ciclismo depois dos 50 anos
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ciclismo depois dos 50 anos
PEDRO MAIA – FITNESS & CYCLING PERSONAL TRAINER O CICLISTA DEPOIS DOS 50 ANOS. E agora que passei o meio século de existência Lembro-me que quando era rapaz nos anos 60 e 70 e para além dos muitos pensamentos próprios da idade havia dois que me surgiam mais vezes e que eram: “Como é que será o Ano 2000 e como é que vais ser quando chegar aos 50 Anos?” E relação ao Ano 2000, já se passaram 12 anos, ainda não vivemos na Lua, não andamos todos vestidos de fatos macaco prateados e não comemos só comida de astronauta mas uma coisa é certa a nossa sociedade sofreu grandes transformações e as gerações do pós-guerra (1946-1964) estão a mudar a maneira de como nos sentimos ao chegar aos 50 anos e um dos agentes dessa mudança é a participação desportiva. Ao contrário das anteriores estas gerações foram abençoadas com o desenvolvimento e estabilidade económica o que lhes permitiu a adesão à actividade desportiva desde muito cedo. Vem-me também à recordação o meu pai com cinquenta, sessenta a até aos oitenta andar de bicicleta, só que a maneira de estar era completamente diferente, não treinava, “deslocava-se” de bicicleta. Com a mudança de atitude da nossa sociedade em relação ao número 50 tem havido um crescente aumento de participação nos mais variados desportos que antigamente eram quase tabus para certas camadas etárias. Nos Estados Unidos da América todos os anos organizam-se os HUNSTMAN WORLD SENIOR GAMES, com uma imensidade de modalidades e com Classes etárias que vão desde os “miúdos” com 50 anos até aos 90 + anos, no ciclismo de estrada têm uma classe dos 90 aos 94 anos e em BTT na modalidade radical de downhill em 2011 competiu o atleta Bob Mitchell na classe 80-84 anos. E isto claro estende-se às senhoras com classes entre os 50 e 80 anos. Há uns anos atrás isto era inconcebível, estamos a falar de atletas com prestações fantásticas com quase UM SÉCULO de existência. Claro está que esta longevidade não está ao alcance de todos mas uma coisa é certa e tal como iremos comprovar a actividade física não dá só mais anos de vida, sobretudo dá mais vida aos anos. Para mim e depois de ter praticado vários desportos, o ciclismo tornou-se numa paixão e já não concebo a minha vida sem esta modalidade. Treinar e competir é para mim segunda natura e é uma recompensa tanto física como mental. O desafio para mim é manter e até mesmo melhorar as minhas capacidades e isto apesar da idade ir avançando. A Idade e a Função Cardiovascular Posso sentir-me melhor que nunca mas obviamente com esta idade nunca terei a capacidade de bater recordes do mundo ou ganhar em condições normais classificações gerais. E porquê? Muito simplesmente porque uma das consequências inevitáveis do envelhecimento é uma diminuição da capacidade do sistema cardiovascular bombear e distribuir oxigénio e ao mesmo tempo remover os subprodutos metabólicos. www.maia-fitness.com [email protected] 1 PEDRO MAIA – FITNESS & CYCLING PERSONAL TRAINER A capacidade de bombear o sangue de uma forma eficaz tem a ver com o seguinte: A pulsação máxima que se consegue atingir O tamanho e a capacidade contráctil do músculo cardíaco. A elasticidade do sistema vascular Numa população sedentária a função cardiovascular diminui progressivamente com a idade. No entanto muita desta diminuição é devido a falta de actividade física e aumento de peso corporal. O Consumo Máximo de Oxigénio diminui cerca de 10% por cada dez anos depois dos 25 anos de idade. Só que se a composição corporal for mantida e a actividade física se mantiver constante a diminuição do VO2max devido ao envelhecimento é “só” de 5% por década. Antes dos 50 anos esta diminuição até pode ser menor talvez 1-2% por década em atletas que treinem estruturadamente com mais intensidade. Por último a capacidade cardiovascular vai-se sempre reduzindo devido à diminuição inevitável da pulsação máxima. Os efeitos da idade na Força Muscular Está muito bem documentado que a capacidade de força máxima diminui á medida que a idade vai avançando. E isto pode ser devido tanto aos efeitos inevitáveis do envelhecimento como a uma típica diminuição da actividade física á medida que vamos envelhecendo. Com um treino de força adequado conseguir-se-á manter a força muscular durante toda a vida. No entanto depois dos 60 anos os níveis de força tendem a cair mais rapidamente independentemente do treino que se faça e isto tem a ver com as alterações hormonais próprias desta idade pois tanto a concentração de Testosterona como a Hormona de Crescimento parecem diminuir drasticamente a partir dos 60 anos. A redução da presença destas hormonas resultará num desequilíbrio entre a síntese da proteína nos músculos (anabolismo) e a sua destruição (catabolismo). A diminuição da força é devida a atrofia das fibras musculares. Mas é preciso notar que com um treino adequado uma pessoa com 60 anos pode exceder a força dos seus filhos destreinados. Vários estudos demonstraram que são possíveis ganhos em força mesmo com 90 anos de idade. O que quer dizer que nunca é tarde para começar