guia da oficina de elaboracao de programas de atencao

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guia da oficina de elaboracao de programas de atencao
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE CURITIBA
O MANEJO DAS CONDIÇÕES CRÔNICAS
NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
OFICINA 1
ALINHAMENTO CONCEITUAL
Guia do Participante
Facilitador:
Eugênio Vilaça Mendes
CURITIBA, 25 e 26 DE AGOSTO DE 2010
1
INTRODUÇÃO
O estudo de carga de doenças no Brasil revela uma situação de saúde que combina uma
transição demográfica acelerada e uma tripla carga de doenças.
Uma análise da situação demográfica revela que, no momento, 10% da população
brasileira tem mais de 60 anos e que, no ano de 2025, o percentual de pessoas idosas
alcançará 15% do total, chegando a um número superior a 40 milhões de basileiros.
Esses números expressam uma situação de transição demográfica acelerada, o que
contribuirá para o incremento das doenças crônicas. Por outro lado, os dados da
Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar do IBGE (PNAD/2008) revelaram que à medida
que a idade aumenta, cresce o número relativo de portadores de doenças crônicas e que
79% das pessoas entrevistadas disseram ter doença crônica diagnosticada. Isso significa
que a tendência de envelhecimento relativo da população aponta para um crescimento
relativo das doenças crônicas no quadro epidemiológico do País em anos futuros.
A carga de doenças, medida por anos de vida ajustados por incapacidade (AVAI´s),
revelou a seguinte composição: 15% por doenças infecciosas, parasitárias e carenciais;
10% por causas externas; 9% por condições maternas e perinatais; e 66% por doenças
crônicas.
Essa composição singular da carga de doenças no Brasil mostra uma situação de saúde
de tripla carga de doenças em que convivem, no mesmo tempo: uma agenda não
superada de mortes por doenças infecciosas e parasitárias e causas ligadas à saúde
reprodutiva; as causas externas, fundamentalmente em função da urbanização e do
fenômeno da violência; e o predomínio relativo forte das doenças crônicas. Se se somam
as condições maternas e perinatais, com as doenças transmissíveis de longo curso e
com as doenças crônicas (todas condições crônicas), verifica-se que em torno de 80% da
carga total de doenças no País é determinada por condições crônicas.
Do ponto de vista da morbidade, das 15 principais causas de internações hospitalares no
País, 9 são por condições crônicas. Isso se reflete no campo econômico em que mais de
70% dos gastos do SUS são relativos a intervenções sobre condições crônicas.
2
Essa situação de saúde brasileira reproduz-se no município de Curitiba.
Há, no município, um processo de transição demográfica acelerada. Em 1980, o
percentual de pessoas com mais de 60 anos era de 5,8%; em 2008, esse percentual
atingiu 10,8% da população, quase dobrando em 28 anos.
Historicamente, as doenças do aparelho circulatório têm representado a primeira causa
de óbito no município, seguida das neoplasias, das causas externas e das doenças
respiratórias. Nos últimos dez anos observa-se a tendência de redução dos coeficientes
de mortalidade por doenças infecto-parasitárias, afecções do período perinatal e doenças
circulatórias. Por outro lado nota-se o incremento dos óbitos por neoplasias e dos
coeficientes de mortalidade por causas externas.
A carga de doenças, medida pelos anos potenciais de vida perdidos por morte prematura
(APVP), nas mulheres, no período 2006 a 2008, foi de: Grupo I (doenças infectoparasitárias, causas maternas, perinatais e nutricionais), 16%; Grupo II (doenças
crônicas), 72%; Grupo III (causas externas), 12%.
A crise contemporânea dos sistemas de atenção à saúde em todo mundo que se
expressa, em caráter singular, no Brasil, dá-se em função da incoerência entre a situação
de saúde de envelhecimento rápido e de carga de doenças com forte predomínio relativo
de condições crônicas e uma resposta social encetada por um sistema de atenção à
saúde, fragmentado, episódico, reativo e voltado, principalmente, para a atenção às
condições agudas e para as agudizações das condições crônicas.
A razão fundamental desta crise está no descompasso entre uma situação de saúde do
século XXI que é respondida por um sistema de atenção à saúde formatado na metade
do século XX. Isso não deu certo nos países desenvolvidos, isso não está dando certo no
SUS.
Os quadros demográfico e epidemiológico e econômico do SUS, no Brasil e em Curitiba,
apontam para uma tripla carga de doenças com
forte protagonismo das condições
crônicas. Isso traz duas consequências: de um lado, convoca a superação dos sistemas
fragmentados de atenção à saúde por redes de atenção à saúde; de outro, exige
mudanças radicais no modelo de atenção à saúde, especialmente na atenção às
3
condições crônicas.
As mudanças no modelo de atenção às condições crônicas são profundas e derivam de
evidências produzidas na segunda metade dos anos 90, nos Estados Unidos, por uma
equipe de pesquisadores do MacColl Institute for Healthcare Innovation. Este modelo de
atenção às condições crônicas tem sido reproduzido, com adaptações em muitos países,
tanto desenvolvidos quanto em desenvolvimento. A sua aplicação no sistema público
brasileiro implica algumas adaptações à nossa realidade e gerou uma proposta de um
modelo de atenção à s condições crônicas para o SUS.
Especialmente, as mudanças propostas pelo modelo de atenção às condições crônicas
repercutem na forma como se presta a atenção primária à saúde, convocando mudanças
muito significativas neste nível de atenção.
Esta é a motivação que fez a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba de instituir um
Laboratório de Inovações de Atenção às Condições Crônicas na Atenção Primária à
Saúde.
Este Laboratório inicia-se com esta oficina que tem, como objetivo, alinhar os
participantes em relação aos conceitos fundamentais do modelo de atenção às condições
crônicas e sua aplicação na atenção primária à saúde.
Grupo de Condução do Laboratório de Inovações sobre Atenção às Condições Crônicas
na Atenção Primária à Saúde
4
PROGRAMA GERAL
1. Objetivos:
1.1
Compreender o que é condição de saúde e diferenciar condição aguda, condição
crônica e evento agudo;
1.2
Compreender as relações entre as condições agudas e crônicas e os sistemas de
atenção à saúde;
1.3
Conhecer os elementos constitutivos das redes de atenção à saúde: população,
estrutura operacional e modelo de atenção à saúde;
1.4
Conhecer os componentes da estrutura operacional das redes de atenção à
saúde;
1.5
Compreender o que é modelo de atenção à saúde;
1.6
Compreender Modelo de Atenção Crônica e os modelos, dele derivados, na
experiência internacional;
1.7
Descrever o Modelo de Atenção Crônica e discutir sua aplicabilidade nos
programas de atenção às condições crônicas específicas;
1.8
Avaliar o programa de atenção à condição crônica específica com base no Modelo
de Atenção Crônica;
1.9
Compreender o Modelo da Determinação Social da Saúde;
1.10 Compreender a Pirâmide da Kaiser Permanente;
1.11 Compreender o Modelo de Atenção às Condições Crônicas para o SUS e as
razões para sua proposição;
1.12 Descrever o Modelo de Atenção às Condições Crônicas para o SUS;
1.13 Compreender as intervenções de promoção da saúde e de prevenção das
condições de saúde;
1.14 Compreender as intervenções em relação às condições de saúde estabelecidas: a
gestão da clínica e as tecnologias de gestão de condição de saúde e de gestão de
caso.
5
2. Programação:
PRIMEIRO DIA
HORÁRIO
ATIVIDADE
TEMA
RESPONSÁVEL
8,00 - 8,15
Abertura
A importância dos programas
de atenção às condições
crônicas em Curitiba
Eliane Chomatas
8,15 - 8,30
Orientação sobre a oficina
Objetivos, programação e
dinâmica da oficina
Eugênio Vilaça
8,30 - 9,30
Trabalho em Grupo; Estudo
Dirigido 1
As condições de saúde
Coordenadores de
grupo/Facilitadores
9,30 - 10,00
Exposição dialogada 1:
A situação de saúde de
Curitiba
Karin
10,00 - 10,15
Intervalo para café
10,15 - 11,00
Exposição Dialogada 2
As condições de saúde, as
redes e os modelos de
atenção à saúde
Eugênio Vilaça
11,00 - 12,00
Trabalho em grupo:
Estudo dirigido 2
O modelo de atenção crônica
Coordenadores de
grupos/Facilitadores
12,00 - 14,00
Intervalo para almoço
14,00 - 14,30
Trabalho em grupo:
Finalização e plenária
Estudo Dirigido 2
O modelo de atenção crônica
Coordenadores de
grupo/Facilitadores
14,30 - 15,15
Exposição Dialogada 3
O modelo de atenção crônica
e a Pirâmide da Kaiser
Permanente
Eugênio Vilaça
15,15 - 16,15
Trabalho em Grupo;
Estudo Dirigido 3
O modelo da determinação
social da saúde
Coordenadores de
grupo/Facilitadores
16,15 - 16,30
Intervalo para café
16,30 - 17,15
Exposição Dialogada 4
Um modelo de atenção às
condições crônicas para o
SUS
Eugênio Vilaça
Síntese dos trabalhos do dia
Eugênio Vilaça
17,15 – 17,30
6
SEGUNDO DIA: 26 DE AGOSTO DE 2010
HORÁRIO
ATIVIDADE
8,00 - 8,15
Saudação
8,15 - 9,45
Trabalho em Grupo:
Estudo Dirigido 4
9,45 - 10,00
Intervalo para café
10,00 - 11,15
TEMA
RESPONSÁVEL
Eugênio Vilaça
Um modelo de atenção às
condições crônicas para o
SUS
Coordenadores de
grupo/Facilitadores
Trabalho em grupo:
Estudo dirigido 5
O nível 2 do Modelo de
Atenção às Condições
Crônicas: a prevenção das
condições de saúde
Coordenadores de
grupo/Facilitadores
11,15 - 12,00
Exposição dialogada 5:
A gestão da clínica
Eugênio Vilaça
12,00 - 14,00
Intervalo para almoço
14,00 - 15,15
Trabalho em grupo
Estudo dirigido 6
A gestão da condição de
saúde
Coordenadores de
grupo/Facilitadores
15,15 – 15,45
Exposição dialogada 6
A gestão de caso
Eugênio Vilaça
15,45 - 16,00
Intervalo para café
16,00 - 17,15
Trabalho em grupo:
Estudo dirigido 7
Diagnóstico da capacidade
institucional para
desenvolvimento do modelo
de atenção crônica na SMS
de Curitiba
Coordenadores de
grupo/Facilitadores
17,15 - 17,30
Avaliação
Eugênio Vilaça
7
ROTEIRO DAS ATIVIDADES - 25 DE AGOSTO
8,00 - 8,15 hs
Abertura
Dra. Eliane Chomatas, Secretária Municipal de Saúde de Curitiba
8,15 - 8,30 hs
Objetivos, programação e dinâmica da oficina
Esta atividade tem como objetivos:
•
Apresentar os objetivos da oficina.
•
Explicar a metodologia de trabalho.
•
Pactuar os compromissos com os participantes
8,30 - 9,30
Estudo dirigido 1
As condições de saúde
Esta atividade tem objetivo de conceituar o que é uma condição de saúde e de entender
porque essa categoria é importante no desenvolvimento dos sistemas de atenção à
saúde. Além disso, deve permitir a compreensão do que é condição aguda, do que é
condição crônica e do que é evento agudo e o estabelecimento das diferenciações
principais entre eles. Esta é a base sobre a qual se constroem os modelos de atenção á
saúde.
8
Procedimentos:
•
Dividam-se nos 4 grupos temáticos.
•
Leiam o texto 1 abaixo, em voz alta, em grupo, dando oportunidade para todos os
participantes façam parte da leitura (um ou dois parágrafos por participante);
•
Após a leitura façam uma discussão do texto e depois considerem as seguintes
questões, tendo o cuidado de interpretá-las, mais como um roteiro de discussões,
sem repetir o que está no texto:
1.
O que é condição de saúde?
2.
O que é condição aguda e o que é condição crônica? Quais as principais
diferenças entre elas?
3.
O que são eventos agudos e como podem se manifestar?
4.
Classifique as seguintes condições como agudas ou crônicas e justifique:
§ Grupo 1: Doenças cardiovasculares, com ênfase na hipertensão arterial
sistêmica;
§ Grupo
2:
Doenças
cardiovasculares,
com
ênfase
na
doença
coronariana;
§ Grupo 3: Diabetes
§ Grupo 4: Depressão
•
Cada relator terá 5 minutos para a apresentação das conclusões do grupo em
plenária.
TEXTO 1:
AS CONDIÇÕES DE SAÚDE 1
As condições de saúde podem ser definidas como as circunstâncias na saúde das
pessoas que se apresentam de forma mais ou menos persistentes e que exigem
respostas sociais reativas ou proativas, episódicas ou contínuas e fragmentadas ou
integradas dos sistemas de atenção à saúde.
A categoria condição de saúde é fundamental na atenção à saúde porque, conforme
assinalam Porter e Teisberg (2007), só se agrega valor para as pessoas nos sistemas de
1
Texto extraído do livro: MENDES, E. V. - As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte, Escola de Saúde
Pública de Minas Gerais, 2009.
9
atenção à saúde quando se enfrenta uma condição de saúde por meio de um ciclo
completo de atendimento a ela.
Tradicionalmente trabalha-se em saúde com uma divisão entre doenças transmissíveis e
doenças crônicas não transmissíveis. Essa tipologia é largamente utilizada, em especial,
pela epidemiologia. É verdade que essa tipologia tem sido muito útil nos estudos
epidemiológicos, mas, por outro lado, ela não se presta para referenciar a organização
dos sistemas de atenção à saúde. A razão é simples: do ponto de vista da resposta social
aos problemas de saúde - o objeto dos sistemas de atenção à saúde -, certas doenças
transmissíveis, pelo longo período de seu curso, estão mais próximas da lógica de
enfrentamento das doenças crônicas que das doenças transmissíveis de curso rápido.
Por isso, tem sido considerada uma nova categorização, com base no conceito de
condição de saúde, desenvolvida, inicialmente, por teóricos ligados aos modelos de
atenção às condições crônicas (von Korff et al, 1997; Holman e Lorig, 2000) e, depois,
acolhida pela Organização Mundial da Saúde (2003): as condições agudas e as
condições crônicas.
O recorte da tipologia de condições de saúde faz-se a partir da forma como os
profissionais, as pessoas usuárias e os sistemas de atenção à saúde se organizam na
atenção; se de forma, reativa, episódica e fragmentada ou se de forma proativa, contínua
e integrada. Isso é diferente da clássica tipologia de transmissíveis e não transmissíveis
que se sustentam, principalmente, na etiopatogenia das doenças. Ademais, condição de
saúde vai além de doenças por incorporar certos estados fisiológicos como a gravidez e
os acompanhamentos dos ciclos de vida como a puericultura, a herbicultura e o
acompanhamento das pessoas idosas que não são doenmças, mas são condições de
saúde.
Essa tipologia está orientada, principalmente, por algumas variáveis-chave contidas no
conceito de condição de saúde: primeira, o tempo de duração da condição de saúde,
breve ou longo; segunda, a forma de enfrentamento pelos profissionais de saúde, pelo
sistema de atenção à saúde e, até mesmo, pelas pessoas, se episódica, reativa e feita
sobre a queixa momentânea, ou se contínua, proativa e realizada por meio de cuidados,
mais ou menos permanentes, contidos num plano de cuidado elaborado conjuntamente
pela equipe de saúde e pelas pessoas usuárias; e por fim, o modo como se estrutura o
sistema de atenção à saúde, se fragmentado ou integrado.
10
As condições agudas, em geral, apresentam um curso curto, inferior a três meses de
duração, e tendem a se autolimitar; ao contrário, as condições crônicas têm um período
de duração mais ou menos longo, superior a três meses, e nos casos de algumas
doenças crônicas, tendem a apresentar-se de forma definitiva e permanente (Von Korff et
al., 1997; Singh, 2008).
As condições agudas, em geral, são manifestações de doenças transmissíveis de curso
curto, como dengue e gripe, ou de doenças infecciosas, também de curso curto, como
apendicite, ou de causas externas, como os traumas. As doenças infecciosas de curso
longo são consideradas condições crônicas.
Os ciclos de evolução das condições agudas e crônicas são muito diferentes.
As condições agudas, em geral, iniciam-se repentinamente; apresentam uma causa
simples e facilmente diagnosticada; são de curta duração; e respondem bem a
tratamentos específicos, como os tratamentos medicamentosos ou as cirurgias. Existe,
tanto para os médicos quanto para as pessoas usuárias, uma incerteza relativamente
pequena. O ciclo típico de uma condição aguda é sentir-se mal por algum tempo, ser
tratado e ficar melhor. A atenção às condições agudas depende dos conhecimentos e
experiências profissionais, fundamentalmente dos médicos, para diagnosticar e
prescrever o tratamento correto. Tome-se, como exemplo de condição aguda, uma
apendicite. Ela começa rapidamente, com queixas de náusea e dor no abdomen. O
diagnóstico, feito no exame médico, leva a uma cirurgia para remoção do apêndice.
Segue-se um período de convalescença e, depois, em geral, a pessoa volta à vida
normal com a saúde restabelecida.
As condições crônicas, especialmente as doenças crônicas, são diferentes. Elas se
iniciam e evoluem lentamente. Usualmente, apresentam múltiplas causas que variam no
tempo, incluindo hereditariedade, estilos de vida, exposição a fatores ambientais e a
fatores fisiológicos. Normalmente, faltam padrões regulares ou previsíveis para as
condições crônicas. Ao contrário das condições agudas que, em geral, pode-se esperar
uma recuperação adequada, as condições crônicas levam a mais sintomas e à perda de
capacidade funcional. Cada sintoma pode levar a outros, num ciclo vicioso dos sintomas:
condição crônica leva a tensão muscular que leva a dor que leva a estresse e ansiedade
que leva a problemas emocionais que leva a depressão que leva a fadiga que realimenta
11
a condição crônica (Lorig et al., 2006).
Muitas condições agudas podem evoluir para condições crônicas. É o caso de certos
traumas que deixam sequelas de longa duração, determinando algum tipo de
incapacidade que exigirá cuidados, mais ou menos permanentes, do sistema de atenção
à saúde. De outra forma, as condições crônicas podem apresentar períodos de
agudização e, nesses momentos discretos de transformação em eventos agudos, devem
ser enfrentadas pelo sistema de atenção à saúde, na mesma lógica episódica e reativa
das condições agudas, o campo das redes de atenção às urgências e às emergências.
As condições crônicas vão, portanto, muito além das doenças crônicas (diabetes, doença
cardiovascular, câncer, doença respiratória crônica etc), ao envolverem doenças
infecciosas persistentes (hanseníase, tuberculose, HIV/AIDS, hepatites virais etc),
condições ligadas à maternidade e ao período perinatal (acompanhamento das gestantes
e atenção perinatal, às puérperas e aos recém-natos); condições ligadas à manutenção
da saúde por ciclos de vida (puericultura, herbicultura e monitoramento da capacidade
funcional das pessoas idosas); distúrbios mentais de longo prazo; deficiências físicas e
estruturais contínuas (amputações, cegueiras, deficiências motoras persistentes etc);
doenças metabólicas; e doenças bucais.
