Destaques sobre Câncer da Próstata
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Destaques sobre Câncer da Próstata
AUA American Urological Association 100th Annual Meeting San Antonio, Texas, USA May 21-26, 2005 Destaques sobre Câncer da Próstata Ano 6 - nº 28 Editorial O “Encontro Anual da Associação Americana de Urologia” reune urologistas de mais de 120 países O Congresso da AUA (American Urological Association) é o mais importante Encontro de Urologia do mundo, não somente pelo imenso número de inscrições (em média mais de 15 mil), mas também pela importância dos temas apresentados em plenário, em temas livres, pôsteres, vídeos, entre outras atividades da programação científica. Mais do que isto, o Congresso da AUA é ponto de encontro de urologistas de mais de 120 países, muitos trazendo novos estudos e interagindo entre si. É um espetáculo especial ouvir tantas línguas diferentes e tantos rostos típicos das mais diversas regiões do mundo. As grandes novidades sempre trazem interesse especial; contudo, grande número de urologistas brasileiros não pôde comparecer a esse importante evento, e, pensando neles, a Congresses Update publica esta edição, para distribuição nacional, trazendo importantes novidades lá apresentadas, prestando, deste modo, relevante serviço à urologia brasileira. O tema escolhido foi câncer da próstata, pela sua grande prevalência e incidência, e por ocupar uma parte importante do trabalho dos urologistas.Trata-se de um tema que apresenta progresso e novidades constantes, exigindo uma revisão, no mínimo anual, de seus mais novos conteúdos. Para apresentar este tema foram escolhidos três importantes urologistas brasileiros, que se dedicaram em mostrar o que de mais relevante foi apresentado em cada área. O Dr. Antonio Carlos Lima Pompeo compilou os avanços da terapêutica hormonal e quimioterápica, o Dr. Aguinaldo César Nardi abordou tópicos sobre genética e o Dr. Carlos Eduardo Corradi Fonseca trouxe as novidades em cirurgia e radioterapia. Tenho a certeza que este material trará a todos grande benefício e interesse nesta área vital da urologia. Boa leitura! Dr. Walter J. Koff Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia SBU (2004-2005) Congresses Update AUA 2005 SBU SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA 1 A união de culturas diferentes faz única esta cidade Maior estado americano, o Texas é sinônimo de grandeza e fartura. Nesse cenário, ao sul do estado, a cidade de San Antonio também vem crescendo e registrando um papel relevante como centro comercial, cultural e industrial nos Estados Unidos. San Antonio é importante no segmento da telecomunicação americana, na área da pesquisa biomédica, turismo, negócios internacionais, serviços médicos e indústrias. Detentora de uma cultura diferenciada intitulada “Tex Mex” (abreviaturas de Texas e México, menção à cultura local), San Antonio reúne moradores integrados pelos dois idiomas - espanhol e inglês - presentes em seu dia-a-dia. Bilíngüe, híbrida, bela, cultural e com ruínas de várias missões espanholas em seu território, a cidade é um lugar ideal para se divertir o ano inteiro. San Antonio também é conhecida por realizar, no dia 19 de janeiro, a maior caminhada cívica em toda a nação, para festejar Martin Luther King Jr. O ponto histórico mais famoso da cidade é o Álamo, local onde em 1836 os habitantes se revoltaram contra a repressão de um ditador mexicano e preferiram morrer lutando a se entregarem. Além desse marco histórico, os turistas podem conhecer museus de arte, de história natural e antropologia, e vale visitar a região do Texas Hill Country, conhecida por suas paisagens e cavernas de pedra calcária. As influências culturais também estão presentes no Instituto de Culturas Texanas e nas várias opções de parques aquáticos e de diversões, como o Six Flags Fiesta Texas, o Zoológico e o Jardim Botânico. Além do Schlitterbahn e Sea World, considerados, respectivamente, os maiores parques de águas e de aventura de vida marinha do mundo. Mensagem do Editor Há cinco anos, a Congresses Update traz destaques de congressos médicos internacionais e está satisfeita com esta primeira edição, na área de urologia, principalmente por tratar-se de um Congresso tão importante como foi o “100º Encontro Anual da Associação Americana de Urologia” - AUA, realizado em San Antonio, Texas, Estados Unidos, de 21 a 26 de maio de 2005. O número de congressistas, mais de quinze mil, por si só já mostra a magnitude deste evento, que reuniu urologistas de diversos países. Há que se destacar o nível da programação científica e a importância dos seus temas, criteriosamente elaborados pelos organizadores, com o objetivo de promover e disseminar a todos os presentes, conhecimento científico atualizado. Seria impossível registrarmos em uma única edição todo o conjunto de atividades desenvolvidas durante o Congresso; por isso, focamos aqui o tema “câncer da próstata”, pela sua importância, prevalência e incidência e, para sua concretização, contamos com o suporte de alguns especialistas, colaboradores desta edição, a quem agradecemos o empenho. Agradecemos também ao Dr. Walter Koff - presidente atual da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) - pelo editorial. Finalizando, nosso agradecimento especial à Novartis Quimioterápicos, que viabilizou a realização deste projeto, através do qual esperamos colaborar para a atualização e educação médica no Brasil. Magali A. Luiz Martins Congresses Update® Traz o Congresso até você! CorpoEditorial Aguinaldo César Nardi Antonio Carlos Lima Pompeo Carlos Eduardo Corradi Fonseca ® Congresses Update - AUA 2005 Agosto, 2005 Editora Jornalista Projeto Gráfico Revisão Pré-impressão Impressão Tiragem Distribuição Nacional Magali A. Luiz Martins Zulmira Felício (MTB 11.316 ) Duoeme Brasil Maria Inês Gonçalez Estudio ABC Aquaprint Gráfica e Editora Ltda 4.000 exemplares Novartis Quimioterápicos. A Congresses Update, lançada em Agosto de 2000, é uma publicação que visa trazer alguns dos muitos e importantes tópicos apresentados e discutidos nos principais congressos médicos àqueles profissionais que não tiveram oportunidade de participar. É dirigida a médicos de diversas especialidades, de acordo com a área de cada edição. Tels: (11) 4463-3090 / 9963-0031 - Fax: (11) 4996-4853 e-mail: [email protected] Cartas, sugestões, comentários e contato com os colaboradores: e-mail: [email protected] Próximo Encontro Anual AUA 2006 maio, 20-25 Atlanta, Geórgia, EUA www.auanet.org Foto da Capa The Alamo Mission Getty Images Os anúncios publicados nesta edição são de exclusiva responsabilidade do(s) anunciante(s), assim como, os conceitos emitidos em artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores, não refletindo a opinião da editora e não refletindo necessariamente o posiciosamento da Novartis. Todos os direitos reservados à Aquaprint Gráfica e Editora Ltda. É proibida a reprodução de qualquer parte desta publicação sem autorização prévia da Editora. Marca mista Congresses Update, processo nº 822458322, de 25/07/2000, na classe 16. Apoio: Novartis Quimioterápicos Sumário Genética A importância da genética na etiologia do câncer da próstata 04 Dr. Aguinaldo César Nardi O PSA ainda é o melhor marcador para o câncer da próstata 05 Dr. Aguinaldo César Nardi Terapêutica Medicamentosa Destaques do tratamento medicamentoso do câncer metastático da próstata 07 Dr. Antonio Carlos Lima Pompeo Cirurgia e Radioterapia Aspectos do tratamento cirúrgico e radioterápico do câncer da próstata 10 Dr. Carlos Eduardo Corradi Fonseca Abstracts Participação Científica Brasileira Congresses Update AUA 2005 16 3 GENÉTICA A importância da genética na etiologia do câncer da próstata Aguinaldo César Nardi Doutor em Urologia pela Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Urologista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo - HRAC-USP-Bauru Durante o “2005 AUA Annual Meeting” tivemos a oportunidade de assistir brilhantes apresentações as quais sedimentaram muitos conceitos, enquanto outras geraram expectativas de avanços no diagnóstico e tratamento das doenças urológicas. O câncer da próstata (CaP) foi o tópico predominante e isto reflete a importância socioeconômica desta moléstia, já que é a neoplasia que tem a maior incidência, sendo a segunda causa de morte por