Animação Digital: Uma jornada Napoleônica pelo Mundo dos
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Animação Digital: Uma jornada Napoleônica pelo Mundo dos
ANIMAÇÃO DIGITAL: UMA JORNADA NAPOLEÔNICA PELO MUNDO DOS MORTOS EGÍPCIO. Alberto Vosgerau Neto – [email protected] Simone Landal – [email protected] (orientadora) Departamento Acadêmico de Desenho Industrial Universidade Tecnológica Federal do Paraná RESUMO O presente trabalho propõe-se a explorar o processo de design aplicado à pesquisa e desenvolvimento de um filme de curta-metragem utilizando técnicas de animação digital. O autor preocupou-se em elaborar uma vasta pesquisa histórico-artística com o intuito de reforçar e justificar as escolhas feitas na etapa prática do projeto, sendo para tanto, escolhida uma relação dialética entre períodos históricos distintos para fundamentar a criação do roteiro e estudos estéticos e de comunicação subsequentes. Assim, a proposta desenvolve-se em torno da relação estabelecida entre o momento histórico da Campanha do Egito de Napoleão Bonaparte e os escritos do Livro dos Mortos do Antigo Egito, a fim de expor como peça final de design um filme de ficção estabelecendo relações narrativas entre ambos. As questões técnicas relativas à produção da animação podem ser conferidas no Trabalho de Conclusão de Curso que originou este artigo. Palavras-chave: Design, Animação, Egito, Napoleão, Livro dos Mortos. ABSTRACT The present work wants to explore the process of design applied to the research and development of a short movie using digital animation techniques. The author was concerned to make an extensive historic and artistic research with the aim of reinforce and justify the choices made in the practical stage of the project, being, therefore, chosen a dialectic relationship between different historic periods to support the creation of the script and aesthetics studies, just like the following communication studies. Therefore, the proposal develops around the relation established between the historic moment Campaign of Egypt of Napoleon Bonaparte and the scriptures of the Book of the Dead of the Ancient Egypt, aiming to expose as final design piece a fiction short movie establishing narrative relations between both. Key-words: Design. Animation. Egypt. Napoleon. Book of the Dead. INTRODUÇÃO O presente artigo tem o objetivo de apresentar o processo de design de um projeto de animação digital desenvolvido ao longo de um trabalho de conclusão de curso do Bacharelado em Design. Para fundamentar a construção do roteiro, foi utilizado o período do Egito Antigo como objeto de estudo. Ao longo da argumentação demonstram-se as conexões que levaram ao desenvolvimento do roteiro, no qual é enfatizada a importante contribuição de Napoleão Bonaparte para a atual compreensão dos antigos símbolos egípcios e, por consequência, a história dessa antiga civilização, que é abordada sob o ponto de vista da cultura religiosa na forma do estudo do Livro dos Mortos, um conjunto de documentos funerários cujo objetivo era ajudar o morto após a vida no submundo. Uma vez fundamentada a pesquisa histórica, buscou-se a elaboração de um roteiro que unisse os temas propostos de forma coesa. Assim iniciou-se o processo de animação que culminou na produção de um filme de animação em curta-metragem finalizado. METODOLOGIA Para compreender a criação do trabalho, é necessário antes situar o leitor no contexto em que foi desvendado o real significado do Livro dos Mortos egípcio. Como um dos mais importantes resultados da incursão francesa sobre o Egito, em 1799 foi encontrada uma estela de granito, com inscrições em três diferentes idiomas, sendo um deles os hieróglifos. Tratava-se de textos de natureza política que apresentavam o mesmo texto em Copta e Demótico, induzindo a compreensão de que o texto hieroglífico deveria, portanto, conter o mesmo significado. A essa pedra deu-se o nome de Pedra de Roseta, em referência ao local onde foi encontrada, como demonstra com maiores detalhes (SILVA, 2013, p. 23): A Pedra de Roseta (197-196 a.C.), atualmente