Por fim, se, de um lado, as condições agudas manifestam-se inequivocamente por
eventos agudos, percebidos subjetiva e/ou objetivamente, as condições crônicas podem
apresentar, em determinados períodos de sua história, eventos agudos, também
percebidos objetiva ou subjetivamente, muitas vezes causados pelo mau manejo dessas
condições crônicas, especialmente na atenção primária à saúde. Por exemplo,
manifestação de crises hipertensivas. Portanto, os eventos agudos são diferentes de
condições agudas e é comum que ocorram, também, nas condições crônicas. As
condições agudas manifestam-se, em geral, por eventos agudos; as condições crônicas,
também, podem se manifestar, em momentos episódicos e de forma exuberante, sob a
forma de eventos agudos.
O quadro abaixo procura sintetizar as características que diferenciam as condições
agudas e crônicas e a forma como são respondidas pelos sistemas de atenção à saúde.
12
AS DIFERENÇAS ENTRE AS CONDIÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS
VARIÁVEL
CONDIÇÃO AGUDA
CONDIÇÃO CRÔNICA
INÍCIO
Rápido
Gradual
CAUSA
Usualmente única
Usualmente múltiplas
causas
Curta
Longa ou permanente
Comumente acurados
Usualmente incertos
Frequentemente decisivos
Frequentemente de valor
mais restrito
Em geral, cura
Em geral, cuidado sem
cura
PAPEL DOS
PROFISSIONAIS
Selecionar e prescrever o
tratamento
Educar e fazer parceria
com as pessoas usuárias
NATUREZA DAS
INTERVENÇÕES
Centrada no cuidado
profissional
Centrada no cuidado
multiprofissional
e no autocuidado
Concentrados no
profissional médico
Compartilhados pela equipe
multiprofissional e pelas
pessoas usuárias
Seguir as prescrições
Co-responsabilizar-se por
sua saúde em parceria
com a equipe de saúde
Reativo, episódico e
fragmentado
Proativo, contínuo e integrado
DURAÇÃO
DIAGNÓSTICO E
PROGNÓSTICO
TESTES DIAGNÓSTICOS
RESULTADO
CONHECIMENTO E AÇÃO
CLÍNICA
PAPEL DA PESSOA
USUÁRIA
SISTEMA DE ATENÇÃO À
SAÚDE
Fontes: Von Korff (1997); Holman e Lorig (2000); Organização Mundial da Saúde (2003); Lorig et al.
(2006).
Bibliografia:
HOLMAN, H. & LORIG, K. - Patients as partners in managing chronic disease. British
Medical Journal, 320: 526-527, 2000.
LORIG, K. et al. - Living a healthy life with chronic condition: self-management of heart
disease, arthritis, diabetes, asthma, bronchitis, emphysema and others. Boulder, Bull
Publishing Company, Third Edition, 2006.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - Cuidados inovadores para condições crônicas:
componentes estruturais de ação. Brasília, Organização Mundial da Saúde, 2003.
13
PORTER, M.E. & TEISBERG, E.O. - Repensando a saúde: estratégias para melhorar a
qualidade e reduzir os custos. Porto Alegre, Bookman Companhia Editora, 2007.
SINGH, D. - How can chronic disease management programmes operate across care
settings and providers? Copenhagen Regional Office for Europe of the World Health
Organization, European Observatory on Health Systems and Policies, 2008.
von KORFF, M. et al. - Collaborative management of chronic illness. Annals of Internal
Medicine, 127: 1097-1102, 1997.
9,30 - 10,00 hs
Exposição dialogada 1
A situação de saúde de Curitiba
Esta atividade tem como objetivo analisar a situação demográfica e epidemiológica do
município de Curitiba. A situação demográfica mostra uma transição demográfica
acelerada. A situação epidemiológica, analisada pelo APVP mostra uma situação de
saúde de tripla carga de doenças em que convivem, ao mesmo tempo, as doenças
infectoparasitárias e nutricionais, as doenças crônicas e as causas externas, o que
configura uma situação de tripla carga de doenças.
10,00- 10,15 hs
Intervalo para café
10,15 - 11,00 hs
Exposição dialogada 2
As condições de saúde, as redes e os modelos de atenção à
saúde
Esta atividade tem como objetivo reforçar os conceitos apreendidos no Estudo dirigido 1:
condição de saúde: diferenças entre condições agudas, condições crônicas e eventos
agudos e a importância desses conceitos no desenho dos sistemas de atenção à saúde.
Além disso, ela se propõe a articular as condições de saúde expressas na situação de
saúde de Curitiba com as redes de atenção à saúde e a compreender os componentes
das redes de atenção á saúde, especialmente os modelos de atenção à saúde. Explora-
14
se o modelo de atenção às condições agudas, expresso no Sistema de Triagem de
Manchester, e apresentam-se o Modelo de Atenção Crônica e alguns modelos dele
derivados, utilizados internacionalmente.
11,15 - 12,00 hs
Estudo dirigido 2
O modelo de atenção crônica
Esta atividade tem como objetivo compreender o modelo de atenção crônica, os seus
dois campos e os seus seis elementos, em relação aos quais as mudanças dos sistemas
de atenção à saúde devem ser feitas para que se possam ter respostas eficientes,
efetivas e de qualidade para as condições crônicas de saúde.
Procedimentos:
•
Dividam-se nos 4 grupos temáticos.
•
Leiam o texto 2 abaixo, em voz alta, em grupo, dando oportunidade para que todos
os participantes façam parte da leitura;
•
Após a leitura façam uma discussão do texto de forma a esclarecer quais são os
elementos do modelo e quais são as principais mudanças que propõe cada um dos
seus seis elementos.
•
Depois da discussão o grupo deverá aplicar o checklist do modelo de atenção
crônica, colocado após o texto, procurando imaginar uma situação real de atenção
à condição crônica no SUS conhecida e relatada por um membro do grupo.
§ Grupo 1: Doenças cardiovasculares, com ênfase na hipertensão arterial
sistêmica;
§ Grupo 2: Doenças cardiovasculares, com ênfase na doença coronariana;
§ Grupo 3: Diabetes;
§ Grupo 4: Depressão.
•
Cada relator terá 5 minutos para a apresentação das conclusões do grupo em
plenária.
15
TEXTO 2:
O MODELO DE ATENÇÃO CRÔNICA (CCM) 2
O Modelo de Atenção Crônica, tradução literal de Chronic Care Model (CCM), foi
desenvolvido pela equipe do MacColl Institute for Healthcare Innovation, nos Estados
Unidos, a partir de uma ampla revisão da literatura internacional sobre a gestão das
condições crônicas e de um piloto realizado em várias partes do País.
O modelo da atenção crônica foi proposto como resposta a grandes desafios colocados
pela emergência das condições crônicas, tal como se verifica no Boxe 1.
BOXE 1
Os desafios da atenção às condições crônicas e as soluções propostas pelo
modelo de atenção crônica
Desafio 1: A mudança do modelo de atenção à saúde não é prioridade das organizações de
saúde.
Solução 1 : A implantação do novo modelo de atenção crônica deve ser uma prioridade das
organizações de saúde e de seus principais líderes e parte essencial dos seus planos
estratégicos.
Desafio 2: Os problemas das condições crônicas não podem ser resolvidos por um sistema
centrado nas consultas médicas presenciais face-a-face de 15 minutos, estruturadas na lógica
da atenção às condições e aos eventos agudos.
Solução 2: A atenção às condições crônicas deve envolver uma equipe multidisciplinar que
atua com atendimentos programados e monitoramento das pessoas usuárias; esses
atendimentos programados são estruturados com base em diretrizes clínicas construídas por
evidências, em informações clínicas relevantes e em ações organizadas para que as pessoas
usuárias recebam a atenção adequada; esses atendimentos programados podem ser
individuais ou em grupos e incluem atenção às agudizações das condições crônicas, ações
preventivas, ações educacionais
e ações de autocuidado apoiado; um sistema de
monitoramento das pessoas usuárias, realizado por membros das equipes de saúde, deve
estar presente, seja presencial, seja à distância, por meio de telefone ou correio eletrônico.
2
Texto extraído do livro: MENDES, E. V. - As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte, Escola
de Saúde Pública de Minas Gerais, 2009.
16
Desafio 3: A equipe de saúde não dispõe das informações necessárias para fazer as decisões
clínicas em tempo oportuno.
Solução 3: É necessária a introdução de diretrizes clínicas para dar suporte às decisões; há
evidências de que as diretrizes clínicas só produzem mudanças comportamentais nas pessoas
usuárias e nos profissionais de saúde quando são acompanhadas por sistemas de educação
permanente potentes, sistemas de lembretes, alertas e feedbacks, incentivos econômicos e
não econômicos e apoio de profissionais-líderes.
Desafio 4: A dificuldade de acessar as informações críticas relativas às pessoas usuárias e à
população torna difícil a prestação de uma atenção de qualidade aos portadores de condições
crônicas.
Solução 4: É preciso estruturar um sistema de informação clínica efetivo em relação às
condições crônicas de todos as pessoas usuárias, o que leva à necessidade de prontuários
clínicos informatizados. Isso é a base para a montagem de planos de cuidados para todas as
pessoas usuárias e para seu monitoramento constante. Esse sistema de informação clínica
faz o registro das pessoas por estratos de riscos e condições, provê feedback de performance
e identifica pessoas com necessidades especiais de atenção, segundo riscos.
Desafio 5: As pessoas conhecem pouco sobre suas próprias condições de saúde e dispõem
de baixa capacidade em termos de habilidades e de confiança para se autocuidarem.
Solução 5: As tecnologias de autocuidado apoiado devem ser uma parte essencial do modelo
de atenção crônica. Há evidências robustas de que intervenções individuais e grupais para
promover o empoderamento das pessoas e para capacitá-las para o autocuidado são muito
efetivas no manejo das condições crônicas. Isso significa fortalecer as pessoas para
estabelecer suas metas, participar da elaboração de seus planos de cuidado e identificar e
superar as barreiras que se antepõem à sua saúde.
Desafio 6: Os recursos institucionais das organizações de saúde não são suficientes para dar
suporte a todas as necessidades de saúde das pessoas e de suas famílias.
Solução 6: Deve-se buscar uma integração entre os recursos das organizações de saúde com
os recursos existentes na comunidade. Assim, os recursos comunitários devem suplementar
os recursos das organizações de saúde para se alcançar uma atenção de qualidade para as
condições crônicas.
Fonte: Wagner (2002)
Apesar da ampla difusão do CCM é bom estar atento à advertência de um de seus
principais criadores: “o modelo de atenção crônica não é uma panacéia, mas uma
solução multidimensional para um problema complexo” (Wagner, 2002). É, por essa
razão, que o modelo funciona, já que constitui uma solução complexa e sistêmica para
um problema complexo como o da atenção às condições crônicas. Porque, ao contrário
que o senso comum aponta, não há solução simples para problemas complexos;
problemas complexos exigem soluções complexas e sistêmicas (Mendes, 2009).
17
O trabalho original de apresentação do CCM é de Wagner (1998), representado na
Figura 1. Esse modelo compõe-se de seis elementos, subdivididos em dois grandes
campos: o sistema de atenção à saúde e a comunidade. No sistema de atenção à saúde,
as mudanças devem ser feitas na organização da atenção à saúde, no desenho do
sistema de prestação de serviços, no suporte às decisões, nos sistemas de informação
clínica e no autocuidado apoiado. Na comunidade, as mudanças estão centradas na
articulação dos serviços de saúde com os recursos da comunidade. Esses seis
elementos apresentam inter-relações que permitem desenvolver pessoas usuárias
informadas e ativas e equipe de saúde preparada e proativa para produzir melhores
resultados sanitários e funcionais para a população.
Figura 1: O CCM
A descrição detalhada do CCM é feita abrangendo os seis elementos fundamentais do
modelo (Improving Chronic Illness Care, 2008).
As mudanças na organização da atenção à saúde objetivam criar cultura, organização
e mecanismos que promovam uma atenção segura e de alta qualidade. Um sistema de
atenção à saúde que procura melhorar a atenção às condições crônicas deve estar
preparado para mudanças na organização e para poder implementá-las por processos de
gestão de mudanças. Os líderes seniores devem identificar as melhorias na atenção à
18
saúde como um trabalho importante e traduzir essa percepção em políticas e metas
dirigidas à aplicação de estratégias efetivas, envolvendo o uso de incentivos que
reforcem as mudanças sistêmicas. As organizações efetivas tentam prevenir erros e
problemas da atenção à saúde relatando e analisando os erros e enganos e gerando
mudanças para evitá-los. Problemas de falhas na comunicação e na coordenação da
atenção à saúde devem ser prevenidos por meio de acordos que facilitem a comunicação
e os fluxos de informações e de pessoas entre os gestores e os prestadores de serviços.
As mudanças no desenho do sistema de prestação de serviços de saúde objetivam
assegurar uma atenção à saúde efetiva e eficiente.
A melhoria da saúde das pessoas portadoras de condições crônicas requer transformar
um sistema de atenção à saúde que é essencialmente fragmentado, reativo e episódico,
respondendo às demandas de condições e eventos agudos, num outro sistema que seja
integrado, proativo, contínuo e focado na promoção e na manutenção da saúde e que
responda às demandas das condições crônicas. Isso exige não somente determinar que
atenção à saúde é necessária, mas definir papéis e tarefas para assegurar que as
pessoas usuárias tenham uma atenção estruturada e planejada. Requer, também, um
monitoramento padronizado e contínuo, para que as pessoas usuárias não fiquem
abandonadas depois de deixar uma unidade de saúde. As pessoas portadoras de
condições crônicas de saúde de maiores riscos e complexidades necessitam de cuidados
mais intensivos. É fundamental introduzir o trabalho multiprofissional, definindo bem as
tarefas de cada profissional na atenção. Novas propostas de atenção à saúde devem ser
introduzidas para superar a excessiva fixação na atenção presencial face-a-face como:
atendimento em grupos, grupo de pares, atendimento contínuo, atendimento eletrônico,
teleassistência e outros.
As mudanças no suporte às decisões objetivam promover uma atenção à saúde que
seja consistente com as evidências científicas e com as preferências das pessoas
usuárias.
As decisões clínicas devem ser tomadas com base em diretrizes clínicas construídas a
partir de evidências científicas. As diretrizes clínicas necessitam de ser discutidas com as
pessoas usuárias de forma a que possam compreender melhor a atenção à saúde
prestada. Isso requer uma educação em saúde das pessoas usuárias efetiva. Os
19
profissionais de saúde devem ser permanentemente educados para que estejam em dia
com as novas evidências, o que exige métodos educacionais que substituam a educação
continuada tradicional e permitam mudar os comportamentos desses profissionais. Para
mudar as práticas, as diretrizes clínicas devem estar integradas com sistemas de
lembretes, alertas e feedbacks ofertados em tempo real. O envolvimento de especialistas
como suporte às equipes de atenção primária à saúde, para o cuidado das pessoas
portadoras de condições crônicas de maiores riscos ou complexidades, é fundamental e
envolve interar a atenção primária à saúde com a atenção especializada.
As mudanças no sistema de informação clínica objetivam organizar os dados da
população e das pessoas usuárias para facilitar uma atenção à saúde mais eficiente e
efetiva.
A atenção efetiva às condições crônicas é virtualmente impossível sem um sistema de
informação que assegure o pronto acesso a dados-chave de uma população e de suas
subpopulações e de cada pessoa individualmente. Isso requer um prontuário clínico
eletrônico. Um sistema de informação deve facilitar a atenção à saúde às pessoas
usuárias provendo alertas, lembretes e feedbacks oportunos para os serviços
necessários e sumarizando dados que facilitem a elaboração dos planos de cuidado. No
âmbito populacional, o sistema de informação clínica deve identificar grupos de riscos
que necessitem de abordagens diferenciadas de atenção à saúde, bem como permitir o
monitoramento do desempenho do sistema e dos esforços em busca de uma melhor
qualidade dos serviços ofertados.
As mudanças no autocuidado apoiado objetivam preparar e empoderar as pessoas
usuárias para que autogerenciem sua saúde e a atenção à saúde prestada.
O efetivo autocuidado é muito mais que dizer às pessoas usuárias o que devem fazer.
Significa reconhecer o papel central das pessoas usuárias na atenção à saúde e
desenvolver um sentido de autorresponsabilidade sanitária. Inclui o uso regular de
programas de apoio, construídos com base em evidências científicas, que possam prover
informações, suporte emocional e estratégias de convivência com as condições crônicas.
O autocuidado não começa e termina com uma aula ou com uma palestra. Assenta-se na
utilização de um enfoque de cooperação entre a equipe de saúde e as pessoas usuárias
para, conjuntamente, definir os problemas, estabelecer as prioridades, propor as metas,
20
elaborar os planos de cuidado e monitorar os resultados. Para tal, é fundamental a
utilização de teorias do campo da psicologia como teoria dos estágios de mudança,
entrevista motivacional, grupos operativos e outras. Nas condições crônicas prevalece a
gestão colaborativa do cuidado, em que os profissionais de saúde deixam de ser
prescritores para se transfomarem em parceiros das pessoas usuárias dos sistemas de
atenção à saúde.
As mudanças nos recursos da comunidade objetivam mobilizar esses recursos para
atender às necessidades das pessoas usuárias.
Olhando para fora de si, as organizações de saúde podem fortalecer a atenção à saúde e
evitar a multiplicação de esforços. Os programas comunitários existentes podem dar
apoio ou expandir a atenção à saúde. Os conselhos locais de saúde podem exercitar,
democraticamente, o controle social e melhorar a qualidade da atenção à saúde.
Pessoas usuárias ativas e informadas significa que elas dispõem de motivação,
informação, habilidades e confiança para, efetivamente, tomar decisões sobre sua saúde
e para gerenciar sua condição crônica.
Equipe de saúde proativa e preparada é aquela que atua proativamente na interação
com as pessoas usuárias, com base em informações significativas, com suporte e
recursos necessários para prover uma atenção de alta qualidade.
Há evidências, na literatura internacional, sobre os efeitos positivos do CCM na atenção
às condições crônicas, seja na sua avaliação conjunta, seja na avaliação de seus
elementos separadamente.
O estudo avaliativo clássico do CCM foi realizado pela Rand Corporation e pela
Universidade de Berkeley, Califórnia (Rand Health, 2008), e teve dois objetivos: avaliar as
mudanças ocorridas nas organizações de saúde para implementar o CCM e estabelecer
o grau em que a adoção desse modelo melhorou os processos e os resultados em
relação às condições crônicas.
