Acontece - Curso de Jornalismo Mackenzie
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Acontece - Curso de Jornalismo Mackenzie
Universidade Presbiteriana Mackenzie - Centro de Comunicação e Letras Publicação feita pelos alunos do 2º semestre de Jornalismo Edição nº 64 Maio 2008 Ano V Alargar é preciso? O Acontece discute o rito indígena ancestral que se tornou moda entre os jovens 4 Bebida e universitários combinação explosiva 6 Gordura trans um mistério na culinaria 9 Inocente? LSD e Extasy podem causar danos sérios a saúde 10 Segurança na “porta” do Mackenzie E Editorial sta nova edição do Acontece é especial. Justamente porque se atenta aos problemas de você - jovem leitor do Mackenzie. Nossa primeira matéria fala dos polêmicos alargadores de orelha, um hábito cultural originário dos povos da Amazônia. Não menos polêmico é o problema do alcoolismo entre os jovens, que é generalizado em toda a sociedade brasileira. A gordura trans, tida inicialmente como um achado da indústria alimentícia, é vista hoje como vilã da alimentação saudável. A matéria “terapia acessível a todos” fala das opções de tratamento psicológico gratuíto em clínicas universitárias. Que podem tratar, inclusive, seqüelas dos usuários de LSD. Conhecida como droga do amor, mas que Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Comunicação e Letras Diretora: Esmeralda Rizzo Coordenador: Vanderlei Dias de Souza Acontece Editor: André Nóbrega Dias Ferreira Projeto Gráfico: Renato Santana Diagramação: Mário de Andrade tem efeitos devastadores atrás da aparente inocencia dos comprimidos. Os, infelizmente, mais que freqüentes roubos nas proximidades das universidades do bairro de Higienópolis, a precariedade do trensporte público na capital, também são matérias relevantes. A dura questão do estágio que não coloca os alunos en funções nnao condizentes com a carreira escolhida não poderia faltar no jornal. O jornal também traz matérias mais leves, como a que retrata a feira da Praça da República, com décadas de história. Já a Bola de Neve Church, acabou se tornando a Igreja Evangélica que mais cresce entre os jovens. Ou você nunca reparou nos adesivos nos carros que ficam na sua frente em um congestionamento? Desejamos boa leitura a todos. Repórteres Annie Shioli; Bianca de Souza; Celina Rodrigues; Daniel Resende Laviano; Gabriella; José Guilherme; Juliana Leal Conte; Maria Amélia Gama; Marta Mitsunaga; Matheus Mussolin; Natália Karpischek; Priscila Asche; Ruan Segretti; Tainah Medeiros; Vanessa Saraiva Marinelli. Jornal Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, orientados pelo professor André Nóbrega Dias Ferreira, jornalista, MTB n° 26514. Acontece • Página 2 Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem:300 exemplares Contatos Para enviar críticas, sugestões, elogios ou comentar as reportagens dessa edição: [email protected] Acesse o nosso site para conferir matéria exclusivas, entrevistas na íntegra e intergarir com a nossa equipe: www.acontecedigital.blogspot.com Alargadores de orelha A tradição indigena que criou sua própria tribo urbana A Foto:Bianca de Souza o contrario do que muita gente pensa o alargador não é um adereço inventado na contemporaneidade, usado exclusivamente pelos jovens dos grandes centros urbanos. Ele teve origem nas tribos indígenas, ainda hoje usado. Os índios Kayapó, tribo localizada na região do Pará, acreditam que a capacidade de se ouvir melhor e entender a linguagem é adquirida ao se fazer um buraco na orelha de alguém. Os bebês, de ambos os sexos, têm suas orelhas furadas e à medida que crescem o buraco é aumentado com alargadores de madeira, até atingir dois a três centímetros de diâmetro. Quando os portuguêses chegaram ao Brasil, encontraram, na região que se estendia da Bahia ao Espírito Santo, alguns grupos indígenas que se destacavam pelo uso de grandes discos de madeira nos lábios e nas orelhas. Estes grupos foram batizados de Botocudos. Seus ornamentos eram Pedro exibe orgulhoso sua orelha com um furo de mais de 46 mm de diâmetro feitos da madeira extraída da árvore “Barriguda” (Bombax ventriculosa). Depois de cortada, a madeira era desidratada no fogo e eram usados pelos homens, mulheres e até pelas crianças. Hoje, nas cidades, o procedimento para a dilatação das orelhas requer maior cuidado, são usados somente materiais descartáveis. Há lugares especializados na aplicação dos alargadores, chamados de estúdios e podem ser facilmente encontrados em São Paulo. Na Galeria do Rock, localizada na região central da cidade, Pedro Nascimento, 20 anos, que é body piercing (termo utilizado para designar as pessoas que colocam os alargadores), falou sobre a prática. Acontece: Há quanto tempo você trabalha como body piercing? Pedro Nascimento: Quando eu tinha doze anos estudava em um colégio interno em Brasília, lá eu tive uma disciplina chamada Biomedicina, matéria que tive por dois anos. Eu tenho um primo que morava na Holanda, quando ele voltou