Problemas de disciplina, Estratégias disciplinares

Transcrição

Problemas de disciplina, Estratégias disciplinares
Problemas de Disciplina
Estratégias Disciplinares
Telma Batista
24 Novembro 2008
“Atrá
Atrás de uma crianç
criança difí
difícil está
está
sempre um adulto em
dificuldades…”
dificuldades…”
Eduardo Sá
A Importância da Disciplina
A disciplina é importante para a criança…
1.
O autocontrolo: reconhecer os seus próprios
impulsos, como são desencadeados, como podem
magoar os outros e como os controlar;
2. o reconhecimento dos seus sentimentos e daquilo que
lhes está subjacente: identificá-los, expressá-los…;
3. a percep
percepçção dos sentimentos dos outros: compreender
as suas causas, preocupar-se com aquilo que eles
sentem e reconhecer o efeito que os seus actos têm
sobre os outros;
4. o desenvolvimento de um sentido de justiç
justiça e a motivação
para se comportar de uma forma justa;
5. o altruí
altruísmo: a descoberta da alegria de dar, e até de fazer
sacrifício por outros seres humanos.
Problemas de Disciplina
mais comuns
• Chamadas de atenção
constantes
• Choramingar
• Pedinchar
• Morder (bater, dar
pontapés e arranhar)
• Maltratar os outros
• Rebeldia
• Mentir
•
•
•
•
•
•
Lutas pelo poder
Fugir
Roubar
Linguagem imprópria
Birras
Provocar outras
crianças
• Desobedecer
• Fazer batota
Chamadas de atenção
• O significado: a criança que solicita constantemente a
atenção dos pais, tem problemas em estar sozinha.
sozinha
• A tarefa dos pais não é fazer-lhe companhia e entretê-la,
é ajudá
ajudá-la a aprender a entreterentreter-se sozinha.
(a televisão e os jogos de computador são soluções tentadoras, mas não
deixam a criança tomar a iniciativa).
Os que os pais podem fazer…
1. Devem criar ocasiões regulares e sem interrupç
interrupções
em que a sua atenç
atenção esteja só concentrada na criança.
2. Quando a criança quer atenção mas não pode tê-la,
lembrelembre-lhe as alturas especiais com que sabe que pode
contar. (Isso ajuda-a a aprender a adiar a gratificação).
3. Quando a procura de atenção começa a ser
problemática devem responder num tom de voz suave e
neutro,
neutro que torne claro que tal comportamento é
indesejá
indesejável :
“Se precisas de mim para alguma coisa, essa não é a
maneira de o pedires. Sabes como fazer.”
Os que os pais podem fazer…
4. Quando a criança aumenta a exigência, devem ter
uma resposta igualmente calma e clara:
clara
“Tens de entender que, por mais que me peças, não vou poder
ajudar-te agora.”
5. PerguntePergunte-lhe o que acha que a faria sentirsentir-se melhor,
melhor
o que gostaria de fazer, para a criança aprender a fazer a
si mesma estas perguntas e a encontrar as suas próprias
respostas.
Os que os pais podem fazer…
6. Se for difícil para a criança chegar a essas respostas
sozinha, orienteoriente-a para comportamentos alternativos,
para outras soluç
soluções:
“Agora tenho que acabar o que estou a fazer, mas daqui a 15
minutos já posso ir ajudar-te. Vai brincar, divertes-te ,mais do que
ficando aí à minha espera.”
7. Ajude a crianç
criança a compreender e a lidar com os seus
pró
próprios sentimentos,
sentimentos a perceber que se sente só, aborrecida
ou que simplesmente não sabe o que fazer. A criança tem
de aprender a lidar com estes sentimentos.
Choramingar
O significado: Se uma criança choraminga repetidamente isso
pode ser sinal de que:
• ela descobriu uma forma de comunicaç
comunicação eficaz;
• sente-se stressada (devido a um novo salto no seu desenvolvimento);
• sente-se sob pressão por causa de uma mudança (de uma nova
escola, dos pais que não se entendem).
Os que os pais podem fazer…
1. Mesmo que a criança chore e faça birra, os pais não
devem cederceder-lhe, mas sim dizer:
“Não adianta chorares” ou “quando estás a chorar, não prestas atenção ao
que te digo” ou “não consigo sequer pensar no que estás a pedir, se
não o fizeres sem chorar”.
(É importante ser coerente com estas afirmações).
2. Se a criança mudar o tom de voz, o pedido deve ser
satisfeito, desde que seja razoável.
Os que os pais podem fazer…
3. Caso a criança mude o tom de voz, os pais devem
elogiá
elogiá-la por mudar o tom, mostrar que estão a dar-lhe
atenção e depois explicar o motivo porque a sua
exigência (caso esta seja difícil de satisfazer) não pode
ser satisfeita.
satisfeita
4. As crianças precisam que os pais as ajudem a perceber o
efeito que o choro tem nos outros:
outros
“Quando choras assim, ninguém te quer escutar”.