câncer em homens. Gene Normal Gene BRCAI Estima-se que teremos 540 mil novos casos por ano no mundo, que um a cada seis homens desenvolverá a doença nos Estados Unidos e que o número de mortes passará de 35 mil em 2005 para 59 mil em 20 anos. A importância da influência genética na etiologia do câncer da próstata foi amplamente discutida e o Dr. Patrick Walsh, Baltimore, Estados Unidos, abordou o tema com muita didática na sessão plenária. O câncer da próstata pode ser definido como hereditário quando três ou mais parentes de primeiro grau forem afetados, ou dois parentes de primeiro grau diagnosticados antes dos 55 anos de idade, ou ainda quando ocorrer em três gerações consecutivas (avô, pai e filho). Quando Conteúdo do núcleo celular 23 pares de cromossomos Genes Cromossomos Base Estrutura do DNA algum destes critérios estiver presente, o risco de desenvolver CaP é de 50% para os indivíduos desta família. Além disso, o risco de aparecimento do CaP é duas vezes e meia maior se o indivíduo possuir um parente de primeiro grau afetado e maior ainda se esta pessoa tiver menos de 60 anos de idade. Em famílias com CaP hereditário é possível observar associação com câncer de mama. Há um aumento do risco de desenvolvimento da CaP em homens, parentes de mulheres que tenham apresentado câncer de mama antes dos 36 anos, ou de homens portadores de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. A genética do CaP é muito complexa, pois envolve múltiplos genes. Em indivíduos jovens a forma de herança da neoplasia é compatível com um raro alelo autossômico dominante, enquanto que em indivíduos mais idosos provavelmente temos um alelo mais comum, autossômico recessivo ou ligado ao cromossomo X. O estudo dos genes responsáveis pelo CaP hereditário possibilitará a identificação de populações de alto risco, 04 Congresses Update AUA 2005 lesões celulares precursoras de câncer devido às mutações. Portanto, alelos de risco envolvidos na resposta inflamatória podem ser responsáveis por inúmeros casos de CaP familiar e esporádico. Se esses achados forem verdadeiros, a tentativa de prevenir o CaP pode envolver não apenas o uso de antioxidantes, mas também o possível uso de antibióticos e antiinflamatórios. Esses dados sugerem que a inflamação possa desempenhar um importante papel na carcinogênese da próstata e a variação genética decorrente da resposta inflamatória pode determinar o desenvolvimento de Esses dados demonstram a necessidade de estarmos atentos aos estudos genéticos, pois poderão fornecer esclarecimentos sobre a etiopatogenia do câncer da próstata. GENÉTICA além de permitir o conhecimento da patogenia molecular da doença. O primeiro locus relacionado ao CaP hereditário foi localizado no cromossomo 1 (HPC 1) e atualmente numerosos loci têm sido identificados tais como: ELAC2 (cromossomo 17), RNASEL (cromossomo 1) e MSR1 ( cromossomo 8 ). Os dois últimos são genes que protegem o indivíduo de infecções por bactérias ou vírus, lesando o DNA desses organismos. O PSA ainda é o melhor marcador para o câncer da próstata Aguinaldo César Nardi Doutor em Urologia pela Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Urologista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo - HRAC-USP-Bauru As pesquisas em biologia molecular para a descoberta de um marcador tumoral que tenha alta sensibilidade, alta especificidade, baixo custo e que também seja útil no estadiamento e no acompanhamento dos pacientes com câncer da próstata continuam a fomentar um grande número de trabalhos nesta área. Entretanto, apesar das descobertas e estudos de novos marcadores, o PSA (Antígeno Prostático Específico) continua sendo o ideal, justamente por apresentar as características citadas. O estudo de Ulmert, da Universidade de Malmo, Suécia, apresentou dados promissores com a dosagem de kalicreína humana (hk2) em sangue armazenado de voluntários durante período mínimo de treze anos, com duas coletas realizadas, com diferença de seis anos entre elas. Os níveis de kalicreína humana estavam aumentados na segunda amostra dos pacientes que foram a óbito por câncer da próstata, demonstrando que a dosagem de kalicreína pode identificar pacientes com tumores Congresses Update agressivos, potencialmente letais, podendo se beneficiar de terapêuticas mais agressivas em relação ao grupo que pode ser acompanhado clinicamente. Ainda relacionado a fatores prognósticos do câncer da próstata, o Dr. Mulders, de Nijmegen, Holanda, demonstrou correlação entre os níveis de PCA3/PSA mRNA e a graduação de Gleason em dosagem no sedimento urinário obtido após biópsia prostática. A relação foi 41 para Gleason 4 ou 5, 163 para Gleason 6, 193 para Gleason 7 e 577 para Gleason 8, concluindo que a dosagem urinária de PCA3 após massagem prostática pode auxiliar na definição prognóstica do câncer da próstata. Dois outros estudos relacionando prognóstico e câncer da próstata foram apresentados por Muramaki, Kobe, Japão e Meyer-Siegler, Flórida, EUA, comprovando que níveis aumentados de Fator Inibidor da Migração de Macrófagos (MIF) estão relacionados à agressividade biológica do câncer. O estudo de Muramaki comparou 137 portadores de câncer da próstata com grupo controle e grupo com AUA 2005 05 GENÉTICA Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) e demonstrou níveis aumentados de MIF que tinham relação diretamente proporcional com a graduação de Gleason. A pesquisa baseada em marcadores genéticos também foi abordada por vários temas livres, entre eles o de Chun, Alemanha, que fez estudo prospectivo com 114 pacientes submetidos à biópsia prostática, dos quais 96 tiveram confirmada a presença da neoplasia e 19 pacientes com HBP. O resultado mostrou a presença de porções livres do DNA celular no plasma dos pacientes com câncer da próstata, que também se relacionou com a graduação de Gleason. A grande novidade na pesquisa de marcadores tumorais é a tecnologia proteômica, que significa o estudo de todas as proteínas celulares através de vários métodos diferentes, que permite traçar um perfil da expressão protéica em material extraído de biópsia. O Dr. Petricoin, que é diretor do “Center for Applied Proteomics and Molecular Medicine de Manassas", Vancouver, Canadá, está con- Estudo muito interessante foi apresentado pelo Dr. Roobol, Rotterdam, Holanda, acompanhando homens com idade entre 71 e 74 anos. Após um período de cinco anos, 354 homens, do total de 2.037, foram a óbito. Somente 35 pacientes, ou seja, 1,7% tinham evidência clínica de câncer da próstata, concluindo que para diagnosticar os 35 pacientes foram realizados exames desnecessários em 1.814 homens, além de 400 biópsias. A conclusão é que após os 80 anos de idade o tratamento do câncer da próstata não aumenta a sobrevida e tem morbidade considerável. A palestra proferida pelo Dr. Anthony V. D'Amico, Boston, EUA, na sessão plenária, discorreu sobre a importância na determinação dos valores do PSA antes do tratamento, assim como no acompanhamento destes pacientes. Em relação ao diagnóstico, o Dr. D'Amico ressalta que “não é somente o valor absoluto do PSA que devemos levar em consideração, mas também a sua mudança com o tempo, já que o câncer da próstata não é um fenômeno estático”. fiante neste procedimento e acredita que em No aspecto de acompanhamento do paciente "A grande novidade na dois ou três anos a tecnologia proteômica pesquisa de marcadores tratado de câncer da próstata, o PSA assunos dará dados suficientes para personalitumorais é a tecnologia me valor fundamental para o prognóstico zarmos o tratamento do câncer da próstaproteômica, que significa o e definição de tratamento complementar ta, auxiliando, juntamente com o toque estudo de todas as proteínas neste grupo, que é muito heterogêneo, e celulares através de vários retal e o PSA, na identificação dos pao tratamento apropriado varia de acordo métodos diferentes..." cientes que necessitam de uma terapia com a velocidade da duplicação do PSA. mais agressiva. Aguinaldo César Nardi A possibilidade de um paciente falecer por Apesar destes promissores estudos e da câncer é seis vezes maior se o valor do PSA dupliexpectativa de conseguirmos alcançar o marcador car num prazo menor do que doze meses. Caso isto ocorideal, os trabalhos relacionados ao PSA foram muito ra antes dos três meses, este risco passa a ser de vinte importantes. Dr. Presti, Palo Alto, Califórnia, EUA, aprevezes, quando comparado com os pacientes que têm prosentou trabalho com 925 pacientes que faziam a biópsia gressão mais lenta. Desta maneira, quando o PSA duplicar da próstata pela primeira vez e tinham entre 50 e 80 anos. antes dos três meses após o tratamento devemos consiDos pacientes, 41% apresentavam câncer da próstata. derar tratamento hormonal e quimioterapia imediata ou tarQuando comparou os níveis de PSA entre 4 a 10ng, voludia. Quando o tempo de duplicação for maior que doze me da próstata (determinado pelo ultra-som transretal) e meses devemos considerar a irradiação no leito prostático idade do paciente, encontrou níveis maiores de PSA como forma de medida complementar ao tratamento. somente nos pacientes que tinham a neoplasia e volume prostático menor de 40cc. Nos pacientes com volume maior de 40cc não houve diferença nos valores de PSA quando comparado o grupo com câncer com o grupo normal. 