no Museu Britânico, foi descoberta por Boussard (ou Bouchard), um oficial francês, na região próxima a Rashid, ou Roseta, no Delta Ocidental. Nesse período a sociedade egípcia antiga já havia desaparecido havia mais de um milênio e ninguém deixou nenhum livro explicando como ler os hieróglifos. Além disso, gradualmente a antiga língua egípcia morreu segundo afirmou Parkinson (2006, p. 15), “apesar de toda a história egípcia, apenas uma entre cem pessoas sabia ler e escrever, assim, mesmo no país a escrita hieroglífica era um mistério para a maioria do povo”. Portanto, em função da falta de conhecimento acerca do significado dessas escritas que podiam datar de mais de 4 mil anos anteriores a estes, e no período da Campanha do Egito empreendida por Napoleão, aqueles símbolos eram um desafio para os mais habilidosos arqueólogos, e a descoberta de uma pedra com inscrições em hieróglifos e outros dois idiomas acendeu a esperança entre os cientistas de que os hieróglifos pudessem finalmente ser decifrados. O livro dos mortos, cujo “verdadeiro nome era “Saída para (a luz de) o Dia” ou “Capítulos para sair para a luz” eram conjuntos de manuscritos egípcios de caráter funerário. Estes manuscritos tinham o objetivo de “guiar a alma do defunto pelo além, de acordo com Negraes (2005, p. 12), e ajudá-lo a superar os demônios e enganar os deuses egípcios para conseguir chegar ao Aaru, o paraíso egípcio. Figura 1. Trecho do Livro dos Mortos de Ani. Fonte: Wasserman (2012) RESULTADOS Uma vez concluídas as colocações de pesquisa, que sustentaram a construção do texto, o autor desenvolve a criação do roteiro, na qual definiu-se Napoleão Bonaparte como protagonista da narrativa. Assim, a fim de enfatizar a relação entre a Campanha do Egito de Napoleão e o conhecimento posterior sobre os hieróglifos, o roteiro desenvolvido apresentou Napoleão como protagonista do roteiro apresentado pelo Livro dos Mortos, ao receber um exemplar deste pergaminho de um dos cientistas de sua expedição. Deste modo Napoleão é obrigado a encontrar os Deuses egípcios e passar pelo julgamento do Tribunal de Osíris, no qual seu coração era pesado contra a pena da verdade de Maat, a fim de decidir se ele seria digno de passar a eternidade ao lado dos Deuses como um dos seus iguais. A seguir (Figuras 2 a 7) são apresentadas algumas imagens da animação desenvolvida, destacando o protagonista, alguns cenários e personagens que fazem parte da mesma, possibilitando compreender as escolhas estéticas, inclusive a noção de escala entre personagens centrais. Figura 2. Napoleão. Fonte: O autor (2014) Figura 3. Tribunal de Osíris. Fonte: O autor (2014) Figura 4. Ammut. Fonte: O autor (2014) Figura 5. Cenário do Tribunal de Osíris. Fonte: O autor (2014) Figura 6. Cenário do Duat. Fonte: O autor (2014) Figura 7. Estudo de escalas dos personagens. Fonte: O autor (2014) CONSIDERAÇÕES FINAIS O tema egípcio, ao longo da elaboração do trabalho, apresentou diversos elementos diferenciados que representam uma ampla gama de possibilidades de pesquisa para o campo de design. Assim, o autor incentiva novas pesquisas que se disponham a aprofundar o conhecimento acerca da cultura egípcia antiga a fim de produzir conhecimento aplicado ao design contemporâneo. A produção do curta-metragem representou uma relação dialética satisfatória entre os temas propostos atingiu o objetivo de reforçar a relação entre Napoleão Bonaparte e as descobertas sobre o Egito Antigo. REFERÊNCIAS NEGRAES, Edith de Carvalho. O Livro dos Mortos do Antigo Egito: O primeiro livro da humanidade. São Paulo: O Hemus, 2005. PARKINSON, Richard. O guia dos hieróglifos egípcios: Como ler e escrever em egípcio antigo. São Paulo: Madras, 2006. SILVA, Thais Rocha da. Os Estudos Demóticos e a possibilidade de uma nova Egiptologia. Disponível em < http://www.fflch.usp.br/dh/leir/marenostrum/marenostrum-ano4-vol4-art2.pdf >. Acesso em: 11 mar. 2014. WASSERMAN, James. A Treasure of Antiquity Reborn: Recreating the Papyrus of Ani. Disponível em < http://jameswassermanbooks.com/bookofdead-genesis.html > Acesso em: 23. Mar. 2014.