Os que os pais podem fazer…
5. Os pais devem ajudar as crianças a ver que o choro não
as faz terem o que querem,
querem não lhes cedendo.
6. Os pais podem sugerir ou demonstrar outras maneiras de
falar que tenham maiores probabilidades de serem levadas a
sério.
Pedinchar
O significado: As crianças mais novas pedincham:
• por não serem capazes de imaginar a sua vida sem
o doce ou o brinquedo que lhes chamou a atenção
naquele momento;
• se a estratégia já resultou anteriormente, a criança
habitua-se a pedinchar. Quando os pais vacilam, ela
acha que tem hipóteses – se não desta vez, talvez
da próxima.
Os que os pais podem fazer…
1. Os pedidos da criança não devem de forma alguma
colocarem os pais um contra o outro,
outro porque senão o
acto de pedinchar pode até tornar-se a sua própria
recompensa.
(“Ela não vai ficar doente se comer mais um. Porque é que tens
de ser tão rígido?”)
2. A resposta “não
não”” deve ser absolutamente clara e
não
consistente em todas as ocasiões:
“Não, está decidido e espero que aceites sem protestar”.
Os que os pais podem fazer…
3. Se a criança reclamar, talvez seja necessário acrescentar:
“Nenhum de nós vai ficar contente se fizeres uma birra. De qualquer
forma, não há doces”.
A criança fica aliviada por perceber que os pais resistem à sua frustraç
frustração e as
regras também.
4. No entanto, por exemplo, numa ocasião especial se os pais
quiserem comprar à criança uma guloseima, é importante que
controlem a situaç
situação:
ão
“Se pedinchares alguma coisa na loja, podes ter a certeza de que não te
dou nada. Se fores capaz de pedir delicadamente, eu talvez considere
o teu pedido.”
Os que os pais podem fazer…
5. Se a criança tiver dificuldade em lidar com
sentimentos mais fortes, como a raiva, a frustração e a
desilusão, talvez seja necessário avisar a crianç
criança de que
ela precisa de se preparar para ouvir má
más notí
notícias:
cias
“Sabes que ficas muito perturbada quando não te dou o que queres.
Por isso, precisas de estar preparada”.
6. A simpatia mostrada pelos sentimentos da crianç
criança ajuda-a
a perceber que os pais estão do lado dela, mesmo que
tenham de a contrariar:
“Eu sei que ficas triste, mas não te posso comprar um brinquedo
novo de cada vez que vimos à loja. Portanto, hoje não vamos
comprar nenhum.”
Os que os pais podem fazer…
7. Se a criança começar a choramingar e a implorar, pode
acrescentar:
“Digas o que disseres, tens de perceber que não vamos comprar o
brinquedo. Detesto ver-te assim, e gostaria de te ajudar a sentires-te
melhor. Mas comprar o brinquedo está fora de questão. Vamos
pensar noutra coisa para nos divertirmos.”
Morder, Bater, Dar
Pontapés, Arranhar
O significado: começam por ser reacç
reacções à sobrecarga
emocional,
emocional devida:
• ou a uma frustração relacionada com o
desenvolvimento tardio da linguagem ou das
competências sociais
• ou devida a uma exposição à violência.
(A criança atinge um ponto crítico e morde)
Quando os adultos reagem com exagero e
empolam o significado da acção da criança, esta repete a
acção, não por raiva ou para agredir, mas reagindo a
uma grande tensão.
Os que os pais podem fazer…
1. Não se deve reagir nervosamente,
nervosamente pois a criança aprende
rapidamente a usar a mordida como forma de captar
rápida e facilmente a sua atenção a até mesmo como uma
arma. Na falta de outros comportamentos com que possa
sentir-se vencedora, volta a morder.
2. Se os adultos em vez de fazerem uma tempestade,
reagirem calmamente,
calmamente isso perde importância e
provavelmente desaparece:
“Não gosto que faças isso.”
Os que os pais podem fazer…
3. Embora a criança que foi mordida precise de protecção e conforto, o
mesmo se passa com a crianç
criança que mordeu,
mordeu ela precisa também
de ser protegida dos seus próprios impulsos e ter a segurança
que lhe permite enfrentar as suas responsabilidades.
(Se a criança magoou outra, deve enfrentar o que fez. Mas
um castigo que a mortifique com a culpa, pode ser
demasiado, e nesse caso a criança poderá negar o que fez, em
vez de aprender com o sucedido)
Os que os pais podem fazer…
4. Estabeleça limites e ao mesmo tempo, dê à criança
oportunidade de se redimir e de ser perdoada:
perdoada
“Sentes-te muito mal por teres feito a tua amiga chorar. Querias
tanto aquele brinquedo…Mas agora já sabes o que custa magoar
um amigo para termos o que queremos. Deixa-me dar-te um
abraço e depois vamos a casa dela para lhe pedires desculpa.”
