ARTIGO_O Irã e a política sob a ótica da Revista Veja

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ARTIGO_O Irã e a política sob a ótica da Revista Veja
O Irã e a política sob a ótica da Revista Veja
Carolina CARVALHO
Marnês COSTA
Paulo DUARTE
Roberta ANDRADE
Resumo: Este artigo pretende analisar a cobertura jornalística das manifestações
ocorridas no Irã depois da morte de Neda Agha Soltan, pela Revista Veja, no
período de junho a agosto de 2009. Procura-se contextualizar o cenário
governamental do país e passar pelas questões que o tornaram uma teocracia
política. Por fim, apresenta-se o diagnóstico do fato e de como a revista relatou os
acontecimentos.
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O Irã é um país situado no sudoeste da Ásia Ocidental que possui cerca de
68 milhões de habitantes. Sua capital é a cidade de Teerã e sua população é
composta por uma grande mistura de etnias: turcos, árabes, curdos, iranianos,
mongóis, georgianos, e outros. A maioria da população tem como religião oficial o
islamismo, que se divide em dois grupos principais: os xiitas — que são maioria — e
sunitas.
A maior indústria instalada no país é a petrolífera e na década de 1980, o Irã
que é dono da 4ª maior reserva de petróleo do mundo, estava entre os 10 maiores
produtores. Calcula-se que as reservas petrolíferas subam a perto de dois terços
das reservas mundiais; e a produção em 1957 correspondeu a 20% da produção
mundial. (História do Oriente Médio. Mills, Arthur. p. 289-290)
No desenvolvimento de sua historia, o Irã — antigamente chamado de Pérsia
— por ter origem islâmica, sempre teve moldes diferenciados dos países onde a
religião oficial é o cristianismo. Para entendermos a construção do fato que será
analisado nas reportagens veiculadas na Revista Veja é necessário contextualizar o
cenário que se forma no país desde seus primórdios e como a construção de
governo de épocas passadas ainda influencia na sociedade de hoje.
As origens do Irã atual estão no antigo Império Persa. Em 1921, o general
Reza Khan derruba o sultão Kajar, coroando-se xá (rei) e inaugura uma fase de
grande progresso para seu país. Restabeleceu a autoridade do governo central,
promoveu a indústria e as comunicações. Sua política de industrialização contribuiu
para criar a estabilidade econômica e elevar o padrão de vida da população. A
assistência social e a educação mostraram progressos notáveis. O sistema judiciário
sofreu remodelação.
Em 1935, foi abolido o véu para as mulheres, que passaram a desempenhar
papel mais destacado na vida social. Entretanto, nos últimos anos de seu reinado,
Reza Xá começou a perder sua popularidade devido à medidas arbitrárias que
passou a adotar.
Já no ano de 1941, após a rejeição de um ultimato anglo-soviético, que exigia
permissão para trânsito de suprimentos militares, tropas inglesas e soviéticas
invadiram o Irã. Nesse momento o exército se colocou como escudo de proteção do
Xá, porém não conseguiu evitar sua queda. Como consequência Reza Xá abdicou
em favor de seu filho Muhammad Reza Pahlavi.
A maior parte do exército persa estava empenhado, por Reza Xá, em manter
sob controle as insubordinadas tribos que odiavam seu julgo tirânico, e as
forças disponíveis não eram problema para os invasores. Antes do final de
setembro, o velho e avarento xá era forçado a abdicar em favor de seu jovem
filho. (História do Oriente Médio. Kirk, George E. p. 251)
O reinado de Reza Pahlavi caracterizou-se pelo estreitamento das relações
com o Ocidente, principalmente com os Estados Unidos, que concederam crédito
para que o país comprasse armamento, no valor de 1 bilhão de dólares. Favorecido
pela riqueza petrolífera do país, o governo realizou um amplo programa de reformas
econômicas e administrativas. Entretanto, no plano político reforçou sua tendência
autocrática, tornando-se, progressivamente, ditatorial, especialmente no final dos
anos 1970.
Nos anos de 1977 e 78, cresceram as manifestações contra o governo de
Reza Pahlavi e a intensificação do movimento conseguiu impor a derrubada da
ditadura do xá. Antes de 1979, o Irã era uma monarquia constitucional
parlamentarista, ou seja, o monarca dispunha do poder executivo, com poder para
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dissolver o Parlamento, composto de duas câmaras: o Senado e a Assembléia
Nacional.
Nesse ano, depois da revolução comandada pelo aiatolá (perito em religião)
Khomeini, que assume um governo provisório, o regime monárquico foi substituído
pelo republicano. Manteve-se a forma de governo parlamentarista, com a
peculiaridade de que o primeiro-ministro responde perante a autoridade de
Khomeini, contrário à democracia do tipo ocidental.