06 Congresses Update Em resumo, o PSA continua como método valioso no arsenal do urologista, considerado de fundamental importância para o correto diagnóstico, prognóstico e tratamento de nossos pacientes. AUA 2005 Antonio Carlos Lima Pompeo Professor Livre-Docente de Urologia Clínica Urológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP O câncer metastático da próstata, como de costume, foi tema que mereceu grande destaque no Encontro da AUA deste ano, com inúmeras apresentações na reunião da "Society of Urologic Oncology" (SUO), nas sessões plenárias, nos cursos de oncologia, assim como nas reuniões de temas livres e pôsteres ao longo do evento. Ficou consolidado que a hormonioterapia, realizada de várias maneiras, continua sendo a modalidade terapêutica de primeira linha, embora perdurem controvérsias quanto ao momento ideal do seu início, sobre os conceitos de bloqueio androgênico total e de intermitência. Por outro lado, observou-se número expressivo de estudos de ciência básica voltados para melhor conhecimento da história natural da doença, do diagnóstico laboratorial e da terapêutica. Para o tratamento do câncer após escape à terapêutica hormonal, que até recentemente não apresentava perspectivas, foram desenvolvidos novos esquemas quimioterápicos, principalmente com o uso dos taxóis que mostraram valor expressivo na paliação de sintomas e ganho de alguns meses na sobrevida. A qualidade de vida tem, no momento, papel de grande destaque na opinião da maioria dos especialistas, sendo que para os eventos ósseos o emprego de bisfosfonatos, principalmente do ácido zoledrônico, ganha a simpatia da maioria. Dentre os inúmeros trabalhos apresentados selecionei alguns que pareceram ter uma importância significativa na nossa prática diária. Wadhwa V et al. - UK (Resumo #815), apresentaram um estudo com 367 pacientes com idade média de 73 anos, portadores de carcinoma da próstata metastático ou localmente avançado, que necessitavam de tratamento hormonal. O objetivo do trabalho foi analisar a perda da densidade óssea (osteoporose) comparando os efeitos do LH-RH e dos antiandrogênios não-esteróides (bicalutamida), que mantêm os níveis da testosterona circulante. Os autores concluíram, neste estudo prospectivo a longo prazo, que pacientes tratados com LH-RH mostraram perda significativa da densidade óssea, enquanto no grupo dos antiandrogênios esta ocorrência não foi detectada. Comentam que este fato pode influenciar a decisão sobre a manipulação hormonal a ser empregada nos pacientes com osteoporose prévia, cuja avaliação deve ser feita antes do início da terapêutica. Evolução do câncer metastático da próstata após monoterapia da próstata, após monoterapia hormonal, bloqueio androgênico total e escape do tratamento hormonal. Congresses Update TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA Destaques do tratamento medicamentoso do câncer metastático da próstata AUA 2005 A equipe da UCLA, nos EUA (Resumo #816), mostrou os resultados da prostatectomia radical após falha do tratamento local com radioterapia em 51 pacientes com idade mediana de 65 anos e PSA > _ 0,4 ng/ml. Destes, 54,9% necessitaram de tratamento hormonal e 21,9% (mediana) meses após. Estenoses de colo vesical foram encontradas em 42% dos enfermos após 10,1 meses (mediana) e 43,1% 07 TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA requereram colocação de esfíncter artificial pela incontinência. Concluem que os índices de complicações referidos são significativos, destacando-se, no entanto, que a operação oferece bom controle local, o que pode postergar ou mesmo prevenir o emprego de tratamento hormonal. PSA pré-operatório < _ 5,0 ng/ml, margens cirúrgicas negativas e Gleason escore < _ 7 são fatores de bom prognóstico na sobrevida livre de doença. A incontinência urinária e estenoses de anastomose constituem complicações significativas a longo prazo. O grupo de Barcelona, Espanha (Resumo #817), mostrou que pacientes submetidos a tratamento hormonal com LH-RH ± antiandrogênios apresentam tendência a desenvolver níveis séricos diminuídos da fração livre da tiroxina (FT4) e aumento de TSH, o que significa risco de hipotireoidismo secundário. Portanto, os urologistas devem estar atentos para esta possibilidade e para a administração de tratamento específico. Edward Shaeffer et al. - Baltimore, EUA (Resumo #822), descreveram elevação dos níveis de testosterona e LH séricos após prostatectomia radical em seis pacientes que apresentaram recidiva e que tinham tumores de alto grau e grandes volumes, diferentes dos que tinham baixo grau. Sugerem que no primeiro grupo os tumores apresentam "fatores" que interferem no eixo hipotálamohipofisário. A. Pathak et al. - Los Angeles, CA, EUA (Resumo #823), demonstraram que pacientes com tumores metastáticos submetidos à terapia hormonal com LH-RH (Lupron Depot 22,5 mg) podem ter o intervalo entre as aplicações ajustado pelos níveis de testosterona sérica, que variam individualmente. Este método, baseado no acompanhamento de 26 pacientes, mostrou-se seguro, eficaz e de custos mais favoráveis. M. Sanda et al.- EUA (Resumo #824), realizaram estudo Estudo da "J. Hopkins University" - Baltimore, EUA prospectivo, multicêntrico com 34 pacientes portadores (Resumo #820), apresentou os resultados do uso de neoplasia localizada de alto risco, submetido docetaxel em pacientes com alto risco de dos à terapia hormonal neoadjuvante ao tra"Ficou consolidado que progressão pós-prostatectomia radical (histamento local (multimodalidade) comparaa hormonioterapia, realizada tologia, margens e PSA). Foram tratados dos àqueles sem neoadjuvância e conde várias maneiras, continua 77 pacientes (6 ciclos mensais) seguidos sendo a modalidade cluíram que os pacientes com terapia por dez meses, com boa tolerabilidade. terapêutica de primeira linha..." combinada tiveram diminuição significaFoi relatada toxicidade grau IV (hiperglitiva da função sexual e da qualidade de Antonio Carlos cemia em 2,6% - 2/77) e 30% de graus I e II. Lima Pompeo vida. Questionam se o modesto ganho de Houve uma morte não relacionada à quimiosobrevida observado com este esquema comterapia. O seguimento de curto prazo ainda não pensa os efeitos adversos. permite indicar com segurança seu uso rotineiro, porém Price K et al. - Bethesda, EUA (Resumo #825), apreseníndices recentes de respostas em doença hormôniotaram os resultados de um estudo randomizado Fase II em refratária permitem especular sua aplicação, a qual que compararam os efeitos do docetaxel + talidomida vernecessita de estudos comparativos e prospectivos para sus docetaxel isolado, em tumores prostáticos andrógemelhor definição. no-independentes. Concluíram que existe evidência de Christopher Ryan et al. - EUA (Resumo #821), em estudo aumento de sobrevida no grupo da terapia combinada. multicêntrico, mostraram os riscos de osteoporose em doentes submetidos à hormonioterapia, identificando fatores que colaboram para este evento. O trabalho baseou-se em 120 pacientes com CaP tratados com deprivação hormonal por período <12 meses. Concluíram que a hormonioterapia se associa à perda precoce de densidade mineral óssea relacionada diretamente com a duração do tratamento. Chamam atenção, neste trabalho, para os fatores que contribuem positivamente para a manutenção da densidade óssea. Na análise univariada estes se relacionam com a condição óssea inicial, a suplementação com vita- 08 mina D e cálcio, dieta láctea e 'bebida alcoólica". Congresses Update Olbert P et al.