Maltratar os outros
O significado: As crianças que maltratam as outras são
provavelmente crianç
crianças inseguras,
inseguras que só se sentem mais
seguras maltratando crianças mais novas ou mais pequenas
(aquelas que elas reconhecem à distância como alvos vulneráveis).
• Ameaçam-nas porque estas as fazem reconhecer as suas
próprias fraquezas.
• Daí escolherem com maior facilidade uma criança que
esteja vulnerável e que sofre visivelmente quando é
maltratada.
Os que os pais podem fazer…
1. A crianç
criança agredida tem de ser protegida e encorajada a
defenderdefender-se:
2. A crianç
criança agressora como tem uma frágil auto-confiança e
a sua auto-estima desfaz-se com a retaliação, pegue nela,
abraceabrace-a e dêdê-lhe carinho:
carinho
“Ninguém gosta de ser maltratado. Eu sei que queres ter amigos, e tu
queres que eles gostem de ti, mas, se os maltratares, não gostam. Vamos
tentar arranjar-te um amigo que seja como tu. Vão divertir-se e vão
aprender os dois que fazer amigos sem terem de se agredir. Vais sentir-te
orgulhoso de ti.”
Os que os pais podem fazer…
3. Esteja atento a situaç
situações em que a crianç
criança se sente
segura e comente-as.
4. Procure entender as razões da inseguranç
insegurança da crianç
criança:
• sente-se envergonhada por não ter sido capaz de desenvolver
alguma capacidade?
• não tem um adulto próximo com quem possa identificar-se e
que sabe que a admira?
• ainda não aprendeu a procurar a amizade dos outros?
• a sua capacidade de interagir com os pares, de negociar e fazer
compromissos, de controlar o seu génio, é ainda demasiado
limitada para poder manter os amigos?
• ela própria foi ameaçada e agora esteja a tentar defender-se,
fingindo-se forte?
Fazer batota
O significado: A criança que faz batota pode…
• não ter ainda entendido bem as regras;
regras
• não ser capaz de controlar o impulso para ganhar a
qualquer custo, não suportando a ideia de perder;
perder
• a criança que investe toda a sua auto-estima num único
jogo está desesperada porque a sua crença no seu
próprio valor é frágil e os jogos são ocasiões arriscadas
para reforç
reforçar a sua autoauto-estima.
estima
À medida que a criança vai amadurecendo o suficiente para se
aperceber das suas limitações, de como é pequena e do quanto
precisa dos pais, a sua auto-estima fica mais frágil.
Os que os pais podem fazer…
1. Não castigar a criança por ter feito batota, senão é
possível que aumente o mal feito, mentindo e tentando
negar o que fez (“Eu não tirei duas cartas!”).
2. Os pais podem ajudar a criança a enfrentar o
hábito de fazer batota, sabendo que a sua autoestima está protegida. Podem ajudá
ajudá-la a aprender a
controlar os impulsos:
“Eu sei que desejavas muito ganhar este jogo. E estavas a
jogar muito bem! Mas ambos sabemos que estavas a fazer
batota. Consigo perceber porque fizeste isso, mas não o
posso aceitar. Fazer batota não é uma coisa de que nos
possamos orgulhar. Não podes realmente sentir-te
orgulhoso de ganhar se fizeste batota.”
Os que os pais podem fazer…
3. Ajudar a criança a compreender que se sentirá muito
mais satisfeita consigo mesma se ganhar sem fazer
batota.
• jogue com ela jogos que a criança possa ganhar;
• quando ela o vencer, mostre-lhe como saber perder
através do seu comportamento.
Rebeldia
O significado: as crianças precisam de desafiar os pais ou
outros adultos:
“Não faço nada”, “Não podes obrigar-me”, “Gostava de ver”
• Ou porque é a única forma delas tentarem ter poder e
independência;
• Ou porque se sentem muito fortes e o seu pró
próprio poder as
assusta e estão assim, sedentas de limites;
limites
• Ou para verificarem se os pais ou outros adultos estão
realmente a falar a sé
sério.
rio
Quando o desafio aumenta a ira dos pais, a criança pode
tentar outros desafios para se defender.
Os que os pais podem fazer…
3. Os adultos devem reavaliar a rebeldia da crianç
criança. Será
desmesurada? A criança está a querer transmitir alguma
mensagem que precise de ser compreendida e respeitada?