O aiatolá Khomeini é legitimado como líder supremo da nação e afasta a
intervenção ocidental, privilegiando a retomada dos costumes e políticas
subordinadas às tradições de fundo religioso. Dessa forma, o Irã torna-se uma
teocracia marcada por alguns elementos democráticos e, ao mesmo tempo, de
natureza republicana. O uso do véu voltou a tornar-se obrigatório, neste ano. O autor
George E. Kirk, correlaciona o tipo de cultura e costumes com a política que se fez
nesse momento de mudanças.
O período foi caracterizado pela passagem do turbante para o fêz, da longa
barba para a indecisão do rosto meio raspado, do governo medieval e
descuidado para a sofisticação corrupta. (História do Oriente Médio. Kirk,
George E. p. 140)
Fator que contribuiu para uma maior instabilidade interna do país foi a longa e
custosa guerra com o Iraque, iniciada em 1980, quando o Iraque invadiu o Irã por
questões de fronteira. A guerra durou até 1988.
O sistema político do Irã divide-se nas seguintes instâncias: Líder Supremo,
Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Conhecido como chefe de
estado, o líder supremo é eleito para um mandato vitalício, em função dos seus
conhecimentos de teologia islâmica. Atualmente esse cargo é ocupado pelo aiatolá
Ali Khamenei, desde 1989. Atua como árbitro entre os poderes executivo, legislativo
e judiciário. Também comanda as forças armadas. O poder executivo é exercido
pelo Presidente, que deve ser um xiita iraniano, eleito por sufrágio universal para um
mandato de 4 anos. O atual presidente é Mahmoud Ahmadinejad, desde 2005. Uma
reforma constitucional de 1989 aboliu o cargo de primeiro-ministro e transferiu suas
funções para o presidente. Já o poder legislativo constitui-se da chamada
Assembléia Consultiva Islâmica, composta por 290 membros, escolhidos pela
população. A Assembléia aprova as leis e os tratados internacionais. Por fim, o líder
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supremo nomeia o chefe do poder judiciário, o qual indica o presidente da Corte
Suprema e o Procurador Geral.
O Irã teve, até então, 6 presidentes, sendo o atual, o polêmico Mahmoud
Ahmadinejad que durante o período em que foi prefeito de Teerã, mandou fechar
lanchonetes fast-food e obrigou todos os funcionários homens da prefeitura a usar
barba. Ahmadinejad também defende o programa nuclear. Ele foi o primeiro
presidente não clérigo em 24 anos, embora seja considerado ultraconservador e
profundamente religioso. É um presidente que tem uma política de raiz nacionalista
e de valorização da cultura islâmica.
A legislação iraniana estabelece que as estações de rádio e televisão devem
ser operadas pelo Estado e devem estar de acordo com os valores islâmicos. A
maior parte dos jornais está na capital Teerã, e os mais populares são o Kayhan e o
Ettelaat. Segundo o autor George E. Kirk, “na Pérsia a imprensa chegara a Tabriz,
em 1812 e a Terra, em 1823”. (História do Oriente Médio. Kirk, George E. p. 138)
Como forma de repressão os provedores de internet do Irã utilizam filtros que
bloqueiam páginas cujo conteúdo seja pornográfico, considerado anti-islâmico ou
crítico ao regime. Estima-se que cerca de 7 milhões de iranianos possuam acesso à
internet.
A revolta dos turbantes verdes
Os mais recentes protestos no Irã começaram com uma suposta fraude na
reeleição do presidente do Irã, Mahmoud Ahniadinejad, uma figura sinistra, diga-se
de passagem. Revoltados, os jovens iranianos saíram às ruas para denunciar a
fraude nas eleições. Eles manifestaram em prol de igualdade entre homens e
mulheres, mais acesso à internet, mais livros e liberdade de empreender.
Uma das primeiras tentativas do regime para esvaziar as manifestações foi
fazer com que as empresas estatais de comunicação interrompessem o volume de
tráfego de informações pela na internet. “Caiu de 5 gigabits por segundo (gbps) para
menos de 0,3 Gbp.” (VEJA, 24 de Junho de 2009, p. 117)
As manifestações só aconteceram devido a ajuda das redes sociais via
Twitter e mensagens de texto. A internet é uma grande ameaça a ditadura xiita, por
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isso a liberdade cibernética é considerada um inimigo a ser controlado pelos
aioatolás.
