LEIA AQUI - Universo IPA

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Jornal impresso do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA | Ano 2 | Edição 6 | Julho de 2007 | www.metodistadosul.edu.br/sites/universoipa
Ricardo Giusti
Violência dentro de casa
Heloisa Pacheco
Com atendimentos mensais ultrapassando 120 crianças,
o Centro de Referência no Atendimento Infanto-Juvenil
(CRAI), do Hospital Presidente Vargas, oferece assistência clínica e psicológica às vítimas de abuso sexual e maus tratos.
saúde
Página 5
Biblioteca Pública
Devido às reformas que iniciaram em maio de 2007 a Biblioteca Pública está funcionando provisoriamente na Casa
de Cultura Mario Quintana, onde vai manter o atendimento
ao público com parte de seu acervo entre outras atividades.
história
Rádio Guaíba
Página 6
Com uma programação voltada para o jornalismo e o esporte, a Rádio
Guaíba rompeu as barreiras do tempo e chegou ao seu cinqüentenário.
Ao longo das suas cinco décadas, inovou em diversos segmentos jornalísticos, criando identidade com seus ouvintes.
Iberê terá novo lar
Grande parte do acervo do artista ficará em exposição
permanente na nova sede da fundação, no bairro Cristal. A
construção começou em julho de 2003 e está em fase de
conclusão. Outras atividades, como cursos e seminários,
também farão parte do projeto.
cultura
Página 7
T4 sofre assaltos diários
A linha T4 foi criada pela Carris em 1976 para ligar os
bairros da Zona Sul aos bairros da Zona Norte, mas tem sido
alvo de assaltos periódicos sem uma ação efetiva da Brigada
Militar para resolver a falta de segurança dos usuários.
polícia
Página 8
Conheça o porto-alegrês
A mistura das gírias urbanas com expressões originárias
do interior do Estado resultaram num linguajar típico da Capital gaúcha. Transmitido de geração para geração o portoalegrês já faz parte de estudos do regionalismo brasileiro.
cultura
Web elétrica
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Beto Rodrigues
Página 13
Página 11
Esporte e cidadania
O Porto Alegre Futebol Clube investe em ações sociais e
esportivas, ajudando jovens a realizar o sonho de ser jogador
de futebol. A intenção é formar atletas cidadãos.
cidadania
Página 14
Prostituição na zona sul
Mulheres entre 15 e 30 anos, com dificuldades financeiras
e sem chances no mercado de trabalho, vendem o corpo,
todas as noites, nas esquinas dos bairros da Zona Sul. Elas
não possuem qualificação para trabalhar em outros meios
tendo como única escolha a prostituição.
geral
Página 17
Corrida pela prefeitura
Arquivo / Sehadur
A disputa para a prefeitura de Porto Alegre será mais acirrada na próxima eleição, com a participação de três mulheres. Luciana Genro, Maria do Rosário e Manuela D’Ávila são
nomes fortes de seus partidos para a disputa da Capital.
Política
Página 18
Projeto da Procempa leva internet via rede elétrica até a Restinga, bairro mais distante do Centro da Capital, e promove inclusão social
Opinião
julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA
editorial
Mais um jornal Standard está chegando nas mãos de vocês, leitores, para que possam ter contato com um dos impressos orientado e produzido nas disciplinas de Projeto Experimental I e Produção e Planejamento Gráfico I. São alunos
do Jornalismo cursando o primeiro semestre matutino e noturno que receberam o desafio de produzir as pautas, as matérias e realizarem a diagramação do jornal. O trabalho não é
fácil, mas é satisfatório quando observamos a evolução do
grupo de estudantes e, principalmente, a evolução de cada
um deles. E, ainda mais quando alcançamos juntos, docentes e estudantes, o gosto da tarefa cumprida.
Pautados pela ética e pelo bom senso, os futuros jornalistas saíram da sala de aula à procura de suas fontes para a
produção das matérias. Acreditamos que o desafio é válido,
porque a teoria e a prática da profissão devem caminhar juntas e, muitas vezes, a prática chega antes e dificilmente vamos esquecer os acertos e erros cometidos.
Apesar da atividade, produção dos impressos, ser a mesma todos os semestres para os estudantes de primeiro nível,
os alunos não são. As experiências são totalmente diferentes, há escalas variadas nos níveis de ansiedade e de emoção para ver a sua matéria impressa num veículo de comunicação, para muitos, pela primeira vez. Os olhos atentos dos
estudantes, o interesse que despertamos neles na busca de
mais informações, impulsionam os professores do curso a
seguir com a formação desses futuros jornalistas.
Hoje, uma das tarefas dos docentes é orientar o estudante a administrar a bagagem de informações que recebe todos os dias. O profissional da comunicação precisa saber
que tem uma missão e uma função: informar-se para informar o receptor (leitor, espectador, ouvinte e internauta).
Uma boa leitura a todos e espero que gostem do que os
nossos estudantes fizeram para vocês, leitores.
A vida não tem preço
Danielle Oliveira
Vivemos num mundo, hoje, onde pessoas matam por
um pedaço de pão, brigam e
reagem por apenas um boné
e acabam perdendo a própria
vida. O que dizer disso? Até
que ponto isso vai chegar?
Questiono-me quando esses
absurdos pararão, não querendo ser pessimista, mas a
tendência daqui para frente
tende a piorar, se não tivermos
consciência de certas coisas.
Sabemos que as pessoas
necessitam se alimentar para
sobreviver. Mas não é digno,
independente de seus motivos que se assalte, que tire a
vida de outras pessoas, por
isso. Mesmo que estejam precisando alimentar o seu filho,
que ele esteja necessitando
tomar um leite ou algum remédio. O que as outras pessoas fizeram para pagar esse
preço? Se a pessoas que assalta está precisando de di-
nheiro, a vítima não tem a mínima culpa e, muitas vezes, é
morta injustamente.
Em vez de assaltar por que
não tentam outras coisas antes? De repente porque acham
roubar mais fácil que pedir,
porque acham que não é justo
o outro ter dinheiro e eles não.
Por acharem mais garantido
que se consiga algo mais rápido e que valha mais. Se precisarem realmente de alimentos
para consumo ou remédios,
será que tentam antes de roubar ou matar, pedir a alguém
contar sua história? Ir em algum estabelecimento como
padaria, farmácia? Se isso não
o fazem, é porque não é bem
isso que querem comprar com
o dinheiro roubado. Mais injusto ainda, eu e minha família
perder nosso dinheiro que íamos gastar com lazer, conhecimento, alimento, para elementos que queriam arruinar
suas vidas e fazer cada vez
mais mal a eles e aos outros
Site: www.sxc.hu
Profa. Ana Paula Megiolaro | Jornalista – registro prof. 11419
Supervisora Docente da Agência Experimental de Jornalismo / AJor
Um lar não
tão doce assim
Camila Batista
Nos próximos 50 anos, a expressão “lar doce lar” poderá
certamente ser esquecida. Isso porque o nosso grande lar, o
planeta Terra, está começando a sofrer mudanças e a previsão para um futuro próximo é catastrófica. O que deve ser
feito para mudar o rumo dessa história?
Essas mudanças que vêm acontecendo no planeta vão
além da elevação da temperatura global, pois todo ecossistema sofre e se desequilibra. Em razão disso,os conceitos da
humanidade precisam ser revistos e é ainda mais necessário
que atitudes sejam tomadas. Os desastres naturais, como o
tsunami, não acontecem por acaso, alguma mudança certamente houve naquele local propiciando para que ocorresse isso. Já em New Orleans, a economia quase quebrou para reparar os estragos de uma revolta da natureza, o furacão Katrina.
E ainda mais recente, e não menos preocupante do que esses
acontecimentos que chocaram o mundo é o caso das geleiras
estarem derretendo e engolindo pequenas ilhotas e até mesmo cidades. Com isso já se fala em refugiados ambientais.
O mundo certamente irá tentando reparar os danos que
poderiam ser prevenidos. Especialistas já prevêem que uma
entre seis pessoas não terá acesso a água potável em pouco
menos de cinco décadas. Esse como outros dados surpreendentes sobre os efeitos do aumento da liberação dos gases CO2 e CFC’s na atmosfera enchem 700 páginas de um
relatório deferido por Tony Blair para convencer os céticos de
que o meio ambiente precisa de ajuda para mudar de rumo.
Nesse sentido a mudança deve começar desde agora. Isso porque os especialistas não são como videntes, pois suas
teses são comprovadas, e exemplos para suas teorias infelizmente existem. Certamente não queremos presenciar novamente os desastres naturais que já vêm acontecendo e que
poderão ser ainda piores daqui pra frente. Então, cada um de
nós precisa fazer a sua parte para mudar o rumo da história e
quem sabe, de certo modo alterar o futuro do planeta.
IPA - Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista
conselho diretor: Presidente, Laan Mendes de Barros; Vice-presidente,
Ricardo Hidetoshi Watanabe • secretária: Márcia Flori Maciel de Oliveira
Canan • conselheiros: Vilmar Pontes da Fonseca e Maria Flávia Kovalski.
Centro Universitário Metodista IPA
reitora: Adriana Menelli de Oliveira
pró-reitor acadêmico: Francisco Cetrulo Neto
Jornal elaborado por estudantes do
1º semestre do curso de Jornalismo IPA
coordenação do curso de jornalismo
Laura Glüer
professores(as)
Ana Paula Megiolaro, José Valentim Peixe, Lisete Ghiggi,
Maria Cristina Vinas, Rogério Soares e Valéria Deluca Soares
projeto experimental i e produção e planejamento editorial e gráfico i
editores chefes: Ana Paula Megiolaro, Laura Glüer e Valéria Deluca Soares
ajor - agência experimental de jornalismo
finalização e montagem: Carlos Tiburski • distribuição: Leonardo Ferreira e
Thays Leães • revisão: Ana Paula Megiolaro • contato ajor: Rua Dr. Lauro de
Oliveira, 71 - Rio Branco - Porto Alegre/RS - CEP: 90420-210 - 51 3316.1269 e
[email protected] • impressão: Zero Hora (3.000 exemplares)
Agradecimento especial ao Juska pelas ilustrações
Dani Koetz
Este texto começou quando um amigo me mostrou o
Site da Polly e da Barbie, fiquei impressionada com o design, funcionalidade e imaginando toda a trabalheira que
tiveram para produzí-los. Depois, uma amiga e eu resolvemos assistir ao tal desenho da
Polly na TV, ficamos chocadas
e a cada “conversa” entre as
personagens, risos, gargalhadas e caras abismadas dignas
de seres catatônicos. Em outro momento, a filha de dois
anos de um amigo, pediu para
entrar no site da Barbie e da
Polly aqui em casa. Apenas
dois anos de idade, mal constrói uma frase completa, e
com o mouse na mãozinha,
ela navegou por todo o site
nos mostrando as músicas,
brincadeiras, isso me chocou.
Ontem uma menina, que
diz ter 15 anos, mandou um e-
com esse vício que raramente
acaba um dia. Com elementos que queriam antecipar suas mortes. E as vítimas, logo
nós que tanto queríamos continuar vivendo.
Se pararmos para pensar,
será que todos nós ainda
acreditamos no amor, nas verdadeiras amizades, no amor
presente nas famílias unidas?
O mundo está desse jeito também por falta de amor e estrutura familiar.
Gostaria muito que as
pessoas entendessem que
lhe podem tentar roubar todas as coisas materiais, mas
certas coisas jamais conseguirão ser roubadas da gente
como a cultura, conhecimentos, inteligência, nossos valores e sentimentos. Como sustentava Frei Damião, certos
valores e verdades são eternos. Pois não serão as coisas
materiais que levaremos junto
com a morte e sim nossos valores e verdades.
Temos de nos dedicar ao
interior e não só as futilidades, comprar as melhores
roupas, bolsas, carros, casas, móveis e etc. Tudo isso
poderão tirar de nós um dia.
Deixem que leve nosso boné,
anéis, carro, dinheiro. Como
sempre disse meu pai: Vãose os anéis ficam-se os dedos. Sairemos ganhando
desde que continuemos com
a nossa vida, nosso valor
maior, não reajamos aos que
assaltam, que seqüestram,
que roubam. É claro que é
horrível nesses momentos
nos sentirmos impotente por
não podermos fazer nada,
enquanto alguém nos mostra
uma arma. Enquanto alguém
está roubando coisas nossas
que levamos anos trabalhando e se esfolando para conquistar. Mas meu caro leito, a
vida não tem e nunca terá o
seu preço, então melhor que
levem tudo da gente e ficamos com ela, a vida!
Infância e
consumo
mail me convidando para conhecer o site dela, tudo rosa e
apenas frases soltas do estilo
“Não vivo sem meu cabelereiro”, “Sou Patty e daí”, “minha
vida é no shopping”, “Amo
cartão de crédito”. Hoje a filha
de nove anos de outro amigo
pediu um óculos Gucci “para
o verão”.
Depois fiquei pensando
sobre tudo isso. 15 anos de
idade e ela pensa que a vida
é “malhação” ou “Rebelde”,
pobre ser, fiquei com vontade de dar um livro para ela.
Uma criança de nove anos
pedir um óculos Gucci? Como assim?
Mas tudo começa na infância, a “imaginação” sugerida às crianças e meninas de
hoje, é totalmente ligada ao
consumo, a Polly é a cópia em
desenho da Paris Hilton, ela é
herdeira de um hotel, chama
amigas para festas na piscina,
compras no shopping e tudo
que você imaginar que o dinheiro e o status possam com­
prar ou produzir. Em nenhum
momento a referência ao estudo, de qualquer forma, é mostrada. Onde estão as brincadeiras, sonhos criativos e a
fantasia?
Estamos criando monstros
consumistas inócuos que
crescem acreditando que você é o que tem e não o que
pensa? Não vejo mais as cri­
anças de hoje assistindo aos
clássicos desenhos de outrora, como Caverna do Dragão,
salvo alguns que viram e leram Harry Potter ou então viram a coleção “Vaga-lume” na
escola. Ok, tudo muda, eu
entendo.
Talvez por sonhar em ter filhos no futuro, tenho visto isso
de outra forma, mas agora me
choca muito ouvir uma criança em alguma brincadeira dizendo “Eu sou a Polly”. Claro,
faz parte da imaginação infantil, mas era tão bom subir em
uma árvore para ler um livro,
era tão bom não precisar de
mais nada além de um amigo
para uma aventura no pátio,
na rua.
E a vida continua...
Luís Bustamante
Final de semestre letivo e
um súbito veranico de junho
remetem a arriscarem-se duas conclusões existenciais,
óbvias, mas indiscutíveis:
apesar dos pesares, graças a
todas as graças, a vida continua – e tudo pode acontecer.
A referência ao semestre é
porque é assim mesmo: quem
estudou, passou; quem não
estudou, levou bomba, e seja
qual for o resultado o negócio
é seguir a sugestão da ministra
do Turismo e aproveitar o que
puder das férias escolares,
pois a vida não muda seu curso – não há como voltar atrás
e o único jeito de reparar os erros é fazer o certo (e, se possível, melhor) daqui para frente.
E o veranico de junho,
quem esperava? Conhecíamos o de maio, que acabou
não acontecendo. Sabíamos
que o inverno estava mesmo
chegando antecipado e quem
sabe a natureza nem percebesse e deixasse correr solto
até voltar a primavera. Mas
não, voltou o calor como se
fosse a coisa mais normal,
mostrando para gente que o
inesperado pode mesmo
acontecer, queiramos ou não.
É assim com tudo mais
que nos cerca.
Nossa vida pessoal, os
estudos, os negócios, as amizades, os compromissos, em
que pese o melhor planejamento e a maior expectativa,
podem ter revides que nos
decepcionam e nos deprimem e a vida não vai mudar
nenhum milímetro da sua rota. Daqui a pouco, amanhã,
mais dia menos dia teremos
que aceitar as perdas e, da
mesma forma, continuar a viver. Sonhando de novo, planejamento mais uma vez e to-
cando em frente novamente.
Como também o que menos ou até nem esperamos,
pode surgir do nada, de repente, de onde ou de quem
tínhamos a menor esperança.
Achar algo de valor na rua,
ganhar um jantar de graça
por ser o milésimo cliente a
entrar num restaurante, encontrar alguém que nem sabíamos da existência, receber
um elogio de uma pessoa
desconhecida, enfim, basta
estarmos vivos e disponíveis
para um monte de coisa em
um segundo passar a fazer
parte da nossa vida. Tudo,
mas tudo mesmo, pode
acontecer.
Pode o time favorito do
campeonato não levar a taça,
pode o filho em que se apostou tanto não querer nada com
nada, pode a plantinha aquela
tão mirradinha tornar-se a mais
bonita do jardim, pode a cor-
rupção deixar de existir, ocorrer um tsunami no Guaíba, o
Barichelo em primeiro lugar, os
idosos e as crianças serem
respeitados, ninguém jogar lixo no chão, acabar qualquer
tipo de tráfico, os Rolling Stones virem a Porto Alegre, Tom
e Jerry pararem de brigar e o
Sargento Garcia prender o
Zorro, os governos governarem e os políticos trabalharem
(ou, pior, fazerem ainda menos). Tudo pode acontecer,
enquanto a vida segue sua jornada inexorável.
Por isso, e por esses tempos malucos em que vivemos,
creio que há duas atitudes
adequadas: a do escoteiro –
“sempre alerta!” – e a do título
de uma música do Chico Buarque, “Vai passar”. As coisas
vão acontecer, a gente tem
que estar prevenido e, se possível, com um plano B. Por
que a vida... essa continua.
Economia
Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Julho de 2007
Brique da Redenção, Mercado do Bom Fim e Lancheria do Parque, lugares de tradição no Bom Fim
Do intelectual ao alternativo
N
Gustavo Nunes
Gustavo Nunes e Telmo Motta
No bairro Bom Fim, três lugares não passam desapercebidos, a Lancheria do Parque, o
Brique da Redenção e o Mercado do Bom Fim. São estabelecimentos da região que ganham
destaque a cada ano e recebem pessoas de todas as idades, turistas e muitas personalidades da música gaúcha e brasileira, assim como, políticos.
A “Lanchéra”, como os freqüentadores costumam chamar, é ponto de encontro de
diversas tribos, independentemente de horário. Pois funciona
nos três turnos do dia. Oferece
almoço e janta, pois, não pára.
Abre o buffet às 11 horas e só
termina de serví-lo às 21 horas,
para satisfação de quem não
tem tempo de ir ao supermercado ou similares.
O estabelecimento conta
com a presença assídua do
vocalista do Graforreía Xilarmônica, Frank Jorge, que freqüenta o lugar no período matutino. “Lembro-me de conversar com o falecido vereador
Isaac Ainhorn, morador conhecido no bairro. A Lancheria tem
isso, pessoas de todas as camadas, desde o azulzinho da
EPTC até personalidades como Ainhorn”, comenta.
Antes de festas, a “Lanchéra” vira ponto de encontro de
jovens, para celebrar o “aquecimento” (alternativa criada por
adolescentes para se reunirem
para ir à festa). Como lembra o
vocalista dos grupos musicais
RC6 e BackDoor’s Band, Gilberto Six, “é o lugar que eu
mais curto. Na verdade, é o lugar que eu sempre freqüentarei
antes de tocar”, ao destacar a
tradição noturna do lugar.
Outra atração é o Brique da
redenção, antigamente chamado de Mercado de Pulgas. O
brique abriga, atualmente, 120
bancas que expõem artesanatos, antiguidades e gastronomias da região e de outros Estados. “Já faz parte da minha
vida. E o que eu mais gosto é a
diversidade cultural que podemos encontrar, além de bons
produtos artesanais para se
adquirir”, diz morador há trinta
anos da região, João Silveira.
Os domingos são preenchidos com apresentações de
companhias de teatro de rua,
rodas de capoeira, comediantes de praça e artistas de rua.
Nos sábados, há, também, a
Feira de Agricultores Ecologistas (FAE), que conta com produtos ecologicamente tratados
e cultivados com o mínimo pos­
sível de agrotóxicos, e que funciona até o meio-dia. A partir
das 13 horas, dá-se início a outro evento, com diversas amostras de artesanatos e pinturas.
Ao lado da Redenção, está
o Mercado do Bom Fim. No final da década de 70, os bares
do mercado eram freqüentados
por um público diferente, pessoas que, hoje, são pais e que
comentam com os seus filhos
sobre a realidade que contrasta
com a do passado. Por exemplo, a família Lippold, onde Walter (filho), historiador, e Ricardo
(pai), artesão que viaja pelo Brasil e pelo exterior, atualmente,
freqüentam o mercado juntos,
quando podem: “É o lugar que
eu freqüentei e que meu filho
freqüenta, que quando podemos vamos juntos para beber”.
Sebos: centro respira livros
Rodrigo Ramos
Centro de Porto Alegre. Milhares de pessoas de um lado para
o outro. Muitos sebos. Estes acabam passando despercebidos
por olhos menos atentos. Esquece-se que o coração da cidade
não vive só de mendigos, mau cheiro, etc. Existe cultura a oferecer para quem anda pelas ruas apinhadas de gente.
Quem anda pelo Centro, nota um grande número de sebos,
nome popular dado às livrarias e afins que comercializam produtos usados, esses têm características em comum. Mas que,
também, diferem dependendo do perfil do estabelecimento. O
sócio majoritário e gerente da Ladeira Livros, Mauro Scheuer
Messina, 39 anos, demonstra bem isso quando diz que não se
sabe com que tipo de pessoa se está lidando nesta área da
ciddade. “O cara pode ser da Al-Qaeda. Assim como pode ser
tri gente fina”, afirma.
Como qualquer consumidor, quem compra livros, também,
compra por compulsão. É nisso que aposta o comerciante quando em seu negócio a vitrine é dividida entre clássicos e livros
de auto-ajuda.
Conforme fontes, no mundo inteiro as zonas centrais das
diversas metrópoles vivem em crise. Há uma concentração de
sebos nessa região da cidade, que vivem de livros velhos com
muito valor emocional, cultural e histórico. No entanto, de valor
monetário muito aquém dos best-sellers recém lançados. Esses
recheiam os bolsos da indústria literária. Não é coincidência
que as livrarias de marca estejam quase que em sua totalidade
nos shoppings.
A estudante de direito, Giana Barichello, 18, é assídua freqüentadora das livrarias. O que mais a atrai são os preços convidativos e o ambiente lúdico encontrado nos sebos. Mas existe
o lado ruim. Por vezes, há mau atendimento ou como Barichello
fala: “Já me fizeram de palhaça várias vezes”. O também estudante de direito, Pedro Martins Filho, 19, não é um habitué do
mundo livreiro, mas ter trabalhado durante quase um ano em
um escritório advocatício naquela zona da cidade, fez com que
esta característica dos sebos ficasse marcada. Ele destaca o
Beco dos Livros, referência nacional, que ficou famoso por ter
sido apontado por Paulo Betti como a melhor livraria do país,
em entrevista ao Jô Soares.
Revitalização
Matheus Correa
Diversidade cultural no Brique da Redenção movimenta os finais de semana no Bom Fim
Mbyás e Caigangues no brique
Aos sábados e domingos,
no Brique, se aproxima da cidade a cultura indígena da tribo Mbyá Guarani e Caigangue. Que vêem se adaptando
ao sistema econômico atual.
Os Mbyás Guaranis são
nômades e percorrem em ciclo boa parte do território nacional e exterior. Partem do Rio
Grande do Sul, passam pelos
Estados de Santa Catarina, Pa­
raná, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Após, aces­
sam o Paraguai, Argentina e
Uruguai, e retornam ao Rio
Gran­de do Sul. Esse movimen­
to representa um ciclo vital para os indígenas Mbyás.
A adaptação ao mercado
ocorre em conjunto com outra
tribo, a Caigangue, que melhor desenvolveu a habilidade
artesanal com conhecimentos
sobre o mercado capital. Os
trabalhos vão de cestas e balaios, a esculturas de vicho
ranga (bichinhos), que representam os animais da mata,
como onça, tucano e corujas.
O Mercado do Bom Fim
sempre foi um dos pontos
preferidos de encontro da juventude. Nos últimos anos, po­
rém, começou a sofrer gran­de
decadência, com muitas lojas
desocupadas. O projeto está
em pauta na prefeitura Municipal de Porto Alegre, mas ainda
não saiu do papel.
A revitalização do Mercado
do Bom Fim vem sendo discutida há várias gestões, mas
não se concretiza devido a entraves judiciais e demora nas
licitações para a abertura das
lojas fechadas. O assessor jurídico da Secretaria Municipal
da Produção, Indústria e Comércio (SMIC), Guilherme Cantori, explica: “A partir de 2006,
tentamos reestabelecer o comércio local. Apenas 14 lojas
estão em atividade, a maioria
está desocupada”. Sobre a
ampliação de segmentos no
mercado, a prefeitura tem a
idéia de abrir um estabelecimento no ramo gastronômico.
Pelo lado dos comerciantes, as promessas da prefeitura são vistas com desconfiança e até certo descrédito. “O
que nos falta é atenção da pre­
feitura, pois faz mais de cinco
anos que prometem reabrir as
lojas e as promessas não saem do papel”, reclama o proprietário da petshop Bichos e
Cia, André Sangineto. “Apresentamos uma proposta dos
permissionários de reestruturação do mercado, estamos
aguardando”, complementa o
empresário.
Goteiras no
centro da Capital
Marcelus Augusto B. Trois
Marcelus Augusto B. Trois
Caminhar pelo centro de
Porto Alegre, entre prédios e lugares históricos, remete a tempos antigos cheios de charme.
Mas a sujeira e o descaso com
a área central da cidade tira o
brilho do antigo Porto dos Casais. Instalações irregulares de
ar-condicionados, gerando goteiras nas calçadas, são algumas das reclamações mais freqüentes de quem por lá passa.
Goteiras provocadas por
ar-condicionados atrapalham
e incomodam os pedestres.
Ruas tradicionais da cidade,
como Borges de Medeiros,
Salgado Filho e Riachuelo,
apresentam o problema que
passa desapercebido para
quem não caminha por lá. A
em­pregada doméstica, Solange Rodrigues, que trabalha no
centro da cidade, comenta
que “as goteiras são um nojo,
me causam um grande desconforto, pois nunca sei se são
goteiras ou até mesmo urina”.
Segundo a Lei Complementar nº 12, artigo 18, parágrafo
sétimo, de 07/01/1975, “é proibido nos logradouros públicos,
deixar cair água de aparelhos
de ar-condicionado sobre os
passeios”, com multa que varia
conforme o grau da infração. A
Secretaria Municipal de Obras
e Viação (SMOV), órgão responsável por fiscalizar esta irregularidade, só atua com denúncias para este tipo de caso.
Quando ocorre uma denún-
Goteiras obrigam os pedestres a desviar das poças
cia, um agente da fiscalização
vai até o local e verifica se existe a irregularidade. Caso comprove, o proprietário tem 15
dias para regularizar a instalação ou comparecer à SMOV
para dar explicações. Porém,
se o problema persistir ou ele
não comparecer à secretaria, a
multa será aplicada. A secretaria recebe mais denúncias durante as estações quentes, devido o uso mais constante dos
aparelhos. Nos meses de verão, a média chega a dez denúncias por mês e no inverno
elas quase não ocorrem.
O proprietário de um consultório médico próximo à praça Dom Feliciano, Luís Oliveira,
tem seu ar-condicionado com
essa irregularidade. Ele comentou que não havia percebido o
problema, pois não costuma
circular a pé pela região. Mas ao
se deparar com a questão, prometeu regularizar a instalação
do aparelho para não causar
mais incômodos aos pedestres
e evitar problemas futuros.
As denúncias podem ser
feitas pelo telefone 3289 8825
ou na Borges de Medeiros
2244, terceiro andar.
Camelôs em busca de espaço
Eduardo Amaral
O que poderia ser solução
dos problemas para os camelôs de Porto Alegre, se mostra
agora uma questão a ser solucionada pelo executivo. O projeto que cria o Centro Popular
de Comércio (CPC), aprovado
em 2006, encontra restrições
da Associação Gaúcha Autônoma de Vendedores Profissionais (AGAVP).