4. Caso chegue à conclusão de que a sua exigência não
era suficientemente importante para manter a sua
posição, recue e procure ganhar vantagem para a
próxima oportunidade:
“Gosto do teu sentido de humor. Quando me interrogas, levas-me
a questionar: Será que vale realmente a pena? Desta vez, parece-me
que tens razão. Não é assim tão importante. Mas quando for,
espero que faças exactamente o que te digo.”
Os que os pais podem fazer…
5. Se, pelo contrário, a sua exigência for efectivamente
importante,
importante procure mantermanter-se calmo, mas firme (é
importante manter a calma, para que ambos se possam
concentrar naquilo que a criança tem de fazer):
• Capte a atenção da criança. Olhe-a nos olhos. Pegue-lhe no
queixo, nas mãos ou nos ombros.
• Repita a exigência e deixe bem claro que a criança não tem escolha:
Tem de fazer o que lhe pedem, mesmo que não goste.
Os que os pais podem fazer…
6. Mostre à criança as consequências:
consequências
• Comece por lhe lembrar a recompensa que terá, por fazer o que lhe
pedem.
• Escolha uma recompensa razoável e directamente relacionada com a
tarefa que lhe está a pedir para fazer.
• As recompensas costumam funcionar melhor que os castigos.
“Quando acabares de limpar o quarto, podemos pendurar o teu quadro novo.”
Os que os pais podem fazer…
7. Se a criança não reagir de imediato à recompensa
proposta, deve:
• recordar-lhe quais serão as consequências negativas do
seu comportamento;
• escolha uma consequência razoável, directamente
relacionada com a tarefa pedida e fácil de implementar.
“Se não começares a limpar já o teu quarto, vou ter de apanhar os
teus brinquedos do chão e guardá-los no armário até que te
decidas.”
Os que os pais podem fazer…
8. O aspecto mais importante das consequências
consequência é a
sua aplicaç
aplicação imediata:
imediata
“Mandei-te arrumar o quarto. Expliquei-te o que aconteceria caso
o arrumasses e caso não o fizesses. Estou a lembrar-te pela
última vez. Se não começares já, tenho de te fazer o que disse.”
Os que os pais podem fazer…
9. Se a criança mantiver a recusa, não hesite um segundo
em aplicar a consequência.
consequência Nesse caso, não dê ouvidos a
nenhum pedido ou tentativa de negociação:
“É demasiado tarde. Já tiveste a tua oportunidade. Talvez da próxima vez
te lembres de que estou mesmo a falar a sério.”
Para algumas crianças, saber de antemão qual é a sua
posição, pode ajudá-las. Vão aprender que quando se
recusarem a fazer o que lhes pede, as vai avisar, recordar o
aviso e depois aplicar a consequência.
Desobediência
O significado:
As crianç
crianças mais novas desobedecem abertamente para
testarem a firmeza dos pais.
pais
Por ex.: quando a criança deita comida ou brinquedos
ao chão para ver se os pais os apanham, ela sabe bem
que está a testar o sistema (“Quantas vezes é que posso
fazer isto?”).
Os que os pais podem fazer…
1. Os pais não devem deixar
deixa que a criança transforme
essas atitudes de desobediência numa brincadeira,
brincadeira caso
contrário a criança não tem a certeza se atirar comida ao chão é ou
não uma coisa boa.
“Já chega!” … “não há mais comida”.
Desobediência
O significado:
As crianç
crianças mais velhas desobedecem:
• pois algumas regras vão mudando à medida que ela vai
crescendo e pode ser difícil para ela estar a par das
mudanças e adaptar-se a elas;
• ou quando não sabe ou não está certa de quais são as
regras;
• ou quando conhece a regra, mas não suporta a
frustração sentida ao ter de ceder perante ela.
Os que os pais podem fazer…
1. Os pais devem manter o autocontrolo e a calma.
calma A criança
tem de aprender com os pais a lidar com as frustrações;
2. Deve-se avaliar as motivaç
motivações da crianç
criança para desobedecer
(conhecer as razões);
3. Perguntar à crianç
criança se sabe qual é a regra e o que se
espera dela e verificar se ela entende que a regra se aplica a
essa situação;
Os que os pais podem fazer…
4. Se a criança parecer verdadeiramente surpreendida ao
descobrir o mal que fez e interessada em fazer bem da
próxima vez, o castigo pode não ser necessá
necessário.
rio
Ainda assim, ambos se sentirão melhor se a criança
puder reparar o mal feito;
feito
5. O adulto deve usar o seu comportamento e os seus
comentários para mostrar à crianç
criança aquilo em que foi
desobediente. Diga-lhe com uma voz baixa:
“Não podes fazer isto. Se não és capaz de te controlar, tenho de te
impedir.”
Os que os pais podem fazer…
6. Se for necessário ir mais longe, pode utilizar algumas
tácticas disciplinares:
disciplinares pausa, isolamento, suspensão de
privilégios, etc.…
7. Mas para um incidente de pouca importância, talvez
baste mostrarmostrar-lhe que percebeu a desobediência dela e
que espera um comportamento melhor.
