Ex-namorado faz mulher refém por 3h

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Ex-namorado faz mulher refém por 3h
CIDADES
CORREIO POPULAR A9
Campinas, quarta-feira, 13 de abril de 2016
TENSÃO ||| SANTA BÁRBARA
Ex-namorado faz mulher refém por 3h
Operadora de caixa era ameaçada com facas e foi liberada após negociação da GM com o agressor
Fotos: Alenita Ramirez/AAN
guardar o dinheiro das despesas foi arrombado. “Estranhamos, pois os três confiam um
no outro. Só a gente mexia no
cofre”, falou Amadeus. “Ela foi
atrás de informação e até a família escondeu o fato dele usar
drogas. Mas ela descobriu que
Alenita Ramirez
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
[email protected]
Um servente de pedreiro de 26
anos manteve a ex-namorada,
uma operadora de caixa, também da mesma idade, refém
na casa dela por cerca de três
horas ontem de manhã, no Jardim Pérola, em Santa Bárbara
d’Oeste. Joelza Fernandes Oliveira só foi liberada após negociação da Guarda Municipal
(GM). Eduardo Correia dos Santos exigiu a presença da mãe,
da imprensa e um litro de álcool para libertar a jovem. Mas
o intermediador, o inspetor da
GM Ricardo Pigattto negou o
último pedido. Então ele reivindicou duas latas de refrigerantes. Santos estava armado de
três facas e as entregou.
Santos (à dir.)
se rendeu após
negociar com o
inspetor da GM
Pigatto (esq.)
Motivo foi revolta com
separação; vítima sofreu
lesões no pescoço
O servente foi preso por cárcere privado e violência doméstica. A operadora de caixa sofreu lesões no pescoço, foi medicada no Pronto-Socorro Edison Mano e liberada. Ela ficou
em estado de choque.
A jovem foi rendida pelo exnamorado por volta das 7h40.
Ela é da cidade baiana de Igaporã e divide aluguel com dois
primos e uma amiga há três
anos. Joelza, que é evangélica,
conheceu Santos em um site religioso há um ano, mas há um
mês, segundo a polícia, descobriu que ele é usuário de drogas e terminou o namoro. Inconformado com a separação,
ele passou a ameaçá-la de morte. No sábado, Santos foi até a
casa da jovem para tentar reatar o namoro, mas como ela
não aceitou, houve discussão.
A moça chamou a Polícia Militar (PM), que foi no local e registrou ocorrência.
Ontem, ela se preparava para sair com a namorada de um
dos primos e estava com as portas da casa abertas. Como a
frente do imóvel é fechada por
grade e cobertura, ele escalou a
grade e andou pelo telhado.
“Minha namorada chegava em
casa e o viu sobre o telhado.
Ela gritou para a Joelza sair,
mas ele pulou no quintal e a
rendeu”, contou o operador de
produção Joelmir Alves Pereira
de Miranda, de 25 anos.
A testemunha ligou para a
GM que chegou pouco tempo
depois e começou a negociar.
Santos trancou as portas, pegou as facas e ameaçou incendiar a casa. Ele ligou o gás, mas
depois de algum tempo se arrependeu e desligou. “O Eduardo
fez três exigências e uma delas
não aceitei. A primeira seria a
presença da mãe. A segunda, a
da imprensa e a terceira, um litro de álcool, mas não aceitei,
pois é um material perigoso e
não sabíamos o que poderia
acontecer”, contou Pigatto. “Segui todos os protocolos para a
negociação. Não foi fácil, mas
eu bati na tecla do amor. Disse
que ele estava fazendo mal para ela e que se realmente a
amasse, a liberaria”, acrescentou o inspetor.
Ao menos 35 guardas e 35
policiais militares participaram
da ocorrência, além do Corpo
de Bombeiros e uma ambulân-
INVESTIGAÇÃO ||| SUSPEITOS DETIDOS
HC: dupla é presa em
estacionamento ao
pegar carro roubado
Veículo havia sido deixado no local
para “esquentar”, apurou a polícia
Dois homens foram presos
em flagrante, na tarde de anteontem, em Campinas,
quando pegavam uma Toyota Hilux roubada no estacionamento do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp). Fabiano Henrique de
Paiva e Caique Machado Bertouza foram detidos por policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), que há
dois meses apura roubos de
veículos na cidade. Durante
a abordagem, Bertouza foi baleado nas nádegas, após esboçar que sacaria arma do bolso da calça. A dupla tem passagem criminal por roubo,
formação de quadrilha, receptação e tráfico de drogas.
A abordagem dos policiais
à dupla aconteceu por volta
das 15h30. Segundo o chefe
de investigação, Marcelo
Hayashi, os policiais receberam informações de que o estacionamento era usado por
criminosos para “esfriar” veículos — quando os bandidos
deixam carros roubados em
determinado local por certo
tempo para ver se tem rastreador. “Os investigadores
montaram campana por 20
minutos e neste período viram dois homens que chegaram próximo à caminhonete
e mexeram na caçamba. Em
seguida foram até a cabine”,
contou Hayashi.
Os policiais saíram do esconderijo e seguiram em direção do carro. Um dos policiais foi pela calçada e o outro no sentido oposto, pela
rua. Quando o policial, que
estava na calçada, se aproximou e se identificou, os suspeitos tentaram fugir a pé,
mas deram de frente com o
outro policial. “Eles tentaram
se desviar dos policiais e neste momento o Caique levou a
mão no bolso da calça e um
dos policiais atirou”, disse o
chefe de investigação.
Bertouza foi socorrido no
próprio HC e seguia internado ontem, com escolta policial, sem risco de morte. Paiva foi levado para a cadeia
anexa ao 2º Distrito Policial
(DP).
Em nota, a Unicamp informou que desde 2013 implanta o Programa Campus Tranquilo. Entre as medidas está
o Botão de Pânico. Foi disponibilizado um esquema de escolta sempre que requisitado
para acompanhar as pessoas
aos seus carros no estacionamento, além de convênio
com a Prefeitura para o monitoramento por câmeras. (Alenita Ramirez/AAN)
cia municipal. De acordo com
primos da vítima, o servente estava transtornado. Após tomar
os refrigerantes, ele jogou pela
janela as facas que foram
apreendidas. Ele ainda ficou
cerca de 10 minutos em silêncio no imóvel, até abrir a porta
e permitir a entrada de Pigatto.
Dezenas de curiosos e vizinhos acompanharam a negociação, do lado oposto da rua.
Após a saída dele da casa, a
multidão aplaudiu os guardas
e policiais.
Segundo os primos, Santos
nunca demostrou ser usuário
de drogas. Ele tinha bom comportamento e ajudava Joelza
nos serviços de casa. Tanto ela
como ele frequentavam a casa
um do outro. “Nunca desconfiamos de nada. Era um rapaz
normal, atencioso e calmo”,
contou o ajudante de confeitaria Amadeus Alves Pereira de
Miranda, de 23 anos.
A jovem passou a suspeitar
do servente de pedreiro após
perceber que os presentes caros que lhe dava sumiam sem
explicação. O estopim veio
quando um cofrinho de cerâmica que os primos usavam para
ele já tinha sido internado e se
assustou com isso. Ela decidiu
largar tudo e voltar para a Bahia.” Além de trabalhar em um
supermercado, a jovem cursava o segundo ano de logística.
Joelza pretendia deixar a cidade.
Vídeo com reportagem
sobre o caso