- Colônia, Alemanha (Resumo #829), descreveram a presença do fenômeno flare, ou seja, elevação transitória do PSA, em 3/35 (12%) dos pacientes com câncer metastático andrógeno-independente tratados com docetaxel. Concluíram que o fenômeno é pouco freqüente, transitório e que não significa falha terapêutica que resulte em suspensão do tratamento com este fármaco, representando uma medida efetiva nesses tumores. Basrawala Z et al. - EUA (Resumo #832), mostraram, em estudo realizado em 50 pacientes portadores de carcino- AUA 2005 prednisona. O trabalho de Eisenberg randomizou 1.006 pacientes para três diferentes esquemas, todos com prednisona mais: a) docetaxel a cada três semanas; b) docetaxel semanal; c) mitoxantrona a cada três semanas. Os dois trabalhos mostraram que pacientes que receberam docetaxel tiveram sobrevida maior que os da mitoxantrona (2-3 meses). Ainda que os programas relatassem melhora do controle da dor, a toxicidade da mitoxantrona foi significativamente menor. Embora Studer U et al. - EORTC (Resumo #1659), "As perspectivas para mostraram os resultados comparativos os futuros eventos da AUA, esses estudos mostrassem efeito pouco expressivo em ganho de sobrevida, ficou entre a deprivação hormonal precoce verneste tema, deverão focar claro que existe potencial para o desennovas opções terapêuticas, sus tardia em pacientes com tumores notadamente sobre as volvimento de esquemas quimioterápiassintomáticos T0-4N0-2M0 não elegíveis células glandulares ou cos com a eficácia esperada para a terapara o tratamento local. Foram randomiquanto ao estroma.” pia desta neoplasia. zados 985 pacientes entre 1990 e 1999, Antonio Carlos Lima Pompeo com idade média de 73 anos e caracteCom relação aos eventos ósseos foi dada rísticas semelhantes nos dois grupos. Após muita ênfase, neste congresso, aos efeitos benéperíodo médio de seguimento de 7,8 anos, 541 pacientes ficos do uso dos bisfosfonatos, principalmente do ácido faleceram, sendo a morte específica por câncer da prószoledrônico na paliação da dor óssea, da prevenção da tata 26,2% no tratamento precoce e 29% no tardio. osteoporose e das fraturas. Concluíram que a deprivação precoce resultou em Este resumo de nossas observações do Encontro da AUA aumento da sobrevida global, porém não encontraram 2005 buscou selecionar entre tantas informações sobre o diferença significativa na mortalidade por câncer da próscâncer metastático da próstata, aquelas que julgamos tata nem na sobrevida sem sintomas. A experiência sugemais interessantes para o nosso dia-a-dia como urologisre que o tratamento tardio pode ser empregado em númetas. As perspectivas para os futuros eventos da AUA, nesro significativo de pacientes. te tema, deverão focar novas opções terapêuticas, notaO tratamento quimioterápico, principalmente após o damente sobre as células glandulares ou quanto ao estroescape das medidas de deprivação hormonal, foi discutima. No primeiro tópico já se vislumbra o emprego de do em quase todas as sessões e cursos relacionados ao novos inibidores de receptores de superfície; de inibidocâncer metastático da próstata. Dos esquemas apresenres dos sinais de transdução e da terapia genética sobre o tados, ganham destaque os estudos randomizados já DNA. No campo estromal, aguardamos mais pesquisas mostrados na reunião da ASCO (American Society of sobre os inibidores da angiogênese, dos imunomodulaClinical Oncology) de 2004, onde foi comparada a eficádores e de novos agentes quimioterápicos. cia dos dois fármacos mais empregados nesta situação, Aguardamos, baseados nessas pesquisas, que em futuro ou seja, o docetaxel e a mitoxantrona. O estudo de Petrylak incluiu 760 pacientes e comparou a combinação de docetaxel com estramustina contra mitoxantrona e Congresses Update TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA ma da próstata e idade média de 77 anos, sob tratamento de deprivação hormonal, que responderam questionário sobre nutrição. Concluíram que estes pacientes apresentam déficit nutricional de cálcio 58% do padrão necessário, vitamina D 32%, calorias 66%, proteínas 70% e licopeno em quantidade limítrofe. Baseados nesses resultados aconselham suplementação dietética para corrigir tais deficiências. próximo, o tratamento do câncer metastático terá evolução significativa na luta contra este tumor. AUA 2005 09 CIRURGIA E RADIOTERAPIA Aspectos do tratamento cirúrgico e radioterápico do câncer da próstata Carlos Eduardo Corradi Fonseca Doutor, Professor Assistente de Urologia da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia - Regional MG No Encontro Anual da Associação Americana de Urologia (AUA) 2005, realizado em San Antonio, Texas, foram abordados vários aspectos do tratamento cirúrgico e radioterápico do câncer da próstata na sessão plenária, na de pôsteres, nos cursos, e na sessão de podium. O curso ministrado pelos Drs. Peter T. Scardino, James A. Eastham e Michael Morris do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, New York, NY e Dr. Alan Pollack do Fox Chase Cancer Center, Philadelphia, PA, dos Estados Unidos, relacionado ao tratamento cirúrgico e radioterápico do câncer da próstata, tem seus principais aspectos abordados a seguir e complementados com informações de outras palestras e trabalhos apresentados no Congresso. cirurgião tem sido associada com aumento do sucesso no seguimento pós-tratamento, relacionada com o número de prostatectomias por ano (especialmente mais que 20/ano). Estes resultados sugerem fortemente que variações na performance cirúrgica alteram significantemente a qualidade de vida no seguimento. Para informação ao paciente sobre a possibilidade de sucesso cirúrgico são usados nomogramas. Margem Positiva Para que o paciente fique livre de progressão em dez anos, a margem deve ser negativa, isto é, o tumor não pode atingir a margem de ressecção cirúrgica. Em margens positivas, segundo a série de Peter Scardino, Nova York, EUA, Procedimentos Cirúrgicos Prostatectomia Radical As maiores vantagens da prostatectomia radical comparada com outros tratamentos são a alta incidência de erradicação do câncer, a facilidade de detecção de recorrência, a baixa morbidade da operação e o tratamento possível das grandes complicações que afetam a qualidade de vida, como incontinência urinária e disfunção erétil. As maiores desvantagens são o risco de cirurgia de grande porte, a freqüência de disfunção urinária e sexual e o tempo para a volta ao trabalho. É recomendada para pacientes com câncer da próstata localizado (cT1-T3aN0MX), com expectativa de vida 10 a sobrevida livre de doença é de 36,4% em dez anos e tem 3,23 vezes mais chances de recorrência por ano de seguimento, mesmo com invasão de vesícula seminal. Margem positiva reduz consideravelmente a possibilidade de cura. Em revisão recente a taxa de margem positiva era de 25%, mas pode ser reduzida para 10% com um planejamento cirúrgico detalhado para cada paciente. A baixa taxa é associada com alta cura do câncer e margem positiva, assim como outros fatores como o nível de PSA, o grau e o estágio patológico, com baixa taxa de cura. De todos esses fatores, somente a margem cirúrgica pode ser influenciada pela técnica. maior que dez anos, e pacientes com estado geral preser- Em revisão de 4.629 homens tratados por radical, estágio vado. Mesmo se o risco de recorrência pós- T1-T3NXM0, por 44 cirurgiões em dois grandes centros prostatectomia radical aumentar com o avanço do estágio dos Estados Unidos, a taxa de margem positiva variou de clínico, grau de Gleason e PSA (Antígeno Prostático 10% a 48%, diminuindo com os cirurgiões com número Específico), não há um valor determinado que exclui um maior de casos e atentos a detalhes cirúrgicos. Com a paciente como candidato a esse tratamento. A evolução remoção completa da próstata e vesículas seminais, 25% após a cirurgia varia muito com detalhes finos da técnica e dos pacientes com invasão de vesículas seminais estarão é muito sensível à pequenas variações. A experiência do livres de doença em dez anos. Congresses Update AUA 2005 Kupelian et al 36 Scardino (n=940) Disfunção Erétil Pós-Prostatectomia Baixo Risco (Soma de Gleason <7, PSA <10) Pacientes, n(%) +SM