A presidente da Câmara
de Vereadores, Maria Celeste
(PT) diz que “O projeto veio
para regulamentar a profissão
e proporcionar um espaço fixo
para localizá-los”. Porém alguns aspectos não contemplam o que os camelôs querem. Para a AGVP, os problemas começam em como o
local está projetado. O CPC ficaria em uma estrutura com
as lojas a sete metros do chão,
dificultando o acesso dos cli­
en­tes. Há polêmica no fato
das bancas terem uma área
de apenas 2m², o que impediria o revezamento entre os familiares dos donos das bancas durante o atendimento.
Os camelôs propõem a de­
marcação das bancas na Praça XV, com a oferta de um local razoável, para desempenharem suas atividades de
graça. Isso porque as bancas
do CPC trariam um gasto para
os comerciantes, que pagariam pelo local.
O presidente da AGAVP,
Evaristo Matos esteve na Câmara de Vereadores no final
de março, para pedir alterações na legislação. Ele solicita a criação de uma comissão
para acompanhar a construção do centro. A AGAVP tenta uma audiência com o secretário Idenir Cecchim, da
Secretaria da Produção Industria e Comércio (SMIC).
Ele ainda não teve horário para recebê-los.
Economia
julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA
Comércio movimenta economia com valores atrativos
Beto Rodrigues
Beto Rodrigues
S
Simpáticas e generosas
em preços e qualidade. Assim
são conhecidas as Feiras Modelo por seus freqüentadores.
Em diversos bairros de Porto
Alegre, oferecem variedades
em hortifrutigranjeiros e produtos coloniais. Com periodicidade semanal, de quartasfeiras a domingos, participam
das feiras produtores rurais,
associações de produtores e
comerciantes, aprovados em
processo de seleção pública.
“As primeiras Feiras Livre
datam dos anos 60. Na década de 80, começaram a ser
controladas pela SMIC (Secretaria Municipal de Produção,
Indústria e Comércio) e, em
1991, passaram a chamar-se
Feira Modelo de Porto Alegre”,
esclarece a coordenadora da
Seção de Licenciamento de
Atividades de Ambulantes da
SMIC, Irapuama May.
Ao todo, são 30 feiras. Dessas, quatro são ecológicas e
montadas aos sábados e domingos nos bairros Bom Fim,
Menino Deus, Tristeza e Floresta. As feiras ecológicas se
diferem pelo fato de colocarem
à venda produtos orgânicos,
com preços diferenciados. Para fazer parte dessa feira, é necessário apresentar um laudo
atestando que os produtos
são realmente ecológicos.
A Feira Ecológica do Bom
Fim, que funciona aos sábados das 7 às 12 horas, é a
maior em quantidade de comerciantes. Nas demais feiras,
O aposentado e voluntário, Raimundo Vieira Azevedo na Feira do Rubi
Gabriella Cardoso e Andreza Fiuza
Produtos frescos e preços atraentes para os consumidores
a maioria dos comerciantes
com­pram os seus produtos
na Central de Abastecimento
Sociedade Anônima (CEASA)
para revendê-los.
A visão dos clientes em relação às Feiras Modelo é muito
positiva. “Os preços são mais
acessíveis e os produtos são
fresquinhos e selecionados.
Além disto, a feira fica bem pertinho da minha casa. O pessoal
é muito bom. Eu venho aqui faz
muito tempo”, comemora a
aposentada Maria Lúcia, 57
anos. Ela reside na rua Santo
Antônio, circuvizinhança da feira que se instala aos sábados
na rua Irmão José Otão.
A servidora pública, Luciara
Spanquiado, que está utilizando a Feira pela primeira vez,
diz estar gostando: “se encontra mais variedades e preços
em relação aos supermercados”. A pedagoga, Cláudia
Fernandes, sintetiza: “é muito
astral, muito bom. Por isso venho aqui há dez anos”.
Elas acontecem de quartas-feiras a domingos, das 7
às 21 horas, conforme a programação de cada bairro.
Mais informações podem ser
obtidas nos telefones 51 3227
5288 (Associação das Feiras
Modelo de Porto Alegre) e 51
3289 4710 (SMIC).
Pioneirismo no território nacional
Pioneira no território nacional desde fevereiro de
2005, e tendo sido referência
para São Paulo, as Feiras Modelo oferecem a alternativa do
uso de cartões de crédito para facilitar a vida dos clientes e
dos comerciantes. Os cartões
acei­tos são Visa, Master Card,
Visa Net e Banricompras. A
tecnologia utilizada é a General Packet Radio Service
(GPRS), que dispensa a dependência da energia elétrica
Andreza Fiuza
Feiras atraem por
qualidade e preço
Rubi: a Moeda do rubem berta
e a linha telefônica. “Para este
sistema, criamos uma moeda
paralela ao Real. Chama-se
Circulante”, explica o comerciante e, também, presidente
da Associação das Feiras Modelo de Porto Alegre, Giovani
Oliveira. “O usuário vai até o
quiosque, instalado na própria
Feira, com o cartão da sua
preferência e retira o valor desejado, em Circulante”, complementa Oliveira. Das 30 Feiras existentes, 15 possuem
esse sistema.
Segundo o presidente, a
Associação dispõe de uma assessoria jurídica que cuida das
questões legais da circulação
dessa moeda, para que sejam
evitados os riscos de falsificações. “Na Associação temos
uma pessoa que cuida dos de­
pósitos nas contas bancárias
dos feirantes. As instituições
bancárias com quem trabalhamos são o Banrisul e o Banco
do Brasil”, explica.
Em busca de soluções para melhorar
a qualidade de vida dos moradores do
bairro Rubem Berta, Zona Norte de Porto
Alegre, foi criado um projeto chamado
“Mudando a Cara”. Houve a implantação
de uma circulante local que funciona entre os membros cadastrados. A moeda
recebeu o nome de Rubi em votação pela própria comunidade. O objetivo é fazer
com que todo o tipo de comércio possa
utilizar essa cédula como dinheiro real.
O projeto conta com o apoio do Instituto Strohalm de Desenvolvimento Integral
(Instrodi), que produz essas cédulas na
Holanda. Há cédulas de um, dois, cinco e
dez Rubis que equivalem ao valor do Real.
O cadastro na Associação de Moradores
do Conjunto Residencial Cohab Rubem
Berta (Amorb) pode ser feito por comerciantes e autônomos que entram no guia
de Serviços, além das pessoas que queiram fazer parte da “Feira do Rubi”.
A feira tem como finalidade integrar pessoas da comunidade, sendo uma excelente
opção para as pessoas que estão sem atividades, desempregados ou que querem
auxiliar no orçamento com uma renda extra. Essa acontece aos sábados ao ar livre
na avenida Adelino Ferreira Jardim, próximo
ao final da linha do ônibus T-6.
A implantação de um circulante local,
junto ao projeto, trouxe benefícios à comunidade, como a revitalização dos prédios
da Cohab que está sendo feita por pesso-
as inclusas no Guia de Serviços. O processo acontece através de um “consórcio”,
onde cada unidade habitacional paga 12
parcelas mensais de 20 reais. Atualmente,
o bairro possui 38 prédios pintados.
É indispensável que se saiba que antes
desse projeto não existia nenhum tipo de
atividade, mesmo informal, que favorecesse a capacidade produtiva dos moradores
do bairro. “É um projeto social que empolga a gente de alguma forma, poder colaborar para melhorar um pouquinho a vida
de cada pessoa. Isso é gratificante. Um retorno que recebemos”, diz o aposentado e
voluntário, Raimundo Vieira Azevedo.
Esse projeto comunitário possui um
Comitê Gestor, constituído pela capela
da Igreja Madre Tereza, Instituto Instrodi e
pela Amorb, que é coordenada por Paulo
César Santos. Para auxiliar no desenvolvimento empresários podem efetuar investimentos de recursos financeiros para
a sustentabilidade do Projeto, bem como
doação de produtos que sejam vendidos
a Rubi. A comunidade-alvo participa das
ações do Projeto, envolvendo-se diretamente no processo de desenvolvimento.
O governo, apoiando as estratégias metodológicas no bairro e disponibilizando
recursos humanos e financeiros. A sociedade civil organizada exerce o voluntariado em uma comunidade carente de recursos, apoio e atenção, realizando doações de produtos e materiais.
Chega à Capital novo
conceito de shopping
Agência Estilo Comunicações
A receita de sucesso
Camila Aquino e Danielle Oliveira
Uma zona residencial rodeada por uma extensa área verde, esse é o bairro Boa Vista.
Além de sua bela arquitetura e
urbanismo o bairro é conhecido por seus deliciosos lanches
vendidos na rua.
É na rua Anita Garibaldi em
frente a um dos maiores condomínios do bairro, o Quinta da
Boa Vista, que encontramos a
famosa towner do Paulinho. O
cachorro-quente feito por Paulo Aquinel Oliveira Matias é tão
gostoso que os seus cli­en­tes
criaram uma comunidade no
site de relacionamentos Orkut.
E o lanche não agrada apenas
os jovens internautas, o local
virou um ponto de encontro de
diferentes faixas etárias.
O comerciante acredita que
o segredo para esse sucesso
está em se trabalhar com o que
se gosta. “Gosto muito do círculo de amizade que acaba se
formando, de po­der conhecer
bastante gente, de tomar chimarrão com os clientes que se
tornam meus amigos e de ouvir que o meu cachorro-quente
é o melhor”, ressalta Paulinho.
O vínculo que ele estabelece
com os clientes é tão significativo que um deles, Evandro
Schuster, desloca-se do bairro
Cristo Redentor, onde mora,
até a towner praticamente todo
dia, no final da tarde, para se
encontrar com os amigos.
E as delícias do bairro Boa
Vista não param aqui. Jairo da
Rosa Machado vende pipocas,
algodão-doce e sorvetes. Há 16
anos trabalha na frente do colégio Monteiro Lobato. Ele, como
o Paulinho, diz gostar de ter a
clientela sempre renovada. “A
minha pipoca é considerada a
melhor do Brasil”, brinca Jairo,
ao contar que uma de suas
clientes que experimentou pipocas de São Paulo, Minas Gerais
e Rio de Janeiro, afirma que de
todas a dele é a sua preferida.
Machado se diverte com as his­­
tórias que ouve e vê pela rua.
A diferença entre os dois
comerciantes é que Paulo tem
um ponto fixo e Jairo trabalha
em dois lugares, aos finais de
semana ele está no parcão. E
um fato curioso comum na his­
tória dos dois é que Paulinho
não gostava de comer cachorro-quente, mas depois que
começou a vender, aprendeu
a apreciar e, hoje, chega a comer três vezes ao dia.
Enquanto Seu Jairo não
gos­ta muito de comer pipoca
porque acabou enjoando. “Logo que comecei a trabalhar
com isso, eu vendia uma panela de pipoca e comia a outra. É até melhor que eu não
goste porque assim tenho menos prejuízo”, ri e comenta.
Ambos os vendedores trabalham com prazer e essa parece ser a receita do sucesso.
Maquete virtual simulando o espaço onde ficará o shopping
Gabriel Marquez e Rafael Alves
Com conclusão prevista
para agosto de 2008 o novo
shopping da Capital promete
inovações como centro de
convenções, área externa
avarandada com vista para o
Guaíba, prédio de escritórios,
duas torres residenciais, um
hotel e um apart-hotel. Localizado às margens do Guaíba, próximo ao antigo Estaleiro Só e junto ao Hipódromo no Cristal, o shopping tra­
rá inovações, ainda, desconhecidas ao público brasileiro. Além de promover inovações e trazer entretenimento,
o novo empreendimento irá
gerar 3 mil empregos diretos
e 4 mil indiretos, além de mil
empregos, ainda, na fase de
construção.
Com mais de um km² de
área o novo empreendimento, promete colocar Porto Ale­
gre e, especialmente, a região
sul da cidade, em outro patamar, trazendo para a região o
que há de mais inovador no
ramo de Shoppings Centers.
O projeto será o que se chama de projeto multiuso: além
do shopping, com lojas, serviços e entretenimento, o
com­plexo vai integrar um prédio de escritórios, duas torres
residenciais, um hotel e um
apart-hotel. Esses outros empreendimentos serão construídos após a inauguração
do shopping.
Com investimentos de
apro­ximadamente R$ 300
milhões, o shopping tem tudo
para repetir o sucesso do em­
preendimento homônimo, no
Rio de Janeiro. Segundo a
Multiplan, os dois projetos
são parecidos em termos de
conceito. O BarraShoppingSul vai contribuir para o desenvolvimento da região, assim como o BarraShopping
carioca impulsionou o crescimento da Barra da Tijuca, hoje um dos bairros mais modernos e dinâmicos do Rio.
Porém, o novo centro comercial da Capital enfrentará
problemas. Um dos mais relevantes é a localização de
outro grande shopping da cidade, o Praia de Belas Shopping, situar-se relativamente
perto de onde será o BarraShopping. Outra complicação pela qual passa o novo
shopping é a polêmica gerada junto aos lojistas gaúchos.
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL) afirma que os preços cobrados
pela administração são muito
caros. A própria CDL tentou
convencer o shopping a baixar as taxas, mas até o fechamento da reportagem não
havia um acordo.
Saúde
Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de 2007
eQUIPE DO CONCEIÇÃO
INCENTIVA DOAÇÃO DE ÓRgÃOS
Fernanda Vaz
Formadas por equipes multidisciplinares, as comissões intra-hospitalares de captação de órgãos e tecidos para transplantes do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) atuam em plantão
24 horas e abordam os familiares de pacientes que foram ao
óbito para consentimento em relação a doações.
Um único doador pode ajudar a pelo menos 25 pessoas que
necessitam de órgãos transplantados e é por isso que o GHC
desenvolve a campanha “Ajude o próximo”. Cerca de 1% das
pessoas que morrem são doadores em potencial, entretanto a
doação pressupõe certas circunstâncias especiais que permitam a preservação do corpo para o adequado aproveitamento
dos órgãos. Um órgão pode ser aproveitado quando ocorre a
morte encefálica, isto é, em decorrência de um acidente que
ocasiona algum tipo de dano na cabeça. Uma lesão irrecuperável do cérebro após traumatismo craniano grave, tumor intracraniano ou derrame cerebral. É possível, também, a doação
de vivo para vivo e entre parentes, como, por exemplo, de rim
e parte do fígado.
Depois que a família consente, a comissão aciona a Central
de Transplantes do Estado do Rio Grande do Sul, que manda
uma equipe ao hospital para a retirada dos órgãos. Todo processo é realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O doa­
dor, tanto vivo como em óbito, deve de ter acima de 18 anos de
idade e ter um histórico médico considerável”, afirma a médica
Denise Hide Alcaraz, coordenadora da campanha e do centro
cirúrgico.
Não podem ser considerados doadores pessoas portadoras
de doenças infecciosas incuráveis, câncer ou doenças que pela
sua evolução tenha comprometido o estado do órgão. “Para
as pessoas que desejam ser futuros doadores é importante
que seja comunicado a família ou que se registre em documento oficial. Sem o documento ou a autorização de parentes
próximos não é possível a doação”, diz o neurologista Ricardo
Enrico Perini.
Oficinas beneficiam pacientes psiquiátricos e comunidade em geral
Integração no São Pedro
Márcia Dihl
Cássio Machado
O Hospital Psiquiátrico São
Pedro ainda é tratado com
preconceito pelos moradores
de Porto Alegre. O chamado
“depósito de loucos”, no entanto, tem muitas funções sociais e importantes, que refletem na vida dos pacientes. Oficinas como Reciclagem e Criatividade, marcam presença no
complexo hospitalar, dando
atividades ocupacionais para
pacientes e comunidade.
A oficina Nise de Oliveira,
criada em 1990, tinha como
proposta atender apenas os
moradores do São Pedro, mas
mudou o seu foco. Com a
abertura do hospital para a comunidade tornou-se um espaço de manifestação para várias
pessoas, não necessariamente internadas. “Essa abertura
para a comunidade teve como
benefício a desmistificação da
loucura”, diz a psicóloga e co­
or­­denadora da oficina, Gisele
Sanches. A oficina está adquirindo, ainda, um status de pes­
quisa na área de evolução da
saúde mental, pois contém um
acervo, que apesar de precário, armazena todas as obras
realizadas por pacientes em
Hospital Psiquiátrico tem suas portas abertas para integração da comunidade em trabalhos com pacientes
17 anos de existência.
O funcionamento do espaço é diário, sendo realizado todas as manhãs, nas terças e
quintas-feiras à tarde. Existem
também as oficinas de reaproveitamento de papel, xilogravuras e escrita. Eventualmente,
os trabalhos são expostos dentro ou fora do hospital. Sanches
ressalta ainda a questão da falta de material (tintas, pincéis) e
de recursos humanos como artistas plásticos. Está sendo
promovido um almoço com a
in­tenção de arrecadar fundos
para a compra de materiais.
Outra forma de terapia ocu­
Abuso sexual ameaça crianças
Heloisa Pacheco
Heloisa Pacheco
Desde 2001, o Centro de
Referência no Atendimento Infanto-Juvenil (CRAI), localizado
no Hospital Infantil Presidente
Vargas, atende crianças vítimas de abuso sexual e maus
tratos. A iniciativa foi do Ministério Público, Prefeitura Municipal, Delegacia da Criança e
do Adolescente (DECA) e do
próprio hospital. A idéia surgiu
da falta de um lugar único e
Sorriso modelo
dos mais de mil casos. A maior
incidência de abusadores são
pais e padrastos. Os dados
comprovam que 80% das violências são cometidas por pessoas conhecidas da família.
Pires informa que um dos
casos mais chocantes foi de
um menino que aos seis anos
sofria abuso sexual com penetração anal por um vizinho
de 27 anos. Ressalta que trabalhar com violência é complexo, “mas sempre estamos
instigados a tentar”.
Ele afirma que o ideal é a
prevenção, através de campanhas publicitárias para crianças ainda pequenas, onde se
aborde assuntos relacionados
ao sexo. Isso porque, a criança entre três e seis anos não
reconhece o abuso. “E quando acontece, ela considera
como um carinho, ainda mais
vindo do pai ou do padrasto”,
finalizou.
Site do governo
Cíntia Teixeira e Márcia Souza
Uma boca bem cuidada
reflete a saúde de todo o corpo. Em 2003, o Governo Federal lançou o programa Brasil Sorridente, que até 2006
obteve o investimento de 1,3
bilhão do Ministério da Saúde. O objetivo é ampliar o
atendimento e melhorar as
con­dições de saúde bucal do
brasileiro.
Em Porto Alegre, o Centro
de Saúde Modelo é referência na área de odontologia.
Além do atendimento clínico,
o centro oferece o Serviço de
Atendimento Odontológico
para Pacientes de Especiais
(Saope).
O coordenador de saúde
bucal do CSM, Raul Fernando
Pereira, cirurgião dentista e
responsável pelo Saope, enfatiza que para pacientes com
necessidades especiais não é
exigido comprovar domicílio,
basta que resida na cidade.
“Se vier alguma pessoa de outro local, também será atendida. Ninguém sai daqui sem
atendimento”, afirma. Ele explica que atualmente estão
sendo formadas 25 equipes,
os chamados Postos de Saúde Família (PSF). Essas equipes farão atendimento personalizado. “A expectativa é que
facilite o atendimento pelos
centros de saúde”, explica.
A coordenadora do Centro, Denise Loureiro Pedroso,
informa que na área de saúde
bucal, atuam sete dentistas e,
em média, 220 consultas são
disponibilizadas semanalmente. Os agendamentos são feitos nas quartas-feiras, basta
comprovar residência no bairro ou proximidades. Na primeira consulta é feita a triagem e a indicação para tratamento, podendo ser encami-
Projeto amplia o atendimento e melhora a saúde bucal do brasileiro
nhado para centros conveniados, como a UFRGS e o Hospital Conceição.
O Centro de Saúde Mode-
lo está localizado na Rua Jerônimo de Ornellas, 55. Para
mais informações ligue para o
telefone 3217 4703.
de das vendas efetuadas, confirma Correa. O material doado
por Instituições é separado e
fardado para ser vendido. Do
dinheiro recebido é feito o pagamento dos funcionários além de
reparos, como, a gasolina do
veí­culo que arrecada material.
A oficina de costura atua
na produção de roupas para
os pacientes, crochê e bordados em panos de prato e
acessórios com “fuxico”, que
são realizados por habitantes
da morada São Pedro. Os em­
pregados recebem salário fixo, não importando a quantidade produzida.
Programa é destaque
no tratamento bipolar
Thaís Medeiros
Presidente Vargas: atendimento a crianças vítimas de abuso sexual
público, onde as famílias pudessem ir, sem precisar se dirigir a inúmeros postos de atendimento, ou seja, era necessário centralizar a assistência.
A principal preocupação
do CRAI é com a saúde da
criança. Para isso, conta com
uma equipe especializada na
área. São dois pediatras, quatro médicos peritos, três assistentes sociais, três psicólogos, dois auxiliares de perícia,
uma enfermeira e um policial
civil que presta serviços até as
18 horas.
Segundo o assistente social e coordenador do CRAI,
Jarbas Pitaguary Machado Pires, as situações de violência
sexual ocorrem a partir dos 12
anos. Entre elas, o número de
meninas vítimas supera o do
sexo oposto. A média de atendimentos no mês é de aproximadamente 120 crianças.
Em um ano foram registra-
pacional encontrada no hospital é a área de reciclagem, iniciada em 2000, com a intenção de implantar o exercício
social do trabalho junto com a
geração de renda, não só para pacientes como, também,
para moradores da comunidade São Pedro. O coordenador
técnico e psicólogo, Alexandre Baptista, conta com ajuda
da terapeuta ocupacional, Joa­
na Helena Coelho e a administradora e responsável financeira Virgínia Correa.
Todos trabalhadores passam por um período de expe­ri­
ên­cia. O salário mensal depen-
Pacientes aguardam reunião do PROTAHBI
Thaís Dias Medeiros
O Programa de Atendimento do Transtorno Bipolar (PROTAHBI), realizado pela área de psiquiatria do Hospital de Clínicas
de Porto Alegre (HCPA), atua há 20 anos prestando assistência
a pessoas portadoras da doença. Vinculado academicamente
à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, realiza pesquisas clínicas, laboratoriais e bioquímicas relacionadas com o
transtorno.
Os pacientes participam de consultas psiquiátricas mensais, individuais e de atividades assistenciais em grupo. Outra
iniciativa é o Grupo de Lítio (medicamento mais indicado para o
tratamento da doença), que auxilia os pacientes no controle dos
efeitos colaterais, como, por exemplo, a tremedeira. Há ainda o
Curso de Educação Nutricional, o Grupo de Qualidade de Vida
Farmacêutica e o Stabilitas. Esse último ministra palestras mensais aberta ao público com discussões sobre a bipolaridade.
Atendendo hoje cerca de 200 pacientes, o PROTAHBI foi
criado em função do alto número de casos da doença. Segundo
a enfermeira, especialista em psiquiatria, Emi da Silva Tomé, 2%
da população mundial sofre de bipolaridade. Afirma que para o
desenvolvimento da doença “além da constituição, da pré-disposição genética, há também fatores sociais e familiares que
contribuem”. Dentro do PROTAHBI, há uma grande incidência de
tentativas de suicídio, cerca de 50% dos portadores atentaram
contra a própria vida.
O paciente chega ao projeto através de Postos de Saúde
Municipais. Após passar pela triagem geral da psiquiatria do
HCPA, é encaminhado para o ambulatório de bipolaridade. Há
também casos que chegam diretamente da internação psiquiá­
trica, encaminhados pelo médico responsável.
Uma dessas pacientes é R.N., 38 anos. A bipolaridade acompanhada de episódios de psicose a impedem de trabalhar. Ela
afirma “não aguentar a pressão”. A ajuda financeira da família, o
acompanhamento do PROTAHBI e o uso contínuo dos remédios
possibilitam que ela hoje trabalhe como voluntária e participe
do coral Nós com Voz, organizando pelo Centro de Atendimento
Psico-Social do HCPA.
O que é bipolaridade?
Se caracteriza por variações do humor, do depressivo ao
eufórico, de forma intensa e constante expressando dois pólos
de humor.
História
julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA
Com uma programação voltada ao jornalismo e ao esporte, a emissora chega ao cinqüentenário
Rádio Guaíba, 50 anos no ar
S
Ricardo Giusti
Alex Sandro Gonçalves e Marla Gass
São poucas as instituições
que chegam aos 50 anos na
plenitude de suas atividades.
Quando fundou a Rádio Guaíba, o jornalista Breno Alcaraz
Caldas, definiu que os eixos da
programação seriam jornalismo, esporte, cultura e música.
Ainda na inauguração, o primeiro diretor da Guaíba, o jornalista
Arlindo Pasqualini, afirmou que
“a programação não terá o luxo
das grandes montagens, mas,
mesmo quando singela, jamais
cairá na vulgaridade”.
Focando a sua programação na informação, a Guaíba
atravessou os anos, porém
sem envelhecer. A primeira
grande cobertura da Guaíba foi
a eleição do Papa João XXIII.
No entanto, o destaque da
emissora foi a transmissão da
Copa do Mundo, em 1958, na
Suécia. Com profissionais qualificados, a Guaíba consolidou
o título de a Rádio da Informação com Credibilidade. O jornalista Flávio Alcaraz Gomes,
um dos principais responsáveis pelas grandes inovações
da emissora, não mediu esforços para levar o microfone da
Guaíba pelas mais variadas
partes do mundo. Participou
da cobertura da guerra do Vietnã, do lançamento da nave
espacial Apolo VIII, da chegada do homem à lua, entre outras tantas reportagens.
Por problemas financeiros,
Breno Caldas vendeu a emissora para o empresário Renato
Bastos Ribeiro, em 1986. Inicia
a segunda fase da Rádio Guaíba, marcada pela informatização
de todos os setores da emissora. Ao completar 42 anos em
1999, a Rádio Guaíba inaugurou
o Estúdio Cristal, que se localiza
no encontro das ruas dos Andradas e Caldas Jr, conhecida
“Esquina da Comunicação”.
O mais antigo noticiário do
Brasil é o Correspondente Guaíba. Responsável pela locução
do noticiário desde 1964, Milton Jung é o locutor brasileiro
que possui maior tempo apresentando o mesmo noticiário.
O locutor afirma: “Estou completando 49 anos na empresa.
São três gerações de ouvintes
da Rádio Guaíba. Muitos deles
ao me encontrar lembram que
seus avós ou pais, pediam silêncio à família para ouvir o
Correspondente”.
Focando a sua comunicação na informação, a Rádio Guaíba atravessou os anos sem envelhecer
Pró-HPS incetiva doação de órgãos
Aline Chieza
O Hospital de Pronto Socorro completa 60 anos como
símbolo de segurança para a
população. A trajetória está inserida na própria história da
cidade. Diariamente, são atendidas cerca de 600 pessoas.
Localizado no Largo Theodoro Herzl desde 1944. A demanda crescente de atendimentos tem gerado dificuldades para as equipes médicas
e de enfermagem e para a estrutura física do hospital.
Após debater e avaliar os
desafios e objetivos da Instituição durante dois anos, a Mesa
Curadora desenvolveu o projeto para a criação de uma fundação de direito privado e fins
públicos. O objetivo deveria ser
apoiar a administração pública
e, especialmente, a do Hospital
no desenvolvimento de ações
e de projetos dos quais o HPS
carece. A campanha publicitá-
ria pela Unidade de Tratamento
de Queimados servirá para dar
visibilidade à Fundação.
A Fundação Pró-HPS, implantada em 2004, trabalha no
desenvolvimento de serviços e
projetos que atendam demandas e potencialidades que o
Hospital possui. Uma vez que o
Hospital é um equipamento de
grande reconhecimento comunitário, ele reúne as condições
para transformar sua legitimidade em formas concretas de
apoio da sociedade. Isso permitirá a ampliação e qualificação das atividades. A Fundação é o meio para organizar e
implantar a mobilização comunitária de apoio ao HPS. Com
sua institucionalização, a Mesa
Curadora transformou-se em
Conselho de Curadores da
Fundação Pró-HPS.Segundo o
diretor-executivo da fundação,
Rogério Beidacki, o grupo de
empresários e personalidades
aceitou o desfio de constituir a
fundação para servir como intermediário que captasse doações com a comunidade e as
repassassem ao hospital. O
HPS é o anjo da guarda da cidade – resume Beidacki. A definição do dirigente se explica
pela gama de serviços que o
hospital oferece. O Hospital de
Pronto Socorro (HPS), além de
ser um centro de referência regional para o atendimento de
politraumatizados, é considerado modelo nacional em diversas especialidades de pronto atendimento.