Em regimes autoritários, a mobilização on-line preenche o vácuo
deixado pela falta de instituições e organizações que na democracia,
agrupam pessoas com interesses comuns. (VEJA, 24 de Junho de
2009, p.118)
Em linhas gerais o fato é de fácil, mas dolorosa, compreensão. O presidente
Mahmoud Ahniadinejad foi reeleito com 63,5% dos votos, apesar das pesquisas
mostrarem a sua derrota para Mir Hossen Mousavi, que é considerado um candidato
reformista. A manipulação dos resultados ficou evidente. Por isso o candidato
solicitou anulação do pleito, que por ser negado. Por isso, mais de 1 milhão de
pessoas reuniram nas ruas para protestar. É importante ressaltar que desde a
revolução islâmica em 1979, não se viam manifestações desse tipo.
Pela maneira como os protestos transcenderam classes sociais, é
nítido que as aspirações por mais liberdade são um desejo de grande
parte dos iranianos. (VEJA, 24 de Junho, de 2009, p.120)
Os iranianos estão fartos da opressão imposta pelos aitolás. E, as iranianas
cansadas de serem tratadas como cidadãs de segunda classe, também saíram em
protesto fazendo ouvir suas vozes, algo jamais visto na história do Irã. Mesmo com
toda força imposta pelos aiotalás para barrar as manifestações e impedir que as
notícias corressem o mundo, elas foram manchetes em jornais e revistas. Um dos
veículos de comunicação que abordou as revoltas no Irã foi a revista Veja.
Se analisarmos algumas matérias da Revista Veja na cobertura das mais
recentes revoltas e manifestações do Irã, percebemos como elas mostraram os
protestos com o intuito de uma libertação individual. “O mundo tornou-se mesmo
pequeno. A ideia de liberdade individual chegou até o bastião da teocracia opressora
do planeta”. (VEJA, 24 de junho de 2009, p.117)
Sabemos que a Veja é uma revista com a linha editorial extremamente
definida e é impossível negar que os pontos que ela defende e acusa ficam
evidentes no decorrer dos textos. O modelo de democracia idealizado pela revista é
o modelo norte-americano — que é extremamente individualista, e está entrelaçado
com os moldes do capitalismo.
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Também fica clara a importância que a revista deu à juventude. Exaltando a
força dos jovens no país, a revista os mostrou como se, de uma hora para outra,
esses jovens resolvessem despertar para as questões políticas do país, sem
contextualizar outros movimentos.
Os jovens urbanos e instruídos, que fazem o grosso dos
manifestantes, apoiados por uma parte da classe dirigente, são
movidos por um profundo desejo de liberdade. (VEJA, 05 de agosto
de 2009, p.99).
Além dos jovens, as mulheres foram a grande marca dos protestos que
inundaram as ruas do Irã. Fotografias as mostram na frente dos protestos, ainda
com o obrigatório véu que cobre os cabelos. Mas elas também usam óculos escuros
e jeans, mostrando que há algum tempo vêem se libertando das amarras impostas
pelos líderes religiosos e políticos, que as tratam como seres inferiores.
As mulheres do “ocidente” também enfrentaram e ainda enfrentam questões
como essa.
Esse antifeminismo negava a legitimidade ao trabalho das mulheres.
Isso ficava mais claro nas “profissões precarizadas” e nos mercados
de trabalho informal tão vitais à industrialização. (ELEY, Geoff;
Forjando a Democracia; p.132)
Diferente das iranianas, que agora buscam sua liberdade, as ocidentais —
principalmente as europeias — viveram o ápice dos protestos pela igualdade dos
sexos na década de 60.
No início de 1969, algumas mulheres organizaram uma sessão sobre
liberação
feminina
durante
um
“festival
revolucionário”
na
Universidade de Essex. Era um momento tenso. Além das mulheres,
havia homens presentes cujas respostas desqualificavam as
questões. (ELEY, Geoff; Forjando a Democracia; p 421)
Agora, o mundo presencia a mesma luta, mas em locais diferentes. As
iranianas, que pareciam frágeis, mostram que não tem medo da opressão imposta
pelos aiotalás.
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Atenção especial foi dada pela revista Veja à morte da jovem Neda Agha
Soltan, de 26 anos, estudante de filosofia, que durante uma manifestação foi
assassinada por um bassiji, membro da milícia islâmica, que está diretamente ligada
ao presidente Mahmound Ahmadinejad. Neda se transformou em símbolo e as
filmagens de sua morte correram o mundo através da internet e foram parar também
nas páginas da revista Veja, que publicou a foto de seu rosto ensanguentado, após
ser atingida por uma bala no peito. Com o assassinato da estudante, a revista
enalteceu a participação feminina nos protestos.
Fartas da opressão imposta pelos aiotalás, que as tratam como
cidadãs de segunda classe, as iranianas fazem ouvir suas vozes à
frente dos protestos. (VEJA, 1 de julho de 2009, p.86).