bNED de 5 anos (todos os pacientes) 143 (48%) 39% 80% 522 (55%) 3.5% 93% Alto Risco (Soma de Gleason >6 ou PSA >10) 155 (52%) 59% 37% Pacientes, n(%) +SM bNED de 5 anos (todos os pacientes) 418 (45%) 15.3% 61% Abreviação: bNED, sem evidências bioquímicas de doença; SM, margens cirúrgicas. Incontinência Pós-prostatectomia Os riscos de incontinência pós-prostatectomia radical variam muito e são reportados numa taxa de 5% a 20% em cirurgiões de grandes centros médicos e de 8% a 32%, quando respondidos por pacientes em questionários. São fatores importantes: a idade, técnica cirúrgica, preservação dos feixes vásculo-nervosos e esclerose de colo vesical. Modificações na técnica cirúrgica aumentaram a continência: a) menor manipulação da uretra no ápice prostático; b) preservação de todo o tecido periuretral distal ao ápice; c) associando tecido da fáscia pélvica lateral cobrindo o complexo venoso nos pontos da anastomose uretracolovesical; Antes de 1980 a maioria dos pacientes perdia a ereção após a cirurgia radical. Walsh e cols ( Walsh PC Anatomic radical prostatectomy: evolution of the surgical technique, J Urol 160:2418-24,1998.) desenvolveram a técnica de preservação dos feixes vásculo-nervosos e 70% dos pacientes potentes pré-operatórios mantiveram sua ereção. Trabalhos mostraram que alguns fatores são importantes na recuperação da potência como a idade do paciente, ereções fortes no pré-operatório, preservação dos feixes e detalhes finos na técnica cirúrgica. Com o uso de drogas orais como sildenafil ou injeções intracavernosas de vasodilatores, muitos pacientes podem recuperar a atividade sexual, havendo ainda outros tratamentos para os casos de falha. Gráfico 1. Curva de Kaplan-Meier ilustrando a recuperação da potência com o decorrer do tempo, de acordo com o grau de preservação dos feixes neurovasculares268. 1.0 Probabilidade de recuperação da potência Característica CIRURGIA E RADIOTERAPIA O tempo médio de recuperação da continência é de seis semanas com 92% de continência aos 12 meses e de 95% aos 24 meses. Menos de 1% dos pacientes perdem urina que justifique um esfíncter artificial, que é o melhor tratamento na atualidade nos casos indicados. Tabela 1. Comparação ajustada ao risco de 5 anos sobre ausência de progressão (bNED de 5 anos) em pacientes de baixo e alto risco que apresentam cânceres de estágio clínico T1-2 Nx MO tratados de 1983-1987, comparando duas séries cirúrgicas com diferentes taxas de margens cirúrgicas positivas. As margens positivas parecem ser um forte indicador das taxas de controle de câncer em longo prazo para cânceres com características pré-operatórias similares (estágio clínico, grau de Gleason e PSA). .9 .8 .7 .6 .5 .4 .3 .2 .1 Nervo poupado bilateralmente (n=181) Lesão nervosa uni/bilateral (n=107) Ressecção unilateral (n=24) 0 0 12 24 36 48 60 Acompanhamento (meses) d) eversão grande da mucosa do colo vesical. Tabela 2 .Estudos que examinaram o risco de incontinência após a prostatectomia radical. Estudo Nº Steiner et al, 1991 Leandri et al, 1994 Zincke et al, 1994 Catalona et al, 1999 Geary et al, 1995 Eastham et al, 1996 593 398 1728 1325 458 581 Murphy et al, 1994 Litwin et al, 1995 Walsh et al, 2000 Sebesta et al, 2002 1796 98 62 674 Fowler et al, 1993 Stanford et al, 2000 738 1291 Incontinência (%) Entrevista com o paciente 8 5 5 8 20 9 Definição da incontinência Vazamentos com atividade moderada Vazamentos com atividade moderada Necessita de > _ 3 absorventes/dia Necessita de absorventes Necessita de absorventes Vazamentos com atividade moderada Pesquisas com pacientes Necessita de absorventes Pontuação de “ Incômodo” Necessita de absorventes Qualquer uso de absorvente ou troca das roupas intímas para se manter seco Pesquisas com pacientes 31 Absorventes ou clamps 8.4 Incontinência grave 21.6 Necessita de absorventes Congresses Update 19 25 5 32 AUA 2005 11 CIRURGIA E RADIOTERAPIA Tabela 3 . Probabilidade de recuperação da potência em 24 e 36 meses, com base em uma 268 combinação de parâmetros pré e pós-operatórios (modificada). Probabilidade (%) de recuperação da potência em 24 meses (36 meses) Potência pré-operatória Idade < _ 60 Idade > 65 Idade 60.1-65 Nervo poupado bilateralmente 70 (76) Ereção total Ereção total, reduzida recentemente 53 (59) Ereção parcial 43 (49) Lesão unilateral ou bilateral do feixe neurovascular Ereção total 60 (67) 44 (50) Ereção total, reduzida recentemente Ereção parcial 35 (40) Ressecção unilateral do feixe neurovascular Ereção total 26 (30) Ereção total, reduzida recentemente 17 (20) 13 (15) Ereção parcial 49 (55) 34 (39) 27 (31) 43 (49) 30 (35) 23 (27) 40 (46) 28 (32) 21 (25) 35 (41) 24 (28) 18 (21) 15 (18) 10 (12) 7.5 (8.8) 13 (15) 8.5 (10) 6.3 (7.5) Controle do Câncer com a Prostatectomia Prostatectomia Laparoscópica Com a cirurgia, a maioria dos pacientes tem sobrevida livre de doença. A recorrência bioquímica, isto é, aumento de PSA acima de determinado nível, é controversa quanto ao valor considerado do mesmo, sendo que alguns autores consideram o PSA acima de 0,2ng/ml e outros acima de 0,4ng/ml. Com PSA maior que 0,3ng/ml Gibbons e cols É o método estabelecido para o tratamento do câncer da próstata localizado e respeita os mesmos princípios oncológicos da cirurgia aberta. Tecnicamente desafiador, é um procedimento seguro e reproduzível em mãos de experientes cirurgiões. Margens positivas estão declinando e variam em séries iniciais de 17% a 26,4%. Nas grandes séries, como de Montsouris, a margem positiva foi em média 19,2%, sendo 15,4% em pT2 e 31% em pT3. (Gibbons RP, Correa RJ Branner GE et al.Total prostatectomy for clinically localized prostate cancer. Natl Cancer Inst Monogr 7,1988), relataram 82% de sobrevida em câncer específico em quinze anos. Gráfico 2 . Redução da taxa de margem cirúrgica positiva em uma experiência recente de prostatectomia radical laparoscópica. .2 Probabilidade de margem cirúrgica positiva Zincke e cols (Zincke H.Oestering JE,Blute ML et al. Longterm (15 years) results after radical prostatectomy for clinically localized (stage T2c or lower) prostate cancer. Journal of Urology 152: 1850-7,1994), reportaram 90% em dez anos e 82% em quinze anos em pacientes T1-T2 NXM0 tratados somente com prostatectomia radical. A taxa de progressão depende do estágio clínico, grau de Gleason, PSA, técnica cirúrgica e margens positivas. .15 .1 .05 0 0 100 200 Número de cirurgias concluídas 300 253 Tabela 4 . Complicações perioperatórias e mortalidade da prostatectomia retropúbica radical em séries contemporâneas Mayo 279 Universidade de Washington Complicações (N=1324), n(%) Mortalidade 3 (0.2) 3 (0.2) Lesão retal Colostomia … Lesão ureteral … Infarto do miocárdio 9 (0.7) Embolismo pulmonar 22 (1.7) 8 (0.6) Tromboflebite/TVP Sepse … Infecção da ferida ou deiscência 17 (1.3) … Linfocele Extravasamento prolongado de fluidos 8 (0.6) 4 (0.3) Perda precoce do cateter … Constrição da anastomose 278 Clínica (N=1000), n(%) 0 (0.0) 6 (0.6) 0 (0.0) … 7 (0.7) 6 (0.6) 14 (1.4) 2 (0.5) 9 (0.9) … … … 87 (8.7) 280 Baylor (N=472), n(%) Geral (N=3834), n(%) 5 (1.2) 11 (2.9) … 1 (0.2) 3 (0.7) 6 (1.4) 7 (1.7) … 11 (2.6) 28 (6.7) … … 37 (8.6) 2 (0.4) 3 (0.6) 0 (0.0) 1 (0.2) 2 (0.4) 5 (1.0) 6 (1.3) 3 (0.6) 14 (2.9) 10 (2.1) 3 (0.6) 7 (1.5) 42 (9.0) 11/3834 (0.3) 26/3834 (0.7) 0 (0.0) 2/1510 (0.1) 22/3834 (0.6) 44/3834 (1.1) 49/3834 (1.3) 6/2092 (0.3) 57/3834 (1.5) 52/1510 (3.4) 11/1796 (0.6) 11/1796 (0.6) 169/2510 (6.7) * Observar que as complicações não são mutuamente exclusivas, isto é, um paciente pode ter apresentado mais de uma complicação. 