O atendimento de urgências
destina-se a pacientes vítimas
de acidentes de trânsito e de
trabalho, agressões diversas,
queimaduras, ferimentos e intoxicação. Nos casos de pacientes com queimaduras, o Hospital possui singular estrutura de
atendimento rápido, internação, tratamento e recuperação,
dispondo de equipamentos
avançados e equipes especiali-
zadas, incluindo a única UTI para queimados do Estado. Além
disso, opera com um Banco de
Sangue, com funcionamento
de 24 horas por dia. Sistema
Único de Saúde (SUS) reembolsa, por meio das guias de
atendimento, em torno de 800
mil reais por mês. A Prefeitura
Municipal de Porto Alegre contribui com o restante do valor
para manter o Hospital, ou seja,
6 milhões e 200 mil reais.
O atendimento da Instituição é universal. Os serviços
prestados pelo HPS são sempre gratuitos, independentemente do tipo de especialidade, equipamento ou medicamento prestado ou utilizado.
Esse é um fator que também
contribui para o relevante reconhecimento do Hospital junto à população. Informações
pelo fone 51 3289 7699 ou site http://www.prohps.org.br
ou e-mail: fundaçã[email protected]
Fabio Berriel
Histórias do bairro Santa Cecília
Fabio Berriel
Santa Cecília considerado
um dos bairros mais bem localizados de Porto Alegre,
possui moradores ilustres,
grandes personalidades como
Moacyr Scliar e Padre Edgar
Jotz, cidadão honorário de
Porto Alegre, atuando como
pároco há 50 anos nessa região. Em 7 de dezembro de
1959 foi publicada a Lei nº
2022, dando origem legalmente ao bairro. Hoje possui
5,8 mil moradores, divididos
em 2.528 homens e 3.272
mulheres, em uma área total
de 60 hectares.
Edgar Jotz comenta sobre
sua vida desde a mudança
para Porto Alegre: “Durante
muito tempo pode-se ver mudanças. Fico olhando o quanto as pessoas se beneficiam
das melhorias por aqui”.
O bairro cresceu nos arredores da igreja Santa Cecília,
construída em 1943, cujo nome deu origem ao nome do
A equipe de esportes da
Rádio Guaíba acompanhou
de perto os principais eventos esportivos do Mundo nos
últimos 50 anos. Há 22 anos
na Guaíba, o jornalista Luiz
Carlos Reche é o atual chefe
da equipe esportiva. Classifica a Rádio Guaíba como “ é
o melhor exemplo a ser seguido por outras emissoras
do Brasil. Sempre manteve
equilíbrio entre jornalismo,
esporte e música. É uma
emissora que ditou regras no
rádio brasileiro”.
O ano de 2007 marca a
terceira fase da Rádio Guaíba,
ao ser comprada pela Rede
Record. O Presidente Jerônimo Alves Ferreira assume o
comando afirmando que “em
time que está ganhando, não
se mexe”. Ferreira revelou
também, a intenção de digitalizar totalmente as transmissões da emissora.
Rádio Guaíba, procurando
evoluir a cada ano, mas mantendo as suas principais características: Informação e
credibilidade.
Santa Isabel: Um bairro
de histórias e lutas
Daiane Benso e Eliandra Lopes
Um bairro não é apenas o lugar onde se mora, mas onde
se constrói uma história. Santa Isabel é o mais tradicional de
Viamão, localizado na região metropolitana de Porto Alegre. A
união de etnias e culturas é o seu marco principal, além de se
destacar por seu comércio diversificado.
Com a vinda dos imigrantes italianos, alemães, holandeses
e franceses iniciou-se um processo que culminaria na formação
de Santa Isabel. O surgimento basicamente se deu com a especulação imobiliária. A população de baixa renda que morava nas
regiões periféricas de Porto Alegre, Canoas e Alvorada acabou
migrando para o bairro. Outros fatores foram o êxodo rural e
mecanização da lavoura.
“Os distritos eram distantes, por isso se criou uma identidade local”, relata o historiador Paulo Ricardo Medeiros Lilja.
Foi assim que em 1953 formou-se o primeiro núcleo urbano
denominado Medianeira, que originou o bairro. Segundo ele, o
letreiro do ônibus intitulado “Santa Isabel”, que circulava em
Viamão, foi responsável pela origem do nome.
Padre Guilherme Spann é um dos pioneiros. Contribui tanto
religiosa como socialmente. Além disso, foi responsável pela
criação de centros odontológicos e médicos. Por tamanha dedicação, atraía facilmente os fiéis, mesmo depois de ter renunciado a vocação para casar-se.
A história do bairro também foi marcada por preconceito
e racismo. Um exemplo disso era os bailes na Sociedade de
Ginástica de Santa Isabel (SOGISI), criada em 1961, onde havia
separação entre negros e brancos. Cada um freqüentava um
local específico imposto pela sociedade. “Eu chegava e ia para
o lugar destinado aos negros, se não fosse por vontade própria,
sei que eles me mandariam”, conta o compositor e intérprete
da escola de samba Unidos de Santa Isabel e, também, um dos
coordenadores, Arizinho.
Lilja, morador há 46 anos do bairro, ressalta que, “é raro um
bairro que consegue contar a própria história. Santa Isabel é privilegiado, depois de meio século guarda registros memoráveis”.
Paulo Lilja
O bairro Santa Cecília possui 5,8 mil moradores em uma área total de 60 hectares
bairro. “Na época a gente saia
para ir a igreja, a Missa do Galo, realizada pelo Padre Luís
de Nadal. Todos saiam, o pessoal da catequese, moradores, isto era algo bom na época”, diz a moradora há 58
anos, Ivani Rita Martins.
O agrônomo Mário Lugokovinsqui explica, que o desenvolvimento do bairro é intenso: “Em 19 anos morando
em Porto Alegre, residindo no
bairro Santa Cecília e pude ver
que muito mudou desde o início. O comércio expandiu-se e
veio a crescer. O movimento
nos colégios vizinhos da minha residência aumentou”. Algumas construções impulsionaram o desenvolvimento do
bairro, como por exemplo, o
Hospital de Clínicas, no final
dos anos de 1950, e alguns
dos prédios da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul,
como as faculdades de Medicina, Odontologia e Farmácia.
Tradição e
modernidade
Av. Liberdade, a mais importante do Bairro Santa Isabel
História
Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Julho de 2007
Procurando melhor atender a população gaúcha, a sede histórica da instituição é restaurada
Biblioteca Pública inicia nova fase
Michelle Neckel
Michelle Neckel e Rodrigo Brustolin
N
No mês de maio de 2007
iniciou a reforma do prédio da
Biblioteca Pública Estadual
(BPE). Com verba do governo
federal e parceria de patrocinadores, o local terá a sua
parte estrutural restaurada,
pois apresenta problemas como infiltrações, entre outros.
A primeira fase da reforma
recebeu R$ 465 mil do Programa Monumenta, desenvolvido pelo governo federal, que
visa a recuperação do patrimônio histórico urbano. O
programa atua em cidades
protegidas pelo Instituto do
Patrimônio Histórico Artístico
Nacional (Iphan).
Essa etapa terá duração
de seis a oito meses e, no período, serão resolvidos os problemas de umidade. A troca
do motor do elevador, o mais
antigo do Estado, foi feita.
Após a restauração da parte estrutural do prédio, as partes hidráulica, elétrica e as
mobílias dos três pavimentos
serão renovadas. As pinturas
originais das paredes, que foram cobertas em reformas anteriores, poderão novamente
ser vistas. Essa fase das obras
está estimada em R$ 7,3 milhões e utilizará recursos financeiros autorizados pelo Ministério da Cultura. O tempo dessa etapa será de 15 meses,
aproximadamente.
A preocupação com os
usuários e a preservação do
acervo fez com que a equipe
da BPE buscasse locais apropriados para abrigar parte das
obras e manter o seu funcionamento. Foram procurados diversos órgãos do governo, que
pudessem emprestar um local,
tais como o Exército e o Ministério Público. Nenhum deles,
porém, tinha um local que
atendesse as necessidades.
Segundo a diretora do Departamento Estadual de Livros
e Bibliotecas Públicas do Rio
Grande do Sul, Morgana Marcon, dos locais analisados, o
mais apropriado foi na Casa de
Cultura Mario Quintana
(CCMQ).“Precisamos de, no
mínimo, mil metros quadrados
disponíveis. Na CCMQ havia
muitos espaços ociosos que,
muitas vezes, serviam apenas
de depósitos. Estes seriam o
suficiente para abrigar, provisoriamente, nosso acervo”, explica Marcon. O acervo total da
BPE é de 180 mil volumes. Foi
realizada uma pré-seleção determinando o que seria transferido. Foram levados para tais
espaços cerca de 42 mil livros:
as obras mais procuradas, todo o material informatizado
dos diversos setores, o setor
braille e livros que não são facilmente encontrados em livrarias e bibliotecas. Os serviços
de internet e fotocópias, também, estão disponíveis.
No decorrer desse período
de obras, será procurado mais
um prédio para sediar oficialmente a BPE, pois o que está
em reforma tem capacidade
apenas para 80 mil livros. Nele, ficará a parte histórica: o
acervo antigo, o setor geral de
documentação sobre o Rio
Grande do Sul. Também terá
espaço para eventos culturais.
Dentre os locais cogitados,
está o prédio da antiga confeitaria Rocco, localizado no
centro da Capital, construído
em 1910 e tombado pela Prefeitura em 1997.
Um pedaço do coração dos gaúchos é restaurado através de projeto federal
Instituição reabre provisoriamente
A Biblioteca Pública do Estado (BPE) está atendendo
provisoriamente ao seu público, nos espaços da Casa de
Cultura Mário Quintana
(CCMQ), situada na Rua dos
Andradas, 736.
Com o fechamento do prédio da BPE, logo após o Carnaval, começou o processo
de encaixotamento e transferência do material. O transpor-
te dos livros e equipamentos
foi realizado nas segundas-feiras, dia em que a CCMQ está
aberta apenas para expediente interno. Os ambientes da
CCMQ precisavam ser adaptados. Foram feitas pequenas
instalações elétricas e mobiliárias. “Não mexemos em quase nada, procuramos interferir
o mínimo possível na Casa de
Cultura”, afirma a diretora do
Jornais de bairro em Porto
Alegre surgiram na Zona Sul
Luís Bustamante
Os jornais de bairro são, hoje, importantes meios de comunicação comunitária. Surgiram em São Paulo, no final do século 19. Em Porto Alegre fazem história, sendo precursores os jornais O Sabido e Colméia, criados pelo servidor público Odemar Ferlauto.
O Sabido, pioneiro no Rio Grande do Sul, foi lançado em agosto de 1954, no
bairro Ipanema, como veículo de comunicação da Sociedade Amigos dos Balneários
de Ipanema (SABI – que inspirou o nome). Foram os empresários da região que financiaram o custo de produção do jornal, que circulou por quatro anos. As causas do fechamento foram a estagnação da SABI e a diminuição do tempo dedicado à sua produção pelo editor, que trabalhava 40 horas semanais no serviço público.
O Colméia foi editado pela primeira vez em maio de 1967, no mesmo bairro.
Lançado pela Associação Comunitária e Assistencial de Ipanema (ASCAI), circulou por
aproximadamente um ano e meio na região. Fechou com o acirramento da censura à
imprensa, em 1968.
Ambos circularam com distribuição gratuita entre os moradores, foram comercializados junto ao pequeno comércio da região e a profissionais liberais, e o modo de
produção era artesanal. Esses jornais registraram o cotidiano dos anos 54 e 68 e serviram para disseminar as reivindicações da comunidade. O trabalho do editor tinha
caráter de voluntariado e os jornais não visavam lucro.
Departamento Estadual de Livros e Bibliotecas Públicas do
Rio Grande do Sul e dá BPE,
Morgana Marcon.
O s f re q ü e n t a d o re s d a
CCMQ não se queixam desta
estadia, pelo contrário, acham
interessante. É o caso do comerciante Paulo Camargo, que
relata: “Eu acho bom a Biblioteca Pública estar aqui. Gostaria que após sua saída, os
mesmos espaços fossem ocupados por algo semelhante”.
Mesmo depois da transferência da BPE, no último dia 8
de maio, os funcionários da
CCMQ, ainda, não sentiram
acréscimo no movimento. Mas
para a recepcionista Lia Queirolo, quatro anos de serviço
na CCMQ, o movimento aumentará com o tempo, devido
à grande divulgação.
Setores e seus horários
●
Setor de emprestimos: terças as sextas, das 9h às 19h.
●
Setor administrativo e técnico: terças as sextas, das 9h às 19h
Setor do RS: terças as sextas, das 9h às 19h. Sábados e domingos,
das 14h às 18h.
● Setor de Referência e Pesquisa: terças as sextas, das 9h às 19h.
Sábados e domingos, das 14h às 18h.
● Setor Multi-Meios: terças as sextas, das 9h às 19h. Sábados e domingos, das 14h às 18h.
● ●
Setor Braille: terças as sextas, das 9h às 19h.
Revelando o bairro Tristeza
Andréa Barilli
O bairro Tristeza é um dos
mais belos, antigos e nobres
da zona sul de Porto alegre.
Pôr-do-sol no Guaíba, happyhour no shopping Granville e
caminhada pelas inúmeras
praças são as atividades mais
praticadas pelos moradores e
visitantes.
“Não troco a Tristeza por
nada. Aqui tem tudo o que a
gente precisa: bancos, lojas,
farmácias e shopping. O que
falta, na minha opinião, é um
cinema. Antigamente existia o
“Gioconda”, mas foi mal administrado e além disso, não havia público. Hoje, com certeza
haveria”, relata a moradora do
bairro, Márcia Silva.
Parte da história da Tristeza está guardada em um arquivo especial, em recortes
de jornais sobre o Tristezense
Futebol Clube. O material é
uma das relíquias do aposentado e morador do bairro,
Maurício Pellin, de 83 anos. A
coletânea foi iniciada em
1933, quando ele presidia o
Tristezense. O arquivo possui
notícias sobre o clube e também sobre o estilo de vida da
região. O trabalho teve a ajuda do primo Roberto Pellin,
autor do livro “Revelando a
Tristeza”. Entre os textos sobre os “domingos desportivos
na Tristeza” estão relatos de
costumes do bairro. Excursões, piqueniques e competições pontuavam a vida social
da época. A fundação do clube, segundo um texto de Ro-
Andréa Barilli
Um dos oito belvedéres propostos pela prefeitura está pronto para o uso da população
berto Pellin, aconteceu com
“finalidades recreativas: bailes
e pic-nics. Os pic-nics eram
festas tradicionais de aniversário e se repetiam especialmente no verão. A turma saía
a pé, bem cedo, como uma
procissão, tendo à frente a
banda da valorosa Brigada
Militar e dirigia-se à praia do
senhor Juca Batista. Aí o
churrasco e o chope corriam
grosso”, detalhou o autor.
Esses e outros registros divertem Maurício Pellin, que vive
no bairro desde que nasceu.
Muito conhecido pelos moradores da Tristeza, hoje ele pas-
sa o tempo em função das flores e folhagens que cultiva em
sua casa, na rua Dona Paulina.
Marido de Marisa, 76 anos, e
pai de Vera Pellin, 56, sente-se
feliz por ter visto o bairro se
modificar sem perder a característica de boa vizinhança: “Isso aqui tudo era campo e hoje
é uma cidade”. Quando bate a
saudade, Pellin recorre à pasta
para lembrar dos bons tempos
em que a vida na Tristeza girava em torno do clube. Boa vizinhança e bairrismo são as
principais característica dos
moradores da região. Outro
aspecto que encanta é o pôr-
do-sol que a maioria dos porto-alegrenses não conhece.
Boa parte das ruas acabam no
rio Guaíba. Esses espaços estavam abandonados até o mês
de maio, quando foram instalados dois belvedéres (dos oito
propostos) para observar os
fins de tarde. Os locais receberam bancos, jardins e iluminação. O projeto é uma parceria
das secretarias do Planejamento Municipal e do Meio
Ambiente e faz parte da intenção da prefeitura de revitalizar
a orla e torná-la agradável para
a população que ali vive e aos
visitantes.
Polícia
julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA
FAESP busca reinserção dos egressos ao mercado de trabalho
Camila Jonco
Integrantes da FAESP juntamente com a Presidente Tânia Spoerle de Souza (terceira da direita para a esq.)
Camila Jonco
A
A Fundação de Apoio ao
Egresso do Sistema Penitenciário (FAESP) é uma entidade filantrópica de assistência social.
Acolhe ex-detentos de liberdade
total entre dois anos ou estando
na condicional, independentemente do crime praticado.
Os egressos participam de
ações voltadas à área da saúde
e da educação, podendo freqüentar cursos de arte e artesanato. Recebem vale-transporte,
auxílio médico, kits alimentação
e roupas. Todo ex-detento deve
passar por um tratamento psicológico. “Muitos chegam aqui
com depressão”, esclarece a
auxiliar administrativa Luci Borba
Birnfeld. Quem faz esse acom-
panhamento são estagiários do
Centro Universitário La Salle.
Dentro da FAESP funciona
a Cooperativa Social Laborsul,
que proporciona a terceirização de mão-de-obra. Para exdetentos como a Adriana, 34
anos, “o trabalho na cooperativa me ajuda na renda familiar”. Mas, para Joyce, 43, não
possui a mesma importância.
Moradores
pedem segurança
“Estou aqui por falta de algo
melhor”, destaca.
A entidade tem atualmente 700 egressos, 98 voluntários, dois funcionários e o reconhecimento que vem de
ex-detentos como Cleusa,
38. “É maravilhoso estar aqui,
ganhei uma nova chance de
vida”, afirma.
A FAESP encontra alguns
problemas, como a falta de
apoio das empresas privadas,
do Governo e, principalmente,
da comunidade. “A sociedade
ainda resiste muito”, ressalta
Birnfeld. Contrapondo-se a isso a entidade recebe o apoio
de voluntários. Estes são encaminhados através da instituição Parceiros Voluntários.
A entidade fundada em
1998, através da iniciativa de
nove entidades, sendo sete
de caráter religioso. Essas
inspiraram-se na Campanha
da Fraternidade daquele ano.
Em contato com a Presidente
Tânia Spoerle de Souza, nas
terças ou quintas-feiras, é
possível praticar o voluntariado. A FAESP está situada na
avenida Bento Gonçalves,
número 2122, no bairro Partenon, na cidade de Porto
Alegre.
Lucas Carvalho
Lucas Carvalho
O bairro Medianeira, em
Porto Alegre, vem sendo alvo
de assaltos devido, principalmente, à falta de segurança.
Esse problema está ocorrendo
desde o ano passado. Embora
haja segurança particular em
determinadas ruas, não é o suficiente para evitar seguidos
roubos, tanto no turno da tarde, como à noite.
A moradora do bairro, Roberta da Costa, diz ter sido alvo
dos assaltantes. “Era um sábado à noite, pelas 22 horas. Eu
estava esperando o ônibus na
parada, quando passou um rapaz e puxou a minha bolsa. Ele
saiu correndo e não pude fazer
nada, pois não havia ninguém
por perto.”
Outro morador do bairro,
Anderson dos Reis, afirma
que ao sair às ruas toma muito cuidado, pois não há seguranças em torno, e que isso
deve ser tratado logo. “Faz
algum tempo que eu moro
aqui e nunca vejo o policiamento presente.”
A capitã do 1° Batalhão de
Polícia Militar, Cláudia Zanon,
informou que mantém policiamento na Escola Costa e Silva
e na Praça George Black, durante o dia. À noite, é feita a
ronda com uma moto e uma
viatura. Porém, isso só ocorre
quando não há deslocamento
de contingente. As ocorrências mais comuns são furtos
de fios telefônicos e roubos no
comércio e na via pública. O
Batalhão atende, além do bairro Medianeira, o Menino Deus,
Azenha e parte da Santana.
Falta de policiamento causa insegurança na rua Silva Paes, Medianeira
Moradores mudam rotina diária
Eduardo Morin Balsemão
Daniela Nunes, moradora do bairro Auxiliadora foi vítima de assalto
Eduardo Morin Balsemão
Em conseqüência dos roubos e assaltos no bairro auxiliadora e arredores, cada vez mais
freqüentes, moradores e comerciantes insatisfeitos com a
falta de segurança, pedem por
mais policiamento na área. Tentado evitar esses dados preocupantes, a comunidade vem
tomando medidas de prevenção, como segurança privada,
grade nas janelas e atenção ao
chegar em casa à noite.
De acordo com a estudante de Design de Moda, Daniela
Silveira Nunes, 20 anos, falta
policiais, não só no bairro dela
como em toda a cidade. Segundo a jovem, que mora no
auxiliadora desde que nasceu,
as ruas do bairro são na maioria residenciais, o que diminui
o fluxo de pessoas, e, conseqüentemente, tornando-se
mais perigosas. A estudante
foi vítima de assalto em seu
apartamento, que fica no segundo andar. “Foi o maior susto na hora, nunca esperava
que fosse acontecer comigo,
eu estava dormindo quando
ouvi os gritos da minha mãe.
O assaltante entrou pela janela
do meu quarto enquanto eu
dormia, e, graças a deus não
aconteceu nada com a minha
família”, afirma Nunes.
Para o Farmacêutico, Jorge Brustolin, 49, as medidas
devem ser tomadas pelos próprios comerciantes. O dono
de farmácia conta com segurança privada 24 horas, e depois de adotar essa medida
não sofreu mais assaltos.
Brustolin afirma que os donos
de estabelecimentos devem
ter uma parte de sua folha de
pagamentos destinada à vigilância particular, tamanha insegurança na Capital.
“Se formos depender de
policiamento nas ruas, continuaremos a ser roubados, cabe a comunidade se unir e tomar as medidas necessárias”,
conclui o comerciante.
As estatísticas mostram
que violência na Capital Gaúcha tem vitimado jovens, adultos e mulheres, índices que
aumentam a cada dia. Sem a
previsão de melhora, essa realidade tem alterado a rotina
dos porto alegrenses, que se
vêem atingidos cada vez mais.
Armindo Júnior
Retornando a sociedade
T4 Sofre assaltos diários
Violência preocupa funcionários e usuários da linha T4
Armindo J. K. Júnior
A ação é rápida, dura menos de um minuto. Três ou quatro
rapazes entram pela porta dianteira do ônibus e mandam todos
ficarem quietos. Um deles rende o motorista com uma faca, outro aponta o revólver para o cobrador e o(s) outro(s) cuida(m) a
retaguarda, possibilitando que o portador da arma de fogo roube
toda a quantia existente na gaveta para, em seguida, saírem
correndo em direção ao matagal ou vila mais próxima. Essa é
a estratégia mais comum entre os assaltantes da linha Transversal 4 (T4) da empresa Carris, cujos coletivos são roubados,
diariamente, na mesma zona de seu itinerário.
Segundo a cobradora da linha T4, Núbia Pinheiro Vargas, 32
anos, há sete anos na Carris e vítima de dois assaltos, a ousadia
é tamanha que, desde novembro de 2006, os assaltos ocorrem
no mesmo ponto entre as avenidas Protásio Alves e Antônio de
Carvalho, no Bairro Jardim Carvalho e com os mesmos delinqüentes: jovens entre 16 e 20 anos.
“Todo mundo sabe onde eles estão, a gente já os conhece
e ninguém faz nada. Agora tem mais uma guria junto deles. Em
vez de estarem fazendo alguma coisa produtiva, estão assaltando os ônibus. É a diversão deles”, indigna-se ela.
A linha T4 foi criada pela Carris em 1976 para ligar os bairros
da Zona Sul (Cristal, Nonoai, Teresópolis) aos bairros da Zona
Norte ( Vila Jardim, Jardim Ipiranga, Cristo Redentor ), evitando,
assim, a necessidade de o usuário pegar duas conduções até
o seu destino.
De acordo com o motorista Francisco Carlos D`Ávila Rosa,
44, há 23 anos na profissão, a empresa Carris orienta os funcionários a não reagir aos assaltos, ficarem calmos e deixarem
os marginais levarem tudo que pedirem. Após o assalto, três
passageiros são convidados a depor na delegacia mais próxima, enquanto os outros são colocados no próximo coletivo da
linha. Depois, motorista e cobrador retornam à garagem dos
ônibus levando o boletim de ocorrência e a disposição para
explicar o incidente aos superiores. Os funcionários vítimas do
assalto têm uma consulta com a assistente social da empresa
com o objetivo de averiguar as suas condições psicológicas e
encaminhá-los, ou não, para a psicóloga, a qual concede afastamento aos funcionários mais traumatizados. D` Ávila acredita
que a única solução para os constantes assaltos é a detenção
e a punição dos infratores.
“A Brigada (Militar) está em cima sempre, fazendo barreiras
nas ruas, nas paradas, o que facilita muito, mas não tem como
botar um brigadiano em cada ônibus”, pondera ele.
Como o interesse dos contraventores é o caixa, os passageiros que passam pela roleta não são vítimas dos roubos,
apenas testemunhas, condição que não os livra dos momentos
de tensão, medo e angústia.
“Mesmo não estando perto deles (assaltantes), meu medo
era de uma bala perdida dentro do ônibus, porque se eles começam a disparar, não tem para onde fugir”, afirma a técnica
de enfermagem Débora de Freitas Cunha, 28, que presenciou
um assalto em junho de 2006 e, desde então, nunca mais viajou
no T4 durante a noite.
O auxiliar de almoxarifado Paulo Sérgio dos Santos, 33, estava presente em dois episódios. No último, dia 8 de maio deste
ano, houve gritaria, nervosismo e ameaças de tiro na presença
de idosos e crianças.
“Fico bem mais alerta, porque os que conhecem a redondeza dizem que é algo comum (assaltos). Fico mais atento com
quem vai subir e carrego só o indispensável. Tenho que preservar a minha vida”, explica Santos.
O 20° Batalhão da Polícia Militar (BPM), responsável pela
cobertura das áreas onde ocorrem os assaltos - imediações do
cruzamento das avenidas Protásio Alves e Antônio de Carvalho
e alguns pontos da avenida Ipiranga -, recebe diversas ocorrências relativas à violência nos coletivos urbanos.
O soldado da 20° BPM Afonso (ele não quis revelar o sobrenome), conta que a Brigada Militar atua de maneira preventiva
através de contenções de pessoas nos terminais de ônibus,
bem como a abordagem de coletivos em trânsito para revista
dos passageiros. O soldado salienta a importância da descrição
exata das vestimentas dos criminosos por parte das vítimas,
detalhe que facilita a captura dos marginais.
“A única arma que o cidadão tem contra isso (os assaltos) é
o telefone”, garante Afonso, aconselhando as vítimas a ligarem
para o 190 da Brigada Militar.
Evandra Jacques
Cultura
caderno
“Penso que todos somos co-responsáveis, não apenas os órgãos públicos”
Sociólogo Honor de Almeida Neto
Misturando expressões interioranas com gírias, porto-alegrenses falam de modo diferente e exclusivo
Porto Alegre tem um dialeto tri-legal
Ilustração: Juska
Luís Bustamante
N
No balcão da padaria, a
mocinha comenta com a colega: “Bah, guria, não tem mais
cacetinho!”. Ao que a outra
responde: “Capaz!”. Para quem
vem de outro Estado, principalmente do Norte ou Nordeste
do país, o diálogo parece estranho, incompreensível até.
Na verdade, trata-se de um linguajar característico da cidade
de Porto Alegre, uma mistura
de expressões interioranas
com gírias que vão sendo incorporadas ao dia-a-dia da população metropolitana. Objeto
de pesquisas de estudiosos locais, essa forma de comunicação lingüística recebe o apelido
de “porto-alegrês”.
