-se de que é necessário desenvolver um olhar mais observador tanto dos professores quanto dos demais profissionais ligados ao espaço escolar no sentido de não só identificar os conflitos interpessoais existentes no meio escolar, como também no sentido de buscar soluções. Segundo Fante (2005), a escola deve atentar-se para sinais de violência, procurando neutralizar os agressores, bem como assessorar as vítimas e transformar os espectadores em principais aliados. Sendo assim, a escola deve esclarecer o que é bullying a todos os envolvidos no processo educacional; não permitir a prática sob nenhum pretexto; dialogar com os alunos e escutar suas vivências, reclamações e sugestões; estimular os estudantes e demais profissionais a informar possíveis casos; reconhecer e valorizar as atitudes dos alunos no combate ao problema; saber identificar possíveis agressores e vítimas e incentiválos a procurar ajuda; interferir diretamente nos grupos, para quebrar a dinâmica do bullying; ficar atento a alunos tímidos e retraídos, pois geralmente a vítima se retrai; realizar reuniões com o corpo docente, proporcionando reflexões sobre suas práticas, prevenindo ou detectando possíveis abusos de professores sobre os alunos; utilizar avaliações como instrumento para reestruturação de seu planejamento e jamais em caráter punitivo ou ameaçador; adotar o bullying como tema transversal e multidisciplinar; estimular pesquisas sobre diversas situações ocorridas, no decorrer da história universitária, que envolvam o assunto; trazer para a sala de aula situações de bullying e promover discussões, debates e produções sobre cada caso; utilizar textos que abordem o assunto em suas especificidades; executar dinâmicas explorando a auto-estima de vítimas do fenômeno. Só quando se trabalhar estratégias de intervenção e prevenção contra a violência na escola, é que todos do contexto escolar saberão o que é o bullying, quais são suas Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 consequências, suas causas e como evitá-lo. Será só através da conscientização que os alunos perceberão que xingamentos e humilhações não são apenas brincadeiras de mau gosto. Quanto mais cedo o bullying for reconhecido como o grave problema, mais chances poderão surgir para combater este quadro em que se encontram os envolvidos neste fenômeno. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como se viu, o bullying é um tipo de violência escolar, praticada entre estudantes, em que um aluno, ou mais, perseguem e intimidam um colega sem que exista um motivo que justifique o ato. Com relação a esse fenômeno, a prevenção é primordial para a sua erradicação, mas para que tal ação tenha sucesso, é preciso que haja um trabalho em conjunto, pois todas as crianças, sem exceção, são afetadas negativamente, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo. É dever da sociedade, particularmente dos profissionais de educação e da escola, zelar pela segurança e dignidade dos alunos. Assim, é correto dizer que numa escola em que há a valorização do respeito, como premissa básica para a cooperação, amor, harmonia, responsabilidade e não-violência entre alunos, professores e demais funcionários, não será um ambiente propício ao desenvolvimento de práticas violentas como o bullying. REFERÊNCIAS: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988. BENEVIDES, Maria Vitória. Cidadania e questão de gênero. In: SILVEIRA, Maria Lúcia e MACEDO, Donaldo. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. BORDIEU, Pierre. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In:______. Educação em Revista. Belo Horizonte: Faculdade de Educação da UFMG, dez.1989, p.5-15, trad. Maria Alice Nogueira. BORDIEU, Pierre e PASSERON Jean-Claude. Fundamentos de uma teoria da violência simbólica. In:___ A reprodução. Elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992. p. 15-76. CONSTANTINI, Alessandro. Bullying, como combatê-lo? : prevenir e enfrentar a violência entre jovens. SP: Itália Nova editora, 2004. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educarpara a paz. 2. ed. rev. Campinas, SP: Verus editora, 2005. FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000. PALACIOS, Marisa; REGO, Sérgio Tavares de Almeida. Bullying: mais uma epidemia invisível? Rer. Bras. Educ. Méd. Vol. 30 nº1. Rio de Janeiro, 2006. TIBA, Içami. Quem ama, educa! São Paulo: Gente, 2002. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 AS IMPLICAÇÕES DAS POLÍTICAS NEOLIBERAIS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO Daniel Vieira Ferreira – Graduado em Matemática, Especialista em Cálculo Diferencial e Estatística, Mestrando em Educação, Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Rita de Cássia Ferreira Pedrosa Lazaroni – Graduada em História, Especialista em Educação, Mestre em Educação, Doutoranda em Educação Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] Somos levados, então, a reconhecer a “rigidez” extrema de uma ordem social que autoriza as classes sociais mais favorecidas a monopolizar a utilização da instituição escolar, detentora, como diz Max Weber, do monopólio da manipulação dos bens culturais e dos signos institucionais da salvação cultural (Pierre Bourdieu, 1989) RESUMO Diante das atuais mudanças ocorridas no cenário mundial, torna-se necessário analisar o novo contexto que a educação passou a ter para a nova sociedade que surge. A nova onda liberal e o processo de globalização exercem um papel muito importante no modo de se pensar a educação. Baseado nisso, qual seria o novo papel que a educação assume? Cabe a ela o papel de desenvolver nos membros da sociedade (sem distinção), as mesmas condições para enfrentarem de igual para igual um lugar no mercado de trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Educação; Capitalismo; Docente; Discente. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Este trabalho pretende analisar as implicações das políticas neoliberais no cenário da educação. Para tanto tentará comparar o modelo educacional antigo com o que possuímos hoje, verificando que o projeto de responsabilidade social tido pelos discentes de antigamente não se reflete de forma hegemônica atualmente; percebe-se que havia não só a preocupação de transmitir conteúdos, como também formar um cidadão consciente de seus direitos e deveres. O que se percebe hoje é que a preocupação primordial é a de se preparar discentes para competir no mercado de trabalho. Trata-se de um trabalho de revisão de literatura, em que se discutem as teorias de Bourdieu (1989), Bourdieu e Passeron (1992) e Maturana (1998), com o intuito de tentar entender o que podemos chamar, eufemisticamente, de mercado da livre e sadia competição. Para tanto, este artigo divide-se em três partes: na Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 primeira, procuraremos explicitar o cenário mundial, depois teremos um panorama do cenário atual da educação e, para terminar, na terceira parte, será discutida a função das escolas nessa nova ordem mundial. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A metodologia aqui empregada é a revisão bibliográfica, levando-se em consideração as ideias de Bourdieu (1989), Bourdieu e Passeron (1992) e Maturana (1998), tudo isso com o objetivo de analisar as implicações das políticas neoliberais no cenário da educação. Devido a todos os últimos acontecimentos sociais, políticos e econômicos, a escola tradicional passa por um momento em que se torna necessário rever antigos valores, torna-se necessário, atualmente, mais do que nunca, deixar nossos alunos preparados para desenvolver habilidades, atitudes e competências que lhes são exigidas pelo mercado de trabalho para assegurar uma futura empregabilidade. O mito da escola libertadora passa a ser discutido e pergunta-se se a escola atual liberta ou se continua penas conservando a estrutura social. Discute-se aqui a possibilidade de formar alunos universitários da área de educação que possuam uma concepção política de educação que os faça encorajar e sustentar os organismos marginais, fazendo com que a instituição escolar desempenhe a função de desenvolver nos membros da sociedade (sem distinção), as mesmas condições para enfrentarem de igual para igual um lugar no mercado de trabalho. CONTEXTO MUNDIAL As grandes mudanças ocorridas nos últimos anos - a queda do muro de Berlim e com ele o socialismo real, a economia e as transformações ocasionadas pelo capitalismo selvagem que surgiram após o silenciamento dessas sociedades, a onda neoliberal cada vez mais vitoriosa e o processo de globalização que se instaurou no mundo atual - exerceram um papel importante no modo de todos pensarem a educação. Essa idéia fica muito clara se analisarmos nas últimas décadas os modelos educacionais e, consequentemente, a visão de educação dos estudantes. Antigamente, os discentes tinham em mente a idéia de que através da educação, eles estavam mergulhados num projeto de responsabilidade social, no qual Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 participavam da construção de um país e tinham como lema: “devolver ao país o que estávamos recebendo dele” (MATURANA, 1996, p.12). Sendo assim, todos possuíam o papel, pelo menos teoricamente, de acabar com a pobreza, o sofrimento e as desigualdades e os abusos. Para tanto,os professores não se preocupavam apenas com a transmissão de conteúdos; mas, sobretudo, na formação de um cidadão consciente de seus direitos e deveres. O CENÁRIO ATUAL Atualmente, vemos que tudo mudou, os estudantes se vêem diante de um dilema: os de ter que escolher entre o que deles se pede e de se preparar para competir no mercado profissional “e o ímpeto de sua empatia social, que os leva a desejar mudar uma ordem político-cultural geradora de excessivas desigualdades, que trazem pobreza e sofrimento material e espiritual”. (MATURANA, 1998, p.12-13). Como se vê, entre preparar-se para desenvolver a país e preparar-se para competir no mercado de trabalho ocorreu uma mudança enorme. O propósito individual superou o social e o que vemos hoje são adolescentes que, visando uma futura competição profissional, fazem de sua vida estudantil um eterno processo de negação do outro, eufemisticamente chamado de “mercado da livre e sadia competição”. Vemos também escolas que se esquecem do lado humano de seus alunos passando a tratá-los apenas como máquinas que necessitam armazenar um número cada vez maior de dados, sem sequer questioná-los, visando apenas uma boa classificação em uma futura seleção. Mas o que gerou isso? Como já foi dito, as opções neoliberais geradas pelo capitalismo selvagem impuseram uma nova sociedade em que a educação foi reduzida a um bem de consumo a mais e as relações sociais passaram a ser dominadas pelo individualismo e pelo “salve-se quem puder”. Nessa nova ordem mundial, a velocidade o tempo e o espaço passam a ser quase sinônimos, fazendo com que o capital e a informação girem, de maneira muito rápida. Surgem, então, novos requisitos para o mercado de trabalho; há cada vez mais mão-de-obra de reserva esperando pelas vagas atuais, os profissionais necessitam se adaptar a essas constantes mudanças mostrando-se cada vez mais atualizados. Com essa onda neoliberal, o sistema educativo funciona como um centro comercial, em que o Estado passa a desempenhar um papel secundário, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 deixando a educação entregue a organismos econômicos internacionais que, por sua vez, já controlam o setor financeiro. Devido a isso, a “mercantilização” educativa gera uma nova estrutura educacional em nosso país. O professor passa a encarregar-se de um número maior de funções, apesar dos encargos não terem aumentado; a administração central dá maior autonomia a diretores e professores; a família é quem passa a supervisionar e cobrar o bom desempenho e qualidade educacional; implanta-se o germe da competição entre os professores; surge, cada vez mais, a privatização desse setor, assim, quem quer educação de qualidade deve pagar por ela; implanta-s fortes teorias deterministas e inatistas através das quais se conserva e reproduz-se a mesma estrutura social de sempre. A FUNÇÃO DAS ESCOLAS Dentro desse molde, encontramos nossas escolas como mero instrumento de reprodução e conservação social, garantindo a hegemonia e o poder da burguesia de um lado e, de outro, a desagregação e exclusão social dos que possuem um poder aquisitivo menor. Ao invés da educação servir como mecanismo de transformação social, ela passa a rotular aqueles que não conseguem se enquadrar no sistema como incompetentes e, por isso, incapazes de competir. O insucesso desses é disfarçado pelo fato de todos terem o mesmo ponto de partida (direito a escola) e que o ponto de chegada dependerá de cada um; é esquecido o fato de que a escola que temos é mais contra o povo do que para o povo. A escola passa a ter o papel de fornecer àqueles que conseguirem sobreviver a esse “bombardeio”, habilidades, atitudes e competências exigidas previamente pelo mercado de trabalho para lhes assegurar uma futura empregabilidade. O sucesso excepcional de alguns indivíduos oriundos das classes mais baixas dá à escola uma aparência de legitimidade e leva as pessoas a acreditarem no mito da escola libertadora, mas que na realidade está é a serviço da conservação social, contribuindo para perpetuar as desigualdades, ao mesmo tempo que as legitima, segundo Bourdieu e Passeron (1992), esse processo se denomina violência simbólica. A violência simbólica é um conceito criado para descrever o processo pelo qual a classe que domina economicamente impõe sua cultura aos dominados de forma arbitrária, visto que não se assenta numa realidade dada como natural. O Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 sistema simbólico de uma determinada cultura é uma construção social e sua manutenção é fundamental para a perpetuação de uma determinada sociedade, através da interiorização da cultura por todos os membros da mesma. A violência simbólica expressa-se na imposição "legítima" e dissimulada, com a interiorização da cultura dominante, reproduzindo as relações do mundo do trabalho. O dominado não se opõe ao seu opressor, já que não se percebe como vítima deste processo, ao contrário, o oprimido considera a situação natural e inevitável, conforme Bourdieu (1989). Sob esta ótica, a violência simbólica pode ser exercida por diferentes instituições da sociedade. Pode ser exercida pelo Estado, quando este propõe leis que naturalizam a disparidade educacional entre brancos e negros, como a Lei de Cotas para Negros nas Universidades Públicas. Pode ser exercida pela mídia, ao impor a indústria cultural como cultura, massificando a cultura popular por um lado e restringindo cada vez mais o acesso a uma cultura, por assim dizer, erudita. E finalmente pela escola, que caracteriza o foco desta parte do trabalho. A possibilidade de mudança para esse atual quadro e criar nos alunos universitários da área de educação uma nova concepção política de educação que faça com que eles, quando em exercício de sua atividade docente, encorajem e sustentem os organismos marginais fazendo com que a instituição escolar desempenhe a função que é sua por direito, a de desenvolver nos membros da sociedade (sem distinção), as mesmas condições para enfrentarem de igual para igual um lugar no mercado de trabalho. Só assim a educação trabalhará para a transformação social, deixando de encerrar os membros das classes desfavorecidas no destino previamente assinalado pela sociedade e fazendo com que as classes marginalizadas tenham a capacidade de se inserir na sociedade na posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da história. REFERÊNCIAS BORDIEU, Pierre. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In:___.Educação em Revista. Belo Horizonte: Faculdade de Educação da UFMG, dez.1989, pp.5-15, trad. Maria Alice Nogueira. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 BORDIEU, Pierre e PASSERON Jean-Claude. Fundamentos de uma teoria da violência simbólica. In:___A reprodução. Elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves,1992. pp. 15-76. MATURANA, Humberto. Uma abordagem da educação atual na perspectiva da biologia do conhecimento. In:___. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998, pp.11-35. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 O FENÔMENO DO BULLYING EM ESCOLAS DA REDE ESTADUAL, MUNICIPAL E PARTICULAR DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ Rita de Cássia Ferreira Pedrosa Lazaroni – Graduada em História, Especialista em Educação, Mestre em Educação, Doutoranda em Educação Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O presente trabalho tem por objetivo tentar entender como o fenômeno do bullying ocorre em escolas estaduais, municipais e privada do município de Matipó. Trata-se de um trabalho empírico, que teve por base a aplicação de um questionário a respeito do assunto para os alunos do 8º e 9º ano deste município. O embasamento teórico desta pesquisa pautou-se na teoria de Fante (2005). Através desta pesquisa, pode-se analisar como é a ocorrência deste fenômeno nestas escolas. PALAVRAS-CHAVE: Bullying; Escola; Agressor; Agredido. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Esta pesquisa justifica-se pelo fato de, hoje em dia, haver muitas vítimas dentro das escolas por causa de atitudes do bullying. Pesquisas, de um modo geral, denotam que, pelo menos uma vez por semana, uma vítima é atacada por bullying. Diante desse fato, fica óbvio a necessidade de se discutir o assunto para que se possa, de alguma forma, divulgar qual é a causa dessa atitude, ou seja, por que pratica-se o bullying e como as escolas podem trabalhar de forma a coibir essa atitude. O objetivo deste trabalho é tentar entender como o fenômeno do bullying ocorre em escolas estaduais, municipais e privada do município de Matipó. Trata-se de um trabalho empírico, que teve por base a aplicação de um questionário a respeito do assunto para os alunos do 8º e 9º ano deste município. A teoria aqui utilizada baseia-se nas ideias de Fante (2005). PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Trata-se de uma pesquisa empírica, realizada em escolas da rede pública e privada do município de Matipó – Minas Gerais. Esta pesquisa pautou-se na aplicação de um questionário, que segue anexo a este trabalho. O mesmo foi aplicado em todas as escolas da zona urbana desse município – estaduais, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 municipais e privada –, no 8º e 9º anos do Ensino Fundamental. Optou-se por essas turmas por acreditar que eles já teriam uma trajetória escolar suficiente para que soubessem entender o fenômeno e poderem localizar na memória, caso houvessem participado, casos de bullying; além disso, devido ao fato de ainda estarem no Ensino Fundamental e não possuírem maturidade suficiente para tentar mascarar os acontecimentos vivenciados. Cabe salientar que, como era um assunto pouco conhecido pela maioria dos alunos, realizou-se, antes do preenchimento do questionário, uma palestra informativa a respeito do que é esse fenômeno, bem como suas principais causas e consequências. Ao todo, foram entrevistados 258 alunos, com idade variando entre 12 a 21 anos. O FENÔMENO DO BULLYING Para Palácios e Rego (2006), o fenômeno do bullying ocorre através de agressão física e/ou psicológica praticada por crianças e adolescentes, geralmente nas escolas ou suas proximidades, sempre com a intenção de causar dor ou desconforto ao longo do tempo e com evidente desequilíbrio de poder entre o agressor e a vítima. Trata-se de um fenômeno mundial e com muitas histórias bem tristes, principalmente no âmbito da escola pública e particular. Importante ressaltar que a palavra bullying não possui similar em português, mas compreende, em seu sentido, todas as atitudes agressoras e intencionais, a sua ocorrência se dá sempre sem a menor motivação para tal. Pode-se citar três envolvidos nesse fenômeno: os agressores, os agredidos e as testemunhas. Conforme Fante (2005), os praticantes do bullying são conhecidos como autores agressores. A pessoa que agride sabe muito bem com que se “mete”, porque este geralmente é pouco sociável, inseguro e desesperançado quanto à possibilidade de adequação ao grupo. Sua baixa auto-estima é agravada por críticas dos adultos sobre a sua vida ou comportamento, dificultando a possibilidade de ajuda. Tem poucos amigos, é passivo, retraído, infeliz e sofre com a vergonha, medo, depressão e ansiedade; sua auto-estima pode estar tão comprometida que acredita ser merecedor dos maus-tratos.Percebe-se que o agressor, na realidade, necessita de ajuda, uma vez que suas atitudes são sinais de que algo não está bem. Segundo Constantini (2004), o agressor é um ser frustrado e costuma ter excessiva inveja e ciúmes dos outros e os vê como inimigos porque não sofrem os seus problemas. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Quanto àsvítimas do bullying, segundo Fante (2005), são geralmente muito apáticos, pouco ou nunca reagem, aliás, eles, na maioria das vezes,não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir; geralmente são pouco sociáveis, inseguros, baixa alto-estima, alguns se acham merecedores das agressões, têm poucos amigos, são passivos e quietos. Na maioria das vezes, as vítimas têm motivos para ter medo do agressor, mas o que ocorre é que, por causa de ameaças ou de violências, acabam não tendo realmente forças para pedir ajuda e esperam até que o pior aconteça As testemunhas, por sua vez, acabam tendo medo e se calam, porque sabem que os agressores não poupam ninguém; devido a isso, acabam passando a viver num ambiente de tensão, tornando-se inseguras e temerosas de que possam ser a próxima vítima. Segundo Constantini (2004, p.68), “o simples testemunho de atos de bullying já é suficiente para causar descontentamento com a escola e comprometimento do desenvolvimento acadêmico e social.” O bullying escolar, infelizmente, é um problema cada vez maior e mais grave. Fante (2005) afirma: a violência em tais instituições coloca em questão a relação entre professor e aluno e gera prejuízos a todos: professores ficam submetidos a estresse físico e psíquico e alunos enfrentam mais um obstáculo na produção e aquisição de seu conhecimento e cidadania. Professores queixam-se da dificuldade de estar em sala de aula por causa do medo e da possibilidade de que algum ato de violência possa acontecer e alunos não se sentem seguros para confiar nos professores. (p. 455) Como se vê, as vítimas, os agressores e as testemunhas enfrentam consequências físicas e emocionais de curto e longo prazo, as quais podem resultar em dificuldades acadêmicas, sociais, emocionais e legais. É óbvio que crianças e adolescentes não são atacadas de forma uniforme, mas há uma relação direta entre frequência, duração e severidade dos atos de bullying. ANÁLISE DOS DADOS Os dados apresentados aqui são resultado de 258 questionários respondidos individualmente por alunos do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental das escolas da zona urbana do município de Matipó. Cabe salientar que, como era um assunto Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 pouco conhecido pela maioria dos alunos, realizou-se, antes do preenchimento do questionário, uma palestra informativa a respeito do que é esse fenômeno, bem como suas principais causas e conseqüências. Responderam a esse questionário alunos de 12 a 21 anos, o que pode ser visualizado no gráfico 1: GRÁFICO 1: Idade dos alunos entrevistados Percebe-se, pelos dados acima, que o número maior de ocorrências está na faixa etária de 13 a 16 anos. Vale ressaltar também que essa é a faixa etária mais comum para as séries pesquisadas, o que justifica sua grande incidência. Com relação ao gênero, percebe-se que 148 entrevistados são do sexo feminino e 110 do sexo masculino. O gráfico (2) apresenta esse resultado. GRÁFICO 2: Gênero dos alunos entrevistados. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Com relação ao tipo de unidade de ensino, ou seja, se a escola era pública, municipal ou privada, obteve-se o resultado indicado através do gráfico abaixo (3): GRÁFICO 3: Alunos por tipo de unidade de ensino Salienta-se aqui que o maior número de alunos por tipo de instituição não se deu por se querer privilegiar esta ou aquela instituição de ensino; mas sim por se ter entrevistado todos os alunos de todas as instituições de ensino da cidade. Ao se analisar a série de cada um dos alunos entrevistados, temos os seguintes resultados apresentados abaixo na tabela (1): TABELA 1 - Série dos alunos entrevistados Séries entrevistados 8º Ano 86 9º Ano 172 O maior percentual dos alunos está cursando o 9º ano: 67%, série que, atualmente, equivale à antiga 8ª série do ensino fundamental; em contrapartida, 33% dos alunos entrevistados cursam atualmente o 8º ano, que equivale à antiga 7ª série do ensino fundamental. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Inicialmente, foram detectados os casos em que os alunos relataram que já haviam sofrido bullying e, a partir daí, chegou-se aos tipos mais comuns de agressão sofridos por esses alunos. Esses resultados são vistos no gráfico (4): GRÁFICO 4: Tipos mais comuns de agressão Percebe-se, pela análise do gráfico (4), que o fator tido como mais incidente diz respeito ao fato de contar mentira ou fazer fofoca a respeito do informante (37%); seguido do fato de se apelidar ou xingar alguém (28%); na sequência, o mais recorrente diz respeito a quebrar ou pagar coisas ou dinheiro (12,7%); passando por não deixar brincar, conversas ou ficar perto (9,5%); empurrar ou chutar (8,5%); demonstrar preconceito racial (3%) até chegar à crítica da opção sexual (1,5%). Apesar de ser o fator que apresentou menor percentual, a crítica à opção sexual tem grande relevância, uma vez que esse grupo trata-se de uma minoria. O gráfico (5), que segue abaixo, demonstra a idade em que essas agressões ocorreram: Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 GRÁFICO 5: Idade em que as agressões ocorreram Verifica-se, através da análise desse gráfico, que o foco das agressões encontra-se na adolescência ou um pouco antes, na pré-adolescência, fase em que as crianças começam a ter maior criticidade. ANÁLISE DOS DADOS Através desta pesquisa, pode-se comprovar a existência do bullying nas escolas estaduais, municipais e privada da zona urbana da cidade de Matipó; a pesquisa teve suma importância, pois só quando se comprova a existência de um fenômeno é que se pode combatê-lo. A pesquisa mostrou que o número maior de ocorrências está na faixa etária de 13 a 16 anos; percebeu-se que o foco das agressões encontra-se na adolescência ou um pouco antes, na pré-adolescência, fase em que as crianças começam a ter maior criticidade. O fator tido como mais incidente diz respeito ao fato de contar mentira ou fazer fofoca a respeito do informante (37%); seguido do fato de se apelidar ou xingar alguém (28%); na sequência, o mais recorrente diz respeito a quebrar ou pagar coisas ou dinheiro (12,7%); passando por não deixar brincar, conversas ou ficar perto (9,5%); empurrar ou chutar (8,5%); demonstrar preconceito racial (3%) até chegar à crítica da opção sexual (1,5%). Apesar de ser o fator que apresentou menor percentual, a crítica à opção sexual tem grande relevância, uma vez que esse grupo trata-se de uma minoria. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Esse combate é de suma importância, já que o bullying só se reduzirá quando o ser humano compreender que todas as pessoas são iguais e, por isso, todos devem se respeitar, pois todos têm direitos e deveres, isto é, somente quando houver respeito ao próximo haverá harmonia social.Assim, a escola é o local mais indicado para se combater a violência, pois ela se combate com investimento em educação de qualidade, que tira da alienação, da ignorância e da falta de informação, o aluno, formando-o um cidadão reflexivo. Dentro desse novo cenário, é possível dizer que o ato de enfrentar o bullying constitui um ato de cidadania, uma vez que prepara os jovens para a aceitação, o respeito e a convivência com as diferenças, educando-os para a paz. O agressor precisa compreender que é melhor ser um multiplicador da ideia de que essa é uma forma de violência prejudicial a todos do que simplesmente tentar tirar vantagem da situação, ou seja, precisa compreender que agredir e ridicularizar os amigos não são as únicas maneiras de encontrar reconhecimento social. O que se percebeu é que o agressor, na realidade, necessita de ajuda, uma vez que suas atitudes são sinais de que algo não está bem. Segundo Constantini (2004), o agressor é um ser frustrado e costuma ter excessiva inveja e ciúmes dos outros e os vê como inimigos porque não sofrem os seus problemas. Para Mesquita (2003), o acompanhamento da socialização da criança é tão ou mais importante quanto tomar conhecimento do seu aproveitamento escolar; inclusive, os pais devem convidar os amigos e os colegas de escola de seu filho para irem à sua casa, pois desta forma pode acompanhar de perto com quem seu filho está se socializando. REFERÊNCIAS CONSTANTINI, Alessandro. Bullying, como combatê-lo? : prevenir e enfrentar a violência entre jovens. SP: Itália Nova, 2004. FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educarpara a paz. 2. ed. rev. Campinas, SP: Verus, 2005. PALÁCIOS, Marisa e REGO, Sérgio Tavares de Almeida. Bullying: mais uma epidemia invisível? Rev. Bras. Educ. Méd., Vol. 30, nº1, Rio de Janeiro, 2006. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 O MITO-FUNDADOR DA NAÇÃO BRASILEIRA Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Rita de Cássia Ferreira Pedrosa Lazaroni – Graduada em História, Especialista em Educação, Mestre em Educação, Doutoranda em Educação [email protected] RESUMO Pretendeu-se, com esta pesquisa, caracterizar o mito-fundador da nação brasileira. O fato de a nação ser o mito-fundador inclui todos os habitantes do território na esfera administrativa de nosso Estado, obtendo a lealdade dos habitantes ao sistema dirigente. Surge, assim, o princípio de nacionalidade e a ideia de unificação nacional. A teoria em que este estudo baseia-se é a de Chauí (2000). PALAVRAS-CHAVE:Mito fundador; Natureza; História; Governante. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A palavra mito vem da palavra grega mythos e caracteriza-se por ser uma narração pública de feitos lendários da comunidade; muitas vezes é formado através de uma tentativa de solucionar problemas reais dessa mesma comunidade. Após sua formação, esse mito busca confirmar-se e consagrar-se dentro dessa mesma sociedade que o criou e passa a ser legitimado por ela. Através de automatismos, da conduta e dos hábitos, os adultos induzem modelos de comportamentos correspondentes nas crianças, modelos esses que foram sendo confirmados pela ação do Estado durante nossa história. Assim, quanto mais complexo e acabado for esse processo de legitimação, mais ele conseguirá impor o desconhecimento de sua ação sobre os seus dominados, criando uma espécie de bloqueio, dificultando a percepção da realidade e impedindo as pessoas de lidarem com ela. Para tanto, esse artigo divide-se em partes: inicialmente, serão apresentados os procedimentos metodológicos; em seguida, será caracterizado o momento da fundação do país; logo após, será a vez de se detalhar o mito-fundador e seu processo de legitimação; posteriormente, o poder do mito fundador será visto e cada um de seus três constituintes – a natureza, a história e o governante; para finalizar, serão apresentadas as considerações finais. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Trata-se de um trabalho de revisão bibliográfica, que tem por base as ideias de Chauí (2000) a respeito do mito-fundador do país. O mito baseia-se em um semióforo que, por pertencer ao patrimônio histórico-geográfico e artístico, torna-se um valor nacional. No caso do nosso país, foi a própria nação que foi escolhida como semióforo-matriz, por produzir outros semióforos nacionais e ainda por fazer parte do culto integrador de uma sociedade uma e indivisa. Esse mito baseia-se, portanto, na idéia da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil e nas invenções históricas e construções culturais, que foram ocasionadas por ele através dos tempos. Assim, os brasileiros vivem na presença difusa de uma narrativa de origem, que, como já foi dito, apesar de ter se iniciado no período da “descoberta” de nosso país, não cessa de se repetir, operando como nosso mito fundador. AFUNDAÇÃO Segundo Chauí (2000), a fundação refere-se a um passado imaginário que é tido como instante originário. Esse momento mantém-se vivo e presente, nunca cessando, reafirmando-se sempre através de novas formas ou aspectos. O mito fundador oferece, portanto, um repertório inicial de representações da realidade que são reorganizados com o passar do tempo, adquirindo novas roupagens e repetindose indefinidamente. Como todo mito baseia-se em um semióforo2 e por pertencer ao patrimônio histórico-geográfico e artístico, sendo, portanto, um valor nacional, o poder político escolheu a nação como semióforo-matriz; pois além de produzir outros semióforos nacionais, ela faz parte do culto integrador de uma sociedade una e indivisa. Assim, esse semióforo celebra algo comum a todos e assegura e conserva o sentimento de comunhão e de unidade. A palavra nação vem do verbo latino nascor (nascer), e de um substantivo derivado desse verbo, natio ou nação, que significa o parto de animais, o parto de uma ninhada; com o tempo, essa palavra passou a significar por extensão os indivíduos nascidos de uma mesma mãe e depois os nascidos num mesmo lugar. O significado dessa palavra sofreu várias alterações até chegar ao conceito político que temos hoje de Estado-nação. 2 Signo trazido à frente ou empunhado para indicar e significar algo, cujo valor não é medido por sua materialidade e sim por sua força. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Podemos datar o aparecimento histórico de “nação” no vocabulário político na altura de 1830, e seguir suas mudanças em três etapas: de 1830 a 1880, fala-se em “princípio da nacionalidade”; de 1880 a 1918, fala-se em “idéia nacional”; de 1918 aos anos 1950 e 1960, fala-se em “questão nacional”. Nessa periodização, a primeira etapa vincula nação e território, a segunda a articula à língua, à religião e à raça e a terceira enfatiza a consciência nacional, definida por um conjunto de lealdades políticas (HOBSBAWN, 1990, p.146). O MITO-FUNDADOR E SEU PROCESSO DE LEGITIMAÇÃO Essa idéia de ter nossa nação como mito-fundador, serviu para incluir todos os habitantes do território na esfera administrativa de nosso Estado e para obter a lealdade dos habitantes ao sistema dirigente. Isso serviu, portanto, para desenvolver nosso “princípio de nacionalidade” e depois, a idéia de “unificação nacional3”. Durante esse processo, tornou-se necessário a produção de um elemento de identificação do Estado-nação: a língua foi escolhida. A partir daí, a elite cultural passou a fornecer a unidade lingüística. A nação passou a ser vista como algo que sempre existiu (desde os tempos imemoriais), porque suas raízes existiram no próprio povo que a constituiu. Então nossos intelectuais, através de nossa literatura, definiram ao povo nossa nacionalidade através da língua, tradições populares, folclore e raça. Esse mito baseia-se, portanto, na idéia da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil e nas invenções históricas e construções culturais, que foram ocasionadas por ele através dos tempos. Nosso país foi instituído como colônia de Portugal e a partir daí, foi “inventado” como “terra abençoada porDeus”, o que pode ser comprovado na Carta de Caminha, “Nosso Senhor não nos trouxe sem causa...”. Espinosa declara que esse processo de dominação baseia-se no poder teológico-político e seus principais elementos de construção surgiram na época da colonização da América e do Brasil. O primeiro constituinte é, para usarmos a clássica expressão de Sérgio Buarque de Holanda, a “visão do paraíso”, e que chamaremos aqui de elaboração mítica do símbolo “Oriente”. O segundo é oferecido, de um lado, pela história teológica providencial, elaborada pela ortodoxia cristã, e, de outro pela história profética herética cristã, ou seja, o milenarismo de Joaquim de Fiori. O terceiro é proveniente da elaboração jurídico teocêntrica da figura do governante como rei pela graça de Deus, a partir da teoria medieval do direito natural objetivo e do direito natural subjetivo e de sua 3 Cabe lembrar que após o rompimento dos laços políticos com a Metrópole, em 1822, tornava-se necessário (e até vital) a “construção” da nação Brasil como forma de legitimar o nosso país a partir de referências próprias. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 interpretação pelos teólogos e juristas de Coimbra para os fundamentos das monarquias absolutas ibéricas (CHAUÍ, 2000, p.06). Essa idéia trazida por esse mito fez com que surgisse em nosso país, até então essencialmente agrário, uma imagem legitimada do que restara do sistema colonial e da hegemonia dos proprietários de terra. Se formos à essência de nossa formação, veremos que o que realmente aconteceu foi que nosso país foi articulado ao sistema do capitalismo mercantil e determinado pelo modo de produção capitalista a ser uma “colônia de exploração”, não despertando outro interesse na metrópole que não fosse “produzir para o mercado externo, fornecer produtos tropicais e metais nobres à economia européia” (NOVAIS, 1979, p.76); ficando assim, à margem do sistema colonial. Essa ideologia nacionalista “verdeamarela” é explicada por Paul Singer como uma “dependência consentida”, a classe dominante via na dependência de nosso país o elo que os ligava à civilização; portanto, não havia nenhuma dinâmica interna realmente forte para impulsionar nosso desenvolvimento. Mas, por que quando houve uma expansão econômica em nosso país, chamada pelos dominantes de “progresso”, o “verdeamarelismo” se conservou? Sua base colonial não teria ruído devido ao processo de industrialização e urbanização? Por que o esforço demolidor feito pelo Modernismo não conseguiu desestruturá-lo? Por que em plena valorização da cultura brasileira no Modernismo surge um grupo ufanista chamado “verdeamarelismo” que acha que a nova raça brasileira ou a “raça cósmica” era superior às outras e destinada a realizar a concórdia universal? Não seria esse resgate ufanista um regresso ao atraso que se pretendia superar? Por que nem a Tropicália com sua ironia corrosiva e nem a música de protesto da MPB não conseguiram aniquilar a imagem “verde amarela” que se consolidou e ainda hoje brilha através da consagração industrial do turismo: café, futebol e carnaval, made in Brazil? A resposta talvez esteja no fato como esse mito foi/é repassado aos nossos alunos nas séries iniciais do ensino fundamental quando ele apresenta-se tão legitimamente real a crianças que ainda não possuem sua capacidade crítica aguçada.Uma vez instituído, esse discurso ufanista instaura-se e, muitas das vezes, permanece intocado no subconsciente das pessoas por várias gerações.Dessa forma, o professor, ao entrar na sala de aula para cumprir seu papel e ocupar seu Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 lugar social, recontextualiza os saberes e os discursos de sua instituição e de seu meio histórico-social e ideológico. Dentro da sala de aula, sua enunciação não é individual. Representa e repete uma rede de discursos construídos através das formações imaginárias e discursivas da sociedade, da escola para a qual trabalha e dos pais que esperam de sua pessoa o resultado positivo que acreditam ser o mais conveniente para seus filhos. O discurso do professor, então, encontra-se, segundo Foucault (1998), num jogo de relações de saber, poder, querer ser, sem atentar para a trama de poderes que circulam em todas as instâncias, abrangendo todas as instituições e atingindo a todos os indivíduos. O PODER DO MITO-FUNDADOR Esses domínios foucaultianos podem ser explicados da seguinte forma: sersaber é o domínio que tem por fim produzir, distribuir, fazer circular e regular enunciados, bem como se preocupa em isolar o nível das práticas discursivas e formular regras de produção e de mudança dessas práticas; ser-poder, o poder é visto como elemento capaz de explicitar como os saberes são produzidos e como nos constituímos na articulação entre poder e saber e, querer ser (ser consigo), que trata da relação de cada um consigo próprio e de como se constitui e emerge a subjetividade, ou seja, como a ética é entendida como a “relação de si para consigo”. Nesta mesma perspectiva, vê-se que é justamente este poder que possibilita o controle, o registro e o acúmulo de saber sobre os indivíduos vigiados, tornando-os dóceis e úteis à sociedade. Os dispositivos do poder disciplinar que compreendem saberes, poderes e instituições recobrem todos os domínios da vida humana. Visto desta forma, o poder não é uma coisa, algo que se toma ou se dá, se ganha ou se perde. É uma relação de forças que circula em rede e perpassa por todos os indivíduos, não havendo assim ninguém “fora” do poder, uma vez que, como já foi dito, trata-se de um jogo de forças, de lutas transversais presentes em toda a sociedade. Assim, saber e poder são como dois lados do mesmo processo, entrecuzam-se no sujeito e seu produto. Não há relação de poder sem a constituição de um campo de saber, nem saber que não pressuponha e não constitua relações de poder. Foucault, em vez de considerar que só há saber na ausência de poder, considera que o poder produz saber. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 O conhecimento, uma vez usado para regular a condução de outros, requer restrições, regulamentação e prática de disciplina. Assim, não há relação de poder sem a constituição correlata de um campo de conhecimento, nem qualquer conhecimento que não pressuponha e constitua ao mesmo tempo, relações de poder. Percebe-se, em nossa sociedade, que os brasileiros vivem na presença difusa de uma narrativa de origem, que, como já foi dito, apesar de ter se iniciado no período da “descoberta” de nosso país, não cessa de se repetir, operando como nosso mito fundador. Esse mito, elaborado segundo uma matriz teológico-política, possui três constituintes principais que ao se combinarem e entrecruzarem, determinam não só a imagem que possuímos do país, mas também a relação que seus habitantes possuem da história e da política de nosso país. Esses três componentes aparecem, nos séculos XVI e XVII, sob a forma das três operações divinas que, no mito fundador, respondem pelo Brasil: a obra de Deus, isto é, a Natureza, a palavra de Deus, isto é, a história, e a vontade de Deus, isto é, o Estado (CHAUÍ, 2000, p.58). A SAGRAÇÃO DA NATUREZA – PRIMEIRO CONSTITUINTE O primeiro constituinte diz respeito à sagração da Natureza. Os mapas que datam do período inicial das navegações nos mostram cartografias que descrevem um mundo real paralelo ao fabuloso e as primeiras viagens feitas pelos “colonizadores” não trouxeram apenas mercadorias e saberes exóticos, mas também novos semióforos. Dentre eles, destaca-se um Mundo Novo. Diários de Bordo e cartas dos navegantes e dos evangelizadores referem-se às nossas terras falando das belezas naturais dessa nova terra: praias, árvores, animais, solo, etc. e da simplicidade e inocência de um povo que não lavram nem criam (...) e andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos (...). Andavam todos dão dispostos, tão bem-feitos e galantes com suas tinturas, que pareciam bem (...). Andavam já mais mansos e seguros entre nós, do que nós andávamos entre eles (...). Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm nem entendem em nenhuma crença (...) porque, certo, essa gente é boa e de boa simplicidade (...) (CAMINHA – Carta). É também desta carta outras passagens celebradas: “Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro, nem Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios, assim temperada, como os de Entre Doiro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá” (CAMINHA). Como se vê, o Brasil é sempre descrito como imenso jardim perfeito: a vegetação é luxuriante e bela, as feras são dóceis e amigas, a temperatura é sempre amena (reinando assim a primavera, em contradição com o outono europeu), o céu está perenemente estrelado, os mares são profundamente limpos e as pessoas vivem em estados de inocência sem precisar “esconder suas vergonhas” (CAMINHA), esta gente, ainda era considerada sem lei, sem rei e sem crença, ou seja, estavam prontos para serem evangelizados. Isso fez com que nossos “colonizadores” acreditassem ter encontrado aqui, no Brasil, o Paraíso Terreal de que fala a Bíblia. Nascido sob o signo do Jardim do Éden, o Novo Mundo foi produzido como semióforo. Pode-se constatar a presença deste semióforo nos escritos medievais que falam a respeito das Ilhas Afortunadas ou Ilhas Bem-Aventuradas, um lugar abençoado “onde reinam primavera eterna e juventude eterna, e onde homem e animais convivem em paz” (CHAUÍ, 2000, p.59). Essas ilhas, de acordo com as tradições fenícias e irlandesa, encontram-se a oeste do mundo conhecido. Os fenícios as designaram com o nome de Braaz e os monges irlandeses as chamaram de Hy Brazil. Entre 1325 e 1482, os mapas incluem a oeste da Irlanda e ao sul dos Açores a Insulla de Brazil ou Isola de Brazil, essa terra afortunada e bem –aventurada que a Carta de Pero Vaz de Caminha descreveu ao comunicar-se a El-Rei o achamento do Brasil. “Um pouco mais tarde, virá o nome do lugar e, com esse nome, se nomeia a primeira riqueza mercantil: pau-do-Brasil, pauBrasil. Foi achado o Brasil” (CHAUÍ, 2000, p.60). A própria palavra Oriente, encontrada nos diários de bordo e na correspondência dos navegantes, é um símbolo bifronte, uma vez que possui dois significados: o primeiro, referindo a Japão, China e Índia, impérios constituídos; e o segundo, simbolizando Jardim do Éden; tanto é que na Bíblia (Gênesis) encontra-se a afirmação de que “o paraíso terrestre de leite e mel, cortado por quatro rios, localiza-se no Oriente” (CHAUÍ, 2000, p. 61). As próprias profecias bíblicas de Isaías e de Daniel nos descrevem esse paraíso como um lugar perfeito, “habitado por gentes elas, indômitas, doces e inocentes como no Dia da Criação” (CHAUÍ, 2000, p.61). Dessa forma, o Oriente significa o reencontro com a origem perdida e o retorno a ela. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Analisando a carta de Pero Vaz de Caminha, encontramos nela os três signos paradisíacos: a abundância e qualidade das águas e dos outros recursos naturais; a temperatura amena, sugerindo a eterna primavera brasileira “nem muito frio, nem muito quente”; a pureza das pessoas que aqui moram, referindo-se ao fato de que o Gênesis diz que a terra achada (o Paraíso) é entrecortada pelos rios; e uma flora abundante e exótica, fazendo referência à descrição dos habitantes do Paraíso realizadas pelo profeta Isaías. A SAGRAÇÃO DA HISTÓRIA – SEGUNDO CONSTITUINTE O segundo constituinte nos remete à sagração da história, baseada na Teologia e no providencialismo em que se baseia a realização do plano de Deus ou da vontade divina. Assim como dizem as profecias, a história se completará e o tempo fundará. Esse tempo é descrito pelo profeta Daniel como o “tempo do aumento da ciência, quando os homens ‘esquadrinharão a terra e o saber se multiplicará’ porque, então se dará a abertura do ‘livro dos segredos do mundo’” (CHAUÍ, 2000, p. 42). Os cristãos buscam sinais de aproximação dos tempos nos textos dos profetas Daniel, Isaías e os Evangelho de Mateus, Lucas, Marcos e João, em que encontramos textos que decretam o Juízo Final e a interpretação dos sonhos de Nabucodonosor e o apocalipse que decreta a proximidade do fim, o reino do Anticristo ou Babilônia, a batalha final entre o Cristo e o Anticristo, e a idéia do Reino de Mil Anos de abundância e felicidade, que precedem o Juízo Final, quando se dará o término do tempo e a entrada dos justos e santos na eternidade. Sendo o Brasil “a terra abençoada por Deus”, o paraíso reencontrado, implica dizer que ele é o mundo originário e original (o berço do mundo). Colombo afirmava que não havia necessidade de outra orientação que não fosse as profecias de Isaías e de Joaquim de Fiori para encontrar o Novo Mundo. Assim, tu chamarás por uma nação que não conheces, sim, uma nação que não te conhece acorrerá a ti (ISAÍAS, 55,6). Quanto a ti, Daniel, guarda em segredo essas palavras e mantém lacrado o livro até o tempo do fim. Muitos esquadrinharão a terra e o saber se multiplicará (DANIEL, 12,4). Eu virei, a fim de reunir todas as nações e línguas; elas irão e verão minha glória (...). Sim, da maneira que os novos céus e a nova terra que eu Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 estoupara criar subsistirão na minha presença, assim subsistirá a vossa descendência e o vosso nome (ISAÍAS, 66,18-22). Ai da terra dos grilos alados, que fica além dos rios da Etiópia. Que envia mensagens pelo mar em barcos de papiro, sobre as águas! Ide mensageiros velozes, a uma nação de gente de alta estatura e de pele bronzeada, a um povo temido por toda parte, a uma nação poderosa e dominadora cuja terra é sulcada de rios (ISAÍAS, 18,1-2). (BÌBLIA SAGRADA, 1990) Assim, Portugal se viu como povo escolhido a buscar o Mundo Novo, o Paraíso Terreal; dessa forma, eles se tornaram agentes da vontade de Deus, destinados a encontrar o Paraíso Terreal. A SAGRAÇÃO DO GOVERNANTE – TERCEIRO CONSTITUINTE O terceiro e último elemento constitutivo baseia-se na sagração do governante. Antecedendo a segunda vinda do Cristo e preparando o terreno para o embate final, é enviado o Salvador Terreno dos Últimos Dias, indicado por todos como sendo Dom Sebastião. D. João III, avô de D. Sebastião, teve onze filhos legítimos, dos quais apenas dois ultrapassaram a infância: D. Maria, que morreu pouco depois de dar a luz a seu filho com Felipe de Espanha, e D. João, que também veio a falecer, antes mesmo do nascimento de seu filho. Estes acontecimentos, que implicavam a ausência de um herdeiro direto para o trono português, faziam do então príncipe espanhol Felipe, sobrinho de D. João III, o mais forte pretendente à sucessão deste rei. Assim D. Sebastião, ansiosamente esperado, transformou-se_ como o qualificou Camões_ na “bem nascida segurança/ Da lusitana antiga liberdade”. Se, já em seu nascimento, ele se configurou como o Desejado, durante a sua curta vida, outras esperanças foram nele depositadas. É a partir deste contexto que podemos melhor entender os primórdios do mito sebástico. Oliveira, em seu livro História de Portugal, 1879, afirma ao se referir ao início da União Ibérica: (...) o povo, deprimido e miserável, nada confiava nem esperava dos homens; pedia tudo a Deus, e a um milagre. Como os antigos judeus da Palestina, os Portugueses tinham amassado com as suas lágrimas a quimera do messianismo. Devastada, vencida e por fim vendida, a Nação era um campo santo; os homens como sombras; as agitações messiânicas, espécie de fogos-fátuos que ondeavam no ar, suspensos na alta sombra da noite do s infortúnio. Os Macabeus de 1580 não tinham sabido menear a espada; e o povo, perdido o sentimento da sua realidade, como todo e como força, abandonava-se a esperar a volta do Messias – D. Sebastião, o príncipe encantador, a divina criança, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 quesoubera aspirar para a salvação comum, que viria decerto redimir a Nação! (MARTINS, 1993, p. 34) A partir de então o mito sebástico se configurou na cultura portuguesa. Num primeiro período, em que D. Sebastião ainda poderia estar vivo, esperou-se o seu retorno. Após ser desfeita essa crença começaram a pensar em duas hipóteses: por um lado se transmutou na esperança de que ele reencarnasse em outro Salvador; por outro, que ou teria ficado dormindo em sono de mistério em algum lugar encantado ou que teria uma vida excepcionalmente longa e que ressurgia nos momentos de crise. Encontrado o Paraíso Terreal, a vinda do Messias seria uma questão de tempo, antecedendo a segunda vinda do Cristo e preparando o terreno para o embate final. Enquanto a história providencialista é apropriada pelas classes dominantes e camadas dirigentes (pois assegura que as instituições existentes são o plano divino realizado), a história profética é apropriada por todos dissidentes cristãos e pelas classes populares, formando o fundo milenarista da interpretação da vida presente como miséria à espera dos “sinais dos tempos” que anunciarão a chegada do Anticristo e do combatente vitorioso. É com essa história profética que as classes populares brasileiras têm acesso à política, percebida por elas como embate cósmico entre a luz e a treva, ou entre o bem e o mal, e na qual a questão não é a do poder, mas a da justiça e da felicidade. O elemento essencial fica sendo a figura do combatente que prepara o caminho de Cristo, pré-salvador que surge nas vestes do dirigente messiânico em quem são depositadas todas e as últimas esperanças.