Essa avaliação durou quatro anos e envolveu
aproximadamente 4.000 portadores de diabetes, insuficiência cardíaca, asma e
depressão, em 51 organizações de saúde. Mais de uma dezena e meia de artigos foram
publicados sobre essa avaliação, mas os principais resultados foram: as organizações
21
foram capazes de apresentar melhorias fazendo uma média de 48 mudanças em 5,8 dos
6 elementos do CCM; os portadores de diabetes tiveram um decréscimo significativo de
seu risco cardiovascular; os portadores de insuficiência cardíaca apresentaram melhores
tratamentos e utilizaram menos 35% de internações, medidas pela utilização de leitos/dia;
os portadores de asma e diabetes receberam tratamentos mais adequados às suas
doenças; e as mudanças produzidas pela implantação do CCM tiveram sustentabilidade
em 82% das organizações estudadas e se difundiram dentro e fora dessas organizações.
No Boxe 2 abaixo, relata-se uma experiência de utilização do CCM na atenção à
condições crônicas.
BOXE 2
O modelo de atenção crônica (CCM) no Health Disparities Collaboratives
Nos Estados Unidos instituiu-se uma rede de centros de atenção primária à saúde, a Health
Disparities Collaboratives, organizada com integração com serviços especializados, com o
objetivo de melhorar a atenção às condições crônicas. A missão da rede é substituir a atenção
primária à saúde fragmentada, episódica e reativa por uma atenção integral, contínua e
proativa. Sua consigna é mudar a prática da rede de atenção à saúde para mudar a vida das
pessoas.
A rede adotou o CCM em sua organização, atingindo, no período de 1998 a 2002, 414 equipes
de atenção primária à saúde e trabalhando com as seguintes condições crônicas: diabetes,
asma, depressão, doenças cardiovasculares e câncer.
As principais mudanças nos seis elementos do modelo de atenção crônica foram:
Organização da atenção à saúde
Os esforços de melhoria da atenção à saúde estão articulados com um sistema de qualidade.
O plano estratégico das organizações de saúde enfatiza a lógica da atenção às condições
crônicas e transforma isso em metas claras de alcance de resultados sanitários e econômicos.
Há um envolvimento dos profissionais de saúde com liderança, nesse esforço. As ações
estratégicas são suportadas por recursos humanos, materiais e financeiros adequados. As
mudanças nesse elemento envolveram: expressar a melhoria da atenção às condições
crônicas na visão, na missão, nos valores e nos planos estratégico e tático das organizações;
envolver as lideranças nesse esforço de atenção às condições crônicas; assegurar uma
liderança contínua para a melhoria da qualidade clínica; e integrar o modelo de atenção a um
programa de qualidade.
22
Desenho do sistema de prestação de serviços
O sistema de atenção à saúde não somente determina que tipo de cuidado é necessário, mas
torna claros os papéis e as tarefas que se impõem para que as pessoas usuárias recebam a
atenção adequada. Também, assegura que toda a equipe de saúde envolvida com a atenção
a uma pessoa tenha informação atualizada sobre sua saúde e seja capaz de monitorá-la ao
longo do tempo. A atuação da equipe de saúde está calcada nas necessidades das pessoas
usuárias e nas metas de autocuidado. São realizados atendimentos em grupo pela equipe de
saúde com portadores de uma mesma condição. As mudanças nesse elemento envolveram:
usar o prontuário clínico para elaboração e monitoramento do plano de cuidado; definir o papel
da equipe multidisciplinar de saúde nos atendimentos de grupos de pessoas usuárias;
designar membros das equipes de saúde para monitoramento das pessoas usuárias através
de chamadas telefônicas, correio eletrônico e de visitas domiciliares; e usar agentes de saúde
comunitários para ações fora das unidades de saúde.
Suporte às decisões
As decisões relativas ao manejo das condições crônicas estão estruturadas em diretrizes
clínicas desenvolvidas através da medicina baseada em evidência. Essas diretrizes integramse na prática cotidiana das unidades de saúde. Isso exigiu a transformação das diretrizes
clínicas em produtos educacionais e sua aplicação às equipes de saúde, através de
programas de educação permanente, e às pessoas usuárias, através de instrumentos de
educação em saúde com base em tecnologias da psicologia como entrevista motivacional,
teoria dos estágios de mudança e grupos operativos. As mudanças nesse elemento
envolveram: introduzir as diretrizes clínicas baseadas em evidências na ação cotidiana do
sistema de atenção à saúde; estabelecer uma relação fluida entre a equipe de atenção
primária à saúde e os especialistas temáticos para um suporte especializado eficaz; promover
a educação permanente para toda equipe de saúde; e promover, com base nas diretrizes
clínicas, a educação em saúde das pessoas usuárias.
Sistema de informação clínica
A utilização de um sistema de informação clínica, tanto para pessoas usuárias individuais,
quanto para grupos populacionais, tem sido fundamental para o manejo das condições
crônicas. A prioridade é o uso de prontuários clínicos eletrônicos. Esse sistema de informação
clínica é que permite uma integração dos seis elementos do modelo de atenção e a
elaboração e o monitoramento do plano de cuidado de cada pessoa usuária. As mudanças
nesse elemento envolveram: introduzir o prontuário clínico eletrônico; desenvolver o processo
de utilização cotidiana do prontuário clínico eletrônico; fazer o registro de cada condição
crônica por estrato de risco; e usar o prontuário clínico eletrônico para gerar lembretes, alertas
e feedbacks para os profissionais de saúde e para as pessoas usuárias e para produzir
indicadores de efetividade clínica do sistema de atenção à saúde.
23
Autocuidado apoiado
O autocuidado apoiado é diferente de dizer às pessoas o que fazer. As pessoas usuárias
desempenham um papel central em determinar sua atenção à saúde, desenvolvendo um
sentido de responsabilidade por sua própria saúde. Na prática esse enfoque implica uma
colaboração estreita entre a equipe de saúde e as pessoas usuárias para, conjuntamente,
definir o problema, estabelecer as metas, instituir os planos de cuidado e resolver os
problemas que apareçam ao longo do processo de manejo da condição crônica. As mudanças
nesse elemento envolveram: usar instrumentos de autocuidado baseados em evidências
clínicas; estabelecer metas de autocuidado em conjunto com as pessoas usuárias; treinar os
profissionais de saúde para que colaborem com as pessoas usuárias no estabelecimento de
metas para o autocuidado; monitorar as metas de autocuidado; usar a atenção em grupos de
pessoas usuárias para dar suporte ao autocuidado; prover o apoio ao autocuidado através de
ações educacionais, informações e meios físicos; e buscar recursos da comunidade para que
as metas de autogerenciamento sejam obtidas.
Recursos da comunidade
É preciso envolver a comunidade nos programas de atenção às condições crônicas. Assim,
articulam-se as ações das organizações de saúde com a comunidade, especialmente com as
organizações da sociedade civil (igrejas, clubes, organizações não governamentais,
movimentos sociais etc). As mudanças nesse elemento envolveram: estabelecer parcerias
com outras organizações comunitárias para dar suporte aos programas de enfrentamento às
condições crônicas; dar relevo às ações intersetoriais, especialmente na promoção da saúde;
elevar a consciência da comunidade em relação ao problema das condições crônicas; e
proporcionar uma lista de recursos comunitários para as equipes de saúde e para as pessoas
usuárias e suas famílias.
Os resultados da aplicação do modelo de atenção crônica se fizeram sentir rapidamente.
Pesquisas avaliativas, utilizando casos controle, obtiveram os seguintes resultados: numa
amostra de 8.030 portadores de diabetes, a hemoglobina glicada caiu de 9,0% em março de
1999 a 8,0% em julho de 2001; numa amostra de 1.200 portadores de asma, a percentagem
de pessoas usuárias com asma persistente recebendo medicação apropriada com adesão à
medicação anti-inflamatória aumentou de 10% para 70% em, apenas, dez meses de
introdução do novo modelo; e houve uma rápida melhoria nos sintomas, em mais da metade
dos portadores de depressão.
Fonte: Health Disparities Collaboratives (2004)
Bibliografia:
HEALTH DISPARITIES COLLABORATIVES - Training manual, changing practice,
changing lives. Alabama, Institute for Health Care Improvement, 2004.
IMPROVING CHRONIC ILLNESS CARE - The Chronic Care Model. Disponível em
http://www.improvingchroniccare.org, acesso em setembro de 2008.
24
MENDES, E.V. - As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte, Escola de Saúde Pública
de Minas Gerais, 2009.
RAND HEALTH - Improving chronic illness care evaluation. Rand Health Project.
Disponível em http://www.rand.org/health/projects, acesso em setembro de 2008.
WAGNER, E. H. - Chronic disease management: what will take to improve care for
chronic illness? Effective Clinical Practice, 1: 2-4, 1998.
WAGNER, E. H. - The changing face of chronic disease care. In: SCHOENI, P. Q. Curing the system: stories of change in chronic illness care. Washington/Boston, The
National Coalition on Health Care/The Institute for Healthcare Improvement, 2002.
25
CHECKLIST DAS MUDANÇAS PROPOSTAS PELO
MODELO DE ATENÇÃO CRÔNICA (CCM)
1.
2.
3.
ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE
1.1
A melhoria da atenção às condições crônicas é parte da visão, da missão e do
plano estratégico da organização;
1.2
Os líderes seniores da organização e suas equipes de trabalho dão suporte
efetivo e promovem os esforços para a melhoria da atenção às condições
crônicas;
1.3
Os líderes seniores da organização dão apoio efetivo aos esforços de
melhoria da atenção às condições crônicas removendo barreiras e garantindo
os recursos necessários às mudanças;
1.4
Há uma liderança permanentemente envolvida com os processos de melhoria
clínica contínua;
1.5
Os processos de melhoria da atenção às condições crônicas estão integrados
nos programas de qualidade da organização.
DESENHO DO SISTEMA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
2.1
O prontuário clínico eletrônico é utilizado rotineiramente para a elaboração e o
monitoramento dos planos de cuidado das pessoas usuárias;
2.2
Há a designação de papéis e tarefas da atenção programada aos membros
da equipe multidisciplinar de saúde;
2.3
Há a oferta regular da atenção programada, individual e em grupos;
2.4
Há o comprometimento de membros da equipe multidisciplinar de saúde para
serem responsáveis pelo monitoramento das pessoas usuárias, incluindo
visitas domiciliares, contactos telefônicos e correio eletrônico;
2.5
Os agentes comunitários de saúde acompanham, rotineiramente, as pessoas
usuárias portadoras de condições crônicas, na comunidade.
AUTOCUIDADO APOIADO
3.1
Utilizam-se, rotineiramente, os instrumentos de autocuidado apoiado
construídos com base em evidência de sua efetividade;
3.2
As metas de autocuidado apoiado são elaboradas e definidas em conjunto
pela equipe de saúde e pela pessoa usuária;
3.3
As equipes multidisciplinares de saúde são treinadas para apoiar as pessoas
usuárias para o autocuidado;
3.4
As metas de autocuidado são monitoradas regularmente;
3.5
Utiliza-se regularmente o atendimento em grupo para alcançar as metas de
autocuidado.
26
4.
5.
6.
SUPORTE ÀS DECISÕES
4.1
As diretrizes clínicas baseadas em evidência são utilizadas rotineiramente no
sistema de atenção às condições crônicas;
4.2
A atenção primária à saúde está integrada com especialistas que dão suporte
às suas ações;
4.3
Há um sistema regular de educação permanente para os profissionais
envolvidos com a atenção às condições crônicas;
4.4
Há uma oferta regular de programas de educação em saúde para as pessoas
usuárias com base nas diretrizes clínicas e em tecnologias do campo da
psicologia.
SISTEMA DE INFORMAÇÃO CLÍNICA
5.1
Há um prontuário clínico eletrônico capaz de gerar o registro das pessoas
usuárias por condições de saúde e por estratos de riscos;
5.2
Há processos desenvolvidos para o uso dos prontuários clínicos eletrônicos e
para o uso dos registros das pessoas usuárias por condições crônicas, por
estratificação de riscos, assegurando a entrada dos dados, a integridade dos
dados e sua manutenção do sistema;
5.3
O prontuário clínico eletrônico é capaz de prover lembretes e alertas para as
pessoas usuárias e para os profissionais de saúde e contém as informações
necessárias para elaborar e monitorar o plano de cuidado de cada pessoa
usuária e de subpopulações com condições de saúde estratificadas por
riscos;
5.4
O prontuário clínico eletrônico é capaz de emitir lembretes e dar feedbacks
para a equipe de saúde e para as pessoas usuárias.
RECURSOS DA COMUNIDADE
6.1
Há uma ligação estreita entre os serviços de saúde e as organizações da
comunidade que possam prover programas complementares;
6.2
Os serviços de saúde provêem às pessoas usuárias e suas famílias uma
relação de recursos da comunidade que podem ser utilizados
complementarmente na atenção às condições crônicas;
6.3
Há um Conselho Local de Saúde que faz o controle social efetivo da unidade
de saúde, incluindo o monitoramento das metas em relação às condições
crônicas.
27
12,00 - 14,00 hs
Intervalo para ao almoço
14,00 - 14,30 hs
Continuidade do Estudo dirigido 2
O modelo de atenção crônica
14,30 - 15,15 hs
Exposição dialogada 3
O modelo de atenção crônica e a Pirâmide da Kaiser Permanente
Esta atividade tem como objetivo permitir aos participantes reforçarem a compreensão do
modelo de atenção crônica discutido no Estudo dirigido 2: origem, os dois campos e os
seis elementos e as evidências de seu funcionamento no controle das condições
crônicas. Além disso, introduz o modelo da Pirâmide da Kaiser Permanente e mostra
suas evidências.
15,15 - 16,15 hs
Estudo dirigido 3
O modelo da determinação social da saúde
Esta atividade tem como objetivo compreender o modelo da determinação social da
saúde de Dahlgren e Whitehead e suas determinações em relação às condições crônicas
específicas que são tratadas na oficina.
Procedimentos:
•
Dividam-se nos 4 grupos temáticos.
•
Leiam o texto 3 abaixo, em voz alta, em grupo, dando oportunidade para todos os
participantes façam parte da leitura;
•
Após a leitura façam uma discussão do texto de forma a esclarecer quais são os
componentes desse modelo contidos nas suas diversas camadas.
28
•
Após a discussão o grupo deverá aplicar o modelo procurando verificar como cada
camada do modelo manifesta-se em relação à condição crônica específica
trabalhada no Grupo:
§ Grupo 1: Doenças cardiovasculares, com ênfase na hipertensão arterial
sistêmica;
§ Grupo 2: Doenças cardiovasculares, com ênfase na doença coronariana;
§ Grupo 3. Diabetes;
§ Grupo 4: Depressão.
•
Cada relator terá 5 minutos para a apresentação das conclusões do grupo em
plenária.
TEXTO 3
O MODELO DA DETERMINAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE 3
Os diversos estudos sobre as determinações sociais da saúde e sobre as iniquidades em
saúde permitiram a construção de modelos que procuram esquematizar a trama de
relações entre os vários níveis de determinantes sociais e a situação de saúde.
Entre esses modelos, a Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde
(2008) brasileira resolveu adotar o de Dahlgren e Whitehead (1991), que serve de base
para orientar a organização de suas atividades e os conteúdos do presente relatório.
Apesar da existência de outros modelos mais complexos, que buscam explicar com mais
detalhes as relações e as mediações entre os diversos níveis de determinação social da
saúde e a gênese das iniquidades, a escolha do modelo de Dahlgren e Whitehead se
justifica por sua simplicidade, por sua fácil compreensão para vários tipos de público e
pela clara visualização gráfica dos diversos determinantes sociais da saúde, como se vê
na Figura 2.
3
Texto extraído do livro: COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE - As
causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil. Rio de Janeiro, Ed. FIOCRUZ, 2008.
29
Figura 2: O modelo da determinação social da saúde de Dahlgren e Whitehead
Fonte: Dahlgren & Whitehead (1991)
O modelo de Dahlgren e Whitehead inclui os determinantes sociais da saúde dispostos
em diferentes camadas, segundo seu nível de abrangência, desde uma camada mais
próxima aos determinantes individuais até uma camada distal onde se situam os
macrodeterminantes.
Como se pode ver na Figura 2, os indivíduos estão na base do modelo, com suas
características individuais de idade, sexo e fatores genéticos que, evidentemente,
exercem influência sobre seu potencial e suas condições de saúde.
Na camada imediatamente externa, aparecem o comportamento e os estilos de vida
individuais. Esta camada está situada no limiar entre os fatores individuais e os
determinantes sociais da saúde, já que os comportamentos dependem não somente do
livre arbítrio das pessoas, mas também de determinantes sociais da saúde, como acesso
a informações, influência da propaganda, pressão de pares, possibilidades de acesso a
alimentos saudáveis e espaços de lazer, entre outros. Aqui aparecem determinantes
como a dieta, o peso, a atividade física, o tabagismo, o uso de álcool e outras drogas, as
práticas sexuais e outros.
30
A camada seguinte destaca a influência das redes comunitária e de apoio, cuja maior ou
menor riqueza expressa o nível de coesão social ou capital social que é de fundamental
importância para a saúde da sociedade como um todo.
No próximo nível, estão representados os fatores relacionadas as condições de vida e de
trabalho, a disponibilidade de alimentos e o acesso a ambientes e serviços essenciais,
como saúde e educação, indicando que as pessoas em desvantagem social apresentam
diferenciais de exposição e de vulnerabilidade aos riscos à saúde, como consequência de
condições habitacionais inadequadas, exposição a condições mais perigosas ou
estressantes de trabalho e acesso menor aos serviços.
Finalmente, no último nível, estão situados os macrodeterminantes que possuem grande
influência sobre as demais camadas e estão relacionados às condições econômicas,
culturais e ambientais da sociedade, incluindo também determinantes supranacionais
como o processo de globalização.
Bibliografia:
COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE - As causas
sociais das iniqüidades em saúde no Brasil. Rio de Janeiro, Editora FIOCRUZ, 2008.
DAHLGREN, G. & WHITEHEAD, M. - Policies and strategies to promote social equity in
health. Stocolm, Institute for Future Studies, 1991.
16,15 - 16,30 hs
Intervalo para café
31
16,30 - 17,15 hs
Exposição dialogada 3
Um modelo de atenção às condições crônicas para o SUS
Esta atividade visa a compreender a razão pela qual se propõe um modelo de atenção às
condições crônicas, singular para o SUS, as suas origens, os seus componentes, a sua
lógica de funcionamento e os seus cinco níveis.
17,15 - 17,30 HS
Síntese do dia
Esta tem como objetivo fazer uma síntese dos trabalhos do dia
ROTEIRO DAS ATIVIDADES - 26 DE AGOSTO DE
2010
8,00 - 8,15
Saudação
Esta atividade tem como objetivos:
•
Saudar os participantes.