um treino de Força. Idade e Resistência Muscular As boas notícias para os atletas de Resistência é que parece que existem poucas mudanças na capacidade oxidativa músculo-esquelética com o avanço na idade desde que se mantenha um treino regular. O número de capilares por unidade de área muscular é a mesma tanta nos atletas de Resistência mais jovens como nos mais velhos. Os níveis de enzimas oxidantes são similares ou até um pouco menores em atletas mais velhos. Esta pequena redução pode ser atribuída a uma diminuição no volume de treino dos atletas com mais idade. Para terminar, parece que um indivíduo mais velho que comece a treinar resistência retém o potencial para melhorar a capacidade de Resistência do Músculo. Parece que um atleta Master que continue a fazer treino de Resistência com intensidades altas e mantenha um programa de treino de força adequado vai sofrer poucas modificações em termos músculo-esqueléticos até aos 50 anos. www.maia-fitness.com [email protected] 2 PEDRO MAIA – FITNESS & CYCLING PERSONAL TRAINER Depois dos 50 há uma diminuição na quantidade mas não da qualidade da massa muscular. Este declínio diminuirá com um treino contínuo. De um modo geral as mudanças que ocorrem diminuem a Força Máxima e a Potência mas não tanto a Resistência. E isto ajuda a explicar a tendência que têm os atletas mais velhos aderirem a eventos mais longos dentro da sua disciplina desportiva. Outros factores Somando às mudanças descritas anteriormente, o processo de envelhecimento diminui a tolerância ao calor extremo. Os ciclistas com mais de 50 anos suam menos em condições secas e com temperaturas altas. Isto pode ser causado pelo facto da pele ficar mais seca, menos oleosa o que provoca inchaço e com consequência os poros ficam mais fechados o que vai aumentar a temperatura corporal aumentando assim o risco de choque de calor. Os mais idosos produzem mais urina, mesmo quando se exercitam o que leva a uma redução do volume sanguíneo. O que significa uma menor capacidade para o exercício aeróbico uma vez que menor quantidade de Oxigénio e de combustível pode ser transportada para as regiões musculares que estão a trabalhar. Para compensar isto a pulsação cardíaca aumenta rapidamente. O processo de envelhecimento também enfraquece o sistema imunitário uma vez que as enzimas necessárias para manterem todas as funções saudáveis também diminuem. E dito isto os atletas mais velhos têm uma maior susceptibilidade de adoecer e também uma dificuldade acrescida em recuperar da doença. À medida que envelhecemos o nosso tecido conectivo vai ficando menos elástico o que nos torna mais susceptíveis para termos lesões nos tecidos moles (músculos, ligamentos e tendões). O que há a fazer é incluir exercícios de alongamento e massagens na sua rotina de treino. Deve aumentar a duração dos treinos de uma forma gradual e sobretudo escutar o que o organismo lhe vai comunicando. Ter também uma relação chegada com um fisioterapeuta é ideal no caso de os outros processo não resultarem. Como contrariar o envelhecimento Para contrariar o processo “natural” de envelhecimento devemos ter em conta que a década que decorre dos 50 para os 60 anos é crítica pois é muito importante termos uma boa forma física e mantermo-nos saudáveis. Como regras gerais temos: Exercite-se com regularidade. Treinar de uma forma consistente é um elemento básico para se atingir os objectivos em termos de boa forma física e uma vida saudável. Não deixe a sua bicicleta na garagem a apanhar pó. Recupere e descanse com regularidade. Treinos frequentes requerem descansos frequentes. Manter o equilíbrio entre os treinos e o descanso é necessário para existirem melhorias físicas. Trace objectivos desafiantes e realistas. Faço seu melhor tanto na bicicleta como fora dela. www.maia-fitness.com [email protected] 3 PEDRO MAIA – FITNESS & CYCLING PERSONAL TRAINER Coma como os nossos antepassados pré-históricos. Alimente-se com o que a mãe natureza nos tem para oferecer: muitos frutos frescos, vegetais, grãos, carnes magras e muita água. Acredite em si próprio, lembre-se que tem uma grande vantagem como ciclista com mais de 50 anos, sobretudo em termos de sabedoria e bom senso que lhe vêm com a experiência. Encare cada novo dia como uma nova oportunidade para crescer e ganhar ainda mais experiência. Rodeie-se das pessoas certas que sejam entusiastas, conhecedoras e positivas que tenham objectivos semelhantes perante a vida. Não abrande. O processo de envelhecimento não precisa de ser caracterizado por doença e um decréscimo muito rápido das capacidades físicas. Vigor e alta energia são o melhor medicamento. Tome-o regularmente pois não tem efeitos secundários. Conclusão Seja positivo em relação ao seu treino e às suas corridas e reconheça que se treinar de uma forma inteligente utilizando as técnicas de treino adequadas só poderá melhorar as suas Performances. O meu principal objectivo é continuar a evoluir e tornar-me a cada dia que passa um ciclista com as melhores capacidades possíveis seja qual for a minha idade. www.maia-fitness.com [email protected] 4
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