ao Brasil trouxe a idéia de piercings e tatuagens, me contou sobre a moda que isso era na Europa e deu a idéia de montarmos um estúdio aqui. Foi então que abrimos um na Galeria do Rock, isso há aproximadamente cinco anos. Acontece: Há quanto tempo o alargador virou moda? Pedro Nascimento: Moda há mais ou menos dois anos, mas a cultura é valorizada há mais de 20 no exterior. Ac: Quais são os tamanhos mais pedidos ? Pedro: 2, 4, 6 e 12 milímetros são os mais pedidos. Ac: Qual é a média de dilatações que você faz por dia? Pedro: De quatro a cinco por dia. Ac: Como é feita a perfuração? Pedro: Passe-se vaselina em um pequeno cone, na ponta maior do cone fica a jóia (que pode ser feita de aço cirúrgico, titânio ou PTFE). Depois que o cone atravessa toda a orelha, retiro o cone e fica apenas a jóia. Acontece • Página 3 azuoS ed acnaiB :otoF Bianca de Souza Matheus Mussolin Pedro Nascimento body há aproximamente cinco anos Ac: A partir de quantos milímetros já não ocorre à cicatrização naturalmente? Pedro: Até dez mm cicatriza-se sozinho, mais do que isso é necessária a intervenção cirúrgica. É feita uma raspagem no furo de orelha e dão-se os pontos necessários. Ac: Qual é o índice de infecção ao qual procedimento expõe o “paciente”? Pedro: São muito grandes os riscos de infecções e formação de quelóides se não forem tomados os devidos cuidados, a maioria das pessoas põe a mão na orelha logo após a dilatação, isto aumenta as chances de inflamação. Mas se forem tomados os devidos cuidados o risco é baixo. O uso de anti-sépticos é indispensável. Ac: Pedro você sabe qual é a história do adereço? Pedro: Sei que a existe uma tribo chamada Botocudos que cultiva a idéia de que quanto maior é o alargador maior é a hombridade do homem. Alguns Pajés chegam a usar mais de 120 milímetros. Alcoolismo na juventude: um assunto polêmico Cada vez mais cedo jovens estão ingerindo bebidas alcoólicas Celina Rodrigues Ruan Segretti U ma cerveja no fim de tarde complementado por um papo animado com os amigos é algo que quebra a rotina do dia. Porém, a bebida tornou-se um problema social que tem tirado o sono de muitos pais de família, pois grupos de jovens de ambos os sexos, a maioria de famílias com boas condições financeiras, dirigem-se aos bares perto se suas universidades ou a qualquer outro, cujo principal intuito é atingir a embriaguez. Muitos se vangloriam ao dizer saber beber por não terem ressaca no dia seguinte, outros dizem estar “loucos” para tomar “umas” para tirar o stress. Em parte, a culpa é da publicidade, que ao final de suas propagandas não mostram uma pessoa embriagada, mas usam lindas mulheres monstrando que após a ingestão da bebida começa a diversão. Porém, o consumo não é apenas estimulada pelas propagandas, a influência que os adolescentes sofrem de seus pais que bebem é um grande fator. Os jovens querem aparecer e fazerem parte de uma sociedade em que a diversão está sempre acompanhada do uso do álcool. “Existem muitos outros modos de os jovens se divertirem sem se prejudicarem. Eles encontram na bebida uma forma de descontração para aliviar as tensões”, afirma a estudante de jornalismo R.G.S., que pediu para ser identificada apenas pelas iniciais, que bebe socialmente. Se a pessoa não bebe é tratada como um ser de outro planeta que, para muitos, não tem momentos felizes e não aproveitam a vida. “Acredito que essa seja uma consideração parcialmente sem sentido, pois a vida não deve ser aproveitada apenas em função da bebida. Ela pode até ser uma forma de diversão e de ‘libertação da timidez’ encontrada por alguns, mas não deve ser o fator principal, já que cada situação que passamos merece uma atenção especial [...] A cerveja é a bebida mais consumida pelos universitários Acontece • Página 4 devemos aproveitar a vida com consciência, sabendo o que fazemos com total responsabilidade e encontrando a forma mais saudável desse aproveitamento” opinou a estudante de jornalismo Karine que não bebe. Os adolescentes estão entrando no vício do álcool cada vez mais cedo. Nas décadas de 80 e 90 a média para provar qualquer bebida alcoólica, estava entre os 14 a 15 anos de idade, hoje a média está entre os 10 a 11 anos, quando seus organismos ainda estão em fase de formação e não tem consciência das conseqüências graves que ela pode causar. Diversas são as hipóteses para justificar o crescimento do consumo de bebidas alcoólicas entre a juventude, a falta de diálogo em casa, as mínimas opções culturais na cidade, as frustrações decorrentes de um alto nível de exigência social, o abandono de hábitos saudáveis etc. O grande problema está quando a bebida soma-se ao volante de um carro. Levando-se em consideração que os efeitos do álcool sobre os motoristas tornam os reflexos retardados, coloca a vida em perigo não só dos que estão alcoolizados, como também dos conscientes que transitam pelas mesmas ruas com o risco de que sejam vitimados por aqueles irresponsáveis. Outro problema é o fato