Os que os pais podem fazer…
8. Se a criança percebeu o mal que fez mas mesmo assim
voltar a repeti-lo, há que compreender as motivaç
motivações da
crianç
criança, isso ajuda o adulto a decidir qual a resposta mais
adequada:
• se a crianç
criança agiu por raiva, precisará de enfrentar as consequências
do seu comportamento e reparar o mal, mas também precisa de
uma oportunidade para entender a razão porque está com raiva e
para a explicar aos pais;
• se a crianç
criança desobedece para chamar a atenç
atenção precisa de uma
resposta que não inclua uma maior atenção, para evitar dar mais
força à desobediência;
Os que os pais podem fazer…
• se a crianç
criança desobedece por não conseguir resistir precisa
também de enfrentar as consequências do seu
comportamento e de tentar remediar o que fez. Mas
deveria também ser ajudada a conhecer os seus impulsos
e a controlá
controlá-los:
“Da próxima vez que quiseres uma coisa que não te pertence, tens de
te controlar e lembrar-te do que te aconteceu antes.”
Mentir
Significado: A mentira é comum nas crianç
crianças pequenas.
pequenas
Geralmente a criança pequena mente por:
• acreditar realmente nas suas mentiras.
mentiras Está a tentar aceitar um
mundo que não pode sempre ser da maneira que gostaria.
Permite-lhe assim transformar o mundo naquilo que quer que
ele seja, até que a verdade tenha de ser encarada.
• mente quando é demasiado difí
difícil refrear os seus impulsos,
impulsos por
exemplo, pode tirar coisas que não lhe pertence ou fazer coisas que
sabem que não devia fazer e depois nega ter feito algo de errado.
Quando a criança mais nova mente acerca de algo que
sabe que fez mal, isso tem um lado positivo:
positivo sabe a
diferença entre o certo e o errado.
Os que os pais podem fazer…
1. Há que ajudar a criança a ver que a mentira não
transformará o mal em bem, a aprender que a mentira
não pode alterar a realidade. É importante que a criança
aprenda com os pais a valorizar a honestidade.
2. Os adultos devem tentar compreender o desejo da
crianç
criança, mesmo que a mentira seja inaceitável. A
criança ao receber uma resposta calma apercebe-se que
a mentira é desnecessária:
“Ambos sabemos que não estás a dizer a verdade. Eu percebo que
gostes de….. mas não gosto que mintas. Não precisas. Eu sou
capaz de enfrentar a verdade e tu também és.”
Mentir
O significado: as crianç
crianças mais velhas mentem por:
• saberem que fizeram alguma coisa de mal. Então
mentem porque não conseguem enfrentar aquilo que
fizeram;
• ou porque esperam evitar sofrer as consequências.
consequências
• a criança que mente frequentemente fá-lo para encobrir
o que fez e precisa de maior ajuda para lidar com a
frustraç
frustração que sente por o mundo ser como é.
Os que os pais podem fazer…
1. É importante que os pais façam sentir à criança que
gostam muito dela, mas não de a ouvir a mentir. Podem
ajudar a criança a entender as razões que a levaram a
mentir:
“Não percebo porque é que disseste isso. E tu? Às vezes as pessoas
mentem porque não conseguem enfrentar a verdade.”
2. A criança precisa de saber que os seus desejos, mesmo
os que não podem ser satisfeitos, são entendidos e aceites
pelos pais e que pode contar com eles para a ajudarem a
lidar com os sentimentos de frustraç
frustração.
A criança acabará por parar de mentir por não ter necessidade de o fazer e
porque aprendeu a auto-criticar-se por esse comportamento.
Os que os pais podem fazer…
3. Não reagirem a uma mentira e ao desejo que está por
detrás dela com crí
críticas,
ticas senão a criança continuará a
achar que precisa de justificar o seu desejo e não se
preocupará com a mentira.
4. Não fazêfazê-la sentirsentir-se demasiado culpada pela mentira,
pois senão a criança pode sentir necessidade de se proteger,
convencendo-se de que a mentira era verdadeira e que
nunca mentiu.
Isto pode transformar-se num hábito de mentiras repetidas.
Os que os pais podem fazer…
4. A criança tem de compreender que nunca é tarde
demais para remediar uma mentira:
mentira
“Diz a verdade à tua professora. Conta-lhe porque mentiste
(porque estavas assustada). Ela vai ficar orgulhosa de ti. Eu fico e tu
também.”
Birras
O significado: as birras começam geralmente durante o
segundo ano de vida e acontecem muitas vezes quando:
• a criança não consegue tomar uma decisão (sim ou não, faço ou
não faço?). Ela sente-se incapaz de escolher.