Além de Neda, outra mulher foi destacada nas páginas da revista na luta por
liberdade. Seu nome é Zahra Rahnavard, 64 anos, cientista política e ex-reitora
universitária, casada com o candidato Mir Hossein Mousavi. “Uma das ativistas mais
influentes é Zahra (...), que enfureceu os conservadores ao fazer campanha ao lado
do marido.” (VEJA, 1 de julho de 2009, p.87)
Outra análise dessa matéria é a escolha do título. “Mirem-se naquelas
mulheres de Teerã”. (VEJA, 1 de julho de 2009, p.86.). Poderíamos pensar que a
postura adotada, ao escolher esse título, seria, também, uma forma de alertar o
leitor sobre as definições partidárias que estão ocorrendo no Brasil para as eleições
de 2010? Estaria a revista definindo e tentando antecipar o que pode acontecer em
breve? (No site da Revista Veja, a edição de setembro já menciona fato — matéria
do dia 22 de setembro de 2009 do jornalista Luiz de França “Corrida presidencial: é
a vez das mulheres?”.)
A pouco mais de um ano das eleições de 2010, três das cinco principais
indicações à Presidência, incluídas em pesquisas eleitorais, são encabeçadas por
mulheres. Esse cenário inédito é um avanço, mas não diminui o fato de que há subrepresentação feminina nos espaços decisórios da política brasileira.
Segundo a Inter-Parliamentary Union, em uma classificação de 189 países,
apenas 20 apresentam mais de 30% de mulheres no parlamento, percentual esse
considerado como uma minoria influente. O Brasil ocupa a 102ª posição, situado em
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último lugar na América do Sul e melhor posicionado na América Latina apenas em
relação aos países da Guatemala (105ª) e Haiti (129ª).
É importante frisar que o governo iraniano tentou de todas as formas
esconder do mundo as mudanças que marcariam a história do país. Fotografias e
matérias sobre os protestos foram proibidas, mas os aiotalás — mesmo com todo o
bloqueio que vêem fazendo — não conseguiram impedir algo que os jovens,
inclusive os iranianos, conhecem e dominam muito bem: a internet.
Correspondentes estrangeiros foram proibidos de cobrir as
manifestações, a imprensa internacional recorreu às mensagens e
vídeos postados pelos iranianos no twitter para ter informações
frescas dos acontecimentos. (VEJA, 24 de junho de 2009, p.118)
Logo nas primeiras manifestações, mensagens foram postadas no Twitter.
Algumas foram publicadas: “(...) Centenas de casas foram atacadas, a rua está
arruinada”; “Segundo médicos de hospital no Irã, os tiros nos civis são da cintura
para cima”.
As mensagens que conseguiram furar o bloqueio foram as principais
fontes de informação e de imagens do que se passava nas ruas da
capital iraniana. (VEJA, 1 de julho de 2009, p.90)
Em alguns momentos, as matérias deram mais ênfase à importância da
internet do que ao estopim das revoltas. Infográficos mostram quem são os “tiranos
da internet” e como os iranianos tem conseguido acesso à rede. É fato que a rede
teve importante participação na organização das manifestações e na divulgação dos
protestos, porém, vale ressaltar que o fato em si é mais importante do que o meio
em que ele foi transmitido.
Em geral, as matérias conseguiram mostrar e ilustrar o que acontece no Irã e
também deixaram bem claro que muitas coisas irão mudar — e já estão mudando —
na terra dos opressores aiotalás.
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Referências bibliográficas
Irã. Publicado no portal Brasil Escola. Disponível em:
http://www.brasilescola.com/geografia/ira.htm
Acesso em 06/09/2009
A revolução xiita no Irã. Publicado no portal Brasil Escola. Disponível em:
http://www.brasilescola.com/historiag/revolucao-xiita.htm
Acesso em 06/09/2009
Irã. Enciclopédia Barsa, volume 9, p. 328 – 332. São Paulo
KIRK, George E. História do Oriente Médio: Rio de Janeiro: Zahar Editores,1967.
MILLS, Arthur. História do Oriente Médio. Rio de Janeiro: Zahar Editores,1967.
ELEY, Geoff. Forjando a Democracia – A história da Esquerda na Europa, 1850 – 2000.
São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2005. Tradução de Paulo Cezar Castanheira
Revista Veja. Publicado no portal da Revista Veja. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/corrida-presidencial-vez-mulheres-499116.shtml.
Acesso em 25/09/2009
Inter-parliamentary union. Publicado no portal inter-parliamentary union. Disponível
em: http://www.ipu.org/english/home.htm. Acesso em 25/09/2009
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