•
Apresentar a programação do dia
32
8,15 - 9,45 hs
Estudo dirigido 4
Um modelo de atenção às condições crônicas para o SUS
(MACC)
Esta atividade tem como objetivo permitir que os participantes compreendam a razão
pela qual se propõe um modelo de atenção às condições crônicas, singular para o SUS,
as suas origens, os seus componentes e a sua lógica de funcionamento.
Procedimentos:
Dividam-se nos 4 grupos temáticos
•
•
•
Grupo 1: Doenças cardiovasculares, com ênfase na hipertensão arterial sistêmica;
•
Grupo 2: Doenças cardiovasculares, com ênfase na doença coronariana;
•
Grupo 3. Diabetes;
•
Grupo 4: Depressão.
Leiam o texto 4 abaixo, em voz alta, em grupo, dando oportunidade para que todos
os participantes façam parte da leitura;
•
Após a leitura façam uma discussão da razão pela qual o MACC é proposto e o que
o diferencia dos modelos comumente utilizados internacionalmente;
•
Façam uma descrição do MACC em seus diferentes níveis;
•
Respondam as questões seguintes, procurando não repetir o que está no texto,
mas expressando o entendimento e os questionamentos do grupo:
1.
O que é atenção à saúde baseada na população e o que a diferencia da
atenção à saúde baseada na oferta? Podem dar um exemplo no seu campo
temático?
2.
Em que lugar no MACC manifestam-se os elementos presentes na Pirâmide
da Kaiser Permanente? Por quê?
3.
Qual a importância da estratificação de riscos para a assistência e para a
organização do trabalho da equipe de saúde?
4.
Em que lugar no MACC se manifestam os elementos presentes no Modelo
de Determinação Social da Saúde de Dalhgren e Whitehead? Por quê?
5.
Em que lugar do MACC se manifestam os elementos do Modelo de Atenção
Crônica (CCM)? Por quê?
33
6.
O grupo considera que este modelo (MACC) se aplica ao programa temático
em Curitiba? Justifiquem
7.
O programa temático está estruturado de forma a responder às
necessidades de estratificação das diferentes subpopulações nos diferentes
níveis do MACC? Caso positivo, qual a estrutura de estratificação que se
utiliza no programa para as condições crônicas simples e complexas? Há
critérios, no programa específico, para a seleção de casos muito
complexos? Eles têm sido aplicados no programa?
TEXTO 4:
UM MODELO DE ATENÇÃO ÁS CONDIÇÕES CRÔNICAS PARA O SUS (MACC) 4
Com base nos elementos do modelo da atenção crônica (CCM), da Pirâmide da Kaiser
Permanente e no modelo de determinação social da saúde de Dahlgren e Whitehead
(1991) e em função da singularidade do sistema público de atenção à saúde brasileiro,
Mendes (2009) desenvolveu um modelo de atenção às condições crônicas para ser
aplicado no SUS que denominou de modelo de atenção às condições crônicas (MACC).
Esse modelo recolhe e acolhe todas as evidências produzidas pela validação empírica do
modelo seminal de atenção crônica, o CCM, seja nos seus dois campos, seja nos seus
seis elementos fundantes, da Pirâmide da Kaiser Permanente e do Modelo da
Determinação Social da Saúde de Dahlgren e Whitehead.
As principais variáveis incorporadas no MACC e que derivam de evidências robustas
produzidas pela avaliação do CCM são aquelas relativas aos seis elementos do CCM:
organização da atenção à saúde, desenho do sistema de prestação de serviços,
autocuidado apoiado, suporte às decisões, sistema de informação clínica e recursos da
comunidade. Esses seis elementos têm suas características-chave expressas no
checklist que foi trabalhado anteriormente nesta oficina.
Contudo, à semelhança dos outros modelos derivados do CCM, o MACC introduz duas
modificações fundamentais.
4
Texto extraído do livro: MENDES, E. V. - As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte, Escola da Saúde
Pública de Minas Gerais, 2009.
34
A primeira, conforme fizeram, também, outros modelos, como o dos cuidados inovadores
para as condições crônicas (Organização Mundial da Saúde, 2003) e o modelo de
atenção crônica expandido, de British Columbia, Canadá (Government of British
Columbia, 2008), procura ampliar o âmbito das intervenções sanitárias em relação à
população total, por meio de intervenções intersetoriais sobre os determinantes sociais
da saúde, especialmente os determinantes intermediários, utilizando o modelo de
Dahlgren e Whitehead. Isso se explica pelo fato do CCM ter sido desenvolvido no sistema
privado americano em que a preocupação com os determinantes distais e intermediários
da saúde não é, geralmente, considerada.
A segunda, a partir da Pirâmide da Kaiser Permanente (Strong, 2005; Porter e Kellogg,
2008) e das evidências sobre a atenção à saúde baseada na população, articula as
subpopulações portadoras de riscos com as intervenções de prevenção das condições de
saúde e as subpopulações com condições de saúde estabelecidas, diferenciadas por
riscos, com as intervenções sanitárias ofertadas pelas tecnologias de gestão da clínica.
O MACC está representado na Figura 3, em seguida, e constitui-se de cinco níveis.
35
A ATENÇÃO À
SAÚDE
Gestão
de Caso
Nível 5
POPULAÇÃO COM CONDIÇÃO
CRÔNICA MUITO COMPLEXA
POPULAÇÃO COM CONDIÇÃO
CRÔNICA DE ALTO OU
MUITO ALTO
Figura
3: O
RISCOS
DETERMINANTES
SOCIAIS INDIVIDUAIS:
FATOR DE RISCO
BIOPSICOLÓGICO OU
CONDIÇÃO CRÔNICA
ESTABELECIDA
Gestão da Condição de
Saúde
MACC
Nível 4
Gestão da Condição de Saúde
Nível 3
POPULAÇÃO COM CONDIÇÃO
CRÔNICA DE BAIXO OU MÉDIO
RISCOS E/OU COM FATOR DE
RISCO BIOPSICOLÓGICO
Intervenções de
Prevenção das Condições de Saúde
Nível 2
Intervenções de
Promoção da Saúde
Nível 1
POPULAÇÃO COM
FATOR DE RISCO
LIGADO A
COMPORTAMENTO
POPULAÇÃO
TOTAL
DETERMINANTES
SOCIAIS PROXIMAIS
DA SAÚDE
DETERMINANTES
SOCIAIS DISTAIS E
INTERMEDIÁRIOS DA
SAÚDE
Nível 3
Gestão
de Caso
Gestão da Condição
de Saúde
Pacientes altamente
complexos
Nível 2
Pacientes complexos
Nível 1
Autocuidado Apoiado
70-80% de pacientes
com doença simples
Fonte: Mendes (2009)
O MACC pode ser aplicado a diferentes territórios/populações: ao País, a um estado, a
um município, a um distrito sanitário ou a uma população adscrita a uma equipe de PSF.
O lado esquerdo da Figura 3 corresponde a diferentes subpopulações de uma população
total sob responsabilidade de uma rede de atenção à saúde. Essa população e suas
subpopulações devem ser cadastradas na atenção primária à saúde e devem ser
registradas segundo as subpopulações de diferentes níveis do modelo: o nível 1, a
população total e, em relação à qual se intervirá sobre os determinantes sociais da saúde
36
intermediários; o nível 2, as subpopulações com diferentes fatores de riscos ligados aos
comportamentos e estilos de vida (determinantes sociais da saúde proximais):
subpopulações de pessoas tabagistas, com sobrepeso ou obesidade, de sedentários, de
usuários excessivos de álcool, com alimentação inadequada, sob estresse exagerado
etc; o nível 3, as subpopulações de pessoas com riscos biopsicológicos e/ou
com
condição crônica estabelecida, mas de baixo e médio riscos; o nível 4, as subpopulações
de pessoas com condição crônica estabelecida, mas de alto e muito alto riscos; e o nível
5, as subpopulações de condições de saúde muito complexas. O conhecimento de uma
população por um sistema de atenção à saúde e sua divisão em subpopulações por
diferentes riscos constitui o alicerce da gestão da saúde com base na população.
O conhecimento profundo da população usuária de um sistema de atenção à saúde é o
elemento básico que torna possível romper com a atenção baseada na oferta,
característica
dos
sistemas
fragmentados, e
instituir a
atenção
baseada
nas
necessidades de saúde da população, elemento essencial das redes de atenção à saúde.
A atenção à saúde baseada na população é a habilidade de um sistema em estabelecer
as necessidades de saúde de uma população específica, segundo os riscos, de
implementar e avaliar as intervenções sanitárias relativas a essa população e de prover
o cuidado para as pessoas no contexto de sua cultura e de suas necessidades e
preferências (Tufts Managed Care Institute, 2000).
O conhecimento da população de uma rede de atenção à saúde envolve um processo
complexo, estruturado em vários momentos: o processo de territorialização; o
cadastramento das famílias; a classificação das famílias por riscos sócio-sanitários; a
vinculação das famílias à Unidade de Atenção Primária à Saúde/Equipe do Programa de
Saúde da Família; a identificação das subpopulações com fatores de riscos; a
identificação das subpopulações com condições de saúde estabelecidas por graus de
riscos; e a identificação das subpopulações com condições de saúde muito complexas.
O lado direito da Figura 3 corresponde ao foco das diferentes intervenções de saúde em
função dos determinantes sociais da saúde.
37
No nível 1, o foco das intervenções são os determinantes sociais da saúde
intermediários, especialmente aqueles ligados às condições de vida e de trabalho:
educação, emprego, renda, habitação, saneamento, disponibilidade de alimentos, infraestrutura urbana, serviços sociais etc.
O meio da Figura 3 representa as principais intervenções de saúde em relação à
população/subpopulações e aos focos prioritários das intervenções sanitárias.
No nível 1, as intervenções serão de promoção da saúde, em relação à população total e
com foco nos determinantes sociais intermediários. O modo de intervenção será por
projetos intersetoriais que articulem ações de serviços de saúde com ações de melhoria
habitacional, de geração de emprego e renda, de ampliação do acesso ao saneamento
básico, aumento da escolaridade, melhoria na infra-estrutura urbana etc. Os projetos
intersetoriais geram sinergias entre as diferentes políticas públicas produzindo resultados
positivos na saúde da população.
No nível 2, as intervenções serão de prevenção das condições de saúde e com foco nos
determinantes proximais da saúde ligados aos comportamentos e aos estilos de vida.
Utiliza-se a expressão prevenção das condições de saúde e, não, prevenção das
doenças, porque se podem prevenir condições de saúde, como gravidez e incapacidade
funcional das pessoas idosas, que não são doenças. Esses determinantes são
considerados fatores de risco modificáveis e são potenciados pelos determinantes sociais
intermediários e distais. Os mais importantes são o tabagismo, a alimentação
inadequada, a inatividade física, o excesso de peso e o uso excessivo de álcool
(Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde, 2008).
Os âmbitos das intervenções sobre os fatores de risco ligados aos comportamentos e aos
estilos de vida podem ser macro (aumento do preço do cigarro), meso (ambientes livres
de tabaco) ou micro (programa anti-tabágico na unidade de atenção primária à saúde). O
espaço da atenção primária foca-se, principalmente, no nível micro por meio de
programas dirigidos aos fatores de riscos ligados aos comportamentos e aos estilos de
vida desenvolvidos no âmbito da APS.
38
Até o segundo nível não há uma condição de saúde estabelecida ou a manifestação de
um fator de risco biopsicológico, à exceção dos riscos por idade ou gênero. Somente a
partir do nível 3 do MACC é que se vai operar com uma condição de saúde cuja
gravidade, expressa na complexidade, convoca intervenções diferenciadas do sistema de
atenção à saúde. Por isso, as intervenções relativas às condições de saúde
estabelecidas implicam a estratificação dos riscos, segundo as evidências produzidas
pela Pirâmide da Kaiser Permanente.
Os níveis 3, 4 e 5 do MACC estão vinculados aos indivíduos com suas características de
idade, sexo e fatores hereditários, a camada central do modelo de Dahlgren e Whitehead.
As intervenções serão predominantemente clínicas, operadas por tecnologias de gestão
da clínica, a partir da gestão baseada na população.
No nível 3 incluem-se os fatores de risco biopsicológicos, como idade, gênero, herança
genética, hipertensão, hiperlipidemia, intolerância à glicose e, em alguns sistemas de
atenção à saúde, a depressão.
A partir do nível 3 exige-se a definição de subpopulações recortadas segundo a
estratificação de riscos da condição de saúde. Nesse nível 3, estruturam-se as
intervenções sobre os fatores de risco biopsicológicos relativos à idade, ao gênero e à
hereditariedade. Ademais, vai-se operar com subpopulações da população total que
apresentam uma condição crônica simples, de baixo ou médio riscos, em geral
prevalente entre 70 a 80% dos portadores da condição de saúde, por meio da tecnologia
de gestão da condição de saúde. A estratificação dos riscos de cada condição crônica é
feita nas linhas-guia respectivas (por exemplo, hipertensão de baixo, médio, alto e muito
alto risco ou gestante de risco habitual e gestante de alto risco).
Ainda que os níveis 3 e 4 sejam enfrentados pela mesma tecnologia de gestão da
condição de saúde, a lógica da divisão em dois níveis explica-se pela linha transversal
que cruza o MACC, representada na Figura 3 e que expressa uma divisão na natureza da
atenção à saúde prestada às pessoas usuárias. Isso decorre de evidências da Pirâmide
da Kaiser Permanente que demonstram que 70 a 80% dos portadores de condições
crônicas de baixo ou médio riscos são atendidos, principalmente, por tecnologias de
autocuidado apoiado, com baixa concentração de cuidados profissionais (Strong, 2005;
Porter e Kellogg, 2008). Assim, no nível 3, vai-se operar, em geral, na atenção primária à
saúde e, principalmente por meio das intervenções de autocuidado apoiado, ofertadas
39
por uma equipe de saúde com ênfase na atenção multiprofissional; já no nível 4, opera-se
equilibradamente entre o autocuidado apoiado e atenção profissional e, neste nível é que
se necessita da atenção cooperativa dos especialistas e dos generalistas.
Por fim, o nível 5 destina-se à atenção às condições crônicas muito complexas e que
estão, também, relacionadas nas linhas-guia das respectivas condições de saúde. Essas
condições muito complexas são aquelas previstas na lei da concentração dos gastos e da
severidade das condições de saúde que define que uma parte pequena de uma
população, em função da gravidade de suas condições de saúde, determina os maiores
dispêndios dos sistemas de atenção à saúde (Berk e Monheint, 1992). Assim, 1% da
população usuária de um sistema de saúde gasta mais de um terço do total de recursos
desse sistema. Além disso, são as pessoas que mais sofrem. Por isso, as necessidades
dessas pessoas convocam uma tecnologia específica de gestão da clínica, a gestão de
caso. Há, aqui, uma alta concentração de atenção profissional. Um gestor de caso (um
enfermeiro, um assistente social ou uma pequena equipe de saúde) deve coordenar a
atenção recebida por cada pessoa em todos os pontos de atenção à saúde e nos
sistemas de apoio, ao longo do tempo.
Bibliografia:
BERK, M.L. & MONHEINT, A C. - The concentration of health expenditures: an update.
Health Affairs, 11: 145-149, 1992.
COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE - As causas
sociais das iniquidades em saúde no Brasil. Rio de Janeiro, Editora FIOCRUZ, 2008.
DAHLGREN, G. & WHITEHEAD, M. - Policies and strategies to promote social equity in
health. Stockholm, Institute for Future Studies, 1991.
GOVERNMENT OF BRITISH COLUMBIA - British Columbia expanded chronic care
model, 2008. Disponível em http://www. health.gov.bc.ca, acesso em outubro de 2008.
STRONG, L. - A strategy for long-term conditions in Mid Sussex. Mid Sussex, Primary
Care Trust, National Health Service, 2005.
MENDES, E. V. - As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte, Escola de Saúde Pública
de Minas Gerais, 2007.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - Cuidados inovadores para condições crônicas:
componentes estruturais de ação. Brasília, Organização Mundial da Saúde, 2003.
PORTER, M. & KELLOGG, M. - Kaiser Permanente: an integrated health care
experience. Revista de Innovaccion Sanitaria y Atención Integrada, 1:1, 2008.
40
TUFTS MANAGED CARE INSTITUTE - Population-based health care: definitions and
applications. Disponível em http://www.thci.org, acesso em setembro de 2008.
9,45 – 10,00 hs
Intervalo para café
10,00 - 11,15 hs
Estudo dirigido 5
O segundo nível do modelo de atenção às condições crônicas:
as
intervenções
sobre
os
fatores
de
risco
ligados
aos
comportamentos e estilos de vida
Esta atividade tem como objetivo permitir que os participantes aprofundem a
compreensão do segundo nível do modelo de atenção às condições crônicas referido
pelas intervenções sobre os determinantes sociais da saúde proximais, ligados ao
comportamento e aos estilos de vida. Os participantes devem compreender o conceito de
fatores de risco e de fatores de risco não modificáveis e modificáveis e estabelecer quais
são os principais fatores de risco ligados ao comportamento e aos estilos de vida que se
manifestam no Brasil.
Procedimentos:
Dividam-se nos 4 grupos temáticos.
•
•
•
Grupo 1: Doenças cardiovasculares, com ênfase na hipertensão arterial sistêmica;
•
Grupo 2: Doenças cardiovasculares, com ênfase na doença coronariana;
•
Grupo 3. Diabetes;
•
Grupo 4: Depressão.
Leiam o texto 5 abaixo, em voz alta, em grupo, dando oportunidade para que todos
os participantes façam parte da leitura;
41
•
Após a leitura façam uma discussão sobre o texto e respondam às seguintes
questões, expressando as opiniões do grupo sobre o texto (as questões são uma
sugestão de roteiro, mas podem ser modificadas pelos grupos):
1.
Qual a diferença entre fatores de risco modificáveis e não modificáveis?
2.
Quais são os principais fatores de risco ligados aos comportamentos e aos
estilos de vida?
3.
Em que âmbitos esses fatores de risco podem ser enfrentados por
intervenções de prevenção das condições de saúde?
4.
No programa temático a cargo deste grupo quais são os principais fatores
de risco ligados aos comportamentos e estilos de vida que devem ser
considerados? Justifiquem.
5.
O programa temático utiliza regularmente intervenções efetivas sobre esses
fatores de risco? Quais e com que metodologia?
TEXTO 5:
O NÍVEL 2 DO MODELO DE ATENÇÃO ÀS CONDIÇÕES CRÔNICAS (MACC): A
PREVENÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE5
O nível 2 do MACC corresponde às intervenções de prevenção das condições de saúde.
Utiliza-se a expressão prevenção de condições de saúde, e não prevenção de doenças,
porque se podem prevenir condições de saúde, como gravidez e incapacidade funcional
das pessoas idosas, que não constituem doenças.
Nesse nível 2, vai se atuar sobre os determinantes sociais da saúde proximais que são
oriundos de comportamentos e estilos de vida e que constituem fatores de risco para
inúmeras condições de saúde. Esses fatores de risco são potenciados pelos
determinantes sociais intermediários e distais do Modelo da Determinação Social da
Saúde de Dahlgren e Whitehead.