de que pessoas que costumam beber demais estão predestinadas a tornarem-se dependentes causando sérios problemas de saúde, como por exemplo, a cirrose hepática, uma das doenças mais comuns provocadas pelo alcoolismo. É importante que haja consciência sobre a moderação na ingestão do álcool, pois uma única atitude irresponsável pode causar sofrimento em pais desesperados, destruir sonhos e o que se tem de mais importante, a vida. Diversão e cultura no centro de SP Foto: Sílvio Abravanel Feira da Rebública atrai pessoas de todas as idades Matheus Mussolin Bianca de Souza O local onde hoje é conhecido como Praça da República também já foi chamado de Largo da Palha, Praça dos Milicianos, Largo Sete de Abril, Praça 15 de Novembro e somente em 1889 fixouse o nome Praça da República. Lá funciona desde 1956 uma feira de artesanato. As pessoas que deram origem à feira foram alguns colecionadores de selos e moedas antigas que se reuniam para trocar esses objetos. Hoje, podem ser encontrados muitos artigos, desde decorativos, bijuterias, redes, quadros, camisetas, incensos, até uma variada praça de alimentação, com comidas típicas de vários lugares do mundo. Em 1997, na administração de Celso Pitta, a feira foi deslocada para a Avenida Tiradentes, lá não conseguiu a mesma fama. Em 2001, no mandato da então prefeita Marta Suplicy a feira voltou à Praça de República. A característica mais marcante do evento é que todas as peças são fabricadas pelos próprios vendedores, eles são artesãos e não camelôs como muitas pessoas pensam. E vêem de vários países, como Chile e Peru. Este evento não atrai somente profissionais, mas também turistas. Segundo Carmelo Munoz Cardoso, expositor desde 1969, a feira já é reconhecida mundialmente e faz parte do roteiro turístico de São Paulo. Há uma enorme variedade de materiais utilizados na confecção dos produtos, que vão de prata a latas de alumínio. Para facilitar as compras os produtos são separados por matéria prima, as bancas são montadas de acordo com o produto que irá vender. Muitos são feitos ou adaptados na hora, como pulseiras e colares que levam o nome do comprador. Na área de alimentação há muita variedade de doces e salgados, “ o acarajé é excelente” diz Silvia Martins “freqüento a praça há Barraca tradicional da Feira da Praça República muitos anos”, completa. Até mesmo os animais são permitidos no local, detalhe que agrada á muitas pessoas. Para expor suas peças é necessário uma autorização da prefeitura. Os profissionais interessados são tantos que há um revezamento, quem expõe aos sábados não expõe aos domingos. Os artesãos se queixam dos ambulantes que vendem mercadorias de origem duvidosa na Rua 25 de Março, e dizem que os shoppings da região, junto com as grandes lojas, prejudicaram, e muito, nos últimos anos as vendas de suas obras. Pois facilitam a forma de pagamento. Apesar das queixas, alguns deles já se adaptaram à situação e aceitam cartões de débito automático. “No Brasil, não se dá valor aos produtos artesanais como na Europa”, observa Didicaz Gonzalvez, uma artesã chilena que já expôs também em países europeus. Segurança é um fator importante na hora do lazer, e apesar da região ser considerada de baixa segurança a poucos metros da concentração da feira há uma base da Polícia Militar e circulam entre as barracas alguns seguranças particulares. A prefeitura instalou câmeras de segurança na Praça, dados mostram que, desde Acontece • Página 5 então, inicio de 2007, o índice de criminalidade caiu 15% nos primeiros seis meses de uso. Mas esta aparente sensação de segurança não atinge toda a região do centro velho, cuidados extras com pertences são sempre necessários, pois o evento é realizado sempre aos finais de semana das 9h as 17h, quando há uma redução na circulação de pessoas pelas ruas. A estação de metrô, República, facilita a chegada no local. vendedora em sua barraca A Traiçoeira da dieta Tainah Medeiros Gordura trans está presente na maior parte dos alimentos da dieta do jovem brasileiro Priscila Asche Tainah Medeiros A Gordura Trans começou a ser usada em larga escala a partir da década de 80, com o objetivo de aumentar o prazo de validade dos pontos, a consistência e a melhorar o sabor dos alimentos. Em meados da década de 90 estudos desvendaram que esse tipo de gordura é extremamente prejudicial à saúde, podendo ser mais maléfica que a gordura saturada. A principal preocupação com relação à ingestão dessa gordura deu-se a demasiada quantidade de produtos que são consumidos diariamente pela população com alto teor desta. Sendo um dos componentes fundamentais para a dieta humana, a gordura possui a função de fornecer energia e contém ácidos graxos vitais que não são produzidos pelo organismo humano, como o linoléico e o linolênico. Entretanto, a gordura Trans (hidrogenada), assim como a saturada, desenvolve o efeito inverso, sendo prejudicial à saúde. O nome “Trans” deriva de transversa, pois é produzida por meio de