É esta a figura assumida pelo bom governante perante as classes populares brasileiras. De acordo com essa teoria, explica-se assim o porquê de Pero Vaz de Caminha, depois de descrever a inocência dos habitantes da terra achada, diz que não possuem crença alguma, situando-os na escola de seres abaixo dos cristãos e sugerindo a El-Rei que “o melhor fruto, que dela se pode tirar, me parece será salvar essa gente. E essa deve ser a principal semente que Vossa Alteza deve nela lançar”. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 CONSIDERAÇÕES FINAIS Mas, depois de analisarmos esses três constituintes, fica claro que o mito fundador opera com uma contradição insolúvel: o Paraíso Terreal (país-jardim) não teria violência e, de acordo com a história providencialista, ruma em direção a um grande futuro. O que se vê no Brasil, é justamente o contrário, ele está mergulhado em injustiças, violência e desigualdade. As escolas, com a formação do mito do povo brasileiro, passam a reforçar essa idéia fundacional através de símbolos, data, poemas, hinos e canções encontrados nos livros didáticos. Estes, por sua vez, contam a nossa fábula, apresentando os índios como nativos, os negros como escravos, os portugueses como descobridores e os emigrantes como marco de mudança nas relações de produção. As fronteiras brasileiras são apresentadas e dentro delas há um povo. As discriminações, conflitos históricos e desigualdades são omitidos. REFERÊNCIAS BORDIEU, Pierre e PASSERON, Jean-Claude. Fundamentos de uma teoria da violência simbólica. In:_____.A Reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992, pp. 15-76. CAMINHA, Pero Vaz de. Carta a El-Rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil. In: AGUIAR, Flávio (org.). Com palmas medida. Terra, trabalho e conflito na literatura brasileira. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo/Boitempo, 1999. CHAUÍ, Marilena.Conformismo e resistência: Aspectos da cultura popular brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1986. _____. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2000. HOBSBAWN, Eric. Nações e nacionalismo desde 1780: Programa, mito e realidade. Rio de Janeiro:Paz e Terra,1990. MARTINS, Amadeu Carvalho Homem Martins. História de Portugal.Lisboa: Ediclube, 1993, vol. IX NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do antigo sistema colonial. São Paulo, Hucitec, 1979. STORNIOLO, Ivo. (trad.) Livro de Daniel. In: Bíblia Sagrada. São Paulo: Paulus, 1990. _____. Livro de Isaías. In:Bíblia Sagrada. São Paulo: Paulus, 1990. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 COMO OS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA QUE ATUAM NUMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA TÊM LIDADO COM CASOS DE INDISCIPLINA EM SUAS AULAS? Poliana de Paula Queiroz - Graduada em Licenciatura em Educação Física, Professora de Educação Física da rede Estadual de Ensino de Abre Campo Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira -Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación, Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] “Toda pessoa para ser governada precisa ser um bom governante”. Gramsci RESUMO O objetivo desse estudo foi identificar a forma como os professores de Educação Física que atuam numa cidade da zona da mata mineira têm lidado com casos de indisciplina em suas aulas. Trata-se de uma pesquisa exploratória, realizada através de questionários aplicados a cinco professores de Educação Física das escolas estaduais da localidade em questão,que atuam em todos os níveis de ensino. Os resultados apontam que a indisciplina é, indubitavelmente, um desafio apontado pelos professores no seu trabalho cotidiano. Na definição desses professores, ela é um fenômeno caracterizado pelo não cumprimento das regras e normas estabelecidas pelo regimento escolar e mesmo pela falta de respeito para com professores e alunos; alunos sem limites; alunos que atrapalham o andamento da aula e o relacionamento na escola, além de prejudicar a aprendizagem da turma de forma geral. PALAVRAS-CHAVE: disciplina; indisciplina; professores de Educação Física. INTRODUÇÃO Frequentemente ouvimos no ambientes escolares professores dizendo que não conseguem ministrar a sua aula por causa da indisciplina de alunos. A indisciplina é um grande problema enfrentando pelas escolas e nas aulas de Educação Física. Essa indisciplina não se refere a todos os alunos de uma turma, no entanto acaba comprometendo a todos. A indisciplina escolar começa a aparecer na literatura acadêmica a partir da década de 1980. A partir desse período, passou a ser considerada de diversas formas, em diferentes espaços e momentos. Com o tempo, esse fenômeno vem evidenciando relação com a organização da escola, com as práticas pedagógicas, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 com a autoridade docente, etc. E mesmo que os docentes não estejam preparados para superá-la, a indisciplina é um dos principais desafios encontrados atualmente na escola (GARCIA, 2006). Assim, a indisciplina representa um dos principais fenômenos que geram dificuldades no contexto escola. Esse fato vem se agravando de tal forma que nem a escola, nem a família conseguem solucionar o problema. Bracco (2005) coloca que a situação da escola gira em torno de auxiliarmos os professores a lidar com alunos difíceis, agressivos, que desafiam a autoridade e não se interessam por aprender. Nesse caso, a família tem lugar especial no sentido de superar tais desafios. A indisciplina vivenciada nas salas de aula pode ser a evidência de que algo está errado, seja pela postura de alunos que não fazem silêncio durante as aulas, seja pela não-participação deles nas atividades ou ainda pela postura do professor diante dos alunos. Desde fevereiro de 2009 venho atuando como professora de Educação Física numa escola situada na zona rural do município de Pedra Bonita/MG, ministrando aulas dessa disciplina para alunos dos anos iniciais do ensino fundamental e observando as situações de indisciplina ocorridas dentro da escola. Os motivos que me levaram a abordar essa temática como pesquisa para o Trabalho de Curso (TC) estão ligados a essa minha atuação como professora, já que, ao conviver com vários outros professores, colegas de trabalho, passei a ficar instigada com o fato desses comentarem, recorrentemente, em diferentes momentos, sobre alunos que apresentam comportamentos indisciplinados em suas aulas. Diante do exposto, formulou-se a questão eixo deste estudo: como professores de Educação Física de uma escola pública estadual de uma cidade da Zona da Mata mineira lidam com situações de indisciplina em suas aulas? E formulou-se o objetivo desta pesquisa que foi identificar a forma como os professores de Educação Física que atuam numa cidade da zona da mata mineira têm lidado com casos de indisciplina em suas aulas. Com este estudo pretendo contribuir para que os profissionais, não só de Educação Física, mas de todas as áreas do conhecimento, possam compreender melhor o fenômeno da indisciplina em suas aulas e que, portanto, possam elaborar alternativas para lidar com tal problema. METODOLOGIA Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Este estudo trata-se de uma pesquisa exploratória, haja vista que se concentra no aprimoramento de ideias, com o intuito de proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito (GIL, 2007). A pesquisa foi realizada no segundo semestre de 2010, através de questionários aplicados a cinco professores de Educação Física das escolas públicas estaduais de uma cidade da Zona da Mata Mineira, que atuam em todos os níveis de ensino. Para resguardar a identidade desses profissionais eles foram designados Professor 1, Professor 2, Professor 3, Professor 4 e Professor 5. O instrumento de coleta de dados apresentou 8 questões abertas, tratando de situações relacionadas ao processo de indisciplina na escola, conforme anexo. Os dados foram organizados de forma descritiva, mantendo-se na íntegra cada uma das respostas dos 5 professores. A cidade contexto da pesquisa apresenta um total de 6 (seis) professores de Educação Física. Foram aplicados questionários a apenas 5 deles, já que um professor não quis participar da pesquisa por motivos pessoais. A cidade de Abre Campo localiza-se no estado de Minas Gerais, na Zona da Mata Mineira. Foi fundada em 24 de maio de 1892. Localizada numa altitude de 548 metros e a 216 quilômetros da capital. Sua população estimada é de 13.177 habitantes e a base de sua economia é o leite e o café (IBGE, 2009). DISCUSSÃO DE DADOS Aspectos da formação e da carreira profissional dos professores Os professores pesquisados têm entre 24 e 32 anos. A faixa etária deles evidencia que profissionais mais jovens estão atuando a cada vez mais como docentes. Esse não é um momento muito simples de suas carreiras, já que “estar em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios, com vista à construção de uma identidade, que também é uma identidade profissional” (NÓVOA, 2002, p.38-9). Em relação ao tempo de formação acadêmica, um dos professores ainda não concluiu o curso superior, três o concluíram entre um e três anos e um deles há seis anos. Um dado importante é que todos os professores pesquisados iniciaram a atuação profissional antes de concluir o ensino superior. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Sobre o nível de ensino que cada um dos professores atua ficou assim caracterizado: um deles na educação infantil; dois com projeto tempo integral nos anos iniciais do ensino fundamental; um quarto com os anos finais do ensino fundamental e um último com ensino médio. Disciplinas, indisciplina e o posicionamento dos professores Discutir a indisciplina no contexto atual da educação tem se tornado uma situação muito complexa. Para Garcia (2006), nas últimas décadas, a indisciplina no ambiente escolar tem se tornado expressão usual, rupturas com as quais os professores precisam conviver em sala de aula. A indisciplina estaria desenhando um cenário indesejável, em que persiste disputando e conquistando um espaço considerável do currículo escolar. Antes de tratar da compreensão dos professores de Educação Física sobre a indisciplina é pertinente considerar o que eles entendem sobre a disciplina: “Organização, interesse e obediência”. (professor 1) “Respeitar as normas, respeitar os colegas, professores e demais profissionais da escola e se preocupar com seus estudos e conhecimento”. (professor 3) “Planejamento das aulas, domínio da turma, passar segurança e respeito aos alunos”. (professor 4) Logo, se a disciplina significa respeito às leis, podemos concluir que indisciplina, corresponde à desobediência das leis (ou regras). As expressões de indisciplina comumente refletem transgressões a parâmetros e esquemas de regulação da escola, e podem ser pensadas como formas de ruptura no contrato social subjacente às relações e intenções pedagógicas na escola, cujo eixo seria o processo de ensino e aprendizagem (GARCIA, 2006).Sobre a compreensão da expressão indisciplina escolar, responderam os professores: “Desinteresse escolar, não faz atividades propostas, interrompe as aulas com conversas paralelas”. (professor 2) Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 “Atitudes que perturbam o andamento da aula, como: falta de educação, desrespeito ao próximo e falta de compromisso”. (professor 3) “Falta de domínio sobre a turma, falta de respeito por ambos (professor/aluno) insegurança e não planejamento das aulas”. (professor 4) “Atitude ou comportamento que vão ao contrário das normas e regras estabelecidas pelo regimento escolar. Atitudes que atrapalham o relacionamento na escola e prejudica a aprendizagem”. (professor 5) Segundo Paula (2002) a habilidade dos educadores tem grande influência no sucesso de seus alunos, já que para o autor o princípio para a formação de sujeitos críticos e reflexivos é o ensino. No entanto, o ensino varia conforme a função e a experiência do professor, tais como: conhecimento; maneiras habilidosas e inteligentes de instruir e orientar; orientação para motivar; desenvolvimento da capacidade; criação de bom ambiente. Outra questão discutida nessa pesquisa é se o professor já trabalhou com alunos considerados indisciplinados e a forma como lidava com a situação. A esse respeito, responderam os entrevistados: “Sim muito difícil, mas a gente tenta contornar, chamando a atenção do aluno com algo que gosta”. (professor 1) “Às vezes, quando ocorre procuro conversar, estabelecer limites e regras e promover um clima de autenticidade, de respeito e confiança”. (professor 2) “Não, pois já tive alunos bagunceiros, mas com um pouco de conversa consigo reverter parte da situação, considero que naquele dia tivesse passado algum problema, o aluno indisciplinado não precisa de motivo para perturbar”. (professor 3) “Sim, com certeza o melhor caminho é a conversa e o diálogo, mas sempre mantendo a disciplina na frente à turma”. (professor 4) “Já trabalhei tentei conversar e castigá-los, mas o resultado não foi satisfatório, é muito complicado, normalmente ele acredita não ter muita coisa a perder”. (professor 5) Todos os professores investigados responderam evidenciando alguma medida alternativa para lidar com a indisciplina nas aulas de Educação Física, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 porém a maioria das vezes não é tão simples como descrito por eles. Para lidar com situações de indisciplina, o professor deve criar um ambiente dinâmico e ativo, que permita executar o trabalho de modo consciente, gerando resultados positivos (PAULA, 2002). Outro aspecto que chama a atenção em relação ao comportamento dos alunos é que nas outras disciplinas eles permanecem por um longo período de tempo parados, sentados na carteiras; e é nas aulas de Educação Física que encontram mais liberdade. Nesse sentido, perguntou-se ainda aos pesquisados qual o obstáculo para o professor de Educação Física controlar a disciplina na aula, a saber: “O maior obstáculo é que fora da sala é muito mais difícil porque eles querem extravasar gritar, correr para ver se esquecem os problemas.” (professor 1) “Há falta de respeito, falta de respeito entre os próprios alunos”. (professor 2) “A meu ver o maior problema é a grande expectativa sobre a aula de Educação Física, pois só querem fazer o que gostam, e quando a aula não atende seus gostos, acham que estão no direito de perturbar.” (professor 3) “Falta de espaço na escola: As quadras esportivas deveriam ser todas cobertas, amplas, onde do inicio ao fim das aulas o professor conseguiria ver todos os alunos sem perde-lós para lugar nenhum.” (professor 4) “Acredito que o problema não é exclusivo da Educação Física, o maior obstáculo é tentar fazer aquilo que devem ser feito inicialmente pelos pais que não educam seus filhos e os permitem reproduzir na escola a completa desestruturação familiar que vive em casa, sem a ajuda dos pais iremos sempre “remar contra a maré”. (professor 5) Segundo Santos et al. (2008) com relação à Educação Física, a dinâmica das aulas, através de atividades ligadas aos conteúdos de jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas, maximizam os conflitos e questões ligadas às atitudes e valores. As aulas geralmente estão sem atrativos pela falta de material, faltas de espaço físico adequado para a prática esportiva, e o descaso como é tratada a disciplina por parte dos outros profissionais. Nesse sentido, a próxima pergunta do estudo se remete às Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 estratégias que o professor utiliza para chamar a atenção dos alunos inquietos. Responderam: “Levando algo que eles gostam, conversando com eles, para eles desabafarem (e eles falam tudo porque eu ouço eles e dou conselhos).” (professor 1) “Procuro criar um clima favorável ao aprendizado, carinho, respeito e diálogo.” (professor 2) “Peço que me ajudem no que estiver fazendo, chamo-os de forma carinhosa tentando mostrar que preciso da colaboração de todos para o bom andamento da aula. Tratá-los carinhosamente é uma das melhores estratégias.” (professor 3) “Conteúdos diferentes da Educação Física escolar como artes, dança e brincadeiras cantadas.” (professor 4) “Normalmente uso estes alunos como meus ajudantes na organização do material para as aulas e atribuindo-lhes também outras tarefas que ocupam seu tempo.” (professor 5) Segundo Cancio e Abranches (2004), o professor de Educação Física deve propiciar atividades culturais, sociais, esportivas de forma prazerosa e envolvente, possibilitando a experiência solidária, cooperativa, respeito aos valores morais e superacionista, alertando para a importância da prática continuada de atividade física como promoção de saúde e lazer, contornado os problemas de falta de recursos, com criatividade e compromisso com a qualidade do ensino. Uma nova pergunta do instrumento de pesquisa foi: Onde está a causa indisciplina na sala de aula? “A causa começa em casa, os meninos não tem uma estrutura familiar concreta e aí por diante.” (professor 1) “Muitas vezes o professor não dá atenção para o aluno, não abre um diálogo, não abre diálogo, não tem carinho com os alunos, etc.” (professor 2) “Esta na falta ou pouca educação passada pelos pais aos nossos alunos.” (professor 3) Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 “A indisciplina acontece pelo fator trazido de casa, falta de estrutura familiar se em casa não respeita os pais como respeitar o professor”? (professor 4) “Aprendi uma vez, e acredito muito nisso que educação vem do berço (na maioria dos casos). Se a família não cumprir o seu real papel de agente educador primário os professores iremos nos tornar inúteis na difícil e complicada arte de educar pessoas”. (professor 5) A indisciplina tem uma série de razões. Uma delas refere-se às dificuldades que, atualmente, muitos pais enfrentam em impor limites aos filhos. Na maioria dos casos, porque não permanece tempo suficiente com os seus filhos e quando os vêem preferem não discutir. Além disso, vive-se uma crise de valores, sobretudo com a imposição de referenciais midiáticos, nos quais vale mais a aparência do que o conhecimento ou o engajamento social. Referente às causas da indisciplina, destaca-se a ausência da base familiar no início da educação dos alunos, juntamente à falta de autoridade e omissão na delimitação de limites por parte dos pais das crianças, fatores que promovem esse comportamento inadequado. Citam, também, as características da estrutura escolar que conserva os alunos por longos períodos imobilizados em carteiras, fatos que colaboram para a manifestação da indisciplina nas aulas de Educação Física, já que é um dos únicos momentos em que os alunos se sentem “livres” (SANTOS et al., 2008). Sendo assim, a indisciplina é causada pela soma de diversas razões distribuídas igualmente entre a escola, família, ausência de limites, desigualdade social, aluno e professor. Sabendo-se dos desafios que a indisciplina coloca aos professores na escola, uma nova questão colocada a eles nessa pesquisa é como procuram contornar a questão da indisciplina na sala de aula. Sobre isso, ponderaram: “Avaliando a participação dele em tudo o que ele faz”. (professor 3) “Com um diálogo aberto, com carinho, respeito, atenção, paciência, motivação, procurar conversar com o aluno individualmente, procurar saber se ele esta passando por algum problema, etc.”. (professor 2) “Tento conversar com esses alunos de forma amorosa, caso não adiante passo para advertência ou até mesmo um trabalho sobre a matéria estudada com punição, na tentativa de alguma mudança.” (professor 3) Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 “Conversa, diálogo, carinho e diferentes contéudos da Educação Física escolar (artes,dança, etc.).” (professor 4) “É dificil dizer isso, mas acabo burlando algumas regras que acredito serem fundamentais, de certa forma acavo indo contra meus principios e convicções adquiridos na universidade, e assim enfrento um grande dilema no dia-a-dia, ou quebro meus principios e dou minha aula, ou simplesmente passo o tempo todo brigando e discutindo com os alunos, isso é terrível, seus sonhos, seus planos, seus desejos de transformar vao por água a baixo num piscar de olhos.” (professor 5) Realmente, conquistar a disciplina em sala de aula e na escola tornou-se um verdadeiro desafio para o ensino atual. Na prática, o que vemos é uma escola que não proporciona alegria, satisfação e tampouco aprendizado consistente, estando desta maneira muito distante das aspirações e necessidades dos alunos (CANCIO e ABRANCHES, 2004). Segundo Marrach (2006), citado em Fuzii (2006), a reforma educacional ao longo dos anos resultou na queda de qualidade de ensino e da educação em geral. Além disso, os baixos salários e a desvalorização da profissão acarretam na desmotivação do profissional e na perda de respeito dos alunos. A autora ainda acrescenta que, os conflitos sociais estão refletidos na escola. Isso significa que a violência, o preconceito, o nivelamento de classes, o uso de drogas, entre outros aspectos influenciam diretamente no comportamento dos alunos. CONSIDERAÇÕES FINAIS A disciplina na escola, segundo estes professores, está presente naquele aluno que apresenta respeito às normas, aos colegas, aos professores e aos demais profissionais da escola, aquele que apresenta interesse e participação durante as aulas. Eles afirmam ainda que a indisciplina presente nas aulas de Educação Física é mais facilmente percebida do que nas demais disciplinas, notadamente pela sua própria essência prática, mas não praticista (MEDINA, 2001). Os alunos quando chegam à quadra querem gastar toda a energia que, muitas vezes, é contida dentro da sala de aula. A indisciplina é um grande desafio enfrentado nas aulas de Educação Física que, segundo os professores entrevistados, pode ter como um dos fatores a Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ausência dos pais na educação dos seus filhos, trasferindo para a escola o papel de suprir essa carência dos alunos, prejudicando assim o andamento das aulas. Outro fator, relacionado ainda à forma que os pais têm educado os seus filhos, é que a família não está cumprindo o seu papel de agente educador primário. Há também a questão da insegurança do professor na hora de ministrar as aulas, principalmente quando não prepara adequadamente as atividades, deixando os alunos ociosos, induzindo-os a buscar outras atividades como conversas, brincadeiras. Ao final dessa pesquisa recomendamos que novos estudos sejam feitos para melhor compreender a indisciplina, notadamente um estudo que tenha como instrumento de coleta de dados a entrevista e a observação participante. Nesse sentido, seria plausível aprofundar sobre o que os professores dizem e o que fazem a respeito da indisciplina no cotidiano da escola e, com isso, responder às questões que não foram possíveis a essa pesquisa, tais como: as estratégias pedagógicas utilizadas pelo professor colaboram para o surgimento de situações de indisciplina? Qual o perfil do profissional de Educação Física dessa escola? O tempo de exercício da docência desse professor é um fator que influencia no processo de indisciplina? O horário ou o turno que ocorre a aula se constitui em fator relevante para a ocorrência da indisciplina? Acreditamos que refletir sobre essas indagações poderá iluminar a prática pedagógica dos professores, já que a sociedade só caminha que tiver que buscar respostas para suas perguntas. REFERÊNCIAS ABRANCHES, Maria Alice, CANCIO, Educação Física:realidade atual. Revista Científica da FAMINAS. Faculdade de Minas. Muriaé, 2005. Anais. BRACCO, Silvia Maia. Psicanálise e educação: um diálogo possível.. In: SIMPOSIO INTERNACIONAL DO ADOLESCENE,2005, São Paulo. Anais... Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.phpscript=sci_arttext&pid=MSC0000000082 005000100007&lng=en&nrm=abn>. Acesso em:16 set.2010. FUZZI, Tómio Fábio. A Indisciplina na Escola e na Educação Física: Significados e Causas. 2006.Niteroi. X EnFEFE - Encontro Fluminense de Educação Física Escolar. Lazer e Educação Física Escolar. Disponível em http://cev.org.br/biblioteca/a-indisciplina-escola-na-educacao-fisica-significadoscausas. Acesso em 06 març.2011. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 GARCIA, Joe. Indisciplina, incivilidade e cidadania na escola. Educação temática digital, Campinas, v.8, 1, p. 121-130, dez. 2006. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2007. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Cidades @.Disponível em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso em: 04.out.2010. MEDINA, João Paulo Subirá. A Educação Física cuida do corpo ... e “mente”. 21.ed. Campinas: Papirus, 2001. 96p. (Coleção Krisis). NÓVOA, Antônio. Formação de professores e o trabalho pedagógico. Lisboa: Educa, 2002. 88p. PAULA, Jairo de. Como contornar situações difíceis em sala de aula. In: Um dia sonhei minha realidade: Coletânea da obra de Jairo de Paula. São Paulo. 4.ed. 2002. SANTOS, Ivan Luis dos Santos, RODRIGUES, Heitor de Andrade, FUZZI, Fábio Tomio, OLIVEIRA, Ricardo Simões de, OLIVEIRA, Mateus Kerr de, PELIQUI, Daniela Fernanda, DARIDO, Suraya Cristina, As percepções e os significados para os estagiários de Educação Física em relação à indisciplina na escola. 2008.Porto Alegre, UGRG.Disponível emseer.ufrgs.br/Movimento/article/view/2976, Acesso em 06 març.2011. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 CASOS DE INDISCIPLINA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DA CIDADE DE SANTA MARGARIDA Adriana Vieira Soares Lima, Flávia Schiavo Silva e Michele Caldas Campos – Graduandas em Pedagogia, Centro Universitário de Caratinga – UNEC Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da UNEC e da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O objetivo deste estudo foi identificar os fatores que contribuem para o desenvolvimento de casos de indisciplina em uma Escola Pública Estadual de Santa Margarida-MG. Esta pesquisa,de natureza qualitativa, foi realizada através de entrevistas com uma professora de uma turma de 4º ano numa escola Pública Estadual da cidade de Santa Margarida-MG. Além disso, observação participante de 4 dias de aulas dessa professora. A coleta de dados foi realizada de fevereiro a junho de 2011. Trata-se de uma pesquisa em andamento. Os resultados parciais apontam que o fator que mais contribui para que exista indisciplina no âmbito escolar é a desestruturação familiar, embora o fator econômico tenha que ser levado em consideração. Percebemos que a falta de um relacionamento equilibrado na família e a não participação dos pais na vida escolar do filho favorece situações de indisciplina. Com este estudo pretendemos contribuir para que a escola perceba as inadequações na condução dos processos de indisciplina. Além disso, pretendemos apontar caminhos para que a família perceba a colaboração dela para superar tal situação. PALAVRAS-CHAVE:indisciplina; disciplina; fatores; anos iniciais. INTRODUÇÃO Diante das situações vivenciadas pelos professores nas escolas da rede pública sentimos incômodos ao depararmos com a realidade apresentada pelos educadores sobre os atos indisciplinares presentes no cotidiano da instituição escolar. A cada dia surgem novas hipóteses relacionadas ao assunto na tentativa de chegar a um consenso do que realmente é necessário para amenizar o problema. Os problemas de indisciplina representam um dos mais antigos e persistentes desafios encontrados nas escolas (ESTRELA, 2002). Longe de ser um fenômeno estático, as expressões de indisciplina têm mostrado uma complexidade crescente, sobretudo na segunda metade do século passado (AQUINO, 1996; D’ANTOLA, 1989; VASCONCELOS, 2001). Segundo Zenczuk (2004),nas últimas duas décadas, diversas questões relativas à indisciplina escolar têm sido discutidas em eventos educacionais no Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Brasil, em periódicos científicos e diversos trabalhos de pós-graduação strictosensuno campo educacional. Estrela (2002) afirma que a escola sofre influência da sociedade, uma vez que é um sistema aberto que interage com o meio. Isso significa que ela não está imune contra tensões e desequilíbrio da sociedade considerada envolvente. SegundoCorreia e Simon (2006) quando se aborda um texto sobre uma das questões mais polêmicas que estão norteando a educação escolar, a indisciplina, não se pode deixar de explicitar alguns aspectos interagentes ao meio em que essa educação se realize, a escola como um foco principal e suas relações com o ambiente externo legitimadas pelos alunos que possuem concepções e formações próprias. Como ressalva Estrela (2002, p. 67) são de diferentes ordens as variáveis que interferem na comunicação escolar e repercutem no plano disciplinar. Ao depararmos com essas situações surge a seguinte indagação: que fatores contribuempara que os alunos pratiquem atos de indisciplina no âmbito escolar?Será que os fatores socioeconômicos influenciam diretamente na indisciplina? É possível que o ambiente em que a escola está inserida favorece a prática de atos da indisciplina? O objetivo deste estudo foi identificar os fatores que contribuem para o desenvolvimento de casos de indisciplina em uma Escola Pública Estadual de Santa Margarida-MG. Os autores que compuseram a revisão bibliográfica dessa pesquisa foram Jacobino (2008); Alves et. al. (2002), Santos e Nunes (2006), Correia, Simon (2006) e Garcia (2008). Por uma questão de limite de páginas tiveram de ser retirados desse texto. Assim, o objetivo deste estudo será descobrir até onde essas situações contribuem para a conduta da indisciplina. Com este estudo pretendemos contribuir para que a escola perceba as inadequações na condução dos processos de indisciplina. Além disso, pretendemos apontar caminhos para que a família perceba a colaboração dela para superar tal situação. REFERENCIAL TEÓRICO Atualmente, a indisciplina na sala de aula tem gerado muitos conflitos entre professor x alunos e também comunidade. Segundo Tiba (1998) o aluno traz de casa a falta de limites não estipulados pelos pais e excedem em sala de aula. A falta Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 de regras objetivas por parte da instituição escolar favorece o abuso por parte dos alunos e expõem o professor. Para Gropa (1996) o assunto é complexo, há uma linha tênue entre indisciplina e violência, envolvendo professores, orientadores, diretores, pais e os próprios alunos, o problema em geral é tratado de maneira imediatista sem o circunstanciamento conceitual necessário. Portanto antes de iniciarmos uma discussão a respeito de indisciplina escolar, primeiramente, descreveremos o conceito de disciplina segundo Tiba (1996, p. 115). A disciplina escolar é um conjunto de regras que devem ser obedecidas tanto pelos professores quanto pelos alunos para que o aprendizado escolar tenha êxito. Portanto, é uma qualidade de relacionamento humano entre o corpo docente e os alunos em uma sala de aula e, conseqüentemente, na escola. Noesis (1996) citado por Sá (2001p. 15) coloca que “a indisciplina é todo o ato perturbador das normas estabelecidas no território escola causado por problemas comportamentais que afetam o desenvolvimento e asfinalidades do projeto educativo”. De acordo com Jesus (1996) e Caeiro e Delgado (2005, p.15) o conceito daindisciplina no contexto escolar envolve os comportamentos dos alunos que perturbam asatividades que o professor pretende desenvolver na sala de aula, nomeadamente: fazerbarulho, bocejar, sair do lugar sem autorização, participar fora da sua vez, agredir verbal oufisicamente os colegas, dizer asneira discutir com o professor, recusar sair da sala de aulaquando “convidado” a fazê-lo, etc. Caeiro e Delgado (2005, p.15), afirmam que uma das mais comunsdefinições de indisciplina é quando o aluno impede que a escola cumpra com seus objetivos.Mas para que essa indisciplina aconteça, ela tem origem em três aspectos: a escola, o professore o aluno. SegundoMendes (2007) quanto ao corpo docente, quando este não estabelece limites,o aluno automaticamente acaba desrespeitando as normas da escola, pois muitas vezes, há falta de coerência entre o que ele diz e o que ele faz. Com esse tipo de atitude o professor acaba contribuindo para a desordem durante as aulas. Afinal no que se diz respeito ao aluno, há várias posturas a serem consideradas. O ambiente familiar onde ele se encontra contribui para a indisciplina, a cultura familiar autoritária onde as crianças estão acostumadas a serem punidas e Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 a receberem severos castigos, por isso não consegue viver em ambiente democrático. Existem também pais que dão muita liberdade, levando assim seus filhos a não cumprirem suas obrigações rotineiras e sentem-se frustrados quando não é o centro das atenções diz Mendes (2007). Neste sentido, em conformidade com Noesis (1996) citado por Reis e Sá (2001, p. 15)a indisciplina é “todo o ato perturbador das normas estabelecidas no território escolar, causado por problemas comportamentais que afetam o desenvolvimento e as finalidades do projetoeducativo”. De acordo com as definições apresentadas, podemos de uma forma resumida definir aindisciplina no contexto escolar como sendo todas as formas de conduta representadas pelos alunos que põe em causa a sadia convivência na sala de aula em particular e na escola emgeral. METODOLOGIA Esta pesquisa,de natureza qualitativa foi realizada através de entrevistas com uma professora de uma turma de 4º ano numa escola Pública Estadual da cidade de Santa Margarida-MG. Além disso, observação participante de 4 dias de aulas dessa professora. A coleta de dados foi realizada de fevereiro a junho de 2011. Trata-se de uma pesquisa em andamento. Fundada há 60 anos, a escola está localizada no centro da cidade e recebe alunos dos anos iniciais do ensino fundamental. Possui 22 turmas sendo que estes são de várias classes sociais. Devido à grande demanda de alunos as turmas são divididas em dois prédios. Quanto aos funcionários, ela possui cerca de dois pedagogos e quinze funcionários de serviços gerais. A escola funciona nos turnos matutino de 07h00min as 11h00min e vespertino de 12h30min a 17h00min horas. A cidade de Santa Margarida,segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2010) possuiaproximadamente 14.806 habitantes. Clima tropical de altitude, sua principal atividade econômica é a cafeicultura. Possuem trinta e cinco escolas contando com as duas creches municipais. Duas das escolas são particulares e atendem alunos do pré-escolar até o 5º ano do ensino fundamental. Uma atende alunos do ensino médio e duas de ensino fundamental sendo uma dos anos iniciais e outra finais. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETA DE DADOS Atos de indisciplina se tornam cada vez mais frequentes nas escolas. Segundo Gotzens (2003 p. 22) a disciplina escolar não consiste em um receituário de propostas para enfrentar os problemas de comportamentos dos alunos, mas em um enfoque global de organização e da dinâmica do comportamento na escola e na sala de aula, coerente com os propósitos de ensino. Para isso é preciso, sempre que possível, antecipar-se ao aparecimento de problema e só em último caso reparar os que inevitavelmente tiverem surgidos, seja por causa da própria situação de ensino, seja por fatores alheios à dinâmica escolar. Algumas aulas e atitudes dos sujeitos evidenciam a presença de indisciplina. No decorrer de uma das aulas observamos após terminar os exercícios, a professora foi checar os cadernos dos alunos. No entanto, teve muita dificuldade em manter a ordem, pois enquanto dava os vistos, alguns alunos ficavam conversando, levantando, brincando com outros alunos. A professora chamava a atenção pedindolhes que ficassem quietos. Com uma régua um dos alunos incomodavam seu colega ao lado. Percebendo a situação, a professora retira o objeto da criança, o qual se mostrou insatisfeito, percebendo a não satisfação do discente. Um fato que nos chamou a atenção foi as repetidas vezes que os alunos saíram de seus assentos para apontar seus lápis em uma cesta que ficava próximaà porta onde entravamos na sala.Percebemos que situações de indisciplina, observadas no decorrer das aulas, vêm de fatores externos, pois as crianças já chegam agitadas.Pedimos à professora que relatasse um fato que evidenciasse manifestação de indisciplina. Ela disse: Ouvi um aluno dizer que ninguém manda nele, e que ele bate na mãe dele; por isso não respeita as regras da escola. Quando eu pedi para me falar mais de suas atitudes ele disse que a mãe não importa e que até acha bom ele ir morar com a avó. Perguntei se ele é feliz assim e ele disse que sim, porque com a avó ele consegue tudo. E que quer mesmo é morar com a avó, já que ela mora sozinha (Maria Teresa, professora). Segundo Aquino (1996) estas atitudes de indisciplina revelam um sintoma das relações familiares desagregadoras incapazes de realizar a contento sua parcela no trabalho educacional. O amor e atenção que os pais oferecem a seus filhos interferem diretamente na criança, envolve toda sua capacidade psicológica e Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 social. Muitas vezes, esta criança através de comportamentos como indisciplina quer chamar atenção de seus pais. Ao sabermos da professora sobre seu ponto de vista a respeitodo porquê a desestrutura familiar favorece a indisciplina, ela responde: Porque às vezes são criados com tanto autoritarismo e agressividade que os impossibilitam de conviverem em harmonia em um espaço democrático como é a escola. Por outro lado, tem aqueles criados sem limites, com dengos e cheios das vontades que não conseguem conviver freqüentemente, com regras e obrigações e se rebelam com comportamentos indisciplinares para chamar a atenção (Maria Teresa, professora). Quando bate o sinal do recreio, vemos que as crianças saemagitadas para merendar e brincar, porém eles têm apenas dez minutos para fazerem isso. Também constatamos que muitos dos alunos não trazem merenda de casa, alimentando-se então da merenda que é oferecida pela escola. Perguntamos à professora quais os fatores que mais favorecem a indisciplina e ela apontou a desestrutura familiar.Percebemos que muitas das crianças chegam à escola pensando na merenda, pois pode ser a única refeição que eles têm no dia, com isso surge a inquietação, a falta de atenção. A respeito disso, Buscaglia (1993, p 79) firma que “a família é definida como um sistema social pequeno e independentemente, dentro do qual podem ser encontrados subsistemas ainda menores, dependendo do tamanho da família e das definições de papéis”. Terminando o recreio todos voltam para a sala, muito agitadas. A professora tem certa dificuldade para retomar a aula. Chama a atenção dizendo que o recreio já acabou e que era para todos se assentarem e pegarem o caderno de Matemática. Na visão da professora indisciplina é o comportamento rebelde do aluno. Muitas vezes, para expressar seus conflitos inseguranças e medos. Ela diz: Acho que a indisciplina e sem dúvida um dos maiores problemas da educação. Ela vem aumentando até nos anos iniciais. Observo uma grande rebeldia como falta de respeito, de amor, de compreensão, falta de limites e um grande xingamento e más respostas (Maria Teresa, professora). Para Garcia (1999, p.103), novas formas de produzir a indisciplina compreendem o engajamento de alunos, ainda que de grupos divergentes, que se Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 organizam e estabelecem atitudes indisciplinares coletivas, que incluem desde a prática de determinado professor, “passando por estratégias para intimidar uma professora aponto de forçar que esta abandone a escola’, e alcançam processos complexos de contestação da orientação pedagógica dos professores e da escola”(p.103). Após a saída da professora os alunos começam a ficar agitados. Levantam de seus lugares, brincam de pular sobre as carteiras, falam altoetc. Um aluno começa a implicar demasiadamente com seu colega. Ambos iniciam uma correria dentro da sala. Para completar, um aluno pega uma folha do chão e passa no rosto de um colega, que também fica irritado e a sala fica uma tremenda confusão. Um aluno que estava encostado na porta avisa a todos que a professora estava chegando. Quando ela chega, ele relata toda a confusão e aponta os causadores. Neste momento, todos se assentaram e ficaram quietos. A professora não teve nenhuma reação diante relato do aluno. Ao perguntarmos que tipo de manifestação ela tem quando um aluno realiza algum ato de indisciplina diz: Ajo primeiro no emocional do aluno. Em segundo lugar, ajo pela razão. Procuro levá-lo a questionar sobre suas atitudes e suas conseqüências. Deixo bem claro a posição da turma em relação em seus atos. (Maria Teresa, professora). De acordo com Estrela, (2002, p.19-20) o professor, muitas vezes, inconscientemente estabelece uma organização monárquica da sala de aula, manifestada por um conjunto de privilégios inerentes ao seu cargo e função: o professor seleciona o saber e os recursos permitidos para o acesso a esse saber; ditas as normas e controlam os comportamentos; arbitra as matérias de disputa; condicionam sentimentos ao condicionar a possibilidade da sua exteriorização, controla as relações humanas na sala de aula; determina os critérios do que é bom, verdadeiro, belo, útil correto. Para a professora, a punição que é dada é a reflexão. A absolvição acontece quando confessa seu ponto de vista ou pede desculpas. Há situações que o aluno se isola ou aproxima querendo cativar os colegas. Sobre este assunto Tiba (1998) coloca quando são punidos tem sua situação agravada, pois a sensação de desamparo se eleva. O ideal é não tirar Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 conclusões apresadas e analisar a situação antes de atribuir qualquer disciplina à falta de educação. Ao averiguarmos com a professora sobre qual alternativa ela usa para lidar com atos de indisciplina ela coloca: Como disse anteriormente a falta de estrutura familiar reflete e muito no comportamento do aluno e futuramente na sociedade. Acho que todos os seguimentos da sociedade, principalmente as igrejas deveriam trabalhar mais o quesito família. O aluno indisciplinado de ontem é pai de família de hoje e com certeza de uma família desestruturada. A indisciplina dentro da sala de aula inibe a autoridade e o papel do professor, mesmo quando ele tem todos os suportes, médicos neurologista, psicólogo, assistente social, conselho tutelar, pedagogo e a presença dos pais. Eu como professora me dou autoridade e tenho consciência que devo conduzir o processo de ensino aprendizagem construindo e favorecendo a formação de cidadãos(Maria Teresa, professora). Para Aquino (1996, p.98) “é impossível negar, portanto, a importância e o impacto que a educação familiar tem (do ponto de vista cognitivo, afetivo e moral) sobre o sujeito. Entretanto, seu poder não é absoluto e irrestrito”. Para resguardar a efetividade de sua função educativa, a estrutura familiar precisa adaptar-se as circunstâncias novas e transformar determinadas normas, sem deixar, no entanto, de constituir um modelo de referências para os seus integrantes. Pedimos à professora que nos relatasse sobre quais as decisões tomadas pela escola e o seu posicionamento a respeito de atos de indisciplina, ela faz uma comparação entre duas escolas, dizendo: A posição da escola como primeiro passo é o diálogo e como segundo passo chama os pais à escola. Trabalho em duas escolas e apresento essa comparação. Numa as decisões são levadas com mais freqüência para os pais. Na outra as decisões são tomadas dentro da própria escola. Nessa há menos indisciplina e o aluno é responsável para responder por seus atos desde as séries iniciais. Exemplos: Trazer outro de casa se quebrar prato, talher, carteira, material do colega. É o maior vexame ser chamado ou levado à presença do diretor ou pedagogo (Maria Teresa, professora). Após o esclarecimento sobre as atitudes da escola, indagamos à professora como é o comportamento dos pais quando são chamados na escola por situação de indisciplina do filho, ela nos responde que na maioria das vezes já chegam Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 envergonhados, pois já conhecem as atitudes do filho e admitem não saberem que decisões tomar. A respeito disso, Tiba (1998) aponta aspectos sociológicos que causam a indisciplina, são problemas no relacionamento de pais e filhos, falta de interesse por parte dos pais com a vida escolar do filho, carência afetiva por parte do filho. Diante de todos os atos de indisciplina procuramos saber que tipo de orientação a equipe pedagógica passa aos professores. A educadora nos relata que chamam os pais ou responsáveis e fazem o PDI (Plano de Desenvolvimento Individual) e encaminham para os pais. Conforme pesquisa realizada,observamos que algumas situações ocorrem devido ao descaso da família no âmbito escolar, grande parte não auxilia os filhos em tarefas escolares, não aparecem na escola fora do período de reunião e não comparecem às reuniões, só vão quando são convocados. A escola precisa alertar os pais sobre a importância de sua participação: o interesse em acompanhar os estudos dos filhos é um dos principais estímulos par que eles estudem. Antunes (2002, p.25) salienta que “ensinar não é fácil e educar mais difícil ainda; mas não ensina quem não constrói democraticamente as linhas do que é e do que não é permitido”. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a realização de observações e entrevistas, pudemos perceberque o fator que mais contribui para que exista indisciplina no âmbito escolar, é a desestruturação familiar. Percebemos que a falta de um relacionamento equilibrado na família e a não participação dos pais na vida escolar do filho favorece as situações de indisciplina. Compreendemos que a falta de limite e o excesso do autoritarismo imposta pelos pais favorecem os alunos o não cumprimento das regras. Mesmo com algumas manifestações de indisciplinas observadas em sala de aula, verificamos que a professora consegue manter a disciplina nas aulas e o andamento da aprendizagem, conseguindo uma interação entre todos. REFERÊNCIAS ALVES, Anne; SILVA, Luciana; SILVA, Mara; ROSA Artur – XII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Graduação – Universidade do Vale do Paraíba. Disponível http//www.inicepg.univap.br>Acesso em 25 de setembro de 2010. em: ANTUNES, C. Professor bonzinho = aluno difícil: a questão da indisciplina em sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. AQUINO, Júlio Groppa (Org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e praticas. São Paulo: Sammus, 1996 p. 83 – 101. BUSCAGLIA, L. Vivendo, amando e aprendendo. 