• a criança anseia por ser dona de si mesma (ambivalência entre o
desejo de independência e o medo).
O que desencadeia a birra é esta luta interior para tomar
decisões que a criança tem de travar sem contar com o
apoio dos pais.
Ao afastarem-se, para que ela sossegue sozinha, os
pais estão a encorajá-la. Ao descobrir que consegue
dominar estes sentimentos, a criança sente-se menos
dependente dos pais.
Os que os pais podem fazer…
1. Se puder, deixedeixe-a tomar uma decisão sozinha e
valorize esse esforço.
Pois quanto mais fizer para a ajudar, mais aumenta a fúria dela. Se
tentar impedi-la, só vai piorar as coisas. A tentativa de apaziguar a
criança não a ajuda a seguramente a aprender a gerir a difícil
tomada de decisão que originou a birra.
2. Se a criança estiver num local seguro, afasteafastese ou/e evite reagir de forma exagerada. Assim
é como se dissesse à criança: Já és capaz de
resolver isto sozinha.
Os que os pais podem fazer…
3. Quando estiver calma, abraceabrace-a e diga-lhe:
“É muito difícil escolher, não é? Mas foste capaz de te decidir
sozinha.”
4. MostreMostre-lhe que a aceita como ela é e que compreende
o tumulto interior que está a viver :
“É terrível ficar assim tão irritado” …”Quem me dera poder ajudar-
te, mas não posso.”
Lutas pelo Poder
O significado: as lutas pelo poder costumam vir ocupar
o lugar das birras.
São muitas vezes previsíveis e decorrem das exigências
dos pais (no entanto, não podem ser toleradas).
Os que os pais podem fazer…
1. Devem afastarafastar-se até que a criança ceda, depois sem
discussões, devem retomar o que lhe tinham pedido
para fazer.
Os pais não devem deixar-se enredar nessas disputas senão estão a
descer ao nível da criança, não mostrarem que por serem os
maiores é quem mandam.
Os que os pais podem fazer…
2. Se a crianç
criança repetir o desafio, afasteafaste-se outra vez. Mas
quando os pais se afastarem devem deixar bem claro que:
“Volto quando te acalmares”
em vez de “Estou a abandonar-te porque és má”
(ignorar a criança é um castigo muito forte e não deve ser
exagerado)
3. Se a disputa for demasiado séria, devedeve-se mostrar à
crianç
criança que ela não tem escolha. Ou ela faz o que lhe
pede, ou terá de sofrer as consequências.
(Isso vai ajudá-la a compreender a importância do seu pedido).
Fugir
O significado da fuga depende da idade da criança e do
lugar para onde ela foge.
A crianç
criança pequena que foge:
• pode estar à procura de certezas de que é desejada e
amada após uma batalha com os pais.
• talvez queira também sentir-se “grande e forte” e não
pequena e frágil.
• pode sentir uma certa raiva. A criança parece dizer: “Se
não gostas de mim, então eu também não preciso de ti
para nada.”
Fugir
O significado:
As crianç
crianças mais velhas ao fugirem:
podem estar a sentir-se realmente muito desesperadas.
Muitas crianç
crianças anunciam que vão fugir por:
por
• lhes terem ralhado, os terem castigado ou humilhado
• ou por acharem que os pedidos de atenção não foram
atendidos.
Frequentemente, estes anúncios são feitos com
dramatismo, para ver se alguém se importa.
Os que os pais podem fazer…
1. Os pais não devem descer ao nível da criança, devem
antes sim, encarar os sentimentos dela com seriedade e
não os desprezarem,
desprezarem especialmente se a criança estiver
apenas a ser dramática. Caso contrário, talvez o
dramatismo piore.
2. Desde que não haja perigo no local para onde
a criança vai e os pais possam manter a criança
sob vigilância, devem dardar-lhe um tempo de
“arrefecimento”
arrefecimento”, é bom para ela porque ajuda-a
a perceber que se pode acalmar sem ajuda.
Os que os pais podem fazer…
3. Se a criança que sai de repente, porta fora,
impulsivamente (por raiva ou por tristeza) não regressar
dentro de pouco tempo, ou se não for seguro para ela
ficar sozinha, os pais terão de ir buscá-la, confortá-la
(abraça-la), ajudá
ajudá-la a acalmaracalmar-se e mostrarmostrar-lhe que a
amam, faç
faça ela o que fizer.
4. Uma criança pequena que se tenha sentido infeliz
por um período muito prolongado ou está em stress
devido a acontecimentos difíceis na sua vida (como
sejam a morte ou outra perda, ser vítima de agressões
na escola, ter passado por um acontecimento
traumático) deve també
também ser impedida de fugir.
fugir
Os que os pais podem fazer…
5. Quando a criança estiver preparada, deve ajudá
ajudá-la a
perceber o que a preocupa.
