Dor aguda
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Dor aguda
Dor aguda Drepanocitose- tratamento das complicações agudas Anabela Ferrão, Maria João Palaré, Anabela Morais Unidade de Hematologia, Serviço de Pediatria Departamento da Criança e da Família Prof. Doutora Maria do Céu Machado Doença de Células Falciformes Definição Hemoglobinopatia da cadeia β da globina (substituição do ácido glutâmico pela valina na posição 6 do cr. 11) Homozigotia SS (> 75% HbS) Dupla heterozigotia: SC, Sβ+tal, Sβ0tal, SD, SE, SLepore, SOArab (20-45% HbS) α-talassémia concomitante é frequente (35% casos) Haplótipos: 4 África tropical (Benin, Senegal, Bantu, Camarões) e 1 Árabo-Indiano Doença de Células Falciformes Fisiopatologia VASO OCLUSÃO Dor Aguda Complicações agudas Crise vaso-oclusiva dolorosa (CVO) Infecção Sequestração (hepática, esplénica) Síndrome Torácica Aguda (STA) Acidente vascular cerebral Priapismo Crise aplástica Dor Aguda Definição Oclusão micro-vascular episódica, numa ou mais localizações, caracterizada por dor de início súbitoe pela presença de sinais inflamatórios Natureza nociceptiva (aguda, penetrante, latejante) Dor Aguda Fases evolutivas Dor Aguda Epidemiologia Complicação mais frequente na DCF 1ª causa de internamento na DCF Sexo feminino, adolescente, adulto jovem 0,8 crises / ano na DCF Recorrente, imprevisível, variável na frequência, duração, gravidade e etiologia Sub-diagnosticada (muitos episódios tratados no domicílio) Factores de risco: Hb basal , Hb Fetal , hipóxia Dor Aguda Factores desencadeantes Infecção Temperaturas extremas (frio, calor) Desidratação Esforço físico Acidose Apneia do sono Adolescente: menstruação, álcool, tabaco, drogas, outros excitantes Maioria dos episódios sem factor conhecido Dor Aguda Localização e manifestações clínicas da CVO Localização Manifestações Síndrome pé-mão (dactilite) < 3 anos Edema doloroso das mãos e pés Ossos longos, costelas, ilíacos Abdómen esterno, vértebras, > 3 anos Crise dolorosa múltiplas localizações Diagnóstico diferencial: osteomielite Oclusão de vasos mesentéricos e enfarte do fígado, baço e de gânglios linfáticos com distensão capsular Diagnóstico diferencial: abdómen agudo Dor Aguda Avaliação da dor Dor Aguda Avaliação da dor escalas de dor Sinais de outras complicações associadas Exames Complementares Hemograma com reticulócitos Proteína C Reactiva LDH, Bils, AST/ALT Ionograma, ureia, creatinina Hemocultura (se febre) Dor Aguda Critérios de internamento Dor não controlada com analgesia oral Dificuldade respiratória Sintomas neurológicos Sinais e sintomas: febre ≥ 38,5ºC, palidez, prostração, dor ou distensão abdominal, vómitos Alterações do hemograma: Hb ≤5 g/dL ou ↓ 2g/dL na Hb basal, plaquetas ≤ 100x103/uL, leucócitos > 30000/mm3 ou < 5000/mm3 Dor Aguda Tratamento Medidas Gerais Hidratação (oral, endovenosa para 100% necessidades) Aquecimento com “patchs” Espirometria (para prevenção de STA) Evicção de agentes precipitantes Terapêutica Analgésica Terapêutica Adjuvante Ansiolíticos Anti-obstipantes Anti-histamínicos Dor Aguda Terapêutica Analgésica Doses máximas Administração regular, precoce, em “escalada”, combinada Oral Fármaco Dose Paracetamol 15 mg/kg/dose até de 4/4h (máx. 5 doses, 90 mg/kg/dia) Ibuprofeno 10 mg/kg/dose até de 6/6h (máx. 40 mg/kg/dia) Tramadol 2 mg/kg/dose até de 4/4h (máx. 400 mg/dia) Dor Aguda Terapêutica Analgésica Endovenosa Fármaco Dose Paracetamol 15 mg/kg/dose até de 4/4h (máx. 75 mg/kg/dia) Cetorolac 0,5 mg/kg/dose até de 6/6h (máx. 15mg/dose, 3 dias - risco de IRA) Morfina 0,1-0,2 mg/kg/dose até de 2/2h (bólus, máx. 15 mg/dose) 10-30 mcg/kg/h perfusão contínua ACD: 10-20 mcg/kg/h em perf.cont.; 0,02-0,03 mg/kg/dose (q2-6 min) Comentários A dor é o principal motivo de angústia do doente A dor compromete a qualidade de vida ( recorrente, persistente) É subestimada pelos profissionais de saúde/ escola/ trabalho Imprescindível equipa multidisciplinar vocacionada