5
Texto preparado com base no livro: MENDES, E. V. - As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte, Escola
de Saúde Pública de Minas Gerais, 2009.
42
Os fatores de risco são definidos como características ou atributos cuja presença
aumenta a possibilidade de apresentar uma condição de saúde. Os fatores de risco
podem ser classificados em não modificáveis e modificáveis ou comportamentais
(Ministério da Saúde, 2008). Entre os primeiros estão o sexo, a idade e a herança
genética e, dentre os últimos, o tabagismo, a alimentação inadequada, a inatividade
física, o excesso de peso, o uso excessivo de álcool e o estresse. Deve-se observar que
alguns fatores de risco biopsicológicos são, também, modificáveis, como a hipertensão, a
dislipidemia e a depressão.
As intervenções preventivas sobre os fatores de risco ligados aos comportamentos e aos
estilos de vida podem ser feitas com base na população, na comunidade ou nos
indivíduos. As intervenções baseadas na população têm seu foco sobre a população
como um todo ou sobre as subpopulações estratificadas por riscos. Ou, podem ser feitas
por meios de intervenções nos âmbitos macro, meso e micro (Organização Mundial da
Saúde, 2003).
Os governos têm um papel crucial a desempenhar na prevenção das condições de
saúde, em especial na proteção aos grupos vulneráveis. Muitos crêem que se as pessoas
desenvolvem condições crônicas em função de comportamentos ou estilos de vida
inadequados
tornam-se
responsáveis
por
suas
enfermidades.
Contudo,
a
responsabilidade individual só pode ser imputada quando os indivíduos têm acesso igual
a uma vida saudável e recebem apoio para tomar decisões sobre sua saúde não
cabendo a vitimização dos portadores de condições crônicas.
No plano das macropolíticas, como a elaboração de legislação específica para fatores de
risco, o aumento de impostos dos bens produtores das condições de saúde e a
informação massiva, em geral, os governos têm atuado de forma insuficiente. As razões
são várias: como os fatores de risco decorrem de estilos de vida pensa-se que não cabe
aos governos atuar fortemente nesse campo, deixando a critério de cada pessoa mudar
seu comportamento; há grande dificuldade de desenvolver ações intersetoriais efetivas;
enfrenta-se forte reação de grupos de interesses poderosos como a indústria da bebida,
do tabaco, da alimentação e do entretenimento e das empresas de publicidade; e é difícil
avaliar, de forma rotineira e por longo prazo, os resultados dos programas de prevenção.
43
Disso decorre o pequeno investimento em programas de promoção e prevenção. Os
governos da Europa gastam menos de 1% de seus orçamentos em saúde com medidas
de promoção da saúde e de prevenção das condições de saúde (European Commission,
2000). No Brasil, não há dados confiáveis, mas não deve ser diferente.
No plano meso, as intervenções preventivas devem se fazer em comunidades e sobre
grupos de pessoas nos ambientes de trabalho ou nos ambientes escolares. Por exemplo,
as intervenções preventivas realizadas nos ambientes de trabalho, além de produzir
resultados sanitários, têm um efeito econômico muito positivo: redução de 27% no
absenteísmo por doença, redução de 26% nos custos com atenção à saúde e um retorno
econômico de 5,81 dólares por cada dólar investido (World Health Organization e World
Economic Forum, 2008).
Há um reconhecimento de que a prevenção dos riscos é geralmente mais efetiva quando
voltada para populações do que para indivíduos. Mas essas intervenções baseadas na
população devem ser complementadas por ações preventivas, desenvolvidas no plano
individual.
No nível micro, o espaço privilegiado de atuação é o da atenção primária à saúde pela
simples razão de que é, ali, que a população é conhecida, vinculada e acompanhada
longitudinalmente.
Ainda que sejam importantes, as ações preventivas, no plano micro, não são fáceis de
serem concretizadas. Além das dificuldades inerentes à mudança do comportamento
humano, faltam instrumentos efetivos para ajudar a provocar essas mudanças. Por isso,
têm sido utilizadas, crescentemente, na prevenção das condições de saúde e no
autocuidado apoiado, intervenções baseadas em teorias do campo da psicologia.
Para Rijken et al. (2008) essas teorias ajudam a compreender que o comportamento
humano é importante e a desenvolver intervenções que sejam efetivas em mudar
comportamentos e estilos de vida. Elas mostram que as mudanças de comportamento na
saúde requerem uma série de estratégias que dependem do nível de conhecimento das
pessoas em relação à sua saúde, às suas crenças, aos seus comportamentos, aos seus
níveis de confiança, à força das suas redes de suporte social e aos seus níveis de
motivação.
44
Uma das teorias mais aplicadas para facilitar as mudanças em relação aos
comportamentos e estilos de vida tem sido o modelo transteorético de mudança ou teoria
dos estágios da mudança. Essa teoria postula que as mudanças de comportamento se
dão em estágios sequenciais de estados psicológicos e comportamentais que vão desde
uma falta de motivação até um novo comportamento sustentado.
O Quadro 1 mostra os estágios de mudança e os modos de motivar as mudanças de
comportamento segundo a teoria dos estágios de mudança.
Quadro: Os estágios de mudança e os modos de motivar as mudanças
ESTÁGIO DE MUDANÇA
INCENTIVOS Á MUDANÇA
Pré-contemplação: não há nenhum interesse
na mudança nos próximos seis meses
Aumento da consciência da necessidade da
mudança por meio de informação
Contemplação: balanceamento dos riscos e
benefícios da mudança, mas pensando em
mudança
Relação dos prós e contras da mudança e
busca de apoio à mudança
Preparação: planejamento para a mudança e
construção de alternativas; intenção em tomar
ações de mudança no prazo de um mês
Elaboração de um plano de ação com
definição dos passos, tempos e incentivos
Ação: as mudanças ocorrem e os novos
comportamentos aparecem; mudando numa
ação específica
Elaboração de metas de curto prazo e
construção de capacidade de solução dos
problemas que surgirem no curso da ação
Manutenção: os novos comportamentos
continuam com confiança crescente e uma
superação das barreiras ocorre; mudanças
persistentes de seis meses a cinco anos
Paciência, persistência e conscientização da
necessidade de mudança
Relapso: recaída, retorno ao comportamento
antigo
Entendimento das causas da recaída e
aprendizagem sobre a sua superação
Fontes: Prochaska & DiClemente ( 1983)
A teoria dos estágios da mudança tem sido aplicada, em vários países do mundo e,
também no Brasil, na prevenção das condições de saúde e no autocuidado apoiado
Há quem considere que a teoria dos estágios da mudança é eficaz em certos
comportamentos relativos à adição (tabagismo e uso excesivo de álcool), mas há quem
considere que os estágios não se apresentam de forma discreta na aplicação da
metodologia.
45
Uma outra tecnologia do campo da psicologia, utilizada em situações que buscam
mudanças comportamentais, é a entrevista motivacional, especialmente utilizada na
educação em saúde das pessoas usuárias e no autocuidado apoiado.
A entrevista motivacional é uma abordagem diretiva, focal, para atingir determinados
resultados, em termos de comportamento. Utiliza técnicas de várias abordagens, tais
como psicoterapias breves, terapia centrada na pessoa, terapia cognitiva, terapia
sistêmica e psicologia humana. Ela se apóia numa concepção de mudança que articula a
importância da mudança e a confiança em realizá-la.
Pessoas que pensam que a
atividade física não é importante são improváveis de iniciar esse processo de mudança
com efetividade. Da mesma forma, pessoas que pensam que a atividade física é
importante, mas que não têm um grau de confiança suficiente em sua capacidade de
mudar, dificilmente irão fazer exercício físico regularmente. Essa tecnologia aborda as
pessoas com baixo convencimento da importância por meio de processos educacionais e
as pessoas com baixa confiança na capacidade de mudança com definição de metas,
plano de ação e técnicas de solução de problemas (Rollnick et al., 2000; Rollnick ).
Há evidência de que a entrevista motivacional tem produzido resultados em relação aos
dependentes de álcool, à redução de peso, ao controle da pressão arterial, mas seus
resultados em relação à atividade física são inconclusivos (Rolnick et al., 2009). Essa
técnica é particularmente efetiva em indivíduos que apresentam baixa motivação de
mudança (Butler et al., 1999). A entrevista motivacional tem sido usada no Brasil,
principalmente em comportamentos aditivos.
Há evidências de que os comportamentos e estilos de vida são determinantes sociais
importantes das condições crônicas. McGinnis & Foege (1993) identificaram a natureza
crítica dos fatores de risco ligados aos comportamentos e aos estilos de vida, estimando
que eles foram responsáveis por 40% das mortes ocorridas nos Estados Unidos. Esses
fatores de risco são as principais causas de morte por câncer em países de baixa e
média rendas: o tabagismo por 18% das mortes; o baixo consumo de frutas, legumes e
verduras por 6% das mortes; e o consumo excessivo de álcool por 5% das mortes. Nos
Estados Unidos e na Europa, estima-se que a expectativa de vida poderia reduzir-se em
cinco anos nas próximas décadas se os níveis de obesidade atuais continuarem
crescendo conforme os padrões atualmente vigentes; nessas condições, prevê-se que
uma em cada quatro pessoas nascidas, hoje, poderá desenvolver diabetes ao longo de
46
sua vida. A obesidade é considerada, hoje, o seguindo fator de presdsão sobre os custos
dos sistemas de atenção à saúde, sendo superada, apenas, pela utilização intensiva de
tecnologia. Os fatores de risco proximais são generalizados e explicam a grande maioria
dos óbitos causados por doenças crônicas, em homens e mulheres, em todas as partes
do universo. No mundo, a cada ano, 4,9 milhões de pessoas morrem em decorrência do
consumo de tabaco, 2,6 milhões de pessoas morrem por problemas de sobrepeso ou
obesidade, 2,7 milhões morrem devido ao consumo insuficiente de frutas e hortaliças e
1,9 milhões morrem devido ao sedentarismo. Por outro lado, há evidências de que se os
fatores de risco fossem controlados seriam evitadas 80% das doenças cardiovasculares e
diabetes e mais de 40% dos cânceres (World Health Organization, 2005).
Um bom exemplo de ação de sucesso sobre os fatores de risco ligados aos
comportamentos e aos estilos de vida é o da Finlândia. Esse país tinha uma das mais
altas taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares do mundo, em 1972. O governo
introduziu um amplo programa de educação populacional em relação ao fumo, dieta e
atividade física. O programa envolveu uma legislação anti-fumo, aumentou a
disponibilidade diária de produtos com baixa taxa de gordura, melhorou as merendas
escolares e estimulou as atividades físicas. Como resultado, as taxas de mortalidade por
enfermidades cardiovasculares caíram, no período 1972/1995, em 65%, em todo o país
e, em 73%, em North Karelia, onde foi, inicialmente, implantado o programa (Puska et al.,
1998).
Estudo sobre mortalidade atribuível aos dez principais fatores de risco nos grupos de
países das Américas segundo definição da Organização Mundial da Saúde, mostrou,
conforme se vê na Tabela 1, que os países do Grupo B, com baixa taxa de mortalidade
na América Latina e Caribe, onde está o Brasil, têm 37,6% de suas mortes determinadas
por fatores de riscos comportamentais ou de estilos de vida.
47
Tabela 1: Dez principais fatores de risco para mortalidade atribuível nos países do Grupo
B da América Latina e Caribe
MORTALIDADE
PROPORCIONAL (%)
FATOR DE RISCO
Pressão arterial
12,8
Sobrepeso e obesidade
10,1
Álcool
9,5
Tabaco
8,5
Colesterol
6,5
Baixa ingestão de frutas, legumes e verduras
5,4
Sedentarismo
4,1
Sexo sem segurança
1,9
Saneamento
1,2
Poluição do ar
1,2
Total da mortalidade atribuível
61,2
Fonte: Banco Mundial (2005)
A simultaneidade desses fatores de risco gera um sinergismo que acaba por potenciar os
problemas de saúde. Tome-se o caso do câncer. Para países de rendas baixa e média,
entre os quais se encontra o Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (2006), a
fração atribuível na população ao conjunto de fatores de risco associados a uma
localização específica de câncer variou de 11% para cólon e reto (sobrepeso e
obesidade, inatividade física e baixo consumo de vegetais), a 18% para câncer de mama
(inatividade física, sobrepeso e obesidade e consumo de álcool), a 48% para câncer de
boca e orofaringe (tabagismo e consumo de álcool) e a 66% para câncer de traquéia,
brônquios e pulmão (tabagismo, baixo consumo de frutas e vegetais e fumaça de queima
de combustíveis sólidos no domicílio).
Além disso, conforme se demonstra pelo enfoque do curso de vida das condições
crônicas, o impacto dos fatores de risco modificáveis aumenta com o passar dos anos;
isso significa que o impacto desses fatores de risco pode ser adiado por intervenções
realizadas precocemente. A longo prazo, as intervenções preventivas realizadas no início
a vida têm a capacidade potencial de reduzir substancialmente a epidemia de doenças
crônicas (World Health Organization, 2005).
48
Os fatores de risco vinculados aos comportamentos e aos estilos de vida que são mais
considerados pela Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde (2008), no
Brasil, são o tabagismo, a dieta, o excesso de peso, a atividade física e o uso excessivo
de álcool.
Deve ficar claro que uma política consequente de prevenção de condições de saúde deve
ter como base um sistema de vigilância dos fatores de risco efetivo que se foque nos
fatores de risco modificáveis e que se estruture no processo seguinte: análise das
tendências temporais da mortalidade, morbidade e incapacidade por condições crônicas;
monitoramento dos fatores de risco por meio de inquéritos de saúde regulares e
especiais; análise e crítica dos resultados; fontes de dados com validação e melhoria dos
instrumentos e indicadores; indução e apoio às ações de prevenção das condições
crônicas; e monitoramento e avaliação das intervenções (Ministério da Saúde, 2006).
Esse sistema de vigilância dos fatores de risco deve operar nos níveis nacional, estadual,
regional e local.
O Boxe 3 relata um sistema de monitoramento dos indicadores de comportamentos e
estilos de vida nos Estados Unidos, uma parte de um sistema mais amplo de
monitoramento da saúde no país.
49
BOXE 3
Monitoramento dos fatores de risco ligados ao comportamento
e estilos de vida nos Estado Unidos
Foi proposto um sistema nacional de monitoramento da saúde, nesse país, por meio de 20
indicadores que devem ser analisados nos níveis local, estadual e nacional, segundo idade,
raça, sexo,nível educacional, estado de emprego e renda.
Os indicadores selecionados para medir os fatores de riscos relativos aos comportamentos e
aos estilos de vida foram:
Tabagismo: percentagem de adultos que fumaram mais de 100 cigarros em sua vida e que
regularmente fumam alguns dias ou todos os dias;
Dieta: percentagem de adultos com boa dieta indicada por um valor igual ou superior a 80 no
índice de alimentação saudável, criado pelo Departamento de Agricultura.
Atividade física: percentagem de adultos cumprindo a recomendação de atividade física
moderada: 30 minutos de atividade física moderada cinco dias por semana ou 20 minutos de
atividade física vigorosa três dias por semana;
Obesidade: percentagem de adultos com índice de massa corporal igual ou superior a 30;
Consumo excessivo de álcool: percentagem de adultos que reportam terem consumido quatro
(mulher) ou cinco (homem) doses de bebida alcoólica em uma única ocasião e/ou terem
consumido uma média de uma (mulher) ou duas (homens) doses por dia nos últimos trinta
dias.
Fonte: Institute of Medicine, 2008
Bibliografia
BANCO MUNDIAL - Enfrentando o desafio das doenças não transmissíveis no Brasil.
Brasília, Unidade de Gerenciamento do Brasil, Relatório nº 32576-BR, 2005.
BENGOA, R. - Empantanados. Revista de Innovación Sanitaria y Atención Integrada, 1:
1, 2008.
BUTLER, C. et al. - Motivational consulting versus brief advice for smokers in general
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MINISTÉRIO DA SAÚDE - Cuidado integral de doenças crônicas não-transmissíveis:
promoção
da
saúde,
vigilância,
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Brasília,
SVS/SAS/SE/INCA/ANS/MS, 2008
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noncommunicable diseases in workplace through diet and phisical activity: WHO/World
Economic Forum report of a joint event . Geneva, World Health Organization, 2008.
51
11,15 - 12,00 hs
Exposição dialogada 5
A gestão da clínica
Esta atividade tem como objetivo permitir aos participantes compreenderem um conceito
central para a operacionalização do modelo de atenção às condições crônicas, nos seus
níveis 3, 4 e 5, que é a gestão da clínica, as razões para sua utilização, suas origens, a
importância das diretrizes clínicas e as principais tecnologias de gestão da clínica: a
gestão da condição de saúde, a gestão de caso, a auditoria clínica e as listas de espera.
12,00 - 14,00 hs
Intervalo para almoço
14,00 - 15,15 hs
Estudo dirigido 6
A gestão das condições de saúde
Esta atividade tem como objetivo permitir que os participantes aprofundem a
compreensão da gestão da condição de saúde, a tecnologia de gestão da clínica que
opera os níveis 3 e 4 do Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC):
Procedimentos:
Dividam-se nos 4 grupos temáticos.
•
•
•
Grupo 1: Doenças cardiovasculares, com ênfase na hipertensão arterial sistêmica;
•
Grupo 2: Doenças cardiovasculares, com ênfase na doença coronariana;
•
Grupo 3. Diabetes;
•
Grupo 4: Depressão.
Leiam o texto 6 abaixo, em voz alta, em grupo, dando oportunidade para que todos
os participantes façam parte da leitura;
•
Após a leitura façam uma discussão sobre o texto e respondam às seguintes
questões, procurando utilizar as questões como um roteiro de discussões e
agregando as opiniões e questionamentos do grupo.
52
1.
Qual o conceito de gestão da condição de saúde? Quais são seus principais
componentes?
2.
Qual importância da estratificação de risco das condições estabelecidas na
gestão da condição de saúde? Justifiquem
3.
O que é o plano de cuidado das condições crônicas? Quais suas
características fundamentais? Ele diferencia-se do plano de cuidado das
condições e eventos agudos? Como?
4.
O que é gestão dos riscos da atenção? Que ações devem ser consideradas
na implantação desse componente da gestão de condição crônica? Ela se
aplica à área temática específica deste grupo? Por quê?
5.
Quais são as características fundamentais de uma educação permanente
de profissionais de saúde com capacidade de mudar comportamentos
clínicos? Essas características estão presentes nos processos educacionais
desenvolvidos no programa temático deste grupo?
6.
Os conteúdos das linhas-guia (protocolos) do programa temático deste
grupo estão sendo levados às pessoas usuárias por meio de estratégias de
educação em saúde? Quais as tecnologias que dão sustentação à educação
em saúde?
7.