6. Em conjunto, deve pensar com a criança outras soluç
soluções
para o problema.
Roubar
O significado: as crianç
crianças mais pequenas podem procurar
tirar coisas de que não suportam ser privadas.
1. Os limites precisam de ser estabelecidos:
estabelecidos
“Não é permitido tirar as coisas dos outros meninos”.
2. A criança precisa de ajuda dos pais para lidar
com os desejos que não podem ser satisfeitos,
satisfeitos
para aprender a partilhar, a esperar pela sua vez e a
começar a pensar nos sentimentos da criança que
foi roubada;
Os que os pais podem fazer…
3. Depois de estabelecer os limites, pare um pouco para
ver se a criança já se sente suficientemente mal para
devolver o brinquedo.
brinquedo
4. Se ela for capaz de o fazer por iniciativa própria,
encorajeencoraje-a a orgulharorgulhar-se da sua atitude,
atitude não apenas por
a ter escutado, mas também por querer fazer aquilo
que ela sabia ser o correcto.
O objectivo a longo prazo é conseguir que a
criança se preocupe em fazer o que está certo
sem que os pais tenham de lho dizer.
Os que os pais podem fazer…
5. Se a criança continua tão entusiasmada com o
brinquedo que não consegue separar-se dele, ajudeajude-a a
compreender sentimentos que escapam ao seu controlo
e sugirasugira-lhe uma forma de poder usar o brinquedo,
brinquedo com
o consentimento da outra criança.
“Estou a ver que queres muito ter esse brinquedo e que ficas muito
triste por teres de o devolver. Mas ele não te pertence. Não
perguntaste se podias brincar com ele e não te deram autorização
para o fazeres. Tens de o devolver.”
Os que os pais podem fazer…
6. Quando a criança não devolve o brinquedo, ou é
porque o seu desejo é demasiado forte, ou então está a
medir forças com os pais – nestes casos a negociação não
surte efeito. O melhor é olhar a crianç
criança nos olhos e dizerdizerlhe com firmeza:
“Tens de devolver o brinquedo já. Se não o fizeres, tenho de
tirar-to e dá-lo ao seu dono.”
Se ela não obedecer, deve fazer o que disse e preparar-se para
ouvir o choro e os protestos.
Os que os pais podem fazer…
7. Depois é importante dar carinho à criança. Enquanto a
acalma ensine-lhe a lidar com sentimentos desagradá
desagradáveis:
“Eu sei que querias muito aquele brinquedo. Querias tanto, que
imaginaste que era teu. É difícil não termos uma coisa que queremos
muito.”
8. Ajude-a a reconhecer os sentimentos que precisa
enfrentar para aprender a viver neste mundo, tal como
ele é, sem usar a mentira ou o roubo como forma de
o modificar:
“Esta é a tua oportunidade de aprenderes que não se podem tirar
coisas que não nos pertencem, por mais que queiras tê-las.”
Os que os pais podem fazer…
9. Faça a criança olhá-lo nos olhos, dê-lhe uns segundos
para interiorizar a ideia que lhe transmitiu e pergunteperguntelhe como se sentiria se algué
alguém lhe tirasse um dos seus
brinquedos favoritos.
10. Ajude a criança a descobrir alternativas para lidar
com os seus desejos. Ajude-a a perceber que desejar
o brinquedo dos outros é um verdadeiro problema e
que pode haver outras formas de o resolver:
“Que podes tentar?”.
Os que os pais podem fazer…
11. Se a criança não fizer a menor ideia, talvez lhe possa
sugerir:
sugerir
“Porque não fazem uma troca? Pergunta à Joana se ela quer brincar
com um dos teus brinquedos em troca de te deixar brincar com um
dos dela. Talvez até lho pudesses pedir emprestado, com a promessa
de o devolveres depois. Ou podias pedir-lhe para te deixar brincar
também, juntas ou uma de cada vez.”
Pedir emprestado, esperar pela vez, partilhar, dar e tirar são
competências sociais que a criança precisa de aprender
(serão necessárias, é claro, muitas repetições).
Os que os pais podem fazer…
10. Se a criança amua (está a aprender a viver no mundo,
não como ela gostaria que ele fosse, mas como ele é),
depois dos pais corrigirem a situação, devolvendo o
brinquedo tirado, devem dar apoio à crianç
criança:
“Eu bem sei que custa muito não teres o que querias.”
Roubar
Significado: Se a crianç
criança for crescendo e continuar a
roubar,
roubar é porque ela está a tentar dizer-lhe algo
importante:
• “Sinto-me sozinha, inadaptada. Quero ser como os outros
meninos, especialmente como aquele que roubei.”
• Ou “Tenho de te provar como sou má, para me ajudares a
controlar-me. Tenho medo e não consigo parar”.