um processo de modificação dos ácidos graxos insaturados adicionando hidrogênio na insaturação, de maneira a transvertê-los em gorduras grossas e plásticas. O resultado é um produto mais crocante, sequinho, fofo que em condições ambientes normais seriam impossíveis. Ela pode ser encontrada em produtos como: margarinas, biscoitos, bolachas recheadas, salgadinho de pacote, pipoca de microondas, sorvetes, alimentos industrializados e congelados, pães de forma, macarrão de preparo rápido, achocolatados prontos, batata frita tanto de pacote como de fastfood, etc. O mesmo feito que essa gordura promove no produto, também ocorre no organismo de quem as consome em doses diárias exageradas, ou seja, assim como desenvolve consistência nos alimentos ela enrijece os vasos sanguíneos impedindo a Alimentos que contém gordura trans em sua composição nuticional circulação normal do sangue. Isso ocorre devido às alterações que a ingestão da mesma desenvolve nos índices de colesterol do indivíduo, afinal, aumenta o mau colesterol (LDL) e diminui o bom (HDL), o que possivelmente pode gerar lesões nas artérias. Segundo a nutricionista Stella Pinto Freire, especialista em reeducação alimentar, o ideal é consumir no máximo 2g de gordura Trans por dia e estar sempre atento às informações nutricionais dos produtos, principalmente na adição de gordura hidrogenada –tipo de gordura trans produzida industrialmente. Ela também aconselha a evitar o consumo diário de alimentos industrializados. Diante de uma produção desenfreada destes produtos, é necessário prestar uma maior atenção aos hábitos alimentares dos jovens, que estão diretamente expostos a uma exploração comercial intensiva ocasionada por uma parcial independência alimentar. Isso é, por possuírem uma recente liberdade alimentar, distante da supervisão dos pais adotam uma dieta menos nutritiva, mais rápida, industrializada e aparentemente mais apetitosa, oferecida pelos locais Acontece • Página 6 onde costumam freqüentar, como por exemplo, shoppings, escolas e faculdades. De acordo com Carolina dos Santos, administradora da lanchonete Boulevard, situada no terceiro andar do prédio de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, esses fatos podem ser concretizados diante da alta procura por alimentos gordurosos e industrializados em sua cantina, ressaltando que mesmo com opções nutritivas e saudáveis, os produtos naturais e de baixa caloria oferecidos no cardápio não são escolhidos pelos alunos, que freqüentemente optam pelos alimentos industrializados com maior teor da “má” gordura, devido à agilidade com que são consumidos e sensação de saciedade que oferecem. Carolina ainda lamenta o insucesso na tentativa de trocar alguns ingredientes dos produtos mais vendidos para outros mais salutares: “tentamos trocar a farinha branca pela integral, para tornar os produtos mais saudáveis, mas não foram bem aceitos. Alguns testes estão sendo feitos e se os alunos tiverem sugestões, serão bem-vindas!”, mas ela logo adianta: “poucos alunos se interessam por comidas saudáveis”. Terapia psicológica acessível a todos pacientes de diversas faixa etárias. Os estagiários da clínica são aluJuliana Leal Conte nos do último ano de Psicologia, Vanessa Saraiva Marinelli que já possuem permissão de atender pacientes sob orientação, a fim rocurar um psicólogo, há algu- de adquirir experiência. Existem mas décadas atrás, era visto, grupos de docentes supervisores geralmente, de forma precon- que se reúnem semanalmente com ceituosa. Pessoas poderiam ser rotu- os alunos para discutir e trabalhar ladas como loucas ou até mesmo ricas. em cima dos problemas apresen Atualmente, o cenário se modificou, tados pelos pacientes nas sessões. uma vez que existem clínicas acessí- Plínio Carpigiani, estagiário veis e até mesmo do décimo semesgratuitas em várias tre, diz que ‘um partes da capital. dos pacientes “de O Instituto Pressistiu no meio do biteriano Mackenzie processo. A causa possui desde 1994 poderia ter sido miuma clínica psiconha, não sei; ou enlógica que atende tão falta de empatia tanto os próprios mesmo’’. Alguns estudantes do campacientes atendidos pus quanto a comumostram-se, muitas nidade. Basta vezes, preconceituapenas preencher osos, uma vez que uma ficha e aguaros atendentes não dar retorno para possuem diploma. fazer uma entrevista de triagem. Se- Carpigiani retrata que a clínica gundo a supervisora chefe do local, trabalha com consultas breves, o traSandra Lopes, só no ano de 2007 tamento dura de um a dois anos, “ é foram atendidas 16.993 pessoas e complicado trabalhar com tempo pré destes atendimentos, encontram-se determinado, nós temos que ir direito Vanessa Marinelli Clínicas de Instituições Partivulares atendem pessoas gratuitamente P Juliana Leal Conte ‘‘Só no ano de 2007 foram atendidas 16.993 pessoas e destes atendimentos, encontram-se pacientes de diversas faixa etárias’’ Carpigiani, um dos estagiários da Clínica do Mackenzie Acontece • Página 