12 Congresses Update *. Ulm (N=418), n(%) AUA 2005 As margens positivas podem ser reduzidas em grandes séries em até 41%, mas, infelizmente, não resulta em melhor controle do câncer ou probabilidade de sobrevida livre de doença sem a progressão do PSA. A hormonioterapia neoadjuvante representa um custo adicional, retarda o tratamento definitivo, causa uma fibrose periprostática que dificulta a dissecção e aumenta a possibilidade de impotência sexual pós-operatória. Radioterapia Adjuvante Pós-Prostatectomia Radical A radioterapia tem sido usada como adjuvante pósprostatectomia radical em casos patológicos T3 e T4 mas, às vezes, é difícil saber se a recidiva é local ou trata-se de metástases a distância. Para melhor seleção dos pacientes, investigadores tentam definir variáveis associadas à resposta durável para a radioterapia de salvamento. A maioria mostrou que quando o PSA encontra-se menor que 1ng/ml e 2ng/ml ou que tiveram PSA indetectável pósprostatectomia, há um melhor resultado com a radioterapia adjuvante. Outros fatores relacionados à baixa resposta são o PSA elevado pré-radioterapia, Gleason 8-10, margens negativas, vesículas seminais acometidas, e tempo de duplicação do PSA (PSA doubling time) menor que dez meses. Quando há recidiva bioquímica nos pacientes com margem negativa na cirurgia é indicativo de metástases a distância, enquanto recidiva bioquímica em margem positiva pode ser principalmente doença residual na pelve e desta forma pode responder à radioterapia de salvamento. Em geral, acredita-se que um rápido aumento do PSA no pósoperatório significa presença de metástases a distância e contra-indica a radioterapia, e um crescimento lento seja recidiva local, podendo ser usada a radioterapia adjuvante. Anscher e cols da "Duke University", (Anscher MS, Robertson CN, Prosntz R.Adjuvant radiotherapy for pathologic stage T3/4 adenocarcinoma of the prostate: ten years update. Int J Radiat Oncol Biol Phys 33:37-43,1995), mostraram aumento do controle local comparado à cirurgia isolada. A taxa atual do controle local em dez e quinze anos recebendo radioterapia pós-operatória foi de 92% e 82%, respectivamente. Entretanto, a diferença de taxa de metástases a distância não foi significante em quinze anos. Valicenti e cols. (Valicenti Rk,Gomella LG, Ismail M. et al.- Congresses Update The efficacy of the early adjuvant radiation therapy for pT3N0 prostate cancer: a matched-pair analysis Int J Radiat Oncol Biol Phis 45:53-8,1999), mostraram taxa de sobrevida livre de doença em cinco anos de 89% com radioterapia adjuvante à cirurgia e 55% com tratamento cirúrgico isolado. Em alguns estudos é controverso o uso da radioterapia pós-prostatectomia em pacientes com recidiva bioquímica. Radioterapia A radioterapia, assim como a cirurgia, é indicada para o completo controle local do câncer da próstata para evitar futura disseminação, mantendo ótima função intestinal, urinária e sexual, podendo ser usada isolada ou associada a outras formas de tratamento. Para a radioterapia o sucesso é definido como baixo (menor que 0,5ng/ml) e estável (PSA três anos pós-tratamento). A biópsia negativa dois a três anos após a radioterapia, também é um preditivo de uma boa evolução. A melhor maneira de tratamento do câncer da próstata localizado permanece controversa pela ausência de trabalhos clínicos controlados, pela freqüente seleção de radioterapia sobre cirurgia para pacientes idosos, e pelo maior uso da radioterapia em tumores agressivos, isto é, de alto grau e estágios localmente mais avançados. CIRURGIA E RADIOTERAPIA Hormonioterapia Neoadjuvante Braquiterapia A implantação de material radioativo no tecido é um antigo conceito para aumentar a dose de radiação nas áreas tumorais, diminuindo a dose nos tecidos normais, tendo havido significante avanço na técnica com o uso de ultrasom. A seleção adequada dos pacientes para braquiterapia é o fator mais importante para a sobrevida sem recidiva e esta é excelente e similar à radioterapia externa. Alguns estudos mostraram que pacientes de risco intermediário ou alto risco podem evoluir melhor com radioterapia externa ou com a combinação de radioterapia externa e braquiterapia, como no comparativo de D'Amico e cols. (D´Amico AV, Wittington R, Malkowicz SB, et al. Biochemical outcome after radical prostatectomy, external beam radiation therapy, or intersticial radiation therapy for clinically localized prostate cancer. Jama 280:96974,1998). Resultados similares foram descritos por Brachman e cols. (Brachman D, Thomas T, Hilbe J, et al. Failure-free survival following brachytherapy alone or external beam irradiation alone for T1-2 prostate tumors in 2222 patients results from a single practice. Int J of AUA 2005 13 CIRURGIA E RADIOTERAPIA Radiation Oncology Biology Phisics 48:111-7, 2000). Pacientes com câncer mais avançado, tratados com radioterapia externa e braquiterapia, tiveram maior sobrevida livre de doença que os de braquiterapia isolada (76% x 60% em dez anos). Entretanto, Blasko e cols (Blasko JC,Grimm PD, Sylvester JE, et al. The role of external beam radiotherapy with I-125/ Pd-103 brachytherapy for prostate carcinoma. Radiother Oncol 57:273-8,2000), não mostraram diferença significativa com sobrevida livre de doença em cinco anos de 85%. Kupelian e cols (Kupelian PA, Potters L, Khuntia D, et al.Radical prostatectomy, external beam radiotherapy for stage T1-T2 prostate cancer and Int J radiat Oncol Biol Phys 58:25-33, 2004), em estudo multicêntrico de análise comparativa de braquiterapia, radioterapia externa e braquiterapia, radioterapia externa e prostatectomia radical, (na dose > 72Gy) mostraram resultados semelhantes (mas não na dose < 72Gy). Usando as modernas técnicas nos pacientes de risco intermediário, talvez não haja necessidade de radioterapia externa associada à braquiterapia. Tabela 1 . Séries de braquiterapia permanente (monoterapia) por grupos de risco. Autores Características Potters* Ano 1999 Nº de pacientes 717 Acomp. mediano (meses) 41 Tempo de análise (anos) 5 FFBF (%) Todos Baixo risco Risco intermadiário Alto risco * 16% tratados com EBRT + Braqui Zelefsky Brochman 2000 2000 248 695 48 51 5 5 82 93 77 62 71 88 77 38 … 87 76 53 Blasko Kollmeier 2003 2000 634 243 58 75 8 10 ~90 94 85 62 … 88 81 65 Efeitos colaterais no reto são menos pronunciados que os urinários, mas pode ocorrer retite e fístulas prostato-retais em 1% dos casos. As ocorrências destas não são bem reportadas e é provável uma maior incidência. Braquiterapia e Radioterapia Externa Os pacientes de médio e alto risco podem ser submetidos ao tratamento combinado, mas a morbidade aumenta e há dúvida se a taxa de controle tumoral é melhor. Critz e cols (Critz FA, Williams WH, Levinson AK, et al. Simultaneous irradiation for prostate cancer: intermediate results with modern techniques. J urol 164: 738-41,2000), advogam o uso dessa combinação para todos os pacientes, fazendo a braquiterapia seguida de radioterapia externa, mas não descrevem bem a morbidade. A maioria dos investigadores faz a radioterapia externa e duas semanas após a braquiterapia. Radioterapia Externa Foi introduzida como uma modalidade curativa nos anos 50. A dose limite para evitar complicações vesicais e retais é de 70Gy com a técnica de megavoltagem convencional e dose abaixo disso é considerada subdose, o que contribui para falha significante de tratamento. A braquiterapia para câncer da próstata pode resultar em significante morbidade, incluindo cateterismo a curto e a longo prazo. Fatores ligados às complicações agudas estão relacionados ao tamanho da próstata (> 55 gr), volume de uretra que recebe alta dose e pacientes com escore de sintomas elevados (>10). Pode ser usado alfabloqueador profilaticamente para diminuir os sintomas pós-procedimento. Para pacientes com próstata aumentada a administração de bloqueio androgênico neoadjuvante é usada, e RTU anterior está relacionada à maior índice de incontinência urinária. A radioterapia moderna, como a 3D Radioterapia Conformacional (3D CRT) e a Radioterapia Intensiva Modulada (IMRT), permitiu elevação da dose sem aumentar as complicações do processo. Em todos os trabalhos retrospectivos e prospectivos, o aumento da dose de irradiação está associado com redução da falha de tratamento, usando o PSA como controle. Os pacientes com médio risco são beneficiados com dose maior que 70Gy, descrito principalmente pelo Fox Chase Cancer Center, mas os de alto risco com aumento da dose de 70Gy para 75,6Gy, têm apresentado ganho pequeno, sugerindo que talvez o melhor seja a terapia combinada (por exemplo, a supressão andrógena e radioterapia). A falha da radioterapia da ASTRO é de três consecutivas elevações no follow-up de três a seis meses no ponto médio do nadir. Brian J Moram de Westmond, IL mostrou que em 2.527 pacientes tratados com braquiterapia, 7,3% tiveram retenção urinária e o fator mais significativo para a retenção foi próstata maior que 50gr. A definição de Houston é que a falha bioquímica se dá acima de 2 ng/ml acima do PSA nadir, parece ser melhor que a da ASTRO e é a definição de escolha de vários