• Ou ainda “Falta qualquer coisa muito importante na minha
vida e não sei bem o que é. Por isso, tiro tudo o que
apanho”.
Significado: Outras ainda de mais idade roubam para
se integrarem num grupo: “Estás a ver? Consegui
tirar isto da loja. Sou bué fixe.”
Os que os pais podem fazer…
1. Encare o roubo e insista em que a crianç
criança devolva as
coisas roubadas,
roubadas caso contrário, ela não compreenderá que o
roubo é algo inaceitável.
2. Ajude a criança a compreender as razões que a levam a
roubar:
“Eu sei que tu percebes que não está certo tirar as coisas das outras
pessoas. Sabes porque é que o fizeste?”
Os que os pais podem fazer…
3. Caso a criança responda: “Porque quis. Não pensei
que me apanhassem”, ajude-a a reflectir sobre a razão
pela qual as pessoas fazem o que está
está certo, mesmo
quando ningué
ninguém está
está a ver.
4. Caso a criança diga: “Toda a gente rouba coisas nas
lojas” os pais devem questioná
questioná-la:
“Queres mesmo ser como toda a gente?”
Linguagem Imprópria
O significado: Por volta dos 4 ou 5 anos de idade, a
criança começa a imitar a linguagem imprópria utilizada
pelos amigos ou pelos pais.
• Se os pais enfurecem-se, a criança fica surpreendida com estas
reacções e volta a murmurar a palavra, tentando perceber o
que originou tal reacção.
• O exagero na reacção poderão dar força a este tipo de
linguagem por isso é de esperar que a criança volte a repetir
essas palavras vezes sem conta e cada vez mais alto.
Os que os pais podem fazer…
1. Não exagere na sua reacç
reacção,
ão diga-lhe:
“Essa maneira de falar incomoda as pessoas. Elas não gostam de
ouvir essa linguagem.”
2. Quanto menos atenç
atenção prestar ao facto,
facto melhor. A
criança vai perder o interesse e não repetirá a “graça”.
3. InterrogueInterrogue-se até
até que ponto ela não estará
estará a imitar
a linguagem usada pelas pessoas que a rodeiam. Poderá
alguém na família estar a usar frequentemente esse
tipo de vocabulário.
Os que os pais podem fazer…
3. Mesmo que a criança esteja a aprender essas palavras
com outras crianças…
• não a afaste das brincadeiras com outros meninos.
• aproveite a oportunidade para a fazer ver o quanto isso
incomoda as pessoas e levá-la a preocupar-se com esse
facto.
Os que os pais podem fazer…
4. Se o uso de linguagem impró
imprópria persistir,
persistir tem de lhe
mostrar que:
• pode ofender as pessoas ao falar dessa forma e expliquelhe porquê.
• talvez tenha de clarificar o significado de algumas
palavras e interrogá-la sobre se era exactamente isso que
queria dizer.
• se a resposta for afirmativa, tem de perceber o motivo
da raiva da criança e ajudá-la a ultrapassá-la.
Linguagem Imprópria
O significado: As crianç
crianças de maior idade que usam essa
linguagem com frequência:
sentem-se muitas vezes inseguras e precisam de chamar
a atenção sobre si próprias ou de parecer mais velhas e
mais fortes.
Os que os pais podem fazer…
A melhor maneira de as ajudar a combater a
insegurança é elogiar as suas melhores qualidades.
qualidades
Provocar as outras
crianças
•
•
•
•
•
O significado:
a criança sentir-se insegura;
ser uma forma de estabelecer a lei do mais forte;
ter dificuldade em fazer amigos e dar-se mal com outras
crianças;
estar a tentar captar a atenção das outras crianças;
estar a reagir a algo de diferente nelas que não
entendem e as assusta.
Os que os pais podem fazer…
1. Explique-lhe que tem de parar:
parar
“Tens de parar de provocar os teus amigos. Isso magoa os
sentimentos deles.”
2. Se a criança não parar, pegue-lhe com firmeza e
afasteafaste-a para longe da ví
vítima.
tima
3. Depois da criança ter sossegado, fale com ela:
ela
“Ninguém gosta de ser provocado dessa maneira. Que estavas a
tentar fazer?.
Os que os pais podem fazer…
4. Se a criança não for capaz de dizer, então talvez tenha
de lhe dizer:
“Se não gostas daquela menina, não tens de brincar com ela. Mas se
queres ser sua amiga, tenta brincar com ela e conhecê-la sem a
arreliar.”
Os que os pais podem fazer…
5. Sugira-lhe que tente imaginar como se sente a pessoa
que é provocada,
provocada para que a criança se consciencialize de
que precisa de pedir desculpa.
desculpa
6. Ajude-a a perceber que em vez de se sentir humilhada
por pedir desculpa se pode sentir orgulhosa de si pró
própria.
pria

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