7 Sandra enfatiza que todos tem o direito de ser atendidos , inclusive os alunos no foco do problema, não dá para dar muito ênfase em outros conflitos que surgem no decorrer das sessões”. Sandra Lopes salienta que os alunos do próprio curso assim como seus familiares próximos, também possuem o direito de serem atendidos, contudo, isto não pode ocorrer na clinica, já que se constitui falta de ética. “Por isso o POA (Programa de Orientação ao Aluno) foi criado em 1998, para atender a esses estudantes que precisam em primeira instância estar seguros de si para poder orientar os pacientes”. A clínica não possui recursos de atender pacientes de casos psiquiátricos e psicanalíticos, desta forma estes são encaminhados para alunos já formados que possuem condições de tratá-los, a preços simbólicos. Além disso, o centro possui convênio com alguns principais hospitais da região, como o Hospital Paulistano, Avicena, Cândido Fontoura Com o aumento da demanda de pacientes, o prédio antes instalado na Maria Antônia, mudou-se no mês de Abril para a Rua Piauí. Cerca de 325 pessoas aguardam o atendimento. Plínio ressalta que possui dois pacientes no momento, um de 15 e outro de 64 anos. “É muito gratificante atender essas pessoas, aprendo muito. Além de ser fundamental para minha formação, estou ajudando de certa forma algumas delas viveram melhor consigo mesmas”. Bola de Neve Church,uma igreja diferente! Igreja Evangélica alternativa ajuda na recuperação de dependentes químicos Foto: Sílvio Abravanel Gabriella José Guilherme A Bola de Neve Church é uma instituição que provome vários projetos sociais como ajuda às mulheres, crianças carentes, dependentes químicos, divididos em diversos ministérios, é uma Igreja Evangélica alternativa, e seu público é jovem. A missão é pregar a ƒé, resgatar, libertar e restaurar pessoas através da Bíblia e da palavra de Deus. O Ministério Nova Vida é um destes projetos, foi criado em 2001 pelo Apóstolo Rina, Pastora Denies, Kid e Queila, e visa ajudar dependentes químicos e os codependentes, seus familiares. Eles estabeleceram convênios com clínicas de recuperações e promovem reuniões, muito parecidas com as do AA (Alcólatras Anônimos). João Paulo do “NV”, um dos representantes deste projeto, mais conhecido como JP, é ex-usuário de drogas, com as quais conviveu por dez anos e, agora, está livre dos entorpecentes há cinco, e seu testemunho ajuda a tirar outros viciados deste caminho. Acontece: O que difere a Bola de Neve Church de outras Igrejas? João Paulo: A palavra de Deus é pregada igual a da Bíblia, mas o que difere a nossa Igreja é o público. É uma galera mais jovem que a começou, inclusive com um surfista, mais conhecido como Apóstolo Rina. Eu pichava os crentes, não acreditava em religião, nem em Jesus, eu tinha a imagem de que os evangélicos usavam terninho, saião, cabelão e usava a Bíblia de desodorante. O mais engraçado é que hoje eu ando com duas Bíblias, mas o que vale é andar com ela no coração. AC: Como era o JP de antes e o de agora? JP: A mudança pode ser rápida ou não, isso é de cada um. Eu era um cara muito louco, mas eu mudei. A palavra de Deus me transformou, mas eu deixei que isso acontecesse, eu vi que depois disso é que eu comecei a viver, comecei a andar de skate, ter amigos Jovens participam de reunião do Bola de Neve verdadeiros, ter profundidade nos meus relacionamentos, coisa que eu não tinha. As pessoas olhavam para mim e eu estava sempre com cara de lesado, hoje eu durmo rindo e acordo sorrindo, as pessoas me acham um cara animado, que corre atrás dos objetivos da vida, que batalha, e para isso eu não preciso de droga nenhuma, eu vou em balada, eu faço festas em casa, toco violão com os meus amigos e é super divertido. Eu tinha uma felicidade aparente, a hora que eu estava feliz era a hora em que estava me drogando, a hora que estava com aqueles determinados amigos é que eu achava que eu era feliz hoje estou contente qualquer hora. Há pessoas que, pela minha animação, acham que sou louco, que uso drogas e eu sempre respondo: a minha loucura, hoje, é o Espírito Santo de Deus. Ser crente não é ser alienado. AC: Existe algum pastor que precisou da ajuda do Nova Vida em seu passado? JP: Sim, tem pastores que já tiveram grandes problemas com drogas, e se recuperaram com a palavra de Deus. O Catalau, pastor em Boiçucanga, participava na banda Golpe de Estado, dos anos 80, e era viciado, foi internado em uma clínica psiquiátrica, mas o que resolveu de fato o seu problema com o vício, foi a religião, Catalau já cantou com diversos artistas famosos como Rita Lee, Arnaldo Antunes e hoje ele fala que o melhor de tudo é cantar com Deus. Tem outro pastor que era traficante e era temido em seu bairro, hoje, ele chora ao ouvir as pessoas contar seus problemas, ele é uma nova pessoa, mais sensível. Sim, tem pastores que já tiveram grandes problemas com drogas, e se recuperaram com a palavra de Deus. O Catalau, pastor [...] foi internado