Porto Alegre possui uma
cultura rica e variada, que tem
contribuições de várias etnias,
o que explica em parte a diversidade de expressões idiomáticas e a facilidade com
que aqui se criam gírias. O tema é tão rico e presente que
chega a fazer parte de estudos de linguagem e regionalismo, resultando em publicações como o livro “Dicionário
de Porto-alegrês” do professor de literatura brasileira na
UFRGS, Luís Augusto Fischer,
45 anos. Lançado durante a
Feira do Livro de 1999, o livro
reúne centenas de expressões
utilizadas na capital gaúcha e
na região metropolitana. “A fala de Porto Alegre é diferente
mesmo em relação a outras
cidades do Rio Grande do Sul,
e disso temos consciência”,
explica Fischer. “Tudo o que
fiz, depois de extensa pesquisa, foi catalogar essas expressões em ordem alfabética”,
complementa.
De fato, algumas expressões que fazem parte do diaa-dia do porto-alegrense parecem mesmo exclusivas daqui.
É o caso de “cacetinho” (pãozinho francês), “abobado” (bobo), “deu pra ti” (chega!) e as
abreviaturas que ainda não
constam nos dicionários oficiais, como ”findi” (fim-de-semana), “churras” (churrasco),
“super” (supermercado), “ceva” (cerveja). Algumas chegam
mesmo a romper as fronteiras
geográficas e vão parar em
outros Estados, como “viajar
na maionese”, que esteve em
moda no Rio de Janeiro, e
“deu pra ti”, nome de uma música de sucesso nacional da
dupla Kleiton e Kledir. Há também aquelas que atravessam
o tempo e, de tão antigas, não
se sabe a origem, como “mãe
do badanha”, “lá onde o diabo
perdeu as botas”, “balaqueiro”, “tempo do epa”, “ariri pistola”, “lagartear”.
Idioma exótico
“Se existe um lugar do Brasil onde, junto ao português,
se fala um idioma completamente exótico, esse lugar é
Porto Alegre”, comenta a promotora de eventos Vera Molina, 43, que veio de São Paulo
para os preparativos de uma
feira de negócios em Novo
Hamburgo. “Mas falo com
respeito e admiração, porque
aqui é uma das regiões do país onde melhor se fala o idioma brasileiro”, frisa Molina, no
que é respaldada pelo professor Fischer. “Realmente há um
cuidado em se falar corretamente, mas que não chega a
conflitar com alguns pequenos deslizes, como o uso do
tu sem a concordância ortodoxa”, observa. “Costumamos dizer “tu vai”, “tu foi” e
não vemos problema nisso”.
Exótico ou apenas diferente, o certo é que a maioria das
expressões que formam o dialeto local são faladas há anos
(ou “há horas”, no bom portoalegrês) e se agregam com
naturalidade ao cotidiano da
população, independentemente de posição social ou
orientação cultural. Não é raro
encontrar-se, numa cafeteria
por exemplo, um engravatado
executivo comentar que seu
café está “tribom”, embora esteja “triquente” e que ele está
“triafim” de mais uma xícara.
Tanto é verdade que mesmo
os críticos do fenômeno lingüís­
tico não escapam à sua influência; “Para mim esse modo
de falar é chinelagem”, opina
um cidadão que não quis se
identificar, fazendo uso de
uma expressão típica do dialeto porto-alegrês.
Para saber mais
O livro do escritor e professor
da UFRGS, Luís Augusto Fischer,
propõe uma catalogação de expressões e palavras típicas de
Porto Alegre, acompanhadas de
explicações históricas ou folclóricas, sempre muito divertidas.
Cultura açoriana ganha refúgio em Gravataí
Rafael Lamonatto
A antiga Associação Amigos dos Açores do Estado do
Rio Grande do Sul tornou-se,
em março de 2003, a Casa
dos Açores do Estado do Rio
Grande do Sul (CAERGS) na
cidade de Gravataí. A instituição tem por objetivo fomentar
e divulgar a cultura no Estado
e manter viva essa tradição
que muito influenciou na própria cultura gaúcha.
As Casas dos Açores são
representações das culturas
açorianas espalhadas pelo
mundo. Segundo o administrador de empresas e atual
presidente da CAERGS e do
Conselho Mundial das Casas
dos Açores (CMCA), Régis
Albino Marques Gomes, 45
anos, “hoje, 75% da população açoriana não vive nos
Açores, basicamente no Canadá e nos Estados Unidos”.
Nada mais justo que ter uma
representação de sua cultura
no seu país. No Brasil exis-
tem quatro Casas do Açores,
das quais todas integram o
CMCA, que hoje conta com
11 Casas.
Gomes afirma que o objetivo básico da CAERGS é divulgar a cultura açoriana no
Estado. “Aqui no Rio Grande
do Sul, a descendência açoriana é de quarta até a sétima
geração, existe há mais de
“Hoje, 75%
da população
açoriana não vive
nos Açores”.
250 anos”, constata. A representação da CAERGS é muito
grande. Para se ter uma idéia,
antes da criação da Casa dos
Açores no Rio Grande do Sul,
existiam instituições semelhantes no Rio de Janeiro, São
Paulo e Santa Catarina. Hoje
a CAERGS é uma instituição
extremamente bem organizada, com departamentos diversos. Os mais conhecidos
Fabiana Dias Gomes
são o Rancho Folclórico e o
Departamento de Cultura
Gaúcha (DCG) Província do
Quero-Quero.
A fundação da CAERGS
foi um grande passo para um
grupo folclórico que trazia viva
a cultura açoriana para o Estado do Rio Grande do Sul. Durante dez anos, o grupo Rancho Folclórico Estância Província de São Pedro foi dependente de um clube para a sua
existência, mas em 2002 tornou-se independente e conseguiu a façanha de transformar-se em uma Casa do Açores. Foi com a vinda do Governo da Região Autônoma
dos Açores, representado por
dois funcionários, que auxiliou
com informações sobre o funcionamento, mas vale ressaltar que todo o esforço, tanto
institucional quanto financeiro,
foi dado pelos próprios fundadores e colaboradores.
A prefeitura da cidade de
Gravataí auxiliou nessa idéia
cedendo o que hoje vem a ser
Rafael Lamonatto
Casarão dos Fonseca, futura sede social da CAERGS
um dos maiores objetivos da
fundação. Foi dado à entidade
o Casarão dos Fonseca, uma
casa situada na rua Adolfo
Inácio Barcelos com a rua Bernardino da Fonseca, no centro
de Gravataí. O prédio, que foi
construído em 1877, por filhos
de açorianos, chama-se Solar
da Magnólia, e estava em pés-
simas condições quando a
instituição ganhou o lugar. A
restauração foi feita com o intuito de a partir de novembro
de 2007 estar instalada a sede
social da CAERGS.
Restaurado, o Solar da
Magnólia terá além de outras
funções e espaços, uma biblioteca com um acervo muito
rico sobre a cultura açoriana.
Outro objetivo da casa é com
o DCG, realizar no próximo
semestre uma viagem à Europa, “o grupo irá representar o
Brasil em festivais de folclore
na Ilha da Madeira, dois festivais, e um na cidade de Trofa,
ao norte de Portugal” conta
Gomes.
Nova morada do Laçador completa cinco meses
Fabiana Dias Gomes
Próximo a completar seis meses de inauguração do novo espaço, o Sítio do Laçador pode
ser visto como um dos pontos turísticos com a
melhor infra estrutura em Porto Alegre. O complexo conta com estacionamento próprio para os
visitantes que chegarem ao local de carro e um
espaço para ônibus, entre eles a Linha Turismo,
que passa pelos principais pontos turísticos de
Porto Alegre e agora inclui uma parada no novo
espaço.
O complexo turístico também tem um mirante, para que todos possam levar uma boa imagem do símbolo que hoje representa a cidade e
o Estado, como cita a estudante de Nutrição Flávia Alessandra Dutra, de Porto Alegre. “Já passei
varias vezes por este local mas devido ao difícil
acesso não conseguia parar para admirá-lo”. O
empresário Túlio Muller de Carvalho, que está
fazendo um intercâmbio por cidades gaúchas,
mostra muito entusiasmo com o passeio. Carvalho definiu como linda a estátua do Laçador.
O espaço também possui bancos para acomodar quem quer descansar ou jogar uma conversa fora enquanto observa as subida e descida
dos aviões do aeroporto Salgado Filho. O novo
espaço inclui agora também um local exclusivo
para a Chama Crioula (tocha que representa um
dos símbolos da Revolução Farroupilha), onde se
pretende finalizar todas as comemorações do 20
de setembro.
O folclorista João Carlos Paixão Cortes, que
serviu de modelo ao escultor Antônio Carigi para estátua do Laçador, em 1958, comenta que
a mesma “hoje se encontra em um local apropriado, em dimensão maior que o anterior, agora escolas vão ao local com alunos para maior
aproximação da nossa cultura junto à figura que
simboliza o movimento tradicionalista”.
Paixão Cortes ressalta ainda que não sugeriu
muito na obra do sitio, devido a seus compromissos. Entretanto, por conhecer bem a equipe que
desenvolvia o projeto, acreditou que a escultura
estava em boas mãos.
10
Cultura
julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA
Mil faces formam o dia e a noite do bairro Cidade Baixa, marcado por suas diversas alternativas
Embora boêmio, sempre um bairro
Emmanuel Denaui
Joseane Cardoso e
Emmanuel Denaui
A
Entretenimento é o destaque, tanto de dia quanto de noite, no bairro Cidade Baixa
A noite da Cidade Baixa é
conhecida por seus botecos,
chopes, pubs com música ao
vivo, bares tradicionais e baladas. O bairro, marcado pela
sua diversidade, teve cinco
dos seus estabelecimentos
publicados e premiados no título Bares, do prêmio O Melhor da Cidade, pela revista
VEJA, da Editora Abril.
Se o assunto é relaxar depois do expediente, com certeza a rua Lima e Silva é muito
lembrada como conta a advogada Clarice Ossen. “Venho à
Lima e Silva para tomar uma
cerveja, fazer um Happy Hour”,
confessa. Descontração, cerveja, petiscos, conversa e é lógico, paquera, fazem parte do
kit da hora tão esperada do
dia. Bares da rua da República,
José do Patrocínio e João Alfredo destacam-se como ponto de aquecimento para as baladas no final de semana, mas
mantém o seu público fiel durante a semana, segundo o
funcionário do Ossip (bar da
rua João Alfredo), André Lacerda. O estudante de Publicida-
Calçada ostenta fama
Clássico elo de ligação entre Assis Brasil e Protásio Alves, duas das principais vias
de Porto Alegre, a Avenida do
Forte, nos últimos anos, vem
ganhando destaque em outro
segmento: a gastronomia.
Restaurantes e lancherias de
todos os gêneros estão transformando a conhecida avenida da Zona Norte em um novo
pólo gastronômico da região.
Variedade é a marca da
Avenida do Forte no que se
refere à gastronomia. São muitas alternativas de preço e sabores para todos os gostos.
Famílias podem escolher entre
as mais variadas culinárias,
entre as quais chinesa, uru-
Leonardo Ferreira
Márcia Dihl
Prédio histórico na Ilha da Pintada é local de encontro
Taylor Alcântara da Silva
Casal se conheceu na Calçada da Fama
amigos, ser bem atendido e se
sentir seguro.
O casal Lisanea Azevedo,
28, e Márcio Longhi, 24, tem
um motivo especial para freqüentar o local, pois foi num
dos bares da Calçada que o namoro começou. “Poder tomar
um vinho, comer bem e estar
em boa companhia, quer coisa
melhor?”, indaga Azevedo. Para o gerente de um dos bares, a
região é atrativa, pois tem como
diferencial a qualidade.
O bom atendimento, conforto e a segurança têm o seu
preço. Esse é outro diferencial
para os consumidores da região. Mas isso não é problema
pois, segundo o professor de
Educação Física, Guilherme
Costa, 28, é uma maneira de
selecionar o ambiente.
No entanto, alguns mora-
dores do bairro desaprovam o
burburinho causado pelos bares e pubs. “Gostaria que a rua
voltasse a ter a tranqüilidade
que ela tinha. Os bares trouxeram barulho, trânsito (os carros
congestio­nam as ruas) e nem
na calçada podemos andar
mais pois, as mesas tomaram
conta da passagem dos pedestres”, reclamou a antiga
moradora, Clara Gaspary, 87.
Novo pólo agita Porto Alegre
Bruno Vinhola e
Leonardo Santos
Bairro 24 horas
Um verdadeiro mix de oportunidades e histórias, não somente para os seus moradores, mas para comerciantes e
vizinhos de bairro. Oferecendo
cada vez mais novidades, o
bairro possui dois supermercados, três cinemas, 25 danceterias de grande porte, estando ao lado do tradicional
parque da Redenção e a dois
grandes centros comerciais.
Diariamente, pode-se registrar
acontecimentos que marcam
a vida dos que movimentam o
comércio local, distribuindo
muita energia e transformando
a rotina da população. Segundo o proprietário da Banca da
República, Fausto, não é necessário muito esforço para se
apaixonar pela região. “É diferente de trabalhar, me sinto super bem, aqui é a minha verdadeira casa”, cita o jornaleiro.
Padarias tradicionais, lanchonetes premiadas, bares alternativos, badalações e diversos atrativos. A cada dia,
ou a cada noite, não importa,
é só chegar e aproveitar. Van
Gogh é um dos bares mais
especiais da cidade. Sendo o
único da Capital aberto 24 horas. Completando 45 anos de
existência, nele é possível se
ouvir muitos fatos marcantes,
um deles com um de seus freqüentadores mais assíduos.
“Uma vez, numa segunda pela
manhã, íamos detetizar o restaurante, acreditando que o
bar estivesse vazio, só após
alguns minutos que nos demos conta que havia um cliente trancado no banheiro”, comenta, com bom humor, o sócio do bar, Cláudio Biosevan.
Entretenimento é o destaque
do bairro que complementa as
opções da Capital gaúcha.
Festa na Ilha da Pintada
Márcia Dihl
Gente bonita. Essa é a primeira idéia que vem à cabeça
quando o assunto é Calçada
da Fama. Mas engana-se
quem pensa que o lugar se
restringe aos belos. Entre a rua
Fernando Gomes e a Padre
Chagas existem muitos outros
atrativos. Degustar um bom vinho, tomar café lendo um livro,
jogar conversa fora entre um
gole e outro de cerveja e, ainda, tendo a sensação de estar
na Europa.
A Calçada da Fama existe
há dez anos e tornou-se conhecida por acolher famosos
que apreciavam o charme das
ruas, enquanto se reuniam em
bares. Hoje, a região é um pólo
comercial, repleta de escritórios, consultórios e prédios residenciais. A beleza das ruas fica
por conta das grandes árvores
que sombreiam as calçadas e
dos bares que dão um ar europeu à região. “É como se eu
estivesse em Paris”, diz o empresário, Sérgio Martins, 54
anos, freqüentador assíduo da
Calçada. Ele comenta que é
muito bom poder encontrar os
de e Propaganda, Jonathan
Romero, fala da sua preferência: “Na José do Patrocínio é
mais a galera que curte o
Rock’n’Roll, já a Lima e Silva é
muito pop para o meu gosto”.
Quando o assunto é balada
na Cidade Baixa, não há distinção de ruas, a escolha é feita
pela festa do momento. “Festa
eu tenho ido mais na João Alfredo, acho que o momento
está ali”, diz o estudante de
Educação Física, Rogério da
Costa Fortes. Mistura de classes, perfis, culturas com um
único propósito, a diversão.
guaia e mineira. Funcionários
de empresas próximas, também, podem satisfazer as suas necessidades em restaurantes com preços mais acessíveis. O Gostos e Sabores, há
nove anos na avenida, atinge
esse tipo de público-alvo, oferecendo até mesmo café da
manhã para os clientes.
O analista administrativo
da Sollo Pizza, instalada há
um ano e meio na zona norte,
Geovanni Filipetto, afirma que
a Avenida do Forte está cada
vez mais atrativa para a fixação de estabelecimentos comerciais. “A região tem o potencial de se tornar referência
em gastronomia na cidade,
como é hoje a avenida Plínio
Brasil Milano”, afirma Filipetto.
Um exemplo é o Cachorro do
Bigode, um dos mais conhecidos lanches da capital gaúcha. Famoso há muitos anos
na Galeria do Rosário, no centro de Porto Alegre, escolheu
a Avenida do Forte para abrir
há dois anos e meio, a sua
única filial de bairro, devido ao
crescimento da região.
Inaugurado em 2005, o
restaurante Engenho ganha
espaço na Avenida do Forte
oferecendo em seu cardápio a
comida mineira e tendo a decoração rústica como principal característica. “O que mais
nos chamou atenção foi o
grande movimento de veículos que circulam na avenida”,
diz o gerente Alberto Aimi, explicando o motivo da escolha
do ponto na Zona Norte.
Um dos estabelecimentos
mais antigos é o restaurante
Figueira. Situado quase na esquina com a Assis Brasil, desde 2 de abril de 1969, acompanhou todo o crescimento
da região. Neto do fundador, o
gerente Piero Silva Pereira
conta que o Figueira tornouse famoso na região pela canja que é servida.
Até mesmo moradores de
outros bairros freqüentam o
local. O estudante Gabriel
Schindler Dihl, morador do
bairro Menino Deus, relata
que costuma freqüentar seguidamente os restaurantes
da avenida. “Morei na Zona
Norte quando era pequeno e
me lembro que a Avenida do
Forte não era tão abastecida
de restaurantes como é hoje”,
afirma Dihl.
Dentre as ilhas do Delta do Jacuí, a Ilha da Pintada é a mais
lembrada quando o assunto são festas noturnas. Os eventos ocorrem nos finais de semana, normalmente no sábado, tendo um
intervalo de 15 dias entre elas. Acontecem na colônia de pescadores Z-5, que é um ponto de referência no local e tem fácil acesso
tanto para barcos através de um pier como para carros.
A colônia é alugada pelos produtores de eventos, suas equipes fazem toda a decoração do salão, explorando de todo o
espaço disponível. Somente a copa pertencerá a direção da
colônia. Os Dj’s são contratados pelas produtoras e tem seu
próprio equipamento. São ecléticos quanto ao tipo de músicas
tocando desde antiguidades como Beatles até os Funks que são
moda nos dias de hoje.
Em média cada festa recebe aproximadamente 500 pessoas por noite. O público alvo são jovens e adolescentes.
A divulgação dos eventos começa algumas semanas antes
do dia programado para a festa. Alessandra Gomes, 34 anos,
moradora do local acha que a divulgação das festas esta sendo
expandida. “Antigamente, as festas que haviam aqui na ilha
quase não eram divulgadas e o público era somente os moradores do bairro, hoje são divulgados nas outras ilha e também
no centro de Porto Alegre”, afirma.
Além de ser um entretenimento para quem procura lazer
e segurança, as Festas na Ilha da pintada oferecem uma bela
paisagem e diversão garantida.
Taylor Alcantara da Silva
Colônia de pescadores Z-5 palco das festas noturnas
Cultura
Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de 2007
Em meio ao caos urbano, a arte conquista seu espaço com criatividade
Novo museu Iberê Camargo
Rodrigo Corrêa Xavier
Situada na casa onde morou o pintor, a Fundação Iberê Camargo terá novo espaço na zona sul de Porto Alegre, em um
terreno doado pelo governo, na Av. Padre Cacique, à beira do rio
Guaíba. Agora, a obra de um dos artistas plásticos mais importantes do século 20 terá um museu com arquitetura e infra-estrutura
dignas de seu acervo.
Para assinar o empreendimento do novo museu foi escolhido o arquiteto português Álvaro Siza Vieira. A escolha foi feita
pela esposa de Iberê, Maria Coussirat Camargo: “Me apresentaram vários arquitetos. Eu escolhi ele por ser português, afinal
somos descendentes”.
Vieira está trabalhando no projeto desde 2000, quando fez
a sua primeira visita ao local. Ele está explorando cuidadosamente vários elementos como luz, textura, movimento e espaço. A intenção é proporcionar ao expectador uma experiência
ainda mais rica ao visitar a obra de Iberê. O projeto lhe rendeu
o prêmio Leão de Ouro, na Bienal de Arquitetura de Veneza, em
2002. O museu, a exemplo das obras que serão expostas nele,
será referência nacional.
A Fundação Iberê Camargo foi criada em 1995, com o objetivo de preservar e divulgar o trabalho. O acervo possui mais
de 7 mil obras deixadas a sua esposa. “O Iberê sempre me dava
quadros e eu fui juntando uma espécie de acervo. Então depois
que ele morreu tinha tudo isso. Foi assim que começou”, afirma
Maria Camargo. Ela comentou com Jorge Gerdau sobre a idéia
de criar uma fundação e então ele disse que ajudaria no projeto.
“Ele é um grande fã da obra de Iberê e é atualmente um dos
patrocinadores da fundação”.
O novo prédio terá nove salas de exposições, distribuídas
em três pavimentos, somado ao amplo espaço do primeiro andar, reservando 1,3 mil m² para mais de 4 mil obras do artista.
Mas, o museu não pretende ser somente o local de exposições
da obra de Iberê Camargo, e sim um verdadeiro centro cultural.
Irá dispor de auditório, centro de pesquisa e informação, átrio,
livraria e cafeteria, além de um estacionamento subterrâneo.
Fábio Del Re
Nova sede da Fundação, às margens do Guaíba
Artistas alegram as ruas
Keyla Souto
Keyla Souto e Gabriel Belmont
O
Os artistas que se apresentam diariamente pelas ruas
do centro de Porto Alegre despertam curiosidades em seu
público e fazem a alegria das
crianças, expressando sua arte e mostrando seus talentos
com criatividade.
Ao caminhar pelo centro
da capital facilmente são encontradas figuras engraçadas
chamando a atenção de todos que por eles passam. Os
artistas de rua são assim chamados por utilizarem as ruas
como seu palco e as pessoas
que por elas transitam como
seu público.
A cada esquina encontram-se artistas desempenhando seu trabalho, músicos, atores, estátuas vivas,
artistas circenses, uma diversidade de pessoas que se
destacam em meio a todos
por seus talentos curiosos.
Apresentam-se também em
casas noturnas, festas infantis
e costumam visitar asilos e
hospitais, em busca de oportunidades de demonstrar a
qualidade de seu trabalho.
“Sou artista de rua porque
amo a arte e a cultura, preciso
trabalhar para me sustentar,
porém fazendo minha arte
procuro levar alegria à crianças e idosos, não apenas na
rua, mas em asilos e outros lugares que visito”, afirma Antônio Santos, 38 anos palhaço e
vendedor de balões.
Enfrentando o cansaço e
as mais diversas temperaturas,
os artistas de rua sustentamse com o que ganham e são
valorizados por seu público.
Mas a sobrevivência não é o
único motivo que os levou às
ruas, muitos destes artistas
amam o que fazem e o objetivo
de sua arte, como denominam,
é levar alegria para todos.
Histórias de artista
Adentre no Parque da Redenção rumo ao chafariz central. Caminhe pela calçada,
olhe para os bancos e lá estará ele sentado, com o seu
constante carisma, sempre
disposto a ter um dedo de
prosa. Ao som da sua harmônica, o musicista Paulo Augusto inicia a narrativa que
conta a trajetória de sua vida e
afirma ser um livre pensador.
Paulo Augusto lança este
ano o oitavo volume de uma
coleção de discos intitulados
Harmônica Romântica. O músico é, também, o produtor de
suas obras e comenta que,
desde cedo, teve grande apego pela música. “Eu só não toquei na barriga da minha mãe
porque não tinha gaita de boca. Acho que comecei a tocar
com um pouco mais dos três
anos de idade”, declara.
Paulo Augusto, natural de
Carazinho, aos oito anos de
idade foi para um colégio interno, aos 11 perdeu a mãe e
aos 16, o pai. A vida complicada destacou o seu talento e
sensibilidade para as manifestações artísticas. Aos 18 anos,
relata, teve o auge de seus
poemas. Escreveu versos que,
em pleno 2007, o surpreendem pela criatividade.
Constatando a teoria de
que ser artista é, também,
questionar o mundo e refletilo, o instrumentista afirma ser
Palhaço e vendedor de balões cativa o seu público na Andradas
um “livre pensador” e enfatiza
a sua opinião sobre a vida e o
tempo. “Viver é vencer todos
os obstáculos contrários a isso. E o tempo para mim não
existe, o que existe são as
conseqüências dos atos. O
tempo é uma maneira para
dominar a humanidade”, relata. O artista conclui: “o que
chamam de tempo predispõe
às pessoas a fazerem as coisas dentro da ordem. Se tirar
das pessoas o hábito de medir
o tempo elas vão ficar perdidas, sem saber o que fazer”.
Os seus discos passam
Ipanema: capital do lazer
Xaene Pereira
O calçadão na beira do
rio, o entardecer que a natureza oferece e os bares ao
longo do caminho, compõem
a forma perfeita para o lazer
dos moradores e visitantes de
Ipanema. A avenida Guaíba é
o ponto estratégico para
quem busca um diferencial
em termos de descanso e
tranqüilidade.
Diariamente, incluindo finais de semana e feriados, esse é o trajeto de muitas pessoas. Caminhadas pela manhã para manter a saúde em
dia, chimarrão com os amigos
para assistir ao pôr-do-sol,
sentar em um bar para relaxar
e sair da rotina são alguns dos
motivos que atraem essas
pessoas até o bairro.
Para a estudante, Stella
Bruna Gutierrez, 20 anos, moradora do bairro e adepta de
Lado
caminhadas, o diferencial está
nas pessoas que freqüentam
o calçadão. Segundo a estudante, não é preciso se preocupar em caminhar sozinha,
pois sabe que sempre é possível encontrar algum conhecido ao longo do caminho, visto
que a maioria do pessoal que
freqüenta a “beira da praia”
(como é chamado o calçadão
por diversos moradores), acaba por criar um círculo de amizades, tornando-se parceiros
também para outras atividades. Além da atividade física,
a estudante ainda menciona
um gosto diferenciado “para
acompanhar um chimarrão,
nada como uma caipirinha de
laranja em um dos bares ali do
calçadão”.
Os bares são outro atrativo, muito freqüentados, principalmente por visitantes de
fora do bairro. Além do tradicional atendimento noturno,
B
da arte da Capital
Bruna Lago
11
Xaene Pereira
alguns desses estabelecimentos estão abertos à tarde tendo um bom retorno do público
diariamente. Conhecido há 28
anos na Zona Sul, o Destaques Bar, tradicionalmente
chamado de Bat Bat, é sempre mencionado por pessoas
quando em entrevista sobre
lugares que costumam freqüentar em Ipanema. A dona
do estabelecimento nos últimos 19 anos, Miriam Saicosque, sabe na ponta da língua
o diferencial de seu bar: “Petiscos variados e gostosos
além da cerveja sempre bem
gelada”.
Além de bares e uma paisagem indiscutível, o lazer em
Ipanema ainda conta com a
ciclovia, redes montadas para
vôlei e cama elástica nos finais
de semana para diversão infantil. São diversas atividades
para atrair mais pessoas para
Zona Sul.
No Ano de 2007 a Bienal do Mercosul não estará sozinha. Paralelo a este evento acontecerão outras mostras
de arte e uma delas pretende modificar a cena artística
do Rio Grande do Sul. Entre o dia 1º de setembro e 18
de novembro, o projeto Bienal B será exposto , em diversos locais de Porto Alegre, mostrando um outro lado, da
cidade anfitriã da 6º Bienal do Mercosul. O seu foco é a
arte local, visando uma ampliação das reflexões para o
público, propiciando mais visibilidade para os artistas.
Aproveitando a repercussão que a Bienal do Mercosul
gera no grande público, um grupo de artistas idealizou
o projeto Bienal B. Esse projeto pretende inserir a arte
no dia-a-dia das pessoas, mostrar que ela é feita com
coração, com sentimento. A articuladora geral do projeto, Gaby Benedyct faz questão de frisar: “ A Bienal B é
um instrumento de divulgação de artistas, fomentação
por diversas cidades do Rio
Grande do Sul e, também, por
alguns Estados da região Sudeste do país. A Harmônica
Romântica é uma agradável e
lírica coleção que apresenta
clássicos nacionais e internacionais, custando R$ 15 cada
volume. De acordo com Paulo
Augusto, é muito mais vantajoso comprar um de seus discos, do que comprar discos
vendidos em lojas, pois seus
volumes têm um custo menor
e apresentam grande quantidade de faixas, chegando até
vinte músicas.