congressos da atualidade. FFBF = ausência a partir do insucesso bioquímico 14 Thieng A Flam e um Grupo de Paris, França relatam morbidade urinária em 45% dos pacientes em dois meses pós-braquiterapia e 10% em seis meses e, também, que próstata maior que 50gr é o fator mais importante para problemas urinários pós-tratamento. Congresses Update AUA 2005 Resultado de 5 anos Autor (instituição) Zelefsky (MSKCC) Lyons (ClevClin) Ano 2001 n 1100 2000 738 Hanks (FCCC) 2000 618 Pollack (MDACC) 2000 1213 bNED = sem evidências bioquímicas da doença Risco Baixo % bNED* (Dose 1, Gy) % bNED (Dose 2, Gy) 77 (< _70) 90 (> _75.6) Intermediário 50 (< _70) 70 (> _75.6) Alto Baixo 21 (< _70) 81 (<72) 47 (> _75.6) 98 (> _72) .001 .002 .02 Intermediário Alto … 41 (<72) … 75 (> _72) … .001 Baixo Intermediário 86 (<70) 29 (<71.5) 80 (> _70) 66 (> _71.5) NS <.05 Alto Baixo 8 (<71.5) 84 (< _67) 29 (> _71.5) 91 (>67-70) <.05 NS Baixo Intermediário 91 (>67-77) 55 (< _67) 100 (>77) 79 (>67-70) NS .0001 Intermediário Alto 79 (> 67-77) 27 (< _67) 89 (>77) 47 (>67-77) NS .0001 Alto 47 (>67-77) 67 (>77) .016 Gráfico 1 e 2 . Resultados de Kaplan-Meier sobre ausência de insucesso bioquímico no estudo clínico randomizado MDACC de 70 Gy vs 78 Gy, subdividindo os pacientes de acordo com a presença de PSA pré-tratamento de <_ 10 ng/ml (a) ou >10 ng/ml (b). Tabela 3 . Critérios utilizados para definição de grupos de risco baixo, intermediário e alto de câncer da próstata para os modelos de fatores de risco simples e duplos elevados. Modelo de fator Único Baixo Risco Característica PSA <_ 10 ng/ml 78 Gy < _ 10 2-6 T1-T2c Risco Intermediário Presença de 1 ou mais* Presença de 1 10-20 7 … >10 > _7 > _ T3 PSA Soma de Gleason Estágio clínico 70 Gy Modelo de fator Duplo < _ 10 2-6 T1-T2c PSA Soma de Gleason Estágio clínico 1.0 Fração sem insucesso ‡ Resultados em 4 anos (publicados em capítulo de livro) † baseado no nível de PSA antes do tratamento .9 .8 .7 .6 .5 .4 .3 .2 .1 P .05 CIRURGIA E RADIOTERAPIA Tabela 2 . Resultados de aumento prospectivo ou retrospectivo seqüencial de dose de EBRT Alto Risco Presença de 1 ou mais Presença de 2 ou 3 PSA Soma de Gleason Estágio clínico P = 0.46 0.0 0 20 40 60 80 100 >20 8-10 > _ T3 >10 > _7 _ >T3 * Excluindo pacientes com qualquer característica de alto risco 35 Meses após a radioterapia (a) † Derivado de D'Amico et al , com pouca modificação. No modelo ilustrado, os pacientes T1-T2c foram incluídos nos grupos de baixo risco, uma vez que em Fox Chase não houve diferença estatística entre T2a, T2b e T2c utilizando FFBF como endpoint. 162 ‡ Derivado de Zelefsky et al A tabela é modificada a partir de Chism et al, Int. J. Radiat. Oncol. Biol. Phys., em impressão, utilizada com permissão. PSA > 10 ng/ml 1.0 Gráfico 3 . Estimativas de Kaplan-Meier sobre ausência de insucesso bioquímico após radioterapia, utilizando o modelo de alto risco de fator único. .8 .7 1.0 78 Gy .6 .5 .4 70 Gy .3 .2 .1 P = 0.012 0.0 0 20 40 60 80 100 Meses após a radioterapia (b) Fração sem insucesso bioquímico Fração sem insucesso .9 .9 .8 .7 .6 .5 .4 .3 .2 .1 Baixo risco Risco intermediário Alto risco 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 132 144 156 Meses Fonte tabelas e gráficos: Peter T.Scardino et al. Treatment of Organ-confined, Locally Advanced & Metastatic Prostate Cancer. Course 78 pm, May 24th, 2005. AUA Education and Research Inc. 2005 Annual Meeting. Congresses Update AUA 2005 15 ABSTRACTS Abstracts 557 - Does the less aggressive multimodal approach of bladderprostate rhabdomyosarcoma preserve bladder function? Roberto Soler*, Antonio Macedo, Homero Bruschini, Gilmar Garrone, Fabiola Puty, Eliana Caram, Antonio Petrilli, Maria José Felizardo, Valdemar Ortiz, Miguel Srougi, São Paulo, Brasil. Participação Científica Brasileira Relação de estudos apresentados em diversas atividades científicas do "100º Encontro Anual da AUA" que tiveram a participação de especialistas brasileiros. Discussed Posters 388 - Single nucleotide polymorphism (SNP) and splicing variant in C-terminal region of TCF-4 gene are related to the pathogenesis of prostate cancer Hiroaki Shiina*, Izumo, Japan; Hideki Enokida, Shinji Urakami, Tatsuya Ogishima, Toshifumi Kawakami, Long-Cheng Li, San Francisco, CA; Hirofumi Kishi, Kazushi Shigeno, Izumo, Japan; Leopoldo A. RibeiroFilho, Alvaro S. Sarkis, São Paulo, Brasil; Laura Tabatabai, Christopher J. Kane, Peter R. Carroll, San Francisco, CA; Mikio Igawa, Izumo, Japan; Rajvir Dahiya, San Francisco, CA 451 - Hypomethylation of the heparanase promoter in prostate cancer and its positive association with early PSA failure after radical prostatectomy Hiroaki Shiina*, Izumo, Japan; Tatsuya Ogishima, Hideki Enokida, Shinji Urakami, Toshifumi Kawakami, Long-Cheng Li, San Francisco, CA; Hirofumi Kishi, Kazushi Shigeno, Izumo, Japan; Leopoldo A. Ribeiro-Filho, Alvaro S. Sarkis, São Paulo, Brasil; Laura Tabatabai, Christopher J. Kane, Peter R. Carroll, San Francisco, CA; Mikio Igawa, Izumo, Japan; Rajvir Dahiya, San Francisco, CA 389 - CpG hypermethylation of adenomatous polyposis coli (APC) promoter is a candidate biomarker to predict biological aggressiveness of localized prostate cancer Hiroaki Shiina*, Izumo, Japan; Hideki Enokida, Shinji Urakami, Tatsuya Ogishima, Toshifumi Kawakami, Lomg-Cheng Li, San Francisco, CA; Hirofumi Kishi, Kazushi Shigeno, Izumo, Japan; Leopoldo A. RibeiroFilho, Alvaro S. Sarkis, São Paulo, Brasil; Christopher J. Kane, Peter R. Carroll, San Francisco, CA; Mikio Igawa, Izumo, Japan; Rajvir Dahiya, San Francisco, CA 516 - A SIMPLIFIED METHOD TO ESTIMATE THE ABSOLUTE RENAL UPTAKE OF 99mTc-DMSA: EVALUATION WITH A NEW MODEL USING THE RADIOACTIVITY OF NEPHRECTOMY SPECIMENS AS REFERENCE. Mariana da Cunha Lopes de Lima, Celso D. Ramos, Sérgio Q. Brunetto, Marcelo Lopes de Lima, Carla Raquel Mendes Sansana, Luciana Sampaio Vidal, Elba Cristina de Sá Camargo Etchebehere, Allan de Oliveira Santos, Ubirajara Ferreira*, Nelson Rodrigues Netto Jr, Edwaldo Eduardo Camargo, Campinas, Brasil. 392 - Promoter methylation of CYP1A1 gene in human prostate cancer Hiroaki Shiina*, Izumo, Japan; Shinji Urakami, Hideki Enokida, Takashi Tokizane, Toshifumi Kawakami, Long-Cheng Li, San Francisco, CA; Leopoldo A. Ribeiro-Filho, Alvaro S. Sarkis, São Paulo, Brasil; Hirofumi Kishi, Kazushi Shigeno, Izumo, Japan; Christopher J. Kane, Peter R. Carroll, San Francisco, CA; Mikio Igawa, Izumo, Japan; Rajvir Dahiya, San Francisco, CA 1298 - Bladder Dysfunction after Simultaneous Pancreas-Kidney Transplantation Rogério Simonetti*, Roberto Soler, José Carlos Truzzi, Claudio Almeida, Valdemar Ortiz, Miguel Srougi, Homero Bruschini, São Paulo, Brasil. 779 - Gamma-catenin gene hypermethylation status as a potential marker for human bladder cancer progression Leopoldo A. Ribeiro-Filho*, São Paulo, Brasil; Hiroaki Shiina, Izumo, Japan; Julia E. Breault, San Francisco, CA; Pedro Edson Moreira Guimaraes, Iran Amorin da Silva, Marco Antonio Arap, São Paulo, Brasil; Mikio Igawa, Izumo, Japan; Hideki Enokida, Suguru Yonezawa, Masayuke Nakagawa, Kagoshima, Japan; Antonio Marmo Lucon, Alvaro S. Sakis, São Paulo, Brasil; Rajvir Dahiya, San Francisco, CA 1182 - Cryoablation of renal angiomyolipomas: a new therapeutical option Omar R. El Hayek*, Wladimir Alfer, Jr, Antonio C. L. Pompeo, José R. Colombo, Jr, Sami Arap, Antonio M. Lucon, São Paulo, Brasil. 1434 - Detrusor collagen in patients with benign prostatic hyperplasia: interrelationship with urodynamic parameters Cristiano M. Gomes*, Wesley O. Ribeiro, Elia Caldini, Claudia N. Battlehner, Flavio E. Trigo-Rocha, Geraldo C. Freire, Antonio M. Lucon, São Paulo, Brasil. 1437 - 3-D FINE ARCHITECTURE OF THE COLLAGEN FIBERS BASAL LAMINA IN TRANSITIONAL ZONE ACINI OF HUMAN NORMAL PROSTATE Marcio A. Babinski, Waldemar S. Costa, Fabricio B. Carrerete, Francisco J. Sampaio*, Rio De Janeiro, Brasil. 1370 - Rat vas deferens and propylene mesh: is there a functional obstruction? Luiz C. Maciel*, Sidney Glina, Paulo Augusto Neves, Ricardo Destro Saad, Marbele S. Guimarães, Nelson Rodrigues Netto, Jr, Campinas - São Paulo, Brasil. 1502 - RESTORATION OF FERTILITY AFTER TREATMENT FOR CANCER Renato Fraietta, Deborah M. Spaine*, Agnaldo P. Cedenho, Valdemar Ortiz, Miguel Srougi, São Paulo, Brasil. 