em uma clínica psiquiátrica, mas o que resolveu de fatooseuproblemacom o vício, foi a religião Acontece • Página 8 O boom do doce Apesar do ar ingênuo, o ecstasy e o LSD podem causar uma série de danos físicos a seus usuários Foto: Annie Shioli Annie Shioli Natália Karpischek D iferente da maconha ou cocaína que precisa de preparo antes de ser utilizada, o ecstazy é vendido em comprimidos que não chamam a atenção dos pais, não deixam cheiro, olhos vermelhos e raramente causam dependência. Agem “por baixo dos panos”. Os usuários não precisam ir até os morros para ter acesso à droga. A maior parte dos traficantes é de classe média, com curso superior e que não têm independência financeira. “Eu tinha acesso à droga em vários pontos de São Paulo, principalmente em bairros periféricos e de classe média alta da zona norte. Nós íamos ao local que estava com as melhores balas, como a orbital roxa, ou LSD, como o bike 100 anos”, diz S. F., 18 anos, estudante de ensino superior em uma instituição privada de São Paulo e pertencente à classe média alta, que vendia e consumia ecstasy. “Vendi poucas vezes, quando tinha em grande quantidade e o interessado era algum amigo ou conhecido. Em geral, o consumidor se encontra na faixa de 15 a 25 anos. Acho que as pessoas pensam na viagem que a droga proporciona, não nos males. O stresse urbano influencia muito no consumo de drogas, a juventude tem pressa de ser algo que ainda não tem idade para ser. E vale frisar que consumo de drogas não está exclusivamente nas raves ou baladas, está em casa, na rua, no bar e instituições de ensino. Não se vende ecstasy em maior quantidade próximo ao acontecimento das festas rave. Essas festas estão servindo como bode-expiatório para problemas de âmbito maior”, afirma. A psicóloga Janaina Piovesana Cecílio Capra, formada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), afirma que “segundo informações concedidas pela ONU, cerca de 29 milhões de usuários consomem ecstasy no mundo. Sabe-se que, nas universidades, jovens preferem ecstasy à cocaína. Essas drogas, antes Apreensões do ano de 2007 superaram as de 2006 em cerca de 300% utilizadas na vida noturna de grandes megalópoles e em festas rave, agora chegam facilmente até os jovens de quaisquer cidades e são, inclusive, ingeridas durante o dia”. Apesar do nome ter ar de ingenuidade, a droga do amor, como é conhecida, proporciona uma grande lista de danos físicos, tais como: hipertermia, arritmia cardíaca, insuficiência hepática, convulsões, insuficiência renal, hemorragia cerebral e morte súbita. Quanto aos problemas psiquiátricos, os mais observados são: pânico, depressão, paranóia, dificuldade cognitiva, perda de memória e de atenção, promiscuidade sexual, psicose e insônia crônica. Entretanto, mesmo com tantos indícios, parte considerável dos usuários não dá credibilidade a estes dados. “As pessoas têm um defeito, em geral, que é caracterizado por um pensamento em que as mesmas só se importam com algo quando isso os afeta diretamente, ou seja, eu e você nunca achamos que vai acontecer conosco. Particularmente, eu só deixei de usar a droga porque chega uma hora que você pára de curtir, e você sente que é a droga que está lhe curtindo. Não rola o mesmo barato nem a mesma vontade de utilizá-las”, declara S.F, que fez uso do ecstasy de Acontece • Página 9 três a quatro vezes por semana durante três anos. Segundo a doutora Piovesana, “os seres humanos, de modo geral, para buscarem o prazer e atenuar seu sofrimento psíquico ou físico, utilizam substâncias que lhes produzem um estado artificial de bem-estar. É importante que tenhamos isso bem claro para não adotarmos a negação do problema, tampouco um exagero que nos afastaria de uma visão racional e científica. A sociedade, mas principalmente a família, tem papel fundamental na recuperação de jovens dependentes de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas. Os pais ou responsáveis são exemplos de aprendizagem. Aquilo que os jovens vêem em suas casas é projetado no seu mundo externo. Se os pais não oferecem modelo referencial positivo, seus filhos buscarão outras referências a quem se espelharem e isso pode ser uma grande catástrofe. O primeiro passo para a solução do problema é compreender e atender esse pedido de ajuda que nem sempre é feito diretamente. Uma atitude compreensiva, serena e firme é necessária. O tratamento médico, quando necessário, requer o comprometimento de toda família, principal suporte social de que dispõe o adolescente drogadito”. Violência preocupa Higienópolis Alto indice de violência amedronta moradores de Higienópolis, bairro nobre de São Paulo Daniel Resende Laviano e Maria Amélia Gama “Só posso ficar até à meia noite, porque depois fica perigoso”, afirma o flanelinha Fomos, então, informados que delitos como assaltos a prédios e condomínios se tornaram comuns, não só na região, mas em vários bairros considerados nobres de São Paulo. Disfarçados, assaltantes entram