Vista à beira do Guaíba encanta freqüentadores da praia de Ipanema
de cultura” e complementa: “ Estabelece pontes entre
público e artistas”. Segundo ela, as pessoas vivem de
uma forma muito individual, parece que não há opções
o que não é verdade, querem carinho e coração e isso a
arte tem muito a oferecer.
O projeto recebeu inscrições de artistas interessados
em participar. As inscrições estão encerradas, no entanto
o site esta aberto para quem quiser ajudar na organização
das mostras e disponibilizar espaços para as exposições.
“Quem quiser oferecer um espaço para a Bienal B com
certeza será bem vindo. “Nós precisamos de espaço e
disposição” afirma Benedyct. Ela explica também que
existe um termo de responsabilidade do artistas, que especifica que a Bienal B e o espaço são isentos de responsabilidade contra dano ou contra risco sobre a obra.
O Joy Divison Pub, que fica no bairro Cidade Baixa
confirmou parceria com o projeto, estará aberto a partir
do dia 18 de agosto para uma serie de encontros informais. Acontecerão oito encontros durantes os sábados ás
17horas, onde serão debatidos temas polêmicos e interessantes sobre arte, criando assim uma ponte artistas,
articuladores e o público em geral.
Dessa maneira aberto para novas parcerias, o projeto
conseguiu se solidificar sem a necessidade de verba. Benedyct explica que a Bienal B não trabalha com dinheiro.
A articuladora geral destaca também que a Bienal B não
esta se colocando em oposição a Bienal do Mercosul, não
é concorrente, mas simpática a todas e quaisquer outras
propostas paralelas á Bienal.
O site www.bienalB.org está aberto para quem quiser divulgar a sua mostra artística. Funciona como um guia online,
para conhecer as exposições e os artistas previamente.
12
Cultura
julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA
Com o bom momento dos clubes, torcedores comparecem aos estádios
Torcida é fundamental
Mariah Amorim
Arquivo
Fábio Ott
O
Torcedores da dupla GRENAL aparecem como principais responsáveis pelo sucesso dos times
A assessoria de imprensa
do Internacional também foi
consultada, mas preferiu não
emitir opiniões sobre os seus
torcedores.
Mas não é só nos estádios
que essa paixão se manifesta.
Nas conversas entre amigos,
é um dos principais assuntos
e sempre rende intermináveis
discussões. O colorado Charles Correia, defende que a Libertadores é uma prioridade
gremista e que os demais clu-
bes do país não dão tanta ênfase a essa conquista. “Em todas as rivalidades entre clubes
brasileiros, o principal aspecto
a ser considerado é o confronto direto. Só os gremistas se
gabam de ter mais títulos da
Libertadores que o rival”, afirma Correia, que conclui: “No
confronto direto eles são filhos, e nem vou falar em segunda divisão para não humilhar ninguém”.
Para o gremista Fernando
Moura, O Grêmio tem muito
mais tradição e renome fora
do país do que o rival. “O Internacional foi justificar seu nome
somente no ano passado. Ainda assim, algumas emissoras
de televisão o apresentaram
como Inter de Santa Maria, ou
Inter de Milão, o que é uma
vergonha. Até o site da Fifa,
que eles tanto amam, anunciava o confronto contra o Barcelona exibindo o distintivo do
São Paulo”, afirma Moura.
Psicologia explica o fanatismo
Segundo o dicionário Aurélio, fanático é aquele que adere
cegamente a doutrina ou partido, que tem grande dedicação
ou amor a alguém ou algo.
A psicóloga Thaiza Ávila
define o fanático como alguém
que está tão afinado com a
ideologia coletiva que ela basta
como canal para a expressão
de seus sentimentos. Ávila
também diz que as pessoas
procuram grupos como suportes, assim quando um jovem
torcedor procura uma torcida
organizada, por exemplo, irá
se inserir num grupo que funcionará para ele como apoio e,
conseqüentemente, este fará
parte de um todo. “A partir do
momento que o indivíduo, de
maneira geral, passa a ser dominado por uma força maior,
ou seja, que as vitórias, derro-
tas e ofensas sejam tomadas
como algo pessoal, pode-se
gerar atos de violência e brutalidade e isso, pode ser considerado como uma doença”,
afirma Ávila. Aplicando essas
teorias psicológicas nos nossos torcedores, que mais do
que gostar, amam (ou odeiam)
jogadores e técnicos, fica fácil
entender o porquê de tanta devoção aos clubes.
Paredes pintadas, cartazes representativos, desenhos espalhados. A arte não se restringe às grandes galerias, está em
todas as partes. O trabalho de grafiteiros e artistas muda as
ruas da Capital. Projetos realizados pela a prefeitura, por ONGS
ou pelos artistas resgatam uma criatividade muitas vezes banalizada e mal interpretada.
Pintar muros pode ser considerado vandalismo, poluição
visual, mas para o coordenador adjunto da Descentralização da
Cultura, Lutti Pereira, é uma maneira de levar arte e cultura à periferia. Diz que a Descentralização, departamento da Secretária
da Cultura, atende grande demanda de projetos relacionados ao
Grafitti e Hip Hop, além de dança, teatro e vídeo. As 75 oficinas
realizada por ano, duram oito meses e tem os temas escolhidos
pelas Comissões de Cultura das 17 regiões da Capital. No ano
passado, com apoio da Secretaria da Cultura, grafiteiros pintaram diversos viadutos e o muro da av. Maúa.
Iniciativas de artistas abrem espaço para a arte urbana. A Galeria Mundo Arte Global foi inaugurada em setembro de 2006, por
jovens grafiteiros. O designer e organizador, Emir Sarmento, fala
da idéia de criar um local aberto, para exposições coletivas: “Queríamos familiarizar as pessoas com o ambiente urbano.” Hoje,
além da mostra coletiva, foi criado um ambiente para exposições
individuais. No espaço está também a loja de roupas alternativas
Salada Atômica, e no interior da casa há um local para happy hours
e música ao vivo. “ Queremos ser um espaço cultural. Nos sábados
promovemos oficinas de yôga, malabares e também workshops,
onde as pessoas trazem objetos para serem pintados”, afirma.
O grupo que compõe a ONG Instituto Trocando Idéia de Tecnologia Social Integrada começou há oito anos, com um encontro
de Hip Hop que chega à nona edição. Para a divulgação e inclusão
da arte urbana, o grupo desenvolve eventos em diversas áreas
de atuação dentro da cultura Hip Hop. Este ano, construíram a
“Biblioteca Dialógica Pedro Ghóes”, no Morro da Cruz, onde, no
ano passado, 20 meninas pintaram as fachadas de 20 casas. A
presidente da ONG, Fabiana Menine, sabe da dificuldade enfrentada pela arte de rua, mas acredita que ela está ganhando reconhecimento. A ONG busca transformação social através da arte,
incentivando a pintura de murais temáticos em locais de acesso
público. Em 2006, a segunda edição do projeto Identidade de Rua
reuniu 40 artistas que atuaram na pintura de mobiliários, grafitti,
toy art e de quatro carros do trem urbano de Porto Alegre.
Arquivo pessoal / lostart.com.br
Os torcedores do estado
nunca estiveram tão eufóricos.
Gremistas e colorados vêm incentivando os seus times aos
grandes êxitos alcançados pelos clubes, principalmente nos
últimos dois anos. Quem vai ao
Olímpico e ao Beira-Rio presencia dois espetáculos: O do
time e o da torcida. Os clubes,
envolvidos em competições internacionais, contam novamente com o apoio do torcedor.
A torcida do Grêmio canta,
vibra e empurra o time durante
o jogo inteiro. Isso tem arrancado elogios de toda a imprensa
brasileira e é considerada a
melhor torcida do Brasil. A do
Internacional não fica atrás.
Ano passado, levou o time as
suas maiores conquistas, lotando o Beira-Rio e intimidando
os adversários do colorado.
O assessor de imprensa do
Grêmio, Haroldo Santos, afirma
que o Olímpico é freqüentado
por todos os tipos de torcedores. Desde os mais fanáticos até
aqueles que vão ao estádio somente para assistir aos jogos
com suas famílias. “O torcedor
gremista acredita no Imortal Tricolor”, diz Santos. Outro motivo
de orgulho é a média de sócios
presentes nos jogos, cerca de
24 mil contribuintes do Grêmio.
Santos afirma também que
apóia qualquer atitude do torcedor gremista, desde que favoreça o espetáculo. Atitudes violentas e anti-desportivas são condenadas pelo Grêmio. O clube
ainda faz um apelo aos torcedores que vão ao estádio: “Que os
torcedores gremistas torçam e
torçam, cada vez mais pelo tricolor, sempre acreditando”.
ARTE URBANA CONQUISTA ESPAÇO
Grafiteiros em ação pela cidade
Bandas na rede Música em movimento
Eduardo Nunes
Hoje tudo está mais fácil
para as bandas do cenário independente. A divulgação
dos seus trabalhos pode ser
feita de uma forma muito simples. Isso se deve aos sites
que abrem espaço para o artista expor o seu trabalho.
Muitos grupos conhecidos que atualmente fazem
sucesso começaram assim,
disponibilizando as suas músicas e conquistando espaço
com os seus fãs virtuais. Um
exemplo é a banda Fresno
que alcançou notoriedade no
cenário nacional. Segundo o
vocalista da banda, Lucas
Silveira, o “Paraíba”, o início
da banda foi complicado como é para os músicos em
geral. “Nossa principal arma
foi a internet mesmo, porque
lá está concentrado o nosso
principal público, que é a gurizada”, diz Paraíba.
Hoje, os fãs são responsáveis diretos para o sucesso das bandas. Basta ver a
ação dos Street Teams, que
são equipes de pessoas que
têm em comum a afeição
por uma banda ou artista e,
por isso, querem ajudar essa
a crescer cada vez mais. No
Street Team da Fresno, as
coisas funcionam assim: as
atividades que devem ser re-
alizadas são organizadas
através de missões. A cada
15 dias, os integrantes receberão por e-mail uma tarefa
a ser feita, por exemplo: ligar
ou mandar e-mail para uma
rádio pedindo que toquem
Fresno. Com isso, além de
ajudar seus ídolos, os membros participam de sorteios
envolvendo material do grupo (CD’s, camisetas, bonés
etc.). Também, são liberadas
músicas exclusivas na rede
e somente quem é do time
pode ouvir antes.
Paraíba fala sobre a importância da internet para a
Fresno: “Não seríamos nada
do que somos hoje se não
existisse meios de divulgação
alternativos, afinal as músicas
não tocam no rádio a toda
hora e o clipe não passa direto na MTV. A banda conquistou o público e o respeito que
hoje tem em todo o país por
causa da divulgação que
aconteceu apenas pela internet e através do bom e velho
boca-a-boca”.
Fica claro que as inúmeras
possibilidades abertas pelo
mundo virtual diminuem a dependência de novos artistas
em relação a indústria fonográfica. Tanto é que algumas
bandas se dão ao luxo de disponibilizar álbuns na íntegra
em seus sites.
O TramaVirtual, pioneiro no Brasil possibilita a criação de uma
home page personalizada com espaço para divulgação dos trabalhos, fotos, telefone de contato, eventos, etc. Além disso, o site
contém muita informação para quem quer ficar atualizado sobre o
cenário musical independente. Visite www.tramavirtual.com.br.
Verônica Lara
Transmitindo emoções e
provocando reações através
da musicalidade. O projeto
Descentralização de Cultura é
organizado pela Associação
de Moradores do bairro Jardim Ipiranga (Asmoji), com
apoio da Prefeitura Municipal
de Porto Alegre. Realizado duas vezes por semana no Colégio Dolores Alcaraz Caldas
tem por objetivo ensinar música à comunidade.
“Como aluna do projeto,
juntamente com a comunidade, busco priorizar e destacar
a música e a cultura que estão
presentes nas ruas de nosso
país, que nem sempre são vistas e valorizadas”, declara Juliana Silveira, 19 anos que frequenta a oficina de música.
O músico Jorge Foques é
voluntário no projeto como
professor de música. Com
vasto conhecimento em instrumentos musicais, em des-
Ricardo Giusti
Apresentação anual de música na Praça 20 de Novembro
taque o violino, o professor
aprofunda a teoria e a prática
do violão e teclado. Foques
também organiza acontecimentos musicais, como o Nós
da Noite, que busca reunir em
bares da Cidade Baixa músicos da grande Porto Alegre.
As oficinas musicais são
realizadas há seis anos. No
fim de cada ano, os alunos se
organizam para apresentar um
concerto musical para a comunidade do bairro. Cada
participante toca e canta uma
música de escolha própria que
foi ensaiada.
Para o presidente da Asmoji, Adroaldo Corrêa Barboza, há necessidade de mais
ajuda das entidades públicas
da Capital para levar através
desse e de outros projetos conhecimentos diversos às comunidades.
As aulas ocorrem no Colégio Dolores Alcaraz Caldas,
na rua Afonso Celso Pupe da
Silveira 25, bairro Jardim Ipiranga, todas às quartas-feiras, das 18h às 21h e aos sábados das 14h às 17h, gratuitamente.
Bares atraem o público na Goethe
Roberta Lotti
As casas noturnas da avenida Goethe foram trocadas por
bares e pubs que vem atraindo
cada vez mais o público.
Atualmente, a única casa
noturna na Goethe é o Manara, que abrange todas as tendências musicais e tenta atrair
um público alternativo e de
idade variada. Segundo o proprietário do local, Felipe Di-
martino, em julho desse ano a
casa começa com um projeto
venerão (todos os estilos musicais) nas quartas-feiras, afim
de atrair os freqüentadores
dos bares e pubs.
Em época de jogos, os bares e pubs lotam de torcedores, que chegam em torno das
18 horas e normalmente ficam
até a hora de fechamento dos
bares. Entre os mais freqüentados está o Twister bar, El
Molino, Beer Streate, Tropicalli
e Kripton. “Twister é o bar dos
torcedores. A galera vai torcer
quando tem jogo e acaba virando a noite, seja na quarta
no sábado ou no domingo”,
afirma o barman e também integrante da banda de pagode
Inovação, Cleandro Carvalho.
Os bares e pubs oferecem
comida mais barata e cerveja
mais gelada, contam com ambiente aconchegante, grupos
de pagode aos domingos, televisão ao vivo, onde normalmente passam os jogos.
E na disputa para atrair o
público, a única danceteria da
Goethe, a Manara, improvisa
com som mecânico na pista
de cima a noite toda, uma
banda na pista de baixo, globos de espelho no teto, jogos
de luzes, e som eclético, como emo, forró, pagode, metal
e rock.
Cidadania
Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de 2007
iapi: pedacinho do interior
Karen Vidaleti
Há 60 anos iniciavam-se as obras do primeiro conjunto residencial do país. Construído pelo Instituto de Aposentadorias
e Pensões dos Industriários (IAPI) para amenizar os problemas
habitacionais resultantes do crescimento populacional na região periférica de Porto Alegre, o Conjunto Residencial Passo
D’Areia é conhecido pela sigla do instituto, IAPI.
Projetado durante o Estado Novo, segue o modelo europeu
chamado cidade-jardim, o qual busca harmonizar as construções e o ambiente natural. Inaugurado em 1953 por Getúlio
Vargas, o residencial, que muitos moradores atribuem o status
de bairro, representa muito bem a política populista da época.
Inicialmente, as moradias eram destinadas a operários e
associados ao instituto. Foi desse modo que o pai e o marido de
Leny Lopes, 67 anos, moradora há 12 anos, passaram a residir
no local. Segundo Lopes, as maiores mudanças ocorreram nas
regiões próximas: ”O IAPI ficava no fim da cidade, nós nem
conhecíamos a Plínio (avenida), que era chamada Estrada da
Pedreira, nem íamos para lá, pegávamos o bonde na Brasiliano
Índio de Moraes em direção ao Centro”.
Moradora desde um mês de idade, Marisa Ramos, 55, define o IAPI como “um pedacinho do interior dentro da cidade
grande”. Ela reside no Condomínio da Figueira, o mesmo em
que viveu Elis Regina, e como amiga da cantora, mostrou-se
contente com a homenagem que será colocada no “bairro”.
“Admiro a Elis, ela foi uma irmã que deu certo. Então é gratificante, pois vim acompanhando-a desde o Clube do Guri”,
confessou.
Mesmo quem deixa o “bairro” guarda lembranças. É o caso
do jornalista David Coimbra, 44, que ainda mantém contato
com os amigos da adolescência e recebe fotos da época vivida no lugar. O IAPI, muitas vezes, cenário das crônicas de
Coimbra, também, pertence à história de quem nele viveu.“Os
amigos, as brincadeiras, os jogos de futebol, as primeiras namoradas, as primeiras saídas à noite. O IAPI é parte disso”,
relatou Coimbra.
Cresce a circulação de deficientes visuais no centro de Porto Alegre
Luta cotidiana dos cegos
Marília Miños
D
Devido a necessidades cotidianas, os deficientes visuais
criam coragem para circular
no movimentado centro da
capital. Apesar dos obstáculos apresentados, como camelôs, orelhões, carros, eles
recomeçam diariamente sua
rotina rumo ao centro porto
alegrense.
Atualmente, portadores de
deficiências visuais destacamse em meio à multidão das
principais ruas da Capital. Essa capacidade de mobilidade
é conseguida de uma forma
pessoal, pois 60% desses deficientes sofre ao andar sozinho nas ruas, não só com o
medo de locomoção sem a visão, mas com o preconceito
da população. Sair às ruas torna-se um desafio diário. Com
a falta de visão é extremamente complicado desviar da mercadoria dos camelôs, outra dificuldade citada pelos cegos
são os desníveis nas calçadas
que são imperceptíveis ao usar
a bengala, o que dificulta um
caminhar tranquilo.
“Um sinal de trânsito, uma
saliência na calçada, poderia
nos ajudar, quase fui atropela-
do quando um motorista ao
avançar o sinal não me viu, um
pedestre me ajudou, normalmente isso facilita muito minha
vida sempre fica complicado
sabe, vários deficientes têm
acompanhantes ou um cão
guia, mas no meu caso devido
à dificuldade financeira minha
única companheira é a bengala”, afirma o vendedor de jogos
da Mega Sena, João Vilmar
Fonseca, 54 anos, deficiente
visual desde os 14 anos.
Acessibilidade significa não
apenas permitir que as pesso-
Internet pela rede elétrica
Beto Rodrigues
Imagine ligar o seu computador direto na tomada e,
automaticamente, estar conectado à internet. Um projeto
da Empresa de Tecnologia da
Informação e Comunicação
de Porto Alegre (Procempa)
adota a tecnologia, chamada
de Power Line Communication (PLC), que utiliza a rede
de energia elétrica para a
transmissão de dados, voz e
imagem com conexão em
banda larga.
Em parceria com a Companhia Estadual de Energia
Elétrica (CEEE), com o Centro
de Tecnologias Avançadas do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (CETA-SENAI) e com a Universidade
Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), dentro do Programa
de Pós-graduação em Computação (PPGC), a Procempa
inaugurou, no final do ano
passado, a primeira rede que
utiliza tecnologia PLC no Rio
Grande do Sul.
O Diretor Técnico da Procempa, Zilmiro Tartari, afirma
que, no Brasil, a tecnologia é
bastante nova e está em fase
experimental. Porém, mundialmente, se encontra em estágio avançado, funcionando
em vários países da Europa,
nos Estados Unidos e no
Japão. Segundo ele, “em alguns países, essa tecnologia
já possui projetos em escala
comercial”.
Quatro pontos
na Restinga
O objetivo inicial do projeto
foi possibilitar o acesso rápido
à rede mundial de computadores, em quatro pontos da
Restinga, bairro mais distante
da região central de Porto
Alegre. A CEEE levou cabos
de fibra óptica até a subestação daquela região e, a partir
de lá, criou uma rede de 3,5
Km de média tensão. No trajeto, foram criados quatro
pontos em PLC: no Centro
Terminais disponíveis no saguão do Centro Administrativo da Restinga
Administrativo Regional da
Restinga (CAR), no posto local
do SENAI, na Escola Municipal Senador Alberto Pasqualini
e, também, no Posto de Saúde
Macedônia.
No CAR, dois totens com
computadores conectados
em PLC encontram-se no saguão. Um aberto ao público,
para uso da comunidade local, e outro da CEEE, voltado
à utilização de serviços da
companhia tais como pedidos
de religação de luz, consulta
de contas, entre outros. Segundo o Coordenador de
Governança Local e Coordenador Regional do Orçamento
Participativo da região da
Restinga, Estevão Melnitzki,
que possui escritório no CAR,
ao lado do saguão, o tempo
de acesso estipulado por pessoa é de dez minutos. Melnitzki diz que, atualmente, em
média 30 pessoas utilizam os
computadores diariamente.
A Hypertrade Telecom, que
representa, no Brasil, equipamentos da empresa Mitsubishi é, também, parceira da
Procempa no projeto e forneceu os modens e amplificadores necessários para converter
o sinal na rede. “Em função da
qualidade da rede elétrica, o
sinal sofre oscilações e perda
de potência. Os amplificadores, a cada 500 ou 600 met-
ros, potencializam, renovam e
reinjetam o sinal”, afirma Tartari. Segundo ele, utilizando
apenas um modem é possível
fazer com que qualquer tomada de um prédio, por exemplo, tenha conexão à internet.
45 megabits
por segundo
Comparando com a banda
larga convencional, o PLC se
destaca pela velocidade da
conexão. Tartari afirma que,
enquanto uma conexão em
ADSL tem, em média, um
megabit por segundo, a conexão PLC proporciona a velocidade de 45 megabits por segundo. “A transferência de arquivos no ADSL leva, em média, 45 segundos. Para transferir um arquivo usando PLC,
são necessários seis segundos”, compara o diretor que
diz, ainda, haver em outros
países, projetos com equipamentos mais avançados que
utilizam a conexão com 200
megabits por segundo.
Com relação aos custos, o
diretor afirma que, por enquanto, a tecnologia não é a
mais barata: “Exatamente por
ser ainda nova e não ser desenvolvida em escala aqui no
Brasil. A medida que os fabricantes começarem a fabricar
equipamentos em escala, com
certeza os custos irão baixar”.
as com deficiências participem de atividades que incluem
o uso de produtos, serviços, e
informação, mas a inclusão e
extensão do uso desses por
todas as parcelas presentes
na circulação urbana. “Trabalho, caminho, freqüento academias tudo isso com ajuda
da minha irmã, pois o que
mais me atrapalha são os camelôs eles são desorganizados, espalham suas mercadorias por toda a calçada nem
pensam em nós”, diz a deficiente visual, telefonista há 25
anos, Fátima Fadine, 52.
O secretário municipal de
Acessibilidade e Inclusão Social, Tarcízio Teixeira Cardoso,
obteve do diretor de Trânsito e
Circulação da EPTC, José Wilmar Govinatzki, o compromisso de instalação até agosto de
2007 de botoeiras sonoras para facilitar a travessia de pessoas com deficiência visualem
faixas de segurança para a implantação das sinaleiras com
botoeiras sonoras são pontos
estratégicos nas principais ruas do centro da Capital.
Iniciativa voluntária
movimenta belém novo
Oscilações na rede
são obstáculos
“A rede no país ainda é
bastante precária para desenvolver e implementar essa tecnologia em grande escala”, diz
Tartari. “Enquanto no Brasil temos um transformador para
cada 40 ou 50 famílias, no exterior esse número é de quatro
ou cinco famílias por transformador”, completa. Mesmo assim, o diretor é otimista quanto ao projeto e a tecnologia.
“Eu diria que nos próximos
dois ou três anos nós teremos
projetos com essa tecnologia
em grande escala no Brasil”,
diz. Segundo ele, a Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel) está em fase de
regulamentação da tecnologia
e dos equipamentos: “Existe
um Comitê que discute o assunto, que está trabalhando
em cima das normatizações”.
Tartari explica que, para a tecnologia chegar à uma escala
comercial, são necessários,
também, outros estudos e investimentos. “A operadora de
energia, por exemplo, para liberar a rede, quer ser remunerada. Mas, ainda não existem parâmetros bem definidos para se trabalhar essa
questão comercial”, comenta.
Quanto aos investimentos
aplicados no projeto até agora,
Tartari explica que “foram mais
em termos de inteligência humana”. Segundo ele, a CEEE
entrou com a parte técnica e os
caminhões para fazer conexão
nos postes, o SENAI com os
laboratórios de medição para
medir as interferências, o nível
de ruído e os ajustes de equipamentos, a UFRGS contribuiu
com estudo e pesquisa e a
Procempa com a parte da comunicação. Tartari diz que o
governo federal manifestou interesse em aportar recursos
para desenvolver o projeto para
fins de inclusão social, afirmando, ainda, que a Procempa
recebeu consultas, de algumas
empresas da Restinga, para instalação de internet via PLC.
Anna Paula Medeiros Barbosa
Max Antunes
13
Voluntários promovem a ressocialização no Chapéu do Sol
Anna Paula Medeiros Barbosa
Problemas como criminalidade, violência e falta de oportunidades, freqüentemente são encontrados em diversas regiões
do país. Pensando nisso, voluntários possibilitam a mudança de
uma realidade precária, na zona sul de Porto Alegre, com a criação da ONG Núcleo Comunitário Belém Novo, proporcionando a
ressocialização do loteamento Chapéu do Sol.
Segundo o presidente do núcleo , Major da 21º Cia da Brigada Militar, Antônio Marco Cidade Bevoneci, mais conhecido
como Cidade, a iniciativa surgiu da necessidade de trabalhar
as vilas da zona sul por uma questão social e pelo tráfico de
drogas. Inicialmente, moradores do local não permitiam a entrada da Brigada Militar. A avenida Juca Batista, com frequência,
era bloqueada pela população, influenciada pelos traficantes
do local, uma vez que essa aproximação poderia ameaçar o
comércio de entorpecentes.
O núcleo, que existe há cinco anos, teve a sua primeira tentativa de contato com a população da região em 2002, com a
distribuição de sopa às famílias. Desde então, outras pessoas se
interessaram pelo trabalho, tanto que a sua distribuição ocorre
até hoje todas as sextas-feiras. A ajuda de moradores do loteamento Terra Ville e uma doação de R$ 15 mil pelo presidente
do Conselho de Administração da RBS, Jaime Sirostky, foram
fundamentais na construção de sua sede.
A ONG possui diversos cursos profissionalizantes e também conta com o auxílio do ex–jogador gremista, Tarcísio de
Sousa,como voluntário, transmitindo para crianças de sete até
14 anos lições de cidadania através do esporte. A atividade leva
em consideração o rendimento escolar da criança, como forma
de relacionar esporte e educação. Atualmente, a escolinha de
futebol possui 130 alunos, despertando assim os seus sonhos
e proporcionando a noção da realidade, para que no futuro possam usufruir de um vida longe das ruas e da criminalidade.
O sonho de ampliação do núcleo parece estar próximo de
ser concretizado.Uma parceria envolvendo empresas como
Gerdau e Klin Lavanderias trará mais oportunidades de trabalho aos moradores, assim como boa infra-estrutura, que possibilitará uma melhor forma de levar cultura e informação à
uma realidade excluída pela sociedade. “Nossa utopia é viver
sem muros”, disse o vice-presidente do projeto e consultor do
Loteamento Terra Ville, José Maria. Kroff Filho.
14
Cidadania
julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA
Clube investe em ações sociais e esportivas pensando no futuro
Novo conceito em esporte
Fernando Ferreira
Cassius Zeilmann
e Ney Martins
F
Formar atletas e se tornar
um grande clube empresarial.
É isso que o Porto Alegre Futebol Clube, de propriedade de
Roberto Assis Moreira, está fazendo. O clube disponibiliza
aos seus atletas uma infra-estrutura parecida com os complexos esportivos de times da
primeira divisão do Brasil. É objetivo do clube integrar questões sociais com as esportivas,
fazendo uma parceria com o
Instituto Ronaldinho Gaúcho,
que não está em atividade no
momentononsequisi.
Em janeiro de 2006, Assis
comprou o Lami Futebol Clube.
O empresário aluga a área do
antigo clube, tendo um centro
de treinamento (CT) e alojamentos que abrigam 22 atletas. No
entanto, adquiriu um terreno na
Restinga, onde está sendo
construído uma arena poliesportiva, com capacidade para
40 mil pessoas. A previsão de
entrega é para o final de 2008.