15.ed. Rio de Janeiro: Record, 1993. CAEIRO, José e DELGADO, Pedro. Indisciplina em contexto escolar. Lisboa: Instituto Piaget, 2005. CORREIA, Marines; SIMON, Ingrid – XV Seminário internacional de educação: a construção coletiva do sucesso escolar. 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Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 OS DESAFIOS DE INCLUIR PESSOAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS EM ESCOLAS REGULARES: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE SANTA MARGARIDA Aline Sodré Oliveira Vieira e Fabrícia do Carmo Mageste Santos – Graduandas em Pedagogia, Centro Universitário de Caratinga – UNEC Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da UNEC e da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O objetivo deste trabalho foi identificar o tratamento oferecido a alunos que apresentam necessidades educacionais especiais em uma escola pública estadual da cidade de Santa Margarida – MG. Foi realizada uma pesquisa qualitativa através de entrevista estruturada com 1 professor, 1pai e 1 pedagogo de uma escola pública estadual da cidade de Santa Margarida-MG. Muito precisa mudar para que a inclusão aconteça a fim de que, de fato ela não seja apenas o cumprimento das leis. Se os alunos ficarem participando da aula sem conseguir aprender isso não é incluir, mas integrar. Inclusão de verdade produz os frutos do aprendizado para todos: alunos, professores, funcionários e a sociedade. INTRODUÇÃO Ao iniciarmos o curso de Pedagogia nos deparamos com os vários problemas na área da educação. Uma questão que nos chamou a atenção foi a de como as nossas escolas estão recebendo os alunos com necessidades educacionais especiais (NEE), pois ao termos uma aula de introdução a Libras tivemos a presença de alunos com NEE e isso despertou-nos a curiosidade de saber o que a escola está fazendo para incluí-los. Começamos a nos interessar e a perguntar se havia na escola mais algum aluno e qual seria o seu tipo de NEE. Descobrimos que nas turmas regulares não há muitos alunos incluídos a maioria deles estão na APAE, o que gerou o questionamento de porque isto está acontecendo se é por falta de conhecimento dos pais em relação à inclusão ou falta de preparação dos educadores e da escola em atender as necessidades de cada um. Para Saviani (1991), a função da escola é estender, a todos os seus alunos, o conhecimento elaborado e sistematizado, fundamental para que as pessoas tenham Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 maior liberdade de ação pela assimilação e internalização do conhecimento, a partir do processo de ensino e de aprendizagem. No ano de 1986 surgiu a proposta de integração educativa. O ensino dos alunos com necessidades educativas especiais poderia ser realizado no contexto da escola regular. Cardoso (2003, p.19) explicita que: Esta nova concepção não nega que os alunos tenham problemas em seu desenvolvimento. No entanto, a ênfase consiste em oferecer ao aluno uma mediação. A finalidade primordial é analisar o potencial de aprendizagem, como sujeito integrado em um sistema de ensino regular, avaliando ao mesmo tempo quais os recursos que necessita para que sua evolução seja satisfatória. O conceito necessidades educacionais especiais remete às dificuldades de aprendizagem e também aos recursos educacionais necessários para atender essas necessidades e evitar dificuldades. As escolas hoje estão se preocupando mais com a inclusão, mas é necessário esclarecer que não basta apenas ter boas idéias e não as colocar em pratica. É preciso fazer valer a palavra inclusão da forma correta e incluir os alunos em todos os sentidos. No Brasil ainda há muito que fazer para melhorar a qualidade do ensino e incluir todas as pessoas com igualdade e respeito, e fazer isto não por obrigação, mas sim pela necessidade e a importância que eles tem para a sociedade. Neste sentido surgiram varias interrogações, tendo como questão eixo: Como alunos que apresentam NEE são tratados em uma escola pública? Qual o papel dos pais neste processo? Como os alunos estão sendo recebidos nas escolas? Os professores estão preparados para atender estes alunos? Como os alunos se sentem estudando em escolas regulares? O objetivo deste trabalho é identificar o tratamento oferecido a alunos que apresentam NEE em uma escola pública estadual da cidade de Santa Margarida – MG. Os autores que compuseram a revisão bibliográfica dessa pesquisa foram Barbosa, Rosini e Pereira (2007), Vitalino (2007), Aguiar e Duarte (2005), Silva e Aranha (2005), Ferreira (2007). Por uma questão de limite de páginas tiveram de ser retirados desse texto para o evento. Com esse estudo pretendemos contribuir para que a escola e a família percebam que uma parceria entre eles é indispensável para o sucesso do processo de inclusão. Além disso, pretendemos apontar caminhos para melhorar a qualidade Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 do ensino e proporcionar aos profissionais que atendem estes alunos os conhecimentos necessários e o significado real do que é inclusão. REFERENCIAL TEÓRICO Para compreender melhor esta pesquisa é necessária uma breve reflexão sobre os conceitos de educação inclusiva e os tipos de deficiência, uma vez que para atingir o sucesso escolar é preciso compreender as instituições e suas limitações. A história da educação dos deficientes tem nos mostrado que sua marginalização é historicamente determinada por um conjunto de forças sociais econômicas, políticas, culturais, ideológicas - que convencionam os limites entre normalidade e anormalidade. Conscientes disso, estudiosos em ciências como medicina, psicologia, sem relegar as contribuições da sociologia, tem contribuído para o estabelecimento de parâmetros mais apurados, tanto qualitativos como quantitativos, para designar os deficientes, os segregados socialmente e para propor soluções em busca da "superação" das diferenças. Vai-se constituindo, assim, todo um corpo de profissionais na área (JANNUZZI, 1995). Neste sentido, Werneck (1997,p.52) diz: Na inclusão o vocabulário integração é abandonado, uma vez que oobjetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foramanteriormente excluídos. A meta primordial da inclusão é não deixarninguém no exterior do ensino regular, desde o começo. A Lei de Diretrizes e Bases (9394/96) assegurou que a criança deficiente física, sensorial e mental, pode e deve estudar em classes comuns. Dispõe em seu art. 58 que a educação escolar deve situar-se na rede regular de ensino e determina a existência, quando necessário, de serviços de apoio especializado. Prevê também recursos como classes, escolas ou serviços especializados quando não for possível a integração nas classes comuns. O art. 59 contempla a adequada organização do trabalho pedagógico que os sistemas de ensino devem assegurar, a fim de atender as necessidades específicas, assim como professores preparados para o atendimento especializado ou para o ensino regular, capacitados para integrar os educandos com necessidades especiais nas classes comuns. Referente aos tipos de deficiência, Schwartzman( 1999, p.262) fala sobre a deficiência mental: Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A educação de crianças com Síndrome de Down, apesar de suacomplexidade, não invalida a afirmação de quem tem possibilidade deevoluírem. Com o devido acompanhamento,poderão tornar-se cidadãosúteis à comunidade, embora seus progresso não atinja os patamares dascrianças normais. Nabais (2000) fala sobre a deficiência visual, em que apesar da existência de leis e decretos, ainserção do deficiente visual no mercado de trabalho é muito restrita eagravada por vários fatores, sendo o mais importante à falta de qualificaçãoprofissional pela maioria. Isso é ocasionado, pela ausência de medidasvoltadas para a educação e a dificuldade de acesso aos cursos existentes.Existe ainda, a crença por parte dos empregadores, que pessoas portadoras dedeficiência não se integram ao grupo de trabalho, podem causar acidentes,além da preocupação com o custo de adaptações e aquisição de equipamentosespeciais. Para Soares (1999),historicamente, a educação do surdo voltou-se mais ao desenvolvimento da comunicação do quea conhecimentos, situando-se no âmbito da caridade e filantropia, desvinculada da educação como direito de liberdade e igualdade. Manteve, assim, o estereótipo da incapacidade de aprender por não ouvir. Na área da deficiência física, a partir de 1958 no Brasil começamos realmente a ver a possibilidade da pratica do desporto para deficiente através das cadeiras de rodas, com a construção de dois de clubes, um na cidade de São Paulo e outro na cidade do Rio de Janeiro, para pessoas paraplégicas que retornavam dos Estados Unidos com a prática do esporte em cadeiras de rodas (SOUZA, 1994). Depois de um tempo as medidas de reabilitação muscular pelas atividades físicas através do esporte começaram a seguir outra direção, pela inclusão de conhecimentos ligados à psicologia do desenvolvimento e aprendizagem, psicomotrocidade e educação, gerando espaço para o professor de Educação Física (Silva, 2009).Ainda neste sentido,Sassaki (1998, pg.09) afirma: Esse paradigma é o da inclusão social – as escolas (tanto comuns como especial) precisam ser reestruturadas para acolherem todo espectro da diversidade humana representado pelo alunado em potencial, ou seja, pessoas com deficiências físicas, mentais, sensoriais ou múltiplas e com qualquer grau de severidade dessas deficiências, pessoas sem deficiências e pessoas com outras características atípicas, etc. É o sistema educacional adaptando-se às necessidades de seus alunos (escolas inclusivas), mais do que os alunos adaptando-se ao sistema educacional (escolas integradas). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Assim de acordo com Martins (2001), as barreiras enfrentadas são inúmeras devido às atitudes preconceituosas que permeiam as práticas sociais, difíceis de serem modificadas e, a legislação, por si, só não garante as mudanças. As escolas carecem de investimentos, precisam ser equipadas para atenderem a clientela portadora de deficiências e os professores precisam ser preparados. Poucos são os professores que passaram por cursos na área do ensino especial. METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa qualitativa através de entrevista estruturada com 1 professor, 1pai e 1 pedagogo de uma escola pública estadual da cidade de Santa Margarida-MG. Para resguardar a identidade dos sujeitos os nomes utilizados são fictícios. A pesquisa foi realizada de fevereiro a junho de 2011. Após apresentação e assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), aos participantes da pesquisa e considerando a adesão voluntária. A entrevista, de acordo com Bogdan e Biklen (1994), é o melhor instrumento de abordagem para o estudo de pessoas que partilham uma característica particular. Aquilo que partilham entre si revelar-se-á mais claramente quando cada um puder falar de suas perspectivas, mais do que quando observado em suas atividades. A escola atende a vinte e duas turmas de quinto ao nono ano nos turnos da manhã, tarde e noite. Cada turma tem cerca de trinta alunos com a faixa etária e situação sócio-econômica variável totalizando seiscentos e quarenta e seis. Ela se localiza no centro da cidade e possui um pedagogo. Possui cinquenta e seis funcionários, entre eles professores, bibliotecários e funcionários de serviços gerais. A cidade se localiza na zona da mata mineira, com uma população estimada em 14.806 habitantes de acordo com o censo do IBGE 2009. A maior fonte de renda da região é o café, que é cultivado em toda zona rural seguido de culturas de roça branca (milho, feijão, etc.) e a pecuária que também é bastante explorada. OS DESAFIOS DA INCLUSÃO DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NA CONCEPÇÃO DOS SUJEITOS INVESTIGADOS Para Saviani (1991), a função da escola é estender a todos os alunos, o conhecimento elaborado e sistematizado, fundamental para que as pessoas tenham maior liberdade de ação pela assimilação e internalização do conhecimento, a partir do processo de ensino e aprendizagem. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Algumas aulas e atividades dos sujeitos evidenciam a inclusão dos portadores de necessidades educacionais especiais. A esse respeito, entrevistamos uma professora de nome Maria das Graças, sobre o que ela entende por inclusão. Ela respondeu: Eu penso que inclusão é criar possibilidades para que o aluno seja inserido no meio em que vive. Nesse meio ele fará atividades a seu modo e tempo junto com os demais e agir sem discriminação. Sobre isso a pedagoga declarou: A inclusão é um dos maiores desafios atuais da educação, muito importante para toda sociedade e está mudando a escola para melhor. A criança com NEE tem o direito de estudar e conviver em escolas normais. De acordo com Werneck (1997, p.52) “o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram anteriormente excluídos. A meta primordial da inclusão é não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo”. No primeiro dia de observação notamos como são tratados os alunos com NEE. Na sala observada estudam crianças com NEE. Sobre essas crianças a professora destaca: Vanessa é muito difícil de lidar, pois além de ser agressiva está sempre querendo fugir da escola e tem que ser vigiada constantemente. Já Carolina ficou com deficiência física depois de sofrer de um câncer, onde perdeu a coordenação motora das pernas e braços, por isso fica nervosa e chora muito quando não consegue realizar as atividades. Assim, perguntamos à professora se ela teve preparação para trabalhar com essas crianças e a resposta foi: Não tive treinamento pedagógico nenhum, durante todo esse tempo conto minha sensibilidade, experiência de muitos anos e comprometimento com meu trabalho que tanto gosto. Castanho e Freitas (2005, p. 1) afirma que a universidade é um lugar onde os valores e práticas de educação inclusiva precisam ser vivenciadas e, para isso, os professores precisam de preparo que vai além do conhecimento científico, visto que em diferentes espaços educativos temos singularidades e conflitos de valores. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A falta de experiência de muitos profissionais pode acarretar uma série de problemas para a criança, esse não é o caso de Maria das Graças. Em entrevista ela conta: Este é o primeiro ano que trabalho com essa situação. Trabalho muito a questão da auto-estima desses pequenos. A solidariedade entre os colegas, um ajudando o outro, criando condições para que melhore este relacionamento, utilizo toda “ferramenta”, encaminho à psicóloga, fonoaudióloga, monto o PDI, na esperança de amenizar a situação. A respeito da forma como os alunos da sala reagem à interação entre eles, a professora destaca que: A princípio há certa rejeição, o diferente assusta, eles buscam informações de como e por que, da situação, demoram um pouco a aproximar-se, cabe ao professor conversar, não esconder nada, promover contatos solidários, tratar o tema com naturalidade e respeito como deve ser. De acordo com Martins (2001), as barreiras enfrentadas são inúmeras devido às atitudes preconceituosas que permeiam as práticas sociais, difíceis de serem modificadas e, a legislação, por si, só não garante as mudanças. As escolas carecem de investimentos, precisam ser equipadas para atenderem a clientela portadora de deficiências e os professores precisam ser preparados. Poucos são os professores que passaram por cursos na área do ensino especial. Em relação ao aspecto físico da escola, a professora evidencia que este ambiente não está preparado para atender aos alunos. Ela revela: A escola pública recebe esses alunos, mas não tem estrutura física e nem pedagógica, por isso a inclusão não acontece de maneira afetiva. Esses alunos são vistos diferentes com olhos de piedade que distanciam ainda mais. A professora conta com a ajuda dos alunos quando Carolina quer ir ao banheiro, pede que uma amiguinha a leve. Relata que o banheiro pode estar molhado e que não a deixa ir sozinha por medo de escorregar. Com relação a este fato a mãe de Carolina, a Sra. Sônia, disse que já avisou a diretora que é muito perigoso para sua filha e pediu uma atenção especial para as serventes. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Neste sentido, Sassaki (1998, pg.09) afirma que esse é o paradigma da inclusão social – as escolas (tanto comuns como especial) precisam ser reestruturadas para acolherem todo espectro da diversidade humana representado pelo alunado em potencial, ou seja, pessoas com deficiências físicas, mentais, sensoriais ou múltiplas e com qualquer grau de severidade dessas deficiências, pessoas sem deficiências e pessoas com outras características atípicasetc. É o sistema educacional adaptando-se às necessidades de seus alunos (escolas inclusivas), mais do que os alunos adaptando-se ao sistema educacional (escolas integradas).Ainda sobre a adaptação da escola a mãe de um dos alunos em entrevista nos relatou: A escola não está bem preparada, pois precisa colocar rampas, adaptar o banheiro e refeitório. Durante as observações notamos a paciência e o cuidado que a professora tem com a aluna Vanessa, durante o recreio ela se relaciona bem e se desenvolve melhor. Ao retornar para a sala de aula ela fica nervosa, inquieta e, muitas das vezes, a aluna se mostrou agressiva, até jogou a carteira no chão. A professora comenta durante a observação: Trabalho com eles, não vou negar que é um desafio, mas eles são três, embora os outros dois não me dêem trabalho nenhum, eu tenho que leválos ao banheiro, tomar água, sair para o recreio e a aluna Vanessa quer ocupar todo o meu tempo. Conversei com a diretora a respeito de tirá-la da sala, não estou excluindo-a, mas tenho três alunos com NEE e, às vezes, por ter que lidar com isso pode prejudicá-los não dando atenção que eles necessitam. Durante a observação a professora relatou que os professores de educação física também acham difícil em uma mesma turma ter três alunos com NEE, já que eles podem machucar, acaba ficando com medo que aconteça algo. A professora tenta buscar alternativas que facilite seu trabalho, chegou até mesmo conversar com o médico de Vanessa para saber como lidar com ela. Duarte (2003) destaca que somente a partir da última década os cursos de Educação Física colocaram em seus programas curriculares, conteúdos relativos a pessoas com necessidades especiais e que o material didático que trata das formas de trabalho com essa população, escrito em nossa língua, é escasso. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A professora sabe que é difícil encontrar educadores competentes que estão dispostos a encarar esse desafio. No terceiro dia de observação Maria das Graças disse que os colegas de trabalho não querem ter essa responsabilidade e compromisso de educar crianças com NEE por serem alunos frequentes. Ela diz que é difícil eles faltarem de aula. Na concepção da professora, muita coisa pode ser feita para melhorar a comodidade e a inclusão desses alunos com NEE no sistema público de ensino. Como exemplo na sala dela com três alunos com NEE, deveria ter menor quantidade de alunos, salas superlotadas dificultam o trabalho. Ela acredita na interação das crianças, mas com condições necessárias para adaptá-las. Além disso, a escola juntamente com a família deve participar desse processo. A respeito disso a professora diz: Percebo que a família também fica um pouco perdida com o filho portador de NEE, os pais vão agindo meio que sem saber ao certo o que fazer e buscam na escola um apoio para amenizar os transtornos vivenciados. A mãe da aluna Carolina declarou que é muito importante a participação dos pais e que teve que aprender junto com a filha como lidar com certas situações para poder ajudá-la. Segundo Kuester (2000) as atitudes parentais em relação à inclusão escolar constituem uma variável chave para determinar o sucesso da educação inclusiva. CONSIDERAÇÕES FINAIS A escola, apesar de se dizer inclusiva, está longe de atingir esse objetivo. Os problemas são vários, a escola não tem uma estrutura física adequada.Os professores, embora tenham muita boa vontade e façam o que lhes é possível, não têm qualificaçãoe não estão preparados para atender as necessidades especiais dos alunos. A direção parece demonstrar pouco interesse em mudar esta realidade, pois estão preocupados somente em dizer que a escola está recebendo os alunos com NEE, mas não se eles estão incluídos. Muito precisa mudar para que a inclusão aconteça a fim de que, de fato, ela não seja apenas o cumprimento das leis. Se os alunos ficarem participando da aula sem conseguir aprender isso não é incluir, mas integrar. Inclusão de verdade produz os frutos do aprendizado para todos: alunos, professores, funcionários e a sociedade. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 REFERÊNCIAS SILVA, Rosária Amorim; VIEIRA, Sabrina Gardingo (2008). O lugar da relação escola-familia na educação de alunos de uma escola publica estadual da cidade e Manhuaçu–MG: a percepção de gestores, pais, professores e pedagogos. Manhuaçu; 2008. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996). Citado por: AGUIAR, João Serapião de; DUARTE, Édison (2005). Educação inclusiva: um estudo na área da educação física. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, volume 11, maio a agosto de 2005. Disponível em: www.scielo.br. Acesso em: 03/09/2010. CARDOSO (2003); citado por: AGUIAR, João Serapião de; DUARTE, Édison (2005). 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Acesso em: 19/10/2010. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 SASSAKI (1998). Citado por:JESUS, Fabio de; FREITAS, Alessandro (2010).Handebol adaptado para cadeirantes na escola.Revista Digital - Buenos Aires - Ano 15 - Nº 144 – Maio de 2010. Disponível em: http://www.efdeportes.com. Acesso em: 19/10/2010. SAVIANI (1991); citado por: SILVA, Simone Cerqueira da; ARANHA, Maria Salete Fábio (2005). Interação entre professora e alunos em salas de aula com proposta pedagógica de educação inclusiva.Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, volume 11, maio a agosto de 2005. Disponível em: www.scielo.br. Acesso em: 03/09/2010. SCHWARTZMAN (1999). Citado por: FERREIRA, Maria Elisa Caputo (2007).O enigma da inclusão: das intenções às práticas pedagógicas. Educação e Pesquisa, São Paulo, volume 33, setembro a dezembro de 2007. Disponível em: www.scielo.br. Acesso em: 03/09/2010. SILVA (2009). Citado por:JESUS, Fabio de; FREITAS, Alessandro (2010).Handebol adaptado para cadeirantes na escola.Revista Digital - Buenos Aires - Ano 15 - Nº 144 – Maio de 2010. Disponível em: http://www.efdeportes.com. Acesso em: 19/10/2010. SOARES (1999). Citado por: MICHELS, Maria Helena (2005).Paradoxos da formação de professores para a Educação Especial: o currículo como expressão da reiteração do modelo médico-psicológico.Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, volume 11, maio a agosto de 2005. Disponível em: www.scielo.br. Acesso em: 19/10/2010. SOUZA (1994).Citado por:JESUS, Fabio de; FREITAS, Alessandro (2010).Handebol adaptado para cadeirantes na escola. Revista Digital - Buenos Aires - Ano 15 - Nº 144 – Maio de 2010. Disponível em: http://www.efdeportes.com. Acesso em: 19/10/2010. WERNECK (1997);Citado por: SILVA, Rosária Amorim; VIEIRA, Sabrina Gardingo (2008). O lugar da relação escola-familia na educação de alunos de uma escola publica estadual da cidade e Manhuaçu–MG: a percepção de gestores, pais, professores e pedagogos. Manhuaçu; 2008. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA:UM ESTUDO EM UMA TURMA DE UMA ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL DE SANTA MARGARIDA – MG Juliana Dutra Vieira e Andréa Heloisa Vieira– Graduandas em Pedagogia, Centro Universitário de Caratinga – UNEC Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade.Professora da UNEC e da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O objetivo deste trabalho foi identificar a participação da família numa escola pública municipal da cidade de Santa Margarida – MG, tendo como foco os dados de uma das turmas da escola. Essa pesquisa qualitativa foi realizada através de entrevista semi-estruturada com 04 pais, 01 professora e 01 coordenadora pedagógica dessa Escola Pública da cidade de Santa Margarida – MG. Os dados foram colhidos entre fevereiro e junho de 2011. Nesse ponto de vista, família e escola devem aproveitar as possibilidades de estreitamento de relações, porque o ajuste entre ambas e a união de esforços para a educação das crianças é o que vai determinar no rendimento escolar do aluno. Aproveitamos para destacar que essa é uma pesquisa em andamento e que novos olhares e caminhos poderão ser apontados ao final deste processo. INTRODUÇÃO Atualmente, temos presenciado inúmeras mudanças na sociedade, principalmente no que se refere à família. As mulheres já não vivem mais em tempo integral para a família, buscam sua independência perante a sociedade, conquistando cada vez maior espaço no mundo profissional, inclusive batalha para que seu trabalho seja tão valorizado quanto o dos homens. Os homens também vêm modificando-se perante a sociedade do século XXI, muitos assumiram as tarefas da casa antes vistas como exclusivamente pertencentes ao gênero feminino. Nesse sentido, foi curioso observar no ano passado determinada empresa de carros brasileira que desenvolveu sua propaganda explorando essa nova fase da família: a esposa era quem presenteava o esposo com um carro. Pela propaganda era possível identificar a esposa como uma empresária e o esposo como o homem do lar. Perante essas mudanças na família e na sociedade, as crianças são entregues cada vez mais cedo à instituição educacional. Conceitos que anteriormente eram trabalhados no seio familiar passam agora para os cuidados da escola. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Diante desse fato, podemos vivenciar a desintegração dos valores como ética e cidadania, sendo estes cada vez menos valorizados na sociedade atual, a sociedade do século XXI, das revoluções científicas e tecnológicas, mas também do desgaste da formação do sujeito. O trabalho de formação do cidadão é algo diário e persistente, ambos precisam estar totalmente integrados e reconhecendo a importância de seus papéis para que realmente possam alcançar resultados positivos. Para Bock (1989, p. 143): A importância da primeira educação é tão grande na formação da pessoa que podemos compará-la ao alicerce da construção de uma casa. Depois, ao longo da sua vida, virão novas experiências que continuarão a construir a casa/indivíduo, relativizando o poder da família. Nunca se discutiu tanto a falta de limites, a falta de respeito, a desvalorização do papel dos pais e professores como nos últimos anos. Também nunca se ouviu tantos professores reclamando dificuldades em relacionar-se com os alunos e pais de seus alunos. O resultado dessas mudanças acaba sendo refletido no desempenho escolar dos alunos, passando a ter prejuízos em seus rendimentos escolares e consequentemente desmotivando-os à vivência no ambiente escolar. Diante do exposto, surgem aqui as questões dessa pesquisa: Qual o lugar da escola e da família na formação do caráter humano? Como integrar essas duas instituições indispensáveis à formação do cidadão e tão necessária em nossa sociedade? O objetivo deste trabalho foi identificar a participação da família numa escola pública municipal da cidade de Santa Margarida – MG. Os autores que compuseram a revisão bibliográfica dessa pesquisa foram Carvalho (2004); Prado, Pereira e Ricci (2008); Viana e Anjos (2009); Rigo (2008) Silva (2008); entre outros. Por uma questão de limite de páginas, tanto a revisão bibliográfica como também o referencial teórico, tiveram de ser retirados desse texto. Com esse estudo pretendemos contribuir para que a escola e a família façam a sua parte no processo de ensino e aprendizagem, uma vez que cada uma delas como instituições educativas tem o seu papel singular na formação de sujeitos críticos e reflexivos para compor a sociedade mais justa e livre. METODOLOGIA Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Essa pesquisa qualitativa foi realizada através de entrevista semi-estruturada com 04 pais, 01 professora e 01 coordenadora pedagógica de uma Escola Pública Municipal da cidade de Santa Margarida – MG. A pesquisa foi realizada entre fevereiro e junho de 2011, concentrando-se em dados apenas de uma das turmas da escola.Aproveitamos para destacar que essa é uma pesquisa ainda em andamento. Para resguardar a identidade do sujeito e instituições, usaremos nomes fictícios. A pesquisa foi realizada após apresentação e assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), aos participantes da pesquisa e considerando a adesão voluntária. A Escola Municipal pesquisada atende alunos da Educação Infantil, anos iniciais do Ensino Fundamental e Educação para Jovens e Adultos (EJA). Com aproximadamente 300 alunos de diferentes classes socioeconômicas, no centro da cidade. São trinta e sete funcionários dentre eles: professores, auxiliares de serviços gerais e eventuais. Seu horário de funcionamento se dá nos turnos Matutino, Vespertino e Noturno. A Escola foi fundada no ano de 2010. A estimativa da população de Santa Margarida e de 14.806 habitantes (IBGE, 2010), sua principal atividade econômica se da por meio de cafeicultura e agropecuária. CATEGORIAS Segundo Freire (1998) a escola deve ser um local aberto à alegria, ao diálogo, à franqueza, à beleza e acima de tudo, com as condições devidas para que tanto o aluno como os professores sintam-se valorizados, respeitados e amparados. É imprescindível também para uma criança na escola se sentir segura no ambiente em que está inserida e, visando esse bem estar, é importante que os pais estejam acompanhando cada momento da vida escolar de seu filho. Para Rigo (2008) citado por Tiba, (1996, p. 140): O ambiente escolar deve ser uma instituição que complemente o ambiente familiar do educando, os quais devem ser agradáveis e geradores de afetos. Os pais e a escola devem ter princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno. A esse respeito, perguntamos à professora de educação infantil Regiane como é a participação dos pais na escola, ela respondeu: Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Alguns pais são ausentes. É preciso ter uma parceria entre a escola e a família, pois estes são aspectos fundamentais para que a criança se sinta segura e amada (Regiane, professora). Porém, é preciso que essa participação seja recíproca, o professor também deve propiciar um ambiente confortável para a criança. Segundo Carvalho (2003, p. 02), “as relações entre a escola e a família, além de supostos ideais comuns, baseiam-se na divisão do trabalho de educação de crianças e jovens, e envolvem expectativas recíprocas”. Entrevistamos mães e pais de alunos do 4º ano do Ensino Fundamental e, ao perguntarmos o que o filho revela do professor em casa, obtivemos as seguintes respostas: Ela fala que a professora é mal-humorada, está sempre irritada e não tira as dúvidas dos alunos (Marina, 33 anos). Ela gosta da professora sabe, só que, às vezes, ela reclama do mauhumor, dos gritos. Mas ela compreende que a classe é bastante enérgica e precisa de disciplina (Francisco, 35 anos). Meu filho diz que a professora grita muito, principalmente quando ele tem uma dúvida sobre a matéria, ela explica pouco, mas elogia quando ele faz correto o exercício (Miguel, 39 anos). Ele reclama que ela é chata, não explica a matéria. A professora dá muita bronca nele e ele não gosta. Ele tem até medo de perguntar pra professora, e a gente que é mãe fica sem jeito, sem saber se é verdade ou é mentira da criança (Christine, 34 anos). O tipo de relacionamento que existe entre o professor e os alunos é fundamental mesmo na sala de aula.A confiança que os alunos atribuem ao professor torna-se decisiva nos processos de ensino e de aprendizagem. O desenvolvimento de tal processo exige a relação de confiança e empatia entre o professor e o aluno, uma vez que “não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar” (FERNÁNDEZ 1991 p.52 citado por TASSONI 2004, p. 03). Acreditamos, assim como Tassoni (2004), que não existe aprendizagem exclusivamente cognitiva, uma vez que, segundo Arantes (2004), os educandos não excluem do ambiente escolar os aspectos Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 afetivos da personalidade nem mesmo quando interagem com os objetos de conhecimento. Tivemos a oportunidade de perguntar aos pais como é a participação da professora na vida dos alunos e obtivemos as seguintes respostas: Muito fraca (Marina, 33 anos). Olha, devido a minha filha ser muito independente e dedicada e a classe que ela estuda ter um grande número de alunos, quase não é muito dependente da professora, mas quando é necessário, ela está presente (Francisco, 35 anos). Para Prado, Pereira e Ricci (2008) uma conversa franca dos professores com os pais numa reunião em que é permitido falarem e opinarem sobre vários assuntos é fundamental na tentativa de entender melhor os filhos e alunos. A construção dessa parceria deve partir dos professores, visando, com a proximidade dos pais na escola e que a família esteja cada vez mais preparada para ajudar os seus filhos. Nesse sentido, é importante que haja entrosamento para que os professores e pais possam ter com quem dividir, buscando alternativas para encontrar o melhor para os alunos. A esse respeito, a professora Isadora, ao ser questionada, sobre como é a sua relação com os alunos, diz: Boa, sempre dialogando, respeitando suas opiniões (Isadora, professora). Essa fala parece evidenciar certa contradição relacionada ao seu convívio com os alunos, uma vez que quando o professor assume uma sala de aula ele deve ter consciência que está lidando com crianças e que, além de ensinar, ele precisa contribuir, em maior parte, para que exista uma relação de confiança, respeito e afeto no ambiente da sala de aula, pois como mencionamos anteriormente, a criança precisa se sentir segura no ambiente escolar, por que ali passa boa parte do seu tempo e a escola torna-se parte de sua vida. Para Carvalho (2003) citado por Carvalho (2000, p. 04): Do ponto de vista da escola, envolvimento ou participação dos pais na educação dos filhos e filhas significa comparecimento às reuniões de pais e mestres, atenção à comunicação escola-casa e, sobretudo, acompanhamento dos deveres de casa e das notas. Esse envolvimento Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 pode ser espontâneo ou incentivado por políticas da escola ou do sistema de ensino. A esse respeito identificamos nas entrevistas pontos-chave para nossa discussão ao que se refere às reuniões e acompanhamento dos pais nas tarefas de casa. Entrevistamos a coordenadora da escola em questão e, ao perguntarmos qual é a importância dos pais comparecerem em reuniões na escola, Denise respondeu: É primordial, pois escola e família devem caminhar juntas, pois o desempenho escolar não depende só de professor e aluno, mas também o acompanhamento familiar (Denise, coordenadora). Questionamos, pois, como a escola promove essa interação pais/alunos/ambiente escolar? A coordenadora respondeu: A relação entre professor, aluno e pais é de grande importância no aprendizado, por isso, sempre que possível mantemos contato, ou promovemos reuniões para que, juntos possamos promover o educando (Denise, coordenadora). Rigo (2008 p. 02) afirma que nos dias atuais a escola não pode viver sem a família e vice-versa, uma vez que é através da interação, que tem como objetivo o desenvolvimento do bem-estar e da aprendizagem do educando/filho, que haverá contribuição na formação integral do aluno. Voltando às entrevistas com os pais, perguntamos como acontecem as reuniões na escola. Uma mãe respondeu que nunca participou de nenhuma, que pedem, mas a escola não marca. Diante disso, perguntamos por qual motivo. A mesma mãe continuou dizendo: E tem um motivo sim, é por que os alunos morrem de medo da professora, ela é muito mal humorada sabe. E nós estamos chateados com isso (Alice, mãe de aluno, 30 anos). Outros pais também responderam essa pergunta: Nós não tivemos reunião (Marina, 33 anos). Apesar de ela frequentar a escola que estuda há apenas seis meses, ainda não houve reunião, só a festa do dia das mães (Francisco, 35 anos). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Simplesmente não acontece, eles não marcaram ainda nenhuma reunião(Miguel, 39 anos, gerente). Não estão boas as reuniões por que ainda não teve nenhuma reunião(Christine, 34 anos). Quando perguntamos à professora dessa classe como é a participação dos pais na escola, ela respondeu o seguinte: Muito boa, procuram mesmo quando não são convocados. (Isadora, professora). Nessa fala a professora Isadora deixa evidente que os pais têm procurado a escola, mas não diz como é a relação entre eles. Participação dos pais na vida escolar do filho é diferente de relação amigável com o professor. De acordo com Prado, Pereira e Ricci (2008) esse contato entre escola e família é muito importante, pois permite que os pais tenham mais intimidade com o educador dessa criança ficando assim, mais tranquilos e mais seguros ao entregar seus filhos para o professor ensinar. Até então, verificamos a participação relacionada ao professor e coordenação da escola, mas precisamos saber se a família está realmente preocupada e interessada com a vida escolar do filho, uma vez que esta instituição se caracteriza como alicerce para a educação da criança. Prado, Pereira e Ricci (2008, p. 02) afirmam que “essas crianças e jovens precisam sentir que pertencem a uma família, porque a família é a base de qualquer ser, não se refere somente a família de sangue, mas também famílias que são construídas através de laços e afetos”. Uma tarefa de primordial importância e que demonstra como os pais se posicionam com relação ao aprendizado dos filhos são os deveres de casa. Sobre isso questionamos como é a relação entre os pais e seus filhos nas tarefas de casa. Eles responderam: Nós damos atenção necessária pra ela (Marina, 33 anos). Minha filha é muito independente com tudo, mas sempre que eu tô por perto eu auxilio, principalmente em Matemática, que é a minha área (Francisco, 35 anos, empresário). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 É uma relação muito boa, eu ajudo ele nos deveres e brincadeiras quando é preciso (Miguel, 39 anos, gerente). Eu ajudo em todas as tarefas, em tudo que for preciso, todos os dias (Christine, 34 anos). Nessa perspectiva, de que a professora não tem relação com a vida pessoal do aluno perguntamos a ela como é o desempenho dos alunos, cujos pais não têm participação efetiva na escola e ela nos responde o seguinte: Apresentam algumas dificuldades e perdem notas na participação (Isadora, professora). A professora faz questão de ser objetiva nas respostas, mas, deixa claro que a escola se esforça para que os pais sejam atuantes na vida escolar dos filhos. Nesse caso, averiguamos essa questão com os pais ao perguntarmos se existe algum motivo que os impede de participar das atividades na escola: Não (Marina, 33 anos). Não. Sempre faço o possível para comparecer (Francisco, 35 anos). Sim. Meu trabalho, eu trabalho das 07h30min às 20h30min (Miguel, 39 anos). Sim. Meu trabalho, não é sempre que eu posso comparecer (Christine, 34 anos). Atualmente, a mulher não se limita mais a cuidar da casa e dos filhos e, com o passar do tempo, a busca por um espaço no mundo profissional tem aumentado. Este é um fator que, apesar de ser bom para o orçamento familiar, é o principal motivo para os pais deixarem a desejar no acompanhamento dos filhos. A intenção é que tenha sempre algum responsável disponível para acompanhar as atividades escolares. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao propormos uma reflexão sobre a participação da família na escola, constatamos que é imprescindível que a família seja presente, interessada, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 organizada e, acima de tudo, uma família que apoie o seu filho na escola, pois nem sempre o aluno irá encontrar um professor que seja paciente, calmo, carinhoso e que possibilite a disciplina em sala de aula. O aluno convive com ele parte considerável de seu tempo e, durante um ano todo, guarda experiências para a vida toda. Depois que o período letivo se finda o professor será outro no ano seguinte, porém, a família será sempre aquela que deverá acompanhar o desempenho escolar de seu filho. Ressaltamos a importância de ser um professor compreensivo, disciplinado, paciente e concentrado. Características que não se aprendem nos cursos superiores, mas, na vida e na experiência com crianças que aspiram cada gesto, palavra e ação que o educador reproduz em sala de aula. Nesse ponto de vista, família e escola devem aproveitar as possibilidades de estreitamento de relações, porque o ajuste entre ambas e a união de esforços para a educação das crianças é o que vai determinar no rendimento do intelecto do aluno. Aproveitamos para destacar que essa é uma pesquisa ainda em andamento e que novos olhares e caminhos poderão ser apontados ao final deste estudo. REFERÊNCIAS ARANTES, Valéria Amorim. Afetividade e cognição: rompendo a dicotomia na educação. Disponível em www.hottopos.com. Acessado em 03. março. 2004. BOCK, Ana Mercês Bahia et all. Psicologia: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Cortez, 2000. CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Modos de educação, gênero e relações escola-família, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em: 09.set.2010. FREIRE, PAULO; Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1998. GALVÂO, Zenaide. A interação professor-aluno nas aulas de Educação Física Escolar. São Paulo, 1999, 132p. Dissertação de mestrado, Motricidade Humana – Mestrado em Ciências da Motricidade Humana, Universidade Estadual Paulista UNESP. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e em:http://www.ibge.gov.br>.Acesso em: 07.out. 2010. Estatística. Disponível PRADO, Valcir Candido do. PEREIRA, Ademir de Oliveira. RICCI, Sandra Mara. A interação entre família e escola, 2008. Disponível em: http://www.unimeo.com.br. Acesso em: 09.set.2010. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 RIGO, Rosangela. Escola e Família: uma relação de ajuda na formação do ser humano, 2008. Disponível em: http://www.webartigos.com. Acesso em: 09.set.2010. TASSONI, Elvira Cristina Martins. Afetividade e aprendizagem: a relação professor-aluno.Universidade de São Paulo. Disponível em: http://www.eca.usp.br Acessado em 20. abril. 2004 TIBA, Içami. Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 COMO A ESCOLA TEM FEITO INTERVENÇÕES EM SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA? UM ESTUDO REALIZADO NUMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE SANTA MARGARIDA-MG Arlianda Maria Rocha Vieira,Elizabete Mendes Dias e Regiane Campos SoaresGraduandas em Pedagogia, Centro Universitário de Caratinga – UNEC Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da UNEC e da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O objetivo desse estudo foi compreender a intervenção da escola nas situações de violência ocorridas dentro da própria instituição. Esta pesquisa qualitativa foi realizada através de observações participantes e entrevistas com 03 pais, 03 professores e 01 pedagogo de uma Escola Pública Estadual da Cidade de Santa Margarida-MG. A coleta de dados foi realizada de fevereiro a junho de 2011. Tratase de um estudo em andamento. Os resultados parciais apontam que a escola vem diariamente vem tentando combater as situações de violência dentro da escola através de orientações pedagógicas, reuniões com os pais, palestras com os alunos e através das aulas os professores ensinam como os alunos devem se relacionar uns com os outros no âmbito escolar e fora dele. Com esse estudo pretendemos contribuir para que fiquem claras as funções da escola como mediadora de conflitos que ocorrem dentro de suas instituições. PALAVRAS-CHAVE: violência, intervenções; escolas. INTRODUÇÃO A violência é hoje uma das principais preocupações da sociedade. Ela atinge a integridade física e moral das pessoas. Observamos pela mídia seu aumento dentro do âmbito escolar. O medo da violência é um ato gerado no interior de nosso pensamento, já que é perturbador pensar que um integrante de nossa família pode passar por algum tipo de violência. A violência vem sendo retratada desde muitos anos no desenvolvimento histórico e as suas contradições sociais. É nas contradições sociais que a violência ganha forma e espaço. Para Oliveira e Martins (2007, p.90) citado por Almeida (2009, p. 03): A violência contra o ser humano faz parte de uma trama antiga e complexa antiga, porque data de séculos as várias formas de violência perpetradas pelo Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 homem e no próprio homem: complexo por se tratar de um fenômeno intrincado multifacetado. A definição de violência se faz necessária para uma maior compreensão da violência escolar. Essa é uma transgressão da ordem e das regras da vida em sociedade, é o atentado direto, físico contra a pessoa cuja vida, saúde e integridade física ou liberdade individual, correm perigo a partir da ação de outros, nesse sentido, Monteiro citado por Marcelos (2009, p. 01) afirma que “entendemos a violência, enquanto ausência e desrespeito aos direitos do outro”. Sposito (2001, p. 04) constatou que as pesquisas sobre o fenômeno da violênciaem meio escolar no Brasil tinham como foco, nos anos de 1980, a análise das depredações edanos aos estabelecimentos escolares; já no período que compreende o final da década de 1990 a 2000, prevalecem como foco nos estudos as relações interpessoais agressivas entre os alunos e os agentes da instituição escolar. Segundo Marriel et. al. (2006) citado por Silva e Scarlatto (2009) há duas manifestações básicas de violência na escola: física (brigas, agressões físicas e depredações) enão-física (ofensas verbais, discriminações, segregações, humilhações e desvalorização compalavras e atitudes de desmerecimento); tendo como protagonistas, ou vítimas, ora os alunos, ora os professores e funcionários. Baseado nessa fundamentação, temos como questão eixo: Como a escola vem intervindo em situações de violência ocorridas dentro da própria instituição? E as periféricas: Qual o lugar da família como colaboradora nesse processo. A escola trabalha a prevenção da violência no seu cotidiano? Os autores que compuseram a revisão bibliográfica dessa pesquisa foram Silva e Scarlatto (2009), Almeida (2009), Araújo (2009)Ferreira e Tavares (2009), entre outros. Todos os estudos abordaram a violência dentro da escola. No entanto, nenhum deles abordou comoa escoladeve intervir nas situações de violências ocorridas dentro da instituição, portanto em um estudo dessa natureza que pretendemos investir.Por uma questão de limite de páginas, tanto a revisão bibliográfica como também o referencial teórico, tiveram de ser retirados desse texto. O objetivo desse estudo foi compreender a intervenção da escola nas situações de violência ocorridas dentro da própria instituição. Com esse Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 estudopretendemos contribuir para que fiquem claras as funções da escola como mediadora de conflitos que ocorrem dentro de suas instituições. REFERENCIAL TEÓRICO Para uma boa compreensão dessa pesquisa é necessário um breve estudo sobre os conceitos: A Violência escolar, Violência em meio Escolar no Brasil, Violência escolar e a relação com o conhecimento e a prática Docente, análise das estratégias de gerenciamento de conflitos e violências entre professores e alunos em sala de aula, Bullying no ambiente escolar, O fenômeno Bullying na percepção dos professores, o fenômeno Bullying ou a vitimização entre pares na atualidade: definições, formas de manifestação e possibilidades de intervenção. É preciso compreender essas situações para depois tentar resolvê-las. Segundo Fernández (1999 p.31) citado por Martinez e Miranda (2010, p. 01), como em todo comportamento humano, a violência é resultado de uma emaranhada rede de causas, apresenta-se de diversas formas e em diferente intensidade, tanto por forças intrínsecas (que esta dentro de uma coisa ou pessoa e lhe é próprio; interior, íntimo) como extrínsecas (que é exterior, não pertence á essência de uma coisa); por exemplo, ao analisar as causas da agressividade, distingue entre os fatores exógenos (contexto social, características familiares e meios de comunicação) e fatores endógenos (ambiente escolar, relações interpessoais e traços pessoais dos alunos em conflito). Moreno e Torrego(1999, p.05 e 07), citado por Martinez e Miranda (2010, p. 01) preferem dispensar a expressão “violência escolar” e se referem, em troca, a “comportamentos anti-sociais nos centros escolares”, locução que resultaria mais precisamente por incluir condutas de natureza variada, que, a seguir, enunciamos e descrevemos, mesmo que os limites não sejam sempre claros. Entendemos que tal enunciação tende a ser mais objetiva e foca vários pontos importantes, tais como: perturbação nas salas de aula (ações que interrompem ou dificultam o ritmo das aulas, como falar fora de tempo, mover-se excessivamente, etc.); indisciplina (atrasos injustificados, não cumprimento das tarefas; falta de reconhecimento da autoridade do professor); maltrato entre companheiros (Bullying ou intimidação e vitimização entre estudantes, mobbing ou assédio, etc.); vandalismo e danos materiais (mesas, vidraças, paredes e armários Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 destroçados; grafites com mensagens obscenas, ameaçadoras e que denigrem a imagem de personagens da comunidade escolar; queima de livros, dentre outros.); agressões sexuais (é um tipo de violência (invisível) que afeta, sobretudo, a população feminina e se concretiza em acusações, toques e em menor proporção, em violações); violência física (agressões, extorsões). (MORENO E TORREGO 1999, p. 05 e 07). Diante dos dados extraídos, constatamos o grande desafio com o qual oprofessor tem de lidar cotidianamente, pois sua saúde e até mesmo sua própria vida, estão vulneráveis. Da mesma maneira, encontram-se os alunos. Muitas vezes, sofrem diferentes tipos de violência por parte de seus professores. Nesse sentido, Zaluar e Leal (2001) e Araújo e Pérez (2006) citado por Silva e Scarlatto (2009, p. 05) apontaram que, na prática pedagógica de vários professores, há preconceitos e estereótipos afetando o desempenho educacional dos estudantes.A esse propósito, esta reflexão assevera a potencialidade dos cursos de formação deprofessores inicial e continuada, no sentido de dar subsídios a esses profissionais, por meio deuma literatura que evidencie a necessidade de pensar a historicidade da realidade social brasileira, na qual o fenômeno violência é tão acentuado. É da formação do professor que provém, não exclusivamente,mas grande parte da prática pedagógica queserá desenvolvida posteriormente. Em Tessaro (2006, p.118), citado por Silva e Scarlatto (2009, p. 06) a prática pedagógica “não deve esquecer a realidade concreta da escola e os determinantes sociais que a circundam. Os cursos de formação devem assumir o compromisso de oferecer aos futuros professores uma visão crítica de suas ações, conceitos e preconceitos”. Como afirma ainda Loureiro (1999, p.52)citado por Almeida (2009, p. 02); em relação à abordagem da violênciaescolar: A intenção não é abordar, da violência, seus aspectos conseqüentes, sua concretude na realidade cotidiana de possível horror ou repulsa. O que pretendo é descobrir elementos que constituem o fenômeno, tornar visível sua natureza para poder reconhecê-lo no momento de lidar com ele na escola. O que me leva, desta forma, a estudar o tema, é seu caráter paradoxal, a ambivalência de sua interpretação, perplexidades geradas e constatadas e a conseqüente necessidade de se conhecer a origem da violência, reconhecendo seus elementos constitutivos e contextuais. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Deve-se ainda considerar que a violência é, nesse aspecto, um processo sociológicoe histórico, ou seja, está inserida numa dimensão de conhecimento e/ou numaepistemologia. Isso significa que está se falando em processos significativos deconhecimento. A relação da escola com a questão da violência decorre em grande medida dacompreensão que se tem da própria natureza da violência. Compreende-se que a violênciaé um processo de desorganização do espaço social, e efetivamente na escola e no cotidianodo trabalho docente e discente. Trata-se de uma realidade perturbadora e conflituosa: “Os problemas disciplinares daescola e os conflitos do dia-a-dia já ultrapassaram, largamente, os corriqueiros atritos verbais e ‘briguinhas de crianças’” (GASPARIN e LOPES, 2003, p. 298 citado por ALMEIDA, 2009, p. 05). Pode-se afirmar quenão há mais inocência na indisciplina escolar. Há uma compreensão de que a indisciplinaescolar torna-se um processo cuja semelhança com a violência deve ser compreendida apartir das suas relações com o processo pedagógico e com o cotidiano da escola. Aautoridadedaescola,bemcomo de seu principal representante, oprofessor,parecenão ser maissuficientepararesolver tais problemas erestaurar a ordem necessáriaaodesenvolvimento pedagógico. Maisque “ordem”,modelo ou ética seriam necessários hoje?(GASPARIN e LOPES, 2003, p.298). Com esse conceito entendemos que a cultura da violência pode ser empreendida em uma sociedade ou em um grupo social que dissemine este tipo de comportamento. Esse conjunto que é disseminado pode ser crescente nas escolas provocando a prática violenta caracterizada inclusive comoBullying, embora esse não seja foco desse estudo. Neste sentido, podemos atentar se as condutas exasperadas são de ordens sociais, familiares ou outro problema de distúrbio de ordem psicológica por parte do agressor. METODOLOGIA Esta pesquisa qualitativa foi realizada através entrevistas com 03 pais, 03 professores e 01 pedagogo de uma Escola Pública Estadual da Cidade de Santa Margarida-MG. Além disso, foram realizadas observações participantes de recreio, aula de Educação Física, aulas em sala, filas antes do início das aulas, fim das aulas Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 fora do portão da escola, entre outros. A coleta de dados foi realizada de fevereiro a junho de 2011. Trata-se de um estudo em andamento. A Escola pesquisada oferece os anos finais do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, aproximadamente 535 alunos de diferentes classes socioeconômicas. A escola esta situada no centro da cidade. A Escola possui um diretor e um vicediretor, duas Pedagogas que são responsáveis pelo atendimento dos professores, pais e alunos. Possui trinta e sete funcionários, entre eles, professores, bibliotecário, funcionários de serviços gerais e eventuais. A escola funciona nos turnos Matutino e Vespertino, ela foi fundada no ano de 1952. A Cidade de Santa Margarida possui 15.011habitantes contando Distrito de São Domingos e Córregos, tendo como sua principal atividade econômica a cafeicultura e agropecuária (IBGE CIDADES, 2011). A VIOLÊNCIA ESCOLAR NA CONCEPÇÃO DOS SUJEITOS INVESTIGADOS A escola é um espaço onde muitas coisas podem acontecer. Às vezes algum ato de violência ocorrido com um aluno pode destruir sua auto-estima e acabar com seus sonhos. A criança perde a vontade de estudar e acaba não gostando mais de ir à escola. Algumas aulas e atitudes dos sujeitos evidenciam a presença de violência no ambiente escolar. Na entrevista com o professor Ademir, perguntamos quais são os principais motivos que geram situações de violência na escola, o professor afirmou. “Pra mim, a origem da violência vem de casa, pelos motivos da criação que a criança recebe e, quando chega à escola, se depara com crianças que tiveram uma educação diferente. O que gera inveja, discriminação e geralmente, são coisas que as crianças têm dificuldades em assimilar com discernimento e acaba gerando conflitos entre elas” (Ademir, professor). A esse respeito, ao conversarmos com Mariana, mãe de uma aluna, ela relatou: “A violência gerada na escolaestá na falta de responsabilidade das pessoas que trabalham na escola e pelos pais também não prestarem atenção nos seus próprios filhos. Para os pais os filhos são “anjos”, apenas na frente deles porque quando ficam sozinhas na escola aí as Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 crianças mostram realmente a sua personalidade” (Mariana, mãe de aluna). No início da aula a pedagoga Maria Lúcia começou a organizar as filas, nem todos os alunos queriam ir, então ela vai até os alunos e grita com eles: Que vergonha para vocês, eu ter que vir até aqui buscar vocês pra fazer afila. Será possível que não ouviram o sinal bater? Vão logo fazer a fila (Maria Lúcia, pedagoga) Os alunos foram para fila e a professora Ana começa a fazer a oração do Pai Nosso. Nem no momento da oração alguns alunos ficam calados e respeitam. A conversa deles estava tão alta que estava incomodando os outros colegas que faziam a oração. Então a professora Ana disse: Vocês aí conversando, querem calar a boca? (Ana, professora) Os alunos se calam. Podemos observar o jeito em que a professora falou com os alunos. Terminando a oração a professora Ana pede aos alunos que em fila cada um vá para a sua sala. Os alunos saem correndo, em direção as salas de aula.Alguns alunos ficam isolados, não se enturmando com os outros colegas. Ramezanali citado por Reinert e Reinert(2003) afirmam que a forma de se comunicar que os funcionários de uma escola utilizam influencia no relacionamento com os alunos. Isso demonstra que a maneira que o professor trata um aluno influi na formação do educando, já que respeito se constrói com reciprocidade. Em uma entrevista com a professora Marta em relação à violência, ela nos relatou os primeiros comportamentos que a criança apresenta, quando ela está sofrendo algum tipo de violência, a saber: “Mudança brusca de comportamento, como: irritabilidade, agressividade, intolerância, tensão, explosões emocionais, alterações de humor, raiva, etc. Alguns alunos ficam irritados sem motivo algum, apenas querem bater nos outros alunos, e ainda contam com o incentivo dos colegas que não tem nada haver com o problema e só ficam atiçando a briga. (Marta, professora) Em se tratando de violência física, Dona Lúcia, mãe de uma aluna, relata que ela acontece dizendo que: Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 “Problemas carregados da família tragos de casa e falta de educação. Os alunos já têm uma carga grande trazida da rua e quando chegam à escola desconta nos outros colegas”. (Dona Lúcia, Mãe de aluna). Conforme destaca Lopes Neto (2005) citado por Colovini e Costa (2009)as causas que desencadeiam esse tipo de violência são variadas e relacionam-seàs experiências que cada aluno tem em sua família e/ou comunidade e se dá perante o uso do poder para atemorizar o outro. A ocorrência desse fenômeno é mais frequente na convivência escolar, mais especificamente entre o 6º e 9º anos, sem excluir o ensino médio. Esse é um problema, como destaca a pedagoga Vilma, em entrevista: Falta de limite e auto-estima baixa, que geralmente tem na família, são também um dos motivos que geram situação de violência nas escolas (Maria Lúcia, Pedagoga). Na hora do recreio observamos que alguns alunos ficam nas salas, no corredor de baixo, fazendo bagunça, arrastando as carteiras. A pedagoga Maria Lúcia que estava na porta da secretaria viu a euforia dos alunos e foi até uma das salas, bateu forte na porta e pediu para que os alunos saíssem: Hora do recreio é hora do recreio, não pode ficar na sala não, faz o favor sair para o pátio (Maria Lúcia, pedagoga). Os alunos saíram eufóricos e falando muito. O aluno Adriano pegou o colega André e espremeu-o na parede. Então apareceu outro aluno, Caíque, e disse: É gordinho não faz isso com ele não, larga ele coitado (Caíque, aluno). Adriano largou André que ficou parado no canto da parede sozinho por algum tempo até o sinal tocar. Quando o sinal tocou foi uma euforia total, os alunos voltavam para as salas gritando, fazendo muito barulho. Na porta da sala a aluna Cleide segurou outra aluna, Carol, que pediu para soltá-la. Cleide perguntou por que e Carol disse que não interessava a ela. Nesse momento, Cleide afirmou que se não interessasse ela não estava perguntando. A professora Helena chegou na sala e colocou os alunos para dentro. Podemos ver que variados tipos de violência pode ocorrer em vários espaços dentro Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 da escola, nas salas, corredor, pátio, refeitório, aula de Educação Física, todos os espaços são propícios a acontecimentos de situações de violência. Mas esses problemas de violência nas escolas podem ser amenizados com algumas atitudes tomadas pela escola e a família, trabalhando em equipe, como colocado nas falas seguintes: Deve ser realizado um trabalho de conscientização junto á família, a escola se tornar um espaço prazeroso onde a interação aconteça de verdade. Pode ser feito: construir coletivamente regras sociais sobre procedimentos, direitos e deveres que mencionem as conseqüências para quem descumpri-las. Projetos que levam o aluno a se auto-conhecer, melhorando sua alto-estima, ou seja, projetos envolventes. Trabalhando juntas, pois não há escola sem família e nem família sem escola (Maria Lucia, Pedagoga). A família deve ser mais presente, buscar participar mais dos projetos, reuniões, e procurar sempre a escola para saber como anda o comportamento do filho, a escola deve se unir a família e mestres de formas participativas, como palestras e projetos que violência só gera violência. Reunir a equipe escolar juntamente com nós pais para ver qual o problema e o que esta causando isso, buscar juntos soluções, criar oportunidades para alunos, trabalhando em grupo para trabalhar a interação entre eles, criar atividades recreativas para os alunos participarem na hora do recreio, para que eles não fiquem soltos e tenham oportunidades de gerar atritos. Supervisionar mais os alunos (Dona Alice, mãe de um aluno). O que pode ser feito pra amenizar o problema da violência na escola é, Propor um horário, extra onde esses alunos envolvidos nesse tipo de problema possam ser aconselhados separadamente, pois a violência não leve a nada. Ter mais opção de lazer, de coisas que chamam mais a atenção e não somente ler e escrever dentro da sala de aula (Ana, professora). A escola e família podem administrar a questão da violência, “reunindo sempre, dialogando, sabendo dar mais importância à vida do que a violência porque a violência gera mais violência”.Os professores precisam ter um diálogo aberto com seus alunos para que eles os respeitem e sejam respeitados. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do presente estudo é possível concluir que a violência escolar está cada dia mais presente dentro das escolas públicas, e advém de diversos fatores, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 muitas das vezes insignificantes. Essa etiologiaplural, por sua complexidade, não oferece respostas prontas, muito menos fórmulas mágicas capazes de sanar quaisquer problemas, mas a escola busca junto com a comunidade e seu corpo docente interagir e incentivar os alunos a não praticarem violência, com projetos de intervenção pedagógica, palestras junto com as famílias e principalmente com os escolares, tentando melhorar ainda mais o âmbito escolar. REFERÊNCIAS ALMEIDA, José Luciano Ferreira. Violência escolar e a relação com o conhecimento e aprática docente. Disponível em http://www.diaadia educação.br. Acesso em 2009. ARAÚJO Adilsom Alves de - Análise das estratégias de Gerenciamento de Conflitos e Violências entre Professores e Alunos em sala de aula, na Escola Estadual Professor Tutu, ano de 2009, publicado em 12/02/10, em http://www.webartigos.com. COLOVINE Cristian Erickisson e COSTA Marta Regina Niekel da. O fenômeno Bullying na percepção dos professores. 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SILVA Marida da, SCARLATTO Elaine Cristina, Violência em meio Escolar no Brasil: Uma alternativa formativa para professores e futuros professores, publicado na Revista Ibero-Americana de estudos em educação,v.4, n.3 (2009) SPOSITO, M. Um breve balanço da pesquisa sobre violência escolar no Brasil. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v.27, n.1, p.87-104, 2 Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 O USO DO COMPUTADOR NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE ALUNOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE SANTA MARGARIDA - MG Lúcia Aparecida Moura Dutra, Edna de Fátima Vieira Mageste e Ana Maria Rodrigues – Graduanda em Pedagogia, Centro Universitário de CaratingaUNEC Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da UNEC e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O objetivo deste estudo foi identificar a utilização do computador como recurso didático-pedagógico em uma escola pública de Santa Margarida – MG. Essa pesquisa quantitativa foi realizada através de aplicação de questionário com 42 alunos cursando o 5º ano do ensino fundamental. Os dados foram colhidos no mês de maio de 2011. Os resultados apontam que apesar de o laboratório do PROINFO ser uma realidade na escola, com o objetivo de promover o uso pedagógico da informática na rede pública básica, segundo o MEC, infelizmente não passa de mero ambiente de enfeite e a maioria dos alunos não tem nenhum contato com esses computadores. Com essa pesquisa, pretendemos contribuir para que os professores principalmente dos anos iniciais, possam perceber a importância da utilização das TICs, em especial o computador no processo de ensino-aprendizagem (leitura e escrita, raciocínio, etc) possibilitando um repensar dessa prática na escola. PALAVRA-CHAVE: computador, internet, ensino aprendizagem. INTRODUÇÃO Os últimos anos o rápido desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) vem assumindo um ritmo crescente exigindo da sociedade novos rumos, não só tecnológicos, mas também sócio-econômico-culturais. Não parece haver dúvidas que essas tecnologias são fundamentais para a sobrevivência de nossa sociedade cada vez mais complexa, e que, desde a invenção da escrita e da imprensa, nada tem causado tanto impacto social e estimulado tantas mudanças no mundo. As novas tecnologias chegaram, não podemos ficar alheio a todas essas mudanças, é necessário saber utilizá-las já que essa é uma abertura para a nova aprendizagem ativa. Durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado, tivemos a oportunidade de estar em contato com vários educadores, sendo alguns ingressos na área há mais de quinze anos e outros em fase inicial de sua carreira no Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 magistério; e o que mais se discutiaera a interferência da tecnologia no meio educacional. Muito das vezes, essa tecnologia era apontada como causadora dos problemas relacionados ao desenvolvimento da educação, atualmente em nosso país. Com isso, surgiram dúvidas em relação ao uso da tecnologia nos anos iniciais do Ensino Fundamental, pois muitos alunos que se encontram em fase inicial de alfabetização já possuem orkut, MSN, e-mail, entre outros. Surgiu também a preocupação de como seria possível utilizar esse recurso para melhor desenvolvimento educacional, ou seja, como introduzir os computadores nas práticas metodológicas do século XXI. Grande parte dos professores que reclamam e até acusam os computadores de todos os males educacionais, iniciaram seu trabalho a mais de quinze anos, num período em que o professor numa concepção tradicional era o único e exclusivo agente do saber. Diante disso, surgiu a necessidade de desenvolver um trabalho de pesquisa que pudesse ser discutido e, até mesmo, estar apresentando recursos que possibilitem o trabalho do professor. Nesse sentido pode-se hoje defender a ‘aprendizagem virtual’ como uma das formas de aprendizagem, marcada pela tendência visível de predominância do futuro. Quanto o questionamento sobre se realmente existe aprendizagem virtual o pode-se afirma que a virtualidade permite autêntica aprendizagem, desde que não tomamos a distância e façamos bom uso das teorias pós-modernas da aprendizagem (DEMO, 2002, p. 216). O profissional do século XXI precisa ser inovador e estar habituado aos avanços tecnológicos os quais o mundo vivencia, aproveitar esse instrumento é uma forma de garantir o desenvolvimento de aulas mais criativas e motivadoras para os alunos, além de poder ser um aliado a mais no processo de alfabetização dos alunos que se encontram nos anos iniciais do Ensino Fundamental. A internet está cada vez mais perto de cada um deles, não há como fechar os olhos para essa realidade e deixar de lado a globalização, pois através dela os alunos têm contato com pessoas de outros países e consequentemente com outras culturas. É importante estarmos atentos a essas mudanças e aos recursos que ela oferece ao professor, até mesmo para inclusão dos alunos portadores de Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 necessidades especiais, ou seja, é um recurso abrangente e dentro da proposta atual de educação. Nossas crianças nascem, crescem manuseando as tecnologias que estão ao seu alcance. Muitos pais ficam espantados pela habilidade que esses pequenos têm com equipamentos como computador, celular, videogame. Essas crianças cada vez mais utilizam o computador e a Internet no seu dia-a-dia, seja para trabalhos escolares, para divertir-se ou para fazer novas amizades. Há que se aproveitar essa habilidade e motivação das crianças e adolescentes em utilizar o computador como uma ferramenta a mais no seu processo de aprendizagem. A sociedade da informação na qual vivemos exige que estejamos em um processo contínuo de aprendizagem. A questão eixo dessa pesquisa é: Como é a utilização do computador como recurso pedagógico nas escolas públicas de Santa Margarida – MG? Para isso surgiram outras questões: Hoje os alunos chegam à escola bem informados, são capazes de participar de rodas de discussão com segurança e domínio do assunto? Formar cidadãos críticos e sujeitos participativos na sociedade no qual estão inseridos é função da escola? Como então se pode aproveitar os recursos tecnológicos dentro das escolas? É possível a associação da alfabetização com a computação? Assim, o objetivo deste trabalho é identificar a utilização do computador como recurso didático-pedagógico nas escolas públicas de Santa Margarida – MG. Ressaltamos que a revisão bibliográfica e o referencial tiveram que ser retirados desse texto para que se incluísse no número de páginas exigidas nas normas do evento. Diante disso, resolvemos priorizar os resultados. Com essa pesquisa, pretendemos contribuir para que os professores principalmente dos anos iniciais, possam perceber a importância da utilização das TICs, em especial o computador no processo de ensino-aprendizagem (leitura e escrita, raciocínio, etc) possibilitando um repensar dessa prática na escola. METODOLOGIA Essa pesquisa quantitativa foi realizada com 42 alunos cursando o 5º ano do ensino fundamental de uma escola pública estadual de Santa Margarida – MG. Foram aplicados questionários a esses 42 alunos. O instrumento apresenta 04 Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 questões de múltipla escolha e 05 abertas. Os dados foram colhidos no mês de maio de 2011. A escola está localizada no centro da cidade e atende (533) quinhentos e trinta e três alunos nos anos iniciais de diferentes classes sócio-econômicas, possui dois pedagogos que são responsáveis pelo atendimento dos pais, alunos e professores. Possui ainda 28 (vinte e oito docente) e 10 (dez) funcionários de serviços gerais. A escola foi contemplada com a implantação dos laboratórios PROINFO e com o Projeto Escolas em Rede da SEE/MG. DISCUSSÃO DE DADOS O que indicam os dados quantitativos? Quando efetuamos o levantamento na escola, percebemos que 70% dos alunos não tinham nenhum conhecimento ou acesso ao computador. O gráfico abaixo mostra o resultado da forma de acesso do restante dos alunos, ou seja 30%: Figura 1 – Como se dá o acesso ao computador? Por motivo de segurança, os pais preferem que o acesso à internet seja realizado em domicílio, dessa forma acreditam ser possível verificar os conteúdos que estão sendo acessado pelos filhos durante sua navegação. É importante esclarecer que apesar da escola possuir o PROINFO, percebemos que nenhum aluno está sendo beneficiado com esse laboratório. As Lan House e Telecentro comunitário possuem o mesmo percentual devido aos horários de uso e, pelo que tivemos a oportunidade de observar, a clientela são Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 as mesmas, ou seja, quando o aluno não está pesquisando no telecentro, está presente na Lan House. As outras formas referem-se à utilização na casa de colegas ou até mesmo no local de trabalho dos pais. Segundo Bastos (2002, p.45) o computador não é somente mais uma invenção eletrônica, mas sim uma poderosa ferramenta que está mudando tão radicalmente não somente a Educação, mas todos os aspectos de nossas vidas. Olhando para o ponto de vista histórico dos séculos de mudanças educacionais, a informática não deve ser temida, ao contrário, ela deve ser percebida como dádiva que torna possível muitos ideais pelos quais os educadores têm tradicionalmente se esforçado. Segundo Freire (2000, p.57), para que o aprendizado se concretize nas instituições de ensino, é necessário que os professores tenham conhecimentos adequados para mediar o processo de ensino e aprendizagem aos seus alunos. E para que isso aconteça o professor precisará conhecer mais amplamente os conceitos e os procedimentos da área para poder abordá-los de modo adequado à faixa etária, embora o mais importante não seja conseguir com que os alunos dominem os conceitos mais complexos, como por exemplo, diversidade e sustentabilidade, mas sim, que tenham noções básicas do que acontece em nosso planeta e o que devemos fazer para ajudar. Na questão de número dois perguntamos o que os alunos sabem sobre o computador. O objetivo dessa questão era conhecer realmente a forma de utilização dos alunos, por esse motivo foi permitido que os alunos assinalassem mais e uma opção. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Figura 2 – O que você sabe sobre o computador? Analisando o gráfico acima podemos verificar que os alunos utilizam com maior frequência a internet para brincar com jogos, pois a cada dia surge algo novo e capaz de prender a atenção dos alunos de forma realmente surpreendente. O uso dessa ferramenta como pesquisa surge em segundo lugar porque, segundo os alunos, o município não disponibiliza de uma biblioteca atualizada e na internet é possível encontrar informações atuais e que vão ao encontrodo que o professor realmente espera. Para Valente (1998, p.66) o computador terá seu valor na educação quando o professor, após dominar o sistema computacional, encontrar sua melhor utilização dentro de sua área ou disciplina para a realização de trabalhos individuais ou em grupos; e assim proporcionar ao aluno atendimento simultâneo e cooperativo com possibilidades de imediata retroalimentação. Isso facilita a tarefa global de todos os componentes envolvidos nesse dinâmico e diferente processo de construção de novos conhecimentos. A opção menos utilizada é justamente a confecção de planilhas ou gráficos no Excel e o mais interessante é que nos anos iniciais do Ensino Fundamental os livros de Matemática são ricos em gráficos. Talvez ensinar a construção de um gráfico seria mais interessante do que ensinar simplesmente sua leitura, porque a partir da compreensão de sua utilização os alunos compreenderão o objetivo das informações serem elaboradas de forma simples, porém capaz de ser interpretada por quem tiver o seu acesso. A terceira questão refere-se à frequência com a qual a internet é acessada. Para nossa surpresa, mais da metade responderam que, às vezes, utilizam a internet, ou seja, mesmo tendo internet em casa, ela não é explorada diariamente. Vejam os resultados: Figura 3 – Qual a frequência utilizada pelos alunos. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Apesar de estarmos vivendo em uma era digital, percebe-se que não está havendo incentivo para os alunos no sentido de explorar essas informações e conhecimentos que estão presentes em suas vidas e que chegam através da internet. De acordo com Tapscott (1997), para que o uso da informática em educação seja eficaz, é necessário que seja bem planejado, melhor aplicado e corretamente avaliado. O professor que utilizará a tecnologia com seus alunos deve ter um processo que mobilize e que prepare para incitar seus educandos a aprender, refletir, compreender, testar hipóteses, saber filtrar e selecionar informações, sendo capazes de abrir horizontes científicos e históricos, e, ainda, procurem dar sentido à revolução tecnológica. Partir do computador e alçar voos maiores. Nossa surpresa não se limitou à questão três, mas ao indagarmos sobre a existência de um adulto o acompanhando durante sua utilização na questão de número seis, 86% dos alunos responderam que sim. Porém, percebemos que esse acompanhamento não se deve ao fato de ensinar ou esclarecer dúvidas, mas da internet ainda ser vista como uma ferramenta de quebra de valores, onde o aluno poderá ter acesso a informações contrárias ao que lhe é ensinado em casa. A pergunta seguinte tratou da existência do acompanhamento de algum adulto na utilização do computador pelos alunos. Figura 4 – Se existe acompanhamento de algum adulto na utilização do computador. Nesse caso, percebemos que é grande a preocupação com as crianças, já que 86% dizem acompanhar os filhos, conforme mostra a figura 4. A tecnologia e a educação caminharam a passos largos com o Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 desenvolvimento tecnológico e o aperfeiçoamento da fotografia, do cinema e dos recursos de comunicação. As invenções do telégrafo, do telefone, do rádio e da televisão revolucionaram a história do homem e da educação. Mais tarde, a eletrônica, o fax, os computadores e a criação de redes de comunicação à distância como a internet trouxeram novos avanços ao desenvolvimento da sociedade (SUZUKI, 2009). Santos e Barros (2008) apontam que na sociedade atual, desde cedo, muitas crianças estão em contato com as tecnologias, mudando seus modos de comunicação e de interação e que dessa forma percebe-se que o processo de ensino e aprendizagem necessita de inovações e mediações para realmente atingir seus objetivos nesta sociedade em constante mudança. Na questão de número cinco, foi perguntado se os alunos possuem conhecimento em relação aos programas que existem no computador: Item Programas Nº de vezes 01 Google 1 02 Orkut 5 03 MSN 3 04 Excel 2 05 Power Point 3 06 Word 3 07 Windows Live 1 08 Paint 1 Quadro 1 – conhecimento dos alunos em relação aos programas existentes no computador Apesar de ser proibido para menores de dezoito anos e os entrevistados serem menores de idade, o programa mais acessado é justamente o site de relacionamentos e, o mais famoso deles é o Orkut. Santos e Barros (2008) ainda afirmam que nós educadores devemos propor cuidados especiais para, de forma integral e harmônica, desenvolver personalidades equilibradas, propiciando oportunidades para as competências e habilidades, que muitas vezes, a própria família não tem condições de proporcionar. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Na questão de número seis, procuramos entender e compreender o que os alunos mais gostam de fazer no computador. Veja o resultado no quadro abaixo: Item Nº de vezes 01 Jogar jogos 12 02 Pesquisar 4 03 Ouvir música 1 04 Digitar texto 1 05 Acessar Orkut 5 06 Acessar MSN 3 Quadro 2 – o que os alunos mais gostam de fazer no computador O jogo vem em primeiro lugar e o site de relacionamentos vem em segundo lugar. Apesar de estarem ocorrendo transformações sociais profundas, movidas pelo avanço tecnológico, e que também envolvem a escola, nota-se que ainda há um descompasso entre o contexto escolar e o contexto externo. Descompasso, porque existe a necessidade de os profissionais, de um modo geral, estarem desenvolvendo novas competências, mas em muitos casos, especificamente dos professores, é que não estão sendo propostas ações nesse sentido. O contexto contemporâneo pede mudanças na forma de aprender e de se comunicar. A comunicação ainda é fundamental na vida do ser humano e, nos sites de relacionamentos essa comunicação ocorre de forma globalizada. Trocas de experiências e culturas ocorrem de forma normal e globalizada. Ao indagarmos os alunos sobre a aprendizagem das matérias da escola utilizando o computador. Eles informaram que é mais fácil a aprendizagem, que é muito bom e que é ótimo. Os alunos consideram ser muito bom quando a matéria da escola é realizada utilizando o computador. O professor tem que estar preparado para criar situações de aprendizagem, ricas, diversificadas e que promovam o desenvolvimento do senso crítico, da imaginação e da criatividade dos alunos. O laboratório de informática é algo que está presente em muitas escolas do Brasil. Porém, segundo Freitas (2009, p.23) é muito comum encontrarmos essas salas trancadas ou sob supervisão de algum técnico de informática, mas que nada Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 tem a ver com uma proposta educativa ou, em muitos casos, os alunos utilizando somente como distração, ou local para digitar e fazer cópias de trabalhos escolares. Na questão de número oito procuramos saber que tipos de atividades escolares são feitas no computador e eles responderam que é pesquisar e fazer trabalhos escolares. A maioria dos alunos utiliza o computador para realizar pesquisas sobre o assunto o qual está sendo estudado. Para Lopes (2008, p.47) isso é importante porque vivemos em um mundo tecnológico onde a Informática é uma das peças principais. Conceber a informática como apenas uma ferramenta é ignorar sua atuação em nossas vidas. Percebe-se que a maioria das escolas ignora essa tendência tecnológica, da qual fazemos parte; e em vez de levarem a Informática para toda a escola, colocam-na circunscrita em uma sala, presa em um horário fixo e sob a responsabilidade de um único professor. Cerceia, assim, todo o processo dedesenvolvimento da escola como um todo e perdem a oportunidade de fortalecer o processo pedagógico. A pesquisa foi finalizada indagando sobre o local de preferência para fazer atividades escolares e eles responderam sala de aula e o computador. A sala de aula foi eleita porque, segundo os alunos, sentem-se mais seguros por terem a quem recorrer em caso de dúvidas. Essa nova realidade imersa na cultura digital exige novas competências, novas capacidades e novas maneiras de agir. Libâneo (2000), afirma que o professor atual, para atender às exigências desse novo tempo, necessita ter uma sólida formação cultural; capacidade de aprender a aprender; estar aberto às mudanças; desenvolver habilidades comunicacionais; domínio de linguagens informacionais; habilidade de articular as aulas, de forma que os alunos desenvolvam a capacidade de interpretar e intervir na realidade, tendo como principio do trabalho a pesquisa na educação, com o uso de livros, revistas, jornais, internet. Ainda sobre a atuação do professor, Moran (2010) destaca que os futuros professores atuarão numa escola conectada, onde os alunos terão tecnologias móveis para acessar a informação, produzir vídeos e divulgá-los rapidamente. Se o professor não experimenta essa realidade junto com o aluno “tenderá a repetir modelos tradicionais aprendidos, inadequados para esta sociedade cada vez mais digital”. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao iniciar a pesquisa para conhecermos como a tecnologia tem estado presente na vida dos alunos e da escola, sabíamos que nos surpreenderíamos com os resultados, mas diante das entrevistas tivemos também a oportunidade de conhecer a realidade virtual dos alunos. Mesmo diante dos avanços tecnológicos, da facilidade proporcionada pela internet e do alto número de informações que chegam até mesmo pelo celular, foi possível perceber que a escola não aproveita o campo tecnológico como recurso didático pedagógico no processo de aprendizagem dos alunos. Os laboratórios do PROINFO foram criados segundo o MEC, com o objetivo de promover o uso pedagógico da informática na rede pública básica. Mas para que isso aconteça o professor precisa aprender a enxergar nos computadores uma nova forma de material didático, por isso ele deve ser analisado e integrado à suas práticas metodológicas como uma ferramenta a mais e não como uma máquina que veio para roubar o seu lugar como educador. Finalizamos essa pesquisa consciente da importância do uso do computador para as séries iniciais do Ensino Fundamental, pois a cada dia a tecnologia está ocupando mais espaço em nossa sociedade e, como preparadores daqueles que darão continuidade a nossa sociedade, é fundamental prepararmos os nossos alunos para essa nova realidade, conscientizando-os a aproveitar tudo de bom que a informática pode oferecer. REFERÊNCIAS BASTOS, M. O. A informática a serviço da construção do conhecimento na tarefa de docente. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Estadual de Santa Catarina, Florianópolis. 2002. DEMO, Pedro. Tecnologia em educação e aprendizagem. 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Disponível em: http://www.mec.gov.br/seed/tvescola/textos. Acesso em 15/05/2010. SANTOS, Gláucia Maria da Costa; BARROS, Daniela Melaré Vieira. Escola de tempo integral. A informática como princípio educativo. In revista Iberoamericana de Educacion, v. 46, agosto de 2008. SUZUKI, Juliana Telles Faria. Tecnologias em educação. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. TAPSCOTT, Don. Economia digital: promessa e perigo na era da inteligência em rede, 367 pp. São Paulo, 1997. VALENTE, J. A. Os diferentes usos do computador na educação. In: VALENTE, J. A. Computadores e conhecimento - repensando a Educação. Campinas:UNICAMP, 1998. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O TRABALHO DE UMA PROFESSORA EM UMA ESCOLA MUNICIPAL DE SANTA MARGARIDA-MG Rhayane Soares Pereira, Ronilda Gomes Rocha e Erlane Portes de Oliveira, – Graduandas em Pedagogia, Centro Universitário de Caratinga – UNEC Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da UNEC e da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O objetivo desse trabalho foi compreender o trabalho com alfabetização e letramento de uma professora de educação infantil de uma escola municipal de Santa Margarida-MG. Essa pesquisa qualitativa foi realizada através de entrevista estruturada e observação participante comuma professora que atua com uma turma de educação infantil de uma Escola Municipal de Santa Margarida-MG. A coleta de dados foi realizada de março a julho de 2011. Os resultados apontam que a professora trabalha respeitando as leis básicas da educação e a fase de aprendizagem de cada criança. A qualificação de um professor diante dessas turmas é de grande importância para não atrapalhar o desenvolvimento das crianças e não forçá-las a aprender o que não está ainda no currículo da Educação Infantil. Quando o professor distingue as palavras alfabetização e letramento ela entende a realidade em que as crianças vivem e percebe que a maioria delas vem de um ambiente rico em letramento, sendo que é na escola que inicia o processo de alfabetização. PALAVRAS-CHAVE: alfabetização; letramento; educação infantil. INTRODUÇÃO O interesse pelo aprendizado começa na infância, fase em que a crianças tem mais facilidade em aprender coisas novas. Para ler e escrever a criança precisa construir um conhecimento de natureza conceitual, precisa compreender o que a escrita representa e de que forma representa, logo, não é memorizar ou treinar habilidades sensório-motoras, etc. Para Vigotsky citado por Lima (1994, p. 89): Ensinar à escrita nos anos pré-escolares impõe necessariamente que a escrita seja relevante à vida. Que as letras se tornem elementos da vida das crianças, da mesma maneira, por exemplo, a fala. Da mesma forma que as crianças aprendem a falar, elas podem muito bem aprender, a ler e escrever. (LIMA, 1994, p.89) Para aprender a ler e a escrever o aluno precisa de situações quedespertem nele a reflexão para o uso de conhecimento. Trata-se, portanto, de um processo no qual a criança precisa resolver problemas de natureza lógica até compreender de Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 que forma a escrita alfabética representa a linguagem, interpretando os significados e a função da leitura e da escrita como meio de comunicação social. Em 2009 uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que cerca de 9% (cerca de 18,6 milhões) de pessoas são analfabetas e 20,3% (cerca de 38,9 milhões) são analfabetos funcionais. No mundo 20% da população total é analfabeta, ou seja, 875 milhões ainda, de acordo com a Unesco. Em seis anos a taxa de analfabetismo caiu 4%, resultado da inovação e avanços na educação para crianças jovens e adultos. A qualificação de profissionais está sendo cobrada cada vez mais, o que deixa a certeza que assim formaremos cidadãos melhores preparados (IBGE, 2011). Um agravo dessa situação é que temos observado que os profissionais que estão há mais tempo no mercado com a função de ensinar, parecem deixar a tarefa de alfabetizar para os recém-formados e que ainda não tem experiência. A maioria deles chega às salas de aula sem saber diferenciar os termos alfabetização e letramento. Tendo como base essas argumentações elaboramos as seguintes questões para este estudo: Como é o trabalho com a alfabetização e letramento de um professor de Educação Infantil de uma escola municipal de Santa Margarida?Qual a importância de um professor qualificado nas turmas de alfabetização? Como isso deve ser realizado? A importância de saber diferenciar as palavras alfabetizar e letrar em uma sala de aula? Qual a colaboração que ele passa para o aluno sabendo essa diferença. O objetivo deste trabalho é compreender o trabalho com alfabetização e letramento de um professor de Educação Infantil de uma escola municipal de Santa Margarida-MG. Os autores que compuseram a revisão bibliográfica dessa pesquisa foram Assoline e Tfouni (1999); Soares (2004); Goulart (2006);Morais (2006);Masagão, Vovio e Moura (2001); entre outros. Por uma questão de limite de páginas, tanto a revisão bibliográfica como também o referencial teórico, tiveram de ser retirados desse texto. Com este estudo pretendemos contribuir para que os professores, notadamente os que atuam em turmas de alfabetização, possam compreender as melhores formas de se trabalhar com alfabetização e letramento. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 REFERENCIAL TEÓRICO Para que esta pesquisa seja compreendida é necessário que façamos uma breve reflexão sobre os termos educação, alfabetização e letramento para defini-las e diferenciá-las no cotidiano pedagógico. Vivemos em uma sociedade dinâmica, portanto, a escola como parte dessa sociedade passou por diversas transformações. A princípio, pode se dizer que os portugueses trouxeram para o Brasil uma educação pedagógica. Os jesuítas que vieram para o Brasil não trouxeram apenas moral, costumes e religiosidade, eles trouxeram métodos pedagógicos (BELLO, 1998). O método utilizado pelos jesuítas funcionou durante 210 anos, até a expulsão deles pelo Marquês de Pombal. Várias foram às tentativas de se implantar um sistema educacional nas terras brasileiras, mas somente com a vinda da família real houve uma mudança significativa: A vinda da família real para o Brasil permitiu uma nova ruptura com a situação anterior. Para preparar o terreno para sua estadia no Brasil D. João abriu Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a biblioteca Real, o Jardim Botânico. (BELLO, 1998, p.23). Em meados dos anos de 1980 que se dá, simultaneamente, a invenção da palavra letramento no Brasil, do illetrisme, na França, da literacia, em Portugal, para nomear fenômenos distintos daquele denominado alfabetização, alphabétisation. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, embora a palavra literacy já estivesse dicionarizada desde o final do século XIX, foi também nos anos de 1980 que o fenômeno que ela nomeia, distinto daquele que em língua inglesa se conhece como reading instruction, beginning literacy tornou-se foco de atenção e de discussão nas áreas da educação e da linguagem, o que no grande número de livros e artigos voltado para o tema, publicados, a partir desse momento, nesses paises, e se nos operacionalizaram vários programas, neles desenvolvidos, de avaliação do nível de competências de leitura e escrita da população (SOARES, 2004). A mesma autora coloca que Letramento é uma palavra recém chegada ao vocabulário daEducação e das Ciências Lingüísticas. É uma nova perspectivasobre a prática social da escrita. Novas palavras são criadas (oua velhas palavras dá-se um novo sentido) quando emergemnovos fatos, novas idéias, novas maneiras de compreender osfenômenos. Se a palavra letramento nos causa estranheza, umavez que é não é muito antiga, outras do mesmo camposemântico sempre nos foram Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 familiares como analfabetismo,analfabeto, alfabetizar, alfabetização, alfabetizado e mesmo letrado e iletrada. Para Vygotsky (1984) citado por Tfouni(1995), o letramento representa o coroamento de um processo histórico de transformação e diferenciação no uso de instrumentos mediadores. Representa também a causa da elaboração de formas mais sofisticadas do comportamento humano que são os chamados “processos mentais superiores”, tais como: raciocínio abstrato, memória ativa, resolução de problemas etc. Alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, é o que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita (SOARES, 1998). Soares (2003),sob influência dos métodos tradicionais, classificou e enumerou três tipos de conceitos para alfabetização.O primeiro se refere à alfabetização como processo de representação de fonemas em grafemas e viceversa. E, portanto, estaria alfabetizado que pudesse reconhecer o alfabeto, ler silaba ou palavras isoladas. O segundo diz que alfabetização seria o processo de expressão/compreensão de significados. Por isso, somente seria considerado alfabetizado quem pudesse compreender o que escrevia e pudesse interpretar o seu significado. Já em sua terceira concepção acreditava que a alfabetização dependia de características culturais, econômicas e tecnológicas. Ou seja, para um lavrador a alfabetização teria fins e objetivos bem diferentes do que para um operário da região urbana. Até recentemente foi consensual o sentido atribuído aos conceitos de analfabeto, analfabetismo,alfabetização: analfabeto - o que não sabe ler e escrever; analfabetismo - o estado ou condição de quem não sabe ler e escrever; alfabetização - o processo de ensinar a ler e a escrever. Progressivamente - e particularmente ao longo da última década - vem-se revelando umatendência a qualificar e precisar esses conceitos, ampliando seu significado(SOARES, 2005). Assim, tanto na mídiaquanto na literatura educacional, intensificam-se as discussões sobre um analfabetismo funcional,sobre o analfabeto funcional, multiplicam-se as críticas a uma alfabetização que, embora ensine aler e a escrever, não habilita os Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 indivíduos a fazer uso da leitura e da escrita nem lhes facilita oacesso ao material escrito. METODOLOGIA Esta pesquisa qualitativa foi realizada através de entrevista estruturada comuma professora que atua com uma turma de educação infantil de uma Escola Municipal de Santa Margarida-MG. Observamos 05 aulas para ver como eles utilizam os métodos de alfabetização dentro da sala de aula. A coleta de dados foi realizada de março a julho de 2011. Aproveitamos para destacar que essa é uma pesquisa ainda em andamento. A escola pesquisada atende alunos da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental. Freqüentam a escola 211 alunos de diferentes classes sociais. A escola localiza-se no centro da cidade de Santa Margarida, conta com o apoio de 1 pedagoga para atender aos pais, alunos e professores. Trabalham no local 13 professores. O horário de funcionamento são nos turnos matutino de 07h00min as 11h00min e vespertino de 12h30min as 04h30min, foi fundada no ano de 1954. . A cidade de Santa Margarida possui aproximadamente 15.011 mil habitantes Sua principal atividade econômica são a cafeicultura e agropecuária (IBGE, 2010). A ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA CONCEPÇÃO DOS SUJEITOS INVESTIGADOS O interesse em aprender começa na infância. As crianças têm mais facilidade em aprender algo novo. Lemos (1998) afirma que na maioria das vezes, o acesso da criança a textos e a situações em que textos são produzidos, ajuda no enriquecimento dela em relação à leitura e a escrita. Algumas aulas e atitudes dos sujeitos evidenciam a presença da concepção sobre alfabetização e letramento. Ao conversar com a professora Jussara, nota-se a preocupação dela em relação à forma que estas crianças aprendem o início do processo de da alfabetização. A professora diz: Eu busco sempre não forçá-los a aprender, tento fazer meu trabalho brincando. Todos os dias antes de iniciar a aula eu faço com eles a rodinha, em círculo cantamos o alfabeto e o nome dos coleguinhas. Através dessa brincadeira eles já aprenderam a letra do nome deles e de seus colegas de classe(Jussara, professora, 38 anos). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Segundo Lima (1994, p.89) da mesma forma que as crianças aprendem a falar, elas podem muito bem aprender a ler e a escrever.No primeiro dia de observação notamos que a professora estava trabalhando com as letras do alfabeto, utilizando o método alfabético. Ensina letra por letra e logo depois introduz sílabas até formar palavras. Na entrevista, a professora diz: O método alfabético é o mais fácil, eles aprendem passo a passo, primeiro as letras, depois com ela formam sílabas e depois as palavras. Mas, cada criança aprende de um jeito, procuro acompanhar o desenvolvimento dela, algumas se adaptam melhor ao método fônico no qual o aluno parte do som das letras, unindo o som da consoante com o som da vogal; no silábico o aluno aprende primeiro as sílabas para depois formar as palavras que constroem o texto. Na minha sala a predominância é o método alfabético. (Jussara, professora, 38 anos). Na observação da aula da professora notamos que foca mais no método mencionado. Percebemos que ela possui material didático voltado para o método alfabético, do lado do quadro um cartaz grande com as letras do alfabeto, em seguida com as sílabas separadas até formar a palavra: B – Ba-be-bi-bo-bu L – La-le-li-lo-lu Ba + La = bala Assim, seguem todas as letras do alfabeto. Também nos mostrou seu plano de aula do dia da observação e as atividades planejadas por ela para esse dia. O planejamento da professora foi seguido conforme o plano. Houve atraso ao fazer as atividades e uma delas ficou para ser terminada em casa e seria corrigida na próxima aula. A esse respeito, a professora disse: Meu plano de aula é feito semanalmente, todos os domingos eu tiro um tempo do meu dia para planejá-lo, preparo as atividades que serão desenvolvidas, os objetivos das atividades, as músicas relacionadas à matéria. Adoro trabalhar com música, eles se divertem muito. (Jussara, professora, 38 anos). Perguntamos como a professora faz para que as atividades sejam feitas dentro do plano de aula. Ela respondeu: Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Nós devemos trabalhar com imprevistos, tem dias que os alunos não conseguem realizar todas as atividades na mesma aula, então peço que com a ajuda da mamãe eles terminem em casa. No dia seguinte, antes de iniciar com um novo plano corrijo os cadernos com eles para tirar as dúvidas. (Jussara, professora, 38 anos). Ferreiro (1999) citado por Duarte, Rossi e Rodrigues (2008) afirma que a alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é na maioria dos casos anterior a escola é que não termina ao finalizar a escola primária. A alfabetização inicia-se quando a criança começa entender as letras e as palavras que estão ao seu redor. Para Soares (1998) alfabetizado é a pessoa que sabe ler e escrever. A partir do momento que a criança lê e escreve ela é alfabetizada. Mas, a escola deve seguir o desenvolvimento de acordo com a faixa etária dos alunos. Nas observações notamos que os alunos aprendem devagar, a familiaridade com as músicas é bem notada, eles podem não saber escrever corretamente, mas cantam todas na música “O Abecedário da Xuxa”. No entanto, é pertinente afirmar que o fato de cantar o alfabeto na música não quer dizer necessariamente que tenham conhecimento do alfabeto. Sobre a construção do processo de alfabetização, Jussara explicou o seu conceito sobre as palavras alfabetização e letramento: As crianças começam a ser alfabetizadas muitas vezes antes de freqüentar a escola, aprendem em casa com o próprio nome, o da mãe, até mesmo de um animal de estimação, quando elas sabem escrever e ler estão alfabetizadas. Já letradas as crianças não só sabem ler e escrever, mas aquele que usa a leitura e a escrita, pratica e responde as demandas sociais sobre a leitura e escrita. (Jussara, professora, 38 anos). A esse respeito Ferreiro (1996) citado por Duarte, Rossi e Rodrigues (2008) diz que a aprendizagem da leitura e da escrita não se dá espontaneamente; ao contrário, exige uma ação deliberada do professor e, portanto, uma qualificação de quem ensina. Exige planejamento e decisões a respeito do tipo, freqüência, diversidade, seqüência das atividades de aprendizagem. Mas, essas decisões são tomadas em função do que se considera como papel do aluno e do professor nesse processo; por exemplo, as experiências que a criança teve ou não em relação à Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 leitura e a escrita. Incluem, também, os critérios que definem o estar alfabetizado no contexto de uma cultura. Perguntamos a faixa etária das crianças para iniciarem esse processo? Ela respondeu: A criança deve iniciar esse processo naturalmente, no meu caso, sendo educação infantil, eles não são obrigados a chegarem ao fim do ano alfabetizados e letrados. Eu só inicio o processo com eles, vou ensinando o básico que, muitas vezes, eles já sabem e tenho que avançar. Mas, a faixa etária para aprenderem é de 6 a 7 anos de idade. (Jussara, professora, 38 anos). A criança precisa passar por esse processo e resolver os problemas de natureza lógica até compreender que a escrita representa a linguagem. Assim, ela se identifica por meio da comunicação pessoal. Para Tifouni (1995), deve se levar em conta todos os conhecimentos anteriores do aluno, sua bagagem cultural, seu grau de letramento etc. Até mesmo na hora de recreação as crianças menores despertam suas curiosidades para a aprendizagem. Durante a observação da turma da professora Jussara, em um dia chuvoso, notamos que ela organizou a turma após a merenda em círculo para brincarem de telefone sem fio. Eles se divertiam com o nome dos coleguinhas e quando acabava o círculo tinham que falar o nome do colega a primeira letra e as vogais. E eles brincaram até o fim do recreio. A esse respeito, perguntamos a professora sobre a participação da equipe pedagógica no processo de alfabetização dessas crianças e ela respondeu: Ela me orienta sobre os métodos de ensino, sobre a forma de trabalhar sem forçar os alunos, eu não faço nada que tiver em dúvida sem perguntá-la até mesmo porque ela está aqui para nos orientar. Ela participa de projetos, ela elabora, um exemplo foi a festa das mães, deu a opinião e esteve presente nos ensaios modificando o que era preciso e acrescentando o que podia ser acrescentado. (Jussara, professora, 38 anos). O trabalho em equipe parece ser rotina na escola. A pedagoga vai até a sala, conversa com a professora, mostra cadernos dos alunos, os incentivam sempre. Na observação em sala de aula ouvimos um diálogo entre a professora e a pedagoga. A professora se dirigiu até a mesa da aluna Camila,pegou seu caderno, elogiou o Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 capricho e nos mostrou. Dirigiu-se até a pedagoga e mostrou a ela também. Afirmou a Pedagoga: Olha Camila é muito caprichosa, olha a letra dela, redonda, não sai fora da linha, mas ela também é atenciosa, presta atenção em tudo que se passa e que eu explico, sua mãe também ajuda nisso, ela diz que a mãe pedi para lavar sempre as mãos antes de mexer com os cadernos tanto dentro da sala como em casa. (Jussara, professora, 38 anos). A pedagoga respondeu que o caderno era muito bonito, com capricho total para uma criança de 5 anos de idade. Voltou-se para turma e disse que era para eles seguirem o exemplo da colega, não escrever no caderno com as mãos sujas, guardar sempre com atenção para não fazer orelhas e não colar as folhas errado. E se tivessem dúvidas era para pedir ajuda da professora ou da mãe. Para Ferreiro (1996) citado por Duarte, Rossi e Rodrigues (2008),a leitura e escrita são sistemas construídos paulatinamente. As primeiras escritas feitas pelos educandos no início da aprendizagem devem ser consideradas como produções de grande valor, porque de alguma forma os seus esforços foram colocados nos papéis para representar algo. Ressalta ainda que: Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita serve para escrever coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as que terminam de alfabetizar-se na escola, mas começaram a alfabetizar muito antes, através da possibilidade de entrar em contato, de interagir com a língua escrita. Há outras crianças que necessitam da escola para apropriasse da escrita. (FERREIRO, 1999, p.23, citado por DUARTE, ROSSI e RODRIGUES, 2008). Conversando com a professora, na entrevista, perguntamos a ela o que mudou desde o início do ano até hoje, qual a evolução dos alunos e ela nos respondeu: Os alunos, a maior parte deles já chegava à sala de aula com um grande avanço, eles já sabiam as letras do alfabeto, um deles até liam algumas palavras e contavam estórias. Hoje os alunos que iniciaram mais atrás, estão bem adiantados, já conhecem as letras do alfabeto e formam palavras juntando as sílabas. Então a evolução foi grande, para a fase deles posso dizer que estou satisfeita (Jussara, professora, 38 anos). É importante evidenciar e privilegiar alguns fatores que influenciam os alunos no aprendizado da leitura e da escrita. As fases da criança devem ser respeitadas, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 mas, se por algum motivo, a fase da leitura já tiver começado e a criança não estiver se adaptando a ela, o professor deve tomar providências para que não ocorra um atraso no desenvolvimento da criança.A esse respeito, a professora disse: A fase da criança deve ser respeitada, na fase que leciono, não é necessário que eles aprendam a ler e escrever, mas estou introduzindo. Através de músicas, brincadeiras e até mesmo com a matéria básica (Jussara, professora, 38 anos). Assim, a criança aprende de forma lúdica e no ano seguinte ela terá condições efetivas de ingressar no processo de alfabetização e letramento propriamente dito. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do presente estudo, é possível concluir que trabalhar nas turmas de Educação Infantil é responsabilidade grande do professor e exige, além de muita experiência, qualificação para entender as necessidades exigidas para as crianças dessa faixa etária. A escola que atende as crianças com faixa etária entre 5 e 6 anos de idade que corresponde ao pré-escolar atualmente, devem se adequar as novas leis exigidas, nessa idade as crianças não tem obrigação de saber ler e escrever, elas apenas iniciam o processo tendo a base para seguir o desenvolvimento da alfabetização no 1º ano do ensino fundamental, mas a maior parte delas vem de um ambiente rico em letramento e já estão em processo de alfabetização. REFERÊNCIAS ASSOLINE, Filomena Elaine. TFOUNI, Leda Verdane. Os descaminhos da alfabetização, do letramento e da leitura. Ribeirão Preto, 1999. BELLO, José Luiz de Paiva. História da Educação no Brasil. 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Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA ALUNOS DO 5°ANO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICIPIO DE MATIPÓ-MG Laíz Vieira Coelho– graduada em Licenciatura em Educação Física,Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira -Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación, Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Este estudo tem como objetivo identificar a percepção sobre a Educação Física de alunos do 5º ano do ensino fundamental de uma escola pública estadual da cidade de Matipó-MG. Trata-se de uma pesquisa descritiva em que foram aplicados 35 questionários com alunos de ambos sexos existentes na Escola participante do turno matutino. A pesquisa se faz relevante, na medida em que buscará direcionar o estudo para a perspectiva dos alunos, o que não é muito comum nessa área. E buscará oferecer subsídios para uma prática mais reflexiva e coerente com as demandas emergentes no campo educacional. Ao contrário do que esperava, ao realizar tal pesquisa com os alunos, eles responderam o questionário como se estivessem totalmente satisfeitos com as aulas. Isso pode estar relacionado ao lugar de adendo que a Educação Física tem ocupado na escola. PALAVRAS-CHAVE: Educação Física; alunos;professor. INTRODUÇÃO De acordo com Freire (1998, p.21), a Educação Física Escolar tem sido vista como uma disciplina preocupada em ensinar apenas o “saber fazer”, constituído de atividades e habilidades motoras, capaz de realizar com eficiência atividades e habilidades motoras, constituindoainda a dimensão procedimental do conhecimento a ser ensinado nas aulas de Educação Física. Como acadêmica do Curso licenciatura em Educação Física e já atuando como estagiária nos anos iniciais do ensino fundamental observoque, geralmente, as aulas são caracterizadas por aspectos desmotivantes à prática da atividade física, principalmente por parte dos alunos presentes. Além de problemas como falta de materiais, estrutura física inadequada, número excessivo de alunos e o não conhecimento da importância da Educação Física no desenvolvimento geral de vários conceitos e capacidades. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Conforme Oliveira(1991), “talvez o maior problema do ensino da Educação Física seja a falta de compreensão do sentido e significado que devem nortear a utilização do “saber fazer” desta disciplina”. Ampliando essa concepção Borsari (1980, p.53)afirma que além dos conceitos, os valores específicos da Educação Física e as atitudes que se quer formar também devem estar explícitos, passíveis de serem verificadas e avaliadas pelo professor e pelo aluno. O problema da pesquisa é delimitado pela seguinte questão: Qual o olhar dos alunos de uma escola pública estadual sobre as aulas de Educação Física? As questões circundantes a essa serão: Qual o perfil do profissional de Educação Física? Que tipo de conteúdo é ministrado nas aulas? Quais os benefícios são percebidos na prática da Educação Física? Como é a participação dos alunos nas aulas? Este estudo tem como objetivo identificar o lugar da Educação Física para alunos do 5º ano do ensino fundamental de uma escola pública estadual da cidade de Matipó – MG. Por uma questão de quantidade de páginas o referencial teórico do estudo teve de ser retirado do artigo. A proposta se faz relevante à medida que buscará direcionar o estudo para a perspectiva dos alunos, o que não é muito comum nessa área. E buscará oferecer subsídios para uma prática mais reflexiva e coerente com as demandas emergentes no campo educacional. METODOLOGIA A pesquisa foi desenvolvida na escola estadual localizada na região central do Município de Matipó-MG. Optei por denominar a instituição como ESCOLA PARTICIPANTE na intenção de preservar o sigilo em relação à identidade, mantendo assim uma conduta ética na pesquisa. Os sujeitos da pesquisa foram 35 alunos do 5° ano do Ensino Fundamental, do turno matutino,de ambos os gêneros,estudantes na ESCOLA PARTICIPANTE. A participação desses sujeitos foi precedida do encaminhamento aos pais ou responsáveis de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), garantindo o rigor exigido em pesquisas com sujeitos. Só participaram da pesquisa os alunos que os pais assinaram ao TCLE. Foram utilizados dois instrumentos de coleta de dados, a saber: (i) um questionário, com 7 questões fechadas e 1 aberta e (ii) 4 observações participantes Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 das aulas de Educação Física dessa mesma turma de alunos. Os dados do primeiro instrumento foram organizados em programa Microsoft Office Excel2007 e apresentados em forma de gráficos. Os dados das observações foram estabelecidos através de notas de campo expandidas. A utilização desses dois instrumentos de coleta de dados possibilita que esta pesquisa seja classificada como quanti-qualitativa. Para Nascimento (2004) a abordagem quantitativa se dá em função da utilização do questionário e sua organização em forma de gráficos, instrumento esse que lida exclusivamente com números. Já a abordagem qualitativa dessa pesquisa se justifica pela elaboração das notas de campo, priorizando o que se houve e o que se vê nas aulas com essa turma. RESULTADOS E DISCUSSÃO DE DADOS Esses resultados são provenientes das respostas das 7 questões do questionário mesclados com as observações participantes das aulas da turma observada.A primeira questão desse estudo relata o gosto dos alunos pelas aulas de EF, como observado no gráfico: 0% 6% 0% Sempre gosta As vezes Nunca gosta Outros 94% Figura 1 – Gosta das aulas? O percentual elevado de alunos que gosta das aulas pode ser compreendido através das observações participantes nas aulas; a maioria das vezes ageM como se estivessem brincando, são eles que acabam escolhendo o conteúdo a ser trabalhado pelo professor. Nesse sentido Lovisolo (1995) coloca que a Educação Física obtém o primeiro lugar entre as disciplinas que os alunos mais gostam, no entanto, cai para Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 sétimo em sua relevância, isto é, no que diz respeito ao impacto social na vida dos alunos. “Os alunos distinguem, portanto, entre o gostar, o prazer, que uma disciplina pode lhes proporcionar e a utilidade que as outras disciplinas podem ter para suas vidas no mundo do trabalho” (p. 56). A segunda questão relata a participação dos alunos nas aulas, prevalecendo com uma quantidade relevante o gosto dos alunos em participar. 0% 17% Faz por obrigação Por gostar Nunca faz Outros 83% Figura 2 – Como participa das aulas. Os resultados evidenciam que o interesse dos alunos pelas aulas de Educação Física é considerável. Esse interesse considerável pelas aulas nos remete novamente ao resultado do primeiro gráfico, já que se eles fazem o que querem esse é um motivo fundamental para justificar a participação para gostar do professor. Os mesmos autores apontam que esse professor considerado querido pelos alunos deixa que essa relação afetiva o impeça de perceber que essas crianças que ficam assentadas ou passeando na escola, no horário de suas aulas e afirmam que gostam delas; podem ser aquelas que não têm sua disciplina como importante para sua vida, para seu desenvolvimento pessoal e profissional. Ao professor basta saber que os alunos gostam da sua disciplina, não se preocupa em compreender os motivos deste gostar. No entanto ainda existe o percentual irrisório de alunos que participam da aula por obrigação, permitindo que as aulas se tornem desmotivantes e às vezes comprometendo o desenvolvimento da aula. Esse resultado nos possibilita afirmar de trata-se de um perfil profissional considerado como laissez-faire, isto é, o professor que deixa a aula acontecer, que Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 joga uma bola, uma peteca, uma corda para os alunos e cada um faz o que achar melhor (DIAS e SOUSA, 2003). Em uma pesquisa realizada por Nascimento, Freris e Dias e Sousa (2002), os alunos confirmaram isso, quando os pesquisadores conversaram com algumas meninas que geralmente permanecem assentadas na arquibancada da escola. Os pesquisadores perguntaram se gostavam das aulas de Educação Física, elas disseram que sim, que mesmo não jogando descansam das outras aulas. Afirmaram que, às vezes, jogam futebol com os meninos, no entanto que eles chutam muito forte e as machucam. Uma nova questão surge a fim de descobrir os tipos de atividades que os alunos praticam nas aulas de EF. 8% 0% 4% queimada futebol 18% peteca 6% corda handebol 10% dança 22% 5% vôlei pega-pega bambole 9% 9% 9% basquete outros Figura 3 – Tipos de atividades. O futebol ainda é o esporte mais trabalhado na escola, conforme aponta os resultados. Segundo Bracht et alli (2002), o esporte, e mais precisamente o futebol, é o conteúdo mais trabalhado e também o que o professor mais gosta de trabalhar nas aulas de Educação Física. O fato de o professor não indicar o futebol no plano e estar utilizando esse esporte em suas aulas, pode também ser explicado por ele ter dificuldades em ministrar as atividades propostas e lançar mão do futebol como saída para a resistência dos alunos em relação às atividades do plano. Muitas vezes o professor chega à escola e o aluno já pensa “hoje tem futebol”, os meninos principalmente. As meninas, por não terem muita afinidade com o esporte, acabam não participando da aula, algumas se misturam entre os meninos, outras sentam nas arquibancadas ou ficam passeando pelo pátio da Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 escola, de acordo com o apontado no estudo de Nascimento, Dias e Sousa e Freris (2002). Segundo Bracht (1992) apesar de a Educação Física haver lançado mão de um amplo leque de objetivos, como o desenvolvimento do sentimento de grupo, cooperação, etc, o objetivo da escola é tão somente a aprendizagem do esporte, ficando a ginástica e a corrida, por exemplo, como simples aquecimento, além dos jogos populares terem sido transformados em "jogos pré-desportivos". O esporte passou a ser o conteúdo hegemônico da Educação Física. Sentidos tais como o expressivo, o criativo e o comunicativo, que se manifestam em outras atividades de movimento, não são explorados quando o conteúdo escolar é apenas o esportivo (KUNZ, 1989). A questão seguinte do questionário relata as dificuldades que os alunos possuem ao praticar as aulas de EF. 0% 6% Sempre As vezes 50% 44% Nunca Outros Figura 4 – Dificuldades encontradas em praticar as aulas. Verificou que apesar de 50% dos alunos não encontrarem dificuldades em praticar as aulas, o percentual de alunos com dificuldades é significativo. O professor de Educação Física na escola é, geralmente, conhecido como o mais querido, esse fato pode fazê-lo sentir-se envaidecido colocando uma venda sobre os olhos, que o impede de enxergar o processo de desvalorização de seu trabalho (NASCIMENTO et. alli, 2003). Reconheço que além das dificuldades encontradas pelos alunos, existem os desafios encontrados pelo professor de EF, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 entre eles materiais na escola, espaço físico, desvalorização pelos professores de outras disciplinas, até mesmo pelo diretor. Borges (1998) afirma que o professor de Educação Física ao planejar uma aula deve abordar as orientações didáticas, pedagógicas e metodológicas, para assim, permitir o desenvolvimento de um trabalho consciente: sabendo o que desenvolver; para quem desenvolver e como desenvolver, podendo assim, antever a dosagem, conforme a estrutura de cada criança, com base nas suas características e necessidades. A próxima questão relata o entendimento dos alunos sobre as informações do professor. Será que quando o professor explica uma atividade ele entende? Será que quando o professor explica tal conteúdo o aluno compreende? 0% 31% Sempre As vezes Nunca 69% Outros Figura 5 – Entende as informações do professor. Essa questão é fundamental para um bom desenvolvimento das aulas, pois se o aluno não compreende o que o professor fala, ele não aprenderá tal conteúdo e não sentirá motivado a aprender e participar cada vez mais de tal atividade. A observação possibilita entender e entrelaçar o resultado do gráfico 4 com o gráfico 5. No que diz respeito à prática da EF (gráfico 4) dizem que 6% sempre encontram dificuldade e 44% às vezes. Porém, no gráfico 5, 69% respondem sempre entender as informações do professor e 31% às vezes. Desse modo, evidencia-se a contradição, já que na observação evidenciam que a dificuldade é obedecer às regras das atividades. No entanto, quando fazem o que querem não existe dificuldade. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Segundo Rezende e Soares (1997) é importante que a relação professoraluno seja dialógica, em que o professor torna-se o responsável pela mediação dos conflitos que emergem da interação do aluno com o meio social e cultural da aula, provocando um ambiente de reflexão, trocas e decisões superadoras das situações problemas. Na próxima questão os alunos relatam como se sentem ao praticar a EF escolar. 0% 9% 0% Feliz Não faz diferença Triste Outros 91% Gráfico 6 – Como se sente ao realizar as aulas. Predominou nos resultados que os alunos se sentem felizes na realização das aulas de Educação Física. Parece que os alunos não percebem a EF como disciplina. Sobre isso, Nascimento et al (2003) afirmamque o desenvolvimento da Educação Física como disciplina se dará através do conhecimento. Um conhecimento que será ativo, mediado o tempo todo pelo movimentar-se, de forma rica, prazerosa e criativa. Com essa proposta, a Educação Física tem, através do que o Coletivo de Autores (1992) chama de cultura corporal de movimento, um conteúdo a ser desenvolvido com os alunos.Cabe esclarecer que a expressão “cultura corporal” congrega um conjunto de manifestações de temas que se traduzem enquanto formas de linguagem, de comunicação, de produção cultural e simbólicas, que expressam relações afetivas e de poder. Os mesmos autores evidenciam que os profissionais de Educação Física são responsáveis por fazer as pessoas reconhecerem que a EF é uma disciplina tão importante como as outras, já que ela assume um corpo de conhecimento, dá conta Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 de uma determinada reflexão e da formação de futuros cidadãos trabalhadores desse país. O próximo gráfico relata se o aluno considera importante a prática de atividade física através das aulas de EF. 0% 9% Não faz diferença fazer ou não acha muito importante acha importante mas não faz Outros 91% Figura 7 – Considera importante a prática de atividade física O resultado evidencia que os alunos consideram relevante a prática de atividade física. Entretanto, precisamos considerar que 9% é um percentual alto para alunos do 5° ano afirmar que não faz diferença fazer ou não. Nessa fase, o profissional já precisa ter conseguido evidenciar para os alunos a relevância da EF para seu desenvolvimento. Os alunos só consideram importantes as aulas de EF quando aprendem o conteúdo, seus benefícios, as melhores maneiras de realizá-las, a importância de cada atividade. No entanto, Nascimento et ai (2003) afirmam que para que eles compreendam o lugar dessa disciplina, o professor tem uma função essencial, planejando, praticando atividades criativas, motivando e incentivando os alunos a todo o momento, dar sequência no conteúdo, trabalhar mais de uma modalidade não explorando só um conteúdo no ano inteiro, enfim, o professor é fundamental para o aprendizado e um melhor desenvolvimento do aluno. Segundo Darido (1997) esse tipo de comportamento de compromisso e incentivo aos alunos em relação ao desenvolvimento de suas habilidades é o que se almeja nas aulas de Educação Física, que visa a participação social e o desenvolvimento da autonomia. Sobre isso, Nascimento et al (2003) afirmam que: Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Essa autonomia é facilitada a partir o momento em que o aluno conhece a importância da atividade física, os seus benefícios, as melhores maneiras de realizá-la, as principais modificações ocorridas no ser humano em função da prática das atividades físicas, além do conhecimento sobre o contexto das diferentes práticas corporais (P. 02). Na última questão procuro entender se os alunos gostam realmente das aulas de EF, perguntando se existe algo que gostariam que fosse diferente. 6% Nada 28% Pátio maior na escola 51% Fosse tudo diferente Esportes diferentes Futebol feminino 6% 9% Figura 8 – O que gostaria que fosse diferente nas aulas de Educação Física O percentual de mais da metade dos alunos considerando que nada precisa ser mudado na EF é preocupante, principalmente diante das respostas das questões anteriores e das observações participantes. De fato, isso parece revelar certa apatia dos alunos em relação à disciplina, ou seja, como se com ela ou sem ela não fizesse muita diferença. Isso significa que a EF continua ocupando lugar de adendo na escola (NASCIMENTO et ali, 2003). Ao mesmo tempo em que 51% os alunos dizem que nada tem a mudar outros 28% dos alunos afirmam que querem esportes diferentes. Isso acaba evidenciando certa contradição em relação às aulas de EF. Isso quer dizer que, de certa forma, algo precisa ser mudado nas aulas. Diferentemente do que aponta os resultados, conforme coloca Nascimento, Santos, Freris e Dias e Sousa (2002), se a Educação Física estabelecer-se no mesmo patamar que as outras disciplinas, sem negar sua especificidade, ela conseguirá sua legitimação, autonomia e identidade pedagógica. Propõe-se para isso, que os profissionais estejam cientes dos objetivos da EF e que estes Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 permaneçam conectados, formando assim uma unidade indissolúvel, onde os conteúdos serão capazes de construir a significância/identidade da EF. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao observar a escola acreditava em uma outra percepção dos alunos que se demonstravam totalmente insatisfeitos com as aulas. Durante as observações, pude notar que só praticavam as aulas quando queriam, escolhiam as atividades a ser trabalhadas pelo professor, enquanto alguns participam das atividades outros estavam andando pelo pátio da escola sem nada a fazer. Percebi ainda, a todo o momento, a indisciplina dos alunos. Ao contrário do que se esperava, ao realizar tal pesquisa com os alunos eles responderam o questionário como se estivessem de uma maneira geral satisfeitos com as aulas. Isso pode estar vinculado ao medo do professor ou apatia pela EF. Se passarmos a definir um corpo de conhecimento para a EF, atribuindo um conteúdo de responsabilidade dela, definiremos sua identidade, rompendo com as exigências externas. Como destaca Nascimento et alli(2003), se não pensarmos detidamente nossa prática pedagógica, ficaremos entregues aos interesses estabelecidos pelas classes dominantes, a legitimidade da EF parte da questão do reconhecimento, que não é somente a lei que define, mas principalmente os profissionais da área, através de ações individuais que conscientes que vão somar-se ao coletivo. REFERÊNCIAS BRACHT, V. et al. A prática pedagógica em educação física: a mudança a partir da pesquisa-ação. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v.23, n.2, p. 9-29, 2002. BRACHT, Valter. Educação Física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1992. BORSARI, José Roberto (Coord.). Educação Física da pré-escola à universidade: planejamento, programas e conteúdos. São Paulo: EPU, 1980. BORGES, Cecília Maria Ferreira. O professor de Educação Física e a construção do saber. Campinas: Papirus, 1998. 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Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 RELAÇÃO ENTRE A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E AS ATIVIDADES DE LAZER PARA ACADÊMICOS DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA ZONA DA MATA MINEIRA Mara Rúbia Torres Barreto – Graduada em Licenciatura em Educação Física, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Daniela Gomes Rosado – Graduada em Educação Física,Mestreem Educação Física, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira -Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación, Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO São poucos os estudos encontrados que unem Educação Física e lazer; portanto, o presente trabalho tem como objetivoverificar relação entre a Educação Física e as atividades de lazer na visão de acadêmicos que fazem este curso em uma Instituição de ensino superior da Zona da Mata Mineira.Segundo Marcellino (1987), torna ainda mais necessário um processo educativo de incentivo à imaginação criadora, ao espírito crítico, ou seja, uma educação para o lazer, que procure não criar necessidades, mas satisfazer necessidades individuais e sociais.Trata-se de um estudo quantitativo, através de questionários semi-abertos aplicado a 64 alunos do curso de Educação Física de uma instituição de ensino superior da zona da mata mineira. O presente estudo constatou que a Educação Física escolar não teve influência no lazer desses alunos, o que eles praticam hoje, no momento de lazer, não está diretamente relacionado com atividades praticadas na Educação Física escolar. PALAVRAS-CHAVE: Educação Física; lazer;escola; percepção. INTRODUÇÃO O conceito que as pessoas têm sobre a Educação Física (EF), parece um pouco diferente do que deveria ser mediante ao que propõe a disciplina. Muitas vezes, professores de outro conteúdo, pais e alunos, percebem a EF como uma disciplina sem importância, sem conteúdo, como a mais fácil de ser trabalhada na escola. Quando se tem experiência em escolas, é possível observar a dificuldade que muitos professores da área encontram, principalmente materiais e espaço físico. Segundo Medina (1990) existem três concepções de EF, a convencional, a modernizadora e a revolucionária. A primeira concepção está apoiada na visão do senso comum. Senso comum aqui entendido como visão mais corriqueira, mecânica, simplista e vulgar que se faz do ser humano e do mundo. De maneira que Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ela recebe forte influência da tradição e, de certa forma, da pedagogia tradicional. A segunda concepção amplia o significado da Educação Física, distanciando-se daquela visão mais comum e vulgar estabelecida pela concepção convencional e, muitas vezes, opondo-se a ela. A terceira concepção é a mais ampla de todas. Procura interpretar a realidade dinamicamente e dentro de sua totalidade. Não considera nenhum fenômeno de forma isolada. O ser humano é entendido em todas as suas dimensões e no conjunto de suas relações com os outros e com o mundo. A Educação Física é uma disciplina muito complexa para se ter uma única definição. Segundo Silveira e Pinto (2001, p.139),“a função da EF é educar para compreender e transformar a realidade que nos cerca, a partir de sua especificidade, que é a cultura de movimento humano”. Essa cultura do movimento humano pode ser trabalhada de diversas formas. A Educação Física se justifica na escola, já que não há outra prática pedagógica que se ocupe da dimensão cultural, que é a cultura de movimento humano, expressa nos jogos, nas danças, nas lutas, nos esportes e nas ginásticas (SILVEIRA e PINTO, 2001). Os mesmos autores colocam que se o objetivo da escola é atender à educação global do aluno, deixar de lado esse aspecto de nossa cultura, que é parte do patrimônio cultural da humanidade e tão presente em nosso cotidiano, é algo impensável. Temos que dar nossa contribuição para que nosso aluno possa conhecer, escolher, vivenciar, transformar, planejar e ser capaz de julgar os valores associados à prática da atividade física, mais do que apenas praticar sem entender essa prática, simplesmente aderindo (ou não) à moda da atividade física. O lazer e a disponibilidade de espaços para atividades lúdicas e esportivas são necessidades básicas e, por isso, direitos do cidadão. Os alunos podem compreender que os esportes e as demais atividades corporais não devem ser privilégios apenas dos esportistas ou das pessoas em condições de pagar por academias e clubes. Dar valor a essas atividades e reivindicar o acesso a elas para todos é um posicionamento que pode ser adotado a partir dos conhecimentos adquiridos nas aulas de Educação Física. (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - PCN, 2003). A dimensão cultural e econômica da vida do não-trabalho cresce cada dia mais, e que a sociedade capitalista encontra no tempo de lazer um espaço livre para divulgação e venda de sua ideologia, começamos a entender a importância de se aprender, discutir, criticar e modificar este que é um espaço de grande importância Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 na vida das pessoas e um dos determinantes do que o cidadão faz de sua vida como um todo e, também, dos valores éticos que incorpora à sua formação pessoal. Segundo Dumazedier (1976): o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.(p.34). Os estudos sobre o lazer de Dumazedier foram fundamentais para o início da discussão na área, foram a base para as pesquisas da área no Brasil. Marcellino (1999) foi um dos estudiosos que se embasou em Dumazedier para iniciar seus estudos do lazer. O conceito de lazer para Marcellino é: a cultura - compreendida no seu sentido mais amplo – vivenciada (praticada ou fruída), no tempo disponível (livre de obrigações com o trabalho, família, religião,etc). É fundamental como traço definidor, o caráter desinteressado dessa vivência.Não se busca, pelo menos basicamente, outra recompensa além da satisfação provocada pela situação. A disponibilidade de tempo significa possibilidade de opção pela atividade prática ou contemplativa.” (MARCELLINO, 1999, p.38). Segundo Marcellino (1987), torna ainda mais necessário um processo educativo de incentivo à imaginação criadora, ao espírito crítico, ou seja, uma educação para o lazer, que procure não criar necessidades, mas satisfazer necessidades individuais e sociais. Não se trata de uma posição utópica de retorno à sociedade tradicional, mas de um posicionamento contra o privilégio na aspiração e no acesso à produção cultural e da recusa dos preconceitos que sempre marcaram a educação para o lazer, tendo como canal a educação formal. Se essas observações não forem levadas em conta, uma “educação para o lazer” que privilegie “o próprio exercício do lazer”, além de confundir-se com a “educação pelo lazer”, detona a crença na superioridade da ação cultural sobre a atuação escolar (MARCELLINO, 1987). A educação para o lazer pode ser entendida, também, como um instrumento de defesa contra a homogeneização e internacionalização dos conteúdos veiculados pelos meios de comunicação de massa, atenuando seus efeitos, através do desenvolvimento do espírito crítico. Além do mais, a ação conscientizadora da prática educativa, inculcando a idéia e fornecendo meios para que as pessoas Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 vivenciem um lazer criativo e gratificante, torna possível o desenvolvimento de atividades até com um mínimo de recursos, ou contribui para que os recursos necessários sejam reivindicados, pelos grupos interessados, junto ao poder publico (MARCELLlNO, 2006). Trata-se de um posicionamento baseado em duas constatações: a primeira, que o lazer é um veículo privilegiado de educação; a segunda, que a prática das atividades de lazer é necessária para o aprendizado, o estímulo, a iniciação aos conteúdos culturais, que possibilitem a passagem de níveis mais elaborados, complexos, procurando superar o conformismo, pela criticidade e pela criatividade. Verifica-se, assim, um duplo processo educativo o lazer como instrumento e como objeto de educação (MARCELLINO, 2006). Como hipótese dessa pesquisa espera-se que as aulas de EF contribuam para a valorização das atividades físicas percebidas também como lazer. Apesar da relevância do tema, são poucos os estudos encontrados que unem Educação Física e lazer; portanto, o objetivo desse estudo foi verificar a existência relação entre a EF e as atividades de lazer na visão de acadêmicos que fazem este curso em uma Instituição de ensino superior da Zona da Mata Mineira. Com este estudo, pretendo contribuir para que as pessoas entendam melhor como tem acontecido a Educação Física nas escolas, se ela tem favorecido no lazer das pessoas. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva que,de acordo com Gil (2006), tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob esse título e uma das características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Os dados foram coletados nos meses de agosto/setembro de 2010. Foram aplicados 64 questionários a alunos de uma instituição de ensino superior da Zona da Mata Mineira, alunos entre 19 e 22 anos, sendo eles acadêmicos do curso de Educação Física. O questionário foi aplicado nessa instituição por ser uma instituição de fácil acesso da orientadora deste trabalho, e pelo fato de os Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 acadêmicos do curso terema disciplina “Lazer”. Assim, considera-se que possuem embasamento teórico para responder tal questionário. A partir dos dados coletados utilizamos o programa Microsoft Office Excel2007, para calcular a médias obtidas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Esta pesquisa tem por finalidade identificar a relação entre Educação Física escolar e as atividades de lazer na percepção de acadêmicos do curso de EF. Para fins de análise, foi aplicado um questionário semi-aberto, com 7 questões sendo 3 abertas e 4 fechadas. Nessa amostra tivemos 58% de acadêmicos do gênio masculino e 52% do gênero feminino. A primeira questão apresenta alunos que tiveram EF na escola, quando 2% responderam que não tiveram essa disciplina durante sua vida escolar.Especificamente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), principal lei relacionada à Educação, já na primeira (lei n° 4.024, de 20 de dezembro de 1961), a Educação Física estava presente. Nessa, era considerada obrigatória nos cursos de graus primário e médio até a idade de 18 anos (BRASIL, 1961), porém, tinha como preocupação primordial a preparação física dos jovens para o ingresso no mercado de trabalho de forma produtiva (SILVA e VENÂNCIO, 2005). No plano legal, tal formulação começa a ser desconstruída com a LDB de 1996 (lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996), na qual a Educação Física passa a ser considerada um componente curricular. A LDB de 1996, em seu artigo 26°, parágrafo 3°, determina: “A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos” (LDB, 1996). Visando a garantia da Educação Física em toda a Educação Básica, em 2001 foi aprovada lei n° 9.394uma alteração no parágrafo 3° do artigo 26° da LDB, que inseriu a expressão “obrigatório” (BRASIL, 2001). A segunda questão relata as atividades que os alunos praticaram na escola durante a EF escolar. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Atletismo Basquete 2% 5% 2% 13% Brincadeiras Dança 20% 10% 2% 1% Futebol / Futsal Ginástica Artística Ginástica Rítmica Handebol 8% Jogos de tabuleiro 21% 16% 0% 0% Lutas Vôlei Natação Outros Gráfico 1 - Modalidades que praticavam nas aulas. Verificou-se que das modalidades trabalhadas na escola pelo professor 21% dos alunos entrevistados praticaram Futebol/ Futsal, 20% Vôlei. Assim, ficou claro que os alunos praticaram diversas modalidades na escola, mas a que mais prevaleceu foi Futebol/ Futsal. Segundo Bracht (1992), apesar de a Educação Física haver lançado mão de um amplo leque de objetivos, como o desenvolvimento do sentimento de grupo, cooperação, etc, o objetivo da escola é tão somente a aprendizagem do esporte, ficando a ginástica e a corrida, por exemplo, como simples aquecimento, além dos jogos populares terem sido transformados em "jogos pré-desportivos". O esporte passou a ser o conteúdo hegemônico da Educação Física. Sentidos tais como o expressivo, o criativo e o comunicativo, que se manifestam em outras atividades de movimento, não são explorados quando o conteúdo escolar é apenas o esportivo (KUNZ, 1989). Na terceira questão, procura-se perceber qual a modalidade que os alunos não praticaram, mas gostariam de ter praticado na EF escolar.O gráfico 3 mostra as modalidades que os alunos gostariam que fossem trabalhadas nas escolas e não são lembradas. A natação é a que apresenta maior percentual, os alunos do curso deixaram claro que é uma modalidade que eles gostariam de ter praticado na escola e não foi possível.Modalidade pela qual seria um pouco difícil para ser trabalhada, pois existem escolas que não possuem quadra, será que uma piscina seria possível para que essas aulas acontecessem? Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Atletismo 2% Basquete 13% Brincadeiras 3% 27% Dança 1% Futebol / Futsal 9% Ginástica Artística 1% Ginástica Rítmica Handebol 2% 12% Jogos de tabuleiro Lutas 3% 21% Vôlei 5% Natação 1% Outros Gráfico 2 - Modalidades que gostariam de ter praticado e não praticou. Paiano (1998) aponta um exemplo de escola que oferece aos alunos atividades alternativas, como caminhada, mergulho, capoeira entre outras, dando a eles a oportunidade de escolha da atividade que mais lhe agrade, e com isso, aumenta o nível de interesse e participação das aulas, fazendo com que os alunos se sintam mais motivados a participarem, já que estão praticando uma atividade de seu próprio gosto. Uma nova questão surge para identificar qual a ocupação desses entrevistados em seu momento de lazer apresentadas no gráfico abaixo. 5% 6% 11% 1% 17% 13% 2% 9% 10% 3% 1% 2% 5% 1% 5% 9% Internet Beber Festas Filme Ouvir música Jogar futebol/futsal Fumar Ficar em casa Jogos eletrônicos Assistir Futebol Passeios Praticar atividade física Ler/estudar Sair com amigos Namorar / Paquerar Assitir televisão Gráfico 3 - Ocupação nos momentos de lazer. Verificou-se que as atividades que os acadêmicos realizam em seu momento de lazer não têm relação nenhuma com a EF escolar, a que mais prevaleceu com Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 17% é sair com amigos. Ou seja, as atividades que os alunos praticaram na EF escolar não influenciam em seu momento de lazer. Segundo Dumazedier (1979), as atividades de lazer são classificadas em: I. Lazeres físicos - aqueles que implicam esforço e exercício de tipo corporal; II. Lazeres práticos - são os que exigem uma habilidade manual e especial; III. Lazeres intelectuais - que têm que ver com o cultivo do intelecto e da cultura; IV. Lazeres artísticos - que têm a ver com a prática específica de uma arte; V. Lazeres sociais - são os relacionados com aquelas atividades de diversão, descanso e desenvolvimento, praticadas de uma forma coletiva. Tendo em vista os conteúdos de lazer, o ideal seria que cada pessoa praticasse atividades que abrangessem os vários grupos de interesses, procurando, dessa forma, exercitar, no tempo disponível, o corpo, a imaginação, o raciocínio, a habilidade manual, o contato com outros costumes e o relacionamento social, quando, ocorre, com quem e da maneira que quisesse. No entanto, o que se verifica é que as pessoas geralmente restringem suas atividades de lazer a um campo específico de interesse. E, geralmente, o fazem não por opção, mas por não terem tomado contato com outros conteúdos. (MARCELLINO, 2006) O lazer e a disponibilidade de espaços para atividades lúdicas e esportivas são necessidades básicas e, por isso, direitos do cidadão. Os alunos podem compreender que os esportes e as demais atividades corporais não devem ser privilégio apenas dos esportistas ou das pessoas em condições de pagar por academias e clubes. Dar valor a essas atividades e reivindicar o acesso a elas para todos é um posicionamento que pode ser adotado a partir dos conhecimentos adquiridos nas aulas de Educação Física. (PCN, 2003). CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo Marcellino (1987), torna ainda mais necessário um processo educativo de incentivo à imaginação criadora, ao espírito crítico, ou seja, uma educação para o lazer, que procure não criar necessidades, mas satisfazer necessidades individuais e sociais. Diante do estudo, pode se perceber que, no caso do público entrevistado, não aconteceu educação para o lazer. O presente estudo constatou que a Educação Física escolar não teve influência no lazer desses alunos, o que eles praticam hoje Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 no momento de lazer não está diretamente relacionado às atividades praticadas na Educação Física escolar. Portanto, mesmo alguns autores acreditando na relação entre EF e lazer, os entrevistados evidenciam que suas práticas atuais de lazer (sair com amigos, festas e internet) não possuem uma relação direta com as atividades praticadas na EF escolar. É interessante salientar que os entrevistados estão numa fase diferenciada de suas vidas. Eles estão no processo de formação profissional, na universidade, época em que, a maioria, sai pela primeira vez de casa e mora com pessoas inicialmente desconhecidas; por isso, o resultado apontou a socialização como a prática mais presente nos momentos de lazer. E como as festas são os principais locais de integração social em uma cidade universitária, ela aparece como a segunda opção de lazer. Já a internet, é o principal veículo de informação do século vinte e um e também aproxima pessoas distantes, além de servir como principal instrumento de pesquisa e trabalho. Inclusive, hoje, encontramos na literatura um conteúdo do lazer denominado virtual, voltado para as práticas relacionadas à tecnologia (SCHAWARTS E CAMPAGNA, 2006). No caso específico dos alunos entrevistados verificamos que a fase da vida na qual se encontra, exerce maior influência sobre as práticas de lazer do que as práticas corporais oferecidas pela Educação Física escolar. Seria interessante desenvolver estudos com outras faixas etárias para que esclarecer e verificar tal fenômeno. REFERÊNCIAS BRACHT, Valter. Educação Física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1992. BRASIL. Presidência da República. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial, Brasília, 23 dez. 1996. BRASIL. Presidência da República. Lei no 10.328, de 12 de dezembro de 2001. Diário Oficial, Brasília, 13 dez. 2001. DUMAZEDIER, Joffre. Lazer e Cultura Popular. 3ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2000. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996 Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 KUNZ, Elenor. O esporte enquanto fator Física.Contexto &Educação, v.15, p.63 73,1989. determinante da Educação MARCELINNO, Nelson Carvalho. Lazer e Educação. Campinas – SP: Papirus, 1987. ________. Para tirar os pés do chão: corrida e associativismo. São Paulo: Hucitec, 1999. ________. Estudos de lazer: uma introdução. 4.ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. MEDINA, João Paulo Subirá. A Educação Física cuida do corpo...e “mente”: Campinas – SP: Papirus, 1990 PALAFOX, Gabriel Humberto Muñoz, TERRA, Dinah Vasconcellos, PIROLO, Alda Lúcia, AMARAL, Gislene Alves do. Educação Física Escolar: Conceito e Fundamentos Filosófico – Pedagógicos para o PCTP/EF,Uberlândia-Nepecc, 1993 SCHWARTZ, Gisele Maria; CAMPAGNA, Jossett.Lazer e interação humana no ambiente virtual. Motriz, Rio Claro, vol. 12, n.12, p. 175-178, mai/ago. 2006. SILVA,Eduardo Vinícius Mota e; VENÂNCIO, Luciana. Aspectos legais da Educação Física e integração à proposta pedagógica da escola. In: DARIDO, Suraya Cristina.; RANGEL, Irene Conceição Andrade (Coord.) Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. p. 50-63. SILVEIRA, Guilherme Carvalho Franco de, PINTO, Joelcio Fernandes. Educação Física na perspectiva da cultura corporal: Uma proposta pedagógica, v. 22, n. 3, p. 137-150, maio 2001. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR DOS ALUNOS DA DA FACULDADE VÉRTICE UNIVÉRTIX: REAL X IDEAL Daniela Abreu de Matos – Graduada em Educação Física, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Daniela Gomes Rosado – Graduada em Educação Física,Mestre em Educação Física, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira -Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación, Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O presente estudo teve o objetivo de investigar a Educação Física Escolar dos alunos curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX, localizada na cidade de Matipó/MG. Trata-se de um estudo que busca entender quais os conteúdos da Educação Física foram vivenciados e quais os graduandos do curso de Educação Física gostariam de ter aprendido no período escolar. Essa é uma pesquisa descritiva, na qual foram aplicados 63 questionários para acadêmicos das turmas de Educação Física da referida faculdade, no segundo semestre de 2010. Esse trabalho verificou que o futebol/futsal4 foi um dos conteúdos mais oferecidos durante as aulas de Educação Física Escolar, porém, os alunos gostariam que outros conteúdos fossem oferecidos. Como resultados, verificamos que alguns conteúdos da Educação Física não estão sendo oferecidos na escola, contrapondo o direcionamento dado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. PALAVRA-CHAVE : Educação Física , Escola, Conteúdos. INTRODUÇÃO O Ministério da Educação (MEC) desenvolveu uma proposta intitulada Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) em que há diretrizes que orientam o trabalho pedagógico em todas as disciplinas do currículo básico comum das escolas brasileiras. Nessa perspectivaos PCNs propõem delinear para Educação Física escolar(2010, p.70): propõe delinear uma educação que respeite as diversidades culturais, objetivando a formação dos educando para atuarem como cidadãos, 4 Inicialmente é necessário deixar claro que este estudo entende a diferença entre as modalidades esportivas futsal e futebol. Porém, foi necessário colocá-los em uma mesma resposta no questionário aplicado em nossa pesquisa de campo, devido ao fato de as escolas, em sua maioria, não possuírem um campo de futebol ou uma quadra de futsal, mas sim, pátios ou espaços abertos para as práticas da Educação Física escolar. Sendo, portanto, difícil diferenciar o futebol do futsal. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 conhecendo, compreendendo seus direitos e deveres, valorizando a pluralidade sócio cultural brasileira e de outros povos. Os PCNs (2010) defendem a ideia de que a Educação Física Escolar deve introduzir o aluno na esfera da cultura corporal de movimento, por meio de princípios pedagógicos relacionados às três áreas de domínios de comportamento: cognitiva: campo do saber; motora: saber fazer; e afetiva: saber ser (atitudes e valores) os quais devem ser ensinados em todos os conteúdos trabalhados. Para isso, na cultura corporal, é preciso valorizar práticas corporais como danças, ginástica, esportes, lutas e jogos que compõem o patrimônio cultural brasileiro, originário das diversas origens étnicas, sociais e regionais, proporcionando o aumento do capital cultural dos educando (DAOLIO,1995). Além disso, esses conteúdos5 devem ser desenvolvidos em três blocos, a saber: (i) esportes, jogos, lutas e ginástica; (ii) atividades ritmas e expressivas; (iii) conhecimento do corpo (PCN, 2010). Divididos, esses blocos contribuem com o desenvolvimento da criança, na capacidade e no interesse nas atividades, de forma que eles não vejam a Educação Física como uma simples competição. Para o Coletivo de Autores (1992) a Educação Física é uma disciplina que trata, pedagogicamente de uma área denominada de cultura corporal, sendo configurada com temas ou formas de atividades, particularmente corporais entre as quais está o jogo, esporte, ginástica, dança, lutas, capoeira e outras que constituirão seus conteúdos. Porém, o esporte tem sido tematizado nas aulas de Educação Física como único conteúdo dessa disciplina, restringindo o conhecimento dos alunos do que é Educação Física. Segundo Darido (2003) o estabelecimento da cultura corporal como objeto de estudo da Educação Física nos leva a compreender as várias manifestações corporais humanas, em vez de serem tomadas como conteúdos tradicionais estanques da área,ou, como vimos na abordagem desenvolvimentista, estímulos, expressões ou auxílio para o desenvolvimento motor (TANI et 1988). Por outro lado, segundo Bracht (1999), elas devem ser vistas como construções históricas da humanidade. Os conteúdos são o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos e atitudes valorizadas socialmente. Segundo Libâneo (1994) os conteúdos ensinados devem ser organizados pedagogicamente e didaticamente para serem assimilados e aplicados pelos educando na prática de vida. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 5 Dessa forma, o esporte trabalhado pela Educação Física é fruto de um longo processo sócio-histórico e cultural, que culminou nesse fenômeno que conhecemos hoje, assim como a dança, o jogo, a ginástica e a luta (SOARES, 1996; DAOLIO/1995). Os temas a serem tratados pedagogicamente pela Educação Física_ por serem considerados elementos da cultura_ estarão presentes nas aulas como fenômenos que se impõem aos alunos como necessários para sua inserção na realidade social e não como meras expressões de uma natureza apenas biológica do ser humano. Essa divisão tem por objetivo mostrar qual conteúdo está sendo priorizado no processo de ensino e aprendizagem. Com relação à utilização do esporte como único conteúdo das aulas de Educação Física,Kunz (2004) propõe a transformação didático-pedagógica do esporte, uma vez que o esporte de rendimento segue princípios que em sua maioria não se aplicam ao contexto escolar, principalmente no que se refere à cooperação, inclusão e respeito às insuficientes condições técnicas dos alunos. A Educação Física Escolar deve ter como objeto a reflexão sobre a cultura corporal, que contribui para a afirmação dos interesses de classe das camadas populares, na medida em que desenvolve uma reflexão pedagógica sobre valores como solidariedade substituindo individualismo, cooperação confrontando a disputa, distribuição em confronto com apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos – a emancipação –, negando a dominação e submissão do homem pelo homem (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Apesar de existirem propostas para reinvenção do esporte para o trato pedagógico no contexto da Educação Física Escolar, como proposto por Assis (2005), o esporte ao longo de sua história tem sido ministrado como único conteúdo das aulas de Educação Física, caracterizando um quadro identificado por muitos autores como “O esporte na escola”. Dessa forma, esse conteúdo é ministrado sem qualquer transformação didática que possa ampliar o conhecimento dos alunos no campo de diferentes conteúdos da Educação Física Escolar, uma vez que as aulas se restringem, na maioria das vezes, ao conhecimento exclusivo do futebol/futsal. Esses professores são conhecidos como “rola bola”. Os “rola bola” são professores que historicamente denegriram a imagem da disciplina Educação Física dentro da escola, pois são conhecidos pela displicência e irresponsabilidade para com seus alunos e com os conteúdos ministrados nas aulas. Eles simplesmente pegam uma bola de futebol/futsal lançam para seus alunos e os Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 deixam livre, sem qualquer orientação ou intervenção pedagógica. Será que o fato de crianças e adolescentes não conhecerem outros esportes ou práticas corporais durante as aulas de Educação Física exerce influência sobre a escolha ou afinidade com o futebol/futsal? Atualmente, o Brasil possui inúmeras faculdades de Educação Física espalhadas por todo seu território, em que novos professores da área estão sendo qualificados. Esses profissionais, ao chegarem ao mercado, podem modificar o cenário do ensino do esporte no país, divulgando e possibilitando a vivência de diferentes práticas corporais. A atuação dos professores de Educação Física no mercado de trabalho depende tanto da sua formação acadêmica, em instituições de ensino superior, quanto da relação desses profissionais com as práticas corporais ao longo de sua vida. Isso quer dizer que um acadêmico de Educação Física que já foi atleta de vôlei ou que praticava predominantemente essa modalidade em seu tempo de lazer e na nas aulas de Educação Física, possivelmente vai gostar de ensinar o vôlei em suas aulas. Primeiro, porque ele gosta da modalidade, e, segundo, porque ele terá maior facilidade em ensinar, já que passou por todo processo de ensino-aprendizagem e entende ao processo pedagógico. Nessa perspectiva, as questões deste estudo são: quais conteúdos foram oferecidos aos acadêmicos do curso de Educação Física quando estes foram alunos da escola básica? Quais os conteúdos da educação Física Escolar os entrevistados gostariam de ter vivenciado nas aulas durante o ensino básico? Com este estudo pretendo contribuir para que os professores de Educação Física possam ressignificar suas práticas pedagógicas nas aulas, percebendo novas perspectivas, para além daquelas que lhes foram oferecidas quando foram alunos da escola básica. Pois como afirma Daolio (1995, p.41) é comum ouvirmos “pessoas adultas falando de sua experiência de educação física com muita tristeza ou com muita raiva. Pessoas que ficaram à margem das aulas e que não possuem hoje autonomia para usufruir da cultura corporal”. METODOLOGIA A presente pesquisa trata-se de um estudo descritivo (GIL, 2002). Segundo Silva e Menezes (2001), esse tipo de pesquisa visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 variáveis. Também envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados como o questionário. Assume, em geral, a forma de Levantamento. O estudo foi realizado através de aplicações de questionário a 63 acadêmicos do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX, localizada na cidade de Matipó, na Zona da Mata Mineira, a qual possui aproximadamente 17.639 habitantes. O questionário foi composto por questões relacionadas aos conteúdos da Educação Física estudados durante o ensino básico. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e serão apresentados graficamente em termos percentuais e numéricos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os gráficos abaixo mostram os resultados dos questionários aplicados durante a pesquisa. Os dados são apresentados em porcentagem e em valores numéricos. Idade 30 25 20 15 10 5 0 16-20 21-25 26-30 31-35 36-40 Gráfico1- Idade dos entrevistados No que se refere à idade dos entrevistados, verificamos que os alunos do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX apresentam faixa etária entre 16 e 25 anos com poucos alunos entre 30 e 40 anos. Isso indica que grande parte dos alunos são jovens egressos do Ensino Médio. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Educação Física escolar 2% SIM NÃO 98% Gráfico 2 – Educação Física na educação básica De acordo com o gráfico foi possível perceber que os alunos entrevistados tiveram acesso a Educação Física na escola. Entretanto, esses dados não são surpreendentes, tendo em vista que a Educação Física Escolar existe desde 1851. A Educação Física foi introduzida oficialmente nas escolas no ano de 1851, com a reforma de Couto Ferraz (DARIDO, 1999). Segundo Castellani Filho (1999) após três anos a ginástica passou a ser obrigatória no primário e a dança no secundário. Sendo que no futuro a ginástica fora substituída pela disciplina que hoje conhecemos como Educação Física Escolar. Modalidades praticadas 60 VOLEI 51 50 40 30 HANDEBOL BASQUETE 36 FUTEBOL/FUTSA 22 LUTAS 20 10 0 13 9 0 2 modalidades 0 0 DANÇA GINÁSTICA ARTISTICA GINÁSTICA RÍTMICA OUTROS Figura 3- Conteúdos das aulas de Educação Física Com relação aos conteúdos da Educação Física Escolar, esse estudo mostrou que durante as aulas de Educação Física, o futebol/futsal era o conteúdo mais praticado pelo público em questão. Em contrapartida, a dança se encontrava como o conteúdo menos oferecido a esses alunos. Isso evidencia a hegemonia do Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 esporte, sobretudo o futebol/futsal, como conteúdo exclusivo das aulas de educação Física no ensino básico. Nesse sentido, verifica-se aqui o fenômeno descrito por Assis (2005) como “esporte na escola”, onde há uma supervalorização do esporte enquanto conteúdo exclusivo das aulas de Educação Física, sem com que haja nenhum trato pedagógico que possibilite adequar essa pratica corporal ao contexto escolar. Além disso, segundo BRACHT (1999), esses resultados podem ser entendidos à luz do conceito restrito de Educação Física, onde a disciplina é compreendida como a abrangência de atividades pedagógicas que tem como tema o movimento corporal e acontece na instituição educacional, desconsiderando todas as manifestações da cultura de movimento. Além do exposto, vale lembrar que a utilização do esporte, em especial o futebol/futsal, como conteúdo exclusivo das aulas de Educação Física pode estar relacionado à comodidade de se aplicar um conteúdo culturalmente mais difundido e vivenciado, uma vez que ensinar conteúdos não-esportivos significa iniciar umnovo processo de ensino e aprendizagem e sofrer resistência por parte dos alunos, em sua maioria homens acostumados a praticar o futebol/futsal desde infância. Por outro lado a formação recebida nos cursos superiores possibilita e torna o profissional de Educação Física capaz de ministrar diferentes conteúdos e em sua prática profissional. Isso pode ser verificado na matriz curricular dos cursos superiores de Educação Física que estão obrigatoriamente presentes todos os conteúdos da cultura corporal de movimento (esporte, dança, lutas, ginásticas, atividades rítmicas). Modalidades desejadas 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 VOLEI HANDEBOL BASQUETE FUTEBOL/FUTSAL LUTAS DANÇA GINÁSTICA ARTISTICA GINÁSTICA RÍTMICA Modalidades OUTROS Figura 4- Conteúdos que desejavam aprender nas aulas de Educação Física Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Paralelamente, a dança, assim como o esporte (futebol/futsal), é uma das manifestações da cultura do movimento mais importantes e relevantes em todo o mundo ( KUNZ, 2004). Porém, nesse estudo, nós verificamos que esse conteúdo foi o menos vivenciado pelos entrevistados, e, ao mesmo tempo, o que eles mais desejavam praticar. Isso sugere a seguinte questão: porque não foi oportunizada a vivência da dança nas aulas de Educação Física para o público entrevistado? Como resposta, surgem algumas hipóteses entre as quais está a dificuldade encontrada pelos professores de Educação Física em ministrar conteúdos que não sejam esportivos, a contradição entre as teorias pedagógicas aprendidas pelos profissionais quando alunos de cursos superiores e sua prática docente quando profissional, a ausência de comprometimento dos professores de Educação Física para com a transformação de área a qual estão inseridos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos resultados obtidos conclui-se que o futebol/futsal foi o conteúdo da Educação Física Escolar mais oferecido nas aulas de Educação Física do público pesquisado.Reafirmando a tendência esportista relatada por Medeiros e Martinez (2009), Este estudo aponta outra realidade: os alunos desejam uma maior diversidade nas modalidades oferecidas pela Educação Física. Nessa perspectiva, acredita-se que sejam necessários novos estudos que busquem analisar a prática docente na Educação Física, assim como o processo de formação desses profissionais nas instituições de ensino superior. Portanto, conclui-se que o futebol/futsal é o conteúdo mais presente nas escolas, porém, não pela vontade dos alunos. Dessa maneira, essa pesquisa abre os seguintes questionamentos: Qual o real motivo do “monopólio futebolístico” nas aulas? Cultura? Falta de conhecimento do profissional? REFERÊNCIAS ASSIS, Sávio Oliveira de. Reiventando o Esporte:possiblidades da prática pedagógica. 2.ed. Campinas: Autores Asssociados, 2005. BRACHT, Valter. A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física. Caderno Cedes.Ano XIX, n. 48, agosto. 1999. ________.Educação Física e Ciência; Cenas de um casamento (in) feliz.2.ed. Ijuí. Unijuí, 2003. 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UM ESTUDO NAS ESCOLAS DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA Natanael Santana de Oliveira –Graduado em Licenciatura em Educação Física, Professor da Escola Municipal Presidente Médici Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira -Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Este estudo tem como objetivo identificar as estratégias utilizadas pelos profissionais da educação para lidar com comportamentos violentos. O instrumento de coleta de dados foi um questionário semiaberto, aplicado a 23 professores de Educação Físicade Matipó – MG. Os resultados mostraram que a maioria dos profissionais ainda se encontra em fase de adaptação a nova profissão, o que ocasiona certa dificuldade em controlar determinadas situações de violência. Além disso, foram identificados diferentes tipos e focos de violência e pôde-se analisar a postura dos professores e responsáveis no que diz respeito ao controle e coibição dos atos violentos. PALAVRAS-CHAVE: Comportamento; Violência; Profissionais de Educação Física. INTRODUÇÃO A palavra violência apresenta um abrangente significado e pode ser interpretada como “constrangimento físico ou moral; uso de força; coação” (FERREIRA, 2004). Assim, percebe-se que, além de agressão física, a violência está relacionada à agressão verbal; e ambas têm estado muito presentes nas interações escolares, especialmente entre os alunos da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Para Riolfi (1999) citado por Anser (2003, p. 02), “ninguém está percebendo muito bem o que fazer e tem vergonha de dizer isso, o que coloca o professor em uma posição de solidão improdutiva e rancorosa”, fazendo com que o profissional sinta-se incapaz de viabilizar formas de controle dos fatores geradores de violência entre os alunos. Percebe-se então que um aluno considerado violento pela escola pode sofrer algum tipo de exclusão por parte daqueles que convivem direta ou indiretamente com ele. Um ponto importante a ser estudado “é a desmistificação do conceito de Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 que o aluno indisciplinado é um delinquente, o que, a maioria das vezes, não é uma verdade”. Ribas (2002, p.2) Devido aos grandes problemas enfrentados pelas escolas que estão ligados ao contexto em que estão inseridas, fica evidente que “a escola deixou de ser um espaço imune às influencias do cotidiano que a circundam”. Fachinetto (2003, p. 04). A partir de tal constatação veio o interesse pelo tema, pois convivo com situações de tensão, indisciplina e violência entre os alunos numa escola do interior de Minas Gerais, na qual atuo como professor de Educação Física, lecionando aulas para a Educação Infantil e para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Considerando-se que a violência “pode causar danos irreparáveis no desenvolvimento físico e psíquico de crianças e adolescentes” (ROSAS e CIONEK, 2006, p. 13), a questão eixo deste estudo é: como os profissionais lidam com os comportamentos violentos dos alunos no ambiente escolar? Surgiram ainda outras questões: existe algum tipo de retaliação ao aluno que comete um ato considerado violento? Existe alguma iniciativa dentro da escola que tem como finalidade inibir a violência neste ambiente? Diante do exposto, o estudo tem como objetivo identificar as estratégias utilizadas pelos profissionais da escola ao lidar com comportamentos violentos. Com a pesquisa, pretendemos contribuir no sentido de auxiliar os professores na criação de alternativas para lidar com o problema da violência na escola. Além disso, apontar caminhos para que possam colaborar no sentido de melhorar o convívio entre alunos e entre todos os que fazem parte deste contexto chamado “educação”. VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS O termo violência (palavra que vem do latim violentia) pode ser entendido como sendo um comportamento deliberado que provoca (ou pode provocar) danos físicos ou psicológicos a outros seres (LOPES NETO, 2005). Para um entendimento mais amplo, pode-se dizer que tudo que viola o racional é susceptível a ser catalogado como violento se é imposto através da força. Observando a abrangência do conceito de violência, podemos diferenciar vários tipos de violência, como por exemplo, o abuso físico, psíquico, sexual, juvenil, de gênero, entre outros. Suas causas podem ter diversas naturezas das quais dependem várias condições, como: as situações graves e insuportáveis da vida de um indivíduo, a falta de responsabilidade dos pais e pressões do grupo ao qual Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 pertence o indivíduo (o que é muito comum nas escolas). Não existe nenhuma ação sem um fator gerador, Santos (2010) afirma que são inúmeras as causas de violência, entre elas pode-se destacar o ambiente familiar, os alunos, os grupos, a própria escola, a pobreza e a violência doméstica. Conforme coloca Anser, Joly e Vendramini (2003), a violência geralmente aparece associada à desigualdade socioeconômica. No entanto, os mesmo autores destacam que a violência pode partir de qualquer situação, qualquer estrutura familiar e contra qualquer indivíduo. Assim, “não se pode predeterminar uma classe social que sofre mais influência por estar diretamente envolvida no âmago da limitação de uma ação, sendo esse fenômeno mais abrangente e complexo” (SPOSITO, 1998 citado por ANSER, JOLY e VENDRAMINI, 2003, p.69) De acordo com Lopes Neto (2005), se analisarmos a violência desde a perspectiva do ambiente em que ela ocorre, a escola ainda é um espaço pouco explorado, principalmente no que diz respeito ao comportamento violento existente entre os próprios estudantes. Segundo a mesma autora, a violência na escola engloba aspectos como conduta violenta e antissocial, conflitos interpessoais, danos ao patrimônio, atos criminoso etc. Em muitas situações, fatores externos e alheios ao controle das entidades de ensino são as principais causas dos atos de violência. Contudo, soluções e medidas podem ser tomadas dentro do próprio ambiente escolar com o intuito de coibir esse tipo de comportamento. Todos os comportamentos agressivos que são frequentemente presenciados no contexto educacional resultam, muitas vezes, do tipo de desenvolvimento social do aluno e da interação dele com o mundo exterior. Esse comportamento, que posteriormente é reproduzido no ambiente escolar, causa preocupação e temor edeve ser enfrentado de forma constante e enérgica, com o intuito de prevenir danos maiores e possibilitar o pleno desenvolvimento do aluno, proporcionando um ambiente de convivência social sadio e seguro. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada no município de Matipó, localizado na Zona da Mata de Minas Gerais, entre os dias 01 e 29 de Novembro de 2010. O instrumento de coleta de dados foi um questionário semiaberto aplicado a 23 professores de Educação Física, que correspondem a todos os profissionais dessa área atuantes nas escolas da zona rural e urbana de Matipó – MG. O Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 instrumento contém perguntas de múltipla escolha, a fim de entendermos exatamente como os profissionais de Educação Física estão lidando com a indisciplina, e uma segunda parte com perguntas abertas.Fundamentando-se neste instrumento, afirmamos que se trata de uma pesquisa descritiva. Segundo Gil (1991, p. 21) a pesquisa descritiva: Visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento. (GIL, 1991, p. 21). O questionário foi entregue a todos os profissionais de Educação Física do Município juntamente com um termo de consentimento, porém apenas 19 professores devolveram-no respondido. Diante disso, este estudo considerou para sua discussão de dados os 19 professores de Educação Física mencionados. Os professores que participaram da pesquisa residem na cidade de Matipó. Em relação à faixa etária, 73,5% têm entre 18 e 25 anos e os demais 23,5% possuem entre 29 e 37 anos. Desses professores, 83% ainda não se formaram, mas já atuam numa rotina de aproximadamente16 aulas semanais. O tempo de atuação dos professores é outro dado interessante desta pesquisa. Segundo Huberman (1995), parece notório que a carreira pode ser caracterizada em ciclos ou estágios e que esses influenciam a ação profissional dos sujeitos. A partir de estudos com docentes, Huberman (1995) elaborou um modelo de síntese do desenvolvimento profissional em cinco fases: (I) entrada ou tateamento, de 1 a 3 anos; (II) estabilização, de 4 a 6 anos; (III) diversificação, de 7 a 25 anos; (IV) serenidade, de 25 a 35 anos; (V) desinvestimento, ocorre entre os 35 e 40 anos de profissão. Em relação aos anos de atuação na docência, 36,5% lecionam a menos de um ano, 42,5% de 1 a 3 anos, ocupando assim a fase (ciclo) de entrada; 5,5% entre 4 à 6 anos, mantendo-se na fase de estabilização, e 15,5% de 11 à 15 anos, caracterizados dentro na terceira fase postulada por Huberman (1995). UM ESTUDO DO IMPACTO DA VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS Dentre as questões que dizem respeito especificamente ao fenômeno da violência, a primeira respondida pelos professores diz respeito ao ambiente em que acontecem os atos de violência.O maior percentual apresentado nos resultados foi o Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 recreio (25,96%), Segundo Geertz (1995), citado por Wenet, Stigger, Meyer (2005, p. 2) “no pátio da escola e durante o espaço do recreio existe uma negociação cultural que apesar de diferente da sala de aula não deixa de ser complexa e regrada”. O segundo local apontado pelos professores como de maior incidência de violência foi à sala de aula, e o terceiro o banheiroonde se notou um percentual bem menor de ocorrência de violência (14,73%). A segunda questão relaciona-se às situações que desencadeiam violência e a opção “Aluno batendo no colega” foi a de maior percentual (33,33%). O resultado aponta que essa alternativa ainda tem sido adotada pelos alunos para resolver seus conflitos.Representou surpresa nessa questão a ocorrência da opção “outro professor xingando o aluno”. Se o professor é o educador, referencial para o aluno, como aceitar a postura de xingar o aluno? Como educador, é fundamental que o professor seja coerente com as suas próprias propostas, pois um profissional que exige do aluno determinado comportamento e não é o primeiro a dar exemplo, perde a sua autoridade com o aluno, descaracterizando a sua função. Na próxima questão, indagou-se sobre a postura do professor ao ver acontecer entre alunos ou entre profissionais e alunos, em qualquer espaço da escola e em qualquer horário, uma situação de violência. Parte considerável dos professores respondeu que a medida tomada seria em qualquer dos casos, chamar um responsável de maior hierarquia para resolver a situação (57,89%) . Tal resposta nos possibilita algumas reflexões. A primeira é que, dependendo da situação, o mais viável seria mesmo chamar um responsável para intervir. Por outro lado, poderá ser uma ocasião em que não há tempo para chamar ninguém e o jeito é mesmo se envolver para não permitir consequências mais sérias, independente de quem esteja envolvido. Mas, o receio de envolvimento dos profissionais fica evidente nessa situação, pois uma das opções da referida pergunta do questionário foi “se envolver caso fosse uma conflito entre colega e aluno” e apenas 5,28% dos professores assinalaram-na. Outra questão discute a postura do professor de Educação Física quando o aluno provoca situações violentas durante a sua aula. Nesse caso, observamos um percentual considerável dos professores entrevistados que ainda utilizam o sistema de “mandar o aluno para a diretoria” (15,78%). Essa não é a decisão mais apropriada a ser tomada, pois tomando essa decisão o professor estará apenas mudando o problema de lugar. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 As alternativas, “colocar os alunos frente a frente para que resolvam a situação sob o acompanhamento do professor” e “colocar os alunos frente a frente para que resolvam a situação e, posteriormente, conversem com o professor para falar sobre a forma de resolver o problema”, foram a segunda que os entrevistados mais assinalaram, tendo-se empate de percentual (26,32%). Essa opção que pondera a intervenção posterior do professor é a mais adequada, já que com essa postura os alunos aprendem a exercer a sua autonomia moral e intelectual, conforme coloca Piaget (S/A) citado por Kamii (2006). Mas, a segunda opção não deixa de ter o seu mérito em relação ao primeiro caso em que se registra a heteronomia do professor, justamente pelo fato de não conseguir resolver um problema da sua aula sozinho. A última questão tratou dos tipos de consequências para o aluno que comete qualquer tipo de violência nas aulas e na escola, a saber. Chamar os pais ou responsáveis foi à alternativa com maior percentual de respostas (30,77%). Os resultados ainda indicam que o antigo livro de ocorrência ainda continua tendo lugar na escola. No entanto, quando pensamos sobre a utilidade dele para o processo educativo do aluno, não encontramos sentido nessa estratégia. Segundo Nascimento, Dias e Sousa e Azevedo (2006), esse livro não possui nenhum fundamento, já que os registros são pontuais, sem evidências de qualquer acompanhamento pedagógico contínuo dos alunos advertidos. Sobre os motivos que tem levado a ocorrência das situações de violência dentro da escola, pode ser observado a seguir o que apontaram os professores e os respectivos números de vezes que as respostas foram recorrentes: QUADRO 1: Motivos que tem levado a ocorrência das situações de violência dentro da escola. Motivos que tem levado à ocorrência de tantas situações de violência (visão do professor) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Motivos Número de vezes que os professores optaram pelo mesmo motivo Educação que os pais passam Falta de respeito e interesse dos alunos Falta de carinho em casa Humilhação e Valores éticos e morais Competição e individualismo Falta de diálogo e carinho na escola Agressividade / Apelidos de mau gosto Profissionais não qualificados Situação financeira e local onde mora Não respeita a hierarquia 10 9 6 5 5 4 4 3 2 1 Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Quando afirmamos que as atitudes dos alunos são consequências das experiências, tanto em casa quanto no seu convívio, estamos em concordância com Assis e Souza (1990), citado por Ristum (2001, p. 79), que relacionam os atos são, “círculo de amigos, tipos de lazer, autoestima, posição entre irmãos, princípios éticos, vínculo afetivo na escola ou os professores e violência dos pais”. Inúmeras são as ações que nos permitem perceber que o fato de um aluno ser violento, na maioria das vezes é motivado por razões por trás de suas atitudes o que afirmamMeneghel, GiuglianiI e Falceto (1998, p. 6 ) “o adolescente agressivo na escola é um indivíduo maltratado”. Sobre as mudanças em relação a situações de violência na escola, relatam os professores: “Sim, cada vez mais, a cada ano, aumenta situações de violência e agressividade dentro da escola e na sociedade de forma geral.” “Sim. A cada dia que se passa os alunos chegam na escola cada vez mais desobedientes e agressivos.” Visamos claramente a um aumento da violência em todos os contextos da sociedade, dentro do âmbito escolar não se diferencia dos outros, apesar de ser um local em que hà educação. Nos últimos anos, estamos vivenciando inúmeros acontecimentos de violência em escolas. Conforme Meneghel, Giugliani e Falceto (1998, p.2), em consonância ao que disseram os professores, “está-se assistindo a um aumento ‘epidêmico’ dos fenômenos violentos na sociedade”. Em relação às estratégias de amenizar tais acontecimentos, apontam os professores: “Trazer os pais para participar junto à escola” “Diálogos mais instruções e participação e acompanhamento familiar.” “A participação da família na escola, por que isso vem do lar.” O ato de se relacionar com os alunos é fundamental para um retorno significativo,tratando-se de satisfação pessoal e profissional. Conforme destaca Morales (1999), o professor, como profissional da educação, mantendo o respeito, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 não necessariamente deverá deixar de lado o comprometimento com seu aluno, mantendo assim dentro dos limites, uma relação efetiva dentro de sala. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados evidenciaram que a maioria dos profissionais ainda está em fase de adaptação no seu campo de atuação. Como consequência desse fator, é provável que não possuam experiência necessária para lidar com situações das quais não estavam habituados, ou talvez não foram submetidos a uma preparação adequada para tratar determinados fatos que possam levar a algum ato de violência. Podemos perceber que em determinados pontos analisando as respostas dos professores pesquisados, os mesmos entram em contradição com suas próprias atitudes em relação a um possível problema enfrentado na escola. De certa forma, essa atitude do professor pode gerar consequências indesejadas, como por exemplo, a perda de autoridade ou ainda o distanciamento na relação aluno/professor e que em muitas vezes pode-se perceber que o professor exerce um papel marginal em algumas situações de conflito no ambiente escolar, em determinados casos, um melhor preparo do educador poderia ajudar a diminuir e inclusive evitar tais situações. Resumidamente, podemos concluir que este trabalho de pesquisa contribuiu na determinação dos tipos e focos de violência na escola e na identificação da postura dos professores e responsáveis no que diz respeito ao controle e coibição dos atos de violência. Contudo, se faz necessária uma avaliação mais profunda dos aspectos que motivam os alunos a cometerem tais atos e uma discussão sobre quais providências e metodologias poderia empregar-se para amenizar essa situação. Como recomendação, sugere-se um acompanhamento individual do professor e dos alunos envolvidos nos atos de violência com o intuito de desenvolver um informe completo da situação que possa ser posteriormente analisada pelos especialistas. Recomenda-se também a realização de um novo estudo que conte com diferentes instrumentos de coleta de dados, especificamente de natureza qualitativa, a fim de que se possa compreender melhor o fenômeno da violência na escola e que possibilite identificar as fronteiras entre atos de violência e atos indisciplinares, muitas vezes confundidos ou analisados de forma equivocada. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 REFERÊNCIAS ANSER, Maria Aparecida Carmona Lanhes; JOLY, Maria Cristina Rodrigues Azevedo; VENDRAMINI, Claudette Maria Medeiros. Avaliação do conceito de violência no ambiente escolar: visão do professor. 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Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 RESUMOS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A DANÇA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: OS DESAFIOS PARA O TRABALHO DOCENTE COM ESTE CONTEÚDO NA ESCOLA Isadora Cristina Martins Ribeiro e Leidiana Pereira Queiroz – Graduandas em Licenciatura em Educação Física, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kátia Imaculada Moreira – Graduada em Dança, Especialista em Metodologia da Pesquisa, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestreen Ciencia de La EducacionFisica, el deporte y La Recreación,Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: dança; Educação Física; docente; desafios. RESUMO Para Capri e Finck (2009) a dança faz parte da história humana, são uma das formas mais antigas de expressão nas mais diferentes culturas e tem acompanhado a evolução do Homem desde os primórdios, passando de ritual para manifestação da elite social, segue em constante evolução de acordo com os movimentos sociais. Todas as culturas têm algum tipo de manifestação rítmica e/ou expressiva. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997) no Brasil existe uma riqueza muito grande dessas manifestações. Danças trazidas pelos africanos na colonização, danças relativas aos mais diversos rituais, danças que os imigrantes trouxeram em sua bagagem, danças que foram aprendidas com os vizinhos de fronteira, danças que se vêem pela televisão. As danças foram e são criadas a todo tempo; inúmeras influências são incorporadas e as danças transformam-se, multiplicam-se. Dessa forma, ela torna-se um conteúdo relevante às aulas de Educação Física, embora se tenha a hipótese que este não seja um trabalho muito simples de se desenvolver na escola em função de uma série de fatores. Nessa pesquisa temos como objetivo compreender os desafios do trabalho docente com a dança para professores de Educação Física das escolas da rede estadual da cidade de Abre Campo - MG. Este trabalho encontra-se ancorado na abordagem de pesquisa qualitativa. Segundo Barbosa (1998) citado por Manfioe Paim (2008) essa abordagem envolve a detenção de dados descritivos obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatizando mais o processo do que o produto e se preocupa em relatar a perspectiva dos participantes. Nesse sentido não nos basta quantificar o número de aulas de dança nas aulas de Educação Física, e Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 sim saber a qualidade, bem como os benefícios que o professor espera alcançar através destas. O estudo foi realizado na cidade de Abre Campo-MG, em maio e junho de 2011, através de entrevista semi-estruturadacom 6professores de Educação Física de ambos os gêneros, que atuam na rede Estadual de Ensino da mesma cidade. Antes da entrevista eles assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). As entrevistas foram transcritas em programa Word versão 2003. A identificação para cada um dos professores foi professor 1, professor 2 e assim sucessivamente até professor 6. Para essa identificação foram seguidos os anos que cada um já concluiu a graduação em ordem crescente, a saber: professor 1 – graduado há 2,5 anos; professor 2 – graduado há 4 anos; professor 3 – graduado há 7 anos; professor 4 e 5 – graduados há 8 anos e professor 6 – graduado há 9 anos. Os resultados parciais indicam que 4 dos entrevistados já atuavam na área mesmo antes de se formar. Todos os professores pesquisados tiveram a dança como disciplina na graduação. No entanto, apenas 4deles relataram que a utilizam como conteúdoem suas aulas de Educação Física.Apenas 3 professores (1, 2 e 3) se entendem aptos para trabalhar a dança na escola, considerando-se para isso a forte identificação com a dança e a experiência de sala de aula. O professor 6 não se sente apto, porémafirma que procura se informar para estar trabalhando a dança. E os outros 2(4 e 5) não trabalham e nem se consideram qualificadospara ensinar a dança, tanto pornão gostarem como também por terem vergonha. Os professores que trabalham com a dança afirmam que sempre existirá um ou outro aluno que apresentará resistência a ela como conteúdo das aulas de Educação Física. No entanto, esses profissionais pontuam que é fundamental insistir a fim de que aos poucos consigamos atingir o maior número de aceitação da dança, já que ela é indispensável como conteúdo que favorece a socialização, a afetividade, o desenvolvimento motor entre outros tantos benefícios. Acreditamos que finalizadas as discussões dessa pesquisa e apurados todos os resultados poderemos apontam caminhos para o trabalho com a dança enquanto conteúdo das aulas de Educação Física na escola. REFERÊNCIAS CAPRI, Fabíola Schiebelbein;FINCK, Sílvia Christina. A dança no contexto da educação física. Uma análise da prática de ensino no processo de formação docente. Revista Digital. Disponível em: http://www.efdeportes.com/. Acesso em: 16. fev. 2011. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PAIM, Maria Cristina Chimelo; MANFIO,JulianeBaggiotto. Artigo – A dança no contexto da Educação Física escolar: e a percepção de professores de ensino médio. Disponível em: http://www.efdesportes.com. Acesso em: 16.fev.2011. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física/ Secretaria da educação Fundamental- Brasília: MEC/SEF, 1997. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 AÇÃO DOCENTE DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR EM UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA Giselle Vieira Pereira e Carmelita Santana Bueno – Graduandas em Licenciatura em Educação Física, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento– Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira -Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: ação docente; professores; Educação Física Escolar. RESUMO A atuação da maioria dos professores de Educação Física escolar que atualmente observamos foi o motivo que impulsionou o despertar de interesse por esse tema. O problema em questão enfoca a situação da ação docente dos professores de Educação Física Escolar, notadamente em relação ao processo de ensino e aprendizagem e, subjacente a ela, a metodologia usada pelos profissionais que trabalham com essa disciplina. Para Medina (2001), a Educação Física brasileira tem sido incapaz de justificar a si mesma, quer como disciplina formal e predominantemente educativa, quer como atividade que auxilie alguns aspectos de desenvolvimento humano fora da escola e, em especial, no esporte de alta competição ou de rendimento. Essa afirmação leva em consideração a percepção de corpo dos professores, principal instrumento didático-pedagógico desse profissional. Segundo Nascimento, Freris e Dias e Sousa (2002) até a década de 1990 as tendências da Educação Física viam o corpo apenas através da dimensão fisiológica e técnica. As discussões que foram feitas a partir desse período começaram a perceber uma Educação Física além dessas dimensões, considerando os aspectos sociais, culturais, políticos e afetivos. O aluno passa a ser um sujeito que tem história de vida individual que se constrói dentro do coletivo. A tarefa do profissional de Educação Física, em sua função básica como agente renovador e transformador da cultura subdesenvolvida em que vive, só poderá se concretizar por intermédio de uma prática reflexiva. Somente as nossas ações é que poderão efetivar mudanças numa determinada situação. Aliás, seja qual for a área de atuação, nada acontecerá de fato à realidade existente se não houver uma Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 prática dinamizando tal realidade. Contudo, qualquer prática humana, sem uma teoria que lhe dê suporte, torna-se atitude tão estéril (apenas imitativo) quanto uma teoria distante de uma prática que a sustente (MEDINA, 2001). Diante do exposto até aqui o objetivo desse estudo foicompreender a ação docente de professores de Educação Física Escolar de uma escola pública estadual de uma cidade da Zona da Mata Mineira. A pesquisa foi realizada no mês de agosto de 2011, com 2 docentes de Educação Física Escolar de uma escola pública estadual de uma cidade da Zona da Mata Mineira. Segundo o censo 2010 o município pesquisado apresenta uma população de 15.011 habitantes (IBGE CIDADES, 2011). As principais atividades econômicas desse município são cafeicultura e agropecuária. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada através de entrevista estruturada e observação participante com 2 professores de Educação Física. As entrevistas foram transcritas e as observações organizadas em forma de nota de campo expandida. Para organização desses dados utilizamos o programa Word, versão 2007. Os resultados parciais dessa pesquisa nos permitem afirmar que a cada ano a obra de Medina (2001) vem nos convencendo de forma contundente que a Educação Física precisa entrar em crise para rever seus conceitos, já que a crise traz à tona todas as anomalias que perturbam uma instituição, porém, as instituições não mudarão se as pessoas que as constituem não mudarem. Conforme coloca o mesmo autor, a Educação Física tem sido incapaz de justificar a si mesma. Isso se deve preponderantemente à falta de disposição crítica que tem caracterizado esse campo específico do conhecimento. A Educação Física precisa de uma teoria que lhe dê suporte como atividade essencialmente – mas não exclusivamente prática (MEDINA, 2001). Cabe unicamente ao profissional de Educação Física fazer a escolha do seu itinerário, continuar no marasmo ou integrar-se aos que lutam para queessa disciplina com a mesma relevância das demais na escola. REFERÊNCIAS INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE cidades. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm. Acesso em: 20.jun.2011. MEDINA, João Paulo s. A educação física cuida do corpo... e “mente”. 16.ed. Campinas SP: Papirus, 2001. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 NASCIMENTO, Kelly Aparecida; FRERIS Vagner Maciel; DIAS e SOUSA, Celeste Aparecida. Ação docente de um profissional de Educação Física escola: um estudo de caso. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, v.10, n.2, ano X, p.121-129, 2002. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 COMO PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA TÊM LIDADO COM ALUNOS QUE APRESENTAM NECESSIDADES EDUCACIONAIS EM SUAS AULAS? Francismária Mendes de Souza e Luana de Magalhães Campos Barbosa– Graduandas em Licenciatura em Educação Física, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Janine Lopes de Carvalho – Graduada em Psicologia, Pós-graduada em Saúde Mental, Pós-graduanda em MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, Coordenadora e Psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial de Santa Margarida, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento– Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira - Graduado em Educação Física, Mestre Ciência da Educação Física, Esporte e Recreação,Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE:portadores de necessidades educacionais especiais, inclusão, Educação Física. RESUMO A integração ou inclusão de alunos portadores de necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino tem sido, sem dúvida, a questão referente à Educação Especial mais discutida nas últimas décadas. Define-se como Portadores de Necessidades Educacionais Especiais (PNEE), todos aqueles alunos com algum tipo de deficiência ou qualquer outra necessidade que requer algum tipo de atenção especial e diferenciação dos demais, sendo elas deficiências de todos os gêneros como físicas, intelectuais, motoras e múltiplas. Segundo Mantoan (2004), os vocábulos “integração” e “inclusão”, mesmo que tenham significados semelhantes, são empregados para expressar situações de inserção diferentes e se fundamentam em posicionamentos teóricos metodológicos divergentes. O termo “integração” refere-se mais especificamente à inserção escolar de alunos PNEE nas escolas comuns, mas seu emprego é encontrado até mesmo para designar alunos agrupados em escolas especiais, ou mesmo em classes especiais e grupos de lazer. O objetivo da integração é inserir um aluno ou grupo de alunos que já foram excluídos, e o mote de inclusão, ao contrário, é não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo da vida escolar. As escolas inclusivas propõem um modo de organização do sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e é estruturado em função dessas necessidades. Por tudo isso, a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional com métodos que Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 fortaleçam a luta por uma educação que cumpra o seu caráter público, universal e de qualidade para todos, que tenha como referência aqueles que têm sido excluídos dos sistemas de ensino. (MANTOAN, 2004). Segundo Mantoan (2004) as ações educativas inclusivas têm como eixo o convívio com as diferenças, a aprendizagem com experiência relacional, participativa, que produz sentido para o aluno, pois contempla a sua subjetividade, embora constituída no coletivo das salas de aula. A educação inclusiva possui a proposta de acolher em escolas regulares todas as diferenças, sendo elas de origens raciais, sociais, étnicas, religiosas e incapacidades de todos os gêneros como físicas, intelectuais, motoras e múltiplas. O fato de existirem alunos com necessidades educacionais especiais, inclusos ou não, nas aulas de Educação Física, sempre foi para nós objeto de interesse; saber mais sobre como os professores de Educação Física se relacionam com os excepcionais, quais estratégias são utilizados para promover a integração do aluno excepcional com os demais colegas e quais são as dificuldades enfrentadas pelo professor. Embora seja grande o número de alunos PNEE matriculados em salas de aula do ensino regular, percebe-se que os educadores ainda sentem dificuldades ao recebêlos. A falta de qualificação do professor em relação a esse aluno pode ser um dos obstáculos para a inclusão escolar. Em relação à Educação Física escolar, a inclusão pode ser considerada um grande desafio para o professor, já que lida com corpos em movimento. O objetivo desse estudo foi identificar a forma que os professores de Educação Física têm lidado com alunos que apresentam necessidades educacionais especiais em suas aulas. Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, que foi realizada através de entrevistas com seis professores de Educação Física atuantes nas escolas públicas estaduais de Matipó-MG. A faixa etária dos professores é de 20 a 40 anos.Antes de iniciar coleta de dados foi apresentado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) e elucidado os objetivos, riscos e benefícios sociais que incorrerá ao participante. A entrevista tratou de questões relacionadas ao cotidiano dos professores e a relação entre o professor e aluno que apresenta necessidades educacionais especiais, a relação dos mesmos com os demais colegas de classe, a família e o direcionamento da escola em relação a eles. Fizemos ainda uma observação participante das aulas de todos os professores. As entrevistas foram transcritas e as observações participantes organizadas em nota de campo expandida. Os resultados parciais indicam que os professores encontram-se insatisfeitos com a qualificação oferecida Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 a eles, a falta de adequação no espaço físico, a falta de conhecimento da direção sobre a necessidade do aluno PNEE e a falta de conhecimento do professor perante a isso. Portanto, nosso objetivo como pesquisadoras é trazer a tona os problemas detectados pela pesquisa realizada, na tentativa de melhorar a relação entre direção e professores para que os alunos PNEE sejam tratados de forma mais respeitosa e com maior cuidado por ambas as partes e que sejam realmente incluídos nas escolas. REFERÊNCIAS MANTOAN, Maria Teresa Edglér. O direito de ser, sendo diferente, na escola. Revista CEJ. Brasília, n.26, p. 36-44, jul./set. 2004. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Educação Física/ Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997 Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 PERFIL DOS FREQUENTADORES DA ACADEMIA DO ITALOGARD CLUB DE MATIPÓ-MG Aline Moreira Costae LohaineAnalú de Sá Almeida– Graduandas em Licenciatura em de Educação Física, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Fábio Florindo Soares - Graduado em Educação Física, Especialista em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal Training,Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Márcia Paula de Miranda Florindo - Graduada em Educação Física, Especialista em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal Training,Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Márcio Lopes de Oliveira - Graduado em Educação Física, Mestreem Ciencia de La EducacionFisica, el deporte y La Recreación,Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE: administração, exercício físico, academia de ginástica. RESUMO A origem do nome academia surgiu do Filosofo Platão (427-347 a.C.), que se utilizou de um bosque para fundar sua escola de filosofia que levava o nome de um legendário herói grego, Academos. Naquele período, a academia era um local de ensino e aprimoramento de Filosofia, Matemática e Ginástica (GAARDER, 1995). O aparecimento das academias no Brasil ocorreu por volta de 1970, fundamentada em atividades calistênicas, no que se refere aosexercícios estacionários. A partir dos estudos realizados por Kenneth Coopermodificou-se a estrutura das atividades ministradas nas academias, dando maior importância às atividades chamadas aeróbicas, fundamentadas nos exercícios cardiorrespiratórios(PEREIRA, 1996). Segundo o mesmo autor, somente na década de 1980, houve aumento gradativo das academias enquanto empresas, tornando-as um negócio lucrativo. Para Pereira (1996) e Guiseline (2001) tem sido cada vez maior o número de pessoas que procuram as academias em busca da prática de exercício físico. Com o tempo essa prática mostrou-se não ser apenas um modismo passageiro, mas sim uma maneira de melhorar a saúde e a qualidade de vida. As experiências e as evidências científicas demonstram que os exercícios físicos são parte integrante da vida humana e o ser humano necessita de um mínimo desta atividade para manter-se orgânica e emocionalmente sadio (PEREIRA, 1996). Os exercícios físicos oferecem Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 saúde para as pessoas que os praticam, principalmente para as mais sedentárias, buscando assim um instrumento contra os danos causados pelo estilo de vida contemporâneo, como os vícios cada vez mais presentes na sociedade, entre eles má alimentação e pouca prática de atividade física (SABA, 2001). Como vivemos em um mercado competitivo, é indispensável o envolvimento de uma equipe qualificada para oferecer melhores serviços a fim de atender as perspectiva dos clientes e garantir sua segurança (ALBRECHT e BRANDFORD, 1992).Considerando essas argumentações, o objetivo desse estudo foi identificar o perfil dos frequentadores da academia Italogard Club na cidade de Matipó-MG. O estudo consistiu na aplicação de questionários, sendo realizado em um clube de lazer na cidade de Matipó- MG, onde se localiza a academia Italogard Club. Essa pesquisa exploratória foi realizada através de questionários aplicados a 100 frequentadores da academia no mês de junho de 2011. O número de frequentadores da academia varia em torno de 120 a 150 alunos/clientes. O instrumento foi aplicado antes de os frequentadores iniciarem as aulas, somente dentro da própria academia. Vale ressaltar que os alunos participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Os dados foram tabulados pelo programa Excel versão 2010 e organizados em forma de gráficos. O questionário teve como base a anamnese da academia Italogard Club e foi aplicado a um público diversificado, contendo adolescentes, adultos e idosos, com faixa etária mínima de 16 anos e máximo de 60 anos. Os resultados parciais dessa pesquisa indicam que a maioria das pessoas busca a academia com o objetivo de emagrecimento, hipertrofia muscular enrijecimento e qualidade de vida. 58% dos questionários foram respondidos pelo sexo feminino e 42% pelo sexo masculino. Desses 26% apenas o ensino Médio incompleto e 28% o Ensino Médio completo, apenas 18% possui Ensino Superior. Possui um baixo índice de pessoas com problemas de saúde e uso de medicamentos. Na família dos mesmos também possui baixo nível de problemas de saúde. Das pessoas pesquisadas 41% são fiéis à academia, frequentando-a três vezes por semana, 38% mais de três vezes por semana, sendo destes 24% há mais de três anos e 60% há mais de um ano; 97% não fumam; 66% não ingerem bebidas alcoólicas; 85% afirmam que não fazem uso de suplementação e 54% justificam a opção por essa acadêmica pelo fato de ela ter profissionais habilitados; 27% pela qualidade dos aparelhos e 10% pelo ambiente agradável. Os aparelhos de maior preferência deles são bicicleta 17%, esteira 26%, exercícios de musculação em máquinas 22%, exercícios com peso livre 17%, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 abdominais 5% e Jump 5%. Assim, pode-se concluir que a maior preferência dos frequentadores é por aparelhos aeróbicos. Com este estudo pretendemos contribuir para que profissionais de Educação Física e proprietários das academias percebam a necessidade de conhecerem o perfil dos frequentadores para melhorar principalmente a qualidade do atendimento, assim como traçar mecanismos e ações administrativas e de marketing a fim de minimizar os esforços e maximizar os rendimentos. REFERÊNCIAS GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. São Paulo: Cia. Das Letras, 1995. GIL, Antônio Carlos. Projeto de pesquisa. 3 ed., São Paulo: Atlas,1991. GUISELINE, Mauro. Total Fitness: força, resistência e flexibilidade. 2 Ed. São Paulo: Phoete, 2001. PEREIRA, Murilo Melo Filho. Academia! Estrutura técnica e administrativa. Rio de Janeiro: Sprint, 1996. SABA, Fábio.Aderência: a prática do exercício físico em academias. São Paulo: Manole, 2001. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 BRINCADEIRA, BRINQUEDOS E JOGOS NA ESCOLA: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS ATRAVÉS DESSAS ESTRÁTEGIAS LÚDICAS Lucinete dos Santos Mageste, Mileane Vieira Dornelas e Natália de Assis Campos – Graduandas em Pedagogia, Centro Universitário de Caratinga – UNEC Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da UNEC e da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Desde o século passado os estudiosos vêm se dedicando à necessidade de explicar o brinquedo, a brincadeira e os jogos nas atividades lúdicas das crianças. A palavra lúdico teve origem do ludus, que tem o significado do brincar e, para Luckesi (1998), o que caracteriza o lúdico é a experiência de plenitude que ele confere a quem o vivencia na prática. Entre as várias idéias a respeito deste assunto percebem a utilização do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos para uma reflexão sobre como tem sido trabalhado na sala de aula em situações de aprendizagem, focando o desenvolvimento da criança. Para Oliveira (2000) citado por Kishimoto (2001), no brincar, a criança desenvolve a sua inteligência e aprende a representar simbolicamente a sua realidade. Isso faz com que ela deixe cada vez mais de se ver como centro das atenções e passe a se colocar no lugar do outro, amadurecendo mentalmente. Borges (1998) coloca que o brinquedo não é a sua procedência, sofisticação, aparência que conta e sim seu poder de envolver a criança em uma atividade lúdica, onde alguns itens merecem nossa consideração. Kishimoto (2001) afirma que, ao assumir a função lúdica e educativa, o brinquedo merece algumas considerações: propicia diversão, prazer e até desprazer; ensina qualquer coisa que complete o sujeito em seu saber; seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. Essa afirmação nos mostra que o professor deve atuar com o lúdico na educação das crianças, também para colaborar com a maturidade, desenvolvendo a inteligência e vivendo a realidade em diversas realidades. Diante do exposto o objetivo desse estudo é compreender o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem através de estratégias lúdicas na educação infantil de uma escola particular da cidade de Minas Gerais. A pesquisa foi realizada através de observação participante de 6 aulas em dias alternados e entrevistas com uma professora que atua na educação infantil, turmas de 4 a 5 anos de idade. A escola é particular, localizada no centro da cidade de Santa Margarida-MG. A escola Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 observada atende alunos dos anos iniciais do ensino fundamental e principalmente na educação infantil, aproximadamente 60 alunos ao todo, em horários diferenciados (matutino e vespertino). Trata-se de uma pesquisa em andamento. Os resultados parciais dessa pesquisa apontam que o uso dos brinquedos contribui muito para o desenvolvimento da criança. Essas brincadeiras, desenvolvidas na escola, devem ser utilizadas em grupo, todas as informações deve ser passada ao aluno de forma adequada pelos professores. Portanto, nossas ações poderão acarretar mudanças em várias situações. Seja qual for a área de nossa atuação, não existirá fundamento se não desenvolvermos o que estamos estudando. Com este estudo pretendemos contribuir para uma melhor valorização das estratégias de ludicidade utilizadas pelos professores na escola. Que eles repensem sobre o valor das brincadeiras na educação infantil, e sua importância para o desenvolvimento moral e intelectual das crianças. REFERÊNCIAS BORGES, Célio José. Educação Física para o pré-escolar. 4.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1998. KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2001. LUCKESI ,Cipriano Carlos. Desenvolvimento dos estados de consciência e ludicidade. In Cadernos de Pesquisa: Núcleo de Filosofia e História da educação. V.2, n.1(1998) – Salvador: UFBA, Faculdade de Educação, Programa de PósGraduação e Pesquisa,1998. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 FATORES QUE DESENCADEIAM O FRACASSO ESCOLAR: UM ESTUDO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DA CIDADE DE SANTA MARGARIDA-MG Maria Izabel Cornélio e Maria José de Souza Coelho – Graduandas em Pedagogia, Centro Universitário de Caratinga – UNEC Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade, Professora da UNEC e da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O fracasso escolar no Brasil tem sido motivo de grande preocupação na educação. Nas décadas de 1960 e 1970 dos 1000 alunos iniciais de 1960, somente 56 conseguiram alcançar o primeiro ano universitário em 1973. Isso significa taxas de evasão 44% no ano primário, 22% no segundo e 17%no terceiro. A elas se associam taxas de reprovação que entre 1967 e 1971 oscilavam em torno de 63,5% (FREITAG, 1080). Numa perspectiva mais recente, Lahoz (2000) afirma que de cerca de 100 crianças que iniciaram os estudos em 1997, só 66 chegaram ao 9º ano. Segundo Machado e Souza (1997) citado por Fernandes (2006) diversas pesquisas foram realizadas relacionando fracasso escolar e a pobreza, questionando a idéia de culpa ao aluno, em virtude do fracasso escolar, destacando a má qualidade do ensino oferecido e a presença nas práticas escolares, de estereótipos e preconceitos com as crianças pobres.Entretanto, convivemos ainda com a predominância dos aspectos biológicos, emocionais, culturais e familiares para explicar as causas do fracasso escolar. O preconceito e a desvalorização impregnam toda a prática escolar desde as discussões referentes à política educacional até a relação diária de professores com seus alunos(PATTO, 1996). Persistindo a tendência em se vincular o fracasso escolar à “deficiência” do aluno, na escola, muitas vezes, as crianças são tratadas como "incompetentes", não tendo o direito de se expressarem, cabendo ao professor incutir-lhes "o" saber. A não adaptação a esse saber é um problema exclusivo da criança-aluno que, por razões pessoais, emocionais, culturais, familiares, etc., não consegue se sair bem. Diante do exposto, o objetivo desse estudo foiidentificar os fatores que desencadeiam o fracasso escolar numa escola pública da cidade de Santa Margarida-MG. Essa pesquisa qualitativa foi realizada através de entrevista e 4 observações participantes com uma professora e sua turma de uma escola Municipal da localidade em questão. Acoleta de dados foi realizada no mês de junho de 2011. Segundo o censo Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 2010 o município pesquisado apresenta uma população de 15.011 habitantes (IBGE CIDADES, 2011).As principais atividades econômicas desse município são cafeicultura e agropecuária. É importante destacar que se trata de uma pesquisa em andamento. Os resultados parciais apontam para um caminho não muito diferente do que o apresentado pela literatura, identificando como principais fatores do fracasso escolar os aspectos sociais, econômicos, a desestruturação familiar, a desnutrição, falta de respaldo docente adequado. Com esse estudo pretendemos contribuir com alternativas para lidar com o insucesso escolar, que vem aumentando a cada dia e preocupa os profissionais que atuam na área da educação. REFERÊNCIAS FERNANDES, Priscila Valverde. Fracasso escolar:realidade ou produção.Revista Urutágua. Maringá-PR. 2006. FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e Sociedade. 4.ed., São Paulo: Moraes, 1980. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE cidades. Disponível em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm Acesso em: 20 de junho de 2011. PATTO, Maria Helena. Para uma crítica da razão psicométrica. Psicologia Universitária. São Paulo, 1996. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 FATORES QUE DESENDEIAM A EVASÃO ESCOLAR: UM ESTUDO REALIZADOCOM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO EM UMA ESCOLA PÚBLICAESTADUALDE UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA Maria Margarida Rocha Amado e Patrícia Rocha Amado – Graduandas em Pedagogia, Centro Universitário de Caratinga – UNEC Kelly Aparecida do Nascimento– Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade,Professora da UNEC e da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX [email protected] PALAVRAS-CHAVE:desestruturação familiar; desencadeiam a evasão escola e desmotivação. ensino médio; fatores que RESUMO Segundo Freire (1998) a escola deve ser um local aberto à alegria, ao diálogo, à franqueza, à beleza e, acima de tudo, com as condições devidas para que tanto o aluno como os professores sintam-se valorizados, respeitados e amparados. Deve ser um ambiente totalmente livre de preconceitos e discriminações, em se pode pensar certo, buscar a compreensão do outro e, principalmente, onde se pode ver o desenvolvimento da cultura de um povo. Deve ter as condições materiais para que o educador e o educando se desenvolvam sem constrangimentos. Essa é a educação que esperamos para um país em desenvolvimento como o Brasil. No entanto, existem percalços no caminho, tais como lidar com o fracasso escolar. Adentrandose nas dimensões dessa problemática, a questão do fracasso escolar no Brasil, nas décadas de 1960 e 1970 dos 1000 alunos iniciais de 1960, somente 56 conseguiram alcançar o primeiro ano universitário em 1973. Isso significa taxas de evasão 44% no ano primário, 22% no segundo e 17%no terceiro. A elas se associam taxas de reprovação que entre 1967 e 1971 oscilavam em torno de 63,5% (FREITAG, 1080). Numa perspectiva mais recente, Lahoz (2000) afirma que de cerca de 100 crianças que iniciaram os estudos em 1997, só 66 chegaram ao 9º ano. Diante do exposto, este estudo tem como objetivo identificar os fatores que desencadeiam os índices de evasão escolar numa escola pública estadual de Santa Margarida-MG.Essa pesquisa foi realizada através de questionário aplicado a 14 alunos do ensino médio de uma escola pública estadual de Santa Margarida, situada na zona da Mata mineira. No entanto, pela quantidade de questões sem resposta de 3 dos questionários, nessa pesquisa foram considerados os dados de 11 alunos. Os questionários foram tabulados, organizadosno programa Excel, versão 2007 e deles Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 foram organizados gráficos. A coleta de dados foi realizada de março a junho de 2011. Trata-se de uma pesquisa em andamento. O trabalho foi aplicado a essa faixa-etária por serem esses alunos os agentes mais propensos à evasão escolar. O fato é que se tornam cada vez mais raros alunos do ensino médio que concluem esse nível de ensino. A escola atende a uma variedade de alunos da zona rural e urbana de diversas idades, existindo nessa escola aproximadamente 350 alunos.Segundo o censo 2010 o município pesquisado apresenta uma população de 15.011 habitantes (IBGE CIDADES, 2011).As principais atividades econômicas desse município são cafeicultura e agropecuária. Os resultados parciais dessa pesquisa apontam que 42,86% dos alunos são repetentes; 64,29% estão estudando a noite pela primeira vez e 35,71 já estudaram a noite. Entre as ocupações cotidianas eles já trabalharam como lavrador,doméstica,funcionária pública,comércio eservente de Pedreiro. Entre os motivos que os levaram a sair da escola foram colocados pelo trabalho, gravidez, preconceito, não gostar de estudar e falta de transporte. As justificativas de terem retornado à educação foram busca de um futuro melhor, fazer faculdade, insistência dos pais, querer ter pelo menos o ensino médio completo, passou a gostar da escola e recuperar o tempo perdido. Afamília foi apontada como um fatorque contribui do fracasso escolar, seja pelas suas condições de vida, por não acompanhar o aluno em suas atividades escolares, por não dar suporte e, às vezes, por nem ter condições de auxiliar os filhos. Com este estudo pretendemos contribuir para que a escola, a família e outros interessados na educação percebam a necessidade de se fazer uma parceria para lidar com os problemas de evasão escolar. REFERÊNCIAS FREIRE, PAULO. A importância do ato de ler. São Paulo: autores associados, CORTEZ, 1998. FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e Sociedade. 4.ed., São Paulo: Moraes, 1980. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE cidades. Disponível em:http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm. Acesso em: 20.jun.2011. LAHOZ, André casa. Na nova economia a educação é um insumo cada vez mais importante. Com investimentos, políticas consistentes e continuidade, o Brasil melhora suas chances de prosperar. In: Revista Exame. Ano 34, n. 75, abril 2000, p. 173-180. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM: COMO OS ALUNOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL DE UMA ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL SÃO AVALIADOS? Tamires de Fátima Faria e Fabrícia Martins Caetana Fraga – Graduandas em Pedagogia, Centro Universitário de Caratinga – UNEC Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Educação Física e Pedagogia, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade, Professora da UNEC e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O ato de avaliar implica na coleta na análise e na síntese dos dados que configuram o objeto da avaliação, acrescido de uma atribuição de valor ou de qualidade, que se processa a partir da comparação da configuração do objeto avaliado com um determinado padrão de qualidade previamente estabelecido para aquele tipo de objeto (SANTOS, 2007). Para Luckesi (1995) a avaliação da aprendizagem é um juízo de qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão. A concepção de avaliação marca a relação de professores e alunos.O mesmo autor coloca que a forma como se avalia é crucial para a concretização do projeto educacional. É ela que sinaliza aos alunos o que o professor e a escola valorizam.Hoffmann (1996) propõe para a realização da avaliação, na perspectivade construção, duas premissas básicas: a) confiança na possibilidade de o aluno construir as suas próprias verdades; b) valorização de suas manifestações e interesse.Avaliar é mensurar o processo de ensino e aprendizagem, é oferecer recuperação imediata, é promover cada ser humano, é vibrar junto com cada aluno em seus lentos e rápidos progressos (BEVENUTTI, 2002). Para Schon e Ledesma (2008) citado por Luckesi (2005) lamentavelmente a atual prática de avaliação escolar estipulou como função do ato de avaliar a classificação e não o diagnóstico como deveria ser. Assim, o que deveria ser um recurso para diagnosticar quais as dificuldades de aprendizagem que os alunos estão evidenciando por meio da avaliação, passa a ter apenas função de classificação, isto é, os que estão com notas a baixo da média não cumpriram com seu papel e nada será feito para melhorar a situação do aluno. Diante disso, o objetivo deste trabalho é compreender o processo de avaliação de aprendizagem nas turmas de educação infantil de uma escola municipal de Santa Margarida-MG.A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 2011, através de observação participante de 4 aulas de uma turma de Educação Infantil de uma escola municipal de Santa Margarida e entrevista com a professora da referida turma. Segundo o censo de 2010 o município pesquisado apresenta uma população de 15.011 de habitantes (IBGE CIDADES, 2011). As principais atividades econômicas desse município são a cafeicultura e agropecuária. Os resultados parciais, até esse momento, evidenciam que os alunos são avaliados não por nota, mas por desempenho, até porque se trata de educação infantil. No final do ano os professores elaboram um relatório e que a partir daí os alunos são avaliados. Com este estudo pretendemos contribuir para que os profissionais da educação entendam melhor as formas de avaliação para essa faixa etária. REFERÊNCIAS INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE cidades. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm Acesso em: 20 de junho de 2011. HOFFMANN, J. Avaliação:mito & desafio. Porto Alegre,Revista Educação e Realidade, 1993. LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escola. São Paulo: Cortez, 1995. SANTOS, Monalize Rigon dos. A avaliação como um instrumento diagnóstico da construção do conhecimento nas séries iniciais do ensino fundamental. Revista eletrônica de educação. Disponível em: http://web.unifil.br/docs/revista_eletronica/educacao/Artigo_04.pdf. Acessado em agosto de 2007. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 GT 08 LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ARTIGOS Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO: UM ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO NA COMUNIDADE DE ITAÚNA Ana Paula Mendes Alves de Carvalho – Graduada em Letras, Especialista em Língua Portuguesa, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O presente trabalho tem por objetivo de avaliar o preenchimento ou nãopreenchimento do sujeito na fala dos moradores da comunidade de Itaúna à luz do modelo sociolingüístico variacionista proposto por Labov (1972).Esta abordagem baseou-se no fato de essa propriedade ter sido apontada em estudos variacionistas anteriores como perdida pelo português brasileiro.Após análise quantitativa, percebeu-se que o estatuto da oração mostrou-se relevante, pois as coordenadas (.51) e as principais (.54) favoreceram ligeiramente o sujeito lexical. Quanto à análise dos fatores externos, não podemos dizer que estes fatores exercem, na amostra analisada, grande influência no emprego das variantes. PALAVRAS-CHAVE: Sociolinguística; Preenchimento de sujeito; Variação; Língua pro-dro. CONSIDERAÇÕES INICIAIS O presente estudo propõe abordar o fenômeno da representação do sujeito, analisando o preenchimento e não-preenchimento do sujeito ou, em outras palavras, o sujeito lexical e o sujeito nulo à luz do modelo sociolingüístico variacionista proposto por Labov (1972). Inicialmente serão apresentadas, na seção 2, algumas considerações a respeito do fenômeno estudado a partir da Gramática Tradicional e da Gramática Gerativa, visto que esse assunto tem sido estudado não só à luz do modelo teórico variacionista, mas também à luz da Gramática Gerativa ou mesmo através de análises que tentam conciliar os dois modelos teóricos.(c.f. Tarallo & Kato,1989) Ainda nessa seção, são encontradas a posição de alguns estudiosos sobre o assunto, a distinção entre línguas pro-drop e língua não-pro-drop, a caracterização do fenômeno estudado e, conseqüentemente as hipóteses e o objetivo deste trabalho. Os pressupostos teórico-metodológicos se encontram na seção 3. E nas seções seguintes tem-se a apresentação e a análise dos a partir dos resultados Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 obtidos através da utilização do VARBRUL, programa de regra variável, e, finalmente, as considerações finais sobre o estudo realizado. A REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO - Natureza do fenômeno Nas gramáticas tradicionais, são encontradas várias definições para sujeito. Dentre essas definições pode-se citar: Sujeito é o termo da oração que denota a pessoa ou coisa de que afirmamos ou negamos uma ação, estado ou qualidade. (BECHARA, 1986, p. 199) O sujeito é o termo sobre o qual se faz uma declaração. (CUNHA, 1984, p. 137) De acordo com a lingüística formal, de orientação chomskiana, o sujeito pode se apresentar como nulo ou lexical e esta seria uma das características que irá definir uma língua pro-drop de uma língua não-pro-drop. Conforme definida na literatura chomskiana, uma língua ‘pro-drop’, como o italiano, o espanhol e o português europeu, é caracterizada por uma série de propriedades, as duas mais importantes sendo a possibilidade de sujeitos nulos de um lado, e de inversão de sujeito, de outro. (TARALLO, 1993b, p.90 apud NICOLAU, 1995, p.48). A mudança do português brasileiro na direção não-pro-drop é defendida por Duarte (1993, 1995) e Menon (1994) que, a partir dos resultados de suas análises quantitativas, apontam para a evidência de que o português brasileiro está perdendo ou já perdeu a possibilidade de sujeito nulo. Segundo Figueiredo Silva (1994), o português brasileiro “admite e, em certos casos, exige o sujeito não preenchido lexicalmente – sendo, pois, diferente das línguas não-pro-drop.”(NICOLAU, 1995, p.5). A questão abordada neste artigo é a caracterização do português do Brasil quanto ao fato de possuir uma categoria vazia na posição de sujeito de sentença finita o que, como já foi dito, é uma das condições para caracterização de uma língua pro-drop. - Hipóteses de Trabalho . O português brasileiro assim como o português europeu possui a capacidade de seu sujeito ser representado de forma nula, sendo esta, uma variante antiga na língua; Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 . As orações absolutas e principais tendem a favorecer o sujeito lexical, ao passo que as coordenadas e as subordinadas tendem a desfavorecer; . No que se refere à pessoa do discurso, o sujeito lexical é favorecido pela 1ª pessoa devido à desinência número-pessoal do verbo. - Objetivo O artigo tem como objetivo argumentar à luz do modelo sociolingüístico variacionista proposto por Labov a caracterização do português brasileiro como uma língua que continua exibindo um caráter pro-drop, assumindo assim a capacidade de sujeito nulo. Baseado nisso, tentar-se-á descartar a possibilidade de que o sujeito nulo (variante mais antiga) estaria cedendo seu lugar para o sujeito lexical (variante inovadora). PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METOLÓGICOS - Pressupostos teóricos A Língua sempre foi vista pelos gramáticos tradicionais como um conjunto de regras fixas ou invariáveis, estruturadas pelas normas sociais, e que deveriam ser seguidas pelos falantes. Com os estudos sociolingüísticos, este conceito de língua invariável cai por terra. A língua passa a ser vista a partir de Labov como algo eminentemente social, caracterizada como uma realidade heterogênea e multifacetada. Dentro dessa perspectiva de que a língua varia, percebe-se que ela está sujeita não só à variação, mas também à mudança. A questão é que nem tudo que varia sofre mudança; toda mudança lingüística, no entanto, pressupõe variação. O modelo laboviano nos permite compreender que as estruturas variáveis, muito mais do que as invariáveis revelam padrões de regularidade e que além das regras categóricas, existem outras regras chamadas variáveis, que ora se aplicam, ora deixam de ser aplicadas; isso ocorre quando duas ou mais formas lingüísticas ou variantes estão em concorrência num mesmo contexto lingüístico e com o mesmo valor de verdade. Ao conjunto dessas variantes, dá-se o nome de variável lingüística. A representação do sujeito, por exemplo, é uma variável lingüística, pois pode se realizar de duas formas alternativas possíveis e semanticamente equivalentes: o preenchimento e o não preenchimento do sujeito. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Cabe ressaltar que além das variáveis lingüísticas, chamadas variáveis dependentes, há também as variáveis independentes ou os grupos de fatores que exercem influência sobre o fenômeno variável. Sob essa perspectiva, a variação é condicionada tanto por fatores estruturais, ou seja, aqueles associados à estrutura interna da língua, quanto por não-estruturais, aqueles ligados às influências do meio social do falante. Uma variável lingüística é considerada estável quando suas variantes permanecem estáveis, isto é, as mesmas formas continuam se alternando durante um período ou até por séculos. Porém, quando uma de suas formas desaparece, sendo substituída por outra, pode se dizer que se trata de uma mudança em progresso, ou seja, o fenômeno em variação está caminhando para implementação de uma mudança no sistema lingüístico. Nesse sentido, o modelo teórico-metodológico variacionista proposto por Labov (1972) parte do pressuposto de que a heterogeneidade manifestada na fala pode ser analisada de forma coerente. -Procedimentos Metodológicos: No que se refere aos procedimentos metodológicos, foram considerados inicialmente 5 grupos de fatores, sendo três internos ou estruturais: tipo de sujeito – sujeito lexical e sujeito nulo – , estatuto da oração – coordenada, absoluta, principal e subordinada e pessoa do discurso; e dois fatores externos ou não-estruturais: idade – jovem e adulto – e escolaridade– nível médio e nível superior. A partir da amostra de 2 informantes de sexo masculino da zona urbana de Itaúna – M.G., o corpus dessa análise foi constituído de 844 dados obtidos através de entrevistas orais gravadas Esses dados foram submetidos a uma análise quantitativa realizada com a utilização do sistema VARBRUL 2, criado por SANKOFF (1975). APRESENTAÇAO E ANÁLISE DOS DADOS Quanto à distribuição das variantes no corpus analisado, nota-se que a diferença existente entre o número de ocorrências das duas variantes não é algo significativo, o que parece poder ser justificado pela quantidade de informantes que constituem a amostra analisada. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Tabela 1 - Distribuição das variantes de acordo com os grupos de fatores analisados Grupo 1 (2) Sujeito lexical Freqüência C= Sujeito nulo % Total Freqüência % 170/345 = 49% 175/345 = 51% 345 100% A = absoluta 37/77 = 48% 40/77 = 52% 77 100% P = principal 60/116 = 52% 56/116 = 48% 116 100% S= 137/306 = 45% 169/306 = 55% 306 100% Total 404/844 = 48% 440/844 = 52% 844 100% Grupo 2 (3) Sujeito lexical Sujeito nulo Total coordenada subordinada Freqüência % Freqüência % 1ª pessoa 110/213 = 52% 103/213 = 48% 213 100% 2ª pessoa 5/14 = 36% 9/14 = 64% 14 100% 3ª pessoa 289/617 = 47% 328/617 = 53% 617 100% Total 404/844 = 48% 440/844 = 52% 844 100% Grupo 3 (4) Sujeito lexical Sujeito nulo Total Freqüência % Freqüência % Jovem 189/400 = 47% 211/400 = 53% 400 100% Adulto 215/444 = 48% 229/444 = 52% 444 100% Total 404/844 = 48% 440/844 = 52% 844 100% Grupo 4 (6) Sujeito lexical Sujeito nulo Total Freqüência % Freqüência % Nível Médio 189/400 = 47% 211/400 = 53% 400 100% Nível Superior 215/444 = 48% 229/444 = 52% 444 100% Total 404/844 = 48% 440/844 = 52% 844 100% Observando os números da tabela acima, podemos fazer as seguintes considerações: Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Em relação ao estatuto da oração, os resultados foram, em parte, em direção . contrária à hipótese inicial, uma vez que se observou o favorecimento do sujeito lexical pelas orações principais e pelas coordenadas. Quanto a estas, seria necessária uma nova análise, levando em consideração as subdivisões das orações coordenadas de acordo com a gramática tradicional Tabela 2 - Distribuição das ocorrências de sujeito lexical de acordo com estatuto da oração Freqüência % P.R Coordenada 170/345 49 .51 Absoluta 37/77 48 .50 Principal 60/116 52 .54 Subordinada 137/306 48 .47 Gráfico 1: Análise da ocorrência de sujeito lexical e de sujeito nulo No que se refere às orações subordinadas, seria interessante uma nova análise que considerasse as suas subdivisões, pois acreditamos que o resultado do preenchimento seria influenciado por alguns tipos de subordinadas. . No que diz respeito ao grupo de fatores pessoa do discurso, percebeu-se que os resultados vão de encontro à hipótese de que o sujeito lexical seria desfavorecido pela 1ª pessoa Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Tabela 3 - Distribuição das ocorrências de sujeito lexical de acordo com a pessoa do discurso Freqüência % P.R 1ª pessoa 110/213 52% .54 2ª pessoa 5/14 36% 38 3ªpessoa 289/617 47% .49 Talvez o cruzamento dos dados relativos a esse grupo de fator com os do estatuto da oração pudesse explicar melhor esses resultados. . Quanto aos fatores externos, percebeu-se que nas duas faixas etárias e nos dois níveis de escolaridade o sujeito lexical tende a ser desfavorecido. Entretanto, devido ao reduzido número de informantes, não podemos dizer que o sujeito nulo seja preferido. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conforme mencionado no decorrer deste artigo, a questão que propusemos abordar diz respeito à possibilidade de sujeito nulo. Esta abordagem baseou-se no fato de essa propriedade ter sido apontada em estudos variacionistas anteriores como perdida pelo português brasileiro. Como se percebe, o português brasileiro não perdeu a sua capacidade de língua pro-drop; não verificando assim o surgimento de uma nova gramática. O que se vê é que no português brasileiro da comunidade de Itaúna, estas duas variantes convivem de forma quase igualitária, sendo a possibilidade de sujeito nulo ligeiramente superior (52%) ao do sujeito lexical (48%). Temos exata noção de que nossa amostra não é muito significante para que possamos fazer afirmações categóricas a respeito do fenômeno; mas, pela análise de nossos dados percebemos que Figueiredo Silva (1994) pode ter razão quando diz que nossa língua exige, em certos casos, o preenchimento lexical do sujeito, o que irá diferenciá-lo das línguas não-pro-drop. Através da análise do VARBRUL, vimos que o estatuto da oração mostrou se relevante, pois as coordenadas (.51) e as principais (.54) favoreceram ligeiramente o Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 sujeito lexical. Quanto à análise dos fatores externos não podemos dizer que estes fatores exercem, na amostra analisada, grande influência no emprego das variantes. Assim, vemos a necessidade de um estudo que englobe uma amostra maior para que possamos checar a validade de nossos resultados. Notamos que a concepção e o alcance do modelo sociolingüístico são ao mesmo tempo sincrônicos e diacrônicos: tanto a variação quanto a mudança lingüística devem ser estudados; lembrando que a última é conseqüência da primeira e que neste estudo não podemos afirmar que há indícios de mudança lingüística, tratando-se apenas de uma variação estável. Nesse sentido, é somente através dessa correlação entre fatores lingüísticos e extralingüísticos que poderemos chegar a um melhor conhecimento de como a língua é usada e constituída. REFERÊNCIAS: BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. São Paulo: Nacional, 1986. CHOMSKY, Noam. Aspectos da teoria da sintaxe. Coimbra: Arménio Amado, 1975. CUNHA, Celso Ferreira da. Gramática da língua Portuguesa. Rio de Janeiro: FAE, 1984. LABOV, William. The Reflection of Social Processes in Linguistic Structures. In: FISHMAN, Joshua (ed.). Readings in the Sociology of Language.The Hague: Mouton, 1968, pp.240-241. ___. Sociolinguistic Patterns.Philadelphia: University of Pennsylvania, 1972. LIMA, Carlos Henrique da Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 2003. LYONS, John. As Idéias de Chomsky. São Paulo: Cultrix, 1974. MOLLICA, Maria Cecília. e BRAGA, Maria Luiza. Introdução à Sociolingüística – o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2003. NICOLAU, Eunice Maria das Dores. As Propriedades de Sujeito Nulo e Ordem VS no Português Brasileiro. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1995. (Tese de Doutorado em Ciências). PAIVA, Maria da Conceição de. e DUARTE, Maria Eugênia Lamoglia. Mudança Lingüística em Tempo Real. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2003. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A AUSÊNCIA/PRESENÇA DE ARTIGO DEFINIDO DIANTE DE ANTROPÔNIMOS NA FALA DAS CIDADES DE MATIPÓ E ABRE CAMPO: CASOS DE INOVAÇÃO E RETENÇÃO? Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO Este trabalho trata do fenômeno da ausência/presença de artigo definido diante de antropônimos na fala dos moradores da zona rural das cidades de Matipó e Abre Campo. O fenômeno será analisado sob uma perspectiva diacrônica e através da teoria sociolingüística de Labov.Observa-se que a fala dos moradores de Abre Campo apresenta um resquício de uma forma pretérita de língua, principalmente, ao se tratar de casos de genitivo. Já a fala dos moradores de Matipó, não se sabe ao certo por que, não reteve essa estrutura, apresentando a presença do artigo definido nesse contexto de antropônimo. PALAVRAS-CHAVE: Sociolinguística. Artigo definido; Antropônimos; Matipó; Abre Campo; CONSIDERAÇÕES INICIAIS Este estudo tem como objetivo investigar a ausência/presença de artigo definido diante de antropônimos na fala dos habitantes de Matipó e Abre Campo. A hipótese inicial se baseou no fato de que os habitantes de cidade de Abre Campo têm como característica de sua fala a ausência de artigo definido diante de antropônimos; os habitantes de Matipó, por sua vez, possuem registrada a presença de artigo definido nesse mesmo contexto. As cidades estudadas são localidades limítrofes, estando uma a 22 Km da outra. Devido a isso, torna-se curioso o fato desse fenômeno sintático se apresentar em variação. A maior presença ou ausência de artigos definidos em determinados contextos será analisada como um processo de inovação e retenção lingüística, respectivamente; e, serão buscados os fatores que poderão possivelmente explicar esse fato. O ARTIGO O artigo é uma categoria morfológica encontrada nos idiomas românicos que não existia no latim clássico. Essa classe de palavras “só aparece nos últimos tempos do latim vulgar e em escritores tardios.” (COUTINHO, 2004, p.251). Eles são determinantes do substantivo; junto a ele, os artigos formam um grupo nominal – Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 SN; devido a esse fato, alguns estudiosos consideram o artigo definido como expressão de uma categoria do nome – a categoria da determinação. Hay lingüistas que sostienen que la aparición del artículo en el latín se debe a la influencia griega, ejercida desde las traducciones: al verter um libro griego al latín, el traductor sentía la necessidad de consignar también el artículo, tan frecuente en el texto original, y satisfacía la necessidad recurriendo a un demonstrativo que, desde el punto de vista del sentido, estaba muy próximo al artículo.” (IORDAN Y MANOLIU, 1972, p.245) O artigo procede do sistema demonstrativo latino; na maioria das línguas românicas o artigo definido provém do pronome ille (aquele); mas, em outras línguas românicas como o sardo e o catalão, o artigo definido se origina do pronome ipse (mesmo, próprio). Com o tempo, os pronomes demonstrativos acabaram se transformando no artigo definido. Assim, o artigo definido nas línguas românicas é o resultado de uma reorganização do sistema dêitico latino. No caso da língua portuguesa e de grande parte das línguas românicas, o artigo se originou do pronome demonstrativo ille; prova disso é a conservação do l nas línguas românicas – francês: le, la; provençal: lo, la; castelhano: el, lo, la; italiano: il, lo, la; inclusive o português em sua fase arcaica aparecia sob a forma lo, la.6 (COUTINHO, 2004, p.251) Segundo Coutinho, o processo de transformação que ocorreu para que o pronome ille se originasse na forma atual que temos do artigo definido foi a seguinte: iIllu > elo > lo > o illa > ela > la > a illos > elos > los > os illas > elas > las > as O i - deu regularmente e-;a consoante dupla -ll- simplificou-se. A queda do e inicial resultou de ser o artigo palavra proclítica: elos campos, ela casa. Em certos casos, tornava-se o -l- intervocálico: de lo chão, a la pedra, pera los rios. Nesta posição, ele caía. Surgiram então o, a, os , as. Estas formas que a princípio só apareciam nas circunstâncias, depois se generalizaram. (COUTINHO, 2004, p.251). Lorach afirma que o artigo definido, embora seja também um determinante, o é de maneira diferente dos demais. Ele seria, no caso, um acidente do substantivo, assim 6 “Em ‘el-rei’, provavelmente, o artigo está apocopado. Antenor Nascentes assim explica esta apócope: ‘a rapidez com que os arautos da corte deviam pronunciar a expressão ‘elo rei’ ao anunciarem a presença do soberano, acarretou a apócope do ‘-o’ final do artigo criando-se então a locução estereotipada ‘el-rei’.” (COUTINHO, 2004, p.251). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 como os morfemas de número, podendo estar presente ou não, acarretando com isso, uma diferença de significado. (1970, p.170). O ANTROPÔNIMO A Antroponímia é uma das áreas de estudo da Onomástica que tem como objeto de estudo o antropônimo – nomes próprios individuais, nomes parentais ou sobrenomes e alcunhas ou apelidos. Câmara Júnior afirma que: Geralmente o indivíduo se identifica por dois ou mais vocábulos antroponímicos que formam uma locução. Aí, se destaca o prenome, que é o nome próprio individual, e o sobrenome, que situa melhor o indivíduo em função da sua procedência geográfica, da sua profissão, da sua filiação, de uma qualidade física ou moral de uma circunstância de nascimento. (CÂMARA JÚNIOR, 1984, p.53-54) Assim, o nome próprio é uma subcategoria de nomes formada de termos que, semanticamente, referem-se a um objeto extralingüístico, específico e único, destacado por sua denominação dos objetos da mesma espécie. Desse modo, para esses autores, um nome próprio não possui outra significação senão a do nome dele próprio, uma vez que não é possível reconhecer as propriedades do indivíduo que o classifiquem como membro de classe. O ARTIGO DEFINIFO E O ANTROPÔNIMO De acordo dom as gramáticas tradicionais, Os nomes próprios de pessoa não levam artigo, porque aquele a quem falo em geral não conhece, uma por uma, as pessoas que eu conheço (...) Na linguagem de intimidade (...) antepõe-se com freqüência o artigo a nomes de pessoas conhecidas daqueles com quem conversamos. (SAID ALI, 1971, p.220) É freqüente no Brasil e em Portugal o uso do artigo definido antes de nomes de batismo, o que lhes daria um tom de afetividade ou familiaridade (CUNHA & CINTRA, 1985, p. 103). Apesar das prescrições gramaticais acima, o que se percebe, no entanto, é que, tanto em outras línguas como no português existe um comportamento diferenciado a respeito da ausência/presença do artigo. Em trabalhos anteriores como em Moisés (1995), se constatou que no português culto de Belo Horizonte há uma tendência ao emprego do artigo definido; em Mendes (2000) se percebe que os falantes idosos de Barra Longa tendem a utilizar o artigo zero antes do antropônimo; Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 e em Amaral (2003), em que foram realizadas entrevistas nas cidades de Paracatu, Minas Novas e Campanha, observa-se que o fenômeno estudado parece configurar áreas lingüísticas no espaço mineiro diferentes daquelas em que estão os falares propostas por Zágari; nota-se que a ausência/presença do artigo diante de antropônimo parece configurar um caso de variação dialetal em Minas Gerais. PEQUENO HISTÓRICO DA REGIÃO Segundo Blasenheim (1982), Matipó e Abre Campo situam-se na Zona da Mata mineira; esta região foi povoada por bandeirantes que saíam da Baía da Guanabara e seguiam à procura de ouro e pedras preciosas. A primeira expedição a tocar a Mata de Minas Gerais saiu da Guanabara em abril de 1543: eram quatro portugueses a explorar a sertão da costa do Rio de Janeiro; eles andaram bastante até alcançarem esta região. A cidade de Abre Campo surgiu em uma sesmaria obtida junto à Coroa pelo desbravador José do Vale Vieira, em 1755, dando espaço à exploração e povoamento das terras de Abre Campo. Anos antes, em 1734, o explorador Matias Barbosa da Silva, liderando uma bandeira de setenta homens livres e cinqüenta escravos,chegou até uma localidade de nome "Escadinhas da Natividade", onde combateu índios botocudos. O bandeirante fundou, nessa época, um presídio que teve vida efêmera, já que foi destruído pelos indígenas da região. Muitos anos se passaram até que surgisse novamente um povoado. Em abril de 1846, tornou-se distrito como parte do município de Mariana. Quatro anos depois, elevou-se o lugar à condição de paróquia, sendo reconstruída uma nova igreja. Em 27 de julho de 1889, foi criado o município de Abre Campo em território desmembrado de Ponte Nova. Figura 1: Mapa de Minas Gerais localizando Belo Horizonte e Abre Campo Fonte: IGA (Instituto de Geociência Aplicada) em 10/05/1999 Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A formação e a colonização da cidade de Matipó remontam do século XVIII, ou seja, de 1790; nesta época,João Fernandes dos Santos doou aas terras onde se deu o povoado; inicialmente, as casas foram sendo construídas pelos empregados e outros, que aos poucos foram invadindo espaços. João Fernandes, vendo suas terras invadidas, já com igreja e quase uma centena de casas, resolveu doar três alqueires de terra para formação deste povoado. O povoado, em 1860, passou a denominação de São João do Matipó. O povoado passa a distrito no final do regime monárquico de Dom Pedro II, integrando o município de Abre Campo até o ano de 1928, em que passa a ser considerado município. Figura 1: Mapa de Minas Gerais localizando Belo Horizonte e Matipó Fonte: IGA (Instituto de Geociência Aplicada) em 10/05/1999 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS A Sociolingüística estuda os padrões de comportamento lingüístico observáveis dentro de uma comunidade de fala e os formaliza analiticamente através de um sistema heterogêneo. Nesse modelo teórico, comunidade de fala é entendida como um grupo de pessoas que compartilha traços lingüísticos que distinguem seu grupo de outros; comunicam relativamente mais entre si do que com os outros e, principalmente compartilham normas e atitudes diante do uso da linguagem. (LABOV, 1972, p. 87). Dessa forma, para os sociolingüistas, nas comunidades de fala, freqüentemente, existirão formas lingüísticas em variação que recebem o nome de "variantes lingüísticas". Nesse sentido, cabe à Teoria da Variação considerar a língua em seu contexto sócio-cultural, uma vez que, parte da explicação para a heterogeneidade que emerge nos usos lingüísticos concretos pode ser encontrada em fatores externos ao sistema lingüístico e não só nos fatores internos à língua. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Esse fenômeno da ausência/presença do artigo diante de antropônimos será então analisado à luz da lingüística diacrônica, razão pela qual se observará que a implementação do artigo diante de antropônimo ocorreu através do tempo. Callou e Silva, em trabalho em que analisam a freqüência de uso do artigo definido diante de antropônimos compara textos escritos desde o século XIII até hoje do português de Portugal com textos do século XIX do português do Brasil; podendo analisar o uso das duas variantes. Percebe-se que o percentual de uso do artigo definido diante de antropônimos cresce gradativamente do século XIV até hoje ocorrendo um aumento significativo nos últimos três séculos, principalmente, no Brasil. HIPÓTESE E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS A escolha destas duas cidades ocorreu devido ao fato de que apesar de serem próximas (22 km), possuírem sua fala marcada pela ausência/presença do artigo definido diante dos antropônimos. A hipótese inicial proposta neste trabalho baseia-se no fato de se encontrar mais ausência de artigo definido no contexto de antropônimo na fala dos moradores de Abre Campo e mais presença de artigo definido na fala dos moradores de Matipó neste mesmo contexto O corpus se baseou em 8 narrativas orais com duas faixas etárias: uma formada por falantes idosos com mais de 70 anos e outra por jovens com idade entre 18 a 24 anos, em um total de 417 dados; essas entrevistas foram realizadas nas zona rural das cidades de Matipó e Abre Campo. Quatro das entrevistas foram realizadas apenas com a presença do pesquisador e do informante, uma vez que eram pessoas conhecidas; para as outras quatro, foi-se necessário a presença de uma terceira pessoa que apresentou os informantes e presenciou o decorrer da entrevista. Esses dados foram submetidos a uma análise quantitativa realizada com a utilização do sistema VARBRUL, criado por SANKOFF (1975). Foram considerados como fatores estruturais o tipo de sintagma em que o antropônimo se encontra (sintagma nominal ou sintagma preposicionado), a referência (introduzido pela primeira vez no discurso ou retomado discursivamente), a função textual (presente em narrativas ou enumerações) e como fatores não-estruturais o grau de intimidade entre os falantes (pessoa pública ou pessoa conhecida), o sexo (masculino ou feminino) e a localidade residente pelo informante (Matipó e Abre Campo) e a faixa Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 etária (mais de 70anos e 18 a 24 anos). Cabe ressaltar que ao se rodar o VARBRUL, nenhum destes fatores foi descartado. ANÁLISE DOS DADOS Ao se analisar os dados de cada localidade obtidos pela quantificação, percebe-se que as referidas cidades apresentam critérios diferentes para a utilização ou não do artigo definido nesse contexto de antropônimo. Na cidade de Abre Campo, o fator que mais se destacou como condicionador da ausência de artigo definido foi a presença de preposição; em 87% dos dados analisados encontrou-se a ausência de artigo no contexto de antropônimo diante de preposição. Já na cidade de Matipó, ocorreu o contrário, em 76% dos dados analisados encontrou-se a presença de preposição diante de estruturas sem a presença de preposição. Percebe-se que as estruturas que empregam o genitivo se mostram mais sensíveis a esse tipo de sintagma. Tipo de sintagma em que o antropônimo se encontra (%) 87 100 80 60 76 59 49 51 41 40 13 20 Aus ência de artigo definido Pres ença de artigo definido 24 0 SN SP Abre Cam po SN SP Matipó Gráfico 1 – Tipo de sintagma em que o antropônimo se encontra Ao se referir a uma pessoas pública, 75% dos dados dos informantes de Abre Campo apresentaram ausência de artigo, havendo apenas 45% de ausência diante de antropônimos que se referiram a pessoas conhecidas. Já na localidade de Matipó, essa diferença não foi muito significativa. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Grau de intimidade (%) 75 45 55 51 49 45 55 Abre Cam po Ausência de artigo definido pública Pessoa conhecida Presença de artigo definido Pessoa pública Pessoa Pessoa 25 conhecida 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Matipó Gráfico 2 – Grau de intimidade Nas narrativas, os informantes de Matipó utilizam mais estruturas com artigo definido (65%); enquanto que nas enumerações ocorre o inverso: 23% dos dados dos informantes apresentaram a presença de artigo nesse contexto de antropônimo. Já em Abre Campo, os falantes tendem a utilizar artigo definido nas enumerações (73%), em contextos de narrativa, a ausência é ligeiramente privilegiada. A função textual (% ) 77 73 54 65 46 27 Abre Campo 35 Ausência de artigo definido Presença de artigo definido Narrativa Enumeração 23 Narrativa Enumeração 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Matipó Gráfico 3 – A função textual As mulheres entrevistadas nas duas localidades tenderam a utilizar mais a presença de artigo definido no contexto de antropônimo. Quanto aos homens, os da cidade de Abre Campo utilizaram mais a ausência (61%) e os de Matipó mais a presença. (55%). Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Gênero (%) 57 61 43 55 45 48 52 39 Aus ência de artigo definido M asculino Fem inino M asculino Pres ença de artigo definido Fem inino 70 60 50 40 30 20 10 0 Abre Cam po Matipó Gráfico 4 – Gênero Quanto à referência, os falantes de Abre Campo tendem a utilizar menos artigo definido ao introduzir o novo referente no discurso (59%). Já os falantes de Matipó, utilizam a ausência de artigo na hora de introduzir um referente (61%) e, ao retomar esse mesmo referente, eles utilizam mais a presença de artigo (68%). Referência discursiva (%) 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Aus ência de artigo definido Abre Cam po Retomado pela 1ª vez Introduzido Retomado pela 1ª vez Introduzido Pres ença de artigo definido Matipó Gráfico 5 – Referência discursiva O fator idade não foi significativo em nenhuma das duas análises. Como se percebe, apesar da proximidade entre as cidades, esse fenômeno lingüístico de ausência/presença de artigo definido diante de antropônimos apresenta contextos de uso diferenciado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Baseada na hipótese defendida por MENDES (2000) de que a comunidade de Barra Longa faz uso de uma estrutura pretérita, que pertencia à estrutura do sistema lingüístico dos séculos XVII e XIX e que tanto a língua escrita pretérita quanto a língua oral dessa comunidade “retiveram uma estrutura pretérita da língua latina”. (2000, p.149), acredito que a fala dos moradores de Abre campo também apresente um resquício de uma forma pretérita de língua, principalmente, ao se tratar de casos Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 de genitivo. Já a fala dos moradores de Matipó, não se sabe ao certo por que, não reteve essa estrutura, apresentando a presença do artigo definido nesse contexto de antropônimo. É interessante ressaltar, que o que é prescrito não só nas gramáticas tradicionais, mas em todas as gramáticas analisadas, não é suficiente para explicar o emprego ou não do artigo. Torna-se necessário, portanto, outros estudos mais aprofundados para que se possam analisar os contextos de uso. REFERÊNCIAS ALI, Said. Gramática Histórica da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Melhoramentos, 1971. AMARAL, Eduardo Tadeu Roque. A ausência/presença de artigo definido diante de antropônimos em três localidades de Minas Gerais: Campanha, Minas Novas e Paracatu. Dissertação (Mestrado em Estudos Lingüísticos) - Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2003. BLASENHEIM, Peter. Uma história regional: a Zona da Mata Mineira. In: ___. V Seminário de Estudos Mineiros. Belo Horizonte: UFMG, 1982. CÂMARA JR, J. Mattos. “Morfologia Pronominal”. In: História e Estrutura da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Padrão, 1976. COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática Histórica. 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Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 O CONTATO LINGUÍSTICO COMO FATOR OCASIONADOR DE MUDANÇA LINGUÍSTICA Ana Paula Mendes Alves de Carvalho – Graduada em Letras, Especialista em Língua Portuguesa, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O presente trabalho tem por objetivo analisar o contato lingüístico como fator ocasionador de mudança lingüística.Serão analisadas as principais causas e consequências do contato linguístico, dando maior ênfase ao empréstimo, um dos principais reflexos do contato entre línguas e dialetos. A teoria baseia-se nas ideias de que McMahon (1994) e Aitchison (1985); percebe-se com este estudo que qualquer língua está pronta para receber empréstimos e que, quanto mais contato a língua possuir, maior será essa possibilidade. PALAVRAS-CHAVE: Contato Línguístico; Empréstimo; Mudança Linguística; Línguas. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Partindo do pressuposto de que as línguas são continuidades históricas que se alteram condicionadas não apenas por fatores lingüísticos, mas também por fatores sociais, pretendemos, neste estudo, abordar a influência do contato entre comunidades de fala no processo de mudança lingüística. Serão apresentadas as principais causas e conseqüências do contato lingüístico, dando maior ênfase ao empréstimo, um dos principais reflexos do contato entre línguas e dialetos, que, de acordo com McMahon (1994, p. 200), é um termo quesubstitui o que, anteriormente, era chamado de ‘mistura de línguas” e, é usado para classificar uma tentativa de reproduzir em uma língua modelos previamente encontrados em outra. PRODEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS Trata-se de um trabalho de revisão bibliográfica em que se adotam as teorias McMahon (1994) e Aitchison (1985); para explicar como o contato lingüístico pode ser fator ocasionador de mudança lingüística através de empréstimos. Parte-se do princípio de que os empréstimos e, conseqüentemente, o contato entre comunidades lingüísticas constitui um indicador extralingüístico de que as línguas Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 mudam de acordo que se alteram as necessidades de seus falantes, o que nos leva a afirmar que as relações culturais, políticas e econômicas são fundamentais para definir o grau de contato lingüístico. EMPRÉSTIMO: RESULTADO DE CONTATO LINGUÍSTICO O empréstimo como fato lingüístico é um fenômeno que estabelece traços lingüísticos novos para uma determinada língua ou dialeto. É, pois, reflexo do contato entre línguas e culturas e, por isso, um objeto de estudo de grande importância não só para os lingüistas, mas também para historiadores e antropólogos. Como qualquer outro mecanismo de mudança linguística, os efeitos do empréstimo tendem a dinamizar o processo de variação e mudança linguística. O contato entre línguas pode ser caracterizado como o contato entre duas comunidades linguísticas, entre dois grupos de povos diferentes ou entre duas ou mais línguas ou dialetos. Vale ressaltar que nem as línguas e nem as culturas em contato precisam ser necessariamente semelhantes. De acordo com Bynon (1979, p. 216), o contato entre línguas sempre pressupõe algum grau de contato cultural, mesmo que seja limitado. E, de todos os níveis da língua, o léxico é o que mais reflete a cultura dos falantes que mantém contato entre si. Segundo Thomason e Kaufman (1991) apud Ajayi (2002, p. 83), a história sociolingüística dos falantes, e não a estrutura da sua língua, constitui o determinante fundamental para o resultado linguístico de uma situação de contato, isto é, a interferência linguística é condicionada, primeiramente, pelos fatores sociais e não apenas pelos fatores linguísticos. A condição mínima para que o contato lingüístico seja realizado é a presença de duas línguas ou dois dialetos. Como já foi mencionado anteriormente, não há uma distinção clara entre língua e dialeto, então, pode se dizer que há contato interlinguístico, entre línguas (idiomas) diferentes; e contato intralinguístico, entre variedades discursivas de uma mesma língua (idioma). O motivo que ocasiona o contato é muito importante para determinar os aspectos sócio-culturais que estão influenciando esse processo, pois isso ajudará a perceber a atuação de cada comunidade linguística, haverá sempre aquela que determinará a direção do contato seja por razões políticas, religiosas, comerciais ou culturais. O contato pode levar à mudança linguística, pois traz interferências linguísticas, que ocorrem, geralmente, sob a forma de empréstimo. Pode-se dizer Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 que ocorrem empréstimos quando o povo de cultura e língua supostamente inferior importa traços de cultura e língua superiores, tem-se, então, uma situação de superstrato. Há, também, a situação de substrato. Nesse caso, o empréstimo vem da língua supostamente inferior, do povo dominado, para a língua superior, do povo dominante. Para que haja empréstimo, a intensidade de contato é fundamental, no entanto, outros fatores determinantes no resultado de contato merecem ser mencionados: o lugar do contato, a duração, maior número de falantes da língua fonte do que os falantes da língua alvo, contato íntimo em ambientes sociais e dominação sócio-política ou econômica. A intensidade pode ser representada pela pressão atuante da língua de maior prestígio social sobre os povos dominados, seja ela de natureza política, militar, religiosa ou cultural. Nesse caso, o povo da língua menos prestigiada tenta aprender a variedade supostamente superior. A noção de empréstimo faz do contato lingüístico uma arena propícia ao desenvolvimento de certos episódios da vida social da linguagem em que posições políticas e sociais conflitantes, de difícil tratamento direto e aberto, vêm a público no debate sobre os comportamentos lingüísticos dos grupos que disputam o controle e a distribuição de recursos na comunidade. Embora o debate em si seja movido, no fundo, pelas posições políticas e sociais dos diferentes grupos, ele trata, na superfície, de questões lingüísticas, de modo que a arena de discussão se torna também terreno fértil para a produção de discursos superficiais e equivocados sobre a natureza da linguagem, sobre o uso prestigioso e “correto” da língua da comunidade e sobre a própria vida social da linguagem. O propósito dessa movimentação ideológica é estabelecer o que é legítimo na língua da comunidade, na língua do poder – a variedade lingüística idealizada simbolicamente associada ao exercício do poder – e, em última análise, identificar quem fala com legitimidade a língua da comunidade e, por fim, quem está apto a exercer o poder dentro dela e em seu nome. (GARCEZ e ZILLES, 2002, p.16-17) Como se vê, a classificação do empréstimo está relacionada com o tipo de contato linguístico. Assim, quanto maior a intensidade e a atuação de fatores sociolingüísticos acima relacionados, mais se evidencia a presença de empréstimos nos diferentes níveis lingüísticos. Se o contato for superficial, ocorrerá apenas um processo de empréstimos de itens lexicais, mas, se for intenso, os empréstimos poderão se estender a toda gramática, favorecendo a ocorrência de empréstimos fonéticos, sintáticos e morfológicos. De acordo com Haugen (1950) apud Ajayi (2002, p. 83), há dois tipos de empréstimos: por importação – quando a empréstimo preserva a sua identidade na Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 língua recebedora – e por substituição – quando é sujeito ao modelo lingüístico da língua recebedora e é substituído por um outro padrão similar na língua. Ele estabelece também três classes de empréstimo: i) empréstimos vocabulares, caracterizados por importação morfêmica sem substituição e que podem apresentar, em nível fonêmico, uma substituição total, parcial, ou ainda, nenhum tipo de substituição; ii) empréstimos combinatórios [ou híbridos], marcados por substituição morfêmica ou importação; iii) empréstimos por troca, caracterizados por substituição sem importação (HAUGEN, 1950 apud AJAYI, 2002, p. 70 Dentro do empréstimo por troca apresentado, anteriormente, estão os empréstimos semânticos, em que o único indício de empréstimo é o fato de um novo sentido ser acrescentado ao vocábulo, e os empréstimos por tradução, em que o item é traduzido para a língua que recebe o empréstimo. Esse tipo de empréstimo é também chamado calque. Como exemplos podem ser citadas as palavras do inglês livinng room que foi para o francês como salle de sejour e, para o português, como “sala de estar”; e skyscrapper que se tornou gatte-ciel em francês e “arranha-céus” em português. O empréstimo sintático, que indica uma situação de contato mais intensa, é mais raro de acontecer, por afetar a ordem dos constituintes e, por extensão, a conexão entre elementos de um texto. No entanto, apesar de haver um questionamento em relação a esse tipo de empréstimo, a grande maioria dos lingüistas concorda com a possibilidade desse empréstimo. Um exemplo de empréstimo sintático é o das línguas da península dos Bálcãs, tais como o albanês, o búlgaro, o grego e o romeno que são todas semelhantes, sintaticamente, devido ao empréstimo mútuo. Na fonologia, a interferência se manifesta de forma mais evidente, pois os falantes da língua recebedora tendem a adaptar fonologicamente os itens emprestados para a língua nativa, por exemplo, como mostram Thomason & Kaufman (1991, p.54) apud Ajayi (2002, p. 84.), a fonemização de [v z], no inglês médio, devia-se, parcialmente, à influência francesa. No que se refere à morfologia, costuma-se dizer que esse nível é mais marcado do que a sintaxe e, então, menos vulnerável ainda à interferência devida ao contato linguístico. A interferência lexical, por sua vez, é o resultado mais frequente do contato, resultando no empréstimo linguístico. Assim, o empréstimo através do Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 contato lingüístico pode trazer mudanças na sintaxe, na fonologia e na morfologia, embora menos freqüentemente do que no léxico. Talvez porque um sistema morfossintático ou fonológico consista de uma série de regras integradas e a modificação de uma regra poderia ter conseqüências mais profundas na outra parte do sistema. Segundo Antilla (1972, p. 154-155), as causas sociolinguísticas da mudança linguística envolvem a noção de necessidade. As línguas alteram continuamente ao longo dos anos, sobretudo, no que se refere ao empréstimo, e é de acordo com as necessidades de seus usuários (falantes) que elas se alteram. Isso pode ser explicado como uma visão funcional da mudança lingüística. A necessidade é certamente relevante no nível do vocabulário. Palavras desnecessárias se perdem: como, por exemplo, itens do vestuário que não são mais usados ao passo que novos termos técnicos e relativos às inovações tecnológicas tendem a ser transmitidos de uma língua para outra. Dessa forma, empréstimos são mais facilmente observados no vocabulário, ainda mais se representam objetos acessíveis como ferramentas, utensílios e ornamentos que são difundidos mais facilmente de cultura para cultura. A necessidade de nova nomeação é frequentemente referida como motivação por necessidade. Itens culturais e referentes a noções também são difundidos, mas, geralmente, quanto mais abstrato o elemento, mais difícil a transferência. No entanto, o inglês tem tomado emprestadas palavras abstratas com menos restrição do que muitas outras línguas (ex., tabu, weltanschawing e hubris). Cabe ressaltar que há menos necessidade para itens abstratos em uma determinada língua, pois esses itens são intrínsecos a tradições culturais e são, por esse motivo, transmitidos de geração para geração. As necessidades sociais podem motivar também um maior espraiamento da mudança do que uma simples adição de novos itens lexicais. No entanto, a motivação por necessidade é só uma razão para empréstimo, uma motivação igualmente importante é o prestígio. Isso acontece, freqüentemente, se a classe dominante fala uma língua das classes mais baixas, ou se os falantes da língua estrangeira representam uma cultura que está sendo imitada. As tribos “Baltic Finnic” devem ter vivido em relação mais estreita com as tribos bálticas, e um pouco mais tarde com as tribos germânicas. Centenas de empréstimos foram adotados, entre eles itens em que havia claramente nenhuma Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 outra motivação a não ser o fator prestígio. Mesmo que tal palavra como a finlandesa morsian (noiva) pudesse refletir novos costumes de casamento, há quase a mesma razão para tytar (filha), sisar (irmã) e äiti (mãe) – germânica – assim como hammas (dente), napa (umbigo) e kaula (pescoço), reisi (coxa) e karva (pêlo). Seria ingênuo sustentar que falantes finnic não têm palavras nativas, nomes herdados, para parentes femininos e partes do corpo. Se prestígio por si só não é termo certo, então os exemplos indicam contato cultural muito estreito e casamentos entre os dois grupos. Pode-se afirmar, no entanto, que em certas relações linguísticas, os empréstimos estão relacionados ao maior ou menor prestígio linguístico e estarão concentrados nos campos semânticos em que os falantes mais prestigiados lidam com maiores influências. Por exemplo, depois da conquista da Normandia encontramos em grande fluxo de vocabulário francês dentro do inglês, principalmente, termos ligados a igreja, guerras, artes e administração. Esses itens lexicais refletem os interesses dos grupos falantes de francês (grupo de domínio) e tinham conotações de prestígio como, por exemplo: nucleus, molecule, angel, street, cheese. O EMPRÉSTIMO SOB DIFERENTES ÂNGULOS Para os gramáticos tradicionais, os empréstimos, geralmente, são vistos como vícios de linguagem ou um recurso condenável e, assim, são, geralmente, classificados como estrangeirismos, barbarismos, neologismos, preregrinismos. Vale ressaltar ainda que os chamados estrangeirismos são listados e classificados, na gramática normativa, de acordo com a língua de origem: anglicismos ou inglesismos, galicismos, francesismos, italianismos, etc. É, nessa perspectiva, que os gramáticos tradicionais tendem à aconselhar a nativização dos estrangeirismos, para que eles tomem feição nativa, uma vez, que não se pode impedir a sua entrada na língua. A esse respeito lê-se em Barreto: Cumpre, todavia notar que muitos desses neologismos vindos de fora, quando não são transmitidos pela palavra e pelo ouvido e se tornam populares, procuram aclinar-se em nosso meio [...] pôr-se de acordo com a pronunciação das outras palavras [...] tomar o jeito, a queda, e o soar dos com quem convivem, e então, para que sua fisionomia gráfica se conforme com a pronúncia que damos em nossa língua a esses nomes enrevesados, entrajamo-los à portuguesa, aperfeiçoando-lhes as desinências e as combinações silábicas a nossa prosódia (Barreto, 1980, p. 345 apud Ajayi, 2002, p.61) Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 São exemplos de empréstimos ingleses que foram aportuguesados no Brasil, isto é, adequados à estrutura da língua que recebeu o empréstimo: beef – bife, lunch – lanche, pudding – pudim, picknick – piquenique. Há, ainda, aqueles gramáticos que reconhecem que a adoção de estrangeirismos é admissível, desde que, corresponda, de fato, a uma necessidade de expressão, ou seja, desde que não haja na língua palavra para denominar novos itens, até então desconhecido para os falantes. Segundo Ajayi (2002, p.66), o desenvolvimento da teoria gerativa trouxe um novo impulso para observação dos empréstimos linguísticos, pois foi introduzida uma nova concepção nos estudos da linguagem, a corrente chomskiana iniciada em 1957. Essa corrente considera a linguagem não como um simples meio de comunicação, mas como uma projeção humana. Para Chomsky, a língua é algo muito profundo, inerente à condição humana, relacionada à capacidade criadora de um ser pensante. Surge então um interesse maior pela compreensão e explicação do processo de incorporação do empréstimo lingüístico à língua nativa, pois, entre os gerativistas há uma grande preocupação em explicar a capacidade ou competência que um falante nativo tem com relação ao léxico de sua língua, ou seja, sua capacidade de formar novas palavras, de rejeitar outras, de estabelecer relações entre itens lexicais, de reconhecer a estrutura de um vocábulo. Para os gerativistas, o papel do empréstimo, bem como as outras evidências externas, é determinar quais regularidades foneticamente plausíveis, mediante a aplicação de um conjunto de regras fonológicas, serão captadas pelos falantes. Segundo Aitchison (1985, p.119-120), toda língua está pronta para aceitar empréstimos. Há que se ressaltar, no entanto, que os elementos estrangeiros não infiltram em outra língua aleatoriamente. Palavras individuais são freqüentemente e mais facilmente emprestadas, desde que sua incorporação à língua não envolva pouca ou nenhuma alteração estrutural. De uma maneira geral, então, os elementos estrangeiros não interrompem a estrutura básica da língua, ao invés disso, eles utilizam as tendências estruturais já existentes. Assim, se o português recebe um substantivo de outra língua a tendência é que a flexão de número seja feita pelo acréscimo do -s, além disso, se tal substantivo se desdobrar em um verbo, pertencerá à primeira conjugação, mais freqüente em língua portuguesa. Veja por exemplo scanner – escanear. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Como já foi citado, o processo de incorporação de item estrangeiro a uma língua é chamado na literatura de nativização. Isso significa que quando o empréstimo é totalmente adotado fica sujeito às mesmas mudanças e analogias que qualquer outra palavra nativa. Assim, na perspectiva estruturalista, o empréstimo é uma difusão lingüística, um fenômeno semelhante ao da difusão cultural de hábitos e costumes, que resultam da situação de contato entre comunidades lingüísticas diversas. De acordo com Bloomfield, o grande estruturalista americano, o desenvolvimento fonético das formas de empréstimo, geralmente, revela a forma fonética da época do empréstimo, e, conseqüentemente, a data aproximada de várias mudanças fonéticas. Já Haugen (1950) apud Bynon (1979) acredita que o empréstimo não é um estado e sim um processo histórico e que, por esse motivo, deve identificado com métodos históricos. Isso, segundo ele, implica uma comparação entre os estágios anteriores e posteriores de uma língua, para detectar possíveis inovações descobertas e modelos possíveis em outras línguas. No entanto, com já foi dito, é preciso, pois, distinguir com clareza o plano sincrônico do diacrônico. Sob o ponto de vista sincrônico, uma forma lingüística é considerada empréstimo, se apresentar um fonema ou uma seqüência de fonemas estranhos ao sistema fonológico da língua. Em português, por exemplo, palavras como outdoor, bestseller, marketing, dentre outros. Outras palavras como anel, viagem, açúcar, milagre, azul, chá, chefe, avenida que já entraram para o português depois do século XVII, não são consideradas como empréstimos pela competência lexical dos falantes do português atual pelo fato de terem se adaptado integralmente ao sistema fonológico (ortográfico) dessa língua. Apesar de não serem empréstimo sob o ponto de vista sincrônico, tais palavras são empréstimos sob o ponto de vista diacrônico. Assim como em inglês, as palavras chair (cadeira), chauffer (motorista) são, para os falantes nativos, palavras inglesas. Porém, do ponto de vista diacrônico, elas são, na verdade, empréstimo do francês: chaise e chauffer. (...) é importante notar que, embora pareça fácil apontar, hoje, home banking e coffee break como exemplos de estrangeirismos, ninguém garante que daqui a alguns anos não estarão sumindo das bocas e mentes, como o match do futebol e o rouge da moça; assim como ninguém garante que não terão sido incorporados naturalmente à língua, como o garçom e o sutiã, o esporte e o clube. Desse modo, um primeiro exame dos possíveis critérios que conferem a um empréstimo lingüístico o caráter de estrangeirismo nos mostra que nem sempre é claro o status de um elemento emprestado. Status, por exemplo, é um termo latino e, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 portanto...?? seria português, pois afinal o português veio do latim? Ou seria estrangeirismo, já que se trata de termo erudito, tomado emprestado do 7 latim depois que o português já era português? E os termos árabes – frutos da dominação da Península Ibérica – que se agregaram ao português antes que este invadisse o território gigantesco que hoje ocupa na América? Álcool, alqueire, alface: estrangeirismos? Assim, uma breve reflexão sobre o que hoje é parte legítima da língua, mas não foi ontem, já indica que não é simples dizer que é o português puro, nem é simples dizer como algo deixa de ser estrangeirismo e passa a ser parte da língua da comunidade. (GARCEZ e ZILLES, 2002, p.18) Os elementos estrangeiros que surgem do contato lingüístico, segundo os autores, muitas vezes têm vida curta, como as gírias, ou são incorporados de modo tão íntimo à língua que os acolhe, pelos processos normais de mudança lingüística, que em duas gerações nem sequer são percebidos como estrangeiros. Com efeito, em pouco tempo, os que conhecem a língua de origem nem reconhecem seus elementos quando usados como empréstimos. E, às vezes, uma língua empresta a outra um termo e o torna emprestado posteriormente, quando já nem se parece mais com o termo original: o português DOUDO (forma antiga de DOIDO) foi emprestado ao inglês para nomear um pássaro das ilhas SEICHELES, passando a dodo: o pássaro, famoso como exemplo de extinção de uma espécie, é conhecido em português como DODO, DODÔ (Brasil), ou DODÓ (Portugal), mas os falantes não reconhecem mais o nome do pássaro o adjetivo português que lhe deu origem. Desse modo, não são todas as palavras classificadas como empréstimos que são percebidas dessa forma pelos falantes. Isso se deve ao fato de que, geralmente, palavras emprestadas tendem a ser assimiladas para a língua que as recebem. Pode se afirmar, nesse sentido, que os empréstimos recentes são mais facilmente identificados, sobretudo, por não terem incorporado ainda à língua pela padronização da escrita. Mas, em sua essência como itens lingüísticos, eles não devem ser tratados de forma diferente dos que vieram antes, pois são todos frutos do contato lingüístico. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabendo que nenhum ser humano consegue viver isolado, é pertinente dizer que o contato entre diferentes povos sempre existiu e que, nesse sentido, não se pode afirmar que há uma língua pura sem interferência de outras sem que se faça 7 Esta aparece ser a posição de dicionários brasileiros e lusitanos. Note que o mesmo status deu ESTADO em português. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 um estudo diacrônico, isto é, partindo do presente para o passado e voltando aos dados do presente. Nessa perspectiva, podemos afirmar que assim como o contato cultural e, conseqüentemente, linguístico, resultam em empréstimos no presente, no passado, isso também aconteceu. Isso nos permite afirmar que as relações culturais, políticas e econômicas são fundamentais para definir o grau de contato linguístico. Os empréstimos e, consequentemente, o contato entre comunidades linguísticas constitui, dessa forma, um indicador extralinguístico de que as línguas mudam de acordo que se alteram as necessidades de seus falantes. REFERÊNCIAS: AITCHISON, Jean. Language Change: Progress or Decay? New York, Universe Books,1981. AJAYI, Tayo Julius. Empréstimo e variação interlingüística: o ioruba em contato com o português no Brasil.[Tese de doutorado] Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2002. ANTILLA, Raimo. An introduction to historical and comparative linguistics. New York: The Macmillan Company, 1972. BYNON, Theodora. Historical Linguistics. 3ª ed.London: Cambridge, 1979. GARCEZ, Pedro M. & ZILLES, Ana Maria S. Estrangeirismos – desejos e ameaças. In: FARACO, Carlos Alberto (org.). Estrangeirismos: guerras em torno da língua.São Paulo: Parábola, 2002. p.52. MCMAHON, April. Understanding language change.Cambridge: University Press, 1994. p.200-224. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 A DIFERENÇA ENTRE LÍNGUA E DIALETO Ana Paula Mendes Alves de Carvalho – Graduada em Letras, Especialista em Língua Portuguesa, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected] RESUMO O presente trabalho tem por objetivo a diferença entre língua e dialeto, realizando uma reflexão em torno desses conceitos. Reflexão essa baseada, principalmente, nas ideias de Hock (1991), Labov (1972) e Haugen (1972). Percebeu-se que as línguas nacionais são, na verdade, dialetos que conquistaram prestígio em relação aos demais, porque, como foi visto, ou produziram importante literatura ou, entre outras causas, por que eram falados pela classe dominante. PALAVRAS-CHAVE: Contato Línguístico; Língua; Dialeto; Mudança Linguística. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Partindo do pressuposto de que as línguas são continuidades históricas que se alteram condicionadas não apenas por fatores lingüísticos, mas também por fatores sociais, pretendemos, neste estudo, abordar a distinção entre língua e dialeto com base em diferentes autores na tentativa de mostrar que nem sempre essa distinção é clara, já que muitas vezes os critérios utilizados para essa distinção são falhos. Este artigo divide-se em seis partes. Na primeira delas, serão apresentados os procedimentos metodológicos; em seguida, a língua será vista como um sistema heterogêneo e ordenado, acabando-se com a ilusão de “pureza” lingüística; conceitos de língua e dialeto serão vistos para, posteriormente, ser analisada a distinção entre língua e dialeto. Para finalizar, serão discutidos os sonhos homogeneizantes de muitos; assim como sobre a possibilidade de um dialeto tornarse língua padrão; logo após, serão apresentadas as considerações finais. PRODEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS Trata-se de um trabalho de revisão bibliográfica em que se adotam as teorias de nas idéias de Hock (1991), Labov (1972) e Haugen (1972). Na tentativa de estabelecer a distinção de língua e dialeto, lingüistas sempre buscaram os mais variados critérios baseados em diferentes fatores: lingüísticos, políticos, literários, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 geográficos. Quis se provar, com este estudo, que as línguas nacionais são, na verdade, dialetos que conquistaram prestígio em relação aos demais, por ou produziram importante literatura ou por ser falado pela classe dominante. UM SISTEMA HETEROGÊNEO E ORDENADO Para muitos dos falantes, a língua possui um sistema de “regras fixas” e, qualquer movimento que fuja a essas regras, representa de certa forma, “corrupção” ou “decadência” de seu estágio anterior de suposta “pureza”. Porém, essa idéia é errônea, pois o que ocorre é que, de forma lenta e inexorável, a língua se transforma. A ciência linguística já demonstrou fartamente que as línguas não se desenvolvem, nem progridem, não decaem, não evoluem – as línguas simplesmente mudam. Para Crystal (1987), a língua muda, porque a sociedade muda; portanto, deter ou controlar uma delas exige deter ou controlar a outra - tarefa que só pode ter sucesso numa proporção muito limitada. Mas, ao se considerar o fato de que as línguas mudam, encontra-se o seguinte questionamento: se uma língua tem que ser estruturada, como ela funciona enquanto a estrutura muda? Para Weinreich, Labov e Herzog (2006), a solução para essa questão fundamental repousa na decisão de “romper com a identificação da estruturalidade com a homogeneidade. No lugar dela, propusemos que uma explicação razoável da mudança dependerá da possibilidade de descrever a diferenciação ordenada dentro da língua” (2006, p.88), dando-se atenção à variabilidade, surgindo assim um novo axioma – a heterogeneidade ordenada. A língua passa então a ser vista como uma realidade inerentemente variável e ordenada. Descarta-se, também, a possibilidade de se tomar como legítimo objeto da linguística o indivíduo, dando ênfase às características das comunidades linguísticas. Para os sociolinguistas, nas comunidades de fala, freqüentemente, existirão formas linguísticas em variação, isto é, formas que estão em coocorrência e em concorrência. É certo que as línguas mudam inevitavelmente, e essa mudança se processa de forma muito lenta, sendo geralmente imperceptível para os falantes de uma mesma geração e de gerações contíguas, justamente, porque, durante longos intervalos de tempo o sistema consegue manter um equilíbrio mínimo essencial entre as formas desestabilizadoras (externas e internas) e forças estabilizadoras, capazes de permitir aos falantes o mútuo entendimento. Mas diversos fatores podem Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 condicionar esse processo de mudança, a influência de elementos externos a uma determinada língua, por exemplo, tende a acelerar as mudanças linguísticas, o que permite afirmar que, como consequência do contato linguístico, os empréstimos constituem um importante mecanismo, pois atua no sentido de impulsionar as mudanças lingüísticas. LÍNGUA E DIALETO Embora seja uma longa discussão, há de se considerar que dialeto é um termo herdado da Grécia, dialektos, que significa discussão, conversação, maneira de falar. Segundo Elia (2000, p.12), na Grécia antiga, o termo referia-se mais especificamente à língua escrita e, só a partir de Alexandre, o Grande, da Macedônia, o dialeto começou a se afirmar como língua geral daquele grande império que se estabeleceria; e, mais tarde, passou a ser a língua comum de toda a Grécia, tornando-se a base do grego medieval e moderno. No entanto, segundo esse mesmo autor, não houve dialetos na Idade Média no sentido de oposição à língua; mas a língua escrita se distinguia em diversos pontos da língua oral. A questão é que, ao lado do latim culto, desenvolveu um latim falado cada vez mais distante da forma escrita, havendo assim também, uma diversificação do latim oral por regiões, caracterizando uma força centrípeta à unidade linguística. Segundo Meillet (1958), do ponto de vista diacrônico, os dialetos são ramificações evolutivas e independentes de uma mesma língua, que seriam a raiz dessas ramificações, sem inferioridade em relação à língua de origem, estabelecendo uma relação de equivalência. Para ele, para se estabelecer distinção entre os dialetos, deve-se recorrer à função histórico-social que os investem. Assim, como são revestidos de potencialidade para cumprir qualquer função linguística, o maior fator para se estabelecer a distinção entre língua e dialeto está exatamente no grau dessa potencialidade. As línguas, por sua vez, de acordo com Elia (2000, p.13), servem para exprimir a vontade dos Estados organizados nacionalmente, recebendo, por isso, maior prestígio nacional. Com o decorrer do tempo, as línguas, ao contrário das variedades dialetais, passam a acumular um patrimônio cultural que abrange o campo do progresso intelectual, cumprindo uma função de cunho cultural, tornandose essenciais à memória de um país.Deste modo, devem-se considerar dois aspectos na formulação do conceito moderno de dialeto: o interno (aspecto Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 estrutural que vê a língua em si mesma) e o externo (que mostra a língua como entidade histórico-cultural.). Assim, internamente, o dialeto é uma estrutura e um sistema de valores, que o enquadra no mesmo plano, como objeto de estudo científico de qualquer língua existente, caracterizando, assim, um aspecto interno sincrônico. Por outro lado, referindo-se ao aspecto diacrônico, o dialeto é, segundo Meillet (1958), a evolução independente de uma língua comum anterior. Esse caráter diacrônico explica as similaridades estruturais, no plano sincrônico, entre os dialetos, levando certos lingüistas a afirmar que o traço distintivo de uma variedade dialetal é a inteligibilidade mútua, o que nem sempre é possível, conforme veremos mais abaixo. DISTINÇÃO ENTRE LÍNGUA E DIALETO Na tentativa de estabelecer essa distinção de língua e dialeto, linguistas sempre buscaram os mais variados critérios baseados em diferentes fatores: lingüísticos, políticos, literários, geográficos. O linguista Eugenio Coseriu propôs o chamado critério de intercompreensão, segundo o qual dois falares podem ser considerados dialetos de uma mesma língua se os seus falantes conseguem compreender-se mutuamente; caso contrário, teremos duas línguas diferentes. Hock (1991, p.381) também cita esse critério baseado na inteligibilidade mútua. Segundo ele, dialetos de uma mesma língua deveriam ser mutuamente inteligíveis enquanto línguas diferentes não. A inteligibilidade mútua deveria ser uma reflexão das similaridades lingüísticas entre diferentes variedades do discurso.Esse critério não é muito bom, pois a intercompreensão entre os falantes é um dado muito subjetivo. Falantes do português e do espanhol podem entender-se relativamente, portanto, segundo Coseriu, seriam dialetos; já o português e o francês seriam línguas distintas de acordo com esse mesmo critério. Um outro exemplo é o caso da Noruega, citado por Haugen (1972, p. 97-111). Devido ao longo domínio do dinamarquês sobre a Noruega, o bokmål, o primeiro padrão escrito na Noruega e hoje a língua oficial dominante, é freqüentemente considerado continental.No início do século XIX, a Noruega, até então província da Dinamarca, conquista sua independência. Logo em seguida, em conseqüência de uma luta bem-sucedida no campo da política lingüística, os noruegueses passam a escrever numa variedade lingüística livre da antiga língua padrão, baseada no Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 dinamarquês de Copenhague. Devido a essa longa união política entre Dinamarca e a Noruega, o norueguês bokmål partilha muito do vocabulário do dinamarquês. Além disso, a pronúncia dinamarquesa faz com que os suecos considerem, geralmente, mais simples compreender o norueguês do que o dinamarquês, pois a fonologia norueguesa baseia-se mais na sueca. Essas línguas germânicas setentrionais são freqüentemente citadas para ilustrar magistralmente a frase de Max Weinreich _ apud Rosa (2000, p. 23), “a shprakh iz a diyalekt mit na armey um a flot”, ou seja, “uma língua é um dialeto com exército e marinha”. Como se percebe, as diferenças dialetais entre esses três países escandinavos são geralmente maiores do que as diferenças existentes através das fronteiras, mas a independência política leva a que o escandinavo continental seja classificado em norueguês, dinamarquês e sueco. Desse modo, apesar do grau de inteligibilidade mútua entre os falantes, isso não faz com que essas línguas se tornem dialetos, uma vez que elas foram politicamente consideradas línguas já que o Estado nacional implantou-as como língua oficial. Torna-se perfeitamente legítimo esse questionamento a respeito da inteligibilidade mútua, pois até que ponto e em qual nível (fonológico, gramatical ou fonológico) esse critério pode ser considerado? Hock (1991) afirma que os resultados dos testes de inteligibilidade mútua mostram que não existe uma demarcação clara entre dialetos diferentes e línguas diferentes. Similaridades ou diferenças lingüísticas, na realidade, existem de forma gradual e discreta, ou seja, em um continuum. Esse critério, segundo ele, não depende apenas de fatores lingüísticos, mas também e fatores sociolingüísticos. Um outro critério que costuma ser adotado para distinguir língua de dialeto é o geográfico. De acordo com esse critério, se uma cidade em que se fala um dialeto está distante de outra, marca-se como dialetos diferentes. Para ser dialeto de uma mesma língua, há a necessidade de ter contato entre si. Mas, esse critério também é questionado: em todas as capitais do Brasil se fala o mesmo dialeto sem que elas tenham contato geográfico entre si. Além desses critérios já mencionados, outro que serve como distinção entre língua e dialeto é a presença ou ausência de literatura ou tradição literária. Desta forma, toda variedade lingüística que possui uma tradição literária é considerada língua. O toscano, um dialeto italiano, originário precisamente da região Toscana, foi adotado como língua oficial da região, mas antes disso ele já era imposto como língua literária, prevalecendo muito antes, certamente no final da Era Medieval, com Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 as obras de Dante, Petrarca e Bocaccio. Em Portugal, os primeiros textos escritos em português aparecem relativamente pouco depois do surgimento de Portugal como nação. Mas, como explicar o fato de o occitano (ou provençal) que é uma língua românica aparentada do francês e que já possuiu uma esplêndida literatura há tempos atrás seja considerado dialeto e não língua? É preciso lembrar também que algumas línguas ágrafas, como as nativas da África e da América possuem uma rica literatura oral, transmitida por gerações em séculos. E que, para alguns países em que só é válida a tradição literária escrita, essas línguas não podem receber esse status pelo fato de, considerarem que se uma língua não produz livros, ela não pode produz literatura. Como se percebe, nenhum dos quatro critérios - político, geográfico, lingüístico e literário - é suficiente para demarcar áreas lingüísticas diferentes, mas muitas vezes, o reconhecimento de uma variedade lingüística como língua pode ser uma questão meramente política. O catalão, por exemplo, foi reconhecido pela Espanha com língua oficial, ao lado do castelhano, galego e basco, depois de ter sido reprimido de forma violenta pela ditadura franquista. Porém o occitano, não é reconhecido pelo governo francês como língua devido ao fato do governo da França temer uma onda de separativismo, já que o reconhecimento de uma língua é considerado para muitos o primeiro passo para a afirmação de nacionalidade. Só que nem sempre autonomia linguística significa autonomia política. No caso do Brasil, a autonomia política não foi suficiente para assegurar a autonomia política. Apesar de vários intelectuais, a partir da Independência, passarem a defender a denominação “Língua Brasileira” para o idioma nacional, os defensores dessa tese não tiveram êxito nesse assunto. Em compensação, há pouco mais de um século atrás, mais exatamente em 1757, Marquês de Pombal cria o “Diretório dos Índios” que instituiu o português como única língua do Brasil8, proibindo o ensino e o uso de qualquer outra língua, mas principalmente da chamada língua geral ou nheengatu9, de base tupi, falada pela maioria da população da Colônia. Paralelo a isso, a legitimização da língua portuguesa serviu de pretexto para a expulsão dos jesuítas do Brasil. 8 Nessa época, o português era de domínio exclusivo dos brancos responsáveis pela administração exploração do território, que constituíam parcela ínfima da população local. 9 Essa era a única língua conhecida pelos índios, negros, mestiços e brasileiros nativos durante uma longa fase do período colonial. Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 Outra questão importante diz respeito ao prestígio, que é um atributo essencial de uma língua tida como padrão. É graças ao prestígio que a língua é dada tradicionalmente como “correta” e os outros registros como “incorretos” e, muitas vezes, “viciosos”. A ideologia que equipara o “falar certo” com o “ser certo” é muito antiga. Trata-se de uma milenar identificação de caráter aristocrático entre aquilo que os gramáticos latinos chamavam de consensus bonorum e o que rotulavam de consensus eruditorium: as pessoas de bem, honestas, civilizadas e idôneas só podem se exprimir numa língua correta e elegante. Para Yaguelo (2001), “o juízo sobre a língua se estende aos indivíduos que a falam. Um homem distinto fala um francês admirável, um marginal só poderia falar um francês deplorável”. Alguns falares, mesmo próximos da língua-padrão são estigmatizados por motivos históricos ou sociais. No Brasil, muitas pessoas, por desprezarem nosso passado rural, têm preconceito em relação ao dialeto caipira e o nordestino, eleitos como ícones de nosso atraso cultural. FIM DOS SONHOS HOMOGENEIZANTES Uma e outra questão que atrapalha a demarcação entre línguas e dialetos é que, na prática, vemos que não há uma firme divisão dos espaços linguísticos em conjuntos ordenados de línguas, dialetos e subdialetos. Os lingüistas históricos também esperavam que as isoglossas sustentassem a firme divisão dos territórios lingüísticos em conjuntos hierarquicamente ordenados de línguas, dialetos e subdialetos. Aqui, novamente, as evidências foram decepcionantes: um conjunto aleatório de isoglossas não divide um território em áreas bem delimitadas, mas, sim, num continuum de fragmentos sutilmente subdivididos. Bloomfield revê este problema (1933: 341), mas seus próprios critérios para selecionar as isoglossas mais significativas para a classificação dialetal não se revelaram exitosos na pesquisa empírica (Weinreich, 1968).” (Weinreich, Labov, Herzog, 2006, p. 89). Não se esperava também que a geografia dialetal oferecesse um suporte para a noção de que existe uma correlação negativa entre a “estruturalidade” e a comunicabilidade dos fenômenos lingüísticos. Antes disso, acreditava-se que quase tudo na língua fosse comunicável pelo intercurso social e respondesse livremente, sem resistência à influência externa. O que se percebe através da análise das isoglossas é que esse continuum sincrônico é parcialmente correlacionável com o problema diacrônico da transição, Anais do IV FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 27 de setembro a 01 de outubro de 2011 –ISSN – 2178-7301 ou seja, com o percurso que uma mudança linguística seguiu ou está seguindo para se completar. Essa correlação exige, geralmente, uma solução para o problema do encaixamento, pois a relação das isoglossas com os sistemas linguísticos e com as histórias das comunidades de fala envolvidas permite um entendimento melhor da relação dessas isoglossas com a mudança lingüística. Portanto, não se pode estabelecer áreas linguísticas ou dialetais definidas no território, pois, muitas vezes, há um contato dos falantes com sistemas diferentes, principalmente quando esses falantes se encontram nas regiões de fronteira ou de área comercial. Para tentar resolver essa questão é necessário analisar como cada falante entende e aceita os elementos estruturais da fala dos outros quando está em situações de contato. Muitas vezes, a variação em questão pode estar se espalhando aos poucos pelo território através de ondas. Essa teoria das ondas foi proposta inicialmente por Johannes Schimidt, em 1872, e serviu justamente para enfatizar o contato entre falantes de várias línguas e dialetos, relacionados ou não. O antigo modelo das árvores que era utilizado até então não dava conta dessa situação. O surgimento desse modelo em ondas passou a ser de fundamental importância para explicar as semelhanças entre línguas não relacionadas geneticamente, pois segundo Tarallo (1990), a questão do empréstimo é um grave empecilho ao antigo modelo das árvores. Em princípio, palavras de outros sistemas não deveriam bloquear a possibilidade de utilização do modelo de árvores. Por um motivo muito simples: se o empréstimo proceder de um sistema não relacionado à língua em estudo, muito provavelmente não haverá geração de cognatos, e assim a palavra, ao nível metodológico, não entrará no cômputo das correspondências. Se o empréstimo, no entanto, tiver sido feito a partir de um sistema historicamente relacionado, certamente cognatos proliferarão. Essa criação de cognatos a partir de itens emprestados pode acontecer precisamente em um dado momento em que determinados padrões fonêmicos tenham deixado de existir. Assim, o historiador há que se preocupar com a questão do empréstimo, pois poderá encontrar discrepâncias entre cognatos a partir de empréstimo. (TARALLO, 1990, p. 37-38) O que se percebe é que, a impossibilidade em se definir áreas linguísticas e dialetais em conjuntos ordenados e homogeneizantes se deve ao fato de que, as ondas se espalham e não respeitam essas “barreiras” imaginárias que separam uma língua ou um dialeto de outro. Anais do IV FAVE – Fórum Ac
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