Há um sistema de programação, articulado com as linhas-guia (protocolos),
estruturado
por
riscos
estratificados
e
baseado
em
parâmetros
epidemiológicos no programa temático a cargo deste grupo? Esses
parâmetros são utilizados para programar as atividades da equipe
multiprofissional? Ele é utilizado para estabelecer a agenda das equipes da
APS? Ele é utilizado rotineiramente no programa temático deste grupo?
8.
Há um contrato de gestão com os prestadores que envolve o pagamento por
desempenho?
9.
O sistema de programação é monitorado, rotineiramente, com indicadores
de desempenho balanceados, ou seja, envolvendo indicadores de estrutura,
processos e resultados?
10.
É viável avançar no sentido de monitorar indicadores de desfecho clínico
(por exemplo, percentual de portadores de diabetes com nível glicêmico
igual ou inferior a 7% ou percentual de portadores de hipertensão com
pressão arterial inferior a 14 por 9)?
53
11.
As linhas-guia (protocolos) atuais do programa temático devem ser
reformuladas para dar conta de viabilizar a gestão de condição de saúde?
Caso positivo, quais as principais mudanças a serem feitas nas linhas-guia
atuais?
Texto 6:
A gestão da condição de saúde6
1. Histórico
A tecnologia de gestão da condição de saúde surgiu na Conferência de Atenção
Gerenciada, nos Estados Unidos, na primavera de 1993, como gerenciamento de doença
(disease management), uma tecnologia de microgestão da clínica destinada a enfrentar
uma doença específica.
Desde seu surgimento, a gestão da condição de saúde vem passando por sucessivas
gerações. A primeira geração
consistiu na provisão de um ou mais serviços,
normalmente de cuidado ou cura, que não eram regularmente ofertados em relação a
determinada doença. A segunda geração avançou no sentido de privilegiar ações
concernentes às pessoas usuárias mais graves e mais custosas, uma resposta parcial à
lei da concentração da severidade e dos gastos em saúde, com foco na gestão de casos
complexos. Essas duas gerações deram origem ao nome gerenciamento de doença, já
que eram voltadas fortemente para determinada doença, com ações de cuidado, cura ou
reabilitação. A terceira geração veio juntamente com a implantação das redes de atenção
à saúde e a tecnologia passou a abarcar toda a história de uma condição de saúde,
através de medidas de prevenção primária, secundária e terciária e com estratificação
dos riscos populacionais. Há quem denomine esta terceira geração de gerencimento da
saúde.
6
Texto extraído do livro: MENDES, E. V. - As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte, Escola de Saúde
Pública de Minas Gerais, 2009.
54
Ainda que a gestão da condição de saúde tenha sido originada na atenção gerenciada
dos Estados Unidos, ela se espalhou por vários países do mundo, especialmente nos
sistemas públicos universais dos países da Europa Ocidental. Segundo Ham (2007),
essa tecnologia apresenta mais chances de sucesso nos sistemas públicos universais
por ter, ali, melhores condições ambientais para o seu pleno desenvolvimento que no
país de origem, os Estados Unidos.
A proposta de gestão da condição de saúde que se apresenta, aqui, ainda que se
beneficiando das experiências internacionais mais maduras, foi desenvolvida para
adaptar-se às singularidades do SUS e envolve um conjunto de ações sobre fatores de
risco biopsicológicos e /ou uma condição de saúde já estabelecida, segundo sua
estratificação de riscos.
É por meio da gestão da condição de saúde que se operam os níveis 3 e 4 do Modelo de
Atenção às Condições Crônicas (MACC).
2. Conceito
A gestão da condição de saúde pode ser definida como o processo de gerenciamento de
um fator de risco biopsicológicológico e/ou de uma determinada condição de saúde, já
estabelecida, por meio de um conjunto de intervenções gerenciais, educacionais e no
cuidado, com o objetivo de alcançar bons resultados clínicos, de reduzir os riscos para os
profissionais e para as pessoas usuárias, contribuindo para a melhoria da eficiência e a
da qualidade da atenção à saúde.
A gestão da condição de saúde tem sido considerada uma mudança radical na
abordagem clínica, porque ela se move de um modelo de um profissional de saúde
individual, que responde a um doente por meio de procedimentos curativos e
reabilitadores, para uma abordagem baseada numa população adscrita, onde as
condições de saúde, já estabelecidas, são enfrentadas por meio de estratégias focadas
na estratificação de riscos e na atenção baseada na população.
A gestão da condição de saúde é representada, graficamente, na Figura 4.
55
Figura 4: A gestão da condição de saúde
3. Indicações da gestão da condição de saúde
A gestão da condição de saúde é uma tecnologia especialmente indicada para o manejo
das condições crônicas que necessitam de atenção por longo tempo e em diferentes
pontos de atenção de uma rede de atenção à saúde.
A gestão da condição de saúde é um enfoque que se dirige a uma população
determinada e é, portanto, uma tecnologia que exige, como pré-condição, o
conhecimento e o relacionamento constante com uma população adscrita que será
sujeito das intervenções em relação a uma condição de saúde determinada. Ou seja,
pressupõe o conhecimento da população através de um sistema de informação com
capacidade de fazer o seu registro, por condição de saúde e por riscos em relação a essa
condição. A estratificação de riscos da população com condição crônica de saúde
estabelecida é fundamental por duas razões principais: primeiro, porque permite construir
linhas-guia clínicas (protocolos) com manejos clínicos diferenciados para os diferentes
estratos de risco; segundo, porque permite a racionalização da forma de atenção,
separando cuidados profissionais de autocuidado e distribuindo melhor as tarefas pelas
equipes multiprofissinais e levando a uma programação ótima dos recursos escassos,
56
concentrando os atendimentos nos profissionais, generalistas e especialistas, de acordo
com os riscos, segundo as evidências produzidas pela Pirâmide da Kaiser Permanente.
Por exemplo, os manejos clínicos das hipertensões de baixo, médio, alto e muito alto
riscos são diferenciados nas linhas-guia e a concentração de consultas médicas, tanto do
generalista quanto do especialista, será maior nos estratos de alto e muito alto risco, o
que facilita uma composição de agenda mais adequada.
4. O processo de desenvolvimento da gestão da condição de saúde
O instrumento básico para o desenvolvimento da gestão da condição de saúde é a linhaguia (protocolo) relativa a essa condição porque ela vai definir as ações a serem
desenvolvidas em cada ponto de atenção à saúde e suas relações com os sistemas de
apoio, englobando os processos de cura/cuidado, reabilitação e paliação.
A gestão da condição de saúde, tal como se observa na Figura 4, estrutura-se em quatro
grandes componentes: o plano de cuidado, a gestão dos riscos da atenção à saúde, as
mudanças de comportamento de profissionais de saúde e de pessoas usuárias e a
programação da atenção à saúde.
4.1. O plano de cuidado
O coração da gestão da condição de saúde está na elaboração do plano de cuidado para
cada pessoa usuária do sistema de atenção à saúde. Em alguns casos, envolverá o
contexto familiar e a rede de suporte social dessa pessoa usuária.
Esse plano de cuidado é elaborado, conjuntamente, pela equipe de saúde e cada pessoa
usuária e envolve metas a serem cumpridas ao longo de períodos determinados. Isso
exige uma mudança profunda nas relações entre os profissionais de saúde e as pessoas
usuárias. Há que evoluir-se de uma atenção prescritiva e centrada na doença para uma
atenção colaborativa e centrada na pessoa e na família. Nessa nova forma de relação
entre a equipe de saúde e as pessoas usuárias não há mais prescritores, de um lado, e
receptores passivos, pacientes portanto, de outro; equipe de saúde e pessoa usuária
atuam cooperativa e proativamente na elaboração, monitoramento e avaliação do plano
de cuidado, ao longo do tempo. O centro da relação entre a equipe de saúde e a pessoa
usuária não é a queixa principal (o centro da relação no cuidado dos agudos), mas o
57
plano de cuidado.
O plano de cuidado envolve vários momentos: o diagnóstico físico, psicológico e social; a
explicitação das intervenções de curto, médio e longo prazos e a definição dos
responsáveis por elas na equipe multiprofissional; a elaboração conjunta de metas a
serem cumpridas; a definição dos passos para alcançar essas metas; a identificação da
importância e dos obstáculos ao alcance das metas; as ações para superar esses
obstáculos; o suporte e os recursos necessários para alcançar as metas;
o
estabelecimento do nível de confiança da pessoa usuária para alcançar as metas; e o
monitoramento conjunto das metas ao longo do tempo.
O plano de cuidado deve ser parte integrante fundamental de um prontuário clínico
eletrônico.
4.2. A gestão dos riscos da atenção à saúde
A atenção à saúde não se faz, infelizmente, de acordo com padrões ótimos de clínica.
Um estudo feito nos Estados Unidos mostrou que, em média, a qualidade adequada de
atenção à população adulta, quando comparada com recomendações baseadas em
evidências, foi de, apenas, 54,9%, um déficit de qualidade médio de 45,1%. Esse valor
médio de qualidade recomendada atingiu 54,9% para os cuidados preventivos, 53,5%
para os cuidados aos eventos agudos e 56,1% para o cuidado às condições crônicas.
Variações maiores foram obtidas quando se consideraram condições específicas; por
exemplo, o manejo de pessoas portadoras de dependência alcoólica só foi adequado em
10,5% dos casos (McGlynn et al., 2003).
Um dos problemas centrais dos sistemas de atenção à saúde é que eles podem causar
danos às pessoas usuárias e às equipes de saúde. Esses danos podem ser devidos a
erros ou a eventos adversos. Os erros são definidos como falhas numa ação planejada
ou pelo uso de um planejamento incorreto e os eventos adversos como os danos
causados pela intervenção sanitária e não pelas condições das pessoas que são
submetidas a ela; os eventos adversos preveníveis são aqueles atribuíveis a um erro ou
a uma falha sistêmica da atenção à saúde (Institute of Medicine, 1999). Por outro lado, os
serviços seguros são conceituados como aqueles que são prestados sem causar danos
às pessoas usuárias e aos profissionais e que aumentam a confiança das pessoas na
58
atenção à saúde (World Health Organization, 2008).
Um trabalho clássico sobre o sistema de atenção à saúde dos Estados Unidos mostrou
que os problemas de erros e eventos adversos do sistema de atenção à saúde
constituíram a terceira causa de morte naquele país e foram responsáveis por 48 a 98 mil
mortes por ano, metade das quais por reações adversas a medicamentos (Institute of
Medicine, 1999). Num trabalho subsequente, o mesmo Instituto propôs a superação do
“abismo da qualidade” do sistema de atenção à saúde americano por meio de reformas
profundas que estruturem um novo conceito de qualidade, baseado em alguns objetivos,
entre os quais, a prestação de serviços seguros que evitem danos para as pessoas
usuárias e para os profissionais. Essa instituição fez uma recomendação explícita para a
mudança do sistema de atenção à saúde americano que é a de colocar a segurança
como uma propriedade inerente desse sistema e que as pessoas usuárias devem estar
seguras de que não sofrerão danos causados pela atenção à saúde. Reduzir os riscos e
assegurar segurança requer maior atenção do sistema para prevenir e mitigar os seus
erros. Por isso, sugeriu um conceito de segurança das pessoas usuárias como a
capacidade de um sistema de atenção à saúde evitar os danos da atenção que se supõe
ser prestada para ajudá-las a melhorar suas condições de saúde (Institute of Medicine,
2001).
Tudo isso tem levado à proposição da gestão dos riscos da atenção à saúde, em vários
países do mundo. Há um reconhecimento crescente de que a gestão dos riscos da
atenção à saúde deve estar integrada em processos de desenvolvimento da qualidade.
.
A gestão dos riscos da atenção à saúde é definida como “desenvolver boas práticas
clínicas que permitam diminuir os riscos clínicos e a ocorrência de incidentes danosos ou
adversos para as pessoas usuárias dos sistemas de atenção à saúde” (McSherry e
Pierce, 2002). Os riscos clínicos representam-se por variâncias nas intervenções
diagnósticas ou terapêuticas em relação a padrões definidos intencionalmente.
A implantação da gestão dos riscos da atenção à saúde envolve um conjunto integrado
de ações: a definição de uma estratégia de gestão dos riscos da atenção; a identificação,
em cada organização, de um grupo para coordenar essas ações; a explicitação de
padrões ótimos de atenção segura, com base em evidências clínicas; a implantação de
um sistema de relatório de eventos adversos; a montagem de um sistema de vigilância
59
dos riscos da atenção, envolvendo a identificação, o monitoramento e a avaliação dos
riscos, por exemplo, o sistema de farmacovigilância; a implantação de um sistema de
ouvidoria que recolha e acolha as manifestações de más práticas clínicas por parte das
pessoas usuárias do sistema de atenção à saúde; a articulação com o sistema de
auditoria clínica; a implantação de sistema de educação permanente dos profissionais de
saúde em redução dos riscos clínicos; e a provisão de informação às pessoas usuárias
sobre os riscos e os benefícios de determinadas intervenções médicas.
A gestão dos riscos da atenção pressupõe um sistema de gestão de desempenho que
visa a garantir que os serviços são prestados de forma efetiva, apropriada e em tempo
oportuno (Department of Health, 1997). Esse sistema opera, de um lado, com variáveis
individuais como as queixas das pessoas usuárias dos sistemas de atenção à saúde e de
suas repercussões na mídia e, de outro, com variáveis organizacionais como os eventos
adversos, os indicadores de qualidade e as revisões de desempenho. Isso se explica
porque o mau desempenho pode ser resultado de falhas individuais e/ou de falhas
processuais ou sistêmicas. A gestão de desempenho procura responder a duas
questões: O que estamos fazendo? E quão bem estamos fazendo? (McSherry e Pearce,
2002).
Um exemplo de gestão de riscos da atenção à saúde, aplicado em larga escala, foi a
Campanha de Cem Mil Vidas do Institute for Healthcare Improvement, realizada nos
Estados Unidos, e que objetivou salvar cem mil vidas em milhares de hospitais daquele
País, num período de 18 meses, por meio de um programa com intervenções em cinco
áreas: a promoção de uma cultura organizacional de segurança; a melhoria do trabalho
em equipe e da comunicação para promover a segurança das pessoas usuárias; o
aperfeiçoamento da resposta rápida para prevenir ataques cardíacos e outros eventos
críticos no hospital; a prevenção de infecções associadas à atenção à saúde nas
unidades de cuidados intensivos; e a prevenção de efeitos adversos de medicamentos na
atenção hospitalar. Os resultados dessa campanha, avaliados através de 10 estudos de
casos realizados por MacCarthy e Blumenthal (2006), mostraram resultados altamente
positivos: uma redução significativa nos eventos adversos e nas infecções hospitalares;
uma aparente eliminação de erros sérios como cirurgias realizadas no lugar errado; uma
redução das taxas de mortalidade; uma melhoria nas atitudes de segurança, nos
trabalhos em equipe e nas comunicações relativas aos desempenhos de segurança; um
aumento nos relatórios sobre incidentes de segurança e uma efetiva investigação de
60
suas causas com a prescrição de ações preventivas para evitar problemas futuros; um
aumento do moral do pessoal de enfermagem e um decréscimo no turnover e no
absenteísmo dos enfermeiros; uma utilização mais eficiente do tempo da equipe de
saúde pela eliminação de retrabalho; e uma economia de recursos financeiros pela
diminuição das taxas de permanência nos hospitais. A maioria desses casos mostrou
uma associação estreita entre as ações de segurança das pessoas usuárias com outras
medidas de programas de qualidade e ressaltou a importância relativa maior das
intervenções de criação de uma cultura de segurança.
A gestão dos riscos da atenção á saúde pode ter um segundo componente que são os
riscos para as equipes de saúde. Esse componente visa a assegurar que os profissionais
de saúde estão operando em padrões adequados de biossegurança, em ambientes
saudáveis e protegidos em relação a infecções (Starey, 1999).
4.3. As mudanças de comportamentos dos profissionais de saúde e das pessoas
usuárias
As mudanças de comportamentos dos profissionais de saúde e das pessoas usuárias
fazem-se, na gestão da condição de saúde, por meio de processos educacionais
potentes. Em relação aos profissionais de saúde envolve métodos adequados de
educação permanente e no que concerne às pessoas usuárias faz-se através de
processos de educação em saúde.
4.3.1. A educação permanente dos profissionais de saúde
A educação permanente dos profissionais de saúde há que evoluir de uma educação
tradicional para processos de educação permanente contemporâneos.
A educação tradicional dos profissionais de saúde caracteriza-se assim: é baseada em
intervenções isoladas e pontuais; utiliza metodologias centradas nos professores e com
ênfase na transmissão de conhecimentos; desvincula as intervenções educacionais das
práticas profissionais; separa as intervenções educacionais das mudanças de
desempenho; não é construída com base em análises de necessidades dos educandos;
produz respostas padronizadas e não individualizadas; e as iniciativas de adesão são
responsabilidades individuais (Mamede, 2005).
61
A educação continuada no SUS tem sido ofertada, predominantemente, dessa forma
tradicional. São atividades educacionais convencionais como cursos curtos, seminários,
oficinas de sensibilização; centram-se nas necessidades dos seus formuladores,
normalmente gerentes de programas de saúde que não têm uma boa formação em
educação; são intervenções curtas e pontuais; nem sempre são significativas para os
educandos; e não se fazem sobre problemas concretos do dia-a-dia dos educandos. O
resultado é um enorme volume de recursos aplicado para baixos resultados
educacionais. Agreguem-se, a esses custos diretos, custos indiretos muito altos,
derivados da retirada constante dos profissionais de suas atividades de rotina nas suas
unidades de saúde. Esta forma de processo educacional precisa ser mudada
radicalmente.
A superação dos processos tradicionais de educação dos profissionais de saúde faz-se a
partir de grandes
tendências: a educação como um processo permanente: pré-
graduação, graduação, formação para especialidade, educação permanente; a educação
permanente evoluindo para o desenvolvimento educacional permanente nos campos
técnico-científico, gerencial, social e pessoal; a articulação da educação permanente com
a melhoria das práticas profissionais; a adoção de fundamentos oriundos da investigação
científica nas áreas de psicologia cognitiva e educação profissional; e o movimento da
educação baseada em evidência (Mamede, 2005).
A educação permanente dos profissionais de saúde tem como sujeitos pessoas adultas.
A educação de pessoas adultas é feita pela andragogia que tem características de
aprendizagem bem diferentes daquelas da pedagogia, destinadas à aprendizagem das
crianças. As principais características da aprendizagem da andragogia são: a
aprendizagem adquire uma característica mais centrada no aprendiz, na independência e
na autogestão da aprendizagem; as pessoas aprendem o que realmente precisam saber
ou aprendizagem para a aplicação prática na vida; a experiência é rica fonte de
aprendizagem através da discussão e da solução de problemas em grupo; e a
aprendizagem é baseada em problemas, exigindo ampla gama de conhecimentos para
se chegar à solução. Na andragogia, o professor se transforma num facilitador eficaz de
atividades de grupos, devendo demonstrar a importância prática do assunto a ser
estudado, transmitir o entusiasmo pelo aprendizado e a sensação de que aquele
conhecimento fará diferença na vida dos aprendizes (Perillo et al., 2007).