nos recintos e fazem o “arrastão” nos apartamentos ou casas, levando objetos de valor dos moradores. Durante a noite, existe outra preocupação em relação à violência. Muitos moradores de rua são agredidos ou até mesmo mortos, na grande maioria por jovens de classe média. Além disso, já próximo a divisa com o bairro Santa Cecília, há um grande número de homosexuais se prostituindo, e os mendigos acabam sofrendo agressões quando confundidos com este grupo por aqueles que são contrários à prática gay. Higienópolis, uma área conhecida por sua tranqüilidade e altos preços de imóveis, vem a cada dia, demonstrando não ser diferente de qualquer outra área da cidade. O alto custo de vida já não garante a segurança, que antes era certa para seus moradores. Apesar de alguns pontos serem diariamente vigiados por policiais e seguranças particulares, isso não é suficiente para evitar ações criminosas. Daniel Laviano A pós uma manhã de aula, estudantes do Mackenzie e de outras instituições ao redor que moram em lugares distantes se dirigem até a estação de metrô Santa Cecília, próxima ao bairro de Higienópolis. Seria um dia normal para a estudante Priscylla Assis, que diariamente sai de seu curso preparatório para vestibular na rua Sergipe e caminha até à estação Santa Cecília, porém à uma hora do dia quatro de março de 2008, a estudante foi surpreendida quando um rapaz tentou assaltá-la em uma calçada movimentada que divide a Avenida Higienópolis e a rua Dona Veridiana.“Eu nunca tinha sido assaltada, algumas pessoas ainda gritaram tentando segurar o rapaz enquanto ele corria, mas eles são muito rápidos, não tem como prendê-los”. Outra vítima da criminalidade, a universitária Mayara Rodriguez, moradora do bairro do Campo Limpo, foi assaltada sob ameaça de uma faca na rua Maria Antonia, sendo obrigada a entregar o celular e o aparelho de MP3. “Me sinto mais segura em andar em zonas periféricas da cidade”, segundo a estudante, nessas regiões, o índice de violência está menor. A rua, conhecida pela movimentação também é alvo de alguns incidentes como este. Diferentemente do que diz o senso comum, não é preciso que você esteja dando bobeira para ser testemunha de fatos como ocorridos com as estudantes. Porém, não são só assaltos a bolsas e celulares que tem sido diariamente denunciados. Roubos de automóveis é um dos grandes problemas na região. Principalmente devido a falta de garagem ou vagas em estacionamentos, obrigando os proprietários a parar seus veículos em vias públicas, facilitando assim a ação dos bandidos. É comum encontrar no bairro algumas pessoas conhecidas popularmente como “flanelinhas”, olhando os carros em troca de um pouco de dinheiro. Um deles, anônimamente, disse: “só posso ficar até à meia noite, porque depois fica perigoso”. Após o horário, já se torna arriscado a permanência nos locais, já que não possuem nada para se defender dos ladrões, e são ameaçados caso tentem impedir o roubo. Em busca de informações sobre ocorrências atuais na região ao chegar no 7º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, situado na Avenida Angélica nº 1647, fomos surpreendidos com um comentário no mínimo curioso de um policial, que perguntou se trouxemos muitas folhas, pois iríamos ter muito o quê anotar, devido à grande quantidade de boletins de ocorrência existentes. Outro policial, em um tom irônico, disse que não havia assalto na região. Policiais fazem plantão no começo da Avenida Higienópolis Acontece • Página 10 O caos nos transportes públicos A real situação dos tranportes públicos na cidade de São Paulo Marta Mitsunaga N ão é de hoje que as críticas em relação a precária situação dos transportes públicos em São Paulo são temas de grandes discussões entre a população. Milhares de pessoas são obrigadas a enfrentar, todos os dias, ônibus, metrôs e trens superlotados, a maioria em péssima condição. Além de terem que enfrentar a péssima infra-estrutura dos meios de transportes públicos, as pessoas dependentes destes ainda pagam tarifas que aumentam seu preço a cada ano que passa, e não vêem melhorias consideráveis. “Eu acho desumana essa situação, não merecemos passar por todo esse sofrimento. Eu pego dois ônibus e metrô todos os dias, sei muito bem do que falo: empurra-empurra, ônibus lotados, metrô idem, muito trânsito, 3 horas de viagem em pé... e em dias de chuva, então? Parece uma amostra do inferno!”, revoltase Gisele Fernandes, estudante. Se os transportes públicos fossem bons, muitos que hoje só utilizam carros certamente os deixariam em casa e passariam a adotar um transporte público para locomoção. Pagariam até mais do que se é cobrado hoje por um transporte coletivo de qualidade. Assim, quem sabe, o trânsito caótico de São Paulo pudesse diminuir com um número menor de carros em circulação. Para a dentista Isabela Orlandi, “andar de carro nesta cidade pode ser bom por um lado, mas também pode ser ruim por muitos outros lados: o stress de ficar parado no trânsito, o