Baiano, jogador mais antigo
do clube, passou por diversas
equipes entre elas Portuguesa,
Olaria e Mesquita, todas no Rio
de Janeiro, e afirmou que “clu-
Baiano (esquerda) em ação contra o Cruzeiro de Porto Alegre, no estádio Parque Lami
bes da primeira divisão do Rio
não oferecem estrutura como a
do PoAFC”. Baiano, joga de volante, tem 29 anos e passou por
três peneiras até ser aprovado
nos testes do time gaúcho.
O Porto Alegre trabalha como uma empresa, atingindo as
suas metas. “O trabalho está
dentro das nossas expectativas”, disse o supervisor de futebol, Denilson Fraga. O clube
lidera o seu grupo na Segundona Gaúcha.
O clube também se envolve
em ações sociais, tanto que
tem um projeto chamado R10.
Esse projeto é uma espécie de
escola de futebol no Japão,
Oriente Médio e EUA, fazendo
um intercâmbio entre jogadores
desses países com os brasileiros. Além disso, divulgar a marca R10, do craque Ronaldinho.
No meio do ano, o clube
vai abrir as categorias de base
do mirim ao juvenil. Os jovens
vão receber moradia, refeição,
estudo, acompanhamento
psicológico e salário para jogarem no PoAFC.
O clube pretende formar
atletas para lucrar em futuras
negociações com grandes
equipes da Europa. É o caso
do jovem zagueiro Wagner Silva, de apenas 17 anos, que teve o seu passe vendido ao Barcelona, conforme afirma Fraga.
O PoAFC quer consolidar o seu
espaço entre as grandes potências do futebol gaúcho.
Com a formação de jovens jogadores, as possíveis vendas
no futuro devem render milhões
a Assis, que hoje é um dos
mais conceituados empresários do futebol mundial.
Baixo número de escolas PPNE’s
Everton Chaves e
Leonardo Ferreira
Em Porto Alegre, existem
2,2 mil alunos especiais registrados na Rede Municipal de
Educação, entre escolas de
educação para necessidades
especiais e as escolas convencionais. No entanto, o número de alunos matriculados
ainda é baixo, visto que a
quantidade de crianças e adolescentes com deficiências é
superior aos registros da Rede
Municipal. O que pode justificar essa problemática é que
existem apenas quatro escolas preparadas para esse tipo
de educação.
Conforme informações do
Secretário Adjunto do Núcleo
de Educação Especial de Porto Alegre, Adilso Corlassi,
existe um baixo número de
escolas de educação especial, que comportam 617 alunos portadores de necessida-
des especiais, o que, no entanto, se eleva quando outros
alunos nessa situação estão
matriculados em escolas convencionais, subindo esse número para 2,2 mil crianças e
adolescentes. Segundo a professora da Escola de Educação Especial Tristão, no bairro
Restinga, Maria Lucia Guedes,
isso implica em uma educação desqualificada para os
que não estão presentes em
escolas especiais. “A educação se torna falha devido às
necessidades impostas por
estes alunos”, relata Guedes.
Corlassi justifica que “é um
número baixo mas, isto é pelo
fato de que esta secretaria faça parte da atual gestão do
governo Municipal”.
Professora há 19 anos da
Rede Municipal de Educação,
Guedes decidiu dedicar-se ao
ensino especial por ser mãe
de um portador de necessidades. Isso foi o fator funda-
mental para que ela se engajasse nessa batalha social.
Trabalhando com alunos especiais desde 2004, na Escola Tristão, ministra aulas de
currículo básico e ensino de
sociabilização, para a inserção destas crianças portadoras de necessidades especiais na nossa sociedade.
Com um currículo educacional padrão, agregou conhecimento ao seu filho, Eduardo
Guedes Araújo, 15 anos. Ele
foi educado na Tristão e, hoje,
participa do projeto da oficina
do Núcleo de Educação Especial, além de estagiar na
própria secretaria de educação, como Secretário Administrativo, relata Guedes.
A moradora do bairro São
Caetano, Adriana Schimidt
Salazar, é mãe de duas crianças, João Vitor Salazar, 10, e
Ana Luiza Salazar, 7. Aninha,
como é chamada, é portadora
da Síndrome de Down e, tam-
bém, freqüenta a escola especial da Restinga. Conforme
Salazar, a dificuldade para Aninha frequentar as aulas é a locomoção, pois não existe
transportes coletivos com horários acessíveis.
Mas a mãe garante que
vale apena o esforço: “a Aninha teve um acréscimo no desenvolvimento, tanto motor
quanto psicológico, de quase
100% devido às suas aulas”.
Mesmo sendo uma menina
dócil desde sempre, a mãe,
hoje, percebe a compreensão
de Aninha na questão dos valores de afetividade e com a
pedagogia especifica para as
suas necessidades. Aninha
conta, “estou estudando porque gosto de bichinhos e quero ser veterinária”. A mãe fica
emocionada, e relata que essa
escola tem uma boa estrutura
e beneficia sua a filha, que hoje escreve o seu próprio nome
e lê algumas palavras.
Dando voz aos meninos de rua
Sandro Pereira
Desde janeiro de 2000, o
jornal Boca de Rua é produzido e vendido em Porto Alegre.
O projeto é coordenado pelas
jornalistas Clarinha Glock e
Rosina Duarte. A publicação é
responsabilidade da entidade
não-governamental, Agência
Livre para Infância Cidadania e
Educação (Alice). A idéia do
jornal é que as pessoas em situação de rua retratem os temas relacionados às suas experiências nas ruas, mas de
forma jornalística.
“Tem Solução” é manchete
da edição 23 do jornal, onde
denuncia que a prefeitura mandou fechar as pontes em Porto
Alegre. “Os que viviam nestes
locais foram para as praças ao
redor. De que adianta sair de
baixo das pontes e ficar na rua
igual. O governo está empurrando a situação com a barriga, não resolve o problema. A
FASC está falhando. A prefeitura está falhando. O dinheiro
que gastam tampando as pontes podiam usar para construir
casas para o povo da rua. O
que um morador de rua pode
fazer nesta situação”, alerta o
Boca de Rua.
As reportagens foram realizadas pelos jovens, com a
ajuda e monitoria de jornalistas voluntários. Quem não sabia escrever tinha o seu depoimento coletado por colegas,
transcritos e posteriormente
editados. As jornalistas corrigem os erros de grafia, pois o
objetivo do jornal é ser lido pelos leitores de jornal da cidade. O jornal é trimestral, com
tiragem de 10 mil exemplares.
Cada sem-teto, recebe 20
exemplares por semana, vendidos a R$ 1. Uma renda mensal de R$ 80. Atualmente, estão inscritos no projeto, 30
adultos e 15 crianças participam do projeto. Para as crian-
Capoeira faz a
cultura popular
Bárbara Barbieri
Formado em Educação
Física, no IPA, e Educação
Popular, na Unisinos, o professor de capoeira, Anselmo
da Silva Accurso, 49 anos,
fundou, em 07 de maio de
1995, a Associação Cultural
de Capoeira Angola Rabo de
Arraia (ACCARA). Baseado
na cultura afro-brasileira e
suas manifestações, o grupo
ACCARA foi criado para mudar a visão da comunidade
perante a capoeira, com aulas gratuitas em centros comunitários e estudos freqüentes sobre africanismo.
Accurso, que é conhecido pelo apelido “Ratinho”,
acredita que, a capoeira é a
própria educação popular e
tem muito a ensinar a todos,
com a sua prática, o indivíduo inicia um processo de
resgate de seu ser. “Ela é luta, é dança, é expressão
corporal, é técnica, enfim, é
cultura. Isso significa que
deve estar a serviço da educação como prática ligada
às necessidades básicas de
nossa gente, nos aspectos
físicos, psíquicos e culturais”, explica.
O grupo tem sede no
Centro Comunitário da Vila
Ingá, onde acontecem os
encontros, ministrados para
todas as idades. Nas segundas, quartas e sextas, ocorrem treinos de movimentação. Em dois sábados por
mês, o grupo se encontra, à
tarde, para confecção de
instrumentos e ensaios de
dança, canto e toque. Aos
domingos realiza rodas em
lugares públicos.
Integrantes mais antigos
do grupo dão aulas para comunidades carentes. Accur-
so zela para que os seus oficineiros tenham comprometimento com a cultura nacional, fazendo da capoeira um
instrumento de conscientização e de esclarecimento,
sobretudo nas camadas
mais deserdadas da sociedade.
O professor lembra que a
capoeira esteve em várias
fases da sociedade sendo
marginalizada e depois tornou-se produto de consumo, por isso ressalta a importância de não esquecer
de sua origem. “A capoeira
não nasceu do abstrato,
mas da vida como uma das
tantas respostas a seus embates e a seus desafios. Foi
ato afirmativo, gesto de identidade, ação de superação
no plano individual, desejo
coletivo de vencer”, salienta.
Ele reclama do descaso
das prefeituras em relação
ao trabalho comunitário, onde os educadores não são
valorizados. Enfatiza que
uma instituição que promove
cultura, tem um papel importantíssimo na aglutinação
e desenvolvimento de atividades que valorizem as diversas formas pelas quais se
plasmou o acontecer de um
povo e se cristalizou sua experiência. A prática diária
com a verdadeira cultura popular é sempre oportunidade
de afirmação nacional e de
inspiração a criatividades
autênticas. E, conclui que “a
capoeira por representar
uma cultura de resistência,
com sua história, com sua
linguagem própria, é sem
dúvida um instrumento precioso para a conscientização
de mudanças sociais”.
Bárbara Barbieri
Encontro no Centro Comunitário da Vila Ingá
Divulgação
Comerciários têm opção de
turismo mais acessível
Bruna Carpenedo
Participantes do projeto Boca de Rua na Praça da Matriz
ças e adolescentes que se
aproximaram do projeto por
meio dos pais, foi criado, em
2003, um suplemento especial, o Boquinha. Os respon-
sáveis pelas crianças e os
adolescentes que participam
da produção do jornal recebem uma bolsa-auxílio de R$
10 por semana.
O Serviço Social do Comércio (Sesc), localizado na avenida Protásio Alves, no bairro Alto Petrópolis, trabalha com uma
forma diferenciada de turismo social. Segundo a secretária do
Departamento de Turismo do Sesc, Cristina Flores, o objetivo
dessa forma de turismo é oferecer bons serviços em programações que apresentam lazer, integração, cultura, educação e
saúde destinadas a trabalhadores de baixa renda.
Para isso, o Sesc disponibiliza 43 meios de hospedagem,
com mais de 4,6 mil apartamentos e cerca de 15 mil leitos,
em 19 Estados e no Distrito Federal. Apresentam preços mais
acessíveis e com variadas formas de pagamentos, o que possibilita às pessoas, sem muitas condições financeiras, fazerem
um passeio ou uma viagem. Comerciários com renda mensal
de até seis salários mínimos e grupos da terceira idade formam
a clientela preferencial.
Profissionais especializados organizam visitas culturais,
passeios, caminhadas e excursões pelo Brasil, de curta, média
ou longa duração. O turismo social proporciona várias opções:
o lazer, por exemplo, pode ser praticado no litoral, na montanha
ou na cidade. O turismo ecológico pode ser feito no Pantanal.
Há, ainda, o turismo cultural em Minas Gerais; o de eventos, no
Espírito Santo e aqui no Rio Grande do Sul; e o rural, em Santa
Catarina, além do turismo educacional, religioso e de saúde.
Geral
Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de 2007
EPTC: educação
preventiva
Vainer Heleno Rocha
Segundo relatório totalizado pela empresa entre 1º de
janeiro e 30 de abril de 2007,
ocorreram na Capital 748 acidentes, todos envolvendo jovens de 16 a 30 anos, com o
total de 34 vítimas fatais e
1020 feridos, sendo 40% com
pedestres, em razão de atropelamento. O restante são diluídos entre motociclistas, ciclistas e outros envolvendo
veículos. A principal causa
dos acidentes, ocorridos entre os jovens, é o uso de bebidas alcoólicas e o excesso de
velocidade, causados em sua
maioria pelos homens.
Em função desse quadro,
a coordenadora da Assessoria de Educação para o Trânsito (ASSET) da Empresa Pública de Transporte e Circulação
(EPTC), Luciana Pereira da Silva, esclarece o trabalho que a
EPTC realiza para a conscientização das pessoas, que tem
como objetivo diminuir o número de acidentes na capital
porto-alegrense. O Governo
Federal prevê repasse de 5%
do valor arrecadado em multas, que deve ser destinados
para a educação no trânsito,
mas essa porcentagem passa
primeiramente por outras áre-
as como planejamento, sinalização gráfica e equipamentos. Somente o restante é repassado à educação.
A EPTC passou a fazer
projetos na busca de educar a
população quanto aos perigos
existentes no trânsito e com
as questões envolvendo álcool e direção. Levam em consideração a educação, a fiscalização e a engenharia que
aborda a questão das condições de infra-estrutura. Com
isso, são criadas campanhas
de conscientização. Realizadas nas ruas, escolas, seminários e eventos públicos.
Campanhas como “Faixa
de Segurança”, “Espaço de
Todos”, “Liberdade Sim, Racha na Rua Não”, são feitas
pela ASSET. O projeto de
educação desenvolvido pela
empresa pública prevê atividades nas diversas áreas potencialmente envolvidas como formação de educadores
para o trânsito, público infantil-crianças do ensino básico
e fundamental, público jovem-adolescentes, produção
de mídias, grupos de teatro
(para todas as idades), desenvolvimento de cursos e
campanhas institucionais.
Solução dos alagamentos
prejudica comércio
A principal reclamação dos moradores é o excesso de ruídos na Azenha
Bairro sofre com poluição
Juliana Schweitzer
Juliana Schweitzer
O
Os altos níveis de poluição sonora, visual e ambiental atingem os moradores da
Azenha, prejudicando a qualidade de vida na região. O
fluxo intenso de veículos, o
não funcionamento de equipamentos de medição e o
excesso de campanhas publicitárias são alguns dos
problemas do bairro, que é
um dos mais movimentados
da Capital.
Desde que o açoriano São
Francisco da Silveira instalou
seu moinho às margens do
Arroio Dilúvio na metade do
século 18, a Azenha sofreu
grandes transformações. Hoje, o bairro tem como principais características o comércio de móveis, bares, farmácias, bancos, lancherias, lojas
de vestuário e de calçados,
além das tradicionais casas
de autopeças.
A poluição sonora é a principal reclamação dos moradores. A aposentada, Jane Terezinha Schweitzer, afirma que o
barulho é constante, “quando
não é o som dos ônibus, que
transitam em horários freqüentes, ou as buzinas, sempre há
Evidente poluição visual em uma das ruas do bairro Azenha
alguma outra atividade que
gera desconforto aos moradores”. Ela cita os trabalhos
de melhoria da pavimentação,
realizados recentemente pela
Secretaria Municipal de Obras
e Viação (Smov). “Sabemos
que foi uma iniciativa positiva,
mas durante as obras o barulho incomodou. É sempre assim aqui, quando não é uma
coisa é outra, um horror”, diz a
aposentada.
De acordo com o arquiteto
da equipe de controle e combate à poluição visual da Secretaria Municipal do Meio
ambiente (Smam), Carlos Gil-
PROTESTO CONTRA ABERTURA
DE RUA NO MOINHOS
Mirna Winter
O projeto que visa a abertura de uma área no encontro das
ruas Xavier Ferreira e Mata Bacelar, entre os bairros Moinhos
de Vento e Auxiliadora, não está agradando os moradores. A
proposta surgiu como uma alternativa para desafogar o trânsito
da rua 24 de Outubro e visa a ligação entre o trecho e a rua
Coronel Bordini, desviando o fluxo para o local.
Os moradores foram informados de que havia um pedido de
estudo para a abertura do trecho, ligando-o à Coronel Bordini.
“A meta atende a interesses estranhos à comunidade e nunca
fomos consultados à respeito”, relata o sociólogo e morador
da rua Mata Bacelar, João Corrêa, enfatizando que os moradores não querem que a rua perca as características locais, com
trânsito tranqüilo e livre.
Ele, junto ao arquiteto Fernando Bahima, organizou a mobilização comunitária: “Passagem para Pedestres: SIM! Rua para
Carros: NÃO!”, com a coleta de 250 assinaturas. Dos participantes, mais de 220 são a favor da construção de uma passagem
de pedestres na área. Entre esse número, há pessoas como o
funcionário público Paulo Nührich: “Sou totalmente contra a
abertura da rua, o trânsito ficará horrível”. Conforme o Supervisor do Escritório de Projetos e Obras da SMOV, Adriano Gularte,
não há previsão para a execução do projeto.
berto Santana, as condições
são péssimas. Diz que há uma
cultura entre lojistas de que se
deve colocar anúncios, out­
doors, cartazes, formas diversas de propaganda, com muitas mensagens. Para ele, isso
prejudica o entendimento e
torna a comunicação inócua,
além de trazer prejuízos estéticos à paisagem urbana.
Poluição ambiental
também preocupa
Devido à greve dos municipários, a Smam não está fornecendo informações sobre o
assunto, mas, segundo uma
funcionária que não quis se
identificar, o medidor de poluição do ar do bairro não está
funcionando. Conforme a gerente de uma loja infantil, que
se localiza na avenida Azenha,
Maria Santos, há uma grande
incidência de doenças respiratórias entre funcionários, devido à poluição do ar.
Outro fator que prejudica
o trabalho dos comerciantes é
a sujeira. A vendedora de uma
loja de calçados, Gisela Moraes, fala que é preciso uma limpeza constante no local, pois
é visível a camada de pó preto
sobre móveis e produtos.
Lixo nas praças do Menino Deus
Márcia Maria Santos Silva
Luiz Mangabeira
O conduto Álvaro Chaves-Goethe tem o intuito de solucionar
90% do problema de alagamentos em nove bairros da Capital
gaúcha, beneficiando em média 100 mil moradores. O investimento de 50 milhões, tem 66% do valor financiado pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) e outros 34% pela
Prefeitura. Dados publicados no site da Prefeitura municipal
de Porto Alegre.
Um dos canteiros de obras na rua Cristóvão Colombo impede a circulação de carros pelo local. O trânsito que ali passava
teve de ser desviado para a rua Marques do Pombal. Moradora
do bairro há mais de 30 anos, Neide Campos Vilella passa todos
os dias pela obra: “No horário de movimento é difícil atravessar
a rua no local, uma vez eu vi um jovem quase ser atropelada”.
Os comerciantes da Cristóvão Colombo tiveram as suas
vendas afetadas desde que iniciaram as escavações. “O número de pessoas que circulam no local diminuiu e a poluição
sonora é grande”, diz Maria do Carmo Soares, dona de uma
loja de roupas. No período de Natal e Ano Novo, época de maior
movimento de clientes, os donos das lojas conseguiram que as
obras fossem paralisadas.
Com cerca de 30% na queda de suas vendas, uma loja de
moda unisex, com o intuito de superar os prejuízos, promoveu
um desfile da sua moda outono-inverno no quarteirão do lado
da obra. Os modelos eram os seus próprios clientes, que desfilaram com capacetes e ferramentas dos operários.
15
Moradores largam lixos em Praças do bairro Menino Deus
Márcia Maria Santos Silva
Considerado o mais antigo
bairro de Porto Alegre, o Menino Deus que teve início apartir
de dois caminhos abertos na
década de 1840, obtendo
apenas algumas chácaras e
cerrados. Esses caminhos
transformaram-se nas avenidas Getúlio Vargas e José de
Alencar. Devido à crença pelo
Menino Deus, costume trazido
por colonos açorianos, originou-se o nome do bairro.
A Capela Menino Deus
construída em 1853, na praça com o mesmo nome, recebia a visita de moradores
do centro da cidade e de outros bairros que estavam sendo formados. Com a construção de casas ao redor da capela e a abertura de novas
ruas, como a Botafogo em
1858, auxiliou muito no desenvolvimento da região.
Hoje, esse bairro passa por
problemas sérios na área da
limpeza, foi realizado um levantamento de quantas lixeiras restaram entre a rua José
de Alencar e Getúlio Vargas, a
maioria delas foi destruídas
por vândalos. Além disso, alguns moradores depositam o
seu lixo doméstico em locais e
praças próximas a suas residências, deixando de respeitando horários e locais indicados. Com isso, juntam ratos e
outros animais impedindo o
acesso da circulação de crianças e adultos.
Segundo o gerente da Zonal Sudeste do Departamento
Municipal Limpeza Urbana
(DMLU), Eduardo Menezes, a
dificuldade maior vem com a
falta de colaboração dos próprios moradores. O pior dia,
declara os funcionários, é a
segunda-feira, alguns aproveitam o domingo para colocar a
casa em ordem, descendo os
lixos e largando em qualquer
outro longe de suas residências. Com a idéia de economizar, os carroceiros, solicitados
para pequenos carretos, acabam deixando esse lixo no
meio do caminho. Foram feitas campanhas, apelos no jornal de bairro, para que cada
um preserve e use os serviços
disponíveis.
Geralmente, a população
costuma sempre apontar um
culpado, nunca reconhecendo que falta aquele exame de
consciência, para a melhora
absoluta do bairro.
Participação Popular em Viamão
Tailor Carvalho
Tailor Carvalho
A prefeitura da cidade criou
um projeto que conta com a
participação direta da população para calçar suas ruas. O
projeto, que tem o nome de
Calçamento Comunitário Participativo, funciona da seguinte maneira: o processo de calçamento de ruas é registrado
nas Plenárias Regionais do
Orçamento Participativo (OP)
por um morador da região, no
mínimo, e deve ser protocolado para a Coordenadoria de
Relações com a Comunidade
(CRC) – órgão criado para integração da prefeitura e comunidade – com um abaixo
assinado contendo os nomes
e endereços dos moradores
interessados na parceria, no
prazo de até dez dias antes
dessa Plenária.
O projeto possui mais de
40 Km de ruas calçadas e a
tendência é que esse número
Obras do projeto Calçamento Comunitário em uma das ruas de Viamão
aumente, devido a quantidade
cada vez maior de pessoas
presentes nas plenárias do OP.
Algumas pessoas, como o
morador de uma das ruas que
aderiram ao programa, João
Pedro Reis, demonstram realmente satisfação com os resultados da parceria.
“Gostei muito do resultado
sim. Agora nós saímos nos
dias de chuva e não ficamos
mais com os sapatos cheios
de barro. Além disso, para
quem tem automóvel, reduz
muito o custo em manutenção, pois não precisa mais
passar por aqueles buracos
que existiam anteriormente”,
afirma Reis.
Mas também existem moradores que não concordam
com o Projeto e debatem se
realmente é positiva esta
união. “Não acredito que pagamos todos os impostos e
ainda temos que pagar pelo
calçamento da nossa rua”, diz
um morador vizinho a uma das
ruas que aderiram ao projeto e
que preferiu não se identificar.
Segundo o funcionário da
CRC, Rodrigo de Quadros da
Costa, “a Prefeitura não tem a
obrigação de calçar as ruas, a
obrigação dela é com o saneamento básico. Além disso é a
comunidade que adere ao
programa”.
16
Geral
julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA
Jantares e bailes melhoram a qualidade de vida da maturidade
Diversão não tem idade
Mariana Pires
Luluzinhas reunidas, no centro Irene Viero (segurando uma pasta)
Kamila Johann
e Mariana Pires
C
Cabelos grisalhos, cadeira
de balanço são sinônimos de
avó e avô? Para eles, estar na
terceira idade, vai além de ficar cuidando da casa, almoçar com toda a família reunida ou passear com o cachorro. Festas, diversão e alegria
são grandes oportunidades
de distração para muitas pessoas que passaram dos 60
anos. O que importa, é estar
de bem com a vida.
Quando o assunto em dis-
cussão é diversão e qualidade
de vida, não se pode deixar de
lembrar os bailes da terceira
idade como exemplo. Idosos
optam por dar um “plus” a suas vidas: dançar, fofocar e namorar como se estivessem
novamente na adolescência.
“Essa é a proposta do Salão
Oliveira”, afirma o dono do estabelecimento, localizado no
bairro São Lucas, em Viamão,
Adão Oliveira.
“É muito bom poder deixar
o trabalho de lado por alguns
momentos para descansar, se
divertir e namorar um pouqui-
nho”, alega o pedreiro, Antônio Malta. Quando se encontram, esquecem dos problemas, das doenças e da solidão. “Sinto-me relaxada. Dançar é melhor que fisioterapia”,
comenta, a namorada do seu
Malta, Olga Silva, que também
é participante assídua dos bailes no Salão Oliveira.
Ao terminarem as festas,
os novos encontros são agendados para dar continuidade à
diversão. “Dá uma saudade
dos meus amigos. Sempre fico ansiosa para revê-los”,
conclui Silva.
Luluzinhas
Há 35 anos, um grupo de
senhoras formadas pelas esposas dos diretores da Sociedade Gondoleiros, no bairro
São Geraldo, reuniu-se para
um almoço de confraternização. Laura Fulginitti, Fifa Machado e Irene Vieiro eram algumas das responsáveis pela
organização. Nasceu, então,
o Clube das Luluzinhas.
O almoço começou a fazer
tanto sucesso que anos depois, passou para jantares
anuais. “Sempre usávamos
uma roupa diferente, foi assim
que resolvemos fazer uma
apresentação das Luluzinhas
durante o evento”, esclarece
Viero. Além da apresentação
com fantasias luxuosas, ocorre ainda show com banda.
A Sociedade Gondoleiros
apóia a produção do jantar. A
presidente, Fifa Machado, leva adiante a tradição feminina. Viero, por sua vez, relata
que é maravilhoso distrai e
traz lembranças. “Hoje tem
muitas mulheres novas envolvidas na organização. Elas
têm que sentir o que nós sentimos: uma grande satisfação
e felicidade”, conclui com
emoção.
Cinquenta anos do 35 CTG
Bruna Cabrera
O 35 CTG alcança os seus
50 anos de existência e busca
promover à comunidade show,
invernadas e Domingueiras. O
patrão Clóvis Fernandes incentiva a participação “afinal,
o espírito galdério está em todos que se consideram gaúchos de coração” .
No final da II Guerra Mundial, o principal centro de ir­
radiação da moda, da cultura
e das elites urbanas foi o estilo
way of life, por causa da grande influência exercida pela posição dos Estados Unidos.
Com o fim da ditadura de Getúlio Vargas, a imprensa estava amordaçada, dificultando o
desenvolvimento e a prática
das culturas regionais.
Em agosto de 1947, alunos do Colégio Júlio de Castilhos criaram o Departamento
de Tradições Gaúchas, liderados por Paixão Cortes. O objetivo era preservar as tradições gaúchas e desenvolver e
revitalizar a cultura riograndense. Com esse espírito que foi
criada a Ronda Crioula, que
acontece de 7 à 20 de setembro, datas mais significativas
para os gaúchos.
Entusiasmados com a
idéia, entraram em contato
com a Liga de Defesa Nacional, falaram com o Major Darcy
Vignolli, responsável pela organização das festividades da
Semana da Pátria. A proposta
era retirar uma centelha do Fogo Simbólico da Pátria para
transformá-la em Chama
Crioula, reforçando os laços do
Rio Grande com a Pátria Mãe.
Nessa oportunidade, Cortes foi convidado a formar
uma guarda de gaúchos pilchados, em homenagem ao
herói David Canabarro, que
iria de Santana do Livramento
a Porto Alegre. Ele formou,
então, um piquete de oito gaúchos que no dia 5 de setembro prestara homenagem a
Canabarro, hoje conhecido
como o Grupo dos Oito ou Piquete de Tradição. Essa é
considerada a primeira semente na criação do 35 CTG.
O escritor Manoelito de Ornelas foi chamado para noticiar os acontecimentos da
Ronda Crioula pelo Jornal
Correio do Povo. Os pioneiros
do evento participaram de
programas da Rádio Farroupi-
Leonardo Ferreira
Há 50 anos valorizando a cultura gaúcha
lha, o que ajudou outros jovens a se engajarem na comemoração.
As primeiras reuniões do
grupo aconteciam aos sábados à tarde, na casa de Cyro
Dutra Ferreira. O grupo cresceu tanto que José Laerte
Vieira Simch cedeu o porão
dos Simch, na rua Duque de
Caxias nº 704. Passado algum
tempo, o porão também tornou-se pequeno foi, então,
que os encontros passaram a
ser no terraço da FARSUL.