62
A educação permanente dos profissionais de saúde deve ser baseada nos fatores de
mudança das práticas profissionais: os fatores predisponentes, os fatores habilitadores e
os fatores reforçadores. Os fatores predisponentes envolvem a aquisição de
conhecimentos, habilidades e atitudes, tais como atividades formais (cursos e
conferências), materiais impressos e áudio-visuais. Os fatores habilitadores são aqueles
que facilitam as modificações da prática profissional no ambiente de trabalho como as
diretrizes clínicas, as consultas a colegas e materiais de educação em saúde. Os fatores
reforçadores são aqueles que consolidam as mudanças das práticas profissionais como
os alertas e os feedbacks. Há, ainda, fatores multipotenciais como as revisões de
prontuário, as opiniões de profissionais-líderes e os incentivos (Adelson et al., 1997). Os
incentivos econômicos e não econômicos em relação à adoção dos procedimentos
recomendados são fundamentais, juntamente com as estratégias educacionais, para as
mudanças das práticas clínicas.
Uma estratégia importante para a educação permanente de profissionais de saúde é o
círculo de aperfeiçoamento da prática profissional, uma reflexão crítica de um grupo de
profissionais sobre seu próprio desempenho, com o objetivo de alcançar uma melhoria
contínua na atenção às pessoas. Este círculo é: um processo permanente que envolve a
definição de critérios, a avaliação do desempenho e a implementação das mudanças; a
forma de educação permanente que associa o aumento do conhecimento com a
mudança da prática profissional; e o método para aprender e mudar (Mamede, 2005).
Há evidências abundantes na literatura internacional sobre os efeitos positivos da
educação permanente na mudança de comportamento dos profissionais de saúde e em
outras dimensões da prática profissional, sobre os resultados sanitários e sobre as
pessoas usuárias dos sistemas de atenção à saúde.
4.3.2. A educação em saúde
As diretrizes clínicas que normatizam o processo de intervenção frente à condição de
saúde devem ser apropriadas pelos profissionais de saúde e, também, pelas pessoas
usuárias dos sistemas de atenção à saúde. Isso exige um processo de mediação de
comunicadores e educadores e um espaço organizacional da educação e comunicação.
63
As variáveis importantes desse momento são os conteúdos das mensagens, a mídia e o
feedback. Dessa forma, as diretrizes clínicas devem ser traduzidas em linguagem
adequada, pelos comunicadores e educadores, para as pessoas usuárias, e transmitidas
através de meios pertinentes para que sejam apropriadas devidamente.
As diretrizes clínicas devem ser compreendidas, reelaboradas e internalizadas pelas
pessoas usuárias dos serviços de saúde. Essa é a parte da educação em saúde e deve
envolver estratégias como a realização de surveys ou grupos focais; a busca dos
melhores meios para as mensagens específicas (eletrônico, impresso, falado, visual); e a
avaliação por feedback da eficácia dos métodos comunicacionais utilizados.
Ademais, há que se ter um processo educacional que permita que as pessoas usuárias
se apropriem das diretrizes clínicas. A resposta deve ser dada pela estruturação da
educação em saúde. Valorizar a educação das pessoas usuárias, de forma a que mudem
seus comportamentos em relação à condição de saúde e que participem proativamente
do plano de cuidados, é um elemento essencial da gestão da condição de saúde e parte
de sua função educacional.
O processo de educação em saúde, especialmente no que diz respeito às mudanças de
comportamentos, beneficia-se da utilização de teorias do campo da psicologia como a
teoria dos estágios de mudança, a entrevista motivacional e os grupos operativos.
Ter boas diretrizes clínicas é uma condição necessária, mas não suficiente para uma boa
gestão da clínica.
Dispor de diretrizes clínicas na Internet ou impressas, mas não
implantá-las através de processos educacionais potentes, para profissionais de saúde e
pessoas usuárias, é uma perda de tempo e de recursos.
4.4. A programação da condição de saúde
A programação da condição de saúde estrutura-se em três momentos: a elaboração da
programação, o contrato de gestão e o monitoramento e avaliação.
64
4.4.1. A elaboração da programação
A programação faz-se em cada ponto de atenção à saúde de uma rede de atenção à
saúde.
Dada a função coordenadora que a atenção primária à saúde tem nas redes de atenção
à saúde, a programação desse nível de atenção merece um cuidado especial porque a
maioria das ações de um sistema de atenção à saúde, na perspectiva de uma rede, é
programada na atenção primária à saúde. Quando se trabalha em redes, com a APS
cumprido a função de coordenação, os níveis secundáriuos e terciários são programados
pelas equipes de atenção primária à saúde. Isso permite que a regulação dos fluxos
assistenciais referentes a procedimentos eletivos seja feita pela APS.
A programação será feita utilizando-se a planilha de programação que é parte integrante
das linhas-guia (protocolos), referentes à atenção primária à saúde. Essa planilha contém
os parâmetros de atenção à saúde, construídos com base epidemiológicas, que devem
orientar a programação.
Há que se estabelecer objetivos realísticos, em termos de processos e resultados
esperados, para o processo de gestão da condição de saúde. Indicadores de processos e
resultados bem específicos são definidos e validados pelos profissionais de saúde.
4.4.2. O contrato de gestão
Os objetivos e metas fixados na programação devem ser um dos elementos básicos para
a elaboração do contrato de gestão entre a autoridade sanitária (por exemplo, o
Secretário Municipal de Saúde) e a unidade prestadora de serviços (por exemplo, a
Unidade de APS ou a equipe de saúde da família).
Há evidências, provindas de avaliações rigorosas realizadas em vários países, inclusive
no Brasil, de que a introdução de contratos como instrumentos de gestão da condição de
saúde contribui para a obtenção de melhores resultados e econômicos nos sistemas de
atenção à saúde, tal como constatou estudo do Banco Mundial realizado em Curitiba
(World Bank, 2006).
65
Esses contratos devem ser baseados em desempenho, o que significa: estabelecer
objetivos claros e os seus indicadores; desenvolver sistema de monitoramento com base
na produção e utilização oportuna dos indicadores; e produzir consequências para o
contratado, seja em termos de bônus ou de penalidades, conforme o desempenho.
Para que o contrato de gestão resulte, algumas condições são importantes: o diálogo
entre os principais atores sociais em situação; a definição dos objetivos do contrato e a
seleção dos indicadores: não devem ser muito numerosos; devem ser balanceados, ou
seja, medir equilibradamente, estrutura, processos e resultados; os indicadores devem
ser medíveis de forma independente; alguns indicadores devem ser de equidade e
qualidade, objetivos muito esquecidos nos contratos; alguns indicadores devem medir
desfechos clínicos como, por exemplo, pessoas com pressão arterial ou nível glicêmico
controlados; a definição clara do escopo dos serviços a serem contratados: o quê, em
que quantidade, com que qualidade, em que tempo e para quem; o sistema de
pagamento deve estar alinhado com os indicadores de desempenho e deve conter
incentivos positivos (bônus) ou negativos (sanções) ao contratado; o contratado deve ter
a maior autonomia possível para executar o contrato; o plano de contrato deve ser
implementado e deve definir como o contrato será gerenciado; e o tempo de contrato
deve ser, em geral, de três a cinco anos, para criar um ambiente de contratualização
adequado para o contratado (Loevinsohn, 2008).
É fundamental nos contratos de gestão que eles contenham um sistema de pagamento
das equipes de saúde por desempenho. Há exemplos de contratos com pagamento por
desempenho no SUS como os da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba e de
Janaúba. Há, ademais, exemplos no setor privado como a UNIMED de Juiz de Fora que
bonifica os médicos que obtêm controle glicêmico (hemoglobina glicada igual ou inferior a
7%) ou que atingem controle da pressão arterial (PA inferior a 14 e 9).
4.4.3. O sistema de monitoramento
Através de um sistema de monitoramento vai-se acompanhar se os objetivos definidos no
contrato estão sendo alcançados.
66
O sistema de monitoramento consiste no trabalho de seguimento constante dos objetivos
e metas pré-definidos na programação e acolhidos no contrato de gestão, com vistas ao
aprimoramento da eficiência, da efetividade e da qualidade dos serviços. Constitui uma
atividade contínua e periódica, isto é, feita em intervalos de tempo regulares, definidos no
plano de contrato em função da natureza de cada indicador.
Os resultados, efetivamente alcançados e demonstrados pelo sistema de monitoramento,
devem servir para reajustar o processo de gestão da condição de saúde da seguinte
forma: os resultados se transformam em base de conhecimentos; os objetivos podem ser
reajustados à luz do que efetivamente se pode alcançar; as linha-guia (protocolos) podem
ser revistas; e as estratégias educacionais e comunicacionais podem ser ajustadas.
5. As evidências sobre a gestão da condição de saúde
Há evidências, em vários países, sobre os efeitos positivos da aplicação da tecnologia de
gestão da condição de saúde em condições crônicas específicas, especialmente em
relação a: doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas, diabetes, atenção
às pessoas idosas e depressão. Há, ainda, evidências que mostram o incremento da
eficiência no uso dos recursos de saúde e na melhoria de resultados sanitários.
Na Alemanha, a gestão da condição de saúde tornou-se um programa oficial do
Ministério da Saúde, proposto como forma de melhorar a qualidade e de aumentar o
custo/efetividade da atenção às condições crônicas. Assim, uma lei federal, promulgada
em 2002, obrigou as seguradoras de saúde do País a adotarem a gestão da condição de
saúde para diabetes, câncer de mama, asma e doenças coronarianas. A implantação da
gestão da condição de saúde para diabetes nas seguradoras permitiu uma significativa
diminuição nos infartos de miocárdio, nos acidentes vasculares-cerebrais, nas
amputações, nas cegueiras, nas nefropatias e em outras complicações sérias da doença,
o que tornou custo/efetiva sua implantação (Busse, 2004).
Bibliografia:
ADELSON, R. et al. - Performance change in an organizational setting: a conceptual
model. The Journal of Continuing Education in the Health Professions, 17: 69-80, 1997.
BUSSE,R. - Disease management programs in Germany´s statutory health insurance
system. Health Affairs, 23: 56-67, 2004.
67
HAM, C. - Evaluations and impact of disease management programmes. Bonn,
Conference of Bonn, 2007.
INSTITUTE OF MEDICINE - To err is human: building a safer health system. Washington,
The National Academies Press, 1999.
INSTITUTE OF MEDICINE - Crossing the quality chasm: a new health system for the 21st.
century. Washington, The National Academies Press, 2001.
LOEVINSOHN, B. - Peformance-based contracting for health services in developing
countries: a toolkit. Washington, World Bank Institute, 2008.
MAMEDE, S. - A educação permanente na saúde. Fortaleza, Instituto Innovare, 2005.
MacCARTHY, D. & BLUMENTHAL, D. - Commited to safety: ten cases studies on
reducing harm to patients. New York, The Commonwealth Fund, 2006.
McSHERRY, R. & PEARCE, P. - What is clinical governance. In: McSHERRY et al. Clinical governance: a guide to implementation for healthcare professionals. Oxford,
Blackwell Science Ltd., 2002.
PERILLO, C. D. et al. - A profissionalização da gestão do SUS na SES-GO. Goiânia,
Secretaria de Estado da Saúde/Agence de La Santé et dês Services Sociaux de
Outaouais Quebec, 2007.
WORLD BANK - Enhancing performance in Brazil´s health sector: lessons from
innovations in the State of São Paulo and the City of Curitiba. Brasilia, Brazil Country
Management Unit, World Bank, Report nº 35691-BR, 2006.
WORLD HEALTH ORGANIZATION - Guidance on developing quality and safety
strategies with a health system approach. Copenhagen, WHO Regional Office for Europe,
2008.
15,15- 15,45 hs
Exposição dialogada 6
A gestão de caso
Esta atividade tem como objetivo entender os fundamentos, o conceito, os tipos, o
processo de desenvolvimento e as evidências que sustentam esta tecnologia de gestão
da clínica.
68
15,45 – 16,00 hs
Intervalo para café
16,00 - 17,15 hs
Estudo dirigido 7
Diagnóstico da capacidade institucional da atenção primária à
saúde para desenvolvimento do modelo de atenção crônica
(CCM) em Curitiba
Esta atividade tem como objetivo aplicar um instrumento de verificação da capacidade
institucional da APS para o desenvolvimento do modelo de atenção crônica (CCM) e
analisar seus resultados. Este instrumento deve ser aplicado como parte dos estudos de
linha de base em unidades de APS que se propõem a desenvolver o modelo de atenção
crônica.
Procedimentos:
Dividam-se nos 4 grupos temáticos.
•
•
Grupo 1: Doenças cardiovasculares, com ênfase na hipertensão arterial sistêmica;
•
Grupo 2: Doenças cardiovasculares, com ênfase na doença coronariana;
•
Grupo 3. Diabetes;
•
Grupo 4: Depressão.
Cada grupo deverá aplicar o instrumento refletindo sobre a capacidade da atenção
primária à saúde da SMS de Curitiba de manejar a condição de saúde específica que lhe
cabe analisar.
69
INSTRUMENTO DE DIAGNÓSTICO DA CAPACIDADE INSTITUCIONAL PARA O
DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE ATENÇÃO CRÔNICA (CCM)
Esse instrumento aplica-se para o monitoramento da capacidade institucional de uma rede de
atenção à saúde ou de algum ponto de atenção à saúde como, por exemplo, uma Unidade de
Atenção Primária à Saúde para desenvolver o CCM.
I – INSTRUÇÕES PARA O USO DO QUESTIONÁRIO
Após uma leitura do questionário e uma breve discussão sobre seu conteúdo, ele deve
ser preenchido por um profissional de saúde ou por uma equipe de saúde.
Esse questionário está orientado a prover aos gestores e aos profissionais de saúde um
sentido de mudança para melhorar a atenção às condições crônicas.
Os resultados devem possibilitar a identificação de áreas críticas e devem gerar um
programa de melhoria da atenção às condições crônicas na instituição em que está
sendo aplicado.
Preencham o questionário abaixo, segundo as instruções seguintes:
1. Preencham cada questão após uma breve discussão sobre ela;
2. O questionário pode ser feito para o conjunto das condições crônicas, por
algumas delas ou por condição crônica isolada
Por favor, especifique a(s) condição ou condições consideradas
____________________________________________________________
3. Para cada questão faça um círculo em cada valor (de 1 a 11) que melhor
expresse o nível de atenção praticado na instituição em análise em relação às
condições crônicas consideradas. Os valores mais baixos expressam
capacidades institucionais menores e os mais altos capacidades institucionais
maiores de atenção às condições crônicas.