dinheiro gasto, a manutenção do carro, IPVA, etc. Mas ainda assim sou mais o meu carro do que o ônibus ou Foto: Marta Mitsunaga “Um dos principais problemasdotransporte público é a concentração da demanda no horário de pico. Apesar disso, não existem ações objetivas para atenuar essa situação, como fomentar o uso das vias ao longo do dia” Trolebus da cidade de São Paulo Acontece • Página 11 Passageiro no ônibus em SP o metrô. Só usaria o transporte público se ele fosse bom, confortável.” Mas, para que isso acontecesse, seria necessário uma melhoria significativa nos transportes. Tarefa difícil, pois o dinheiro público é mal investido pelo governo, que parece não estar muito preocupado com essa situação. Para o professor de Engenharia de Transportes Fernando Mac Dowell, “um dos principais problemas do transporte público é a concentração da demanda no horário de pico. Apesar disso, não existem ações objetivas para atenuar essa situação, como fomentar o uso das vias ao longo do dia. Para exemplificar: em duas linhas de ônibus, com a mesma extensão e igual demanda de passageiros, é necessário investimento maior na que tiver a maior concentração em horários de pico, que implica em maior frota para o atendimento. Nesta situação, há ociosidade ao longo do dia, o que onera o valor da tarifa, porque é necessário manter a freqüência mínima de operação. Cobrar veículos que usam o sistema viário e diminuir a concentração nos horários de pico eleva a qualidade dos ônibus”, conclui. Chega de servir cafezinho Estagiários são contratados para realizarem tarefas que não constam no contrato D sabe. Ganhava pouco, mais aprendi bastante’’. Segundo o diretor do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Franklin Valverde, “não é possível atuar como um verdadeiro fiscal, para isso teria que ter um Conselho Profissional, como OAB, CREA, CRM; que tem o poder de fiscalizar e enquadrar legalmente os infratores”. Valverde ainda afirma que a solução mais plausível para abusos contra estagiários é denunciar ao Ministério Público do Trabalho. Em entrevista ao site O Jornalista, o professor Gerson Martins; da faculdade Estácio de Sá, comenta o caso de Raphael Pereira, um estagiário que não tinha preparo nenhum para realizar o trabalho fotográfico no autódromo, e foi contratado para fazê-lo, possuindo Juliana Leal Conte esde 1978, o estágio em jornalismo, é uma prática proibida no país. Ainda assim, muitos estudantes, para adquirir experiência, submetem-se a trabalhos exploratórios, dos quais persistem a baixa remuneração e realização de funções não prescritas no contrato. A fim de burlar a fiscalização, consta como estágio de Comunicação Social. Com intuito de solucionar esta discussão, o Sindicato dos Jornalistas desenvolveu um programa de Estágio Acadêmico, em 2001, aprovado pelo Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) onde a execução do estágio torna-se legalizada desde que exista um acompanhamento. O CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), assim como a Universidade e o Sindicato dos Jornalistas tem como função supervisionar o estudante que está estagiando nas empresas, mas nem sempre isso ocorre. Carolina Lobão, que cuida de contratos no CIEE, disse, todavia, que não existe uma supervisão, e que muitos estudantes são prejudicados e iludidos. Flávio Terceiro, estudante de Jornalismo do segundo semestre na Universidade Presbiteriana Mackenzie, que fora contratado com a intenção de fazer assessoria de imprensa, no entanto, ficou encarregado de organizar arquivos e contatos, “fazia mesmo assim, pois poderia perder a vaga, já que tem vários estagiários dispostos a fazer o serviço, ou também poderia ser uma provação, um teste”. Nunca se Na foto, estagiário revoltado contra os abusos sofridos na empresa Acontece • Página 12 Franklin valverde Juliana Leal Conte Vanessa Saraiva Marinelli Valverde apóia as denúncias então uma simples câmera digital de baixa resolução, se acidentou e morreu. A profissão por si só já é perigosa, devido a isso, Rosana Schwartz, coordenadora de estágios de Comunicação e Letras do Mackenzie, alega que todos os contratados devem conter apólice de seguro de vida que dá cobertura durante as atividades profissionais, e um jornalista responsável para assinar as atividades na empresa, que são supervisionadas pela Universidade. A realidade do estágio de jornalismo, hoje em dia, torna-se contraditória, porque de um lado existe a legislação para proteger os estudantes contra possíveis abusos de mão-de-obra, no entanto essa proibição volta-se contra os próprios estagiários que necessitam de experiência para entrar no mercado profissional, já que é de extrema importância conciliar o conhecimento prático com a teoria ensinada nas universidades. Schwartz finaliza dizendo que o estágio é uma prática de aperfeiçoamento, e deveria ser autorizada pela lei. “Não é possível atuar como um verdadeiro fiscal, para isso teria que ter um Conselho Profissional”