Após a concretização da fundação oficial da nova entidade
em 24 de abril de 1948, começaram as se realizar, no auditório da FARSUL. Eram conferências, sessões de estudo,
tertúlias e outros eventos artísticos culturais.
Após a consolidação da
fundação, os jovens trataram
de escolher o nome do CTG.
Surgiram oito propostas, todas em homenagem a 1935,
data de início da Revolução
Farroupilha. Por fim, elegeram
o nome 35 Centro de Tradições Gaúchas.
O símbolo do centro, logotipo, foi escolhido por Ferreira,
ele havia mandado confeccionar cartões de visita, onde tinha um índio gineteando um
bagual. O número 35 vinha entrecortado, da esquerda para
a direita e de baixo para cima,
por uma lança, numa referência à Revolução Farroupilha.
Desrespeito à lei prejudica PPNE’s
Robson Pandolfi
“Possibilidade e condição
de alcance para utilização,
com segurança e autonomia,
dos espaços, mobiliários e
equipamentos urbanos, das
edificações, dos transportes e
dos sistemas e meios de comunicação, por pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida”. Essa é
a primeira disposição do art.
1° da lei federal de n° 10.098,
de 19 de dezembro de 2000,
que estabelece as normas gerais para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência.
Por desconhecimento da
legislação ou omissão, não é
raro encontrar sinais de desrespeito à lei, o que é favorecido pela falta de fiscalização
por parte do poder público. É o
que afirma o médico Luis Fernando Knaack, que, cansado
de esperar dos governantes o
cumprimento da legislação
que regulam o acesso dos deficientes aos diversos estabelecimentos, começou a denunciar o não cumprimento das
leis através de publicações na
Internet. “Por falta de interesse
e conscientização, as prefeituras não fiscalizam. Resta então
ao cidadão fazer o trabalho
braçal”, disse Knaack.
Com um breve olhar pelo
centro de Porto Alegre, é possível ter uma visão abrangente
da gravidade da situação. Prédios sem a infra-estrutura adequada para acesso de deficientes, escassez de vagas
especiais em estacionamentos
e ruas e calçadas inadequadas
para a circulação de cadeirantes estão entre as constantes
reclamações dos deficientes físicos e defensores da causa.
De acordo com a advogada Neila Farias, mãe de Diego
de Matos Farias, portador de
Esclerose Lateral Amiotrófica,
doença degenerativa que paralisa gradativamente os músculos do corpo, a dificuldade
de acesso ocorre inclusive em
prédios públicos. Ela afirma
que é “inadmissível o fato de tu
teres que subir 20 degraus de
escada para ter acesso a uma
repartição pública. Tenho que
pedir auxílio para outras pessoas quando levo o meu filho
comigo, pois raramente há
rampas especiais para cadeiras de rodas ou equipamentos
adequados para o transporte”.
Knaack afirma ainda que
para diminuir os obstáculos de
acesso dos deficientes físicos,
a população também tem de
contribuir, através da fiscalização e denúncia de irregularidades nos locais de acesso. “Nada mais fazemos do que assumir o trabalho dos nossos governantes, em todos os níveis,
igualmente omissos no trato da
acessibilidade do deficiente físico”, complementa o médico.
A vida no aeroporto
Mariana Soares
“A vida dentro do aeroporto é uma correria só”, declara
o gerente geral da loja Wega, Ricardo Ellensohn. Com o fluxo
intenso de passageiros, o aeroporto Internacional Salgado Filho
torna-se um local bastante agitado. A supervisora comercial da
loja Wega Livros e Revistas, localizada no aeroporto, Luciene
Prieto, conta que a movimentação aumentou com a recente
crise nos aeroportos: “O apagão aéreo nos ajudou, aumentando
nosso número de vendas”. Prieto revela ainda que os períodos
de dezembro a fevereiro e de junho a julho são aqueles em que
o fluxo de passageiros cresce, devido aos meses de férias.
O passageiro Alberto Coelho diz que a crise deixou vestígios no aeroporto. E completa que não está satisfeito com o
acúmulo de passageiros no saguão, formando enormes filas. A
comissária de bordo, Tânia Anacleto, conclui que o as filas são
conseqüências do baixo número de funcionários em serviço.
Formada em Letras na PUCRS, tornou-se aeromoça, pois era um
desejo de infância. Para realizá-lo, foi preciso estudar as línguas
inglesa e francesa, além de aprender a lidar com a saudade.
Após 21 anos de profissão, viajando pelo mundo inteiro, Anacleto revela que para seguir a carreira de aeromoça, é preciso
gostar muito do que se faz. E, acima de tudo, ter de abrir mão
de muitas prioridades, principalmente a família.
O movimento diário do Aeroporto Salgado Filho é de 174
aeronaves de vôos regulares, ligando Porto Alegre direta ou
indiretamente às capitais do país, às cidades do interior dos
estados do Sul e São Paulo, além de linhas internacionais com
vôos diretos aos países do Cone Sul. A funcionária da Varig,
Sandra Araújo, declara que os destinos mais procurados no
Brasil e no mundo, tanto no inverno, quanto no verão, são o
Nordeste e a Europa.
O aeroporto possui uma área de aproximadamente 3,6 milhões de metros quadrados e está situado no bairro São João,
zona norte da cidade de Porto Alegre. Dividido em quatro pavimentos, o terminal de passageiros do aeroporto pode receber
até 28 aeronaves de grande porte, simultaneamente, tornandose o principal aeroporto e com maior embarque e desembarque
de passageiros do sul do país.
O antigo terminal do Salgado Filho, inaugurado em 3 de julho de 1940, foi utilizado até 11 de setembro de 2001, data em
que o novo aeroporto entrou em atividade, com infra-estrutura
moderna e tecnologia avançada. É oferecido aos passageiro um
centro de comércio e lazer, funcionando 24 horas, que inclui
três salas de cinema, as primeiras a serem implantadas em um
aeroporto do Brasil. Ao todo, as salas comportam 456 espectadores e contam com ar condicionado, acesso e localização
para deficientes.
Conservação
das praças
Sandra M. S. Costa
Um simples passeio pelo
centro de Porto Alegre é o
necessário para se observar
a situação das praças públicas. A depredação, o lixo no
chão, a falta de cuidado dos
freqüentadores acabam prejudicando o visual das praças. A falta de conscientização das pessoas e o descaso do serviço público são os
múltiplos fatores que contribuem para a degradação da
qualidade de vida dessa região da Capital. A moradora
da região, Lucila Martins Barcellos, 34 anos, que vive no
bairro desde o seu nascimento, e Evandro Marques,
47, secretário da Divisão de
Arborização de praças Parques e Jardins (DAPPJ), opinaram sobre essas situações
precárias.
Barcellos é freqüentadora
da praça Brigadeiro Sampaio, a primeira a ser urbanizada, em 1865, que se tem
registro. “Não tem segurança, policiamento. A limpeza é
boa, só nós finais de semana
que ficam a desejar, muitos
dos brinquedos estão quebrados, poderia ter regularmente uma manutenção e
mais lixeiras”, afirmou.
São três gerações da família Martins que frequentam
a praça. “Antigamente minha
mãe levava-me, agora freqüento com minha filha e
meu cachorro, fim de semana as famílias se reúnem pa-
ra fazerem churrascada e tomarem chimarrão”, relembra
Martins.
A Secretaria do Meio Ambiente (SMAM) é responsável
por cuidar da arborização
dos parques, praças, reservas e áreas verdes públicas.
Em 2005, a SMAM plantou
16 mil árvores, resultado do
plano diretor que possui em
conjunto de métodos e medidas adotadas para a preservação, manejo e expansão
das áreas verdes na cidade.
Marques diz que, através
da fiscalização da DAPPJ,
duas prestadoras de serviço
terceirizado atuam na poda e
remoção de vegetais irregulares na zona sul e na zona
leste. De acordo com secretário, a DAPPJ realiza um
mutirão para retirar os moradores de rua das praças,
mas eles sempre acabam retornando para elas.
A conservação das praças, com todos os seus atributos, pode ser o ponto de
partida numa grande cruzada de resgate da qualidade
de vida, sendo muito ocupada pelas crianças, jovens,
idosos.
Avô de dois netos, Carlos
Berta, 52, brinca com Mariana, 7, e Bruna, 5, nas praças
do Centro todos os finais de
semana. “Eu arrisco até
umas brincadeiras com elas”,
comenta, sem importar-se
com o vandalismo.
Geral
Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de 2007
Abandono na
3ª perimetral
Kizzy Martins Borges
A obra inicial do projeto
Terceira Perimetral, em Porto Alegre, foi inaugurada no
ano de 2003. A primeira estação foi construída no bairro Petrópolis, no cruzamento
das avenidas Carlos Gomes
e Protásio Alves. O projeto
foi inaugurado há quatro
anos. Não há segurança policial no local e os assaltos
são constantes.
Visitando a Terceira Perimetral é possível ver o abandono, pois de dia ou de noite
não há segurança. É o que
pensam pessoas como o
professor de Filosofia, Jonatam Leandro: “Apesar de todas as ocorrência prestadas
na delegacia nunca foram tomadas nem um tipo de atitude sobre os assaltos”. A
mesma opinião tem outros
usuários como a auxiliar de
serviços gerais, Leila Lenes
Ferreira, “prefiro me arriscar
correndo no meio dos ônibus” e o pedreiro, Sessi
Abraão, “nunca vi nem um
guarda nesta parada, deveria
ter uma viatura que pudesse
amedrontar os bandidos”.
A grade de segurança foi
arrancada pelos pedrestes,
com esse ato o local está
propenso a acidentes, aos
próprios, que temem usar os
demais recursos da Terceira
Perimetral e arriscam as suas
vidas dividindo a pista com
os carros. No ano passado,
foram instaladas câmeras
para ajudar o monitoramento
nas paradas de embarque e
desembarque do terceiro piso, comenta o funcionário da
Prefeitura e monitor da obra
há dois anos, Luiz Henrique
Rosa da Rosa.
O monitor relata que,
quando acontece algum assalto ou outra emergência,
auxilia a vítima a prestar
queixa na delegacia mais
próxima. Além dos assaltos,
depredações, ocorreram,
também, casos de violência
sexual. “Já teve vigilância
por parte da Guarda Municipal, mais foi apenas por alguns dias e não voltaram ao
local”, revela. E acrescenta,
“não trabalho armado, meu
auxilio é apenas um rádio”.
Segundo informações
obtidas no 11º Batalhão da
Brigada Militar, situado no
bairro Jardim Botânico, “o
patrulhamento é feito em toda a extensão dos bairros
Jardim Botânico e Protásio
Alves, porém não existe segurança específica, apenas
para a Terceira Perimetral”.
Um soldado da Brigada
Militar, que preferiu não se
identificar, afirma que a única
maneira de controlar os
acontecimentos na estação
são por parte das denúncias
através do 190. Procurados
os responsáveis, por parte
da Prefeitura de Porto Alegre, não quiseram prestar
nenhum tipo de informação
sobre o caso.
Há uma visão otimista de
alguns usuários como o pesquisador Alexandre Faria.
“Acredito que o local poderia
ser utilizado de forma criativa, poderiam permitir que os
grafiteiros expusessem a sua
arte na obra que está bastante prejudicada pelas pixações do vandalismo”, finaliza
Faria.
Discriminação
na Restinga
Profissionais do sexo tomam conta das esquinas da Zona Sul
Mulheres vendem o
corpo em Ipanema
M
Caroline Marques
Meninas com idade entre
15 e 30 anos, de baixa renda,
sem oportunidade de estudo
e que não tiveram chances no
mercado de trabalho, em busca de uma vida melhor para
suas famílias acabam nas ruas
para trabalhar como prostitutas, todas as noites, nos bairros da zona sul. Na Capital
existem inúmeras profissionais
do sexo sob as mais diversas
condições, em bares, boates
e ruas. Elas estão em todos os
lugares, inclusive em bairros
mais tranqüilos da zona sul,
como Ipanema, que não possuía pontos de prostituição e
agora aparece como um novo
local para a venda do corpo.
Segundo C.R.S, 27 anos,
uma das prostitutas do ponto,
o bairro é um lugar bom e tranqüilo para trabalhar, pois os
clientes geralmente são os
mesmos, o que traz mais segurança. Algumas possuem filhos,
são separadas, perderam o
emprego. E, em busca de uma
vida melhor e dinheiro para sustentar a família, tiveram como
última saída a prostituição. Em
muitos casos lamentam ter escolhido esse caminho, pois não
possuem experiência para seguir outras profissões.
Outras tentam sair o mais
rápido possível, uma vez que
os seus filhos estão crescendo
e desejam saber a profissão
das mães. “Já estou cansada
de ver minha filha chegar da
escola perguntando por que
eu cheguei tarde ontem à noite
ou por que as crianças da es-
não tinham ainda sido traçadas”, afirma a dona de casa,
Rosane Trindade Gomes,
uma das primeiras moradoras do bairro que ajudou na
evolução do mesmo.
Ainda hoje, depois de
tantos esforços e conquistas, os moradores da Restinga ainda sofrem com o
preconceito social que vem
de um longo contexto histórico. Um exemplo foi o
que aconteceu com o comerciante Luiz Rocha Fraga, quando esteve em uma
loja de rede Nacional no
bairro Azenha fazer uma
compra que pagaria à vista.
Quando Fraga disse que
morava no bairro Restinga,
constou no sistema da loja
que era uma área de risco e
n ã o p o d e r i a m e n t re g a r.
“Achei um absurdo, e não
quis mais comprar”, desabafa o comerciante.
Beto Rodrigues
Preconceito social ainda existe
cola a chamam de filha de
prostituta”, diz C.R.S, que tem
uma filha com dez anos.
Fiscalizações são muito raras, pois, segundo elas, os policiais alegam que não podem
prendê-las por estarem na esquina. Afirmam que, muitas vezes, pagam um tipo de fiança
aos policiais para não serem
agredidas fisicamente. A mais
nova delas D.G.S.,21, quase
apanhou de um policial por estar com uma faca na bolsa. “Tive que dar todo o dinheiro da
noite para um deles. Ele ia bater na minha cara só porque eu
estava com uma faca na bolsa.
Eu a carrego para minha segurança durante a noite”, diz.
Para as prostitutas, o uso
de camisinha é uma regra.
Possuem auxílio permanente
do Núcleo de Estudo da Prostituição (NEP), que visita o
ponto de Ipanema todo mês
distribuindo preservativos, oferecendo assistência médica,
cartões com direito a exames
mensais e palestras sobre doenças sexualmente transmissíveis. Em 1987 foi criada a
Rede Brasileira de Prostitutas,
que apóia e defende legalmente a profissão, conquistando
em 2003, pelo Ministério do
Trabalho, o reconhecimento
da prostituição como uma atividade profissional na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Ainda, conta com
o apoio de Programas governamentais de Direitos Humanos, de Saúde, de Trabalho e
do Ministério Público.
Caroline Marques
Em muitos casos as prostitutas lamentam ter escolhido esse caminho
Elas entendem de moda
A mais nova invenção da
Rede Brasileira de Prostituição,
com a ajuda das profissionais
do sexo da ONG D’avida, que
são apaixonadas por moda, foi
a criação de uma marca de
roupas para o cotidiano das
prostitutas, a D’aspu.
Elas discutem e desenham
os modelos para as roupas de
batalha (rua e casa), de lazer
(praia e parques), de folia (festas e carnaval), e de ativismo
(direitos humanos e prevenção
de DST/Aids). Produzem roupas tanto para elas quanto
para seus clientes.
Atualmente, são realizados
desfiles da marca e as roupas
podem ser compradas através do site da própria instituição, na Internet.
ONG no Belém Novo é premiada
Alan Triumpho
Marília Pereira
O núcleo urbano da Restinga originou-se na década
de 60, por iniciativa do Poder
Publico. Uma politica de “desfavelização” foi destinada para o reassentamento de famílias de baixa renda que ocupavam áreas consideradas
estratégicas, para o desenvolvimento urbano no centro
de Porto Alegre. A uma distância de 22km do centro da
cidade, os moradores viviam
sem luz e água com um ônibus que sai às 5 horas e voltava às 18 horas.
Depois de muitos anos
de luta moradores conseguiram se estabilizar. “Nossa
associação começou a se
formar em 81. As conquistas
foram fruto do trabalho da
associação coma comunidade em geral. Nós buscamos água e energia elétrica.
A primeira conquista foi a
abertura das ruas, porque
17
Defesa dos Direitos Humanos
Rita Santos
O Núcleo Comunitário e
Cultural de Belém Novo (NCC)
ganhou o prêmio Defesa dos
Direitos Humanos no Rio Grande do Sul (RS) no final do ano
passado, por realizar diversas
atividades com a comunidade.
Ele oferece às pessoas do bairro aulas de língua estrangeira,
dança, informática com ênfase
em cidadania, canto lírico, violão, culinária, oficinas de artesanato, escolinha de futebol,
biblioteca, cursos de Geração
de Renda e sopão para pessoas carentes.
O prêmio oferecido pela Or-
ganização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco) e pela Assembléia Legislativa do RS homenageou pessoas, organizações
governamentais e não-governamentais do Estado nas categorias Formação de Consciência de Cidadania, Divulgação e
Defesa dos Direitos Humanos e
Protagonismo Juvenil na Promoção dos Direitos Humanos.
O NCC concorreu com entidades como a Ulbra e a UFRGS. A
Soldado da Brigada Militar, Cristiane Inveninato, que trabalha
como voluntária no NCC, afirma
que, “foi uma honra concorrermos com essas instituições e
ganhar o prêmio, pois são entidades que têm recursos para
manter seu projeto. Nós trabalhamos sem fins lucrativos, somente com doações”. “O Núcleo foi o único candidato que
não se inscreveu para concorrer
ao prêmio, a própria Unesco o
inscreveu, após ter lido uma reportagem no jornal Zero Hora”,
ressalta o Coordenador de Projetos, Alan Triumpho. Nela, foi
mostrada uma família beneficiada pelo projeto.
O Núcleo trabalha com um
total de 23 pessoas, entre funcionários e voluntários. Na intenção de tornar alunos em cidadãos.
Geração POA oferece oficinas
Mariana Blessmann
Localizado em um prédio
próprio da prefeitura, em um
bairro de classe média da cidade, encontra-se um estabelecimento pouco conhecido.
O Projeto Geração POA Oficina Saúde e Trabalho existe
desde 1996 e está fixado nesse local desde 2001. Conhecido antes como Oficina de Geração de Renda, teve o nome
modificado após a ampliação
dos seus eixos de ação. O lugar, hoje, acolhe os usuários
da saúde mental e do trabalho
e planeja dar um apoio maior a
idosos e seus cuidadores, um
projeto que está no papel,
mas que deverá ser posto em
prática logo. Encaminhados
por outros serviços da rede de
saúde, os usuários têm de
manter critérios básicos para
participar das oficinas, como
o desejo de retornar para o
mercado de trabalho (sem nenhuma imposição médica ou
familiar), a vinculação com o
tratamento e, por último, a
possibilidade de circular com
autonomia pela cidade.
Acompanhados pela terapeuta, Carmen Vera Passos
Ferreira, e demais colegas, os
usuários participam de oficinas de trabalhos artesanais,
aprendendo a fazer cartões,
embalagens, luminárias, papel
reciclado, customização, serigrafia e sabonetes aromáticos. O local é cedido, também, para a realização de um
projeto chamado “Todas as
Letras”, onde é realizada uma
oficina de alfabetização.
O objetivo do projeto é inserir os usuários na sociedade,
contando com a equipe de terapeutas que acompanha os
trabalhos e com a colaboração
de neurologista, assistentes
sociais, psicóloga, educadora,
entre outros. O papel da Oficina é ajudar a gerar renda para
essas pessoas, auxiliando na
construção e elaboração dos
materiais e depois colocandoos à venda em pontos próprios
da cidade. Os recursos para a
aquisição das matérias-primas, quando não fornecidos
pela prefeitura, são adquiridos
com a própria renda da comercialização dos produtos.
V. K., 40 anos, morador da
Vila Farrapos e P. C., 53, morador da Vila Jardim, ambos en-
caminhados por profissionais
da saúde e usuários da saúde
mental, estão na Oficina desde
1999, trabalhando, atualmente,
nas segundas-feiras pela manhã com o papel reciclado. Eles
estão satisfeitos com o tratamento que recebem e dispostos a fazer os seus trabalhos,
mesmo tendo uma renda baixa, como informa a terapeuta.
Os trabalhos realizados
pelos usuários podem ser encontrados através das lojas
da Economia Solidária - POA
Solidária situada nas lojas 89
e 90 no Mercado Público e
Etiqueta Popular no Mercado
do Bom Fim -, Casa do Artesão, na Júlio de Castilhos e
Vitrine do Papel na Usina do
Gasômetro, além de outras
feiras na cidade.
18
Geral
Julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA
A disputa de três mulheres promete esquentar as eleições Municipais
crise no ORIENTE MÉDIO
reflete no bairro bom fim
Em busca do poder
Arquivo pessoal
Andrei Braga Vessozi
Andrei Braga Vessosi
P
Para quem pensa que 2008
será mais um ano de eleições
monótonas para prefeitura de
Porto Alegre, prepare-se para
a surpresa. Estima-se em torno de dez candidatos na disputa e pela primeira vez está
praticamente confirmada a
presença de três mulheres,
que prometem fazer a mais
acirrada das eleições.
Manuela D’Ávila, 25 anos,
(Partido Comunista do Brasil,
PcdoB), Luciana Genro, 36,
(Partido Socialismo e Liberdade,
PSOL) e Maria do Rosário, 41,
(Partido dos Trabalhadores, PT),
juntas, fizeram mais de meio milhão de votos no Estado na última eleição, onde concorreram
para deputadas federal.
Violência é assunto unânime
entre as candidatas e concordam
que a mudança é necessária.
Genro afirma que a eleição
à prefeitura da Capital será
apenas a segunda oportunidade do PSOL mostrar ao cidadão gaúcho que é a verdadeira
esquerda e que está junto ao
povo nas suas lutas diárias.
Para a deputada, uma das
causas da violência não é a po-
Rafael em Istambul, Turquia
Amélia Ricciolini
A atual crise no Oriente Médio entre judeus-israelenses e
árabes-palestinos, a possível retomada das negociações sobre
a desocupação e retomada de territórios entre estes dois grupos
em Israel têm suscitado reflexões nas comunidades judaicas
e árabes do Brasil e sobretudo no bairro Bom Fim, em Porto
Alegre, onde também se encontram. O radicalismo, a saudade
da Pátria, as opiniões evidenciam a cautela em relação a um
tema delicado.
Igal Vischnovetzki, judeu israelense que mora há oito anos
no Brasil, casado com Daniela, judia brasileira, descreve a relação com os brasileiros como muito boa, pois são acolhedores,
carismáticos e tranqüilos. Uma singela alusão às tensas relações entre aqueles grupos no oriente.
No Brasil, segundo Igal, não há animosidades. Árabes são amigos dos israelenses. Ele e sua família são proprietários da Cronk’s,
sorveteria no coração do Bom Fim, e participam desta relação
pacífica, quando, ao trabalharem em eventos, montam tendas
árabes sob encomenda. “É uma bandeira da paz.”, enfatiza.
Se aqui a serenidade prepondera, lá “os dois lados têm
histórico de radicalismo, tanto palestinos quanto israelenses”,
lamenta. Isto não interfere na solidariedade entre os patriotas e
conterrâneos, sobretudo existe um fundo de apoio a Israel e para
judeus mais carentes no Brasil, organizados pelos judeus brasileiros. “Sinto saudade de Israel, pois é minha pátria”, encerra.
Rafael Souq, brasileiro, é empresário do SOUQ Pub Temático, onde encontramos um ambiente originalmente oriental, nas
peças, utensílios e costumes, oriundos das viagens aos países
árabes. É um conhecedor e admirador destes povos.
Para o empresário, o conflito é injusto e teve o agravante
do apoio dos EUA ao Egito, que cooperou com Israel, deixando
tensa as relações com países vizinhos. “No Egito, também é
tenso o ambiente, uma vez que é freqüente os atos terroristas,
principalmente em Sinai, cidade turística onde os hotéis são
alvos”, lamenta.
Quanto aos palestinos, que são refugiados neste impasse,
ele expõe que estão “magoados” com as atitudes adotadas por
Israel, que os mais jovens estão desistindo de viver no oriente
e casando-se com europeus, principalmente, e que trabalham
em sub-empregos. No Brasil, segundo ele, são bem sucedidos,
pois têm vocação para o comércio e cooperam entre si, e que
aqui foram bem recebidos. Deste conflito, enfatiza, também,
que é difícil a solução por causa do radicalismo.
Luciana, Maria do Rosário e Manuela: força, experiencia e juventude na disputa da prefeitura de Porto Alegre
breza e sim o choque que existe entre as classes sociais. Ela
diz que a segurança é responsabilidade do governo do Estado e que só conseguirá melhorar a situação da Brigada Militar
com salários dignos, para que
o policial não acabe, também,
virando bandido. “Isto não é
um problema só de Porto Alegre, é um problema do Brasil.
Apesar do discurso do Presidente Lula a desigualdade social é cada vez maior”, diz.
Luciana entende que “o
lançamento da deputada Manuela D’Ávila será uma candidatura fraca, sem consistência
política, sem história, apesar
de ser uma pessoa muito simpática, isto não dá consistência para uma disputa”.
Manuela argumenta que ao
contrário do que falam não é
uma cara nova em disputas:“Foi
minha primeira eleição, mas
não me construí a partir de eleições”. Ela é militante política e
estudantil desde os 16 anos.
Considera, também, que construiu política alternativa com
uma parcela muito grande da
população, que é a juventude.
Segundo a deputada, a prefeitura não pode garantir brigadianos nas ruas, mas pode minimizar áreas de pobreza concentrada e ter políticas de retirada
da juventude do narcotráfico.
“Estamos discutindo este projeto, e é isto que nos motiva”.
Assim como Manuela, Rosário começou a sua carreira
política no PCdoB, elegendose vereadora. Mudou para o
PT em 1994, onde foi eleita
vereadora, deputada estadual
e duas vezes federal. Na última campanha municipal para
a prefeitura de Porto Alegre
concorreu como vice do atual
deputado estadual Raul Pont.
Sobre a segurança na Capital, Rosário analisa que a
atual administração não tem
como manter o discurso sobre a atual política de segurança, mesmo naquilo que é
responsabilidade do município. “Sequer cumpriu sua parte, que é manter a cidade com
as lâmpadas acesas”. Rosário
considera muito positivo se
ocorrer uma eleição marcada
pela presença das mulheres,
pois isto demonstra uma mudança cultural. “Considero
Porto Alegre uma cidade que
tem muito de feminino”.
Albergues têm apoio da Fasc
Ciro Oliveira Pontes
A Associação Cultural Beneficente Ilê Mulher, na rua
Gaspar Martins, 216, é conveniada à Fundação de Assistência Social e Cidadania da Prefeitura de Porto Alegre (Fasc)
para o atendimento diurno à
população adulta em situação
de rua. Para a Assistente So-
Israel e os vizinhos árabes
cial, Elizabete Ramos, não há
critérios para atendimento na
casa: “A chegada até a casa
se dá através de procura espontânea e abordagem realizada pelo Atendimento Social
de Rua da FASC. Não há limite
de vagas”. O morador de rua,
Reginaldo de Oliveira, 20 anos,
diz que as vagas são limitadas
e que mesmo tendo casa, pre-
fere os abrigos: “Eu tenho casa, mas prefiro as ruas. Às vezes, quando procuro um albergue, é difícil encontrar, pois
eles abrem muito cedo, às
19h. Daí fico nas ruas”.
A Assessora de Comunicação da Fasc, Mônica Bidese,
discorda da declaração de Reginaldo: “O albergue e/ou abrigos têm regras, como horários
de entrada e saída. Não pode
consumir drogas. Então, muitos preferem a rua. Não é porque abrimos cedo ou tarde”.
Não há estatística atualizada do número de moradores
de rua, mas estima-se que o
número seja em tor no de
2,4/2,5 mil pessoas. A prefeitura pretende realizar uma nova pesquisa, segundo Bidese.