II - QUESTIONÁRIO
70
PARTE 1: A ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE
COMPONENTE
NIVEL D
O interesse da
Não existe ou há
liderança
pouco Interesse
organizacional
em relação às
mudanças na atenção
às condições crônicas
Escore
Metas organizacionais
para as condições
crônicas
NÍVEL C
NÍVEL B
NÍVEL A
Está refletido na
visão, na missão
e no plano
estratégico, mas
não há recursos
comprometidos
Está incorporado
na organização e
na sua liderança
e há recursos
específicos
comprometidos
É parte do
plano estratégico
de
sênior
longo prazo e
há recursos
humanos
e financeiros
comprometidos
9
10
11
São monitoradas
e revistas
periodicamente e
incorporadas
em planos de
melhoria
9
10
11
Utilizam-se
estratégias efetivas
e as usam
proativamente na
definição dos
objetivos
organizacionais
9
10
11
São usados para
motivar e
empoderar os
profissionais de
saúde e para
apoiar as metas
de desempenho
clínico
9
10
11
Participam
visivelmente dos
esforços para a
melhoria da
atenção às
condições crônicas
9
10
11
É feita para todas
as condições
crônicas, com
base nas diretrizes
clínicas e incluindo
a programação dos
recursos
0
1
2
3
4
5 6
7
8
Não existem ou
Existem mas não São monitoradas
se limitam a uma são revistas
e revistas
condição
crônica
Escore
0
1
2
Estratégias de
Não são
melhoria da atenção organizadas ou
às condições crônicas apoiadas de
forma consistente
3
4
5
Utilizam-se
soluções
emergenciais
quando surgem
problemas
6
7
8
Utilizam-se
estratégias
efetivas quando
surgem os
problemas
Escore
Regulação e
incentivos
para a atenção às
condições crônicas
0
1
2
Não são usados
para definir as
metas de
desempenho
clínico
3
4
5
São usados para
o controle do uso
dos serviços e
custos das
condições
crônicas
6
7
8
São usados para
dar suporte às
metas
dos de
atenção aos
usuários
Escore
Líderes seniores
0
1
2
Desencorajam o
cadastramento
dos portadores
de condições
crônicas
Escore
Programação local
0
1
Não é feita
Escore
0
Escore total __________
1
3
4
5
Não dão
prioridade à
melhoria da
da atenção ás
condições
crônicas
2
3
4
5
É feita de forma
não sistemática
para algumas
condições
crônicas, mas
sem articulação
com as diretrizes
clínicas
2
3
4
5
6
7
8
Encorajam os
esforços para
a melhoria da
atenção às
condições
crônicas
6
7
8
É feita para todas
as condições
crônicas,
com base nas
diretrizes clínicas
as
6
7
Escore médio (Escore total/6) ___________
71
8
9
10
11
PARTE 2: RECURSOS DA COMUNIDADE
COMPONENTES
NÍVEL C
NÍVEL B
NÍVEL A
Articulação da
Não é feita
organização de
sistematicamente
saúde e das pessoas
os
usuárias com os
recursos da
comunidade
É limitada a
uma lista de
recursos
comunitários
É realizada por
meio de ativa
coordenação
entre a
organização de
saúde, as
organizações
comunitárias e as
pessoas usuárias
Escore
Recursos da
Comunidade
3
4
5
Estão sendo
considerados,
mas não foram
implementados
É realizada por
meio de pessoal
designado para
assegurar que
as pessoas
usuárias e os
profissionais de
saúde façam o
máximo uso dos
recursos da
comunidade
6
7
8
Estão
estabelecidos
para dar suporte
aos programas
de atenção às
condições
crônicas
Escore
Conselho Local de
Saúde
Escore
Agente Comunitário
de Saúde
Escore
NÍVEL D
0
1
Não existem
2
9 10
11
São ativa e
formalmente
estabelecidos
para dar suporte
aos programas de
atenção às
condições
crônicas
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Não existe
Existe mas tem
Existe e
Existe e
uma função
acompanha a
acompanha
cartorial
programação da
proativamente
organização de
a programação da
saúde relativa
da organização
às condições
saúde relativa às
crônicas
condições crônicas,
controlando os
incentivos de
desempenho
equipes
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11
Não está
Está incorporado Está incorporado
à
Está incorporado à
incorporado à
atenção às
à atenção às
atenção às
atenção às
condições
condições
condições crônicas,
condições crônicas crônicas, ao
mas
crônicas,mas atua mas atua
atua de forma
de forma
sistematicamente
não sistemática, sistemática
de acordo com as
sem integrar-se articulando os
diretrizes clínicas
com os recursos recursos da
e articula
da comunidade
organização de
os recursosdeda
saúde e os
organização de
recursos da
saúde com os
comunidade
recursos da
comunidade
0
1
2 3
4
5
6
7
8
9
10
11
Escore total __________ Escore médio (Escore total/4) ________
72
d
de
das
PARTE 3 : O AUTOCUIDADO APOIADO
COMPONENTE
NÍVEL D
NÍVEL C
NÍVEL B
NÍVEL A
Avaliação e
documentação
das atividades e
necessidades de
autocuidado apoiado
Não são
realizadas
Espera-se que
sejam
realizadas
São realizadas
de maneira
padronizada
São realizadas
de maneira
padronizada e
articuladas com
o plano de
cuidado de cada
usuário
0
1
2
Limita-se a
distribuição de
informação
(folders,
panfletos ou
outras
informações
escritas)
3 4
5
Está disponível
por meio de
atividades
educacionais
sobre
autocuidado
apoiado
6
7
8
É prestado por
educadores em
saúde
capacitados que
são designados
para orientar o
autocuidado
apoiado e que
fazem parte da
equipe
multiprofissinal
de saúde, mas
não envolve a
maioria dos
portadores de
condições
crônicas
Escore
Acolhimento das
preocupações das
pessoas usuárias e
de suas famílias
0
1
2
Não é realizado
de forma
consistente
3
4
5
É realizado
para pessoas
usuárias ou
famílias
específicas, por
meio de
referência
6
7
8
É encorajado e
realizado por
meio de grupos
de pares e de
atendimentos em
grupo
9
10 11
É prestado por
educadores em
saúde, que são
parte da equipe
multiprofissional
de saúde,
especialmente
capacitados em
metodologias de
empoderamento
dos pacientes e
de solução de
problemas e
envolve a
maioria dos
portadores de
condições
crônicas
9
10
11
É uma parte
integral da
atenção às
condições
crônicas que
envolve uma
avaliação
sistemática e o
envolvimento
contínuo em
grupos de pares
e atendimentos
em grupo
Escore
Intervenções
efetivas de mudança
de comportamento
de pessoas usuárias
e de suporte de
pares
0 1
2
Não estão
disponíveis
3
4
5
São limitadas a
distribuição de
informação
(folders,
panfletos ou
outras
informações
escritas)
6
7
8
Estão disponíveis
somente por
meio de
referência a
centros
especializados
com pessoal
capacitado
0
3
Escore
Suporte para o
autocuidado apoiado
Escore
1
2
4
73
5
6
7
8
9
10 11
Estão
disponíveis
prontamente e
constituem parte
integral da
atenção às
condições
crônicas de
rotina na APS
9
10
11
Escore total ________ Escore médio (Escore total/4) ________
PARTE 4: SUPORTE ÀS DECISÕES
COMPONENTES
NÍVEL D
NÍVEL C
NÍVVEL B
NÍVEL A
Diretrizes clínicas
baseadas em
evidência
Não estão
disponíveis
Estão
disponíveis, mas
não são
integradas à
atenção às
condições
crônicas
Estão disponíveis
e implantadas
por educação
permanente dos
profissionais de
saúde
Escore
Envolvimento de
especialistas no
apoio à atenção
primária à saúde
0
1
2
É feito por meio
do
referenciamento
tradicional sem
contra-referência
6
7
8
Inclui o
envolvimento dos
especialistas
que participam
do processo de
educação
permanente dos
profissionais da
APS
Escore
Educação
permanente dos
profissionais de
saúde para a
atenção às
condições
crônicas
0
1
2
É realizada
esporadicamente
3
4
5
É alcançado por
meio de um
sistema de
referência e
contra-referência
que funciona
rotineiramente,
mas sem
vinculação entre
especialistas e
profissionais da
APS
3
4
5
É realizada
sistematicamente
por meio de
métodos
tradicionais de
educação
continuada
Estão
disponíveis e
implantadas por
educação
permanente dos
profissionais e
integradas à
atenção às
condições
crônicas por
meio de alertas e
feedbacks e de
incentivos para
sua adoção
pelos
profissionais de
saúde
9
10
11
Inclui o
envolvimento dos
especialistas que
participam do
processo de
educação
permanente dos
profissionais da
APS e de
sessões de
discussão de
casos clínicos
9
10
11
É realizada
sistematicamente
utilizando
métodos
educacionais
adequados para
a mudança de
comportamento
de adultos
(andragogia),
com base nas
diretrizes
clínicas, para
todos os
profissionais da
APS
3
6
Escore
0
1
2
4
74
5
6
7
8
É realizada
sistematicamente
utilizando
métodos
educacionais
adequados para
a mudança de
comportamento
de adultos
(andragogia),
com base nas
diretrizes
clínicas, para
alguns
profissionais da
APS
7
8
9
10
11
Informação das
pessoas usuárias
em relação às
diretrizes clínicas
Escore
Não é realizada
0
1
É realizada
quando a pessoa
usuária solicita
ou através de
publicações
2
3
4
É realizada para
parte das
pessoas usuárias
por meio de
métodos
adequados de
educação em
saúde,
específicos para
cada diretriz
clínica
6
7
8
5
É realizada para
a maioria das
pessoas usuárias
por meio de
métodos
adequados de
educação em
saúde,
específicos para
cada diretriz
clínica
9
10
11
Escore total __________ Escore médio: (Escore total/4) ________
PARTE 5: DESENHO DO SISTEMA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
COMPONENTES
NÍVEL D
NÍVEL C
NÍVEL B
NÍVEL A
Trabalho em equipe
Não existe
É realizado por
meio da
disponibilidade
de profissionais
com
treinamento
apropriado em
cada um dos
elementos da
atenção às
condições
crônicas
É realizado por
meio de encontros
regulares de
equipes com
enfoque nas
diretrizes clínicas,
nos papéis e nas
responsabilidades
de cada membro
da equipe e nos
problemas da
atenção às
condições
crônicas
É realizado por
equipes que se
encontram
regularmente,
têm seus papéis
claramente
definidos, o que
inclui a educação
para o
autocuidado
orientado, o
monitoramento
proativo das
pessoas usuárias
e os recursos de
coordenação da
atenção às
condições
crônicas
Escore
Liderança da
equipe de saúde
0 1 2
Não é
reconhecido
localmente
nem pela
organização
de saúde
3
4
5
É assumido pela
organização de
saúde, mas
para papéis
organizacionais
específicos
6
7
8
É assumido pela
organização de
saúde por meio da
designação de um
líder de equipe,
mas seu papel na
atenção às
condições
crônicas não está
definido
9
10
11
É assumido pela
organização de
saúde por meio
da designação de
um líder de
equipe que
garante a
definição clara
dos papéis e
responsabilidades
na atenção às
condições
crônicas
3
6
9
Escore
0
1
2
4
5
75
7
8
10
11
Sistema de
agendamento
Não está
organizado
Está organizado
só para o
atendimento de
urgência e
algumas
atenções
programadas
individuais
Éstá organizado e
inclui
agendamentos
para consultas
individuais e
atendimentos em
grupo
Éstá organizado e
inclui
agendamentos
para consultas
individuais e
atendimentos em
grupo
e facilita o
contacto com
múltiplos
profissionais
numa única visita
(atendimento
contínuo)
Escore
Monitoramento da
condição crônica
0 1
2
Não está
organizado
3
4
5
É ofertado
quando a
pessoa usuária
solicita
6
7
8
É organizado pela
equipe de saúde
com base nas
diretrizes clínicas
e em indicadores
baseados em
evidência
Escore
Atenção
programada para
as condições
crônicas
0 1
2
Não é utilizada
3
4
5
É utilizada
ocasionalmente
para pessoas
usuárias com
complicações
6
7
8
É uma opção para
as pessoas
usuárias que se
interessam por
este tipo de
atenção
9
10
11
É organizado pela
equipe de saúde
e customizado
para atender às
necessidades das
pessoas
usuárias, varia
em intensidade e
metodologia
( telefone, correio
eletrônico,
contacto
pessoal), com
base nas
diretrizes clínicas
e em indicadores
baseados em
evidência
9
10
11
É utilizada
regularmente
para todos as
pessoas usuárias
e inclui o
monitoramento
regular, as
intervenções
preventivas e a
atenção ao
autocuidado
apoiado, por meio
de consulta
individual ou
atendimento em
grupo
9
10
11
Escore
0
1
2
3
4
76
5
6
7
8
Continuidade do
cuidado
Não é
prioridade
Depende de
comunicação
escrita entre
profissionais da
APS e
especialistas ou
gestores de
caso
3
Escore
0
1
4
A comunicação
entre os
profissionais da
APS e
especialistas é
uma prioridade,
mas não é
implementada
sistematicamente
5
2
6
7
8
É uma alta
prioridade e as
intervenções em
condições
crônicas mais
complexas
incluem uma
coordenação
ativa entre
profissionais da
APS e
especialistas
9 10
11
Escore total __________ Escore médio (Escore total/6) ________
PARTE 6: SISTEMA DE INFORMAÇÃO CLÍNICA
COMPONENTE
NÍVEL D
NÍVEL C
NÍVEL B
NÍVEL A
Prontuário clínico
eletrônico
Não está
disponível
Está disponível,
mas é construído
individualmente
Está disponível, é
construído com
base familiar
Escore
Registro dos
pacientes (lista de
pacientes com
condições crônicas
específicas)
0 1
2
Não está
disponível
3
4
5
Está disponível,
inclui nome,
diagnóstico,
informação de
contacto e data
do último
contacto em
papel ou
eletrônico
6
7
8
Está disponível,
permite identificar
subpopulações
por estratificação
de riscos,
segundo as
diretrizes clínicas
Está disponível,
é construído
com base
familiar e
coerente com
as diretrizes
clínicas
9
10
11
Está disponível,
permite
identificar
subpopulações
por
estratificação de
riscos, segundo
as diretrizes
clínicas e
permite emitir
alertas e
lembretes para
as pessoas
usuárias
0
3
6
9
Escore
1
2
4
77
5
7
8
10
11
Alertas para
profissionais
Não estão
disponíveis
Estão
disponíveis,
incluem a
notificação geral
da existência de
condições
crônicas, mas
não definem os
tipos de
intervenções
necessárias no
momento do
atendimento
Estão
disponíveis,
incluem indicação
de intervenções
necessárias por
subpopulações,
em relatórios
periódicos e
definem
intervenções
necessárias no
momento do
atendimento
Escore
0
3
6
Feedbacks para a
equipe de saúde
Não são
esperados
São dados em
intervalos
infrequentes e
de modo
impessoal
Ocorrem em
intervalos
frequentes para
monitoramento de
desempenho e
são específicos
para determinada
equipe
São dados
oportunamente,
são específicos
para uma
determinada
equipe e são
providos de
forma pessoal
por um líder
sênior para
melhorar o
desempenho da
equipe
Escore
Informação sobre
subgrupos
relevantes de
pessoas usuárias
0 1
2
Não está
disponível
3
4
5
Está disponível,
mas só pode ser
obtida com
esforços
especiais ou
programação
adicional
6
7
8
Está disponível
eventualmente,
mas só pode ser
quando solicitada
9
10
11
Está disponível
rotineiramente
para as equipes
de saúde para
ajudá-las a
planejar o
cuidado
Escore
Plano de cuidado
das pessoas
usuárias
0 1 2
Não é
elaborado
3
4
5
É elaborado num
formato padrão
pela equipe de
saúde
6
7
8
É feito em
conjunto pela
equipe de saúde
e pela pessoa
usuária e inclui
metas clínicas
9
10
11
É feito em
conjunto pela
equipe de
saúde e pela
pessoa usuária,
envolve metas
clínicas e ações
de autocuidado
apoiado e é
monitorado
regularmente
3
6
9
Escore
0
1
2
1
2
4
4
78
5
5
7
7
8
8
Estão
disponíveis,
incluem
indicação de
intervenções
necessárias por
subpopulações,
em relatórios
periódicos e dão
informações
específicas para
as equipes de
saúde sobre a
adesão às
diretrizes
clínicas, no
momento do
atendimento
9
10
11
10
11
Escore total ________ Escore médio (Escore total/6) _________
PARTE 7: INTEGRAÇÃO DOS COMPONENTES DO MODELO DE ATENÇÃO
ÀS CONDIÇÕES CRÔNICAS
COMPONENTES
NÍVEL D
NÍVEL C
NÍVEL B
NÍVEL A
A informação das
pessoas usuárias em
relação às diretrizes
clínicas
Não é feita
Acontece quando
solicitada ou
através de
publicações
É feita através
de material
educativo
elaborado para
cada diretriz
clínica
Escore
Sistema de
informação/prontuário
clínico
0
1
2
Não inclui
metas de
autocuidado
apoiado
3
4
5
Inclui resultados
de avaliação das
pessoas usuárias
como estado
funcional e
disposição de
envolvimento no
autocuidado
apoiado, mas não
inclui metas de
autocuidado
apoiado
6
7
8
Inclui
resultados de
avaliação das
pessoas
usuárias como
estado
funcional e
disposição de
envolvimento
no autocuidado
apoiado e
metas de
autocuidado
apoiado
É feita através de
material
educativo
elaborado para
cada diretriz
clínica e inclui
material
elaborado para
as pessoas
usuárias,
descrevendo
seus papéis no
autocuidado
apoiado e na
adesão às
diretrizes clínicas
9
10
11
Inclui resultados
de avaliação das
pessoas usuárias
como estado
funcional e
disposição de
envolvimento no
autocuidado
apoiado, metas
de autocuidado
apoiado, alertas
para os
profissionais e
para pessoas
usuárias
referentes ao
monitoramento
das condições
crônicas e
reavaliação
periódica das
metas de
autocuidado
apoiado
Escore
0
1
2
3
4
79
5
6
7
8
9
10
11
Programas
comunitários
Não provêem
feedbacks para
a organização
de saúde
sobre o
progresso das
pessoas
usuárias em
suas
atividades
Provêem
esporadicamente
feedbacks para a
organização de
saúde sobre o
progresso das
pessoas usuárias
em suas
atividades
Provêem
regularmente
feedbacks para
a organização
de saúde sobre
o progresso das
pessoas
usuárias em
suas atividades
por meio do uso
de instrumentos
formais, por
exemplo,
relatórios na
Internet
Provêem
regularmente
feedbacks para a
organização de
saúde sobre o
progresso das
pessoas usuárias
em suas
atividades por
meio do uso de
instrumentos
formais que são
utilizados para
modificar os
programas de
acordo com as
necessidades
das pessoas
usuárias
Escore
Programação local
das condições
crônicas
0
1
2
Não utiliza
uma
programação
local
3
4
5
Usa dados dos
sistemas de
informação para
planejar a
atenção, mas
com enfoque na
programação da
oferta
6
7
8
Usa dados dos
sistemas de
informação
para planejar
proativamente
com base
populacional e
estratificação
de riscos,
derivados de
parâmetros
epidemiológicos
contidos nas
diretrizes
clínicas
9
10
11
Usa
sistematicamente
dados dos
sistemas de
informação para
planejar
proativamente
com base
populacional e
estratificação de
riscos, derivados
de parâmetros
epidemiológicos
contidos nas
diretrizes
clínicas,
incluindo o
desenvolvimento
de um contrato
de gestão com
base em
desmpenho com
os profissionais
de saúde
6
9
Escore
0
1
2
3
4
80
5
7
8
10
11
Monitoramento das
metas dos planos de
cuidado
Não existe
É feito
esporadicamente,
apenas para as
pessoas usuárias
agendadas
É feito por meio
de designação
de um
profissional
responsável
pela pessoa
usuária
É feito por meio
de designação
de um
profissional
responsável pela
pessoa usuária
que usa o
prontuário clínico
e os alertas para
coordenar a
atenção entre
profissionais e a
pessoa usuária
Escore
Diretrizes clínicas
para as condições
crônicas
0
1
2
Não são
compartilhadas
com as
pessoas
usuárias
3
4
5
São fornecidas
às pessoas
usuárias que
expressam o
interesse no
autocuidado
apoiadode suas
condições
crônicas
6 7
8
São fornecidas
a todos as
pessoas
usuárias para
ajudá-las a
desenvolver o
autocuidado
apoiado efetivo
ou nos
programas
educacionais
de mudança
de
comportamento
e para permitir
que elas
identifiquem
quando devem
procurar um
profissional de
saúde
9
10
11
São
compartilhadas
pela equipe de
saúde e pelas
pessoas usuárias
para desenvolver
o autocuidado
apoiado ou nos
programas
educacionais de
mudança de
comportamento
que levem em
conta as metas
das pessoas
usuárias e a
disposição para
as mudanças
Escore
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Escore total _________ Escore médio: Escore total/6 ___________
Fonte: Adaptado de Improving Chronic Illness Care (2008), um programa apoiado pela The Robert
Wood Johnson Foundation com assistência técnica de Group Health Cooperative´s MacColl
Institute for Healthcare Innovation.
81
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
O instrumento de avaliação da capacidade institucional da atenção às condições crônicas
está organizado de tal forma que permita identificar um contínuo de pode situar-se entre
baixa e alta capacidade de atenção às condições crônicas numa rede de atenção à
saúde ou num ponto de atenção à saúde como a APS.
Para chegar a um resultado em relação a determinada organização de saúde, aplica-se o
questionário e transcrevem-se os escores médios obtidos:
1. Escore médio da organização da atenção à saúde:
_____
2. Escore médio dos recursos da comunidade:
_____
3. Escore médio do autocuidado apoiado:
_____
4. Escore médio do suporte à decisão
_____
5. Escore médio de desenho do sistema de prestação de serviços: _____
6. Escore médio do sistema de informação clínica:
_____
7. Escore médio da integração dos componentes do modelo de
atenção às condições crônicas:
_____
8. Escore total (1+2+3+4+5+6+7):
_____
9. Escore de capacidade institucional (1+2+3+4+5+6+7/7):
_____
Os resultados podem ser interpretados assim:
Um escore de capacidade institucional entre 0 e 2: capacidade limitada para a atenção às
condições crônicas;
Um escore de capacidade institucional entre 3 e 5: capacidade básica para a atenção às
condições crônicas;
Um escore de capacidade institucional entre 6 e 8: capacidade razoavelmente boa para a
atenção às condições crônicas;
Um escore de capacidade institucional entre 9 e 11: capacidade ótima para a atenção às
condições crônicas.
17,15 - 17,30 hs
Avaliação da oficina
82
ANOTAÇÕES
83
ANOTAÇÕES
84
ANOTAÇÕES
85
ANOTAÇÕES
86
ANOTAÇÕES
87
ANOTAÇÕES
88

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