1506 - EFFECTS OF CRYOPRESERVATION ON SPERM NUCLEAR DNA INTEGRITY IN OLIGOZOOSPERMIC PATIENTS Thais Serzedello de Paula, Pericles Hassun*, Agnaldo Cedenho, Valdemar Ortiz, Miguel Srougi, São Paulo, Brasil. 1512 - THREONINE 12 ALANINE MUTATION OF THE DELETEDIN-AZOOSPERMIA-LIKE GENE IN INFERTILE BRASILIAN MEN WITH NON-OBSTRUCTIVE AZOOSPERMIA Debora Spaine, Pericles Hassun*, Agnaldo Cedenho, Valdemar Ortiz, Miguel Srougi, São Paulo, Brasil. Moderated Posters 76 - URINARY TRACT INFECTION IN HTLV-I Positive Individuals Néviton M. Castro*, Waldyr Rodrigues, Jr, Daniel Meira Freitas, André Muniz, Paulo Oliveira, Ubirajara Barroso, Juarez Andrade, Edgar M. Carvalho, Salvador, Brasil. 83 - MICROVASCULAR TUMOR INVASION IN RENAL CELL CARCINOMA: THE MOST IMPORTANT PROGNOSTIC FACTOR Marcos Francisco Dall'Oglio, Alberto Azoubel Antunes, Pierre D. Gonçalves, Alexandre Crippa, Kátia R. M. Leite, Miguel Srougi*, São Paulo, Brasil. 1516 - RELATIONSHIP BETWEEN CIGARETTE SMOKING AND THE LEVELS OF ANTIOXIDANTS AND LEUKOCYTES IN INFERTILE MEN: A PROSPECTIVE STUDY Eleonora Bedin Pasqualotto, Fernanda Medeiros Umezu, Caxias Do Sul, Brasil; Ashok Agarwal, Cleveland, OH; Mirian Salvador, Fabio Firmbach Pasqualotto*, Caxias Do Sul, Brasil 1620 - Individualized treatment for patients with ESRD and severe bladder dysfunction is essential for a successful renal transplantation William C. Nahas*, Eduardo Mazzucchi, Ioannis M. Antonopoulos, Francisco T. Dénes, Affonso C. Piovesan, Lilian M. Pereira, Elias David-Neto, Luiz E. Ianhez, Antonio M. Lucon, São Paulo, Brasil. 99 - Intracorporeal Renal Perfusion with Hypertonic Saline Solution Permits Renal Shrinking, Shorter Incision with No Tumors Cells Spillage. A Promising Novel Technique for Laparoscopic Radical Nephrectomy. Cassio Andreoni*, Mardhen Araujo, Valdemar Ortiz, Miguel Srougi, São Paulo, Brasil. 1621 - Outcome of third and subsequent renal transplants performed by the extra peritoneal access Eduardo Mazzucchi*, Alexandre Danilovic, Joannis Michel Antonopoulos, Afonso Celso Piovesan, Luiz Estevam Ianhez, William Carlos Nahas, Antonio Marmo Lucon, São Paulo, Brasil. 276 - IMPLICATIONS OF URINARY REFLUX IN A CONTINENT URINARY DIVERSION: AN EXPERIMENTAL MODEL Américo T. Sakai, Yuriko I. Sakai, Oscar e Fugita*, Agnaldo P. Cedenho, Miguel Srougi, São Paulo, Brasil. 325 - SIMPLIFIED RECONSTRUCTION OF TRAUMATIC POSTERIOR URETHRAL DISTRACTION DEFECTS: LIMITED ROLE OF CORPORAL REROUTING Allen F. Morey*, Ft Sam Houston, TX; Steven B. Brandes, St Louis, MO; Noel A. Armenakas, New York City, NY; Richard A. Santucci, Detroit, MI; William S. Kizer, Ft Sam Houston, TX; Andre G. Cavalcanti, Rio de Janeiro, Brasil. 439 - OUTCOMES OF THE USE OF FINASTERIDE IN THE TREATMENT OF RECURRENT PRIAPISM IN SICKLE CELL ANEMIA. THREE YEARS OF EXPERIENCE Daibes R. Filho*, Claudio Bragança, Andre Cavalcante, Carlos Manes, Alexandre Araujo, Renato Krambeck, Daibes Rachid, Rio De Janeiro, Brasil. 16 1315 - IS THERE CORRELATION BETWEEN URODYNAMIC FINDINGS AND INTERNATIONAL CONSULTATION ON INCONTINENCE QUESTIONNAIRE - SHORT FORM (ICIQ-SF) SCORE? Cassio Riccetto*, Paulo Palma, Viviane Herrmamm, Miriam Dambros, Marcelo Thiel, Jose Tadeu N. Tamanini, Nelson R. Netto, Jr, Campinas, Brasil. 1693 - CYTOTOXIC EFFECT OF HIGH ENERGY SHOCK WAVE ON RENAL CELL Joaquim Almeida Claro*, Katia Ramos Leite, Carlo C. Passarotti, Enrico Andrade, Mario Paranhos, Valdemar Ortiz, Miguel Srougi, São Paulo, Brasil. Podium 545 - International Multi-Center Study Evaluating the Adjustable Continence Therapy (ProACT™) for Male Post Prostatectomy Stress Urinary Incontinence-Mid-Term Results Flavio Trigo Rocha*, São Paulo, Brasil; Wilhelm A. Huebner, Oliver M. Schlarp, Korneuburg, Austria; Peter John Gilling, Tauranga, New Zealand; Ervin Kocjancic, Novara, Italy; Paulo Palma, Marcus Sadi, São Paulo, Brasil; Robert Carone, Torino, Italy Congresses Update AUA 2005 560 - Evaluation of laparoscopic nephrectomy for Wilms' tumor after preoperative chemotherapy as a new alternative. Ricardo J. Duarte*, Francisco T. Dénes, Lilian M. Cristofani, Amilcar M. Giron, Vicente Odone-Filho, Antonio M. Lucon, São Paulo, Brasil. 834 - COMPARATIVE STUDY BETWEEN VIDEOENDOSCOPIC RADICAL INGUINAL LYMPHADENECTOMY (VEIL) AND STANDARD OPEN LYMPHADENECTOMY FOR PENILE CANCER: PRELIMINARY SURGICAL AND ONCOLOGIC RESULTS Marcos T. Machado*, Alessandro Tavares, Wilson R Molina, Jr, João P. Zambon, Pedro Forsetto, Jr, Roberto V. Juliano, Eric R. Wroclawski, São Paulo, Brasil. 880 - TADALAFIL AND SLOW-RELEASE FLUOXETINE IN PREMATURE EJACULATION - A PROSPECTIVE STUDY Rogerio M. Mattos*, Antonio M. Lucon, São Paulo, Brasil. 926 - The surgical treatment impact of the stress urinary incontinence through suburetral support technique in the sexual life of women submitted this treatment. Antonio Cardoso Pinto, Fabio Baracat*, Nelson Dias Ileo Montellato, Anuar Ibrahim Mitre, Sami Arap, Antonio Marmo Lucon, São Paulo, Brasil. 1575 - External Validation of Outcome Prediction Model for Ureteral/Renal Calculi Sijo J Parekattil*, Cleveland, OH; Udaya Kumar, Little Rock, AR; Nicholas J Hegarty, Cleveland, OH; Clay Williams, Tara Allen, Little Rock, AR; Patrick Teloken, Porto Alegre, Brasil; Victor A Leitão, Nelson R Netto, São Paulo, Brasil; Stevan B. Streem, Cleveland, OH 1643 - A Randomized, Double-blind Study Comparing the Efficacy and Tolerability of Controlled-Release Doxazosin and Tamsulosin in the Treatment of Benign Prostatic Hyperplasia Walter J Koff*, Porto Alegre, Brasil; Eduardo Bertero, São Paulo, Brasil; Geraldo Eduardo Pinheiro, Fortaleza, Brasil; Charles Rosenblatt, São Paulo, Brasil; Ronaldo Damiao, Rio De Janeiro, Brasil; Carlos Teodosio Da Ros, Porto Alegre, Brasil; Eric Roger Wroclawski, São Paulo, Brasil; Francisco Mesquita, Fortaleza, Brasil; Antonio Carolos Lima Pompeo, São Paulo, Brasil; Carlos Eurico Dornelles Cairoli, Porto Alegre, Brasil Video Session V490 - VESICOVAGINAL FISTULA REPAIR. Our Laparoscopic technique. Rene J. Sotelo*, Caracas, Venezuela; Mirandolino B. Mariano, Porto Alegre, Brasil; Alejandro J. Garcia, Rinci Dubois, Caracas, Venezuela; Juan Carlos Valero, Bogotá, Colombia; Antonio Finelli, Henry Yaime, Caracas, Venezuela V501 - EXPANDING INDICATIONS OF INJECTABLES FOR PELVIC FLOOR DYSFUCTIONS Paulo Palma*, Cássio Riccetto, Pedro Dametto Neto, Rogerio Fraga, Marcelo Thiel, Miriam Dambros, Viviane Herrmann, Nelson R. Netto, Jr, Campinas, Brasil. V743 - GRAFT OF CRURAL TUNICA ALBUGINEA FOR THE TREATMENT OF PEYRONIE'S DISEASE. Carlos T. Da Ros, Túlio M. Graziottin*, Eduardo Ribeiro, André Bonfanti, Paulo R. Sogari, Cláudio Teloken, Porto Alegre, Brasil. V748 - DORSAL TUNICA VAGINALIS GRAFT TO RECONSTRUCT THE URETHRAL PLATE FOR COMPLEX ONE-STAGE ONLAY URETHROPLASTY Antonio Macedo, Jr*, Adriano A. Calado, Itamar Gonçalves, Ricardo Freitas, Gilmar Garrone, Mauricio Hachul, Riberto Liguori, Valdemar Ortiz, Miguel Srougi, São Paulo, Brasil. V750 - THE MONFORT TECHNIQUE FOR ABDOMINAL WALL RECONSTRUCTION, ORCHIDOPEXY AND ELECTIVE APPENDICOVESICOSTOMY IN THE MANAGEMENT OF THE PRUNE-BELLY SYNDROME Riberto Liguori, Antonio Macedo, Jr*, Itamar Gonçalves, Yuri Nobre, Gilmar Garrone, Mauricio Hachul, Valdemar Ortiz, Miguel Srougi, São Paulo, Brasil. V1151 - Laparoscopic Psoas Hitch Ureteroneocystostomy for Ureterovaginal Fistula: Complete Description of the Technique Cassio Andreoni*, Luis Sabino, Cristiano Paiva, Mardhen Araujo, Homero Bruschini, Miguel Srougi, São Paulo, Brasil. V1157 - VASCULAR COMPLICATIONS IN LAPAROSCOPIC UROLOGIC PROCEDURES Mirandolino Batista Mariano, Porto Alegre, Brasil; Rene J. Sotelo*, Caracas, Venezuela; Flavio Santinelli, Buenos Aires, Argentina; Alejandro J. Garcia, Antonio Finelli, Henry Yaime, Rinci Dubois, Caracas, Venezuela V1343 - Microsurgical organ-sparing ultrasound guided needle localization for bilateral synchronous testicular tumor combined with microdissection for sperm extraction and cryopreservation in an azoospermic patient evaluated for infertility- a 3 D demonstration of principles and technique Jorge Hallak*, Alvaro Sarkis, Marcello Cocuzza, Kelly S. Athayde, Giovanni Cerri, Antonio M. Lucon, São Paulo, Brasil. V1591 - Laparoscopic Nephron Sparing Surgery for Hilar Tumors: Major Polar Resection, Hilar Enucleation and Hilar Wedge Resection Cassio Andreoni*, Oskar G. Kaufmann, João F. Neves Neto, Nelson Gattas, Valdemar Ortiz, Miguel Srougi, São Paulo, Brasil.