Motéis aproximam casais Cemitério é história
Artur Machado
André e Carla Carús em Canela, curtindo um domingo de sol
Arthur Machado
Os motéis surgiram nos
Estados Unidos no início da
década de 30 com o objetivo
de abrigar o descanso de caminhoneiros e viajantes. De lá
para cá foram recebendo inovações que acabaram por
transformar radicalmente a
sua finalidade. Motel, hoje, é
um ambiente de encontro, um
refúgio para a maioria dos casais. Esse é o seu significado
principal, mas não o único.
Através de entrevistas com
funcionários e usuários desses estabelecimentos, você
leitor saberá o porquê.
Dos estabelecimentos do
gênero existentes, o Vison, na
avenida Cavalhada, é dos
mais modernos e completos.
Composto por diversos atrativos, entre os quais descontos
por assiduidade, o motel cativou o público. A assistente
geral, Cláudia Costa, explica o
motivo: “nos distinguimos da
concorrência devido à exce-
lência e discrição na prestação dos serviços. Nosso objetivo é a satisfação total do
cliente”.
Quando questionada sobre a atração principal que o
motel põe a disposição de
seus clientes, Costa diz que
são as suítes Ilhas, também
conhecidas por Ilhas da Fantasia. Segundo a assistente,
as Ilhas são suítes amplas,
com capacidade para até dez
pessoas. “As constuímos com
o intuito de atender ao público
mais liberal, que reivindicava
ambientes maiores para a troca de casais”, explica.
Para o advogado André
Carús, 25 anos, motel tem um
significado especial: “Gosto
muito e frequento com relativa
assiduidade. É um ambiente
estimulante e tranqüilo. Foi
nesse ambiente que o meu
namoro com a Carla, hoje minha esposa, começou”.
Para o estudante de edu-
cação física, Gilson Müller, 21,
que se intitula um ‘exímio conhecedor do tema’, motéis
são os melhores ambientes
fechados do mundo: “Sou fã
desses ambientes, gosto mesmo. Com bastante frequência
vou com minha namorada.
Nossa meta é conhecer todos. Inclusive, já estou a procura de um para o dia dos namorados”.
Pode parecer estranho
mas esses ambientes vem fazendo a cabeça também dos
casados. Sobre o fato discorre o funcionário público Leonardo Barbosa, 29: “Sou casado há três anos e tenho duas filhas, uma do meu primeiro
matrimônio. Sempre que sobra algum, levo minha esposa
ao motel. Nele nos reencontramos, nos reapaixonamos. É
o ambiente perfeito para a fuga das armadilhas da rotina.
Na minha opinião, o medo
desta fez com que os casados
buscassem alternativas eficazes de combate, encontrando
neste mundo a parte, uma válvula de escape interessante e
saudável”.
Pelo que se pode perceber
após depoimentos de servidores e usuários desses estabelecimentos, o sexo, nos motéis da Capital, é só um detalhe. Antes são procurados por
representarem ambientes
afrodisíacos e propícios ao enlace. O que os deixa como excelente opção para os amantes, num jantar a luz de velas
ou, quem sabe, para uma terapia de casal.
Thays Leães
Cemitérios são fontes históricas para o estudo da sociedade. O professor e mestre em História, da Pontifícia
Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS), Harry Rodrigues Bellomo, especializado em arte cemiterial,
afirmou que “a cidade dos
mortos é o reflexo da cidade
dos vivos”.
Entre os fatores históricos
revelados pelos cemitérios
estão a ideologia política, a
preservação da história familiar, as crenças religiosas, a
fonte de formação étnica e a
preservação do patrimônio
histórico. Sobre a distribuição
social dos túmulos, relatou
que nos cemitérios se encontram elite, classe média e
área dos indigentes, ocupadas por pessoas humildes.
Os valores da época são representados em inscrições
como “Fulano de Tal, bom
pai, bom irmão, bom marido”,
considerados importantes e
escritos nos túmulos.
Bellomo também citou o
gosto artístico, manifestado
através de estatuárias, vitrais,
baixos relevos e pinturas.
Destacou os túmulos dos positivistas Júlio de Castilhos e
Pinheiro Machado, pelo conteúdo artístico e político.
A produção estatuária deixou de existir nos anos 60. Isso se deve ao fato de que possuir um grande túmulo deixou
de ser sinal de status. Atualmente, uma prática funerária
em ascensão é a cremação,
considerada anti-histórica pelo
professor. “É a negação do valor histórico do cemitério. A
existência da comunidade vira
pó, literalmente”, disse. Argumentou que os vestígios materiais da existência do morto
deixarão de existir. “Geralmente, em uma grande civilização,
todos os registros da comunidade estão nos cemitérios”,
citando como exemplo, as pirâmides egípcias.
O pesquisador lidera um
grupo de alunos especializa-
dos no estudo cemiterial. Eles
viajam pelo interior, com o
objetivo de catalogar as obras
do Estado. As pesquisas estão no livro “Cemitérios do
Rio Grande do Sul: arte, ideologia e sociedade”, editado
pela PUCRS em 2000.
A precariedade de algumas
obras, devido a roubos e vandalismo, a dificuldade de acesso a cemitérios abandonados
e a falta de documentos que
complementem as informações contidas nas lápides são
as dificuldades mais encontradas durante as pesquisas.
Muitas pessoas têm medo de cemitérios por acreditar que neles existam assombrações. Bellomo afirmou que essas lendas reforçam o receio que a sociedade tem da morte, mas confessa que se deparou com
figuras estranhas. “Encontrei
coisas esquisitas. De repente é algo do inconsciente,
esse constante contato com
cemitérios pode provocar
alucinações”, conclui.
Thays Leães
Túmulo-Monumento a Pinheiro Machado
Geral
Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de 2007
Ocupantes desmatam área verde no bairro Guarujá em Porto Alegre
Patas movem corações
Arquivo ONG
Moradores da Vila Jardim
invadem uma área verde
Carla Oliveira
Carla Oliveira
Sivuca é um dos cães recuperados a espera de um lar
Dani Koetz
Em Porto Alegre, são várias as organizações e pessoas que
lutam pelo bem-estar de animais abandonados, na maioria,
cães e gatos. Muitos são recolhidos da rua, em péssimo estado,
doentes, e tratados até ficarem em condições de adoção.
A professora Josiane Martins criou há um ano o site Focinho
Online, que tem como objetivo servir de veículo para todas as
ONGs e pessoas que querem ajudar de alguma forma. O site
publica os anúncios de adoção disponíveis na cidade e dá apoio
especial ao sítio da Dona Nadir, que aos 70 anos de idade, no
bairro Belém Novo, cuida sozinha de mais de 150 cães e gatos
e conta apenas com donativos e a contribuição de pessoas como Martins. “Tiramos dinheiro do próprio bolso para alimentar
os animais e muitas vezes para pagar um veterinário”, conta a
professora, que nunca havia trabalhado como voluntária antes
e agora busca apoio de algum profissional que possa acompanhar os animais do sítio e também de pessoas dispostas a doar
tempo, dinheiro e atenção aos animais.
A bibliotecária Luzia Koehler diz que não lembra mais há
quanto tempo participa como voluntária, uma vez que recolhe
animais em sua própria casa há muitos anos, os trata e os encaminha para adoção. “Alguns ficam aqui por um tempo e depois
são adotados, outros acabam ficando”, conta ela entre risos.
Para adotar um animalzinho, contribuir para a alimentação
e cirurgias ou ser voluntário, acesse os sites abaixo:
http://www.focinhoonline.com/
http://duasmaosquatropatas.com.br/
http://www.bichoderua.com.br/
http://www.gatosreden.com/
História de cinema
O cão “Churras” estrela do filme “Cão sem dono” que
está nos cinemas, foi escolhido no centro de zoonozes da
Capital pela equipe de produção do filme e o ator Julio Andrade. “Ele era o mais quieto, todos fizeram festa menos ele,
ficou num canto do canil olhando para a rua, como quem
sonha com a liberdade”, conta o ator. Após as gravações,
Churras pôde escolher seu novo lar, hoje ele vive com Primo
Juliani que trabalhou como iluminador na produção.
COPA LIBERTADORES MUDA
ROTINA EM PORTO ALEGRE
Clarissa Mendelski e Tatiana Nassr
E
Em busca de uma moradia, desde abril, foi ocupada
mais uma área pública municipal na Estrada da Serraria, essas ocupações ocorrem, na
maioria das vezes, em áreas
destinadas a escolas e praças, o qual foi o caso da Vila
Jardim das Oliveiras no bairro
Guarujá.
“Invasão” é a única alternativa para uma boa parte da população de baixa renda que
têm, nas áreas verdes desocupadas, uma oportunidade de
realizar o velho sonho de conseguir um lugar para morar.
Para que os moradores
possam se organizar, a Vila
Jardim das Oliveiras fundou
uma associação de moradores com o objetivo de representar a comunidade. “Fundamos uma associação para que
a gente pudesse lutar junto
aos órgãos públicos via orçamento participativo”, diz o presidente Altair Mumbach.
A primeira invasão nesse
local ocorreu há 13 anos. No
decorrer dos anos, as famílias
foram aumentando e hoje, devido ao fato de haver sub-moradia, houve a necessidade de
ocupar outra parte da área ainda vazia, o local que seria destinado à área de lazer pelo loteamento Residencial Ernesto Di
Primo Beck. A invasão beneficiou em torno de 15 famílias.
A associação
trouxe resultados para vila,
através dela tiveram vários benefícios como rede
de água, esgoto e energia elétrica, entre outros. “Estamos
na luta para continuar as demandas que vem daqui por
diante para que eles possam
ser regularizados e, também,
ter as benfeitorias”, registra
Mumbach, referindo-se aos
ocupantes da área verde recém invadida.
O presidente da entidade
observa, ainda, que nunca
houve interesse da prefeitura
de fazer um projeto habitacional para essa área ou até mesmo a execução da área de la-
Ocupantes da Estrada da Serraria, na Vila Jardim das Oliveiras, dão início à contrução das casas
zer. Mesmo assim, pretende
levar ao conhecimento dos órgãos públicos para que eles,
também, sejam parceiros na
regularização dos moradores.
O morador Marcos Aurélio
Possuelo conta que as famílias
acreditam na possibilidade da
prefeitura legalizar os terrenos.
E, comenta o motivo pelo qual
decidiram fazer a invasão.
“O pessoal
que estava ali foi
tendo família e
não tendo para
onde ir, porque o
espaço ficou pequeno e como existia aquela
parte de área de terra ali sobrando”, afirma Possuelo.
Acrescenta, também, que algumas famílias que moravam
de aluguel não tinham mais
condições de pagar, porque
são assalariados, famílias com
número considerável de filhos,
outros desempregados e sem
condições de adquirir a sua
casa própria e que “ali foi o
momento certo, a hora certa”.
O ocupante Juliano Corrêa dos Santos concorda,
“com certeza era o único jei-
“Com certeza,
a invasão era
o único jeito”.
to, era a invasão”.
Possuelo relembra o dia da
invasão, “então a gente mesmo pegou um dia de madrugada, nos reunimos, as dez
famílias que precisavam de
casa. Aí, invadimos e cada um
pegou seu pedaço de terra”.
SMAM esclarece
Segundo os ocupantes,
mesmo sem o conhecimento
da Secretaria Municipal do
Meio Ambiente (Sman), foi
desmatada uma parte da
área verde, tirando somente
o mato pequeno, árvores pequenas, “metemo os peito”,
afirma Santos, em referência
ao fato de não ter autorização da Sman.
A arquiteta responsável pela Divisão de Projetos e Construção, Valéria Damasceno
Ferreira, informou que a ocupação mais antiga realmente
ocupa parte da área destinada
a escola e parte da área destinada à praça, pelo loteamento
Residencial Ernesto Di Primo
Beck. “As ocupações antigas,
se atenderem a vários requisitos, podem reivindicar a Con-
cessão do Direito Real de
Uso”, diz a arquiteta.
Quanto à nova invasão, a
Sman tem conhecimento e
nesse caso os novos ocupantes devem ser retirados imediatamente da área pública.
Como a Smam é responsável
pelas áreas públicas municipais que não podem ser usucapidas, o primeiro passo é
tentar retirar as pessoas logo
que a ocupação acontece ou
entrar com ação de reintegração de posse, afirma Ferreira.
Referente ao desmatamento, sempre que acontece um
dano ambiental a Smam tem
que notificar e paralisar a ação
para então responsabilizar o
proprietário da área ou os próprios ocupantes irregulares. E,
se tratando da Vila Jardim das
Oliveiras, os responsáveis foram autuados.
Quanto ao processo de regularização e quanto à vila
possuir uma associação de
moradores, a arquiteta entende que cabe ao presidente encaminhar o processo para se
cotizar e dar andamento as
etapas necessárias.
O verde do Jardim Botânico
Denise Tamer
A disputa entre Grêmio e Boca Juniors, pela final da Libertadores, no dia 20 de junho, causou euforia nas ruas da Capital. Os bares da cidade ficaram lotados, assim como o Estádio
Olímpico, que contou com 46.198 torcedores. O evento alterou
o dia-a-dia em alguns bairros, principalmente nos setores do
comércio e do policiamento.
O Tenente Rodrigues, integrante da Brigada Militar, prestou
serviços no bairro Moinhos de Vento na noite da decisão e considera a mobilização um “evento atípico”. Ele afirma que a segurança foi reforçada, inclusive nas regiões da Grande Porto Alegre.
A BM classificou as ações do dia como “Operação Libertadores” e contou com mil policiais distribuídos por toda a região
metropolitana. Delegações e torcedores, tanto de argentinos
como de brasileiros, tiveram acompanhamento da polícia. As
prioridades foram os locais onde ocorre maior circulação de
pessoas em dias de jogo de futebol, como terminais de ônibus,
estações do Trensurb e bares.
No bairro Azenha, Roger Ilha Moreira, estava no local e relata o confronto entre a BM e os torcedores do Grêmio: “Os
brigadianos começaram a avançar com os cavalos para cima
de todo mundo”. Moreira é morador do bairro Mon’t Serrat e
testemunhou também o foguetório provocado pelos gremistas,
que iniciou na noite de terça-feira e se estendeu até quarta, em
frente ao hotel Holiday Inn, na av. Carlos Gomes.
Houve quem soube tirar proveito do evento. Sônia Ibañez,
atualmente desempregada, montou o seu “posto de vendas”
de bandeira tricolores na esquina da av.Goethe com a Rua 24
de Outubro.
Fábio Berriel
Com lindas paisagens o JB nem parece situado no coração da Capital
Denise Tamer
Policiais mantem a ordem na chegada do Grêmio
19
Um lugar tranqüilo e seguro para contemplar, com 41
ha de área total, aberto ao
público desde 1958, o Jardim
Botânico é um dos cinco
maiores do país. Conta com
um acervo científico composto por cerca de 8 mil plantas
e 1500 espécies de flora nativa do sul do Brasil. O Jardim
Botânico tem como missão
realizar a conservação integrada da flora nativa e dos
ecossistemas regionais, consolidando-se como centro de
referência em educação,
pesquisa, cultura e lazer, contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida.
São muitas as sugestões
de roteiro para quem vai ao local; tais como as Plantas Perfumadas, os Pinheiros, as Florestas de Araucária e do Alto
Uruguai, as Leguminosas, as
Plantas Medicinais e as Trepadeiras. Em média 2 mil pessoas visitam o local por mês. A
média é considerada baixa,
pois em Porto Alegre e região
metropolitana vivem cerca de
4,1 milhões de pessoas. “Muita gente se admira ao saber
da existência de um Jardim
tão vasto e bonito. Todos gostam de vir, mas ainda existem
os que não conhecem!”, disse
a funcionária do local há 12
anos, Angelita Cunha.
Porto Alegre é uma das
capitais mais arborizadas do
país. Cada habitante tem direito a aproximadamente,
17m² de área verde. O Jardim
Botânico ajuda a promover
este índice com o projeto de
incentivo ao plantio de árvores. Prioritariamente com
plantas que estão em extinção, há a preocupação de
manter vivas populações dessas espécies.
A obra da Terceira Perimetral após concluída surtiu uma
facilidade maior ao acesso do
Jardim, mas teve efeitos negativos. “Não ocorreu nenhum
impacto em relação á vegetação, e sim em relação á drenagem do solo e á fauna. Por
questão dos ruídos dos carros e o constante movimento”, disse o agrônomo José
Fernando Vargas, funcionário
do local desde 2001.
Ir conhecer o Jardim Botânico além de ser um passeio é
uma oportunidade de aproximação com a natureza, prática fundamental para uma melhor qualidade de vida. Funciona de terças a domingo,
das 8h às 17h, e seus visitantes são muito bem-vindos.
20
Esporte
julho de 2007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA
Futebol feminino, em Porto Alegre, sofre com a desorganização
Gaúchas buscam espaço
Bruna Geremias
Duda de branco com suas alunas após o treino de futebol
Bruna Geremias
É comum para os brasileiros assistirem os meninos da
seleção de futebol representando o país, cantando de forma emocionada o hino de sua
Pátria. As meninas de Porto
Alegre gostariam de partilhar
do mesmo sentimento, porém
a desorganização e a falta de
incentivo impedem as atletas
de realizarem o seu sonho.
O futebol feminino em Por-
to Alegre não possuía um espaço, até a formação da escolinha do Internacional, em
1984. De lá para cá, muita
coisa mudou. O esporte foi reconhecido em nível mundial
com a criação da Copa do
Mundo, em 1991, tornou-se
Olímpico em Atlanta, no ano
de 1996. O Grêmio, principal
força do Estado, ao lado do
Internacional, também decidiu
Peteca não,
badminton
do um espaço para atletas de
todas as idades. Atualmente,
Duda é proprietária de 11 escolas de futebol. Para ela, a
maior dificuldade do futebol
feminino é a falta de organização por parte da Confederação Brasileira de Futebol
(CBF). Duda enfatiza que, “as
meninas sonham em jogar
uma Olimpíada, em ir para a
Europa, ou EUA, por que no
Brasil não tem como viver só
do futebol. Meu papel é fazer
com que esse sonho vire realidade”. Centro-avante do Tricolor Gaúcho, Moacir Bastos,
o Tuta tem na sua concepção
que o principal problema do
futebol feminino é a falta de incentivo por parte da imprensa,
que não apóia a categoria.
Aluna de uma das escolas
da Duda, Luciane Brandelize,
15 anos, é uma das muitas
garotas de Porto Alegre que
sonha em ser jogadora de futebol. Duda sabe das dificuldades que o esporte enfrenta,
mas acha que nada é impossível quando se tem força de
vontade. Segundo ela, “as garotas que querem se profissionalizar precisam saber que a
palavra desistir não pode fazer
parte do nosso vocabulário”.
Cassiano Pedroso
O futebol profissional movimenta milhões de reais em todo mundo. Publicidade, televisão, estádios lotados e fanáticos torcedores tornam esse esporte o mais popular e milionário do planeta. Porém, no Parque Ararigbóia, no bairro Jardim Botânico, existe outra realidade, o futebol amador, onde
toda semana acontecem jogos de torneios da cidade.
Na década de 40, onde hoje existe o parque e o campo
do Ararigbóia, existia apenas um terreno abandonado onde o
gado pastava e os carros atolavam. Foi então que um empreiteiro, conhecido apenas como Arino, resolver cercar o local
com madeira e construir um gramado de futebol para os seus
funcionários. O aterro e a construção do gramado demoraram dois anos e o local passou a se chamar Sul Brasil.
Em 1951, a prefeitura de Porto Alegre assumiu o terreno
por ser público e criou a praça do Ararigbóia, mantendo o gramado principal. Em 1966, começaram a ser feitos torneios de
futebol amador no local, organizados pelo ex-presidente da
praça, Pedro Paulo Antunes, hoje aposentado, e conhecido
como Paulinho. Ele trouxe várias equipes amadoras aos gramados do Ararigbóia nos seus dez anos de cargo de presidente. “Minha vida sempre foi o futebol, meu sentimento sempre foi de sentimento e amor à várzea. Fui presidente por dez
anos e não ganhava nada. Era por amor.” Essas são palavras
de Paulinho, que demonstram que a várzea vai muito além do
futebol e da competição.
Atualmente, um assíduo frequentador do parque, Paulinho conta que as amizades que fez ao longo dos anos no
Ararigbóia são muitas e diz que personagens importantes do
futebol profissional, como o técnico da seleção de Portugal,
Felipão, ainda hoje joga bola com os amiugos quando possível. Laços das amizades criadas no futebol de várzea.
Disputado nos finais de semana, o futebol amador nos
gramados do Ararigbóia movimentam centenas de anônimos, comunidades e, orincipoalmente, muita paixão. Muito
além das quatro linhas.
Tarumã em alta velocidade
Alexandre Bringhenti
Arquivo / CBBd
Guilherme Kumasaka conquistou a medalha de bronze no PAN
Leonardo Ferreira
O badminton, esporte
que garantiu uma medalha
de bronze nos Jogos Panamericanos 2007, até hoje
permanece como um esporte desconhecido do grande
público. Quem contou um
pouco da história da modalidade original da Índia foi o
representante da Confederação Brasileira de Badminton
(CBBd), Hilton Fernando.
O badminton surgiu na
Índia, sobre o nome de Poona, oficiais ingleses a serviço
no país, que na época encontrava-se sob o controle
britânico, gostaram do jogo,
em seguida o levaram para a
Europa. O Poona passou a
chamar-se badminton na década de 1870, quando uma
nova versão do esporte foi
jogada na propriedade de
Badminton na Inglaterra,
pertencente ao Duque de
Beaufort’s.
O jogo é disputado com
uma raquete e uma peteca.
O objetivo é fazer com que a
peteca passe por cima da rede e caia na quadra do adversário para que o ponto
possa ser computado. Pode
ser jogado em simples, um
contra um ou em duplas,
masculina, feminina, ou duplas mistas. Uma partida consiste em três games de 21
pontos sem vantagem, quem
vencer dois games primeiro,
apoiar a categoria criando a
sua escola de futebol feminino. A iniciativa não obteve sucesso, pois a taxa de atletas
matriculadas na escolinha foi
muito aquém da esperada pela direção gremista. Segundo
o diretor das categorias de
base, Fabio Andreta, “o Grêmio investiu muito na categoria e não obteve um retorno, o
movimento era pequeno, não
tivemos lucro”.
A experiência do Grêmio
com o futebol feminino não foi
totalmente negativa. As atletas Maravilha e Maicon foram
convocadas para a seleção. O
clube conquistou o principal
campeonato do estado em cima do rival Internacional. Apesar disso, a direção não pensa
em retornar com os treinos femininos. “Possuímos seis
campos todos estão ocupados, temos 1,1 mil alunos e
mais de 400 na fila de espera
o Grêmio não tem mais espaço físico para acoplar outra
categoria”, diz Andreta.
Ex-jogadora de futebol e
professora de educação física, Eduarda Luizilli, também
conhecida como Duda, revolucionou o futebol feminino na
capital Gaúcha, disponibilizan-
Além das
quatro linhas
automaticamente define-se
como vencedor. Praticado ao
ar livre, também é jogado em
quadra coberta, onde não
ocorram correntes de ar. O
espaço entre a quadra e as
paredes que cercam o recinto não devem ter menos de
um metro nas laterais, e de
um 1,5 metros no fundo.
Fernando conta que o
apoio financeiro somente
vem de recursos da Lei Agnelo Piva, de 2001, que estabeleceu em 2% da arrecadação bruta de todas as loterias
federais do país sejam repassados ao Comitê Olímpico
Brasileiro (COB) e ao Comitê
Paraolímpico Brasileiro (CPB).
Do total de recursos repassados, 85% são destinados
ao COB e 15%, ao CPB: “Esses recursos tem que manter
tudo, entidade, atletas, compra de materiais, e tudo mais,
o que acaba dificultando e
muito a situação”.
No Brasil, o número de
praticantes está em cerca de
9 mil praticantes: “A adesão
é muito boa, sempre que alguém começa praticar badminton dificilmente pára”,
afirmou o representante da
Confederação. Nos Jogos
Pan-americanos de 2007,
Guilherme Kumasaka e Guilherme Pardo, conseguiu o
inédito bronze na categoria
de duplas masculinas.
O Autódromo Internacional
de Tarumã se localiza no bairro que leva o seu nome, em
Viamão, cidade vizinha de
Porto Alegre. É o circuito mais
rápido do Brasil e também um
dos mais tradicionais. A sua
pista possui cerca de três quilômetros de extensão.
Tarumã é o único autódromo privado no Brasil. A sua
manutenção depende de
eventos realizados pelo Automóvel Clube do Rio Grande
do Sul (ACRGS), que faz muito esforço para que a pista seja palco de corridas referentes
a grandes competições como,
por exemplo, o Campeonato
Brasileiro de Stock Car, a Fórmula Truck, a Fórmula Renault,
as 12 Horas de Tarumã , o Racha Tarumã, entre outros.
A Stock Car realizou a sua
primeira prova na história em
22 de abril de 1979 no circuito
viamonense. Outro evento, o
Racha Tarumã foi criado por
que ,antes, os motoristas faziam os “pegas” nas ruas da
cidade, levando perigo para os
pedestres e para os participantes. Agora, as disputas
acontecem dentro do autódromo, onde há mais segurança.
Com quase 37 anos de
existência, o autódromo teve
poucas reformulações. Aconteceram apenas algumas reformas na pista e no setor para o público. Porém, há um
planejamento visando a modernização do local, tanto para os pilotos e a sua equipe,
quanto para os fãs. Mas, o
problema é que somente o
apoio da ACRGS não trará
fundos suficientes para amparar os custos do projeto. Seria
necessário a participação de
Único autódromo privado do Brasil, Tarumã é o circuito mais rápido
pelo menos mais um ou dois
investidores para que o plano
de reforma possa começar a
ser executado. O projeto traz
mais segurança para os espectadores com uma mudança no setor de arquibancadas,
o melhoramento da pista e a
modernização na área dos
boxes.
Tarumã tem o seu calendário definido para este ano. A
principal competição e a mais
esperada pelos fãs de alta velocidade é a Stock Car, que
acontece em 14 de outubro.
O estilo radical do MotoCross
Thiago Corrêa
e Athilio Zanon
MotoCross é um esporte
radical onde força, coragem e
determinação são necessários
para a prática. Vôos de mais
de cinco metros de altura misturados às pistas irregulares
ou até trilhas em meio a matas
fechadas dão ao piloto uma
emoção sem limites.
É um espetáculo que leva
os torcedores a vibrarem a cada manobra realizada. A emoção passada pelo ronco dos
motores faz o espectador gritar e torcer com tal intensidade
dando a sensação de estarem
correndo junto com os pilotos.
Localizada no Lami, a primeira pista de MotoCross de
Porto Alegre atrai competidores de todo o Estado. Funciona nas noites de quinta-feira
para treinos oficiais do campeonato Gaúcho e aos domingos, à tarde, para corridas livres. O dono da pista, Telmo
Alexandre Bringhenti
Thiago Corrêa
Pilotos voam alto no campeonato realizado na pista do Lami no dia 26 de maio
Coelho da Costa, 54 anos,
lembra que ela foi inaugurada
em 2002, quando houve um
aumento da procura desse
esporte na região.
O engenheiro civil, Alexandre Xavier Teixeira, 32, diz que
“a construção da pista do Lami, fez com que eu não precisasse sair de Porto Alegre para
praticar o esporte”. O professor de Geografia, Carlos Elly,
31, pratica MotoCross desde
os 20 anos: “Eu sofri diversos
acidentes, uma vez cheguei a
quebrar um braço, mas a segurança daqui é muito boa.
Nunca pensei em parar de correr”. Na pista do Lami foram registrados apenas acidentes
com danos materiais.
As modalidades do MotoCross são, basicamente, o
Cross, o FreeStyle, o Trial e o En-
duro. As duas últimas não são
praticadas na pista do Lami.
Pode-se praticar o MotoCross a qualquer época do
ano. Alguns preferem a pista
molhada ou úmida, enquanto
outros preferem muita poeira.
O inverno é adequado por ser
mais fresco, visto que o equipamento de segurança e as
roupas especiais aquecem o
corpo.